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ANSIEDADE

No que tange ao domínio psicológico, Asbahr, Labbadia e Castro (2017) expõem que a
ansiedade se configura como um estado subjetivo caracterizado por apreensão e desconforto.
A sua manifestação é variada, abarcando diversas formas e graus de intensidade, desde a mera
percepção de um ligeiro desconforto até a ocorrência de ataques de pânico completos,
caracterizados por palpitações, desorientação, temor de morte e/ou de enlouquecimento.
Quando a ansiedade alcança um nível de intensidade que passa a ocasionar um sofrimento
emocional substancial, os mencionados autores sustentam que ela passa a interferir na
habilidade do indivíduo em lidar com os eventos do seu cotidiano. O sentimento de apreensão,
frequentemente associado à ansiedade, pode ser acompanhado por um conjunto de reações
de natureza fisiológica, comportamental e psicológica, que coexistem simultaneamente. No
âmbito fisiológico, a ansiedade engloba respostas corporais como palpitações, tensão
muscular, sudorese, boca seca e náusea. Sob a perspectiva comportamental, a ansiedade
contribui para a tendência de evitar situações rotineiras que anteriormente eram prontamente
enfrentadas.

ANSIEDADE E CONTEXTO ESCOLAR

A instituição escolar proporciona um contexto propício para a apreensão da ansiedade


em indivíduos em fase de desenvolvimento, compreendendo crianças e adolescentes. Isso se
deve ao fato de que a escola desempenha o papel de um espaço intermédio entre o ambiente
familiar e a sociedade, no qual se desenrolam situações psicologicamente significativas capazes
de exercer influência benéfica ou prejudicial sobre o bem-estar emocional dos estudantes
(Mazer, Dal Bello e Bazon, 2009).

No contexto educacional, a ansiedade emerge como um fator de relevância que merece


uma consideração aprofundada no que concerne ao processo de aprendizagem e aos desafios
enfrentados diante da intricada e abrangente natureza desse estado emocional. Níveis
elevados de ansiedade têm demonstrado impactos desfavoráveis sobre o desempenho
acadêmico, exercendo a capacidade de provocar distrações, o que, por sua vez, culmina na
redução da capacidade de concentração e de processamento da informação. Esse fenômeno
pode manifestar-se tanto no domínio cognitivo, manifestando-se por meio de pensamentos
recorrentes relacionados à insegurança e a sentimentos de incompetência, como também
pode se materializar por meio de sintomas somáticos, como queixas de dores abdominais ou
cefaleia. A pressão exercida pelos pais, colegas ou o próprio indivíduo com vistas a alcançar um
desempenho exemplar frequentemente conduz ao desenvolvimento de estados ansiosos em
algumas crianças. Em casos de repetido fracasso acadêmico, a ansiedade pode se intensificar
como uma consequência direta do desempenho insatisfatório, sobretudo em situações que
envolvem avaliações, contribuindo para a diminuição da capacidade de concentração (Oliveira
e Sisto, 2002; Oliveira, 2012).

Neste contexto, a ansiedade tem sido descrita como uma variável que exibe uma
correlação adversa com o rendimento acadêmico. Em outras palavras, quando presente em
excesso, esse distúrbio emocional pode prejudicar o desempenho dos estudantes no ambiente
escolar. Além disso, a ansiedade pode intensificar conflitos familiares e levar à reclusão da
criança ou adolescente (Brito, 2011; Karino, 2010; Rosário e Soares, 2003; Serpa, Soares e Silva,
2015).

Estudos como os conduzidos por Araújo, Melo e Leite (2006) desempenham um papel
significativo na elucidação dos casos de ansiedade, ao destacarem os fatores externos que
concorrem para esse fenômeno. Os mencionados autores enfatizam que os progressos
tecnológicos, em conjunto com as pressões advindas de esferas sociais, políticas e econômicas,
estão contribuindo para o aumento da incidência de distúrbios emocionais, incluindo os
transtornos de ansiedade em crianças e adolescentes.

A aprendizagem no contexto escolar é influenciada por uma variedade de elementos,


incluindo aqueles de natureza cognitiva, social e emocional. Nesse contexto, o ato de aprender
transcende a mera competência intelectual do indivíduo, uma vez que está intrinsecamente
associado à maneira como ele estabelece interações com seus colegas, com o professor e à sua
percepção e experiência do ambiente escolar (Cia, Barham e Fontaine, 2012; Oliveira e Soares,
2011). Na instituição educacional, é nesse ponto que todas essas vivências começam a se
manifestar de maneira mais tangível. Os alunos, além de enfrentarem as transformações
inerentes à sua faixa etária, também são confrontados com as demandas acadêmicas que
visam à conquista de posições futuras, resultando em considerável sobrecarga e uma
propensão notável ao desenvolvimento de ansiedade, estresse e depressão (Pinto et al., 2012).

Quando a ansiedade atinge níveis excessivos, manifesta-se de forma prejudicial no que


diz respeito ao rendimento acadêmico (Rodrigues, 2011). A identificação antecipada e a
implementação de intervenções eficazes durante a adolescência demonstram a capacidade de
minimizar as repercussões da ansiedade no âmbito do funcionamento social e acadêmico, bem
como de mitigar o risco de desenvolvimento de outros transtornos de ansiedade e distúrbios
psiquiátricos adicionais, incluindo a depressão na fase adulta (Cordioli e Manfro, 2004).

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