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Física e química 1.

2 (continuação)
28/12/2022 2:33 PM

1. Elementos químicos e a sua composição, 1.2 Energia


dos eletrões nos átomos
1.2.5 Energia de remoção eletrónica
• A espetroscopia eletrónica é a técnica usada para determinar energias de remoção
eletrónica, ou seja, as energias de remoção de eletrões dos átomos.
• Cada valor de energia de remoção eletrónica coincide com a energia da radiação
envolvida numa transição eletrónica para o nível n=∞, onde E∞=0, a partir dos átomos
no estado fundamental.
• A eletrões de energias diferentes, En, correspondem valores de energias de remoção
eletrónica diferentes.


• A energia dos eletrões nos átomos polieletrónicos depende, além de outros fatores, de:
○ atrações entre os eletrões e o núcleo (por terem cargas de sinais contrários);
○ repulsões entre os eletrões (por terem cargas do mesmo sinal).
• Num mesmo átomo, os eletrões mais fáceis de remover são os que ocupam o último
nível de energia, chamado nível de valência.
• Os eletrões de valência, estão, em média, mais afastados do núcleo e, por isso, sofrem
menor atração nuclear.
• É mais difícil remover um eletrão de um nível de energia mais interior (do cerne do
átomo) pelo facto de estar, em média, mais próximo do núcleo e, portanto, sujeito a
maior aração nuclear do que os eletrões de valência.
• Os eletrões com maior valor de energia de remoção, Er, são aqueles que ocupam
níveis de menor energia, ou seja os que estão mais próximos do núcleo.
• Os eletrões menor valor de energia de remoção, Er, são aqueles que ocupam níveis de
maior energia, ou seja os que estão mais afastados do núcleo.

Eletrão de valência
Eletrão de valência

• A tabela mostra os valores das energias de remoção eletrónica para elementos até Z=
12, obtidos por espetroscopia fotoeletrónica, para átomos no estado de menor energia
(estado fundamental)

1 H 2 He 3 Li 4 Be 5 B 6 C 7 N 8 O 9 F 10 Ne 11 Na 12 Mg
496 737
801 1086 1402 1314 1681 2084 3280 5200
520 899 1248 1601 1962 2748 3652 4677 6368 8860
1312 2373 5596 11096 18525 27788 38883 51909 66960 83951 103721 126000
(energias de remoção eletrónica em KJ/mol)

• Comparando os valores da tabela, conclui-se que átomos de elementos diferentes têm


valores diferentes de energia de remoção e, portanto, valores diferentes para a
energia dos eletrões.
• Verifica-se ainda que existe apenas um valor de energia de remoção para o hélio, o
que significa que os dois eletrões do átomo de hélio têm a mesma energia.
2373×10∧3J
• A energia de remoção eletrónica por cada átomo de hélio, Er, é igual a 6,02×10∧23 átomos
ou seja, 3,941×10-18J/átomo.
• Para qualquer átomo, sendo a energia do eletrão no nível n=∞ nula, E∞=0, o valor da
energia do eletrão no átomo, En, é o simétrico da energia de remoção, pois:
○ En + Er = E∞ <=> En + Er = 0 <=> En = -Er
• Assim, a energia de qualquer um dos eletrões no átomo de hélio, no estado
fundamental, é -3,941×10∧-18J.

Níveis e subníveis
• A análise das energias de remoção da tabela permite estabelecer uma estrutura
eletrónica por níveis e subníveis de energia e a energia associada a cada subnível.
• No caso do átomo de néon, Ne, podemos agrupar os seus eletrões em dois níveis de
energia, n=1 e n=2.
• O valor 84,0 MJ/mol corresponde à remoção de eletrões do nível de energia n=1 e os
outros dois valores à remoção de eletrões do nível n=2.
• Estes dois valores, 4,68 MJ/mol e 2,08MJ/mol, são associados a dois subníveis de
energia. Para os distinguir chamamos-lhes 2s e 2p, sento o subnível s de maior energia e
o subnível p de maior energia.
• Como a energia de cada nível é simétrica da correspondente energia de remoção,
podemos construir os diagramas de energia.
○ Ne (Néon) Na (Sódio)

• O menor subnível de energia de cada nível é sempre designados por s.


• Os eletrões de n=1 ocupam um subnível que se representa por 1s.
• O segundo subnível é designado por p e só aparece a partir de n=2, isto é 2p, 3p,…
• Para níveis n≥3 aparecem subníveis d, isto é 3d, 4d.

Nível 1 2 3 4
Subnível s sep s, p e d s, p, d e f
Representação 1s 2s e 2p 3s, 3p e 3d 4s, 4p, 4d e 4f

• Os registos obtidos por espetroscopia fotoeletrónica, diferentes de elemento para


elemento, dão-nos a conhecer os valores de energias de remoção e chamam-se
espetros fotoeletrónicos.

• Num espetro fotoeletrónico, os níveis de energia surgem separados uns dos outros pela
dupla barra na escala das energias de remoção.
• O número de subníveis corresponde precisamente ao número de picos presentes em
cada nível.
• A altura relativa dos picos tem a ver com o número de eletrões em que cada subnível
e é proporcional ao número de eletrões em cada um.
• Picos da mesma altura correspondem a subníveis com igual número de eletrões.
• Conhecendo o número de eletrões de cada átomo e a altura relativa dos picos
concluímos que os eletrões se distribuem do seguinte modo:
○ 10Ne: 2 e- em 1s; 2 e- em 2s; 6 e- em 2p.

○ 11Na: 2 e- em 1s; 2 e- em 2s; 6 e- em 2p; 1 e- em 3s.

1.2.6 Nuvem eletrónica e orbitais


• Registos observáveis do comportamento dos átomos como, por exemplo, os espetros
atómicos, são uma evidência da quantização da energia dos eletrões.
• A energia do eletrão no átomo toma valores descontínuos ou discretos, o que significa
que um eletrão parra de um nível de energia para outro sem nunca assumir valores
intermédios entre esses dois níveis.
• A nuvem eletrónica representa a densidade da distribuição de eletrões à volta do
núcleo atómico, correspondendo as regiões mais densas à maior probabilidade de aí
encontrar eletrões.
Zonas mais claras:
• É menor a
probabilidade
de encontrar
o eletrão. Zonas mais escuras:
• É maior a
probabilidade
Núcleo de encontrar o
eletrão.

• A representação da nuvem eletrónica mostra que um eletrão de maior energia pode


momentaneamente estar mais próximo do núcleo do que de outro que tenha maior
energia.
• Um eletrão mais energético está, em média, mais afastado do núcleo, o que é
representado por uma nuvem eletrónica maior.

Orbitais s, p e d
• No modelo quântico, o comportamento dos eletrões é descrito por orbitais atómicas.
• Uma orbital atómica e a sua representação gráfica informam sobre a distribuição
espacial de probabilidades de encontrar o eletrão no átomo.
• Cada orbital está associada a um nível e subnível, ou seja, a um valor de anergia do
eletrão. Representa-se pela letra s, p ou d, correspondente ao subnível, associada ao
nível n: ns, np e nd.
• A nuvem eletrónica é uma forma simples de representar orbitais atómicas, uma vez que
ilustra zonas de probabilidade de encontrar um eletrão no átomo.
• Representação gráfica das orbitais com a informação sobre diferentes orientações
espaciais:

• Em cada nível de energia existe uma orbital s.


• Em cada nível de energia n≥2 existem três orbitais p, e em cada nível de energia n≥3
existem cinco orbitais d. Dizemos, por exemplo, que as três orbitais p são px, py e pz.
• Orbitais px, py e pz, se forem do mesmo nível, são também do mesmo subnível, e
dizemos que são orbitais degeneradas porque têm a mesma energia.

Nível Orbital Número de orbitais


n≥1 s 1
n≥2 p 3
n≥3 d 5
Spin do eletrão
• O spin do eletrão é o lado para onde este gira sobre si (existem 2).
• Pode também estar:
○ Desemparelhado:

○ Emparelhado:

1.2.7 Configuração eletrónica dos átomos


• O físico Wolfgang Pauli recebeu um prémio Nobel da física em 1945 por trabalho
desenvolvido que lhe permitiu enunciar um princípio conhecido por Princípio da
Exclusão de Pauli: só podem existir dois eletrões na mesma orbital.
• Uma orbital não pode ter eletrões com o mesmo spin e, como só existem dois spins,
uma orbital contém no máximo dois eletrões.
• A configuração eletrónica é uma representação simbólica da distribuição dos eletrões
por níveis e subníveis.
• A partir do espetro fotoeletrónico do sódio, 11Na, podemos escrever a configuração
eletrónica dos átomos de sódio:
○ 11Na - 1s2 2s2 2p6 3s1
• Os algarismos em índice superior indicam o número de eletrões em cada orbital.
• De acordo como Princípio de Exclusão de Pauli, concluímos que os 6 eletrões do
subnível 2p distribuem-se por três orbitais 2p que se chamam 2px, 2py e 2pz.
• Podemos escrever a configuração eletrónica evidenciando as orbitais degeneradas:
○ 11Na - 1s2 2s2 2px2 2py2 2pz2 3s1
• A escrita de uma configuração eletrónica obedece a regras e a princípios de acordo
com os quais se distribuem os eletrões pelas orbitais.
• Quando um átomo está no estado fundamental, também chamado de estado de
menor energia, os eletrões ocupam as orbitais de menor energia.
• Para escrever a configuração eletrónica no estado fundamental de qualquer elemento
químico é necessário conhecer a sequência pela qual as orbitais são preenchidas.
• O Princípio da Construção, ou Princípio de Aufgau, indica a ordem de preenchimento
das orbitais, em que os eletrões ocupam as orbitais de menor energia, de modo a que a
energia do átomo seja mínima.

• Há ainda que ter em conta um terceiro critério para estabelecer configurações


eletrónicas no estado fundamental.
• No caso de orbitais com a mesma energia, orbitais degeneradas, a distribuição
eletrónica deve maximizar o número de eletrões desemparelhados - esta regra, é
conhecida por regra de Hund.
• A configuração eletrónica do nitrogénio:
○ 7N - 1s2 2s2 2px1 2py1 2pz1, não 7N - 1s2 2s2 2px2 2py1 2pz0
• Por exemplo, para as orbitais 2p, nos átomos de carbono e de oxigénio no estado
fundamental temos respetivamente:
○ 2px1 2py1 2pz0 e 2px2 2py1 2pz1

○ mas não 2px2 2py0 2pz0 e 2px2 2py2 2pz0

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