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Nome: Daiana Santos da Silva

Resenha 1: Oficinas em práticas museológicas: uma experiência de educação


patrimonial no museu militar do comando Militar do Sul

O artigo “Oficinas em práticas museológicas: uma experiência de educação patrimonial no


museu militar do comando Militar do Sul” de Ianko Bett e Nathalia Santos da Costa nos
apresenta a base teórica e metodológica do Curso Oficinas em Práticas Museológicas
desenvolvido no Museu Militar do Comando Militar do Sul (MMCMS). Ofertado para os
graduandos em História e Museologia, o curso propõe refletir sobre as atividades museais e
que possam aproximar o espaço do Museu e a comunidade acadêmica, para que haja assim,
questionamentos que possam gerar novas reflexões e desenvolvimentos para a Educação
Patrimonial.

Inicialmente, observamos um destaque sobre a natureza do Museu Militar do Sul. Este criado
em 1999, teve como objetivo recolher, preservar e expor objetos referentes à história do
Exército Brasileiro, especificamente, do Comando Militar do Sul. A partir disso, com
profissionais qualificados em áreas como de História ou Arte Gráfica, o Museu atribui as suas
exposições a novas discussões sobre “Educação Patrimonial”. O artigo nos apresenta, mesmo
ressaltando que o objetivo não é apresentar um aprofundamento sobre a noção da Educação
Patrimonial, as discussões que permeiam o Museu Militar do Sul e as influências que
permeiam a sua organização. Diante disso, destaca-se, que a partir de 1970, há uma retirada
do total privilégio do objeto em exposição para que ele se torne um apoio da memória e um
mediador das relações sociais. Interessante esse destaque, uma vez que os Museus, em senso
comum, acabam por serem colocados como estáticos e que não conseguem se aproximar do
público visitante ou da realidade atual da sociedade, o colocando por muitas vezes, como
antiquado. No entanto, essas novas discussões, citada pelos autores como “Nova Museologia”
proporciona mudanças desses pensamentos e modifica a metodologia museais, inserindo mais
o público. A partir disso, com essas modificações e as apropriações que as pessoas fazem do
espaço (no caso, museu) com sua inserção, pode torná-lo educativo. Dessa forma, podendo
despertar em seus visitantes questionamentos e reflexões que possam transformar
socialmente.
Diante do supracitado, o Museu Militar do Sul desenvolvem projetos que buscam instigar
essas perspectivas em seus visitantes, buscando fortalecer o vínculo de seu público com o seu
Patrimônio Cultural. Entre esses projetos estão: A Escola vai ao Museu; História, Cultura e
Patrimônio do Exército; Visitas de Orientações Técnicas e as Oficinas em Práticas
Museológicas. O primeiro busca a visitação para alunos da Educação Infantil e da Educação
Básica (Fundamental e Médio) a conhecerem o patrimônio do Exército Brasileiro. O que
torna interessante a metodologia, dado que além da visitação com o monitor, possui a
interação direta dos alunos junto com o acervo. Isso permite a inserção do aluno com o
Museu e o possibilita a uma educação patrimonial intensiva. No segundo projeto, destina-se
aos militares que foram incorporados no Exército pelo alistamento obrigatório e objetiva
aprofundar o conhecimento dos militares sobre preservação e difusão do Patrimônio Cultural
Militar, uma vez que parte não conhece o próprio museu com tipologia militar. O terceiro
projeto visa a visitação técnica da equipe do Museu Militar do Sul a Espaços Culturais
Militares para realizar formações e orientações nesses âmbitos. E, por fim, o quarto projeto,
que são as Oficinas. Estas que os autores colocam como objeto principal do artigo.

O Curso Oficinas em Práticas Museológicas visa colocar em ação o intercâmbio de


conhecimentos de atividades museológicas em seus diversos âmbitos com graduados ou
graduandos dos cursos de História e de Museologia e profissionais da área museal e militares
que atuam nos Espaços Culturais. As Oficinas são ministradas pela equipe técnica do
MMCMS, composta por militares responsáveis dos setores de História e Pesquisa,
Museologia, Administração, Biblioteca e Arte Gráfica. As Oficinas, com carga horária de
50hs, são dividas em alguns setores como “Noções de Museologia”, “Planejamento de
Exposições” e “Preparação e execução de monitorias”. Sendo assim, segundo a observação
dos autores, as Oficinas estão vinculadas as três setores: Administração, Museologia e
História. Isso para entender da melhor forma o funcionamento do Museu. Sendo o primeiro,
apresentando as questões jurídicas, administrativas, contábeis e captação e distribuição de
recursos financeiros. Pontuando que torna muito importante o trabalho sobre esses assuntos,
uma vez que, especialmente na graduação de História, pouco ou nada se é abordado sobre
essas situações administrativas dentro de um museu. A conservação do Prédio e o
planejamento de escalas dos militares também são trabalhados nesse âmbito. Em Museologia,
são desenvolvidas discussões teóricas, como a própria definição de Museologia até a
definição de um Museu na contemporaneidade. O que também chama a atenção para esse
tópico é a apresentação sobre informações de documentação museológica e sobre seu
funcionamento: Como são as formas de aquisição dos objetos? São comprados, doados ou
emprestados? Como são feitos os registros? Questionamentos estes que, por muitas vezes,
não conseguem serem explorados durante a formação do público alvo desta Oficina. O que
torna-se importante, uma vez que, o setor de História, que trabalha com a presença do
historiador na instituição de memória e trabalha com as especificidades entre a Museologia e
História, apresenta essa contribuição para o graduando da área que talvez não possua o
contato direto com essas informações dependendo da grade curricular do seu curso,
principalmente, se este for voltado a licenciatura. Além disso, para o exercício do ofício dos
historiadores, são apresentados a possibilidade de questionar motivações e fabricantes e
(re)invenções, como pontuado pelos autores, de determinados objetos. Isso é de extrema
importância, dado que possibilita que o conhecimento histórico não esteja no objeto, mas que
possa ser desenvolvido por meio dos questionamentos instigados, seja pela informações na
ficha catalográfica ou pela própria equipe de monitores.

Portanto, diante do que foi nos apresentado, pode-se perceber a importância dos projetos
desenvolvidos pelo Museu para sua comunidade e sua busca pela inserção da população
dentro de seu espaço. Construindo segmentos para cada público específico, o Museu
possibilita a formação de profissionais e de seus visitantes com uma ação transformadora que
modifica o seu impacto como sujeito no mundo.

Resenha 2: Educação para o Patrimônio a partir da memória da medicina e da saúde


pública: ações educativas do Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul

O artigo “Educação para o Patrimônio a partir da memória da medicina e da saúde pública:


ações educativas do Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul” de Quevedo,
Külzer e Pomatti aborda sobre a perspectiva educativa do MUHM que busca a mediação
entre patrimônio e indivíduo e que seja um espaço que provoque os seus visitantes a reflexões
e questionamentos.

Destacado pelos autores, os acervos do MUHM, adquiridos através de doações de médicos,


familiares destes ou de instituições médicas, encontram-se divididos em quatro grupos:
acervo bibliográfico, tridimensional, arquivístico e audiovisual digital. O primeiro é formado
por livros de diversas especialidades médicas, catálogos e manuais de Medicina do século
XIX e XX. O segundo são constituídos por instrumentos médico-cirúrgicos, aparelhos de
diagnósticos e farmácia. O terceiro é composto por fundos institucionais e privado e que
permite conhecer a trajetórias de profissionais que atuaram no estado do Rio Grande do Sul e
o último, é dividido em quatro fundos: Fototeca (fotografias históricas de personagens e
intuições médicas), Videoteca (entrevista com médicos e personagens relacionados à
medicina e documentários) e Audioteca (entrevista com médicos, obras digitalizadas,obras
raras, revistas médicas e teses). Com o recebimento desses materiais, o MUHM realiza o
processo de higienização, catalogação, inventário, acondicionamento e armazenamento para a
utilização em exposições ou pesquisas. Após esse processo, o direcionamento se procede para
a pesquisa. Nesse momento, buscam-se informações que possam dar maiores bases às
exposições e também disponibiliza o material para o público em geral. A importância dessa
pesquisa para entender a relação dos objetos entre si e qual acervo foi coletado e o porquê.
Após isso, os acervos aguardam para o momento em que são expostos e cumprir seu papel de
agentes transformadores.

Partindo para as ações educativas, o MUHM compreende que toda ação do museu é uma ação
educadora, no entanto, precisa pensá-la de formas específicas para os variados grupos que a
visitam. Nesse caso, como colocado pelos autores, o Setor Educativo facilita essa
intermediação do Museu com seu público, principalmente, as escolas. Nessa perspectiva, as
atividades proporcionadas pelo MUHM possuem como objetivo enriquecer, ilustrar
abordagens, promover a pesquisa em sala de aula e o sentimento de pertencimento no espaço.

Abordando sobre a educação dentro do Museu, torna-se interessante a pontuação sobre a


educação continuada oferecida por suas ações educativas, uma vez que o MUHM busca
conciliar as abordagens discutidas dentro de sala de aula. O que configura como um apoio
pedagógico para o professor e possibilita que o aluno continue seu aprendizado e
conhecimento histórico dentro do espaço e o possa reforçar na sala de aula com o professor.
Fazendo assim que o que seja trabalhado não seja um recurso fora de sua realidade ou
cotidiano como educando. No entanto, torna-se importante que para essa sequência didática
ser realizada com êxito, a figura do professor vai ser um ponto importante. Este precisa se
preparar e desenvolver atividades e explorar o acervo, a exposição e as potencialidades
educativas que o espaço possa oferecer. Nisso, o Museu destaca o apoio que oferece ao
professor quando este procura para a visitação e auxilia para um diálogo sobre as exposições
e sobre a escolha da melhor atividade com a turma. Nesse momento, cabe a participação ativa
do professor, uma vez que este conhece a melhor atividade para o tipo de turma a ser levada.
Atividades que serão realizadas antes da visitação e após. Ao finalizar as visitas, são
disponibilizados ao professor e aos alunos um questionário para a avaliação do trabalho da
equipe do Museu. Isso é necessário para que haja uma revisão sobre as ações educativas do
Museu e que possa possuir diversas perspectivas dos públicos visitantes para que, além de
melhorias dentro das ações educativas, permita também aos visitantes a inserção das
atividades dentro do Museu e que as suas experiências sejam acolhidas e validadas pelo
Museu.

Entre as ações educativas, possui-se em destaque “Caixa de Recursos - Saber para Prevenir”
onde fornecia sugestões de materiais para o professor trabalhar em sala de aula antes da
visitação da Exposição 30 anos de AIDS no RS: a Medicina vencendo a batalha. Na caixa,
existia DVD com músicas, reportagens e jogos, como o “Acerte no Vírus: aprender
brincando”. Este que trabalhava uma série de questionamentos para os alunos sobre o vírus e
eles deviam responder em sala de aula. Essas atividades aproximam os alunos do espaço
cultural e promovem sua aprendizagem histórica. Além disso, o MUHM também promove a
atividade “MUHM vai à Escola” que objetiva criar oportunidades de exercício da leitura e
estimula o pensamento do leitor infantil através da contação de histórias. Isso foi realizado
através da contação de história “As aventuras de Biblos: aprendendo a preservar” no
ambiente escolar e que utiliza de um livro-personagem em que conta para as crianças as suas
aventuras e de como foi maltratado (suas folhas estão rasgadas) e chegou no Museu para ser
restaurado e estimula sobre a importância de se respeitar e preservar os livros manuseados,
destacando que estes são objetos de memória e precisa de sua conservação. Isso estimula as
crianças a pensarem criticamente e possuir um olhar reflexivo sobre a situação e que
desenvolve sua aprendizagem de forma criativa e lúdica.

Portanto, através de suas atividades, o MUHM assume uma relação de parceria entre Museu e
Escola, estabelecendo ações pedagógicas, sociais e culturais que possibilitam para a
comunidade a transformação como sujeito. Dado que estimula seu aprendizado e
conhecimento histórico e oferece, por meio da Educação, a aprimoração do seu olhar crítico
sobre patrimônio.
Resenha 3: O direito à memória: análise dos princípios constitucionais da política de
patrimônio cultural no Brasil (1988-2010)

O artigo “O direito à memória: análise dos princípios constitucionais da política de


patrimônio cultural no Brasil (1988-2010)” de José Ricardo Oriá Fernandes aborda sobre os
princípios constitucionais que fundamentam a preservação do patrimônio cultural brasileiro.

Na Constituição de 1988, pode-se observar o enquadramento como direito fundamental, os


direitos culturais e a exigência que o Estado cumpra que todos os brasileiros possuam o
exercício desse direito. Direito que se constitui como aquele que tem relação com a cultura da
sociedade a qual o indivíduo faz parte e que permeia pelo direito à produção cultural, direito
de acesso à cultura e à memória histórica. O primeiro se refere à que todos os homens
produzem cultura. É o direito de que todos tenham a liberdade de exprimir a sua criatividade
ao produzir cultura. O segundo refere-se à garantia de ter o acesso aos bens culturais
produzidos por essa mesma sociedade e, o último, trata-se do acesso aos bens materiais e
imateriais que representam seu passado e a sua História. Além disso, o autor destaca também
a possibilidade de adicionar outros direitos à estes anteriormente citados, o direito à
informação é o direito à participação nas decisões públicas sobre políticas culturais.

Além disso, alguns artigos destacam sobre a diversidade cultural com base no apoio
constitucional e que apontam para uma memória plural e é levada em consideração na
elaboração da política da preservação, como o: Art. 215 §1º que aponta que o Poder Público,
em suas diversas instâncias, têm a obrigação constitucional de proteger, promover e valorizar
os bens culturais das diferentes etnias no Brasil, incluindo manifestações populares,
indígenas, afro-brasileiras e de outros grupos que contribuem para o processo civilizatório
nacional; O Art.215 §2º que ressalta a importância da incorporação de datas cívicas
relacionadas às diversas etnias no calendário nacional, visando construir uma identidade
plural e democrática e o Art. 242, § 1º da Constituição que enfatiza a relevância do ensino da
História do Brasil, com destaque para as contribuições das diferentes culturas e etnias. Além
de que a Lei n. 10.639, de 2003, sancionada durante o primeiro governo Lula, reforça a
obrigatoriedade de incluir a temática História e Cultura Afro-Brasileira no currículo escolar.
Assim, por meio da análise desses artigos e de outros destacados pelo o autor, observa-se
tentativas da construção de uma memória plural e que possa destacar outros elementos
formadores da nossa civilização nacional. A partir desse caminho, surge a denominação de
Patrimônio Cultural.

Patrimônio cultural era colocado apenas no âmbito de patrimônio histórico sendo lembrado
apenas por prédios antigos e cidades coloniais. No entanto, aos poucos, colocou-se outra
visão. Patrimônio passou a ser pautado pelos referenciais culturais dos povos e pela
percepção dos bens culturais nas dimensões testemunhais. A Constituição de 1988 segue essa
mudança onde em seu Art.216, usa-se a expressão “Patrimônio Cultural” em substituição à
“Patrimônio Histórico e Artístico” rompendo com a visão elitista de apenas considerar objeto
de preservação cultural as manifestações da classe historicamente dominantes. No entanto,
com a ampliação da definição de patrimônio, havia a necessidade de se criar um novo
instrumento de preservação aos bens culturais de ontem imaterial e intangível. Após doze
anos, o governo federal instituiu o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial por meio
do Decreto nº. 3.551, de 2000, visando preservar o patrimônio cultural brasileiro. Além disso,
a Constituição estabelece a responsabilidade da administração pública na gestão da
documentação governamental e na facilitação do acesso a quem necessitar (art. 216, § 2º),
além de que observa-se uma crescente participação de outras instâncias governamentais,
como o envolvimento do Ministério Público da União, dos Estados e do Distrito Federal na
defesa do Meio Ambiente e do Patrimônio Cultural.

O autor destaca que os documentos também fazem parte do Patrimônio Cultural brasileiro e
há a necessidade de proteção jurídica. Quanto à gestão da documentação pública, a legislação
complementar, representada pela Lei nº. 8.159, de 1991, regulamenta o dispositivo
constitucional. Dessa forma, arquivos, juntamente com bibliotecas e museus, desempenham
papel crucial na preservação da memória e no acesso às fontes do passado, pois sem
documentos, a construção da história torna-se praticamente impossível.

De acordo com o que foi exposto pelo o autor, observa-se que, no Brasil, a preservação do
Patrimônio Histórico foi predominantemente uma iniciativa estatal, onde o Poder Público
muitas vezes determinou o que deveria ser preservado ou não. Isso resultou, como apontado
por Fernandes, na construção de uma memória nacional oficial, seletiva e celebratória dos
feitos dos "heróis nacionais", deixando de refletir a diversidade étnica do Brasil. Atualmente,
a preservação do Patrimônio Cultural não é mais exclusividade de técnicos e especialistas
governamentais, pois tornou-se um tema presente na mídia, na agenda política de governos
municipais e estaduais, e na sociedade em geral. Isso estabelece a ideia de que todos
possuímos o direito à memória e à sua preservação.

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