Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
COMO TRABALHAMOSCOM
GRUPOS
õ-?,s
-ã-
ALEGRE,I997
PORTO
26
A Famflia comoGrupo e o
Grupo comoFamflia
M. CRISTINA RAVAZZOLA
SUSANABARÍLARI
cAsróN MAZIERES
A TERApIAFAMILIARsrsrÊurcl nM DIsrINToscoNTExros
Nossoobjetivo,nestecapítulo,é procurarconceptualizar sobreosdesenvolvimentos
atuaisem terapiafamiliarsistêmica, considerando queestesdesenvolvimentos pos-
suemaspectos comunscom paradigmas oriundosdo campodo grupale do social.
Explicaremoscomo ampliamosnossametodologiaclássicade terapiafamiliar
sistêmica,desenvolvendo propostas complexas,nasquaisconvivemasentrevistas de
terapiafamiliarpropriamente dita com os gruposde pares.Em nossaexperiência,
estaunidadeassimestruturada é umainteração permanente entreseuscomponentes,
gerandoumapotencialização daspossibilidades de mudançamuitíssimosuperioràs
conquistadas coma terapiafamiliarisolada.Exemplificaremos a aplicaçãoconjunta
da terapiafamiliar sistêmicacom terapiasgrupais,comorespostaà necessidade de
resolverproblemasespecíficos de dependência de drogas.
Vamosabordar,destemodo,a construção de modelosterapêuticos quepermi-
tamprocessos de contenção, perturbação e socializaçãonasorganizações familiares
quepadecem"abusos".
Vamoscomeçar pordescrever muitosinteticamente,sobo título"A famíliacomo
grupo",os delineamentos geraisdaterapiafamiliarsistêmica. Posteriormente,sobo
título"Os gruposcomofamília",transcreveremos osdesenvolvimentos principaisde
nossaabordagem grupal,articulados coma terapiafamiliarsistêmica,emumaampla
estmtura,na qualos membrosda famfliarevisame refletemsobreseusvínculos.
A FAMÍLIA COMOGRUPO
' Heinz von FoeÍstet citado poÍ B. Keeley eÍn Ld Estótica det Ctnbh. propõe lJlnÂanálise da fâmíiâ
fazendo uma distinção entre um enfoque político (orgÂnizacional:qucm fâz o que, em que momento) da
semântico,ou sejâ, o dÂqueleselementosda narÍâtiva frmiliaÍ (como, para qre e por decisío de quem)
mârco político adotâdopor uma fâmília em paÍiculâr
coMo TRÁBÂLIL{-\ÍOS
COrt CnUpOS . 295
Terapiafamiliar comorecursoúnico
Voltemosà terapiafamiliarcomouma forma especìalde grupoterap
expectativade que,como dissemosantes,a conversação e ascenase
intensas,
levantarão"véusanestésicos"" e "perturbarão"o habitualde
do sistema.
Vamoscontinuarcom o exemplode Pedro,paradar uma idéià
daspráticasatuaisda terapiafamiÌiarsistêmica,que integrameleme
' Utilizamos com muita frcqüôncia a metífoÍâ da "anestcsia",para moslraf umc função impoÍante do tera
âos que estãoenÍedadosem uÌnâ tramâ Ícpc(ilivi, rperreDer essastrarnase essesenrcdos,especialmcnlen
car-se,de ÍÌìaneiÍa tal que se lhes tomem eliíL,r/ej os mâlcs dx siturção que estão aceitandoviver e dcci
mudançasde que necessitam.
co,\tcRUPos .
con(] RABÂLH.d\tos 297
Emrelação
àscircunstâncias
deaplicação
daterapia
familiar,uma
portante é a consideraçãode que o problema - isto é, a toxicoman
abusivasdo dependentede drogas- é o temacentral ao redor do qua
informaçõese todasas proposições.Na terapìafamiliar, podem-sep
relacionadoscom o casaldos pais,ou problemascom condutasdos i
isso vai ser visto quantoà suarepercussãosobreo toxicômanoque e
to. Dizemos que o foco da consultâé a dependênciade drogase vam
as condutas,na sessão,que podem estarfavorecendoas anestesiase
des de cadaum em relaçãoao problemada adicção.
Pensamosque, nos espaçosde encontro entre os membros d
terapeutasda Instituição (programade drogadição),um dos objetivo
tes para alcançaré a recuperaçãoe o crescimentodos recursosfamili
ser os próprios membrosda família que vão operarativamentecomo
dança.Paraque isso sejapossível,deve ser geradauma relâçãocad
de aliançaentre a Instituição e a família.
OS GRUPOSCOMO FAMÍLIA
tum
rque,
4r j6 Paraentendercomo funcionaesteprogramade reabilitaçãofamiliar ambula
quedescreveremos, propomospensaremumafamíliacomum membrotoxicôm
aulas mãe,pai,irmãos,etc.Periodicamente, elessereúnemcomogrupofamiliar(entr
l.ol4
ta de terapiafamiliar)e, alémdisso,cadamembrocomparece a gruposde "pa
300 . & osoRlo
ZIMERM^N
Grupos de pares
Gruposmultifamiliares-
Atravésdo "encontro" de famílias que compartilhamda mesmaproblemática,cria-se
um novo espaçoterapêuticoque permite um rico intercâmbioa partir da solidarieda_
de e ajuda mútua: origina-se,assim,um novo contexto,no qual agora as famílias se
ajudam mutuamente.
A terapia multifamiliar consisteno encontro de um grupo de famílias com ca-
racteísticas e modalidadespróprias e diversas,em que estãopresentesvárias gera-
ções que atuamentre si. Cadaparticipantetem a possibilidadede ver os demaisem
ll
ll
tl
semrodeios.Não vais ajudá-lo,se te deixarespressionarpor ele."
O encontroentrepais,filhos e avóstâmbéÌnpermitedimensio
em um plano intergeracional. Pode-sefalar "dos filhos" em relação
avós em relação à geraçãodos netos e de seuspróprios filhos. Surg
ções e os mandatosde cada geração.O encontro trigeracional favo
revisão de hierarquias,que nas famílirs com um membro toxicôman
em geral subvertidas,produzindo-seagora o surgimentode uma nov
A reuniãomultifamiliarfavorecee potenciaìiza a emergência e
emocional.No encontroentÍê asfamílias,as enroçõesadquiremgran
ressonância, sejamsentimentos de grâtidão,reconhecimento e reco
tambémde raiva, enfado,decepçãoou mal-estar.As possibilidad
grupalseampliam,e cadapessoaagoraestáacompanhada e estimula
de seusprópriossentimentos, devidoa sertestemunha e co-participa
dos sentimentos dos demals.
CONCLUSÕES
A experiênciade integrar o pensamentosistêmicoem diferentesníveis da açãotera-
pêuticagrupal,experiênciaque desenvolvemosem um programade reabilitação para
€ pessoasdependentesde drogas,permitiu-nosencontrarsoluçõesa partir de espaços
€ que convocam cada família (terapia familiar) e espaçosque convocam diferentes
E famflias de forma conjunta (redes).
lr A propostade trabalhararticulandoa terapiafamiliar e os grupos com idéias e
práticâsatuaisresgatao valor dasintervençõesrelacionais.A amplitudede alternati-
vas que se abrem, incorporandoessesenfoquescontextuaisdá lugar a um trabalho
s colaborativo,novo, criativo, no qual cadafamília potencializasuaspossibilidadese
6 recursospara conseguirorganizaruma realidadediferente.
i- Vemoscomo proveitosoo futuro de uma linha de abordagemsistêmica,que foi
a rica em seucomeçotanto em produçãotécnicacomo em recursoscomunicacionais,e
n que estáatualmenteconsolidandosuaproduçãoteórica a partir das contribuiçõesda
pós-modemidade.E vemos como interessanteque essaabordagemse conjugue de
D modo eficaz e frutífero com produçõesprovenientesda reuniãodas pessoasafetadas
por um problema comum, de tâl modo que os resultadossó possamser explicados
) como conquistasconjuntasde profissionaise membrosda comunidade.
) Descrevemosum percursomuito sucinto do que foi a criaçãode uma instância
) terapêuticafamiliar e desenvolvemosalgumasidéiasatuais,que resgatamo valor das
, intervençõesrelacionaise a amplitudede altemativasque se abrem ao serem incor-
poradosenfoquescontextuais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDOLFI,M. Detrásde la núscarafamihar. BuenosAires:AmorrortuEditores.1985.
BARILARI,S.Recuperâtion ambulatoire
deI'abusdedrogues. Artigoapresentado naI.C.Â.4.C.l.P.A.T.,
Pftga, 1994.
BARILARI, S.Traitementambulatoire de I'abusde drogue:therapiefâmiliale.Artigo apresenÌado
na
I.C.A.A.C.Ì.P4.ï, Trieste,1995.
BARILARI, S.;MAZIERES,G. Terapiafamiliaren un programade rehabilitación ambulaÌo.iade la
drogadicción. Fanilíares,1996,
Revi.rtaSisternas
CANCRINI,L. Lo.rÍemerariosen lasntáquinasvoladoras.Nueva Visión,1991.
304 . r-rr.v,qN r oso*tu
DABAS ELINA et.//i. Reclesde Rcdas,la práctica de Ia into vencíónen rctlcs socialer. Bu
EditoíialPaidós.1993.
DUNCAN STANTON,M.; LANDAU STANTON,J. Tcrapircon lamiliâsdc adolcscente
RevisurSìstentas BucnosAires.ano 7. n'2. 1991.
F'unriliarz.ç.
DUNCAN STANTON, M.;TODD, 'l-.ct dli. 7?rapia fatniIiar del abusol odiccìón a las dt o
Aiíes: Oedisa,1988.
FOERSTER,H. VON. Visióny conocirìicnlo:dislìncionesde scgundoorden.In: SCHNIT
(otg.). Nuevosparudignns, culttou y subjectlvi./írl. Bucnos Aires: Paidós, 1995.
HÃLEY, l. Leavinghorrí,.Nova lorquc:McCraw-llill Book Co., 1980.
HALEY, J. Terupiapaì a rcsoh et prohlenns. Bucnos Aircs: Amorrortu Editorcs, 1988.
KEENEY, B. P; ROSS. J. M. Construcciórttlc tcralias fantiliaìcs sistétnícas." Espírilu" e
BuenosAiíes: AmorrortuEditorcs,1987.
MINUCHIN, S. Faarìlìas! tcúlkt.[drtiliar. BucnosAiÍes: Ccdisa,1986.
PACKMAN, M- Redes,una mc(iilì)riìpÂra lr prácticâ dc intcÍvención social. ln: D
NAJMANOVICIf , D. (org.). ficr1cs,cl ltnguaje tle los vínculos: hacia la recon
fortaleciniento tle la Societlru!Civil. Bucnos Aircs: Paidós, 1985.
OLIEVENSTEIN, C. No hat dtogítlos .leliczs. Barcclona:Crijalbo, 1986.
OLIEVENSTEIN, C. kt clíníc.t dcl b)(Ìcô11?írro. Artcs Médicas, 1990.
OLIEVENSTEIN, C. Jornadas sobrc dtogarlicclóÌ. HebraicÂ,1986.
RAVAZZOLA, M. C. Dcjarse abusarno âyuda. In: RAVAZZOLA, Ní. C.; DASKAL, A. M
malesnr sìlencialo.Ediciónde las ÌvlujeÍes,n" I,l. ChjÌe:Isis IntemâcioniÌI, 1990.
RAVAZZOLA, M. C. La famiiiacornoeducadora. Artigo apÍescntadono Congícssoda ASI
Plârâ.I994.
RAVAZZOLA, M. C.: MAZIERES, G. Una mctiìlbrade lâ rclaciónterapia-lamìlia. Rev
Faniliarcs. BuenosAires. n' 12. 1986.