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MISSIOLOGIA
Manual de Estudo Independente
por Paul A. Pomerville
George W. Flattery
Desenvolvedor de Ensino
Pomerville, Paul A.
Missiologia : manual de estudo independente por Paul A. Pomerville / desenvolvido em colaboração com
Global University / George W. Flattery, desenvolvedor de ensino ; [tradução Mary Daniel] . -- Campinas, SP :
FAETAD, 2008.
1. Missiologia 2. Missão da Igreja 3. Teologia I. Global University. II. Flattery, George W.. III. Título.
08-03535 CDD-266.001
ADE TRÊS
UNIDADE
UNID TRÊS:: A MISSÃO CRISTÃ
E O MUNDO EM QUE VIVEMOS
UNIDADE QU
UNIDADE ATRO
QUATRO:: A MISSÃO CRISTÃ E A IGREJA
Por seguir um formato que favorece o autodidatismo, este material é indicado para
ministros e obreiros cristãos que queiram se envolver no estudo sistemático da Bíblia no
nível do Bacharelado. Este curso proverá importantes ferramentas para seu ministério
prático e seu testemunho cristão.
Atenção
FAET AD – FFaaculd
AETAD ade de Educação Teológica ddaas Assembléia
culdade ssembléiass de Deus
Cx
Cx. Postal 1031
Campin s-SP,, Bra
Campinaas-SP sil; CEP 13012-970
Brasil;
6 MISSIOLOGIA
Introdução ao Curso
Introdução ao Curso 7
Descrição do curso
Objetivos do curso
Livro-texto
Nesta matéria, você utilizará como livro didático o Manual de Estudos - Missiologia. A
Bíblia (ALMEIDA REVISTA E CORRIGIDA) é o único outro livro necessário, embora todos os textos
utilizados encontrem-se no próprio texto, sempre dispostos em forma paragráfica.
Período de estudo
8 MISSIOLOGIA
Organização da lição e padrão de estudo
Algumas das questões de estudo podem ser respondidas nos espaços indicados no
livro, outras, necessariamente, deverão ser respondidas em um caderno. Não se esqueça de
anotar o número da Lição e da questão.
Métodos de estudo
Como estudar
Este curso foi elaborado para o estudo individual, mas nada impede que a matéria
seja estudada em grupo. Se for este o seu caso, entre em contato com a secretaria de
matrícula para obter instruções adicionais. Não se esqueça de enviar pelo correio todos
Introdução ao Curso 9
os trabalhos completados. Talvez você queira usar o curso em um grupo de estudos
domésticos, na classe da igreja, ou em uma escola bíblica. Você notará que o conteúdo
das lições e o método de estudo são excelentes para esses fins.
Projeto
Caso seu bacharel seja com reconhecimento internacional, será necessário completar
a avaliação através da leitura do livro suplementar (20% da média final). Este trabalho
deverá ser finalizado dentro do prazo pré-estabelecido para a conclusão da matéria.
A obtenção dos créditos está condicionada aos seguintes requisitos: a) exame final; b)
desempenho do projeto; c) prova baseada na leitura do livro suplementar. O exame final
será feito na presença de um examinador indicado pelo aluno e aprovado pela secretaria.
Pacote do aluno
O Pacote do Aluno que acompanha este curso contém instruções para avaliações de
progresso de unidade (APU), folhas de respostas e outros formulários. Verifique a relação
dos itens que compõem o pacote. Nela estão indicados os materiais que deverão ser
enviados à FAETAD, e também o momento mais oportuno para que isso seja feito.
AETAD
Reconhecimento nacional
Média será composta por um exame final (80%), um projeto do curso (10%),
além das APUs (10%).
10 MISSIOLOGIA
Reconhecimento internacional
Média será composta por um exame final (60%), um projeto do curso (10%), as
APUs (10%), além de um TLS (20%).
Dr. Pomerville possui bacharel em Artes pelo Northwest College, mestrado em Artes
pela Universidade das Assembléias de Deus, M.C.M. pela Seatthe Pacific University, Seattle,
Washington, e P.h.D. em Estudos Interculturais pela Fuller Theological Seminary School of
Word Missions em Pasadena, Califórnia.
Introdução ao Curso 11
UNIDADE 1
AGRANDECOMISSÃO,
AHERANÇADAIGREJA
LIÇÃO 1
Ainda no título deste capítulo nota-se outra postura missionária: para os dias de hoje,
o movimento missionário exige uma nova perspectiva. É ido o tempo que se pensavam os
missionários como enviados a países ocidentais ou orientais. Todo o mundo é a base
missionária da Igreja – “ensinai {ou fazei discípulos} todas as nações” (Mt 28.19). A
perspectiva mundial, global, da evangelização tem suas raízes na Bíblia. O NT apresenta
claramente o conceito de um povo do Senhor de alcance mundial. E mesmo o AT apresenta
uma promessa, uma herança chamada Terra, ao povo de Deus. Não somente o produto
missionário, mas o processo em si deve ser mundial: todas as nações evangelizam todas as
nações.
Este livro, conforme a orientação bíblica, apresenta o trabalho missionário como sendo
de amplitude mundial. A cada lição o papel atuante do Espírito Santo no desenvolvimento da
obra missionária mundial tornar-se-á mais claro, mais evidente. Portanto, caro aluno, abra o
seu coração ao Espírito de Deus, para que Ele o possa motivar a tomar parte na santa obra
missionária, onde quer que Deus o envie!
14 MISSIOLOGIA
Sua visão pessoal da obra missionária Esboço da Lição
Tendência missionária
Ao término desta lição, você deverá ser capaz de: Objetivos da Lição
Suas perguntas
OBJETIVO 1 Normalmente, o estudante aguarda de um livro as respostas para o tema a ser estudado.
Identificar quais são seus
paradigmas e expectativas
Porém, antes de tratarem-se os problemas missiológicos, é preciso saber o que pensa o
quanto à obra missionária e estudante sobre o assunto. Qualquer estudo iniciado a partir do que sabem os alunos sobre o
ao estudo missiológico.
que se vai estudar é muito mais aproveitável, mais rendoso. Ao identificar seus pareceres
pessoais sobre missões, você aproximar-se-á com muito maior entusiasmo desta matéria.
1. Considerando seus atuais paradigmas quanto à obra missionária, escreva em seu caderno
as questões que gostaria que fossem debatidas nesta matéria.
Seu propósito
OBJETIVO 2 Cada pessoa dedica-se ao estudo missiológico com objetivos específicos. Há aqueles
Apresentar três razões para
o estudo de missões.
que desejam colher maiores orientações quanto a um chamamento de Deus para si para
trabalhar em outras culturas e povos. Pastores há que neste estudo buscam meios de envolver
suas congregações em um maior empenho e vigor missionários. E, de fato, há nestas páginas
orientações e subsídios para sermões, estudos e projetos que desafiarão a igreja a mais
trabalhar. Mesmo aqueles que por hora demonstram apenas interesse intelectual pelo
trabalho missionário haverão de amar e trabalhar mais pela obra missionária. Mas seja qual
for seu objetivo, é certo que o Espírito Santo de Deus o guiará a comprometer-se com
missões.
3. Segundo o parágrafo anterior, quais os três possíveis motivos que levam alguém ao
estudo da missiologia1?
4. Dos motivos identificados no exercício 3, qual aquele que melhor adequa-se à sua
expectativa? Não se esqueça de manter em mente tais objetivos, pois isso o levará a
melhor galgar seus intentos com esta matéria.
16 MISSIOLOGIA
Sua necessidade
Após identificar seus objetivos pessoais, pode permanecer uma indagação: “De que OBJETIVO 3
Identificar as necessidades
maneira um manual de estudos autodidático pode vir a suprir minha particulares de aproximação entre
expectativas quanto ao trabalho missionário?”. Esta justa indagação é respondida ocidentais e não-ocidentais
satisfatoriamente pelos pressupostos teóricos e metodológicos desta obra acadêmica: no campo missionário.
Missiologia foi concebido com o objetivo de orientar não um povo ou uma cultura específicos
quanto a missões; o presente estudo não visa contemplar a um grupo seleto e selecionado de
estudantes. Aqui não há preferência por traços culturais de povos ocidentais ou orientais, do
norte ou do sul, de nações desenvolvidas ou em desenvolvimento. Neste livro, o grande
beneficiado pela construção do saber missionário é o povo de Deus. Portanto, se suas dúvidas
forem características dos filhos de Deus, seus questionamentos quanto ao trabalho
missionário serão aqui respondidos.
6. Como se pode explicar a maior dificuldade que têm os missionários das igrejas
missionárias históricas em aceitar e adaptar-se ao novo fluxo da obra de missões hoje?
7. A relativa falta de preparo bíblico dos grupos pouco tradicionais na obra missionária os leva
a) a dependerem menos do ensino teológico para orientar seu trabalho missionário do que
os grupos tradicionalmente ativos em missões.
b) a não carecerem do ensino teológico e bíblico.
c) a não mais necessitarem do ensino teológico que seus pares tradicionais.
d) a não se conscientizarem verdadeiramente de suas responsabilidades missionárias.
18 MISSIOLOGIA
Conclusão
Uma vez que esta matéria é absolutamente baseada na Bíblia Sagrada, qualquer
missionário, de qualquer cultura, que a utilize como base para suas atividades haverá de
habilitar-se para esta obra, graças a suficiência da Palavra de Deus. É o ensino bíblico o
responsável por preparar o missionário para o mundo de hoje.
TENDÊNCIA MISSIONÁRIA
Conforme dito, este é um manual bíblico e contemporâneo, portanto, seu objetivo vai OBJETIVO 6
Demonstrar de que forma
muito além da mera comunicação do saber teológico ou bíblico. A propósito, o simples esta matéria enfatiza sua
conhecimento de alguma informação é falho e não completa a proposta deste estudo. participação direta na obra
Portanto, este manual sobre missões tem por meta realizar algo de concreto em seu missionária.
compromisso missionário. Obviamente, importa primeiro saber para depois fazer; contudo,
embora trate-se de um livro, é pouco, muito pouco, apenas produzir conhecimento. Este
manual existe para que você trabalhe na obra missionária, e não somente estude sobre ela.
8. Das palavras a seguir, quais representam objetivos que vão para além do mero
conhecimento teórico?
a) Entender.
b) Reconhecer.
c) Aplicar.
d) Atuar.
e) Identificar.
f) Promover.
9. Quais dos seguintes alvos são frutos das respostas à questão anterior?
a) Atitude.
b) Alvos econômicos.
c) Aperfeiçoamento.
d) Planejamento.
e) Sentimentos.
É objetivo desta matéria levá-lo para além do conhecimento, fazendo-o praticar o que
estudou. Nosso desejo é sua atuação direta na obra missionária, conforme ela é explicitada na
Bíblia. A grande importância do envolvimento do povo de Deus na obra missionária é que
ela é a herança do Senhor à Igreja – missões acompanham o Evangelho de salvação. Lutamos
para que toda congregação, em todo país, habilite-se e mobilize-se para trabalhar com
Os objetivos propostos a seguir referem-se ao grande desafio deste manual (pág. 8):
Objetivo 3: entender a responsabilidade do crente (pessoal e congregacionalmente)
quanto à obra missionária;
Objetivo 4: compreender as condições estratégicas que viabilizariam o trabalho
missionário no mundo de hoje;
Objetivo 5: comprometer todo o povo de Deus com o movimento missionário.
Há ainda outros objetivos que visam o comprometimento pessoal de cada crente com missões:
Objetivo 1: entender a proposta bíblica para o trabalho missionário, priorizando o
evangelismo;
Objetivo 2: vislumbrar a ação do povo de Deus como missionário desde o AT;
Objetivo 6: identificar o papel da igreja no âmbito missionário global.
10. Responda em seu caderno sobre suas impressões a respeito dos objetivos 1, 2 e 6.
A prática dos objetivos depende de agir e sentir. Antes de realizar, o indivíduo necessita
estudar, aprender, saber; contudo, ele precisa sentir-se impelido a tomar parte nas ações
corretas. Este manual pretende estimular estas atitudes através da exposição do aluno à
Palavra de Deus, valendo-se das questões contemporâneas. Prezado, permita que o Espírito
Santo molde o seu conhecimento sobre estes assuntos, para despertar em você vontade de
envolver-se nas atividades missionárias para a Igreja de Cristo. Note que o Objetivo 10
salienta a verdade inegável de que é o Espírito Santo quem convence o homem a envolver-
se no trabalho do Reino: entender a natureza missionária do Espírito Santo e a Sua função
como iniciador, fortalecedor, motivador e superintendente de missões.
A finalidade prática deste manual é dar base doutrinária e bíblica suficiente, além de
contextualização contemporânea para que a ação de aperfeiçoamento do Espírito Santo desperte
você, aluno deste curso, a envolver-se com a obra missionária destes últimos dias da Igreja
sobre a terra. Fará o Espírito amadurecê-lo com a finalidade de usá-lo ativamente no trabalho
missionário. Afinal, as missões globais exigem um alto nível de maturidade do povo de Deus,
independentemente de sua cultura. A crescente internacionalização do Evangelho só fará
aumentar a exigência por esforços coordenados da Igreja em todo o globo, para que assim os
povos não-alcançados cheguem ao conhecimento de Cristo Jesus. Desta forma, este manual
salienta a necessidade de cooperação missionária entre todos os crentes, em todas as culturas, em
todos os povos – e todos terão como supervisor de suas atividades o Espírito Santo, garantidor
da unidade espiritual. Nosso desejo é ver todas as culturas libertas pela ação do Senhor!
11. A partir da leitura dos parágrafos anteriores, identifique os objetivos que expressam suas
obrigações para com o trabalho missionário.
20 MISSIOLOGIA
Planejamento de estudo
Tornou-se já evidente que este manual é orientado por objetivos. Seu planejamento tem OBJETIVO 7
Demonstrar o conteúdo geral
por finalidade facilitar os estudos e a consolidação dos ideais propostos. O próprio Sumário da da matéria.
obra demonstra em seu arranjo as unidades e as lições agrupadas por temas afins.
A Unidade 1, da qual faz parte esta lição, consiste em uma introdução geral à
atividade missionária hodierna. Nela é apresentado o conceito de missões como herança de
Deus à Igreja. Assim, estabelece-se a bíblica verdade de que o esforço missionário é um
movimento radicado no plano divino e eterno de Deus para o homem, não tratando-se,
portanto, de uma iniciativa humana. Todos os debates (O que é uma missão ou Como deve
ser uma missão) são tratados do ponto de vista da Trindade. Apenas mediante as respostas
bíblicas a estas perguntas é que se pode pensar no estabelecimento de uma obra missionária
autenticamente cristã.
12. Os itens que identificam o conteúdo das principais divisões desta matéria são
a) os títulos das unidades.
b) os títulos das lições.
c) os esboços das lições.
d) as sessões de cada lição.
13. Em seu caderno, escreva uma definição do conteúdo proposto para a Unidade 1.
Ainda a Unidade 2, ao tratar de missões no NT, atenta mais plenamente para a atuação
do Espírito Santo na obra missionária. Recebe grande atenção os acontecimentos do Dia de
Pentecostes em relação ao crescimento experimentado pela igreja a partir da efusão do
Espírito Santo. A grande abundância do material bíblico acaba por elucidar muitos problemas
atuais do trabalho missionário.
Chegando a Unidade 3, nota-se que o Espírito Santo ainda é o tema principal quanto
ao trabalho missionário, porém agora, tudo gira ao redor do mundo presente. A
compreensão do trabalhar do Espírito nas missões atuais ajuda no entendimento do conjunto
de Suas ações hoje. Esta unidade propõe debates como: “Deve-se esperar por outro
derramamento do Espírito semelhante ao de Atos dos Apóstolos?”; “De que maneira o
Espírito Santo trabalha nos momentos de confronto com as forças demoníacas?”; tudo isso
considerando-se a contemporaneidade missionária!
17. Consulte o sumário deste manual e indique alguns dos temas e conceitos abordados na
Unidade 2 que são aplicados à contemporaneidade missionária na Unidade 3.
22 MISSIOLOGIA
comunhão com suas igrejas locais. Ao falar assim, a Unidade 4 introduz o conceito de
diversidade na unidade. Isto é representado pelas igrejas autóctones, por exemplo. Segue-se,
portanto, um debate sobre as igrejas nativas: como deve ser a Igreja nas mais diversas
culturas? Uma igreja nativa precisa ser como é a igreja dos missionários que a fundaram?
Como saber se uma igreja nativa é madura? Tais perguntas conduzirão às respostas sobre a
maturidade e o desenvolvimento de nossas próprias igrejas e das igrejas que fundamos
através da obra missionária.
19. Escreva em seu caderno um texto de cerca de 4 parágrafos em que se explica como a
Unidade 4 apresenta a idéia do povo de Deus ser um povo missionário.
20. Consulte o sumário deste manual, revisando os títulos das unidades e escreva em seu
caderno um resumo de cada uma delas. Procure realizar esta tarefa sem maiores
consultas ao texto.
1. Em relação aos alvos pessoais para cursar esta matéria, seu propósito neste estudo
a) não é representado por nenhum deles.
b) não pode ser representado por uma combinação deles.
c) pode ser representado por uma combinação deles.
d) é sempre uma combinação deles.
e) todas as alternativas estão incorretas.
2. Quanto aos três motivos aludidos na questão anterior, seus alvos pessoais
a) sempre diferem deles.
b) às vezes diferem deles.
c) quase nunca diferem deles.
d) nunca diferem deles.
e) todas as alternativas estão incorretas.
5. Declarações que salientam a sua participação pessoal em missões podem ser encontradas
a) no sumário deste manual.
b) nos objetivos do curso.
c) a) e b) estão incorretas.
d) a) e b) estão corretas.
6. As declarações que indicam o conteúdo das quatro divisões principais deste livro
encontram-se
a) no índice.
b) nos objetivos do curso.
c) a) e b) estão corretas.
d) a) e b) estão incorretas.
24 MISSIOLOGIA
RESPONDA: Responda às seguintes questões.
RESPONDA:
7. Quais as sugestões apresentadas sobre escrever no início do seu estudo suas próprias
perguntas sobre missões?
8. Quais os dois tipos de pontos de contato usados neste livro que farão esta matéria útil a
pessoas de todas as partes do mundo?
26 MISSIOLOGIA
altura do curso. Mas esse objetivo
focaliza nossa participação em missões,
porque a igreja é instrumento de Deus
para evangelizar o mundo (objetivo 6), o
tema Redenção do povo de Deus
mostra que todo o povo de Deus pode
envolver-se na missão de Deus (objetivo
2). Objetivo 1 enfatiza participação em
missões porque o evangelismo é uma
prioridade bíblica.
1
Estudo quanto às atividades evangelizadoras da Igreja, especialmente em relação às bases, métodos e propósitos destas
atividades.
2
Adequação da pregação evangelística promovida durante o contato entre duas culturas distintas – quase sempre a do
missionário e a dos evangelizados.
Qual a missão das missões? Após 2000 anos de cristianismo a Igreja ainda vê-se
buscando descobrir o propósito da obra missionária. Paulo, em sua carta aos crentes de Éfeso
discorre sobre este problema, conforme visto nesta lição. E a resposta desejada encontra-se
naquilo que Deus, em Seu plano que precede a criação do mundo, estabeleceu.
28 MISSIOLOGIA
Eternidade, tempo e missões Esboço da Lição
Missões e a glória de Deus
Nossa participação em missões
Objetivos da Lição
Ao término desta lição, você deverá ser capaz de:
• definir a missão fundamental de Deus ao mundo; apresentar razões para a importância do
trabalho missionário; explicar porque a Igreja deve envolver-se ativamente neste trabalho;
• identificar os alvos imediatos e definitivos para as missões e correlacionar estes alvos;
• assumir uma participação mais eficaz no trabalho missionário, conforme os preceitos bíblicos
já estudados.
OBJETIVO 1 Na carta que escreveu aos efésios, Paulo não tinha assunto mais importante a tratar
Descrever a natureza do
propósito de Deus para a
que não a obra missionária. À época, mais da metade dos habitantes do Império era escrava;
humanidade. as necessidades sociais eram gritantes – estes assuntos preocupavam ao apóstolo e
incomodavam também a Deus. Entretanto, Paulo optou tratar apenas da vontade de Deus. Em
sua carta há expressões como “o beneplácito de sua vontade” (Ef 1.5,9 e 11). Tais sentenças
indicam aquilo que Deus deseja em Seu propósito para o mundo.
1. Leia Ef 1.3-14 e escreva a respeito do eterno propósito de Deus ao qual Paulo se refere.
O grande tema da Bíblia é a redenção. Não somente o apóstolo Paulo trata deste
assunto, como os demais escritores bíblicos são inspirados pelo Espírito Santo a escrever sobre
ele. O primeiro capítulo da epístola aos crentes de Éfeso afirma ser o grande propósito de
Deus para a humanidade a redenção dos pecados. Evidentemente, este não é o único
propósito de Deus ao homem, contudo, a mensagem bíblica deixa claro ser este o propósito
elementar, primário, primordial. O principal propósito de Deus para o mundo é a salvação
eterna. De acordo com certo comentarista, Ef 1.3-14 é como um poema dividido em três
partes:
Fig. 2.1
É notável que cada uma das pessoas da Trindade está envolvida no propósito divino
para a humanidade: Deus Pai predestinou os homens à adoração, fazendo-os Seus filhos;
Cristo cumpriu o propósito divino, morrendo em lugar do homem para o remir; finalmente,
o Espírito Santo sela o crente garantindo-lhe a herança como povo de Deus.
30 MISSIOLOGIA
2. O propósito de Deus no mundo e sua missão primária para a humanidade é
a) a paz mundial.
b) a justiça social.
c) a redenção espiritual.
d) a liberdade política.
e) a saúde física.
f) todas as alternativas estão incorretas.
Missão e missões
O termo missão remete ao contexto do esforço divino de remir o mundo. Já missões OBJETIVO 2
Distinguir os termos empregados
representam a herança do Senhor à Igreja – trata-se, portanto, de uma atividade que tem para identificar a obra missionária
suas raízes no propósito eterno de Deus. Com missão relembra-se o motivo áureo da vinda (missão e missões), demonstrando
de Cristo ao mundo para morrer pelos homens – Cristo significa o ungido, isto é aquele que como eles exprimem o conceito
bíblico.
recebeu poder e autoridade para uma divina missão.
Jesus veio como missionário com o objetivo de realizar o propósito de Deus; portanto,
o conceito bíblico de missão abrange dois elementos: o envio do missionário e a realização do
propósito em si mesmo. É interessante notar que o termo missões é empregado muitas
vezes como singular. Quando empregado assim, esta palavra refere-se ao comprometimento
da Igreja na missão divina e no propósito de Deus para a humanidade.
3. Alguns dos termos que expressam o conceito bíblico de missão podem ser
a) o propósito salvífico de Deus.
b) o Ungido de Deus.
c) o propósito eterno de Deus.
d) o propósito redentor de Deus.
e) todas as alternativas anteriores estão corretas.
4. Qual destas sentenças descrê mais adequadamente a acepção comum do termo missões?
a) O eterno propósito de Deus no mundo hoje.
b) Grupos cristão que enviam testemunhas de Cristo.
c) As embaixadas estrangeiras.
d) As cruzadas cristãs na Idade Média.
Durante esta matéria, serão empregadas ambas as formas para designar a obra
missionária: missão e missões. Sendo que para as ocorrências no singular estará sendo aludido
o propósito de Deus para o homem (salvação), enquanto que no plural estará sendo evocada
a participação da Igreja no processo.
OBJETIVO 3 A partir de agora, ir-se-á analisar a importância da igreja na obra missionária, bem
Demonstrar a importância
inegável da obra missionária.
como a relevância da obra missionária na vida da Igreja. Em Ef 1.3-14, o apóstolo Paulo trata
de toda a história da humanidade; desde então, a missão de Deus fazia parte do divino plano
OBJETIVO 4 para a humanidade – antes da própria criação do mundo, sendo realizado, porém, apenas em
Explicar as razões pelas
quais o trabalho missionário um momento específico da cronologia da raça humana. Em sua carta, Paulo refere-se ao início
não é uma opção à Igreja. do tempo (Ef 1.4), mas fala também do tempo do fim (Ef 1.10). A história da humanidade
tem seu tempo de princípio e fim.
Muitos acreditam que a história e o tempo não têm princípio ou fim. Para estas
pessoas, a vida e a história são repetições cíclicas – uma estação segue outra, repetidamente.
Essa forma de pensamento não contempla o propósito de Deus para a humanidade. E por mais
que a cada minuto nasçam 250 crianças em todo o mundo, e outras 100 pessoas percam suas
vidas no mesmo período1, ainda há quem afirme que o tempo não terá fim, como não teve
começo. Mediante o que é apresentado na Bíblia Sagrada, a história e o tempo tiveram
começo e terão fim. Além disso, a história é repleta de grande significado – Deus apresenta
seu propósito salvador na história. Em Ef 1.4 e 10, Paulo refere-se à eternidade antes do
princípio do tempo e da história, bem como a um ponto quando findarão estes e somente
haverá a eternidade:
Fig. 2.2
A contrário do que muitos pregam, a história não é um círculo, ou um ciclo, mas sim
uma linha. Há nela progressão, clímax, finalidade. O apóstolo Paulo, ao tratar do tempo
histórico dava-lhe dimensões, termos (começo e fim) – a leitura de 2 Pe 3 é interessante pois
trata do destino de todos os que julgam o tempo como desprovido de finalidade. Pedro
refere-se àqueles que questionam a volta de Cristo; tais indivíduos descrêem do plano divino
através dos séculos – para estes, nada há que evidencie que a história caminha para o seu fim.
32 MISSIOLOGIA
A poderosa Palavra de Deus criou o universo e reservou o dia para o julgamento; esta
mesma voz promete a volta do Senhor Jesus. Está é uma promessa viva? Sim; mas seu
aparente atraso municia os zombadores (2 Pe 3.4, 8-9). Já no tempo de Pedro, o tempo que
decorrera desde o dia da promessa levará muitos a duvidar de que ela virá mesmo a ocorrer.
Tais homens não reconheciam a progressão do propósito de Deus na história. Pedro, então,
passa a salientar o cumprimento de outras promessas: o efeito da Palavra na criação, nos dias
de Noé (dilúvio) – coisas que vaticinavam o julgamento vindouro (2 Pe 3.5-7) Deus cumpre
Sua Palavra; Ele sempre faz aquilo que prometeu fazer!
Pedro é claro em suas convicções quanto ao propósito salvífico de Deus. Ele não
duvida da fidelidade divina em cumprir suas promessas. Cristo virá! O que tantos classificam
como atraso, incapacidade de Deus ou mentiras dos homens, é, na verdade, a longanimidade
do Senhor, permitindo que mais pessoas venham a arrepender-se de seus pecados,
confessando Cristo como Senhor. Por fim, a responsabilidade da Igreja está implícita
justamente aí, em 2 Pe 3.15.
“Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo
seu próprio poder; mas receberei a virtude do Espírito Santo que há de vir
sobre vós e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a
Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (Atos 1.7 e 8).
A resposta de Cristo não deixa dúvidas de que os tempo já foram determinados por
Deus Pai, e estão sob controle Dele. Aos discípulos, à Igreja de Cristo, compete não
preocupar-se com o tempo, mas ocupar-se com a obra missionária. A resposta de Cristo aos
discípulos enfatizava a missão deles no mundo. Mais: as palavras ditas por Jesus dão conta do
erro que é buscar fixar datas e vaticinar eventos no plano de Deus. O que é importante aos
servos do Senhor é reconhecer os períodos em que Deus realiza obras especiais – isto é
discernir os sinais dos tempos (Mt 16.1-4); que fique claro, porém, que discernir os sinais não
é o mesmo que tentar adivinhar datas! Compete à Igreja hoje compreender o tempo em que
vive para melhor realizar o tempo em que vive, cumprindo assim, com zelo, o trabalho que
Deus reservou-lhe.
Paulo utiliza a palavra mistério significando algo “que se tornou manifesto, e foi dado
a conhecer por meio das Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus eterno” (Rm
16.26). Neste sentido, um mistério não pode ser descoberto através do esforço humano; deve
ser revelado divinamente. Segundo o uso que Paulo faz desta palavra, vemos que se refere a
todo o divino plano de salvação ou a uma parte daquele plano. O plano ou vontade de Deus
foi um mistério não revelado durante épocas anteriores à história humana. Em nossos dias,
porém, é plenamente conhecido o mistério do propósito eterno de Deus. O uso da palavra
mistério e da expressão tempos dá a entender que a Igreja vive hoje um período decisivo da
história. É o período quando Deus vai completar seu plano redentor para o mundo. Torna-se
clara a importância da missão de Deus ao mundo em nossos dias, ao vermos que o fim da
história humana é determinada pela realização da missão. Jesus disse: “Este evangelho do
reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes e então virá o fim”
(Mt 24.14).
Quanto tempo resta para fazer discípulos de todas as nações? Ninguém sabe – no
entanto, os tempos estão sob controle do Pai. O dever da Igreja é levar a cabo a Sua missão
no mundo. Este é um privilégio especial (1 Pe 1.10-12)! Cerca de 60%2 da humanidade
jamais ouviram falar de Jesus; e quando eles vierem a conhecê-Lo, então a história humana
chegará ao seu fim.
10. De acordo com Ef 1.3-14, enumere o maior número de razões que explicam a
importância de missões.
34 MISSIOLOGIA
11. Como saber que não é facultativa a participação da igreja local em missões? Discuta a
urgência de missões e a sua própria participação neste trabalho em sua igreja. Compartilhe
a importância de missões com algum amigo. Se tiver a oportunidade, profira um sermão
ou palestra sobre A missão de Deus ao mundo, baseando-se em Ef 1.3-14.
O ultimato
Conforme visto em Ef 1.3-14 cada membro da Trindade (Pai, Filho, Espírito Santo) OBJETIVO 5
Explicar o alvo ultimato
está ativo na missão redentora de Deus. No último versículo da seção do quadro referente missionário.
ao papel de cada um existe uma frase que exalta a glória de Deus (Ef 1.6 e 14). Tal
repetição da glória de Deus mostra claramente que o alvo definitivo da missão do Senhor
ao mundo é a glória do próprio Deus. Por isso, o alvo da missão da Igreja é o próprio
Deus. Ele deseja salvar o mundo e, portanto, cabe a Igreja glorificar a Deus! O Salmo 67
diz que Deus mesmo é o alvo definitivo de missões. Este é um salmo missionário – leia-o
procurando este tema central. O salmista clama a Deus, pedindo Sua bênção. Ele a deseja
para que a salvação seja conhecida entre todas as nações (vs. 2 e 4). É um motivo mui digno
para pedir-se uma bênção divina! E o salmo termina com o mesmo tom: a bênção de Deus
está relacionada com missões. Propõe-se que os povos sobre toda a face da terra possam
conhecer e adorar a Deus (vs. 6-7). Note-se que nos vs. 3 e 5 deste salmo é o próprio
Deus quem diz – o Senhor está recebendo a adoração, o louvor e a glória de todos os
redimidos de cada povo e nação.
O alvo imediato
Sendo a glória de Deus o alvo definitivo do trabalho missionário, de que forma a OBJETIVO 6
Explicar o objetivo imediato
Igreja pode levar a cabo esta sua incumbência? De que maneira a Igreja conduz a glória de do trabalho missionário.
Deus? Estas perguntas transportam-nos ao alvo mais imediato do trabalho missionário. Em
O alvo imediato de missões torna-se claro perante a consideração de que Deus criou
os seres humanos. Por que Deus criou Adão? Diz a Bíblia que no princípio Adão foi criado à
imagem de Deus e estava com Deus (Gn 1.26-27; 3.8). No princípio Adão e Eva gozavam da
comunhão com Ele. A imagem de Deus significa que Adão possuía algumas das mesmas
características de Deus (Gn 1.26-27; 5.1; 1 Co 11.7). Pode-se afirmar que o propósito de Deus
ao criar Adão foi que este fosse semelhante a Si. O profeta Isaías indica que o povo de Deus
foi criado para a glória do Senhor (Is 43.6-7). A glória de Deus é aquilo que Deus é. Refere-
se à natureza de Deus.
Certa vez, Isaías recebeu uma visão da glória de Deus no santo templo (Is 6). Esta
visão empolgou o profeta, conscientizando-o da santidade divina. A glória de Deus
revelou algo da sua natureza ao profeta Isaías; desvendou algo de Sua santidade. Dizer
que os seres humanos foram criados para a glória de Deus é afirmar que foram criados
para serem, de alguma forma, semelhantes a Deus. Às vezes, a Bíblia usa as palavras
glória de Deus com referência àquilo que as pessoas devem ser. Por exemplo, Paulo
relaciona o pecado do povo com uma carência da glória de Deus (Rm 3.23). Isto significa
que quando as pessoas pecam, elas já não são parecidas com Deus em sentido moral. São
falhas em termos do propósito da sua criação, pois foram criadas para serem
semelhantes a Ele e se afastaram dele. Por causa do pecado, é impedido o propósito da
criação dos seres humanos; é desfigurada a imagem divina nos pecadores. A presença do
pecado nas suas vidas impede a sua plena comunhão com Deus. Isto torna muito
importante o alvo imediato de missões. Somente através da redenção divina é destruído
o poder do pecado, para que as pessoas, por sua fé em Cristo e na obra do Espírito
Santo, possam se tornar semelhantes a Deus.
13. Uma frase referente às pessoas se tornarem semelhantes a Deus se encontra duas vezes
em Ef 1.1-14. Escreva esta frase, com a sua respectiva citação bíblica:
36 MISSIOLOGIA
A relação entre os alvos
Há uma relação entre os alvos imediato e definitivo de missões: a redenção do povo e OBJETIVO 7
Especificar um aspecto
a glória de Deus. Esta relação está implícita na presente lição, mas vale a pena ponderarmos importante da relação entre
a seguinte pergunta: as pessoas não-redimidas podem glorificar a Deus? Então responda a o alvo imediato e o alvo
seguinte questão. definitivo de missões.
15. Baseando-nos nas Escrituras já lidas e nos comentários encontrados nesta lição de
Missões e a Glória de Deus, vemos que um aspecto importante da relação entre os alvos
imediatos e definitivos de missões é que
a) a realização do alvo definitivo torna possível o alvo imediato.
b) a realização do alvo imediato torna possível o alvo definitivo.
c) o alvo definitivo deve anteceder o alvo imediato.
d) cada alvo impede a realização do outro.
16. Explique qual deve ser a principal atividade do professor em sua cidade, conforme a
ênfase fundamental da Bíblia com referência a missões.
17. De que forma a Igreja, ao satisfazer as necessidades secundárias das pessoas, segundo o
plano de Deus, proporciona, às vezes, oportunidade para a realização da sua necessidade
primária, ou seja a redenção espiritual?
18. A satisfação das necessidades sócio-econômicas e educacionais das pessoas muda sua
relação espiritual com Deus?
a) Sempre.
b) Geralmente.
c) Às vezes.
d) Nunca.
38 MISSIOLOGIA
MÚLTIPLA ESC
MÚLTIPLA OLHA: Assinale a única alternativa correta.
ESCOLHA: autoteste
____ 5. “O envio pela igreja de testemunhas cristãs”, descreve bem a acepção comum do
significado de “missões”.
____ 6. A participação da igreja em missões não é muito importante.
40 MISSIOLOGIA
RESPOSTAS ÀS QUESTÕES DE ESTUDO
13. “O louvor da sua glória” nos vs. 12 e 14. 8. A resposta é dada no v.6: “Para louvor
e glória da sua graça, pela qual nos fez
4. b) agradáveis a si no Amado”.
14. a) 18. d)
5. nos vs. 4 e 5 9. d)
1
Dados coletados em http://michelsonborges.blogspot.com/2005/09/desafios-globais.html.
2
Em dados do início deste século, apenas 32,54% da população mundial professam o cristianismo (católicos e evangélicos).
A lição anterior expôs o ensino bíblico sobre missões. Conforme visto, Deus exerce
uma obra salvífica perante o mundo; a ênfase primária da Bíblia é justamente a redenção da
humanidade do poder do pecado. Outra vez, agora, a carta de Paulo aos crentes de Éfeso
revelará o papel central de Cristo na missão salvadora – esta epístola proporciona valiosa
informação sobre a predição dos seres humanos que carecem do conhecimento da obra
redentora de Cristo e da percepção da urgência missionária.
42 MISSIOLOGIA
A missão cumpriu-se na cruz Esboço da Lição
O método divino de missões
A habilitação divina para missões
Ao término desta lição, você deverá ser capaz de: Objetivos da Lição
OBJETIVO 1 Que papel tem Cristo na missão de Deus ao mundo? Que motivos justificam Seu
Explicar o motivo que leva os
crentes a afirmarem que
nascimento. A resposta a estas perguntas diz respeito ao ministério terreno de Jesus e ao seu
Cristo é o único e suficiente envolvimento no trabalho missionário. Já discutiu-se o problema do pecado com relação à
meio de salvação. missão de Deus, concluindo-se que o pecado impede as pessoas de serem semelhantes a Ele,
de terem comunhão com Ele. Podemos afirmar que a missão de Deus ao mundo foi realizada
na cruz de Cristo, porque Jesus tornou assim possível a reconciliação dos seres humanos com
Deus para se tornarem semelhantes a Deus e gozarem sua doce comunhão.
1. Que segmento de Ef 1.3-14 afirma mais plenamente aquilo que acabamos de dizer?
2. Que razões tem os cristãos para anunciar a Cristo como o único meio de o homem
salvar-se?
44 MISSIOLOGIA
Uma missão salvífica
O cristianismo destaca-se das demais religiões neste particular: “Deus estava em OBJETIVO 2
Explicar porque a morte de
Cristo, reconciliando consigo o mundo” (2 Co 5.19). A revelação de Deus na pessoa de Jesus Cristo cumpriu a missão de
Cristo distingue o Cristianismo de todas as outras religiões. Deus optou por se revelar sob salvar a humanidade.
forma humana (Fp 2.1-7). Enquanto estava na terra, Jesus era Deus em forma de homem (Jo
1.1, 14). Deus veio em pessoa para enfrentar o problema do pecado (Fp 2.8).
3. A morte de Jesus Cristo na cruz cumpriu a missão de Deus de salvar toda a humanidade
porque Deus mesmo
a) concordou com a morte de Jesus.
b) diminuiu o castigo dos seus pecados.
c) pagou o resgate pelos seus pecados.
d) passou por alto o castigo dos seus pecados.
Um dos atos especiais de Deus na história diz respeito à crucificação de Jesus Cristo. OBJETIVO 3
Tratar do papel de Deus na
Pode-se dizer que o sacrifício de Jesus é o ato crucial de Deus, o ponto central de toda a história salvação do homem.
humana. Isto pode ser dito pois a missão salvífica de Deus no mundo, providenciando a
redenção para toda a raça humana, foi cumprida na cruz. Jesus veio ao mundo especificamente
para morrer na cruz (Mc 10.45). O que nos maravilha no ensino bíblico sobre a salvação é que
é a obra do próprio Deus. O sacrifício de Jesus foi de valor infinito na oferta de salvação para
toda a humanidade, pois Deus mesmo levou o castigo do pecado.
É este o núcleo do Evangelho, o amor de Deus pelo mundo que fez com que Ele viesse
na pessoa de Jesus Cristo e sofresse pelo pecado do povo (Jo 3.16). Os seres humanos, em
todos países do mundo, lutam contra o pesado fardo do pecado. Estas pessoas não sabem que
Deus mesmo quebrou o poder do pecado na morte de Jesus na cruz. Esta boa nova é a
mensagem de missões, que deve ser proclamada. Para esta tarefa, Deus opta por usar os seres
humanos como seus mensageiros. O apóstolo Paulo apresenta a seguinte argumentação:
“Todo aquele que invocar o nome do Senhor, será salvo, como pois
invocarão aquele em que não creram? E como crerão naquele de quem não
ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão se não
forem enviados? como está escrito: Quão formosos os pés dos que
anunciam a paz, dos que anunciam coisas boas!” (Rm 10.13-15).
4. A título de resumo deste segmento da lição, escreva no seu caderno, o papel de Deus e
a nossa parte na salvação dos seres humanos.
OBJETIVO 4 Há outros temas de grande importância para missões: as pessoas que nunca ouviram
Descrever a perdição dos
seres humanos sem Cristo,
o evangelho de Cristo estão perdidas e sem esperança? Não há outro meio pelo qual as
mencionando a evidência pessoas podem aproximar-se de Deus? Que dizer das outras religiões? Ao meditar sobre
deste fato em Ef 2.1-3. estas perguntas, você talvez quererá referir-se aos trechos bíblicos dados acima na seção sobre
Missões cristocêntricas. Em primeiro lugar, é inconcebível que Deus desse início a medidas
tão extremas como a encarnação de Cristo e Sua morte na cruz, se houvesse outra maneira
de remediar o pecado. A cruz aponta para a terrível carência moral das pessoas e para a
absoluta necessidade de que Deus interviesse. A melhor resposta às perguntas acima
encontra-se talvez, em uma releitura do agonizante relato da crucificação de Jesus,
apresentado nos evangelhos. Alguém teria de pagar o preço, sofrendo o castigo do pecado.
Em segundo lugar, é freqüentemente questionada a justiça de Deus.
Pode alguém dizer que não é justo condenar ao inferno uma pessoa que jamais teve a
oportunidade de ouvir falar de Cristo. Dá-se, porém, que tal questionamento coloca em
xeque a justiça de Deus! Deus comete erros? Deus é perfeito em tudo que faz; Seu amor é,
portanto, perfeito. A palavra graça esclarece a questão da justiça de Deus. A salvação nos vem
apenas pela graça de Deus (Ef 1.7; 2.5,7). A graça é o favor imerecido de Deus. Teria sido
justo que Deus mandasse toda a humanidade para o inferno! Esse é o destino de todas as
pessoas que não conhecem a Jesus Cristo. Oswald J. Smith3, um pregador com grande visão
missionária, disse:
“O que surpreende sobre o pecado humano não é que pessoas vão para o
inferno, mas sim que algumas cheguem ao céu”.
6. Quais os três versículos de Ef 2.1-10 mais claramente ressaltam o fato de que ninguém
merece ser salvo?
46 MISSIOLOGIA
A leitura de Rm 1.18-32 e Ef 2.1-10 pode causar em você o mesmo efeito que em
Oswald J. Smith com relação à salvação dos seres humanos! A perdição dos indivíduos sem
conhecimento de Jesus Cristo é vista na incapacidade deles de arcar com o pecado. Toda
esperança dos seres humanos está radicada somente em Deus. Festo Kivengere4, ao comentar
a perdição humana, diz:
“O homem, aquele ser que olha para cima, ficou sendo uma criatura sem
orientação e atolado num sério dilema. Esta experiência trágica lhe
sobreveio, quando aquele que tinha olhado para cima se virou e passou a
olhar para baixo ou para dentro.Em vez de encaminhar-se para a vida,
encaminhou-se para a morte. Da luz, virou-se à escuridão [...] Não nos
admira que as Escrituras falam de tais pessoas como ‘perdidas’.
Kivengere descreve a mesma cena descrita em Rm 1.18-32: o pecado faz com que as
pessoas se rebelem contra Deus e tornem-se corruptas. Nenhuma parte da natureza humana
escapa ao poder corruptor do pecado, pois é uma força que desvia as pessoas de Deus.
7. Cite as duas frases de Ef 2.1-3 que oferecem a evidência mais direta acerca da perdição
das pessoas sem Cristo. Responda em seu caderno.
Outras religiões
O que dizer das outras religiões do mundo? O texto de Rm 1.18-32 é repleto de OBJETIVO 5
Apresentar as razões pelas
informação acerca dos efeitos do pecado, sobretudo com relação ao fracasso humano na sua quais o homem não pode
tentativa de adorar a Deus. Nesse trecho, Paulo descreve as pessoas que conhecem a Deus (v. encontrar a salvação através
19) mediante a natureza (v. 20) e a razão (v. 21). A fatal atração do pecado torna-se clara, das religiões inventadas por ele.
apesar do grande conhecimento das ordens de Deus (v. 32). Os homens tornam-se
progressivamente piores até serem entregues por Deus à imundícia e concupiscência de seus
próprios corações, emoções e mentes depravadas (vs. 24,26-28). Quando Deus entrega tais
pessoas à operação dos seus próprios pensamentos deturpados, elas “desonram seus corpos”
(v. 24) através dos atos homossexuais claramente descritos nos vs. 26 e 27. Neste trecho,
Paulo descreve outras religiões, que conheceu pessoalmente em conseqüência de suas viagens
a Roma, Corinto, Éfeso e outras cidades onde pregou o Evangelho.
A descrição dada por Paulo em Rm 1.18-32 reflete fielmente a natureza das religiões
sem Cristo desde o princípio do tempo. Já ouvimos muitas vezes a pergunta: Que será
daqueles que sinceramente buscam a Deus em outras religiões e que nunca ouviram falar
de Cristo? Essas pessoas serão aceitas por Deus sem terem conhecimento de Cristo?
Sentimos intimamente que Deus conhece o coração de tais indivíduos e é capaz de conduzi-
los a um contato com o Evangelho. O conceito a respeito de Deus ajuda neste particular.
Note-se como Paulo apresenta as pessoas em Rm 1.18-32: elas não estão buscando
sinceramente, muito pelo contrário. Estas pessoas tentam suprimir a verdade que já
conhecem (vs. 18, 21, 32). Elas preferem trocar a verdade pela mentira, abandonando a
adoração do verdadeiro Deus e entregando-se ao culto de suas criaturas (v. 25). Algo os
impele a fazer assim e esse algo que tenta neutralizar ou suprimir o conhecimento de Deus
é o poder do pecado.
Certo professor de missões afirmou o seguinte acerca das religiões não-bíblicas neste
trecho de Romanos:
O que Paulo ensina, pois, em Rm 1.18-32, é que as pessoas são indefesas em face da
atração fatal e degradável do pecado. É este poder que faz com que as pessoas, consciente ou
inconscientemente, rejeitem a Deus e Sua verdade. Somente a salvação pela graça de Deus
pode proporcionar ao homem um novo nascimento, e uma total reviravolta moral e
espiritual, destruindo o domínio do pecado em suas vidas.
48 MISSIOLOGIA
9. Em Jo 8.31-36, Cristo indica por meio de
a) uma declaração direta que as pessoas não podem lutar contra o poder do pecado.
b) uma implicação bem clara que as pessoas não podem lutar contra o poder do pecado.
c) uma declaração direta que as pessoas podem lutar contra o poder do pecado.
d) uma implicação bem clara que as pessoas podem lutar contra o poder do pecado.
10. Segundo a afirmação de Jesus em Jo 8.31-36, por qual meio as pessoas podem se livrar
do poder do pecado? Responda em seu caderno.
Somente pela revelação especial podemos saber como as pessoas podem se livrar do
poder do pecado. A revelação especial refere-se aos atos especiais de Deus através da história,
pelos quais Deus mostra aos seres humanos o seu poder redentor e a sua verdade. Dois destes
atos especiais de Deus são: a encarnação e a crucificação de Jesus. Torna-se clara a necessidade
de Deus intervir na história para resolver o problema do pecado, se consideramos a inabilidade
dos seres humanos de solucionar este problema. A revelação geral, ou seja a marca de Deus na
natureza, nos diz que existe um Criador, mas não revela a solução do pecado. Qual o grau de
importância para o entendimento da obra missionária a compreensão a respeito da perdição
das pessoas sem Cristo? Em primeiro lugar, significa saber que aquelas pessoas não têm
esperança e ficam sem Deus no mundo (Ef 2.12). Independentemente do preparo ou
experiência daquelas pessoas, sem o reconhecimento de Jesus Cristo como Seu Salvador,
continuam vivendo sob a ira de Deus. Elas são de fato filhos da ira (Rm 1.18; Ef 2.3). Em
segundo lugar, compreender sobre a perdição do homem deve motivar todo crente a
participar ativamente da obra missionária.
11. Segundo o estudado aqui, por qual principal razão as pessoas não podem ser salvas
através das religiões não-cristãs deste mundo? Responda em seu caderno.
Anteriormente foi visto que a missão de Cristo efetuou-se em Sua encarnação e em OBJETIVO 6
Salientar o evento que
Sua obra vicária na cruz. A ressurreição de Cristo dentre os mortos é a pedra angular, ou o prova mais decisivamente
ápice, da provisão da salvação divina. A ressurreição comprova conclusivamente que Cristo que a missão de Cristo ao
mundo ganhou a vitória
venceu e que destruiu o poder do pecado e de Satanás (1 Jo 3.8). Mostra, ainda, que a missão
sobre Satanás e o poder do
de Cristo no mundo foi vitoriosa! É significante o que Paulo diz em Ef 1.15-23 e Fp 2.9-11 pecado.
em termos do aspecto vitorioso da missão de Cristo ao mundo. Vemos esta significância na
posição de Cristo após Sua ressurreição. Ele está assentado nos lugares celestiais (Ef 1.20),
exercendo supremo poder no universo. A locução lugares celestiais refere-se ao reino do
Espírito, que abrange não somente o céu, mas igualmente a terra. Entenda que como crente
em Cristo, você tem por meio Dele a autoridade e o poder que Paulo aqui menciona. O
crente, pela fé, compartilha a vitória de Cristo sobre Satanás e o poder do pecado.
12. Examine Ef 1.19-2.6 e especifique resumidamente o que este trecho bíblico ensina acerca
da posição de Cristo e a posição dos salvos por Cristo. Responda em seu caderno.
13. O evento que comprovou decisivamente a vitória da missão de Cristo no mundo sobre
Satanás e o poder do pecado foi sua
a) encarnação.
b) crucificação.
c) ressurreição.
d) ascensão.
OBJETIVO 7 A leitura dos relatos contidos nos Evangelhos faz notar que Cristo escolheu 12 homens
Identificar os componentes
do método divino para
para o seguirem e estarem com Ele. A estes discípulos estava reservada a tarefa de dar
missões. continuidade à missão de Cristo ao mundo. Este fato leva à duas conclusões:
- é espantoso que tal tarefa fosse dada aos seres humanos; anjos não poderiam
trabalhar muito melhor do que nós?
- é tremenda a responsabilidade colocada nas mãos humanas; Deus deveria saber
como está limitando-se ao confiar tão importante missão à fraca humanidade.
Apesar destes fatos, porém, não deixa de ser verdade que o método divino de missões
depende dos seres humanos. Que se traga à mente os primeiros homens escolhidos por Jesus –
foram pessoas comuns. Era pescadores, funcionários públicos, profissionais comuns – e não eram
excepcionalmente dotados intelectualmente. Aliás, nem ocupavam lugares de destaque na sociedade
da época. Torna-se claro nos Evangelhos, porém, que a missão de Jesus foi a missão destes doze
homens. É fácil entender por que Deus confiou tal missão a Cristo, mas é difícil compreendermos
por que Jesus transmitiu-a aos homens. Na verdade, Jesus bem sabia o que estava fazendo, ao
escolher pessoas comuns para a sua missão: “Recebereis virtude do Espírito Santo, que há de vir
sobre vós, ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até
aos confins da terra” (At 1.8). O método divino inclui a escolha de pessoas, mas a dinâmica para
esta missão não vem do poder humano - é o poder do Espírito Santo.
14. Leia Mt 9.35-38. Qual a incumbência de Jesus neste trecho que mostra que o Seu plano
para realização da missão iria incluir mais pessoas do que os doze discípulos escolhidos?
Responda em seu caderno.
50 MISSIOLOGIA
Este trecho do Evangelho segundo Mateus nos diz que Jesus não iria somente delegar
Sua missão aos doze, mas também a outros. O Senhor da seara assim indica que mandará
outros ceifeiros a trabalharem na sua missão. O Superintendente do mundo de missões é o
Espírito Santo. Podemos deduzir através deste fato que a melhor maneira de recrutar obreiros
para a santa missão de Deus, a seara espiritual, é a oração.
Sua missão
Qualquer que seja discípulo de Cristo está apto a tomar parte na missão de Deus! OBJETIVO 8
Explicar porque os crentes
Agora, a missão Dele é a sua missão (João 17.18). Os textos bíblicos estudados até aqui devem envolver-se na missão
demonstram, em sua maioria, o princípio de que a missão de Deus ao mundo é delegada a de Deus ao mundo.
Cristo, e por Ele aos crentes. Possivelmente, o Espírito Santo já falou ao seu coração quanto
ao seu papel na missão divina. Mantenha, portanto, o coração sempre aberto à Sua voz,
inclusive ao revisar algumas passagens bíblicas referentes a missões. Releia 2 Co 5.14-21. Os
vs. 18-20 deste trecho sublinham o princípio da missão de Deus ser também a nossa missão.
Deus nos tem dado o ministério da reconciliação (v. 18). Deus também nos dá a palavra de
reconciliação (v. 19). Somos embaixadores da parte Cristo (v. 20). Estes fatos e condições nos
mostram que a missão Dele é nossa também! No Salmo 67, o povo pede a Deus que o
abençoe para que as outras nações também possam reconhecer a salvação que emana da
cruz; os judeus se sentiram um povo com uma missão – a missão de Deus. Muitas vezes,
Deus completa a Sua missão no mundo por meio do seu povo. Em Jo 17, vários dos
versículos mostram o esforço de Cristo para preparar e capacitar os seus discípulos da
mesma maneira em que ele mesmo foi preparado para a missão. Jesus outorgou aos Seus
seguidores:
- o nome do Pai (17.6);
- as palavras do Pai (17.8 e 14);
- a glória do Pai (17.22);
- e o amor do Pai (17.26).
Jesus orou para que os discípulos pudessem sentir a Sua alegria (Jo 17.13). Em Jo
17.18, os discípulos recebem uma missão idêntica à de Jesus, sendo enviados ao mundo como
Ele foi enviado pelo Pai.
16. Enumere os princípios salientados nesta seção que mostram por que você, cristão, deve
estar envolvido na missão de Cristo hoje. Utilize os resultados de suas observações para
pregar ou ensinar o princípio bíblico de que os crentes devem ser participantes ativos da
missão de Cristo Jesus. Caso não possa pregar, compartilhe esta certeza com seus amigos
para levá-los a comprometer-se com o trabalho missionário. Responda em seu caderno.
OBJETIVO 9 A seção anterior apresentou a base bíblica para o princípio de que a missão de Deus é
Especificar a principal
missão da Igreja.
a missão de todos os crentes. Muitas outras passagens neotestamentárias apóiam esta verdade.
Os trechos mais diretos – aqueles que contêm a Grande Comissão – foram omitidos
propositadamente, para serem examinados futuramente. Um dos motivos para adiar o
exame da Grande Comissão foi que as missões não se fundamentam somente no
mandamento de Cristo. Elas constituem a razão principal da existência da Igreja no mundo.
OBJETIVO 10 O livro do NT que encerra a história e expansão da Igreja primitiva intitula-se Atos
Esclarecer, mediante análise
do ministério de Paulo em
dos Apóstolos. Após esta leitura, fica a impressão de que o título bem poderia ser Atos do
Éfeso, o fato de que o Espírito Santo! Realmente, o livro de Atos enfatiza ambas as dimensões (divina e humana)
Espírito Santo é o das missões, pois trata de um povo guiado e capacitado pelo Espírito Santo. Este mesmo
Capacitador divino para
missões. Espírito continua sendo a dinâmica de missões nos dias de hoje!
Pode-se perguntar: “Por que carecemos de uma dinâmica divina?”. De fato, o apóstolo
Paulo foi um homem excepcionalmente dotado; tinha uma ótima formação na Palavra de
Deus e nos clássicos gregos. Mas em uma missão, dada em um recanto do Mediterrâneo, há
2.000 anos, encontram-se algumas respostas. O texto de At 19 fala da missão de Paulo à
cidade de Éfeso. Como foi o início da igreja em Éfeso? Paulo criou essa igreja pelo uso dos
seus dons e habilidades naturais? O seguinte resumo de referências em Atos 19, mostra
52 MISSIOLOGIA
claramente o papel central do Espírito Santo na missão de Paulo a Éfeso. Pelo poder do
Espírito, Paulo:
- impôs suas mãos sobre as pessoas para que pudessem receber o Espírito Santo (v. 6);
- argumentou e persuadiu acerca do reino de Deus (v.8);
- praticou extraordinários milagres (v.11);
- curou os enfermos e expulsou demônios (v.12);
- pregou a Cristo e pessoas abandonaram a idolatria (vs. 13, 17-20).
A cidade de Éfeso e o ministério de Paulo naquela cidade são bem interessantes para
o nosso estudo da dinâmica do Espírito Santo. Leia cuidadosamente o capítulo 19 de Atos;
depois, responda as seguintes perguntas, especificando as referências bíblicas para cada
resposta.
18. Qual a primeira pergunta que Paulo fez aos 12 discípulos que encontrou, ao chegar em
Éfeso? Responda em seu caderno.
19. Por qual razão você acha que Paulo iniciou o seu ministério em Éfeso com ênfase no
Espírito Santo. Responda em seu caderno.
20. Qual era a maior atração da cidade de Éfeso? Responda em seu caderno.
21. Descreva resumidamente o mal existente na cidade de Éfeso que não poderia ser vencido
pela habilidade natural de Paulo e de outras pessoas. Responda em seu caderno.
Quando se vive no meio de um povo idólatra sob poder dos demônios, como foi o
povo de Éfeso, sente-se mais ainda a necessidade da dinâmica do Espírito Santo, como foi o
caso de Paulo. Você recebeu o Espírito Santo? Convide-o a capacitá-lo para missões e a
trabalhar através de você, como no caso de Paulo. O problema dos filhos de Ceva (At 19.13-
16) foi que eles usavam o nome de Jesus, mas não tinham uma relação pessoal com Cristo. Se
você está em Cristo pode, pela fé, compartilhar da vitória de Cristo sobre Satanás. Conte a
alguém o que já aprendeu sobre o poder do Espírito Santo! O mesmo Espírito que
transformou a cidade de Éfeso e causou um tremendo impacto em toda a Ásia Menor nos dias
de Paulo pode fazer o mesmo em sua cidade ou aldeia nos dias de hoje.
54 MISSIOLOGIA
CERTO-ERRADO: Escreva C para as afirmações corretas e E para as erradas.
CERTO-ERRADO:
____ 7. O evento que provou definitivamente que a missão de Cristo ao mundo foi
vitoriosa sobre o pecado, foi a crucificação de Cristo.
____ 8. Temos destacado nesta lição que o meio usado por Deus para cumprir sua missão
inclui um aspecto divino e um aspecto humano.
9. Indique o que foi feito por Deus no intuito de prover salvação a todos o povos.
10. Descreva resumidamente o bem sucedido trabalho missionário operado pelo Espírito
Santo Capacitador através de Paulo na cidade de Éfeso.
7. As palavras mortos em ofensas e 12. Mostra que Cristo ocupa uma posição e
pecados (v. 1) e filhos da ira (v. 3). autoridade suprema e que nós, os crentes
em Cristo, ocupamos uma posição de
autoridade junto com ele.
18. Recebestes vós já o Espírito Santo
quando crestes? (v. 2).
2. Porque o NT indica claramente que a
salvação para todas as pessoas é encontrada
8. O poder do pecado. Cristo destruiu o
somente na sua relação com Cristo.
poder do pecado e aqueles que colocaram
sua fé Nele têm poder sobre o pecado.
13. c)
19. Resposta pessoal: Paulo começa com esta
ênfase por causa da situação religiosa em 3. c)
Éfeso. Esta cidade foi centro da idolatria e a
fabricação de ídolos era a indústria principal 14. “Rogai, pois, ao Senhor da Seara...”
(vs. 24-27). Paulo pode ter começado com
esta ênfase por causa das pessoas
endemoninhadas (vs. 13-16). 4. Deus providenciou a salvação mediante a
morte de Cristo, e somos obrigados pelo
mandato de Deus a proclamar a obra
9. b) redentora para a salvação dos homens.
1
Considerado um dos mais importantes eventos do cristianismo reformado, o CIEM ocorreu em julho de 1974. Na ocasião,
a revista norte-americana Time classificou-o de “o Vaticano II dos evangélicos”. O encontro culminou com a redação de
um documento conhecido como Pacto de Lausanne – mais tarde denominado A confissão de Westminster do Século XX.
56 MISSIOLOGIA
2
Nascido em 1915, Roger Nicole é professor convidado do Seminário Teológico Reformado em Orlando e professor
emérito do Gordon-Conwell. Trabalhou como editor-associado da Bíblia de Estudo de Genebra e ajudou na tradução
da Bíblia NVI. Escreveu mais de cem artigos e contribuiu em mais de cinqüenta livros e obras de referência.
3
O canadense Oswald Jeffra
Oswald y Smith
Jeffray Smith, pastor presbiteriano, tinha por desejo dedicar-se à obra missionária, mas foi
considerado fisicamente inapto e de corpo frágil para esta atividade. Embora não fosse ao campo missionário, Smith
fundou a Igreja do Povo, com sede em Toronto, que sustenta centenas de missionários em todo o mundo. No Brasil,
Oswald Smith tornou-se conhecido pelo clássico Paixão pelas almas (Ed. Vida). Smith, “o jovem debilitado para ser
missionário”, nasceu em 1890 e morreu em 1986, aos 96 anos de idade, após compor 1.200 hinos, escrever 35 livros,
galgar três títulos de doutorado, editar durante 40 anos uma revista missionária, além de apresentar um programa de
rádio veiculado em 42 emissoras.
4 Festo Kivengere (1919 - 1988) era líder cristão ugandês. Ele enfrentou a ira do ditador Idi Amin. No auge da
perseguição de Amin, Kivengere e sua família fugiram do país, retornando após a queda do ditador para continuar seu
ministério, até morrer de leucemia.
AMISSÃOCRISTÃ
EABÍBLIA
LIÇÃO 4
Esta e a próxima lição irão examinar a missão de Deus no período do AT. Abordarão
a natureza missionária das Escrituras veterotestamentárias e o modo como Deus realizara a
missão redentora na remota história da humanidade. À época, a raça humana subdividia-se
em duas correntes e notava-se a idolatria e a escuridão espiritual da cultura. A missão de
Deus aos seres humanos focava um homem: Abraão. A história deste herói da fé ilustra um
importante princípio missiológico de forma recorrente.
60 MISSIOLOGIA
O alcance universal de missões Esboço da Lição
Missões, uma necessidade universal
O povo do Deus redentor
Ao término desta lição, você deverá ser capaz de: Objetivos da Lição
OBJETIVO 1 Gênesis, o livro das origens. Os capítulos 1-11 relatam o começo da raça humana e
Identificar o elemento que
transfere a missão divina à
sua civilização. Segundo explica a Lição 2, Deus sabia, antes da criação da raça humana, da
raça humana. necessidade de uma missão de salvação. Deus sabia que Adão, o representante da raça
humana, O desobedeceria provocando uma tragédia humanitário-espiritual inegável e de
proporções totais. Neste livro das origens, a missão de Deus começa com Adão, que pecou.
Quando da separação entre Deus e Adão, a própria humanidade afastou-se do Senhor por
conta do pecado, vindo assim a tornar-se o homem alvo da missão divina. Mesmo sabendo
que Deus trata às vezes com indivíduos, famílias ou povos específicos na realização da
missão redentora, os cristãos não devem perder de vista o alcance universal da sua
missão. O propósito universal de Deus enfoca aquelas pessoas em que Ele pode confiar
para a comunicação de Sua missão de maneira mais ampla. Isto é verdade ainda hoje.
Desde a queda de Adão, o pecado atingiu todas as gerações dos homens. Ao multiplicar-
se o pecado, aumentava-se o seu poder sobre os seres humanos.
Naqueles tempos, Deus enfocava certos indivíduos que lhe eram obedientes na
transmissão da sua missão salvífica. Três deles se destacam no período inicial de missões, sendo
usados especialmente por Deus em momentos de trevas espirituais. São os tais: Noé, Abraão e
Moisés. Ao ler os trechos bíblicos de Gênesis citados nas Lições 4 e 5, é possível notar as
qualidades especiais que estes homens possuiam. Eles viviam em tempos em que aparentava
ser impossível a missão redentora de Deus com relação à raça humana; mas eles responderam
ao chamado de Deus, fazendo acontecer a missão que o Senhor lhes confiava. Sempre que os
homens respondem com abnegação e dedicação, a obra de Deus avança à frente! Tal é o padrão
para cada geração. Vejamos agora um dos mais terríveis momentos da missão de Deus. Leia Gn
3.1-24; 6.1-22 e 9.1-17. Estes trechos tratam diretamente este segmento da lição.
1. Que fator apóia sempre a missão de Deus na Sua extensão através das gerações?
Responda em seu caderno.
OBJETIVO 2 Leia o relato da queda da raça humana em Gn 3.1-24. A escuridão espiritual caiu sobre os
Apresentar três fatores
importantes para missões
seres humanos quando Adão desobedeceu a Deus. Sua desobediência não parece tão séria, à
que se tornam evidentes na primeira vista, mas constituiu um ato de rebelião contra Deus. O primeiro homem escolheu sua
promessa de redenção própria vontade em detrimento da vontade divina. Sua desobediência introduziu na corrente
contida em Gn 3.15.
humana a poderosa força do pecado. Todos os indivíduos impenitentes de qualquer período
histórico são filhos da desobediência (Ef 2.2). Por descenderem de Adão, pai desobediente da raça
humana, todos os membros dessa raça herdam sua natureza e tornam-se filhos da desobediência
(Rm 5.19; 3.10-12 e 23). A desobediência de Adão era bem séria não somente por envolver a
rebelião contra Deus, mas também porque deu entrada na raça humana ao destrutivo princípio do
pecado. A única luz capaz de dissipar tal escuridão teria que ser de origem divina! As pessoas são
totalmente incapazes de melhorar sua própria condição espiritual. No texto de Gn 3 anuncia-se a
promessa divina de redenção, a redenção do povo é simbolizada por um ato de Deus.
62 MISSIOLOGIA
2. Em qual versículo de Gn 3 anuncia-se a promessa divina de redenção?
O texto de Gn 3.15 constitui a primeira indicação do Evangelho divino. Por isso, este
versículo é chamado por alguns de proto-evangelho, ou seja, a primeira proclamação do
evangelho. Deus anunciou Sua graça mesmo antes de pronunciar o julgamento de Adão e
Eva. O Senhor não queria que os culpados se perdessem no desespero. Ele lhes comunicou
primeiro as boas novas e, após isso, as más notícias (Gn 3.16-17). Há, sobretudo, três
elementos para missões nesta promessa de redenção apresentada em Gn 3.15, os quais serão
vistos nos parágrafos seguintes. Em primeiro lugar, Deus disse que poria inimizade entre a
mulher e Satanás, porque este tinha usado a serpente ao tentar a Eva. Tal inimizade é inata
nos seres humanos, pois odeiam a Satanás. Você já pensou na oposição do mundo dos
espíritos malignos? Por que Satanás e as suas hostes se opõem tão fortemente aos servos do
Senhor? Certamente que não por termos ofendido seu mundo; tampouco por havermos
humilhado algum parente seu; não violamos dele nenhuma regra tribal ou lei societária. A
grande verdade é que Deus é a fonte da hostilidade entre os seres humanos e as forças
satânicas. O Senhor deseja que a humanidade se oponha a Satanás (Tg 4.7). Os espíritos
satânicos devem ser sempre reconhecidos como inimigos da missão de Deus ao mundo.
Satanás intensifica sua hostilidade quando um indivíduo opta por crer em Jesus Cristo. Dá-se
como resultado um confronto de interesses entre as forças de Satanás e o Espírito de Deus no
cristão. O crente tem vantagem neste confronto (Lc 10.17-19; 1 Jo 3.8 e 4.4)! Ainda outros
confrontos ocorrem quando os crentes decidimos participar ativamente de missões.
Aquelas pessoas que tentam colaborar ou comunicar-se com espíritos malignos estão
agindo contra o seu impulso inato e em desobediência à vontade de Deus. Em Efésios, Paulo
descreve esta luta, identificando o mundo dos espíritos malignos (Ef 2.1-3; 6.12) e o Espírito
de Deus (Ef 1.13-14; 3.5 e 16). Estas duas forças espirituais opostas são as únicas classes de
seres espirituais que se podem contar. O conhecimento deste fato simplifica o encontro com
o mundo espiritual: um espírito é de Deus ou de Satanás. A passagem de 1 Jo 4.1-2 explica
como podemos provar (examinar) os espíritos para determinarmos se são de Deus ou não.
Por mais inocente ou vantajosa que possa parecer uma consulta a espíritos que não sejam o
Espírito de Deus, as potências malignas têm um só propósito: opor-se à vontade de Deus e
destruir o seu povo (1 Pe 5.8). É proibida por Deus qualquer consulta a médiuns espíritas,
pajés, astrólogos e mágicos (Lv 19.31; 20.6; Is 8.19).
Em terceiro lugar, Gn 3.15 indica que os resultados deste conflito entre Cristo e
Satanás no Calvário ultrapassam Adão e Eva: a vitória ali ganha por Cristo aplica-se a toda
a raça humana, a todo indivíduo que se dirige com fé a Jesus Cristo para receber Dele a
salvação. Cristo é o Salvador de toda a raça humana. A passagem de Gn 3.15 cumpre-se
totalmente só quando Cristo torna-se Salvador do mundo. Vemos, portanto, que Deus deu a
promessa da redenção a toda a raça humana.
4. Tente resumir os três elementos importantes para missões que aparecem em Gn 3.15, na
promessa de redenção dada por Deus. Responda em seu caderno.
OBJETIVO 3 A história da humanidade após a queda, relatada no livro de Gênesis, mostra grande
Explicar a razão pela qual o
plano redentor de Deus para
degeneração moral. Durante certo tempo, desenvolveram-se duas raças separadas: os
o dilúvio concentrou-se em descendentes de Sete e os de Caim. Estes, descendentes de um assassino, eram violentos;
Noé. aqueles, chamados filhos de Deus, foram devotos (Gn 4.25-26). Alguns, como Enoque, andavam
com Deus (Gn 5.22); mas houve uma crise quando ambas as linhagens começaram a se unir em
casamento. Perderam-se as distinções de ordem moral, os descendentes de Sete foram
contaminados e o pecado que destrói nações e civilizações assolou toda a raça humana (Gn 6.1-
7). Foi tão profunda esta maldade e corrupção moral, e tão larga sua extensão no mundo, que
Deus achou necessário destruir a raça humana e começar de novo (Gn 6.7). A missão
redentora de Deus para a raça humana parecia derrotada, mas um homem achou graça aos
olhos de Deus; foi Noé. A missão universal de Deus à humanidade passou a enfocar somente
este indivíduo e sua família (Gn 6.8-22). Não é significativo que se pudesse encontrar em dias
tão maus uma pessoa tão reta quanto Noé? Chama a atenção o fato de ter Deus, nos piores
períodos da história, algum homem ou mulher como portador de Seu propósito salvífico!
5. Baseados naquilo que lemos sobre Noé em Gn 6.9, 22 e Hb 11.7, pode-se concluir que
ele foi um homem de
a) perfeição moral.
b) fé em Deus.
c) obediência a Deus.
d) todas as alternativas anteriores.
e) apenas b) e c)estão corretas.
64 MISSIOLOGIA
Noé creu na mensagem divina do julgamento sobre a terra. Ele acreditou na promessa
de intervenção divina por meio do descendente da mulher. Noé creu no propósito redentor
de Deus e ele mesmo, por fé, tornou-se agente da missão redentora do Senhor! Encontramo-
nos inseridos em contextos semelhantes ao de Noé, pois Cristo assim disse que seria a
sociedade dos últimos dias; sendo assim, Noé é para nós um exemplo, e não apenas uma
lembrança. Ele andava com Deus em situações ruins; e não somente andava com Deus, como
era também um pregoeiro da justiça (2 Pe 2.5). Por sua fé, Deus o pôde usar como portador
da missão redentora à humanidade.
6. Por quais razões Deus, às vésperas do dilúvio, focou a missão redentora apenas em Noé?
7. Por que era universal a aliança que Deus fez com a humanidade logo após o dilúvio?
9. Que evidência do pecado da humanidade (Gn 11.1-9) não foi mencionada ainda no nosso
comentário sobre a Torre de Babel? Responda em seu caderno.
10. Que estratégia foi usada por Deus para restringir a maldade do povo que construía a
torre de Babel? Responda em seu caderno.
A dinâmica cultural
OBJETIVO 5 Em Gn 10 percebe-se uma futura divisão da grande família humana em três etnias1:
Citar aquilo que Deus disse
em Gn 11.1-9 que indica
cada uma descendendo de cada um dos três filhos de Noé. Pelo fato de haver em toda a terra
haver Ele reconhecido a apenas uma linguagem e uma só maneira de falar (Gn 11.1), deduz-se que toda a raça
dinâmica potencial de uma humana estava unificada culturalmente durante o período referido em Gn 10. Tal unidade
cultura humana unificada.
total de linguagem indica outro aspecto da unidade cultural daquele tempo. Há em Gn 11.1-
9 a indicação direta de que Deus reconheceu a poderosa dinâmica potencial desta cultura
humana unificada.
11. Cite, com específicas referências bíblicas, aquilo que Deus disse em Gn 11.1-9 que indica
diretamente o fato Dele reconhecer a poderosa dinâmica potencial da cultura humana
unificada de Babel. Responda em seu caderno.
66 MISSIOLOGIA
A dinâmica do mal
A dinâmica na cultura humana unificada torna possível não apenas o progresso, como OBJETIVO 6
Explicar como a reação de
também a realização de fins maléficos que podem corromper a raça humana. Após a queda Deus à construção da Torre
de Adão, o pecado desfigurou a imagem de Deus nas pessoas. Um elemento de maldade de Babel indica que seus
corrompeu as aspirações e alvos dos seres humanos. Hoje, há um elemento do mal que construtores eram motivados
pela dinâmica cultural do
corrompe as culturas humanas. Há elementos do bem e do mal em toda cultura, e aquela que mal.
for alheia ao Evangelho de Jesus Cristo (única força contra o poder do pecado) dirige-se pelo
caminho de Babel. As culturas humanas devem ser redimidas pelo Evangelho, bem como os
indivíduos que as integram! Elas devem ser guiadas pela Palavra de Deus no seu
desenvolvimento. A dinâmica potencial da cultura guiada pela Palavra de Deus e pelo Espírito
Santo pode ser usada pelos indivíduos redimidos para a comunicação mais eficaz do
Evangelho na sociedade. Tudo isto salienta a necessidade universal da missão de Deus.
14. Leia Gn 11.1-9 e a seguir escreva como o gesto de Deus em reação à tentativa humana
de construir a torre de Babel indica, claramente, que as pessoas eram motivadas pela
dinâmica cultural do mal. Responda em seu caderno.
A origem da idolatria
Em Gn 1-11 revisou-se a história da raça humana antes da chamada de Abraão. Entre OBJETIVO 7
Demonstrar que idolatria é a
a origem da história humana, quando Adão pecou, e o julgamento da humanidade em Babel, degeneração do monoteísmo,
a raça dos homens evidenciava uma progressiva e contínua degeneração. Deus restringiu o salientando o provável início
pecado na humanidade por meio de atos de julgamento e misericórdia. O período seguinte a do movimento idólatra.
15. Explique como toda idolatria é uma religião degenerada do monoteísmo original.
Responda em seu caderno.
A história redentora começou quando Deus fechou o foco de Sua intenção salvífica
para a humanidade em geral, aos indivíduos em particular. Se a história universal é
caracterizada por um período de degeneração, este novo período histórico é de regeneração,
68 MISSIOLOGIA
ou seja a renovação da vida outorgada por Deus. Já viu-se o efeito do pecado irrestrito de
uma cultura, exemplificado na revolta do povo de Babel e o seu julgamento e dispersão pela
mão de Deus. Agora, abre-se a oportunidade de ver o que pode acontecer a uma cultura
quando ela é redimida de sua idolatria, o pecado é restrito e a revelação especial de Deus
torna-se sua força motriz. Na chamada de Abraão vê-se um passo importante na missão
redentora de Deus no mundo: o nascimento de um povo de Deus redentor.
Eles eram homens comuns; não foram escolhidos por aquilo que eram, senão por
aquilo que seriam sob direção e poder de Deus. Sua qualificação para o serviço com Jesus
foi apenas a fé no Filho de Deus demonstrada na disposição de segui-Lo. O conceito de
um povo remidor vem do AT (conforme será visto posteriormente). A vontade soberana
de Deus e a fé dos seres humanos desempenham importante papel na conversão de
Israel em povo de Deus. Estas coisas são ilustradas especialmente na relação entre Deus
e Abraão. Abraão seria o pai do povo redentor do AT. Aquilo que se aplica aos doze
discípulos, e a Israel, refere-se à Igreja de Jesus Cristo. Pode-se dizer que a causa de todo
cristão ser parte da Igreja é a graça e escolha soberana de Deus. A única qualificação dos
crentes é a fé em Cristo; ela torna o homem apto para ser parte do povo de Deus e
participar de Sua missão.
A escolha de Abraão por Deus assinala o início da sua resposta à necessidade espiritual OBJETIVO 8
Identificar as qualificações
da humanidade. Também identifica o início da era em que Ele focou Sua missão salvífica a um de Abraão para seu
povo redentor: o povo hebreu. Foi um humilde início da transmissão da redenção a toda a importante papel na missão
raça humana. Abraão tornou-se não apenas o pai do povo do Deus Redentor no AT, como redentora de Deus.
também o antepassado espiritual do povo de Deus de toda a história, espalhado por toda a
terra. A fé de Abraão seria modelo para todos aqueles que participariam da promessa divina
de salvação. Cristo escolheu aqueles que desejava como discípulos e Deus, de forma
semelhante escolheu a Abraão. Como os discípulos foram capacitados para seguirem a Jesus
somente por sua fé e obediência a Ele, assim também Abraão foi habilitado para seguir a Deus
somente por sua obediente fé nele. Junto com a vontade soberana de Deus, a fé de Abraão é
a causa do seu papel tão importante na missão redentora de Deus.
17. Qual a qualificação de Abraão para seu importante papel na missão redentora de Deus?
Responda em seu caderno.
OBJETIVO 9 Foi Abraão realmente um pioneiro de missões? O que ele tem de missionário? Na
Especificar a importância da
fé de um indivíduo em Deus
epístola aos Gálatas, Paulo fala da chamada de Abraão e de missões: “tendo a Escritura
para sua justificação com previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a
Ele, e salientar como a fé de Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti” (GI 3.8). Paulo entendeu muito bem
Abraão se manifestava em
resposta à chamada de que a chamada de Abraão foi uma chamada missionária.
Deus.
O princípio da fé
Abraão ilustra claramente como todas as nações seriam incluídas na promessa divina
de redenção. Já vimos em Gl 3.8 que os gentios seriam justificados pela fé. É por isso que
Deus disse a Abraão: “Em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3). A fé
pessoal que Abraão tinha em Deus, manifesta por sua obediência a Ele, é a base pela qual
todas as pessoas que têm fé se tornam participantes da promessa divina de salvação e das
outras bênçãos que acompanham aquela relação especial (Gl 3.6-7,9). Agora entendemos
como é que Abraão foi realmente um pioneiro de missões! Por causa do seu ato de fé, Deus
fez dos seus descendentes naturais, os hebreus, um povo redentor. Outrossim, os
descendentes espirituais de Abraão são “como as estrelas do céu e como a areia inumerável
que está na praia do mar” (Hb 11.12). A resposta fiel de um homem ilustra como todas as
nações serão posteriormente abençoadas por Deus. Serão abençoadas por sua fé. Todos
aqueles que levam a marca de Abraão - a fé - são seus “descendentes” e herdeiros da
promessa de Deus.
18. De acordo com Gl 3.6-9 e Hb 11.6, qual é a importância da fé do ser humano em Deus,
em termos da sua justificação com ele? Responda em seu caderno.
70 MISSIOLOGIA
A chamada de Abraão
21. Por que parece evidente que a fé de Abraão, por ocasião da sua chamada, não era uma fé
bem madura? Responda em seu caderno.
Muitas pessoas hoje em dia têm um contexto religioso semelhante àquele de Abraão.
Os mesmos temores e ansiedades que afligiam Abraão, acerca da oposição do mundo dos
espíritos, continuam afligindo as pessoas hoje em dia. E continua sendo essencial a mesma
resposta de fé obediente à chamada divina para a comunicação do evangelho a todas as
nações. O Deus de Abraão é o mesmo! Irmos em nome de Jesus é irmos no poder,
autoridade e vitória de Deus! Sigamos, pois, nos passos Dele!
4. O fato de toda idolatria ser a glorificação de coisas criadas por Deus e não do Criador
indica que toda idolatria degenerou do
a) politeísmo.
b) monoteísmo.
c) ateísmo.
d) panteísmo.
5. A fé de uma pessoa é
a) quase nunca necessária para sua justificação com Deus.
b) às vezes necessária para sua justificação com Deus.
c) geralmente necessária para sua justificação com Deus.
d) sempre necessária para sua justificação em Deus.
____ 6. A resposta das pessoas à chamada de Deus ajuda na realização da missão de Deus
em cada geração.
____ 7. Existem evidências bíblicas de que os construtores da torre de Babel foram
inspirados por Deus.
____ 8. A fé que guiou Abraão para obedecer a Deus foi a qualificação que o fez digno de
seu importante lugar na missão redentora de Deus.
72 MISSIOLOGIA
RESPONDA: Responda às seguintes questões.
RESPONDA:
9. Em Gn 11.6 Deus disse: “Eis que o povo é um e todos têm uma mesma língua e isto é
o que começam a fazer; e agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem
fazer”. De acordo com esta lição, o que esta afirmação indica que Deus reconhece?
10. Cite duas semelhanças entre a chamada de Abraão e a chamada missionária moderna.
16. e) 12. b)
1
O texto original utiliza o termo raças para designar as três ramificações culturais que descendiam de Noé (e também
outras variações culturais entre os homens). Entretanto, para a versão brasileira deste manual, os editores adotaram o
74 MISSIOLOGIA
termo etnia, por crerem que há somente uma raça no que se refere aos seres humanos: a saber, a raça humana.
Quaisquer diferenciações culturais, lingüísticas ou mesmo físicas entre os homens devem ser tratadas no âmbito do que
de fato representam: diversidade étnica, e não variedades raciais. Biblicamente professamos a homogeneidade racial com
pluralidade étnica; descremos, portanto, da variedade racial entre seres humanos: todos os homens foram criados iguais,
à imagem e semelhança de Deus.
2
O Dr. Geoge W. Peter
Peterss leciona Missões Mundiais no Seminário Teológico de Dallas, EUA . É reconhecido
mundialmente como referência no estudo missiológico; é autor do clássico Teologia Bíblica de Missões, publicado no
Brasil pela CPAD.
A nação remidora
76 MISSIOLOGIA
Origem de uma nação remidora Esboço da Lição
O fracasso de Israel em missões
Ao término desta lição, você deverá ser capaz de: Objetivos da Lição
• contrastar a chamada de Israel com a de Abraão, salientando por que Deus separou Israel das
demais nações e relacionando o fato da sensibilidade cultural à obra missionária;
• empregar determinados trechos e personagens bíblicos para identificar o fato, alguns motivos
e alguns resultados do fracasso de Israel no seu papel de povo missionário de Deus;
• desenvolver melhor a sua própria tarefa missionária como membro do fiel remanescente de
Deus, se você já é crente em Cristo.
A nação remidora 77
Desenvolvimento ORIGEM DE UMA NAÇÃO REMIDORA
da Lição
De povo a nação
OBJETIVO 1 A chamada de Abraão e a promessa feita a ele pelo Senhor marcam o início do povo
Especificar duas diferenças
entre a chamada de Abraão
de Deus redentor. Daquele momento até o êxodo do Egito, os hebreus foram chamados
e a chamada divina de povo de Deus (Hb 11.25). Israel gozava uma relação especial com Deus entre todas as
Israel. nações. Após o êxodo do Egito, a chamada de Israel assinalou a origem do povo hebreu
como nação remidora. Daí em diante, Israel tinha uma responsabilidade toda especial perante
Deus em termos do seu serviço como nação (Ex 19.3-6). A chamada de Israel e a promessa
dada àquela nação eram, em muitos sentidos, bastante semelhantes à chamada e promessa
dadas a Abraão 400 anos antes. Ambas eram de natureza missionária. Em ambos os casos, o
enfoque do propósito salvífico de Deus era bem mais estreito do que nos séculos anteriores
a Abraão, pois salientava-se o interesse universal de Deus em todos os povos da terra. Mas
a chamada de Israel como nação diferia de modo significativo da chamada de Abraão. Em
primeiro lugar, houve uma afinidade do propósito missionário na relação especial que os
hebreus teriam com Deus, ao progredirem de simples povo à categoria de nação.
Abraão foi separado da idolatria para que o povo de Deus pudesse gozar uma relação
especial com o Senhor. Em Êx 19.3-6, Israel parece consagrar-se (separar-se) mais
especificamente para o serviço de Deus. A referência feita por Pedro a este trecho frisa que a
relação especial outorgada a Israel era destinada ao propósito de serviço (1 Pe 2.9):
78 MISSIOLOGIA
Em segundo lugar, houve a seguinte diferença entre a chamada de Israel como nação
e de Abraão como indivíduo: a condição de obediência. Deus salientou a obrigação especial de
obediência no caso de Israel (Êx 19.5); embora implícita no caso da chamada de Abraão, tal
exigência não foi articulada por Deus (Gn 12.1-3). Assim, no mandamento à nação de Israel,
Deus declarou precisamente as condições da aliança com os hebreus; enquanto que com
Abraão, estas condições eram demonstradas nos diálogos, nas orações e nas instruções
ocorridas entre Deus e Abraão. Em suma: a nação necessitava de um estatuto; ao homem,
bastava a fé.
Em certo sentido, Israel era parecido com Abraão no momento da chamada divina. Os
israelitas eram imaturos na fé e tinham algum conhecimento de Deus, embora não fossem tão
imaturos como Abraão. Os israelitas tinham visto a vitória de Deus sobre os deuses do Egito
e experimentaram diretamente a libertação da escravidão, porém habitavam entre gente
idólatra. Devido a esta situação, Deus empregou uma estratégia de separação e revelação
intensiva no treinamento da nova nação redentora.
A contracultura divina
O que é a contracultura divina? Na Lição 4 os tempos de Babel foram descritos como OBJETIVO 2
Explicar por quais motivos os
de degeneração da humanidade. Andava irrestrito o princípio do pecado e os resultados missionários devem aprender
culturais eram desastrosos. O trecho de Rm 1.18-32 lido anteriormente comenta o efeito do e conhecer a cultura em que
pecado na cultura humana. Mas a chamada de Abraão marcou o início da intervenção divina trabalham.
A nação remidora 79
- resistir à corrupção da idolatria e pecado ao seu redor;
- aprender a conhecer a Deus e os Seus caminhos;
- levar a cabo a missão redentora.
Esta contracultura divina era composta da cultura hebraica primitiva, formada após a
chamada de Abraão, acrescida da receita divina para a nova nação, outorgada na Lei. Vê-se
nesta contracultura dos hebreus, um modelo da redenção cultural operada por Deus. A
contracultura em Israel tem sentido de oposição às culturas idólatras; nunca contradizia a
própria identidade hebraica. Os hebreus não perderam sua identidade cultural; antes, tiveram
redimida sua cultura! Deus propôs-se a abolir o elemento malévolo naquela cultura; somente
o que era digno ou aproveitável permanecia para ser aperfeiçoado pela intervenção divina.
Durante séculos, os hebreus sofreram a influência da idolatria no Egito. Por isso, Deus
proibiu claramente qualquer idolatria entre eles e condenou todo tipo de bruxaria, magia e
adivinhação. Ele aplicou aos hebreus uma intensa revelação de Sua verdade para despertar e
desenvolver uma consciência moral naquela nação. Esta revelação proporcionou-lhes um
padrão ou modelo, pelo qual podiam avaliar as religiões étnicas e os tipos de comportamento
ao seu redor.
4. Quais dos itens a seguir foram motivos da separação divina de Israel das demais nações?
a) Preparar Israel para sua missão redentora.
b) Ajudá-los a conhecer melhor a Deus.
c) Ajudar o povo a conhecer a Deus.
d) Defender o povo das influências da idolatria.
e) Destruir a identidade hebraica.
f) Desenvolver a sua consciência moral.
80 MISSIOLOGIA
Devemos reconhecer, do exemplo de Israel, o princípio de que a consciência e
identidade cultural de um povo podem ser úteis na promoção do Evangelho. A identidade
cultural não deve ser destruída quando uma sociedade se converte a Cristo. Somente devem
ser abolidos os elementos antibíblicos. Todo missionário deve tentar, diligentemente, aprender
os componentes da sensibilidade cultural do povo a que ministra, para que possa utilizar a
dinâmica desta consciência cultural para promover o Evangelho. Este é um importante
princípio missionário.
5. Qual dos itens a seguir não contribui para a descrição de Israel como uma contracultura
divina?
a) A conservação dos elementos positivos e neutros na cultura hebraica.
b) O fortalecimento interno inspirado por Deus na cultura hebraica.
c) O preparo do povo hebreu para a missão divina.
d) A total substituição da cultura hebraica pela cultura divina.
6. Explique por que todo missionário deve tentar aprender os componentes da sensibilidade
cultural do povo a que ministra.
A nação remidora 81
relação à sua responsabilidade para a missão divina? Estas questões são importantes para
você e também para as pessoas ao seu redor que não conhecem a Jesus Cristo.
A falha
OBJETIVO 3 Israel realmente fracassou em seu papel de nação redentora? É clara a evidência
Especificar em trechos do AT
e do NT indicações do
contida no NT. A tragédia da rejeição da nação por Deus é discutida freqüentemente por
fracasso de Israel como Jesus e os seus apóstolos. Cristo fez o possível para preparar os discípulos, ensinando-lhes
nação redentora. sobre a rejeição de Israel por meio de parábolas e ações durante os últimos dias de Seu
ministério terreno. Paulo lutou com o problema do fracasso de Israel em Romanos 9-11.
Esterilidade
7. Qual a indicação, segundo cada um dos trechos citados, do fracasso de Israel como nação
remidora? Para cada uma de suas respostas indique o versículo que serviu de base para
seus comentários.
a) Mc 11.12-14, 20-25: ________________________________________________
b) Mc 12.1-12: ________________________________________________
c) Jo 15.1-8: ________________________________________________
d) Rm 11.16-24: ________________________________________________
O conceito de Israel através destas passagens do NT é que ele não atingiu sua razão de
ser como nação e foi, portanto, rejeitado como nação redentora. Aquela nação, a que Deus
dedicou tanto tempo para cultivar, ficou infrutífera! Até no AT Israel é retratado como vinha
sem fruto (SI 80.8-16; Is 5.1-7; Jr 2.21; Ez 15.1-8; 19.10-12; Os 10.1-2).
8. Resuma os ensinos dos trechos anteriormente citados a respeito de ser Israel a vinha do
Senhor.
82 MISSIOLOGIA
Mau cheiro
É importante entender as circunstâncias das ações de Jesus quando Ele limpou o templo
(Mc 11.15-17). O fracasso de Israel no seu papel de nação redentora é sublinhado pela
implicação neste trecho de que a limpeza abrangia o Pátio dos Gentios. Foi este o local
reservado no templo israelita para as nações não-judaicas. A nação redentora deveria ser uma
bênção às nações, mas foi justamente o contrário! Israel estava roubando as nações e o Seu
templo fedia como estábulo de gado (Jo 2.13-16). O baixo estado espiritual de Israel é
simbolizado pelo afastamento do povo da sua missão. Jesus optou por testar a espiritualidade
da religião judaica através da sua responsabilidade às nações.
Incidentalmente, pode-se fazer o mesmo teste com qualquer igreja dos nossos dias:
qual tem sido a resposta de determinada igreja à missão evangelizadora? Jesus salientou o
fracasso da nação de Israel na sua missão por meio de uma citação bíblica: “Não está escrito:
A minha casa será chamada por todas as nações, casa de oração?” (Mc 11.17).
9. O texto de Mc 11.15-17 ressalta o fracasso de Israel como nação redentora por meio
a) da declaração direta de que Israel poluiu o local de oração dos gentios no templo.
b) da implicação de que Israel poluiu o local de oração dos gentios no templo.
c) a) e b) estão corretas.
d) a) e b) estão incorretas.
Nenhum figo
A idéia que eles nutriam do reino do Messias abrangia todos estes elementos. Jesus
disse, com efeito, que eles deveriam pôr sua fé em Deus, confiando que Ele realizasse a
missão. As palavras de fé e autoridade proferidas por Jesus secaram a figueira (Mc 11.14-20).
Além disso, Ele disse aos discípulos que se tivessem uma semelhante fé em Deus, eles
mesmos teriam poder e autoridade. Jesus fala aos seus discípulos em termos de fé e
autoridade para a realização da missão redentora de Deus, dizendo:
“Em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e
lança-te no mar, e não duvidar no seu coração, mas crer que se fará aquilo
que diz, tudo o que disser será feito” (Mc 11.23).
O termo monte é usado, às vezes, com referência ao templo de Israel. O Pátio dos
Gentios enfocado neste capítulo era chamado, às vezes, de o monte de minha casa. Jesus
pode ter apontado o templo ao proferir a declaração acima. O mar é também símbolo no AT,
referindo-se aos gentios (Is 5.25-30). Por isso, na citação acima, Jesus referia-se
provavelmente, de maneira figurada, à entrada dos gentios no plano de salvação. Após a sua
A nação remidora 83
ressurreição, Jesus disse a estes mesmos discípulos: “IDE, PORTANTO, FAZEI DISCÍPULOS DE TODAS
AS NAÇÕES” (Mt 28.19).
O motivo do fracasso
OBJETIVO 4 Por que Israel fracassou na missão de nação remidora? Por que a contracultura divina
Demonstrar a forma pela
qual a vida de Moisés pode
deixou de manifestar os ideais que professava? A história de Israel está repleta de exemplos
ilustrar o motivo do fracasso de afastamento do povo do padrão divino proposto por Deus para o seu comportamento.
de Israel, e entender a partir Mas será este o único motivo do fracasso? Alguns comentaristas acham que o fracasso de
da experiência de Jonas
como pode haver iluminação Israel é bem compreensível! Eles erram na falta de uma transformação interna na experiência
quanto a este erro. e na ausência da nova vida que os crentes de hoje podem gozar em Cristo. Somente uns
poucos servos de Deus receberam a unção do Espírito Santo nos tempos
veterotestamentários. Levando-se em conta os limitados conhecimento e experiência de Deus
e de Seu plano naqueles dias, entendemos melhor por que os israelitas não puderam
realmente combater o poder do pecado de maneira eficaz.
Esta argumentação não explica satisfatoriamente o fracasso moral de Israel nem seu
fracasso em termos de missão. Mas consegue explicar por que Deus comunicou ao povo o
ideal da Lei divina. Deus deu a Lei para mostrar aos israelitas sua grande necessidade de um
Salvador. Aprenderam por ela que era impossível qualquer tipo de auto-redenção; a redenção
teria que vir pela graça de Deus. Jesus Cristo, mediante a obra redentora, traria para todos os
crentes a operação transformadora do Espírito Santo.
Nos próximos segmentos referentes ao homem que Deus usa e o homem que usa
Deus comentaremos primeiro Moisés, e depois Jonas para ilustrar o motivo do fracasso de
Israel no seu papel de nação redentora. Jonas ilustra o motivo do fracasso de Israel no seu
papel de nação remidora. Moisés exemplifica o que Deus exigia, mas não pôde achar na
nação israelita – fé obediente. Jonas exemplifica as atitudes e ações desobedientes que
caracterizavam também o comportamento da nação de Israel.
84 MISSIOLOGIA
de Deus. O povo de Israel fracassou por não evidenciar a fé obediente, pela qual seu
antepassado Abraão ficou tão famoso.
O livro de Êxodo retrata Moisés como sendo um missionário que enfrenta qualquer OBJETIVO 5
Resumir duas importantes
desafio para livrar o povo redentor do Egito. Este homem foi o instrumento de Deus para
qualidades missionárias
criar uma nação redentora, pela qual todas as nações deveriam receber uma bênção. O que evidentes na vida de Moisés
Deus viu em Moisés que motivou a escolha deste homem? O passo em falso que Moisés deu e que todo missionário
eficaz deve possuir pela fé.
inicialmente na tentativa de livrar um dos hebreus, não servia para impressionar ninguém (Êx
2.11-15). Moisés parecia uma pessoa impetuosa e cheia de si. Muitos diriam que, baseado no
assassinato do egípcio, Moisés nunca poderia se tornar um líder devoto.
Até fins de seu estágio no deserto de Midiã, Moisés teve um encontro com Deus
na sarça ardente. Naquele momento, recebeu a sua chamada para livrar Israel da
escravidão. A sua resposta a Deus não foi muito impressionante. Foi clara a chamada de
Deus, mas Moisés respondeu com desculpas e uma certa incredulidade (Êx 3.11, 13; 4.1,
10,13). O libertador hesitante continuou em dúvida até que o próprio Deus enfureceu-
se com ele (Êx 4.14). Muitas pessoas podem perguntar “Como é que este homem
medroso e cauteloso chegaria a praticar algo de valor em nome de Deus? Deus pode
usar um homem assim?”.
A nação remidora 85
Até as grandes habilidades e treinamento natural de Moisés não bastavam para tal
confronto com os poderes malignos. Mas pela demonstração do poder de Deus contra os
deuses do Egito, a missão de Israel foi inicialmente revelada aos egípcios. As proezas de
Moisés foram realizadas pela fé que dependia totalmente do poder de Deus (Hb 11.27-29).
O homem que Deus usa deve entender que o seu sucesso na vida depende de Deus.
12. Resuma as duas importantes qualidades missionárias encontradas em Moisés e que todo
missionário deve possuir pela fé.
OBJETIVO 6 Vimos em Moisés um exemplo do homem que Deus usa na Sua missão redentora.
Identificar duas características
da atitude e ação de Jonas
Não vemos isto, porém, em Jonas. Em vez de entregar-se à missão redentora de Deus, Jonas
que ilustram motivos do recusou participar nela. Ele preferia que Deus destruísse os ninivitas, a nação que ele fora
fracasso de Israel como chamado a livrar do pecado! Jonas, profeta desobediente, pensava que ele podia manipular o
nação redentora.
próprio Deus para destruir uma nação inimiga. E não foi somente a desobediência de Jonas
à comissão divina que ilustra o motivo do fracasso de Israel como nação redentora; é também
importante avaliar a atitude que motivou essa desobediência dele.
Por que Jonas fugiu às ordens de Deus? Alguns sugerem ter sido um tipo de
patriotismo o motivo desta fuga. Neste caso, Jonas seria o patriota mais heróico da história de
Israel! É verdade que os assírios que habitavam na cidade de Nínive eram inimigos de Israel.
Além disso, eles estavam tornando-se em potência mundial. Numa das interpretações de Jn
4.2, diz-se que Jonas desobedeceu a ordem de Deus de ir pregar em Nínive porque ele temia
que, se os habitantes daquela cidade ouvissem do futuro julgamento de Deus, pudessem
arrepender-se e assim escapar da destruição divina.
13. Leia 1 Sm 15.22-23. Baseado neste trecho, escreva no seu caderno uma provável
resposta do profeta Samuel ao suposto patriotismo de Jonas.
A atitude que Jonas mostra com relação a Nínive é típica da atitude geral dos israelitas
em relação às nações vizinhas. O povo de Israel se tinha tornado egocêntrico, pensando que
as prometidas bênçãos de Deus e a presença Dele na sua nação indicavam um tipo de
favoritismo divino com relação aos israelitas. Mas a mensagem nuclear dada por Deus no
livro de Jonas é que Deus se importa com todas as nações (Jn 4.2 e 11). É bem nítido o
contraste entre a compaixão de Deus e a falta dela no profeta Jonas.
No capítulo 1 do livro, vemos que até o capitão do navio, sem dúvida idólatra, reparou
na falta de interesse e compaixão da parte de Jonas com relação aos seus companheiros que
se afundavam durante a viagem. Os idólatras chamavam aos seus deuses nesse lance tão
difícil (v. 5). A repreensão do capitão do navio iniciou a lição que Deus tinha para Jonas: “Que
86 MISSIOLOGIA
tens dormente? Levanta-te, invoca o teu Deus? talvez assim esse Deus se lembre de nós para
que não pereçamos” (v. 6). As perguntas que se seguiram devem ter ferido Jonas bem
profundamente: “Que ocupação é a tua? Donde vens? Qual é a tua terra? E de que povo és
tu?” (v. 8). Naturalmente, a resposta certa a estas perguntas teria sido: “Sou profeta de Deus.
Estou fugindo dele em desobediência à sua ordem divina. Minha nação é Israel; pertenço ao
povo de Deus redentor, a nação hebraica!”. Jonas opunha-se a tudo aquilo que devia
defender! Tal é o caso de qualquer igreja do Senhor Jesus Cristo que se recusa a participar na
missão mundial de Deus. Se Deus tem compaixão das nações, a sua igreja não deve também
ser compassiva?
14. Quais são duas provas principais, na atitude e ações de Jonas, da razão do fracasso de
Israel no seu papel de nação redentora?
O resultado do fracasso
As bênçãos perdidas
A primeira lição que se deve aprender do fracasso de Israel diz respeito à perda das OBJETIVO 7
Declarar a relação entre o
bênçãos de Deus. A nação foi rejeitada como povo remidor e a bênção divina foi retirada dela fracasso de Israel na missão
– Israel fora uma nação sacerdotal. No Sl 67.1, o salmista, como representante de Israel, fala de Deus e a perda da
com Deus. As palavras usadas são as de uma bênção sacerdotal dada por Deus a Arão e seus bênção de Deus.
filhos (Nm 6.24-25). A natureza sacerdotal da nação de Israel dirige a atenção ao fato de que
Deus desejava que aquela nação fosse um meio ou agente para um determinado fim. O
fracasso dos sacerdotes de Israel é salientado, sobretudo, na parte final do AT e é citado como
A nação remidora 87
motivo da retirada da bênção de Deus de Israel (Ml 2.1-2). Veja como o salmista reclama a
bênção de Deus no Sl 67.1.
15. Lidos em conjunto, os vs. 1, 2 e 7 do Sl 67 dão a entender que Deus visava que a Sua
bênção sobre Israel fosse
a) diferente das bênçãos derramadas sobre outras nações.
b) guardada por Israel a salvo das outras nações.
c) levada por Israel às outras nações.
d) levada por anjos às outras nações.
Deus fez resplandecer Seu rosto sobre Israel para que o povo, como um espelho,
refletisse a Sua presença divina às nações. As bênçãos físicas espirituais do Sl 67 relacionam-
se diretamente à missão de Israel ao mundo. Mas durante boa parte do AT, o povo de Israel
interpretava mal o motivo da bênção de Deus sobre a nação. Em vez de conceberem-se como
canal das bênçãos de Deus, por meio do qual o Senhor abençoaria as nações, os israelitas
consideravam-se únicos depositários das bênçãos divinas. O seu lema era (nas primeiras
palavras do Sl 67): “Deus tenha misericórdia de nós, e nos abençoe”. Não pensavam no
conteúdo inter-relacionado do próximo versículo: “para que se conheça na terra o teu
caminho; em todas as nações, a tua salvação”. Quando Jesus deu ordens aos discípulos,
esclareceu bem o propósito da bênção da vinda do Espírito Santo: “Recebereis a virtude do
Espírito Santo que há de vir sobre vós, e ser-me-eis minhas testemunhas tanto em Jerusalém,
como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (At 1.8). Este versículo ensina
abertamente o mesmo que o Sl 67 dá a entender implicitamente.
88 MISSIOLOGIA
Rejeitado, mas não totalmente
A segunda lição a ser aplicada a missões, aprendida do fracasso de Israel, diz respeito à OBJETIVO 8
Descrever a rejeição da
realidade de um remanescente. Paulo pergunta “Terá Deus, porventura, rejeitado o seu povo?”. Ele nação de Israel, e o
mesmo responde: “De modo nenhum” (Rm 11.1)! Contudo, há evidência no NT que indica que remanescente do povo que
Deus efetivamente rejeitou Israel. A solução desta aparente contradição encontra-se na existência continua realizando a
missão redentora de Deus
de um fiel remanescente na época de Paulo (um grupo rejeitado), bem como nos dias de Elias (Rm através dos séculos da
11.1-10). O remanescente da nação de Israel que mantinha a sua fé, como Abraão, recebeu a Jesus história humana.
como Messias e não foi rejeitado de Deus. Isto é visto claramente em Gl 3.6-9. A igreja era
composta desta comunidade judaica nos primeiros anos da sua existência. Israel como nação,
contudo, foi e continua sendo rejeitada, mas esta rejeição é apenas temporária (Rm 11.11-32).
Nas lições anteriores, foi possível notar o ajuste de foco da missão salvífica, dado nos idos
tempos do AT. A missão redentora de Deus tem sido realizada sempre por um remanescente, que
era o fiel povo de Deus, com base na sua identidade física ou nacional. A base de sua escolha como
povo de Deus tem sido sempre espiritual. Estas pessoas têm fé em Deus e mostram esta fé pela
obediência a ele. Este remanescente espiritual, o povo de Deus, é composto de todos aqueles que
são herdeiros da promessa de Deus. Eles são responsáveis pela continuação da missão redentora
de Deus em nossos dias, como através de toda a história humana.
17. Qual a prova oferecida por Paulo em Rm 11.1 de que Deus não rejeitou totalmente o
Seu povo?
18. Comparando o v. 11 com os vs. 25-26 de Romanos 11, chegamos a entender que a
rejeição da nação de Israel é
a) temporária.
b) total.
c) permanente.
d) não comporta qualquer recuperação.
19. Descreva o remanescente humano que, através da história da humanidade, tem levado a
cabo a missão redentora de Deus.
De nação a comunidade
O verdadeiro povo de Deus, composto daqueles que têm fé e mostram obediência, OBJETIVO 9
Especificar o propósito
nunca foi identificado com os cidadãos da nação de Israel em geral. O verdadeiro povo de fundamental do remanescente
Deus constitui um remanescente dentro da nação. Este fato é exemplificado em muitos pós-exílio de Israel.
trechos do AT. Uma destas passagens é 1 Rs 19.14-18, onde Elias pensou que somente ele
A nação remidora 89
em todo Israel mantinha-se fiel a Deus, o Senhor lhe disse que havia mais sete mil pessoas
que não tinham dobrado o joelho diante de Baal. Este remanescente é visto também nos
tempos do reino dividido, quando Judá representava o povo fiel a Deus. Porém, mesmo Judá,
com o decorrer do tempo, virou-se à idolatria, formando-se outro remanescente dentro de
Judá.
20. Qual das expressões a seguir declara o propósito nuclear do remanescente pós-exílio de
Israel?
a) Isolar-se do mundo e do pecado.
b) Manter puro o sangue judaico.
c) Dedicar-se à missão redentora de Deus.
d) Ser um grupo de verdadeiros patriotas da nação de Israel.
21. Você consegue pensar em como o princípio da escolha de um fiel remanescente para
realizar a missão de Deus pode aplicar-se à sua própria igreja hoje em dia? Utilize o seu
caderno para esta resposta.
90 MISSIOLOGIA
MÚLTIPLA ESCOLH
MÚLTIPLA A: Assinale a única alternativa correta.
ESCOLHA: autoteste
2. Qual das opções a seguir não foi motivo de separação do povo de Israel das outras nações?
a) O desenvolvimento da consciência moral de Israel.
b) A evidência do amor divino somente por Israel.
c) Melhor conhecimento de Deus da parte de Israel.
d) A preparação de Israel para a missão de Deus.
3. Cada missionário deve aprender o que é que forma a sensibilidade cultural do povo com
o qual está trabalhando para que ele possa
a) retirá-la deles.
b) neutralizá-la.
c) ajudar o povo a lidar com ela.
d) usá-la para promover o Evangelho.
5. Algumas das qualidades que cada missionário bem sucedido em seu trabalho deve
possuir pela fé, são
a) entrega à obra de Deus.
b) dependência do poder, de Deus.
c) obediência ao mandamento de Deus.
d) todas as alternativas estão corretas.
____ 6. As atitudes e ações de Moisés foram mais semelhantes àquelas que causaram o
fracasso de Israel na missão de Deus do que as de Jonas.
____ 7. Com certeza Samuel teria elogiado o nacionalismo de Jonas.
____ 8. Deus tirou Sua bênção de Israel porque eles não cumpriram a Sua missão.
____ 9. A Escritura ensina que a rejeição de Israel, decorrente da sua falta de cumprimento
da missão de Deus, não será permanente.
____ 10. O propósito central do remanescente pós-exílio de Israel foi manter pura a raça judaica.
A nação remidora 91
RESPOSTAS ÀS QUESTÕES DE ESTUDO
4. a) preparar Israel para Sua missão Deus requeria essa fé, mas não a achava
redentora. em Israel. As atitudes e ações de Jonas,
b) ajudá-los a conhecer melhor a Deus. porém, ilustram o motivo do fracasso,
porque ele foi desobediente a Deus
d) defender o povo das influências da idolatria.
assim como Israel.
f) desenvolver a sua consciência moral.
7. a) A figueira (Israel) foi amaldiçoada 13. Samuel sem dúvida não teria dito que
por Jesus porque não tinha fruto e secou a lealdade de Jonas à sua nação era
(vs. 14, 20, 21). mais importante do que a obediência
b) Os trabalhadores na vinha (Israel) aos mandamentos de Deus. Ele teria dito
iam ser destruídos e a vinha seria dada a que o patriotismo de Jonas era idolatria,
outros (v. 9). porque este tinha se tornado o seu
c) Os ramos sem fruto (Israel) iam ser Deus.
destruídos e a vinha dada a outros (v. 9).
d) Os ramos naturais da oliveira (Israel) 3. Primeiro: no caso da chamada de Israel o
iam ser retirados (vs.17-21). propósito missionário foi mais profundo
do que na chamada de Abraão; e
segundo: houve mais ênfase na
18. a)
obediência de Israel à chamada do que
na chamada de Abraão.
8. Estas passagens indicam a degeneração.
14. Desobediência ao mandamento de Deus
11. Vê-se ilustrada, através do exemplo de e falta de compaixão para com uma
vida de Moisés, sua obediência a Deus. nação estrangeira e destruição da videira,
92 MISSIOLOGIA
salientando o fracasso e decorrente 21. Sua igreja, que podia ser assim: Há uma
rejeição de Israel como nação redentora. igreja dentro da Igreja de Jesus Cristo
hoje em dia que é obediente, tomando
19. Este nunca têm feito parte do povo de parte na missão de levar o evangelho a
todas as nações. Estas tomaram uma
Deus à base de sua identidade nacional
decisão além daquele de aceitar a Jesus
ou física, e sim à base de sua
Cristo. Este remanescente fiel tem
espiritualidade manifestada na fé
respondido à comissão de Jesus Cristo e
obediente a Deus.
é ativo na sua missão às nações.
Podemos dizer, baseando-nos em
9. b) princípios bíblicos, que Deus vai
abençoar este remanescente.
20. c)
10. e)
A nação remidora 93
LIÇÃO 6
Missões neotestamentárias
94 MISSIOLOGIA
Jesus, o verdadeiro vínculo Esboço da Lição
O Reino do Espírito Santo, o verdadeiro Reino
Ao término desta lição, você deverá ser capaz de: Objetivos da Lição
Missões neotestamentárias 95
Desenvolvimento JESUS, O VERDADEIRO VÍNCULO
da Lição
OBJETIVO 1 A Lição 3 tratou da missão de Cristo ao mundo. Deus enviou seu Filho ao mundo
Especificar duas indicações
de que Jesus é claramente o
para buscar e salvar os perdidos. Como Servo fiel, Jesus cumpriu todos os requisitos da lei e
verdadeiro vínculo entre as da justiça, desobedecidos por Israel. No sentido de cumprir o propósito de Deus, tornou-se o
missões de ambos os modelo, ou máximo exemplo, do verdadeiro Israel. O debate sobre missões no NT deve ser
Testamentos.
precedido por uma análise às profecias que diziam respeito a este Servo especial do Senhor
– é óbvio que Jesus é o vínculo entre missões de ambos os Testamentos. Há, ainda, um
importante princípio missionário no modo como Cristo satisfez o ideal do verdadeiro Israel.
A esperança de que Israel satisfizesse plenamente as promessas dadas a Abraão foi destruída,
repetidas vezes, na história do AT. Durante os dias do Rei Davi, Israel pensava que Deus
talvez estivesse cumprindo a sua promessa a Abraão pela constituição do próprio Israel como
grande nação. Mas à morte de Salomão seguiu-se um período de declínio espiritual. Os
profetas continuavam chamando a nação ao arrependimento, porém a esperança de Israel
passava a ser referida cada vez mais em termos de um remanescente justo dentro da nação,
ao invés da nação inteira. Os profetas começaram a falar de um descendente de Davi que iria
transformar e reinar sobre o remanescente fiel em Israel, desta forma, ele traria bênçãos às
nações (Is 9.1-7;11.1-5; Mq 5.2-4). Este descendente de Davi, Jesus, o Messias, tornou-se a
grande esperança de Israel. Isto está implícito em At 28.20.
Nas canções do servo, o profeta Isaías refere-se ao Messias como Servo do Senhor, um
título honorífico (Is 42.1-7; 49.1-6; 52.13-53.12). Nestes trechos, Isaías retrata o Servo
sofredor como cumprindo a Sua missão através da morte. Tal retrato da esperança de Israel,
o Messias, era estranho ao povo de Israel. Os israelitas esperavam um vencedor vitorioso que
viria estabelecer Israel como grande nação; esperavam alguém que reinasse de modo terreno.
A morte do prometido Servo do Senhor foi algo alheio a eles, porque a missão do Messias
seria a de transmitir a luz do Deus verdadeiro por todo o mundo (Is 49.6). Eles
questionavam como isto podia ocorrer a partir da morte do Messias. Para os crentes hoje
esta resposta é bem mais fácil do que para o povo de Israel naquele tempo. Os israelitas
concebiam o Messias e o Reino de Deus como um estado de inquestionável poder temporal,
sem margens, portanto, para tragédias como a crucificação desse Rei. Quem iria realizar a
missão do Messias? Quem iria reinar em Seu lugar se ele estivesse morto?
96 MISSIOLOGIA
O modelo do verdadeiro Israel
A descrição do Servo do Senhor oferecida pelo profeta Isaías varia de um trecho para OBJETIVO 2
Identificar o fator que
outro, quanto ao seu enfoque exato. Às vezes, a descrição enfoca um grupo, o fiel qualificava Jesus de forma
remanescente de Israel. Outras vezes foca um indivíduo, o grande Servo do Senhor, chamado mais determinante como
Messias. Vê-se mais uma vez o princípio da redução do enfoque da atenção divina para um videira verdadeira, ou o
modelo do verdadeiro Israel.
só indivíduo, visando transmitir Sua bênção a muitas nações (Is 53.11). As atividades
redentoras de Deus progrediam do remanescente justo em Israel a um só Servo, Jesus Cristo.
Todo o plano de redenção está integrado na vida, ministério e morte de Jesus. Realmente,
Jesus é o missionário de Deus ao mundo! Mas como foi que Jesus teve tanto êxito como
modelo ideal do verdadeiro Israel?
Na Lição 5, que mencionou o fracasso de Israel por sua esterilidade missionária, viu-
se que a videira que era Israel estava em degeneração e destruição, pois não produzia frutos
para Deus. Algumas passagens do AT formam o contexto para Jo 15, onde Cristo afirma ser
Ele a Videira verdadeira. É Jesus, e não Israel, o Servo de Deus. Este tema – Jesus, o Servo de
Deus, constitui o núcleo do Evangelho de Marcos. Um versículo-chave de Marcos revela o
tema do Senhor: “Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para
servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Mc 10.45). Isto afirma Cristo como o modelo
para o verdadeiro Israel. O Seu ministério redentor produziu frutos para Deus. Toda a Sua
vida terrena revelava o Pai (Jo 1.18), e em Sua morte Ele proporcionou a redenção para o
mundo (Mc 10.45). Desta maneira, Jesus tornava-se modelo do verdadeiro Israel. Os judeus
não entendiam que o Messias, através deste sacrifício de vida e de serviço, realizaria a missão
redentora de Deus. Tal serviço custou a vida de Cristo. Israel falhou em demonstrar o serviço
remidor, enquanto que Cristo, ao morrer por todos os homens, exemplificou a perfeição
esperada de Israel.
3. Apresente duas maneiras como Jesus demonstrou ser o modelo do verdadeiro Israel.
Um princípio-chave de missões
É de grande importância para a Igreja notar que Cristo é o modelo perfeito de Israel. OBJETIVO 3
Identificar um principio
O serviço humilde e sacrificial prestado por Jesus, como modelo do verdadeiro Israel, dá missionário fundamental e
exemplo a todos aqueles que desejam realizar a missão de Deus em outra cultura. O exemplo universal, válido para toda e
pessoal de Jesus não vale somente para a Igreja em geral, como também para cada indivíduo qualquer cultura.
Missões neotestamentárias 97
Evangelho; ela, e também os capítulos 8-10 do mesmo livro, apresentam um indispensável
princípio para missões: o serviço sacrificial. Este princípio aparece em Mc 8-10 como o resgate
dos seres humanos; e constitui-se no tema principal destes capítulos. O problema da grandeza
no Reino de Deus é o assunto principal de Mc 10.35-45. Leia estes versículos e note o
princípio do serviço sacrificial.
5. Qual dos versículos em Mc 10.35-45 descreve mais diretamente a grandeza nos reinos
humanos deste mundo?
O princípio sacrificial era estranho aos discípulos, pois em nada condizia com suas
idéias sobre o Reino de Deus. Quando Cristo faz menção pela primeira vez de sua morte na
cruz (Marcos 8-10), Pedro o exorta a rejeitar o sacrifício vicário (Mc 8.32)! Em contra
partida, o Senhor Jesus repreende ao inflamado discípulo enfaticamente (Mc 8.33). Nos
capítulos de 8 a 10, por três vezes Marcos registra avisos da morte redentora de Cristo
(8.31; 9.31; 10.32-34) – e a cada uma delas foi anunciado o princípio do serviço mediante a
humildade e o sacrifício pessoal, mas a cada ocorrência, os discípulos negavam-se a entender
e aceitar o significado das palavras de Jesus. Tanto era assim, que certa feita, dois deles
pediram a Jesus os lugares de maior grandeza e honra no Reino de Deus! Estes discípulos
desejavam estes assentos para governar; mas Cristo, em contraste, falava sempre do humilde
serviço que levaria, enfim, ao sacrifício supremo da vida.
98 MISSIOLOGIA
exatamente, o contrário: conforme as palavras do próprio Cristo as Suas ações são o sacrifício
vicário e o serviço. É neste sentido que disse Jesus “quem não toma a sua cruz e não segue
a após mim, não é digno de mim!”. (Mt 10.38). Portanto, a cruz é o sacrifício e o serviço de
Deus ao mundo; Cristo ensinava que o serviço humilde é o caminho para a grandeza. O
serviço, segundo Cristo, sempre precede a exaltação demonstrada na vida, na morte e na
exaltação de Jesus (Fp 2.5-11).
9. Em Mc 10.38, Jesus iniciou a Sua resposta ao pedido dos dois discípulos com uma ênfase
sobre
a) a ignorância deles.
b) a coragem deles.
c) a previdência deles.
d) o futuro deles.
Cristo não condenou os discípulos por sua vontade de serem grandes no Reino de
Deus, mas perguntou-lhes se estavam dispostos a pagar o preço desta grandeza (Mc 10.38).
Jesus continuou frisando o modo pelo qual a grandeza no Reino poderia ser obtida (Mc
10.43-45): Deus não dá aos indivíduos, conforme seus pedidos, os lugares elevados no Reino;
ao contrário, tais posições são designadas conforme a fidelidade dos homens ao serviço de
Deus. Deus dá honra àqueles que atingem a grandeza através do trabalho sacrificial e do
serviço!
10. De que maneira o serviço sacrificial pode fazer com que os missionários sirvam com
melhor qualidade às nações em que atuam como evangelistas? Responda em seu caderno.
Para muitos missionários transculturais uma das mais fortes tentações é o desejo de
colocar-se como fonte máxima de autoridade e controle sobre aqueles a que se está
evangelizando e ganhando para Cristo. Contudo, o papel do missionário é servir, e não
Missões neotestamentárias 99
meramente comandar, liderar. Em momento algum a função do missionário está ligada ao
comando dos crentes do lugar, da cultura, ou do país que evangeliza. Porém, este é o mais
comum dos erros entre os missionários. Cabe ao missionário identificar em que áreas sua
atuação é mais útil e dedicar-se a servir o povo assim – esta é a forma mais correta para
promover o Reino de Deus. Em muitos casos, os crentes locais são capazes o bastante para
assumirem os trabalhos eclesiásticos; assim, eles devem ser treinados para tais posições.
Portanto, o ministério de um missionário inclui descobrir estes valores e estimulá-los a crescer,
mostrando aos crentes nativos que o Espírito Santo os está convocando para trabalhar na
Obra de Deus. A propósito, o Espírito Santo ajuda e capacita aos crentes de toda cultura para
o trabalho cristão. Os dons espirituais são outorgados a quaisquer nações.
12. Especifique um princípio missionário fundamental e universal para toda cultura em toda
época.
OBJETIVO 4 Importa entender que a comunidade cristã, o novo Israel, é a continuação do antigo
Descrever a Igreja com
ênfase em sua herança
Israel. A Bíblia ensina que a igreja é herdeira e sucessora do antigo povo do Deus redentor.
missionária recebida de Israel Nesta continuação da comunidade redentora, nota-se um fator nuclear que motiva a missão
e especificar algumas provas da Igreja. Ela, como o antigo Israel, é uma comunidade missionária. A igreja existe para
de que a ela é a continuação
do povo de Deus do AT . cumprir sua missão redentora no mundo. A morte salvífica do Messias não encerrou a missão
de Deus; ao contrário, esta morte tornou-se o meio de realização da própria missão. A igreja,
o novo povo de Deus, recebeu a vida de Deus e também a missão de Deus como
conseqüência da morte redentora de Jesus.
100 MISSIOLOGIA
são Idênticas às palavras gregas posteriormente usadas pelos autores do NT com referência à
Igreja. O título povo de Deus (do grego, laos Theos) era usado para designar a nação de
Israel no AT. Este título descreve a posição religiosa tão especial de Israel, o povo eleito de
Deus. Posteriormente, o NT aplica este mesmo título à comunidade cristã. Tiago fala de sua
sinagoga cristã (Tiago 2.2, no original grego). O fato de Cristo escolher doze apóstolos na
formação do Seu novo Israel deve relacionar-se com o fato de haver em Israel doze tribos
patriarcais.
O autor de Hebreus aplica aos crentes cristãos uma profecia de Jeremias claramente
dirigida à nação de Israel:
“Eis que virão dias, diz o Senhor, em que com a casa de Israel e com a casa
de Judá estabelecerei um novo concerto. Porque esta é a aliança que firmarei
com a casa de Israel [...] Nas suas mentes imprimirei as minhas leis, também
sobre os seus corações as escreverei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu
povo” (Hb 8.8-10).
O enfoque na substituição da velha aliança pela nova sugere que a Igreja já assumiu o
lugar de Israel. A Lição 5 falava de uma parábola que indicava a rejeição de Israel como uma
nação de inquilinos de um vinhedo – que foi dado a outros inquilinos (Mc 12.1-11). O
versículo 9 desta parábola refere-se ao povo de Deus neotestamentário. Está claro que os
autores do NT e os cristãos primitivos consideravam-se a continuação do povo de Deus
redentor.
13. Enumere ao menos três das provas apresentadas neste segmento da lição que mostram
que a comunidade cristã, a Igreja, é a continuação do povo de Deus do AT.
OBJETIVO 5 O uso do termo novo Israel refere-se ao Reino Universal de Deus. Um dos
Contrastar a maneira em que
o Espírito Santo reinava nos dias
principais temas do ministério de Jesus foi o Reino de Deus (Mc 1.14-15). O governo
do AT com a maneira em que ele do Espírito neste Reino de Deus responde à pergunta “Como é que o Messias poderia
governa no reino universal e governar no seu reino se estava destinado a morrer?”. O reino proclamado por Jesus
definir resumidamente a
dinâmica do novo Israel. como próximo a se revelar não foi o reino imaginado pelos discípulos. Eles pensavam
em termos de um reino terreno, político e, naturalmente, judaico. Imaginavam o
Messias governando de forma externa e política uma monarquia visivelmente hebraica.
Mas o reino pregado por Jesus seria espiritual e íntimo, onde Deus iria reinar no
coração do seu povo (Lc 17.20-21; Rm 14.17). Este reino não seria exclusivamente
judaico; seria universal, e dele participariam todos os povos e nações. Condizente com
este reino universal, Jesus evitava o uso do título Filho de Davi ao referir-se a si
mesmo; preferia o título universal de Filho do Homem, o qual usava constantemente
(Mt 8.20; Mc 10.45; Lc 18.8). O Reino Universal de Deus é caracterizado pelo poder
do Espírito Santo. De fato, este reino pode ser identificado como o domínio do Espírito
Santo. É um ambiente onde Deus governa pelo poder do Espírito. Quando Jesus
pregava que o reino estava próximo, referia-se à vinda da era do Espírito Santo (Mc
1.14-15). Então, o Espírito iria reinar e capacitar o povo de Deus de uma forma
superior à dos dias do AT.
Marcos fala desta nova era do Espírito no primeiro capítulo do seu Evangelho.
Aqui, João Batista preparava as pessoas, mediante o batismo em águas, para a vinda do
Espírito Santo. O batismo em água importava, inicialmente, como experiência espiritual
que significava o arrependimento; Jesus, porém, iria batizar os crentes com o Espírito
Santo (v. 8). Como início do ministério de Cristo, Marcos relata a vinda do Espírito
Santo sobre Jesus (v. 10). Após isso, Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo ao
deserto, onde foi tentado por Satanás e socorrido pelos anjos (vs. 12-13). Depois de
derrotar Satanás no deserto, Jesus anunciou: “O tempo está cumprido e o reino de
Deus está próximo” (v. 15).
15. Parece que Jesus evitava o título Filho de Davi ao referir-se a si mesmo porque o Reino
de Deus que estava próximo iria incluir
a) Israel e muitas outras nações.
b) todas as nações menos Israel.
c) Israel e todas as nações.
d) Israel e mais umas poucas nações.
102 MISSIOLOGIA
A Lição 3 comprovou biblicamente que Deus delegou a missão evangelizadora aos
crentes (é evidente em Jo 15, quando Jesus chama a si de videira verdadeira, ressaltando a
esterilidade na vida dos discípulos, vs. 4-5 e 16 – eles frutificariam à medida que mantivessem
uma relação com Jesus, permanecendo intimamente Nele). O princípio da delegação de
missão torna-se claro aqui. Ainda a Lição 3 tratou da dinâmica do Espírito Santo, o capacitador
para missões. No início de Jo 15, Jesus chama a si próprio de videira; ao final deste capítulo
Ele diz que o Espírito Santo testemunharia Dele. Afirma também que os discípulos devem
testemunhar Dele (vs. 26-27). Os capítulos 14-16 de João relatam como os discípulos foram
capacitados pelo Espírito Santo, e como Cristo delegou a eles Sua missão. Jesus explicou que
era necessário que Ele se ausentasse para que o Espírito Santo viesse habitar nos discípulos.
Jesus prometeu que, ao vir o Espírito Santo os discípulos receberiam um poder interno para
realizarem as mesmas obras praticadas por Cristo (Jo 14.12-28). O advento do Reino
universal de Deus assinalaria a época em que a dinâmica do Espírito Santo residiria no povo
de Deus. Cristo, o Messias, reinaria em Seu povo mediante o poder do Espírito Santo. O
Reino Universal de Deus é invisível, mas tem Sua manifestação visível, onde quer que haja
comunidades cristãs. O Messias cumpriria Sua missão às nações no novo Israel. O novo povo
do Senhor receberia nova vida pela dinâmica do Espírito Santo. A aurora deste tempo deu-
se no Dia de Pentecostes (At 2). O amanhecer deste novo dia assinalou a origem da Igreja do
Senhor Jesus Cristo.
16. Em comparação com o reino do Espírito Santo no AT, podemos dizer que Ele exerce seu
domínio no Reino universal de Deus
a) de uma forma nova.
b) de uma forma superior.
c) a) e b) estão incorretas.
d) apenas a) e b) estão corretas.
O evento de Pentecostes não foi apenas uma comemoração de um antigo festival OBJETIVO 6
Contrastar a dinâmica operante
judaico relacionado com a colheita no Mediterrâneo. O Dia de Pentecostes representa a nos homens em Babel à
aurora de uma nova era no plano de Deus para toda a raça humana. Após um intervalo de dinâmica inspirada por Deus
milhares de anos, Deus voltava a enfocar Seu cuidado redentor para com todas as nações. no Pentecoste.
20. Compare as ações dos homens em Babel com a dinâmica promovida por Deus nos
presentes no dia de Pentecostes. Aponte o efeito de cada uma destas ações (dos homens
em Babel e dos crentes no Pentecostes). Responda em seu caderno.
O debate sobre o dia de Pentecostes e o plano redentor de Deus revela três fatos:
- esse dia inaugurou um novo tempo, um período de realizações na missão de Deus
entre todas as nações;
- neste novo tempo o Espírito Santo constitui-se em agente divino na nova comunidade
do povo de Deus, o que viabiliza a realização da missão outorgada por Deus à Igreja;
- o novo Israel, a Igreja do Senhor, é uma comunidade que testemunha a todas as
nações sobre o Deus que serve.
Estes fatos são muito importantes para o estudo da próxima lição, que tratará do
significado de Pentecostes para as missões no NT.
104 MISSIOLOGIA
MÚLTI
MÚLTIPLA ESCOLHA: Assinale a única alternativa correta.
TIPLA autoteste
1. O nascimento de Jesus como Filho de Davi está em ser Ele o vínculo entre missões de
ambos os Testamentos
a) não é uma evidência.
b) é uma evidência auxiliadora.
c) é a única evidência
d) é uma evidência não importante.
e) todas as alternativas estão incorretas.
____ 4. É a base de suas grandes proezas alcançadas por meio de serviço sacrificial que
Deus dá posições de grandeza às pessoas no seu reino.
____ 5. Os primeiros cristãos do NT não se consideravam uma continuação do povo de
Deus do AT.
____ 6. Por que a igreja é o novo Israel, ela é por herança uma igreja missionária.
7. Qual foi a qualificação mais nítida de Jesus para o título de “a videira verdadeira”?
8. Como é que o governo do Espírito Santo no reino universal de Deus difere da sua
maneira de governar, nos tempos do AT?
106 MISSIOLOGIA
RESPOSTAS ÀS QUESTÕES DE ESTUDO
20. A dinâmica do mal dentro do povo de 13. Três das seguintes evidências:
Babel levou à dispersão dos homens - as palavras gregas que no AT
(desunião), ao passo que a dinâmica do referem-se ao povo de Deus, no NT
Espírito Santo que Deus colocou nos referem-se à igreja;
corações das pessoas no Dia do
- a escolha por Cristo de doze apóstolos
Pentecostes, uniu-as espiritualmente.
correspondia às doze tribos de Israel,
indicando provavelmente formação de
7. vs. 43-45 um novo Israel;
- Escrituras dirigidas ao povo de Israel
18. É a dinâmica do Espírito Santo. no AT foram aplicadas à igreja no NT;
- Os primeiros cristãos do NT
consideravam-se uma continuação do
8. No Seu serviço humilde e sacrificial a
povo de Deus do AT.
Deus
1. c) 15. c)
9. c) 16. d)
2. O nascimento de Jesus como filho de Davi 6. A grandeza dos reinos mundiais é vista na
e seu trabalho como servo do Senhor. habilidade dos seus líderes de controlar e
governar os que lhes são sujeitos.
O Espírito missionário no
período do Novo Testamento
A lição anterior apontava a Cristo como vínculo entre o povo de Deus de ambos os
Testamentos. Como modelo do verdadeiro Israel, Cristo diferia da nação israelita por cumprir
o propósito redentor de Deus, que era Sua missão ao mundo. Agora, estudaremos a origem
da Igreja missionária, e também a sua herança espiritual. O mover do Espírito Santo sobre os
crentes congregados no dia de Pentecostes marcou o nascimento de um novo Israel – um
povo capacitado para a realização da missão de Deus ao mundo, isto é, o anúncio da salvação
que há em Cristo Jesus.
108 MISSIOLOGIA
Pentecostes, o nascimento de um povo missionário Esboço da Lição
Pentecostes, a expansão de uma igreja missionária
Ao término desta lição, você deverá ser capaz de: Objetivos da Lição
• explicar por que o Espírito Santo motivou as missões no período neotestamentário, mediante
a criação de um povo que era missionário por natureza e por experiência;
• descrever o papel da vinda do Espírito no Pentecostes e da experiência pentecostal dos crentes
individuais no crescimento da igreja primitiva e das igrejas pentecostais dos nossos dias;
• relacionar a identidade cultural à expansão e ao impedimento das missões cristãs;
• participar mais eficazmente no trabalho missionário por causa da sua compreensão da relação
entre a cultura nacional e o Evangelho.
Provavelmente, sua resposta à questão anterior indica que o Espírito Santo o tem
motivado para trabalhar na obra missionária. Sendo assim, você acaba de mencionar o mesmo
motivo pelo qual, no primeiro século de existência da igreja cristã, ocorreram os movimentos
missionários. A expansão do Evangelho nos primeiros esforços missionários da igreja
primitiva está intimamente ligada ao Dia de Pentecostes. Sim, a expansão da Igreja teve início
com o Espírito Santo. Atos dos Apóstolos relata o evento pentecostal e o extraordinário
crescimento experimentado pela Igreja a partir de então. Não por acaso há quem diga que
este livro deveria chamar-se Atos do Espírito Santo.
110 MISSIOLOGIA
Missionária por natureza
No NT, o Espírito Santo mostra-se Espírito missionário por Sua natureza e Sua obra.
Ele é um Espírito expansivo e comunicativo em termos de testemunho (Jo 15.26). Além disso,
o Espírito Santo no NT se mostra como a dinâmica da vida e atividade missionária da igreja.
Por isso, a igreja é uma comunidade missionária por natureza.
Uma das principais diferenças entre o povo de Israel e o Israel espiritual de Deus
foi a dinâmica interna do Espírito Santo na Igreja. Se o antigo Israel gozava de uma
relação especial com a lei e os mandamentos externos, o novo Israel goza uma relação
especial com a dinâmica espiritual interna. O Espírito Santo, ou lei do Espírito da vida
(Rm 8.2) habita na Igreja e produz seu espontâneo testemunho ao mundo. O Espírito
Santo acompanhava o antigo Israel, mas não residia no povo de Deus do AT, da mesma
maneira que habita no novo Israel (leia Jo 14.17). O testemunho da igreja é a explosão
de uma dinâmica interna. Não foi por obrigação de obedecer um mandamento que os
discípulos testemunhavam de Cristo nos primeiros dias da igreja. Ao invés, eles
testemunhavam por causa de uma compulsão interna. Pedro e João disseram: “Porque
não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido” (At 4.20). E Paulo nem
mencionou a Grande Comissão como motivação para seu ministério. Ao invés disso,
falava sempre da sua compulsão interna.
No caso de Paulo, houve mais uma compulsão interna: sua chamada missionária. Ele
disse: “Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa
obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho!” (1 Co 9.16). Tanto a compulsão
interna do amor de Deus como a da chamada de Deus motivaram Paulo. Esta mesma
compulsão deve motivar aos crentes hoje, pois, ambos aspectos desta motivação vêm do
Espírito Santo. Se o testemunho da Igreja não é espontâneo, é porque existe um problema
que impede que a igreja siga a direção da sua natureza interna. Em outras palavras, a Igreja
que não testemunha é uma igreja doente.
5. Quais dos itens a seguir indicam a razão fundamental de ser a Igreja missionária por
natureza? Ela é missionária por natureza por causa
a) da Grande Comissão.
b) da perseguição sofrida.
c) do inspirado planejamento dos apóstolos.
d) da presença do Espírito Santo.
OBJETIVO 3 A presença do Espírito Santo habitando o novo Israel constitui o principal fator
Resumir as principais
diferenças entre a relação do
experimental que serve para diferenciar este povo missionário do Israel do AT. O novo Israel
Espírito Santo nos antigo e é uma comunidade carismática por sua experiência individual com o Espírito Santo. Vemos a
novo Israel. vinda do Espírito no Dia de Pentecostes como uma coisa totalmente nova da parte de Deus.
A relação que o povo de Deus em geral tem gozado com o Espírito Santo desde o
Pentecostes é bem especial; tal relação não foi experimentada antes daquela data. O profeta
Ezequiel vaticinou este acontecimento:
“Eu lhes darei um mesmo coração, e um espírito novo porei dentro deles; e
tirarei da sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne; para
que andem nos meus estatutos, e guardem os meus juízos, e os executem; e
eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus” (Ez 11.19-20).
112 MISSIOLOGIA
Paulo faz referência a esta relação especial ao falar do poder regenerador do
Espírito na vida dos crentes em Cristo (2 Co 3.18). O novo Israel teve uma experiência com
o Espírito Santo que era apenas vaticinada pelos profetas na experiência do povo do antigo
Israel. A experiência individual de cada crente com o Espírito Santo foi a chave da
expansão da igreja primitiva. E tal experiência individual continua sendo a chave da
expansão da igreja hoje.
Vários trechos das Escrituras assinalam a vinda do Espírito por ocasião do Pentecostes
como sendo algo novo no plano redentor de Deus. A primeira referência a este evento é Jl
2.28-32, citado por Pedro no Dia de Pentecostes (At 2.17-21). Em sua prédica, Pedro cita Joel
para explicar os efeitos do Espírito Santo nos discípulos. Na época veterotestamentária o
Espírito veio sobre determinados indivíduos em Israel, mas Joel refere-se na sua profecia a
uma época em que o Espírito seria derramado sobre todo o povo de Deus sem distinção.
Segundo as palavras de Pedro em At 2.15-17, o vaticínio de Joel cumpriu-se no Dia de
Pentecostes (At 2.1). O dom do Espírito sem distinção a todo o povo de Deus no novo Israel
é a principal distinção entre este e o velho Israel.
7. Leia Nm 11.24-25. Explique como este trecho indica que o Espírito era dado a um
número relativamente pequeno de indivíduos do antigo Israel que testemunhavam o
incidente aqui descrito.
No antigo Israel, poucos indivíduos e bem seletos recebiam o Espírito, mas quando o
povo do novo Israel estava congregado por ocasião do Dia de Pentecostes, e “todos foram
cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo
lhes concedia que falassem” (At 2.4). O desejo expressado por Moisés em Nm 11.29
cumpriu-se no Dia de Pentecostes. Além disso, deve-se notar que a presença do Espírito no
ministério dos profetas do AT e de outras pessoas daquele tempo era de caráter transitório. O
Espírito operava neles de modo poderoso, empolgante, capacitando-os para profetizar ou
praticar outras obras sobrenaturais. Antes do Pentecostes, porém, o Espírito Santo operava
temporariamente através das pessoas.
Em Jo 7.38, Jesus comparou a experiência de estar cheio do Espírito Santo, entre os crentes,
com rios de água viva que, segundo Ele, iriam fluir de dentro dos crentes aos seus semelhantes (Jo
7.39). Aprendamos mais sobre estes rios de água viva, identificando o trecho veterotestamentário
referido por Jesus em Jo 7.38. Neste versículo, ele disse: “Quem crer em mim, como diz a Escritura,
rios de água viva correrão de seu ventre”. Muitos trechos veterotestamentários falam de água, de
forma simbólica, como sendo as bênçãos do Espírito Santo.
9. Leia Ez 47.1-12, e encontre indicações de ser este o trecho referido por Jesus em Jo 7.38.
Se assim for, escreva estas indicações. Responda em seu caderno.
Fig. 7.1
10. Quais das afirmações não descrevem a relação especial entre o novo Israel e o Espírito
Santo?
a) O Espírito está presente com o novo Israel apenas em momentos de necessidade.
b) O Espírito é uma presença íntima e constante no novo Israel.
c) Somente os ministros profissionais do novo Israel são agentes do Espírito.
d) O Espírito capacita todo o povo de Deus no novo Israel para o ministério.
e) O Espírito constitui uma dinâmica interna e comunicativa em termos de testemunho no
novo Israel.
114 MISSIOLOGIA
11. Um resumo das principais diferenças entre a relação com o Espírito Santo do velho Israel
e do novo, inclui
a) a relação limitada do velho Israel.
b) a relação constante do novo Israel.
c) a obra missionária tão extensa do novo Israel.
d) todas as alternativas estão corretas.
12. Relacione a vinda do Espírito Santo no Pentecostes com a inusitada expansão da igreja
primitiva. Responda em seu caderno.
Em sua igreja, é comum que haja, de forma espontânea, crescimento e testemunho OBJETIVO 5
Resumir a relação entre a
cristão? Atualmente, qual o papel da experiência pentecostal na expansão missionária da experiência pentecostal dos
Igreja? Nas mais diversas regiões do mundo, sobretudo na América Latina e em partes da crentes individuais e o
Ásia, as igrejas pentecostais têm experimentado um crescimento fenomenal. Vários crescimento, tanto da igreja
primitiva como das igrejas
especialistas analisaram os padrões e motivos de crescimento; estas são algumas de suas pentecostais dos nossos
conclusões a respeito das causas para este crescimento vertiginoso: dias.
13. Escreva a relação ante a experiência pentecostal dos crentes individuais e o crescimento tanto
da igreja primitiva como das igrejas pentecostais dos nossos dias. Responda em seu caderno.
Outros cristãos pentecostais relacionam o vivo testemunho dos leigos da igreja com a
experiência pentecostal. A evidência citada no NT nesta lição apóia tal hipótese. A plena participação
dos pentecostais na adoração de Deus não é resultado da organização eclesiástica. Naturalmente,
proporciona-se oportunidade nos cultos para a participação individual dos crentes, mas não é esta
a principal razão da espontânea adoração e a resposta carismática dos crentes. Hodges relaciona a
espontaneidade da adoração dos cristãos primitivos no NT ao evento pentecostal:
116 MISSIOLOGIA
14. Qual das afirmações a seguir descreve melhor o papel da experiência pentecostal na
Igreja primitiva?
a) Mostrava quais os crentes que eram exageradamente emocionais.
b) Era a dinâmica essencial do testemunho e ministério da igreja.
c) Contribuía para a formação inicial da igreja.
d) Ajudava na luta da igreja contra o poder demoníaco.
e) Foi apenas um símbolo do nascimento da igreja.
Tudo que dissemos neste segmento e outros desta lição, citando oportunamente os
trechos bíblicos correspondentes (Jl 2.28-32; At 2; Jo 7.37-39), proporciona evidências
inconfundíveis de que a experiência pentecostal é a dinâmica do crescimento da Igreja em
nossos dias!
15. As condições existentes no início da Igreja primitiva e que motivaram a sua orientação
cultural judaica incluem
a) a teoria oficial do governo acerca da relação entre o cristianismo e o judaísmo.
b) a perspectiva dos próprios crentes, que consideravam o cristianismo a realização do
judaísmo.
c) a) e b) estão corretas.
d) nem a) nem b).
16. Identifique dois princípios missionários baseados naquilo que temos dito nos parágrafos
anteriores acerca do testemunho cristão e a cultura humana. Responda em seu caderno.
17. Especifique as circunstâncias em que missionários devem adaptar as suas práticas à cultura
da sociedade onde ministram, e quando não devem fazer assim. Responda em seu caderno.
118 MISSIOLOGIA
18. Porque seria mais fácil a evangelização de uma área como Samaria por um crente judaico
helenista que por um crente estrita e exclusivamente judaico? Responda em seu caderno.
19. Enumere algumas das razões por que os crentes judaicos não comunicaram o Evangelho às
comunidades gentias nos primeiros anos da existência da igreja. Responda em seu caderno.
O caráter tão judaico da primitiva comunidade cristã bem pode ser a razão principal
por não haver uma missão gentia. Pessoalmente, não acho que os apóstolos e outros crentes
judaicos estivessem deliberadamente desobedecendo a ordem de Cristo de evangelizarem as
nações. Eles bem poderiam ter interpretado a Grande Comissão de um modo puramente
judaico. Eles achavam que a fé cristã era de fato a realização da revelação do AT. A ordem de
evangelizar as nações, para eles, bem poderia significar fazer prosélitos. Provavelmente, eles
esperavam que os gentios se integrassem no novo Israel como no antigo Israel. A falta de
evangelização dos gentios pelos primeiros crentes judaicos parece ser resultado da sua errada
interpretação da ordem de Cristo e não um caso de calculada desobediência a ela.
Vemos repetido inúmeras vezes, no caso de missões modernas, o mesmo erro dos
primeiros crentes judaicos na igreja primitiva. Quando um grupo cristão leva o Evangelho para
além da sua própria fronteira cultural, o Evangelho comunicado geralmente é mesclado com a
cultura do próprio missionário. O povo receptor ouve não somente o Evangelho pregado, mas
também uma parte da cultura do missionário – isto é quase inevitável. Todos estão presos de
alguma forma à sua própria cultura e formação. Porém, deixando de fazer distinção entre a
própria cultura e o Evangelho, pode-se estabelecer sérias barreiras à recepção e divulgação do
Evangelho em outras culturas. O obreiro transcultural deve reconhecer quais elementos são
parte de sua própria cultura e separá-los do Evangelho de Cristo.
Um pentecostes gentio
OBJETIVO 9 É mais do que óbvio que alguma coisa teria que acontecer para modificar a
Explicar o Pentecostes Gentio.
atitude da comunidade judaico-cristã com relação à sua missão aos gentios. Como foi
OBJETIVO 10 que o evangelho foi comunicado enfim ao mundo gentio? A solução do problema não
Explicar como a vinda do se deu como resultado de debates doutrinários, legislação ou cuidadoso estudo dos
Espírito Santo contribuiu
para abrir a porta para a trechos missionários do AT. Deus trouxe uma resposta e veio por meio de um
divulgação do Evangelho Pentecostes Gentio! É útil, ao nos referirmos ao problema da missão aos gentios,
entre os gentios.
destacarmos dois derramamentos do Espírito na história da igreja primitiva. O
primeiro derramamento se deu no Dia de Pentecostes, ao descer o Espírito Santo sobre
os cristãos judaicos (At 2). O segundo derramamento ocorreu quando o Espírito veio
sobre os gentios incircuncisos na casa de Cornélio, também um gentio (At 10). Pedro
observou neste lar um fenômeno interessante: os gentios receberam precisamente a
mesma experiência no Espírito Santo dos crentes judaicos no Dia de Pentecostes (At
10.47). As duas experiências eram idênticas; assim, podemos chamar este
derramamento do Espírito sobre gentios incircuncisos como um Pentecostes Gentio.
21. Explique em seu caderno por que podemos chamar a vinda do Espírito sobre a casa de
Cornélio, em At 10, de Pentecostes Gentio. Responda em seu caderno.
120 MISSIOLOGIA
A retirada da identidade cultural judaica do novo Israel foi a chave da expansão da igreja
pelo mundo afora. Os gentios do AT identificam-se com Israel, o povo de Deus, mediante ritos
cerimoniais e costumes tradicionais. Eram estas as marcas do povo de Deus, constituído
principalmente por judeus. Agora, no novo Israel, após a morte, ressurreição, exaltação de Jesus
e o derramamento do Espírito Santo, os gentios são identificados como o povo de Deus somente
pela fé na obra redentora de Cristo. Mediante a regeneração do Espírito Santo, o crente é
batizado no corpo de Cristo. A argumentação do apóstolo Paulo, em Gálatas e Romanos, em
defesa da justificação pela fé, significava que os gentios poderiam conservar sua própria
identidade cultural, sendo recebidos na comunidade cristã unicamente por sua fé.
22. A vinda do Espírito no Dia de Pentecostes contribuiu para abrir o caminho para a
expansão do Evangelho entre os gentios, pois assinalou
a) o início da unção de gentios incircuncisos pelo Espírito Santo de Deus.
b) o fim do templo como local de adoração para todo o povo de Deus.
c) o fim de uma só identidade cultural para todo o povo de Deus.
d) todas as alternativas estão corretas.
e) b) e c) estão corretas.
1. Com respeito às relações com o Espírito Santo no velho e no novo Israel, podemos dizer
que o trabalho expansivo de missões é
a) a única diferença entre estas relações.
b) a única diferença importante entre estas relações.
c) uma das diferenças entre estas relações.
d) não é a diferença entre estas relações.
e) todas as alternativas estão incorretas.
4. A razão mais provável por que a comunidade cristã judaica não se dedicou no início a
uma obra missionária entre os gentios foi
a) o nacionalismo dos gentios.
b) o desentendimento da Grande Comissão.
c) obediência propositada à Grande Comissão.
d) preconceito contra os gentios.
e) todas as alternativas estão incorretas.
____ 5. O NT colocou a motivação dos cristãos pelo Espírito Santo como motivação
secundária para missões no NT.
____ 6. O cristianismo como aperfeiçoamento do judaísmo fez com que a primeira
comunidade cristã judaica continuasse intimamente ligada à cultura judaica.
____ 7. Deus encheu com o Espírito Santo os gentios, na casa de Cornélio, quando a igreja
nasceu no dia do Pentecostes.
____ 8. A vinda do Espírito no dia do Pentecostes ajudou a abrir o caminho para a
divulgação do evangelho entre os gentios.
122 MISSIOLOGIA
RESPONDA: Responda às seguintes questões.
RESPONDA:
10. Quando é que os missionários devem ou não devem adaptar suas práticas à cultura na
qual estão ministrando?
14. b)
19. Sua própria lista de razões deve incluir:
preconceito, desobediência, negligência,
3. c) nacionalismo e outras.
15. c) 8. vs. 38 e 39
124 MISSIOLOGIA
10. a) e c) estão corretas.
22. e)
11. d)
1 Harry Boer atuou como missionário na Nigéria na década de 50 e escreveu Pentecostes e Missões (1961). Segundo ele,
Harry
muita importância foi dada à Grande Comissão como motivo para que a Igreja se envolve-se no trabalho missionário.
No entanto, o derramamento do Espírito Santo, ato que marcou o surgimento do Israel espiritual de Deus, e, por
conseguinte, a própria natureza missionária da Igreja, acabou sendo desconsiderado como razão para evangelizar. Seu
cuidadoso estudo do material bíblico segue a convicção de que escreveu-se muito sobre a obra do Espírito Santo na
salvação dos seres humanos, mas muito pouco sobre seu significado crucial para o testemunho missionário da Igreja.
2
O termo carismática é empregado aqui significando a atuação livre e desimpedida do Espírito Santo. Carisma significa
ser dotado pelo Espírito Santo, de forma gratuita, de dons e benesses não merecidas pelos homens, mas a eles
outorgados para que sirvam ao projeto de Deus ao mundo.
3 Melvin Hodges (1908 – 1988) é tido como referência no pensamento missiológico. Ele foi professor de missões e
secretário geral das Assembléias de Deus na América Latina.
AMISSÃOCRISTÃ
EOMUNDOEMQUEVIVEMOS
LIÇÃO 8
O foco desta lição é o papel que o Espírito Santo deve ter nas atividades missionárias
contemporâneas, mesmo porque nenhuma descrição de missões hoje pode ser completa se
não atinar ao extraordinário derramamento universal do Espírito Santo. Assim, quais as
atividades do Espírito Santo no mundo em que vivemos?
128 MISSIOLOGIA
O Espírito Santo e missões contemporâneas Esboço da Lição
Habilitação divina para missões contemporâneas
Derramamento do Espírito hoje
Ao término desta lição, você deverá ser capaz de: Objetivos da Lição
A era do Espírito
OBJETIVO 1 A palavra era ou época com referência ao Espírito significa um período temporal. Era do
Identificar em que momento
da história da redenção está
Espírito representa um prazo específico dentro do qual o Espírito Santo de Deus mostra-se
inserida nosso período especialmente ativo. A partir de então, de que maneira as atividades cada vez mais freqüentes
contemporâneo. do Espírito Santo em nosso tempo devem ser consideradas? Pode-se crer que esta atividade
sobrenatural não seja passageira? Como saber se o Espírito continuará fazendo grandes coisas
hoje? A expectativa da crescente atividade do Espírito no mundo de missões hoje em dia tem
fundamento bíblico. A Palavra de Deus diz que o Espírito Santo será derramado nos últimos
dias (At 2,17-21). O que vemos acontecer em nosso mundo hoje corresponde àquilo que lê-se
na Bíblia. Nossos tempos se relacionam com o que a Bíblia chama de os últimos dias. A Bíblia
ensina claramente estarmos hoje na era do Espírito Santo. Conforme diz a Lição 7, o Dia de
Pentecostes assinalou o início desta nova era na história redentora de Deus. O Espírito Santo veio
ao novo Israel de uma maneira nova e inaudita para equiparar, capacitar a igreja e impulsioná-
la para missões. Desde o Dia de Pentecostes, a missão cristã tem manifestado esta natureza
comunicativa. O impulso da igreja continua sendo o Espírito Santo. Uma das características dos
últimos dias é o derramamento do Espírito Santo, conforme o sermão de Pedro que cita a
profecia de Joel. Os últimos dias e o derramamento do Espírito Santo sem distinção no povo de
Deus são referidos naquele trecho bíblico (At 2.17-18). É portanto, correto referir-se aos últimos
dias como sendo a Era do espírito.
Marcos iniciou o seu Evangelho com um aviso de que Jesus viria batizar os crentes com o
Espírito Santo (Mc 1.8). Então, ele relatou a descida visível do Espírito Santo sobre Jesus (Mc 1.10).
Jesus, no poder do Espírito, confrontou-se com Satanás no deserto, no início do Seu ministério (Mc
1.12-13). Compare este trecho com Mt 4.1-11. Marcos narra que Jesus foi à Galiléia e disse: “O
tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo” (Mc 1.15). Você deve lembrar-se (Lição 6)
que o termo reino de Deus refere-se ao reino íntimo e espiritual onde Deus, o Espírito Santo, reina
nos corações das pessoas. A era do Espírito começou por ocasião da primeira vinda de Jesus e foi
demonstrada no seu ministério. A promessa de que o Espírito viria morar no povo de Deus foi
claramente vaticinada nas palavras de João Batista: “Tenho-vos batizado com água, ele, porém, vos
batizará com o Espírito Santo” (Mc 1.8). A palavra Ele neste trecho refere-se a Jesus, quando o
Espírito Santo veio sobre o povo de uma maneira totalmente nova.
Fig. 8.1
130 MISSIOLOGIA
Os Últimos Dias segundo a Bíblia
O tempo que hoje vivemos é o mesmo daquele dos discípulos de Cristo, a Era do OBJETIVO 2
Apontar a relação que há
Espírito Santo. É a era denominada de últimos dias. De que forma o tempo de hoje entre o tempo de agora e o
relaciona-se aos últimos dias mencionados na Bíblia? Leiamos, outra vez, At 2.17-21. Este período bíblico dos últimos
trecho refere-se à época do Espírito e, aos últimos dias. Estude cuidadosamente esta dias.
passagem.
Os autores bíblicos usavam o termo últimos dias para indicar que estavam vivendo,
já naqueles tempos, o período final da história humana. Em termos da história redentora
total, de fato, tratava-se dos últimos dias. Estes dias começavam com a primeira vinda de
Jesus ao mundo em Belém. Referindo-se a Deus, o escritor de Hebreus disse: “Nestes
últimos dias nos falou pelo Filho” (v. 1.2). Jesus iria realizar um ato de redenção que
assinalaria o auge da história redentora. Os últimos dias continuam, dos dias da primeira
vinda de Cristo até a sua segunda vinda em busca da sua igreja. Os últimos dias não
constituem um período futuro relativamente breve, ou seja a fase absolutamente final da
história. Ao invés disso, constituem um período relativamente longo e nitidamente decisivo
na história redentora, no qual Deus opera gradativamente Seu plano salvífico. Este período
decisivo começou com a vinda de Jesus, o Cordeiro de Deus, e terminará com a sua segunda
vinda na qualidade de Rei dos Reis.
3. Aproximadamente quantos anos já passaram no período que a Bíblia chama últimos dias?
Podemos confiar, com base nas promessas bíblicas, que o Espírito Santo operará em
nós e por meio de nós como operou no primeiro século da Era Cristã, pois vivemos na
mesma era do Espírito. Acreditamos estar vivendo na fase final dos últimos dias! Este fato
dá-nos uma base bíblica para a nossa confiança e fé, ao contemplarmos o mundo de missões
hoje em dia. Deus o Espírito Santo está em nós, com propósito de nos capacitar para
completar a missão de Deus na nossa geração. Com certeza, Deus, o Espírito Santo deseja
chamar, convencer e guiar os crentes para a sua divina seara nestes dias. Aqueles que
consideram a missão de Deus ao mundo à luz da fé, ouvirão e obedecerão a chamada do
Espírito.
OBJETIVO 3 Uma boa estratégia para missões nesta fase final dos últimos dias deve reconhecer e
Identificar o capacitador
que nos habilita para o
aproveitar a extraordinária operação do Espírito Santo, que nos capacita para o nosso dever.
trabalho missionário hoje. J. Philip Hogan1 ressalta a necessidade desta sensibilidade ao Espírito em missões, ao falar da
operação soberana do Espírito Santo em nossos dias:
OBJETIVO 4
Enumerar algumas razões
por que os missionários “Por vezes, no mesmo ato de analisarmos, negligenciamos, baseando-nos
devem ser sensíveis ao
Espírito Santo com relação à em categorias humanas, o mais empolgante fator dos nossos dias é que
estratégia de missões. estamos presenciando por toda a face da terra - um imenso derramamento
do Espírito de Deus sobre pessoas e em lugares para os quais não existe
desígnio humano e onde falta por completo o planejamento humano. Os
desígnios e origens inescrutáveis do Espírito tornam quase lendário o
serviço de Deus nestes dias” (1975, pág. 243).
5. Quem nos capacita divinamente para o dever missionário nos dias de hoje?
132 MISSIOLOGIA
Deus prevê com freqüência os eventos cruciais para as missões internacionais que
ultrapassam a análise e avaliação humanas. Poderíamos citar numerosos casos deste fato na
história de missões; um destes vem da minha própria experiência. No ano de 1964, ao me
preparar para o ministério missionário, experimentei uma clara orientação do Espírito Santo
para o serviço missionário na Indonésia. Àquela altura, porém, a informação recebida dos
meios de comunicação internacionais e de missionários indicava que aquele país se fecharia
em breve para missões. Ninguém poderia ter vaticinado que o golpe político preparado em
1965 iria falhar por causa de uma seqüência de eventos atribuídos geralmente à soberana
vontade de Deus. Até o momento em que eu estava pronto para o serviço missionário, o país
da Indonésia continuava aberto para os missionários e experimentava uma inusitada operação
do Espírito de Deus.
6. Descreva duas razões por que os missionários necessitam ser sensíveis ao Espírito Santo,
ao tratar da estratégia de missões.
Em princípios do século XX, em seu comentário sobre a operação do Espírito Santo OBJETIVO 5
Apresentar três razões por que
descrita no livro de Atos, Roland Allen2 lamenta a negligência geral do Espírito no mundo
os missionários devem entender
mais moderno, no que diz respeito à sua administração de missões: a natureza missionária do
Espírito.
“A obra missionária como expressão do Espírito Santo tem recebido pouca OBJETIVO 6
e superficial atenção, quase escapando ao leitor descuidado. Aqui e ali Apontar a estratégia para
um desafio impossível.
deparamo-nos com alguma expressão mais forte, mas isto não satisfaz o
Na parte final desta citação, Allen salienta as seguintes razões da importância de uma
boa compreensão da natureza missionária do Espírito Santo:
- proporciona uma verdadeira apreensão da obra do Espírito;
- abrange metade da pessoa e função do Espírito;
- mantém à vista a perfeição do Espírito.
134 MISSIOLOGIA
9. Que tipo de estratégia missionária enfrenta uma missão literalmente impossível?
Muito tem sido escrito acerca da doutrina do Espírito Santo como comunicador da OBJETIVO 7
Especificar um nome grego
obra redentora de Jesus Cristo na salvação. O papel do Espírito na convicção do pecado, da usado na Bíblia com
justiça e do juízo e o papel Dele na regeneração e santificação dos crentes são facetas bem referência ao Espírito Santo,
documentadas nos escritos teológicos. Recentemente, muito se tem escrito sobre o ministério que indica seu papel
missionário; explique como
do Espírito na lgreja, sobretudo no que diz respeito aos dons espirituais. Mas bem pouco esse nome indica a função
tem-se publicado sobre o papel missionário do Espírito e sua função de Administrador de missionária do Espírito.
atividades missionárias. Allen chama este aspecto da sua obra de “um hemisfério inteiro” das
suas atividades. Antes de continuarmos nosso estudo, talvez fosse uma boa idéia revisarmos
nossa discussão do caráter missionário do Espírito Santo na Lição 7.
O papel do Espírito Santo hoje é igual ao seu papel na igreja primitiva. Estamos
vivendo ainda a era do Espírito Santo. Ele é o superintendente e administrador de missões. A
desatenção ao Espírito Santo na prática missionária moderna, talvez deva-se à falta de ênfase
na literatura missionária de hoje sobre o papel do Espírito neste trabalho. Seja qual for o
motivo desta desatenção, é essencial nos nossos dias a imensa expansão de missões e que o
ministério do Espírito como Senhor da seara seja reconhecido e salientado. À medida que
crentes modernos atravessam fronteiras transculturais no seu ministério missionário, eles não
podem mais negligenciar o Supremo Estrategista, o Espírito Santo. Ele deve ter toda liberdade
para funcionar como dirigente de missões neste mundo. O Espírito não somente faz com que
a implantação fique madura para a seara, como também manda obreiros, orientando-os no
labor. Somos cooperadores com Deus (1 Co 3.9).
10. Uma boa ênfase sobre o papel missionário do Espírito Santo, nas escrituras missionárias
contemporâneas, bem poderia
a) contribuir para eliminação da desatenção à prática missionária do Espírito.
b) ter pouco efeito em relação à negligência prestada ao Espírito Santo na prática
missionária.
c) não influir na desatenção ao Espírito na prática missionária.
Jesus falou da época que o Espírito Santo assumiria Seu papel de Senhor da
seara. Ele disse aos seus discípulos que iria pedir ao Pai que lhes mandasse outro
Consolador. Este divino Auxiliador, chamado Espírito da verdade, já acompanha os
discípulos, mas posteriormente habitaria neles (Jo 14.17). Ao voltar Jesus para o céu, o
11. Escreva o nome grego usado na Bíblia com referência ao Espírito Santo e que indica o
Seu papel missionário.
12. Explique como o nome parakletos sugere o papel missionário do Espírito Santo.
O Espírito não assumiu Seu novo papel de Senhor da seara até depois da ascensão
do primeiro parakletos, Jesus Cristo (Jo 14.12, 16; 16.7). A obra salvífica de Cristo na cruz,
a Sua ressurreição e a Sua ascensão deviam realizar-se primeiro, pois o Espírito Santo só
iria assumir seu papel após a glorificação de Jesus (Jo 7.39). Os discípulos receberam a
ordem de esperarem em Jerusalém até receberem o Espírito Santo (At 1.4-5). Sem o
Espírito, seriam impossíveis as missões! Foi no Dia de Pentecostes, por ocasião do festival
judaico da colheita de trigo, que Deus mandou o prometido Espírito Santo (At 2.1-4). O
outro Consolador, o Espírito Santo, habitava nos discípulos, capacitando-os e orientando-os
na sua missão. Pentecostes assinalou o início de uma grande seara espiritual.
A palavra seara é usada com freqüência na Bíblia para se referir àquelas pessoas
que estão dispostas e esperam receber o evangelho de Cristo (Jo 4.35; Mt 9.37-38). A
preparação das pessoas para a recepção do evangelho é também obra do Espírito
Santo (Jo 16.8), como é o envio de obreiros para a seara (At 13.2,4). Ele continua
presidindo a grande seara do mundo e hoje em dia, vemos cada vez mais evidência da
sua atividade. Isto causa-nos otimismo e fé ao encararmos o futuro de missões neste
mundo.
136 MISSIOLOGIA
DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO HOJE
Indagou-se no princípio desta lição “Como saber que o Espírito Santo continuará OBJETIVO 8
Explicar por que devemos
fazendo grandes coisas no nosso mundo atual?”. Há base para a confiança de que o Espírito esperar a operação visível e
irá fazer obras sobrenaturais hoje, como nos dias do NT? Já notou-se, nesta lição, a base sobrenatural do Espírito,
bíblica para a crescente atividade do Espírito Santo nestes últimos dias (At 2.17-21). Os hoje em dia, como na Igreja
primitiva.
últimos dias são identificados como período decisivo da história, no qual Deus finaliza Seu
plano redentor. Estamos vivendo hoje no segmento final dos últimos dias.
Se já nos pertence a unção do Espírito Santo, por que não esperarmos o poder
visível e sobrenatural do ministério dele nas missões cristãs do nosso mundo? Seria
lógico esperarmos a plena atividade do Espírito Santo nos setores de convicção de
pecado, limpeza de maldade, e santificação dos crentes, mas não no setor de atos
sobrenaturais? Nada na Bíblia indica que tal atividade do Espírito Santo tenha cessado
ou mesmo diminuído! Confessamos sinceramente que há uma grande necessidade
desta atividade sobrenatural nas missões de hoje.
13. Por que devemos esperar a operação visível e sobrenatural do Espírito Santo no
derramamento do seu poder hoje, bem como nos dias da Igreja primitiva no NT?
O que está fazendo o Espírito Santo em nossos dias? O que vemos acontecer, está de
acordo com a Bíblia? Vamos lembrar alguns dos derramamentos do Espírito, com sinais e
maravilhas, já ocorridos no século XX. Depois, falaremos mais um pouco sobre a necessidade
da unção sobrenatural nas missões dos nossos dias.
14. Especifique dois derramamentos internacionais do Espírito Santo no século XX, dando a
data aproximada da ocorrência de cada um deles.
Hodges, bem como a maioria dos outros pentecostais, vêem os dois grandes
derramamentos do Espírito no século XX como sendo parte da grande realização da profecia
de Joel (Jl 2.28-32). O cumprimento geral desta profecia acerca do derramamento do Espírito
Santo sobre toda a humanidade pode ser esboçado, sob nossa perspectiva histórica, em termos
de três segmentos cronológicos:
- Dia de Pentecostes;
- derramamentos Pentecostais no Século XX;
- derramamentos Pentecostais no Futuro.
138 MISSIOLOGIA
A frase sobre toda a carne (Jl 2.28) indica que a profecia de Joel tinha finalidade
missionária. O primeiro segmento da sua realização foi sem dúvida, de ordem missionária
(At 1.8; 2.1-4). Os prodígios no céu e na terra (JI 2.30) aqui mencionados, indicam que a
profecia visava operações sobrenaturais do Espírito Santo. Muitas destas operações
ocorreram durante o primeiro segmento da realização da profecia e estão relatadas no
Livro de Atos. O derramamento do Espírito Santo em princípios do século XX deu início às
Assembléias de Deus. Este movimento tem sido, antes de mais nada, um movimento
missionário entre todos os povos. Sua atividade missionária tem sido caracterizada pela
operação sobrenatural do Espírito. O segundo derramamento no século XX, o movimento
carismático, também ocorreu no contexto de missões a todos os povos – a nova era de
missões. Estudaremos sobre esta nova época na Lição 10. O movimento carismático (ou
Onda carismática) tem sido caracterizado por uma renovação de elementos sobrenaturais
no ministério do Espírito Santo.
15. Diga se há alguma base para a afirmação de que os derramamentos do Espírito Santo no
século XX constituem parte da realização da profecia de Joel.
Uma missão bem sucedida em nossos dias exige a resposta simples e sincera à Palavra
de Deus, com fé e a participação naquilo que Deus faz. O extremo nacionalismo, praticado na
maioria das vezes nos países em desenvolvimento, dificultou estas ações para muitos crentes
16. Quais das seguintes declarações constituem evidência bíblica de que os milagres do NT
cessaram após o primeiro século da igreja cristã?
a) O NT vaticina o fim de milagres.
b) Qualquer milagre operado hoje em dia violaria a doutrina do NT.
140 MISSIOLOGIA
potências que exige o mesmo padrão de ministério praticado pelos discípulos de Jesus. No
último versículo do seu evangelho Marcos expressa este exato padrão; leia cuidadosamente
este versículo. O avivamento de algumas das religiões deste mundo e de numerosas religiões
indígenas implica na renovação de certas práticas animistas. Tal é o mundo de missões e neste
mundo o Espírito Santo está disposto a confirmar a Palavra de Deus pela operação de
milagres. Não nos surpreende que o Espírito Santo ofereça sinais sobrenaturais para
acompanhar a pregação da Palavra de Deus para confirmar o Evangelho e contradizer o
sobrenatural diabólico à vista das vítimas de Satanás.
17. Por que não é válida a hipótese de que o ministério milagroso do Espírito Santo limita-
se às áreas mais remotas, onde reina o poder demoníaco?
2. O número aproximado de anos dos chamados últimos dias bíblicos que já se passou é de
a) mil anos.
b) 2 mil anos.
c) 3 mil anos.
d) 4 mil anos.
3. Roland Allen destaca que o livro de Atos apresenta a natureza missionária do Espírito Santo
a) mais nitidamente do que os evangelhos e as epístolas.
b) tão nitidamente como os evangelhos e as epístolas.
c) menos nitidamente do que os Evangelhos e as epístolas.
d) por meio de sugestões em vez de afirmações.
____ 6. Segundo esta lição, o Espírito Santo nos dá a capacidade divina para a obra de
missões hoje em dia.
____ 7. A palavra grega usada na Bíblia parakletos significa derramamento.
____ 8. Não deveríamos esperar manifestações sobrenaturais externas nos derramamentos
do Espírito que ocorrem hoje em dia.
____ 9. É errado dizer que o ministério milagroso do Espírito Santo limita-se a áreas
remotas onde o poder demoníaco reina.
142 MISSIOLOGIA
RESPONDA: Responda às seguintes questões.
RESPONDA:
10. Cite duas razões por que os missionários devem ser sensíveis ao Espírito Santo na
estratégia de missões.
11. Como é que esta lição relaciona a dinâmica divina do Espírito Santo com a obra
missionária?
1 Philip J. Hogan (1915 – 2002) foi diretor da Divisão de Missões Estrangeiras das Assembléias de Deus norte-americanas
durante 30 anos. Sua liderança teve um profundo efeito sobre as comunidades pentecostais em todo o mundo.
2 Roland Allen (1868 – 1947) nasceu em Bristol, Inglaterra e era filho de um sacerdote anglicano. Após estudar para o
ministério em Oxford, ele foi consagrado em 1893. Durante boa parte de sua vida ele trabalhou na evangelização do
144 MISSIOLOGIA
norte da China. Roland Allen preconizou o estabelecimento de Igrejas auto-suficientes, auto-propagadoras do
Evangelho, adaptadas às condições locais, sem imitar as tradições cristãs do ocidente.
3
O estudioso de missões David Barrett estimou que em 1970 os pentecostais fossem 74 milhões de almas, ou 6% da
população evangélica. Após 27 anos, em 1997, outro cálculo apontou um total de 497 milhões de pentecostais no
mundo (27% dos evangélicos). As últimas estimativas apontam para uma congregação pentecostal mundial de 1,14
bilhão de pentecostais em 2025 (o correspondente a 44% dos evangélicos para o período).
4
Segundo dados divulgados pelo Fundo Monetário Internacional, 80% da população mundial vivem nos países em
desenvolvimento (em dados de 2007, empregados no encontro do G8, grupo formado pelos oito países mais ricos do
mundo – Estados Unidos, Rússia, Inglaterra, França, Alemanha, Itália, Canadá e Japão).
5
O autraliano Alan Tippet é estudioso de missões e autor do livro Introdução à Missiologia.
Missões hoje e a fé
146 MISSIOLOGIA
Conflitos contemporâneos de poder Esboço da Lição
O enfoque da fé contestada
Objetivos da Lição
Ao término desta lição, você deverá ser capaz de:
• especificar a origem das forças espirituais opostas em nossos dias, a relação da fé e do medo
com respeito às missões nestes dias e as evidências principais de uma perspectiva de fé hoje;
• declarar como o enfoque de fé produz uma missão bem sucedida e como a reação divina à
oposição permite-nos interpretar a oposição às missões como sendo realmente uma
oportunidade missionária.
Fé ou medo
OBJETIVO 1 A fé não é cega. Ela permite ver o nosso mundo tal como ele é, e não nos faz ignorar
Identificar a origem das duas
forças espirituais opostas,
os problemas, a oposição e o mal. Ao invés disso, a fé coloca estes problemas no contexto
que demonstram uma daquilo que Deus promete fazer e nos ajuda a ver aquilo que Deus realmente está fazendo.
crescente atividade no O cristão deve sempre encarar as suas circunstâncias sob o ponto de vista de Deus; daquilo
mundo de hoje.
que Deus está fazendo nestas circunstâncias e daquilo que ele deseja realizar através delas. Pela
OBJETIVO 2 fé, o crente deve focalizar a sua vida em Deus.
Tratar da relação entre a fé
em Deus e o medo do mal e
as missões internacionais Os problemas mundiais, o mal e a oposição sobrenatural à missão divina no
hoje.
mundo devem ser colocados no contexto da operação de Deus neste mundo. Se não
forem assim contextualizados, o medo vem substituir a fé. À luz do fato de que a Bíblia
menciona um aumento do mal nos últimos dias, parece que as pessoas que carecem de fé
têm uma base bíblica para seu pessimismo com relação ao mundo atual. Os meios de
comunicação contribuem para o negativismo, enfocando, geralmente, os problemas,
desastres e males. O derramamento do Espírito Santo não é manchete nos jornais e
revistas! Até a pregação cristã pode proporcionar uma apresentação desequilibrada e
pessimista do nosso mundo! Às vezes, aqueles que salientam os elementos negativos
desenvolvem uma espécie de fatalismo espiritual, que pode matar um verdadeiro
interesse em missões. A oposição às missões internacionais domina o seu pensamento e
eclipsa as oportunidades para missões.
1. Pense no último boletim de notícias que você viu ou ouviu. Se você fosse formar a sua
opinião da condição do mundo baseado naquelas notícias e mais nada, sua perspectiva
seria positiva ou negativa?
2. Segundo a Bíblia, quais as duas forças opostas responsáveis pelo aumento de atividade
espiritual nestes “últimos dias”?
148 MISSIOLOGIA
3. Enumere resumidamente o enfoque deste segmento da lição no que diz respeito à
relação entre a fé em Deus ou medo do mal e as missões internacionais nos dias atuais.
Crença ou descrença
Em Mt 11, Jesus descreveu a era do Espírito, contrastando-a com a era da lei e dos OBJETIVO 3
Descrever a diferença entre
profetas (vs. 11.13). Este capítulo de Mateus contém contrastes que ainda podemos esperar no a maneira que o Espírito foi
nosso mundo atual. Aqui, Jesus contrasta a reação do povo à revelação do reino do céu na dado aos crentes na era de
primeira fase da era do Espírito. Dissemos, na Lição 8, que a era do Espírito refere-se aos nossos João Batista e na era do
Espírito.
dias contemporâneos, bem como aos dias de Jesus na terra. Importa notar em Mt 11 a plena
resposta de fé daqueles que aceitavam o Evangelho. Não consta nenhuma crença passiva, senão OBJETIVO 4
Enumerar quatro indicações
um avanço na consciência da presença ativa de Deus e a grande oportunidade assim de uma perspectiva de fé
proporcionada. Neste segmento faremos referência a Mt 11 e por isso, seria bom já ler o durante a era do Espírito.
capítulo inteiro. Ao fazê-lo, tente localizar exemplos de fé e de descrença, referidos por Jesus.
O primeiro contraste notado por Jesus enfoca João Batista e o menor no reino dos
céus (Mt 11.11). Este contraste mostra não somente duas pessoas, como também pessoas de
épocas diferentes. João foi o último dos grandes profetas da Lei e, mais ainda, gozava do
privilégio especial de preparar o caminho de Jesus (Mt 11.9-10). A nova era do Espírito
começa onde termina o ministério de João Batista (Mt 11.11-14). João Batista foi um profeta
privilegiado, mas Jesus deu a entender que até o mais ínfimo dos crentes da era do Espírito
seria maior que João. Aqui estamos considerando o reino do céu como se fosse o mesmo
período da era do Espírito. Jesus não se referia à grandeza moral ao comparar João com um
crente na nova era do Espírito. Ao invés disso, falava de potencial maior. Como resultado da
presença do Espírito, cada crente seria capacitado para fazer grandes proezas na era do
Espírito. Neste período, o Espírito seria ativo de um modo mais visível e excepcional no seu
ministério ao mundo. Ele não habilitaria apenas uns poucos indivíduos escolhidos, como na era
da lei e dos profetas, mas viria habitar em todo o povo de Deus. Os pobres receberiam o
Evangelho (Mt 11.5) e o menor no reino dos céus seria elevado a um nível de ministério
superior ao dos profetas do AT. Seria realmente a aurora da era da gente comum.
4. Descreva a diferença entre a maneira que o Espírito seria dado às pessoas na era de João
Batista e na era do Espírito.
6. Qual dos seguintes itens constitui a maior evidência de fé na igreja de nossos dias?
a) O crescente interesse por parte do clero nos dons do Espírito.
b) Mestres que interpretam a vontade de Deus de forma nova.
c) A mobilização do povo de Deus pelo Espírito Santo para o evangelismo.
d) todas as alternativas estão corretas.
Jesus fala da nova era não somente em termos de uma ação missionária do fluxo de
pessoas ao Reino (Mt 11.12). É forte e clara a linguagem usada por Jesus no versículo 12. Mostra
o grande fluxo de pessoas ao Reino nesta época. O Espírito Santo opera não somente na Igreja,
enviando-a ao mundo, mas também no mundo, atraindo pessoas ao Reino. A reação de fé é
dinâmica: as pessoas lançam mão do Reino e correm para ele com grande fé. João Batista, ao ver
o Reino futuro, mostrou-se modelo na sua reação ao propósito de Deus nos seus dias (Mt 11.7-
11). O grande fluxo de pessoas ao Reino evidencia uma resposta bem favorável ao evangelho.
Vemos a evidência da obra do Espírito no mundo: os olhos e os corações das multidões estão se
abrindo! O potencial desta época é grande, e a resposta de fé, como convém, é vigorosa e
profunda, como Jesus mesmo vaticinava. Com a crescente atividade do Espírito, dentro e fora da
igreja, há também uma reação mais fervorosa das pessoas à mensagem do evangelho. A colheita
está pronta, e a realização deste fato é decisiva para missões nos dias atuais.
7. Qual das seguintes características da era do Espírito, Jesus mais enfocava em Mt 11.12?
a) A disposição de Deus de derramar seu Espírito.
b) A perseguição das igrejas cristãs por pessoas más.
c) A descrença das pessoas.
d) A reação positiva das pessoas ao evangelho.
e) Nenhum dos itens acima.
150 MISSIOLOGIA
em contenda para ganhar o coração do povo, é de se esperar que hajam reações tão
opostas à mensagem do Evangelho. Jesus retratou a geração de Seus dias como sendo
crianças brincando nas praças (Mt 11.16-17). Isto contrasta com a fé fervente de João
Batista e daqueles que, segundo disse Jesus, lançam mão do reino do céu. Nem o aspecto
inusitado do vigoroso profeta de Deus no deserto nem as obras sobrenaturais do Filho
do Homem satisfizeram a idéia de tal geração de como deveria ser a religião aceitável.
Em contraste com os olhos espirituais bem abertos de alguns, outros (notavelmente os
fariseus) evidenciavam uma marcada cegueira espiritual (Mt 15.12-24). Eles ignoravam
por completo a grande manifestação divina na sua geração. Achavam que o grande
profeta João era possesso de demônios (Mt 11.18) e que o próprio Messias era um
glutão e um bêbado (v.19). Por causa da incerteza que tinham a respeito da visitação de
Deus, não conseguiam participar daquilo que Deus fazia. As poderosas obras
sobrenaturais e a proclamação do Evangelho aos pobres constituíam provas que, como
Jesus bem sabia, iriam convencer João Batista de que Jesus era realmente o Messias (Mt
11.2-5). Mas as mesmas poderosas obras que atraiam algumas pessoas a Deus,
convencendo-as da deidade de Jesus, foram rejeitadas por outros, que se mantinham
incrédulos (vv.20-24). Tal descrença e rejeição não significava que fosse derrotada a obra
redentora de Jesus. Outrossim, nos nossos dias, a rejeição, por parte de algumas pessoas,
da operação sobrenatural do Espírito de Deus não significa a derrota ou fracasso do
propósito redentor de Deus. A igreja não será derrotada pelo mal. Não falhará em seu
propósito nesta época histórica. A igreja será triunfante, e completará a missão que lhe
foi confiada por Cristo, antes da sua volta em busca dos redimidos. As trevas espirituais
e a descrença de alguns fazem parte da nossa situação atual; mas a outra parte desta
mesma situação consiste na luz espiritual que entra pela porta da fé. É este aspecto que
nos inspira a participar do movimento do Espírito em nossos dias.
O ENFOQUE DA FÉ CONTESTADA
OBJETIVO 5 Qual deve ser a nossa reação em face da descrença e oposição contemporâneas
Explicar a diferença
essencial entre a perspectiva
perante a missão de Deus? Como devemos contemplar o desenvolvimento do mal no
dos dez homens que nosso mundo? De que forma devemos enfocar a nossa fé, ao enfrentarmos a oposição
prestaram um relatório satânica? Vejamos a narrativa veterotestamentária de Nm 13 e 14, que ajudará a nossa
negativo e a dos dois que
prestaram um relatório compreensão do enfoque da fé.
positivo.
Vitória ou derrota
OBJETIVO 6 A nossa própria perspectiva nos dias atuais é importante para o progresso da missão
Enumerar três razões da
necessidade de um enfoque
de Deus. A narrativa apresentada no livro de Números apresenta o povo de Israel, nação
de fé para o sucesso de eleita e redentora de Deus, e ilustra bem a falta de fé deste povo em geral no início da sua
missões em um mundo cheio missão. Mostra também o enfoque da fé em Deus por parte de Calebe e Josué quando
de oposições.
tiveram sua fé contestada por seus colegas. Leia Nm 13.17-14.12 procurando no texto
respostas positivas e negativas em face da oposição.
10. Saliente quem foi que prestou um relatório negativo nesta narrativa, resumindo o
conteúdo do mesmo. Responda em seu caderno.
11. Resuma o relatório positivo apresentado por Calebe e Josué; indique os capítulos e
versículos onde encontrou sua resposta. Responda em seu caderno.
12. Explique a diferença essencial entre o enfoque dos dez homens que prestaram um
relatório negativo e o enfoque dos dois homens que prestaram um relatório positivo.
Responda em seu caderno.
Quando os dez espias voltaram de Canaã, a maioria lembrava-se somente das cidades
fortificadas e dos gigantes. Mas dois deles perceberam as mesmas dificuldades sob outra
perspectiva. Calebe e Josué encaravam a oposição de uma perspectiva de fé e não de medo!
Ao enfrentarem a oposição, introduziram o Senhor Deus na situação. Nas palavras de J.
Sidlow Baxter1: “Os dez colocaram a dificuldade entre eles e Deus; os dois colocaram Deus
entre eles e a dificuldade” (1960, pág. 176). Os dois encaravam a dificuldade confiando no
poder de Deus!
152 MISSIOLOGIA
Calebe e Josué lembravam-se das grandes demonstrações do poder de Deus no Mar
Vermelho e no Egito e esperavam uma manifestação desse mesmo poder nesta nova fase da
sua missão. Sentiam-se otimistas porque enfocavam aquilo que Deus tinha feito, estava
fazendo e desejava ainda fazer. Eles procuravam realizar a missão de Deus, mediante o seu
poder, mesmo em face da oposição. Segue um poema feito por Baxter com descrição
eloqüente da diferença entre as perspectivas de dez e de dois:
Mas infelizmente o povo de Israel deu ouvidos ao relatório negativo dos dez espias e,
como conseqüência desse fato, a missão redentora de Deus ficou adiada por mais quarenta anos
(Nm 14.20-38). Tal foi o resultado do pessimismo irrestrito. A descrença humana não era capaz
de derrotar totalmente a missão de Deus, mas conseguiu deter a sua realização. Isto pode
acontecer também com relação ao plano de Deus para estes últimos dias; uma perspectiva que
salienta as dificuldades da missão evidencia um enfoque errado neste mundo. Tal enfoque de
medo pode causar uma derrota temporária da missão de Deus agora, bem como o relatório dos
dez espias atrasou a sua realização nos dias do antigo Israel. É preciso encarar as dificuldades
sempre no contexto do Senhor da seara. O enfoque da fé coloca os problemas missionários na
esfera do poder sobrenatural de Deus. Esta deve ser a moldura primária para a realização de
missões no nosso século. A nossa perspectiva de fé nos capacitará, como no caso de Calebe e
Josué, para esperarmos de Deus todo o poder necessário para a fase atual da sua missão. O
mesmo poder divino que deu o impulso inicial de missões está ao nosso dispor hoje!
13. Apresente três razões pelas quais o enfoque da fé em Deus é a chave para o sucesso de
missões perante a oposição do mundo de hoje.
OBJETIVO 7 Como visto, o enfoque da fé permite-nos assumir uma perspectiva realista perante
Identificar um princípio bíblico
que permite interpretar a
o mundo, colocando os problemas, oposição e maldade do nosso tempo no contexto do
oposição do inimigo como poder de Deus. O enfoque da fé permite-nos ser otimistas acerca do progresso de
sendo evidência de missões no mundo de hoje, apesar de qualquer oposição. Realmente, a oposição pode-se
oportunidades para o
trabalho missionário hoje. tornar motivo positivo para uma agressiva estratégia de missões nos nossos dias, pois
através da fé podemos ver tal contradição como sendo oportunidade para que Deus
OBJETIVO 8
Enumerar algumas razões revele o seu poder. Os obstáculos à missão redentora de Deus possibilitam a poderosa
por que Deus desafiou a ação de Deus contra eles. Foi tal consciência da habilitação sobrenatural para a missão
Baal por meio do profeta
Elias, no episódio descrito divina em Éfeso, que motivou o seguinte comentário de Paulo aos coríntios: “Espero
em 1 Rs 18.16-39. permanecer convosco algum tempo, se o Senhor o permitir. Ficarei, porém, em Éfeso até
o Pentecoste, porque uma porta grande e oportuna para o trabalho se me abriu, e há
muitos adversários” (1 Co 16.7-9). A palavra porta significa oportunidade de avançar o
Evangelho (Cl 4.3; 2 Co 2.12).
Paulo era otimista com relação à cidade de Éfeso, por ruim que fosse, porque percebeu
certa oportunidade no seu confronto com a adversidade satânica naquela cidade. A fonte do seu
otimismo foi a operação sobrenatural do poder de Deus. Este fato é indicado através do uso da
palavra grega energes, que significa eficaz, para descrever o tipo de trabalho que se lhe
apresentava. A operação ativa e eficaz descrita pela palavra energes é a ação sobrenatural de
Deus. A mesma palavra grega é usada em Hb 4.12 para descrever a dinâmica operação da
Palavra de Deus nos corações das pessoas. Em face da oposição sobrenatural, Paulo mesmo
teria que passar pela porta, mas o trabalho que ele iria realizar seria eficaz, porque seria
praticado no poder do Espírito de Deus. Será que os encontros entre missionários cristãos e
espíritos malignos nos últimos 40 anos diferem dos encontros experimentados por Paulo em
Éfeso? Toda a evidência mencionada na Lição 8 e nesta lição nos leva a responder um forte
“Não!”. O confronto com as forças malignas pode ocasionar ainda a clara manifestação do
poder de Deus.
14. O texto de Rm 5.20 diz: “Onde o pecado abundou, superabundou a graça”. E Is 59.19
afirma: “Vindo o inimigo como uma corrente de águas, o Espírito do Senhor arvorará
contra ele a sua bandeira”. Que princípio bíblico e sempre válido é afirmado por estes
dois versículos, no que diz respeito à oportunidade apresentada pela atuação diabólica
para a extensão da obra missionária em nossos dias?
Este princípio é ilustrado com freqüência no NT. Deus enviou Paulo para a cidade de Éfeso,
dominada pela atividade satânica, capacitando-o para a operação de milagres e derramando o seu
Espírito naquela cidade (At 19.1-20). Em outras cidades pecaminosas daqueles dias, onde parecia
que eram invencíveis as hostes de Satanás, Deus estabeleceu a sua igreja e manifestou o seu poder.
Tais cidades eram Corinto e Roma. O mesmo princípio é ilustrado também na igreja primitiva na
cidade de Jerusalém. Leia At 4.1-21 e veja se você consegue encontrar esta referência.
154 MISSIOLOGIA
15. Qual dos seguintes versículos em At 4.1-31 mostra mais claramente que a obra de Deus
descrita neste trecho foi realizada pelo ministério no poder do Espírito?
a) v. 8.
b) v. 10.
c) v. 13.
d) v. 16.
e) v. 20.
16. Cite, em At 4.1-31 a referência exata que expressa um ato de violência física praticado
contra Pedro e João; cite também a declaração que expressa diretamente uma ordem que
contradiz o ministério deles. Responda em seu caderno.
17. Enumere resumidamente com referências exatas, os resultados do culto de oração relatados em
At 4.23-31 que se seguiu após a oposição descrita em At 4.1-22. Responda em seu caderno.
A seguir, um diagrama circular que ilustra quatro passos importantes neste princípio.
Quando o inimigo de Deus aumenta a oposição, o Senhor revela mais o Seu poder e vence:
Fig. 9.1
19. Uma cuidadosa leitura dos versículos que acabamos de citar na nossa resposta ao
exercício anterior mostra que
a) Baal resolveu desafiar a Deus.
b) Deus resolveu desafiar a Baal.
c) Elias resolveu desafiar a Baal.
d) o povo resolveu desafiar a Baal.
20. Você conseguiria identificar outra importante ocasião no AT, quando Deus revelou seu
poder contra outros deuses pela operação do seu propósito redentor?
156 MISSIOLOGIA
MÚLTIPLA ESCOLHA: Assinale a única alternativa correta.
MÚLTIPLA autoteste
5. A razão mais importante do desafio de Deus a Baal por meio de Elias foi
a) fazer o povo voltar-se para Deus.
b) provar que Elias era servo de Deus.
c) provar que Deus é o Senhor.
d) fazer alguma coisa não mencionada acima.
____ 6. A afirmação de Jesus: “E, desde os dias de João Batista até agora, se faz violência
ao reino dos céus, e pela força se apoderam dele” é interpretada nesta lição como
a perseguição da igreja e não resposta positiva ao Evangelho.
____ 7. O relatório negativo dos homens que foram com Josué e Calebe constituiu um
enfoque de medo de oposição que causou derrota.
____ 8. O diagrama circular desta lição, chamado O círculo vitorioso, começa com a
oposição de Satanás e termina com ministério capacitado pelo Espírito Santo.
11. Falaram sobre as coisas boas da terra de era de João Batista. Ele é derramado
Canaã e disseram que Israel estava sobre todo o povo de Deus. Também
capacitado para tomar a terra, pois Deus nesta era o Espírito pode permanecer no
iria ajudá-lo (13.30; 14.8-9). coração do crente, coisa que não
acontecia na era de João Batista.
1. Resposta pessoal: você pode ter dito que
seu ponto de vista é positivo. Porém, a 15. a)
maioria das respostas a esta pergunta
apresenta um ponto de vista negativo. 5. b)
12. A diferença de tema entre estes dois 16. “E lançaram mão deles e os encerraram
enfoques foi: o relatório negativo foi um na prisão” (v. 3) e “disseram-lhes que
enfoque de medo, de oposição que absolutamente não falassem, nem
causou derrota, ao passo que o relatório ensinassem, no nome de Jesus” (v. 18).
positivo foi um enfoque de fé em Deus,
que produziria vitória.
6. c)
158 MISSIOLOGIA
10. Os dez homens que foram a Canaã com
Josué e Calebe fizeram o mau relatório.
Este relatório afirmou que, por causa da
força e do tamanho dos cananeus, os
israelitas não poderiam atacar aquele
povo.
1
O autraliano J. Sidlow Baxter (1903 – 1999) é autor de cerca de trinta livros (além de suas antologias, há coleções de
sermões ainda não catalogados). Este pastor e teólogo defendia a Bíblia e advogava questões fundamentais da fé.
À luz do grande movimento do Espírito hoje e de Seu desejo de situar o povo de Deus
em uma grande seara espiritual, com fé podemos dizer estar vivendo um novo tempo em
missões. Os desafios e problemas missionários contemporâneos devem ser encarados no
contexto do propósito e poder de Deus. Esta lição pretende mostrar nossos dias como a época
de grandes oportunidades para a realização da missão de Deus. São analisadas grandes
mudanças em missões a partir da segunda metade do século XX, e desejamos apresentar
alguns dos recursos e desafios deste novo tempo para que você tenha uma clara percepção
de um mundo pronto para um grande avanço missionário.
Ao começar a estudar esta lição, peça ao Senhor da seara que o ajude a apreciar
melhor a época missionária em que você vive. Peça que Ele lhe mostre como participar mais
eficazmente da missão nos dias atuais.
160 MISSIOLOGIA
Um tempo de grandes mudanças missionárias Esboço da Lição
Uma era de grandes desafios missionários
Nova ênfase no evangelismo transcultural
Tipos de evangelismo transcultural
Ao término desta lição, você deverá ser capaz de: Objetivos da Lição
• explicar por que o evangelho cristão tem sobrevivido, salientar a base da sua vitalidade e
identificar evidências de uma nova era de missões em nossos dias;
• calcular mais exatamente a tarefa missionária ainda por realizar e relacionar as barreiras que
ela enfrenta à imagem étnica dos povos não evangelizados e à responsabilidade dos
missionários;
• identificar motivos do evangelismo transcultural em nossos dias, distinguindo diversos tipos
dele;
• realizar completamente seu próprio dever como missionário transcultural.
Quais os sinais dos tempos em que vivemos? Jesus descobriu que os líderes religiosos
de Seu tempo eram incapazes de entender a importância dos dias em que viviam (Mt 16.1-
3). Não perceberam o que Deus estava fazendo diante dos seus olhos. Jesus chorou pela
cidade de Jerusalém, centro religioso do povo de Deus. Ele chorou porque a maior parte dos
habitantes da cidade não reconheceu a visitação do Senhor (Lc 19.41-44).
A cada geração Deus tem o Seu remanescente fiel, composto daquelas pessoas
sensíveis àquilo que Ele faz na sua época. E estas são as pessoas usadas por Deus para
comunicar a Sua mensagem ao mundo. É muito importante reconhecermos aquilo que Deus
está fazendo em nossa geração.
Falta aqui espaço para uma descrição detalhada de todos os países do mundo.
Podemos, porém, identificar algumas importantes tendências e movimentos ocorridos nas
últimas décadas. São movimentos de alcance internacional e estão produzindo grande impacto
nas missões hoje. São tantas as mudanças nestes dias, especialmente na Ásia, na África e na
América Latina, que podemos de fato falar de uma nova era de missões. Vejamos esta nova
época com a mesma plena confiança de Simeão de que o Espírito Santo nos há de guiar a
nossos respectivos lugares de responsabilidades, na comunicação da missão de Deus em nossa
geração.
OBJETIVO 1 Nas últimas décadas, as missões caminharam em um mundo em transição. Estas tantas
Explicar por que o
Evangelho tem sobrevivido a
mudanças são um dos sinais de nossos últimos dias. Conquanto o mundo esteja em mutação,
toda sorte de circunstâncias o Evangelho permanece o mesmo. Imutável! Santo! Completo! Inspirado! Durante certo
adversas através dos
período, o Evangelho de Cristo era considerado parte inseparável do Império Romano e o
séculos, desde os dias de
Cristo, aqui na terra. seu contexto histórico. Mas o Evangelho sobreviveu à queda do Império Romano, que já
tentara destruí-lo, e expandiu-se muito além dos limites geográficos e históricos de Roma.
Desde sua origem, o Evangelho tem sobrevivido à circunstâncias adversas em termos de
mudanças políticas e sociais, porque é universal, abrangendo todos os povos do mundo. Além
disso, ele tem sobrevivido porque é de origem divina e o seu Autor controla as mudanças de
forma ativa para resguardar as Boas Novas através da história.
Em alguns períodos históricos, a missão cristã tem avançado lentamente, ao passo que
em outras épocas tem progredido rapidamente. As circunstâncias históricas têm influído
bastante no progresso missionário. Conforme o tempo e propósito de Deus, o mundo
mediterrâneo achava-se pronto em termos religiosos, políticos e sociais para a vinda de Cristo
162 MISSIOLOGIA
e a comunicação do Evangelho. A lei romana e as estradas do império mediterrâneo
possibilitavam a comunicação do Evangelho ao mundo inteiro. A existência de uma língua
comum por todo o império facilitava tal comunicação por toda a região.
1. Explique por que o Evangelho tem sobrevivido a todas as circunstâncias políticas e sociais
desde os dias de Jesus.
Uma das maiores mudanças dos nossos dias, sob a perspectiva das missões cristãs, é o OBJETIVO 2
Explicar a causa do
avanço do mundo não-ocidental. Um movimento que teve início a partir da segunda metade
aparecimento do chamado
do século xx e, hoje ainda, exerce suas influências diretas na vida de centenas de milhares de Terceiro Mundo (1945 –
pessoas. Fora o que, é evidente que de maneira indireta, todo o mundo percebe estas 1969), relacionando isto à
vitalidade da fé cristã.
modificações políticas. Ralph Winter1 descreve o período entre 1945 e 1969 como um curto
prazo, durante o qual “quatrocentos anos de expansão política foram reduzidos a zero em
menos de vinte e cinco anos”.
Embora o Terceiro Mundo não possa ser chamado de novo em todos os sentidos, ele
representa um novo mundo para as missões cristãs. A inclusão das novas nações entre as
entidades políticas do mundo tem grande importância para missões em nossos dias. Uma
centena destas nações, com uma população total de quase três bilhões de habitantes, será a
arena de missões em fins do século XX, pois quase todas as pessoas não evangelizadas vivem
no Terceiro Mundo.
3. Especifique um exemplo histórico, dado nesta lição, da vitalidade da fé cristã, que não se
restringe a nenhuma cultura específica. Explique resumidamente como o exemplo por
você escolhido demonstra este fato.
Aquilo que tem ocorrido à fé cristã no Terceiro Mundo durante o período assinalado
de 1945 até 1969, a após ele, ilustra mais uma vez que a vitalidade desta fé ultrapassa a
cultura humana. Em vez de perder o vigor, a fé cristã aprofunda-se ainda mais nos povos
destas novas nações! A fé cristã não somente sobrevive às grandes mudanças políticas em
muitos países, como também as igrejas crescem e prosperam! O sucesso da igreja em muitas
nações do mundo não-ocidental mostra a natureza universal da fé cristã. A vitalidade da fé
depende não da presença de ocidentais, mas do Espírito Santo, que não favorece nenhuma
nação ou cultura (At 10.34-35).
OBJETIVO 3 Aos estudiosos do tema, é óbvio que hoje a Igreja vive um novo tempo missionário.
Apontar fatos que evidenciem
o novo tempo em missões
Mas se os tempos anteriores eram missionários, é fácil perguntar se este novo tempo é um
vivido pela Igreja hoje. período de declínio na atividade evangelística. Para responder satisfatoriamente esta questão,
é necessário descobrir o que Deus deseja que esta geração lhe entregue como trabalho.
164 MISSIOLOGIA
A ascensão missionária
É lícito afirmar que o tempo de hoje é um novo tempo missionário, ou uma era de
ascensão da atividade evangelística, uma vez que o desafio principal de missões (discipulado
das nações – Mt 28.19) ainda está por vir. A fé cristã tem sido apresentada às nações do
mundo, mas boa parte do discipulado ainda não se efetuou. Cristo mandou que os Seus
seguidores saíssem a pregar e fizessem discípulos dos povos, tribos e grupos étnicos do
mundo inteiro, e há ainda muitos povos deste mundo que nem ouviram a mensagem do
Evangelho na sua própria língua. O mandamento de fazer discípulos das nações significa
muito mais que a simples proclamação do Evangelho em cada nação. Significa a fundação de
uma igreja espiritual, em cada grupo étnico de cada nação, para que esta igreja possa
evangelizar as demais nações.
Por isso, a resposta clara à pergunta acerca dos nossos dias em termos de missões é que
estamos presenciando a ascensão da nova era de missões cristãs. Um fato importante desta
época é que a Igreja de Jesus Cristo está representada em cada nação e continua crescendo
em muitos casos sem nenhum sustento ocidental. A igreja está desfrutando uma
representação mais ampla e um arraigamento mais profundo nas nações do mundo que em
qualquer outra época anterior. Outro fato importante é que a base de missões já não está
restrita ao Ocidente; encontra-se por toda parte. O potencial missionário já não pode ser
medido pelos recursos ocidentais. Cada nação do mundo onde o Evangelho está bem
arraigado torna-se a base de missões. A missão cristã é realmente internacional agora! Tudo
isso evidencia uma nova era de missões em nossos dias.
5. Mesmo que o evangelho seja pregado em todas as nações nos dias atuais, há ainda um
importante dever missionário há ser feito. Qual é?
6. Entre as evidências de uma nova era de missões nos nossos dias, vemos
a) a representação da igreja em cada nação.
b) o rápido crescimento nativo da igreja em muitas nações.
c) uma nova base internacional de missões.
d) todas as alternativas estão corretas.
Pode-se dizer que o alvo de missões já foi realizado no mundo de hoje? Podemos falar
do fim de uma era cristã? Kenneth Scott Latourette, historiador de missões, nos diz que nunca
houve uma era cristã. Nos primeiros cinco séculos, após o nascimento de Cristo, diz
Latourette, a grande maioria do Império Romano declarava-se cristã; esse império, porém,
Nos séculos VII e VIII, o islamismo tornou-se a religião majoritária de quase metade do
mundo cristão. Pouco tempo depois, os bárbaros do norte da Europa invadiram as terras cristãs e
ameaçavam destruir a fé evangélica. Mesmo após a conversão dos bárbaros durante a Idade Média
na Europa, onde vivia a maioria daqueles que se chamavam cristãos, o número de crentes em
Cristo era até menor que nos dias do Império Romano. E o cristianismo daquela época não se
conformava com o padrão bíblico. A Reforma religiosa na Europa elevava a expectativa do
cristianismo e as missões passavam a levar o evangelho a outros continentes. Na Ásia (o
continente mais populoso) e na África ao sul do Deserto de Saara, contudo, os cristãos eram
apenas uma mínima parte da população. Em termos da conversão da maior parte da humanidade
à fé cristã, nenhuma época da história até o presente pode ser chamada de era cristã, pois boa
parte da tarefa do discipulado das nações está ainda por fazer. Por isso seria mais correto dizermos
que uma era cristã está começando, do que dizer que ela está no seu fim! Nunca antes a fé cristã
foi aceita por tantas pessoas, e nunca antes ela cresceu com tanto vigor. O Evangelho de Cristo tem
em nossos dias um impacto maior na humanidade que em qualquer época anterior. Alguns
comentaristas sugerem o fato de estar exercendo o cristianismo maior impacto hoje em nações em
desenvolvimento do que no Ocidente. Em nossa época o potencial de se realizar a Grande
Comissão é maior que em qualquer época anterior da história mundial.
7. Qual dos itens a seguir constitui a melhor evidência de estar começando agora uma era cristã?
a) Grande número de novas nações independentes.
b) A fé cristã está representada em todas as nações.
c) O crescimento da igreja nos países não-ocidentais.
d) Uma nova base internacional para missões.
e) O atual potencial para o discipulado das nações.
OBJETIVO 4 Vale encarar a tarefa do evangelismo mundial para calcular mais adequadamente a sua
Mostrar como o Espírito
conduz à realização das
extensão e julgar o que ainda precisa ser feito. Em Lc 14.28, Jesus disse: “Qual de vós,
demandas. querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos para ver se
166 MISSIOLOGIA
tem com que a acabar?”. Jesus nos ensinou que vale a pena concebermos a empresa total e
calcularmos a despesa dela antes de iniciarmos o trabalho. Dois grandes missionários do
século XIX perceberam o valor deste princípio de Jesus. William Carey e Hudson Taylor, que
tão profundamente influenciaram a Índia e a China, reuniram mapas, estatísticas e quadros
para bem calcularem o desafio missionário daquele tempo. Havendo calculado a necessidade
do mundo ao seu redor, o Espírito Santo usou a estimativa deles para fortalecer a visão da
comunicação do Evangelho às nações e ajudou-lhes na formação de uma estratégia de
missões.
O desafio de missões para estes últimos dias atinge-nos com força ao considerarmos
o número de pessoas neste mundo que não conhece a Cristo. A esta altura, a população
dobra a cada 40 anos (dados entre 1960 e 2000), e caminha para a assombrosa expectativa
de 8 bilhões de seres humanos no ano 2025 – um quadro clássico de explosão demográfica.
Embora a quantidade de almas sobre a terra aumente de modo exponencial, o cristianismo
não chega a marcar uma era (Fig. 10.1).
Fig. 10.1
Nesta nova era de missões, haverá mais pessoas envolvidas no trabalho missionário do
que jamais antes na história da humanidade, e é de se esperar um grande derramamento do
Espírito de Deus para capacitar os obreiros para a grande seara final.
9. Porque esperamos um derramamento ainda maior do Espírito de Deus nesta nova era de
missões do que no passado?
A nova fronteira
OBJETIVO 5 Lindsell refere-se ao mundo de missões modernas como sendo caracterizado por
Especificar a maior barreira
para a evangelização dos
grandes mudanças:
povos do mundo moderno
tratada nesta seção da lição. “Em cada época de mudanças, existe o problema de demonstrar a
relevância da fé. Não é que a fé mude, mas que deve mudar a
demonstração da sua relevância, pois não há duas épocas iguais.
Permanece para sempre imutável a mensagem fundamental, mas às
vezes precisa de certa revisão do método de apresentação”
(1970,pág.32).
A nova era de missões desafia o povo de Deus pela face da terra a ultrapassar as
fronteiras culturais que atualmente impedem os povos não-evangelizados de receberem as
boas novas de Jesus Cristo. A aproximação evangelística que remove as barreiras culturais e
comunica eficazmente o Evangelho faz com que a mensagem seja ouvida e compreendida,
tornando-se uma viva opção para os seus ouvintes. Quando o Evangelho é assim apresentado,
a porta abre-se para que o Espírito Santo exerça um impacto maior sobre a consciência
daqueles que estão ouvindo a mensagem. O evangelismo transcultural, a comunicação do
Evangelho dentro do contexto cultural de cada povo, constitui uma verdadeira prioridade nas
missões de nossos dias.
168 MISSIOLOGIA
10. A maior barreira à evangelização dos povos no mundo de hoje, que acabamos de nos
referir, é
a) a distância geográfica entre os povos.
b) a distância cultural entre os povos.
c) todo tipo de distância entre os povos.
d) todas as alternativas estão corretas.
Como foi que a fronteira cultural tornou-se tão importante para o evangelismo? O OBJETIVO 6
Demonstrar que hoje a
imenso interesse no imaginário étnico dos povos recém-evangelizados, por parte dos que cultura dos povos a serem
comunicam o Evangelho às nações não-alcançadas, teve a sua origem principalmente no evangelizados é um fator de
aparecimento de dezenas de novas nações durante a metade final do século XX, e já na extrema importância a ser
observado pelo missionário
primeira década do século XXI (Fig. 10.2). estrangeiro.
Fig. 10.2
11. Qual dos seguintes eventos históricos foi a causa mais direta da intensa consciência
cultural de muitas nações hoje em dia?
a) A Segunda Guerra Mundial.
b) A fundação das Nações Unidas.
c) O surgimento de novas nações e estados nacionais.
d) A Reforma Protestante.
e) O Concílio em Jerusalém descrito em At 15.
As sociedades tradicionais de muitas novas nações passam por um ciclo típico no seu
contato com o moderno mundo tecnológico. Este ciclo, implícito na descrição de Foster, pode
ser chamado de ciclo de renovação étnica e ilustrado da seguinte forma:
Fig. 10.3
12. Diga resumidamente por que um missionário deve preocupar-se ainda mais com o
imaginário étnico dos povos a serem evangelizados hoje. Responda em seu caderno.
170 MISSIOLOGIA
Barreiras culturais
Os aspectos culturais são tão importantes e devem ser considerados, uma vez que OBJETIVO 7
Identifique o responsável
podem vir a se tornarem empecilhos ao Evangelho, se negligenciados. As pessoas desejam para anular barreiras
tornar-se crentes sem atravessar barreiras culturais; não querem perder sua identidade culturais ao ministério do
cultural. Uma vez que a etnia influi na maneira como um povo recebe o Evangelho, ela Espírito Santo.
também deve influir na maneira que comunicamos o Evangelho a outras culturas. Qualquer
idéia nova pode ser rejeitada por parecer estrangeira. Se o Evangelho aparece vestido de
roupas estrangeiras, pode nem merecer a atenção do povo. Para ser ouvida e entendida, a
mensagem muitas vezes precisa ter uma aparência familiar. E como o Evangelho é uma
mensagem universal, ele pode muito bem ter a aparência de qualquer cultura.
172 MISSIOLOGIA
Jesus tinha grande sensibilidade às diferenças culturais. Quando deu aos seus discípulos
o mandamento de irem por todo o mundo pregando as boas novas do evangelho, chamou a
atenção deles para os diversos grupos culturais. Ele disse: “Fazei discípulos de todas as
nações” (Mt 28.19). O significado da palavra nações aqui não se restringe a entidades
políticas e nacionais; esta palavra no grego original significa grupos étnicos. Jesus desejava que
os seus seguidores estivessem presentes em toda cultura, não meramente em todas as nações
políticas.
Em uma matéria como esta, não cabe a análise de muitos grupos culturais dos diversos
países e continentes do nosso mundo. Contudo, em uma tentativa de ilustrar o imenso desafio
do evangelismo transcultural entre os bilhões de não-crentes deste mundo. Este quadro
mostra o tamanho de alguns grandes grupos culturais não-cristãos na Ásia e na África (Fig.
10.4).
Veja bem o fato de dois grupos culturais possuírem títulos religiosos: um chama-se
hindu e o outro muçulmano. O hinduísmo e o islamismo afetam profundamente a vida
social dos seus adeptos. O sistema de castas vigente na Índia e a penetração do islamismo
em cada recanto da vida dos muçulmanos criam barreiras sociais para a recepção do
Evangelho. Os fortes laços sociais entre os chineses e a grande influência do budismo e
confucionismo na vida deles criam barreiras sociais para o evangelismo. Desde princípios da
era de missões, os hindus, muçulmanos e chineses têm sido considerados os grupos mais
resistentes ao evangelho de Cristo. É pequena a porcentagem de cristãos entre eles. Mas
será que estes povos são realmente tão resistentes ao Evangelho? Ou são apenas resistentes
àquilo que chamamos evangelismo convencional, em contraste com o evangelismo
transcultural? Será que na apresentação do Evangelho a estes povos, sua própria cultura
tem sido negligenciada?
David Liao conta a história dos Hakka, uma tribo nas montanhas da Ilha de Formosa
(Taiwan) após a sua migração do sul da China. Os Hakka tinham um imaginário étnico
extraordinariamente forte. Diz Liao: “Durante muitos anos na Ilha de Taiwan, os Hakka
tiveram a fama de serem resistentes ao Evangelho”. Mas ele logo pergunta “Será que são
realmente resistentes?”. Entre as muitas razões para o aumento no número de crentes entre
os Hakka, nota-se que os missionários passaram a utilizar a língua Hakka, apresentar a Bíblia
e um hinário na língua Hakka, e consagrar pregadores e pastores Hakka. Liao frisa que os
Hakka não eram realmente resistentes ao Evangelho; pelo contrário, aqueles que tentavam
evangelizar os Hakka negligenciavam sua forte identidade étnica e, conseqüentemente, tornar-
se cristão significava para um membro do grupo Hakka abandonar sua própria cultural.
Fig. 10.4
174 MISSIOLOGIA
16. Em sua apresentação do Evangelho aos Hakka, os missionários deveriam
a) comunicar-se na língua Hakka.
b) traduzir a Bíblia e um hinário na língua Hakka.
c) consagrar ministros Hakka.
d) todas as alternativas anteriores estão corretas.
É razoável supormos que as pessoas de cada grupo cultural sejam mais aptas e OBJETIVO 9
Diferenciar dois tipos de
capacitadas, do que os forasteiros para o evangelismo no seu próprio grupo cultural. O evangelismo transcultural,
raciocínio desta suposição já foi apresentado na resposta ao exercício 14. Tal baseando-se em seu
evangelismo convencional entre pessoas do mesmo grupo cultural evita as barreiras conhecimento da distância
cultural entre o evangelista
culturais e é, portanto, o tipo mais eficaz de evangelismo. O objetivo missionário seria, e o grupo evangelizado.
pois, implantar uma igreja em cada grupo cultural, a qual por sua vez iria evangelizar
seu próprio grupo cultural através do evangelismo comum. Em um recente congresso
internacional de evangelização mundial, Ralph Winter apresentou o evangelismo
transcultural como sendo da mais alta prioridade para missões hoje em dia. Com
referência a At 1.8, Winter diz que parece bem claro que Jesus não se refere à
distância geográfica, senão à distância cultural. Jerusalém, Judéia, Samaria e os confins
da terra são pontos relativos em termos da distância cultural entre os seus discípulos
e os povos daquelas regiões. Jerusalém e Judéia foram áreas cujos habitantes eram da
mesma cultura dos seus discípulos. O evangelismo de tipo convencional iria surtir
efeito entre estas pessoas.
Uma vez que não era questão de distância cultural, a única fronteira a ser ultrapassada
seria a que demarca a igreja e o mundo em uma mesma cultura. Winter dá a este tipo de
evangelismo o rótulo Evangelismo 1. Por outro lado, Samaria e os confins da terra (At 1.8)
exigiam o evangelismo transcultural. Os discípulos que iriam evangelizar aqueles povos
teriam que ultrapassar fronteiras culturais. Samaria representava outro grupo cultural. A
tarefa de evangelizar os samaritanos seria algo diferente e mais difícil para os discípulos, do
que a evangelização de Jerusalém e Judéia. Eles poderiam fazer-se entendidos, talvez
mediante o uso de um dialeto, mas haveria ainda certas diferenças culturais bem marcadas
entre os discípulos de Jesus e os samaritanos. O evangelismo transcultural seria necessário
para alcançar os samaritanos porque os discípulos teriam que ultrapassar uma segunda
fronteira, de tipo cultural.
Pedro era um típico judeu, sem antecedentes nem treinamento grego. Parece provável
que não se associasse em uma base regular com os samaritanos (Jo 4.9). Responda as
seguintes perguntas baseadas na explicação anterior.
19. Quando Pedro evangelizava os samaritanos (At 8.14-17), que tipo de evangelismo
praticava?
20. Se Pedro tivesse evangelizado entre os gregos, que tipo de evangelismo teria sido?
176 MISSIOLOGIA
MÚLTIPLA ESCOLHA: Assinale a única alternativa correta.
MÚLTIPLA autoteste
2. Uma das evidências de uma nova era de missões nos nossos dias é o crescimento rápido
da igreja nativa
a) em todas as nações.
b) em muitas nações.
c) em algumas nações.
d) em nenhuma nação.
3. O Espírito usa a estimativa dos missionários a respeito da obra missionária não terminada para
a) fortalecer sua visão missionária.
b) ajudá-los a formar uma boa estratégia missionária.
c) a) e b) estão incorretas.
d) a) e b) estão corretas.
4. O evangelismo transcultural
a) é necessário para levar o evangelho a todos os grupos étnicos do mundo.
b) raramente é necessário para levar o evangelho aos grupos étnicos do mundo.
c) nunca é necessário para levar o evangelho aos grupos étnicos do mundo.
d) é oposto à obra de levar o evangelho aos grupos étnicos do mundo.
5. O evangelismo transcultural que estabelece um elo entre o missionário e o grupo que ele
está evangelizando é chamado por Ralph Winter de
a) Evangelismo 1.
b) Evangelismo 2.
c) Evangelismo 3.
d) todas as alternativas estão corretas.
10. Por que os missionários ao Terceiro Mundo devem preocupar-se com a auto-estima
destes povos, mais do que faziam seus pares 6 décadas atrás?
178 MISSIOLOGIA
RESPOSTAS ÀS QUESTÕES DE ESTUDO
6. d)
2. Muitas nações ganharam sua
independência dos governos coloniais.
17. Em primeiro lugar, o evangelismo
transcultural é necessário para cumprir o
13. a)
mandamento de Cristo em Mt 28.19. Em
segundo lugar, é necessário porque a
3. A vitalidade da fé cristã no império maior parte das pessoas não cristãs deste
romano mostra que a sua sobrevivência mundo não tem vizinhos por perto que
não se limita a uma só cultura. Quando possam pregar o Evangelho a elas.
aquele império caiu, o Evangelho
espalhou-se muito além dos seus limites
7. e)
geográficos e históricos.
10. b)
1
Diretor do Centro Norte-americano de Missões mundiais.
180 MISSIOLOGIA
Um novo tempo em missões 181
LIÇÃO 11
Estratégia bíblica
para os nossos dias
Vimos nas Lições 8, 9 e 10 que a nova era de missões é um tempo de mudanças sem
precedente, sendo também um período de grandes oportunidades missionárias. O desafio do
discipulado dos povos constitui a tarefa principal para este século. Qual deve ser a direção da
missão em um mundo cheio de oportunidades? A missão do Espírito Santo é bem definida,
mas como saber se estamos colaborando com o Espírito?
A partir de agora, será focado o fato de que, junto com a divina dinâmica para missões,
Deus nos tem dado em Sua Palavra uma orientação divina para a nossa missão. Devemos
reconhecer a importante relação entre a obra do Espírito Santo e a orientação da Palavra de
Deus. Encontramos na Bíblia um plano, ou estratégia divina para missões que é completa e
mais do que suficiente para a satisfação de todos os desafios do mundo moderno. Esta
estratégia é chamada comumente de Grande Comissão. É uma estratégia inspirada pelo
Espírito Santo, o divino Estrategista da seara. Se seguirmos esta estratégia, podemos ter a
certeza de estarmos colaborando com o Senhor da seara, o Espírito Santo.
182 MISSIOLOGIA
Razões para uma estratégia missionária Esboço da Lição
Natureza da estratégia de missões
A estratégia missionária de Cristo
Ao término desta lição, você deverá ser capaz de: Objetivos da Lição
• salientar por que é necessária uma estratégia para missões, definindo a estratégia bíblica;
• especificar a natureza e propósito da Grande Comissão e explicar a importância do seu alvo
e outros componentes;
• ajudar as missões mais eficazmente por causa da sua compreensão da relação entre a estratégia
missionária de Cristo e os problemas contemporâneos de missões.
OBJETIVO 1 Um dos temas mais debatidos nas missões é a estratégia. Estratégia de missões é tema
Especificar um importante
motivo da necessidade de
de livros e congressos missionários. Já tornou-se parte do currículo dos institutos de missões.
uma boa estratégia de Parece que o novo interesse na estratégia deve-se em parte às mudanças operadas nas últimas
missões em nossos dias. décadas. Nos dias da Igreja primitiva, os problemas missionários se multiplicaram quando o
Evangelho começou a ultrapassar a cultura judaica. Novos grupos incorporados à igreja
motivaram novos problemas e os apóstolos ganharam uma nova e mais profunda compreensão
para tratar esses casos. A inspirada intuição do apóstolo Paulo no NT proporciona-nos uma
porção de preciosas informações acerca da estratégia missionária. Missões, como você sabe,
constituem uma atividade motivada por forte impulso interno. Inspirada e impelida pelo Espírito
Santo, a Igreja dedicou-se a missões durante vários séculos, antes de traçar uma consciente
estratégia a respeito. Já observou-se que, no desenvolvimento da ciência de missões, a análise
sistemática só vem quando surgem obstáculos e problemas de difícil solução.
1. Qual dos seguintes itens explica mais completamente a preocupação da igreja atual com
a análise sistemática de missões?
a) Novos livros sobre a ciência de missões.
b) Estudos sobre a história de missões.
c) Problemas complexos em missões.
d) Congressos sobre estratégia missionária.
e) A recomendação dos estudiosos.
2. Qual dos seguintes itens expressa a principal razão da necessidade de uma cuidadosa
estratégia de missões nos nossos dias?
a) Ganhar um entendimento teológico mais profundo.
b) Lidar com as culturas humanas contemporâneas.
c) Desenvolver a ciência de missões.
d) Refletir sobre os fracassos missionários do passado.
e) Refletir sobre os sucessos de missões no NT.
184 MISSIOLOGIA
NATUREZA DA ESTRATÉGIA DE MISSÕES
Sua autoridade
Sua definição
Para entendermos a relação entre as palavras estratégia e missões, devemos examinar OBJETIVO 3
Distinguir as importantes
o sentido da palavra estratégia. Segundo o dicionário, ela é: a ciência de planejamento e características da estratégia
execução de operações militares em grande escala especificamente (à diferença das táticas) de missões e das táticas de
para a manobra das tropas para uma posição mais vantajosa, antes do combate com o missões.
inimigo. A referência à guerra é aceitável em nosso uso da palavra estratégia, se pensarmos OBJETIVO 4
nas missões como sendo um combate espiritual. As palavras ciência, planejamento e manobra Definir resumidamente uma
estratégia bíblica de missões.
enfocam a responsabilidade humana na estratégia de missões. A primeira coisa a ser notada
com relação à estratégia é que ela visa alcançar um alvo. Na definição que acabamos de ler,
o alvo seria ganhar a guerra. Uma parte essencial da estratégia é o enfoque do seu alvo.
4. Especifique a sua interpretação do alvo proposto por Cristo na sua Grande Comissão.
6. No texto de Mt 28.19-20, quais são os três meios salientados por Cristo para o alcance
do alvo da Grande Comissão?
Uma estratégia é, por natureza, mais teoria do que ação; é trabalho com idéias,
princípios e planejamento. Através do estudo das campanhas militares, desenvolve-se uma
estratégia e articulam-se princípios de combate. A estratégia tem a ver com os princípios de
guerra, ao passo que as táticas têm a ver com as manobras e operações específicas da guerra.
Empregam-se as táticas em situações bem concretas e o seu alcance é limitado; elas são
executadas para enfrentar novas situações.
7. Leia novamente a definição da palavra estratégia, procurando mais uma diferença entre
o conceito de estratégia e tática. Escreva esta diferença.
186 MISSIOLOGIA
8. Qual dos seguintes itens não é uma importante característica da estratégia?
a) enfoque no alvo.
b) princípios gerais.
c) natureza concreta.
d) atividade anterior ao combate.
e) natureza teórica.
Fig. 11.1
Saiamos agora destas perguntas tão difíceis das missões contemporâneas, e sigamos
para a dinâmica suficiente da verdadeira estratégia de missões: a Grande Comissão de Jesus
Cristo. Não há respostas fáceis para as perguntas anteriormente mencionadas, mas existe uma
estratégia divina para a identificação de soluções. Os bilhões de não-crentes no mundo de
hoje lembram-nos a necessidade de encontrarmos já as respostas para estas perguntas. Cristo
deu à Igreja não somente a dinâmica para missões (o Espírito Santo), como também um plano
para a realização destas missões. Vejamos novamente o relato bíblico deste plano para ver
como a Comissão dada por Cristo pode nos ajudar no trabalho missionário atual.
A Grande Comissão
Para certificar-se do conteúdo completo da Grande Comissão, leia as cinco versões dela
no NT: Mt 28.18-20; Mc 16.15-18; Lc 24.46-49; Jo 20.21-23; At 1.8. Prossiga os estudos
somente após a leitura destas passagens.
OBJETIVO 5 A atenção dada pelos escritores bíblicos à Grande Comissão nos Evangelhos e no Livro
Identificar a evidência
bíblica da natureza universal
de Atos mostra que é altamente importante. A repetição deste mandamento missionário em
da grande comissão. cada um dos quatro Evangelhos, até o fim do ministério de Jesus na terra, indica que aquelas
palavras possuem um significado todo especial para o plano universal de Deus através dos
séculos. Naquele momento de grandeza, o Senhor crucificado e ressurreto, que detinha todo
poder e autoridade no universo, proferiu as palavras da Grande Comissão.
188 MISSIOLOGIA
histórico, senão da continuação do propósito universal de Deus para a humanidade. Este
divino mandamento missionário mostra que fé cristã é de fato universal por natureza e
missionária por enfoque. As palavras da Grande Comissão demonstram a sua universalidade
em termos de visão, alcance e cronologia.
O discipulado das nações tem a ver com a transformação do estilo e vida de povos
inteiros. Os termos batizar e ensinar se relacionam a modificações de comportamento,
mostrando a natureza profunda e compreensiva deste mandamento. Por trás do discipulado,
pregação, testemunho e batismo percebe-se o conceito universal de Igreja, povo de Deus. Há
nas palavras da Grande Comissão algo grandioso. O leitor destas palavras se dá conta de que
não foram proferidas em um remoto canto da terra para se aplicarem apenas a umas poucas
pessoas num determinado período histórico. A Grande Comissão apresenta um plano
universal para o povo de Deus universal. Este plano é eficaz para todas as culturas até o fim
do mundo (Mt 28.20).
Você viu, nas Lições 6 e 7, que a motivação de missões se encontra na natureza da OBJETIVO 6
Especificar o propósito
Igreja como povo de Deus e na habitação no meio deste povo do Espírito Santo, revelado principal da Grande
como Espírito missionário. Às vezes entendemos mal a Grande Comissão, pensando que é Comissão e três maneiras em
este mandamento que torna a fé cristã uma fé missionária. O enfoque da Grande Comissão, que ela serve hoje como
influência benéfica na
segundo a gramática do texto, não é ato de ir, mas o de fazer discípulos (Mt 28.19). O relato Igreja.
apresentado por Mateus no grego original significa: “Indo, fazei discípulos de todas as
nações”. Pressupõe-se o ato de ir e enfoca-se aquilo que deve ser feito: fazer discípulos. Jesus
bem sabia que o Espírito Santo iria motivar e impulsionar a sua igreja, e na Grande Comissão
ele apresenta diretrizes para este dinâmico trabalho.
A Grande Comissão, como parte da Palavra de Deus, oferece à igreja uma clara
revelação escrita da vontade de Deus, à qual ela pode corresponder com fé.
14. A Grande Comissão serve como influência benéfica para a igreja das seguintes formas:
a) ajudando a igreja a obedecer a Deus no envio de missionários.
b) lembrando a igreja sua responsabilidade missionária.
c) proporcionando à igreja uma clara revelação da missão de Deus.
d) todos os itens acima.
e) a) e b) estão corretas.
A Grande Comissão fica para cada geração como teste de fé e obediência da igreja.
Profundidade do alvo
OBJETIVO 7 Um discípulo é, por definição, um seguidor ou aprendiz. Jesus dizia, com freqüência, a
Salientar duas palavras da
Grande Comissão (Mt 28.19)
cada pessoa: “Segue-me!”. Quando seguiam após Jesus, tornavam-se seus aprendizes. Mas o
que enfocam a profundidade significado da palavra discípulo vai muito além disso, como vemos na Grande Comissão. O
do alvo de missões. que significa fazer discípulos de todas as nações? Você aprendeu, na Lição 10, que a palavra
OBJETIVO 8 grega traduzida por nações, em Mt 28.19, pode significar grupos étnicos. O discipulado,
Identificar três razões para a portanto, tem a ver com a comunicação do Evangelho às pessoas no seu respectivo contexto
sensibilidade transcultural na
Grande Comissão. cultural. Estes contextos são maneiras de encarar a vida ou modelos de conduta e convicções
seguidos fielmente pelos membros da respectiva sociedade. Cada cultura contém uma série
190 MISSIOLOGIA
de respostas aos grandes problemas da existência humana. Assim, é por meio da palavra
nações que a Grande Comissão dirige a nossa atenção ao contexto em que encontramos as
pessoas a quem levamos o Evangelho.
15. Quais são as duas palavras da Grande Comissão (Mt 28.19) que salientam a
profundidade do alvo de missões?
16. Por que o discipulado envolve necessariamente uma preocupação com a pobreza e a
injustiça social existentes no meio do povo que está sendo evangelizado?
17. Baseado na Grande Comissão de Jesus, algumas das razões da necessidade de que as
testemunhas transculturais sejam sensíveis à cultura em que trabalham, são:
a) as pessoas devem seguir a Cristo no seu próprio contexto cultural.
b) o discipulado adaptado ao contexto cultural ajuda os novos crentes a verem Jesus Cristo
como seu Salvador.
c) o discipulado adaptado ao contexto cultural ajuda os novos crentes a testemunharem às
pessoas não-redimidas da sua sociedade.
d) todas as alternativas anteriores estão corretas.
e) apenas a) e c) estão corretas.
A encarnação de Cristo implicou na sua identidade com o povo, uma identificação tão
profunda que Ele tomou para si o pecado dos seres humanos e sofreu as conseqüências desse
pecado. A missão redentora exige sempre uma identificação com o povo em meio às suas
necessidades. Para que Cristo seja encarnado em cada cultura, o Evangelho deve ser
192 MISSIOLOGIA
comunicado e aplicado com integridade à situação cultural – exatamente como Jesus
relacionava-se com a cultura na qual Ele se tornou a Palavra viva. Ao orar ao Pai a respeito
da Igreja e a comunicação da Sua missão, disse: “Assim como tu me enviaste ao mundo,
também eu os enviei ao mundo” (Jo 17.18). Como Jesus Cristo participou plenamente na
humanidade e na cultura judaica, assim também ela deve participar para ser fiel à Sua missão.
Ao evangelizar os povos de outras culturas e realizar o seu discipulado, a igreja deve
identificar-se com cada grupo e comunicar o Evangelho em termos daquela cultura.
19. Explique se a seguinte afirmação é certa ou errada e diga por que: “Ao pregarmos o
Evangelho, nossa missão já está cumprida”.
20. A mais importante razão para incorporação do novo crente à uma igreja local, é que
a) ele deve ser protegido das suas relações anteriores.
b) os ministérios do discipulado encontram-se ali.
c) sua salvação depende da sua freqüência aos cultos.
d) novas relações sociais devem substituir as suas velhas relações.
21. Leia Ef 4.10-12, e explique o aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu
serviço relaciona-se com aquilo que é descrito, como sendo a terceira fase do discipulado.
Responda em seu caderno.
194 MISSIOLOGIA
Em certo sentido, o processo do discipulado do crente completa-se quando ele já se vê
treinado para ministrar na igreja e na comunidade. A maturidade pode ser interpretada como
sendo a identificação do nosso ministério e a nossa participação na missão redentora de
Cristo. Há, porém, um outro sentido em que o processo de aprendizagem, obediência e
transformação leva a vida inteira para ser completado. O “alvo definitivo” do discipulado é
a nossa semelhança com Cristo, a “medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4.13). O
corpo de Cristo, a igreja e o Espírito Santo continuam operando para a realização deste alvo
em nossas vidas. A contínua transformação do novo crente pelo Espírito Santo, ou seja o seu
aperfeiçoamento espiritual, constitui a quarta fase do processo do discipulado.
No segmento desta lição que acabamos de estudar, falamos do alvo da Grande OBJETIVO 10
Identificar a importância dos
Comissão (fazer discípulos), dos meios a serem usados na sua realização e no contexto, ou diversos componentes da
moldura cultural, em que se efetua. O último componente a ser analisado é a dinâmica da Grande Comissão com
estratégia missionária de Jesus Cristo. (Este componente já foi descrito nas lições anteriores). relação a específicas
questões contemporâneas
O quadro abaixo mostra a relação destes quatro componentes da estratégia missionária de na área de missões.
Cristo com as palavras da Grande Comissão:
Fig. 11.2
24. Explique como é comparada a dinâmica referida em Mateus com a mesma dinâmica
referida em Mc 16.15-20.
25. Identifique a importância dos diversos componentes da Grande Comissão e sua relevância
em relação a perguntas específicas sobre missões contemporâneas, combinando cada
componente à direita com a respectiva pergunta à esquerda:
____ a) Qual será a estratégia para a evangelização 1. Alvo
de todas as nações? 2. Contexto
____ b) Qual a aproximação missionária que 3. Dinâmica
derrotará o poder dos demônios?
____ c) Qual deve ser a prioridade de missões
hoje em dia?
196 MISSIOLOGIA
MÚLTIPLA ESC
MÚLTIPLA OLHA: Assinale a única alternativa correta.
ESCOLHA: autoteste
2. A estratégia de missões é
a) menos teórica do que a tática de missões.
b) tão teórica quanto a tática de missões.
c) mais teórica do que a tática de missões.
d) não-teórica.
e) todas as alternativas estão corretas.
198 MISSIOLOGIA
RESPOSTAS ÀS QUESTÕES DE ESTUDO
14. d)
7. O elemento tempo é a diferença
principal. A estratégia tem que preceder
2. b) o encontro com o inimigo e a tática é
uma atividade que acontece durante um
15. As palavras discípulos e nações, salientam encontro com o inimigo.
o significado profundo do alvo de missões.
20. b)
3. Jesus Cristo é a autoridade suprema
para a estratégia de missões e isso é 8. c)
confirmado em Mt 28.18.
12. d)
25. a) 2
b) 3
c) 1
1
Teólogo norte-americano, de origem anglicana, que atuou como missionário na Bolivía. Charles Peter Wagner (1930
– ) criou o termo Terceira onda para referir-se ao avanço das igrejas neo-pentecostais.
2 Orlando E. Costas (1942, Porto Rico - 1987, EUA, vítima de câncer) era pastor batista e teólogo. Foi reitor e professor
no Seminário Bíblico Latino Americano de Costa Rica, fundou o Centro Evangélico Latino-Americano de Estudos
Pastorais. Foi administrador e professor da faculdade do Eastern Baptist Theological Seminary, na Filadélfia. Ocupou
o cargo de segundo vice-presidente do Conselho Latino Americano de Igrejas, atuou como professor no Andover
Newton Theological School, em Massachussets e por fim, foi vice-presidente da Fraternidade Teológica Latino-
Americana.
200 MISSIOLOGIA
Estratégia bíblica para os nossos dias 201
UNIDADE 4
AMISSÃOCRISTÃ
EAIGREJA
LIÇÃO 12
204 MISSIOLOGIA
Uma missão centralizada na Igreja Esboço da Lição
Um evangelismo centralizado na Igreja
Ao término desta lição, você deverá ser capaz de: Objetivos da Lição
OBJETIVO 1 Verificamos como Deus tem revelado a sua Salvação ao mundo através do Seu povo
Enumerar, em ordem
cronológica segundo o remidor. Este povo foi pouco numeroso em determinadas épocas da história, mas em outras
inventário redentor, as épocas consistia, às vezes, numa nação inteira. O tema Povo de Deus Redentor tem sido
principais etapas da missão
de Deus, que resultaram na enfocado desde a Lição 4 mostrando o trato de Deus para com ele na história da salvação.
atual manifestação da sua Você aprendeu algo sobre a continuidade existente entre o povo de Deus no AT e o povo de
missão em torno da Igreja.
Deus nascido no Dia de Pentecoste. O fiel remanescente do antigo Israel e Jesus Cristo
(exemplo do verdadeiro Israel) estabeleciam a ponte entre a velha e a nova administração do
propósito salvífico de Deus. A nova característica do povo de Deus na era da nova
administração do seu propósito salvífico é a de construir uma comunidade internacional.
Basta de informação preliminar sobre o povo de Deus e o papel deste povo na missão
divina da redenção. Vejamos agora uma igreja referida na carta de Paulo aos efésios para ver
a posição da Igreja no eterno propósito de Deus, bem como algumas de suas características.
Fig. 12.1
OBJETIVO 2 No início desta matéria, chamamos a sua atenção para a epístola (carta) de Paulo aos Efésios,
Identificar o símbolo da igreja
dos efésios para a realização
visando ensinar algo sobre a missão salvífica e o propósito de Deus. Voltamos agora à mesma carta
da vontade de Cristo. por ser ela uma fonte neotestamentária, por excelência, de informação sobre o papel da Igreja.
206 MISSIOLOGIA
Já vimos, no nosso estudo de Efésios, que o eterno propósito de Deus enfoca OBJETIVO 3
Especificar duas maneiras
principalmente Jesus Cristo. A missão de Deus está baseada em Cristo mesmo. Além do pelas quais Deus usa a
enfoque em Cristo na carta aos efésios e a freqüente menção do seu próprio apostolado na igreja para trazer unidade
ao Seu universo.
missão cristã, Paulo refere-se repetidamente à igreja como sendo o instrumento escolhido de
Deus para a realização do seu propósito redentor. Em Efésios, Paulo fala da igreja, mediante
o uso de várias figuras e símbolos. Veja a seguir uma lista das frases usadas no capítulo 2 de
Efésios, que se relacionam intimamente ao tema da Igreja como povo remidor:
- feitura de Deus (2.10);
- um novo homem (2.15);
- um só corpo (2.16);
- concidadãos dos santos (2.19);
- família de Deus (2.19);
- todo edifício (2.21);
- templo santo no Senhor (2.21).
É importante notar aqui que a imagem bíblica da igreja, o instrumento com que Deus
executa seu propósito salvífico, é uma comunidade de cristãos. Ao invés de muitos esforços
individuais vagamente inter-relacionados na causa do evangelismo, apresenta-se aqui uma
comunidade unificada que reconcilia as pessoas com Deus. Cada testemunha individual precisa
do ministério capacitador e amadurecedor do corpo inteiro e todo crente precisa dos demais
cristãos (Ef 4.12). A igreja é a base dos esforços evangelísticos. Na igreja, os crentes
fortalecem-se pela comunhão e confraternização com os outros. A idéia da força mútua
compartilhada pela comunidade no seu labor redentor é muito bem comunicada pelo símbolo
do corpo.
3. Especifique duas maneiras pelas quais Deus usa a Igreja para trazer a união no seu
universo.
OBJETIVO 4 Duas frases-chaves na Epístola aos Efésios mostram que a Igreja está no centro do
Descrever o papel da Igreja
no plano redentor de Deus
esforço divino de restaurar a unidade da criação de Deus – uma unidade interrompida pela
para a criação. introdução do pecado na criação. Leia Ef 3.6-11 e compare este trecho com Ef 1.7-10.
Paulo, o autor da carta aos Efésios, coloca a Igreja bem no centro do plano de Deus
para toda a criação. A igreja constitui um magnífico espetáculo, a ser contemplado por
homens e anjos. A redenção da humanidade é nuclear no propósito eterno de Deus, mas
este propósito não se limita à reconciliação da humanidade com Deus. Mediante a Igreja,
Deus irá reconciliar todas as coisas: o homem consigo mesmo, o homem com seus
semelhantes e os homens com o mundo físico (Rm 8.19-22). A Igreja é um espelho no qual
208 MISSIOLOGIA
os anjos contemplam a sabedoria de Deus na restauração da unidade numa criação
perturbada pelo pecado. Pedro fala do interesse que os seres celestiais têm pela obra de
salvação divina (1 Pe 1.10-12). Ao demonstrar a sabedoria de Deus, de Cristo e da sua obra
redentora, a Igreja constitui-se uma testemunha viva, tanto para os povos da terra como
para os principados e potestades nas regiões celestiais (Ef 3.10). Em nossos dias, a igreja
está ativa no ministério da reconciliação. Este ministério continuará até o momento que o
Senhor da igreja voltar para redimir o seu corpo terrestre – o momento do arrebatamento
da Igreja. Após esse evento, todas as coisas serão reconciliadas sob o domínio de Jesus
Cristo (Ef 1.10).
Já salientamos o fato de ter a Igreja um papel central nas missões. Talvez seja OBJETIVO 5
Identificar como o evangelismo
importante explicar como funciona este importante papel na realização da missão de Deus. O centralizado na igreja difere
povo de Deus no AT era peça importante na execução da missão de Deus; o Seu papel, do testemunho de Deus nas
porém, era bem diferente daquele hoje desempenhado pela Igreja. Na Lição 7, a missão missões veterotestamentárias.
agressiva e comunicativa da Igreja, o novo Israel, contrastava-se com o papel mais passivo
do antigo Israel, mediante o qual as nações vizinhas eram atraídas à presença de Deus. A
estratégia elaborada por Cristo para a Igreja implica na pregação expansiva do evangelho. O
termo evangelismo descreve uma tática principal desta estratégia. O evangelismo é o esforço
agressivo de proclamar Jesus Cristo como Deus e único Salvador e é Ele o principal meio de
realizar a missão de Deus no mundo.
OBJETIVO 6 Você verá que o vínculo entre os conceitos de ciclo e evangelismo indica que o
Salientar várias atividades evangelismo centrado na Igreja envolve muito mais do que temos debatido até agora. O
do ciclo do evangelismo
centralizados na igreja, retrato da Igreja como comunidade aberta e comunicativa que proclama a Cristo não esgota
segundo o texto de At 2.36-47. o conceito bíblico de evangelismo. A proclamação do Evangelho é apenas uma parte do
evangelismo. O simples diagrama da Fig. 12.2 ilustra este fato.
Fig. 12.2
210 MISSIOLOGIA
e é edificada por ele. Por meio do evangelismo, a comunidade cristã expande-se e multiplica-
se na sociedade. O evangelismo visa reproduzir e multiplicar os discípulos de Cristo, ou seja,
a Igreja.
10. Explique o significado da seguinte afirmação: a igreja é ao mesmo tempo, o meio e o alvo
do evangelismo.
11. Dê algumas razões que expliquem por que o ciclo do evangelismo deve ser a tarefa
principal da igreja. Responda em seu caderno.
12. Saliente várias atividades abrangidas pelo ciclo de evangelismo centralizado na igreja (At
2.36-47), combinando cada atividade deste ciclo (direita) com a respectiva passagem
bíblica (esquerda):
____ a) “Partindo o pão em casa [...] louvando a 1. Ato de proclamação
Deus” (v.46-47). 2. Efeito da persuasão
____ b) “Foram batizados os que de bom grado 3. Integração dos convertidos
receberam” (v.41). 4. Ensino aos convertidos
____ c) “Compungiram-se em seu coração e 5. Testemunho dos convertidos
perguntaram [...] Que faremos?” (v.37).
____ d) “A esse Jesus [...] Deus o fez Senhor e Cristo” (v.36).
____ e) “Perseveravam na doutrina dos apóstolos” (v.42).
14. Explique se o crescimento da igreja por expansão pode ser medido de maneira
quantitativa.
212 MISSIOLOGIA
Cristo para todo o mundo envolve tanto a edificação, o estímulo da vida espiritual e o
evangelismo ao nível local, como também a multiplicação de outras comunidades cristãs por
todas as culturas do mundo.
15. Explique como a perspectiva de evangelismo que visa implantar igrejas estende e
enriquece a definição do evangelismo.
De que maneira o evangelismo que visa implantar igrejas torna-se elemento chave da
evangelização do mundo? Igrejas devem ser implantadas nos diversos grupos étnicos de cada
nação: Reproduzimos acima as primeiras duas partes do modelo Fuller de crescimento de
igrejas. A terceira e quarta parte deste modelo ilustram um crescimento que envolve a
implantação de novas congregações:
16. Descreva, referindo-se às quatro partes deste modelo, dois tipos de crescimento de igreja
que não envolvem a implantação de congregações e dois tipos de crescimento que
implicam na implantação de congregações.
Cristo, Cabeça da igreja, disse: “Edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). À medida que as comunidades cristãs pela face da terra
experimentam crescimento interno mediante os diversos ministérios ungidos pelo Espírito
Santo na igreja (Ef 4.11-12), Cristo mesmo chamará obreiros consagrados, dotados e
transculturais para o ministério transcultural. Vemos, por exemplo, em Ef 3.7-13 como Paulo
foi chamado para tal tipo de ministério. Este evangelismo centralizado na igreja é a chave da
evangelização do mundo e implica em uma grande onda de semeadores de igrejas e mestres
da Palavra de Deus para atingir os povos naquelas regiões do mundo onde ainda não existe
igreja nem testemunho cristão. Não resta dúvida de que o Espírito Santo, o Senhor da seara,
deseja enviar obreiros transculturais em nossos dias. As igrejas devem conscientizar-se de sua
responsabilidade de mandar missionários para realizarem esta grande tarefa de implantação
de igrejas no nosso mundo.
18. Elabore uma definição de evangelismo centralizado na igreja que constitui a chave da
evangelização do mundo.
214 MISSIOLOGIA
MÚLTIPLA ESCOLHA: Assinale a única alternativa correta.
MÚLTIPLA autoteste
____ 3. Em Efésios, o melhor símbolo da igreja como comunidade unida para realizar a
vontade de Deus é o corpo.
____ 4. A igreja é a cabeça do corpo e realiza o seu propósito redentor através de Cristo,
que é o corpo.
____ 5. O tipo-chave de evangelismo mundial é agressivo e envolve todo o povo de
Deus em testemunhar.
6. Dê quatro dos cinco aspectos principais da missão de Deus abordados nesta lição.
10. Resposta pessoal: a igreja é o agente 14. Sim. Os discípulos podem ser contados.
de Deus para a evangelização do Aqueles que são convertidos, batizados
mundo. A igreja também constitui o e integrados na igreja como membros
alvo da evangelização, que é a sua responsáveis podem ser contados. Este
edificação. tipo de crescimento da igreja pode ser
medido e mostrado em diagramas de
1. a) 3 crescimento numérico.
b) 4
c) 2 5. O mistério é que em Jesus Cristo os
judeus e os gentios, isto é, toda a
d) 5
humanidade, são unidos em um só
e) 1 corpo.
11. Sua resposta deve incluir a idéia de 15. Este tipo de evangelização é muito mais
que a igreja é o agente de do que uma mera proclamação do
evangelização escolhido por Deus. Evangelho sem nenhuma preocupação
Enquanto ela evangeliza a comunidade com a persuasão ou com outros
e o mundo, cresce também o enfoque resultados que esta proclamação deve
do evangelismo. “Homens produzir. O ensino de novos convertidos
transformados e amadurecidos” são e a sua integração na igreja são
necessários para melhorar a sociedade. componentes necessários para o
A salvação pessoal é requisito do plano evangelismo destinado a produzir
de Deus de reconciliar “todas as igrejas.
coisas”.
216 MISSIOLOGIA
17. a) 1
b) 1
c) 2
d) 1
9. d)
Igreja nativa,
diversidade na unidade
Deve ser semelhante a outras instituições culturais da sociedade em que ela existe? Se
assim for, em que sentido deve assemelhar-se às outras instituições locais? Em que consiste
uma igreja nativa? Quando é que a igreja deve assumir a responsabilidade de seu próprio
sustento financeiro e governo eclesiástico? Como se identifica uma igreja madura? Nesta lição
debateremos estas questões. O semeador de igrejas que ministra numa cultura que não seja
a sua própria deve apreciar cada vez mais as diversas circunstâncias em que vivem os seres
humanos.
218 MISSIOLOGIA
Diversidade na unidade Esboço da Lição
Três naturezas
Mais que três naturezas
Ao término desta lição, você deverá ser capaz de: Objetivos da Lição
• descrever as duas naturezas da igreja nativa e justificar a validez da sua condição de diversidade
na unidade;
• resumir as causas da válida ênfase da autonomia das três naturezas nas modernas igrejas
missionárias e relacionar estas três naturezas à divina natureza da igreja nativa;
• identificar várias dimensões da igreja nativa e definir as suas funções, relacionando cada uma
das três naturezas a estas funções;
• mostrar maior sabedoria na sua relação com missões por entender melhor o princípio da
diversidade na unidade nas igrejas nativas.
Duas naturezas
OBJETIVO 1 A diversidade na unidade da Igreja revela sua natureza dupla. A expressão igreja
Definir o que é uma igreja
nativa.
nativa revela dois componentes distintos desta igreja: o componente cultural e o
componente supra-cultural (divino). Ao falarmos da igreja nativa, descrevemos certo tipo
OBJETIVO 2 de instituição. A palavra nativa indica algo do solo, ou seja, nativo ao seu contexto; refere-
Explicar se o caráter,
unidade e origem mais se, naturalmente ao componente cultural humano. A palavra igreja, refere-se a algo
profundos da igreja nativa relacionado com a humanidade, mas que necessariamente ultrapassa o componente
pertencem à sua natureza
divina ou à sua natureza humano. A igreja não é meramente uma comunidade humana; é uma comunidade de
humana. pessoas habitadas pelo Espírito de Deus. Os crentes constituem um templo vivo de Deus.
Poderíamos dizer que o conceito de igreja se refere a um componente supra-cultural ou
divino. No conceito de igreja nativa, portanto, há uma confluência do humano (cultural) e
do divino (supra-cultural).
220 MISSIOLOGIA
cultura cristianizada é oferecida em vez do puro evangelho. Este erro na implantação de
igrejas é bastante comum em nossos dias e é também ilustrado nas missões do chamado
“Período Colonial”. Resulta na negligência da cultura na qual a igreja existe, e também
impede o progresso do evangelho naquela cultura.
2. Nas páginas anteriores, demos a entender que uma das causas contemporâneas da
negligência da natureza divina e universal da igreja é
a) a cristianização.
b) o nacionalismo.
c) o universalismo.
d) a evangelização.
3. Defina, com suas próprias palavras, o termo nativa com referência à igreja.
4. O caráter profundo, unidade e origem da igreja nativa pertencem à sua natureza divina
ou à sua natureza humana?
Exemplos bíblicos
Uma compreensão da igreja que leva em conta tanto os seus componentes divinos, OBJETIVO 3
Salientar a fonte bíblica de
quanto os culturais, torna-se necessária para qualquer estratégia de implantação de igrejas. Na autoridade para uma
Lição 11 notamos a importância do componente cultural na estratégia missionária de Cristo. comparação entre a
Sua comissão de discipular os grupos étnicos enfatiza o componente cultural daqueles que diversidade na unidade da
Trindade e a mesma
seriam discipulados. Naquela lição, a encarnação de Jesus Cristo era analisada como modelo condição da igreja.
de identificação cultural com relação aos povos do mundo no grande trabalho missionário. O
OBJETIVO 4
mesmo modelo pode nos ajudar no presente contexto. A cultura constitui o veículo pelo qual Identificar três exemplos
Deus se comunica com os seres humanos. Ele pôde redimir as pessoas porque identificou-se bíblicos que evidenciam a
validade da diversidade na
com elas por meio da encarnação (Fp 2.5-8). Cristo compartilhou da natureza humana, unidade da igreja nativa.
tornando-se homem, para revelar a pessoa de Deus aos seres humanos.
5. Que evento bíblico de suma importância simboliza claramente a natureza dupla da igreja
nativa e dá a entender que a igreja deve identificar-se com a cultura local?
6. Baseado naquilo que temos dito, de forma explícita ou implícita, nesta lição, quais dos
seguintes itens referem-se a algo que é, ou pode ser, a causa da negligência do
componente cultural da igreja?
a) As práticas do colonialismo.
b) A presença do etnocentrismo.
c) O conceito da igreja como sendo apenas supra-cultural.
d) todas as alternativas estão corretas.
A figura do corpo utilizada por Paulo em seu retrato da igreja Ilustra também a
diversidade na unidade. Paulo refere-se à diversidade de dons no corpo de Cristo quando diz:
“Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios,
mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera
tudo em todos” (1 Co 12.4-6). Esta figura da igreja, corpo de Cristo, ilustra bem a validade
da diversidade de dons e ministérios na unidade da igreja (1 Co 12.12-31).
Em Ef 4.1-11, Paulo refere-se mais uma vez à unidade dentro da diversidade, usando
a figura do corpo com referência à igreja: “Há um só corpo e um só Espírito, como também
fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só
batismo, um só Deus e Pai de todos” (vs.4-6). Uma interessante observação acerca dos dois
trechos que acabamos de citar (1 Co 12.4-6; Ef 4.4-6) é a referência à Trindade, ou seja à
natureza trina e una de Deus. Há na Trindade mais uma ilustração da natureza da diversidade
na unidade da igreja cristã. Deus é um só, mas existe naquela unidade uma eterna
diferenciação entre Pai, Filho e Espírito Santo. A Trindade constitui mais uma ilustração bíblica
da relação existente entre as duas naturezas da igreja. Há uma diversidade no componente
cultural da igreja e há também a unidade no seu componente divino.
Henri Blocher1 aponta para Jesus como sendo a fonte de autoridade para este paralelo
entre a Igreja e a Trindade. Na sua oração sacerdotal em Jo 17, Jesus orou acerca dos seus
discípulos: “E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos
um” (v. 22). O Deus trino e uno manifesta a diversidade na unidade e assim também a sua
222 MISSIOLOGIA
igreja. A igreja é manifestada na diversidade do mundo, mas continua sendo unificada em um
só corpo. O Deus trino e uno é um só na sua essência e assim também a Igreja é uma
unidade operada pelo Espírito Santo. A figura da Trindade mostra como devem ser
reconhecidas tanto a diversidade, como a unidade da igreja. A unidade da Trindade não destrói
a distinção entre as pessoas. O Pai, o Filho e o Espírito Santo não são fundidos de uma
maneira que elimina a unicidade de cada um; eles permanecem distintos na sua unidade. A
Bíblia apresenta a Igreja como exemplificando a diversidade na unidade. Com referência a Ef
4, Blocher declara a respeito da diversidade e unidade da igreja (das quais o modelo perfeito
é a Trindade):
7. Em que sentido a Trindade mostra que a igreja pode ter uma diversidade de expressão
cultural sem interferir sua unidade?
9. Explique, em seu caderno, qual é o exemplo bíblico que melhor ilustra a maneira que a
Igreja deve utilizar o seu componente cultural na comunicação da sua mensagem divina.
10. Cite resumidamente os três exemplos bíblicos aqui apresentados, que evidenciam a
validade da diversidade na unidade da igreja nativa.
Uma definição do termo igreja nativa deve começar com o reconhecimento da natureza
dupla da igreja: sua dimensão humana/cultural e sua dimensão divina supracultural. O retrato
da igreja apresentado na Bíblia mostra a diversidade na expressão da igreja na cultura
humana. Mostra também, contudo, a unidade no caráter espiritual da mesma igreja.
Na história de missões surgiu a fórmula das três naturezas como explicação da igreja
nativa. Uma igreja que se governa se sustenta e se propaga é considerada como
autenticamente nativa. A idéia da auto-identidade da igreja, enfocando a autonomia da
comunidade cristã local em suas funções básicas, emerge durante o Período Colonial.
A sua validade
OBJETIVO 5 Por que três naturezas? Como desenvolveu-se esta definição do conceito de igreja
Identificar algumas condições
nativa? Não foi resultado de alguma hipótese ou teoria abstrata elaborada com respeito ao
que motivaram a ligação
entre a fórmula das três caráter da igreja nativa. Como você já viu na Lição 11, a estratégia de missões é
naturezas e as novas igrejas freqüentemente resultado das tentativas de parte dos missionários de resolverem problemas
em diversas nações do
mundo. imediatos confrontados no decorrer do trabalho missionário. Durante a Era Colonial com o
paternalismo, as entidades que mandavam missionários exerciam controle absoluto sobre as
OBJETIVO 6
Relacionar duas bases da igrejas implantadas em outras nações. Como resultado disso, tanto os crentes das novas
validade da fórmula das três igrejas como os próprios missionários, reconheciam a necessidade de autonomia.
naturezas, como descrição
da autonomia da igreja hoje
em dia. Em 1856, Henry Venn e Rufus Anderson perceberam que a maior tarefa missionária
seria de preparar as igrejas para o autogoverno, auto-sustento e autopropagação. Eles viram
que o alvo do labor missionário seria de apoiar a igreja nacional na sua busca de autonomia.
Estes dois homens encontraram problemas imediatos nas igrejas, os quais chamaram a sua
atenção para certos aspectos da autonomia da igreja.
No ano 1841, uma severa crise financeira atingiu a Sociedade Missionária, a missão de
Venn. Foi por esse motivo que Venn passou a falar da necessidade de uma igreja nativa,
enfocando a autonomia dela. Ele achava que o aspecto mais importante da autonomia das
igrejas era o auto-sustento e de menor importância o conceito de autopropagação. Anderson
preocupou-se com outro aspecto da autonomia: ao supervisionar as igrejas da sua missão em
diversos países, viu que muitas delas não praticavam o evangelismo. Esta circunstância e a
teologia do próprio Anderson, que enfatizava a responsabilidade humana perante Deus,
fizeram com que ele enfocasse mais a dimensão da autopropagação.
11. Baseado em nosso comentário sobre as três naturezas, os fatores que motivaram a
implantação de novas igrejas em muitas nações foram:
a) uma era de paternalismo.
b) circunstâncias econômicas.
c) crenças teológicas.
d) uma era de autonomia.
e) todas as alternativas anteriores estão corretas.
f) apenas a), b) e c) estão corretas.
224 MISSIOLOGIA
As circunstâncias externas no desenvolvimento das igrejas sublinham várias áreas de
sua autonomia ou auto-identidade. Mas não seria bem certo afirmarmos que o conceito das
três naturezas tivesse origem somente de circunstâncias externas. No caso de Anderson, é
óbvio que ele acreditava que a idéia de autopropagação das igrejas radicava-se firmemente na
teologia bíblica. Ele achava que a igreja deveria ser instrumento de Deus em cada cultura para
a tarefa de evangelização. Os problemas e circunstâncias das missões motivam alguns
missionários a refletirem sobre os princípios bíblicos concernentes à autonomia da igreja.
13. Relacione em seu caderno duas bases da validade da fórmula das três naturezas, como
descrição da autonomia da igreja hoje em dia.
14. Explique por que o componente humano da autonomia (as três naturezas) não define
satisfatoriamente o termo igreja nativa.
Evidentemente, não merece tal título, pois sua expressão deixa de ser realmente nativa
e bíblica. Já debatemos a dimensão da autonomia; vejamos agora mais duas dimensões da
igreja: a dimensão cultural e a dimensão da maturidade. A lista seguinte resume em uma só
palavra o conteúdo fundamental destas três dimensões da igreja nativa:
- dimensão de autonomia: auto-identidade
- dimensão cultural: nativismo
- dimensão de maturidade: espiritualidade
226 MISSIOLOGIA
Estrategicamente falando, estas três dimensões são muito importantes. Elas nos
proporcionam um panorama compreensivo do conceito da igreja nativa. Estas três dimensões
referem-se a três áreas de desenvolvimento.
A dimensão cultural
Peter Beyerhaus2 define a responsável auto-identidade da igreja como sendo “o poder, OBJETIVO 8
Especificar qual das
prontidão e liberdade da igreja de seguir a sua chamada divina no contexto de sua esfera naturezas da igreja nativa
local de vida” (1964, pág. 17). É interessante notar que, em sua definição de igreja liga-se à sua cultura.
responsável, Beyerhaus refere-se às três dimensões da igreja nativa que acabamos de
mencionar: o “poder [...] e liberdade” dizem respeito à sua dimensão de autonomia; “seguir
a sua chamada divina no contexto da esfera de vida” refere-se à sua dimensão cultural; e
sua “prontidão” relaciona-se à sua dimensão de maturidade. Foram os missionários alemães que
enfocaram a dimensão cultural da igreja nativa. Karl Graul, fundador da Sociedade Missionária de
Leipzig, admitia que o alvo de missões era o estabelecimento de uma igreja nacional, uma igreja
nativa na qual seriam conservados o caráter nacional e as relações sociais da sociedade. Gustav
Warnack (1834-1910) salientava também missões como um compromisso com o estabelecimento
de igrejas autônomas em muitas culturas. Warnack e outros missionários alemães definiam
nitidamente o significado de nativa no contexto da igreja: a igreja nativa era igreja relacionada com
o solo do país onde ela era implantada. Na implantação de igrejas, Warnack salientava cinco fatores
(Beyerhaus, 1964, pág. 48-49):
- uso da língua materna na igreja, nas escolas e nas instituições de treinamento;
- conservação dos laços sociais naturais, especialmente os da família, como meio de
atingir a comunidade inteira;
- integração dos crentes em seu ambiente social (no ex. não isolamento dos mesmos
em guetos missionários;
- enfoque evangelístico dos missionários no sólido núcleo da classe média da
sociedade;
- preservação de costumes folclóricos não incompatíveis com o cristianismo.
Outro missionário da Missão Leipzig, Bruno Gutmann (1910), que servia na África
Oriental, preocupava-se com a necessidade de estruturas sociais de origem local na implantação
das igrejas. Ele salientava a verdade de que o homem não é meramente um indivíduo senão
também um membro de uma unidade social orgânica. Ressaltava o caráter nativo da igreja e a
conservação de laços sociais. Achava que ambos fatores afetavam a expansão espontânea da
igreja. A estratégia de Gutmann enfocava a tribo, ou povo, e não somente os indivíduos. O
sucesso desta aproximação missionária já é demonstrada em muitos países do mundo. Um dos
casos mais notáveis é o da Igreja Batak, no norte de Sumatra, na Indonésia.
15. A qual das naturezas da igreja nativa refere-se a sua dimensão cultural?
A dimensão da maturidade
OBJETIVO 9 Após Venn e Anderson, outros missionários salientavam uma ou mais das três
Especificar uma importante
naturezas como sendo importantes ao desenvolvimento de novas igrejas. John Nevius (1890)
tarefa missionária na
implantação de novas e Roland Allen (1910) enfocaram outra dimensão: a maturidade. Eles salientavam a dinâmica
igrejas, de modo que facilite do Espírito Santo no desenvolvimento da igreja nativa. É interessante notar que esta nova
a sua rápida maturação e
realização do alvo da ênfase deu-se aproximadamente na mesma época que o Espírito de Deus iniciou seu grande
autonomia. derramamento por todo o mundo (veja Capacitação sobrenatural na Lição 8). Junto com esta
ênfase ao Espírito Santo como capacitador da nova igreja, Nevius e Allen salientavam que a
autonomia constituía um princípio a ser alcançado na infância das igrejas.
Allen viu a igreja como instrumento de Deus para o evangelismo do mundo todo. Ele
achava que o prolongado controle por missionários constituía uma barreira para o
crescimento e multiplicação da igreja. Esta hipótese contrastava abertamente com a teoria de
Venn e Anderson, que achava a completa autonomia como o passo final de um longo
processo de educação e supervisão missionária. Em princípio, eles aceitavam a autonomia, mas
na prática esta era adiada. A controvérsia sobre autonomia e maturidade sublinhava a
necessidade de se reconhecerem duas dimensões da igreja nativa. Allen insistia que a nova
igreja adotasse imediatamente o princípio da autonomia por causa da presença da dinâmica
do Espírito Santo na nova comunidade de crentes. Venn, por outro lado, enfatizava a
necessidade de um processo de amadurecimento, com instrução bíblica. Ambos tinham razão,
mas defendiam diferentes dimensões no desenvolvimento da igreja nativa.
Allen tinha razão ao dizer que a nova igreja deve adotar desde o início o princípio da
autonomia por causa da capacitação do Espírito Santo. Mas, embora uma nova igreja tenha
sua própria administração e liderança, a dimensão da maturidade pode exigir ministério fora
da comunidade local para edificação da igreja. Pressupõe-se um prazo razoável para os novos
crentes identificarem e desenvolverem os seus dons e ministérios no corpo de Cristo.
Durante este prazo, a comunidade local deve receber o ministério de outras comunidades
cristãs de fora. Este processo exemplifica um segmento bem válido de ministério missionário
em igrejas que estão se desenvolvendo. O processo, contudo, não é necessariamente tão lento,
nem extenso como na interpretação de Venn.
228 MISSIOLOGIA
17. Qual é a principal tarefa missionária na implantação de novas igrejas que possibilita o seu
rápido amadurecimento e também a sua autonomia em poucos anos?
Resumo do assunto
18. Identifique as três dimensões da igreja nativa na lista acima, combinando o(s) fatore(s) à
direita com as dimensões correspondentes à esquerda:
____ a) Dimensão de maturidade. 1. Número 1
____ b) Dimensão cultural. 2. Número 2
____ c) Dimensão de autonomia. 3. Número 3
4. Número 4
Fig. 13.1
20. Revise a Fig. 13.1; a seguir, tente relacionar (memorizando) cada uma das três naturezas
do quadro as três dimensões da igreja nativa, combinando cada uma das nove relações
(esquerda) com sua função relacional (direita).
____ a) Sustento do testemunho espiritual pela 1. Autogoverno / autonomia
comunidade inspirada por Deus. 2. Autogoverno / cultural
____ b) Liderança de pessoas locais no contexto 3. Autogoverno / maturidade
sócio-cultural. 4. Auto-sustento / autonomia
____ c) Reprodução baseada no contexto sócio- 5. Auto-sustento / cultural
cultural local. 6. Auto-sustento / maturidade
____ d) Liderança baseada em padrões locais. 7. Autopropagação / autonomia
____ e) Reprodução por pessoas locais. 8. Autopropagação / cultural
____ f) Sustento baseado em métodos locais de 9. Autopropagação / maturidade
acordo com o padrão econômico regional.
____ g) Reprodução do testemunho pela
comunidade inspirada por Deus.
____ h) Sustento pelas pessoas locais.
____ i) Liderança do testemunho espiritual por
ministros locais inspirados por Deus.
230 MISSIOLOGIA
MÚLTIPLA ESCOLHA: Assinale a única alternativa correta.
MÚLTIPLA autoteste
____ 6. O fato de que a igreja teria de se identificar com a cultura local é mostrado mais
claramente na oração sacerdotal de Jesus, do que na sua encarnação.
____ 7. Uma era de autonomia foi a condição principal que guiou à ligação proeminente
das três naturezas com as igrejas implantadas recentemente em outras nações.
____ 8. Uma razão importante da validade das três naturezas como descrição da autonomia
da igreja hoje em dia é o ensinamento claro que a Bíblia transmite a esse respeito.
____ 9. O componente humano da autonomia não define satisfatoriamente a igreja nativa.
____ 10. A autonomia completa de uma igreja recentemente implantada em um campo
missionário, só pode acontecer depois de longo processo de supervisão missionária.
11
11.. f) 16. Os missionários alemães promoveram a
expansão espontânea da igreja, a
multiplicação da igreja na sociedade e a
1. A palavra igreja
vinda de toda a sociedade a Cristo,
preservando o caráter nacional da igreja.
12. Sua resposta deve salientar que o
assunto da autonomia está focalizado na
6. d)
participação dos cristãos locais na
liderança, no sustento e no crescimento
da comunidade cristã. Contudo, o 17. A tarefa principal do ministério
componente divino da igreja dá a ajuda missionário é implantar uma nova igreja
necessária em cada área da autonomia. para ajudar os novos convertidos a
amadurecerem rapidamente nas áreas
espirituais do uso dos dons do corpo de
2. b) Cristo.
13. Duas bases da validade das três 7. A trindade mostra que, embora haja
naturezas são: sua aparente suficiência em uma eterna diversidade entre as suas
descrever a autonomia; e ensinamentos e pessoas, existe também uma união de
princípios bíblicos muito claros. espírito entre elas.
232 MISSIOLOGIA
d) 2
e) 7
f) 5
g) 9
h) 4
i) 3
1 Henri Blocher é teólogo evangélico. Este estudioso francês é professor de Teologia Sistemática na Wheaton College
Graduate School (desde 2003) e na Faculte Libre de Theologie Evangelique, França.
2 Peter Paul Johannes Beyerhaus (1929 – ?) era o filho mais velho de um ministro luterano na Alemanha Oriental. Sua
tese de doutoramento foi Die selbständigkeit der jungen kirchen als missionarisches problem (O fundo da igreja e dos
negócios em missões estrangeiras), editada em 1964.
Igreja nativa,
unidade na adversidade
Deixe que o Espírito Santo, o Autor da unidade, o ajude a enfocar aqueles aspectos
que possui em comum com o povo de Deus pela face da terra. O Espírito mostrar-lhe-á a
importância da unidade no corpo de Cristo universal e também ajudará a identificar meios de
preservar e estimular esta unidade. Tal enfoque proporcionar-lhe-á a oportunidade de
compartilhar com a Igreja universal no processo de enriquecimento mútuo.
234 MISSIOLOGIA
O problema da unidade no primeiro século Esboço da Lição
O problema da unidade hoje
Benefícios da unidade hoje
Ao término desta lição você deverá ser capaz de: Objetivos da Lição
• explicar como a fé de todos os crentes na morte sacrificial de Cristo, e a sua relação uns com
os outros, relacionam-se à base da unidade da igreja Universal;
• descrever a desunião na igreja dos nossos dias, explicando como a confissão de Cristo coopera
com o amor cristão para produzir a unidade na igreja universal;
• explicar o importante papel da unidade eclesiástica na produção dos benefícios de missão
mútua e o enriquecimento na igreja universal;
• compartilhar plenamente com a igreja universal os benefícios da unidade eclesiástica que
você desfruta.
OBJETIVO 1 Ao escrever à igreja dos efésios, Paulo falou do grande plano de Deus, chamando-o de
Citar os dois elementos que,
na interpretação de Paulo
mistério, de acordo com o qual os gentios e os judeus viriam a Deus mediante a fé em Cristo,
formavam a base da unidade tornando-se um só corpo (Ef 2.11-3.6). Paulo salientava o fato de judeus e gentios
da igreja. achegarem-se a Deus pela graça, mediante a fé, obtendo assim acesso a Deus pelo mesmo
Espírito (Efésios 2.14-18). Por isso, os gentios efésios que seguiam a Cristo eram concidadãos
OBJETIVO 2
Identificar duas bases da dos santos e da família de Deus (Ef 2.19). Paulo identifica como bases da unidade da igreja a
unidade do povo de Deus maneira em que as pessoas tornavam-se crentes em Jesus e a relação delas entre si como
nos dias de Paulo.
povo de Deus.
Paulo falava com freqüência desta união de grupos bem diversos no corpo de Cristo,
como sendo um mistério revelado a ele para que pudesse pregar e explicá-lo (compare Ef
3.6-9 com Cl 1.24-27). Esta unidade do povo de Deus era uma realidade no primeiro século,
como hoje em dia. Ela existia por causa da morte sacrificial de Cristo. E mais admiravelmente,
esta unidade espiritual operada pelo Espírito Santo nas vidas de todos aqueles que eram
membros da família de Deus efetuava-se no primeiro século em ambientes onde existia
hostilidade entre judeus e gentios (Ef 2.16). A unidade não era evidente apenas entre os
crentes e manifestada na sua vida e serviço na igreja; ao invés disso, eles esforçavam-se em
praticar o amor e a tolerância para com todos, baseados na sua fé em Cristo.
1. Qual é o indício sugerido por Paulo em Ef 4.1-3 de que a unidade deve ser mostrada de
maneira prática pelos crentes?
236 MISSIOLOGIA
3. A unidade do povo de Deus existia nos dias de Paulo por causa
a) da amizade automática entre judeus e gentios.
b) da morte sacrificial de Cristo na cruz.
c) da resposta dos crentes, pela fé, à morte sacrificial de Cristo.
d) todas as alternativas anteriores estão corretas.
e) apenas b) e c) estão corretas.
Paulo percebeu que, à medida que a igreja gentia ia crescendo sob o impacto da OBJETIVO 3
Especificar a doutrina mais
pregação missionária, seria ameaçada a sua unidade. Haveria não somente uma grande enfatizada nesta seção
distância geográfica entre a igreja judaica e a do oeste, como também uma crescente como base para a unidade
distância cultural entre estes dois ramos. A fé cristã seria expressada de maneira bem da igreja.
diferente, ao radicar-se nas culturas dos povos gentios. Conforme Rm 15.23-24, parece
que Paulo já havia terminado a sua missão na região oriental do Império Romano e
planejava uma missão ao ocidente, ou seja à Espanha. Paulo esperava que a igreja em
Roma pudesse servir de base missionária para sua viagem à Espanha, ajudando-o
naquela missão. Sua carta aos Romanos apresentava formalmente e especificava a sua
mensagem evangelística. Paulo não conhecia os crentes em Roma, pois nunca havia
visitado a igreja lá; por isso, sentiu desejo de conhecê-los. Ele apresentava sua mensagem
do Evangelho de uma maneira especial àquela igreja pois sabia que, embora ela fosse
predominantemente gentia, havia alguns crentes judeus. Ao meditar sobre Roma e sobre
seus planos de evangelizar a Espanha, Paulo preocupava-se grandemente pela unidade da
igreja que abrangia um território tão imenso de leste a oeste. Ele desejava que os crentes
romanos entendessem bem sua relação com os crentes judeus; isto está implícito em Rm
15.25-27.
Fig. 14.1
5. Compare Ef 2.8-9 com Rm 1.16-17. Qual é a doutrina unificadora ressaltada por Paulo
em ambas passagens bíblicas?
Paulo tinha um propósito missionário ao escrever aos crentes romanos. Sua ênfase
sobre a justificação pela fé seria tão importante para a evangelização de comunidades gentias
como para as judaicas, pois toda religião humana salienta principalmente as boas obras dos
seus adeptos. A doutrina da justificação pela fé tem uma aplicação dupla, no sentido de se
aplicar tanto a judeus como a gentios. É uma doutrina que esclarece a verdade fundamental
e a experiência da fé cristã – uma verdade sem a qual o cristianismo não poderia existir. Um
professor da Bíblia fala da importância missionária desta doutrina da justificação pela fé nos
seguintes termos:
238 MISSIOLOGIA
6. Por toda a história, o elemento mais importante para proporcionar a paz com Deus no
coração do povo é
a) o batismo.
b) o conhecimento.
c) a fé.
d) as boas obras.
Nos capítulos 14 e 15 da Epístola aos Romanos, Paulo revela que a unidade da igreja
que lhe interessava não deveria ser interpretada como sendo a adoção de um determinado
estilo de vida por todos os crentes. Sua declaração, dada resumidamente no 14.17, mostra
como são muito mais importantes os elementos de “justiça, paz e alegria no Espírito
Santo”, que quaisquer regras concernentes aos atos de comer e beber, as quais variavam
de uma cultura para outra. Este fato continua sendo de grande importância para a igreja
dos nossos dias.
7. Leia Rm 15.1-7. No versículo 5 deste trecho, de que forma Paulo descreve a natureza da
unidade que ele almeja para a igreja. Segundo Paulo, de quem provém esta unidade?
A unidade desejada por Paulo não era do tipo cultural, doutrinário nem litúrgico. Paulo
falava de uma unidade centralizada na confissão de Cristo como Senhor (Rm 14.3-12). Esta
unidade era obra do Espírito Santo (Rm 14.17-18). Ela expressava-se na conduta motivada
pelo amor redentor, na aceitação e edificação daquelas pessoas que diferiam no estilo de vida
e dos necessitados (Rm 15.1-7). Paulo falava do valor de tal unidade como testemunho entre
os membros do povo de Deus e os incrédulos (Rm 15.6-7). Os crentes primitivos eram bem
conhecidos por seu amor mútuo. Em um tal grupo de pessoas de tantas culturas diferentes,
existia uma verdadeira comunhão e confraternização no Espírito, uma unidade que
apresentava um poderoso testemunho à sociedade.
OBJETIVO 4 As religiões não-cristãs estão intimamente ligadas com a cultura do povo e a unidade
Explicar por que as religiões
não-cristãs mostram, às
manifestada entre elas parece ser de ordem principalmente social e cultural. É o produto da
vezes, mais unidade na sua mente dos seres humanos, ao invés do Espírito de Deus. Já vimos, em lições anteriores, que a
associação umas com as igreja de hoje atravessa fronteiras culturais de uma maneira sem precedente na história. Por
outras, do que as
denominações de nossos serem as igrejas compostas de pessoas de vários contextos culturais, seria de se esperar certa
dias. diversidade na expressão da fé cristã. Mas as igrejas são muito mais que diversos e distintos
grupos étnicos reunidos em nome de Cristo. São compostas de indivíduos que integram o
corpo universal de Cristo. Mesmo que a diversidade na expressão da fé seja louvável e até
essencial, a unidade espiritual deve ser expressada também. O ministério unificador do
Espírito e os esforços dos crentes por todo o mundo são elementos necessários hoje em dia
para garantir a unidade do Espírito nas igrejas implantadas em muitas e variadas culturas. Se
Paulo preocupava-se pela unidade na crescente igreja, que se espalhava de leste a oeste nos
dias do Império Romano, quanto mais profunda seria a sua preocupação em nossos dias!
Confessamos com tristeza que em muitas regiões do mundo atual há bem pouca
evidência de unidade na igreja de Jesus Cristo. Ao espalhar-se o Evangelho do mundo
ocidental das denominações cristãs a outras culturas, cada igreja implantada assinalava as
características denominacionais da igreja de origem dos seus missionários. As denominações
transplantadas davam à fé cristã um aspecto de desunião por causa das diversas ênfases das
missões representadas. Muitas vezes a fé cristã parecia dividida, especialmente quando as
diversas denominações cristãs não cultivavam entre si a confraternização. Em contraste, as
religiões não-cristãs, às vezes, manifestam mais tolerância entre si e exibem mais unidade
entre seus adeptos, do que as denominações cristãs.
10. Explique por que as religiões não-cristãs, às vezes, parecem evidenciar mais unidade do
que as denominações cristãs hoje em dia.
OBJETIVO 5 Nos países onde o cristianismo constitui uma religião minoritária, as igrejas mais
Descrever uma razão
ambivalente de desunião na
jovens, muitas vezes, dividem-se por causa de questões culturais, doutrinárias ou litúrgicas. Tais
igreja de hoje. divisões dão a impressão de haver certa desunião na fé cristã. Muitas pessoas acreditam que,
se não há total acordo religioso, torna-se impossível a comunhão e confraternização mútua.
Mas você já sabe que há uma válida diversidade de expressão da fé cristã, que pode muito
bem coexistir com uma expressão de unidade no corpo de Cristo. Boer identifica quatro
fatores que impedem a unidade eclesiástica:
240 MISSIOLOGIA
“Elementos não-teológicos tais como o fundo histórico e cultura das
igrejas [...] diferenças doutrinárias [...] diferenças de governo eclesiástico
e liturgia religiosa [...] diferenças que afetam a natureza da fé cristã”
(1961, pág. 245).
Existe uma forte possibilidade de desunião hoje em dia, na igreja em que as pessoas
tentam estabelecer sua própria identidade nacional ou étnica. Neste caso, a ameaça à unidade
existe por causa do exagerado enfoque das diferenças, sendo que o corpo de Cristo corre
perigo. Como você já viu, é válida uma identidade cultural e nacional nas igrejas cristãs. Mas
quando tal identidade substitui ou turva a identidade espiritual do povo de Deus, projeta-se
um testemunho negativo de desunião à comunidade em geral. Tal testemunho só cria
confusão acerca da fé cristã. Já examinamos duas faces do problema da desunião na igreja dos
nossos dias: a intolerância com relação a diversas expressões da fé cristã e o exagerado
enfoque na própria identidade cultural às custas da unidade do corpo de Cristo. Na Lição 13,
vimos que a encarnação de Jesus e a Trindade são modelos bíblicos que mostram que a
expressão variada e equilibrada da fé não nega a unidade do corpo de Cristo.
11. A negação da ressurreição corporal de Cristo cria uma dissensão entre denominações
religiosas, que pode ser classificada como
a) diferença não-teológicas.
b) diferença contextual.
c) diferença doutrinária ou litúrgica.
d) diferença que influencia a fé.
Bases da comunhão
Os cristãos fortes são capacitados pelo Espírito Santo a negar os seus interesses
egoístas e enfocar, ao invés disso, os interesses dos irmãos mais necessitados (Rm 14.17;
15.13). Em vez de enfocar os seus direitos e comunicações, que bem podem ser válidos e
corretos, eles vêem a prioridade do bem-estar dos cristãos mais fracos. Deixando de colocar
obstáculos no caminho dos fracos em termos de desenvolvimento espiritual (Rm 14.13) e
praticando atos positivos para edificação dos mesmos (Rm 14.19; 15.1-2) os crentes fortes
evidenciam o seu amor cristão. A liberdade dos fortes é controlada pela lei do amor que eles
manifestam em relação aos fracos!
242 MISSIOLOGIA
13. Cite outra causa da falta de unidade na igreja atual.
15. Qual das qualidades enumeradas a seguir indica melhor a maturidade cristã?
a) Tolerância baseada no conhecimento.
b) Crenças rígidas acerca de comidas e bebidas.
c) Uma consciência facilmente ofendida.
d) Rígida observação das festas da igreja.
e) Notável interesse egoísta.
16. Explique como a comparação de Rm 14.1-2 com Rm 14.15 demonstra claramente o fato
de ser a ação dos fortes (encorajada por Paulo), com relação aos fracos motivada pelo
amor cristão.
Missão mútua
O título desta última unidade do curso salienta um dos grandes benefícios da unidade OBJETIVO 8
Explique por que uma
eclesiástica: a igreja de Deus assim efetua a sua missão. Você já viu que Paulo desejava missão mútua de todas as
ardentemente que a igreja em Roma tivesse um espírito de unidade entre os crentes. Ele igrejas em espírito de
desejava que todos eles seguissem o exemplo de Cristo, ao levarem a efeito a missão de Deus. unidade é essencial para
missões internacionais hoje
À medida que assim faziam, iriam produzir um bom testemunho de glória e louvor a Deus em dia.
(Rm 15.5-7).
17. Em que sentido uma igreja unificada contribui para a realização do alvo imediato de
missões (conforme definição na Lição 2)?
18. Em que sentido uma igreja unificada contribui para a realização do alvo definitivo de
missões (conforme definição na Lição 2)?
A diversidade constitui a chave para o sucesso de missões em nossos dias, mas ela deve
existir dentro da unidade do Espírito. As missões, na prática, devem refletir a verdade bíblica
de que há um só corpo e uma só missão. O mundo precisa ver o testemunho de uma igreja
unificada em missões.
19. Explique por que é necessário uma missão mútua de todas as igrejas em espírito de
unidade para o mundo moderno de missões.
244 MISSIOLOGIA
Enriquecimento mútuo
Os benefícios da unidade hoje em dia incluem mais do que o testemunho e missão da OBJETIVO 9
Salientar algo estimulado
Igreja no mundo. A unidade é também essencial para o desenvolvimento interno e espiritual pela unidade da igreja
da própria igreja. Ao analisar os dons do ministério dados por Cristo à igreja, Paulo fala do universal e o que a própria
propósito duplo desses dons. igreja precisa para o seu
mútuo enriquecimento.
20. Cite no seu caderno, os dois propósitos mencionados por Paulo em Ef 4.7-14.
21. Qual a necessidade da igreja universal que será suprida pela unidade da mesma igreja?
22. Qual é o assunto comum e quais as fontes de conhecimento para todas as nações, na
determinação da sua perspectiva de fé cristã?
“As congregações mais antigas precisam das congregações mais novas para
restaurarem a sua vitalidade e acarretarem novo discernimento; as
congregações mais novas, por sua vez, precisam das congregações mais
antigas para compartilharem a força desenvolvida através dos séculos e
poderem usufruir o fruto maduro do Espírito que permanece ativo, não
somente nos dias apostólicos, como também durante os últimos dois
milênios” (1977, pág. 67).
246 MISSIOLOGIA
MÚLTIPLA ESCOLHA: Assinale a única alternativa correta.
MÚLTIPLA autoteste
2. Em nosso estudo do problema da unidade hoje em dia, você descobriu que as religiões
não-cristãs
a) sempre demonstram mais unidade do que as denominações cristãs.
b) quase sempre demonstram mais unidade do que as denominações cristãs.
c) às vezes demonstram mais unidade do que as denominações cristãs.
d) nunca demonstram mais unidade do que as denominações cristãs.
e) todas as alternativas estão incorretas.
4. Quanto ao amor cristão como a motivação do comportamento certo dos cristãos mais
fortes em relação aos mais fracos, Paulo declara: “Não estão agindo em amor”. Esta
declaração
a) afirma que este amor é tal motivação.
b) indica claramente que este amor é a motivação.
c) evita o assunto deste amor ser ou não ser tal motivação.
d) reduz a importância deste amor como motivação.
e) todas as alternativas estão incorretas.
____ 5. “A resposta de fé à morte sacrificial de Cristo na cruz” foi uma das razões da
unidade do povo de Deus na época de Paulo.
____ 6. A negação da ressurreição corporal de Cristo resulta numa diferença não-
teológica entre as denominações.
____ 7. É responsabilidade da igreja realizar pelo mundo inteiro a missão de Deus,
combinando todo o seu trabalho missionário, em uma missão mútua dentro de um
espírito de unidade.
8. Cite o nome da doutrina salientada nesta lição como a que unifica a igreja.
9. Diga o que vai ser estimulado pela unidade da igreja universal e o que é necessário para
seu enriquecimento mútuo.
248 MISSIOLOGIA
RESPOSTAS ÀS QUESTÕES DE ESTUDO
12. Um duplo motivo para a desunião das igreja mundial realizar a missão de Deus,
igrejas é a intolerância às diversas combinando todo o trabalho missionário
manifestações de cristandade de tons culturais. em uma missão mútua.
1. Indica que a unidade expressa-se na 8. Paulo disse aos crentes romanos que deviam
prática e estimula os efésios a amarem e seguir a Jesus Cristo como seu modelo de
permanecerem unidos. comportamento para alcançar a união.
13. A falta de identificação da base de comunhão 20. O propósito dos dons de ministério é
cristã é outra causa da desunião na igreja. preparar o povo de Deus para o ministério
e edificar o corpo de Cristo, ou seja, a igreja
2. Paulo identificou como base à unidade a em uma fé e num conhecimento unidos até
que se tornem semelhantes a Cristo.
graça, mediante a qual os homens tornam-
se um com seus irmãos em Cristo.
9. A justificação pela fé é a doutrina que
une a Igreja.
14. Jesus Cristo é o Senhor.
11. d)
6. c)
250 MISSIOLOGIA
3. a) para o sucesso de missões, coisa que a
4. C análise humana não pode fazer.
5. E 11
11. A estratégia missionária que ignora a
dinâmica divina do Espírito Santo
6. C
enfrenta um trabalho impossível.
7. Seu serviço redentor.
8. O Espírito Santo reina de uma nova
Lição 9
maneira no reino universal de Deus.
9. A dinâmica dentro do homem em Babel 1. a)
resultou em desunião entre os homens. 2. b)
Porém, a dinâmica colocada dentro do 3. c)
homem no Pentecoste resultou em união 4. d)
espiritual entre os homens. 5. c)
6. E
Lição 7
7. C
1. c)
8. C
2. a)
3. d)
Lição 10
4. b)
1. c)
5. E
2. b)
6. C
3. d)
7. E
4. a)
8. C
5. c)
9. A presença do Espírito Santo na Igreja.
6. C
10
10. Devem adaptar-se a esta cultura quando
7. E
ela não entra em contradição com Deus.
8. E
Porém, não devem se adaptar a esta
cultura, quando ela é contrária a Deus. 9. O Terceiro Mundo surgiu entre os anos de
1945 e 1969, porque várias nações
obtiveram sua independência durante este
Lição 8
período.
1. c)
10
10. Porque a aceitação do Evangelho e também
2. b) do missionário por parte do povo depende
3. a) muito mais hoje em dia do conhecimento e
4. c) da valorização a seu respeito ou seja, da
5. d) sua imagem étnica, do que antes.
6. C
Lição 11
7. E
8. E 1. a)
2. c)
9. C
3. b)
10
10. Porque o Espírito Santo é o administrador
do trabalho e devemos colaborar com Ele; 4. d)
porque o Espírito Santo pode prever 5. c)
acontecimentos que serão importantes 6. E
252 MISSIOLOGIA
Resposta aos autotestes 253
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