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MISSIOLOGIA

MISSIOLOGIA
Manual de Estudo Independente
por Paul A. Pomerville

Desenvolvido em colaboração com Global University

George W. Flattery
Desenvolvedor de Ensino

1211 South Glenstone Avenue


Springfield, Missouri 65804 USA
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Bra sileira do Livr
Brasileira Livroo, SP
SP,, Bra sil)
Brasil)

Pomerville, Paul A.
Missiologia : manual de estudo independente por Paul A. Pomerville / desenvolvido em colaboração com
Global University / George W. Flattery, desenvolvedor de ensino ; [tradução Mary Daniel] . -- Campinas, SP :
FAETAD, 2008.

Título original: Introduction to missions


Bibliografia.
ISBN 978-85-89611-16-9

1. Missiologia 2. Missão da Igreja 3. Teologia I. Global University. II. Flattery, George W.. III. Título.

08-03535 CDD-266.001

Índices para catálogo sistemático:


1. Missiologia : Cristianismo 266.001
2. Teologia da missão : Cristianismo 266.001

Equipe Editorial da FACULDADE DE EDUCAÇÃO T EOLÓGICA DAS A SSEMBLÉIAS DE D EUS


Copidesque e revisão de print: Gunar Berg de Andrade
Preparação de originais: Vilma Luz
Revisão de texto: Eliana Guiducci
Capa e projeto gráfico: Gunar Berg de Andrade
Tradução: Mary Daniel

Título original em inglês: Introduction to missions


3ª edição em inglês: 1999
1ª Edição Brasileira: 2008
Publicado pela FACULDADE DE EDUCAÇÃO TEOLÓGICA DAS ASSEMBLÉIAS DE DEUS , Brasil
© 2008 Todos os direitos reservados

Impresso no Brasil / Printed in Brazil


Sumário

Introdução ao Curso ................................................................................................... 7

UNIDADE UM: A GRANDE COMISSÃO, A HERANÇA DA IGREJA

1 Missões transculturais hoje .................................................................................... 14


2 A missão de Deus ao mundo ................................................................................. 28
3 A missão de Cristo ao mundo ............................................................................... 42

UNIDADE DOIS: A MISSÃO CRISTÃ E A BÍBLIA

4 Missões e o povo remidor ..................................................................................... 60


5 A nação remidora .................................................................................................... 76
6 Missões neotestamentárias ..................................................................................... 94
7 O Espírito missionário no período do Novo Testamento ................................. 108

ADE TRÊS
UNIDADE
UNID TRÊS:: A MISSÃO CRISTÃ
E O MUNDO EM QUE VIVEMOS

8 Missões e o mundo de hoje ................................................................................... 128


9 Missões hoje e a fé .................................................................................................. 146
10 Um novo tempo em missões ................................................................................. 160
11 Estratégia bíblica para os nossos dias ..................................................................... 182

UNIDADE QU
UNIDADE ATRO
QUATRO:: A MISSÃO CRISTÃ E A IGREJA

12 O instrumento de Deus para evangelizar o mundo ........................................... 204


13 Igreja nativa, diversidade na unidade ................................................................... 218
14 Igreja nativa, unidade na diversidade ................................................................... 234

Resposta aos Autotestes ............................................................................................... 250


Bibliografia .................................................................................................................. 254
Programa de Bacharelado

Este Manual de Estudos compõe o programa de Bacharelado, no qual são


oferecidas habilitações em Bíblia e Teologia, Educação Religiosa, Missões, Ministérios
Pastorais e Aconselhamento Cristão. Para informações adicionais com relação aos vários
programas de estudo disponíveis, entre em contato com a Secretaria Geral da FAETAD.

Por seguir um formato que favorece o autodidatismo, este material é indicado para
ministros e obreiros cristãos que queiram se envolver no estudo sistemático da Bíblia no
nível do Bacharelado. Este curso proverá importantes ferramentas para seu ministério
prático e seu testemunho cristão.

O currículo do programa de Bacharelado está sob constante avaliação e


aperfeiçoamento. Revisões e adições serão feitas para oferecer ao aluno a melhor
experiência de aprendizado possível.

Preparamos este Manual de Estudos para ajudá-lo a completar o curso com


sucesso. Leia atentamente as instruções; elas o ajudarão no decorrer dos estudos e na
preparação para o exame final.

Atenção

Enderece toda a correspondência relativa ao curso para o endereço abaixo:

FAET AD – FFaaculd
AETAD ade de Educação Teológica ddaas Assembléia
culdade ssembléiass de Deus
Cx
Cx. Postal 1031
Campin s-SP,, Bra
Campinaas-SP sil; CEP 13012-970
Brasil;

6 MISSIOLOGIA
Introdução ao Curso

AS FRONTEIRAS DA MISSÃO CONTEMPORÂNEA

As fronteiras da nova era de missões são a cultura humana, a teologia, e os espíritos


demoníacos. As fronteiras culturais incluem os numerosos povos ainda não alcançados pelo
Evangelho. Muitas vezes estes povos não vivem longe da igreja de Deus, mas são alheios
quanto a cultura e doutrina. Estas fronteiras culturais devem ser cruzadas e eliminadas por
missionários da Ásia, da África, da América Latina e das ilhas, bem como missionários de
outros países. Este curso trata dos desafios das fronteiras culturais, e dos princípios bíblicos
necessários para aqueles que irão se envolver no ministério transcultural.

As fronteiras teológicas resultam da influência que o Evangelho exerce em muitas das


culturas do mundo. São a expressão de sua fé em Cristo em termos bíblicos e dentro do
contexto de sua própria cultura. Este curso, portanto, se focaliza em tais fronteiras culturais de
teologia dando princípios e ilustrações bíblicas para missões hoje. Os problemas e desafios das
missões contemporâneas são tratados com o entendimento de que atividades missionárias de
hoje em dia, como em qualquer era, precisam proceder de uma firme base bíblica.

As fronteiras de espíritos demoníacos enfrentadas pelas missões atuais são as milhares


de pessoas presas no animismo e que ainda não foram alcançadas pela Igreja. Para alcançá-
las é necessário um verdadeiro confronto com estes poderes malignos. Estas fronteiras de
espíritos malignos só podem ser vencidas pelos missionários através do grande ministério
sobrenatural do Espírito Santo. O papel do Espírito Santo em missões tem sido muito
negligenciado. Em vista desta negligência, este curso enfatiza os recursos do Espírito Santo
neste novo século. Nossa esperança é que neste estudo você encontre a direção e a dinâmica
do Espírito necessárias para ingressar no trabalho de missões de hoje.

Introdução ao Curso 7
Descrição do curso

Este curso de missiologia dá ênfase especial ao mundo contemporâneo de missões.


Foi escrito com o entendimento de que vivemos um novo tempo em missões. Hoje em
dia o ponto de partida para os missionários deve incluir todos os países do mundo onde
a Igreja de Cristo está presente.

O lema “De todas as nações para todas as nações” descreve perfeitamente o


alvo missionário desta nova era. A esperança de que o mundo todo seja
evangelizado é contida nestas palavras. Para poder completar a missão de Deus
nesta geração, é necessário que a igreja em todas as nações se mobilize e se dedique
ao trabalho.

Objetivos do curso

Ao concluir este curso, você deverá ser capaz de:


1. compreender os ensino bíbico de missões, priorizando o evangelismo;
2. encontrar o tema do povo remidor de Deus em ambos os Testamentos;
3. entender a responsabilidade pessoal do cristão, e sua participação na missão cristã;
4. apreciar os tempos e condições oportunos para a execução da missão cristã;
5. interpretar e aplicar a epístola aos Efésios, e outras passagens da Bíblia, em relação
à situação missionária em nosso país e igreja, sabendo como é possível responder
ao chamado missionário;
6. identificar o papel da igreja local na evangelização mundial;
7. apreciar a importância de identidade nacional do cristão e da igreja; avaliando sua
própria cultura como um membro do corpo universal de Cristo;
8. aplicar os princípios missionários bíblicos a problemas relacionados a missões atuais
em seu próprio país e em outras culturas;
9. reconhecer os desafios missionários transculturais;
10.entender a natureza missionária do Espírito Santo e o trabalho dele como Iniciador,
Capacitador, Motivador e Superintendente de missões.

Livro-texto

Nesta matéria, você utilizará como livro didático o Manual de Estudos - Missiologia. A
Bíblia (ALMEIDA REVISTA E CORRIGIDA) é o único outro livro necessário, embora todos os textos
utilizados encontrem-se no próprio texto, sempre dispostos em forma paragráfica.

Período de estudo

O tempo para a conclusão das lições dependerá de seu conhecimento prévio


do assunto tratado. Sua fidelidade às instruções e sua habilidade na realização das
tarefas também contribuirão para o tempo empregado no estudo. Dedique-se ao
máximo para alcançar os objetivos propostos no Manual de Estudos e os seus
próprios.

8 MISSIOLOGIA
Organização da lição e padrão de estudo

Cada Lição inclui:


1. Título
2. Introdução
3. Esboço da Lição
4. Objetivos da Lição
5. Atividades de Aprendizagem
6. Palavras-chave
7. Desenvolvimento da Lição
8. Autoteste
9. Respostas às Questões de Estudo

O Esboço da Lição e os Objetivos proporcionam uma visão panorâmica do


assunto. Neles você encontrará os elementos mais importantes da lição e orientações sobre
o que se irá estudar. O Manual de Estudos foi elaborado para facilitar uma apreciação
completa do tema. Examinando uma seção por vez, você aproveitará curtos períodos de
tempo para estudar, ao invés de depender de um momento oportuno para estudar toda a
lição de uma única vez. Os comentários, os exercícios e as respostas o ajudarão a alcançar
todos os objetivos propostos.

Algumas das questões de estudo podem ser respondidas nos espaços indicados no
livro, outras, necessariamente, deverão ser respondidas em um caderno. Não se esqueça de
anotar o número da Lição e da questão.

As respostas às questões de estudo estão disponíveis no final de cada lição. Evite


consultá-las até que você tenha finalizado as suas próprias respostas. Sempre que concluir
sozinho os seus pareceres, o aprendizado se tornará mais eficiente. As respostas estão em
ordem alternada para que, acidentalmente, você não veja as soluções das questões
seguintes. Não esqueça de copiar para seu caderno as correções das respostas que
errar. Os exercícios são muito importantes: eles o ajudarão a desenvolver e aperfeiçoar
seu conhecimento e seu ministério. As atividades sugeridas no texto também podem
facilitar bastante a aplicação da teoria à prática de vida.

Métodos de estudo

Leia cuidadosamente as recomendações encontradas nas folhas de informação que você


recebeu. É importante fazer uma cuidadosa revisão ao final de cada unidade. Isso ajuda na
preparação para o exame final que abrangerá todas as lições estudadas. Caso não esteja
familiarizado com este método de estudo, procure adaptar-se; seu desempenho depende disso.

Como estudar

Este curso foi elaborado para o estudo individual, mas nada impede que a matéria
seja estudada em grupo. Se for este o seu caso, entre em contato com a secretaria de
matrícula para obter instruções adicionais. Não se esqueça de enviar pelo correio todos

Introdução ao Curso 9
os trabalhos completados. Talvez você queira usar o curso em um grupo de estudos
domésticos, na classe da igreja, ou em uma escola bíblica. Você notará que o conteúdo
das lições e o método de estudo são excelentes para esses fins.

Projeto

O projeto requerido exige que você demonstre habilidade ao aplicar os princípios


aprendidos. Seu trabalho prático nesta avaliação será de grande valor. Todas as instruções atinentes
a esta atividade, que corresponde a 20% de sua média final, estão no Pacote do Aluno.

Livro suplementar (TLS)

Caso seu bacharel seja com reconhecimento internacional, será necessário completar
a avaliação através da leitura do livro suplementar (20% da média final). Este trabalho
deverá ser finalizado dentro do prazo pré-estabelecido para a conclusão da matéria.

Crédito para o curso

A obtenção dos créditos está condicionada aos seguintes requisitos: a) exame final; b)
desempenho do projeto; c) prova baseada na leitura do livro suplementar. O exame final
será feito na presença de um examinador indicado pelo aluno e aprovado pela secretaria.

Pacote do aluno

O Pacote do Aluno que acompanha este curso contém instruções para avaliações de
progresso de unidade (APU), folhas de respostas e outros formulários. Verifique a relação
dos itens que compõem o pacote. Nela estão indicados os materiais que deverão ser
enviados à FAETAD, e também o momento mais oportuno para que isso seja feito.
AETAD

Avaliação de Progresso da Unidade (APU) e Exame final

As questões de estudo, os autotestes e as avaliações de progressos de unidade (APUs) não


influem na nota final do curso. As folhas de respostas das APUs deverão ser enviadas à secretaria do
curso para serem corrigidas. Nesta oportunidade, serão feitas sugestões acerca de seu trabalho. Você
poderá revisar a matéria em seu Manual de Estudos e na Bíblia. Uma revisão dos objetivos da
lição, dos autotestes e das avaliações de cada unidade o ajudará a preparar-se para os exames finais.

Cálculo da média final

Reconhecimento nacional
Média será composta por um exame final (80%), um projeto do curso (10%),
além das APUs (10%).

10 MISSIOLOGIA
Reconhecimento internacional
Média será composta por um exame final (60%), um projeto do curso (10%), as
APUs (10%), além de um TLS (20%).

Em ambos os casos, a média final será classificada da seguinte forma:


 90% a 100%: resultado excepcional;
 80% a 89%: acima da média;
 70% a 79%: na média;
 60% a 69%: faixa de reprovação;
 0 a 59%: reprovado.

Autor do Manual de Estudo

Paul A. Pomerville servia como professor de missões no Seminário Teológico da


Assembléia de Deus em Springfild, Missouri na época em que produziu este manual. Também
atuou como presidente da Divisão de Missões e Comunicação. Escreveu vários livros e guias
na área de educação bíblica por correspondência. Trabalhou como pastor e missionário, se
destacando como professor e escritor. Foi missionário na Indonésia, onde trabalhou como
diretor da Escola de Teologia de Sumatra. Foi instrutor de missões na Northwest College das
Assembléias de Deus de Kirkland, Washington, EUA. Posteriormente foi missionário pelo ICI
em Bruxelas, Bélgica.

Dr. Pomerville possui bacharel em Artes pelo Northwest College, mestrado em Artes
pela Universidade das Assembléias de Deus, M.C.M. pela Seatthe Pacific University, Seattle,
Washington, e P.h.D. em Estudos Interculturais pela Fuller Theological Seminary School of
Word Missions em Pasadena, Califórnia.

Introdução ao Curso 11
UNIDADE 1

AGRANDECOMISSÃO,
AHERANÇADAIGREJA
LIÇÃO 1

Missões transculturais hoje

Este primeiro capítulo destina-se a dois propósitos específicos. O primeiro é apresentar


um panorama da obra, com suas premissas e pressupostos. O segundo é demonstrar a
importância do trabalho missionário/evangelístico. O próprio título Missões transculturais
hoje encarna o foco deste tratado: o desafio missionário nesta última hora da Igreja sobre a
terra. Este livro foi elaborado a partir da crença de que a Igreja vive um novo e inédito
momento em sua trajetória missionária. Assim, trataremos da grande comissão para o tempo
presente, o último tempo.

Ainda no título deste capítulo nota-se outra postura missionária: para os dias de hoje,
o movimento missionário exige uma nova perspectiva. É ido o tempo que se pensavam os
missionários como enviados a países ocidentais ou orientais. Todo o mundo é a base
missionária da Igreja – “ensinai {ou fazei discípulos} todas as nações” (Mt 28.19). A
perspectiva mundial, global, da evangelização tem suas raízes na Bíblia. O NT apresenta
claramente o conceito de um povo do Senhor de alcance mundial. E mesmo o AT apresenta
uma promessa, uma herança chamada Terra, ao povo de Deus. Não somente o produto
missionário, mas o processo em si deve ser mundial: todas as nações evangelizam todas as
nações.

Este livro, conforme a orientação bíblica, apresenta o trabalho missionário como sendo
de amplitude mundial. A cada lição o papel atuante do Espírito Santo no desenvolvimento da
obra missionária mundial tornar-se-á mais claro, mais evidente. Portanto, caro aluno, abra o
seu coração ao Espírito de Deus, para que Ele o possa motivar a tomar parte na santa obra
missionária, onde quer que Deus o envie!

14 MISSIOLOGIA
Sua visão pessoal da obra missionária Esboço da Lição
Tendência missionária

Ao término desta lição, você deverá ser capaz de: Objetivos da Lição

• identificar seus questionamentos quanto ao trabalho missionário, entender o propósito de


estudar os movimentos e teorias missiológicos e envolver-se mais com esta tarefa sublime;
• formular o esboço desta lição, tomando por base os objetivos propostos no desenvolvimento
do texto, para assim mais entender e abraçar o propósito missionário.

1. Leia atentamente esta lição. Atividades de


Aprendizagem
2. Faça todas as questões de estudo.
3. Separe, no mínimo, 3 horas diárias para estudar.
4. Faça o autoteste no final desta lição.

Missões transculturais hoje 15


Desenvolvimento SUA VISÃO PESSOAL DA OBRA MISSIONÁRIA
da Lição

Suas perguntas

OBJETIVO 1 Normalmente, o estudante aguarda de um livro as respostas para o tema a ser estudado.
Identificar quais são seus
paradigmas e expectativas
Porém, antes de tratarem-se os problemas missiológicos, é preciso saber o que pensa o
quanto à obra missionária e estudante sobre o assunto. Qualquer estudo iniciado a partir do que sabem os alunos sobre o
ao estudo missiológico.
que se vai estudar é muito mais aproveitável, mais rendoso. Ao identificar seus pareceres
pessoais sobre missões, você aproximar-se-á com muito maior entusiasmo desta matéria.

1. Considerando seus atuais paradigmas quanto à obra missionária, escreva em seu caderno
as questões que gostaria que fossem debatidas nesta matéria.

2. Em que a elaboração de perguntas e questões pessoais sobre missões pode ajudar no


estudo deste manual?

Seu propósito

OBJETIVO 2 Cada pessoa dedica-se ao estudo missiológico com objetivos específicos. Há aqueles
Apresentar três razões para
o estudo de missões.
que desejam colher maiores orientações quanto a um chamamento de Deus para si para
trabalhar em outras culturas e povos. Pastores há que neste estudo buscam meios de envolver
suas congregações em um maior empenho e vigor missionários. E, de fato, há nestas páginas
orientações e subsídios para sermões, estudos e projetos que desafiarão a igreja a mais
trabalhar. Mesmo aqueles que por hora demonstram apenas interesse intelectual pelo
trabalho missionário haverão de amar e trabalhar mais pela obra missionária. Mas seja qual
for seu objetivo, é certo que o Espírito Santo de Deus o guiará a comprometer-se com
missões.

3. Segundo o parágrafo anterior, quais os três possíveis motivos que levam alguém ao
estudo da missiologia1?

4. Dos motivos identificados no exercício 3, qual aquele que melhor adequa-se à sua
expectativa? Não se esqueça de manter em mente tais objetivos, pois isso o levará a
melhor galgar seus intentos com esta matéria.

16 MISSIOLOGIA
Sua necessidade

Após identificar seus objetivos pessoais, pode permanecer uma indagação: “De que OBJETIVO 3
Identificar as necessidades
maneira um manual de estudos autodidático pode vir a suprir minha particulares de aproximação entre
expectativas quanto ao trabalho missionário?”. Esta justa indagação é respondida ocidentais e não-ocidentais
satisfatoriamente pelos pressupostos teóricos e metodológicos desta obra acadêmica: no campo missionário.

Missiologia foi concebido com o objetivo de orientar não um povo ou uma cultura específicos
quanto a missões; o presente estudo não visa contemplar a um grupo seleto e selecionado de
estudantes. Aqui não há preferência por traços culturais de povos ocidentais ou orientais, do
norte ou do sul, de nações desenvolvidas ou em desenvolvimento. Neste livro, o grande
beneficiado pela construção do saber missionário é o povo de Deus. Portanto, se suas dúvidas
forem características dos filhos de Deus, seus questionamentos quanto ao trabalho
missionário serão aqui respondidos.

Este manual apresenta suas características destinadas a atender os anseios de todos:


contemporaneidade e biblicidade. Durante o estudo as diferenças culturais que possam haver
entre os que virão a ter contato com esta obra serão minimizadas a partir do entendimento
de que este não é um livro destinado a um povo específico, mas a um único povo – o povo
de Deus, de todas as nações. Contudo, eventuais necessidades evangelísticas para os diferentes
povos a serem alcançados serão contempladas. Afinal, os cristãos dedicados a alcançar
diferentes culturas ressentem-se desta carência.

5. Os pressupostos metodológicos desta obra que prevêem contribuir para a satisfação de


todos os que estudarem esta matéria são
a) uma perspectiva contemporânea.
b) uma perspectiva bíblica.
c) uma perspectiva histórica.
d) todas as alternativas anteriores.
e) apenas a) e b) estão corretas.

Movimentos missionários históricos (demandas ocidentais)

O enfoque contemporâneo é a primeira característica desta obra na tentativa de OBJETIVO 4


Explicar por que os
atender ao variado público que a lerá. Note-se que tradicionalmente os cristãos do mundo missionários do ocidente
ocidental tornaram-se grandes remetentes missionários, enquanto que os povos do oriente encontram mais dificuldade
eram os principais e maiores destinatários dos esforços missionários do ocidente. Em função em adaptar-se ao novo fluxo
da obra missionária que os
desta experiência histórica, ambos os grupos cristãos apresentam necessidades muito distintas missionários não-ocidentais.
um do outro. Estes diferentes interesses serão abordados com mais evidência na Unidade 3,
onde as novas demandas missionárias para a igreja serão abordadas.

O novo fluxo missionário tem suscitado problemas muito específicos à missiologia.


Anteriormente, o envio de missionários era uma iniciativa das igrejas históricas, ocidentais
quase que por definição; porém, hoje, todas as nações enviam missionários a todas as nações.
Não somente as alterações no fluxo missionário tornaram-se em desafios à Igreja, mas
também as muitas alterações geopolíticas que tiveram lugar no século passado geraram

Missões transculturais hoje 17


problemas, mas iguais oportunidades também. Portanto, esta introdução a missões foi
produzida à luz destas mudanças em todo o mundo; todos os estudos e pesquisas que
norteiam e fundamentam este trabalho debruçaram-se sob aspectos sociais, econômicos e
religiosos do mundo em desenvolvimento. Isto implica em uma percepção das necessidades
da Igreja em todos os quadrantes do globo.

6. Como se pode explicar a maior dificuldade que têm os missionários das igrejas
missionárias históricas em aceitar e adaptar-se ao novo fluxo da obra de missões hoje?

Destinos históricos dos missionários (demandas orientais)

OBJETIVO 5 A biblicidade é a segunda característica deste manual que possibilita a contemplação


Demonstrar por qual motivo os
missionários não-ocidentais
das necessidades dos mais variegados tipos culturais que o estudarão em todo o mundo.
carecem mais de treinamento Excetuando-se esta primeira lição, onde é apresentado um panorama do estudo, todas as
e orientações que os grupos demais são fundamentadas em passagens bíblicas que destinam-se a explicar e exortar o
tradicionalmente missionários.
esforço missionário. Por exemplo, as lições 2 e 3 utilizam-se amplamente de textos retirados
de Efésios, Romanos, 2 Pedro, o Evangelho de João, o livro de Atos e o Sl 67. A Unidade 2,
dedicada à teologia bíblica de missões, apresenta um panorama do conceito missiológico
inteiramente retirado de ambos os testamentos. Mais: as Unidades 2 e 4 defendem
biblicamente a proposta de que todo o povo de Deus, em todos os lugares da terra, deve
trabalhar para ganhar almas em todo o mundo.

Já a Unidade 3 trata do mundo em transformação, o mundo globalizado e


contemporâneo, segundo a ótica da Grande Comissão, como sendo a estratégia bíblica para
transformar o lugar em que vivemos. E durante todo este manual, as cartas de Paulo aos
Efésios e Romanos, bem como o livro de Atos, são mencionados para assegurar, defender e
alertar quanto ao papel missionário da Igreja de Cristo. Ainda nesta unidade, os grupos
missionários de pouca tradição histórica são orientados a que não sigam simplesmente o
exemplo das missões protestantes históricas com a desculpa de ser esse o único modelo que
conhecem. Alias, não somente este grupo pouco tradicional, como também os já atuantes de
longa data, são orientados a que utilizem-se da Bíblia como orientadora de seus esforços
missionários. Afinal, o que os missionários de todo o mundo devem seguir não é o exemplo
dos homens, mas a Palavra de Deus.

7. A relativa falta de preparo bíblico dos grupos pouco tradicionais na obra missionária os leva
a) a dependerem menos do ensino teológico para orientar seu trabalho missionário do que
os grupos tradicionalmente ativos em missões.
b) a não carecerem do ensino teológico e bíblico.
c) a não mais necessitarem do ensino teológico que seus pares tradicionais.
d) a não se conscientizarem verdadeiramente de suas responsabilidades missionárias.

18 MISSIOLOGIA
Conclusão

Quaisquer grupos cristãos e quaisquer missionários devem recorrer às orientações


bíblicas para nortearem suas atividades evangelísticas. Isso, porém, não descarta a busca por
formação transcultural2 na divulgação da fé – aliás, identidade e expressão missionárias
somente são possíveis mediante ensino bíblico para orientar o trabalho.

Uma vez que esta matéria é absolutamente baseada na Bíblia Sagrada, qualquer
missionário, de qualquer cultura, que a utilize como base para suas atividades haverá de
habilitar-se para esta obra, graças a suficiência da Palavra de Deus. É o ensino bíblico o
responsável por preparar o missionário para o mundo de hoje.

TENDÊNCIA MISSIONÁRIA

Conforme dito, este é um manual bíblico e contemporâneo, portanto, seu objetivo vai OBJETIVO 6
Demonstrar de que forma
muito além da mera comunicação do saber teológico ou bíblico. A propósito, o simples esta matéria enfatiza sua
conhecimento de alguma informação é falho e não completa a proposta deste estudo. participação direta na obra
Portanto, este manual sobre missões tem por meta realizar algo de concreto em seu missionária.

compromisso missionário. Obviamente, importa primeiro saber para depois fazer; contudo,
embora trate-se de um livro, é pouco, muito pouco, apenas produzir conhecimento. Este
manual existe para que você trabalhe na obra missionária, e não somente estude sobre ela.

8. Das palavras a seguir, quais representam objetivos que vão para além do mero
conhecimento teórico?
a) Entender.
b) Reconhecer.
c) Aplicar.
d) Atuar.
e) Identificar.
f) Promover.

9. Quais dos seguintes alvos são frutos das respostas à questão anterior?
a) Atitude.
b) Alvos econômicos.
c) Aperfeiçoamento.
d) Planejamento.
e) Sentimentos.

É objetivo desta matéria levá-lo para além do conhecimento, fazendo-o praticar o que
estudou. Nosso desejo é sua atuação direta na obra missionária, conforme ela é explicitada na
Bíblia. A grande importância do envolvimento do povo de Deus na obra missionária é que
ela é a herança do Senhor à Igreja – missões acompanham o Evangelho de salvação. Lutamos
para que toda congregação, em todo país, habilite-se e mobilize-se para trabalhar com

Missões transculturais hoje 19


missões, aproveitando a grande oportunidade aberta nestes últimos dias à pregação da
salvação a todas as nações!

Os objetivos propostos a seguir referem-se ao grande desafio deste manual (pág. 8):
Objetivo 3: entender a responsabilidade do crente (pessoal e congregacionalmente)
quanto à obra missionária;
Objetivo 4: compreender as condições estratégicas que viabilizariam o trabalho
missionário no mundo de hoje;
Objetivo 5: comprometer todo o povo de Deus com o movimento missionário.

Há ainda outros objetivos que visam o comprometimento pessoal de cada crente com missões:
Objetivo 1: entender a proposta bíblica para o trabalho missionário, priorizando o
evangelismo;
Objetivo 2: vislumbrar a ação do povo de Deus como missionário desde o AT;
Objetivo 6: identificar o papel da igreja no âmbito missionário global.

10. Responda em seu caderno sobre suas impressões a respeito dos objetivos 1, 2 e 6.

A prática dos objetivos depende de agir e sentir. Antes de realizar, o indivíduo necessita
estudar, aprender, saber; contudo, ele precisa sentir-se impelido a tomar parte nas ações
corretas. Este manual pretende estimular estas atitudes através da exposição do aluno à
Palavra de Deus, valendo-se das questões contemporâneas. Prezado, permita que o Espírito
Santo molde o seu conhecimento sobre estes assuntos, para despertar em você vontade de
envolver-se nas atividades missionárias para a Igreja de Cristo. Note que o Objetivo 10
salienta a verdade inegável de que é o Espírito Santo quem convence o homem a envolver-
se no trabalho do Reino: entender a natureza missionária do Espírito Santo e a Sua função
como iniciador, fortalecedor, motivador e superintendente de missões.

A finalidade prática deste manual é dar base doutrinária e bíblica suficiente, além de
contextualização contemporânea para que a ação de aperfeiçoamento do Espírito Santo desperte
você, aluno deste curso, a envolver-se com a obra missionária destes últimos dias da Igreja
sobre a terra. Fará o Espírito amadurecê-lo com a finalidade de usá-lo ativamente no trabalho
missionário. Afinal, as missões globais exigem um alto nível de maturidade do povo de Deus,
independentemente de sua cultura. A crescente internacionalização do Evangelho só fará
aumentar a exigência por esforços coordenados da Igreja em todo o globo, para que assim os
povos não-alcançados cheguem ao conhecimento de Cristo Jesus. Desta forma, este manual
salienta a necessidade de cooperação missionária entre todos os crentes, em todas as culturas, em
todos os povos – e todos terão como supervisor de suas atividades o Espírito Santo, garantidor
da unidade espiritual. Nosso desejo é ver todas as culturas libertas pela ação do Senhor!

11. A partir da leitura dos parágrafos anteriores, identifique os objetivos que expressam suas
obrigações para com o trabalho missionário.

20 MISSIOLOGIA
Planejamento de estudo

Tornou-se já evidente que este manual é orientado por objetivos. Seu planejamento tem OBJETIVO 7
Demonstrar o conteúdo geral
por finalidade facilitar os estudos e a consolidação dos ideais propostos. O próprio Sumário da da matéria.
obra demonstra em seu arranjo as unidades e as lições agrupadas por temas afins.

A Unidade 1, da qual faz parte esta lição, consiste em uma introdução geral à
atividade missionária hodierna. Nela é apresentado o conceito de missões como herança de
Deus à Igreja. Assim, estabelece-se a bíblica verdade de que o esforço missionário é um
movimento radicado no plano divino e eterno de Deus para o homem, não tratando-se,
portanto, de uma iniciativa humana. Todos os debates (O que é uma missão ou Como deve
ser uma missão) são tratados do ponto de vista da Trindade. Apenas mediante as respostas
bíblicas a estas perguntas é que se pode pensar no estabelecimento de uma obra missionária
autenticamente cristã.

A grande utilidade da definição bíblica do trabalho missionário é sua força incontestável


para solucionar os impasses contemporâneos acerca da obra evangelizadora. As missões,
como se vê, são imperativas à todas as congregações, logo, a Lição 3 debate a questão
salvífica vs. as religiões pagãs à luz da obra redentora da Cruz. A própria Unidade 1 finda
reafirmando que evangelizar o mundo é a grande herança de Deus para Sua Igreja.

12. Os itens que identificam o conteúdo das principais divisões desta matéria são
a) os títulos das unidades.
b) os títulos das lições.
c) os esboços das lições.
d) as sessões de cada lição.

13. Em seu caderno, escreva uma definição do conteúdo proposto para a Unidade 1.

A Unidade 2 explana a idéia de missões presente nos AT e NT. Percebe-se aí a base


bíblica para afirmar-se que o povo de Deus é missionário em todas as suas gerações.
Contudo, a mesma unidade destina-se a mostrar as diferenças na atuação missionária do
povo nos períodos vetero e neotestamentário (os cristãos do NT são a continuação espiritual
de Israel, mas de incontestável distinção). É possível notar que o povo de Israel (AT), segundo
a própria orientação divina, estabeleceu os princípios bíblicos para as igrejas, o que é notável
em nossos dias – somos o Israel espiritual de Deus. Portanto, a história do povo de Deus nas
Escrituras demonstra que a igreja de hoje é missionária graças a sua herança bíblica
(evangelizar) e por sua experiência com o Espírito Santo (NT). Assim, pode-se resumir o
enfoque da Unidade 2 como sendo a natureza e a motivação missionária da Igreja.

Ainda a Unidade 2, ao tratar de missões no NT, atenta mais plenamente para a atuação
do Espírito Santo na obra missionária. Recebe grande atenção os acontecimentos do Dia de
Pentecostes em relação ao crescimento experimentado pela igreja a partir da efusão do
Espírito Santo. A grande abundância do material bíblico acaba por elucidar muitos problemas
atuais do trabalho missionário.

Missões transculturais hoje 21


14. Que idéia bastante salientada na Unidade 1 é apresentada com ênfase na Unidade 2?

15. Que conceito apresentado já na conclusão da Unidade 1 torna-se o principal pilar da


Unidade 2?

Chegando a Unidade 3, nota-se que o Espírito Santo ainda é o tema principal quanto
ao trabalho missionário, porém agora, tudo gira ao redor do mundo presente. A
compreensão do trabalhar do Espírito nas missões atuais ajuda no entendimento do conjunto
de Suas ações hoje. Esta unidade propõe debates como: “Deve-se esperar por outro
derramamento do Espírito semelhante ao de Atos dos Apóstolos?”; “De que maneira o
Espírito Santo trabalha nos momentos de confronto com as forças demoníacas?”; tudo isso
considerando-se a contemporaneidade missionária!

Ao abordar os desafios e as oportunidades da atualidade missionária, a Unidade 3


apresenta a fé como requisito para os dias de hoje. Outro tema abordado é o enfoque
histórico para as missões da última hora, ressaltando a urgente necessidade de uma estratégia
para o último momento da Igreja sobre a terra. Seguem-se, então, debates sobre o desafio
transcultural e o modelo bíblico de evangelismo e seus princípios.

16. Especifique o enfoque principal da Unidade 3.

17. Consulte o sumário deste manual e indique alguns dos temas e conceitos abordados na
Unidade 2 que são aplicados à contemporaneidade missionária na Unidade 3.

Concluindo, a Unidade 4 reafirma o caráter missionário do povo de Deus, ressaltando


a ação das igrejas locais (a comunidade global dos servos do Senhor é composta por igrejas
locais). O alvo do trabalho missionário não é a formação de igrejas em série, mas o
estabelecimento de congregações de redimidos, verdadeiramente salvos, e sempre ligados e em

22 MISSIOLOGIA
comunhão com suas igrejas locais. Ao falar assim, a Unidade 4 introduz o conceito de
diversidade na unidade. Isto é representado pelas igrejas autóctones, por exemplo. Segue-se,
portanto, um debate sobre as igrejas nativas: como deve ser a Igreja nas mais diversas
culturas? Uma igreja nativa precisa ser como é a igreja dos missionários que a fundaram?
Como saber se uma igreja nativa é madura? Tais perguntas conduzirão às respostas sobre a
maturidade e o desenvolvimento de nossas próprias igrejas e das igrejas que fundamos
através da obra missionária.

Outro ponto de destaque na Unidade 4 é seu chamamento aos missionários para os


levar a melhor apreciar as condições em que se encontram as pessoas e igrejas sob seus
cuidados. Esta avaliação é fundamental a todos os indivíduos que desejam desenvolver uma
atividade satisfatória nas missões transculturais.

18. Na Unidade 4 vê-se que a igreja


a) não é o agente nem o alvo das missões.
b) é tanto o agente quanto o alvo das missões.
c) é agente, mas não alvo das missões.
d) é alvo, mas não é agente das missões.

19. Escreva em seu caderno um texto de cerca de 4 parágrafos em que se explica como a
Unidade 4 apresenta a idéia do povo de Deus ser um povo missionário.

20. Consulte o sumário deste manual, revisando os títulos das unidades e escreva em seu
caderno um resumo de cada uma delas. Procure realizar esta tarefa sem maiores
consultas ao texto.

Missões transculturais hoje 23


autoteste MÚLTIPLA ESCOLHA: Assinale a única alternativa correta.
MÚLTIPLA

1. Em relação aos alvos pessoais para cursar esta matéria, seu propósito neste estudo
a) não é representado por nenhum deles.
b) não pode ser representado por uma combinação deles.
c) pode ser representado por uma combinação deles.
d) é sempre uma combinação deles.
e) todas as alternativas estão incorretas.

2. Quanto aos três motivos aludidos na questão anterior, seus alvos pessoais
a) sempre diferem deles.
b) às vezes diferem deles.
c) quase nunca diferem deles.
d) nunca diferem deles.
e) todas as alternativas estão incorretas.

3. As novas demandas para as missões globais tendem a


a) aumentar a importância dos missionários das nações de pouca tradição missionária.
b) aumentar a importância dos missionários das nações de muita tradição missionária.
c) aumentar a importância dos missionários de qualquer região do mundo.
d) diminuir a importância de qualquer missionário.
e) todas as alternativas estão incorretas.

4. Quanto à necessidade de ensinamento bíblico para orientar o esforço dos missionários


ocidentais, por causa da sua formação
a) eles precisam mais deste ensinamento do que, os não-ocidentais.
b) eles precisam um pouco mais do que os não-ocidentais.
c) eles têm a mesma necessidade de ensinamento bíblico dos não-ocidentais.
d) eles têm menos necessidade do que os não-ocidentais.
e) todas as alternativas estão incorretas.

5. Declarações que salientam a sua participação pessoal em missões podem ser encontradas
a) no sumário deste manual.
b) nos objetivos do curso.
c) a) e b) estão incorretas.
d) a) e b) estão corretas.

6. As declarações que indicam o conteúdo das quatro divisões principais deste livro
encontram-se
a) no índice.
b) nos objetivos do curso.
c) a) e b) estão corretas.
d) a) e b) estão incorretas.

24 MISSIOLOGIA
RESPONDA: Responda às seguintes questões.
RESPONDA:

7. Quais as sugestões apresentadas sobre escrever no início do seu estudo suas próprias
perguntas sobre missões?

8. Quais os dois tipos de pontos de contato usados neste livro que farão esta matéria útil a
pessoas de todas as partes do mundo?

Missões transculturais hoje 25


RESPOSTAS ÀS QUESTÕES DE ESTUDO

11. Os objetivos 3, 4 e 5 dão ênfase direta e 5. e)


os objetivos 1, 2 e 6 dão ênfase indireta
a sua participação.
16. Missões do mundo moderno.

1. Sua própria lista de perguntas e


6. Este ponto de vista tende a diminuir a
problemas, a qual esperamos que seja
proeminência de missionários ocidentais
discutida e resolvida durante esta
nas missões internacionais e a aumentar
matéria.
a proeminência de missionários não
ocidentais.
12. a)
17. Resposta pessoal: capacitação do povo de
2. Irá ajudá-lo a aproximar-se do estudo Deus pelo Espírito Santo, ou a Sua obra
com motivação e entusiasmo. entre eles em missões hoje em dia; e a idéia
de que a Bíblia dá direção e instrução para
13. Resposta pessoal: o título desta unidade missões hoje em dia (veja Lição 11).
define missões como uma continuação da
missão de Deus. A missão Dele define a 7. c)
nossa.
18. b)
3. Ajudá-lo em relação à sua chamada
missionária; estimulá-lo no envolvi-
8. c), d) e f) estão corretas.
mento missionário na igreja; instruí-lo,
mediante o Espírito Santo, em seu
envolvimento em missões. 19. A comunidade internacional do povo de
Deus é vista no mundo através de
muitas comunidades pequenas de
14. A idéia de missões como herança ou a
diversos ambientes culturais. A unidade
idéia de um povo missionário de Deus.
mostra que tal diversidade de expressão
é válida, contanto que seja acompanhada
4. Seu próprio motivo de realizar o curso. de uma expressão de união dentro do
Seu motivo pode ser um dos três corpo de Cristo. Sua resposta pode
mencionados acima, uma combinação diferir da nossa, mas deve incluir os
deles, ou outro motivo diferente. conceitos de união e de diversidade que
apresenta aqui.
15. O papel do Espírito Santo no NT (veja
a última parte da Lição 3). A idéia de 9. a), d), e) e c) estão corretas.
um povo internacional de Deus: isso
também está certo. A ênfase da
segunda unidade é o papel missionário 20. Títulos das unidades do manual e seus
completo do Espírito Santo, sua obra comentários a respeito delas.
de internacionalizar o povo de Deus e
de trazer união à igreja no mundo 10. Resposta pessoal: a resposta para esta
inteiro. questão ainda não é bem clara a esta

26 MISSIOLOGIA
altura do curso. Mas esse objetivo
focaliza nossa participação em missões,
porque a igreja é instrumento de Deus
para evangelizar o mundo (objetivo 6), o
tema Redenção do povo de Deus
mostra que todo o povo de Deus pode
envolver-se na missão de Deus (objetivo
2). Objetivo 1 enfatiza participação em
missões porque o evangelismo é uma
prioridade bíblica.

1
Estudo quanto às atividades evangelizadoras da Igreja, especialmente em relação às bases, métodos e propósitos destas
atividades.
2
Adequação da pregação evangelística promovida durante o contato entre duas culturas distintas – quase sempre a do
missionário e a dos evangelizados.

Notas exclusivas da edição brasileira. Dados atualizados Editoria Acadêmica da FAETAD.

Missões transculturais hoje 27


LIÇÃO 2

A missão de Deus ao mundo

Qual a missão das missões? Após 2000 anos de cristianismo a Igreja ainda vê-se
buscando descobrir o propósito da obra missionária. Paulo, em sua carta aos crentes de Éfeso
discorre sobre este problema, conforme visto nesta lição. E a resposta desejada encontra-se
naquilo que Deus, em Seu plano que precede a criação do mundo, estabeleceu.

O quadro geopolítico global é hoje pontuado por catástrofes naturais, desmandos


administrativos, tragédias humanitárias, e toda a má sorte de destinos. Em nome de Cristo, a
Igreja poderia vir a demonstrar sua solidariedade cristã de modo atuante e concreto. Porém,
qual o papel do evangelismo? Como a Igreja deve planejar suas prioridades? À medida que
o propósito divino para a obra missionária torna-se conhecido da Igreja, as respostas aos
questionamentos sobre o que de fato é o trabalho missionário revelam-se aos crentes.

28 MISSIOLOGIA
Eternidade, tempo e missões Esboço da Lição
Missões e a glória de Deus
Nossa participação em missões

Objetivos da Lição
Ao término desta lição, você deverá ser capaz de:
• definir a missão fundamental de Deus ao mundo; apresentar razões para a importância do
trabalho missionário; explicar porque a Igreja deve envolver-se ativamente neste trabalho;
• identificar os alvos imediatos e definitivos para as missões e correlacionar estes alvos;
• assumir uma participação mais eficaz no trabalho missionário, conforme os preceitos bíblicos
já estudados.

1. Leia atentamente esta lição. Atividades de


Aprendizagem
2. Faça todas as questões de estudo.
3. Separe, no mínimo, 3 horas diárias para estudar.
4. Faça o autoteste no final desta lição.

A missão de Deus ao mundo 29


Desenvolvimento ETERNIDADE, TEMPO E MISSÕES
da Lição

O propósito divino para missões

OBJETIVO 1 Na carta que escreveu aos efésios, Paulo não tinha assunto mais importante a tratar
Descrever a natureza do
propósito de Deus para a
que não a obra missionária. À época, mais da metade dos habitantes do Império era escrava;
humanidade. as necessidades sociais eram gritantes – estes assuntos preocupavam ao apóstolo e
incomodavam também a Deus. Entretanto, Paulo optou tratar apenas da vontade de Deus. Em
sua carta há expressões como “o beneplácito de sua vontade” (Ef 1.5,9 e 11). Tais sentenças
indicam aquilo que Deus deseja em Seu propósito para o mundo.

1. Leia Ef 1.3-14 e escreva a respeito do eterno propósito de Deus ao qual Paulo se refere.

O grande tema da Bíblia é a redenção. Não somente o apóstolo Paulo trata deste
assunto, como os demais escritores bíblicos são inspirados pelo Espírito Santo a escrever sobre
ele. O primeiro capítulo da epístola aos crentes de Éfeso afirma ser o grande propósito de
Deus para a humanidade a redenção dos pecados. Evidentemente, este não é o único
propósito de Deus ao homem, contudo, a mensagem bíblica deixa claro ser este o propósito
elementar, primário, primordial. O principal propósito de Deus para o mundo é a salvação
eterna. De acordo com certo comentarista, Ef 1.3-14 é como um poema dividido em três
partes:

Fig. 2.1

É notável que cada uma das pessoas da Trindade está envolvida no propósito divino
para a humanidade: Deus Pai predestinou os homens à adoração, fazendo-os Seus filhos;
Cristo cumpriu o propósito divino, morrendo em lugar do homem para o remir; finalmente,
o Espírito Santo sela o crente garantindo-lhe a herança como povo de Deus.

30 MISSIOLOGIA
2. O propósito de Deus no mundo e sua missão primária para a humanidade é
a) a paz mundial.
b) a justiça social.
c) a redenção espiritual.
d) a liberdade política.
e) a saúde física.
f) todas as alternativas estão incorretas.

Missão e missões

O termo missão remete ao contexto do esforço divino de remir o mundo. Já missões OBJETIVO 2
Distinguir os termos empregados
representam a herança do Senhor à Igreja – trata-se, portanto, de uma atividade que tem para identificar a obra missionária
suas raízes no propósito eterno de Deus. Com missão relembra-se o motivo áureo da vinda (missão e missões), demonstrando
de Cristo ao mundo para morrer pelos homens – Cristo significa o ungido, isto é aquele que como eles exprimem o conceito
bíblico.
recebeu poder e autoridade para uma divina missão.

Jesus veio como missionário com o objetivo de realizar o propósito de Deus; portanto,
o conceito bíblico de missão abrange dois elementos: o envio do missionário e a realização do
propósito em si mesmo. É interessante notar que o termo missões é empregado muitas
vezes como singular. Quando empregado assim, esta palavra refere-se ao comprometimento
da Igreja na missão divina e no propósito de Deus para a humanidade.

De qualquer forma, no plural ou no singular, sempre os termos se referem ao


propósito divino de Deus para o homem.

3. Alguns dos termos que expressam o conceito bíblico de missão podem ser
a) o propósito salvífico de Deus.
b) o Ungido de Deus.
c) o propósito eterno de Deus.
d) o propósito redentor de Deus.
e) todas as alternativas anteriores estão corretas.

4. Qual destas sentenças descrê mais adequadamente a acepção comum do termo missões?
a) O eterno propósito de Deus no mundo hoje.
b) Grupos cristão que enviam testemunhas de Cristo.
c) As embaixadas estrangeiras.
d) As cruzadas cristãs na Idade Média.

Durante esta matéria, serão empregadas ambas as formas para designar a obra
missionária: missão e missões. Sendo que para as ocorrências no singular estará sendo aludido
o propósito de Deus para o homem (salvação), enquanto que no plural estará sendo evocada
a participação da Igreja no processo.

A missão de Deus ao mundo 31


Missões não são uma opção

OBJETIVO 3 A partir de agora, ir-se-á analisar a importância da igreja na obra missionária, bem
Demonstrar a importância
inegável da obra missionária.
como a relevância da obra missionária na vida da Igreja. Em Ef 1.3-14, o apóstolo Paulo trata
de toda a história da humanidade; desde então, a missão de Deus fazia parte do divino plano
OBJETIVO 4 para a humanidade – antes da própria criação do mundo, sendo realizado, porém, apenas em
Explicar as razões pelas
quais o trabalho missionário um momento específico da cronologia da raça humana. Em sua carta, Paulo refere-se ao início
não é uma opção à Igreja. do tempo (Ef 1.4), mas fala também do tempo do fim (Ef 1.10). A história da humanidade
tem seu tempo de princípio e fim.

Muitos acreditam que a história e o tempo não têm princípio ou fim. Para estas
pessoas, a vida e a história são repetições cíclicas – uma estação segue outra, repetidamente.
Essa forma de pensamento não contempla o propósito de Deus para a humanidade. E por mais
que a cada minuto nasçam 250 crianças em todo o mundo, e outras 100 pessoas percam suas
vidas no mesmo período1, ainda há quem afirme que o tempo não terá fim, como não teve
começo. Mediante o que é apresentado na Bíblia Sagrada, a história e o tempo tiveram
começo e terão fim. Além disso, a história é repleta de grande significado – Deus apresenta
seu propósito salvador na história. Em Ef 1.4 e 10, Paulo refere-se à eternidade antes do
princípio do tempo e da história, bem como a um ponto quando findarão estes e somente
haverá a eternidade:

Fig. 2.2

A contrário do que muitos pregam, a história não é um círculo, ou um ciclo, mas sim
uma linha. Há nela progressão, clímax, finalidade. O apóstolo Paulo, ao tratar do tempo
histórico dava-lhe dimensões, termos (começo e fim) – a leitura de 2 Pe 3 é interessante pois
trata do destino de todos os que julgam o tempo como desprovido de finalidade. Pedro
refere-se àqueles que questionam a volta de Cristo; tais indivíduos descrêem do plano divino
através dos séculos – para estes, nada há que evidencie que a história caminha para o seu fim.

5. Em que versículo de 2 Pe 3 há referência ao início do tempo?

6. Em que versículo de 2 Pe 3 há referência ao fim do tempo?

32 MISSIOLOGIA
A poderosa Palavra de Deus criou o universo e reservou o dia para o julgamento; esta
mesma voz promete a volta do Senhor Jesus. Está é uma promessa viva? Sim; mas seu
aparente atraso municia os zombadores (2 Pe 3.4, 8-9). Já no tempo de Pedro, o tempo que
decorrera desde o dia da promessa levará muitos a duvidar de que ela virá mesmo a ocorrer.
Tais homens não reconheciam a progressão do propósito de Deus na história. Pedro, então,
passa a salientar o cumprimento de outras promessas: o efeito da Palavra na criação, nos dias
de Noé (dilúvio) – coisas que vaticinavam o julgamento vindouro (2 Pe 3.5-7) Deus cumpre
Sua Palavra; Ele sempre faz aquilo que prometeu fazer!

7. Que duas santas explicações há em 2 Pe 3.8 e 9 para a aparente demora de Deus em


cumprir a promessa relativa à volta de Cristo e o fim da história como a concebemos.

Pedro é claro em suas convicções quanto ao propósito salvífico de Deus. Ele não
duvida da fidelidade divina em cumprir suas promessas. Cristo virá! O que tantos classificam
como atraso, incapacidade de Deus ou mentiras dos homens, é, na verdade, a longanimidade
do Senhor, permitindo que mais pessoas venham a arrepender-se de seus pecados,
confessando Cristo como Senhor. Por fim, a responsabilidade da Igreja está implícita
justamente aí, em 2 Pe 3.15.

O cerne do propósito de Deus através da história é a obra missionária; a Palavra de


Deus é clara! Pedro assim expõe em 2 Pe 3.13 ao mencionar novos céus e nova terra; a
eternidade continuará após a realização do plano salvífico. Observe: Eternidade > História e
Missão < Eternidade. Esta realidade, de que o trabalho missionário deve ser realizado em
determinado prazo cronológico, transmite a urgência da atividade evangelizadora. Quanto
tempo resta à Igreja para realizar sua tarefa que é fazer discípulos de todas as nações? À
pergunta dos discípulos quanto ao tempo em que dar-se-ia a restauração de Israel, Cristo
disse:

“Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo
seu próprio poder; mas receberei a virtude do Espírito Santo que há de vir
sobre vós e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a
Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (Atos 1.7 e 8).

A resposta de Cristo não deixa dúvidas de que os tempo já foram determinados por
Deus Pai, e estão sob controle Dele. Aos discípulos, à Igreja de Cristo, compete não
preocupar-se com o tempo, mas ocupar-se com a obra missionária. A resposta de Cristo aos
discípulos enfatizava a missão deles no mundo. Mais: as palavras ditas por Jesus dão conta do
erro que é buscar fixar datas e vaticinar eventos no plano de Deus. O que é importante aos
servos do Senhor é reconhecer os períodos em que Deus realiza obras especiais – isto é
discernir os sinais dos tempos (Mt 16.1-4); que fique claro, porém, que discernir os sinais não
é o mesmo que tentar adivinhar datas! Compete à Igreja hoje compreender o tempo em que
vive para melhor realizar o tempo em que vive, cumprindo assim, com zelo, o trabalho que
Deus reservou-lhe.

Em Ef 1.10 Paulo emprega a expressão plenitude dos tempos, referindo-se ao período


em que Deus completará Seu plano. Note-se a palavra mistério no versículo anterior; ela é

A missão de Deus ao mundo 33


chave nos escritos paulinos. Aqui aparece como referência à vontade de Deus: “[...]
descobrindo-nos o mistério da sua vontade” (Ef 1.9). Que motivo há para tratar a vontade
de Deus como mistério? Leia Ef 3.1-11 e veja como Paulo emprega a palavra. A seguir,
responda as seguintes perguntas:

8. Especifique no seu caderno o mistério sobre que Paulo escreve em Ef 3.1-11.

9. Segundo Rm 16.25-27 e Cl 1.25-27, o mistério mencionado em Ef 3.1-11


a) foi divulgado por ocasião da criação do mundo.
b) foi divulgado durante o período do AT.
c) ainda não foi divulgado.
d) já era divulgado quando Paulo escreveu estes trechos.

Paulo utiliza a palavra mistério significando algo “que se tornou manifesto, e foi dado
a conhecer por meio das Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus eterno” (Rm
16.26). Neste sentido, um mistério não pode ser descoberto através do esforço humano; deve
ser revelado divinamente. Segundo o uso que Paulo faz desta palavra, vemos que se refere a
todo o divino plano de salvação ou a uma parte daquele plano. O plano ou vontade de Deus
foi um mistério não revelado durante épocas anteriores à história humana. Em nossos dias,
porém, é plenamente conhecido o mistério do propósito eterno de Deus. O uso da palavra
mistério e da expressão tempos dá a entender que a Igreja vive hoje um período decisivo da
história. É o período quando Deus vai completar seu plano redentor para o mundo. Torna-se
clara a importância da missão de Deus ao mundo em nossos dias, ao vermos que o fim da
história humana é determinada pela realização da missão. Jesus disse: “Este evangelho do
reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes e então virá o fim”
(Mt 24.14).

Quanto tempo resta para fazer discípulos de todas as nações? Ninguém sabe – no
entanto, os tempos estão sob controle do Pai. O dever da Igreja é levar a cabo a Sua missão
no mundo. Este é um privilégio especial (1 Pe 1.10-12)! Cerca de 60%2 da humanidade
jamais ouviram falar de Jesus; e quando eles vierem a conhecê-Lo, então a história humana
chegará ao seu fim.

10. De acordo com Ef 1.3-14, enumere o maior número de razões que explicam a
importância de missões.

É facultativa a participação das igrejas locais no trabalho de missões? A igreja pode


optar por uma participação mínima ou parcial? Qual é, enfim, o propósito maior de Deus no
mundo? As razões que você acaba de enumerar respondem a estas perguntas.

34 MISSIOLOGIA
11. Como saber que não é facultativa a participação da igreja local em missões? Discuta a
urgência de missões e a sua própria participação neste trabalho em sua igreja. Compartilhe
a importância de missões com algum amigo. Se tiver a oportunidade, profira um sermão
ou palestra sobre A missão de Deus ao mundo, baseando-se em Ef 1.3-14.

MISSÕES E A GLÓRIA DE DEUS

Após tratar do propósito eterno de Deus (a salvação de Deus para humanidade),


segue-se um exame ainda mais detalhado do primeiro capítulo de Efésios, o que possibilitará
melhor entendimento da missão salvífica divina ao mundo. A partir de agora, porém, tratar-
se-á de um alvo que ultrapassa a própria salvação!

O ultimato

Conforme visto em Ef 1.3-14 cada membro da Trindade (Pai, Filho, Espírito Santo) OBJETIVO 5
Explicar o alvo ultimato
está ativo na missão redentora de Deus. No último versículo da seção do quadro referente missionário.
ao papel de cada um existe uma frase que exalta a glória de Deus (Ef 1.6 e 14). Tal
repetição da glória de Deus mostra claramente que o alvo definitivo da missão do Senhor
ao mundo é a glória do próprio Deus. Por isso, o alvo da missão da Igreja é o próprio
Deus. Ele deseja salvar o mundo e, portanto, cabe a Igreja glorificar a Deus! O Salmo 67
diz que Deus mesmo é o alvo definitivo de missões. Este é um salmo missionário – leia-o
procurando este tema central. O salmista clama a Deus, pedindo Sua bênção. Ele a deseja
para que a salvação seja conhecida entre todas as nações (vs. 2 e 4). É um motivo mui digno
para pedir-se uma bênção divina! E o salmo termina com o mesmo tom: a bênção de Deus
está relacionada com missões. Propõe-se que os povos sobre toda a face da terra possam
conhecer e adorar a Deus (vs. 6-7). Note-se que nos vs. 3 e 5 deste salmo é o próprio
Deus quem diz – o Senhor está recebendo a adoração, o louvor e a glória de todos os
redimidos de cada povo e nação.

12. O alvo definitivo de missões é


a) a salvação da humanidade.
b) a grande bênção de Deus sobre a humanidade.
c) a glória de Deus.
d) apenas a) e b) estão corretas.

O alvo imediato

Sendo a glória de Deus o alvo definitivo do trabalho missionário, de que forma a OBJETIVO 6
Explicar o objetivo imediato
Igreja pode levar a cabo esta sua incumbência? De que maneira a Igreja conduz a glória de do trabalho missionário.
Deus? Estas perguntas transportam-nos ao alvo mais imediato do trabalho missionário. Em

A missão de Deus ao mundo 35


Jo 17.1-5 este alvo é debatido em uma oração feita por Jesus – nela, Cristo fala de Sua missão
ao mundo e do alvo de nossa missão. Jesus buscava o mesmo alvo anteriormente visto no
caso da Igreja em Ef 1.3-14. Jesus glorificava sempre o Pai (Jo 17.4), cumprindo a obra
salvífica de que lhe incumbira o Pai. O alvo imediato de missões é a realização do divino
chamando as pessoas a Deus. Quando estas pessoas são levadas a Deus mediante a obra
redentora de Jesus, Deus glorificado. Glorificar a Deus significa dar-lhe aquilo que merece.
Fazer a vontade de Deus e levar a cabo Seu desígnio redentor significa dar-Lhe o que
realmente merece.

O alvo imediato de missões torna-se claro perante a consideração de que Deus criou
os seres humanos. Por que Deus criou Adão? Diz a Bíblia que no princípio Adão foi criado à
imagem de Deus e estava com Deus (Gn 1.26-27; 3.8). No princípio Adão e Eva gozavam da
comunhão com Ele. A imagem de Deus significa que Adão possuía algumas das mesmas
características de Deus (Gn 1.26-27; 5.1; 1 Co 11.7). Pode-se afirmar que o propósito de Deus
ao criar Adão foi que este fosse semelhante a Si. O profeta Isaías indica que o povo de Deus
foi criado para a glória do Senhor (Is 43.6-7). A glória de Deus é aquilo que Deus é. Refere-
se à natureza de Deus.

Certa vez, Isaías recebeu uma visão da glória de Deus no santo templo (Is 6). Esta
visão empolgou o profeta, conscientizando-o da santidade divina. A glória de Deus
revelou algo da sua natureza ao profeta Isaías; desvendou algo de Sua santidade. Dizer
que os seres humanos foram criados para a glória de Deus é afirmar que foram criados
para serem, de alguma forma, semelhantes a Deus. Às vezes, a Bíblia usa as palavras
glória de Deus com referência àquilo que as pessoas devem ser. Por exemplo, Paulo
relaciona o pecado do povo com uma carência da glória de Deus (Rm 3.23). Isto significa
que quando as pessoas pecam, elas já não são parecidas com Deus em sentido moral. São
falhas em termos do propósito da sua criação, pois foram criadas para serem
semelhantes a Ele e se afastaram dele. Por causa do pecado, é impedido o propósito da
criação dos seres humanos; é desfigurada a imagem divina nos pecadores. A presença do
pecado nas suas vidas impede a sua plena comunhão com Deus. Isto torna muito
importante o alvo imediato de missões. Somente através da redenção divina é destruído
o poder do pecado, para que as pessoas, por sua fé em Cristo e na obra do Espírito
Santo, possam se tornar semelhantes a Deus.

13. Uma frase referente às pessoas se tornarem semelhantes a Deus se encontra duas vezes
em Ef 1.1-14. Escreva esta frase, com a sua respectiva citação bíblica:

14. O alvo imediato de missões é


a) a redenção das pessoas.
b) a glorificação de Deus.
c) a) e b) estão corretas.
d) a) e b) estão erradas.

36 MISSIOLOGIA
A relação entre os alvos

Há uma relação entre os alvos imediato e definitivo de missões: a redenção do povo e OBJETIVO 7
Especificar um aspecto
a glória de Deus. Esta relação está implícita na presente lição, mas vale a pena ponderarmos importante da relação entre
a seguinte pergunta: as pessoas não-redimidas podem glorificar a Deus? Então responda a o alvo imediato e o alvo
seguinte questão. definitivo de missões.

15. Baseando-nos nas Escrituras já lidas e nos comentários encontrados nesta lição de
Missões e a Glória de Deus, vemos que um aspecto importante da relação entre os alvos
imediatos e definitivos de missões é que
a) a realização do alvo definitivo torna possível o alvo imediato.
b) a realização do alvo imediato torna possível o alvo definitivo.
c) o alvo definitivo deve anteceder o alvo imediato.
d) cada alvo impede a realização do outro.

NOSSA PARTICIPAÇÃO EM MISSÕES

A seguinte história deve ajudar-lhe a mais participar em missões, complementando OBJETIVO 8


Explicar como a Igreja, ao
aquilo que você já aprendeu. Certo professor de uma escola pública, em uma pequena cidade, satisfazer as necessidades
é também membro de uma igreja. Os habitantes da cidadezinha são muito pobres e sem secundárias das pessoas, no
escolaridade. O professor sente compaixão por estas pessoas, e deseja que elas possam contexto do grande plano
redentor de Deus, proporciona,
alimentar-se, vestir-se e morar com dignidade. É fato também que estas pessoas ainda não às vezes, oportunidade para a
conhecem a Cristo. satisfação da sua necessidade
primária, ou seja a redenção
espiritual.
A igreja passou a ajudar o professor neste projeto de evangelização. Alguns membros
da congregação sugeriram, inclusive, que o professor utilizasse os recursos angariados para
ampliar a escola e assim, poder ministrar mais aulas. A idéia era que os homens e mulheres,
ao adquirirem mais e melhores informações e formações, poderiam trabalhar em tarefas mais
bem remuneradas, vindo eles mesmos a resolverem seus problemas financeiros, habitacionais
e outros. Para estes irmãos, o professor poderia aproveitar-se dos períodos de aula para
testemunhar de Cristo. Para outro grupo de crentes daquela igreja, o mais interessante a fazer
era investir o dinheiro em uma cruzada, assim o professor evangelizaria de modo mais
direto.

16. Explique qual deve ser a principal atividade do professor em sua cidade, conforme a
ênfase fundamental da Bíblia com referência a missões.

As necessidades sócio-econômicas e educacionais do povo são secundárias na missão


divina se comparadas à necessidade de redenção divina. Porém, quando a igreja coloca a
atenção nas necessidades secundárias, muitas vezes abre-se uma porta para a realização da
necessidade espiritual das pessoas. A satisfação das necessidades sócio-econômicas e

A missão de Deus ao mundo 37


educacionais da pessoa não pode mudar sua relação espiritual com Deus, mas tal satisfação
direta e prática faz também parte do grande plano redentor de Deus. Além disso, mostra o
lado prático da mensagem de salvação proclamada pela igreja.

17. De que forma a Igreja, ao satisfazer as necessidades secundárias das pessoas, segundo o
plano de Deus, proporciona, às vezes, oportunidade para a realização da sua necessidade
primária, ou seja a redenção espiritual?

18. A satisfação das necessidades sócio-econômicas e educacionais das pessoas muda sua
relação espiritual com Deus?
a) Sempre.
b) Geralmente.
c) Às vezes.
d) Nunca.

38 MISSIOLOGIA
MÚLTIPLA ESC
MÚLTIPLA OLHA: Assinale a única alternativa correta.
ESCOLHA: autoteste

1. A atividade de missões é importante porque seu propósito é


a) o propósito principal de Deus com respeito às pessoas.
b) o propósito secundário da existência da igreja.
c) urgente por causa do tempo limitado.
d) todos os itens acima estão corretos.
e) apenas a) e b) estão corretas.

2. Esta lição destaca o fato de que a glória de Deus


a) não é um alvo de missões.
b) é o alvo imediato de missões.
c) é o alvo definitivo de missões.
d) é o único alvo de missões.

3. Esta lição destaca o fato que a salvação das pessoas


a) é o único alvo de missões.
b) é o alvo imediato de missões.
c) não é um alvo de missões.
d) é o alvo definitivo de missões.

4. É significativo que o enfoque da igreja sobre as necessidades secundárias das pessoas


a) sempre a impeça de satisfazer a necessidade espiritual.
b) nunca vá impedi-la de satisfazer a necessidade espiritual.
c) sempre abre caminho para ela satisfazer a sua necessidade espiritual.
d) às vezes abre caminho para ela satisfazer a necessidade espiritual.

CERTO-ERRADO: Escreva C para as afirmações corretas e E para as erradas.


CERTO-ERRADO:

____ 5. “O envio pela igreja de testemunhas cristãs”, descreve bem a acepção comum do
significado de “missões”.
____ 6. A participação da igreja em missões não é muito importante.

RESPONDA: Responda às seguintes questões.


RESPONDA:

7. Qual é o propósito principal de Deus e a sua maior missão ao mundo?

A missão de Deus ao mundo 39


8. Qual dos dois alvos de missões discutidos nesta lição faz possível, quando atingido, a
realização do outro?

40 MISSIOLOGIA
RESPOSTAS ÀS QUESTÕES DE ESTUDO

10. Razões apresentadas em Ef 1.3-14, pela 15. b)


importância de missões:
a) as missões são a finalidade eterna de Deus; 6. nos vs. 7 e 10-13.
b) as missões são a finalidade central ou
principal de Deus com respeito às pessoas;
16. A ênfase principal da Bíblia, como
c) as missões constituem uma finalidade observado, é o propósito de Deus de salvar
redentora (a salvação das pessoas do pecado);
o mundo. Para ser leal a esta ênfase bíblica,
d) as missões constituem a razão principal o professor deve se esforçar para levar
da existência da igreja; outras pessoas à comunhão com Deus. Há
e) as missões constituem um propósito uma consideração não mencionada em nossa
urgente (o tempo para a realização é curto); breve história: o caso da impossibilidade de
f) as missões constituem um privilégio. se realizar reuniões públicas por razões
psicológicas, políticas e culturais. Se a situação
fosse assim, o mestre teria que achar um
1. A finalidade eterna de Deus destacada por
meio indireto de realizar evangelismo. Talvez
Paulo em Ef 1 é a redenção ou salvação
espiritual do homem. Os versículos pudesse ensinar na escola ou liderar estudos
seguintes revelam o grande tema de Paulo bíblicos nos lares. O propósito principal
da redenção: vs. 4, 5, 7, 10, 12, 13. ainda seria o evangelismo. No entanto, por
causa das circunstâncias, este alvo seria
atingido indiretamente.
11. O alvo principal de Deus com respeito às
pessoas deve ser o alvo principal da igreja.
7. A perspectiva de Deus em relação ao
tempo difere muito da nossa (v. 8), e
2. c)
Deus quer lhes dar tempo para
arrependerem-se (v.9).
12. c)
17. Abrindo caminho para igreja satisfazer
3. e) sua necessidade de redenção espiritual.

13. “O louvor da sua glória” nos vs. 12 e 14. 8. A resposta é dada no v.6: “Para louvor
e glória da sua graça, pela qual nos fez
4. b) agradáveis a si no Amado”.

14. a) 18. d)

5. nos vs. 4 e 5 9. d)

1
Dados coletados em http://michelsonborges.blogspot.com/2005/09/desafios-globais.html.
2
Em dados do início deste século, apenas 32,54% da população mundial professam o cristianismo (católicos e evangélicos).

Notas exclusivas da edição brasileira. Dados atualizados Editoria Acadêmica da FAETAD.

A missão de Deus ao mundo 41


LIÇÃO 3

A missão de Cristo ao mundo

A lição anterior expôs o ensino bíblico sobre missões. Conforme visto, Deus exerce
uma obra salvífica perante o mundo; a ênfase primária da Bíblia é justamente a redenção da
humanidade do poder do pecado. Outra vez, agora, a carta de Paulo aos crentes de Éfeso
revelará o papel central de Cristo na missão salvadora – esta epístola proporciona valiosa
informação sobre a predição dos seres humanos que carecem do conhecimento da obra
redentora de Cristo e da percepção da urgência missionária.

Há nesta lição outro importante princípio para o trabalho missionário, conforme


mencionado nos trechos bíblicos estudados nas lições anteriores, bem como na experiência de
Paulo ao fundar a igreja em Éfeso. O tal princípio é: A missão de Deus é missão de Cristo, e
esta é a nossa própria missão. Seremos nós capacitados pelo Espírito Santo caso aceitemos a
missão que a nós é outorgada por Cristo; tal como Paulo foi encorajado e estimulado por
Jesus para o desenvolvimento de seu ministério, também nós seremos.

Este encorajamento, esta dinâmica ou estímulo, presente na vida do apóstolo Paulo, é


o Espírito Santo que habita em nós capacitando-nos ao trabalho missionário. Durante o
estudo desta lição, peça a Deus que o fortaleça no desempenho de suas atribuições
missionárias.

42 MISSIOLOGIA
A missão cumpriu-se na cruz Esboço da Lição
O método divino de missões
A habilitação divina para missões

Ao término desta lição, você deverá ser capaz de: Objetivos da Lição

• descrever aspectos da tarefa especial de Cristo da missão de Deus ao mundo;


• mostrar, por meio de determinados trechos do NT, que a realização da dimensão humana da
missão de Deus ao mundo, compete a todos os cristãos;
• aplicar em seu próprio trabalho missionário, a dinâmica do Espírito Santo, que é o Capacitador
divino para realização desta obra.

1. Leia atentamente esta lição. Atividades de


Aprendizagem
2. Faça todas as questões de estudo.
3. Separe, no mínimo, 3 horas diárias para estudar.
4. Faça o autoteste no final desta lição.

A missão de Cristo ao mundo 43


Desenvolvimento A MISSÃO CUMPRIU-SE NA CRUZ
da Lição

OBJETIVO 1 Que papel tem Cristo na missão de Deus ao mundo? Que motivos justificam Seu
Explicar o motivo que leva os
crentes a afirmarem que
nascimento. A resposta a estas perguntas diz respeito ao ministério terreno de Jesus e ao seu
Cristo é o único e suficiente envolvimento no trabalho missionário. Já discutiu-se o problema do pecado com relação à
meio de salvação. missão de Deus, concluindo-se que o pecado impede as pessoas de serem semelhantes a Ele,
de terem comunhão com Ele. Podemos afirmar que a missão de Deus ao mundo foi realizada
na cruz de Cristo, porque Jesus tornou assim possível a reconciliação dos seres humanos com
Deus para se tornarem semelhantes a Deus e gozarem sua doce comunhão.

Uma missão cristocêntrica

Há motivos para dizer que a missão de Deus ao mundo é cristocêntrica? O trecho


estudado anteriormente da carta aos crentes de Éfeso trata de toda esta missão, afirmando
conclusivamente que Cristo é Aquele por meio de quem se cumpre todo o trabalho. Atente-
se, ainda que em Ef 1.3-14 há determinadas frases como “nosso Senhor Jesus Cristo”, “por
Jesus Cristo” e “nele”. As numerosas referências a Cristo neste trecho demonstram o papel
central de Jesus no propósito redentor de Deus. A locução “em Cristo” resume o pensamento
de Paulo acerca do Evangelho. Significa que somente por meio de uma relação pessoal com
Jesus é que o homem pode gozar dos benefícios espirituais de Deus Pai.

1. Que segmento de Ef 1.3-14 afirma mais plenamente aquilo que acabamos de dizer?

O caráter cristocêntrico da missão de Deus é demonstrado na afirmação bíblica de que


a salvação, que gratuitamente é oferecida a todo o ser humano, depende do relacionamento
de cada pessoa com Cristo. Tudo o que no homem é operado na salvação dá-se através de
Cristo, sendo ele próprio o único mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2.5). O próprio
Cristo e os apóstolos identificam a esperança da salvação exclusivamente com o nome de
Jesus: At 4.13; Rm 10.9-15; 1 Jo 5.11-12; Jo 3.36, 14.6; e Mt 11.27. Estes e outros trechos
bíblicos indicam direta ou indiretamente que a salvação é encontrada unicamente em Jesus
Cristo. Estas passagens não são uma visão limitada da salvação; elas não reservam a salvação
a uma fração da raça humana. Alguns dos escritores dos trechos referidos escrevem sobre o
grande amor de Deus e de sua compaixão por toda a humanidade. Devemos crer em tudo
que Deus revela em Sua Palavra acerca da salvação. O papel fundamental de Jesus na Bíblia
é claro; nenhum escritor bíblico disputa esta verdade. Sem Jesus Cristo não haveria a
realização da missão de Deus na salvação dos seres humanos.

2. Que razões tem os cristãos para anunciar a Cristo como o único meio de o homem
salvar-se?

44 MISSIOLOGIA
Uma missão salvífica

O cristianismo destaca-se das demais religiões neste particular: “Deus estava em OBJETIVO 2
Explicar porque a morte de
Cristo, reconciliando consigo o mundo” (2 Co 5.19). A revelação de Deus na pessoa de Jesus Cristo cumpriu a missão de
Cristo distingue o Cristianismo de todas as outras religiões. Deus optou por se revelar sob salvar a humanidade.
forma humana (Fp 2.1-7). Enquanto estava na terra, Jesus era Deus em forma de homem (Jo
1.1, 14). Deus veio em pessoa para enfrentar o problema do pecado (Fp 2.8).

3. A morte de Jesus Cristo na cruz cumpriu a missão de Deus de salvar toda a humanidade
porque Deus mesmo
a) concordou com a morte de Jesus.
b) diminuiu o castigo dos seus pecados.
c) pagou o resgate pelos seus pecados.
d) passou por alto o castigo dos seus pecados.

A Salvação, obra de Deus

Um dos atos especiais de Deus na história diz respeito à crucificação de Jesus Cristo. OBJETIVO 3
Tratar do papel de Deus na
Pode-se dizer que o sacrifício de Jesus é o ato crucial de Deus, o ponto central de toda a história salvação do homem.
humana. Isto pode ser dito pois a missão salvífica de Deus no mundo, providenciando a
redenção para toda a raça humana, foi cumprida na cruz. Jesus veio ao mundo especificamente
para morrer na cruz (Mc 10.45). O que nos maravilha no ensino bíblico sobre a salvação é que
é a obra do próprio Deus. O sacrifício de Jesus foi de valor infinito na oferta de salvação para
toda a humanidade, pois Deus mesmo levou o castigo do pecado.

No Congresso Internacional sobre Evangelização Mundial1 em Lousanne, Suiça, Roger


Nicole2 declarou o seguinte acerca da morte de Jesus na cruz:

“Onde houver um fardo a carregar, Deus mesmo o carrega; onde houver


um preço a pagar, Deus mesmo o paga; onde houver um dever a ser
cumprido, Deus mesmo o cumpre [...] a obra salvífica de Jesus Cristo é sem
dúvida a obra de Deus, que só ele mesmo pode realizar.”

É este o núcleo do Evangelho, o amor de Deus pelo mundo que fez com que Ele viesse
na pessoa de Jesus Cristo e sofresse pelo pecado do povo (Jo 3.16). Os seres humanos, em
todos países do mundo, lutam contra o pesado fardo do pecado. Estas pessoas não sabem que
Deus mesmo quebrou o poder do pecado na morte de Jesus na cruz. Esta boa nova é a
mensagem de missões, que deve ser proclamada. Para esta tarefa, Deus opta por usar os seres
humanos como seus mensageiros. O apóstolo Paulo apresenta a seguinte argumentação:

“Todo aquele que invocar o nome do Senhor, será salvo, como pois
invocarão aquele em que não creram? E como crerão naquele de quem não
ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão se não
forem enviados? como está escrito: Quão formosos os pés dos que
anunciam a paz, dos que anunciam coisas boas!” (Rm 10.13-15).

A missão de Cristo ao mundo 45


Paulo nos diz que o amor de Cristo manifesto na sua morte na cruz, o comove e o
motiva a dar uma resposta pessoal às quatro perguntas acima colocadas. Ele diz que tal amor
exige uma vida dedicada à pregação das boas novas a outros (2 Co 5.14-21). Pense bem e ore
a Deus acerca da sua própria resposta e participação na missão divina ao mundo. Peça a Deus
que lhe mostre como deve participar desta santa missão.

4. A título de resumo deste segmento da lição, escreva no seu caderno, o papel de Deus e
a nossa parte na salvação dos seres humanos.

Nenhuma salvação sem Cristo

OBJETIVO 4 Há outros temas de grande importância para missões: as pessoas que nunca ouviram
Descrever a perdição dos
seres humanos sem Cristo,
o evangelho de Cristo estão perdidas e sem esperança? Não há outro meio pelo qual as
mencionando a evidência pessoas podem aproximar-se de Deus? Que dizer das outras religiões? Ao meditar sobre
deste fato em Ef 2.1-3. estas perguntas, você talvez quererá referir-se aos trechos bíblicos dados acima na seção sobre
Missões cristocêntricas. Em primeiro lugar, é inconcebível que Deus desse início a medidas
tão extremas como a encarnação de Cristo e Sua morte na cruz, se houvesse outra maneira
de remediar o pecado. A cruz aponta para a terrível carência moral das pessoas e para a
absoluta necessidade de que Deus interviesse. A melhor resposta às perguntas acima
encontra-se talvez, em uma releitura do agonizante relato da crucificação de Jesus,
apresentado nos evangelhos. Alguém teria de pagar o preço, sofrendo o castigo do pecado.
Em segundo lugar, é freqüentemente questionada a justiça de Deus.

Pode alguém dizer que não é justo condenar ao inferno uma pessoa que jamais teve a
oportunidade de ouvir falar de Cristo. Dá-se, porém, que tal questionamento coloca em
xeque a justiça de Deus! Deus comete erros? Deus é perfeito em tudo que faz; Seu amor é,
portanto, perfeito. A palavra graça esclarece a questão da justiça de Deus. A salvação nos vem
apenas pela graça de Deus (Ef 1.7; 2.5,7). A graça é o favor imerecido de Deus. Teria sido
justo que Deus mandasse toda a humanidade para o inferno! Esse é o destino de todas as
pessoas que não conhecem a Jesus Cristo. Oswald J. Smith3, um pregador com grande visão
missionária, disse:

“O que surpreende sobre o pecado humano não é que pessoas vão para o
inferno, mas sim que algumas cheguem ao céu”.

5. Leia Rm 1.18-32 e segundo este trecho o que as pessoas pecaminosas merecem?

6. Quais os três versículos de Ef 2.1-10 mais claramente ressaltam o fato de que ninguém
merece ser salvo?

46 MISSIOLOGIA
A leitura de Rm 1.18-32 e Ef 2.1-10 pode causar em você o mesmo efeito que em
Oswald J. Smith com relação à salvação dos seres humanos! A perdição dos indivíduos sem
conhecimento de Jesus Cristo é vista na incapacidade deles de arcar com o pecado. Toda
esperança dos seres humanos está radicada somente em Deus. Festo Kivengere4, ao comentar
a perdição humana, diz:

“O homem, aquele ser que olha para cima, ficou sendo uma criatura sem
orientação e atolado num sério dilema. Esta experiência trágica lhe
sobreveio, quando aquele que tinha olhado para cima se virou e passou a
olhar para baixo ou para dentro.Em vez de encaminhar-se para a vida,
encaminhou-se para a morte. Da luz, virou-se à escuridão [...] Não nos
admira que as Escrituras falam de tais pessoas como ‘perdidas’.

Kivengere descreve a mesma cena descrita em Rm 1.18-32: o pecado faz com que as
pessoas se rebelem contra Deus e tornem-se corruptas. Nenhuma parte da natureza humana
escapa ao poder corruptor do pecado, pois é uma força que desvia as pessoas de Deus.

7. Cite as duas frases de Ef 2.1-3 que oferecem a evidência mais direta acerca da perdição
das pessoas sem Cristo. Responda em seu caderno.

Outras religiões

O que dizer das outras religiões do mundo? O texto de Rm 1.18-32 é repleto de OBJETIVO 5
Apresentar as razões pelas
informação acerca dos efeitos do pecado, sobretudo com relação ao fracasso humano na sua quais o homem não pode
tentativa de adorar a Deus. Nesse trecho, Paulo descreve as pessoas que conhecem a Deus (v. encontrar a salvação através
19) mediante a natureza (v. 20) e a razão (v. 21). A fatal atração do pecado torna-se clara, das religiões inventadas por ele.

apesar do grande conhecimento das ordens de Deus (v. 32). Os homens tornam-se
progressivamente piores até serem entregues por Deus à imundícia e concupiscência de seus
próprios corações, emoções e mentes depravadas (vs. 24,26-28). Quando Deus entrega tais
pessoas à operação dos seus próprios pensamentos deturpados, elas “desonram seus corpos”
(v. 24) através dos atos homossexuais claramente descritos nos vs. 26 e 27. Neste trecho,
Paulo descreve outras religiões, que conheceu pessoalmente em conseqüência de suas viagens
a Roma, Corinto, Éfeso e outras cidades onde pregou o Evangelho.

A descrição dada por Paulo em Rm 1.18-32 reflete fielmente a natureza das religiões
sem Cristo desde o princípio do tempo. Já ouvimos muitas vezes a pergunta: Que será
daqueles que sinceramente buscam a Deus em outras religiões e que nunca ouviram falar
de Cristo? Essas pessoas serão aceitas por Deus sem terem conhecimento de Cristo?
Sentimos intimamente que Deus conhece o coração de tais indivíduos e é capaz de conduzi-
los a um contato com o Evangelho. O conceito a respeito de Deus ajuda neste particular.
Note-se como Paulo apresenta as pessoas em Rm 1.18-32: elas não estão buscando
sinceramente, muito pelo contrário. Estas pessoas tentam suprimir a verdade que já
conhecem (vs. 18, 21, 32). Elas preferem trocar a verdade pela mentira, abandonando a
adoração do verdadeiro Deus e entregando-se ao culto de suas criaturas (v. 25). Algo os
impele a fazer assim e esse algo que tenta neutralizar ou suprimir o conhecimento de Deus
é o poder do pecado.

A missão de Cristo ao mundo 47


8. No nosso debate do título de Rm 1.18-32, a principal razão apresentada para explicar por
que as pessoas religiosas, mas sem Cristo, estão perdidas e sem esperança da salvação é
__________________________________.

Certo professor de missões afirmou o seguinte acerca das religiões não-bíblicas neste
trecho de Romanos:

“A história da religião contém um elemento dramático. Inclui a


aproximação divina e a rejeição humana. Tal rejeição está escondida porque
os homens parecem estar buscando a Deus e servindo-o, mas o Deus que
buscam difere do Deus verdadeiro por causa de um processo de repreensão
e substituição que se insere. Parece-me que é assim que podemos formular
o testemunho da Bíblia com relação às religiões humanas”.

O que Paulo ensina, pois, em Rm 1.18-32, é que as pessoas são indefesas em face da
atração fatal e degradável do pecado. É este poder que faz com que as pessoas, consciente ou
inconscientemente, rejeitem a Deus e Sua verdade. Somente a salvação pela graça de Deus
pode proporcionar ao homem um novo nascimento, e uma total reviravolta moral e
espiritual, destruindo o domínio do pecado em suas vidas.

No Brasil, ao menos estatisticamente, o catolicismo é a principal religião em número de


praticantes. Entretanto, há aqui muitas outras crenças não-cristãs. Analisando-as, que
respostas se podem dar às seguintes perguntas: “O que elas dizem sobre o pecado?”; “Deus
é descrito como pessoal e revelado aos seres humanos?”; “Segundo tais crenças, Deus
intervém na história para retirar os pecados do povo?”. À medida que tais questionamentos
são respondidos, algumas características das religiões não-cristãs tornam-se evidentes:
- são orientadas à natureza;
- aplica o raciocínio humano na tentativa de conhecer a Deus (ou deuses);
- se há um único Deus, Ele não tem caráter pessoal;
- quando há menção do pecado, os seres humanos são tidos como responsáveis para
solucioná-los;
- o pecado não é tido como ofensa pessoal contra Deus.

A descrição feita por Paulo da religião em Rm 1.18-32 demonstra que através da


natureza e do uso do raciocínio, os seres humanos podem perceber que Deus existe. Na
teologia, estes meios de conhecimento do Criador fazem parte da revelação geral. Deus
deixou a Sua marca na criação. As pessoas podem observar a criação (a natureza) e chegar à
conclusão que Deus existe (compare Rm 1.20 com o Sl 19.1-2). Por meio da consciência, os
seres humanos podem concluir sobre a existência do pecado. Podem os homens vir a saber
que há algo errado em suas vidas, mesmo antes de ouvirem a Palavra escrita de Deus. Por
muitos meios tentam os homens oferecer sacrifícios a Deus (ou aos deuses e espíritos). A
história e a experiência humana, porém, não revelam qualquer solução na revelação geral em
termos do problema do pecado. A razão, consciência e vontade individuais não bastam para
vencer o poder do pecado – ele é um poder sobrenatural, e os seres sobrenaturais combatem
e controlam a vida dos incrédulos (Ef 2.2; 6.12). A humanidade não pode, por intermédio de
suas habilidades naturais, arcar com o poder do pecado e com os seres sobrenaturais que
exercem este poder.

48 MISSIOLOGIA
9. Em Jo 8.31-36, Cristo indica por meio de
a) uma declaração direta que as pessoas não podem lutar contra o poder do pecado.
b) uma implicação bem clara que as pessoas não podem lutar contra o poder do pecado.
c) uma declaração direta que as pessoas podem lutar contra o poder do pecado.
d) uma implicação bem clara que as pessoas podem lutar contra o poder do pecado.

10. Segundo a afirmação de Jesus em Jo 8.31-36, por qual meio as pessoas podem se livrar
do poder do pecado? Responda em seu caderno.

Somente pela revelação especial podemos saber como as pessoas podem se livrar do
poder do pecado. A revelação especial refere-se aos atos especiais de Deus através da história,
pelos quais Deus mostra aos seres humanos o seu poder redentor e a sua verdade. Dois destes
atos especiais de Deus são: a encarnação e a crucificação de Jesus. Torna-se clara a necessidade
de Deus intervir na história para resolver o problema do pecado, se consideramos a inabilidade
dos seres humanos de solucionar este problema. A revelação geral, ou seja a marca de Deus na
natureza, nos diz que existe um Criador, mas não revela a solução do pecado. Qual o grau de
importância para o entendimento da obra missionária a compreensão a respeito da perdição
das pessoas sem Cristo? Em primeiro lugar, significa saber que aquelas pessoas não têm
esperança e ficam sem Deus no mundo (Ef 2.12). Independentemente do preparo ou
experiência daquelas pessoas, sem o reconhecimento de Jesus Cristo como Seu Salvador,
continuam vivendo sob a ira de Deus. Elas são de fato filhos da ira (Rm 1.18; Ef 2.3). Em
segundo lugar, compreender sobre a perdição do homem deve motivar todo crente a
participar ativamente da obra missionária.

11. Segundo o estudado aqui, por qual principal razão as pessoas não podem ser salvas
através das religiões não-cristãs deste mundo? Responda em seu caderno.

Uma missão vitoriosa

Anteriormente foi visto que a missão de Cristo efetuou-se em Sua encarnação e em OBJETIVO 6
Salientar o evento que
Sua obra vicária na cruz. A ressurreição de Cristo dentre os mortos é a pedra angular, ou o prova mais decisivamente
ápice, da provisão da salvação divina. A ressurreição comprova conclusivamente que Cristo que a missão de Cristo ao
mundo ganhou a vitória
venceu e que destruiu o poder do pecado e de Satanás (1 Jo 3.8). Mostra, ainda, que a missão
sobre Satanás e o poder do
de Cristo no mundo foi vitoriosa! É significante o que Paulo diz em Ef 1.15-23 e Fp 2.9-11 pecado.
em termos do aspecto vitorioso da missão de Cristo ao mundo. Vemos esta significância na
posição de Cristo após Sua ressurreição. Ele está assentado nos lugares celestiais (Ef 1.20),
exercendo supremo poder no universo. A locução lugares celestiais refere-se ao reino do
Espírito, que abrange não somente o céu, mas igualmente a terra. Entenda que como crente
em Cristo, você tem por meio Dele a autoridade e o poder que Paulo aqui menciona. O
crente, pela fé, compartilha a vitória de Cristo sobre Satanás e o poder do pecado.

12. Examine Ef 1.19-2.6 e especifique resumidamente o que este trecho bíblico ensina acerca
da posição de Cristo e a posição dos salvos por Cristo. Responda em seu caderno.

A missão de Cristo ao mundo 49


É importante notar que o crente não desfruta destas bênçãos celestiais, sem confrontos
com os poderes satânicos. Veja, em Ef 6.12, que o poder satânico está agora operante nas
regiões celestiais contra o vitorioso Cristo. Porém, o apóstolo João, referindo-se ao Espírito
Santo, diz: “Maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo”. Os crentes,
portanto, estão ao lado dos vencedores com Cristo! Jesus cumpriu a missão de Deus no
mundo, quebrando o poder do pecado por meio da Sua morte na cruz. Ressuscitou
vitoriosamente! Jesus continua vivendo no crente. Assim Ele faz com que os servos de Deus
tornem-se semelhantes a Deus e tenham comunhão com Ele. Cristo em nós é a esperança da
glória (Cl 1.27). A grande verdade da vitória de Cristo sobre Satanás deve ser compartilhada
com todos os homens! Empregue o conhecimento aqui adquirido para anunciar a salvação a
todas as nações!

13. O evento que comprovou decisivamente a vitória da missão de Cristo no mundo sobre
Satanás e o poder do pecado foi sua
a) encarnação.
b) crucificação.
c) ressurreição.
d) ascensão.

O MÉTODO DIVINO DE MISSÕES

OBJETIVO 7 A leitura dos relatos contidos nos Evangelhos faz notar que Cristo escolheu 12 homens
Identificar os componentes
do método divino para
para o seguirem e estarem com Ele. A estes discípulos estava reservada a tarefa de dar
missões. continuidade à missão de Cristo ao mundo. Este fato leva à duas conclusões:
- é espantoso que tal tarefa fosse dada aos seres humanos; anjos não poderiam
trabalhar muito melhor do que nós?
- é tremenda a responsabilidade colocada nas mãos humanas; Deus deveria saber
como está limitando-se ao confiar tão importante missão à fraca humanidade.

Apesar destes fatos, porém, não deixa de ser verdade que o método divino de missões
depende dos seres humanos. Que se traga à mente os primeiros homens escolhidos por Jesus –
foram pessoas comuns. Era pescadores, funcionários públicos, profissionais comuns – e não eram
excepcionalmente dotados intelectualmente. Aliás, nem ocupavam lugares de destaque na sociedade
da época. Torna-se claro nos Evangelhos, porém, que a missão de Jesus foi a missão destes doze
homens. É fácil entender por que Deus confiou tal missão a Cristo, mas é difícil compreendermos
por que Jesus transmitiu-a aos homens. Na verdade, Jesus bem sabia o que estava fazendo, ao
escolher pessoas comuns para a sua missão: “Recebereis virtude do Espírito Santo, que há de vir
sobre vós, ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até
aos confins da terra” (At 1.8). O método divino inclui a escolha de pessoas, mas a dinâmica para
esta missão não vem do poder humano - é o poder do Espírito Santo.

14. Leia Mt 9.35-38. Qual a incumbência de Jesus neste trecho que mostra que o Seu plano
para realização da missão iria incluir mais pessoas do que os doze discípulos escolhidos?
Responda em seu caderno.

50 MISSIOLOGIA
Este trecho do Evangelho segundo Mateus nos diz que Jesus não iria somente delegar
Sua missão aos doze, mas também a outros. O Senhor da seara assim indica que mandará
outros ceifeiros a trabalharem na sua missão. O Superintendente do mundo de missões é o
Espírito Santo. Podemos deduzir através deste fato que a melhor maneira de recrutar obreiros
para a santa missão de Deus, a seara espiritual, é a oração.

15. O método divino de missões inclui mais precisamente uma


a) participação divina.
b) participação humana.
c) participação institucional.
d) participação humana e divina.

Sua missão

Qualquer que seja discípulo de Cristo está apto a tomar parte na missão de Deus! OBJETIVO 8
Explicar porque os crentes
Agora, a missão Dele é a sua missão (João 17.18). Os textos bíblicos estudados até aqui devem envolver-se na missão
demonstram, em sua maioria, o princípio de que a missão de Deus ao mundo é delegada a de Deus ao mundo.
Cristo, e por Ele aos crentes. Possivelmente, o Espírito Santo já falou ao seu coração quanto
ao seu papel na missão divina. Mantenha, portanto, o coração sempre aberto à Sua voz,
inclusive ao revisar algumas passagens bíblicas referentes a missões. Releia 2 Co 5.14-21. Os
vs. 18-20 deste trecho sublinham o princípio da missão de Deus ser também a nossa missão.
Deus nos tem dado o ministério da reconciliação (v. 18). Deus também nos dá a palavra de
reconciliação (v. 19). Somos embaixadores da parte Cristo (v. 20). Estes fatos e condições nos
mostram que a missão Dele é nossa também! No Salmo 67, o povo pede a Deus que o
abençoe para que as outras nações também possam reconhecer a salvação que emana da
cruz; os judeus se sentiram um povo com uma missão – a missão de Deus. Muitas vezes,
Deus completa a Sua missão no mundo por meio do seu povo. Em Jo 17, vários dos
versículos mostram o esforço de Cristo para preparar e capacitar os seus discípulos da
mesma maneira em que ele mesmo foi preparado para a missão. Jesus outorgou aos Seus
seguidores:
- o nome do Pai (17.6);
- as palavras do Pai (17.8 e 14);
- a glória do Pai (17.22);
- e o amor do Pai (17.26).

Jesus orou para que os discípulos pudessem sentir a Sua alegria (Jo 17.13). Em Jo
17.18, os discípulos recebem uma missão idêntica à de Jesus, sendo enviados ao mundo como
Ele foi enviado pelo Pai.

16. Enumere os princípios salientados nesta seção que mostram por que você, cristão, deve
estar envolvido na missão de Cristo hoje. Utilize os resultados de suas observações para
pregar ou ensinar o princípio bíblico de que os crentes devem ser participantes ativos da
missão de Cristo Jesus. Caso não possa pregar, compartilhe esta certeza com seus amigos
para levá-los a comprometer-se com o trabalho missionário. Responda em seu caderno.

A missão de Cristo ao mundo 51


A missão da Igreja

OBJETIVO 9 A seção anterior apresentou a base bíblica para o princípio de que a missão de Deus é
Especificar a principal
missão da Igreja.
a missão de todos os crentes. Muitas outras passagens neotestamentárias apóiam esta verdade.
Os trechos mais diretos – aqueles que contêm a Grande Comissão – foram omitidos
propositadamente, para serem examinados futuramente. Um dos motivos para adiar o
exame da Grande Comissão foi que as missões não se fundamentam somente no
mandamento de Cristo. Elas constituem a razão principal da existência da Igreja no mundo.

Não houvesse na Bíblia o texto da Grande Comissão, a fé cristã continuaria sendo


missionária. As missões são o transbordamento lógico e natural da vida de Jesus Cristo.
Além disso, o Espírito Santo, o Senhor da seara, é um Espírito missionário. Ele é generosa
testemunha de Cristo (Jo 15.26). A base das missões não é apenas um mandamento.
Missões são o caráter e enfoque principal do Espírito que habita os crentes em Jesus
Cristo e, portanto, em toda a Igreja de Cristo. Há, porém, uma palavra no trecho de Mt
28.18-20 que reproduz a Grande Comissão e que vale a pena ser enfocada neste
momento. É a palavra discípulos. Jesus disse: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as
nações”. Jesus previa que milhões de pessoas seriam Suas testemunhas. Aprendemos da
palavra discípulos , contudo, que Jesus visava não apenas crentes trabalhando
individualmente, mas uma igreja unida (Ef 1.22 e 3.10). A missão fundamental da Igreja
é unir uma multidão de esforços individuais em um forte alcance evangelístico sob a
direção do Espírito Santo em todo lugar. É a igreja que reúne as pessoas que já se
reconciliaram com Deus e, por meio do ministério divino, torna-as discípulos. No
decorrer do processo de ir > batizar > ensinar, as pessoas não somente se reconciliam
com Deus, como também tornam-se semelhantes a Ele, mediante o ministério do Espírito
Santo na Igreja. É este, em poucas palavras, o tema da Epístola aos Efésios: o propósito
de Deus é cumprido em Jesus Cristo e, por meio da Igreja dele, no mundo inteiro (Ef
3.10,11). A chave da evangelização mundial, ou seja Missões, encontra-se na
multiplicação de igrejas capacitadas e orientadas pelo Espírito Santo.

17. Especifique em seu caderno a principal missão da Igreja.

A HABILITAÇÃO DIVINA PARA MISSÕES

OBJETIVO 10 O livro do NT que encerra a história e expansão da Igreja primitiva intitula-se Atos
Esclarecer, mediante análise
do ministério de Paulo em
dos Apóstolos. Após esta leitura, fica a impressão de que o título bem poderia ser Atos do
Éfeso, o fato de que o Espírito Santo! Realmente, o livro de Atos enfatiza ambas as dimensões (divina e humana)
Espírito Santo é o das missões, pois trata de um povo guiado e capacitado pelo Espírito Santo. Este mesmo
Capacitador divino para
missões. Espírito continua sendo a dinâmica de missões nos dias de hoje!

Pode-se perguntar: “Por que carecemos de uma dinâmica divina?”. De fato, o apóstolo
Paulo foi um homem excepcionalmente dotado; tinha uma ótima formação na Palavra de
Deus e nos clássicos gregos. Mas em uma missão, dada em um recanto do Mediterrâneo, há
2.000 anos, encontram-se algumas respostas. O texto de At 19 fala da missão de Paulo à
cidade de Éfeso. Como foi o início da igreja em Éfeso? Paulo criou essa igreja pelo uso dos
seus dons e habilidades naturais? O seguinte resumo de referências em Atos 19, mostra

52 MISSIOLOGIA
claramente o papel central do Espírito Santo na missão de Paulo a Éfeso. Pelo poder do
Espírito, Paulo:
- impôs suas mãos sobre as pessoas para que pudessem receber o Espírito Santo (v. 6);
- argumentou e persuadiu acerca do reino de Deus (v.8);
- praticou extraordinários milagres (v.11);
- curou os enfermos e expulsou demônios (v.12);
- pregou a Cristo e pessoas abandonaram a idolatria (vs. 13, 17-20).

A cidade de Éfeso e o ministério de Paulo naquela cidade são bem interessantes para
o nosso estudo da dinâmica do Espírito Santo. Leia cuidadosamente o capítulo 19 de Atos;
depois, responda as seguintes perguntas, especificando as referências bíblicas para cada
resposta.

18. Qual a primeira pergunta que Paulo fez aos 12 discípulos que encontrou, ao chegar em
Éfeso? Responda em seu caderno.

19. Por qual razão você acha que Paulo iniciou o seu ministério em Éfeso com ênfase no
Espírito Santo. Responda em seu caderno.

20. Qual era a maior atração da cidade de Éfeso? Responda em seu caderno.

21. Descreva resumidamente o mal existente na cidade de Éfeso que não poderia ser vencido
pela habilidade natural de Paulo e de outras pessoas. Responda em seu caderno.

Ao examinarmos o papel do Espírito Santo no ministério de Paulo em Éfeso, torna-se


óbvio que a Igreja necessita de uma dinâmica divina para realizarmos a missão de Cristo.
Além disso, nota-se que até as pessoas mais dotadas em termos de habilidades naturais não
podem cumprir a missão divina sem a ajuda de Deus.

Quando se vive no meio de um povo idólatra sob poder dos demônios, como foi o
povo de Éfeso, sente-se mais ainda a necessidade da dinâmica do Espírito Santo, como foi o
caso de Paulo. Você recebeu o Espírito Santo? Convide-o a capacitá-lo para missões e a
trabalhar através de você, como no caso de Paulo. O problema dos filhos de Ceva (At 19.13-
16) foi que eles usavam o nome de Jesus, mas não tinham uma relação pessoal com Cristo. Se
você está em Cristo pode, pela fé, compartilhar da vitória de Cristo sobre Satanás. Conte a
alguém o que já aprendeu sobre o poder do Espírito Santo! O mesmo Espírito que
transformou a cidade de Éfeso e causou um tremendo impacto em toda a Ásia Menor nos dias
de Paulo pode fazer o mesmo em sua cidade ou aldeia nos dias de hoje.

A missão de Cristo ao mundo 53


autoteste MÚLTIPLA ESCOLH
MÚLTIPLA A: Assinale a única alternativa correta.
ESCOLHA:

1. Os cristãos proclamam Cristo como o único caminho de salvação porque o NT indica


claramente que a salvação para todas as pessoas é encontrada
a) sempre na sua relação com Cristo.
b) quase sempre na sua relação com Cristo.
c) geralmente na sua relação com Cristo.
d) às vezes na sua relação com Cristo.
e) todas as alternativas estão incorretas.

2. A morte de Jesus na cruz foi


a) uma ajuda para a missão de Deus de salvar as pessoas.
b) o agente principal na missão de Deus de salvar as pessoas.
c) a realização da missão de Deus de salvar as pessoas.
d) um acréscimo à missão de Deus de salvar as pessoas.
e) todas as alternativas estão incorretas.

3. As palavras Mortos em ofensas e pecados (Ef 2.1) descrevem


a) a condição dos anjos rebeldes no tempo atual.
b) a perdição das pessoas sem Cristo.
c) a condição de toda a criação inanimada de Deus.
d) a condição de todos os acima mencionados.
e) todas as alternativas estão incorretas.

4. A salvação das pessoas mediante uma religião meramente humana é


a) uma ocorrência comum.
b) bastante difícil.
c) muito complexo.
d) impossível.
e) todas as alternativas estão incorretas.

5. Como cristãos, devemos envolver-nos na missão de Cristo, porque o NT mostra


a) a preparação feita por Cristo dos cristãos para envolvimento na sua missão.
b) que a missão de Cristo é, de fato, nossa missão.
c) a) e b) estão corretas.
d) a) e b) estão incorretas.

6. A missão principal da igreja é


a) eliminar esforços missionários individuais.
b) diminuir esforços missionários individuais.
c) aumentar esforços missionários individuais.
d) unir esforços missionários individuais.

54 MISSIOLOGIA
CERTO-ERRADO: Escreva C para as afirmações corretas e E para as erradas.
CERTO-ERRADO:

____ 7. O evento que provou definitivamente que a missão de Cristo ao mundo foi
vitoriosa sobre o pecado, foi a crucificação de Cristo.
____ 8. Temos destacado nesta lição que o meio usado por Deus para cumprir sua missão
inclui um aspecto divino e um aspecto humano.

RESPONDA: Responda às seguintes questões.


RESPONDA:

9. Indique o que foi feito por Deus no intuito de prover salvação a todos o povos.

10. Descreva resumidamente o bem sucedido trabalho missionário operado pelo Espírito
Santo Capacitador através de Paulo na cidade de Éfeso.

AVALIAÇÃO DE PROGRESSO DE UNID ADE 1


UNIDADE
Agora que você terminou a Unidade 1, revise as lições em preparação para a Avaliação de
Progresso de Unidade 1. Você vai achá-la junto com a folha de respostas em seu Pacote do
Aluno. Responda a todas as questões sem consultar o Manual de Estudos.

A missão de Cristo ao mundo 55


RESPOSTAS ÀS QUESTÕES DE ESTUDO

7. As palavras mortos em ofensas e 12. Mostra que Cristo ocupa uma posição e
pecados (v. 1) e filhos da ira (v. 3). autoridade suprema e que nós, os crentes
em Cristo, ocupamos uma posição de
autoridade junto com ele.
18. Recebestes vós já o Espírito Santo
quando crestes? (v. 2).
2. Porque o NT indica claramente que a
salvação para todas as pessoas é encontrada
8. O poder do pecado. Cristo destruiu o
somente na sua relação com Cristo.
poder do pecado e aqueles que colocaram
sua fé Nele têm poder sobre o pecado.
13. c)
19. Resposta pessoal: Paulo começa com esta
ênfase por causa da situação religiosa em 3. c)
Éfeso. Esta cidade foi centro da idolatria e a
fabricação de ídolos era a indústria principal 14. “Rogai, pois, ao Senhor da Seara...”
(vs. 24-27). Paulo pode ter começado com
esta ênfase por causa das pessoas
endemoninhadas (vs. 13-16). 4. Deus providenciou a salvação mediante a
morte de Cristo, e somos obrigados pelo
mandato de Deus a proclamar a obra
9. b) redentora para a salvação dos homens.

20. O templo da deusa Diana (vs. 27-28, 35). 15. d)

10. Através da verdade e do Filho. Segundo 5. A ira de Deus e julgamento da morte.


Jo 14.6, Jesus é a Verdade e o Filho.

16. A oração de Jesus (Jo 17) e a revelação


21. O poder satânico do mal (vs. 12-19). Foi de Paulo inspirada por Deus (2 Co 5.18-
somente por meio da dinâmica do 20), mostram a preparação feita por
Espírito Santo dentro dele, que Paulo Jesus do seu povo para envolvimento na
pode vencer o poder satânico. sua missão. A missão Dele é a nossa.

11. O NT ensina claramente que as pessoas 6. vs. 3, 8 e 9.


podem ser salvas somente por meio de Jesus.
17. A missão principal da igreja é unir os
1. Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor esforços individuais para tornar possível
Jesus Cristo, o qual nos abençoou com uma testemunha evangélica forte, unida
todas as bênçãos espirituais nos lugares e dirigida pelo Espírito em cada
celestiais em Cristo (v. 3). comunidade onde a igreja se encontra.

1
Considerado um dos mais importantes eventos do cristianismo reformado, o CIEM ocorreu em julho de 1974. Na ocasião,
a revista norte-americana Time classificou-o de “o Vaticano II dos evangélicos”. O encontro culminou com a redação de
um documento conhecido como Pacto de Lausanne – mais tarde denominado A confissão de Westminster do Século XX.

56 MISSIOLOGIA
2
Nascido em 1915, Roger Nicole é professor convidado do Seminário Teológico Reformado em Orlando e professor
emérito do Gordon-Conwell. Trabalhou como editor-associado da Bíblia de Estudo de Genebra e ajudou na tradução
da Bíblia NVI. Escreveu mais de cem artigos e contribuiu em mais de cinqüenta livros e obras de referência.
3
O canadense Oswald Jeffra
Oswald y Smith
Jeffray Smith, pastor presbiteriano, tinha por desejo dedicar-se à obra missionária, mas foi
considerado fisicamente inapto e de corpo frágil para esta atividade. Embora não fosse ao campo missionário, Smith
fundou a Igreja do Povo, com sede em Toronto, que sustenta centenas de missionários em todo o mundo. No Brasil,
Oswald Smith tornou-se conhecido pelo clássico Paixão pelas almas (Ed. Vida). Smith, “o jovem debilitado para ser
missionário”, nasceu em 1890 e morreu em 1986, aos 96 anos de idade, após compor 1.200 hinos, escrever 35 livros,
galgar três títulos de doutorado, editar durante 40 anos uma revista missionária, além de apresentar um programa de
rádio veiculado em 42 emissoras.
4 Festo Kivengere (1919 - 1988) era líder cristão ugandês. Ele enfrentou a ira do ditador Idi Amin. No auge da
perseguição de Amin, Kivengere e sua família fugiram do país, retornando após a queda do ditador para continuar seu
ministério, até morrer de leucemia.

Notas exclusivas da edição brasileira. Dados atualizados Editoria Acadêmica da FAETAD.

A missão de Cristo ao mundo 57


UNIDADE 2

AMISSÃOCRISTÃ
EABÍBLIA
LIÇÃO 4

Missões e o povo remidor

As lições anteriores tratavam missões do ponto de vista da missão de Deus ao mundo.


Aquelas lições proporcionavam uma visão panorâmica de missões, abrangendo toda a história
da humanidade. Partimos do propósito eterno de Deus antes da criação do mundo, até a
realização do Seu plano salvífico na morte de Jesus Cristo. Pulamos milhares de anos de
história, no período do AT, uma época importante durante a qual Deus operava Sua missão
na humanidade.

Esta e a próxima lição irão examinar a missão de Deus no período do AT. Abordarão
a natureza missionária das Escrituras veterotestamentárias e o modo como Deus realizara a
missão redentora na remota história da humanidade. À época, a raça humana subdividia-se
em duas correntes e notava-se a idolatria e a escuridão espiritual da cultura. A missão de
Deus aos seres humanos focava um homem: Abraão. A história deste herói da fé ilustra um
importante princípio missiológico de forma recorrente.

O AT é importante para missões porque proporciona informação sobre o início da


missão redentora de Deus aos seres humanos. É possível notar a origem das culturas
humanas. A história de Babel introduz duas importantes dinâmicas culturais que deve ser
entendida com relação ao ministério transcultural. A escolha de um povo por Deus, com a
intenção de que este povo comunicasse a missão redentora entre as nações, é um conceito-
chave de missões – o povo remidor no AT é precursor da existência da igreja
neotestamentária. A história das relações entre Deus e seu povo no AT contém valiosas lições
para cada crente em particular e para a Igreja de Cristo.

60 MISSIOLOGIA
O alcance universal de missões Esboço da Lição
Missões, uma necessidade universal
O povo do Deus redentor

Ao término desta lição, você deverá ser capaz de: Objetivos da Lição

• explicar a importância da resposta humana à chamada de Deus, a importância para missões


da promessa inicial acerca da redenção e por que Deus enfocou a redenção de Noé;
• salientar, na história de Babel, como Deus reconheceu a dinâmica da cultura humana unida;
também, como e por que ele impediu a construção da Torre de Babel;
• definir o papel da fé de cada indivíduo redimido na missão salvífica de Deus, e enumerar
semelhanças entre a chamada missionária hoje e a chamada de Abraão.

1. Leia atentamente esta lição. Atividades de


Aprendizagem
2. Faça todas as questões de estudo.
3. Separe, no mínimo, 3 horas diárias para estudar.
4. Faça o autoteste no final desta lição.

Missões e o povo remidor 61


Desenvolvimento O ALCANCE UNIVERSAL DE MISSÕES
da Lição

A missão à raça humana

OBJETIVO 1 Gênesis, o livro das origens. Os capítulos 1-11 relatam o começo da raça humana e
Identificar o elemento que
transfere a missão divina à
sua civilização. Segundo explica a Lição 2, Deus sabia, antes da criação da raça humana, da
raça humana. necessidade de uma missão de salvação. Deus sabia que Adão, o representante da raça
humana, O desobedeceria provocando uma tragédia humanitário-espiritual inegável e de
proporções totais. Neste livro das origens, a missão de Deus começa com Adão, que pecou.
Quando da separação entre Deus e Adão, a própria humanidade afastou-se do Senhor por
conta do pecado, vindo assim a tornar-se o homem alvo da missão divina. Mesmo sabendo
que Deus trata às vezes com indivíduos, famílias ou povos específicos na realização da
missão redentora, os cristãos não devem perder de vista o alcance universal da sua
missão. O propósito universal de Deus enfoca aquelas pessoas em que Ele pode confiar
para a comunicação de Sua missão de maneira mais ampla. Isto é verdade ainda hoje.
Desde a queda de Adão, o pecado atingiu todas as gerações dos homens. Ao multiplicar-
se o pecado, aumentava-se o seu poder sobre os seres humanos.

Naqueles tempos, Deus enfocava certos indivíduos que lhe eram obedientes na
transmissão da sua missão salvífica. Três deles se destacam no período inicial de missões, sendo
usados especialmente por Deus em momentos de trevas espirituais. São os tais: Noé, Abraão e
Moisés. Ao ler os trechos bíblicos de Gênesis citados nas Lições 4 e 5, é possível notar as
qualidades especiais que estes homens possuiam. Eles viviam em tempos em que aparentava
ser impossível a missão redentora de Deus com relação à raça humana; mas eles responderam
ao chamado de Deus, fazendo acontecer a missão que o Senhor lhes confiava. Sempre que os
homens respondem com abnegação e dedicação, a obra de Deus avança à frente! Tal é o padrão
para cada geração. Vejamos agora um dos mais terríveis momentos da missão de Deus. Leia Gn
3.1-24; 6.1-22 e 9.1-17. Estes trechos tratam diretamente este segmento da lição.

1. Que fator apóia sempre a missão de Deus na Sua extensão através das gerações?
Responda em seu caderno.

A queda da raça humana

OBJETIVO 2 Leia o relato da queda da raça humana em Gn 3.1-24. A escuridão espiritual caiu sobre os
Apresentar três fatores
importantes para missões
seres humanos quando Adão desobedeceu a Deus. Sua desobediência não parece tão séria, à
que se tornam evidentes na primeira vista, mas constituiu um ato de rebelião contra Deus. O primeiro homem escolheu sua
promessa de redenção própria vontade em detrimento da vontade divina. Sua desobediência introduziu na corrente
contida em Gn 3.15.
humana a poderosa força do pecado. Todos os indivíduos impenitentes de qualquer período
histórico são filhos da desobediência (Ef 2.2). Por descenderem de Adão, pai desobediente da raça
humana, todos os membros dessa raça herdam sua natureza e tornam-se filhos da desobediência
(Rm 5.19; 3.10-12 e 23). A desobediência de Adão era bem séria não somente por envolver a
rebelião contra Deus, mas também porque deu entrada na raça humana ao destrutivo princípio do
pecado. A única luz capaz de dissipar tal escuridão teria que ser de origem divina! As pessoas são
totalmente incapazes de melhorar sua própria condição espiritual. No texto de Gn 3 anuncia-se a
promessa divina de redenção, a redenção do povo é simbolizada por um ato de Deus.

62 MISSIOLOGIA
2. Em qual versículo de Gn 3 anuncia-se a promessa divina de redenção?

3. Especifique qual versículo de Gn 3 fala de um ato de Deus que simboliza a redenção


espiritual do povo e explique como aquilo que é relatado no versículo simboliza tal
redenção. Responda em seu caderno.

O texto de Gn 3.15 constitui a primeira indicação do Evangelho divino. Por isso, este
versículo é chamado por alguns de proto-evangelho, ou seja, a primeira proclamação do
evangelho. Deus anunciou Sua graça mesmo antes de pronunciar o julgamento de Adão e
Eva. O Senhor não queria que os culpados se perdessem no desespero. Ele lhes comunicou
primeiro as boas novas e, após isso, as más notícias (Gn 3.16-17). Há, sobretudo, três
elementos para missões nesta promessa de redenção apresentada em Gn 3.15, os quais serão
vistos nos parágrafos seguintes. Em primeiro lugar, Deus disse que poria inimizade entre a
mulher e Satanás, porque este tinha usado a serpente ao tentar a Eva. Tal inimizade é inata
nos seres humanos, pois odeiam a Satanás. Você já pensou na oposição do mundo dos
espíritos malignos? Por que Satanás e as suas hostes se opõem tão fortemente aos servos do
Senhor? Certamente que não por termos ofendido seu mundo; tampouco por havermos
humilhado algum parente seu; não violamos dele nenhuma regra tribal ou lei societária. A
grande verdade é que Deus é a fonte da hostilidade entre os seres humanos e as forças
satânicas. O Senhor deseja que a humanidade se oponha a Satanás (Tg 4.7). Os espíritos
satânicos devem ser sempre reconhecidos como inimigos da missão de Deus ao mundo.
Satanás intensifica sua hostilidade quando um indivíduo opta por crer em Jesus Cristo. Dá-se
como resultado um confronto de interesses entre as forças de Satanás e o Espírito de Deus no
cristão. O crente tem vantagem neste confronto (Lc 10.17-19; 1 Jo 3.8 e 4.4)! Ainda outros
confrontos ocorrem quando os crentes decidimos participar ativamente de missões.

Aquelas pessoas que tentam colaborar ou comunicar-se com espíritos malignos estão
agindo contra o seu impulso inato e em desobediência à vontade de Deus. Em Efésios, Paulo
descreve esta luta, identificando o mundo dos espíritos malignos (Ef 2.1-3; 6.12) e o Espírito
de Deus (Ef 1.13-14; 3.5 e 16). Estas duas forças espirituais opostas são as únicas classes de
seres espirituais que se podem contar. O conhecimento deste fato simplifica o encontro com
o mundo espiritual: um espírito é de Deus ou de Satanás. A passagem de 1 Jo 4.1-2 explica
como podemos provar (examinar) os espíritos para determinarmos se são de Deus ou não.
Por mais inocente ou vantajosa que possa parecer uma consulta a espíritos que não sejam o
Espírito de Deus, as potências malignas têm um só propósito: opor-se à vontade de Deus e
destruir o seu povo (1 Pe 5.8). É proibida por Deus qualquer consulta a médiuns espíritas,
pajés, astrólogos e mágicos (Lv 19.31; 20.6; Is 8.19).

Em segundo, note-se a progressão: após começar com os indivíduos – ti referindo-se


Satanás, e mulher citando Eva, o texto de Gn 3.15 passa a abranger grupos – tua descendência
para as forças demoníacas e seu descendente para a humanidade. Depois, este versículo torna a
mencionar conflitos entre indivíduos: “Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. O
indivíduo referido por este que ferirá a cabeça da serpente é o descendente da mulher; antes
disse-se que descendente referia-se a toda a humanidade; mas a palavra tem outro significado:
também refere-se a Jesus Cristo, o representante da humanidade. O conflito descrito em Gn 3.15

Missões e o povo remidor 63


vaticina o conflito entre Cristo e Satanás e a vitória ganha por Cristo no Calvário. Quando os
homens contemplam a morte de Cristo na cruz, parece-lhes que Satanás e as forças malignas
ganharam a vitória, pois Cristo efetivamente morreu! Mas a ferida causada pelo povo motivado
por Satanás durou bem pouco; foi apenas uma ferida no calcanhar daquele que por meio da
morte esmagou a cabeça da serpente! Cristo ressuscitou ao terceiro dia, provando que tinha
destruído o poder do pecado e de Satanás. Deus já anunciara esta boa nova aos primeiros seres
humanos que caíram no pecado. Adão e Eva viveram muitos séculos antes da vitória de Cristo
sobre Satanás no Calvário; mesmo assim, é evidente em Gn 3.15 que eles receberam a redenção
divina, mediante esta vitória de Cristo.

Em terceiro lugar, Gn 3.15 indica que os resultados deste conflito entre Cristo e
Satanás no Calvário ultrapassam Adão e Eva: a vitória ali ganha por Cristo aplica-se a toda
a raça humana, a todo indivíduo que se dirige com fé a Jesus Cristo para receber Dele a
salvação. Cristo é o Salvador de toda a raça humana. A passagem de Gn 3.15 cumpre-se
totalmente só quando Cristo torna-se Salvador do mundo. Vemos, portanto, que Deus deu a
promessa da redenção a toda a raça humana.

4. Tente resumir os três elementos importantes para missões que aparecem em Gn 3.15, na
promessa de redenção dada por Deus. Responda em seu caderno.

O novo impulso de Deus

OBJETIVO 3 A história da humanidade após a queda, relatada no livro de Gênesis, mostra grande
Explicar a razão pela qual o
plano redentor de Deus para
degeneração moral. Durante certo tempo, desenvolveram-se duas raças separadas: os
o dilúvio concentrou-se em descendentes de Sete e os de Caim. Estes, descendentes de um assassino, eram violentos;
Noé. aqueles, chamados filhos de Deus, foram devotos (Gn 4.25-26). Alguns, como Enoque, andavam
com Deus (Gn 5.22); mas houve uma crise quando ambas as linhagens começaram a se unir em
casamento. Perderam-se as distinções de ordem moral, os descendentes de Sete foram
contaminados e o pecado que destrói nações e civilizações assolou toda a raça humana (Gn 6.1-
7). Foi tão profunda esta maldade e corrupção moral, e tão larga sua extensão no mundo, que
Deus achou necessário destruir a raça humana e começar de novo (Gn 6.7). A missão
redentora de Deus para a raça humana parecia derrotada, mas um homem achou graça aos
olhos de Deus; foi Noé. A missão universal de Deus à humanidade passou a enfocar somente
este indivíduo e sua família (Gn 6.8-22). Não é significativo que se pudesse encontrar em dias
tão maus uma pessoa tão reta quanto Noé? Chama a atenção o fato de ter Deus, nos piores
períodos da história, algum homem ou mulher como portador de Seu propósito salvífico!

5. Baseados naquilo que lemos sobre Noé em Gn 6.9, 22 e Hb 11.7, pode-se concluir que
ele foi um homem de
a) perfeição moral.
b) fé em Deus.
c) obediência a Deus.
d) todas as alternativas anteriores.
e) apenas b) e c)estão corretas.

64 MISSIOLOGIA
Noé creu na mensagem divina do julgamento sobre a terra. Ele acreditou na promessa
de intervenção divina por meio do descendente da mulher. Noé creu no propósito redentor
de Deus e ele mesmo, por fé, tornou-se agente da missão redentora do Senhor! Encontramo-
nos inseridos em contextos semelhantes ao de Noé, pois Cristo assim disse que seria a
sociedade dos últimos dias; sendo assim, Noé é para nós um exemplo, e não apenas uma
lembrança. Ele andava com Deus em situações ruins; e não somente andava com Deus, como
era também um pregoeiro da justiça (2 Pe 2.5). Por sua fé, Deus o pôde usar como portador
da missão redentora à humanidade.

Após o dilúvio, Noé edificou um altar de agradecimento ao Senhor. Ali ofertou


sacrifícios de sangue de animais (Gn 8.20). Deus fez então uma aliança com Noé e seus filhos
(Gn 9.8-11); tratava-se de um pacto universal, pois os filhos de Noé seriam os chefes
representativos de toda a raça humana. Deus prometeu a frutificação, à medida que as pessoas
se multiplicassem e enchessem a terra em obediência aos Seus mandamentos (Gn 9.1,7). A
ordem de multiplicação (V. 7) encontra-se logo após a ordem de não matar (vs. 5 e 6). Sabe-
se, porém, que os homens continuavam a matar seus pares mesmo após o dilúvio, como é
indicado pelo fato de ser Ninrode poderoso na terra (Gn 10.8).

6. Por quais razões Deus, às vésperas do dilúvio, focou a missão redentora apenas em Noé?

7. Por que era universal a aliança que Deus fez com a humanidade logo após o dilúvio?

8. Após o dilúvio, a causa fundamental da desobediência ao mandamento de Deus, de não


matar foi
a) o método de guerra usado pelas pessoas.
b) o desentendimento entre as pessoas.
c) o poder do pecado nas pessoas.
d) a distinção de raça entre as pessoas.

MISSÕES, UMA NECESSIDADE UNIVERSAL

Deus enviou o dilúvio para controlar a multiplicação e proliferação do pecado pela


face da terra. Ele começou de novo com Noé e sua família, mas o mesmo problema
fundamental continuava em vigor: o pecado. O mandamento de povoar a terra e o de não
matar, dados a Noé e seus filhos, visavam restringir o poder do pecado nos seres humanos. A
violação destes mandamentos, porém, é constatada no restante do relatório da raça humana
e sua civilização antes do capítulo 12 do livro de Gênesis! A maldade universal do povo
naquele período comprova a necessidade universal da missão divina, porque dá a entender
que toda humanidade de toda época histórica carece igualmente da salvação.

Missões e o povo remidor 65


A torre de Babel

OBJETIVO 4 É breve o relato entre o dilúvio e a tentativa de construir a torre de Babel. A


Ressaltar a estratégia usada
por Deus para restringir a
referência feita a Ninrode em Gn 10.8-10 indica algo do estado moral da
maldade dos homens que humanidade após o dilúvio: O princípio do seu reino foi Babel (v. 10), onde as
construíram a torre de pessoas se rebelaram posteriormente contra Deus na tentativa de construir a torre
Babel.
acima mencionada. A narrativa da torre de Babel (Gn 11.1-9) ressalta a intervenção
de Deus para controlar o pecado. Torna-se evidente que a idéia nuclear das pessoas
(v. 4) é que lhes inspirou o desejo de construir a torre – atitude frontalmente
contrária ao mandamento de Deus de povoar a terra. Leia Gênesis 11.1-9 e procure
mais evidências do pecado da humanidade; tente discernir a estratégia de Deus, ao
restringir a maldade àquela altura.

9. Que evidência do pecado da humanidade (Gn 11.1-9) não foi mencionada ainda no nosso
comentário sobre a Torre de Babel? Responda em seu caderno.

10. Que estratégia foi usada por Deus para restringir a maldade do povo que construía a
torre de Babel? Responda em seu caderno.

A dinâmica cultural

OBJETIVO 5 Em Gn 10 percebe-se uma futura divisão da grande família humana em três etnias1:
Citar aquilo que Deus disse
em Gn 11.1-9 que indica
cada uma descendendo de cada um dos três filhos de Noé. Pelo fato de haver em toda a terra
haver Ele reconhecido a apenas uma linguagem e uma só maneira de falar (Gn 11.1), deduz-se que toda a raça
dinâmica potencial de uma humana estava unificada culturalmente durante o período referido em Gn 10. Tal unidade
cultura humana unificada.
total de linguagem indica outro aspecto da unidade cultural daquele tempo. Há em Gn 11.1-
9 a indicação direta de que Deus reconheceu a poderosa dinâmica potencial desta cultura
humana unificada.

A linguagem, na sua diversa aplicação à comunicação, é com certeza um dos principais


aspectos da cultura humana. As vantagens da unidade de linguagem permitem a cooperação
entre os pares, produzindo grandes avanços sócio-econômicos na vida humana. Este
segmento da lição é chamado A dinâmica cultural para ressaltar este aspecto benéfico da
cultura unificada.

11. Cite, com específicas referências bíblicas, aquilo que Deus disse em Gn 11.1-9 que indica
diretamente o fato Dele reconhecer a poderosa dinâmica potencial da cultura humana
unificada de Babel. Responda em seu caderno.

12. Quais os aspectos úteis ou benéficos da unidade lingüística, já salientados?


a) Imaginação.
b) Cooperação.
c) Refutação.
d) Concorrência.

66 MISSIOLOGIA
A dinâmica do mal

A dinâmica na cultura humana unificada torna possível não apenas o progresso, como OBJETIVO 6
Explicar como a reação de
também a realização de fins maléficos que podem corromper a raça humana. Após a queda Deus à construção da Torre
de Adão, o pecado desfigurou a imagem de Deus nas pessoas. Um elemento de maldade de Babel indica que seus
corrompeu as aspirações e alvos dos seres humanos. Hoje, há um elemento do mal que construtores eram motivados
pela dinâmica cultural do
corrompe as culturas humanas. Há elementos do bem e do mal em toda cultura, e aquela que mal.
for alheia ao Evangelho de Jesus Cristo (única força contra o poder do pecado) dirige-se pelo
caminho de Babel. As culturas humanas devem ser redimidas pelo Evangelho, bem como os
indivíduos que as integram! Elas devem ser guiadas pela Palavra de Deus no seu
desenvolvimento. A dinâmica potencial da cultura guiada pela Palavra de Deus e pelo Espírito
Santo pode ser usada pelos indivíduos redimidos para a comunicação mais eficaz do
Evangelho na sociedade. Tudo isto salienta a necessidade universal da missão de Deus.

Pensando em nossa cultura, é possível identificar como a dinâmica cultural da


sociedade tem contribuído para o bem-estar de nosso povo e das nações vizinhas? É
importante e interessante que juntamente a estas considerações, venhamos a pensar em
formas pelas quais nossa cultura e sua dinâmica venham a ser redimidas por Cristo e
orientadas pela Palavra de Deus.

Em um gesto de misericórdia destinado a impedir que a humanidade babélica se


prejudicasse ainda mais, Deus confundiu a linguagem. Este foi um golpe direto contra a unidade
daquele povo malévolo. A divisão lingüística da humanidade não é natural, mas foi causada
pelo pecado humano. As muitas línguas existentes hoje em dia recordam o fato de que o
coração humano tende sempre para o mal. A raça humana manifesta desobediência a Deus.

13. As culturas humanas precisam de remissão pois


a) possuem elementos do mal.
b) são produto humano.
c) a imagem de Deus nos seres humanos foi desfigurada.
d) a), b) e c) estão corretas.
e) apenas a) e c) estão corretas.

14. Leia Gn 11.1-9 e a seguir escreva como o gesto de Deus em reação à tentativa humana
de construir a torre de Babel indica, claramente, que as pessoas eram motivadas pela
dinâmica cultural do mal. Responda em seu caderno.

A origem da idolatria

Em Gn 1-11 revisou-se a história da raça humana antes da chamada de Abraão. Entre OBJETIVO 7
Demonstrar que idolatria é a
a origem da história humana, quando Adão pecou, e o julgamento da humanidade em Babel, degeneração do monoteísmo,
a raça dos homens evidenciava uma progressiva e contínua degeneração. Deus restringiu o salientando o provável início
pecado na humanidade por meio de atos de julgamento e misericórdia. O período seguinte a do movimento idólatra.

dispersão da humanidade em Babel é também caracterizado pela degradação desenfreada.


George Peters2 diz a este respeito:

Missões e o povo remidor 67


“Paulo apresenta em Rm 1.18-32 uma interpretação teológica da história
religiosa das nações, decorrida após a dispersão do povo da Babilônia,
relatada em Gn 11.1-9. Assim, o mundo recaía rapidamente no sensualismo
e na perversão mental. Por isso, tanto a religião como a moralidade e a
filosofia foram alvos do julgamento de Deus, e o Senhor entregou as nações
aos seus próprios desejos (Rm 1,24,26,28). Deus castigou o pecado com o
pecado, retirando as restrições divinas e permitindo que as nações fossem
pelo caminho escolhido por elas mesmas e que planejassem suas próprias
culturas e religiões”.

No período descrito em Rm 1.18-32, a verdadeira religião, a adoração do Deus único


e supremo degenerava na idolatria e na adoração de muitos deuses. Foi por volta dessa época
que se originaram as grandes religiões históricas do mundo. Algumas delas nasceram com o
conceito de um só Deus (monoteísmo). Através dos séculos e do pecado humano, porém,
elas degeneraram em animismo, ou seja a crença de que todo objeto, inclusive os seres
inanimados possui uma alma; no politeísmo, ou seja a adoração de muitos deuses ou na
idolatria (adoração de imagens). Toda idolatria pode ser definida como uma religião que
degenerou do monoteísmo, pois todo idólatra adora mais a criatura do que Criador (Rm
1.25), o qual era adorado exclusivamente no princípio dos tempos. O texto de Rm 1.18-32
ilustra o que pode acontecer quando o pecado tem total liberdade no desenvolvimento de
uma cultura. Antes de Babel não se menciona idolatria na Bíblia. É provável que esta religião
tenha se desenvolvido após a diáspora humana, quando todos os grupos humanos individuais
começavam a desenvolver suas próprias culturas.

15. Explique como toda idolatria é uma religião degenerada do monoteísmo original.
Responda em seu caderno.

16. Parece provável que a idolatria se originasse


a) logo após a queda de Adão.
b) às vésperas do dilúvio.
c) logo após o dilúvio.
d) antes da fundação de Babel.
e) após a dispersão do homem na Torre de Babel.

Em certo período de trevas religiosas e decadência moral, a missão redentora de Deus


tornou-se novamente proeminente. A partir da chamada de Abraão, já não se trata da
história humana universal. Deus já não trata diretamente com as nações como totalidade – elas
desenvolveram suas culturas sem referirem-se a Deus; afastando-se dos conselhos Dele,
escolheram o caminho da idolatria. Iniciou-se mais uma corrente da história que pode ser
chamada história redentora. Esta história domina o resto do período do AT.

A história redentora começou quando Deus fechou o foco de Sua intenção salvífica
para a humanidade em geral, aos indivíduos em particular. Se a história universal é
caracterizada por um período de degeneração, este novo período histórico é de regeneração,

68 MISSIOLOGIA
ou seja a renovação da vida outorgada por Deus. Já viu-se o efeito do pecado irrestrito de
uma cultura, exemplificado na revolta do povo de Babel e o seu julgamento e dispersão pela
mão de Deus. Agora, abre-se a oportunidade de ver o que pode acontecer a uma cultura
quando ela é redimida de sua idolatria, o pecado é restrito e a revelação especial de Deus
torna-se sua força motriz. Na chamada de Abraão vê-se um passo importante na missão
redentora de Deus no mundo: o nascimento de um povo de Deus redentor.

O POVO DO DEUS REDENTOR

Na Lição 3 enfatizou-se o princípio de que Deus delega às pessoas a Sua missão


redentora. Debateu-se resumidamente como Deus não somente delegou Sua missão aos
discípulos escolhidos por Jesus, como também à igreja em geral. A missão de Deus
deve ser realizada no mundo pelo povo remidor, ou seja a Igreja. Nos discípulos de
Jesus, que constituem o núcleo do povo remidor, vê-se ao mesmo tempo a vontade
divina e soberana e a fé pessoal. Os discípulos foram escolhidos por Cristo!

Eles eram homens comuns; não foram escolhidos por aquilo que eram, senão por
aquilo que seriam sob direção e poder de Deus. Sua qualificação para o serviço com Jesus
foi apenas a fé no Filho de Deus demonstrada na disposição de segui-Lo. O conceito de
um povo remidor vem do AT (conforme será visto posteriormente). A vontade soberana
de Deus e a fé dos seres humanos desempenham importante papel na conversão de
Israel em povo de Deus. Estas coisas são ilustradas especialmente na relação entre Deus
e Abraão. Abraão seria o pai do povo redentor do AT. Aquilo que se aplica aos doze
discípulos, e a Israel, refere-se à Igreja de Jesus Cristo. Pode-se dizer que a causa de todo
cristão ser parte da Igreja é a graça e escolha soberana de Deus. A única qualificação dos
crentes é a fé em Cristo; ela torna o homem apto para ser parte do povo de Deus e
participar de Sua missão.

O humilde início de missões

A escolha de Abraão por Deus assinala o início da sua resposta à necessidade espiritual OBJETIVO 8
Identificar as qualificações
da humanidade. Também identifica o início da era em que Ele focou Sua missão salvífica a um de Abraão para seu
povo redentor: o povo hebreu. Foi um humilde início da transmissão da redenção a toda a importante papel na missão
raça humana. Abraão tornou-se não apenas o pai do povo do Deus Redentor no AT, como redentora de Deus.

também o antepassado espiritual do povo de Deus de toda a história, espalhado por toda a
terra. A fé de Abraão seria modelo para todos aqueles que participariam da promessa divina
de salvação. Cristo escolheu aqueles que desejava como discípulos e Deus, de forma
semelhante escolheu a Abraão. Como os discípulos foram capacitados para seguirem a Jesus
somente por sua fé e obediência a Ele, assim também Abraão foi habilitado para seguir a Deus
somente por sua obediente fé nele. Junto com a vontade soberana de Deus, a fé de Abraão é
a causa do seu papel tão importante na missão redentora de Deus.

Não se pode excluir a fé do princípio de missões. Quando as pessoas respondem com


fé, a missão de Deus caminha à frente. Quando Abraão deixou seu lar pela fé (Gn 12.4) deu
o primeiro passo decisivo na formação de um povo que teria uma relação especial com Deus.
Esta relação teria um propósito especial: a missão salvífica de Deus no mundo.

Missões e o povo remidor 69


Em 20 de julho de 1969, o astronauta Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar a
lua, disse na histórica ocasião: “Este é um pequeno passo para um homem, mas um grande
salto para a humanidade!”. Em um sentido muito maior, o do Espírito, o passo inicial de
Abraão pela fé, ao responder à chamada de Deus, parecia um pequeno passo humano, mas foi
na realidade um imenso pulo da humanidade para se aproximar de Deus!

17. Qual a qualificação de Abraão para seu importante papel na missão redentora de Deus?
Responda em seu caderno.

Abraão, um pioneiro das missões

OBJETIVO 9 Foi Abraão realmente um pioneiro de missões? O que ele tem de missionário? Na
Especificar a importância da
fé de um indivíduo em Deus
epístola aos Gálatas, Paulo fala da chamada de Abraão e de missões: “tendo a Escritura
para sua justificação com previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a
Ele, e salientar como a fé de Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti” (GI 3.8). Paulo entendeu muito bem
Abraão se manifestava em
resposta à chamada de que a chamada de Abraão foi uma chamada missionária.
Deus.

O princípio da fé

Abraão ilustra claramente como todas as nações seriam incluídas na promessa divina
de redenção. Já vimos em Gl 3.8 que os gentios seriam justificados pela fé. É por isso que
Deus disse a Abraão: “Em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3). A fé
pessoal que Abraão tinha em Deus, manifesta por sua obediência a Ele, é a base pela qual
todas as pessoas que têm fé se tornam participantes da promessa divina de salvação e das
outras bênçãos que acompanham aquela relação especial (Gl 3.6-7,9). Agora entendemos
como é que Abraão foi realmente um pioneiro de missões! Por causa do seu ato de fé, Deus
fez dos seus descendentes naturais, os hebreus, um povo redentor. Outrossim, os
descendentes espirituais de Abraão são “como as estrelas do céu e como a areia inumerável
que está na praia do mar” (Hb 11.12). A resposta fiel de um homem ilustra como todas as
nações serão posteriormente abençoadas por Deus. Serão abençoadas por sua fé. Todos
aqueles que levam a marca de Abraão - a fé - são seus “descendentes” e herdeiros da
promessa de Deus.

18. De acordo com Gl 3.6-9 e Hb 11.6, qual é a importância da fé do ser humano em Deus,
em termos da sua justificação com ele? Responda em seu caderno.

19. Na chamada de Abraão relatada em Gn 12.1-5, a sua fé em Deus manifestava-se


mediante
a) sua obediência à chamada divina.
b) o ato de levar consigo seu parente Ló.
c) o ato de levar consigo sua mulher, Sara.
d) o ato de levar consigo Ló e Sara.
e) o escutar da chamada de Deus.

70 MISSIOLOGIA
A chamada de Abraão

A chamada de Abraão implicava em vocação transcultural, bem como a chamada OBJETIVO 10


Identificar as semelhanças
missionária na maioria dos casos em nossos dias. Abraão foi chamado para abandonar a sua da chamada missionária com
terra e radicar-se em uma terra e cultura nova e desconhecida. Ele foi sustentado pela fé em a chamada de Abraão.
seu convívio naquela terra estranha, para realização da sua chamada missionária, bem como
a fé em Deus sustenta os missionários dos nossos dias. Abraão vivia “pela fé [...] na terra da
promessa como em terra alheia, morando em cabanas” (Hb 11.9). Quem teve a experiência
de passar algum tempo em contato com outra cultura sabe das dificuldades de comunicação
entre as culturas. A compreensão e a assimilação de novos costumes e métodos de trabalho
e a empatia com outras pessoas cujas perspectivas são diferentes tornam-se em um grande
desafio às missões transculturais.

A fé de Abraão chama ainda mais a atenção, quando se pensa nas circunstâncias de


sua origem. Terá, pai de Abraão, adorava ídolos (Js 24.2). O ato de fé praticado por Abraão
deu-se em um contexto religioso de idolatria, imoralidade e poder demoníaco. Sua chamada
sofreu oposição maligna, bem como a chamada para missões nos dias atuais. O gesto de partir
de sua terra, de seus parentes e da casa de seu pai (Gn 12.1) foi um passo de coragem para
um homem cujos valores e crenças parecem ter sido pagãos antes de receber aquela
chamada. Renunciar tais crenças iria suscitar a oposição do mundo dos espíritos malignos. O
contexto do preparo religioso de Abraão faz crer que, ao ser chamado, não tinha ele uma fé
madura. Parece que não tinha um grande conhecimento de Deus baseado em uma
experiência prévia. Também houve um elemento de incerteza com relação à sua chamada
(Hb 11.8). Por onde deveria ir? A que distância ficava a terra? Quanto tempo levaria a
viagem? A presença destes elementos ressalta a audácia da fé de Abraão. A chamada para
missões em nossos dias envolve, às vezes o elemento do desconhecido. Realmente, a partida
de Abraão de sua pátria mostrava claramente sua fé na promessa de Deus. Ele confiava
plenamente naquilo que Deus dissera!

20. A chamada missionária de hoje assemelha-se à chamada de Abraão


a) quando é uma chamada transcultural.
b) quando a fé sustenta os missionários em países estrangeiros.
c) porque é combatida pelo poder demoníaco.
d) quando contém o elemento do desconhecido.
e) todos as alternativas estão corretas.

21. Por que parece evidente que a fé de Abraão, por ocasião da sua chamada, não era uma fé
bem madura? Responda em seu caderno.

Muitas pessoas hoje em dia têm um contexto religioso semelhante àquele de Abraão.
Os mesmos temores e ansiedades que afligiam Abraão, acerca da oposição do mundo dos
espíritos, continuam afligindo as pessoas hoje em dia. E continua sendo essencial a mesma
resposta de fé obediente à chamada divina para a comunicação do evangelho a todas as
nações. O Deus de Abraão é o mesmo! Irmos em nome de Jesus é irmos no poder,
autoridade e vitória de Deus! Sigamos, pois, nos passos Dele!

Missões e o povo remidor 71


autoteste MÚLTIPLA ESCOLHA: Assinale a única alternativa correta.
MÚLTIPLA

1. Podemos dizer que


a) não há indicação em Gn 3.15 da redenção das pessoas.
b) há pouca indicação em Gn 3.15 da redenção das pessoas.
c) há indicação muito clara em Gn 3.15 da redenção espiritual para as pessoas.
d) há afirmação clara em Gn 3.15 da redenção espiritual das pessoas.

2. Deus redimiu somente Noé antes do dilúvio, porque somente ele


a) tinha os filhos que Deus precisava como chefes representativos das etnias.
b) tinha a fé que justifica as pessoas perante Deus.
c) mostrava a obediência que justifica a pessoa.
d) demonstrava todas as qualidades acima mencionadas.
e) apenas b) e c) estão corretas.

3. Para impedir o mal daqueles que construíam a torre de Babel, Deus


a) confundiu a sua língua e os espalhou.
b) uniu sua língua e os espalhou.
c) confundiu sua língua e os prendeu.
d) não praticou nenhum dos atos acima.

4. O fato de toda idolatria ser a glorificação de coisas criadas por Deus e não do Criador
indica que toda idolatria degenerou do
a) politeísmo.
b) monoteísmo.
c) ateísmo.
d) panteísmo.

5. A fé de uma pessoa é
a) quase nunca necessária para sua justificação com Deus.
b) às vezes necessária para sua justificação com Deus.
c) geralmente necessária para sua justificação com Deus.
d) sempre necessária para sua justificação em Deus.

CERTO-ERRADO: Escreva C para as afirmações corretas e E para as erradas.


CERTO-ERRADO:

____ 6. A resposta das pessoas à chamada de Deus ajuda na realização da missão de Deus
em cada geração.
____ 7. Existem evidências bíblicas de que os construtores da torre de Babel foram
inspirados por Deus.
____ 8. A fé que guiou Abraão para obedecer a Deus foi a qualificação que o fez digno de
seu importante lugar na missão redentora de Deus.

72 MISSIOLOGIA
RESPONDA: Responda às seguintes questões.
RESPONDA:

9. Em Gn 11.6 Deus disse: “Eis que o povo é um e todos têm uma mesma língua e isto é
o que começam a fazer; e agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem
fazer”. De acordo com esta lição, o que esta afirmação indica que Deus reconhece?

10. Cite duas semelhanças entre a chamada de Abraão e a chamada missionária moderna.

Missões e o povo remidor 73


RESPOSTAS ÀS QUESTÕES DE ESTUDO

5. e) 1. A resposta das pessoas à chamada de Deus.

16. e) 12. b)

6. porque somente Noé possuía a fé obediente 2. no verso 15


que justifica a pessoa perante Deus.
13. d)
17. fé que o fez obedecer a Deus
3. No v.21, as roupas providenciadas para
7. porque determinou que os filhos de Noé Adão e Eva foram feitas de peles de
fossem os chefes representativos de toda animais. O sangue foi derramado e uma
a raça humana. vida foi sacrificada por causa do pecado.
Isto simboliza o sistema sacrificial do AT e o
ato redentor de Cristo quando sacrificou
18. A fé da pessoa em Deus é necessária
sua vida para a redenção das pessoas.
para sua justificação em Deus.

14. Deus impediu estes homens de


8. c)
continuarem seu trabalho, o que indica
claramente sua motivação maligna. Se
19. a) sua motivação fosse certa, Deus teria
permitido que continuassem o trabalho.
9. O fato de que os homens que estavam
construindo queriam ganhar renome 4. Primeiro, esta promessa revela que Deus
para si, rebelando-se contra Deus. é a fonte principal da inimizade entre o
homem e as forças satânicas e que o
20. e) homem está na posição mais elevada
neste conflito com as forças malignas. Em
segundo lugar, esta promessa revela que
10. destruindo sua língua e espalhando-os o conflito em Gn 3.15 prevê a vitória de
pela face da terra. Cristo sobre o pecado no Calvário e que
Adão e Eva foram os primeiros a
21. Resposta pessoal. receber a redenção através desta vitória.
Em terceiro lugar, esta promessa revela
que a vitória de Cristo sobre Satanás
11. “E disse: Eis que o povo é um, e todos
está à disposição de toda a raça humana.
têm uma mesma língua; e isto é o que
começam a fazer; e agora, não haverá
restrição para tudo o que eles 15. porque todos os idólatras louvam as
intentarem fazer” (v. 6). coisas criadas em vez do Criador.

1
O texto original utiliza o termo raças para designar as três ramificações culturais que descendiam de Noé (e também
outras variações culturais entre os homens). Entretanto, para a versão brasileira deste manual, os editores adotaram o

74 MISSIOLOGIA
termo etnia, por crerem que há somente uma raça no que se refere aos seres humanos: a saber, a raça humana.
Quaisquer diferenciações culturais, lingüísticas ou mesmo físicas entre os homens devem ser tratadas no âmbito do que
de fato representam: diversidade étnica, e não variedades raciais. Biblicamente professamos a homogeneidade racial com
pluralidade étnica; descremos, portanto, da variedade racial entre seres humanos: todos os homens foram criados iguais,
à imagem e semelhança de Deus.
2
O Dr. Geoge W. Peter
Peterss leciona Missões Mundiais no Seminário Teológico de Dallas, EUA . É reconhecido
mundialmente como referência no estudo missiológico; é autor do clássico Teologia Bíblica de Missões, publicado no
Brasil pela CPAD.

Notas exclusivas da edição brasileira. Dados atualizados Editoria Acadêmica da FAETAD.

Missões e o povo remidor 75


LIÇÃO 5

A nação remidora

Na Lição 4, iniciou-se um estudo cuidadoso da missão divina no AT. Foram revistas


algumas das origens da missão redentora de Deus ao mundo na remota história da
humanidade. Na chamada de Abraão, observou-se a fase da história redentora em que Deus
focou seu propósito salvífico em um só indivíduo. Com Abraão iniciamos o tema do povo do
Deus remidor. Assim, o interesse universal de Deus na humanidade iria manifestar-se por
meio de um determinado povo. Nesta lição, dar-se-á continuidade ao desenvolvimento do
tema do povo do Deus redentor. Este importante tema conduzirá naturalmente ao período
neotestamentário de missões.

A partir de agora, será possível acompanhar a trajetória da família de Abraão à posição


de povo remidor. Dois grandes homens do AT – Moisés e Jonas – são tomados como casos
específicos para explicar os aspectos positivo e negativo da nação remidora. A maneira de
Deus tratar a Israel proporciona várias importantes indicações dos problemas missionários
atuais. Você aprenderá vários princípios de missões que serão de ajuda na avaliação de sua
própria atitude e participação na obra missionária. Estes princípios também o ajudarão a
avaliar sua igreja como povo de um Deus redentor, e sua respectiva participação em sua
cultura e sociedade.

76 MISSIOLOGIA
Origem de uma nação remidora Esboço da Lição
O fracasso de Israel em missões

Ao término desta lição, você deverá ser capaz de: Objetivos da Lição

• contrastar a chamada de Israel com a de Abraão, salientando por que Deus separou Israel das
demais nações e relacionando o fato da sensibilidade cultural à obra missionária;
• empregar determinados trechos e personagens bíblicos para identificar o fato, alguns motivos
e alguns resultados do fracasso de Israel no seu papel de povo missionário de Deus;
• desenvolver melhor a sua própria tarefa missionária como membro do fiel remanescente de
Deus, se você já é crente em Cristo.

1. Leia atentamente esta lição. Atividades de


Aprendizagem
2. Faça todas as questões de estudo.
3. Separe, no mínimo, 3 horas diárias para estudar.
4. Faça o autoteste no final desta lição.

A nação remidora 77
Desenvolvimento ORIGEM DE UMA NAÇÃO REMIDORA
da Lição

De povo a nação

OBJETIVO 1 A chamada de Abraão e a promessa feita a ele pelo Senhor marcam o início do povo
Especificar duas diferenças
entre a chamada de Abraão
de Deus redentor. Daquele momento até o êxodo do Egito, os hebreus foram chamados
e a chamada divina de povo de Deus (Hb 11.25). Israel gozava uma relação especial com Deus entre todas as
Israel. nações. Após o êxodo do Egito, a chamada de Israel assinalou a origem do povo hebreu
como nação remidora. Daí em diante, Israel tinha uma responsabilidade toda especial perante
Deus em termos do seu serviço como nação (Ex 19.3-6). A chamada de Israel e a promessa
dada àquela nação eram, em muitos sentidos, bastante semelhantes à chamada e promessa
dadas a Abraão 400 anos antes. Ambas eram de natureza missionária. Em ambos os casos, o
enfoque do propósito salvífico de Deus era bem mais estreito do que nos séculos anteriores
a Abraão, pois salientava-se o interesse universal de Deus em todos os povos da terra. Mas
a chamada de Israel como nação diferia de modo significativo da chamada de Abraão. Em
primeiro lugar, houve uma afinidade do propósito missionário na relação especial que os
hebreus teriam com Deus, ao progredirem de simples povo à categoria de nação.

1. Compare Gn 12.1-4 com Êx 19.3-6 e explique em que sentido a chamada de Israel


como nação é mais específica que a chamada de Abraão. Responda em seu caderno.

Abraão foi separado da idolatria para que o povo de Deus pudesse gozar uma relação
especial com o Senhor. Em Êx 19.3-6, Israel parece consagrar-se (separar-se) mais
especificamente para o serviço de Deus. A referência feita por Pedro a este trecho frisa que a
relação especial outorgada a Israel era destinada ao propósito de serviço (1 Pe 2.9):

“Vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo


adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas
para sua maravilhosa luz”.

Pedro enfatiza o elemento de serviço em sua aplicação deste trecho veterotestamentário


à igreja cristã. O sacerdócio na nação de Israel significava a mediação em termos de transmitir
o conhecimento do Deus verdadeiro a todas as nações. É um erro interpretar a escolha de
Israel por Deus como em consideração a alguma qualidade especial possuída por aquela
nação. Este fato está implícito nas palavras do próprio Deus de Israel: “vos levei sobre asas
de águias, e vos trouxe a mim” (Êx 19.4). Está também implícito em Êx 19.5-6 que a relação
entre Deus e Israel subentende uma responsabilidade de serviço. O princípio fundamental da
chamada de Israel como nação é que toda relação privilegiada com Deus acarreta também
uma responsabilidade de serviço.

Agora, você: sua igreja encara de forma positiva a responsabilidade de evangelizar o


mundo? Aquilo que se aplicava ao povo de Deus no AT aplica-se também à Igreja (que é o
povo de Deus a partir do NT). E o que se diz da igreja se diz também dos indivíduos. Todo
crente goza de uma relação especial com Deus; o propósito daquela relação é que o crente
conheça a Deus e o sirva. Você aceita sua responsabilidade de serviço na congregação e de
testemunho ao mundo?

78 MISSIOLOGIA
Em segundo lugar, houve a seguinte diferença entre a chamada de Israel como nação
e de Abraão como indivíduo: a condição de obediência. Deus salientou a obrigação especial de
obediência no caso de Israel (Êx 19.5); embora implícita no caso da chamada de Abraão, tal
exigência não foi articulada por Deus (Gn 12.1-3). Assim, no mandamento à nação de Israel,
Deus declarou precisamente as condições da aliança com os hebreus; enquanto que com
Abraão, estas condições eram demonstradas nos diálogos, nas orações e nas instruções
ocorridas entre Deus e Abraão. Em suma: a nação necessitava de um estatuto; ao homem,
bastava a fé.

2. Uma relação privilegiada com Deus acarreta uma responsabilidade de serviço


a) sempre.
b) geralmente.
c) às vezes.
d) raramente.

3. Aponte as duas principais diferenças entre a chamada de Abraão e a chamada de Israel


como nação.

Em certo sentido, Israel era parecido com Abraão no momento da chamada divina. Os
israelitas eram imaturos na fé e tinham algum conhecimento de Deus, embora não fossem tão
imaturos como Abraão. Os israelitas tinham visto a vitória de Deus sobre os deuses do Egito
e experimentaram diretamente a libertação da escravidão, porém habitavam entre gente
idólatra. Devido a esta situação, Deus empregou uma estratégia de separação e revelação
intensiva no treinamento da nova nação redentora.

A contracultura divina

O que é a contracultura divina? Na Lição 4 os tempos de Babel foram descritos como OBJETIVO 2
Explicar por quais motivos os
de degeneração da humanidade. Andava irrestrito o princípio do pecado e os resultados missionários devem aprender
culturais eram desastrosos. O trecho de Rm 1.18-32 lido anteriormente comenta o efeito do e conhecer a cultura em que
pecado na cultura humana. Mas a chamada de Abraão marcou o início da intervenção divina trabalham.

na deteriorização cultural – abriu-se um período de regeneração. O ato de Deus, ao separar


um povo e intensificar Sua relação com ele, equivalia à criação de uma contracultura. Esta
contracultura teria orientação divina. Seu propósito seria resistir às influências das culturas
corruptas da região. Deveriam também desenvolver o propósito redentor de Deus às nações
vizinhas mediante um testemunho positivo do povo de Deus.

Para realizar devidamente sua missão, os israelitas necessitaram primeiramente


conhecer a Deus e entender os caminhos Dele. A contracultura divina assim criada visava
ajudar o povo de Deus pelo menos em três áreas:

A nação remidora 79
- resistir à corrupção da idolatria e pecado ao seu redor;
- aprender a conhecer a Deus e os Seus caminhos;
- levar a cabo a missão redentora.

Esta contracultura divina era composta da cultura hebraica primitiva, formada após a
chamada de Abraão, acrescida da receita divina para a nova nação, outorgada na Lei. Vê-se
nesta contracultura dos hebreus, um modelo da redenção cultural operada por Deus. A
contracultura em Israel tem sentido de oposição às culturas idólatras; nunca contradizia a
própria identidade hebraica. Os hebreus não perderam sua identidade cultural; antes, tiveram
redimida sua cultura! Deus propôs-se a abolir o elemento malévolo naquela cultura; somente
o que era digno ou aproveitável permanecia para ser aperfeiçoado pela intervenção divina.
Durante séculos, os hebreus sofreram a influência da idolatria no Egito. Por isso, Deus
proibiu claramente qualquer idolatria entre eles e condenou todo tipo de bruxaria, magia e
adivinhação. Ele aplicou aos hebreus uma intensa revelação de Sua verdade para despertar e
desenvolver uma consciência moral naquela nação. Esta revelação proporcionou-lhes um
padrão ou modelo, pelo qual podiam avaliar as religiões étnicas e os tipos de comportamento
ao seu redor.

Na Lição 4 a dinâmica cultural foi já apresentada – diáspora humana e unidade


lingüística em Babel. Nota-se que a unidade lingüística e cultural possibilitou emprego das
habilidades outorgadas por Deus aos povos na realização de coisas grandiosas – neste caso a
torre de Ninrode. O princípio do mal no povo e na sua cultura, porém, transformou a
dinâmica cultural em perigo para a existência da humanidade. A confusão lingüística destruiu
a unidade da raça humana e diminuiu o potencial de dedicação ao mal e possivelmente à
autodestruição. Permanecia, contudo, o potencial da prática do mal em uma escala menor
entre grupos individuais e povos que preservassem certa unidade lingüística.

4. Quais dos itens a seguir foram motivos da separação divina de Israel das demais nações?
a) Preparar Israel para sua missão redentora.
b) Ajudá-los a conhecer melhor a Deus.
c) Ajudar o povo a conhecer a Deus.
d) Defender o povo das influências da idolatria.
e) Destruir a identidade hebraica.
f) Desenvolver a sua consciência moral.

Cada nação possui determinadas características, um caráter nacional que aumenta


através do isolamento das influências que formam outras culturas – há certa individualidade
mental e moral impressa em cada povo. Não há nada mais ferozmente conservado; não há
nada mais tenazmente transmitido de uma a outra geração. Seria, portanto, um ótimo meio
de conservar e aprofundar o conhecimento de Deus se fosse do interesse nacional aproximar
este conhecimento às características nacionais. Foi este o método adotado por Deus. Ele visava
combinar a lealdade a Si mesmo com as vantagens nacionais, o caráter espiritual com o
nacional, e a separação valorativa com um território distintamente delimitado e defensável.
Isto formou a consciência nacional de Israel. O povo entendeu que, como nação era o meio
de conservação e aprofundamento do conhecimento de Deus de geração em geração.

80 MISSIOLOGIA
Devemos reconhecer, do exemplo de Israel, o princípio de que a consciência e
identidade cultural de um povo podem ser úteis na promoção do Evangelho. A identidade
cultural não deve ser destruída quando uma sociedade se converte a Cristo. Somente devem
ser abolidos os elementos antibíblicos. Todo missionário deve tentar, diligentemente, aprender
os componentes da sensibilidade cultural do povo a que ministra, para que possa utilizar a
dinâmica desta consciência cultural para promover o Evangelho. Este é um importante
princípio missionário.

Vários elementos contribuiram para o desenvolvimento da contracultura divina em


Israel. George Peters menciona e comenta os seguintes: “Os Dez Mandamentos [...] controle
e disciplina [...] ênfase na seriedade de qualquer violação dos mandamentos [...] sólida defesa
dos ideais morais e religiosos [...] instituições religiosas [...] um complexo sistema sacrificial”.
Todos estes elementos divinos apoiavam a contracultura na sua resistência contra as
influências internas e externas que pudessem levar ao pecado, enquanto Israel desenvolvia a
sua consciência moral e o seu conhecimento de Deus. A estratégia divina na criação de uma
contracultura foi uma maneira segura, exata e rápida de revelar-se às nações.

5. Qual dos itens a seguir não contribui para a descrição de Israel como uma contracultura
divina?
a) A conservação dos elementos positivos e neutros na cultura hebraica.
b) O fortalecimento interno inspirado por Deus na cultura hebraica.
c) O preparo do povo hebreu para a missão divina.
d) A total substituição da cultura hebraica pela cultura divina.

6. Explique por que todo missionário deve tentar aprender os componentes da sensibilidade
cultural do povo a que ministra.

Toda a intensa revelação da verdade divina a Israel revela a necessidade da redenção


pessoal. Assinale a necessidade de um Salvador e da presença íntima do Espírito Santo. O
Espírito Santo habita nos cristãos para orientar-lhes na redenção de muitas pessoas. A
revelação completa e escrita de Deus, que os missionários do AT não possuíam, está à sua
disposição.

Os crentes de sua cultura formam uma contracultura entre as pessoas da sua


sociedade? Você está aproveitando os recursos proporcionados por Deus para redenção de
sua nação? Você consegue pensar em novos meios de usar a dinâmica da sua cultura para
promover a comunicação do evangelho de Jesus Cristo? Talvez Deus esteja enfocando você
pessoalmente como agente de evangelização para certos grupos. Você está disposto a dar sua
resposta de fé e obediência? Percebe a sua posição privilegiada como filho de Deus com

A nação remidora 81
relação à sua responsabilidade para a missão divina? Estas questões são importantes para
você e também para as pessoas ao seu redor que não conhecem a Jesus Cristo.

O FRACASSO DE ISRAEL EM MISSÕES

A falha

OBJETIVO 3 Israel realmente fracassou em seu papel de nação redentora? É clara a evidência
Especificar em trechos do AT
e do NT indicações do
contida no NT. A tragédia da rejeição da nação por Deus é discutida freqüentemente por
fracasso de Israel como Jesus e os seus apóstolos. Cristo fez o possível para preparar os discípulos, ensinando-lhes
nação redentora. sobre a rejeição de Israel por meio de parábolas e ações durante os últimos dias de Seu
ministério terreno. Paulo lutou com o problema do fracasso de Israel em Romanos 9-11.

Esterilidade

O fracasso de Israel é retratado em termos de esterilidade, ou falta de fruto, no NT. Os


seguintes trechos ilustram este fracasso:
- a figueira infrutífera (Mc 11.12-14, 20-25);
- os lavradores improdutivos do vinhedo (Mc 12.1-12);
- os ramos infrutíferos (Jo 15.1-8);
- a oliveira infrutífera (Rm 11.16-24).

7. Qual a indicação, segundo cada um dos trechos citados, do fracasso de Israel como nação
remidora? Para cada uma de suas respostas indique o versículo que serviu de base para
seus comentários.
a) Mc 11.12-14, 20-25: ________________________________________________
b) Mc 12.1-12: ________________________________________________
c) Jo 15.1-8: ________________________________________________
d) Rm 11.16-24: ________________________________________________

O conceito de Israel através destas passagens do NT é que ele não atingiu sua razão de
ser como nação e foi, portanto, rejeitado como nação redentora. Aquela nação, a que Deus
dedicou tanto tempo para cultivar, ficou infrutífera! Até no AT Israel é retratado como vinha
sem fruto (SI 80.8-16; Is 5.1-7; Jr 2.21; Ez 15.1-8; 19.10-12; Os 10.1-2).

8. Resuma os ensinos dos trechos anteriormente citados a respeito de ser Israel a vinha do
Senhor.

82 MISSIOLOGIA
Mau cheiro

É importante entender as circunstâncias das ações de Jesus quando Ele limpou o templo
(Mc 11.15-17). O fracasso de Israel no seu papel de nação redentora é sublinhado pela
implicação neste trecho de que a limpeza abrangia o Pátio dos Gentios. Foi este o local
reservado no templo israelita para as nações não-judaicas. A nação redentora deveria ser uma
bênção às nações, mas foi justamente o contrário! Israel estava roubando as nações e o Seu
templo fedia como estábulo de gado (Jo 2.13-16). O baixo estado espiritual de Israel é
simbolizado pelo afastamento do povo da sua missão. Jesus optou por testar a espiritualidade
da religião judaica através da sua responsabilidade às nações.

Incidentalmente, pode-se fazer o mesmo teste com qualquer igreja dos nossos dias:
qual tem sido a resposta de determinada igreja à missão evangelizadora? Jesus salientou o
fracasso da nação de Israel na sua missão por meio de uma citação bíblica: “Não está escrito:
A minha casa será chamada por todas as nações, casa de oração?” (Mc 11.17).

9. O texto de Mc 11.15-17 ressalta o fracasso de Israel como nação redentora por meio
a) da declaração direta de que Israel poluiu o local de oração dos gentios no templo.
b) da implicação de que Israel poluiu o local de oração dos gentios no templo.
c) a) e b) estão corretas.
d) a) e b) estão incorretas.

Nenhum figo

Segundo a ordem cronológica dos eventos relatados em Mc 11.20-25, Jesus


estimulava os discípulos a crerem que Deus realizaria a missão salvadora ao mundo, apesar
da rejeição de Israel. Os discípulos devem ter se preocupado por causa do ensino de Jesus
acerca da rejeição da nação, o culto no templo e as autoridades religiosas.

A idéia que eles nutriam do reino do Messias abrangia todos estes elementos. Jesus
disse, com efeito, que eles deveriam pôr sua fé em Deus, confiando que Ele realizasse a
missão. As palavras de fé e autoridade proferidas por Jesus secaram a figueira (Mc 11.14-20).
Além disso, Ele disse aos discípulos que se tivessem uma semelhante fé em Deus, eles
mesmos teriam poder e autoridade. Jesus fala aos seus discípulos em termos de fé e
autoridade para a realização da missão redentora de Deus, dizendo:

“Em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e
lança-te no mar, e não duvidar no seu coração, mas crer que se fará aquilo
que diz, tudo o que disser será feito” (Mc 11.23).

O termo monte é usado, às vezes, com referência ao templo de Israel. O Pátio dos
Gentios enfocado neste capítulo era chamado, às vezes, de o monte de minha casa. Jesus
pode ter apontado o templo ao proferir a declaração acima. O mar é também símbolo no AT,
referindo-se aos gentios (Is 5.25-30). Por isso, na citação acima, Jesus referia-se
provavelmente, de maneira figurada, à entrada dos gentios no plano de salvação. Após a sua

A nação remidora 83
ressurreição, Jesus disse a estes mesmos discípulos: “IDE, PORTANTO, FAZEI DISCÍPULOS DE TODAS
AS NAÇÕES” (Mt 28.19).

10. Nosso comentário sobre Mc 11.20-25 enfoca


a) o sucesso de Israel como nação redentora.
b) o fracasso de Israel como nação redentora.
c) a missão redentora dos discípulos de Jesus.
d) a), b) e c) estão corretas.
e) apenas b) e c) estão corretas.

O motivo do fracasso

OBJETIVO 4 Por que Israel fracassou na missão de nação remidora? Por que a contracultura divina
Demonstrar a forma pela
qual a vida de Moisés pode
deixou de manifestar os ideais que professava? A história de Israel está repleta de exemplos
ilustrar o motivo do fracasso de afastamento do povo do padrão divino proposto por Deus para o seu comportamento.
de Israel, e entender a partir Mas será este o único motivo do fracasso? Alguns comentaristas acham que o fracasso de
da experiência de Jonas
como pode haver iluminação Israel é bem compreensível! Eles erram na falta de uma transformação interna na experiência
quanto a este erro. e na ausência da nova vida que os crentes de hoje podem gozar em Cristo. Somente uns
poucos servos de Deus receberam a unção do Espírito Santo nos tempos
veterotestamentários. Levando-se em conta os limitados conhecimento e experiência de Deus
e de Seu plano naqueles dias, entendemos melhor por que os israelitas não puderam
realmente combater o poder do pecado de maneira eficaz.

Esta argumentação não explica satisfatoriamente o fracasso moral de Israel nem seu
fracasso em termos de missão. Mas consegue explicar por que Deus comunicou ao povo o
ideal da Lei divina. Deus deu a Lei para mostrar aos israelitas sua grande necessidade de um
Salvador. Aprenderam por ela que era impossível qualquer tipo de auto-redenção; a redenção
teria que vir pela graça de Deus. Jesus Cristo, mediante a obra redentora, traria para todos os
crentes a operação transformadora do Espírito Santo.

Nos próximos segmentos referentes ao homem que Deus usa e o homem que usa
Deus comentaremos primeiro Moisés, e depois Jonas para ilustrar o motivo do fracasso de
Israel no seu papel de nação redentora. Jonas ilustra o motivo do fracasso de Israel no seu
papel de nação remidora. Moisés exemplifica o que Deus exigia, mas não pôde achar na
nação israelita – fé obediente. Jonas exemplifica as atitudes e ações desobedientes que
caracterizavam também o comportamento da nação de Israel.

Embora os israelitas tivessem a desvantagem de certa limitação no tocante à


transformação interna, à presença do Espírito de Deus e à revelação do plano de Deus, houve
na Lei uma medida divina para manutenção de uma boa relação com Deus: se o povo
pecava, devia obedecer a Lei, respondendo pela fé na apresentação de sacrifícios prescritos
pela mesma Lei. Se o povo obedecia a Deus, havia perdão para o pecado. O motivo do
freqüente afastamento moral de Israel e de seu fracasso na missão é simples: os israelitas
deixavam de guardar a condição da promessa divina – a obediência (Êx 19.5; Rm 10.21). A
fé manifesta pela obediência à revelação divina tem sido sempre e sempre será um requisito

84 MISSIOLOGIA
de Deus. O povo de Israel fracassou por não evidenciar a fé obediente, pela qual seu
antepassado Abraão ficou tão famoso.

11. Diferencie a maneira em que a vida de Moisés e as atitudes e ações de Jonas


exemplificam o motivo do fracasso de Israel no seu papel de nação-redentora. Responda
em seu caderno.

O homem que Deus usa

O livro de Êxodo retrata Moisés como sendo um missionário que enfrenta qualquer OBJETIVO 5
Resumir duas importantes
desafio para livrar o povo redentor do Egito. Este homem foi o instrumento de Deus para
qualidades missionárias
criar uma nação redentora, pela qual todas as nações deveriam receber uma bênção. O que evidentes na vida de Moisés
Deus viu em Moisés que motivou a escolha deste homem? O passo em falso que Moisés deu e que todo missionário
eficaz deve possuir pela fé.
inicialmente na tentativa de livrar um dos hebreus, não servia para impressionar ninguém (Êx
2.11-15). Moisés parecia uma pessoa impetuosa e cheia de si. Muitos diriam que, baseado no
assassinato do egípcio, Moisés nunca poderia se tornar um líder devoto.

Até fins de seu estágio no deserto de Midiã, Moisés teve um encontro com Deus
na sarça ardente. Naquele momento, recebeu a sua chamada para livrar Israel da
escravidão. A sua resposta a Deus não foi muito impressionante. Foi clara a chamada de
Deus, mas Moisés respondeu com desculpas e uma certa incredulidade (Êx 3.11, 13; 4.1,
10,13). O libertador hesitante continuou em dúvida até que o próprio Deus enfureceu-
se com ele (Êx 4.14). Muitas pessoas podem perguntar “Como é que este homem
medroso e cauteloso chegaria a praticar algo de valor em nome de Deus? Deus pode
usar um homem assim?”.

A passagem de Hb 11.24-29 menciona indiretamente os eventos que acabamos de


citar, enfatizando aquilo que Moisés praticou pela fé naqueles dias e posteriormente. A
escolha de Deus atingiu um homem que se identificava com o povo redentor e o propósito
divino (vs. 25-26). Em Hb 11, o propósito redentor de Deus é chamado o vitupério de
Cristo (v. 26). Moisés tinha ouvido e confiado naquilo que Deus declarava acerca do Seu
povo e do Messias. Moisés optou por se entregar pela fé (v. 24) ao plano de Deus. Ele
entendeu mal, nos primeiros dias da sua chamada, como Deus iria realizar a libertação da
nação hebraica, mas Deus corrigiu a sua impulsividade e a sua autoconfiança durante os
anos que passou no deserto de Midiã. Ao voltar para o Egito após a sua experiência no
deserto, já não era impetuoso, nem cheio de si. Importa observar que Deus usa o homem
que se entrega pela fé aos planos de Deus, uma importante qualidade missionária bem
óbvia na vida de Moisés.

Há outra importante qualidade para liderança missionária evidenciada na vida de


Moisés. Em seu encontro com Deus na sarça ardente. Moisés aprendeu a conhecê-lo como EU
SOU (Êx 3.14); isto quer dizer, o onipotente. À pergunta de Moisés “Quem sou eu?”, Deus
respondera “Eu serei contigo” (vs. 11-12). Moisés aprendeu que tudo aquilo que ele não era
nem podia fazer, Deus era e podia realizar! Na sarça ardente Moisés aprendeu que Deus iria
livrar Seu povo pelo seu grande poder. O confronto de potências enfrentado por Moisés na
libertação de Israel do Egito exigia o milagroso poder de Deus.

A nação remidora 85
Até as grandes habilidades e treinamento natural de Moisés não bastavam para tal
confronto com os poderes malignos. Mas pela demonstração do poder de Deus contra os
deuses do Egito, a missão de Israel foi inicialmente revelada aos egípcios. As proezas de
Moisés foram realizadas pela fé que dependia totalmente do poder de Deus (Hb 11.27-29).
O homem que Deus usa deve entender que o seu sucesso na vida depende de Deus.

12. Resuma as duas importantes qualidades missionárias encontradas em Moisés e que todo
missionário deve possuir pela fé.

O homem que usa Deus

OBJETIVO 6 Vimos em Moisés um exemplo do homem que Deus usa na Sua missão redentora.
Identificar duas características
da atitude e ação de Jonas
Não vemos isto, porém, em Jonas. Em vez de entregar-se à missão redentora de Deus, Jonas
que ilustram motivos do recusou participar nela. Ele preferia que Deus destruísse os ninivitas, a nação que ele fora
fracasso de Israel como chamado a livrar do pecado! Jonas, profeta desobediente, pensava que ele podia manipular o
nação redentora.
próprio Deus para destruir uma nação inimiga. E não foi somente a desobediência de Jonas
à comissão divina que ilustra o motivo do fracasso de Israel como nação redentora; é também
importante avaliar a atitude que motivou essa desobediência dele.

Por que Jonas fugiu às ordens de Deus? Alguns sugerem ter sido um tipo de
patriotismo o motivo desta fuga. Neste caso, Jonas seria o patriota mais heróico da história de
Israel! É verdade que os assírios que habitavam na cidade de Nínive eram inimigos de Israel.
Além disso, eles estavam tornando-se em potência mundial. Numa das interpretações de Jn
4.2, diz-se que Jonas desobedeceu a ordem de Deus de ir pregar em Nínive porque ele temia
que, se os habitantes daquela cidade ouvissem do futuro julgamento de Deus, pudessem
arrepender-se e assim escapar da destruição divina.

13. Leia 1 Sm 15.22-23. Baseado neste trecho, escreva no seu caderno uma provável
resposta do profeta Samuel ao suposto patriotismo de Jonas.

A atitude que Jonas mostra com relação a Nínive é típica da atitude geral dos israelitas
em relação às nações vizinhas. O povo de Israel se tinha tornado egocêntrico, pensando que
as prometidas bênçãos de Deus e a presença Dele na sua nação indicavam um tipo de
favoritismo divino com relação aos israelitas. Mas a mensagem nuclear dada por Deus no
livro de Jonas é que Deus se importa com todas as nações (Jn 4.2 e 11). É bem nítido o
contraste entre a compaixão de Deus e a falta dela no profeta Jonas.

No capítulo 1 do livro, vemos que até o capitão do navio, sem dúvida idólatra, reparou
na falta de interesse e compaixão da parte de Jonas com relação aos seus companheiros que
se afundavam durante a viagem. Os idólatras chamavam aos seus deuses nesse lance tão
difícil (v. 5). A repreensão do capitão do navio iniciou a lição que Deus tinha para Jonas: “Que

86 MISSIOLOGIA
tens dormente? Levanta-te, invoca o teu Deus? talvez assim esse Deus se lembre de nós para
que não pereçamos” (v. 6). As perguntas que se seguiram devem ter ferido Jonas bem
profundamente: “Que ocupação é a tua? Donde vens? Qual é a tua terra? E de que povo és
tu?” (v. 8). Naturalmente, a resposta certa a estas perguntas teria sido: “Sou profeta de Deus.
Estou fugindo dele em desobediência à sua ordem divina. Minha nação é Israel; pertenço ao
povo de Deus redentor, a nação hebraica!”. Jonas opunha-se a tudo aquilo que devia
defender! Tal é o caso de qualquer igreja do Senhor Jesus Cristo que se recusa a participar na
missão mundial de Deus. Se Deus tem compaixão das nações, a sua igreja não deve também
ser compassiva?

14. Quais são duas provas principais, na atitude e ações de Jonas, da razão do fracasso de
Israel no seu papel de nação redentora?

Já mencionou-se na discussão da dinâmica cultural várias vantagens de uma clara


sensibilidade cultural para a pregação eficaz do evangelho. A identidade nacional é algo que
pode ser utilizado para promover a comunicação do Evangelho de Cristo. O nacionalismo é
uma força poderosa para a transformação de toda cultura. Mas na história de Jonas, e na
própria nação de Israel, vê-se perigo no nacionalismo, se este é exagerado.

No caso de Jonas, o nacionalismo entrava em conflito com a missão redentora de Deus.


Qualquer identidade nacional deve ser contrabalançada com a identidade espiritual
internacional dos membros do Corpo de Cristo (este assunto será tratado em maiores
detalhes na Unidade 4).

O resultado do fracasso

O fracasso de Israel como nação redentora constitui um caso importante para a


compreensão do tema “Um povo de Deus redentor”. Por ser também a Igreja
neotestamentária um povo de Deus redentor, há aqui lições e princípios que devem ser
aprendidos para os dias de hoje. Veremos a seguir apenas os resultados do fracasso de Israel
que podem nos ensinar estas valiosas lições.

As bênçãos perdidas

A primeira lição que se deve aprender do fracasso de Israel diz respeito à perda das OBJETIVO 7
Declarar a relação entre o
bênçãos de Deus. A nação foi rejeitada como povo remidor e a bênção divina foi retirada dela fracasso de Israel na missão
– Israel fora uma nação sacerdotal. No Sl 67.1, o salmista, como representante de Israel, fala de Deus e a perda da
com Deus. As palavras usadas são as de uma bênção sacerdotal dada por Deus a Arão e seus bênção de Deus.

filhos (Nm 6.24-25). A natureza sacerdotal da nação de Israel dirige a atenção ao fato de que
Deus desejava que aquela nação fosse um meio ou agente para um determinado fim. O
fracasso dos sacerdotes de Israel é salientado, sobretudo, na parte final do AT e é citado como

A nação remidora 87
motivo da retirada da bênção de Deus de Israel (Ml 2.1-2). Veja como o salmista reclama a
bênção de Deus no Sl 67.1.

15. Lidos em conjunto, os vs. 1, 2 e 7 do Sl 67 dão a entender que Deus visava que a Sua
bênção sobre Israel fosse
a) diferente das bênçãos derramadas sobre outras nações.
b) guardada por Israel a salvo das outras nações.
c) levada por Israel às outras nações.
d) levada por anjos às outras nações.

Deus fez resplandecer Seu rosto sobre Israel para que o povo, como um espelho,
refletisse a Sua presença divina às nações. As bênçãos físicas espirituais do Sl 67 relacionam-
se diretamente à missão de Israel ao mundo. Mas durante boa parte do AT, o povo de Israel
interpretava mal o motivo da bênção de Deus sobre a nação. Em vez de conceberem-se como
canal das bênçãos de Deus, por meio do qual o Senhor abençoaria as nações, os israelitas
consideravam-se únicos depositários das bênçãos divinas. O seu lema era (nas primeiras
palavras do Sl 67): “Deus tenha misericórdia de nós, e nos abençoe”. Não pensavam no
conteúdo inter-relacionado do próximo versículo: “para que se conheça na terra o teu
caminho; em todas as nações, a tua salvação”. Quando Jesus deu ordens aos discípulos,
esclareceu bem o propósito da bênção da vinda do Espírito Santo: “Recebereis a virtude do
Espírito Santo que há de vir sobre vós, e ser-me-eis minhas testemunhas tanto em Jerusalém,
como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (At 1.8). Este versículo ensina
abertamente o mesmo que o Sl 67 dá a entender implicitamente.

16. Qual é o resultado do fracasso de Israel na missão de Deus?

Recorde-se de Ef 1 onde Paulo menciona a bênção de Deus: “Bendito o Deus e Pai de


nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com todas as bênçãos espirituais nos
lugares celestiais em Cristo” (v. 3). Logo a seguir, Paulo explica o propósito daquela bênção
na igreja: missões. Deus investe a Sua bênção na Igreja para que o Seu povo possa realizar a
obra de missões. Às vezes ouvimos o ditado: “Deus abençoa as igrejas missionárias!”. É
verdade! Dando aquilo que temos, tornamo-nos mais ricos! O indivíduo ou igreja que
compartilha as suas bênçãos mediante o testemunho ao mundo se enriquece mais ainda na
bênção de Deus (Pv 19.17; 2 Co 9.6-8).

88 MISSIOLOGIA
Rejeitado, mas não totalmente

A segunda lição a ser aplicada a missões, aprendida do fracasso de Israel, diz respeito à OBJETIVO 8
Descrever a rejeição da
realidade de um remanescente. Paulo pergunta “Terá Deus, porventura, rejeitado o seu povo?”. Ele nação de Israel, e o
mesmo responde: “De modo nenhum” (Rm 11.1)! Contudo, há evidência no NT que indica que remanescente do povo que
Deus efetivamente rejeitou Israel. A solução desta aparente contradição encontra-se na existência continua realizando a
missão redentora de Deus
de um fiel remanescente na época de Paulo (um grupo rejeitado), bem como nos dias de Elias (Rm através dos séculos da
11.1-10). O remanescente da nação de Israel que mantinha a sua fé, como Abraão, recebeu a Jesus história humana.

como Messias e não foi rejeitado de Deus. Isto é visto claramente em Gl 3.6-9. A igreja era
composta desta comunidade judaica nos primeiros anos da sua existência. Israel como nação,
contudo, foi e continua sendo rejeitada, mas esta rejeição é apenas temporária (Rm 11.11-32).

Nas lições anteriores, foi possível notar o ajuste de foco da missão salvífica, dado nos idos
tempos do AT. A missão redentora de Deus tem sido realizada sempre por um remanescente, que
era o fiel povo de Deus, com base na sua identidade física ou nacional. A base de sua escolha como
povo de Deus tem sido sempre espiritual. Estas pessoas têm fé em Deus e mostram esta fé pela
obediência a ele. Este remanescente espiritual, o povo de Deus, é composto de todos aqueles que
são herdeiros da promessa de Deus. Eles são responsáveis pela continuação da missão redentora
de Deus em nossos dias, como através de toda a história humana.

17. Qual a prova oferecida por Paulo em Rm 11.1 de que Deus não rejeitou totalmente o
Seu povo?

18. Comparando o v. 11 com os vs. 25-26 de Romanos 11, chegamos a entender que a
rejeição da nação de Israel é
a) temporária.
b) total.
c) permanente.
d) não comporta qualquer recuperação.

19. Descreva o remanescente humano que, através da história da humanidade, tem levado a
cabo a missão redentora de Deus.

De nação a comunidade

O verdadeiro povo de Deus, composto daqueles que têm fé e mostram obediência, OBJETIVO 9
Especificar o propósito
nunca foi identificado com os cidadãos da nação de Israel em geral. O verdadeiro povo de fundamental do remanescente
Deus constitui um remanescente dentro da nação. Este fato é exemplificado em muitos pós-exílio de Israel.
trechos do AT. Uma destas passagens é 1 Rs 19.14-18, onde Elias pensou que somente ele

A nação remidora 89
em todo Israel mantinha-se fiel a Deus, o Senhor lhe disse que havia mais sete mil pessoas
que não tinham dobrado o joelho diante de Baal. Este remanescente é visto também nos
tempos do reino dividido, quando Judá representava o povo fiel a Deus. Porém, mesmo Judá,
com o decorrer do tempo, virou-se à idolatria, formando-se outro remanescente dentro de
Judá.

Finalmente, durante o cativeiro da nação, o remanescente representava aqueles que


agiam com fé, deixando Babilônia e voltando à Palestina. Estas pessoas são chamadas “todos
aqueles cujo espírito Deus despertou” (Ed 1.5). Mas somente uma pequena minoria da nação
regressou, para se dedicar novamente ao propósito redentor de Deus. Um historiador judaico
disse que, por causa das suas posses acumuladas na Babilônia, muitos judeus optaram por não
voltar à sua terra de origem. O que faltava era uma dedicação ainda maior que uma fé
puramente pessoal em Deus; a decisão de voltar significava a vontade de manter a sua
identidade com a missão redentora de Deus por meio de Israel. Aqueles que resolveram voltar
à Palestina edificaram os muros de Jerusalém e reconstruíram o templo; foram pessoas
usadas por Deus. O conceito de remanescente se tornou um elemento fixo na religião
veterotestamentária após o exílio. O povo eleito de Deus se tornava cada vez mais uma
comunidade religiosa. O desenvolvimento da instituição da sinagoga reforçava a idéia do
povo de Deus como comunidade religiosa em vez de nação. Onde quer que se encontrassem
dez famílias judaicas em qualquer parte do mundo, costumavam construir uma sinagoga. E a
sinagoga se tornava o centro da vida religiosa dos judeus.

20. Qual das expressões a seguir declara o propósito nuclear do remanescente pós-exílio de
Israel?
a) Isolar-se do mundo e do pecado.
b) Manter puro o sangue judaico.
c) Dedicar-se à missão redentora de Deus.
d) Ser um grupo de verdadeiros patriotas da nação de Israel.

21. Você consegue pensar em como o princípio da escolha de um fiel remanescente para
realizar a missão de Deus pode aplicar-se à sua própria igreja hoje em dia? Utilize o seu
caderno para esta resposta.

As sinagogas judaicas constituíam centros para aqueles que se envolviam na missão


redentora de Deus durante o período histórico entre o fim do AT e o nascimento de Jesus.
Estes fiéis constituíam o remanescente que ligava o período veterotestamentário com a época
neotestamentária. Serviam como elo de transição entre o povo de Deus no AT e um novo
povo de Deus, que iria abranger uma nova comunidade de crentes, chamada Igreja. Esta nova
criação seria o resultado da obra do Espírito Santo de Deus nos corações dos membros do fiel
remanescente, ao se firmar uma nova aliança nos seus corações (Rm 2.15). A identidade
espiritual deste novo povo seria evidenciada por um novo nascimento espiritual. A presença
íntima e o poder do Espírito Santo constituiriam os meios pelos quais o povo de Deus iria
espalhar o Evangelho até os confins da terra.

90 MISSIOLOGIA
MÚLTIPLA ESCOLH
MÚLTIPLA A: Assinale a única alternativa correta.
ESCOLHA: autoteste

1. O aspecto missionário da chamada de Israel como nação foi


a) mais específico do que o aspecto da chamada de Abraão.
b) um pouco menos específico do que o aspecto da chamada de Abraão.
c) um pouco mais específico do que o aspecto da chamada de Abraão.
d) tão específico do que aquele aspecto da chamada de Abraão.

2. Qual das opções a seguir não foi motivo de separação do povo de Israel das outras nações?
a) O desenvolvimento da consciência moral de Israel.
b) A evidência do amor divino somente por Israel.
c) Melhor conhecimento de Deus da parte de Israel.
d) A preparação de Israel para a missão de Deus.

3. Cada missionário deve aprender o que é que forma a sensibilidade cultural do povo com
o qual está trabalhando para que ele possa
a) retirá-la deles.
b) neutralizá-la.
c) ajudar o povo a lidar com ela.
d) usá-la para promover o Evangelho.

4. Esta lição apresenta a figueira ressequida como ilustração


a) do resultado do fracasso de Israel na missão de Deus.
b) de uma razão do fracasso de Israel na missão de Deus.
c) do fato do fracasso de Israel na missão de Deus.
d) de nenhum dos itens acima.

5. Algumas das qualidades que cada missionário bem sucedido em seu trabalho deve
possuir pela fé, são
a) entrega à obra de Deus.
b) dependência do poder, de Deus.
c) obediência ao mandamento de Deus.
d) todas as alternativas estão corretas.

CERTO-ERRADO: Escreva C para as afirmações corretas e E para as erradas.


CERTO-ERRADO:

____ 6. As atitudes e ações de Moisés foram mais semelhantes àquelas que causaram o
fracasso de Israel na missão de Deus do que as de Jonas.
____ 7. Com certeza Samuel teria elogiado o nacionalismo de Jonas.
____ 8. Deus tirou Sua bênção de Israel porque eles não cumpriram a Sua missão.
____ 9. A Escritura ensina que a rejeição de Israel, decorrente da sua falta de cumprimento
da missão de Deus, não será permanente.
____ 10. O propósito central do remanescente pós-exílio de Israel foi manter pura a raça judaica.

A nação remidora 91
RESPOSTAS ÀS QUESTÕES DE ESTUDO

4. a) preparar Israel para Sua missão Deus requeria essa fé, mas não a achava
redentora. em Israel. As atitudes e ações de Jonas,
b) ajudá-los a conhecer melhor a Deus. porém, ilustram o motivo do fracasso,
porque ele foi desobediente a Deus
d) defender o povo das influências da idolatria.
assim como Israel.
f) desenvolver a sua consciência moral.

1. Em Gn 12.3, vemos que a chamada de


15. c) Abraão foi missionária porque afirma que
todas as nações serão abençoadas nele.
5. d) Esta passagem não explica, contudo, como
isso se realizará. O texto de Êx 19.6
afirma que a nação de Israel será um
16. A relação entre estas duas condições é
reino de sacerdotes. A palavra santo
muito íntima porque Deus tirou sua
indica que a nação vai ser separada para
bênção de Israel justamente por causa uma relação especial com Deus e que esta
da sua falha em cumprir sua missão. relação tem uma finalidade. A palavra
sacerdotes indica que esta finalidade é
6. O missionário que está alerta, pode usar redentora. Esta nação seria um santo
a dinâmica da sensibilidade cultural para servo de Deus às outras nações.
promover o Evangelho.
12. Entrega total aos propósitos de Deus e
17. O fato de que ele é israelita, junto com a dependência do seu poder.
clara implicação de que Deus não o
rejeitou. 2. a)

7. a) A figueira (Israel) foi amaldiçoada 13. Samuel sem dúvida não teria dito que
por Jesus porque não tinha fruto e secou a lealdade de Jonas à sua nação era
(vs. 14, 20, 21). mais importante do que a obediência
b) Os trabalhadores na vinha (Israel) aos mandamentos de Deus. Ele teria dito
iam ser destruídos e a vinha seria dada a que o patriotismo de Jonas era idolatria,
outros (v. 9). porque este tinha se tornado o seu
c) Os ramos sem fruto (Israel) iam ser Deus.
destruídos e a vinha dada a outros (v. 9).
d) Os ramos naturais da oliveira (Israel) 3. Primeiro: no caso da chamada de Israel o
iam ser retirados (vs.17-21). propósito missionário foi mais profundo
do que na chamada de Abraão; e
segundo: houve mais ênfase na
18. a)
obediência de Israel à chamada do que
na chamada de Abraão.
8. Estas passagens indicam a degeneração.
14. Desobediência ao mandamento de Deus
11. Vê-se ilustrada, através do exemplo de e falta de compaixão para com uma
vida de Moisés, sua obediência a Deus. nação estrangeira e destruição da videira,

92 MISSIOLOGIA
salientando o fracasso e decorrente 21. Sua igreja, que podia ser assim: Há uma
rejeição de Israel como nação redentora. igreja dentro da Igreja de Jesus Cristo
hoje em dia que é obediente, tomando
19. Este nunca têm feito parte do povo de parte na missão de levar o evangelho a
todas as nações. Estas tomaram uma
Deus à base de sua identidade nacional
decisão além daquele de aceitar a Jesus
ou física, e sim à base de sua
Cristo. Este remanescente fiel tem
espiritualidade manifestada na fé
respondido à comissão de Jesus Cristo e
obediente a Deus.
é ativo na sua missão às nações.
Podemos dizer, baseando-nos em
9. b) princípios bíblicos, que Deus vai
abençoar este remanescente.
20. c)

10. e)

Dados atualizados Editoria Acadêmica da FAETAD.

A nação remidora 93
LIÇÃO 6

Missões neotestamentárias

Na Lição 5 estudou-se o ajuste do foco missionário sobre o verdadeiro povo de Deus,


indo da nação de Israel à uma comunidade religiosa dentro da nação. As comunidades
religiosas judaicas organizavam-se ao redor das sinagogas por todo o mundo mediterrâneo.
Estas sinagogas foram os centros missionários do judaísmo no período que precedeu o NT.
Mais tarde, estas mesmas sinagogas tornaram-se bases para o trabalho missionário cristão de
Paulo (At 13.5; 14.1).

O verdadeiro elo ou vínculo entre o povo de Deus no AT e o povo de Deus no NT,


porém, é Jesus Cristo. Nesta lição é possível notar um ajuste definitivo do foco no propósito
redentor de Deus, contemplando um só Servo do Senhor, antes da expansão do programa de
Deus de incluir todas as nações. Começando com Jesus, o exemplo máximo do Verdadeiro
Israel, elo entre a missão do AT e as missões do NT, examinaremos o assunto missões na
igreja primitiva.

Um importante princípio missionário ensinado por Jesus, e demonstrado em Seu


ministério, é debatido nesta lição: a missão de Deus é serviço sacrificial e redentor. Não
significa reinar sobre outras pessoas. Igualmente, a missão de Deus não é política, mas
espiritual. O Reino de Jesus é de poder, e este poderio é dado por Deus ao Seu povo para a
realização da divina missão. Ao estudar esta lição, peça a Deus que o ajude a demonstrar o
Espírito de Cristo, ao participar de sua missão.

94 MISSIOLOGIA
Jesus, o verdadeiro vínculo Esboço da Lição
O Reino do Espírito Santo, o verdadeiro Reino

Ao término desta lição, você deverá ser capaz de: Objetivos da Lição

• explicar a importância para as missões do NT do serviço sacrificial e redentor de Jesus Cristo,


o modelo do verdadeiro Israel, e também da continuação de semelhante serviço para sua
igreja, o novo Israel;
• descrever a dinâmica do novo Israel, relacionando-a ao domínio do Espírito Santo no Reino
universal de Deus;
• oferecer mais serviço sacrificial no seu labor em nome do Senhor, mediante uma expressão
mais completa da dinâmica do Espírito Santo na sua vida.

1. Leia atentamente esta lição. Atividades de


Aprendizagem
2. Faça todas as questões de estudo.
3. Separe, no mínimo, 3 horas diárias para estudar.
4. Faça o autoteste no final desta lição.

Missões neotestamentárias 95
Desenvolvimento JESUS, O VERDADEIRO VÍNCULO
da Lição

O vínculo entre as missões de ambos os Testamentos

OBJETIVO 1 A Lição 3 tratou da missão de Cristo ao mundo. Deus enviou seu Filho ao mundo
Especificar duas indicações
de que Jesus é claramente o
para buscar e salvar os perdidos. Como Servo fiel, Jesus cumpriu todos os requisitos da lei e
verdadeiro vínculo entre as da justiça, desobedecidos por Israel. No sentido de cumprir o propósito de Deus, tornou-se o
missões de ambos os modelo, ou máximo exemplo, do verdadeiro Israel. O debate sobre missões no NT deve ser
Testamentos.
precedido por uma análise às profecias que diziam respeito a este Servo especial do Senhor
– é óbvio que Jesus é o vínculo entre missões de ambos os Testamentos. Há, ainda, um
importante princípio missionário no modo como Cristo satisfez o ideal do verdadeiro Israel.
A esperança de que Israel satisfizesse plenamente as promessas dadas a Abraão foi destruída,
repetidas vezes, na história do AT. Durante os dias do Rei Davi, Israel pensava que Deus
talvez estivesse cumprindo a sua promessa a Abraão pela constituição do próprio Israel como
grande nação. Mas à morte de Salomão seguiu-se um período de declínio espiritual. Os
profetas continuavam chamando a nação ao arrependimento, porém a esperança de Israel
passava a ser referida cada vez mais em termos de um remanescente justo dentro da nação,
ao invés da nação inteira. Os profetas começaram a falar de um descendente de Davi que iria
transformar e reinar sobre o remanescente fiel em Israel, desta forma, ele traria bênçãos às
nações (Is 9.1-7;11.1-5; Mq 5.2-4). Este descendente de Davi, Jesus, o Messias, tornou-se a
grande esperança de Israel. Isto está implícito em At 28.20.

Nas canções do servo, o profeta Isaías refere-se ao Messias como Servo do Senhor, um
título honorífico (Is 42.1-7; 49.1-6; 52.13-53.12). Nestes trechos, Isaías retrata o Servo
sofredor como cumprindo a Sua missão através da morte. Tal retrato da esperança de Israel,
o Messias, era estranho ao povo de Israel. Os israelitas esperavam um vencedor vitorioso que
viria estabelecer Israel como grande nação; esperavam alguém que reinasse de modo terreno.
A morte do prometido Servo do Senhor foi algo alheio a eles, porque a missão do Messias
seria a de transmitir a luz do Deus verdadeiro por todo o mundo (Is 49.6). Eles
questionavam como isto podia ocorrer a partir da morte do Messias. Para os crentes hoje
esta resposta é bem mais fácil do que para o povo de Israel naquele tempo. Os israelitas
concebiam o Messias e o Reino de Deus como um estado de inquestionável poder temporal,
sem margens, portanto, para tragédias como a crucificação desse Rei. Quem iria realizar a
missão do Messias? Quem iria reinar em Seu lugar se ele estivesse morto?

1. Jesus tornou-se o modelo do verdadeiro Israel por


a) conhecer o propósito de Deus.
b) substituir o propósito de Deus.
c) cumprir o propósito de Deus.
d) irrelevar o propósito de Deus.

2. Especifique duas indicações de que Jesus é o vínculo verdadeiro entre as missões de


ambos os Testamentos.

96 MISSIOLOGIA
O modelo do verdadeiro Israel

A descrição do Servo do Senhor oferecida pelo profeta Isaías varia de um trecho para OBJETIVO 2
Identificar o fator que
outro, quanto ao seu enfoque exato. Às vezes, a descrição enfoca um grupo, o fiel qualificava Jesus de forma
remanescente de Israel. Outras vezes foca um indivíduo, o grande Servo do Senhor, chamado mais determinante como
Messias. Vê-se mais uma vez o princípio da redução do enfoque da atenção divina para um videira verdadeira, ou o
modelo do verdadeiro Israel.
só indivíduo, visando transmitir Sua bênção a muitas nações (Is 53.11). As atividades
redentoras de Deus progrediam do remanescente justo em Israel a um só Servo, Jesus Cristo.
Todo o plano de redenção está integrado na vida, ministério e morte de Jesus. Realmente,
Jesus é o missionário de Deus ao mundo! Mas como foi que Jesus teve tanto êxito como
modelo ideal do verdadeiro Israel?

Na Lição 5, que mencionou o fracasso de Israel por sua esterilidade missionária, viu-
se que a videira que era Israel estava em degeneração e destruição, pois não produzia frutos
para Deus. Algumas passagens do AT formam o contexto para Jo 15, onde Cristo afirma ser
Ele a Videira verdadeira. É Jesus, e não Israel, o Servo de Deus. Este tema – Jesus, o Servo de
Deus, constitui o núcleo do Evangelho de Marcos. Um versículo-chave de Marcos revela o
tema do Senhor: “Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para
servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Mc 10.45). Isto afirma Cristo como o modelo
para o verdadeiro Israel. O Seu ministério redentor produziu frutos para Deus. Toda a Sua
vida terrena revelava o Pai (Jo 1.18), e em Sua morte Ele proporcionou a redenção para o
mundo (Mc 10.45). Desta maneira, Jesus tornava-se modelo do verdadeiro Israel. Os judeus
não entendiam que o Messias, através deste sacrifício de vida e de serviço, realizaria a missão
redentora de Deus. Tal serviço custou a vida de Cristo. Israel falhou em demonstrar o serviço
remidor, enquanto que Cristo, ao morrer por todos os homens, exemplificou a perfeição
esperada de Israel.

3. Apresente duas maneiras como Jesus demonstrou ser o modelo do verdadeiro Israel.

4. Jesus foi chamado de videira verdadeira por causa


a) do lugar do seu nascimento.
b) do seu serviço redentor.
c) da sua cidadania em Israel.
d) da sua relação com Israel.

Um princípio-chave de missões

É de grande importância para a Igreja notar que Cristo é o modelo perfeito de Israel. OBJETIVO 3
Identificar um principio
O serviço humilde e sacrificial prestado por Jesus, como modelo do verdadeiro Israel, dá missionário fundamental e
exemplo a todos aqueles que desejam realizar a missão de Deus em outra cultura. O exemplo universal, válido para toda e
pessoal de Jesus não vale somente para a Igreja em geral, como também para cada indivíduo qualquer cultura.

desejoso de servir a Deus como missionário. A passagem de Mc 10.35-45 é central naquele

Missões neotestamentárias 97
Evangelho; ela, e também os capítulos 8-10 do mesmo livro, apresentam um indispensável
princípio para missões: o serviço sacrificial. Este princípio aparece em Mc 8-10 como o resgate
dos seres humanos; e constitui-se no tema principal destes capítulos. O problema da grandeza
no Reino de Deus é o assunto principal de Mc 10.35-45. Leia estes versículos e note o
princípio do serviço sacrificial.

5. Qual dos versículos em Mc 10.35-45 descreve mais diretamente a grandeza nos reinos
humanos deste mundo?

6. Como se reconhece a grandeza humana nos reinos deste mundo?

7. Quais os versículos de Mc 10.35-45 que descrevem a grandeza do Reino de Deus?

8. Descreva a grandeza do Reino de Deus.

O princípio sacrificial era estranho aos discípulos, pois em nada condizia com suas
idéias sobre o Reino de Deus. Quando Cristo faz menção pela primeira vez de sua morte na
cruz (Marcos 8-10), Pedro o exorta a rejeitar o sacrifício vicário (Mc 8.32)! Em contra
partida, o Senhor Jesus repreende ao inflamado discípulo enfaticamente (Mc 8.33). Nos
capítulos de 8 a 10, por três vezes Marcos registra avisos da morte redentora de Cristo
(8.31; 9.31; 10.32-34) – e a cada uma delas foi anunciado o princípio do serviço mediante a
humildade e o sacrifício pessoal, mas a cada ocorrência, os discípulos negavam-se a entender
e aceitar o significado das palavras de Jesus. Tanto era assim, que certa feita, dois deles
pediram a Jesus os lugares de maior grandeza e honra no Reino de Deus! Estes discípulos
desejavam estes assentos para governar; mas Cristo, em contraste, falava sempre do humilde
serviço que levaria, enfim, ao sacrifício supremo da vida.

Marcos promove uma comparação entre Jesus e os discípulos em Mc 10.35-45. Ali,


Cristo utiliza Sua própria maneira de viver para exemplificar aos Seus seguidores. As posições
de honra e a autoridade simbolizam a grandeza deste mundo, mas no Reino de Deus dá-se,

98 MISSIOLOGIA
exatamente, o contrário: conforme as palavras do próprio Cristo as Suas ações são o sacrifício
vicário e o serviço. É neste sentido que disse Jesus “quem não toma a sua cruz e não segue
a após mim, não é digno de mim!”. (Mt 10.38). Portanto, a cruz é o sacrifício e o serviço de
Deus ao mundo; Cristo ensinava que o serviço humilde é o caminho para a grandeza. O
serviço, segundo Cristo, sempre precede a exaltação demonstrada na vida, na morte e na
exaltação de Jesus (Fp 2.5-11).

9. Em Mc 10.38, Jesus iniciou a Sua resposta ao pedido dos dois discípulos com uma ênfase
sobre
a) a ignorância deles.
b) a coragem deles.
c) a previdência deles.
d) o futuro deles.

Cristo não condenou os discípulos por sua vontade de serem grandes no Reino de
Deus, mas perguntou-lhes se estavam dispostos a pagar o preço desta grandeza (Mc 10.38).
Jesus continuou frisando o modo pelo qual a grandeza no Reino poderia ser obtida (Mc
10.43-45): Deus não dá aos indivíduos, conforme seus pedidos, os lugares elevados no Reino;
ao contrário, tais posições são designadas conforme a fidelidade dos homens ao serviço de
Deus. Deus dá honra àqueles que atingem a grandeza através do trabalho sacrificial e do
serviço!

Este princípio é elementar para o trabalho missionário em qualquer cultura, em


qualquer tempo – principalmente para os trabalhos de evangelização dados em culturas
diferentes. No caso especial do trabalho transcultural, que postura devem adotar os
missionários no trato com os costumes estranhos dos outros povos? Embora a resposta varie
a cada caso, o fato é que deve haver disponibilidade de todos os cristãos envolvidos, bem
como se necessita de maturidade por parte da igreja e do ministério (principalmente em
razão das atividades a serem desempenhadas); e estes elementos é que nortearão as
atividades dos missionários. A atitude do missionário perante a necessidade do serviço de
abnegação, sacrificial e de amor ao próximo tem papel fundamental nesta empreitada! Em
toda atividade missionária deve-se aplicar os princípios do serviço sacrificial! Aqueles que
foram chamados por Deus para servirem como missionários em outras culturas devem estar
preparados para o fato muito provável que as igrejas das nações a serem evangelizadas não
se encontram em estado amadurecido. Os missionários não devem desanimar-se nem
desesperar-se diante da falta de maturidade espiritual dos povos que serão por eles
evangelizados.

10. De que maneira o serviço sacrificial pode fazer com que os missionários sirvam com
melhor qualidade às nações em que atuam como evangelistas? Responda em seu caderno.

Para muitos missionários transculturais uma das mais fortes tentações é o desejo de
colocar-se como fonte máxima de autoridade e controle sobre aqueles a que se está
evangelizando e ganhando para Cristo. Contudo, o papel do missionário é servir, e não

Missões neotestamentárias 99
meramente comandar, liderar. Em momento algum a função do missionário está ligada ao
comando dos crentes do lugar, da cultura, ou do país que evangeliza. Porém, este é o mais
comum dos erros entre os missionários. Cabe ao missionário identificar em que áreas sua
atuação é mais útil e dedicar-se a servir o povo assim – esta é a forma mais correta para
promover o Reino de Deus. Em muitos casos, os crentes locais são capazes o bastante para
assumirem os trabalhos eclesiásticos; assim, eles devem ser treinados para tais posições.
Portanto, o ministério de um missionário inclui descobrir estes valores e estimulá-los a crescer,
mostrando aos crentes nativos que o Espírito Santo os está convocando para trabalhar na
Obra de Deus. A propósito, o Espírito Santo ajuda e capacita aos crentes de toda cultura para
o trabalho cristão. Os dons espirituais são outorgados a quaisquer nações.

O serviço sacrificial ensina ao missionário que a grandeza em seu caminho não é a


liderança de um grande rebanho ou a autoridade eclesiástica sobre uma igreja que se forma
no campo missionário. Ao contrário disto: a grandeza para o verdadeiro missionário é o
serviço prestado a qualquer pessoal, mediante a promoção do Reino de Deus. Este é o
trabalho verdadeiramente missionário; esta é atividade que denota a índole do missionário.
Paulo fala sobre isso em Fp 2.3-11. Ali, Cristo é apresentado como o exemplo aos crentes e
aos missionários – tenham certeza os missionários que o mesmo Deus que os chamou,
capacitou e enviou preparará para si homens e mulheres para trabalharem e continuarem com
as atividades do Reino nos campos evangelizados por eles. A grande verdade é esta: Jesus
transformou a palavra servo em um título honorífico para todos os Seus filhos!

11. Qual a base da designação divina de lugares de grandeza no Reino de Deus?

12. Especifique um princípio missionário fundamental e universal para toda cultura em toda
época.

A herança missionária da Igreja

OBJETIVO 4 Importa entender que a comunidade cristã, o novo Israel, é a continuação do antigo
Descrever a Igreja com
ênfase em sua herança
Israel. A Bíblia ensina que a igreja é herdeira e sucessora do antigo povo do Deus redentor.
missionária recebida de Israel Nesta continuação da comunidade redentora, nota-se um fator nuclear que motiva a missão
e especificar algumas provas da Igreja. Ela, como o antigo Israel, é uma comunidade missionária. A igreja existe para
de que a ela é a continuação
do povo de Deus do AT . cumprir sua missão redentora no mundo. A morte salvífica do Messias não encerrou a missão
de Deus; ao contrário, esta morte tornou-se o meio de realização da própria missão. A igreja,
o novo povo de Deus, recebeu a vida de Deus e também a missão de Deus como
conseqüência da morte redentora de Jesus.

Examinemos algumas semelhanças entre o povo de Deus veterotestamentário e o povo


de Deus do NT. As palavras usadas para referir-se ao povo de Deus na versão grega do AT

100 MISSIOLOGIA
são Idênticas às palavras gregas posteriormente usadas pelos autores do NT com referência à
Igreja. O título povo de Deus (do grego, laos Theos) era usado para designar a nação de
Israel no AT. Este título descreve a posição religiosa tão especial de Israel, o povo eleito de
Deus. Posteriormente, o NT aplica este mesmo título à comunidade cristã. Tiago fala de sua
sinagoga cristã (Tiago 2.2, no original grego). O fato de Cristo escolher doze apóstolos na
formação do Seu novo Israel deve relacionar-se com o fato de haver em Israel doze tribos
patriarcais.

O autor de Hebreus aplica aos crentes cristãos uma profecia de Jeremias claramente
dirigida à nação de Israel:

“Eis que virão dias, diz o Senhor, em que com a casa de Israel e com a casa
de Judá estabelecerei um novo concerto. Porque esta é a aliança que firmarei
com a casa de Israel [...] Nas suas mentes imprimirei as minhas leis, também
sobre os seus corações as escreverei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu
povo” (Hb 8.8-10).

O enfoque na substituição da velha aliança pela nova sugere que a Igreja já assumiu o
lugar de Israel. A Lição 5 falava de uma parábola que indicava a rejeição de Israel como uma
nação de inquilinos de um vinhedo – que foi dado a outros inquilinos (Mc 12.1-11). O
versículo 9 desta parábola refere-se ao povo de Deus neotestamentário. Está claro que os
autores do NT e os cristãos primitivos consideravam-se a continuação do povo de Deus
redentor.

Um trecho-chave que especifica a relação entre a Igreja e Israel é 1 Pe 2.4-9. O


apóstolo aos judeus aplica claramente os títulos do antigo Israel (Êx 19.5-6) à comunidade
mista de judeus e gentios que era a igreja cristã: “Vós, porém, sois geração eleita, o
sacerdócio real, a nação santa, povo adquirido para que anuncieis as virtudes daquele que
vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pe 2.9). A verdade espiritual de que
a igreja primitiva constituía-se a continuação do antigo Israel, tanto em termos de privilégio
como na sua missão, é o motivo fundamental do trabalho missionário daquela igreja. Este
fato é mais do que óbvio na aplicação de Êx 19.5-6 por Pedro em 1 Pe 2.9. A nova
comunidade, como a antiga, é geração eleita, sacerdócio real, nação santa e povo adquirido
de Deus. Como novo Israel, a igreja seria missionária por herança. Os crentes da igreja
primitiva herdaram a missão de Israel. Foram destinados por Deus a serem um corpo
missionário. Quando os cristãos de hoje, de todas as nações, derem-se conta de que a razão
da sua existência é missões, a missão de Deus será estendida por todo o mundo, como o
próprio Deus deseja.

13. Enumere ao menos três das provas apresentadas neste segmento da lição que mostram
que a comunidade cristã, a Igreja, é a continuação do povo de Deus do AT.

Missões neotestamentárias 101


14. Por ser a Igreja o novo Israel, ela é missionária
a) apesar de Israel.
b) junto com Israel.
c) sem relação com Israel.
d) por herança de Israel.

O REINO DO ESPÍRITO SANTO, O VERDADEIRO REINO

A dinâmica do novo Israel

OBJETIVO 5 O uso do termo novo Israel refere-se ao Reino Universal de Deus. Um dos
Contrastar a maneira em que
o Espírito Santo reinava nos dias
principais temas do ministério de Jesus foi o Reino de Deus (Mc 1.14-15). O governo
do AT com a maneira em que ele do Espírito neste Reino de Deus responde à pergunta “Como é que o Messias poderia
governa no reino universal e governar no seu reino se estava destinado a morrer?”. O reino proclamado por Jesus
definir resumidamente a
dinâmica do novo Israel. como próximo a se revelar não foi o reino imaginado pelos discípulos. Eles pensavam
em termos de um reino terreno, político e, naturalmente, judaico. Imaginavam o
Messias governando de forma externa e política uma monarquia visivelmente hebraica.
Mas o reino pregado por Jesus seria espiritual e íntimo, onde Deus iria reinar no
coração do seu povo (Lc 17.20-21; Rm 14.17). Este reino não seria exclusivamente
judaico; seria universal, e dele participariam todos os povos e nações. Condizente com
este reino universal, Jesus evitava o uso do título Filho de Davi ao referir-se a si
mesmo; preferia o título universal de Filho do Homem, o qual usava constantemente
(Mt 8.20; Mc 10.45; Lc 18.8). O Reino Universal de Deus é caracterizado pelo poder
do Espírito Santo. De fato, este reino pode ser identificado como o domínio do Espírito
Santo. É um ambiente onde Deus governa pelo poder do Espírito. Quando Jesus
pregava que o reino estava próximo, referia-se à vinda da era do Espírito Santo (Mc
1.14-15). Então, o Espírito iria reinar e capacitar o povo de Deus de uma forma
superior à dos dias do AT.

Marcos fala desta nova era do Espírito no primeiro capítulo do seu Evangelho.
Aqui, João Batista preparava as pessoas, mediante o batismo em águas, para a vinda do
Espírito Santo. O batismo em água importava, inicialmente, como experiência espiritual
que significava o arrependimento; Jesus, porém, iria batizar os crentes com o Espírito
Santo (v. 8). Como início do ministério de Cristo, Marcos relata a vinda do Espírito
Santo sobre Jesus (v. 10). Após isso, Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo ao
deserto, onde foi tentado por Satanás e socorrido pelos anjos (vs. 12-13). Depois de
derrotar Satanás no deserto, Jesus anunciou: “O tempo está cumprido e o reino de
Deus está próximo” (v. 15).

15. Parece que Jesus evitava o título Filho de Davi ao referir-se a si mesmo porque o Reino
de Deus que estava próximo iria incluir
a) Israel e muitas outras nações.
b) todas as nações menos Israel.
c) Israel e todas as nações.
d) Israel e mais umas poucas nações.

102 MISSIOLOGIA
A Lição 3 comprovou biblicamente que Deus delegou a missão evangelizadora aos
crentes (é evidente em Jo 15, quando Jesus chama a si de videira verdadeira, ressaltando a
esterilidade na vida dos discípulos, vs. 4-5 e 16 – eles frutificariam à medida que mantivessem
uma relação com Jesus, permanecendo intimamente Nele). O princípio da delegação de
missão torna-se claro aqui. Ainda a Lição 3 tratou da dinâmica do Espírito Santo, o capacitador
para missões. No início de Jo 15, Jesus chama a si próprio de videira; ao final deste capítulo
Ele diz que o Espírito Santo testemunharia Dele. Afirma também que os discípulos devem
testemunhar Dele (vs. 26-27). Os capítulos 14-16 de João relatam como os discípulos foram
capacitados pelo Espírito Santo, e como Cristo delegou a eles Sua missão. Jesus explicou que
era necessário que Ele se ausentasse para que o Espírito Santo viesse habitar nos discípulos.
Jesus prometeu que, ao vir o Espírito Santo os discípulos receberiam um poder interno para
realizarem as mesmas obras praticadas por Cristo (Jo 14.12-28). O advento do Reino
universal de Deus assinalaria a época em que a dinâmica do Espírito Santo residiria no povo
de Deus. Cristo, o Messias, reinaria em Seu povo mediante o poder do Espírito Santo. O
Reino Universal de Deus é invisível, mas tem Sua manifestação visível, onde quer que haja
comunidades cristãs. O Messias cumpriria Sua missão às nações no novo Israel. O novo povo
do Senhor receberia nova vida pela dinâmica do Espírito Santo. A aurora deste tempo deu-
se no Dia de Pentecostes (At 2). O amanhecer deste novo dia assinalou a origem da Igreja do
Senhor Jesus Cristo.

16. Em comparação com o reino do Espírito Santo no AT, podemos dizer que Ele exerce seu
domínio no Reino universal de Deus
a) de uma forma nova.
b) de uma forma superior.
c) a) e b) estão incorretas.
d) apenas a) e b) estão corretas.

17. O caráter do Reino universal de Deus pode ser descrito como


a) nacional.
b) político.
c) visível.
d) material.
e) todas as alternativas anteriores estão incorretas.

18. Qual é a dinâmica do novo Israel? Responda em seu caderno.

Pentecostes, um novo tempo missionário

O evento de Pentecostes não foi apenas uma comemoração de um antigo festival OBJETIVO 6
Contrastar a dinâmica operante
judaico relacionado com a colheita no Mediterrâneo. O Dia de Pentecostes representa a nos homens em Babel à
aurora de uma nova era no plano de Deus para toda a raça humana. Após um intervalo de dinâmica inspirada por Deus
milhares de anos, Deus voltava a enfocar Seu cuidado redentor para com todas as nações. no Pentecoste.

Antes de poder entender o significado de Pentecostes para a atividade redentora chamada


missões, é preciso entender o significado de Pentecostes para toda a história da redenção.

Missões neotestamentárias 103


O Dia de Pentecostes é a segunda intervenção dramática de Deus com relação às
línguas humanas. A primeira foi em Babel, a partir do que, a história foca Abraão. Dele nasceu
o povo remidor, o antigo Israel, que tornou-se alvo das atividades redentoras de Deus com
relação ao homem. Os prosélitos que ouviam as maravilhas de Deus na sua língua materna,
no Dia de Pentecoste, observaram um momento altamente significativo (At 2.6-11). Foi o
vaticínio histórico e simbólico do próprio Deus da imensa expansão do Evangelho por todas
as nações do mundo na nova era. Esta colheita de Pentecostes não foi apenas uma
comemoração judaica; marcou a origem de uma colheita espiritual universal! Quando o novo
Israel articulou seu primeiro testemunho sob a unção do Espírito Santo em Pentecostes,
cumpriu-se a promessa dada a Abraão de que seriam abençoadas todas as nações da terra.
Por ocasião de Babel a intervenção de Deus na linguagem humana resultou na dispersão ou
desunião da raça humana. Isto foi necessário, pois as pessoas tentaram unir-se em
desobediência ao propósito de Deus, para ganharem renome para si. A dinâmica do mal nas
pessoas levou-as a construir a Torre de Babel. No Dia de Pentecoste Deus unificou as nações
por meio do batismo do Espírito Santo. O resultado imediato foi à realização do propósito
redentor de Deus. O Pentecostes foi uma reviravolta do julgamento pronunciado sobre a raça
humana em Babel. Junto com esta obra unificadora do Espírito de Deus no Pentecostes, houve
a exaltação do nome e proezas do Senhor. Em contraste com a dinâmica do mal que se
operava nas pessoas em Babel, a dinâmica do Espírito Santo que se operava nas pessoas no
Pentecoste conduzia-as na adoração a Deus e na divulgação do Evangelho.

19. Escreva 1 para as alternativas que ajudam a descrever a importância do Pentecostes no


plano divino da redenção; e 2 para aquelas que não descrevem esta importância
____ a) Pentecostes significava um festival judaico por ocasião da colheita anual.
____ b) Pentecostes inaugurou um novo momento no plano redentor de Deus.
____ c) Pentecostes foi um evento não-histórico que salientava a natureza do Evangelho.
____ d) Pentecostes ressaltava o enfoque da redenção sobre todos os povos.
____ e) Pentecostes constituía uma reviravolta ou neutralização do julgamento de Deus
sobre toda a humanidade em Babel.
____ f) Pentecostes apresentava o método divino para a desunião da humanidade.
____ g) Pentecostes constitui a origem do novo Israel, a comunidade carismática.

20. Compare as ações dos homens em Babel com a dinâmica promovida por Deus nos
presentes no dia de Pentecostes. Aponte o efeito de cada uma destas ações (dos homens
em Babel e dos crentes no Pentecostes). Responda em seu caderno.

O debate sobre o dia de Pentecostes e o plano redentor de Deus revela três fatos:
- esse dia inaugurou um novo tempo, um período de realizações na missão de Deus
entre todas as nações;
- neste novo tempo o Espírito Santo constitui-se em agente divino na nova comunidade
do povo de Deus, o que viabiliza a realização da missão outorgada por Deus à Igreja;
- o novo Israel, a Igreja do Senhor, é uma comunidade que testemunha a todas as
nações sobre o Deus que serve.

Estes fatos são muito importantes para o estudo da próxima lição, que tratará do
significado de Pentecostes para as missões no NT.

104 MISSIOLOGIA
MÚLTI
MÚLTIPLA ESCOLHA: Assinale a única alternativa correta.
TIPLA autoteste

1. O nascimento de Jesus como Filho de Davi está em ser Ele o vínculo entre missões de
ambos os Testamentos
a) não é uma evidência.
b) é uma evidência auxiliadora.
c) é a única evidência
d) é uma evidência não importante.
e) todas as alternativas estão incorretas.

2. O princípio de serviço sacrificial é o princípio missionário chave para


a) todas as culturas.
b) todas as épocas da história.
c) a) e b) estão corretas.
d) a) e b) estão incorretas.

3. Esta lição define a dinâmica do novo Israel como


a) a dinâmica do Espírito Santo.
b) a santidade em si mesma.
c) o reino universal.
d) a nova aliança.

CERTO-ERRADO: Escreva C para as afirmações corretas e E para as erradas.


CERTO-ERRADO:

____ 4. É a base de suas grandes proezas alcançadas por meio de serviço sacrificial que
Deus dá posições de grandeza às pessoas no seu reino.
____ 5. Os primeiros cristãos do NT não se consideravam uma continuação do povo de
Deus do AT.
____ 6. Por que a igreja é o novo Israel, ela é por herança uma igreja missionária.

RESPONDA: Responda às seguintes questões.


RESPONDA:

7. Qual foi a qualificação mais nítida de Jesus para o título de “a videira verdadeira”?

8. Como é que o governo do Espírito Santo no reino universal de Deus difere da sua
maneira de governar, nos tempos do AT?

Missões neotestamentárias 105


9. Relacione o conceito da primeira unidade aos resultados da dinâmica do povo de Babel e
depois aos resultados da dinâmica que Deus colocou nos corações das pessoas no Dia do
Pentecostes.

106 MISSIOLOGIA
RESPOSTAS ÀS QUESTÕES DE ESTUDO

20. A dinâmica do mal dentro do povo de 13. Três das seguintes evidências:
Babel levou à dispersão dos homens - as palavras gregas que no AT
(desunião), ao passo que a dinâmica do referem-se ao povo de Deus, no NT
Espírito Santo que Deus colocou nos referem-se à igreja;
corações das pessoas no Dia do
- a escolha por Cristo de doze apóstolos
Pentecostes, uniu-as espiritualmente.
correspondia às doze tribos de Israel,
indicando provavelmente formação de
7. vs. 43-45 um novo Israel;
- Escrituras dirigidas ao povo de Israel
18. É a dinâmica do Espírito Santo. no AT foram aplicadas à igreja no NT;
- Os primeiros cristãos do NT
consideravam-se uma continuação do
8. No Seu serviço humilde e sacrificial a
povo de Deus do AT.
Deus

3. Através de Sua revelação do Pai em Sua


19. a) 2
vida e em Seu ministério, e através de
b) 1 Sua provisão de redenção para todos.
c) 2 Mediante Sua morte, Jesus demonstrou
d) 1 que era o modelo perfeito do verdadeiro
e) 1 Israel.
f) 2
g) 1 14. d)

10. Resposta pessoal. 4. b)

1. c) 15. c)

12. Um princípio de serviço sacrificial. 5. v. 42

9. c) 16. d)

2. O nascimento de Jesus como filho de Davi 6. A grandeza dos reinos mundiais é vista na
e seu trabalho como servo do Senhor. habilidade dos seus líderes de controlar e
governar os que lhes são sujeitos.

11. Suas grandes proezas realizadas por


meio de serviço sacrificial. 17. e)

Dados atualizados Editoria Acadêmica da FAETAD.

Missões neotestamentárias 107


LIÇÃO 7

O Espírito missionário no
período do Novo Testamento

A lição anterior apontava a Cristo como vínculo entre o povo de Deus de ambos os
Testamentos. Como modelo do verdadeiro Israel, Cristo diferia da nação israelita por cumprir
o propósito redentor de Deus, que era Sua missão ao mundo. Agora, estudaremos a origem
da Igreja missionária, e também a sua herança espiritual. O mover do Espírito Santo sobre os
crentes congregados no dia de Pentecostes marcou o nascimento de um novo Israel – um
povo capacitado para a realização da missão de Deus ao mundo, isto é, o anúncio da salvação
que há em Cristo Jesus.

O dia de Pentecostes foi um evento missionário. O resultado imediato do nascimento


da Igreja foi um testemunho universal. A Igreja seria uma comunidade de testemunhas. Com
a descida do Espírito Santo, ela tornou-se missionária dinâmica, pois o Espírito Santo é o
próprio dinamismo da Igreja. A experiência pentecostal que capacitou os crentes para o
serviço foi a chave do êxito dos crentes primitivos na expansão da fé cristã. Conforme será
explicado oportunamente, o pentecostes gentílico foi o motor de expansão da Igreja no
mundo não-judaico. Nas missões modernas, a dinâmica do Espírito Santo, liderada pela
experiência pentecostal, continua sendo a chave do crescimento da igreja. Cabe, durante esta
lição, uma reflexão: o poder pentecostal tem desempenhado fundamental papel no
crescimento de sua igreja? Permita que o Espírito lhe fale sobre esta particularidade durante
este estudo.

108 MISSIOLOGIA
Pentecostes, o nascimento de um povo missionário Esboço da Lição
Pentecostes, a expansão de uma igreja missionária

Ao término desta lição, você deverá ser capaz de: Objetivos da Lição

• explicar por que o Espírito Santo motivou as missões no período neotestamentário, mediante
a criação de um povo que era missionário por natureza e por experiência;
• descrever o papel da vinda do Espírito no Pentecostes e da experiência pentecostal dos crentes
individuais no crescimento da igreja primitiva e das igrejas pentecostais dos nossos dias;
• relacionar a identidade cultural à expansão e ao impedimento das missões cristãs;
• participar mais eficazmente no trabalho missionário por causa da sua compreensão da relação
entre a cultura nacional e o Evangelho.

1. Leia atentamente esta lição. Atividades de


Aprendizagem
2. Faça todas as questões de estudo.
3. Separe, no mínimo, 3 horas diárias para estudar.
4. Faça o autoteste no final desta lição.

O Espírito missionário no período do Novo Testamento 109


Desenvolvimento PENTECOSTES, O NASCIMENTO DE UM POVO MISSIONÁRIO
da Lição

Motivação para missões neotestamentárias

OBJETIVO 1 Basicamente, o trabalho missionário demanda a participação humana. O relato


Assinalar aquilo que o NT
enfatiza como a motivação
neotestamentário evidencia o envolvimento humano no trabalho missionário ao contar a
fundamental para missões. trajetória da igreja primitiva em sua expansão para todo mundo conhecido de então – o que
deu-se em poucos anos. O que fez da pequena comunidade cristã primitiva uma potência
missionária? Embora muitos fatores viabilizem o crescimento de uma comunidade cristã, aqui
serão tratadas apenas as razões mais importantes da expansão da igreja primitiva. Durante os
últimos 150 anos de missões protestantes, a Grande Comissão foi indicada como motivadora
de todo o esforço missionário. Mais recentemente, a própria obediência a Cristo foi evocada
como motivo para o envolvimento pessoal no trabalho de missões. Porém, teriam sido estas
as principais razões para o desenvolvimento missionário da igreja primitiva? E em nossos dias,
qual será a razão para o crescimento das igrejas?

1. Qual sua motivação pessoal para envolver-se com o trabalho missionário?

Provavelmente, sua resposta à questão anterior indica que o Espírito Santo o tem
motivado para trabalhar na obra missionária. Sendo assim, você acaba de mencionar o mesmo
motivo pelo qual, no primeiro século de existência da igreja cristã, ocorreram os movimentos
missionários. A expansão do Evangelho nos primeiros esforços missionários da igreja
primitiva está intimamente ligada ao Dia de Pentecostes. Sim, a expansão da Igreja teve início
com o Espírito Santo. Atos dos Apóstolos relata o evento pentecostal e o extraordinário
crescimento experimentado pela Igreja a partir de então. Não por acaso há quem diga que
este livro deveria chamar-se Atos do Espírito Santo.

2. Qual é a motivação enfocada pelo NT em termos de trabalho de missões?

A investigação sobre qual seria a base missionária para o NT implica em conhecer o


próprio Pentecostes. É preciso entender a visão que os crentes primitivos tinham do trabalho
missionário: faltam referências à Grande Comissão nas narrativas referentes aos movimentos
missionários primitivos; ao contrário do que acontece nos dias atuais. Isto é assim porque
para os crentes primitivos era impensável fazer missões simplesmente por tratar-se de uma
ordem; eles evangelizavam porque gostavam! Evidentemente que a Grande Comissão
continua sendo um desafio para a Igreja de Cristo em todas as eras; porém, aos crentes
primitivos, fazer missões era mais que uma obrigação, era um direito do qual eles jamais
abririam mão!

110 MISSIOLOGIA
Missionária por natureza

Quando da análise do novo Israel de Deus, a dinâmica missionária da Igreja e o OBJETIVO 2


Identificar a razão de ser a
evento de Pentecostes chamam a atenção. Qual o motivo do crescimento? O motivo foi a Igreja missionária por
dinâmica gerada pelo Espírito Santo na Igreja. Claramente nota-se no NT que o Espírito Santo natureza.
é um espírito de vida, e a transmite por meio de nosso testemunho. O Espírito dado em
Pentecostes foi missionário. Aqueles que o receberam transformaram-se em uma comunidade
missionária por natureza. No Dia de Pentecostes nasceu um povo missionário. Seu impulso
missionário concordava com o seu caráter inato! Ao descrever a natureza missionária da
igreja no Livro de Atos, Harry Boer1 diz:

“É dificílimo identificar no Livro de Atos qualquer distinção entre Igreja e


missões. O Espírito, sem cessar, impulsiona a igreja a testemunhar, e novas
igrejas surgem deste testemunho. A igreja é uma entidade missionária, não
por ter ‘bastante interesse’ em missões ou ‘fazer uma boa obra’ em prol
delas. Para a igreja primitiva, as missões não constituíam uma diversão para
os mais ‘evangélicos’; em todas as suas relações, aquela igreja era
missionária!”.

No NT, o Espírito Santo mostra-se Espírito missionário por Sua natureza e Sua obra.
Ele é um Espírito expansivo e comunicativo em termos de testemunho (Jo 15.26). Além disso,
o Espírito Santo no NT se mostra como a dinâmica da vida e atividade missionária da igreja.
Por isso, a igreja é uma comunidade missionária por natureza.

3. Identifique a afirmação que melhor descreve o papel do Espírito Santo no testemunho da


igreja primitiva.
a) Ele aprovava o testemunho dos apóstolos.
b) Ele apoiava o testemunho dos apóstolos.
c) Ele era a dinâmica do testemunho da igreja.
d) Ele auxiliava a igreja no seu testemunho quando perseguido.
e) Ele animava a igreja sempre para testemunhar.

Uma das principais diferenças entre o povo de Israel e o Israel espiritual de Deus
foi a dinâmica interna do Espírito Santo na Igreja. Se o antigo Israel gozava de uma
relação especial com a lei e os mandamentos externos, o novo Israel goza uma relação
especial com a dinâmica espiritual interna. O Espírito Santo, ou lei do Espírito da vida
(Rm 8.2) habita na Igreja e produz seu espontâneo testemunho ao mundo. O Espírito
Santo acompanhava o antigo Israel, mas não residia no povo de Deus do AT, da mesma
maneira que habita no novo Israel (leia Jo 14.17). O testemunho da igreja é a explosão
de uma dinâmica interna. Não foi por obrigação de obedecer um mandamento que os
discípulos testemunhavam de Cristo nos primeiros dias da igreja. Ao invés, eles
testemunhavam por causa de uma compulsão interna. Pedro e João disseram: “Porque
não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido” (At 4.20). E Paulo nem
mencionou a Grande Comissão como motivação para seu ministério. Ao invés disso,
falava sempre da sua compulsão interna.

O Espírito missionário no período do Novo Testamento 111


4. Leia 2 Co 5.14 e Rm 5.5. Escreva depois a sua definição da compulsão interna
mencionada por Paulo nestes versículos.

No caso de Paulo, houve mais uma compulsão interna: sua chamada missionária. Ele
disse: “Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa
obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho!” (1 Co 9.16). Tanto a compulsão
interna do amor de Deus como a da chamada de Deus motivaram Paulo. Esta mesma
compulsão deve motivar aos crentes hoje, pois, ambos aspectos desta motivação vêm do
Espírito Santo. Se o testemunho da Igreja não é espontâneo, é porque existe um problema
que impede que a igreja siga a direção da sua natureza interna. Em outras palavras, a Igreja
que não testemunha é uma igreja doente.

5. Quais dos itens a seguir indicam a razão fundamental de ser a Igreja missionária por
natureza? Ela é missionária por natureza por causa
a) da Grande Comissão.
b) da perseguição sofrida.
c) do inspirado planejamento dos apóstolos.
d) da presença do Espírito Santo.

6. A motivação missionária da igreja primitiva surgiu principalmente


a) de sua obediência a um mandamento externo.
b) de sua espontânea resposta a uma lei interna.
c) de seu orgulho como igreja.
d) de sua consciência de responsabilidade perante Deus.

Missionária por experiência

OBJETIVO 3 A presença do Espírito Santo habitando o novo Israel constitui o principal fator
Resumir as principais
diferenças entre a relação do
experimental que serve para diferenciar este povo missionário do Israel do AT. O novo Israel
Espírito Santo nos antigo e é uma comunidade carismática por sua experiência individual com o Espírito Santo. Vemos a
novo Israel. vinda do Espírito no Dia de Pentecostes como uma coisa totalmente nova da parte de Deus.
A relação que o povo de Deus em geral tem gozado com o Espírito Santo desde o
Pentecostes é bem especial; tal relação não foi experimentada antes daquela data. O profeta
Ezequiel vaticinou este acontecimento:

“Eu lhes darei um mesmo coração, e um espírito novo porei dentro deles; e
tirarei da sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne; para
que andem nos meus estatutos, e guardem os meus juízos, e os executem; e
eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus” (Ez 11.19-20).

112 MISSIOLOGIA
Paulo faz referência a esta relação especial ao falar do poder regenerador do
Espírito na vida dos crentes em Cristo (2 Co 3.18). O novo Israel teve uma experiência com
o Espírito Santo que era apenas vaticinada pelos profetas na experiência do povo do antigo
Israel. A experiência individual de cada crente com o Espírito Santo foi a chave da
expansão da igreja primitiva. E tal experiência individual continua sendo a chave da
expansão da igreja hoje.

Vários trechos das Escrituras assinalam a vinda do Espírito por ocasião do Pentecostes
como sendo algo novo no plano redentor de Deus. A primeira referência a este evento é Jl
2.28-32, citado por Pedro no Dia de Pentecostes (At 2.17-21). Em sua prédica, Pedro cita Joel
para explicar os efeitos do Espírito Santo nos discípulos. Na época veterotestamentária o
Espírito veio sobre determinados indivíduos em Israel, mas Joel refere-se na sua profecia a
uma época em que o Espírito seria derramado sobre todo o povo de Deus sem distinção.
Segundo as palavras de Pedro em At 2.15-17, o vaticínio de Joel cumpriu-se no Dia de
Pentecostes (At 2.1). O dom do Espírito sem distinção a todo o povo de Deus no novo Israel
é a principal distinção entre este e o velho Israel.

7. Leia Nm 11.24-25. Explique como este trecho indica que o Espírito era dado a um
número relativamente pequeno de indivíduos do antigo Israel que testemunhavam o
incidente aqui descrito.

No antigo Israel, poucos indivíduos e bem seletos recebiam o Espírito, mas quando o
povo do novo Israel estava congregado por ocasião do Dia de Pentecostes, e “todos foram
cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo
lhes concedia que falassem” (At 2.4). O desejo expressado por Moisés em Nm 11.29
cumpriu-se no Dia de Pentecostes. Além disso, deve-se notar que a presença do Espírito no
ministério dos profetas do AT e de outras pessoas daquele tempo era de caráter transitório. O
Espírito operava neles de modo poderoso, empolgante, capacitando-os para profetizar ou
praticar outras obras sobrenaturais. Antes do Pentecostes, porém, o Espírito Santo operava
temporariamente através das pessoas.

Quando os crentes foram batizados no Espírito Santo no Pentecostes, o Espírito


tornou-se uma presença permanente e íntima. Além disso, ao se entregarem ao Espírito no
Dia de Pentecostes, este ministrava por meio deles, glorificando as obras de Deus. Depois do
Pentecostes, o Espírito Santo continuou habitando nos crentes e ministrando por meio deles
em outras ocasiões, à medida que se entregavam a Ele. Faltando pouco tempo antes do Dia
de Pentecostes, Jesus usou o símbolo da água viva para descrever a vinda do Espírito Santo
e a Sua permanência no povo de Deus (compare Jo 4.14 com 7.37-39). Depois do Dia de
Pentecostes, Paulo indagou aos crentes em Corinto “Não sabeis que o nosso corpo é templo
do Espírito Santo que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?”
(1 Co 6.19).

O Espírito missionário no período do Novo Testamento 113


8. Além dos vs. 17 e 18, em quais versículos do sermão de Pedro, em At 2.14-41, é
encontrada uma expressão direta do derramamento ilimitado do Espírito Santo sem
distinção? Responda em seu caderno.

Em Jo 7.38, Jesus comparou a experiência de estar cheio do Espírito Santo, entre os crentes,
com rios de água viva que, segundo Ele, iriam fluir de dentro dos crentes aos seus semelhantes (Jo
7.39). Aprendamos mais sobre estes rios de água viva, identificando o trecho veterotestamentário
referido por Jesus em Jo 7.38. Neste versículo, ele disse: “Quem crer em mim, como diz a Escritura,
rios de água viva correrão de seu ventre”. Muitos trechos veterotestamentários falam de água, de
forma simbólica, como sendo as bênçãos do Espírito Santo.

9. Leia Ez 47.1-12, e encontre indicações de ser este o trecho referido por Jesus em Jo 7.38.
Se assim for, escreva estas indicações. Responda em seu caderno.

Se o rio que sara e dá vida, mencionado na profecia de Ezequiel (v.12) é de fato a


água viva referida por Jesus em Jo 7.38, é óbvio que temos em Ezequiel um vaticínio
simbólico do ministério do Espírito Santo por meio dos crentes. Nenhum símbolo poderia
expressar melhor que aquele da água, oferecido por Ezequiel, o resultado da vinda do
Espírito Santo sobre a igreja por ocasião de Pentecostes. Pouco antes da sua ascensão,
Jesus falou da seguinte maneira com seus discípulos: “Mas recebereis a virtude do
Espírito Santo, que há de vir sobre vós, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém,
como em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra” (At 1.8). Neste versículo,
Jesus salientou que o Espírito Santo iria capacitar os crentes para o trabalho missionário
entre todas as nações. Segue-se um diagrama muito útil na diferenciação entre o
ministério e a relação do Espírito Santo para ambos Israéis. Observe o contraste específico
entre cada item:

Fig. 7.1

10. Quais das afirmações não descrevem a relação especial entre o novo Israel e o Espírito
Santo?
a) O Espírito está presente com o novo Israel apenas em momentos de necessidade.
b) O Espírito é uma presença íntima e constante no novo Israel.
c) Somente os ministros profissionais do novo Israel são agentes do Espírito.
d) O Espírito capacita todo o povo de Deus no novo Israel para o ministério.
e) O Espírito constitui uma dinâmica interna e comunicativa em termos de testemunho no
novo Israel.

114 MISSIOLOGIA
11. Um resumo das principais diferenças entre a relação com o Espírito Santo do velho Israel
e do novo, inclui
a) a relação limitada do velho Israel.
b) a relação constante do novo Israel.
c) a obra missionária tão extensa do novo Israel.
d) todas as alternativas estão corretas.

PENTECOSTES, A EXPANSÃO DE UMA IGREJA MISSIONÁRIA

O Papel do Espírito na Expansão da Igreja

Buscando avaliar a importância missionária da experiência pentecostal na igreja OBJETIVO 4


Descrever resumidamente o
primitiva, vimos que esta experiência marcou o início da Igreja como comunidade carismática2. papel da vinda do Espírito
Notamos que o impulso e motivação missionária do NT relacionam-se diretamente com este no Dia de Pentecostes, na
evento pentecostal. A admirável expansão da igreja não começou quando os discípulos expansão da Igreja
primitiva.
receberam a Grande Comissão. Ao invés disso, começou quando o Espírito desceu sobre eles.
Ao ficarem cheios do Espírito, os discípulos testemunharam, imediata e espontaneamente, das
grandezas de Deus (At 2.11). O Espírito recebido pelo novo povo de Deus era um Espírito
missionário. Este testemunho continuou, resultando no inusitado crescimento na igreja
primitiva do NT.

12. Relacione a vinda do Espírito Santo no Pentecostes com a inusitada expansão da igreja
primitiva. Responda em seu caderno.

Pentecostes e o crescimento da Igreja

Em sua igreja, é comum que haja, de forma espontânea, crescimento e testemunho OBJETIVO 5
Resumir a relação entre a
cristão? Atualmente, qual o papel da experiência pentecostal na expansão missionária da experiência pentecostal dos
Igreja? Nas mais diversas regiões do mundo, sobretudo na América Latina e em partes da crentes individuais e o
Ásia, as igrejas pentecostais têm experimentado um crescimento fenomenal. Vários crescimento, tanto da igreja
primitiva como das igrejas
especialistas analisaram os padrões e motivos de crescimento; estas são algumas de suas pentecostais dos nossos
conclusões a respeito das causas para este crescimento vertiginoso: dias.

- mobilização dos leigos;


- evangelismo arrojado;
- total participação da igreja no ministério e na adoração;
- vitoriosa oração em favor dos enfermos;
- vitoriosos confrontos com espíritos demoníacos.

Alguns estudiosos não-pentecostais notam que o poder do Espírito Santo constitui a


dinâmica fundamental por trás dos fatores de crescimento acima referidos. Outros citam a
doutrina pentecostal como a principal razão destes fatores. Acham que o ensino e talvez a
organização eclesiástica explicam o crescimento, mas não contemplam a experiência
pentecostal descrita em At 2.4 como causa primária no crescimento das igrejas pentecostais
modernas.

O Espírito missionário no período do Novo Testamento 115


Os crentes pentecostais de hoje afirmam haver tido a mesma experiência no Espírito Santo
que caracterizava os cristãos da igreja primitiva. Os mesmos cinco fatores acima enumerados como
típicos das igrejas pentecostais de hoje são também típicos da igreja primitiva, como se vê no Livro
de Atos. A resposta à pergunta “A experiência pentecostal é importante no crescimento das igrejas
pentecostais hoje em dia?” pode ser encontrada em um breve exame da igreja primitiva. Pode-se
explicar o crescimento da igreja do primeiro século baseado na sua doutrina pentecostal do
Espírito Santo? Embora o conhecimento seja a base da fé e da experiência, não foi o acúmulo de
novas idéias que estimulou este crescimento; também não há evidência de existir ainda uma
doutrina sistemática de crenças pentecostais. O fato mais óbvio é que o crescimento da comunidade
primitiva de cristãos deve-se à sua experiência com o Espírito Santo. Seu testemunho surgiu
espontaneamente de seu encontro com o Espírito. Jesus vaticinara tudo isto (At 1.8). Hoje, como
nos tempos do NT, o encontro pentecostal é antes de mais nada uma experiência e, em segundo
lugar, uma doutrina. A doutrina e organização pentecostais por si só não resultam no crescimento
das igrejas. A experiência pentecostal dos crentes individuais sempre foi, e continua sendo, a causa
principal do crescimento das igrejas pentecostais. A falta de crescimento em algumas destas igrejas
constitui evidência de não ser a doutrina e a organização a principal força motriz de crescimento
numérico. Os crentes em algumas destas igrejas apagam o Espírito e assim impedem a liberação
do Espírito Santo no testemunho e no ministério. É óbvio que alterações filosóficas não explicam
a eficácia dos pentecostais nos seus confrontos de potência com espíritos malignos.

13. Escreva a relação ante a experiência pentecostal dos crentes individuais e o crescimento tanto
da igreja primitiva como das igrejas pentecostais dos nossos dias. Responda em seu caderno.

E que diremos da total mobilização da igreja, em termos de testemunho que vemos


hoje em dia nas igrejas pentecostais? É isto um milagre moderno de organização pela
liderança pentecostal? Ou será que ocorre justamente porque os indivíduos entregam-se à
compulsão do Espírito missionário? Melvin Hodges3 diz o seguinte:

“A característica do movimento pentecostal em nossos dias é o envolvimento


de toda a comunidade cristã na obra do Senhor. Todos os crentes são
batizados no Espírito Santo. Todos participam do evangelismo [...] a força do
movimento encontra-se principalmente na participação de gente humilde”.

Outros cristãos pentecostais relacionam o vivo testemunho dos leigos da igreja com a
experiência pentecostal. A evidência citada no NT nesta lição apóia tal hipótese. A plena participação
dos pentecostais na adoração de Deus não é resultado da organização eclesiástica. Naturalmente,
proporciona-se oportunidade nos cultos para a participação individual dos crentes, mas não é esta
a principal razão da espontânea adoração e a resposta carismática dos crentes. Hodges relaciona a
espontaneidade da adoração dos cristãos primitivos no NT ao evento pentecostal:

“Parece evidente que a descida do Espírito no Dia de Pentecostes introduziu um


novo elemento no louvor. O elemento da espontaneidade [...] Com o advento do
Espírito, os crentes romperam em atos espontâneos de adoração e louvor,
falando em línguas e contando as maravilhas de Deus [...] 1 Co 14.4 e Rm 8.26
mostram-nos a oração espiritual que ultrapassa a liturgia estruturada e penetra o
reino da espontânea expressão das almas na presença do seu Deus”.

116 MISSIOLOGIA
14. Qual das afirmações a seguir descreve melhor o papel da experiência pentecostal na
Igreja primitiva?
a) Mostrava quais os crentes que eram exageradamente emocionais.
b) Era a dinâmica essencial do testemunho e ministério da igreja.
c) Contribuía para a formação inicial da igreja.
d) Ajudava na luta da igreja contra o poder demoníaco.
e) Foi apenas um símbolo do nascimento da igreja.

Tudo que dissemos neste segmento e outros desta lição, citando oportunamente os
trechos bíblicos correspondentes (Jl 2.28-32; At 2; Jo 7.37-39), proporciona evidências
inconfundíveis de que a experiência pentecostal é a dinâmica do crescimento da Igreja em
nossos dias!

Pentecostes e a cultura judaica

Após o derramamento do Espírito no Dia de Pentecostes, a Igreja experimentou um OBJETIVO 6


Salientar as condições
tremendo crescimento numérico. Mas nos primeiros dias, só alcançava as comunidades existentes nos dias da igreja
judaicas. Os apóstolos e discípulos continuavam adorando a Deus no templo (Lc 24.52-53; At primitiva que motivavam a
3.1; 4.1; 5.12, 20,42). As reuniões cristãs que se realizavam em casas particulares assumiam sua orientação judaica em
termos culturais.
provavelmente a forma de adoração praticada nas sinagogas e à qual estavam acostumados
os novos crentes. OBJETIVO 7
Especificar quando os
missionários devem ou não
O governo romano achava a fé cristã apenas uma seita do judaísmo e os crentes adaptar-se à cultura da
sociedade onde trabalham.
também consideravam a sua fé a plena realização do judaísmo. Ao se converterem cada vez
mais judeus, houve bastante unanimidade a este respeito. O batismo em água, uma cerimônia
já praticada na recepção de prosélitos judaicos, era ministrado a todos os novos crentes
conforme as instruções de Jesus (Mt 28.19). Tanto judeus quanto prosélitos na comunidade
cristã já eram circuncisos, e o nítido caráter e prática judaica da fé cristã continuaram
imperturbáveis por algum tempo. Isto foi até bom, porque a igreja daqueles dias era uma
comunidade judaico-cristã. Um dos grandes problemas enfrentados pela igreja primitiva foi
à recepção dos primeiros gentios incircuncisos na comunidade cristã. Embora não se
apresentasse este problema bem no início, tornou-se depois um assunto muito debatido: A fé
cristã dos gentios incircuncisos deveria ou não ter também um cunho judaico? Foi esta a
questão de mais difícil resolução na expansão da igreja entre os gentios, na época da
composição das epístolas do NT.

15. As condições existentes no início da Igreja primitiva e que motivaram a sua orientação
cultural judaica incluem
a) a teoria oficial do governo acerca da relação entre o cristianismo e o judaísmo.
b) a perspectiva dos próprios crentes, que consideravam o cristianismo a realização do
judaísmo.
c) a) e b) estão corretas.
d) nem a) nem b).

O Espírito missionário no período do Novo Testamento 117


A primeira pregação da fé cristã deu-se no templo no Dia de Pentecostes. Foi um
momento bem frutífero de evangelismo, pois segundo At 2.41 converteram-se cerca de 3.000
pessoas! O templo foi um ótimo local para evangelismo (At 3.12; 5.12). Os crentes da primitiva
comunidade judaico-cristã não iriam construir barreiras culturais entre si mesmos e os judeus não-
cristãos, se continuassem adorando a Deus no templo como bons judeus. Assim, haveria um bom
relacionamento entre os dois grupos de judeus, através do qual poderia ser dado e recebido um
testemunho cristão bem eficaz. Haveria, ainda, uma desvantagem nisto, à qual os cristãos judaicos
deveriam manter certa sensibilidade. Os regulamentos para o culto de adoração no templo
apresentavam uma contradição para a Igreja, sendo este o corpo internacional de Cristo. Somente
aquelas pessoas que eram judaicas por nascimento podiam penetrar até os pátios internos do
templo: os prosélitos eram restritos aos pátios externos. Tal preconceito no tratamento de cristãos
não-judaicos contradizia aquilo que Deus tinha feito no Calvário e no Dia de Pentecostes (Ef 2.11-
18). Além disso, a assistência obrigatória à liturgia do templo em Jerusalém desmentia aquilo que
Deus tinha feito por ocasião do Pentecostes. No Dia de Pentecostes, os crentes individuais
tornaram-se templo do Espírito Santo. Como resultado deste fato, os cristãos bem poderiam
congregar-se onde quisessem e a presença de Deus estaria com eles.

16. Identifique dois princípios missionários baseados naquilo que temos dito nos parágrafos
anteriores acerca do testemunho cristão e a cultura humana. Responda em seu caderno.

Obviamente, os crentes primitivos foram guiados pelo Espírito em suas tentativas de


evangelismo. A decisão de ir ao templo para não criar barreiras culturais ao seu testemunho
foi motivada pelo Espírito Santo. Paulo, o grande missionário, também percebeu a vantagem
de se conformar à tradição judaica para ser ouvido pelo público em sua pregação do
Evangelho (1 Co 9.19-20). O Espírito o conduzia freqüentemente a sinagogas judaicas para
evangelizar os judeus tradicionais durante as viagens missionárias. Os crentes mais atentos,
sob direção do Espírito, começaram a ver a importância de comunicarem o Evangelho por
meio da cultura. A cultura dos crentes primitivos tornou-se uma espécie de ponte, pela qual
a mensagem do Evangelho podia passar sem impedimento. Devemos lembrar-nos, contudo,
que esta mesma cultura era sujeita ao julgamento da Palavra e do Espírito de Deus.

17. Especifique as circunstâncias em que missionários devem adaptar as suas práticas à cultura
da sociedade onde ministram, e quando não devem fazer assim. Responda em seu caderno.

Falta de uma missão gentia

OBJETIVO 8 Após o martírio de Estêvão, um crente judaico helenista, a perseguição espalhou os


Identificar a razão por que
os primeiros cristãos judaicos
crentes por todas as regiões da Judéia e Samaria (At 8.1). Filipe, outro crente judaico
não iniciaram uma missão helenista, dirigiu-se à Samaria para ali evangelizar. Parece que Samaria foi a primeira área
aos gentios. fora da comunidade estritamente judaica onde se pregou o Evangelho. Os samaritanos,
porém, não eram considerados gentios; eles eram um povo de sangue misto, mas
predominava na sua sociedade o elemento judaico. O relato da igreja primitiva contida em At
1.1-9.31 nos informa que, nas suas origens, a comunidade cristã se restringia aos povos
judaicos ou semi-judaicos. Até At 9.31, o Evangelho não penetrara os povos gentios.

118 MISSIOLOGIA
18. Porque seria mais fácil a evangelização de uma área como Samaria por um crente judaico
helenista que por um crente estrita e exclusivamente judaico? Responda em seu caderno.

Enquanto a perseguição espalhava os discípulos para diversas regiões e populações semi-


judaicas, e Filipe penetrava uma comunidade não estritamente judaica, não houvera ainda uma
missão geral de evangelização das comunidades gentias. Mas Deus mesmo tomou a iniciativa
para um passo gigante na comunicação do evangelho ao mundo gentio. Deus chamou e
preparou o apóstolo Paulo (At 9.1-30) para o grande trabalho missionário ao mundo não-
judaico. O evento-chave que iria abrir a porta para as missões gentias, contudo, estava ainda por
acontecer. Por que a igreja primitiva não fez nenhum esforço até esse momento, no sentido de
evangelizar os gentios? Os crentes judaicos já possuíam o mandamento de Cristo de
evangelizarem todas as nações (Mt 28.19-20). Esses crentes não sabiam de sua missão aos
gentios? O que diziam suas próprias Escrituras acerca de tal missão?

19. Enumere algumas das razões por que os crentes judaicos não comunicaram o Evangelho às
comunidades gentias nos primeiros anos da existência da igreja. Responda em seu caderno.

O caráter tão judaico da primitiva comunidade cristã bem pode ser a razão principal
por não haver uma missão gentia. Pessoalmente, não acho que os apóstolos e outros crentes
judaicos estivessem deliberadamente desobedecendo a ordem de Cristo de evangelizarem as
nações. Eles bem poderiam ter interpretado a Grande Comissão de um modo puramente
judaico. Eles achavam que a fé cristã era de fato a realização da revelação do AT. A ordem de
evangelizar as nações, para eles, bem poderia significar fazer prosélitos. Provavelmente, eles
esperavam que os gentios se integrassem no novo Israel como no antigo Israel. A falta de
evangelização dos gentios pelos primeiros crentes judaicos parece ser resultado da sua errada
interpretação da ordem de Cristo e não um caso de calculada desobediência a ela.

Vemos repetido inúmeras vezes, no caso de missões modernas, o mesmo erro dos
primeiros crentes judaicos na igreja primitiva. Quando um grupo cristão leva o Evangelho para
além da sua própria fronteira cultural, o Evangelho comunicado geralmente é mesclado com a
cultura do próprio missionário. O povo receptor ouve não somente o Evangelho pregado, mas
também uma parte da cultura do missionário – isto é quase inevitável. Todos estão presos de
alguma forma à sua própria cultura e formação. Porém, deixando de fazer distinção entre a
própria cultura e o Evangelho, pode-se estabelecer sérias barreiras à recepção e divulgação do
Evangelho em outras culturas. O obreiro transcultural deve reconhecer quais elementos são
parte de sua própria cultura e separá-los do Evangelho de Cristo.

Não tornaríamos nenhuma prática cultural estrangeira um requisito para a entrada do


novo crente na comunidade cristã, nem colocaríamos barreiras culturais como impedimentos
a que certas pessoas ouçam o Evangelho. Mas isto realmente acontece quando uma sociedade
receptora do Evangelho é obrigada a adotar formas culturais estrangeiras, como, por exemplo,
o governo eclesiástico democrático ou a música devocional em tonalidade maior. A recepção
do Evangelho é muitas vezes impedida pelas estruturas culturais introduzidas pelos
missionários. Em tais casos, constroem-se, às vezes, barreiras culturais que impedem a
divulgação eficaz do Evangelho em determinadas áreas.

O Espírito missionário no período do Novo Testamento 119


20. Qual dos seguintes itens é provavelmente a principal razão da comunidade judaico-cristã
não atribuir uma missão aos gentios nos primeiros anos da existência da igreja?
a) Preconceito contra os gentios.
b) Desobediência à Grande Comissão.
c) Negligência da missão aos gentios.
d) Interpretação errada da Grande Comissão.
e) Nacionalismo da parte dos crentes judaicos.

Um pentecostes gentio

OBJETIVO 9 É mais do que óbvio que alguma coisa teria que acontecer para modificar a
Explicar o Pentecostes Gentio.
atitude da comunidade judaico-cristã com relação à sua missão aos gentios. Como foi
OBJETIVO 10 que o evangelho foi comunicado enfim ao mundo gentio? A solução do problema não
Explicar como a vinda do se deu como resultado de debates doutrinários, legislação ou cuidadoso estudo dos
Espírito Santo contribuiu
para abrir a porta para a trechos missionários do AT. Deus trouxe uma resposta e veio por meio de um
divulgação do Evangelho Pentecostes Gentio! É útil, ao nos referirmos ao problema da missão aos gentios,
entre os gentios.
destacarmos dois derramamentos do Espírito na história da igreja primitiva. O
primeiro derramamento se deu no Dia de Pentecostes, ao descer o Espírito Santo sobre
os cristãos judaicos (At 2). O segundo derramamento ocorreu quando o Espírito veio
sobre os gentios incircuncisos na casa de Cornélio, também um gentio (At 10). Pedro
observou neste lar um fenômeno interessante: os gentios receberam precisamente a
mesma experiência no Espírito Santo dos crentes judaicos no Dia de Pentecostes (At
10.47). As duas experiências eram idênticas; assim, podemos chamar este
derramamento do Espírito sobre gentios incircuncisos como um Pentecostes Gentio.

Já observamos que o primeiro derramamento do Espírito tinha implicações internacionais.


Aquele derramamento também significa algo especial para sua própria época. Assinalou o fim
de uma identidade cultural, a judaica, para todo o povo de Deus. Antes do Pentecostes, a
adoração em Israel tinha-se concentrado no templo, no sacerdócio e no altar. Mas com a vinda
do Espírito sobre os discípulos de Cristo, todo o sistema do culto judaico tornou-se obsoleto (Jo
4.21-24). Boer diz: “Pentecostes foi o toque do sino de finados para o templo, o sacerdócio, o
altar, o sacrifício, a lei e as cerimônias” (1961, pág. 113). Qual foi o significado, para a missão
aos gentios, do fim do templo e do seu sistema de adoração? O Dia de Pentecostes assinalou a
realização do propósito definitivo para Sua habitação terrestre. Quando o Espírito chegou com
o sinal de fogo tão familiar no AT (At 2.3), os judeus e prosélitos reunidos para o Festival de
Pentecostes devem ter pensado que a suprema glória do Deus Onipotente tinha descido sobre
eles! Provavelmente, esperavam ver o fogo do Senhor pousar sobre o templo como
antigamente. Ao invés disso, o fogo se dividiu e veio pousar sobre cada um dos 120 discípulos
de Jesus ali reunidos (At 2.15). O significado simbólico desta ocorrência foi que Deus optou por
habitar em templos de carne, em vez de templo de pedra (1 Co 6.19). Ao invés das nações
virem até Israel, em Jerusalém, para se reunirem com Deus, o novo Israel, cheio do Espírito de
Deus, deveria ir até as nações, levando-lhes a presença do Deus vivo (Mt 28.19-20; At 1.8).

21. Explique em seu caderno por que podemos chamar a vinda do Espírito sobre a casa de
Cornélio, em At 10, de Pentecostes Gentio. Responda em seu caderno.

120 MISSIOLOGIA
A retirada da identidade cultural judaica do novo Israel foi a chave da expansão da igreja
pelo mundo afora. Os gentios do AT identificam-se com Israel, o povo de Deus, mediante ritos
cerimoniais e costumes tradicionais. Eram estas as marcas do povo de Deus, constituído
principalmente por judeus. Agora, no novo Israel, após a morte, ressurreição, exaltação de Jesus
e o derramamento do Espírito Santo, os gentios são identificados como o povo de Deus somente
pela fé na obra redentora de Cristo. Mediante a regeneração do Espírito Santo, o crente é
batizado no corpo de Cristo. A argumentação do apóstolo Paulo, em Gálatas e Romanos, em
defesa da justificação pela fé, significava que os gentios poderiam conservar sua própria
identidade cultural, sendo recebidos na comunidade cristã unicamente por sua fé.

22. A vinda do Espírito no Dia de Pentecostes contribuiu para abrir o caminho para a
expansão do Evangelho entre os gentios, pois assinalou
a) o início da unção de gentios incircuncisos pelo Espírito Santo de Deus.
b) o fim do templo como local de adoração para todo o povo de Deus.
c) o fim de uma só identidade cultural para todo o povo de Deus.
d) todas as alternativas estão corretas.
e) b) e c) estão corretas.

É relativamente fácil perceber o significado de Pentecostes na sua época histórica.


Temos a vantagem de folhear a narrativa do NT no livro de Atos e nas epístolas de Paulo.
Mas os crentes judaicos da igreja primitiva não tinham tais vantagens. Precisavam despertar
para a grande novidade que Deus operava em seu meio, derramando Seu Espírito sobre o
novo Israel. O derramamento do Espírito sobre a casa de Cornélio foi um toque de alerta
para a comunidade judaico-cristã. O Pentecostes Gentio foi o evento-chave para a
identificação da missão gentia. Leia o relato deste evento em At 10.1-11.18.

A grande importância de missões aos gentios salienta-se no fato do livro de Atos, em


seus capítulos restantes tratar da missão da igreja aos povos gentios. Vemos o apóstolo Pedro
justificando a sua visita à casa de Cornélio na presença dos crentes judaicos em Jerusalém, ao
mesmo tempo em que certos crentes judaicos helenistas pregam o evangelho do Senhor Jesus
a outros gentios (At 11.20-21).

O Espírito missionário no período do Novo Testamento 121


autoteste MÚLTIPLA ESCOLHA: Assinale a única alternativa correta.
MÚLTIPLA

1. Com respeito às relações com o Espírito Santo no velho e no novo Israel, podemos dizer
que o trabalho expansivo de missões é
a) a única diferença entre estas relações.
b) a única diferença importante entre estas relações.
c) uma das diferenças entre estas relações.
d) não é a diferença entre estas relações.
e) todas as alternativas estão incorretas.

2. Podemos dizer que a vinda do Espírito Santo no Pentecostes


a) exerce um papel principal na expansão da igreja primitiva.
b) exerce um papel normal na expansão da igreja primitiva.
c) exerce um papel não muito importante na expansão da igreja.
d) exerce um papel não desejável na igreja primitiva.
e) todas as alternativas estão incorretas.

3. Podemos dizer que a Experiência pentecostal individual dos crentes


a) é a maior causa do crescimento da igreja primitiva.
b) é a causa principal da missão hoje em dia entre os gentios.
c) a) e b) estão incorretas.
d) a) e b) estão corretas.
e) é uma alucinação espiritual.

4. A razão mais provável por que a comunidade cristã judaica não se dedicou no início a
uma obra missionária entre os gentios foi
a) o nacionalismo dos gentios.
b) o desentendimento da Grande Comissão.
c) obediência propositada à Grande Comissão.
d) preconceito contra os gentios.
e) todas as alternativas estão incorretas.

CERTO-ERRADO: Escreva C para as afirmações corretas e E para as erradas.


CERTO-ERRADO:

____ 5. O NT colocou a motivação dos cristãos pelo Espírito Santo como motivação
secundária para missões no NT.
____ 6. O cristianismo como aperfeiçoamento do judaísmo fez com que a primeira
comunidade cristã judaica continuasse intimamente ligada à cultura judaica.
____ 7. Deus encheu com o Espírito Santo os gentios, na casa de Cornélio, quando a igreja
nasceu no dia do Pentecostes.
____ 8. A vinda do Espírito no dia do Pentecostes ajudou a abrir o caminho para a
divulgação do evangelho entre os gentios.

122 MISSIOLOGIA
RESPONDA: Responda às seguintes questões.
RESPONDA:

9. Qual é a razão básica da Igreja ser, por natureza, missionária?

10. Quando é que os missionários devem ou não devem adaptar suas práticas à cultura na
qual estão ministrando?

AVALIAÇÃO DE PROGRESSO DE UNID ADE 2


UNIDADE
Agora que você terminou a Unidade 2, revise as lições em preparação para a Avaliação de
Progresso de Unidade 2. Você vai achá-la junto com a folha de respostas em seu Pacote do
Aluno. Responda a todas as questões sem consultar o Manual de Estudos.

O Espírito missionário no período do Novo Testamento 123


RESPOSTAS ÀS QUESTÕES DE ESTUDO

12. A vinda do Espírito Santo exerceu 17


17. Devem se adaptar à cultura quando esta
papel-chave na expansão da igreja não é contraditória a Deus, e não devem
primitiva. se adaptar à cultura quando esta é
contraditória a Deus.
1. Resposta pessoal: Você deve ter
notado que participamos de missões, 6. b)
porque Cristo mandou que fizéssemos,
ou por causa daquilo que Cristo fez 18. Resposta pessoal: razões prováveis
por nós. incluem: por causa da sua experiência de
viver entre os gentios, o judeu helenista
13. Esta experiência pentecostal foi a maior se sentiria mais à vontade entre os
causa do crescimento da igreja primitiva. samaritanos. Provavelmente ele
Também é a maior causa do mostraria mais sensibilidade na sua visão
crescimento das igrejas pentecostais de de um povo misto com os samaritanos.
hoje em dia.
7. Moisés falou com toda a congregação de
2. Salienta que o Espírito Santo motiva os Israel (v. 24). Então Deus tomou do
cristãos a participarem de missões. Espírito que estava sobre Moisés e
derramou apenas sobre mais 70 pessoas.

14. b)
19. Sua própria lista de razões deve incluir:
preconceito, desobediência, negligência,
3. c) nacionalismo e outras.

15. c) 8. vs. 38 e 39

4. O amor de Cristo em 2 Co 5.14 e o 20. d)


amor de Deus manifestado pelo
Espírito Santo em Rm 5.5 é a
9. Duas indicações de que a passagem à
compulsão de que fala Paulo.
qual Jesus se referia em Jo 7.38 era a de
Ez 47.1-12 são: em todos os dois casos a
16. 1º: o princípio é de adaptar-se à cultura água manava do templo de Deus,
para poder testemunhar adequada- (lembre-se de que um cristão é um
mente; 2º: o segundo princípio é que, templo do Espírito Santo), e em todos os
quando os costumes culturais dois casos a água traz vida.
contradizem o que Deus diz na sua
Palavra ou o que Ele tem feito através
21. Primeiro porque Cornélio era gentio e esta
do Seu Espírito, estes devem se
foi a primeira vez em que o Espírito foi
submeter ao juízo da palavra e do
derramado sobre gentios não circuncidados.
Espírito de Deus.
Também porque estes gentios participavam
da mesma experiência dos cristãos judaicos
5. d) no Dia do Pentecostes.

124 MISSIOLOGIA
10. a) e c) estão corretas.

22. e)

11. d)

1 Harry Boer atuou como missionário na Nigéria na década de 50 e escreveu Pentecostes e Missões (1961). Segundo ele,
Harry
muita importância foi dada à Grande Comissão como motivo para que a Igreja se envolve-se no trabalho missionário.
No entanto, o derramamento do Espírito Santo, ato que marcou o surgimento do Israel espiritual de Deus, e, por
conseguinte, a própria natureza missionária da Igreja, acabou sendo desconsiderado como razão para evangelizar. Seu
cuidadoso estudo do material bíblico segue a convicção de que escreveu-se muito sobre a obra do Espírito Santo na
salvação dos seres humanos, mas muito pouco sobre seu significado crucial para o testemunho missionário da Igreja.
2
O termo carismática é empregado aqui significando a atuação livre e desimpedida do Espírito Santo. Carisma significa
ser dotado pelo Espírito Santo, de forma gratuita, de dons e benesses não merecidas pelos homens, mas a eles
outorgados para que sirvam ao projeto de Deus ao mundo.
3 Melvin Hodges (1908 – 1988) é tido como referência no pensamento missiológico. Ele foi professor de missões e
secretário geral das Assembléias de Deus na América Latina.

Notas exclusivas da edição brasileira. Dados atualizados Editoria Acadêmica da FAETAD.

O Espírito missionário no período do Novo Testamento 125


UNIDADE 3

AMISSÃOCRISTÃ
EOMUNDOEMQUEVIVEMOS
LIÇÃO 8

Missões e o mundo de hoje

Conforme o estudo das atividades missionárias do tempo do NT revelou, missões


resultam da efusão do Espírito missionário. A partir do Dia de Pentecostes, o Espírito Santo
mostrou-se como a força motriz, vital e missionária da comunidade chamada Igreja. O
Espírito Santo era central no testemunho missionário da igreja dos tempos primitivos, e isso
contrasta com a postura missionária da maioria das igrejas hoje. Na verdade, os crentes de
praticamente todas as correntes têm desprezado o caráter missionário do Espírito Santo.

O foco desta lição é o papel que o Espírito Santo deve ter nas atividades missionárias
contemporâneas, mesmo porque nenhuma descrição de missões hoje pode ser completa se
não atinar ao extraordinário derramamento universal do Espírito Santo. Assim, quais as
atividades do Espírito Santo no mundo em que vivemos?

A grande característica da Igreja nos tempos de hoje é a renovação promovida pelo


Espírito Santo. E qual o significado deste carisma para as atividades missionárias hoje? Dá-se
que pelo Espírito Santo, Deus conduz sua Igreja a uma situação mundial especial: o Espírito
Santo opera simultaneamente na Igreja e no mundo para prover uma rica colheita espiritual.
Aos crentes está reservado o direito de trabalhar com o Espírito de Deus neste importante
período histórico. A seguir, estudaremos as atividades do Espírito Santo nos dias de hoje, e
veremos o que Ele espera realizar através de nós!

128 MISSIOLOGIA
O Espírito Santo e missões contemporâneas Esboço da Lição
Habilitação divina para missões contemporâneas
Derramamento do Espírito hoje

Ao término desta lição, você deverá ser capaz de: Objetivos da Lição

• relacionar os nossos dias à Era do Espírito e aos Últimos Dias;


• explicar como, à luz da sua necessidade do poder divino, os missionários devem se relacionar
com o Espírito Santo nas suas atitudes e compreensão;
• identificar os derramamentos pentecostais do Espírito no século XX, relacionando-os com a
profecia de Joel acerca de operações sobrenaturais visíveis e enfocando seu aspecto internacional.

1. Leia atentamente esta lição. Atividades de


Aprendizagem
2. Faça todas as questões de estudo.
3. Separe, no mínimo, 3 horas diárias para estudar.
4. Faça o autoteste no final desta lição.

Missões e o mundo de hoje 129


Desenvolvimento O ESPÍRITO SANTO E MISSÕES CONTEMPORÂNEAS
da Lição

A era do Espírito

OBJETIVO 1 A palavra era ou época com referência ao Espírito significa um período temporal. Era do
Identificar em que momento
da história da redenção está
Espírito representa um prazo específico dentro do qual o Espírito Santo de Deus mostra-se
inserida nosso período especialmente ativo. A partir de então, de que maneira as atividades cada vez mais freqüentes
contemporâneo. do Espírito Santo em nosso tempo devem ser consideradas? Pode-se crer que esta atividade
sobrenatural não seja passageira? Como saber se o Espírito continuará fazendo grandes coisas
hoje? A expectativa da crescente atividade do Espírito no mundo de missões hoje em dia tem
fundamento bíblico. A Palavra de Deus diz que o Espírito Santo será derramado nos últimos
dias (At 2,17-21). O que vemos acontecer em nosso mundo hoje corresponde àquilo que lê-se
na Bíblia. Nossos tempos se relacionam com o que a Bíblia chama de os últimos dias. A Bíblia
ensina claramente estarmos hoje na era do Espírito Santo. Conforme diz a Lição 7, o Dia de
Pentecostes assinalou o início desta nova era na história redentora de Deus. O Espírito Santo veio
ao novo Israel de uma maneira nova e inaudita para equiparar, capacitar a igreja e impulsioná-
la para missões. Desde o Dia de Pentecostes, a missão cristã tem manifestado esta natureza
comunicativa. O impulso da igreja continua sendo o Espírito Santo. Uma das características dos
últimos dias é o derramamento do Espírito Santo, conforme o sermão de Pedro que cita a
profecia de Joel. Os últimos dias e o derramamento do Espírito Santo sem distinção no povo de
Deus são referidos naquele trecho bíblico (At 2.17-18). É portanto, correto referir-se aos últimos
dias como sendo a Era do espírito.

Marcos iniciou o seu Evangelho com um aviso de que Jesus viria batizar os crentes com o
Espírito Santo (Mc 1.8). Então, ele relatou a descida visível do Espírito Santo sobre Jesus (Mc 1.10).
Jesus, no poder do Espírito, confrontou-se com Satanás no deserto, no início do Seu ministério (Mc
1.12-13). Compare este trecho com Mt 4.1-11. Marcos narra que Jesus foi à Galiléia e disse: “O
tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo” (Mc 1.15). Você deve lembrar-se (Lição 6)
que o termo reino de Deus refere-se ao reino íntimo e espiritual onde Deus, o Espírito Santo, reina
nos corações das pessoas. A era do Espírito começou por ocasião da primeira vinda de Jesus e foi
demonstrada no seu ministério. A promessa de que o Espírito viria morar no povo de Deus foi
claramente vaticinada nas palavras de João Batista: “Tenho-vos batizado com água, ele, porém, vos
batizará com o Espírito Santo” (Mc 1.8). A palavra Ele neste trecho refere-se a Jesus, quando o
Espírito Santo veio sobre o povo de uma maneira totalmente nova.

1. Assinale o seguimento do quadro referente à posição de nossos dias na linha do tempo.

Fig. 8.1

130 MISSIOLOGIA
Os Últimos Dias segundo a Bíblia

O tempo que hoje vivemos é o mesmo daquele dos discípulos de Cristo, a Era do OBJETIVO 2
Apontar a relação que há
Espírito Santo. É a era denominada de últimos dias. De que forma o tempo de hoje entre o tempo de agora e o
relaciona-se aos últimos dias mencionados na Bíblia? Leiamos, outra vez, At 2.17-21. Este período bíblico dos últimos
trecho refere-se à época do Espírito e, aos últimos dias. Estude cuidadosamente esta dias.

passagem.

Quando o Espírito Santo desceu no Dia de Pentecostes, Pedro (sob Sua


inspiração) referiu-se àquilo profetizado por Joel acerca do derramamento do Espírito
nos últimos dias. Esta aplicação da profecia de Joel pelo apóstolo Pedro mostra que ele
entendeu já estar vivendo os últimos dias (At 2.16-17). Pedro disse aos judeus que
testemunharam o Dia de Pentecostes, que o derramamento do Espírito presenciado por
eles cumpria a promessa de Deus de derramar o Seu Espírito sobre todos os seres
humanos nos últimos dias.

2. Em Hb 1.2, o escritor utiliza o termo últimos dias para se referir


a) a um período de história do AT.

b) à época em que ele vivia.


c) aos dias em que nós vivemos.
d) a um período que seguirá os nossos dias.

Os autores bíblicos usavam o termo últimos dias para indicar que estavam vivendo,
já naqueles tempos, o período final da história humana. Em termos da história redentora
total, de fato, tratava-se dos últimos dias. Estes dias começavam com a primeira vinda de
Jesus ao mundo em Belém. Referindo-se a Deus, o escritor de Hebreus disse: “Nestes
últimos dias nos falou pelo Filho” (v. 1.2). Jesus iria realizar um ato de redenção que
assinalaria o auge da história redentora. Os últimos dias continuam, dos dias da primeira
vinda de Cristo até a sua segunda vinda em busca da sua igreja. Os últimos dias não
constituem um período futuro relativamente breve, ou seja a fase absolutamente final da
história. Ao invés disso, constituem um período relativamente longo e nitidamente decisivo
na história redentora, no qual Deus opera gradativamente Seu plano salvífico. Este período
decisivo começou com a vinda de Jesus, o Cordeiro de Deus, e terminará com a sua segunda
vinda na qualidade de Rei dos Reis.

3. Aproximadamente quantos anos já passaram no período que a Bíblia chama últimos dias?

Missões e o mundo de hoje 131


4. De acordo com a Figura 8.1 o período dos últimos dias bíblicos é
a) mais longo que o período da Era do Espírito.
b) mais breve que o período da Era do Espírito.
c) idêntico ao período chamado Era do Espírito.

Podemos confiar, com base nas promessas bíblicas, que o Espírito Santo operará em
nós e por meio de nós como operou no primeiro século da Era Cristã, pois vivemos na
mesma era do Espírito. Acreditamos estar vivendo na fase final dos últimos dias! Este fato
dá-nos uma base bíblica para a nossa confiança e fé, ao contemplarmos o mundo de missões
hoje em dia. Deus o Espírito Santo está em nós, com propósito de nos capacitar para
completar a missão de Deus na nossa geração. Com certeza, Deus, o Espírito Santo deseja
chamar, convencer e guiar os crentes para a sua divina seara nestes dias. Aqueles que
consideram a missão de Deus ao mundo à luz da fé, ouvirão e obedecerão a chamada do
Espírito.

HABILITAÇÃO DIVINA PARA MISSÕES CONTEMPORÂNEAS

Missionários capacitados pelo Espírito Santo

OBJETIVO 3 Uma boa estratégia para missões nesta fase final dos últimos dias deve reconhecer e
Identificar o capacitador
que nos habilita para o
aproveitar a extraordinária operação do Espírito Santo, que nos capacita para o nosso dever.
trabalho missionário hoje. J. Philip Hogan1 ressalta a necessidade desta sensibilidade ao Espírito em missões, ao falar da
operação soberana do Espírito Santo em nossos dias:
OBJETIVO 4
Enumerar algumas razões
por que os missionários “Por vezes, no mesmo ato de analisarmos, negligenciamos, baseando-nos
devem ser sensíveis ao
Espírito Santo com relação à em categorias humanas, o mais empolgante fator dos nossos dias é que
estratégia de missões. estamos presenciando por toda a face da terra - um imenso derramamento
do Espírito de Deus sobre pessoas e em lugares para os quais não existe
desígnio humano e onde falta por completo o planejamento humano. Os
desígnios e origens inescrutáveis do Espírito tornam quase lendário o
serviço de Deus nestes dias” (1975, pág. 243).

A operação soberana do Espírito Santo revela que ele é o Administrador da missão


redentora de Deus nesta nossa era. A referência feita por Hogan, ao elemento inescrutável ou
misterioso na operação de Deus no mundo de hoje, salienta a nossa necessidade de nos
mantermos sempre sensíveis ao Espírito pela fé, para que possamos ser colaboradores com Ele.

5. Quem nos capacita divinamente para o dever missionário nos dias de hoje?

132 MISSIOLOGIA
Deus prevê com freqüência os eventos cruciais para as missões internacionais que
ultrapassam a análise e avaliação humanas. Poderíamos citar numerosos casos deste fato na
história de missões; um destes vem da minha própria experiência. No ano de 1964, ao me
preparar para o ministério missionário, experimentei uma clara orientação do Espírito Santo
para o serviço missionário na Indonésia. Àquela altura, porém, a informação recebida dos
meios de comunicação internacionais e de missionários indicava que aquele país se fecharia
em breve para missões. Ninguém poderia ter vaticinado que o golpe político preparado em
1965 iria falhar por causa de uma seqüência de eventos atribuídos geralmente à soberana
vontade de Deus. Até o momento em que eu estava pronto para o serviço missionário, o país
da Indonésia continuava aberto para os missionários e experimentava uma inusitada operação
do Espírito de Deus.

Tal ação soberana de Deus, modificando totalmente a determinação humana,


ultrapassava qualquer expectativa normal. Felizmente, e graças ao Administrador da seara, eu
tinha me mantido aberto à orientação do Espírito e estava capacitado para ocupar meu lugar
no programa de Deus naqueles dias. Uma boa estratégia de missões hoje em dia é aquela que
acata a vontade do Espírito Santo no dever missionário. Devemos manter sempre abertos os
fios da comunicação divina para que possa ser dada e recebida. Isto não impede uma
aproximação bem realista da complexa tarefa do ministério transcultural, que deve aproveitar
todo e qualquer recurso humano disponível para a realização da divina missão. Mas compete-
nos lembrar, antes de mais nada, que a melhor estratégia reconhece a primazia do Espírito
Santo e deixa que ele desempenhe livremente o seu papel nas missões. Um povo conduzido
pelo Espírito, que reconhece plenamente o seu papel em missões e mostra-se sempre sensível
à sua orientação é deste tipo que precisamos nas missões de hoje. Há necessidade de gente
disposta a fluir na vigorosa corrente do Espírito nestes dias de grandes oportunidades. A
estratégia missionária que leva em conta a habilitação do Espírito Santo, será a mais eficaz no
mundo de hoje.

6. Descreva duas razões por que os missionários necessitam ser sensíveis ao Espírito Santo,
ao tratar da estratégia de missões.

Missão é impossível sem o Espírito Santo

Em princípios do século XX, em seu comentário sobre a operação do Espírito Santo OBJETIVO 5
Apresentar três razões por que
descrita no livro de Atos, Roland Allen2 lamenta a negligência geral do Espírito no mundo
os missionários devem entender
mais moderno, no que diz respeito à sua administração de missões: a natureza missionária do
Espírito.

“A obra missionária como expressão do Espírito Santo tem recebido pouca OBJETIVO 6
e superficial atenção, quase escapando ao leitor descuidado. Aqui e ali Apontar a estratégia para
um desafio impossível.
deparamo-nos com alguma expressão mais forte, mas isto não satisfaz o

Missões e o mundo de hoje 133


caso. Tratado assim, o Livro de Atos permanece um enigma inexplicável
[...] A natureza missionária do Espírito [...] pode ser observada nos
ensinamentos dos evangelhos e epístolas; mesmo assim, fica implícita em
vez de explícita. É no Livro de Atos que ela se salienta como fator
proeminente [...] Ali, mostra-se soberana [...] A nossa compreensão do
papel do Espírito Santo é fundamental para qualquer uma verdadeira
apreensão de Sua pessoa, pois [...] abrange metade da Sua função. Se
negligenciamos este aspecto [...] perdemos de vista a perfeição do Espírito.
Assim, nossa compreensão permanece parcial e desequilibrada, nossa
perspectiva do passado carece de um sólido fundamento, nosso conceito
do dever presente fica incompleto e nossa expectativa com relação ao
futuro mostra-se vaga e indistinta” (1962, pág. 21).

7. Na citação acima, que elemento da apresentação do caráter do Espírito Santo, no Livro de


Atos, é frisado por Allen?

Na parte final desta citação, Allen salienta as seguintes razões da importância de uma
boa compreensão da natureza missionária do Espírito Santo:
- proporciona uma verdadeira apreensão da obra do Espírito;
- abrange metade da pessoa e função do Espírito;
- mantém à vista a perfeição do Espírito.

Allen coloca bem a necessidade de entendermos o caráter missionário do Espírito


Santo. Uma boa estratégia de missões é impossível sem uma perspectiva correta da
habilitação divina do Espírito. Aproximadamente cinqüenta anos após o depoimento de Allen,
Harold Lindsell escreveu o seguinte, acerca da lastimável falta de enfoque no Espírito Santo
como Administrador de missões: “A doutrina do Espírito Santo constitui a dinâmica perdida
da lgreja” (1970, pág. 195). Ele diagnostica as dificuldades da missão cristã de nossos dias
como resultados da eliminação do Espírito Santo do trabalho missionário. Qualquer estratégia
que negligencia a dinâmica do Espírito Santo encara uma missão impossível! Literalmente!
Precisamos urgentemente de uma nova aproximação do Espírito Santo para nos
familiarizarmos, novamente, com a sua função em missões. A atividade intensificada do
Espírito em nossos dias atrai a nossa atenção cada vez mais para ele como sendo a divina
dinâmica de missões.

8. Os missionários necessitam uma compreensão do caráter missionário do Espírito Santo


porque tal compreensão
a) proporciona uma verdadeira apreensão da obra do Espírito.
b) abrange uma função principal do Espírito.
c) mantém a consciência da perfeição do Espírito.
d) todas as alternativas estão corretas.

134 MISSIOLOGIA
9. Que tipo de estratégia missionária enfrenta uma missão literalmente impossível?

O papel missionário do Espírito Santo

Muito tem sido escrito acerca da doutrina do Espírito Santo como comunicador da OBJETIVO 7
Especificar um nome grego
obra redentora de Jesus Cristo na salvação. O papel do Espírito na convicção do pecado, da usado na Bíblia com
justiça e do juízo e o papel Dele na regeneração e santificação dos crentes são facetas bem referência ao Espírito Santo,
documentadas nos escritos teológicos. Recentemente, muito se tem escrito sobre o ministério que indica seu papel
missionário; explique como
do Espírito na lgreja, sobretudo no que diz respeito aos dons espirituais. Mas bem pouco esse nome indica a função
tem-se publicado sobre o papel missionário do Espírito e sua função de Administrador de missionária do Espírito.

atividades missionárias. Allen chama este aspecto da sua obra de “um hemisfério inteiro” das
suas atividades. Antes de continuarmos nosso estudo, talvez fosse uma boa idéia revisarmos
nossa discussão do caráter missionário do Espírito Santo na Lição 7.

O papel do Espírito Santo hoje é igual ao seu papel na igreja primitiva. Estamos
vivendo ainda a era do Espírito Santo. Ele é o superintendente e administrador de missões. A
desatenção ao Espírito Santo na prática missionária moderna, talvez deva-se à falta de ênfase
na literatura missionária de hoje sobre o papel do Espírito neste trabalho. Seja qual for o
motivo desta desatenção, é essencial nos nossos dias a imensa expansão de missões e que o
ministério do Espírito como Senhor da seara seja reconhecido e salientado. À medida que
crentes modernos atravessam fronteiras transculturais no seu ministério missionário, eles não
podem mais negligenciar o Supremo Estrategista, o Espírito Santo. Ele deve ter toda liberdade
para funcionar como dirigente de missões neste mundo. O Espírito não somente faz com que
a implantação fique madura para a seara, como também manda obreiros, orientando-os no
labor. Somos cooperadores com Deus (1 Co 3.9).

10. Uma boa ênfase sobre o papel missionário do Espírito Santo, nas escrituras missionárias
contemporâneas, bem poderia
a) contribuir para eliminação da desatenção à prática missionária do Espírito.
b) ter pouco efeito em relação à negligência prestada ao Espírito Santo na prática
missionária.
c) não influir na desatenção ao Espírito na prática missionária.

Jesus falou da época que o Espírito Santo assumiria Seu papel de Senhor da
seara. Ele disse aos seus discípulos que iria pedir ao Pai que lhes mandasse outro
Consolador. Este divino Auxiliador, chamado Espírito da verdade, já acompanha os
discípulos, mas posteriormente habitaria neles (Jo 14.17). Ao voltar Jesus para o céu, o

Missões e o mundo de hoje 135


Espírito Santo viria substituí-lo aqui na terra. Parakletos designa alguém chamado para
auxiliar outra pessoa . O Espírito Santo iria capacitar os discípulos de poder
sobrenatural para sua missão e dirigi-los no desempenho dela, como fazia Jesus
quando estava com eles. Em Jo 15.26-27, o Espírito Santo é chamado novamente de
parakletos e é assim nomeado duas vezes neste trecho como sendo enviado do Pai:
“Quando vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade,
que dele procede, esse dará testemunho de mim; e vós também testemunhareis”. Esta
referência ao Espírito como sendo enviado pelo Pai não visa somente esclarecer a
relação entre um e outro; salienta, igualmente, que o Espírito tem uma incumbência
especial do Pai – o Parakletos irá testemunhar de Cristo e capacitar outros a
testemunharem Dele. É ele quem envia os crentes na sua missão de testemunhas de
Cristo.

11. Escreva o nome grego usado na Bíblia com referência ao Espírito Santo e que indica o
Seu papel missionário.

12. Explique como o nome parakletos sugere o papel missionário do Espírito Santo.

O Espírito não assumiu Seu novo papel de Senhor da seara até depois da ascensão
do primeiro parakletos, Jesus Cristo (Jo 14.12, 16; 16.7). A obra salvífica de Cristo na cruz,
a Sua ressurreição e a Sua ascensão deviam realizar-se primeiro, pois o Espírito Santo só
iria assumir seu papel após a glorificação de Jesus (Jo 7.39). Os discípulos receberam a
ordem de esperarem em Jerusalém até receberem o Espírito Santo (At 1.4-5). Sem o
Espírito, seriam impossíveis as missões! Foi no Dia de Pentecostes, por ocasião do festival
judaico da colheita de trigo, que Deus mandou o prometido Espírito Santo (At 2.1-4). O
outro Consolador, o Espírito Santo, habitava nos discípulos, capacitando-os e orientando-os
na sua missão. Pentecostes assinalou o início de uma grande seara espiritual.

A palavra seara é usada com freqüência na Bíblia para se referir àquelas pessoas
que estão dispostas e esperam receber o evangelho de Cristo (Jo 4.35; Mt 9.37-38). A
preparação das pessoas para a recepção do evangelho é também obra do Espírito
Santo (Jo 16.8), como é o envio de obreiros para a seara (At 13.2,4). Ele continua
presidindo a grande seara do mundo e hoje em dia, vemos cada vez mais evidência da
sua atividade. Isto causa-nos otimismo e fé ao encararmos o futuro de missões neste
mundo.

136 MISSIOLOGIA
DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO HOJE

Indagou-se no princípio desta lição “Como saber que o Espírito Santo continuará OBJETIVO 8
Explicar por que devemos
fazendo grandes coisas no nosso mundo atual?”. Há base para a confiança de que o Espírito esperar a operação visível e
irá fazer obras sobrenaturais hoje, como nos dias do NT? Já notou-se, nesta lição, a base sobrenatural do Espírito,
bíblica para a crescente atividade do Espírito Santo nestes últimos dias (At 2.17-21). Os hoje em dia, como na Igreja
primitiva.
últimos dias são identificados como período decisivo da história, no qual Deus finaliza Seu
plano redentor. Estamos vivendo hoje no segmento final dos últimos dias.

Além disso, este período inteiro forma um segmento cronológico, durante o


qual o Espírito Santo preside como Administrador da missão redentora de Deus. O
livro de Atos relata claramente como o Espírito Santo capacitou a igreja primitiva
para realizar o seu ministério. Este vinha acompanhado de sinais e maravilhas
sobrenaturais, como aqueles efetuados por Jesus. A grande expansão da igreja
primitiva testemunha a eficácia deste ministério. O que devemos esperar que o
Espírito Santo faça em nossos dias? Jesus disse que o Espírito ficaria com o povo de
Deus para sempre (Jo 14.16).

Se já nos pertence a unção do Espírito Santo, por que não esperarmos o poder
visível e sobrenatural do ministério dele nas missões cristãs do nosso mundo? Seria
lógico esperarmos a plena atividade do Espírito Santo nos setores de convicção de
pecado, limpeza de maldade, e santificação dos crentes, mas não no setor de atos
sobrenaturais? Nada na Bíblia indica que tal atividade do Espírito Santo tenha cessado
ou mesmo diminuído! Confessamos sinceramente que há uma grande necessidade
desta atividade sobrenatural nas missões de hoje.

13. Por que devemos esperar a operação visível e sobrenatural do Espírito Santo no
derramamento do seu poder hoje, bem como nos dias da Igreja primitiva no NT?

O que está fazendo o Espírito Santo em nossos dias? O que vemos acontecer, está de
acordo com a Bíblia? Vamos lembrar alguns dos derramamentos do Espírito, com sinais e
maravilhas, já ocorridos no século XX. Depois, falaremos mais um pouco sobre a necessidade
da unção sobrenatural nas missões dos nossos dias.

A continuação da habilitação sobrenatural

Ao referir-se ao movimento pentecostal em missões, Hodges afirma que os OBJETIVO 9


Identificar dois derramamentos
derramamentos do Espírito no século XX constituem uma ação do Espírito Santo no intento de internacionais do Espírito.
produzir novamente, nas igrejas modernas, o cristianismo do NT. A pergunta “Por que não foi
contínuo tal ministério sobrenatural desde o início da Era Cristã?” é bem difícil de ser OBJETIVO 10
Explicar como o avivamento
respondido. A resposta envolve, provavelmente, tanto a reação dos seres humanos em face do século XX representa uma
da Palavra de Deus e o tempo soberano de Deus. Hodges diz a este respeito: realização da profecia de Joel.

Missões e o mundo de hoje 137


“Vejam que At 2.1 declara que o Espírito veio ao cumprir-se o Dia de
Pentecostes. Isto indica que a soberania de Deus está ativa na área do
derramamento espiritual. Reconhecendo a importância do papel humano no
preparo das pessoas para o derramamento espiritual, confessamos que o
vento assopra onde quer (Jo 3.8) e que os derramamentos pentecostais são
resultado direto do propósito soberano de Deus. Ele também decreta que
derramaria de seu Espírito sobre toda carne (Jl. 2.28; At 2.17-21) nos últimos
dias e, podemos afirmar que estamos vivendo no tempo desta graciosa
dispensação espiritual da mão de Deus. Por isso não precisamos persuadir
um Deus hesitante, ao buscarmos um derramamento pentecostal para nossa
igreja ou país” (1974, pág. 7).

Reconhecendo a soberania de Deus no derramamento do Espírito sobre nações


e povos específicos, Hodges menciona estarmos vivendo dias de um derramamento
internacional do Espírito. Cada continente tem experimentado uma operação inusitada
do Espírito Santo nas últimas décadas. É evidente que Deus não somente deseja
derramar o Espírito sobre toda a carne, como está realmente operando dessa maneira.
É significativo que no início e em meados do século XX ocorreram grandes
derramamentos extraordinários e universais do Espírito Santo. O primeiro assinalou a
origem das Assembléias de Deus, bem como numerosos outros movimentos
pentecostais. O segundo derramamento, comumente chamado de renovação abrange a
maioria das grandes denominações protestantes históricas. O alcance e impacto destes
derramamentos do Espírito Santo são difíceis de calcular3. Não se sabe quantas são as
grandes denominações pentecostais, pois muitas delas não têm relação direta com
nenhuma sociedade missionária. Por isso, os pesquisadores não têm certeza de quais
denominações são autenticamente pentecostais. Os crentes pentecostais, geralmente, não
se dedicam à documentação e análise estatística do alcance da operação do Espírito Santo
no seu meio. Em muitas nações, a maioria da população cristã é pentecostal na sua
experiência com Deus.

14. Especifique dois derramamentos internacionais do Espírito Santo no século XX, dando a
data aproximada da ocorrência de cada um deles.

Hodges, bem como a maioria dos outros pentecostais, vêem os dois grandes
derramamentos do Espírito no século XX como sendo parte da grande realização da profecia
de Joel (Jl 2.28-32). O cumprimento geral desta profecia acerca do derramamento do Espírito
Santo sobre toda a humanidade pode ser esboçado, sob nossa perspectiva histórica, em termos
de três segmentos cronológicos:
- Dia de Pentecostes;
- derramamentos Pentecostais no Século XX;
- derramamentos Pentecostais no Futuro.

138 MISSIOLOGIA
A frase sobre toda a carne (Jl 2.28) indica que a profecia de Joel tinha finalidade
missionária. O primeiro segmento da sua realização foi sem dúvida, de ordem missionária
(At 1.8; 2.1-4). Os prodígios no céu e na terra (JI 2.30) aqui mencionados, indicam que a
profecia visava operações sobrenaturais do Espírito Santo. Muitas destas operações
ocorreram durante o primeiro segmento da realização da profecia e estão relatadas no
Livro de Atos. O derramamento do Espírito Santo em princípios do século XX deu início às
Assembléias de Deus. Este movimento tem sido, antes de mais nada, um movimento
missionário entre todos os povos. Sua atividade missionária tem sido caracterizada pela
operação sobrenatural do Espírito. O segundo derramamento no século XX, o movimento
carismático, também ocorreu no contexto de missões a todos os povos – a nova era de
missões. Estudaremos sobre esta nova época na Lição 10. O movimento carismático (ou
Onda carismática) tem sido caracterizado por uma renovação de elementos sobrenaturais
no ministério do Espírito Santo.

15. Diga se há alguma base para a afirmação de que os derramamentos do Espírito Santo no
século XX constituem parte da realização da profecia de Joel.

É preciso demonstrar, através da informação anteriormente apresentada, que os


derramamentos do Espírito Santo (parte do cumprimento da profecia de Joel) estão
intimamente ligados com o propósito missionário de Deus. É razoável pensar que a renovada
operação sobrenatural na igreja cristã visa renovar a Igreja para missões. É irônico, portanto,
que nestes dias de óbvia intervenção sobrenatural alguns crentes, que se dizem pentecostais,
questionem a necessidade da capacitação sobrenatural para a obra missionária. Embora
concordem com o fato de ser Deus soberano para atuar como quer, tais crentes questionam
a realidade dos milagres operados por Ele. É fraca a fé deste tipo de pentecostais, pois
necessitam eles de algo mais, além da Palavra de Deus, para fundamentar sua fé. Já a
expectativa dos pentecostais verdadeiros é de que continue o ministério sobrenatural de Deus,
através do Espírito Santo, sempre com base no verdadeiro avivamento balizado pelas
Sagradas Escrituras.

Certo professor evangélico de missões, bastante conhecido, declara não haver no NT


qualquer evidência que impeça o Espírito Santo de ministrar nos nossos dias, tal como no
primeiro século. Declara, também, que o NT não apresenta nenhuma referência a um suposto
fim de milagres e que, se todos os sinais e maravilhas sobrenaturais daquela época se
repetissem hoje não haveria qualquer violação dos princípios bíblicos. Através da base bíblica
da unção sobrenatural das igrejas de nossos dias, parece que qualquer falta de fé reside
naqueles que questionam a validez do continuado ministério neotestamentário do Espírito
Santo hoje em dia.

Uma missão bem sucedida em nossos dias exige a resposta simples e sincera à Palavra
de Deus, com fé e a participação naquilo que Deus faz. O extremo nacionalismo, praticado na
maioria das vezes nos países em desenvolvimento, dificultou estas ações para muitos crentes

Missões e o mundo de hoje 139


no século XX, tanto no ocidente como no oriente. A continuação do modelo neotestamentário
de ministérios espirituais e milagres em nossos dias depende da fé. O essencial, contudo, é
que as missões entre os não-evangelizados, cujo maior número concentra-se no mundo em
desenvolvimento4, não pare.

16. Quais das seguintes declarações constituem evidência bíblica de que os milagres do NT
cessaram após o primeiro século da igreja cristã?
a) O NT vaticina o fim de milagres.
b) Qualquer milagre operado hoje em dia violaria a doutrina do NT.

c) O Espírito Santo deixou de inspirar milagres.


d) Nenhuma destas declarações proporciona tal evidência.

A necessidade de habilitação sobrenatural

OBJETIVO 11 Quem são os 5 bilhões de almas a serem evangelizadas hoje? O ministério


Explicar por que não é
válida a hipótese de se
sobrenatural do Espírito Santo limita-se às necessidades delas, apenas? Os crentes pseudo-
limitar o ministério milagroso espirituais, que dizem não haver agora necessidade de uma ação marcadamente pentecostal
do Espírito Santo às áreas nas igrejas já fortemente estabelecidas e amadurecidas, afirmam que a manifestação
remotas onde domina o
poder demoníaco. carismática é destinada somente aos grupos não-alcançados residentes em locais do mundo
onde o demonismo é patente. Nestes casos, afirmam estes detratores do Dia de Pentecostes,
por existirem práticas demoníacas e animistas (não-restritas ao período bíblico), o Espírito
Santo pode manifestar-se como nos tempos neotestamentários. Mas apenas nestas condições
específicas. Naturalmente, a situação demoníaca acima descrita era típica da religião dos
gentios dos dias do NT, como vemos no caso de Atenas, relatado em At 17.16-34 e de Éfeso,
descrito em At 19.13-19. Hoje em dia, há centenas de milhões de animistas tradicionais
(principalmente nos países do Terceiro Mundo, mas também em nações com elevado grau de
desenvolvimento na Ásia), sem falar nas multidões de outros indivíduos membros das
grandes religiões do mundo, mas praticantes do animismo na vida cotidiana. Alan Tippet5
descreve a situação do animista, como sendo a de vítima de poderes demoníacos:

“O animista habita um mundo cheio de poderes malignos e por isso vive


um estado de tensão. Ele confronta-se com demônios, bruxas e feiticeiros, e
anda melindrosamente por entre todos esses seres que lhe inspiram medo. O
cultivo da sua roça, a construção da sua casa, seu relacionamento pessoal, as
doenças familiares, as tribos inimigas e outras muitas coisas o envolvem
constantemente em encontros complexos de poderes e contra-poderes. Ele se
vê vítima de outro mágico, e passa os dias oferecendo sacrifícios caros, mas
inúteis” (1972, pág. 141).

Esta descrição do animista tradicional também descreve centenas de milhões de outros


não-cristãos, que são membros de uma ou outra das grandes religiões do mundo, mas cuja
perspectiva de vida é bastante semelhante à do animista descrito por Tippet. A vida destas
pessoas é dominada por pajés, espíritos malignos e toda sorte de medo. Não é menos
necessária a unção do Espírito Santo e o seu ministério hoje em dia, do que nos dias
neotestamentários! A comunicação do Evangelho a tais pessoas envolve um confronto de

140 MISSIOLOGIA
potências que exige o mesmo padrão de ministério praticado pelos discípulos de Jesus. No
último versículo do seu evangelho Marcos expressa este exato padrão; leia cuidadosamente
este versículo. O avivamento de algumas das religiões deste mundo e de numerosas religiões
indígenas implica na renovação de certas práticas animistas. Tal é o mundo de missões e neste
mundo o Espírito Santo está disposto a confirmar a Palavra de Deus pela operação de
milagres. Não nos surpreende que o Espírito Santo ofereça sinais sobrenaturais para
acompanhar a pregação da Palavra de Deus para confirmar o Evangelho e contradizer o
sobrenatural diabólico à vista das vítimas de Satanás.

17. Por que não é válida a hipótese de que o ministério milagroso do Espírito Santo limita-
se às áreas mais remotas, onde reina o poder demoníaco?

Missões e o mundo de hoje 141


autoteste MÚLTIPLA ESCOLHA: Assinale a única alternativa correta.
MÚLTIPLA

1. Dentro da era do Espírito, nossos tempos atuais cabem entre


a) a primeira vinda de Cristo e o ministério de Cristo.
b) o ministério de Cristo e o Dia do Pentecostes.
c) o Dia de Pentecostes e a segunda vinda de Cristo.
d) a segunda vinda de Cristo e a eternidade.

2. O número aproximado de anos dos chamados últimos dias bíblicos que já se passou é de
a) mil anos.
b) 2 mil anos.
c) 3 mil anos.
d) 4 mil anos.

3. Roland Allen destaca que o livro de Atos apresenta a natureza missionária do Espírito Santo
a) mais nitidamente do que os evangelhos e as epístolas.
b) tão nitidamente como os evangelhos e as epístolas.
c) menos nitidamente do que os Evangelhos e as epístolas.
d) por meio de sugestões em vez de afirmações.

4. O derramamento do Espírito no século XX, chamado geralmente de movimento


carismático, começou
a) no início do século.
b) no segundo quartel do século.
c) em meados do século.
d) no último quartel do século.

5. A afirmação de que o derramamento do Espírito no século XX é uma realização da


profecia de Joel, é válida porque
a) tem havido movimentos missionários em todos os povos.
b) obras sobrenaturais do Espírito têm ocorrido nestes movimentos.
c) a) e b) estão incorretas.
d) a) e b) estão corretas.

CERTO-ERRADO: Escreva C para as afirmações corretas e E para as erradas.


CERTO-ERRADO:

____ 6. Segundo esta lição, o Espírito Santo nos dá a capacidade divina para a obra de
missões hoje em dia.
____ 7. A palavra grega usada na Bíblia parakletos significa derramamento.
____ 8. Não deveríamos esperar manifestações sobrenaturais externas nos derramamentos
do Espírito que ocorrem hoje em dia.
____ 9. É errado dizer que o ministério milagroso do Espírito Santo limita-se a áreas
remotas onde o poder demoníaco reina.

142 MISSIOLOGIA
RESPONDA: Responda às seguintes questões.
RESPONDA:

10. Cite duas razões por que os missionários devem ser sensíveis ao Espírito Santo na
estratégia de missões.

11. Como é que esta lição relaciona a dinâmica divina do Espírito Santo com a obra
missionária?

Missões e o mundo de hoje 143


RESPOSTAS ÀS QUESTÕES DE ESTUDO

9. Uma estratégia de missões que ignora a 5. Espírito Santo.


dinâmica divina do Espírito Santo,
enfrenta um trabalho impossível.
14. O primeiro derramamento do Espírito
Santo começou no início do século XX. O
1. Colocar X entre a linha vertical que indica segundo derramamento pentecostal, ou
o Dia do Pentecostes e a linha vertical que movimento carismático, começou em
indica a segunda vinda de Cristo. meados do século.

10. a) 6. O Espírito Santo é administrador da


obra missionária, e precisamos trabalhar
2. b) junto com ele. O Espírito Santo é capaz
de prever eventos que serão
importantes para o sucesso de missões e
11. Parakletos
que a análise humana não pode saber.

3. Por volta de dois mil anos. Calcula-se o


15. Tem uma base válida. É provado pelo
nascimento de Cristo mais ou menos no
fato dos derramamentos do Espírito
ano 4 a.C. Portanto, o número exato de
Santo serem movimentos missionários a
anos seria do ano 4 a.C. até o ano em que
todos os povos. Outra prova é que obras
você está respondendo a esta pergunta.
sobrenaturais do Espírito Santo,
profetizadas por Joel, acompanham estes
12. Resposta pessoal: Parakletos sugere o movimentos.
primeiro papel missionário do espírito,
depois da ascensão de Jesus. Substituirá
7. O livro de Atos apresenta o Espírito
Jesus dando consolação e poder aos
Santo como Espírito missionário
discípulos para seu trabalho missionário.
sumamente importante.
Também é indicado, depois da ascensão de
Jesus, como administrador da atividade
redentora de Deus, enviará e dirigirá 16. d)
quem ele comissionar para missões.
8. d)
4. c)
17. Não há em nenhuma parte da Bíblia
13. Vivemos a era da Igreja primitiva da alguma indicação de que o ministério
administração de missões pelo Espírito. A do Espírito Santo seja limitado
capacitação divina que a Igreja primitiva somente a áreas onde reinam poderes
gozava para esta obra está à nossa disposição. demoníacos.

1 Philip J. Hogan (1915 – 2002) foi diretor da Divisão de Missões Estrangeiras das Assembléias de Deus norte-americanas
durante 30 anos. Sua liderança teve um profundo efeito sobre as comunidades pentecostais em todo o mundo.
2 Roland Allen (1868 – 1947) nasceu em Bristol, Inglaterra e era filho de um sacerdote anglicano. Após estudar para o
ministério em Oxford, ele foi consagrado em 1893. Durante boa parte de sua vida ele trabalhou na evangelização do

144 MISSIOLOGIA
norte da China. Roland Allen preconizou o estabelecimento de Igrejas auto-suficientes, auto-propagadoras do
Evangelho, adaptadas às condições locais, sem imitar as tradições cristãs do ocidente.
3
O estudioso de missões David Barrett estimou que em 1970 os pentecostais fossem 74 milhões de almas, ou 6% da
população evangélica. Após 27 anos, em 1997, outro cálculo apontou um total de 497 milhões de pentecostais no
mundo (27% dos evangélicos). As últimas estimativas apontam para uma congregação pentecostal mundial de 1,14
bilhão de pentecostais em 2025 (o correspondente a 44% dos evangélicos para o período).
4
Segundo dados divulgados pelo Fundo Monetário Internacional, 80% da população mundial vivem nos países em
desenvolvimento (em dados de 2007, empregados no encontro do G8, grupo formado pelos oito países mais ricos do
mundo – Estados Unidos, Rússia, Inglaterra, França, Alemanha, Itália, Canadá e Japão).
5
O autraliano Alan Tippet é estudioso de missões e autor do livro Introdução à Missiologia.

Notas exclusivas da edição brasileira. Dados atualizados Editoria Acadêmica da FAETAD.

Missões e o mundo de hoje 145


LIÇÃO 9

Missões hoje e a fé

Na primeira lição desta unidade mencionaram-se várias razões em defesa da fé para o


mundo de hoje. Falou-se do papel e das atividades do Espírito Santo nos dias de hoje e da
base bíblica da continuação de tal atividade nestes dias, descritos como sendo os últimos dias
da Bíblia. Mesmo assim, nestes dias de grandes possibilidades, as oportunidades missionárias
são muitas vezes encobertas por uma nuvem de negativismo. São numerosos os profetas
negativistas que falam da crescente maldade de nosso mundo, dos problemas mundiais e dos
países que se encontram fechados para missões. Um crescente interesse pelo ocultismo é uma
clara renovação de atividade satânica após as profecias que desencorajam as missões.

É perigosa qualquer perspectiva que enfoque somente os problemas da nossa geração,


pois ela deixa de colocar estes problemas no contexto daquilo que Deus está fazendo no
mundo atual. Como você já deve ter notado, os últimos dias constituem uma época em que
Deus derrama o Espírito sobre toda a humanidade. Há uma renovação paralela das forças de
Satanás e das forças de Deus. Esta lição salienta um elemento-chave nas missões
contemporâneas, qual seja a fé. Trata das nossas atitudes e reações perante um mundo em
que, tanto o poder satânico quanto o poder de Deus estão sendo demonstrados. O enfoque
de fé é crucial no sentido de determinar o que nós fazemos das oportunidades
proporcionadas por Deus e, finalmente, da missão de Deus em nossos dias.

146 MISSIOLOGIA
Conflitos contemporâneos de poder Esboço da Lição
O enfoque da fé contestada

Objetivos da Lição
Ao término desta lição, você deverá ser capaz de:
• especificar a origem das forças espirituais opostas em nossos dias, a relação da fé e do medo
com respeito às missões nestes dias e as evidências principais de uma perspectiva de fé hoje;
• declarar como o enfoque de fé produz uma missão bem sucedida e como a reação divina à
oposição permite-nos interpretar a oposição às missões como sendo realmente uma
oportunidade missionária.

1. Leia atentamente esta lição. Atividades de


Aprendizagem
2. Faça todas as questões de estudo.
3. Separe, no mínimo, 3 horas diárias para estudar.
4. Faça o autoteste no final desta lição.

Missões hoje e a fé 147


Desenvolvimento CONFLITOS CONTEMPORÂNEOS DE PODER
da Lição

Fé ou medo

OBJETIVO 1 A fé não é cega. Ela permite ver o nosso mundo tal como ele é, e não nos faz ignorar
Identificar a origem das duas
forças espirituais opostas,
os problemas, a oposição e o mal. Ao invés disso, a fé coloca estes problemas no contexto
que demonstram uma daquilo que Deus promete fazer e nos ajuda a ver aquilo que Deus realmente está fazendo.
crescente atividade no O cristão deve sempre encarar as suas circunstâncias sob o ponto de vista de Deus; daquilo
mundo de hoje.
que Deus está fazendo nestas circunstâncias e daquilo que ele deseja realizar através delas. Pela
OBJETIVO 2 fé, o crente deve focalizar a sua vida em Deus.
Tratar da relação entre a fé
em Deus e o medo do mal e
as missões internacionais Os problemas mundiais, o mal e a oposição sobrenatural à missão divina no
hoje.
mundo devem ser colocados no contexto da operação de Deus neste mundo. Se não
forem assim contextualizados, o medo vem substituir a fé. À luz do fato de que a Bíblia
menciona um aumento do mal nos últimos dias, parece que as pessoas que carecem de fé
têm uma base bíblica para seu pessimismo com relação ao mundo atual. Os meios de
comunicação contribuem para o negativismo, enfocando, geralmente, os problemas,
desastres e males. O derramamento do Espírito Santo não é manchete nos jornais e
revistas! Até a pregação cristã pode proporcionar uma apresentação desequilibrada e
pessimista do nosso mundo! Às vezes, aqueles que salientam os elementos negativos
desenvolvem uma espécie de fatalismo espiritual, que pode matar um verdadeiro
interesse em missões. A oposição às missões internacionais domina o seu pensamento e
eclipsa as oportunidades para missões.

Tal pessimismo é o oposto àquilo que chamamos um enfoque da fé. Um enfoque de


medo vê, quase que exclusivamente, o mal do mundo; ao passo que um enfoque de fé
contribui para missões internacionais e vê o mal no contexto daquilo que Deus promete
fazer e daquilo que Ele está fazendo atualmente e deseja ainda realizar. Em resumo,
salientamos o fato bíblico de serem duas forças espirituais opostas a origem da crescente
atividade espiritual nestes últimos dias: o Espírito Santo de Deus e Satanás estão travados em
combate. Você está respondendo com fé à crescente atividade do Espírito Santo, ou está
respondendo com medo à crescente atividade de Satanás?

1. Pense no último boletim de notícias que você viu ou ouviu. Se você fosse formar a sua
opinião da condição do mundo baseado naquelas notícias e mais nada, sua perspectiva
seria positiva ou negativa?

2. Segundo a Bíblia, quais as duas forças opostas responsáveis pelo aumento de atividade
espiritual nestes “últimos dias”?

148 MISSIOLOGIA
3. Enumere resumidamente o enfoque deste segmento da lição no que diz respeito à
relação entre a fé em Deus ou medo do mal e as missões internacionais nos dias atuais.

Crença ou descrença

Em Mt 11, Jesus descreveu a era do Espírito, contrastando-a com a era da lei e dos OBJETIVO 3
Descrever a diferença entre
profetas (vs. 11.13). Este capítulo de Mateus contém contrastes que ainda podemos esperar no a maneira que o Espírito foi
nosso mundo atual. Aqui, Jesus contrasta a reação do povo à revelação do reino do céu na dado aos crentes na era de
primeira fase da era do Espírito. Dissemos, na Lição 8, que a era do Espírito refere-se aos nossos João Batista e na era do
Espírito.
dias contemporâneos, bem como aos dias de Jesus na terra. Importa notar em Mt 11 a plena
resposta de fé daqueles que aceitavam o Evangelho. Não consta nenhuma crença passiva, senão OBJETIVO 4
Enumerar quatro indicações
um avanço na consciência da presença ativa de Deus e a grande oportunidade assim de uma perspectiva de fé
proporcionada. Neste segmento faremos referência a Mt 11 e por isso, seria bom já ler o durante a era do Espírito.

capítulo inteiro. Ao fazê-lo, tente localizar exemplos de fé e de descrença, referidos por Jesus.

O primeiro contraste notado por Jesus enfoca João Batista e o menor no reino dos
céus (Mt 11.11). Este contraste mostra não somente duas pessoas, como também pessoas de
épocas diferentes. João foi o último dos grandes profetas da Lei e, mais ainda, gozava do
privilégio especial de preparar o caminho de Jesus (Mt 11.9-10). A nova era do Espírito
começa onde termina o ministério de João Batista (Mt 11.11-14). João Batista foi um profeta
privilegiado, mas Jesus deu a entender que até o mais ínfimo dos crentes da era do Espírito
seria maior que João. Aqui estamos considerando o reino do céu como se fosse o mesmo
período da era do Espírito. Jesus não se referia à grandeza moral ao comparar João com um
crente na nova era do Espírito. Ao invés disso, falava de potencial maior. Como resultado da
presença do Espírito, cada crente seria capacitado para fazer grandes proezas na era do
Espírito. Neste período, o Espírito seria ativo de um modo mais visível e excepcional no seu
ministério ao mundo. Ele não habilitaria apenas uns poucos indivíduos escolhidos, como na era
da lei e dos profetas, mas viria habitar em todo o povo de Deus. Os pobres receberiam o
Evangelho (Mt 11.5) e o menor no reino dos céus seria elevado a um nível de ministério
superior ao dos profetas do AT. Seria realmente a aurora da era da gente comum.

4. Descreva a diferença entre a maneira que o Espírito seria dado às pessoas na era de João
Batista e na era do Espírito.

5. O texto de At 2.17 fala da diferença mencionada no exercício anterior


a) de maneira alguma.
b) mais diretamente do que At 1.8.
c) tão diretamente como em At 1.8.
d) menos diretamente do que At 1.8.

Missões hoje e a fé 149


Como você já viu na Lição 8, o derramamento do Espírito sobre as pessoas comuns de
nossos dias constitui uma característica da nossa era. Há uma grande mobilização do povo de
Deus para o ministério. Parece que a igreja inteira está sendo usada em missões! Tal
mobilização é a obra do Espírito Santo e evidencia que ele está desenvolvendo bem o seu
dever em nossos dias. Vários avivamentos na Ásia têm sido caracterizados por grandes obras
de poder, não tanto no setor clerical como entre as pessoas comuns e os jovens das igrejas.
Na América Latina, a mobilização do povo de Deus é ilustrada no movimento do evangelismo
profundo. Evangelismo profundo significa que cada crente da igreja toma parte no
evangelismo; não é apenas a função do clero. Nos Estados Unidos, uma outra manifestação da
mobilização de todo o povo de Deus na igreja é o conceito de comunidade, o qual salienta o
fato de todo crente ter dons e ministério no corpo de Cristo. A reação de fé do povo de Deus
na era do Espírito é caracterizada pelo recebimento de poder, de ministérios e de uma missão
comunicativa por todo o povo de Deus.

6. Qual dos seguintes itens constitui a maior evidência de fé na igreja de nossos dias?
a) O crescente interesse por parte do clero nos dons do Espírito.
b) Mestres que interpretam a vontade de Deus de forma nova.
c) A mobilização do povo de Deus pelo Espírito Santo para o evangelismo.
d) todas as alternativas estão corretas.

Jesus fala da nova era não somente em termos de uma ação missionária do fluxo de
pessoas ao Reino (Mt 11.12). É forte e clara a linguagem usada por Jesus no versículo 12. Mostra
o grande fluxo de pessoas ao Reino nesta época. O Espírito Santo opera não somente na Igreja,
enviando-a ao mundo, mas também no mundo, atraindo pessoas ao Reino. A reação de fé é
dinâmica: as pessoas lançam mão do Reino e correm para ele com grande fé. João Batista, ao ver
o Reino futuro, mostrou-se modelo na sua reação ao propósito de Deus nos seus dias (Mt 11.7-
11). O grande fluxo de pessoas ao Reino evidencia uma resposta bem favorável ao evangelho.
Vemos a evidência da obra do Espírito no mundo: os olhos e os corações das multidões estão se
abrindo! O potencial desta época é grande, e a resposta de fé, como convém, é vigorosa e
profunda, como Jesus mesmo vaticinava. Com a crescente atividade do Espírito, dentro e fora da
igreja, há também uma reação mais fervorosa das pessoas à mensagem do evangelho. A colheita
está pronta, e a realização deste fato é decisiva para missões nos dias atuais.

7. Qual das seguintes características da era do Espírito, Jesus mais enfocava em Mt 11.12?
a) A disposição de Deus de derramar seu Espírito.
b) A perseguição das igrejas cristãs por pessoas más.
c) A descrença das pessoas.
d) A reação positiva das pessoas ao evangelho.
e) Nenhum dos itens acima.

Em nítido contraste com a resposta de fé na era do Espírito, fica a descrença de


certas pessoas na mesma época. Num período quando duas forças opostas encontram-se

150 MISSIOLOGIA
em contenda para ganhar o coração do povo, é de se esperar que hajam reações tão
opostas à mensagem do Evangelho. Jesus retratou a geração de Seus dias como sendo
crianças brincando nas praças (Mt 11.16-17). Isto contrasta com a fé fervente de João
Batista e daqueles que, segundo disse Jesus, lançam mão do reino do céu. Nem o aspecto
inusitado do vigoroso profeta de Deus no deserto nem as obras sobrenaturais do Filho
do Homem satisfizeram a idéia de tal geração de como deveria ser a religião aceitável.
Em contraste com os olhos espirituais bem abertos de alguns, outros (notavelmente os
fariseus) evidenciavam uma marcada cegueira espiritual (Mt 15.12-24). Eles ignoravam
por completo a grande manifestação divina na sua geração. Achavam que o grande
profeta João era possesso de demônios (Mt 11.18) e que o próprio Messias era um
glutão e um bêbado (v.19). Por causa da incerteza que tinham a respeito da visitação de
Deus, não conseguiam participar daquilo que Deus fazia. As poderosas obras
sobrenaturais e a proclamação do Evangelho aos pobres constituíam provas que, como
Jesus bem sabia, iriam convencer João Batista de que Jesus era realmente o Messias (Mt
11.2-5). Mas as mesmas poderosas obras que atraiam algumas pessoas a Deus,
convencendo-as da deidade de Jesus, foram rejeitadas por outros, que se mantinham
incrédulos (vv.20-24). Tal descrença e rejeição não significava que fosse derrotada a obra
redentora de Jesus. Outrossim, nos nossos dias, a rejeição, por parte de algumas pessoas,
da operação sobrenatural do Espírito de Deus não significa a derrota ou fracasso do
propósito redentor de Deus. A igreja não será derrotada pelo mal. Não falhará em seu
propósito nesta época histórica. A igreja será triunfante, e completará a missão que lhe
foi confiada por Cristo, antes da sua volta em busca dos redimidos. As trevas espirituais
e a descrença de alguns fazem parte da nossa situação atual; mas a outra parte desta
mesma situação consiste na luz espiritual que entra pela porta da fé. É este aspecto que
nos inspira a participar do movimento do Espírito em nossos dias.

8. O contraste que vemos em Mt 11 consiste principalmente em


a) crença vs. descrença.
b) os discípulos de Jesus versus os fariseus.
c) as crianças versus as pessoas mais idosas.
d) João Batista versus os crentes de hoje.

A chave do capítulo que estamos revisando é mencionada várias vezes no próprio


capítulo (Mt 11.6, 15, 25). Consiste na sensibilidade ao Espírito Santo pelo enfoque da fé.
Quando Jesus disse que Deus se revela aos pequeninos (v. 25), estava referindo-se a pessoas
abertas à operação do Espírito e que escutam a sua voz (v. 15), Sua declaração acerca do
possível motivo de tropeço (v. 6) indica que devemos nos manter flexíveis, não deixando que
a maneira inusitada com que Deus pode operar, nos impeça de perceber que a obra é Dele.
O grande movimento do Espírito manifesto nos dias de Jesus não cabia bem no conceito que
algumas pessoas tinham da obra de Deus; por isso, essas pessoas mostravam-se cegas perante
a revelação que Deus lhes dava. Além da sensibilidade ao Espírito, este trecho nos diz que o
enfoque da fé implica em uma reação total e positiva ao propósito de Deus em um período
de inauditas oportunidades. Nada há de mais decisivo para missões hoje em dia do que a
sensibilidade dos crentes ao Espírito. Deus precisa de pessoas sensíveis que possam se entregar
sem reservas às oportunidades de realizarem a missão Dele no poder do Espírito!

Missões hoje e a fé 151


9. No texto de Mt 11 as indicações de uma perspectiva de fé, durante a era do Espírito,
incluem o reconhecimento
a) do grande potencial para realização da missão de Deus.
b) da mobilização da igreja pelo Espírito para seu ministério.
c) de uma extensa reação positiva do povo perante o evangelho.
d) do requisito de uma plena resposta de fé.
e) apenas a), b) e c) estão corretas.
f) todas as alternativas estão incorretas.

O ENFOQUE DA FÉ CONTESTADA

OBJETIVO 5 Qual deve ser a nossa reação em face da descrença e oposição contemporâneas
Explicar a diferença
essencial entre a perspectiva
perante a missão de Deus? Como devemos contemplar o desenvolvimento do mal no
dos dez homens que nosso mundo? De que forma devemos enfocar a nossa fé, ao enfrentarmos a oposição
prestaram um relatório satânica? Vejamos a narrativa veterotestamentária de Nm 13 e 14, que ajudará a nossa
negativo e a dos dois que
prestaram um relatório compreensão do enfoque da fé.
positivo.

Vitória ou derrota

OBJETIVO 6 A nossa própria perspectiva nos dias atuais é importante para o progresso da missão
Enumerar três razões da
necessidade de um enfoque
de Deus. A narrativa apresentada no livro de Números apresenta o povo de Israel, nação
de fé para o sucesso de eleita e redentora de Deus, e ilustra bem a falta de fé deste povo em geral no início da sua
missões em um mundo cheio missão. Mostra também o enfoque da fé em Deus por parte de Calebe e Josué quando
de oposições.
tiveram sua fé contestada por seus colegas. Leia Nm 13.17-14.12 procurando no texto
respostas positivas e negativas em face da oposição.

10. Saliente quem foi que prestou um relatório negativo nesta narrativa, resumindo o
conteúdo do mesmo. Responda em seu caderno.

11. Resuma o relatório positivo apresentado por Calebe e Josué; indique os capítulos e
versículos onde encontrou sua resposta. Responda em seu caderno.

12. Explique a diferença essencial entre o enfoque dos dez homens que prestaram um
relatório negativo e o enfoque dos dois homens que prestaram um relatório positivo.
Responda em seu caderno.

Quando os dez espias voltaram de Canaã, a maioria lembrava-se somente das cidades
fortificadas e dos gigantes. Mas dois deles perceberam as mesmas dificuldades sob outra
perspectiva. Calebe e Josué encaravam a oposição de uma perspectiva de fé e não de medo!
Ao enfrentarem a oposição, introduziram o Senhor Deus na situação. Nas palavras de J.
Sidlow Baxter1: “Os dez colocaram a dificuldade entre eles e Deus; os dois colocaram Deus
entre eles e a dificuldade” (1960, pág. 176). Os dois encaravam a dificuldade confiando no
poder de Deus!

152 MISSIOLOGIA
Calebe e Josué lembravam-se das grandes demonstrações do poder de Deus no Mar
Vermelho e no Egito e esperavam uma manifestação desse mesmo poder nesta nova fase da
sua missão. Sentiam-se otimistas porque enfocavam aquilo que Deus tinha feito, estava
fazendo e desejava ainda fazer. Eles procuravam realizar a missão de Deus, mediante o seu
poder, mesmo em face da oposição. Segue um poema feito por Baxter com descrição
eloqüente da diferença entre as perspectivas de dez e de dois:

“Dez homens falharam em ver a Deus


Viram cidades altamente construídas
Dois homens olharam para Deus
Viram essas cidades à condenação atraídas
Dez homens falharam em ver a Deus
Viram gigantes e tremeram grandemente
Dois homens olharam para Deus
Viram como gafanhoto o que era gigante
Dez homens falharam em ver a Deus
Eles disseram ‘Vamos perecer!’
Dois homens olharam para Deus
E proclamaram ‘Nele nós vamos vencer!’
Dez homens falharam em ver a Deus
E fizeram seus irmãos tremer
Os outros dois, venceram com o Senhor
A que grupo pertence você?”

Mas infelizmente o povo de Israel deu ouvidos ao relatório negativo dos dez espias e,
como conseqüência desse fato, a missão redentora de Deus ficou adiada por mais quarenta anos
(Nm 14.20-38). Tal foi o resultado do pessimismo irrestrito. A descrença humana não era capaz
de derrotar totalmente a missão de Deus, mas conseguiu deter a sua realização. Isto pode
acontecer também com relação ao plano de Deus para estes últimos dias; uma perspectiva que
salienta as dificuldades da missão evidencia um enfoque errado neste mundo. Tal enfoque de
medo pode causar uma derrota temporária da missão de Deus agora, bem como o relatório dos
dez espias atrasou a sua realização nos dias do antigo Israel. É preciso encarar as dificuldades
sempre no contexto do Senhor da seara. O enfoque da fé coloca os problemas missionários na
esfera do poder sobrenatural de Deus. Esta deve ser a moldura primária para a realização de
missões no nosso século. A nossa perspectiva de fé nos capacitará, como no caso de Calebe e
Josué, para esperarmos de Deus todo o poder necessário para a fase atual da sua missão. O
mesmo poder divino que deu o impulso inicial de missões está ao nosso dispor hoje!

13. Apresente três razões pelas quais o enfoque da fé em Deus é a chave para o sucesso de
missões perante a oposição do mundo de hoje.

Missões hoje e a fé 153


Derramamentos ou obstáculos

OBJETIVO 7 Como visto, o enfoque da fé permite-nos assumir uma perspectiva realista perante
Identificar um princípio bíblico
que permite interpretar a
o mundo, colocando os problemas, oposição e maldade do nosso tempo no contexto do
oposição do inimigo como poder de Deus. O enfoque da fé permite-nos ser otimistas acerca do progresso de
sendo evidência de missões no mundo de hoje, apesar de qualquer oposição. Realmente, a oposição pode-se
oportunidades para o
trabalho missionário hoje. tornar motivo positivo para uma agressiva estratégia de missões nos nossos dias, pois
através da fé podemos ver tal contradição como sendo oportunidade para que Deus
OBJETIVO 8
Enumerar algumas razões revele o seu poder. Os obstáculos à missão redentora de Deus possibilitam a poderosa
por que Deus desafiou a ação de Deus contra eles. Foi tal consciência da habilitação sobrenatural para a missão
Baal por meio do profeta
Elias, no episódio descrito divina em Éfeso, que motivou o seguinte comentário de Paulo aos coríntios: “Espero
em 1 Rs 18.16-39. permanecer convosco algum tempo, se o Senhor o permitir. Ficarei, porém, em Éfeso até
o Pentecoste, porque uma porta grande e oportuna para o trabalho se me abriu, e há
muitos adversários” (1 Co 16.7-9). A palavra porta significa oportunidade de avançar o
Evangelho (Cl 4.3; 2 Co 2.12).

Paulo era otimista com relação à cidade de Éfeso, por ruim que fosse, porque percebeu
certa oportunidade no seu confronto com a adversidade satânica naquela cidade. A fonte do seu
otimismo foi a operação sobrenatural do poder de Deus. Este fato é indicado através do uso da
palavra grega energes, que significa eficaz, para descrever o tipo de trabalho que se lhe
apresentava. A operação ativa e eficaz descrita pela palavra energes é a ação sobrenatural de
Deus. A mesma palavra grega é usada em Hb 4.12 para descrever a dinâmica operação da
Palavra de Deus nos corações das pessoas. Em face da oposição sobrenatural, Paulo mesmo
teria que passar pela porta, mas o trabalho que ele iria realizar seria eficaz, porque seria
praticado no poder do Espírito de Deus. Será que os encontros entre missionários cristãos e
espíritos malignos nos últimos 40 anos diferem dos encontros experimentados por Paulo em
Éfeso? Toda a evidência mencionada na Lição 8 e nesta lição nos leva a responder um forte
“Não!”. O confronto com as forças malignas pode ocasionar ainda a clara manifestação do
poder de Deus.

14. O texto de Rm 5.20 diz: “Onde o pecado abundou, superabundou a graça”. E Is 59.19
afirma: “Vindo o inimigo como uma corrente de águas, o Espírito do Senhor arvorará
contra ele a sua bandeira”. Que princípio bíblico e sempre válido é afirmado por estes
dois versículos, no que diz respeito à oportunidade apresentada pela atuação diabólica
para a extensão da obra missionária em nossos dias?

Este princípio é ilustrado com freqüência no NT. Deus enviou Paulo para a cidade de Éfeso,
dominada pela atividade satânica, capacitando-o para a operação de milagres e derramando o seu
Espírito naquela cidade (At 19.1-20). Em outras cidades pecaminosas daqueles dias, onde parecia
que eram invencíveis as hostes de Satanás, Deus estabeleceu a sua igreja e manifestou o seu poder.
Tais cidades eram Corinto e Roma. O mesmo princípio é ilustrado também na igreja primitiva na
cidade de Jerusalém. Leia At 4.1-21 e veja se você consegue encontrar esta referência.

154 MISSIOLOGIA
15. Qual dos seguintes versículos em At 4.1-31 mostra mais claramente que a obra de Deus
descrita neste trecho foi realizada pelo ministério no poder do Espírito?
a) v. 8.
b) v. 10.
c) v. 13.
d) v. 16.
e) v. 20.

16. Cite, em At 4.1-31 a referência exata que expressa um ato de violência física praticado
contra Pedro e João; cite também a declaração que expressa diretamente uma ordem que
contradiz o ministério deles. Responda em seu caderno.

17. Enumere resumidamente com referências exatas, os resultados do culto de oração relatados em
At 4.23-31 que se seguiu após a oposição descrita em At 4.1-22. Responda em seu caderno.

A seguir, um diagrama circular que ilustra quatro passos importantes neste princípio.
Quando o inimigo de Deus aumenta a oposição, o Senhor revela mais o Seu poder e vence:

Fig. 9.1

É importante interpretar os confrontos entre as forças satânicas e as hostes de Deus como


desafios do propósito, poder e glória de Deus. Na história de Israel, Deus não somente respondia
aos desafios deste tipo, como também tomava muitas vezes a iniciativa para desafiar, mediante
os seus profetas, os deuses do Egito e Canaã. Tais confrontos de potência puseram em relevo
não apenas o propósito redentor de Deus como também o renome de Deus e dos seus profetas
(1 Reis 18.16-39).

18. Enumere, alguns motivos do desafio apresentado em 1 Reis 18.16-39; dê as referências


exatas do(s) versículo(s). Responda em seu caderno.

19. Uma cuidadosa leitura dos versículos que acabamos de citar na nossa resposta ao
exercício anterior mostra que
a) Baal resolveu desafiar a Deus.
b) Deus resolveu desafiar a Baal.
c) Elias resolveu desafiar a Baal.
d) o povo resolveu desafiar a Baal.

Missões hoje e a fé 155


A palavra baal significa senhor. O deus Baal desafiava o poder e honra do Senhor Deus. Baal
era venerado como grande deus celestial pelos cananeus; seus deuses de fertilidade, colheita,
vegetação e chuva eram considerados manifestações locais de Baal. O culto de Baal, como o
animismo dos nossos dias, estava intimamente ligado aos ciclos da natureza. Como religião da
natureza, apelava às pessoas que cultivavam o solo. O povo de Israel recebeu uma forte influência
do culto a Baal nos dias de Elias. Por isso, o propósito redentor de Deus para determinar a
necessidade de uma demonstração do seu poder supremo sobre todos os deuses de Baal.

20. Você conseguiria identificar outra importante ocasião no AT, quando Deus revelou seu
poder contra outros deuses pela operação do seu propósito redentor?

Tais confrontos de potências são de grande importância nas missões de hoje,


especialmente entre os povos animistas do mundo. Os missionários que trabalham entre estas
pessoas enfrentam constantemente a oposição dos deuses deste século. Deus interessa-se
ainda em desafios ao seu poder e propósito redentor, pois é Deus zeloso (Êx 20.5). Nosso
Deus é sempre o mesmo; seu poder continua sempre igual e a sua missão ainda não foi
totalmente realizada. O enfoque da fé invoca o poder de Deus na arena da sua missão.

Em resumo, podemos dizer que um enfoque da fé no mundo de missões hoje em dia


tem bases bem sólidas. Estas bases são de ordem bíblica, estratégica e prática. A negligência
ao Espírito Santo, o divino Administrador e Estrategista de missões hoje em dia, serve para
apagar o Espírito (1 Ts 5.19). Como povo redentor, possuímos tanto a oportunidade, quanto
a responsabilidade de invocarmos o divino Paracleto em nossa ajuda. Devemos aproveitar
todo o poder espiritual que Deus tem providenciado para a nossa participação na grande
missão da igreja atual!

156 MISSIOLOGIA
MÚLTIPLA ESCOLHA: Assinale a única alternativa correta.
MÚLTIPLA autoteste

1. O Espírito de Deus é a fonte de


a) uma das forças espirituais do mundo de hoje.
b) todas as forças espirituais do mundo de hoje.
c) duas forças espirituais no mundo de hoje.
d) nenhuma das forças espirituais no mundo de hoje.

2. Esta lição salienta que o medo do mal


a) ajuda as missões internacionais hoje em dia.
b) opõe-se às missões internacionais hoje em dia.
c) ultrapassa as missões hoje em dia.
d) contrabalança as missões hoje em dia.

3. Na época do Espírito o Espírito foi derramado


a) menos amplamente do que na época de João Batista.
b) tão amplamente como na época de João Batista.
c) mais amplamente do que na época de João Batista.
d) apenas em certos indivíduos selecionados do povo de Deus.

4. O enfoque na fé em Deus é decisivo para o êxito de missões porque


a) coloca os obstáculos às missões na perspectiva certa.
b) ajuda a concentrar-nos nas oportunidades oferecidas por missões.
c) permite-nos usar poder sobrenatural na realização da missão de Deus.
d) todas as alternativas estão corretas.

5. A razão mais importante do desafio de Deus a Baal por meio de Elias foi
a) fazer o povo voltar-se para Deus.
b) provar que Elias era servo de Deus.
c) provar que Deus é o Senhor.
d) fazer alguma coisa não mencionada acima.

CERTO-ERRADO: Escreva C para as afirmações corretas e E para as erradas.


CERTO-ERRADO:

____ 6. A afirmação de Jesus: “E, desde os dias de João Batista até agora, se faz violência
ao reino dos céus, e pela força se apoderam dele” é interpretada nesta lição como
a perseguição da igreja e não resposta positiva ao Evangelho.
____ 7. O relatório negativo dos homens que foram com Josué e Calebe constituiu um
enfoque de medo de oposição que causou derrota.
____ 8. O diagrama circular desta lição, chamado O círculo vitorioso, começa com a
oposição de Satanás e termina com ministério capacitado pelo Espírito Santo.

Missões hoje e a fé 157


RESPOSTAS ÀS QUESTÕES DE ESTUDO

11. Falaram sobre as coisas boas da terra de era de João Batista. Ele é derramado
Canaã e disseram que Israel estava sobre todo o povo de Deus. Também
capacitado para tomar a terra, pois Deus nesta era o Espírito pode permanecer no
iria ajudá-lo (13.30; 14.8-9). coração do crente, coisa que não
acontecia na era de João Batista.
1. Resposta pessoal: você pode ter dito que
seu ponto de vista é positivo. Porém, a 15. a)
maioria das respostas a esta pergunta
apresenta um ponto de vista negativo. 5. b)

12. A diferença de tema entre estes dois 16. “E lançaram mão deles e os encerraram
enfoques foi: o relatório negativo foi um na prisão” (v. 3) e “disseram-lhes que
enfoque de medo, de oposição que absolutamente não falassem, nem
causou derrota, ao passo que o relatório ensinassem, no nome de Jesus” (v. 18).
positivo foi um enfoque de fé em Deus,
que produziria vitória.
6. c)

2. O Espírito de Deus e Satanás.


17. O Espírito Santo foi derramado sobre as
pessoas que oraram.
13. O enfoque da fé está no poder de Deus.
Primeiro, coloca na perspectiva certa as
7. d)
oposições às missões. Em segundo lugar,
ajuda-nos a concentrar-nos nas oportunidades
de missões. Em terceiro lugar, permite-nos 18. Alguns dos propósitos deste desafio
usar o poder sobrenatural necessário para foram: fazer o povo voltar-se para Deus
cumprir a missão de Deus. (vs. 21,37); provar que Elias era servo de
Deus (v. 36); e provar que o Senhor é
Deus (vs. 24, 36-37).
3. A fé em Deus ajuda as missões
internacionais atuais, ao passo que uma
atitude medrosa opõe-se às missões. 8. a)

14. Quando o inimigo de Deus revela sua 19. b)


oposição, Deus revela seu poder contra a
oposição e ganha a vitória. Embora não seja 9. e)
resposta a esta pergunta, é bom destacar aqui
o inverso desta situação: Satanás vai aumentar
20. As dez pragas mencionadas em Êxodo
sua oposição quando Deus revelar seu poder.
foram dirigidas por Deus contra os deuses
Porém, o poder de Satanás não pode
do Egito para mostrar-lhes que ele era o
prevalecer contra o poder de Deus (1 Jo 4.4).
verdadeiro Deus. Isso vê-se claramente em
Êx 12.12. A manifestação do poder de
4. Na era do Espírito, o Espírito é Deus evidenciou seu propósito redentor
derramado mais amplamente do que na para seu próprio povo.

158 MISSIOLOGIA
10. Os dez homens que foram a Canaã com
Josué e Calebe fizeram o mau relatório.
Este relatório afirmou que, por causa da
força e do tamanho dos cananeus, os
israelitas não poderiam atacar aquele
povo.

1
O autraliano J. Sidlow Baxter (1903 – 1999) é autor de cerca de trinta livros (além de suas antologias, há coleções de
sermões ainda não catalogados). Este pastor e teólogo defendia a Bíblia e advogava questões fundamentais da fé.

Notas exclusivas da edição brasileira. Dados atualizados Editoria Acadêmica da FAETAD.

Missões hoje e a fé 159


LIÇÃO 10

Um novo tempo em missões

À luz do grande movimento do Espírito hoje e de Seu desejo de situar o povo de Deus
em uma grande seara espiritual, com fé podemos dizer estar vivendo um novo tempo em
missões. Os desafios e problemas missionários contemporâneos devem ser encarados no
contexto do propósito e poder de Deus. Esta lição pretende mostrar nossos dias como a época
de grandes oportunidades para a realização da missão de Deus. São analisadas grandes
mudanças em missões a partir da segunda metade do século XX, e desejamos apresentar
alguns dos recursos e desafios deste novo tempo para que você tenha uma clara percepção
de um mundo pronto para um grande avanço missionário.

Conforme estudado na Lição 7, o tempo missionário de hoje é bastante semelhante ao


período vivido pela igreja primitiva. A Igreja primitiva mostra a transição de comunidade
judaica para comunidade internacional. Era a apaixonante história da explosão do Evangelho
de dentro do mundo judaico, com os seus limites culturais, para o grande mundo gentio. A
Igreja primitiva enfrentava o desafio de multidões de gentios sem o Evangelho. Um grande
derramamento do Espírito Santo acompanhava esta explosão do Evangelho e nós, hoje em
dia, temos o privilégio de viver uma época de interessantes transições no mundo de missões.

O Evangelho está ultrapassando atualmente fronteiras culturais de forma nunca vista


antes. Muitas nações estão começando a levar o Evangelho ao mundo inteiro. Está diante de
nós o desafio deste mundo: falar de Cristo aos bilhões de pessoas que não O conhecem! À
medida que a mensagem do Evangelho estende-se de uma nação a outra nos nossos dias,
nossa geração experimenta um excepcional derramamento do Espírito Santo.

Ao começar a estudar esta lição, peça ao Senhor da seara que o ajude a apreciar
melhor a época missionária em que você vive. Peça que Ele lhe mostre como participar mais
eficazmente da missão nos dias atuais.

160 MISSIOLOGIA
Um tempo de grandes mudanças missionárias Esboço da Lição
Uma era de grandes desafios missionários
Nova ênfase no evangelismo transcultural
Tipos de evangelismo transcultural

Ao término desta lição, você deverá ser capaz de: Objetivos da Lição

• explicar por que o evangelho cristão tem sobrevivido, salientar a base da sua vitalidade e
identificar evidências de uma nova era de missões em nossos dias;
• calcular mais exatamente a tarefa missionária ainda por realizar e relacionar as barreiras que
ela enfrenta à imagem étnica dos povos não evangelizados e à responsabilidade dos
missionários;
• identificar motivos do evangelismo transcultural em nossos dias, distinguindo diversos tipos
dele;
• realizar completamente seu próprio dever como missionário transcultural.

1. Leia atentamente esta lição. Atividades de


Aprendizagem
2. Faça todas as questões de estudo.
3. Separe, no mínimo, 3 horas diárias para estudar.
4. Faça o autoteste no final desta lição.

Um novo tempo em missões 161


Desenvolvimento UM TEMPO DE GRANDES MUDANÇAS MISSIONÁRIAS
da Lição

Quais os sinais dos tempos em que vivemos? Jesus descobriu que os líderes religiosos
de Seu tempo eram incapazes de entender a importância dos dias em que viviam (Mt 16.1-
3). Não perceberam o que Deus estava fazendo diante dos seus olhos. Jesus chorou pela
cidade de Jerusalém, centro religioso do povo de Deus. Ele chorou porque a maior parte dos
habitantes da cidade não reconheceu a visitação do Senhor (Lc 19.41-44).

É verdade que a geração de Jesus era especialmente privilegiada. Aquelas pessoas


viram uma revelação de Deus muito maior que qualquer outra, pois o Senhor Jesus Cristo
estava ali! O povo ouviu Jesus falar, viu os Seus milagres, presenciou seu ministério, morte e
ressurreição. Algumas dessas pessoas conseguiram entender aquilo que Deus fazia em sua
época. O NT menciona vários dos remanescente fiel do povo de Deus, que se mostravam
sensíveis à obra de Deus naqueles dias. Simeão foi um desses indivíduos e podemos ler sobre
ele em Lc 2.25-35.

A cada geração Deus tem o Seu remanescente fiel, composto daquelas pessoas
sensíveis àquilo que Ele faz na sua época. E estas são as pessoas usadas por Deus para
comunicar a Sua mensagem ao mundo. É muito importante reconhecermos aquilo que Deus
está fazendo em nossa geração.

Falta aqui espaço para uma descrição detalhada de todos os países do mundo.
Podemos, porém, identificar algumas importantes tendências e movimentos ocorridos nas
últimas décadas. São movimentos de alcance internacional e estão produzindo grande impacto
nas missões hoje. São tantas as mudanças nestes dias, especialmente na Ásia, na África e na
América Latina, que podemos de fato falar de uma nova era de missões. Vejamos esta nova
época com a mesma plena confiança de Simeão de que o Espírito Santo nos há de guiar a
nossos respectivos lugares de responsabilidades, na comunicação da missão de Deus em nossa
geração.

Sobrevivência do Evangelho em meio às mudanças

OBJETIVO 1 Nas últimas décadas, as missões caminharam em um mundo em transição. Estas tantas
Explicar por que o
Evangelho tem sobrevivido a
mudanças são um dos sinais de nossos últimos dias. Conquanto o mundo esteja em mutação,
toda sorte de circunstâncias o Evangelho permanece o mesmo. Imutável! Santo! Completo! Inspirado! Durante certo
adversas através dos
período, o Evangelho de Cristo era considerado parte inseparável do Império Romano e o
séculos, desde os dias de
Cristo, aqui na terra. seu contexto histórico. Mas o Evangelho sobreviveu à queda do Império Romano, que já
tentara destruí-lo, e expandiu-se muito além dos limites geográficos e históricos de Roma.
Desde sua origem, o Evangelho tem sobrevivido à circunstâncias adversas em termos de
mudanças políticas e sociais, porque é universal, abrangendo todos os povos do mundo. Além
disso, ele tem sobrevivido porque é de origem divina e o seu Autor controla as mudanças de
forma ativa para resguardar as Boas Novas através da história.

Em alguns períodos históricos, a missão cristã tem avançado lentamente, ao passo que
em outras épocas tem progredido rapidamente. As circunstâncias históricas têm influído
bastante no progresso missionário. Conforme o tempo e propósito de Deus, o mundo
mediterrâneo achava-se pronto em termos religiosos, políticos e sociais para a vinda de Cristo

162 MISSIOLOGIA
e a comunicação do Evangelho. A lei romana e as estradas do império mediterrâneo
possibilitavam a comunicação do Evangelho ao mundo inteiro. A existência de uma língua
comum por todo o império facilitava tal comunicação por toda a região.

1. Explique por que o Evangelho tem sobrevivido a todas as circunstâncias políticas e sociais
desde os dias de Jesus.

O avanço no mundo não-ocidental

Uma das maiores mudanças dos nossos dias, sob a perspectiva das missões cristãs, é o OBJETIVO 2
Explicar a causa do
avanço do mundo não-ocidental. Um movimento que teve início a partir da segunda metade
aparecimento do chamado
do século xx e, hoje ainda, exerce suas influências diretas na vida de centenas de milhares de Terceiro Mundo (1945 –
pessoas. Fora o que, é evidente que de maneira indireta, todo o mundo percebe estas 1969), relacionando isto à
vitalidade da fé cristã.
modificações políticas. Ralph Winter1 descreve o período entre 1945 e 1969 como um curto
prazo, durante o qual “quatrocentos anos de expansão política foram reduzidos a zero em
menos de vinte e cinco anos”.

Este período (1945 – 1969) assinala o nascimento de dezenas de novas nações no


mundo não-ocidental. Antes de 1945, quase todas essas regiões jaziam sob governo colonial,
mas até fins de 1969 quase todas tornaram-se independentes! Portanto, nasceu assim um
novo mundo, em um prazo de 25 anos. É no contexto da autodeterminação política e dos
interesses econômicos que estes países do então chamado Terceiro Mundo constituem um
mundo novo. Mas na realidade, muitas destas novas nações, ou entidades políticas,
representam antigas civilizações e tradições que antecedem a própria civilização ocidental.
Portanto, pode-se dizer que estas nações representam tanto o velho quanto o novo em seu
mundo.

2. Explique resumidamente as causas do aparecimento do Terceiro Mundo entre 1945 e 1969.

Embora o Terceiro Mundo não possa ser chamado de novo em todos os sentidos, ele
representa um novo mundo para as missões cristãs. A inclusão das novas nações entre as
entidades políticas do mundo tem grande importância para missões em nossos dias. Uma
centena destas nações, com uma população total de quase três bilhões de habitantes, será a
arena de missões em fins do século XX, pois quase todas as pessoas não evangelizadas vivem
no Terceiro Mundo.

As circunstâncias históricas desta nova era de missões terão um efeito especial no


progresso da missão cristã. Esta missão está sendo realizada em nações autônomas, com clara

Um novo tempo em missões 163


consciência da sua identidade nacional. Ao observarmos a experiência da fé cristã no Terceiro
Mundo, após vinte e cinco anos de incrível expansão podemos vaticinar o efeito deste novo
mundo no futuro de missões. Qual é o efeito das circunstâncias históricas especiais decorrentes
das mudanças políticas no mundo não-ocidental, na comunicação do Evangelho? O que tem
ocorrido às igrejas nos países recentemente independentes?

Algumas pessoas têm contemplado as grandes mudanças efetuadas no Terceiro


Mundo neste período de vinte e cinco anos e concluem que a era cristã está chegando ao seu
fim. Estas pessoas identificam a fé e a missão cristã com a expansão política do Ocidente. Por
isso, ao presenciarem o nascimento de muitas nações independentes e o fim de boa parte do
governo colonial ocidental, concluem que a fé cristã está chegando ao fim naquelas áreas. Tais
pessoas interpretam a vitalidade da fé e da missão cristã como tendo as suas raízes no mundo
ocidental.

3. Especifique um exemplo histórico, dado nesta lição, da vitalidade da fé cristã, que não se
restringe a nenhuma cultura específica. Explique resumidamente como o exemplo por
você escolhido demonstra este fato.

Aquilo que tem ocorrido à fé cristã no Terceiro Mundo durante o período assinalado
de 1945 até 1969, a após ele, ilustra mais uma vez que a vitalidade desta fé ultrapassa a
cultura humana. Em vez de perder o vigor, a fé cristã aprofunda-se ainda mais nos povos
destas novas nações! A fé cristã não somente sobrevive às grandes mudanças políticas em
muitos países, como também as igrejas crescem e prosperam! O sucesso da igreja em muitas
nações do mundo não-ocidental mostra a natureza universal da fé cristã. A vitalidade da fé
depende não da presença de ocidentais, mas do Espírito Santo, que não favorece nenhuma
nação ou cultura (At 10.34-35).

4. Explique, como o aparecimento do Terceiro Mundo mostra a vitalidade da fé cristã.

O declínio ou ascensão de missões

OBJETIVO 3 Aos estudiosos do tema, é óbvio que hoje a Igreja vive um novo tempo missionário.
Apontar fatos que evidenciem
o novo tempo em missões
Mas se os tempos anteriores eram missionários, é fácil perguntar se este novo tempo é um
vivido pela Igreja hoje. período de declínio na atividade evangelística. Para responder satisfatoriamente esta questão,
é necessário descobrir o que Deus deseja que esta geração lhe entregue como trabalho.

164 MISSIOLOGIA
A ascensão missionária

É lícito afirmar que o tempo de hoje é um novo tempo missionário, ou uma era de
ascensão da atividade evangelística, uma vez que o desafio principal de missões (discipulado
das nações – Mt 28.19) ainda está por vir. A fé cristã tem sido apresentada às nações do
mundo, mas boa parte do discipulado ainda não se efetuou. Cristo mandou que os Seus
seguidores saíssem a pregar e fizessem discípulos dos povos, tribos e grupos étnicos do
mundo inteiro, e há ainda muitos povos deste mundo que nem ouviram a mensagem do
Evangelho na sua própria língua. O mandamento de fazer discípulos das nações significa
muito mais que a simples proclamação do Evangelho em cada nação. Significa a fundação de
uma igreja espiritual, em cada grupo étnico de cada nação, para que esta igreja possa
evangelizar as demais nações.

Por isso, a resposta clara à pergunta acerca dos nossos dias em termos de missões é que
estamos presenciando a ascensão da nova era de missões cristãs. Um fato importante desta
época é que a Igreja de Jesus Cristo está representada em cada nação e continua crescendo
em muitos casos sem nenhum sustento ocidental. A igreja está desfrutando uma
representação mais ampla e um arraigamento mais profundo nas nações do mundo que em
qualquer outra época anterior. Outro fato importante é que a base de missões já não está
restrita ao Ocidente; encontra-se por toda parte. O potencial missionário já não pode ser
medido pelos recursos ocidentais. Cada nação do mundo onde o Evangelho está bem
arraigado torna-se a base de missões. A missão cristã é realmente internacional agora! Tudo
isso evidencia uma nova era de missões em nossos dias.

5. Mesmo que o evangelho seja pregado em todas as nações nos dias atuais, há ainda um
importante dever missionário há ser feito. Qual é?

6. Entre as evidências de uma nova era de missões nos nossos dias, vemos
a) a representação da igreja em cada nação.
b) o rápido crescimento nativo da igreja em muitas nações.
c) uma nova base internacional de missões.
d) todas as alternativas estão corretas.

Início de uma era cristã

Pode-se dizer que o alvo de missões já foi realizado no mundo de hoje? Podemos falar
do fim de uma era cristã? Kenneth Scott Latourette, historiador de missões, nos diz que nunca
houve uma era cristã. Nos primeiros cinco séculos, após o nascimento de Cristo, diz
Latourette, a grande maioria do Império Romano declarava-se cristã; esse império, porém,

Um novo tempo em missões 165


abrangia uma mínima parte da superfície da terra, a grande parte da humanidade vivia fora
do império. Os cristãos do Império Romano, portanto, constituíam uma minoria da população
do mundo e muitos deles eram cristãos apenas superficialmente. Durante vários séculos após
a queda do Império Romano, o cristianismo ficou quase extinto.

Nos séculos VII e VIII, o islamismo tornou-se a religião majoritária de quase metade do
mundo cristão. Pouco tempo depois, os bárbaros do norte da Europa invadiram as terras cristãs e
ameaçavam destruir a fé evangélica. Mesmo após a conversão dos bárbaros durante a Idade Média
na Europa, onde vivia a maioria daqueles que se chamavam cristãos, o número de crentes em
Cristo era até menor que nos dias do Império Romano. E o cristianismo daquela época não se
conformava com o padrão bíblico. A Reforma religiosa na Europa elevava a expectativa do
cristianismo e as missões passavam a levar o evangelho a outros continentes. Na Ásia (o
continente mais populoso) e na África ao sul do Deserto de Saara, contudo, os cristãos eram
apenas uma mínima parte da população. Em termos da conversão da maior parte da humanidade
à fé cristã, nenhuma época da história até o presente pode ser chamada de era cristã, pois boa
parte da tarefa do discipulado das nações está ainda por fazer. Por isso seria mais correto dizermos
que uma era cristã está começando, do que dizer que ela está no seu fim! Nunca antes a fé cristã
foi aceita por tantas pessoas, e nunca antes ela cresceu com tanto vigor. O Evangelho de Cristo tem
em nossos dias um impacto maior na humanidade que em qualquer época anterior. Alguns
comentaristas sugerem o fato de estar exercendo o cristianismo maior impacto hoje em nações em
desenvolvimento do que no Ocidente. Em nossa época o potencial de se realizar a Grande
Comissão é maior que em qualquer época anterior da história mundial.

7. Qual dos itens a seguir constitui a melhor evidência de estar começando agora uma era cristã?
a) Grande número de novas nações independentes.
b) A fé cristã está representada em todas as nações.
c) O crescimento da igreja nos países não-ocidentais.
d) Uma nova base internacional para missões.
e) O atual potencial para o discipulado das nações.

UMA ERA DE GRANDES DESAFIOS MISSIONÁRIOS

Qual é o verdadeiro desafio do trabalho missionário hoje em dia? Já mencionamos que


a Igreja é representada em nossos dias em todas as nações deste mundo. Este fato significa
que a igreja em cada um destes países deve evangelizar somente dentro das suas fronteiras
nacionais e sem a ajuda da igreja em outras nações? A tarefa do evangelismo mundial na nova
era de missões exige um ministério missionário? O desafio da nova era implica no envio e
recepção de missionários, ou não?

A tarefa a ser cumprida

OBJETIVO 4 Vale encarar a tarefa do evangelismo mundial para calcular mais adequadamente a sua
Mostrar como o Espírito
conduz à realização das
extensão e julgar o que ainda precisa ser feito. Em Lc 14.28, Jesus disse: “Qual de vós,
demandas. querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos para ver se

166 MISSIOLOGIA
tem com que a acabar?”. Jesus nos ensinou que vale a pena concebermos a empresa total e
calcularmos a despesa dela antes de iniciarmos o trabalho. Dois grandes missionários do
século XIX perceberam o valor deste princípio de Jesus. William Carey e Hudson Taylor, que
tão profundamente influenciaram a Índia e a China, reuniram mapas, estatísticas e quadros
para bem calcularem o desafio missionário daquele tempo. Havendo calculado a necessidade
do mundo ao seu redor, o Espírito Santo usou a estimativa deles para fortalecer a visão da
comunicação do Evangelho às nações e ajudou-lhes na formação de uma estratégia de
missões.

O desafio de missões para estes últimos dias atinge-nos com força ao considerarmos
o número de pessoas neste mundo que não conhece a Cristo. A esta altura, a população
dobra a cada 40 anos (dados entre 1960 e 2000), e caminha para a assombrosa expectativa
de 8 bilhões de seres humanos no ano 2025 – um quadro clássico de explosão demográfica.
Embora a quantidade de almas sobre a terra aumente de modo exponencial, o cristianismo
não chega a marcar uma era (Fig. 10.1).

Fig. 10.1

Em determinadas regiões do mundo, como África e Ásia, a tarefa evangelística


mal começou – e parece ser maior e mais dura que no ocidente. Fica, então, a pergunta:
“Como é possível cumprir tão grande tarefa em uma única geração?” . Algumas
pessoas desanimam só de pensar na amplidão do desafio missionário. Devemos lembrar
que, enquanto o crescimento da população de crentes no passado deveu-se
principalmente aos esforços missionários dos países ocidentais, o novo tempo
missionário contará com uma imensa cooperação global. As igrejas das nações em
desenvolvimento poderiam modificar de modo significativo a previsão para a população
cristã até o ano 2020.

Nesta nova era de missões, haverá mais pessoas envolvidas no trabalho missionário do
que jamais antes na história da humanidade, e é de se esperar um grande derramamento do
Espírito de Deus para capacitar os obreiros para a grande seara final.

Um novo tempo em missões 167


8. Saliente duas maneiras como o Espírito Santo utiliza a estimativa feita pelos missionários
da tarefa ainda a ser cumprida, visando ajudá-los a completar a parte que lhes compete.

9. Porque esperamos um derramamento ainda maior do Espírito de Deus nesta nova era de
missões do que no passado?

A nova fronteira

OBJETIVO 5 Lindsell refere-se ao mundo de missões modernas como sendo caracterizado por
Especificar a maior barreira
para a evangelização dos
grandes mudanças:
povos do mundo moderno
tratada nesta seção da lição. “Em cada época de mudanças, existe o problema de demonstrar a
relevância da fé. Não é que a fé mude, mas que deve mudar a
demonstração da sua relevância, pois não há duas épocas iguais.
Permanece para sempre imutável a mensagem fundamental, mas às
vezes precisa de certa revisão do método de apresentação”
(1970,pág.32).

A relevância da mensagem do Evangelho precisa ser demonstrada em todas as


culturas do mundo atual. Não nos preocupamos aqui com um novo exame da verdade
do Evangelho em si. Interessa-nos a sua aplicação num mundo novo. A fronteira de
missões, nas eras passadas, era calculada em termos de distância geográfica, longas
viagens oceânicas e árduas viagens por terra. A distância geográfica, porém, já não é o
problema de separação entre os mundos cristão e não-cristão. A fronteira das missões
modernas é de índole cultural. Os povos não-evangelizados do nosso mundo não estão
distanciados do Evangelho tanto em termos de quilômetros como em termos de cultura.

A nova era de missões desafia o povo de Deus pela face da terra a ultrapassar as
fronteiras culturais que atualmente impedem os povos não-evangelizados de receberem as
boas novas de Jesus Cristo. A aproximação evangelística que remove as barreiras culturais e
comunica eficazmente o Evangelho faz com que a mensagem seja ouvida e compreendida,
tornando-se uma viva opção para os seus ouvintes. Quando o Evangelho é assim apresentado,
a porta abre-se para que o Espírito Santo exerça um impacto maior sobre a consciência
daqueles que estão ouvindo a mensagem. O evangelismo transcultural, a comunicação do
Evangelho dentro do contexto cultural de cada povo, constitui uma verdadeira prioridade nas
missões de nossos dias.

168 MISSIOLOGIA
10. A maior barreira à evangelização dos povos no mundo de hoje, que acabamos de nos
referir, é
a) a distância geográfica entre os povos.
b) a distância cultural entre os povos.
c) todo tipo de distância entre os povos.
d) todas as alternativas estão corretas.

Renovação da imagem étnica

Como foi que a fronteira cultural tornou-se tão importante para o evangelismo? O OBJETIVO 6
Demonstrar que hoje a
imenso interesse no imaginário étnico dos povos recém-evangelizados, por parte dos que cultura dos povos a serem
comunicam o Evangelho às nações não-alcançadas, teve a sua origem principalmente no evangelizados é um fator de
aparecimento de dezenas de novas nações durante a metade final do século XX, e já na extrema importância a ser
observado pelo missionário
primeira década do século XXI (Fig. 10.2). estrangeiro.

Fig. 10.2

Junto com a independência política, as novas nações experimentaram uma renovação


étnica, ou seja, a consciência cultural de sua identidade. Cada povo e nação possui a sua
dignidade e auto-consciência, sentindo-se de qualquer maneira distintos dos demais povos, e
nações (no período anterior a 1945, as questões de consciência étnica não se manifestavam
tão abertamente como hoje). Há muitas razões para este fato. A fé cristã era considerada a fé
do governo colonial. O cristianismo chegara a muitas nações não-ocidentais em companhia
das riquezas, poderes e tecnologias do mundo ocidental. Os povos sob governos coloniais
tinham mais interesse, talvez, nas vantagens das inovações importadas do mundo ocidental do
que na sua própria imagem cultural. Não deve-se ignorar o fato de que o vigor dos
missionários naqueles tempos influiu fortemente nos povos evangelizados, fazendo com que
aceitassem mais facilmente as formas ocidentais da fé cristã.

Um novo tempo em missões 169


Hoje, os missionários transculturais não são recebidos como prestigiosos governantes
ou autoridades portadoras de poder e tecnologia antes desconhecidos; são recebidos como
visitantes ou hóspedes por nações independentes que já estão desenvolvendo sua própria
tecnologia. Estas nações se interessam profundamente na elaboração de uma identidade
nacional que possa refletir sua própria cultura tradicional e étnica. Além disso, vemos que a
igreja cristã está amadurecendo sensivelmente e em muitas áreas já possui sua própria
liderança e administração nacional.

11. Qual dos seguintes eventos históricos foi a causa mais direta da intensa consciência
cultural de muitas nações hoje em dia?
a) A Segunda Guerra Mundial.
b) A fundação das Nações Unidas.
c) O surgimento de novas nações e estados nacionais.
d) A Reforma Protestante.
e) O Concílio em Jerusalém descrito em At 15.

A cultura faz parte integral da busca de uma identidade nacional, e o nacionalismo


apresenta um nítido aspecto cultural. George Foster salienta da seguinte forma este aspecto:

“As novas nações que [...] desejam ardentemente assimilar a tecnologia


material do Ocidente, ao mesmo tempo em que mantém seus valores
espirituais mais autênticos, encontram-se em uma situação frustrante, pois as
mudanças não vêm tão cedo. Aquelas elites que, poucos anos atrás,
desprezavam sua própria cultura e suas realizações, agora estão liderando o
povo na procura da essência da cultura tradicional [...] O nacionalismo é uma
resposta à desilusão das pessoas que descobrem que os valores e costumes
dos forasteiros já não lhes servem [...] O nacionalismo [...] serve de raciocínio
e validação para as suas ações e ponto de vista”.

As sociedades tradicionais de muitas novas nações passam por um ciclo típico no seu
contato com o moderno mundo tecnológico. Este ciclo, implícito na descrição de Foster, pode
ser chamado de ciclo de renovação étnica e ilustrado da seguinte forma:

Fig. 10.3

12. Diga resumidamente por que um missionário deve preocupar-se ainda mais com o
imaginário étnico dos povos a serem evangelizados hoje. Responda em seu caderno.

170 MISSIOLOGIA
Barreiras culturais

Os aspectos culturais são tão importantes e devem ser considerados, uma vez que OBJETIVO 7
Identifique o responsável
podem vir a se tornarem empecilhos ao Evangelho, se negligenciados. As pessoas desejam para anular barreiras
tornar-se crentes sem atravessar barreiras culturais; não querem perder sua identidade culturais ao ministério do
cultural. Uma vez que a etnia influi na maneira como um povo recebe o Evangelho, ela Espírito Santo.

também deve influir na maneira que comunicamos o Evangelho a outras culturas. Qualquer
idéia nova pode ser rejeitada por parecer estrangeira. Se o Evangelho aparece vestido de
roupas estrangeiras, pode nem merecer a atenção do povo. Para ser ouvida e entendida, a
mensagem muitas vezes precisa ter uma aparência familiar. E como o Evangelho é uma
mensagem universal, ele pode muito bem ter a aparência de qualquer cultura.

Se negligenciada a imagem étnica de um grupo que nutre o forte desejo de uma


identidade cultural, a resistência manifestada por este grupo pode ser interpretada como
sendo uma resistência contra o Evangelho. Em numerosos casos, porém, é uma simples reação
contra os elementos estrangeiros na mensagem evangélica. Obviamente, o Espírito Santo
pode derrotar qualquer barreira desse tipo, porém, não se deve confundir aquilo que Deus
deve fazer e aquilo que Deus espera que nós façamos. O Espírito Santo exerce o Seu
ministério na comunicação do Evangelho, sim, mas é errado esperarmos que ele neutralize os
fracassos daqueles que devem comunicar o Evangelho.

O Espírito Santo ajuda e inspira a compreensão da mensagem do Evangelho por parte


dos ouvintes, mas geralmente aqueles ouvintes devem estar dispostos a ouvir a mensagem para
poderem beneficiar-se do auxilio do Espírito. O ministério do Espírito Santo é de convencer as
pessoas a respeito de seus pecados e iluminá-las enquanto ouvem as boas novas. O Espírito
Santo realiza esta obra mediante a Palavra de Deus. Mas o Evangelho deve ser comunicado de
tal maneira que seja aceitável, claro e compreensível. O missionário tem a responsabilidade de
comunicar o evangelho desta forma para que não haja desnecessárias barreiras culturais para
aqueles que devem ser ganhos para Cristo. As barreiras para comunicação da mensagem do
Evangelho tornam-se também barreiras para o ministério missionário do Espírito Santo. Se a
mente e o coração de um povo estão fechados para o Evangelho por causa de alguma
estrangeirice observável na comunicação da mensagem, o Espírito Santo não força a vontade
daquele povo. O Espírito bem poderia falar diretamente com as pessoas que se fecham para a
mensagem do Evangelho, mas Deus optou por não revelar-se dessa forma. Ele exige uma fé
voluntária como condição de Sua revelação aos seres humanos. A fé pressupõe uma abertura
para com Deus, uma disposição de receber Sua divina mensagem. Se o Espírito Santo resolve
derrotar a oposição mental e emocional de um indivíduo ou grupo, é uma exceção no Seu
procedimento. O obreiro transcultural bem sensível à imagem étnica de um grupo evita a
construção de desnecessárias barreiras culturais para a comunicação, abrindo, assim o caminho
para o Espírito exercer um impacto máximo sobre os ouvintes.

13. A superação das barreiras culturais desnecessárias para o ministério missionário do


Espírito Santo é uma responsabilidade
a) do missionário.
b) do povo que está sendo evangelizado.
c) do Espírito Santo propriamente dito.
d) de todos os itens acima.

Um novo tempo em missões 171


A negligência por parte dos missionários, quanto ao imaginário étnico de certos povos,
em termos de modo de adoração, organização, liderança, métodos de evangelismo e
arquitetura eclesiástica, pode criar barreiras culturais para pessoas que o Espírito Santo deseja
atrair para a Igreja. Uma igreja de aspecto estrangeiro custa para penetrar na sociedade. O
fazer discípulos de todas as nações (Mt 28.19) exige a penetração das sociedades daquelas
nações. O discipulado implica no modo de vida integral das pessoas e dos grupos.

NOVA ÊNFASE NO EVANGELISMO TRANSCULTURAL

OBJETIVO 8 Já observamos as grandes mudanças ocorridas no mundo durante a nova era de


Enumerar duas razões
estratégicas da necessidade
missões. A mudança principal deste período histórico é a necessidade de mais atentamente
do evangelismo missionário observar as modificações culturais. O desafio desta época relaciona-se integralmente com a
transcultural atrair a Cristo questão de identidade étnica. É assim porque grande parte da humanidade habita em nações
as multidões de não-crentes.
que estão experimentando modificações muito profundas na trama social/cultural.

Em uma tentativa de cumprir o mandamento de Jesus aos discípulos em Mt 28.19,


a atividade missionária de nosso tempo tem voltado a sua atenção ao evangelismo
transcultural. Esta nova ênfase concorda com a estratégia para missões traçada pelo próprio
Jesus. Concorda também com a necessidade de nossos dias, quando a maioria dos não-
crentes do mundo carece de vizinhos próximos que sejam crentes e que lhe possam
comunicar o Evangelho de Cristo. O desafio de missões hoje em dia torna-se ainda mais
claro, ao observarmos a localização dos não-crentes do mundo. Como estas pessoas
costumam habitar as nações em desenvolvimento e aquelas tidas como do Terceiro Mundo,
compete-nos perguntar o que se pode fazer para evangelizá-las. Naturalmente, há um
único Evangelho a compartilhar com elas. Mas seria correto comunicar este Evangelho a
alguém de outra cultura da mesma forma que comunicaríamos a alguém da nossa própria
cultura? Vejamos resumidamente uma tarefa de evangelismo que difere do tipo de
evangelismo praticado normalmente para ganharmos para Cristo as pessoas da nossa
própria cultura.

O evangelismo transcultural é essencial para alcançar a maioria dos não-crentes do


nosso mundo. Em toda nação, mesmo as chamadas cristãs, há pessoas não-evangelizadas.
Cada indivíduo realmente crente em Jesus é cristão, não por causa de seu nascimento em um
país cristão, mas por causa de sua própria resposta ao Evangelho. O desafio do evangelismo
nos países ocidentais e entre pessoas já familiarizadas com os fatos da fé cristã é grande e não
deve ser negligenciado, mesmo que seja uma atividade bastante comum. Mas este tipo de
evangelismo é, geralmente, muito menos difícil que o evangelismo entre pessoas de outra
cultura ainda não atingida com a mensagem do Evangelho. Em alguns países do nosso
mundo, há muitos grupos étnicos bem diversos. Pode haver, por exemplo, uma tribo com
várias igrejas e boa porcentagem de cristãos, e uma tribo vizinha sem nenhum crente ou
presença cristã.

14. É mais fácil evangelizar alguém de sua própria cultura? Explique.

172 MISSIOLOGIA
Jesus tinha grande sensibilidade às diferenças culturais. Quando deu aos seus discípulos
o mandamento de irem por todo o mundo pregando as boas novas do evangelho, chamou a
atenção deles para os diversos grupos culturais. Ele disse: “Fazei discípulos de todas as
nações” (Mt 28.19). O significado da palavra nações aqui não se restringe a entidades
políticas e nacionais; esta palavra no grego original significa grupos étnicos. Jesus desejava que
os seus seguidores estivessem presentes em toda cultura, não meramente em todas as nações
políticas.

15. O mandamento de Jesus aos seus discípulos em Mt 28.19, estimulava-os no sentido de


realizarem aquilo que aqui descrevemos como
a) evangelismo internacional.
b) evangelismo transcultural.
c) evangelismo convencional.
d) evangelismo ocidental.
e) evangelismo não-ocidental.

Em uma matéria como esta, não cabe a análise de muitos grupos culturais dos diversos
países e continentes do nosso mundo. Contudo, em uma tentativa de ilustrar o imenso desafio
do evangelismo transcultural entre os bilhões de não-crentes deste mundo. Este quadro
mostra o tamanho de alguns grandes grupos culturais não-cristãos na Ásia e na África (Fig.
10.4).

Veja bem o fato de dois grupos culturais possuírem títulos religiosos: um chama-se
hindu e o outro muçulmano. O hinduísmo e o islamismo afetam profundamente a vida
social dos seus adeptos. O sistema de castas vigente na Índia e a penetração do islamismo
em cada recanto da vida dos muçulmanos criam barreiras sociais para a recepção do
Evangelho. Os fortes laços sociais entre os chineses e a grande influência do budismo e
confucionismo na vida deles criam barreiras sociais para o evangelismo. Desde princípios da
era de missões, os hindus, muçulmanos e chineses têm sido considerados os grupos mais
resistentes ao evangelho de Cristo. É pequena a porcentagem de cristãos entre eles. Mas
será que estes povos são realmente tão resistentes ao Evangelho? Ou são apenas resistentes
àquilo que chamamos evangelismo convencional, em contraste com o evangelismo
transcultural? Será que na apresentação do Evangelho a estes povos, sua própria cultura
tem sido negligenciada?

David Liao conta a história dos Hakka, uma tribo nas montanhas da Ilha de Formosa
(Taiwan) após a sua migração do sul da China. Os Hakka tinham um imaginário étnico
extraordinariamente forte. Diz Liao: “Durante muitos anos na Ilha de Taiwan, os Hakka
tiveram a fama de serem resistentes ao Evangelho”. Mas ele logo pergunta “Será que são
realmente resistentes?”. Entre as muitas razões para o aumento no número de crentes entre
os Hakka, nota-se que os missionários passaram a utilizar a língua Hakka, apresentar a Bíblia
e um hinário na língua Hakka, e consagrar pregadores e pastores Hakka. Liao frisa que os
Hakka não eram realmente resistentes ao Evangelho; pelo contrário, aqueles que tentavam
evangelizar os Hakka negligenciavam sua forte identidade étnica e, conseqüentemente, tornar-
se cristão significava para um membro do grupo Hakka abandonar sua própria cultural.

Um novo tempo em missões 173


Observe os dados da tabela abaixo:

Fig. 10.4

174 MISSIOLOGIA
16. Em sua apresentação do Evangelho aos Hakka, os missionários deveriam
a) comunicar-se na língua Hakka.
b) traduzir a Bíblia e um hinário na língua Hakka.
c) consagrar ministros Hakka.
d) todas as alternativas anteriores estão corretas.

17. Em resumo, especifique duas razões da necessidade do evangelismo missionário


transcultural atrair a Cristo as multidões não-evangelizadas do nosso mundo.

TIPOS DE EVANGELISMO TRANSCULTURAL

É razoável supormos que as pessoas de cada grupo cultural sejam mais aptas e OBJETIVO 9
Diferenciar dois tipos de
capacitadas, do que os forasteiros para o evangelismo no seu próprio grupo cultural. O evangelismo transcultural,
raciocínio desta suposição já foi apresentado na resposta ao exercício 14. Tal baseando-se em seu
evangelismo convencional entre pessoas do mesmo grupo cultural evita as barreiras conhecimento da distância
cultural entre o evangelista
culturais e é, portanto, o tipo mais eficaz de evangelismo. O objetivo missionário seria, e o grupo evangelizado.
pois, implantar uma igreja em cada grupo cultural, a qual por sua vez iria evangelizar
seu próprio grupo cultural através do evangelismo comum. Em um recente congresso
internacional de evangelização mundial, Ralph Winter apresentou o evangelismo
transcultural como sendo da mais alta prioridade para missões hoje em dia. Com
referência a At 1.8, Winter diz que parece bem claro que Jesus não se refere à
distância geográfica, senão à distância cultural. Jerusalém, Judéia, Samaria e os confins
da terra são pontos relativos em termos da distância cultural entre os seus discípulos
e os povos daquelas regiões. Jerusalém e Judéia foram áreas cujos habitantes eram da
mesma cultura dos seus discípulos. O evangelismo de tipo convencional iria surtir
efeito entre estas pessoas.

Uma vez que não era questão de distância cultural, a única fronteira a ser ultrapassada
seria a que demarca a igreja e o mundo em uma mesma cultura. Winter dá a este tipo de
evangelismo o rótulo Evangelismo 1. Por outro lado, Samaria e os confins da terra (At 1.8)
exigiam o evangelismo transcultural. Os discípulos que iriam evangelizar aqueles povos
teriam que ultrapassar fronteiras culturais. Samaria representava outro grupo cultural. A
tarefa de evangelizar os samaritanos seria algo diferente e mais difícil para os discípulos, do
que a evangelização de Jerusalém e Judéia. Eles poderiam fazer-se entendidos, talvez
mediante o uso de um dialeto, mas haveria ainda certas diferenças culturais bem marcadas
entre os discípulos de Jesus e os samaritanos. O evangelismo transcultural seria necessário
para alcançar os samaritanos porque os discípulos teriam que ultrapassar uma segunda
fronteira, de tipo cultural.

A tradicional hostilidade entre judeus e samaritanos constituiria um fator importante


na comunicação do Evangelho aos samaritanos. A distância cultural entre os discípulos e o
povo da Samaria, embora não muito grande, era significativa. Winter chama este tipo de
evangelismo de Evangelismo 2.

Um novo tempo em missões 175


Ao referir-se aos confins da terra em At 1.8, Jesus, falava dos povos bem distantes do
mundo dos discípulos. Estes povos falavam idiomas totalmente distintos da língua hebraica ou
aramaica, pensavam diferentemente, viviam de acordo com outros costumes culturais e
tinham uma cosmovisão bem diferente. Os discípulos que iriam fazer evangelismo entre
povos tão diversos teriam que ultrapassar uma terceira fronteira: a fronteira da cosmovisão,
ou perspectiva total da vida. Winter chama este tipo de evangelismo transcultural de
Evangelismo 3.

Pedro era um típico judeu, sem antecedentes nem treinamento grego. Parece provável
que não se associasse em uma base regular com os samaritanos (Jo 4.9). Responda as
seguintes perguntas baseadas na explicação anterior.

18. Quando Pedro evangelizava os judeus, que tipo de evangelismo praticava?

19. Quando Pedro evangelizava os samaritanos (At 8.14-17), que tipo de evangelismo
praticava?

20. Se Pedro tivesse evangelizado entre os gregos, que tipo de evangelismo teria sido?

176 MISSIOLOGIA
MÚLTIPLA ESCOLHA: Assinale a única alternativa correta.
MÚLTIPLA autoteste

1. O fato do evangelho ser universal, preparado para todas as pessoas


a) não é a razão da sua sobrevivência.
b) é a única razão da sua sobrevivência.
c) é uma das razões da sua sobrevivência.
d) é a única razão importante da sua sobrevivência.

2. Uma das evidências de uma nova era de missões nos nossos dias é o crescimento rápido
da igreja nativa
a) em todas as nações.
b) em muitas nações.
c) em algumas nações.
d) em nenhuma nação.

3. O Espírito usa a estimativa dos missionários a respeito da obra missionária não terminada para
a) fortalecer sua visão missionária.
b) ajudá-los a formar uma boa estratégia missionária.
c) a) e b) estão incorretas.
d) a) e b) estão corretas.

4. O evangelismo transcultural
a) é necessário para levar o evangelho a todos os grupos étnicos do mundo.
b) raramente é necessário para levar o evangelho aos grupos étnicos do mundo.
c) nunca é necessário para levar o evangelho aos grupos étnicos do mundo.
d) é oposto à obra de levar o evangelho aos grupos étnicos do mundo.

5. O evangelismo transcultural que estabelece um elo entre o missionário e o grupo que ele
está evangelizando é chamado por Ralph Winter de
a) Evangelismo 1.
b) Evangelismo 2.
c) Evangelismo 3.
d) todas as alternativas estão corretas.

CERTO-ERRADO: Escreva C para as afirmações corretas e E para as erradas.


CERTO-ERRADO:

____ 6. Os países do chamado Terceiro Mundo e do grupo em desenvolvimento


mostraram a vitalidade da fé cristã através do seu crescimento, depois do término
do governo colonial.
____ 7. Esta lição salienta que o distanciamento cultural é menos significante no
evangelismo do que a distância física.
____ 8. As pessoas que estão sendo evangelizadas são mais responsáveis pela prevenção de
impedimentos à recepção do Evangelho, do que o missionário que as está evangelizando.

Um novo tempo em missões 177


RESPONDA: Responda às seguintes questões.
RESPONDA:

9. A partir de que período histórico os missionários ao Terceiro Mundo mais tiveram de


preocupar-se com o sentimento nacionalista das nações em que trabalhavam como
evangelistas?

10. Por que os missionários ao Terceiro Mundo devem preocupar-se com a auto-estima
destes povos, mais do que faziam seus pares 6 décadas atrás?

178 MISSIOLOGIA
RESPOSTAS ÀS QUESTÕES DE ESTUDO

11. c) crescimento é mais uma evidência de que


a base da vitalidade da fé cristã não é
1. O Evangelho tem sobrevivido porque é nenhuma cultura humana em particular
universal, preparado para todas as e sim a obra do Espírito Santo em
pessoas e porque vem de Deus, que muitas culturas.
controla as mudanças neste mundo e
preserva-o através da história. 15. b)

12. Hoje em dia o missionário tem que se 5. O trabalho de discipular os povos de


conscientizar muito mais da auto-estima cada nação e de implantar igreja em
do povo que ele está evangelizando, cada um destes grupos étnicos ainda não
porque a sua aceitação e também do está terminado.
Evangelho por parte deste povo depende
muito mais disso agora, do que
16. d)
antigamente.

6. d)
2. Muitas nações ganharam sua
independência dos governos coloniais.
17. Em primeiro lugar, o evangelismo
transcultural é necessário para cumprir o
13. a)
mandamento de Cristo em Mt 28.19. Em
segundo lugar, é necessário porque a
3. A vitalidade da fé cristã no império maior parte das pessoas não cristãs deste
romano mostra que a sua sobrevivência mundo não tem vizinhos por perto que
não se limita a uma só cultura. Quando possam pregar o Evangelho a elas.
aquele império caiu, o Evangelho
espalhou-se muito além dos seus limites
7. e)
geográficos e históricos.

18. Evangelismo 1; esse é um evangelismo


14. Resposta pessoal: talvez você tenha
comum de pouca ou nenhuma distância
mencionado que teria algo mais em
comum com uma pessoa de sua própria cultural.
cultura, que lhe seria mais fácil falar com
esta pessoa e que teria maneiras de 8. O Espírito Santo usa a estimativa dos
pensar mais semelhantes às dela. E claro missionários com respeito ao trabalho
que não teria que usar outra língua. não terminado para: fortalecer sua visão
Também seria mais fácil você entender o de levar o evangelho às nações; e ajudá-
que esta pessoa pensa a respeito de Deus. los a formar uma estratégia para
cumprir sua missão no mundo.
4. O surgimento do Terceiro Mundo
mostrou a vitalidade da fé cristã, através 19. Evangelismo 2; esse é um evangelismo
do seu crescimento, depois do fim do transcultural muito significativo, mas que
governo colonial nestes países. Este não envolve muita distância cultural.

Um novo tempo em missões 179


9. O fato de que mais pessoas estarão
envolvidas no trabalho missionário nesta
nova era, faz-nos esperar maior
derramamento do Espírito Santo.

20. Evangelismo 3; esse é um evangelismo


transcultural que envolve grande
distância cultural.

10. b)

1
Diretor do Centro Norte-americano de Missões mundiais.

Notas exclusivas da edição brasileira. Dados atualizados Editoria Acadêmica da FAETAD.

180 MISSIOLOGIA
Um novo tempo em missões 181
LIÇÃO 11

Estratégia bíblica
para os nossos dias

Vimos nas Lições 8, 9 e 10 que a nova era de missões é um tempo de mudanças sem
precedente, sendo também um período de grandes oportunidades missionárias. O desafio do
discipulado dos povos constitui a tarefa principal para este século. Qual deve ser a direção da
missão em um mundo cheio de oportunidades? A missão do Espírito Santo é bem definida,
mas como saber se estamos colaborando com o Espírito?

A partir de agora, será focado o fato de que, junto com a divina dinâmica para missões,
Deus nos tem dado em Sua Palavra uma orientação divina para a nossa missão. Devemos
reconhecer a importante relação entre a obra do Espírito Santo e a orientação da Palavra de
Deus. Encontramos na Bíblia um plano, ou estratégia divina para missões que é completa e
mais do que suficiente para a satisfação de todos os desafios do mundo moderno. Esta
estratégia é chamada comumente de Grande Comissão. É uma estratégia inspirada pelo
Espírito Santo, o divino Estrategista da seara. Se seguirmos esta estratégia, podemos ter a
certeza de estarmos colaborando com o Senhor da seara, o Espírito Santo.

182 MISSIOLOGIA
Razões para uma estratégia missionária Esboço da Lição
Natureza da estratégia de missões
A estratégia missionária de Cristo

Ao término desta lição, você deverá ser capaz de: Objetivos da Lição

• salientar por que é necessária uma estratégia para missões, definindo a estratégia bíblica;
• especificar a natureza e propósito da Grande Comissão e explicar a importância do seu alvo
e outros componentes;
• ajudar as missões mais eficazmente por causa da sua compreensão da relação entre a estratégia
missionária de Cristo e os problemas contemporâneos de missões.

1. Leia atentamente esta lição. Atividades de


Aprendizagem
2. Faça todas as questões de estudo.
3. Separe, no mínimo, 3 horas diárias para estudar.
4. Faça o autoteste no final desta lição.

Estratégia bíblica para os nossos dias 183


Desenvolvimento RAZÕES PARA UMA ESTRATÉGIA MISSIONÁRIA
da Lição

OBJETIVO 1 Um dos temas mais debatidos nas missões é a estratégia. Estratégia de missões é tema
Especificar um importante
motivo da necessidade de
de livros e congressos missionários. Já tornou-se parte do currículo dos institutos de missões.
uma boa estratégia de Parece que o novo interesse na estratégia deve-se em parte às mudanças operadas nas últimas
missões em nossos dias. décadas. Nos dias da Igreja primitiva, os problemas missionários se multiplicaram quando o
Evangelho começou a ultrapassar a cultura judaica. Novos grupos incorporados à igreja
motivaram novos problemas e os apóstolos ganharam uma nova e mais profunda compreensão
para tratar esses casos. A inspirada intuição do apóstolo Paulo no NT proporciona-nos uma
porção de preciosas informações acerca da estratégia missionária. Missões, como você sabe,
constituem uma atividade motivada por forte impulso interno. Inspirada e impelida pelo Espírito
Santo, a Igreja dedicou-se a missões durante vários séculos, antes de traçar uma consciente
estratégia a respeito. Já observou-se que, no desenvolvimento da ciência de missões, a análise
sistemática só vem quando surgem obstáculos e problemas de difícil solução.

1. Qual dos seguintes itens explica mais completamente a preocupação da igreja atual com
a análise sistemática de missões?
a) Novos livros sobre a ciência de missões.
b) Estudos sobre a história de missões.
c) Problemas complexos em missões.
d) Congressos sobre estratégia missionária.
e) A recomendação dos estudiosos.

Na Lição 10 vimos as grandes mudanças introduzidas no mundo de missões. Na nova


era de missões, a renovação do nacionalismo e do imaginário étnico apresentaram problemas
novos que desafiavam as tradições do trabalho missionário. Mais uma vez, como nos dias do
NT, o Evangelho era comunicado a muitas culturas e povos, que por sua vez introduziam na
igreja novos e complexos problemas. Estes problemas exigiam uma análise profunda para que
se criasse um sólido fundamento bíblico para a sua resolução. Certas pessoas entenderam mal
a complexidade de missões num mundo cheio de mudanças e achavam que a era de missões
estava se definhando. Tais pessoas viam a fé cristã como sendo inseparável da expansão
colonial. Outros reconheciam que era necessária uma estratégia que esclarecesse o alvo, a
prioridade, os meios e a dinâmica da progressiva missão de Deus no mundo multicultural de
nossos dias. Tal análise sistemática proporcionaria respostas bíblicas para os complexos
problemas enfrentados por missões num mundo sempre em transição.

2. Qual dos seguintes itens expressa a principal razão da necessidade de uma cuidadosa
estratégia de missões nos nossos dias?
a) Ganhar um entendimento teológico mais profundo.
b) Lidar com as culturas humanas contemporâneas.
c) Desenvolver a ciência de missões.
d) Refletir sobre os fracassos missionários do passado.
e) Refletir sobre os sucessos de missões no NT.

184 MISSIOLOGIA
NATUREZA DA ESTRATÉGIA DE MISSÕES

Sua autoridade

É certo relacionarmos as palavras estratégia e missões? As missões constituem uma OBJETIVO 2


Identificar a suprema
tentativa de conduzir as pessoas a Deus para que, pela divina graça, possam tornar-se autoridade de estratégia de
semelhantes a Ele. Conduzir as pessoas a Deus é o alvo imediato de missões (Lição 2). Como missões e especificar onde
se relaciona a palavra estratégia com este alvo? Já mencionamos que alguma estratégia, no encontra-se a expressão escrita
que confirma a identidade
sentido de análise sistemática, é essencial para a solução de complexos problemas ocorridos desta suprema autoridade.
em missões. A autoridade para a ligação destes dois conceitos, porém, ultrapassa a necessidade
prática de solucionar problemas missionários. A suprema autoridade para qualquer estratégia
de missões é bíblica; de fato, é o próprio Senhor Jesus Cristo (Mt 28.18). A grande Comissão
de Jesus, expressada em Mt 28.19-20, constitui a Sua estratégia de missões. Neste
mandamento, Cristo nos dá um esboço geral e os princípios para a realização da tarefa
missionária em todas as gerações.

Uma estratégia de missões não constitui um substituto das Escrituras e da obra do


Espírito Santo. Muito pelo contrário, deve basear-se nas Escrituras; seus princípios devem
originar-se na Palavra de Deus. É importante mantermos uma perspectiva equilibrada acerca
da relação entre o papel do Espírito Santo e o papel humano no trabalho missionário. A
Bíblia declara qual é o papel de cada um destes elementos na realização da missão de Deus.
Como visto em lições anteriores, Deus usa as pessoas na Sua missão, isto é, pessoas guiadas
pelo Espírito Santo. Por isso, a palavra estratégia, com referência a missões, nada tem a ver
com uma atividade puramente humana que fosse eliminar a obra do Espírito Santo. Refere-
se, ao invés disso, a uma análise bíblica, orientada pelo Espírito Santo, que se efetua para
conduzir os seres humanos a Deus. A estratégia de missões não substitui a obra do Espírito
Santo; o ministério do Espírito é enriquecido pela estratégia missionária, pois esta abre o
caminho para que Deus possa exercer um impacto total na vida das pessoas.

3. Quem é a suprema autoridade da estratégia de missões e onde podemos encontrar o


documento escrito que confirma a sua identidade?

Sua definição

Para entendermos a relação entre as palavras estratégia e missões, devemos examinar OBJETIVO 3
Distinguir as importantes
o sentido da palavra estratégia. Segundo o dicionário, ela é: a ciência de planejamento e características da estratégia
execução de operações militares em grande escala especificamente (à diferença das táticas) de missões e das táticas de
para a manobra das tropas para uma posição mais vantajosa, antes do combate com o missões.

inimigo. A referência à guerra é aceitável em nosso uso da palavra estratégia, se pensarmos OBJETIVO 4
nas missões como sendo um combate espiritual. As palavras ciência, planejamento e manobra Definir resumidamente uma
estratégia bíblica de missões.
enfocam a responsabilidade humana na estratégia de missões. A primeira coisa a ser notada
com relação à estratégia é que ela visa alcançar um alvo. Na definição que acabamos de ler,
o alvo seria ganhar a guerra. Uma parte essencial da estratégia é o enfoque do seu alvo.

Estratégia bíblica para os nossos dias 185


Escrevendo sobre a estratégia de missões, Peter Wagner1 aclara: “A estratégia constitui um
meio mutuamente aceito para atingir o alvo estabelecido por um determinado grupo. A
boa estratégia interessa-se tanto pelos princípios mais gerais, como pelas táticas mais
específicas”.

4. Especifique a sua interpretação do alvo proposto por Cristo na sua Grande Comissão.

A segunda característica da estratégia que você deve notar é a preocupação com


princípios mais gerais.

5. Enumere algumas palavras e frases dadas na definição de estratégia que descrevem


princípios mais amplos; explique por que descrevem estes princípios.

6. No texto de Mt 28.19-20, quais são os três meios salientados por Cristo para o alcance
do alvo da Grande Comissão?

Uma estratégia é, por natureza, mais teoria do que ação; é trabalho com idéias,
princípios e planejamento. Através do estudo das campanhas militares, desenvolve-se uma
estratégia e articulam-se princípios de combate. A estratégia tem a ver com os princípios de
guerra, ao passo que as táticas têm a ver com as manobras e operações específicas da guerra.
Empregam-se as táticas em situações bem concretas e o seu alcance é limitado; elas são
executadas para enfrentar novas situações.

7. Leia novamente a definição da palavra estratégia, procurando mais uma diferença entre
o conceito de estratégia e tática. Escreva esta diferença.

186 MISSIOLOGIA
8. Qual dos seguintes itens não é uma importante característica da estratégia?
a) enfoque no alvo.
b) princípios gerais.
c) natureza concreta.
d) atividade anterior ao combate.
e) natureza teórica.

Apresentamos um quadro contrastando quatro características importantes da estratégia


de missões com quatro importantes características relativas às táticas de missões:

Fig. 11.1

Temos dedicado estas linhas ao estudo da natureza da estratégia em geral, para


podermos enfocar a estratégia missionária de Cristo. Uma estratégia bíblica de missões é um
plano ou padrão para a realização de missões de Deus no mundo. Tal estratégia de missões
ajuda significativamente em nossa própria realização da tarefa missionária. Uma das
vantagens de termos uma estratégia de missões é que isso nos ajuda a identificar nosso papel
e responsabilidade neste grande trabalho. Naturalmente, as pessoas têm a responsabilidade de
utilizarem as suas habilidades, dadas por Deus, e também os seus dons espirituais no
planejamento e execução da sua função missionária. Compete-nos planejar e uma estratégia
de missões ajuda-nos a descobrir os desejos do Divino Estrategista, o Espírito Santo, com
relação à nossa colaboração com ele. Uma estratégia orienta-nos a respeito das áreas em que
devemos ser inovadores, onde devemos mostrar-nos flexíveis e os aspectos em que devemos
mostrar grande firmeza. Finalmente, uma estratégia de missões ajuda-nos a reconhecer
aqueles momentos quando só Deus pode e deve agir numa determinada situação.

9. Trace a distinção entre as características mais importantes da estratégia de missões e as


táticas de missões, identificando cada item
____ a) Enfoque mais limitado. 1. Estratégia de missões
____ b) Planejamento teórico. 2. Tática de missões
____ c) Atividade anterior ao encontro.
____ d) Atividade durante o encontro.
____ e) Alvo definitivo.

10. Dê uma definição sucinta da estratégia bíblica de missões.

Estratégia bíblica para os nossos dias 187


As decisões acerca de prioridades podem ser tomadas uma vez que se estabelece o alvo
estratégico de missões. Podemos salientar aquelas atividades que facilitam o alcance do alvo,
descartando métodos menos eficazes. Entre todas as prementes necessidades do nosso mundo,
qual deve ser a prioridade das missões hoje em dia? De que maneira a igreja pode responder
biblicamente aos desafios da pobreza e da injustiça social? Qual a melhor aproximação para
refutar o poder do animismo e derrotar o controle dos demônios sobre a vida de tantos
bilhões de pessoas? Que estratégia devemos elaborar para evangelizar milhões de hindus, os
mais de 1,3 bilhão de muçulmanos, os 1,2 bilhão chineses e todos os demais centenas de
milhares de pessoas? Quem levará o Evangelho a tantos indivíduos? As igrejas mais jovens
(nos países em desenvolvimento) devem tomar parte ativa nas missões entre os povos não-
evangelizados do mundo? Como devem ser as missões naqueles países no Terceiro mundo,
onde as guerras civis imperam?

Saiamos agora destas perguntas tão difíceis das missões contemporâneas, e sigamos
para a dinâmica suficiente da verdadeira estratégia de missões: a Grande Comissão de Jesus
Cristo. Não há respostas fáceis para as perguntas anteriormente mencionadas, mas existe uma
estratégia divina para a identificação de soluções. Os bilhões de não-crentes no mundo de
hoje lembram-nos a necessidade de encontrarmos já as respostas para estas perguntas. Cristo
deu à Igreja não somente a dinâmica para missões (o Espírito Santo), como também um plano
para a realização destas missões. Vejamos novamente o relato bíblico deste plano para ver
como a Comissão dada por Cristo pode nos ajudar no trabalho missionário atual.

A ESTRATÉGIA MISSIONÁRIA DE CRISTO

A Grande Comissão

Para certificar-se do conteúdo completo da Grande Comissão, leia as cinco versões dela
no NT: Mt 28.18-20; Mc 16.15-18; Lc 24.46-49; Jo 20.21-23; At 1.8. Prossiga os estudos
somente após a leitura destas passagens.

Sua natureza universal

OBJETIVO 5 A atenção dada pelos escritores bíblicos à Grande Comissão nos Evangelhos e no Livro
Identificar a evidência
bíblica da natureza universal
de Atos mostra que é altamente importante. A repetição deste mandamento missionário em
da grande comissão. cada um dos quatro Evangelhos, até o fim do ministério de Jesus na terra, indica que aquelas
palavras possuem um significado todo especial para o plano universal de Deus através dos
séculos. Naquele momento de grandeza, o Senhor crucificado e ressurreto, que detinha todo
poder e autoridade no universo, proferiu as palavras da Grande Comissão.

Lucas, o autor de Atos, relata a Comissão no início da sua narrativa da expansão da fé


cristã. Lucas refere-se, em At 1.1, ao relato já elaborado no seu Evangelho, dizendo que já
escrevera sobre “tudo que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar”. Lucas dá a
entender que, no Livro de Atos, ele vai narrar aquilo que Jesus continuava fazendo,
ministrando por Seu Espírito através dos discípulos. A Grande Comissão é a declaração da
transferência da missão cristã de Jesus aos discípulos. É importante lembrar que ela tem
importância universal para a missão de Deus ao mundo. Não se trata apenas de interesse

188 MISSIOLOGIA
histórico, senão da continuação do propósito universal de Deus para a humanidade. Este
divino mandamento missionário mostra que fé cristã é de fato universal por natureza e
missionária por enfoque. As palavras da Grande Comissão demonstram a sua universalidade
em termos de visão, alcance e cronologia.

11. Leia novamente Mt 28.18-20, Mc 16.15-18, Lc 24.46-49 e At 1.8, e escreva as palavras


(com referência) destes trechos que indicam o intento universal da Grande Comissão.

O discipulado das nações tem a ver com a transformação do estilo e vida de povos
inteiros. Os termos batizar e ensinar se relacionam a modificações de comportamento,
mostrando a natureza profunda e compreensiva deste mandamento. Por trás do discipulado,
pregação, testemunho e batismo percebe-se o conceito universal de Igreja, povo de Deus. Há
nas palavras da Grande Comissão algo grandioso. O leitor destas palavras se dá conta de que
não foram proferidas em um remoto canto da terra para se aplicarem apenas a umas poucas
pessoas num determinado período histórico. A Grande Comissão apresenta um plano
universal para o povo de Deus universal. Este plano é eficaz para todas as culturas até o fim
do mundo (Mt 28.20).

12. A mais específica evidência bíblica da natureza universal da Grande Comissão é


a) o reconhecimento da sua autoridade por todos os povos através da história.
b) o reconhecimento da sua autoridade por todos os povos hoje em dia.
c) a colocação da Grande Comissão nos Evangelhos e no Livro de Atos.
d) o conteúdo das palavras da própria Grande Comissão.

Seu propósito principal

Você viu, nas Lições 6 e 7, que a motivação de missões se encontra na natureza da OBJETIVO 6
Especificar o propósito
Igreja como povo de Deus e na habitação no meio deste povo do Espírito Santo, revelado principal da Grande
como Espírito missionário. Às vezes entendemos mal a Grande Comissão, pensando que é Comissão e três maneiras em
este mandamento que torna a fé cristã uma fé missionária. O enfoque da Grande Comissão, que ela serve hoje como
influência benéfica na
segundo a gramática do texto, não é ato de ir, mas o de fazer discípulos (Mt 28.19). O relato Igreja.
apresentado por Mateus no grego original significa: “Indo, fazei discípulos de todas as
nações”. Pressupõe-se o ato de ir e enfoca-se aquilo que deve ser feito: fazer discípulos. Jesus
bem sabia que o Espírito Santo iria motivar e impulsionar a sua igreja, e na Grande Comissão
ele apresenta diretrizes para este dinâmico trabalho.

É importante termos em mãos uma declaração escrita, como o é a Grande Comissão


na Palavra de Deus, pois tal documento define para a Igreja aquilo que ela já sente
necessidade e estímulo de fazer. Em outras palavras, a Grande Comissão confirma o impulso
interno do Espírito Santo. A relação entre o Espírito e a Palavra de Deus é evidente aqui. À

Estratégia bíblica para os nossos dias 189


medida que a dinâmica do Espírito Santo impulsiona a Igreja para a sua missão, a Palavra de
Deus lhe dá a necessária orientação para o labor missionário. O propósito principal da Grande
Comissão é de servir a Igreja, proporcionando-lhe um plano para o seu impulso missionário.
Embora a Grande Comissão não torne missionária a fé cristã, ajuda a Igreja de hoje a
obedecer a Deus, enviando missionários para a seara. Constitui um lembrete perpétuo da
natureza missionária da Igreja, impulsionando os crentes em termos da sua responsabilidade
para com missões.

A Grande Comissão, como parte da Palavra de Deus, oferece à igreja uma clara
revelação escrita da vontade de Deus, à qual ela pode corresponder com fé.

13. Qual é, enfim, o propósito principal da Grande Comissão?

14. A Grande Comissão serve como influência benéfica para a igreja das seguintes formas:
a) ajudando a igreja a obedecer a Deus no envio de missionários.
b) lembrando a igreja sua responsabilidade missionária.
c) proporcionando à igreja uma clara revelação da missão de Deus.
d) todos os itens acima.
e) a) e b) estão corretas.

A Grande Comissão fica para cada geração como teste de fé e obediência da igreja.

O alvo da Grande Comissão

As palavras da Grande Comissão salientam o discipulado como enfoque da estratégia


missionária de Cristo (Mt 28.19). Este núcleo da Grande Comissão constitui o componente-
chave da estratégia missionária e é o seu alvo principal. A pregação, o testemunho, o batismo
e o ensino são meios para a realização do alvo do discipulado. A compreensão deste alvo
possibilita a identificação de resposta para as perguntas contemporâneas colocadas no final
do segundo segmento desta lição.

Profundidade do alvo

OBJETIVO 7 Um discípulo é, por definição, um seguidor ou aprendiz. Jesus dizia, com freqüência, a
Salientar duas palavras da
Grande Comissão (Mt 28.19)
cada pessoa: “Segue-me!”. Quando seguiam após Jesus, tornavam-se seus aprendizes. Mas o
que enfocam a profundidade significado da palavra discípulo vai muito além disso, como vemos na Grande Comissão. O
do alvo de missões. que significa fazer discípulos de todas as nações? Você aprendeu, na Lição 10, que a palavra
OBJETIVO 8 grega traduzida por nações, em Mt 28.19, pode significar grupos étnicos. O discipulado,
Identificar três razões para a portanto, tem a ver com a comunicação do Evangelho às pessoas no seu respectivo contexto
sensibilidade transcultural na
Grande Comissão. cultural. Estes contextos são maneiras de encarar a vida ou modelos de conduta e convicções
seguidos fielmente pelos membros da respectiva sociedade. Cada cultura contém uma série

190 MISSIOLOGIA
de respostas aos grandes problemas da existência humana. Assim, é por meio da palavra
nações que a Grande Comissão dirige a nossa atenção ao contexto em que encontramos as
pessoas a quem levamos o Evangelho.

O discipulado envolve a revelação das respostas de Deus às perguntas de cada cultura


mediante a comunicação do Evangelho. O Evangelho responde a todas as grandes perguntas
da vida, quais sejam: “Quem sou eu?”, “Quem é Deus?”, “Qual é o propósito da minha
vida?”, “O que Deus quer de mim?”, “Como devo viver?” e etc. O discipulado, portanto,
afeta toda área da vida de um povo. Seguir a Cristo significa saber e fazer aquilo que ele
deseja em cada aspecto da nossa vida. O discipulado exige uma honesta compreensão da
cultura do povo a quem ministramos o Evangelho. O alvo de Cristo na Grande Comissão é
bem alto. Consiste na redenção e transformação de culturas inteiras. As pessoas devem ser
seguidoras de Cristo em suas próprias culturas. À medida que as pessoas são redimidas em
suas culturas, o Evangelho multiplica-se e expande-se até que comunidades inteiras sejam
redimidas.

15. Quais são as duas palavras da Grande Comissão (Mt 28.19) que salientam a
profundidade do alvo de missões?

16. Por que o discipulado envolve necessariamente uma preocupação com a pobreza e a
injustiça social existentes no meio do povo que está sendo evangelizado?

Ao falar do discipulado, Orlando Costas2 diz o seguinte:

“O discipulado de alguém significa o estabelecimento de uma relação


pessoal, com vistas à formulação da sua vida inteira. O discipulado não é
apenas a transmissão do conhecimento; mas implica na introdução de
material de tal forma que o receptor possa reter e incorporá-lo à sua
própria vida”.

Em poucas palavras, o Evangelho que traz as respostas de Deus aos problemas da


existência humana é Jesus Cristo. Costas dá a entender que o discipulado de alguém visa
tornar Cristo o Senhor de sua vida. Quando Cristo é realmente Senhor, Ele pode transformar
uma vida inteira. O termo seguidor, no sentido bíblico, implica no senhorio de Cristo. O
Evangelho é a mensagem que Jesus é de fato o Salvador por causa da Sua morte redentora
na cruz do Calvário. Esta mensagem precisa ser comunicada. O termo discípulo salienta a
verdade de que o Evangelho não consiste apenas em informação; é o poder transformador
que se relaciona com cada aspecto da vida do crente (Rm 1.16-17).

Estratégia bíblica para os nossos dias 191


Para que Cristo possa assumir sua posição de Senhor, o missionário ou testemunha
transcultural deve levar a sério o contexto social e cultural em que ele comunica o Evangelho.
Após se entregar a Cristo como Salvador, o crente deve tornar-se seguidor ou discípulo de
Jesus. Como aprendiz, o novo crente deve compreender como Cristo pode se incorporar à sua
vida. Ele deve ouvir a verdade cristã em termos da sua própria cosmovisão, necessidades e
problemas, pois vai seguir a Cristo na cultura onde vive. Ao tornar-se discípulo de Jesus no
seu próprio contexto cultural, o indivíduo oferece um testemunho claro e compreensível para
seus semelhantes não-redimidos dentro daquele mesmo contexto.

17. Baseado na Grande Comissão de Jesus, algumas das razões da necessidade de que as
testemunhas transculturais sejam sensíveis à cultura em que trabalham, são:
a) as pessoas devem seguir a Cristo no seu próprio contexto cultural.
b) o discipulado adaptado ao contexto cultural ajuda os novos crentes a verem Jesus Cristo
como seu Salvador.
c) o discipulado adaptado ao contexto cultural ajuda os novos crentes a testemunharem às
pessoas não-redimidas da sua sociedade.
d) todas as alternativas anteriores estão corretas.
e) apenas a) e c) estão corretas.

Tal sensibilidade cultural na comunicação do Evangelho é ilustrada inúmeras vezes na


aproximação do próprio Deus aos seres humanos na Bíblia. Deus sempre aceita as pessoas
onde elas estão e comunica-se com elas em termos de sua cultura para assim revelar-se à
humanidade e transformar as vidas individualmente. Este princípio é uma constante na
missão divina à humanidade. Ao revelar-se às pessoas, Deus usa outras pessoas como seus
representantes, escrevendo e dizendo as suas palavras; revela-se às pessoas pelo uso da língua
e cultura delas; para assim comunicar a sua divina verdade, apesar das limitações e
imperfeições humanas. Num certo sentido, a cultura constitui o meio pelo qual Deus
comunica-se com os seres humanos. A maior ilustração deste princípio de missão e revelação
divina é a encarnação do próprio Jesus Cristo (Jo 1.14; Fp 2.5-8).

Outro missiólogo fala da identidade de Cristo com a humanidade na cultura do


primeiro século da Era Cristã, como sendo o padrão da sua vinda a toda geração e cultura:

“Quando Cristo nasce em uma cultura, as crenças e práticas cristãs devem


realmente [...] tornar-se uma só coisa com a cultura em geral; devem
integrar-se no sistema total. Cristo deve, de fato, tornar-se a alma do
sistema. Por meio do labor missionário, Cristo deve, por assim dizer, ter a
liberdade de nascer de novo repetidas vezes, não como um judeu que viveu
há 2000 anos, nem muito menos como um americano ou europeu, senão
como um verdadeiro cidadão do tempo e do espaço”.

A encarnação de Cristo implicou na sua identidade com o povo, uma identificação tão
profunda que Ele tomou para si o pecado dos seres humanos e sofreu as conseqüências desse
pecado. A missão redentora exige sempre uma identificação com o povo em meio às suas
necessidades. Para que Cristo seja encarnado em cada cultura, o Evangelho deve ser

192 MISSIOLOGIA
comunicado e aplicado com integridade à situação cultural – exatamente como Jesus
relacionava-se com a cultura na qual Ele se tornou a Palavra viva. Ao orar ao Pai a respeito
da Igreja e a comunicação da Sua missão, disse: “Assim como tu me enviaste ao mundo,
também eu os enviei ao mundo” (Jo 17.18). Como Jesus Cristo participou plenamente na
humanidade e na cultura judaica, assim também ela deve participar para ser fiel à Sua missão.
Ao evangelizar os povos de outras culturas e realizar o seu discipulado, a igreja deve
identificar-se com cada grupo e comunicar o Evangelho em termos daquela cultura.

18. O melhor exemplo bíblico da sensibilidade cultural na comunicação do Evangelho é


a) a encarnação de Cristo.
b) a humildade de Cristo.
c) a Grande Comissão de Cristo.
d) Nenhum dos itens acima.

Progresso no alcance do alvo

O tema do discipulado enfoca dois componentes da estratégia missionária de Cristo: OBJETIVO 9


Identificar, em ordem
são o alvo da estratégia (fazer discípulos) e o contexto, ou meio cultural, da estratégia. As cronológica quatro passos
palavras da Grande Comissão mostram que o discipulado é de fato um processo que inclui os ou fases do discipulado.
atos de ir, pregar, testemunhar, batizar e ensinar. Estas atividades constituem os meios pelos
quais se fazem discípulos. Consideremos agora um terceiro componente da estratégia de
Cristo: as táticas específicas a serem usadas para executar a missão divina. Estas táticas
demonstram os diversos passos ou fases do discipulado.

O primeiro passo no discipulado envolve os termos ir, pregar e testemunhar, estes


verbos referem-se à proclamação do Evangelho. Esta fase diz respeito ao contato inicial com
o Evangelho por parte dos não-crentes, que agora se voltam a Cristo. Este encontro inicial
implica em uma mudança de lealdade: o indivíduo arrepende-se dos seus pecados e
abandona quaisquer outros deuses ou senhores da sua vida para entregar-se totalmente a
Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Os termos discípulos e cultura descrevem a
profundidade do processo do discipulado. A entrega inicial do indivíduo a Deus, em resposta
à pregação do Evangelho, constitui o primeiro passo num processo contínuo e profundo de
transformação. O novo crente começa a valorizar o seu comportamento, suas relações e
cosmovisão à luz do senhorio de Jesus Cristo. Este processo começa no momento que aquela
pessoa entrega-se a Jesus como Senhor e Salvador.

19. Explique se a seguinte afirmação é certa ou errada e diga por que: “Ao pregarmos o
Evangelho, nossa missão já está cumprida”.

Estratégia bíblica para os nossos dias 193


O segundo passo no discipulado é indicado na Grande Comissão pela palavra batizar.
O batismo é um ato simbólico que manifesta a devoção do crente e sua união com Cristo
Jesus. Simboliza também a sua relação com uma nova comunidade – a Igreja. Nesta
importante fase da sua vida, os novos crentes são incorporados à igreja local. É importante
porque fazem-se discípulos na comunidade cristã. Aqui os novos crentes crescem na Palavra
de Deus e amadurecem na sua experiência cristã. O ministério do povo de Deus na igreja é
essencial nesta segunda fase do discipulado. Falaremos mais detalhadamente do importante
papel da igreja na Unidade 4, intitulada A Missão Cristã e a Igreja.

Ao enfatizarmos a importância da comunidade cristã no discipulado, devemos evitar


o erro fundamental de acharmos sem importância grupos não-eclesiásticos, tais como a
família, os amigos, os colegas de serviço e etc. Os discípulos de Jesus o acompanhavam
sempre, às vezes separados de outras pessoas; geralmente, o discipulado deles efetuava-se
no contexto da sua comunidade secular. A comunidade cristã é distinta em termos
espirituais, mas geralmente convive com a comunidade não-cristã. Como já dissemos, os
contatos entre crentes e não-crentes funcionam como pontes, pelas quais os não-crentes
podem se aproximar de Cristo. O novo crente, na sua entrega a Jesus, ganha um
compromisso novo e mais forte com relação à comunidade secular. Agora ele vê aquela
comunidade no contexto da missão de Deus. Ao responder a esta missão, ele encara a
comunidade secular como sendo uma oportunidade para testemunho e serviço em nome de
Jesus. A segunda fase do discipulado tem a ver com a relação entre o novo crente e a sua
nova comunidade, a igreja, onde ele ganha novas forças para redimir sua velha
comunidade, a sociedade em que vive.

20. A mais importante razão para incorporação do novo crente à uma igreja local, é que
a) ele deve ser protegido das suas relações anteriores.
b) os ministérios do discipulado encontram-se ali.
c) sua salvação depende da sua freqüência aos cultos.
d) novas relações sociais devem substituir as suas velhas relações.

O terceiro passo no discipulado já foi introduzido na nossa discussão da importância da


comunidade cristã. As táticas de ir, testemunhar e ensinar assinalam esta terceira fase: equipar
o novo crente para seu ministério. Podemos ver este passo como o alvo intermediário do
discipulado. Por meio do seu ministério na igreja, o novo crente descobre seu campo de
atuação e é treinado e capacitado para a realização do seu ministério na comunidade cristã e
para com a comunidade secular. Os termos ir e testemunhar são aqui usados de novo (veja
seu uso anterior na primeira fase do discipulado), o qual indica a continuidade do ciclo do
discipulado. Uma pessoa entrega-se a Cristo como conseqüência de outra pessoa ter ido
(primeiro passo) e depois, na sua qualidade de novo crente, também dedica-se a testemunhar
(terceiro passo).

21. Leia Ef 4.10-12, e explique o aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu
serviço relaciona-se com aquilo que é descrito, como sendo a terceira fase do discipulado.
Responda em seu caderno.

194 MISSIOLOGIA
Em certo sentido, o processo do discipulado do crente completa-se quando ele já se vê
treinado para ministrar na igreja e na comunidade. A maturidade pode ser interpretada como
sendo a identificação do nosso ministério e a nossa participação na missão redentora de
Cristo. Há, porém, um outro sentido em que o processo de aprendizagem, obediência e
transformação leva a vida inteira para ser completado. O “alvo definitivo” do discipulado é
a nossa semelhança com Cristo, a “medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4.13). O
corpo de Cristo, a igreja e o Espírito Santo continuam operando para a realização deste alvo
em nossas vidas. A contínua transformação do novo crente pelo Espírito Santo, ou seja o seu
aperfeiçoamento espiritual, constitui a quarta fase do processo do discipulado.

22. Para identificar, em ordem cronológica, os quatro passos no processo do discipulado


cristão, combine a ordem (direita) com o respectivo passo (esquerda):
____ a) O treinamento do novo crente. 1. Primeiro passo
____ b) A participação do indivíduo não- 2. Segundo passo
evangelizado no seu primeiro encontro 3. Terceiro passo
com o Evangelho. 4. Quarto passo
____ c) A contínua transformação do novo crente
e o seu aperfeiçoamento espiritual pelo
Espírito Santo.
____ d) A incorporação do novo crente à igreja
local.

Os componentes da Grande Comissão

No segmento desta lição que acabamos de estudar, falamos do alvo da Grande OBJETIVO 10
Identificar a importância dos
Comissão (fazer discípulos), dos meios a serem usados na sua realização e no contexto, ou diversos componentes da
moldura cultural, em que se efetua. O último componente a ser analisado é a dinâmica da Grande Comissão com
estratégia missionária de Jesus Cristo. (Este componente já foi descrito nas lições anteriores). relação a específicas
questões contemporâneas
O quadro abaixo mostra a relação destes quatro componentes da estratégia missionária de na área de missões.
Cristo com as palavras da Grande Comissão:

Fig. 11.2

As referências à dinâmica espiritual são explícitas e implícitas nos relatos da Grande


Comissão. Segundo a versão apresentada em At 1.8, Jesus disse aos seus discípulos “Recebereis
poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo”. O relato apresentado por João mostra que Jesus
mandava os seus discípulos numa missão, bem como ele mesmo fora mandado (Jo 20.21).
Então mandou-lhes receber o Espírito Santo (Jo 20.22). Segundo o relato de Lucas, Jesus
declarou que o evangelho seria pregado a todas as nações. Com este fato em mente, mandou
que os discípulos esperassem em Jerusalém a unção de poder — a promessa do Pai. Assim
capacitados, eles deveriam dar início a um testemunho dinâmico e universal (Lc 24.47-49).

Estratégia bíblica para os nossos dias 195


23. Explique como é mencionado a dinâmica do discipulado em Mt 28.16-20.

24. Explique como é comparada a dinâmica referida em Mateus com a mesma dinâmica
referida em Mc 16.15-20.

Nossa discussão dos componentes da estratégia missionária de Cristo permite-nos dar


a cada componente a atenção desejada por Cristo. As perguntas contemporâneas sobre
missões que colocamos no início desta lição salientam-se mais nitidamente, ao considerarmos
a qual dos componentes cada uma delas se relaciona mais diretamente. A pergunta sobre a
prioridade de missões hoje em dia relaciona-se mais intimamente ao alvo do discipulado. O
evangelismo é o ponto de partida para qualquer transformação de povos e sociedades. Por
isso o mandamento redentor pregai o evangelho (Mc 16.15), constitui a prioridade
missionária. As pessoas não podem tornar-se semelhantes a Cristo sem o poder
transformador do Evangelho. A linguagem da comissão composta especifica a prioridade da
necessidade espiritual das pessoas. A implantação de igrejas entre as multidões de pessoas no
nosso mundo é a chave da evangelização desse mundo.

A pergunta concernente à estratégia de evangelização dos milhões de hindus,


muçulmanos, chineses e outros relaciona-se mais diretamente ao contexto do discipulado.
Salienta-se a aproximação da mensagem cristã e a sua expressão nestas culturas tão diversas.
Será bem clara, relevante e de estímulo a comunicação do Evangelho a estas culturas? A Igreja
mostrar-se-á bem ativa e responsiva às necessidades comunitárias, testemunhando tanto pela
palavra como pelas ações? Se prestarmos bastante atenção ao contexto de missões, como
Cristo deseja, a resposta a estas perguntas pode ser um “Sim!” bem alto. A pergunta relativa
ao poder do animismo e dos demônios na vida de milhões de não-crentes relaciona-se mais
diretamente à dinâmica de missões cristãs. Marcos nos diz que aqueles que se confrontam
com o poder demoníaco em missões têm a suprema autoridade de repreenderem tal poder,
expulsando-o em nome de Jesus. Podemos exercer esta autoridade no nome de Jesus pelo
poder e unção do Espírito Santo.

25. Identifique a importância dos diversos componentes da Grande Comissão e sua relevância
em relação a perguntas específicas sobre missões contemporâneas, combinando cada
componente à direita com a respectiva pergunta à esquerda:
____ a) Qual será a estratégia para a evangelização 1. Alvo
de todas as nações? 2. Contexto
____ b) Qual a aproximação missionária que 3. Dinâmica
derrotará o poder dos demônios?
____ c) Qual deve ser a prioridade de missões
hoje em dia?

196 MISSIOLOGIA
MÚLTIPLA ESC
MÚLTIPLA OLHA: Assinale a única alternativa correta.
ESCOLHA: autoteste

1. A afirmação de Jesus “Toda autoridade me foi dada” expressa


a) a confirmação Dele como autoridade suprema na estratégia de missões.
b) a contradição Dele como autoridade suprema na estratégia de missões.
c) pouco a respeito Dele ser a autoridade suprema na estratégia de missões.
d) coisa alguma a respeito Dele ser a autoridade suprema na estratégia de missões.
e) todas as alternativas estão corretas.

2. A estratégia de missões é
a) menos teórica do que a tática de missões.
b) tão teórica quanto a tática de missões.
c) mais teórica do que a tática de missões.
d) não-teórica.
e) todas as alternativas estão corretas.

3. “Um plano para a realização da missão de Deus no mundo” é definição de


a) tática de missões.
b) estratégia de missões.
c) ação concreta.
d) princípios gerais.

4. O propósito principal da Grande Comissão é


a) eliminar o impulso missionário da igreja.
b) diminuir o impulso missionário da igreja.
c) mudar o impulso missionário da igreja.
d) providenciar um plano para o impulso missionário da igreja.

5. Esta lição salienta que “o treinamento do novo cristão para o ministério” é


a) o primeiro passo no processo de fazer discípulos.
b) o segundo passo no processo de fazer discípulos.
c) o terceiro passo no processo de fazer discípulos.
d) o quarto passo no processo de fazer discípulos.

CERTO-ERRADO: Escreva C para as afirmações corretas e E para as erradas.


CERTO-ERRADO:

____ 6. O desenvolvimento da ciência de missões é uma razão importante pela


necessidade de uma boa estratégia de missões, do que a habilidade de lidar com as
culturas humanas de hoje em dia.
____ 7. As palavras contidas na Grande Comissão constituem uma evidência mais
específica do seu propósito universal, do que a sua localização nos evangelhos.
____ 8. Nos trechos do NT que gravam a Grande Comissão, as palavras discípulos e
nações nunca são usadas para destacar o significado mais profundo de missões.

Estratégia bíblica para os nossos dias 197


____ 9. O fato de que as pessoas precisam seguir a Cristo dentro dos seus próprios
ambientes culturais exige que testemunhas do Evangelho sejam sensíveis aos
povos com quem trabalham.
____ 10. A obra dos demônios na vida dos não-cristãos relaciona-se diretamente ao
componente dinâmico da estratégia de missões de Jesus Cristo.

AVALIAÇÃO DE PROGRESSO DE UNID ADE 3


UNIDADE
Agora que você terminou a Unidade 3, revise as lições em preparação para a Avaliação de
Progresso de Unidade 3. Você vai achá-la junto com a folha de respostas em seu Pacote do
Aluno. Responda a todas as questões sem consultar o Manual de Estudos.

198 MISSIOLOGIA
RESPOSTAS ÀS QUESTÕES DE ESTUDO

13. A Grande Comissão dá à Igreja o plano do que uma simples pregação do


para seu impulso missionário. Evangelho. Não devemos confundir o
método de missões, ou seja pregação,
1. c) com o alvo de missões, que é fazer
discípulos.

14. d)
7. O elemento tempo é a diferença
principal. A estratégia tem que preceder
2. b) o encontro com o inimigo e a tática é
uma atividade que acontece durante um
15. As palavras discípulos e nações, salientam encontro com o inimigo.
o significado profundo do alvo de missões.
20. b)
3. Jesus Cristo é a autoridade suprema
para a estratégia de missões e isso é 8. c)
confirmado em Mt 28.18.

21. Esta frase confirma o fato de que o


16. O ato de discipular envolve todas as treinamento do novo cristão para
áreas da vida do povo. É possível ministério faz parte do processo de
testemunhar praticando atos de amor e discipular.
misericórdia no nome de Jesus e
pregando o Evangelho.
9. a) 2
b) 1
4. Resposta pessoal: esta lição ensina que
este alvo é fazer discípulos. c) 1
d) 2
17. d) e) 1

5. Ciência descreve princípios gerais porque 22. a) 3


trata de lógica sistemática; planejamento b) 1
descreve-os porque fala de alcance geral e c) 4
operações militares em grande escala
d) 2
descreve-os porque é uma frase que
indica todos os aspectos do plano.
10. Uma estratégia bíblica para missões é
um plano para a realização da missão de
18. a)
Deus no mundo.

6. Indo, batizando e pregando


23. Jesus disse que toda autoridade lhe foi
dada quando mandou que seus
19. É errado porque o alvo de missões é discípulos fossem. Isto significa que a
fazer discípulos. Isso envolve muito mais autoridade de Jesus seria eficaz no

Estratégia bíblica para os nossos dias 199


ministério dos discípulos. Jesus também
disse que seria com eles para sempre,
inclusive depois da sua ascensão,
mediante a dinâmica do Espírito.

11. Todas as nações (Mt 28.19 e Lc 24.47);


o mundo todo e toda a criatura (Mc
16.15); Até os confins da terra (At 1.8).

24. Em Mateus e Marcos, a dinâmica do


Espírito entende-se em termos de Jesus
estar com os discípulos e manifestar Sua
autoridade e Seu poder.

12. d)

25. a) 2
b) 3
c) 1

1
Teólogo norte-americano, de origem anglicana, que atuou como missionário na Bolivía. Charles Peter Wagner (1930
– ) criou o termo Terceira onda para referir-se ao avanço das igrejas neo-pentecostais.
2 Orlando E. Costas (1942, Porto Rico - 1987, EUA, vítima de câncer) era pastor batista e teólogo. Foi reitor e professor
no Seminário Bíblico Latino Americano de Costa Rica, fundou o Centro Evangélico Latino-Americano de Estudos
Pastorais. Foi administrador e professor da faculdade do Eastern Baptist Theological Seminary, na Filadélfia. Ocupou
o cargo de segundo vice-presidente do Conselho Latino Americano de Igrejas, atuou como professor no Andover
Newton Theological School, em Massachussets e por fim, foi vice-presidente da Fraternidade Teológica Latino-
Americana.

Notas exclusivas da edição brasileira. Dados atualizados Editoria Acadêmica da FAETAD.

200 MISSIOLOGIA
Estratégia bíblica para os nossos dias 201
UNIDADE 4

AMISSÃOCRISTÃ
EAIGREJA
LIÇÃO 12

O instrumento de Deus para


evangelizar o mundo

A Lição 11 apresentou a Grande Comissão de Cristo como a divina estratégia para


todos hoje em dia. É importante reconhecer que a base do alvo principal da Grande Comissão
– o discipulado das nações – é a igreja. Todas as atividades ordenadas na versão composta da
Grande Comissão – ir, pregar, testemunhar, batizar e ensinar - pressupõem uma igreja. São
atividades de indivíduos relacionados com a comunidade cristã. Todas estas atividades exigem
a presença de uma comunidade cristã como base de ministério e apoio do alvo em mira.

Nesta lição, você aprenderá mais acerca do papel-chave da igreja na realização da


missão salvífica de Deus no mundo. O tema: “O povo do Deus redentor” salienta esta
importante função em várias lições desta matéria. O discipulado implica na multiplicação de
comunidades cristãs e o conjunto de atividades retratadas na Grande Comissão forma um
ciclo continuo de crescimento e reprodução espiritual na igreja.

É o desejo de Deus que cada crente participe deste processo de crescimento e


reprodução. A igreja é uma comunidade carismática em que cada membro exerce seus dons
espirituais para edificação e reprodução da comunidade. Ao estudar este processo, peça a Deus
que lhe ajude a descobrir o seu próprio papel ou função nela e ser ativo em qualquer
ministério que Ele lhe designar.

204 MISSIOLOGIA
Uma missão centralizada na Igreja Esboço da Lição
Um evangelismo centralizado na Igreja

Ao término desta lição, você deverá ser capaz de: Objetivos da Lição

• enumerar, em ordem cronológica segundo o inventário redentor, as principais etapas da


missão de Deus, que resultaram na atual manifestação da sua missão em torno da Igreja;
• identificar como o evangelismo centralizado na igreja difere do testemunho de Deus nas missões
veterotestamentárias.

1. Leia atentamente esta lição. Atividades de


Aprendizagem
2. Faça todas as questões de estudo.
3. Separe, no mínimo, 3 horas diárias para estudar.
4. Faça o autoteste no final desta lição.

O instrumento de Deus para evangelizar o mundo 205


Desenvolvimento UMA MISSÃO CENTRALIZADA NA IGREJA
da Lição

Etapas da missão de Deus

OBJETIVO 1 Verificamos como Deus tem revelado a sua Salvação ao mundo através do Seu povo
Enumerar, em ordem
cronológica segundo o remidor. Este povo foi pouco numeroso em determinadas épocas da história, mas em outras
inventário redentor, as épocas consistia, às vezes, numa nação inteira. O tema Povo de Deus Redentor tem sido
principais etapas da missão
de Deus, que resultaram na enfocado desde a Lição 4 mostrando o trato de Deus para com ele na história da salvação.
atual manifestação da sua Você aprendeu algo sobre a continuidade existente entre o povo de Deus no AT e o povo de
missão em torno da Igreja.
Deus nascido no Dia de Pentecoste. O fiel remanescente do antigo Israel e Jesus Cristo
(exemplo do verdadeiro Israel) estabeleciam a ponte entre a velha e a nova administração do
propósito salvífico de Deus. A nova característica do povo de Deus na era da nova
administração do seu propósito salvífico é a de construir uma comunidade internacional.

Os capítulos 2 e 3 de Efésios ressaltam o fato de serem abolidas em Cristo velhas


inimizades entre judeus e gentios: “Ele [...] de ambos os povos fez um [...] e derribado a
parede da separação que estava no meio” (2.14). Todos os povos podem aproximar-se agora
de Deus e tornar-se parte do seu povo; a base desta igualdade é a fé em Jesus Cristo. O novo
povo de Deus Redentor (a igreja) é, por herança e nascimento, uma comunidade missionária.
O quadro a seguir apresenta sucessivamente as principais etapas da missão divina, que
resultam na atual manifestação desta missão como sendo centralizado na igreja.

Basta de informação preliminar sobre o povo de Deus e o papel deste povo na missão
divina da redenção. Vejamos agora uma igreja referida na carta de Paulo aos efésios para ver
a posição da Igreja no eterno propósito de Deus, bem como algumas de suas características.

Fig. 12.1

1. Revise cuidadosamente a Fig. 12.1. Combine a respectiva ordem cronológica (direita) a


cada etapa da missão de Deus (esquerda):
____ a) Um remanescente redentor. 1. Primeiro
____ b) O Redentor. 2. Segundo
____ c) Uma nação redentora. 3. Terceiro
____ d) A Igreja. 4. Quarto
____ e) Um povo redentor. 5. Quinto

Uma comunidade unida

OBJETIVO 2 No início desta matéria, chamamos a sua atenção para a epístola (carta) de Paulo aos Efésios,
Identificar o símbolo da igreja
dos efésios para a realização
visando ensinar algo sobre a missão salvífica e o propósito de Deus. Voltamos agora à mesma carta
da vontade de Cristo. por ser ela uma fonte neotestamentária, por excelência, de informação sobre o papel da Igreja.

206 MISSIOLOGIA
Já vimos, no nosso estudo de Efésios, que o eterno propósito de Deus enfoca OBJETIVO 3
Especificar duas maneiras
principalmente Jesus Cristo. A missão de Deus está baseada em Cristo mesmo. Além do pelas quais Deus usa a
enfoque em Cristo na carta aos efésios e a freqüente menção do seu próprio apostolado na igreja para trazer unidade
ao Seu universo.
missão cristã, Paulo refere-se repetidamente à igreja como sendo o instrumento escolhido de
Deus para a realização do seu propósito redentor. Em Efésios, Paulo fala da igreja, mediante
o uso de várias figuras e símbolos. Veja a seguir uma lista das frases usadas no capítulo 2 de
Efésios, que se relacionam intimamente ao tema da Igreja como povo remidor:
- feitura de Deus (2.10);
- um novo homem (2.15);
- um só corpo (2.16);
- concidadãos dos santos (2.19);
- família de Deus (2.19);
- todo edifício (2.21);
- templo santo no Senhor (2.21).

Estas figuras dão-nos a idéia de serviço ou ministério. O principal símbolo da Igreja em


Efésios é o do corpo (1.23; 2.16; 3.6; 4.4, 12, 16; 5.23, 30). O corpo de Cristo, a Igreja,
reconcilia judeus e gentios com Deus (2.16; 3.6). A figura do templo, especialmente se estiver
ligada à feitura dele (2.10), envolve a idéia de serviço redentor (1 Pe 2.9). Semelhantemente,
as figuras de concidadãos dos santos e família de Deus sugerem o mesmo conceito de
serviço.

É importante notar aqui que a imagem bíblica da igreja, o instrumento com que Deus
executa seu propósito salvífico, é uma comunidade de cristãos. Ao invés de muitos esforços
individuais vagamente inter-relacionados na causa do evangelismo, apresenta-se aqui uma
comunidade unificada que reconcilia as pessoas com Deus. Cada testemunha individual precisa
do ministério capacitador e amadurecedor do corpo inteiro e todo crente precisa dos demais
cristãos (Ef 4.12). A igreja é a base dos esforços evangelísticos. Na igreja, os crentes
fortalecem-se pela comunhão e confraternização com os outros. A idéia da força mútua
compartilhada pela comunidade no seu labor redentor é muito bem comunicada pelo símbolo
do corpo.

2. Em Efésios, a melhor figura da igreja como um grupo de indivíduos mutuamente


dependentes, que integram uma comunidade unificada para realização da vontade de
Deus; é o símbolo
a) do novo homem.
b) de um prédio.
c) de um corpo.
d) de um cidadão.

A figura do corpo de Cristo salienta a natureza e a missão da igreja porque ilustra a


unidade. A Igreja é uma comunidade unificada, onde já foram removidas as barreiras entre
pessoas e grupos. Na Igreja, Deus não somente reconciliou as pessoas consigo mesmo, mas
também umas com as outras (Ef 2.14-16). Há na Igreja uma unidade de Espírito e um
inerente vínculo de paz (Ef 4.3), bem como uma relação de amor mútuo. A Igreja tem a

O instrumento de Deus para evangelizar o mundo 207


missão de união ou reconciliação nas mãos de Deus, para ultrapassar quaisquer barreiras
entre os homens e Deus através de sua proclamação da obra redentora de Cristo. A Igreja,
como corpo de Cristo, é fundamental na missão de reconciliação em todo o universo.

3. Especifique duas maneiras pelas quais Deus usa a Igreja para trazer a união no seu
universo.

Um espetáculo para homens e anjos

OBJETIVO 4 Duas frases-chaves na Epístola aos Efésios mostram que a Igreja está no centro do
Descrever o papel da Igreja
no plano redentor de Deus
esforço divino de restaurar a unidade da criação de Deus – uma unidade interrompida pela
para a criação. introdução do pecado na criação. Leia Ef 3.6-11 e compare este trecho com Ef 1.7-10.

4. Segundo Ef 3.9-10, qual é o papel da igreja no plano divino da reconciliação?

5. Qual é o mistério mencionado em Ef 3.6 (veja Ef 2.14-16)?

6. O que está incluído no mistério de Ef 1.9-20?

Paulo, o autor da carta aos Efésios, coloca a Igreja bem no centro do plano de Deus
para toda a criação. A igreja constitui um magnífico espetáculo, a ser contemplado por
homens e anjos. A redenção da humanidade é nuclear no propósito eterno de Deus, mas
este propósito não se limita à reconciliação da humanidade com Deus. Mediante a Igreja,
Deus irá reconciliar todas as coisas: o homem consigo mesmo, o homem com seus
semelhantes e os homens com o mundo físico (Rm 8.19-22). A Igreja é um espelho no qual

208 MISSIOLOGIA
os anjos contemplam a sabedoria de Deus na restauração da unidade numa criação
perturbada pelo pecado. Pedro fala do interesse que os seres celestiais têm pela obra de
salvação divina (1 Pe 1.10-12). Ao demonstrar a sabedoria de Deus, de Cristo e da sua obra
redentora, a Igreja constitui-se uma testemunha viva, tanto para os povos da terra como
para os principados e potestades nas regiões celestiais (Ef 3.10). Em nossos dias, a igreja
está ativa no ministério da reconciliação. Este ministério continuará até o momento que o
Senhor da igreja voltar para redimir o seu corpo terrestre – o momento do arrebatamento
da Igreja. Após esse evento, todas as coisas serão reconciliadas sob o domínio de Jesus
Cristo (Ef 1.10).

7. Descreva o papel da igreja no plano redentor de Deus para toda a criação.

8. Responda como a missão de Deus estende-se além do evangelismo que reconcilia os


homens com Deus e os seres humanos entre si.

UM EVANGELISMO CENTRALIZADO NA IGREJA

Agressividade deste tipo de evangelismo

Já salientamos o fato de ter a Igreja um papel central nas missões. Talvez seja OBJETIVO 5
Identificar como o evangelismo
importante explicar como funciona este importante papel na realização da missão de Deus. O centralizado na igreja difere
povo de Deus no AT era peça importante na execução da missão de Deus; o Seu papel, do testemunho de Deus nas
porém, era bem diferente daquele hoje desempenhado pela Igreja. Na Lição 7, a missão missões veterotestamentárias.

agressiva e comunicativa da Igreja, o novo Israel, contrastava-se com o papel mais passivo
do antigo Israel, mediante o qual as nações vizinhas eram atraídas à presença de Deus. A
estratégia elaborada por Cristo para a Igreja implica na pregação expansiva do evangelho. O
termo evangelismo descreve uma tática principal desta estratégia. O evangelismo é o esforço
agressivo de proclamar Jesus Cristo como Deus e único Salvador e é Ele o principal meio de
realizar a missão de Deus no mundo.

À diferença do testemunho de Deus no AT, a igreja constitui uma comunidade equipada


e comunicativa que leva a sua missão ao mundo. Determinados ministros são nomeados pela
igreja para o trabalho de ir, proclamar e ensinar (Ef 4.11). A igreja dos efésios foi fundada
quando o apóstolo Paulo foi pregar o evangelho em Éfeso (Ef 1.13) e os apóstolos e profetas
lançaram o fundamento da igreja (Ef 2.20; 1 Co 3.10). Eles são mencionados repetidas vezes
em Efésios (veja também 3.5 e 4.11). Paulo mesmo é um ótimo exemplo do ministério
agressivo e comunicativo de um apóstolo bem dotado (Ef 1.1; 3.1;4.20-22; 6.19).

O instrumento de Deus para evangelizar o mundo 209


9. O evangelismo centralizado na igreja constitui o principal meio de realização da missão
de Deus no mundo. Difere do testemunho de Deus no AT no sentido de
a) ser agressivo e comunicativo.
b) envolver todo o povo de Deus num testemunho vivo.
c) a) e b) estão incorretas.
d) a) e b) estão corretas.

O ciclo deste evangelismo

OBJETIVO 6 Você verá que o vínculo entre os conceitos de ciclo e evangelismo indica que o
Salientar várias atividades evangelismo centrado na Igreja envolve muito mais do que temos debatido até agora. O
do ciclo do evangelismo
centralizados na igreja, retrato da Igreja como comunidade aberta e comunicativa que proclama a Cristo não esgota
segundo o texto de At 2.36-47. o conceito bíblico de evangelismo. A proclamação do Evangelho é apenas uma parte do
evangelismo. O simples diagrama da Fig. 12.2 ilustra este fato.

A Fig. 12.2 mostra um ciclo incompleto do evangelismo centralizado na igreja, pois


exclui o alvo da proclamação. O evangelismo consiste em proclamar a Jesus Cristo e esta
proclamação constitui o primeiro passo do evangelismo; mas não é só proclamação, mas sim
com um alvo em mira. O alvo do evangelismo é de persuadir as pessoas a tornarem-se
discípulos de Jesus e membros responsáveis da Igreja. A chamada do Evangelho convoca as
pessoas para Cristo e para o seu corpo na terra, ou seja a igreja. O evangelismo centralizado
na igreja é um evangelismo que a edifica (Ef 4.12). Ao falarmos do evangelismo, devemos
pensar em termos de um ciclo, cujo alvo é de fazer discípulos. A mesma Fig. 12.2 apresenta
um ciclo completo, conforme estabelecido na sistemática de Vergil Gerber, estudioso de
missões:

Fig. 12.2

O evangelismo incorpora os novos crentes à igreja. Em termos de ciclo, o evangelismo


consiste em fazer discípulos que se entregam a Cristo como seu Senhor e Salvador, são
batizados e instruídos e tornam-se testemunhas cristãs. A igreja reproduz-se através deste
ciclo de evangelismo. O evangelismo é centralizado na Igreja no sentido de ser esta Seu meio.
A Igreja é uma comunidade que evangeliza, mas ela também é o alvo do evangelismo. As
pessoas que recebem a Cristo como Senhor tornam-se membros responsáveis e ativos desta
comunidade evangelística. Por isso, podemos afirmar que a Igreja é o berço do evangelismo

210 MISSIOLOGIA
e é edificada por ele. Por meio do evangelismo, a comunidade cristã expande-se e multiplica-
se na sociedade. O evangelismo visa reproduzir e multiplicar os discípulos de Cristo, ou seja,
a Igreja.

O discipulado fica bem no centro das atividades evangelísticas da igreja, como


podemos ver no diagrama apresentado. Há o discipulado para que o testemunho da igreja
possa ser multiplicado, os crentes possam desempenhar o seu ministério no corpo de Cristo
e todos os cristãos possam amadurecer espiritualmente. O evangelismo resulta no
crescimento da igreja um crescimento ao mesmo tempo qualitativo e quantitativo.

10. Explique o significado da seguinte afirmação: a igreja é ao mesmo tempo, o meio e o alvo
do evangelismo.

11. Dê algumas razões que expliquem por que o ciclo do evangelismo deve ser a tarefa
principal da igreja. Responda em seu caderno.

O ciclo de evangelismo é ilustrado na igreja primitiva, a partir do Dia de Pentecostes


(At 2.36-47). Leia este trecho, anotando as atividades evangelísticas acima mencionadas:
proclamação, persuasão, integração dos novos crentes na igreja (mediante o batismo), ensino
e testemunho.

12. Saliente várias atividades abrangidas pelo ciclo de evangelismo centralizado na igreja (At
2.36-47), combinando cada atividade deste ciclo (direita) com a respectiva passagem
bíblica (esquerda):
____ a) “Partindo o pão em casa [...] louvando a 1. Ato de proclamação
Deus” (v.46-47). 2. Efeito da persuasão
____ b) “Foram batizados os que de bom grado 3. Integração dos convertidos
receberam” (v.41). 4. Ensino aos convertidos
____ c) “Compungiram-se em seu coração e 5. Testemunho dos convertidos
perguntaram [...] Que faremos?” (v.37).
____ d) “A esse Jesus [...] Deus o fez Senhor e Cristo” (v.36).
____ e) “Perseveravam na doutrina dos apóstolos” (v.42).

Implantação de igrejas através deste evangelismo

Até este ponto da lição é incompleta a apresentação do evangelismo centralizado na OBJETIVO 7


Descrever dois tipos de
Igreja. Embora este tipo de evangelismo vise produzir crentes responsáveis que se
crescimento de igrejas que
multipliquem na comunidade cristã, não devemos encarar o evangelismo somente do ponto não envolvem a implantação
de vista desta multiplicação de crentes na igreja local. Tal tipo de crescimento poderia ser e dois tipos que envolvem a
implantação.
chamado crescimento por expansão – o aumento de determinada congregação por meio da
evangelização dos seus vizinhos. Mas antes de se efetuar tal expansão externa deve haver um

O instrumento de Deus para evangelizar o mundo 211


crescimento interno mais orgânico, ou seja qualitativo, por meio do ministério do discipulado
na igreja, como já foi mencionado anteriormente. Este crescimento qualitativo representa o
amadurecimento dos crentes individuais, que se tornam cada vez mais semelhantes a Cristo
na sua personalidade e conduta e passam a testemunhar Dele aos seus semelhantes.

OBJETIVO 8 A Escola de Missões Internacionais do Seminário Teológico Fuller desenhou um


Definir o tipo de evangelismo
centralizado na igreja que é
modelo provisório de quatro tipos de crescimento eclesiástico, dos quais os primeiros dois
realmente a chave da tipos são reproduzidos a seguir. Ilustra-se aqui o processo de crescimento de um uma igreja
evangelização do mundo. já implantada, do tipo descrito no parágrafo anterior.

PRIMEIRA PARTE SEGUNDA PARTE


Crescimento interno (vegetativo, orgânico) Crescimento por expansão (evangelização de vizinhos)

13. O tipo de crescimento descrito em Ef 4.13 pode ser definido como


a) crescimento por expansão.
b) crescimento interno.
c) crescimento orgânico.
d) crescimento qualitativo.
e) todos os itens acima, exceto a).

14. Explique se o crescimento da igreja por expansão pode ser medido de maneira
quantitativa.

O evangelismo que completa o conceito bíblico de enfoque na Igreja é aquele que


visa implantar novas igrejas. O evangelismo é centralizado na igreja não somente na
produção de crentes responsáveis que se multiplicam numa igreja local, como também na
produção de congregações responsáveis que se reproduzem na qualidade. O crescimento da
igreja implica não somente na multiplicação de discípulos na igreja, como também na
multiplicação de outras comunidades cristãs. Estas, por sua vez, tornam-se base de futuro
evangelismo. Assim produz-se um ciclo de implantação de igrejas, baseado no ciclo de
evangelismo.

Há na igreja pessoas dotadas especificamente, cujo ministério gira em torno da


implantação de novas igrejas. O apóstolo Paulo e outros apóstolos dedicaram-se ao ministério
da implantação de igrejas. Na Lição 11 a estratégia missionária de Cristo mostra-nos que
igrejas devem ser implantadas em diversas culturas por toda a face da terra. Nos dias do NT,
os apóstolos e outras pessoas dotadas implantaram igrejas nas maiores cidades de todo o
Império Romano; simultaneamente, as comunidades cristãs locais cresciam e multiplicavam-
se, fortalecendo a base de operações do trabalho missionário. A estratégia evangelística de

212 MISSIOLOGIA
Cristo para todo o mundo envolve tanto a edificação, o estímulo da vida espiritual e o
evangelismo ao nível local, como também a multiplicação de outras comunidades cristãs por
todas as culturas do mundo.

15. Explique como a perspectiva de evangelismo que visa implantar igrejas estende e
enriquece a definição do evangelismo.

De que maneira o evangelismo que visa implantar igrejas torna-se elemento chave da
evangelização do mundo? Igrejas devem ser implantadas nos diversos grupos étnicos de cada
nação: Reproduzimos acima as primeiras duas partes do modelo Fuller de crescimento de
igrejas. A terceira e quarta parte deste modelo ilustram um crescimento que envolve a
implantação de novas congregações:

TERCEIRA PARTE QUARTA PARTE


Crescimento por expansão (implantando igrejas) Crescimento por aproximação (abrindo igrejas transculturais)

16. Descreva, referindo-se às quatro partes deste modelo, dois tipos de crescimento de igreja
que não envolvem a implantação de congregações e dois tipos de crescimento que
implicam na implantação de congregações.

17. Combine os tipos de evangelismo (direita) com o respectivo segmento do modelo de


crescimento de igreja (esquerda). Se preciso, revise a Lição 10.
____ a) Terceira parte 1. Evangelismo 1
____ b) Primeira parte 2. Evangelismo 2 e 3
____ c) Quarta parte
____ d) Segunda parte

A principal tarefa de missões nos dias de hoje é a implantação de comunidades em


todos os grupos étnicos de cada país do mundo. Estes grupos étnicos devem ter suas próprias
igrejas, as quais podem efetuar o evangelismo convencional que reconcilia os membros
daquele grupo com Deus. Isto exige a plena participação, tanto das igrejas dos países
tradicionalmente evangélicos como dos países em que o cristianismo é emergente. Ao
contemplarmos a chave da evangelização mundial em nossos dias, devemos ter em mente a
implantação de igrejas que possam crescer e participar, por sua vez, no trabalho missionário.
Devemos manter sempre presente o ciclo da implantação de igrejas como parte integral da
evangelização do mundo, pois esta foi a estratégia de Cristo. Reconhecendo a necessidade de

O instrumento de Deus para evangelizar o mundo 213


mais literatura, ministérios no rádio, televisão e internet e projetos humanitários e educativos
nas missões de nossos dias, devemos ter uma visão clara dos meios e do alvo do trabalho
missionário. A igreja é o instrumento escolhido por Deus para a realização da sua missão.

Cristo, Cabeça da igreja, disse: “Edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). À medida que as comunidades cristãs pela face da terra
experimentam crescimento interno mediante os diversos ministérios ungidos pelo Espírito
Santo na igreja (Ef 4.11-12), Cristo mesmo chamará obreiros consagrados, dotados e
transculturais para o ministério transcultural. Vemos, por exemplo, em Ef 3.7-13 como Paulo
foi chamado para tal tipo de ministério. Este evangelismo centralizado na igreja é a chave da
evangelização do mundo e implica em uma grande onda de semeadores de igrejas e mestres
da Palavra de Deus para atingir os povos naquelas regiões do mundo onde ainda não existe
igreja nem testemunho cristão. Não resta dúvida de que o Espírito Santo, o Senhor da seara,
deseja enviar obreiros transculturais em nossos dias. As igrejas devem conscientizar-se de sua
responsabilidade de mandar missionários para realizarem esta grande tarefa de implantação
de igrejas no nosso mundo.

18. Elabore uma definição de evangelismo centralizado na igreja que constitui a chave da
evangelização do mundo.

214 MISSIOLOGIA
MÚLTIPLA ESCOLHA: Assinale a única alternativa correta.
MÚLTIPLA autoteste

1. A reconciliação das pessoas com Deus mediante a igreja


a) não é um meio usado por Deus para trazer união ao seu universo.
b) é o meio menos importante que Deus usa para trazer união ao seu universo.
c) é um dos meios que Deus usa para trazer união ao seu universo.
d) é a única maneira que Deus usa a igreja para trazer união ao seu universo.

2. O testemunho de Deus na missão do AT


a) atingiu menos pessoas do que a evangelização da igreja.
b) atingiu mais pessoas do que a evangelização da igreja.
c) atingiu muito mais pessoas do que a evangelização da igreja.
d) constituiu crescimento de extensão e de aproximação.

CERTO-ERRADO: Escreva C para as afirmações corretas e E para as erradas.


CERTO-ERRADO:

____ 3. Em Efésios, o melhor símbolo da igreja como comunidade unida para realizar a
vontade de Deus é o corpo.
____ 4. A igreja é a cabeça do corpo e realiza o seu propósito redentor através de Cristo,
que é o corpo.
____ 5. O tipo-chave de evangelismo mundial é agressivo e envolve todo o povo de
Deus em testemunhar.

RESPONDA: Responda às seguintes questões.


RESPONDA:

6. Dê quatro dos cinco aspectos principais da missão de Deus abordados nesta lição.

7. Cite quatro das cinco atividades do ciclo de evangelização centralizada na igreja


apresentadas nesta lição e encontradas em At 2.36-47. Tente resumir cada uma destas
atividades em uma palavra.

O instrumento de Deus para evangelizar o mundo 215


RESPOSTAS ÀS QUESTÕES DE ESTUDO

10. Resposta pessoal: a igreja é o agente 14. Sim. Os discípulos podem ser contados.
de Deus para a evangelização do Aqueles que são convertidos, batizados
mundo. A igreja também constitui o e integrados na igreja como membros
alvo da evangelização, que é a sua responsáveis podem ser contados. Este
edificação. tipo de crescimento da igreja pode ser
medido e mostrado em diagramas de
1. a) 3 crescimento numérico.
b) 4
c) 2 5. O mistério é que em Jesus Cristo os
judeus e os gentios, isto é, toda a
d) 5
humanidade, são unidos em um só
e) 1 corpo.

11. Sua resposta deve incluir a idéia de 15. Este tipo de evangelização é muito mais
que a igreja é o agente de do que uma mera proclamação do
evangelização escolhido por Deus. Evangelho sem nenhuma preocupação
Enquanto ela evangeliza a comunidade com a persuasão ou com outros
e o mundo, cresce também o enfoque resultados que esta proclamação deve
do evangelismo. “Homens produzir. O ensino de novos convertidos
transformados e amadurecidos” são e a sua integração na igreja são
necessários para melhorar a sociedade. componentes necessários para o
A salvação pessoal é requisito do plano evangelismo destinado a produzir
de Deus de reconciliar “todas as igrejas.
coisas”.

6. O mistério inclui a união em Cristo de


2. c) toda a criação, todas as coisas no céu e
na terra.
12. a) 5
b) 3 16. “Crescimento interno” e “crescimento
c) 2 de expansão” não envolvem a
d) 1 implantação de igrejas. Porém,
“crescimento de extensão” e
e) 4
“crescimento de aproximação”
envolvem este aspecto.
3. Deus usa a igreja para reconciliar os
homens consigo mesmo e também uns
7. A igreja é o instrumento usado por
com os outros.
Deus na demonstração da sua
sabedoria a toda a criação. Através da
13. e) igreja a harmonia perdida por causa do
pecado é restaurada. Cristo, o cabeça do
4. A Igreja é o instrumento para a corpo, que é a igreja, realiza seu
demonstração da sabedoria do plano de propósito redentor no mundo através
Deus aos homens e aos anjos. da Igreja.

216 MISSIOLOGIA
17. a) 1
b) 1
c) 2
d) 1

8. A missão abrange muito mais do que o


evangelismo. O evangelismo é o enfoque
central do papel da igreja na
reconciliação e é uma prioridade.
Portanto, a cura que a igreja traz
estende-se além das pessoas, afetando
toda a criação de Deus. Inclui não
somente a cura da sociedade, mas
também a cura da criação física.

18. O evangelismo centralizado na igreja é o


envio de mestres e de semeadores de
igrejas aos povos espalhados pelo
mundo, que ainda não têm nem igreja,
nem testemunho cristão.

9. d)

Dados atualizados Editoria Acadêmica da FAETAD.

O instrumento de Deus para evangelizar o mundo 217


LIÇÃO 13

Igreja nativa,
diversidade na unidade

A Lição 12 demonstrou o papel-chave da igreja na estratégia de Cristo para


evangelização do mundo. A implantação de igrejas responsáveis para multiplicarem-se em
todos os grupos étnicos das nações do mundo constitui a tarefa principal das missões de
nossos dias. Por isso, devemos examinar mais detalhadamente a natureza da tarefa de
implantar igrejas. Como é que uma igreja torna-se responsável e capaz de reproduzir-se?
Como deve ser a igreja nas diversas culturas do mundo? Ela deve assemelhar-se às igrejas do
país de origem dos missionários que trouxeram o Evangelho?

Deve ser semelhante a outras instituições culturais da sociedade em que ela existe? Se
assim for, em que sentido deve assemelhar-se às outras instituições locais? Em que consiste
uma igreja nativa? Quando é que a igreja deve assumir a responsabilidade de seu próprio
sustento financeiro e governo eclesiástico? Como se identifica uma igreja madura? Nesta lição
debateremos estas questões. O semeador de igrejas que ministra numa cultura que não seja
a sua própria deve apreciar cada vez mais as diversas circunstâncias em que vivem os seres
humanos.

Todos nós devemos desenvolver uma tolerância em relação a modos de expressão


diferentes dos nossos em termos da comunicação da fé cristã. O reconhecimento da
universalidade e do poder do evangelho ajudar-nos-á na comunicação do Evangelho a povos
em diversas situações.

218 MISSIOLOGIA
Diversidade na unidade Esboço da Lição
Três naturezas
Mais que três naturezas

Ao término desta lição, você deverá ser capaz de: Objetivos da Lição

• descrever as duas naturezas da igreja nativa e justificar a validez da sua condição de diversidade
na unidade;
• resumir as causas da válida ênfase da autonomia das três naturezas nas modernas igrejas
missionárias e relacionar estas três naturezas à divina natureza da igreja nativa;
• identificar várias dimensões da igreja nativa e definir as suas funções, relacionando cada uma
das três naturezas a estas funções;
• mostrar maior sabedoria na sua relação com missões por entender melhor o princípio da
diversidade na unidade nas igrejas nativas.

1. Leia atentamente esta lição. Atividades de


Aprendizagem
2. Faça todas as questões de estudo.
3. Separe, no mínimo, 3 horas diárias para estudar.
4. Faça o autoteste no final desta lição.

Igreja nativa, diversidade na unidade 219


Desenvolvimento DIVERSIDADE NA UNIDADE
da Lição

É importante entender que a igreja se expressa de maneiras diversas, conforme sua


presença em outras culturas. Na diversificada expressão cultural das comunidades cristãs por
todo o mundo, existe uma unidade resultante da obra de Deus, o Espírito Santo. Ao
examinarmos o conceito da igreja nativa, enfocaremos a diversidade de expressão cultural a
ser encontrada nas comunidades cristãs entre uma cultura e outra. Não nos referimos aqui a
divergências de ordem doutrinal. O enfoque é a diversidade da expressão do Evangelho nas
vidas dos crentes, na sua adoração e na sua conduta social.

Duas naturezas

OBJETIVO 1 A diversidade na unidade da Igreja revela sua natureza dupla. A expressão igreja
Definir o que é uma igreja
nativa.
nativa revela dois componentes distintos desta igreja: o componente cultural e o
componente supra-cultural (divino). Ao falarmos da igreja nativa, descrevemos certo tipo
OBJETIVO 2 de instituição. A palavra nativa indica algo do solo, ou seja, nativo ao seu contexto; refere-
Explicar se o caráter,
unidade e origem mais se, naturalmente ao componente cultural humano. A palavra igreja, refere-se a algo
profundos da igreja nativa relacionado com a humanidade, mas que necessariamente ultrapassa o componente
pertencem à sua natureza
divina ou à sua natureza humano. A igreja não é meramente uma comunidade humana; é uma comunidade de
humana. pessoas habitadas pelo Espírito de Deus. Os crentes constituem um templo vivo de Deus.
Poderíamos dizer que o conceito de igreja se refere a um componente supra-cultural ou
divino. No conceito de igreja nativa, portanto, há uma confluência do humano (cultural) e
do divino (supra-cultural).

1. Qual das palavras da expressão igreja nativa se refere necessariamente a ambos os


componentes – humano e divino – da igreja nativa?

Poderíamos falar dos componentes cultural e supra-cultural da igreja nativa como


sendo as naturezas humana e divina da igreja. A palavra nativa, quando ligada à palavra
Igreja indica o componente cultural humano da igreja. Mostra que a igreja é “do solo” no
sentido de refletir o contexto cultural em que existe. A palavra igreja enfoca a natureza
divina da comunidade cristã; fala do seu caráter divino, sua unidade e a fonte da sua vida. Esta
natureza dupla é importante para o nosso próprio conceito da implantação e
desenvolvimento de igrejas. Qualquer tentativa de diminuir o componente humano ou divino
da igreja constitui um erro. Além disso, apresenta-lhe problemas para o seu desenvolvimento
e sua multiplicação.

A estratégia ideal referente à implantação da igreja não negligencia o seu componente


cultural. Por vezes ele é ignorado numa tentativa de criar uma igreja supra-cultural sem
referência à cultura local. Muitas vezes esta tentativa, por parte de missionários, de criar uma
comunidade supra-cultural resulta apenas na deificação da cultura do país de origem do
missionário! Em tais casos, a cultura humana tem-se confundido com o evangelho. Uma

220 MISSIOLOGIA
cultura cristianizada é oferecida em vez do puro evangelho. Este erro na implantação de
igrejas é bastante comum em nossos dias e é também ilustrado nas missões do chamado
“Período Colonial”. Resulta na negligência da cultura na qual a igreja existe, e também
impede o progresso do evangelho naquela cultura.

Obviamente, a estratégia eclesiástica ideal não consiste na promoção de uma comunidade


exclusivamente cristã com uma forte identidade cultural, como se todas as outras pessoas fossem
uma nulidade. Esta seria uma tentativa desequilibrada. Pior que isso, seria um perigoso
etnocentrismo, no qual se negligencia também a natureza divina da igreja como corpo universal
de Cristo. Constitui um perigo em nossos dias a tentativa, por parte de novas igrejas em muitas
regiões do mundo, de promoverem a sua identidade nacional-cultural. Em face deste perigo,
estas igrejas arriscam sua consciência de serem parte do corpo internacional. Pode criar-se
assim a desunião no corpo de Cristo, a qual dificulta as tentativas de cooperação internacional
em prol da evangelização do mundo.

2. Nas páginas anteriores, demos a entender que uma das causas contemporâneas da
negligência da natureza divina e universal da igreja é
a) a cristianização.
b) o nacionalismo.
c) o universalismo.
d) a evangelização.

3. Defina, com suas próprias palavras, o termo nativa com referência à igreja.

4. O caráter profundo, unidade e origem da igreja nativa pertencem à sua natureza divina
ou à sua natureza humana?

Exemplos bíblicos

Uma compreensão da igreja que leva em conta tanto os seus componentes divinos, OBJETIVO 3
Salientar a fonte bíblica de
quanto os culturais, torna-se necessária para qualquer estratégia de implantação de igrejas. Na autoridade para uma
Lição 11 notamos a importância do componente cultural na estratégia missionária de Cristo. comparação entre a
Sua comissão de discipular os grupos étnicos enfatiza o componente cultural daqueles que diversidade na unidade da
Trindade e a mesma
seriam discipulados. Naquela lição, a encarnação de Jesus Cristo era analisada como modelo condição da igreja.
de identificação cultural com relação aos povos do mundo no grande trabalho missionário. O
OBJETIVO 4
mesmo modelo pode nos ajudar no presente contexto. A cultura constitui o veículo pelo qual Identificar três exemplos
Deus se comunica com os seres humanos. Ele pôde redimir as pessoas porque identificou-se bíblicos que evidenciam a
validade da diversidade na
com elas por meio da encarnação (Fp 2.5-8). Cristo compartilhou da natureza humana, unidade da igreja nativa.
tornando-se homem, para revelar a pessoa de Deus aos seres humanos.

Naquela identificação com as pessoas no seu contexto social, realizou-se a comunicação


e possibilitou a redenção da humanidade. Jesus ilustrou como podem ser fundidos os

Igreja nativa, diversidade na unidade 221


elementos humano e divino. Sua encarnação exemplifica a diversidade na unidade. Ele era
verdadeiramente um homem do seu tempo e cultura, e ao mesmo tempo Emanuel, “Deus
conosco” (Mt 1.23). Semelhantemente, a igreja deve identificar-se com a cultura da sociedade
onde ministra. Assim, ela pode tornar-se testemunha divina através de formas culturais
familiares na sua obra redentora. Ao implantar-se a igreja numa determinada cultura, usando
formas e práticas locais, estabelece-se um claro e relevante testemunho de Cristo na
comunidade. A igreja que compartilha a imagem cultural da sua comunidade visa comunicar
a mensagem do Evangelho e fundar novas igrejas, ao mesmo tempo que redime as pessoas.

5. Que evento bíblico de suma importância simboliza claramente a natureza dupla da igreja
nativa e dá a entender que a igreja deve identificar-se com a cultura local?

6. Baseado naquilo que temos dito, de forma explícita ou implícita, nesta lição, quais dos
seguintes itens referem-se a algo que é, ou pode ser, a causa da negligência do
componente cultural da igreja?
a) As práticas do colonialismo.
b) A presença do etnocentrismo.
c) O conceito da igreja como sendo apenas supra-cultural.
d) todas as alternativas estão corretas.

A figura do corpo utilizada por Paulo em seu retrato da igreja Ilustra também a
diversidade na unidade. Paulo refere-se à diversidade de dons no corpo de Cristo quando diz:
“Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios,
mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera
tudo em todos” (1 Co 12.4-6). Esta figura da igreja, corpo de Cristo, ilustra bem a validade
da diversidade de dons e ministérios na unidade da igreja (1 Co 12.12-31).

Em Ef 4.1-11, Paulo refere-se mais uma vez à unidade dentro da diversidade, usando
a figura do corpo com referência à igreja: “Há um só corpo e um só Espírito, como também
fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só
batismo, um só Deus e Pai de todos” (vs.4-6). Uma interessante observação acerca dos dois
trechos que acabamos de citar (1 Co 12.4-6; Ef 4.4-6) é a referência à Trindade, ou seja à
natureza trina e una de Deus. Há na Trindade mais uma ilustração da natureza da diversidade
na unidade da igreja cristã. Deus é um só, mas existe naquela unidade uma eterna
diferenciação entre Pai, Filho e Espírito Santo. A Trindade constitui mais uma ilustração bíblica
da relação existente entre as duas naturezas da igreja. Há uma diversidade no componente
cultural da igreja e há também a unidade no seu componente divino.

Henri Blocher1 aponta para Jesus como sendo a fonte de autoridade para este paralelo
entre a Igreja e a Trindade. Na sua oração sacerdotal em Jo 17, Jesus orou acerca dos seus
discípulos: “E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos
um” (v. 22). O Deus trino e uno manifesta a diversidade na unidade e assim também a sua

222 MISSIOLOGIA
igreja. A igreja é manifestada na diversidade do mundo, mas continua sendo unificada em um
só corpo. O Deus trino e uno é um só na sua essência e assim também a Igreja é uma
unidade operada pelo Espírito Santo. A figura da Trindade mostra como devem ser
reconhecidas tanto a diversidade, como a unidade da igreja. A unidade da Trindade não destrói
a distinção entre as pessoas. O Pai, o Filho e o Espírito Santo não são fundidos de uma
maneira que elimina a unicidade de cada um; eles permanecem distintos na sua unidade. A
Bíblia apresenta a Igreja como exemplificando a diversidade na unidade. Com referência a Ef
4, Blocher declara a respeito da diversidade e unidade da igreja (das quais o modelo perfeito
é a Trindade):

“Se o modelo é trinitário, a unidade não é conseguida em detrimento da


diversidade, como se houvesse tensão entre as duas. Os dois temas
relacionam-se intimamente sem dificuldade no texto, e mesmo a repetição
da palavra ‘um’ sete vezes (Ef 4.4-6) pode ter um sentido simbólico: a
unidade diferencia-se harmoniosamente”.

Na analogia da Trindade, vemos que a idéia da diversidade cultural na unidade


espiritual é válida para a igreja local. Os componentes cultural e supra-cultural não constituem
forças opostas.

7. Em que sentido a Trindade mostra que a igreja pode ter uma diversidade de expressão
cultural sem interferir sua unidade?

8. Especifique a fonte bíblica de autoridade para a comparação entre a “diversidade na


unidade” da Trindade e a mesma condição na igreja.

9. Explique, em seu caderno, qual é o exemplo bíblico que melhor ilustra a maneira que a
Igreja deve utilizar o seu componente cultural na comunicação da sua mensagem divina.

10. Cite resumidamente os três exemplos bíblicos aqui apresentados, que evidenciam a
validade da diversidade na unidade da igreja nativa.

Uma definição do termo igreja nativa deve começar com o reconhecimento da natureza
dupla da igreja: sua dimensão humana/cultural e sua dimensão divina supracultural. O retrato
da igreja apresentado na Bíblia mostra a diversidade na expressão da igreja na cultura
humana. Mostra também, contudo, a unidade no caráter espiritual da mesma igreja.

Igreja nativa, diversidade na unidade 223


TRÊS NATUREZAS

Na história de missões surgiu a fórmula das três naturezas como explicação da igreja
nativa. Uma igreja que se governa se sustenta e se propaga é considerada como
autenticamente nativa. A idéia da auto-identidade da igreja, enfocando a autonomia da
comunidade cristã local em suas funções básicas, emerge durante o Período Colonial.

A sua validade

OBJETIVO 5 Por que três naturezas? Como desenvolveu-se esta definição do conceito de igreja
Identificar algumas condições
nativa? Não foi resultado de alguma hipótese ou teoria abstrata elaborada com respeito ao
que motivaram a ligação
entre a fórmula das três caráter da igreja nativa. Como você já viu na Lição 11, a estratégia de missões é
naturezas e as novas igrejas freqüentemente resultado das tentativas de parte dos missionários de resolverem problemas
em diversas nações do
mundo. imediatos confrontados no decorrer do trabalho missionário. Durante a Era Colonial com o
paternalismo, as entidades que mandavam missionários exerciam controle absoluto sobre as
OBJETIVO 6
Relacionar duas bases da igrejas implantadas em outras nações. Como resultado disso, tanto os crentes das novas
validade da fórmula das três igrejas como os próprios missionários, reconheciam a necessidade de autonomia.
naturezas, como descrição
da autonomia da igreja hoje
em dia. Em 1856, Henry Venn e Rufus Anderson perceberam que a maior tarefa missionária
seria de preparar as igrejas para o autogoverno, auto-sustento e autopropagação. Eles viram
que o alvo do labor missionário seria de apoiar a igreja nacional na sua busca de autonomia.
Estes dois homens encontraram problemas imediatos nas igrejas, os quais chamaram a sua
atenção para certos aspectos da autonomia da igreja.

No ano 1841, uma severa crise financeira atingiu a Sociedade Missionária, a missão de
Venn. Foi por esse motivo que Venn passou a falar da necessidade de uma igreja nativa,
enfocando a autonomia dela. Ele achava que o aspecto mais importante da autonomia das
igrejas era o auto-sustento e de menor importância o conceito de autopropagação. Anderson
preocupou-se com outro aspecto da autonomia: ao supervisionar as igrejas da sua missão em
diversos países, viu que muitas delas não praticavam o evangelismo. Esta circunstância e a
teologia do próprio Anderson, que enfatizava a responsabilidade humana perante Deus,
fizeram com que ele enfocasse mais a dimensão da autopropagação.

Considerando este aspecto como sendo o mais importante, Anderson colocava em


segundo lugar a dimensão de autopropagação e em terceiro lugar a de auto-sustento. Ele
percebeu claramente que a igreja nativa deveria ser instrumento de evangelização.

11. Baseado em nosso comentário sobre as três naturezas, os fatores que motivaram a
implantação de novas igrejas em muitas nações foram:
a) uma era de paternalismo.
b) circunstâncias econômicas.
c) crenças teológicas.
d) uma era de autonomia.
e) todas as alternativas anteriores estão corretas.
f) apenas a), b) e c) estão corretas.

224 MISSIOLOGIA
As circunstâncias externas no desenvolvimento das igrejas sublinham várias áreas de
sua autonomia ou auto-identidade. Mas não seria bem certo afirmarmos que o conceito das
três naturezas tivesse origem somente de circunstâncias externas. No caso de Anderson, é
óbvio que ele acreditava que a idéia de autopropagação das igrejas radicava-se firmemente na
teologia bíblica. Ele achava que a igreja deveria ser instrumento de Deus em cada cultura para
a tarefa de evangelização. Os problemas e circunstâncias das missões motivam alguns
missionários a refletirem sobre os princípios bíblicos concernentes à autonomia da igreja.

Tais problemas devem estimular-nos a procurar na Bíblia as respostas para eles. A


validade da hipótese das três naturezas como descrição da autonomia da igreja hoje em dia,
baseia-se não somente na sua aparente suficiência para descrever os elementos essenciais da
autonomia, como também em nítidos princípios bíblicos. O conceito de autogoverno apóia-se
na figura bíblica da igreja como sendo corpo de Cristo. Sob a liderança de Cristo, a liderança
da igreja está capacitada com dons e habilidade de administração (1Co 12; Ef 4.1-16; Rm 12).
A igreja nativa é autônoma na sua liderança, porque Deus tem habilitado o seu povo para a
função de autogoverno. O conceito de autosustentabilidade encontra sua base bíblica na
mordomia da igreja e em sua dependência de Deus para a provisão das suas necessidades
(Mt 6.25-34; 2 Co 8.9; Fp 4.10-19). A igreja nativa é autônoma no seu sustento por causa da
promessa e provisão divina em resposta à fé do povo de Deus. E a principal razão da
existência da igreja é precisamente a autopropagação, que é ao mesmo tempo o meio e o
alvo de missões. Devido à sua natureza e ao seu propósito missionário, a igreja nativa é
autônoma em seu evangelismo e em seu ministério de multiplicação de congregações.

12. A questão de autonomia (três naturezas) refere-se exclusivamente ao componente


humano-cultural da igreja?

13. Relacione em seu caderno duas bases da validade da fórmula das três naturezas, como
descrição da autonomia da igreja hoje em dia.

Mais do que humano

Já salientamos que o componente divino da igreja desempenha um papel na OBJETIVO 7


Explicar por que o componente
questão da autonomia. A auto-identidade implica em mais que o componente humano. humano da autonomia não
Está baseada na capacitação do Espírito Santo. Uma igreja nativa pode torna-se define satisfatoriamente o termo
autônoma em termos de seu governo por ser um corpo carismático. Ela recebe igreja nativa.

Igreja nativa, diversidade na unidade 225


ministérios e dons espirituais para sua habilitação e funcionamento. A igreja pode ser
autônoma em termos de seu sustento porque o auto-sustento é claramente um princípio
divino e bíblico. Se o povo de Deus responde com fé àquele princípio, o divino Provedor
honrará sua fé. Nenhuma área de auto-identidade relaciona-se mais com o componente
divino do que a autopropagação da igreja em termos de missão. A motivação de missões
e sua dinâmica são de origem divina. A igreja consiste de pessoas transformadas pelo
Espírito e que possuem a natureza do Deus missionário. A principal dinâmica deste povo
missionário é o Espírito missionário. Por isso, a auto-identidade da igreja nativa pode ser
descrita da seguinte forma: governada por Deus, sustentada por Deus, propagada por
Deus.

14. Explique por que o componente humano da autonomia (as três naturezas) não define
satisfatoriamente o termo igreja nativa.

A autonomia por si só constitui uma descrição de algo errôneo da igreja. A capacitação


divina em cada área das três naturezas mostra a dependência da igreja e os limites da sua
auto-suficiência. O componente humano da autonomia é útil porque a nova igreja deve
utilizar seus próprios recursos locais. Estes recursos, porém, são insuficientes sem a capacitação
dos recursos do Espírito Santo. No próximo segmento desta lição, enfocaremos a dimensão
da autonomia na igreja nativa; consideraremos também outras duas dimensões que
contribuem para a descrição da igreja nativa.

MAIS QUE TRÊS NATUREZAS

A confluência das naturezas humana e divina no conceito da igreja nativa enfoca


dimensões que ultrapassam a pura auto-identidade. Por exemplo, uma igreja poderia nomear
sua própria liderança e organizar-se sem ter líderes capacitados e dotados pelo Espírito Santo.
Além disso, a igreja poderia ser organizada segundo um modelo de governo e administração
completamente alheios à experiência dos líderes nomeados. A dimensão da auto-identidade
seria supostamente satisfeita porque o povo teria tomado todas as decisões e exercido o
controle de sua congregação, mas tal igreja merece o nome de igreja bíblica?

Evidentemente, não merece tal título, pois sua expressão deixa de ser realmente nativa
e bíblica. Já debatemos a dimensão da autonomia; vejamos agora mais duas dimensões da
igreja: a dimensão cultural e a dimensão da maturidade. A lista seguinte resume em uma só
palavra o conteúdo fundamental destas três dimensões da igreja nativa:
- dimensão de autonomia: auto-identidade
- dimensão cultural: nativismo
- dimensão de maturidade: espiritualidade

226 MISSIOLOGIA
Estrategicamente falando, estas três dimensões são muito importantes. Elas nos
proporcionam um panorama compreensivo do conceito da igreja nativa. Estas três dimensões
referem-se a três áreas de desenvolvimento.

A dimensão cultural

Peter Beyerhaus2 define a responsável auto-identidade da igreja como sendo “o poder, OBJETIVO 8
Especificar qual das
prontidão e liberdade da igreja de seguir a sua chamada divina no contexto de sua esfera naturezas da igreja nativa
local de vida” (1964, pág. 17). É interessante notar que, em sua definição de igreja liga-se à sua cultura.
responsável, Beyerhaus refere-se às três dimensões da igreja nativa que acabamos de
mencionar: o “poder [...] e liberdade” dizem respeito à sua dimensão de autonomia; “seguir
a sua chamada divina no contexto da esfera de vida” refere-se à sua dimensão cultural; e
sua “prontidão” relaciona-se à sua dimensão de maturidade. Foram os missionários alemães que
enfocaram a dimensão cultural da igreja nativa. Karl Graul, fundador da Sociedade Missionária de
Leipzig, admitia que o alvo de missões era o estabelecimento de uma igreja nacional, uma igreja
nativa na qual seriam conservados o caráter nacional e as relações sociais da sociedade. Gustav
Warnack (1834-1910) salientava também missões como um compromisso com o estabelecimento
de igrejas autônomas em muitas culturas. Warnack e outros missionários alemães definiam
nitidamente o significado de nativa no contexto da igreja: a igreja nativa era igreja relacionada com
o solo do país onde ela era implantada. Na implantação de igrejas, Warnack salientava cinco fatores
(Beyerhaus, 1964, pág. 48-49):
- uso da língua materna na igreja, nas escolas e nas instituições de treinamento;
- conservação dos laços sociais naturais, especialmente os da família, como meio de
atingir a comunidade inteira;
- integração dos crentes em seu ambiente social (no ex. não isolamento dos mesmos
em guetos missionários;
- enfoque evangelístico dos missionários no sólido núcleo da classe média da
sociedade;
- preservação de costumes folclóricos não incompatíveis com o cristianismo.

Outro missionário da Missão Leipzig, Bruno Gutmann (1910), que servia na África
Oriental, preocupava-se com a necessidade de estruturas sociais de origem local na implantação
das igrejas. Ele salientava a verdade de que o homem não é meramente um indivíduo senão
também um membro de uma unidade social orgânica. Ressaltava o caráter nativo da igreja e a
conservação de laços sociais. Achava que ambos fatores afetavam a expansão espontânea da
igreja. A estratégia de Gutmann enfocava a tribo, ou povo, e não somente os indivíduos. O
sucesso desta aproximação missionária já é demonstrada em muitos países do mundo. Um dos
casos mais notáveis é o da Igreja Batak, no norte de Sumatra, na Indonésia.

15. A qual das naturezas da igreja nativa refere-se a sua dimensão cultural?

Igreja nativa, diversidade na unidade 227


16. Por que os missionários alemães interessavam-se pela conservação do caráter nacional da
igreja e dos laços sociais da comunidade?

Estamos enfocando a dimensão cultural em várias lições desta matéria. A expansão


espontânea da igreja em cada cultura depende em grande parte da expressão do evangelho
em formas culturais familiares. Não é este o único fator na expansão da igreja, mas permite
maior eficácia no testemunho da igreja e, conseqüentemente, um impacto maior do Espírito
Santo na Sua operação, mediante este poderoso testemunho.

A dimensão da maturidade

OBJETIVO 9 Após Venn e Anderson, outros missionários salientavam uma ou mais das três
Especificar uma importante
naturezas como sendo importantes ao desenvolvimento de novas igrejas. John Nevius (1890)
tarefa missionária na
implantação de novas e Roland Allen (1910) enfocaram outra dimensão: a maturidade. Eles salientavam a dinâmica
igrejas, de modo que facilite do Espírito Santo no desenvolvimento da igreja nativa. É interessante notar que esta nova
a sua rápida maturação e
realização do alvo da ênfase deu-se aproximadamente na mesma época que o Espírito de Deus iniciou seu grande
autonomia. derramamento por todo o mundo (veja Capacitação sobrenatural na Lição 8). Junto com esta
ênfase ao Espírito Santo como capacitador da nova igreja, Nevius e Allen salientavam que a
autonomia constituía um princípio a ser alcançado na infância das igrejas.

Allen viu a igreja como instrumento de Deus para o evangelismo do mundo todo. Ele
achava que o prolongado controle por missionários constituía uma barreira para o
crescimento e multiplicação da igreja. Esta hipótese contrastava abertamente com a teoria de
Venn e Anderson, que achava a completa autonomia como o passo final de um longo
processo de educação e supervisão missionária. Em princípio, eles aceitavam a autonomia, mas
na prática esta era adiada. A controvérsia sobre autonomia e maturidade sublinhava a
necessidade de se reconhecerem duas dimensões da igreja nativa. Allen insistia que a nova
igreja adotasse imediatamente o princípio da autonomia por causa da presença da dinâmica
do Espírito Santo na nova comunidade de crentes. Venn, por outro lado, enfatizava a
necessidade de um processo de amadurecimento, com instrução bíblica. Ambos tinham razão,
mas defendiam diferentes dimensões no desenvolvimento da igreja nativa.

Allen tinha razão ao dizer que a nova igreja deve adotar desde o início o princípio da
autonomia por causa da capacitação do Espírito Santo. Mas, embora uma nova igreja tenha
sua própria administração e liderança, a dimensão da maturidade pode exigir ministério fora
da comunidade local para edificação da igreja. Pressupõe-se um prazo razoável para os novos
crentes identificarem e desenvolverem os seus dons e ministérios no corpo de Cristo.
Durante este prazo, a comunidade local deve receber o ministério de outras comunidades
cristãs de fora. Este processo exemplifica um segmento bem válido de ministério missionário
em igrejas que estão se desenvolvendo. O processo, contudo, não é necessariamente tão lento,
nem extenso como na interpretação de Venn.

228 MISSIOLOGIA
17. Qual é a principal tarefa missionária na implantação de novas igrejas que possibilita o seu
rápido amadurecimento e também a sua autonomia em poucos anos?

Resumo do assunto

No ano de 1952, um congresso sobre missões mundiais refletia a crescente OBJETIVO 10


Relacionar as três naturezas
sensibilidade à questão das igrejas autóctones já existente no mundo missionário. Seus analisadas às três dimensões
participantes propuseram como critérios mais profundos para a igreja nativa, os seguintes da igreja nativa.
fatores:
- relação com o solo; habilidade de dominar os elementos da cultura local em nome de Cristo;
- existência de ministros suficientemente treinados e sensíveis às necessidades locais;
- uma vida espiritual interior, edificando a comunidade cristã e testemunhando aos
não evangelizados;
- participação na igreja universal, mediante reconhecimento de parceria, e ajuda
mútua das igrejas de outros países.

18. Identifique as três dimensões da igreja nativa na lista acima, combinando o(s) fatore(s) à
direita com as dimensões correspondentes à esquerda:
____ a) Dimensão de maturidade. 1. Número 1
____ b) Dimensão cultural. 2. Número 2
____ c) Dimensão de autonomia. 3. Número 3
4. Número 4

Tradicionalmente, a igreja nativa é vista como sendo autônoma em termos de


autogoverno, auto-sustento e autopropagação. Mas devemos conceber estas três naturezas
em relação às demais dimensões da igreja. O quadro a seguir resume as relações entre estas
três naturezas e as três dimensões da igreja nativa apresentadas no exercício acima:

Fig. 13.1

Igreja nativa, diversidade na unidade 229


19. Associe a natureza apropriada (direita) com cada palavra-chave da Fig. 13.1 (esquerda):
____ a) Reprodução. 1. Autogoverno
____ b) Liderança. 2. Auto-sustento
____ c) Sustento. 3. Autopropagação

20. Revise a Fig. 13.1; a seguir, tente relacionar (memorizando) cada uma das três naturezas
do quadro as três dimensões da igreja nativa, combinando cada uma das nove relações
(esquerda) com sua função relacional (direita).
____ a) Sustento do testemunho espiritual pela 1. Autogoverno / autonomia
comunidade inspirada por Deus. 2. Autogoverno / cultural
____ b) Liderança de pessoas locais no contexto 3. Autogoverno / maturidade
sócio-cultural. 4. Auto-sustento / autonomia
____ c) Reprodução baseada no contexto sócio- 5. Auto-sustento / cultural
cultural local. 6. Auto-sustento / maturidade
____ d) Liderança baseada em padrões locais. 7. Autopropagação / autonomia
____ e) Reprodução por pessoas locais. 8. Autopropagação / cultural
____ f) Sustento baseado em métodos locais de 9. Autopropagação / maturidade
acordo com o padrão econômico regional.
____ g) Reprodução do testemunho pela
comunidade inspirada por Deus.
____ h) Sustento pelas pessoas locais.
____ i) Liderança do testemunho espiritual por
ministros locais inspirados por Deus.

Observação de como relacionam-se as três naturezas com as dimensões culturais e de


maturidade da igreja nativa, mostra como desenvolve-se a autonomia tanto na natureza
divina da igreja, como na humana. As Lições 13 e 14 enfocam a igreja nativa. Esta lição
salienta sua diversidade e sua natureza humana; a próxima lição ressalta sua unidade e sua
natureza divina onde discutiremos também a dimensão da maturidade da igreja nativa, mais
detalhadamente do que foi possível nesta lição.

230 MISSIOLOGIA
MÚLTIPLA ESCOLHA: Assinale a única alternativa correta.
MÚLTIPLA autoteste

1. Quando ligada com a palavra igreja, a palavra nativa reflete


a) o contexto cultural em que a igreja está implantada.
b) o contexto divino em que a igreja está implantada.
c) a universalidade da igreja que já está implantada.
d) o crescimento da igreja já implantada.

2. A natureza profunda, a unidade e a origem da igreja nativa pertencem especialmente


a) à sua natureza humana.
b) à sua natureza divina.
c) à sua natureza nativa.
d) à sua natureza cultural.

3. A trindade de Deus é apresentada nesta lição como evidência da validade


a) da diversidade sem a unidade na igreja nativa.
b) da diversidade na unidade da igreja nativa.
c) a) e b) estão incorretas.
d) a) e b) estão corretas.

4. A dimensão cultural da igreja nativa refere-se mais especificamente à


a) sua origem e unidade.
b) sua natureza profunda.
c) sua natureza divina.
d) sua natureza humana.

5. O sustento por pessoas locais, relaciona o auto-sustento


a) à maturidade da igreja nativa.
b) à dimensão cultural da igreja nativa.
c) à dimensão da autonomia da igreja nativa.
d) todas as alternativas estão incorretas.

CERTO-ERRADO: Escreva C para as afirmações corretas e E para as erradas.


CERTO-ERRADO:

____ 6. O fato de que a igreja teria de se identificar com a cultura local é mostrado mais
claramente na oração sacerdotal de Jesus, do que na sua encarnação.
____ 7. Uma era de autonomia foi a condição principal que guiou à ligação proeminente
das três naturezas com as igrejas implantadas recentemente em outras nações.
____ 8. Uma razão importante da validade das três naturezas como descrição da autonomia
da igreja hoje em dia é o ensinamento claro que a Bíblia transmite a esse respeito.
____ 9. O componente humano da autonomia não define satisfatoriamente a igreja nativa.
____ 10. A autonomia completa de uma igreja recentemente implantada em um campo
missionário, só pode acontecer depois de longo processo de supervisão missionária.

Igreja nativa, diversidade na unidade 231


RESPOSTAS ÀS QUESTÕES DE ESTUDO

11
11.. f) 16. Os missionários alemães promoveram a
expansão espontânea da igreja, a
multiplicação da igreja na sociedade e a
1. A palavra igreja
vinda de toda a sociedade a Cristo,
preservando o caráter nacional da igreja.
12. Sua resposta deve salientar que o
assunto da autonomia está focalizado na
6. d)
participação dos cristãos locais na
liderança, no sustento e no crescimento
da comunidade cristã. Contudo, o 17. A tarefa principal do ministério
componente divino da igreja dá a ajuda missionário é implantar uma nova igreja
necessária em cada área da autonomia. para ajudar os novos convertidos a
amadurecerem rapidamente nas áreas
espirituais do uso dos dons do corpo de
2. b) Cristo.

13. Duas bases da validade das três 7. A trindade mostra que, embora haja
naturezas são: sua aparente suficiência em uma eterna diversidade entre as suas
descrever a autonomia; e ensinamentos e pessoas, existe também uma união de
princípios bíblicos muito claros. espírito entre elas.

3. Quando ligada à palavra igreja, a palavra 18. a) 3 e 4


nativa indica que a igreja reflete o b) 1
contexto cultural em que vive.
c) 2

14. O componente humano da autonomia


8. A fonte de autoridade é a oração
tem apoio bíblico, mas separadamente
sacerdotal de Jesus em Jo 17.22.
não expressa suficientemente a natureza
da cultura humana presente na igreja e
nem a natureza divina sobre-cultura da 19. a) 3
igreja nativa. b) 1
c) 2
4. O caráter, a unidade e a origem
profunda pertencem à sua natureza 9. A encarnação, a vida de Cristo como
divina. A igreja é o povo de Deus. Sua homem judeu num momento específico
unidade bem como sua origem são da história, ilustra como a igreja deve
espirituais e todas as duas coisas identificar-se com as pessoas no seu
(unidade e origem) resultam da obra do contexto cultural para poder revelar
Espírito Santo. Cristo e redimir as pessoas.

15. À natureza humana da igreja nativa. 20. a) 6


b) 1
5. A encarnação de Jesus Cristo. c) 8

232 MISSIOLOGIA
d) 2
e) 7
f) 5
g) 9
h) 4
i) 3

10. A encarnação de Jesus, a figura do corpo


e a trindade.

1 Henri Blocher é teólogo evangélico. Este estudioso francês é professor de Teologia Sistemática na Wheaton College
Graduate School (desde 2003) e na Faculte Libre de Theologie Evangelique, França.
2 Peter Paul Johannes Beyerhaus (1929 – ?) era o filho mais velho de um ministro luterano na Alemanha Oriental. Sua
tese de doutoramento foi Die selbständigkeit der jungen kirchen als missionarisches problem (O fundo da igreja e dos
negócios em missões estrangeiras), editada em 1964.

Notas exclusivas da edição brasileira. Dados atualizados Editoria Acadêmica da FAETAD.

Igreja nativa, diversidade na unidade 233


LIÇÃO 14

Igreja nativa,
unidade na adversidade

Ao considerarmos a igreja nativa na Lição 13, introduzimos o tema da diversidade na


unidade. Você viu que, na sua dimensão humana cultural, a igreja expressa-se em grande
diversidade neste mundo. Os exemplos bíblicos da encarnação e da trindade ilustram como
a igreja pode se expressar em tal diversidade e, ao mesmo tempo, ser o corpo unificado de
Cristo. Aprendemos também acerca das três dimensões da igreja: a autonomia, a cultura e a
maturidade. Num estudo detalhado das dimensões de autonomia e cultura, percebemos que
elas enfocam principalmente a diversidade da igreja e são importantes para o seu crescimento
na sociedade.

Nesta lição exploraremos a dimensão da maturidade, que enfoca principalmente a


unidade da igreja. A maturidade expressa-se de diversas maneiras relacionadas à sua unidade
como corpo de Cristo. O reconhecimento, por parte da igreja, da existência daquele corpo e
a sua participação na comunhão e confraternização, apesar da sua diversidade interna, são
indícios de maturidade. O mútuo compartilhar de ministérios com a igreja internacional e a
união com ela no trabalho missionário são outros indícios de maturidade.

Deixe que o Espírito Santo, o Autor da unidade, o ajude a enfocar aqueles aspectos
que possui em comum com o povo de Deus pela face da terra. O Espírito mostrar-lhe-á a
importância da unidade no corpo de Cristo universal e também ajudará a identificar meios de
preservar e estimular esta unidade. Tal enfoque proporcionar-lhe-á a oportunidade de
compartilhar com a Igreja universal no processo de enriquecimento mútuo.

234 MISSIOLOGIA
O problema da unidade no primeiro século Esboço da Lição
O problema da unidade hoje
Benefícios da unidade hoje

Ao término desta lição você deverá ser capaz de: Objetivos da Lição

• explicar como a fé de todos os crentes na morte sacrificial de Cristo, e a sua relação uns com
os outros, relacionam-se à base da unidade da igreja Universal;
• descrever a desunião na igreja dos nossos dias, explicando como a confissão de Cristo coopera
com o amor cristão para produzir a unidade na igreja universal;
• explicar o importante papel da unidade eclesiástica na produção dos benefícios de missão
mútua e o enriquecimento na igreja universal;
• compartilhar plenamente com a igreja universal os benefícios da unidade eclesiástica que
você desfruta.

1. Leia atentamente esta lição. Atividades de


Aprendizagem
2. Faça todas as questões de estudo.
3. Separe, no mínimo, 3 horas diárias para estudar.
4. Faça o autoteste no final desta lição.

Igreja nativa, unidade na adversidade 235


Desenvolvimento O PROBLEMA DA UNIDADE NO PRIMEIRO SÉCULO
da Lição

Paulo, o grande missionário às nações, falava com freqüência do seu interesse na


unidade da igreja. Por todo o seu ministério, Paulo encontrava a oposição dos judeus por
causa do Evangelho que pregava. A sua mensagem evangélica rompia com as tradições e
idéias judaicas, mostrando que os gentios também podiam tornar-se cristãos sem assumirem
a identidade cultural dos judeus. Muitos cristãos judeus demoravam para aceitar tais
expressões não-judaicas da fé cristã. Este fato resultou num problema para Paulo relativo à
unidade da igreja no primeiro século.

Unidade e a igreja em Éfeso

OBJETIVO 1 Ao escrever à igreja dos efésios, Paulo falou do grande plano de Deus, chamando-o de
Citar os dois elementos que,
na interpretação de Paulo
mistério, de acordo com o qual os gentios e os judeus viriam a Deus mediante a fé em Cristo,
formavam a base da unidade tornando-se um só corpo (Ef 2.11-3.6). Paulo salientava o fato de judeus e gentios
da igreja. achegarem-se a Deus pela graça, mediante a fé, obtendo assim acesso a Deus pelo mesmo
Espírito (Efésios 2.14-18). Por isso, os gentios efésios que seguiam a Cristo eram concidadãos
OBJETIVO 2
Identificar duas bases da dos santos e da família de Deus (Ef 2.19). Paulo identifica como bases da unidade da igreja a
unidade do povo de Deus maneira em que as pessoas tornavam-se crentes em Jesus e a relação delas entre si como
nos dias de Paulo.
povo de Deus.

Paulo falava com freqüência desta união de grupos bem diversos no corpo de Cristo,
como sendo um mistério revelado a ele para que pudesse pregar e explicá-lo (compare Ef
3.6-9 com Cl 1.24-27). Esta unidade do povo de Deus era uma realidade no primeiro século,
como hoje em dia. Ela existia por causa da morte sacrificial de Cristo. E mais admiravelmente,
esta unidade espiritual operada pelo Espírito Santo nas vidas de todos aqueles que eram
membros da família de Deus efetuava-se no primeiro século em ambientes onde existia
hostilidade entre judeus e gentios (Ef 2.16). A unidade não era evidente apenas entre os
crentes e manifestada na sua vida e serviço na igreja; ao invés disso, eles esforçavam-se em
praticar o amor e a tolerância para com todos, baseados na sua fé em Cristo.

1. Qual é o indício sugerido por Paulo em Ef 4.1-3 de que a unidade deve ser mostrada de
maneira prática pelos crentes?

2. Quais as duas bases da unidade da Igreja identificadas por Paulo?

236 MISSIOLOGIA
3. A unidade do povo de Deus existia nos dias de Paulo por causa
a) da amizade automática entre judeus e gentios.
b) da morte sacrificial de Cristo na cruz.
c) da resposta dos crentes, pela fé, à morte sacrificial de Cristo.
d) todas as alternativas anteriores estão corretas.
e) apenas b) e c) estão corretas.

Unidade e a igreja em Roma

Paulo percebeu que, à medida que a igreja gentia ia crescendo sob o impacto da OBJETIVO 3
Especificar a doutrina mais
pregação missionária, seria ameaçada a sua unidade. Haveria não somente uma grande enfatizada nesta seção
distância geográfica entre a igreja judaica e a do oeste, como também uma crescente como base para a unidade
distância cultural entre estes dois ramos. A fé cristã seria expressada de maneira bem da igreja.

diferente, ao radicar-se nas culturas dos povos gentios. Conforme Rm 15.23-24, parece
que Paulo já havia terminado a sua missão na região oriental do Império Romano e
planejava uma missão ao ocidente, ou seja à Espanha. Paulo esperava que a igreja em
Roma pudesse servir de base missionária para sua viagem à Espanha, ajudando-o
naquela missão. Sua carta aos Romanos apresentava formalmente e especificava a sua
mensagem evangelística. Paulo não conhecia os crentes em Roma, pois nunca havia
visitado a igreja lá; por isso, sentiu desejo de conhecê-los. Ele apresentava sua mensagem
do Evangelho de uma maneira especial àquela igreja pois sabia que, embora ela fosse
predominantemente gentia, havia alguns crentes judeus. Ao meditar sobre Roma e sobre
seus planos de evangelizar a Espanha, Paulo preocupava-se grandemente pela unidade da
igreja que abrangia um território tão imenso de leste a oeste. Ele desejava que os crentes
romanos entendessem bem sua relação com os crentes judeus; isto está implícito em Rm
15.25-27.

Fig. 14.1

Paulo apresentava cuidadosamente sua mensagem do Evangelho à igreja em Roma


para poder defender e salientar a unidade do povo de Deus pela face da terra. Para os
gentios compreenderem bem sua unidade com os judeus, seria importante uma consciência da
continuidade histórica do povo de Deus; para os crentes judaicos na igreja de Roma e as
comunidades judaicas ainda por evangelizar, o Evangelho tão pouco legalista de Paulo iria
precisar de uma explicação bem sistemática.

Igreja nativa, unidade na adversidade 237


4. De acordo com Rm 15.23-29, que país localizado ao oeste de Roma o apóstolo Paulo
pretendia evangelizar?

5. Compare Ef 2.8-9 com Rm 1.16-17. Qual é a doutrina unificadora ressaltada por Paulo
em ambas passagens bíblicas?

Paulo tinha um propósito missionário ao escrever aos crentes romanos. Sua ênfase
sobre a justificação pela fé seria tão importante para a evangelização de comunidades gentias
como para as judaicas, pois toda religião humana salienta principalmente as boas obras dos
seus adeptos. A doutrina da justificação pela fé tem uma aplicação dupla, no sentido de se
aplicar tanto a judeus como a gentios. É uma doutrina que esclarece a verdade fundamental
e a experiência da fé cristã – uma verdade sem a qual o cristianismo não poderia existir. Um
professor da Bíblia fala da importância missionária desta doutrina da justificação pela fé nos
seguintes termos:

“Pode haver somente uma doutrina fundamental, e para Paulo essa


doutrina dizia respeito à justificação pela fé. Isto não é apenas uma parte do
seu Evangelho; é a sua totalidade [...] É pela sua consistência e concordância
com esta doutrina fundamental que testamos tudo que se diz doutrina
cristã” (Nicoll, 1979, pg. 275).

O valor missionário desta doutrina foi fundamental na missão de Paulo entre os


gentios e lançaria o fundamento para a unidade da Igreja. Apesar da diversidade cultural do
ocidente e as novas situações ali existentes, a igreja iria continuar por causa da unidade
operada pelo Espírito Santo, ao confessarem os crentes que Jesus Cristo é o Senhor! A
comunhão e confraternização no Espírito resultam sempre de tal confissão!

É importante notarmos a maneira como Paulo desenvolve nesta carta a doutrina da


justificação pela fé. Na Epístola aos Romanos, e por extensão a todos nós crentes, Paulo diz
que as pessoas têm “paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” por serem
“justificados [...] pela fé” (Rm 5.1). Em Romanos, Paulo traça as raízes da fé no plano divino
de salvação com relação à história da humanidade. Ele dá um panorama do passado (caps. 1-
5) e do seu futuro (caps. 9-11). Ele mostra que a fé na promessa de Deus a Abraão torna as
pessoas crentes e membros do povo de Deus (Rm 4.18-25). Na Epístola aos Romanos, Paulo
também mostra à jovem igreja em Roma que a doutrina da justificação pela fé seria para
sempre a base da unidade da Igreja. Outrossim, ele explica aos crentes em Roma que a
unidade assim estabelecida iria continuar por toda a história da igreja. Quando as pessoas
confessam livremente no seu coração e pela fé, que Jesus Cristo é o Senhor, o Espírito Santo
torna-os parte do povo de Deus. Estes crentes estão, pois em união com todos os demais,
também membros do povo de Deus; todos eles passam a fazer parte da continuidade do
povo de Deus através da história.

238 MISSIOLOGIA
6. Por toda a história, o elemento mais importante para proporcionar a paz com Deus no
coração do povo é
a) o batismo.
b) o conhecimento.
c) a fé.
d) as boas obras.

Nos capítulos 14 e 15 da Epístola aos Romanos, Paulo revela que a unidade da igreja
que lhe interessava não deveria ser interpretada como sendo a adoção de um determinado
estilo de vida por todos os crentes. Sua declaração, dada resumidamente no 14.17, mostra
como são muito mais importantes os elementos de “justiça, paz e alegria no Espírito
Santo”, que quaisquer regras concernentes aos atos de comer e beber, as quais variavam
de uma cultura para outra. Este fato continua sendo de grande importância para a igreja
dos nossos dias.

7. Leia Rm 15.1-7. No versículo 5 deste trecho, de que forma Paulo descreve a natureza da
unidade que ele almeja para a igreja. Segundo Paulo, de quem provém esta unidade?

8. Em Rm 15.1-7, a quem Paulo aconselha os romanos seguirem como modelo de conduta


na realização da unidade?

A unidade desejada por Paulo não era do tipo cultural, doutrinário nem litúrgico. Paulo
falava de uma unidade centralizada na confissão de Cristo como Senhor (Rm 14.3-12). Esta
unidade era obra do Espírito Santo (Rm 14.17-18). Ela expressava-se na conduta motivada
pelo amor redentor, na aceitação e edificação daquelas pessoas que diferiam no estilo de vida
e dos necessitados (Rm 15.1-7). Paulo falava do valor de tal unidade como testemunho entre
os membros do povo de Deus e os incrédulos (Rm 15.6-7). Os crentes primitivos eram bem
conhecidos por seu amor mútuo. Em um tal grupo de pessoas de tantas culturas diferentes,
existia uma verdadeira comunhão e confraternização no Espírito, uma unidade que
apresentava um poderoso testemunho à sociedade.

9. Em resumo, especifique a doutrina mais importante para a unificação da igreja.

Igreja nativa, unidade na adversidade 239


O PROBLEMA DA UNIDADE HOJE

Bases da unidade não-cristã

OBJETIVO 4 As religiões não-cristãs estão intimamente ligadas com a cultura do povo e a unidade
Explicar por que as religiões
não-cristãs mostram, às
manifestada entre elas parece ser de ordem principalmente social e cultural. É o produto da
vezes, mais unidade na sua mente dos seres humanos, ao invés do Espírito de Deus. Já vimos, em lições anteriores, que a
associação umas com as igreja de hoje atravessa fronteiras culturais de uma maneira sem precedente na história. Por
outras, do que as
denominações de nossos serem as igrejas compostas de pessoas de vários contextos culturais, seria de se esperar certa
dias. diversidade na expressão da fé cristã. Mas as igrejas são muito mais que diversos e distintos
grupos étnicos reunidos em nome de Cristo. São compostas de indivíduos que integram o
corpo universal de Cristo. Mesmo que a diversidade na expressão da fé seja louvável e até
essencial, a unidade espiritual deve ser expressada também. O ministério unificador do
Espírito e os esforços dos crentes por todo o mundo são elementos necessários hoje em dia
para garantir a unidade do Espírito nas igrejas implantadas em muitas e variadas culturas. Se
Paulo preocupava-se pela unidade na crescente igreja, que se espalhava de leste a oeste nos
dias do Império Romano, quanto mais profunda seria a sua preocupação em nossos dias!

Confessamos com tristeza que em muitas regiões do mundo atual há bem pouca
evidência de unidade na igreja de Jesus Cristo. Ao espalhar-se o Evangelho do mundo
ocidental das denominações cristãs a outras culturas, cada igreja implantada assinalava as
características denominacionais da igreja de origem dos seus missionários. As denominações
transplantadas davam à fé cristã um aspecto de desunião por causa das diversas ênfases das
missões representadas. Muitas vezes a fé cristã parecia dividida, especialmente quando as
diversas denominações cristãs não cultivavam entre si a confraternização. Em contraste, as
religiões não-cristãs, às vezes, manifestam mais tolerância entre si e exibem mais unidade
entre seus adeptos, do que as denominações cristãs.

10. Explique por que as religiões não-cristãs, às vezes, parecem evidenciar mais unidade do
que as denominações cristãs hoje em dia.

Enfoque das diferenças

OBJETIVO 5 Nos países onde o cristianismo constitui uma religião minoritária, as igrejas mais
Descrever uma razão
ambivalente de desunião na
jovens, muitas vezes, dividem-se por causa de questões culturais, doutrinárias ou litúrgicas. Tais
igreja de hoje. divisões dão a impressão de haver certa desunião na fé cristã. Muitas pessoas acreditam que,
se não há total acordo religioso, torna-se impossível a comunhão e confraternização mútua.
Mas você já sabe que há uma válida diversidade de expressão da fé cristã, que pode muito
bem coexistir com uma expressão de unidade no corpo de Cristo. Boer identifica quatro
fatores que impedem a unidade eclesiástica:

240 MISSIOLOGIA
“Elementos não-teológicos tais como o fundo histórico e cultura das
igrejas [...] diferenças doutrinárias [...] diferenças de governo eclesiástico
e liturgia religiosa [...] diferenças que afetam a natureza da fé cristã”
(1961, pág. 245).

As primeiras três diferenças mencionadas por Boer existem dentro do contexto da fé


cristã e não devem impedir a comunhão e confraternização dos cristãos, mas são precisamente
estas três diferenças que motivam a aparente desunião entre igrejas e denominações. Elas
expressam a não tolerância para com expressões alternativas da fé cristã. Em nossos dias,
algumas pessoas parecem ter tanta dificuldade com as diversas expressões da fé, como foi o
caso dos judeus do primeiro século! Boa parte desta desunião surge não de autênticas
diferenças com relação às doutrinas fundamentais da fé cristã (o último fator mencionado por
Boer), senão de pequenas diferenças de expressão da fé. O enfoque das diferenças tende a
turvar a unidade do corpo de Cristo.

Existe uma forte possibilidade de desunião hoje em dia, na igreja em que as pessoas
tentam estabelecer sua própria identidade nacional ou étnica. Neste caso, a ameaça à unidade
existe por causa do exagerado enfoque das diferenças, sendo que o corpo de Cristo corre
perigo. Como você já viu, é válida uma identidade cultural e nacional nas igrejas cristãs. Mas
quando tal identidade substitui ou turva a identidade espiritual do povo de Deus, projeta-se
um testemunho negativo de desunião à comunidade em geral. Tal testemunho só cria
confusão acerca da fé cristã. Já examinamos duas faces do problema da desunião na igreja dos
nossos dias: a intolerância com relação a diversas expressões da fé cristã e o exagerado
enfoque na própria identidade cultural às custas da unidade do corpo de Cristo. Na Lição 13,
vimos que a encarnação de Jesus e a Trindade são modelos bíblicos que mostram que a
expressão variada e equilibrada da fé não nega a unidade do corpo de Cristo.

11. A negação da ressurreição corporal de Cristo cria uma dissensão entre denominações
religiosas, que pode ser classificada como
a) diferença não-teológicas.
b) diferença contextual.
c) diferença doutrinária ou litúrgica.
d) diferença que influencia a fé.

12. Descrever uma razão ambivalente pela desunião na igreja de hoje.

Em vez de enfocar as diferenças, a igreja deve esforçar-se para enfatizar a unidade


espiritual, que constitui a suprema realidade para o povo de Deus – a unidade do Espírito.
Boer cita a seguinte mensagem de Roland Allen concernente a esta unidade:

“Todos os que recebem o Espírito são um na verdade e na realidade eles


são unidos pelo mais forte e íntimo dos laços, unidos com Cristo por seu

Igreja nativa, unidade na adversidade 241


Espírito e unidos uns aos outros. Os seres humanos podem separá-los e os
sistemas sócio-culturais podem afastá-los do prazer e força da sua união; mas
se compartilham do mesmo Espírito, são todos um” (pág. 248-249).

Não se pode negar que os crentes têm um Senhor, constituem um corpo e


compartilham de um Espírito (Ef 4.4-5). Estas verdades concernentes à unidade da igreja
devem ser experimentadas e expressadas abertamente pelo povo de Deus, tanto pelo bem-
estar da própria igreja como pelo bem-estar do mundo que ela tenta evangelizar através do
seu testemunho.

Bases da comunhão

OBJETIVO 6 A falta de identificação da base da comunhão cristã é mais um motivo da falta de


Especificar a confissão que
unidade expressada na igreja hoje em dia. A confissão primitiva da igreja foi: “Jesus Cristo é
constitui a base da
comunhão cristã na igreja o Senhor”. Esta confissão constitui a base da comunhão na Igreja Universal. É uma confissão
universal. bem simples, mas profunda. As pessoas que confessam esta verdade no seu coração formam
OBJETIVO 7 um só corpo. Todas as pessoas que confessam que Jesus é o Senhor e obedecem os Seus
Explicar como Rm 14.15 mandamentos são aceitas por Ele; portanto, nós também devemos aceitá-las. O texto de Rm
indica a conduta correta dos
crentes mais fortes em 14.1-8 e 15.7 ensina claramente que devemos ter comunhão com aquelas pessoas que
relação aos crentes mais pertencem a Jesus, apesar de certas diferenças de opinião.
fracos e como esta conduta
é motivada por amor cristão.
A maneira como meu irmão em Cristo expressa a sua fé cristã na sua vida pode diferir
do modo como eu a expresso, mas tal fato não deve impedir a minha comunhão e a
confraternização com ele. Uma atitude de intolerância com relação a diversas expressões
culturais da fé cristã constitui a negação do núcleo daquela fé: que as pessoas são justificadas
pela fé (Rm 5.1). Os crentes fortes mencionados por Paulo em Rm 15.1 são aqueles com muita
fé (compare Rm 15.1 com Rm 14.1). Sua força é manifestada pela tolerância que evidenciam
para com os seus semelhantes (Rm 14.1, 13, 15, 19; 15.1-2). Eles estão cientes da validade de
expressões alternativas da fé cristã e não se ofendem por causa de outros que não são iguais a
eles em termos da expressão da fé. Estas pessoas são tolerantes no que diz respeito a questões
de comida e bebida, sabendo que o fator mais importante é a fé em Jesus o Senhor.

Em princípio, Paulo fica do lado dos fortes na identificação do núcleo do cristianismo –


nossa fé não se baseia em dias especiais, nem em comidas permitidas ou proibidas (Rm 14.5-
6). Paulo fala com os fortes acerca de muito mais do que conhecimento e tolerância. Paulo
ensina claramente a tolerância com relação aos irmãos, mas não sugere a aceitação passiva de
toda e qualquer divergência. Ele fala aos fortes sempre em termos da capacitação e
motivação dos seus atos.

Os cristãos fortes são capacitados pelo Espírito Santo a negar os seus interesses
egoístas e enfocar, ao invés disso, os interesses dos irmãos mais necessitados (Rm 14.17;
15.13). Em vez de enfocar os seus direitos e comunicações, que bem podem ser válidos e
corretos, eles vêem a prioridade do bem-estar dos cristãos mais fracos. Deixando de colocar
obstáculos no caminho dos fracos em termos de desenvolvimento espiritual (Rm 14.13) e
praticando atos positivos para edificação dos mesmos (Rm 14.19; 15.1-2) os crentes fortes
evidenciam o seu amor cristão. A liberdade dos fortes é controlada pela lei do amor que eles
manifestam em relação aos fracos!

242 MISSIOLOGIA
13. Cite outra causa da falta de unidade na igreja atual.

14. Que confissão é a base da comunhão cristã na igreja universal?

15. Qual das qualidades enumeradas a seguir indica melhor a maturidade cristã?
a) Tolerância baseada no conhecimento.
b) Crenças rígidas acerca de comidas e bebidas.
c) Uma consciência facilmente ofendida.
d) Rígida observação das festas da igreja.
e) Notável interesse egoísta.

16. Explique como a comparação de Rm 14.1-2 com Rm 14.15 demonstra claramente o fato
de ser a ação dos fortes (encorajada por Paulo), com relação aos fracos motivada pelo
amor cristão.

Em nenhuma passagem das Escrituras encontramos melhor exemplo do


comportamento sugerido por Paulo do que no próprio Jesus. Paulo aponta para Cristo como
o modelo a ser seguido na manifestação do amor (Rm 15.3). Como Jesus suportava e ajudava
os fracos? Como foi que ele nos aceitou? Paulo diz que Deus oferece aos crentes em Roma
tanto o exemplo a seguir, como o poder de segui-lo na demonstração da unidade na igreja. O
apóstolo encara tal unidade como sendo um ótimo testemunho e diz que a unidade no corpo
de Cristo capacita o corpo inteiro para a harmoniosa adoração comunitária que realmente
glorifica a Deus.

BENEFÍCIOS DA UNIDADE HOJE

Missão mútua

O título desta última unidade do curso salienta um dos grandes benefícios da unidade OBJETIVO 8
Explique por que uma
eclesiástica: a igreja de Deus assim efetua a sua missão. Você já viu que Paulo desejava missão mútua de todas as
ardentemente que a igreja em Roma tivesse um espírito de unidade entre os crentes. Ele igrejas em espírito de
desejava que todos eles seguissem o exemplo de Cristo, ao levarem a efeito a missão de Deus. unidade é essencial para
missões internacionais hoje
À medida que assim faziam, iriam produzir um bom testemunho de glória e louvor a Deus em dia.
(Rm 15.5-7).

Igreja nativa, unidade na adversidade 243


A unidade da igreja proporciona condições favoráveis à realização da missão divina. A
unidade na igreja universal serve de meio para sua manifestação divina. Uma igreja unida
constitui um meio de missões porque, como disse Paulo, é uma testemunha espiritual perante
o mundo. Portanto, é um meio de realizar o propósito redentor de Deus no mundo. Uma
Igreja unida é também o alvo de missões no sentido de trazer louvor e glória a Deus. Leia
cuidadosamente Rm 15.7-12 para ver como Paulo salienta esta verdade.

17. Em que sentido uma igreja unificada contribui para a realização do alvo imediato de
missões (conforme definição na Lição 2)?

18. Em que sentido uma igreja unificada contribui para a realização do alvo definitivo de
missões (conforme definição na Lição 2)?

A missão mútua, em um espírito de unidade entre as igrejas ocidentais e as dos países


em desenvolvimento e do chamado Terceiro Mundo, é assunto importante no mundo
contemporâneo de missões. Deve haver uma maior colaboração de todas as nações para a
realização do propósito salvífico de Deus no nosso mundo. Os rótulos igrejas ocidentais e
neo-igrejas são úteis na descrição do problema da unidade em nossos dias, mas em termos de
missões estes rótulos devem desaparecer. “De todas as nações para todas as nações” é o lema
que deve ter a Igreja. Há um só corpo, motivado por um só Espírito e unido na sua
comunhão e colaboração para uma missão divina. As bases para esta missão são todas as
nações ativas em missões, sem distinção. Conn captou bem esta verdade ao dizer que a
comunhão do Espírito não distingue entre o nacional e o estrangeiro (1977, pág. 121).

A diversidade constitui a chave para o sucesso de missões em nossos dias, mas ela deve
existir dentro da unidade do Espírito. As missões, na prática, devem refletir a verdade bíblica
de que há um só corpo e uma só missão. O mundo precisa ver o testemunho de uma igreja
unificada em missões.

19. Explique por que é necessário uma missão mútua de todas as igrejas em espírito de
unidade para o mundo moderno de missões.

244 MISSIOLOGIA
Enriquecimento mútuo

Os benefícios da unidade hoje em dia incluem mais do que o testemunho e missão da OBJETIVO 9
Salientar algo estimulado
Igreja no mundo. A unidade é também essencial para o desenvolvimento interno e espiritual pela unidade da igreja
da própria igreja. Ao analisar os dons do ministério dados por Cristo à igreja, Paulo fala do universal e o que a própria
propósito duplo desses dons. igreja precisa para o seu
mútuo enriquecimento.

20. Cite no seu caderno, os dois propósitos mencionados por Paulo em Ef 4.7-14.

Desejamos enfocar aqui o segundo dos propósitos mencionados por Paulo: o


amadurecimento do corpo de Cristo. Um corpo unido facilita o amadurecimento do povo de
Deus em termos de atitudes e ações manifestas pelo conhecimento de conformidade com o
próprio Jesus Cristo. A igreja é um corpo, no qual se efetua o ministério mútuo dos seus
membros. Por meio deste serviço mútuo, o corpo é edificado até atingir a completa unidade
da fé e do conhecimento do Filho de Deus. O conhecimento de Cristo e a fé nele, são
expressados por meio das atitudes e ações, à medida em que o corpo progride na sua
experiência até alcançar “a medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4.13). São essenciais
um bom conhecimento do Filho de Deus e uma firme fé nele, pois estes fatores possibilitam
o crescimento espiritual da igreja local à imagem de Cristo e a sua plena participação em
missões (Ef 4.14-16). O que se diz da igreja local pode se dizer também da igreja universal.

A unidade na Igreja universal em nossos dias resultará no mútuo enriquecimento e


maturidade da igreja. Esta unidade incentivará o intercâmbio internacional de ministérios tão
necessário para a realização do mútuo enriquecimento e maturidade da igreja do Senhor
Jesus Cristo. A revelação de Deus é tão profunda que nenhum povo ou nação por si só possui
uma total compreensão dela. A perspectiva e cosmovisão de cada povo permitem uma
compreensão especial de partes da revelação divina, mas também podem turvar outras partes
da mesma revelação. Ao ser encarnado o Evangelho em muitas culturas do mundo, com a
revelação do Espírito Santo na consciência das pessoas, os crentes entenderão cada vez mais
o significado profundo da Palavra de Deus. A igreja universal deve ser enriquecida pelo
compartilhar de discernimento na Palavra de Deus por diversos povos. Tal enriquecimento
somente será possível, se prevalecer a unidade na igreja por toda a face da terra.

21. Qual a necessidade da igreja universal que será suprida pela unidade da mesma igreja?

22. Qual é o assunto comum e quais as fontes de conhecimento para todas as nações, na
determinação da sua perspectiva de fé cristã?

Igreja nativa, unidade na adversidade 245


Você já viu que a encarnação de Jesus ajuda-nos a perceber a importância de
estabelecer o Evangelho em todas as culturas. A encarnação de Jesus na cultura judaica do
primeiro século tinha uma relevância muito mais extensa do que a própria cultura. Os efeitos
da encarnação, embora enriquecessem grandemente aquela cultura, estenderam-se por todas
as épocas e todas as culturas humanas. A revelação de Deus na encarnação de Jesus traz
implicitamente o conceito de mútuo enriquecimento e de compartilhar os benefícios recebidos.
Luzbetak fala do mútuo compartilhar, ao debater o princípio do mútuo enriquecimento:

“As congregações mais antigas precisam das congregações mais novas para
restaurarem a sua vitalidade e acarretarem novo discernimento; as
congregações mais novas, por sua vez, precisam das congregações mais
antigas para compartilharem a força desenvolvida através dos séculos e
poderem usufruir o fruto maduro do Espírito que permanece ativo, não
somente nos dias apostólicos, como também durante os últimos dois
milênios” (1977, pág. 67).

Luzbetak menciona não apenas o mútuo compartilhar e enriquecimento, como


também as necessidades mútuas. A unidade abre a porta para o compartilhar de benefícios
que satisfazem as necessidades existentes em todas as Igrejas. Vamos encerrar este estudo
resumidamente com alguns comentários:
- somente com a presença da unidade do Espírito na Igreja é que se realizará o
potencial crescimento e amadurecimento dela;
- a unidade cristã exige mais do que uma passiva tolerância da diversidade;
- a unidade não deve se confundir com a uniformidade;
- ela requer um amor mútuo e ativo que se expressa na edificação dos crentes por
meio dos ministérios capacitados pelo Espírito Santo;
- tal ministério mútuo será impossível, se a igreja enfocar toda e qualquer diferença
existente na fé;
- a unidade do Espírito, que é uma realidade do povo de Deus por toda a face da
terra, deve constituir o enfoque principal da igreja.

Este enfoque trará enriquecimento para o povo de Deus e promulgará a missão de


Deus ao mundo.

246 MISSIOLOGIA
MÚLTIPLA ESCOLHA: Assinale a única alternativa correta.
MÚLTIPLA autoteste

1. Paulo identificou a base para a unidade da igreja


a) no padrão da unidade entre todos os judeus e todos os gentios.
b) na maneira como as pessoas se tornam cristãs.
c) na relação dos crentes uns com os outros.
d) todas as alternativas anteriores estão incorretas.
e) apenas b) e c) estão corretas.
f) na carta que recebeu de Timóteo.

2. Em nosso estudo do problema da unidade hoje em dia, você descobriu que as religiões
não-cristãs
a) sempre demonstram mais unidade do que as denominações cristãs.
b) quase sempre demonstram mais unidade do que as denominações cristãs.
c) às vezes demonstram mais unidade do que as denominações cristãs.
d) nunca demonstram mais unidade do que as denominações cristãs.
e) todas as alternativas estão incorretas.

3. A confissão que é a base da comunhão cristã na igreja universal é


a) Jesus Cristo é o Senhor.
b) Jesus nos ajuda.
c) Jesus é poderoso.
d) Jesus é um Senhor poderoso que ajuda.
e) todas as alternativas estão incorretas.

4. Quanto ao amor cristão como a motivação do comportamento certo dos cristãos mais
fortes em relação aos mais fracos, Paulo declara: “Não estão agindo em amor”. Esta
declaração
a) afirma que este amor é tal motivação.
b) indica claramente que este amor é a motivação.
c) evita o assunto deste amor ser ou não ser tal motivação.
d) reduz a importância deste amor como motivação.
e) todas as alternativas estão incorretas.

CERTO-ERRADO: Escreva C para as afirmações corretas e E para as erradas.


CERTO-ERRADO:

____ 5. “A resposta de fé à morte sacrificial de Cristo na cruz” foi uma das razões da
unidade do povo de Deus na época de Paulo.
____ 6. A negação da ressurreição corporal de Cristo resulta numa diferença não-
teológica entre as denominações.
____ 7. É responsabilidade da igreja realizar pelo mundo inteiro a missão de Deus,
combinando todo o seu trabalho missionário, em uma missão mútua dentro de um
espírito de unidade.

Igreja nativa, unidade na adversidade 247


RESPONDA: Responda às seguintes questões.
RESPONDA:

8. Cite o nome da doutrina salientada nesta lição como a que unifica a igreja.

9. Diga o que vai ser estimulado pela unidade da igreja universal e o que é necessário para
seu enriquecimento mútuo.

248 MISSIOLOGIA
RESPOSTAS ÀS QUESTÕES DE ESTUDO

12. Um duplo motivo para a desunião das igreja mundial realizar a missão de Deus,
igrejas é a intolerância às diversas combinando todo o trabalho missionário
manifestações de cristandade de tons culturais. em uma missão mútua.

1. Indica que a unidade expressa-se na 8. Paulo disse aos crentes romanos que deviam
prática e estimula os efésios a amarem e seguir a Jesus Cristo como seu modelo de
permanecerem unidos. comportamento para alcançar a união.

13. A falta de identificação da base de comunhão 20. O propósito dos dons de ministério é
cristã é outra causa da desunião na igreja. preparar o povo de Deus para o ministério
e edificar o corpo de Cristo, ou seja, a igreja
2. Paulo identificou como base à unidade a em uma fé e num conhecimento unidos até
que se tornem semelhantes a Cristo.
graça, mediante a qual os homens tornam-
se um com seus irmãos em Cristo.
9. A justificação pela fé é a doutrina que
une a Igreja.
14. Jesus Cristo é o Senhor.

21. A união na igreja internacional vai estimular


3. e)
a troca de ministérios que são necessários
para o seu enriquecimento universal.
15. a)
10. Sua resposta deve demonstrar que as
4. Pretendia evangelizar a Espanha (vs. 24 e 28). religiões humanas são muito ligadas às
culturas dos povos. A união destas,
16. Demonstra claramente a denúncia de nessas regiões, é social e cultural,
Paulo do comportamento dos fortes para produto de pessoas e não de Deus.
com os mais fracos (Rm 14.15).
22. Jesus Cristo é o tema comum para todas
5. Destaca a salvação por meio da fé. as nações, e a palavra de Deus e o Espírito
Santo são as fontes de conhecimento que
determinam a sua visão da fé cristã. Há
17. Uma igreja unida realiza o alvo imediato um Espírito e uma revelação que são
de missões pois esta unidade serve de vistos de perspectivas diferentes.
testemunho, trazendo as pessoas a Deus.

11. d)
6. c)

18. A igreja unida ajuda na realização do


7. Procede de Deus. alvo definitivo de missões pela aceitação
uns dos outros como vemos no exemplo
19. A unidade cristã é um poderoso testemunho de Cristo, e assim louvando e
evangelístico. É responsabilidade da glorificando a Deus.

Notas exclusivas da edição brasileira. Dados atualizados Editoria Acadêmica da FAETAD.

Igreja nativa, unidade na adversidade 249


Respostas aos autotestes
Lição 1 convencidas pela palavra de Deus, não
1. c) somente na cidade de Éfeso, como
também em toda a província da Ásia.
2. b)
3. a)
Lição 4
4. d)
5. b) 1. c)
2. e)
6. a)
3. a)
7. Isso pode ajudá-lo a aproximar do seu
estudo com propósito e entusiasmo. 4. b)
8. Uma aproximação contemporânea e uma 5. d)
aproximação bíblica. 6. C
7. E
Lição 2 8. C
1. e) 9. Deus reconhece a dinâmica potencial da
2. c) cultura humana unida.
3. b) 10
10. Qualquer das quatro maneiras seguintes:
4. d) quando é chamado transcultural; quando a
fé sustenta os missionários em países
5. C estrangeiros; porque é oposto aos poderes
6. E demoníacos; quando contém o elemento
7. É a redenção ou salvação espiritual das do desconhecido.
pessoas.
8. A realização do alvo definitivo de Lição 5
missões. 1. a)
2. b)
Lição 3
3. d)
1. a) 4. c)
2. c) 5. d)
3. b) 6. E
4. d)
7. E
5. c)
8. C
6. d) 9. C
7. E 10. E
10
8. C
9. Deus providencia a salvação para as pessoas,
Lição 6
mediante a morte de Cristo na cruz.
1. b)
10. Experimentou um crescimento tão
2. c)
grande que muitas pessoas foram

250 MISSIOLOGIA
3. a) para o sucesso de missões, coisa que a
4. C análise humana não pode fazer.
5. E 11
11. A estratégia missionária que ignora a
dinâmica divina do Espírito Santo
6. C
enfrenta um trabalho impossível.
7. Seu serviço redentor.
8. O Espírito Santo reina de uma nova
Lição 9
maneira no reino universal de Deus.
9. A dinâmica dentro do homem em Babel 1. a)
resultou em desunião entre os homens. 2. b)
Porém, a dinâmica colocada dentro do 3. c)
homem no Pentecoste resultou em união 4. d)
espiritual entre os homens. 5. c)
6. E
Lição 7
7. C
1. c)
8. C
2. a)
3. d)
Lição 10
4. b)
1. c)
5. E
2. b)
6. C
3. d)
7. E
4. a)
8. C
5. c)
9. A presença do Espírito Santo na Igreja.
6. C
10
10. Devem adaptar-se a esta cultura quando
7. E
ela não entra em contradição com Deus.
8. E
Porém, não devem se adaptar a esta
cultura, quando ela é contrária a Deus. 9. O Terceiro Mundo surgiu entre os anos de
1945 e 1969, porque várias nações
obtiveram sua independência durante este
Lição 8
período.
1. c)
10
10. Porque a aceitação do Evangelho e também
2. b) do missionário por parte do povo depende
3. a) muito mais hoje em dia do conhecimento e
4. c) da valorização a seu respeito ou seja, da
5. d) sua imagem étnica, do que antes.

6. C
Lição 11
7. E
8. E 1. a)
2. c)
9. C
3. b)
10
10. Porque o Espírito Santo é o administrador
do trabalho e devemos colaborar com Ele; 4. d)
porque o Espírito Santo pode prever 5. c)
acontecimentos que serão importantes 6. E

Resposta aos autotestes 251


7. C 2. b)
8. E 3. b)
9. C 4. d)
10
10. C 5. c)
6. E
Lição 12 7. E
1. c) 8. C
2. a) 9. C
3. C 10. E
10
4. E
5. C Lição 14
6. Quatro dos cinco aspectos mencionados: 1. e)
um povo redentor, uma nação 2. c)
redentora, um remanescente redentor, o 3. a)
Redentor, a igreja. 4. b)
7. Quatro destas atividades: proclamação, 5. C
persuasão, integração, instrução e 6. E
testemunho.
7. C
8. A doutrina da justificação pela fé.
Lição 13
9. Uma troca mútua e internacional de
1. a) ministérios.

252 MISSIOLOGIA
Resposta aos autotestes 253
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Bibliorafia 255

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