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ESTADO DA ARTE DA MINERAÇÃO EM MOÇAMBIQUE: CASO

CARVÃO DE MOATIZE, TETE

David Selemane José & Carlos Hoffmann Sampaio


Universidade Federal do Rio Grande do Sul- RS, Brasil
Email: *1 jdselemane@gmail.com; 2 sampaio@ufrgs.br

RESUMO
Na última década tem se produzido um conjunto significativo de pesquisas conhecidas pela denominação
“Estado da Arte” ou “Estado do conhecimento”, se definem como aspectos de caráter bibliográfico, elas
trazem em comum desafios de descrever, mapear e discutir certas produções acadêmicas em diferentes
campos de conhecimento, no caso em particular da mineração. Nos últimos anos em Moçambique tem se
verificado um crescimento número de investidores na área de mineração, especialmente pelo carvão de
Moatize, na província de Tete.
No presente trabalho, pretende-se abordar questões gerais sobre a Carvão Mineral e em particular para
jazida de Moatize, pela sua importância econômica visando dar uma contribuição acadêmica para futuras
consultas e leituras. Por outro lado chamar atenção aos investidores em geral dos impactos negativos que
podem representar ao meio ambiente e a saúde humana durante a exploração deste recurso mineral se não
forem tomadas as medidas necessárias.
PALAVRAS CHAVE : Carvão Mineral ; Jazidas de Moatize ; Bacia carbonífera.

1. INTRODUÇÃO

A mineração do carvão joga um papel histórico no desenvolvimento econômico


e sustentável dum país dado que traz grandes contribuições do ponto de vista
socioeconômico pela sua participação na matriz energética mundial. Apesar dos graves
impactos sobre o meio ambiente, o Carvão Mineral é uma fonte de energia, se deduz
que as principais razões para isso são consideradas: i) abundância das reservas; ii)
distribuição geográfica das reservas; iii) baixos custos e estabilidade nos preços,
relativamente a outros combustíveis Segundo Borba, 2001.
Fontes renováveis, como biomassa, solar e eólica, venham a ocupar maior
parcela na matriz energética mundial, o Carvão Mineral deverá continuar sendo, por
muitas décadas, o principal insumo para a geração de energia elétrica, especialmente
nos países em vias de desenvolvimento como o caso de Moçambique. Entre os recursos
energéticos não renováveis, o Carvão Mineral ocupa a primeira colocação em
abundância e perspectiva de vida útil, sendo em longo prazo a mais importante reserva
energética mundial, seguida do petróleo e do gás natural Borba, 2001..
As reservas mundiais de carvão estão estimadas em 726.000 Mtce (Mtce =
milhões de toneladas em carvão equivalente) as de Petróleo em 202.000 Mtce e as de
gás natural em 186.000 Mtce, com vida útil de 219, 41 e 65 anos, respectivamente
[Doerell, 2001].
A pesar da intensa pressão ambientalista, a posição desse bem mineral vem se
mantendo relativamente inabalável no cenário mundial, isso se deve, em parte, aos
progressos tecnológicos ocorridos nas áreas de prevenção e recuperação de danos
ambientais durante os processos de extração e queima, mas principalmente à dificuldade
tecnológica dos recursos considerados limpos aumentarem sua participação na matriz
energética mundial [Borba2001].
Com a gigantesca necessidade global de energia, tanto atual quanto futura, não
há perspectiva, mesmo em longo prazo, de dispensar os combustíveis fósseis como base
energética da sociedade industrial moderna. O Carvão Mineral não compete com as
demais fontes de energia, porém se de repente todas as fontes de energia faltassem, este
sozinho daria para a segurar 150 anos de consumo, isso pelos métodos até agora
aplicados e as reservas mundiais existentes.
Moçambique possui várias jazidas de carvão, sendo a mais conhecida a de
Moatize (Bacia Carbonífera de Moatize), na província de Tete, considerada uma das
maiores jazidas de carvão do mundo, com reservas estimadas em pouco mais de 2,5
biliões de toneladas. Com o projeto da Vale, prevê-se a exploração da mina de carvão a
céu aberto por 35 anos, com produção média anual estimada em 11 milhões do
toneladas anuais de produtos de carvão (Carvão metalúrgico e térmico) a serem
escoados para mercados como Brasil, Ásia, Médio Oriente e Europa [Jornal Notícias
edição da Sexta-Feira, 14 de Novembro de 2008. Maputo, Moçambique].
A companhia australiana Riversdale por sua vez, diz pretender produzir cerca de
20 milhões de toneladas de carvão bruto que, quando processados, resultarão em cerca
de 6,0 milhões de toneladas de carvão de coque, 2,0 milhões de toneladas de carvão
térmico para a exportação e 4,0 de carvão para queima na central térmica a ser
construída em Moatize [África today. Disponível no endereço eletronico e acessado em
14/11/2011. <http://www.africatoday.com>].
Para o transporte do carvão que será extraído das minas de Moatize está em
reconstrução a linha-férrea de Sena, que liga a área de produção e o porto da Beira, na
província de Sofala (Centro de Moçambique), numa extensão de 600 quilómetros
[Jornal Notícias. Sexta-Feira, 14 de Novembro de 2008. Maputo, Moçambique].
Entre os recursos energéticos não renováveis, o carvão ocupa a primeira
colocação em abundância e respectiva vida útil, sendo a longo prazo mais importante
reserva energética mundial. Em termos ambientais, o carvão é o combustível não-
renovável mais agressivo, já que sua combustão emite grandes quantidades de poluentes
na atmosfera.
Tratando-se de geração de energia, muito se comenta sobre disponibilidade de
recursos energéticos, fontes alternativas de geração e tecnologias inovadoras em termos
de rendimento e redução de impactos ambientais. Carvão Mineral como elemento de
grande relevância na matriz energética mundial, pois além da atuação na geração de
energia, o Carvão Mineral também é aplicado na produção de aço pelas usinas
siderúrgicas Mattozo, 2002.
Dados da agência Internacional de Energia até 1997, o carvão era a segunda
principal fonte de energia mundial. Os mesmos dados apontam a China, os Estados
Unidos e a Índia como os maiores produtores mundiais de carvão. Motivos econômicos
e ambientais, que relacionam a queima desse combustível com a acidificação das
chuvas e outros efeitos da poluição atmosférica, contribuíram para a redução de 5% no
consumo durante a década de 1990 [AIE, 1997].
Desde o final dos anos 1990, a alta nos preços do petróleo e do gás natural criou
uma perspectiva favorável ao mercado carbonífero internacional, visto que o carvão,
além da posição que ocupa de forma natural na economia, também atua como um bem
substituto para os demais combustíveis fósseis, tendo um importante papel de
moderador de preços no mercado de recursos energéticos  Borba, 2001.

1.1 Objetivos
Através deste documento procura-se consolidar informações gerais, revisão
bibliográfica sobre o estágio atual do Carvão Mineral no mundo e em particular em
Moatize-Tete-Moçambique, devido o maior crescimento do setor nos últimos anos deste
recurso energético não renovável. Devido ao número crescente de investidores na área
de mineração de Carvão Mineral, é necessário chamar atenção na conscienzalização da
comunidade em geral e ainda é preciso também ter em conta que a par da atividade
mineira, há desenvolvimento e crescimento de outras indústrias que vão surgindo por
causa do impacto direto do desenvolvimento das mineradoras.
Pretende-se por outro lado dar valor aqueles que desenvolveram e publicaram
informações importantes sobre a mineração de carvão, recordemos ainda que não se
pode copiar no papel informações geradas por outros autores, sem fazer jus aos mesmos
através da referência.

2. CARVÃO DE MOATIZE/ MOÇAMBIQUE


2.1 Localização geográfica de Moçambique
Moçambique se localiza na costa sudeste do continente africano, tendo como
limites a Leste o oceano índico, a Norte a Tanzânia, o Malawi e a Zâmbia, a Oeste o
Zimbabwe e a áfrica do Sul e a Sul a Suazilândia. Tem uma superfície de 799.380 km2,
que se estende Norte-Sul voltando para o índico com que se confronta ao longo de
2.515 km de linha da costa. É um país com mais de 20 milhões de habitantes que nos
últimos anos está a sair da pobreza absoluta.
O território moçambicano está dividido em onze províncias, de Norte a Sul
nomeadamente: Cabo Delgado, Niassa, Nampula, Zambézia, Tete, Manica, Sofala,
Inhambane, Gaza, Maputo e cidade de Maputo, esta última sendo a capital do país.
Cada uma das províncias tem uma capital provincial de Norte a Sul são: Pemba,
Lichimga, Nampula, Quelimane, Tete, Chimoio, Beira, Inhambane, Xai-Xai, Matola.
Fig. I: Mapa de localização geográfica de Moçambique a (esq.). [Disponível no endereço eletrônico e acessado
em 11/03/2011: <http://www.acil.org.mo/por/pcs_Mozambique.htm>]. Mapa de divisão administrativa a (dir.)
Disponível no endereço eletrônico e acessado em 08/02/21011: http: www.portaldogoverno.gov.mz

3. MOATIZE: LOCALIZAÇÃO, SUPERFÍCIE E POPULAÇÃO


O distrito de Moatize, que dista sensivelmente a 20 km do Município de Tete
situa- se a NE da cidade capital provincial entre os paralelos 15’ 36’’ e 16’ 38’’ latitude
Sul e entre os meridianos 32’ 16’’ e 34’ 28’’ de longitude Este. É limitado ao Norte pelos
distritos de Chiúta e Tsángano, a Este pela República do Malawi, a Sul pelo distrito de
Tambara, Guro, Changara e município de Tete através do rio Zambeze e Mutarara
através do rio Mecombedzi e a Oeste pelos distritos de Chiúta e Changara MAE, 2005].
Com uma superfície de 8.455 km2 e uma população recenseada em 2007,
113.409 e habitante e estimada a data de 01 de Janeiro de 2005, em 143.663 habitantes,
o distrito de Moatize tem uma densidade populacional 17 hab./km. A relação de
dependência econômica potencial é de aproximadamente 1:1, isto é, por cada dez
crianças ou anciões existem dez pessoas em idade ativa. A população é jovem (48%
abaixo dos quinze anos de idade), majoritariamente feminina, taxa de masculidanidade
de 48% e de matriz rural (taxa de urbanização de 23%). Administrativamente o distrito
tem três Postos administrativos: Moatize, Kambulatsitsi e Zóbuè que, por sua vez, estão
subdivididos em nove localidades, a saber: Moatize, Benga, Mpanzu, Msungo,
Kambulatsitsi, Mecungas, Zóbuè, Capridzanje e Ncodeze [MAE, 2005].
Fig. II: Mapa de localização geográfica da Fig. III: Mapa da divisão administrativa do distrito de
província de Tete. [Adapatado: Dinageca, Moatize. [Disponível no endereço eletrônico e acessado em
Fevereiro/2003]. 11/03/2011: <http://www.info_tete.co.mz/index.
php/pt.../moatize>]

3.1 Clima, relevo e solos


No distrito de Moatize, ocorrem dois tipos de climas nomeadamente o tipo
“seco de estepe com inverno seco-BSW”, na parte sul do distrito e do tipo “tropical
chuvoso de savana AW” no norte do distrito. Os dois tipos de clima observam duas
estações distintas, a estação seca e chuvosa, onde a precipitação média anual é cerca de
644 mm, enquanto a evaporatranspiração potencial média anual está na ordem de
1.626mm.
A maior queda pluviométrica ocorre, sobretudo nos períodos compreendido
entre Dezembro de um ano a Fevereiro do ano seguinte, e a temperatura média está na
ordem dos 26.5 ºC, onde as médias anuais máxima e mínima são de 32.5 a 20.5ºC
respectivamente.
Geomorfologicamente, o distrito ocorre parcialmente no vasto complexo
gnaisso-granítico do cinturão de Moçambique (Mozambique belt) onde sobresaiem em
forma de inselbergs as rochas intrusivas do pós-karroo [MAE, 2005].
Destas geoformas de terreno resultam vários agrupamentos de solos destacando-
se os seguintes: solos castanho-acinzentados, castanho-avermelhados pouco profundos
sobre rochas calcárias e os derivados de rochas basálticas, estes últimos, podendo ser
avermelhados, castanho-avermelhados ou pretos, são ainda de profundidade variável e
caracterizados por apresentarem boas capacidades de retenção de nutrientes e água,
fendilhados quando secos e plásticos e pegajosos quando molhados. Ocorrem ainda em
pequenas manchas solos aluvionares, em particular nos terraços dos rios Révubuè e
Zambeze [MAE, 2005].

3.2 Recursos minerais


O distrito de Moatize de forma geral é caracterizado por possuir importantes
jazidas, desde filões de quartzo carbonatados constituídos por sílica calcite, jazidas de
ferro e chumbo (magnetita, hematita e apatita), jazidas de coríndon, jazida de fluorite,
jazida de carvão do tipo hulha e inúmeras jazidas de titanomagnetites vanadíferas
(Ferro, titânio e vanádio). As jazidas de carvão fazem parte de uma extensa área que se
estende de Chingodzi ao Mecombedzi situada a região sul montanhosa do distrito
localizando-se as jazidas mais importantes na chamada bacia carbonífera de Moatize-
Minjova [MAE, 2005].
Os jazigos de carvão fazem parte de uma extensa área que se estende de
Chingodzi ao rio Mecombedzi, situada a Sul da região montanhosa do distrito,
localizando-se os jazigos mais importantes na chamada Bacia Carbonífera de Moatize-
Minjova. O jazigo de Moatize foi objecto de exploração mineira desde princípios do
século passado, começando a exploração do carvão em pequena escala e a céu aberto.
Os trabalhos subterrâneos principiaram em 1940, com uma produção anual de 10.000
toneladas. Em meados de 1950, a produção anual atingiu 25.000t e em 1975 o pico
máximo de 575.000 toneladas. Em 1977, a Carbomoc E.E., tomou conta do jazigo e
caracterizou com mais pormenor os seis complexos carboníferos da Bacia de Moatize
[MAE, 2005].
Este carvão tem 7.000 calorias, com uma percentagem volátil de 22%. O carvão
pode dar coque, indispensável à indústria de alta metalurgia. O carvão de Moatize é tão
bom como os melhores da Europa e é da mesma formação do de Witbank, da República
da África do Sul. O depósito de carvão de Moatize é constituído por rochas de origem
sedimentar, tais como, siltitos e arenitos que são as litologias correspondentes a rocha
estéril.
O minério é composto por três camadas horizontalizadas principais de carvão
com a seguinte nomenclatura: a Bananeiras, a Chipanga e a camada Souza Pinto, sendo
apresentadas da camada mais rasa, para a mais profunda. É também notável a presença
de filos de quartzo-carbona, todos constituídos por sílica e calcite de excelente
qualidade. Os filos quartzo-carbonatados, unicamente constituídos por calcite e sílica
situam-se nos arredores da Vila de Moatize. As jazidas de ferro e chumbo,
essencialmente constituídos por magnetita, hematita e apatita, localizam-se no Monte
Muande, situando-se nas proximidades do Rio Zambeze, junto ao limite ocidental do
distrito. A jazida de corindo localiza-se na região de Cachoeira, próximo da EN 103 –
Moatize /Zóbuè [MAE, 2005].
A jazida de fluorite localiza-se no Monte Muambe. Há ocorrências de minerais
polimetálicos de cobre, ouro, prata, volfrâmio e chumbo (essencialmente constituídos
por calcopirita aurífera e argentífera Shelite e galena), em Capanga nos arredores da
Vila de Moatize.
Existem, ainda, minerais radioactivos (constituídos por davitite, samarsquite,
estibitanlite e pecholenda) e de rutilo na região de Mabvudzi, praticamente no limite
entre o distrito de Moatize e Chiúta. No respeitante aos materiais de construção,
salienta-se a existência de calcários cristalinos, rochas gabro-dioríticas e especialmente
de anortositos (rocha ornamental de beleza rara), bem como de argilas, areias e saibro, o
que confere a este distrito a total auto-suficiência em recursos minerais no domínio da
construção civil. Os calcários cristalinos fazem parte do Monte Muande, estendendo-se
até ao Rio Zambeze. As rochas gabro-dioríticas e os anortositos em geral, abundam
praticamente em toda a região montanhosa do distrito.

4. CARVÃO DE MOATIZE, GENERALIDADES


Em Moçambique, numa altura em que o mundo está com olhos postos ao
território nacional, tendo em conta o bom que se regista nos últimos tempos no que diz
respeito à descoberta e exploração dos recursos minerais, particularmente relacionados
com Carvão Mineral de Moatize, o país ainda tem muito por ser descoberto e explorado.
Assim, o governo moçambicano lança o desafio e convida os investidores, tanto
nacionais assim como estrangeiros, a avançarem com propostas concretas para
iniciarem investimento no setor mineiro nacional. Moçambique dispõe de uma vasta
gama de recursos minerais, grande parte dos quais ainda não explorados, tais como
metais básicos, fosfatos, rochas ornamentais, bauxite, minério de ferro, tantalite, pedras
preciosas e semipreciosas, grafites e outros. O país possui grandes depósitos de areias
pesadas ao longo da costa, tendo um deles, em Moma, entrado em produção em 2007 e
prevendo-se para o futuro o desenvolvimentos de outros projetos em outras áreas como
a projecção as de Chibuto, na província de Gaza MEDIAFAX. Recursos minerais em
Moçambique- “Temos ainda por explorar” Redação: Quinta feira, 22 de Julho de 2010.
O país tornou-se, nos últimos tempos, no maior produtor de gás natural na
região da África Austral. Foi recentemente feita a descoberta de novas jazidas de
hidrocarbonetos, com particular destaque para a descoberta na bacia do Rovuma, fato
que é uma razão clara para que os investidores tenham forte apetência por Moçambique.
No que diz respeito ao Carvão Mineral, Moçambique é considerado no futuro
mais próximo como podendo ser um dos países com maiores reservas deste recurso
mineral a nível mundial. “Existem diversas bacias carboníferas identificadas em
diferentes áreas do país, nas províncias de Tete, Niassa, Cabo Delgado e Manica”;
algumas delas presentemente a serem avaliadas através de trabalhos de pesquisa no
âmbito de mais de 100 títulos mineiros atribuídos a várias identidades (pessoas
singulares e coletivas) [MEDIAFAX. Recursos minerais em Moçambique “Temos
ainda por explorar” Redação: Quinta feira, 22 de Julho de 2010.
A maior reserva de Carvão Mineral em Moçambique, se encontra localizada no
distrito de Moatize, na província de Tete, no centro do país, e pretende integrar a lista
dos maiores produtores e exploradores de Carvão Mineral no mundo. Os projetos de
exploração de carvão em Moçambique se multiplicam nos últimos tempos promovidos
sobre tudo por transnacionais e empresas indianas, brasileira e australiana, permitindo
ao país exportador de eletricidade a partir da barragem Hidroelétrica de Cahora Bassa
(HCB), localizada na província de Tete, reforçar o estatuto de potência energética
regional e com o desenvolvimento do projeto de Moatize, espera-se que o país se torne
no segundo maior produtor africano de carvão depois da África do Sul.
Estima-se que mais de 800 licenças de prospecção e pesquisa de minerais
incluindo Carvão Mineral foram autorizadas pelo governo até Fevereiro de 2011, além
de o país dispor de recursos naturais, este número crescente de investidores na área
mineral se deve também de um ambiente propício para atração de investimentos.

5. GRAU DE ESTUDO DA BACIA DE MOATIZE


A bacia carbonífera de Moatize, a mais conhecida de entre as diversas bacias de
carvão existentes no país, foram realizados no passado diversos trabalhos de pesquisa
geológica detalhada e presentemente existem vários bilhões de toneladas de carvão
prontas para ser produzidas. Dentre vários trabalhos publicados sobre a área em
referência, importa destacar os trabalhos de descrições, destacando fundamentalmente a
descrição de afloramentos do sistema de Karroo e do Complexo Gabro Anortosítico de
Tete [Coelho, 1969].
Em 1966, F. Real, no seu trabalho intitulado “Geologia da bacia do Zambeze”,
faz referência as características geológicas e mineiras desta bacia, dando muita
importância ao Karroo de Tete, onde estão inceridas importantes camadas de carvão.
Este autor generaliza todos os dados existentes nesta província, por exemplo afirma que
na bacia carbonífera de Moatize-Minjova as séries carboníferas apresentam uma
espessura de 340m.
[R. S. Afonso, 1978], no seu trabalho denominado “Geologia de Moçambique”,
faz referência a distribuição do Karroo em Moçambique, sua origem e sequência
Geológica incluindo a refência da existência de carvão na bacia carbonífera de Moatize.
[Lopo Vasconcelos, 1995], na sua tese de doutorado pela Universidade do
Porto, Portugal em, estudou os carvões de Moatize com o tema: contribuição para o
conhecimento dos carvões da bacia carbonífera de Moatize.
A província de Tete em particular foi palco de vários estudos Geológicos, os
pioneiros nesses estudos em Tete, datam de 1920, onde estudantes e professores
universitários Belgas, estudaram a bacia sedimentar , com parcticular incidência as
camadas de carvão de Moatize, tendo concluido que em Moatize haviam diferentes
camadas de carvão que jaziam a diferentes profundidades.
Em 2007 e 2009 foram assinados dois contratos mineiros, com a Vale (Brasil) e
Riversdale (Austrália) para Moatize e Benga respectivamente, que em conjunto
contemplam a produção e exportação anual de cerca de vinte milhões de toneladas de
carvão, a ocorrer dentro do primeiro semestre de 2011. O Governo moçambicano vai
atribuir, até nos finais de 2012, três novas concessões de pesquisa e prospecção de
carvão, até ao momento, o Ministério dos Recursos Minerais já atribuiu 105 concessões
de pesquisa e prospecção de Carvão Mineral; enquanto isso as Minas de Moatize e
Benga em Tete, desenvolvidas pela companhia brasileira Vale e pela mineradora
australiana Riversdale respectivamente, estão numa fase avançada. [Descobertos novos
jazigos de carvão em Moçambique: disponível no endereço eletrônico e acessado em
08/03/2011: htt: //www.africatoday.co.ao/pt/empresas/4918].
Os resultados já obtidos indicam a existência de Carvão Mineral em toda a
província de Tete, no centro de Moçambique. As empresas envolvidas na pesquisa de
jazidas de carvão em Moatize, a JFPL, Essar e ETA Star desde 2008, anunciaram a
descoberta de novas jazidas de carvão nos distritos de Changara, Cahora Bassa, Mágoè,
Mutarara, Marávia e Zumbu. Na bacia de Moatize, é onde se encontram as maiores
reservas do país, tendo sido identificadas quantidades exploráveis de Carvão Mineral na
região de Samoa, onde já está a trabalhar a empresa Carvoeira de Samoa [Descobertos
novos jazigos de carvão em Moçambique: disponível no endereço eletrônico e acessado
em 08/03/2011: <htt: //www.africatoday.co.ao/pt/empresas/4918>].
Na província de Tete, cerca de 16 empresas estão licenciadas para a pesquisa de
outros minérios, destacando-se ouro aluvional, platina, ferro, pedras preciosas, água
mineral e metais básicos [Descobertos novos jazigos de carvão em Moçambique:
disponível no endereço eletrônico e acessado em 08/03/2011: htt:
//www.africatoday.co.ao/pt/empresas/4918].
[Fig. IV: Esboço Geológico da Região de Tete-Moatize. Lopo Vaconcelos, Geologia do carvão, 2005]

6. ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO DA BACIA CARBONÍFERA DE


MOATIZE
A bacia carbonífera de Moatize localiza-se na província de Tete, a cerca de 20
km a nordeste da capital provincial, e a uns escassos 6 km do aeroporto de Chingódzi. A
capital distrital de Moatize localiza-se dentro da bacia carbonífera, e situa-se na estrada
que liga Tete ao Malawi, através da vila fronteiriça do Zóbuè (cerca de 90 km). Perto de
Moatize há ainda a estrada que vai para a Zâmbia, através da fronteira de Cassacatiza.
A rede fluvial na Bacia de Moatize é constituída pelo Rio Revúboè, que corta a
bacia no sentido NE-SW em direção ao Rio Zambeze, e pelos seus afluentes Rio
Moatize, que corre na direção ESE-WNW, e Rio Murongódzi, que corre na direção NS.
Em termos de orografia, a Bacia de Moatize apresenta um relevo aplanado algo
ondulado, sendo bordejado a NE, NW e SW por zonas de montanhas referentes às
formações precâmbricas. A feição mais notória é o Monte M’pandi, no limite SW da
bacia, junto ao Rio Revúboè, com uma altitude de 321 m [GTK Consortium, 2006].
Esta bacia, pertence ao Supergrupo do Karroo. A seqüência estratigráfica tem
seis camadas de carvão principais, designadas de baixo para cima como: Sousa Pinto,
Chipanga, Bananeiras, Intermédia, Grande Falésia e André. A camada Chipanga é a
mais espessa de todas e a única que foi explorada. Sobreposta à Formação de Moatize
encontra-se a Formação de Matinde. As formações de Moatize e Matinde são
respectivamente equivalentes ao Dwyka Superior/Ecca Inferior e ao Ecca
Médio/Superior da Bacia. A bacia carbonífera de Moatize está orientada no sentido
NW-SE e está rodeada por gabros e anortositos da Suite Tete, de idade
Mesoproterozóica (1600-1000 M.a), o limite NE da bacia é uma falha normal de cerca
de 30 km de comprimento, orientada NW-SE. O limite SW é tanto por inconformidade,
como também por contacto de falha, como é o caso da Falha do Monte M’pandi [Real,
1978].
A idade da série produtiva pode ser determinada devido à presença de
numerosos fósseis vegetais, que são:
Glossopteris Indica Shimper;
Glossopteris Browniana Brongr;
Glossopteris Brancae Gothan;
Glossopteris Stricta Bunb;
Gangamopteris Cf. Obvata
Gangamopteris Cyclopteroides;
Sphenophyllum Specioum Royle;
Sphenophyllum thonnii Mabr;
Oblingifolium;
Sigillariasp.
A bacia carbonífera de Moatize, pertence ao Supergrupo do Karroo. A seqüência
estratigráfica tem seis principais camadas de carvão, designadas de baixo para cima
como: Souza Pinto, Chipanga, Bananeiras, Intermédia, Grande Falésia e André. A
camada Chipanga é a mais espessa de todas e a única que foi explorada. A Bacia
Carbonífera de Moatize pertence a uma bacia maior que se extende de Tete a Minjova,
na fronteira com o Malawi, que por sua vez se continua por este país adentro para a
Bacia de Lengwe. Os limites NE e SW do graben são definidos por falhas de bordadura
com direcção NW-SE. O graben de Moatize tem um comprimento aproximado de 35
km e uma largura média de 2 km. O acidente orográfico mais importante é o Monte
M’pandi, com uma altitude de 320.8 m, situado na margem SW do graben,
representando um braquianticlinal das rochas do embasamento.
Sobreposta à Formação de Moatize encontra-se a formação de Matinde. As
formações de Moatize e Matinde são respectivamente equivalentes ao Dwyka
Superior/Ecca Inferior e ao Ecca Médio/Superior da Bacia. As camadas de carvão de
Moatize, estam inceridas no karroo justificando-se assim a importancia desta unidade
geologica. Na região de Moatize, superiormente à série produtiva, começa outra série
sedimentar constituída por grão grosseiro à médio, grés arcósico e pequenas camadas
lenticulares de calhau rolado e estratificação cruzada [F. Real, 1966].
O depósito de carvão de Moatize é constituído por rochas de origem sedimentar,
tais como, siltitos e arenitos que são as litologias correspondentes a rocha estéril. O
minério é composto por três camadas horizontalizadas principais de carvão com a
seguinte nomenclatura: a Bananeiras, a Chipanga e a camada Souza Pinto, sendo
apresentadas da camada mais rasa, para a mais profunda.
Série Produtiva- esta é de grande interesse por nela estar englobada a importante
camada de carvão. Esta série é caracterizada por possuir xistos, grés carbonosos,
argilitos negros, por vezes piritosos. A idade desta série é de pérmico Inferior, que,
provavelmente se corresponde com o andar Ecca [F. Real, 1978].
Entre as camadas de carvão existe
novamente a presença de material estéril
compostos por siltitos e arenitos o chamado
“interburden”.
As camadas de carvão apresentam
características distintas quanto a sua
composição química e aproveitamento
econômico.
A partir do modelamento realizado foi
possível verificar intensa atividade geológica
nas camadas de carvão de Moatize. Na série
produtiva são conhecidas camadas de diferentes
espessuras e designadas a partir da mais recente
por:
1. André
2. Grande Falésia
3. Intermédia
4. Bananeira
5. Chipanga
6. Souza Pinto
1.Camada André- topo da série
produtiva, constituída por bancadas de carvão
inteceptadas apenas por dois leitos finos de
xistos carbonosos, piritosos com com 1 à 2 m
de carvão.
2. Camada Grande Falésia- constituida
por xistos argilosos e carvões com 12 m de
espessura.
3. Camada Intermédia- formada por
argilito negro e níveis de carvão muito
pequeno.
4. Camada Bananeira- a que
corresponde a um complexo de xistos e carvão,
[Figura V: Esboço da Série Produtiva em
este com fraca espessura e uma espessura de 9
Moatize. Lopo Vasconcelos, 2005] m superior e 18 m inferior,ambas intercaladas
por argilito arenoso.
5. Camada Chipanga- a mais importante da série produtiva com uma camada
basal de 2.5 à 3.6 de carvão, ou seja uma espessura de 36 m.
6. Camada Sousa Pinto - constituída por um complexo carbonoso com 14 m de
espessura.
[Figura VI: Esboço geológico simplificado da provincial de Tete, Moçambique. Lopo Vasconcelos, 2005]
De forma geral de acordo com esboço da série produtiva, ela está formada por
carvão com uma alternância principalmente com argilito arenoso.

Figura VII: Mapa geológico de Moçambique:[Disponível no endereço eletrônico e acessado


em 11/03/2011:
<htt://www.geologiademocambique/justicanostrilho.org>]
7. PRINCIPAIS BACIAS CARBONÍFERAS DE MOÇAMBIQUE
A Bacia de Moatize tem sido uma das regiões moçambicanas em que se têm
fundado esperanças pela existência de recursos minerais importantes. Como
conseqüência desta perspectiva, nesta região tem sido incutida maior número de estudos
geológicos, quer sistemático, quer localizado com o objetivo de reconhecimento de
determinadas mineralizações, e posteriormente a sua avaliação econômica dessas
jazidas.
No território moçambicano podem ser mencionadas as principais bacias
carboníferas, sendo Chicôa-Mecúcoè, Mucanha Vuzi, Moatize-Muarazi-Minjova,
N’condedzi-Mutarara, Sanângoè-Metídzi, Canxixe, Mpotepote, Maniamba e Lugenda
[Vasconcelos & Pedro, 2004].

Fig. VIII: Bacias do Karroo em Moçambique e principais aspectos geográficos da zona de Tete-
Moatize [Vasconcelos & Pedro, 2004].
Fig. IX. Principais bacias carboníferas de Moçambique. [Disponível no endereço eletrônico e acessado em
08/03/2011: <htt:// www.vale.com>].

As bacias de Moatize, pelos resultados revelados por estudos recentemente


apresentados por várias pesquisas realizadas, mostram que a rede de bacias carboníferas
não exploradas do Mundo se encontra na província de Tete e a geologia corrente diz-
nos que, para além destes campos de Moatize, estima agora sob enfoque da Vale antiga
Companhia do Vale do Rio Doce, um punhado de quilómetros a oeste se estendem os
depósitos de Mucanha-Vuzi (reservas > 3 biliões de toneladas) e de Senâgoe (reservas >
1 bilião de toneladas). Com reservas estimadas em cerca de 2.4 biliões de toneladas, em
caso de avanço do mega-investimento da Vale em Tete, Moatize poderá produzir mais
de 20 milhões de toneladas anuais do carvão bruto r.o.m (run-of-mine), das quais 10 a
12 MTPA ( milhões de tonelada por ano) de carvão metalúrgico para exportação.

8. MODOS DE EXPLORAÇÃO E BENEFICIAMENTO


Na extração do carvão geralmente podem ser usados diferentes modos ou
métodos, nomeadamente (subterrâneo ou a céu aberto). A opção por uma ou outra
modalidade depende, basicamente, da profundidade e do tipo de solo sob o qual o
minério se encontra. Se a camada que recobre o carvão é estreita ou o solo não é
apropriado à perfuração de túneis (por exemplo, areia ou cascalho), a opção é a
mineração a céu aberto. Se, pelo contrário, o mineral está em camadas profundas ou se
apresenta como veios de rocha, há a necessidade da construção de túneis.
A produtividade das minas a céu aberto é superior à das lavras subterrâneas. No
entanto, de acordo com o World Coal Institute (WCI) ou Instituto Mundial do carvão,
em português, 60% da oferta mundial de Carvão Mineral é extraída por meio da
mineração subterrânea.
Carvão é hoje fonte marginal de energia em tem no uso termoelétrico
potencialidade extraordinária, tendendo praticamente todo o grosso de sua produção a
este setor que o usa como combustível. Identificar as reservas de carvão de grande porte
e, alcançar o patamar de tecnologia que permita o aproveitamento de instalações de
economia da escala são os objetivos a culminar para o desenvolvimento e expansão de
indústria carbonífera moçambicana. Para a exploração do carvão de Moatize pelas
empresas Vale (Brasil) e da Riversdale (Austrália), será efetuada através de mineração a
céu aberto, usando usado o strip mining, por ser o método clássico de lavra a céu aberto
para carvão e por melhor se adequar à configuração do terreno de Moatize e as
condições geológicas o permitem.
Com uma capacidade na fase de plena exploração, de cerca de 26 milhões de
toneladas de carvão bruto por ano, prevendo-se para 2011 o início da sua produção. A
pos o tratamento do carvão, obter-se ao cerca de 85 milhões de toneladas por ano de
carvão de coque e dois milhões de toneladas por ano de carvão para a queima, ambos
para a exportação. O carvão restante obtido do tratamento do carvão bruto r.o.m (run-
of-mine), tem teor de cinzas demasiado elevado para poder comercializar, e por isso,
prevê-se que uma parte dele venha ser utilizado numa Central térmica de 1.500MW a
ser instalada em Moatize. [Carvão mineral em Moçambique, CIP, redação em 09 de
Abril de 2009, Maputo].
Tendo em vista todo o relatado, e face às características do carvão de Moatize, e
estabelecendo como meta a recuperação máxima com redução de custos, o
beneficiamento de carvão, visa à redução de teores de cinzas e enxofre, aumentando os
teores da massa carbonosa e poder calorífico. As propriedades químicas e físicas são
importantes em todos os aspectos.
A modernização técnica de tratamento do carvão mineral, aplicado nas indústrias
mineiras, tendo em conta aumentar a capacidade de produção e ampliação do seu
mercado consumidor, para os diferentes segmentos industriais, surgiu da necessidade de
desenvolver tecnologias, aumentar as capacidades das plantas de beneficiamento,
melhorando a sua eficiência, visando a sua adequação para atender a demanda existente;
assim o conhecimento das especificações dos produtos desejados é importante para a
verificação da viabilidade técnica e econômica do beneficiamento do carvão [Sampaio,
2005].
Sem sombra de dúvidas, para o ano de 2011 será um ano marcado pelo início de
exploração e exportação de carvão mineral de Tete para os vários pontos do mundo.
Espera-se que, a partir do primeiro semestre do corrente ano, inicie a exportação de
pelo menos dois milhões de toneladas de Carvão Mineral, a serem extraídos pelas
companhias mineiras Vale e Riversdale. Com a exploração do carvão de Moatize pelas
companhias de mineração Vale (Brasil) e Riversdale (Austrália), Moçambique espera
produzir, dentro de cinco anos, mais de 20 milhões de toneladas daquele produto
[Descoberto outro grande jazigo de carvão em Tete: disponível no endereço eletrônico e
acessado em 09/02/2011: <http://www.potaldogoverno.gov.mz/notícias>].
Em Benga, a Riverdale tem uma reserva na ordem de 4,4 bilhões de toneladas
das quais se fará uma produção na ordem dos 20 milhões de toneladas e que
processados vão resultar em cerca de seis milhões de toneladas por ano para o carvão
metalúrgico e 2 milhões de toneladas para o carvão térmico. O carvão doméstico (que
não tem qualidade para a exportação) se estima na ordem de quatro milhões de
toneladas que poderão ser usadas para as centrais térmicas. Em relação à Vale ela tem a
concessão mineira válida por 35 anos e traduz se uma produção anual cerca de 26
milhões de toneladas deste recurso mineral [Descoberto outro grande jazigo de carvão
em Tete: disponível no endereço eletrônico e acessado em 09/02/2011:
<http://www.potaldogoverno.gov.mz/notícias>].
A empresa Vale Moçambique, assim que é designada a Mega empresa do Brasil
em Moçambique, pretende extrair 11 milhões de toneladas de carvão por ano, podendo
ao longo prazo aumentar para 22 milhões toneladas/ano sendo 8,5 milhões de toneladas
de coque para a indústria metalúrgica e 2,5 milhões de toneladas de carvão térmico para
a produção de energia elétrica, projeta-se que a produção do carvão em áfrica em geral
cresça em média 3% ao ano de 2011, especificamente graças ao aumento da procura
principalmente no continente asiático. O preço da matéria prima tem vindo a escalar ao
do petróleo, apresentando-se como uma alternativa mais barata [Descobertos novos
jazigos de carvão em Moçambique: disponível no endereço eletrônico e acessado em
08/02/2011: <htt: //www.africatoday.co.ao/pt/empresas/4918>].
Carvão Mineral voltou a estar na mira das atenções dos investidores e
consumidores, devido a três vantagens: preços baixos por unidade energética; um rácio
mais elevado de reservas/produção e uma diferente distribuição geográfica das reservas.
A Índia e a China serão responsáveis por um aumento de 73% da procura mundial de
carvão em 2030, para 4994 milhões de toneladas equivalentes de petróleo, quando
comparativamente em 2005 consumiam 2892 milhões de toneladas [AIE, 2007].
A disponibilidade de carvão que será produzido em grandes quantidades em
Moçambique poderá criar oportunidades para a sua utilização no país em eventuais
indústrias de ferro e aço ou para a produção de cimento. Existe atualmente no mercado
internacional, com destaque para o mercado indiano, uma grande procura de carvão,
tanto de coque como de queima, sendo os preços mais que duplicaram durante os
últimos anos.

9. IMPORTÂNCIA DO CARVÃO MINERAL


Começou a ser utilizado em larga escala, como fonte de energia, na época da
Revolução Industrial (século XVIII). Nesta época era usado para gerar energia para as
máquinas e locomotivas. Até hoje é usado como fonte de energia. O carvão não só
forneceu a energia que abasteceu toda a Revolução Industrial no século 19 como
também impulsionou toda a era da eletricidade no século XX. Atualmente
aproximadamente 40% da eletricidade gerada mundialmente é produzida através do
carvão. Alguns desses países que dependem da energia elétrica gerada pelo carvão são:
América do Sul, Dinamarca, China, Grécia, Alemanha e Estados Unidos. A indústria de
ferro e aço mundial também é fortemente dependente do uso do carvão, caso do Brasil.
A queima do Carvão Mineral para gerar energia lança no ar partículas sólidas e
gases poluentes. Estes gases atuam no processo do efeito estufa e do aquecimento
global. Portanto, o carvão mineral não é uma fonte de energia limpa e deveria ser
evitada pelo ser humano. Porém, em função de questões econômicas (em algumas
regiões do mundo é uma fonte barata), ainda é muito utilizado para gerar energia
elétrica em usinas termo-elétricas.
Em termos de aplicação, o Carvão Mineral foi usado por um longo tempo no
setor de transportes, em veículos como as locomotivas e navios à vapor. Atualmente, o
carvão mineral garante o funcionamento de usinas termoelétricas. Há dois mercados
distintos para carvão comercializado internacionalmente, o carvão chamado
coqueificável e o carvão a vapor para aplicações energéticas. Na siderurgia é utilizado o
carvão coqueificável, que se classifica como um carvão nobre com alto poder calorífico
e baixo teor de cinzas. No uso energético, o carvão admite, a partir do linhito, toda
gama possível de qualidade, sendo uma questão de adaptação dos equipamentos ao
carvão disponível [Ekawan et al., 2005].
Destaca-se que os requisitos de qualidade dos clientes da extração de carvão
para fins energéticos se diferem de acordo com seus equipamentos não existindo um
padrão de qualidade claramente definido para o carvão [Lorenz e Grudzinsk , 2003].
Carvão é a fonte mais utilizada para geração de energia elétrica no mundo,
respondendo por 41% da produção total. Sua participação na produção global de energia
primária, que considera outros usos além da produção de energia elétrica, é de 26%
[Agencia Internacional de Energia (IEA), 2001]. A agência Internacional de Energia
também projeta que o minério manterá posição semelhante nos próximos 30 anos.

10. ASPECTOS AMBIENTAIS


Um pré-requisito para o desenvolvimento sustentável deve ser a garantia da não
contaminação de cursos de água, rios, lagos e mares bem como dos oceanos. As
atividades humanas vêm insistentemente, poluindo as fontes naturais de água das quais
todos dependemos; a mineração é uma dessas atividades que polui a água. Tem
aumentado muito, no presente, a preocupação com o legado ambiental que as atividades
de mineração têm deixado, principalmente nos países em vias de desenvolvimento.
Em países em vias de desenvolvimento, como é o caso de Moçambique,
questões relacionadas à possibilidade e qualidade da água é talvez a interface mais
evidente na relação da indústria com as comunidades próximas a um empreendimento
mineral e afetam diretamente a percepção e aceitação, pela sociedade, das atividades
mineiras.
Os processos de mineração (indústria metalúrgica, hidrometalúrgica) são, por
natureza, grandes consumidores de água; em locais onde haja riscos potenciais ao
patrimônio ambiental, incluindo os recursos hídricos a mineração deve ser vedada,
apesar do aprimoramento das práticas mineiras, em termos ambientais, nas últimas
décadas ainda são muito significativos os riscos ambientais derivados da atividade de
mineração.
Os impactos negativos podem variar, desde a geração e transporte de sedimentos
causados por estradas mal conservadas durante a fase de exploração até o assoreamento
de cursos de água e aumento de partículas sólidas em suspensão nas águas durante a
fase de operação da mina.
Pretende-se chamar atenção a todas as empresas e todos aqueles que operam
nesta área, a partir dos garimpeiros até as empresas tecnológicas, ou seja: a todos que
estam envolvidos em diferentes projetos de extração e pesquisas de recursos minerais
em Moçambique de forma geral, a tomar as devidas precauções e procedimentos a fim
de evitar a contaminação dos fluxos de água.
Sabe-se que a maior parte da população moçambicana vive nas zonas rurais,
algumas delas onde as empresas se encontram instaladas como o caso de mega-projetos,
empresas de extração de carvão mineral, material de construção civil, etc.. Portanto se
contaminamos a água, estaríamos a inviabilizar o desenvolvimento sustentável das
comunidades e do país em geral.
Recordemos ainda que um dos principais efeitos tecnológicos das últimas
décadas é que a mineração tem se tornado mais mecanizada e assim tem aumentado
enormemente a capacidade de manusear grandes volumes de material,
conseqüentemente, à quantidade de estéril e rejeito tem se multiplicado a taxas
inimagináveis.
O desenvolvimento da tecnologia de mineração tem possibilitado, cada vez
mais, o aproveitamento de minérios de baixo teor, o que acaba gerando maior
quantidade de estéreis e rejeitos. Os rejeitos podem conter também agentes químicos
usados no processamento de minérios, tais como cianeto ou ácido sulfúrico; tais rejeitos
são geralmente estocados em barramentos nesses procedimentos, caso, se medidas não
adequadas não forem tomadas os contaminantes dos estéreis e rejeitos da mina podem
alcançar as águas superficiais e subterrâneas causando problemas sérios de poluição do
precioso líquido que todos dependemos para a nossa sobrevivência e para as novas
gerações.
Este é um dos grandes problemas que a mineração tem deixado e que deve e
pode ser mudado com a utilização das melhores práticas de gerenciamento ambiental
por parte da indústria extrativa mineral. Após serem removidos, os estéreis, que muitas
vezes contém sulfetos que podem gerar águas ácidas, metais pesado, e outros
contaminantes, são muitas vezes estocados acima dos terrenos em volumosas pilhas
com drenagem livre, estas pilhas de estéril e a superfície expostas das minas já
mineradas (bedrock), são a fonte da maioria da poluição por metais pesados.
Pretende-se refletir neste trabalho, desde o ponto de vista a importância de uma
boa vigilância ás entidades mineiras a fim de cumprirem com rigor a legislação mineira
moçambicana em vigor, isso permitirá uma maior sustentabilidade para as gerações
vindouras; por outro lado pretende-se incentivar ao governo moçambicano continuar a
monitorar, estabelecer rendimentos de exploração mineira ás comunidades para permitir
arrecadar mais divisas que possam acelerar o desenvolvimento do país em geral, rumo
ao combate da pobreza absoluta.
A contribuição das empresas que exploram recursos naturais, em particular os
minerais, podem de certa maneira acelerar a indústria extrativa moçambicana. Nas
últimas décadas, devido à enorme queima de combustíveis fósseis, a quantidade de gás
carbônico na atmosfera tem sofrido um grande aumento, contribuindo para o
aquecimento do planeta. Hoje se pretende a redução dos efeitos da emissão de gases à
atmosfera gases efeito estufa.
Dentro do cenário das teorias de aquecimento global e da redução da camada de
ozônio, a pressão ambientalista contra o uso do carvão tem sido intensa, principalmente
dentro da reivindicação do controle e da redução das emissões de poluentes para a
atmosfera. Os fatores determinantes para a aplicação do carvão como fonte de geração
de energia elétrica se fundem na busca pelo desenvolvimento e uso de tecnologias com
alta eficiência térmica associadas a baixos níveis de emissão de poluentes [Chen et al.
(2006].
A principal restrição à utilização do carvão é o forte impacto socioambiental
provocado em todas as etapas do processo desde a produção, combustão assim como
também no consumo. A extração, por exemplo, provoca a degradação das áreas de
mineração. Na dessulfuração antes da combustão, na queima para geração de
eletricidade (termelétricas) a serem construídas ainda no distrito de Moatize pelas
empresas, se medidas não forem tomadas esse processo pode aumentar a emissão de
gases poluentes.

11. RESULTADOS ESPERADOS


Com a implementação do projeto da Vale, espera-se uma série de impactos
positivos como o aumento da renda das pessoas e o desenvolvimento humano, através
do papel social prestas às comunidades. Dados estatísticos divulgados em Moatize no
dia 08 de Maio de 2011, durante a cerimônia de lançamento da fase inicial de
exploração do carvão de Moatize, indicam que o empreendimento irá contribuir
significativamente para a economia moçambicana, não apenas através da criação de
postos de trabalho, como também porque no pico da exploração irá gerar 2,5 a três
milhões de dólares norte americanos para a balança de pagamentos. Espera-se que as
oportunidades de emprego subam dos atuais oito mil para cerca de quinze mil postos de
trabalho, pelo menos nos próximos cinco anos, além da contribuição nas receitas do
estado através de impostos que poderão contribuir na redução/ erradicação da pobreza
absoluta no país.

12. CONSIDERAÇÕES FINAIS


Pretende-se refletir neste artigo, dando o nosso ponto de vista a importância de
uma boa vigilância ás entidades mineiras a fim de cumprirem com rigor a legislação
mineira moçambicana em vigor, isso permitirá uma maior sustentabilidade para as
gerações vindouras; por outro lado pretende-se incentivar ao governo moçambicano
continuar a monitorar, estabelecer rendimentos de exploração mineira ás comunidades
para permitir arrecadar mais divisas que possam acelerar o desenvolvimento do país em
geral.
A contribuição das empresas que exploram recursos naturais, em particular os
minerais, podem de certa maneira acelerar a indústria extrativa moçambicana. Nas
últimas décadas, devido à enorme queima de combustíveis fósseis, a quantidade de gás
carbônico na atmosfera tem sofrido um grande aumento, contribuindo para o
aquecimento do planeta.
Dentro do cenário das teorias de aquecimento global e da redução da camada de
ozônio, a pressão ambientalista contra o uso do carvão tem sido intensa, principalmente
dentro da reivindicação do controle e da redução das emissões de poluentes para a
atmosfera.

13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Borba, R. F. Carvão Mineral. Balanço mineral brasileiro, 2001.


C. H.Sampaio L. M. Tavares. Beneficiamento gravimétrico: uma introdução aos
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Coelho A.V. P. Complexo Gabro Anortozítico de Tete-Moçambique. Tipografia globo,


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Doerell, P.E. Coal Home page- Engineering & Mining Journal, 2001.

Descobertos novos jazigos de carvão em Moçambique: disponível no endereço


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