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A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO EDUCATIVO E A AFIRMAÇÃO DA


CONSCIÊNCIA HISTÓRICA E DA IDENTIDADE CULTURAL NA ESCOLA

Autora: Giani Rabelo


Instituição: Universidade do Extremo Sul de Santa Catarina – UNESC
País: Brasil
E-mail: gra@unesc.net
Resumo: Esse artigo apresenta uma experiência desenvolvida durante a execução
de um projeto de pesquisa/estensão que visa o fortalecimento e a valorização do
patrimônio educativo, intitulado “Conservação e preservação do patrimônio
educativo da EEB Barão do Rio Branco (Urussanga): o arquivo histórico como lugar
de memória”. O referido projeto vem sendo executado no âmbito do Grupo de
Pesquisa História e Memória da Educação - GRUPEHME, com o envolvimento de
alguns de seus membros e outros do Centro de Memória e Documentação –
CEDOC, além de bolsistas, alunos e alunas que cursam o ensino médio na Escola
de Educação Básica Barão do Rio Branco, localizada na cidade de Urussanga, no
estado de Santa Catarina – Brasil.

Introdução

A preservação da memória e do patrimônio educativo tem sido uma


das maiores preocupações do Grupo de Pesquisa História e Memória da Educação -
GRUPEHME e no âmbito das ações desencadeadas para alcançar este propósito,
vários estudos tem sucedido a partir da disponibilização de fontes documentais
desde a implantação do Centro de Memória da Educação do Sul de Santa Catarina -
CEMESSC, mas também pelo acervo acumulado pelo GRUPEHME durante seus
quase 20 anos de existência. O patrimônio educativo é aqui entendido

Os membros do referido grupo de pesquisa entendem que os documentos


acumulados pelas escolas precisam ser socializados, a fim de possibilitar uma maior
interação entre a pesquisa e o ensino, não só de graduação e pós-graduação, mas
também com a educação básica, pois a história dos estabelecimentos escolares
deve ser objeto de conhecimento não só do mundo acadêmico, mas, sobretudo, das
comunidades escolares. Além disso, esta história deve ser construída de forma
coletiva, pois os membros das comunidades escolares são os seus principais
sujeitos.
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Desenvolvimento

Os vestígios encontrados nas escolas oferecem um terreno fértil para a


compreensão da materialidade das relações que são construídas, historicamente, no
cotidiano da escola e fora dela. Dito de outra forma:

Essa intensa materialidade, suporte de uma escrita


institucional, profissional ou escolar convive com um conjunto
também significativo de objetos e móveis que, se não se
apresentam imediatamente como registros documentais do
passado, portam vestígios das práticas escolares instituídas
historicamente (VIDAL, 2005, p.4).
Em vista disso, a guarda e a preservação desses vestígios escolares
contribuem para a realização de pesquisas sobre a trajetória histórica dos
educandários e, também, sobre as práticas e saberes desenvolvidos no seu interior,
ou seja, “muito podem dizer sobre métodos de ensino, disciplina, currículo, saberes
escolares, formação de professores” (LOPES; GALVÃO, 2001, p. 83).

Os/as historiadores/as da educação tem se deparado com uma cultura


saturada pela ideia de que este espólio museológico e documental reúne coisas
velhas que importunam o ambiente escolar e por isso devem ser descartados e/ou
substituídos por novos. No caso dos documentos em suporte papel quando
guardados, as condições não são as mais adequadas, por desconhecimento e/ou
falta de estrutura física e de pessoal. A cada nova gestão que assume a direção da
instituição escolar, vários documentos, mobílias e objetos desaparecem com a
justificativa de que a escola está com falta de espaço ou que precisa passar por uma
faxina. Talvez os mais vulneráveis neste processo sejam os arquivos escolares 1,
pois na maior parte das vezes privilegia-se a guarda dos documentos de cunho
administrativo em detrimento daqueles com valor histórico-cultural.

A guarda dos documentos do arquivo corrente e temporário é priorizada em


contraposição ao arquivo permanente (histórico), por conterem informações
comprobatórias, ficando de lado ou marginalizados os documentos mais antigos que

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A terminologia arquivìstica nos ajuda a compreender a dimensão e funcionalidade dos arquivos,
neste caso, dos arquivos escolares. O Arquivo Corrente abarca documentos que são consultados
com frequência e seu arquivamento objetiva facilitar o acesso à informação neles contida. Já o
Arquivo Intermediário engloba documentos raramente consultados e que aguardam prazos longos de
vigência e que ao final podem ser guardados na condição de documentos permanentes ou
eliminados. Por último, o Arquivo Permanente são os que perdem a validade administrativa, mas são
munidos de valor histórico-cultural.
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são testemunhos importantes da história da instituição escolar. Entre estes, além


dos documentos oficiais, estão as produções de alunos/as e de professores/as,
livros didáticos entre outros. Boa parte desta documentação é encaminhada para a
reciclagem ou são incinerados na própria escola sem uma discussão coletiva sobre
o que guardar e o que descartar. Em algumas situações, parte do espólio
documental com valor histórico-cultural são é levado para a casa de um/a
professor/a ou diretor/a, que por ações individuais, tentam protegê-los.

A prática do descarte sem critérios de seleção por uma comissão de


avaliação tem prejudicado profundamente a preservação da memória das
instituições escolares, bem como a reconstrução de suas histórias e da participação
de seus sujeitos nesta construção, dizendo de outro modo, a cultura do descarte tem
contribuído de forma significativa para adissipação das experiências escolares
desenvolvidas no decorrer do tempo, impedindo as novas gerações de terem acesso
e de resignificarem suas relações no cotidiano escolar.

Portanto, o descarte ocorre sem planejamento, sem orientação das instâncias


superiores e, em muitos casos, quando guardados encontram-se acondicionados
inadequadamente, sendo afetados pelas intempéries do tempo, insetos, umidade.
Boa parte da documentação que sobrevive está sendo encaminhada para o que
costumeiramente se denomina de "arquivo morto". Estes documentos, em boa parte,
estão sendo corroídos por insetos e pragas; geralmente estão depositados em
ambientes úmidos e sem ventilação; em muitos casos ficam expostos a alta
luminosidade; cobertos de poeira; misturados com utensílios escolares em desuso e
com produtos químicos e ainda para agravar a situação, localizados em lugares de
difícil acesso.

O descarte arbitrário do arquivo permanente ocorrido nas instituições em


geral, principalmente nas escolas públicas brasileiras, acontece à revelia de uma
legislação que versa sobre a política nacional de arquivos públicos e privados no
Brasil. Exemplo disso é a LEI N°8.159 08 de janeiro de 1991 e o Decreto Nº 4.073,
de e de Janeiro de 20022 que a regulamenta.

2 De acordo com a referida lei, em seu artigo1º o Poder Público tem o dever de fazer a gestão "[...]
como instrumento de apoio à administração, à cultura, ao desenvolvimento científico e como
elementos de prova e informação". Além disso, em seu art. 3º anuncia o que concerne à gestão de
documentos, ou seja, "[...] o conjunto de procedimentos e operações técnicas referentes à sua
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Mesmo em um contexto demarcado por uma cultura do descarte sem critérios


ou pelo descaso com os rastros do passado, há respeitáveis iniciativas
governamentais e não governamentais com o intuito de preservá-lo, movidos/as pela
ideia de que o patrimônio escolar/educativo faz parte do patrimônio cultural das de
uma sociedade. Neste viés, o Patrimônio Educativo tem conquistado, nas últimas
décadas,um lugar de destaque nos estudos e ações de grupos de pesquisas no
Brasil no campo da História da Educação. Para Cunha (2015, p. 294):

Este crescente movimento de constituição de acervos escolares por parte


de pesquisadores de História da Educação evidencia a importância de
salvaguardar e preservar estes documentos que podem se transformar em
objetos de museus a partir do momento em que se encontrem meios de
expô-los ao conhecimento, à pesquisa e à experiência humana.
Organizados na clave de uma lógica memorial e emocional, na maior parte
das vezes a partir de experiências e esforços pessoais, se impõem como
espaços de pesquisa imprescindíveis. Sua importância para a pesquisa se
configura como um modo privilegiado de acesso a vestígios de
sensibilidades, de encenação de atos rituais, de reconhecimento de
diferentes práticas de sociabilidades geracionais.

O termo patrimônio educativo é entendido como

El conjunto de bienes tangibles e intangibles que son considerados


como indispensables para la construción de la identidad histórica
educativa colectiva. Nos referimos a los bienes que há ido
atesorando la cultura escolar ao largo de nuestra historia educativa,
formado por la cultura material e objetos escolares que se han
utilizado em la escuela desde los orígenes de nuestro sistema
escolar (mapas, pupitres, manueles escolares, juegos, etcétera), la
cultura científica em la que se incluirían las ideias pedagógicas o
conceptos (teorías educativas, propuestas de aplicaciones
didácticas, pensamiento pedagógico, métodos de enseñanza,
principios pedagógicos, etc.) y la cultura normativa (legislaciones,
proyectos políticos, etc.) que se han valorado como significativos
para la memoria pedagógica de un territorio (COLLELLDEMONT, E.
2009 apud ROMERO, ZAMORA, 2010, p. 176).
Ao considerar estas duas definições de patrimônio e ao corroborar com as
reflexões de Mogarro (2005, p.91) entendemos que a instituição escolar "[...]
constitui o universo de uma cultura própria e sedimentada historicamente, sendo
também a produtora dos traços/documentos dessa cultura", que podem ser material
ou imaterial, de acordo com o conceito de patrimônio cultural já mencionado.

produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento em fase corrente e intermediária, visando a sua
eliminação ou recolhimento para guarda permanente.(LEI N°8.159, 1991, p.7).
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Nesta direção, os espaços e tempos escolares, bem como seus sujeitos, são
produtores de cultura escolar, entretanto, o uso da expressão cultura escolar não
implica na existência de uma cultura antagônica ou desvinculada da cultura da
sociedade que a produziu e que por ela foi produzida. Além disso, não é possível
considerar que a instituição escolar é produtora de um único tipo de cultura escolar.
No geral, existem traços comuns, mas cada escola constrói e reconstrói a sua, uma
vez que estas culturas são atravessadas por múltiplas determinações, sejam elas
temporais, espaciais, sociais, políticas entre outras.

Autores como Viñao Frago (1995) e Julia (2001) nos auxiliam na


compreensão do conceito de cultura escolar. Para Viñao Frago (2000), a
compreensão da cultura escolar passa necessariamente pela consideração que vai
desde a sociologia das organizações até a antropologia das práticas cotidianas, em
suas palavras: “a cultura escolar pode ser definida como um conjunto de idéias,
princípios, critérios, normas e práticas sedimentadas ao longo do tempo das
instituições educativas” (VIÑAO FRAGO, 2000,p. 100). Assim, no interior da escola
são produzidos “modos depensar e de atuar que proporcionam” a todos os sujeitos
envolvidos nas práticas escolares “estratégias e pautas para desenvolver tanto nas
aulascomo fora delas” condutas, modos de vida e de pensar, materialidade física,
hábitos e ritos (VIÑAO FRAGO, 1995, p. 68-69).

Por outro viés, Julia (2001, p. 10) concebe a cultura escolar como “um
conjunto de normas que definem conhecimentos a ensinar e condutas a inculcar, e
um conjunto de práticas que permitem a transmissão desses conhecimentos e a
incorporação desses comportamentos”. O autor ainda entende que a culturaescolar
“não pode ser estudada sem a análise precisa das relações conflituosas ou pacíficas
que ela mantém, a cada período de sua história, como conjunto das culturas que lhe
são contemporâneas: cultura religiosa, cultura política ou popular”. Para o autor,
analisar a cultura escolar dos estabelecimentos escolares, por meio de seus
documentos e utensílios, implica considerar as relações culturais operadas nos
educandários em direção a outros campos sociais, suas formas e conteúdos e,
inversamente, as transferências culturais operadas a partir de outros setores em
direção aos educandário (JULIA, 2001).
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No caso das instituições escolares o espólio arquivístico, bibliográfico e


museológico preservado tem sido utilizados como importantes fontes de pesquisa,
possibilitado inúmeras investigações e interpretações da trajetória das instituições
escolares, entretanto, concordo com Silva (2013), quando ela argumenta que as
escolas e a comunidades escolares deveriam ser as primeiras a se beneficiarem
com este processo para reconhecerem “o significado sociocultural da instituição,
como memória afetiva da experiência escolar, mas, principalmente, como ferramenta
de reflexão sobre o significado da escola como instituição ao longo do tempo e os
sentidos de sua atuação no presente (SILVA, 2013, p. 2013 ).

Esse artigo apresenta uma experiência desenvolvida durante a execução de


um projeto de pesquisa/estensão que visa o fortalecimento e a valorização do
patrimônio educativo, intitulado “Conservação e preservação do patrimônio
educativo da EEB Barão do Rio Branco (Urussanga): o arquivo histórico como lugar
de memória”. O referido projeto vem sendo executado no âmbito do GRUPEHME,
com o envolvimento de alguns de seus membros e outros do Centro de Memória e
Documentação – CEDOC, além de bolsistas, alunos e alunas que cursam o ensino
médio na EEB Barão do Rio Branco.

O projeto em questão recebe apoio financeiro da Universidade do Extremo


Sul Catarinense - UNESC, localizada na cidade de Criciúma – Brasil, da qual o
GRUPEHME e CEDOC fazem parte.

A UNESC3 tem como missão “educar por meio do ensino, pesquisa e


extensão, para promover a qualidade e a sustentabilidade do ambiente de vida”. Ela
configura-se como uma universidade comunitária o que justifica seu envolvimento
com a região.
As instituições comunitárias da educação superior são as que não têm
finalidades lucrativas e reinvestem todos os resultados na própria atividade
educacional. São universidades criadas e mantidas pela sociedade civil e
contribuem para o desenvolvimento do país através da oferta de educação
de qualidade. Elas devem ser entendidas como fruto da aspiração de
cidadãos que, ante a inexistência da oferta dos serviços básicos que a
Constituição lhes garante, se unem para poderem acessá-los. As
comunitárias têm vocação pública: estão voltadas ao desenvolvimento das
comunidades e não ao interesse pessoal ou particular. São autênticas
instituições públicas não estatais e assim pretendem ser tratadas pelo
Estado brasileiro.

3 Em sessão plenária de 17 de junho de 1997, o Conselho Estadual da Educação aprovou, por


unanimidade, a transformação de Unifacri (União das Faculdades de Criciúma) em Unesc
(Universidade do Extremo Sul Catarinense).
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O projeto “Conservação e preservação do patrimônio educativo da EEB Barão


do Rio Branco (Urussanga): o arquivo histórico como lugar de memória” foi
desencadeado a partir da execução de um outro denominado “A situação do acervo
documental das escolas que compõem o Centro de Memória da Educação do Sul de
Santa Catarina (virtual) – CEMESSC: diagnóstico e orientações para a conservação
e preservação”, realizado entre os anos de 2015 a 1017.

Durante estes dois anos as devolutivas foram realizadas junto às escolas


envolvidas pelo CEMESSC4, que reúne acervo digital de documentos antigos de 27
escolas mais antigas da rede estadual de educação, localizadas no extremo sul de
Santa Catarina. Ao todo foram digitalizados seiscentos e dezessete (617)
documentos e trinta mil, cento e quarenta e quatro (30.144) páginas.

O CEMESSC, conta com um acervo digital composto por documentos


textuais, iconográficos e objetos museológicos identificados, configurando-se em um
terreno fértil para as pesquisas no campo da educação e da história da educação. A
página acomoda diversos documentos. Ao todo foram digitalizados seiscentos e
dezessete (617) documentos e trinta mil cento e quarenta e quatro (30.144) páginas.
O CEMESSC encontra-se alojado na página:http://unesc.net/cemessc

Resumidamente, o que justificou a implantação do CEMESSC foi o


entendimento de que:

[...] os documentos acumulados pelas escolas precisam ser socializados, a


fim de possibilitar uma maior interação entre a pesquisa e o ensino, não só
de graduação e pós-graduação, mas também com a educação básica, pois
a história dos estabelecimentos escolares deve ser objeto de conhecimento
não só do mundo acadêmico, mas, sobretudo, das comunidades escolares.
Além disso, esta história deve ser construída de forma coletiva, pois os
membros das comunidades escolares são os seus principais sujeitos
(RABELO; COSTA, 2014, p. 45).

A experiência forjada durante o processo de implantação do referido Centro


foi relatada e problematizada no artigo denominado "Centro de Memória da

4Atualmente, a página virtual do CEMESSC está hospedada no sitedo Centro de Documentação –


CEDOC, na parte de Acervos/Coleções, no item Centro de Memória da Educação do Sul de Santa
Catarina (CEMESSC), no endereço: http://www.unesc.net/cemessc.
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Educação do Sul de Santa Catarina (CEMESSC) e os estudos sobre a cultura


escolar", de autoria de Giani Rabelo e Marli de Oliveira Costa (2014)5.

Após termos desenvolvido os objetivos propostos no projeto “A situação do


acervo documental das escolas que compõem o Centro de Memória da Educação
do Sul de Santa Catarina (virtual) – CEMESSC: diagnóstico e orientações para a
conservação e preservação , ou seja: diagnosticar a situação dos acervos
documentais das escolas envolvidas no CEMESSC; sensibilizar as escolas sobre a
preservação do patrimônio educativo; orientar as escolas sobre a conservação e
preservação do acervo documental e dar visibilidade ao CEMESSC na região sul de
Santa Catarina, identificamos o desejo da EEB Barão do Rio Branco de Urussanga
(SC) em implantar o seu arquivo documental permanente/histórico.

Na ocasião das visitas realizadas junto às escolas no ano de 2016 e início de


2017, além da apresentação do centro de memória aos/às professores e equipes
diretivas, oferecemos oficinas a fim de sensibilizá-los/as a respeito da importância da
guarda, conservação preservação dos documentos que fazem parte dos arquivos
escolares.

A devolutiva do CEMESSC teve sua primeira etapa entre o segundo semestre


de 2015 e o primeiro semestre de 2016, momento em que foram visitadas 10
escolas de educação básica. Na segunda etapa do projeto, ocorrida entre o segundo
semestre de 2016 e o primeiro semestre de 2017, foram visitadas mais 13 escolas.
Ao todo foram 23 escolas visitadas. As quatro escolas restantes, que fazem parte do
CEMESSC, não receberam a devolutiva por não terem disponibilizado um horário
junto aos/às professores/as e equipes diretivas.

Resultados:

O que vem ocorrendo na EEB Barão do Rio Branco, desde o segundo


semestre de 2017, é a implantação do arquivo documental permanente/histórico e
pretende-se disponibilizá-lo à comunidade escolar, pesquisadores, estudiosos e
interessados em geral, além de preservar a memória da referida instituição que já
conta com 77 anos de existência. Pretende-se ainda, reconstruir sua história
referente aos seus primeiros anos de existência, quando ainda recebia a

5O artigo foi publicado na revista Educação Unisinos 18 (1):44-55, janeiro/abril 2014 e está disponível
no seguinte endereço: http://revistas.unisinos.br/index.php/educacao/article/view/edu.2014.181.05.
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denominação de Grupo Escolar Barão do Rio Branco, inaugurado em 9 de


novembro de 1941.

Como Grupo Escolar esta instituição ocupava um lugar de destaque na região do


sul de Santa Catarina, pois representava a ideia de uma pedagogia moderna que
vinha sendo concebida no Brasil desde o início do século XX.

No âmbito do projeto “Conservação e preservação do patrimônio


educativo da EEB Barão do Rio Branco (Urussanga): o arquivo histórico como lugar
de memória”, até o presente já realizou o diagnóstico da condição física e de
acondicionamento dos documentos mais antigos da escola; classificação, a partir da
separação por espécies e tipos documentais; identificação dos fundos; elaboração
do quadro de arranjo; acondicionamento dos documentos em pastas de poliondas e
inventário dos documentos. A próxima etapa será a elaboração de um catálogo do
acervo, para servir como um instrumento de localização, pesquisa e descrição dos
documentos.
Paralelo a estas etapas foi oferecida uma oficina no Laboratório de
Conservação e Restauro do CEDOC para os alunos e alunas bolsista com o tema
Higienização, Conservação e Preservação dos Documentos.

Também foi realizada uma apresentação do projeto aos professores/as e


funcionários/as da escola, a fim de socializar o andamento dos trabalhos e
sensibilizá-los/as para que participem de forma ativa deste processo.

Durante todo o trabalho houve o apoio e o empenho da equipe diretiva da


escola. Uma das decisões mais importante durante este processo foi a deliberação
para a criação de um Centro de Memória da EEB Barão do Rio Branco que já abriga
não só os documentos do arquivo histórico, mas também mobílias e utensílios
escolares.

A organização do Centro de Memória da EEB Barão do Rio Branco tem


representado uma importante experiência para os alunos e alunas do ensino médio
que tem participado diretamente do processo de sua implantação, mas não só, o
centro de memória se constituirá em mais um dos espaços educativos dentro da
escola que possibilitará a elevação da formação de adolescentes e jovens, na
medida em que for utilizado como um espaço de fortalecimento da consciência
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histórica, de afirmação da identidade e cultura local, ampliando assim a noção de


pertencimento com a comunidade.

Referências

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Presente. História da Educação, v. 19, p. 293-297, 2015. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2236-
34592015000300293>. Acesso em 23 ju 2018.
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História da Educação, 1(1):9-43. Acesso em: 26 mai. 2017. Disponível:
<http://www.repositorio.unifesp.br/bitstream/handle/11600/39195/Dominique%20Julia
.pdf?sequence=1> .Acesso em: 26 mai. 2017.
MOGARRO, Maria João. Os arquivos escolares nas instituições educativas
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Campinas, v. 16, n. 46, p. 103-116, jan./abr., 2005. Acesso Disponível em:
<https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/proposic/article/view/8643757>. em
13 mar. 2018.
______. Património educativo e modelos de cultura escolar na História da Educação
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<http://institucional.us.es/revistas/cuestiones/22/art_3.pdf>. Acesso em 10 Mai.
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RABELO, Giani; COSTA, Marli de Oliveira. Centro de Memória da Educação do Sul
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(Online), v. 18, p. 44-55, 2014. Disponível em: <
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set. 2017.
SOUZA, Rosa Fatima de. Preservação do patrimônio escolar no Brasil: notas para
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España. Museología y museografía.BERRIO, Julio Ruiz (Ed.). El patrimonio
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