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economia nacional?
Natália Camba
MAPUTO, MOÇAMBIQUE
2 de Outubro de 2017
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Resumo
Moçambique apresenta hoje desafios complexos relacionados com a forma de tirar partido das suas
riquezas naturais. A par do sector de extractivo têm que ser lançadas bases para uma discussão: como
fazer crescer as industrias transformadoras e impulsionar o conteúdo local?
São desafios que se colocam a toda a Sociedade e ao qual os investigadores têm que dar resposta. O
aproveitamento do gás pela industria nacional é um dos factores de desenvolvimento de largo espectro
permitindo alavancar outras industrias – agrícolas e industriais – mas também, fixar a riqueza e aumentar
as exportações, criando empregos qualificados. Seria desejável que o resultado de todo este
investimento, sectores como a Educação e a Investigação cientifica fossem as áreas beneficiadas, pois
estes são os potenciadores do bem-estar de toda uma nação.
1. Introdução
O presente trabalho pretende dar a resposta a uma questão levantada na sociedade moçambicana: como
pode Moçambique utilizar os recursos de gás e LNG para diversificar a economia nacional?
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Figura2. Área de concessões, INP(2016) Figura 3. Áreas concessionadas no 5º Concurso,
INP(2016)
Moçambique, possui cinco Bacias sedimentares, sendo as principais, Rovuma e de Moçambique, que
detém de aproximadamente 180 TCF e de 30 TCF, respectivamente. (ENH, 2015).
É, hoje, importante começar a reflectir sobre a diversificação da economia, de forma a evitar o impacto
do desenvolvimento isolado, ou seja, a dependência da economia do país de um só sector.
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2. Caracterização da Economia Moçambicana
Moçambique é um dos países onde o crescimento da população no contexto do Continente Africano
deverá ter maior significado na população jovem. Com uma área de 79,930 km2, a população de
Moçambique é estimada em 26,423,623 milhões de habitantes em 2016, distribuída da seguinte forma:
Homens 12.760.324
Mulheres 13.663.299
Urbana 8.468.799
Rural 17.954.824
Estabelecer uma imagem precisa do crescimento da população futura é um fator chave na determinação
do potencial do capital humano de Moçambique. A economia moçambicana é sustentada por diversos
PIB
(I quarter of 2017)
O produto interno bruto (PIB) apresentou variação de 2,9% em 2017 quando comparada ao período
homólogo.
A apreciação de Moçambique vista pelos economistas1 revela alguns aspectos que devem ser apontados:
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Standard Bank 2017 economic briefing “Mozambique: restoring macro-economic stability”, 4th July 2017
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1. A perspectiva económica melhorou substancialmente com passos na direção certa, mas muito
lentamente;
2. Os riscos permanecem elevados;
3. É necessário afastar a tensão política e militar;
4. O programa do FMI pode ajudar a melhorar a confiança e acelerar o investimento estrangeiro
direto bem como a assistência dos doadores;
5. Sustentar a estabilidade macroeconómica requer reformas estruturais (sistema jurídico, negócios,
setor bancário e financeiro, empresas fiscais e estatais;
Espera-se que a economia moçambicana mostre sinais de recuperação e uma delas é o declínio previsível
da inflação nos próximos anos.
No que concerne ao sector agrário, Moçambique apresenta excelentes condições para que se possa
desenvolver uma agricultura mecanizada em larga escala. Este sector, como todo os outros, confronta-se
com a falta de recursos humanos e técnicos, que requerem enormes investimentos. Actualmente a
agricultura praticada é de subsistência, embora existam alguns projectos de sucesso. A energia é a chave
do sucesso industrial.
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Gás Natural Veicular
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Gás liquefeito de petróleo
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externa que cria uma situação de instabilidade económica nacional, isto, devido a flutuações de preços
que o LNG é exposto no mercado mundial.
Algumas medidas podem ser tomadas desde já no sentido de diversificar a economia:
De modo a evitar a “Dutch disease”4, sugere-se um intercâmbio entre o sector dos recursos naturais e o
sector industrial, de forma que o gás natural não seja todo exportado. Ou seja que seja incrementado o
consumo interno.
Devido ao crescimento populacional em torno das áreas onde estão instalados os megaprojectos de gás,
as PME teriam grandes possibilidades de negócios, no que concerne à prestação de serviços. Sendo que,
actualmente, Moçambique não está preparado para tirar partido de possíveis oportunidades de emprego,
visto que não dispõe de competências e formação necessárias para esses empregos.
Um dos principais benefícios dos investimentos relacionados com o gás natural na diversificação da
economia é a capacidade de criação de empregos, sendo por isso importante apostar na Educação (Diniz,
2006, p.52).
A utilização do LNG como alavanca do sector agrário, através da produção de fertilizantes e combustível
para a maquinaria é uma das formas de diversificar a economia. O impacto deste sector na Economia
pode ser verdadeiramente revolucionário, podemos gerar produtos agrícolas para exportação e financiar
outros sectores de actividade, como por exemplo a Educação e a Investigação Científica, pilares do
desenvolvimento moderno, criando mais emprego e reduzindo a dependência em mão de obra
estrangeira.
Actualmente Moçambique dispõe de um quadro legal e regulamentar que possibilita a exploração de gás
no país, bem como o encorajamento baseado em políticas de pesquisa, concessão, exploração, transporte
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Doença holandesa – o crescimento excessivo do sector de exportação dos recursos naturais.
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e comércio do gás sustentáveis aos investidores. Em termos fiscais, Moçambique dispõe da Lei Tributária
da Actividade Petrolífera (Lei 12/2007); Incentivos à actividade mineira e petrolífera (Lei 13/2007).
Regulamento do Imposto sobre Produção de Petróleo (decreto n.º 4/2008).
4. Conclusões
As principais conclusões indicam a necessidade de uma relação estável e duradoura entre o sector de
recursos naturais e os diversos sectores que sustentam a economia moçambicana.
Triando partido do grande potencial económico de Mocambique nos diferentes sectores de produção, em
particular na agricultura, recomenda-se o uso do gás na produção de fertilizantes, na produção de energia
e como combustível para a maquinaria agrícola.
O sector agrícola é chave na economia nacional, capaz de promover um desenvolvimento inclusivo, sendo
que a utilização de tecnologias irá promover o aumento de produção e a exportação, gerando riqueza,
diminui a importação de bens alimentares e a criação de novos postos de trabalho.
5. Referências Bibliográficas
Diniz, F., (2006). Crescimento e Desenvolvimento Económico - Modelos e Agentes do Processo. Lisboa:
Edições Sílabo, Lda.
Afonso, R. S., & Marques, J. M., (1998). Recursos Minerais da República de Moçambique: Contribuição
para o seu conhecimento. Lisboa: Instituto de Investigação Científica Tropical; Maputo: Direcção Nacional
de Geologia.
ICF International. Plano Director de Gás Natural para Moçambique : Sumário Executivo do Relatório
Preliminar (2012, Agosto).
INP, (2015, Junho). Desenvolvimento do sector de Hidrocarboneto em Mocambique.
Bucuane, A. & Mudler, P. (2007, Setembro). Exploring Natural Resources in Mozambique, Will it Be a
Blessing or a Curse?. Conference Paper n˚4. Conferência Inaugural do IESE Desafios para a investigação
social e económica em Moçambique. Moçambique.