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SANTOS, H. P; LINHALES, M. A; NASCIMENTO, A. O; GOMES, C. V.

ORGANIZAÇÃO DE ACERVOS ARQUIVÍSTICOS: a experiência do


centro de estudos sobre a memória da educação física, do esporte e do lazer (CEMEF/UFMG). In: VI Congresso Brasileiro de
História da Educacão. Vitória – ES, 2011.

ORGANIZAÇÃO DE ACERVOS ARQUIVÍSTICOS: A EXPERIÊNCIA DO


CENTRO DE ESTUDOS SOBRE A MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, DO
ESPORTE E DO LAZER (CEMEF/UFMG)

Meily Assbú Linhales (EEFFTO/UFMG)


meily_linhales@yahoo.com.br
Adalson de Oliveira Nascimento(ECI/UFMG)
adalson_nascimento@yahoo.com
Ana Carolina Vimieiro Gomes(FAFICH/UFMG)
carolvimieiro@gmail.com
Hercules Pimenta Santos (CEMEF/UFMG)
herculessantos.ufmg@gmail.com

Palavras-chave: acervos arquivísticos; história da Educação Física; memória

Na Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) da


UFMG foi criado, em 2001, o Centro de Memória da Educação Física, do Esporte e do
Lazer – CEMEF que, vinculado ao Departamento de Educação Física, constitui-se como
lugar de pesquisa, ensino, extensão e formação. No momento de criação do Centro o
propósito era o de estabelecê-lo como um lugar de recuperação, preservação,
conservação e divulgação de documentos relativos à história da própria Escola de
Educação Física. Tipos documentais variados encontravam-se dispersos na instituição,
em péssimas condições de guarda, com riscos de deterioração. A preocupação com a
dispersão destes acervos iconográficos, audiovisuais, textuais, bibliográficos e
tridimensionais estava diretamente associada a uma nova sensibilidade que se construía:
a intenção de fomentar a pesquisa histórica e reunir estudantes e professores cuja
temática de investigação fosse a história da Educação Física, do Esporte e do Lazer.
Esse propósito inicial tem sido um desafio nestes 10 anos de existência. Pouco a pouco
compreendemos a complexidade existente na organização, manutenção e tratamento
técnico de acervos tão diversificados. Aliado a esse trabalho, outros movimentos: o de
recepção de novas doações – principalmente de acervos particulares de ex-professores
da Escola – e a permanente qualificação teórico-conceitual dos estudos e pesquisas
realizadas a partir dos documentos disponíveis.
Assim, com perfil de um Centro de Documentação, o CEMEF possui
características híbridas, por acolher documentos que, por suas características de origem
e função podem ser organizados como de arquivos, bibliotecas e museus (TESSITORE,
2003). Todavia, o costume corriqueiro de adotar o termo Centro de Memória encontra-
se ligado à vocação do Centro para a preservação da memória da Educação Física, do
Esporte e do Lazer.1
Além da organização do acervo institucional, estamos também envolvidos com a
organização de fundos privados que reúnem as doações de professores e ex-professores
da Escola de Educação Física e com a produção de fontes orais relativas à memória
social do esporte e do lazer. Uma aposta de diferentes pessoas na idéia de que as
experiências precisam ser “comunicáveis” e que pode ser relevante “deixar rastros”
(BENJAMIN, 1994).
Assim, o acervo do CEMEF vem sendo paulatinamente constituído e ampliado.
Sua existência se justifica e se legitima a partir de iniciativas e demandas distintas −
algumas configuradas pela própria EEFFTO, outras pelo compromisso dos
pesquisadores e acadêmicos do Centro com a recuperação de documentos institucionais
2

ou com o aprofundamento de algumas temáticas de pesquisa. Também merece menção


o interesse de doadores, que tende a se ampliar, na medida em que tomando ciência da
existência do CEMEF, passam a identificá-lo como um lugar de guarda de uma
variedade de documentos que revelam indícios de suas trajetórias acadêmicas,
esportivas e pessoais.
Nessa variedade de possibilidades e de ações, qualificamos no CEMEF as
condições objetivas e infraestruturais para que as ações em prol da preservação de seu
patrimônio cultural, educacional e esportivo, assegurando a integridade física de tais
registros de nossa história. Objetivamos também assegurar a divulgação destes
documentos de memória, fazendo com que tais registros cheguem ao público
pesquisador. Preservar e socializar a memória da educação física, do esporte e do lazer
constitui, antes de tudo, um direito de cidadania. Uma contribuição efetiva à
(re)construção, (re)afirmação e expansão de uma cidadania plena e emancipada.
Condição política e cultural para a produção de identidades, singulares e sociais. A
memória é assim um patrimônio construído socialmente.
Tais compromissos ganham materialidade no vagaroso, porém contínuo,
processo de organização de fundos de arquivos, de coleções e de bancos de dados; na
realização de seminários e exposições e, ainda, na produção de inventários, guias de
fontes e outros instrumentos de pesquisa. Os argumentos de Mário Chagas inspiram o
trabalho do CEMEF quando propõe que o “poder da memória” esteja implicado na
relevância política que o engendra:

O diferencial (...) não está no mero reconhecimento do poder da memória, e sim na


colocação dos ‘lugares da memória’ a serviço do desenvolvimento social, na
compreensão teórica e no exercício prático da memória como direito de cidadania e não
como privilégio de grupos economicamente abastados (2006, p.33).

Compreendemos, assim, que preservar e pesquisar o passado do que fomos e


fizemos em tempos sociais diversos são maneiras de lutar contra o apagamento de
experiências humanas. Como prática que traduz o humano e sua presença no tempo, as
pr´sticas corporais produzem, envolvem e enlaçam memórias dessas experiências. Há
memórias relativas à educação física, ao esporte e ao lazer em cada ser humano, e no
conjunto deles, sejam elas agradáveis, desagradáveis, celebrativas ou não. Todas as
maneiras que há de se lembrar são merecedoras de cuidados. Como escreveu Walter
Benjamin (1993), “nada pode ser perdido para a história”.
Há neste movimento um conjunto de intencionalidades éticas e políticas,
presentes em cada decisão tomada pelos pesquisadores do CEMEF em relação aos
sentidos e significados históricos e culturais revelados nos documentos, nas formas
como foram guardados, no que mostram ou no que escondem. Como ensina Jacques Le
Goff

Os documentos não aparecem, aqui ou ali, pelo efeito de um qualquer imprescutável


desígnio dos deuses. A sua presença ou a sua ausência nos fundos dos arquivos, numa
biblioteca, num terreno, dependem de causas humanas que não escapam de forma
alguma à análise, e os problemas postos pela sua transmissão, longe de serem apenas
exercícios de técnicos, tocam, eles próprios, no mais íntimo da vida do passado, pois o
que assim se encontra posto em jogo é nada menos do que a passagem da recordação
através das gerações. (1997, p.101):
3

Todavia, sabemos também que o esquecimento é, muitas vezes, inevitável. O


passado nunca pode ser “recuperado” e “restaurado” como de fato foi. Ficamos com os
rastros, as pistas... Fragmentos de memória. E, daí, colocamos o acervo do CEMEF à
disposição das histórias possíveis.
Nos últimos anos, foram diversas as ações concretizadas para alcançar esses
objetivos, como a consolidação de um grupo de estudo e pesquisa registrado no âmbito
do Diretório de Grupos do CNPq. Nele, estão estabelecidas 03 linhas de pesquisa:
História de Educação do Corpo, História da Educação Física Escolar e História dos
Esportes e das Práticas Corporais. Quanto aos processos de formação, os professores
que se vinculam ao CEMEF orientam pesquisas nos níveis de graduação e de pós-
graduação. Assim, na graduação, acolhem estudantes de Educação Física, de Pedagogia
e de História que realizam trabalhos de conclusão do curso e iniciações científicas. Na
pós-graduação, recebem e orientam mestrandos e doutorandos dos Programas de Lazer
e de Educação da UFMG. Em geral, as temáticas individuais de pesquisa estão
vinculadas a projetos maiores, coletivos, financiados pelas agências de fomento.2 Vale
mencionar que um destes projetos possibilitou a construção de um prédio específico
para o CEMEF, na EEFFTO, um espaço de 240 m2, com setores específicos para a
reserva técnica, o trabalho de tratamento de acervos, as reuniões de estudos e a recepção
de consulentes.
Em sua dinâmica interna, o grupo realiza reuniões semanais regulares de
pesquisa e encontros semestrais de formação, com pesquisadores convidados. Uma de
suas atividades de extensão é a promoção do Seminário do CEMEF, já com seis edições
realizadas. É uma atividade acadêmica bienal, em que se realiza um frutífero
intercâmbio entre pesquisadores e estudantes interessados na historiografia da Educação
Física, do esporte e do lazer, vindos de várias universidades de Minas Gerais e do
Brasil.
Nas ações de extensão e formação, tem sido intenção do CEMEF estreitar o
diálogo interdisciplinar no âmbito da UFMG, estabelecendo parcerias com
pesquisadores da Faculdade de Educação (especialmente do GEPHE: Grupo de
Pesquisa em História da Educação) da Escola de Ciências da Informação (hoje
especialmente vinculados aos cursos de Arquivologia e Museologia) e do Curso de
História da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Como um centro de
documentação, compreendemos que o CEMEF deve se constituir interdisciplinarmente,
como lugar de formação para diferentes campos de atuação profissional.
Nesses 10 anos de atividades, os esforços realizados em suas ações de pesquisa
proporcionaram alguns avanços estruturais e acadêmicos que posicionam o CEMEF
como um lugar de referência no debate nacional sobre a História da Educação Física e
do Esporte. O CEMEF é um grupo de pesquisas que vem se esforçando em seu
movimento de afirmação, na e a partir da UFMG. No entanto, a consolidação de
algumas atividades ainda requer ações e investimentos: de um lado, recursos financeiros
em fluxo contínuo que permitam mais estabilidade nas ações técnicas necessárias à
organização de seu acervo. De outro, uma infra-estrutura adequada ao seu
funcionamento. O novo prédio é parte da solução. Equipá-lo e dar-lhe viabilidade para
cumprir os propósitos de um Centro de Memória é o que se apresenta como desafios de
continuidade.

Constituição da Escola de Educação Física da UFMG

Um primeiro passo no trabalho de organização do acervo arquivístico do


CEMEF tem sido conhecer a história da instituição que produziu, acumulou e guardou
4

essa documentação. Uma análise preliminar no acervo bem como alguns estudos
anteriores, de graduação e pós-graduação (Campos, 2007; Tadeu, 2003; Silva, 2005),
localizaram documentos sobre a dinâmica institucional da Escola de Educação Física da
UFMG, desde a sua fundação, que têm permitido o levantamento de marcos
periodizadores e a seleção de informações para a escrita de uma das possíveis versões
sobre a sua história institucional. Conhecer essa história tem sido fundamental para
compreender os aspectos particulares da evolução da estrutura organizacional dessa
Escola e, assim, estabelecer os elementos que compõem os quadros de arranjo do seu
fundo institucional.
Em 8 de fevereiro de 1952, iniciaram-se as atividades da primeira Escola de
Educação Física do Estado de Minas Gerais, de caráter público, no governo Juscelino
Kubitschek. A Escola era vinculada à Diretoria de Esportes de Minas Gerais e mantida
com verba mensal vinda da Loteria de Minas, garantida pelo Decreto Federal n. 31.761,
de 12 de novembro de 1952. No mesmo ano foi criada também em Belo Horizonte a
Escola de Educação Física das Faculdades Católicas, mantida pela Sociedade Mineira
de Cultura. Nessas Escolas funcionavam quatro cursos: Superior de Educação Física,
Educação Física Infantil, Técnica Esportiva, Medicina Especializada e Massagem
Especializada.
Os currículos das duas escolas eram idênticos. Tal organização era baseada
naquele da Escola Nacional de Educação Física e Desportos (ENEFD), Rio de Janeiro,
de acordo com o Decreto-lei 1212, de 17 de abril de 19393. Nas Escolas mineiras, a
única diferença estava na inclusão da disciplina Cultura Religiosa, no curso das
Faculdades Católicas.
Um ano depois houve a fusão das Escolas, em acordo firmado por Juscelino
Kubitschek e Dom Cabral, em 30 de setembro de 1953 sendo denominada, a partir daí,
Escola de Educação Física de Minas Gerais. Possivelmente problemas financeiros, a
pequena demanda de alunos nos vestibulares e as brigas internas inviabilizavam a
existência de ambas, isoladamente. A nova Escola passou então a ter uma organização
mista, sendo mantida com recursos da Diretoria de Esportes do Estado e tendo
orientação pedagógica vinculada ao Conselho Diretor da Sociedade Mineira de Cultura.
A oficialização da fusão, com o reconhecimento federal da instituição, foi homologado
em 13 de abril de 1955. O currículo da Escola de Educação Física de Minas Gerais
manteve estrutura similar àquele que vigorava na Escola do Estado, com a inclusão da
disciplina Cultura Religiosa. Os cursos oferecidos também foram os mesmos previstos
pelo Decreto-Lei 1.212. No que diz respeito à coordenação das atividades da Escola, os
assuntos administrativos e educacionais eram decididos diretamente pelo Diretor, nas
reuniões do Conselho Técnico Administrativo (CTA), ou ainda nas da Congregação.
Indícios apontam que, nessas condições de funcionamento, a Escola procurou ter
certa visibilidade no cenário da Educação Física nacional, como, por exemplo, a
realização de atividades de formação extra curriculares, com o apoio financeiro do
Governo de Bias Fortes, como as “Jornadas Internacionais de Estudos de Educação
Física” 4. A Escola de Educação Física de Minas Gerais também publicou por algum
tempo o seu jornal, denominado “Educação Física” (Linhales e Lima, 2010).
A Escola experimentou a partir de 1961 sérios problemas políticos e financeiros
que quase a levaram ao desaparecimento. O financiamento do Estado foi reduzido sob o
governo de Magalhães Pinto. Ela deixou de publicar o seu jornal “Educação Física” e,
nos anos seguintes, não promoveu outras Jornadas de Educação Física. Cerca de 50
bolsas de estudo ofertadas a alunos do interior do Estado foram cortadas. Aos
professores, funcionários e alunos faltaram recursos para continuar as atividades
normais (Campos, 2007).
5

Em 1964, ano de golpe militar, a crise chega ao limite. Uma comissão de alunos
da Escola vai ao governador Magalhães Pinto, que a recebeu no Palácio da Liberdade
em 29 de setembro. A Escola chegou a encerrar suas atividades temporariamente na
expectativa de uma reação do governo. O seu diretor naquele período, Herbert de
Almeida Dutra, chegou a recorrer a diferentes instâncias governamentais dos Estados
Unidos da América solicitando que a Escola fosse incluída entre as beneficiadas pelo
Plano Educacional de auxílio à América do Sul. Além disso, escreveu também ao
presidente do Brasil, General Humberto de Alencar Castelo Branco, mas seus apelos
que não tiveram resultado. Em 1965, a Escola passou pelo momento mais difícil e os
funcionários decidiram paralisar suas atividades. Os alunos, de pronto, aderiram ao
movimento5.
Mesmo assim, essa Escola parece ter se firmado como lugar de referência da
Educação Física em Minas Gerais. Alguns documentos no acervo do CEMEF apontam
que ela também exerceu atividades para além de seus próprios cursos: foi espaço de
implantação de uma política de formação de professores do governo militar, o
denominado PREMEM (Programa de Expansão e Melhoria do Ensino) e foi também
instituição oficialmente designada pelo governo estadual para atividades de
“provimento de cadeiras” e “exames de suficiência” relativos à contratação de
professores para a disciplina Educação Física das escolas estaduais.
A situação precária de funcionamento da Escola perdurou nos anos seguintes e,
foi naquela conjuntura, que uma alternativa foi ganhando força: os seus membros
entenderam que a situação pela qual a instituição passava somente seria resolvida em
definitivo com a sua federalização6.
A partir de 1966, estudos foram realizados com o intuito de implementar uma
ampla reforma universitária no Brasil, que se efetivou com a Lei 5540/68. Nesta nova
circunstância, em 21 de novembro de 1969 a Escola de Educação Física de Minas
Gerais foi agregada à Universidade Federal de Minas Gerais, por meio do Decreto-Lei
nº 997. A inserção definitiva deu-se com a instalação da Congregação da Escola de
Educação Física, em 1973.
A integração à UFMG trouxe mudanças significativas para a instituição, que se
configuram num momento de inflexão na sua estrutura, coordenação e funcionamento.
A Escola teve que se adaptar às especificidades da Universidade, com impactos sobre
sua organização de ensino e administrativa, seu corpo docente, seu corpo discente e seus
funcionários. Houve necessidade de reestruturar os cursos então oferecidos, conforme
regimento específico da UFMG. Permaneceu a oferta do curso Superior em Educação
Física, enquanto que o relativo à Educação Física Infantil, por exemplo, foi
paulatinamente desativado. Desde 1974, uma nova proposta curricular para a
Licenciatura em Educação Física foi elaborada e enviada ao Conselho de Graduação e à
Coordenação de Ensino e Pesquisa da UFMG, onde foi finalmente aprovada sem
restrições em 1977.
Uma vez inserida na Universidade, houve também a construção de sua sede no
campus da Pampulha, inaugurada em 12 de dezembro de 1977, depois de cinco anos de
construção, com uma área de 12 mil metros quadrados. Nessa mesma década de 1970
também foi construído o Centro Esportivo Universitário, instituição anexa à Escola,
onde aconteciam as aulas de Educação Física, sob responsabilidade da Escola, para os
outros cursos superiores da Universidade.
As duas décadas seguintes, no que diz respeito aos modelos que orientavam o
curso, foram marcadas por iniciativas que contribuíram para consolidar a Escola de
Educação Física da UFMG como lugar de formação profissional e também de produção
de conhecimento na área. Destaque-se, por exemplo, a parceria com a UFRJ em 1973,
6

para a realização em Minas Gerais do “Projeto Brasil” de detecção de talentos


esportivos e a criação do LAFISE (Laboratório de Fisiologia do Esforço), em 1976, o
primeiro centro de pesquisas científicas da Escola. Nessa mesma época aconteceram
também cursos de pós-graduação (especialização): em Biomecânica, com a participação
de professores estrangeiros. Muitos professores da Escola fizeram Pós-graduação no
exterior (EUA e Alemanha), com impactos diretos na abertura de novas frentes de
estudos e pesquisas científicas na instituição.
Essas parcerias – e outras iniciativas de intercâmbio internacional, ocorridas na
Escola de Educação Física desde a década de 50 – colocaram em circulação uma grande
variedade de pressupostos pedagógicos, políticos e científicos, provenientes de países
considerados como referência na formação profissional da área, adotados como
determinantes e de consequências duradouras para o campo da Educação Física.
É, portanto, baseados nessas transformações da Escola de Educação Física da
UFMG ao longo do tempo em conexão com conhecimentos e normas técnicas que
regem a organização de arquivos, que temos procurado orientar nosso trabalho de
organização do fundo institucional do acervo do CEMEF. A partir dela, foi se tornando
evidente a necessidade de estabelecimento dois marcos cronológicos: a) da fundação
das Escolas de Educação Física em 1952, até a federalização em 1969; b) após a
federalização e incorporação à UFMG em 1969, até 1980, ano estabelecido como marco
para o encerramento dessa primeira fase do trabalho de organização dos fundos
institucionais. Esses dois momentos da Escola têm guiado a elaboração dos quadros de
arranjo desses fundos e das diversas classes que formam as unidades documentais do
acervo do CEMEF.

O trabalho de organização dos fundos institucionais

Visando sua consolidação como instituição de memória e patrimônio e de


pesquisa, o CEMEF/UFMG tem investido na produção de instrumentos de pesquisa de
fontes custodiadas pelo Centro e fora dele. Em 2006 foi realizado um projeto visando
catalogar fontes de interesse para a pesquisa em história do corpo em Belo Horizonte
em diversas instituições de memória e patrimônio da cidade. O projeto, intitulado
Levantamento e catalogação de fontes para o estudo da educação do corpo em Belo
Horizonte (1981-1930) teve como produto um catálogo informatizado que está
disponível no site do CEMEF/UFMG7.
Em 2007, outro instrumento de pesquisa foi elaborado pelo Centro, trata-se do
Guia de Fontes. O documento apresenta de forma geral os fundos e coleções
custodiados pelo CEMEF/UFMG descrevendo o acervo bibliográfico e arquivístico.
Elaborado com o intuito de permitir o acesso aos documentos acumulados, o Guia
objetiva disponibilizar aos pesquisadores um primeiro contato com as fontes disponíveis
no Centro. O Guia de Fontes pode ser encontrado em sua sala de consultas ou acessado
no site institucional.
Após a elaboração destes dois instrumentos de pesquisa, que descrevem de
forma geral uma variedade de fontes de pesquisa abrigadas no Centro e fora dele,
percebeu-se a necessidade de maior investimento na organização e descrição dos fundos
e coleções custodiados pelo CEMEF/UFMG. Em 2009, o Centro apresentou à Fundação
de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais o projeto de pesquisa intitulado O
CEMEF/UFMG como lugar de memória e pesquisa da história do esporte em Minas
Gerais: organização e conservação de acervos. O projeto tem o objetivo de consolidar
o órgão como lugar de memória e de pesquisa da história do esporte em Minas Gerais e
7

foca-se no tratamento arquivístico dos documentos produzidos e acumulados pelas


escolas de Educação Física criadas em 1952 e que deram origem à EEFFTO e ao acervo
produzido pela própria escola até 1980.
Dentre os fundos e coleções existentes atualmente no CEMEF/UFMG, este
acervo referente a história institucional é o mais volumoso e o que cobre período
histórico mais amplo. O conjunto é formado por documentos de tipologias diversas que
registram vários aspectos da memória da escola. A heterogeneidade de tipos e suportes
denota o grande valor histórico do acervo e indica sua potencialidade para estudos de
temas relacionados às funções intermediárias e finalísticas do órgão, tais como a
arquitetura dos prédios, a formação de professores, os intercâmbios, as propostas
curriculares etc.
O trabalho de organização e preservação do acervo tem sido uma das maiores
dificuldades do CEMEF/UFMG, dada a escassez e a intermitência de recursos
financeiros disponíveis. Essas dificuldades são ainda agravadas pela falta de pessoal
especializado em operações pertinentes a um Centro de Memória. A apresentação do
projeto à FAPEMIG visou garantir recursos financeiros para o tratamento dos
documentos relativos à história institucional. Em paralelo a solicitação destes recursos,
o Centro estabeleceu uma parceria com professores e alunos do curso de Arquivologia
da Escola de Ciências da Informação (ECI-UFMG) para apoio nos procedimentos de
organização do acervo.
No início dos trabalhos de organização dos documentos institucionais, o
primeiro desafio foi reconhecer que o conjunto documental possuía unidade e
organicidade e que, portanto, não deveria ser tratado de forma fragmentada.8 A partir
deste entendimento, estabeleceu-se que o princípio da proveniência orientaria a
organização do acervo e descartou-se a possibilidade de classificação embasada em
assuntos, temas, suporte9 ou gênero documental10. O princípio da proveniência ou
princípio do respeito aos fundos desenvolveu-se ao longo do século XIX e tornou-se
basilar na arquivologia. Este princípio estabelece que “o arquivo produzido por uma
entidade coletiva, pessoa ou família não deve ser misturado aos de outras entidades
produtoras”.11
O entendimento de que os documentos compunham fundos arquivísticos
originados e constituídos em função das atividades da EEFFTO/UFMG e das escolas
que a antecederam ocorreu paralelamente ao estudo sobre as diferenças entre a
classificação de documentos de arquivos e de bibliotecas. Na perspectiva de Marilena
Leite Paes (2009), em síntese, o tratamento arquivístico e o biblioteconômico diferem-
se na medida em que o primeiro considera os documentos em seu conjunto e o segundo
individualmente.
Várias são as diferenças de origem, da função e no tratamento de documentos
em arquivos e bibliotecas. Viviane Tessitore12 e Heloísa Bellotto13 traçam,
objetivamente, essas diferenças entre os dois tipos de instituições e seus documentos. A
biblioteca reúne artificialmente seus documentos, ou seja, a partir de assuntos de
interesse da instituição, coleciona seus materiais, adquirindo-os de livrarias, editoras,
etc. Nos arquivos, o acervo não se constitui a partir de coleção e sim por meio da
produção e acumulação necessária e orgânica de documentos que registram a ação do
produtor. Os objetivos precípuos das bibliotecas e seus documentos são culturais,
técnicos e científicos. Nos arquivos, os documentos podem ter valor jurídico, funcional
e administrativo, em se tratando de arquivos correntes, ou significado cultural de
interesse para a pesquisa histórica, no caso de arquivos permanentes. Por fim, é
importante ressaltar que, diferentemente das bibliotecas, a fonte geradora dos arquivos é
única e que os documentos de arquivo são singulares.
8

Em relação à classificação de documentos de arquivo e de biblioteca, a diferença


fundamental reside no fato de que o tratamento biblioteconômico exige a análise do
assunto, do conteúdo do documento e o processamento arquivístico embasa a
organização das séries documentais na trajetória da entidade ou pessoa geradora. Assim,
o documento de arquivo só adquire pleno significado em seu contexto de origem que
deve ser investigado para orientar sua organização.
Após reconhecer que o acervo a ser tratado era constituído por fundos
documentais e estudar as peculiaridades que envolviam o processamento de documentos
de arquivo, a equipe deu início ao planejamento e execução das atividades de tratamento
que serão apresentadas a seguir.
Para realizar a classificação dos documentos, foi necessária uma investigação
visando identificar os fundos existentes na massa documental que encontrava-se sem
nenhum tipo de organização. Também não existiam instrumentos que permitissem
recuperar informações sobre o conteúdo das caixas. Dada a ausência de informações e a
indefinição acerca de quantos e quais fundos formavam o acervo, o estudo dos
documentos buscou informações sobre os nomes dos órgãos produtores do acervo, seus
status jurídicos, suas atribuições e subordinações e as suas estruturas administrativas
internas.
Concluiu-se que a documentação acumulada entre 1952 e 1980 foi produzida por
quatro diferentes órgãos. Entre 1952 e 1954 pelas então criadas Escola de Educação
Física do Estado de Minas Gerais e Escola de Educação Física das Faculdades
Católicas. De 1954 a 1969, uma terceira instituição, a Escola de Educação Física de
Minas Gerais que manteve vínculos com o Estado de Minas Gerais e com as Faculdades
Católicas. Após a federalização uma quarta instituição, a Escola de Educação Física da
Universidade Federal de Minas Gerais.
As informações colhidas no próprio acervo revelaram que não apenas os nomes
foram alterados. Os status jurídicos, as subordinações e as estruturas burocráticas
internas variaram de forma considerável ao longo da história. As funções dos quatro
órgãos também se alteraram. Até 1969, a principal função das três escolas era o ensino
voltado para a formação profissional em Educação Física. A partir da federalização, o
ensino se manteve como função e a pesquisa e a extensão foram incrementadas.
Independentemente desse incremento de novas funções, houve uma sucessão entre os
órgãos, sem rupturas.
Essa ausência de rupturas administrativas fica evidente quando observamos que
os documentos mais antigos (produzidos em 1952) já somavam 58 anos no início do
tratamento arquivístico, em 2010. Vale ressaltar que esses documentos ficaram
armazenados sem que nunca tenha existido uma política sistemática e longeva de gestão
e guarda de arquivos nas instituições que os originaram. Nessa medida, a explicação
para a sobrevivência dos arquivos é o próprio uso, pois devido ao seu valor
administrativo, os acervos das escolas extintas foram entregues de forma natural e
necessária para as escolas que nasciam.
Após qualificar as quatro instituições produtoras do acervo, iniciou-se uma
reflexão voltada para e identificação e definição dos fundos ali presentes. Se fossem
seguidos unicamente os pressupostos da arquivologia clássica,14 teria-se considerado a
existência de quatro diferentes fundos, referentes às quatro instituições produtoras. No
entanto, a renovação da disciplina arquivística, ocorrida nos anos 1970 trouxe um novo
olhar para a problemática da identificação de fundos arquivísticos. Orientada pelos
argumentos de Michel Duchein15 a equipe de trabalho identificou a existência de dois
fundos. O primeiro – EEFMG – está circunscrito entre o ano de criação das primeiras
escolas, 1952, e o ano em que ocorreu a federalização, 1969. O segundo fundo – EEF/
9

UFMG – inicia-se em 1969 e avança até 1980. A decisão de considerar os documentos


produzidos entre 1952 e 1969 pelas três escolas como um fundo único e distinto dos
documentos produzidos pela escola federalizada em 1969 ocorreu após à identificação
do citado incremento de funções. A partir de 1969, a pesquisa e a extensão foram
consolidadas de forma vigorosa como objetivo da escola federal. Além da consolidação
dessas funções, percebeu-se que, com a federalização, ocorreu a alteração da estrutura
administrativa interna que se tornou mais complexa. Esses dois fatores diferenciadores
das escolas produtoras dos dois fundos, acabou por gerar quadros de arranjo16 distintos.
O processo de elaboração do quadro de arranjo dos dois fundos encontra-se em
fase de finalização. A arquivologia considera que o arranjo deve respeitar a
classificação de origem dos documentos. No caso de massas documentais acumuladas
sem organização, torna-se necessário pesquisar as atividades, as funções e a estrutura
organizacional da entidade geradora. Inicialmente, previa-se um arranjo estrutural em
que as classes subdividiriam-se a partir da estrutura organizacional das escolas.
Verificada a existência de constantes alterações na estrutura administrativa e a
dificuldade de confirmação da efetivação dessas mudanças previstas em instrumentos
normativos, optou-se pelo arranjo funcional. Neste modelo de classificação, as funções
desempenhadas pela entidade produtora é que orientam a construção do quadro.17
Atualmente, todos os documentos foram classificados nos quadros de arranjo e iniciou-
se o trabalho de ordenação interna das séries documentais que estão sendo descritas em
índices. Com esse procedimento, os quadros de arranjo estão sendo “testados” ao
mesmo tempo em que as séries são ordenadas e os documentos codificados. Acredita-se
que este processo acarretará ajustes na classificação.
Ao mesmo tempo em que realizou-se a pesquisa na documentação para a
identificação dos fundos e elaboração dos quadros de arranjo, operações ligadas ao
tratamento intelectual, também foi realizado o tratamento físico. Após um diagnóstico
dos documentos, que se encontravam em condições de armazenamento bastante
inadequadas, iniciou-se a limpeza mecânica para a retirada de sujidades e materiais
danosos: poeira, clipes e grampos de metal, durex e capas de papel com alto índice de
acidez. Os itens documentais foram envolvidos em folder e pastas alcalinos e as caixas
de papelão foram substituídas por caixas de polionda. Constatou-se a presença de
microorganismos e insetos e o tratamento indicado foi o da limpeza mecânica com
trinchas e pincéis. Descartou-se a necessidade de outras intervenções para a
desinfestação. Com a finalização do tratamento intelectual e físico, o acervo será
armazenado no prédio recém inaugurado e neste novo espaço, haverá depósitos com
sistema de monitoramento e controle ambiental que garantirá condições adequadas de
guarda.
Após o encerramento da elaboração dos índices de descrição das séries
documentais, serão redigidos os inventários de cada fundo. A finalização destes
instrumentos de pesquisa, prevista para o segundo semestre de 2011, marcará o
encerramento parcial do processo de organização destes fundos. Ao longo do ano de
2011 serão incorporadas aos fundos as séries formadas por fotografias que passarão por
tratamento físico e intelectual. Sabe-se da existência de documentos textuais integrantes
destes fundos ainda não recolhidos ao CEMEF/UFMG, por limitações de natureza
diversa. Espera-se poder tratar estes documentos o mais brevemente possível e acredita-
se que já estarão integrados aos fundos no mais tardar no ano de 2012.
A complexidade deste trabalho buscou associar os saberes relativos à História da
Educação Física aos conhecimentos e normas técnicas que regem a organização de
arquivos. Esse trabalho, calcado nos princípios fundamentais da arquivologia, nos
permitiu organizar estes fundos institucionais de forma original. Esperamos que os
10

quadros de arranjo revelem aos pesquisadores o contexto de produção documental e que


a classificação dos documentos de memória nos permita contar a singularidade presente
nesta história da formação de professores de Educação Física.

Referências bibliográficas

BELLOTTO, Heloísa Liberalli. Arquivos permanentes: Tratamento documental.


Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.
______________. Como fazer análise diplomática e análise tipológica de
documento de arquivo. São Paulo: Arquivo do Estado, Imprensa Oficial, 2002.
(PROJETO COMO FAZER, 8)
BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas – magia e técnica, arte e política. São Paulo,
Brasiliense, 1993.
______________.Obras escolhidas II – Rua de mão única. São Paulo: Brasiliense,
1995.
BRASIL. Arquivo Nacional. Dicionário brasileiro de terminologia arquivística. Rio
de Janeiro: Arquivo Nacional, 2005. 232 p.
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Educação Física. Dissertação de Mestrado, FaE UFMG, 2007.
CHAGAS, Mário. Há uma gota de sangue em cada museu: a ótica museológica de
Mário de Andrade. Chapecó: Arcos, 2006.
DUCHEIN, Michel. O respeito aos fundos em arquivística: princípios teóricos e
problemas práticos. Arquivo & Administração. Rio de Janeiro, v. 10-33-, abr.
1982/ago. 1986.
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de arquivo. São Paulo: Arquivo do estado, v. 2, 1998.
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______________. Documento/monumento. Enciclopédia Einaldi. vol.1 Memória-
História. Porto: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1997.
PAES, Marilena Leite. Arquivo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Editora da FGV,
2004.
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Editora da FGV, 2005.
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da disciplina na Escola de Educação Física de Minas Gerais. Trabalho de conclusão
de curso, EEFFTO UFMG, 2005.
SOUSA, Renato Tarciso Barbosa de. A classificação como função matricial do que-
fazer arquivístico. In. SANTOS, V. B. dos (Org.) et. Al. Arquivística: Temas
contemporâneos. Distrito Federal: SENAC, 2008. p. 78-172.
TADEU, Amanda Matos. O curso de Educação Física Infantil da Escola de
Educação Física de Minas Gerais (1952-1969). Trabalho de conclusão de curso.
EEFFTO – UFMG, 2003.
11

TESSITORE, Viviane. Arranjo: estrutura ou função? Arquivo: boletim histórico e


informativo, São Paulo, 10(1): 19-28, jan.-jun., 1989.
______________.Como implantar Centros de Documentação. São Paulo: Arquivo
do Estado, Imprensa Oficial, 2003. (PROJETO COMO FAZER, 9)

1
Com afirma Tessitore (2003, p. 18), “nem sempre o Centro de Documentação tem como objetivo a
preservação da memória ou a pesquisa histórica. Muitos estão vinculados à pesquisa em outras áreas ou à
produção e prestação de serviços”. Tomando outros Centros como referência, ressaltamos que no CEMEF
a memória toma uma dimensão central, nos processos mistos de organização de acervos permanentes Tal
como acontece no Centro de Memória da Educação (FE/USP) no CMU: Centro de Memória da
UNICAMP, no CEME (Centro de Memória do Esporte (ESEF/URGS) ou no CEMENF (Centro de
Memória da Enfermagem (UFMG), apenas para citar alguns.
2
O CEMEF possui projetos que foram ou ainda são financiados pelo CNPq, pela FAPEMIG, pela FINEP
e pela Rede CEDES do Ministério do Esporte
3
Nesse decreto foi estabelecido que essa Escola da Universidade do Brasil teria que, entre suas principais
funções, servir de base para outras escolas e, com isso, dar unidade teórica e prática ao ensino de
Educação Física no país.
4
De 1957 a 1962, foram realizadas cinco “Jornadas Internacionais de Estudos de Educação Física”,
patrocinadas com recursos do Estado.
5
Após ampla discussão, decidiu-se por uma paralisação completa das atividades, em função da falta de
recursos financeiros e didáticos.
6
A Escola deveria passar a pertencer à Universidade Federal de Minas Gerais, alternativa que vinha
sendo cogitada desde 1963.
7
LINHALES, M. A.; ROSA, M. C. (Orgs.). Guia de fontes: acervo do Centro de Memória da Educação
Física, do Esporte e do Lazer. Belo Horizonte, 2007. 203 p. Disponível em
http://www.cemef.eeffto.ufmg.br
8
A equipe de trabalho que está organizando o acervo é formada por professores e alunos integrantes do
CEMEF/UFMG e por pessoal de uma empresa contratada para este fim. Todo o grupo encontra-se em
reuniões de trabalho em que são analisados textos e autores que subsidiam os procedimentos e são
planejadas as ações de tratamento do acervo. A equipe divide-se em sub-grupos que executam as ações
planejadas.
9
Suporte é o material em que a informação é registrada. Exemplos de suportes são papel, fita magnética,
filme.
10
Gênero é a reunião de espécies documentais com suporte e formato semelhantes. Exemplos de gêneros
documetais são documentos audiovisuais, documentos filmográficos, documentos textuais.
11
ARQUIVO NACIONAL (Brasil). Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística. Rio de Janeiro:
Arquivo Nacional, 2005, p. 136.
12
TESSITORE, Viviane. Como implantar centros de documentação. São Paulo: Arquivo do Estado,
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2003, p.12-13.
13
BELLOTTO, Heloísa Liberalli. Arquivos permanentes: tratamento documental. Rio de Janeiro: Editora
FGV, 2004, p. 38.
14
Por arquivística clássica entende-se a disciplina constituída ao longo do século XIX e que
autonomizou-se da paleografia, da diplomática e da história na transição para o século XX. Esta disciplina
pretendia um método objetivo e acreditava que a organização dos documentos de arquivo deveriam
espelhar a ordem interna da entidade produtora. No contexto de organizações com estruturas
administrativas mais rígidas e hierárquicas, tal objetividade tinha mais significado. A arquivística
contemporânea reconhece as dificuldades do método clássico tendo em vista a acelerada mutabilidade
interna das organizações.
15
DUCHEIN, Michel. O respeito aos fundos em arquivística: princípios teóricos e problemas práticos.
Arquivo & Administração. Rio de Janeiro, v. 10-33-, abr. 1982/ago. 1986.
16
Arranjo é a “seqüência de operações intelectuais e físicas que visam à organização dos documentos de
um arquivo ou coleção, de acordo com um plano ou quadro previamente estabelecido”. ARQUIVO
NACIONAL (Brasil). Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística. Rio de Janeiro: Arquivo
Nacional, 2005, p. 37.
17
Para mais informações sobre a sistemática do arranjo funcional, ver: TESSITORE, Viviane. Arranjo:
estrutura ou função? Arquivo: boletim histórico e informativo, São Paulo, 10(1): 19-28, jan.-jun., 1989 e
12

SOUSA, Renato Tarciso Barbosa de. A classificação como função matricial do que-fazer arquivístico. In.
SANTOS, V. B. dos (Org.) et. Al. Arquivística: Temas contemporâneos. 2.ed. Distrito Federal: SENAC,
2008. p. 78-172.

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