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1. INTRODUÇÃO
Micro counts as ‘tonality’ only in contrast with ‘normal tonality’ in its role as
a system of reference. Where this system of reference has become obsolete,
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Informações obtidas em Wikipedia, https://en.wikipedia.org/wiki/Georg_Friedrich_Haas, e Universal Edition,
https://www.universaledition.com/georg-friedrich-haas-278. Acesso em 24 de novembro de 2019.
2
In: Berliner Philarmoniker – Digital Concert Hall, https://www.digitalconcerthall.com/en/interview/3849-2.
Acesso em 26 de novembro de 2019.
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the notion of ‘microtonality’ has been replaced by the free decision of the
individual composer in his use of pitch as his material. 3
Ele trabalha com uma visão estética que é guiada pela missão de articular “as emoções
humanas e estados de alma de tal maneira que outros seres humanos consigam abraçar essas
emoções humanas e estados de alma como suas”, com peças de natureza soturna, com efeitos
de luz que são prescritos em suas partituras, a exemplo de in vain (2000), escrita em lamento
pela nova ascensão política do fascismo na Europa. O compositor disse em entrevista que, longe
de querer simbolizar na obscuridade o fascismo, ele procura expressar os medos e o desespero
perante a chegada de um novo fascismo4, além de trazer novos desafios à execução, tais como
a memorização do músico-intérprete. Em suma, um compositor com preocupações político-
humanistas, ainda que não-panfletário. E o microtonalismo conta como um reforço dramático
dentro da narrativa composicional de Haas.
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Microtonal conta como ‘tonal’ somente em contraste com a “tonalidade normal” em seu papel como sistema
de referência. Onde este sistema de referência tem se tornado obsoleto, a noção de “microtonalidade” foi
substituída pela livre decisão do compositor no seu uso das alturas como seu material. (HAAS, apud Universal
Edition, https://www.universaledition.com/georg-friedrich-haas-278. Acesso em 24 de novembro de 2019.
Traduzido pelo autor.)
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“A Few Moments with Georg Friedrich Haas”, in The Riot Ensemble: http://riotensemble.com/a-few-
moments-with-georg-friedrich-haas/. Acesso em 24 de novembro de 2019.
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no entanto, trata o microtom mais como um “acidente” do que como uma nota real, apesar de
prescrito e parte da série harmônica.
Há duas maneiras básicas, segundo o compositor Alexandre Torres Porres, de se
trabalhar com o microtom na música, que fez um estudo comparativo entre Alois Hába e Gérard
Grisey no artigo Microtonalidade no Século XX: Duas Abordagens Composicionais5. Cita-se:
Haas faz com que haja uma convivência entre essas duas abordagens, uma surgida pré-
II Guerra Mundial (Hába, microtonalista) e a outra no pós-II Guerra (Grisey, espectralista),
conforme demonstraremos a seguir. Ele traz uma nova atitude de liberdade de uso do microtom
dentro do contexto da música de concerto, conforme descreve-se a seguir.
5
PORRES, p. 7, 2005.
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“Eu já pedi em algumas de minhas peças iniciais que as cordas dos instrumentos devessem ser
deliberadamente desafinadas, para que, simplesmente, ao tocar as cordas soltas um acorde harmônico
pudesse ser produzido. No caso do violão, isto é relativamente simples de se atingir: alguém tem de afinar a
corda de baixo um tom abaixo, a terceira corda um pouco mais do que um semitom abaixo, e a segunda corda
um pouco mais do que um semitom. Se as cordas restantes forem, então, afinadas apuradamente em quartas e
quintas justas, as seis cordas soltas produzem um acorde composto do segundo, terceiro, quarto, quinto,
sétimo e nono parciais de uma nota ré grave: D-A-d-f# (menos 1/12 de tom) e c’ (menos 1/12 de tom), e’”. In
Universal Edition: https://www.universaledition.com/georg-friedrich-haas-278/works/quartett-12954. Acesso
em 26 de novembro de 2019.
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A exploração gestual de técnicas estendidas (como nos glissandi vistos na peça acima)
é um recurso caro tanto a (pré-)espectralistas como Giacinto Scelsi, como também a Haas. Em
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Limited Approximations isso é dado em larga escala, desde o início da peça, com a execução
das cordas individualizadas e expandidas. É notável também o glissandi microintervalar7 dos
pianos em tremolo durante a peça:
7
Maiores detalhes, ver BROOK, p. 19, 2018.
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8
Ver MASSOUD, p. 35, 2017.
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4. CONCLUSÃO
estudo apurado de seu trabalho musical se praticado no cenário acadêmico baiano. Acreditamos
que Haas pode trazer algumas respostas a um permanente problema quanto à aplicabilidade do
microtonalismo no âmbito da composição erudita. Todavia, Haas não se considera um
microtonalista. Ele faz questão de salientar9:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HAAS, Georg Friedrich. 4. Streichquartett mit Live Elektronik. Viena: Universal Edition,
2003.
_______. in vain für 24 instrumente. Viena: Universal Edition, 2000.
_______. Limited Approximations. Viena: Universal Edition, 2010.
_______. Quartett für Vier Guitarren. Viena: Universal Edition, 2007.
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“Eu realmente não me sinto confortável em ser tachado como ‘compositor microtonal’. Primeiramente, sou
um compositor livre para usar os meios necessários para a minha música. Não há nenhuma ideologia acerca do
temperamento ‘puro’, seja no misticismo numérico pitagórico ou numa noção de ‘Natureza’ determinada pela
Física trivial. Eu sou um compositor, não um microtonalista”. HAAS, apud MASSOUD, p. 31, 2017. (T.A.)
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