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9cm 16,7cm x 24cm 18mm 16,7cm x 24cm 9cm

MANUAL DE TERAPIA FAMILIAR


Coordenação

“Foi nos anos 70 que atendi, pela


MANUAL DE TERAPIA FAMILIAR MARIA GOUVEIA-PEREIRA
MARIANA PIRES DE MIRANDA
COORD EN A D OR A S

primeira vez, a mãe de um jovem com


A Terapia Familiar apresenta-se como uma área de estudo multidisciplinar

MANUAL
comportamentos aditivos. Ela tinha só um
que procura compreender o funcionamento das relações de casal e familiares,
problema. Eu tinha dois: o dela e o meu. centrando a sua intervenção no meio familiar em que o indivíduo se move.
Quem me mandou tentar falar com
os familiares, se, nessa altura, a solução Baseada numa perspetiva sistémica, a Terapia Familiar contempla modelos
de intervenção eficazes, que recorrem à ativação das competências e dos Maria Gouveia-Pereira
se centrava só e apenas no Paciente
de

TERAPIA
recursos dos próprios sistemas relacionais. Psicóloga clínica. Doutorada. Terapeuta familiar, for-
Identificado? Com o andar dos tempos, madora e supervisora de Terapia Familiar e Casal na
abriu-se uma nova porta… Falava-se É com base nesta narrativa que surge o Manual de Terapia Familiar. Escrito Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar (SPTF).
de Terapia Familiar e trabalhávamos apenas por um conjunto alargado de autores, apresenta uma diversidade de conteú- Professora universitária no ISPA – Instituto Universi-
com sebentas. Finalmente, temos este dos, num equilíbrio entre teoria e prática. tário. Exerce em consultório privado psicoterapia

FAMILIAR
Manual de Terapia Familiar!” individual, terapia de casal e familiar.
A presente obra está estruturada em três partes: teoria, avaliação e inter-
venção. Na primeira, enfatizam-se os contributos teóricos fundamentais da
José Manuel Almeida e Costa
Terapia Familiar; na segunda, destaca-se a avaliação familiar (apresentando
Fundador da Sociedade Portuguesa
C
instrumentos específicos de avaliação); e, na terceira, procura-se mapear
de Terapia Familiar (SPTF)
M
os contributos da Terapia Familiar e intervenção sistémica em diversos
Y
contextos aplicados.
CM

Trata-se de um recurso para estudantes e profissionais de Psicologia, TEOR I A, AVAL IAÇÃO Mariana Pires de Miranda
MY

“Na partilha e na cumplicidade, este Medicina, Serviço Social e Enfermagem, bem como para outros interessados E I N TERVENÇÃO SISTÉM ICA Psicóloga. Doutorada. Terapeuta familiar, formadora
CY e membro da direção da Sociedade Portuguesa de
manual invoca conhecimentos que no tema, que encontrarão neste livro uma visão completa e essencial sobre Terapia Familiar (SPTF). Investigadora no Instituto
CMY

se complementam. É o livro que nos faz falta! a Terapia Familiar. de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Exerce
K

Promete tornar-se companheiro indispensável psicoterapia individual e terapia de casal e familiar em


nas trajetórias dos profissionais que aceitam T E M A S
consultório privado e em contexto comunitário.
a viagem envolvente e desconcertante
Contributos teóricos • Avaliação familiar • Sexualidade e terapia de casal •
do pensamento e da pragmática do
Amor e sexualidade no envelhecimento • Famílias culturalmente diversas Coord.:
modelo sistémico.” AUTORES
• Intervenção com pessoas LGBTQ+ • Comportamentos aditivos e dependên-

MARIANA PIRES DE MIRANDA


Ana Maria Gomes cias • Violência na família • Comportamentos suicidários e autolesivos na Ana Luísa Neves | Ana Maria Gomes

MARIA GOUVEIA-PEREIRA
Presidente da Sociedade Portuguesa adolescência • Luto • Sistema de promoção e proteção • Cuidados de saúde Ana Paula Apolónia | Ana Paula Relvas
António José Coelho | António Roma-Torres
de Terapia Familiar (SPTF) primários • Intervenção em catástrofe • Intervenção sistémica com as redes
Daniel Sampaio | Elisabete Silvério Ferreira
Henda Vieira-Lopes | Isabel Narciso
Joana Sequeira | Jorge Gato
Kyriaki Protopsalti-Polychroni | Luana Cunha Ferreira
Luciana Sotero | Madalena Alarcão
Manuel Lemos Peixoto | Maria Gouveia-Pereira
Maria João Beja | Mariana Pires de Miranda
ISBN 978-989-693-132-2
www.pactor.pt

Mariana Sampaio de Magalhães


Pedro Vaz Santos | Rui Pedro Ramos da Silva
www.pactor.pt 9 789896 931322
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® Marca registada da FCA PACTOR Editores, Lda.
ISBN edição impressa: 978-989-693-132-2
1.ª edição impressa: dezembro de 2021

Paginação: Carlos Mendes


Impressão e acabamento: Tipografia Lousanense, Lda. – Lousã
Depósito Legal n.º 493042/21
Capa: José Manuel Reis
Imagem de capa: A partir de um original de © Tiler84

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Índice

Os Autores.................................................................................................................... XV

Prefácio.......................................................................................................................... XXI
Monica Whyte

Introdução..................................................................................................................... XXIII

PARTE I 1

Contributos Teóricos em Terapia Familiar

Capítulo 1 3

Os Primórdios da Terapia Familiar


António Roma-Torres

1.1 Os pioneiros.......................................................................................................... 3
1.2 Primeiros contributos............................................................................................ 7
1.3 Proposta de grafo................................................................................................. 8
1.3.1 Mental Research Institute: Palo Alto.......................................................... 10
1.3.2 Ackerman Institute for the Family: Nova Iorque......................................... 10
1.3.3 Esquizofrenia.............................................................................................. 11
1.3.4 Pensamento pós-moderno........................................................................ 12
1.3.5 Métodos ativos.......................................................................................... 13
1.4 Considerações finais............................................................................................. 14
Referências bibliográficas.............................................................................................. 14

Capítulo 2 17

Escola de Milão
Elisabete Silvério Ferreira

2.1 Contexto histórico................................................................................................. 17


2.2 Conceitos fundamentais....................................................................................... 18
2.3 Características do modelo.................................................................................... 20
2.3.1 Pré-sessão: Reunião prévia....................................................................... 20
2.3.2 Sessão....................................................................................................... 20
2.3.3 Inter-sessão: Intervalo para debate........................................................... 21
2.3.4 Intervenção................................................................................................ 21
2.3.5 Discussão na pós-sessão.......................................................................... 21
2.4 Bases teóricas: Hipótese, circularidade e neutralidade........................................ 21
2.4.1 Hipótese..................................................................................................... 21
2.4.2 Circularidade.............................................................................................. 21
2.4.3 Neutralidade............................................................................................... 22
© PACTOR

2.5 Técnicas terapêuticas............................................................................................ 23


2.5.1 Conotação positiva.................................................................................... 23
2.5.2 Rituais familiares........................................................................................ 23

VII
Manual de Terapia Familiar: Teoria, Avaliação e Intervenção Sistémica

2.5.3 Longo intervalo entre sessões................................................................... 24


2.5.4 Redefinição paradoxal do jogo familiar..................................................... 24
2.6 Prescrições invariantes......................................................................................... 26
2.7 Jogos psicóticos................................................................................................... 27
2.8 Considerações finais............................................................................................. 28
Referências bibliográficas.............................................................................................. 29

Capítulo 3 31

Terapia Familiar Estrutural


Maria Gouveia-Pereira e Mariana Pires de Miranda

3.1 História e contexto de emergência....................................................................... 31


3.2 Pressupostos teóricos........................................................................................... 32
3.2.1 Subsistemas, fronteiras, hierarquias e coligações.................................... 33
3.2.2 Avaliação do funcionamento familiar......................................................... 34
3.2.3 Adaptação familiar..................................................................................... 35
3.3 Intervenção em Terapia Familiar Estrutural........................................................... 36
3.3.1 Desafio ao sintoma.................................................................................... 37
3.3.2 Desafio à estrutura..................................................................................... 38
3.3.3 Desafio à realidade.................................................................................... 38
3.4 Posição do terapeuta............................................................................................ 38
3.5 Considerações finais............................................................................................. 39
Referências bibliográficas.............................................................................................. 41

Capítulo 4 43

Carl Whitaker e a Escola Simbólico-Experiencial


Daniel Sampaio

4.1 História e contexto de emergência do modelo..................................................... 43


4.2 Bases teóricas e objetivos.................................................................................... 45
4.3 Processo terapêutico............................................................................................ 46
4.3.1 Principais técnicas..................................................................................... 47
4.3.2 Posição do terapeuta................................................................................. 48
4.3.3 Indicações preferenciais............................................................................ 48
4.4 Alguns pensamentos de Carl Whitaker................................................................. 48
4.5 Considerações finais (ou a atualidade de Carl Whitaker)...................................... 49
Referências bibliográficas.............................................................................................. 51

Capítulo 5 53

Terapia de Casal Focada nas Emoções


Kyriaki Protopsalti-Polychroni, Joana Sequeira e Ana Paula Apolónia

5.1 História e contexto de emergência....................................................................... 53


5.2 Pressupostos teóricos........................................................................................... 53
5.3 Abordagem sistémica e teoria da vinculação....................................................... 54
5.4 Pressupostos teóricos básicos da terapia de casal focada nas emoções........... 56
5.5 Origem e manutenção dos problemas.................................................................. 58
5.5.1 Ciclo negativo............................................................................................ 58
5.6 Processo de mudança.......................................................................................... 58

VIII
Índice

5.6.1 Objetivos da terapia de casal focada nas emoções.................................. 58


5.6.2 Fases e passos do “tango” da terapia de casal focada nas emoções...... 59
5.6.3 Papel do terapeuta no “tango” da terapia de casal focada nas emoções. 60
5.6.4 Técnicas e intervenções-chave.................................................................. 61
5.7 Novos desenvolvimentos da terapia focada nas emoções com indivíduos
e famílias............................................................................................................... 62
5.7.1 Terapia individual focada nas emoções..................................................... 62
5.7.2 Terapia familiar focada nas emoções........................................................ 63
5.8 Considerações finais............................................................................................. 64
Referências bibliográficas.............................................................................................. 64

Capítulo 6 67

Terapia Familiar Narrativa


Joana Sequeira

6.1 Emergência e desenvolvimento ........................................................................... 67


6.2 Pressupostos teóricos........................................................................................... 68
6.2.1 Narrativa..................................................................................................... 68
6.2.1.1 Componentes e processos......................................................... 68
6.2.1.2 Níveis de organização das narrativas......................................... 69
6.2.2 Narrativas-problema e narrativas dominantes........................................... 71
6.2.3 Terapia e mudança narrativa...................................................................... 72
6.3 Processos narrativos da terapia............................................................................ 73
6.3.1 Storytelling: Ouvir, contar e reconstruir..................................................... 73
6.3.2 Desocultação e construção de histórias múltiplas.................................... 74
6.3.3 Expansão e alargamento de narrativas alternativas.................................. 74
6.4 Técnicas................................................................................................................ 75
6.4.1 Escuta desconstrutiva............................................................................... 75
6.4.2 Questionamento desconstrutivo................................................................ 76
6.4.3 Externalização............................................................................................ 76
6.4.4 Identificação e amplificação de exceções e singularidades...................... 77
6.4.5 Amplificação e alargamento das histórias às audiências.......................... 78
6.5 Papel do terapeuta................................................................................................ 79
6.6 Considerações finais............................................................................................. 81
Referências bibliográficas.............................................................................................. 81

PARTE II 85

Avaliação em Terapia Familiar

Capítulo 7 87

Avaliação Familiar: Capturando Processos e Dinâmicas Relacionais na Terapia


Ana Paula Relvas e Luciana Sotero

7.1 Introdução............................................................................................................. 87
7.2 O que se acredita sobre a terapia: Avaliação das expectativas dos clientes
na terapia de casal e familiar................................................................................ 88
© PACTOR

7.2.1 Instrumento(s)............................................................................................ 89
7.2.2 Objetivos, timing e procedimentos de aplicação...................................... 89
7.2.3 Resultados e exemplo de aplicação.......................................................... 90

IX
Manual de Terapia Familiar: Teoria, Avaliação e Intervenção Sistémica

7.3 O que funciona em terapia familiar e como funciona: Avaliação do processo


de mudança.......................................................................................................... 90
7.3.1 Instrumento(s)............................................................................................ 91
7.3.2 Objetivos, timing e procedimentos de aplicação...................................... 92
7.3.3 Resultados e exemplo de aplicação.......................................................... 93
7.4 Em que resulta e como resulta a terapia familiar: Avaliação dos resultados da
mudança terapêutica............................................................................................ 93
7.4.1 Systemic Clinical Outcomes in Routine Evaluation-15.............................. 94
7.4.1.1 Instrumento................................................................................. 94
7.4.1.2 Objetivos, timing e procedimentos de aplicação........................ 94
7.4.1.3 Resultados e exemplo de aplicação........................................... 95
7.4.2 Goal Attainment Scaling............................................................................ 95
7.4.2.1 Instrumento................................................................................. 96
7.4.2.2 Objetivos, timing e procedimentos de aplicação........................ 96
7.4.2.3 Resultados e exemplo de aplicação........................................... 97
7.5 Considerações finais............................................................................................. 98
Referências bibliográficas.............................................................................................. 98

PARTE III 101

Contextos Aplicados de Terapia Familiar e Intervenção Sistémica

Capítulo 8 103

Sexualidade e Terapia de Casal: Estado da Arte da Investigação e


Intervenção
Luana Cunha Ferreira e Isabel Narciso

8.1 A sexualidade no casal......................................................................................... 103


8.2 A sexualidade na terapia de casal........................................................................ 105
8.2.1 Abordagens sistémicas focadas na frequência e no encontro sexual:
Just do it and do it well.............................................................................. 106
8.2.2 Abordagem sistémica focada nas emoções.............................................. 108
8.2.3 Abordagem sistémica focada na diferenciação do self............................. 109
8.3 Considerações finais............................................................................................. 111
Referências bibliográficas.............................................................................................. 111

Capítulo 9 115

Sobre o Amor e a Sexualidade no Tempo do Envelhecimento: Reflexões


no Espaço da Terapia de Casal
Ana Maria Gomes

9.1 Este tempo de ser: Conceções sobre o envelhecimento..................................... 115


9.2 Modelos para pensar o amor e a sexualidade no tempo do envelhecimento...... 116
9.2.1 Mudanças no contexto familiar................................................................. 116
9.2.2 Amor depois da juventude e o (i)limite erótico........................................... 117
9.3 Intervenção terapêutica: “O tempo perdido ou o tempo recuperado”................. 120
9.3.1 Novelo de mágoas..................................................................................... 122
9.3.2 Nunca mais eu sem ti. Sempre contigo!.................................................... 122
9.3.3 Quando o amor acaba… Se for amor, não acaba!.................................... 123
9.4 Considerações finais (ou o que é importante realçar)........................................... 124

X
Índice

Referências bibliográficas.............................................................................................. 125

Capítulo 10 127

Terapia Familiar com Famílias Culturalmente Diversas


Mariana Pires de Miranda e Henda Vieira-Lopes

10.1 Cultura e diversidade cultural............................................................................... 127


10.2 Principais modelos para o trabalho com famílias culturalmente diversas............ 128
10.2.1 Eixo universalista-particularista................................................................. 128
10.2.2 Posição de enfoque cultural...................................................................... 129
10.2.3 Abordagem multicultural, ecossistémica e comparativa........................... 130
10.3 Construção do terapeuta familiar cultural diverso................................................ 133
10.4 Considerações finais (ou a importância da ação sobre o contexto alargado)...... 135
Referências bibliográficas.............................................................................................. 136

Capítulo 11 139

“Um conjunto de estereótipos que reconheço no meu olhar”: Para uma


Intervenção Sistémica Afirmativa com Pessoas LGBTQ+
Jorge Gato

11.1 O contexto da intervenção afirmativa com pessoas LGBTQ+............................. 139


11.2 Intervenção sistémica afirmativa........................................................................... 139
11.3 Formação do/a terapeuta sistémico e familiar afirmativo/a.................................. 140
11.3.1 Conhecimento sobre as especificidades das experiências LGBTQ+:
Estigma e redes de suporte social............................................................. 142
11.3.2 Atitudes e valores pessoais perante a diversidade sexual e de género.... 143
11.4 Considerações finais............................................................................................. 145
Referências bibliográficas.............................................................................................. 145

Capítulo 12 147

Intervenção Sistémica Familiar em Comportamentos Aditivos e


Dependências
Rui Pedro Ramos da Silva e António José Coelho

12.1 Contexto histórico da intervenção sistémica no domínio das


toxicodependências em Portugal......................................................................... 147
12.2 Visão sistémica sobre a problemática dos comportamentos aditivos e das
dependências........................................................................................................ 147
12.2.1 Modelos teóricos e pressupostos.............................................................. 149
12.3 Apresentação de caso.......................................................................................... 152
12.3.1 Primeira consulta....................................................................................... 152
12.3.2 Segunda consulta...................................................................................... 153
12.3.3 Sessões seguintes..................................................................................... 154
12.3.4 Fim do acompanhamento.......................................................................... 155
12.3.5 Reflexões sobre o caso apresentado........................................................ 155
12.4 Intervenção familiar em internamento em comunidade terapêutica..................... 156
© PACTOR

12.4.1 Pré-internamento....................................................................................... 157


12.4.2 Internamento.............................................................................................. 157
12.4.3 Prevenção da recaída................................................................................ 158

XI
Manual de Terapia Familiar: Teoria, Avaliação e Intervenção Sistémica

12.5 Considerações finais............................................................................................. 159


Referências bibliográficas.............................................................................................. 159

Capítulo 13 161

Violência na Família e Intervenção Sistémica


Mariana Sampaio de Magalhães

13.1 Introdução............................................................................................................. 161


13.2 Histórico da intervenção no contexto da violência na família............................... 161
13.3 Modelos ecológicos e sistémicos de leitura e intervenção na violência familiar.. 163
13.4 Caso de intervenção sistémica............................................................................. 171
13.5 Considerações finais............................................................................................. 172
Referências bibliográficas.............................................................................................. 174

Capítulo 14 177

Comportamentos Suicidários e Autolesivos na Adolescência:


Investigação e Intervenção
Maria Gouveia-Pereira

14.1 Contexto histórico dos comportamentos suicidários e autolesivos..................... 177


14.2 Comportamentos suicidários e autolesivos na adolescência............................... 178
14.3 Principais modelos e pressupostos...................................................................... 181
14.4 Comportamentos suicidários e autolesivos e funcionamento familiar................. 183
14.5 Caso clínico: Uma abordagem sistémico-relacional............................................. 185
14.5.1 Dados sobre a família................................................................................ 185
14.5.2 Pedido........................................................................................................ 185
14.6 Plano de intervenção: “Uma andorinha sozinha não faz o verão”........................ 185
14.6.1 Sessão familiar........................................................................................... 186
14.6.2 Sessões individuais................................................................................... 187
14.6.3 Sessões alternadas.................................................................................... 187
14.7 Considerações finais............................................................................................. 188
Referências bibliográficas.............................................................................................. 188

Capítulo 15 191

Luto e Intervenção Sistémica


Manuel Lemos Peixoto

15.1 Introdução e conceitos gerais............................................................................... 191


15.2 Principais modelos de compreensão do luto........................................................ 193
15.2.1 Breve abordagem ao conceito de “luto individual”................................... 193
15.2.2 Modelos sistémicos de luto....................................................................... 194
15.3 Pensar a intervenção no luto familiar.................................................................... 197
15.3.1 Técnicas ativas na intervenção familiar sobre o luto................................. 198
15.3.2 Nota sobre o luto e as crianças................................................................. 199
15.4 Considerações finais............................................................................................. 199
Referências bibliográficas.............................................................................................. 200

XII
Índice

Capítulo 16 203

Intervenção Terapêutica com Famílias no Âmbito do Sistema de


Promoção e Proteção
Pedro Vaz Santos

16.1 Contexto da intervenção com famílias do âmbito do sistema de promoção


e proteção............................................................................................................. 203
16.2 Intervenção com famílias no âmbito do sistema de promoção e proteção.......... 205
16.2.1 O problema no sistema de promoção e proteção..................................... 205
16.2.2 Construção do eixo do problema.............................................................. 207
16.2.3 Construção do eixo da solução................................................................. 208
16.2.4 Articulação entre o eixo da solução e o eixo do problema........................ 210
16.3 Considerações finais............................................................................................. 211
Referências bibliográficas.............................................................................................. 212

Capítulo 17 213

Intervenção Familiar Sistémica nos Cuidados de Saúde Primários


Ana Luísa Neves

17.1 Histórico da intervenção no contexto dos cuidados de saúde primários............ 213


17.1.1 Realização de uma formação básica de iniciação à intervenção
sistémica.................................................................................................... 214
17.1.2 Realização de uma formação completa para terapeuta familiar
sistémico.................................................................................................... 215
17.2 Principais modelos................................................................................................ 217
17.3 Apresentação de caso clínico: “Um de cada vez não são todos”........................ 219
17.4 Considerações finais............................................................................................. 221
Referências bibliográficas.............................................................................................. 223

Capítulo 18 225

Intervenção em Catástrofe: A Inevitabilidade de uma Leitura Sistémica


Maria João Beja e Mariana Pires de Miranda

18.1 Contextualização da intervenção em catástrofe................................................... 225


18.2 Intervenção psicológica na catástrofe.................................................................. 227
18.3 A pandemia de COVID-19 como um caso de catástrofe...................................... 229
18.3.1 Construção de uma prática: “SPTF ao telefone com as famílias”............. 230
18.4 Considerações finais (ou a inevitabilidade de uma leitura sistémica)................... 234
Referências bibliográficas.............................................................................................. 236

Capítulo 19 239
Intervenção Sistémica com as Redes
Madalena Alarcão

19.1 Introdução............................................................................................................. 239


© PACTOR

19.2 Intervenção com a rede primária.......................................................................... 240


19.2.1 Modelo de Ross von Speck....................................................................... 241
19.2.2 Outras intervenções com a rede primária.................................................. 243

XIII
Manual de Terapia Familiar: Teoria, Avaliação e Intervenção Sistémica

19.2.3 Síntese....................................................................................................... 245


19.3 Intervenção com a rede secundária e com a rede mista...................................... 246
19.3.1 Mapeamento da rede secundária e do processo de (des)ajuda à família. 247
19.3.2 Definição da instituição/profissional que vai gerir o trabalho com a rede
secundária................................................................................................. 250
19.3.3 Sessão de rede secundária....................................................................... 250
19.3.4 Trabalho com a rede mista........................................................................ 252
19.4 Considerações finais............................................................................................. 254
Referências bibliográficas.............................................................................................. 254

Índice Remissivo........................................................................................................... 257

XIV
Os Autores

Coordenadoras e Autoras

Maria Gouveia-Pereira
Psicóloga Clínica. Terapeuta Familiar, Formadora e Supervisora na Sociedade Portugue-
sa de Terapia Familiar (SPTF). Doutorada em Psicologia pelo Iscte – Instituto Universitário
de Lisboa e pela Universidade de Bolonha. Professora Universitária no ISPA – Instituto
Universitário, onde leciona na área da Intervenção Sistémica e da Terapia Familiar. Tem
desenvolvido trabalhos de investigação no campo da adolescência, nomeadamente nos
comportamentos de risco e dinâmicas familiares e de casal. Tem clínica privada, onde
exerce psicoterapia individual e terapia de casal e familiar.

Mariana Pires de Miranda


Psicóloga. Doutorada em Psicologia, especialidade de Psicologia Social, pelo ISPA – Ins-
tituto Universitário e pela Universidade de Pádua. Investigadora no Instituto de Ciências
Sociais da Universidade de Lisboa. Docente Universitária no ISPA – Instituto Universi-
tário. Terapeuta Familiar, Formadora e Membro da Direção da Sociedade Portuguesa
de Terapia Familiar (SPTF). Exerce prática clínica em consultório privado e em contexto
comunitário. Em comum à sua atividade de investigação e intervenção encontra-se a
articulação entre as dimensões psicológicas e a sua inserção em tecidos socioculturais
diversos.

Autores

Ana Maria Gomes


Psicóloga Clínica pela Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa (1981). For-
madora e Supervisora na Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar, onde também é
Presidente da Direção (1999-2001; 2016-). Tem dedicado muito da sua carreira ao desen-
volvimento da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados em Portugal, tanto
pelo Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, como pela Santa Casa da
Misericórdia de Lisboa. Tem prática clínica privada.

Ana Luísa Neves


Licenciada em Psicologia Clínica, pelo ISPA – Instituto Universitário, em 1992. Nesse
ano, iniciou atividade profissional na área de Crianças e Jovens em Risco, onde esteve
durante 11 anos. Em 1999, completou a sua formação em Terapia Familiar Sistémica na
Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar (SPTF), exercendo clínica como Psicóloga
e Terapeuta Familiar desde então. Desde 2008, é Supervisora Sistémica na SPTF. Em
2005, integrou os Cuidados de Saúde Primários (CSP), onde trabalha como Psicóloga
Clínica e da Saúde e Terapeuta Familiar.
© PACTOR

Ana Paula Apolónia


Licenciada em Psicologia Clínica pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação
da Universidade de Lisboa e Mestre em Terapia Familiar pela Universidade da Califórnia.

XV
Manual de Terapia Familiar: Teoria, Avaliação e Intervenção Sistémica

Diretora Clínica do Centro de Estudos da Família e Psicoterapia (CEFA), onde exerce


Terapia Individual, de Casal e Familiar há duas décadas. Integra a equipa multidiscipli-
nar de tratamento das doenças de comportamento alimentar da Clínica Santa Catarina
de Siena. Supervisora de Terapia Familiar na Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar
(SPTF), onde integra a direção como Coordenadora da Delegação Sul e Ilhas, desde
2012. Tem desenvolvido interesse especial pela área da Terapia de Casal e pelo uso das
metáforas em terapia.

Ana Paula Relvas


Psicóloga e Terapeuta Familiar. Doutorada em Psicologia Clínica. Professora Catedráti-
ca na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação (FPCE) da Universidade de
Coimbra e Investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES-UC). Os seus interesses
de investigação e atividade docente organizam-se em torno dos estudos sobre a família
e intervenção familiar, privilegiando uma perspetiva sistémica. Assim, o estudo sobre a
família é feito em diversos contextos e interfaces (por exemplo, saúde/doença, contexto
comunitário, contexto terapêutico e escola). A sua temática central de especialização
expressa-se quer nos cursos que coordena (por exemplo, Programa Interuniversitário
em Psicologia Clínica, Psicologia da Família e Intervenção Familiar) quer nas suas publi-
cações.

António José Coelho


Assistente Social, Psicólogo Clínico e Terapeuta Familiar. Pertence aos quadros d’A Bar­
ragem – Fundação Portuguesa para o Estudo Prevenção e Tratamento das Adições, onde
tem desempenhado várias funções, nomeadamente chefe de equipa e do depar­tamento.
Atualmente, é Administrador Executivo d’A Barragem e Diretor Clínico da Casa da Bar-
ragem. É membro da direção na Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar (SPTF), onde
é igualmente Formador e Supervisor. Exerce clínica privada, trabalhando com fa­mílias e
casais.

António Roma-Torres
Licenciado em Medicina e Mestre em Psiquiatria (Faculdade de Medicina do Porto). Foi
diretor da Clínica de Psiquiatria e Saúde Mental do Centro Hospitalar São João (2007­
‑2017). Membro efetivo e Supervisor da Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar.
Membro fundador da Sociedade Portuguesa de Psicodrama e da Federation of Euro-
pean Psychodrama Training Organizations (FEPTO). Membro eleito do Board of Directors
(2001-2009) da International Association for Group Psychotherapy and Group Processes
(IAGP).

Daniel Sampaio
Médico Psiquiatra. Professor Catedrático Jubilado de Psiquiatria e Saúde Mental da Fa-
culdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Foi Diretor do Serviço de Psiquiatria do
Hospital de Santa Maria (2014-2016) e Fundador da Sociedade Portuguesa de Terapia
Familiar (SPTF). Autor de 28 livros sobre a família, a adolescência e a escola.

Elisabete Silvério Ferreira


Psicóloga Clínica, Terapeuta Familiar e de Casal, Formadora e Supervisora da Socie-
dade Portuguesa de Terapia Familiar (SPTF). Foi Presidente desta sociedade por três
mandatos e mantém-se, desde 1985, ligada a esta instituição. Iniciou a especialização
em Terapia Familiar Sistémica no Istituto di Terapia Familiare di Roma, com Maurizio

XVI
Os Autores

Andolfi e a sua equipa, e finalizou-a na SPTF. Começou a sua carreira profissional no


Centro de Estudos da Profilaxia da Droga – Direção Regional do Sul, Centro de Acolhi-
mento de Famílias, tendo sido Coordenadora do Núcleo de Terapia Familiar. Foi Diretora
da Fundação Portuguesa para o Estudo, Prevenção e Tratamento da Toxicodependência,
tendo-se dedicado à implementação e gestão de projetos na área clínica e de prevenção
primária das toxicodependências e do alcoolismo. Implementou o projeto da comunida-
de terapêutica Casa da Barragem.

Henda Vieira-Lopes
Psicólogo Clínico, Terapeuta Familiar Sistémico, formado pela Associação Portuguesa
de Terapia Familiar e Comunitária (APTeFC), Formador e Pesquisador nas áreas da afri-
canidade e multiculturalidade. Ao longo de 20 anos, tem desenvolvido o seu trabalho nas
áreas de Intervenção Social e Comunitária em Equipas de Apoio à Famílias, Casas de
Acolhimento, Estabelecimentos Prisionais e Centros Comunitários, promovendo compe-
tências em jovens, famílias, profissionais e comunidades. Investiga com especial interes-
se a integração da africanidade e negritude no trabalho terapêutico que desenvolve com
a Diáspora Africana, nomeadamente através de temas como o racismo, a masculinidade,
a estrutura familiar, a cultura, a ancestralidade e a espiritualidade. Membro dos Corpos
Sociais da APTeFC e, atualmente, Diretor Clínico e Terapeuta no Espaço Yanda, que
fundou.

Isabel Narciso
Professora Associada com Agregação da Faculdade de Psicologia da Universidade de
Lisboa. Terapeuta Familiar Sistémica, certificada pela Faculdade de Medicina da Uni-
versidade de Sevilha e pela Associação Portuguesa de Terapia Familiar e Comunitária.
Investigadora em Psicologia da Família e Intervenção familiar. Representante do Centro
de Investigação em Ciência Psicológica (CICPSI) no ProChild CoLAB against Poverty
and Social Exclusion.

Joana Sequeira
Professora Auxiliar no Instituto Superior Miguel Torga, onde Coordena o Mestrado em
Psicologia Clínica (especialidade em Terapias Familiares e Sistémicas). Investigadora do
Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade (CEPESE), nas áreas de inves-
tigação centradas no estudo do processo terapêutico, da mudança narrativa nas terapias
sistémicas, da avaliação e diagnóstico familiar sistémico e do funcionamento familiar.
Psicóloga Clínica, Terapeuta Familiar e de Casal. Supervisora na Sociedade Portuguesa
de Terapia Familiar (SPTF). Membro eleito do General Board da European Family Therapy
Association, Trainers Chambers Institute (EFTA TIC).

Jorge Gato
Psicólogo, Terapeuta Sistémico e Familiar pela Sociedade Portuguesa de Terapia Fa-
miliar (SPTF) e Doutorado em Psicologia pela Universidade do Porto. Fez parte de um
grupo de trabalho da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) para a elaboração de
linhas orientadoras para a intervenção psicológica com pessoas LGBTQ+. Atualmente, é
Investigador Integrado do Centro de Psicologia da Universidade do Porto. Além do tra-
© PACTOR

balho clínico e de investigação, intervém ativamente em debates sociopolíticos, nomea-


damente os que se relacionam com o bem-estar biopsicossocial das pessoas LGBTQ+.

XVII
Manual de Terapia Familiar: Teoria, Avaliação e Intervenção Sistémica

Kyriaki Protopsalti-Polychroni
Psicóloga, Terapeuta Familiar e de Casal. Especializada em Terapia da Vinculação e Fo-
cada nas Emoções (EFT) e Certificada Internacionalmente como Terapeuta, Supervisora
e Formadora (ICEEFT). Fundadora e Diretora da EFT Greek Network, faz parte do corpo
docente e tem uma posição de longa data no Conselho Científico do Athenian Institute
of Anthropos, o primeiro centro a fazer Terapia Familiar na Europa. Há vários anos que
treina e supervisiona profissionais em Terapia Familiar e de Casal, na Grécia, na Europa e
no Irão. Foi presidente da European Family Therapy Association (EFTA), de 2010 a 2013.
Em 2016, recebeu um prémio, pelo seu destacado contributo para o desenvolvimento
da Terapia Familiar na Europa e foi nomeada Presidente Honorário da EFTA TIC – EFTA
Chamber of Training Institutes. Foi recentemente escolhida para integrar a Direção do
International Center for Excellence in Emotionally Focused Therapy (ICEEFT).

Luana Cunha Ferreira


Psicóloga Clínica, Terapeuta Familiar e Professora Auxiliar Convidada na Faculdade de
Psicologia da Universidade de Lisboa. Doutorada em Psicologia Clínica e da Família pe-
las Universidades de Lisboa e Coimbra (FP e FPCE). Exerce Terapia de Casal, Individual
e Familiar, desde 2007, e foca a sua investigação científica nos temas da parentalidade e
conjugalidade em famílias hetero e homoafetivas, nos processos de intimidade e desejo
no casal, na intervenção em terapia familiar, em crianças e jovens em risco e perigo, na
alienação parental e nos sistemas de proteção. Fez formação na Sociedade Portugue-
sa de Terapia Familiar (SPTF) e uma Pós-graduação em Pedagogia do Ensino Superior
(IEUL). Cofundadora da Associação Casa Estrela-do-mar.

Luciana Sotero
Psicóloga, com formação em Terapia Familiar e Intervenção Sistémica. Doutorada em
Psicologia Clínica (área de especialização em Psicologia da Família e Intervenção Fami-
liar) pelas Universidades de Coimbra e Lisboa. Professora Auxiliar Convidada da Facul-
dade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC).
Investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES-UC).

Madalena Alarcão
Doutorada em Psicologia Clínica pela Universidade de Coimbra e Professora Associada
na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da mesma universidade. Inves-
tigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Os seus interesses
de investigação e atividade docente organizam-se em torno da família e da promoção do
seu bem-estar. Tem investigado nas áreas da educação parental, das competências pa-
rentais, da violência familiar, das redes sociais e do processo terapêutico. Tem lecionado
na área da Sistémica e da Intervenção Sistémica e Familiar, ao nível do Mestrado Inte-
grado em Psicologia (área da Psicologia Clínica e Forense) e do programa interuniversi-
tário em Psicologia Clínica, Psicologia da Família e Intervenção Familiar. Formadora dos
programas Mais Família, Mais Jovem e Crianças no Meio do Conflito. Terapeuta Familiar
e Membro Supervisor da Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar (SPTF).

Manuel Lemos Peixoto


Ao longo do tempo, tem desempenhado vários papéis profissionais, incluindo o de Psi-
cólogo, Terapeuta Familiar e de Casal, Psicodramatista e Terapeuta do Luto. Docente
convidado em várias universidades portuguesas. Formador e Supervisor na Sociedade

XVIII
Os Autores

Portuguesa de Terapia Familiar (SPTF), onde também exerceu funções de Direção. Dire-
tor do Centro de Psicologia Manuel Peixoto. Tem desenvolvido metodologia específica
no uso do psicodrama em Terapia Familiar e de Casal.

Maria João Beja


Psicóloga e Terapeuta Familiar, Formadora e Supervisora na Sociedade Portuguesa de
Terapia Familiar (SPTF). Doutorada em Psicologia (especialidade em Psicologia da Edu-
cação). Professora Auxiliar na Faculdade de Artes e Humanidades, no Departamento de
Psicologia, da Universidade da Madeira (UMa), onde tem desenvolvido atividades de en-
sino e investigação nas áreas do desenvolvimento psicológico, da família e intervenção
familiar, das perdas e lutos e da intervenção nas crises e catástrofes. Investigadora do
Comprehensive Health Research Center (CHCR).

Mariana Sampaio de Magalhães


Psicóloga Clínica, Terapeuta Familiar e Interventora Sistémica. Entre 2008 e 2018, inte-
grou o Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental da Associação de Amigos
da Criança e da Família – Chão dos Meninos, onde trabalhou com famílias e redes insti-
tucionais e na formação de profissionais em matérias de proteção da infância e juventu-
de. Atualmente, trabalha em consultório privado, com crianças, adolescentes, adultos,
casais e famílias, e na formação e supervisão de técnicos que intervêm com famílias.

Pedro Vaz Santos


Psicólogo Clínico e Terapeuta Familiar e de Casal. Coordenador do Núcleo de Interven-
ção Familiar do PIN – Em todas as fases da vida, no qual está incluída a consulta para
famílias e crianças adotadas. Responsável pela coordenação pedagógica da Pós-gra-
duação em Acolhimento Residencial de Crianças e Jovens em Perigo no ISPA – Instituto
Universitário. Coordenador do Curso “Intervenção com Famílias no Âmbito do Sistema
de Promoção e Proteção”, na Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar (SPTF). Con-
sultor e Supervisor de Casas de Acolhimento Residencial (CAR) e Centros de Apoio à
Família e Aconselhamento Parental (CAFAP).

Rui Pedro Ramos da Silva


Licenciado em Psicologia e Mestre em Psicologia Educacional, pelo ISPA – Instituto Uni-
versitário. Em 1986, começou a trabalhar como Psicólogo nos Ministérios responsáveis
pela intervenção no domínio dos comportamentos aditivos (Justiça, Saúde e Presidência
de Conselho de Ministros), tendo aí dirigido diferentes serviços de âmbito regional e
nacional. Paralelamente, manteve atividade docente em diferentes instituições de ensino
(ISPA – Instituto Universitário, Universidade Independente, Universidade Moderna, Ins-
tituto Superior de Serviço Social de Lisboa, Instituto Superior de Educação e Ciências,
Escola Técnica Psicossocial de Lisboa e outros). Começou a sua formação em Terapia
Familiar em 1986, sendo Membro Efetivo da Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar,
integrando a sua Direção e o corpo de formadores e supervisores. Pertenceu à Direção
ou orgãos sociais de diferentes organizações (Associação Nacional de Intervenientes em
Toxicomania, Fédération Européenne des Associations d’Intervenants en Toxicomanie,
Federação Portuguesa de Psicoterapias, Olisipo Fórum, Entre Nós, Associações de es-
tudantes, etc.).
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XIX
Prefácio

Tenho muito prazer em ter sido convidada pela Maria Gouveia-Pereira e pela Mariana Pires
de Miranda para escrever o Prefácio para este tão abrangente Manual de Terapia Familiar.

Não é surpreendente que duas terapeutas familiares com investigação em áreas tão distin-
tas – como saúde mental na adolescência e sistemas desumanizadores – tenham desenvol-
vido um manual que integra perspetivas também elas tão diversas.

Conseguiram compilar um texto que, de forma equilibrada, abrange história e perspetivas


teóricas, enquadrando-as na Terapia Familiar e Intervenção Sistémica em contexto clínico.

Este texto situa-se no ponto de equilíbrio entre a prática clínica e a investigação. É particu-
larmente útil poder contar com as perspetivas aprofundadas de autores que, em contexto
académico e clínico, têm estado na linha da frente do desenvolvimento da Terapia Familiar
em Portugal.

Sinto que este manual será um recurso valioso para os terapeutas familiares e interventores
sistémicos portugueses na sua investigação, formação e prática clínica.

Monica Whyte
Presidente da European Family Therapy Association (EFTA)
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XXI
Introdução

Os indivíduos são inseparáveis da sua rede relacional, pelo que só podemos perceber a pro-
dução individual se atendermos ao contexto em que a mesma tem lugar. Essa é a narrativa
deste Manual de Terapia Familiar, um projeto que nasce e cresce numa rede de terapeutas
familiares portugueses.

A rede primária será, provavelmente, a Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar (SPTF),


que, fundada em 1979, contribuiu continuamente para a formação sistémica de profissionais
de diferentes disciplinas, nomeadamente da psicologia, psiquiatria de adultos e psiquiatria
da infância e da adolescência, medicina geral e familiar, assistência social e enfermagem.
O projeto de um Manual de Terapia Familiar foi anunciado, pela primeira vez, em 2019, na
Cúria, no encontro anual de formadores e supervisores da SPTF. A excelente recetividade e a
disponibilidade demonstrada por parte dos colegas terapeutas familiares para embarcarem
nesta aventura foi determinante para o seu arranque.

Mas a rede relacional que subjaz a este projeto não se esgota aqui. Expande-se por investi-
gadores de terapia familiar sistémica de sete faculdades e institutos universitários de Portu-
gal, por ordem alfabética: Faculdade de Artes e Humanidades da Universidade da Madeira,
Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, Faculdade de Psicologia e Ciências de
Educação da Universidade de Coimbra, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação
da Universidade do Porto, Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, Instituto
Superior Miguel Torga e ISPA – Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da
Vida.

Procurou-se assegurar, também, uma representatividade plural na formação em Terapia Fa-


miliar e Intervenção Sistémica, acolhendo tanto fundadores, supervisores e formadores da
SPTF, como também membros da Associação Portuguesa de Terapia Familiar e Comunitária
(APTEFC).

Procurámos, por fim, incluir terapeutas familiares sistémicos cuja atividade ilustre a multipli-
cidade de enquadramentos profissionais que os mesmos podem assumir. Agregámos, deste
modo, colegas inseridos em diversas instituições públicas, fundações e associações sem
fins lucrativos, assim como em consultórios privados.

Neste manual, assegurada a diversidade dos autores, procurou-se, também, segurar a


diversidade da natureza dos conteúdos. Existe, assim, um equilíbrio entre as dimensões
teórica e prática, não privilegiando nem uma leitura puramente académica nem puramente
interventiva. Neste manual, defende-se que os modelos teóricos de terapia familiar usados
sem dogmatismo e revisitados em continuidade enriquecem a compreensão e a conceptua-
lização dos casos clínicos. Do mesmo modo, a intervenção junto do indivíduo, do casal, da
família ou da instituição deve interpelar os modelos e propor avanços teóricos.
© PACTOR

Assim, este manual consiste em 19 capítulos estruturados em três partes: teoria; avaliação;
e intervenção familiar.

XXIII
Manual de Terapia Familiar: Teoria, Avaliação e Intervenção Sistémica

A Parte I inclui seis capítulos que enfatizam os contributos teóricos fundamentais da terapia
familiar, tanto da designada cibernética de primeira ordem como da de segunda ordem.

O Capítulo 1, “Os Primórdios da Terapia Familiar”, da autoria de António Roma-Torres, dá-


-nos conta do desenvolvimento da terapia familiar, percorrendo as escolas, os conceitos e
os protagonistas centrais nas décadas iniciais da terapia familiar americana e europeia.

Os capítulos teóricos seguintes focam-se em escolas específicas, abordando o contexto


do seu surgimento, os seus pressupostos teóricos, as principais técnicas de intervenção, e
conceptualizam o papel do terapeuta.

O Capítulo 2, “Escola de Milão”, por Elisabete Silvério Ferreira, sublinha a importância do


primeiro modelo teórico europeu de terapia familiar. Este modelo, desenvolvido por Mara
Selvini Palazzoli e a sua equipa, trouxe contributos conceptuais e respetivas técnicas de
intervenção de enorme aplicabilidade ainda nos dias de hoje, tais como as hipóteses sisté-
micas ou o questionamento circular.

No Capítulo 3, “Terapia Familiar Estrutural”, de Maria Gouveia-Pereira e Mariana Pires de


Miranda, Salvador Minuchin e colaboradores assumem-se como protagonistas do traba-
lho sistémico com famílias desfavorecidas. O capítulo acompanha o desenvolvimento do
modelo da terapia familiar estrutural, tanto ao nível da conceptualização do funcionamento
familiar e da sua avaliação, mas também das técnicas presentes na intervenção. Deu-se eco
ao corpo de críticas feitas ao modelo, assim como à forma como o modelo se desenvolveu
em resposta às mesmas.

O Capítulo 4, “Carl Whitaker e a Escola Simbólico-Experiencial”, surge pela mão de Daniel


Sampaio e realça a utilização das emoções e da fantasia do terapeuta na construção, com a
família, de uma nova realidade emocional.

O Capítulo 5, “Terapia de Casal Focada nas Emoções”, é escrito a três mãos: Kyriaki Pro-
topsalti-Polychroni, Joana Sequeira e Ana Paula Apolónia. Nele, as autoras apresentam esta
intervenção baseada em investigações científicas sobre o amor nos casais, integrando pres-
supostos das teorias da vinculação e da terapia humanista centrada na pessoa. O resultado
é uma proposta breve, estruturada de intervenção, com resultados consistentes em múlti-
plos contextos.

O Capítulo 6, “Terapia Familiar Narrativa”, de Joana Sequeira, fecha a Parte I, dando conta
da terapia familiar entendida dentro de um paradigma socioconstrutivista. Sublinha-se aqui
o papel da linguagem na construção da realidade, trazendo a construção, a reconstrução e
a desconstrução narrativa para o centro da mudança em terapia familiar.

A Parte II foca-se na avaliação familiar e contém o Capítulo 7, designado “Avaliação Familiar:


Capturando Processos e Dinâmicas Relacionais na Terapia”, da autoria de Ana Paula Relvas
e Luciana Sotero. Nele, a avaliação é organizada em torno de três eixos: da avaliação de ex-
pectativas dos casais e famílias, dos processos de mudança e dos resultados da mudança
terapêutica, sendo apresentados, para cada caso, instrumentos específicos de avaliação.

A terceira e última parte, a Parte III, conta com 12 capítulos, que procuram mapear os contri-
butos da terapia familiar e da intervenção sistémica em diversos contextos aplicados.

XXIV
Introdução

Começamos com dois capítulos que se debruçam sobre o tema da sexualidade, especifica-
mente no trabalho terapêutico com casais. O Capítulo 8, “Sexualidade e Terapia de Casal:
Estado da Arte da Investigação e Intervenção”, de Luana Cunha Ferreira e Isabel Narciso,
explana três abordagens sistémicas à sexualidade em terapia de casal, com focos diferen-
tes: na frequência; nas emoções; ou na diferenciação do self. Já o Capítulo 9 desenvolve a
temática da sexualidade e do amor na terapia de casal com casais seniores. Com o título
“Sobre o Amor e a Sexualidade no Tempo do Envelhecimento: Reflexões no Espaço da Te-
rapia de Casal”, Ana Maria Gomes articula dimensões relativas a esta fase do ciclo de vida
familiar, e também das perceções sociais sobre o envelhecimento em três casos clínicos.

Este foco na vivência, associada a uma pertença minoritária (baseada na idade), abre cami-
nho para os capítulos seguintes, que referem as especificidades de intervir sistemicamente
com indivíduos, casais e famílias culturalmente diversas e LGBTQ+. No Capítulo 10, Mariana
Pires de Miranda e Henda Vieira-Lopes desenvolvem o tema da “Terapia Familiar com Famí-
lias Culturalmente Diversas”, articulando os conceitos de “cultura” e “diversidade” com uma
prática sistémica, defendendo uma abordagem multicultural, ecossistémica e comparativa.
No Capítulo 11 “«Um Conjunto de Estereótipos que Reconheço no Meu Olhar»: Para uma
Intervenção Sistémica Afirmativa com Pessoas LGBTQ+”, Jorge Gato desenvolve as espe-
cificidades da vivência das minorias LGBTQ+, ligadas ao stress do impacto do estigma so-
cial, propondo uma intervenção sistémica afirmativa. Estes últimos dois capítulos salientam
dimensões específicas de desenvolvimento pessoal na formação dos terapeutas familiares
e interventores sistémicos.

O Capítulo 12, “Intervenção Sistémica Familiar em Comportamentos Aditivos e Dependên-


cias”, de Rui Pedro Ramos da Silva e António José Coelho, explora os modelos de inter-
venção sistémica numa área que tem, historicamente, grande implementação em Portugal,
desde o Centro de Estudos e Profilaxia da Droga (CEPD), pioneiro na Europa em terapia
familiar, na área da toxicodependência. São ainda explorados dois casos clínicos: um caso
de terapia familiar; e um de intervenção familiar em contexto de internamento em comuni-
dade terapêutica.

No Capítulo 13, “Violência na Família e Intervenção Sistémica”, de Mariana Sampaio de


Magalhães, aborda-se, de uma forma abrangente, a sensível temática da violência conjugal
e parento-filial. São apresentados modelos ecológicos e sistémicos que podem guiar uma
intervenção sistémica, e é discutido um caso clínico específico.

O Capítulo 14, “Comportamentos Suicidários e Autolesivos na Adolescência: Investigação


e Intervenção”, de Maria Gouveia-Pereira, apresenta-se a problemática das perturbações
do comportamento suicidário e de autoagressão deliberada, com foco particular no período
da adolescência. A autora explora as implicações para as famílias e para os outros signifi-
cativos, justificando as intervenções, baseadas em perspetivas individual, familiar e social.

Ainda tangencial ao tema da morte, o Capítulo 15 versa sobre “Luto e Intervenção Sistémi-
ca”. Nele, Manuel Lemos Peixoto explora o luto na família como aspeto central a todas as
intervenções terapêuticas, guiando o leitor entre abordagens individuais e sistémicas.
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Os quatro últimos capítulos procuram alargar, de forma explícita, a leitura sistémica aos sis-
temas em que as famílias estão inseridas.

XXV
Manual de Terapia Familiar: Teoria, Avaliação e Intervenção Sistémica

No Capítulo 16, Pedro Vaz Santos discorre sobre a “Intervenção Terapêutica com Famílias
no Âmbito do Sistema de Promoção e Proteção”. O argumento central é feito à luz de uma
abordagem socioconstrutivista, de intervenção com a família e o sistema na articulação en-
tre os eixos do problema e da solução.

No Capítulo 17, Ana Luísa Neves continua nesta linha, desta vez, focalizando na “Interven-
ção Familiar Sistémica nos Cuidados de Saúde Primários”, acompanhando a história do es-
tabelecimento de um olhar sistémico neste contexto. O capítulo continua com a explanação
de modelos de intervenção e a apresentação de um caso clínico, assim como abre espaço
para a exploração das diferentes formações que podem apoiar os profissionais a atuar nos
cuidados de saúde primários (CSP) na capacidade de leitura e intervenção sistémicas.

No Capítulo 18, “Intervenção em Catástrofe: A Inevitabilidade de uma Leitura Sistémica”, de


Maria João Beja e Mariana Pires de Miranda, apresenta-se o conceito de “catástrofe” e o
de “primeiros socorros psicológicos”. Partindo do caso da catástrofe pandémica devida à
COVID-19, são explorados os impactos das catástrofes, em termos de perdas e de trauma,
mas também as narrativas de resiliência familiar. São ainda apresentadas linhas gerais para
uma leitura e intervenção sistémicas, sendo neste quesito destacada a resposta “SPTF ao
Telefone com as Famílias”, que teve lugar durante o primeiro confinamento.

Finalmente, o Capítulo 19, “Intervenção Sistémica com as Redes”, de Madalena Alarcão,


propõe uma sistematização da intervenção sistémica para lá do sistema familiar, indo desde
o nível teórico ao da operacionalização de etapas e conteúdos de sessões de trabalho com
a rede primária, a rede secundária e a rede mista.

Após a apresentação dos conteúdos deste Manual de Terapia Familiar e da rede relacio-
nal de terapeutas familiares que a ele deu origem, resta-nos desejar o alargamento dessa
mesma rede aos leitores – alunos e profissionais de diferentes áreas – que se propuserem a
juntar-se a nós nesta tarefa sistémica de coconstrução de novas realidades com indivíduos,
casais, famílias, instituições e comunidades.

As Coordenadoras

XXVI
Os Primórdios da Terapia
1 Familiar

António Roma-Torres

1.1 Os pioneiros
Frequentemente não é fácil determinar, tanto no plano biográfico como no das famílias e
outras estruturas sociais, quando é que as coisas nascem, ou como elas se transformaram
e já não podem ser consideradas uma simples evolução em continuidade das anteriores.
Os terapeutas familiares incorporaram, a partir de alguns conceitos, principalmente da biolo-
gia, muito bem expostos por Maturana e Varela, as noções de morfostase que explica como
as coisas se mantêm, mesmo se ameaçadas do exterior ou de morfogénese afeta a como
elas se transformam noutras que lhes sucedem (Maturana et al., 2016).

Se quisermos uma certidão de nascimento para a terapia familiar, talvez possamos aceitar o
artigo “The Question of Family Homeostase” (Jackson, 1957), na realidade para melhor pre-
cisão cronológica, já apresentado em 7 de maio de 1954 no congresso anual da American
Psychiatric Association, em St. Louis (Missouri), em que foi também apresentada a primeira
versão considerada psicanalítica do famoso Diagnostic and Statistical Manual of Mental Di-
sorders (DSM). Antes, em janeiro, Jackson apresentara já o tema no Veterans Administration
Hospital de Menlo Park (Califórnia), na Conferência Frieda Fromm-Reichman, que nesse ano
lhe coubera fazer, tendo presente no auditório o antropólogo Gregory Bateson, há dois anos
aí a investigar a linguagem e a comunicação, com quem, no final, viria a travar conhecimen-
to (Ray, 2004). Don D. Jackson era um psiquiatra com notoriedade que já tinha publicado,
desde 1944, 25 artigos científicos, abordando áreas da psiquiatria tão diversas como: o
uso da hipnose; fatores psicossomáticos da colite ulcerosa; o uso da d-desoxiefedrina em
neuropsiquiatria; a relação do médico que encaminha o paciente com o psiquiatra; episó-
dios de sonambulismo; tratamento em consultório de pacientes esquizofrénicos; fatores que
influenciam o complexo de Édipo; o suicídio e o médico; alteração do papel da psiquiatria
na investigação multidisciplinar; a personalidade do terapeuta no tratamento dos esquizo-
frénicos; etc. A ideia de homeostase familiar inspirava-se nos conceitos da medicina e da
fisiologia de Claude Bernard e, principalmente, de Walter Canon que cunhara o termo, mais
do que na teoria geral dos sistemas, mais completa, de Ludwig von Bertalanfy, que fazia já o
seu caminho e, naturalmente, os integrava na sua arquitetónica multidisciplinar.

Mas é possível recuar-se mais no tempo e encontrar um outro artigo de Nathan W. Acker-
man, que pode atestar esse momento inaugural: “The Unity of Family” (Ackerman, 1938).
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No entanto, Nathan W. Ackerman era, por essa altura, pedopsiquiatra na célebre Menninger
Child Guidance Clinic, de orientação biopsicossocial, mas com grande inclinação psicanalí-
tica, e seria, em 1956, cofundador da American Academy of Psychoanalysis.

3
Manual de Terapia Familiar: Teoria, Avaliação e Intervenção Sistémica

Seja como for, talvez Nathan W. Ackerman não tenha na substância precedido Don D.
Jackson, mas pelo menos partilhou com ele alguns dos primeiros passos: Jackson lançou
o Mental Research Institute (MRI) em Palo Alto, em 1958; Ackerman fundou o Institute of
Family em Nova Iorque, em 1960, que, depois da sua morte, ficou com o nome pelo qual
ainda hoje é conhecido; e os dois fundaram, em 1962, a revista Family Process, farol de toda
esta nova área de investigação e clínica, que incluiu muitos outros pioneiros espalhados pe-
los Estados Unidos da América. A verdade, no entanto, é que o coração, o núcleo inspirador
da terapia familiar nesta fase foi o MRI e o seu líder, Don Jackson.

Don D. Jackson, de ascendência açoreana pelo lado materno, evidente no middle name de
Ávila, outras vezes grafado como DeAvila, era um teórico consistente, mas também um clíni-
co arguto e entusiasmante. Por outro lado, Bateson investigava no campo da antropologia e
dava, de longa data, importância aos registos fílmicos (Jay Haley, que se apresentava como
analista de filmes, fora contratado para a investigação depois de uma conferência que fizera
sobre um filme de propaganda nazi a que Bateson assistira), e, embora os grupos fossem
distintos, houve uma influência mútua. No entanto, Bateson trabalhava num projeto de in-
vestigação no Veterans Administration Hospital e Jackson no MRI, cada um sendo consultor
do outro grupo, mas não os integrando como membros. Por isso, as sessões e mesmo as
discussões eram frequentemente gravadas ou filmadas. Assim, Wendel Ray, um terapeuta
familiar que tem dedicado muito do seu trabalho ao estudo do espólio de Don D. Jackson,
escreve com Stivers e Brasher que “Jackson deixou mais de 100 horas de gravações áudio e
vídeo conduzindo a terapia, que quando se justapõem aos 130 artigos ou capítulos em livros,
e sete livros que escreveu, que, se considerados à luz da época em que trabalhou, revelam
a importância prototípica de Jackson” (Ray et al., 2011: 39; tradução do autor). Mas Bateson
estava interessado em conhecer melhor a comunicação em múltiplos contextos, incluindo a
comunicação animal, e Jackson identificava-se como psicoterapeuta, o que não interessava
de todo Bateson. Por este motivo, Bateson não quis ser investigador do MRI mas apenas
consultor e Jackson captou para o seu lado Haley, Weakland e Fry do grupo de Bateson, e
convidou Satir (que tinha já experiência num modelo simbólico-experiencial próximo do psi-
codrama), Watzlawick, Fisch, Beavin Bavelas, Yalom (que depois enveredou por uma vertente
mais de grupo e experiencial e, mais tarde, se lançou como romancista), Hoffman, António
Ferreira (médico licenciado em Lisboa e com formação psiquiátrica já feita nos Estados Uni-
dos da América), Riskin, Sluzki e Madanes (os dois últimos com origem na Argentina).

Ao lado da homeostase familiar, progressivamente ampliada numa conceção sistémica


que incluía a totalidade e a equifinalidade, o que se conciliava com a unidade familiar que
Ackerman considerava, Jackson esperava muito da descoberta do double-bind como co-
municação paradoxal, cuja compreensão ele acreditava que poderia revolucionar a psico-
patologia tal como a psiquiatria e a psicanálise, então dominante, a entendiam. De todo o
grupo, talvez se tenha destacado mais Jay Haley, que procurou desenvolver o poder dos
paradoxos, analisando os registos de sessões terapêuticas e do tipo de hipnose que pra-
ticava e de entrevistas minuciosas com Milton Erikson, que passou a ser considerado um
percursor neste novo campo, como podem também ser considerados Harry Stack Sullivan
no lado da psicanálise, mas com um cunho que se identificava como interpessoal, e Jacob
Levy Moreno no lado do psicodrama, fazendo uma transição do indivíduo para o grupo e
da mente para a ação (Roma-Torres, 2019). Haley publicou Estratégias em Psicoterapia, em
1963, um livro extraordinário na revolução que propõe no entendimento das psicoterapias
e na desvalorização do insight que partilhava com Jackson, e que, em muitos aspetos,

4
Terapia de Casal Focada
5 nas Emoções

Kyriaki Protopsalti-Polychroni, Joana Sequeira


e Ana Paula Apolónia

5.1 História e contexto de emergência


A relação de casal constitui uma dimensão importante, complexa e difícil, e tem um im-
pacto significativo na qualidade da vivência pessoal e nas dinâmicas relacionais desen-
volvidas na família nuclear e alargada. O casal enfrenta normativamente desafios e crises,
e, por isso, é contexto de intervenção terapêutica. O casal, enquanto subsistema de base
da família, tem sido o foco de múltiplas abordagens terapêuticas, desde o nascimento
da psicologia da família, nos anos 40 do século XX. Porém, até aos anos 1980, não havia
um modelo específico de terapia de casal que focasse, simultaneamente, as dimensões
relativas à realidade interna de cada parceiro e ao padrão de interação desenvolvido en-
tre eles e que constituísse um mapa holístico/“bússola”, orientador da terapia, de forma
sistemática e eficaz. A terapia de casal focada nas emoções (EFCT) veio responder a essa
necessidade conceptual e clínica.

O modelo de EFCT é uma abordagem terapêutica breve (20-25 sessões) que visa ajudar
os elementos do casal a estabelecer um vínculo seguro entre si. Teve origem no início da
década de 1980 (Johnson & Greenberg, 1985), tendo sido posteriormente desenvolvido por
Susan Johnson (Johnson, 2004). A terapia focada nas emoções (EFT) tem sido aplicada,
para além da terapia com casais (EFCT), a indivíduos em terapia individual – terapia indivi-
dual focada nas emoções (EFIT) (Brubacher, 2018; Johnson, 2019) e a famílias em terapia
familiar – terapia familiar focada nas emoções (EFFT) (Furrow & Bradley, 2011; Furrow et al.,
2019). Neste capítulo, iremos “debruçar-nos” sobre a EFCT.

Em Portugal, a formação no modelo de EFCT para os casais, desenvolvida por estes auto-
res, foi introduzida em 2020 por Kyriaki Polychroni, numa iniciativa da Sociedade Portuguesa
de Terapia Familiar (SPTF).

5.2 Pressupostos teóricos


A EFT é um modelo de terapia sistémica que integra pressupostos das teorias da vinculação
© PACTOR

e da terapia humanista, centrada na pessoa de Carl Rogers (Figura 5.1).

53
Manual de Terapia Familiar: Teoria, Avaliação e Intervenção Sistémica

Analisa como os parceiros se envolvem um com


o outro
Usando contextualização, intervenções e tarefas
sistémicas

Analisa como os parceiros constroem a sua experiência emocional


de parentesco
Usando intervenções rogerianas

A fim de:
n Criar novas formas de interação/Mudar a “dança”;
n Reprocessar/Expandir a capacidade de responsividade emocional;
n Promover ligação segura entre parceiros.

Fig. 5.1 Fundações da EFCT

A EFCT aborda a interação entre os parceiros e tem por base uma conceptualização, in-
tervenções e tarefas sistémicas. Procura compreender como os parceiros constroem in-
ternamente a sua experiência relacional – usando intervenções rogerianas – e estimula a
criação de novas formas de interação/mudança na “dança relacional”, o reprocessamento/
/expansão da responsividade emocional e a promoção de ligações e vínculos seguros entre
os parceiros.

5.3 Abordagem sistémica e teoria da vinculação


A investigação no âmbito das neurociências evidencia que a necessidade humana de co-
nexão com os outros é inata e é fortemente influenciada pelas experiências emocionais
precoces com as figuras de vinculação primárias. Nas últimas décadas, as intervenções
psicoterapêuticas têm vindo a basear-se em evidências científicas sobre os processos que
caracterizam as terapias eficazes e nos outputs das neurociências relativos ao funciona-
mento cerebral. Desde o nascimento, o hemisfério direito do cérebro – em grande parte
responsável pela nossa experiência emocional – é afetado pela presença e constância emo-
cional do progenitor e/ou figura de vinculação ou, ao contrário, pela sua ausência e falta de
ressonância emocional. Contrariamente à memória explícita, a memória implícita, pré-verbal,
acompanha e mantém presentes as primeiras experiências precoces de ligação com outros
significativos. Estas experiências emocionais contribuem grandemente para moldar os pa-
drões de interação que desenvolvemos nas relações adultas e são particularmente ativadas
nas relações mais íntimas (Fishbane, 2013).

A importância destas experiências foi revelada muito cedo por John Bowlby (1988). No en-
tanto, no desenvolvimento da psicoterapia, os seus contributos não foram incorporados.
É de notar que o modelo sistémico emerge num quadro de questionamento dos modelos
dominantes, em particular a psicanálise, e, apesar da importância dos estudos da vincula-
ção, também nesta abordagem os contributos desta teoria foram pouco integrados, uma vez
que Bowlby se enquadrava na corrente psicanalítica, tendo sido diretor do Tavistock Center,
em Londres, uma referência da psicanálise europeia.

54
Terapia de Casal Focada nas Emoções

5.6.2 F
 ases e passos do “tango” da terapia de casal focada nas
emoções
A EFCT oferece um mapa dos problemas e das forças da relação. Prevê um conjunto de
estratégias e intervenções e inclui uma macrossequência denominada “tango” da EFCT.
O processo de mudança organiza-se em três estádios e nove passos:

■ Estádio 1: De-escalar – mudança de primeira ordem


1. Criar uma aliança terapêutica segura e fazer uma avaliação inicial.
2. Identificar e refletir o ciclo de interação negativo. Determinar a posição de cada
parceiro e as emoções secundárias de cada um.
3. Aceder às emoções “não conhecidas” subjacentes a cada posição interacional
no ciclo.
4. Reenquadrar o problema no contexto do ciclo negativo de interações: validar as
emoções secundárias; processar as emoções primárias; e evidenciar as necessi-
dades de vinculação que estão subjacentes.
No final do Estádio 1, os parceiros compreenderam a experiência vivida no ciclo ne-
gativo e as emoções secundárias e primárias, e o ciclo é reenquadrado como uma
tentativa ineficaz de conexão emocional. O enquadramento da vinculação oferece uma
explicação lógica do ciclo disfuncional como uma tentativa de lidar com o stress da
desconexão;

■ Estádio 2: Reconstrução do padrão relacional – mudança de segunda ordem


5. Identificar e nomear os medos implícitos, relativamente a si e ao outro (modelo
relacional interno) e as necessidades não assumidas.
6. Estimular a aceitação da experiência do outro parceiro, de aspetos próprios e de
novos formatos de interação.
7. Facilitar a expressão das necessidades de vinculação e restruturar a interação
para gerar envolvimento emocional.
Neste processo e através dos enactments, ocorrem dois eventos de mudança impor-
tantes: o envolvimento do parceiro evitante; e a suavização do perseguidor;

■ Estádio 3: Consolidação da mudança


8. Facilitar o surgimento de novas soluções face a dimensões relacionais problemá-
ticas.
9. Consolidar as novas posições e os ciclos de interação vinculativos.
O reforço da mudança opera-se pelo revisitar das questões relacionais, a partir de
uma posição de envolvimento, de suporte responsivo, de permanência na conexão,
mesmo face à diferença, no processar dos ciclos negativos, na validação do progresso
dos parceiros e na integração da experiência emocional, com vista à coconstrução de
© PACTOR

novas narrativas sobre o casal e sobre o futuro.

59
Manual de Terapia Familiar: Teoria, Avaliação e Intervenção Sistémica

5.6.3 Papel do terapeuta no “tango” da terapia de casal focada nas


emoções
De acordo com Paul Ekman (2003), pioneiro no estudo das emoções e das expressões fa-
ciais universais, as emoções raramente ocorrem sozinhas ou numa forma pura. As circuns-
tâncias às quais reagimos no ambiente mudam rapidamente, e, em consequência, ocorrem
emoções sobre as emoções, que se organizam num fluxo de respostas emocionais (Ekman,
2003). Este pressuposto fundamenta a postura do terapeuta de EFCT, o qual se conecta
emocionalmente com o casal, procurando sintonizar-se com cada parceiro e perceber o
tom emocional da relação. O treino dos terapeutas e a terapia em si mesma baseiam-se nos
mesmos princípios.

Segundo Lebow e colaboradores (2012), o terapeuta de EFCT ajuda os parceiros a identifi-


car, experimentar e expressar as suas emoções, especialmente as emoções mais vulnerá-
veis ou primárias. Foca e trabalha em profundidade as reações emocionais no “aqui e agora”
da sessão de terapia, mudando as interações rígidas em respostas que estimulam a resi-
liência e uma conexão segura. O envolvimento emocional do terapeuta focado nas emoções
implica um conjunto de processos designados RISSSC:

■ R – Repetir: palavras-chave e frases.


Exemplo: “É muito difícil. Muito difícil arriscar. Muito difícil confiar. É muito difícil acre-
ditar que ele estará lá para si.”;
■ I – Imagens: imagens e palavras de emoção, especialmente as do cliente.
Exemplo: “De alguma forma, é como se uma porta se tivesse fechado. Você está ex-
cluído e bate, mas não há resposta.”;
■ S – Simples: frases claras, curtas e lacónicas.
Exemplo: “Quer estar perto, estar segura com ele.”;
■ S – Slow: ritmo lento, pausado para aprofundar a emoção.
O terapeuta permite o silêncio e diminui o ritmo para aumentar a intencionalidade e a
intensidade da resposta do cliente;
■ S – Suave: tom cuidadoso e baixo.
O terapeuta fala num tom calmo e reconfortante;
■ C – Palavras do cliente: usadas para apoiar e validar.
Exemplo: “Quando ele olha para si dessa forma, é como se ouvisse: Tu não importas,
és um fardo. E essas palavras doem profundamente.”.

Durante cada sessão, ao longo de todos os estádios e etapas do processo da EFCT, o tera-
peuta envolve-se em cinco movimentos básicos que organizam o processo colaborativo – o
“tango” da EFCT (Figura 5.4):

1. Espelha, reflete e formula o processo.


2. Pontua os afetos e aprofunda novas emoções.
3. Coreografa momentos de conexão.

60
Terapia de Casal Focada nas Emoções

4. Processa a conexão e amplifica-a.


5. Integra e valida, celebrando os processos.

Os cinco movimentos básicos da EFCT

1. Espelhar/Refletir
o processo atual
(dentro/entre).

5. Integrar
2. Pontuar afetos
e validar: celebrar
e aprofundar
o que acabaram de
novas emoções.
fazer. Dançando o “tango”
da EFCT

4. Processar o
3. Coreografar
encontro: como se
momentos de
sente a contar/a
conexão.
ouvir.

Adaptado de Johnson (2019).

Fig. 5.4 O processo terapêutico: O “tango” da EFCT

5.6.4 Técnicas e intervenções-chave


A intervenção baseia-se no desenvolvimento de um conjunto de técnicas e intervenções
simples que se repetem sistematicamente em todas as etapas da EFCT:

■ Refletir a experiência emocional de cada parceiro e entre eles: permite focar o pro-
cesso terapêutico, construir e manter a aliança com o terapeuta e clarificar as respos-
tas emocionais subjacentes às posições relacionais. Exemplo: “Quando parece que,
independentemente do que faça, não é suficiente para a sua parceira, torna-se muito
difícil, dói de tal forma que precisa de se afastar dela. É assim? Compreendi bem?”;
■ Validação: legitima as respostas e apoia o cliente na exploração sobre as suas expe-
riências e interações. Exemplo: “Compreendo, quando está neste sofrimento, quando
se sente sozinho desta forma, claro que tem dificuldade em focar-se, é normal”;
■ Resposta evocativa: implica perguntas abertas e sugestões sobre estímulos, res-
postas e sensações corporais, desejos, significados ou comportamentos que evocam
emoções. Permite a expansão dos processos emocionais e reorganização da expe-
© PACTOR

riência. Evidencia elementos da experiência pouco claros ou marginalizados. Exemplo:


i) “Como é quando a ouve dizer…? Os seus olhos ficam em lágrimas… Pode dizer-
-me o que acontece consigo, nesse momento?”; ou ii) “Quando quer estar com o seu

61
Manual de Terapia Familiar: Teoria, Avaliação e Intervenção Sistémica

marido e ele tem tanto trabalho, sobe as escadas e vai para o escritório, o que lhe
passa pela cabeça? O que faz nesse momento?”;
■ Intensificar: destacar e intensificar emoções-chave e novas formulações da experiên-
cia emocional, que ajudam a reorganizar o padrão de interação, através da repetição,
imagens, metáforas, focalização ou representações. Exemplos: i) “Então você quer
entrar numa bolha – isso é doloroso, muito doloroso… Quando ela diz que ainda o
ama, a dor é tão profunda, tão dolorosa, tão difícil que você só quer fugir para lon-
ge.”; ii) “Para si, parece tão difícil como escalar um penhasco, muito assustador.”;
e iii) “Pode dirigir-se a ele e dizer-lhe isso: É muito difícil perguntar. É muito difícil pedir-
-te que me segures a mão.”;
■ Conjetura empática: perguntas ou afirmações que promovem uma maior consciência
da experiência emocional, dos significados ou dos padrões de comportamento. Exem-
plos: i) “Não acredita que seja possível ser aceite se não for forte, não é?”; e ii) “Sinto
que por detrás da sua frustração pode estar a sentir-se triste. Estou a entender bem?
Sente-se triste?”;
■ Enactments: dramatizações que estimulam conversas geradoras de conexão, evitam
e redirecionam as escaladas negativas sobre o problema. Transformam a nova expe-
riência emocional numa resposta alternativa e ambas contribuem para a reconstrução
ativa de interações no “aqui e agora”. O terapeuta incita um dos parceiros a falar com
o outro, com a sua ajuda e orientação, monitoriza a interação que surge entre os par-
ceiros e ajuda-os a processar o que experienciaram na interação alternativa;
■ História da vinculação: recolher informações específicas sobre as experiências emo-
cionais de cada parceiro nos relacionamentos amorosos, incluindo experiências de
vinculação na infância e nos relacionamentos posteriores – pretende-se evidenciar o
que cada um aprendeu sobre a forma como se liga e conecta com as pessoas impor-
tantes e sobre a segurança dessas relações. Perceber a existência de experiências
traumáticas de vinculação, e, caso elas existam, de que forma as geriu e se adap-
tou. Olhar para as experiências específicas de vinculação (na família de origem, em
relações anteriores e na atual) e compreender a sua ligação com o padrão negativo
específico do casal.

5.7 Novos desenvolvimentos da terapia focada nas


emoções com indivíduos e famílias
Face à eficácia evidenciada da EFCT, e considerando que a aplicação dos pressupostos
compreensivos e clínicos desta abordagem explicam o funcionamento do indivíduo nas suas
relações com outros significativos, desenvolveram-se dois outros modelos de EFT: a EFIT
e a EFFT.

5.7.1 Terapia individual focada nas emoções


A terapia individual focada nas emoções (EFIT) surgiu a partir do trabalho com casais,
sendo depois ajustada e aplicada à terapia individual, especialmente com pessoas com
diagnóstico de depressão, ansiedade e perturbação de stress pós-traumático (PTSD).

62
Avaliação Familiar: Capturando
7 Processos e Dinâmicas Relacionais na
Terapia

Ana Paula Relvas e Luciana Sotero

7.1 Introdução
A tarefa de redigir uma dezena de páginas sobre avaliação familiar, sem perder de vista um
contexto de dupla inserção, isto é, que se destinam a um Manual de Terapia Familiar, no
qual integram, especificamente, a secção sobre avaliação e formação, é, do nosso ponto de
vista, complexo, exigindo alguma reflexão prévia que explicite as opções tomadas. É o que
se pretende fazer nesta introdução.

Comecemos por reportar as nossas primeiras opções. Em primeiro lugar, entendemos que
seria interessante facilitar ao leitor uma abordagem sobre como fazer a avaliação da família
ao longo do processo terapêutico, e com que objetivos clínicos. Em segundo lugar, optá-
mos por nos focar na avaliação efetuada com recurso à utilização de instrumentos estan-
dardizados e normalizados, em vez de nos centrarmos na entrevista clínica e instrumentos
nela integrados como, por exemplo, o genograma ou o mapa de rede. Em terceiro lugar,
pretendemos mostrar e exemplificar como podemos estender a utilização de alguns destes
instrumentos à formação e à investigação em terapia familiar.

Mas antes de prosseguir, teremos de organizar o nosso próprio pensamento relativamente à


estrutura que queremos dar a este capítulo. Grosso modo, distinguem-se dois tipos de ava-
liação sobre a intervenção familiar, ou seja, sobre “o que faz «funcionar» famílias e terapeutas
em terapia (como se ligam os dois sistemas e com que efeitos de mudança)” (Relvas & Major,
2014: 14): i) avaliação dos resultados; e ii) avaliação do processo (de mudança terapêutica).

A teoria dos fatores comuns em psicoterapia (Sprenkle et al., 2009) foi amplamente utilizada
na conceptualização dos estudos que conduziram ao desenvolvimento de alguns instrumen-
tos dirigidos à avaliação do processo terapêutico, tanto de autorrelato como observacionais
e ideográficos. Segundo esta teoria, o sucesso (ou melhoria) na terapia deve-se a um con-
junto de fatores ou mecanismos de mudança que são transversais às diferentes formas de
terapia eficazes, sendo os modelos e técnicas de intervenção considerados um contexto
no qual os fatores comuns operam. Os modelos (por exemplo, cognitivo-comportamental,
sistémico) e as expectativas face à terapia seriam dois fatores responsáveis, cada um deles,
por 15% da mudança; o fator comum com mais peso seria o cliente e as suas caracterís-
ticas (responsáveis por 40% da mudança terapêutica), aparecendo logo a seguir a relação
terapêutica (associada a 30% da mudança) (Lambert, 1992). O estudo empírico dos fatores
© PACTOR

comuns promoveu uma enorme evolução na investigação sobre a terapia familiar, designa-
damente através do desenvolvimento e da adaptação de medidas de avaliação do processo
e dos resultados da mudança terapêutica.

87
Manual de Terapia Familiar: Teoria, Avaliação e Intervenção Sistémica

Inúmeros instrumentos poderiam ser referidos neste contexto, entre eles alguns questioná-
rios de autorrelato aconselhados para uso clínico, como é o caso de (Hamilton & Carr, 2015):
i) McMaster Family Assessment Device (FAD); ii) Circumplex Model Family Adaptability and
Cohesion Evaluation Scales (FACES); e iii) Systemic Clinical Outcomes in Routine Evaluation
(SCORE). Neste capítulo, além do SCORE (instrumento de medida do funcionamento fami-
liar), apresentaremos: i) Expectations for Couple (Family) Therapy Scale (ECTS – avaliação
das expectativas sobre a terapia de casal [e familiar]); ii) System for Observing Family The-
rapy Alliances (SOFTA – modelo de avaliação/observação da aliança terapêutica); e iii) Goal
Attainment Scaling (GAS – é uma medida ideográfica de resultados obtidos e da mudança
terapêutica através da avaliação de objetivos atingidos; em português, designa-se Escala de
Objetivos Atingidos). Selecionámos, portanto, os instrumentos com que mais frequentemen-
te trabalhamos e que adaptámos para Portugal.

Refletindo, finalmente, sobre a grande questão metodológica que se coloca à avaliação na


terapia familiar e de casal numa perspetiva sistémica (TFS/TC), isto é, sobre como capturar
a complexidade e a interação/circularidade no sistema família e/ou no sistema terapêutico,
concluímos que é uma questão difícil e sempre presente. Globalmente, traduz-se num dile-
ma e numa preocupação associados à unidade de análise ou avaliação: avalia-se a família
como um todo? Ou os indivíduos, elementos da família? A resposta possível é que os ins-
trumentos, quer sejam de autorresposta ou observacionais, devem procurar capturar sem-
pre, ainda que com limitações conhecidas, aspetos relacionais e interacionais dos sistemas
familiar e terapêutico. Ou seja, devem focar-se e dirigir-se às relações e não aos indivíduos
per se, nem que estes sejam os informantes.

Na apresentação dos instrumentos já indicados, optámos por seguir uma ordem consistente
com o desenrolar do processo terapêutico: i) avaliação das expectativas sobre a terapia
familiar (Escala de Expectativas para a Terapia de Casal [EETC]/Escala de Expectativas para
a Terapia Familiar [EETF]); ii) avaliação da aliança terapêutica (AT) no processo de mudança
(Sistema de Observação da Aliança em Terapia Familiar – versão observacional [SOFTA-o] e
o Sistema de Observação da Aliança em Terapia Familiar – versão autorresposta [SOFTA-s; o
“s”, em inglês, significa self-report]); e iii) avaliação dos resultados terapêuticos (SCORE-15
[trata-se da versão de 15 itens] e GAS). Cada um destes tópicos corresponderá a uma sec-
ção do capítulo e, na apresentação de cada instrumento, seguiremos, tanto quanto possível,
uma estrutura idêntica: i) instrumento(s); ii) objetivos, timing e procedimentos de aplicação;
e iii) resultados e exemplos de aplicação.

7.2 O que se acredita sobre a terapia: Avaliação das


expectativas dos clientes na terapia de casal e familiar
As expectativas dos clientes na terapia podem ser definidas como as crenças antecipatórias
que estes trazem para o processo terapêutico, ou seja, reportam-se àquilo que os clientes
esperam que aconteça na terapia mesmo antes de iniciá-la. De acordo com Norberg, Wet-
terneck, Sass e Kanter (2011), as expectativas dos clientes podem ser subdivididas em:
i) expectativas de processo, referentes às crenças que os clientes têm acerca do que pode
acontecer durante a terapia, incluindo o seu próprio comportamento, os procedimentos uti-
lizados e a duração do tratamento; e ii) expectativas de resultado, relativas à utilidade da
terapia e à possibilidade de melhorar em resultado da mesma.

88
Sexualidade e Terapia de Casal:
8 Estado da Arte da Investigação e
Intervenção1

Luana Cunha Ferreira e Isabel Narciso

8.1 A sexualidade no casal


A partir de Bronfenbrenner (Shelton, 2019), reconhecemos que a sexualidade envolve todos
os sistemas que devem informar a lente do terapeuta sistémico: microssistema, mesossis-
tema, exossistema, macrossistema e cronossistema. Assim, a sexualidade no casal2 é um
palco agregador de vontades, expectativas, mitos, tradições, estereótipos, preconceitos e
permanentes patologizações de comportamentos, sentimentos e padrões, hoje considera-
dos normativos (Schmidt, 2010). Nas relações ditas românticas, a sexualidade constitui uma
dimensão nodal da intimidade, conceptualizada como o contorno que diferencia a intimida-
de amorosa da de outras relações (por exemplo, amizade, pais-filhos) (Narciso, 2002), de-
sempenhando um papel essencial na qualidade e satisfação relacional (Pascoal et al., 2014;
Roels & Janssen, 2020). A associação entre satisfação relacional e satisfação sexual em
casais (acentuadamente mais forte nas fases iniciais) tem sido objeto de estudo da literatura
científica sem, contudo, se chegar a conclusões consensuais relativamente à direcionalida-
de da relação causal3 (Quinn-Nilas, 2020). Assim, alguns autores defendem que a satisfação
relacional depende da satisfação sexual, quer porque a satisfação de necessidades básicas,
onde se inclui a gratificação sexual, é crucial para a satisfação com a relação quer porque,
considerando o equilíbrio entre recompensas e custos na relação, a satisfação sexual é per-
cebida como uma forte recompensa (Arriaga, 2013). Já outros estudos (por exemplo, Byers,
2005) verificaram uma relação de causalidade no sentido inverso, apontando a satisfação re-
lacional como determinante da satisfação sexual, embora defendam também a possibilida-
de de a relação entre ambas as variáveis depender de outras variáveis associadas à relação
(Byers, 2005). Contudo, muitos terapeutas, bem como os resultados obtidos nalguns estu-
dos longitudinais, apoiam uma perspetiva de influência bidirecional (por exemplo, McNulty
et al., 2016, Quinn-Nilas, 2020), o que sugere uma relação circular entre satisfação sexual e
relacional. Num recente estudo longitudinal com uma amostra de grande dimensão compos-
ta por casais americanos com relações de longa-duração (Quinn-Nilas, 2020), constatou-se
que enquanto a satisfação conjugal aumentou linearmente ao longo de 20 anos, a satisfação
sexual revelou uma trajetória inversa. À semelhança de um anterior estudo de Byers (2005),
1
Nota das autoras: o conteúdo deste capítulo foi escrito sob a orientação da 7.ª edição da APA.
2 
O constructo de sexualidade adquiriu, através da investigação científica, da intervenção aplicada e das lutas polí-
ticas e sociais, uma complexidade espelhada pela dificuldade em simplesmente definir o conceito. Neste capítulo,
endereçamos apenas a intervenção em terapia de casal focada em temáticas da interação sexual do casal, apenas
um recorte de um tema que engloba direitos sexuais, identidade de género, expressão de género, orientação sexual,
entre outros.
© PACTOR

3 
Tal inconclusividade deve-se a questões metodológicas (por exemplo, estudos transversais vs. longitudinais; dura-
ção da relação; baixa utilização de actor-partner interdependence model (APIM); estudos longitudinais com amostra
reduzida; e estreito intervalo de análise ou apenas dois pontos temporais e conceptuais (por exemplo, visão estática
vs. dinâmica de satisfação conjugal e sexual) (Byers, 2005; Day et al., 2015; Quinn-Nilas, 2020).

103
9cm 16,7cm x 24cm 18mm 16,7cm x 24cm 9cm

MANUAL DE TERAPIA FAMILIAR


Coordenação

“Foi nos anos 70 que atendi, pela


MANUAL DE TERAPIA FAMILIAR MARIA GOUVEIA-PEREIRA
MARIANA PIRES DE MIRANDA
COORD EN A D OR A S

primeira vez, a mãe de um jovem com


A Terapia Familiar apresenta-se como uma área de estudo multidisciplinar

MANUAL
comportamentos aditivos. Ela tinha só um
que procura compreender o funcionamento das relações de casal e familiares,
problema. Eu tinha dois: o dela e o meu. centrando a sua intervenção no meio familiar em que o indivíduo se move.
Quem me mandou tentar falar com
os familiares, se, nessa altura, a solução Baseada numa perspetiva sistémica, a Terapia Familiar contempla modelos
de intervenção eficazes, que recorrem à ativação das competências e dos Maria Gouveia-Pereira
se centrava só e apenas no Paciente
de

TERAPIA
recursos dos próprios sistemas relacionais. Psicóloga clínica. Doutorada. Terapeuta familiar, for-
Identificado? Com o andar dos tempos, madora e supervisora de Terapia Familiar e Casal na
abriu-se uma nova porta… Falava-se É com base nesta narrativa que surge o Manual de Terapia Familiar. Escrito Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar (SPTF).
de Terapia Familiar e trabalhávamos apenas por um conjunto alargado de autores, apresenta uma diversidade de conteú- Professora universitária no ISPA – Instituto Universi-
com sebentas. Finalmente, temos este dos, num equilíbrio entre teoria e prática. tário. Exerce em consultório privado psicoterapia

FAMILIAR
Manual de Terapia Familiar!” individual, terapia de casal e familiar.
A presente obra está estruturada em três partes: teoria, avaliação e inter-
venção. Na primeira, enfatizam-se os contributos teóricos fundamentais da
José Manuel Almeida e Costa
Terapia Familiar; na segunda, destaca-se a avaliação familiar (apresentando
Fundador da Sociedade Portuguesa
C
instrumentos específicos de avaliação); e, na terceira, procura-se mapear
de Terapia Familiar (SPTF)
M
os contributos da Terapia Familiar e intervenção sistémica em diversos
Y
contextos aplicados.
CM

Trata-se de um recurso para estudantes e profissionais de Psicologia, TEOR I A, AVAL IAÇÃO Mariana Pires de Miranda
MY

“Na partilha e na cumplicidade, este Medicina, Serviço Social e Enfermagem, bem como para outros interessados E I N TERVENÇÃO SISTÉM ICA Psicóloga. Doutorada. Terapeuta familiar, formadora
CY e membro da direção da Sociedade Portuguesa de
manual invoca conhecimentos que no tema, que encontrarão neste livro uma visão completa e essencial sobre Terapia Familiar (SPTF). Investigadora no Instituto
CMY

se complementam. É o livro que nos faz falta! a Terapia Familiar. de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Exerce
K

Promete tornar-se companheiro indispensável psicoterapia individual e terapia de casal e familiar em


nas trajetórias dos profissionais que aceitam T E M A S
consultório privado e em contexto comunitário.
a viagem envolvente e desconcertante
Contributos teóricos • Avaliação familiar • Sexualidade e terapia de casal •
do pensamento e da pragmática do
Amor e sexualidade no envelhecimento • Famílias culturalmente diversas Coord.:
modelo sistémico.” AUTORES
• Intervenção com pessoas LGBTQ+ • Comportamentos aditivos e dependên-

MARIANA PIRES DE MIRANDA


Ana Maria Gomes cias • Violência na família • Comportamentos suicidários e autolesivos na Ana Luísa Neves | Ana Maria Gomes

MARIA GOUVEIA-PEREIRA
Presidente da Sociedade Portuguesa adolescência • Luto • Sistema de promoção e proteção • Cuidados de saúde Ana Paula Apolónia | Ana Paula Relvas
António José Coelho | António Roma-Torres
de Terapia Familiar (SPTF) primários • Intervenção em catástrofe • Intervenção sistémica com as redes
Daniel Sampaio | Elisabete Silvério Ferreira
Henda Vieira-Lopes | Isabel Narciso
Joana Sequeira | Jorge Gato
Kyriaki Protopsalti-Polychroni | Luana Cunha Ferreira
Luciana Sotero | Madalena Alarcão
Manuel Lemos Peixoto | Maria Gouveia-Pereira
Maria João Beja | Mariana Pires de Miranda
ISBN 978-989-693-132-2
www.pactor.pt

Mariana Sampaio de Magalhães


Pedro Vaz Santos | Rui Pedro Ramos da Silva
www.pactor.pt 9 789896 931322

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