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H COLABORAI)ORES

COMO TRABALHAMOSCOM

GRUPOS

õ-?,s
-ã-

ALEGRE,I997
PORTO
26
A Famflia comoGrupo e o
Grupo comoFamflia
M. CRISTINA RAVAZZOLA
SUSANABARÍLARI
cAsróN MAZIERES

A TERApIAFAMILIARsrsrÊurcl nM DIsrINToscoNTExros
Nossoobjetivo,nestecapítulo,é procurarconceptualizar sobreosdesenvolvimentos
atuaisem terapiafamiliarsistêmica, considerando queestesdesenvolvimentos pos-
suemaspectos comunscom paradigmas oriundosdo campodo grupale do social.
Explicaremoscomo ampliamosnossametodologiaclássicade terapiafamiliar
sistêmica,desenvolvendo propostas complexas,nasquaisconvivemasentrevistas de
terapiafamiliarpropriamente dita com os gruposde pares.Em nossaexperiência,
estaunidadeassimestruturada é umainteração permanente entreseuscomponentes,
gerandoumapotencialização daspossibilidades de mudançamuitíssimosuperioràs
conquistadas coma terapiafamiliarisolada.Exemplificaremos a aplicaçãoconjunta
da terapiafamiliar sistêmicacom terapiasgrupais,comorespostaà necessidade de
resolverproblemasespecíficos de dependência de drogas.
Vamosabordar,destemodo,a construção de modelosterapêuticos quepermi-
tamprocessos de contenção, perturbação e socializaçãonasorganizações familiares
quepadecem"abusos".
Vamoscomeçar pordescrever muitosinteticamente,sobo título"A famíliacomo
grupo",os delineamentos geraisdaterapiafamiliarsistêmica. Posteriormente,sobo
título"Os gruposcomofamília",transcreveremos osdesenvolvimentos principaisde
nossaabordagem grupal,articulados coma terapiafamiliarsistêmica,emumaampla
estmtura,na qualos membrosda famfliarevisame refletemsobreseusvínculos.

A FAMÍLIA COMOGRUPO

Breveintroduçãosobrea história da terapia familiar


Comosurgea terapiafamiliar?Desdemeadosdesteséculo,surgemdistintosgnpos
de profissionais
da saúdemental,queconsideram queosproblemas daspessoas de-
vem serolhadose atendidosno contextode suavida familiare cotidiana,indo além
dasteoriassobreo quelhesacontececomoindivíduos.Nestesgrupos,asequipesde
294 . znlgnnanN
t osonto

médicos,psicólogose trabalhadoressociaiscomeçama desenvolve


mento nas quais envolvem aquelesque compartiÌhama vida de seu
nindo-osparaqueconversementresi. Essasiniciativas,que concre
ravam a família a participar ativamentede programasterapêuticos
tempo, em uma pluralidadede formulaçõesteóricase técnicas,as qu
daspelo nome de terapir,familiar.Destâorigemmúltìpla,a terapia
critériose ideologiasdiversas,que tomamdifícil unificarconceito
a definir na atualidadeestecampo.
Neste capítulo, descrevemosde forma geral um destesdese
terapiafamiliar:o caminhochamado"sistêmico".Dentrodeleexis
delosqueprivilegiamos,os quaisdevemnecessariamente variare f
antede cadafamília, problemaou contexto.Por último, poremosem
lidadesda terapiafamiliar sistêmicaque utilizamosespecificame
um programade reabilitaçãoambulatoriaÌe familiar para pessoa
drogas.

Algumas definições sobre a instituição família

Consideramos a família um sistemasocialque, a pârtir de uma de


estácompostode atoressociaisquelevama cabofunçõesnecessári
zação.Essa organizaçãopossui regras,estabelecefronteiras entre
exterior,tem agrupamentosintemose há fronteirasentreestesâgrup
ções trazidasem geral pelascorrenteschamadasde estruturais
Minuchine por algunsautoresdascorrentes chamadas de estratégi
pectivasemântica, sãodescritosparaasfamíliascódigos,valores,h
riase mitos,assimcomodiferenças de poderentreseusmembros.P
aludea nenhumaessência,masà construçãoqueÍìz da família um ob
lar, o qual, no casoda prática da terapiafamiliar, é o/a terapeuta.
Em uma linguagemmais sociológica,a família surgecomo
delimitado e identiÍìcável,cujasdinâmicasinternasvão estarem rel
texto socialmais amploao qual,por suavez,pertencem. Trata-sed
influenciammutuamente com intensidade (dependem emocionalm
a expectativasrecíprocasque os determinam.Em geraÌcompartilha
cados,entreos quaispossuempesoespecialmente os mitoshistóric
lógicasque configuram uma cultura particular.Os que não pertenc
de fora irão necessitar,segundoos grausde permeabilidadedas fron
"salvo-condutos"e traduções,por parte de alguém de dentro,para
par destacultura.
Na descriçãosemânticada família, referimo-nosa laços de de
cional,a emoçõesqueforam chamrdrs"primárirs".E dìfÍcil defini
des", os "gostos", os "apegos" e os "rancores" são pobrementerep
palavras.Faltam-nosos símboloslingüísticos queexpressem grausm
intensosde envolvimentoemocional.Tivemosde recorreràs metáfo

' Heinz von FoeÍstet citado poÍ B. Keeley eÍn Ld Estótica det Ctnbh. propõe lJlnÂanálise da fâmíiâ
fazendo uma distinção entre um enfoque político (orgÂnizacional:qucm fâz o que, em que momento) da
semântico,ou sejâ, o dÂqueleselementosda narÍâtiva frmiliaÍ (como, para qre e por decisío de quem)
mârco político adotâdopor uma fâmília em paÍiculâr
coMo TRÁBÂLIL{-\ÍOS
COrt CnUpOS . 295

mos reconhecermomentosde intimidadeprazerosa,de re_uniãofrouxa e cômoda,de


situaçõesdesejadase buscadasnasquaisnão queremosque o tempo pÍLsse, com ima_
gense sensaçõesde calidez,de interessegenuínopelo bem-estarde si mesmo e dos
outros, aspectosessesdo que chamamosAMOR. podemostambém,a Dartir de ou_
tras emoções,conectarmo-noscom o rancor,o ódio, a afrontae a do( frente a atosde
outro, pelos quais nos sentimosrelegados,sem impoÍância, excluídos...torÍnentos
que nos afetam,se esteoutro estáem um entornopróximo.
Quem não dependeemocionalmente?Apenasos seresmuito marginaissocial_
mente podem crer que_prescindemdos outros, que são invulneráveiJ à emoções
intensasde amorese ódios. Aqueles que cresceram,,emfamília", ou seja"com üma
mãe, uma avó, ou um pai temos, ou criaram esta circunstânciapara si mesmos e
outros,reconhecemuma "química" emocionalespecial,que os relacionacom os que
são suaFAMÍLIA

Por que os terapeutasfamiliaresconvocamas famílias?


A definição da famflia como sistemaobservadonão abrangeapenasa famflia, senão
que inclui os observadoresque a estão definindo e construi;do. Irá haver, então,
famílias diferentespara observadoresdiferentes.por exemplo, terapeutasfamiliares
de origem anglo-saxônicaquerrabalhamem hospitaispsiquiátricosém Seattle(USA)
vão consideraros papéisde pai, de mãe e de filhos adolescentesde uma maneiraoue
possivelmentenão coincida com as expectativasdasfunçõesfamiliares que lhes airi-
buiria uma terapeutafamiliar de origem judia oriental da província de SantaFé (Ar_
gentina),assimcomo vão ser organizadossistemasterapêuticosentreestasfamílias e
essesterapeutascom diferençasnotáveisentre si.
Porém, entretanto,a maioria dos terapeutasfamiliares coincide, independente
de onde sejam, em convocar a família, quando nos consultam por úm adòlescente
"psicótico" ou por umajovem toxicômana.por quê?O que esperamosque aconteça,
a partir de contar com a presença,na reunião,de pais, irmãos e avós,òu seja, cóm
essarede compostapor pessoasque interdependememocionalmente?
Longe de sustentârteoriascausais,que responsabilizema família pelascondu_
tas pelas quais consultam', os terapeutasfamiliares esperamque os membros da fa_
mília produzam um contexto de idéias,interaçõese formas organizativasdiferente
do que produziram até o momento, isto é, que com sua intervençãoseja criado um
contexto diferente,que tenhao efeito de promover condutasdiferentesãaquelasque
os preocupam.Dito de outro modo: os terapeutasfamiliares pensamque nestesgru_
pos vem-seproduzindoum fenômenorepetitivo,que auto-realimenh,è que, de algu_
ma maneira,está sustentandoas condutas"sintomáticas,,.'.pensamosque tal fe;ô_
menopoderiadeixardeserrepetido,seforem detidasasinteraçõesqueos rèalimentam.
Os que estãoacostumadosa utilizar explicaçõesrelacionaissabemque, ao mudar o
contexto,já não se reproduzo padrãono qual a conduta..patológica;tinha lugar.
Em outraspalavras,terapeutae família conseguem,em conjunto, como g.upo
solidrário,ajudarem-semutuamentea estimular a emergênciade aspectose recursos
inesperadose até mesmo desconhecidosda estruturafamiliar.

' Comotem sido, larnentavelmente,a trâdiçãode muilasconstruçõespsicológicasque culpabilizamasfamíias, especiâlrÌìeote


.s
mães.
" Ìdéiasformuladas por C. Sluzki,no aÍigo "Cibernética
y TerapiaFamiliar Un mâpamínimo".
296 . & osoRlo
ZIMERMAN

familiaressãoentãoum campode interações


As entrevistas que
nrnidadede que possamsurgir condutasnovasque interrompame
comunicacionais que incluemsintomas,e quepossamâparecercond

Generalidades sobre terapia familiar

Como se realiza,em geral,um pedido de terapiafamiliar?No âm


privada,habitualmente um pai. uma màe,ou uma esposachamasol
forma de tratamentopara o familiar "problema".
"Queremosconsultá-lapor nossofilho mais velho, Pedro.Nã
tem amigose estásempreangustiado, com medos."
E, no telefone,a terapeuta já se vê levadaa resolvervários d
mesmacoisaestechamirdÕ da mãe do que se Pedro,preocupadoc
suficientemente independente em economiae critérios,solicitasseum
chamadomatemoestáindicandouma sériede relaçõesque possiv
influindo para manterestespadrõesrepetitivos,nos quais se insta
Pedro,e entãoa terapeutaconsideraútil convocaros membrosda f
ajudem a identificar e modificar tais padrões.Os gestoresda terapia
fazempartedo sistemaque se organiza,incluindoo problema,send
tar com eles.
Se,em troca,fossedadaa segundacircunstância, o chamadode
para ser ajudado,a terapeutacertamenteteria menosnecessidade d
presençados familiares e, se considerarque as conversaçõesgrupai
poderá,quandoacreditarconveniente,convocaros distintosgrupo
PedroestáhabituaÌmente relacionado, ou incluir Pedroem uma exp
pia de grupo.

Aprofundando a terapia familiar sistêmica

A seguirsão apresentados algunsconceitossobre:1) a práticada


comorecursoúnicoe 2) a terapiafamiliarincorporadano contextoins
cífico de um programaambulatorialde reabilitação
paradependent

Terapiafamiliar comorecursoúnico
Voltemosà terapiafamiliarcomouma forma especìalde grupoterap
expectativade que,como dissemosantes,a conversação e ascenase
intensas,
levantarão"véusanestésicos"" e "perturbarão"o habitualde
do sistema.
Vamoscontinuarcom o exemplode Pedro,paradar uma idéià
daspráticasatuaisda terapiafamiÌiarsistêmica,que integrameleme

' Utilizamos com muita frcqüôncia a metífoÍâ da "anestcsia",para moslraf umc função impoÍante do tera
âos que estãoenÍedadosem uÌnâ tramâ Ícpc(ilivi, rperreDer essastrarnase essesenrcdos,especialmcnlen
car-se,de ÍÌìaneiÍa tal que se lhes tomem eliíL,r/ej os mâlcs dx siturção que estão aceitandoviver e dcci
mudançasde que necessitam.
co,\tcRUPos .
con(] RABÂLH.d\tos 297

tes estratégicas,estruturaise experienciaisdos primeiros momentosde sua criação,


dentrode um marcode consciência co-construcionista,perrnanentemente includente
do observador-terapeuta como parteda experiência.
Tínhamoschegadoaté o ponto em que a terapeutârecebea chamadatelefônica
da mãe, informaçãoa partir da qual vai convocartoda a família para a sessão.Pedro,
o pai, a mãe e uma irmã casadade Pedrovão respondera estepedido de ajudaexpres-
so pela terapeuta.Nesseprimeiro encontro,vão certamentese perfilar algumasfor-
mascomunicacionaiscom asquaiselesirão reproduzir,na conversação,asinterações
que habitualmente"lhes são armadas"ou se repetem,em sua relação. Neste caso,
efetivamente,é issoque acontece.A mãefaz uma descriçãodascondutase dosproble-
mas que vê em Pedro,o pai traz sua visão de Pedro de um modo sutilmentedesqua-
liÍìcador, a irmã protestacontra as expressõesdo pai, tudo isso enquantoPedro esrá
presentecomo ausente,sem dar sinaisde que tal situaçãotenhaalgo a ver com ele.
No contexto destetipo de consulta,a terapeutaescolheo momento em que vai
intervir, para interferir nestaordem seqüencial.Sua intervençãotenderáa produzir
alguma modificaçãonessepadrãoquejá observouvárias vezes.Seguramente,e em
especialporque Pedrojá passouda adolescênciae essepadrãorepetitivo já está vi-
gentehá muito tempo, a terapeutavai "desafiar". essamodalidadefamiliar, cuidando
paÍa manter uma relaçãode aliança e cordialidadecom cadaum, pessoalmente.Ou
seja,vai "provocar" a função repetitiva redutorae indesejadade cadaum, enquanto
protege as pessoâs,que concebecomo sendo muito mais do que essa função
empobrecidaque representam,como se fosseum papel de uma obra teatral".
Estamosdescrevendomuito sinteticamenteum processogrupal, no qual os ato-
res construíram uma tramâ relacional que os "obriga" a repetir sempre o mesmo
drama,esquecendoque podem desempenharmuito mais condutasdo que as que es-
tão prescritasneste livro. A terapeutapode fazer e dizer muitas coisasque signifi-
quem um obstáculopara a continuidadefluida dessatrama.Agora, diz a Pedro:"Não
é necessárioque me respondas,mas...me intriga sabercomo fazespara que teuspais
e tua irmã dancemao teu redor, sem que fiques nenhumpouco incomodado.E sem-
pre assim,ou, às vezes,tensque te deixar cair deprimido em algumapoltrona?Preci-
sasfazer algo para que se enganchemassimcontigo ou já não precisas,como agora,
nem fazer um mínimo gesto?(Continua, sempre olhando apenaspara Pedro.) Eu
devo estaÍmuito confusa,porquevejo apenasum rapazcom uma carabastanteinteli-
gente, que tem de se fazer de indiferente, enquantoos demais se desgastampara
ajudáJo. (Agora a terapeutase pôs de pé, por trás de Pedro,a quem coloca a mão no
ombro.) Tambémquero ver como se vê estahistória pelo teu lado. Talvez isso me dê
a pista sobreo que te faz contemplarestacenacomo se não tivessenadaa ver conti-
go",
Toda a família deve acomodar-seagoraa estaformulaçãoda terapeuta,que não
define Pedro a partir de um marco conceptualpsiquiátrico (o esperado),senãoque
estádescrevendouma cenada vida cotidianae estápedindo para seusprotagonistas
que se confrontem com o que ela percebe.Para que tal mensagemtenha algum im-
pacto, a terapeutadeve conseguir,por meio de muitas formas sutis, estabeleceruma
relação com a família, ocupar uma tal posição importantepara eles, que o que ela

'.{.Ddolfi,Sâccue Minochinsãoautoresqüeincluemo "d€saÍìo"em suâsintervenções.


- P3r3ãprofuodar estesdesenvolvimentos, ler oslivrosPor trdr dt MtiscaroFamilìar,deAndolfie col.,e FdmílÀa
é conveniente
e T.rapiaFamiliar,de S- Minuchin,e os aíigos "A Eme€ênciada Pâtologia',de H. MatuÍânâ,C. L. Méndeze s. Coddou,e
-L_EdMeúfom dâ RelaçãoTerapeuta-Famíliã: Co-autorcsde Novos Livretos", de G. Maziercse M. C. Râvazzola,como uÍÍú
:È{rosâfia bÍevíssimasobÍeestatemática.
comentenão seja fácil de negarou expulsar,senãoque lhes produz
orrnentechamamos"perturbação"'.
Uma vez colocadosobstáculosà repetiçãodo padrãohabitual,
famflia pode refletir sobresi mesmo,e recuperarcapacidadesque n
contextoanterior.Dessascapacidadesirão resultarnovasconfiguraç
algumas das quais favorecerão,talvez, situaçõessemelhantesàs q
consulta,mas que podem serlrabalhadasde diferentesmaneiras,ao l
so de uma terapiâ.Nenhuma dessasaçõesé simples e requeremum
mento dos que se dedicam a essetipo de psicoterapia.E justamente
descriçãode um tratamentodestetipo é a transcriçãodos sinais múl
o terapeutavai tateandoe levandoem conta paradecidir suasinterve
que se estabelecem,os distintospersonagensarquetípicosque vão a
dole indutora de alguns fenômenos,os pequenosgestos,indicado
intensas,as incongruênciase os "sintomasem sessão",que assinal
e paradoxoscomunicacionais",sãodifíceis de descrevere mostrar.S
veis.Sefossemevidentes,a família os iria decodificandoe utilizando,
de da ajuda de um especialista.
Como o princípio ideológico subjacentea toda esta atividad
convicçãode que a família é um grupo socialque pode operarbenef
ratando um jogo relacional que adoeceum ou vários de seus mem
trabalho requer um cuidado peÍÌnanenteda relação de respeito e c
câdaum.

Incorporação da terapía familiar em um contexto institucional d


programa ambulatorial de reabilitação para dependentesde sab

Emrelação
àscircunstâncias
deaplicação
daterapia
familiar,uma
portante é a consideraçãode que o problema - isto é, a toxicoman
abusivasdo dependentede drogas- é o temacentral ao redor do qua
informaçõese todasas proposições.Na terapìafamiliar, podem-sep
relacionadoscom o casaldos pais,ou problemascom condutasdos i
isso vai ser visto quantoà suarepercussãosobreo toxicômanoque e
to. Dizemos que o foco da consultâé a dependênciade drogase vam
as condutas,na sessão,que podem estarfavorecendoas anestesiase
des de cadaum em relaçãoao problemada adicção.
Pensamosque, nos espaçosde encontro entre os membros d
terapeutasda Instituição (programade drogadição),um dos objetivo
tes para alcançaré a recuperaçãoe o crescimentodos recursosfamili
ser os próprios membrosda família que vão operarativamentecomo
dança.Paraque isso sejapossível,deve ser geradauma relâçãocad
de aliançaentre a Instituição e a família.

' O biólogoH. Mâturâmaexplicou,em umaaulâem BuenosAiÍes,hÍ muitosanos,quequalquermecan


funcionaffentoautomáticose"peíurba",sesereÍletesobreele.Deuo exemplodeumapessoa quemane
por algumarâzâo,põe-sea exârnìnâÍem quemomentopôeo pé sobrequalpedal.A paíir dessar€flexão
nãopermanece iguâ|.
" Os fenômenos habituaisna comunicaçãoentrcpessorsque funcionam"enredâdâs"em íelaçõesque
sintonúticas
sãodescritosem Âlgunscapítulos
do livro sobreabusos
nâsrelações:
HistóriosInlamer,deMa
no momenloem processo de publicação.
liares (o que, em língua inglesa,chama-seempowennent)são as sin:açõesde op
rda ção antagônicâentre a família e a Instituição e as dificuldades dos terap€utasp
tn o registrar e transmitir aos membros das famílias a confiança em suas capacida
tas, Com freqüência,vemosque algumasdestasfamílias, a partir da experiênciade d
ma fracassovivida com o adicto-problema,apresentam-se aos terapeutascomo as m
:es- desvalidasou as mais desafiadoras.E este desvalimentoinduz os terapeutasa
ma- lhes algumasrespostasque os próprios familiares certamentepoderiamencontf
lda confiassemem suasprópriascapacidâdes. Outrasseapresentamcom um estilo de
que ador,que vai fazer com que o terapeutatendaa aliar-secom o pacientee a sentir h
nas lidade paracom os membros"provocadores"da família.
Lín- Paraevitar o anteriormentedescrito(errosdos terapeutas)são muito impon
ões tes as reuniõesde equipe e as supervisões,nas quais revisamostais situações
[ras atuam como um forte foco de indução,e elaboramosquais podem ser as respo
'is! mais adequadasdos terapeutasem cadacircunstância.
ita-

ea Por que,para algunsproblemasligadosa abusos,pensamosque a terap


;ba- familiar, comorecursoúnico,não é suficiente?
DSte
Drn Por abuso,entendemoso uso desmedidode substâncias(alcoolismoe toxicoma
assimcomo o uso de pessoascomo setratassede objetos(maustratosfísicose psic
gicos, incesto,violação e outros abusosde poder,de índole sexual).
Quando os problemascoincidem com a presençade condutasde abusoem
guns dos membrosda família, pensamosque, paraque as famílias produzammud
ças,e depoisparanos assogurarmos de que essasmudançasse sustentem,precisa
trabalharna direção das seguintesconquistas:l) produzir uma perturbaçãodos
ün- drõesrígidos do abuso,2) desenvolvercapacidadesde controlee de limites e 3) g
!tas um âmbito de participaçãogrupal em processosde ressocializaçãoque incluam v
s :ìs res solidários,de respeito,gratidão,reconhecimento,etc.
trÌÍts Paraconseguiro primeiroobjetivo,é importantea terapiafamiliar.Mas o seg
ndo e o terceironecessitama interaçãoem redessociaisparaque sedesenvolvampro
En- sosde re-socializaçãoque permitam a uma açãosocial,comunitária,em que não
iom faltem interaçõesmúltiplas para que se incorporem,atravésdo relacionamentoc
ida- outraspessoas, modelos,expeJências, exemplos,etc.
Queremos por isso transmitir nossaexperiênciada implementaçãode técn
inspiradasno pensamentosistêmico,para trabalhar com pacientesdependent
'o s
Dan- drogas,tomando a práticada terapiafamiliar como um dos elementosde uma es
hão tura multigrupal que tambéminclui os pais em gruposde pais, os irmãos, em gru
mu- de irmãos, as esposase esposos,em gruposde cônjuges,além de tratar os toxicô
rme nos em gruposde parese de reunir os coordenadorespara refletir tambémem gr

OS GRUPOSCOMO FAMÍLIA
tum
rque,
4r j6 Paraentendercomo funcionaesteprogramade reabilitaçãofamiliar ambula
quedescreveremos, propomospensaremumafamíliacomum membrotoxicôm
aulas mãe,pai,irmãos,etc.Periodicamente, elessereúnemcomogrupofamiliar(entr
l.ol4
ta de terapiafamiliar)e, alémdisso,cadamembrocomparece a gruposde "pa
300 . & osoRlo
ZIMERM^N

onderevisa,questionae refletesobreseu"papel".Em funçãode suap


quaisquerdosgruposde pirres,cadafamiliarpoderáincorporare mod
asquaiscolocaráem prírticana interaçãocom suafamília,o quedese
uma novaconfiguraçãonessadinâmicafamiliar.
O recursoqueutilizamosnesteprogramaé armadode uma "estr
xa, cujos componentessão as própriasfamílias.Seusmembrosse a
guintemaneìra:por um Ìado,compartìlhamgruposcom seuspares;p
cipam de entrevistasfamiliares,e, por último, reúnem-seem grand
outrasfamílias.Então,asnovascapacidades quecomeçama circuÌare
provêmtanto das entrevistasfamiliarcscomo da participaçãode ca
um grupode pares,ou dasreuniõesmultilamiliares.

Grupos de pares

Na consultapor abusotlc drogas,geralmeÌÌte é algum membroda fa


própriotoxicômano,que realizao primeirocontatocom a instituição
relacionalde tratamentodascondutasabusivasqueutiÌizamosneces
concretados membrosda família ou redc substitutamotivadospara
dissemos, estesmembrosda fiìmíliaqueparticipamdo trafamentose
em diferentesgruposde pares:toxicômanos,irmãos,pai, etc. Nest
encontramgeralmente pelaprimeiriivezum espaçoqualificado,onde
toxicomanìae da dor que issolhesproduz.Ali, os familiaresvoltam a
com os aspectosmaispotentesde seupapele aprendem,por suavez,con
que lhes permitirãoparticiprìrativameÌlteno tratamentodo dependent
Exemplo:Ana e Luís comparecem a uma primeiraentrevistagru
ção. São um casal de pais que consulta por seu filho Ignacio,de l
angustiados, não conseguemrceitaro riscoem que se encontraseuf
ter duasentradasna políciapor possede drogas.A participaçãodos
obteve,atravésda reflexãocom outrospais,que Ana e Luís enco
recursos,vencendo dificuldades queatéagoraconsideravam inevitáve
rão no colégio?";"Seusamigostambémconsomem?";"Como farem
lhe limites?";"Não vai querervir ao tratamento",etc. Em menosd
levaramIgnacioparasul primeiraentrevista, e começouo processo de
Estespais, nos grupos,por meio dc conversascom outrospai
uma maneiraeficazparaajudarseufilho nasmedidasde cuidado.Du
parecimentoaosgrupos,graçasà experiênciados outrospais,tomar
dascondutasde riscoa qüeestavaexpostoseufilho, àsquais,atéeste
davamimportância.Ana e Luís poderão,â piìrtirde agora,começarco
cuidadoreal.
É comum que,em momentosìniciaisde suaparticipação no gru
familiaresrepitamaspâlavrâsque o toxicômanolhesdiz, paraexplic
"E a última vez que consumo","Eu saio sozinhodisto","A droganã
familiares,a partirde suaprópriainsegurança, devidoa seusmedose
ficam submetidosà seduçãodas palavr:rsdo toxicômano.Necessi
árduotrabalhode desmistificação, paracompreender queaspalavras
- que tiìntovalorizrm- apenastêm virlor na medidaem que elesm
guem a elas,e isso sempresob o alto custode silenciarseupróprio
diminui o efeitoanestésico dcssasedução,os familiaresrecuperamo r
emoções.Chegr o nlon'ìento em queos membrosda famíliarecupera
CO\ÍGRUPOS .
COMOTRABALHA-\ÍOS 301

de de pensarde forma autônoma,e podemdeixarde prestaÍatençãoao que o toxicôma-


no diz, para prestar atençãoapenasao que ele realmentefaz. Surge assim neles o
medo de que o toxicômanosejacapturadopela polícia; o medo da overdose,da AIDS
e da morte. Recuperadasas suaspróprias emoçõese pensamentos,os pais podem
agoratrabalharpara que o filho toxicômanocomecea tomar contatocom as idéias e
sentimentosque lhe sãopróprios e que até entãohaviam conseguidodelegaÍ em sua
faniília.
A interaçãoentre parestoma-sefacilitadora da mudança.Escutarum par não é
o mesmo que um terapeuta.As pessoasse aliviam ao descobrirque outros comparti-
lham seu problemae que tÍansitampor caminhossemelhantes.
Exemplos: Maria, dirigindo-se a outra mãe: "Me aconteciao mesmo que paraì
você. No princípio, não podia entenderque meu filho era toxicômano.Estavacheia
de raiva e não podia ajudáJo. Depoisfui vendo outrascoisas...não queriaperdermeu
filho, mas recuperá-1o".
Nas famílias de toxicômanos,as condutasde abuso são habituais.Vemos
comumente maus-tratos,agressões,o não-registrodas necessidadesdos demais, o
não-reconhecimentopelo recebidoe a falta de compromisso,expressosem palavras,
fatos ou gestos.Ao trabalharnos grupossobreos vínculos,diversasformas de maus-
tratosficam a descobertoe agorasob o foco da observação,poderãoser tratadas.Por
sua vez, os pais enfrentama tarefa de reconhecerem si mesmosas emoçõesque os
invadem,e a de reaprender,a partir de seupróprio sentir,novasformas de estabelecer
relações,agora sem abusos.
Exemplo: Juan(toxicômanoem tratamento),em suafamília, tinha por costume
assumir o papel de crítico violento e "corretor" da conduta de seus pais. Em uma
ocasião,o pai chegaem casae ouve seufilho falar com durezaparasuamãe.Indigna-
do e semum momentode dúvida,detémJuan-pela primeira vez - e, firmemente,diz
a ele que não permitirá que fale a sua mulher desta maneira. Neste momento,
redescobre-sea si mesmo como Dai e como marido.
À medida que evolui o proiesso terapêutico,transcoÍremsessõesgrupais e fa-
miliares de intensomovimentoemocional,nasquaiscadamembroda família redefine
suaposição,seupapel,no seio de suaprópria família. Paise filhos aprendema dialo_
'gar e a negociarnovos projetos,recuperandoo humor e o prazer de estaÍemjuntos.
Cada participante,no fim do processoterapôutico,expressaráa satisfaçãode apren_
der novas formas de estarcom sua família, assim como o fato de ter obtido, pàra si
mesmo,satisfaçãopor seu próprio crescimento.

Gruposmultifamiliares-
Atravésdo "encontro" de famílias que compartilhamda mesmaproblemática,cria-se
um novo espaçoterapêuticoque permite um rico intercâmbioa partir da solidarieda_
de e ajuda mútua: origina-se,assim,um novo contexto,no qual agora as famílias se
ajudam mutuamente.
A terapia multifamiliar consisteno encontro de um grupo de famílias com ca-
racteísticas e modalidadespróprias e diversas,em que estãopresentesvárias gera-
ções que atuamentre si. Cadaparticipantetem a possibilidadede ver os demaisem

' TomândoidéiasdasLicenciadas S. Bâril'i, M. Ballvée D. CÂrcia,em um trlbalho apÍesenúdono CongÍesso


A€€nrino
orgâni?.dopelaA.S.I.B.A.,em 1990.
302

interaçãocom seusfamiliares e com o resto do grupo. Não se trata d


mediatizadapelo relato de quem fala, senãode observáveisdessemo
mesmo,por exemplo,escutarum companheiro de grupofalandode su
interagircom ela no grupoìnterfamiliar.
Nas reuniõesmultifamiliares,as famflias seconvocampara aju
o problema de uma e de todas,gerando-seum verdadeiroefeito de
partícipese destinatáriasda ajuda.Um pai pode ver outrospais agin
seusfilhos, e ver seu próprio filho em relação a outros pais ou a s
pessoapode observardiferentesalternativasem relaçãoà suaprópria
ampliao contextode cadauma dasfamílias.Essaampliaçãocontex
multifamiliaresé dadapela presençados demaismembrosdas fam
que,retomandoos exemplos,enquantoum pai fala a outro,estãoa lh
pais,esposas, filhos, etc. A presençade outrospermiterevisaras cr
família sustenta,questionaros segredos,infonnaçõesincompleta
dúvidasacercade pressupostos mantidosrigidamenteatravésdo tem

Exemplo I (Roberto - adicto - fala ao pai de Marcos, compa


"Desculpe,Sr., mascreioque não estáescutandoMarc
terapêutico):
pedeque o acalme,pedeìhequecomecea conhecê-1o".
I
II Exemplo2 (De Fernanda, esposade um toxicômano,a Mara,ou
eu estivesseem teu lugar,me sentiriamal, porqueMarcelo ameaçape
rl
n deixar o tratamento.Me aconteceuo mesmocom Darío. Eu vivia com
um dia tive claro que,senão setratasse,eu o deixaria,ia embora.e pud
rl

ll
ll
tl
semrodeios.Não vais ajudá-lo,se te deixarespressionarpor ele."

O encontroentrepais,filhos e avóstâmbéÌnpermitedimensio
em um plano intergeracional. Pode-sefalar "dos filhos" em relação
avós em relação à geraçãodos netos e de seuspróprios filhos. Surg
ções e os mandatosde cada geração.O encontro trigeracional favo
revisão de hierarquias,que nas famílirs com um membro toxicôman
em geral subvertidas,produzindo-seagora o surgimentode uma nov
A reuniãomultifamiliarfavorecee potenciaìiza a emergência e
emocional.No encontroentÍê asfamílias,as enroçõesadquiremgran
ressonância, sejamsentimentos de grâtidão,reconhecimento e reco
tambémde raiva, enfado,decepçãoou mal-estar.As possibilidad
grupalseampliam,e cadapessoaagoraestáacompanhada e estimula
de seusprópriossentimentos, devidoa sertestemunha e co-participa
dos sentimentos dos demals.

Algumas considerâçõessobre o programa de reabilitação de to


(estrutura familiar grupal ambuÌatorial)

Uma dasmaioresdificuldadescom quenosdeparamos no desenvoÌ


trabalhofoi, desdeo princípio,a carênciade uma linguagemquenos
ceptualizaro processode uma redeem ação,já que há poucasteoriase
queauxiliema definìçãodestaspráticas. Porém,à medidaquetransco
lho terapêuticocom os grupos,pudemosdesenvolverconceitos,fo
"em redes",que nos permitiraminformarsobrenossamodalidadede
Corr CrupOS o
colrÍOTRÀBÂLH-d\ÍoS 303

a Em todasas etapasdo processoterapêutico,destaca-seo prolixo trabalhometo-


o dológico dos coordenadoresterapêuticos,que devem estar ligados minuciosamente
o ao campo onde se desenvolvea tarefa.Eles devemplanejarpermanentemente no\ as
estratégias,construindoum acionamentocoerentee flexíve_I,que, ao ser posto em
II prática,possaenfrentartodo tipo de situaçõesresistenciais.E muito importanretam-
o bém que a equipe de coordenaçãonão assumavivênciasparalisantesde fracasso.e
sejacapazde transformaros errosem "aprendizagemrica". Isso dá lugar a modificar
os caminhosequivocados,promovendonovos projetos,enrìquecidosagorapela ex-
e periênciavivida.
:s Na medida em que o programade recuperaçãohierarquizaa idéia do "trabalho
em rede", ele dá a qualquerfamiliar a possibilidadede sentir-separticipando,ou seja.
rs fazendopartede uma organizaçãoque geramudanças.No intercâmbiode problemas
comuns, são descobertosrecursosnovos para compreenderque o que até ontem em
pouco modificável pode-seagora mudar,viver de outra manelra.

CONCLUSÕES
A experiênciade integrar o pensamentosistêmicoem diferentesníveis da açãotera-
pêuticagrupal,experiênciaque desenvolvemosem um programade reabilitação para
€ pessoasdependentesde drogas,permitiu-nosencontrarsoluçõesa partir de espaços
€ que convocam cada família (terapia familiar) e espaçosque convocam diferentes
E famflias de forma conjunta (redes).
lr A propostade trabalhararticulandoa terapiafamiliar e os grupos com idéias e
práticâsatuaisresgatao valor dasintervençõesrelacionais.A amplitudede alternati-
vas que se abrem, incorporandoessesenfoquescontextuaisdá lugar a um trabalho
s colaborativo,novo, criativo, no qual cadafamília potencializasuaspossibilidadese
6 recursospara conseguirorganizaruma realidadediferente.
i- Vemoscomo proveitosoo futuro de uma linha de abordagemsistêmica,que foi
a rica em seucomeçotanto em produçãotécnicacomo em recursoscomunicacionais,e
n que estáatualmenteconsolidandosuaproduçãoteórica a partir das contribuiçõesda
pós-modemidade.E vemos como interessanteque essaabordagemse conjugue de
D modo eficaz e frutífero com produçõesprovenientesda reuniãodas pessoasafetadas
por um problema comum, de tâl modo que os resultadossó possamser explicados
) como conquistasconjuntasde profissionaise membrosda comunidade.
) Descrevemosum percursomuito sucinto do que foi a criaçãode uma instância
) terapêuticafamiliar e desenvolvemosalgumasidéiasatuais,que resgatamo valor das
, intervençõesrelacionaise a amplitudede altemativasque se abrem ao serem incor-
poradosenfoquescontextuais.

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