Guia dos

Weathermay de
Sobrevivência
nas Brumas

Ravenloft
• • 3
4
Guia dos Weathermay de Sobrevivência Para as Brumas

Um guia dos jogadores para Ravenloft

Introdução: Este livro adapta para a 5ª Edição de Dungeons and Dragons elementos do cenário
clássico de Campanha de Ravenloft, e ajuda jogadores e mestres a criar personagens e aventuras im-
ersos neste mundo de sombras e horror, unindo o clássico e o moderno.

Autores: Gabriel Jansen, Leandro Zerbinatti de Oliveira

e Rafael Castelo Branco de Oliveira Torres
Revisão: Gabriel Jansen, Leandro Zerbinatti de Oliveira,
Pedro Wah e Rafael Castelo Branco de Oliveira Torres
Artes: Leandro Zerbinatti de Oliveira e Artistas da DMSGUILD
Edição: Pedro Wah

DUNGEONS & DRAGONS, D&D, Wizards of the Coast, Forgotten Realms, the dragon amper-
sand, *Player’s Handbook, Monster Manual, Dungeon Master’s Guide,* D&D Adventurers League,
all other Wizards of the Coast product names, and their respective logos are trademarks of Wiz-
ards of the Coast in the USA and other countries. All characters and their distinctive likenesses are
property of Wizards of the Coast. This material is protected under the copyright laws of the United
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tured by Hasbro SA, Rue Emile-Boéchat 31, 2800 Delémont, CH. Represented by Hasbro Europe,
4 The Square, Stockley Park, Uxbridge, Middlesex, UB11 1ET, UK.
 • • 5
Índice Ladino: Desbravador de Tumbas.................. 91
Mago: Escola do Arcanista........................... 93
Bem-vindo às Brumas Monge: Caminho da Ordem dos Guardiões.. 95
Paladino: Juramento das Sombras................. 96
O que é este livro?....................................... 11

Raças Ferramentas de Caça

Preparando-se para a caçada........................ 103
Raças........................................................... 25
Novos Itens Mágicos.................................. 110
Calibans....................................................... 27
Trocadinos – As Fadas Sombrias.................. 31 Párias da Sociedade
Meio-Vistani................................................ 49
Preconceito em Ravenloft........................... 117
Kaldresh...................................................... 51
Boêmia........................................................ 54 Idiomas das Terras das Brumas
Manusa........................................................ 56
Idiomas e Culturas..................................... 125
Sombrinos................................................... 59
Akiri......................................................... 127
Humanos..................................................... 63
Anã (Dethek)............................................ 128
Anões.......................................................... 64
Arak.......................................................... 129
Elfos............................................................ 64
Balok......................................................... 129
Gnomos....................................................... 65
Darkonês................................................... 129
Pequeninos.................................................. 66
Cavitiano................................................... 130
Meio-elfos.................................................... 66
Falkovniana............................................... 130
Orcs e Meio-Orcs........................................ 67
Forfariano.................................................. 130
Tiferninos................................................... 67
Gnômica (Gnim)........................................ 130
Draconatos.................................................. 67
Grabenita................................................... 131

Classes Kartakan.................................................... 131

Lamordiano................................................ 132
Artífice: Vudam, O Criador de Amuletos..... 71
Luktar....................................................... 132
Classes........................................................ 71
Mordentiano (Baixo e Alto)....................... 132
Bárbaro: Trilha dos Filhos da Lua................ 76
Nidalan...................................................... 133
Bardo: Colégio do Nômade........................... 78
Odiarano................................................... 133
Bruxo: O Pacto Consagrado de Hala............. 80
Pharazian................................................... 133
Clérigo: Domínio das Brumas (Anacoreta)... 82
Paterna...................................................... 134
Druida: Círculo dos Reflexos........................ 84
Rajiani....................................................... 134
Feiticeiro: Linhagem da Inocência................ 86
Rokuma..................................................... 134
Guardião: Conclave dos Sentinelas Espirituais.. 88
Sanguine.................................................... 135
Guerreiro: Cavaleiro Errante........................ 90
Élfica (Sithicano)....................................... 135
6
Souragniano............................................... 135 Sociedades Benignas de
Tepestiano................................................. 136 Ravenloft
Pequenês (Telingly)................................... 136
Sociedades Secretas.................................... 242
Thani........................................................ 136
A Cabana da Paz Crepuscular..................... 244
Vaasi......................................................... 137
O Carnaval................................................ 247
Vechorita................................................... 137
O Círculo (Cavaleiros das Sombras)........... 249
Voros........................................................ 137
Guardiões da Pena Negra........................... 252
Zherisiano................................................. 138
Os Homens Livres de Falkovnia................. 256

Religião, Fé e Misticismo Irmandade das Lâminas Quebradas............. 260

O Machado do Lenhador............................ 262
A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio... 143
A Mão Verde............................................. 265
Religiões das Terras das Brumas................ 146
A Nobre Irmandade dos Assassinos........... 268
A Igreja de Ezra......................................... 146
A Ordem dos Guardiões............................ 272
O Culto do Senhor da Manhã..................... 154
Palma Velada............................................. 275
O Culto de Erlin........................................ 157
Peregrinos................................................. 278
A Igreja de Hala......................................... 160
La Société de Legerdemain (ou A Sociedade da
Ordem Eterna............................................ 164
Prestidigitação).......................................... 281
A Igreja de Ferro...................................... 168
A Sociedade Van Richten........................... 284
A Crença no Supervisor............................. 173
A Tribo de Hyskosa................................... 286
O Culto de Yutow, o Deus Morto.............. 175
Vistani...................................................... 288
O Coro Ancestral...................................... 179
O Culto ao Deus Lobo............................... 182 Legados de Sangue
A Divindade da Humanidade...................... 186 (Antecedentes)
A Fé de Zhakata........................................ 188
Antecedentes Sombrios.............................. 295
O Panteão de Forfar e o culto à Belenus..... 190
ApBlanc..................................................... 297
O Panteão de Akiri.................................... 195
Arak.......................................................... 304
O Panteão de Rajian.................................. 199
Boritsi....................................................... 308
O Voodan e os Loa de Souragne................. 203
Crias do Cavalheiro Gentil......................... 312
Ancestral Feérico....................................... 208
Dak........................................................... 314
Druidismo Feérico..................................... 211
D’Honaire................................................. 318
A Rainha Aranha....................................... 213
Dilisnya..................................................... 322
A Lei Sagrada de Diamabel......................... 216
Drakov...................................................... 327
O Culto a Mãe Noite................................. 219
Godefroy, Weathermay e Foxgrove............ 330
Kami......................................................... 222
Graben...................................................... 333
O Culto de Vecna...................................... 227
Gundar...................................................... 337
 • • 7
Gunderin................................................... 342
Hiregaard.................................................. 347
Grand´umbra............................................. 350
Markov...................................................... 355
Mason....................................................... 358
Mindefisk.................................................. 362
Mordenheim.............................................. 366
Narglin...................................................... 370
Petrovna.................................................... 375
Renier....................................................... 380
Trevanato.................................................. 385
Shinpi........................................................ 389
Timothy.................................................... 392
Van Richten.............................................. 397
Von Zarovich............................................ 403
Pés-de-Vento............................................. 408
Novos Talentos......................................... 412

Magia em Ravenloft
Magia e Horror Gótico em Ravenloft.......... 417
Necromancia.............................................. 421
Invocação................................................... 426
Novas Magias............................................ 428

The Black Feather

Autores .................................................... 437
Bem-Vindo
às Brumas

“Tudo o que vemos ou parecemos não

passa de um sonho dentro de um sonho.”
(Um sonho dentro de um sonho - Edgar Allan Poe)
 Condado de Mordent, 759 BC
Prezadas Gennifer e Laurie,
Se vocês estão lendo isso, talvez eu não esteja mais entre os vivos. Enquanto escrevo para
vocês, do interior da minha biblioteca, ventos terríveis assolam as árvores ao redor da Mansão
Heather, como um lamento de espírito inquieto e um lembrete de que minha própria mor te se
aproxima.
Como minha saúde parece estar piorando, encaro a possibilidade de não sobreviver ao
próximo inverno e temo nunca mais ver vocês duas.
Meus ombros estão pesados com o fardo de meus deveres e temo que em breve não poderei
mais atuar como líder de Mordent. Meu único arrependimento, no entanto, é que nenhuma de
vocês ou meu irmão George escolheu ser meu sucessor.
Eu entendo por que vocês escolheram seguir os passos de seu tio George e se tornarem
aventureiras. Embora eu admire sua coragem, não posso deixar de me preocupar com os
perigos que enfrentarão. As criaturas da noite não devem ser menosprezadas, e terrores
desconhecidos espreitam nas sombras sempre observando.
Estou par ticularmente preocupado com sua obsessão em encontrar o desaparecido Dr.
Rudolph Van Richten. Embora eu entenda o desejo de localizar seu mentor e nosso amigo
querido, muitos anos se passaram desde que ele desapareceu, e temo que sua busca possa
terminar em amarga decepção.
Devo lembrá-lo de que ele era um caçador de monstros experiente e estudioso do oculto
que dedicou sua vida à luta contra as trevas. Essa dedicação lhe custou caro, e sua vida foi
cercada de tragédias e perdas pessoais. Os perigos que ele enfrentou estão além dos limites,
e temo que vocês possam estar se colocando em perigo ao procurá-lo.
No entanto, se eu não posso fazer vocês mudarem de ideia, eu as ajudarei da maneira
que puder. Para esse fim, juntei um pacote de correspondências do Dr. Van Richten e seus
companheiros caçadores de monstros e estudiosos do oculto, que foram recuperados de seu
escritório na velha loja de ervas. Esse conhecimento pode ser de grande utilidade para você
em sua busca, e eu o incentivo a usá-lo com sabedoria.
Guardei essas car tas em um cofre, ao qual apenas eu e meu assistente Duncan temos
acesso, e o instruiu a entregá-lo a vocês, caso algo possa acontecer comigo antes de nos
encontrarmos novamente.
Como seu avô e alguém que viveu nas Terras das Brumas por muitos anos, quero que vocês
se lembrem de que os perigos do caminho que vocês escolheram não devem ser encarados
levianamente. Mas com cautela, coragem e conhecimento à sua disposição, tenho fé que você
terá sucesso em seus empreendimentos.
Por favor, fiquem bem, minhas queridas, e saibam que sempre estarei cuidando de vocês,
não impor ta onde eu esteja.
Com amor,

Jules Weathermay
10
 • O que é este livro? •
CAPÍTULO
I
Bem-vindo às Brumas
O que é este livro?
Este livro adapta para a 5ª Edição de Dunge-
ons and Dragons elementos do cenário clássico
de Campanha de Ravenloft, e ajuda jogadores e
mestres a criar personagens imersos no mundo
de sombras e horror do cenário de Ravenloft.
O material divulgado no presente livro apre-
senta novas raças, subclasses e antecedentes,
além de se aprofundar nas religiões da Terra das
Brumas e apresentar regras opcionais para au-
mentar a imersão do jogo e a ambientação de
temas de horror.
Este livro também é uma carta de amor ao ce-
nário clássico de Ravenloft. Embora o novo livro
da 5ª edição Guia de Van Richten para Ravenloft
11
tenha proposto uma total releitura do cenário de
Ravenloft, este livro se ampara firmemente no
material, histórias e segredos do cenário clássico.
A história, segredos e personagens do cená-
rio clássico a que fazemos referência neste livro,
podem servir de inspiração e ajudar sua mesa
de Ravenloft se conectar a de outros jogadores
e mestres ao redor do mundo, partilhando de
temas, tramas e personagens comuns. Contudo,
o uso da história, segredos e personagens desen-
volvidos no cenário clássico é opcional, e jamais
deve ser considerado como um limitador para as
histórias coletivas que serão construídas em sua
mesa. Cada mesa de RPG é o seu próprio uni-
verso paralelo, e o conteúdo desse livro podem
ser facilmente adaptado para qualquer proposta
12
de campanha na Terra das Brumas.
Tenha em mente que tudo o que for apre-
sentado aqui pode ser alterado de acordo com os
objetivos e preferências do mestre e jogadores.
O que é Ravenloft?
Ravenloft é um cenário de campanha que inse-
re no mundo de Dungeons and Dragons o tema
do horror gótico. Ele foi assim batizado com base
na aventura original I6-Ravenloft que ocorre no
castelo Ravenloft de Conde Strahd e que, mais
tarde, originou o cenário.
No mundo do jogo, Ravenloft é um caste-
lo nas terras de Baróvia; a residência do Conde
Strahd Von Zarovich.
Horror Gótico
Fantasia Heroica e cativado o imaginário de gerações
O cenário de Ravenloft ori-
ginalmente adaptava os temas
do horror gótico para o jogo
de Dungeons & Dragons, que
tem como proposta ser um jogo
de Fantasia Heroica.
Esta fusão de elementos
torna as aventuras no cenário
de Ravenloft uma ambientação
única, e uma experiência de jogo
bastante diversa daquela proporcionada pela tra-
dicional experiência de fantasia heroica apresen-
tada pelo sistema de jogo.
O Horror Gótico tem suas origens na literatu-
ra, e sua fundação é atribuída ao romance Castelo
de Otranto, de Horace Walpole. Suas primeiras
histórias nos apresentavam vilões degenerados,
consumidos por seus pecados e obsessões, em
cenários que refletiam a ruína e corrupção de
sua moral. O nome gótico vem da arquitetura
dos vastos e decrépitos castelos que refletiam
a atmosfera decadente, macabra e mórbida que
permeavam estes contos.
Ao longo de séculos este gênero lite-
rário tem nos apresentado história de
mistério, romance e horror. De clás-
sicos como o Frankenstein de Mary
Shelley, Dracula de Bram Stoker, e O
Médico e o Monstro de Robert Lou-
is Stevenson, à evocativa de obra de
Edgar Allan Poe e os horrores cós-
mico e niilista de Howard Philips
Lovecraft, o Horror Gótico tem
de leitores, fascinados por seus
contos sombrios.
As histórias góticas são marcadas
pelo mistério e por uma atmosfera
de medo e apreensão. A ameaça do
sobrenatural está sempre presente,
e suas histórias nos trazem contos
de criaturas da noite, maldições an-
cestrais e forças sinistras.
Para atingir seus objetivos é
comum que estas narrativas retra-
tem seus protagonistas em situações
de desamparo, alienação e isolamento, envoltos
em mistérios desconhecidos e horripilantes. O
horror apresentado nestas histórias costuma ser
sútil e insidioso, poucas vezes se lançando a es-
petáculos sangrentos e violentos.
Outro elemento constante nos romances góti-
cos são o contraste entre as sombras e a luz, que
estão sempre em um constante embate. E aqui
 • O que é este livro? •
está o ponto de conexão com a Fantasia Heróica,
tão prevalente na proposta de jogo de Dungeons
& Dragons.
Toda a escuridão e horror que permeiam o
cenário de Ravenloft podem a princípio parecer
incompatíveis com os elementos de Fantasia He-
roica proposto pelo jogo de Dungeons & Dra-
gons. Contudo, é no contraste entre as trevas e
a luz é que os jogadores e heróis do jogo têm a
chance de se destacar.
As aventuras ambientadas no cenário de Ra-
venloft buscam um constante equilíbrio entre os
elementos góticos e a fantasia heroica, imergindo
os aventureiros com uma prevalente sensação de
horror, mas dando a eles uma experiência única
e uma chance de fazer a diferença em um mundo
envolto em trevas.
Esta lente gótica pelo qual vislumbramos o
jogo de Dungeons & Dragons deve refletir tam-
bém sobre a dinâmica de interação dos persona-
gens com a história. Muitas vezes, a solução para
um problema demandara mais que apenas espada
e magia. Em um mundo dominado pelo mal, os
aventureiros por vezes irão se deparar com ini-
migos além de suas forças, ter que optar pelo mal
menor ou se contentar com pequenas vitórias.
Aqueles que olham diretamente ao abismo,
também devem ter cuidado para não se tornarem
o próprio mal que visam combater. A batalha
contra as forças das trevas é travada também no
interior de cada aventureiro. Ações malignas dos
heróis podem atrair a atenção dos Poderes Som-
brios, que aos poucos podem os transformar em
seres monstruosos, reflexos de sua própria alma
distorcida.
Atingir o equilíbrio entre o Horror Gótico e
13
a Fantasia Heroica pode ser algo desafiador para
narradores, e usualmente demanda o compro-
metimento e dedicação dos jogadores a este tipo
de experiência. Neste cenário, às vezes é mais
empolgante a interação e diálogo com um grande
personagem ou vilão interpretado pelo Narrador,
acrescendo peso narrativo as decisões tomadas,
do que as próprias batalhas as serem travadas.
De qualquer forma, o objetivo do jogo é sempre
a diversão, e seu grupo deve sempre ter em vista
a modalidade de jogo que melhor se adapta ao
seu estilo de jogo.
A História
Ravenloft de Publicação de
A aventura original de Ravenloft foi lançada
em 1983, quando Tracy e Laura Hickman, os
famosos escritores que ajudaram a criar o uni-
verso de Dragonlance, decidiram escreveram uma
aventura de horror. A aventura pretendia modi-
ficar o modo pelo qual os jogadores lidavam com
vampiros, e apresentar um antagonista que fosse
único e assustador, um vilão, perigoso e memo-
rável, e não apenas uma pilha de estatísticas a ser
combatida pelos jogadores.
A aventura original foi lançada como o módu-
lo I-6, com o nome de Ravenloft, e se tornou um
grande sucesso. O produto descrevia os heróis
tendo que enfrentar Conde Strahd Von Zarovich,
um antigo e poderoso conde vampiro, inspirado
no famoso Conde Dracula, e adentrar em seu
sombrio Castelo Ravenloft nas terras da Baróvia.
Com o trágico passado do Conde Strahd e
o seu castelo ricamente detalhados, a aventura
contava ainda com um elemento de sorte para
definir certos objetivos e localizações de itens
14
importantes para a trama, que eram definidos
em uma leitura de cartas pela misteriosa Madame
Eva, a líder dos vistani.
A aventura foi um sucesso e é frequentemente
listada até hoje como uma das melhores aventu-
ras de Dungeons & Dragons de todos os tempos.
Aproveitando do sucesso da aventura com um
tema de horror, outro módulo foi lançado em
1986, chamado de A Casa da Colina do Grifo. A
continuação de Ravenloft trouxe de volta elemen-
tos que fizeram sucesso, como a determinação
aleatória de objetivos e mistérios da aventura,
e desta vez levava os heróis para as terras de
Mordente. A trama envolvia um alquimista que
conduzia experimentos na assombrada Casa da
Colina do Grifo, e marcava o retorno do temível
vampiro Conde Strahd Von Zarovich.
Até então, as aventuras lançadas tinham be-
bido diretamente da fonte dos contos de vampi-
ro, especialmente do livro de Drácula de Bram
Stoker. O sucesso destas aventuras convenceu a
TSR a lançar outros cenários adaptando temas
de horror gótico para Dungeons and Dragons.
Foi então que surgiu um cenário próprio para
estas aventuras, batizado de Ravenloft, o Reino
do Terror, lançado em 1990, onde foi apresen-
tado o semiplano do medo, uma dimensão confi-
nada que abriga diversas localidades e vilões ins-
pirados diretamente de outros temas de horror.
O cenário definiu o tom das aventuras nas
Terras das Brumas, ajudando a consolidar os ele-
mentos góticos que definiam os atormentados
prisioneiros destas terras amaldiçoadas.
A proposta de adaptar temas de horror ao fa-
moso RPG de fantasia e aventura foi muito bem
recebida. Com o cenário lançado, Ravenloft pas-
sou a receber diversos produtos específicos, com
aventuras, suplementos, romances e até mesmo
jogos eletrônicos que ajudavam a desenvolver o
passado e a trama de seus sombrios personagens.
Em 1994 o cenário foi relançado na caixa co-
nhecida como Caixa Vermelha, ou Red Box. O
 • O que é este livro? •
material lançado nesta nova edição reunia diver-
sos elementos que haviam sido introduzidos em
diversos suplementos separados, e apresentou
significativas alterações na geografia dos domí-
nios e reinos.
Alguns domínios foram excluídos por traze-
rem temáticas de horror repetitivas, foram realo-
cados das terras centrais por critérios geográficos
e climáticos incompatíveis, e outros por terem
conceitos de horror que funcionavam melhor em
uma condição de isolamento. Estas modificações,
entretanto, foram justificadas por um evento cha-
mado de a Grande Conjunção, que envolveu uma
série de seis aventuras oficiais que completavam
os sinais de uma profecia.
Ainda durante a era de publicação da editora
TSR, o cenário ganhou mais uma atualização no
livro Domínios do Medo, em 1997. Apesar de
não ter o charme e acessórios que acompanhavam
as antigas caixas, o livro compensava em conteú-
do, trazendo mais uma atualização da história dos
Reinos do Terror, e compilando regras próprias,
e informações sobre quase todos os Domínios e
seus Lordes Sombrios.
A era da TSR chegou ao fim, e toda a linha
de Dungeons and Dragons foi vendida para a
empresa Wizards of the Coast. A terceira edição
foi lançada, e o sistema de jogo passou por uma
evolução e modernização de suas regras, voltando
a ser chamado apenas de Dungeons and Dragons.
O cenário de Ravenloft passou por mais uma
mudança, sendo licenciado em 2000 para a Whi-
te Wolf, empresa responsável pelos excelentes
RPGs da linha Storyteller e Mundo das Trevas,
e passou a ser publicado através da editora Ar-
thaus, um braço desta companhia.
15
Além da necessária adaptação das regras para
a 3ª edição, o cenário de Ravenloft foi atualiza-
do em sua história. Limitada contratualmente
ao cenário de Ravenloft, a Arthaus aprofundou
no detalhamento de diversos Domínios e Lordes
Sombrios, dando ainda mais consistência ao ce-
nário de Ravenloft como um local único e vivido,
com uma própria história, e não apenas um local
para onde enviar personagens vindos de mundos
distantes.
Os direitos de publicação e licenciamento de
Ravenloft retornaram a Wizards of The Coast
em 2005, que no final da terceira edição relançou
uma nova versão da aventura original de Raven-
loft, desta vez com o título Expedição ao Castelo
Ravenloft.
Com o lançamento da 4a Edição do Sistema
de Regras de Dungeons and Dragons, ficou a
expectativa de que o cenário receberia uma nova
atualização. A Wizards of the Coast chegou a
anunciar o relançamento do cenário como um
projeto em desenvolvimento, mas o produto foi
cancelado por motivos desconhecidos.
Embora o cenário de campanha de Ravenloft
não tenha retornado durante a 4ª edição, houve
uma alteração da cosmologia de Dungeons and
Dragons, e o semiplano do medo e os Poderes
Sombrios foram inseridos no Pendor das Som-
bras, ou Sombral. Algumas publicações isoladas
apresentaram alguns domínios sombrios perdidos
no plano das sombras, e três romances foram
produzidos, mas nenhum material desenvolvido
se conectava aos personagens, tramas ou locali-
dades do antigo cenário.
Com a chegada da 5a Edição, Ravenloft re-
gressou mais uma vez, inicialmente através do
16
lançamento da Campanha Maldição de Strahd,
que trouxe novamente a aventura original Ra-
venloft em sua íntegra, com algumas atualizações
e modernizações. A aventura expandia também
os temas da aventura original, e criava uma nova
versão do domínio da Baróvia, que foi detalhada
com novas localidades e mapas.
Apesar do retorno de um produto oficial am-
bientado em Ravenloft, a Maldição de Strahd não
era uma continuidade da trama e história apre-
sentada nas publicações anteriores do cenário. O
semiplano do medo é mencionado na aventura,
mas a Baróvia é uma terra cercada pelas brumas,
sem contato com o mundo exterior. Além disso,
a mudança do passado de alguns personagens e
eventos tornavam a aventura incompatível com a
linha do tempo apresentada nas publicações da 2ª
e 3ª edição de Dungeons and Dragons, indican-
do uma quebra da continuidade com a história e
trama do cenário.
A aventura Maldição de Strahd foi bem rece-
bida pela crítica e pelo público, e a Wizards of
the Coast promoveu o lançamento do livro Guia
de Van Richten para Ravenloft, que trouxe de
volta o cenário de campanha.
Apesar de trazer de volta os domínios do
medo e seus Lordes Sombrios aprisionados no
semiplano do medo, o cenário passou por uma
completa reformulação, e, tal qual como a aven-
tura Maldição de Strahd não observará elementos
da história do cenário clássico.
A nova proposta de Ravenloft apresentada no
Guia de Van Richten para Ravenloft reimagina o
cenário e apresenta novos temas a serem explo-
rados, assim como uma releitura de personagens
conhecidos. Contudo, perde-se com a reformu-
lação histórias ricas e vastas, que vinham sendo
desenvolvidas e acrescidas de forma contínua ao
longo de 22 anos, de 1983 a 2005.
Este livro foi pensado como uma homenagem
ao cenário clássico de Ravenloft, um meio de
preencher algumas lacunas e vazios, e adaptar
elementos do cenário de campanha clássico de
Ravenloft para a 5ª edição de Dungeons and Dra-
gons. Esperamos que nossa pequena contribui-
ção ao grande legado de Ravenloft possa servir
como uma ponte para conectar exploradores das
brumas experientes e aqueles que apenas agora
se deparam com o horror de Ravenloft, resga-
tando elementos que ajudaram a construir este
magnífico cenário, e servir de opção para aque-
les que pretendem integrar a sua mesa tramas e
personagens perdidos nas brumas de um passado
distante, mas jamais esquecido.
Semiplano do Medo
O cenário clássico de Ravenloft se encaixa
na cosmologia de Dungeons and Dragons como
um semiplano, uma dimensão limitada, cercada
por misteriosas e implacáveis brumas. Aqueles
que adentram essas névoas, estão eternamente
aprisionados neste mundo de horror, e ninguém
consegue escapar, seja por meios físicos ou má-
gicos.
Dentro da cosmologia de Dungeons & Dra-
gons, este semiplano estava originalmente loca-
lizado no Plano Etéreo.
Durante o período da 4ª Edição de Dungeons
& Dragons houve uma alteração da cosmologia,
e o semiplano do medo, também chamado de se-
miplano do medo, e os Poderes Sombrios foram
inseridos no Plano das Sombras, uma espécie de
 • O que é este livro? •
dimensão espelho de nossa realidade, permeada
por sombras e pela morte.
Esta posição cosmológica no universo de
Dungeons & Dragons pouco deve influenciar na
história de horror narrada em Ravenloft. Tenha
em mente que tudo o que for apresentado aqui
pode ser alterado de acordo com os objetivos e
preferências do mestre.
Terra das Brumas
Então, se o nome do cenário, dentro do jogo,
é utilizado apenas para se referir ao castelo de
Strahd, como as pessoas chamam seu mundo?
A maioria dos nativos destas terras não tem
conhecimento sobre a existência de outros mun-
dos e planos de existência, e muitas vezes não
conhecem outra realidade além da região e reinos
17
onde vivem.
Muitos daqueles que foram tragados pelas
brumas para o semiplano do medo sabem que
estão aprisionados em uma dimensão diferente de
sua realidade de origem, e muitas vezes procuram
um meio de escapar e voltar para sua origem.
O semiplano do medo e as terras aprisiona-
das pelas brumas nunca foram batizadas como
um todo. Para boa parte dos habitantes locais,
o mundo é chamado simplesmente de Terra das
Brumas.
As Brumas
As brumas são um elemento sempre presente
no cenário de Ravenloft. Mais do que um instru-
mento para evocar a atmosfera do horror gótico
(e mais do que um objeto de superstição para
18
os nativos) elas exercem vários efeitos sobre as
almas infelizes que escolhem abraçar.
Primeiramente, as brumas podem transportar
as pessoas, seja de um local ao outro dentro do
semiplano, ou de outros mundos para o semipla-
no. Elas também podem distorcer o tempo e es-
paço. Assim, alguém viajando através das brumas
pode vagar por dias, apenas para emergir a apenas
alguns metros do ponto de partida, ou andar ape-
nas alguns minutos e descobrir que quilômetros
foram percorridos. Ou ainda, em relação ao tem-
po, alguém pode descobrir que sua travessia pode
ter o enviado para o passado ou futuro.
Diversas personagens e locais de mundos co-
nhecidos de Dungeons & Dragons já foram su-
gados e tragados pelas brumas para o semiplano
do medo, ou talvez as brumas tenham recriado
localidades de outros mundos de Dungeons &
Dragons para servirem como as prisão e tormen- A natureza ou existência dos Lordes Sombrios
to para os Lordes Sombrios e as pobres almas que não é abertamente conhecida pelos habitantes
habitam estas terras. da Terra das Brumas, e nem sempre eles são os

Domínios e Lordes Sombrios

Domínio é o termo utilizado fora do jogo para
se referir a um território do Semiplano do Medo
que aprisiona um Lorde Sombrio.
Para os habitantes da Terra das Brumas, cada
reino é delimitado por fronteiras políticas. Mas
a verdade é mais precisa e sombria.
Cada domínio possui ao menos um Lorde
Sombrio, um ser de extremo mal, que, após um
ato terrível, foi recompensado pelas brumas com
uma terra moldada em torno de sua própria cor-
rupção. Estes domínios muitas vezes refletem a
natureza e tormentos de seu Lorde Sombrio, e
exploram a fundo um tema de horror gótico.
regentes políticos da região.
Apesar disso, os Lordes Sombrios possuírem
poder absoluto sobre seus domínios. No cená-
rio clássico de Ravenloft, eles também estavam
cientes de sua condição. Dentre seus poderes,
um lorde sombrio pode, por sua mera vontade,
fechar as fronteiras de seu domínio, impedindo
qualquer um de entrar ou deixar o local.
Mas esse poder vem com um preço. Os Lordes
Sombrios são seres absolutamente condenados,
prisioneiros de seus próprios domínios, incapa-
zes de escapar, mesmo através da magia mais po-
derosa. Cada um deles carrega também a pior das
maldições: nunca ser capaz de obter seu maior
desejo, e viver um eterno ciclo de tormentos por
 • O que é este livro? • 19
seus atos malignos.

O Núcleo, Aglomerados, Ilhas e Magia e Religião

Bolsões
No cenário proposto pelo livro Guia de Van
No cenário clássico de Ravenloft, alguns ele-
mentos fantásticos de Dungeons and Dragons
davam espaço a uma realidade mais sombria e
Richten para Ravenloft, cada domínio é isolado
horrível, e elementos fantásticos davam lugar a
pelas brumas, e apenas alguns poucos conhecem
um cenário de baixa magia. Em muitos domínios
os segredos de viajar através das brumas, e se
do semiplano, a magia é vista com suspeita e
tornam viajantes das brumas.
medo. Em outros, ela é aceita, embora as magias
No cenário clássico de Ravenloft, os domínios
mais poderosas estejam sob controle dos indi-
de Ravenloft eram divididos em várias categorias.
víduos mais corrompidos e poderosos, como os
O Núcleo é a parte principal do cenário, uma
Senhores Sombrios, por exemplo.
grande massa de terra com dois mares, onde vá-
No semiplano do medo, algumas magias fun-
rios domínios compartilham fronteiras. Tal qual
cionam de forma diferente. Magias de teletrans-
em outros cenários, os reinos e domínios pre-
porte, por exemplo, não são capazes de atravessar
sentes no Núcleo interagem entre si, fazendo
as bordas fechadas de um domínio, e nenhuma
comércio, guerras, intrigas políticas, e tratados
magia é capaz de tirar alguém do semiplano.
e alianças.
Magias para detectar alinhamento irão apenas
Além do Núcleo, há os aglomerados, que cor-
revelar lealdade ou caos, mas jamais revelarão a
respondem à uma aglomeração de dois ou mais
inclinação para o bem ou mal.
domínios cercados pelas brumas. Não é o tama-
E magias moralmente questionáveis (como
nho físico dos aglomerados que se leva em conta
levantar os mortos), podem atrair a atenção dos
para tal classificação (uma vez que há pelo menos
Poderes Sombrios e irão render um teste de po-
um deles que rivaliza o Núcleo em tamanho),
der ao conjurador.
mas o número de domínios em sua composição.
A Terra das Brumas tem um vasto número de
As ilhas do terror são domínios solitários cer-
divindades, alguns venerados em diferentes do-
cados pelas brumas, cujo tamanho pode variar
mínios (com visões diversas acerca de seus dog-
drasticamente.
mas), e outros exclusivos de um único domínio.
Finalmente, os bolsões são um tipo especial
Muitas dessas fés se originaram no semiplano do
de domínio. Eles são pequenos (uma casa, uma
medo, enquanto outras são baseadas em religiões
clareira ou uma simples sala, por exemplo), po-
de outros mundos.
dem existir dentro de domínios maiores. Alguns
Viajantes das Brumas que foram tragados pe-
deles são capazes de mudar sua localização.
las Brumas de outros mundos e planos de exis-
tência revelam sentir um grande vazio no semi-
plano do medo, e se sentem distantes de suas
20
divindades. A magia divina, com algumas alte-
rações, ainda funciona no semiplano do medo, e
muitos especulam se os Deuses ainda respondem
ao chamado de seus clérigos, ou se os Poderes
Sombrios interceptam e respondem diretamente
a estas orações e preces.
Os Poderes Sombrios
A natureza e identidade dos Poderes Som-
brios são o grande mistério do cenário de Ra-
venloft. O termo Poderes Sombrios é utilizado
para se referir aos seres responsáveis pela criação
do Semiplano do medo e o aprisionamento dos
lordes sombrios.
A verdadeira natureza ou motivação dos Pode-
res Sombrios jamais foram reveladas, e por seus
desígnios, as brumas podem surgir em qualquer
parte do universo, e tragar para sua prisão ene-
voada pessoas, deuses, ou até reinos inteiros.
No mundo do jogo, pouquíssimos indivídu-
os estão cientes da existência dos Poderes Som-
brios. Mesmo para aqueles que suspeitam de sua
existência, quase nada é conhecido, nem mesmo
prova de sua real existência, além da dedução
lógica de que alguém deve ser o responsável pela
estranha natureza do local.
Os Poderes Sombrios são, no fim, uma ferra-
menta para o mestre, e nenhuma resposta oficial
a esse mistério será em algum momento forne-
cida. Mas, a fim de auxiliar o mestre a melhor
adequar essa ferramenta em suas campanhas, há
algumas linhas de raciocínio que podem ser in-
teressantes seguir.
Os Poderes Sombrios são reais
Dada a natureza do semiplano do medo, suas
restrições, os lordes sombrios com suas maldi-
ções e seu aprisionamento (coisas absolutamente
desconhecidas pelas pessoas comuns vivendo no
semiplano do medo) o pensamento mais lógico
é de que algum poder maior deve estar por trás
disso tudo.
Os Poderes Sombrios são muitos
Não há prova ou evidência se o semiplano do
medo foi criado por uma entidade singular ou se
há mais de uma.
Os Poderes Sombrios são bons
Uma vez que eles são responsáveis por cap-
turar os seres mais corrompidos de todos os
mundos, aprisionando e amaldiçoando-os, seria
possível dizer que os Poderes Sombrios são, de
fato, uma força do bem.
Os Poderes Sombrios são malignos
Se levados em consideração os muitos ino-
centes vivendo no Semiplano do medo, sujeitos a
todos os seus horrores e sob a regência cruel dos
senhores sombrios, a possibilidade de os Poderes
Sombrios serem malignos é palpável. Do contrá-
rio, por que eles iriam permitir o sofrimento de
pessoas inocentes?
O fato é que há argumentos para ambas as
possibilidades. Eles aprisionam e amaldiçoam se-
res malignos, mas, por outro lado, eles concedem
grandes poderes a esses seres. Talvez a resposta
não seja tão simples, uma vez que os Poderes
Sombrios não são criaturas mortais, de modo
que suas mentes e objetivos são intangíveis à
compreensão humana.
Lembre-se de que os Poderes Sombrios são
 • O que é este livro? • 21
uma ferramenta do mestre, um
grande mistério, que jamais deve
ser completamente explicado, nem
utilizado como um inimigo para os
jogadores enfrentarem diretamente.

Nativos e Forasteiros
Em suas primeiras encarnações,
Ravenloft era utilizado principal-
mente como um cenário do tipo “fi-
nal de semana no inferno”. Mestres
costumavam levar seus jogadores a
Ravenloft com o único propósito de
escapar daquele lugar horrível (ge-
ralmente matando o lorde sombrio
local).
Mais tarde, os desenvolvedores
do cenário passaram a utilizar uma
aproximação diferente, com o con-
ceito de personagens nativos, mu-
dando assim o foco da campanha de
Ravenloft para temas mais amplos e
pessoais dentro do gênero do hor-
ror, além de dar mais vida e coerên-
cia ao cenário.
Como mestre, você pode optar
por qualquer escolha que se adeque
às suas necessidades. O grupo pode
ser composto tanto por personagens
de outros mundos quanto por per-
sonagens nativos do semiplano.
Ao longo deste livro iremos de-
talhar diversos domínios do cenário
de Ravenloft, e apresentar dicas e
orientações sobre como criar per-
sonagens nativos destas terras.
 Raças

“Mesmo conhecendo o que chama de bon-

dade, isso torna você bom?”
(Filme: Entrevista com Vampiro)
 Levkarest, Borca, 759 BC

Caro Ivan,
Já faz muito tempo desde que nossos caminhos se cruzaram. Gennifer e eu viajamos pela
Terra das Brumas, tentando encontrar nosso amigo e mentor desaparecido Dr. Rudolph Van
Richten, enquanto tentamos manter vivo seu legado para lutar contra as forças das trevas.
Embora estejamos longe de sua vasta experiência em batalha, encontramos os indivíduos
mais incomuns ao longo do caminho, tanto como aliados quanto como inimigos de nossa causa.
No começo, achava difícil confiar nos outros em nossa jornada. As criaturas das trevas
são astutas, implacáveis e enganosas, e pode ser difícil saber em quem confiar. Mas enquanto
abrimos caminho através das brumas, percebi que não poderíamos fazer isso sozinhas. Eu
precisava da ajuda de outros - aventureiros capazes e corajosos de todos os tipos de origens,
com diferentes habilidades e conhecimentos.
Foi uma surpresa para mim descobrir que alguns de nossos aliados mais for tes eram
indivíduos em quem eu poderia não ter confiado à primeira vista. Raça, aparência e diferenças
culturais podem enganar, e aprendi uma lição valiosa a não julgar um indivíduo com base
nessas características superficiais. Existem combatentes das trevas onde menos se espera, e
sou grata por sua ajuda em nossas batalhas.
Um desses encontros foi com um mago élfico chamado Dalamar, das terras de Sithicus.
Ele tinha um raciocínio rápido e uma mente afiada e nos ajudou a derrotar uma bando de
mor tos vivos que estava aterrorizando uma vila próxima. Em outra ocasião, fomos ajudados
por um gnomo darkonês chamado Gar th, que tinha uma habilidade incrível de entrar e sair
das sombras sem ser notado. Sem a ajuda dele, talvez não tivéssemos sobrevivido ao nosso
encontro com um grupo de vampiros.
Eu também aprendi da maneira mais difícil, que são necessários todos os tipos de
habilidades e habilidades para lutar contra as criaturas da noite. Alguns de nossos aliados
eram guerreiros habilidosos como eu, mas outros eram curandeiros talentosos, conjuradores
poderosos ou astutos ladinos. Cada membro de nossa equipe tinha algo único a oferecer e,
juntos, conseguimos alcançar a vitória onde poderíamos ter falhado sozinhos.
Espero que, quando nos encontrarmos novamente, eu possa contar pessoalmente sobre
nossas aventuras e talvez aprender mais sobre sua caçada ao terrível golem na Lamordia.
Continuaremos a travar o bom combate, e sabemos que não estaremos sozinhos.

Sinceramente,
Laurie Weathermay
24
 • Raças • 25
CAPÍTULO

II
Heróis ou Monstros?

No cenário clássico de Ravenloft a fantasia tradicional da lugar ao horror gótico, em um ambiente

menos fantástico e mais sombrio. Embora a maior parte das raças presentes no Livro do Jogador podem
ser encontradas nos domínios do medo, a raça humana era predominante na maior parte dos domínios.
Neste capítulo você conhecerá novas opções de raças para criar seu personagem de Ravenloft para a 5ª
edição de D&D, inspiradas em opções de raças previamente existente em edições anteriores do cenário.
Algumas delas remontam aos primórdios do cenário, como a raça Variante Humana dos Vistani e
Meio-Vistani. Outras, como os Calibans e as Fadas Sombrias apenas foram apresentadas durante a 3ª
edição de Dungeons and Dragons. As vezes, aqueles que são chamados de monstros ou criaturas se
revelam como os heróis deste mundo sombrio.

Raças
Humanoides, em especial os humanos, são
os principais habitantes das terras das Brumas.
Quando estiver criando seu personagem, você
pode escolher uma das raças básicas disponíveis
aos jogadores e ler aqui como elas foram afetadas
pelo horror de Ravenloft, ou escolher uma das
raças (e subraças) a seguir.
26
As raças deste suplemento, apresenta-
das em ordem alfabética, são opções com
ligação à história do cenário e, quando
for o caso, terão também as subraças.
Algumas dessas raças, como o próprio
texto deixa claro, estão muito mais para
linhagens, como traz o novo Guia de Van
Richten para Ravenloft, do que raças de
fato. Optamos por utilizar o termo do Li-
vro do Jogador, no entanto, para manter
um padrão.
Conforme a tendência inaugurada no
Caldeirão de Todas as Coisas de Tasha,
e seguida pelo Guia de Van Richten para
Ravenloft, os aumentos nos atributos po-
dem ser escolhidos pelo jogador, podendo
escolher +2 e +1 em dois atributos dife-
rentes, ou em +1, +1, e +1 em três atribu-
tos diferentes. Seja qual for a sua escolha,
nenhum atributo pode chegar a valores
acima de 20.
Raças, Meia-Raças,
Ancestralidades? Espécies ou
Este livro começou a ser escrito antes que a
Wizards of the Coast decidisse por retirar as ra-
ças mestiças do jogo, ou ao menos diferenciá-las
das demais raças. E antes das raças passarem a
ser chamadas de espécies.
Entendemos os motivos que levaram a esta
decisão pela Wizards of the Coast, e sabemos
que está é uma decisão polêmica na comunidade.
Para melhor referência utilizamos os termos
meio-elfo, meio-orc e meio-vistani, como eram
utilizados no cenário clássico de Ravenloft, e
como são tradicionalmente conhecidos a décadas
por mestres e jogadores.
Enfatizamos que nossa decisão por usar es-
tes termos não reflete qualquer tipo de contexto
político-social. Não queremos neste livro trazer
essa discussão, por não acharmos que aqui seja
o lugar para estes e outros debates importantes
sobre tantos assuntos envolvendo preconceito,
diversidade, representatividade, estereótipos e
tudo que se pode desenvolver através de um po-
sicionamento. Nem sobre a origem de termos,
ou sobre como eles mudam de significado com o
uso e o tempo.
Quando pensamos no “meio” alguma coisa,
não pensamos tampouco que este indivíduo não
seja completo. Apenas que sua mãe vem de um
“mundo” e seu pai vem de outro “mundo”. E
então este ser é filho de dois mundos, sendo
uma metade de si de cada mundo, tendo uma
complexidade única, e sendo um ser único como
todos são.
Mesas de RPG tem suas particularidades e
peculiaridades das mais diversas. Esse material
tem a intenção de ser abrangente e adaptar o
que já existia no cânone do cenário há décadas,
facilitando a consulta de material antigo e suas
referências, aprofundando e dando novas abor-
dagens.
Esse livro é um grande compêndio de opções
para a sua mesa. Se uma opção não se encaixa,
não use. Se uma regra se encaixa, mas um termo
não se adequa a seu jogo, mude! Adapte isso a
sua realidade! Torne o jogo o melhor possível
para você e sua mesa.
A decisão final por utilizar qualquer um dos
termos citados cabe a discricionariedade do lei-
tor, e do comum acordo entre jogadores e nar-
 • Raças • 27
rador que participam da sessão. caliban: apesar do tratamento que recebem por
sua aparência exótica, eles definitivamente não

Calibans são monstros. No entanto, o medo, o ódio e o

preconceito os atingem mais do que a qualquer
Calibans são uma rara raça de Ravenloft. Por
outra raça nativa.
vezes, humanos que foram alvos de alguma mal-
Calibans sofrem perseguição em quase todos
dição ou algum efeito mágico corrompido acabam
os domínios e não possuem nenhuma organiza-
concebendo um caliban. Esse ser de aparência
ção ou sociedade própria para se protegerem, até
diferente da maior parte da população é logo vis-
o presente momento (apesar da organização de
to em meio a sociedade como mal presságio. Na
calibans de Invidia, mas que dificilmente seria
maioria dos reinos, considera-se sinal de que há
considerada uma sociedade em busca de proteção,
megeras ou bruxas (fazendo pactos desprezíveis)
pois são conhecidos como “canibais” e “açou-
na vizinhança. A maioria dos calibans não tem
gueiros”, ainda que em verdade eles apenas bus-
vida fácil, vivendo em exílio e mudando constan-
quem suprir as próprias necessidades tomando
temente.
o que desejam dos outros).
Dois calibans nunca possuem a mesma aparên-
Muitos acabam sofrendo de mortes não natu-
cia. A aparência desalinhada varia enormemente,
rais: um julgamento com pena capital (justa ou
mas é comum que abranja torsos e membros de
não), suicídio, doses excessivas de substâncias
tamanho avantajado, muitas vezes gerando clara
como álcool ou drogas (sendo a causa direta ou
assimetria, fazendo com que sejam fisicamente
indireta dessas mortes), e também o ingresso em
poderosos. A visão comum é que sejam criaturas
bando de aventureiros, que se acabam sendo mais
brutas e selvagens, mas isso vem muito mais de
abertos a aceitar um caliban entre os seus, por
sua condição de pária em algumas sociedades,
outro lado costumam ter vida curta.
que faz com que tenham muita dificuldade em
Como grupos de aventureiros não são co-
encontrar uma educação formal e que dificilmen-
muns, muitos se tornam caçadores, lenhadores,
te sejam aceitos na sociedade, não tendo a opor-
criminosos ou fazem trabalhos braçais e demais
tunidade de aprenderem os costumes e hábitos.
serviços que ninguém está disposto a fazer. Al-
A palavra caliban vem de uma distorção de
guns se associam a cultos misteriosos apenas para
“canibal”, que é um hábito associado (ainda que
serem aceitos.
de forma mentirosa) aos membros dessa raça.
Das igrejas comuns em Ravenloft, apenas a
Rejeitados como monstros, muitos passam a
Igreja de Hala de fato traz acolhimento aos cali-
vida morando em sótãos empoeirados ou porões
bans, o que faz com que seja a fé com maior nú-
úmidos, quando nas cidades, ou se tornado er-
mero de calibans entre todas presentes na Terra
mitões. Entretanto, a alma de um caliban pode
das Brumas.
ser tão pura e nobre quanto a dos membros das
Calibans podem ter filhos, que normalmente
demais raças. Essa é a verdadeira angústia de um
são também calibans. A maioria é filha de um par
28
caliban, já que outras raças raramente se envol- do domínio onde nasceram
vem romanticamente com os brutos. Estes filhos,
que não sofrem o desprezo dos pais, tem mais
sorte que os demais e até podem ter acesso a al-
Brutos
Os Brutos são os calibans mais comuns. A
gum nível de educação e de afeto parental. maioria tem grande força física e por isso os ca-
Em razão do isolamento, calibans normalmen- libans em geral são lembrados pelos Brutos. Sua
te dão muito valor aos momentos felizes, nutrem aparência normalmente grande e seus traços não
muito afetos por animais de estimação e são com- alinhados muitas vezes são considerados pela so-
panheiros fiéis. Entre os agrupamentos de outras ciedade como feios, porque muitas vezes as pes-
raças, elfos às vezes se sentem curiosos e fasci- soas têm dificuldade em lidar com o diferente.
nados com calibans. Anões respeitam sua força Eles usam sua potência física para serem acei-
física. Gnomos, por sua vez, os acham interes- tos, e o uso do termo “brutos” para designar os
santes, mas têm um certo medo dos brutos (no calibans em tantos lugares vem desta casta. Mais
entanto, bem menor que o dos humanos). Peque- altos entre os calibans, são o tipo mais comuns
ninos quase não possuem e suas origens muitas vezes são
sociedades próprias na associadas a alguma maldi-
Terra das Brumas, ção ligada a gigantes ou
assim como meio ogros.
elfos, e acabam Tamanho. O
contaminados seu tamanho é Mé-
pela sociedade dio.
na qual estive- Deslocamen-
rem inseridos. to. O seu desloca-
Os Calibans mento básico é 9
se dividem em metros.
três tipos: Os Compleição
Brutos, os Bes- Poderosa. Você
tiais e os Maldi- é considerado
tos. Os Calibans como um tamanho
têm tamanho maior para determi-
médio (varian- nar sua capacidade
do entre 1,5 e 2 de carga e o peso
metros de altu- que você pode em-
ra), vivem tanto purrar, arrastar
quanto humanos ou levantar.
e falam o idioma Atleta Pro-
 • Raças • 29
dígio. Você é proficiente na perícia Atletismo.
Uma vez por descanso curto ou longo, quando
realizar um teste de Força (Atletismo), você pode
Bestiais
Os Bestiais são os calibans que possuem ca-
rolar 1d4 e adicionar o valor final ao resultado
racterísticas animalescas devido a seus traços
da jogada de dados.
físicos. Também chamados de “selvagens”, eles
Sobrevivência Brutal. Você é um sobrevi-
correspondem ao que permanece no imaginário
vente. Se você começar o seu turno com menos
popular quando se fala de um caliban na floresta
da metade dos pontos de vida, pode gastar uma
ou na montanha. Estes traços geralmente lhes
ação bônus para gastar um dado de vida e recu-
conferem habilidades especiais, muitas vezes so-
perar estes pontos de vida. Você poderá usar
bre-humanos.
novamente esta característica após realizar um
Os mais baixos dos calibans, suas origens são
descanso curto ou longo.
comumente associadas a alguma maldição ligada
a metamorfos.
Tamanho. O seu tamanho é Médio.
Deslocamento. O seu deslocamento
básico é 10,5 metros.
Visão no Escuro. Graças a sua maldição,
você possui uma visão superior no escuro. Você
consegue enxergar até 18 metros na meia-luz
como se fosse dia e, na escuridão, como se fosse
meia-luz. Na escuridão você só consegue discer-
nir tons de cinza.
Garras. Você possui garras. Você tem ve-
locidade de escalada de 6 metros. Você é capaz
de fazer ataques com suas garras, que são armas
naturais que possuem a propriedade acuidade, e
podem ser usadas para fazer ataques desarmados.
Estes ataques causam 1d4 + o bônus de Força ou
Destreza de dano cortante.
Resistência a Pragas. Você é resistente a
dano venenoso e tem vantagem em salvaguardas
contra venenos.
Sobrevivente Nato. Você é proficiente na
perícia Sobrevivência. Uma vez por descanso
curto ou longo, quando realizar um teste de Sa-
30
bedoria (Sobrevivência), você pode rolar 1d4 e
adicionar o valor final ao resultado da jogada de
dados.

Malditos
Os Malditos são os calibans mais raros, e seus
traços fazem com que sejam associados a bru-
xaria, tendo manchas, estigmas, cicatrizes, pro-
tuberâncias ósseas (que podem parecer chifres,
esporas...), polidactilia, olhos de cores distintas,
pele de uma cor não usual. Os Malditos costu-
mam ter personalidades marcantes e exóticas.
Os malditos em geral têm o mesmo tamanho
de um humano comum, e suas origens costu-
mam ser associadas a bruxas, megeras, fadas ou
ínferos.
Tamanho. O seu tamanho é Médio.
Deslocamento. O seu deslocamento
básico é 9 metros.
Visão no Escuro. Graças a sua maldição,
você possui uma visão superior no escuro. Você
consegue enxergar até 18 metros na meia-luz
como se fosse dia e, na escuridão, como se fosse
meia-luz. Na escuridão você só consegue discer-
nir tons de cinza.
Mente Alienígena. Sua mente funciona di-
ferente da dos demais. Você tem vantagem em
salvaguardas de sabedoria e inteligência.
Sentidos Felinos. Você é proficiente na pe-
rícia Percepção.
Marca da Bruxa. Você conhece um truque
de Bruxo, Druida ou Mago. Seu atributo para

conjurá-lo é o Carisma.
 • Raças • 31
As Fadas Das nove casas de Araks originais, apenas

Sombrias
quatro existem em grande quantidade: Powrie,
Shee, Sith e Teg. Alven, Brag, Fir, Muryan e
Portune já quase não são mais vistos nos dias
As fadas sombrias, conhecidas por alguns
atuais. As fadas sombrias possuem um senso de
como os Araks, são fadas que pertenceram uma
humor afiado, e dificilmente perdem a oportuni-
vez ao reino de Faéria, mas que sofreram uma
dade de pregar peças. Dependendo do humor e da
grande diáspora num passado muito remoto, e
personalidade da fada, essas brincadeiras podem
poucas de seus exemplares existem em Faéria
ser perigosas ou até mesmo mortais.
hoje em dia. As fadas que hoje são denomina-
Todas as fadas sombrias possuem dois nomes.
das como Araks, quando ainda não haviam saído
Um nome comum, usado no dia a dia, e um nome
de Faéria, seguiam uma lendária fada de nome
secreto, compartilhado apenas com seus amigos
Arak, possivelmente uma arquifada. Alguns di-
mais próximos, pois as fadas acreditam que o
zem que ele foi um dos primeiros reis de Faéria,
conhecimento do nome verdadeiro traz poder
antes mesmo das divisões das cortes, mas não
sobre a criatura.
há qualquer registro confiável dessa lenda e ne-
Na terra das brumas, elas andam disfarçadas
nhum Arak gosta de contar essa história. A única
na maioria das vezes, pois nem sempre são bem-
“prova” dessa lenda é a famosa “Lei de Arak”,
-vindas. Além dos domínios antigos como Arak
que dita que nenhuma fada deve deliberadamente
e da Fenda Sombria, muitas delas frequentam
matar outra fada. Essa lei ainda existe em Faéria,
domínios com grande quantidade de áreas selva-
ainda que não tenha sido sempre respeitada ao
gens, ou Dementlieu, atraídas pelo glamour dos
longo da história.
bailes e das intrigas mortais.

Trocadinas
Após a diáspora, muitas das fadas sombrias
foram para o Pendor das Sombras, seja pela tris-
teza ou vergonha que gerou a divisão das cortes,
As fadas sombrias em Ravenloft, enquanto
seja por terem seguido seu líder até seu desapa-
raças para jogadores, têm um evento diferente
recimento neste mesmo plano eras atrás, quando
em sua história. Após passarem muito tempo
o Sombral ainda era um semiplano. A partir do
nas sombras deste mundo corrupto, as fadas co-
Sombral, algumas dessas fadas adentraram no Se-
meçaram a sentir que se tornaram mais frágeis
miplano do Medo e fazendo deste terrível local
perante a luz solar, em razão dos séculos vivendo
o seu lar. Alguns dizem que isso ocorreu antes
no Sombral, e a luz direta do sol passou a cau-
mesmo dele ser criado como é hoje, enquanto
sar-lhes dor e sofrimento, tanto quanto a um
outras lendas dizem apenas que, no Semiplano
vampiro. Não se sabe se isso foi uma maldição,
do Medo, o tempo não funciona como nos demais
se foi a corrupção ou se a proximidade com al-
planos. É incerto, já que poucos retornam da
gum ser terrível das Terras das Brumas. O fato é
Terra das Brumas para contar a história.
que essa fraqueza foi se tornando cada vez mais
32
poderosa e mais terrível.
Foi quando, segundo uma lenda popular en-
tre as fadas, um sábio portune sugeriu o uso de
um ritual muito malvisto em Faéria, mas que
poderia ser muito útil nestas terras. O ritual de
changeon. Este ritual, desenvolvido há tempos
imemoriais nas terras do Sombral, envolveria a
troca de uma criança mortal com uma criança
fada.
No ritual, a criança nascida das fadas antes de
ser enviada é protegida por um ritual que concede
a ela a forma mortal. Ela então é criada com os
mortais e, graças à pureza e proteção concedida
pelo leite materno, a jovem fada permanece nesta
forma até a puberdade. As espécies de fadas de
tamanho pequeno costumam preferir famílias de
gnomos ou pequeninos, enquanto as outras fadas
acabam por preferir famílias de elfos ou humanos.
Fadas escondidas entre famílias de anões ou ou-
tras raças não são completamente inexistentes,
no entanto. Por vezes a criança fada acaba tendo
contato com seus pais verdadeiros ou algum tu-
tor fada que lhe conta a verdade sobre si mesma.
Em outras, o despertar para sua forma verdadeira
acaba sendo um evento traumatizante para si e
para seus parentes. Há ainda a questão da outra
criança: a criança mortal.
A criança mortal é levada para crescer com as
fadas (quando não é usada para fins terríveis) e
cresce com os seus “pais adotivos”. Muitas vezes
sofrem abusos terríveis de suas novas famílias,
sendo criadas como escravas, como bichos de
estimação ou animais selvagens, enquanto ou-
tras crescem amadas e cuidadas. Algumas dessas
crianças mantêm as características herdadas de
seus pais biológicos. Outras sofrem aberrações
e se tornam Sangue de Bruxa (ver no livro Guia
de Van Richten para Ravenloft, página 18). E,
mais raramente, algumas são escolhidas por seus
pais, quase sempre da Corte Seelie, para sofrerem
um ritual muito semelhante ao realizado com as
bebês fadas enviadas aos pais mortais e se tornam
fadas. Ao contrário dos bebês fadas que voltam
a sua forma original na puberdade, esses bebês
originalmente mortais nunca mais retornam a
sua forma “verdadeira” e esse ritual nunca mais
é revertido.
Bebês transformados que foram originalmente
mortais ou bebês que originalmente foram fadas
são chamados de biorigons pelos portunes. No
entanto, este termo é considerado erudito e de
raro uso. A maioria das fadas prefere o termo
Trocadino ou Trocadina. O termo é obviamente
pejorativo, mas muitos trocadinos e trocadinas
tomam pra si o termo como sinal de autoiden-
tificação, ressignificando a palavra e dando uma
conotação de força e resistência. Por fim, algumas
fadas tentam evitar o uso de ambos os termos e
as chamam pelo nome do ritual, changeon, de
forma neutra para qualquer gênero que a nova
fada sombria tenha.
É importante lembrar que as trocadinas e
trocadinos que andam pela sociedade feérica de
Ravenloft não costumam ser consideradas iguais
as “fadas verdadeiras” em qualquer que seja o
grupo. Isso faz com que a maioria acabe abando-
nando, mais cedo ou mais tarde, essa sociedade,
quando podem, e partindo para se misturar da
forma que melhor conseguirem com os nativos
do semiplano.
O ritual de changeon não passou desperce-
bido ao mundo mortal. Os mortais passaram a
 • Raças • 33
desenvolver diversos rituais de proteção para que depois o menos numeroso.
não tenham seus bebês trocados. O mais popular
em Tepest é o de se misturar leite com o pó de
prata ou ferro em uma bacia que deve ser deixada
Powrie
De todas as fadas sombrias, os powrie são a
ao lado de uma chama acesa como uma fogueira que mais tende a malícia e a perversidade, pois
ou lareira e isso protegerá a morada, tendo que nas eras vivendo nas sombras acabaram desen-
ser refeito todas as noites, horário preferido das volvendo gosto em causar dor e sofrimento, brin-
fadas. cando com a vida dos mortais como se fossem
Tipo. Feérico. meros brinquedos.
Idade. Você chega à idade adulta com 18 Também conhecidos pela alcunha de “barre-
anos, podendo viver até um milênio. tes vermelhos”, os powrie muitas vezes se torna-
Tamanho. Seu tamanho segue conforme sua ram aliados de necromantes e de fadas poderosas
subraça, conhecida como casa. da Corte Unseelie, com muitos adotando pactos
Visão no Escuro. Acostumado a escuridão
da terra das sombras, você possui uma visão su-
perior no escuro. Você consegue enxergar até
18 metros na meia-luz como se fosse dia e, na
escuridão, como se fosse meia-luz. Na escuridão
você só consegue discernir tons de cinza.
Idioma. Você fala, lê e escreve nos idiomas
comum e silvestre.
Sensibilidade à Luz Solar. Você possui
desvantagem nas jogadas de ataque e nos testes
de Sabedoria (Percepção) relacionados à visão
quando você, o alvo do seu ataque ou qualquer
coisa que esteja tentando perceber, estiver sob
luz solar direta.
Subraças. As fadas sombrias variam enor-
memente entre as suas sub-raças, chamadas de
casas pelas fadas, e alguns chegam a considerar
que elas sequer pertencem ao mesmo grupo. As-
sim, dividiremos as casas em 2 grupos. O mais
numeroso, incluindo Powrie, Shee, Sith e Teg, e
o menos numeroso, incluindo Alven, Brag, Fir,
Muryan e Portune.
Começaremos pelo grupo mais numeroso e
34
sombrios com entidades ocultas em troca de po-
der, enquanto outros buscaram o caminho da
espionagem e do assassinato. A verdade é que os
barretes vermelhos muitas vezes cedem ao prazer
de matar. Seja como for, eles ainda seguem a Lei
de Arak, e não matam outras fadas.
Nem todos os barretes vermelhos, no entan-
to, sucumbiram a essa tentação e muitos ainda
buscam o caminho da luz e da verdade para trazer
sua casa de volta à luz e, quem sabe, até mesmo
a uma boa convivência com as demais casas.
Tamanho. O seu tamanho é Pequeno.
Powrie possuem uma estatura média de 1,10
metros de altura.
Deslocamento. O seu deslocamento básico
é 7,5 metros.
Energia Sombria. Você pode usar uma ação
para fazer com que a energia sombria que habita
em você realize um dos seguintes efeitos:
Voo. Asas de vespa surgem de suas costas,
permitindo que você tenha deslocamento de voo
de 9 metros por até um minuto.
Forma de Vespa. Após chegar ao 3º nível,
pela duração de até um minuto, você pode assu-
mir a forma de uma vespa gigante.
Nesta forma, você é capaz de usar o ataque
venenoso da vespa, mas ao contrário do ataque
da vespa, o efeito do veneno é causar a condição
cego. A CD do veneno é a mesma da vespa gigan-
te. Essa alteração tem as mesmas características
da magia Metamorfose.
Você recupera sua energia sombria após rea-
lizar um descanso longo.
Legado das Fadas. Você conhece o truque
ilusão menor. Ao alcançar o 3º nível, você pode
conjurar a magia
cegueira/surdez uma vez como uma magia de
segundo círculo. Ao alcançar o 5º nível, você
pode conjurar a magia medo uma vez como uma
magia de terceiro círculo. Você precisa terminar
um descanso longo para conjurar as magias deste
traço outra vez. Seu atributo de conjuração é o
Carisma.
Shee
Desde os tempos mais remotos, shee são
diplomatas e aristocratas. Eles têm uma pose
e comportamento tão requintado e esnobe que
deixaria o nobre humano ou o elfo mais refinado
parecendo um plebeu. De todas as fadas som-
brias, certamente os shee são as mais comuns de
serem encontradas fora de suas terras, pois elas
atuam como emissários muitas vezes, tanto em
Faéria quanto em outros mundos.
Se um barrete vermelho tem gosto em matar,
um shee gosta de brincar com a mente dos mor-
tais. Sabendo o que sua aparência pode causar,
muito semelhante a um elfo ou a um eladrin,
porém ainda mais belo (e mais alto, com uma al-
tura média um pouco acima dos humanos), essas
fadas a usam sem restrição, seja para conseguir
vantagens políticas ou mercantis, seja para des-
truir relacionamentos por pura diversão.
Claro, isso varia muito conforme a natureza
de cada shee. O tipo de jogo mental que cada
shee prefere não poderia ser restrito a um breve
texto. Shee só temem uma coisa: não estarem
no controle da situação. Assim, shee preferem
não sucumbir aos sentimentos, evitando o riso, o
choro, a fúria ou o amor, sem que isso faça parte
de seus cuidadosos planos. Assim, Shee tendem a
falar com um tom de voz ameno, sem nunca gri-
 • Raças •
tar e sem nunca alterar sua expressão facial. Seu
ponto fraco é a beleza, seja na arte, na natureza
ou na sociedade. Um mortal extremamente belo
é sempre alguém a ser respeitado e bem tratado,
ao menos sem que haja algo em sua interação
ou circunstância que leve a interação social para
outro caminho.
Muitos Shee aprendem mais línguas, para que
suas atividades diplomáticas sejam melhor em-
pregadas.
Tamanho. O seu tamanho é Médio. Shee
possuem uma estatura média de 1,80 metros de
altura.
Deslocamento. O seu deslocamento básico
35
é 9 metros.
Energia Sombria. Você pode usar uma ação
para fazer com que a energia sombria que habita
em você realize um dos seguintes efeitos:
Forma de Falcão. Após chegar ao 3º nível,
pela duração de até um minuto, você assume a
forma de um falcão (use as estatísticas de um
gavião). Essa alteração tem as mesmas caracte-
rísticas da magia Metamorfose.
Flecha Amaldiçoada. Você pode encantar
uma peça de munição (normalmente uma flecha
de arco ou besta), que se torna mágica. Além de
possivelmente ignorar resistências ou imunida-
des, uma criatura que sofra dano deste ataque
deve fazer uma salvaguarda de Carisma com CD
8 + Proficiência + Seu modificador de Carisma
ou, no próximo minuto, deverão jogar 1d4 a cada
jogada de ataque ou salvaguarda e subtrair do
resultado final. Ao final de cada um dos turnos
dela, a criatura “amaldiçoada” pode fazer uma
nova salvaguarda para encerrar a maldição.
Magias e efeitos que cancelem maldições tam-
bém encerram este efeito.
Você recupera sua energia sombria após rea-
lizar um descanso longo.
Legado das Fadas. Você conhece o truque
amigos. Ao alcançar o 3º nível, você pode conju-
rar a magia enfeitiçar pessoa uma vez como uma
magia de segundo círculo. Ao alcançar o 7º nível,
você pode conjurar a magia enfeitiçar monstros
(GXtC) uma vez como uma magia de quarto cír-
culo. Você precisa terminar um descanso longo
para conjurar as magias deste traço outra vez.
Seu atributo de conjuração é o Carisma.
36
to os shee estudam a vida e a celebram, os sith
estudam a morte, inclusive como ferramenta e
filosofia.
Muitos sith olham a morte como simplesmen-
te uma transição de um estado para outro. Assim
como os shee, sith são mais altos que os elfos. E
se um shee se parece com um elfo ou um eladrin,
um sith se parecem com um drow.
Os sith não se veem, no entanto, como ma-
lignos. E muitos deles sequer o são. Ao invés
de se preocuparem com as disputas internas por
status ou na relação com os mortais, sith tem
como prioridade proteger as cortes e as fadas.
Assim, eles providenciam proteção mágica, física
e até mesmo soldados, convocando muitas vezes
tropas de mortos vivos para defender o território
feérico, seja em Faéria, no Pendor das Sombras
ou no Pandemônio. Nas Terras das Brumas, Do-
mínios com criaturas feéricas são os preferidos

Sith pelos Sith, que muitas vezes fazem o serviço de

proteção a estas criaturas, da forma que acharem
necessário.
Os poucos mortais que estudam as fadas som-
Os estudos dos sith também os leva muitas
brias muitas vezes acabam simplificando e estere-
vezes ao caminho da religião, e alguns se isolam
otipando a existência dos sith, como meros rivais
em mosteiros estudando a cura e a ressurreição,
malignos dos shee. Os sith possuem laços fortes
aprendendo ainda mais sobre a morte e o mundo
com a Corte Unseelie e muitos acabam aderindo
dos mortos.
às práticas que muitos mortais afirmariam ser
Tamanho. O seu tamanho é Médio. Sith
abomináveis, mas os sith vão além disso.
possuem uma estatura média de 1,80 metros de
Os sith tem predileção em estudar a morte.
altura.
Eles estudam de forma aprofundada esta questão,
Deslocamento. O seu deslocamento básico
e como são criaturas que vivem séculos, esse es-
é 9 metros.
tudo acaba sendo também como algo distante e
Energia Sombria. Você pode usar uma ação
até místico. Um pouco como algumas sociedades
para fazer com que a energia sombria que habita
humanas estudam a magia. A rivalidade com os
em você realize um dos seguintes efeitos:
shee é muito relacionada a esse estudo. Enquan-
Forma de Corvo. Após chegar ao 3º nível,
 • Raças • 37
pela duração de até um minuto, você assume a como eremitas, lobos solitários e sobreviventes.
forma de um corvo. Você mantém seus atribu- Muitos, quando decidem interagir, acabam fazen-
tos mentais durante a mudança. De resto, essa do o papel de caçadores ou de batedores. Outros
alteração tem as mesmas características da magia se tornam viajantes, carregando cartas, notícias
Metamorfose. e informações de um assentamento a outro. Isso
Velocidade Estonteante. Esta habilidade inclui notícias do mundo mortal, sejam notícias
não tem o custo de uma ação. Ao usar a energia importantes ou triviais.
sombria, se você fizer uma Ação de ataque com A vida de viagens e isolamento faz com que
uma arma corpo a corpo que tenha a propriedade alguns teg se tornem exploradores naturais, o
acuidade, você pode fazer um novo ataque com que faz com que a arte da cartografia seja comum
esta arma e, se quiser, fazer mais um ataque com entre esta casa. Alguns acabam passando tanto
esta arma usando sua ação bônus. Esse efeito tempo no mundo mortal que são convocados a
dura até o final do seu próximo turno. serem espiões de alguma corte, investigando mor-
Forma Sombria. Após chegar ao 11º nível, tais que possam ser uma ameaça ou, em raros
pela duração de até um minuto, você pode assu- casos, um aliado das fadas.
mir uma forma sombria e viajar até o plano eté- Teg são incansáveis e curiosos, o que faz deles
reo, como se tivesse usado a magia forma etérea.
Você recupera sua energia sombria após rea-
lizar um descanso longo.
Legado das Fadas. Você conhece o truque
toque necrótico. Ao alcançar o 3º nível, você
pode conjurar a magia lâmina sombria (GXtC)
uma vez como uma magia de segundo círculo. Ao
alcançar o 5º nível, você pode conjurar a magia
simular morte uma vez como uma magia de ter-
ceiro círculo. Você precisa terminar um descanso
longo para conjurar as magias deste traço outra
vez. Seu atributo de conjuração é a Inteligência.

Teg
Os teg são ainda menos interessados na po-
lítica das fadas que os sith. Enquanto os sith
ainda se importam com a proteção das fadas, os
teg simplesmente não se importam com nada.
Os teg se veem como forasteiros em todo lugar,
sem nunca saber o que é pertencimento, vivendo
38
companheiros nem sempre apreciados. Muitos
são ansiosos e falam rapidamente, o que às vezes
também significa esconder suas verdadeiras in-
tenções no meio de tantas palavras. Por exemplo,
um teg poderia passar horas falando rapidamen-
te sobre as características de um vale e sobre a
informação de que há um exército no local ficar
perdida em meio a tanta conversa fiada.
Teg mexem seus olhos e cabeça todo o tempo,
como um animal selvagem, sempre observando o
seu redor. Se os sith estudam a morte e os shee a
vida, os teg estudam a natureza selvagem. Alguns
até adotam comportamentos animalescos como
marcar território ou cheirar outros seres para
reconhecê-los.
Tamanho. O seu tamanho é Médio. Teg
possuem uma estatura média de 1,70 metros de
altura.
Deslocamento. O seu deslocamento básico
é 9 metros.
Energia Sombria. Você pode usar uma ação
para fazer com que a energia sombria que habita
em você realize um dos seguintes efeitos:
Forma de uma grande raposa. Após chegar ao
terceiro nível, pela duração de até um minuto,
você assume a forma de uma raposa muito grande
(use as estatísticas do lobo). Você mantém seus
atributos mentais durante a mudança. De resto,
essa alteração tem as mesmas características da
magia Metamorfose.
Olfato Apurado. Você fica com um olfato
apurado por 10 minutos. Você pode detectar a
presença de veneno ou doença pelo olfato, como
se estivesse usando a magia detectar veneno e
doença e tem vantagem em testes de atributo
para reconhecer plantas e criaturas a 9 metros
de você pelo cheiro, além de testes para rastrear.
A cargo o DM, este olfato apurado pode ter ou-
tras consequências, benéficas ou não, enquanto
estiver ativo.
Você recupera sua energia sombria após rea-
lizar um descanso longo.
Legado das Fadas. Você conhece o truque
druidismo. Você pode conjurar falar com animais
uma vez como uma magia de primeiro círculo. Ao
alcançar o 3º nível, você pode conjurar a magia
sentido feral uma vez como uma magia de se-
gundo círculo. Ao alcançar o 7º nível, você pode
conjurar a magia confusão uma vez como uma
magia de quarto círculo. Você precisa terminar
um descanso longo para conjurar as magias deste
traço outra vez. Seu atributo de conjuração é a
Sabedoria.
Alven
As alven eram conhecidas como “acenoura-
das” nos tempos remotos, um apelido detestado
pelas alven, o que faz com que alguns rivais e
inimigos nunca se esqueçam dele. O apelido vem
dos cabelos ruivos sempre brilhantes presentes
nessas fadas, e também a sua forte ligação com os
campos e locais bucólicos. Se os teg são ligados
aos animais, as alven são ligadas as plantas.
Um dia as alven foram ligadas aos grandes
campos de Faéria e é possível encontrar nesses
locais algum descendente de um alven que não
abandonou sua terra. Hoje elas habitam os raros
campos no Sombral, e algumas migraram para ou-
tros planos como os Paraísos Gêmeos de Bitopia.
Na Terra das Brumas, elas habitam regiões pas-
toris, tentando ficar longe da visão dos mortais.
A dedicação de uma alven com as plantas é
• Raças • 39
tal que faria um druida parecer um garimpei-
ro destruidor de florestas. As alven também
se tornaram raríssimas no mundo material, e
as poucas que lá restaram se relacionam com
trentes e dríades, buscando cuidar da natureza
original, sem a mácula da civilização. Essa pos-
tura é muito mais defensiva do que ofensiva,
no entanto, o que demonstra como elas não
são vistas e quase não há mais registros de
sua presença pelos mortais.
Apesar da grande maioria ser ve-
getariana, as alven nunca matam
uma planta para se alimentar,
sabendo sempre como tirar os
nutrientes necessários de fo-
lhas caídas, pedaços de raízes,
pétalas e sementes. Todo esse
cuidado é visto com total desin-
teresse do restante das fadas
sombrias.
Alven são as menores das
fadas sombrias, nunca chegando
ao tamanho de um pequenino
com seus 90 centímetros de
altura. Seus cabelos são ruivos
tendendo pra cor laranja e sua
pele varia como a cor das folhas
através das estações, indo de um
verde escuro bem vivo no verão e
no outono, até tons amarronza-
dos e cinzentos no outono e no
inverno. A voz de uma alven é
muito melodiosa e leve, fazendo
com que alven sejam excelentes can-
toras.
Ta-
40
manho. O seu tamanho é Pequeno. Alven pos-
suem uma estatura média de 60 centímetros de
altura.
Deslocamento. O seu deslocamento básico
é 7,5 metros.
Energia Sombria. Você pode usar uma ação
para fazer com que a energia sombria que habita
em você realize um dos seguintes efeitos:
Voo. Asas de borboletas surgem de suas cos-
tas, permitindo que você tenha deslocamento de
voo de 18 metros por até um minuto.
Forma de Abelhas. Após chegar ao 3º nível,
pela duração de até um minuto, você assume a
forma de um enxame de abelhas (use as estatís-
ticas do enxame de vespas). Essa alteração tem
as mesmas características da magia Metamorfose.
Você recupera sua energia sombria após rea-
lizar um descanso longo.
Legado das Fadas. Você conhece o truque
chicote de espinhos. Ao alcançar o 3º nível, você
pode conjurar a magia ver o invisível uma vez ção de alguns dos mais antigos palácios e tem-
como uma magia de segundo círculo. Ao alcançar plos de Faéria e muitos dos refúgios das fadas
o 5º nível, você pode conjurar a magia falar com no Sombral foram projetos dos brag, em locais
plantas uma vez como uma magia de terceiro cír- escolhidos em parceria com os teg. Após a diás-
culo. Você precisa terminar um descanso longo pora, os brag se especializaram em construções
para conjurar as magias deste traço outra vez. subterrâneas e afins e parte das construções da
Seu atributo de conjuração é a Sabedoria. Corte Unseelie no Pandemônio certamente foi

Brag
Os brag eram os artesãos de Faéria. Milênios
atrás, eles tinham boas relações com gnomos e
anões, mas isso praticamente se perdeu após ge-
rações e essas raças mal se lembrar dos brag,
exceto em lendas escritas em tomos antigos e
esquecidos.
Alguns brag estiveram presentes na constru-
obra deste povo.
Os brag têm muito orgulho do que produ-
zem, ainda que eles não se importem tanto com
ficar recebendo os elogios de outras fadas ou dos
mortais.
Além do talento em trabalhar pedras, brag são
excelentes carpinteiros. Brag são apaixonados por
arquitetura, escultura e artesanato, claro, mas
não somente isso: eles são conhecidos por amar
 • Raças • 41
música e outras artes, e também por serem gran- lo. Ao alcançar o 3º nível, você pode conjurar a
des apreciadores de bebidas fermentas. Talvez magia esquentar metal uma vez como uma magia
algo que tenham adquirido no seu contato com de segundo círculo. Você precisa terminar um
os anões. descanso longo para conjurar as magias deste
Brag são do tamanho de gnomos, com cabelos traço outra vez. Seu atributo de conjuração é a
que parecem crinas de cavalo, sempre selvagem Sabedoria.
e só aceitando um penteado quando presas em Grandes Artesãos. Você ganha proficiência
rabos de cavalo, sempre em tons escuros e a pele em uma ferramenta de artesão. Quando usando
branca como marfim. Seus olhos e suas unhas são esta ferramenta para criar algo com pedra ou ma-
negros como a noite. Suas orelhas são semelhan- deira, você leva a metade do tempo do que seria
tes a pequenas orelhas de pôneis. Os mortais os o esperado.
conheciam como alvos ou alvas, por sua pele, o
que por vezes fez com que fossem confundidos
com os alven.
Fir
Se os brag são os artesãos, os fir são os in-
Tamanho. O seu tamanho é Pequeno. Brag ventores entre as fadas sombrias, sendo os mais
possuem uma estatura média de 90 centímetros criativos e engenhosos, o que fazia com que eles
de altura.
Deslocamento. O seu deslocamento básico
é 7,5 metros.
Energia Sombria. Você pode usar uma ação
para fazer com que a energia sombria que habita
em você realize um dos seguintes efeitos:
Criação. Brag podem criar qualquer kit de
ferramentas de energia sombria que duram por 1
hora, ou até saírem de sua posse (se permanecer
a mais de 1,5 metro de distância de você por 1
minuto ou mais).
Forma Equina. Após chegar ao 3º nível,
pela duração de até um minuto, você assume a
forma de um cavalo de guerra. Essa alteração tem
as mesmas características da magia Metamorfose.
Você recupera sua energia sombria após rea-
lizar um descanso longo.
Legado das Fadas. Você conhece o truque
reparar. Você pode conjurar a magia sono uma
vez por dia como uma magia de primeiro círcu-
42
também tivessem boas relações com os gnomos
no passado. Das mãos dos fir nasceram os mais
belos instrumentos musicais e caixas de músi-
ca de Faéria. Outro passatempo dos fir é criar
bonecas e brinquedos com perfeição, sendo que
algumas bonecas podem reproduzir exatamente
pessoas reais.
Os fir que se associavam à Corte Seelie eram
chamados de gambiarreiros, enquanto os que se
associavam à Corte Unseelie eram apelidados de
gremlins. Seja como for, essas fadas são vistas
como excêntricas mesmo pelas fadas, e sua en-
genhosidade pode ser usada para o bem ou para
o mal.
Fir sempre causaram certa perturbação entre
os mortais, em especial entre humanos e elfos,
pois sua aparência lembra um pouco um bebê de
cerca de um metro de altura, com uma cabeça
grande, levemente desproporcional ao seu tama-
nho. Essa semelhança fica ainda mais próxima
quando um fir raspa seus cabelos. Fir da Corte
Unseelie muitas vezes raspavam seus cabelos para
lidar com humanos, apenas para causar esse sen-
timento de estranheza e medo. Suas mãos tam-
bém são pequenas como a de bebês, mas suas
unhas são garras como as de uma ave de rapina.
Sua pele varia em cor como a dos humanos, de
tons claros aos escuros e seus cabelos são sempre
prateados.
Gambiarreiros que interagiam no mundo ma-
terial tinham prazer em fazer brinquedos para
crianças. Gremlins preferiam criar armadilhas e
engenhocas assassinas.
Tamanho. O seu tamanho é Pequeno. Fir
possuem uma estatura média de 1 metro de al-
tura.
Deslocamento. O seu deslocamento básico
é 7,5 metros.
Energia Sombria. Você pode usar uma ação
para fazer com que a energia sombria que habita
em você realize um dos seguintes efeitos:
Criação Explosiva. Com material de fácil
aquisição em qualquer vila custando 10 peças de
ouro, (com capacidade de criar até dez peque-
nos explosivos) você pode criar uma engenhoca
explosiva muito volátil, que precisa ser feita na
hora. Você pode atirar essa engenhoca com a
mesma ação que a criou a uma distância de 6
metros. Todos a 1,5 metros precisam fazer uma
salvaguarda de destreza CD 12 ou sofre 3d6 de
dano ígneo.
Forma de roedor. Após chegar ao 3º nível,
pela duração de até um minuto, você assume a
forma de um rato ou rato gigante. Essa alteração
tem as mesmas características da magia Meta-
morfose.
Você recupera sua energia sombria após rea-
lizar um descanso longo.
Legado das Fadas. Você conhece o truque
mãos mágicas. Você pode conjurar a magia alar-
me uma vez por dia como uma magia de primeiro
círculo. Ao alcançar o 3º nível, você pode conju-
rar a magia encontrar armadilhas uma vez como
uma magia de segundo círculo. Ao alcançar o 7º
nível, você pode conjurar a magia fabricar uma
vez como uma magia de quarto círculo. Você
precisa terminar
um descanso longo para conjurar as magias
deste traço outra vez. Seu atributo de conjuração
é a Inteligência.
 • Raças •
Muryan
Os muryan eram os grandes guerreiros de
Faéria, com um estilo de luta combinando for-
ça e precisão, dançando pelo campo de batalha.
Lendas dizem que os elfos desenvolveram sua
famosa canção da lâmina, o estilo secreto de com-
bate élfico, inspirados no combate dos muryan.
Muryan são do tamanho de humanos, com ore-
lhas pontiagudas e mais compridas que de elfos
em até 5 centímetros. Sua pele é completamente
lisa, variando em diversos tons, do branco ao
preto, indo pro cobre, amarelo ou vermelho. Seus
cabelos têm tons de marrom, vermelho ou cinza,
como o outono e seus olhos são azuis, verdes ou
castanhos.
Muryan preferem se vestir com roupas que
permitam movimento, usando kilts, túnicas e ro-
43
bes. Durante a luta, muitos muryan cantam can-
ções de guerra, assoviam músicas ou cantarolam
melodias que marcam cada um de seus movimen-
tos. Correr o risco de morrer em combate não é
nada mais que um dia normal para um muryan.
Devido a toda essa técnica em combate, muryan
ganharam o apelido de dançarinos. Uma coisa
pouco dita, no entanto, é que muryan, na maioria
das vezes, não se importam em lutar limpo. Não
existe código de honra em combate. Apenas lutar
e vencer. Assim, combinação de golpes com o uso
de magias mentais ou manobras sujas são apenas
parte da técnica muryan.
Muryan é uma casa dada a risos e gestos, mas
poucas palavras. É como se eles guardassem o
som de sua voz para o combate. Claro, isso não
impede que eles deem sua opinião quando ne-
cessário.
Se algo puder ser usado para vencer uma
guerra, muryan possivelmente usará. Seja usar
algum tipo de pintura ofensiva ao adversário, usar
roupas que causem constrangimento ou mesmo
lutar completamente nus. Se uma vantagem em
combate puder ser tirada, eles o farão.
Tamanho. O seu tamanho é Médio. Muryan
possuem uma estatura média de 1,75 metros de
altura.
Deslocamento. O seu deslocamento básico
é 9 metros.
Energia Sombria. Você pode usar uma ação
para fazer com que a energia sombria que habita
em você realize um dos seguintes efeitos:
Dança Mortal. Você pode dançar agressiva-
mente para cima de um adversário. Usando uma
arma de combate corpo a corpo, faça um ataque
com arma contra um adversário. Esse ataque é
44
considerado como se arma fosse mágica, inde- estudiosa, ela tem a fama de ser composta pelos
pendentemente da arma usada, e sempre ignora bibliotecários das fadas, tanto pelo amor pelo co-
resistências e imunidades. Caso acerte, você cau- nhecimento quanto pela distância que mantém
sa dano normalmente. do combate. O que não significa que não saibam
Acertando ou errando, o alvo deve fazer uma se defender.
salvaguarda de Carisma CD 8 + Proficiência + A erudição da casa portune é muito valorizada
seu modificador de Carisma ou terá desvantagem entre as fadas e nenhuma fada deixaria um mem-
nos ataques e testes de atributo até o final do seu bro desta casa ser atacado impunemente.
próximo turno. A arte preferida entre as portune é a poesia.
Forma de texugo. Após chegar ao 3º nível, No passado, nenhuma fada nobre seria considera-
pela duração de até um minuto, você assume a da e valorizada sem ter uma conselheira portune
forma de um texugo gigante. Essa alteração tem entre os seus. Essas fadas ganharam o apelido de
as mesmas características da magia Metamorfose. farrago, uma palavra vinda de alguma língua mor-
Você recupera sua energia sombria após rea- ta, para dizer que as portune são um conjunto
lizar um descanso longo. embaralhado de informações que somente elas
Legado das Fadas. Você conhece o truque são capazes de compreender.
proteção contra lâminas. Você pode conjurar a
magia salto uma vez por dia como uma magia de
primeiro círculo. Ao alcançar o 5º nível, você
pode conjurar a magia lentidão uma vez como
uma magia de terceiro círculo. Você precisa ter-
minar um descanso longo para conjurar as magias
deste traço outra vez. Seu atributo de conjuração
é o Carisma.
Combatente Inato. Você é proficiente em
duas armas marciais de combate corpo a corpo a
sua escolha.

Portune
Portune são tão tímidas quanto geniais, tão
pequenas quanto as alven, porém de pele preta
e cabelos brancos como a neve. As portune são
fadas silenciosas, gostando de ouvir mais do que
de falar.
Portune possuem afinidade com répteis e al-
gumas possuem algum como mascote. Essa casa
 • Raças • 45
Tamanho. O seu tamanho é Pequeno. Por-
tune possuem uma estatura média de 65 centí-
metros de altura.
Variante
Meio-Vistani Humano: Vistani e
Deslocamento. O seu deslocamento básico
Os Vistani são um povo nômade e misterioso,
é 7,5 metros.
com uma conexão especial com a terra. É dito que
Energia Sombria. Você pode usar uma ação
apenas os Vistani podem prover viagem segura
para fazer com que a energia sombria que habita
através das brumas. Essa etnia de humanos é
em você realize um dos seguintes efeitos:
composta por um povo de costumes complexos
Voo. Asas de mariposas surgem de suas cos-
e antigos, unidos por laços de sangue e cultura,
tas, permitindo que você tenha deslocamento de
sem se vincular a qualquer reino ou terra conhe-
voo de 18 metros por até um minuto.
cida.
Forma de Lagarto. Após chegar ao 3º nível,
A inspiração do povo Vistani vem da cultura
pela duração de até um minuto, você assume a
do povo Romani. Esta retratação no mundo de
forma de um lagarto gigante (com as habilidades
jogo não visa reproduzir com fidelidade a com-
de prender a respiração e de escalada aracnídea).
plexa cultura do povo Romani, e nem tampouco
Essa alteração tem as mesmas características
recriar caricaturas estereotipadas, mas sim criar
da magia Metamorfose.
um povo imaginário com uma forte ligação com
Ataque Enervante. Você pode escolher um
a Terra das Brumas.
alvo a 9 metros. O alvo sofre 3d6 de dano ne-
Os Vistani surgiram pela primeira vez na
crótico. O alvo deve ser bem-sucedido em uma
aventura I6 Ravenloft, e eles eram apresentados
Salvaguarda de Constituição CD 8 + Proficiência
como um povo misterioso que tinha uma aliança
+ seu modificador de Inteligência ou o máximo
com o vilão Conde Strahd. Ao longo do histórico
de pontos de vida da vítima será reduzido em
de publicação do cenário, o povo Vistani foi mais
um valor igual ao dano sofrido. Essa redução
bem desenvolvido, afastando-se de uma caricatu-
dura até o alvo terminar um descanso longo. O
ra estereotipada e até mesmo preconceituosa do
alvo morre se esse efeito reduzir seu máximo de
povo Romani.
pontos de vida a 0.
Na quarta edição de Dungeons & Dragons,
Legado das Fadas. Você conhece o truque
os Vistani são retratados como um povo nômade
taumaturgia. Ao alcançar o 3º nível, você pode
que viaja pelos planos, capazes de adotar outras
conjurar a magia auxílio uma vez como uma ma-
raças em sua cultura e estilo de vida. Esta mes-
gia de segundo círculo. Ao alcançar o 5º nível,
ma interpretação foi atribuída pela releitura do
você pode conjurar a magia línguas uma vez como
cenário para a 5ª Edição, no livro Guia de Van
uma magia de terceiro círculo. Você precisa ter-
Richten para Ravenloft.
minar um descanso longo para conjurar as magias
No sombrio cenário clássico de Ravenloft,
deste traço outra vez. Seu atributo de conjuração
entretanto, os Vistani sempre permaneceram
é a Inteligência.
46
como um variante da raça humana, misteriosa e
enigmática, somente compartilhando seus dons e
cultura com aqueles que compartilham do sangue
Vistani.
Os Vistani têm um tom de pele que varia de
uma pele levemente bronzeada até um tom mo-
reno escuro. Seu cabelo é sempre escuro, mais
vezes preto do que castanho, e seus olhos são
geralmente negros, mas também é possível en-
contrar alguns Vistani com olhos castanhos e
verdes.
Este povo tem uma forte ligação com a Terra
das Brumas, e possuem inúmeros dons místicos.
Sua cultura é marcada por inúmeros rituais que
imbuem seus atos de significado e poder.
Alguns indivíduos Vistani, especialmente as
mulheres, são agraciados com o dom da divina-
ção, e podem ler o futuro ou descobrir coisas
perdidas através da quiromancia, ou do uso do
Tarokka ou bolas de cristais.
Uma de suas habilidades mais temidas é o
poder de seu Mau-Olhado e a capacidade de rogar
poderosas maldições.
Os Vistani são também capazes de viajar atra-
vés das brumas. Através do uso de seus dons mís-
ticos, os líderes de uma Caravana são capazes de
comandar as brumas para se erguer, e enquanto
atravessam por tais brumas eles se deslocam por
grandes distâncias, emergindo em outra locali-
dade no Semiplano do Medo.
O povo Vistani é um povo nômade, e fala
diversos dialetos, frutos da incorporação de vá-
rias línguas em seu vocabulário. Todas as tribos
Vistani conhecem a paterna, um glossário de pa-
lavras utilizadas apenas pelos Vistani, cujo signi-
ficado depende não apenas da dicção das palavras,
mas também da correta entonação e contexto.
Os Vistani mantêm também uma linguagem
de símbolos conhecida como Tralaks. Estes sím-
bolos representam uma forma bem objetiva de
 • Raças •
linguagem, marcando locais com informações re-
levantes para outros Vistani viajantes que passem
pelo local.
Seus dons sobrenaturais e seu aspecto insular
faz com que os Vistani tenham uma complexa
relação com os povos nativos da terra das bru-
mas. Os constantes viajantes e nômades têm um
importante papel no comércio com vários povos,
mas também são vistos com receio por alguns,
especialmente por aqueles que temem seus dons
místicos e sua capacidade de rogar maldições.
Apesar de sua aura de mistério os Vistani são
usualmente alegres e até mesmo receptivos ao
tratarem com outros povos. Apesar disso, para
ser um Vistani, uma pessoa deve nascer um Vis-
tani. Uma pessoa que seja apenas parcialmente
descendente do sangue Vistani não é aceita como
legítima membro da tribo. Este traço é parte de
sua cultura insular, mas também uma forma de
proteção de suas raízes e cultura, em um mundo
xenófobo que muitas vezes os enxerga como uma
ameaça.
Para os Vistani, todos aqueles que não pos-
suem o sangue Vistani são chamados de Giorgio.
A filosofia de Vida dos Vistani prega a har-
monia com o mundo natural. Eles não acreditam
em conceitos de bem e mal, caos e ordem clara-
mente definidos, mas entendem que o mundo
tem muitas facetas, e eles devem aprender a viver
em harmonia com estas muitas realidades. A pró-
pria palavra Giorgio, que define os não Vistani,
se traduz frouxamente como “não natural”, em
oposição a palavra Vistani. Assim, embora como
em qualquer grupo de pessoas eles abriguem um
grande número de tendências, o povo Vistani
tende a neutralidade.
47
O aspecto nômade dos Vistani é sagrado para
este povo. Um Vistani que abandone a sua tribo
para se assentar em um único local é chamado
de Mortu, e não é mais considerado um Vistani
por seus pares.
Os Vistanis se organizam em Tasques, Tribos
e Caravanas. As Caravanas são formadas por in-
divíduos de uma mesma tribo, que se unem por
laços de proximidade e de sangue.
Cada Caravana é liderada por uma figura mas-
culina, chamada de capitão, e uma figura femi-
nina chamada de Rauni. Estes líderes podem ser
unidos por matrimônio, mas não é incomum que
sejam relacionados por outros laços de família,
como irmãos ou primos.
O Capitão é o mestre da Caravana, e respon-
sável por manter os equipamentos, provisões, os
vardos e os animais do grupo, selecionar locais
para acampamento, e delegar tarefas ordinárias
aos membros da tribo. É o capitão tem também
importante papel em negociar com os giorgios,
embora possa delegar esta função a outros mem-
bros de seu bando.
A Rauni, por sua vez, é a maior autoridade
dentro do acampamento. São as Raunis que pre-
sidem sobre discussões, e sua palavra é final. São
elas que resolvem conflitos, determinam julga-
mentos e punições.
Embora seja o capitão que presida sobre as
questões do dia a dia, a Rauni tem a palavra final
sobre as decisões. A sociedade dos Vistani é em
sua essência matriarcal, o que talvez seja derivado
do fato de que apenas as mulheres desenvolvem
dons místicos de divinação.
Quando uma caravana se torna muito nume-
rosa, se tornando difícil de sustentar, ou chaman-
48
do muita atenção dos Giogoto para sua passagem,
elas se dividem, e a rauni da Caravana escolhe
um novo capitão e rauni para liderar esta nova
caravana.
As tribos Vistani são compostas por grupos
de várias Caravanas, espalhados por muitas e dis-
tantes terras, mas unidas por laços de cultura e
tradição. As inúmeras Tribos partilham de hábi-
tos, segredos e habilidades passadas de geração
em geração e união matrimonial entre os Vistani
raramente é realizada fora dos membros de uma
mesma tribo.
Por fim, as Tribos se reconhecem em grandes
grupos conhecidos como Tasques, verdadeiras
nações Vistani, que abrangem várias Tribos. As
tribos de um mesmo tasque possuem caracterís-
ticas e habilidades comuns e compartilham len-
das sobre sua origem, perdidas em um passado
remoto.
Os três grandes Tasques dos Vistani são os
Kaldresh, conhecidos como hábeis provedores de
serviços, os Bohemians, conhecidos como artis-
tas, e os Manusas, mestres do oculto e segredos
arcanos.
Ninguém sabe ao certo qual é o local de ori-
gem do povo Vistani, ou porque eles têm esta
relação íntima e sobrenatural com a Terra das
Brumas. Dentre o próprio povo Vistani, diferen-
tes histórias são contadas ao redor da fogueira de
seus acampamentos, explicando as causas de sua
condição nômade nestas terras sombrias. Uma
história conta como foram banidos de suas terras
natais após apoiarem um belicoso conquistador.
Outra história conta como foram amaldiçoados a
vagar para sempre, após um antepassado cometer
um terrível crime passional. Por fim, alguns nar-
ram como eles ajudaram os Deuses, recebendo
o conhecimento do Tempo e do Destino, mas
depois foram traídos pelos mesmos e banidos
para o Semiplano do Medo.
Outras lendas falam sobre um lugar místico
chamado Oculhogar, que seria a terra natal se-
creta deste povo.
POR QUE NÃO JOGAR COM UM
VISTANI?
Os Vistani foram introduzidos na
aventura original de Ravenloft como im-
portantes elementos narrativos. Guardi-
ões de mistérios, adivinhadores, viajan-
tes das brumas, aliados ou inimigos, os
Vistani exercem um importante papel no
cenário de Ravenloft, e usualmente são
personagens do mestre com um impor-
tante papel no desenrolar da trama.
Os Vistani do cenário clássico de Ra-
venloft não foram criados para serem per-
sonagens jogadores. O conhecimento de
segredos e mistérios do cenário é muitas
vezes incompatível com o papel a ser de-
senvolvido pelos jogadores, que devem ser
os protagonistas e heróis de uma história
de horror, e desvendar seus segredos atra-
vés de seus próprios atos de bravura.
Além disso, os poderes místicos atri-
buídos aos Vistani, como a capacidade
de viajarem com segurança através das
brumas, e conhecer rituais e segredos das
Brumas, também os torna incompatíveis
com os desafios que são propostos pelo
narrador.
No cenário clássico do cenário de Ra-
 • Raças • 49
venloft, contudo, foi criada a raça dos
meio-vistani, indivíduos que tem um de
seus progenitores como um Vistani, e
que partilham de alguns dons místicos
do sangue Vistani além de elementos de
sua cultura.
Esta raça de personagem pode ser um
meio de permitir aos jogadores interpreta-
rem personagens inseridos na cultura Vis-
tani. O mais importante é que o jogador
converse com o Mestre sobre suas expec-
tativas para a criação de seu personagem,
de forma a melhor adaptar e integrar seu
personagem ao cenário e proposta de jogo.

Meio-Vistani
Existem dois tipos de meio-vistani: os gio-
morgos e os giamargas.
Os Giomorgos são os descendentes de um
vistani e um humano. Uma vez que os vistani
no cenário clássico são humanos, pode parecer
estranho sequer existir essa mistura, ou melhor,
ela ser considerada uma mistura. Mas as diferen-
ças culturais são tais que o cenário de Ravenloft
lista os frutos da união entre humanos vinstani
e humanos de outra origem como meio vistani.
Os Giamargas são os ainda mais raros descen-
dentes entre elfos e vistani. Um bastardo de dois
mundos, giamargas são ainda mais malvistos que
os giomorgos entre as desconfiadas sociedades
predominantemente humanas de Ravenloft.
Não há comunidades de meio-vistani em
Ravenloft. Eles são proscritos, não sendo bem
aceitos entre vistani ou humanos (ou elfos). Às
vezes eles vivem temporariamente em alguma vila
humana, mudando de tempos em tempos quando
os maltratos extrapolam o aceitável, ou quando os
bastardos são acusados de algum crime (muitas
vezes sendo inocentes).
Os giomorgos são comumente confundidos
com os vistani, pois assim como os seus ascen-
dentes misteriosos, eles possuem cabelos e olhos
escuros, sendo negros mais comuns que os cas-
tanhos, e sua pele tende a ser mais escura, indo
das cores negra e parda a cor oliva. Suas feições
são aquilinas e angulares, com a mesma estrutu-
ra corporal de um humano, às vezes um pouco
mais largos. Eles vivem tanto quanto qualquer
humano.
Os giamargas têm toda a aparência de um
meio elfo, exceto pela pele, olhos e cabelos mais
50
escuros. Eles vivem tanto quanto qualquer meio
elfo.
Como não há uma cultura própria apenas de
meio-vistani, eles tendem a se vestir e se compor-
tar como a cultura de um de seus pais, ou seja,
ou abraçam a ascendência Vistani, ou a abando-
nam e tentam se misturar a população humana
(alguns raros giamargas tentam se misturar a al-
guma cultura élfica, como a cidade de Fontes de
Nevuchar, em Darkon).
Um meio vistani, no entanto, não consegue
evitar sua herança mestiça. O fato de sofrer com
o lunátismo o persegue. Além disso, ele acaba
sentindo dentro de si o vínculo com sua tribo
vistani para sempre.
Meio-vistani acabam adotando nomes como
os seguintes:
Masculinos: Andrei, Bela, Casimir, Claudiu,
Constantin, Dimitri, Dragos, Grigore, Iacob,
Igor, Ioan, Ionel, Iuri, Ivan, Ivo, Marcu, Nicolae,
Pavel, Petru, Radu, Vasile e Vladimir.
Femininos: Anastasia, Andreea, Camélia, Cá-
tia, Doina, Elisabeta, Ionela, Iuliana, Irina, Flor,
Lana, Maria, Mariana, Marisa, Mia, Mihaela, Mi-
lena, Nadia, Natacha, Olga, Raisa, Tania, Tara
e Vania.
Assim como os Vistani, os meio-vistani são
separados pelos Tasque e Tribo de sua ascendên-
cia. Cada tribo pertence a um Tasque.
As habilidades ganhas por um meio-vistani se
dividem em: habilidades da raça (base) giomorgo
ou giamarga; habilidade do Tasque e, por fim,
habilidades da Tribo.
Giomorgo
Tipo. Você é humanoide. Para todos os efei-
tos, você é considerado humano.
Tamanho. Seu tamanho é Médio. Meio-vis-
tani chegam à mesma estatura dos humanos, indo
de 1,5 a mais de 1,8 metros.
Viajante. Você ganha proficiência na perícia
Sobrevivência e em Veículo Terrestre.
Idioma. Patterna (que é a “língua vistani”)
e comum.
Lunatio. Nas três noites do mês em que a lua
está cheia, você fica irrequieto e não consegue
dormir. Durante toda a noite, você tem desvan-
tagem em todos os testes de atributos, ataques e
salvaguardas. Você também não recebe qualquer
benefício após realizar um descanso longo.
Deslocamento. O seu deslocamento básico
é 9 metros.
Giamarga
Tipo. Você é humanoide. Para todos os efei-
tos, você é considerado meio-elfo.
Tamanho. Seu tamanho é Médio. Meio-
-vistani Giamarga chegam à mesma estatura dos
meio-elfo, medindo entre 1,5 e 1,8 metros.
Viajante. Visão no Escuro. Graças ao seu
sangue élfico, você possui uma visão superior no
escuro. Você consegue enxergar até 18 metros na
meia-luz como se fosse dia e, na escuridão, como
se fosse meia-luz. Na escuridão você só consegue
discernir tons de cinza.
Idioma. Patterna (que é a “língua vistani”),
elfo e comum.
Lunatio. Nas três noites do mês em que a lua
está cheia, você fica irrequieto e não consegue
dormir. Durante toda a noite, você tem desvan-
tagem em todos os testes de atributos, ataques e
salvaguardas. Você também não recebe qualquer
 • Raças •
benefício após realizar um descanso longo.
Deslocamento. O seu deslocamento básico
é 9 metros.
Giamargas perdem seus laços com alguns tra-
ços da ancestralidade élfica contidos no Livro do
Jogador: um bônus de +1 em um atributo livre
(ficando com o +2, +1 livres como as demais
raças contidas neste suplemento), o traço ances-
tralidade élfica, o traço versatilidade com perícias
e o traço Idiomas. Eles são substituídos pelos
traços contidos aqui. Você pode, no entanto, es-
colher jogar com um meio-elfo giamarga com os
traços contidos no Livro do Jogador e não com
todos os que apresentamos aqui, inclusive sem
os traços de tribo e taques, a critério do DM.
Subraças. As subraças vistani são na verda-
de separadas em tribos e tasques. Você pode ler
sobre elas no quadro abaixo.
Tribos e Tasques
Dependendo da tribo a qual o meio vistani
pertença, ele recebe algumas habilidades ances-
trais, conforme descrito abaixo. Cada tribo per-
tence a um Tasque, que é um subgrupo étnico
vistani, os quais compartilham laços e identida-
des culturais.
Os Tasques são Kaldresh, Boêmia e Manusa.
Os Kaldreshitas são os vistani mais afastados
do mundo místico e mágico e normalmente são
mais voltados para a prestação de serviços e ao
artesanato. Eles parecem sempre saber onde há
uma guerra para vender armas e cuidar dos feri-
dos. Os Boêmios são os vistani ligados a arte e
ao entretenimento.
Apesar de agirem de forma sempre alegre e
51
contagiante na frente dos giorgio, usando suas
vestes coloridas e brilhantes, quando estão ape-
nas entre si são tomados por um comportamento
mais tenso e taciturno, narrando histórias de tra-
gédias e terror ao redor da fogueira. Os Manusa
são mais exóticos e arredios, além de mais raros,
e tem forte ligação com o mundo mágico. Taci-
turnos e reservados, em geral eles não interagem
muito com os giorgios (todos os não vistani),
e quando o fazem agem de forma enigmática e
nem sempre respondem as perguntas que lhe são
feitas.
Kaldresh
Os Kaldresh são um tasque de Vistanis que
abrigam a Tribo dos Kammi, Equaar e Vatraska,
e são conhecidos por serem especializados em
artes e ofícios.
Hábeis comerciantes, eles tentam manter uma
boa reputação e são quietos e reservados quando
lidam com giorgios.
Os Kaldreshitas são divididos em três tribos:
Kamii, Equaar e Vatraska.
Lendas de Origem. O Tasque dos Kaldresh
tem a lendas de sua origem vinculadas a um mis-
terioso conquistador, chamado Vistan. A lenda
diz que Vistan não era o rei ou soberano de seu
povo, mas marchava com um grande exército e
vastos recursos, conquistando muitos reinos em
uma grande campanha militar.
As tribos dos Kaldresh não compartilhavam
de sua guerra ou sua causa, mas seguiram este
grande exército, abandonando sua terra natal
para forjar suas armas, cuidar de seus cavalos,
e curar seus feridos. A tragédia e a derrota um
52
dia recaiu sobre este grande exército de Vistan,
e suas forças foram massacradas e escravizadas,
nas distantes terras de Transyl.
Por seu apoio a Vistan, as tribos foram chama-
das de Vistani pelos conquistadores de Transyl.
Por não serem jurados ao rei Vistan, eles não fo-
ram escravizados, mas foram amaldiçoados pelos
vencedores a jamais poderem voltar na direção
de seu lar.
Foi então que o lendário Kaldresh se levantou
entre os Vistani, e contou sobre sua visão. Ele
os lideraria, seguindo sempre em frente, pelas
estradas do mundo, até um dia regressariam ao
seu lar ancestral.
Visão do Mundo. Os Kaldresh são conheci-
dos como mestres artífices, e usualmente viajam
em grandes caravanas pelas terras das brumas,
por vezes com quase 50 membros e acompanhada
de grandes rebanhos.
Sua chegada em uma cidade é bastante alarde-
ada pelos seus membros, eis que eles sobrevivem
do comércio de sua arte e ofício. As tribos de
Kaldresh costumam se vestir de forma prática,
com roupas que preferem durabilidade e confor-
to.
Os membros do Tasque Kaldresh costumam
ser reservados e práticos em suas ações. Eles va-
lorizam sua privacidade, e embora sejam educa-
dos e polidos quando lidam com Giorgios, eles
se mantêm afastados de intrigas ou políticas, e
raramente demonstram comportamentos passio-
nais fora de seu círculo íntimo. Apesar de não
serem conhecidos por seus dons místicos, eles
têm um forte instinto para farejar situações de
conflito, e se aproveitam deste dom para lucrar
com a oferta de seus serviços.
 • Raças •
Os membros do Tasque dos Kaldresh se con-
sideram retirados do tempo, e não marcam ou
registram a sua passagem. Em sua mentalidade,
todo momento é a soma de toda a sua existên-
cia, passado, presente e futuro. Curiosamente, os
Kaldresh costumam viver longas vidas, e muitos
acreditam que os Kaldresh param de envelhecer
ao chegar na maturidade, vivendo uma longa ex-
pectativa de vida, até que finalmente desistem e
começam a envelhecer.
Todas as tribos dos Kaldresh são conhecidas
por suas habilidades e ofícios, que os destacam
e definem, e com o qual sobrevivem, oferecendo
seus serviços pela terra das brumas.
Habilidade de Tasque: Kaldresh. Você
tem vantagem em salvaguardas (ou outras
jogadas) para não ficar amedrontado (ou
para sair desta condição).
Kamii
Os Kamii são excelentes metalúrgicos e ri-
valizam com os anões na arte da forja. Eles per-
tencem ao Tasque Kaldresh. Seus trabalhos com
armas, armaduras, fechaduras, ferraduras, pregos,
e adornos é reconhecido até mesmo pelos anões
como trabalhos de grande proficiência e experti-
se. Eles trabalham com grande rapidez e agilidade
em suas forjas, e suas armas são consideradas
obras primas, muito procuradas para servirem
de base para a criação de armas mágicas.
Afinidade com Metais. Você ganha profici-
ência na em ferramentas de ferreiro e joalheiro.
Você pode dizer a procedência de um item for-
53
jado (“esta espada é típica das forjas de Falkov-
nia”) após ter sucesso em um teste de Inteligên-
cia (Ferramentas) CD 10.
Após analisar um item de metal em um des-
canso curto, você pode dizer se ele foi amaldiçoa-
do ou não e se ele é mágico (e suas propriedades).
Mestres da Forja. Quando criando um item
de metal não mágico, você consegue produzi-los,
tendo os insumos, a uma taxa de 10 peças de
ouro por dia ao invés de 5 peças de ouro.
Equaar
Os equaar têm forte relação com os animais e
são especialistas em sua criação e adestramento.
Eles pertencem ao Tasque Kaldresh. Rumores
dizem que os Equaar conseguem se comunicar
com animais, e muitos atestam que as bestas res-
pondem aos seus comandos.
Os equaar são exímios cavaleiros, acostuma-
dos a montar cavalos sem qualquer tipo de cela,
e acostumados a realizar acrobacias sob monta-
rias em grande velocidade. Por onde passam em
suas viagens são procuradores pelos animais que
vendem, sejam suas majestosas montarias treina-
das, ou outros animais, procurados por arcanos e
ocultistas como familiares. Entretanto, a aquisi-
ção de um animal dos equaar não é uma simples
questão de preço, eis que a negociação apenas
é concluída se o respectivo animal também de-
monstrar sua aquiescência com seu novo dono.
Os equaar são ainda excelentes rastreadores,
e empregam cães treinados para auxiliá-los em
suas buscas.
Afinidade com Animais. Você ganha profi-
ciência na perícia Lidar com Animais e leva ape-
nas a metade do tempo para treinar um animal.
54
Rastreador Nato. Você tem vantagem nos
testes de sabedoria (sobrevivência) quando ras-
treando feras, plantas ou monstruosidades. Se
tiver sucesso, você sabe o número de criaturas,
seu tamanho e há quanto tempo passaram. Você
leva apenas a metade do tempo para encontrar
(ou reencontrar) o rastro de uma criatura.

Vatraska
Os vatraska são conhecidos por sua habilidade
com cura e ervas. Os vatraska são conhecidos por
serem os mais frios e condescendentes entre os
Kaldreshitas. Sua habilidade em curar só é riva-
lizada com sua habilidade em criar venenos. Eles
pertencem ao Tasque Kaldresh.
Afinidade com Cura. Você ganha profici-
ência na perícia Medicina. Você pode tentar es-
tabilizar uma criatura com um teste de Sabedoria
(Medicina) CD 10 usando uma ação bônus ao
invés de uma ação.
Apotecário. Você tem proficiência em kit
de venenos e kit de herbalismo. Você consegue
produzir venenos e poções de cura, tendo os in-
sumos, a uma taxa de 10 peças de ouro por dia
sobre o seu passado e o motivo de viverem como
ao invés de 5 peças de ouro.
nômades. Os Boêmios raramente revelam sua his-

Boêmia tória de origem para aqueles que não pertencem

Os Boêmios são um tasque de Vistani são
conhecidos por serem alegres e extrovertidos,
abrigando hábeis artistas e traiçoeiros golpistas.
Os Boêmios são divididos em duas tribos:
Naiat e Corvara.
Lenda de Origem. Conhecidos por serem
alegres e festivos, os Boêmios se mostram surpre-
endentemente reservados quando questionados
ao seu círculo de confiança.
Aqueles que conquistam a honra de ouvir as
suas lendas de origem, escutam um cântico me-
lancólico e amargo. Os cantores das tribos que
compõem esse Tasque contam que o tasque se
originou na tragédia.
O canto revela sobre a melancolia e tristeza
de alguém sem esperança e sem lar, amaldiçoado
a vagar eternamente pelo mundo após assassinar
 • Raças •
seu grande amigo, após este roubar seu verdadei-
ro amor e sua razão de viver.
Visão do Mundo. As tribos deste Tasque
raramente passam despercebidas em suas viagens.
Sua chegada em vilarejos ou cidades é sempre
alardeada de forma bastante dramática, geral-
mente acompanhada de música, dança e cânticos.
Os homens mais jovens costumam se balançar
e saltar entre vardos enquanto tocam violinos,
enquanto as belas jovens da caravana dançam ale-
gremente balançando seus vestidos ornamentados
com flores, enquanto grandes animais adestrados
seguem exibindo truques.
Raramente uma caravana destes Tasques tem
mais que duas dúzias de membros, mas sua ba-
rulhenta e animada comitiva parece ocupar todos
os cantos com sua presença.
Os homens do Tasque Boêmio costumam ves-
tir com calças justas e pretas, mas com camisas de
seda bastante folgadas. Usualmente usam cabelos
longos e cavanhaque, e tem orelhas adornadas
por vários brincos. As mulheres deste Tasque se
apresentam ao mesmo tempo misteriosas e sedu-
toras, usando vestidos que acentuem sua beleza
e sua mística, geralmente em cores chamativas e
que se movimentam fluidamente com seu corpo.
As mulheres usam grandes adornos e joias, e
algumas têm o costume de andar descalças.
O comportamento dos Boêmios é bastante
intrigante e um tanto quanto contraditório. Em
público eles se comportam de forma passional
e alegre, e se apresentam de forma cativante e
festiva, exaltando os mistérios e prazeres de uma
visão romântica da vida na estrada. Na privaci-
dade de seus acampamentos, contudo, longe dos
olhos dos Giorgios, eles se portam de maneira
55
melancólica e frustrada, muitas vezes resmun-
gando um grande ressentimento com as circuns-
tâncias de sua vida. Suas fogueiras são marcadas
por violinos tristes, danças com gestos lentos e
dramáticos, e histórias trágicas.
Os boêmios veem o tempo como uma linha
pré-estabelecia e imutável, com passado e futu-
ro muito bem definidos. O tempo, entretanto, é
uma estrada tortuosa, cheia de curvas e perigos,
e nem sempre é possível ver o que existe além
das curvas e inevitavelmente aguarda no futuro.
Os Boêmios são conhecidos ainda por sua ca-
pacidade de encantar as pessoas com sua presen-
ça. Muitos acreditam que esta habilidade vai além
de seu simples carisma e influência, convencendo
até mesmo pessoas hostis para com os Vistani a
se tornarem amigáveis e tolerantes, apenas que
durante o curto período em que estão em sua
presença.
Os Boêmios são verdadeiros artistas, mas
também oferecem alguns serviços criminosos, e
tem a má-fama de aplicar golpes desonestos.
Habilidade de Tasque: Boêmia. Como
uma ação, você pode conjurar a magia
Acalmar Emoções sem o uso de com-
ponentes verbal ou gestual. A CD para
resistir a esta magia é 8 + Proficiência +
Modificador de Carisma. Você recupera
o uso dessa habilidade após realizar um
descanso longo.
Naiat
Os Naiat são uma das duas tribos que com-
põem o Tasque Boêmio. Eles se apresentam
como um bando alegre, e seus vardos e caravanas
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são sempre coloridos e enfeitados, usualmente
acompanhados de objetos e animais exóticos para
exibição. Sempre que se instalam em uma cida-
de, eles estabelecem um pequeno circo. Música,
dança, malabaristas, truques mágicos e bizarras
exposições acompanham estes acampamentos.
Algumas de suas mais perigosas atividades ofe-
recidas está a briga com um urso adestrado, e a
misteriosa casa das névoas, uma cabine que expõe
os corajosos à horrores ilusórios.
Além do conhecido entretenimento ofertado,
os Naiat são ainda procurados pela exímia qua-
lidade em fabricação de instrumentos musicais,
sendo seus violinos bastante apreciados pelos
bardos de Kartakass.
Os naiat são tão famosos quanto os equaar no
trato com animais, porém se os equaar treinam
os animais para o trabalho diário e companhia, os
naiat os treinam para o espetáculo circense. Eles
também têm apego a ilusão e o uso desta escola
de magia na arte de contar histórias são famosas.
Eles pertencem ao Tasque Boêmia.
Afinidade com Música. Você ganha profi-
ciência na perícia atuação e com um instrumento
musical.
Musicista inspirador. Você pode, com uma
ação bônus, tocar um instrumento musical e con-
ceder os mesmos benefícios de a ação ajudar.
Corvara
A outra tribo que compõem o Tasque Bohe-
mio são os Corvara. Esta tribo é em grande par-
te responsável pela má-fama dos Vistani pelas
Terras das Brumas, eis que seus membros se
envolvem com frequência em todo tipo de golpes
e esquemas ilícitos.
Seus acampamentos muitas vezes emulam os
pequenos circos de sua tribo irmã, os Naiat, mas
ofertam arriscadas e perigosas diversões como
jogos de azar, lutas e bebidas. Os membros do
Corvara possuem muitas habilidades e truques,
mas não se destacam por oferecer qualquer pro-
duto ou serviço às comunidades que passam. Pelo
contrário, esta Tribo é conhecida por sua furti-
vidade, e por sua conhecida habilidade em abrir
fechaduras e construir chaves mestras.
Eles são mestres em distorcer palavras e acor-
dos em seu favor, e sua estadia em cidades e vi-
larejos nunca é longa demais para que seus atos
comecem a atrair a indesejada atenção das auto-
ridades locais. Aos seus olhos, seus esquemas
são verdadeiras obras de arte, e eles tem grande
prazer em contar como obtiveram vantagem so-
bre suas vítimas.
Com pouco ou nenhum respeito pela lei, eles
acreditam que as vítimas de seus golpes estão
fadadas a aquele destino, e que eles não são res-
ponsáveis por qualquer sofrimento causado, já
que ao se aproveitarem daquela situação apenas o
fizeram antes que outro o fizessem em seu lugar.
Os corvara não produzem espetáculos tão
grandiosos quanto os naiat, e, portanto, prefe-
rem compensar isso oferecendo diversos inapro-
priadas como jogos de azar, bebidas, narcóticos
e brigas de galo. Eles são trapaceiros natos e
buscam extorquir moedas de giorgios bêbados
e usar de todo tipo de artifício para se darem
bem, enquanto tentam manter os ânimos com o
“charme natural” dos boêmios. Eles pertencem
ao Tasque Boêmia.
Verdadeiro Malandro. Você ganha profi-
 • Raças • 57
ciência na perícia enganação. Você pode rolar zio, condenados a viver sob a constante vingança
novamente qualquer resultado de 1 em um teste dos Poderes Sombrios.
de Carisma. Os Manusa, entretanto, mantem os segredos
Vigarista. Você tem proficiência em ferra- do tempo, e sabem que os deuses e os mortais
mentas de ladino e no kit de falsificação. não viverão em harmonia para sempre, e um dia
eles obterão sua vingança.

Manusa Visão de Mundo. As tribos do Tasque

Manusa são pequenas e representadas por uma
Os Manusa são um tasque de Vistanis conhe-
única caravana, com não mais que 6 indivíduos.
cidos por guardarem conhecimentos arcanos e
Nenhuma criança acompanha estas caravanas, e
pela sua vidência do futuro.
rumores parecem indicar que estas raras tribos
Os manusa são divididos em duas tribos: Can-
são compostas pelos mesmos membros a séculos.
jar e Zarovan.
Homens e Mulheres desta tribo exalam uma
Lendas de Origem. O misterioso Tasque
aura de mistério. Os homens se vestem com lon-
dos Manusa tem uma lenda de origem cósmica.
gos robes e mantos rústicos, usualmente abertos
De acordo com suas lendas, no início do tempo
no peito, repletos de bolos e repartições ocultas.
os Deuses e os Mortais viviam em harmonia, em
Os homens não cortam seus longos e emaranha-
um mundo de luz.
dos cabelos e barbas, e usam sobre suas cabeças
Do vazio, entretanto, vieram os poderes som-
um turbante de pano. As mulheres deste tasque
brios, que sussurram aos homens mentiras e pro-
costumam vestir blusas de seda azul ou roxa,
messas, dizendo que eles poderiam usurpar o
longas saias, e usar lenços e chalés adornados
lugar dos deuses. De todos as criações dos Deu-
com bordados de símbolos místicos.
ses, apenas os Manusa recusaram as promessas
Os manusa não costumam negociar com os
dos Poderes Sombrios, e se aliaram aos Deuses.
Giorgios, ou se instalar próximos a grandes ci-
Muito estrago foi causado pela grande cisão,
dades. Usualmente, são as Caravanas do tasque
e os Deuses compartilharam com os Manusa o
Manusa que encontram com os Giorgios que de-
conhecimento do tempo e do destino, para que
sejam encontrar, e não o contrário. Eles apresen-
entre os mortais pudessem revelar o trágico des-
tam total desinteresse por assuntos mundanos,
tino que os aguardava. Quando os Manusa reve-
como se existissem separados do próprio tempo.
laram aos homens a verdade de seu destino, os
Os Manusa acreditam viver fora do tempo,
mortais abandonaram sua luta contra os deuses
sendo este apenas uma ferramenta que usam
e imploraram por seu perdão.
como bem entendem. Dentre todos os Vistani,
Os Deuses perdoaram suas tolas criações, mas
estes são aqueles que mais detêm habilidades
agora se arrependiam de ter concedido livremente
místicas de divinação, e parecem viajar exclusi-
aos Manusa os segredos do tempo. Os desuses
vamente por meio das brumas. Alguns acreditam
traiçoeiros então baniram os Manusa apara o va-
que os Manusa realmente detêm o conhecimento
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do tempo, e podem escolher viver e se deslocar
para o momento que melhor lhes convenha. Os
membros deste tasque não negam ou confirmam
este fato, mas eles recusam os pedidos dos tolos
que solicitam a estes para que alterem curso de
acontecimentos passados ou futuros.
Habilidade de Tasque: Manusa. Você
pode fazer uma interação com objeto, ter
uma ação bônus ou uma reação enquanto
estiver incapacitado. Você recupera o uso
dessa habilidade após realizar um descan-
so curto ou longo.
Canjar
Os Canjar são considerados são conhecidos
por serem talentosos magos e pesquisadores do
oculto. Muitos veem esta tribo como indiferentes
e arrogantes, e temem sua presciência do futuro,
que os permite sempre ter os corretos feitiços
memorizados para qualquer situação.
Os canjar tem uma relação íntima com a ma-
gia e toda tribo canjar possui mais de um conju-
rador. Eles também são hábeis em identificar e
crias itens mágicos, os quais não estão à venda.
Eles pertencem ao Tasque Manusa.
Afinidade com Magia. Você conhece um
truque da lista de magias de feiticeiro, à sua es-
 • Raças •
colha. Carisma é o atributo usado na conjuração.
Após realizar um descanso longo, você pode tro-
car o truque conhecido através dessa habilidade.
Arcanista. Você é proficiente na perícia Ar-
canismo. Seu valor de proficiência é dobrado para
testes envolvendo itens mágicos.
Zarovan
Os Zarovan são a mais misteriosa e temida
das tribos dos Vistani. Geralmente quietos e in-
trospectivos, eles mantêm um ar de mistério ao
seu redor.
Este seleto grupo de Vistani é liderado pela
enigmática Madame Eva, uma figura de grande
poder cujos relatos de sua presença abarcam mui-
tos séculos de existência.
Os Zarovan são temidos até entre os Vistani,
e é dito que tem total visão do destino e controle
sobre o tempo. Madame Eva é conhecida como a
Rauni das Raunis, a líder máxima do povo Vis-
tani, ainda que a natureza de tal papel não nos
seja conhecida.
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Os Zarovan exercem, assim, um poder e con-
trole sobre as demais tribos. Alguns dizem que
ninguém manipula o tempo, a magia ou as bru-
mas como essa tribo.
Alguns sugerem que o nome dos Zarovan
tem alguma ligação com a origem dos Zarovich,
a lendária família nobre que governa a Baróvia,
mas tal origem não pode ser confirmada.
Eles pertencem ao Tasque Manusa.
Conhecedor do Tempo. Você ganha profici-
ência perícia História. Você pode escolher fazer
um teste de Inteligência (História) com vanta-
gem. Você recupera o uso dessa habilidade após
realizar um descanso curto ou longo.
Atravessando o Tempo. Você é capaz de
saber a pergunta que alguém fará antes mesmo
que ele termine de falar, ou de prever minima-
mente o que vai acontecer. Você nunca é pego
surpreso. Você tem vantagem em um teste de
Destreza para determinar a iniciativa. Você re-
cupera o uso dessa habilidade após realizar um
descanso longo. Você também pode recuperar o
60
uso dessa habilidade antes de realizar o descan-
so ao escolher fazer um teste de Destreza para
determinar a iniciativa com desvantagem. Após
realizar o teste com desvantagem, você recupera
o uso da habilidade.

Sombrinos
Sombrinos são Vistani que foram expulsos de
sua tribo, perdendo o elo que possuíam com o
semiplano. Muitos tendem à loucura após essa
perda, pois a realidade simplesmente deixa de
fazer sentido. Outros se afundam nas águas da
corrupção. Por fim, uns poucos resistem e se
tornam seres solitários ou heróis que decidem
enfrentar as forças das trevas.
Os sombrinos se parecem muito com seus
primos distantes, exceto que sua pele a cada dia
que passa tende mais a uma certa escuridão pá-
lida, sem vida. Em alguns casos ela começa a
perder as marcas comuns como cicatrizes, juntas,
digitais, parecendo uma superfície lisa. A maio-
ria dos sombrinos tem seu corpo aparentemente
enfraquecido, como se tivessem se afogado ou es-
tivessem sem se alimentar há semanas. No mais,
eles se vestem como os demais Vistani, ainda que
a maioria perca o gosto pelas cores vibrantes de
sua antiga tribo.
Eles seguem conhecendo os mesmos idiomas
que falavam. Alguns se disfarçam e decidem viver
com a sociedade. Outros juram vingança e fazem
de tudo para acabar com a vida de sua antiga
família, vendo os Vistani como um povo cruel
que cometeu uma injustiça sobre si mesmos.
Muitos carregam desejos sombrios no coração e
enquanto uns buscam saciá-los, outros buscam
 • Raças •
aprisioná-los em um lugar dentro de si que nunca
possam ser encontrados. No fim, cada sombrino
é único.
Se sua expulsão foi justa, talvez ele carregue a
culpa que lhe causou esta maldição. Se foi injusta,
é possível que carregue mágoa. Todos carregam
algo deste evento transformador.
Alguns sombrinos decidem se juntar a ladrões
e saqueadores, se tornando rapidamente seu lí-
der. Outros se juntam a grupos de aventureiros,
aproveitando a natureza errática que esses bandos
costumam ter.
Todos os sombrinos carregam consigo algo
que faz parte de seu legado: o mau-olhado. Todos
são capazes de rogar uma praga com o olhar, o
que faz com que eles sejam temidos por isso. Eles
também carregam consigo o peso de seu exílio: Se
usar as regras de Nível de Rejeição, considere-os
como Calibans, exceto que eles sempre recebem
tratamento hostis de quaisquer Vistani. As se-
guintes características são traços raciais comuns
a todos os sombrinos:
Tipo. Você é humanoide. Para todos os efei-
tos, você é considerado humano.
Tamanho. Seu tamanho é Médio. Sombrinos
chegam à mesma estatura dos humanos, indo de
1,5 a mais de 1,8 metros.
Mau Olhado. Como uma Ação Bônus você
pode jogar mau olhado sobre uma criatura. Você
escolhe o efeito do mau olhado ao lançá-lo. Ele
pode afetar testes de atributo, ataques ou salva-
guardas. Essa criatura deve ter sucesso em uma
Salvaguarda de Carisma, CD 8 + seu bônus de
proficiência mais seu modificador de Carisma,
Inteligência ou Sabedoria (você escolhe ao criar
o personagem e não pode mudar essa escolha).
61
Em caso de falha, durante o próximo minuto, ela
deve jogar 1d4 em toda jogada de dados escolhida
por você e subtrair o número obtido da jogada
escolhida.
Idioma. Patterna (que é a “língua Vistani”)
e comum.
Deslocamento. O seu deslocamento básico
é 9 metros.
Sub-raças. As seguintes sub-raças estão dis-
poníveis para você.
Pelelisa
Os Pelelisas estão entre os mais comuns entre
os sombrinos. Seu toque é mais frio que o de um
ser humano e a impressão ao tocar sua pele é que
algo oleoso e gelado está sobre todo o seu corpo.
Apesar disso, na maioria das vezes, um Pele Lisa
não tem de fato nada escorrendo. Em raros casos,
um líquido viscoso pode ser visto saindo da ponta
dos dedos ou escorrendo dos cabelos ou sola dos
pés, parecendo algum tipo de graxa líquida.
Liso e Esguio. Você tem vantagem em
quaisquer testes ou salvaguardas contra criatu-
ras que queiram te agarrar.
Deslizante. Quando usando as seguintes
ações você consegue benefícios extras:
• Correr. Se você usar a ação correr, enquan-
to desliza como se usasse patins, o ganho de
movimento que você recebe é igual ao dobro
do seu deslocamento.
• Desengajar. Ao executar a ação desengajar,
você ganha movimento extra igual a metade
de seu deslocamento usual, após a aplicação
de quaisquer modificadores.
• Esquivar. Ao usar a ação esquivar, caso um
ataque (que exija uma jogada de ataque) te
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acerte, você pode gastar sua reação para redu-
zir o dano sofrido em 1d10 + seu modificador
de destreza + seu bônus de proficiência.
Desgarrados
Peçonhentos
Os Desgarrados são sobreviventes e solitá-
rios, não tendo exatamente características físicas
em comum.
Os Peçonhentos são os sombrinos que pos-
Eles são extremamente adaptáveis a qualquer
suem olhos de serpente e caninos afiados. Leve-
tipo de situação, e seus talentos são imprevisí-
mente incomuns, sua pele tem aparência leve-
veis.
mente escamosa quando vista de perto.
Talentoso. Escolha um dos seguintes ta-
São os mais malvistos entre os sombrinos pois
lentos, que você conhecerá: Atacante Selvagem,
carregam fama de serem assassinos.
Curandeiro, Duelista Defensivo, Explorador de
Visão no Escuro. Seus olhos reptilianos te
Masmorras, Habilidoso, Ligeiro ou Sorrateiro.
concedem uma visão superior no escuro. Você
Você não precisa atender os pré-requisitos do
consegue enxergar até 18 metros na meia-luz
talento escolhido, se houver. Se você não estiver
como se fosse dia e, na escuridão, como se fosse
usando a regra de talentos, você pode simples-
meia-luz. Na escuridão você só consegue discer-
mente dar os benefícios descritos no talento esco-
nir tons de cinza.
lhido como traço racial (ou ignorar esta sub-raça
Presas. Você possui presas na boca. Você é
completamente).
capaz de fazer ataques com suas presas, que são
Poliglota. Escolha dois idiomas extras para
armas naturais que possuem acuidade, e podem
conhecer no começo do jogo.

Hyskosa
ser usadas para fazer ataques desarmados. Estes
ataques causam 1d4 + Força de dano perfuran-
te. Uma criatura mordida por você deve fazer
Os Hyskosa são os descendentes da Tribo de
uma Salvaguarda de Constituição ou sofre 1d4
Hyskosa (ver o Capítulo Sociedades Secretas).
de dano venenoso.
Como o profeta Hyskosa, eles possuem certa sen-
Resistência a Venenos. Você é resistente a
ciência capaz de fazer pequenas previsões. Muitos
dano venenoso e tem vantagem em salvaguardas
se tornam adivinhos, graças a este dom.
contra venenos.
Eles são caçados por diversas criaturas das
Venenoso. Você é proficiente com o kit de
sombras por serem vistos como inimigos, bem
venenos. Uma vez por descanso curto ou longo,
como por outros habitantes das brumas que os
você pode aproveitar esse descanso para extrair
consideram culpados pela Grande Conjunção.
uma dose de veneno de suas presas. Essa dose
Previsão. Você nunca é considerado sur-
poderá ser aplicada em uma arma. Após aplicar
preso.
em uma arma, pela duração de uma hora, o pri-
Senciência. Uma vez por descanso longo,
meiro ataque com sucesso com esta arma causará
ao fazer um Teste de Atributo, você pode jogar
um dano extra de 1d4 do tipo venenoso.
 • Raças • 63
1d4 e adicionar o resultado ao resultado do teste.

As Demais Raças em Ravenloft

Os humanos são a grande população
de Ravenloft e a maioria das cidades no
semiplano são povoadas por eles de forma
hegemônica. No entanto, todas as raças
disponíveis para jogadores podem ser en-
contradas de uma forma ou de outra na
Terra das Brumas em meio a população
humana ou, eventualmente, possuindo
até mesmo sua própria vila. Elas podem,
porém, carregar uma rejeição por serem de
uma minoria (ver no capítulo Párias).

Humanos
Os humanos são o padrão, o comum, a norma.
Entre todos os mortais, eles são de longe os mais
presentes. E, claro, algumas raças falam sobre isso
com tom de escárnio ou repulsa. Em alguns luga-
res os humanos são uma maioria tão esmagadora
que nunca se ouviu falar em seres de outras raças.
Todos os tipos étnicos de humanos podem ser
encontrados em Ravenloft e não se faz qualquer
distinção deste tipo.
Por que eles são tão comuns? Os estudiosos em
seus debates acadêmicos nunca foram capazes de
responder. Talvez os Poderes Sombrios tenham
algum tipo de predileção. Talvez o ser humano
seja a criatura mais capacitada a fazer grandes fei-
tos heróicos e cometer terríveis atos hediondos.
No fundo, essa é uma pergunta sem uma resposta
conclusiva.
Há comunidades humanas em praticamente to-
dos os domínios habitados, ainda que possa haver
exceções quanto a esta maioria humana, como é
o caso de Sithicus.
Os humanos, por serem o padrão, descon-
fiam de outras raças. Essa desconfiança vai de
um ligeiro afastamento até um tratamento frio
ao horror diante daquela aberração. Assim, ser
um humano na Terra das Brumas é muitas vezes
um grande privilégio. Se em Darkon um não hu-
mano seria visto apenas como alguém estranho,
em Falkovnia ou em Tepest ele seria algo a ser
temido ou caçado. Às vezes as duas coisas ao
mesmo tempo.
Anões
Os anões de Ravenloft tem a mesma variação
de aparência descrita pela raça no Livro do Jo-
gador. Sua pele comumente se mistura a poeira
de minério ou a fuligem, pois os anões sentem
64
muito orgulho ao exibirem seus esforços e sua
dignidade operária. A moda acompanha esses
tons sombrios, cinzentos e terrosos, com algum
adorno de metal ou pedras preciosas sendo bem-
-vistos pela sociedade anã.
A sociedade anã das brumas tem um enorme
apego a família e ao trabalho árduo. São os pilares
da honra anã, que tem nas artes a escultura (em
pedra e metal) e músicas fúnebres sobre seus an-
cestrais seus principais expoentes. A relação dos
anões com a terra faz com que lendas a respeito
desta raça ter ligação com poderes elementais
ou com criaturas do submundo sejam populares
entre os humanos, assim como as histórias de
que eles se alimentam somente de pedras e metais
preciosos.
O principal centro de cultura anã é a cidade
de Cataratas de Tempe, em Darkon. A cidade
de Corvia, também em Darkon, também possui
uma grande população anã. Pequenas comuni-
dades anãs podem ser encontradas ao longo das
Balinoks, da Bela Adormecida (em Lamordia) e
de outras regiões montanhosas. Na Serra do In-
fortúnio eles têm aberto minas e recuperado uma
antiga rota que ligava Darkon ao reino de Nova
Vaasa.
Elfos
Os elfos de Ravenloft se dividem basicamente
em dois grandes agrupamentos principais, com
poucos grupos de tamanho ínfimo espalhados
aqui e ali além destes dois: Os elfos de Darkon
e os elfos de Sithicus.
 • Raças • 65
A maioria dos elfos de Darkon possui cabelos es- a Arak eram estrangeiros, um pequeno grupo devoto da
curos e olhos verdes, cinzas ou violetas. Já os elfos Rainha Aranha. Da mesma forma, um Mestre que queira
de Sithicus possuem olhos âmbar e cabelos loiros ou inserir os elfos obscuros pode querer incluir algum pe-
prateados. São estas as características físicas que mais queno grupo sobrevivente nos subterrâneos de Keening,
os diferem. Porém, essas são as menores das diferenças no entanto, não há subsídios oficiais suficientes para
entre os dois grupos. algo assim. A melhor forma de incluir elfos obscuros é
Ambos os grupos preferem vestir tecidos leves e realmente com personagens forasteiros, sendo trazidos
finos, como a seda e o cetim, mas enquanto os sithi- pelas brumas.
canos preferem cores monótonas, os elfos darkoneses
escolhem cores que combinem com a estação (verde e
azul no verão; amarelo, laranja e vermelho no outono;
Gnomos
Os gnomos de Ravenloft são em sua maioria gno-
preto, cinza e branco no inverno e cores vívidas e des-
mos das rochas. Por serem pequenos, costumam ser
tacadas na primavera).
menos tratados como uma ameaça e mais como algo a
Os elfos são muito temidos por grande parte dos hu-
ser mantido à distância por cautela devido a sua ligação
manos em geral, e é comum associá-los as fadas, o que
com coisas mágicas. Além disso, há a questão de serem
pode ser bem problemático. Também são vistos como
criaturas de personalidade excêntrica.
hedonistas e, por suas vidas compridas, os humanos
Os gnomos de Ravenloft se vestem com cores vivas,
entendem que eles não se importam com a morte, por
decoradas, e usam acessórios brilhantes com joias e pe-
serem “imortais”. Exceto quando esbarram com um
dras preciosas sempre que possível. Eles são atraídos
inquisidor em Tepest que decide testar a imortalidade
pelas atividades intelectuais e artesanais, em especial
do elfo.
quando envolvem engrenagens e correntes. Alguns dos
Em Darkon, as principais comunidades élficas ficam
mais finos relojoeiros de Dementlieu são gnomos. Além
em Fontes de Nevuchar, Neblus e Sidnar. Nestas co-
de relojoeiros, muitos se tornam alquimistas, ourives e
munidades eles se misturam com as demais raças que
engenheiros.
lá vivem.
Quando voltados para a o Teatro, gnomos costumam
Já Síthicus tem uma população majoritariamente
se voltar ao humor, com acidez, morbidez e perversidade
não humana, algo raro em Ravenloft. Além de qualquer
muitas das vezes. Alguns usam desta arte para atacar os
comunidade registrada por viajantes, as lendas falam de
poderosos, enquanto outros usam para achincalhar os
cidades élficas escondidas da vista humana através da
oprimidos. A maioria dos gnomos gostam deste tipo de
poderosa magia élfica. Apesar de altamente improvável,
piada e de humor, mas não chega a praticá-la profissio-
é difícil separar a verdade das lendas em Ravenloft.
nalmente. Neste caso, elas acabam sendo “mais leves”
Quase não há registro de elfos obscuros em Ra-
(para o gosto gnômico), mas não menos elaboradas.
venloft. Alguns juram que no desaparecido domínio
A maior comunidade gnômica nas Terras das Brumas
de Arak havia drows, mas pode muito bem ser uma
é a cidade de Mayvin, em Darkon. Pequenos agrupamen-
simples confusão humana. Ou não. Cabe ao Mestre
tos gnômicos podem ser encontrados em Valachan e
decidir. Canonicamente os poucos drows que chegaram
66
Hazlan, onde suas habilidades mágicas ou engenhosas
podem ser úteis. Há profissionais gnomos aqui e ali
nos reinos mais avançados tecnologicamente, claro.
Mas a maior comunidade gnômica fora de Darkon ain-
da fica em Nova Vaasa, onde seu humor e suas piadas
se tornaram moda entre as principais casas nobres e
ninguém deseja ser falado por não possuir um bufão
gnomo a seu serviço.
Pequeninos
Os pequeninos de Ravenloft são ainda menos vis-
tos como ameaças do que os gnomos, pelos humanos.
Isso porque, além de pequenos, não costumam possuir
habilidades mágicas. Muitas vezes os pequeninos são
tratados até mesmo de forma condescendente. Um erro,
é claro.
Os pequeninos são possivelmente a raça que mais
tem gosto por viajar através dos reinos, à exceção dos
vistani, e por isso gostam de usar roupas confortáveis
e práticas.
Há lendas sobre os pequeninos terem sido criados
por bruxas que queriam expulsar todo o mal do ser
humano, e os pequeninos foram tudo que sobrou. Há
quem diga que se essa lenda for verdade, resta saber
para onde foi a parte “ruim” dos humanos que se tor-
naram pequeninos. Essa lenda não é muito popular
entre a raça, mas não é como se eles se importassem
com essa bobagem também.
Ao contrário dos Vistani, em suas viagens os peque-
ninos costumam se estabelecer de fato por alguns anos
no local, conhecendo a região e experimentando o que
ela tem a oferecer, antes de partir novamente. Entre as
“grandes cidades” de Ravenloft, é comum haver alguma
comunidade pequenina na periferia, muitas vezes se
transformando em um gueto ou algo similar. As maio-
res comunidades pequeninas permanentes estão, claro,
em Darkon. Estão nas cidades de Rivalis e de Delagia.
Os pequeninos de Rivalis vivem da criação de cabras e
da plantação de flores. Já a comunidade de Delagia vive
da pesca no Lago Korst.
Há lendas sobre uma comunidade pequenina e Si-
thicus, escondida na floresta, onde um cavaleiro negro
torturou seus habitantes até que ficassem loucos e sel-
vagens. Mas talvez isso não passe de uma lenda...
Meio-elfos
Os meio-elfos de Ravenloft sofrem bem menos re-
jeição que seus pais de origem feérica, exceto talvez
em Tepest e Falkovnia, onde não haveria tempo para
diferenciá-los de seus parentes. Suas vestimentas cos-
tumam ser a da comunidade na qual habitam, que os
veem muitas vezes como criaturas amaldiçoadas pois
sobreviverão sempre aos humanos aos quais se asso-
ciam, incluindo o pai ou mãe, mas morreram muito
antes que qualquer amigo ou parente elfo.
Desta forma, muitos meio-elfos abraçam essa impres-
são e se tornam iconoclastas, alienados ou angustiados
(algumas vezes com mais de uma dessas características)
e decidem não se apegar a nada nem a ninguém, se tor-
nando artistas errantes como músicos ou contadores
de história.
Apesar de poderem vir de qualquer lugar onde um
elfo e um humano possam se relacionar, a maioria dos
meio-elfos são do domínio de Darkon, dos domínios
vizinhos a Darkon e de domínios vizinhos a Sithicus
(com uns poucos vindos de Sithicus mesmo).
Orcs e Meio-Orcs
 • Raças •
Não há orcs e meio-orcs em Ravenloft! Bom.
Talvez essa afirmação seja um pouco precipitada.
Vamos começar de novo. Não há qualquer co-
munidade de orcs ou de meio-orcs em Ravenloft
e os raríssimos indivíduos destas raças vieram
trazidos das brumas (ou descendem de alguém
vindo das brumas).
Sendo assim, são comumente confundidos
com monstros e não é nada fácil vencer esse pre-
conceito nesse mundo sombrio.
Tiferninos
Ainda mais raros que os orcs e meio-orcs
são os tiferinos. Sendo rapidamente con-
fundidos com diabo e demônios, a vida de
tiferinos em Ravenloft é muito difícil e a
fogueira pode ser o destino mais comum.
Os poucos que escapam desta má
sorte usam de disfarces mundanos ou
mágicos para esconder sua origem e
evitam qualquer tipo de atividade que
atraia a atenção para eles.
Não há qualquer agrupamento de
tiferinos documentado nas Terras das
Brumas.
Draconatos
Os draconatos são o ápice da raridade
entre as principais raças de D&D neste cenário.
Ravenloft trata dragões como lendas. Draconatos
sequer entram nestas lendas. A visão de um dra-
conato certamente seria da chegada de uma aber-
ração reptiliana que pode causar medo, levando
67
pessoas a fugir ou levar as pessoas ao combate à
primeira vista.
Qualquer draconato existente no cenário vi-
veria como eremita, ou se esconderia através de
magia de forma a nunca ser descoberto como o
que realmente é.
Claro, da mesma forma que os tiferinos, não
há agrupamentos de draconatos em Ravenloft.
Outras Raças
O uso de outras raças em Ravenloft deveria
seguir basicamente a mesma linha descrita até
aqui. Eladrins talvez fossem vistos como elfos
ou trocadinos. Morferas de Eberron provavel-
mente seriam vistos como trocadinos ou
licantropos. Forjados Bélicos seriam vistos
como golens e tratados com assombro e
medo. Aarakocras provavelmente seriam
tratados como licantropos.
Ou seja, se a raça escolhida não
puder passar minimamente como uma
raça nativa de Ravenloft, provavelmente
ela seria tratada como um monstro e seu
Nível de Rejeição (ver no capítulo sobre
Párias) seria sempre 5 ou próximo
disso. Aquelas que consegui-
rem de alguma forma passar
por outra raça nativa sofrerão a
mesma rejeição da raça que estão
usando para buscar alguma aceitação.
 Classes

Nem todos os homens buscam descanso e paz; al-

guns nascem com o espírito da tempestade em seu
sangue, arautos inquietos de violência e derra-
mamento de sangue, sem conhecer outro caminho.”
(“A Witch Shall Be Born,” Weird Tales - 1934 – Robert E. Howard)
 Neufurchtenburg, Lamórdia, 759 aC
George,
É com um senso de urgência e um pedido de ajuda que estendo a mão para você hoje. As
nevadas paisagens montanhosas da Lamórdia tornaram-se assombradas por um inimigo peculiar e
poderoso, que quase me destruiu em nosso último confronto. É minha esperança que você possa fornecer
orientação e ajuda para reunir uma equipe capaz de enfrentar esta ameaça.
ARCAN, como passamos a chamá-lo, é um constructo vivo feito de metal negro, uma
abominação que desafia a razão e as leis da natureza. Eu tenho você para identificar quem é a mente
distorcida por trás da criação deste golem terrível, mas em todos os meus anos caçando monstros eu
nunca encontrei um inimigo tão formidável.
Em nossa batalha anterior, meu machado confiável, que já cortou inúmeros inimigos, provou
ser inútil contra o impenetrável corpo de metal deste monstro. Embora eu normalmente trabalhe
sozinho, é evidente que a força bruta por si só não será suficiente para derrubá-lo, e precisarei formar
uma equipe de indivíduos qualificados com diversas habilidades para combater suas defesas e atacar
onde o armamento convencional falha.
Até agora, consegui assegurar a aliança de um druida chamado Noland, um mestre dos
segredos da natureza que me ajudará a caçar esta abominação. Suas habilidades provaram ser
inestimáveis no rastreamento dos movimentos da ARCAN pelos traiçoeiros alpes da Lamórdia. No
entanto, a astúcia e a agilidade da criatura elusiva exigem a perícia de um ladino experiente, para
que possamos prende-la em uma armadilha e evitar sua fuga mais uma vez.
Também precisarei da referência de um mago especialista e confiável, que possa nos ajudar a
encontrar alguma fraqueza e vulnerabilidade em nosso inimigo e possa criar feitiços e estratégias para
vencer esse monstro.
Sei que você e suas sobrinhas têm um grupo de aliados, uma rede de estudiosos e aventureiros
prontos para ajudar quando necessário, e peço sua ajuda para encontrar os caçadores habilidosos para
este grupo. Se você souber de algum indivíduo que possua as habilidades necessárias e a coragem
para enfrentar um adversário tão formidável, oriente-o a encontrar-se comigo e com Noland em
Neufurchtenburg, na Lamordia.
O tempo é essencial e não descansarei até que esse inimigo seja derrotado, pois a cada dia esse
constructo malévolo cresce em força e audácia.
Ivan Dragonov
72
 Clases • Classes • 73
CAPÍTULO

III
Campeões das Brumas
Aventureiros nos domínios do medo podem ser heróis assombrados por seu passado, presente ou
futuro. Podem ser campeões da luz, carregando a centelha da esperança em meio as trevas. Podem ser
parte de uma ordem ou sociedade com fins misteriosos. Ou podem ser apenas sobreviventes em meio
a um mundo de escuridão eterna.
Neste capítulo você conhecerá novas opções de subclasse inspiradas em elementos do cenário de
Ravenloft para criar seu personagem de Ravenloft para a 5ª edição de D&D.
As seguintes subclasses são opções com ligação à história do cenário e, eventualmente, com suas
facções e seitas.

Artífice: Vudam,
O Criador de
Amuletos
Nem toda fé honra diretamente os
deuses. Em muitas culturas, o espírito
do mundo natural e os mensageiros dos
deuses estão mais próximos do mundo
mortal que aquelas entidades. Sendo
assim, por que suplicar aos deuses e
74
não àqueles que estão mais próximos
e podem ouvir nossos chamados?
— Ayo Bintu, Devota da loa
Lethede, a Dama dos Caminhos
Há inúmeras lendas sobre os loa. Aqueles que
se dedicam a devoção aos loa acreditam que se
você busca socorro em meio ao pântano, de que
adianta pedir auxílio de uma divindade distante
que não pode ouvir? Não é mais fácil pedir auxí-
lio ao próprio pântano? É por isso que eles não
são sacerdotes ou clérigos no sentido tradicional.
Eles sabem que existem divindades, os grandes
deuses distantes e poderosos. Mas eles preferem
no Livro do Jogador).
negociar com os espíritos próximos, que podem
Seu comportamento faz com que eles sejam
ouvi-los e socorrê-los. E é com essas entidades
constantemente confundidos com sacerdotes e
naturais que eles negociam seus poderes.
xamãs, e tantas outras vezes com bruxos. Eles
Ao contrário de bruxos, que fazem pactos
não se importam. Seu foco é na construção de
com entidades, os Vudam constroem receptácu-
seus gris-gris, capazes de fazê-los conjuradores
los para armazenar o poder a eles concedido. Esse
poderosos e até versáteis, ao menos de seu ponto
é o aprendizado do Vudanismo. A maioria deles
de vista. Do ponto de vista dos outros, é como
se sente mais à vontade na área onde fizeram seus
se os Vudam conjurassem suas magias de suas
primeiros contatos com o mundo espiritual, se
bonecas, colares e elixires.

O Criador de A
tornando até líderes locais, pela política ou pela
fé, mas alguns preferem viajar, seja numa mis-
são pelo mundo espiritual, seja para proteger seu
O Vudam é um expert em construir amuletos
povo de alguma ameaça ou simplesmente para
e lidar com o mundo espiritual. Assim, eles usam
conhecer mais sobre o mundo espiritual além
suas criações para potencializar este caminho e
de suas terras.
respeitar a tradição dos Loa. Para ler mais sobre
Os vudam são uma subclasse de artífice, cons-
os Loa, vá ao capítulo de Religiões nas Terras
truindo amuletos especiais que são receptáculos
das Brumas.

Magias do Vud
de poder. Além disso, quando eles constroem

Expandida de Ma
seu primeiro gris-gris, o amuleto dos Vudam, ele
se torna seu foco arcano (na prática, você pode
trocar suas ferramentas de artesão ou ladino por
Você sempre tem certas magias preparadas
um amuleto Vudam para conjurar suas magias
após alcançar certos níveis nesta classe, como
como na regra que aborda o uso de foco arcano
 • Classes • 75
mostrada na tabela abaixo. Essas magias contam criatura ao segurar o Gris-Gris poderá realizar
como magias de artífice para você, e elas não uma ação e produzir o efeito do truque armaze-
contarão para o número de magias que você pode nado, usando a inteligência de seu Vudam como
preparar por dia: modificador de atributo de conjuração. Uma
vez conjurado o truque, o Gris-Gris deixa de ter
Nível de qualquer propriedade especial, sendo assim só
Magias
Artífice utilizável uma única vez (até ser alvo da habilida-
de novamente). Enquanto utilizado desta forma,
3º Enfeitiçar Pessoa, Perdição o Vudam não pode conjurar o truque guardado
no gris-gris.
Localizar Animal ou Planta, Você pode realizar uma ação para tornar o
5º
Imobilizar Pessoa Gris-Gris um objeto mundano novamente, vol-
tando a poder conjurar seu truque normalmente.
Guardiões Espirituais, Rogar
9º Proteção Contra Espíritos
Maldição
Você pode gastar uma ação bônus para prote-
ger uma criatura a 1,5 metros de você (incluindo
13º Banimento, Localizar Criatura
você) do ataque de celestiais, elementais, feéri-
cos, feras, ínferos, mortos-vivos ou plantas.
Comunhão com a Natureza, Re-
17º Você entrega um Gris-Gris para esta criatu-

Gris-Gris
viver os Mortos
ra e, durante 1 minuto, qualquer criatura que
pertença a um destes tipos e que tente atacar a
criatura alvo de Proteção Contra Espíritos ou
Você aprende a usar ferramentas de coureiro,
conjurar uma magia prejudicial que a tenha como
joalheiro e tecelão, caso ainda não saiba. Elas se-
alvo deve ser bem-sucedida em uma salvaguarda
rão necessárias para a criação de seus Gris-Gris.
de Sabedoria (CD 8+Prof+Modificador de Inte-
Gris-Gris podem ser pequenas joias, elixires, bo-
ligência do artífice). Se falhar, o atacante deve
necas ou outros pequenos itens não mágicos. Um
escolher outro alvo ou perderá o ataque ou a
Gris-Gris passa a ser o seu foco arcano.
magia.
Você pode usar um Gris-Gris criado por você
Mesmo que seja bem-sucedida em sua salva-
como um objeto alvo da habilidade Funilaria Má-
guarda, a criatura só poderá realizar aquele ata-
gica. Se você fizer isso, além da lista de proprie-
que ou conjurar aquela magia. Novos ataques ou
dades listadas na habilidade Funilaria Mágica,
magias, mesmo que ocorram no mesmo turno,
você pode guardar um truque que você conheça
ainda precisarão de novos sucessos em novas sal-
no interior do Gris-Gris e que tenha uma ação
vaguardas para ocorrer.
como tempo de conjuração. Se você der o Gris-
Se o alvo protegido fizer um ataque ou conju-
-Gris a alguém de livre e espontânea vontade, esta
rar uma magia que afete uma criatura do tipo es-
76
colhido, a criatura atacada estará imune ao efeito
daqui por diante e poderá atacá-lo ou escolhê-lo
como alvo de magia sem a necessidade de salva-
guarda.
Você só pode ter uma criatura escolhida como
alvo desta habilidade durante qualquer período
de tempo. Você pode usar essa habilidade uma
quantidade de vezes igual a seu modificador de
Proficiência. Você vai recuperar todos os usos
ao completar um descanso longo.
As Vozes do Mundo Espiritual
Você é capaz de falar com o mundo espiritual.
Você aprende dois dos seguintes idiomas a sua
escolha: abissal, celestial, infernal e primordial.
Além disso, você pode falar a verdadeira voz dos
espíritos. Ao fazer isso, você pode conjurar uma
das seguintes magias: Falar com Animais, Falar
com Plantas e Falar com Mortos.
Você pode usar essa habilidade uma quan-
tidade de vezes igual a seu modificador de Pro-
ficiência. Você vai recuperar todos os usos ao
completar um descanso longo.
A Cavalgada dos Loa
Como uma ação, você incorpora um loa que
durante até uma hora passa a fazer parte de você.
Durante esse tempo, você ganha uma das seguin-
tes habilidades:
Você pode conjurar uma vez a magia Comu-
nhão.
Você ganha Proficiência em uma ferramenta,
perícia ou idioma.
Você ganha proficiência com uma arma.
Você ganha proficiência com uma armadura.
Você ganha proficiência em uma Salvaguarda.
Uma vez que o artífice use a habilidade Caval-
gada dos Loa, ele não pode utilizá-la novamente
até que realize um descanso longo.
A Grande Cavalgada
Quando incorporando um loa durante o uso
da Cavalgada dos Loa, você pode escolher até 3
benefícios listados naquela habilidade, ou usar
um, e apenas um, dos seguintes benefícios:
Você pode conjurar uma vez a magia Forma
Etérea.
Você pode conjurar uma vez a magia Visão
da Verdade.
Você ganha a habilidade Ataque Extra (po-
dendo atacar duas vezes no turno ao realizar a
ação Atacar).
Você ganha resistência a um tipo de dano.
Você ganha a habilidade Evasão, que permite
que você sofra metade do dano ao realizar uma
Salvaguarda de Destreza e falhar, ou não sofrer
dano nenhum se for bem-sucedido.
Infusões de Artífice
Reproduzir Itens Mágicos
Prerrequisito: Artífice Vudam
Esta infusão é a mesma que consta na classe
Artífice, com as mesmas características, exceto
que apresenta uma lista expandida de itens ape-
nas para a subclasse Vudam, sem que seu Mestre
permita que você escolha algo desta lista com
outra subclasse.
Normalmente os itens criados pelo Vudam
são em forma de amuletos, anéis, bonecas, frascos
(mesmo quando não consumíveis), acessórios e
vestimentas. Você pode modificar o formato do
item original conforme achar necessário para que
ele se torne mais adequado ao personagem.
 • Classes • 77
O Vudam sempre pode sintonizar com os
itens que ele cria, mesmo que na descrição ori- Corselete de Couro
Não
ginal do item haja restrições que o impediriam Deslumbrante
de se sintonizar, como restrição de alinhamento
ou classe.

Itens Reproduzíveis
Vudam de 2º Nível) (Artífice Diadema da Explosão Não

Item Mágico Sintonização

Itens Reproduzíveis
de 10º Nível) (Artífice Vudam
Orbe Flutuante Não
Item Mágico Sintonização
Elmo de Compreender
Não
Idiomas
Cajado da Píton Sim
Peripato da Saúde Não

Itens Reproduzíveis
de 6º Nível) (Artífice Vudam Cajado da Víbora

Capa do Saltimbanco
Sim

Não

Corbra Não
Item Mágico Sintonização
Leque do Vento Não

Anel de Influenciar
Animais
Não
Itens Reproduzíveis
de 14º Nível) (Artífice Vudam
Item Mágico Sintonização
Garrafa do Fumacê
Não
Eterno
Amuleto de Proteção
Contra Detecção e Sim
Localização
Anel de Queda Suave Não
Cajado do Definha-
Sim
mento
78
corresponde a nenhum loa verdadeiro.
Flauta Atormenta-
Não Assim como as divindades apresentadas
dora
no Livro do Jogador e demais livros de
D&D, os loa apresentados aqui são fic-
Pedra da Boa Sorte Sim tícios.
Você pode, é claro, escolher retratar
um vudam mais de acordo com um hungã
Varinha da Paralisia Sim do mundo real, e fazer com que ele ado-
re o Barão, ou Legba, ou qualquer uma

Gris-Gris dos Feitiços

Prerrequisito: Artífice Vudam de 10º Nível
das centenas de loa honrados no vodu.
Você também pode escolher interpretar
um clérigo que adora Jesus ou um paladi-
Item: Uma gema ou cristal de até 100 po. no que segue Vishnu. Lembre-se de que,
Ao criar um Gris-Gris dos feitiços, o artífice ao contrário de sua contraparte fictícia
deve escolher uma magia de até 3º círculo das lis- no cenário de Ravenloft, o Vodu é uma
tas de Bruxo, Clérigo, Druida ou Guardião. Uma religião viva e próspera, com seitas e va-
vez escolhida, ela não poderá ser alterada. Essa riantes que abrangem milhões de fiéis.
magia passa a ser considerada como conhecida e Trate-o com o respeito devido.
preparada por quem estiver usando o Gris-Gris,
que pode conjurá-la utilizando seus espaços de Bárbaro:
magia de círculo apropriado, caso tenha essa ca-
racterística de classe. Trilha dos
Vudam – Não Vodu
Filhos da Lua
“Nós humanos tememos a fera dentro do lobo
Assim como o clérigo padrão da fan-
porque não entendemos a fera dentro de nós.”
tasia de D&D não representa um verda-
Gerald Hausman, Turtle Island Alphabet: A
deiro sacerdote de nenhuma religião do
Lexicon of Native American Symbols and Culture
mundo real, também é vital lembrar que
A licantropia é uma maldição que assola os
o chamado vudam de Souragne - embo-
mundos, em especial as terras das brumas. Mui-
ra claramente inspirado pelas crenças do
tas pessoas perderam entes queridos para esta
Vodu como é praticado no Caribe e no sul
maldição, que corrompe o corpo e a alma. O
dos Estados Unidos - não pretendem re-
infeccionado pela maldição às vezes busca uma
criá-lo ou representá-lo com precisão. Os
rara cura, mas a maioria simplesmente sucumbe
loa de Souragne não são os loa do Vodu; o
à selvageria. Mas não os filhos da lua.
Senhor dos Mortos não é o Barão Samedi,
Os filhos da lua, em algum momento, tiveram
por exemplo, nem a Donzela do Pântano
 • Classes • 79
um ancestral que lutou contra a maldição e que
talvez tenha se curado, ou tenha combatido a
infecção. E gerado descendentes livres dessa con-
dição. Exceto que os filhos da lua, ao entrarem
em fúria, descobriram vestígios da maldição e
conseguiram canalizar esse poder para enfrentar
as forças das trevas. Há lendas de rituais envol-
vendo o sangue de licantropos para que um des-
temido bárbaro se tornasse um filho da lua, mas
esperamos que não passe de pura especulação.

Regeneração Lunar
Ao se tornar um filho da lua no 3º nível, você
aprende a usar seu sangue maldito para recarre-
gar suas forças. Por toda a sua fúria, você pode
usar sua ação bônus a cada turno para usar um
dado de vida para recuperar pontos de vida, como
se fosse um descanso curto, recuperando o valor
tirado no dado + o modificador de constituição.
Além disso, ao realizar um descanso longo,
você recupera o total de seus dados de vida gas-
tos, desde que tenha ingerido comida e água.

Sangue Selvagem
No 6º nível, você aprende a linguagem das
bestas. Você adquire, se ainda não tiver, profi-
ciência na perícia lidar com animais e você pode
falar com animais como se conjurasse a magia
falar com animais.

Carga Bestial
No 10º nível, você aprende a descarregar sua
fúria de uma forma terrível. Enquanto em fúria,
se você se mover ao menos 6 metros em linha
reta em direção a uma criatura e então atacá-la, o
alvo deve ser bem-sucedido em uma salvaguarda
80
de Força com CD 8 + Modificador de Proficiência
Bardo: Colégio
do Nômade
+ Modificador de Força ou fica caído. Se o alvo
estiver caído, você pode usar sua ação bônus e
desferir um ataque contra ele.

A Besta Sob Controle

“E a terra se torna meu trono
Eu me adapto ao desconhecido
Sob estrelas errantes eu cresci
No 14º nível, você consegue usar sua regene-
Por mim, mas não sozinho
ração lunar mesmo sem estar em fúria e quando
eu pergunto a ninguém”

usando dados de vida para se curar, você cura o
máximo de pontos de vida daqueles dados. Além
disso, você também cancela as seguintes condi-
ções em você: amedrontado, contido e envene-
nado.
Ritual Nômade
Metallica, Whenever I may roam
Ao se juntar ao colégio dos Nômades no 3º
nível, você pode conjurar magias de bardo como
um ritual se ela possuir a propriedade ritual e
você a escolher como magia conhecida. Você
também aprende duas magias de 1º círculo de
qualquer classe (as duas não precisam ser da mes-
 • Classes • 81
Quando a maioria das pessoas pensam em um povo nômade em Ravenloft, é comum pensar
nos Vistani e seus vardos. Embora seja verdade que esse povo andarilho seja a primeira visão de
um nômade nas terras das brumas, eles não são os únicos a vagar pelas trevas. Embora alguns
nômades tenham sangue Vistani, a maioria dos personagens desta classe são apenas bardos sem
um local que chama de casa.
As habilidades dos nômades refletem bastante de suas experiências em suas viagens, tendo
resistido a muita coisa em suas jornadas, ganhando conhecimento e adquirindo bom senso, pois
um nômade afobado é um nômade morto.
Há uma certa aura de assombro e mistério em relação aos nômades, que faz com que se
destaquem, mas também os marque como estranhos, e em Ravenloft raramente se confia em
estranhos...
Os bardos do colégio nômade muitas vezes são reconhecidos pelos povos que viajam pelas
terras das brumas e são tratados na maioria das vezes de forma mais amistosa que os demais
aventureiros e que os demais nativos destas terras, sem que tenham feito algo ruim a este grupo
ou a outro grupo de nômades e suas reputações os precedam.

ma lista) que possuam a tag ritual. Estas magias

não contam para o número de magias que você
conhece.
Duelismo
Povos e Tribos
Enquanto estiver empunhando uma única
arma de combate corpo a corpo, você ganha um
bônus de +2 nas jogadas de dano com essa arma.

Combate com Armas de Arremesso

Ainda no 3º nível, você aprende a relação en-
tre povos e tribos nômades. Você tem vantagem
em testes de Carisma com outros nômades, in-
Você pode sacar uma arma que tenha a pro-
cluindo os Vistani, que não sejam hostis a você.

Luta com Facas

priedade arremesso como parte do ataque que
faz com ela.
Adicionalmente, ao acertar um ataque à dis-
No 3º nível, você aprende um dos seguintes
tância usando uma arma de arremesso, você ga-
estilos de luta.

Combate com Duas Armas

nha um bônus de +2 na jogada de dano.

Ao se engajar em combate com duas armas,

Ataque Extra
A partir do 6º nível, durante o seu turno,
você pode adicionar o seu modificador de atribu-
sempre que executar a ação atacar, você pode
to ao dano do segundo ataque.
realizar dois ataques ao invés de um.
Além disso, ao utilizar armas com a proprie-
82
dade arremesso ao realizar uma ação de atacar,
Bruxo: O Pacto
Consagrado
você pode usar a sua ação bônus para fazer um
ataque a distância com uma arma com esta pro-
priedade.
de Hala
Conhecimento Nômade
No 14º nível, você pode escolher duas magias
“Hala reentrou no mundo. Ela caminhou
por suas colinas e procurou por suas
de adivinhação de qualquer classe a sua esco- aldeias. Ela procurou por homens e
lha (as duas não precisam ser da mesma lista). mulheres que compartilhassem seu desejo
Essas magias devem ser truques ou pertencer a de fazer mais, que quisessem aliviar
um círculo que você possa conjurar, conforme a dor e o sofrimento dos mortais que
mostrado na tabela O Bardo do Livro do Jogador. foram criados para povoar o mundo.”
As magias escolhidas contam como magias de O Mito de Hala - Van Richten’s
bardo, mas não contam como para o número de Monster Hunter’s Compendium Vol. 3
magias de bardo que você conhece. Você pode
Os devotos de Hala por vezes falam
conjurá-las como um ritual, ainda que elas não
em uma Trama Mágica, escondida do
possuam a tag ritual. Se você conjurar como um
mundo material, onde o poder flui e toca
ritual uma magia escolhida por essa habilidade
o mundo natural. Esta Trama é a mes-
que não tenha a tag ritual, você só poderá con-
ma usada pelas megeras, pelas fadas e por
jurá-la novamente desta forma após realizar um
cada criatura mística que caminha pelas
descanso longo.
terras das brumas. Algumas delas a usam
de forma corrompida e pútrida, o que fere
os conhecimentos passados por Hala.
Os bruxos de Hala fazem o pacto de
usar a Trama como sua aliada, como uma
ferramenta e, se preciso for, como uma
arma. Eles ainda seguem os ensinamentos
de Hala e seus dogmas (como descrito no
capítulo sobre as Crenças das Brumas),
mas como bruxos consagrados, eles bus-
cam esses ensinamentos em suas assem-
bleias e conciliábulos.
 • Classes • 83
3º Arma Elemental, Revivificar

4º Presságio, Aura de Pureza

Comunhão com a Natureza,

5º
Restauração Maior

Toque de Hala
A partir do 1º nível, Hala concede a benção
de projetar sua presença curativa sobre uma área.
Com uma ação, todas as criaturas que você esco-
lher dentro de um raio de 3 metros a partir de
você se sintam tocadas por Hala e restaurem um
total de pontos de vida igual ao seu modificador
de Carisma.
Após usar essa característica, você não pode
utilizá-la novamente até finalizar um período de
descanso curto ou longo.

Lista Expandida de Magias

Quando você aprende uma magia de bruxo,
Hala te permite escolher a partir de uma lista
expandida de magias. As magias a seguir são adi-
cionadas à sua lista de magias de bruxo.
Proteção do Conciliábulo
A partir do 6º nível, Hala concede a benção
de projetar sua presença protetora sobre alguns
indivíduos. Com uma ação bônus, você pode es-
colher um número de criaturas igual a seu mo-

Lista
Hala Expandida de Magias de dificador de proficiência dentro de um raio de 9
metros a partir de você que se sentirão tocadas e
protegidas por Hala durante 1 minuto. Enquanto
estiverem protegidas, qualquer criatura que as
Círculo da
Magias tenha como alvo de um ataque ou de uma magia
Magia
prejudicial deve antes fazer uma salvaguarda de
1º Bom Fruto, Curar Ferimentos Sabedoria, a CD é igual à das salvaguardas feitas
contra suas magias de bruxo. Se falhar, o atacante
deve escolher outro alvo ou perderá seu ataque
2º Augúrio, Restauração Menor
ou magia. Esta proteção não tem eficácia contra
efeitos de área, sejam ataques ou magias.
84
Uma criatura protegida que faça um ataque
Clérigo:
Domínio
ou conjure uma magia que afete uma criatura
inimiga deixa de estar protegida e o efeito se
encerra sobre ela.
das Brumas
(Anacoreta)
Após usar essa característica, você não pode
utilizá-la novamente até finalizar um período de
descanso longo.

O Bote das 13 Serpentes de Hala

“As Brumas da Morte ficaram em
silêncio. Então a Voz falou mais uma
vez. “Entre nas Brumas se for preciso,
No 10º nível, Hala concede a você um breve
Mortal, mas não como você é. Sua espécie
controle sobre as 13 serpentes que representam
não tem lugar aqui. Para entrar nas
sua fé. Com uma ação, você pode escolher um nú-
Brumas, você deve se tornar um com as
mero de aliados a 18 metros igual ao seu bônus
Brumas. Nunca mais você deve deixá-
de proficiência e conceder a eles a possibilidade
los. Você se sacrificará para sempre
de realizar um ataque, desde que gastem sua re-
para cuidar desses poucos mortais?
ação.
Falou Ezra “Esse é meu papel no
Após usar essa característica, você não pode
Grande Esquema. Assim deve ser.”
utilizá-la novamente até finalizar um período de
Os Livros de Ezra, Livro I –
descanso curto ou longo.

Elo com a Trama

Ravenloft Gazetteer Volume III

Os sacerdotes de Ezra possuem uma

A partir do 14º nível, Hala concede o conhe-
cimento completo da Trama. Você recebe vanta-
gem em salvaguardas contra magias.
Além disso, após meditar por 1 minuto, você
pode escolher uma magia de bruxo que você não
conheça e tratar como uma magia conhecida pela
próxima hora. Esta magia não conta para o seu
limite de magias conhecidas.
Após usar essa característica, você não pode
utilizá-la novamente até finalizar um período de
descanso longo.
mística ligação com as Brumas e os anaco-
retas são muito respeitados por seu poder
divino e comando sobre as misteriosas né-
voas. A forma como cada secto da Igreja
de Ezra lida com seu conhecimento sobre
as brumas varia conforme suas crenças e
dogmas. Independentemente da filosofia
de cada templo, no entanto, anacoretas
possuem algumas características em co-
mum devido a suas habilidades com as
Brumas.
 • Classes • 85

Magias do Domínio das Brumas uma reação, conjurar névoas luminosas que en-
volvem seu corpo e iluminam como uma tocha.
Enquanto você estiver protegido pelo Escudo de
Círculo da
Magias Ezra, você tem resistência contra danos dos tipos
Magia
cortante, perfurante e contundentes causados por
Névoa Obscurecente, Escudo
1º armas não mágicas. Esta característica dura até o
da Fé
começo do seu próximo turno.
Arma Mágica, Vínculo de
2º Você pode usar esta característica uma quanti-
Proteção
dade de vezes igual ao seu bônus de Proficiência,
3º Forma Gasosa, Nuvem Fétida recuperando os usos gastos após um descanso
longo.

Canalizar Divindade: Libertando

Porta Dimensional, Defensor

a Mente
4º
da Fé
Névoa Mortal, Restauração
5º

Proficiência Bônus
Maior
A partir do 2º nível, você pode, gastando uma
reação, usar a característica Canalizar Divindade
para libertar a si mesmo ou a um aliado dentro de
No 1º nível, você ganha proficiência com ar-
9 metros de raio a partir de você das condições
mas marciais e armaduras pesadas.

Escudo de Ezra
Amedrontado, Atordoado ou Enfeitiçado.

No 1º nível, você ganha a habilidade de, com

Navegação nas Brumas
86
No 6º nível, as brumas sussurram em seus
Druida: Círculo
dos Reflexos.
ouvidos os caminhos. Um efeito natural ou má-
gico de Escuridão que se baseie em névoas, ne-
blinas ou brumas apenas deixa o efeito como uma
“E movendo-se através de um espelho claro
penumbra (ou meia luz) e efeitos de penumbra
Que pende diante dela todo o ano,
destas fontes não te afetam. Você também é capaz
Sombras do mundo aparecem. “
de guiar até 8 criaturas por caminhos das brumas
Alfred Tennyson, The Lady of Shallott
sem se perder, ao viajar entre domínios.
A terra das brumas não passa de um reflexo
Você também pode, com uma ação bônus,
do mundo real, e a natureza deste mundo nada
usar a magia Passo Nebuloso sem gastar um es-
mais é do que um reflexo sombrio da verdadeira
paço de magia. Você pode usar esta habilidade
natureza. Ao menos é o que acreditam os druidas
de conjurar o passo nebuloso uma quantidade de
desse círculo.
vezes igual ao seu bônus de Proficiência, recu-
Estes druidas acreditam que podem ver ima-
perando os usos gastos após um descanso longo.

Golpe Divino
gens do mundo verdadeiro e da real aparência
das coisas, sem suas vestes sombrias, através das
imagens refletidas nas fontes, cachoeiras, rios,
No 8° nível, você ganha a habilidade de in-
lagos e mesmo nos vidros das janelas e nos es-
fundir os golpes da sua arma com energia das
pelhos. Por isso, usam espelhos de mão como
brumas. Urna vez por turno em que você atingir
foco druídico.
uma criatura com um ataque feito com uma arma,
Eles sabem como enxergar o verdadeiro mun-
o ataque causa 1d8 pontos de dano energético
do e como usar as imagens da natureza verdadeira
adicionais. Quando você alcança o 14° nível, o
contra os poderes das trevas.

Truque Bônus
dano adicional aumenta para 2d8.

Mortalha das Brumas

No 17° nível, você pode, com uma reação, co-
Ao optar por este círculo no 2º nível, você
ganha o truque ilusão menor que conta como um
brir completamente sua mente. Você fica imune
truque da lista de druida para você.

Visão Através dos Reflexos

a dano psíquico, qualquer efeito de possessão,
qualquer efeito capaz de adivinhar ou sentir suas
emoções ou pensamentos, a magias de adivinha-
A partir do 2º nível, você pode ver através das
ção e à condição enfeitiçado, ainda de fontes po-
trevas e enxergar o mundo como ele realmente
derosas como um Lorde Sombrio ou da magia
é. Você ganha visão no escuro com alcance de
Desejo. Este efeito dura por 1 hora.
até 18 metros.

Magias do Círculo Druídico

Após usar essa característica, você não pode
utilizá-la novamente até finalizar um período de
descanso longo.
 • Classes • 87

Sua conexão mística com os reflexos e com

3º Reflexos, Turvar
as imagens lhe concede a capacidade de conjurar
algumas magias. No 3º, 5º, 7º e 9º níveis, você
5º Clarividência, Imagem Maior
ganha acesso a novas magias ligadas associadas
aos reflexos.
Invisibilidade Maior, Terreno
Uma vez que você tenha acesso ao círculo 7º
Alucinatório
de uma dessas magias, elas estarão sempre pre-
paradas para você e não contam para o número 9º Despistar, Similaridade

Visão Através dos Reflexos

de magias que você prepara a cada dia. Se tiver

Aprimorada
acesso a uma magia que não conste na lista de
magias de druida, para você ela conta como uma
magia de druida.

Magias do Círculo dos Reflexos

No 6º nível, você pode conjurar a magia ver
o invisível, uma quantidade de vezes igual ao
seu bônus de proficiência, recuperando seus usos
Nível do após realizar um descanso longo.

Enxergando a Realidade
Magias
Druida
88
A partir do 10º nível, você pode perceber o
mundo como ninguém. Se você estiver descon-
fiado de uma criatura ou objeto, você pode fazer
um teste de Percepção, Investigação ou Intuição
(a sua escolha) com CD 5 + ND da criatura (ou
CD 15 para objetos) para perceber disfarces e
metamorfoses, conseguindo enxergar as coisas
como elas realmente são. No caso de ter sucesso,
você não sabe exatamente o que é, mas você sabe
que algo ali não está correto, e que aquela criatu-
ra não é o que aparenta ser. Caso esteja lidando
com uma magia de ilusão que tenha um teste ou
salvaguarda para desvendá-la, você pode fazer o
teste acima a sua escolha e não o indicado pela
magia e tem vantagem neste teste.

Visão
Superior Através dos Reflexos
No 14º nível, você pode conjurar a magia vi-
são da verdade, sem a necessidade de fornecer os
componentes materiais, uma vez, recuperando o
uso após realizar um descanso longo.
 • Classes •
Feiticeiro:
Linhagem da
Inocência
“Inocência, uma vez perdida, jamais
pode ser recuperada. Escuridão, uma
vez contemplada, não pode ser perdida.”
Jhon Milton, Paradise Lost
and Paradise Regained
O inocente é aquele que sobrevive aos perigos
e tentações da terra das brumas. Sua magia inata
vem do sangue inocente de seus ancestrais. Seus
ancestrais não se corromperam ou fizeram pactos
com as brumas. Essa pureza tomou forma em seu
89
nascimento, concedendo a você poderes arcanos
vindos desta inocência excepcional.
Graças a seus ancestrais, você consegue ouvir
o murmúrio dos inocentes que já partiram das
terras das brumas e com eles você aprende habi-
lidades para proteger você e seus amigos contra
as forças das trevas que ameaçam constantemente
a vida de todos.
Inspirar Coragem
No 1º nível, você conhece a palavra do már-
tir e sabe como usar o poder dos inocentes para
fortalecer a causa. Você pode, com uma ação,
escolher uma criatura a até 9 metros de você que
possa ouvi-lo. Ela receberá a palavra de salvação
90
e terá vantagem em salvaguardas contra efeitos tegidas por esta aura não podem ter seus pontos
que a deixem amedrontada. Esses efeitos duram de vida máximos reduzidos por qualquer ataque
por 1 minuto. ou magia. Esta aura dura 1 minuto.

Proteção Contra a Arte das Trevas

No 1º nível, você aprende a magia Proteção
Após usar essa característica, você não pode
utilizá-la novamente até finalizar um período de
descanso longo.
Contra o Bem e o Mal e você não precisa do com-
ponente material para conjurá-la. Esta magia não
conta para o número de magias que você conhece.

A Bênção da Virtude
No 6º nível, você pode se concentrar por 1
minuto para consagrar uma arma. Por uma hora,
esta arma é então considerada mágica e ignora
resistências e imunidades de qualquer criatura
nos ataques desferidos com ela.
Após usar essa característica, você não pode
utilizá-la novamente até finalizar um período de
descanso longo.

O Sussurro dos Inocentes

No 14º nível, com uma reação, você pode
sussurrar a seus companheiros o sussurro dos
inocentes. Você concede a um número de aliados
igual ao seu bônus de proficiência vantagem em
uma salvaguarda.
Após usar essa característica, você não pode
utilizá-la novamente até finalizar um período de
descanso longo.

A Aura da Inocência
No 18º nível, com uma ação, você pode criar
uma aura mágica que protegerá você e quaisquer
criaturas amigáveis num raio de até 9 metros,
concedendo resistência a danos cortantes, perfu-
rantes, contundentes e necróticos. Criaturas pro-
 • Classes • 91
Guardião:
Conclave dos
Sentinelas
Espirituais
“Todas as coisas compartilham o mesmo fôle-
go - a besta, a árvore, o homem. O ar compartilha
seu espírito com toda a vida que sustenta.”
Chefe Seattle
Membros do Conclave das Sentinelas Espiri-
tuais são comumente acusados de bruxaria pois
eles afirmam poder ver e conversar com os es-
píritos. No entanto, estas sentinelas não fazem
pactos ou coisas do tipo. Apenas acreditam que
os espíritos que assombram o mundo estão aqui
por serem incapazes de partir.
As sentinelas carregam consigo um espírito
companheiro que lhes aconselha e guia em sua
eterna missão de fazer os espíritos descansarem.

Contato com o Mundo Espiritual

No 3º nível, você é capaz de enxergar as cria-
turas incorpóreas (que possuem movimento in-
corpóreo) e que trafegam pelos planos como se
fossem visíveis e corpóreas. Você pode ver até
18 metros no Plano Etéreo quando estiver no
Plano Material, e vice-versa. Na terra das bru-
mas, isso pode significar o Pendor das Sombras
ou outro plano limítrofe, conforme as regras de
seu multiverso.

Arma Espiritual
Ainda no 3º nível, você pode, com o uso de
uma ação bônus, convocar o poder dos espíritos
92
sobre sua arma. No seu próximo ataque com su- descanso curto ou longo.
cesso, a arma é considerada mágica e causa 1d8
de dano adicional, do tipo necrótico ou radiante,
a sua escolha. Você deve escolher o tipo de dano
Aparência Fantasmagórica
No 11º nível, você pode, com o uso de uma
ao usar essa característica. ação, convocar o poder dos espíritos sobre você.

Companheiro Espiritual
No 7º nível, você ganha um companheiro es-
piritual. Ele pode ser um espírito com o qual você
interagiu recentemente, ou um espírito a quem
você ajudou, ou alguém ligado ao seu passado.
Ele surge somente quando convocado, ficando
com você por até 10 minutos.
Enquanto ele estiver ao seu lado, você tem
vantagem em testes de investigação e percepção.
Além disso, você pode escolher uma perícia da
lista abaixo, que será um tópico sobre o qual ele
sabe e que poderá te sussurrar dicas sobre ele,
permitindo que você faça testes como se tivesse
proficiência nesta perícia. Ele também pode fazer
pequenas ações como se fosse o servo da magia
servo invisível, no entanto ele desaparece se for
atacado ou alvo de magias, só retornando após
um descanso longo.
Sua aparência fica fantasmagórica e cada criatura
que não seja um morto-vivo, que esteja a até 18
metros do fantasma e que possa vê-lo, deve ser
bem-sucedida em uma salvaguarda de Sabedoria
ou fica amedrontada por 1 minuto. Caso seja
bem-sucedida na salvaguarda ou quando o efeito
se encerrar para ela, a criatura fica imune a esta
característica pelas próximas 24 horas.
Após usar essa característica, você não pode
utilizá-la novamente até finalizar um período de
descanso longo.
O Mundo dos Espíritos
No 15º nível, você aprende a assumir a forma
dos espíritos. Você pode conjurar a magia Forma
Etérea.
Após usar essa característica, você não pode
utilizá-la novamente até finalizar um período de
descanso longo.

Especialidade
Perícias do Espírito
• Arcanismo
• História
• Natureza
• Religião
• Medicina
• Sobrevivência

Após usar essa característica, você não pode

utilizá-la novamente até finalizar um período de
 • Classes • 93
Guerreiro:
Cavaleiro
Errante
“Quando a liberdade é uma memória
e a justiça é banida, os justos
devem se tornar criminosos.”
A Máscara do Zorro
Solitários, audaciosos, impetuosos e perigo-
sos. O Cavaleiro errante não pertence a um grupo
ou a um exército. Ele é um ronin. Um cavaleiro
solitário. Ainda que não tenha uma montaria.
Isso pouco importa. Surgindo ao raiar do dia, ele
é a esperança dos indefesos e o terror dos tira-
nos. Muitos são perseguidos e usam disfarces e
máscaras para evitar serem caçados. Outros são
ex-membros de uma nobreza falida e decrépita,
que explora o povo. Sejam mestres com pistolas,
espadas ou arcos, esses guerreiros buscam aliviar
ao menos brevemente a vida dura dos pobres in-
defesos torturados pela vida difícil na terra das
brumas.

Estocada Audaz
No 3º nível, você pode se deslocar 1,5 me-
tros após realizar um ataque, que não usará seu
deslocamento básico ou causará ataques de opor-
tunidade.. Sempre que usar a ação disparada, em
qualquer momento durante sua movimentação,
você pode fazer um único ataque em um inimigo
dentro do seu alcance.
A partir do 7º nível, sempre que fizer um
ataque durante uma ação de disparada, você tem
vantagem neste ataque.
94
Movimento Acrobático sucessos nas salvaguardas contra a morte, você
pode decidir recuperar um número de pontos de
vida igual ao seu bônus de proficiência e podendo
No 7° nível, usando sua ação bônus, você
realizar seu turno normalmente. Você continua
pode atravessar o espaço ocupado por uma cria-
recuperando esta quantidade de pontos de vida
tura hostil. Aquele espaço conta como terreno
no começo de cada um dos seus turnos pelo pró-
difícil pra você. Você não provoca ataques de
ximo minuto.
oportunidade desta criatura por este movimento.
Após usar essa característica, você não pode
Você pode tentar atravessar o espaço de um total
utilizá-la novamente até finalizar um período de
de criaturas igual ao seu modificador de destreza.
descanso longo.
Você pode usar essa característica um número de
vezes igual ao seu modificador de proficiência.
Após usar essa característica, você não pode Ladino:
utilizá-la novamente até finalizar um período de Desbravador
descanso curto ou longo.
de Tumbas
Estilo de Luta Adicional
No 10° nível, você pode escolher uma se-
“Professor de Arqueologia, especialista
em ocultismo, e como se diz...
gunda opção da característica de classe Estilo de
obtentor de raras antiguidades.”
Luta.

O Cavaleiro Errante Sempre Vence

Caçadores da Arca Perdida
Desbravadores de tumbas são muitas vezes
ladinos especializados em invasão de cemitérios,
No 15° nível, você pode adicionar 1d6 a uma
pirâmides e catacumbas, mas também podem ser
rolagem de 1d20, seja um teste de atributo, joga-
arqueólogos interessados na história e no co-
da de ataque ou salvaguarda. Você pode escolher
nhecimento arcano perdido por milênios. Esses
usar esta característica após a jogada ser feita,
aventureiros enfrentam armadilhas e maldições
mas antes dos resultados serem aplicados.
seculares, terrores abissais e poderosos guardiões
Após usar essa característica, você não pode
em busca de conhecimento, reconhecimento ou
utilizá-la novamente até finalizar um período de
fortuna. Muitas vezes as três coisas.
descanso curto ou longo.

O Cavaleiro Solitário Nunca

Invadir tumbas é algo que na maioria das cul-

Morre
turas é visto como um ato vergonhoso ou vil. O
Desbravador ignora essas bobagens. Criptas são
apenas lugares onde enterraram corpos que não
No 18º nível, você tem sucesso automático
precisam de mais nada daquilo que foi enterrado
ao realizar a primeira salvaguarda contra a mor-
com eles. Se o conhecimento está ali enterrado
te após chegar a 0 pontos de vida. Ao obter 3
e distante dos vivos, ele precisa ser recuperado.
 • Classes •
Ou o ouro, que de nada serve pra um cadáver.
Então esses ladinos dedicam suas vidas para re-
alizar essas invasões com êxito e trazer de volta
ao mundo os tesouros de eras passadas.
Movimentos Rápidos
No 3º nível, você pode usar a ação bônus dan-
do a ela sua Ação Ardilosa para sacar um item de
sua mochila ou bolsa, pegar um objeto que não
esteja sendo segurado por ninguém, ou qualquer
outra interação com objeto ao seu redor, ainda
que já tenha interagido com um objeto neste tur-
no. Você também pode sacar uma segunda arma,
caso já tenha sacado uma arma neste turno.
Experiência Sepulcral
No 3º nível, quando você falhar numa salva-
95
guarda contra um efeito de uma armadilha, você
pode gastar sua reação para refazer esta salva-
guarda. Você também pode gastar uma reação
para obrigar uma armadilha a refazer um ataque
contra você. Você deve ficar com o resultado
desta segunda jogada de dados. Você pode usar
esta habilidade um número de vezes igual ao seu
bônus de proficiência.
Após usar essa característica, você não pode
utilizá-la novamente até finalizar um período de
descanso longo.
Enfrentando as Trevas
No 9° nível, seus olhos se acostumam com
a escuridão. Você ganha Visão no Escuro 18
metros (ou aumenta em 9 metros a Visão no
Escuro que já possua). Além disso, você trata
96
áreas parcialmente obscurecidas como áreas de
luz plena (Livro do Jogador, página 183).
Sorte das Catacumbas
No 13° nível, o constante contato com maldi-
ções milenares causa um efeito colateral em seu
destino, te concedendo muita sorte. Você pode
ganhar vantagem em uma jogada de dados (testes,
salvaguardas ou ataques) ou pode cancelar uma
desvantagem.
Após usar essa característica, você não pode
utilizá-la novamente até finalizar um período de
descanso curto ou longo.
O Arqueólogo Supremo
No 17° nível, após gastar um minuto exami-
nando uma área ou objeto, você é capaz de tirar
informações sobre pessoas ou eventos relaciona-
dos ao seu estudo.
Objeto: Inspecionar o Objeto permite des-
cobrir algumas das seguintes características so-
bre ele: Quando foi criado, por quem foi criado,
quem foi seu último dono, alguma característica
relevante sobre seu último dono, alguma caracte-
rística relevante sobre seu criador, se ele é mági-
co, quais suas propriedades (caso seja mágico), a
forma de utilizá-lo (palavra de comando e afins) e
como destruí-lo. Você descobre 1 característica
para cada ponto de bônus do seu modificador de
Inteligência (no mínimo 1).
Área: Você analisa a área ao seu redor num
raio de 18 metros. Pode ser um corredor, um
túnel, uma rua, um cômodo, uma clareira... Ao
analisar marcas no chão, solo, teto, vegetação,
inscrições, runas e demais características, você
pode afirmar que tipo de evento rotineiro aconte-
ce no local, o número de criaturas que passou por
ali, o tipo de criaturas que passou por ali, o tipo
de roupas e equipamentos que carregavam, se
houve algum combate/luta/assassinato, se hou-
ve algum ritual (e de que tipo), se magias foram
conjuradas na área (e qual foi a última), se houve
alguma invocação, se algum tipo de item mágico
ou artefato foi criado ali, se há magias em efeito
na área (e quais são) ou se há armadilhas na área
(e como funcionam). Você consegue informações
de no máximo um ano por bônus de Inteligência
(mínimo 1) ou, a critério do DM, algo mais an-
tigo, mas muito significativo. Você descobre 1
característica para cada ponto de bônus do seu
modificador de Inteligência (no mínimo 1).
Após usar essa característica, você não pode
utilizá-la novamente até finalizar um período de
descanso longo.
Mago: Escola
do Arcanista
“O Caminho da Maestria é quebrar
todas as regras – mas você tem que
conhecê-las perfeitamente antes de
fazer isso; caso contrário, você não
está em posição de transcendê-los.”
Aleister Crowley, Comentários Mágicos
e Filosóficos sobre O Livro da Lei
Os arcanistas são uma estirpe especial de
magos especializados em questões do oculto e
do conhecimento proibido. Enquanto alguns
buscam o conhecimento obscuro e maligno para
obter poder, outros buscam este conhecimento
para combater as forças das trevas, seja com este
 • Classes • 97
poder, seja para destruir estas fontes de poder.
Apenas os justos e retos podem ter acesso a tan-
to conhecimento sombrio e se manterem sãos e
moralmente incorruptíveis nesta perigosa jorna-
da, que atravessa os limites da vida e da morte.
Arcanistas muitas vezes sofrem preconceito da
população e mesmo de aventureiros, pois seus
estudos macabros são segredos que não perten-
cem a mente do mundo natural.

Conhecimento do Oculto
Ao escolher esta escola no 2º nível, o ouro e
tempo que você gasta para copiar uma magia das
escolas de Abjuração, Adivinhação, Invocação,
Necromancia para seu livro de magia são redu-
zidas pela metade. No entanto, o tempo e ouro
gastos para as magias das demais escolas aumenta
em 50%.

Erudição Proibida
Ainda no 2º nível, quando fazendo um teste
de inteligência para analisar magias, itens má-
gicos, mortos vivos, ínferos e aberrações, você
pode adicionar 1d6 a esta rolagem. Você pode
usar essa habilidade um número de vezes igual a
seu bônus de proficiência.
Após usar essa característica, você não pode
utilizá-la novamente até finalizar um período de
descanso longo.

Foco Obscuro
Ao chegar no 6º nível, você pode transformar
o seu foco arcano em um foco obscuro, gastando
100 peças de ouro em componentes mágicos e
realizando um ritual durante um descanso longo.
Você pode então utilizá-lo para substituir com-
98
ponentes mágicos que tenham valor inferior a
Monge: Caminho
da Ordem dos
100 peças de ouro ao conjurar magias.

Guardiões
Estudo Profano

Ainda no 6º nível, você pode escolher um

novo truque conhecido. Ele pode ser de qual-
“Um monge certamente deve amar seus
quer lista de magias, mas precisa ser de uma das
livros com humildade, desejando o bem
seguintes escolas: Abjuração, Adivinhação, In-
deles e não a glória de sua própria
vocação ou Necromancia.

Disrupção Cósmica
curiosidade; mas o que a tentação do
adultério é para os leigos e o desejo de
riquezas é para os eclesiásticos seculares, a
No 10º nível, você aprende a converter suas
sedução do conhecimento é para os monges”.
magias a um tipo de energia sinistra, vinda dos
Umberto Eco, O Nome da Rosa
confins da criação. Ao conjurar uma magia, você
A Ordem dos Guardiões é uma sociedade se-
pode trocar o tipo de dano causado por ela por
creta espalhada pelos domínios. Dedicada à pro-
um dos seguintes tipos: radiante, necrótico ou
teção, ao estudo e à destruição de artefatos ma-
energia.
lignos, o propósito desta ordem é nunca permitir
Após usar essa característica, você não pode
que o poder das trevas caia em mãos de pessoas
utilizá-la novamente até finalizar um período de
inocentes. Ou pior, em mãos de seres malignos.
descanso curto ou longo.

Proteção Mítica
Os mosteiros da Ordem atuam como unidades
independentes, raramente comunicando-se uns
com os outros. Cada um com seu dever sagrado
No 14º nível, seus estudos sobre as brumas,
de guarda e proteção de seus segredos.
o arcano e outros mundos lhe concedem uma
Enquanto muitos dos membros desta ordem
proteção milenar sem igual. Você adquire vanta-
devotam suas vidas na simples proteção de tais
gem em salvaguardas de Inteligência, Sabedoria
itens, trancafiando estes artefatos longe da vida
e Carisma.
das pessoas comuns, alguns saem pelo mundo
Além disso, você ganha resistência contra
em busca destes itens. Entre eles, os monges dos
dano necrótico.
monastérios da ordem, trajando seus robes cin-
zentos, estão entre os mais dedicados caçadores
e protetores de tais itens malditos, dedicando
suas vidas para impedir que o mal triunfe e que
objetos de poder diabólicos corrompam as almas
de vítimas incautas.

A Visão do Chamado
 • Classes • 99
Ao ser escolhido para trilhar este caminho no
3º nível, você aprende a duplicar o efeito de algu-
mas magias sem o uso de componentes materiais.
Estudo da Ordem
No 11º nível, seu tempo estudando em seu
Com uma ação, você pode conjurar localizar ob-
mosteiro se torna fonte de conhecimentos es-
jeto, detectar magia, alarme ou identificar. Você
quecidos pelos mortais. Concentrando-se por 10
pode usar essa habilidade um número de vezes
minutos e gastando 4 pontos de ki, você pode
igual ao seu bônus de proficiência.
conjurar a magia Lendas e Histórias.

A Missão Nunca Acaba

Após usar essa característica, você não pode
utilizá-la novamente até finalizar um período de
descanso longo.

Encerrar Maldição
No 17º nível, seu foco em sua missão de des-
truir as fontes do mal se torna incomparável.
Com o uso de uma reação e 2 pontos de ki, você
No 6º nível, com uma ação, você pode gastar
adiciona a sua CA um bônus igual ao seu mo-
2 pontos de ki para encerrar quaisquer maldições
dificador de proficiência e ganha um número de
sobre uma criatura (exceto maldições como as
pontos de vida temporários igual ao seu modi-
carregadas pelos lordes sombrios ou maldições
ficador de sabedoria. Além disso, seus ataques
lançadas por entidades de poderes similares a
causam 1d10 extra de dano radiante. Este efeito
divindades), quebrar a sintonia de uma criatu-
dura até o final do seu próximo turno.
ra com um objeto mágico ou um dos seguintes
efeitos: envenenado, cego, paralisado ou surdo.
100
Paladino: Proteger os Inocentes. O Cavaleiro das Som-

Juramento das
bras deve proteger os fracos, os oprimidos, as
possíveis vítimas das forças das trevas.

Sombras Não se Vangloriar de seus Atos. A vaidade

e a soberba são fraquezas que desviam o foco
“Pois assim jurado, bom ou da verdadeira luta. O orgulho não tem espaço
mau, um juramento não pode ser no caminho das sombras. A fama leva apenas à
quebrado e perseguirá o jurador e tragédia e à ruína.
o violador até o fim do mundo.”
J. R. R. Tolkien, O Silmarillion
Poucas sociedades secretas da Terra das Bru-
Magias do Juramento das Sombras
Círculo da
mas são tão enigmáticas e mergulhadas em lendas Magias
Magia
e contradições quanto O Círculo. Seus membros
são os Cavaleiros das Sombras, paladinos que 3º Disfarçar-se, Heroísmo
fizeram o juramento de caminhar nas sombras,
sem desejar fama, notoriedade ou agradecimen- 5º Escuridão, Silêncio
to, em sua luta contra as forças do mal, contra
a tirania, contra a vilania, contra a crueldade e
9º Medo, Mesclar-se as Rochas
sempre em busca de proteger os inocentes. Custe
o que custar. Localizar Criatura, Movimen-
13º
A eterna luta contra as trevas é um caminho tação Livre
solitário e duro, que não oferece qualquer re-
17º Âncora Planar, Despistar
compensa além de saber que se fez a coisa certa.
E neste caminho, alguns se perdem e, consigo,
perdem a sanidade e a pureza que um dia os le-
varam a este juramento.
Canalizar Divindade
Princípios das Sombras
Ao fazer este juramento no 3° nível, você
recebe as duas opções de Canalizar Divindade a
seguir.
O juramento do cavaleiro das sombras é toma-
Aura do Anonimato. Você canaliza a energia
do quase sempre em um encontro no Domínio de
das sombras para te proteger. Até o seu próximo
Nidala, e permanece o mesmo desde a formação
descanso, você é proficiente nas perícias Furtivi-
de sua segunda versão por Alexi Trevanato.
dade e Atuação. Por todo este tempo, seu bônus
Combater a Vilania. O Cavaleiro das Sombras
de proficiência é duplicado em qualquer teste
deve enfrentar as forças do mal, custe o que cus-
de atributo que utilize qualquer uma das duas
tar. Derrotar um tirano vale mais que sua própria
perícias.
vida.
 • Classes •
Proteção dos Inocentes. Com uma ação, você
mostra seu símbolo sagrado aos seus inimigos e os
convoca a te enfrentar. Todas as criaturas hostis
num raio de 9 metros de você que possam te ver ou
ouvir devem realizar uma salvaguarda de Sabedoria.
Caso falhem, elas só poderão atacar você, sofrendo
desvantagem ao atacar qualquer outro alvo pelo pró-
ximo 1 minuto.
Aura das Sombras
No 7° nível, você ou qualquer aliado a 3 metros
de você pode se esconder como uma ação bônus.
Manto das Sombras
No 15° nível, quando estiver em áreas parcial-
mente obscurecidas ou obscurecidas você pode usar
sua ação para ficar invisível. Você deixa de ficar in-
101
visível se faz um ataque, conjura uma magia ou
se entre em uma área iluminada (com luz plena).
Domo da Proteção Sombria
No 20° nível, você pode ativar um domo som-
brio de proteção que envolve você e seus aliados
num raio de 9 metros e dura por 1 minuto.
Você e cada criatura aliada recebem um nú-
mero de pontos de vida temporários igual ao seu
modificador de proficiência. Além disso, todos
os ataques realizados contra vocês são feitos com
desvantagem.
O efeito termina para qualquer aliado que se
afaste além de 9 metros de você.
Após usar essa característica, você não pode
utilizá-la novamente até finalizar um período de
descanso longo.
Ferramentas
de Caça

“— Não — disse enfim. — Foi você

quem matou os lobos. Você é o caçador, o
guerreiro. Você é mais forte do que todos
aqui, esta é a sua tragédia.”
(O Vampiro Lestat – Anne Rice)
Karina, Invidia, 760 BC

Jander,
Eu queria agradecer por sua ajuda em me ajudar a escapar da emboscada dos
goblyns nas florestas desoladas de Forlorn. Seus poderes vampíricos e raciocínio
rápido salvaram minha vida e a de meu colega Caim, e sou eternamente grato.
Devo admitir que, se tivéssemos nos conhecido em circunstâncias diferentes,
nunca teria pensado em confiar em uma criatura da noite. Em meus anos
como explorador e caçador de monstros, muitas abominações mortas-vivas
pereceram por minhas mãos, incluindo alguns vampiros, como você.
Às vezes um cachorro velho pode aprender uma nova lição, e agora percebo
que nem todos os que são afligidos por tal condição se deixam corromper,
caso contrário, nosso encontro poderia ter terminado em termos mais
duros. Você é uma exceção à regra, um excelente exemplo de alguém que
resistiu à influência sombria do vampirismo e tenho a honra de chamá-lo de
um amigo e aliado habilidoso em nossa luta contra as forças das trevas.
Como sinal de minha gratidão, incluí um pequeno relatório de alguns truques
que aprendi em meus anos como caçador de monstros e alguns segredos de
como usar melhor as ferramentas de caça para destruir as criaturas da noite.
Espero que você ache algo que possa ser útil em suas próprias batalhas.
Obrigado novamente por sua ajuda, Jander. Espero que nossos
caminhos possam se cruzar novamente no futuro, para que
possamos unir forças contra a escuridão que nos cerca.

George Weathermay

104
 • Preparando-se para a Caçada •

CAPÍTULO

IV
Preparando-se para a Caçada

Preparando-se para a Caçada raros, caros quando encontrados à venda (por

Para se preparar para caçar as criaturas das
trevas, alguns equipamentos básicos não podem
ficar de fora de seu arsenal: Símbolos Sagrados,
Armas de Prata, Alho, Água Benta, Beladona e
muita coragem são coisas tão necessárias ao fu-
turo aventureiro quanto respirar. Alguns heróis
são muito criativos e acabam transformando itens
mundanos em verdadeiras armas para a batalha
contra o mal.
valores muito além do simples ouro), e exigem
um trabalho desumano para serem construídos,
podendo levar várias vidas para que uma simples
espada +1 seja forjada nessas terras, sem que algo
impuro a corrompa.
É possível buscar alternativas. Há uma boa va-
riedade de itens mundanos que podem ser muito
úteis para aventureiros engenhosos. O livro do
jogador traz alguns: antitoxina, fogo alquímico,
ácido, água benta, ampulheta, apito, aríete, ar-

Equipamentos
Itens mágicos são o tesouro mais desejado
por aventureiros, mas nem só de itens mágicos
vivem os heróis. Especialmente quando são tão
madilha, espelho, lupa, óleo, sino, veneno... Mas
há diversos outros que não constam nessa lista
inicial que achamos que você deveria conhecer.
Então prepare sua mochila, pegue suas peças de
ouro e corra até o mercador, ferreiro ou alquimis-

105
difíceis de encontrar e ainda mais imprevisíveis ta mais próximo. Lembre-se que muitos desses
como nas Terras das Brumas. Itens mágicos são itens podem simplesmente não estar disponíveis
no mercadinho local. Caçadores devem se prepa-
rar com antecedência e, muitas vezes, contratar
os serviços especializados de quem possa projetar
e construir um determinado item. A luta contra
as forças do mal não pode aguardar e um aven-
tureiro bem-preparado é um aventureiro vivo!
Itens
Especiais Para
Aventureiros
Engenhosos
Anula-Faro
Essa pequena bolsa contém ervas aromáticas
ou uma mistura de materiais alquímicos. Seu
conteúdo tem um cheiro muito forte, capaz de
confundir o olfato de uma criatura. É possível,
com o gasto de uma AÇÃO (do tipo “usar um
objeto”), despejar o conteúdo da bolsa em um
espaço adjacente ou arremessar a bolsa a uma
distância de até 6 metros. Um odor forte se es-
palha por uma área com raio de 1,5m, permane-
cendo no local por até uma hora. Uma criatura
que passe na área tem desvantagens nos testes de
Sabedoria (Percepção) baseados no olfato por um
minuto e deve fazer uma salvaguarda de Consti-
tuição CD 10 ou continuará com desvantagens
nos testes de Sabedoria (Percepção) usando o
olfato por uma hora. Caso seu usuário decida
acertar uma criatura com essa bolsa, ao usar sua
AÇÃO (do tipo “usar um objeto”), deve fazer
um ataque à distância contra a criatura tratando
a bolsa como uma arma improvisada. A criatura,
106
se for atingida, terá desvantagem na salvaguarda
de Constituição, neste caso, mas o conteúdo se
espalhará, não criando efeitos adicionais na área.
Qualquer teste para rastrear a criatura atingida
na próxima hora usando o olfato terá vantagem.
Aspersório
Esse instrumento de metal leve é semelhante
a uma clava e possui um reservatório que com-
porta até 3 frascos de água benta. Usando uma
AÇÃO (do tipo “usar um objeto”), o personagem
faz um ataque corpo a corpo com o aspersório
que borrifará um frasco de água benta em um
único alvo. Usar o aspersório é muito semelhan-
te a usar uma clava, permitindo que qualquer
personagem proficiente no uso desta arma possa
adicionar seu bônus de proficiência no ataque
com o instrumento (que NÃO é uma arma e
não causa nenhum tipo de dano por si só, exceto
pelo possível dano da água benta). Recarregar um
aspersório com água benta (até o máximo de 3
frascos) custa uma ação.
Bandoleira
Esse cinto de couro permite carregar obje-
tos pequenos como moedas (até 10 moedas por
bolso), saquinhos com pó, armas e ferramentas
do tamanho máximo de uma adaga, porém não
poções ou pergaminhos (pois ficariam desprote-
gidos), deixando com que esses itens fiquem de
forma prática e fácil de serem acessados. Normal-
mente usada na cintura ou descendo pelo ombro
através do peito, fazendo uma diagonal, a bando-
leira permite ao seu usuário acessar um item sem
o custo de uma “interação com objeto”. Acessar
um novo item desta ou de outra bandoleira ou
de outro lugar no mesmo turno custa uma “in-
 • Preparando-se para a Caçada •
teração com objeto” normalmente. A bandoleira
comporta até oito objetos.
Cera de Abelha
Normalmente armazenada em frascos, quan-
do aquecida ela fica macia, permitindo diversos
usos como selar os vãos de uma porta ou tapar
os ouvidos, com o uso de uma AÇÃO (do tipo
“usar um objeto”). Colocar a cera no ouvido faz
com que o usuário fique sob a condição surdo.
Apesar da condição ser comumente associada a
situações desvantajosas, estar surdo torna o usu-
ário imune a magias e poderes que exijam que o
alvo consiga escutar, como a magia sugestão ou
como o ataque musical de uma harpia.
Cinto de Poções
Esse cinto de couro reforçado, semelhante a
uma bandoleira, tem bolsos em formatos ideais
para guardar frascos como os de veneno, água
benta ou poções mágicas. Ele comporta até oito
frascos e possui laços ou presilhas que impedem
a queda dos frascos. Este cinto permite ao seu
usuário acessar um frasco, sem o custo de uma
INTERAÇÃO COM OBJETO. Acessar um novo
frasco ou item deste cinto ou de outro lugar no
mesmo turno custa uma interação com objeto
normalmente.
Gás Alquímico do Sono
Esse líquido, contido em um frasco, evapora
rapidamente quando exposto ao ar, criando uma
nuvem temporária, tóxica, capaz de adormecer
uma criatura atingida pelo conteúdo do frasco.
107
Para isso, é preciso arremessar o frasco, com o
uso de uma AÇÃO (do tipo “usar um objeto”),
que pode atingir uma criatura a uma distância de
até 6 metros. O usuário deve fazer então um ata-
que a distância contra a criatura, considerando o
frasco como uma arma improvisada. Uma criatura
atingida deve fazer uma Salvaguarda de Consti-
tuição CD 12 ou adormecerá por um minuto,
como se fosse alvo da magia sono. O gás funcio-
na normalmente contra criaturas resistentes ou
imunes à magia sono, porém não funciona em
criaturas com imunidade a veneno ou à condição
envenenado. Criaturas com resistência a veneno
fazem a Salvaguarda com vantagem.
Organizador de Pergaminhos
Essa faixa de couro tem uma fileira contendo
quinze compartimentos, todos do mesmo lado,
grandes o bastante para guardar um pergaminho.
Quando amarrado, ele deixa apenas o topo do
pergaminho visível, permitindo ao usuário re-
conhecê-lo pelo título. Este organizador permite
ao seu usuário acessar um pergaminho sem o
custo de uma “interação com objeto”. Acessar
um novo pergaminho ou item deste cinto ou de
outro lugar no mesmo turno custa uma interação
com objeto normalmente.
Vela Aromática
Acender uma vela aromática custa uma AÇÃO
(do tipo “usar um objeto”). Ela queimará por até
uma hora. Em uma área de 3 metros de raio,
o aroma exalado pela vela estará bastante forte.
Algumas velas são produzidas com substâncias
específicas, como alho ou beladona, buscando
proteção contra algum tipo de inimigo. Uma cria-
tura que possua algum tipo de vulnerabilidade,
alergia ou aversão ao componente aromático da
vela precisa fazer uma salvaguarda de Constitui-
ção CD 12 ou ficará sob a condição envenenada
enquanto estiver na área aromática da vela.
Uma criatura que esteja sob a condição en-
venenada pelo aroma deve, no começo do seu
turno, fazer uma salvaguarda de Sabedoria CD
12 ou ficará sob a condição amedrontada (sendo
a fonte a própria vela) enquanto permanecer na
área e por até um minuto após sair da área. Ela
poderá fazer uma nova salvaguarda no começo de
cada um de seus turnos, após sair da área, para
não ficar mais amedrontada. Se mais de uma vela
aromática, de aromas diferentes, forem acesas na
mesma área, a mistura do cheiro pode anular ou
reduzir seu efeito, a critério do Mestre.
Muitos domínios em Ravenloft se encontram
em um nível tecnológico em que a presença de
armas de fogo é comum. E armas de fogo não
são uma ferramenta de caça a ser desprezada.
Afinal, o dano causado não é de forma alguma
irrelevante.
Personagens vindos de domínios da Era Cava-
lheiresca ou da Renascença (ver abaixo) já pos-
suiriam proficiência com armas de fogo se pos-
suírem proficiência em todas as armas marciais,
pois elas se encaixam no tipo Armas Marciais a
Distância. Outros personagens podem usar as
regras de treinamento que constam no Livro do
Jogador ou no Guia do Xanathar para Todas as
Coisas para aprenderem a usar uma arma de fogo.

Lista de Preços e Pesos A cargo do Mestre, armas de fogo podem usar

o talento Especialista em Besta para ignorar a
propriedade Recarga nas armas de fogo (algo que
Item Preço Peso
segue perfeitamente as regras como estão escri-
Anula-Faro 15 po 500 g
tas) e também permitir que uma pistola possa ser
Aspersório 25 po 1,5 kg
usada no lugar de uma besta de mão no terceiro
Bandoleira 50 po 250 g
benefício do talento (isso sim a critério do DM).

As Eras Tecnológicas - Níveis

Cera de
1 po 500 g

Culturais de Ravenloft
Abelha
Cinto de
50 po 500 g
Poções
Os domínios de Ravenloft surgem princi-
Gás
palmente de duas formas: retirados de um local
Alquímico 30 po 625 g
original, sendo depois distorcido e modificado
do Sono
para se adaptar melhor ao seu Lorde Sombrio e
Organizador
se tornando sua prisão e eterna tortura, ou sen-
de Pergamin- 50 po 250 g
do criados para receber aquele Lorde Sombrio.
hos
Barovia foi tragada do mundo original de Strahd
Vela
5 po – von Zarovich, mas uma Barovia “original” per-
Aromática

Armas de Fogo e Explosivos

manece naquele mundo, onde a história do desa-

108
parecimento do líder militar que libertou o povo
de invasores ainda ecoa nas canções dos bardos.
 • Preparando-se para a Caçada •
Já Sithicus foi criado após Lorde Soth surgir em
Barovia, andar por alguns domínios e atravessar
as Brumas. Ainda assim, Sithicus foi uma prisão
inspirada em locais do continente de Ansalon, em
Krynn, mundo natal de Soth. Em alguns casos,
é possível que essa inspiração seja mais próxima
da original ou mais distante. Seja como for, cada
local e cada mundo possuem níveis culturais e
tecnológicos muito diferentes entre si. Assim,
os domínios de Ravenloft variam de locais que
remetem a Idade da Pedra em nosso mundo até a
nossa Renascença. Esses termos nada significam
para um nativo das Terras das Brumas e existem
apenas para auxiliar Mestres e Jogadores a am-
bientar o jogo em Ravenloft.
Os chamados Níveis Culturais de Ravenloft
são os seguintes:
A maioria dos itens listados anteriormente neste
capítulo podem ser conseguidos em sociedades
que remetam a tecnologia da Era Clássica ou da
Idade das Trevas em diante. No entanto, armas
de fogo e explosivos só podem ser encontrados
em domínios de nível tecnológico da Era Cava-
lheiresca ou Renascença, via de regra. Os prin-
cipais domínios nestes níveis de tecnologia são:
Renascença: Mordente, Lamordia, Dementlieu
e Nosos.
Cavalheiresco: Richemulot, Invídia, Borca e
Souragne.
Há exceções. Por exemplo, Egertus é uma ci-
dade Cavalheiresca, apesar de estar num domínio
que se encontra na Era Medieval - Nova Vaasa.
Odiare está na Era Medieval, mas essa sociedade
já pertenceu à Renascença antes de entrar em
Ravenloft e é possível encontrar equipamentos de

Níveis e Eras nível cultural mais elevado, como armas de fogo.

Tecnolócias Além disso, em especial em domínios no Núcleo,

| Nível não se deve desprezar completamente a arte do

comércio. Aventureiros dispostos a pagar “qual-
quer preço” por um item certamente encontrarão
Período Histórico quem o venda. Mas talvez o preço seja caro de-
Cultural
Aproximado mais. Um exemplo são os Negociantes do Vardo
Idade da Pedra 10.000 — 5.000 A.C. Vermelho, em Krezk, uma sociedade comercial
Idade do Bronze 5.000 — 2.500 A.C. comandada pela bela e sagaz Jacqueline Montarri.
Idade do Ferro 2.500 — 1 A.C. Certamente eles podem vender munição ou armas
Era Clássica 1 — 500 D.C. de fogo a um bom comprador, mesmo estando em
Idade das Trevas 500 — 800 D.C. Barovia, um domínio da Era Medieval.
Primórdios da Era Assim, essa lista com os domínios mais “avan-
800 — 1.200 D.C.
Medieval çados tecnologicamente” não significa algo exclu-
Era Medieval 1.200 —1.400 D.C. sivo. Mas certamente pode referenciar a facilidade
Era Cavalheiresca 1.400 — 1550 D.C. de se encontrar estas armas.

109
Renascença 1550 — 1700 D.C.
 As Armas de Fogo e Explosivos
Baioneta: Baionetas podiam ser adicionadas
aos mosquetes, como uma opção para não ficar
desarmado se a munição acabar. O custo de uma
Os domínios de Ravenloft de eras tecnoló-
baioneta é o mesmo de uma adaga, e tem os mes-
gicas mais avançadas usam armas de fogo com
mos valores e características, exceto que baione-
sistema de chave de roda (ou sistema de rodete),
tas não tem as características leve, acuidade nem
que é basicamente um mecanismo de ignição,
arremesso.
onde uma pedra entra em contato com uma roda
Bombas a base de pólvora seguem as regras
de ferro serrilhada, na qual era encaixada uma
descritas no Livro do Mestre, mas para facilitar
chave semelhante às utilizadas para dar corda
o acesso transcreveremos aqui:
em relógios, que fazia a preparação do disparo.
Bomba: Com uma ação, um personagem pode
Quando o gatilho era acionado, a mola espiral
acender a bomba e jogá-la em um ponto a até 18
era liberada, fazendo a roda girar produzindo as
metros de distância. Cada criatura em um ponto
fagulhas desejadas para dar início à ignição da
a até 1,5 metros desse ponto deve ser bem-suce-
pólvora. Estas armas não disparam quando mo-
dida em uma salvaguarda de Destreza CD 12 ou
lhadas.
sofre 3d6 de dano ígneo.
É possível encontrar armas com o sistema de
Barril de Pólvora: Atear fogo a um barril de

110
pederneira, menos sensível a ação da água, a pre-
pólvora (com cerca de 9 quilos de pólvora) pode
ços mais elevados, nos domínios renascentistas.
 • Preparando-se para a Caçada •
fazê-lo explodir, causando 7d6 de dano ígneo a
criaturas a até 3 metros de distância dele. Uma
salvaguarda bem-sucedida de Destreza CD 12
reduz o dano pela metade. É possível ascender
um chifre de pólvora (com cerca de 1 quilo de
pólvora) para ter resultados parecidos, mas o
dano diminui para 3d6.
Para mais detalhes, leia o Livro do Mestre,
página 267.
Bomba de Fumaça: Bombas de fumaça pre-
cisam ser acesas antes de serem atiradas. Acen-
dê-las é parte da ação de jogá-las e exige uma
mão livre. Elas podem ser arremessadas em um
ponto a até 18 metros de distância. No começo
do próximo turno de quem acendeu a bomba,
esta começa a emitir fumaça em uma área de 6
metros de raio, que persiste por até 1 minuto,
ou até que um vento de velocidade moderada (de
pelo menos 15 quilômetros por hora) ou maior
a disperse. A visibilidade na área de fumaça fica
totalmente obscurecida. Bombas de Fumaça cus-
111
tam 70 peças de ouro.
Armas De Fogo
As armas de fogo têm como munição a bala
que é consumida no momento do disparo, não
podendo ser reaproveitadas.
Pistola: A pistola é a arma de fogo mais fácil
de ser carregada, sendo um item de defesa comum
entre nobres de Dementlieu ou aristocratas de
Lamordia. Uma pistola pode dar um tiro antes
de precisar ser recarregada.
Mosquete: Mosquetes são mais comumente
usados por guardas ou caçadores pelo seu ta-
manho. Exigem o uso de duas mãos e também
são limitados a um tiro antes de precisarem ser
recarregados. Mosquetes podem ser equipados
com baionetas, como descrito acima.
Para ler mais sobre armas de fogo e suas pro-
priedades, recomendamos a leitura do Livro do
Mestre, página 267 e 268.
 Novos Itens guém amaldiçoado com licantropia. Licantropos

Mágicos naturais também não conseguem se transformar

enquanto estiverem usando este amuleto, no en-
tanto, nada impede que eles simplesmente tirem
Agora vamos nos focar nos instrumentos que
o amuleto.
servem como receptáculos para magia. Esta é uma
Há uma versão amaldiçoada deste amuleto.
pequena seleção de itens mágicos específicos da
Ele é de marfim, ao invés de prata. Ao vestir o
Terra das Brumas, capazes de ajudar um aventu-
amuleto, a criatura passa a sofrer dos efeitos de
reiro na luta contra as forças das trevas.

Amuleto de Prata da Besta

licantropia, se transformando em um lobo (mas

Item Maravilhoso, raro

não na forma híbrida) quando apresentada aos
gatilhos da maldição (lua cheia, por exemplo).
Para remover o amuleto é necessário que ela seja
Este item é um medalhão de prata em uma
alvo da magia remover maldição ou similar. Há
corrente de prata, com uma imagem de uma cria-
lendas sobre amuletos amaldiçoados com o dese-
tura lupina esculpida nele. Uma criatura utili-
nho de outros animais, fazendo com que a vítima
zando este item não pode ser amaldiçoada com
se transforme em outras criaturas como ratos,

112
licantropia, nem pode se transformar em animal
tigres, ursos ou javalis.
ou forma híbrida caso seja um licantropo ou al-
 • Preparando-se para a Caçada •

Anel
Anel, da Reversão
muito raro (requer Caixão do Descanso Eterno
Item Maravilhoso, incomum
sintonização)
Este anel tem 3 cargas. Diariamente ao ama-
Estes caixões, muito populares em Darkon,
são feitos de sândalo branco com guarnição de
nhecer ele recupera 1d3 cargas gastas. Enquanto ouro e forro de seda. Geralmente um símbolo
estiver usando este anel, a criatura é imune a sagrado é gravado na tampa.
qualquer efeito que mude sua forma, que domine Qualquer corpo colocado neste caixão e enter-
sua mente ou que possua ou controle seu corpo, rado com ele impede que o corpo retorne como
como a possessão de fantasmas. um morto vivo.
A criatura pode gastar uma carga e usar uma
ação, tocando uma criatura a 1,5 metros dela,
expulsando qualquer controle, invasão ou mu-
dança que esteja atuando sobre a criatura alvo e
revertendo ela a sua forma natural.

Apanhador de Sonhos
Item Maravilhoso, incomum
Esses itens originalmente criados pelos caça-
dores Abber de um reino pesadelar muito distan-
te são círculos de galhos entrelaçados com uma
teia de cordas no meio. Cinco contas coloridas
enfeitam o círculo. Quando pendurado sobre a
cama de uma pessoa dormindo (ou que vá dor-
mir) ou próximo a ela, ele bloqueia completa-
mente qualquer tentativa de invasão dos seus
sonhos. A cada tentativa de invasão dos sonhos,
uma das contas desaparece. Quando as cinco con-
tas deixam de existir, ele perde seus poderes. Ele
protege contra poderes e magias que busquem
invadir ou perturbar o sono de uma pessoa, como
a magia Sonho ou como a habilidade Pesadelo
Assombrado de uma Megera da Noite. Este item
não funciona contra poderes de Lordes Sombrios.
Estaca
Arma Perseguidora
(lança de de Corações
madeira), muito
raro (requer sintonização)
Quando você ataca uma criatura com essa es-
taca (trate como uma lança) e rola 20 na jogada
de ataque, a estaca busca o coração da vítima. O
alvo sofre 8 pontos de dano perfurante adicionais.
Uma criatura viva (que não seja um constructo
ou um morto-vivo) que não seja amorfa deve ter
sucesso em uma Salvaguarda de Constituição CD
15 ou fica incapacitada. Caso o alvo deste ataque
certeiro seja um vampiro (ou cria vampírica), ele

113
deve ser bem-sucedido na mesma Salvaguarda, ou
fica imediatamente paralisado, até que a Estaca
Perseguidora de Corações seja retirada dele.
Medalhão da Busca Espiritual
Item Maravilhoso, raro
Este medalhão tem 3 cargas. Diariamente ao
amanhecer ele recupera 1d3 cargas gastas. Este
item é uma esfera cristalina presa a uma corrente
de prata. Uma criatura que gaste uma ação e uma
carga do medalhão se concentrando e focando em
uma criatura a até 18 metros de distância que ela
possa ver revela a verdadeira natureza do alvo:
expõe maldições, revela ilusões, destaca a forma
verdadeira, realça a presença de qualquer magia
em ação sobre o alvo e desvenda o tipo e subtipo
de criatura que o alvo de fato é. O Medalhão da
114
Busca Espiritual é muito frágil, tendo CA 10 e
1 ponto de vida. Quando ele fica com 0 cargas,
jogue 1d20. Numa rolagem de 1, ele se estilhaça,
sendo destruído para sempre.
Tranca-Criptas
Item Maravilhoso, incomum
Esta corrente de ferro com um cadeado de
prata no meio, quando usada ao redor de uma
porta de cripta, mausoléu, tumba ou outro local
onde os mortos descansam, selam aquela porta ou
entrada como se a magia Tranca Arcana tivesse
sido conjurada tendo ela como alvo. Qualquer
tentativa de retirar fisicamente a tranca causam
1d10 de dano energético imediatamente sobre
o alvo. Quebrar fisicamente a corrente ou o ca-
deado exigem sucesso em um teste de Força CD
30. A mesma CD é exigida para alguém tentando
arrombar a fechadura com ferramentas de ladrão
e um teste de Destreza. A Tranca-Criptas tem
 • Preparando-se para a Caçada •
CA 22 e 30 pontos de vida. Ela regenera 1 ponto
de vida por rodada, enquanto tiver ao menos 1
ponto de vida.

115
 Párias da
Sociedade

“Mas um estranho em uma terra estranha não é

ninguém. As pessoas não o conhecem, e não con-
hecer é não se importar.”
(Dracula – Bram Stoker)
 Helbenik, Valachan, 760 BC
Prezado irmão Dominc,
Espero que esta carta o encontre na luz abençoada do Senhor da Manhã. Estou
escrevendo para você com um assunto urgente em mãos. Encontrei um talismã maligno
da tumba de um antigo morto-vivo em Valachan, e temo que seu poder seja grande
demais para eu conter sozinho.
Portanto, estou enviando a você com Athos, um santo paladino de Ezra e um amigo
de confiança. Espero que a Ordem dos Guardiões possa armazenar o item em segurança
e traduzir suas antigas runas e idiomas para descobrir seu propósito sinistro e impedir
sua influência corruptora.
L amento não poder viajar para Hazlan para visitá-lo pessoalmente e entregar o
artefato eu mesmo, pois minha natureza vampírica me proíbe de viajar durante o dia.
Mesmo que pudesse viajar à noite, provavelmente teria que evitar as principais estradas
e vilarejos pelo caminho, pois meus hábitos noturnos só aumentariam a desconfiança e o
preconceito que já sofro só por ser um elfo atravessando terras humanas.
“Sangue de fada” e “orelhas pontudas” eles me chamam pelas costas, negando-me um
lugar seguro para descansar durante o dia, ou me cobrando em excesso pelos serviços
mais comuns. Minha condição amaldiçoada me transformou em um morto-vivo, mas
mesmo se eu estivesse vivo, eu seria visto como um monstro e um pária aos olhos deles.
Lembro-me dos dias em que eu podia andar livremente em minha terra natal, na
companhia de meus leais companheiros, antes de me transformar em uma monstruosidade
morta-viva. Mas estou divagando e não devo cansá-lo com minhas lamentações
melancólicas para permitir que você se concentre na tarefa em questão, pois este artefato
deve ser contido com urgência.
Espero que você e seus companheiros monges manuseiem o artefato com muito cuidado
e sabedoria. Que a luz do Senhor da Manhã os guie em seus esforços.
Com os melhores cumprimentos,
Jander Sunstar
118
 • Preconceito em Ravenloft •
CAPÍTULO
V
Párias da Sociedade
Preconceito em Ravenloft
No Capítulo 2, ao abordar as diversas raças
na Terra das Brumas, mencionamos a questão de
o Semiplano do Medo ser um cenário majoritari-
amente humano. Mais do que isso, trouxemos a
questão de que a maioria das raças não humanas
são muitas vezes tratadas com párias sociais, sof-
rendo rejeição e sendo vítimas de todo tipo de
violência.
O preconceito em Ravenloft pode ser usado
como porta de debate para temas de nosso mun-
do. Demonstrar através do jogo como determi-
nados comportamentos são inaceitáveis. Como o
diferente não deve ser afastado e que a pluralidade
deve ser exaltada, seja na miscigenação, seja na
convivência do diferente. Acreditamos que assim
como o horror gótico pode trazer histórias de
119
superação de adversidade e de buscar esperanças
onde não há, de enfrentar os medos e superar
obstáculos, também pode trazer as mais diversas
lições. Mesmo nas escolhas mais difíceis.
Talvez você não queira trazer isso para sua
mesa, ou talvez queira abordar o tema de for-
ma mais leve. Conheça os limites de sua mesa e
saiba respeitar os jogadores antes de decidir por
usar essa regra opcional. E usando ou não essas
regras, lembre-se que o que mais precisamos em
nosso mundo hoje é respeito.
Nível de Rejeição
Mirrado olhou para seus companheiros:
Liene, uma elfa; Jaime, um caliban e Victor, um
meio-vistani. Eles seriam mal vistos na vila de
Karg, certamente. Ainda que Darkon não fosse
um reino tão preconceituoso, Karg sempre foi
120
uma vila majoritariamente humana e levemente
esnobe. A melhor chance que eles tinham era
com ele mesmo. Mirrado olhou para si mesmo.
O confronto com as aranhas gigantes fez com
que suas roupas ficassem em farrapos. Ainda
bem que ele tinha um conjunto extra em sua
mochila. Foi até a carroça, trocou de roupas e
avisou seus amigos que iria na frente para conse-
guir uma estalagem com lugar para guardarem os
cavalos. Ele sabia que talvez custasse um pouco
mais caro, mas quem sabe um pouco de conversa
e algumas cervejas não fizessem o estalajadeiro o
tratar melhor? Não era um excelente plano, mas
já era algum plano. Ainda mais se eles não que-
riam chamar a atenção. A criatura que convocara
aquelas aranhas gigantes certamente estava em
algum lugar na vila. Ele tinha certeza disso...
A maioria das pessoas de Ravenloft vive e
morre a uma pequena distância de seu local de
nascimento e pode gastar suas vidas inteiras sem
nunca conhecer o sobrenatural. Quando combi-
nado com culturas ricas em desconfiança e super-
stição, o resultado é a xenofobia. Isto é expresso
como um Nível de Rejeição (NR), que pode fazer
com que alguns personagens sejam tratados como
párias sociais, o que pode modificar as Dificul-
dades de testes de habilidades sociais realizadas
por qualquer personagem que apareça “não nat-
ural” ou “estrangeiro”.
O Nível de Rejeição de um personagem pode
ser modificado por sua raça, posição social, de-
formidades físicas ou até o equipamento que ele
carrega. Quando o NR de um personagem au-
menta, as reações do PdM vão de indiferente a
hostil, representando seu preconceito que varia
de uma neutralidade afastada até chegar ao ponto
da agressividade ou do amedrontamento.
Em termos numéricos, aplica-se desvantagem
aos testes de Carisma, exceto quando usado para
intimidar. Isto nunca se aplica quando se trata de
amigos ou aliados ou com quem compartilha da
fonte de rejeição social, como membros de sua
própria raça.
Nível de Rejeição por Raça
A raça na coluna (eixo Y) representa a raça
do personagem jogador, enquanto a raça na linha
(eixo X) representa a raça do PdM.
Após considerar a raça, você deve considerar o
NR local. Metrópoles cosmopolitas (inexistentes
em Ravenloft) certamente não teriam NR. Domí-
nios possuem NR variados. Darkon, um domí-
nio onde é relativamente comum se encontrar
habitantes de diversas raças, têm NR local entre
0 nas maiores vilas e 1 ou 2 nos pequenos povo-
ados. Já Baróvia, um reino predominantemente
humano, tem NR variando entre 2 e 3. Já Tepest
e Falkovnia começam com NR no valor máximo,
que é 5.
!https://s3-us-west-2.amazonaws.com/secure.
 • Preconceito em Ravenloft • 121
Humanos Meio-elfos Elfos Anões Gnomos Pequeninos Meio-orcs Tiferinos Draconatos Meio-vistani Trocadinos Calibans

Humanos 0 1 3 2 1 1 2 3 3 1 2 2

Meio-elfos 2 0 3 2 0 0 2 3 3 0 0 1

Elfos 3 1 0 4 1 1 4 3 3 2 2 4

Anões 3 2 4 0 1 1 3 3 3 3 2 3

Gnomos 3 1 2 1 0 0 3 3 3 2 2 3

Pequeninos 2 0 2 1 0 0 3 3 3 2 2 3

Meio-orcs 4 3 5 5 5 5 0 3 2 3 1 2

Tiferinos 5 5 5 5 5 5 4 0 2 4 2 3

Draconatos 5 5 5 5 5 5 3 2 0 4 3 3

Meio-vis-
3 1 3 3 2 3 3 2 2 0 2 1
tani

Trocadinos 5 2 3 3 2 2 2 1 2 3 0 2

Calibans 3 2 4 4 3 3 1 2 2 1 0 0

O Nível de Rejeição reflete apenas as primei-
ras reações: é possível diminuir o NR do per-
sonagem, melhorando assim o tratamento que
ele recebe. Para cada “boa ação” (aqui essa boa
ação é algo relativo, já que para cada sociedade
isso pode significar uma coisa diferente) que um
personagem realiza (parando um crime, derrotan-
do um monstro que aterroriza a comunidade,
ajudando fazendeiros, e assim por diante), esse
indivíduo dissipa parte do medo e do preconceito
com relação ao indivíduo ou a comunidade no
que se refere a ele, fazendo o seu NR cair nessa
comunidade em 1 ponto, para um mínimo de 0.
O NR total para não sofrer com este distan-
ciamento social é de 5 pontos. Abaixo de 5, o
tratamento pode não ser cortês, mas não será
rude ou desconfiado ao ponto de gerar claras
penalidades (desvantagem no teste) ou algo pior.
Igual ou maior que 5, no entanto, gerará desvan-
tagem nos testes (conforme dito acima), além do
tratamento em termos de interação e, em alguns
casos, tornar algumas possibilidades impossíveis
(como um mercador se recusar a vender ou um
estalajadeiro não alugar quartos em sua estala-
gem).
Boas ações reduzem aos poucos o NR para
aquela comunidade, enquanto ações vis ou sim-
plesmente mesquinhas farão com que o NR au-
mente.
Exemplo de uso da tabela: o personagem elfo
do jogador tem uma base NR de 3 ao se rel-
acionar com humanos. Digamos que ele esteja
122
numa pequena vila de Baróvia com NR 3. Ao se
somar os NRs, o valor total foi de 5 ou superior
(no caso, 6), e ele sofrerá desvantagem nos tes-
tes de Carisma com humanos deste local. Caso
ele, juntamente com seu grupo, consiga ajudar
a população local duas vezes, o NR cairá para 4,
fazendo com que a reação da população se torne
menos rude.
Interação Social e Renome
O Livro do Mestre traz regras para Interação
Social e para Renome, as quais abordaremos ag-
ora.
Interação Social
Na página 244, o Livro do Mestre aborda a
questão da interação social e de como isso fun-
ciona em termos das jogadas de dados. Ao usar
a regra opcional aqui abordada de Nível de Re-
jeição, é importante entender o seguinte: per-
sonagens com Nível de Rejeição diferentes de
zero nunca começam uma interação social com o
alvo tendo uma reação “Amigável. O Personagem
do Mestre sempre estará Indiferente ou Hostil.
Conforme pode ser visto na página 244, a atitude
poderá ser mudada. Seja como for, personagens
com Nível de Rejeição igual ou superior a 5 nun-
ca conseguirão fazer com que um alvo se torne
“Amigável.
É possível que um personagem tente ajudar no
teste, conforme descrito na página 245. Porém,
um personagem com NR igual ou superior a 5
são incapazes de ajudar e sua interferência pode
ser inclusive malvista, trazendo desvantagem no
teste, se o Mestre considerar apropriado.
 • Preconceito em Ravenloft • 123
Renome e da desconfiança dos nativos das brumas com
os aventureiros.

Na página 22, o Livro do Mestre traz a regra

de Renome. Renome é uma forma de Status que o
personagem adquire com uma organização. O liv-
ro traz algumas organizações típicas de Faerun,
mas aqui neste livro traremos organizações, re-
ligiões e sociedades secretas típicas de Ravenloft
para que seu personagem possa interagir. Cada
Ponto de Renome conquistado com aquela so-
ciedade reduz o NR do personagem em 1 em in-
terações com aquela organização. Alguns grupos
podem possuir seus próprios níveis de NP para
cada raça, se quiser adicionar um pouco mais de
complexidade ao sistema.
Talvez a Igreja de Ezra trate não humanos
com NRP 2 ou mais. Mais uma vez, cabe ao Me-
stre julgar o Nível de Rejeição das organizações
conforme achar mais adequado para seu uso.
Além disso, um personagem com Renome em
uma determinada organização pode ter seu NR
aumentado ou reduzido em determinadas regiões
geográficas. Um personagem com alto renome
com a Igreja de Ezra certamente não será bem
recebido, caso seja identificado, numa vila élfica
que foi atacada por fanáticos 3 semanas antes.
Neste caso, o Mestre poderia adicionar o Re-
nome ao NR do personagem ao interagir com as
pessoas desta vila.
Lembramos novamente que essa é uma regra
opcional para tratar do medo do desconhecido, do
preconceito e das dificuldades no entendimento
entre seres tomados pelo horror. É perfeitamente
possível jogar Ravenloft sem ela, ainda que acon-
selhemos a criar essa sensação do estranhamento
Idiomas das
Terras das
Brumas

“Palavras não tem o poder de impres-

sionar a mente sem o requintado horror
da realidade.”
(A Narrativa de Artur Gordon Pym – Edgar Allan Poe)
 Harmonia, Kartakass, 760 BC

Prezada Tara Kolyana,

Escrevo para você na esperança de obter algumas informações sobre uma misteriosa
inscrição rúnica que descobri recentemente em um artefato antigo. Como membro da Ordem
dos Guardiões, é nosso dever encontrar, conter e destruir artefatos de poder considerados
malignos ou perigosos. No entanto, este artefato em particular provou ser bastante difícil
de entender devido ao idioma desconhecido em que está escrito.
A princípio, suspeitei que a língua fosse uma forma arcaica de Darkonês, possivelmente
com a influência da língua Det hek dos anões. No entanto, minhas tentativas de tradução
não tiveram sucesso, mesmo com a ajuda de feitiços. Era como se a língua fosse guardada por
poderes malignos, impedindo qualquer tentativa de decifração.
Para resolver esse enigma, recrutei a ajuda de Kurt, um indivíduo talentoso que tem
experiência em decifrar antigos hieróglifos de origem Akiriana. Juntos, conseguimos
decifrar o código e agora acreditamos que a linguagem exótica seja de uma terra distante de
nós chamada Cavitus.
As informações que conseguimos decifrar até agora apontam para que esse artefato seja
um texto profano de um culto profano dedicado a Vecna, o deus dos segredos. Como alguém
com muito conhecimento em assuntos religiosos, espero que você possa nos fornecer mais
informações sobre esse culto e os perigos que eles podem representar para nós no futuro.
Está claro para mim que este artefato é de grande perigo, e é nosso dever garantir que
não caia em mãos erradas. Quaisquer ideias ou informações que você possa fornecer serão muito
apreciadas.
Obrigado pelo seu tempo e experiência neste assunto.
Sinceramente,
Irmão Dominic
126
 • Idiomas e Culturas • 127
CAPÍTULO

VI
Idioma das Terras das Brumas

Idiomas e Culturas viajarmos por algumas centenas de quilômetros

encontramos regiões e países com distintas cul-
As brumas de Ravenloft tem um longo alcan-
turas e idiomas.
ce, e sob o comando dos Poderes Sombrios elas
Embora o livro Guia de Van Richten para Ra-
podem aprisionar terras e pessoas de qualquer
venloft tenha reformulado o Semiplano do Medo
parte do multiverso.
e apresentado todos os domínios como terras
Muitas são as culturas que já foram tragadas
isoladas pelas brumas, contraditoriamente adere
para o Semiplano do Medo, e inúmeras são os
a existência de uma língua comum falada entre
idiomas falados por estas civilizações envoltas
os Domínios do Medo.
em névoas.
Neste capítulo, apresentaremos uma regra op-
O cenário clássico de Ravenloft não adotava
cional para a adoção de idiomas de acordo com as
a existência de uma língua comum, evitando as
diferentes culturas que permeavam a Terra das
facilidades apresentadas por um cenário de fanta-
Brumas, bem como sugestões de como utilizar a
sia onde todo e qualquer habitante conhecia um
barreira da língua como elementos para acentuar
mesmo idioma, para compreender e ser compre-
elementos de horror do cenário.

Isolamento
endido em quase todos os lugares de seu mundo.
Como resultado, a Terra das Brumas se as-
semelhava à nossa própria realidade, onde após
128
Um dos mais antigos e potentes medos é o
medo de estar sozinho, e a barreira linguística
pode ser uma importante ferramenta para cons-
truir uma narrativa de horror.
Imagine se perder em um país estranho e des-
cobrir que ninguém ao seu redor fala sua língua.
Imagine estar perdido em um destino desconhe-
cido ao cair da noite, em um lugar que parece
hostil ou assustador, e não ter nenhuma base de
segurança ou apoio ao seu redor.
O isolamento social pode ser um dos mais
efetivos elementos para estabelecer um cenário
de horror. A solidão se torna ainda pior quando
um indivíduo se vê cercado de pessoas desconhe-
cidas que são incapazes de se comunicarem ou
oferecerem ajuda.
A ausência de uma língua comum na terra das
brumas oferece maiores dificuldades aos aven-
tureiros que exploram terras estrangeiras. Ao
deixarem terras que falem uma língua conhecida,
eles podem se encontrar em lugares onde não
conseguem se comunicar e não compreendem a
cultura e costumes locais.
A comunicação pode ser tentada com estran-
geiros através de mímica, ou a busca por um tra-
dutor confiável pode se tornar um desafio neces-
sário para estabelecer uma forma de comunicação.
Narradores devem estar atentos para que a
barreira linguística não seja um elemento que
impeça o andamento da aventura, e balancear e
transformar esses desafios em interessantes gan-
chos narrativos.
O mais importante é que estas diferentes
línguas da Terra das Brumas adicionem maior
riqueza de detalhes e ambientação ao cenário, e
ajudem a enriquecer e integrar os personagens,
permitindo ao narrador a criação de ferramentas
narrativas e elementos de horror em suas aven-
turas.
Idiomas nas Terras das Brumas
O núcleo da Terra das Brumas do cenário
 • Idiomas e Culturas •
Personagens Poliglotas
Em um cenário em que inúmeras cul-
turas e idiomas convivem em constante
interação, é esperado que seus habitantes,
especialmente aqueles que se dedicam à
uma vida itinerante, conheçam mais de
um idioma. Diferentes idiomas se espal-
ham pela Terra das Brumas através do
comércio, guerra e relações diplomáticas
entre os diferentes povos que habitam os
domínios.
Para melhor refletir este cenário, todos
os antecedentes apresentados neste livro
estabelecem que o personagem escolha
pelo menos 3 idiomas conhecidos, sendo
um deles, o idioma relacionado a aquele
antecedente.
Caso opte por adotar esta regra opcio-
nal, recomendamos que os personagens
construídos sem os antecedentes descritos
neste livro, substituam o idioma comum
pelo idioma da terra natal do personagem,
e que além disso, cada personagem escol-
ha um idioma extra para conhecer.
Caso algum antecedente dê ao person-
agem acesso a um idioma que ele já conhe-
cia previamente, permita ao personagem
escolher um outro idioma neste lugar.
Esta variação nos idiomas conhecidos
pelos personagens irá manter dificuldades
e elementos de isolamento e alienação
típicos de uma ambientação de horror,
mas tornar os personagens fluentes em
diversos idiomas, e menos dependentes
de elementos externos para interagir com
o ambiente ao seu redor.
129
clássico de Ravenloft é uma colcha de retalhos
de domínios tragados de diferentes mundos e
inspiradas em diversas culturas. Com o tempo,
alguns dos idiomas falados nesta região ganharam
proeminência, tornando-se importantes meios de
comunicação para o comércio e diplomacia entre
os reinos.
Alguns Domínios e culturas se encontram
isolados pelas brumas, ou reunidas em Aglome-
rados com outros Domínios do Medo. Estas cul-
turas costumam ser fechadas por estas barreiras
sobrenaturais e suas línguas são faladas apenas
por seus nativos, ou pelos poucos exploradores
que se dedicam a explorar estas terras isoladas
em meio às névoas.
A seguir, apresentaremos um breve relato das
línguas faladas no cenário clássico de Ravenloft,
com comparações breves sobre a influência fo-
nética de suas palavras com línguas faladas em
nosso mundo, e relação dos principais domínios
em que são faladas.
Akiri
A língua Akiri remota a um passado ancestral
e sua forma escrita é representada através de hie-
róglifos. A fonética desta linguagem é marcada
pela clara demarcação de sons vogais e padrões
de acentuação.
Inspiração Fonética
A inspiração fonética da língua Akiri é o idio-
ma do Egito Antigo.
Língua Primária
A língua de Akiri é o idioma primário de
130
Har’akir e Sebua.

Língua Secundária
A língua Akiri é o idioma Secundário do do-
mínio de Pharazia.

Anã (Dethek)
A língua Anã é o idioma ancestral da raça dos
anões, e remonta às antigas tradições de tempos
imemoriais de sua mitologia de criação na forja
das almas da divindade Moradin. A língua base
dos anões já resultou no surgimento de vários
dialetos, mas anões de diferentes regiões con-
seguem se comunicar e compreender, apesar de
suas variações. A sonoridade deste idioma é áspe-
ra e grave, como o som de pedras chacoalhando,
e sua escrita se dá através de um alfabeto rúnico
característico. Nas principais comunidades anãs
de Darkon os dialetos derivados da língua anã
se mesclam e se apropriam de alguns termos da
formal e complexa língua Darkonesa.

Inspiração Fonética
A inspiração fonética da língua Anã são as lín-
guas anãs criadas em mundos de fantasia, como
a língua criada por J.R.R Tolkien para o livro
Senhor dos Anéis. Tolkien por sua vez afirmou
que se inspirou em parte nos idiomas nórdicos
para a criação deste idioma fictício.

Língua Primária
A língua anã não é um idioma primário de
nenhum domínio, salvo em algumas cidades de
Darkon.
 • Idiomas e Culturas • 131
Língua Secundária do núcleo como uma importante linguagem para
o comércio.

A língua Anã é um idioma secundário em

Darkon, Lamordia, Nova Vaasa, e outros locais
Inspiração Fonética
A principal inspiração fonética da língua Ba-
onde existem comunidades ativas de anões.
lok é o idioma Romeno.

Arak
A língua Arak é a linguagem utilizada pelos
Língua Primária
A linguagem Balok é o idioma primário nos
seres feéricos conhecidos como Fadas Sombrias, domínios da Baróvia, Borca, G’henna e Invidia.
que habitam a Greta Sombria. Os sons desta lin-
guagem são considerados belos, fluidos e suaves,
e emulam sons da natureza como o vento ou as
Língua Secundária
A linguagem de Balok é falada como um idio-
águas de um rio. Diversos desses sons não po- ma secundário nos reinos de Hazlan, Kartkass,
dem ser reproduzidos por gargantas humanas, Verbrek e Richemulot.
que produzem cruas aproximações, com sons de
“z” ou “t”. Darkonês
Inspiração Fonética
A inspiração fonética da língua de Arak não
A língua Darkonesa é bastante complexa e es-
truturada e poucos falam essa linguagem fora do
reino de Darkon. O tamanho do reino de Darkon
se baseia em um idioma real, mas sim em uma
e sua grande influência em publicações de livros
linguagem feérica de mundos de fantasia.

Língua Primária
e estudos arcanos asseguram que o idioma tenha
grande influência.

A língua de Arak é o idioma da Greta Som-

bria.
Inspiração Fonética
Língua Secundária
A principal inspiração fonética da língua de
Darkon é o idioma Latim.

A língua de Arak é um idioma secundário em

Tepest e Keening.
Língua Primária
A linguagem Darkonesa é o idioma primário

Balok em Darkon e Necropolis.

A língua Balok é a língua ancestral da Baróvia,

e é marcada por vogais grossas e sons guturais.
Língua Secundária
A linguagem Darkonesa um idioma secun-
Este idioma tem se espalhado nas áreas centrais dário nos reinos da Falkovnia, Lamordia, Nova
132
Vaasa, Liffe, Dominia e Tepest. A língua Falkovniana não é um idioma se-
cundário na Lamordia, Darkon, Borca e Invidia.

Cavitiano
A língua Cavitiana é o idioma derivado do
mundo de Oerth, e se assemelha ao dialeto de
Keoland, uma variação do Alto Oeridiano An-
cestral.
Forfariano
A língua Forfariana é o idioma ancestral das
terras de Forfar, que foi tragada pelas brumas
para se tornar o domínio de Forlorn. Esta língua

Inspiração Fonética
A inspiração fonética da língua Cavitiana é o
tem um som carregado, com forte acentuação, e
é falada apenas por alguns poucos remanescen-
tes da cultura Forfariana nas desoladas terras de
idioma inglês arcaico. Forlorn.

Língua Primária
A língua Cavitiana é o idioma primário em
Inspiração Fonética
A inspiração fonética da língua Forfariana é
Cavitus e Tovag. o idioma Gaélico Escocês.

Língua Secundária
A língua Cavitiana não é um idioma secundá-
Língua Primária
A língua Forfariana é o idioma primário do
rio em nenhum outro domínio. domínio de Forlorn.

Falkovniana Língua Secundária

A língua Forfariana é um idioma secundário
A língua Falkvoniana tem sons guturais e é
nos domínios da Baróvia e Hazlan.
considerada complexa, sendo capaz de alterar nu-
ances e significados através do agrupamento de
palavras e frases. Gnômica (Gnim)
Inspiração Fonética
A inspiração fonética da língua Falkovniana
A língua Gnômica, também conhecida como
Gnim, é o idioma ancestral da raça dos Gnomos.
A língua gnômica base já resultou no surgimen-
é o idioma alemão. to de vários dialetos, mas gnomos de diferentes

Língua Primária
A língua Falkovniana é o idioma primário da
regiões conseguem se comunicar e compreen-
der, apesar de suas variações. A sonoridade deste
idioma tem uma equilibrada divisão de vogais
Falkovnia. e consoantes, e a formação de suas palavras é

Língua Secundária considerada elegante e fluida. Sua escrita se dá

através de alfabeto próprio, que muitos apontam
 • Idiomas e Culturas •
ser um meio termo entre o alfabeto rúnico carac-
terístico da língua anã e os delicados traços da
língua élfica, e a curiosidade e busca de conheci-
mento tipicamente associada a raça gnômica faz
com que seus textos se propaguem e perpetuem
como referências acadêmicas e de estudos clás-
sicos. Nas principais comunidades gnômicas de
Darkon os dialetos derivados da língua gnômica
se mesclam e se apropriam de alguns termos da
formal e complexa língua Darkonesa.
Inspiração Fonética
A inspiração fonética da língua Gnômicas são
as línguas fictícias criadas em mundos de fanta-
sia. As características citadas para esta língua
parecem se inspirar em parte no idioma Grego.
Língua Primária
A língua gnômica não é um idioma primário
de nenhum domínio, salvo em algumas cidades
de Darkon.
Língua Secundária
A língua gnômica é um idioma secundário em
Darkon, Lamordia, e outros locais onde existem
comunidades ativas de gnomos.
Grabenita
A língua Grabenita se assemelha muito ao
dialeto Vaasi, mas elas não partilham de uma
origem comum. O idioma Grabenita se distin-
gue gramaticalmente e foneticamente do idioma
Vaasi, e sua fala é mais cortada e veloz, por ve-
zes mesclando ou suprimindo a sonoridade das
sílabas iniciais ou finais das palavras. O idioma
133
é comumente utilizado por marinheiros do Mar
Noturno, e já incorporou diversos dialetos e gí-
rias de diferentes localidades. Ele possuía um
antigo alfabeto rúnico, mas o pouco uso da sua
forma escrita fez com que aos poucos este alfabe-
to esteja sendo substituído pela caligrafia Vaasi
e Darkonesa.
Inspiração Fonética
A inspiração fonética da língua Grabenita é
o idioma sueco.
Língua Primária
A língua Grabenita é o idioma primário na
ilha de Graben, na Ilha de Todstein e no Mar
Noturno.
Língua Secundária
A língua Grabenita é um idioma secundário
na costa leste do Núcleo, Liffe, Vechor e Ilha
dos Corvos.
Kartakan
O idioma de Kartakan Ancestral é a língua
original do domínio de Kartakass, mas foi aban-
donada após o domínio ser invadido e conquis-
tado por invasores. Hoje a língua é falada apenas
por habitantes mais velhos do domínio, e usada
em assuntos formais ou para o repasse de segre-
dos.
Inspiração Fonética
A inspiração fonética da língua Kartakan é o
idioma Esloveno.
134
Língua Primária
A língua de Kartakan não é o idioma principal
de nenhum domínio.
Língua Secundária
A língua Kartakan é um idioma secundário
em Kartakass.
Lamordiano
A língua Lamordiana é um idioma gutural e
complexo, que envolve um grande alfabeto de
ditongos, complexas formações de palavras e
estruturas fonéticas. O povo Lamordiano tem
grande orgulho de sua complexa língua, e fazem
questão de corrigir estrangeiros que pronunciam
equivocadamente suas palavras.
Inspiração Fonética
A inspiração fonética da língua Lamordiana é
o idioma baixo-alemão menonita ou baixo prus-
siano.
Língua Primária
A língua Lamordiana é o idioma primário da
Lamordia.
Língua Secundária
A língua Lamordiana é um idioma secundário
em Darkon, Falkovnia, Dementlieu e Dominia.
Luktar
A língua de Luktar tem uma cadência cantada
e arrastada. Outrora o idioma dominante do rei-
no de Gundarak, após a invasão e conquista deste
reino por nações vizinhas, apenas sobreviventes e
remanescentes do grupo ético Gundarakita ainda
praticam esta língua.
Inspiração Fonética
A língua de Luktar tem inspiração fonética
no idioma Húngaro.
Língua Primária
A língua Luktar era o idioma primário do
reino de Gundarak, mas hoje nenhum domínio
fala esta língua como primária, sendo ela falada
apenas por grupos étnicos Gundarakitas.
Língua Secundária
A língua Luktar se tornou um idioma secun-
dário da Baróvia e Invidia após a conquista destes
reinos do antigo reino de Gundarak.
Mordentiano
(Baixo e Alto)
A língua Mordentiana nasceu da fusão de ou-
tras duas línguas, e se divide em dois dialetos.
O baixo Mordentiano é falado pela maior parte
daqueles que falam este idioma, e é considerada
uma língua de plebeus. O Alto Mordentiano é
preferido pela elite, por sua sonoridade e ele-
gância. Esta língua é bastante versátil e tem se
espalhado entre os domínios mais avançados do
núcleo, sendo associada à literatura e à academia.
Inspiração Fonética
A inspiração fonética do Alto Mordentiano é
o idioma francês, e a inspiração fonética do Baixo
 • Idiomas e Culturas •
Mordentiano o idioma inglês.
Língua Primária
A linguagem Mordentiana é o idioma primá-
rio em Mordente, Dementlieu, Richemulot, Ver-
brek e Ghastria.
Língua Secundária
A linguagem Mordentiana é um idioma se-
cundário em Borca, Darkon, Dominia, Falkovnia,
Invidia, Lamordia, Sithicus e Valachan.
Nidalan
A língua Nidalana é o idioma que outrora era
falado no Grande Reino de Avonleigh, e agora
é falada entre os domínios do Aglomerado das
Terras das Sombras. Esta língua é carregada, e
tem forte acentuação, e alguns identificam seme-
lhanças entre ela e o idioma Forfariano.
Inspiração Fonética
A inspiração fonética para a língua Nidalana
é o idioma Gaélico Manês.
Língua Primária
A língua Nidalana é o idioma primário falado
em Nidala, Avonleigh e na Mansão Trevanato.
Língua Secundária
A língua Nidalana não é falada como idioma
secundário em nenhum domínio.
Odiarano
A língua Odiarana tem uma gramática com-
plexa e sonoridade elegante. O idioma é falado
135
com uma marcação forte das sílabas, que parece
ao mesmo tempo fluida, delicada e carregada de
emoção. Alguns estudiosos enxergam paralelos
entre a sonoridade da língua Darkonesa e Odia-
rana.
Inspiração Fonética
A inspiração fonética da língua Odiarana é o
idioma Italiano.
Língua Primária
A língua Odiarana é o idioma primário de
Odiare.
Língua Secundária
A língua Odiarana não é o idioma Secundário
de nenhum outro domínio.
Pharazian
A língua Pharaziana tem vogais e consoantes
que podem ser ditas com variações curtas ou lon-
gas, com extensões e variações que alteram o seu
significado. A língua escrita tem traços cursivos,
que são lidas da direita para a esquerda.
Inspiração Fonética
A inspiração fonética da língua Pharaziana é
o idioma árabe.
Língua Primária
A língua Pharaziana é o idioma primário no
domínio de Pharazia.
Língua Secundária
A língua Pharaziana é um idioma secundário
136
nos domínios de Har’Akir e Sebua.

Paterna
Língua Primária
A língua Rajiani é o idioma primário de Sri
A língua Patterna é um idioma único, mis- Raji.
turando elementos de outras línguas faladas em
inúmeras localidades, e mesclando dialetos di-
ferentes em uma gíria única. Para não conhe-
Língua Secundária
A língua Rajiani é um idioma secundário em
cedores a língua é incompreensível, sendo seu Saragoss e nas Terras Selvagens.
significado extraído mais através do contexto e
entonação das palavras. Rokuma
Inspiração Fonética
A inspiração fonética da Paterna é o idioma
A língua Rokuma se difere bastante de outros
idiomas encontrados nas Terras das Brumas, e
estrangeiros encontram dificuldade em compre-
Romani.

Língua Primária
ender sua diferente escrita, fonética e regras gra-
maticais. O idioma tem uma fonética com sílabas
abertas, com muitas palavras terminando em vo-
A língua Patterna não é o idioma primário de
gais. A forma escrita desta língua é conhecida por
nenhum domínio, sendo conhecida apenas pelos
símbolos escritos verticalmente e com ordem de
Vistani.

Língua Secundária
leitura da direita para a esquerda.

A língua Patterna é considerada um idioma

Inspiração Fonética
A inspiração fonética da língua Rokuma é o
secundário na Baróvia, por abrigar um grande
idioma Japonês.

Língua Primária
número de Vistani.

Rajiani A língua Rokuma é o idioma primário de

A língua Rajiani é um idioma ancestral, a base Rokushima Táiyoo.
da qual distintos dialetos tiveram origem. Com
um som cadenciado e cantado, a língua tem com-
plexas acentuações vogais que permitem grande
Língua Secundária
A língua Rokuma não é um idioma secundário
flexibilidade em sua sonoridade e significado. em nenhum outro domínio.

Inspiração Fonética
A inspiração fonética da língua Rajiani é o
Sanguine
A língua Sanguine tem uma sonoridade ás-
idioma Hindi.
 • Idiomas e Culturas • 137
pera, fluida e rítmica, e é dotada de estruturas para sua criação.
gramaticais complexas.

Inspiração Fonética Língua Primária

A língua Sithicana é um idioma primário de
A inspiração fonética da língua Sanguine é o Sithicus.
idioma Sérvio.

Língua Primária Língua Secundária

A língua Sithicana é um idioma secundário na
A língua Sanguine é o idioma primário de Baróvia, Kartakass, Valachan e Verbrek.
Sanguinia.

Língua Secundária Souragniano

A língua Souragniana tem sua origem através
A língua Sanguine é um idioma secundário
da mistura de idiomas de diferentes culturas, que
em Vorostokov.
formam se amoldando umas às outras. Muitos

Élfica identificam similaridades de sonoridade com o

Alto Mordentiano, embora sua fala seja pontua-

(Sithicano) da por um sotaque mais carregado nas vogais, e

abarque palavras estranhas ao vocabulário deste
A língua Sithicana é um idioma élfico que
idioma.

Inspiração Fonética
se originou na língua dos Elfos Silvanestis de
Krynn. O dialeto Sithicano abarca inúmeras pala-
vras desta linguagem antiga e são conhecidos pelo
A inspiração fonética da língua Souragniana
som sibilante de suas palavras. Elfos de outras
é o dialeto Cajun.

Língua Primária
partes da Terra das Brumas podem compreender
com dificuldade este dialeto. A língua élfica falada
em comunidades de Darkon guarda semelhanças
A língua Souragniana é o idioma primário de
com o dialeto Sithicano, mas sua pronúncia é me-
Souragne.

Língua Secundária
nos sibilante, e se apropria de termos da formal
e complexa língua Darkonesa.

Inspiração Fonética
A inspiração fonética da língua Sithicana é
A língua Souragniana não é um idioma secun-
dário em nenhum outro domínio.

são línguas élficas criadas em mundos de fanta-

sia, como a língua criada por J.R.R Tolkien para Tepestiano
o livro Senhor dos Anéis. Tolkien por sua vez A língua Tepestiana tem sons ásperos e fleu-
afirmou que se inspirou em parte no idioma galês máticos, como se aqueles fluentes nesta lingua-
138
gem estivessem constantemente limpando suas munidades pequeninos em Darkon.
gargantas.

Inspiração Fonética Língua Secundária

A língua Telingly é um idioma secundário
A inspiração fonética da língua Tepestiana é em Darkon, Borca, Dementlieu, Mordente e Ri-
o idioma Gaélico Irlandês. chemulot.

Língua Primária
A língua Tepestiana é o idioma primário de
Thani
A língua Thani é um idioma ancestral que
Tepest.

Língua Secundária
era falado pela população humana de Bluetspur.
Esta língua tem uma cadência ritmada e cantada,
com o som da vogal ‘a’ separando todas as pala-
A língua Tepestiana é um idioma secundário
vras. Sua escrita é formada por símbolos que se
em Darkon e Nova Vaasa.
amoldam e podem se sobrepõem na formação de

Pequenês palavras. Apesar de ter uma complexa linguagem,

muitos Thani se comunicam apenas por gestos

(Telingly) e olhares.

A língua Telingly é o idioma falado pelos pe-

queninos. A natureza nômade e exploradora dos
Inspiração Fonética
A inspiração fonética da língua Thani é o
pequeninos fez com que eles conheçam inúmeros
idioma Tibetano.

Língua Primária
idiomas, e sua linguagem se mistura com a de
idiomas falados em inúmeras Terra das Brumas.
Esta linguagem é falada de forma rápida e carre-
A língua Thani é o idioma primário dos hu-
gada, e aqueles que não são acostumados à sua
manos no domínio de Bluetspur.

Língua Secundária
cadência tem dificuldade na sua compreensão.
Muitos grupos criminosos têm adotado este idio-
ma para manter em segredo suas mensagens.

Inspiração Fonética
A língua Thani é um idioma secundário na
Baróvia.

A inspiração fonética da linguagem dos pe-

queninos é o idioma inglês arcaico.
Língua Primária
A língua Telingly não é um idioma primário
em nenhum domínio, a exceção de algumas co-
Vaasi
A língua é descrita como tendo vogais harmo-
niosas, e é bastante falada na região sudeste do
núcleo. Sua origem vem de um mundo distante
chamado Faerun e alguns estrangeiros que vie-
 • Idiomas e Culturas • 139
ram destas terras dizem que ela é uma variação tância.
do idioma comum daquele mundo.

Inspiração Fonética Língua Primária

A língua Vechorita é o idioma primário em
A inspiração fonética da língua Vaasi está no Vechor.
idioma dinamarquês.

Língua Primária Língua Secundária

A língua Vechorita é um idioma secundário
A língua Vaasi é o idioma primário em Ha- em alguns portos do Mar Noturno.
zlan, Nova Vaasa, Kartakass e Valachan.

Língua Secundária Voros

A língua Voros deriva do antigo idioma Vos
A língua Vaasi é um idioma secundário na
do distante mundo de Cerilia. A língua tem com-
Baróvia, Darkon, Invidia, Mordente, Ilhas de
plexas estruturas silábicas, e sua fonética é por
Graben, Liffe, Sithicus, Tepest e Verbrek.
vezes áspera e gutural.

Vechorita
A língua Vechorita é um amalgama de diver-
Inspiração Fonética
A inspiração fonética da língua Voros é o
sos dialetos e idiomas distintos, que se mesclam idioma russo.
para formar um idioma comum para os habitan-
tes daquele domínio. Não há consenso sobre sua
forma de falar ou escrita, e duas pessoas de dife-
Língua Primária
A língua Voros é o idioma primário de Vo-
rentes partes de Vechor provavelmente usaram rostokov.
regras e pronúncias distintas. Ainda assim, tal
como a natureza fluida da realidade em Vechor,
aqueles que falam este idioma conseguem se com-
Língua Secundária
A língua Voros é um idioma secundário de
preender. Sanguinia.

Inspiração Fonética
A inspiração fonética da língua Vechorita não
está em nenhum idioma do mundo real. Este idio-
ma extrapola a capacidade de nosso cérebro em
reconhecer padrões de linguagens, ainda que com
signos embaralhados, e o lança em um contexto
de um domínio onde mudanças são uma cons-
140
Zherisiano
A língua Zherisiana é uma língua de estrutura
simples e de sonoridade fluída. Suas vogais têm
um som fechado, e carregada de um forte sotaque
característico.

Inspiração Fonética
A inspiração fonética da língua Zherisiana é
o idioma inglês britânico.

Língua Primária
A língua Zherisiana é o idioma primário de
Paridon.

Língua Secundária
A língua Zherisiana é um idioma secundário
em Timor.
• Idiomas e Culturas • 141
Religião,
Fé e
Misticismo
“O anjo caído torna-se demônio. Entre-
tanto, mesmo aquele inimigo de Deus e
do homem tinha amigos e seguidores. Eu
sou sozinho.”
(Frankenstein – Mary Shelley)
 Teufeldorf, Baróvia, 761 BC

Prezado Sr. Alanik Ray,

Espero que esta carta viaje rápido e o encontre em seu escritório. Estou precisando
desesperadamente da ajuda de sua inteligência e raciocínio rápido para resolver um
mistério que já tirou muitas vidas.
Atualmente não estou em minha residência em Hazlan. Há algum tempo, tenho
experimentado os sonhos mais peculiares, que me instigam a voltar para minha terra
natal, a Baróvia. A princípio, resisti a esses impulsos, mas, eventualmente, quebrei a
promessa que fiz a meu pai em seu leito de morte e retornei a este reino sombrio.
Ao cruzar a parte sul da Baróvia, encontrei ocorrências estranhas que me deixaram
profundamente perturbada. Soube de assassinatos ritualísticos ocorrendo nas cavernas
profundas dos Balinoks, onde as pessoas estão sendo sacrificadas. Tentei descobrir a
verdade por trás desses assassinatos e a natureza do culto maligno responsável, mas até
agora não obtive sucesso.
Inicialmente, suspeitei que os cultistas de Erlin, o deus da morte adorado em Gundarak,
eram os responsáveis por esses horríveis assassinatos. No entanto, as evidências apontam
em outra direção. Eu até busquei a perspicácia de Danior, um bardo meio-vistani com
profundo conhecimento do sobrenatural, e de Richard, um sábio druida, mas mesmo
nossos conhecimentos combinados não conseguiram resolver esse enigma.
Tudo o que sabemos até agora é que as vítimas são amarradas e assassinadas dentro
de túneis e cavernas, geralmente diante de um poço ou abismo profundo, para apaziguar e
alimentar uma entidade conhecida como a Mãe Odiada. Nunca ouvi falar de nenhuma
religião que siga essa divindade e temo que possa ter tropeçado em algo muito mais
sinistro, antigo e perigoso do que já encontrei antes.
É por isso que estou entrando em contato com você, Sr. Ray. Como um detetive
renomado, com o conhecimento acumulado por toda longa vida da raça élfica, acredito
que você tenha a experiência e o conhecimento necessários para ajudar a identificar a
natureza desse culto e levar para pormos um fim a suas práticas.Se você ou seu parceiro
Arthur Sedgewick puderem nos fornecer qualquer informação ou esclarecimento sobre
este assunto, eu ficaria imensamente grata.
Entendo que você pode ter outros compromissos urgentes e casos a desvelar, no entanto,
imploro que considere meu pedido e me empreste sua ajuda nesta investigação. O povo
da Baróvia merece justiça e estou empenhado em encontrá-la.
Sinceramente,
Tara Kolyana
- 144 -
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
CAPÍTULO
VII
Fé e Religião em um Mundo Sombrio
A Fé e a Religião em um
Mundo Sombrio
A Terra das Brumas é o lar de inúmeras cren-
ças e religiões, e este conjunto de credos exercem
um importante papel na vida de seus habitantes,
sejam eles nativos ou estrangeiros.
As misteriosas brumas se lançam sobre di-
ferentes mundos para cumprir seus misteriosos
desígnios, e como consequência, o cenário de
Ravenloft pode abrigar qualquer religião ou fi-
losofia praticada em algum mundo de Dungeons
and Dragons.
Algumas destas crenças encontraram solo fér-
til entre os povos das Brumas, e outras sofreram
distorções em seus dogmas e crenças ao longo
dos anos. Existem ainda crenças nativas do pró-
prio semiplano do medo, formadas pela própria
relação entre as diferentes culturas que habitam
os Domínios do Medo.
Indispensáveis para a criação de um
clérigo nativo da Terra das Brumas,
este capítulo pode ser também bastan-
te útil para o desenvolvimento e apro-
fundamento de outras classes, ajudan-
do a definir quais crenças moldavam a
sociedade ao seu redor, e talvez até
mesmo a forma com que estes per-
sonagens encaram o mundo sombrio
que os cerca.
Este capítulo apresentará uma
descrição detalhada de todas
as religiões previamente des-
critas em produtos oficiais
do cenário clássico de Ravenloft, e tem
por objetivo auxiliar jogadores e mes-
tres a estabelecer e criar personagens e
tramas que possam abordar as inúmeras
religiões presentes neste mundo som-
brio.
 O Silêncio dos Deuses
- 146 -
O cenário de Ravenloft é um cenário que propõem uma mistura de horror e fantasia, e ao
contrário de outros cenários de Dungeons and Dragons, divindades não estão presentes de
forma direta na vida de seus devotos.
Viajantes que foram tragados pelas Brumas, vindos de outros mundos e planos de existência,
revelam sentir um grande vazio no Semiplano do Medo, e se sentem distantes de suas divinda-
des. Apesar deste vazio, os homens de fé ainda recebem as bênçãos divinas ao realizarem seus
ritos sagrados.
Para os nativos da Terra das Brumas, esta sensação de abandono, distanciamento e ausência
é considerada normal e natural, eis que eles não conhecem outra realidade.
Ao longo dos anos algumas crenças que se consolidaram na Terra das Brumas vindas de
mundos distantes acabaram sendo distorcidas pelos ensinamentos de seus líderes, mas aqueles
que são devotos a tais crenças ainda assim recebem as bênçãos de magias divinas.
Inúmeros teólogos e filósofos da Terra das Brumas já tentaram debater os motivos deste
silêncio das Divindades, mesmo diante da adulteração de seus dogmas. Seriam as brumas do
semiplano do medo uma barreira para o alcance dos Deuses?
Muitos especulam se as Divindades ainda respondem ao chamado de seus clérigos, ou se
os Poderes Sombrios atuam como seus intermediários. Alguns fazem especulações ainda mais
sinistras, e alegam que os Poderes Sombrios interceptam e respondem diretamente a estas
orações e preces.
O cenário clássico de Ravenloft jamais apresentou uma resposta definitiva a este mistério,
e assim como outros mistérios da fé, é um enigma cuja solução ou imersão sob o manto da
dúvida fica a cargo do narrador.

Crenças de um Mundo de Fantasia distorce e desconfigura crenças fictícias criadas

em cenários de fantasia como Greyhawk ou For-
gotten Realms, talvez em seu jogo as Brumas
Este livro busca retratar as religiões criadas
tenham trazido em algum momento esse espectro
para o cenário de Ravenloft em edições passadas
de uma religião ou outro tipo de sistema de cren-
de Dungeons and Dragons.
ça, teísmo, misticismo ou mitologia que exista ou
Ainda que alguma destas religiões possam ter
tenha existido em nosso mundo. Se for o caso,
inspirações diretas em culturas do mundo real,
é natural que também venha a este mundo de
elas são criações fictícias de crenças praticadas
terror de uma forma estranha, com mudanças e
por culturas e povos de um mundo de fantasia,
simbologias que a distanciam e a corrompam de
e não se propõem a ser uma releitura ou reinter-
seu significado, filosofia e visão dogmática origi-
pretação de nenhuma religião existente.
nais. Elas podem e devem ser tratadas como mais
Da mesma forma que o semiplano do medo
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
um caso em que Ravenloft corrompe tudo, até o geons and Dragons, bem como das divindades
que temos de mais precioso. e crenças presentes neste suplemento que você
Nada impede que jogadores e narradores fa- tem agora em mãos.
çam alterações nas religiões apresentadas neste Ao contrário do Livro do Jogador, que nor-
livro, para melhor adequar a sua visão e cenário malmente oferece uma ou duas opções de domí-
do jogo. Recomendamos, acima de tudo, bom nio, muitas das divindades vistas aqui oferecerão
senso e respeito ao retratar outras culturas e re- até três domínios. Isso reforça o aconselhamento
ligiões inspiradas em povos do mundo real, ainda anterior, de se escolher entre os domínios suge-
que como fonte de inspiração para elementos e ridos.
aventuras fantásticas.
Se uma ou mais dessas crenças, por qualquer
motivo que seja, incomodar ou ofender de alguma
forma algum dos jogadores de sua mesa, assim
como qualquer outra parte deste livro, recomen-
damos que esta parte do conteúdo não seja uti-
lizada em seu jogo. A intenção deste suplemen-
to, como de qualquer outro livro de RPG, é dar
ferramentas para suporte de Mestre e Jogadores
e não o de causar qualquer tipo de desconforto.

Domínios e Panteões
Assim como aconselhado no Livro de Jogador
de Dungeons and Dragons, se não é obrigatório
que a escolha do Domínio do Clérigo seja sempre
de um dos Domínios presentes na lista da Divin-
dade, isso é altamente recomendado, em especial
em Ravenloft, onde as escolhas dos personagens
se refletem em dilemas morais e éticos.
A escolha do Domínio tende a ser uma conse-
quência da crença do personagem e até mesmo de
qual seita ou grupo ao qual ele pertence dentro de
uma mesma fé. Aconselhamos que essa escolha
dê profundidade a seu personagem, mais do que
alguns bônus e vantagens.
A lista a seguir considera os domínios exis-
tentes nos diversos livros da 5ª edição de Dun-
 - 148 -
Lista de Domínios
Divindade Domínios Sugeridos
Lethede Conhecimento, Trapaça
Madris Orunid Vida, Luz
Divindade Domínios Sugeridos Ohuwaghnn Natureza, Morte
Ezra Brumas*, Guerra, Vida Ovun Borundir Guerra, Ordem****
Senhor da Manhã Luz, Vida, Guerra Sehkelo Luz, Crepúsculo****
Erlin Morte, Guerra, Trapaça Tonthomba Luz, Trapaça
Hala Vida, Arcano**, Natureza Ulwaddithri Morte, Natureza
Morte, Conhecimento, Tú- Vida, Crepúsculo***, Tú-
A Ordem Eterna Ancestrais Feéricos
mulo*** mulo***
A Igreja de Ferro Morte, Guerra, Ordem**** A Rainha Aranha Trapaça, Morte
Supervisor sem clérigos Diamabel Ordem****, Guerra
Yutow Natureza, Crepúsculo**** Morte, Natureza, Crepúscu-
Mãe Noite
O Coro Ancestral Conhecimento, Vida lo***
O Deus Lobo Natureza, Trapaça, Guerra Kami Vida, Natureza
A Divindade da Humani- Vecna Conhecimento, Arcano**
Conhecimento, Vida
dade
Zhakata Morte, Ordem**** Novo Domínio presente neste livro.
Belenus Luz, Ordem****, Guerra *Domínio presente no livro Guia do Aventu-
Daghda Vida, Trapaça, Natureza
reiro para a Costa da Espada.
Diancecht Vida, Conhecimento
Brigantia Guerra, Natureza ** Domínio presente no livro Guia de Xana-
Lugh Conhecimento, Arcano** thar para Todas as Coisas.
Manannan Mac Lir Ordem****, Natureza
*** Domínio presente no livro Caldeirão In-
Morrigan Morte, Guerra
Arawn Morte, Vida, Túmulo*** comensurável da Tasha.

Religiões das
Math Mathonwy Conhecimento, Arcano**
Brama Conhecimento, Vida

Terras das
Vixnu Ordem****, Paz****
Siva Guerra, Morte

Brumas
Ravana Ordem****, Morte
Tevastar Forja***, Conhecimento
Savitra Vida, Luz
Rudra Tempestade, Natureza A Terra das Brumas tem um vasto número
Kali Morte, Vida
de Divindades, alguns venerados em diferentes
Tempestade, Crepúscu-
Indra
lo**** domínios (com visões diversas acerca de seus
Ratri Crepúsculo****, Luz dogmas), e outros exclusivos de um único do-
Morte, Túmulo***, Or-
Yama mínio. Muitas dessas crenças se originaram no
dem****
Vayu Vida, Tempestade Semiplano do Medo, enquanto outras são base-
Varuna Tempestade, Túmulo*** adas em religiões de outros mundos.
Senhor dos Mortos Morte, Arcano**
Donzela dos Pântanos Vida, Natureza
Brahmbei Conhecimento, Arcano**
Kurkva Tempestade, Natureza
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
A Igreja
de Ezra
A fé de Ezra surgiu a cerca de um século, e
rapidamente se propagou pelas Terras das Bru-
mas. Esta fé é altamente estruturada, e sua Igre-
ja se organiza em quatro seitas, com complexas
estruturas hierárquicas. Os fiéis deste credo se
dedicam à adoração de Ezra, a Guardiã das Bru-
mas, que teria se sacrificado ao vazio das Brumas
para velar pelos povos da Terra das Brumas.
Símbolo
O símbolo desta fé é um escudo, sobre os
quais estão desenhados uma espada longa e um
ramo de beladona.
Mitologia
Todo o conhecimento que se tem sobre os
mistérios de Ezra vem das epifanias e revelações
recebidas pelos seus devotos. Desde que Yakov
Dilisnya teve sua primeira revelação de Ezra em
666 BC, muitos já clamaram ter recebido visões
e epifanias enviadas pela Deusa. Contudo apenas
quatro dessas epifanias são reconhecidas como
textos sagrados da fé, após passarem pelas provas
do Rito da Revelação.
Cada uma destas grandes revelações é trans-
crita em um livro, e estes são conhecidos como
os Livros Sagrados de Ezra. Todos estes livros
trazem uma nova versão do mito de origem desta
Deusa, e apesar de existirem contradições entre
as interpretações de cada um destes quatro livros
sagrados, existem muitos pontos de congruência.
Por exemplo, não é um ponto de discussão a
seguinte parte do dogma:
Ezra era uma mortal, e durante sua vida cui-
dou dos doentes, protegeu os fracos, e combateu
as Legiões da Noite.
Por muitos anos ela procurou por um subs-
tituto de coração puro para exercer o papel de
guardiã do seu povo, mas não encontrou nin-
guém. Ela sabia que as Legiões da Noite conti-
nuariam a emergir do Vazio, e vagou pelas terras
cinzentas até o fim do mundo, onde encontrou
as Brumas da Morte.
Ezra questionou as Brumas porque elas en-
chiam o mundo de criaturas da noite, e porque
permitiam que o povo das brumas vivesse em
sofrimento, mas não obteve nenhuma resposta.
Ela então declarou que, se as Brumas da
Morte não iriam atender aos seus apelos, ela se
sacrificaria e adentraria o vazio, tornando-se a
Guardiã das Brumas.
Se o mito de origem que conta a fusão de Ezra
com as Brumas não é algo controverso entre as
seitas, o mesmo não se pode dizer sobre a natu-
reza das revelações de Ezra e o papel a ser desem-
penhado pelos fiéis no Grande Plano, e cada um
dos livros sagrados e cada uma das seitas adota
uma diferente interpretação e filosofia.
 - 150 -
Dogmas
A Dama das Brumas tem em seus dogmas a
proteção aos fracos, o cuidado aos doentes, e o
combate as Legiões da Noite. Contudo, existem
diferentes interpretações e visões das revelações
de Ezra dentro da própria Igreja, que se divide
entre quatro seitas.
Todos os devotos de Ezra acreditam que ela
vela pelo seu povo das brumas e na existência de
um grande plano, onde todos devem desempe-
nhar seu papel. Assim, entre todas as seitas de
Ezra é comum o conceito de que existe um des-
tino, e que Ezra concede profecias e revelações
aos seus devotos.
Seus clérigos têm como arma preferida a espa-
da longa, que é parte do símbolo de sua Deusa,
e somente podem usar armaduras de metal, ou
então andar sem armaduras, protegidos somente
pela própria fé.

História
A fé de Ezra teve início no Domínio de Mor-
dente, quando a primeira revelação de Ezra arre-
batou Yakov Dilisnya no ano de 666 BC. Yakov
sofreu uma convulsão enquanto estava cavalgan-
do, e após despertar de um período febril, ele
acordou dizendo ser o mensageiro de uma divin-
dade chamada Ezra. Ainda acamado em seu leito
ele escreveu o Primeiro Livro de Ezra, contendo
as primeiras revelações de sua Deusa e relatando
seu mito de origem e ensinamentos. Por muitos
anos, Yakov tentou propagar as palavras de sua
nova fé e religião, mas era visto com um louco e
fanático, e não teve sucesso.
Quando Camile Dilisnya, a irmã mais nova de Yakov,
se tornou a governante do reino de Borca, Yakov foi
para a corte da irmã, e a convenceu a patrocinar a pro-
pagação da fé em suas terras. A fé de Ezra rapidamente
se expandiu e se organizou em Borca, e foi iniciada a
construção da Grande Catedral de Levkarest.
Yakov se tornou o primeiro Praesidius, o líder su-
premo da Igreja, mas morreu de forma trágica, após ser
envenenado no velório de um dos maridos de sua irmã.
As circunstâncias suspeitas da morte de Yakov le-
varam a uma grande comoção popular, e Camile tentou
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
se distanciar das suspeitas de seu envolvimento,
fazendo vultuosas doações e subornos a Igreja,
para que eles acalmassem os ânimos da popula-
ção.
Estas interferências políticas levaram a um
racha na Igreja, e um grupo dissidente abandonou
a seita matriz, e fundou uma nova seita em Mor-
dente, propagando uma visão mais acolhedora e
universal dos ensinamentos de Ezra. O líder des-
ta seita, Felix Watcher, clamou ter recebido uma
nova revelação da Deusa em 699 BC e escreveu
um novo livro de Ezra.
Por cerca de uma década as duas seitas foram
inimigas, e acusavam-se mutuamente de heresia
e corrupção. Contudo, a grande cisão foi conci-
liada, e foi reconhecido que Ezra não privilegiava
uma seita ou doutrina em detrimento da outra.
Os membros da Seita de Mordente conseguiram
conjurar uma forma diferente do Escudo de Ezra,
o que foi interpretado como um novo sinal de
uma revelação da Deusa.
A seita de Mordente foi considerada como
uma nova e legítima interpretação das revelações
de Ezra, e foi reintegrada à Igreja como um novo
Bastião da Fé, ligado à Igreja Matriz de Borca e a
autoridade central do Praesidius. Com base nesta
conciliação e nas manifestações de um novo escu-
do de Ezra, foi estabelecido o Rito da Revelação,
um procedimento para testar a legitimidade de
novas visões e revelações de Ezra.
Com a primeira rachadura da Igreja curada,
a fé de Ezra manteve sua rápida expansão pela
Terra das Brumas. O próprio núcleo parecia atra-
vessar um período de grande expansão, e ao longo
dos anos inúmeras terras foram desveladas pelas
Brumas, expandindo o grande continente.
Em 707 BC, as terras de Dementlieu foram
desveladas pelas brumas, e Anacoretas foram
enviados em expedições para estas terras para
explorar e propagar as palavras de Ezra.
Uma destas exploradoras, Joan Secousse,
trouxe revelações intrigantes. No centro da ca-
pital Port-a-Lucine, ela encontrou uma catedral
em ruínas chamada de Ste Mere des Larmes, ou
a Santa Mãe das Lágrimas. Pesquisando sobre o
local, ela descobriu que ela pertencia a uma fé
esquecida, e encontrou em meio às ruínas um
vitral ainda intacto, com uma imagem surpreen-
dentemente semelhante à imagem e iconografia
de Ezra. Explorando a Igreja ela encontrou pas-
sagens secretas que levam a uma grande rede
subterrânea de túneis e salas.
Em uma destas salas foi encontrado um am-
biente selado, onde estavam inúmeros pergami-
nhos e registros preservados a mais de 500 anos.
As descobertas abalaram a comunidade religio-
sa, e Joan alegou que descobrira ensinamentos
e textos perdidos que haviam sido escritos pela
própria Ezra.
Estas controversas alegações foram pron-
tamente rebatidas pela Igreja Matriz de Borca,
mas Joan alegou ter tido uma nova epifania, e
escreveu um novo livro de Ezra. Suas alegações
foram submetidas ao Rito da Revelação, e para
a surpresa e indignação de muitos, Joan e seus
fiéis apoiadores conseguiram conjurar uma nova
forma do escudo de Ezra, e ela se tornou a Bastiã
de uma nova seita de Ezra.
O terceiro Livro de Ezra conta como a Deusa
ocupou o vazio, de onde todos os Deuses haviam
se retirado, e assumiu muitas facetas para servir
de guia e guardiã dos mortais. A seita de De-
 - 152 -
mentlieu assume uma posição neutra, e acredita
que todos os Deuses venerados pelos homens
na terra das Brumas são de alguma forma uma
faceta de Ezra.
Estabelecida na catedral em ruínas e nos seus
subterrâneos, eles se dedicam ao estudo das relí-
quias encontradas em seus túneis, que acreditam
ser palavras e ensinamentos da própria Ezra. Eles
buscam se aprofundar nos estudos teológicos e
esotéricos e nos mistérios ocultos da fé.
Quando a Grande Conjunção afetou a Terra
das Brumas em 740 CB, estas revelações também
abalaram a mente de alguns anacoretas. Teodorus
Raines, era um anacoreta que viera das distantes
terras de Darkon para estudar em Levkarest. Ele
tinha uma visão sombria da realidade, e passou a
defender que a Grande Conjunção fora uma ten-
tativa das Brumas da Morte de expulsar Ezra de
seu meio, e um prenúncio para um grande mal.
As visões sombrias de Teodorus não eram
compartilhadas pelos demais membros da Igreja,
e ele logo deixou Levkarest, retornando para sua
terra natal Darkon. Suas pregações fanáticas en-
contraram poucos seguidores em sua terra natal,
e ele sofreu até mesmo agressões de membros da
Igreja da Ordem Eterna.
Teodorus Raines começou a se tornar mais
sombrio e agressivo em suas pregações, e afir-
mava que havia sido agraciado com profecias de
Ezra, alertando sobre o Tempo da Escuridão Ini-
gualável, quando um grande mal se abateria pelas
terras e as Legiões da Noite clamariam a vida de
todos, salvo aqueles devotos a Ezra.
Estes sombrios avisos eram vistos como as
pregações de um louco, até que os eventos co-
nhecidos como Réquiem ou a Colheita Sombria,
devastaram a cidade de Il Aluk, transformando
a maior cidade das Terras das Brumas em uma
Necropolis, repleta de mortos vivos.
Esta tragédia deu legitimidade às pregações de
Teodorus. Enquanto a Igreja da Ordem Eterna
passava por uma crise, Teodorus passou a anga-
riar mais e mais fiéis. Ele se instalou na cidade
de Fontes de Nevuchar, onde estabeleceu o cen-
tro de sua seita, no templo conhecido como O
Último Reduto.
Pouco tempo depois, a Teodorus Raines re-
gressou a Levkarest com seus seguidores, e apre-
sentou um novo livro de Ezra, com suas sombrias
revelações sobre a chegada do Tempo da Escuri-
dão Inigualável. Suas revelações sombrias foram
acompanhadas pela prova do desenvolvimento de
um novo escudo de Ezra, e o Rito da Revelação
confirmou mais uma epifania sagrada.
As profecias de Teodorus Raines afirmam que
em cerca de duas décadas um grande mal recairá
sobre o mundo, e as Legiões da Noite virão cei-
far a vida dos vivos. Apenas os verdadeiramente
devotos a Ezra e puros de coração serão salvos,
e cabe aos devotos salvar as pessoas através da
conversão e combater os infiéis e as forças das
trevas.
Esta seita é agressiva em suas tentativas de
conversão, mas apenas estende seu apoio àqueles
que se convertem à fé de Ezra, aduzindo que os
infiéis estão além da salvação de sua Deusa. Mui-
tos alegam que seu combate às forças das trevas
não distingues membros de outros credos das
Legiões da Noite, e que nos porões do Último
Refúgio, criaturas sobrenaturais são torturadas
para revelarem suas fraquezas.
Muitos acreditam por estudos esotéricos e de
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
numerologia que uma quinta revelação de Ezra
será desvelada antes dos eventos cataclísmicos
previstos por Teodorus Raines, e esta última
seita trará a mensagem final de Ezra aos seus
devotos, revelando o seu grande plano.
Organização
A Igreja de Ezra é dividida em 4 seitas. Em-
bora cada seita de Ezra tenha autonomia, todos
reconhecem a autoridade central da Igreja Matriz
de Borca, onde reside o Praesidius, a autoridade
máxima da Igreja de Ezra
A Igreja Matriz tem sua sede na Grande Ca-
tedral de Levkarest, e foi fundada por Yakov Di-
lisnya alguns anos após receber a primeira epifa-
nia com as revelações de Ezra. A seita de Borca
tem alinhamento leal e neutro, e vive sob grande
pressão política. Em suas ações de proteção e
caridade eles distinguem entre aqueles que são
fiéis e aceitam Ezra como sua salvadora dos que
não acreditam na fé de Ezra. Eles também não são
conhecidos por atuarem ativamente no combate
às forças das trevas, apenas defendendo a neces-
sidade de as manter a distância dos seus fiéis.
A seita do Condado de Mordente foi fundada
por um grupo dissidente da seita matriz. Ela tem
sua sede na modesta Capela dos Corações Puros,
e se alinha com a tendência leal e boa. Esta seita
se dedica a ampla propagação da fé de Ezra, e
acredita que até mesmo as Legiões da Noite de-
vem ter uma chance de se redimir e encontrar a
luz de Ezra.
Em Dementlieu na cidade de Port-a-Lucine,
está a terceira seita de Ezra situada na catedral
em ruínas Sant Mere de Larmes, e se alinha com
uma tendência Neutra. Este grupo acredita que
Ezra sempre foi uma Deusa, e que teria abdicado
de sua posição entre os Deuses para ocupar o
Vazio para zelar pelos povos que habitam a Terra
das Brumas. Eles não se esforçam para conquistar
novos fiéis ou para o combate da força das tre-
vas, e se dedicam a estudar e se aprofundar nos
mistérios da fé de Ezra.
A mais recente seita a ser reconhecida se situa
em Fontes de Nevuchar em Darkon, e se alinha
com uma tendência leal e maligna. Com visões
proféticas sobre a chegada do Tempo de Escuri-
dão Inigualável e de um grande cataclisma, eles
clamam que apenas os verdadeiramente devotos
serão salvos, e atuam fervorosamente para con-
verter fiéis e para combater os opositores a Ezra
e as forças das trevas, dentre os quais não fazem
grande distinção.
- 154 -possuem bases nos domínios de Mordente, De-
Todos os clérigos da Igreja se reconhecem
como anacoretas. A mais alta autoridade da igreja
é o Praesidius, que também é o Bastião da seita
matriz de Borca.
Cada uma das quatro seitas é liderada por um
Bastião, que é a autoridade máxima daquela sei-
ta. Abaixo dos Bastiões, estão os Sentires, clé-
rigos que são responsáveis por grandes templos
de Ezra, ou por uma região que abarca diversos
templos menores.
O líder de um templo tem o título de Toret,
e os membros mais baixos da hierarquia clerical,
que atuam como membros viajantes ou em ati-
vidades mais básicas nos templos são chamados
de Guardiões.
Dentre os Guardiões alguns se de tornam An-
darilhos, anacoretas que viajam as Terras das
Brumas ajudando os necessitados e combatendo
as forças das trevas, e outros se tornam Inqui-
sidores, e investigam os horrores deste mundo
sombrio, em busca de conhecer e desmascarar as
forças das trevas.
Por fim, existem ainda os Oradores de Ezra.
Este grupo é composto por qualquer pessoa, in-
dependente da vocação clerical, que se dedica a
espalhar a palavra de Ezra e converter novos fiéis.
Embora não sejam anacoretas e não recebam as
bênçãos divinas de sua Deusa, estes oradores são
responsáveis pela grande expansão da fé de Ezra
nas terras das Brumas.
Sede e Propagação
A sede principal da Igreja de Ezra é a Gran-
de Catedral em Levkarest no domínio de Borca,
mas cada uma das seitas tem sua própria sede, e
mentlieu e Darkon. Apesar de ser uma religião
jovem, ela tem se propagado com rapidez e seus
anacoretas viajantes podem ser encontrados em
quase todos os domínios que compõem o núcleo.
Este rápido crescimento da Igreja de Ezra tem
incomodado algumas religiões já previamente
estabelecidas em alguns domínios, e nos últi-
mos anos as rivalidades com a Ordem Eterna em
Darkon, e com a Igreja de Ferro de Nova Vaasa
e Hazlan tem crescido e gerado conflitos.
Possibilidades Sinistras
A igreja de Ezra e suas doutrinas são
envoltas em contradições e controvérsias,
e inúmeros grupos esotéricos clamam ter
diferentes e heréticas interpretações da fé.
Muitos destes hereges se instalam em
uma região desabitada de Richemulot,
conhecida como a Casa dos Sábios, uma
floresta que tem a reputação de abrigar
ocultistas, hereges e fanáticos.
Os hereges de Ezra são um grupo va-
riado, e abrigam desde visões inofensivas
até seguidores que pretendem ascender
a um status de poder e divindade como
sua Deusa.
Os Dansieur Divine, ou Dançarinos
Divinos, acreditam que podem comungar
com o poder divino da Deusa ao repeti-
rem ritualisticamente seus atos.
Le Abbey de Fléau Luisant, ou a Aba-
dia do Flagelo Brilhante, acredita que os
bens materiais são um instrumento das
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
forças das trevas e da corrupção, e fazem
estritos votos de pobreza.
La Balise, ou a Heresia do Avatar,
acredita que quando a Grande Conjun-
ção ocorreu, Ezra passou a caminhar no-
vamente em sua forma mortal pela terra
das Brumas, e não poupam esforços para
encontrar sua Deusa.
Outro grupo herege, conhecido como
Échansons, ou os Portadores da Taça,
acredita que Ezra teria tido filhos em sua
vida mortal, e que seu poder sagrado e
divino tem sido transmitido através de
sua linhagem. Eles acreditam que um
destes descendentes um dia irá se erguer
para tornar-se um grande rei e unir todas
as nações rumo a um futuro brilhante.
Muitos destes hereges estudam textos
antigos e sinais místicos para tentar en-
contrar este messias, e muitos nobres em
Richemulot já compreenderam as possí-
veis implicações e poder político que pode
advir destas interpretações heréticas.
Nenhuma destas heresias, contudo,
jamais foi submetida e aprovada pelos
Ritos da Revelação, e são expressamente
condenadas pelas demais seitas.
Nem mesmo entre as seitas já esta-
belecidas de Ezra se pode encontrar um
ambiente tranquilo.
Uma cabala secreta tem se reunido
para conspirar no seio da Grande Catedral
de Borca, que se intitula de Herdeiros de
Yakov Dilisnya. Este grupo, composto de
nobres com pouca ou nenhuma chance de
herdarem a fortuna de suas famílias, viu
no caminho clerical uma chance de acen-
der em poder, e tramam usar a influência
da Igreja de Ezra sobre as massas para
aumentar seu poder e riquezas em Borca
e outros reinos.
Em Mordente, a Capela dos Corações
Puros também atravessa tempos de incer-
teza. Um velho anacoreta chamado La-
crese afirma ter recebido uma visão pro-
fética de Ezra, alertando-o de uma grande
ameaça. Nesta visão ele foi alertado que a
seita de Fontes de Nevuchar em Darkon
havia sido infiltrada por uma criatura ma-
ligna, e que no futuro eles iriam liderar
uma cruzada contra a seita de Mordente,
massacrando seus fiéis. Desde então, ele
decidiu recrutar o Exército Abençoado de
Ezra, homens de armas devotos que atua-
rão como Protetores quando convocados.
No bastião de Dementlieu, os rumores
que cercam esta seita esotérica são pertur-
badores. Alguns afirmam que nas ruínas
de Ste Mere des Larmes, já foram encon-
tradas três outras salas fechadas contendo
livros e pergaminhos antigos, e que outros
salões mais profundos ainda estão sendo
descobertos pelos membros da seita.
Contudo, o silencio da seita sobre
estas novas descobertas é revelador. En-
quanto se debruçam sobre o significado
místico destes textos, muitos clamam que
suas descobertas se tornam cada vez mais
estranhas e perturbadoras.
O Culto do
 - 156 -
Senhor da da Manhã veio para salvar o jovem Martyn Pe-

Manhã
lkar da sua destruição. Sua figura esguia e alta
parecia um elfo de pele e cabelos dourados, que
exalava uma aura de luminosidade. Esta presença
A fé no Senhor da Manhã nasceu na Baróvia
bondosa salvou a vida do pequeno Martyn, que
por volta do século cinco, e se tornou um símbo-
não pode deixar de ver que sua face dourada e
lo de esperança nas noites escuras. Inspirada pela
luminosa também estava manchada de sangue.
visão deturpada de um fiel à Lathander, divinda-
Esta visão do Senhor da Manhã apresenta uma
de ligada ao culto ao sol no mundo de
divindade poderosa, que se manifesta
Forgotten Realms, esta fé aos poucos
nestas terras sombrias trazendo a es-
ganhou terreno entre o povo cínico e
perança e renovação. Contudo, mesmo
desiludido da Baróvia.

Símbolo
sua manifestação divina é manchada
pelo sangue, para mostrar que mesmo
entre os bons de coração pode haver
O símbolo desta fé é um disco dou-
máculas do mal, e que até mesmo entre
rado manchado de rosa.

Mitologia
os que espreitam na escuridão pode haver uma
centelha de bondade.

O Senhor da Manhã representa a luz que ilu-

mina as trevas, o amanhecer que espanta a escuri-
Dogmas
O Senhor da Manhã tem como seu principal
dão e renova as esperanças. Ele é uma divindade
dogma trazer a esperança, e seus devotos devem
ligada às forças naturais e da bondade, e sua luz é
ser a luz que afastará a escuridão. Até mesmo a
uma importante ferramenta no combate às forças
noite mais escura há de ser destruída pelo chegar
das trevas.
da aurora, e os seguidores do Senhor da Manhã
Em outros mundos seu nome era conhecido
devem levar a esperança e salvação para os ame-
como Lathander, mas na Terra das Brumas, seu
drontados e desprotegidos.
verdadeiro nome foi esquecido por seus fiéis.
Os seguidores do Senhor da Manhã devem
O fundador desta fé na Terra das Brumas era
sempre agir com compaixão, esperança e perse-
apenas uma criança quando as brumas o levaram,
verança. Acima de tudo, os devotos do Senhor
juntamente com sua família, para as sombrias
da Manhã acreditam ser um instrumento de jus-
terras da Baróvia. Em sua primeira noite nestas
tiça divina, portadores da luz e da esperança, e
terras, perdidos e assustados, eles foram atacados
dedicam-se à destruição dos Mortos Vivos, os
pelas criaturas da noite, e mortos vivos bebedores
inimigos de sua fé.
de sangue vieram para ceifar sua vida.
Os sacerdotes rezam para o Senhor da Manhã
Quando sua família havia sido assassinada
ao amanhecer, e tem como arma preferida uma
pelos vampiros e tudo estava perdido, o Senhor
lança curta, que representa um raio de luz dou-
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
rada do amanhecer.
História
O Culto do Senhor da Manhã tem seu iní-
cio no ano de 475 BC do Calendário Baróviano.
O jovem Martyn Pelkar ainda era uma criança
quando ele e seus familiares foram tragados pelas
brumas para as terras da Baróvia.
Perdidos, estes forasteiros são atacados du-
rante a noite por vampiros, que assassinam os
membros da família de Martyn Pelkar. Em medo
e desespero, Martyn orou pelo Senhor da Ma-
nhã, uma fé que pouco compreendia em sua tenra
idade.
Suas preces foram atendidas, quando uma fi-
gura alta e esguia, de cabelos loiros e pele dou-
rada se aproximou, com o rosto manchado de
sangue. Aos olhos de Martyn essa figura tinha
uma luminescência sobrenatural, e interveio por
sua vida, afastando as criaturas da noite.
O massacre da família de Martyn Pelkar foi
culpa de Strahd Von Zarovich e suas crias vam-
píricas, mas a salvação da criança se deu a pedido
de Jander Sunstar, um elfo dourado e vampiro
que conseguira manter sua essência bondosa e
não sucumbir a sede de sangue e maldade que
corrompe sua estirpe vampírica. Aos olhos da
criança, ele havia sido salvo pela graça do Se-
nhor da Manhã, uma divindade que era adorada
por seus familiares, mas cujo nome ele sequer
se recordava.
Martyn Pelkar se tornou um órfão em terras
estranhas, e iniciou as pregações sobre o Senhor
da Manhã, com base em seu salvador misterioso e
nas incertas memórias dos dogmas da fé de seus
familiares.
Taxado de louco, ele permaneceu por muito
tempo pregando para o povo cético e sem espe-
rança da Baróvia, que há muito já haviam abando-
nado a antiga fé de Andral. Sua primeira acólita
foi Sacha Petrovich, que tal qual como ele era
uma órfã, e juntos eles montaram o Santuário do
Socorro Abençoado na vila da Baróvia.
O Culto do Senhor da Manhã teve um cres-
cimento lento mais constante, e firmou suas ra-
ízes nas terras da Baróvia, onde sua mensagem
de esperança é um dos poucos alívios para sua
sofrida população.
Organização
O Culto do Senhor da Manhã não tem uma
estrutura rígida. Suas figuras de autoridade são
respeitadas não por força de uma hierarquia re-
 - 158 -
ligiosa, mas por reconhecimentos de seus feitos,
como fundadores de templos e propagadores da
fé, ou por atos de grande bravura e sacrifício.
O Culto costuma canonizar os mártires que
se sacrificaram em nome de seu credo, e estas
figuras são adoradas por membros de um deter-
minado templo. Um exemplo é a Abadia de Santa
Markova, em Baróvia, que foi assim batizada em
homenagem a uma sacerdotisa que foi mártir em
nome da fé.
Não existe hierarquia entre os templos e cada
unidade funciona de forma autônoma e indepen-
dente.
Sede e Propagação
A sede original do Culto do Senhor da Manhã
se localizava na vila da Baróvia, no Santuário do
Abençoado Socorro. Com o passar das décadas, a
sede do Culto se mudou da vila da Baróvia, indo
primeiro para Valaki, e depois migrando para a
cidade de Krezk, como se buscasse distância do
castelo Ravenloft e de Conde Strahd Von Zaro-
vich.
Atualmente o principal templo do Culto do
Senhor da Manhã se localiza em Krezk, no San-
tuário da Primeira Luz.
O Culto do Senhor da Manhã cresceu de for-
ma lenta e gradual na Baróvia, mas firmou suas
raízes na cultura dos Baróvianos ao longo dos
anos. Atualmente, a fé passa por uma expansão,
à medida que o povo Gundarakita, recém anexado
ao reino da Baróvia, tem entrado em contato com
os ensinamentos do Culto.
A propagação também se dá através dos cân-
ticos sagrados. Alguns livros com os principais
cânticos a serem cantados nas primeiras horas da
manhã é o Hinos À Alvorada.
Possibilidades Sinistras
A órfã Sacha Petrovna, a primeira acó-
lita do Culto, trouxe ao Culto do Senhor
da Manhã seu desejo de vingança con-
tra as forças das trevas. Ela se dedicava
a tarefa de exterminar vampiros e outras
criaturas da noite.
Suas ações inspiraram a criação de
uma doutrina secreta conhecida como
o Clarim da Meia Noite, e a formação
da sociedade secreta dos Assassinos do
Amanhecer. Este grupo se divide entre os
Arautos, que ativamente caçam e extermi-
nam estas criaturas, e os Ouvidores, que
pesquisam os segredos e fraquezas destas
monstruosidades.
No Santuário da Primeira Luz, em
Krezk, está guardada uma mórbida relí-
quia que tem poderes sobrenaturais. As
Mãos do Curandeiro da Manhã são mãos
mumificadas de Martyn Pelkar, amarra-
das por um cordão antigo, e que supos-
tamente tem poderosos dons curativos,
sendo capazes até mesmo de curar a li-
cantropia.
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
O Culto
de Erlin
O culto macabro de uma divindade perversa
da morte e violência sobrevive em meio a fanáti-
cos e orgulhosos Gundarakitas.
Símbolo
O símbolo desta fé é uma foice e um facão de
abate banhados em sangue e cruzados sobre um
círculo contendo o céu noturno estrelado.
Mitologia
As origens de Erlin podem ser
rastreadas até a figura demoníaca
conhecida como Irlek-Khan. Esta
entidade maligna era adorada de for-
ma tribal pela Horda de Neureni, mas seu
culto foi corrompido pela influência de Duque
Gundar e seus decretos tirânicos.
Erlin é uma Deus enganador e malicioso, e
teria trazido a morte ao mundo através de uma
artimanha jocosa, ao convencer os homens de
que seu fim era inevitável.
Tendo se tornado uma divindade da morte,
Erlin usa seus inúmeros servos demoníacos para
colher a vida dos homens, mas é relapso ao fisca-
lizar seus servos, e por vezes os mortos escapam
de seu destino e se tornam mortos vivos.
Dogmas
Erlin é um Deus maligno e enganador, que
governa o caos e a morte.
Os devotos a Erlin prestam tributos ao seu
caótico e cruel Deus por medo de desagradar seu
temperamento inconstante, e se tornarem vítimas
de seus servos demoníacos.
Aqueles que seguem ao Deus Erlin pregam
sua palavra com fanatismo e demandam o temor
dos fiéis. Eles são instrumentos do caos e da
morte e exercem a vontade divina de Erlin entre
os homens.
Os cultistas de Erlin tem como arma preferida
o machado de batalha.
História
O culto tribal Irlek-Khan era praticado
pela Horda Neureni, um povo invasor
chamado por muitas terras de bárba-
ros e invasores.
Quando Duque Gundar conquis-
tou as terras onde outrora se esta-
belecia o domínio de Gundarak, ele
corrompeu a figura demoníaca de Irlek-
-Khan e a transformou em Erlin, uma divindade
da morte de sua terra natal.
A fé de Erlin era vazia, e nenhum de seus
sacerdotes conseguia manifestar qualquer ben-
ção divina. Tal ausência de poder não impedia
o fanatismo de seus seguidores, tementes dos
caprichos da traiçoeira e caprichosa divindade
da morte.
Por muitos anos a religião foi um mecanis-
mo de controle, imposto pelo cruel Duque Gun-
dar. Quando o Lorde Sombrio de Gundarak foi
destruído, a adoração forçada a esta entidade foi
abandonada, e aos poucos o temor de ser ceifa-
do pelos demônios que serviam Erlin foi sendo
abandonado pelos Gundarakitas.
Enquanto muitos Gundarakitas se juntavam
ao benevolente Culto do Senhor da Manhã, a
crença em Erlin sobreviveu apenas entre a popu-
 - 160 -
lação mais velha ou fanática, e caminhava para o
esquecimento.
Contudo, rumores sinistros apontam que o
Culto está ressurgindo entre Gundarakitas, e que
Erlin finalmente tem concedido poderes divinos
aos seus sacerdotes.
O rebelde Gundarakita Emanuel Maryszkas
foi encurralado por soldados Baróvianos, e afirma
que após clamar o apoio de Erlin, uma onda de
medo afetou os seus perseguidores. Desde en-
tão ele se tornou o líder de um culto secreto a
esta divindade, e tem atraído mais fanáticos a
seu credo.
Organização
O culto de Erlin funciona de forma sigilosa e
tem como líder o autodeclarado Sumo Sacerdote
Emanuel Maryszkas, que primeiro desenvolveu
sua conexão com poderes divinos de sua fé.
Sede e Propagação
O Culto de Erlin é usado como um símbo-
lo da nação Gundarakita e se tornou também
um símbolo para os rebeldes que lutam contra a
opressão dos seus conquistadores, os reinos da
Baróvia e Invidia.
Sua natureza clandestina e secreta impede este
culto de ter uma sede definida.
Sua propagação está restrita aos Gundarakitas
que ainda se apegam as velhas tradições, mas tem
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
crescido entre os rebeldes que enxergam no culto
um símbolo de identidade nacional e uma forma
de rebeldia contra seus opressores.

Possibilidades Sinistras
O renascimento do Culto de Erlin está
ligado à súbita conexão de seus sacerdotes
com o divino, e ao crescimento do sen-
timento nacionalista dos Gundarakitas,
oprimidos pela Baróvia e Invidia.
Seu líder Emanuel Maryszkas tem
buscado um acordo com o líder separatis-
ta Ardonk Szerieza, para juntarem forças
para inflamar o coração dos Gundaraki-
tas. Contudo, o violento temperamento
do líder do Culto de Erlin e seus constan-
tes acordos com vampiros dissidentes de
Strahd é visto com maus olhos pelo líder
do movimento rebelde.
 - 162 -
A Igreja Deuses e desceu ao mundo dos mortais.

de Hala
Lá ela procurou por mortais para ajudar a
aplacar o sofrimento deste povo, e estes se tor-
naram seus primeiros sacerdotes. Dentre estes
A Igreja de Hala é uma fé envolta em
sacerdotes, ela elegeu os treze indivídu-
segredos e misticismo. Seus prati-
os mais devotos à causa para revelar
cantes buscam conhecer o segre-
a estes os segredos dos Deuses.
do da Trama, uma forma antiga
Hala revelou para estes treze
de magia, e muitas vezes são
indivíduos os segredos da Tra-
perseguidos por seus credos,
ma. Estas sete mulheres e seis
práticas e convicções.

Símbolo
homens tornaram-se os primei-
ros bruxos consagrados de Hala,
e suas essências foram ligadas a
O símbolo desta fé é um anel for-
Trama.
mado por treze serpentes, uma devoran-
Hala ensinou aos seus bruxos consagrados
do a cauda da serpente que a antecede.

Mitologia
a sentir a Trama e enxergar os padrões criados
pelos Deuses para costurar o Caos. Com este
poder, eles deviam prosseguir com os desígnios
A mitologia da fé de Hala está registrada no
de Hala e aliviar o sofrimento dos mortais no
livro conhecido como o Conto das Eras.
mundo.
Este livro atesta que no início havia apenas as
Embora tenham descoberto os segredos mís-
brumas do Caos, até que nove Deuses decidiram
ticos dos Deuses, os corpos dos mortais eram
criar um mundo, onde os mortais iriam habitar
frágeis e incapazes de ser condutores perfeitos
para criar seu próprio destino, e viver suas gló-
deste poder. Além disso, corpos masculinos e
rias e sofrimentos.
femininos conduziam o poder da Trama de for-
O plano dos Deuses era abandonar este mun-
mas diferentes.
do após a sua criação, deixando os mortais à sua
Esta diferença entre homens e mulheres criou
própria sorte. Hala, uma destes nove deuses,
ao longo do tempo inveja, divisão e disputa entre
percebeu que os mortais não tinham poderes ou
Bruxos e Bruxas, e um conflito quase teve início.
sabedoria para prosperar neste novo mundo, e
Hala então interveio novamente, e ensinou a ho-
que logo este local estaria repleto de dor e so-
mens e mulheres como buscar em seu interior
frimento.
seus lados feminino e masculino.
Os Deuses abandonaram o mundo à sua pró-
Percebendo que haviam sido tolos em seus
pria sorte, com a exceção de Hala. Sensibilizada
conflitos, os treze bruxos e bruxas consagradas
com o sofrimento destes frágeis mortais com cor-
decidiram suprir as suas falhas mortais através
pos imperfeitos de carne, Hala traiu o acordo dos
de sua união em Irmandades para ampliar seus
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
poderes.
Dogmas
Os devotos de Hala acreditam ter sido in-
cumbidos por sua Deusa com o dever sagrado de
aliviar o sofrimento do mundo. No cumprimento
de sua missão eles não tentam converter fiéis ao
seu credo, e acreditam que cada ser deve buscar
seu próprio caminho e papel no mundo.
Os membros desta fé lideram através do exem-
plo, e apenas recebem em seu meio aqueles que
são atraídos pela genuína vocação ao estudo dos
mistérios da fé e da Trama.
Ao cumprir este papel os fiéis não devem
buscar qualquer reconhecimento ou tratamento
diferenciado em sua missão, e prezam pela dis-
crição ao exercer seu ofício sagrado em meio a
sociedade.
A exposição aos segredos ocultos e a magia
da Trama pode ser perigosa. Este tipo de magia
é acusado por muitos de ser bruxaria sombria,
que envolve a manipulação de forças perigosas.
Muitos associam este credo e suas práticas de
ocultismo ao surgimento de Calibans, e aqueles
que se perdem de seus dogmas podem acabar se
corrompendo e se transformando em megeras.
Os devotos de Hala tem como arma preferida
a adaga.
História
O passado do credo de Hala está perdido em
mitos e lendas, e ninguém sabe ao certo a quanto
tempo está religião se espalhou pelo mundo.
Se as crenças de seus mitos forem compreen-
 - 164 -
didas em sua literalidade, o credo de Hala existe
desde a criação do mundo, quando Hala desceu
até a terra para compartilhar sua caridade com
os mortais.
As crenças e ritos deste credo são ancestrais,
mas é impossível afirmar se este credo se iniciou
fora das brumas, em um mundo distante, ou se
tais lendas não passam de uma alegoria.
O estudo do passado desse culto fica ain-
da mais difícil quando seus membros atuam de
forma discreta e não intrusiva, dificultando sua
identificação em meio a sociedade.
Alguns membros do culto de Hala acreditam
que Ezra, a mortal que se fundiu às brumas para
se tornar uma Guardiã dos Mortais era uma das
bruxas originais do credo de Hala.
Embora o passado deste culto seja difícil de
perscrutar, suas recentes interações com outras
religiões têm se mostrado problemáticas. Embora
não atuem na conversão de fiéis, este culto tem
sido perseguido por outros credos, como a Igreja
de Ferro de Bane, a Inquisição Tepestiana, e até
mesmo por algumas das seitas da Igreja de Ezra.
Organização
A Igreja de Hala não tem uma organização
central ou hierarquia pré-definida. Seus devo-
tos muitas vezes vivem em segredo em meio ou
às margens de comunidades, como tradicionais
curandeiras ou eremitas sábios.
Quando se reúnem em grupos eles criam
Asilos e Hospícios, onde praticam seu culto e
oferecem apoio e cura para os doentes e necessi-
tados, e tais grupos costumam ser liderados pelos
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
membros mais antigos da fé.
Entre aqueles que se dedicam ao estudo mís-
ticos da Trama e do oculto, é comum que eles
se organizem em Irmandades. Estas Irmandades
são compostas de pelo menos três membros,
usualmente lideradas por seu fundador e tradi-
cionalmente são compostas por membros de um
mesmo sexo.
Os iniciados em uma Irmandade passam por
um ritual através do qual conhecem os segredos
mais obscuros de seus Irmãos, e conectam suas
almas. Este elo formado entre os bruxos ou bru-
xas consagradas é extremamente forte, e os per-
mitem a invocação de grandes poderes místicos
em rituais.
de Hala. Este livro tem propriedades mágicas, e
gera uma aura sagrada que afasta licantropos. A
leitura de seus textos sagrados em voz alta pode
quebrar encantamentos e livrar vítimas da domi-
nação vampírica.
Na parte leste da Falkovnia, encontra-se o
Asilo das Cabeças Abaixadas, onde outra relíquia
é mantida. O Crânio da Sétima, supostamente
pertenceu a uma das sete bruxas originais que
aprenderam diretamente de Hala. Muitos alegam
que este Crânio pode se animar e convocar pode-
res sobrenaturais, e o fez para defender o Asilo
de ataques dos exércitos de Drakov.
No sul de Richemulot se encontram ruínas
de um antigo templo conhecido como o Santuá-

Sede e Propagação
A Igreja de Hala não tem uma sede central ou
rio da Dama Esquecida, um dos poucos templos
dedicados a adoração de Hala. Nestas ruínas, re-
side uma matrona cega chamada Balihnda, que
hierarquia. Seus devotos se organizam em asilos acumula conhecimento antigo sobre Hala. Esta
e hospícios e atuam de forma silenciosa e perene criatura na verdade é uma Bruxa Anis que se pas-
no alívio do sofrimento dos necessitados e no sa por uma sacerdotisa, para assassinar e matar
combate às forças das trevas. peregrinos que buscam este lugar por iluminação.
Este credo não busca ativamente propagar sua
fé, mas seus sacerdotes estão abertos a compar-
tilhar seu conhecimento e tradições com aqueles
que buscam os caminhos místicos de Hala.
Um de seus maiores Asilos se localiza nas
proximidades de Rotwald, em Valachan, conhe-
cido como o Hospício das Mãos Curadoras. Este
Asilo é famoso por manter uma vasta biblioteca,
e abriga tomos sagrados e relíquias da fé.

Possibilidades Sinistras

O Asilo das Mãos Curadoras de Rotwald abri-

ga em sua biblioteca o Conto das Eras, um livro
ancestral que relata os mitos de criação da fé
 - 166 -
Ordem Eterna
A Ordem Eterna é uma religião criada atra-
vés da codificação de crenças, mitos e folclores
das diferentes culturas e povos de Darkon. Esta
religião mórbida acredita que um dia os mortos
voltarão para retomar o mundo dos vivos, e ve-
neram divindades da morte para aplacar os
mortos e adiar a Hora da Ascensão.
Símbolo
O símbolo desta fé é um
crânio humano encapuzado
no centro de uma cruz.
Mitologia
As crenças codificadas pela Ordem
Eterna relatam que, no passado, tudo era
apenas o Cinza, e os mortos dominavam o
mundo. A Morte, uma entidade que era a encar-
nação da entropia e destruição, governava sobre
o mundo e sobre os espíritos dos não nascidos,
e mantinha guardado o segredo da vida, sua an-
títese, em suas garras ossudas.
Um dia, Darkonos, um espírito inquieto vis-
lumbrou a centelha da vida nas mãos da Morte,
e despertou de seu torpor. Ele buscou revelar
os segredos do Reino Cinzento e se tornou um
arcano. Tentando replicar a vida, ele criou páli-
das imitações de carne, construindo Golens de
Carne.
Darkonos, então desafiou a Morte, dizendo
que havia descoberto o segredo da vida. Desa-
fiada, a Morte caiu na armadilha de Darkonos, e
para provar que os imperfeitos Golens não eram
seres vivos, exibiu o segredo da vida em suas
garras.
Darkonos surpreendeu a morte, e saltou so-
bre a centelha da vida. Enquanto seu espírito era
inundado pela vida e ganhava um corpo, a Morte
ordenou a seus asseclas que matassem Darkonos.
Ferido de morte, o corpo recém adquirido de
Darkonos sangrou, mas seu sangue se espalhou
pelo Cinza, afastando as brumas. Os espí-
ritos banhados pelo sangue de Darkonos
ganharam vida, e aqueles que apenas fo-
ram respingados por seu sangue
ganharam desejos e vontades,
mas tornaram-se mortos vi-
vos.
Quando as Brumas abri-
ram espaço para a chegada dos vivos,
a Morte e os mortos verdadeiros foram
empurrados para os limites do Reino Cin-
zento.
A centelha da vida é passageira, e um dia to-
dos irão ingressar nas fileiras dos mortos. Sem
a vida, os mortos não sentem nenhuma emoção,
mas a única coisa que os desperta de sua apatia
é o desejo de recuperar aquilo que perderam e
retomar o mundo agora ocupado pelos vivos.
A Hora da Ascensão é um evento inevitá-
vel, quando os mortos escaparão dos limites do
Reino Cinzento e clamarão de volta ao mundo
que lhe pertencia. Cabe aos devotos da Ordem
Eterna realizar cerimônias e rituais para aplacar
os mortos, e adiar o inevitável momento da Hora
da Ascensão.
Dogmas
Este mundo pertenceu aos mortos, e os mor-
tos voltarão um dia para clamar o que lhe per-
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
A religião celebra ainda diversos festivais, sen-
do dois deles os mais importantes. O Festival dos
Mortos é uma festa colorida e animada, em que
a chegada da vida é celebrada, e desfiles são rea-
lizados em que pessoas vestidas com máscaras e
vestes macabras simulam a fuga dos mortos para
os limites do Reino Cinzento.
A Noite mais escura é celebrada durante a
noite mais longa do ano, em que se acredita que
os mortos estejam mais próximos do mundo dos
vivos, e observam atentamente a escuridão em
busca de um sinal de vida. Nesta noite sem lua,
todas as fontes de luz devem ser apagadas, sob
pena de se atrair os mortos para o mundo dos
vivos, acelerando a Hora da Ascensão.
Os membros da Ordem Eterna rezam por seus
poderes à meia noite, e tem como arma preferida
a foice.

tence, na Hora da Ascensão.

História
Embora os mitos, lendas e folclore que com-
Os devotos da Ordem Eterna demonstram
põem o credo da Ordem Eterna já existam na
grande respeito e temor aos mortos. A adora-
mente do povo Darkoniano há um tempo incal-
ção de diversas divindades ligadas à Morte e a
culável, a Ordem Eterna somente surgiu há cerca
observância de estritos e complexos rituais e có-
de 60 anos. Azalin Rex, o governante supremo
digos morais é necessária para afastar a chegada
de Darkon, ordenou que estas crenças fossem
da Hora da Ascensão.
codificadas, e criou a Ordem Eterna, a religião
Aqueles que falham em atender a estes rituais
oficial de Darkon.
e demonstram fraqueza moral estão contribuindo
Patrocinada pelo selo real de Azalin, a re-
para a chegada da Hora da Ascensão.
ligião rapidamente se espalhou por Darkon, e
Uma vez a cada quatro noites os devotos de-
cresceu alimentando-se do medo e respeito do
vem comparecer a um templo para um cerimônia
povo Darkoniano pelos mortos. Muitos acusam
ritualística, que começa ao entardecer e segue até
Azalin de ter apoiado tal religião como uma fer-
a meia noite, horário que é considerado a hora
ramenta de controle das massas.
de desequilíbrio, em que os mortos estão mais
Quando os mortos de Darkon se ergueram em
próximos do mundo dos vivos.
massa para combater as forças invasoras Falkov-
nianas, na Campanha do Homem Morto, muitos
- 168 -polis foram um último sinal antes da chegada
Darkonianos temeram a chegada da Hora da As- da Hora da Ascensão e atribuem a culpa por tal
censão, e buscaram o auxílio da Ordem Eterna. evento à falta de devoção e observância dos corre-
Apesar de ser a religião dominante de Darkon, tos rituais pelo povo de Darkon. Atualmente eles
a conduta demandante, abusiva e intrusiva de redobraram seus esforços e fanatismo para com-
seus clérigos é por vezes vista com ressalvas pela bater a influência da Igreja de Ezra em Darkon.
população de Darkon.
A religião estatal sofreu um grande baque
com os eventos conhecidos como Réquiem ou
Organização
A Ordem Eterna tem uma estrutura e hierar-
a Colheita Sombria, no ano de 750 BC, quando quia bem definida e seus membros devem prestar
estanhos eventos levaram ao desaparecimento obediência a seus superiores.
de Rei Azalin e a destruição de Il Aluk, que foi Os líderes dos Templos da Ordem Eterna
transformada em uma necrópole, uma cidade de são chamados de Sentinelas. Todos os Sentine-
mortos vivos. las devem respeito e obediência ao Alto Clérigo
O horror de que a Hora da Ascensão havia da Ordem Eterna, que tem o título de Guardião
finalmente chegado se espalhou por Darkon, e dos Portões.
muitos buscaram por proteção e alívio espiritual Rumores sinistros apontam que o Guardião
fora da Ordem Eterna. A Igreja de Ezra ganhou dos Portões responde secretamente ao Rei Aza-
muitos fiéis durante este período, e o anacore- lin. A Ordem Eterna se encontra atualmente sem
ta Teodorus Raines, que um líder máximo, desde que o últi-
havia profetizado a che- mo Guardião dos Portões pereceu
gada de um cataclisma na tragédia que transformou Il Aluk
conhecido como o Tem- em Necropolis.
po da Escuridão Inigualá-
vel converteu muitos dos
antigos devotos da Or-
Sede e Propagação
A sede da Ordem Eterna era lo-
dem Eterna para a Igreja calizada no Templo da Eterna Pe-
de Ezra. nitência, em Il Aluk, mas após os
A destruição de Il eventos da Colheita Sombria, a ci-
Aluk levou consigo a alta dade se transformou no domínio de
cúpula da Ordem Eterna, Necropolis, e este templo agora está
e a religião se perdeu em tomado por mortos vivos.
disputas internas pelo A cidade de Karg hoje abriga o
poder. Eles defendem maior templo da Ordem Eterna, a
que os eventos de Il Aluk Igreja dos Mortos Lamentosos, co-
e a formação de Necro- nhecida por seu enorme mural em
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
cores cinzentas e escuras, que retratam a tristeza é muito forte.
dos mortos ao verem a chegada dos vivos.
Possibilidades Sinistras
O Templo
A religião da Ordem Eterna foi criada por
dos Espíritos em
Azalin com base em crenças comuns do povo de
Neblus é outro
Darkon, como uma ferramenta de controle das
importante tem-
massas. Esta subordinação de seus Alto Clérigos
plo da religião, e
ao soberano de Darkon fazia com que muitos
abriga muitos te-
membros desta fé, embora lutassem para afastar a
ólogos e filósofos
Hora da Ascensão, se consorciassem com Mortos
que se dedicam a
Vivos e cumprissem os desígnios do Rei Lich.
estudos místicos
Em Necropolis, outrora a cidade conhecida
da fronteira das
como Il Aluk, os mortos vivos continuam a se-
Brumas e sobre a
guir os preceitos da Ordem Eterna, mas perver-
natureza do além vida.
teram o seu significado. Agora eles acreditam que
A Ordem Eterna nunca teve grande alcance
o estado de morto vivo é o desejável, e que cabe a
fora de Darkon, mas era a religião dominante no
eles cumprir a profecia da Hora da Ascensão para
reino, até os eventos da Colheita Sombria, em
retomar Darkon das mãos e controle dos vivos.
750 BC. Após estes eventos, a fé perdeu bas-
tante espaço para a fé de Ezra, especialmente nas
cidades de Fontes de Nevuchar e Maykle. A fé
também nunca conseguiu fixar uma base sólida
na Baía da Martira, onde a crença no Supervisor
 - 170 -
A Igreja morte súbita.

de Ferro
A mitologia da Igreja de Ferro se desenvolveu
principalmente no Reino de Nova Vaasa, sede
da Igreja de Ferro na Terra das Brumas. O mito
A Igreja de Ferro é uma religião originalmente
atualmente propagado por esta Igreja atesta que
derivada do culto a divindade Bane do mundo de
o Legislador é o único e verdadeiro Deus, e que
Toril, mas esta religião sofreu grandes transfor-
ele criou o mundo de onde as Terras de Nova
mações na Terra das Brumas. Hoje o verdadeiro
Vaasa e Hazlan existiam antes de serem tragadas
nome da divindade foi perdido, e ele é adora-
pelas brumas.
do por diferentes alcunhas, como o Legislador,
Tendo criado o mundo, as criaturas que o
o Tirano de Ferro ou o Senhor Sombrio. Esta
habitam e o plano celestial de onde governaria
fé reconhece o direito divino de governantes e
o universo, ele escolheu um único mortal, que
estabelece uma rígida estrutura social garantida
detinha as melhores qualidades, para ser seu re-
através da ordem e obediência dos súditos e fiéis.

Símbolo
presentante no mundo. Ele sussurrou em seu
ouvido seu nome verdadeiro e este homem foi
iluminado por seu poder.
O símbolo desta fé é uma ro-
Este mortal se tornou o primeiro governante,
busta lança de ferro, ligada por
e escreveu os primeiros textos sagrados da fé,
dois elos de bronze.

Mitologia
trazendo ensinamentos do Legislador para seus
súditos. Por 500 anos ele viveu, mas ao morrer,
seus 36 filhos não respeitaram as leis divinas e
A Igreja de Ferro origi-
de herança, e passaram a disputar pelo controle
nalmente adotava os mitos e
de seu império.
lendas que cercavam o culto
O reino dos mortais se degenerou em guerras
a divindade de Bane, de um
e disputas, e a pureza da criação foi maculada.
mundo distante. Contudo, o
Muitos mortais passaram a adorar falsos deuses e
isolamento pelas brumas, e a
espíritos servis como divindades e ofenderam ao
própria natureza do Semiplano do
seu criador. O Legislador então passou o primei-
Medo fez com que os adoradores de
ro julgamento divino, e alertou que apenas o faria
Bane da Terra das Brumas desenvolvem uma
por mais três vezes. Se tivesse que interferir além
nova interpretação de suas lendas e dogmas.
disso, ele traria o fim para toda a sua criação.
Esta derivação do credo em Bane gerou uma
Seu julgamento dividiu sua criação em mui-
nova mitologia e crença, e até mesmo o nome
tas raças, culturas e nações, cada uma refletindo
original da divindade foi esquecido pelos seus
a natureza dos pecados cometidos durante sua
súditos. Alguns acreditam que aqueles que pro-
desobediência. Após esta divisão, os verdadeira-
ferem seu nome verdadeiro poderão sofrer uma
mente fiéis tentaram trazer seus irmãos de volta
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
à sua religião, para a ordem e obediência aos co-
mandos divinos, mas muitos negaram o devido
temor e respeito ao Legislador, e o mundo foi
imerso em caos.
Este comportamento desobediente de sua
criação fez o Legislador passar seu segundo jul-
gamento, e lançar todo o mundo conhecido no
inferno dos escravos, apenas salvando a terra de
Nova Vaasa, onde sua doutrina, ordem e ensina-
mentos foram observados. As terras de Nova Va-
asa foram então levadas a um mundo perdido de
brumas, onde se viram cercadas de outras terras,
repletas de infiéis que deveriam ser doutrinados
na iluminação do Legislador.
O papel da Igreja de Ferro de Nova Vaasa é
impor a ordem do Legislador a este mundo, mas
seus esforços até agora têm sido infrutíferos. A
única nação a aderir ao credo da Igreja de Fer-
ro foi a nação de Hazlan, que foi tragada pelas
brumas do mesmo mundo perdido de onde Nova
Vaasa foi extraída.
Os devotos da Fé de Ferro acreditam que o
Legislador irá ainda passar dois julgamentos, an-
tes de destruir a sua criação. Embora esta não seja
a posição oficial da Igreja, muitos acreditam que
os eventos da Grande Conjunção, que abalaram
a Terra das Brumas e cortaram temporariamente
a conexão e seus clérigos com sua divindade foi
o terceiro julgamento, e que agora a contínua
desobediência dos infiéis aos comandos divinos
resultará na destruição do mundo.
Dogmas
A Fé de Ferro tem seus dogmas registrados
em cinco livros sagrados.
O primeiro livro intitulado de A Verdade de
Ferro estabelece as diretrizes básicas para o com-
portamento e moral de seus devotos e a ordem e
governo. O segundo livro intitulado de Grilhões
de Bronze estabelece leis e punições para aqueles
que desafiam a ordem divina. O terceiro livro
intitulado O Julgamento Negro conta os mitos
de criação e as lendas envolvendo a queda dos
mortais por sua desobediência. O quarto livro,
intitulado de A Fé Escarlate debate teologia e
cosmologia, e o quinto e último livro intitulado
O Livro da Pedra apresenta profecias, provérbios
e alegorias.
A Igreja de Ferro acredita que os mortais per-
deram o conhecimento do verdadeiro nome do
Divino Imperador quando caíram de sua graça.
O legislador é sempre retratado como uma impo-
nente figura coberta em uma armadura completa,
portando uma lança em uma mão e um chicote
em outra.
Entre seus dogmas estão a obediência inques-
tionável à lei e a ordem daqueles que exercem o
mandato divino para governar neste mundo. O
desafio à autoridade legítima e insubordinação
são pecados e ofensas gravíssimas, capazes de
condenar um indivíduo ao inferno.
Apenas a própria Igreja de Ferro é capaz de
reconhecer quem exerce o legítimo mandato di-
vino, e a aqueles que exercem tal poder cabe a
tarefa de punir os ímpios e estimular o bom com-
portamento.
Este credo acredita que as muitas raças que
habitam o mundo foram moldadas pelo Legislador
como um castigo por seus pecados, e que a raça
humana é composta pelos mortais que foram mais
fiéis ao Divino Imperador, permanecendo os mais
próximos à sua verdadeira forma.
 O uso de magia arcana é considerado uma
- 172 -muitos interpretaram tal situação como um teste
ferramenta de corrupção e de caos, e a tolerância
a estas práticas têm causado desentendimentos
entre as Igrejas de Ferro de Nova Vaasa e de
Hazlan.
As cerimônias religiosas são realizadas ao fim
do dia, para não interferirem nas rotinas de tra-
balho, e é esperado que seus devotos compareçam
ao menos duas vezes na semana.
Seus clérigos rezam por bênçãos divinas ao
meio-dia, sob a luz e olhar do Divino Imperador,
e sua arma preferida é o chicote.
História
A igreja de Bane, a Mão Negra, teve sua ori-
gem no distante mundo de Toril. Quando as ter-
ras de Nova Vaasa foram tragadas pelas brumas,
este credo era dominante nesta região, mas as
circunstâncias sobrenaturais de seu ingresso no
semiplano do medo modificaram a visão dos re-
ligiosos sobre suas crenças.
Acreditando terem sido alvo do julgamento
divino do Legislador, a Igreja de Ferro de Nova
Vaasa acredita que é seu dever espalhar a ordem
se sua divindade nesta terra de infiéis. A única
região onde tiveram sucesso até o momento foi
no reino de Hazlan, uma terra que muito se as-
semelha à nação de Thay no mundo de origem
de onde Nova Vaasa também foi tragada.
Durante o período conhecido como a Grande
Conjunção, no ano de 740 BC, o semiplano do
medo foi lançado em violentos tremores e catás-
trofes, e muitos clamavam que um novo julga-
mento divino havia sido decretado.
Durante este período os clérigos do Legisla-
dor deixaram de receber suas dádivas divinas, e
de sua fé. Outros, atualmente considerados he-
reges e punidos por suas palavras, clamavam que
sua Divindade havia morrido, e que eles haviam
adorado uma entidade falsa por todo este tempo.
Quando a Grande Conjunção terminou e a
realidade das Brumas foi restaurada, o poder divi-
no dos clérigos da Igreja de Ferro foi restaurado,
e muitos acreditam que foi o Divino Imperador
quem intercedeu pela restauração da ordem e sal-
vação da Terra das Brumas.
Após a Grande Conjunção, a Igreja de Ferro
em Hazlan tem enfrentado um dilema, eis que o
seu governante Hazlik, até então declarado pela
Igreja como ocupante do mandato divino de go-
vernante daquelas terras, desafiou os editos da Fé
de Ferro e decidiu abrir escolas para aprendizes
de magias arcanas. Esta afronta à doutrina da
Igreja de Ferro foi tolerada a contragosto pelo
Santuário de Ferro de Hazlan, mas tem sido repu-
diado pela Igreja Matriz de Nova Vaasa e promete
ser fonte de conflitos vindouros.
Organização
A Igreja de Ferro tem uma rígida estrutura e
hierarquia e seus membros devem permanecer le-
ais e obedientes aos seus superiores hierárquicos.
A mais alta autoridade da Igreja tem o título
de Himmelsk Naeve, ou o Punho Divino, que
tem autoridade sobre toda a Igreja de Ferro.
Abaixo deste líder máximo estão dois Paves,
líderes e autoridades da Igreja sobre um deter-
minado reino. Atualmente existem dois Paves,
sendo um responsável por Nova Vaasa e outro
por Hazlan.
Cada Pave é servido por um total de quatro
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
Aerkebiskops, que exercem sua autoridade sobre
uma determinada região de um reino. Abaixo des-
tes estão os Biskops, que exercem sua autoridade
sobre inúmeros Dommers, burocratas e admi-
nistradores da Igreja de Ferro. Kontor é o título
dado a um sacerdote que preside as cerimônias
religiosas em algum santuário.
Além desta estrutura hierárquica, a Igreja
mantém quatro Ordens que respondem direta-
mente aos Paves e ao Punho Divino.
A Ordem dos Kunduktors ou Guardiões as-
sume estrito votos de silêncio. Eles atuam na
missão sagrada de zelar pelos mortos, cuidando
de santuários e túmulos. Em seu tempo livre, eles
se dedicam a estudos teológicos sobre a natureza
da morte e do julgamento final dos mortais.
A Ordem dos Gudkaedes ou as Correntes de
Deus são um grupo militarizado que atua na de-
fesa da Igreja de Ferro e na destruição de seus
inimigos e rivais.
A Inquisição de Ferro ou Jernsporgsmaler,
é uma ordem secreta infiltrada dentro da Igreja
que busca descobrir hereges e traidores, e tem
poder e autonomia para atuar como fiscais, juízes
e executores de membros do clero.
A Ordem dos Didakti ou Professores, também
atua em segredo e visa testar a fé de membros
considerados fracos, e constantemente tentam
convencer outros membros de sua Igreja a traí-
rem seus votos e lealdade. Aqueles que se entre-
gam a tais fraquezas são rapidamente apontados
aos membros da Inquisição de Ferro.
Sede e Propagação
A mais alta autoridade da Igreja de Ferro, o
Himmelske Naeve reside em Kantora, a capital
de Nova Vaasa, onde está próximo da autoridade
secular e do Mausoléu dos Eleitos.
Os Paves, autoridades religiosas responsáveis
por cada reino, se situam em importantes tem-
plos.
O Pave de Nova Vaasa exerce seu ofício no
 - 174 -
Santuário da Cidadela Escarlate em Bergovista,
e o Pave de Hazlan ocupa a Cidadela de Ferro na
cidade de Toyalis.
Apesar dos esforços despendidos pela Igreja
de Ferro para propagação de sua fé, sua abrangên-
cia está restrita aos reinos orientais do núcleo,
abarcando os reinos de Nova Vaasa e Hazlan,
possuindo pouco ou nenhum alcance em terras
estrangeiras.

Possibilidades Sinistras
Alguns viajantes das brumas que afir-
mam ter vindo do distante mundo de
Toril por vezes trazem notícias pertur-
badoras de que a divindade conhecida
como Bane está morta. Esta heresia tem
sido fortemente combatida pela Igreja de
Ferro, mas tem levados muitos sacerdo-
tes a questionar se esta não foi a causa do
silêncio do Legislador durante a Grande
Conjunção, e quem ou o que tem atendi-
do às suas preces e benções divinas desde
então.
A Igreja de Ferro não reconhece o sta-
tus divino de outras divindades, e clama
que as deusas de Ezra e Hala são apenas
servas ou concubinas do Tirano de Ferro.
Esta animosidade tem levado a uma cres-
cente tensão com os membros da Igre-
ja de Ezra, e conflitos estão se tornando
crescentes.
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
A Crença no
Supervisor
O culto ao Supervisor é uma religião bastante
popular na cidade de Baía da Martira em Darkon.
Esta divindade a tudo observa, mas não confere
poderes divinos aos seus clérigos. Seus dogmas
e seu culto pregam um forte senso de comunida-
de e prometem corrigir todas as injustiças deste
mundo no além vida.
Símbolo
O símbolo corresponde a dois círculos no in-
terior de dois quadrados, representando um sol
artificial.
Mitologia
A real natureza ou mitos que cercam o Su-
pervisor são um mistério, e talvez só aqueles que
sejam realmente devotos algum dia estarão aptos
a compreender.
Aos seus fiéis basta saber que seu olho divino
a tudo vê, e que sua justiça divina recompensará
todos os sofrimentos no pós vida.
Dogmas
A fé no Supervisor não estabelece uma dou-
trina rígida, mas assegura aos seus devotos que
todas as injustiças e dores deste mundo serão
compensadas no além vida.
Este credo proíbe qualquer idolatria, e nenhu-
ma imagem ou escultura desta divindade pode ser
encontrada. O supervisor não concede bênçãos
divinas, e atesta que aqueles que desejam exibir
tais poderes procuram apenas um meio de domi-
nar e manipular seus irmãos.
Aos fiéis cabe ajudar uns aos outros, mas eles
devem sempre que necessitar buscar o conselho
e orientação das Testemunhas, que ouvirão suas
confidências em segredo e guiarão seus atos.
A arma preferida de seus devotos é uma es-
pada longa.
História
O Culto do Supervisor surgiu na Bahia da
Martira em Darkon a cerca de 100 anos, quan-
do Tavelia, uma vampira nosferatu e membro da
Kargat decidiu criar um experimento de controle
social.
Tavelia reuniu dogmas e doutrinas de diversas
fés forasteiras a Darkon, e iniciou seu experi-
mento para construir uma base religiosa, escre-
vendo o livro Doctrinae, contendo os dogmas
desta nova fé. Seu experimento foi bem-sucedi-
do, rapidamente cativando a carente população
da Bahia da Martira, com promessas de justiça
Divina e pregações sobre a importância da vida
comunitária.
Enquanto a população era convertida ao culto,
Tavelia treinou e inseriu neste culto como cléri-
gos seus servos e crias vampíricas na Kargat. Es-
tes membros eram treinados como conselheiros
e curandeiros, e se tornaram as Testemunhas,
guias religiosos para os fiéis confidentes.
A cerca de trinta anos, Tavelia encontrou
 - 176 -
Derakoth, um homem atordoado e perdido, e
descobriu que ele era iludido e insano. Tavelia
manipulou e moldou as crenças de Derakoth e
o tornou ele o alto clérigo da fé do Supervisor.
O Alto Sacerdote Derakoth continua a liderar
a igreja, e é um homem de fé verdadeira, com
imensa compaixão e paciência, embora sinais
de sua loucura possam ser percebidas por olhos
atentos.
Recentemente Tavelia desapareceu, após se
envolver em uma conspiração contra Rei Azalin,
mas seus agentes secretos continuam atuando
como Testemunhas deste credo, obtendo infor-
mações e manipulando os corações e mentes da
Bahia da Martira.
Organização
O Culto ao Supervisor não tem uma organiza-
ção rígida. Seu alto sacerdote se chama Derakoth
e é conhecido por sua caridade e devoção, ainda
que possa ser contraditório e confuso em seus
ensinamentos.
Abaixo do alto clérigo se encontram as Teste-
munhas, fiéis devotos da religião que são hábeis
conselheiros e curandeiros. Eles atuam como
guias e orientadores para os fiéis, recebendo suas
confissões e súplicas.
Sede e Propagação
A sede do culto do Supervisor é o Templo do
Eterno Equilíbrio, na Bahia da Martira.
Apesar de dominar a fé e os corações dos ha-
bitantes da Bahia da Martira, aos poucos, seus
praticantes têm levado os dogmas de sua fé para
cidades vizinhas, que tem prosseguido longe da
interferência dos agentes de Tavelia.
Possibilidades Sinistras
A fé do Supervisor é uma fraude, um
instrumento de manipulação e ferramen-
ta de controle social. Contudo, recentes
rumores apontam que clérigos e paladi-
nos desta fé estão finalmente recebendo
bênçãos divinas. Os agentes da Kargat se
perguntam que tipo de poder pode estar
por trás destas bênçãos inesperadas.
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •

O Culto de representa as fases da lua e o olho de um

Yutow,
felino.

o Deus Mitologia
Morto
De acordo com os mitos
desta religião Yutow é uma di-
vindade que representa a pró-
A fé em Yutow, o Deus
pria natureza, e se apresenta
Morto, é uma crença que se
como uma figura humanoide de
originou em Valachan e cujos
pele esverdeada. Apesar de ser o úni-
mitos estão fortemente conectados
co e verdadeiro Deus, Yutow é servido
à identidade e passado deste povo. Esta
por uma série de espíritos da natureza e entida-
divindade é uma representação do próprio ciclo
des feéricas, que o auxiliam a manter a harmonia
natural, e sacrificou sua existência material para
e prosperidade.
pacificar e harmonizar os povos de Valachan.
Em um passado remoto, as terras que hoje são
Seus devotos acreditam na integração com os ci-
conhecidas como Valachan eram habitadas apenas
clos da natureza, e na resiliência para suportar e
pelos seus povos nativos. Esta população vivia da
superar os sofrimentos e provações da vida.

Símbolo
caça e da coleta, em comunhão com a natureza,
adorando o Deus Yutow.
Esta idílica harmonia com a natureza foi rom-
O símbolo desta fé é um círculo prateado,
pida pela chegada de colonizadores estrangeiros,
partido ao meio por um diamante vertical, que
que invadiram as suas florestas intocadas com o
intuito de explorar e colonizar estas terras.
- 178 -
Estes invasores chegaram a estas terras com
violência e ganância em seus corações, e os con-
flitos com a população nativa não tardaram a
acontecer. A batalha entre os nativos e os inva-
sores levou ao genocídio e massacre dos nativos,
e a natureza foi devastada pela sua cobiça.
Os nativos imploraram a Yutow que inter-
visse, e expulsasse os nativos destas terras. A
divindade respondeu que não poderia fazer nada
contra estes invasores, pois eles viviam “fora da
natureza” e estavam além do seu alcance.
A pantera, a mais esperta dos animais, foi
quem descobriu um meio de salvar aquelas terras.
O deus Yutow deveria se sacrificar, banhando
aquelas terras com seu sangue. O deus verde as-
sim o fez, e após sua morte, seu espírito partiu
para a lua, de onde observa seus súditos e con-
cede graças a aqueles que o veneram.
Este ato de auto sacrifício trouxe um fim para
o conflito em Valachan, eis que os nativos e os
invasores se fundiram em um único povo, e a
harmonia foi novamente estabelecida. Este novo
povo, os Valachianos, detinham o conhecimento
da natureza e o espírito independente dos nati-
vos, mas também herdaram a linguagem, a cul-
tura e a brutalidade dos invasores.
Este evento ficou conhecido como a Pacifi-
cação, e Yutow passou a ser conhecido pelas al-
cunhas de “o Pacificador”, e “o Deus morto”.
Seus fiéis acreditam que seu espírito ascendeu
à lua, e a tudo observa, aguardando aqueles que
são devotos e fiéis para também ascender a sua
morada após a morte.
Dogmas
Os devotos de Yutow acreditam na sua in-
tegração com o ciclo da natureza, e aceitam as
dificuldades da vida como um meio de provar seu
valor e devoção ao superar estas provações.
Esta religião se opõe ao que considera como
não natural, como a magia arcana e os mortos
vivos, que são combatidos por seus sacerdotes.
A religião de Yutow é monoteística, mas uma
gama de espíritos menores da natureza é conside-
rada seus servos, e estes também recebem preces
e oferendas.
Assim como Yutow sofreu, seus filhos devem
aceitar os sofrimentos impostos pela vida, sem
questionar seu destino, e perseverar para superar
todos os desafios.
Aqueles que são devotos, vivem em harmonia
e obedecem aos mandamentos de Yutow, irão
obter a imortalidade, e ascender a sua morada
celestial na lua.
Os que não tiverem se comportado de acordo
com os dogmas serão reencarnados novamente
após a morte, para mais uma vez sofrer as dores
da carne e ter uma nova chance de se harmonizar
com a natureza. Por fim, os rebeldes e oposito-
res da fé terão sua alma desfeita e misturada às
brumas no momento de sua morte.
Os clérigos de Yutow rezam por feitiços
quando a lua atinge seu zênite, e tem como arma
preferida a foice.
História
A crença em Yutow remonta a tempos ime-
moriais em Valachan, sendo impossível precisar
quando tal culto a este Deus ligado à natureza
teve início.
Os nativos de Valachan que cultuavam tal
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
entidade viviam em harmonia com a natureza, e sobre-
viviam da caça e da coleta. Não há registro histórico
deste período, mas os mitos e tradições orais atestam
que durante este período Yutow caminhava pelo mun-
do, juntamente com seus servos espirituais e feéricos.
Está lendária era de paz e comunhão com a natureza
foi quebrada pela chegada de invasores que pretendiam
colonizar estas terras. Não é possível precisar com cer-
teza esta data, mas acredita-se que este evento tenha
ocorrido por volta de 320 BC.
Os invasores promoveram um verdadeiro massacre
da população nativa, que foi em grande parte extermi-
nada ou escravizada. A situação foi ainda agravada pela
Peste Branca, uma doença que rapidamente dizimou
as populações nativas, que não tinham resistência a
tal doença. O culto ao Deus Yutow foi severamente
perseguido, durante este período.
Estes colonizadores estabeleceram suas vilas, escava-
ram minas nas montanhas, derrubaram a mata nativa e
caçaram as bestas da natureza até quase a sua extinção.
Os exagerados contos dos Valachianos atestam que ta-
manho eram os horrores, que o Rio Arden transbordou
de lágrimas e sangue.
Este genocídio durou por cerca de 20
anos, e foi seguido por um dos mais im-
portantes eventos da mitologia deste cre-
do. Para pacificar as terras em conflito, a
divindade Yutow se sacrificou, banhando
Valachan com seu sangue. Após este ato,
Yutow o Deus Morto, teria ascendido à
lua, e trouxe um fim para o conflito em
Valachan, fundindo nativos e invasores em
um único povo, para restabelecer a har-
monia.
Este novo povo, os Valachianos, de-
tinham o conhecimento da natureza e o
espírito independente dos nativos, mas
também herdaram a linguagem, a cultura e
a brutalidade dos invasores. Este mito que
explica a miscigenação destes povos muitas
vezes é usado para justificar o comporta-
mento violento e os tirânicos governos que
imperam neste reino.
Embora não seja possível saber ao certo
a verdade por trás destes eventos do passa-
do, a crença em Yutow sobreviveu e pros-
perou em Valachan após a pacificação dos
conflitos entre nativos e colonizadores.
Atualmente a religião de Yutow tem
sido manipulada para fins políticos, e os
seus sacerdotes têm legitimado o poder de
líderes locais com as bênçãos de Yutow.
O Barão Urik Von Kharkov se aprovei-
ta do determinismo religioso dos devotos
de Yutow para assegurar sua obediência,
e espalha propaganda de que eventos so-
brenaturais que ocorrem nestas terras são
sinais da aprovação de Yutow ao seu posto
de governante.
- 180 -ferido, sobre o qual jaz escrito “O que jaz morto

Organização
Os sacerdotes do Culto de Yutow são chama-
não pode mais sofrer”.
O culto de Yutow apenas é praticado nas ter-
ras de Valachan, não tendo se propagado para
dos de Moarmekone, e cada comunidade possui reinos vizinhos.
um Moarmekone que é responsável por aquela
região. Possibilidades Sinistras
Estes Moarmekones exercem um importante Os devotos de Yutow acreditam que
papel na legitimidade política local, eis que eles aqueles que vivem em harmonia com a na-
reforçam que as famílias nobres que governam de- tureza são protegidos por sua divindade, e
terminada área o fazem sob as bênçãos de Yutow. terão boas colheitas, pesca e caça. Aqueles
Os Moarmekones também atuam como diplo- que vivem em desarmonia ou não creem
matas que representam o interesse de suas vilas, no poder de Yutow enfrentaram toda fú-
e costumam atuar como mediadores de conflitos ria da natureza, e conhecerão a garra e
entre as comunidades de Valachan. presa vermelha dos predadores.
Embora não exista uma hierarquia formal en-
tre os Moarmekones do culto de Yutow, os sacer-
dotes que representam comunidades maiores ou
mais poderosas têm maior respeito e influência.
Os Moarmekones se reúnem uma vez ao ano
próximo ao Castelo Pantara, sob a luz da lua
cheia, para pedir pelas bênçãos de Yutow sobre
toda Valachan.

Sede e Propagação
A religião de Yutow não tem uma sede ou
centro reconhecido. Existe um local sagrado em
uma clareira perto do Castelo Pantara, onde uma
vez ao ano os seus sacerdotes se reúnem para
um ritual, mas tal lugar não abriga uma sede
permanente.
Seus templos não têm teto, para que a luz da
lua adentre suas paredes, e detêm uma estatueta
de sua divindade antes de seu sacrifício e ascen-
são, um homem verde, de olhos amarelados, com
um rosto em sofrimento e o corpo alquebrado e
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •

O Coro em paz pela maioria das bestas da floresta.

Ancestral
A relação entre o Grande Avô Lobo e os hu-
manos logo se transformou em inimizade, eis que
estes ousavam adentrar suas matas para caçar e
O Coro Ancestral é uma fé das terras de Kar-
disputar as presas com o grande predador.
takass que venera os seus antepassados através da
Na crença do Coro Ancestral, os espíritos dos
música, e acredita que os mortos, ao serem lem-
mortos seguem para um além vida após a morte.
brados, podem conceder suas bênçãos aos vivos.

Símbolo
Não há qualquer julgamento ou pu-
nição envolvido neste mundo es-
piritual, e todas as almas seguem
O símbolo desta fé é uma flauta, e seus
para seu destino após o fim de sua
clérigos sempre carregam este ins-
vida.
trumento.

Mitologia
Contudo, existem dois paraísos distintos. Um
deles reservado à humanidade, e outro para onde
seguem as bestas das matas.
As crenças antigas da população nativa de
Ao morrer, o espírito dos homens se une aos
Kartakass são cunhadas nos mitos e lendas, e
seus antepassados e juntam suas vozes ao Coro
na crença da existência de um mundo espiritual.
Ancestral. Através do relato de suas histórias
Este credo é fortemente inspirado em tradições
e dos cantos de seus feitos, os ancestrais são
artísticas e culturais deste povo.
lembrados e podem interceder a favor dos vivos.
As primeiras lendas de Kartakass remontam
A pior coisa que pode acontecer ao espírito fa-
ao tempo de criação do mundo, quando as bru-
lecido é ser esquecido pelos vivos, e lentamente
mas que cobriam o mundo se dissiparam, e o sol
desaparecer.
brilhou sobre a grande floresta primordial onde
Já o além vida das bestas é chamada de A Flo-
habitavam as grandes bestas do passado.
resta Sombria, onde os espíritos animais passam
O grande avô Lobo era o rei destas florestas,
a eternidade como viveram suas vidas, em har-
e caçava todas as criaturas, que lhe deviam temor
monia natural.
e respeito. Seu principal alvo era o Grande Avô
Contudo, dada a inimizade entre o Grande
Javali, que vivia tentando fugir de suas presas.
Avô Lobo e os homens, os lobos do mundo es-
Um dia, contudo, o Grande Avô Lobo encon-
piritual caçam a alma dos homens, e podem ca-
trou uma clareira na floresta, e lá descobriu os
çar espíritos recém falecidos para arrastá-lo para
humanos, que viviam plantando o solo e derru-
a Floresta Sombria, onde passarão a eternidade
bando parte da floresta. Os humanos deste pas-
sendo caçados no mundo espiritual.

Dogmas
sado remoto vivam em harmonia com o mundo
natural, e aprenderam os sons da natureza, trans-
formando os em música. Assim, foram deixados
A fé acredita que os mortos se juntam no além
 - 182 -
vida em um Coro Ancestral, e prestam reverência
aos mortos através de canções que exaltam seus
feitos e exemplos.
Os sacerdotes desta fé se reúnem todas as
manhãs para louvar e a cada dia cantam uma di-
ferente Mora, uma canção louvando os feitos e
exemplos de seus antepassados.
Através das histórias e canções dos antepas-
sados, os sacerdotes desta fé ensinam a sabedoria
e exemplo daqueles que já se foram.
Este culto tem um alinhamento neutro, e o
pior destino que pode recair sobre um indivíduo
é ter uma vida que venha a ser esquecida por seus
descendentes, sem exemplos de seus feitos ou
ensinamentos a serem cantados na Mora.
Existe uma grande preocupação dos membros
deste credo com a passagem da alma dos mortos
para o além vida. Lobos espirituais as vezes es-
capam da Floresta Sombria para caçar a alma dos
recém falecidos. Louvores devem ser realizados
em ritos fúnebres aos falecidos, para que sua alma
encontre seu caminho em segurança até o Coro
Ancestral.
Os descrentes, suicidas ou pessoas que mor-
rem sozinhas e sem apoio são vítimas fáceis para
estes lobos espirituais. Além disso, se o corpo
for devorado por lobos, sua alma também será
levada para as florestas, onde será para sempre
caçada por lobos pela eternidade.
Por todos estes motivos o corpo de um morto
deve ser preservado para não ser devorado, sob
pena de ser arrastado para este destino terrível.
Famílias com dinheiro constroem lápides de
pedra e até mesmo grades de ferro ao redor de
caixões para não permitir que lobos cavem e de-
vorem cadáveres recentes.
Os mais pobres, realizam um ritual. Enquanto
alguns fazem vigília sobre o corpo, outros seguem
com bodes ou outros sacrifícios para as matas,
e amarram tais animais em árvores, como sacri-
fícios. Após este ato, o corpo é enterrado sem
novas proteções, pois os lobos reais e espirituais
já teriam sido enganados e saciados, e a alma do
falecido poderá se juntar ao Coro Ancestral.
Os membros desta fé rezam por suas preces
ao nascer do sol, e tem como arma preferida o
machado de batalha.
História
O Coro Ancestral luta para sobreviver como
uma religião organizada e conquistar o coração
dos habitantes de Kartakass, e para muitos ele
rapidamente caminha para se tornar uma tradição
e culto esquecido.
Este poderia ter sido o seu destino, não fos-
se pela interferência de Casimir, um polêmico
Mestre Canção que assumiu o posto de líder de
Harmonia em 737 BC.
O órfão incentivou a reforma do Templo da
Canção Divina, e tornou esta religião a fé oficial
da cidade de Harmonia. Contudo, o ressurgimen-
to da religião Coro Ancestral sofreu com inúme-
ros contratempos.
Seu principal apoiador, o Mestre Canção de
Harmonia Casimir, foi revelado como um mons-
tro lupino, e desapareceu em circunstâncias mis-
teriosas. A religião prosseguiu sem seu apoiador,
mas o primeiro sacerdote a ocupar o posto de
Primeira Voz foi assassinado em circunstâncias
misteriosas pouco após a conclusão das obras de
restauração do Templo da Canção Divina.
Em seu lugar, assumiu o jovem e inexperiente
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
Thoris, um órfão e amigo próximo de Casimir,
mas pouco tempo depois de assumir o posto de
Primeira Voz o jovem cometeu suicídio se lan-
çando de um desfiladeiro.
Apesar destas turbulências a religião so-
brevive e experimenta um breve renascimento,
e atualmente tem se consolidado na cidade de
Harmonia.
Organização
Apenas aqueles que têm vozes claras e afina-
das se tornam clérigos do Coro Ancestral, eis que
estas habilidades vocais são necessárias para os
cantos sagrados da Mora.
Seus clérigos são chamados de Mestres do
Coro, e sempre usam vestimentas vermelhas e
douradas e carregam consigo a flauta, o símbolo
de sua fé.
O alto clérigo e autoridade desta fé é chamado
de Primeira Voz.
Sede e Propagação
A fé do Coro Ancestral é um fenômeno local
muito particular da cultura de Kartakass, e não
tem propagação além de suas fronteiras.
O centro desta religião é a cidade de Harmo-
nia, onde existe o Templo da Canção Divina, a
única igreja desta fé.
Possibilidades Sinistras
Rumores sinistros afirmam que Moras
profanas podem ser cantadas com o intui-
to de atrair espíritos lupinos, ou mesmo
controlar espectros de ancestrais.
 - 184 -tura ou espírito que cruzasse seu caminho nas
O Culto ao
Deus Lobo
O culto ao Deus Lobo adora uma divindade
selvagem e bestial, que prega a supremacia de
lobos e lobisomens sobre as criaturas que vagam
pelo mundo. Seus devotos são em sua maioria
lobisomens e se entregam aos seus instintos pri-
mitivos e selvageria.
Símbolo
O símbolo desta fé é a cabeça de um lobo
rosnando, ou a marca de sangue de uma pegada
lupina.
Mitologia
Nos primórdios do tempo o Deus Lobo se
criou ao rasgar seu caminho do ventre das bru-
mas, se separando da essência enevoada para se
tornar matéria, carne, sangue e presas. Sua chega-
da ao mundo foi marcada por brutalidade, sangue,
fome e uivos de agonia.
O Deus Lobo vagou por eras incontáveis, sa-
ciando sua fome e sua fúria contra qualquer cria-
brumas. Ele é a essência da selvageria primitiva,
um arauto de todos os terrores da carne.
Após eras vagando pelas brumas, o Deus Lobo
se cansou de sua solidão. Ansiando por uma al-
cateia para liderar, ele inalou profundamente as
brumas. Ele sentiu as névoas se mesclando a sua
carne, sangue e pelos, e tomado por grande dor
e agonia vomitou suas crianças ao mundo, os
primeiros lobos.
Liderando sua alcateia, ele os guiou pelas né-
voas, até que as brumas se abriram, revelando
uma vasta floresta. Nesta floresta primordial, o
Deus Lobo era o predador supremo, e inúmeras
outras bestas vagavam por estas matas, presas
para a divindade e seus lobos. O Deus Lobo mos-
trou a suas crias como caçar para se alimentar,
e como trapacear a morte, reproduzindo-se para
criar filhotes de lobos.
Com o tempo, os lobos encontraram criatu-
ras desconhecidas, seres estranhos as matas que
eles habitavam. Os humanos pareciam frágeis,
e carregavam suas presas em suas mãos. Apesar
desta fraqueza, os humanos eram astutos, e ao
contrário das demais criaturas, transformavam
o mundo ao seu redor, destruindo as matas com
machados e fogo.
Com ódio e fúria em seus corações, os lobos,
guiados pela sua divindade, atacaram os huma-
nos. Com crueldade, eles invadiram suas cidades,
devorando crianças em seus berços, e atacando
com selvageria a todos que cruzavam seu cami-
nho. Contudo eles encontraram resistência entre
os humanos, que batalharam contra os lobos e os
fizeram retroceder para as florestas.
As florestas queimavam, e por todo lado havia
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
carnificina, até que a batalha chegou a um impas-
se. Contudo, em uma noite de lua cheia, um pe-
queno grupo de humanos se infiltrou na floresta,
e buscou o covil do Deus Lobo. Cercados pelos
lobos, e diante da própria divindade, os humanos
seriam facilmente destruídos. Para a surpresa de
todos, eles se ajoelharam, implorando ao Deus
Lobo que lhes concedesse sua força.
Apesar dos uivos enfurecidos da alcateia, o
Deus Lobo ponderou sobre o pedido dos trai-
dores humanos. Temendo a inteligência e en-
genhosidade dos humanos, ele pensou em um
meio de corromper sua essência a seu favor. Ele
mordeu os homens com suas presas, e depois
rasgou sua própria carne, jorrando seu sangue
sobre as feridas.
Estes humanos receberam a benção da lican-
tropia, absorvendo a força dos lobos, mas man-
tendo a inteligência e astúcia dos humanos. Eles
agora eram lobos escondidos sob a forma huma-
na, capazes de espalhar sua condição com suas
mordidas, e se infiltrar secretamente entre os
humanos.
Com o auxílio de seus lobisomens, o Deus
Lobo finalmente venceu a batalha sobre a huma-
nidade naquela terra de brumas. Outras terras
foram então reveladas pelas brumas, e a batalha
continua, para saciar a fome desta divindade lu-
pina.
Dogmas
Aqueles que creem na fé do Deus Lobo acre-
ditam serem os mestres supremos da mata, e o
terror da civilização. Seus fiéis devem se entregar
 - 186 -
aos instintos mais selvagens para caçar, matar,
alimentar-se, prosperar e reproduzir. Os fracos
devem ser eliminados, e a lua deve ser honrada
como a guardiã dos segredos e do destino. Lobos
são aliados e todas as demais criaturas são presas
a serem abatidas.
Esta fé é praticada quase que exclusivamen-
te por lobisomens, e apenas aqueles infectados
com a licantropia podem se tornar clérigos deste
credo. Apenas alguns poucos loucos e insanos
seguiriam esta fé sem estarem infectados com a
licantropia.
Os sacerdotes do Deus Lobo devem seguir es-
tritos dogmas, sob pena de serem devorados pela
Divindade Lupina a que servem. Um sacerdote
do Deus Lobo sempre deve ocultar ferimentos
em seu corpo, e não pode ser contaminado com
o cheiro de suas presas.
Esta fé não tem textos escritos, e seus dogmas
são repassados oralmente, e através de práticas
cruéis e ritualísticas. Seus ensinamentos determi-
nam aos seguidores que cedam aos seus instintos
primitivos e predatórios, e o ato da caça é uma
prática sagrada.
A prática de sacríficos ritualísticos é comum
em seus ritos, e raças humanoides ou mesmo
outros tipos de licantropos são vítimas de seus
rituais, onde a garganta das vítimas é cortada e
seu sangue ofertado ao Deus Lobo, para que seus
sacerdotes recebam visões de seu Deus em meio
a este frenesi sangrento.
A lua também é venerada por este culto, como
a guardiã dos segredos e do destino, e os devo-
tos prestam-lhe homenagens com longos uivos,
esperando que ela lhe traga bons augúrios.
Os sacerdotes do Deus Lobo rezam por suas
bênçãos no crepúsculo, e não tem uma arma
preferencial lutando com suas próprias garras e
presas.
História
As origens da fé do Deus Lobo remontam ao
antigo domínio de Arkandale. Naquelas terras
repletas de lobos e lobisomens, muitos povoados
humanos faziam oferendas e sacrifícios ao Deus
Lobo, uma entidade ancestral, com o intuito de
evitar os ataques lupinos.
Estas crenças folclóricas foram transformadas
em uma religião por Alfred Thimothy, um lican-
tropo natural que ficou fascinado, e obcecado
com a ideia de que esta divindade representava
suas crenças na supremacia lupina.
Alfred passou a fazer sacríficos e oferendas
ao Deus Lobo, na esperança de se tornar seu
primeiro e grande sacerdote, mas a divindade não
respondia a suas preces. Acreditando que os po-
voados humanos que faziam oferendas ao Deus
Lobo escondiam segredos, Alfred caçou e aterro-
rizou seus acólitos, e devorou todos que falhavam
em lhe confiar os segredos desta fé monstruosa.
Frustrado e enlouquecido, ele se lançou em
um frenesi assassino, matando pessoas e animais
que cruzavam seu caminho, e destruindo os alta-
res e oferendas ao Deus Lobo. Este e inúmeros
outros atos cruéis chamaram a atenção dos Po-
deres Sombrios, e Alfred Timothy se descobriu
como Lorde Sombrio de um novo domínio, nas
selvagens terras de Verbrek.
Alfred descobriu que como um Lorde Sombrio
ele finalmente se conectara com o Deus Lobo, e
se tornou seu alto sacerdote. Líder supremo dos
clãs lupinos de Verbrek, ele finalmente pode-
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
ria implantar seu sonho da supremacia
lupina, e transformar Verbrek a idílica
terra dos lobos.

Organização
O culto ao Deus Lobo não tem uma
estrutura rígida ou hierarquia formal.
Seus líderes religiosos se estabelecem
pela supremacia da força, bem como seu
fanatismo aos dogmas de sua fé.
O líder supremo desta fé é Alfred
Timothy, o Lorde Sombrio de Verbrek
e líder dos clãs lupinos que infestam
aquelas terras.

Sede e Propagação
O culto ao Deus Lobo não se dá em
templos ou igrejas, mas em meio às matas, em
clareiras e antigos círculos de pedra.
Ao norte de Verbrek, nos Picos da Presa do
Inverno, se encontra o Círculo, um local conside-
rado sagrado pela fé do Deus Lobo. Este círculo
de altas pedras, marcadas por runas, sangue seco
e marcas de garras, é o altar de inúmeros sacri-
fícios ao Deus Lobo, e inúmeros relatos atestam
que a própria divindade se manifesta em carne
em meio a suas pedras ensanguentadas.
A fé do Deus Lobo é dominante nas florestas
de Verbrek, mas tem se propagado entre lobiso-
mens que se espalham por outras terras, espe-
cialmente na parte sul do Núcleo.
ele é tomado por fortes emoções, o amal-
diçoado Lorde Sombrio reverte para sua
forma humana. Ele tenta controlar suas
emoções, mas não pode se entregar to-
talmente aos instintos e selvageria, como
determinam os dogmas de sua fé.
Para complicar sua situação, agora al-
guns rumores falam de um lobisomem
aberrante, um ser enorme e monstruoso
que tem vagado pelas florestas de Verbrek,
dominando outros lobisomens com a in-
tenção de se tornar um alfa. Certas fontes
alegam que a criatura é conhecida como
Mãe Fúria.

Possibilidades Sinistras
O Alto Sacerdote do Deus Lobo e Lor-
de Sombrio de Verbrek, Alfred Thimothy,
esconde um terrível segredo. Sempre que
 - 188 -
A Divindade da Dogmas
Humanidade Não existem Deuses, e as crenças nestas en-
A fé da Divindade da Humanidade não presta tidades sobrenaturais não passam de invenções
adoração a nenhum Deus, e se assemelha mais de seres despreparados e atrasados para compre-
a um conjunto de doutrinas e filosofias do que ender a natureza que os cerca.
a uma religião. Estas crenças filosóficas acredi- Esta filosofia teológica tem a convicção de que
tam que a humanidade é a forma mais perfeita e a humanidade é a forma de vida mais próxima
próxima do divino, e que seus membros devem do divino. Como consequência, eles enxergam
se esforçar para atin- os humanos como uma
gir a perfeição física, raça superior a outras
espiritual e emocional raças sencientes, e ape-
para despertar seu po- nas humanos ou raças
tencial interior. que sejam parcialmen-

Símbolo
O símbolo desta
te humanas são aceitas
neste credo.
Através da busca
filosofia é a uma fi- pela perfeição em todas
gura estilizada de um as áreas, a raça humana
homem dentro de um pode despertar a cente-
círculo contido em um lha divina e até mesmo
quadrado. canalizar energias místi-

Mitologia
Os membros desta filosofia teológica não acre-
ditam na existência de deuses, e entendem que
estas visões e mitos sobre divindades são apenas
interpretações equivocadas e atrasadas de pes-
soas despreparadas para confrontar a verdade e
conhecer o seu verdadeiro potencial.
Dentre todas as raças sencientes, a raça huma-
na é a mais perfeita próxima do divino, e através
da busca pela perfeição poderá alcançar seu ver-
dadeiro potencial.
cas e mágicas através de
seu corpo.
Esta filosofia incentiva seus adeptos a se aper-
feiçoarem através da constante busca pela edu-
cação, conhecimento, artes e esportes, na busca
da perfeição plena.
Membros desta ordem filosófica obtêm graças
divinas através da meditação, e tem como arma
preferida o bastão.
História
A filosofia da Divindade da Humanidade se
desenvolveu através de estudos filosóficos e te-
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
ológicos que passaram a questionar a existência
de Deuses e religiões antigas.
Praticada principalmente nas terras de Zhe-
risha, especula-se que tal filosofia tenha crescido
de forma exponencial após aquelas terras terem
sido tragadas pelas brumas, e isoladas do contato
com as terras natais daquele mundo.
Ao perderem contato com credos e religiões
dominantes, os filósofos que desenvolveram esta
filosofia começaram a pregar que o divino não
estaria em uma entidade exterior, mas na pró-
pria forma humana, e que o potencial divino da
humanidade poderia ser despertado através da
busca pela perfeição.
Aliada a outras artes e ciências, esta filosofia
ganhou rapidamente adeptos na cidade de Pari-
don, onde foi estabelecido o Templo da Divina
Forma. Neste local, seus principais monges e
clérigos atuam na educação e aconselhamento
dos seus membros, além de celebrarem ritos de
matrimônio quando dois humanos decidem se
aliar para expandir o seu potencial.
Organização
Os membros desta ordem filosófica se divi-
dem entre monges, que se dedicam a constantes
estudos filosóficos e científicos sobre a natureza
da condição humana, e os sacerdotes, que atuam
como conselheiros e celebrantes de ritos para a
comunidade.
Os que se dedicam ao sacerdócio são chama-
dos de Celebrantes da Humanidade.
Membros desta ordem filosófica se vestem em
túnicas brancas sobrepostas com libres cinzentos
que trazem o símbolo da ordem.
Os membros se reúnem periodicamente em
seminários para debater assuntos nas áreas da
ciência, esportes, filosofia e artes, e seu impacto
na iluminação da condição humana.
Sede e Propagação
A sede desta filosofia se localiza na cidade
de Paridon, no Templo da Divina Forma. Esta
grandiosa construção de pedra tem uma ala prin-
cipal e é cercada por anexos que contêm dormi-
tórios para seus monges e sacerdotes, salas de
convenções, bibliotecas, ginásios, salas privadas
de aconselhamento e até mesmo um albergue para
indigentes.
Apesar de ser dominante na sociedade de Pa-
ridon, esta filosofia ateísta não encontrou espaço
em outras terras do núcleo.
Possibilidades Sinistras
Inúmeros rumores apontam que os
membros da ordem filosófica da Divin-
dade da Humanidade possuem cabalas
secretas para debater assuntos obscuros
e profanos.
Recentemente, membros desta ordem
descobriram a existência de dopplegan-
gers infiltrados na sociedade de Paridon,
e existe um racha entre seus membros,
sobre como tais criaturas devem ser tra-
tadas. Alguns membros entendem que es-
tes monstros são uma perversão da forma
humana e advogam por sua destruição,
enquanto outros defendem o desenvolvi-
mento de uma forma de aprisionar tais
criaturas em uma forma humana definiti-
va, trazendo-as mais próximos do divino.
 - 190 -
A Fé de Zhakata
A fé de Zhakata é dominante nas terras de
G’Henna, onde seu Deus Bestial precisa ser apa-
ziguado por seus adoradores, que lhe fornecem
oferendas e sacrifícios. A igreja de Zhakata im-
põe um governo teocrático e demanda adoração
fanática de seus seguidores.
Símbolo
O símbolo desta fé é um relicário
contendo ossos de dedos humanos.
Mitologia
Zhakata é uma poderosa divinda-
de que deve ser temida e adorada por
seus súditos, e seu poder é absoluto
nas terras de G’Henna. Sua forma é assustado-
ra, de uma criatura humanoide de traços e face
bestial, é geralmente retratada sobre uma pilha
de ossos.
Este deus possui dois aspectos. O primeiro
aspecto, é conhecido como o Devorador, e nesta
forma a divindade é sombria e exigente, e seus
súditos devem ser temerosos de seu julgamento,
sacrificando em sua honra alimentos e vítimas
para saciar sua fome.
Este aspecto de Zhakata está sempre furioso,
e a cruel entidade precisa ser aplacada. Aqueles
que vivem sob seu julgo devem obedecer aos seus
sacerdotes sagrados, que manifestam a vontade de
Zhakata nesta terra, e são os únicos que podem
interceder para aplacar a fúria da divindade.
Aqueles que creem em Zhakata acreditam que
ao apaziguarem os anseios do aspecto Devorador,
contribuem para a chegada do aspecto Provedor
de Zhakata, que virá para o mundo para iniciar uma era
de abundância e plenitude.
Dogmas
Zhakata, o Devorador deve ser temido e apaziguado.
Apenas pelo sacrifício e obediência aos preceitos da fé
poderá ser o aspecto Devorador de Zhakata aplacado.
Zhakata não deve ser desobedecido. Sua palavra é
lei, e a aqueles que o desacatam devem ser
punidos pela morte ou serem transformados
em aberrações, e abandonados para morrer de
fome nas planícies.
Apenas os sacerdotes se conectam à
Zhakata, e conhecem sua palavra e coman-
do. A Igreja de Zhakata é a ordem, e a auto-
ridade de seu sumo sacerdote não deve ser
questionada.
Os verdadeiros devotos devem entregar todo alimen-
to que possuem aos sacerdotes de Zhakata, para que o
Devorador possa ser apaziguado. Ao anoitecer, após a
fome do Devorador ser aplacada, as sobras serão doadas
para serem divididas entre a população.
Aqueles que desejam as graças de Zhakata praticam
o jejum, como demonstração absoluta de sua fé. A mor-
te pelo auto sacrifício através do jejum sagrado é um
motivo de honra para as famílias, que serão abençoadas
pela divindade. Os ossos desses mortos são usados para
decorar as residências, e seus crânios são transformados
em taças ornamentais.
Os Sacerdotes de Zhakata rezam ao amanhecer e
anoitecer, e tem como arma preferida o mangual.
História
O Alto Sacerdote desta fé e o primeiro homem a
propagar a fé de Zhakata foi Yagno Petrovna. Membro
de uma família Baróviana, Yagno teve revelações sobre
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
a existência de Zhakata e passou a adorar tal divindade
com fanatismo e devoção.
No cumprimento de suas obrigações sagradas e
como agradecimento pelas bênçãos recebidas, Yagno
começou a fazer oferendas e sacrifícios para a Zhaka-
ta. Sua fé e devoção não eram partilhadas pelos seus
familiares, e muitos se ergueram contra suas práticas
de sacrifícios, e Yagno teve que fugir ao ser perseguido.
As brumas o encontraram e o levaram até as sagradas
terras de G’Henna.
Yagno encontrou em G’Henna a terra escolhida de
Zhakata, onde ele era a divindade absoluta. Por toda
aquela terra árida era possível vislumbrar inúmeras
estátuas de pedra de Zhakata, e ao chegar a grande
cidade de Zhukar ele iniciou suas pregações fanáticas.
A Fé de Zhakata rapidamente tomou a população de
G’Henna e Yago Petrovna se estabeleceu como o Alto
Sacerdote da fé. A Igreja também se estabeleceu como
uma ditadura teocrática, assegurando que todos obser-
vassem os sacrifícios necessários a Zhakata, sob pena
de enfrentarem sua fúria e serem transformados em
bestas feras para vagar famintas pelas áridas planícies.
Em 740 BC, após os eventos da Grande Conjunção,
G’Henna foi cercada e isolada pelas brumas, perdendo
o contato com as terras ao seu redor. O Alto Sacerdote
Yagno Petrovna redobrou o fanatismo de seus sermões,
afirmando que este evento se deu pela fome e fúria
do aspecto Devorador de Zhakata. Além de redobrar
os sacrifícios exigidos ele baniu qualquer adoração ao
aspecto Provedor de Zhakata.
Organização
A Igreja de Zhakata é também a autoridade máxima
de G’Henna, onde impera uma Teocracia Ditatorial.
A igreja possui uma estrutura hierárquica rígida,
e seus decretos são a lei. Os sacerdotes de Zhakata
usam vestes cerimoniais escarlates e laranja, e o
mais alto sacerdote e autoridade máxima da fé é
Yagno Petrovna.
A Igreja instaurou também a Inquisição, e
seus membros se infiltram entre a sociedade para
descobrir, acusar e punir aqueles que ofendem
aos ditos sagrados de sua fé e despertam a fúria
de Zhakata.
Sede e Propagação
A sede da Igreja de Zhakata se localiza no
Grande Templo de Zhakata da cidade de Zhukar,
uma enorme estrutura de pedra, cercada de inú-
meros anexos, e com altares à Zhakata em seu
topo.
Esta fé é dominante em G’henna, mas não
possui propagação além das fronteiras deste do-
mínio.
Possibilidades Sinistras
Existe em meio aos sacerdotes de
Zhakata um grupo dissidente, conhecido
como o Círculo da Escuridão, que acredi-
ta que Yagno Petrovna tem injustamente
suprimido a devoção ao aspecto Provedor
de Zhakata.
Muitos acusam os clérigos de Zhaka-
ta de se fartarem com os alimentos que
deveriam ser ofertados para saciar a di-
vindade, e outras alegações mais graves
atestam que toda a fé não passa de uma
farsa criada por fanáticos enlouquecidos
e sedentos de poder.
 - 192 -
O Panteão de
Forfar e o culto
à Belenus
O panteão de Forfar é um culto ancestral a
um diferente grupo de divindades. A origem des-
te credo popular remonta à antiga terra de Forfar,
de onde o domínio de Forlorn foi tragado pelas
brumas. Esta crença também pode ser encontrada
em regiões e domínios distantes, embora sofra
com diferentes interpretações e variações em seus
dogmas. Em algumas destas terras, a divindade
de Belenus toma precedência sobre as demais,
e em outras é adorada até mesmo de forma
monoteística.
Símbolo
Em todos os cultos a este
panteão, a divindade solar
de Belenus é adorada, e tem
como símbolo um círculo
dourado com artes estiliza-
das representando o reluzir
do sol.
As demais divindades deste pan-
teão também possuem símbolos próprios.
Daghda uma deusa bondosa da fertilidade, da
trapaça e das florestas tem como símbolo um
caldeirão de ferro.
Diancecht, um deus bondoso da cura, tem
como um símbolo uma folha de árvore.
Brigantia uma deusa bondosa da proteção, da
natureza, da agricultura e dos animais tem como
símbolo uma mulher segurando um martelo.
Lugh, um deus do caos, sabedoria e magia tem
como símbolo uma estrela de oito pontas.
Manannan Mac Lir, um deus neutro das águas,
leis e animais, tem como símbolo um peixe.
Morrigan, uma deusa cruel da discórdia, da
destruição e da guerra, tem como símbolo espa-
das cruzadas.
Arawn, um deus maligno do submundo: da
vida, da morte e da maldade tem como símbolo
um crânio usando um elmo com chifres.
Por fim, Math Mathonwy, um deus maligno
da magia sombria e do conhecimento proibido
tem como símbolo um cetro de ferro.
Mitologia
Esta fé acredita que o universo foi cria-
do pelos Deuses deste panteão, e que
estas entidades ainda governam
aspectos distintos da existência
do universo.
O mito de criação deste
credo atesta que os Deuses
criaram o mundo duran-
te as diferentes estações do
ano. Alguns atestam que estas
criações eram tentativas de criar
mundos distintos, mas que acaba-
ram sendo mesclados posteriormente pe-
los deuses.
A criação do mundo começa na estação da pri-
mavera, quando Daghda (a Deusa da fertilidade e
das florestas), Diancecht (Deus da Cura) e Lugh
(Deus do caos, magia e segredos) trouxeram a
vida as crianças da primavera, seres feéricos que
não conheciam a morte.
Em seguida foi a era do Verão, quando alguns
deuses perceberam que conceder a imortalidade
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
aos seres feéricos havia sido um erro. Os deu-
ses Belenus (Deus do sol), sua esposa Brigantia
(Deusa da natureza e da agricultura) e seu irmão
Manannan Mac Lir (Deus das águas e animais)
deram vida aos filhos do verão, que teriam um
tempo de vida para nascer, viver e morrer. Nesta
era nasceram os homens, as plantas e os animais.
Em seguida veio a Era do Outono, quando al-
guns deuses, invejosos das crianças do verão, de-
cidiram dar vida a suas próprias criações. Arawn
(deus da Morte) e Morrigan (deusa da discórdia
e da guerra) tentaram replicar as criações de seus
superiores, mas trouxeram a vida goblyns, mege-
ras, licantropos e outras aberrações monstruosas.
A natureza maligna dos deuses criadores destas
raças contaminou suas criações, que se tornaram
criaturas vis e cruéis.
Por fim, veio a Era do Inverno. O maligno
Math Mathonwy (Deus da magia sombria e co-
nhecimento proibido), ressentido por seus pares
não o terem convocado para o ato de criação,
criou perversões das crianças da primavera, tra-
zendo à vida os mortos vivos e os elementais da
natureza.
Após os Deuses apresentarem suas criações
foi Belenus (o Deus do sol), que exerceu sua li-
derança e convenceu os outros deuses a unir suas
criações, e assim surgiu o mundo. Este mundo
também seria um espelho da criação dos deuses,
e passaria pelas diferentes eras, até chegar ao seu
fim, após a era do inverno.
Existem diferenças importantes na mitologia
deste panteão entre os diferentes locais onde eles
são cultuados.
Esta crença sobre a passagem das Eras é espe-
cialmente forte em Tepest. Eles acreditam que a
Era da Primavera veio e trouxe os seres feéricos
e imortais, mas que a Era do Verão veio em se-
quência e os humanos conseguiram expulsar os
seres feéricos para os confins do mundo. Eles te-
mem, contudo, que já tenham adentrado a Era do
Outono, e que se não lutarem contra as megeras,
goblyns e abominações, logo perderão espaço e
avançarão a chegada da Era do Inverno.
Em resposta a estes medos, a população de
Tepest tem combatido a influência feérica e de
criaturas da noite, através de uma violenta e im-
placável inquisição.
Nas desoladas terras de Forlorn, a esparsa
população nativa ainda reconhece cada uma des-
tas entidades como divindades independentes.
Os druidas que vivem naquelas terras pregam
a harmonia com a natureza, mas se dividem em
duas facções, uma devotada a Daghda como sua
principal patrona, e outra segue a divindade de
Belenus.
Esta batalha das Eras, pode também ser refle-
tida nas terras de Forlorn, onde estes druidas lu-
tam para restabelecer suas florestas ao equilíbrio,
e os Goblyns comandados por uma força maligna
continuam a devastar aquelas terras.
Por fim, em Nidala, a fé na divindade Belenus
se tornou a única e verdadeira fé, e sobre a lide-
rança da Monarquia Teocrática de Elena Mante-
nedora da Fé, Belenus foi elevado à condição de
Deus supremo e único, e é adorado através de
estritos decretos emanados de sua fanática líder
absoluta.
Dogmas
O culto a este panteão manifesta diferentes
dogmas, de acordo com a região onde são cultu-
ados.
- 194 -
Em Forlorn, dois grupos druídicos tentam
combater as destrutivas forças dos Goblyns. Am-
bos prezam como dogmas a integração com a
natureza e harmonia, mas tem visões distintas
sobre como atingir estes objetivos.
Os druidas que veneram a divindade Daghda
acreditam que os esforços de reconstrução de
Forlorn virá através da pacificação dos conflitos
e da restauração do equilíbrio, e tentam trazer
de volta a estas terras os seres feéricos que a
habitavam no passado.
Os druidas de Forlorn que seguem a divindade
Belenus acreditam que a retomada de suas terras
virá pela extirpação do mal, e buscam ativamente
a destruição dos Goblyns e forças malignas que
devastam aquelas terras.
Por fim, os Goblyns daquela região são devo-
tos de Arawn, o Deus da Destruição, e dedicam a
ele sacrifícios e seus esforços em devastar aquelas
terras.
Em Tepest, todas as divindades são reveren-
ciadas ou temidas por seus habitantes, mas a di-
vindade Belenus é adorada como a divindade líder
deste panteão, e todos os Tepestianos prestam-
-lhe homenagens.
Brigantia e Manannan Mac Lir são adorados
em festivais sazonais, como provedores de co-
lheitas e abundância da caça.
Lugh, Diancecht e Daghda são adorados ape-
nas em festivais, ou quando alguém precisa de
uma benção específica. Embora não sejam con-
siderados malignos, estes deuses são responsá-
veis pela criação dos seres feéricos, e orações
aos mesmos são feitas apenas em momentos de
necessidade, quando um auxílio desesperado da
sorte, uma cura milagrosa, ou ritos de fertilidade
femininos se fazem necessários.
Arawn e Morrigan, divindades associadas a
morte, destruição e conflitos são temidas, mas
por vezes alguns sacrifícios de animais são fei-
tos em sua homenagem para evitar que vilarejos
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
sejam atacados por criaturas da noite.
Por fim, Math Mathonwy é mais temido do
que adorados pelo povo de Tepest, embora algu-
mas vezes orações sejam feitas em seu nome em
funerais, para pedir que ele impeça o retorno dos
mortos como uma das suas crianças do inverno.
Em Nidala, apenas a crença em Belenus é ob-
servada, mas a bondosa divindade do Sol é vene-
rada através de rígidos e estritos editos de sua
governante Elena Mantenedora da Fé. Estes de-
cretos rígidos demandam a devoção absoluta de
seus súditos e nenhum deslize na conduta dos
devotos é tolerado, sob pena de punições públicas
com chibatadas, ou mesmo com torturas e pena
de morte.
Cada um dos deuses deste credo tem uma
arma preferida. Os servos de Belenus tem como
arma favorita a Foice; os de Brigantia usam um
martelo de batalha; os de Diancecht usam uma
adaga; os de Daghda usam um porrete; os de
Lugh, usam uma maça; os de Manannan Mac
Lir usam um tridente; os de Morrigan usam um
montante; os de Arawn usam uma Gadanha; e os
de Math Mathonwy usam um cajado.
História
O panteão de Belenus era adorado pelo povo
de Forfar a tempos imemoriais, quando a tragé-
dia atingiu aquele reino. Após anos de guerras e
conflitos internos, um grande crime foi cometido,
e a região foi tragada pelas brumas.
Nos eventos que ficaram conhecidos como o
Dia da Aflição, Forfar foi cercada pelas brumas, e
seus habitantes foram transformados em horren-
dos Goblyns. Apenas alguns poucos habitantes
que tinham cabelos vermelhos e eram tocados
pelo sangue feérico não foram transformados.
Nestas desabitadas e desolada região que pas-
sou a ser chamada de Forlorn, estes sobreviven-
tes continuaram a cultuar a antiga fé, e mantive-
ram seus cultos em seus círculos druídicos. Os
Goblyns, por sua vez, mantêm um culto distor-
cido a Arawn a deusa da morte e a destruição.
Em Tepest o culto ao panteão já era estabe-
lecido e arraigado entre as comunidades locais
quando estas terras foram isoladas pelas brumas.
A chegada deste reino ao semiplano do medo foi
marcada por uma série de maus agouros, como a
morte de plantações, o nascimento de animais de-
formados, e rebanhos cujo leite continha sangue.
Estes eventos assustadores fizeram as comu-
nidades rurais e isoladas se fecharem em seus
cultos religiosos, e muitos acreditavam que a Era
do Outono se abatera sobre o mundo. Este medo
se agravou, contudo quando a Grande Conjun-
ção ocorreu em 740 BC, e as terras vizinhas de
Markovia e G’Henna desapareceram nas brumas,
dando lugar a misteriosa Greta Sombria.
A ocorrência deste misterioso evento foi
acompanhada pelo crescente avistamento de seres
feéricos, e Wyan, o alto sacerdote de Belenus em
Viktal, alertou sobre a possível chegada da Era
do Inverno, estabelecendo a grande Inquisição
para combater a influência feérica.
Embora tenha enfrentado resistência da co-
munidade de Kellee, a Inquisição Tepestiana
incendiou a mente e os medos da população, e
muitos encontraram seu fim nas fogueiras de
seus julgamentos. Apesar de ter sofrido alguns
reveses, a Inquisição continua ativa em Tepest.
Nas terras que viriam a se tornar Nidala, Ele-
na Mantenedora da Fé era uma poderosa e justa
paladina de Belenus. Por muitos anos ela vagou pelo
- 196 -esta crença também pode ser encontrada em re-
mundo combatendo as forças do mal, até praticamente
extinguir o mal de suas terras. Sua popularidade e fama
subiram a sua cabeça, e com o tempo ela passou a ver
inimigos em fés neutras e até em aliados de outros cre-
dos, e passou a perseguir seus inimigos.
A Paladina passou a defender Belenus como o único
e verdadeiro Deus em sua busca por justiça. Enxergando
o mal por toda a parte ela cometeu crimes hediondos,
e foi tragada pelas Brumas. Nas terras de Nidala ela fi-
nalmente instaurou sua Monarquia Teocrática e agora
submete seu povo a constantes decretos de fé, de forma
arbitrária e violenta.
Organização
A fé nas divindades deste panteão é organizada de
forma diferente em cada região onde ela é adorada.
Nas terras de Forlorn, os druidas se organizam de
acordo com uma hierarquia estabelecida pelo seu poder
e sabedoria.
Em Tepest, o Alto Clérigo de Belenus geralmente
lidera a religião e reside nas instalações do templo de
Viktal. Embora a religião não tenha uma estrutura e
hierarquia rígida entre seus sacerdotes, após a criação
da Inquisição de Belenus o Alto Clérigo passou a liderar
um grupo de fanáticos Inquisidores.
Em Nidala, a líder absoluta da fé é Elena Mantenedora
da Fé, uma guerreira sagrada de Belenus que assumiu
o posto de governante daquelas terras. Existe uma es-
trutura hierárquica abaixo de Elaine, e ela é assessorada
por prefeitos, cavaleiros e clérigos que respondem dire-
tamente ao seu comando.
Sede e Propagação
A origem deste credo popular remonta a antiga terra
de Forfar, de onde o domínio de Forlorn foi tragado, mas
giões e domínios distantes, e que aparentemente
não possuem laços com as terras de Forlorn.
A fé que se originou deste panteão pode ser
encontrada principalmente nos domínios de For-
lorn, Tepest e Nidala.
Nas terras de Forlorn não há qualquer sede
para a fé dos forfarianos. A comunidade druídica
habita nas matas, sem que exista uma sede para
seus cultos. Os goblyns do reino se reúnem em
torno das cavernas do Monte Arawn, e fazem
sacrifícios na fissura conhecida como a Mandí-
bula de Arawn, uma cratera vulcânica que exala
estranhos vapores amarelados.
Em Tepest a sede desta fé se encontra em
Viktal, onde se encontra o maior templo dedi-
cado a fé. A estrutura do templo é anexa a uma
mansão que serve de morada ao Alto Clérigo de
Belenus. Neste local atualmente reside o Inquisi-
dor Wyan, o homem que fundou a Inquisição de
Belenus após os eventos da Grande Conjunção.
Em Nidala, a sede da fé de Belenus está na
Fortaleza da Guardiã da Fé em Touraine, onde
a Cavaleira Protetora Elena Mantenedora da Fé
mantém seu governo.
Possibilidades Sinistras
A Inquisição Tepestiana já saiu do
controle do Alto Clérigo Wyan. O que
começou como uma forma de salvar Te-
pest da influência de criaturas feéricas, se
voltou contra a própria população, e nin-
guém mais está seguro de ter sua conduta
contestada pelos Inquisidores.
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •

O Panteão
de Akiri
O Panteão de Akiri é uma religião antiga
que ainda é predominante nas terras conhecidas
como a Desolação de Âmbar. Este credo cultua
a inúmeros Deuses que compõem este Panteão,
e a religião tem grande influência na vida e po-
lítica destes reinos.

Símbolo
Cada divindade do panteão de Akiri tem um
símbolo próprio.
A divindade suprema deste panteão é Rá, o
Deus sol, criador do universo e líder das divin-
dades. Este Deus tem como símbolo um ankh
sobreposto sobre um disco solar, que está à fren-
Geb, Deus da terra, tem como símbolo uma ca-
te de um triângulo.
beça de touro, sobreposta a um círculo, em frente
Osíris, Deus da agricultura e do renascimento, tem
a um triângulo.
como símbolo um mangual e um cetro cruzados, sobre-
Shu, Deus dos Ares, tem como símbolo uma
posto a um círculo, que estão à frente de um triângulo.
coroa de penas de pavão, sobreposto a um círculo,
Seth, Deus maligno da inveja, da destruição e dos
em frente a um triângulo.
segredos, tem seu símbolo como uma serpente en-
Nut, Deusa do Céu e das Estrelas, tem como
rolada no interior de um círculo, sobreposto a um
símbolo estrelas sobre um círculo, sobreposto a um
triângulo.
triângulo.
Isis, Deusa bondosa da maternidade e feminilidade,
Ammut, Deus maligno com a face de um croco-
tem seu símbolo como dois pares de asas se curvando
dilo e devorador dos mortos, tem como símbolo o
sobre um círculo, sobreposto a um triangulo.
perfil da cabeça de um crocodilo com a mandíbula
Hórus, Deus da justa vingança e da caça, tem seu
aberta sobre um círculo, sobreposto a um triângulo.
símbolo um olho com traços estilizados sobreposto
Tefnut, Deusa da chuva e da umidade, tem como
sobre um círculo, que está à frente de um triângulo.
símbolo gotas de chuva estilizadas sobre um círculo,
Anúbis, Deus da mumificação e guardião do mundo
sobreposto a um triângulo.
dos mortos, tem como seu símbolo a cabeça de uma
Toth, Deus Neutro da Sabedoria e do Conhe-
balança que pesa uma pena e um coração, sobreposto
cimento, tem como símbolo o perfil de uma cabeça
sobre um círculo, que está frente de um triângulo.
de íbis sobreposta a um círculo, e de frente a um
 - 198 -
triângulo.
Bastet, Deusa caótica e felina da agilidade, sa-
gacidade e do prazer, tem como símbolo o perfil
de um gato, sobreposto a um círculo, e de frente
a um triângulo.
Mitologia
A mitologia do Panteão de Akiri estabelece
a divindade Rá como o senhor e criador do uni-
verso.
Rá criou o universo quando o sol emergiu
pela primeira vez sobre o mar de brumas e caos,
e brilhou sobre o mundo conhecido.
Os primeiros filhos de Rá foram Shu, o Deus
do ar, e Tefnut, a Deusa da chuva e da umidade.
Estes irmãos se tornam também um casal, e ti-
veram dois filhos, Geb e Nut.
O primeiro destes filhos foi Geb, o Deus da
terra, e sua irmã Nut era a Deusa do céu e das
estrelas. Estes irmãos também se tornaram um
casal, e tiveram como filhos Osíris, Isis e Seth.
Osíris e Isis se unem como um casal, e tem
como filhos Hórus e Anúbis. Sob a benção e lide-
rança de Osíris, o mundo prospera e a civilização
dos homens tem início.
Seu irmão, Seth, não tolera esta situação, e
de forma traiçoeira assassina Osíris, e espalha os
pedaços de seu corpo pelo mundo.
Sua esposa Isis consegue recuperar as partes
de seu corpo, e com a ajuda de seu filho Anúbis,
prepara o mesmo para a mumificação e renasci-
mento.
Seth desejava ser reconhecido como o novo
líder dos Deuses na terra, mas Hórus, o filho de
Osíris, começa a caçar Seth e os dois se confron-
tam. Apesar de Seth mutilar um olho de Hórus,
a batalha entre os dois não termina, e até hoje
estas forças estão em conflito.
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
Osíris regressou dos mortos pela ajuda de sua es-
posa e filho, e retomou seu posto de líder dos Deuses
no mundo terreno.
A mitologia de Akiri abrange ainda diversos outros
deles, que possuem estreitos laços de sangue e afini-
dade, e é repleta de histórias de conflitos, alianças e
traições.
Dogmas
Este credo cultua e presta homenagem a todos os
Deuses de seu panteão em ritos e homenagens, ainda
que clérigos escolham uma divindade específica como
sua patrona. Ao longo do ano, inúmeras cerimônias e
rituais são realizados em homenagens às divindades,
e oferendas e sacrifícios são realizados para apaziguar
ou conquistar os favores dos Deuses.
Embora Rá seja visto como a divindade suprema,
a maior parte dos devotos de Akiri presta suas devo-
ções diretamente a Osíris, o ressuscitado, que é visto
como o patrono da humanidade e como tendo poderes
sobrenaturais sobre a vida e a morte.
Os devotos ao panteão de Akiri aderem ao princípio
do Ma’at, que reconhece que todas as coisas têm um
lugar e um papel a desempenhar no cosmos.
Ao final de sua vida, a alma de um homem será re-
cebida por Anúbis, o guardião dos mortos, e julgada
por Osíris. Seu coração será pesado em uma balança
e do outro lado estará a pena da verdade. Aqueles que
são considerados puros são recebidos no além vida,
mas os que levaram uma vida indigna são devorados
por Ammut, o devorador dos mortos.
A passagem entre a vida e a morte é objeto de inú-
meros rituais para os devotos desta fé. O corpo deve
ser preparado para o além vida, e inúmeros objetos,
animais, e até mesmo servos acompanham os corpos
mumificados em seus túmulos, para lhe servir no além
vida.
Em virtude dessas crenças, a invasão de um tú-
mulo é considerada como uma terrível profanação, e
furtar um túmulo é um grave crime e pecado mortal.
Os sacerdotes devotos de Rá rezam ao meio-dia,
e tem como arma preferida uma alfange.
Os sacerdotes devotos a Osíris rezam ao nascer
do sol, e tem como arma preferida um mangual leve.
Os sacerdotes devotos a Set rezam ao anoitecer,
e tem como arma preferida uma espada curta.
História
A história de religião do panteão de Akiri re-
monta a tempos imemoriais, e aos primórdios da
civilização de um mundo distante.
Das orlas de um grande rio que atravessava uma
região árida, ergueu-se uma civilização, de uma pe-
quena cidade estado até se tornar um vasto império.
O culto aos deuses deste panteão tornou-se parte da
estrutura social e política deste povo, tornando-se
o elemento de identificação cultural e legitimação
de seus governantes.
Os reis desse antigo império eram chamados de
Faraós, e eram abençoados por Rá, sendo conside-
rados Deuses na terra. Quando de sua morte, eles
eram mumificados e enterrados em grandiosas tum-
bas, para se tornarem os mais importantes servos
de Rá no além vida.
A tragédia e queda desta grande civilização e da
influência da religião do panteão de Akiri ocorreu
pelos pecados e maldição do Faraó Anhktepot. Ob-
cecado com a busca da vida eterna e frustrado com
a incompetência de seus sacerdotes e conselheiros,
ele queimou templos, assassinou clérigos e amaldi-
çoou os Deuses.
Como resultado ele foi amaldiçoado por Rá. Ele
continuou governando como um tirano até que
- 200 -do Aglomerado da Desolação de Âmbar apenas
foi assassinado por seus sacerdotes. Rumores
dizem que seu corpo mumificado se ergueu de
sua tumba, e que o horror morto vivo ainda vaga
pelas areias de Har’Akir.
Após este evento, o capital Muhar perdeu a
conexão com o grande império de Har’Akir, e
tornou-se uma região perdida no semiplano do
medo.
Longe da glória de dias passados, a civilização
sobrevive nas perigosas areias do deserto, e a re-
ligião manteve sua posição de destaque e poder.
Distantes estão os dias dos Deuses Reis Fara-
ós, mas os Altos Clérigos da religião continuam
comandando aquelas terras como uma Teocracia,
governando através de seus editos sagrados.
Organização
A religião do panteão de Akiri é altamente
organizada e estruturada, e geralmente também
se insere no poder secular da região.
Antigamente a mais alta autoridade desta re-
ligião eram os Faraós, considerados como repre-
sentantes dos Deuses entre os homens e gover-
nantes absolutos de uma nação.
Aconselhando os Faraós estavam os altos clé-
rigos, que atuavam como vizires e conselheiros
do governante, e comandavam e organizavam a
hierarquia de seus templos.
Sede e Propagação
A sede da religião do Panteão de Akiri está no
Grande Templo de Muhar nas terras de Har’akir.
Por toda a região e domínios adjacentes é pos-
sível observar que esta religião já foi parte de um
vasto e dominante império, mas nas demais terras
ruínas destes templos podem ser encontradas.
Nas terras de Sebua existem ruínas cobertas
de areia, mas ninguém habita estas terras para
venerar as divindades ou manter seus templos.
Já nas terras de Pharazia, o seu governante Dia-
mabel luta ativamente contra as crenças antigas
para instaurar uma religião própria.
A crença no panteão de Akiri não se propagou
para longe da Desolação de Âmbar, ainda que al-
guns exploradores de terras distantes tenham se
interessado em explorar suas ruínas e desvendar
os mistérios perdidos da antiga civilização que
habitava esta região desértica.
Possibilidades Sinistras
Exploradores de terras distantes têm
organizado expedições para as ruínas per-
didas da Desolação de Âmbar, e alguns
deles têm pilhado antigos artefatos, cer-
cado de lendas e maldições. Um destes
artefatos sombrios é a Pedra da Morte,
um misterioso obelisco que é mantido em
segredo na Mansão Misericórdia, a pro-
priedade da família Boritsi e o lar de Iva-
na Boritsi, uma das governantes de Borca.
Após passar séculos adormecido em
sua tumba, rumores apontam que o Anhk-
tepot, o último Faraó de Har’Akir desper-
tou de seu torpor, e agora vaga novamente
pelo seu império arruinado. Devotos do
panteão de Akiri ainda tentam desvendar
qual será o impacto desse despertar para
toda Har’akir e para os devotos da fé.
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •

O Panteão
de Rajian
O Panteão de Rajian se ampara na crença de
que a vida é um ciclo constante de nascimento,
morte e reencarnação, e que apenas através da
compreensão plena do universo este ciclo pode
ser quebrado. Inúmeras divindades compõem este
panteão, e representam diferentes aspectos da
existência.

Símbolo
O Panteão Rajian possui três entidades divi-
nas principais, responsáveis pela criação, conser-
vação e destruição do universo.
Brama é a força da criação, e tem como sím-
bolo um ovo dourado.
Vishnu é a força da conservação e tem como
símbolo uma flor de lótus.
Siva é a força da destruição e transformação
e tem como símbolo uma chama.
Além desta trindade de divindades principais
inúmeras divindades menores e semidivindades
são adoradas pelos devotos do panteão de Rajian.
Ravana, o Deus dos Rakshasa, tem como sím-
bolo um rasgo feito pelas garras de um tigre.
Tvashtri, o Deus do conhecimento, ciência
e da tecnologia, tem como um símbolo um cata-
vento em frente a um quadrado.
Savitra, é a Deusa da cura e da vida, tem como
símbolo um disco dourado do sol.
Rudra, o Deus da tempestade e do trovão tem
como símbolo dois raios cruzados.
Kali, a Deusa da destruição, morte e renasci-
mento, tem como símbolo quatro crânios amar-
rados em um colar feito de couro.
Indra, o Deus dos do céu e dos climas e tem
como símbolo a face de um elefante branco.
Ratri, é a Deusa da noite e seu símbolo são
quatro estrelas formando um losango.
Yama é o Deus da Morte e Juiz das almas e
tem como símbolo um laço de corda.
Vayu é o Deus do vento e respiração e tem
como símbolo uma pétala de flor.
Varuna é Deus dos oceanos e tem como sím-
bolo um tridente.
Mitologia
O panteão de Rajian acredita que o univer-
so teve início através da divindade Brama, que
representa a força da criação. Foi ele que, das
brumas do caos, criou o universo e os seres que
nele habitam.
Logo após surgiu Vishnu, a divindade que
representa a conservação, e atua na proteção da
criação.
Por último surgiu Siva, a divindade da des-
 - 202 -
truição e da transformação, responsável por des-
truir, transformar e regenerar a criação.
A partir destas divindades responsáveis pela
criação, conservação e destruição, um grande nú-
mero de outras divindades surgiram, represen-
tando diferentes aspectos da existência.
O universo é um ciclo constante de criação,
conservação e destruição, e as almas estão em um
ciclo constante de reencarnação, passando pelo
nascimento, crescimento, morte e renascimento.
Dogmas
A crença dos devotos a este panteão acredi-
ta que a existência neste mundo é um inferno
corpóreo e de eterno sofrimento, e que apenas
pela busca da iluminação espiritual plena um in-
divíduo pode quebrar este ciclo, para alcançar o
nirvana e se unir aos Deuses.
Cada pessoa tem um papel a cumprir em cada
reencarnação, e devem cumprir seu dharma com
verdade e devoção para melhor sua posição social
em uma próxima encarnação.
Esta crença de que a posição e condições de
vida de um indivíduo são reflexo de sua vida
passada levam a um determinismo e imobilidade
social, e reflete na existência de um sistema de
castas, que determina a posição de um indivíduo
na hierarquia social.
A vida dos devotos a este panteão é repleta de
rituais, orações e sacrifícios a inúmeras divinda-
des, e envolvem hinos, danças e cantos. Algumas
seitas mais filosóficas têm criado ordens monás-
ticas dedicadas à busca da iluminação espiritual.
Dentre estas ordens monásticas, os devotos
de Tevastar se destacam. Eles vivem no Grande
Templo da sua divindade e comandam a univer-
sidade que a cerca. Estes devotos têm como arma
preferida a adaga de empurrar.
Já os devotos de Kali, dentre os quais estão
aquelas conhecidas como Irmãs Sombrias, servem
a sua deusa e levam sacrifícios diários para o seu
alto sacerdote e governante de Sri Raji, o Maha-
raji Arijani, que reside no templo de Mahakala.
Dentre os mais altos postos das Irmãs Som-
brias devotas de Kali estão as sacerdotisas conhe-
cidas como Quebradoras do Mundo, que servem
estritos códigos de conduta, e conseguem com
gestos de dança despertar poderosas forças des-
trutivas.
Estas sacerdotisas apenas podem se relacionar
amorosamente com Sacerdotes de Siva. Antes de
meditarem, estas sacerdotisas precisam beber um
gole de sangue, e com seu próprio sangue dese-
nhar símbolos sagrados em seu corpo.
Os devotos de Kali tem como arma preferida
a raquete Gyrene.
História
A história da religião do Panteão de Rajian
remonta a tempos imemoriais, e nenhum histo-
riador consegue apontar a data em que tal credo
teve sua origem.
Nas terras do mundo original de onde emer-
giu o domínio de Sri Raji esta religião foi formada
através da consolidação de inúmeras crenças an-
cestrais dos povos que habitavam os verdejantes
vales de onde emergiu aquela civilização.
Por milênios esta religião cresceu e se propa-
gou, juntamente com o poder e influência desta
antiga civilização, que se tornou um império. A
capital deste vasto império era a grande metrópo-
le de Bahru, onde inúmeros templos aos Deuses
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
se situavam aos pés das montanhas Yamasha.
Durante este ciclo da existência, imperava a
harmonia divina, e não era incomum que algumas
destas divindades enviassem seus avatares para
caminhar pelo mundo entre os mortais.
Este ciclo histórico terminou, quando a tragé-
dia atingiu a grande capital do império. Liderados
por uma força sombria, os Rakshasa de Bahru se
levantaram contra a humanidade, e começaram a
caçá-los para exterminar todos os homens. Ne-
nhuma pessoa sobreviveu a esta caçada sangrenta,
mas a humanidade não morreu sem lutar, e a
cidade ardeu em chamas matando praticamente
todos os Rakshasa.
Alguns teólogos apontam que o próprio avatar
de Ravana, o Deus dos Rakshasa foi assassina-
do nos eventos que cercaram esta tragédia, e as
terras de Sri-Raji foram tragadas pelas brumas.
Estes eventos também marcaram a ascensão
ao poder do Maharaji Arijani, que passou a go-
vernar como Alto Sacerdote de Kali, a partir de
um templo na cidade amaldiçoada de Bahru, e das
Irmãs Sombrias, as sacerdotisas da Deusa Kali.
Para muitos religiosos, estes eventos marca-
ram o fim de um grande ciclo, do qual a divindade
Kali iniciou o processo de destruição da existên-
cia, para iniciar sua reconstrução. A predomi-
nância e influência das Irmãs Sombrias de Kali
e suas exigências por oferendas como sacrifício
de pessoas enviadas até a presença do Marajá
Arijani, são vistas como um sinal destes tempos.
Quando os eventos da Grande Conjunção
aconteceram no ano de 740 BC, as brumas se
abriram ao redor de Sri Raji para revelar os mares
de Saragoss e as Terras Selvagens, e a crença no
panteão Rajian tem interpretado o surgimento de
 - 204 -
novas terras como o início de um ciclo de regenera-
ção e reconstrução do mundo ainda sob o comando
da Deusa Kali.
Organização
Tal qual como a sociedade Rajian, a religião des-
te panteão também obedece às castas determinadas
pelo nascimento e posição social.
Apenas membros de castas mais elevadas e res-
peitadas são aceitos nos templos como sacerdotes e
clérigos, embora a adoração às divindades não seja
restrita a nenhuma das castas.
Embora não existam hierarquia entre os templos
dedicados a diferentes divindades, o atual Maharaji
de Sri Raji, o misterioso Arijani, é também o alto
clérigo da divindade Kali, e usa seu poder sagrado e
secular para impor as cidades de seu reino o envio
diário de uma pessoa para seu o templo Mahakala,
nas ruínas da cidade amaldiçoada de Bahur.
Sede e Propagação
A fé do panteão de Rajian é dominante no domí-
nio de Sri Raji e outras terras adjacentes do Aglo-
merado das Terras Verdejantes, mas encontra pouca
propagação além destas terras.
Embora grandes comunidades tenham pequenos
templos e santuários dedicados a inúmeras divinda-
des, cada uma das grandes cidades de Sri Raji tem
grandes templos devotados a suas divindades.
A cidade de Tvashti é uma cidade construída ao
redor de um grande Templo de Tivashtri, o Deus
do conhecimento, ciência e da tecnologia, e ao redor
de seu templo foi estabelecida uma grande universi-
dade, um dos maiores centros de conhecimento da
Terra das Brumas.
A cidade de Mulandi, ao redor do lago Veda,
foi construída ao redor de um grande templo à
Rudra, deusa da Tempestade e do Trovão.
A cidade de Pakat, pressionada pela sua gran-
de população, mantém dois grandes templos. Um
deles é dedicado à deusa da noite Ratri, e outro
a divindade maior Siva.
Por fim, nas ruínas em Bahur, a cidade amal-
diçoada, está o grande templo de Mahakala, de-
dicado à divindade Kali, a Mãe Negra, deusa da
morte, destruição e renascimento.
Possibilidades Sinistras
O Maharaji Arijani e alto sacerdote de
Kali é um rakshasa, um espírito maligno
em forma de carne, cuja verdadeira forma
tem uma face de um enorme e cruel tigre.
Sua exigência de envio diário de um de-
voto até seu templo Mahakala é imposta
a todas as cidades de Sri Raji, e cada dia
uma diferente cidade envia um escolhi-
do para singrar até a cidade em ruínas,
montado em um elefante branco. Estes
escolhidos jamais são vistos novamente, e
são entregues para serem devorados pelo
faminto Rakshasa.
Recentemente a Fraternidade das
Sombras têm utilizado a Grande Univer-
sidade de Tvashti para suas reuniões. A
sociedade voltou seus olhos para Sri Raji,
depois que um de seus membros, Lucian
Von Cruccius, recebeu informações de
um cavalheiro misterioso muito bem ver-
sado nos segredos do semiplano.
O Voodan e
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
os Loa de
Souragne
Nas pantanosas terras de Souragne impera
a crença na presença de espíritos ancestrais
chamados de Loa. Embora esta crença
não refute a presença de divindades de
outras fés, eles estabelecem uma relação
mais direta com estes espíritos, que podem
ser desde aspectos ancestrais da natureza,
até mesmo espíritos de seus antepassa-
dos. Aqueles que se tornam intermedi-
ários entre os homens e os Loa são chamados
de Voodan.
Símbolo
A crença dos Loa não se limita a um espírito
específico, mas reconhece e abarca a presença
de incontáveis espíritos diversos.
Embora não se trate de uma religião organiza-
da, os Voodan muitas vezes se identificam pelo
símbolo de uma bengala com cabeça de caveira,
envolta por duas serpentes entrelaçadas.
Cada um dos inúmeros Loa possuem um sím-
bolo específico, chamado de Veve, que pode cana-
lizar seu poder e invocar sua atenção e presença.
Estes símbolos são utilizados pelo Voodan para
solicitar as bênçãos destes Loa.
Os símbolos dos Loa são complexos traços
cursivos, retilíneos e curvilíneos, marcados por
intrincadas formas geométricas. Um experien-
te Voodan conhece esses intrincados símbolos
como meios de se comunicar e convocar a pre-
sença dos espíritos.
Mitologia
A presença dos Loa antecede em muito a
presença da humanidade, e estes espíritos an-
cestrais já vagavam pelo mundo a tempos
imemoriais.
Na mitologia deste credo, a existência
de outras divindades não é contestada,
mas os Deuses são vistos como grandiosos
espíritos que vivem distantes da humani-
dade, e raramente prestam atenção nos
assuntos deste mundo.
Aqueles que veneram os Loa deixam de ado-
rar estas poderosas e distantes entidades chama-
da de Deuses para venerar espíritos que estão
mais próximos do mundo dos homens, e mais
acessíveis a suas preces.
Os espíritos dos Loa são inúmeros e incon-
táveis. Desde espíritos antigos da natureza, a
espíritos sagrados de animais e até mesmo ante-
passados familiares podem ser venerados como
um Loa.
Dentre estes, contudo, existem alguns Loa
que são considerados como entidades mais pode-
rosas e presentes, cuja veneração é mais comum
entre os devotos desta crença.
O Loa mais temido e poderoso nas terras de
Souragne é o Senhor dos Mortos, uma entidade
descrita como uma figura cadavérica, como um
corpo apodrecido que caminha vestindo roupas
antiquadas e elegantes, sempre portando uma
bengala e uma cartola. Este poderoso Loa tem
poderes sobre a morte. Muitos dos mortos em
Souragne são mantidos por até quatro dias sem
um funeral, para que o Senhor dos Mortos possa
 - 206 -
decidir se irá clamar ou não seu corpo como um
servo. Seus favores sombrios são requisitados
para divinações, encantamentos e necromancia.
A Donzela dos Pântanos é descrita como um
espírito de uma bela e melancólica mulher, de
aspecto feérico, que vaga pelos pântanos com as
vestimentas de uma simples camponesa. Esta en-
tidade é adorada amplamente nas terras de Sou-
ragne, e muitos pedem a ela por bênçãos cura-
tivas, pelo crescimento de suas plantações ou
mesmo para ajudar aqueles que se perdem na
natureza. Ela é reconhecida como um espírito
bondoso, e um dos poucos a fazer frente ao ma-
ligno Senhor dos Mortos.
Brahmbei, o Oráculo, é descrito como um
homem velho e gentil, mas com um olhar pe-
netrante. Chamado de construtor do destino e
aquele que tudo vê, ele já foi considerado o mais
poderoso dos Loa, mas se tornou senil e perdeu
seu espaço para o Senhor dos Mortos e a Donzela
dos Pântanos. Ele é procurado por aqueles que
querem buscar conhecimento, realizar divinações
ou receberem favores da sorte, mas ele é conheci-
do por enganar aqueles que querem fugir do seu
destino, e direcioná-los para sua sina.
Kurkva, o Lamentador, é conhecido como o
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
Loa dos céus e da chuva. No passado, essa enti-
dade se tornou o marido e consorte da própria
Terra, mas o Loa da Terra se desfez e se trans-
formou em inúmeros Loa menores. Pela perda
de sua esposa Kurkva chora e lamenta, e seus
lamentos se tornam chuva e ventos. Esta entida-
de é venerada sempre que favores climáticos são
desejados pelos devotos, ou para a invocação de
forças da natureza.
Lethede, a Dama das Estradas, é um Loa de
pouco poder, mas amplamente venerado. Des-
crita como uma mulher de pele negra e roupas
batidas e surradas, ela é a patrona dos viajantes,
e venerada por aqueles que estão longe de casa,
ou que estão prestes a iniciar uma jornada física
ou espiritual.
Madris Orunid, a Dançarina, é uma das mais
populares Loa, e é considerada como o patrono
dos artistas e amantes. Descrita como uma bela
mulher de meia idade, com um ar simultanea-
mente alegre e sábio, ela é venerada sempre que
favores amorosos, ou inspirações criativas são
desejadas.
Ohuwaghnn, o Rei Serpente, é por vezes des-
crito como uma enorme serpente ou como um
homem esquálido de olhos ofídicos. Ele é con-
siderado um Loa cruel, que representa as bestas
da natureza e os perigos do mundo selvagem.
Muitos prestam-lhe homenagens para aplacar sua
fúria e pedir proteção, pois ele é tido como um
inimigo da civilização e dos homens.
Ovun Borundir, o Guerreiro, é uma entidade
descrita como um forte guerreiro portando uma
grande maça, cujo corpo está coberto de armadu-
ra, mas ferido por golpes de lanças e flechas. Esta
entidade representa a própria luta e batalha, e é
venerado por aqueles que vivem e morrem pela
violência, independentemente de sua causa.
Sehkelo, a Rainha Dourada, é descrita como
uma mulher vestida em uma armadura dourada.
Este Loa é reconhecida como a Rainha dos Céus
e representa o próprio sol, sendo a responsável
por trazer a luz que dispersa a escuridão e o calor
do verão. Ela é conhecida como a mãe dos Loa
das chamas e da lua.
Tonthomba, o Homem Flamejante, é o filho
de Sehkelo, e representa o próprio fogo. Ele é
descrito como um corpo tomado por chamas, ou
como um homem de olhos vermelhos e cabelo
de chamas. Este Loa é considerado traiçoeiro e
imprevisível, e suas chamas são ao mesmo tempo
necessárias para os homens, mas também uma
força implacável de destruição.
Ulwaddithri, a Devoradora, é um Loa asso-
ciado à praga, doença e à morte. Ela é descrita
como uma mulher bela e sedutora, mas com um
braço e perna esquerdos consumidos pela doença
e apodrecimento. Muitos prestam reverência e
temor a ela para pedir que sejam poupados, pois
esta entidade é associada a pragas, doenças e a
fome, que lentamente devora o corpo e leva os
homens aos braços do Senhor dos Mortos.
Dogmas
Aqueles que veneram os Loa prestam reve-
rência a inúmeros espíritos ancestrais, aos quais
prestam homenagem e oferendas para diferentes
situações ao longo de sua vida.
Não é incomum que muitos indivíduos pra-
tiquem outros credos religiosos, mas também
mantenham de forma sincrética a veneração aos
Loa para os quais requerem favores e proteção
 - 208 -
para a solução de problemas diversos de sua vida.
A prática da veneração destas entidades espi-
rituais geralmente envolve rituais que envolvem
tambores, cânticos, e danças rítmicas. Diferentes
Loas possuem métodos diferentes de aproxima-
ção, mas não é incomum que estes atos de vene-
ração envolvam oferendas de comida e bebida, o
desenho do símbolo Veve, ou mesmo a ingestão
de bebidas ou ervas pelos devotos.
A prática destes rituais geralmente é presidida
por um Voodan, que serve como intermediário
entre os espíritos e os devotos. Em muitos des-
tes rituais é comum que algum dos seus devotos
seja possuído por um destes espíritos, e estes
sacerdotes atuem como intermediários entre a
vontade dos espíritos e os favores e bênçãos que
são demandados destas entidades.
Aqueles que se tornam Voodan, sacerdotes
dos Loa, geralmente demonstram aptidão e sen-
sibilidade nestes rituais para contato com os es-
píritos, e acabam adotando algum dos Loa como
seu protetor, um espírito pelo qual detêm maior
afinidade e proximidade. Esta afinidade espiritu-
al não impede que estes Voodan reconheçam e
prestem homenagem a outros Loa, mas definem
que tipo de benção estes sacerdotes receberam
de seus espíritos patronos.
A principal diferença na prática religiosa de
clérigos Voodan para a de outros clérigos, é que
estes sacerdotes costumam solicitar suas bênçãos
através de rituais praticados em homenagem a
estes espíritos.
Nestes atos ritualísticos, estes sacerdotes so-
licitam a benção aos Loa, e imbuem objetos cha-
mados de Gris-Gris, que servem como foco para
a posterior invocação destas bênçãos místicas.
Estes objetos podem ter múltiplas formas,
como unguentos, poções, amuletos ou bonecos,
mas ficam imbuídos magicamente por um curto
período. Os Voodan são capazes de repassar es-
tes objetos magicamente imbuídos para terceiros
invocarem seu poder.
A crença nos Loa abarca qualquer tipo de ten-
dência, eis que os inúmeros espíritos dos Loa
são tão variados em suas inclinações quanto os
próprios homens. Aqueles que são bondosos cos-
tumam atuar como líderes, conselheiros e curan-
deiros, mas os Voodan de inclinação malignas se
tornam figuras perigosas e temidas, e algumas
vezes vendem seus serviços místicos para aqueles
que precisam de favores sobrenaturais.
Voodan podem usar qualquer arma simples.
Para obter suas bênçãos e magias divinas, eles
precisam realizar rituais para obter suas bênçãos
mágicas, imbuindo os gris-gris magicamente.
História
A religião e o culto aos Loa não tem um re-
gistro histórico. Os Loa são espíritos ancestrais
que caminham a tempo imemoriais pelo mundo,
e o seu culto e adoração pela humanidade pre-
cede o próprio surgimento da civilização como
conhecemos.
Nas terras de Souragne a crença nos Loa e
prática dos Voodan sempre esteve presente en-
tre a população, mas alguns acreditam que re-
centemente os Loa malignos experimentam uma
grande ascensão em poder. Este crescimento das
forças das trevas está associado aos eventos que
tragaram aquela região para a Terra das Brumas,
a isolando do mundo de onde fazia parte.
Este crescimento em poder dos Loa conside-
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
Possibilidades Sinistras
rados malignos, especialmente pelo Senhor dos
O Lorde Sombrio de Souragne, Anton Misroi,
Mortos, também tem refletido em um aumento
fundiu sua essência ao próprio Loa conhecido
da presença de Voodans dedicados a estas enti-
como Senhor dos Mortos, mas tornou-se um
dades, sendo o mais famoso e poderoso destes o
prisioneiro dos pântanos. Este poderoso Lorde
homem conhecido como Osso de Galinha, que
Sombrio controla seu domínio através de servos
afirma ter uma conexão direta com o próprio
e agentes sobrenaturais.
Senhor dos Mortos.

Organização
Rumores recentes falam sobre uma mulher
misteriosa que carrega consigo um artefato capaz
de aprisionar permanentemente qualquer Loa.
A religião que venera os Loa e os pratican-
tes dos Voodan não possui uma organização ou
hierarquia.
Quando um Voodan se estabelece em um local
e cria um local de veneração e adoração aos Loa,
ele se torna a autoridade máxima daquele centro
e região, e poderá atrair seguidores e aprendizes
que buscam aprender com seus ensinamentos e
práticas.

Sede e Propagação
O culto aos Loa e a prática dos Voodan não
tem uma sede, e a fé não é organizada. Seus cul-
tos geralmente se formam ao redor dos Voodan
que presidem rituais de invocação e comunhão
com os Loa, mas sua prática não está associada a
um local físico, e poderá ser realizada em qual-
quer localidade.
Um Voodan poderá desenhar no solo um
Vevé, o símbolo de um determinado Loa, e as-
sim tornar aquele local como um ponto sagrado
para realização dos rituais e oferendas à entidade.
O culto aos Loa e a prática dos Voodan é co-
mum e difundida entre a população de Souragne,
mas não se propagou para além das fronteiras
daquele domínio.
 - 210 -
Ancestral
Feérico
Nas profundezas da Greta Sombria onde vi-
vem as imortais fadas sombrias de Arak, o con-
ceito de uma religião organizada e adoração ao
divino não prevalecem. Muitos destes seres en-
contram dons divinos na adoração dos espíritos
de seus antepassados.

Símbolo
A crença dos Ancestrais Feéricos não é uma
religião organizada, e não tem um único símbolo
que a represente.
Cada um dos inúmeros espíritos de seus ante-
passados possui um símbolo específico, que pode
canalizar as memórias de sua vida e as histórias
que cercam seu legado, e podem ser utilizados
para solicitar as bênçãos destes ancestrais.

Mitologia
As fadas sombrias nem sempre foram tocadas
pela essência de Gwydion, o Crepúsculo, a enti-
dade sombria que adveio do pendor das sombras.
Em um passado remoto, eles habitavam Faéria
e tinham suas próprias tradições, heróis, mitos
e lendas.
Contudo, a tragédia se abateu sobre este povo,
e eles foram capturados e escravizados por uma
entidade sombria do Pendor das Sombras.
Seu captor e escravizador era chamado apenas
de O Crepúsculo ou o Infero Feiticeiro, mas seu
verdadeiro nome era Gwydion. Sua forma indes-
critível e poder incomensurável eram capazes de
levar mortais à loucura, e ele corrompeu a forma
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
e essência de seus novos servos com sua essência
de sombras, os transformando em fadas sombrias.
Por anos incontáveis eles serviram a esta en-
tidade sombria, até que seu líder, o Rei Arak, os
conduziu para a fuga e libertação, através de um
portal para o Semiplano do Medo.
Para as imortais fadas sombrias, a existência
dos Deuses não é contestada, mas tampouco lhe é
chamativa. Este povo viveu por anos incontáveis
abandonados por qualquer divindade e escravi-
zados no Pendor das Sombras, e não encara sua
própria mortalidade ou valor na promessa de uma
vida após a morte condicionada a adoração divina.
A busca por uma identidade e tradição que
una este povo feérico, tão sofrido e transformado
pela escuridão, os levou a adoração de seus an-
cestrais, poderosos Arquifadas em outros planos
de existência.
Através da veneração das ancestrais fadas de
Faéria, intocadas pelas sombras, estes sacerdotes
recontam seus feitos lendários, e se reconectam
a um passado perdido para sempre pela sombra
que os corrompeu.
Dogmas
Aqueles que veneram os seres Feéricos An-
cestrais não seguem a um estrito dogma. Seu
culto a estas entidades se dá através de home-
nagem à memória de seus ancestrais, honrando
seus feitos, pensamentos e tradições.
A veneração destas entidades revela uma bus-
ca por um modo de vida mais puro, livre da cor-
rupção da sombra de Gwydion, e seus sacerdotes
buscam se reconectar a estas tradições seguindo
os exemplos de seus antepassados.
A crença nos Ancestrais Feéricos abarca qual-
quer tipo de tendência, eis que os antepassados e
fadas verdadeiras são tão variados em suas incli-
nações quanto as próprias Fadas Sombrias.
As “Fadas Verdadeiras” e poderosas entida-
des chamadas de Arquifadas são diversas em sua
personalidade e comportamento, e seus adorado-
res podem se direcionar sua devoção a diferentes
ancestrais.
Não existe, portanto, um único dogma que
abarque esta religião, a não ser a constante bus-
ca pela pureza perdida e por um modo de vida e
tradições de seus antepassados.
História
O culto aos Ancestrais Feéricos se iniciou
pelas ações de um dos membros da Corte Seelie,
liderada pela Rainha Maeve.
Incumbida de resgatar e registrar a história
das fadas sombrias, a arquivista shee chamada
de Ailiah começou a coletar histórias e registros
das ancestrais fadas verdadeiras e Arquifadas que
antecederam o Rei Arak e a Rainha Finngalla.
Fascinada por estas descobertas, a Rainha
Maeve ordenou a Ailiah que tentasse contatar
magicamente estas entidades.
As tentativas de contato por meios arcanos
falharam, e não foi obtida qualquer resposta.
Ailiah decidiu então recorrer a outra forma de
contato. Amparada por uma Nympha que tinha
experiência como sacerdotisa de outras divinda-
des, ela decidiu direcionar suas preces aos seus
Ancestrais Feéricos, resgatando as memórias de
seus feitos, personalidade e vida.
Para a surpresa de Ailiah suas preces foram
respondidas, e ela foi imbuída por um poder divi-
no, tornando-se a primeira sacerdotisa dos Arak.
Notícias de seu feito rapidamente se espalharam
- 212 -
entre o povo Arak, e muitos vieram seguir seus
passos para receber as benções da poderosa e
desconhecida magia divina das fadas.
A Rainha Maeve ficou fascinada com a desco-
berta, e a Corte Seelie apoiou esta nova fé.
A Corte Unseelie liderada por Príncipe Loht
criticou publicamente esta devoção aos Ances-
trais Feéricos, acusando tal credo de ser uma
forma de escravizar o povo livre de Arak ao pas-
sado e aos grilhões da fé.
Possibilidades Sinistras
Clérigos que chegam ao Semiplano do
Medo vindo de outras terras sentem um
grande vazio e desamparo, como se tives-
sem perdido contato com suas divindades,
ainda que de alguma forma suas preces
ainda sejam atendidas.
Talvez as fadas sombrias estejam igual-
mente equivocadas em suas preces. Quem
poderia estar recebendo ou respondendo
suas orações? Os Poderes Sombrios ou

Organização
A religião dos Ancestrais Feéricos não possui
talvez o próprio Gwydion em sua prisão
no portal Obsidiana poderiam estar ma-
nipulando as fadas sombrias e ser pos-
uma organização ou hierarquia. síveis interceptadores destas preces aos
A membra mais importante deste credo é Ai- antepassados.
liah, a primeira sacerdotisa, que se tornou a auto-
ridade máxima para aqueles que buscam conhecer
a adoração aos Ancestrais Feéricos, e aprender
com seus ensinamentos e práticas.

Sede e Propagação
O culto dos Ancestrais Feéricos não tem uma
sede, e a fé não é organizada. Apesar disso, Ai-
liah, sua principal e mais influente sacerdotisa, é
uma membro da Corte Seelie e costuma acompa-
nhar a Rainha Maeve em suas estadas no Palácio
Malachita e no Castelo Esmerth.
A Corte Unseelie critica abertamente a ado-
ração dos Ancestrais Feéricos, e sua prática não
é tolerada na corte de Príncipe Loht.
O culto aos Ancestrais Feéricos tem difusão
apenas entre as fadas sombrias de Arak, com
maior predominância entre membros da Corte
Seelie.
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
Druidismo
Feérico
A ligação dos seres feéricos com a natureza
é profunda, e nem mesmo a corrupção das som-
bras pode afastar as fadas sombrias de seu culto
e adoração da natureza. Embora seja incomum
encontrar clérigos entre as fadas sombrias, mui-
tos ainda seguem o caminho do Druidismo e da
adoração às forças naturais.
Símbolo
O Druidismo Feérico não é uma religião or-
ganizada, e não tem um único símbolo que a
represente.
Mitologia
A relação das fadas sombrias com as forças
da natureza é ancestral e profunda. Estas forças
primordiais são partes inseparáveis de sua essên-
cia e a preservação de seu equilíbrio uma tarefa
essencial.
Para as imortais fadas sombrias, a existência
dos deuses não é contestada, mas tampouco lhe é
chamativa. Este povo viveu por anos incontáveis
abandonados por qualquer divindade e escravi-
zados no plano das sombras, e não encara sua
mortalidade ou a promessa de uma vida após a
morte condicionada a adoração divina.
A prática do Druidismo as conecta diretamen-
te a uma fonte de poder ancestral, que não é
intermediada por qualquer entidade. Sua imor-
talidade as permite vislumbrar os constantes ci-
clos da natureza, a beleza de seu equilíbrio e a
importância de sua preservação.
Dogmas
Os Druidas Feéricos se dividem em três prin-
cipais visões sobre sua relação com a natureza.
Os druidas das sub-raças das fadas sombrias
dos Alven e alguns Portune seguem um aspecto
benevolente de adoração à natureza. Eles perce-
bem o mundo natural como um grande jardim, e
se enxergam com a missão sagrada de proteger e
cuidar deste jardim, para permitir que a natureza
e a vida floresçam. Para este grupo, a natureza
tem um delicado equilíbrio e ordem, e é seu pa-
pel assegurar que não ocorra um rompimento da
ordem natural.
A segunda facção é geralmente composta pelas
sub-raças dos Tegs, e alguns Sátiros e Muryans.
Eles acreditam que o caos é o estado da natu-
reza, e qualquer tentativa de controle deve ser
descartada. Eles sabotam ativamente tentativas
de controle ou manipulação das forças naturais,
e não acreditam que devam preservar um equilí-
brio, já que a própria natureza irá encontrar seu
caminho no caos para se preservar, garantindo a
sobrevivência dos mais aptos.
A terceira e última facção é composta princi-
palmente pela sub-raça dos Teg. Eles acreditam
que a vida de mortais inteligentes é uma aberra-
ção, e que apenas vida animal irracional, vegetal
e das fadas imortais deveriam existir. Eles ativa-
mente assumem condutas destrutivas e violentas
contra mortais na superfície, atacando, matando
e causando destruição por onde passam, para li-
vrar a superfície da praga aberrante de mortais
inteligentes que a assola.
 - 214 -
História sagrados.

Sede e Propagação
A relação dos seres Feéricos com as forças da
O culto do Druidismo Feérico não tem uma
natureza é tão ancestral quanto a própria existên-
sede, e geralmente praticam seus cultos em lo-
cia do plano de Faéria, e está perdida nas brumas
cais na natureza que ainda são intocados pelos
do tempo.

Organização
mortais e preservados em suas energias naturais.

Possibilidades Sinistras
A religião druídica das Fadas se ordena em
O Círculo Druídico que abarca a ter-
três círculos distintos, que compõem as diferen-
ceira facção e percebe os mortais inteli-
tes facções e ideologias.
gentes como uma aberração da natureza
A mais organizada e estruturada dentre estas
tem enviado seus membros à superfície
facções é a primeira facção, que observa a hie-
para atuar na destruição destas ameaças.
rarquia de seus líderes, e é comandada por um
Os constantes ataques de misteriosos
Hierofante.
seres feéricos a pessoas e campos de plan-
Embora a segunda e terceira facção dos cír-
tações tem causado terror nas fazendas de
culos druídicos também tenha seus líderes e tí-
Tepest, e aumentado o fervor dos Inqui-
tulos, seus membros raramente se reúnem de
sidores daquele domínio.
forma organizada, a não ser durante os solstícios
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
A Rainha
Aranha
O culto a deusa Lolth chegou ao semiplano
do medo, e encontrou seguidores entre a raça
das fadas sombrias. Apesar de perseguido pelos
líderes do povo Arak, o culto a Rainha Aranha
ainda sobrevive na Terra das Brumas.
Símbolo
O culto a Rainha Aranha tem como símbolo
uma aranha viúva negra estilizada.
Mitologia
Embora o culto da Rainha Aranha tenha se
difundido entre as fadas sombrias, a origem des-
ta religião se deu em razão do contato das fadas
sombrias com alguns Drows que foram tragados
pelas brumas no passado.
Como resultado, a visão da mitologia que cir-
cunda Lolth é distorcida e corrompida por meias
verdades, e pode não corresponder aos cultos en-
contrados em outros mundos onde a fé de Lolth
é praticada.
A mitologia desta religião conta sobre Araush-
nee, uma divindade antiga e poderosa que foi tra-
ída por seu consorte Corellon após demonstrar
sua ambição e poder. Ela foi transformada em
uma forma demoníaca de aranha, e banida para
o Abismo.
Nas profundezas de seu exílio, ela conquistou
uma camada do Abismo, e obteve poder para pla-
nejar sua vingança contra seus detratores.
Ela se tornou uma divindade maligna da am-
bição, vingança e traição, e recebe entre seus se-
guidores aqueles que estão prontos para tomar
aquilo que ambicionam.
Dogmas
Os seguidores da Rainha Aranha não se limi-
tam por restrições morais, e perseguem o prazer
próprio e poder sem considerar qualquer conse-
quência de seus atos.
O sofrimento de outras pessoas jamais deve
ser um obstáculo para seus objetivos, e aqueles
que se põem em seu caminho devem ser elimi-
nados.
A enganação, o assassinato e a dor são artes e
instrumentos para atingir seus objetivos. Lolth
favorece apenas aqueles que se mostram aptos e
que buscam favorecer a si mesmo a todo o tempo.
Os seguidores da Rainha Aranha rezam por
seus feitiços a meia noite. Suas armas preferidas
são a rede e a navalha. É esperado que eles si-
gam aos dogmas de sua fé através de suas ações,
mas também precisam participar de cerimônias
e rituais e promover sacrifícios a sua divindade.
 - 216 -

História mais malignos de imortais entediados com sua

existência, e diversas fadas sombrias se conver-
teram a este credo.
A história do culto da Rainha Aranha na Ter-
Em pouco tempo, descobriram que esta alte-
ra das Brumas começou quando três drows foram
ração em sua convicção e crença também cobra-
tragados pelas brumas para o semiplano do medo.
ria seu preço sobre seus corpos, e suas formas
O contato entre os Drows e as Fadas das Som-
feéricas foram transformadas em Zeldrows, se
bras ocorreu no ano de 577 BC, nas profundezas
tornando muito semelhantes aos próprios Drows
dos subterrâneos de Arak.
que os haviam convertido.
Para as imortais fadas sombrias, a existência
Dentre estes adoradores, estava Tristessa,
dos Deuses não é contestada, mas tampouco lhe é
uma sith da corte Unseelie, que se tornou uma
chamativa. Este povo viveu por anos incontáveis
adoradora fervorosa da Rainha Aranha. Pouco
abandonados por qualquer divindade e escravi-
após absorver o conhecimento dos Drows, ela
zados no Pendor das Sombras, e não encara sua
os assassinou para se tornar a Alta Sacerdotisa
própria mortalidade ou o valor da promessa de
desta fé.
uma vida após a morte condicionada a adoração
O culto atraiu adoradores principalmente en-
divina.
tre a Corte Unseelie, e Príncipe Loht se sentiu
Apesar desta resistência ao apelo divino, as
ameaçado pelo poder crescente do culto. Ele re-
propagações feitas pelos Drows sobre a divindade
primiu o culto em Arak, e foi combatido por seus
Lolth atingiram em cheio os mais depravados e
cultistas, mas o embate entre estas forças era
cruéis seres feéricos entre os Arak.
limitado pela Lei de Arak, que impede que uma
A liberdade total para a busca de seus pró-
fada sombria assassine outro membro de sua raça.
prios prazeres egoísticos apelou para os instintos
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
No meio deste conflito, Tristessa descobriu
que estava grávida, mesmo não tendo se deitado
com nenhum outro ser feérico. Ela acreditou que
esta criança era um presente de sua Deusa, em-
bora muitos acusassem ela de ter se deitado com
forças malignas e entidades demoníacas.
Quando a criança nasceu, ela era uma aberra-
ção, e o bebê tinha patas de aranha. Os cultistas
viram estas deformidades como um sinal do des-
favor da Rainha Aranha. Tristessa estava firme
em sua convicção de que seu filho era perfeito e
um sinal da deusa.
Loht aproveitou-se desta divisão entre os
cultistas para dar um golpe certeiro contra seus
inimigos. A Lei de Arak foi quebrada, e Tristes-
sa e seu bebê foram assassinados, após ela ser
empalada e deixada para receber os letais raios
do sol da superfície.
A morte do corpo Tristessa não levou à des-
truição de sua essência, e ela se tornou uma po-
derosa Banshee e a Senhora Sombria das terras
desoladas de Keening.
Um dos mais leais servos de Príncipe Loht
assumiu a culpa pelo crime hediondo do assassi-
nato de um ser feérico imortal e violação da lei
de Arak. O golpe enfraqueceu, mas não destruiu
o culto da Rainha Aranha.
As Cortes das fadas sombrias têm reprimido
este culto na Greta Sombria, e exilando e iso-
lando as fadas sombrias que se transformam em
Zeldrow, mas isso apenas tem aumentado sua
devoção e loucura no culto de sua maligna Deusa.
Organização
O culto da Rainha Aranha na Terra das Bru-
mas não é muito organizado, e, com exceção da
Alta Sacerdotisa da fé, todos os outros clérigos
são considerados iguais em sua posição.
A ascensão em poder se dá pela traição e as-
sassinato, e esperado que aquele que se julgue
apto a liderar o culto tenha um dia a capacidade
de enfrentar e assassinar a atual Alta Sacerdotisa
do culto da Rainha Aranha.
Sede e Propagação
O culto da Rainha Aranha se propagou pri-
meiro entre as fadas sombrias nos subterrâneos
das terras de Arak.
As Fadas Sombrias que se convertem ao culto
da Rainha Aranha acabaram sofrendo uma trans-
formação em sua natureza e forma física, e se
tornam um Zeldrow.
Ao assumir esta forma, eles se tornam muito
semelhantes a raça élfica conhecida como Drow,
e se tornam facilmente identificáveis por outras
fadas sombrias.
Este culto maligno tem sido expulso para a
superfície pelas fadas sombrias, e tem se tornado
ainda mais crueis e insanos em sua devoção a
Rainha Aranha.
Possibilidades Sinistras
O Zeldrow, expulsos da convivência
com outras Fadas Sombrias, estão bus-
cando as cavernas da superfície como re-
fúgio para seu culto sinistro.
Muitos estão ampliando a base de sua
fé, e vem convertendo também mortais
para seu culto, expandindo a influência
maligna de Lolth na Terra das Brumas.
 - 218 -
A Lei Sagrada nele habitam, e para o qual todos devem estrita

de Diamabel
obediência e veneração.
Sua divindade é chamada apenas de, o Deus,
e não recebe qualquer outro nome para sua de-
Nas areias escaldantes do deserto de Pharazia,
signação.
a figura angelical de Diamabel intercede entre o
Aqueles que são fiéis a este credo, devem pre-
único Deus e seus fiéis, estabelecendo estritos
zar por sua pureza, para poderem se tornar seres
códigos morais para a salvação de suas almas.

Símbolo
de luz e servir ao Deus verdadeiro após sua morte
no além vida.
Os infiéis e hereges corrompem a pureza do
O culto às Leis Sagradas de Diamabel não
mundo, e por tal pecado, merecem ser punidos
tem um único símbolo que o represente, embora
e exterminados da face da terra.
muitos associem a própria imagem angelical de
Para guiar seus fiéis no caminho da luz, o
Diamabel como um símbolo deste credo.

Mitologia
Deus verdadeiro enviou a estas terras Diamabel,
um ser angelical que atua como seu emissário
perante os mortais, e proclama as Leis Sagradas.
As Leis Sagradas de Diamabel estabelecem que
O Deus também enviou Diamabel para caçar
existe um único e verdadeiro Deus, responsável
os infiéis e impuros, e aqueles que desafiam suas
pela criação do universo, e dos seres vivos que
leis são castigados pelos seus clérigos, e podem
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
encontrar à noite o temido Arauto Sombrio, o
macabro agente da vingança e justiça divina.
Dogmas
Existe apenas um único e verdadeiro Deus,
a quem todos devem obediência, temor e vene-
ração.
Para honrar e venerar o Deus verdadeiro, seus
fiéis devem buscar a pureza moral, em suas ações,
falas e até mesmo pensamentos.
O anjo Diamabel é o enviado celestial deste
Deus, e sua palavra é a lei sagrada, que não pode
ser violada.
A lei sagrada de Diamabel estipula estritos
padrões morais e normas a serem seguidos. Seus
editos estabelecem códigos de vestimenta, de con-
duta, de alimentação, e de falas, e governam inú-
meros aspectos da rotina de seus fiéis.
Os homens devotos a esta fé devem manter
suas barbas longas, e as mulheres precisam usar
véus e cobrir seu corpo enquanto andam em pú-
blico.
As estritas normas proíbem o uso de algu-
mas palavras, o consumo de alguns alimentos
ou bebidas, e estabelecem condutas consideradas
repreensíveis pela fé.
Todos os devotos devem se dedicar à oração
durante duas horas por dia, e param durante
quatro vezes ao dia para cumprir sua rotina de
preces.
Aqueles que se mostram falhos em sua ado-
ração devem prontamente se arrepender de suas
falhas e confessar seus pecados a um sacerdote,
que irá lhe aplicar a punição física e espiritual
adequada ao seu pecado.
Os sacerdotes das Leis Sagradas são chamados
de Confessores ou Conhecedores da Lei, e ves-
tem túnicas e robes brancos, e carregam consigo
flagelos para aplicar punição aos pecadores.
Eles têm autoridade para acusar e aplicar pu-
nições aqueles que violam as leis sagradas de Dia-
mabel, para purificar seus pecados e os colocar
no caminho da pureza.
Um sacerdote deste credo recebe seus dons
divinos ao amanhecer, mas deve rezar um total
de duas horas diárias, divididas em quatro oca-
siões diferentes, no amanhecer, ao meio-dia, no
crepúsculo, e durante a noite antes de dormir.
Sua arma preferida é o flagelo.
História
As origens do culto ao Deus verdadeiro estão
perdidas na areia do tempo, e muitos foram os
profetas que ao longo do tempo trouxeram a ilu-
minação e o entendimento sobre as leis sagradas.
Apesar destas revelações sagradas, a região
atualmente conhecida como Pharazia era tomada
no passado por cultos hereges e infiéis.
Esta situação viria a mudar, contudo, com
a ascensão ao poder de Diamabel. Filho de um
poderoso Sheik do deserto, Diamabel se tornou
o líder de seu povo com apenas 16 anos de idade,
após a súbita e inesperada morte de seu pai.
O jovem líder havia sido iluminado pela fé do
Deus verdadeiro, e compartilhou com seu povo
sua visão do futuro. Eles varreriam o mundo de
todos os infiéis e hereges, e através de sua devo-
ção fanática eles ascenderiam aos céus por seus
atos.
Por muitos anos, Diamabel e seus fiéis solda-
dos e seguidores se tornaram o terror do deserto,
e comandaram uma cruzada com o intuito de
 - 220 -
exterminar todos que se opunham à sua crença do Deus
único e verdadeiro.
Diamabel sonhava em se tornar o escolhido celestial,
e não mostrava qualquer misericórdia em sua missão
sagrada de combater os infiéis e hereges.
Certa vez, após anos de campanha contra seus ini-
migos, ele pilhou e destruiu uma vila, mas foi acertado
mortalmente por uma flecha.
Enquanto estava em seu leito de morte, ele final-
mente foi agraciado com seu desejo, se tornando um
anjo celestial e mensageiro do Deus verdadeiro. Neste
momento, contudo, as terras de Pharazia foram tragadas
para o semiplano do medo.
Após a transformação de Diamabel e o isolamento de
Pharazia de seu mundo nativo, estas terras se tornaram
uma teocracia despótica e moralista.
Agora, quase todos os aspectos da vida são governa-
dos pelas Leis Sagradas de Diamabel, que continua sua
caçada aos infiéis, hereges e impuros em sua crença.
Sua teocracia religiosa tem encontrado resistência
pelo líder de tribos nômades, o Sheik Allahn el Rasha-
an, que tem desafiado Diamabel e seus editos sagrados.
Organização
O credo da Lei Sagrada tem o anjo Diamabel sua au-
toridade máxima, e seus editos e leis são considerados
mensagens diretas do Deus.
Abaixo de Diamabel, seus sacerdotes que comandam
os templos sagrados são chamados de Confessores ou os
Conhecedores da Lei, e atuam em seu nome e autorida-
de, podendo identificar e punir todos aqueles que sejam
considerados hereges, infiéis ou impuros em sua moral.
Sede e Propagação
O culto das Leis Sagradas de Diamabel se propagou
por toda a Pharazia, e toda a população urbana deste
domínio vive pelas leis sagradas desta fé.
Este credo não se espalhou entre as tribos
nômades de Pharazia, que ainda resistem à do-
minação de Diamabel, e são liderados por Allahn
el Rashaan.
A sede desta fé se localiza na gloriosa cidade
de Phiraz, a joia do deserto, onde reside Dia-
mabel e estão localizados seus maiores templos.
Possibilidades Sinistras
O Arauto Sombrio, uma criatura de
aspecto decadente e morto vivo, com os-
sos de asas vestigiais vaga pelas noites em
busca de infiéis e hereges para assassinar.
Poucos têm coragem de declarar tais
ideias, mas alguns acreditam que esta cria-
tura horrenda seja o próprio Diamabel,
transformado em um ser grotesco ao cair
da noite.
Uma Vistani recentemente deu à luz
de forma não natural em Pharazia. A
criança nasceu poucos dias depois dela ter
sido seduzida por um ser extremamente
belo com asas de morcego, e fiéis acredi-
tam que ela foi escolhida pela divindade.
Até então, Diamabel não se manifestou
sobre a questão. Há aqueles que acreditam
que o filho, que atingiu a idade adulta em
poucos dias e possui asas de morcego, é
um novo mensageiro sagrado. Outros di-
zem se tratar de uma heresia. Atualmente
esse “escolhido” vive sob a proteção dos
nômades do deserto.
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
O Culto a
Mãe Noite
Se durante o dia a população de Baróvia de-
posita sua esperança no Senhor da Manhã, é fato
que a noite eles se dividem em manter uma de-
voção, muitas vezes cínica, ao Senhor da Manhã,
e tantas outras vezes a fazer suas súplicas para
que a Mãe da Noite lhes poupe. A Mãe da Noite
é a contraparte do Senhor da Manhã. Ambos têm
ligações com divindades há muito esquecidas. En-
quanto o culto a um deus sol existiu na an-
tiga Baróvia, mas foi abandonado
e só retomado com a chegada
da fé em Lathander à Ter-
ra das Brumas, a Mãe
Noite foi aos poucos
trazida de volta como
um culto a um ser
maligno e feroz, com
estranhos desejos.
Símbolo
O culto à Mãe Noite
não tem um símbolo padrão.
Os símbolos usados nas eras pas-
sadas parecem ter sido esquecidos. Entre
os novos devotos, o símbolo do disco negro pa-
rece ser o mais popular entre os poucos cultos
humanos. Entre os licantropos, a mulher com a
cabeça de lobo desenhada em um disco, ou está-
tuas desta mulher, são os mais comuns. Há ainda
um símbolo menos utilizado com um disco com
flores noturnas ao seu redor e uma imagem da
lua ao centro.
Mitologia
Pouco se sabe do começo dos cultos Baró-
vianos. As igrejas de Baróvia por muito tempo
permaneceram em ruínas, pois a esperança pa-
recia não ter lar na terra das Brumas. Após o
renascimento da igreja do Senhor da Manhã, em
algum momento sem data, a igreja da Mãe Noite
também ressurgiu.
Alguns especulam que assim como viajantes
do mundo de Toril trouxeram o culto de Lathan-
der às terras de Baróvia, e esse culto se
mesclou a um antigo culto a um
deus sol, um culto da deusa
Shar pode ter viajado atra-
vés dos planos, tendo o
mesmo destino. Outros
acreditam que o cul-
to não passa de uma
adoração deturpada
a caprichosa e cruel
Arquifada do Ar e das
Trevas. Não há respos-
tas fáceis em Ravenloft.
No entanto, algumas coi-
sas se conseguem saber pelos rela-
tos dos sábios, ou por inscrições profanas
que nunca deveriam ter sido descobertas.
Havia vários deuses na antiga Baróvia. Eles
eram cultuados tanto nas igrejas tradicionais,
como em cultos druídicos. As igrejas restam
abandonadas e apenas ruínas existem aqui e ali.
Já os sinais dos círculos druídicos permaneceram.
Nos círculos, a devoção à velha fé era realiza-
da através de Megalitos, normalmente em núme-
 - 222 -

Dogmas
ro de quatro, representando as quatro estações e
as quatro cidades míticas nos paraísos, onde as
divindades moravam.
Há pouco a saber sobre os dogmas, já que
A cidade invernal era coberta de neve, a cidade
não há um culto bem estabelecido à Mãe Noite.
primaveril era coberta de flores, a cidade veranil
Alguns acreditam que se deve pedir perdão aos
possuía muita luz solar e a cidade outonal era
antigos deuses e a veneram pedindo que sua fúria
coberta de folhas.
e vingança não recaiam sobre seus escolhidos.
A divindade do sol habitava a cidade solar. A
Outros acreditam que essa retribuição deve ser
divindade da noite habitaria a cidade da neve. Ou
auxiliada, e que o terror deve ser espalhado pela
assim pensam os sábios.
terra. Outros ainda acreditam que ao abandonar
A população desconhece esses velhos concei-
a proteção dos muros e portões, abraçando o re-
tos. Ela só sabe que se o Senhor da Manhã prega
torno à natureza e à escuridão real, a proteção é
a esperança, a Mãe Noite tem seu poder após
naturalmente concedida.
o anoitecer, quando as trevas tomam conta de
tudo. Neste momento ela se vinga dos mortais, História

que esqueceram seu culto, e os pune enviando Assim como toda a antiga fé de Baróvia, não
os terrores das sombras. há relatos confiáveis sobre o surgimento da Mãe
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
Noite além dos já descritos aqui. Sabe-se, no en-
tanto, que a bruxa Baba Lysaga tem profundas
relações com o antigo culto que havia na velha
Baróvia, e desde aqueles tempos já fazia sacrifí-
cios em nome da divindade. Se a Mãe Noite já era
uma figura maligna ou se esta visão era apenas
compartilhada por uma Baba Lysaga enlouquecida
e corrompida, é impossível saber. Provavelmente
nem ela sabe.
O que se sabe é que Lysaga fez algum tipo de
pacto com alguma entidade que se dizia a Mãe
Noite (e, mais uma vez, é impossível atestar
se era de fato a divindade) e com isso, de certa
forma, acabou responsável pela tragédia que se
seguiu, pois, tal pacto pode ter culminado com
a morte da Rainha Ravenovia. Lysaga também
foi responsável por “abençoar” o bebê Strahd
com um certo dom para magia, o que certamente
ajudou a despertar o fascínio do guerreiro pelos
estudos arcanos, que o auxiliaram em sua tragé-
dia pessoal.
Então, se tudo for verdade, Mãe Noite tem
forte relação com o desenvolvimento e destino
do semiplano do medo.
Organização
Não há um centro formal do culto. Alguns
círculos de megeras do semiplano do medo cul-
tuam a entidade conhecida como Mãe Noite. Da
mesma forma, grupos de bruxas algumas vezes
também a tem como entidade merecedora de cul-
to. Há histórias contadas ao lado da lareira de
humanos viajando para o interior mais isolado
da Floresta Svalich onde é possível encontrar sa-
cerdotes e bruxos cultuando a entidade.
Mais numerosos que esses humanos ensande-
cidos e que os círculos de megeras são os cultos
licantropos. Em Baróvia, praticamente todos os
lobisomens, de uma forma ou outra, cultuam a
Mãe Noite. Eles se intitulam As Crias da Mãe
Noite.
Os sacrifícios à Mãe Noite variam bastante.
Alguns sacrificam animais, como ovelhas, e se
banham em seu sangue sob a Lua Nova. Outros,
como as Crias da Mãe Noite, acreditam que a
Deusa se alimenta de cadáveres e comumente
deixam corpos apodrecendo em algum local de
sacrifício à divindade.
Sem uma igreja bem estabelecida e uma or-
ganização formal, é difícil imaginar que os cos-
tumes sigam os mesmos de um círculo a outro.
Sede e Propagação
A sede principal são os ermos de Baróvia.
Cavernas nas Balinoks, refúgios no interior das
matas e ruínas esquecidas são os principais locais
utilizados pelo culto.
Possibilidades Sinistras
Alguns temem que a Mãe Noite talvez
seja um dos poderes sombrios. Se assim
for, quais serão seus objetivos? E por que
seu culto tem aos poucos crescido? Seria
o final dos tempos?
 - 224 -
Kami
Nas terras de Rokushima Táiyoo, as ilhas cer-
cadas pelo Mar Venenoso e pelas brumas prati-
cam a adoração dos Kami, venerando espíritos de
ancestrais, do divino e da natureza, e pregando a
harmonia e pureza espiritual.
Símbolo
O culto dos Kami tem
como símbolo os Tori, que
são uma espécie de portais
sem porta, constituídos por
dois postes verticais e duas traves ho-
rizontais, que costumam adornar a
entrada de seus santuários.
Mitologia
Esta crença cultua os Kami e diver-
ge de outras religiões dos domínios da
Terra das Brumas, por não se limitar a reveren-
ciar um panteão de deuses.
Os devotos desta fé acreditam que tudo o que
existe possui um espírito, desde divindades sagra-
das e ancestrais falecidos, até objetos inanimados
e forças da natureza, como montanhas, rios, o
oceano e tempestades.
Embora existam deuses em seu meio, respon-
sáveis pela criação do mundo, os kami também
englobam espíritos, locais, elementos e forças
da natureza. Até mesmo os ancestrais de um in-
divíduo podem ser reverenciados após a morte,
tornando-se parte dos Kami.
A mitologia dos Kami acredita que o mundo
foi dividido em três diferentes partes.
A primeira parte é chamada de Alta Planície
Celeste, ou Takama no Hara, onde residem as
divindades celestes, e de onde emana a paz e a
felicidade. Este mundo é um reflexo perfeito do
mundo terreno, e acredita-se que alguns santuá-
rios serviriam de pontes entre o segundo mundo
material e as Planícies Celestes. Contudo, desde
que as brumas envolveram a região de Rokushima
Táiyoo, muitos acreditam que este plano celeste
tenha se fechado ao mundo
terreno de forma definitiva.
A segunda parte do mundo
é chamada de Mundo do Meio,
ou a Planície dos Juncos e Ca-
naviais, é o mundo material onde vi-
vem os humanos e os Kami terrenos.
Por fim, existem as terras de Yomi,
o reino subterrâneo e do submundo,
um local maculado pela impureza,
onde habitam espíritos malignos e os
Oni, e para onde migram as almas dos
mortos. Alguns sábios acreditam que por algum
motivo o segundo mundo tenha sido maculado
pela impureza, e agora esteja sendo corrompido,
sendo mesclado ou invadido pelo Reino de Yomi.
O mito da criação deste credo acredita que
os Kami divinos habitavam a Alta Planície dos
Céus, e decidiram então criar o mundo do meio.
Eles então criaram os deuses Izanagi, que repre-
sentava o masculino, e a também deusa Izanami,
representando o feminino.
O casal de Kamis celestiais partiu para a cria-
ção do mundo que lhe foi incumbida pelos outros
deuses. Izanagi fincou sua espada no mar e agitou
as águas, e criou o mundo do meio, onde habitam
os humanos.
Depois da criação, Izanagi e Izanami se casa-
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
ram, mas o fruto da união foi um monstro. Esta
criatura, um monstro batizado de Kaiju foi bani-
do para as profundezas do oceano, onde deveria
permanecer adormecido.
Izanagi e Izanami perguntaram aos outros
deuses por que haviam gerado um monstro, e
lhes foi informado que a impureza de seus atos
gerara a imperfeição, uma vez que o pedido de
casamento partiu de Izanami, desrespeitando a
tradição celestial, que determinava que o pedido
deveria ter partido de Izanagi.
O casal de Deuses Celestiais então corrigiu
seu erro, se casando novamente, e da união nas-
ceram as ilhas de Rokushima Táiyoo, além da
prole divina do casal. Mas o nascimento do úl-
timo filho, o deus do fogo, acabou por matar
Izanami, que passou a habitar Yomi, o mundo
inferior.
Izanagi tentou ir até Yomi para resgatar Iza-
nami, mas ao encontrar o espírito de sua esposa
descobriu que ela teve sua pureza tomada pela
corrupção da morte, e que de sua carne putrefata
nasceram e dela se alimentaram demônios e es-
píritos impuros, sendo obrigado a deixar o local
antes de ter sua própria pureza contaminada.
Após falhar em resgatar sua esposa da ter-
ra dos mortos, Izanagi isolou aquele mundo do
mundo dos vivos, e banhou-se nas águas do mar
para se livrar da influência do local.
Das gotas que escorreram de seu corpo nas-
ceram Amaterasu, deusa do sol, Suzanoo, deus
das tempestades e Tsuki no Kami, deusa da lua.
Contudo, da imundice do mundo dos mortos que
foi lavada nos mares, também surgiram inúmeras
monstruosidades e criaturas malignas, que hoje
habitam o mundo.
 - 226 -
Dogmas A natureza é repleta de Kamis terrenos, que
podem ser rios, montanhas, rochas ou florestas,
e seus devotos devem viver em harmonia com o
O culto dos Kami não tem dogmas rígidos
mundo natural, para se conectar ao sagrado.
como outras religiões da terra das brumas, e pre-
Por fim, seus devotos devem sempre prezar
ga que seus devotos vivam em harmonia com a
pela pureza física e espiritual, e devem sempre se
natureza, buscando pureza espiritual e a realiza-
apresentar limpos, e se lavar nas águas sagradas
ção de seu propósito de vida.
dos santuários para purificar suas almas.

História
A vida é uma benção sagrada concedida pelos
Kamis celestiais, e cada indivíduo nasce com seu
espírito puro, devendo buscar viver em equilíbrio
As origens do culto aos Kamis estão perdi-
e harmonia com o mundo ao seu redor, para des-
das no passado imemorial de Rokushima Táiyoo,
cobrir e cumprir seu propósito sagrado.
e registros antigos da crença na existência dos
O equilíbrio espiritual e a harmonia com a
Kami podem ser encontrados junto aos primeiros
natureza são essenciais para que um indivíduo
registros históricos escritos.
possa trilhar o caminho da pureza, e evitar a cor-
Alguns templos e santuários da fé são cons-
rupção do seu espírito. Apenas por este caminho
truídos em locais considerados sagrados, e per-
e pela busca de sabedoria um indivíduo poderá
manecem de pé há muitos séculos, como um
compreender o divino e encontrar o caminho da
testemunho da devoção do povo Rokuma, e da
pureza.
sedimentação desta fé naquelas terras.
Embora não tenha dogmas rígidos, este credo
Apesar de seus ensinamentos filosóficos e es-
atribui bastante valor a tradição e a família, e é
pirituais não serem voltados a questões de poder
esperado que seus devotos observem as tradições
secular, seus dogmas que determinam a impor-
da sociedade e honrem seus ancestrais, bem como
tância do reconhecimento da tradição foram utili-
repassem tais tradições a seus filhos.
zados no passado como ferramenta de legitimação
Os Kamis devem ser respeitados e honra-
da Dinastia Imperial, que governou Rokushima
dos. Ainda que alguns devotos tenham algum
Táiyoo por muitos séculos.
Kami específico como seu patrono, ele deve ter a
A casta imperial era tida como descendentes
consciência da existência de outros Kamis e lhes
diretos de Kamis celestiais, e que estaria destina-
prestar respeito e reverência quando necessário.
da a governar as seis ilhas de Rokushima Táiyoo.
É esperado que um indivíduo honre seus antepas-
Esta situação viria a mudar, contudo, com
sados e outros Kamis em cerimônias e festivais.
a ascensão ao poder de Haki Shinpi. Após uma
É costume, em determinadas épocas ou datas,
série de infortúnios que acometeram a dinastia
que os devotos realizem oferendas, que variam
imperial e seus herdeiros, Haki Shinpi um pode-
desde os pratos prediletos dos seus ancestrais, a
roso samurai e líder de um clã, ascendeu ao poder
objetos ligados à natureza do kami em questão.
após a queda da dinastia imperial, e tomou para
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
si o governo do império, resgatando a nação da
instabilidade política.
Durante sua ascensão, muitos clãs que se
opunham a seu crescente poder encontraram seu
fim, mas o culto aos Kamis não interveio nestes
assuntos seculares.
Durante seu reinado, ele governou com uma
mão de ferro, mas pouco antes de sua morte, ele
declarou que cada um de seus seis filhos herda-
ria o governo de uma das ilhas de Rokushima
Táiyoo.
Contudo, pouco após sua morte seus filhos
começaram uma intensa guerra civil pelo poder,
e o império forjado pelas ações brutais de Haki
Shinpi foi tragado para uma sangrenta guerra ci-
vil.
Estes eventos sinistros também marcam o iní-
cio do isolamento de Rokushima Táiyoo pelas
brumas, que cortaram sua conexão com o mundo
exterior. Muitos sacerdotes interpretam tal cir-
cunstância como um importante evento sagrado,
e temem que o mundo do meio, onde vivem os
homens possa também ter perdido sua conexão
com o plano celestial.
Os trágicos eventos que se seguiram também
causaram grande temor nos devotos. Dois filhos
de Haki Shinpi foram assassinados no início da
guerra, e poderosos tremores de terra, erupções
vulcânicas e maremotos varreram e afundaram as
ilhas que eles governavam para as profundezas
dos oceanos, matando milhares de pessoas.
Muitos devotos temem que estes trágicos
eventos sejam sinais de que Rokushima Táiyoo
tenha sido condenado pela sua corrupção, e con-
clamam que seus irmãos se voltem para a busca
de equilíbrio e pureza espiritual, e se apeguem
às tradições de sua cultura e a harmonia com a
natureza.
Após décadas de intenso conflito, Rokushima
Táiyoo não parece estar perto de encontrar a paz.
Embora os templos e santuários tenham por seus
próprios dogmas uma postura neutra, a pressão
política sobre os maiores templos e santuários
aumenta para que eles reconheçam um dos fi-
lhos de Haki Shinpi, como legítimos herdeiros
do trono imperial ocupado por seu pai.
Organização
O culto aos Kami não tem uma estrutura orga-
nizada, e seus sacerdotes, chamados de Kanushi
não tem uma estrutura ou hierarquia formal.
Cada templo ou santuário é usualmente lide-
rado pelo seu membro mais antigo.
Alguns templos são liderados por uma Miko,
uma mulher que leva sua vida monástica e casta,
e assume importante papel nos templos para a
realização de rituais sagrados de purificação.
Por fim, embora o culto dos Kamis seja opos-
to a violência, o número de templos que mantem
ordens monásticas treinados em artes marciais
tem aumentado, e estes monges atuam na prote-
ção dos templos, nos incertos tempos de guerra
civil em que Rokushima Táiyoo foi lançada.
Sede e Propagação
O culto dos Kamis não tem uma sede formal,
e é tão difuso como os inúmeros Kamis existen-
tes.
Uma grande variedade de templos e santuários
pode ser encontrada ao longo das ilhas. Desde
pequenos altares familiares, até aqueles erigidos
em locais ermos onde determinadas forças da na-
tureza são predominantes.
- 228 -para o submundo e o estão utilizando para
Templos maiores e suntuosos costumam ser a realização de rituais. Até então, sacrifí-
dedicados às divindades propriamente ditas. cios têm sido lançados para o as profunde-
Seus templos e santuários podem ser reconhe- zas sombrias do abismo, mas o que pode
cidos pela Tori, portais sem porta constituídos emergir de lá?
por dois postes verticais e duas traves horizon-
tais, que costumam adornar a entrada de seus
santuários, marcando a transição do mundano
para o sagrado.
O culto aos Kamis não se propagou para além
das fronteiras de Rokushima Táiyoo, que perma-
nece isolada nas brumas.

Possibilidades Sinistras
Após o recente isolamento de Rokushi-
ma Táiyoo do mundo exterior pelas bru-
mas, alguns acreditam que os caminhos
para as Planícies Celestiais foram fecha-
dos e perdidos pela impureza das ações
dos homens, e que a porta para o submun-
do Yomi tenha sido aberta, permitindo
que os mortos, Onis e Demônios invadam
o mundo dos vivos.
Os tremores de terra e desastres que
fizeram duas das seis ilhas de Rokushima
afundarem nos oceanos também são atri-
buídos a Kaiju, o filho monstruoso que
habita as profundezas do oceano, e que
estaria despertando para destruir o mun-
do, acordado pelos cheiros do pecado da
humanidade.
Em um templo no Monte Gélido, na
ilha Kita No Kashaku (A Tormenta do
Norte), um grupo de sacerdotisas encon-
trou uma fenda que leva às profundezas.
Elas alegam que o local é uma passagem
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •

O Culto de mores dizem que desvendar a verdade por estas

Vecna
lendas é o rito de passagem e aceitação para os
verdadeiros iniciados da fé.
Alguns acreditam que Vecna é o escolhido
Nas sombras e em sussurros, um culto pro-
pelo destino, e que somente ele guarda a esperan-
fano atrai adoradores para a veneração a Vecna,
ça para a salvação do universo. Outros afirmam
o Deus dos Segredos. Enquanto muitas religiões
que ele foi amaldiçoado pelos deuses, invejosos
e credos temem que as brumas os distanciem de
de sua inteligência e capacidades. Alguns relatam
seus deuses, os Vecnitas acreditam que duran-
que ele era o filho de uma bruxa e praticante das
te algum tempo, sua própria divindade esteve
artes sombrias, e que desde cedo foi exposto a
aprisionada na Terra das Brumas, e comandava
terríveis conhecimentos arcanos proibidos.
seus seguidores do mítico domínio de Cavitus.
Independentemente da verdade ou mito nes-
Estre credo maligno almeja segredos e poder, e
tas histórias, a origem de Vecna remonta a um
atrai e corrompe muitos para servir o Deus
passado longínquo, no mundo de Oerth,
Mutilado.

Símbolo
onde nasceu como um mortal, um hu-
mano (ou meio-elfo de acordo com
alguns relatos) e ascendeu em poder
O símbolo desta fé é uma mão
até se tornar um poderoso arcano e
decepada esquelética aberta, con-
monarca.
tendo um olho em sua palma. Por
Os mitos dizem que Vecna entrou
vezes, quando não há tempo para
em contato com uma entidade podero-
uma grafia mais elaborada, o símbo-
sa conhecida apenas como a Serpente,
lo pode ser identificado como cinco
um ser ancestral incompreensível, de
riscos representando os dedos de uma
onde emana todo o conhecimento e po-
mão saindo de um círculo, ou mesmo a
der arcano. Os mais poderosos arcanos apenas
mancha de uma mão sangrenta sobre um
manipulam um pequeno fragmento da Serpente,
círculo.

Mitologia
sem jamais compreendê-la, mas Vecna consegue
se comunicar com a Serpente, e ouvir a sabedoria
de seu conhecimento sibilante.
Vecna, o Deus dos Segredos é conhecido por
Com o conhecimento recebido da Serpente,
muitas alcunhas, e é também chamado de o Ar-
Vecna se tornou o mais poderoso arcano de Oer-
qui-Lich, o Sussurrado, o Senhor Mutilado, o
th, e ascendeu ao trono de um grande império.
Deus Acorrentado, o Mestre do Trono Aranha,
Seus feitos na história antiga de Oerth são len-
o Rei Imortal, o Senhor da Torre Apodrecida, ou
dários e terríveis, e é dito que ele usava vilas
o Senhor do Olho e da Mão. Seu passado também
inteiras em seu reino como laboratório para ex-
está perdido em inúmeros mitos e lendas, e ru-
perimentos, ou como sacrifício para poderosos
 - 230 -
rituais arcanos. Contudo, seu corpo mortal sofria
os efeitos do envelhecimento, e Vecna buscou
um meio de vencer a própria morte.
Alguns mitos afirmam que Vecna conse-
guiu confrontar e capturar sua própria Morte,
e a aprisionou para sempre em tormentos eter-
nos, tornando-se imortal. Outros dizem que sua
imortalidade é fruto de uma maldição lançada por
Poderosas Entidades dos Planos Exteriores. Al-
guns clamam que ele barganhou com o príncipe
demoníaco Orcus pelo segredo para se tornar
um morto vivo, e muitos afirmam que ele verda-
deiramente desvendou e descobriu os segredos
arcanos para se transformar em um Lich.
Assegurando a continuidade de sua existência
como um lich morto vivo, ele se tornou um flage-
lo para Oerth, expandindo seu império e poder.
Auxiliado por seu general Kas, o destruidor, ele
conquistou diversas terras, expandindo seu impé-
rio de horror. Nem todo o poder e conhecimento
conseguiam satisfazer o poderoso Mestre do Tro-
no Aranha em sua teia, e ele começou a tramar
os meios para ascender como uma divindade.
Vilas inteiras foram sacrificadas em nome de
seus objetivos, e ele se preparou para um grande
ritual para sua ascensão à divindade. Contudo,
no momento em que conduzia este poderoso e
complexo ritual, seu general, Kas, decidiu trair
seu mestre, e o atacou usando uma poderosa es-
pada criada pelo próprio Vecna.
O embate mutilou a mão e o olho de Vecna,
mas a interrupção do ritual libertou as poderosas
energias arcanas envolvidas, levando a destruição
da Torre Apodrecida. Nenhum sinal de Kas ou
Vecna foi encontrado nos escombros, mas a espa-
da de Kas e algumas partes apodrecidas do corpo
de Vecna, dentre ele sua mão e olho mutilados,
foram resgatados das ruínas.
Vecna desapareceu de Oerth, mas de algu-
ma forma a consciência de Vecna sobreviveu, e
absorveu parte da essência divina libertada pelo
ritual. Com sua mente disseminada pelos planos
exteriores, ele começou aos poucos a se recupe-
rar e fortalecer, graças aos seus seguidores que
passaram a venerar Vecna como uma divindade.
Tendo atingido o status de um Semideus, o
culto de Vecna ganhou força, agindo em segredo.
Vecna também estava determinado a obter ainda
mais poder, e atingir a divindade plena.
Em um plano ousado, ele conseguir retornar
a Oerth através de um avatar, e tentou um plano
audacioso para barrar a influência de outros deu-
ses e conseguir abrir um portal para o passado,
onde usaria a força de seus seguidores em seu an-
tigo império para ascender como uma divindade.
Seu plano foi frustrado pela ação de aventu-
reiros e pela interferência de Iuz, o antigo, ou-
tra semi-divindade que se opunha à ascensão de
Vecna, seu rival.
Vecna foi posteriormente tragado pelos po-
deres sombrios para o Semiplano do Medo, onde
se tornou o Senhor Sombrio de Cavitus, um do-
mínio que representava uma antiga prisão planar
criada por Vecna na fronteira do plano de energia
negativa e do plano das elemental das cinzas.
Fazendo fronteira com suas terras, contudo, os
Poderes Sombrios criaram o domínio de Tovag,
onde seu inimigo e traidor Kas se tornou o lorde
sombrio, travando ambos os domínios em um
eterno conflito.
Nem mesmo os Poderes Sombrios consegui-
ram impedir Vecna em seus planos. Em estrata-
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
gemas planejados ao longo de séculos, ele plantou
segredos e informações falsas que levaram seu
inimigo Iuz, o Antigo, um maligno semideus
rival de Oerth, a vir a seu encalço dentro do
Semiplano do Medo.
Iuz acreditou que triunfaria sobre seu rival,
ascendendo como uma divindade suprema. Con-
tudo, ele foi enganado pelos segredos e planos
de Vecna, e Iuz teve sua essência absorvida por
Vecna, que finalmente obteve poder suficiente
para se livrar de suas correntes e escapar de sua
prisão nas brumas.
Finalmente livre de seu domínio, Vecna par-
tiu diretamente para a cidade de Sigil, no centro
dos planos de existência, um lugar cuja entrada é
barrada aos deuses. Sua presença em Sigil repre-
sentava uma ameaça ao universo, e Vecna come-
çou a reescrever a própria realidade. Um grupo
de poderosos aventureiros conseguiu impedir
a ascensão de Vecna como senhor absoluto do
Universo, e a Senhora da Dor conseguiu expelir
o Deus dos Segredos da cidade de Sigil.
Embora derrotado, Vecna, agora uma divinda-
de plena, se tornou uma ameaça ainda pior agora
que estava livre. Mas teria o Deus dos Segredo
sido realmente derrotado? Que tipo de segredos
ele teria assegurado durante o período em que
esteve em Sigil? Teria ele distorcido a realida-
de ao ponto de semear e esconder os próximos
passos de seus planos de ascensão como mestre
supremo do universo?
Este é um segredo que apenas o tempo poderá
dizer.
Dogmas
Conhecimento é poder, e todo poder deve
pertencer a Vecna. O Deus dos Segredos tem
uma insaciável fome de poder, e seus cultistas
têm como principal missão coletar conhecimento,
artefatos e segredos que asseguraram o poder de
seu culto e divindade.
Os cultistas de Vecna, ou Vecnitas, tem como
um de seus principais dogmas o sigilo. Vecna é o
mestre dos segredos e conhece a verdadeira devo-
ção de seus súditos, não exigindo demonstrações
públicas de adoração. Seus integrantes seguem
o caminho da sutileza, e não devem revelar sua
verdadeira devoção a aqueles que não iniciados
em seu culto. Segredos guardam poder, e o verda-
deiro propósito de um Vecnita deve ser mantido
em sigilo perante a sociedade, garantindo que
seus cultistas sempre tenham poder sobre essa
situação.
Um Vecnita deve ter como dogma abraçar
sua escuridão interior e nutrir a escuridão em
outros. Apenas abraçando sua escuridão um in-
divíduo poderá atingir seu verdadeiro potencial,
e deve deixar sua escuridão o consumir e guiar
seus atos. Eles devem ainda descobrir, observar
e nutrir a escuridão que existe dentro de outras
pessoas, para corromper e incentivar o mal que
habita dentro deles. Até mesmo os mais ilumi-
nados dos seres geram uma densa sombra, e uma
vez entregues à escuridão poderão melhor serem
manipulados para servir o Deus dos Segredos.
Um dogma absoluto para os Vecnitas é a re-
jeição a todos os demais Deuses, que não são
dignos de adoração, e apenas seduzem fiéis com
truques e mentiras. Vecna, que veio de uma vida
mortal para ascender à divindade oferece verda-
deiro poder a aqueles que se dedicam à fé.
Vecna ascendeu como um mago mortal para
se tornar um lich, e então ascender como uma
- 232 -
Divindade. Assim, é esperado de seus clérigos
que eles tenham amplo conhecimento arcano.
A maior parte dos grandes sacerdotes da fé são
multiclasse, tendo habilidades como clérigos e
arcanos.
O conhecimento é poder, e deve ser mantido
em segredo. Assim, os dogmas e mistérios da
fé de Vecna não são revelados a todos os seus
cultistas. Seguidores de menor hierarquia rara-
mente conhecem as verdades e mistérios da fé,
e seus segredos são revelados à medida que seus
seguidores avançam em seu culto.
Dentre os seus livros sagrados está o Livro
dos Contratos, um tomo maligno escrito por um
Grande Yuguloth com instruções para invocar e
controlar ínferos, contendo o verdadeiro nome de
muitas destas criaturas. O livro foi criado como
uma armadilha para tentar mortais a conjurar
criaturas que não são capazes de controlar, e con-
tém diversos erros ocultos em seu texto, mas os
cultistas de Vecna guardam os segredos das cor-
reções necessárias para fazer este tomo se tornar
útil na mão de poderosos usuários de magia.
O mais sagrado livro deste culto é um tomo
escrito pelo próprio Vecna, ainda antes de se
ascender como uma divindade. O Livro da Escuri-
dão Vil é um tomo que coleta conhecimento pro-
fano e corruptor, que o próprio Vecna compilou
em um único livro, adicionando conhecimentos
e segredos malignos. Seu tomo foi encadernado
com a pele do rosto de um humano e ossos de um
demônio. Cultistas que conseguem obter acesso
a esse tomo sagrado, são vistos com grande defe-
rência e respeito, por terem vislumbrados segre-
dos tão poderosos escritos pelo próprio Vecna.
As cerimônias religiosas dos Vecnitas são re-
alizadas em segredo, e se iniciam com um cântico
sagrado, através do qual são repetidas palavras
no qual os cultistas invocam o nome de Vec-
na e juram servi-lo na busca de poder, abrindo
seu coração e mente para o Deus dos segredos.
Apenas então um longo período deste cântico a
Cultista mais antigo irá interromper os cantos
para realizar sua pregação, e, quando necessário
partilhar de segredos e informações que sejam
destinados a todos os cultistas para suas missões.
Vecnitas devem estar sempre atentos e em
busca de itens e artefatos de poder, e dentre suas
missões mais importantes estão a busca pelas re-
líquias sagradas de sua fé, como as diversas partes
mumificadas do corpo de Vecna, principalmente
a mão e o olho decepados, e a famigerada espada
de Kas. Duas vezes por ano, Vecnitas tem como
obrigação fazer cerimônias onde itens mágicos
são sacrifícios para aumentar o poder de Vecna.
Embora não tenha cerimônias de participação
obrigatória, o Culto de Vecna tem um feriado
sagrado chamado de o Escárnio do Traidor. Este
feriado é celebrado na data em que o Vecna as-
cenderia em um ritual como uma divindade, mas
foi traído por seu general Kas, e mutilado na
batalha. Apesar desta derrota durante o ritual,
Vecna conseguiu sobreviver a destruição e emer-
gir desta batalha como uma divindade menor,
marcando o início da sua ascensão divina.
Durante esta celebração ritualística, uma víti-
ma senciente é sacrificada como a representação
de Kas, o traidor. Muitas cédulas buscam pela
traição entre os seus membros, e guardam pos-
síveis traidores encontrados para esta noite de
cerimônia, para obter grandes bênçãos de seu
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
Deus.
Vecnitas não tem um horário específico para
realizar suas preces ao Deus dos Segredos. Vec-
na tem como arma favorecida pequenas adagas,
e não é incomum que clérigos de alta hierarquia
tenham adagas encantadas que ocultem sua detec-
ção por meios mágicos. Apesar da adaga ser uma
arma favorecida, seu credo não impõe qualquer
limitação ao uso de outras armas.
Seus sacerdotes não costumam se apresen-
tar em público como Vecnitas, e se ocultam da
sociedade. Em cerimônias secretas, eles costu-
mam vestir robes de cor escura, com capuzes e
mantos, e usam amuletos com símbolos sagrados
de Vecna em seus pescoços. Alguns gostam de
cobrir uma de suas mãos com luvas negras ou
usar tapa-olhos para homenagear sua divindade.
Alguns chegam a extremos de se mutilarem em
honra a Vecna, mas tal medida não é incentivada,
pois facilita sua identificação e manutenção de
seus segredos.
Este segredo sobre suas identidades não é
necessário em Cavitus, a grande cidadela cons-
truída sobre os ossos de um gigantesco crânio
no deserto de cinzas. Naquele que outrora foi o
centro do poder de Vecna no semiplano do medo,
os Vecnitas usavam livremente sua indumentária
e símbolos de seu poder.
História
 O Culto de Vecna surgiu no mundo de Oerth,
- 234 -Nenhum sinal de Vecna foi encontrado, a não ser
e cresceu ao redor da mítica figura do rei imortal,
que emergiu como um mago mortal para se tor-
nar o governante de um vasto império, conquis-
tando a própria morte se tornando um poderoso
lich. Tão logo Vecna desejou se tornar uma di-
vindade, ele procurou os segredos místicos que o
fariam ascender como uma divindade, e começou
a demandar a adoração de seus súditos.
Muitos dos que se aproximaram de Vecna
durante seu período como rei lich o fizeram em
busca de poder e do conhecimento sombrio que
ele possuía, capaz de permitir a um indivíduo
vasto conhecimento arcano e até mesmo vencer
as barreiras de sua vida mortal.
Vecna, contudo, havia se tornado paranoico
após a traição de seu aprendiz Acererak, e se cer-
cava de segredos e uma complexa hierarquia entre
seus seguidores. Apenas aqueles que provassem
sua lealdade e fossem capazes de obter e manter
grandes segredos para o seu senhor, ascendiam
ao seu círculo de confiança.
Com os planos de sua ascensão divina em an-
damento, muitos de seus seguidores começaram
a vislumbrara a possibilidade de crescimento em
poder. Muitos acreditavam que Vecna era um
escolhido que traria uma nova ordem de poder
ao mundo, e passaram a devotar suas esperanças
de que seriam os governantes deste mundo vin-
douro, agraciados com os segredos da vida eterna.
Seu império cresceu, e Vecna, o Mestre da
Trono Aranha, passou a ser temido por seus
inimigos e adorado por seus seguidores. Quando
o grande ritual de ascensão divina teve seu lugar,
contudo, o resultado foi um grande cataclisma,
que destruiu completamente a Torre Apodrecida.
partes mutiladas de seu corpo.
Alguma coisa havia saído terrivelmente erra-
da, e os seguidores de Vecna não tinham certeza
se o ritual havia sido bem-sucedido. Nos anos
que se seguiram o império de Vecna foi desfeito,
e seus seguidores caçados. Muitos foram mortos
ou abandonaram a causa, mas alguns poucos so-
breviveram a esta caçada, e se organizaram em
cédulas secretas.
Em segredo, surgiu o Culto de Vecna, entre
aqueles seguidores que ainda acreditavam na as-
censão divina de seu antigo mestre.
Por muitos anos, eles ofertaram suas preces
ao Deus dos Segredos, esperando por seu retor-
no, buscando resgatar os fragmentos de seu cor-
po mumificado e angariar segredos e poder para
o vindouro retorno de Vecna. Sua fé foi recom-
pensada, pois a consciência de Vecna se reformou
nos planos exteriores, tendo este ascendido como
um semideus.
Com o poder de Vecna emanando através de
seus sacerdotes, o culto de Vecna, embora pouco
numeroso, se espalhou por Oerth. Com o segre-
do como sua principal arma, eles ganharam poder
e influência através de chantagens e manipulação
de seus inimigos, e preparam o terreno para o
retorno de Vecna ao mundo de Oerth.
Seus planos quase foram bem-sucedidos,
quando ele tentou bloquear a interferência de
outros deuses em Oerth, e reencarnou em um
avatar corpóreo naquele mundo. Seu objetivo se-
ria utilizar de poderosos portais místicos para
abrir uma janela do passado, trazendo ao presente
suas forças e seguidores do tempo de seu impé-
rio, e finalmente ascender como uma divindade
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
plena e governar sobre Oerth.
Sua ascensão foi frustrada pela ação de aventu-
reiros, que se aliaram a outro semideus maligno,
Iuz, o Antigo, para impedir sua ascensão. Apesar
de seus planos não serem bem-sucedidos, o mun-
do percebeu a ameaça secreta do Culto de Vecna,
e seu grande potencial destrutivo.
Foi então, que, por interferência dos miste-
riosos Poderes Sombrios, Vecna foi tragado pelas
brumas e se tornou prisioneiro em um cativeiro
de sua própria criação.
Vecna, como um semideus, construiu nos
planos exteriores uma prisão planar. Nas fron-
teiras entre o plano elemental negativo e plano
das cinzas, ele construiu uma cidadela sobre os
ossos de uma criatura gigantesca, construindo a
cidadela de Cavitus. Aqueles que eram levados a
esta prisão planar, e não detinham meios místi-
cos de escapar, deveriam permanecer dentro da
cidadela de Cavitus para sobreviver, pois estariam
cercados por uma mortal fonte de energia nega-
tiva que impediria a sobrevivência de qualquer
ser vivo.
Esta cidadela planar se tornou o lar de di-
versos mortos vivos, transformados pela energia
negativa do lugar. Muitos dos prisioneiros mor-
tais que lá estavam se entregavam ao desespero
e à loucura, ou se devotavam à fé de Vecna, na
esperança de um dia serem libertados desta prisão
pelo Deus dos Segredos.
Quando Vecna foi tragado pelas brumas, ele
se viu como o Lorde Sombrio do domínio de Ca-
vitus, e se tornou um prisioneiro de sua própria
prisão extraplanar. Como se tal aprisionamento
não fosse o bastante, ele descobriu que o domí-
nio adjacente a suas terras continha um de seus
maiores inimigos, o vampiro Kas, o Destruidor,
o traidor que impedira sua ascensão divina no
passado.
O desaparecimento de Vecna quando foi tra-
gado para o semiplano do pavor gerou um desen-
volvimento interessante de seu culto. O desapa-
recimento da divindade poderia ter enfraquecido
os clérigos de seu culto, mas seus líderes, sabia-
mente esconderam este segredo de seus rivais.
Sem admitir para seus inimigos que não possuíam
mais a conexão divina com o Deus dos Segredos,
o culto sobreviveu pela proteção de seu segredo,
e pelo uso de recursos e informações contra seus
adversários.
Por sua vez, em Cavitus, o culto de Vecna
adotou uma nova faceta. Com sua própria di-
vindade presente em sua fortaleza na Cidadela
de Cavitus e em um domínio governado pelo se-
mideus, o Culto de Vecna se tornou uma força
poderosa e influente na cidade, com seus clérigos
abandonando os segredos sobre sua identidade e
exercendo grande poder e influência no domínio.
De certa forma, dentro das fronteiras fechadas
do domínio de Cavitus, Vecna era o mal absoluto
e tinha grande poder, assim como seus cultis-
tas. Esta ilusão de poder, contudo, não engava o
Deus dos Segredos, que ansiava por uma forma
de libertação.
No semiplano do pavor, os Cultistas de Vecna
mantiveram sua organização hierárquica e bus-
cavam auxiliar seu mestre a tentar escapar desta
prisão de brumas, e também a tentar destruir
Kas, com quem ele travava uma guerra intermi-
nável.
Este embate durou até quando a cidadela de
Cavitus foi invadida pelas forças de Iuz, o Antigo,
 - 236 -
um semideus rival de Vecna que veio em busca de
seu inimigo para tentar absorver sua energia. O
resultado do confronto entre Iuz e Vecna abalou
as estruturas de Cavitus, e levou ao desapareci-
mento de ambas as divindades.
Por um breve período, Vecna conseguiu in-
vadir a cidade de Sigil, no centro dos planos de
existência, e sua presença foi suficiente para adul-
terar as leis da realidade. Ele foi expurgado de
Sigil antes que sua alteração da realidade fosse
concluída, e retornou ao mundo de Oerth como
uma divindade completa.
O retorno de Vecna, após sua prisão no semi-
plano do pavor e invasão de Sigil, foi celebrado
por seus cultistas em Oerth. Agora com os pode-
res de uma divindade plena, seu culto redobrou
seus esforços e devoção, e tem espalhado seus
braços e influência para outros mundos.
Enquanto o Culto de Vecna ganhou força e
poder com o retorno de sua divindade, no se-
miplano do pavor, o Culto de Vecna em Cavi-
tus sofre com o abrupto desaparecimento de seu
deus. O desaparecimento de Vecna causou graves
tremores no domínio, que foi coberto por densas
brumas. Quando estas se dissiparam, o Culto
de Vecna agiu rápido para garantir a ordem na
cidade, e assumir o controle de Cavitus.
Talvez os Poderes Sombrios tenham encon-
trado um novo sucessor para o posto de Lorde
Sombrio do Domínio de Cavitus. O Culto de
Vecna nesta localidade tem uma posição proe-
minente de poder, mas guarda o segredo de que
Vecna desapareceu e sua conexão com Vecna foi
perdida, e que alguma outra entidade misteriosa
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
parece conceder as bênçãos de suas preces.
Em busca de informações sobre o paradeiro
de Vecna, eles têm enviados diversos de seus
cultistas em missões para além das fronteiras de
seu domínio, para explorarem outros domínios
nas brumas em busca de segredos, informações e
poder. Aos poucos, o culto de Vecna tem se es-
palhado em cédulas secretas por outros domínios
da Terra das Brumas, reportando-se ao centro de
seu poder na cidadela de Cavitus.
Organização
O Culto de Vecna tem uma forte organização
hierárquica e é esperado de seus membros estrita
observância aos comandos de seus superiores,
para que cada cédula possa agir como uma uni-
dade. O que para muitos parece ser uma união e
colaboração de seus membros, na verdade é um
tênue equilíbrio de jogos de poder entre devotos
malignos e corruptos.
Conhecimento é poder, e o poder é ainda
maior quando o conhecimento é secreto. Quando
mais alto alguém ascende na hierarquia do Culto,
maiores revelações e segredos ele terá acesso.
Vecnitas não devem agir abertamente contra o
interesse do Culto, mas as disputas por poder
dentro da hierarquia são travadas por intrigas,
chantagens e ameaças veladas.
Aqueles que desejam prosperar dentro do cul-
to devem guardar seus segredos a sete chaves,
e conhecer os segredos de seus rivais políticos,
para utilizá-los no momento adequado. Vecna es-
timula estes jogos de intriga, desvendando entre
seus acólitos os mais adeptos e capazes.
Um ditado antigo dos Vecnitas diz que Se-
gredos Nunca Morrem, o que representa tanto
uma promessa quanto uma ameaça. Nada está
escondido para sempre, e até mesmo na morte
alguém pode ser forçado a revelar seus segredos.
Mortos vivos tem uma posição de proeminên-
cia dentro do culto. Enquanto muitos de seus
seguidores adquirem poderes e capacidades de
criar mortos vivos menores para servi-los, mortos
vivos inteligentes que seguem o culto são vistos
como os Favorecidos por Vecna, e muitas vezes
ocupam posições proeminentes no culto.
Muitos dos mortais que ingressam no Culto
de Vecna, especialmente poderosos arcanos, o
fazem com o intuito de buscar o conhecimen-
to profano da imortalidade, especialmente o da
transformação em Lichs, e é dito que o culto é
capaz de transformar em Lichs menores e Vas-
salichs até mesmos seguidores devotos que não
sejam capazes de lançar magias arcanas.
As principais cédulas de Vecna costumam ter
Lichs como seus principais líderes, tornando sua
completa destruição quase impossível, a menos
que aqueles que a confrontam também conheçam
a natureza e meio de destruição do filactério que
guarda as almas destas monstruosidades mortas
vivas.
A posição mais alta do Culto de Vecna é ocu-
pado pela Voz de Vecna. Apenas o sacerdote de
mais alta hierarquia pode clamar este título, e
no passado esta posição já foi ocupada por ma-
nifestações e avatares da própria divindade en-
quanto encarnada em um mundo material. Sua
identidade, é na maioria das vezes um segredo
bem guardado.
Abaixo da Voz de Vecna está o Coração de
Vecna, um posto ocupado por um único alto sa-
cerdote de grande poder que sempre se apresenta
aos demais em robes de um tom vermelho vivo.
- 238 -por conhecimento e poder. Geralmente capazes
Este membro do culto é o responsável por trans-
mitir aos outros cultistas líderes de cédulas os
sussurros e comandos de sua divindade, tendo
uma posição central na organização e condução
dos diversos planos nefastos.
Respondendo diretamente aos comandos do
Coração de Vecna estão os constructos aber-
rantes conhecidos como o Olho e a Mão. Estas
monstruosidades são criadas por rituais profanos,
e são uma amálgama de mãos decepadas (a Mão)
ou de olhos arrancados de criaturas sencientes
ainda vivas, sendo criados apenas com material
extraído de seguidores fiéis. Apenas um de cada
destes horrores pode existir de cada vez, mas se
destruídos, eles podem ser reconstruídos em um
profano ritual.
Cada cédula secreta do Culto é conhecida
como os Órgãos de Vecna, e são liderados por
um alto clérigo com o título de Pensamento de
Vecna. Estes líderes respondem diretamente ao
Coração de Vecna ou a Mão e o Olho, e usam
robes com símbolos de raios para representar
a velocidade dos pensamentos de Vecna e seu
poder destrutivo.
Os demais sacerdotes de um Órgão de Vec-
na são chamados de Memórias de Vecna. Estes
sacerdotes podem ser numerosos, dependendo
do tamanho da cédula do culto que ocupam, e
vestem robes ritualísticos com estranhos e eso-
téricas formas abstratas.
Embora boa parte dos sacerdotes de Vecna
partilhem também de capacidades arcanas, cada
Órgão de Vecna é dotado também de um grupo
chamado de os Dentes de Vecna, composto de
arcanos poderosos que decidiram servir ao culto
de grandes feitos arcanos, os Dentes são convo-
cados sempre que uma tarefa exige amplo poder
arcano, para ajudar na busca e criação de artefa-
tos, ou para atacar inimigos que precisam sentir
o poder arcano da “mordida” do Culto.
Os Dedos de Vecna são outro grupo especia-
lizado dentro de um Órgão de Vecna. Composto
por ladrões, espiões, bardos e outros tipos de
ladinos, este grupo é uma força corruptora do
Culto, responsável por agir nas sombras, obter
recursos e artefatos em assaltos, corromper e
subornar autoridades e guardas, e servir como
informantes do Culto. Apesar de prezarem pelo
sigilo de suas identidades, quando em missões
especiais eles costumam tingir seus dedos de
vermelho, para que aqueles que os confrontem
temam o terrível alcance de Vecna.
O Sangue de Vecna é um grupo de homens
de armas que servem ao Deus dos Segredos. Es-
tes fanáticos costumam lutar com ferocidade e
letalidade, e acreditam no vindouro mundo go-
vernado por Vecna, e que na vida ou na morte
se tornaram os novos senhores dessa realidade,
sendo recompensados por seu mestre. Quando
em missões especiais e sagradas, eles tingem todo
o seu rosto de vermelho, para inspirar o terror
nos seus inimigos.
Por fim, a camada mais baixa de um Órgão é
composta pelas Crias de Vecna, indivíduos ainda
não iniciados que de alguma forma se envolve-
ram com o Culto, por necessidade, chantagem ou
ameaças. Alguns sonham com a glória de um dia
ascender na hierarquia, outros temem as conse-
quências de não se aliar ao culto, e todos servem
como massas e servos para os desígnios da célula.
 • A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
Existe ainda um grupo secreto que atua de for-
ma quase monástica dentro do Culto de Vecna, e
do qual poucos têm conhecimento. Os Guardiões
do Conhecimento Proibido são uma ordem que
remontam aos tempos do império de Vecna em
Oerth (com alguns de seus líderes mortos vivos
clamando terem sido seus contemporâneos), e
atuam nas sombras angariando artefatos e conhe-
cimento que eles julgam que deva ser protegido
e acumulado para o poder de seu Deus.
Atualmente, a organização do Culto de Vec-
na está fragmentada em duas grandes Seitas. No
mundo de Oerth, e em outros mundos do univer-
so, a Seita de Vecna segue sua antiga estrutura,
e avança em seus planos de conquista e poder.
Por anos, eles atuaram nas sombras, escondendo
o segredo de que a presença de Vecna já não era
sentida neste plano de existência estava aprisio-
nada no semiplano do medo. A devoção dos fiéis
foi recompensada, contudo, pois Vecna escapou
de sua prisão das Brumas, se transformou em
uma divindade plena, e quase conseguiu alterar
a própria arquitetura do universo conforme sua
vontade.
Enquanto a Seita de Oerth expande sua in-
fluência e poder para outros mundos, a Seita da
Terra das Brumas sofre com o abandono abrupto
da presença divina de Vecna. Quando Vecna foi
aprisionado pelas brumas, o Culto de Vecna se
reformou em Cavitus, contendo toda a estrutura
hierárquica que possuía anteriormente no mundo
de Oerth. Esta facção tem um grande número de
mortos vivos poderosos entre seus Cultistas, e
se beneficiava da presença de Vecna como Lorde
Sombrio do domínio de Cavitus. Ao contrário da
secreta natureza de seus seguidores, em Cavitus
a adoração de Vecna era ampla e ostensiva, e a
Seita tinha um centro inabalável de sua fé na
Cidade da Caveira.
Com a fuga de Vecna de sua prisão nas bru-
mas, um novo líder parece ter assumido o con-
trole, e tomou o poder e controle da cidade de
Cavitus. Nos escombros deste domínio em ruí-
nas, esta seita passa por um período de provação,
e se desenvolve de forma totalmente isolada a
Seita de Oerth.
Seus líderes escondem o segredo da ausência
de Vecna dos demais, mas também começaram
a expandir sua influência e poder para além das
fronteiras deste domínio, instalando cédulas de
cultistas em outros domínios do medo.
Sede e Propagação
Fora da terra das brumas, o Culto de Vecna
não mantém uma sede, e se organiza em cédulas
secretas. Prezando por manter sigilo sobre suas
atividades, cada célula se mantém unida a um
Culto organizado através da hierarquia de sua fé.
Dentro do semiplano do medo, contudo, o
Culto de Vecna tem uma sede conhecida, onde
se instalam as autoridades máximas desta fé, na
cidadela de Cavitus.
No antigo palácio de Vecna e em seu tem-
plo principal, os altos sacerdotes guardam o se-
gredo do desaparecimento de sua divindade e os
mistérios sobre a fonte de seus poderes divinos,
enquanto tentam manter o controle político da
cidadela.
Cientes da importância de seu segredo e fra-
gilidade, eles têm enviado cultistas em missões
para explorar outros domínios das brumas, para
instalarem cédulas de seu culto e obter infor-
 - 240 -
mação, segredos e influência. Os líderes destas
cédulas sabem apenas as informações necessárias
repassadas pelo Templo de Cavitus, e se reportam
aos seus superiores neste domínio.
Em Cavitus, o culto em Vecna é um tema
dominante. A cidade é repleta de mortos vivos,
que controlam segmentos importantes da cidade,
e muitos mortais que lá habitam são tratados
como escravos ou servos por estes monstros. A
adoração a Vecna é ostensiva na cidade, e muitos
dos que lá residem são atraídos para sua adora-
ção como uma forma de serem aceitos ou terem
oportunidade de progredir nesta sociedade.
Fora de Cavitus, a propagação desta fé segue
um caminho mais insidioso. O Culto assegura
seu poder e encontra novos seguidores através da
obtenção de segredos e manipulações. Apesar do
sigilo sobre a identidade de seus membros, eles
estavam sempre à espreita para obter poder e se-
gredos, e manipular e chantagear aqueles ao seu
redor. Por vezes, algumas pessoas que tiveram
seus segredos infames descobertos pelos cultistas
se juntam ao culto como uma forma de assegurar
a proteção de seus segredos, preferindo adorar a
Vecna a se tornar uma vítima de chantagens na
mão de seus membros.
Os rumores sobre Vecna também atraem
aqueles que estão em apuros e que desejam de-
sesperadamente manter um segredo, e não é in-
comum que cônjuges infiéis, a assassinos fugindo
da justiça ou conspiradores busquem seu apoio,
realizando oferendas, sacrifícios, ou pedidos de
ajuda à cultistas na forma do desenho de seu
símbolo que possam atrair a ajuda dos cultistas.
O auxílio do Culto de Vecna costuma ser efi-
ciente, mas uma vez que alguém deva favores
ou segredos a este culto, dificilmente conseguirá
escapar de suas garras.
Possibilidades Sinistras
Os Vecnitas de Cavitus possuem o co-
nhecimento secreto para um ritual pro-
fano conhecido como a Criação, através
do qual eles podem construir poderosos
Golems que servem como instrumentos
da fé de Vecna. Estes rituais podem criar
as criaturas conhecidas como a Mão e
o Olho. A Mão é um golem cujo corpo
é constituído inteiramente de mãos de-
cepadas, e cujo todo é tomado por uma
gigantesca mão monstruosa. Já o Olho é
um golem formado de globos oculares de
criaturas sencientes arrancados de seus
corpos ainda vivos, e com o topo conten-
do um grande e enorme olho central. A
matéria para a construção destas mons-
truosidades deve ser extraída de cultistas
devotos, e sua presença é uma cédula de
cultistas é sinal de poder e favorecimento
por Vecna.
Nos confins do Palácio de Cavitus, al-
guma nova força parece controlar o Culto
de Vecna após o desaparecimento de sua
divindade. Com acesso a profana biblio-
teca de Vecna, este líder misterioso ad-
quiriu conhecimento profano e segredos
proibidos e agora amplia a rede de cédulas
de Cultistas pelas brumas, em busca de
algum objetivo nefasto.
• A Fé e a Religião em um Mundo Sombrio •
 Sociedades
Benignas de
Ravenloft
“As Brumas escondem verdades e mentiras, heróis e vilões, triunfos e
tragédias. Acima detorturadas.
tudo, as Brumas escondem os segredos de mil almas
” - Provérbio Vistani
 Por t-a-Lucine, Dementlieu, 761 BC

Prezada Gennifer Weathermay,

Espero que esta car ta encontre você e sua irmã, Laurie, com boa saúde.
Eu gostaria primeiro parabenizá-las por sua iniciativa de reunir os muitos
amigos, estudiosos do oculto e caçadores de monstros para formar a Sociedade
Van Richten. O legado do bom médico deve sobreviver, e o conhecimento é o fogo
que mantém a escuridão sob controle.
A Sociedade Van Richten reuniu algumas das mentes mais brilhantes da
Terra das Brumas para trabalharem juntas e se ajudarem em momentos de
necessidade, e eu tive a sor te de receber a ajuda dos membros da sociedade em
minha investigação sobre o paradeiro do desaparecido Dr. Rudolph Van Richten.
Graças à ajuda deles, consegui rastrear sua última correspondência até a cidade
de Baía da Mar tira, em Darkon, alguns anos atrás. Testemunhas indicaram que
o Dr. Rudolph estava atormentado por terríveis pesadelos e talvez estivesse
perdendo sua sanidade. Eu especulo se ele poderia ter sido alvo de um feitiço,
maldição ou ataque mental, mas ainda não encontrei nenhuma prova nesse
sentido.
Sei que já se passaram muitos anos desde o seu desaparecimento, mas exor to-
vos a não perder a esperança. Confesso que entrei em contato com um poderoso
espiritualista de Sourangue chamado Malohan, que é par te de um grupo conhecido
como Palma Velada, para tentar falar com o Dr. Rudolph, mas seu espírito não
foi alcançado na sessão. Isso significa que ele ainda está vivo, ou que sua alma
está presa e incapaz de atender à convocação, o que torna a localização dele ou
de seus captores uma prioridade absoluta.
Continuarei minha investigação e os manterei informados sobre qualquer
progresso. Por favor, deixe-me saber se há mais alguma coisa que eu possa fazer
para retribuir e ajudar a Sociedade Van Richten em seus esforços.

Sinceramente,
Alanik Ray

PS: Encontrei fragmentos de um tex to inacabado do Doutor enquanto

investigava alguns de seus per tences recuperados que me foram devolvidos por
um aventureiro chamado Pavel, e enviarei a você junto com esta car ta, para que
você e sua irmã possam analisar a publicação do material.
244
CAPÍTULO
VIII
Sociedades Benignas de Ravenloft
Sociedades Secretas
Ao criar um personagem nativo para uma
campanha em Ravenloft, talvez você pense nele
como membro de uma sociedade secreta, ou sen-
do patrocinado por uma. Trabalhe com seu Mes-
tre para escolher uma sociedade secreta que possa
dar vida a seu personagem e funcionar bem na
história que vocês irão contar. Também é pos-
sível que seu personagem encontre uma dessas
sociedades (ou outras mais) durante o jogo.
Em um mundo onde a ignorância é a regra e
os aventureiros estão praticamente sozinhos na
luta contra as Trevas, sociedades secretas benig-
nas podem se tornar a diferença entre a vida e a
morte do seu personagem.
Claro, cada sociedade aqui descrita tem seus
próprios objetivos e códigos e nem tudo na Terra
das Brumas é sobre a luta do bem contra o mal.
Uma Sociedade Secreta é mais do que algo
no qual o grupo pode se apoiar. Ela pode ser um
excelente recurso narrativo.
Uma Sociedade Secreta pode estar ansiosa
para bancar seu grupo por algum motivo claro
ou obscuro, ou talvez se sinta à vontade para
cobrar serviços de seu personagem simplesmente
por ele pertencer a ela.
Quando uma Sociedade Secreta incumbe o
grupo com uma missão, isso pode servir como
gancho para uma aventura do Mestre. É indife-
rente se a Sociedade tem um caráter mais auto-
ritário (ou o membro superior com quem o seu
personagem tem contato tem essa personalidade)
ou se ela é mais liberal. O que importa é como
ela vai motivar e modificar as aventuras.
Em algumas aventuras, uma sociedade secreta
 • Sociedades Secretas • 245
ro, cabe a você e ao mestre definirem se essas
opções são satisfatórias ou se vocês desejam mo-
dificar ou aprofundar uma ou mais dessas opções.

atuará como uma ferramenta pro

mestre, dando vida a PdMs e cria-
turas, como antagonistas ou não
sendo mais do que uma distração
ou uma isca. Um membro de uma
ordem misteriosa poderia se tor-
nar um vilão, um rival, um alia-
do ou uma cortina de fumaça que
atrapalha a enxergar o verdadeiro
foco da trama, permitindo revira-
voltas na história.
No fim das contas, é bom que
você e o mestre deixem claro o
que seu personagem sabe sobre
a sociedade, se há benefícios nele
estar nessa sociedade e quais são,
e quais as obrigações que ele deve
cumprir enquanto membro desse
grupo. Este capítulo apresentará
não só alguns grupos, mas opções
de benefícios, obrigações e tipos
de missão que esta sociedade pode
solicitar ao seu personagem. Cla-
246
A Cabana da colocar vidas inocentes em risco.

Paz Crepuscular
Seu centro é a própria Cabana da Paz Crepus-

O que é?
cular, a cerca de um dia de viagem das bordas de
Valachan. Essa massiva estrutura feita de pedras
se parece mais com uma fortaleza do que com
A Cabana da Paz Crepuscular, ou simples-
uma choupana, que o nome poderia sugerir. A
mente os Proscritos da Paz Crepuscular não são
estrutura é fortificada, as janelas e portas são de
exatamente uma sociedade formal, mas um grupo
aço, barradas e com poderosos cadeados e trancas
de licantropos que oferece um refúgio seguro
para impedir a entrada e saída de qualquer um.
para os licantropos patológicos ou amaldiçoados
Argent e Celia são naturais de Mordente e po-
em Verbrek e que não desejam abraçar seu lado
sam como se fossem imigrantes que criaram esta
mais selvagem.
construção como um santuário para forasteiros e
A cabana é mantida por Argent e Celia Whit-
viajantes. Há sempre pelo menos uma dúzia ou
moor, um casal de lobisomens aflitos, que ofere-
mais de hóspedes na Cabana.
cem refúgio seguro para aqueles como eles, que
A Cabana serve como abrigo, mas também
desejam se afastar da selvageria, ou que precisem
tenta ajudar aqueles que são infectados a desco-
de um local pacífico durante suas piores noites,
brirem quem lhes passou a licantropia para que
para que possam lutar contra seus instintos sem
 • Sociedades Secretas • 247
eles possam buscar sua salvação, se for possível.
Argent e Celia foram infectados pelo Lobo Negro
e nunca souberam de mais nada sobre ele.
Resistindo a Transfiguração
Quando um licantropo amaldiçoado ou pato-
O objetivo central é segurança. Este grupo
lógico encontra um gatilho (determinado pelo
não deseja que a maldição passe adiante. Até por
DM, podendo ser o cheiro de sangue, uma cena
isso não aceitam não infectados em suas depen-
de violência, entre outros) ele precise fazer uma
dências após anoitecer.
salvaguarda de Carisma CD 15 para evitar a
Não ceder a besta e a seus desejos de sangue
transfiguração involuntária.
e violência é um nobre objetivo e filosofia dos
Para licantropos amaldiçoados e patológicos,
Proscritos da Paz Crepuscular e com o tempo
a transfiguração voluntária significa sempre a
alguns deles realmente aprendem a se controlar,
perda de sua consciência e memória, apesar de
se tiverem vontade e nervos o suficiente.
alguns lapsos de memória puderem perturbar
Aos poucos a esperança espalhada pela Caba-
o sono da vítima trazendo pesadelos de violên-
na tem chegado a outros domínios e já não é tão
cia e crueldade. Exceto em dois casos: quando
difícil ouvir falar dos Proscritos no sudoeste do
o amaldiçoado abraça a natureza cruel da besta,
Núcleo.

Benefícios
se tornando uma criatura maligna e sanguinária,
ou quando ele aprende técnicas para controlar a
besta. Poucos grupos conhecem alguma dessas
Proteção: Os membros da Cabana sempre po-
técnicas. Os Guardiões da Pena Negra ensinam
dem encontrar proteção para si e principalmente
a seus membros que eram humanos e, por algum
para os outros (pois se veem como uma ameaça)
motivo, se tornam homens corvos. Da mesma
em sua fortaleza.
forma, aqueles que buscam ajuda na Cabana da
Busca pela Cura: Infectados que busquem por
Paz Crepuscular.
uma cura podem encontrar esperança e apoio em
Em Ravenloft, praticamente não há licantro-
sua missão pessoal. Se algo puder ser feito, Ar-
pos bons. A corrupção atingiu quase todas estas
gent, Celia e os demais membros tentarão ajudar.
criaturas. Por isso, abraçar a besta sempre leva
Vencendo a Besta Interior: Um membro que
a corrupção.

Filiação e Obrigações
passe pelo treinamento dos Proscritos aos pou-
cos aprende técnicas para conter a besta interior.
O membro tem vantagem nas salvaguardas para
Para fazer parte dos Proscritos é necessário
resistir a uma mudança involuntária de forma
primeiro contrair a licantropia, seja patologica-
e, quando alterando de forma voluntariamente,
mente, seja por uma maldição. Também é neces-
pode fazer uma salvaguarda para não ceder a besta
sário que o novo membro deseje buscar a paz e
interior, mantendo seu alinhamento, personali-
controlar sua besta interior. A palavra de salvação
dade e memórias durante a mudança. Esta jogada
espalhada pelos membros da Cabana tem atingi-
de dados é uma salvaguarda de Carisma CD 10.
248
do locais muito distantes, e um novo licantropo
D6 Missões
pode viajar grandes distâncias para buscar essa
solução para o seu mal. Claro, simplesmente des-
O Símbolo Sagrado: Uma lenda foi
cobrir a existência desta sociedade pode exigir
descoberta sobre um símbolo sagrado
uma aventura por si só.
3 que permite suprimir a doença por
Após ser aceito, e após o longo treinamento
quem o usasse. Seria verdadeira? Este
recebido é possível que o novo proscrito decida
item poderia ser recriado?
voltar a ter algum contato com a sociedade, só
buscando o abrigo em crises pessoais ou na época
do gatilho invencível (a lua cheia para a maioria
dos lobisomens). A Invasão: O bando dos Presas Ver-
Estes que deixam a segurança da Cabana de- melhas parece ter descoberto sobre a
4
vem ajudar aqueles que contraem esta terrível do- Cabana e planeja um ataque. O grupo
ença, contar a eles que há um lugar onde podem deve ajudar na defesa da fortaleza.
encontrar a paz, e auxiliar aqueles que desejam
a cura para essa aflição.

Possíveis Missões Perto do Fim: Um membro da Ca-

bana estava perto do final de seu tre-
inamento, mas começou a ter pesade-
D6 Missões 5
los, que parecem inflamar sua besta.
A Origem: A origem da infecção de Qual a origem destes pesadelos? Eles
um novo refugiado na Cabana foi podem ser detidos?
detectada como sendo de um membro
1 do bando de lobisomens denomina-
Cairn Maldito: Parece que rituais re-
do Alcateia da Fera Caolha. O grupo
alizados em um cairn próximo estão
deve encontrar este bando e eliminar
6 tornando a possibilidade de licantro-
esta ameaça.
pos controlarem suas bestas muito
mais difícil. Como parar isto?
Filho Desgarrado: Um membro da
Cabana acreditava estar com sua
2 besta controlada, mas estava errado.
Ele precisa ser capturado e trazido de
volta.
 • Sociedades Secretas •
O Carnaval
O que é?
Um circo itinerante, cujos membros - artistas,
mercadores e expositores - são indivíduos com
habilidades e características especiais.
As pessoas que visitam o Carnaval encontram
uma série de atividades de diversão como jogos
de habilidade, jogos de azar, shows de horrores,
dançarinos e dançarinas, músicos, shows de má-
gica, acrobacia e todo tipo de coisa que puder
fazer com que o visitante passe um bom tempo
ali se divertindo e gastando seu ouro.
O Carnaval é liderado por Isolda, uma mulher
(ou elfa?) de uma beleza formidável e incomum.
Na verdade, Isolda é uma celestial aprisionada
na Terra das Brumas, após adentrar o semipla-
no em perseguição ao incubus conhecido como
“Cavalheiro Visitante”.
Isolda e seus companheiros estranhos viajam
pelo semiplano, aparecendo de forma súbita nos
arredores de uma cidade e se apresentando por
249
uma ou duas noites (ainda que existam registros
de uma temporada mais longa). Depois, desapa-
recem misteriosamente, como se nunca tivessem
estado por ali. Os moradores da cidade sempre
sabem que o circo está para chegar, no entanto,
pois as filipetas de propaganda e cartazes logo
surgem pela cidade, anunciando a chegada (e
trazendo seu preço de entrada de duas peças de
prata por pessoa).
Devido a sua natureza, Isolda emana uma
aura, um “campo de distorção da realidade”
(como qualquer extraplanar na Terra das Bru-
mas), que causa alterações na própria realidade
ao seu redor (de certa maneira agindo como um
domínio separado). Por essa razão, o Carnaval
pode viajar através das bordas fechadas dos do-
mínios e, também por isso, seus membros sofrem
alterações que refletem sua natureza interior.
Talvez como um meio de atormentar Isolda,
os Poderes Sombrios fazem que panfletos caiam
dos céus avisando previamente a chegada do Car-
naval.
250
(Nota da Edição: Talvez aqui você tenha algu-
mas diferenças entre o conteúdo que encontrou
no Guia de Van Richten para Ravenloft. Sinta-se
à vontade para usar o que achar de mais interes-
sante do conteúdo antigo e do novo. Afinal, é o
seu jogo).
Benefícios
Viagem Segura: Uma vez que o Carnaval atua
com um bolsão (domínios que podem se mover en-
tre domínios maiores). Viajar com o grupo é uma
forma segura de atravessar as bordas dos domínios.
Mais do que um Espetáculo, Família: Os in-
tegrantes do Carnaval compõem uma verdadeira
família, e estão sempre dispostos a se ajudar. Um
membro da trupe sempre poderá contar com os
demais, caso precise resolver alguma questão com
externa ou pessoal. Mas espera-se que esse indi-
víduo também ofereça sua ajuda caso um ou mais
companheiros necessitem.
Artista: Membros do Carnaval ganham profi-
ciência em uma das seguintes perícias: Acrobacia,
Atletismo e Atuação.
Filiação e Obrigações
Para fazer parte do Carnaval, o personagem deve
ter algum talento, alguma qualidade artística ou
algo que o faça parecer incomum no mundo huma-
nocentrista da Terra das Brumas. Qualquer coisa
que torne o personagem excêntrico ou qualquer
característica que possa fazer com que seja uma
atração já pode atrair a atenção de Isolda.
Aqueles que atuam junto ao Carnaval não têm
maiores atribuições do que manter o circo em pé,
seja atuando nos espetáculos, exercendo atividades
físicas, trabalhando como vigias e seguranças ou
outras atividades igualmente adequadas.
Eventualmente algum membro do circo ou algum
aliado é enviado para investigar algum evento que pos-
sa ter relação com atividades de ínferos. Isso porque
o motivo de Isolda ter entrado no semiplano desde o
começo foi capturar um ínfero conhecido apenas como
“Cavalheiro Gentil”. E ela não descansará enquanto
não o capturar.
Possíveis Missões
D4 Missões
Bakhna Rakhna: alguns Bakhna Rakhna, uma
raça de goblins albinos, estão cometendo
pequenos furtos durante a noite, o que os fez
ganhar o nome de “povo noturno”. Alguns
1
plebeus decidem linchar uma moça albina do
circo e o grupo precisa descobrir o que está
acontecendo e evitar a morte de uma inocen-
te.
Caçada a um Sedutor: Uma nobre de uma
cidade mudou de comportamento recente-
mente, e começou a não se importar com a
população. Sendo ela antes uma exceção a
2
comportamentos de abuso de poder, Isolda
acredita que possa haver mais do que uma
mudança de hábito: Talvez ela esteja sendo
manipulada por alguém ou alguma coisa.
Inquisição: Um antigo membro do Carnaval
foi capturado pela Inquisição em Tepest e o
3
grupo deve impedir a execução de um inocen-
te.
O Invasor: Um dúplice maligno se infiltrou
no Carnaval e precisa responder por seus
4
crimes. O grupo precisa encontrar esse meta-
morfo antes que ele escape mais uma vez.
 • Sociedades Secretas • 251
O Círculo se tornaram conhecidos como os Cavaleiros das

(Cavaleiros
Sombras. Alexi alterou o símbolo da ordem de
um sol para um sol eclipsado.

das Sombras) Embora possua muitos paladinos entre suas

O que é?
Nativos do distante domínio de Nidala, os
fileiras, qualquer cavaleiro bondoso é aceito na
ordem. No entanto, o novo membro deve ter
sofrido alguma grande perda pessoal e jurar pro-
Cavaleiros das Sombras se originaram de outra teger algum grupo de pessoas indefesas de sua
ordem, conhecida como O Círculo (ou A Ordem escolha.
do Círculo). Uma vez por ano, os Cavaleiros das Sombras
Esta ordem havia sido fundada para proteger se reúnem em uma peregrinação ao domínio de
o Grande Reino, em um mundo distante, além Nidala, onde Elena Mantenedora da Fé é a lorde
das brumas pelo clã Trevanato. O clã Trevanato, sombria, fazendo parte do aglomerado das Ter-
apesar do nome, deu ao Grande Reino os heróis ras das Sombras, das quais também fazem parte
mais devotos em sua defesa. No entanto, apenas Avonleigh e o Solar Trevanato.
a tragédia estava no futuro do clã. Talvez daí
viesse seu nome.
Duas cavaleiras famosas por pertencerem ao
Círculo em sua primeira formação foram Lady
Kateri Trevanato e Elena Mantenedora da Fé.
Lady Kateri Trevanato teve um destino trági-
co: ela foi morta por um terrível ínfero de nome
Mortébano (Ebonbane, no original). Seu filho,
Alexi Trevanato foi confrontar o ínfero e o der-
rotou, absorvendo a essência de Mortébano em
si próprio. Foi assim que Ferran Trevanato se
tornou o líder do Círculo. A morte de Lady Ka-
teri fez com que surgisse o terrível domínio do
Solar da Trevanato.
Mais tarde, Ferran e todos os demais mem-
bros do Círculo acabaram sendo mortos por Mor-
goroth, o negro, que se tornou o senhor sombrio
de Avonleigh por esse ato.
Aproximadamente no ano de 631 do calendá-
rio de Baróvia, uma nova versão do Círculo foi
fundada por Alexi Trevanato, e seus membros
252
Seu atual líder é Gondegal, de Falkovnia, um
dos maiores opositores de Vlad Drakov.
Apesar de um passado de tragédia, o Círculo
tem sido um dos poucos pontos de luz no Semi-
plano do Medo.
tão a sério que se tornam paladinos (ver a sub-
classe no capítulo Personagens).
Além disso, todos devem sempre levar consi-
go uma espada longa, arma tradicional da ordem.
Por fim, todo membro deve comparecer à reu-

Benefícios
Treinamento: Todos os membros do Círculo
nião anual no aglomerado Terra das Sombras.
Antigamente esse encontro era realizado num
bosque secreto em Avonleigh, mas já há algum
recebem treinamento na arma Espada Longa, se tempo ele acontece no domínio de Nidala.
tornando proficientes no seu uso.
Armadura: A armadura decorada com o sol
eclipsado é um símbolo dos cavaleiros e de sua
Possíveis Missões
D8 Missões
luta. Todo membro recebe uma armadura deco-
O Resgate: O grupo recebe a missão
rada com o símbolo dos Cavaleiros das Sombras.
1 de resgatar um cavaleiro que partiu em
Estão incluídas todas as armaduras e escudos com
uma perigosa missão e não retornou.
custo abaixo de 1.000 peças de ouro.
Confronto Infernal: O círculo desco-
Espada Tradicional: O membro do Círculo
briu o paradeiro de um terrível ser
recebe também uma espada longa lindamente tra- 2
demoníaco e a vida e alma de pessoas
balhada com o símbolo da ordem gravada em seu
inocentes está em risco.
aço. É possível adquirir uma versão de prata da
O Braço Direito: Uma informação so-
espada pelo preço de uma espada longa comum
bre um aliado importante de um lorde
durante o encontro dos membros da ordem em
3 sombrio foi recebida e precisa ser con-
Nidala.

Filiação e Obrigações
firmada. Caso se confirme, derrotar
esse assecla passa a ser a nova missão.
A Espada: Uma lenda sobre uma es-
Todos os membros do Círculo devem fazer
pada encantada tem sido cantada nas
seu juramento ao Círculo:
4 cercanias de uma pequena vila. Pode-
Proteger os Inocentes. O Cavaleiro das Som-
ria ser uma relíquia sagrada? Alguém
bras deve proteger os fracos, os oprimidos, as
precisa descobrir.
possíveis vítimas das forças das trevas.
Outro Círculo: Um círculo de pedras
Não se Vangloriar de seus Atos. A vaidade
misterioso foi relatado numa floresta
e a soberba são fraquezas que desviam o foco
no núcleo e sua descrição bate com o
da verdadeira luta. O orgulho não tem espaço 5
antigo círculo que existia em Avon-
no caminho das sombras. A fama leva apenas à
leigh. Seria uma armadilha? É preciso
tragédia e à ruína.
investigar o local.
Vários de seus membros levam este juramento
 • Sociedades Secretas • 253
D8 Missões
Ciência Nefasta: O Ministro da Ciên-
cia de Vlad Drakov está fazendo est-
6 ranhas experiências em não humanos
presos pelas forças de Falkovnia. Ele
precisa ser detido.
Profecia: Um profeta da destruição
surge em Nova Vaasa e fala sobre um
7 Tempo da Inigualável Escuridão. É
preciso saber quem é esse profeta e
que profecia é esta.
Travessia: Um grupo de elfos preci-
sa atravessar Falkovnia e o grupo é a
8
única esperança deles conseguirem re-
alizar essa viagem em segurança.
254
Guardiões da asseclas de Strahd desconfiem que ele age contra

Pena Negra
seu mestre.

O que é?
Os Detentores da Pena sempre foram ho-
mens-corvos naturais, ou seja, não infectados
ou amaldiçoados.
Uma sociedade secreta que atua em oposição
O Prelado tem em seus membros diversos es-
a Strahd von Zarovich. É dito que seu esconde-
pecialistas em espionagem, sabotagem e missões
rijo secreto está localizado em uma taverna em
de infiltração. Claro, capacidade de combate e
Baróvia, mas a informação por vezes fala para
talentos mágicos também são bem-vistos pelos
procurarem por alguém na taverna Sangue no
membros de alto escalão dentro da sociedade,
Vinho, na vila de Baróvia, e outras vezes para
que podem recrutar novos membros ou proteger
procurar por alguém na estalagem Água Azul,
aventureiros e heróis que lutem pelas forças do
em Vallaki.
bem.
Isso se dá pela seguinte questão: Os Guardi-
Não há nenhum documento que registre o
ões da Pena Negra são o Prelado da Pena?
número de membros, mas acredita-se que atual-
Essa decisão afeta sensivelmente seu jogo.
mente esteja entre 100 e 200 membros, alguns
Poderia haver duas facções com homens-corvos
poucos fora de Baróvia, por questões de recru-
dentro de Baróvia lutando contra as forças de
tamento, investigação, segurança pessoal ou em
Strahd?
missões secretas para a Sociedade.
Aqui, consideramos que sim, são o mesmo
Caso sua campanha se passe em outros do-
grupo, e a mudança de nomes e de membros do
mínios, você pode inserir membros, contatos e
grupo são parte da contrainformação para difi-
aliados do Prelado neste local, com seus planos
cultar que sejam encontrados.
secretos para libertar Baróvia.

Benefícios
Muitos de seus membros são homens corvos
ou do povo dos corvos, e sua atual líder é Keeva
Sessentinvernos. Pertencente ao povo dos corvos,
Os membros do Prelado do Corvo têm os se-
ela sucede o antigo líder Pryor Duzentoverões,
guintes benefícios:
morto de velhice em 755 CB. Há outros mem-
Acomodações: Membros dos Guardiões da
bros de alto escalão, sendo os cinco Detentores
Pena Negra podem se hospedar ou buscar refúgio
da Pena os de mais alto escalão antes do líder da
em uma das estalagens ou tabernas controladas
ordem, por vezes até sendo reconhecidos como
pela organização.
líderes da ordem.
Depósito: Membros do Prelado podem guar-
Isso pode fazer parte da contrainformação. Ser
dar equipamentos, tesouros ou até mesmo escon-
escalado para fazer o papel de líder da ordem é
der aliados nos estabelecimentos pertencentes à
uma missão especial e de muita honra, pois pode
organização.
colocar um alvo nas costas do dito líder, caso os
Informações: Os corvos são mestres da infor-
 • Sociedades Secretas •
mação em Baróvia. Se você precisar de alguém
confiável que saiba algo sobre alguém ou so-
bre alguma coisa no Domínio, um membro dos
Guardiões é possivelmente a melhor pessoa a
ser procurada. Além disso, a rede de informação
dos corvos está à sua disposição de mais de uma
maneira. Além de poderem relatar o que for dito
a estas aves dentro de suas limitações e mem-
bros homens-corvos, eles também podem servir
de “pombos correios” a um membro do Prelado,
sendo estes pombos capazes de viajar através das
brumas, segundo dizem.
Apoio: Talvez você esteja sem armas, seu
equipamento tenha sido devorado por uma cria-
tura das trevas ou um assecla de Strahd tenha
255
capturado algo de valor seu. Bom... Se existe
uma chance de recuperar seus itens ou conseguir
novos equipamentos mundanos na luta contra
Strahd, é bem provável que suas melhores chan-
ces estejam no apoio dos Guardiões.
Filiação e Obrigações
Além de combater as forças de Strahd, seja de
forma direta ou indireta, um objetivo comum e
obrigação de todos os membros desta sociedade
é a eterna busca pelo Símbolo Sagrado do Grande
Corvo. Este símbolo, segundo a lenda da Socie-
dade, foi forjado ou recebido por uma pessoa de
grande fé, que teria se sacrificado por ele, e o
símbolo sagrado seria então o grande legado da
256
santidade ao povo de Baróvia. Esta pessoa, antes
da morte, teve visões do povo dos corvos que
seriam os herdeiros desta relíquia, que traria a
luz de volta a Baróvia. A relíquia foi então tão
bem guardada que desapareceu para sempre. Aos
poucos a busca sagrada pela relíquia foi sendo
esquecida ou abandonada, exceto por um ser:
Pyoor Cinquentaverões. Ele reuniu pessoas de
boa índole, de confiança e que concordassem em
seguir com a busca. E esta tem sido a principal
obrigação desta sociedade desde então: Encontrar
o Símbolo Sagrado do Grande Corvo e, com ele,
derrotar Strahd de uma vez por todas.
Cada um dos membros comuns da ordem é
agrupado em garras de cinco confederados cada.
São pessoas normais que seguem as instruções
de um chefe de garras.
Os membros desta ordem praticam um sis-
tema de reconhecimento complexo que tem três
níveis. Eles acreditam, e com razão, que somen-
te mantendo os limites máximos de sigilo eles
podem sobreviver. Se Strahd descobrisse que os
Guardiões da Pena Negra existiam, ele certamen-
te os caçaria e os destruiria.
A primeira forma de identificação é visual.
Cada Guardião da Pena Negra usa uma ou mais
penas de corvo o tempo todo. Estes variam de
plumagem real a anéis de sinete, amuletos gra-
vados ou até tatuagens.
No entanto, como um estranho também pode
usar essas decorações, um código verbal também
é usado. Esse segundo passo no processo de iden-
tificação toma a forma de uma pergunta casual
que inclui a palavra garras. A resposta deve in-
cluir a palavra pena ou a pessoa é claramente
uma fraude. Uma vez que essa identificação se-
cundária tenha sido feita, uma pessoa pode estar
bastante confiante de que está na companhia de
um membro da sociedade secreta.
Não há um custo específico, ou anuidade, para
se tornar ou se manter como um membro dos
Guardiões da Pena Negra. No entanto, é espe-
rado que o membro dê seu apoio a causa, não só
com missões, mas compartilhando informações
obtidas e, claro, ajudando a manter um bom nível
de equipamentos úteis aos membros com even-
tuais doações a causa (ouro, armas, livros, itens
utilitários e afins) que serão guardadas no Ninho,
a rede de túneis secreta que é a sede central do
Prelado.
Possíveis Missões
D10 Missões
Crime: O grupo recebe a missão de
assaltar ou destruir alguma caravana,
1
comércio ou edifício que serve as forças
de Strahd.
Apoio: O grupo recebe uma missão que
2 beneficiaria um aliado ou um dos locais
comerciais que fornecem apoio a causa.
Espionagem: Uma informação vital so-
bre Strahd ou sobre o Símbolo Sagrado
3 do Grande Corvo precisa ser descober-
ta e trazida em segurança a um estabe-
lecimento da Ordem.
Segredo em Risco: O grupo precisa faz-
er algo para impedir que informações
4
valiosas sobre a sociedade cheguem a
mãos sombrias.
 • Sociedades Secretas • 257
D10 Missões
Investigação: Um mistério precisa ser
5 solucionado ou algo ou alguém precisa
ser encontrado.
Força Bruta: Uma ameaça precisa ser
6
derrotada o quanto antes. Para sempre.
Apoio Externo: O grupo precisa levar
7 ou buscar uma informação relevante
em outro Domínio.
Trabalho Sagrado: Um item de poder
que pode ajudar na causa precisa ser
8
resgatado. Ou talvez um item amal-
diçoado precise ser destruído.
Invadindo o Castelo: Algo ou alguém
precisa ser resgatado com urgência do
9
Castelo Ravenloft antes que seja tarde
demais.
Recrutas: Possíveis novos agentes
foram localizados (em Baróvia ou fora
10
dela) e cabe ao grupo investigar e, se
aprovados, fazer o primeiro contato.
258
Os Homens
Livres de
Falkovnia
O que é?
Qualquer regime de repressão acaba criando
grupos que o antagonizam e desejam seu fim.
Assim se dá também nas terras das brumas. Um
grupo revolucionário surgiu em Falkovnia e se
opõe ao regime de Vlad Drakov. Cansados da ti-
rania do regente, esse grupo tem lutado de forma
desesperada contra o tirano e sua guarda de elite,
as Garras, a tropa de choque que segue o déspota
com uma lealdade fanática, de comportamento
sádico e cruel.
Muitos dos Homens Livres perderam algum
parente ou amigo para a tropa de choque ou para
o regime brutal. Assim, a organização se torna
um meio de lutar, mesmo que as chances estejam
absurdamente contra eles.
Os Homens Livres tentam se adaptar a esta
guerra desigual usando de táticas de guerrilha
e eventuais atos que o governo classifica como
terrorismo. Uma das cabeças do grupo, no en-
tanto, uma sacerdotisa de Hala chamada Liza,
tenta fazer com que os ataques tenham em conta
a vida dos civis. Isso nem sempre é respeitado por
alguns membros mais radicais, que só desejam
vingança contra Drakov a qualquer preço, muitas
vezes exagerando na violência ao conseguir ter
nas mãos um soldado do exército de Falkovnia
ou um coletor de impostos.
Sem um quartel general, os Homens Livres
costumam não ficar muito tempo em um só local,
viajando constantemente e se movendo quase de
forma aleatória para evitarem ser pegos.
A vida de um membro dos homens livres, em
geral, é uma vida de luta, vingança e medo. Eles
sabem que se forem pegos, nada além de tortura
e uma morte lenta e dolorosa os aguarda. Aceitar
fazer parte dos homens livres é um ato de cora-
gem. Os homens e mulheres livres de Falkovnia
aceitam esse risco. Talvez por não terem mais
família ou amigos. Talvez por não existir mais
esperança. Apenas um desejo de vingança. Fazer
parte desta sociedade é também uma forma de se
conectarem com aqueles que partiram. É o legado
que carregam.
Vlad tem enviado tropas para caçar os Ho-
mens Livres, mas ainda não os enxerga como
nada além de um pequeno distúrbio em compara-
ção a outros grupos locais. Ele sequer se lembra
de fato de sua existência até que um novo ato faz
com que ele designe novos soldados para procu-
rarem por esses rebeldes.
O fundador dos Homens Livres de Falkovnia
foi Gregor Kartovich, um homem simples que
teve um bode morto pelas Garras. Após protestar
pelo ato, sua mulher e sua filha foram mortas por
espancamento pelos soldados. Ele sente um ódio
por Drakov que o consome todos os dias e o faz
ter terríveis pesadelos. Mas ele usa esse ódio para
promover a luta contra a tirania e fazer com que
as pessoas que o ouvem sintam sua paixão e se
contagiem por sua coragem. Ele e Liza, uma sa-
cerdotisa de Hala, são os líderes da organização.
A maioria dos Homens Livres dariam sua vida
por Gregor e iriam até o inferno por ele. Ele está
na casa dos 40 anos, enquanto Lisa está na casa
dos 30. O terceiro na ordem de importância na
organização é Ivan Rabinski. Um jovem cabeça
 • Sociedades Secretas •
quente, Ivan não ama nada mais do que fazer com
que os soldados do regime morram. E nada deve
ficar na frente deste objetivo. Vidas de inocentes
são um pequeno preço a pagar, já que vidas de
inocentes sempre serão ceifadas pelo regime e os
Homens Livres não são poderosos o suficiente
para terem escrúpulos. Ele é quem negocia no
momento com forças leais ao regime de Baróvia
por armas e armaduras para o fortalecimento bé-
lico do grupo. Em troca, os homens livres leais a
Ivan enviam mensagens para a Ordem da Gárgula
de Ébano, a polícia secreta de Strahd. Por ser um
especialista em táticas de guerra, Ivan tem grande
renome dentro do grupo, apesar de seus métodos
serem malvistos por Lisa e Gregor.
Além da recente relação com a Ordem da Gár-
gula de Ébano, os Homens Livres de Falkovnia
259
recebem apoio de figuras influentes de outros
domínios de Núcleo, como Kiev Hiregaard (neto
de Tristen Hiregaard), que veio de Nova Vaasa
para combater as forças de Drakov, e Josephine
Chantreaux, membro do Conselho do Brilho em
Dementlieu. Josephine tem conseguido recen-
temente enviar armas de fogo para os Homens
Livres, o que descumpre o Tratado das Quatro
Torres que proíbe a exportação deste tipo de ar-
mamento. Estas exportações podem permitir um
ganho bélico considerável aos Homens Livres. Se
Vlad Drakov suspeitar dessa ação de Josephine,
ou que ela tem ajudado a receber refugiados de
Falkovnia e ainda sequestrado oficiais das Gar-
ras para enviar informações aos Homens Livres
(sob o escudo, e também interesse, de trazer in-
formações sobre o exército de Falkovnia, uma
260
eterna ameaça a Dementlieu), uma guerra pode
ser declarada.
Benefícios
Armas de Fogo: É possível para os membros
dos Homens Livres, graças aos acordos com Jo-
sephine Chantreaux, ter acesso a armas de fogo
(pistola e mosquete: Livro do Mestre – Página
268). No entanto, as armas e munições são co-
bradas normalmente, já que esse ouro é usado
para comprar mais armamentos para a revolução.
Treinamento com armas: É possível contratar
um tutor para ser proficiente em todas as armas
comuns, marciais e, recentemente, armas de fogo
(pistola e mosquete: Livro do Mestre – Página
268). O treinamento leva 10 semanas e custa
250 peças de ouro.
Gratidão Popular: O povo de Falkovnia so-
fre com o despotismo brutal de seu soberano.
Muitas pessoas admiram aqueles que se levantam
contra o regime (e também temem por eles e
por si mesmas por alguma punição pela audácia).
Comerciantes que reconheçam o homem livre e
negociem com ele em geral concedem 10% de
desconto em agradecimento pela luta.
Equipamento Básico: Todo membro pode so-
licitar aos Homens Livres alguma arma e arma-
dura para combater as forças de Falkovnia, num
total de até 50 peças de ouro. Estes itens serão
concedidos sem qualquer custo. Tipicamente os
membros optam por uma arma simples (ou uma
Espada Longa) e por uma armadura de Cota de
Anéis e um escudo.
Filiação e Obrigações
A cada dia mais pessoas na Falkovnia (ou que
conheceram a verdade por trás do regime tirânico
de Vlad Drakov) desejam fazer parte desta orga-
nização. Também são capturados membros do
grupo aqui e ali pelos soldados do domínio. As-
sim, o crescimento do grupo segue lento, porém
robusto. Claro, novos membros são tratados com
suspeita e paranoia, pois nunca se sabe quando
um espião das Garras pode surgir entre eles.
Todo membro e aliado dos Homens Livres de
Falkovnia deve odiar Vlad Drakov e as Garras.
Além disso, deve lutar contra a tirania e opres-
são, onde quer que estejam e combater as forças
militares de Drakov.
Como é possível notar, a maioria dos Homens
Livres são e atuam em Falkovnia, mas alguns
aliados acabam fazendo missões fora do domínio.
Muitas dessas missões são diplomáticas em busca
de apoio ou fornecimento de armas. É possível
que algum membro esteja em atividade em qual-
quer lugar que possibilite conseguir fortalecer
esta batalha.
Possíveis Missões
D6 Missões
Guerra às Drogas: Um estranho tem
vendido pétalas brancas capazes de faz-
er um chá com efeitos estimulantes,
dando a população mais energia para
trabalhar (e reagir ao regime). As Gar-
1
ras colocaram a cabeça do misterioso
vendedor a prêmio. Quem seria ele? Os
Homens Livres desejam saber se é um
aliado ou outro inimigo da liberdade
do povo.
 • Sociedades Secretas • 261
D6 Missões D6 Missões
Punição: Um vilarejo próximo de Aerie Em Algum Lugar do Passado: Um per-
foi acusado de apoiar um grupo de re- gaminho contendo trechos da lenda so-
beldes e teve seu estoque de grãos con- bre uma antiga heroína da Era dos Re-
fiscado. Agora todo grão que restou inos de Prata que usava uma armadura
5
está nos celeiros do exército bem vi- dourada com o símbolo do urso chega
2 giados fora da cidade. Logo o inverno às mãos de Liza, que decide enviar um
chegará e a fome também. Os homens grupo para tentar descobrir algo sobre
livres estão em dúvida entre conseguir esta Era e sobre esta heroína.
comida fora e contrabandear para os Os Carteiros: Ivan pede que o grupo
comerciantes locais, ou roubar os es- entregue uma carta lacrada com o selo
toques do exército. de Conde Strahd para uma mulher
6
As Casas de Nutrição: Lekar sofre há em Darkon. O que teria nessa carta?
tempos com pessoas desaparecidas. Re- Quem é esta mulher? O que pretende
centemente um membro dos Homens Ivan?
Livres que estava desaparecido con-
seguiu escapar do que ele chamou de
3 Casa de Nutrição, onde o alimento
eram os humanos para vampiros ter-
ríveis que bebiam o sangue de pessoas
acorrentadas pelas paredes de catacum-
bas abaixo da cidade. Estaria ele deli-
rando ou tal local existe de verdade?
Uma Nova Invasão: Um oficial das
Garras escapou de um sequestro por
espiões de Dementlieu e viaja com
uma grande escolta para Lekar, onde
4
pretende denunciar este ato para Vlad
Drakov. Apenas um ataque a este com-
boio pelos Homens Livres pode evitar
a guerra.
262
Irmandade
das Lâminas
Quebradas
O que é?
A Irmandade das Lâminas Quebradas é um
grupo de caçadores de monstros, cuja base de
operações é o Instituto Ambrose no domínio de
Kartakass.
Sua especialidade é caçar usuários de magia
malignos, o que faz com que eles vejam todo
tipo de magia (e seus usuários) com suspeitas,
embora eles não sejam tão obtusos quanto os
inquisidores de Tepest.
Se há um “líder” na irmandade, este é Jo-
nathan Ambrose, um homem que odeia magia
devido a um trauma pessoal. Ele de certa forma
já aposentou sua espada, mas segue como líder
simbólico do grupo.
Dentro da irmandade há uma crença comum
a diversos membros de que a magia corrompe
a alma, fazendo com que bruxos, feiticeiros e
magos não sejam tão bem recebidos. Esses mem-
bros chamam os demais membros da irmandade
de “caçadores de magos”, às vezes se referindo
apenas ao grupo que não confia em conjuradores,
às vezes se referindo à irmandade como um todo.
A irmandade vê seu trabalho como uma honra
e algo de importância vital.
Devido à desconfiança em conjuradores, ma-
gos, bruxos e feiticeiros não costumam ser mem-
bros, ou não prosseguem na irmandade após se
tornarem mais poderosos.
Jonathan vive em constante dilema pessoal,
que o corrói por dentro, pois uma pessoa de sua
estima (Elaine Clairn, sua filha adotiva) desen-
volveu poderes mágicos, se tornando uma feiti-
 • Sociedades Secretas •
ceira. Como esse relacionamento, no momento
completamente estremecido, vai afetar os rumos
da irmandade é algo impossível de se prever.
Benefícios
Hospedagem: Todo membro e aliado da Ir-
mandade das Lâminas Quebradas pode encontrar
abrigo no Instituto Ambrose, em Kartakass. O
instituto é uma cabana rústica de madeira de dois
andares, e em seu terreno também há um estábu-
lo e uma choupana usada para abrigar visitantes.
Treinamento: Membros e aliados podem
conseguir um tutor para treinamento no uso de
armas, armaduras e na perícia sobrevivência. O
treinamento leva cerca de seis meses e custa um
total de 250 peças de ouro (a metade disso para
um membro). Também é possível para alguém
em treinamento aprender o idioma local.
Informação: É possível adquirir informações
valiosas sobre Kartakass como territórios de ca-
ças (dos “lobos”) ou dos costumes locais, que
podem fazer a diferença na complexa sociedade
deste domínio.
Filiação e Obrigações
Não há muitas obrigações para pertencer a
esta sociedade. Se você jura caçar o mal, já é meio
caminho andado. Se não confia em usuários de
magia e fala mal de conjuradores, seu convite para
pertencer a Irmandade está garantido.
A participação em uma caçada a megeras, li-
ches e outros monstros conjuradores é algo es-
perado, mas não é como se a Irmandade fosse
organizada o suficiente para começar uma caçada
sem que algo atraia a atenção dela.
263
Possíveis Missões
D6 Missões
O Falso Conciliábulo: Um grupo de con-
juradoras da Igreja de Hala foi confundido
1 com uma laia de megeras e o grupo é chama-
do para deter a laia antes que algo terrível
aconteça.
Doce Morgana: Uma criança foi raptada em
2 Skald e é possível que uma megera esteja
envolvida.
O Canto das Harpias: Afinal, harpias ex-
istem? É certo, no entanto, que alguma coisa
3 anda fazendo com que viajantes das estradas
de Kartakass durmam, e um dos viajantes
sempre está desaparecido quando acordam.
A Maldição: Alguma maldição recaiu sobre
um membro da Irmandade e todos acreditam
4 que ele se tornará um lobisomem na próxi-
ma Lua Cheia. O grupo poderia evitar essa
tragédia?
O Amuleto Maldito: Um membro da ir-
5
mandade recebeu de herança um colar. Ao
usá-lo, ele começou a ter pesadelos. Ele está
desaparecido há três dias e precisa ser en-
contrado antes que seja tarde demais.
Malditos Kobolds: Estas criaturas tão raras
no semiplano do medo podem ser encontra-
das em Kartakass. Um grupo delas parece ter
algum tipo de bruxaria que permite com que
6
eles não sejam detectados até que seja tarde
demais para suas vítimas (até o momento 4
lenhadores foram atacados). O que poderá
estar acontecendo?
264
O Machado bom motivador para um membro dessa sociedade.

do Lenhador
Ela prefere recrutar aqueles visionários, que es-

O que é?
tão dispostos a arriscar suas próprias vidas para
que Verbrek (e depois o núcleo) fique livre desta
ameaça. Ninguém merece viver com medo.
Uma resistência organizada contra os lobi-
O segredo é a base do Machado. Os lobiso-
somens e sua supremacia em Verbrek. Heróis
mens podem farejar em toda parte e eles gastam
solitários caçam lobisomens desde que Verbrek
muito tempo caçando os humanos. Assim, man-
surgiu das brumas, mas é no Machado do Lenha-
ter uma rede secreta de suporte é essencial para
dor que surge a resistência e o contragolpe da
vencer esta batalha.
humanidade Seu objetivo principal é livrar a terra
A figura mais próxima de um líder que eles
dessas criaturas e, para obter tal resultado, eles
possuem é Noella Marshford, uma Verbrekenha
estão dispostos a valer-se de quaisquer meios ne-
nativa e ex-membro da igreja de Ezra em Borca.
cessários, como envenenar suprimentos de água,
Embora o grupo não possua uma liderança for-
queimar as matas e matar qualquer lobisomem
mal, Noella age como seu ícone moral. Ela com-
aflito que esteja além da cura. O discurso dos
pletou seu treinamento em Borca apenas para re-
rebeldes é nobre, mas seus atos, nem sempre.
tornar e libertar sua terra da ameaça metamorfa.
No entanto, a vingança não é considerada um
 • Sociedades Secretas • 265
Cada membro do Machado do Lenhador pos- A busca pela liberdade dos mortais diante a
sui a tatuagem de um machado em sua clavícula supremacia dos lobisomens.
e eles sempre provêm abrigo e auxílio uns aos Manter segredo sobre as atividades da socie-
outros, sem questionar. dade.

Benefícios
Abrigo: Todos os membros do Machado re-
Buscar o melhor para todos e não seus pró-
prios objetivos.
Libertar Verbrek acima de tudo.
cebem abrigo e proteção de outros membros sem Sempre ajudar outro membro do Machado.
questionamentos. A tatuagem do Machado é a Nunca dizer não quando um membro pedir co-
senha necessária para este apoio. mida, abrigo ou proteção.
Armamento: É possível conseguir armas como O povo de Verbrek é um tanto rústico. As-
machados, espadas e arcos e flechas de outros sim, é mais provável que um guardião ou um
membros, pagando apenas o preço de custo. Tam- bárbaro sejam convidados a entrar no grupo do
bém pode ser fornecido, pelo preço de custo, que um mago. Mas isso não significa que con-
armas e munição banhada a prata. juradores sejam malvistos. Feiticeiros e druidas
Sobrevivência: Você aprende a sobreviver, são vistos como parte da natureza e uma arma
tendo que sempre se antecipar aos lobos, em seu poderosa contra os lobisomens.
treinamento. Ao buscar alimento e água em Ver-
brek, você consegue o dobro do determinado no
Livro do Mestre em Forragear (Livro do Mestre
- Página 111).
Caçada: Um membro do Machado pode con-
seguir informações sobre algum licantropo que
esteja na mira do grupo ou da organização e co-
meçar sua própria caçada.

Filiação e Obrigações
Como uma sociedade sem um centro de co-
mando, é difícil determinar as obrigações exatas
de seus membros. No entanto, há características,
ideais e comprometimentos que são atraentes ao
recrutar novos membros, sendo lembrados a to-
dos que entram no Machado:
266

Possíveis Missões
D4 Missões

Contrabando: Um bando de lobisomens teve seu cairn localizado. É preciso fazer um ataque,
1 mas sem prata, as chances de vitória são mínimas. O grupo deve trazer um carregamento de
prata já negociado com um membro do Machado no exterior.

O Deus Lobo: Um importante seguidor do Deus Lobo cruzou as fronteiras e deve ser seguido.
2
Saber o que ele pretende é importante, mas menos do que ser detido e exterminado.

Ritual: Um grande sacrifício de mortais será realizado. Seria uma boa oportunidade para matar
3
alguns lobisomens, não? E talvez salvar alguns inocentes...

Descobertos: Um lobisomem descobriu algo sobre um membro ou sobre a sociedade e deve

4
ser detido antes que seja tarde demais.
 • Sociedades Secretas •
A Mão Verde
O que é?
A Mão Verde é composta por seguidores do
deus Osiris, operando no domínio de Har´Akir,
no aglomerado dos Desertos Âmbar. A Mão
Verde é assim chamada porque os seguidores de
Osiris acreditam que o deus tem a pele desta cor.
Segundo seus seguidores, Osiris é uma divindade
que santifica e protege as tumbas e caça aqueles
que profanam os locais de descanso dos mortos,
além de buscar a destruição dos mortos vivos,
uma aberração ao ciclo natural da vida e que tem
em seu surgimento uma profanação deste local
sagrado.
Desta forma, o principal objetivo é proteger
as tumbas e impedir que mortos-vivos se ergam
267
desses lugares.
A simples existência dessa sociedade é incrível
devido a sua limitação geográfica e seus podero-
sos inimigos, mas sua persistência é ainda mais
impressionante. Quando um inimigo da ordem,
como um saqueador de tumba, viaja para fora dos
Desertos Âmbar, eles podem acreditar que estão
enfim livres da organização, mas não poderiam
estar mais errados. Membros da Mão Verde dei-
xarão o aglomerado e perseguirão o seu inimigo
por todo semiplano do medo se for preciso. Há
lendas que contam que um agente da Mão Verde
foi capaz de perseguir um profanador de tumbas
para fora da Terra das Brumas, o que provavel-
mente não passa de um mito para espantar os
inimigos da ordem.
Embora seja raro, não é impossível encontrar
268
agentes da Mão Verde atuando em outros domí-
nios. A maioria dos membros da Mão Verde são
sacerdotes de Osiris.
Benefícios
A Prece de Osiris: Todo agente da Mão Verde
aprende um ritual especial para evitar que um
morto se torne um morto-vivo. O agente deve
cuidar do ritual funerário adequado, seja um ve-
lório seguido de enterro ou uma pira funerária.
Após tudo estar pronto, antes que o corpo seja
colocado em seu local de descanso (ou crema-
ção), o agente faz uma longa prece de 10 minutos
para que Osiris proteja aquele corpo. Ele então
não se tornará um morto vivo. Isso, no entan-
to, não traz qualquer outro benefício, como os
concedidos por magias e itens mágicos de efeitos
semelhantes.
O Cetro de Osiris: Todo agente da Mão Ver-
de carrega consigo o cetro de Osiris, um mangual
ornamentado com escrituras sagradas no idioma
de Har’Akir, personalizados com o juramento
especial daquele agente. Este certo personalizado
é fornecido ao agente assim que ele é aceito na
ordem sem qualquer custo.
Serviço de Guia: Quando no aglomerado dos
Desertos Âmbar, os agentes podem conseguir
contratar guias confiáveis para ajudar a atravessar
os desertos, dentro do que é possível, graças às
recomendações da sociedade e seu prestígio com
o povo local.
Treinamento: No treinamento para se tornar
um agente da Mão Verde, o personagem fica por
um ano entre os sacerdotes de Osiris aprenden-
do sobre a fé e sobre a cultura de Har’Akir. Ele
recebe proficiência no idioma local e na leitura
dos hieróglifos do idioma. Ele pode permanecer
mais um ano em atividades “Entre Aventuras”
para aperfeiçoar seu treinamento e receber pro-
ficiência na perícia Religião.
Filiação e Obrigações
Para se tornar um agente da Mão Verde é
necessário que o personagem cumpra alguns re-
quisitos:
Juramento aos Mortos. O agente deve jurar
nunca profanar uma tumba ou saquear qualquer
corpo.
Juramento aos Vivos. O agente deve jurar des-
truir os mortos vivos que são uma profanação às
leis de Osiris.
Juramento à Osiris. O agente deve jurar ser
temente a Osiris e seus ensinamentos.
Não importa quanto tempo se passe, ou o que
aconteça, um agente da Mão Verde nunca deve
profanar uma tumba ou um corpo. Isto é um pilar
tão importante para a sociedade que descumprir
essa parte do juramento não só causa a expul-
são da sociedade e ser declarado inimigo da Mão
Verde, como seu corpo começa imediatamente a
ter marcas de deterioração. Ao morrer, o ex-a-
gente que caiu em desgraça, se não conseguir o
perdão da sociedade, retorna como uma múmia
algumas semanas após a morte e não pode ser
ressuscitado.
 • Sociedades Secretas • 269
Possíveis Missões
D4 Missões

Tumba Profanada: O grupo recebe a

1 missão de investigar quem invadiu uma
tumba e o que foi retirado de lá.

Não se pode enganar a Morte: Um an-

tigo sacerdote parece ter voltado da
2
morte como um morto-vivo e precisa
ser destruído.

O Ankh Sagrado: Um símbolo da vida

foi visto em um oásis. Seria uma mi-
3
ragem ou há de fato algo mais nessa
história?

O Renegado: Um ex-agente profa-

nou uma tumba e levou consigo uma
4 relíquia poderosa. Ele precisa ser en-
contrado e a relíquia deve voltar ao seu
lugar junto ao seu antigo dono.
270
A Nobre
Irmandade dos
Assassinos
O que é?
Fundada há cerca de 200 anos, esta sociedade
não é exatamente o que o nome pode sugerir.
O uso do termo assassinato tem relação com o
“assassinato de reputações”. A irmandade é uma
facção que trabalha nas sombras de Dementlieu,
jogando o jogo dos nobres contra eles com o
objetivo de arruinar aristocratas e ricos merca-
dores que criaram o abismo social e de renda
visto neste domínio. Algumas sociedades podem
buscar poder, mas está só pensa em lutar contra
ele. Outras sociedades buscam fortuna, mas esta
distribui seus lucros com os plebeus.
A sociedade de Dementlieu é um constante
jogo político em meio a um baile de máscaras.
A irmandade só deseja fazer pequenos “ajustes”
nessas regras sociais que mantém a estabilidade
e o conformismo desejados pela classe dominan-
te. Claro, isso tem enfurecido os poderosos nos
últimos dois séculos.
A Irmandade foi fundada por um jovem nobre,
Lorde Kalen, o Louco. Lorde Kalen foi expulso
de casa quando ousou enfrentar seus familiares
que dançavam o jogo de intrigas de corte sem se
importar com o que aquilo causava na população.
Ele então se uniu a outros jovens nobres que
não concordavam com a forma que a política do
domínio funcionava e, após algum tempo, acabou
fundando a então chamada Irmandade da Mão
Invisível. O objetivo da sociedade era derrubar os
nobres até que a “nação” de Dementlieu pudesse
 • Sociedades Secretas •
ser chamada de “civilizada” de fato.
Assim, a Irmandade foi criada com os obje-
tivos de estragar os esquemas dos aristocratas e
melhorar a vida dos mais pobres. No entanto,
isso não deve ser realizado através da força e sim
da engenhosidade. Fazer com que um ricaço pa-
gue altos impostos direcionados a melhorar a vida
de um bairro pobre, ou obrigar um aristocrata a
pagar uma alta soma de dinheiro para manter sua
reputação são algumas das formas mais comuns
da Mão de fazer com que os poderosos sejam
penalizados. Um dia, após muitos anos atuan-
do como líder da organização, o Lorde Louco se
afastou do cargo e se tornou um “primo” como
os demais (os membros são conhecidos como
primos e primas).
Através dos anos a Irmandade cresceu e di-
minuiu em tamanho e influência. No entanto,
após vários problemas, a sociedade ficou restrita
a 14 membros nos últimos 50 anos. Isso até o
surgimento de Isabelle D’Aprix. Isabelle iniciou
uma campanha de escândalos que arruinou a re-
putação de diversos aristocratas de Dementlieu.
Um mercador arruinado afirmou então que “pre-
feria que um assassino fosse enviado atrás dele”.
Isabelle gostou tanto desta frase que rebatizou a
Irmandade que agora seria chamada de A Nobre
Irmandade dos Assassinos. Os Assassinos então
começaram a crescer e se expandir, ganhando
aliados e influência como nunca antes.
Desde então, as táticas e modos de atuação
tem sido aperfeiçoados, e hoje não só é o caso de
assassinar reputações, mas também de deixar a
“vítima” atordoada com todo o esquema criado e
sem nenhuma suspeita de quem desferiu o golpe,
não tendo assim de quem se vingar.
271
A Irmandade possui uma série de refúgios
espalhados por Dementlieu, mas seu quartel
general se encontra nos arredores da cidade de
Chateufaux, numa propriedade abandonada com
uma casa palaciana como sede. Com a fama de
ser uma propriedade mal-assombrada, o local é
perfeito para funcionar como centro de operações
dos Assassinos.
Além de Isabelle, outros membros de grande
reputação são:
Primo Luc Mer-Renard, o capitão de um velei-
ro veloz e responsável pelas atividades marítimas
da Irmandade.
Prima Marie de la Ambersalle é uma mulher
de baixa estatura, cabelos castanhos e olhos su-
avemente azuis. Uma artista que arrumou um
mecenas em Port-a-Lucine, atualmente é o único
contato da organização na capital, e é a principal
fonte de informações na corte.
Benefícios
Porte e Postura: A Irmandade pode ensinar
Atuação, Persuasão, Intuição ou Enganação,
além de proficiência com um kit de disfarces,
para qualquer personagem que passe um período
Entre Aventuras com um membro que não seja
novato. A duração deste período fica a cargo do
Mestre, e pode ser dividido em diversos períodos
de tempo. A sugestão é que a duração total do
treinamento tenha em torno de 250 dias.
Documentação: Os membros da Irmandade
apodem receber documentos de identidade, pos-
ses ou outros necessários para suas atividades
secretas. Isso pode ser útil para algum membro
que esteja sendo caçado, por exemplo. Além dis-
so, documentos expedidos em Dementlieu são
272
aceitos em diversos domínios do Núcleo.
Treinamento em Armas: A irmandade con-
sidera qualquer tipo de violência o último re-
curso, que nunca deve ser usado. Mas é claro
que é possível que algo saia do controle. De-
mentlieu é um domínio onde armas de fogo são
comuns, e nobres costumam praticar esgrima.
O conhecimento básico dessas “artes” pode ser
útil nos disfarces, além de uma forma de defesa.
A irmandade pode conseguir para seus membros
treinamento com armas de fogo e rapieira. Para
tal, é necessário que seja gasto um período Entre
Aventuras com o tutor. A duração deste período
fica a cargo do Mestre, e pode ser dividido em
diversos períodos de tempo. A sugestão é que a
duração total do treinamento tenha em torno de
250 dias.
Filiação e Obrigações
Aos membros da Irmandade são geralmen-
te escolhidos entre as classes mais altas de De-
mentlieu, pois estes já possuem o conhecimento
do sistema deste domínio por dentro. No en-
tanto, o objetivo desta sociedade é derrubar o
sistema e, portanto, seria impossível fazer isso
sem aceitar pessoas que venham das classes mais
baixas ou de fora do domínio, desde que elas te-
nham o talento desejado pela sociedade.
Durante os primeiros dois anos, o novo mem-
bro é conhecido como “filho” ou “filha”. Coleti-
vamente, eles são chamados de “crianças”. Essa é
a fase de treinamento. Nos próximos três anos,
eles serão, em algum momento, promovidos ao
título de “primos”. Após alguns anos e sucessos
em suas missões e atividades ele pode ascender
ao título de “pai” ou “mãe”. O cargo mais alto
é o de “avô” ou “avó” e apenas um avô ou avó
existe em um determinado período. A atual avó
é de Isabelle D’Aprix.
O segredo que apenas pais e mães (e o avô ou
a avó) conhecem é que a Irmandade possui um
inimigo jurado: o Lorde Sombrio de Dementlieu.
Sua identidade foi descoberta pelo Lorde Louco
e desde então o objetivo da Irmandade, para li-
bertar a população de Dementlieu, é derrotá-lo.
Mas não apenas derrotá-lo no campo político. Ele
e toda a sua família precisam ser exterminados
para que as terras de Dementlieu possam ser de
fato livres.
 • Sociedades Secretas • 273
Possíveis Missões
D6 Missões

Guerra entre Classes: Uma guerra entre aristocratas e plebeus, muito menos sutil que as
1
ações da Irmandade, parece ter eclodido. O que estaria acontecendo?

A Nobreza de Mordente: O Condado de Mordente parece ter uma nobreza amaldiçoada,

tantas famílias nobres tendo sido trazidas à miséria ou pior. Investigar alguma mansão no
2
domínio vizinho talvez traga informações que podem ser úteis na luta contra a injustiça em
Dementlieu.

O Museu de Cera: O Museu de Cera de Dementlieu tem a estátua de diversos nobres da

3 cidade. Porém, há boatos sobre uma estátua desaparecida. Seria algo que poderia ser usado
pela Irmandade?

O Fantasma da Ópera: Estranhos acidentes tem acontecido na Casa de Ópera de Port-a-Lu-

cine. Boatos entre os artistas que fazem apresentações no local falam num fantasma vingativo.
4
O que está acontecendo? Os artistas precisam ser protegidos, afinal de contas. Em especial,
Prima Marie.

O Escândalo: O escritor de um folhetim da capital de Dementlieu publicou que um dos con-

5 selheiros do Conselho do Esplendor possui um caso extraconjugal. Agora ele corre risco de
vida. Ele precisa ser retirado da capital. O que mais ele sabe sobre tal escândalo?

Bom Acordo: Um casamento de conveniência está sendo ajeitado por duas famílias aristocra-
tas de Dementlieu, mas nenhum dos jovens está feliz com isso. A noiva pretende fugir com
6 sua amada, uma dançarina da principal companhia de balé da capital e a dançarina pediu a
ajuda do Primo Luc. É necessário alguém que entre na propriedade da nobre, rapte a jovem,
busque a artista e as levem em segurança até um arpoador clandestino próximo da capital
274
A Ordem dos
Guardiões
O que é?
Uma ordem monástica com células (basea-
das em fortalezas secretas) espalhadas por vários
domínios, tais quais Baróvia, Hazlan, Darkon,
Tepest, Mordent e até mesmo Markovia.
Seu objetivo é recuperar, manter e proteger
vários artefatos mágicos perigosos encontrados
pela Terra das Brumas.
Os membros da ordem dos guardiões não se
associam por convite, mas por sentirem um cha-
mado místico que os compele a tal dever.
Dentre os mais perigosos artefatos que já pas-
saram pelas mãos do grupo estão a Tapeçaria
das Almas Sombrias (já destruída) e o Frasco
de Tuerny, escondido na fortaleza em Hazlan,
que diz abrigar uma poderosa entidade maligna
aprisionada em seu interior.
Para conhecer mais da ordem, leia O Caminho
da Ordem dos Guardiões no capítulo Persona-
gens.
Benefícios
Histórias e Lendas: Os mosteiros dos guar-
diões guardam informação sobre muitas coisas
obscuras das Terras das Brumas. Esse conheci-
mento é refletido no membro da ordem que, uma
vez por descanso longo, ao realizar um Teste de
Inteligência no qual não seja proficiente, ele pode
adicionar a metade do seu bônus de proficiência
ao teste.
Identificação: Os membros da Ordem sempre
 • Sociedades Secretas •
podem levar os itens mágicos encontrados para
serem identificados em uma célula da organiza-
ção. Além disso, devido a seus estudos, um mem-
bro pode gastar um Descanso Curto para estudar
um item mágico e saber se há alguma maldição
ligada a seu uso.
Identificar Maldições: Itens poderosos muitas
vezes possuem terríveis maldições. Um membro
sempre pode levar a ordem um item ou criatu-
ra para identificar se este ou esta carrega uma
maldição, qual a maldição (se houver) e como
quebrá-la (se houver como).
Filiação e Obrigações
Para se tornar membro da ordem, é preciso
fazer certos juramentos e votos:
Jurar solenemente abandonar qualquer traço
de individualidade.
275
Jurar solenemente sempre usar os robes da
ordem, com capuzes, de cor cinza e sem quais-
quer adereços.
Jurar Solenemente sempre resistir à tentação
de possuir e usar os itens caçados.
Jurar solenemente não compartilhar informa-
ções dos artefatos que procuram e guardam com
pessoas de fora da ordem, sem que sejam de ex-
trema confiança.
Voto de Obediência: O membro deve sempre
ser obediente à Ordem.
Voto de Pobreza: A exceção de itens utiliza-
dos diretamente na proteção da Ordem e em suas
missões, o membro da ordem não pode possuir
qualquer riqueza ou equipamentos. Qualquer va-
lor recebido em suas aventuras deve ser repassa-
do à Ordem após gastos básicos com alimentação,
sustento e possível treinamento (ou aquisição de
equipamento necessário a uma missão), podendo
manter uma pequena porção para gastos básicos
(50 peças de ouro é um bom limite para isso).
Mesmo considerando itens mágicos e equipamen-
tos necessários em suas missões, ele nunca deve
ter mais de 4 itens com valor de venda estimado
acima de 500 peças de ouro.
Em geral, a filiação se dá pelo chamado. O
membro sente o chamado e é incapaz de resis-
tir. Ele então encontra a ordem e, após fazer os
juramentos, se junta a ela.
276
Possíveis Missões
D6 Missões

Arqueologia Profana: O grupo recebe a missão de invadir uma antiga tumba onde registros
1
antigos indicam a presença de um artefato maligno. Ele precisa ser recuperado e destruído

Guarda Costas: Um grupo de monges carregam uma informação importante que precisa chegar
2
a um mosteiro em local perigoso e precisam de proteção.

Levar e Destruir: O grupo precisa realizar uma grande e perigosa jornada com um item profa-
3 no que precisa ser destruído (e só pode ser destruído com um ritual realizado neste distante
lugar).

Traidor: Um antigo membro da Ordem caiu em tentação e utilizou um item perigoso. Ele
4
deve ser capturado e o item recuperado o quanto antes.

Exposição Macabra: Um item exposto no museu da Universidade de Dementlieu, pertencen-

5 te ao Departamento de Ciências Arcanas da Universidade, se assemelha a um item macabro
presente nos registros da Ordem e isso precisa ser investigado pelo grupo.

Bosque Encantado: Uma nova recruta da ordem pertencia a Igreja de Hala e traz informações
6 sobre um Bosque Encantado onde alguns efeitos mágicos se tornavam permanentes. Isso
poderia ser usado para criar artefatos malignos? O grupo deve investigar
 • Sociedades Secretas •
Palma Velada
O que é?
Tendo como base de operações o improvável
domínio de Falkovnia, mais especificamente a ci-
dade de Aerie, onde foi fundada, a Palma Velada
é um grupo de médiuns que atua livremente pelo
semiplano.
Embora seu número de membros não ultra-
passe algumas dúzias, a Palma Velada está sempre
disposta a ajudar indivíduos bem-intencionados,
contando com uma vasta gama de habilidades,
que inclui desmascarar charlatões e fraudes den-
tro da sua área de atuação.
Dentre seus membros notórios, sediados em
Aerie, encontram-se a psicografista Silva Win-
terhearst, a guia médium Fraulien Liebheldin da
Porta e a médium Hildegren.
Hildegren é uma médium talentosa e simpáti-
ca que certa vez foi contratada pelo próprio Ru-
dolph Van Richten para investigar um possível
covil abandonado de um ínfero em um castelo
não habitado. Silva Winterhearst possui a habi-
lidade de permitir que espíritos tomem seu corpo
e, com isso, psicografa as palavras dos mortos,
muitas vezes perturbarodas. Já a jovem viúva Lie-
bheldin da Porta (nascida Liebheldin Kriegling)
supervisiona de forma extraoficial parte do co-
mércio ajudando superintendente comercial de
Aerie, Truantheim, juntamente com seu trabalho
preferido: zelar pela Casa das Portas, uma man-
são que dizem ser mal-assombrada, deixada para
ela em testamento por seu falecido marido. Pela
mansão ela guia aqueles que ela considera dignos
a uma viagem pelo “reino espiritual” através das
portas do casarão, e evita que coisas vindas do
277
outro mundo entrem no mundo material.
Benefícios
Augúrios e Memórias Esquecidas: É possível
para os membros da Palma Velada conseguir que
algum dos médiuns ou guias espirituais entrem
em contato com espíritos para obter informações
que não mais constam nesse mundo. (O Mestre
pode conceder a habilidade da magia Augúrio ou
até mesmo da magia Presságio, se considerar que
aquela pergunta possui uma resposta possível de
ser respondida pelos espíritos).
Exorcismo: Os membros da Palma Velada são
treinados para lidar com espíritos. Quando al-
guém está possuído, é possível conversar com o
espírito confuso ou irritado e pedir que ele saia
do corpo. Com um teste bem-sucedido de Ca-
risma (Persuasão) CD 15 + o ND do espírito, a
possessão termina. O membro tem desvantagem
neste teste se o espírito tem a intenção única de
possuir o corpo (como para usá-lo numa vin-
gança pessoal e não para se comunicar com os
vivos) e tem vantagem se o espírito for bondoso
e não desejar o mal do alvo possuído. No caso
de o espírito não ter um ND claro, considere a
CD 15. Não é possível exorcizar ínferos ou ou-
tras criaturas com esta habilidade. No entanto,
o membro percebe que o alvo está possuído por
outro tipo de criatura.
Filiação e Obrigações
Normalmente são membros aqueles que pos-
suem alguma habilidade mágica ou conjuradora
que afete ou interaja com o mundo espiritual. No
entanto, alguns membros acabam sendo recru-
tados por suas habilidades diferentes para mis-
278
sões específicas e acabam se tornando “membros
honorários”. Adivinhos, feiticeiros, clérigos,
druidas e bruxos estão entre os membros mais
comuns da organização. Apenas indivíduos não
malignos são aceitos na Palma Velada e é quase
impossível enganar os membros mais influentes
deste grupo (e os espíritos) quanto a isso.
O grupo auxilia tanto na caça aos monstros
que habitam as Terras das Brumas quanto no ato
de desmascarar farsantes. É esperado de qualquer
membro que atue neste tipo de missão, tomando
esses casos como pessoais.
O “centro de comando” da organização é a
cidade de Aerie, em Falkovnia, ainda que não
signifique que haja uma construção que repre-
sente esse centro, sendo mais o local onde vivem
seus principais membros. É possível encontrar
um agente da Palma em qualquer domínio de
Ravenloft, ainda que isso não seja fácil, já que
possui um número reduzido de membros. Um
membro consegue reconhecer o outro através de
um gesto rápido com as mãos, ao cumprimentar,
onde se esconde a palma.
 • Sociedades Secretas • 279
Possíveis Missões
D4 Missões

A Mansão Incendiada: Um casarão

sofreu um incêndio parcial há al-
guns meses e um espírito tem criado
1 pequenas chamas que tem queimado
cortinas e móveis. O proprietário dese-
ja resolver o quanto antes a situação
para evitar uma nova tragédia.

A Profecia: Um médium da Palma Ve-

lada está num estado de coma e falando
2 palavras em diversas línguas sobre um
terrível futuro. Será que há tempo de
investigar e impedir essa tragédia?

Herança Perdida: Um espírito conta

sobre uma antiga relíquia familiar que
3
poderia ajudar a combater o mal na
Terra das Brumas.

Zumbis? Um espírito relata que um

necromante está desenvolvendo uma
estranha maldição que pode tornar
zumbis capazes de espalhar uma in-
4
fecção, transformando vítimas de seus
ferimentos em outros zumbis. Ele pre-
cisa ser detido antes que conclua seus
experimentos!
280

Peregrinos que Lorde Soth os protegesse das ameaças que

insistiam em caçar os Peregrinos, mesmo após
Os Peregrinos são o remanescente do bando
a morte de Duque Gundar e a “destruição” de
de Magda Kulchevich. Atuando contra o antigo
Gundarak (que teve seus territórios anexados por
lorde sombrio de Sithicus, o cavaleiro conhecido
Baróvia e Invidia). A principal ameaça era Maloc-
como a Rosa Negra, eles foram traídos por Inza,
chio Aderre, que patrocinou um massacre contra
filha de Magda, que é a atual lorde sombria do
todos os Vistani. Magda já havia se encontrado
domínio.
com Soth décadas antes, na época em que ele
Os Peregrinos eram um grupo de cerca de
entrou nas Terras das Brumas. Soth era o lorde
duas dúzias de Vistani de diferentes Tasques e
sombrio de Sithicus e permitiu que os Peregrinos
Tribos (para ler sobre Tasques e Tribos, veja no
ficassem em suas terras. Isso perdurou até que a
capítulo Personagens), que sobreviveram a um
filha de Magda, Inza, conspirasse com Azrael e
extermínio nas mãos de Duque Gundar, antigo
Malocchio contra Soth e Gabrielle Aderre, lorde
lorde sombrio de Gundarak, liderados por Magda
sombria de Invidia. As consequências destes atos
Kulchevich que os reuniu enquanto fugiam dos
afetaram Sithicus e mortos vivos atacaram os Pe-
asseclas do Gundar. Eles se tornaram uma “tri-
regrinos, restando apenas Alexi, Nikolas e Piotr.
bo” conhecida como Os Peregrinos, e Magda se
Além de Inza, mas sua traição foi descoberta e
tornou a raunie da tribo.
ela se tornou a nova senhora do domínio.
Após muitos anos de fuga, Magda conseguiu
Os Peregrinos sobreviventes juntaram-se a
 • Sociedades Secretas •
Nabon, um gigante de pedra. Nikolas serve como
o líder, enquanto Alexi é o segundo no comando.
Juntos eles trabalham para estragar os planos da
lorde de Sithicus e do anão maligno Azrael, se-
nescal de Sithicus, se preparando para o dia em
que obterão sua vingança.
Benefícios
Segurança: Os Peregrinos conhecem muito
bem as terras de Sithicus, e podem oferecer abri-
go aos seus aliados, protegendo-os das forças de
Inza e Azrael Dak caso precisem de um lugar
para passar a noite nos ermos ou se recuperar,
além de conhecerem as melhores rotas para se
evitar problemas.
Armas: A luta contra os tiranos regentes de
Sithicus demanda muito mais do que armas mun-
danas, porém, estas já são um começo. Aliados
do grupo podem obter armas comuns pelo preço
de custo, ou sua forja gratuita, caso forneçam os
materiais necessários, desde que se comprome-
tam com a luta contra Inza e seu senescal.
Transporte: Uma vez que o líder dos Peregri-
nos, Nikolas, pertence à tribo dos Equaar, além
de ser também um guardião, membros e aliados
dos Peregrinos possuem à sua disposição animais
domados para carga e transporte, embora, salvo
uma mula de transporte, nenhum desses animais
pertença permanentemente ao grupo.
Filiação e Obrigações
Historicamente, apenas Vistani se juntaram
aos Peregrinos, mas é possível que meios-vis-
tani sejam aceitos para ajudar a trazer o dia em
que confrontarão Inza, fazendo-a pagar por sua
traição.
281
Os costumes dos Peregrinos ain-
da são ligados aos costumes Vistani,
ainda que tenham aceitado um gigan-
te entre eles. É possível que aceitem
novos membros que não tenham san-
gue vistani, apesar dos protestos de
Piotr, que não gosta de giorgios e
não entende por que os Peregrinos
têm gastado tanto tempo e recursos
ajudando humanos e elfos em Sithi-
cus. Os Peregrinos poderiam esten-
der sua área de atuação, desde que
isso os ajudasse a derrubar e se vin-
gar de Inza.
Os Peregrinos não têm um cen-
tro de comando e viajam sempre,
acampando cada noite em um local
diferente.
Outras raças poderiam ser acei-
tas em seu meio, mas Piotr sempre
ficaria com um pé atrás. Na verdade,
ele nunca sentiria remorso em trair
um giorgio (sem que ele o ajudasse
de forma convincente e com gran-
de ganho, o que faria com que Piotr
adotasse uma postura neutra em re-
lação ao novo membro).
A causa dos Peregrinos é a prote-
ção do povo de Sithicus e estragar os
planos da senhora do domínio, ata-
cando os asseclas de Inza e Azrael.
Uma forma de se tornar membro
provavelmente seria ter sofrido nas
mãos de Inza ou Azrael, ou ter lu-
tado contra eles.
282
Possíveis Missões
D4 Missões

Ruínas do Forte Nedragaard: A fortaleza de Lorde Soth foi destruída, mas haveria algo de
1
valor nestas ruínas para auxiliar na luta contra a senhora de Sithicus?

Sonhos de Vingança: Piotr tem sonhado com Inza ainda em sua infância, quando eram amigos.
Em seu sonho ela lhe contou que traiu a todos porque Malocchio queria matar todos os
2
vistani e que como a nova senhora de Sithicus planeja que o domínio seja um lar para todas
as tribos. Quais os planos de Inza? Piotr contará aos demais?

Veneno Mortal: Ganelon, o Maldito, um herói que também luta contra Inza, enviou aos
3 Peregrinos a informação de que Azrael tem um ponto fraco: Sementes de Papoula. Investigar
se essa informação é verdadeira e como usá-la é algo que cabe ao grupo.

A Noite da Lua Negra: Sithicus possui em seu céu uma lua chamada de Lua Negra, ou Lua
Obscura. Alguns a chamam pelo nome de Nuitari. Na última vez em que Nuitari esteve cheia,
4 uma pequena vila humana no norte de Sithicus diz ter sofrido com os ataques de uma criatura
terrível, similar a um vampiro, mas pouco maior que um pequenino. O que seria isso e que
perigo essa criatura pode trazer aos vilarejos do domínio?
 • Sociedades Secretas • 283

La Société de cos obtidos de uma caravana Vistani. O estudo

Legerdemain
os levou a uma compreensão da realidade como
algo diferente, pois a magia era algo muito maior
que seus pequenos truques de palco. Para evitar
(ou A Sociedade da conflitos, eles criaram a sociedade, evitando que
Prestidigitação)
O que é?
outros soubessem deste “passatempo peculiar”.
A Société é um grupo principalmente de estu-
dos arcanos, não tendo objetivos além do próprio
Esta sociedade é conhecida aberta e ampla-
estudo. Não há nenhuma razão para não aprender
mente como um grupo de artistas e performistas
magias, estudar o arcano e seus subelementos.
de rua, mas isso apenas na fachada. Atrás deste
Qualquer tipo de pesquisa é tolerado, desde que
véu, há um grupo que busca estudar o campo
não exponha o grupo. Alguns usam a sociedade
das ciências arcanas sem o receio de lidar com a
para aprender magias que nunca usarão. Outros
desaprovação ou perseguição do mundo.
utilizam para investigar sobre o oculto, e por ve-
Sua história começa há muitos anos, quando
zes membros desaparecem após se aprofundarem
um grupo de mágicos de palco, prestidigitado-
demais em “profanidades” e “infernalismo”.
res, começa a desenvolver novas habilidades após
A sede da Société é o Club l’Artiste, nos ar-
avançar em estudos sobre antigos textos místi-
284
redores do bairro governamental de Port-a-Lu-
cine, em Dementlieu. O membro mais antigo da
sociedade é Claude LaGrange, um membro do
Conselho do Esplendor.
outro membro que pertença ao grupo por pelo
menos cinco anos. O membro patrocinador é en-
tão totalmente responsável pelo treinamento e
educação de seu protegido e se torna responsável

Benefícios
Treinamento: É possível para os membros da
pelas atividades do membro na Société por toda
a vida do novo membro.
Durante o primeiro ano, o protegido recebe
Société receber treinamento mágico, o que pode um treinamento básico nos aspectos práticos de
incluir acesso a talentos, classe conjuradora ou seu campo escolhido, envolvendo apenas treina-
subclasse conjuradora. Esse treinamento pode mento elementar em magia real. Uma vez que
levar de seis meses a um ano, a cargo do Mestre, o treinamento esteja completo, e se o membro
e o custo em materiais e doações a sociedade fica for considerado talentoso o suficiente para um
em torno de 300 peças de ouro. estudo mais aprofundado, ele ou ela é admitido
Livros Arcanos: A sociedade permite a mem- na Biblioteca Oculta.
bros com mais de um ano de duração, e que te- A principal regra da sociedade é que não se
nham sido considerados aptos para tal, o livre fala de La Société de Legerdemain. Ou ao menos
acesso à Biblioteca Oculta. Na Biblioteca é possí- de sua verdadeira face.
vel encontrar livros que permitem a atividade En-
tre Aventuras de Pesquisa, desde que relacionada
a temas ocultos e arcanos, e também encontrar
anotações que se decifradas permitem adicionar
uma magia de 1º ou 2º círculo a um grimório,
pagando os custos normais (conforme na seção
que aborda o grimório do mago no Livro do Jo-
gador). Esta magia pode ser determinada pelo
Mestre ou escolhida de forma aleatória, como
for determinado pela mesa e for melhor para a
história. O membro pode fazer essa pesquisa ou
acesso a uma nova magia uma vez por período de
Entre Aventuras. No caso das magias, o tempo
gasto é de uma semana para cada nível da magia.

Filiação e Obrigações
A filiação da Société é controlada através de
uma rígida estrutura de patrocínio. Qualquer
membro da Société deve ser patrocinado por
 • Sociedades Secretas • 285
Possíveis Missões
D6 Missões

A Biblioteca Perdida: Um membro da Sociedade descobre em suas pesquisas o paradeiro de

1
uma antiga biblioteca que pode possuir livros raros e solicita aos personagens que a encontrem.

Um Pacto Diabólico: Um membro da Sociedade fez alguma espécie de pacto e começou a ter
2 comportamentos estranhos. Alguns membros estão receosos sobre as atividades deste membro
e que isso possa expor a sociedade e gostariam que ele parasse com isso... De qualquer forma.

Cópia Roubada: Uma cópia de O Madrigoriano foi roubada da Biblioteca Oculta e precisa ser
3 recuperada, sob o risco de levar o conhecimento a quem não deve ter acesso ou, pior, trazer
à tona as reais atividades da Sociedade.

O Grande Roubo: Um membro da Sociedade roubou textos únicos e sagrados da Igreja de

Ezra, acreditando que estes textos têm valor além do simbólico, contendo conhecimentos
4
únicos sobre as Terras das Brumas. Agora a Sociedade precisa decidir entre devolver os textos
para evitar ser descoberta ou jogar qualquer suspeita sobre outra pessoa ou grupo.

Nos Porões Ocultos: Um boato sobre estranhas reuniões estarem acontecendo nos porões
5 secretos do Club l’Artiste, e LaGrange deseja descobrir o que está acontecendo e se isso pode
colocar em risco os segredos da Société.

Plágio: Os estudos de um membro da Société estão sendo expostos em uma tese na Univer-
6 sidade de Dementlieu por um jovem prodígio protegido pelo reitor da universidade, Lorde
Balfour de Casteelle.
286
A Sociedade em domínios como Mordente, Dementlieu, Ri-

Van Richten
chemulot e Lamordia.

O que é?
Entre seus “membros” estão as gêmeas We-
athermay-Foxgrove, George Weathermay, Per-
seyus Lathenna, Agatha Clairmont, entre outros.

Benefícios
Durante sua vida, o Dr. Rudolph Van Richten
estudou e derrotou muitos monstros, salvou um
grande número de vidas e também perdeu muitos
Os membros da Sociedade Van Richten têm
amigos. Mas, através de sua jornada, ele também
os seguintes benefícios:
fez um grande número de aliados e admiradores.
Troca de Conhecimento: Membros da Socie-
Após sua presumida morte, esses aliados man-
dade de Van Richten trocam cartas uns com os
tiveram seu legado vivo, continuando seu traba-
outros sobre os mais diversos tópicos, de medi-
lho através de feitos heróicos.
cina a conhecimento sobre zumbis. Ao precisar
A Sociedade Van Richten não chega a ser uma
fazer um teste de Inteligência, um membro pode
sociedade secreta, mas vários indivíduos inspi-
vasculhar em suas cartas (Teste de Inteligência
rados pela figura lendária. Muitos deles mantém
(Investigação) com a mesma CD) para ter sucesso
correspondência uns com os outros, estabeleci-
neste teste. Não é possível usar essa habilidade
dos em sua maioria (mas não exclusivamente)
 • Sociedades Secretas • 287
mais que uma vez por sessão (ou tema).
D6 Missões
Pesquisa: Membros da Sociedade podem pedir
Viagem: Viajar até um local longínquo
um favor a outro membro para que ele faça um
e travar contato com uma liderança lo-
trabalho de pesquisa por ele (uma atividade em 1
cal, podendo colher informações sobre
tempo livre descrita no Livro do Jogador ou no
um estranho rumor.
Guia de Xanathar para Todas as Coisas).
A Máquina: Derrotar a máquina de-
Erudição: Todo membro da Sociedade ganha
2 scontrolada criada por um cientista
proficiência em uma das seguintes perícias: Ar-
louco antes que uma tragédia ocorra.
canismo, História, Natureza, Religião, Medicina
Pesquisa Ecológica: Investigar um est-
ou Sobrevivência.
3 ranho bosque onde as plantas estão to-
Recomendações: Van Richten era (é?) um
mando formas bizarras e antinaturais.
doutor muito estimado nas Terras das Brumas.
Caçando a Origem: Um aliado foi in-
Membros da Sociedade podem solicitar reco-
fectado com licantropia e apenas de-
mendações sobre bons contatos para contratar
struindo a fonte original desta mal-
pessoas honestas e competentes para realização
dição (o lobisomem natural que criou
de pequenos serviços (com quem arrumar uma 4
todos os lobisomens infectados, um
armadura, onde comprar um item alquímico ou
deles sendo responsável pelo aliado
quem pode fornecer um bom cocheiro para a re-
contrair a licantropia) ele terá chance
alização de uma pequena viagem de carroça).

Filiação e Obrigações
de ser curado.
Ele Voltou?: Um mercador à beira da
insanidade afirmou na taberna Lobo do
Todo membro da sociedade troca cartas com
Mar, no Condado de Mordente, que
os demais, compartilhando informação valiosa
5 sua caravana foi atacada por zumbis e
sobre como confrontar criaturas das trevas, sobre
ele só sobreviveu por ter sido salvo por
itens mágicos, sobre segredos dos poderosos e
um velho herói: Rudolph Van Richten.
tudo que puder interessar a quem caça monstros
Seria verdade?
pode e deve ser realizada.
Revolta Popular: Alguns residentes
Além disso, é também esperado que esse co-
da Universidade de Dementlieu estão
nhecimento seja utilizado no combate às forças
reclamando que suas pesquisas não po-
do mal. 6
dem ser realizadas devido a um recente
O convite para participar da sociedade se dá
levante popular. O que estará por trás
após o futuro membro atrair a atenção de um dos
disso?
indivíduos pertencentes a SVR com atos heróicos
ou de grande bondade, coragem e generosidade.

Possíveis Missões
288
A Tribo de de destruir o semiplano.

Hyskosa
Como sombrinos, eles não são aceitos pelos

O que é?
Vistani. Eventualmente eles são caçados por isso.

Excluídos pelos demais Vistani, essa é a tri-

Benefícios
Ser aliado ou membro da tribo de Hyskosa
bo do profeta Hyskosa, responsável por prever
pode conferir alguns dos seguintes benefícios:
a Grande Conjunção (e talvez outros eventos
Equipamento: Todo membro da tribo de
catastróficos que ainda não ocorreram). Origi-
Hyskosa tem acesso a talismãs mágicos. Esses
nalmente eles pertenciam ao tasque Manusa e à
talismãs podem ser usados como foco arcano,
tribo Canjar (ver o capítulo Personagens). Eles
foco druídico ou símbolo sagrado para conjurar
deveriam evitar que a profecia de Hyskosa fosse
magias.
completa, mas eles falharam e foram amaldiço-
Ensinamento Arcano: A tribo de Hyskosa
ados por Madame Eva, tornando-se sombrinos.
ainda tem forte relação com a magia. Um perso-
Vários deles se tornaram insanos após a maldi-
nagem mago pode aprender algumas magias de
ção.
adivinhação com os membros da tribo.
Hyskosa foi considerado um dukkar (um ser
Serviço Mágico: A tribo possui membros ca-
profetizado a trazer ruína para seu povo) por
pazes de conjurar magia. Assim, é possível que o
ser um vistani masculino com o dom da visão.
grupo possa pedir apoio mágico para identificar
Ao auxiliá-lo (ou simplesmente não o impedin-
itens, para curar ou outros feitos mágicos, desde
do) sua tribo foi banida e amaldiçoada, tendo
que sejam necessários na missão de evitar o fim
seus membros se tornando sombrinos e a maio-
do semiplano e não sejam magias acima do 5º
ria abraçando a loucura. Alguns dos insanos se
círculo.
tornaram então capazes de vislumbrar um futuro
Ensinamento: A tribo pode ensinar Arcanis-
sombrio. Cada um de seus membros possui seis
mo para qualquer personagem que passe um perí-
cicatrizes que se estendem a partir do centro da
odo Entre Aventuras com um instrutor da tribo.
palma de sua mão esquerda, como uma estrela
A duração deste período fica a cargo do Mestre, e
radiante, além de carregarem outras caracterís-
pode ser dividido em diversos períodos de tempo.
ticas por se tornarem sombrinos.
A sugestão é que a duração total do treinamento
Atualmente, a tribo de Hyskosa tem trabalha-
tenha em torno de 250 dias.

Filiação e Obrigações
do para impedir o mais recente plano de Azalin
Rex, tentando assassinar “S”, sua pesquisado-
ra, uma vez que eles culpam o lorde sombrio
Assim como é impossível se filiar aos Vistani,
de Darkon por seu destino, tendo em vista que
é impossível se tornar um membro da tribo de
durante a Grande conjunção Azalin aprisionou
Hyskosa. Você precisa ter nascido um membro
Hyskosa e manipulou suas profecias na tentativa
da tribo. Em tese, no entanto, seria possível que
 • Sociedades Secretas • 289
algum sombrino que tenha sido injustamente
amaldiçoado ou que tenha ideais justos e dese-
je proteger a existência fosse aceito pela tribo.
Quem sabe?
É esperado que um aliado da tribo ou um
membro dela lute contra Azalin Rex, contra a
Kargat e contra as forças que planejam destruir
a Terra das Brumas.

Possíveis Missões
D6 Missões
Derrotar o Mal: O grupo combate o
1 mal onde encontrar para evitar a últi-
ma e terrível visão.
Necromante: O grupo precisa acabar
2 com aquele conjurador que agora co-
manda os mortos.
O Grande Golpe: O grupo descobriu
3 um ponto fraco na Kargat e agora é o
momento de acertá-lo com tudo.
Estranha Aliança: A derrota de um
Lorde Sombrio pode ser um enfraquec-
4
imento na trama da realidade. É preci-
so ajudá-lo, por pior que isso pareça.
O Ritual: É preciso impedir que um
5 ritual macabro aconteça, antes que seja
tarde demais.
Vistani: Alguns aliados dos vistani vi-
eram caçar a tribo. Eles acreditam que
os sombrinos ainda buscam destruir
6
o mundo e os vistani. Para evitar esse
engano, é preciso enganá-los, ou im-
pedi-los.
290
Vistani
O que é?
Embora não sejam uma sociedade secreta, os
Vistani são um povo com seus próprios interes-
ses misteriosos, e grande influência sobre a Terra
das Brumas. Eles são os habitantes mais enigmá-
ticos de Ravenloft. Esses andarilhos muitas vezes
parecem não se importar com os grandes eventos
e terrores dessas terras, e ao mesmo tempo estar
afundado até a cabeça nos principais aconteci-
mentos. Misteriosos e solitários, os Vistani se
mantêm afastados dos demais povos, aos quais
chamam de giorgio, apenas oferecendo serviços
ou entretenimento quando parece conveniente.
Cada Tasque, cada Tribo e família são comple-
tamente diferentes uns dos outros. Se em de-
terminado reino, um Tasque se alia a um lorde
sombrio, em outro todos os vistani podem ser
perseguidos pelo lorde sombrio. Desta forma,
cada acampamento tem suas próprias regras. O
que parece restar são costumes e tradições que
unem a todos como exilados, nunca atacando um
ao outro (e aquele vistani que ataca um irmão se
torna um “sombrino” – no original darkling).
Os Vistani possuem muitos poderes exclu-
sivos à sua linhagem e conhecem uma vastidão
de segredos acerca da Terra das Brumas, que
mantém para si mesmos.
Você pode ler mais sobre as tasques e tri-
bos vistani, bem como escolher jogar com um
personagem que tenha uma ligação com os vis-
tani jogando com um meio-vistani, no capítulo
Personagens, na seção que aborda as raças em
Ravenloft.
Benefícios
Ser de alguma forma aliado dos Vistani pode
conferir alguns dos seguintes benefícios:
Abrigo: Algumas tribos permitem que aven-
tureiros descansem a noite em meio a um acam-
pamento Vistani, se a raunie da família assim
o permitir. Esse benefício, geralmente, confere
certa proteção ao grupo diante dos terrores da
noite. Mas nem mesmo os Vistani são imunes
aos ataques das criaturas das trevas. Não é inco-
mum o relato daqueles que adormeceram em um
acampamento Vistani e despertaram sozinhos na
manhã seguinte. Os andarilhos já haviam deixado
o local, às vezes sem que qualquer marca de sua
partida pudesse ser encontrada.
Jornada: Algumas tribos em raros momen-
 • Sociedades Secretas •
tos podem ajudar aventureiros a realizarem uma
jornada de forma mais rápida. Ao acompanhar
a tribo em uma viagem, os aventureiros podem
descobrir que cruzaram uma distância impossível
naquelas poucas horas de viagem.
Adivinhação: Os Vistani são um povo capaz
de ver através do tempo e do espaço, sendo ca-
pazes de ler o presente, passado e futuro. Seja
através da quiromancia, da leitura do Tarokka,
do uso de bolas de cristal (mágicas ou não) e de
diversas outras técnicas tradicionais ou únicas,
um Vistani pode descobrir tudo sobre uma pes-
soa. E dizer ou não a ela. Em geral, as previsões
são poéticas: métricas rimadas ou não. E sem-
pre enigmáticas. Algumas vezes só se descobre
o significado de uma previsão quando já é tarde
demais.
291
Comércio: Vistani são também negociantes.
Se você quer comprar algo que não encontra num
mercado local, é possível que os vistani sejam
sua melhor opção: Poções, venenos, antídotos,
talismãs, amuletos, componentes mágicos... Ver-
dadeiros ou falsificados, dependendo do caráter
do vendedor e da sua relação com o comprador.
Filiação e Obrigações
É impossível se filiar aos Vistani. Há um pro-
vérbio Vistani que diz apenas os Vistani são os
Vistani. É isso. Ou você nasce vistani, ou não
é um vistani. E aqueles que não são da família
nunca são completamente confiáveis. Mesmo os
meio-vistani, chamados de os giomorgos e os
giamargas (ver no capítulo Personagens). Mas
algumas vezes, de forma rara, algum forasteiro
292
consegue ser admitido como aliado dos Vistani.
Uma tarefa que muitos meio-vistani levam a vida
tentando completar.
É esperado que um aliado Vistani aja em be-
nefício do povo nômade, eventualmente complete
“pequenas tarefas” e atue para apaziguar algumas
querelas criadas contra alguma família “gratui-
tamente”.
Além disso, é esperado que quem quer rece-
ber deve pagar. Ou seja, se o personagem deseja
ter seu futuro revelado, é de bom feitio que ofe-
reça um pagamento ou faça uma doação à tribo.
Se pretende realizar uma jornada com o povo
nômade, é bom estar disposto a realizar alguma
tarefa ou serviço.

Possíveis Missões
Como diz o ditado Baróviano, os Vistani fa-
zem o que os Vistani fazem.

D6 Missões
Diplomacia: O grupo recebe a missão de interferir a favor dos Vistani que estão sendo cul-
1
pados por um crime, que, segundo a tribo, não cometeram.

Resgate: O grupo precisa recuperar um poderoso talismã que, se usado por um não Vistani,
2
pode ter consequências terríveis, segundo a tribo.
Buscar e Destruir: Um sombrino cometeu um ato terrível e precisa ser caçado e julgado pelos
3
Vistani. Ou destruído, se a captura não for uma opção.
Justiceiro: O grupo precisa lidar com alguém que se diz seriamente prejudicado pelos Vistani,
4
que alegam inocência.
Rixa Antiga: Uma pessoa poderosa decretou uma caçada aos Vistani locais e o grupo deve
5
proteger os andarilhos da melhor forma possível.
Roubo: Um membro da tribo cometeu um pequeno erro e pegou algo de alguém, sem intenção
6 alguma de causar qualquer tipo de dano, claro. Foi um erro que precisa ser corrigido com a
devolução do item ou evitando que a culpa caia sobre a tribo.
• Sociedades Secretas • 293
Legados de
Sangue
-Antecedentes-

“Nós todos somos fantasmas. Nós todos

carregamos, dentro de nós, pessoas que
vieram antes de nós”
(Cloud Atlas – Lian Callanan)
 Fragmento de um tex to inédito do Dr. Rudolph Van Richten

Passei muitos anos pesquisando as grandes linhagens da terra

das brumas, investigando profundamente os arquivos de bibliotecas
esquecidas, consultando os estudiosos mais experientes e até mesmo
atravessando as próprias terras sombrias em busca de respostas. E,
no entanto, ainda me sinto humilde pela profundidade e complexidade
das linhagens que correm por este reino amaldiçoado.
É graças aos esforços incansáveis daqueles que me ajudaram em
minha pesquisa que pude desvendar tantos segredos, e que aqui preciso
agradecer; Klauss Aubrecker, cujo conhecimento misterioso e visão sobre
linhagens familiares falecidas nunca deixam de me surpreender; Silas
de Luctus, um nobre aristocrata que me ajudou a pesquisar as antigas
famílias nobres de Darkon; Ra Vicar, um bardo de muitos contos precisos
sobre escândalos e segredos que as famílias prefeririam nunca ver a luz
do dia; e Falkryn, um ex-Garra de Drakov, que abandonou o exército
Falkovniano e me forneceu ricos detalhes sobre a família Drakov.
Mas por que, alguns podem perguntar, eu me
interesso tanto por essas linhagens?
A resposta é simples. O passado raramente está mor to e muitas
vezes ressurge para revelar segredos sombrios, crimes bárbaros e
maldições antigas que podem assombrar as gerações futuras. O sangue
carrega um legado, e muitas vezes a resposta para um mistério do
presente pode ser encontrada olhando para o passado, pois vícios,
loucura, doença e maldições às vezes prevalecem sobre as barreiras
do tempo para reivindicar novas vítimas e atormentar os vivos.
É minha esperança que, por meio de minha pesquisa, eu possa esclarecer
os pecados dos pais que foram transmitidos aos filhos e talvez até encontrar
uma maneira de quebrar a maldição que aflige tantas das grandes linhagens
da terra de as brumas. Pois somente compreendendo o passado podemos
esperar moldar um futuro melhor para aqueles que ainda estão por vir.

Fragmento da obra não concluída “O Guia de Van Richten para as Linhagens

Amaldiçoadas: Um estudo sobre linhagens ancestrais e seu legado de sangue.”
296
 • Antecedentes Sombrios •
CAPÍTULO
IX
Legados de Sangue
Antecedentes Sombrios
A Terra das Brumas traz para muitos a mal-
dição de carregar nos ombros a cruz de ser quem
se é, e das escolhas que foram feitas, não só por
si, mas por seus antepassados.
Ao fazer um personagem nativo de Ravenloft,
escolha um antecedente desta seção, ligado a fa-
mílias e suas maldições (ou bênçãos sombrias,
diriam os otimistas), ou escolha um antecedente
do Livro do Jogador ou de outra fonte. Conforme
escrito no Livro do Jogador (Personalizando um
Antecedente, página 125), você pode (e aconse-
lhamos) personalizar antecedentes, especialmen-
te os vindos de outras fontes. Antecedentes aqui
descritos, por outro lado, talvez sejam melhor
utilizados como estão. Caso decida por perso-
nalizar um antecedente presente neste capítulo,
297
lembre-se de manter a Característica Sugerida.
Para personalização ou criação de um ante-
cedente, você deve fazer as seguintes escolhas:
• Proficiência em duas perícias
• Proficiência em uma ferramenta
• Proficiência em um idioma
• Uma característica sugerida
Um talento da seguinte lista: Alerta, Atacan-
te Selvagem, Curandeiro, Habilidoso, Iniciado
em Magia ou Vigoroso. (Esta regra corresponde
a nossa versão daquelas presentes no primeiro
Unearthed Arcana do One D&D – Origens, e no
livro Dragonlance: Shadow of the Dragon Queen.
Alguns antecedentes receberão como opção
um dos três seguintes talentos: Médium, Luná-
tico ou Tocado pela Morte. Eles se encontram
298
descritos no final deste capítulo.
Laços de Sangue e Poder
Na literatura gótica o passado raramente está
morto e sempre espreita os protagonistas, escon-
dendo segredos macabros, crimes hediondos, e
maldições ancestrais. Muitas vezes, a arte gótica
retrata elementos de horror através da ancestrali-
dade, por meio de vícios, mazelas e maldições que
vencem as barreiras do tempo, e acompanham os
descendentes de uma família através das gerações.
O cenário de Ravenloft adapta estes elementos
do Horror Gótico desde sua concepção como um
cenário de campanha. A caixa Realm of Terror,
de 1990, já trazia um quadro genealógico das
grandes famílias das Terras das Brumas, como
uma fonte de inspiração para a criação de perso-
nagens e vilões que povoam o cenário.
Durante a terceira edição de Dungeons and
Dragons, o livro Legacy of Blood trazia regras e
suplementos para que jogadores criassem per-
sonagens entre os descendentes destas notáveis
famílias das Terras das Brumas.
Este capítulo atualiza essas regras por meio
de um novo Antecedente, o Legado de Sangue,
permitindo a jogadores que expandam seus perso-
nagens como herdeiros e membros destas famílias
amaldiçoadas.
Grandes
Interpretando um Legado Familiar Brumas Famílias da Terra das
Um personagem que possui um antecedente
de Legado de Sangue poderá interagir de muitas
formas com a herança de sua família.
Muitas das famílias aqui descritas são famílias
nobres e tradicionais, detentoras de grande poder
econômico, político ou mesmo sobrenatural, e
jogadores que adotarem este antecedente devem
primeiramente definir com o narrador qual será
o papel de seu personagem dentro desta família.
Aqueles que carregam uma herança nobre,
devem imaginar como seu personagem lida com
esta condição, para definir o quão distante este
personagem está na linha sucessória, e quais são
as expectativas sociais exigidas deste personagem.
Membros de importantes famílias podem re-
ceber deferência e favores especiais, mas também
serão exigidos quanto à forma de comportamen-
to, palavra e honra que cercam o nome de sua
família.
Intensas tramas de intriga e vingança podem
ser travadas por personagens que carregam um
sobrenome carregado de peso e significado ao
longo da trágica história do cenário.
Por outro lado, estes mesmos personagens
podem estar à margem desta condição, esconden-
do ou desconhecendo sua verdadeira herança, ou
sendo barrados ou exilados do seio de sua família
por outros fatores.
O mais importante é que este antecedente seja
um elemento que possa enriquecer o personagem,
trazendo ganchos narrativos ao narrador e inte-
ressantes elementos de customização e integração
do personagem ao cenário de campanha.
O núcleo da Terra das Brumas do cenário
clássico de Ravenloft é repleto de poderosas fa-
mílias nobres e tradicionais, e cada uma delas
possui história e características próprias.
Ao escolher o antecedente Legado de Sangue,
escolha também uma das famílias a seguir:
 • Antecedentes Sombrios •
ApBlanc
A clã ApBlanc tem suas raízes e história di-
retamente ligados ao passado do ancestral reino
de Forfar, onde atualmente existe o desolado e
esquecido domínio de Forlorn. O passado mar-
cado por tragédias e conflitos levou o clã à beira
da extinção, e hoje seus sobreviventes carregam
o peso da tradição, história e corrupção que en-
volvem esta família.
História
A história do Clã ApBlanc se confunde com a
história do antigo reino de Forfar, e do domínio
em ruínas e abandonado de Forlorn.
Há mais de mil anos, estas terras
prósperas eram governadas pela dinas-
tia real de Firfair. O reino acabaria
tombando, sendo conquistado pelo rei-
no vizinho de Merion, e durante sécu-
los se tornou uma província vassala deste
poderoso reino, passando a ser conhecido
como Forfar.
Os Forfarianos, entretanto, ainda desejavam
ter suas terras livres novamente, e após anos sob
o jugo dos tiranos Merionitas, eles se rebelaram
e conquistaram sua independência. Contudo,
sem um consenso sobre uma nova liderança, e
com os velhos clãs indispostos a renunciar a seu
controle, o antigo reino se dividiu em pequenos
Baronatos, evitando um conflito pelo Trono do
Reino.
O Baronato de Forfar recaiu sobre a liderança
do Clã ApBlanc, uma família de grande poder e
influência na região, sendo Donnan ApBlanc o
primeiro Barão de Forfar. Por muitos anos ele
299
governou inconteste, em períodos de guerra ou
paz.
Antigas rixas e animosidades ainda dividiam
os clãs governantes, que viviam em constantes
conflitos, e sobreviviam pela formação de alian-
ças de mútua proteção. A cerca de 550 anos, um
conflito entre dois clãs rivais arrastou o Baronato
de Forfar para a guerra.
Quando a guerra teve início, o clã ApBlanc
estava no meio dos preparativos para celebrar o
casamento da única herdeira, Flora ApBlanc, com
Rivalin ApTosh, o herdeiro de um clã aliado.
O casamento foi celebrado e comemorado, mas
a sombra da guerra pairava sobre os nubentes.
Após apenas alguns dias do casamento eles foram
separados, quando Rivalin ApTosh
partiu para a guerra.
Durante o confronto, Rivalin Ap-
Tosh provou seu valor e heroísmo, ao
liderar a batalha contra os seus inimi-
gos. Quando eles estavam prestes a ven-
cer uma importante batalha, caiu sobre eles
uma terrível tempestade, e as forças inimigas
recuaram. De forma temerária, Rivalin ordenou
que as tropas Forfarianas perseguissem as tropas
inimigas em fuga, mas a tempestade se mostrou
perigosa, e muitas das tropas aliadas se perderam
ou foram mortos pela força da natureza. Rivalin,
que liderava o ataque de suas tropas, foi perdido
na chuva manancial, e não retornou ao acampa-
mento, sendo presumido como morto.
Os vitoriosos voltaram para casa, trazen-
do uma vitória com um gosto amargo, e Flora
ApBlanc se recusava acreditar que seu marido
havia perecido. Ela se agarrava de forma fervo-
rosa à ideia de que ele um dia voltaria para casa.
300
Quando rumores começaram a circular entre o
povo do Vilarejo de Birnam de que Rivalin fora
visto vagando pela noite, em vestes rasgadas e
ensanguentadas e com um olhar enlouquecido,
Flora viu suas esperanças se renovarem. Apesar
dos protestos de sua família, ela passou a vagar
pelas ruas à noite, procurando por seu marido.
A família de Flora tentou dissuadi-la de tais
escapadas, especialmente após descobrirem que
Flora estava grávida, e carregava um filho de Ri-
valin. Flora, entretanto, estava enlouquecida pela
dor e esperança de ver o marido novamente, e
escapou de seu confinamento, até que um dia
finalmente encontrou com Rivalin vagando pela
noite.
As lendas dizem que Rivalin retornara como
uma criatura morta viva, um vampiro. Ferido e
abandonado no campo enlameado de batalha, sem
um enterro ou alguém que cuidasse de sua alma,
Rivalin se erguera dos mortos para beber o san-
gue dos vivos.
Flora percebeu com horror o que seu marido
se tornara, mas foi vencida pelo amor que sentia
por ele. Ela passou a se encontrar todas as noites
com seu amado, que passou a se alimentar do
sangue de sua esposa grávida.
A fome de Rivalin não era saciada pelo pouco
sangue que tirara de Flora, e logo outras vítimas
começaram a aparecer na cidade, com seus corpos
drenados de sangue. Enfurecidos, os vilarejos or-
ganizaram um grupo de caçadores para encontrar
Rivalin, que se escondia em um bosque nas proxi-
midades de Birnam. Flora, enlouquecida pediu a
seu pai que intercedesse, mas o Barão de Forfar,
descobrindo a extensão da loucura da filha, se
negou a ajudar.
Rivalin foi encontrado em seu sono diurno
e destruído, e os caçadores voltaram em alguns
dias com o corpo decapitado do vampiro. Flora,
entristecida, se lançou sobre os restos mortais
em pranto e veneração, e os vilarejos começaram
a pensar se ela não haveria sido totalmente cor-
rompida pelo mal, carregando uma criança con-
taminada pelo sangue vampírico.
O Barão Forfar intercedeu a favor de sua filha,
afugentando a população, e defendendo a vida
da criança ainda não nascida. Quando a criança
finalmente nasceu, ela foi chamada de Tristen.
Contudo, a população decidiu que era hora de
Flora pagar pelos seus crimes. Uma turba furiosa
invadiu o Salão dos ApBlanc para exigir justiça,
mas Flora fugiu com sua criança e correu pelas
 • Antecedentes Sombrios •
matas até alcançar um Bosque Sagrado, onde en-
controu Rual, uma druida.
Em desespero, Flora entregou sua criança para
Rual, implorando para que ela protegesse seu
filho. Quando a turba enfurecida finalmente en-
controu Flora, ela foi acusada de ser uma bruxa
e linchada pela população. Flora, percebendo o
destino vil que a esperava, lançou sobre o povo
de Forlorn severas maldições, e foi por fim en-
forcada em um antigo carvalho. Sob as promessas
dos druidas de que eles lidariam com a criança,
a fúria da turba foi finalmente apaziguada, e eles
retornaram para seus lares.
As maldições de Flora levaram anos para se
concretizar, mas alguns anos depois o corpo da
druida Rual foi encontrado dilacerado aos pés do
velho carvalho onde Flora fora enforcada. Muitos
acreditavam que o fantasma de Flora voltara para
vingar sua morte, e os próprios druidas aban-
donaram o bosque sagrado, afirmando que uma
presença sinistra agora residia ali.
A morte de Rual, contudo, tinha outra causa.
O contato do bebê Tristen com a sede vampírica
de seu pai, levou a criança a nascer como um
Dhampir, um humano mortal contaminado pela
sede de sangue vampírica.
Estes traços vieram a se manifestar na adoles-
cência. Rual, sua mãe adotiva, encontrou diver-
sos animais mortos nas proximidades do bosque
sagrado onde viviam, e durante uma noite, en-
controu Tristen bebendo o sangue de um cervo.
Ela se afastou consternada, mas Tristen havia
percebido sua presença.
Rual planejava um ritual mágico para tentar
curar Tristen de sua condição, e iniciou o pro-
cesso de purificação de seu corpo, bebendo água
301
abençoada. Tristen imaginou que sua mãe adoti-
va contaria aos demais druidas sua descoberta e
que eles iriam destruí-lo. Para preservar sua vida,
ele procurou sua mãe para assassiná-la, e encon-
trou Rual sozinha, diante do Carvalho Sagrado
do Bosque dos Druidas.
Tristen atacou de forma traiçoeira e rasgou a
garganta de sua mãe com uma mordida e bebeu
seu sangue. A água benta que circulava no sangue
de Rual começou a queimar Tristen por dentro,
lhe trazendo bastante agonia, e em fúria ele ata-
cou ainda mais violentamente Rual, brutalizando
seu corpo enquanto o seu ardia de dentro para
fora.
Enquanto estava morrendo, Rual amaldiçoou
Tristen, para que ele fosse eternamente um pri-
sioneiro deste bosque sagrado que ele havia con-
taminado com sua maldade, e que ele morresse
novamente a cada anoitecer, sem jamais alcançar
a paz.
A morte de Rual foi seguida pela de Tristen,
cujo corpo foi queimado de dentro para fora pela
água abençoada que se misturara ao sangue de
Rual. Os druidas, ao encontrarem os corpos da
mãe e filho adotivo, jamais suspeitaram que eles
haviam se matado, e presumiram que algo malig-
no os tivesse vitimado. Quando ao anoitecer o es-
pectro horrendo e queimado de Tristen apareceu,
os druidas fugiram do Bosque Sagrado, abando-
nando o local, agora assombrado e amaldiçoado.
Com a saída dos druidas, o mal que habitava
aquele lugar apenas cresceu, e rumores diziam
que o bosque passou a ser a morada de fantasmas
e lobos anormalmente grandes.
Tristen logo se viu sozinho em um bosque
deserto, não conseguindo se afastar por mais de
302
100 metros do carvalho onde sua mãe natural fora
enforcada, e sua mãe adotiva assassinada. Toda noite
ele morria de forma agonizante, queimando de dentro
para fora, e se tornava um horrendo fantasma. A cada
amanhecer ele revivia, novamente como um humano
mortal, porém com a sede de sangue de um Dhampir.
Um dia, tentando se livrar da maldição, ele causou
um incêndio no bosque, mas as chamas não destruí-
ram o carvalho ao qual ele estava aprisionado. Quando
as chamas finalmente abaixaram, todas as árvores ago-
ra eram cinzas, à exceção do velho carvalho de Flora,
que parecia intocado.
Tristen, enfurecido, decidiu se vingar contra tudo
e todos. Controlando inúmeros lobos com a herança
de seu sangue vampírico, ele passou a flagelar o Ba-
ronato de Forfar com inúmeros ataques lupinos. O
ódio e frustração de Tristen não conheciam limites,
e ele passou ainda a acumular uma pequena fortuna,
adquirida das vítimas arrastadas pelos lobos para as
cercanias do bosque amaldiçoado.
Até mesmo sua vingança, entretanto, se tornou
tediosa, e após a morte de seus avós, sem herdeiros
para dar continuidade ao nome ApBlanc, ele bolou
um plano para voltar a conviver com a sociedade de
Forfar. Se passando por um parente distante, ele fez
contato com alguns viajantes que passavam próximos
ao Carvalho, dizendo ser Lorde ApBlanc e ter interes-
se na compra das terras onde estava o bosque sagrado.
O Carismático Tristen se apresentou como um
rico e excêntrico menestrel viajante, e apesar de sua
recusa em deixar o acampamento perto do carvalho,
obteve êxito em sua empreitada de adquirir aquelas
terras. Ele então contratou dezenas de trabalhadores
para erigir uma imponente torre fortificada, usando
seus recursos para financiar esta construção.
Apesar de estranhas acidentes que cercaram a obra,
ela finalmente foi terminada, e Lorde ApBlanc con-
tratou serviçais para a torre, onde passou a receber
convidados durante o dia. Com uma descendência no-
bre, bela aparência e um grande carisma, as excentri-
cidades de Lorde ApBlanc, como sua recusa em deixar
sua torre ou sua reclusão no período noturno, foram
toleradas, e ele se tornou objeto de interesse de várias
damas da cidade de Birnam.
O desejo de Lorde ApBlanc recaiu, entretanto, so-
bre Isolt ApVay, uma bela dama que estava destinada
a se tornar uma clériga de Diancecht. Tristen corte-
jou Isolt, e a propôs em casamento, mas ela negou
seu pedido, dizendo que não poderia abandonar sua
vocação clerical.
Tristen então fez uma jogada arriscada. Ele contou
a Isolt sua trágica história, se colocando no papel de
uma injusta vítima de uma maldição lançada por uma
bruxa maligna, e revelou a ela sua condição monstruo-
sa. Apelando para a misericórdia de Isolt, ele afirmou
que ela poderia com seu amor cumprir sua vocação
religiosa e até mesmo curá-lo desse flagelo, e ela final-
mente foi convencida a se casar com Tristen.
Isolt estava ciente da maldição de seu marido, mas
cega para a verdadeira maldade que habitava seu cora-
ção. Suas preces e tentativas de cura, contudo, jamais
foram capazes de remover a maldição e Tristen, ou
apaziguar sua alma sombria. Após alguns anos, Tris-
ten logo perdeu seu interesse em Isolt, e mostrou-se
um marido controlador e frio. Da união do casal, en-
tretanto, vieram três filhos.
Um destes filhos, Gilian ApBlanc, morreu de for-
ma trágica apenas com 12 anos. A criança tentou
defender seu cachorro de estimação dos lobos que
eram controlados por seu pai, e foi acidentalmente
devorado pelas bestas lupinas.
A tristeza se instalou na torre dos ApBlancs, mas
 • Antecedentes Sombrios •
a morte voltaria a rondar seus salões dentro de alguns
anos. Seu filho mais velho, Morholt ApBlanc foi as-
sassinado de forma brutal enquanto dormia.
A morte de Morholt foi causada pelo próprio Tris-
ten. O jovem havia convidado um clérigo para a tor-
re, e Tristen decidiu assassinar o clérigo durante a
madrugada, temendo que este tivesse desvelado seu
segredo. Sem saber que seu filho havia trocado de
quarto com o hospede, ele acabou matando o próprio
filho. Ao descobrir seu erro, Tristen escondeu a arma
e vestes ensanguentadas no quarto do clérigo hospede,
para o incriminar e exigir sua morte.
Isolt ApVay estava em luto pela perda do seu se-
gundo filho, mas começou a suspeitar que seu marido
escondia algo mais sinistro.
Por fim, alguns anos depois, a filha do casal, Bran-
gain ApBlanc viria a desaparecer. A jovem havia segui-
do os passos de sua mãe, e se tornado uma clériga de
Diancecth. Quando uma noite ela descobriu a forma
fantasmagórica de seu pai rondando a torre, ela deci-
diu tentar curar seu pai da maldição, tal qual sua mãe
o fizera.
Tristen não apenas foi ferido pela tentativa, como
percebeu que sua filha estava se tornando uma clériga
de grande fé e poder, e decidiu pôr um fim nesta ame-
aça. Ele secretamente capturou e levou sua filha para
as masmorras da torre, onde a submeteu a diversas
torturas com o intuito de quebrar seu espírito e fazer
ela abandonar a fé nos deuses.
O desaparecimento de Brangain ApBlanc foi bas-
tante sentido por todos, e grupos de busca foram re-
alizados, sem sucesso. Sua mãe, sem saber sobre as
masmorras subterrâneas da torre, vagava pelo castelo
em desespero e tristeza, procurando por sua filha em
vão, sem saber que habitavam a mesma construção.
Após um ano nas masmorras, Brangain não desis-
303
tira de sua fé, e desapareceu misteriosamente. Nem
mesmo Tristen sabe como ela escapou, e para onde te-
ria ido, e jamais teve notícias de sua filha novamente.
Naquele mesmo ano, a desesperada Isolt finalmen-
te decidiu confrontar Tristen sobre suas suspeitas
envolvendo a morte e desparecimento de seus filhos.
Tristen não tolerou as acusações de sua esposa, e
atacou a mesma, drenando seu sangue e jogando seu
corpo do topo da torre. Para aplacar suspeitas, ele
contou a todos que sua esposa teria cometido suicídio.
Tristen continuou sua existência amaldiçoada, e
adotou muitas facetas para encobrir sua existência
imortal. Ele desaparecia por um tempo, para regres-
sar décadas depois, como um parente distante dos
ApBlanc, reassumir a torre e propriedade da família,
e expandir seu poder.
Ele expandiu e transformou a Torre dos ApBlanc
no enorme Castelo Tristenoira, e liderou uma guerra
contra o clã governante ApFittle. As terras de Forfar
foram banhadas em sangue, e ele exterminou todos
os membros do clã rival. Seus atos malignos levaram
as terras de Forfar para a Terra das Brumas, e trans-
formaram quase todos seus habitantes em terríveis
goblyns.
Sua morada é o sombrio Castelo Tristenoira, que
fica próximo a um paredão rochoso na beirada do lago
das lagrimas vermelhas, onde antigamente se locali-
zava o bosque sagrado dos Druidas. Um dos efeitos
terríveis causados pela maldição de Tristen e pelos
Poderes Sombrios de Ravenloft, é que o próprio tempo
parece se dissolver em volta das tragédias que marca-
ram a história deste Castelo.
O Castelo Tristenoira existe simultaneamente
em diversos períodos do tempo distintos. Enquanto
um visitante sempre adentrara na atual estrutura do
Castelo, abandonada e sombria, uma vez em seu in-
304
terior o tempo pode fluir de maneiras estranhas,
e o visitante se ver transportado, ou até mesmo
aprisionado, em um período de tempo distinto.
Foi desta forma que a filha de Tristen, Bran-
gain ApBlanc escapou de sua prisão e tormento.
No ano de 735 BC, um poderoso grupo de aven-
tureiros chegou a Forlorn vindos de Gundarak,
e tentou se infiltrar no Castelo Tristenoira. A
maior parte deles foi destruída pelas forças ma-
lignas e assombrações que lá habitam, mas al-
guns aventureiros sobreviveram a terrível noite
no Castelo, e escaparam de lá enlouquecidos, mas
levando consigo uma insana prisioneira que ha-
viam resgatada dos calabouços do castelo.
Brangain ApBlanc foi resgatada de um período
do passado, mas ao escapar do Castelo regressou
ao ano de 735 BC. Ela estava enlouquecida por
anos nas masmorras, sobre as torturas de seu pai,
mas os aventureiros que a resgataram a curaram
e a ajudaram a se recuperar.
Brangain ApBlanc planejava um dia retornar a
Forlorn e confrontar seu pai monstruoso, mas o
destino fez com que ela jamais retornasse àquelas
terras novamente. Ela teve uma relação amorosa
com um dos aventureiros que a salvou do Cas-
telo Tristenoira, e com ele teve vários filhos. A
maternidade a fez repensar seus planos de vin-
gança contra seu pai, especialmente depois que a
tragédia levou a vida de seu companheiro.
Ela continuou a servir sua deusa na luta con-
tra o mal, mas ela travava uma batalha tanto in-
terna quanto externo, eis que descobriu que tam-
bém carregava consigo os traços do vampirismo,
herdados de seu pai, e era uma Dhampir.
Brangain ApBlanc educou seus filhos para as-
sumir a sua causa da luta contra o mal, alertan-
do-os para resistir a sede de sangue que poderia
um dia também vir a afligi-los.
Pertencendo a Família
Os membros da família ApBlanc são humanos
que tiveram sua linhagem substituída pelo Dham-
pir, em razão da sua descendência de Tristen
ApBlanc, e tem fome de sangue.
Todos os remanescentes da família ApBlanc
são descendentes de Brangain ApBlanc, e consi-
derando que ela escapou de seus tormentos em
735 BC, os personagens não devem ter mais que
22 anos de idade.
Os membros da família foram criados juntos,
como irmãos, e tiveram uma mesma educação
e influência de sua mãe. Embora inicialmente
tenham se estabelecido na cidade de Immol na
Baróvia, a família se mudou bastante ao longo
dos anos, mas jamais se afastou das cercanias de
Forlorn.
A família absorveu um pouco de muitas cultu-
ras por onde passou desde que Brangain escapou
de Forlorn, absorvendo um pouco da cultura Ba-
róviana, de Kartakass, e de Hazlan. A orgulho-
sa Brangain tenta manter viva em sua família as
tradições e cultura da antiga Forfar.
A história de Brangain está diretamente liga-
da ao panteão de Belenus. Amatriarca da famí-
lia era uma sacerdotisa de Diancecth, um deus
bondoso da cura. A fé de Diancecth se tornou
ainda mais exacerbada na educação e cultura da
família, quando Brangain descobriu que se tor-
nara uma Dhampir, e que seus filhos poderiam
desenvolver também estes traços de corrupção
do vampirismo.
Os valores propagados pela família raramente
 • Antecedentes Sombrios • 305
estão dissociados destes valores religiosos, e é
esperado que os membros da família vivam em
conflito com sua natureza vampírica como um
Idiomas
Os membros da família ApBlanc podem es-
Dhampir, e demostrem devoção e lealdade a di-
colher 3 línguas, sendo uma delas a língua For-
vindade Diancecth, controlando seus impulsos
fariana.

Equipamento
vampíricos através da fé.
A família tem sangue nobre, e guarda a memó-
ria de um passado onde os ApBlanc eram o mais
Todos os membros da família ApBlanc come-
poderoso clã do Baronato de Forfar. Eles foram
çam o jogo com roupas de nobre, as ferramentas
educados por sua mãe com a missão e objetivo de
em que for proficiente, um objeto de horror que
um dia obter vingança sobre seu avô, o infame e
o liga diretamente ao passado trágico de sua famí-
monstruoso Lorde Tristen ApBlanc.
lia (escolha ou jogue aleatoriamente entre a lista
Se por um lado os valores da bondade e ge-
dos objetos constantes no Guia de Van Richten
nerosidade permeiam a educação e valores da
para Ravenloft) e 15 peças de ouro.

Característica Sugerida –
família, a foça de sua herança vampírica se ma-

Predadores Naturais
nifesta nos membros desta família a partir da
adolescência, e este conflito interno molda sua
personalidade.
Os ApBlanc foram educados para lutar con-
Ao criar um membro da família ApBlanc es-
tra sua herança vampírica, mas por vezes, seu
tabeleça como o legado nobre, religioso e bon-
lado bestial se torna conhecido. Em momentos
doso afetou a formação de seu personagem. O
de tensão ou de fúria, suas presas se tornam pro-
seu personagem é um fiel devoto do Panteão de
eminentes e seu olhar sobrenatural vem à tona,
Belenus e da fé em Diancecth? Como a influência
causando medo e apreensão naqueles que não os
vampírica e a natureza de um Dhampir afetou a
conhecem, em especial entre as pessoas que não
vida de seu personagem? Ele carrega desejos de
tiveram contato direto com o sobrenatural.
vingança contra Tristen ApBlanc, ou deseja es-
Embora sua educação religiosa os force a lutar
quecer o passado ancestral de sua família?

Proficiência em Perícias
e resistir a seu anseio por sangue, os animais
conseguem distinguir os ApBlanc como preda-
dores, e se sentem inquietos em sua presença
Escolha duas perícias entre Religião, Arcanis-
num primeiro contato, principalmente aqueles
mo, Natureza e Sobrevivência.

Proficiência em Ferramentas
sem treinamento.
Os ApBlanc recebem o Talento Atacante Sel-
vagem ou o talento Tocado pela Morte no Nível
Escolha duas proficiências em Ferramentas
1.
entre Kit do Herbalista, Ferramentas do Ferreiro,
Instrumento Musical ou Veículo Terrestre.
306
Arak
A família Arak é parte da nobreza das Fa-
das Sombrias, e são descendentes diretos do Rei
Arak e Rainha Finngalla. Embora todas as Fadas
Sombrias se reconheçam como Arak, apenas al-
guns destes seres feéricos possui em seu sangue
a origem nobre e ancestral de seu principal líder.
História
A história da família Arak se estende há
milhares de anos no passado. Outrora o povo
de Arak eram membros das coortes feéricas do
Agreste das Fadas, mas foram capturados e es-
cravizados por uma entidade maligna do
Plano das Sombras.
Seu captor e escravizador era chama-
do apenas de ‘Crepúsculo’ ou o ‘Ínfero
Feiticeiro’, mas seu verdadeiro nome era
Gwydion. Sua forma indescritível e po-
der incomensurável eram capazes de le-
var mortais à loucura, e ele corrompeu a
forma e essência de seus novos servos com sua
substância de sombras, transformando-os em Fa-
das Sombrias.
O Rei Arak e a Rainha Finngalla continuaram
sendo os líderes de seu povo durante esta era
de trevas. Do casal real, nasceram as primeiras
crianças, já transformadas desde seu nascimento
em fadas sombrias, os gêmeos Loht e Maeve. Seu
nascimento foi marcado pela tragédia, eis que a
Rainha Finngalla não sobreviveu ao parto.
As fadas sombrias eram imortais, mas estavam
eternamente privadas da luz do sol. Por um tem-
po incontável eles serviram a este mestre som-
brio, e o Rei Arak era seu principal servo. Logo
Gwydion começou a tramar pela conquista de
novos mundos e planos de existência, para tudo
absorver dentro de sua escuridão.
Arak foi incumbido de construir um enorme
portal que iria conduzir Gwydion e seus servos a
um novo plano de existência, com novos mundos
a conquistar. Arak construiu o gigantesco Portal
de Obsidiana, e Gwydion alimentou as energias
místicas do portal com parte de sua própria es-
sência.
Arak secretamente orientou seus filhos, Loht
e Maeve para conduzir seu povo em uma fuga
desesperada. Em segredo, todo o povo Arak co-
meçou sua migração, fugindo da servidão a Gwy-
dion.
Quando a entidade sombria percebeu a
traição, ele se lançou sobre o portal para
atravessar e castigar os desertores. Contu-
do, o Rei Arak ficou para trás no portal, e
usando a regalia de Arak, poderosos itens
mágicos ancestrais de poder feérico, ele
lutou contra a entidade sombria.
Arak não tinha nenhuma chance contra uma
entidade de tamanho poder, mas garantiu tempo
suficiente para que seus filhos liderassem a tra-
vessia de seu povo. Quando estava prestes a ser
destruído, ele enviou os artefatos das regalias de
Arak até seus filhos para que eles fechassem o
portal, aprisionando Gwydion entre dois mun-
dos.
Maeve usou estes artefatos para selar o portal
de Obsidiana, e aprisionar Gwydion. O caminho
que abriram, contudo, os levará para as estranhas
terras do semiplano do medo, onde encontraram
uma nova forma de prisão.
O povo de Arak vivia nos subterrâneos se
 • Antecedentes Sombrios •
escondendo da luz do sol, e sobre eles viviam
outros povos da superfície, humanos, elfos, anões
e outras raças humanoides. O imortal povo de
Arak viu com fascínio e estranheza este povo
mortal, de hábitos tão curiosos e alienígenas ao
seu modo de viver.
A família de Arak continuou a liderar seu
povo. Maeve se tornou Rainha Maeve, líder da
Corte Seelie, e Loht assumiu o título de Príncipe
Loht, liderando a Corte Unseelie.
Eles construíram sua nova morada nas pro-
fundezas da terra conhecidas como Arak, e após
os eventos da Grande Conjunção na região co-
nhecida como Greta Sombria. Embora essas cor-
tes nem sempre estejam em acordo, por inúme-
ros anos Loht e Maeve governaram do palácio
Malachita, revezando em poder, com cada corte
307
assumindo o governo por metade de um ano.
Embora parâmetros morais de seres mortais
não possam ser utilizados para classificar o com-
portamento das Fadas Sombrias, a Corte Seelie
liderada pela Rainha Maeve é vista como mais
bondosa aos olhos dos mortais. Embora uma sé-
rie de procedimentos de etiqueta existam entre os
seres feéricos, esta corte é apontada como caótica
em seu governo, e toda a sua organização decorre
do culto à personalidade da Rainha Maeve.
A posição de um membro da corte em sua
estrutura é fluida, e decorre dos favores e humo-
res de sua rainha, e os seus membros disputam
ativamente por conquistar sua atenção e cair em
sua graça.
A Corte Unseelie, por sua vez, é tida como
mais ordeira, e governada firmemente por Loht
308
e pelos seus ‘Chicotes’, títulos que ele confere
àqueles que o ajudam a governar e manter a or-
dem. Contudo, aos olhos da moral dos mortais,
seus atos podem ser considerados malignos e ti-
rânicos.
Recentemente uma divisão mais profunda se
instalou entre as cortes. A Rainha Maeve suspei-
ta que seu irmão Loht, tenha de alguma forma
quebrado a Lei de Arak, que proíbe que uma fada
sombria assassine outra fada sombria, mas não
tem prova para corroborar suas suspeitas.
Príncipe Loht e membros da corte Unseelie
passaram a receber estranhas visões e influências
enviadas por Gwydion, e Loht reuniu novamen-
te parte das regalias de Arak para tentar abrir o
portal de obsidiana, acreditando que seu pai ainda
estaria aprisionado em seu interior.
No ano de 751 BC, Loht tentou finalmente
abrir o Portal de Obsidiana, e Gwydion, como re-
compensa, quebrou todos os ossos de seu corpo.
O temido horror chamado de ‘Crepúsculo’ teria
escapado de sua prisão, mas a tragédia foi evitada
por um grupo de aventureiros, que conseguiu
aprisionar a entidade novamente no portal entre
os mundos.
Desde então, Loht é conhecido como o prín-
cipe aleijado. Ele ainda governa a Corte Unseelie,
que caiu em prestígio e poder, e muitos de seus
membros agora viajam pelo mundo da superfí-
cie, insatisfeitos com a situação política das fadas
sombrias, ou em busca de uma cura capaz de
restaurar seu líder a sua plena glória.
Pertencendo a Família
Os membros da família Arak são fadas som-
brias ou meio-fadas, que descendem diretamente
da Rainha Maeve e do Príncipe Loht, e carregam
consigo o sangue da linhagem real em suas veias.
Fadas Sombrias são imortais, e, a menos que
encontrem uma morte violenta, sua existência
pode se propagar por um tempo indefinido. Sua
vida é motivada por buscas de prazer, conheci-
mento, arte ou poder, para preencher o vazio da
eternidade. Seus relacionamentos e casamentos
podem ser passageiros ou duradouros, mas nunca
ocupam a totalidade de sua existência.
A forma de uma fada sombria não é definida
pela forma física de seus progenitores, mas sim
pela sua própria personalidade. Assim, mesmo
que sejam descendentes da Rainha Maeve (shee)
ou de Príncipe Loht (sith), os membros desta
família podem ser de qualquer uma das raças fe-
éricas.
Um membro da família Arak carrega o orgu-
lho e peso de seu passado. Seus ascendentes são
as figuras mais importantes da história recente de
todo o seu povo, responsáveis por sua libertação
da escravidão a Gwydion, e os atuais governantes
das Cortes Seelie e Unseelie.
O peso dessa herança certamente afeta a visão
de um membro desta família sobre si mesmo e
sobre a sociedade das fadas. É esperado de alguém
com uma linhagem nobre que se porte com auto-
ridade e orgulho, mas também será exigido dele
ação e liderança em momentos de necessidade.
Outro fator importante que poderá influenciar
seu personagem é a corte a qual ele pertence. Ele
se associa a caótica e mais “bondosa” Corte Seelie
ou à ordeira e mais “maligna” corte Unseelie? Ou
talvez o personagem tenha abandonado a política
dessas cortes em busca de outros objetivos.
Ao criar um membro da família Arak estabe-
 • Antecedentes Sombrios • 309
leça como o legado nobre afetou a formação de de sua presença feérica sobre outros indivíduos
seu personagem. O seu personagem é indepen- para exercer um charme sobrenatural, que evoca
dente, ou segue uma das cortes Feéricas? Ele é admiração e medo, por vezes ao mesmo tempo.
um descendente da Rainha Maeve ou de Príncipe Os Arak recebem o Talento Iniciado em Ma-
Loht, e qual a relação dele com seus antepassados gia no Nível 1.
imortais? Que caminho o levou para uma vida Sugestão: Escolher a classe Bardo para a lis-
longe das Cortes Feéricas ou o motivou a sair ta de magias do talento, os truques Amigos e
para a superfície em busca de aventuras? Zombaria Perversa e a magia do primeiro círculo

Proficiência em Perícias
Escolha duas perícias entre Natureza, Arca-
Enfeitiçar Pessoa.

nismo, Enganação ou Persuasão.

Proficiência em Ferramentas
Escolha duas proficiências em Ferramentas
entre Kit de Falsificação, Kit de Disfarce, Ferra-
menta do Pintor, e Kit do Herbalista.

Idiomas
Os membros da família Arak podem escolher
3 línguas, sendo uma delas a língua Arak.

Equipamento
Todos os membros da família Arak começam
o jogo com roupas de viajante, as ferramentas
em que for proficiente, um objeto de horror que
o liga diretamente ao legado real de sua família
(escolha ou jogue aleatoriamente entre a lista dos
objetos constantes no Guia de Van Richten para
Ravenloft) e 20 peças de ouro.

Característica
Feérica Sugerida – Realeza
Os membros da família Arak carregam em
suas veias a herança da realeza e glamour de seus
antepassados. O personagem poderá usar o efeito
310
Boritsi
A família Boritsi ascendeu de pequenos co-
merciantes ao trono de Borca, através de sua as-
túcia e sagacidade, e se espalhou por quase toda
a Terra das Brumas através da Companhia de
Comércio Boritsi. Excelentes aliados e terríveis
inimigos, os Boritsi prezam pela reputação de
seu sobrenome, e escondem um passado repleto
de traições, vingança, sangue e veneno.
História
A família Boritsi tem suas raízes históricas
nas terras ancestrais de Borca e Dor-
vínia, que em um passado remoto já
foram parte do reino da Baróvia.
Embora não tenha uma ori-
gem nobre, a família Boritsi
ascendeu socialmente e finan-
ceiramente como habilidosos e ricos
comerciantes, e a Companhia de Comér-
cio Boritsi cresceu em poder e influência.
Quando a Baróvia foi invadida pelos Tergs,
a família Von Zarovich teve de se refugiar na re-
gião de Borca, e recebeu apoio da família Boritsi.
Uma guerra sangrenta teve início, que se ar-
rastou ao longo das décadas. Após 26 anos de
guerra, os Tergs conseguiram uma grande vitória
em batalha, e assassinaram o Conde Barov e sua
esposa Ravenia, rei e rainha da Baróvia. Apesar
do duro golpe, de forma surpreendente Gene-
ral Strahd Von Zarovich conseguiu ganhar uma
batalha decisiva contra seus inimigos. Em 347,
após 27 anos de duras batalhas os Tergs foram
derrotados, e Strahd iniciou a reconstrução de
seu reino.
Durante todo o período de guerra, a família
Boritsi sempre forneceu seu apoio à campanha
militar de Conde Strahd, e após a vitória na guer-
ra, ascendeu a um posto menor de nobreza.
No ano de 351 do Calendário Baróviano, a
tragédia atacaria o coração do reino da Baróvia.
Toda a nobreza do reino foi convidada para as
festividades do casamento do irmão mais novo de
Strahd, Sergei Von Zarovich com a bela Tatyana
Federovna, uma camponesa da vila da Baróvia.
Ninguém jamais soube o que verdadeiramente
ocorreu naquela noite amaldiçoada, mas todos os
convidados do casamento foram assassinados de
forma misteriosa.
Naquela noite, as brumas se er-
gueram tragando a região Baróvia
para o semiplano do medo.
Na antiga região de Borca,
o envolvimento pelas brumas os
separou do reino da Baróvia e da família
governante dos Von Zarovich. Pratica-
mente toda a casta de nobres e governantes
havia comparecido ao trágico casamento no
castelo Ravenloft, e jamais regressaram para casa.
Sem o acesso às riquezas advindas do comércio,
o reino estava à beira do caos.
A família Boritsi, composta de pequenos no-
bres e ricos comerciantes, assumiram as rédeas
do governo da região, e conseguiram evitar que
as prósperas terras de Borca se entregassem ao
caos e à destruição.
Muitos deles haviam sido nomeados regentes
temporários ou procuradores pela nobreza desa-
parecida, e aproveitaram-se destes fatores para
impor a ordem e legitimar sua posição. Por três
séculos, eles governaram uma região à beira da
 • Antecedentes Sombrios •
ruína, assumindo o controle dos outrora vastos
recursos de um reino próspero.
Habilidosos e sagazes, o clã Boritsi cresceu
em poder, riqueza e influência, até o ano de 684
BC, quando as brumas se abriram para desvelar
novos reinos ao redor de Borca. Naquela mesma
data, a carruagem de Camille Dilisnya foi levada
pelas brumas até Borca.
Finalmente livre de seu confinamento pelas
Brumas, a população de Borca acreditou que fi-
nalmente fora libertada de sua maldição, quando a
família nobre Dilisnya regressou à sua terra natal.
A chegada de Camille Dilisnya a Borca aba-
lou as estruturas de poder do reino. Apesar dos
trezentos anos de vacância de poder, a família
Boritsi não era a legítima herdeira destas terras,
e logo os comerciantes e banqueiros do reino
311
vieram ao seu encontro, exigindo provas de sua
linhagem nobre.
Camille aceitou provar a sua herança e li-
nhagem. Após as evidências de sua ascendência
nobre serem confirmadas, Camille Dilisnya se
tornou a governante absoluta de Borca, e convo-
cou ao seu reino recém desvelado pelas brumas,
seus familiares em exílio. Logo, os Dilisnya, há
muito isolados e espalhados por toda a Terra das
Brumas, regressaram a Borca, trazendo riquezas,
comércio, poder e influência.
O líder da família Boritsi naquela época era o
ambicioso Klauss Boritsi, que se ressentiu pela
perda de poder, mas seguiu em busca de ampliar
a influência de sua família.
A abertura das brumas permitiu que a Com-
panhia de Comércio Boritsi expandisse seus ne-
312
gócios para novos reinos, estabelecendo laços
diplomáticos e comerciais. Além disso, Klauss
Boritsi, um carismático conquistador, procurou
se aproximar de Camille Dilisnya, e encontrar
um meio de retornar a família Boritsi ao topo da
sociedade de Borca.
Os esforços de Klauss tiveram frutos, e ele
iniciou uma relação romântica com Camille Dilis-
nya. A bela e jovem Camille era viúva, e seu pri-
meiro marido morrera em circunstâncias miste-
riosas alguns anos antes nas terras de Mordente.
O segundo casamento de Camille foi com
Klauss Boritsi em 688 BC, e a família Boritsi e
Dilisnya foram unidas pelo matrimônio. Camille
assumiu o sobrenome de seu marido, e Klauss
havia conseguido seu objetivo de regressar os
Boritsi ao trono de Borca.
O casamento durou alguns anos, e o casal teve
três filhos. Contudo, Klauss Boritsi permaneceu
um conquistador e mulherengo, e logo a Camille
descobriu que Klauss a traíra com uma serva.
Camille se tornou próxima da sua aia e lhe
deu de presente óleos perfumados, sabendo que
ela os usaria em um encontro romântico com
seu marido. O casal de adúlteros se uniu usando
estes óleos perfumados, e ambos foram vítimas
de uma toxina fatal que fundiu a pele de ambos,
no ano de 697 BC.
Camille voltaria a se casar outras vezes, mas
manteve o sobrenome Boritsi. O plano de Klauss
funcionou, mas ao fim, foi Camille quem assumiu
o comando da Companhia de Comércio Boritsi,
ainda que desprezasse ter que se dedicar a tais
atividades, que considerava inferiores à sua con-
dição de nobreza.
Apesar de educar sua filha mais velha Ivana
Boritsi com estes mesmos ideais, seus outros
filhos Anton e Suolo cresceram e assumiram a
tradição familiar nos negócios.
Após a morte de Camille e a ascensão de Ivana
ao trono, a Companhia de Comércio Boritsi con-
tinuou a crescer e se expandir, e seus irmãos e
sobrinhos agora comandam os negócios da Com-
panhia, que tem entrepostos comerciais por inú-
meros reinos do núcleo.
Pertencendo a Família
Os membros da família Boritsi são geralmen-
te humanos, embora alguns meio-elfos também
possam ser encontrados em seu meio.
A família Boritsi é ambiciosa, e ascendeu da
posição de simples comerciantes ao posto mais
alto de nobreza de Borca e tornaram-se líderes
de um grande império comercial.
Seus membros são orgulhosos dos feitos de
sua família, e primam por exercer uma posição de
liderança. Em virtude desta ambição e orgulho, é
esperado que um Boritsi esteja sempre bem-ves-
tido, e seja educado e bem versado em seu ofício.
Membros da família sempre tentam cuidar dos
seus parentes e aliados, eis que a desfortuna de
um membro da família impacta na imagem de
todos os Boritsi. Embora possam ser valorosos
aliados, esta família é famosa por não esquecer
ou perdoar desavenças, e atuam pacientemente
para planejar a destruição daqueles que se tornam
obstáculos em seu caminho.
Os Boritsi são sagazes, e não se lançam em
brigas que não tem condição de vencer, mas nes-
tes casos, eles planejariam cuidadosamente os
meios para enfraquecer, derrotar e destruir seus
rivais.
 • Antecedentes Sombrios • 313
Embora originalmente sejam do domínio de delas a língua Balok.
Borca, Boritsis podem ser encontrados em todos
Equipamento
os reinos do núcleo, e mesmo em algumas ilhas
Todos os Boritsi começam o jogo com roupas
do Mar Noturno ou do Mar das Mágoas, tendo se
de viajante, as ferramentas em que for proficien-
espalhado a serviço da Companhia de Comércio
te, um objeto de horror que o liga diretamente
Boritsi.
ao passado de sua família (escolha ou jogue ale-
Nem todos os membros se dedicam a tais ati-
atoriamente entre a lista dos objetos constantes
vidades de comércio, mas muitos são conheci-
no Guia de Van Richten para Ravenloft), e 15
dos por sua perspicácia, inteligência e carisma e
peças de ouro.

Característica – Reputação
exercem as mais diversas atividades intelectuais,

Familiar
atuando também como estrategistas, negociado-
res e diplomatas.
Ao criar um personagem Boritsi, um jogador
Os Boritsi são conhecidos como bons aliados
deve pensar se o personagem conhece ou não
e terríveis inimigos. Sempre que estiver negocian-
sua ascendência, e se assume o nome da família.
do com um indivíduo que tenha conhecimento
Caso se reconheça como um Boritsi, qual é a re-
sobre a reputação da família Boritsi, o persona-
lação do personagem com o braço da família que
gem poderá invocar o nome de sua família para
controla a Companhia de Comércio Boritsi? Que
reforçar sua posição, persuadindo ou intimidando
tipo de exigências ele tem sofrido pelos demais
seus interlocutores.
membros da família, quanto a sua posição social
No entanto, o uso do nome da família não
e reputação?

Proficiência em Perícias
deve ser realizado em vão. A família Boritsi pre-
za pela sua imagem e reputação, e membros que
abusem desta prerrogativa ou prejudiquem a ima-
Escolha duas perícias entre Intimidação, Per-
gem da família poderão ter de responder por suas
suasão, Intuição e Percepção.

Proficiência em Ferramentas
ações.
Os Boritsi recebem o Talento Habilidoso no
Nível 1.
Escolha duas proficiências em Ferramentas
entre Kit do Envenenador, Ferramentas de Car-
tografia, Ferramentas do Navegador ou Veículos
Terrestres.

Idiomas
Por terem se espalhado ao longo de muitos
anos por diversos reinos da Terra das Brumas,
os Boritsi podem escolher 3 línguas, sendo uma
314
Crias do caçador de monstros Dr. Rudolph Van Richten

Cavalheiro
e do poderoso monarca Azalin Rex.
Sua principal perseguidora, contudo, é Isolde,

Gentil uma Eladrin Celestial, que sacrificou sua liber-

As Crias do Cavalheiro Gentil carregam um
legado maldito, partilhando de um mesmo pai.
O Cavalheiro Gentil é um incubus, uma criatura
maligna dos planos inferiores que vaga pela Terra
das Brumas com um propósito misterioso, e por
onde passa este sedutor costuma encontrar par-
ceiras para encontros amorosos, com o objetivo
de espalhar sua prole amaldiçoada.
dade para adentrar as brumas e perseguir este
inimigo profano.
O Cavalheiro Gentil tem uma aura sobrenatu-
ral de charme e sedução, e pode assumir qualquer
forma que desejar. Seu olhar penetrante é ele pe
considerado um grande corruptor.
Dentre os filhos mais conhecidos de sua pro-
le amaldiçoada está o infame Malocchio Aderre,
filho do incubus com a governante de Invidia,

História
A história do Cavalheiro Gentil é um misté-
Gabrielle Aderre. Conhecido como um Dukkar,
Malocchio Aderre acredita estar destinado a ex-
terminar o povo Vistani, e recentemente destro-
rio, e nem mesmo os mais experientes arcanistas
e caçadores de monstros conhecem seu verdadei-
ro propósito. Sua influência sobrenatural exala o
caos e a maldade, e suas ações costumam deixar
um rastro de destruição por onde passa.
O que se sabe deste infame progenitor são
apenas especulações. Especialistas acreditam que
ele é um incubus, um ser ínfero dos planos in-
feriores, um sedutor, corruptor e manipulador,
capaz de assumir inúmeras formas e faces para
alcançar seus objetivos.
Dentre estes objetivos misteriosos, especu-
la-se que o incubus busque se relacionar com
mulheres de herança Vistani, com o intuito de
seduzir e engravidar estas mulheres, criando fi-
lhos que partilham de seu legado demoníaco e do
poder do sangue Vistani.
Muitos são aqueles que se preocupam em des-
vendar as reais intenções do Cavalheiro Gentil,
tendo o ínfero despertado a atenção do famoso
 • Antecedentes Sombrios •
nou sua mãe, assumindo o posto de governante
de Invidia.
Pertencendo a Família
As Crias do Cavalheiro Gentil podem ser de
qualquer raça, eis que o incubus pode assumir
qualquer forma para agradar e seduzir as pessoas
com quem deseja se relacionar. Usualmente os
membros das Crias dos Cavalheiro Gentil pos-
suem a mesma raça de suas mães, mas não é in-
comum que alguns deles manifestam em algum
aspecto sua herança paterna.
Alguns destes membros se tornam calibans,
com seus corpos transformados e deformados
pela influência profana de seu progenitor, e ou-
tro se tornam tiferinos, manifestando de forma
mais evidente sua herança dos planos inferiores.
Mesmo quando não manifestam deformidades
ou aspectos sobrenaturais de seu legado em sua
raça, não é incomum que as Crias do Cavalheiro
Gentil tragam em seu corpo alguma marca de
sua Legado de Sangue. Um sexto dedo em sua
mão, uma estranha marca de nascença ou uma
cor estranha em seus olhos costumam marcar a
influência maligna de seu progenitor.
Todos os filhos do Cavalheiro Gentil cres-
cem órfãos de seu pai, pois após se relacionar e
engravidar suas parceiras, o incubus desaparece,
e as abandona à própria sorte. Muitos dos mem-
bros desta família sequer conhecem seu Legado
de Sangue, e são ignorantes de sua descendência.
Ao criar um personagem que seja uma Cria
do Cavalheiro Gentil, é preciso estabelecer com
o narrador o quanto o seu personagem conhece
sobre o seu misterioso progenitor. Como foi a
vida como um órfão paterno? Qual é a marca do
315
mal que o seu personagem carrega?
Proficiência em Perícias
Escolha duas perícias entre Arcanismo, Per-
suasão, Intuição e Percepção.
Proficiência em Ferramentas
Escolha duas proficiências em Ferramentas
entre Kit do Coureiro, Kit do Alquimista, Ins-
trumento Musical ou Veículo Terrestre.
Idiomas
As Crias do Cavalheiro Gentil podem escolher
2 línguas, sendo uma delas a língua dominante
do seu local de origem. De forma inconsciente
estes personagens conhecem a linguagem abissal,
mas apenas o descobrirão caso escutem alguém
falando ou encontrem algum texto nessa língua.
Equipamento
Todos as Crias do Cavalheiro Gentil começam
o jogo com roupas de viajante, as ferramentas em
que for proficiente, um objeto de horror que o
liga diretamente ao mistério da identidade de seu
pai (escolha ou jogue aleatoriamente entre a lista
dos objetos constantes no Guia de Van Richten
para Ravenloft) e 10 peças de ouro.
Característica
Sombrio Sugerida – Destino
Os filhos do Cavalheiro Gentil carregam den-
tro de si parte da essência maligna de seu pro-
genitor, e estão destinados a algum propósito
sombrio.
Os filhos do Cavalheiro Gentil recebem o Ta-
lento Sortudo no Nível 1.
316
Dak
A família Dak tem suas origens na figura do
tirano governante de Sithicus, Azrael Dak, e car-
regam o peso do legado sombrio de seu patriarca,
um anão degenerado, perverso e monstruoso.
História
A família Dak tem sua origem na cidade anã
de Brigalure, em alguma parte de um mundo des-
conhecido no plano material. Outrora conheci-
dos e renomados como grandes artesões de seu
clã anão, esta família teve seu legado manchado
pelos crimes de Azrael Dak.
O jovem Azrael Dak não demonstrava a pai-
xão, dedicação e compromisso com
as artes metalúrgicas que eram tra-
dição em sua família, e realizava tais
atividades com descaso. Taxado de
preguiçoso e incompetente, um dos
piores insultos que pode ser atribuído
a um membro de um clã anão, ele foi res-
ponsável por graves acidentes na oficina de
sua família.
Um dia, enquanto era repreendido por seus
pais, ele perdeu o controle de seu temperamento,
e em fúria ele se lançou sobre eles, cometendo
um brutal assassinato. Perseguido pelos guardas
da cidade, ele fugiu pelos subterrâneos.
Ferido e amedrontado, ele ouviu uma voz da
escuridão, que lhe ofereceu poder em troca da
destruição de sua cidade Brigalure. Azrael aceitou
esta proposta sombria, e sentiu seu corpo passar
por horrendas transformações, enquanto ele se
tornava um licantropo, uma besta híbrida entre
um anão e um texugo. Com seus novos dons
e poderes, ele assassinou seus perseguidores, e
se tornou um flagelo para sua cidade natal. Por
mais de cinquenta anos ele viveu nos arredores
da cidade, atacando e matando vítimas incautas
com um sadismo doentio.
Um dia, enquanto caçava uma vítima, ele foi
envolto pelas brumas, e foi tragado para o plano
do pavor. Ele emergiu nas terras devastadas de
Forlorn, e vagou pelas terras de Gundarak e Ba-
róvia, até o fatídico dia em que encontrou Lorde
Soth.
Lorde Soth presenciou Azrael escapar de um
grupo de Baróvianos que pretendiam extermi-
ná-lo, mas não se impressionou com o feito do
anão. Azrael percebeu em Lorde Soth uma fi-
gura de grande poder, e passou a se-
gui-lo. Quando foi descoberto, ele
ofereceu seus serviços ao cavaleiro da
morte, que acabou aceitando sua ser-
vitude.
Juntos eles confrontaram Duque
Gundar e seu filho, e posteriormente in-
vestiram contra o próprio Castelo Ravenloft.
Quando Lorde Soth adentrou as brumas e Sithi-
cus foi desvelada, ele tornou Azrael o senescal
de seu castelo, o forte Nedragaard.
Azrael serviu por 30 anos como senescal de
Lorde Soth, e sua tirania e crueldade lhe confe-
riram a alcunha de a Aflição de Sithicus. Lorde
Soth era distante e desinteressado em seu pró-
prio domínio, e Azrael era o governante de fato
daquelas terras.
O tirano e monstruoso anão governava um
domínio composto principalmente por elfos, mas
ainda sentia falta da companhia de seu próprio
povo. Apesar de ter atuado para destruir e caçar
 • Antecedentes Sombrios •
sua comunidade em Brigalure, ele acreditava que
sua posição e poder agora demandariam o respei-
to e conhecimento entre os anões.
Sempre que o Azrael tinha conhecimento de
outros anões tragados pelas brumas, ele fazia
questão de tentar contato, se apresentando com
toda a pompa e título. Rapidamente, contudo, os
valores deturpados de Azrael tornavam-se evi-
dentes e ao ser novamente rejeitado por outros
anões ele respondia com violência e ameaça.
Em muitas destas ocasiões, os anões se torna-
ram vítimas das garras do monstruoso licantropo,
e outras vezes eram levados aos seus calabouços
para serem torturados. Em algumas oportunida-
des, contudo, o Anão conseguiu encontrar par-
ceiras para um relacionamento, e algumas destas
relações geraram filhos, recomeçando a linhagem
317
Dak na Terra das Brumas.
Os relacionamentos de Azrael nunca foram
duradouros, e ele e suas companheiras logo se-
guiam caminhos diferentes. Ele nunca manteve
uma relação próxima a seus filhos, que são cria-
dos quase que inteiramente por suas mães. A
maior parte dos seus filhos foi criada distante
de Azrael, mas ele mantém uma curiosidade de
saber sobre o destino de seus herdeiros, e ordena
alguns agentes de sua polícia secreta para moni-
torar a vida destes bastardos.
Após os eventos da Grande Conjunção, Azra-
el descobriu nas minas de Sal de Veidrava a Ca-
pela Negra, e o Lago dos Sons. Mais uma vez,
ele passou a ouvir a voz da escuridão, que lhe
revelavam os segredos de Sithicus, e lhe sussur-
ravam promessas de poder e glória.
318
À medida que Lorde Soth se afundava em suas
próprias memórias no interior do forte Nedraga-
ard, a admiração de Azrael por seu suserano se
transformava em desprezo, e contaminado pelos
sussurros sombrios, ele passou a conspirar con-
tra seu mestre. Azrael forjou alianças secretas,
e planejava um profano ritual no Lago dos Sons,
para assumir o controle das sombras de Sithicus,
e se tornar o novo Lorde Sombrio de Sithicus.
Seus planos fracassaram, após a interferência
do aventureiro Ganelon.
Após a falha do seu ritual, ele descobriu que
Lorde Soth havia desaparecido, e um novo poder
sombrio comandava Sithicus. Azrael se viu ame-
açado, e as sombras que outrora lhe prometiam
poder e glória, agora debochavam do anão. Ele
emergiu das minas de Veidrava, com um olhar
paranoico e enlouquecido. Aproveitando-se do
vácuo de poder deixado pelo desaparecimento de
Lorde Soth, ele se declarou como Rei de Sithicus,
e tem aumentado a violência e tirania de seus
atos para afirmar seu governo e controle sobre
o domínio.
Sob seu comando estão diversos soldados e
mercenários leais à Azrael, e ele comanda ainda a
Politiskarae, uma polícia secreta que lhe repassa
segredos, e dissemina intriga entre seus inimigos.
Recentemente, Azrael tem viajado por Sithi-
cus em sua carruagem decorada com ossos de
seus inimigos, combatendo as diversas fontes de
insurgência. Embora não tenha estabelecido uma
capital, ele passa a maior parte do tempo em um
acampamento militar, no sul do domínio, chama-
do de Aflição. Aqueles que porventura são leva-
dos a este acampamento ou se tornam soldados
a serviço de Azrael, ou conhecem os horrores de
ser um prisioneiro do déspota.
Alguns afirmam que os jovens filhos de Azra-
el se tornaram membros deste grupo de insur-
gentes, e outros que alguns procuraram seu pai
para integrar a estrutura de poder em Sithicus.
O Legado de Sangue da família Dak é carregado
de dor e sofrimento, mas seus jovens herdeiros
ainda têm que escrever sua própria história na
Terra das Brumas.
Pertencendo a Família
Os membros da família Dak são anões ainda
jovens, a caminho de se tornarem adultos.
Criados apenas por suas mães, alguns deles
não carregam o sobrenome de seu progenitor, e
podem sequer conhecer a verdadeira identidade
de seu pai. Alguns foram criados longe das terras
de Sithicus, tendo suas mães migrado para outras
comunidades anãs em Darkon para se afastar da
influência maligna de Azrael. Outros, contudo,
foram criados para odiar a figura de Azrael, le-
vando adiante o rancor de sua mãe na relação
doentia com o maligno e manipulador governante
de Sithicus.
Independente de conhecerem ou não a verda-
deira identidade de seu pai, a vida destes jovens
anões é monitorada de perto por agentes da po-
lícia secreta de Azrael.
A herança monstruosa de Azrael também pode
condenar seus herdeiros. O anão é atormentado
por estranhas vozes e sussurros da escuridão,
que o tentam e o atormentam. Esta loucura pode
ser refletida em seus filhos, que podem sentir a
atração macabra das trevas. Azrael se tornou um
licantropo texugo por meio de um pacto sinistro,
e qualquer um de seus filhos pode ter herdado a
 • Antecedentes Sombrios •
Equipamento
319
licantropia de seu pai.
Todos os membros do braço da família Dak
Azrael apenas se tornou Senescal de Lorde
começam o jogo com roupas de viajante, as fer-
Soth em 720 BC. Na atual linha do tempo do
ramentas em que for proficiente, um objeto de
cenário clássico que se encontrava em 758 BC
horror que o liga diretamente ao clã anão da famí-
(e que será expandida em futuros lançamentos
lia de sua mãe (escolha ou jogue aleatoriamente
nossos), a maior parte dos filhos de Azrael Dak
entre a lista dos objetos constantes no Guia de
são ainda adolescentes, eis que anões são con-
Van Richten para Ravenloft) e 15 peças de ouro.

Característica – Sussurros da
siderados adultos aos 40 anos de idade. Nesta

Sombras
condição eles ainda estão descobrindo o quanto o
legado maldito de seu pai irá influência sua vida.
Para criar um anão que seja um membro da
A maldição que afetou Azrael Dak em um
família Dak é necessário definir o quanto o per-
passado distante pode atingir também seus filhos,
sonagem conhece sobre o sinistro patriarca desta
independente de terem se tornado licantropos
família. Se o personagem conhece a identidade de
naturais.
seu pai, como isso influenciou a decisão de seu
Se o seu personagem é um licantropo natural,
personagem em se tornar um aventureiro? Ele já
você automaticamente começa o jogo com a Ben-
descobriu que informantes de seu pai monitoram
ção Sombria da Besta Interior, conforme descrito
seus passos? A herança de insanidade e licantro-
no livro Guia de Van Richten para Ravenloft, e
pia afetou o crescimento de seu personagem de
é um licantropo texugo. (Essa opção deve ser
alguma forma?

Proficiência em Perícias
conversada com seu Mestre e com os demais jo-
gadores de sua mesa).
Independentemente de você ser ou não um
Escolha duas perícias entre Adestrar Animais,
licantropo, os personagens que possuem este
Percepção, Sobrevivência e Intimidação.

Proficiência em Ferramentas
Legado Sombrio costumam ouvir sussurros das
sombras, que podem tentar ou atormentar o seu
personagem.
Escolha duas proficiências em Ferramentas
Estes sussurros podem revelar segredos e in-
entre Ferramentas do Ferreiro, Ferramentas de
formações, tentar os jogadores a cometer atos
Carpinteiro, Ferramentas do Funileiro ou Veí-
macabros, ou apenas atormentar os mesmos para
culos Terrestres.

Idiomas
os fazer questionarem suas escolhas.
Se a natureza desses sussurros das sombras
decorre de uma insanidade congênita ou da perse-
Os membros da família Dak podem escolher
guição por forças sobrenaturais, cabe ao jogador
3 línguas, sendo uma delas o dialeto élfico de
e ao narrador decidirem.
Sithicus.
Os Dak recebem o Talento Vigoroso no Nível 1.
320
D’Honaire
A família D’Honaire ocupa uma posição pro-
eminente em dois reinos, ocupando posições de
destaque entre a aristocracia e governo de Mor-
dente e Dementlieu. Originalmente conhecidos
como excelentes herbalistas e curandeiros, a fa-
mília tem tradição e destaque no exercício da
medicina e no tratamento de doenças mentais,
e ascendeu política e socialmente entre a aristo-
cracia de Dementlieu.
História
A família D’Honaire tem sua origem no do-
mínio de Mordente. Embora jamais tenham as-
cendido entre as mais conhecidas e
poderosas famílias aristocratas de
Mordente, este clã familiar ascendeu
lenta e progressivamente em status e
recursos.
No passado, a prática curandeira des-
ta família estava ligada à igreja de Hala, e
como devotos deste credo eles se beneficiaram
do conhecimento ancestral de herbologia para se
tornarem conhecidos curandeiros. À medida que
se tornavam conhecidos em meio a sociedade de
Mordente, a família lentamente se dissociou das
práticas religiosas de Hala, e despontou em sua
vocação para o exercício da medicina.
Inúmeros membros da família D’Honaire se-
guiram a vocação para atuar como curandeiros e
médicos ao longo de muitos séculos. Seus servi-
ços eram procurados por membros da nobreza e
da plebe, e apesar do renome a família realizava
inúmeros atendimentos e serviços de caridade.
O sobrenome D’Honaire ganhou grande repu-
tação e renome através de Germaine D’Honaire,
um celebrado médico que dedicou sua vida aos
estudos das aflições mentais. Seus avanços neste
campo o tornaram renomado por toda a Terra das
Brumas, e Germaine se tornou conhecido como
um mestre mesmerista, cujos feitos de hipnose
impressionavam e assustavam o público.
A fama e reputação despertaram a ambição de
Germaine D’Honaire, e o levaram a buscar uma
nova posição social para sua família. Ele impulsio-
nou dois de seus três filhos, Claude e Bernadete,
para se aprimorarem como membros da nobreza
e aristocracia, e queria que seu filho mais novo
Maurice se tornasse seu herdeiro do ofício da
medicina.
O desejo de Germaine era que sua
filha Bernadete se unisse à família
aristocrata Weathermay, ascenden-
do os D’Honaire a um novo patamar
na aristocracia. Bernadete, contudo,
contrariou os desejos de seu pai, casan-
do-se com Hugues Mousel, um jovem de
Richemulot que tinha ascendência Vistani.
Este ato de rebeldia causou uma cisma na fa-
mília, e pai e filha romperam relações. Bernadete
se mudou para o sul de Mordente, onde se re-
conectou ao passado de sua família, ao culto de
Hala e as práticas de Herbologia. Os irmãos de
Bernadete, Claude e Maurice, aliaram-se ao pai
neste conflito familiar, rompendo relações com
sua irmã.
Germaine D’Honaire faleceu em 707 BC, e
seus filhos Claude e Maurice, decidiram se mudar
para o reino de Dementlieu, onde vislumbravam
maiores chances de ascenderem a posição de no-
breza idealizada por seu pai.
 • Antecedentes Sombrios •
Com a mudança de seus irmãos, Bernadete
herdou a mansão ancestral da família no Condado
de Mordente, onde criou seus dois filhos. Um
destes filhos, François seguiu a tradição fami-
liar, e tornou-se um renomado alienista, transfor-
mando a mansão no Sanatório Mousel, enquanto
sua outra filha Madeleine retornou para a região
de charcos no sul de Mordente para ingressar
no culto de Hala, e tornar-se uma sacerdotisa e
curandeira local.
Usando recursos que herdaram de seu pai,
Claude e Marcel construíram uma enorme e lu-
xuosa mansão em Port-a-Lucine, em Dementlieu,
onde se instalaram com suas famílias. O reino
acabara de passar por uma conturbada revolta
popular, e os ambiciosos D’Honaire enxergaram
uma oportunidade de ascensão. Eles apoiaram
o recém-empossado Lorde Governador Marcel
Guinol, e logo se estabeleceram como uma das
importantes famílias do reino.
Claude D’Honaire era viúvo, eis que sua pri-
meira esposa morrera ao dar a luz ao seu filho
Dominic. Ele se casou novamente e teve quatro
outros filhos com sua nova esposa. Seu irmão
Maurice também se casou em Dementlieu, tendo
inúmeros filhos e consolidando a presença da
família neste domínio.
Claude tornou-se um dos membros do Con-
selho dos Brilhantes, que ajuda Marcel Guinol
no governo de Dementlieu, e muitos apontavam
como um dos membros mais influentes do con-
selho, rivalizando em prestígio e poder com o
próprio Lorde Governador Marcel Guinol.
Quando Claude foi vitimado de forma súbita
por uma doença, seu jovem filho Dominic D’Ho-
naire assumiu a posição de seu pai no Conselho
321
dos Brilhantes, e como líder da família. Dominic
D’Honaire prefere não assumir uma posição de
destaque, mas é dito que ele exerce um controle
ferrenho dos assuntos da família e tem grande
influência em assuntos de Estado.
O controlador líder da família em Dementlieu
é consultado para todos os assuntos, e seus con-
selhos são vistos como a palavra final sobre ca-
samentos, investimentos, alianças políticas e até
mesmo sobre a carreira de seus familiares.
Recentemente, alguns dos membros mais no-
vos do braço de Dementlieu mostraram-se rebel-
des e agiram de forma contrária ao conselho e
liderança de Dominic D’Honaire. Um deles, seu
sobrinho Gerrard, abandonou sua formação em
medicina em Dementlieu após visitar o ramo da
família em Mordente, e se inspirar pelo trabalho
realizado por seus parentes no Sanatório Mousel.
Consequências sombrias seguiram a esta decisão,
e o jovem Gerrard, assim como a já idosa Ber-
nadete e seu marido Mousel foram assassinados
em crimes de circunstâncias até hoje não escla-
recidas.
Embora os braços das famílias de Mordente
e Dementlieu tenham relações rompidas desde
o casamento de Bernadete, este evento criou um
uma ruptura definitiva entre os braços familiares,
eis que François, o filho de Bernadete, acredita
que sua mãe foi assassinada por membros do bra-
ço da família de Dementlieu, em razão de antigas
mágoas e ressentimentos familiares.
A família tem se expandido, tanto em seu
braço de Mordente como em seu braço de De-
mentlieu, e membros da família D’Honaire tem se
espalhado também por outros reinos da terra das
Brumas, especialmente nas terras de Richemulot,
322
Lamordia, Borca e Darkon.
Pertencendo a Família
Os membros da família D’Honaire são ge-
ralmente humanos, embora alguns meio-elfos
também possam ser encontrados em seu meio.
Eles são conhecidos por serem estudiosos e in-
telectuais, e habilidosos diplomatas, estrategistas
e manipuladores.
A família dos D’Honaire se tornou conheci-
da por sua fama como excelentes curandeiros e
médicos, destacando-se através da figura de Ger-
maine D’Honaire.
A ambição deste patriarca e os ressentimen-
tos familiares que decorreram pela frustração de
seus planos levaram a família a se dividir, e agora
existem diversas ramificações da família.
O atual braço de Mordente se ramifica em
dois grupos. No Condado de Mordente, um braço
da família administra o Sanatório Mousel e carre-
ga a tradição familiar do estudo da medicina, do
mesmerismo e do tratamento de aflições mentais.
Ao sul de Mordente, nas charnecas, uma ou-
tra ramificação se envolve com o ancestral culto
de Hala, e exerce sua vocação para a atividade
curandeira através do conhecimento ancestral
da fé de Hala.
O braço da família que se instalou em De-
mentlieu ascendeu social e politicamente, e está
inserido nos complexos jogos de intriga e mani-
pulação da aristocracia e nobreza. Embora mui-
tos de seus membros se dediquem a atividades
intelectuais, e se voltem ao tradicional exercício
da medicina, os D’Honaire expandiram seu ramo
de influência e atuam como membros da corte,
emissários, conselheiros, diplomatas, comercian-
tes, estrategistas e espiões.
O crescimento dos D’Honaire em poder e área
de influência tem expandido sua presença tam-
bém em outros domínios, e alguns membros da
família podem ser encontrados em outros reinos
da Terra das Brumas.
Um dos filhos de Maurice D’Honaire, chama-
do Remy, tem viajado como um comerciante e
negociador por inúmeros domínios adjacentes e é
conhecido por ser um solteirão convicto e mulhe-
rengo. Rumores circulam que inúmeros D’Ho-
naire bastardos, filhos de Remy e seus inúmeros
casos podem ser encontrados em Richemulot,
Lamordia, Borca e Darkon.
Um mistério cerca o destino de uma ramifi-
cação da família D’Honaire. Alguns anos após se
instalarem em Dementlieu, Angelique D’Honai-
re, filha de Claude, se rebelou contra as ordens
de seu pai e se casou em segredo com Bertand
Shoerderer da Lamordia. Os dois fugiram em
segredo, em um barco com destino a cidade da
Baía da Martira em Darkon, mas o barco jamais
chegou a seu destino, sendo envolto pelas bru-
mas. Talvez, em algum local remoto da Terra das
Brumas, um novo braço da família D’Honaire
esteja se estabelecendo.
Ao criar um personagem que seja um D’Ho-
naire é preciso primeiro determinar se o perso-
nagem é um membro da família reconhecido ou
um bastardo. Sendo um membro da família, é
importante determinar a qual braço da família
o personagem pertence, e qual é o seu papel na
estrutura familiar.
Proficiência em Perícias
Escolha duas perícias entre Persuasão, His-
 • Antecedentes Sombrios • 323
tória, Medicina e Investigação. perda real para o outro lado da barganha.

Proficiência em Ferramentas
Escolha duas proficiências em Ferramentas
Os D’Honaire recebem o Talento Habilidoso
no Nível 1.

entre Kit do Envenenador, Ferramentas de Her-

balismo, Kit de Disfarce ou Ferramentas do Al-
quimista.

Idiomas
A família D’Honaire preza pela educação e
aprendizado de seus membros. Todos os mem-
bros da família D’Honaire começam com três
línguas, e uma delas é o Mordentiano.

Equipamento
Todos os D’Honaire começam o jogo com
roupas de nobres ou de viajante, as ferramentas
em que for proficiente, um objeto de horror que
o liga diretamente ao passado de sua família (es-
colha ou jogue aleatoriamente entre a lista dos
objetos constantes no Guia de Van Richten para
Ravenloft), e 15 peças de ouro.

Característica
Dominante – Vontade
Os D’Honaire são conhecidos por seu inte-
lecto perspicaz e terem uma vontade dominante.
Membros desta família fazem valer suas vonta-
des nos negócios e relações comerciais, bem como
na arte da diplomacia. Comerciantes muitas vezes
cedem aos pedidos de descontos e autoridades
locais menores sentem o peso da voz D’Honai-
re exigindo o melhor tratamento. É comum que
seus membros recebam as melhores acomodações
em uma hospedagem e tenham seus pequenos
desejos atendidos, quando isso não implica numa
324
Dilisnya
A família Dilisnya vem de um berço nobre e
ancestral, mas tem um passado marcado por tra-
gédias, traições e intrigas. Perseguidos por sécu-
los na Baróvia, a família sobreviveu nas sombras,
ocultando sua identidade. Agora, seus membros
se espalham por quase todas as Terras das Bru-
mas, e ascenderam ao poder como governantes
absolutos do reino de Borca.
História
A família Dilisnya tem suas raízes históricas
nas terras ancestrais de Borca e Dorvínia, que
em um passado remoto já foram parte do reino
da Baróvia.
O atual domínio de Borca é um
reino fundado pelas nove cidades
estado da antiga região de Borcha,
também referida como Borjia. Estas
cidades, controladas por famílias de
mercadores e banqueiros, participaram da
fundação do reino da Baróvia em um passado
remoto, e conquistaram o status de nobreza, sob
o jugo da liderança da dinastia dos Von Zarovich.
A família Dilisnya era uma das mais poderosas
famílias desta região, e tinha sob seu controle
minas de prata, bancos e vastas propriedades. No
ano de 314 BC, iniciou-se um perigoso conflito
entre as famílias nobres na região de Borca. Os
Dilisnya, Kasky e Petrovna disputavam o con-
trole das minas de prata do Monte Gries, e as-
sassinos não identificados mataram a matriarca
da família, Izabela Dilisnya. Um feudo de sangue
teve início, e o reino da Baróvia foi envolto em
uma guerra civil conhecida como a Guerra das
Adagas Prateadas.
O conflito durou 2 anos, em que confrontos
abertos, assassinatos traiçoeiros e vinganças en-
charcaram o solo de sangue. O Rei Barov Von
Zarovich, conseguiu pacificar o conflito em 316
BC, mas tal embate deixou o reino bastante en-
fraquecido, e despreparado para os conflitos que
seguiram. Mais que isso, o patriarca da família
Dilisnya, nutriu fortes ressentimentos contra os
Von Zarovich, acreditando que a vingança pela
morte de sua mãe não fora concluída.
A tensão e ressentimento entre os Dilisnya e
Zarovich se agravou, mas este conflito não pode
ser resolvido nos anos que se seguiram, em razão
da invasão dos Tergs as terras da Baróvia.
Uma guerra sangrenta teve início
e se arrastou ao longo das décadas.
Após 26 anos de batalha, os Tergs
conseguiram uma grande vitória em
batalha, e assassinaram o Conde Barov
e sua esposa Ravenia, rei e rainha da
Baróvia. Apesar do duro golpe, de forma
surpreendente General Strahd Von Zarovich
conseguiu ganhar uma batalha decisiva contra
seus inimigos. Em 347 BC, após 27 anos de du-
ras batalhas os Tergs foram derrotados, e Strahd
iniciou a reconstrução de seu reino.
Apesar do fim do conflito, os Dilisnya não
haviam se esquecido de seus antigos ressenti-
mentos, que ao longo da guerra apenas haviam se
agravado. O líder da família, Leo Dilisnya, levou
em frente sua vingança contra os Zarovich.
Leo Dilisnya contratou os serviços dos temi-
dos assassinos Ba’al Verzi para tentar assassinar
Conde Strahd no de 350 BC. Contudo, o Conde
conseguiu escapar da tentativa de assassinato,
 • Antecedentes Sombrios •
mas não descobriu o verdadeiro mandante dos
assassinos.
No ano de 351 BC a tragédia atacou o coração
do reino Baróviano. Toda a nobreza da Baróvia
foi convidada para as festividades do casamen-
to do irmão mais novo de Strahd, Sergei Von
Zarovich com a bela Tatyana Federovna, uma
camponesa da vila da Baróvia.
Rumores dizem que Leo Dilisnya planejava
um golpe de estado na noite do casamento, e
havia infiltrado assassinos entre os convidados.
Ninguém jamais soube o que verdadeiramente
ocorreu naquela noite amaldiçoada, mas todos
os convidados do casamento foram assassinados
de forma misteriosa.
Naquela noite, as brumas se ergueram tra-
gando a Baróvia para o semiplano do medo. As
circunstâncias pouco esclarecidas deste massacre
do castelo Ravenloft, repercutiram sobre o reino.
O nome da família Dilisnya foi arrastado na
lama da história. Conde Strahd acusou a família
Dilisnya pelo atentado e massacre do casamento
e eles foram caçados pelo reino. Muitos nobres
da família morreram no Castelo Ravenloft. Os
poucos Dilisnyas que estavam espalhados pela Ba-
róvia, incapazes de retornar a Borca e atravessar
as fronteiras, agora cercada por brumas, tiveram
de se esconder, e ocultar sua identidade.
Por anos, a família Dilisnya sobreviveu nas
sombras, escondendo sua identidade e herança, e
criando uma rede de apoio mútuo. Mesmo neste
momento sombrio, eles mantiveram vivas as lem-
branças de sua origem nobre e seus ressentimen-
tos antigos. Quando outros domínios começaram
a ser revelados pelas brumas, a família iniciou
sua diáspora, se espalhando por inúmeros reinos
325
como hábeis comerciantes, espiões e manipulado-
res. Finalmente, eles abandonaram suas máscaras
e o anonimato, e adotaram novamente seu nome e
ascendência nobre, retomando o nome Dilisnya.
O destino da família Dilisnya seria alterado
pelas ações de dois irmãos, que viviam nas terras
de Mordente. Yakov Dilisnya sofreu com estra-
nhas visões de alucinações e iniciou a escrita de
um livro de revelações, que viria a se tornar o Pri-
meiro Livro de Ezra, iniciando a fé que se espa-
lharia por quase todos os domínios das Brumas.
Camile Dilisnya, sua irmã mais jovem, preci-
sou fugir de Mordente após a morte de seu mari-
do em circunstâncias misteriosas. Sua carruagem
se perdeu nas brumas, e acabou chegando nas
terras ancestrais de Borca, que emergiram das
Brumas para integrar o Núcleo.
A chegada de Camile Dilisnya a Borca aba-
lou as estruturas de poder do reino. Apesar dos
trezentos anos de vacância de poder, a família
regente Boritsi não era a legítima herdeira destas
terras, e logo os comerciantes e banqueiros do
reino vieram ao seu encontro, exigindo provas
de sua linhagem nobre.
Camile aceitou provar a sua herança e linha-
gem, e após as evidências de sua ascendência
nobre serem confirmadas, Camile Dilisnya se
tornou a governante absoluta de Borca. Ela con-
vocou ao seu reino recém desvelado pelas brumas
seus familiares em exílio. Logo, os Dilisnya, há
muito isolados e espalhados por toda a Terra das
Brumas, regressaram a Borca, trazendo riquezas,
comércio, poder e influência.
Yakov Dilisnya aproveitou a influência e po-
der de sua irmã para implantar a Igreja de Ezra
em Borca, de onde a fé se propagou para inúme-
326
ras terras ao longo dos séculos.
Camile se casou com Klauss Boritsi, assu-
mindo o sobrenome desta poderosa família de
comerciantes. Inúmeras tragédias cercavam a vida
desta controversa governante, e a morte parecia
cercar a Viúva Negra de Borca, até o dia em que
a própria foi vítima de um poderoso veneno, e
sua jovem filha Ivana Boritsi assumiu o trono.
Anos depois, um outro braço da família, que
ainda mantinha o nome Dilisnya, também ascen-
deria ao poder. As Brumas desvelaram uma nova
parte das ancestrais terras de Borca, a montanho-
sa região de Dorvínia.
O nobre Ivan Dilisnya, primo de Ivana Borit-
si e um foragido em Borca, não perdeu tempo,
e usou sua astúcia e brutalidade para assumir o
controle daquelas terras.
Dorvínia era uma terra repleta de recursos
minerais, e Ivan governou como um tirano cruel,
exigindo propinas absurdas e realizando perigo-
sos e letais jogos de intriga entre seus apoia-
dores. Dorvínia surgiu como uma oportunidade
de riquezas e ascensão social, e acabou atraindo
para a corte de Ivan os mais gananciosos e cruéis
membros da aristocracia de Borca.
Após os eventos da Grande Conjunção, os
reinos de Borca e Dorvínia foram unificados em
um único reino, agora chamado apenas de Borca,
e Ivan Dilisnya e Ivana Boritsi agora dividem o
poder neste reino.
Pertencendo a Família
Os membros da família Dilisnya são geral-
mente humanos, embora alguns meio-elfos tam-
 • Antecedentes Sombrios •
bém possam ser encontrados em seu meio. A
família Dilisnya tem um passado remoto envolto
em luxos e excessos, mas também marcado por
crimes sangrentos, tragédias e perseguições.
O período em que os membros desta família
tiveram de esconder sua identidade na Baróvia,
fez com que esta família desenvolvesse uma rede
secreta de informantes, e tornassem-se hábeis
espiões, assassinos e envenenadores.
Após o surgimento de outros domínios na
Terra das Brumas, os Dilisnya iniciaram sua di-
áspora, deixando as sombras da Baróvia para assu-
mir posições de negociadores e comerciantes. Sua
rede de contatos e apoio mútuo fez com que eles
rapidamente recuperassem prestígio, enquanto
muitos ainda mantinham seus ofícios sombrios e
ilícitos, envolvendo-se em atividades criminosas.
Por fim, com o desvelamento pelas brumas das
terras de Borca e Dorvínia, os Dilisnya chegaram
novamente ao poder, reclamando terras e títulos
de nobreza antigos. Mais que isso, um Dilisnya
foi o responsável pela fundação e propagação da
Igreja de Ezra, uma das fés mais propagadas den-
tre a Terra das Brumas.
Membros da família Dilisnya podem ocupar
diferentes posições dependendo da região onde
vivem. Nas terras da Baróvia, onde são ainda per-
seguidos por Conde Strahd, os Dilisnya ainda
precisam ocultar sua identidade, vivendo uma
falsa persona para sua própria proteção.
Mesmo fora das terras da Baróvia, muitos Di-
lisnya ainda vivem nas sombras e no anonimato,
ocultando suas identidades, exercendo os ofícios
pelos quais sua família recebeu fama e infâmia,
atuando como espiões, informantes e assassinos.
Outros Dilisnya se espalharam por inúmeros
327
reinos diversos, reassumindo o nome da família,
e atuam em inúmeras atividades como comercian-
tes, diplomatas, anacoretas de Ezra, ou outros
ofícios. Apesar de terem saído do anonimato a
muitas décadas, eles ainda mantem uma forte rede
de contatos e mútuo apoio entre seus familiares.
Por fim, alguns Dilisnya regressaram a suas
terras ancestrais em Borca e Dorvínia, onde re-
assumiram terras e postos de nobreza, ou passa-
ram a orbitar a corte de Ivan Dilisnya ou Ivana
Boritsi. Apesar do estilo de vida extravagante
e decadente que a família vive nestas terras, é
importante notar que as intrigas palacianas e dis-
putas políticas no atual reino de Borca podem ser
mais perigosas e letais que um campo de batalha.
Membros desta família precisam estabelecer
que tipo de papel seu legado de sangue desempe-
nha. Os personagens conhecem sua descendência
nobre? Eles precisam viver no anonimato, ou as-
sumiram o nome de sua família? Quão próximo o
personagem é da estrutura de poder de Borca, e
como a rede de informantes e apoio dos Dilisnya
influencia em sua história?
Proficiência em Perícias
Escolha duas perícias entre Enganação, Atu-
ação, Furtividade e Prestidigitação.
Proficiência em Ferramentas
Escolha duas proficiências em Ferramentas
entre Ferramentas do Envenenador, Ferramen-
tas de Disfarce, Ferramentas de Falsificação ou
Ferramentas do Ladrão.
Idiomas
Por terem se espalhado ao longo de muitos
328
anos por diversos reinos da Terra das Brumas,
os Dilisnya podem escolher 3 línguas, sendo uma
delas a língua Balok.

Equipamento
Todos os Dilisnyas começam o jogo com
roupas de viajante, as ferramentas em que for
proficiente, um objeto de horror que o liga di-
retamente ao passado de sua família (escolha ou
jogue aleatoriamente entre a lista dos objetos
constantes no Guia de Van Richten para Raven-
loft), e 15 peças de ouro.

Característica
Familiar Sugerida – Rede
Todos os Dilisnya que são integrados a fa-
mília tem conhecimento sobre a existência de
membros da família em uma determinada região.
Ao ser bem-sucedido em um teste de Inteligência
(História) CD 10, um membro da família pode
descobrir sobre a existência de um outro Dilisnya
em determinada região.
Este contato do personagem poderá oferecer
apoio mínimo ao personagem, como abrigo, um
meio de se esconder, ou apoio financeiro módico,
mas poderá no futuro exigir favores correspon-
dentes aos serviços prestados.
Outros membros da família em posição de
necessidade também poderão requerer o apoio
do personagem desta mesma forma.
Os Dilisnya recebem um dos seguintes Ta-
lentos no Nível 1: Ligeiro ou Sorrateiro
 • Antecedentes Sombrios •
Drakov
O nome Drakov invoca o medo e terror em
inúmeros domínios da Terra das Brumas, e o
tirano Senhor de Guerra e governante da Falkov-
nia é o responsável por um ciclo interminável
de dor e sofrimento. Além da brutal realidade
Falkovniana, Vlad Drakov também se tornou o
progenitor de inúmeros filhos bastardos, e tem
reconhecido e conferido o ingresso na família
Drakov dos filhos que se provam leal ao trono
da Falkovnia.
História
A história da linhagem de Drakov tem início
com a chegada do líder mercenário
Vlad Drakov a Terra das Brumas.
Após surgir com sua trupe de merce-
nários em Darkon, Vlad Drakov ata-
cou e aterrorizou o interior daquele
reino, mas teve de fugir em direção às
Brumas quando os mortos se ergueram
para confrontá-lo.
Através das Brumas ele chegou às terras da
Falkovnia, onde rapidamente atacou de forma de-
vastadora a conquistou o trono, instalando uma
ditadura militar. O tirânico déspota governa com
um punho de ferro, e estabeleceu inúmeras prá-
ticas odiosas.
Ao longo de sua longa vida Vlad Drakov teve
muitos relacionamentos, legitimios e iletigimos
e teve incontáveis filhos com suas parceiras. O
exato número de filhos da Vlad Drakov é incerto,
mas muitos carregam o Legado de Sangue deste
terrível progenitor.
Inúmeros são criados no total anonimato, sem
329
jamais descobrir sua verdadeira herança. Aqueles
que Vlad Drakov identifica como seus possíveis
filhos, são convocados a sua presença para serem
reconhecidos como um Drakov.
A relação de Vlad Drakov com seus filhos não
é uma relação emotiva, sentimental ou emocio-
nal, mas eles têm a oportunidade de exercer seu
papel dentro da estrutura de poder Falkovniana.
Apesar de já estar com mais de 90 anos, Vlad
Drakov ainda aparenta ser um homem de meia
idade, e ainda é capaz de gerar novos filhos. Além
disso, desde que assumiu o posto de Kingfuher
da Falkovnia, a 66 anos atrás, seus inúmeros fi-
lhos reconhecidos como parte da família Drakov
já tiveram tempo de estabelecer seus próprios
filhos e netos, e a linhagem do Falcão
tem se espalhado pelo mundo.
Pertencendo a Família
Os membros da família Drakov são
geralmente humanos. Embora muitos
carreguem o Legado de Sangue dos Drakov,
poucos membros são oficialmente reconheci-
dos como integrantes da família.
Falkovnianos que suspeitem serem filhos ile-
gítimos do Kingfuher podem tentar pleitear pelo
reconhecimento de sua filiação à Vlad Drakov. O
contrário também pode acontecer, especialmen-
te quando o próprio Vlad Drakov identifica um
possível filho ilegítimo que se destaca entre os
membros de seu exército.
Quando esta situação ocorre, Vlad Drakov co-
manda seus súditos a comparecer a sua presença
no Castelo Draccipetri, onde meios místicos são
utilizados para confirmar a herança sanguínea.
Após a confirmação, estes herdeiros são “con-
330
vidados” a ingressar na família Drakov, e recusar tal
convite geralmente resulta em uma estadia longa nos
calabouços do castelo, para melhor conhecer a hospi-
talidade de seu progenitor.
Membros da família Drakov recém reconhecidos, ou
ainda adolescentes ou infantes são mantidos nas pro-
ximidades do Castelo, onde são doutrinados e testados
quanto à sua lealdade.
Após confirmarem sua lealdade ao patriarca da fa-
mília, eles costumam receber alguma promoção ou po-
sição de destaque do exército Falkovniano, ou, se não
demonstrarem aptidões militares, são liberados para
continuar com suas vidas. Alguns são designados para
postos burocráticos, ou usados para cementar alianças
através de casamentos com outros líderes militares do
exército.
O título de membro da família Drakov carrega um
grande peso. Dentro do reino da Falkovnia, este nome
será tratado com temor e deferência, e seus membros
podem esperar conseguir estadia ou favores da popu-
lação intimidada.
Fora da Falkovnia a posição de filho ilegítimo de
Vlad Drakov é vista com escárnio e ódio. Muitos reinos
vizinhos debocham dos atrasados e grotescos métodos
de governo de Vlad Drakov, e de sua condição de pai de
muitos bastardos. Além disso, as constantes campanhas
de conquista e destruição causada por Vlad Drakov dei-
xaram um rastro de sangue, e membros da sua família
podem ser diretamente hostilizados por seu parentesco.
Nem todo Drakov é reconhecido como tal, e nem
todo integrante da família é leal à Falkovnia e ao pa-
triarca Vlad Drakov. Aqueles que se rebelam, contudo,
devem se apressar em deixar a Falkovnia e se preocupar
em nunca mais retornar a este reino, eis que o King-
fuher considera esta uma das mais graves traições.
Ao criar um personagem integrante da família
Drakov é importante esclarecer qual é a sua liga-
ção com o governo Falkovniano e sua lealdade ao
Kingfuher Vlad Drakov. O personagem conhece
sua herança e Legado de Sangue? Ele foi admitido
formalmente como um membro da família, e em
caso positivo, que tipo de papel ele desempenha
no exército Falkovniano? Em caso negativo, o seu
personagem é considerado um Drakov desertor
e traidor da família?
Proficiência em Perícias
Escolha duas perícias entre Atletismo, Lidar
com Animais, Intimidação e Sobrevivência.
Proficiência em Ferramentas
Escolha duas proficiências em Ferramentas
entre Ferramentas do Ferreiro, Ferramentas do
Coureiro, Ferramentas de Sapateiro ou Ferra-
mentas do Funileiro.
Idiomas
Os Drakov podem escolher 2 línguas, mas
uma delas necessariamente precisa ser o idioma
Falkovniano.
Equipamento
Todos os Drakov reconhecidos pela família
começam o jogo com roupas contendo o emblema
e símbolo de Vlad Drakov, um anel com o sím-
bolo do falcão e brasão dos Drakov, ferramentas
em que for proficiente, e 15 peças de ouro.
Os Drakov que não são reconhecidos como
membros da família começam o jogo com roupas
de viajante, as ferramentas em que for proficien-
te, um objeto de horror que o liga diretamente
a seu Legado de Sangue (escolha ou jogue ale-
 • Antecedentes Sombrios • 331
atoriamente entre a lista dos
objetos constantes no Guia de
Van Richten para Ravenloft),
e 10 peças de ouro.

Característica
Sugerida – Sede de
Sangue
Todos os Drakov carregam
o Legado de Sangue da fúria
assassina de Vlad Drakov, e
tornam-se mais propensos a
ceder a este estágio de frenesi
selvagem em batalha.
Neste estado de furor de ba-
talha, um Drakov não irá pou-
par inimigos que se renderam
ou estão tentando fugir, e irá
atacar estes inimigos sempre
que possível.
Esta Sede de Sangue afeta
profundamente o psicológico
do personagem, e muitos aca-
bam sucumbindo à violência e
se tornando caóticos e maus.
Resistir ao gosto pela violência
e pela matança é um fardo pe-
sado que os Drakov carregam
consigo.
Os Drakov recebem um dos
seguintes Talentos no Nível
1: Agressor ou Atacante Sel-
vagem
332
Godefroy,
Weathermay
e Foxgrove
A família Godefroy outrora foi a mais po-
derosa família aristocrática de Mordente. Seus
membros são extremamente sensitivos ao mun-
do espiritual, e alguns consideram que eles são
assombrados ou amaldiçoados. O sobrenome da
tradicional família Godefroy se extinguiu com a
morte de seu patriarca. Apesar disso, o Legado
de Sangue ainda sobrevive em outras famílias,
que por casamento se uniram aos Godefroy no
passado, especialmente entre a família
Weathermay e Foxgrove.
História
A família Godefroy é uma das
famílias tradicionais de Morden-
te, e uma das fundadoras daquele
reino em um passado remoto.
Após a queda da Família Renier, os
primeiros líderes de Mordente, os Godefroy
ascenderam a posição de liderança entre as tra-
dicionais famílias aristocratas daquele reino.
Por séculos, seus membros se sucederam
como governantes daquelas terras, e seu nome
era associado a um governo eficiente, justo e ri-
goroso. Embora por vezes um membro de sua
linhagem demonstrasse sinais de fraqueza, insa-
nidade, ou incapacidade, sua galeria de ancestrais
é repleta de notáveis líderes, administradores e
governantes.
O brasão desta família é um grifo segurando
uma robusta clava em uma garra e um bastão de
trigo em outra, e abaixo o lema: “Aqueles que
são fortes sobrevivem para liderar.”
Ao longo dos anos, a família Godefroy se uniu
com diversas outras famílias nobres da região.
Dentre estes laços de matrimônio, algumas mu-
lheres da família passaram a integrar a família
Weathermay e Foxgrove, ambas com moradas
no Condado de Mordente.
Ao longo dos anos, a linhagem dos Godefroy
entrou em decadência, até que se encerrou em
tragédia. O último membro da família a portar o
sobrenome foi Lorde Wilfred Godefroy.
O austero governante de Mordente decidiu
adquirir a suntuosa mansão conhecida como a
Casa da Colina do Grifo, um lugar que
muitos afirmavam ser assombrado. Go-
defroy descartava tais ideias como
absurdas, e mudou-se para lá com
sua esposa e filha.
Lorde Godefroy era casado com
uma esposa bem mais jovem, a bela
Estele Weathermay, e juntos eles ti-
veram uma filha Lilia Godefroy. O idoso
aristocrata desejava acima de tudo um filho ho-
mem para continuar o legado de sua família, e a
incapacidade de sua esposa em lhe fornecer um
herdeiro homem lhe causava grande frustração.
Esta frustração acabou se tornando ódio quan-
do ele começou a suspeitar de traição. Em uma
discussão com sua esposa a briga se tornou vio-
lenta, e Godefroy a atacou com sua bengala. Sua
jovem filha, tentou intervir, e ambas foram víti-
mas de seu acesso de fúria.
Godefroy escondeu seu crime, e disse que
sua família fora assassinada ao ser pisoteada por
um de seus cavalos. Apesar de inocentado das
 • Antecedentes Sombrios •
acusações, ele passou a ser assombrado pelo fan-
tasma de sua esposa e filhas, até que finalmente
cometeu suicídio, confessando seu crime em sua
última carta.
Sem a presença de outro
Godefroy em sobrenome, a li-
derança e governo daquelas ter-
ras recaiu sobre a família Wea-
thermay, com quem tinham laços
sanguíneos.
Desde esses trágicos eventos, é dito que aque-
les que carregam o Legado de Sangue dos Gode-
froy são amaldiçoados. Muitos são sensitivos ao
mundo espiritual, e vivem em uma tênue linha
entre este mundo e o além vida.
Pertencendo a Família
Os membros da família Godefroy são geral-
mente humanos, embora alguns meio-elfos tam-
bém possam ser encontrados em seu meio.
Os Godefroy eram uma poderosa família de
Mordente e ao longo dos anos uniram-se por
matrimônio a inúmeras famílias aristocratas tra-
dicionais daquele reino.
Membros que carregam este Legado de San-
gue podem ser descendentes de qualquer família
tradicional de Mordente, mas são mais presentes
entre as famílias Weathermay e Foxgrove.
Embora a família Weathermay seja a atual
governante de Mordente, trata-se de uma família
em decadência, e sua linhagem corre o risco de
desaparecer. Indivíduos que carregam este an-
tecedente tem alguma ligação direta com seus
parentes de Mordente, e sabem que a continui-
dade do nome de sua família também depende de
seus atos.
333
Aqueles que carregam este legado são mais próxi-
mos do mundo espiritual, e conseguem perceber com
mais facilidade a presença de espíritos. Esta sensi-
tividade pode se dar através de sensa-
ções corpóreas ante a proximidade
de espectros, avistamento de assom-
brações, premonições, ou até mesmo
a incorporação de espíritos.
Mais do que uma mera sensibilidade,
os membros desta família são atraídos por locais as-
sombrados, e alguns afirmam que espíritos inquietos
rondam estes indivíduos, em busca de um meio de se
comunicar com o mundo material.
Estas características conferem aos membros desta
família uma aura sobrenatural, e eles muitas vezes têm
aspectos soturnos e um olhar profundo. Este magne-
tismo pessoal pode ao mesmo tempo se mostrar atra-
ente ou afastar pessoas que se assustam facilmente.
Personagens que detenham este Legado de Sangue
devem se perguntar como esta sensibilidade ao mundo
espiritual afetou sua visão do mundo e sua relação
com as pessoas ao seu redor. Qual é a relação de seu
personagem com as tradicionais famílias aristocráticas
de Mordente?
Proficiência em Perícias
Escolha duas perícias entre Intuição, Arcano, His-
tória e Percepção.
Proficiência em Ferramentas
Escolha duas proficiências em Ferramentas entre
Ferramentas do Alquimista, Ferramentas do Caligra-
fista, Ferramentas de Pintor ou Instrumento Musical.
Idiomas
Os membros da família Godefroy, Weathermay ou
334
Foxgrove podem escolher 3 línguas, sendo uma
delas a língua Mordentiana.
Equipamento
Todos os Godefroy, Weathermay e Foxgro-
ve começam o jogo com roupas de viajante, as
ferramentas em que for proficiente, um objeto
de horror que serve de foco para contato com o
mundo espiritual (escolha ou jogue aleatoriamen-
te entre a lista dos objetos constantes no Guia de
Van Richten para Ravenloft), e 15 peças de ouro.
Característica – Assombrado
Todos os Godefroy, Weathermay e Foxgro-
ve tem um elo natural com tudo que envolve o
mundo espiritual.
Enquanto estiverem segurando seu objeto que
atua como seu foco para contato com o mundo
espiritual, este membro se torna uma espécie de
guia ou vidente, e mortos-vivos incorpóreos se
sentem mais à vontade próximos deles, buscan-
do a eles para resolver sua ligação com o mundo
mortal, podendo descansar em paz, ou agindo de
forma menos hostil (ou ao menos não os esco-
lhendo como alvos principais de seus ataques).
A atração que estes indivíduos têm pelo mun-
do sobrenatural também os torna mais suscetí-
veis a ataques realizados por mortos vivos incor-
póreos, e eles acabam se colocando em situações
de risco, sendo possuídos ou amaldiçoados pelos
espíritos.
Os Godefroy, Weathermay e Foxgrove rece-
bem o Talento Alerta ou o talento Médium no
Nível 1.
 • Antecedentes Sombrios •
Graben
A família Graben é o clã que governa a ilha de
Graben no Mar Noturno. Os tradicionais líderes
desta comunidade marítima e insular escondem
um segredo sombrio, tendo regressado da morte
pelas artes necromânticas do poderoso mago e
Lorde Sombrio Meredoth.
História
A família Graben abriga os soberanos gover-
nantes da independente ilha de Graben. Sua ori-
gem é ligada ao comércio de joias, e a família fez
fortuna com atividades mercantes.
Muitos acusam que a origem de
sua fortuna está envolta em crimes
e atividades ilícitas, e apontam que
a família mantinha atividades clan-
destinas e conexão com embarcações
piratas, mas estes rumores hoje se per-
deram nas brumas do tempo.
Utilizando sua fortuna e influência, a
família Graben adquiriu a propriedade de uma
enorme e remota ilha, nos mares de Nebligtode.
Eles batizaram a ilha com seu próprio nome, a
Ilha de Graben, tornando-se seus primeiros co-
lonos.
Nesta ilha eles construíram a mansão Graben
e uma estrutura portuária. Com concessões de
terra eles atraíram colonos, e ao redor do porto
se formou a vila de Graben. Os orgulhosos mem-
bros da família não se misturavam aos demais
habitantes, e davam pouca atenção aos assuntos
da ilha.
Isolados em sua mansão, diversas gerações
da família conviviam sob o mesmo teto, e seus
335
líderes eram vistos apenas em negociações para o
comando de suas atividades comerciais e da fro-
ta naval, ou para arranjar prósperos casamentos
com outras famílias abastadas.
A família cresceu em poder, riqueza e influ-
ência, mas a sombra da tragédia pairava sobre o
clã. As brumas tragaram a região de Nebligtode
para o semiplano do medo, e a região passou a
estar sob a influência de um sinistro, poderoso
e recluso arcano.
Meredoth odiava contato com outros seres
humanos, e se isolou na frígida ilha de Todstein.
Contudo, para prosseguir com seus experimentos
arcanos ele ainda precisava de supri-
mentos, especialmente de corpos e
gemas preciosas.
Durante décadas ele lidou com
piratas que navegavam aquelas águas,
mas por fim descobriu a próspera famí-
lia Graben, senhores de uma larga ilha
habitada e considerável fortuna.
Meredoth então visitou a família Graben,
e o poderoso mago trouxe consigo a morte e o
terror. Com suas poderosas magias ele assassi-
nou praticamente todo o clã, à exceção dos mais
jovens membros, e transformou os mortos em
Lebendtods, uma das formas mais avançadas de
mortos vivos desenvolvida pelo necromante.
Os Lebendtods são mortos vivos que perma-
necem ágeis e inteligentes, e conseguem usar
dons sobrenaturais para se passarem por cria-
turas vivas. Escravos da vontade de Meredoth,
o clã da família Graben passou a servir o arcano
com cadáveres e suprimentos.
A família de mortos vivos passou a usurpar
corpos do cemitério e até mesmo assassinar os
336
párias da sociedade em sua ilha, assim como na- soléu e salões subterrâneos de Meredoth. Tendo
vegantes e mercadores solitários, e enviar estes os aventureiros vencidos os constructos, mortos
corpos para a ilha de Todstein. Muitos navios vivos e armadilhas que defendiam seu lar, Mere-
eram contratados para realizar este transporte, doth foi obrigado a confrontar os aventureiros.
sob o suposto motivo de estarem transportando O arrogante e orgulhoso mago pecou pelo
corpos da família Graben para mausoléus da fa- excesso de confiança, e acabou sendo derrotado
mília na ilha de Todstein. e assassinado por estes aventureiros.
Por mais de um século, este estratagema fun- Durante uma semana aquelas terras ficaram
cionou perfeitamente para Meredoth, e ele rece- livres da presença de seu Lorde Sombrio, até que
beu em sua remota e gélida ilha os suprimentos e os mortos obedientes que servem ao seu mes-
corpos para seus experimentos arcanos. Contudo, tre arcano seguiram suas instruções sobre como
este clã morto vivo acabou despertando a atenção trazer de volta seu amo, através de um de seus
de um bando de aventureiros no ano de 737 BC. clones aprisionados no gelo.
Um grupo de aventureiros de um mundo Durante o curto período em que Meredoth es-
distante foi tragado pelas brumas, e acabou se teve destruído e ausente, os membros da família
envolvendo com uma embarcação amaldiçoada.
Para se livrarem da maldição que recaia sobre
esta embarcação, estes aventureiros tiveram que
resgatar corpos jogados ao mar por seu covarde
capitão. Na tentativa de desvendar este mistério
sobre a origem destes corpos, acabaram desco-
brindo o esquema de roubo de corpos realizado
pelo clã morto vivo da família Graben.
Este bando de aventureiros descobriu a natu-
reza morta viva da família Graben, invadiu sua
mansão e confrontou em combate os membros do
clã. A invasão levou à destruição de quase a tota-
lidade de seus membros, bem como na pilhagem
de suas posses e no incêndio de parte da mansão.
Apenas alguns poucos membros, ainda jovens
e humanos foram poupados, assim como alguns
membros da família, mortos-vivos, que estavam
longe da propriedade no momento da tragédia.
Após devastarem a mansão Graben, o cami-
nho destes bravos heróis os levou até a gélida e
remota ilha de Todstein, onde invadiram o mau-
 • Antecedentes Sombrios •
Graben experimentaram finalmente a liberdade.
Os mortos vivos Lebendtods que outrora eram
escravos de Meredoth, adquiriram o livre arbítrio
com a destruição do mago, e muitos abandonaram
para sempre o serviço do arcano.
Alguns regressaram para a Ilha de Graben
para reconstruir a mansão da família, e reassu-
mir seus negócios. Com o retorno de Meredoth,
contudo, ele voltou a reconstruir sua rede de
Lebendtods, escravizando novamente os servos
mortos vivos que encontrou.
Pertencendo a Família
Os membros da família Graben são humanos
que tiveram sua raça substituída pela linhagem
do Renascido, em razão da sua escravização pelo
Lorde Sombrio e necromante Meredoth.
Os membros da família Graben foram assassi-
nados e reerguidos dos mortos como Lebendtods,
um tipo de morto vivo criado por poderosas téc-
nicas necromânticas de Meredoth.
Os Lebendtods são mortos vivos que perma-
necem ágeis e inteligentes, e conseguem usar
dons sobrenaturais para se passarem por criatu-
ras vivas. Escravos da vontade de Meredoth, o clã
da família Graben passou a servir os interesses
do poderoso mago por muitas décadas, até que
em 737 BC, com a morte de Meredoth, muitos
membros da família conseguiram se libertar de
sua servidão.
Embora Meredoth tenha voltado da morte e
reestabelecido seu controle sobre os Lebendtods
e sobre a família Graben, muitos daqueles que
conseguiram se libertar temporariamente da es-
cravidão conseguiram fugir do controle de seu
criador.
337
Ao criar um aventureiro da família Graben,
seu personagem deve ser um destes Lebendtods,
que conseguiu escapar do controle de Meredoth,
e agora vaga sozinho, em busca de seus próprios
interesses.
Os efeitos de décadas de servidão aos servi-
ços deste necromante cruel cobraram o preço
sobre a sua mente, e grande parte das memórias
de sua vida mortal e como servo morto vivo são
confusas. Lampejos de seu passado voltam cons-
tantemente para assolar sua mente, e o nome de
Meredoth provavelmente desperta sentimentos
confusos e conflitantes sobre o personagem, que
instintivamente evita reencontrar o arcano.
A família Graben era uma orgulhosa e pode-
rosa família, que fez fortuna e acumulou poder e
prestígio navegando e comerciando pelos mares.
A séculos eles eram os senhores da Ilha de Gra-
ben, e sua cultura ilhéu é afetada pelo isolamento
e pela sua relação com os mares.
Um membro da família Graben também pare-
ce estranhamente anacrônico, mantendo hábitos,
vestimentas e pronúncia antiquados, como se ti-
vessem parado no tempo.
Esta relação macabra com Meredoth moldou
profundamente a família, e o jogador deve esta-
belecer como a morte e o retorno à vida afetaram
sua visão de mundo do seu personagem. O que
sentiu seu personagem quando o elo mental que
os escravizava a Meredoth se rompeu? Como a
lembrança dos atos cometidos em seu serviço
afeta seu personagem? Seu personagem busca por
um recomeço ou planeja se vingar do poderoso
mago Meredoth, que causou tamanho mal a fa-
mília Graben?
338
Proficiência em Perícias sua verdadeira face de morto vivo, revelando seus
olhos fundos e vítreos, sua pele seca e esticada e
seu corpo cadavérico.
Escolha duas perícias entre Prestidigitação,
Esta visão sombria também poderá ser desve-
História, Natureza e Sobrevivência.

Proficiência em Ferramentas
lada por criaturas que consigam enxergar através
de ilusões, ou se tornar visível caso o personagem
caia inconsciente.
Escolha duas proficiências em Ferramentas
Além de adicionar o Traço Natureza Imortal
entre Ferramentas do Joalheiro, Ferramentas de
ao personagem, que permite que ele não precise
Cartografia, Ferramentas de Navegação, Veículos
respirar, e de mudar o tipo de criatura para mor-
Aquáticos.

Idiomas
to-vivo, os membros da família Graben recebem o
talento Vigoroso ou o talento Tocado pela Morte
no Nível 1.
Os membros da família Graben podem esco-
Os Graben, como Lebendtods, apesar de mor-
lher 3 línguas, sendo uma delas a língua Grabe-
tos vivos, são afetados por magias de cura e res-
nita.

Equipamento
surreição como se fossem criaturas vivas e não
são afetados pela característica Canalizar Divin-
dade: Expulsar Mortos-Vivos.
Todos os membros da família Graben come-
çam o jogo com roupas de viajante, as ferramen-
tas em que for proficiente, um objeto de horror
que o liga diretamente ao passado trágico de sua
família (escolha ou jogue aleatoriamente entre
a lista dos objetos constantes no Guia de Van
Richten para Ravenloft) e 15 peças de ouro.

Característica
do Homem Morto Sugerida – O Rosto
Os membros da família Graben são Lebend-
tods, mortos vivos que permanecem ágeis e in-
teligentes, e conseguem usar dons sobrenaturais
para se passarem por criaturas vivas.
Treinados para se infiltrar entre os vivos, eles
são cercados por uma constante ilusão que os
torna indistinguíveis visualmente de um humano.
Quando assim deseja, um Lebendtod pode revelar
 • Antecedentes Sombrios •
Gundar
Os Gundar dominaram por muitos séculos o
reino de Gundarak, liderando o reino através de
seu tirano patriarca Duque Gundar. Seu sobreno-
me invocava o terror e reverência. Após a morte
de Duque Gundar os membros desta família se
viram subitamente caçados e perseguidos, e agora
precisam ocultar sua identidade.
História
O passado da família Gundar está ligado à
Horda Neureni. No ano de 230 BC, esta horda
tomou a Baróvia de assalto como um relâmpago,
devastando e saqueando o
seu território até chegarem
à cidade de Valaki, onde um
cerco foi realizado.
Toda a invasão durou cer-
ca de 9 meses, e após 3 me-
ses de cerco a Valaki a prin-
cesa general Nicoleta Von
Zarovich conseguiu vencer a
horda dos Neureni, os expulsando da Baróvia.
Evidências apontam que o povo da horda Neu-
reni é o mesmo que veio a compor a população do
reino de Gundarak. Lendas antigas da história de
Gundarak, clamam que Nharov Gundar liderou
seu povo de terras a oeste, onde o sol morre, até
chegarem aos Montes do Pavor, na Floresta de
Tepurich entre os anos de 251 e 263 do Calen-
dário Baróviano.
Sob a liderança da família Gundar o reino de
Gundarak foi formado, com o governo passando
entre os muitos nobres desta família. Todos estes
nomes, contudo, eram apenas máscaras e facetas
339
utilizadas por Duque Nharov Gundar para escon-
der sua natureza morta viva, como um vampiro.
O que motivou a transformação do líder mi-
litar Nharov Gundar em um vampiro ainda é
motivo de mistério. Sua chegada ao poder, re-
presentou também a ascensão da família Gundar
ao poder, e à medida que o reino de Gundarak
florescia, esta família nobre cresceu em poder e
influência.
O tirânico governo dos Gundar foi marcado
pelas pesadas taxas e atos violentos e cruéis de
seus governantes. Tão pesadas eram as taxas co-
bradas pela nobreza de Gundarak, que um cam-
ponês passava sua vida trabalhando para arcar
com tais impostos. Os Gun-
dar enxergavam seus súditos
como uma fonte de renda e
impostos, e famílias que con-
tinham idosos, inválidos e
doentes eram multadas pelos
seus membros inoperantes.
A vida dos Gundar era
marcada pela opulência e pri-
vilégio, mas os membros desta família também
eram vítimas da vontade de seu patriarca vampí-
rico. Duque Gundar era um tirano controlador
e paranoico, e constantemente testava a lealdade
dos membros de sua família, ou forçava-os a co-
meter atos terríveis em seu nome, para tragar os
mesmos para sua própria escuridão.
Duque Gundar era um guerreiro e enxerga-
va magia como algo perigoso. Por meios sobre-
naturais ele monitorava e caçava os magos que
usassem magia em seu reino, impondo a estes a
morte ou a servidão. Membros da família Gun-
darak raramente se envolviam com o estudo das
340
artes arcanas.
Por três vezes revoltas populares se insurgi-
ram naqueles que ficaram conhecidas como pri-
meira, segunda e terceira revolta dos tolos, nos
anos 435, 437 e 501 do Calendário Baróviano.
Em uma dessas revoltas, os nobres de Gunda-
rak se levantaram contra Duque Gundar, mas
ele assassinou e crucificou nas colinas de sangue
todos os nobres de Gundarak que não eram re-
lacionados a sua família por sangue ou casamen-
to, independentemente de sua participação na
insurreição.
Após a derrota dessas insurgências, a famí-
lia Gundar ganhou ainda mais proeminência em
Gundarak, assumindo as terras e títulos dos no-
bres insurgentes. Esta expansão de seu poder
veio acompanhada de adesão à cruel política de
dominação de Duque Gundar, que passou a opri-
mir ainda mais sua população.
Membros da família Gundar também exerciam
papel importante na religião oficial de Gundarak,
o culto a entidade demoníaca Erlin, um deus ma-
ligno da morte, caos e enganação. Esta religião
sempre foi usada como um símbolo do poder
de Duque Gundar, e acredita-se que deriva de
uma deturpação do Deus Demoníaco Irlek-Khan,
cultuado pela antiga horda Neureni. Apesar do
culto ser a religião oficial do estado, apenas nos
últimos anos sacerdotes desta fé passaram a re-
ceber bênçãos e magias divinas de uma fonte de
poder desconhecida.
Por vezes alguns dos membros da família
eram agraciados com a condição vampírica, mas
a imortalidade se mostrava apenas mais uma for-
 • Antecedentes Sombrios •
ma de escravidão à vontade do Mestre Vampírico
Duque Gundar. Um aspecto curioso do tirano
patriarca da família era que Duque Gundar, ape-
sar de ter se tornado um morto vivo, ainda era
capaz de conceber filhos em mulheres mortais.
Alguns destes descendentes tinham seu sangue
contaminado pela essência vampírica paterna, e
tornavam-se Dhampirs.
Gundarak emergiu na Terra das Brumas no
ano de 593 do Calendário Baróviano. Após o
surgimento de Gundarak na terra das brumas,
Duque Gundar e Conde Strahd mantiveram uma
profunda inimizade, enxergando-se como rivais.
Esta disputa e guerra velada não escalonou para
uma guerra aberta entre os exércitos de Baróvia
e Gundarak, mas Conde Strahd tentou manipular
Lorde Soth, a assassinar Duque Gundar, no ano
de 720 do Calendário Baróviano. O confronto
entre Lorde Soth e Duque Gundar terminou em
um impasse, mas no embate seu filho, o arcano
Medraut, foi assassinado.
No ano de 735 do Calendário Baróviano, Du-
que Gundar e seu principal aliado vampírico, o
Dr. Dominiani se envolveram em uma conspira-
ção para tentar assassinar Harkon Lukas, o Lorde
Sombrio de Kartakass, e instaurar Dr. Dominiani
como o novo Lorde Sombrio daquele domínio,
um vassalo de Duque Gundar.
Os planos foram frustrados pela interferên-
cia de aventureiros. Duque Gundar planejava se
vingar destes indivíduos, e os atraiu para uma
armadilha. Fazendo os aventureiros acredita-
rem que ele estaria indefeso sob a luz do sol, os
aventureiros foram atraídos para uma armadilha
mortal. Contudo, o Dr. Dominiani, até então
um dos seus mais leais servos, deixou de acionar
341
a armadilha e as engrenagens que ocultariam a
luz do dia, e eles o empalaram com uma estaca
no coração.
Por cerca de quatro anos, o Dr. Dominai assu-
miu o governo de Gundarak, e a família Gundar
se viu ameaçada. Finalmente livres da influência
de seu tirânico patriarca, a família perdeu sua
unidade, e muitos se digladiaram pelo poder. Al-
guns se aliaram oportunisticamente ao Dr. Domi-
niani, e outros tentavam justificar sua ascensão
ao poder para buscar a vingança da morte de seu
patriarca.
Todas estas disputas se encerraram quando
misteriosamente as brumas levaram Dr. Domi-
niani para longe das terras de Gundarak. O que
poderia ser uma chance para a família Gundar
retomar o poder em suas terras ancestrais se tor-
nou uma tragédia para a família, quando o vácuo
de poder em Gundarak atiçou a cobiça de Conde
Strahd e de Gabrielle Aderre, e após uma breve
guerra o domínio foi conquistado por seus reinos
vizinhos.
A família Gundar perdeu suas terras e estavam
desprovidos do poder que detinham por séculos.
Sem apoio entre a população que oprimiram por
séculos e perseguidos pelas forças conquistado-
ras de Baróvia e Invidia, os membros da família
foram caçados e exterminados, e muitos tiveram
de esconder sua identidade para sobreviver.
Alguns membros se espalharam para outras
terras e domínio, onde não seriam caçados ou
perseguidos. Outros, escondidos em meio a po-
pulação, começaram a fomentar um movimento
de rebelião contra o domínio de Invidia e Baróvia,
elaborando um meio de retornarem ao poder.
Sem o endosso e imposição de Duque Gun-
342
dar, muitos abandonaram o culto de Erlin, mas
a religião ainda sobrevive entre os Gundarakitas.
Recentemente, clérigos do culto de Erlin, passa-
ram a canalizar energias e poderes divinos, e os
membros da família Gundar que outrora exerciam
posições proeminentes na fé podem estar por trás
deste movimento.
Rumores sinistros circulam entre a família
Gundar. Alguns afirmam sentir a presença nova-
mente de seu patriarca Duque Gundar, e sentem
o terror a cada pôr do sol, temendo que o tirano
tenha vencido a própria morte.
O que muitos não sabem, é que recentemente
a estaca que empalava o vampiro foi removida,
causando seu despertar. Ele agora segue em busca
de vingança contra o Dr. Dominiani.
Pertencendo a Família
Os membros da família Gundar são geralmen-
te humanos, embora alguns meio-elfos também
possam ser encontrados em seu meio. Alguns
membros trazem a herança vampírica de Duque
Gundar, e podem ter sua raça substituída pela
linhagem Dhampir.
A família Gundar viveu em opulência e poder
por séculos, sob a liderança do monstruoso pa-
triarca vampírico Duque Gundar. Contudo, desde
a morte de Duque Gundar a família foi lançada
em desgraça, e pelos últimos 20 anos tiveram que
esconder sua identidade para sobreviver.
Atualmente, a família Gundar esconde sua
existência, e seus membros adotaram sobrenomes
falsos para conviver em sociedade. A família man-
tém uma rede secreta de apoio, e se identificam
através de sinais e símbolos secretos.
A idade de um membro da família pode in-
fluenciar muito sua visão de mundo. Quanto
maior a idade de um membro da família Gun-
dar, melhor ele se lembrará do passado nobre
da família e dos horrores de viver na corte de
Duque Gundar. Membros que têm idade para ter
crescido em meio ao apogeu da família Gundar
cresceram em meio a luxo e poder, e tiveram a
chance de ter uma boa educação e uma vida de
privilégios. Eles também carregam as marcas da
escuridão e corrupção por viveram sob o jugo de
seu tirano patriarca Duque Gundar.
Personagens com menos de 25 anos de idade
não possuem memória do período de apogeu e
poder da família, e cresceram já no período de
desgraça da família. Seu conhecimento sobre o
passado de glória e dos horrores de seu tirano
patriarca se dá apenas pelas memórias de seus
antepassados.
Duque Gundar também pode ter deixado
inúmeros filhos bastardos, que carregam em seu
sangue a mácula do vampirismo, tornando-se
Dhampirs.
Dado as restrições de Duque Gundar ao
aprendizado de magia, era raro entre os membros
mais antigos da família Gundar o conhecimento
de magia arcana, mas inúmeros de seus membros
estavam envolvidos com o Culto de Erlin. Com os
clérigos desta fé finalmente tendo acesso a magias
divinas, este culto tem ganhado força novamente
entre o povo Gundarakita.
Entre aqueles que querem buscar o retorno
ao poder e glória da família, muitos se infiltraram
entre a rebelião Gundarakita, um movimento que
luta contra as forças da Baróvia e Invidia que
ocuparam o reino de Gundarak.
Outros optaram por se afastar de sua terra
 • Antecedentes Sombrios • 343
natal, e se espalharam pela Terra das Brumas, em
busca de um novo destino, distante dos horrores
do passado.
Característica
Maldito – Sobrenome
Ao criar um personagem da família Gundar,
O macabro passado da família Gundar cobra
o jogador deve pensar qual é a idade do persona-
seu preço sobre os que possuem este legado.
gem, e como ele sobreviveu durante os últimos
Nos domínios de Invídia ou Baróvia os mem-
anos de reclusão da família. O personagem tem
bros da família Gundar são cassados como ini-
alguma ligação com o movimento rebelde Gun-
migos políticos, e devem esconder sua presença
darakita ou com o Culto de Erlin? Qual era seu
das autoridades.
grau de parentesco com o infame Duque Gun-
Mesmo entre o povo Gundarakita, ou em po-
dar, e como este legado maldito influencia seu
vos estrangeiros que conheçam a reputação do
personagem.

Proficiência em Perícias
tirano Duque Gundar e seu reinado de terror,
este sobrenome causa uma reação. Sempre que
o pertencimento de um personagem da família
Escolha duas perícias entre Religião, História,
Gundar se tornar público, isso causará um cer-
Intimidação e Enganação.

Proficiência em Ferramentas
to terror aos que conhecem o passado familiar
dos Gundar. É difícil recusar certas coisas a um
Gundar, e pequenos pedidos acabam parecendo
Escolha duas proficiências em Ferramentas
ameaças.
entre Kit do Envenenador, Ferramentas de Her-
Estas situações sociais não se aplicam aos
balismo, Kit de Disfarce ou Ferramentas do Fer-
membros da religião do Culto de Erlin. Este an-
reiro.

Idiomas
tigo credo sempre foi apoiado por Duque Gundar
e legitimava seu reinado, e membros da família
Gundar herdam parte desta reverência, tendo
A família Gundar começa com 3 línguas, e
vantagens em testes sociais para lidar com mem-
uma delas é a língua Luktar.

Equipamento
bros do culto de Erlin.
Os Gundar recebem um dos seguintes Ta-
lentos no Nível 1: Iniciado em Magia ou Curan-
Todos os Gundar começam o jogo com roupas
deiro.
de viajante, as ferramentas em que for proficien-
Sugestão: Pela ligação com o Culto de Erlin,
te, um objeto de horror que o liga diretamente ao
sugerimos a escolha da classe clérigo para escolha
passado de sua família e serve de símbolo para seu
das magias.
reconhecimento (escolha ou jogue aleatoriamente
entre a lista dos objetos constantes no Guia de
Van Richten para Ravenloft), e 15 peças de ouro.
344
Gunderin
A família Gunderin é a mais influente e prós-
pera família de anões de Darkon. Seu governo
sobre a cidade anã de Cataratas de Tempe e seu
apego às tradições da cultura anã os tornam uma
referência para anões que adentram a terra das
brumas.
História
A história da família Gunderin e sua ascensão
ao Baronato de Cataratas de Tempe está profun-
damente ligada à própria descoberta
de ouro naquelas terras.
Quando a fortaleza profun-
da de uma comunidade em
que viviam começou a dar
sinais de esgotamento, os
Gunderin foram parte de
um grupo de anões colonos que se-
guiu em busca de um novo local onde
pudessem estabelecer suas minas e uma
comunidade.
O grupo foi liderado até uma região mon-
tanhosa por Arddan Mustanen, um alto sacerdote
de Moradin, após ele clamar ter recebido uma
visão de sua divindade.
O patriarca da família, Durban Gunderin era
um grande devoto de Moradin, e investiu todos
os recursos da família nesta empreitada. Lide-
rando sua esposa, filhos e netos, eles fizeram a
travessia das montanhas até o local onde Arddan
afirmava ser a terra escolhida por Moradin.
Apesar da visão de Moradin, as primeiras
prospecções nas montanhas não mostraram po-
tencial para mineração na região. O orgulhoso
Arddan Mustanen não aceitava a derrota, e ga-
rantia que no interior daquelas montanhas ha-
veria gemas e metais preciosos que criariam uma
prospera comunidade.
Por alguns anos as escavações seguiram sem
grandes resultados, e até mesmo os teimosos
anões começavam a duvidar das palavras de seu
líder. Neste momento de dúvida, a família Gun-
derin sofreu com uma terrível tragédia.
Em uma das escavações por prospecções, um
desabamento acabou vitimando Durban e seus
dois filhos mais velhos. O manto da liderança da
família recaiu então sobre Dizard Gun-
derin, a quem coube a responsabi-
lidade de prover à sua esposa e
filhos, e aos descendentes de
seus irmãos.
O coração do jovem
Dizard se encheu de má-
goa e ressentimento, que se voltaram
em um primeiro momento contra as
palavras mentirosas de Arddan Musta-
nen, e depois contra o próprio Deus Mo-
radin.
Neste momento de dúvida, ódio e desesperan-
ça, Dizard recebeu uma visão divina. Abbathor, o
deus da avareza e cobiça, lhe prometeu vingança e
o caminho para riquezas caso ele desse um cabo à
vida de Arddan, e prometesse erguer um templo
em honra a Abbathor.
Corrompido pela visão de Abbathor, ele pla-
nejou se vingar de Arddan. Após planejar o trai-
çoeiro assassinato, ele convidou Arddan para um
passeio de barco pelo rio, para vistoriarem um
local que poderia ser um rico veio de mineração.
Juntos eles navegaram pelo rio, e Dizard pla-
 • Antecedentes Sombrios •
nejava fazer a morte de Arddan parecer um aci-
dente de navegação, levando-o cada vez mais per-
to de uma grande catarata. Quando ele pretendia
executar seu plano, contudo, Arddan pareceu ter
uma premonição sobre o perigo que corria, e os
dois entraram em luta corporal.
A batalha fez com que ambos caíssem nas
águas do rio, onde a luta continuou. Dizard usou
sua juventude e sua força para afogar Arddan,
mas quando finalmente sentiu o corpo inerte de
seu inimigo em seus braços, ele viu que já não
conseguia escapar da força da correnteza e enca-
rou a própria morte diante da queda d’agua.
A queda da catarata não matou Dizard. Quan-
do ele recuperou sua consciência, ele estava no
interior de uma caverna, oculta pelas águas da
cachoeira. Ferido, ele buscou um meio de esca-
par dali, mas descobriu que Abbathor cumprira
sua promessa, pois a caverna levava a ricos veios
minerais e gemas.
Quando Dizard finalmente encontrou seu
caminho de volta, ele narrou como um triste
acidente no rio tinha matado Arddan, mas se
manteve silente sobre a descoberta dos veios de
mineração. Buscas foram feitas no leito do rio
pelo corpo de Arddan, mas ele jamais foi en-
contrado, o que foi visto com desconfiança pela
família Mustanen.
A morte de seu líder Arddan abalou a comuni-
dade. Dizard seguiu por algum tempo difamando
e conspirando contra os Mustanen, e a inimizade
entre as famílias e a comunidade cresceram, até
que houve uma cisão.
Dizard clamou que ele mesmo teria tido uma
visão de Moradin, e liderou boa parte da comuni-
dade até as cataratas, onde surgiu a primeira co-
345
munidade chamada de Cataratas de Tempe. Aos
Mustanen coube o exilio com seus mais próximos
aliados, até que fundaram sua própria cidade de
Corvia, após uma nova migração.
Com a fundação de Cataratas de Tempe e a
descoberta de ricos veios de gemas e minerais,
Dizard Gunderin ganhou fama como um anão
abençoado pela visão dos Deuses. Dizard se apro-
veitou desta fama e das riquezas que agora fluíam
para seus cofres, e criou para si um império.
No mais alto patamar da cidade construída
sobre a cachoeira, ele fez um grande templo ao
panteão dos Deuses anões, e se posicionou como
um defensor das tradições anãs. Em seu subterrâ-
neo, contudo, um templo secreto foi construído
para Abbathor, o deus da avareza e cobiça.
Dizard tornou-se o próprio Barão de Cataratas
de Tempe, mas tornou-se um senhor cruel. Os
anões que vinham para sua cidadela em busca
de suas riquezas minerais logo se endividavam
perante o senhor daquelas minas, e tinham de
entregar anos de suas vidas nas minas subterrâ-
neas para conseguir suprir as demandas de seu
ganancioso governante.
Dizard tinha uma existência atormentada.
Toda a sua prosperidade não conseguiu saciar
sua ganância. Desde que traiu o Deus Moradin
pela riqueza prometida pelo maligno Abbathor,
ele sentiu um vazio enorme e desejo incontro-
lável por acumular riquezas. Nada saciava sua
ganância, e muitos relatam encontrar o Barão nas
profundezas das minas, portando uma picareta
e martelando ao lado dos mineiros em busca de
gemas.
O passar do tempo também roubou sua sani-
dade. Dizard começou a ver o reflexo do cadáver
346
afogado Arddan Mustanen com suas mãos in-
chadas esticadas em sua direção, em superfícies
de água, espelhos e no fim de sua vida até suas
preciosas gemas.
Embora a família Gunderin tenha abandonado
os tempos de pobreza, a ascensão de Dizard como
Barão de Cataratas de Tempe também aumen-
tou o seu distanciamento com sua família. Os
sacrifícios que ele fizera pensando no sustento e
prosperidade de seus familiares, em pouco tempo
se transformou aos seus olhos como um gasto
desnecessário com parasitas e aproveitadores.
Seu único filho, Bosdras, era um grande artis-
ta e escultor em pedra, mas não tinha nenhuma
vocação para seguir os passos de seu pai, como o
Barão de Cataratas de Tempe. Os conflitos entre
Dizard e Bosdras eram inúmeros e constantes,
e Dizard via os projetos e obras de seu filho
como um desperdício de suas riquezas. Apesar
disso, inúmeras de suas obras hoje adornam os
patamares de Cataratas de Tempe, tornando a
cidade e seus túneis um grande exemplo da arte
anã. A mais famosa de suas obras, contudo, uma
suntuosa fonte, seria marcada pela tragédia.
Nos tensos anos que seguiram o fim da Era
Arcana e os conflitos que levariam a ascensão de
Darcalus ao trono de Darkon, Bosdras, contra-
riando as ordens de seu pai, se envolveu politi-
camente na guerra, e foi capturado por bandidos
enquanto visitava a cidade de Corvia.
Os sequestradores exigiram do Barão Dizard
Gunderin uma pequena fortuna de resgate, mas
o Barão se negou a pagar qualquer valor pela vida
de seu filho. Sua recusa resultou na morte de
Bosdras, e Dizard recebeu a cabeça de Bosdras
dentro de um baú repleto de moedas. Muitos
alegaram que os Mustanen estavam envolvidos no
sequestro, como uma longa e aguardada vingança,
mas nada jamais foi provado.
A trágica morte de Bosdras deixou Dizard
sozinho em seu palácio. O velho anão já se tor-
nara viúvo alguns anos antes, e agora caminhava
praticamente sozinho por seus salões de pedra,
atormentado por sua cobiça sem fim e pelo peso
de seus pecados. Talvez a morte de seu filho te-
nha despertado alguma parte do Barão há muito
adormecida, e ele se tornou depressivo e melan-
cólico.
Uma noite, ele saiu de madrugada sozinho
de seu palácio, e vagou pelos patamares de sua
cidade até a fonte construída por seu filho. Lá,
ele contemplou a bela obra por alguns instantes,
e olhou para as águas encarando as assombrações
de seu passado. Ele então adentrou nas águas
onde se afogou, pondo um fim a sua vida.
A morte de Dizard iniciou um intenso con-
flito em Cataratas de Tempe, e por alguns anos
os sobrinhos e netos de Dizard guerrearam pelo
título de Barão. O título e a vitória couberam ao
jovem e audacioso Oscari Gunderin.
Oscari Gunderin trabalhou arduamente para
manter o poder de sua família, e se revelou um
hábil diplomata e negociador. Ao longo dos anos,
ele restabeleceu laços diplomáticos com a família
Mustanen, e tentou suavizar o regime de trabalho
imposto aos seus servos.
O governo mais diplomático e moderno do
Barão Oscari resgatou em parte a relevância e
crescimento para a comunidade anã de Darkon,
tornando-se o principal centro de cultura e tra-
dição desta raça na Terra das Brumas. Com o
passar dos anos, contudo, o Barão Oscari Gun-
 • Antecedentes Sombrios •
derin se torna cada vez mais e mais parecido com
seu tio Dizard, tornando-se avarento, ganancioso
e insano, como se consumido por uma antiga
maldição.
Pertencendo a Família
Os membros da família Gunderin pertencem
à raça dos anões da montanha.
Os membros desta família são bastante orgu-
lhosos de sua ascendência nobre e se enxergam
como os guardiões da cultura, religião e tradição
dos anões na Terra das Brumas.
Como governantes da maior cidade anã do
núcleo, é esperado que um membro da família
Gunderin se porte com a dignidade esperada do
mais nobre clã anão.
Desde que Dizard Gunderin afirmou ter en-
347
contrado os veios de minério e gemas graças a
uma visão de Moradin, a família ficou conhecida
como abençoada pelo deus criador dos anões,
e tem forte tradição com a religião do panteão
divino dos anões.
Muitos de seus membros seguem a carreira
clerical, e Cataratas de Tempe permanece um
foco de sobrevivência da cultura anã, mesmo
quando a religião da Ordem Eterna se propagou
com o apoio de Azalin Rex.
A família Gunderin é próspera, mas sofre na
mão de patriarcas sovinas e gananciosos, e que
enxergam seus parentes como parasitas explora-
dores. Embora todos sejam prósperos membros
de uma rica e abastada família, seu acesso a re-
cursos é limitado.
Aos olhos do patriarca, um indivíduo da fa-
348
mília é tão importante quanto os rendimentos a lista dos objetos constantes no Guia de Van
que trazem para a família, e muitos buscam este Richten para Ravenloft) e 30 peças de ouro.
reconhecimento e ascensão por meio de empre-
Característica – Avareza Maldita
endimentos ariscados, e se lançam em uma vida
Os crimes de Dizard e sua ligação a divindade
de aventuras ou empreendimentos de risco.
Abbathor marcaram esta família com uma grande
Para criar um membro da família Gunderin,
ganância e avarice.
é importante estabelecer como a vida como uma
Os membros desta família são criados para
nobre, tradicional e respeitada membro de um clã
valorizar os indivíduos com base em suas posses,
anão influenciou a formação de seu personagem.
e quanto mais próximos são aos salões ancestrais
Como a visão materialista da família Gunderin
dos Gunderin, mais são infectados pela maligni-
influenciou a visão de seu personagem sobre o
dade do templo secreto de Abbathor, escondido
mundo? Como o seu personagem busca o reco-
nas profundezas de Catarata de Tempe.
nhecimento como um membro da família Gun-
Ao olhar ou manusear itens, comumente os
derin?

Proficiência em Perícias
Gunderin são capazes de avaliar seu valor de for-
ma bastante acertada. É difícil enganar aqueles
que medem suas vidas em ouro e prata.
Escolha duas perícias entre História, Religião,
Aqueles que possuem este legado se ressen-
Persuasão e Intimidação.

Proficiência em Ferramentas
tem ao compartilhar seus pertences e aventu-
reiros muitas vezes tem dificuldade em dividir
espólios de batalha ou tesouros encontrados.
Escolha duas proficiências em Ferramentas
Os Gunderin recebem o Talento Habilidoso
entre Ferramentas do Ferreiro, Ferramentas de
no Nível 1.
Joalheiro, Ferramentas do Funileiro ou Ferra-
mentas do Pedreiro.

Idiomas
Os membros da família Gunderin podem
escolher 3 línguas, sendo uma delas o idioma
Darkonês.

Equipamento
Todos os membros do braço da família Gun-
derin começam o jogo com roupas de nobre, as
ferramentas em que for proficiente, um objeto de
horror que o liga diretamente ao clã anão da sua
família (escolha ou jogue aleatoriamente entre
 • Antecedentes Sombrios •
Hiregaard
A família Hiregaard é uma das cinco tradi-
cionais famílias que governam as terras de Nova
Vaasa, e é conhecida por sua virtude, honra,
e dedicação no cumprimento de seu dever. Os
aspectos mais nobres de sua conduta são tam-
bém acompanhados por traços de insanidade, e
a loucura ronda os seus membros como chacais
famintos.
História
A família Hiregaard governa a região norte
de Nova Vaasa há séculos, tendo profundas liga-
ções com a terra. Os registros mais
antigos da história familiar con-
tam como os valorosos membros
da família salvaram um bando de
colonos, ao combateram um grupo
de cultistas malignos que veneravam
a uma antiga divindade de aspecto fe-
lino.
A história registra os feitos da família
Hiregaard como uma das grandes famílias da
antiga Vaasa, que participaram da unificação do
reino que viria ser conhecido como Nova Vaasa.
Após um período inicial de expansão de seu
território e conquistas, o reino de Nova Vaasa
passou por um governo rotacional, em que cada
um dos líderes destas cinco famílias assumia o
governo do reino por um mandato fixo. A família
Hiregaard por diversas vezes assumiu o controle
da nação de Nova Vaasa ao longo dos séculos.
Este controle compartilhado do reino nem
sempre foi pacífico, e ocasionalmente um líder de
uma grande família impunha seu poder político e
349
militar para estender o período de seu governo. Esta é a
atual situação do reino de Nova Vaasa, tendo o príncipe
Othmar Bolshinik recusado a deixar seu posto após o
fim de seu mandato.
A família Hiregaard é conhecida como governantes
competentes, zelosos e justos. A história os retrata como
virtuosos governantes e cavaleiros, e em honra a seu
nome e passado, eles prezam por uma educação e com-
portamento virtuoso, e costumam se prontificar a corrigir
injustiças ou defender os desamparados.
Esta postura não deve ser confundida com ingenuida-
de. Os Hiregaards têm o absoluto controle de suas terras,
e não toleram quaisquer violações à lei ou a sonegação
de impostos, reprimindo com duras penas aqueles que
violam suas diretrizes.
A posição nobre dos Hiregaards vem de
seu passado de conquistas como membros
fundadores da nação, mas é reforçado pela
religião da Igreja de Ferro. O culto a Bane,
o Legislador, é a religião estatal de Nova
Vaasa e assegura o mandato divino das famí-
lias governantes, e a estrita obediência da lei e
da ordem, e todos os membros desta família são
educados nesta fé.
A morada ancestral da família Hiregaard é o castelo
Fairhaven, que fica ao norte da cidade de Kantora. Atual-
mente inúmeras gerações de Hiregaards vivem no castelo,
sob a liderança de Sir Tristen Hiregaard, que já alcança a
venerável idade de 90 anos, mas não aparenta mais idade
que um vigoroso homem de 60 anos de idade.
Os Hiregaards são abençoados como uma longa vida
e vitalidade, e muitos aparentam ser muitos mais jovens
do que realmente são. Alguns afirmam que a família Hi-
regaard se envolveu no passado com a raça élfica, e que
por este motivo traz em seu sangue a longa vida desta
raça. Estes rumores são prontamente combatidos pelos
350
membros da família, que recusam a reconhecer a
existência de qualquer herança não humana em
seu sangue.
O atual líder da família Hiregaard é o Sir Tris-
ten Hiregaard, que assumiu esta posição ainda
jovem, após a morte inesperada de seus pais em
circunstâncias pouco esclarecidas. O jovem cava-
leiro, que era então o Chefe da Guarda da cidade
de Kantora, tornou-se o líder da família, e ocupa
esta posição até a presente data.
Sir Tristen é conhecido como um homem
ponderado e justo, embora rígido. Durante al-
guns anos, ele atuou como regente de Nova Va-
asa, enquanto o príncipe Othmar ainda era um
infante.
Apesar de serem admirados pela população
como líderes justos, os Hiregaards também têm
inimigos. Sir Tristen Hiregaard tem uma antiga
rixa com um assassino em série e criminoso co-
nhecido como Malken, desde os tempos em que
ele atuava como chefe da Guarda de Kantora. Este
perigoso assassino surgiu primeiro como o líder
um culto das Garras de Sehkmaa, que afirmava
adorar uma antiga divindade felina. A investiga-
ção do caso revelou que este culto não passava de
uma organização criminosa, e o assassino Malken
e sua organização criminosa tem causado grandes
transtornos e provocações à família Hiregaard.
Alguns boatos apontam que Malken seria um
irmão bastardo de Tristen Hiregaard, e que este
seria o motivo de sua perseguição ao líder da fa-
mília Hiregaard. Estes rumores são prontamente
refutados e combatidos pela família.
Por fim, é importante notar que membros da
família Hiregaard têm sofrido com insanidade
crônica. Muitos especulam que se trata de uma
 • Antecedentes Sombrios •
antiga maldição, e outros de que existe uma má-
cula em seu Legado de Sangue. Embora nenhum
membro da família admita tal fato e combata ati-
vamente estes rumores, muitos são pacientes re-
correntes em asilos para tratamento de doenças
mentais.
Pertencendo a Família
Os membros da família Hiregaard são geral-
mente humanos, embora alguns meio-elfos tam-
bém possam ser encontrados em seu meio.
A família Hiregaard se orgulha de seu nome e
de seu passado, e preza para que seus membros
se comportem de forma justa, honrada e virtuosa.
É esperado de seus membros o reconhecimento
de seu dever sagrado como governante, e a ne-
cessidade de proteção aos fracos e destituídos.
É esperado dos membros desta família que
mantenham este padrão de comportamento, tor-
nando-se líderes aos olhos dos seus súditos. Esta
exigência poderá chegar a extremos, eis que mem-
bros da família que sejam acusados de crimes
graves que possam manchar o nome da família,
poderão até mesmo serem caçados por seus fa-
miliares.
Membros reconhecidos desta família que re-
sidam em Nova Vaasa geralmente recebem atri-
buições no governo daquelas terras, com sua po-
sição variando de acordo com sua experiência,
competências e proximidade do líder Sir Tristen
Hiregaard.
Muitos Hiregaards são atraídos para carreiras
militares, e a cavalaria é uma opção comum entre
aqueles que desejam honrar o nome familiar, e
construir sua própria reputação. Muitos dos que
desejam adquirir experiência e feitos para ascen-
351
der em sua reputação como cavaleiros, se tornam
aventureiros, se propondo a combater o mal ou
corrigir injustiças em terras distantes.
Todos os membros da família Hiregaard são
educados na fé em Bane, o Legislador, a igreja
oficial de Nova Vaasa. Membros que manifestem
devoção a outros credos e divindades serão dura-
mente repreendidos por seus familiares.
A lendária vitalidade e jovialidade dos Hirega-
ard é acompanhada de uma forte libido, e muitos
dos nobres são educados a se conter em seus anos
de juventude, especialmente quando consomem
álcool.
Não é incomum que alguns bastardos dos Hi-
regaard possam ser encontrados por Nova Vaasa.
Aqueles que são conhecidos pela família podem
exercer atribuições burocráticas no governo, ou
como soldados do castelo Fairhaven ou guardas
na cidade de Kantora.
Por fim, é importante destacar que este Lega-
do de Sangue traz uma maldição antiga, e que ao
chegar à vida adulta, membros da família come-
çam a desenvolver sinais de insanidade e loucura.
Não é incomum que membros sejam discreta-
mente internados em asilos e sanatórios para se
recuperarem de surtos de insanidade, ou se tor-
nem caçados pela própria família ao se entregar
plenamente à loucura.
Para criar um personagem que seja membro
da família Hiregaard é importante definir qual
é o grau de ligação do personagem com o braço
principal da família em Nova Vaasa. O persona-
gem foi educado como um nobre? Qual é a re-
lação do personagem com a religião da Igreja de
Ferro? Qual é a motivação do personagem para
se aventurar na Terra das Brumas?
352
Proficiência em Perícias
Escolha duas perícias entre Atletismo, Ades-
trar Animais, Religião e Intimidação.
Proficiência em Ferramentas
Escolha duas proficiências em Ferramentas
entre Ferramentas de Ferreiro, Ferramentas do
Coureiro, Ferramentas de Caligrafia ou Ferra-
mentas de Cartografia.
Idiomas
Os membros da família Hiregaard podem es-
colher 2 línguas, sendo uma delas a língua Vaasi.
Equipamento
Todos os Hiregaard começam o jogo com
roupas de viajante, as ferramentas em que for
proficiente, um cavalo de cavalgada, e 15 peças
de ouro.
Característica – Legado Maldito
Todos os Hiregaard envelhecem de forma
mais lenta, e são dotados de grande vitalidade
e jovialidade. Apesar de serem humanos, os Hi-
regaards envelhecem como a raça de meio-elfos.
O sangue dos Hiregaard carrega uma antiga
maldição que aos poucos leva os membros des-
ta família à insanidade. A partir dos 20 anos,
membros dos Hiregaard começam a sofrer seu
legado. Desenvolva com seu mestre alguma leve
insanidade que gere interessantes possibilidades
narrativas para sua mesa.
Os Hiregaard recebem o Talento Vigoroso
ou Lunático no Nível 1.
Grand´umbra
A nobre família élfica Grand´umbra
(do original Longshadow) tem sua his-
tória profundamente ligada aos mistérios
da terra das brumas e a fé da Ordem
Eterna. Intelectuais, filósofos e teólogos
caminham pelos seus sombrios salões, e
muitos temem o conhecimento arcano e
místico acumulado por estes mórbidos
elfos.
História
A família élfica Grand´umbra é cerca-
da de mistérios e segredos, e seus mem-
bros são comumente associados a estu-
dos e práticas arcanas e sobrenaturais.
O verdadeiro sobrenome da família
é um segredo mantido por seus mem-
bros mais antigos. Rumores dizem que,
durante os remotos tempos da Era Ar-
cana de Darkon, alguns dos mais altos
membros da família se envolveram com
entidades malignas poderosas para al-
cançar seus objetivos, e depois tiveram
que apagar seu nome da existência, para
impedir que seus rivais e forças sobre-
naturais usassem o poder de seu nome
contra a família.
Assim, a família abandonou seu ver-
dadeiro nome élfico para adotar o so-
brenome Grand´umbra, como um meio
de dizer que sua identidade estaria para
sempre atrelada às sombras e a escuri-
dão.
Estes misteriosos eventos de um
 • Antecedentes Sombrios •
passado distante culminaram com a ascensão de
Aniath Grand´umbra ao posto de Barão, e a fa-
mília élfica mantem desde então suas proprieda-
des que abarcam a cidade de Neblus, próximo à
fronteira das Brumas.
Aniath é apontado como um dos responsáveis
pela escolha improvável localização da cidade de
Neblus, construída às margens da fronteira das
brumas, sobre as ruínas de um cemitério ances-
tral. O patriarca da família estaria obcecado com
mistérios teológicos sobre a existência de um
Reino Cinzento e Etéreo, uma realidade e plano
de existência para além das brumas, e acreditava
que este cemitério ancestral outrora era parte do
mundo dos mortos.
A cidade de Neblus, constru-
ída ao redor da morada ancestral
desta família e patrocinada pelo
Barão Grand´umbra, tem uma pe-
culiar arquitetura, considerada por
muitos como perturbadora e mórbida.
Construída sobre antigos mausoléus e
túmulos de pedras enegrecidas, os Gran-
d´umbra mantiveram este aspecto sombrio
para a cidade, e por vezes, estátuas e esculturas
do antigo cemitério ainda podem ser vistas na
superfície.
Aqueles que caminham por suas ruas, cons-
tantemente invadidas pelas névoas da fronteira
das brumas, podem notar a peculiar arquitetura
élfica, bastante delicada e bela, se misturar a um
estilo macabro, escuro e soturno.
O próprio salão ancestral dos Grand´umbra é
uma construção ao mesmo tempo bela e macabra.
Construída sobre um outrora grandioso mauso-
léu, ainda é possível ver em seus pátios obeliscos
353
e estátuas de sua estrutura original, e rumores
dizem que seus salões amplos e escuros ainda se
conectam a uma rede de catacumbas ancestral.
Os interesses arcanos, filosóficos e teológicos
de Aniath estavam profundamente ligados à sua
obsessão: o destino das almas no além vida. Era
comum que Neblus atraísse arcanistas e estudio-
sos do oculto, e o Barão Grand´umbra tinha por
hábito os receber em seus sinistros salões, para
longos debates.
Alguns destes estudiosos que contataram o
Barão Aniath Grand´umbra, atestam que o elfo
temia que a Morte, ou outras entidades ou Po-
deres Sombrios haviam cercado o mundo com
as brumas, e que seu povo estivesse
para sempre barrado do acesso às
terras sagradas de Avanthor, para
onde as almas dos elfos iam após a
morte.
Ainath Grand´umbra parecia
lutar arduamente contra a própria
memória, e alguns de seus textos pa-
recem demonstrar certa confusão mental,
como se quisesse reafirmar seu passado em
um mundo distante, ao mesmo tempo em que
misturava a origem de seu clã a história antiga
de Darkon, e aos mitos macabros das crenças
religiosas locais.
Embora Neblus possa ser considerada uma
cidade élfica cosmopolita, recebendo visitantes de
todas as raças e partes de Darkon, o Barão Gran-
d´umbra jamais demonstrou grandes interesses
ou aspirações políticas, e seu Baronato não sofreu
grandes ameaças durante o período de governo
de Darcalus ou de seu sucessor Azalin.
A busca pelo conhecimento e segredos ocul-
354
tos do Barão Aniath se espalhou por sua família,
e inúmeros de seus filhos, netos e bisnetos se
tornaram arcanistas, magos, filósofos, teólogos
ou sacerdotes voltados às artes sobrenaturais.
Por vezes, alguns membros da família atraiam
atenção negativa para a já sombria reputação da
família, se envolvendo em artes necromânticas
ou conjuração de seres malignos.
Rumores indicam que o filho e herdeiro de
Barão Aniath, Iomar Grand´umbra se associou a
uma cabala secreta de magos, dedicados a desven-
dar os segredos profanos da Terra das Brumas,
e que Neblus se tornou um dos centros de um
grupo chamado de Fraternidade das Sombras.
Antes mesmo que a religião da Ordem Eterna
fosse criada e codificada sob o patrocínio de Aza-
lin, membros da família Grand´umbra estavam
diretamente envolvidos na adoração de divinda-
des da Morte e na propagação de profecias sobre
o dia da ascensão dos mortos.
Quando Azalin decidiu criar a Igreja da Or-
dem Eterna, diversos membros da família Gran-
d´umbra foram contratados pelo monarca como
consultores para este projeto. A religião foi fun-
dada através da codificação de inúmeras crenças,
mitos e folclores dos povos que habitam Darkon,
e veneram diversos Deuses ligados a Morte, como
um meio de atrasar a inevitável Hora da Ascen-
são.
O Santuário dos Espíritos em Neblus, hoje
 • Antecedentes Sombrios •
um dos principais centros da Ordem Eterna, já
tinha sua sede e atividades na cidade muito antes
da formação oficial da Igreja.
A tragédia se abateu sobre a cúpula da famí-
lia Grand´umbra em anos recentes. Sarith Gran-
d´umbra, a neta do Barão Aniath Grand´umbra
desapareceu na fronteira de Brumas, após aceitar
se juntar a uma expedição em busca de antigas
ruínas lideradas pela enigmática figura de um elfo
chamado de Trillen Mistwalker.
O maior golpe à família, contudo, foi quando
seu patriarca e fundador ancestral, Aniath Gran-
d´umbra, desapareceu nos sinistros eventos co-
nhecidos como Réquiem, a Colheita Sombria, que
devastaram a capital de Il Aluk em 750 BC. O
recluso Barão decidiu deixar a morada ancestral
da sua família, e comparecer ao Templo da Eterna
Penitência em Il Aluk, a pedido do Observador
dos Portões, o sumo sacerdote da Ordem Eterna,
que afirmara ter importantes visões sobre o dia
da ascensão.
Após a explosão de energia negativa que var-
reu a cidade, dizimando todos os seus habitantes,
jamais se teve notícia novamente do octocente-
nário Barão.
Seu filho, Iomar Grand´umbra assumiu o tí-
tulo e as propriedades de seu pai, mas secreta-
mente teme que seu progenitor e patriarca ainda
possa voltar para casa como um ser morto vivo,
trazendo horrores e segredos ancestrais sobre o
além vida para sua família.
Pertencendo a Família
Membros da família Grand´umbra podem ser
elfos ou meio-elfos que descendem do patriarca
da família, Barão Aniath Grand´umbra, ou de
355
seu filho e sucessor o Barão Iomar Grand´umbra.
Barão Aniath Grand´umbra já era um elfo
idoso e octocentenário antes de seu desapare-
cimento, e é possível encontrar descendentes e
familiares de todas as idades.
Os elfos da família Grand´umbra usualmente
tem tez pálida, cabelos e olhos negros. Os mem-
bros desta família nobre são usualmente bem-ves-
tidos, e vestem-se de forma sóbria.
A família Grand´umbra tem uma mórbida ob-
sessão com o estudo e compreensão do além vida,
e muitos dedicam décadas e séculos de suas vidas
para se aprofundar em questões filosóficas, teoló-
gicas ou em artes ocultas que possam aprofundar
seu conhecimento sobre os segredos que buscam.
Aqueles que por algum motivo não se iden-
tificam com esta busca e vocação para o oculto,
acabam se tornando mal vistos pela família, e
muitos se afastam dos sombrios salões de Neblus
em busca de outros ares. Não raro, a obsessão da
família Grand´umbra é confundida com loucura,
e diversos membros da família preferem se afastar
desta influência em suas vidas.
A organização familiar é rígida, e amparada
por tradições seculares. O Barão usualmente é
o guardião dos maiores segredos e mistérios já
desvelados pela família, e seus outros familiares
apenas têm acesso aos segredos acumulados ao
longo dos anos após provarem seu valor e com-
petência.
Muitos dos membros mais jovens são envia-
dos em longas jornadas de aprendizado, estudan-
do em centros de educação distantes, ou mesmo
tornando-se aventureiros em busca de conheci-
mento, segredos e relíquias em outros lugares
perigosos da terra das brumas.
356
Ao criar um membro da família Grand´umbra,
pense em como esta obsessão mórbida com os
segredos do além vida influenciaram na visão do
seu personagem sobre o mundo? Seu personagem
partilha desta busca, e participa dos segredos da
família, ou abandonou a loucura de seus antepas-
sados? Como foi a criação de seu personagem nos
sinistros salões da família em Neblus?
sua vida para atuarem na busca constante por
conhecimentos ocultos, segredos proibidos e
horrores desconhecidos. Estes personagens não
se assustarão facilmente diante dos horrores so-
brenaturais que rondam a terra das brumas.
Contudo, aqueles que perseguem o perigo-
so conhecimento da escuridão também se tor-
nam mais suscetíveis às tentações das trevas. Os

Proficiência em Perícias
Escolha duas perícias entre Arcanismo, Reli-
gião, História e Percepção.
Grand´umbra têm dificuldade em abandonar algo
que de alguma forma envolva o ganho de conhe-
cimento proibido, ainda que a custo da corrupção
de seu corpo ou sua alma.

Proficiência em Ferramentas
Escolha duas proficiências em Ferramentas
entre Ferramentas do Alquimista, Ferramenta
do Caligrafista, Kit do Herbalista ou Kit do En-
venenador.
Esta busca por conhecimento acaba tendo
também seu lado positivo, pois a prática leva a
perfeição (ou a morte). Os Grand´umbra recebem
um dos seguintes Talentos no Nível 1: Explora-
dor de Masmorras ou Iniciado em Magia.

Idiomas
Os membros da família Grand´umbra podem
escolher 3 línguas, sendo uma delas a língua
Darkonesa.

Equipamento
Todos os membros do braço da família Gran-
d´umbra começam o jogo com roupas de aris-
tocrata, as ferramentas em que for proficiente,
um objeto de horror que o liga diretamente ao
passado de sua família (escolha ou jogue aleato-
riamente entre a lista dos objetos constantes no
Guia de Van Richten para Ravenloft) e 15 peças
de ouro.

Característica – Mórbida Obsessão

Os Grand´umbra são influenciados durante
 • Antecedentes Sombrios • 357
Markov
As crias do insano Frantisek Markov não par-
tilham laços de sangue, mas partilham um elo da
dor, sofrimento e loucura. Outrora membros de
outras raças, eles foram transformados através
de grotescos experimentos em Calibans, e agora
carrega consigo traços animalescos.

História
A história daqueles que são considerados
membros da família Markov começa com a lou-
cura e perversão de seu criador, o cruel e insano
Frantisek Markov.
A família Markov era uma tradicional família
Baróviana. Muitos de seus membros estavam pre-
sentes no trágico casamento de Sergei Zarovich
e Tatyana Federovna e morreram neste trágico
incidente.
Os membros da família sobreviventes se ins-
montou um açougue na vila mais próxima. O
talaram nos arredores de Vallaki. O fechamento
próspero açougueiro se casou com Ludmila, uma
de Baróvia pelas brumas acabaram resultando na
jovem da vila local.
decadência da família.
Quando sua esposa descobriu seu macabro
Quando Frantisek Markov nasceu, seus pais
segredo, ele a aprisionou, e tornou ela sua pri-
não passavam de fazendeiros e criadores de por-
meira cobaia. Ela sobreviveu por três dias em
cos. Frantisek era um garoto inteligente e ob-
agonia aos seus experimentos, até não suportar as
servador, mas foi incumbido de abater os porcos
modificações corporais impostas por seu marido.
da família.
Aqueles que descobriram seu corpo mal con-
O trabalho no abate fascinou Frantisek, e
seguiram a identificar como uma criatura hu-
ele logo começou a se interessar por anatomia
mana. Logo, contudo, eles ligaram os crimes a
e dissecação de animais. Seus curiosos e cruéis
Frantisek, que fugiu dos aldeões enfurecidos
experimentos eram uma tortura para as bestas,
atravessando a fronteira das brumas.
ele passou a realizar cirurgias para mesclar partes
Frantisek Markov emergiu em uma nova terra
anatômicas de diferentes espécies, na tentativa de
desvelada pelas brumas, e descobriu ser o Lorde
criar um ser perfeito.
Sombrio das terras da Markovia. Lá ele foi amal-
Mantendo seus experimentos em segredo, ele
358
diçoado pelos Poderes Sombrios, mas continuou
a progredir em seus esforços para criar uma for-
ma de vida aprimorada.
Seus experimentos sinistros resultaram na
criação das criaturas aberrantes, indivíduos que
um dia já pertenceram a outras raças, mas que
agora foram retorcidos e modificados pelos ex-
perimentos.
Frantisek raramente fica satisfeito com os re-
sultados de seus experimentos, e a maior parte
destes pobres indivíduos foram abandonados à
própria sorte.
Estes seres deformados e animalescos são re-
flexos do que um dia já foram tendo se torna-
do calibans, e se reconhecem como as Crias de
Markov.
Pertencendo a Família
Membros da família Markov outrora tinham
outra raça, história e identidade, mas foram
transformados em calibans, criaturas deformadas
com aspectos bestiais e animalescos por macabros
experimentos.
Os sinistros experimentos e torturas reali-
zados por Markov nunca são realizados com o
auxílio de entorpecentes e anestésicos, e a dor e
sofrimento também destrói a mente de muitos
destes indivíduos.
Muitos tentam se agarrar a aspectos de sua
humanidade, e manter sua identidade. Contudo,
sua aparência animalesca os transforma em párias
ou mesmo alvo da perseguição e violência de suas
antigas comunidades.
Isolados, muitos preferem se juntar em co-
munidades nas áreas remotas da Markovia. Os
“homens quebrados’ ou ‘Crias de Markov” se
unem por motivo de sobrevivência, mas não é
incomum que as relações dos membros desta
“família” sejam marcadas pela violência, e pela
imposição pela força.
Longe da civilização, alguns indivíduos regri-
dem a uma vida primitiva e animalesca. A loucura
causada por estes terríveis experimentos faz com
que muitos tenham um terrível trauma e medo de
seu criador, e temem o Frantisek Markov como
uma divindade a quem eles chamam de Diosam-
blet, o Senhor da Dor.
Escapar das áreas ermas da Markovia se tor-
nou ainda mais difícil após a Grande Conjunção,
quando este domínio foi envolto em brumas, e se
tornou uma ilha do Mar das Mágoas.
Aqueles que pertencem a família Markov de-
vem primeiro definir que tipo de deformação foi
estabelecida em seu corpo, e o quanto de sua
identidade original foi preservada no enlouque-
cedor processo de transformação. Como o seu
personagem lida com o trauma e com sua nova
forma bestial e retorcida? Qual é a sua ligação
com os demais membros da “família” Markov,
e porque você decidiu deixar a Markovia? Qual
é a relação de seu personagem com seu criador
Frantisek Markov, o temido Diosamblet?
Proficiência em Perícias
Escolha duas perícias entre Atletismo, Furti-
vidade, Natureza e Sobrevivência.
Proficiência em Ferramentas
Escolha duas proficiências em Ferramentas
entre Kit do Herbalista, Kit do Disfarce, Kit do
Carpinteiro ou Ferramentas do Cozinheiro.
Idiomas
• Antecedentes Sombrios • 359
Os membros da família Markov podem esco-
lher 3 línguas, sendo uma delas a língua Balok.

Equipamento
Todos os membros do braço da família Markov
começam o jogo com roupas de viajante, as fer-
ramentas em que for proficiente, um objeto de
horror que o liga diretamente a sua vida antes de
se tornar um caliban (escolha ou jogue aleato-
riamente entre a lista dos objetos constantes no
Guia de Van Richten para Ravenloft) e 5 peças
de ouro.

Característica
Fera – Nem Homem ou
Os Markov são Calibans Brutos ou Bestiais,
e seus corpos são parcialmente mesclados aos de
animais por terríveis experimentos.
Além dos atributos ganhados pela sua raça,
eu corpo foi mesclado com o de algum animal
para ganhar habilidades adicionais. Estes expe-
rimentos doentios também deixaram marcas em
sua mente. Uma cria de Markov deve buscar um
meio de interpretar alguma forma de trauma ou
loucura que afete seu personagem.
Os Markov recebem um dos seguintes Talen-
tos no Nível 1: Habilidoso, Alerta, Ligeiro ou
Tocado pela Morte.
360
Mason
A família Mason é uma tradicional família
élfica da casta aristocrata de Har-Thelen, mas
recentes intrigas políticas a afastaram de sua po-
sição social, e os tornaram fugitivos e rebeldes.
História
A tradicional família Mason tem suas raízes
no distante mundo de Krynn, onde pertenciam
à casta real dos orgulhosos elfos Silvanesti. Este
passado glorioso foi transformado quando uma
parte de Krynn foi tragada pelas brumas, se tor-
nando as terras de Sithicus, o domínio prisão de
Lorde Soth.
A drástica mudança causada
pelas brumas trouxe consequên-
cias graves para a família Mason.
A raça dos elfos mantém uma forte
conexão com a terra que habitam, e
era claro que algo estava terrivelmente
errado neste mundo para onde foram
tragados. As luas de Krynn já não brilha-
vam no céu noturno, à exceção de Nuitari, a
lua da escuridão, e não era mais possível contatar
aliados em terras distantes, ainda que por meios
místicos.
A tragédia foi ainda agravada pela chegada de
Lorde Soth, que tomou o controle posse do for-
te de pedras negras que existia em um grande
desfiladeiro, e com a ajuda de seu cruel senescal
Azrael e de diversos cavaleiros mortos vivos e
banshees que o serviam, iniciou seu reinado de
terror sobre aquelas terras.
A família Mason pertencia a casta aristocrata,
e Lorde Elidor Mason era o Orador Soberano
da cidade de Har-Thelen. Coube a ele liderar a
defesa da cidade contra os avanços de Lorde Soth
e seus servos, em uma batalha absolutamente
desoladora.
As defesas da cidade sucumbiram rapidamente
perante as banshees e terríveis sortilégios arca-
nos de Lorde Soth. Quando Lorde Elidor lançou
um desafio contra o cavaleiro da morte, Soth tão
somente apontou seu dedo a Elidor e ordenou
que ele morresse, fulminando o patriarca da fa-
mília instantaneamente.
Firiel Mason, seu filho e sucessor observou
tudo acontecer, impotente para agir, e assistiu
às forças de Har-Thelen, assim como os demais
membros do conselho de nobres se
renderem, e submeteram a cidade
de Har-Thelen ao domínio de Lor-
de Soth.
Incapaz de pensar em uma forma
de derrotar Lorde Soth, Firiel teve de
aceitar a derrota. Após a submissão
Har-Thelen, a cidade foi deixada nova-
mente sob a administração do Conselho de
Nobres, mas tendo que cumprir com as tirâ-
nicas exigências e normas impostas por Azrael
Dak, o anão e senescal de Lorde Soth.
Firiel e os membros da família Mason lidaram
com o luto da morte de seu patriarca, mas jamais
deixaram morrer o fogo de sua indignação. Ao
seu redor, contudo, a cidade de Har-Thelen se
entregou ao terror. Azrael Dak corrompeu alguns
elfos com promessas de uma vida mais segura, e
instalou na cidade sua polícia secreta, para infor-
mar sobre eventuais insurgências e tentativas de
rebelião, punidas com execuções brutais.
Não bastasse o medo, os elfos de Sithicus se
 • Antecedentes Sombrios •
entregaram rapidamente à melancolia, apatia e
tristeza, ao perceberem que jamais retornariam
a suas terras natais em Krynn.
Firiel Mason não deixou sua família se entre-
gar a esse derrotismo, e por um tempo pensou em
se juntar aos grupos rebeldes que se insurgiam
ao norte nas Colinas de Ferro. Apesar do ódio
que o consumia, ele tinha um dever sagrado a
cumprir, eis que era a função de sua casta aristo-
crata a de liderar seu povo para tempos melhores.
Abdicando de desejos pessoais de vingança, ele
então aceitou assumir o lugar de seu pai, como
Orador Soberano de Har-Thelen.
A família Mason assumiu um papel essen-
cial na condução e administração da cidade de
Har-Thelen. Jamais se esquecendo do sacrifício
de seu patriarca Elidor e de suas origens glorio-
361
sas, eles lideravam a cidade e se recusaram a se
render à apatia sobrenatural que consumia seus
compatriotas.
Apesar de abdicar de uma vingança imedia-
ta, os Mason não abandonaram totalmente seus
planos de retaliação. A paciência é uma virtude
para o povo élfico, e eles primeiro decidiram es-
tabelecer melhor uma base de poder e buscar
informações sobre seus inimigos.
Uma oportunidade surgiu para obter infor-
mações sobre seus inimigos, quando o famoso
caçador de monstros Dr. Rudolph Van Richten
passou por Sithicus. Os Mason receberam o fa-
moso caçador em Hart-Thelen, onde trocaram
informações sobre inimigos e ameaças sobrena-
turais.
Firiel Mason se tornou um líder ativo da ci-
362
dade de Har-Thelen, e pressionou os artesãos da
cidade para promover melhorias na cidade e pro-
dutos para comercializar com as terras de Kar-
takass. Graças a seus esforços as docas e porto
fluviais foram instalados, permitindo também es-
tabelecer uma importante rota de comércio com
as terras de Invidia.
Suas ações proativas em favor da cidade cha-
maram a atenção de Azrael Dak sobre o Orador
Soberano. Azrael preferia os elfos amedrontados
e submissos, e passou a vigiar de perto as ações
de Firiel Mason.
Um hábil ladino e um estudioso das artes ar-
canas, Firiel Mason, ou simplesmente ‘Mason
de Har-Thelen’, como ficou conhecido, não se
deixou abater pela perseguição de Azrael. Usan-
do os recursos de sua família, ele contratou três
arcanos da academia vermelha de Hazlik para lhe
servirem como guarda costas. Ele também passou
a se corresponder com Eleni de Toyalis, a apren-
diz de Hazlik e sucessora ao trono de Hazlan,
em busca de possíveis aliados políticos para seus
planos futuros.
A situação dos Mason viria a mudar, contudo,
nas décadas que se seguiram. Após os estranhos
eventos conhecidos como ‘A Hora das Sombras
Gritantes’ e o desaparecimento de Lorde Soth em
752 BC, Firiel Mason se tornou mais ambicioso
em seus planos.
O importante líder político havia se tornado
uma influência importante em Har-Thelen, e viu
na ausência do poderoso Lorde Soth uma chance
de ascender em poder e influência.
Contudo, o desaparecimento de Lorde Soth
não livrou Sithicus da presença de Azrael Dak, e
o tirano anão se autor declarou o rei de Sithicus
na ausência de seu mestre.
A crescente tensão entre os Mason e o tirano
Azrael Dak chegou a seu ápice, e os planos de
Firiel Mason tiveram de ser abortados. Azrael
Dak fez um ataque à cidade com suas forças mi-
litares, e os membros da família Mason tiveram
que fugir. Pela primeira vez nos registros histó-
ricos dos elfos um Orador Soberano foi deposto
de sua posição.
Atualmente, Firiel Mason se esconde nos ar-
redores de Har-Thelen, mas não abandonou suas
ambições políticas ou planos de vingança. Ele e
seus familiares buscam reunir rebeldes e insur-
gentes para se opor contra a tirania de Azrael
Dak, e quem sabe retornar sua família ao posto
de líderes do povo élfico.
Pertencendo a Família
Os membros da família Mason são elfos ou
meio-elfos, filhos ou parentes de Firiel Mason, o
antigo Orador Soberano de Har-Thelen e agora
líder rebelde e refugiado.
Ainda que estejam passando por um momento
de exílio em Sithicus, a família Mason pertencia a
casta dos aristocratas e nobres do povo Silvanes-
ti, e como tal enxergam que é seu dever sagrado
liderar seu povo.
A tradição e arte de cada uma das castas é
passada entre as gerações. Famílias élficas tem
poucos filhos ao longo de sua existência, e elfos
permanecem muito tempo sendo educados em
suas tradições e artes antes de serem conside-
rados adultos. Assim, é provável que membros
desta família tenham sido educados para se tor-
narem líderes e governantes de seu povo.
Os Mason se orgulham de seu passado de
 • Antecedentes Sombrios • 363
glórias, e não esqueceram os crimes cometidos lher 3 línguas, sendo uma delas o dialeto élfico
contra sua família. Ao longo dos últimos 38 anos de Sithicus.
eles vinham se preparando com conhecimento,
Equipamento
influência e poder para o dia em que vingariam
Todos os membros do braço da família Ma-
a morte de Elidor Mason.
son começam o jogo com roupas de viajante, as
Alguns membros da família Mason acreditam
ferramentas em que for proficiente, um objeto de
que esta busca por vingança e poder é vazia, e se
horror que o liga diretamente ao passado de sua
afastam da família em busca de outros objetivos.
família (escolha ou jogue aleatoriamente entre
Outros dedicam-se a uma vida de aventuras, em
a lista dos objetos constantes no Guia de Van
busca de se aprimorar para o dia em que terão
Richten para Ravenloft) e 10 peças de ouro.

Característica – Mente Obstinada

uma chance de lutar pela honra da família.
Atualmente desprovidos de seu posto e o re-
conhecimento de sua casta, os Mason estão em
Os Mason são orgulhosos e obstinados, e difi-
uma posição inédita em seu passado recente, e
cilmente desviados de seu objetivo. O foco destes
muitos acreditam que a hora do acerto de contas
membros em situações que envolvam sua missão
com Azrael Dak está próxima.
lhes confere uma resistência quase sobrenatural
Ao criar um personagem da família Mason é
a distrações.
importante pensar qual é a sua posição no confli-
Os Mason recebem um dos seguintes Talen-
to entre a família com Azrael Dak? O seu perso-
tos no Nível 1: Habilidoso, Alerta ou Prodígio
nagem foi educado para ser um líder e governan-
(presente no Guia de Xanathar sobre Todas as
te, ou passou as últimas décadas se preparando
Coisas).
para um confronto armado? Qual é a participação
de seu personagem no movimento rebelde lide-
rado por Firiel Mason de Har-Thelen?

Proficiência em Perícias
Escolha duas perícias entre História, Persu-
asão, Sobrevivência e Furtividade.

Proficiência em Ferramentas
Escolha duas proficiências em Ferramentas
entre Kit de Disfarces, Ferramenta do Caligrafis-
ta, Kit do Herbalista ou Ferramentas de Ladrão.

Idiomas

Os membros da família Mason podem esco-

364
Mindefisk
A família Mindefisk é marcada pelos horrores
de graves crimes e tragédias, que transformaram
suas matronas em monstruosas megeras. Aque-
les que hoje compõem esta família carregam esta
herança amaldiçoada, ainda que a maior parte
desconheça sua verdadeira ascendência.

História
A família Mindefisk tem origens humildes em
um mundo desconhecido do plano material. Ori-
ginalmente a família era composta por Holger e
Rudella, uma família de fazendeiros que cultivava
uma fazenda em uma localidade remota.
O casal teve dois filhos, mas Rudella vivia
uma vida de solidão. Seu marido e filhos viviam
arando os campos e caçando, e ela passava a maior
parte de seu tempo sozinha em sua propriedade.
O local remoto era por vezes visitado por via-
jantes em busca de um local para passar a noite,
em sua longa jornada rumo a lugares mais dis-
tantes, mas tais visitas pouco faziam para aliviar
sua solidão.
Rudella desejava ardentemente engravidar no-
vamente, para que dessa vez tivesse uma filha que
lhe pudesse fazer companhia em sua existência
solitária. Holger, contudo, não desejava filhas
mulheres, a quem via como seres inferiores e
fracos.
Na escuridão da noite, Rudella rezou e im-
plorou para que engravidasse de filhas, e suas
preces foram escutadas por alguma entidade so-
brenatural. Alguns dias depois, ela encontrou na
entrada de sua porta um cesto com três bebês de
meninas, bastante enfraquecidas e doentes.
 • Antecedentes Sombrios •
Rudella acolheu as crianças em seus cuidados,
apesar da recusa de seu marido. Em pouco tempo
as crianças pareciam recuperar sua saúde, mas à
medida que floresciam, a saúde de Rudella parecia
definhar, até que ela faleceu.
Holger ficou a cargo de cuidar das três me-
ninas, Laveeda, Lorinda e Letícia, mas não tinha
vontade ou paciência para criar filhas mulheres.
Algumas vezes ele tentou abandonar as crianças
na floresta,, mas as crianças sempre voltavam
para casa. Resignado, ele as encheu de tarefas
domésticas para que assumissem o cuidado da
casa.
As crianças se tornaram belas jovens, mas sua
real natureza monstruosa ainda estava para ser
despertada. A vida doméstica em uma fazenda
não lhes apetecia, e elas sonhavam com uma vida
365
mais luxuosa e glamurosa.
Um dia, um viajante cheio de dinheiro veio a
se instalar em sua fazenda, e elas o assassinaram.
Para esconder a evidência de seus crimes, elas
cortaram seu corpo para fazer um ensopado, que
serviram para seu pai e irmãos adotivos.
Sua conduta assassina e monstruosa prosse-
guiu. Por vezes, elas seduziam homens com o
intuito de fazer com que eles a levassem embora
daquele lugar, mas uma irmã não tolerava que
outra pudesse ter a chance de um destino melhor,
e esses indivíduos também acabavam assassinados
por inveja, despeito ou mesquinharia.
Seus atos malignos acabaram atraindo a aten-
ção dos Poderes Sombrios, e as três irmãs foram
tragadas pelas brumas para o semiplano do medo,
onde sua natureza monstruosa foi finalmente re-
366
velada e elas foram transformadas em horrendas me-
geras.
Essas monstruosas criaturas se tornaram as Senho-
ras Sombrias de Tepest, e continuam agindo para atin-
gir seus objetivos nefastos.
Dentre estas inúmeras ações está a perpetuação de
sua raça amaldiçoada. Elas assumem a forma de belas
mulheres, para seduzir e encontrar parceiros.
Uma vez que tenham engravidado de seus parcei-
ros, elas usam poderosas magias e rituais sombrios
para transferir seus fetos monstruosos para o ventre
de outras mulheres grávidas.
Lá, os fetos monstruosos irão absorver o outro feto,
e sem que a mãe saiba, ela agora irá gerar um monstro
no lugar de seu filho.
As crianças assim geradas são a princípio indistin-
guíveis de uma criança normal, e crescem entre a fa-
mília de sua genitora, como belas e saudáveis crianças,
até que sua natureza monstruosa finalmente se revele.
Na adolescência e vida adulta elas começam a mostrar
sinais de sua herança amaldiçoada, desenvolvendo es-
tranhos poderes místicos. Muitos revelam mudança na
tonalidade de sua pele e desenvolvem estranhas coroas
de chifres ao redor de sua face.
Pertencendo a Família
Os membros da família Mindefisk são geralmente
humanos que tiveram sua raça original substituída pela
linhagem do Sangue de Bruxa. Membros que perten-
ciam originalmente a outras raças também são possí-
veis, mas como as Três Bruxas estão aprisionadas as
fronteiras de Tepest, um domínio majoritariamente
habitado por humanos, esta costuma ser sua raça ori-
ginal preponderante.
Os membros da família Mindefisk usualmente não
conhecem a sua natureza conspurcada pela maldição das
bruxas de Tepest, e são criados como membros
da família que os criou.
Ao longo de sua vida, os Mindefisk começam
a desenvolver características que os separam de
sua família de criação. Muitos demonstram uma
intuição sobrenatural, ou um conhecimento ins-
tintivo de artes ocultas. Este conhecimento é por
vezes acompanhado de uma atração para a escu-
ridão e para o maligno, e indivíduos precisam
resistir ativamente para não se corromperem por
forças das trevas.
Após certa idade, eles começam a desenvol-
ver habilidades sobrenaturais típicas da linha-
gem dos Sangue de Bruxa, e sua aparência sofre
alterações. O surgimento destas características
durante a adolescência ou começo da vida adulta
é um momento de transição e dificuldade para o
personagem, e muitas vezes é acompanhado pela
rejeição e medo de sua família ou da comunidade
em que vivem.
As mudanças em sua forma e habilidades tam-
bém causam ao personagem estranhamento e as-
sombro, e muitos passam a procurar ativamen-
te por respostas sobre sua verdadeira natureza.
Outros, expelidos de sua família e comunidade,
são levados a uma vida reclusa ou itinerante, e
passam a trilhar seu caminho como aventureiros.
Os que buscam a verdade sobre sua origem
devem tomar cuidado para não acabarem se envol-
vendo com as forças das trevas. As Três Bruxas
de Tepest estão sempre atentas para a aproxima-
ção de suas crias, para corrompê-las em servas de
seus desígnios sobrenaturais, e para completar
sua transformação em criaturas das trevas.
Mulheres que possuem o legado dos Minde-
fisk poderão passar por um ritual de transfor-
 • Antecedentes Sombrios •
mação para evoluírem ao próximo estágio e se tor-
narem Megeras. Os homens da família Mindefisk
também podem ser corrompidos por sua magia para
se tornarem Crias de Megera, também chamados de
a Prole Amaldiçoada, grotescas criaturas de aspecto
bruto e globinóide, que se assemelham a perigosos
Ogres.
Ao criar um membro da família Mindefisk es-
tabeleça como o legado amaldiçoado de sua família
afetou a formação de seu personagem. Como o seu
personagem lidou com as transformações de seu
corpo e poderes durante a adolescência? Seu perso-
nagem foi rejeitado pela sua família de criação e pela
sua comunidade? O quanto o seu personagem sabe
sobre sua natureza e o verdadeiro passado de sua
família? Como as forças das trevas que cercam sua
linhagem maldita influenciaram seu personagem?
Proficiência em Perícias
Escolha duas perícias entre Arcanismo, Natu-
reza, Intuição e Sobrevivência.
Proficiência em Ferramentas
Escolha duas proficiências em Ferramentas en-
tre Kit do Herbalista, Ferramentas do Cozinheiro,
Ferramentas do Tecelão, e Ferramentas do Alqui-
mista.
Idiomas
Os membros da família Mindefisk podem esco-
lher 3 línguas, sendo uma delas a língua Tepestani.
Equipamento
Todos os membros da família Mindefisk come-
çam o jogo com roupas de viajante, as ferramentas
em que for proficiente, um objeto de horror que
367
o liga diretamente ao passado amaldiçoado dos
Mindefisk (escolha ou jogue aleatoriamente entre
a lista dos objetos constantes no Guia de Van
Richten para Ravenloft) e 10 peças de ouro.
Característica
da Megera Sugerida – Sangue
Os membros da família Mindefisk tem em
suas veias a herança amaldiçoada das três bru-
xas de Tepest, que aos poucos corrompem seu
corpo e alma.
Estes personagens vivem em um estado inter-
mediário, afastados de sua vida com sua família de
criação, mas ainda não totalmente monstruosos
como as megeras que o criaram.
Algumas vezes, especialmente durante um
combate físico (ou durante momentos de extre-
mo estresse), esses membros se transformam
momentaneamente em uma forma monstruosa,
com mulheres se assemelhando a forma de uma
megera e homens a forma de uma prole maldita
(um ogro). (Estas transformações não afetam em
nada as estatísticas dos personagens, mas podem
causar medo ou desconfiança em quem observa
essa mudança).
Os Mindefisk recebem um dos seguintes Ta-
lentos no Nível 1: Atacante Selvagem, Iniciado
em Magia ou Lunático.
Sugestão: Ao escolher Iniciado em Magia, es-
colha magias que tenham uma relação com esse
passado macabro. Passos Largos ou Salto podem
cumprir o efeito da “mudança de forma”, ou Ami-
zade Animal pode trazer um aspecto de ligação
com a natureza, ainda que sobrenatural.
368
Mordenheim O Barão Victor Mordenheim perdeu sua mãe
cedo, enquanto ainda era criança, e o choque
A família Mordenheim pertence à nobreza e desta perda tornou o jovem garoto obcecado por
aristocracia da Lamordia, e se destaca por sua seus estudos. Após ingressar na universidade de
racionalidade, sua dedicação à ciência e ao co- medicina, ele logo se destacou como acadêmico,
nhecimento, e por sua absoluta desconexão com e que talvez viesse a se tornar um dos mais bri-
o divino. lhantes médicos e cientistas de sua geração.
Pouco antes de sua graduação, o pai de Vic-
História
tor faleceu, e o jovem Victor herdou os títulos
A família Mordenheim é uma família ancestral
e as posses de seus pais. A família ficou choca-
e tradicional da nobreza Lamordiana, e Victor
da quando Victor, após terminar sua formatura,
Mordenheim atualmente herdou o título de Ba-
retornou para ocupar o Schloss Mordenheim, a
rão da Lamordia.
ancestral morada da família, com sua esposa, a
Ao longo de décadas a família adquiriu renome
jovem Elise Brandthofen, a filha de seu professor
por abrigar as mentes mais brilhantes do reino.
de química na Universidade.
Altamente educados, os Mordenheim se
O jovem casal tinha muitas afinidades
destacam como especialistas e mestres
e partilhavam a paixão pela medicina
em diversas áreas de estudo, e mui-
e pela ciência, ainda que Elise não
tos se destacaram como grandes
partilhasse da obsessão de Victor
médicos, cientistas e acadêmicos.
pelo conhecimento. Apesar da vida
Ao longo da história da Lamor-
harmoniosa, o passar dos anos
dia, os Mordenheim por inúmeras
trouxe grande frustração para o
vezes se mostraram opositores da
casal, que não conseguia ter fi-
influência da fé e religião, e por ter
lhos, que um dia herdariam o título de Barão.
grande resistência ao estudo de artes arcanas.
Victor Mordenheim não estava disposto a
Historiadores afirmam que filósofos e cientistas
aceitar este destino, e tornou-se obcecado com
desta família aristocrata tiveram influência de-
sua pesquisa, através da qual pretendia criar a
terminante ao longo dos séculos na formação da
própria vida, através de um processo de reanima-
identidade cultural Lamordiana, conhecida por
ção cadavérica. Ultrapassando todos os limites
sua praticidade, pragmatismo e cinismo no que
moralmente aceitáveis, Mordenheim passou a
tange a existência do divino.
cometer o furto de cadáveres e se dedicar obses-
Embora sempre tenham sido opositores da fé
sivamente a sua pesquisa.
e da religião, recebendo uma educação e formação
Para concentrar-se em seus trabalhos, ele che-
ateísta, os atos do mais recente Barão Morde-
gou até mesmo a enviar Elise para passar um tem-
nheim acabaram por amaldiçoar permanentemen-
po com sua família, até que finalmente construiu
te esta Linhagem.
sua obra prima, e reanimou o cadáver de Adam,
 • Antecedentes Sombrios • 369
um golem de carne e constructo remendado atra-
vés da parte de inúmeros cadáveres.
Victor Mordenheim negava a existência dos
Deuses, mas em sua arrogância e obsessão, tenta-
ra recriar a centelha da vida, usurpando o próprio
papel do divino. Por seu desafio e arrogância, os
Deuses concederam a criação de Victor a cente-
lha da vida, mas amaldiçoaram os Mordenheim,
abandonando toda a linhagem e condenando-os
a uma prisão de brumas.
A horrenda criação de Victor foi batizada de
Adam, e Victor finalmente convidou a sua esposa
para a partilha de seu triunfo. Elise sentiu repul-
sa e choque por Adam e pela loucura e obsessão
de seu marido. As tentativas de Victor de impor
Adam como um filho para a Elise fracassaram,
ainda que a criatura tenha desenvolvido uma ado-
ração doentia a Elise.
Os anos se passaram e a repulsa de Elise por
Adam apenas crescia, até que um dia, ela encon-
trou uma órfã chamada Eva abandonada nas ruas,
e decidiu adotar a criança. A pequena garotinha
Eva era adorada por Elise, e ao descobrir Adam,
não sentiu repulsa por seu irmão.
Adam por sua vez, sentia o frio distanciamen-
to de Victor e a repulsa de Elise, e decidiu que
tinha que livrar a garota Eva deste núcleo familiar
doentio. Uma noite, ele tentou fugir, levando Eva
consigo, mas um grito de espanto de Eva atraiu
a atenção de Elise.
Elise atacou Adam por tentar sequestrar sua
filha, e no caos que seguiu, a jovem Eva caiu
do parapeito da construção, despencando para o
oceano. Adam enfurecido atacou Elise, ferindo-a
gravemente. Quando Victor Mordenheim chegou
no local ele presenciou a criatura sobre o corpo
370
inerte de sua esposa, e Adam decidiu fugir para
a noite.
Victor usou seus dons médicos e conheci-
mento científico para salvar a vida de Elise, mas
ela é mantida viva com o auxílio de complexos
aparelhos. O corpo de Eva jamais foi recuperado
da enseada, e Adam, passou a aterrorizar a região
com sua forma monstruosa.
Apesar da tragédia ter atingido em cheio o
principal núcleo da família Mordenheim, outros
braços da família ainda prosperam, afastados do
Schloss Mordenheim. Irmãos de Victor Morde-
nheim que não herdaram a fortuna de seus pais,
primos distantes e sobrinhos vivem em outros
locais da Lamordia, ou até mesmo em terras dis-
tantes, onde travam sua própria busca por co-
nhecimento.
Contudo, todos os Mordenheim suportam a
maldição lançada pelos deuses contra sua linha-
gem, e seguem abandonados e esquecidos pelos
poderes divinos.
Pertencendo a Família
Os membros da família Mordenheim são ge-
ralmente humanos, embora alguns meio-elfos
também possam ser encontrados em seu meio.
Eles não podem ser descendentes diretos de
Victor Mordenheim, uma vez que o Barão não
teve filhos com sua esposa Elise, que ainda vive
com o auxílio de equipamentos médicos desen-
volvidos por seu marido.
Apesar disso, a família possui inúmeros bra-
ços, e possuía outros irmãos e irmãs que não her-
daram o título e propriedade ancestral da família.
Há ainda outra possibilidade. Eva sobreviveu
e, sem memória dos trágicos eventos envolvendo
Adam, adotou o nome de Artisa Juvenoth. Ca-
sada com o cientista e biólogo, Jervais Juvenoth,
ela segue a mesma obsessão científica mórbida
de seu pai adotivo, tendo também rejeitado os
Deuses, para o espanto de seu marido religioso.
Eva possui filhos, e embora não seja uma Mor-
denheim de sangue, seus descendentes podem vir
a carregar a paixão obsessiva e maldição dos seus
ascendentes adotivos.
Um personagem que adquira este legado po-
derá ser um irmão, sobrinho ou primo de Victor
Mordenheim, e até mesmo aguardar o falecimen-
to do recluso Barão e sua moribunda esposa na
expectativa de herdar seu título e propriedades.
Os membros da família Mordenheim são co-
nhecidos por sua notável inteligência e paixão
pela educação e pelo conhecimento. A família tem
renome por fornecer as mentes mais brilhantes
da Lamordia, e dá grande ênfase à educação de
seus membros.
Membros reconhecidos desta família devem
atender ao comportamento esperado da aristocra-
cia Lamordiana, e devem sempre se portar de for-
ma polida e cordial, e sempre que possível, serão
enviados ainda jovens para centros de educação.
Em razão desta valorização e incessante busca
por excelência em diversas áreas do conhecimen-
to científico, os Mordenheim podem ser encon-
trados em diversas partes do núcleo, especial-
mente em locais onde existem grandes centros
de aprendizado e saber. Além disso, muitos se
dedicam a pesquisas e atividades de campos em
locais mais remotos, em busca de desvelar novos
segredos e descobertas científicas, que lhe trarão
glória e renome.
A família tradicionalmente rejeita a existência
 • Antecedentes Sombrios •
dos Deuses, situação que apenas se agravou após
a maldição que recaiu sobre a família. Membros
que manifestem crenças no divino, sobrenatural
ou se tornem membros de alguma religião, serão
vistos com desdém e decepção por seus parentes.
Para criar um personagem que seja um Mor-
denheim é importante definir qual é a sua ligação
e grau de parentesco com o Barão Mordenheim,
e como a valorização da educação e rejeição da
religião influenciou seu personagem. Qual é a
visão deste personagem sobre o mundo e sobre
o sobrenatural? Em que áreas de estudo este per-
sonagem se aprofundou?
371
loft), e 15 peças de ouro.
Característica
Deuses – Abandonado pelos
A maldição dos Mordenheim os torna es-
quecidos e abandonados pelos Deuses. Nenhum
Mordenheim jamais se tornou um sacerdote ou
teve ligações com o divino.
Templos costumam não tratar bem um mem-
bro da família, enquanto universidades e museus
costumam ter uma certa identificação com esses
membros por sua visão mais racional do mundo.
Os Mordenheim recebem um dos seguintes

Proficiência em Perícias
Escolha duas perícias entre Medicina, Inves-
Talentos no Nível 1: Habilidoso ou Prodígio
(presente no Guia de Xanathar sobre Todas as
Coisas).
tigação, História e Natureza.

Proficiência em Ferramentas
Escolha duas proficiências em Ferramentas
entre Ferramentas do Alquimista, Kit do Herba-
lista, Ferramentas do Funileiro ou Ferramentas
de Navegação.

Idiomas
Os membros da família Mordenheim podem
escolher 3 línguas, sendo uma delas a língua La-
mordiana.

Equipamento
Todos os Mordenheim começam o jogo com
roupas de aristocrata, as ferramentas em que for
proficiente, um objeto de horror que o liga di-
retamente ao passado de sua família (escolha ou
jogue aleatoriamente entre a lista dos objetos
constantes no Guia de Van Richten para Raven-
372
Narglin
A família Narglin assumiu o título de Ba-
rões da região ao redor da cidade de Mayvin em
Darkon. Embora seu passado esteja marcado
por intrigas políticas e rumores sinistros, eles
carregam a fama de serem renomados e capazes
inventores.
História
A história da família Narglin se confunde com
a história da cidade de Mayvin em Darkon.
Nos tempos do infame governante Darcalus
Rex, Mayvin era uma pequena comunidade mi-
neira de gnomos, e o vilarejo abrigava
apenas cinco famílias de gnomos.
Uma destas famílias que explora-
vam estas minas era a família Nar-
glin.
O controle das minas de Mayvin
estava à época nas mãos da família
Ferret, mas era evidente que a extra-
ção de gemas na região se encontrava em
declínio. Apesar disso, Mayvin ainda era ob-
jeto de disputa entre as famílias de gnomos, e os
Narglin mantinham uma intensa disputa política
com os Ferret.
Quando o terrível mago Darcalus assumiu o
trono de Darkon, derrotando inúmeros mago que
controlavam a área e encerrando a Era Arcana, os
Narglin conspiraram contra os Ferret. Por meio
de intriga e traição, eles expuseram as antigas
alianças da família Ferret, que caiu em desgraça
ante ao novo governante.
Ascendendo ao poder, os Narglin finalmente
tornaram-se Barões de Mayvin e das regiões ad-
jacentes, mas tinham diante de si o duro desafio
de atender a demanda de impostos e tributos
estabelecida por Darcalus.
Para atingir estas quotas eles precisavam al-
terar a forma com que procediam a extração de
gemas, e para resolver este problema os Narglin
se debruçaram sobre sua prancha de invenções.
Apesar de todo o brilhantismo do Barão Bil-
rug Narglin, suas invenções constantemente fa-
lhavam, e o atraso na produção ameaçava o co-
locar no desfavor do temível Darcalus Rex. Sua
salvação, veio da inesperada ideia de uma das
gnomas que trabalhava em sua oficina, a gnoma
Nigani Flacken.
Nigani era habilidosa, brilhante
e criativa, e chamava a atenção por
seu trabalho em relógios e engre-
nagens mecânicas. Juntos eles tra-
balharam em um modelo mecânico
para esmagar pedras, veículos me-
cânicos de transporte ou fornalhas
mais potentes que permitiriam maior
eficiência nos trabalhos realizados.
As invenções criadas pelo Barão Bilrug
Narglin e Nigani Flacken salvaram a comuni-
dade de Mayvin em um passado distante. Tão
eficientes eram as ferramentas de mineração de-
senvolvidas que os cofres da família Narglin se
encheram com a riqueza extraída das minas.
O Barão se tornou muito próximo de Nigani,
e como forma de demonstrar seu apreço pela in-
ventora, financiou um de seus maiores projetos
artísticos, uma estrutura mecânica, que funciona-
ria como um relógio para a cidade, com pequenas
figuras que bateriam em sinetes ao passar das
horas.
 • Antecedentes Sombrios • 373
a mente criativa do projeto.
Apesar de ser recompensada com os fundos
para o desenvolvimento de seu grande relógio
mecânico, Nigani eventualmente percebeu que
estava sendo lesada em seu devido reconhecimen-
to. As invenções estavam sendo vendidas para as
minas controladas pelos anões em Cataratas de
Tempe, e enriqueciam os Narglin para além do
que estes jamais sonharam. Ainda que ela não
tivesse ambições materiais, ela precisaria garantir
um futuro para seu filho Stamitos, e se cansou
de ser deixada de lado.
A insurgência de Nigani Flacken, que come-
çou a cobrar os espólios de suas invenções, foi
imediatamente respondida pelos Narglin. A Baro-
nesa Roodyl Narglin, que desejava vingança pela
traição de seu marido, convenceu seu esposo a
A proximidade do Barão e Nigani começou a
criar o Salão das Patentes, e a criar leis que re-
gerar suspeitas, e alguns especulavam que haveria
gulamentassem o uso e exploração de invenções.
até mesmo um romance adúltero entre o Barão,
O Barão assim o fez, e não houve nenhuma
que era casado com a Baronesa Roodyl, e a jovem
surpresa quando o Salão das Patentes foi inau-
inventora Nigani Flacken. Estes rumores apenas
gurado, já com o registro das invenções criadas
aumentaram quando Nigani engravidou, mesmo
por Nigani Flacken em nome dos Narglin. O
ainda sendo solteira.
evento de inauguração do Salão de Patentes foi
Quando o jovem Stamitos Flacken nasceu, o
marcado pelo escândalo, quando Nigani e seu
Barão Narglin não reconheceu o filho, e negava
filho pequeno compareceram ao salão para acusar
veementemente a existência de um caso com Ni-
os Narglin de seus crimes.
gani. A semelhança do garoto com o Barão era
Esta foi uma das últimas vezes que Nigani foi
muito grande, e o escândalo apenas aumentou de
vista em público. Muitos especulam que a gran-
proporção à medida que o garoto crescia.
de criadora do relógio da cidade tenha deixado
A paternidade do garoto não era o único re-
a cidade por desgosto ou para evitar retaliações,
conhecimento que o Barão Narglin se negava a
ou sofrido um destino ainda pior.
fazer. Apesar da maior parte das invenções que
A verdade é que ela foi capturada pelos Nar-
salvaram a economia de Mayvin terem sido ide-
glin, juntamente com seu filho Stamitos, ainda
alizadas por Nigani, o Barão sempre diminuía o
uma criança. O Barão aprisionou Nigani em um
papel da gnoma no processo, e se colocava como
aposento nos salões de seu grande palácio, e usou
374
seu filho Stamitos como forma de chantagear a
gnoma inventora.
Ela permaneceria aprisionada nos salões do
palácio dos Narglin, atuando como inventora se-
creta para a família, e seu filho receberia a melhor
educação que o dinheiro poderia comprar, em um
dos internatos da capital Il Aluk.
O palácio dos Narglin ganhou mais uma luxu-
osa ala, enquanto outra parte de seus salões foi
interditada, até mesmo à presença de emprega-
dos. Donos de uma riqueza invejável, a Baronesa
Roodyl Narglin jamais parou de expandir seu pa-
lacete, dotando as salas de intrincadas maravilhas
mecânicas, segredos, travas e passagens secretas,
uma excentricidade que esconde os segredos obs-
curos da família.
Séculos se passaram desde então. Os veios
das minas de Mayvin a muito se esgotaram, mas
a cidade de gnomos cresceu bastante. O Salão das
Patentes atraiu inúmeros inventores para a cida-
de, que é considerada um centro para o desenvol-
vimento de estranhos mecanismos tecnológicos.
Situada em uma posição central entre as cidades
anãs de Cataratas de Tempe e Corvia, a cidade
também se beneficiou bastante do comércio entre
os anões destas cidades.
A rica família Narglin continua no poder, mas
enfrentou sua cota de tragédias. Após anos de
confinamento e trabalhos forçados, Nigani fale-
ceu nas câmaras secretas do palacete dos Narglin.
Sua morte não foi divulgada, e após tanto tempo
de seu desaparecimento, seu nome já havia sido
esquecido pela população. Somente seu imponen-
te relógio, a maravilha mecânica com pequenas
figuras autômatas permanece como seu legado.
Pouco após este fato, contudo, o já idoso Ba-
rão Bilrug Narglin, consumido pela culpa, tirou
sua própria vida no Salão da Patente. Rumores di-
zem que uma carta foi encontrada em seu corpo,
mas o documento foi confiscado pela Baronesa
Roodyl Narglin, e seu conteúdo é um mistério.
A Baronesa assumiu o título e posição de seu
marido, e atualmente administra o império dos
Narglin com a ajuda de seus filhos. Ela parece
temer andar pelos salões de seu próprio pala-
cete, e ainda hoje a idosa gnoma mantem seus
arquitetos e construtores ocupados, eternamente
expandindo o palacete com salas e corredores
intermináveis.
A alguns anos, Stamitos Flacken, um reno-
mado inventor de Il Aluk, regressou à cidade de
Mayvin. Ele escapou por pouco dos eventos que
devastaram a capital Darkoniana e a transfor-
maram em uma Necropolis, e decidiu regressar
à sua terra natal, após passar a ser atormentado
por estranhas visões fantasmagóricas de sua mãe
desaparecida.
Assombrações agora parecem atormentar as
máquinas do Salão das Patentes, e uma das figu-
ras mecânicas do relógio central da cidade desa-
pareceu, como se tivesse tomado vida própria.
O legado de sangue dos Narglin e Flacken ainda
tem perigosos segredos não desvelados.
Pertencendo a Família
O legado de sangue dos Narglin pode perten-
cer a gnomos que sejam membros da nobre famí-
lia Narglin ou pertencer à linhagem de brilhantes
inventores Flacken.
Os membros da nobreza têm suas raízes li-
gadas ao Baronato de Mayvin, atualmente exer-
cido pela idosa Baronesa Roodyl Narglin. Estes
 • Antecedentes Sombrios •
membros podem ser filhos, netos ou bisnetos da
Baronesa, e receberam a melhor educação que o
dinheiro pode comprar.
Os abastados Narglin são arrogantes e orgu-
lhosos, e a maioria conhece em detalhes a histó-
ria do falecido patriarca, o Barão Bilrug Narglin,
cujas invenções salvaram a economia da cidade e
os tornaram ricos.
É esperado destes membros que se portem
com etiqueta digna de sua posição social, e que
desenvolvam competências que ajudem no desen-
volvimento dos negócios da família. A Baronesa
Roodyl Narglin é uma matriarca rígida e para-
noica, e gosta de ter o controle total das ações
dos membros de sua família.
Os membros da família Flacken são filhos ou
netos de Stamitos Flacken, e foram criados lon-
ge da morada ancestral dos Narglin. Por muitos
anos Stamitos foi beneficiado por um misterioso
benfeitor que quitou seus estudos, e ele se tor-
nou um brilhante inventor por conta própria.
Diversos membros deste braço familiar segui-
ram o ofício familiar, mas com a liberdade para
tomarem decisões e escolherem seus próprios
rumos, muitos aplicaram sua mente inquisitiva
em outras atividades.
Ambos os braços da família são marcados pela
criatividade, inteligência e obstinação, e pro-
curam transpor estas características em ideias
e criações originais. O passado sombrio desta
família também traz seu peso sobre os ombros
daqueles que portam este legado, e muitos sofrem
de uma grande inquietude e de constantes visões
e pesadelos.
Ao criar um gnomo membro da família Nar-
glin, primeira escolha entre ser parte da família
375
nobre que reside em Mayvin ou fazer parte do
braço familiar dos Flacken. Como as característi-
cas típicas de sua família influenciaram nas suas
escolhas de vida? Seu personagem decidiu seguir
a vocação como um inventor, ou aplicou seus
conhecimentos em outras áreas? Qual é a relação
de seu personagem com os demais membros do
seu braço familiar, e o quanto ele é atormentado
e conhece os segredos sombrios de sua família?
Proficiência em Perícias
Escolha duas perícias entre Investigação, His-
tória, Intuição e Arcanismo.
Proficiência em Ferramentas
Escolha duas proficiências em Ferramentas
entre Ferramentas do Alquimista, Ferramenta do
Funileiro, Ferramentas do Ferreiro ou Veículos
Terrestres.
Idiomas
Os membros da família Narglins podem esco-
lher 3 línguas, sendo uma delas a língua Darko-
nesa.
Equipamento
Todos os membros do braço da família Nar-
glin começam o jogo com roupas de aristocrata,
as ferramentas em que for proficiente, um obje-
to de horror que o liga diretamente ao passado
de sua família (escolha ou jogue aleatoriamente
entre a lista dos objetos constantes no Guia de
Van Richten para Ravenloft) e 20 peças de ouro.
Os membros do braço da família Flacken co-
meçam o jogo com roupas de viajante, as ferra-
mentas em que for proficiente, um item comum
376
ou objeto de horror que tenha alguma funciona-
lidade inesperada que ele tenha inventado com
seus experimentos, e 10 peças de ouro.

Característica
Mente – Engrenagens da
A mente dos Narglin/Flacken é inventiva e
treinada para a solução de problemas complexos.
A vocação como inventores e mecânicos permite
aos membros desta família serem especialmente
bons ao desvendar, construir ou desmontar arte-
fatos com engrenagens ou dispositivos mecânicos
e/ou armadilhas.
Os Narglin/Flacken recebem um dos seguin-
tes Talentos no Nível 1: Habilidoso ou Explo-
rador de Masmorras.
 • Antecedentes Sombrios •
Petrovna
A tradicional família Petrovna tem um pas-
sado nobre e glorioso, mas caiu em decadência.
Seus membros são altivos e orgulhosos de seu
legado, mas seu passado recente traz marcas de
escândalos, morte e insanidade.
História
A família Petrovna tem suas raízes históricas
nas terras ancestrais da Baróvia. Uma das famílias
nobres que participaram da fundação do reino
da Baróvia, esta tradicional família
era uma importante aliada da famí-
lia Von Zarovich.
Com sua propriedade ancestral
em meio a alta e imponente cadeia
de montanha dos Balinoks, eles en-
riqueceram explorando a atividade de
mineração. Sua crescente ascensão no
passado do antigo reino Baróviano fez
com que eles clamassem pela proprieda-
de de uma rica mina de prata localizada no
Monte Gries, na região onde hoje estão as ter-
ras de Dorvínia.
A família Petrovna entrou em disputa com a
família Dilisnya e Kasky pelo controle dos ricos
veios de prata do Monte Gries. A tensão entre
estas famílias culminou em violência, quando as-
sassinos não identificados mataram a matriarca
da família Dilisnya, Izabela Dilisnya. Um feudo
de sangue teve início, e o reino da Baróvia foi
envolto em uma guerra civil conhecida como a
Guerra das Adagas Prateadas.
O conflito durou 2 anos, em que confrontos
abertos, assassinatos traiçoeiros e vinganças en-
377
charcaram o solo de sangue. O Rei Barov Von
Zarovich, conseguiu pacificar o conflito em 316
BC, mas tal embate deixou o reino bastante en-
fraquecido, e despreparado para os conflitos que
seguiram. Apesar da pacificação dos conflitos,
o ressentimento ainda era forte entre a família
Petrovna, Kasky e Dilisnya.
Este cenário de conflito entre as famílias no-
bres da Baróvia permaneceu em suspensão, em
razão da invasão dos Tergs as terras da Baróvia.
Uma guerra sangrenta teve início, que se ar-
rastou ao longo das décadas. Os Petrovna tiveram
suas terras atacadas e conquistadas
pelos Tergs. Parte da família teve
que fugir para as terras de Borca
e Dorvínia, e sobreviver graças ao
apoio de seus outrora inimigos, en-
quanto alguns conseguiram se man-
ter em suas propriedades nas inalcan-
çáveis montanhas dos Balinoks.
Após 26 anos de guerra, os Tergs
conseguiram uma grande vitória em ba-
talha, e assassinaram o Conde Barov e sua
esposa Ravenia, rei e rainha da Baróvia. Apesar
do duro golpe, de forma surpreendente General
Strahd Von Zarovich conseguiu ganhar uma ba-
talha decisiva contra seus inimigos. Em 347 BC,
após 27 anos de duras batalhas os Tergs foram
derrotados, e Strahd iniciou a reconstrução de
seu reino.
Tendo permanecido leais à família Zarovich,
e desempenhado um importante papel na guerra
contra os Terg, os Petrovna tinham a expectativa
de recuperar suas terras e posição de prestígio.
Quando Strahd erigiu o Castelo Ravenloft para
ser o centro de seu poder, alguns membros desta
378
família foram enterrados nas criptas do castelo,
como um sinal de reconhecimento por sua leal-
dade e serviços prestados à família Zarovich.
No ano de 351 BC, a tragédia atacou o co-
ração do reino Baróviano. Toda a nobreza da
Baróvia foi convidada para as festividades do ca-
samento do irmão mais novo de Strahd, Sergei
Von Zarovich com a bela Tatyana Federovna,
uma camponesa da vila da Baróvia.
Ninguém jamais soube o que verdadeiramente
ocorreu naquela noite amaldiçoada, mas todos os
convidados do casamento foram assassinados de
forma misteriosa, e uma considerável parte dos
Petrovna desapareceu neste evento sangrento.
Naquela noite, as brumas se ergueram tra-
gando a Baróvia para o semiplano do medo. As
circunstâncias pouco esclarecidas deste massacre
do castelo Ravenloft repercutiram sobre o reino.
A família Dilisnya foi condenada como man-
dante deste massacre, e foram caçados pelo rei-
no. Conde Strahd simulou sua própria morte no
evento, para esconder sua natureza vampírica, e
assumiu a identidade do irmão Sturm Von Za-
rovich, que estava fora da Baróvia no momen-
to da tragédia. Como Sturm Von Zarovich, ele
assumiu o trono da Baróvia, e adotou o nome
Strahd Von Zarovich II, em homenagem ao herói
e libertador da Baróvia.
Apesar deste estratagema, os Petrovna suspei-
tavam de que a verdade por trás da terrível tragé-
dia escondia segredos macabros e sobrenaturais.
Com boa parte de seus membros assassinados na
tragédia no Castelo Ravenloft, os Petrovna se iso-
laram em sua propriedade nas montanhas, evitan-
 • Antecedentes Sombrios •
do se aproximar de Conde Strahd, mas também
evitando entrar em confronto com seu soberano.
Nos duros anos que se impuseram na Baróvia
após o seu isolamento pelas brumas, a família viu
sua riqueza, poder e influência definhar. Tendo
esgotado as minas de suas propriedades e afas-
tados de novas prospecções em terras distantes,
lhes restou a grandiosidade de seus antigos sa-
lões, e a altivez de um passado distante.
O receio de voltar a se aproximar dos Zarovi-
ch, fez esta família se fechar em sua propriedade e
círculo de aliados de confiança. O rápido declínio
de poder não foi acompanhado pela perda de sua
altivez e orgulho, e com o tempo os decadentes
Petrovna tiveram que se submeter a à casamentos
consanguíneos, para manter a nobreza de sua
linhagem.
Não demorou muito, para que estas uniões
cobrassem seu preço, e alguns membros da famí-
lia demonstrassem sinais de insanidade.
No ano de 634 BC nasceu Yagno Petrovna,
que viria a tornar o nome dos Petrovna novamen-
te conhecido pela Terra das Brumas. O franzino
e constantemente doente garoto era bem diferen-
te de seus irmãos, que gozavam da costumeira
saúde, força e virilidade dos Petrovna. A situação
precária do garoto ainda era piorada por seu es-
tranho hábito de conversar com amigos imaginá-
rios e seu medo de criaturas que só ele enxergava.
Yagno se tornou objeto de desprezo de seus
irmãos, e o alvo preferido de perseguições e tro-
tes. Quando completou 22 anos, um de seus
irmãos o trancou para fora de casa durante a
noite, para que ele encontrasse conforto em meio
aos seus monstros imaginários. Naquela noite,
tomado por seus medos, ele encontrou refúgio
379
em uma caverna, onde ele afirma ter tido uma
revelação de uma divindade protetora chamada
Zhakata.
Todos notaram a súbita mudança no com-
portamento de Yagno, que passou a se portar de
forma confiante e pregar de forma insistente e
fanática sobre a grande divindade Zhakata. Com
o passar do tempo, um antigo empregado da casa
desapareceu, e logo em sequência o corpo de um
de seus irmãos foi encontrado morto. As suspei-
tas sobre Yagno aumentaram, e ele foi flagrado
tentando assassinar um sobrinho recém-nascido
em um altar de sacrifícios improvisado nas ca-
vernas.
Perseguido por sua família ele fugiu até a
fronteira de brumas, onde desapareceu. As bru-
mas o encontraram e o levaram até as sagradas
terras de G’Henna.
Yagno encontrou em G’Henna a terra escolhi-
da de Zhakata, onde ele era a divindade absoluta.
Por toda aquela terra árida era possível vislum-
brar inúmeras estátuas de pedra de Zhakata, e
ao chegar a grande cidade de Zukhar ele iniciou
suas pregações fanáticas.
A Fé de Zhakata rapidamente tomou a popu-
lação de G’Henna e Yagno Petrovna se estabele-
ceu como o Alto Sacerdote da fé. A Igreja tam-
bém se estabeleceu como uma ditadura teocrática,
assegurando que todos observassem os sacrifícios
necessários a Zhakata, sob pena de enfrentarem
sua fúria e serem transformados em bestas feras
para vagar famintas pelas áridas planícies.
A outrora poderosa família Petrovna se viu
dividida. Enquanto muitos consideravam Yagno
Petrovna motivo de vergonha para a tradicional
família nobre Baróviana, outros enxergavam em
380
sua ascensão ao poder em uma terra distante
como um sinal de uma possível retomada de sua
posição de proeminência e glória. Muitos foram
atraídos para as desoladas terras de G’Henna,
convertendo-se à fé de Zhakata e se submetendo
ao comando de Yagno Petrovna.
Em 740 CB, após os eventos da Grande Con-
junção, G’Henna foi cercada e isolada pelas bru-
mas, perdendo o contato com as terras ao seu
redor. O Alto Sacerdote Yagno Petrovna redo-
brou o fanatismo de seus sermões, afirmando que
este evento se deu pela fome e fúria do aspecto
Devorador de Zhakata.
A família foi então dividida mais uma vez pe-
las brumas, com alguns membros se mantendo
em sua terra ancestral na Baróvia, e outros sendo
levados e isolados pelas brumas juntos com as
terras de G’Henna.
Pertencendo a Família
Os membros da família Petrovna são geral-
mente humanos, embora alguns meio-elfos tam-
bém possam ser encontrados em seu meio. Aque-
les que se moveram para G’Henna, mas entraram
em conflito com Yagno Petrovna podem ainda
terem sido transformados em Mongrels, tornan-
do-se calibans Ferais.
A família Petrovna é conhecida por sua arro-
gância, altivez e orgulho, e apesar da sua atual
decadência financeira, muitos se apegam ao seu
passado glorioso e nobre.
Astutos, eles se mantiveram leais a Conde
Strahd na Baróvia, ainda que tenham se isolado
em suas terras, tentando se afastar dos horrores
sobrenaturais daquele reino. Seu isolamento e
decadência levaram a inúmeras relações consan-
guíneas e a insanidade é um traço comum entre
seus descendentes.
A figura de Yagno Petrovna é também um
marco divisor entre seus membros. Muitos consi-
deram Yagno como a grande vergonha da família,
um louco e assassino que manchou a história e
o nome dos Petrovna. Este braço da família per-
manece em suas terras ancestrais na Baróvia, e
se apega à tradição de seu legado familiar.
Outros enxergam a ascensão de Yagno Pe-
trovna em G’Henna como um retorno triunfal
da família ao poder, uma chance de reconstruir
seus dias de glória. Aqueles que migraram para
G’Henna percebem que este regresso ao poder
é condicionado a adesão fanática ao credo de
Zhakata, a fé fundada pelo Alto Sacerdote e su-
premo governante Yagno Petrovna.
Ao criar um membro da família Petrovna, um
jogador deve primeiro estabelecer se seu persona-
gem pertence ao braço tradicional da Baróvia, ou
migrou e se converteu para a fé de Zhakata em
G’Henna. Como a criação tradicional e altiva da
família influenciou sua visão de mundo? Qual é a
relação do personagem com seu braço familiar, e
como isto influenciou em sua vida de aventuras?
Proficiência em Perícias
Escolha duas perícias entre Atletismo, His-
tória, Religião e Intuição.
Proficiência em Ferramentas
Escolha duas proficiências em Ferramentas
entre Ferramentas de Kit de Falsificação, Ferra-
mentas do Pintor, Ferramentas de Caligrafia ou
Instrumento Musical.
 • Antecedentes Sombrios • 381
Idiomas
Os membros da família Petrovna podem esco-
lher 2 línguas, sendo uma delas a língua Balok.

Equipamento
Todos os Petrovna começam o jogo com
roupas de viajante, as ferramentas em que for
proficiente, um objeto de horror que o liga di-
retamente ao passado de sua família (escolha ou
jogue aleatoriamente entre a lista dos objetos
constantes no Guia de Van Richten para Raven-
loft), e 15 peças de ouro.

Característica
Insanidade – Mácula da
Os orgulhosos Petrovna se isolaram em seu
círculo de confiança, e após inúmeras uniões con-
sanguíneas, alguns de seus descendentes desen-
volveram traços de insanidade.
Ao decidir fazer um personagem dessa linha-
gem familiar, considere desenvolver com seu
mestre e sua mesa uma insanidade ou peculiari-
dade que caracterize essa condição, permitindo
trazer novas possibilidades de interpretação e de
interação no jogo.
Esta visão deturpada da realidade torna suas
convicções ainda mais fortes e fanáticas. É difícil
convencer um Petrovna a sair de sua teimosia
cega.
Os Petrovna recebem um dos seguintes Ta-
lentos no Nível 1: Conjurador Ritualista, Curan-
deiro ou Lunático.
382
Renier
A tradicional família Renier tem sua origem
em um mundo distante, o mesmo local de onde o
domínio de Mordente foi tragado pelas brumas.
Essa família de ascendência nobre ganhou grande
prestígio por seus feitos, mas também sofreu com
os efeitos da maldição da licantropia.
História
Em um mundo desconhecido, onde outrora
estava situado o domínio de Mordente antes
de ser tragado pelas brumas, a fa-
mília dos Renier adquiriu fama e
prestígio através do notável Jaques
Renier, um explorador e aventurei-
ro que prestava serviços à família real.
Embora já tivessem uma ascendência nobre
menor, graças aos feitos de Jacques Renier
em serviço da coroa eles ascenderam so-
cialmente, e foram recompensados
com o governo do distante Con-
dado de Mordente, para onde se
mudou com sua família.
Jacques Renier assumiu o con-
trole daquelas terras distantes, e iniciou o gran-
dioso processo de expansão e colonização. Ao seu
convite, inúmeras famílias aristocratas vieram
ocupar a região, sob sua liderança e comando.
Ele também iniciou no Condado de Mordente
a construção da mansão de sua família, a impo-
nente Casa da Colina do Grifo. Alguma coisa
maligna rondou aquela construção desde o princí-
pio, e estranhos e macabros acidentes ocorreram
ao longo da obra.
Apesar destes contratempos, a mansão foi
finalizada, e a família Renier se mudou para o
imponente casarão. Poucas semanas depois,
contudo, toda a família fugiu no meio da noite,
alegando terem sido atacadas por forças sobre-
naturais.
A Casa da Colina do Grifo permaneceu aban-
donada por muitos anos, com uma má reputação
de ser um local maligno e assombrado, e mui-
tos especulavam o que poderia ter afugentado o
bravo aventureiro e explorador Jacques Renier.
Determinado a não regressar, Jacques determi-
nou a construiu a Mansão Heather, para onde se
mudou com a família.
Ninguém sabe como ou porque isso
aconteceu, mas a corrupção se instalou
no sangue dos Renier desde então. Dos
seis filhos que Jacques Renier teve com
sua esposa, cinco deles eram Licantropos
Naturais, sendo Homens Ratos. Alguns
alegam que o passado de aventuras de
Jacques veio cobrar seu preço, outros
afirmam que esta corrupção é fruto
do contato com as forças malignas
da Casa da Colina do Grifo, e al-
guns afirmam que esta mácula sem-
pre esteve presente em um dos ramos familiares,
e apenas estava contida por meios místicos.
Quando estas crianças cresceram e os sinais
de sua condição amaldiçoada começaram a se
manifestar, os Renier caíram em desgraça. Os
membros da família que eram licantropos foram
caçados, e tiveram de deixar as terras de Morden-
te, e aqueles que não estavam infectados com esta
mácula perderam prestígio e poder. Este cisma
gerou um grande ressentimento por parte dos
Renier licantropos, um ódio que não seria facil-
 • Antecedentes Sombrios •
mente esquecido.
Em Mordente a posição dos Renier foi minada
por jogos de intriga política, e a família Gode-
froy assumiu o controle e governo daquelas ter-
ras. Ainda assim, alguns membros desta família
permaneceram em Mordente, orgulhosos de sua
herança nobre e da história da família repleta de
aventuras e feitos heroicos.
Quando muitos anos depois as terras de Mor-
dente foram tragadas pelas brumas para o se-
miplano do medo, os Renier que permaneceram
naquelas terras foram tragados para este mun-
do sombrio. As terras desconhecidas que agora
cercavam o domínio de Mordente despertaram
o espírito aventureiro e explorador dos Renier,
e muitos deles mudaram-se para a Baróvia, em
busca de novas oportunidades de crescimento e
383
de restaurar o nome e glória de sua família.
Nas terras da Baróvia, os Renier logo des-
cobriram os horrores da vida sob o domínio de
Strahd Von Zarovich. Os aventureiros e corajo-
sos Renier se lançaram no projeto de livrar a Ba-
róvia deste mal ancestral, mas encontram apenas
a morte e sofrimento nas mãos de Conde Strahd
Von Zarovich. Todos os adultos do clã Renier
foram mortos nesta empreitada, abandonando
apenas crianças órfãs, que pouco sabiam sobre o
histórico e legado da família.
Estes jovens membros do clã Renier cresce-
ram unidos, e eventualmente migraram para as
terras de Darkon, em busca de oportunidades. A
família se estabeleceu bem nas terras Darkone-
sas, mas a natureza sobrenatural daquelas terras
moldou suas memórias, fazendo com que eles
384
acreditem que suas origens sempre estiveram li-
gadas a este grandioso reino.
Enquanto parte dos Renier se espalhava pela
Terra das Brumas, o ramo da família que havia
se tornado licantropos naturais permaneceu em
seu mundo de origem. Claude Renier, o patriarca
e senhor desta família de homens ratos, contro-
lava sua família com mão de ferro, e alimentava
sonhos de poder e vingança.
Afastados da nobreza e prestígio de seus an-
tepassados, eles aprenderam a viver entre dois
mundos, escondendo sua natureza monstruo-
sa com sagacidade, astúcia e manipulação. Estes
cuidados não foram suficientes para garantir sua
segurança, e quando o clã foi descoberto eles
passaram a ser caçados e assassinados.
Encurralados, eles tiveram de recorrer a me-
didas extremas e atravessaram um portal místico
para escapar de seus perseguidores. O cruel des-
tino trouxe este ramo da família também para as
terras das Brumas, e eles emergiram na cidade
de Silbervas, na Falkovnia.
O ambicioso e cruel Claude Renier vislum-
brou naquelas terras desconhecidas uma chance
de atingir seus sonhos de poder, e rapidamente
tomou o controle de uma guilda de ladrões, en-
quanto espalhava a infecção da licantropia pela
cidade.
Sua tentativa de ascensão ao poder não pas-
sou despercebida pelos militares, e quando um
Garra de Drakov foi mordido e infectado pela
licantropia, Vlad Drakov liderou uma campanha
para expurgar os licantropos de sua terra.
Por três anos, batalhas ferozes foram travadas
nos subterrâneos e esgotos de Silbervas, e este
período ficou registrado na história Falkovniana
como os anos dos Ratos Empalados. Diante da
iminente derrota e extermínio, restou a Claude
Renier liderar a fuga de sua família para a fron-
teira das Brumas.
Claude Renier e seu clã de Homens-Rato
emergiu no reino vazio e desabitado de Richemu-
lot, Aproveitando da estrutura de suas cidades
abandonadas para instaurar-se como líder daquela
região.
Os Renier se tornaram aristocratas daquele
reino, que logo atraiu imigrantes e exploradores
de diversas terras das brumas. Ainda que não
exista uma monarquia estabelecida, Claude Re-
nier estabeleceu seu poder e governo na região
com um misto de intriga, manipulação e medo.
Seu domínio sobre estas terras durou por mais
de duas décadas, até que em 726 BC ele morreu
em circunstâncias bastantes suspeitas, ao sofrer
os efeitos de um veneno, ser esfaqueado e depois
cair da janela do último andar de sua propriedade.
Desde seu assassinato, uma de suas netas, Jac-
queline Renier assumiu o posto como governante
de Richemulot, e embora mais sútil e diplomática
que seu avô, tem apertado seu controle sobre
estas terras.
Embora o poderoso clã dos Renier seja qua-
se que inteiramente composto por licantropos,
eles escondem sua natureza da sociedade, e se
ligam por casamento a outras famílias aristocra-
tas humanas, não infectadas com a maldição da
licantropia.
Embora Claude Renier ainda mantivesse vivo
o ódio e ressentimento contra o braço da família
Renier que permanecera livre da maldição da li-
cantropia, Jacqueline Renier enxerga estes paren-
tes distantes como possíveis indivíduos a serem
 • Antecedentes Sombrios •
manobrados por suas intrigas.
Após o desaparecimento do Rei Azalin Rex
nos eventos do Requiem, a Colheita Sombria,
que devastaram a cidade de Il Aluk em Darkon,
Jacqueline formalizou um convite ao braço de sua
família em Darkon, para que deixassem aquele
reino em caos, e viessem até Richemulot, para
reconectar os laços familiares antigos.
Muitos dos membros humanos da família
Renier aceitaram este convite, e agora estão em
Richemulot, cercados por seus parentes homens
-rato, e envolvidos nas intrigas e manipulações
de Jacqueline Renier.
Pertencendo a Família
Os membros da família Renier são geralmen-
te humanos, embora alguns meio-elfos também
possam ser encontrados em seu meio.
Os membros da família Renier podem per-
tencer a dois ramos distintos. Um dos braços da
família é conhecido como o braço de Darkon, e
abarca a linhagem que não foi contaminada pela
maldição da licantropia. Embora seu passado re-
monte as terras de Mordente, este histórico foi
esquecido por seus descendentes após tragédias
que dizimaram seus membros mais antigos e en-
quanto viviam nas terras de Darkon.
O segundo braço da família Renier abarca
o clã aristocrata que governa o domínio de Ri-
chemulot, e que é composto quase que intei-
ramente por homens rato licantropos naturais.
Um a cada seis filhos desta linhagem não nasce
como um licantropo natural, sendo um humano
(ou meio-elfo). Estes humanos são vistos com
desprezo por seus parentes Homens Rato.
Em ambos os braços da família os Renier par-
385
tilham características físicas comuns. Seus olhos
chamam bastante atenção, geralmente com fas-
cinantes cores azuis ou verdes, sua tez é pálida,
e seus rostos finos e angulares, e os cabelos cos-
tumam ser negros.
Ambos os braços da família possuem estrei-
tos laços entre membros de um clã. O braço de
Darkon, apesar de ter perdido o histórico de seu
legado ao longo dos anos, se manteve unido, e
os membros da família costumam se ajudar mu-
tuamente.
Já o braço da família de Richemulot, domina-
do por Homens Ratos, se mantem próximos em
um comportamento quase semelhantes ao de um
bando de ratos. Contudo, o comportamento des-
tes membros é marcado pela crueldade e traição
que usualmente permeia uma sociedade de lican-
tropos. Seus elos familiares são compostos mais
pela chantagem, intimidação e medo, do que por
um senso de lealdade, embora eles sejam astutos
para perceber que existe força em sua unidade.
Personagens que pertençam a família Renier
devem primeiro estabelecer a qual braço da famí-
lia eles pertencem. Caso os personagens sejam
humanos ou meio-elfos, é importante pensar o
quanto eles conhecem sobre o passado de sua
família, e os segredos que se escondem entre os
Renier. Se o narrador permitir, é possível até
mesmo começar com um personagem que é um
licantropo natural, e nesse caso é interessante
desenvolver qual é a relação do personagem com
o clã Renier que governa Richemulot.
Proficiência em Perícias
Se você pertence ao braço dos Renier de
Darkon escolha duas perícias entre Atletismo,
386
Sobrevivência, Intuição e Percepção.
Se você pertence ao braço dos Renier de Ri-
chemulot escolha duas perícias entre Furtividade,
Intimidação, Enganação e Persuasão.
Proficiência em Ferramentas
Escolha duas proficiências em Ferramentas
entre Ferramentas do Navegador, Kit do Disfar-
ce, Ferramentas do Ladrão ou Kit de Falsificação.
Idiomas
Os membros da família Renier podem esco-
lher 3 línguas. Se o personagem vem do braço
de Darkon, uma delas é o Darkonês, mas se ele
vier de Richemulot, uma delas será a língua Mor-
dentiana.
Equipamento
Todos os Renier começam o jogo com roupas
de aristocrata, as ferramentas em que for pro-
ficiente, um objeto de horror que o liga dire-
tamente ao passado de sua família (escolha ou
jogue aleatoriamente entre a lista dos objetos
constantes no Guia de Van Richten para Raven-
loft) e 15 peças de ouro.
Característica
Rato – A Maldição do
A maldição que afetou os Renier em um pas-
sado distante atingiu todos os membros da famí-
lia, independente de terem se tornado licantropos
naturais.
Se o seu personagem é um licantropo natural
(e você deve conversar com sua mesa antes de fa-
zer essa escolha), você automaticamente começa
o jogo com a Benção Sombria da Besta Interior,
conforme descrito no livro Guia de Van Richten
para Ravenloft.
Se o seu personagem é um humano, você tem
uma fraqueza e propensão a ser afetado pela lican-
tropia. É como se a “maldição da lua” procurasse
por você.
Todos os Renier, humanos ou licantropos,
desenvolvem uma forte alergia à uma substância.
Desenvolva com seu Mestre qual substância é
essa e dependendo do grau de exposição e tempo,
você pode ter desvantagem em testes de atributo
por até uma hora após o contato e, caso a subs-
tância seja ingerida, o personagem deverá fazer
uma salvaguarda de Constituição CD 15 (contra
veneno) com desvantagem. Caso falhe, ele fica
sob o efeito da condição envenenado até realizar
um descanso longo.
Abaixo segue uma lista de sugestão de subs-
tâncias alérgenas que podem ser escolhidas ou
jogadas aleatoriamente:
1 – Carne Bovina 11 – Carne de Peixe
2 – Beladona 12 – Sementes
3 – Carne de Frango 13 - Cogumelos
4 – Cânfora 14 - Platina
5 – Cobre 15 – Carne de Porco
6 – Dente-de-Leão 16 - Madeira
7 – Álcool 17 - Centeio
8 – Ouro 18 - Prata
9 – Frutas 19 - Açúcar
10 – Ferro 20 - Acônito
Os Renier têm habilidades sobre humanas de-
vido a seus laços sanguíneos de longa data com
licantropos. Os Renier recebem um dos seguintes
Talentos no Nível 1: Vigoroso ou Sorrateiro.
 • Antecedentes Sombrios •
Trevanato
A família Trevanato é conhecida por abrigar
pessoas honradas e bondosas, e tem em sua his-
tória heróis, clérigos, mártires, santos, paladinos
e cavaleiros. Apesar de seu passado como de-
fensores da luz e da bondade, eles são marcados
pela escuridão que combatem, e muitos foram
corrompidos pelas trevas.
História
A história da família Trevanato começa no
grande reino Avonleigh em um mundo desconhe-
cido do plano material. A família de nobres era
abastada e poderosa, mas conhecida
por sua caridade e filantropia.
A história da família está dire-
tamente ligada à Igreja de Belenus,
e inúmeros de seus membros per-
tenciam ao alto clero, com quatro
deles ascendendo à posição de Bispos,
e com Cassandra Trevanato chegando
ao posto de Mãe Sagrada, o mais alto posto
da Igreja.
Enquanto muitos se dedicavam à carreira cle-
rical, outros membros da família se destacavam
pelo caminho das armas, e tornavam-se cavaleiros
da Igreja. Dentre estes, grande destaque deve ser
dado a Kateri Trevanato, uma paladina e membro
da ordem de cavalaria chamada de O Círculo.
Tempos difíceis vieram até o Grande Reino
de Avonleigh, quando um ataque inesperado do
Império do Sul deu início às Guerras Heréticas.
Um ínfero chamado de Lussimar, que viria a ser
conhecido pela alcunha de Mortébano, possuiu
o grande Califa Muhdar ab Sang, e ordenou as
387
agressões que deram início a guerra. A criatura
dos planos inferiores usou seu domínio sobre o
Grande Califa para corromper os Ahltrian, ou-
trora grandes guerreiros leais ao Império do Sul,
e os transformar em cruéis assassinos.
Durante a guerra Kateri Trevanato liderou
seus cavaleiros em inúmeras batalhas, e conquis-
tou inúmeras vitórias. Contudo, a fortuna lhe
reservava um destino terrível, e perto de alcançar
a vitória, ela e diversos de seus cavaleiros foram
capturados pelos Ahltrian.
O ínfero Lussimar possui um dos Ahltrian,
chamado Lysander Greylocks, e comandou a tor-
tura e assassinato da maior parte dos cavaleiros
capturados. Apesar dos tormentos,
ela conseguiu se libertar, junto
com outros de seus cavaleiros, e
finalmente obteve sua vitória, ba-
nindo o ínfero Lussimar para os
planos inferiores.
Uma vez livres da influência do de-
mônio, as Guerras Heréticas chegaram
a um fim. O Grande Califa não suportou
a vergonha de seus atos sob a influência do
infero, e cometeu suicídio. Lysander Greylocks,
um dos Ahltrian, se arrependeu dos seus atos e
passou a viver como uma vida monástica. Kateri
Trevanato voltou para suas terras, onde foi re-
velado que estava grávida e deu à luz a criança
Alexi Trevanato em 608 BC.
Kateri Trevanato era uma líder atarefada, e
não tinha vocação para a maternidade. Alexi foi
deixado aos cuidados da irmã de Kateri, a Senho-
ra Victoria Trevanato, para ser criado ao lado de
seus primos Ferran e Aurora.
Alguns remanescentes dos Ahltrian não acei-
388
taram a derrota final na Guerra Herética. A Trí-
ade Sombria, a cúpula dentre os assassinos dos
Ahltrian decidiu invocar Lussimar novamente
dos planos inferiores, e aprisionaram sua essên-
cia em uma espada, a quem eles chamaram de
Mortébano. O plano deles era controlar a força
demoníaca através da espada, mas Lussimar se
mostrou mais forte que seus conjuradores, e os
assassinou, transformando-os em mortos vivos.
Incapaz de libertar sua essência maligna da espa-
da, ele usou estes mortos vivos para iniciar seus
planos de vingança.
Kateri suportara muitos traumas ao longo de
sua vida, e estava cansada de batalhas. Ela cons-
truiu a Mansão Trevanato para ser a morada de
sua família, e lá residia em isolamento. Após três
anos planejando sua vingança, Mortébano havia
encontrado, assassinado e transformado em mor-
to vivo Lysander Greylocks, e lançou um ataque
terrível à mansão.
O ataque resultou na morte de todos os ser-
vos e habitantes da mansão, e Mortébano ceifou a
vida de sua inimiga Kateri Trevanato, conseguin-
do sua vingança. Neste momento, contudo, estra-
nhas brumas envolveram a mansão, a o demônio
Mortébano, aprisionado na espada, se tornou o
Lorde Sombrio da Mansão Trevanato. Na man-
são isolada pelas brumas, a espada de Mortébano
estava aprisionada, e o espírito de Kateri vigia
a essência maligna de seu grande inimigo, para
impedir que sua influência corruptora se espalhe
além de sua prisão de brumas.
Mesmo aprisionado, contudo, a força malig-
na de Mortébano continua a corromper tudo a
seu redor, e muitos acreditam que ela é a força
maligna que envolveu a família e aliados de Lady
Kateri em tantos horrores e tragédias nos anos
vindouros.
Alguns anos depois da Mansão Trevanato ser
tragada pelas brumas, Elena Mantenedora da Fé,
uma aliada e companheira de batalhas de Kateri
foi tragada pelas brumas juntamente com o do-
mínio de Nidala, consumida pela sua visão into-
lerante da fé de Belenus.
Enquanto isso, Alexi Trevanato cresceu se-
guindo os passos de sua mãe, a lendária heroína.
Tornando-se um guerreiro sagrado, ele se tornou
um dos cavaleiros do Círculo, mas durante seu
rito de Ascensão, o Olho de Belenus foi encober-
to por uma sombra, com um eclipse cobrindo a
luz solar. Diante deste claro sinal de desaprova-
ção da divindade Belenus, ele foi rejeitado pela
ordem de cavalaria. Muitos consideravam que ele
havia sido julgado indigno, embora na verdade o
destino lhe reservava outro papel.
Ele descobriu que era um Paladino com um
dom raro, capaz de aprisionar o mal de seus ini-
migos derrotados em seu interior, impedindo
que eles retornassem através de outras formas,
e seguiu o chamado do destino, para finalmente
confrontar Mortébano.
Ele encontrou seu caminho pela floresta fan-
tasmagórica até a Mansão Trevanato, acompa-
nhado de alguns de seus aliados, e confrontou
demônio espada, finalmente o derrotando. Para
garantir que ele nunca mais voltaria, ele apri-
sionou a essência maligna Mortébano dentro de
seu corpo.
Após absorver a essência maligna do Lorde
Sombrio da Mansão Trevanato, Alexi perma-
neceu preso na morada ancestral dos Trevana-
to, e desta empreitada apenas seu primo Ferran
 • Antecedentes Sombrios •
retornou, para revelar o acontecido. Isolado na
Mansão Trevanato ele continuou aprisionando
a essência maligna de Mortébano, mas passou a
receber inúmeros cavaleiros peregrinos, e fundou
uma segunda encarnação do Círculo, conhecida
como A Ordem dos Cavaleiros das Sombras.
A tragédia também se abateria sobre os pri-
mos de Alexi, Ferran e Aurora. Ferran se tor-
nou líder do Círculo, e sua irmã Aurora seguia
o caminho clerical, e estava prestes a se tornar a
Mãe Sagrada da Igreja de Belenus.
Um dos principais conselheiros de Ferran
389
era Morgoroth, um necromante arrependido de
seu passado, que viera de um mundo distante.
Morgoroth era apaixonado por Aurora. Embora
ela também tivesse sentimentos por Morgoroth,
Aurora havia feito um voto de celibato em seu
caminho para se tornar a Alta Sacerdotisa de Be-
lenus, e rejeitou seus avanços.
Morgoroth havia se arrependido de seus atos
no passado, e abandonou um rastro de destruição
e maldade antes de chegar às terras Avonleigh,
mas um dia um paladino de seu mundo original
veio em seu encalço para exigir justiça. Em um
confronto contra este paladino, Morgoroth
assassinou seu perseguidor e este ato reacen-
deu seu lado maligno.
Ele assassinou Ferran, e sequestrou Auro-
ra, levando-a para sua morada. Inúmeros cava-
leiros do Círculo vieram para fazer um cerco
de sua morada, e ele os exterminou um a um.
Logo as brumas também vieram o envolver,
arrastando Morgoroth como um Lorde Som-
brio de um domínio que se juntou a Mansão
Trevanato e as terras de Nidala.
Morgoroth eventualmente teve seu corpo
destruído e sua essência espalhada por seu
domínio, mas ninguém conseguiu libertar Au-
rora, que permanece aprisionada e adormecida
dentro de um caixão de vidro.
Pertencendo a Família
Os membros da família Trevanato são hu-
manos ou meio-elfos, e orginalmente vem do
aglomerado das Terras das Sombras, ou do
Grande Reino de Avonleigh em um mundo
material desconhecido.
A história desta família está diretamente
390
ligada à Igreja de Belenus. Embora o panteão des-
ta fé abarque inúmeras divindades, a adoração à
divindade solar Belenus ganhou predominância
nesta cultura, que o venera como o Deus Maior.
Os valores propagados pela família raramente
estão dissociados destes valores religiosos, e é
esperado que os membros da família demostrem
devoção e lealdade à Igreja de Belenus, e se por-
tem de acordo com seus dogmas.
A família tem sangue nobre, e seus antepas-
sados já abrigaram homens e mulheres que ocu-
param altos postos na Igreja, se tornaram heróis
de guerra, ou paladinos e santos em defesa da
bondade e da luz. Novos membros da família são
pressionados desde cedo a honrarem este legado,
e muitos sucumbem diante do peso das expec-
tativas.
Se por um lado os valores da bondade e ge-
nerosidade permeiam a educação e valores da fa-
mília, as foças das trevas também perseguem e
atormentam os membros da família Trevanato,
deleitando-se com seu tormento, sofrimento e
possível corrupção.
Ao criar um membro da família Trevanato
estabeleça como o legado nobre, religioso e bon-
doso afetou a formação de seu personagem. O
seu personagem é um fiel devoto da Igreja de
Belenus ou um membro da Ordem de Cavalaria
do Círculo? Como as trevas que perseguem sua
família afetaram a vida de seu personagem?
Proficiência em Perícias
Escolha duas perícias entre Atletismo, Reli-
gião, História e Persuasão.
Proficiência em Ferramentas
Escolha duas proficiências em Ferramentas
entre Kit do Herbalista, Ferramentas do Ferreiro,
Instrumento Musical ou Veículo Terrestre.
Idiomas
Os membros da família Trevanato podem es-
colher 3 línguas, sendo uma delas a língua Ni-
dalan.
Equipamento
Todos as Trevanato começam o jogo com
roupas de nobre, as ferramentas em que for pro-
ficiente, um objeto de horror que o liga direta-
mente ao passado trágico de sua família (escolha
ou jogue aleatoriamente entre a lista dos objetos
constantes no Guia de Van Richten para Raven-
loft) e 20 peças de ouro.
Característica
dos Antepassados Sugerida – Sombras
Os membros da família Trevanato carregam
o legado de seus antepassados, e costumam ser
bem tratados e bem recebidos pela população do
aglomerado da Terra das Sombras ou fiéis devo-
tos à Igreja de Belenus.
Apesar de serem bem recebidos por seu re-
nome, grandes expectativas são postas sobre es-
tes membros, e é esperado que eles atuem com
justiça e bondade, agindo como defensores da
bondade e dos fracos.
Os Trevanato recebem um dos seguintes Ta-
lentos no Nível 1: Líder Inspirador ou Mestre
em Escudos.
 • Antecedentes Sombrios •
Shinpi
A família Shinpi é a poderosa família go-
vernante das ilhas que compõem o domínio de
Rokushima Táiyoo. Outrora donos de um pode-
roso império, com a morte de seu patriarca Haki
Shinpi a família entrou em uma guerra interna
e disputa pelo poder, e hoje está dividida e frag-
mentada.
História
A família Shinpi tem um passado de glórias
e tragédias, e atualmente enfrenta o mo-
mento mais tenso de sua história.
Haki Shinpi, o patriarca da família era
um Daimiô, um senhor de terras que acu-
mulava poder e riquezas e tinha inúmeros
vassalos sob seu comando.
O grande senhor de terras não estava
satisfeito com tudo o que tinha, e decidiu
que obteria para si um império. Detur-
pando o sentido do Bushido, o código de
honra dos guerreiros, ele conquistou as
terras de seus inimigos por meios brutais,
usando de traição, assassinato e crueldade
para esmagar seus opositores.
O Daimiô se tornou o Imperador das seis ilhas
do sol, nas terras conhecidas como Rokushima
Táiyoo. Ele governava com uma mão de ferro e
tirania, e sob seu comando o império floresceu.
O tempo de vida Haki Shinpi estava termi-
nando, contudo, e a idade finalmente alcançou
o guerreiro. Ele distribuiu entre seus seis filhos
a administração de cada uma das ilhas, enquan-
to observava cada um deles, para identificar seu
sucessor.
391
Aos seus olhos, nenhum deles se mostrou
digno de sua grandeza, e o Imperador recusava
ceder seu trono. Ao fim de sua vida, o vil gover-
nante recusava-se a abdicar de sua vida ou do seu
poder, até que finalmente veio a óbito.
Seu espírito recusou esse destino e o além
vida que aguardava um traidor e assassino. Sua
alma se ergueu dos mortos como um Geist, um
espírito morto vivo, e neste momento os Pode-
res Sombrios enviaram as brumas para carregar
Rokushima Táiyoo para o semiplano do medo.
O isolamento de Rokushima pelas brumas
trouxe grande instabilidade ao império, e
não demorou para que os filhos de Haki
Shinpi disputassem entre si o trono de
seu pai.
As seis ilhas foram emergidas em guer-
ra e conflitos terrestres e marítimos, com
conflitos abertos entre samurais e assassi-
natos sorrateiros cometidos por perigosos
ninjas.
Já no primeiro mês de conflito, os dois
filhos mais velhos de Haki foram assas-
sinados. Suas mortes foram sucedidas por
um grande desastre natural, quando tremores de
terras e ondas colossais varreram e afundaram as
ilhas que eles governavam.
Hoje a família Shinpi vive em conflito, e acu-
mula mágoas, intrigas e desejos de vingança. Os
Shujins e irmãos Yoku, Yake, Yami e Yugami
disputam uma guerra interminável, dividindo a
família, e arrastando Rokushima Táiyoo para a
desgraça.
O recente desvelamento pelas brumas de um
caminho marítimo que liga Rokushima Táiyoo
ao Núcleo tem alterado o equilíbrio da guerra.
392
O contato e comércio com estrangeiros pode ser
elemento que irá desequilibrar um conflito estag-
nado, e muitos Shujins têm trabalhado e enviado
emissários de sua família para terras distantes,
em busca de oportunidades.
Pertencendo a Família
Os membros da família Shinpi são humanos
ou meio-elfos, e estão divididos entre as diferen-
tes facções da interminável guerra que devasta
seu reino.
O personagem da família Shinpi deve ser des-
cendente de um dos seis filhos e herdeiros de
Haki Shinpi. É esperado que seus membros de-
vam obediência e lealdade ao Shujin do qual são
descendentes, e devem tratar seus parentes de
outra fação como inimigos. Os Shujins que ainda
governam as ilhas e disputam constantemente
pela pretensão de ser reconhecido como impera-
dor são Yoku, Yake, Yami ou Yugami.
Primos que outrora eram amigos, se torna-
ram amargos rivais, e esse despedaçamento da
outrora próspera família cobra seu preço sobre
a mentalidade de seus membros.
Os constantes embates, retaliações, traições,
assassinatos e vendetas geram profundas cicatri-
zes e mágoas entre seus membros, que envolvem
toda a família e Rokushima Táiyoo em um ciclo
vicioso de destruição.
Dois irmãos da família já foram mortos, e com
a morte deles a ilha que governavam foi tragada
pelo mar. Personagens que pertenciam a estas
facções perderam não apenas o Shujin a qual ser-
viam, mas também a ilha que lhe servia de lar e
as pessoas que nela habitavam.
Estes membros carregam os traumas da guerra
e destruição, que marcam profundamente o de-
senvolvimento dos personagens.
Muitos membros da família Shinpi estão di-
retamente ligados ao conflito que devasta o do-
mínio, e ocupam posições estratégicas na guerra
e nas cortes do Shujin a quem devem lealdade.
Outros abandonam a loucura da guerra, para
seguir seu próprio caminho, longe do constan-
te derramamento de sangue de seus parentes e
compatriotas.
A cultura de Rokushima Táiyoo valoriza pro-
fundamente a honra, etiqueta e a harmonia, e
os constantes ciclos de guerra e violação destes
valores iniciados pelo Imperador Haki Shinpi tem
causado degeneração destes valores.
Personagens que pertençam a família Shinpi
observaram em primeira mão a conquista de Haki
Shinpi por meio deturpação destes valores. Ago-
ra, durante a guerra de seus filhos pelo trono,
esta deturpação continua, embora muitos ale-
guem que desejam o trono com a pretensão de
restaurar estes valores.
Ao criar um personagem da família Shinpi
estabeleça primeiro a qual ramo da família Shinpi
você é descendente. O seu personagem está en-
volvido na guerra de Rokushima Táiyoo ou aban-
donou a batalha que envolve toda a sua família?
Como a constante guerra entre a família afetou a
formação de seu personagem? Quais traumas de
guerra o seu personagem carrega consigo, e como
isso afetou a visão e valores de seu personagem?
Proficiência em Perícias
Escolha duas perícias entre Atletismo, His-
tória, Percepção e Persuasão.
 • Antecedentes Sombrios • 393
Proficiência em Ferramentas Guia de Van Richten para Ravenloft) e 15 peças
de ouro.

Escolha duas proficiências em Ferramentas

entre Ferramentas do Ladrão, Kit de Venenos,
Característica Sugerida – A
Reprovação Espectral de Haki Shinpi
Ferramentas do Ferreiro e Veículos Aquáticos.

Idiomas
Os membros da família Shinpi são constan-
temente vigiados pelo olhar espectral de seu an-
cestral Haki Shinpi, que assiste com reprovação
Os membros da família Shinpi podem escolher
seus descendentes destruírem seu império.
3 línguas, sendo uma delas a língua Rokuma.

Equipamento
A constante presença destes olhares sobre-
naturais sobre os membros da família o tornou
sensível à presença de espíritos, e eles por vezes
Todos os membros da família Shinpi começam
conseguem pressentir quando adentram um am-
o jogo com roupas de viajante, as ferramentas
biente em que um morto vivo incorpóreo está
em que for proficiente, um objeto de horror que
presente.
o liga diretamente ao passado e braço da família
Os Shinpi recebem o Talento Médium no
Shinpi a que pertence (escolha ou jogue aleato-
Nível 1.
riamente entre a lista dos objetos constantes no
394
Timothy
Outrora uma tradicional família de Mordente,
o clã Timothy se espalhou pela terra das brumas,
e guarda um segredo terrível. Vivendo como aris-
tocratas infiltrados na sociedade ou como ere-
mitas nas Florestas de Verbrek, eles carregam
o sangue do lobo em suas veias, e escondem a
presença de licantropos naturais em seu meio.
História
A família Timothy tem sua origem no domí-
nio Mordente, em um clã aristocrata que ajudou
a colonizar aquelas terras. Ninguém sabe quando
esta linhagem foi maculada pela pre-
sença de licantropos, mas a ascen-
são desta família a aristocracia de
Mordente foi marcada por sangues
e garras.
O primeiro membro desta família
que comprovadamente manifestou ser
um licantropo natural foi Cain Timo-
thy, nascido em 637 BC. Cain ocultou
bem sua condição lupina, e se portava como
um lobo escondido entre as ovelhas de Mordente.
Mantendo a fachada de um aristocrata, ele se
casou com a prima, Elisabeth Timothy, e logo
sua família cresceu. Os frutos desta união gera-
ram uma ninhada de filhos, todos lobisomens
naturais.
Eowyn, Sean e Esther foram criados por seus
pais para sobreviverem entre a sociedade, caçando
entre os homens, mas à medida que desenvolviam
suas transformações lupinas durante a adoles-
cência, esconder esta família de lobisomens se
tornou cada vez mais difícil.
Esther Timothy conseguiu manter sua facha-
da como uma jovem aristocrata e se casou com
Richtor Dilisnya, passando a integrar a linhagem
daquela família. Poucos anos após este casamento
ser consumado, ela deu à luz a três outros filhos,
sendo um deles, Virginia Dilisnya, uma lobiso-
mem natural, que repassaria sua maldição lupina
a seus descendentes.
No braço tradicional da família, a tragédia ata-
cou o seio familiar, quando no ano de 679 BC,
o patriarca da família Cain Timothy, sua esposa
Elisabeth e o filho Sean foram mortos em cir-
cunstâncias misteriosas. Não se sabe se a morte
na família foi fruto do confronto com caçadores,
que finalmente desvelaram a facha-
da do clã lupino, ou uma disputa
interna pela liderança da alcateia.
Como herdeiro das posses da famí-
lia (e um dos fortes suspeitos pelas
mortes) Eowyn Timothy assumiu a
posição de líder do clã.
Eowyn se casou com Emily Gerhar-
dt, com quem também teve inúmeros fi-
lhos, mas apenas um deles revelou um lican-
tropo natural como o pai, e os outros para sua
decepção eram apenas humanos. Enquanto este
braço humano da família continuou a se espalhar
por Mordente e outros domínios, foi seu filho
lobisomem quem iria adquirir infâmia pela terra
das brumas.
Nathan Timothy já nasceu com a condição da
licantropia no ano de 684 BC, mas ao contrário
de seu pai, não pretendia permanecer em Mor-
dente. O jovem Nathan sempre teve o espírito de
um explorador, acreditava que poderia encontrar
o caminho de saída desta prisão de névoas, dedi-
 • Antecedentes Sombrios •
cando-se a explorar as terras das brumas.
Um lobisomem cruel, mas um astuto aprendiz
das lições de seu clã, ele se escondia entre os hu-
manos e se tornou o capitão de um navio fluvial,
e vagava em suas explorações abandonando um
rastro de morte e destruição.
Se passando por um amistoso homem dos
rios, ele se aproximava de suas vítimas, para ata-
car quando menos esperado. Sua crueldade e seus
crimes não passaram despercebidos pelos Pode-
res Sombrios. Em 708 do Calendário Baróviano,
acreditando já ter explorado todos os possíveis
caminhos da Terra das Brumas, Nathan guiou
seu navio Virago pelos rios até a fronteira de
névoas, e os Poderes Sombrios desvelaram então
o domínio de Arkandale.
Nathan acreditava estar desvelando um cami-
nho para fora das brumas, mas suas explorações
o levaram apenas até a sua nova prisão. Ele se
tornou o Lorde Sombrio de Arkandale, uma re-
gião cheia de colinas e densas florestas, e repleta
de pequenas comunidades ribeirinhas ao longo
do rio Musarde. A região ainda era repleta de
lobos e lobisomens, e refletiam os aspectos mais
sombrios da dissimulada natureza de Nathan.
O intrépido explorador e cruel lobisomem era
incapaz de cruzar as fronteiras de seu domínio,
e mais, se enfraquecia toda vez que se afastava
mais que 10 metros dos rios em que navegava.
Nathan adotou a máscara de um comercian-
te e navegador dos rios, um amistoso Capitão,
sempre pronto a fazer negócios. Muitas foram
as pobres almas que embarcaram em seu navio,
e jamais chegaram ao seu destino. Ele controlava
lobos e comandava lobisomens para atacar rotas
de comerciantes rivais, e rapidamente fez fortuna
395
como comerciante.
Nathan se casou com Priscila Schiling, e pou-
co tempo depois, eles tiveram uma ninhada de
seis filhos no ano de 709 BC. Dentre seus filhos
estava o infame Alfred Timothy, futuro Lorde
Sombrio de Verbrek, que parecia uma criança
fraca perto de seus irmãos.
O capitão dos rios tinha uma relação tumul-
tuada e violenta com sua esposa, que teve um fim
abrupto em 713 BC, quando, após circunstâncias
não esclarecidas, Priscila se lançou da embarcação
nas águas do rio, e morreu afogada. Até hoje não
se sabe se ela caiu enquanto fugia de Nathan, ou
se deliberadamente cometeu suicídio.
Nathan jamais teve tempo para criar nenhum
de seus filhos, e manteve uma relação fria, dis-
tante e perversa com estes. O cruel capitão en-
controu logo uma nova esposa, em Arabela, uma
jovem que lavava roupas a beira do rio. A bela
mulher foi infectada por Nathan com a lican-
tropia, e levada com ele como sua companheira
em seu navio, ajudando na criação de seus filhos
infantes.
Um de seus filhos Alfred, odiava seu pai, des-
prezando o modo como ele se relacionava com
humanos, e ainda na adolescência a abandonou
na companhia de Nathan para seguir seu próprio
caminho. Ele acreditava na supremacia lupina,
e que os humanos eram tão somente gado para
alimentar e servir aos seus instintos e fome.
Alfred se casou com uma prima distante,
Winifred Ratclif, também uma lobisomem, com
quem teve também diversos filhos licantropos.
Alfred, contudo, sentia um grande vazio e frus-
tração, e começou a vagar por Arkandale, onde
por vezes cedia a sua fúria assassina, massacrando
396
povoados humanos em seu caminho.
Nas terras repletas de lobos e lobisomens de
Arkandale, muitos povoados humanos faziam
oferendas e sacrifícios ao Deus Lobo, uma enti-
dade ancestral, com o intuito de evitar os ataques
lupinos. Alfred passou a fazer sacríficos e oferen-
das ao Deus Lobo, na esperança de se tornar seu
primeiro e grande sacerdote, mas a divindade não
respondia a suas preces.
Acreditando que os povoados humanos que
reverenciavam o Deus Lobo escondiam segredos,
Alfred procurou e aterrorizou seus acólitos, e
devorou todos que falharam em lhe confiar os
segredos desta fé monstruosa.
Frustrado, ele se entregou a fúria, e após um
longo massacre, quase foi executado após ser
capturado pela população furiosa. Ele foi salvo
da morte apenas pela interferência de Vistanis,
que viram que ele estava destinado a uma posição
de poder, e o salvaram da morte certa buscando
tornar o mesmo um aliado poderoso ou ao menos
deixar o mesmo com uma dívida para com o povo
Vistani. Ele retribuiu sua salvação com a morte
de seus libetadores, e se tornou o Lorde Sombrio
de Verbrek, no ano de 730 BC.
As terras de Verbrek foram desveladas ao sul
de Arkandale e também eram tomadas por uma
densa floresta, mas eram infestadas por lobiso-
mens devotos à fanática fé do Deus Lobo.
Durante os eventos da Grande Conjunção as
brumas se ergueram e, quando elas finalmente
retrocederam, o domínio de Verbrek havia se
expandido, e absorvido o domínio de Arkandale,
as terras que antigamente eram o domínio de
Nathan Timothy. Alfred interpretou esse evento
como uma bênção do Deus Lobo, e uma vitória
 • Antecedentes Sombrios •
contra seu pai, por quem nutre grande ódio e
desprezo.
Pertencendo a Família
Os membros da família Thimothy são geral-
mente humanos, embora alguns meio-elfos tam-
bém possam ser encontrados em seu meio.
Os membros da família Thimothy tem grande
chance de carregarem em seu sangue a maldição
da licantropia, e mesmo aqueles que não desper-
taram o lobo interior, possuem instintos mais
aguçados e bestiais.
Membros desta família podem estar espalha-
dos por diversas terras das Brumas, das selvagens
terras de Verbrek, aos civilizados povoados de
Mordente ou as cidades de Borca.
Aqueles que conhecem o segredo da família
sabem que seus grupos são liderados como alca-
teias, com seus líderes usualmente sendo os lobi-
somens mais fortes dentre o grupo. Até mesmo
membros humanos que conheçam estes segredos
respeitam esta liderança, e muitos são voluntária
ou forçosamente infectados com licantropia para
melhor se enquadrarem na família.
Dentre os braços da família que se espalharam
por Mordente, Borca e outros reinos do núcleo,
o sigilo sobre a presença de licantropos naturais
na família é reforçado desde cedo. Crianças são
doutrinadas e punidas caso não aprendam a man-
ter os assuntos da família entre seus membros, e
mesmo em suas caçadas devem aprender a ocultar
seu rastro de morte e sangue.
Muitos membros da família foram atraídos
para o braço de Verbrek e Arkandale, em busca
da liberdade e voracidade que somente as Flores-
tas infestadas de licantropos de Verbrek podem
397
conceder. Embora não tenham que esconder sua
natureza licantropa nestas terras, a sociedade de
licantropos de Verbrek pode ser igualmente bru-
tal, e é liderada pelo cruel Alfred Timothy, o
lobisomem Alfa e sumo sacerdote do Deus Lobo.
Por fim, alguns membros da família se tor-
nam lobos solitários, e se afastam de seu clã para
seguir seu próprio caminho. Alguns se tornam
perigosos assassinos e monstros como Nathan
Timothy, mas outros procuram lutar contra a
besta interior, ou mesmo usar suas garras para
uma vida de aventuras na terra das brumas.
Ao criar um membro do clã Timothy é pre-
ciso primeiro definir se o seu personagem é um
lobisomem natural ou um humano. Se o seu per-
sonagem for um lobisomem, como esta Benção
das Sombras afeta o seu personagem, e qual é
a sua relação com os demais membros de sua
alcateia/família? Se você for um humano, você
precisa estabelecer se o contato com sua família
foi rompido ou se você de alguma forma ainda
guarda os segredos sinistros de seu clã.
Proficiência em Perícias
Se você pertence à família Timothy escolha
duas perícias entre Atletismo, Sobrevivência, In-
tuição e Percepção.
Proficiência em Ferramentas
Escolha duas proficiências em Ferramentas
entre Ferramentas do Navegador, Kit do Dis-
farce, Ferramentas do Ferreiro ou Kit de Falsi-
ficação.
Idiomas
Os membros da família Timothy podem es-
398
colher 3 línguas. Se o personagem vem do braço
de Mordente, uma delas é o Mordentiano, mas
se ele vier de Borca ou Verbrek, uma delas será
a língua Balok.
em trabalhos intelectuais, devido a um instinto
de caça que parece tomar-lhes a mente.
Os Timothy recebem um dos seguintes Ta-
lentos no Nível 1: Vigoroso ou Lunático.

Equipamento
Todos os Timothy começam o jogo com
roupas de viajante, as ferramentas em que for
proficiente, um objeto de horror que o liga di-
retamente ao passado de sua família (escolha ou
jogue aleatoriamente entre a lista dos objetos
constantes no Guia de Van Richten para Raven-
loft) e 15 peças de ouro.

Característica – A Maldição do Lobo

A maldição que afetou os Timothy em um

passado distante atingiu todos os membros da
família, independente de terem se tornado lican-
tropos naturais.
Se o seu personagem é um licantropo natural
(e você deve combinar isso com os demais jogado-
res e mestre de sua mesa), você automaticamente
começa o jogo com a Benção Sombria da Besta
Interior, conforme descrito no livro Guia de Van
Richten para Ravenloft.
Se o seu personagem é um humano, você tem
uma fraqueza e propensão a ser afetado pela lican-
tropia. É como se a “maldição da lua” procurasse
por você.
Todos os Timothy, humanos ou licantropos,
possuem sentidos extremamente aguçados, per-
cebendo melhor o ambiente ao seu redor do que
os demais humanos.
Durante as noites de lua cheia, os membros
desta família são tomados por um estranho furor
e excitação, tendo dificuldade de se concentrar
 • Antecedentes Sombrios •
Van Richten
A família Van Richten se tornou famosa pelas
publicações de seu renomado escritor e caçador
de monstros Rudolph Van Richten. Suas origens
e passado remontam a séculos, e comprovam que
os Richten sempre estiveram em constante con-
flito entre a busca pelo conhecimento, e a cons-
tante luta contra as trevas que os cercam.
História
O passado da família Richten, assim como o
de muitas das famílias tradicionais de Darkon,
não pode ser investigado com segurança. Em al-
gum momento do passado, os efei-
tos sobrenaturais que agem sobre
Darkon possivelmente afetaram a
mente dos antepassados do Richten
para que estes acreditassem sempre
terem habitado as terras de Darkon.
Apesar deste efeito sobrenatural,
alguns eventos podem ser confirmados
em registros históricos, e a ascensão da
família Richten como uma importante família
aristocrata de Darkon pode ser atrelada ao passa-
do do notório alquimista Frederick Van Richten.
Uma de suas matriarcas e antepassadas era
associada ao culto de Hala, e conhecida como
uma sábia curandeira e herbologista. Contudo, a
memória desta antepassada distante passou a ser
mantida em segredo, quando a família se mudou
para a grande metrópole de Il Aluk, em busca de
novas oportunidades.
A vida na grande metrópole se mostrou de-
safiadora para o clã dos Van Richten, mas a um
grande custo eles conseguiram matricular o seu
399
brilhante e dedicado primogênito, Frederick Van
Richten para estudar como um médico no reno-
mado Instituto Bratslava.
Apesar de se destacar por sua mente investiga-
tiva e analítica, Frederick Van Richten jamais se
formou em medicina, tendo abandonado o curso
para perseguir outras áreas de conhecimento, que
abarcavam a teologia, filosofia e alquimia, campo
onde se destacou.
Rumores sinistros apontam que Frederick
Van Richten começou a perseguir as artes ar-
canas, e se envolveu com uma cabala secreta de
arcanos, conhecida como Fraternidade das Som-
bras, dedicada a desvelar os segredos sinistros
das brumas.
Seja qual for a verdade sobre
estes fatos, algum acontecimento
pouco esclarecido marcou o fim da
vida acadêmica de Frederick Van
Richten, e ele foi desligado do insti-
tuto Bratslava sem concluir seu curso
de medicina. Após este evento, Frede-
rick abandonou as artes arcanas e rompeu
com seus antigos mestres do instituto, tendo
retornado a sua casa em Il Aluk.
O retorno de Frederick à sua família, sem
que o jovem trouxesse para casa os frutos dos
anos de investimentos em seus estudos, foi visto
como uma tragédia por seu pai e seus irmãos. Sua
indisposição política com importantes famílias
aristocratas de Darkon também havia tornado a
permanência da família em Il Aluk insustentável,
e eles se viram obrigados a migrar para as proxi-
midades de Rivalis, onde outrora viveram seus
antepassados.
Nesta cidade habitada principalmente por
400
 • Antecedentes Sombrios •
Pequeninos, Frederick Van Richten conseguiu
reverter sua fortuna. O filho do Barão Pés-de-
-Vento, o jovem Arian Pés-de-Vento havia sido
acometido por uma terrível doença sobrenatural,
que lhe drenava as forças e parecia corromper
sua mente.
O Barão já estava desesperado com a situação
de seu filho, e não conseguiu encontrar respos-
tas para curar sua condição entre os clérigos da
Ordem Eterna, quando Frederick se prontificou
a ajudar.
Usando seus grandes conhecimentos em al-
quimia e herbologia, e sua experiência com o ar-
cano e forças sobrenaturais, Frederick descobriu
que a origem do mal que afligia o jovem mestre
Arian Pés-de-Vento vinha de uma rara e perigo-
sa espécie de planta que havia sido plantada no
Jardim da família Pés-de-Vento.
Após combater e destruir a ameaça, e livrar o
Arian Pés-de-Vento da aflição que lhe consumia,
o Barão Pés-de-Vento se mostrou extremamente
grato aos serviços prestados por Frederick Van
Richten. Ao descobrir que as sementes desta
planta assassina haviam sido enviadas como um
presente de um dos nobres de uma família rival
política dos Pés-de-Vento, o Barão foi rápido em
aplicar sua punição, e destituiu seus inimigos
de suas terras e propriedades, concedendo aos
Van Richten parte destas terras e espólios como
agradecimento.
Ascendendo à aristocracia Darkoniana, Frede-
rick Van Richten se estabeleceu naquelas terras,
e iniciou a construção da Richten Haus, a mansão
que deveria se tornar a morada ancestral de sua
família, em 637 BC.
A grandiosa mansão e propriedade da família
401
se situava na área rural de Rivalis, e Frederick
passou a se dedicar a produção agrícola, especial-
mente na produção de maçãs. Muitos afirmam
que ele usava seus conhecimentos alquímicos e
de herbologia em sua produção.
Na grandiosa Richten Haus, Frederick se es-
tabeleceu com sua irmã Helga, e pouco tempo
depois se casou, constituindo família, tendo dois
filhos, Otto e Shariss. Embora Otto fosse muito
semelhante a seu pai fisicamente e em persona-
lidade, ele não demonstrou interesse no estudo
de herbologia, medicina ou alquimia.
Otto se interessava bastante pelas artes mu-
sicais, e aplicava-se ao estudo de teoria musical
e história antiga. Otto foi treinado desde crian-
ça para suceder seu pai na administração de sua
propriedade, e se tornou um conhecido caçador,
mantendo uma grandiosa sala de troféus.
Sua irmã Shariss, herdara o intelecto e inte-
resse do pai pela medicina e herbologia, e logo
tornou-se uma referência local, ainda que reve-
lasse um comportamento apático e distante com
seus pacientes.
Frederick faleceu na Richten Haus, sendo en-
terrado no grandioso mausoléu construído para
abrigar a família. Neste casarão também nasceram
Rudolph e Maria, filhos de Otto e sua esposa.
O jovem Rudolph cresceu explorando a bi-
blioteca de seu avô e pai, e demonstrou grande
talento e habilidade para herbologia. Embora es-
tranhasse o temperamento frio de sua tia Shariss,
ela talvez tenha se tornado uma grande influência
para o garoto, que no futuro viria a seguir os
estudos na medicina.
A tragédia viria a acometer Richten Haus,
contudo. Em 683 BC, enquanto a família Richten
402
estava viajando, uma estranha sucessão de even-
tos acometeu a casa, e todos os cinco funcioná-
rios que atuavam na mansão morreram por atos
violentos, entre assassinatos e suicídios.
Este evento sinistro marcou profundamente
Rudolph e Maria, ainda crianças, e muitos afir-
maram que tal tragédia marcou a propriedade dos
Richten com uma escuridão.
Rudolph Van Richten estava dedicado a apro-
fundar o conhecimento na medicina, e esta re-
solução se aprofundou ainda mais quando sua
tia avó Helga morreu vítima da terrível peste da
Morte Escarlate em 688 BC.
No ano seguinte, o jovem Van Richten mu-
dou-se para Il Aluk, para prosseguir seus estudos
como médico.
Sua irmã Maria permaneceu com os pais, mas
estava já com o casamento marcado. Embora não
tenha se dedicado aos estudos como seu irmão e
avó, Maria era mais parecida com seu pai Otto,
e havia se tornado uma grande caçadora e uma
exímia musicista e artista.
Pouco após a ida de seu irmão para estudar
em Il Aluk, ela se casou com Arthur Clangor,
um médico e alienista com quem mantinha um
romance desde a adolescência, e eles se mudaram
para a cidade de Maykle. Em Maykle, Maria e
Arthur abriram o Asilo Clangor, para os men-
talmente perturbados.
Rudolph se casou também em Il Aluk com
Ingrid, um amor que carregava desde a infância.
Os respectivos casamento e funeral de Otto
Van Richten talvez tenham sido a última vez que
Rudolph e Maria se encontraram. Com a morte
do pai, Rudolph herdou a propriedade de Rich-
ten Haus, e ao concluir seu curso de medicina
se mudou com esposa Ingrid para a mansão onde
começou a atender como médico.
O casal teve um filho chamado Erasmus, em
692 BC, e a vida seguiu tranquila e pacífica. A
tragédia viria novamente ao encontro da Richten
Haus, contudo. Rudolph Van Richten foi pro-
curado uma noite por uma Caravana Vistani dos
Corvara, da tribo dos Radanavich, para salvar a
vida de um de seus membros. Incapaz de salvar
a vida do paciente, e temendo uma retaliação dos
Vistani furiosos, ele disse que eles poderiam levar
qualquer coisa de sua casa para compensar sua
incapacidade de salvar o paciente. Como retalia-
ção os Radanavich sequestram seu filho Erasmus.
Quando Rudolph Van Richten descobriu o
sequestro de seu filho, ele partiu em busca dos
Vistani, em sua busca que terminou em tragédia
para os Vistani e para Rudolph Van Richten.
Ele foi amaldiçoado por Madame Radanavich, e,
auxiliado por forças sombrias, também destruiu
os Vistanis.
Após esta tragédia Rudolph seguiu em busca
de seu filho, tendo descoberto que ele fora vendi-
do para Barão Metus, um vampiro. Ele encontrou
seu filho, já transformado em um vampiro, e o
destruiu com uma estaca no coração. O Barão
Metus decidiu retaliar contra Rudolph por este
ataque, e antes que ele voltasse para casa, assas-
sinou sua esposa Ingrid.
Marcado pela tragédia, Rudolph Van Richten
abandonou sua prática como médico, e passou a
pesquisar e caçar as criaturas da noite, tornan-
do-se famoso por publicar livros para partilhar
seu conhecimento.
As implicações políticas de algumas de suas
descobertas fizeram ele se mudar de Darkon,
 • Antecedentes Sombrios •
abandonando a morada ancestral da sua família, e
se estabelecendo no Condado de Mordente, onde
abriu uma pequena loja de ervas medicinais.
Sua fama e legado se espalharam pelas ter-
ras do núcleo, inspirando muitos estudiosos do
ocultos, caçadores de monstros e aventureiros.
Atormentado pela possível maldição que o acom-
panhava, Rudolph jamais voltou a ver sua irmã
Maria, e desapareceu subitamente em 750 BC.
Maria Van Richten se tornou uma musicista
famosa em Darkon, e teve um longo e próspero
casamento. Juntamente com seu marido Arthur,
foram responsáveis pela criação e expansão do
Asilo Clangor, e sua terapia musical para os men-
talmente insanos produziu resultados notáveis.
Atualmente octogenária e viúva, Maria já se
tornou bisavó. Apesar de ter adotado o nome do
marido no ato do casamento, muitos a conhecem
pelo seu parentesco com o famoso e renomado
autor Van Richten, e, especialmente após ter se
tornado viúva, muitos a chamam pelo seu antigo
nome de solteira.
Dentre seus muitos filhos e netos, diversos
seguiram a carreira do pai, e de seus antepassa-
dos e parentes maternos, tendo se dedicado à
carreira médica. Dentre os mais renomados está
Quintin Clangor, que atualmente administra o
asilo Clangor como seu alienista chefe.
Maria, contudo, jamais deixou de se perguntar
o que teria acontecido ao seu irmão, ou porque
ele evitou a ela e a seus sobrinhos durante todas
estas décadas.
Richten Haus, a morada ancestral desta famí-
lia permaneceu abandonada por muitos anos, e
talvez contenha a chave deste mistério. Rumores
sinistros apontam que esta construção se perdeu
403
nas brumas, e não pode mais ser facilmente en-
contrada.
Pertencendo a Família
Os membros da família Van Richten são ge-
ralmente humanos, embora alguns meio-elfos
também possam ser encontrados em seu meio.
Os Van Richten são uma família aristocrata
menor, e em decadência. O apogeu de seus dias
de glória e ascensão social ocorreram a mais de
uma centena de anos, e agora sua morada an-
cestral está esquecida, e seus membros se es-
palharam para longe de suas origens. Contudo,
os feitos de um de seus membros fizeram este
nome se tornar famoso na terra das Brumas, e
esta atenção pode atrair admiradores ou inimigos.
Aqueles que pertencem a família Van Richten
possivelmente são descendentes do braço familiar
de Maria ou de Shariss, a tia de Rudolph Van
Richten.
Muitos dos que carregam este legado de san-
gue hoje tem o sobrenome de Clangor, em razão
do casamento de Maria com Arthur. Contudo, a
fama e legado de Van Richten tem levado muitos
de seus parentes a reassumir o nome ancestral
de sua família.
Os membros da família Van Richten são co-
nhecidos por suas capacidades intelectuais e ar-
tísticas, e se destacam por sua dedicação e exce-
lência em suas atividades.
A vocação para o estudo da medicina é uma
tradição familiar, e muitos são os membros da
família que se aperfeiçoam nas artes curativas,
no estudo das doenças mentais, nos estudos de
ervas medicinais e alquimia.
As raízes ancestrais da família remontam a
404
sabedoria das sacerdotisas de Hala e dos segredos
dos alquimistas, e muitos também são os Rich-
tens que se aprofundam em segredos de herbolo-
Característica
Escuridão – Conhecido pela
gia, venenos, e pelo desvelar de mistérios ocultos
A mente investigativa dos Van Richten e sua
e segredos místicos.
atração pelos mistérios sobrenaturais lhe confe-
Para criar um personagem que pertence à fa-
re sempre vantagem em testes de conhecimento
mília Van Richten, primeiro pense de qual braço
sobre a natureza de criaturas das trevas.
familiar eles são descendentes. As tradições fami-
Graças ao legado de Rudolph Van Richten o
liares e legado de Rudolph Van Richten influen-
nome da família se tornou conhecido pelas cria-
ciaram em suas escolhas de vida? Como a fama
turas da escuridão, e são capazes de invocar o
do caçador de monstros e autor Rudolph Van
temor e ódio de seus inimigos.
Richten influencia a vida de seu personagem?

Proficiência em Perícias
Criaturas das Trevas poderão, a critério do
narrador, se sentirem intimidadas pelo nome da
família, ou buscarem fama, vingança e retribuição
Escolha duas perícias entre Medicina, Inves-
por eliminarem um parente do famoso caçador
tigação, História e Natureza.

Proficiência em Ferramentas
de monstros.
Os Van Richten recebem um dos seguintes
Talentos no Nível 1: Curandeiro ou Prodígio
Escolha duas proficiências em Ferramentas
(presente no Guia de Xanathar sobre Todas as
entre Ferramentas do Alquimista, Kit do Herba-
Coisas).
lista, Ferramentas do Caligrafista ou Instrumento
Musical.

Idiomas
Os membros da família Van Richten podem
escolher 3 línguas, sendo uma delas a língua
Darkonesa.

Equipamento
Todos os Van Richten começam o jogo com
roupas de aristocrata, as ferramentas em que for
proficiente, um objeto de horror que o liga di-
retamente ao passado de sua família (escolha ou
jogue aleatoriamente entre a lista dos objetos
constantes no Guia de Van Richten para Raven-
loft), e 15 peças de ouro.
 • Antecedentes Sombrios •
Von Zarovich
Os Von Zarovich são a família governante
da Baróvia por muitos séculos, e seu nome é
capaz de invocar temor e respeito por quase to-
das as terras do núcleo. Seu passado é trágico
e macabro, e muitos acreditam que as sombras
destes pecados ainda atormentam os membros
desta família.
História
A história da família Von Zarovich se confun-
de com a própria história do reino da Baróvia. O
calendário Baróviano se inicia com a fun-
dação do reino da Baróvia, quando a
família Von Zarovich conseguiu lide-
rar um movimento entre as famílias
nobres, e de ricos mercadores
para unificar pequenos feudos
e cidades-estados independen-
tes em um único reino.
Os Von Zarovich tornaram-se
os reis da Baróvia, e sua dinastia
cresceu em poder e influência, administrando
as tensões das inúmeras famílias nobres de seu
domínio. A reputação dos Von Zarovich era de
líderes rígidos, justos, virtuosos e religiosos, ten-
do determinado a adoção da religião de Andral, o
deus solar, como religião oficial da Baróvia, em
168 BC.
Nos anos de 230 BC, a Baróvia sofreu com
a invasão da Horda de Neureni. Os invasores
chegaram a cruzar os montes Balinoks, e sitiar
a cidade de Valaki, mas foram enfim rechaçados
pelos Baróvianos, liderados pela princesa general
Nicoleta Von Zarovich.
405
No ano de 299 BC nasceu a figura mais im-
portante da história dos Von Zarovich, que mar-
caria para sempre o legado desta família. Strahd
Von Zarovich era filho do Rei Barov Von Zarovi-
ch e da Condessa Ravenia Van Roeyen. Ele era o
filho mais velho, e herdeiro do trono da Baróvia,
a bela terra ancestral de seus antepassados, na
idílica paisagem dos Balinoks.
No ano de 314 BC, iniciou-se um perigoso
conflito entre as famílias nobres na região de
Borija, onde é a atual região de Borca. Os Di-
lisnya, Kasky e Petrovna disputavam o controle
das minas de prata do Monte Gries, e assassinos
não identificados mataram Izabela Dilisnya,
a matriarca da família. Um feudo de
sangue teve início, e o reino da Ba-
róvia foi envolto em uma guerra civil
conhecida como a Guerra das
Adagas Prateadas.
O conflito durou 2 anos,
em que confrontos abertos, as-
sassinatos traiçoeiros e vinganças
encharcaram o solo de sangue. O
Rei Barov Von Zarovich, conseguiu pacificar o
conflito em 316 BC, mas tal embate deixou o
reino bastante enfraquecido, e despreparado para
os conflitos que seguiram. Mais que isso, o pa-
triarca da família Dilisnya, Pidwilk, nutriu fortes
ressentimentos contra os Zarovich, acreditando
que a vingança pela morte de sua mãe não fora
concluída.
A tensão e ressentimento entre os Dilisnya e
Zarovich se agravou, e passou de pai para filho,
aumentando a inimizade entre estas famílias. Os
planos de vingança dos Dilisnya tiveram que ser
adiados, contudo, pois também em 320 BC, a
406
Baróvia foi invadida pelos Tergs. Eles vieram do
leste, e lançaram uma campanha militar amparada
por uma devoção religiosa fanática, a divindade
conhecida como Zagaz ou Za’far.
Liderados por Durukan, o imbatível, os Tergs
conquistaram a Baróvia rapidamente. Ao contrá-
rio das invasões bárbaras anteriores, os Tergs
conquistavam e se instalavam nas terras conquis-
tadas, espalhando sua cultura e os dogmas de sua
fé. A família Von Zarovich foi humilhada e teve
de fugir para o oeste como refugiados, na região
de Borca.
A guerra devastou a Baróvia, mas os exércitos
dos Tergs jamais ultrapassaram as montanhas
para chegar à região de Borca. Os Zarovich e ou-
tras famílias nobres da antiga Baróvia começaram
um sangrento conflito, liderados pelo jovem Ge-
neral Strahd Von Zarovich, o filho mais velho do
Rei Barov. O jovem nobre iniciou uma campanha
para recuperar a terra e a honra de sua família, e
mostrou-se um guerreiro corajoso, carismático
e um gênio militar.
No ano de 351 BC, a tragédia atacou o co-
ração do reino Baróviano. Toda a nobreza da
Baróvia foi convidada para as festividades do ca-
samento do irmão mais novo de Strahd, Sergei
Von Zarovich com a bela Tatyana Federovna,
uma camponesa da vila da Baróvia. Leo Dilisnya
decidiu realizar um arriscado e traiçoeiro golpe
de estado, e junto com a comitiva de sua famí-
 • Antecedentes Sombrios •
lia e alguns conspiradores, infiltrou no castelo
Ravenloft assassinos portando bestas, que iriam
eliminar seus inimigos e rivais políticos durante
as festividades.
Uma tragédia ainda mais macabra ocorreu na-
quele dia. Conde Strahd Von Zarovich cometeu
o assassinato de seu irmão Sergei para cumprir
um pacto macabro e se transformou em um vam-
piro. A morte de seu amado noivo e a presença
do monstruoso Strahd fizeram noiva Tatyana
cometer suicídio, saltando da bancada do Caste-
lo. Quando os assassinos de Dilisnya finalmente
atacaram Conde Strahd, suas setas envenenadas
nada fizeram contra o corpo morto do vampiro,
que em fúria assassinou quase todos convidados
deste casamento sangrento.
Naquela noite, as brumas se ergueram tragan-
do a Baróvia para o semiplano do medo. As cir-
cunstâncias pouco esclarecidas deste massacre do
castelo Ravenloft, repercutiram sobre o reino. A
culpa do massacre do castelo Ravenloft foi jogada
sobre a família Dilisnya, cujo nome foi arrastado
na lama da história. Conde Strahd simulou sua
própria morte no evento, para esconder sua natu-
reza vampírica, e assumiu a identidade do irmão
Sturm Von Zarovich, que estava fora da Baróvia
no momento da tragédia. Como Sturm Von Za-
rovich assumiu o trono da Baróvia, e adotou o
nome Strahd Von Zarovich II, em homenagem
ao herói e libertador da Baróvia.
Desde então, o recluso Conde Vampiro tem
governado a Baróvia, sob o disfarce de um de seus
inúmeros “descendentes”, que a cada geração re-
cebem um novo numeral após seu nome.
Apesar da tragédia no castelo Ravenloft ter
vitimado inúmeros membros da família Von Za-
407
rovich, estes nobres estavam espalhados por di-
versas partes da Baróvia, e alguns sobreviveram
ao massacre.
Aqueles que carregam o legado de sangue dos
Von Zarovich logo perceberam que a Baróvia se
tornou um local sombrio e cercado por brumas, e
muitos começaram a sentir o constante chamado
da escuridão.
Pertencendo a Família
Os membros da família Von Zarovich são
geralmente humanos, embora alguns meio-elfos
também possam ser encontrados em seu meio.
Aqueles que possuem o sangue dos Von Za-
rovich em suas veias carregam um legado san-
grento e macabro, e sentem atraídos para a es-
curidão. Sonhos macabros com o assassinato de
Sergei, o suicídio de Tatyana e com uma pálida
figura sombria nos corredores escuros do castelo
Ravenloft são frequentes.
Esta atração para a escuridão cobra seu preço
sobre os membros desta família, e muitos acabam
cedendo a corrupção e a loucura. Alguns poucos,
contudo, lutam contra esta escuridão e buscam
se redimir dessa herança maldita.
O nome Von Zarovich raramente é falado
sem causar uma reação naqueles que o escutam.
Na Baróvia, este nome é capaz de invocar o ter-
ror e reverência entre a população. Entre nações
estrangeiras este nome carrega o respeito de uma
família tradicional e poderosa da Baróvia, ou o
ódio alimentado por séculos contra um inimigo,
como nas terras de Borca ou Darkon.
Aqueles que portam este nome também devem
se portar de forma adequada. Ainda que o sobre-
nome esteja vinculado a graves crimes e tragédias
408
no passado, o seu Patriarca mor, o Conde Strahd
Von Zarovich, não tolera que seus familiares te-
nham comportamentos inadequados e exponham
o nome da família ao ridículo.
Membros devem se apresentar sempre com
vestes e equipamentos adequados, e se portar
com dignidade que se espera de um nobre. Aque-
les que desrespeitam este código de conduta, ex-
pondo o nome da família, podem receber visitas
inesperadas de agentes do Conde Strahd, que irão
lhe dar um aviso para retificar imediatamente sua
conduta. Aqueles que insistem em seus erros, po-
derão ser convidados coercitivamente a conversar
com o patriarca da família no Castelo Ravenloft,
de onde jamais retornam.
Muitos não suportam o peso de poderem es-
tar sendo vigiados pelos agentes de Strahd e a
pressão de desapontarem este sombrio patriarca,
e decidem viver em incógnito, abandonando o
nome da família.
Aqueles que permanecem na Baróvia e de al-
guma forma agradam aos interesses de Strahd
Von Zarovich podem ser recompensados com
terras e títulos, mas as exigências e sacrifícios
para permanecerem nas graças de Conde Strahd
se tornam ainda maiores.
Membros da família podem ser encontrados
em diversas partes do núcleo, mas a maior parte
dela se concentra nas terras da Baróvia, ou em
reinos como Kartakass, Invidia ou Verbrek.
Alguns, temerosos da atenção de seu patriarca
ou da constante atração da escuridão, viajam para
terras distantes, buscando se afastar das forças
sombrias.
Personagens que pertençam a família Von Za-
rovich devem primeiro estabelecer se conhecem
sua herança familiar, e qual é a sua ligação com
a terra ancestral dos Zarovich na Baróvia. Como
as visões e pesadelos que atormentam os Zarovi-
ch têm influenciado a personalidade e objetivos
do personagem? O personagem tem vergonha do
passado trágico de sua família, ou ostenta o so-
brenome tradicional de sua família?
Proficiência em Perícias
Escolha duas perícias entre Arcanismo, His-
tória, Intuição e Intimidação.
Proficiência em Ferramentas
Escolha duas proficiências em Ferramentas
entre Ferramentas do Alquimista, Ferramenta
de Caligrafia, Ferramentas do Cartógrafo ou Ve-
ículos Terrestres.
Idiomas
Os membros da família Von Zarovich podem
escolher 3 línguas, sendo uma delas a língua Ba-
lok.
Equipamento
Todos os Von Zarovich começam o jogo com
roupas de aristocrata, as ferramentas em que for
proficiente, um objeto de horror que o liga di-
retamente ao passado de sua família (escolha ou
jogue aleatoriamente entre a lista dos objetos
constantes no Guia de Van Richten para Raven-
loft) e 15 peças de ouro.
Característica – Sangue Maculado
A tragédia e sofrimento causados por Strahd
Von Zarovich amaldiçoou o sangue de toda a
linhagem dos Zarovich.
 • Antecedentes Sombrios • 409
Os personagens que possuem este legado são
atormentados desde a infância por constantes
pesadelos, em que presenciam relances da trági-
ca noite do casamento de Sergei e Tatyana. Os
Zarovich quando investigando ou pesquisando
sobre fatos envolvendo o passado da Baróvia ou
de Conde Strahd muitas vezes buscar estas in-
formações em suas visões e as comparam com
registros e relatos, saindo na frente que qualquer
pesquisador comum.
Os membros desta linhagem são constante-
mente atraídos para a escuridão, e devem lutar
ativamente para não serem corrompidos. A es-
curidão está sempre chamando por aqueles que
pertencem a família Zarovich, e parecem atrair
os poderes sombrios com suas duvidosas dádivas
mais do que outros personagens.
O nome dos Von Zarovich também carrega
o peso de seu passado. Em qualquer lugar da
Baróvia o uso do nome dos Von Zarovich pode
intimidar e persuadir de forma quase natural, e
por vezes isso até se estende a outros domínios.
Os Zarovich recebem um dos seguintes Ta-
lentos no Nível 1: Iniciado em Magia ou Luná-
tico.
410
Pés-de-Vento
A nobre família pequenina Pés-de-Vento (do
original Windfoot) é atualmente a líder da ci-
dade de Rivalis, a maior comunidade Pequenina
da terra das brumas. Apesar de serem conheci-
dos como grandes jardineiros e anfitriões, seu
passado também abriga sementes da discórdia e
tragédia.
História
A história dos Pés-de-Vento é marcada pela ri-
validade e tragédia. Em um passado remoto, a fa-
mília de Pequeninos fez parte da
primeira leva de colonos que
fundou a cidade de Rivalis,
ainda durante a Era Arca-
na do reino de Darkon.
A grupo de pequeninos co-
lonizadores eram liderados pela
família Burrowbrace, que após
prestarem grandes auxílio a um
dos governantes arcanos, receberam
como recompensa o Baronato da região de
Rivalis.
O Barão Burrowbrace liderou a construção da
cidade Pequenina de Rivalis, e atraiu inúmeras
famílias Pequeninas de muitas partes de Darkon
para construírem suas moradas em suas terras.
Os Pés-de-Vento foram uma das famílias que
originalmente vieram para colonizar a cidade de
Rivalis, e desde aquela época eram conhecidos
por sua grande habilidade em jardinagem, e tor-
naram-se fazendeiros e jardineiros das proprie-
dades do Barão Burrowbrace.
As promessas do Barão de uma nova vida e
oportunidade para os Pequeninos, logo se mos-
traram vazias. Embora os Pequeninos colonos ti-
vessem de fato recebido terras para plantar e criar
animais, tudo era feito sob estritos contratos de
servidão, e o Barão Burrowbrace se mostrava um
senhor exigente e ganancioso. Logo a maior par-
te dos pequeninos colonos estavam endividados
e presos a uma impiedosa rotina de trabalho, e
aqueles que desejavam retomar a um estilo de
vida nômade eram presos pelos homens do Barão.
Os anos de opressão do Barão Burrowbrace
germinaram o ressentimento da população de Ri-
valis, mas para se proteger ele contratou alguns
mercenários humanos, que
também passaram a ocupar
aquelas terras.
Quando os conflitos que
levaram o mago Darcalus ao
trono começaram a trazer o fim a
Era Arcana de Darkon, o Barão
Burrowbrace continuou apoiando
seu soberano nos conflitos que var-
reram o reino. Aproveitando-se deste
momento de instabilidade, a família Pés-de-
-Vento se juntou à família dos Hornblowers,
e juntos conspiraram para depor o Barão Bur-
rowbrace.
Em uma noite, às vésperas de uma batalha
pelo controle da região, os Pés-de-Vento aprovei-
taram de seu acesso aos salões do Barão, e juntos
com membros da família Hornblowers assassina-
ram os membros da família Burrowbrace.
Os corpos da família Burrowbrace foram en-
terrados e escondidos durante a calada da noi-
te. Sobre estes túmulos, os Pés-de-Vento deram
início a um jardim, que no futuro se tornaria o
 • Antecedentes Sombrios •
famoso Jardim de Cristal.
O desaparecimento dos Burrowbrace levou a
deserção de boa parte dos mercenários contra-
tados, e a região de Rivalis foi conquistada sem
grandes conflitos. O crime cometido durante a
calada noite não permaneceria um segredo por
muito tempo. Após a conquista do trono por
Darcalus, o Rei arcano decidiu recompensar os
traiçoeiros pequeninos que eliminaram um de
seus inimigos, e concedeu o Baronato de Rivalis
a família Pés-de-Vento.
A ascensão dos Pés-de-Vento a nobreza tam-
bém germinou o ressentimento entre as famílias
que outrora eram aliadas. Embora os Pés-de-Ven-
to tenham recompensado os Hornblowers com a
propriedade de algumas fazendas da região, eles
se sentiram preteridos e traídos por seus aliados
de conspiração, e com o tempo este ressentimen-
to floresceu em ódio e rivalidade.
Esta rivalidade se traduziu em inúmeros con-
flitos, intrigas e violência. Sempre que alguma
coisa terrível acontecia a um membro de uma
das famílias, os rivais estavam prontos para se
acusarem do crime, e muita sangue e lágrimas já
verteram no fértil solo de Rivalis.
Apesar de conviverem com rivais políticos
tão próximos, sob a liderança da família Pés-de-
-Vento, a cidade de Rivalis prosperou, para se
tornar a maior comunidade Pequenina da terra
das Brumas. Sob a influência dos gostos da fa-
mília Pés-de-Vento a cidade se tornou bastante
arborizada e florida, e é considerada um lugar
amistoso e aprazível a visitantes.
Sobre o túmulo secreto dos Burrowbrace, os
Pés-de-Vento construíram uma grande estufa,
um lugar belíssimo chamado de Jardim de Cris-
411
tal. Neste local, os mestres jardineiros da família
Pés-de-Vento cultivam e colhem flores de diver-
sas partes da Terra das Brumas, e desenvolvem
diferentes tipos de espécies de flores.
O interesse quase obsessivo dos Pés-de-Vento
por orquídeas das mais variadas espécies, foi um
ponto fraco encontrado pelos Hornblowers para
obter sua vingança. Após adquirirem um perigo-
so espécime das mãos de um feiticeiro, eles fize-
ram esta rara muda de orquídea chegar às mãos
de Arian Pés-de-Vento, o herdeiro do Barão.
Após cuidar e plantar a muda em seu Jardim
de Cristal, o jovem Arian foi acometido por uma
terrível doença sobrenatural, que lhe drenava as
forças e parecia corromper sua mente.
O Barão estava desesperado com a situação
de seu filho, e não conseguiu encontrar respos-
tas para curar sua condição entre os clérigos. A
salvação da vida do garoto veio através dos ser-
viços de Frederick Van Richten, um alquimista
humano.
Usando seus grandes conhecimentos em al-
quimia e herbologia, Frederick descobriu que a
origem do mal que afligia o jovem mestre Arian
Pés-de-Vento vinha da misteriosa espécie de or-
quídea que havia sido plantada no Jardim de da
família Pés-de-Vento.
Após combater e destruir a ameaça, e livrar o
Arian Pés-de-Vento da aflição que lhe consumia,
o Barão Pés-de-Vento se mostrou extremamente
grato aos serviços prestados por Frederick Van
Richten. Ao descobrir que as sementes desta
planta assassina haviam sido enviadas como um
presente de um dos Hornblowers, o Barão foi
rápido em aplicar sua punição, e destituiu seus
inimigos de suas terras e propriedades, conceden-
412
do aos Van Richten parte destas terras e espólios
como agradecimento.
Os Hornblowers foram destituídos de suas
posses e exilados, mas juraram vingança contra
seus inimigos. A sombra desta ameaça pairou
sobre a cidade de Rivalis, e muitos especularam a
ocorrência de um assassinato quando alguns anos
mais tarde o velho Barão Nickolas foi encontrado
morto em circunstâncias misteriosas.
Arian Pés-de-Vento assumiu o Baronato
de Rivalis ainda jovem, e exerce o cargo até os
tempos atuais. Após sua ascensão como Barão,
contudo, a tragédia ainda atacaria o coração da
família mais uma vez.
A filha de Arian, Vitra Pés-de-Vento, era co-
nhecida por sua beleza e generosidade. Ela se ca-
sou com Dolmar Bagpipe, um próspero fazendei-
ro local, e um primo distante dos Hornblowers.
Contudo, por toda sua vida ela tinha sido se-
cretamente admirada pelo franzino Galf Kloggin,
um pária na cidade Rivalis, que vivia isolado na
companhia de ratos. Ao saber do casamento de
Vitra, ele a procurou para se declarar mais uma
vez, mas ela o refutou com veemência. Galf assas-
sinou Vitra naquela noite, a enforcando com um
colar que havia sido um presente de seu marido.
Quando o corpo foi encontrado, a culpa rapi-
damente recaiu sobre Dolmar Bagpipe, especial-
mente considerando seu parentesco distante com
os Hornblowers. Atacado por uma turba enfure-
cida, ele conseguiu escapar de Rivalis com vida.
Desde então, o Barão Arian Pés-de-Vento pa-
rece ter perdido a alegria de viver, e permanece
deprimido em sua morada. Desde a tragédia de
 • Antecedentes Sombrios •
Necropolis, estranhas plantas monstruosas têm
crescido na estufa Jardim de Cristal. Muitos te-
mem que a energia negativa de Necropolis tenha
corrompido os jardins, mas talvez eles estejam
apenas refletindo a depressão e decadência do
patriarca da família.
Pertencendo a Família
Os Pequeninos da família Pés-de-Vento são
conhecidos como grandes anfitriões e mestres
jardineiros, e são apreciadores de boa comida e
luxos que a riqueza pode comprar.
A família tem orgulho de sua tradição como
jardineiros, e repassam entre as suas gerações os
segredos desta arte. Muitos se dedicam ao cultivo
de flores raras, e até mesmo ao desenvolvimento
de espécies híbridas e únicas.
Apesar de sua profunda relação com Rivalis,
não é incomum que muitos membros da família
desenvolvam a vontade de viajar e conhecer o
mundo, muito comum entre o povo pequenino.
Os Pés-de-Vento que sentem este desejo de
vagar pelo mundo são estimulados e financiados
pela família, e encaram este processo como um
rito de passagem. Inúmeros se juntam a bando
de aventureiros em busca de novos rumos, e ao
voltarem para casa, simbolicamente devem trazer
uma muda nova e desconhecida pela família, para
acrescer a estufa do Jardim de Cristal.
A paciência que demonstram para cuidar e
cultivar de seus jardins é um espelho de como
os líderes da casa conduzem as relações diplomá-
ticas, semeando alianças e contatos, realizando
e cobrando pequenos favores para germinar sua
rede de influência e poder.
Eles preferem a diplomacia ao combate, e mui-
413
tos já interpretaram equivocadamente esta posi-
ção como um sinal de fraqueza. Os Pés-de-Vento
são rápidos ao extrair do seu meio as ervas dani-
nhas, que possam prejudicar seu jardim.
Aqueles criados entre os Pés-de-Vento de al-
guma forma são influenciados pelas rixas e dis-
putas da família, e aprendem a temer e odiar os
rivais da família Hornblowers.
Membros da família Pés-de-Vento são Peque-
ninos e podem ser filhos ou netos do Barão Arian
Pés-de-Vento, ou parentes mais distantes como
primos e sobrinhos do Barão.
Para criar um personagem com este antece-
dente, é importante estabelecer como a cultura
da família influencia o comportamento do perso-
nagem. Como o seu personagem foi influenciado
pelo passado de conflitos e intrigas da família?
Como a tradição da cultura da jardinagem e flo-
ricultura influiu no seu modo de ver o mundo?
Por que motivos o seu personagem abandonou
o lar ancestral da família e decidiu se dedicar a
uma vida de aventuras?
Proficiência em Perícias
Escolha duas perícias entre Natureza, Persu-
asão, Sobrevivência e Medicina.
Proficiência em Ferramentas
Escolha duas proficiências em Ferramentas
entre Kit de Envenenador, Ferramenta do Co-
zinheiro, Kit do Herbalista ou Ferramentas de
Navegação.
Idiomas
Os membros da família Pés-de-Vento podem
escolher 3 línguas, sendo uma delas Darkonês.
414
Equipamento Novos Talentos
Para ambientar melhor os personagens de Ra-
Todos os membros do braço da família Pés-de-
venloft, criamos três talentos para se encaixarem
-Vento começam o jogo com roupas de viajante,
com alguns dos antecedentes familiares acima.
as ferramentas em que for proficiente, um objeto
Eles estão descritos logo abaixo.

Lunático
de horror que o liga diretamente ao passado de
sua família (escolha ou jogue aleatoriamente en-
tre a lista dos objetos constantes no Guia de Van
Você tem uma forte ligação com as fases da
Richten Ravenloft) e 15 peças de ouro.

Característica – Mestres
lua, talvez como um efeito colateral de uma insa-

Jardineiros
nidade superada (ou não) ou por sua linhagem.
Você ganha o traço visão no escuro pela dis-
tância de 9 metros. Se você já possui o traço visão
Os Pés-de-Vento são mestres na arte do cul-
no escuro, você adiciona 9 metros a sua distância
tivo e jardinagem das mais variadas espécies de
de visão no escuro.
plantas e flores. É praticamente impossível que
Você tem vantagem em testes e salvaguardas
um Pés-de-Vento se engane ao identificar uma
para evitar efeitos de insanidade.
planta, e diferenciar uma criatura planta de uma
As fases da lua te guiam: você ganha um pon-
planta comum.
to de inspiração a cada início de sessão.
Os Pés-de-Vento recebem um dos seguintes
Você aprende o truque Arte Druídica. Além
Talentos no Nível 1: Curandeiro ou Sorte Gran-
disso, você aprende a magia Raio Guia. Usando
de (presente no Guia de Xanathar sobre Todas
esse talento, você pode conjurar essa magia uma
as Coisas).
vez no círculo mais baixo dela, não podendo con-
jurá-la novamente antes de completar um descan-
so longo. Você deve escolher um dos seguintes
atributos para ser seu atributo de conjuração:
Carisma, Inteligência ou Sabedoria.

Médium
Você tem um dom sobrenatural de interagir
com os espíritos.
Você tem vantagem em testes de Carisma em
interações sociais com mortos-vivos incorpóreos
(que possuem a Característica Especial Movimen-
to Incorpóreo).
Com o uso de uma ação, você pode ver no
 • Antecedentes Sombrios •
Plano Etéreo a até 18 metros por 1 minuto. Se
o local foi palco de uma cena de forte emoção
como um assassinato, um ritual, um pacto ou
algo que deixe uma ressonância no plano etéreo,
você tem um breve vislumbre da cena, como um
flash. Algumas cenas macabras podem causar al-
gum tipo de efeito colateral, a cargo do Mestre.
Você pode usar essa característica um número
de vezes igual ao seu bônus de proficiência. Você
recupera todos os usos dessa característica após
completar um descanso longo.
Você aprende as magias Falar com Mortos e
Augúrio, e pode conjurar uma vez uma delas,
com seu objeto de horror (Guia do Van Richten
para Ravenloft) como foco mágico, no círculo
mais baixo dela, não podendo conjurar nenhuma
das duas após conjurar qualquer uma delas uma
vez até que complete um descanso longo. Você
deve escolher um dos seguintes atributos para ser
seu atributo de conjuração: Carisma, Inteligência
ou Sabedoria.
415
Tocado pela Morte
Eventos relativos a seu passado lhe conce-
deram o toque frio e alguns benefícios.
Mortos vivos de Inteligência 12 ou menor
ignoram a sua presença e não o atacam sem que
você ou um aliado seu os ataquem antes (com
ataques físicos ou magia) ou que sejam co-
mandados a atacar você.
Você tem resistência a dano necrótico.
Ao finalizar um Descanso Curto ou Longo,
você pode gastar um Dado de Vida para recuperar
pontos de um atributo que tenha sofrido dano
ou dreno (ou que tenham sido reduzidos de ou-
tra forma), da mesma forma que você recupera-
ria pontos de vida ao gastar o dado de
vida. Você também pode gastar
um dado de vida para terminar
um efeito que evite que você
recupere um ou mais pontos
de vida.
 Magia em
Ravenloft

“Eu lancei um feitiço em você, porque você

me pertence!”
(Canção I put a spell on you de Jalacy “Screamin’ Jay” Hawkins)
 Ergetus, Nova Vaasa, 761 BC
Caro avô Jules,
Espero que esta car ta te encontre bem.
Já se passaram muitos anos desde que deixei no Condado de Mordent
para seguir uma vida de aventuras com Laurie, e sei que não era isso que
você pretendia para nós. Sinto muito a sua falta e não tenho conseguido
tirar você dos meus pensamentos ultimamente, por isso decidi escrever
para você e compar tilhar com você alguns dos meus crescentes medos e
preocupações com a segurança de nossa família.
Em primeiro lugar, estou feliz em informar que me tornei uma maga muito
mais competente desde a última vez que nos falamos. Minhas viagens com
minha irmã nos levaram a muitos tomos e pergaminhos de conhecimento
arcano, e tive a sor te de contar com um mestre nas ar tes entre meus tutores.
Devo agradecer especialmente ao relutante, mas paciente meio-elfo Asvel,
que veio a terra das brumas de um lugar distante conhecido como Vale das
Sombras em Faerun.
Foi com a ajuda de Asvel que descobri um fato per turbador: as Brumas
que nos cercam podem exercer uma influência sobrenatural sobre o
funcionamento da magia. Parece que os feitiços malignos de necromancia
são mais for tes e poderosos, as adivinhações oferecem respostas mais
enigmáticas e enganosas e as maldições mantêm um controle mais for te
sobre suas vítimas, que pode até mesmo ser transmitida através de linhagens
de sangue através de gerações.
Esses estudos, combinados com os fragmentos perdidos de tex tos do
Dr. Rudolph Van Richten sobre o legado das heranças de sangue, me
desper taram para a possibilidade de que os Weathermay, assim como outras
famílias aristocráticas Mordent, possam estar sob os efeitos de uma terrível
maldição sobrenatural.
Enquanto reflito sobre a tragédia e a escuridão que parecem cercar nossa
família, não consigo me livrar da sensação de que uma antiga maldição ou
uma criatura sobrenatural maligna pode estar atrás de nós. Peço que tenha
cuidado enquanto estivermos ausentes e que fique atento a qualquer coisa
fora do comum.
Pretendo retornar para casa o mais breve possível, com a ajuda de
aliados competentes, para investigar este mistério de uma vez. Vou mantê-
lo informado sobre quaisquer novos desenvolvimentos e implorar para que
seja o mais cauteloso que puder nesse meio tempo.
Com amor,
Gennifer Weathermay
418
 • Magia e Horror Gótico em Ravenloft •
CAPÍTULO
X
Magia em Ravenloft
Magia e Horror Gótico em
Ravenloft
Castelos escuros e sombrios, paisagens deso-
ladas, nuvens negras cobrindo a luz da lua - estas
são as armadilhas da tradição gótica. As primeiras
histórias góticas eram sobre mistério e desejo - de
heroínas aprisionadas em uma fortaleza, sua pu-
reza e sanidade agredidas pelo terrível senhor da
mansão. Romances posteriores, como “Drácula”
e “Frankenstein”, deixam a heroína à margem,
e o “mal” toma o centro do palco. E as raízes de
Ravenloft estão profundamente enterradas nestes
romances, neste tipo de horror clássico onde o
mal é o centro de tudo.
Ravenloft não é um mundo no sentido tra-
dicional. Na verdade, ele é um semiplano - um
419
universo suspenso nos vapores do Plano Etéreo
(na cosmologia original) ou em um canto remoto
do Sombral (na cosmologia atual). Desta forma, é
provável que nada funcione como seria esperado
em Toril, Oerth ou Krynn, obviamente.
Aborde o Tema
Conforme trazido no livro O Caldeirão de
Todas as Coisas de Tasha, magias podem ser per-
sonalizadas. Ao jogar Ravenloft, isso é bastante
importante. A magia em Ravenloft costuma ser
sombria, estranha, misteriosa ou assustadora.
Por vezes, tudo isso junto. Até por esse caráter,
os habitantes das Terras das Brumas não costu-
mam confiar em conjuradores.
Considere trazer este aspecto ao jogo. Como
Mestre e como Jogador. Magias talvez tragam
gritos assustadores, cheiro de túmulo, cores frias
420
o tema do horror para a mesa de jogo.

Um Lugar no Sombral
Em cantos remotos do Sombral existem semi-
planos governados por seres amaldiçoados. Cada
um faz parte de um semiplano maior, conhecido
como Terra das Brumas.
O Capítulo 2 do Livro do Mestre, traz a Regra
Opcional: Desespero do Sombral. Se você não
estiver usando as regras de Medo, Horror e Lou-
cura que constam no Livro do Mestre, ou mesmo
e sensações e sentimentos de medo. Em um mun-
que esteja usando, considere dar uma olhada nes-
do comum, magias e habilidades que permitem a
tas regras para trazer um pouco da ambientação
uma criatura se deslocar de um lugar para o outro
de Ravenloft, ou melhor, em como o simples fato
de forma instantânea fazem apenas isso. Em Ra-
do mundo estar em um semiplano no Plano das
venloft, é possível que uma fumaça estranha ou
Sombras afeta completamente o ânimo daqueles
um cheiro de enxofre permaneça no lugar de onde
que vagam por Ravenloft.
partiu o conjurador. Um efeito mágico que per-
Ainda que você queira usar a Terra das Bru-
mita enxergar no escuro ou dar visão verdadeira
mas no Etéreo, como na cosmologia clássica, você
talvez faça com que os olhos fiquem vermelhos,
pode querer olhar estas regras e considerá-las em
ou faça com que os olhos fiquem inteiramente
sua mesa.

Entradas e Saídas
brancos, sem íris ou pupilas.
Além disso, é importante se lembrar de quem
está conjurando a magia. Um clérigo, bruxo ou
Os caminhos que levam às terras das brumas
vudam que honre os loa talvez passe um barbante
são muitos. Às vezes se chega por portais, por
ao redor de uma boneca ao conjurar uma magia
itens mágicos ou através de magia e viagens ex-
que imobilize um alvo. Um devoto de Ezra tal-
traplanares. Mas na maioria das vezes o viajante
vez tenha efeitos com névoas em suas magias. Já
chega ao semiplano contra a sua vontade.
um bruxo que tem horrores cósmicos como pa-
Brumas surgem vindas do nada e tragam o
trono pode trazer efeitos tentaculares enquanto
viajante, o levando a um dos domínios do medo.
vocaliza sua magia com palavras de um idioma
O que são as Brumas ou os Poderes Sombrios
indecifrável.
ninguém sabe. São como histórias contadas pelos
O tema de horror é essencial para que o clima
mais velhos para que crianças não os desobede-
de uma aventura na Terra das Brumas se diferen-
çam. E no Ravenloft, são as Brumas as culpadas
cie de uma aventura em Athas, Oerth ou Toril.
por aquilo que é desconhecido ou ameaçador,
Use e abuse de alterações cosméticas para trazer
sendo ou não verdade. Alguns teóricos separam
 • Magia e Horror Gótico em Ravenloft • 421
as Brumas dos Poderes Sombrios como entidades
diferentes. Nada, porém, é mais que especulação.
Se para entrar há vários caminhos, para sair
A Magia
Ravenloft é uma terra incerta, pois o medo
isso não é verdade. O consenso geral é que é
não permite certezas. Se a pessoa comum pode
impossível sair do Ravenloft. Magias que per-
viver quase toda a sua vida com pouco contato
mitem viajar pelos planos, se teletransportar e
com as trevas de fato, exceto por um boato aqui
outras formas de viagens não permitem ir além
ou uma história macabra ali, o mesmo não ocorre
das fronteiras dos Reinos do Terror. Mesmo um
com os conjuradores. Estes, mais cedo ou mais
Desejo é incapaz de permitir tal viagem. Porém,
tarde, conhecem a natureza sinistra do Semiplano
o que a maioria desconhece é que alguns fenô-
do Terror.

Mudanças
menos e conjunções permitem a abertura de por-
tais para o Plano Material. Porém, esses portais
não possuem sua localização conhecida e a chave
Para o habitante comum do semiplano, a vida
que os faz funcionar é ainda mais misteriosa. Se
em Ravenloft em nada se diferencia daquela que
não se sabe como fazê-los funcionar, saber para
leva o plebeu em Oerth, Toril ou em Athas. As
onde levarão é impossível. Alguns dirão, porém,
pessoas nascem, crescem, se reproduzem e mor-
que qualquer lugar é melhor que o Semiplano do
rem. Dia e noite seguem sua dança através do
Medo.
tempo, e histórias de coisas ruins e criaturas
Talvez a maior esperança para voltar para a
fantásticas e maléficas parecem não passar de
casa sejam as Brumas, que às vezes devolvem
contos de fadas e superstição. É raro para o ho-
os viajantes aos seus lares após cumprirem seus
mem comum entrar em contato com os horrores
propósitos.
que o cercam no semiplano.
422
Os aventureiros, no entanto, conhecem mais
o mundo. E aqueles que vieram de outros mun-
dos logo percebem algumas diferenças. A magia,
o psionismo, as habilidades e poderes nem sem-
pre funcionam da mesma forma que em outros
lugares.
As regras a seguir são opcionais para ajustar
sua campanha ao estilo de horror gótico de Ra-
venloft.

Adivinhação
A Adivinhação não é confiável em Ravenloft.
Influências terríveis fazem com que seja muito
mais difícil, ou impossível, discernir coisas que
seriam banais em outros mundos.
É impossível determinar o bem e o mal de for-
ma mágica ou através de poderes sobrenaturais.
Além disso, perceber a aura corrupta de mortos
vivos não é facilmente perceptível e qualquer po-
ras em Ravenloft (como metamorfos ou Lordes
der que tente determinar se um ser é um morto
das Trevas, mas não somente) exigem sucesso
vivo poderá ser resistido com uma Salvaguarda de
em Salvaguardas de Inteligência ou o persona-
Carisma onde a CD é determinada normalmen-
gem sofrerá uma loucura de curta duração, longa
te se for uma magia, ou pela seguinte fórmula:
duração ou mesmo permanente, conforme deter-
CD = 8 + modificador de proficiência + atributo
minado pelo DM.
relevante para uso de magia, caso a classe ou
Magias e poderes com o objetivo de predizer o
subclasse use magia, ou um atributo (carisma,
futuro ou revelar o resultado de ações presentes
inteligência ou sabedoria) definido pelo mestre.
também não são muito confiáveis em Ravenloft.
Caso a criatura tenha sucesso, nada pode ser de-
Todas essas magias indicam apenas o curso pro-
tectado.
vável dos eventos e, em muitos casos, podem ser
O mesmo ocorre quando se tenta ler a mente
afetadas ou controladas pelos caprichos do lorde
de um morto-vivo. Porém, em caso de sucesso,
do domínio. Esta restrição não afeta os augúrios
o morto-vivo percebe a tentativa e pode projetar
dos Vistani. Porém, em mais de uma ocasião, um
pensamentos e imagens falsas. Além disso, ter
Vistani ofendido ofereceu informações falsas ou
contato com a mente dessas criaturas horríveis,
enganosas, que levaram a uma trilha de sofrimen-
bem como de loucos e de diversas outras criatu-
to da qual não há volta.
 • Magia e Horror Gótico em Ravenloft •
Necromancia
Se a Adivinhação é alterada e enfraquecida,
a Necromancia é de certa forma ampliada e bas-
tante corrompida.
Criaturas mortas por feitiços e habilidades
necromânticas podem voltar como mortas vivas,
algumas vezes com sede de vingança contra aque-
le que as amaldiçoou.
Abaixo sugestões de mudanças nas principais
magias de Necromancia da 5ª edição de D&D:
Truques
Toque Necrótico (Chill Touch)
A criatura que sofre um ataque bem-sucedido
da mão esquelética e não seja um morto-vivo ou
constructo deve fazer uma Salvaguarda de Cons-
423
tituição ou seus pontos de vida máximos são re-
duzidos em uma quantidade equivalente ao dano
sofrido. Esta redução dura até o alvo terminar
um descanso longo.
Acudir os Moribundos (Spare the Dying)
Funciona normalmente.
Dobre a Finados* (Toll the Dead)
Alvos que tenham sucesso na Salvaguarda ain-
da sofrem metade do dano necrótico.
1º Círculo
Causar Medo* (Cause Fear)
Criaturas escolhidas como alvos desta magia
quando conjurada em círculos maiores não pre-
cisa estar a 9 metros umas das outras, desde que
estejam dentro da distância da conjuração (18
metros do conjurador).
424 Repouso Tranquilo (Gentle Repose)
Infligir Ferimentos (Inflict Wounds)
Funciona normalmente, no entanto, as moe-
O alvo desta magia sente um espasmo mus-
das a serem colocadas nos olhos do cadáver de-
cular e dor aguda caso não seja bem-sucedido em
vem ser de ouro.

3º Círculo
uma Salvaguarda de Constituição, fazendo com
que ela sofra uma redução em seu deslocamen-
to de 3 metros e tenha desvantagem em todos
Animar Mortos (Animate Dead)
os testes de Força, Destreza e Constituição até
Ao conjurar esta magia em níveis superiores,
o final do seu próximo turno. Mortos-vivos e
você controla três criaturas mortas-vivas adicio-
Constructos são imunes a este efeito.
nais ao invés de duas. Porém, cada criatura ani-
Raio Nauseante (Ray of Sickness)
mada por esta magia tem direito a uma salva-
Alvos que falhem em sua Salvaguarda de
guarda de Sabedoria (CD do conjurador). Caso
Constituição ficam envenenados por 1 minuto
ela tenha sucesso, ela está livre e pode agir como
e não apenas até o final de seu próximo turno.
quiser. A maioria delas (90%) se enfurece pela
Vitalidade Vazia (False Life)
transformação e ataca o conjurador. As outras
O conjurador ganha um total de pontos de
(10%) fogem e buscam liberdade.
vida temporários igual a 1d6+6 ao invés de
Falar com Mortos (Speak with Dead)
1d4+4. A conjuração em níveis superiores não
Esta magia funciona normalmente. No entan-
é alterada.

2º Círculo
to, informações sobre Lordes Sombrios tendem a
ser mais crípticas ou confusas do que o padrão e
o Lorde Sombrio do domínio sabe que perguntas
Cegueira/Surdez (Blindness/Deafness)
sobre ele foram feitas aos mortos, apesar de não
Alvos que falhem em sua salvaguarda, ao fa-
saber automaticamente quem as fez ou onde as
zerem uma nova salvaguarda ao final de seu tur-
fez.
no para encerrar o efeito da magia o fazem com
Invocar Morto-Vivo** (Summon Undead)
desvantagem.
O Morto-Vivo invocado por esta magia ganha
Raio do Enfraquecimento (Ray of Enfeeblement)
a característica Regeneração, recuperando 5 pon-
O alvo dessa magia, além dos efeitos normais,
tos de vida no começo de cada turno dele, desde
também tem desvantagem nos testes e nas sal-
que não sofra dano radiante. Caso isso aconte-
vaguardas de Força e se sente sobrecarregado
ça, essa característica não funcionará no começo
(seu deslocamento reduz em 3 metros). Caso o
de seu próximo turno. O Morto-Vivo não desa-
alvo já esteja sobrecarregado, ele se sente mui-
parece caso a concentração do conjurador seja
to sobrecarregado (seu deslocamento reduz em
quebrada. Ele permanece por toda a duração de
6 metros e ele tem desvantagem em jogadas de
uma hora, depois da qual é destruído, ou até ser
ataque, testes de atributo e em salvaguardas de
destruído em combate. Caso a concentração seja
Força, Destreza e Constituição).
quebrada, o morto-vivo deve fazer uma salvaguar-
 • Magia e Horror Gótico em Ravenloft •
da de Sabedoria no começo do seu turno para
se libertar do controle do conjurador. Caso isso
aconteça, ele passa a atacar o conjurador com o
melhor de sua habilidade. Mortos-vivos libertos
desta forma passam a obedecer fielmente o Lorde
Sombrio do Domínio enquanto existirem.
Manto Espiritual** (Spirit Shroud)
Ao conjurar esta magia em níveis superiores,
o dano aumenta em 1d8 a cada espaço acima do
3º e não a cada dois espaços acima do 3º.
Rogar Maldição (Bestow Curse)
Ler “Maldições”.
Revivificar (Revivify)
Ver Reencarnação, Ressurreição e a Volta dos
Mortos.
Simular Morte (Feign Death)
Essa magia funciona normalmente.
Toque Vampírico (Vampiric Touch)
Um humanoide (ou outro tipo de criatura
viva, conforme decisão do Mestre) morto por
esta magia retorna como uma cria vampírica (se
tiver até 11 dados de vida) ou como um vam-
piro (se tiver mais de 11 dados de vida) após 3
dias de sua morte, sem que cuidados para que
isso não ocorra sejam tomados (como o uso da
magia Repouso Tranquilo). Caso o conjurador
esteja presente no momento da criação de uma
cria vampírica, ela deve fazer uma salvaguarda
de Sabedoria (CD conforme a CD de magia do
conjurador) ou se torna escrava da vontade do
conjurador, podendo repetir a salvaguarda a cada
30 dias para se libertar. Caso o conjurador não
esteja presente, ou a cria vampírica tenha sucesso
na salvaguarda, ou um Lorde Sombrio use uma
ação na presença da cria vampírica para pegá-la
para si, ou que a criatura criada seja um vampiro
425
e não uma cria vampírica, então o morto-vivo
criado terá livre arbítrio. Neste caso, a criatura
desprezará o conjurador e planejará se vingar dele
da melhor forma possível.
Transferência Vital* (Life Transference)
O dano sofrido pelo conjurador não pode ser
curado por magias de cura, apenas através de
descanso. A quantidade de pontos de vida re-
cuperados pelo alvo da magia pode superar seu
máximo de pontos de vida. O total excedido se
torna pontos de vida temporários, que duram o
tempo máximo de 1 hora.
4º Círculo
Malogro (Blight)
Criaturas que falhem na salvaguarda desta
magia sofrem um nível de exaustão.
Sombras do Caos* (Shadows of Moil)
As distâncias dessa magia são dobradas. Desta
forma, as sombras transformam meia-luz em es-
curidão a até 6 metros do conjurador, e luz plena
em meia luz à mesma distância. O contra-ataque
das sombras a criaturas que atinjam o conjurador
com um ataque chegam a criaturas a até 6 metros
de distância do conjurador.
5º Círculo
Contágio (Contagion)
A duração dessa magia é de um mês. Além
disso, o alvo desta magia na Terra das Brumas já
começa com uma falha na salvaguarda de Cons-
tituição para evitar ficar doente.
Danse Macabre* (Danse Macabre)
Ao conjurar esta magia em níveis superiores,
você reanima três corpos adicionais ao invés de
dois.
426
Inundação de Energia Negativa* (Negative Ener-
gy Flood)
O dano causado pela magia (ou os pontos de
vida temporários concedidos a um morto-vivo)
aumentam em 1d12, sendo 6d12 no total e não
5d12.
Se for conjurada em círculos superiores, ela
aumenta em 1d12 para cada círculo acima do 5º.
Prostrar* (Enervation)
A magia não se encerra se você usar uma ação
para fazer qualquer outra coisa (mas o alvo não
recebe dano naquele turno) ou se o alvo sair do
alcance da magia, desde que ele não adquira co-
bertura total. A magia ainda se encerra se você
perder a sua concentração, ou se o alvo tiver
sucesso em sua salvaguarda.
Reviver os Mortos (Raise Dead)
Ver Reencarnação, Ressurreição e a Volta dos
Mortos.
6º Círculo
Círculo da Morte (Circle of Death)
Criaturas mortas por esta magia devem fazer
uma salvaguarda de Carisma ou retornam como
esqueletos (ver livro dos monstros) sob o coman-
do do conjurador. A cada 24 horas, mortos-vivos
criados desta forma fazem uma salvaguarda de
Sabedoria para recuperarem seu livre-arbítrio. O
conjurador pode controlar um número máximo
de mortos-vivos igual ao seu nível de conjurador.
Quaisquer mortos-vivos criados além deste limite
retornam automaticamente com livre-arbítrio.
Criar Morto-Vivo (Create Undead)
Ao conjurar esta magia em Ravenloft, não há
a necessidade de componente material. O número
de mortos-vivos criados por esta magia aumenta
em 1, conforme a escolha do conjurador. Assim,
ao conjurar esta magia no 6º círculo, o conju-
rador poderia criar quatro carniçais ao invés de
três, e ao conjurar, por exemplo, no 9º círculo,
ele poderia criar sete carniçais, quatro lívidos,
quatro inumanos ou três múmias.
Jaula da Alma* (Soul Cage)
Quando a magia termina, a alma que havia
sido aprisionada sente um desejo de vingança tão
profundo que busca um corpo para servir como
recipiente, se tornando um retornado com o de-
sejo obsessivo de matar o conjurador, da forma
mais inteligente e cruel que conseguir imaginar,
pois a vingança é um prato que se come frio.
Mau Olhado (Eyebite)
Essa magia não exige concentração quando
conjurada em Ravenloft.
Moléstia (Harm)
Quando conjurando esta magia em Ravenloft,
o tempo no qual os pontos de vida máximos ficam
reduzidos é de 24 horas. Além disso, ela tem
o seguinte efeito ao ser conjurada em círculos
superiores:
Em Círculos Superiores. Ao conjurar esta
magia usando um espaço de magia de 7° círculo
ou superior, o dano aumenta em 2d6 para cada
círculo do espaço acima do 6°.
Receptáculo Arcano (Magic Jar)
Essa magia tem efeitos perigosos em Raven-
loft. Se você morre como resultado desta magia,
você se torna um fantasma e seu corpo retorna
como um zumbi. Se a criatura morre como efeito
desta magia, a alma dela se torna um fantasma e
o corpo dela retorna como um zumbi. Qualquer
morto-vivo criado por esta magia tem livre-ar-
bítrio, é controlado pelo Mestre e nutre ódio
 • Magia e Horror Gótico em Ravenloft • 427
profundo pelo conjurador. aquele momento, mas com alinhamento maligno

7º Círculo
Dedo da Morte (Finger of Death)
Criaturas humanoides com mais de 7 dados
de vida mortas por esta magia retornam como um
inumano (wight) e não como um zumbi. Zum-
bis ou inumanos criados por esta magia fazem
uma salvaguarda de Sabedoria no momento de
sua criação e a cada semana de morte-vida. Em
caso de sucesso, o morto-vivo ganha livre-arbí-
trio e começa a sentir desprezo e rancor pelo
conjurador, que aumenta a cada dia que se passa.
Zumbis costumam atacar o conjurador na primei-
ra oportunidade. Inumanos, por outro lado, por
muitas vezes preferem fugir e esperar o melhor
momento para se vingar, incluindo criar zumbis
para servi-lo e se unir a outras criaturas para
melhorar suas chances de sucesso.
Ressurreição (Resurrection)
Ver Reencarnação, Ressurreição e a Volta dos
Mortos.
e obsessão em destruir a criatura original e tomar
seu lugar. Em caso de falha, a magia funciona
normalmente.
9º Círculo
Projeção Astral (Astral Projection)
Os Poderes Sombrios restringem com seve-
ridade as conexões entre Ravenloft e os demais
planos. Embora matéria do Plano Astral possa
ser trazida para Ravenloft, qualquer magia capaz
de projetar um alvo para o Plano Astral fracassa
automaticamente.
Ressurreição Verdadeira (True Resurrection)
Ver Reencarnação, Ressurreição e a Volta dos
Mortos.
Magias presentes no Guia de Xanathar sobre
Todas as Coisas.
Magias presentes no O Caldeirão de Todas as
Coisas de Tasha.

8º Círculo
Terrível Ressecamento de Abi-Dalzim* (Abi-Dal-
zim’s Horrid Wilting)
O dano necrótico causado por esta magia é de
12d10 ao invés de 12d8.
Clone (Clone)
Após os 120 dias de maturação do clone, o
clone faz uma salvaguarda de Carisma (CD da
magia conjurada pelo conjurador). O clone tem
as mesmas estatísticas da criatura duplicada. Caso
tenha sucesso, os Poderes Sombrios instilarão o
clone com sua própria força vital, com todas as
lembranças e memórias da criatura original até
428
Invocação Reencarnação, Ressurreição e a
Um conjurador só é capaz de invocar animais
e criaturas se eles existirem no domínio no qual
Volta dos Mortos
Os poderes que trazem alguém morto de volta
a magia foi realizada.
à vida não são imunes a falhas. Ao receber um
Se a descrição do domínio não indicar quais
efeito que o traga de volta a vida, a personagem
animais vivem lá, assume-se que a fauna local
ou criatura deve fazer salvaguardas contra a mor-
inclui tudo o que existe em habitats similares aos
te, como se tivesse começado seu turno com 0
de outros reinos. Para facilidade de referência,
pontos de vida. Ela não poderá ser estabilizada
os Mestres podem assumir que os domínios do
ou ser alvo de qualquer magia que modifique
Núcleo têm a ecologia parecida com as nações da
essas rolagens.
Europa Central e Oriental. Por isso, uma tenta-
Se ela obtiver 3 sucessos, ela retorna da morte
tiva de invocação não traria um elefante ou um
normalmente. Porém, se ela obtém 3 falhas, ela
tigre para a maioria dos domínios. O Mestre deve
retorna como um morto vivo (normalmente um
escolher uma criatura apropriada do domínio.
zumbi, mas o tipo fica a cargo do mestre). O jo-
Ravenloft é isolado do resto do multiverso,
gador não tem mais controle desta nova criatura
o que cria um problema para os conjuradores
que será controlada pelo mestre. Se uma criatura
que tentam invocar criaturas extraplanares. Em
recebe dano antes de ter seu terceiro sucesso ou
geral, a criatura ainda responde à invocação, em-
falha, ela morre instantaneamente e não poderá
bora raramente seja a que o conjurador tinha em
mais ser trazida de volta à vida.
mente e muitas vezes pouco amigável, especial-
Há boatos sobre pessoas que disseram ter ou-
mente quando a criatura tenta retornar ao seu
vido vozes sinistras com ofertas de pactos maca-
lugar de origem e descobre que não pode partir
bros para conseguirem voltar à vida (obter os três
do Semiplano.

Teletransportação
sucessos automaticamente), recebendo em troca
dádivas sombrias que podem trazer consigo o mal
e a corrupção, mas talvez sejam apenas lendas.

Maldições
Nenhum tipo de magia ou habilidade permite
que alguém viaje através de fronteiras de domínio
fechadas por um Lorde das Trevas ou para fora
Nenhuma magia pode remover uma maldição
do semiplano.
sem que ela seja resolvida de outra forma. Maldi-
ções lançadas no Ravenloft sempre possuem uma
cláusula de encerramento ou de impedimento.
Uma cláusula de impedimento é quando há algo
que possa se fazer para se evitar estar amaldiço-
ado. Se o guerreiro sofrer uma maldição que diz
 • Magia e Horror Gótico em Ravenloft •
“quando sua espada tocar o sangue dos vivos,
[...]”, ele poderá simplesmente nunca mais usar
uma espada e escapar da maldição. Já a condição
de encerramento libera o alvo da maldição caso
ele proceda de uma determinada forma. No exem-
plo anterior, talvez o guerreiro seja amaldiçoado
até que sofra o mesmo que aquele que rogou a
maldição sofreu.
Além disso, maldições são literais. É possível
evitá-las ou quebrá-las se as palavras puderem
ser enganadas. Se uma maldição durar até a mor-
429
te, morrer e reencarnar quebra a maldição, por
exemplo.
Maldições sobrenaturais como a licantropia
têm sua própria forma de serem quebradas. No
caso citado, por exemplo, o primeiro lobisomem
natural deve ser morto, ou seja, o lobisomem que
desencadeou a maldição. Lobisomens podem ser
naturais (nascidos lobisomens) ou se tornarem
lobisomens sendo infectados com licantropia,
como consta no Livro dos Monstros. Um lobiso-
mem infectado pode passar sua infecção adiante.
Apenas quando o lobisomem natural que infectou
a primeira vítima dessa série de lobisomens for
morto, a vítima poderá se livrar da maldição, ten-
do que receber a magia remover maldição antes
da primeira lua cheia após a morte do lobisomem.
A magia remover maldição não é capaz de
quebrar uma maldição no Ravenloft. Nenhuma
magia é. Porém, magias como essa, que em ou-
tros mundos tem esse poder, são capazes de anu-
lar os efeitos da maldição por um período de 10
minutos imediatamente após serem conjuradas.
Conjurar a magia rogar maldição exige inserir
uma cláusula de encerramento, além da salvaguar-
da. Cláusulas claras e fáceis de serem quebradas
fazem com que a vítima tenha desvantagem na
jogada de salvaguarda, enquanto cláusulas difíceis
geram vantagem nesta jogada. Cláusulas impos-
síveis podem inviabilizar a magia. A duração da
magia se torna permanente até que a maldição
seja quebrada.
O Poder de um Lorde de Domínio
Os poderes de um Lorde das Trevas não
podem ser desafiados ou confrontados. Se um
personagem tenta anular ou se tornar imune a
430
uma habilidade especial do Lorde do Domínio,
ele falhará. Por exemplo, se um Lorde do Domí-
nio convoca uma tempestade, nada será capaz de
detê-la ou enfraquecê-la, não importa o poder
utilizado.
A única forma de derrotar um Lorde, mesmo
os menos poderosos, é usar de suas fraquezas
contra ele.

Novas Magias
A magia sempre encontra seu caminho. Mes-
mo em um ambiente sombrio como Ravenloft, a
magia e seus usuários encontram novas formas
para se adaptarem às circunstâncias e necessida-
des.

Magias

Círculo
Nome da Magia Classe
da Magia
1 Identificar Pista Bardo, Guardião, Mago

2 Muralha de Sombras Bruxo, Feiticeiro, Mago

2 Suportar Carga Paladino

2 Tornar Vulnerável Bruxo, Guardião, Paladino, Mago

3 Alergênico Ilusório Artífice, Bardo, Druida, Guardião

3 Despertar Culpa Bardo, Bruxo, Feiticeiro, Mago

3 Reverter Transformação Clérigo, Druida, Mago

4 Refletir a Dor Clérigo, Paladino

5 Dança Macabra de Larrisa Bardo

5 Dança dos Mortos de Larrisa Bardo

 • Magia e Horror Gótico em Ravenloft •
Alergênico Ilusório
3º Círculo, ilusão
Tempo de Conjuração: 1 ação
Alcance: 36 metros
Componentes: V, S
Duração: Concentração, até 1 minuto
Ao conjurar essa magia, você se conecta a uma
vulnerabilidade que uma criatura escolhida a 36
metros de distância que você possa ver possui.
A criatura passa a ver, ouvir, farejar e sentir em
você algo que conecta você à vulnerabilidade dela.
Um vampiro poderia ver você com um colar de
alho, um licantropo talvez visse você empunhan-
do armas de prata e exalando o cheiro de acônito
pelo corpo, um fantasma poderia vê-lo segurando
um grilhão que o prende ao mundo mortal.
A criatura tem desvantagem ao atacar você e,
caso tenha sucesso, deve fazer uma salvaguarda
de Inteligência ou sofre 1d10 de dano psíquico.
Em caso de falha por 5 ou mais a criatura se sente
intoxicada, ficando sob o efeito da condição en-
venenada, mesmo que ela seja imune a esta con-
dição. A condição termina com o final da magia.
Dança dos Mortos de Larrisa
5º Círculo, encantamento
Tempo de Conjuração: 1 ação
Alcance: 36 metros
Componentes: S
Duração: Instantâneo.
Por meio desta magia, você realiza passos co-
reografados e precisos de uma dança que hipno-
tiza de forma macabra aqueles que assistem.
Escolha qualquer número de criaturas à sua
vista, no alcance da magia. Cada criatura viva que
431
puder vê-lo deve fazer uma salvaguarda de Caris-
ma. Criaturas que falhem na Salvaguarda sofrem
3d10 de dano necrótico, e metade se tiverem
sucesso. Criaturas mortas desta forma voltam
como zumbis que atacam a criatura viva mais
próxima. Mortos-Vivos e constructos são imunes
a este efeito.
No entanto, mortos-vivos escolhidos como
alvo devem fazer uma salvaguarda de Sabedoria
ou ficam paralisados por 1 minuto. Um morto-
-vivo paralisado pode fazer uma nova salvaguarda
ao final do turno dele para sair deste efeito.
Dança Macabra de Larrisa
5º Círculo, evocação
Tempo de Conjuração: 1 ação
Alcance: 18 metros
Componentes: S
Duração: Instantâneo.
Por meio desta magia, você realiza passos
complexos e ritualizados de uma dança do ocul-
to, evocando energias radiantes que os antigos
diziam emanar de um Plano Positivo da Matéria.
Perigosa para os vivos, essa dança é ainda mais
terrível contra mortos-vivos.
Escolha qualquer número de criaturas à sua
vista, no alcance da magia. Cada criatura que pu-
der vê-lo deve fazer uma salvaguarda de Carisma.
Criaturas que falhem na Salvaguarda sofrem 3d10
de dano radiante, e metade se tiverem sucesso.
Mortos-Vivos que falharem na Salvaguarda, no
entanto, sofrem 6d10 de dano radiante (e metade
se tiverem sucesso). Criaturas que falhem por 5
ou mais na Salvaguarda ficam amedrontadas até
o final de seu próximo turno.
432
Despertar a Culpa
3º Círculo, encantamento
Tempo de Conjuração: 1 ação
Alcance: 18 metros
Componentes: V, S
Duração: Concentração, até 1 minuto
Por meio desta magia, você traz à tona a um
alvo memórias de culpa por um erro passado.
Escolha uma criatura a 18 metros de distância
de você e que esteja à sua vista. A criatura de-
verá ser bem-sucedida em uma salvaguarda de
Sabedoria ou será inundada por um sentimento
de culpa por algum erro cometido no passado.
Ela ficará sob a condição atordoada até o come-
ço do seu próximo turno. Em cada um dos seus
turnos, você pode gastar uma ação para manter
o sentimento de culpa na criatura. Cada vez que
fizer essa escolha, a criatura tem direito a uma
nova salvaguarda para encerrar o efeito.
Enquanto estiver atordoada, qualquer criatura
que tente interagir com ela tem vantagem nos
testes de Carisma (para intimidá-la, ameaçá-la,
convencê-la, persuadi-la, enganá-la e demais in-
terações possíveis). Se a criatura for alvo de uma
magia prejudicial, de algum ataque ou sofrer al-
gum dano, a magia se encerra.

Identificar Pista
1º Círculo, adivinhação
Tempo de Conjuração: 1 ação
Alcance: Toque
Componentes: V, S
Duração: Concentração, até 1 hora
Ao conjurar essa magia, você ganha um leve
 • Magia e Horror Gótico em Ravenloft •
elo mental com uma criatura desaparecida (ou
que está em local desconhecido por você). Para
conjurar a magia, você precisa encontrar uma
pista como uma pegada, um lenço, um tufo de
cabelo, um pedaço de roupa rasgada ou uma gota
de sangue. Ao conjurar a magia, você descobre
imediatamente o tipo de criatura, o subtipo, seu
tamanho e tem uma leve noção da direção para
qual ela foi (Norte, Sul, Leste, Oeste). Você tam-
bém recebe um vislumbre rápido da aparência
da criatura no momento em que deixou a pista
encontrada.
Enquanto estiver concentrado na magia, você
tem vantagem em qualquer teste de atributo en-
volvendo localizar pistas e rastros da criatura,
incluindo (mas não somente) testes de Sabedoria
(Percepção), Inteligência (Investigação) e Sabe-
doria (Sobrevivência).
Muralha de Sombras
2º Círculo, ilusão
Tempo de Conjuração: 1 ação
Alcance: 36 metros
Componentes: V, S, M (um novelo de lã pre-
ta)
Duração: 1 minuto
Você conjura uma muralha de sombras verti-
cal e opaca de até 27 metros de comprimento, 9
metros de altura e 30 centímetros de espessura,
centrada em um ponto à sua vista, no alcance
da magia. A muralha permanece no lugar pela
duração da magia. Se você posicionar a muralha
de modo que esta passe por um espaço ocupado
por uma criatura, a magia falha, e sua ação e o
espaço de magia são perdidos.
Você e as criaturas designadas no momento da
433
conjuração podem passar pela muralha sem sofrer
qualquer efeito. Se outra criatura que pode ver a
muralha tentar atravessá-la, precisa ser bem-suce-
dida em uma salvaguarda de Inteligência ou ficará
cega durante 1 minuto. Nenhuma criatura pode
enxergar nada através da muralha sem o uso de
visão verdadeira.
Sombras, demônios das sombras e outras
criaturas sombrias (a cargo do Mestre) tratam a
muralha como algo intransponível.
Se uma magia de ilusão entra em contato com
a muralha, ela é absorvida por ela, deixando de
fazer efeito, e a muralha aumenta sua duração
em mais um minuto. Se a magia vier de um item
mágico, por exemplo, ela deixa de fazer efeito,
mas pode ser conjurada novamente conforme as
regras específicas daquele item mágico (uso de
ação, de cargas e demais circunstâncias que forem
apropriadas).
Refletir a Dor
4º Círculo, abjuração
Tempo de Conjuração: 1 reação
Alcance: 36 metros
Componentes: V, S, M (um símbolo sagrado)
Duração: Instantânea
Esta magia reflete toda dor causada por um
alvo a você. Quando você sofrer um ataque ou
magia que cause pontos de dano, você pode gas-
tar uma reação e fazer com que a criatura que o
atacou sofra como você sofreu. A criatura deve
estar dentro da distância e você precisa conseguir
vê-la. A criatura sofre a mesma quantidade e tipo
de dano que você sofreu, caso não tenha sucesso
em uma Salvaguarda de Constituição. Caso seja
bem-sucedida, ela sofre metade do dano.
434
Reverter Transformação vivos, ou a incapacidade de se curar também po-
dem ser “carregados” por você.
Uma vez que a magia se encerre, nenhum
3º Círculo, transmutação
efeito permanente é mantido contigo exceto qual-
Tempo de Conjuração: 1 ação
quer coisa que você tenha feito a si mesmo ou aos
Alcance: Toque
outros como consequência indireta da maldição
Componentes: V, S
(por exemplo, se você decide carregar a licantro-
Duração: 1 hora
pia de um alvo e, durante a noite, se transforma
Ao conjurar essa magia, a criatura tocada re-
e comete um assassinato).

Tornar Vulnerável
torna imediatamente a sua forma natural (forma
verdadeira) se não obtiver sucesso em uma salva-
guarda de Sabedoria. Não é necessário qualquer
2º Círculo, necromancia
teste para tocar a criatura (mas ela deve se encon-
Tempo de Conjuração: 1 ação
trar dentro do alcance da magia). A criatura alvo
Alcance: 36 metros
fica impedida de assumir qualquer outra forma
Componentes: V, S
até que use uma ação para tentar se transformar,
Duração: Concentração, até 1 rodada
fazendo uma nova salvaguarda. Em caso de falha
Você aponta o seu dedo para um alvo no al-
ela segue em sua forma verdadeira. Em caso de
cance (criatura ou objeto). Sua magia garante um
sucesso, a magia termina.

Suportar a Carga
breve enfraquecimento do alvo. Escolha um tipo
de dano. O alvo se torna vulnerável àquele tipo
de dano até que a magia se encerre. Criaturas
2º Círculo, invocação
que sejam bem-sucedidas numa Salvaguarda de
Tempo de Conjuração: 1 minuto
Carisma não são afetadas. Criaturas com imuni-
Alcance: Toque
dade ao tipo de dano escolhido não são afetadas.
Componentes: V, S, M (um símbolo sagrado)
Criaturas com resistência ao tipo de dano esco-
Duração: 24 horas
lhido tem sua resistência suprimida pelo tempo
Esta magia permite que você, temporariamen-
que a magia durar, se falharem na salvaguarda,
te, carregue a maldição de outra pessoa, toman-
mas não ficam vulneráveis.
do-a para si.
Se o alvo da magia não deseja se libertar da
maldição, a magia falha.
Você fica amaldiçoado por 24 horas, sob as
mesmas circunstâncias que o amaldiçoado ori-
ginal, permitindo que a antiga vítima tenha um
dia de alívio. Efeitos permanentes com a perda
de pontos de vida causada por efeitos de mortos
• Magia e Horror Gótico em Ravenloft • 435
 The
Black
Feather
 “Camilla: -Você, senhor, deveria desmascarar.
Estranho: -De fato?
Cassilda:amos-Dede fato, está na hora. Todos nós deix-
lado o disfarce, menos você.
Estranho: -Eu não uso máscara.
Camilla: (Aterrorizada, ao lado de Cassilda.) -
Sem máscara? Sem máscara!
O Rei de Amarelo, Ato I, Cena 2.”
- Robert W. Chambers, O Rei de Amarelo e Outras
Histórias de Terror.
438
CAPÍTULO

XI
The Black Feather

The Black Feather é um projeto para publicar material relacionado ao cenário de campanha de Ra-
venloft. Este projeto nasceu ainda antes do anúncio do Guia de Van Richten para Ravenloft e foi ini-
cialmente concebido como uma forma de trazer novos produtos ao nosso cenário de campanha favorito.

Criado por fãs de longa data do cenário clássico de Ravenloft que vem do domínio do Brasil, nós
estamos ansiosos para publicar novo material que dê vida à nossa visão do semiplano do pavor, conec-
tando novas ideias e propostas sem esquecer a vasta tradição e material que veio antes de nós.

Gabriel Damião Jansen
Gabriel Jansen é um fã de horror e fantasia
desde quando era muito jovem. Apesar de traba-
lhar como advogado, costuma passar seu tempo
livre com livros, filmes e RPG. Sua paixão por
jogos de RPG começa aos 10 anos, quando ele
assumiu o papel de narrador pela primeira vez.
Ravenloft é a combinação perfeita para sua
paixão por horror e fantasia, e ele tem uma cam-
panha em andamento nos últimos 17 anos, a
Caravana da Desgraça. Ele também tem um canal
no Youtube dedicado à história e personagens de
Ravenloft, a Hora do Corvo (Hour of the Raven).
439
Leandro Zerbinatti de
Oliveira
Leandro Zerbinatti de Oliveira nasceu em
02/05/1983 e atua como advogado. Apaixona-
do por fantasia desde jovem, conheceu os jogos
de RPG aos 9 anos, quando começou a Mestrar.
Seu cenário favorito de D&D é Ravenloft, e
sua campanha mais longa no Semiplano do Pavor
durou 15 anos. Durante esse tempo, contribuiu
com sites de fãs e netbooks e manteve um fansite
brasileiro de Ravenloft.
440
Pedro Wah
Pedro Henrique da Silva Wah é um especialis-
ta em design digital que se apaixonou pelo mundo
de RPGs. Sua primeira experiência com RPG foi
no início da 5a edição de D&D e é o típico “fore-
ver DM” entre seus amigos, mas sua paixão por
temas de fantasia medieval e horror gótico vem
desde sua infância.
Como um designer e Dungeon Master, suas
campanhas abusam de recursos visuais para com-
por uma sessão imersiva. Seu cenário favorito é
Ravenloft por suas tramas góticas que deixam os
personagens em dilemas morais, desafios mortais
e jogos mentais. Ele também publica alguns con-
teúdos em português em seu canal no YouTube,
Rajada Mística RPG.
Rafael Castelo Branco de
Oliveira Torres
Rafael Castelo Branco de Oliveira Torres nasceu
em 4 de agosto de 1977 e trabalha na área administra-
tiva de uma Universidade Pública no Brasil, no estado
de Minas Gerais. Ele começou a jogar D&D nos anos
90, quando ele conheceu o cenário de Ravenloft.
Rafael escreveu alguns livros infantis e um livro
de contos, crônicas e poemas. De RPG, Ele escreveu
3 livros que estão a venda na DMSGUILD em lín-
gua portuguesa (um sobre Itens Mágicos, um sobre a
criação de Monstros e Personagens do Mestre e, por
fim, um sobre armadilhas, envolvendo as regras que
envolvem encontrar, identificar e desarmar armadi-
lhas e várias novas armadilhas). Ele também escreve
e gerencia a página Meus Pergaminhos na internet
com material focado em D&D incluindo material de
campanha, abordagem de cenários, aventuras, dicas e
muito mais, todo conteúdo em português.
 441
Obrigado por seu tempo!