Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Inicialmente, observamos um destaque sobre a natureza do Museu Militar do Sul. Este criado
em 1999, teve como objetivo recolher, preservar e expor objetos referentes à história do
Exército Brasileiro, especificamente, do Comando Militar do Sul. A partir disso, com
profissionais qualificados em áreas como de História ou Arte Gráfica, o Museu atribui as suas
exposições a novas discussões sobre “Educação Patrimonial”. O artigo nos apresenta, mesmo
ressaltando que o objetivo não é apresentar um aprofundamento sobre a noção da Educação
Patrimonial, as discussões que permeiam o Museu Militar do Sul e as influências que
permeiam a sua organização. Diante disso, destaca-se, que a partir de 1970, há uma retirada
do total privilégio do objeto em exposição para que ele se torne um apoio da memória e um
mediador das relações sociais. Interessante esse destaque, uma vez que os Museus, em senso
comum, acabam por serem colocados como estáticos e que não conseguem se aproximar do
público visitante ou da realidade atual da sociedade, o colocando por muitas vezes, como
antiquado. No entanto, essas novas discussões, citada pelos autores como “Nova Museologia”
proporciona mudanças desses pensamentos e modifica a metodologia museais, inserindo mais
o público. A partir disso, com essas modificações e as apropriações que as pessoas fazem do
espaço (no caso, museu) com sua inserção, pode torná-lo educativo. Dessa forma, podendo
despertar em seus visitantes questionamentos e reflexões que possam transformar
socialmente.
Diante do supracitado, o Museu Militar do Sul desenvolvem projetos que buscam instigar
essas perspectivas em seus visitantes, buscando fortalecer o vínculo de seu público com o seu
Patrimônio Cultural. Entre esses projetos estão: A Escola vai ao Museu; História, Cultura e
Patrimônio do Exército; Visitas de Orientações Técnicas e as Oficinas em Práticas
Museológicas. O primeiro busca a visitação para alunos da Educação Infantil e da Educação
Básica (Fundamental e Médio) a conhecerem o patrimônio do Exército Brasileiro. O que
torna interessante a metodologia, dado que além da visitação com o monitor, possui a
interação direta dos alunos junto com o acervo. Isso permite a inserção do aluno com o
Museu e o possibilita a uma educação patrimonial intensiva. No segundo projeto, destina-se
aos militares que foram incorporados no Exército pelo alistamento obrigatório e objetiva
aprofundar o conhecimento dos militares sobre preservação e difusão do Patrimônio Cultural
Militar, uma vez que parte não conhece o próprio museu com tipologia militar. O terceiro
projeto visa a visitação técnica da equipe do Museu Militar do Sul a Espaços Culturais
Militares para realizar formações e orientações nesses âmbitos. E, por fim, o quarto projeto,
que são as Oficinas. Estas que os autores colocam como objeto principal do artigo.
Portanto, diante do que foi nos apresentado, pode-se perceber a importância dos projetos
desenvolvidos pelo Museu para sua comunidade e sua busca pela inserção da população
dentro de seu espaço. Construindo segmentos para cada público específico, o Museu
possibilita a formação de profissionais e de seus visitantes com uma ação transformadora que
modifica o seu impacto como sujeito no mundo.
Partindo para as ações educativas, o MUHM compreende que toda ação do museu é uma ação
educadora, no entanto, precisa pensá-la de formas específicas para os variados grupos que a
visitam. Nesse caso, como colocado pelos autores, o Setor Educativo facilita essa
intermediação do Museu com seu público, principalmente, as escolas. Nessa perspectiva, as
atividades proporcionadas pelo MUHM possuem como objetivo enriquecer, ilustrar
abordagens, promover a pesquisa em sala de aula e o sentimento de pertencimento no espaço.
Entre as ações educativas, possui-se em destaque “Caixa de Recursos - Saber para Prevenir”
onde fornecia sugestões de materiais para o professor trabalhar em sala de aula antes da
visitação da Exposição 30 anos de AIDS no RS: a Medicina vencendo a batalha. Na caixa,
existia DVD com músicas, reportagens e jogos, como o “Acerte no Vírus: aprender
brincando”. Este que trabalhava uma série de questionamentos para os alunos sobre o vírus e
eles deviam responder em sala de aula. Essas atividades aproximam os alunos do espaço
cultural e promovem sua aprendizagem histórica. Além disso, o MUHM também promove a
atividade “MUHM vai à Escola” que objetiva criar oportunidades de exercício da leitura e
estimula o pensamento do leitor infantil através da contação de histórias. Isso foi realizado
através da contação de história “As aventuras de Biblos: aprendendo a preservar” no
ambiente escolar e que utiliza de um livro-personagem em que conta para as crianças as suas
aventuras e de como foi maltratado (suas folhas estão rasgadas) e chegou no Museu para ser
restaurado e estimula sobre a importância de se respeitar e preservar os livros manuseados,
destacando que estes são objetos de memória e precisa de sua conservação. Isso estimula as
crianças a pensarem criticamente e possuir um olhar reflexivo sobre a situação e que
desenvolve sua aprendizagem de forma criativa e lúdica.
Portanto, através de suas atividades, o MUHM assume uma relação de parceria entre Museu e
Escola, estabelecendo ações pedagógicas, sociais e culturais que possibilitam para a
comunidade a transformação como sujeito. Dado que estimula seu aprendizado e
conhecimento histórico e oferece, por meio da Educação, a aprimoração do seu olhar crítico
sobre patrimônio.
Resenha 3: O direito à memória: análise dos princípios constitucionais da política de
patrimônio cultural no Brasil (1988-2010)
Além disso, alguns artigos destacam sobre a diversidade cultural com base no apoio
constitucional e que apontam para uma memória plural e é levada em consideração na
elaboração da política da preservação, como o: Art. 215 §1º que aponta que o Poder Público,
em suas diversas instâncias, têm a obrigação constitucional de proteger, promover e valorizar
os bens culturais das diferentes etnias no Brasil, incluindo manifestações populares,
indígenas, afro-brasileiras e de outros grupos que contribuem para o processo civilizatório
nacional; O Art.215 §2º que ressalta a importância da incorporação de datas cívicas
relacionadas às diversas etnias no calendário nacional, visando construir uma identidade
plural e democrática e o Art. 242, § 1º da Constituição que enfatiza a relevância do ensino da
História do Brasil, com destaque para as contribuições das diferentes culturas e etnias. Além
de que a Lei n. 10.639, de 2003, sancionada durante o primeiro governo Lula, reforça a
obrigatoriedade de incluir a temática História e Cultura Afro-Brasileira no currículo escolar.
Assim, por meio da análise desses artigos e de outros destacados pelo o autor, observa-se
tentativas da construção de uma memória plural e que possa destacar outros elementos
formadores da nossa civilização nacional. A partir desse caminho, surge a denominação de
Patrimônio Cultural.
Patrimônio cultural era colocado apenas no âmbito de patrimônio histórico sendo lembrado
apenas por prédios antigos e cidades coloniais. No entanto, aos poucos, colocou-se outra
visão. Patrimônio passou a ser pautado pelos referenciais culturais dos povos e pela
percepção dos bens culturais nas dimensões testemunhais. A Constituição de 1988 segue essa
mudança onde em seu Art.216, usa-se a expressão “Patrimônio Cultural” em substituição à
“Patrimônio Histórico e Artístico” rompendo com a visão elitista de apenas considerar objeto
de preservação cultural as manifestações da classe historicamente dominantes. No entanto,
com a ampliação da definição de patrimônio, havia a necessidade de se criar um novo
instrumento de preservação aos bens culturais de ontem imaterial e intangível. Após doze
anos, o governo federal instituiu o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial por meio
do Decreto nº. 3.551, de 2000, visando preservar o patrimônio cultural brasileiro. Além disso,
a Constituição estabelece a responsabilidade da administração pública na gestão da
documentação governamental e na facilitação do acesso a quem necessitar (art. 216, § 2º),
além de que observa-se uma crescente participação de outras instâncias governamentais,
como o envolvimento do Ministério Público da União, dos Estados e do Distrito Federal na
defesa do Meio Ambiente e do Patrimônio Cultural.
O autor destaca que os documentos também fazem parte do Patrimônio Cultural brasileiro e
há a necessidade de proteção jurídica. Quanto à gestão da documentação pública, a legislação
complementar, representada pela Lei nº. 8.159, de 1991, regulamenta o dispositivo
constitucional. Dessa forma, arquivos, juntamente com bibliotecas e museus, desempenham
papel crucial na preservação da memória e no acesso às fontes do passado, pois sem
documentos, a construção da história torna-se praticamente impossível.
De acordo com o que foi exposto pelo o autor, observa-se que, no Brasil, a preservação do
Patrimônio Histórico foi predominantemente uma iniciativa estatal, onde o Poder Público
muitas vezes determinou o que deveria ser preservado ou não. Isso resultou, como apontado
por Fernandes, na construção de uma memória nacional oficial, seletiva e celebratória dos
feitos dos "heróis nacionais", deixando de refletir a diversidade étnica do Brasil. Atualmente,
a preservação do Patrimônio Cultural não é mais exclusividade de técnicos e especialistas
governamentais, pois tornou-se um tema presente na mídia, na agenda política de governos
municipais e estaduais, e na sociedade em geral. Isso estabelece a ideia de que todos
possuímos o direito à memória e à sua preservação.