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MARIO DE FARIA BELLO JONIOR

ORTOGONALIDADE
EM
PROJEÇÕES
ORTOGONAIS

Monografia apresentada à Congregação


da Escola Nacional de Belas Artes
da Universidade do Brasil
no Concurso para provimento efetivo da
cadeira de Geometria Descritiva

1960
Escola Nacional
de
Belas Artez U. B.
Biblioteca
Reg.jy Ano
--- - - ,,-- --_.--------- - ---

Prefácio

Temos a honra de .apresentar à Egrégia Congregação


da Escoui Naciotuii de Belas Artes, da Universidade do Brasil,
esta monografia com a qual procuramos atender a uma das
exigências para inscrição no Concurso para provimento efetivo
da cátedra de "Geometria Descritiva", da mencionada Escola.
Seu titulo, "OrtogonaHdade em projeções ortogonais",
parece-nos, diz bem de seu conteudo. Compreende-se, assim,
que tivemos o propósito de aplicar os conceitos de ortogonali-
dade entre retas, reta e plano e entre planos aos sistemas de
representação gráfica baseados nas projeções ortogonais. Desta
forma, consideramos o assunto através do sistema bi-projetivo
ortogonal de Monge, do sistema de projeções cotadas e da axo-
nometria ortogonaL
Utiiizamos, para isso, dos recursos da Matemática Ete-
mentar e da Geometria Projetiva, dentro das características
que devem possuir trabalhos dêste gênero e com a finalidade
a que êste pretende atingir.
Já dissemos certa vez, em conferência proferida na Es-
cota Nacional de Belas Artes, que, embora autônomas:
"Geometria Descritiva e Geometria Projetiva formam
um binômio de extraordinária ferWidade para os problemas
de representação das figuras espaciais e para o estudo de
suas propriedades".
E acrescentávamos:
"Na verdade os recursos imensos da Geometria Pro-
jetiva permitem um tratamento sintético de vários probte-
mas descritivos com notável simplicidade e generaHdade".
Mas, tomávamos a liberdade de considerar um pouco
mais adiante:
"É preciso, porém, dar a êsses recursos o justo valor
que devem ter; nunca, super-estima-los, como toda ferra-
menta, tem sua aplicação própria, adequada às finalidades que
se quer atingir".
O apelo que, com bastante freqüência, figura no algo-
ritmo matemático não nos parece- uma demasia, nem uma vio-
lência, em trabalho como êste. Geometria Descritiva é, antes
de tudo, Matemática e, assim, seu método só pode ser o dessa
Ciência.
Certas propriedades, como dissemos, foram demonstra-
das através do ferramental da Álgebra ou da Trigonometria, da
mesma forma que muitas o foram através da Geometria Métri-
ca e da Geometria Projetiva. Como quer que seja, não desco-
brimos nada de novo; mas estamos convencidos de que muita
cousa velha teria sido dita de modo inédito, especialmente em
têrmos de Geometria Projetiva.
Alias, parece-nos ser êsse o destino dos trabalhos sôbre
Geometria Descritiva. A margem para invenção é muito redu-
zida e, não raro, quando pensa alguém ter descoberto uma ver-
dade, até então presumivelmente oculta, vai encontrar, não muito
distante de seu ponto de partida, a certeza de que não foi o
primeiro a desvendar-lhe os encantos.
Todavia, estamos sinceramente persuadidos de que, com
o vagar que a Ciência exige, se processa vasto movimento de
recomposição da Geometria, especialmente da Geometria de Re-
presentação Gráfica, até o instante em que seja possível encara-
la de um ponto de vista inteiramente geral.
A êsse propósito, rendamos nossa sincera homenagem
a memória do mestre e saudoso professor Roberto Muniz Gre-
gory, mestre eminente desta Escola e cuja sucessão estamos a-
gora disputanà'o. Foi êle quem entre nós, apresentou a primeira
tentativa dessa generalização a que acabamos de aludir.

* * *
Ao escrevermos êste prefácio - que em todas as obras
é a última coisa que seu autor redige - verificamos não ter
sido respeitado o esquema inicialmente traçado. Assim, ao che-
garmos ao fim de nossa tarefa, notamos que, sob certos aspectos
fomos além do projetado, mas, no geral, não chegamos onde
pretendíamos.
Para dar a esta monografia as dimensões imaginadas
de princípio, estaremos realizando quase que um livro, tão vasto
e tão rico é o manancial por nós apenas perfurado. Não tí-
nhamos tempo para tanto.
o que aí está, parece-nos dá mostra razoável do que, em
um concurso para Professor Catedrático, se pretende obter exi-
gindo dos candidatos trabalhos como êste. A monografia - ou
a tese - deve revelar cultura, erudição e, claro está, capacida-
de didática em sua redação, além de outras qualidades necessá-
rias a quem pretende ser Professor Catedrático de uma Univer-
sidade como a do Brasil.
A eminente Comissão Julgadora do Concurso tem em
mãos o material para examinar e criticar e terá a prova de
defesa de tese para oferecer ao candidato a oportunidade para
reforçar suas afirmações postas, com maior ou menor ênfase,
neste trabalho. •
Talvez antecipando resposta a arqutçoes, queremos tecer
rápidos comentários sôbre a notação que adotamos nas épuras
que aparecem no texto. Procuramos usar da notação cremone-
ana simplificada, seguindo, principalmente, tendência moderna
de autores italianos e espanhois. Procuramos ainda, manter
coerência no emprego dessa notação através dos sistemas de re-
presentação que consideramos. Não é tarefa simples. Tanto
mais que não se conseguiu, ainda, um consenso unânime em
torno dêsse assunto. A matéria permanece controvertida. Entre
nós, os simpósios de Geometria Descritiva já realizados - e aos
quais, infelizmente não podemos compareéer - revelaram que
os pontos de vista das diversas correntes estão longe de coinci-
direm em numerosos detalhes.
Qualquer que seja o sistema de notações, estará sempre
sujeito a crítica, mais ou menos graves. Contra a notação cre-
moneana pura levantaram-se objeções de toda ordem, especial-
mente pela complexidade dos símbolos necessários à identificação
dos diferentes elementos. Esse inconveniente se torna mais sério
na confecção das épuras que, afinal são as peças principais de
qualquer trabalho de Geometria Descritiva, onde a simbologia
pode congestionar o desenho e, assim, sem dúvida, prejudicar
sua apresentação.
Em linhas gerais, os pontos são inâicçdo« por letras
maiúsculas, as retas por letras minúsculas e os planos, por letras
gregas, minúsculas. As projeções ortogonais de pontos e de retas
sôbre o plano horizontal de projeção de Monge (agora designado
por .7(1) são indicadas pelas letras que os identificam acrescidas
de índices 1. As projeções sôbre o plano vertical de projeção
(.7(2' na notação que adotamos), a mesma letra com o índice 2.
Isto é, em essência, o que faz a maioria dos autores italianos
e espanhois que são os que modernizaram sua notação. Os
francêses e inglêses persistem no sistema antigo.
As épuras que apresentamos esclarecem os detalhes, o
que torna ociosa qualquer outra referência agora.
* * *
A monografia está dividida em três partes. a saber:
Título 1 - Princípios Fundamentais da Ortogonalidade;
Título 2 - Sistema bi-projetivo ortogonal de Monge;
Título 3 - Parte A: Sistemas de projeções cotadas;
Parte B: Axonometria Ortogonal.
Os problemas fundamentais clássicos foram estudados e
resolvidos nos três sistemas de representação mencionados. Pro-
curamos, todavia, nas diversas aplicações apresentar exemplos
diferentes em cada sistema, permitindo com isso, dar maior
amplitude ao estudo realizado. Em alguns casos, para fugir à
repetição apresentamos exemplos não comuns, dos quais alguns
retiramos do conjunto de problemas formulados (porém não re-
solvidos) por Roubaudi, e outros nós mesmos os formulamos.
Rio de Janeiro, dezembro de 1960
Mário de Faria Bello Júnior
· - . -~ . - - --~- - .--...•. - ...-.._. ~ _ •.... -....,.,

- TíTULO 1
PRINClpIOS
FUNDAMENTAIS
DA
ORTOGONALIDADE
CAPtTULO I
Propriedades geométricas
fundamentais da ortogonalidade
É natural que iniciemos êste estudo fixando o concei-
to de ortogonalidade ou perpendicularidade entre retas, entre
reta e plano e entre planos para, em seguida, tratar das pro-
priedades geométricas fundamentais daí decorrentes. Certo,
porém, que procuremos apresentar a demonstração dos teore-
mas necessários ao desenvolvimento da teoria, que aquí será
considerada, de maneira menos comum, buscando, para isso,
apoio nos recursos inestimáveis da Geometria Projetiva.

1. Ortogonalidade entre retas:

Por definição, duas retas se dizem ortogonais ou per-


pendiculares quando fazem, entre si, ângulo reto.
Como se vê, o conceito de ortogonalidade ou perpen-
dicularidade entre duas retas, estabelecido nessa definição, é
caso particular do conceito geral de ângulo de duas retas e
se adere à própria definição
de ângulo reto. Uma vez ,
que duas retas genéricas for-
mam sempre um ângulo,
mesmo que não tenham pon-
to comum (próprio ou impró-
prio), segue-se ser lícita a
, ampliação dêsse conceito de Figura 1
ortogonalidade até ao campo
arguesiano ou projetivo, considerando as direções ortogonais
definidas por dois pontos impróprios P co e Qco (fig. 1).

Isto quer dizer que, se P co e Qco são ortogonais ou


perpendiculares, tôda reta de feixe P co é perpendicular ou
12 Princípios fundamentais

ortogonal a qualquer reta do feixe Q 00 e reciprocamente.


Quer dizer, também, que cada ponto do espaço pertence a
duas retas ortogonais, uma de cada feixe P 00 e Qoo.
Observação: Sendo absolutamente sinônimos os têrmos
ortogonal e perpendicular, passaremos a empregá-Ias indife-
rentemente, no decorrer dêste trabalho. Na verdade, não há
que dístínguí-los, já que resultam do mesmo conceito funda-
mental, universalmente admitido pelos geômetras.
Não obstante, começa a insinuar-se na literatura pa-
trícia, destinada especialmente aos estudantes do curso se-
cundário (e, portanto, aos que se preparam para os concursos
de habilitação de nossas universidades), nova conceituação.
De fato, alguns autores nacionais entendem chamar de reta
perpendicular a uma outra àquela que, fazendo ângulo reto
com esta, tem com ela ponto cumum. Em outras palavras,_
reta perpendicular seria caso particular da reta ortogonal.
Ê certo que o "Nouveau Larousse Universel" oferece,
na pg. 452 do 2° volume, essa interpretação. No entanto, ao
que saibamos, nenhum outro nome de grande prestígio da
cultura geométrica mundial abona tal critério. Nem os Iran-
cêses, nem os alemães, nem os italianos, os espanhois, inglê-
ses ou norte-americanos. Por isso, preferimos ficar com os
clássicos, antigos e modernos., E n t r e êles, Niewenglowsky,
Hadamard, Comberousse, Marrnol-Beato, Crusat Prats .

2.
.
Ortogonalidade entre reta e plano:
5.,. Também por definição, diz-
------AA------~
I__
se que uma reta e um plano são
perpendiculares quando a reta for
perpendicular a todas as retas do
, plano.

Todas as retas perpendicu-


lares a um plano pertencem a o
feixe de polo impróprio Soo, que
Figura 2 por isso, costuma s e r designado
por polo impróprio ortogonal ao plano dado (fig. 2), De fato,
Ortogonalidade entre reta e plano 13

por força da definição de ortogonalidade entre retas (que es-


tá incluida no conceito de ortogonalidade entre reta e plano)
todas as retas perpendiculares ao mesmo plano a resultam
paralelas entre si.

De outra
parte, todos os pla-
nos paralelos ao
plano a, perpendi-
s'"
cular a uma reta
dada r (fig. 3), são,
êles mesmos per-
pendiculares a essa
reta. Em têrmos
projetivos: tais pla-
nos formam o fei-
xe de suporte im-
próprio s co . que,
Figura 3
por isso, é denomi-
nado reta imprópria ortogonal a uma reta dada.
Propriedade fundamental: Os pontos impróprios de re-
tas perpeiuiiculares a uma reta dada r estão situados sôbre a
reta imprópria ortogonal a essa reta r.
E s s a propriedade

.r!
jpco
decorre da definição do ,
conceito de ortogonalidade
entre reta e plano, firma-
da no início, e da d~fini- ,
ção, agora estabelecida, de --_o ---
,1Q.,
,
reta imprópria ortogonal
a uma reta dada.

Teorema I - Para que uma


reta seja perpendicular a
um plano basta que o seja a
duas retas, não paralelas
entre si, pertencentes ao Figura 4
plano referido ou a êle paralelas (fig. 4).
14 Princípios fundamentais

Sabe-se que dar uma reta imprópria corresponde a


fixar uma jazida, que ficará caracterizada por qualquer um
de seus planos. É claro que esta reta imprópria pode ser dà-
da, também, por dois pontos impróprios, isto é, por duas di-
reções.
Sejam P 00 e Qoo dois pontos impróprios, que deter-
minam soo, reta imprópria ortogonal à reta dada r. Se a
é perpendicular a r, então:
a) Soo é reta imprópria de a;
b) P 00 e Qoo definem dois feixes de retas paralelas a
a, aos quais pertencem as retas m e n, que passam
pelo ponto A, qualquer de a;
c) a reta r é ortogonal a m e a n e, assim, a todas as
retas do feixe P 00 e Qoo.
Isto tudo quer dizer que uma reta r, perpendicular a
um plano a, é perpendicular não apenas às retas dês se plano,
mas a qualquer outra a êle paralela.

/'
,,
I
I
I
,,I Sco
.P
I
/
I

Figura 5

Daí, como dois pontos bastam para determinar uma


reta (axioma de pertinência que, como se sabe, também é vá-
lido no espaço projetivo), o teorema, que fica, assim, provado.
Ortogonalidade entre reta e plano 15

Observação: O que se disse para o plano a, claro que se re-


pete para qualquer outro do feixe de suporte impróprio s co ==
==Pco,Qco'

TeoremalI - Por um ponto próprio P, dado, sempre se pode


traçar um único plano, a, perpendicular a uma reta dada r.
De fato, ao damos r (fig. 5), imediatamente definimos a
jazida de planos ortogonais ar, isto é, definimos sua reta
imprópria sco. O ponto próprio dado, P, e a reta imprópria
Sco determinam sempre um plano a, que é único, e, necessá-
riamente perpendicular a r. 50)

Observação: É claro que o


teorerna subsiste se o ponto
r
P e a reta r se pertencem.
M
Teorema 111 - Por um ponto
próprio P é sempre possível
traçar uma só perpendicular
a um plano dado a (fig. 6).

Dado a, está fixado,


desde logo, o ponto impró-
I Figura 6
/
prio S eo . polo impróprio das ortogonais a a. O ponto pró-

1
, /'
,"I~'"
1
, 1
/ 1
,- 1
I
I

:~(P
1

1
1

__~c'"
~---~~: 1
1
I
1
I
I
--------i ~'"
.
I

Fiqura 7

prio P e o ponto Sco definem uma reta própria r, que é


16 Princípios fundamentais

evidentemente única e perpendicular a a. Também aquí, o


ponto M e o plano a podem-se pertencer, e o teorema subsis-
tirá. No 10 caso, a Geometria Elementar diz que se baixou
de M a perpendicular ao plano a, e, no 2° caso, que se levan-
tou a perpendicular a êsse plano no ponto dado.
Teorema IV - O lugar das perpendiculares a uma reta r em
um de seus pontos, P, é o plano a, traçado por P e perpendi-
cular a r (fig. 7).
De acôrdo com a propriedade fundamental, estabeleci-
da anteriormente, as perpendiculares a r, em P, terão seus
pontos impróprios (Aco, Bco, etc,) necessàriarnente situados
sôbre a reta Sco == Aci:;, Bco, da jazida de planos perpendicu-
lares à reta r. Portanto, o ponto próprio P e a reta impró-
pria Sco determinam um plano, que é perpendicular a r. ~s-
se plano é único, evidentemente.
Observação: Demonstração análoga oferecíamos se o ponto P
fosse exterior a r e se, por êle, devêssemos traçar as perpen-
diculares a esta reta.
Teorema V - Em ge-
rol. não existe um pla-
no que passa por uma
reta dada, a, genérica,
e seja perpendicular
a uma reta dada, b,
,,
( ": I
também genérica.
I , I
I I
I
r-----~ -----;;---------
I
I
/ De fato, para
I i
I
I
ser perpendicular à
I

I
I
reta b, o plano refe-
rido, se existisse, de-
veria conter a reta
Sco imprópria orto-
gonal a b. Como ês-
F'igura 8 se plano, por outro
lado, deveria conter a, segue-se que conteria Aco, ponto im-
próprio de a o que obrigaria a Aco situar-se sôbre sco. Mas,
Ortogonalidade entre planos 17

nêste caso, a reta a não seria genérica, seria perpendicular a


b, o que contraria a hipótese.

3. Ortogonalidade entre planos


A condição necessária e suficiente para que dois planos
sejam perpendiculares é que um dêles contenha uma reta orto-
gonal ao outro (fig. 8)

Dêsse enunciado podemos, de início, retirar a seguin-


te conclusão: dada uma reta a, perpendicular a um plano JT:,
isto é, pertencente ao feixe de
polo impróprio Soo, ortogonal
a x, há uma infinidade de
planos a, {3, r, .. · contendo
,
a e perpendiculares a JT:. To-
dos êsses planos terão suas
-1- -r~~--------~
,,
retas impróprias (a 00 , (300, s]
r 00 , ••. ) passando por S 00 • '"',,,
Isto quer dizer que há infini- 1
--r- -----------..ll/
tas jazidas ortogonais a x.
Os planos, assim definidos, Figura 9
são, em têrmos euclidianos, paralelos a a.
Teorema I - Sendo dados dois planos quaisquer, a e {3, em geral
não há sôbre um dê-
les retas que sejam s'"
perpendiculares ao
outro. (fig. 9)
v
Seja Soo o
polo impróprio orto- {J li
gonal a a. Se exis-
tisse sôbre {3 uma re-
r-- ---- V- --- --- --- --- --- -r
ta r (se existir uma.
I
" /
, a,
existirá uma infinida-
de) perpendicular a
a esta deveria per-
L/ /
/
/

tencer ao feixe S 00 ,
e corno r, por hipó- Figura 10
~-~-- - ----~ - -

18 Princípios fundamentais

tese pertence a {3 , S 00 deveria estar' sôbre a reta imprópria


de {3, o que não acontece porque a e {3 são quaisquer. Daí
se conclui ser verdadeiro o teorema. Só poderia existir em
{3 uma reta perpendicular a a, se a e {3 fôssem ortogonais.
TerremaII - Existe sempre um plano passando por uma reta
genérica, a, dada, e perpendicular a um plantJ dado a. (fig. 10)
Na realidade, como temos dito, ao darmos a, fixamos
SOj, polo impróprio ortogonal de a. O ponto Soo e a .reta
genérica a determinam um plano {3, que contendo a é perpen-
dicular a a por conter, também, Soo.
Como se sabe, a interseção dos planos a e {3 define
a reta al> que é a projeção ortogonal de a sôbre a.
Teorema 111- Dados dois
planos a e {3, todo plano
y, perpendicular a a e
{3, é perpendicular à in-
terseção r de a com {3,
(fig. 11)

Em primeiro lugar
o ponto ROj, impróprio de
r, que é a interseção de
a e {3, deve pertencer às
retas impróprias a ee e
{300, dêsses dois planos:
é o ponto comum a es-
sas duas retas imprópri-
as.
De outra parte,
como a é perpendicular
a a y, por hipótese, a de-
ve conter· o ponto T 00
polo impróprio ortogo-
Figum 11
nal a y; isto é, T 00 é
um ponto 'de aoo. Pela mesma razão, T 00 deve pertencer a
{300. Logo Roo == T 00 e, assim, y é perpendicular ar.
Menor distância entre duas retas reversas 19

Corolário - As retas a e b, respectivamente interseção de a


com )' e de f3 com )', sãa ortogonais a r. (fig. 11).
A conclusão é evidente, desde que a e b pertencem
ao plano )', ortogonal a r.

4. Menor distância entre duas retas reversas


Sob êste título apresentam os livros de Geometria Pura
e os de Geometria Descritiva o problema que existe em de-
terminar a medida do segmento, suportado pela perpendicular co-
mum a duas retas genéricas reversas e definido pelos pontos em'
que essa perpendicular encontra as duas retas dadas. De todos os
pontos das duas retas, sem dúvida, êstes dois são os que têm
a separá-los segmento de menor medida. Daí a denominação,
embora, a rigor, não muito apropriada em nosso entender.
Se uma das
_t_~__ --_-----'
retas girar em tôr-
U", _--------- tu",
no da outra, gera- ,
,1(" I

se a superfície re- ,,,


,
tilínea reversa de ,,,
revolução, conhe- ,,
~(J/'
cida por hiperbo- ,
,,,
lóide de revolução ,
de uma folha. O ,,,
segmento que cor- ,,
(
responde à menor
distância entre as
duas retas gera o
circulo de gola, isto
é o paralelo da su-
perfície que tem
menor raio.
Na verdade,
o problema se des-
dobra em dois ou-
tros: Figura 12

1) o da determinação da direção da perpendicular comum;


20 Princípios fundamentais

2) o da deterterminação da posição da perpendicular encon-


trando as duas retas.
Vamos considerá-Ios através dos recursos postos nas
linhas anteriores e, para resolvê-los, indicaremos dois proces-
sos.

1° Processo - A direção da perpendicular decorre, imediata-


mente, de que as retas ortogonais a a e b, reversas, pertencem
a duas jazidas: roo, ortogonal a a, e soo, ortogonal a b, (fig.12).
Essa direção será, portanto, definida pelo ponto impróprio
U 00 da reta u -de interseção de dois planos quaisquer a e y,
pertencentes, respectivamente, às mencionadas jazidas roo e soo.
A determinação da posição da perpendicular procura-
da resulta, logo a seguir, como a interseção de dois planos
y ==(a,U 00) e ó ==(b,U00)' Em têrmos euclideanos, teríamos: a-
poiar sôbre duas retas reversas, dadas, uma outra, paralela a
uma direção, também dada.

Aco
-:":---7
I
I
I
I
I
I
I
I
-----I I
I
I
I
I
I
/soo
I
I
I
I
I
------f I
I
I
I
I
I
I

<.'J/B
co

Figura 13

2° Processo - Outro raciocínio conduzirá ao mesmo resultado.


Como a perpendicular procurada deve ser ortogonal a a e a
b, cujos pontos impróprios são, respectivamente, Aoo e Boo
(fig. 13), será, por conseguinte, ortogonal à jazida definida
pela reta imprópria Soo ==(Aoo.Boo).
Lugares geométricos importantes 21

Consideremos o plano a, dessa jazida, que contém uma


das retas dadas: b, por exemplo. Como se disse, a perpendi-
cular pertence ao feixe Sco, polo impróprio ortogonal a a.

E, assim, se fixa sua direção, resolvendo-se a 1a parte


do problema geral.

Passemos, então, à 2a parte. A reta a e o ponto Sco


determinam o plano {3, ortogonal a a, plano que conterá, ne-
cessàriamente, a perpendicular r, procurada. Seja a, a inter-
seção de a com {3, e P o ponto comum a a e b. A reta do
feixe S eo passando por P, vai encontrar b em Q e responde
a
à 2 parte.

Em têrmos euclidianos, a solução do problema se al-


cançará através das seguintes etapas:

1 - construção do plano a, contendo b (ou a) e paralelo a a


(ou b);

2 - determinação da reta al projeção ortogonal de a sôbre a;

3 - determinação do ponto P == (al . b);

4 - construção, por P, da perpendicular PQ ao plano a.

5. Lugares geométricos importantes


Aparecem, no estudo da ortogonalidade entre retas,
retas e planos, e entre planos, alguns lugares geométricos
importantes, dos quais indicaremos os de maior relêvo, sem,
contudo, cuidarmos da prova de sua existência, por parecer-
nos tarefa dispensável nêste trabalho.

1° - Lugar geométrico dos pontos eqüidistantes de dois ou-


tros pontos dados: é o plano, traçado pelo ponto mé-
dio do segmento definido pelos dois pontos dados, perpendi-
cularmente a êsse segmento. Este plano recebe o nome de
plano mediador do segmento.
20 - Lugar geométrico dos pontos médios dos segmentos que
se apoiam sôbre duas retas reversas: é o plano media-
dor do segmento determinado por essas retas sôbre a perpen-
22 Princípios fundamentais

dicular comum, que sôbre elas se apoia.


Observação: Ésse enunciado pode ser estendido, definindo-se
o lugar geométrico dos pontos que dividem em uma relação da-
da os segmentos que se apoiam sôbre duas retas reversas dadas:
será, então, o plano perpendicular ao segmento determinado
por essas retas reversas sôbre a perpendicular comum, no
.
ponto desta que divide o referido segmento na relação dada .
3° -Lugar geométrico das retas traçadas pelo vértice de
um ângulo e jazendo ângulos iguais com os lados dês-
ses ângulos: são os dois planos traçados perpendicularmen-
te ao plano do ângulo através de cada uma de suas bissetrizes.
Esses dois planos são chamados planos bissetores do ângulo.
Éles definem duas jazidas, para as quais vale a propriedade
enunciada: isto é, qualquer paralela a um dêles faz ângulos
iguais com os lados do ângulo de que são bissetores.
- --- ----- ----

CAPITULO II
Ortogonalidade no feixe
de retas e no feixe de planos
1. Feixe de retas e feixe de planos

Indicamos, no capítulo precedente, as propriedades'


geométricas fundamentais decorrentes do conceito de ortogo-
nalidade ou perpendicularidade estabelecido, de maneira geral
entre retas, retas e planos e entre planos.

Vamos, agora, estudar a ortogonalidade no feixe de retas


e no feixe de planos, que são, como se sabe da Geometria Proje-
tiva, formas projetivas de primeira espécie. O feixe de retas
define-se como o conjunto de todas as retas de um plano
que passam por um de seus pontos. O feixe de planos, como
o conjunto de todos os planos do espaço, que pertencem a uma
reta. O plano do feixe de retas é o suporte ou base da for-
ma e o ponto, seu pala ou vértice. A reta comum aos planos
do feixe é o suporte do feixe de planos.

Sabe-se que as propriedades projetivas identificadas


no feixe de retas se transmitem integralmente ao feixe de
planos, através de uma das operações fundamentais da Geo-
metria Projetiva: projeção e seção.

É certo que vão interessar, agora, para os objetivos


dêste trabalho, as propriedades que prontamente se relacionam
com o problema da ortogonalidade e que possam ser utilizadas
no tratamento descritivo, pelos sistemas de projeção, nos tí-
tulos seguintes, desta monografia.

Analisando a questão da perpendicularidade no feixe


de retas estaremos considerando o problema de ortogonalida-
de de retas sob um ponto de vista particular. Assim também
o caso da ortogonalidade no feixe de planos.
24 Princípios fundamentais

2. Involução

A ortogonalidade no feixe de retas se estuda, com ri-


gor cientifico, por meio da chamada correspondência ínvolun-
tória ou simplesmente involução.

A involução é uma projetividade entre formas super-


postas de primeira espécie (é, portanto, uma correspondência
bi-unívoca que conserva as razões duplas dos elementos fun-
damentais que as constituem), de tal maneira que seus ele-
. mentos se correspondem de modo duplo.

I A B r
----1-----1-------1---
B'} B' A' r'
Figura 14

Para melhor entendimento dessa definição, considere-


mos duas pontilhadas r e r', superpostas (fig. 14). Marquemos
um ponto qualquer A, suposto pertencente a r. Através da
projetividade existente entre r e r', ao ponto A corresponde o
ponto A', agora suposto pertencer a r'. Coincidente com A' há
o ponto B, da pontilhada r. Seu correspondente na projetivi-
dade é o ponto B't, de r', que, em geral, não coincide com A.
Todavia, se o correspondente de B == A' coincidir com A, donde
B' == A, então a projetividade assume caráter particular e re-
cebe o nome de involução.
A involução entre dois feixes de retas superpostas ou
de planos superpostos se definiria de maneira semelhante .

. Conclui-se, assim, que a correspondência involuntória


é uma projetividade entre formas superpostas que coincide com
sua inversa. Isto é, se aplicarmos ao ponto A (fig. 14) a pro-
jetividade que reune r a r', obteremos A'. Se a seguir, apli-
carmos a A' a mesma projetividade, voltaremos ao ponto A.
Elementos tais que A e A' se correspondem duplamente ou de
modo duplo. Dizem-se elementos -coiiiuqaâo«.
O bservemos que todas as propriedades estabelecidas
Involução circular 25

para as projetividades em geral. entre formas de primeira es-


pécie são inteiramente válidas para a involução. É claro, por-
tanto, que tôda operação projetiva (projetar e cortar) que se
realize sôbre uma involução dá lugar a uma involução.
Assim, uma involução sôbre uma pontilhada (involu-
ção de pontos) projetada de um ponto fora da reta suporte se
transforma em uma involução sôbre um feixe de retas (invo-
lução de retas). Uma involução de pontos projetada de uma
reta dá origem a uma involução sôbre um feixe de planos.
Por isto, muitas vêzes, o estudo da involução de retas
se transfere para a involução de pontos pelo simples corte
daquela involução por uma reta.
Como em todas as formas superpostas, a involução
apresenta elementos unidos, isto é, elementos que coincidem
com seus correspondentes. Duas formas superpostas não podem
apresentar mais de dois elementos unidos. Se êstes forem
reais, a involução se diz hiperbóltca ou positiva. Se forem
imaginários conjugados, a involução é elítica ou negativa. A
involução parabólica ou nula é degenerada, isto é, não existe
involução.
Prova-se em Geometria Projetiva que uma involução
é elítica ou hiperbólica conforme dois de seus elementos conju-
gados se separam ou não se separam.

3. Involução circular

Imaginemos um ângulo reto de vértice S e lados a e


a' (fig. 15) girando em seu pla-
a'
no, em tôrno do vértice S. b·
Ter-se-à, dêste modo, um feixe e'

de retas particular, caracteriza-


b
do pelas infinitas posições b, c...,
do lado a, e b', c'..., do lado a'.
"""'------a
O feixe a, b, c... é projetivo com
o feixe' a', b', c'..., porque são Figura 15
congruentes os dois feixes.
26 Princípios fundamentais

Há, portanto, dois feixes superpostos S (a, b, c...,) E!


S (a', b', c' ...), mas de tal maneira que ao elemento a corres-
ponde o elemento a', ao elemento b, b', e assim por diante.
Além disso, ao elemento a' corresponde a, a b', b. A corres-
pondência entre as duas formas é involuntória, portanto, e se
denominará involução ortogonal, de ângulos retos ou círcular.
Essa involução é claramente elítica, já que dois pares
de elementos conjugados necessàriamente se separam.
Se cortarmos essa involução circular pela reta )mpró-
pria do plano que a suporta vamos determinar, naquela reta,
uma involução de pontos na qual se correspondem os pontos
impróprios de duas retas perpendiculares. Esta nova corres-
dência recebe o nome de involução absoluta.
A involução ortogonal ou circular é, também, uma
congruência direta, já que pode ser considerada como decor-
rente da rotação de um ângulo constante - o ângulo reto

\
\M

Figura 16

em torno de seu vértice. Nêste caso, a chamada reta de Stei-


ner coincide com a reta imprópria do plano suporte.
Involução sôbre pontilhadas 27

Esta involução circular tem para retas unidas as cha-


madas retas isótropas, que passam pelos pontos ciclícos, que
são os pontos unidos da involução absoluta.

4. Eixo e polo de uma


ínvolução sôbre pontilhadas de 2a ordem
Consideremos uma involução em um feixe de retas,
dado por seu centro S == S' e por dois pares conjugados a a' e
b b' (fig. 16). Cortemos o feixe por uma cônica, que contenha
o centro S. É claro que podemos supor seja a cônica uma
circunferência, de raio qualquer, finito.
As retas conjugadas a a' e b b' determinam sôbre a cir-
cunferência os pontos conjugados A A' e B B'. As demais re-
tas c d e..., de S, e c' d' e' ..., de S', determinarão os pontos
C, D, E... e C', D', E'..., a cada reta correspondendo um ponto
e vice-versa.
Conforme estabelece a Geometria Projetiva, a circun-
ferência se transforma no suporte de duas pontilhadas de 2a
ordem superpostas, entre as quais existe uma projetividade,
que se chama involução.
Como se sabe, as retas associadas nesta projetividade
tais como AB e A'B' e AB' eA'B, encontram-se, respectiva-
mente, nos pontos E e F, que fixam a chamada reta de Stei-
ner, definida no famoso teorema sobre projetividades entre
cônicas superpostas. Nêste caso, esta reta se denomina eixo
da involução.
De outra parte, as· retas AA', BB' ..., que unem pontos
conjugados da involução, são concorrentes em um mesmo pon-
to P, que é o polo da involução.
Eixo e polo, assim caracterizados, são dois elementos
geométricos importantes na solução de diversos problemas de
correspondência involutória, permitindo a construção desta com
particular simplicidade.
Os pontos M e N, comuns à circunferência e ao eixo
da involução, definem as retas SM e SN. Estas são as retas
28 Princípios fundamentais

duplas da involução, isto é, correspondem a si mesmas.

Como o eixo pode cortar a curva em dois pontos re-


ais e distintos (caso da figura 16), em dois pontos reais e
coincidentes ou em dois pontos imaginários conjugados, teremos
identificados, respectivamente, os casos de involução hiperbólica,
parabólica (que é involução degenerada) e elítica na pontilha-
da de 2a ordem, e, por conseguinte, no feixe S == S'.

É também certo que o polo P pode ser exterior à cir-


cunferência, a ela pertencer ou ser-lhe interior, caracterizando,
respectivamente, os mesmos casos de involução hiperbólica,
parabólica e elítica.
Na hipótese do eixo ser tangente à curva, o polo P
é o ponto de tangência. Então, cada ponto A da circunferên-
cia corresponde a P, deixando de existir, assim, a correspon-
dência bi-unívoca necessária para caracterizar a involução,
que, por isso, se degenera.

Na involução hiperbólica os pontos M e N são os pon-


tos de contato das tangentes traçadas do polo P à circunfe-
rência.

Essas propriedades servem para a determinação dos


pontos duplos ou pontos conjugados de uma involução sôbre
uma pontilhada r == r', de suporte retilíneo. Basta que se pro-
jetem os pontos da involução de um ponto S, qualquer, fora
do suporte r == r', seguindo, daí, o processo anterior.

5. Pares comuns a duas involuções superpostas

Trata-se, agora, de determinar, se existirem, os pares


comuns a duas involuções superpostas sôbre uma mesma pon-
tilhada ou sôbre um mesmo feixe de retas.

Façamos o raciocínio em tôrno de um feixe de retas


admitindo sôbre êle a existência de duas involuções, que, a-
breviadamente, designaremos por 11 e 12• As retas do 1°
feixe, então, se ligam pela operação 11 e as do 2° feixe, pela -
operação 12•

í
Pares comuns a duas ínvoluções superpostas 29

É possível que existam -


-
e vamos ver quando isto
acontece - retas de 11 que também perteçam a 12, caso em
que elas constituem, realmente, pares comuns as duas involu-
ções superpostas 11 e 12•
Na figura 17 indicamos por alal' e blb\ os pares ope-
rados pela involuçâo 11 e por a2a2' e b2b2', os pares operados
pela involução 12, S sendo, é evidente, o centro comum aos fei-
xes superpostos. Estes foram cortados, em seguida, por uma
circunferência,
de raio qual-
que r, passando
por S. Sôbre
essa circunfe-
rência ficaram,
então, determi-
nados os pares
AI Al', B, B,' e
AzA2" BzB2"
constituindo du-
b,
as involuções de
2a ordem super-
postas. D eter-
S, =S,
minamos a se-
guir, tal como
vimos no ítem
anterior, o polo
P, da P invo-
lução - que é
o ponto comum a,
a,
a A1Al' e a BiBl'
e o polo P, da
2a involução -
ponto comum a
AzAz' e B2B2'. Figura 17

A reta P1P2, cortando a circunferência nos pontos M


e M', vai, assim, caracterizar o par m m', que pertence tanto
à 1a como à 2a involução.
30 Princípios fundamentais

É claro que a reta PIP2 pode ser tangente à circunfe-


rência ou não encontrá-Ia, casos em que. respectivamente, os
dois pontos M e M' se confundem ou são imaginários conju-
gados.
Se as duas involuções forem elíticas os pontos P1· e P2
são interiores à circunferência e a reta P1P2 corta esta em
dois pontos reais distintos.
Se uma das involuções for elítica e a outra hiperbóli-
ca, um dos pontos é interior e outro exterior à circunferência.
A reta P1P2, como no caso anterior, também corta a curva
em dois pontos distintos.
Se as duas involuções forem hiperbólicas, PIe P 2 são
exteriores à circunfe-
rência e, assim, po-
dem ocorrer as três
hipóteses acima for-
muladas. Na figo 17
as d u a s involuções
são hiperbólicas.

6. Pares comuns a
duas involuções das
quais uma é de ân-
gulos retos

Suponhamos,
agora, que uma das
involuções considera-
das no item anterior
seja de ângulos retos.
I
Digamos, a involução
I
12 (fig. 18). Como
! a,
vimos, a involução de
ângulos retos é elíti-
ca. Logo, qualquer
que seja a outra, 11,
Eigura 18 o problema terá sem-
••

Pares comuns a duas ínvolueões 31

pre duas soluções reais e distintas.


apoIo P, da involução 11' dada pelos pares alal' e blb/
se determina, como no caso anterior, pela interseção de A1Al'
e B1Bl'. apoIo P2, seguindo o mesmo critério, é a interse-
• A

ção de A2A2' com B2B2'. Mas, como o ângulo a2a2" tanto


A

quanto o ângulo b2b2' é reto, as retas A2A' 2 e B2B' 2 passam


necessàriamente pelo centro da circunferência.
Os pontos M e M' permitem determinar as retas m
e m', pares comuns às duas involuções, das quais uma é de
ângulos retos.

Podemos dizer, então, que: em cada involução de retas


existe sempre um par de retas conjugadas e ortogonais.
Estas retas se denominam eixos da involução de retas .


CAPITULO III
Ortogonalidade na estrêla
1. Depois de estudarmos a ortogonalidade no feixe de retas
e no feixe de planos, analisando, sob critérioprojetivo, as
propriedades que caracterizam a perpendicularidade nessas for-
mas geométricas, vamos, agora, considerar a ortogonalidade
na estrêla. Como se percebe, estamos reunindo, numa espécie
de visão panorâmica, o material teórico necessário ao trata-
mento dêsses problemas através dos sistemas de representa-
tação.

2. A estrêla

A estrêla, como se sabe, é a forma fundamental de 2a


especze constituida por todos os planos e todas as retas do es-
paço que pertencem a um mesmo ponto. Esse ponto é o vér-
tice, pala ou centro da estrêla. Tal designação engloba, por-
tanto, numa só as duas formas de 2a espécie denominadas
estrêlas de planos (conjunto de todos os planos do espaço que
pertencem a um mesmo ponto) e estrêlas de retas (conjunto
de todas as retas do espaço que pertencem a um mesmo
ponto).
No caso em que o vértice da estrêla seja um ponto ,
impróprio é claro que a f o r mas e constitui de um feixe
de planos e de retas paralelos a uma direção dada, direção
que é a. do suporte do feixe.
Para o estudo que se segue o vértice deve ser ponto
próprio.

3. Correspondência ortogonal na estrêla

f O estudo da ortogonalidade na estrêla implica no es-


tabelecimento da seguinte relação: a cada plano façamos cor-
Correspondência ortogonal na estrêla 33

responder a reta que lhe é perpendicular. Essa correspon-


dência é bi-unívoca, sem exceção.
Mas, outras correspondências podem ser postas entre
os elementos da estrêla. Todavia, já não serão bi-unívocas.
Assim, a cada reta da forma corresponde uma infinidade. de
retas que lhe são ortogonais: tôdas as que, pertencendo à for-
ma, pertencem também ao plano que lhe é perpendicular. Se
a é esse plano e a, aquela reta, há em a um feixe de retas,
de pala coincidente com o vértice da estrêla, que é ortogonal a
a. Do mesmo modo, a cada plano da estrêla corresponde
uma infinidade de planos ortogonais ao primeiro: todos aquê-
les que constituem o feixe que tem para suporte a reta per-
pendicular ao plano considerado.
Estas observações decorrem, obviamente, do que dis-
semos no capítulo I dêste trabalho.
Consideremos, na figura 19, o plano a, de uma estrê-
Ia de pala V, e a reta a, ortogonal ao plano. Cortemos êsses
elementos por um plano x, qualquer, não pertencente à for-
m a, determinando - se,
assim, a reta [a e o pon- a
to A, respectivamente,
traços de a e de a sô-
bre :T. É claro que as
retas de a, pertencentes
à estrêla e que são or-
togonais a a, têm seus
traços sôbre ;r situados
sôbre fa. Do mesmo
modo, os planos da es-
trêla pertencentes a a Figura 19
têm seus traços sôbre
:T passando por A. Estas propriedades serão apuradas no es-
tudo posterior da antipolaridade, a que seremos conduzidos.
f Seja Vo a projeção ortogonal de V sôbre x. A reta
p, de a e da estrêla, perpendicular a fa é, como se sabe, a
reta de maior declive de a em relação a n: O ângulo tJ é
34 Princípios fundamentais

aquêle que a forma com ![ e e, o da reta a, também com a.


Evidentemente, êsses ângulos são complementares porque o
triângulo PV A é retângulo em V.
Se a girar em tôrno de VVo, conservando, portanto,
() constante, a reta p gera a superfície de um cone de revo-
lução, cujo vértice é V e cuja diretriz sôbre ;r é a circunfe-
rência de centro Vo e raio VoP. A reta [« manter-se-à tan-
gente a essa circunferência. Ao mesmo tempo, a reta a ge-
rará um cone de revolução, de vértice V e cuja diretriz cir-
cular, em lr, têm centro em Vo e raio VoA. ~ste cone é su-
plementar do anterior.
As duas diretrizes mencionadas designam-se círculos de
inclinação, a que se acrescenta a indicação do ângulo (f) ou r,
conforme o caso), para distinguí-Ios.
Consideremos, a seguir, o cone de revolução cujas ge-
ratrizes fazem ângulo de 45° com it: A diretriz, sôbre a, se-
rá a circunferência de centro V e raio VL = VVo. É o círcu-
lo de distância, que corresponde ao polo V e ao plano st . Nessa
hipótese () == e, e, assim, fa será tangente ao mesmo círculo
a que pertence A.
o plano do triângulo PV A (fig. 19) é ortogonal a a
e a x, logo, AP (que passa necessàriamente por Vo) é perpen-
dicular a [«. Do mesmo triângulo PVA retira-se, segundo
propriedade conhecida, a seguinte relação:

VVo = PVo' VoA (1)

onde VVo é a distância principal, relativa ao plano:r. Então,


conhecido PVo (ou VoA), pode-se marcar o ponto A (ou o
ponto P, e assim, a reta fa), determinando-se a reta a (ou o
plano a).

Pelo que vimos, há na estrêla uma correspondência bi-


unívoca entre retas e planos perpendiculares, uma vez que a
cada pl1no a corresponde uma única reta a, que lhe é orto-
gonal, e, vice-versa, a cada reta a corresponde um único pla-
Polaridade plana. Antipolaridade 35

no a, que lhe é perpendicular. Em Geometria Projetiva uma


correspondência como esta recebe o nome de polaridade orto-
gonal na estrêla de polo V.

4. Polaridade plana. Antipolaridade


Consideremos, a seguir, todos os planos da estrêla e
as retas ortogonais correspondentes. Cortados pelo plano x,
estabelece-se sôbre êste plano uma correspondência bi-unívoca
especial entre as retas tais que fa e pontos tais que A. É
uma polaridade plana especial uniforme, que recebe o nome
de antipolaridade em relação ao círculo de distância.
Para examiná-Ia, admitamos (fig. 20), no plano :n: o
círculo de distância, de centro Vo e raio r = VVo e um ponto

-----1
',0.---- ----
, ---
c-- .....
N'
, 2 -

Figura 20
r

A, qualquer dêsse plano. O ponto A pode ser considerado


polo de uma involução sôbre pontilhada de 2a ordem, no caso,
a cônica sendo o círculo de distância. Construamos, então, as
36 Princípios fundamentais

transversais, AAIA2' ABIB2' AC1C2, etc., que vão marcar


sôbre a circunferência os pontos conjugados AIA2' BIBz,
C1C2, etc. tal como vimos na alínea 4, do ítem 11. O eixo
dessa involução é a reta de Steiner, que se obtem através da
determinação dos pontos tais que:

Chamemos Ao, Bo, Co,.." os pontos em que as trans-


versais AAIA2' ABIB2' AC1C2 ••• , encontram o eixo da involu-
ção. Verifica-se, sem dificuldade, que êsses pontos Ao,Bo,C, ...
são conjugados harmônicos, respectivamente, de A, AI' At;
A, BI' B2; A, CI, C2 ••••

Então, o ponto A e a reta JKL são, respectivamente


polo e polar em relação ao círculo de distância, já que a reta
é o lugar geométrico dos conjugados harmônicos do ponto A
em relação a circunferência de centro Vo e raio VVo'

Examinemos, agora, a figura 21, na qual está indicado


-- --
o círculo de distância, de centro Vo e raio VoM = VVo. A po-
iar do ponto A em relação a essa circunferência é a reta MN.
Chamemos R o ponto
(V) em que AVo, que é per-
M T
pendicular a MN, en-
contra a polar. Se o
AI~----b-!~~_"':t--+--_A. ponto A se desloca sô-
bre AVo, o ponto R tam-
bém se desloca sôbre
essa reta e de tal for-
ma que se tenha sem-
pre, por força de ser
Figura 21 retângulo o triângulo
AMVo:

(1)
Se A se desloca tendendo para Vo, então, quando A
coincidir com S, que pertence à circunferência,' o ponto R
Polaridade plana. Antipolaridade 37

virá a S==A, porque, nêste caso VoA=VoS=r e assim VoR=r=


VoS = VoA. Isto é, se o ponto pertence à circunferência sua po-
lar é a tangente a essa curva no referido ponto. Quando A ==Vo,
então VoA=O e VoR tende para o infinito. Conclusão: a polar
do centro é a reta imprópria do plano da circunferência, ou, o
da reta imprópria do plano é o centro da circunferência.

Verifica-se, pois, que, quando A se desloca para Vo, R


se desloca em sentido contrário, afastando-se de Vo. Se o
ponto A é interno à curva sua polar é externa e vice-versa.
No ponto S a polar contém o polo.

Marquemos, ainda na figo 21, o ponto P sôbre VoA,


simétrico de R em relação a Vo, e, por êle, construamos a re-
ta TU, perpendicular a V2A. Esta reta, que é simétrica de MN
em relação Vo, recebe o nome de antipolar do ponto A em re-
lação ao círculo de distância, ao mesmo tempo que o ponto
A é chamado antipolo da reta TU em relação ao mesmo círcu-
lo.

Desde logo nota-se que o ponto Vo estará sempre si-


tuado entre os pontos A e P e a polaridade plana, assim es-
tabelecida, é uniforme, tal como acentuamos no início. Isto
é, o ponto A nunca coincidirá com P.

Se A tende para Vo o ponto P se afasta de Vo, carni- /'

nhando no mesmo sentido de A. Quando tivermos A ==Vo, P


coincidirá com o ponto impróprio de AVo e vice-versa. Po-
de-se, portanto, dizer:
a - a antipolar do centro do círculo de distância é a reta
imprópria de seu plano;
b - a antipolar da reta imprópria do plano do círculo de
distância é o centro dêsse círculo.

Tendo em vista que VoP=-VoR, a igualdade (1), índi-


cada anteriormente nesta alínea, poderá ser escrita da seguin-
te maneira:
VoA. VoR=-r2 (2)
· .'
38 Princípios Fundamentais

onde r=VoM=VoV. Isto nos leva à conclusão de que: entre


A e TU existe uma polaridade plana que tem para cônica fun-
damental o círculo· de centro Vo e raio imaginário igual a
r.,J-l.

Se construirmos o ponto AI, simétrico de A em rela-


ção a Vo, verificamos imediatamente que a reta TU é a po-
lar de AI em relação ao círculo de distância. - Daí afimar-se,
nos estudos de Geometria Projetiva, que a antipolaridade - as-
sim caracterizada - é urr;,a polaridade em relação a uma cir-
cunferência seguida de uma simetria. Ou, em têrmos abrevia-
dos e mais eruditos, é o produto de uma -polaridade por uma
simetria.
Voltemos à figo 19 e imaginemos que tivéssemos re-
batido o plano AVP sôbre :rr tendo, portanto, a reta AVo pa-
ra eixo. É claro que o centro V da estrêla irá se colocar
sôbre o círculo de distância (desde que VoV=r) e sôbre a
perpendicular levantada por Vo ao eixo de rebatimento. O
triângulo retângulo do espaço aparecerá segundo o triângulo
retângulo A(V)P (fig. 21) e tal que, como se sabe, se tem, em
valôr absoluto:
VV02=VOP. VoA

Vê-se, pois, pela figo 21, que A e TU (antipolo e an-


tipolar) são, exatamente, os traços da perpendicular a e do
plano a, da estrêla de vértice A, de maneira que: /'

TU=fa

Os conceitos acima estabelecidos na caracterização da


correspondência bi-unívoca denominada antipolaridade acarre-
tam algumas propriedades que, por sua importância nas apli-
cações dos problemas de Geometria Descritiva, convém sejam
enunciadas, através dos seguintes teoremas:

Teorema I - Se um ponto A e uma reta r se pertencem, a


antipolar do ponto e o antipolo da reta também de pertencem.
- I
TeoremalI - Dois pontos A e B são denominados antirrecípro-
Polaridade plana. Antipolaridade 39

cos ou auto-conjugados na antipolaridade se cada um dêles per-


tencer à antipolar do outro.
Teorema Hl - Duas retas a e b se dizem antirrecíprocas ou
auto-conjugadas na antipolaridade se cada uma delas pertencer
ao antipolo da outra.
Baseados nêsses teoremas poderemos tirar, ainda, algu-
mas conclusões, identificando certas propriedades decorren-
tes da ortogonalidade entre duas retas da estrêla. Sejam, para
isso, na figura 19, as retas a e b da estrêla, e que são, orto-
gonais. Se assim é, b, por exemplo, estará contida no plano a
ortogonal a a. Da mesma forma, a reta a estará situada no
plano f3 (não indicado na figura), ortogonal a b. Naturalmen-
te que o traço de b sôbre x, o ponto B, estará sôbre fa, traço
de a sôbre rr, antipolar de A, que é· o traço de a sôbre x, em
relação ao círculo de distância. Conclui-se que os pontos A
e B são antirrecíprocos na antipolaridade em relação ao círcu-
de distância. Recíprocamente, dois pontos nessas condições
definem duas retas da estrêla que são ortogonais entre si.
Seguindo o mesmo raciocínio, concluimos que se dois
planos a e f3 são ortogonais, então, cada um dêles contém
uma perpendicular ao outro, e assmi, os traços de dois planos
da estrêla, perpendiculares entre si, são retas auto-conjugadas
na antipolaridade em relação ao círculo de distância, e recipro-
camente.
Um triângulo se diz auto conjugado na antipolaridade
em relação ao círculo de distância se cada um de seus vértices
for o antipolo do lado oposto (ou, o que é a mesma coisa, se
cada lado for a antipolar do vértice oposto).
Para finalizar esta parte queremos apenas observar
que se cortarmos a estrêla por um plano passando por V (o
plano AVP, por exemplo, da figura 19), iremos estabelecer
sôbre êsse plano uma involução circular, através de sua in-
terseção com os diversos planos ortogonais da estrêla.
/

TíTULO 2
ORTOGONALIDADE
NO SISTEMA
BI-PROJETIVO ORTOGONAL
DE MONGE
CAPÍTULO I
Projeção ortogonal doãngulo reto

As propriedades geométricas que fluem dos conceitos


de ortogonalidade entre retas, retas e planos e entre planos,
estudadas no capítulo I, do Título I, desta monografia, são,
evidentemente, gerais e independem dos sistemas de projeção.
Todavia, ao analisarmos os problemas de sua representação
em projeção, importa considera-Ias face às condições intrinse-
cas do sistema em que se vai operar gràficamente, já que o
fenômenoprojetivo, por depender da espécie do polo e da
situação do plano de projeção, apresenta particularidades mé-
tricas, características de cada sistema, que cumpre sejam pre-
liminarmente indicadas.

A questão fundamental que se põe, logo no limiar dês-


se estudo, é a de saber-se.
como, dentro da estrutura de cada sistema, se projeta
um ângulo reto?
e seu corolário óbvio:
em que circunstância o ângulo reto se projeta sôbre um
plano segundo outro ângulo reto, ou, em outras pal,avras,
quando a ortogonalidade de duas retas permanece ou sub-
siste em projeção? ~

É claro que, para cada sistema, teremos r espostas di-


ferentes para essa pergunta inicial, sendo certo podemos afir-
mar, quase como um axioma, que:
em geral, um ângulo reto do espaço não se projeta se-
gundo outro ângulo reto,
proposição que será objeto de análise mais detalhada nas li-
nhas que se seguem.
Nêste Título II, em que, agora, estamos penetrando,
Sistema bi-projetivo

trataremos dêsses problemas no sistema bi-projetivo ortogonal.


Porque O· àngulo reto pode assumir diferentes posições relati-
vamente ao plano de projeção, somos conduzidos, nos pará-
grafos seguintes, a formular tôdas as hipóteses possíveis em
projeção ortogonal.

1. Caso geral

Corresponde à hipótese que considera .sejam:


os lados do ângulo reto oblíquos em relação ao plano de
projeçêo.

Na figura 22 mostramos o ângulo reto AIOBI> que se


admite projetado ortogonalmente sôbre o plano de projeção
Jrl> segundo o ângulo
AlOIBI_
." Dada a obliqui-
dade dos lados em re-
lação ao plano de pro-
-jeção, provaremos que
o ângulo AIOIBI > n/2,
isto é:
Figura 22

nêsse caso, o ângulo reto se projeta segundo um ângulo


obtuso.

o ângulo reto é, aqui, defi.(lido pelas semi-retas OAI e


OBI, cujos traços, sôbre Jrl> respectivamente, AI e BI' perten-
cem ao ângulo AIOlBl-

Construamos, então, no plano AIOBI> a reta OMl, or-


togonal a AIBl- Esta é a reta de maior declive em relação
ao plano Jr do plano AlOBI_ A reta OIMI> projeção ortogo-
nal de OMl, é perpendicular a AlBl, porque está situada no
plano OOlM!> definido por OM}> perpendicular a AIA!> por
construção, e pela reta 001, perpendicular a AIBI> porque or-
togonal a Jrl- Então, o plano OOlMI é perpendicular a AIBI
e, assim, AIBI> ortogonal a OIMI-

----------
Caso geral 45

Os triângulos OMIAI' OIMIAl> OMIBI e Ol~l são,


portanto, retângulos em MI' Dêsses triângulos tiramos, ime-
diatamente:
OM1 tg f3 = OM1 (3)
tg a (1);
= AIMI MIBI

OIMI OIMI (4)


tg ai == (2); tg f31 = MIBI
AIMI

Comparando (1) com (2) - e (3) com (4) - e observando


-- ---
que OMI > OIM!> conclui-se

tg a > tg ai ou
(5)
tg fJ > tg fil ou
Somando-se membro a membro as desigualdedes (5)
tem-se:
a + li> a. + fJI
x ~
Como a + f3 = ~,decorre a. + fJI < 2'
Logo, no triângulo AIO.B., pode-se escrever:
AIÔIBI = tr - (aI + fJ]) ou

Examinemos, agora, a mesma figura 22. O ângulo


B]OC, formado pelas semi-retas OB. e OC (esta prolonga-
mento de OA1) é também reto, e se projeta segundo B101C1,
no qual O]CI é prolongamento de OIA r-
~ ~
Se, como provamos, A10.Bl > 2' então: B.01C1 < 2'

Ainda a figura 22 mostra-nos que:

a) COD = ~, e oposto pelo vértice a A10B1


46 Sistema bi-projetivo

lr
"2' e oposto pelo vértice a B10C;

Verifica-se, por isso, que um ângulo reto pode tam-


bém se projetar segundo um ângulo agudo, Como distinguir,
pois, êsses dois casos? ° exame da figura 22 esclarece que:
a) no caso do ângulo AIOB1 ,os traços AI e BI' das
semi-retas OAI e OBI' sôbre lrJl pertencem ao ângulo
AIOIBI;
b) no caso do ângulo COD, os traços AI e BI' das se-
mi-retas OC e OD, sôbre :rI, não pertencem ambos
ao ângulo CIOIDI;
c) no caso dos ângulos BIOC e A10D, nota-se que
apenas um dos traços das semi-retas que definem o
ângulo do espaço pertence ao ângulo-projeção (Bj,
para BIOC e AI, para AIOD).
Assim se distingue quando um ânguulo reto se projeta
segundo ângulo obtuso e quando se projeta segundo ângulo
agudo.

Poderiamos denominar, para facilidade de exposiçao,


os ângulos retos, que se projetam ortogonalmente segundo ân-
gulos obtusos, de ângulos retos de Ia espécie. Os que se pro-
jetam segundo ângulos agudos, seriam ângulos retos de 2a es-
pécie.
* * *
Consideremos, agora, a épura da figura 23. Admiti-
mos, no plano de topo a, o ângulo reto AOB, cujo vértice
está em OIl O2 e que se projeta horizontalmente segundo o
ângulo obtuso AIOIBI.
Caso geral 47

Imaginemos, a seguir, que o plano a gire em tôrno


de seu traço horizontal an r.
mantendo o ângulo reto po-
sição invariável no plano, en-
quanto se desloca com o pla-
no. Ao assumir a posição {3
(traço horizontal {3lrI==a.71 e
traço vertical {3lr2),o vértice
terá sua nova projeção hori-
zontal em 03 e sua nova pro-
jeção vertical em O~.
É Claro que, na me-
dida em que aumenta a in-
clinação ((J do plano de topo,
o ângulo em 01, em 03, etc
também aumentará. Atingi-
rà seu máximo quando a tor-
nar-se perpendicular a lrI (no
caso, de perfil) e alcançará
seu mínimo quando a ==lrI,
isto é, quando a se rebater u }'(, == (J .rr,
sôbre si 1, O campo de vari-
Figura 23
ação de AÔB é, pois, de 9Qo
a 180°.
Analisemos, também, a
a variação d o ângulo r e t o
BOC, que se projeta horizon-
talmente segundo o àngulo
agudo BIOiCI.
Quando a==lrlt BIOIC1
= lr/2. A partir dessa posi-
ção e à medida que ((J cres-
ce, êsse ângulo diminui até
tornar-se 00, quando a assu- Figura 24

mir a posição de perpendicular a Jl'l' O campo de variação é,


assim, de 90° a 0°.
48 Sistema bi-projetivo

2. Casos particulares

Depois de examinado o caso geral, em que se supõe


serem os lados do ângulo reto inclinados em relação ao pla-
no de projeção, estudemos os casos particulares.

Formulemos, então, a hipótese:

um dos lados do angulo reto é paralelo ao plano de pro-


jeção, sem que o outro seja perpendicular a êsse plano.

As propriedades que resultam desta hipótese - na qual


um dos lados se coloca em posição particular em relação a 1[ 1
- são importantíssimas para a análise dos problemas clássicos
da ortogonalidade no sistema mongeano. Aquí se responderá
ao corolário que estabelecemos da questão fundamental pro-
posta logo no início dêste Título. Prova-se-à, então, que o
angulo reto se projeta, nêsse caso, segundo outro ângulo reto.

Na figura 24 representamos duas retas ortogonais a e


b, que se projetam em al e b1, sôbre 1[1' b sendo, por hipóte-
se, paralela a .TI> e, por isso, paralela a b1•

o plano projetante de a sôbre :TI' contém AA), pro-


jetante de um ponto A, qualquer, de a. Logo, bebi são
perpendiculares a êsse plano projetante e, portanto, a ai'
Donde o:

Teorema - Se duas retas do espaço são perpendiculares, suas


projeções ortogonais sôbre um plano paralelo a uma delas-
e não perpendicular à outra - são também perpendiculares.

Ocorre, imediatamente, a demonstração, também sim-


ples da:

Recíproca - Se duas retas perpendiculares têm suas pro-


jeções sôbre um plano segundo retas perpendiculares, pelo mes-
nos uma delas é paralela ao plano de projeção.

Ainda a figura 24 nos conduz à demonstração. Se bl


é perpendicular al (por hipótese) e a AAl (por construção),
Variação da projeção 49

então b, como bl> será perpendicular ao plano (a;, AA1), Lo-


go, b perpendicular a a.
É claro, pois, que, se os dois lados do ângulo reto, fo-
rem paralelos ao plano de projeção, a ortogonalidade do espa-
ço, por mais forte razão, persiste em projeção.

,.,
,..,------- ........
,., .•..
.-
"
/ ""

,
I

,,
I

B.

Figura 25
50 Sistema bi-projetivo

3. Variação da projeção de um ângulo reto

No ítem 1, dêste capítulo, tivemos oportunidade de es-


tudar a variação da projeção de um ângulo reto, admitindo-o
fixo sôbre um plano e imprimindo a êste uma rotação em
tôrno de seu traço sôbre um dos planos de projeção.

Agora exploraremos outro filão. Conservaremos fixo


o plano do ângulo reto e iremos girar êste ângulo, sôbre o
plano, em tôrno de seu vértice. Para as diferentes posições
que, nêsse movimento, toma o ângulo reto corresponderão
diferentes ângulos em projeção. Analisaremos sua variação,
identificando aquelas posições do ângulo reto para as quais
os ângulos-projeção atingem seus valores máximo e mínimo.

Há que distinguir, desde logo, os dois casos a que fi-


zemos referência no ítem 1, acima citado: ângulos retos de 1a
e 2a espécie.

Comecemos pelos de 1a especie. Para facilitar o tra-


tamento matemático, vamos supor o ângulo reto situado sô-
bre um plano de topo, que se rebate, posteriormente, sôbre
o de projeção Jl'r, aparecendo, assim, em verdadeira grandeza,
o ângulo reto em suas diversas posições, por fôrça do giro
que sofrerá em tôrno de seu vértice O. É o que está feito,
preliminarmente, na épura da figura 25. O vértice se proje- I
ta em 01, O2, rebatido em (0)111'

Uma das posições do ângulo reto é a que se mostra,


no rebatimento, segundo A1(0)7I'1 Bj, e que se projeta sôbre
.:TI, segundo A101B1. Imaginemos, agora, uma circunferência
de centro O, raio arbitrário, situada no plano do ângulo reto.
Essa circunferência, que encontra o ângulo reto A10B1 nos
ponto I e J, projeta-se sôbre Jl'1 segundo uma elipse, cujos ei-
xos imediatamente podem ser determinados, e, assim, cons-
truida, sem dificuldade, a curva. As semi-retas que constituem
os lados do ângulo reto transformam-se, por afinidade, em
semi-diâmetros conjugados da elipse. Para o ângulo AIOB1,
êsses semi-diâmetros são OIJI e 0111,
Variação da projeção 51

A pesquisa da variação do ângulo-projeção vai se re-


duzir, portanto, à pesquisa da variação do ângulo de dois di-
âmetros conjugados de uma elipse, problema que a Geometria
Analítica resolve com simplicidade.

A seguir, realizaremos êsse estudo acompanhando o


processo encontrado no "Cours de Geometrle- Analytique",
de B. Niewenglowski, tomo II, 2a edição, 1911 - páginas 204 e
seguintes.

Façamos as seguintes convenções:

aI " 1B1 = CINJO


OIA "
I
"
(31= 01BIAl = C1"PIOI

iJ1 = A1ÔIB1

Os triângulos retângulos 0lC1N1 e 0IC1P1 nos dão,


tal como vimos artenormente:

notando-se que:

Como, na épura da figura 25:

e:

resulta:
52 Sistema bi-projetivo

Mas EIFI é o eixo maior da elipse (portanto, diâmetro


da circunferência em verdadeira grandeza) e OICI é o eixo
menor. Se fizermos, para simplificar a notação,

EIFI = a e OICl = b
teremos, finalmente:

(1)

De outra parte, do triângulo AIO}Bl' tira-se:

ou, tomando-se a tangente trigonométrica e aplicando propri-


edade conhecida:

que se desenvolve conforme a expressão trigonométrica, tam-


bém conhecida:

Fazendo-se, nela, as substituições convenientes, tendo


em vista a fórmula (1) acima:

tg a,

ou

(2)

A medida que fizermos girar o ângulo reto sôbre seu


plano, os ângulos al, i31 e f)l variarão .. A relação que liga
Variação da projeção 53

êsses elementos é a expressão (2), que acabamos de determi-


nar, com os recursos da Matemática Elementar. Nessa fração,
que nos dá tg DI em função de tg aI> só o numerador depen-
de de tg aI>já que no denominador apenas aparecem constan-
tes. Esta análise dependerá, pois, do numerador.

Façamos, então, ai variar a partir de O crescendo até


+ eo e acompanhemos a variação de tg DI é de DI'

Ia hipótese

o logo a) = O
resulta:
tg 1~1 = ce logo (}l = 900

Admitir ai = O corresponde a deslocar o ponto AI para


o infinito, resultando f}l reto. a lado aiA) torna-se paralelo
a ax, e alBI coincide com aIMI' Um dos lados do ângulo
reto tornou-se paralelo ao plano de projeção lrl. Sua projeção
conservou a ortogonalidade.

2a hipótese:

ec então a) = 900
logo:

Admitir ai = 90° é fazer com que Ai coincida com


M» então BI torna-se impróprio. a lado Oj B, fica paralelo a
alrl e o ângulo reto, como na hipótese anterior, possui um de
seus lados paralelos ao plano de projeção.

Como o àngulo f}) é obtuso, no caso geral, verifica-se


que entre essas duas posições o, cresce de 900 (Ia hipótese
ai = O) até atingir seu valor máximo - que vamos identifi-
car - para decrescer até atingir novamente 900.
a máximo de f}2' que corresponde ao mínimo de tg f}1
(já que essa linha trigonométrica é negativa e o arco perten-
54 Sistema bi-projetivo

ce ao 2° quadrante), se obtem ainda por meio da expressão


(2). O mínimo de tg 6) é aquêle que minimiza o numerador
da fração, que é uma soma de duas parcelas.

Sabe-se de Álgebra que, quando o produto das parce-


las fôr constante, o mínimo da soma ocorre quando essas par-
celas forem iguais. Ora, o produto de:

é evidentementeconstante, por ser igual a b2/a2, portanto, o


mínimo da soma e, logo, o mínimo de tg 6. e, consequente-
mente, o máximo de ()I, se verificará quando

donde:
b
tg a) = tg fJ) (3)
a

Interpretemos, agora, êste resultado voltando à épura


da figura 25. Consideremos o retângulo GIH)KIL) circunscri-
to à elipse-projeção, e, nêle, os triângulos OIC)G) e O)C)L)
formados pelas semi-diagonais O)G) e O)L) com o lado GIL"
temos:

e
A
OICI b
tg OJL)G)
C)L) a
Então, quando:
A A

a) = OJGJL) = fJ) O)L)G1


. o ângulo:
Variação da projeção 55

terá atingido seu valor máximo.

Neste caso, os lados do ângulo reto do espaço forma-


rão com aat , ângulos de 450.

Em resumo: um ângulo reto de 1a espécie, girando sô-


bre um plano fixo em tôrno de seu vértice, se projeta segundo
ângulos obtusos, cujo valor máximo é atingido quando os lados
do ângulo reto fizerem ângulos iguais (e iguais a 450) com o
traço horizontal de seu plano, e cujo valor mínimo (igual a 900)
é atingindo na posição limite em que um dos lados do ângulo
se torne paralelo ao plano de projeção. São medidos êsses va-
lores limites pelos angulos que entre si fazem as diagonais do
retângulo circunscrito à elipse-projeção da circunferência que
corta o ângulo reto em suas diversas posições.

Examinemos, agora, o que ocorre com os ângulos re-


tos de 2a espécie. Como se sabe, êstes são adjacentes aos de
1a espécie e se projetam segundo ângulos agudos. Evidente-
mente, a variação de sua projeção acompanha à do ângulo
l'll' do qual é suplementar.

* * *
Assim, quando a1 = 0,iJ1 = 90°, como vimos. Logo,
o adjacente, de 2a espécie, O2 = 90°, também. Quando ai =
= 90°, {}I = 90° e O2 = 90°. Isto quer dizer que O2 decresce
de 90° (quando ai = O) até um mínimo - que vamos deter-
minar- para crescer, a seguir, até atingir, novamente, 900.

Ora, como {}I e O2 são suplementares, o mínimo de iJ


2
corresponde ao máximo de iJ1• Este mínimo ocorrerá, portan-
to, quando:

ou
,~l2
U = H I OA I G 1

Neste caso, os angulos de 45° que os lados do ângulo


reto formam com ast 1 serão marcados por um dos lados dêsse
ângulo e pelo prolongamento do outro.
56 Sistema bi-projetivo

o maxtmo do angulo reto de 2a espécie será atingido


na posição limite para a qual um de seus lados se torne pa-
ralelo ao plano de projeção.

* * *
o valor de iJ1 máximo: Para obter-se tal valor basta
substituir na expressão (2) o valor de tg aI dado em (3) e
que torna máximo tg iJ1.

Então:

(4)

Como b. é a projeção ortogonal de a sôbre ar l'


b = a. cos tp
onde rp é a inclinação do plano que contém o ângulo reto.
Mas, para cada plano êsses parâmetros a e b são constantes.
Para cada valor de tp, há um valor máximo para {)1'
e, claro está, um mínimo para {)2' sabendo-se, convém insistir,
que o mínimo de o, é sempre 90° e o máximo de (}2' sem-
pre, 90°.

Problema: Dados um plano a e um ponto O dêsse plano, de-


terminar as projeções de um ângulo reto do plano cujo vér-
tice é o ponto O, de tal forma que seus lados, em projeção ho-
rizontal, formem um ângulo dado.
É evidente que o ângulo dado deve situar-se entre os
valores limites que, para cada espécie de ângulo reto, tivemos
ensejo de identificar linhas atrás. Conhecido o plano - e, por-
tanto, sua inclinação rp - êsses valores limites imediatamente
se determinam pelo simples exame da épura ou, se necessário,
podem ser calculados por meio da expressão (4), dada anteri-
ormente.

Na figura 26 admitimos de topo o plano sôbre o qual


gira o ângulo reto em tôrno de seu vértice O. O problema
Variação .da projeção 57

pede que se construam as projeções de uma das posiçoes


dêsse ângulo reto, tal que seus lados, em projeção horizontal,
formem um ângulo dado.

Q, B,=,C.=F,
I
N. ,I
II

,- " "- ,
,- " , O."'G."'H,
/
I M, I
I
I
I
I
I

,,
+

R,

(F)Jt,

\(Mh,
\
\
\
\
,,
\
\
\
\
\
\
\
\
\
\
\

S,

Figura 26

Seja [)l êsse ângulo, que, por hipótese, é obtuso e,


claro, menor do que A10IBl. O ângulo reto que se projeta
segundo tJ1, é, pois, de Ia espécie.
58 Sistema bi-projetivo

° problema que agora se~apresenta é clássico em Geo-


metria. Trata-se, na verdade, de construir dois diâmetros
conjugados da elipse de centro 0, e eixos G1H] e EIFl! que
formem entre si o ângulo 'lJ1•
Para isso, sôbre um diâmetro qualquer da elipse -
por exemplo, um dos eixos, como se fez na figura 26, toman-
do-se o eixo GIHI constroi-se o segmento capaz do' ângulo 'lJ1•
A circunferência correspondente tem para centro o ponto I e
passa pelos pontos GI e HI. Se os dados forem compatíveis
(isto é, 61 dentro dos limites já fixados), a circunferência
assim determinada corta a elipse em dois outros pontos J e
K. Consideremos um dêles, J, por exemplo. As retas JG1
e JH1 são cordas suplementares da elipse e, obviamente, fazem
entre si o ângulo {)I. Pelo centro 01 da elipse traçam-se pa-
ralelas a JGI e JH1, que são os diâmetros conjugados NI01MI
e PIO]Ql! para os quais, evidentemente, M10IPI = 61• Na fi-
gura 26, fizemos o rebatimento dêsse ângulo para completar
a épura.
Se adotássemos a solução K, procederíamos igualmen-
te e iríamos determinar outro sistema de diâmetros conjuga-
dos, também solução do problema. Para não sobrecarregar a
épura dispensamo-nos de indicar, nela, esta 2a solução.
É claro que, ao mesmo tempo, resolvemos o problema
que corresponde a dar 'um ângulo {)2' agudo, suplementar do
primeiro, ângulo êsse que é a projeção de um ângulo reto de
2a espécie.
CAPITULO II
Problemas clássicos de ortogonalídade
Estudados os problemas fundamentais da projeção or-
togonal do ângulo reto situado em um' plano, através de tô-
das as hipóteses formuladas no capítulo anterior, cabe, agora,
considerar os chamados problemas clássicos de ortogonalidade
entre reta e plano, entre planos e entre retas.

1. Reta e plano ortogonais


10 Problema: Trata-se de determinar a reta que, passando por
um ponto dado, é perpendicular a um plano dado.
O ponto pode pertencer ou não ao plano. Do ponto
de vista descritivo não há diferença no tratamento geométri-
co da questão. Costuma-se, no entanto, introduzir pequena
modificação no enunciado: no 10 caso, diz-se elevar a perpen-
dicular em um ponto dado do plano; no 20 caso, diz-se bai-
xar do ponto a perpendicular ao plano.

De outra parte, o plano P, n n,

pode ser dado por seus traços


ou por duas retas concurrentes
(a que se reduzem, aliás, todos
os outros casos de determina-
ção de um plano). Também
não há diferença no tratamento
descritivo dessas duas hipóte-
ses.
Sejam, portanto, na fi-
gura 27, o plano a, genérico, da-
P,
do por seus traços aJT 1 e aJT 2 e o
ponto P dado por suas duas pro- Figura 27
jeções PIe P 2' Por P passará
a reta p, perpendicular a a. Por ser perpendicular a a, p é
60 Sistema bi-projetivo

perpendicular a tôdas as retas de a (item 2, capítulo I, Títu-


lo I), logo, é perpendicular a ax, e a ax; Como a 11:1 é do
plano 11:1> a ortogonalidade entre p e a1l:1 se projeta segundo
uma ortogonalidade entre PI (projeção horizontal de p) e a1l:1'
sôbre 11:1 (ítem 2, capítulo I, título I). Pela mesma razão, p~
(projeção vertical de p) é perpendicular a aa ;
Basta, por isso, de PI traçar PI perpendicular a a11:I
e de Pz, a perpendicular P2 a ax ;
Se o plano fosse dado por duas retas concurrentes
(em ponto próprio ou impróprio), bastaria notar que as hori-
zontais de a se projetam horizontalmente segundo paralelas
a ax, e as frontais se projetam verticalmente segundo para-
lelas a ax ;
De outra parte, se PI é perpendicular a an, então p
também é perpendicular a aa. Se pz é perpendicular a a1l:2,
segue-se que p é perpendicular a an 2' Assim, p sendo per-
pendicular, ao mesmo tempo, a duas retas de a é perpendicu-
lar a a (teorema 7, ítem 2, capítulo I, Título I).
Daí o conhecido Teorema:
Para que uma reta e um plano sejam perpendiculares é
condição necessária e suficiente.
lOque a projeção horizontal da reta seja perpendicular
ao traço horizontal do plano ou à projeção horizontal
de uma horizontal dêsse plano;
2° que a projeção vertical da reta seja perpendicular ao
traço vertical do plano ou à projeção vertical de uma
frontal do plano.
Na figura 27 determinamos o pé I da perpendicular p
sôbre a e fizemos a pontuação da épura supondo opaco o pla-
no a. A mesma épura serviria para ilustrar o problema de
se elevar pelo ponto I a perpendicular ao plano dado.
Casos particulares
1° Se o plano fôr de topo a perpendicular será uma reta
frontal;
Reta e plano ortogonais 61

2° Se o plano fôr vertical a perpendicular será uma reta


horizontal;
3° Se o plano fôr horizontal, obviamente, a perpendicu-
lar é vertical e se o plano fôr frontal a perpendicular
será de topo;
4° Se o plano fôr de perfil, a perpendicular é [ronio-ho-
rizontal;
5° Se o plano contiver a linha de terra ou a ela for pa-
ralelo, a perpendicular é de perfil.

* * *
Para analizar detalhadamente o caso em que o plano
é paralelo à linha de terra, vamos definir as duas hipóteses
que podem ser formuladas, embora, gràficamente, as soluções
se desenvolvam de maneira análoga.
a) o plano é de sentido direto:
Seja, na figura 28 P, 11
o plano a, paralelo à li- ......... ,•...,
nha de terra, de sentido p,
,,
direto, e o ponto P. O te- \
,
I, \
,,
orem a anterior, evidente-
,
mente, prevalece, e, assim, , I

as projeções Pl e P2 da : I,
I

-' I;
perpendicular p resultam
perpendiculares à linha de
terra. A perpendicular p -
P t

é, portanto, de perfil. Pa-


ra caracterizá-Ia em épura
II ::-
é preciso que lhe seja de-
Figura 28
terminado mais um ponto,
além de P. Na figura 28 fizemos essa determinação recor-
rendo à 3a projeção sôbre um plano perfil, obtendo, dêste
modo, P'2' a:JC'2, e, por fim, P'2 e 1'2. A seguir, identificamos
11 e 12'
Verifica-se que um ponto móvel que se desloca sôbre
p no sentido de P para I, terá sua projeção horizontal eví-
62 Sistema bi-projetivo

dentemente deslocando-se de P1 para 11 e sua projeção ver-


tical de P2 para 12• Verifica-se, ainda, que o sentido do mo-
vimento de P1 para 11 - quando o ponto móvel se desloca de
P para I - é inverso ou discorde do sentido do movimento
de P2 para 12•
b) o plano é de sentido inverso:
Na figura 29 repe- 0-:-
11
timos o problema, admi-
an,
IP,
Pt: -- ,,
tindo, porém, o plano a ,,
de sentido inverso. A so- r, ,
fI."!t \
\
lução foi determinada tal \
,,
como no caso a n t e ri o r . I 1C1·:tr,

Todavia, vê-se que o sen- ~,


tido do movimento, acima
caracterizado, de P 1 para
lI, é o mesmo que o de P2
para 12 - diz-se que o
movimento nas duas proje- e

ções tem sentido concorde. Figura 29

Nota-se, ainda, que considerando-se a opaco, a visibi-


lidade de p, nas projeções Pl e P2' é, na hipótese a), o que
também poderíamos chamar concorde. Na hipótese b), essa
visibilidade é discorde. Em outras palavras, na Ia hipótese,
o segmento PI tem, em suas duas projeções no 10 diedro, a
a mesma visibilidade e tem, na 2a 11
-v,
hipótese, visibilidade diferente. i
:1,
c) o plano é bissetor dos diedros
fundamentais.
,,, o v;
Destacamos esta hipótese I

para ressaltar as peculiaridades que t r,


apresentam, em suas projeções, as
retas que são perpendiculares aos
t P
,
H, (113

planos bissetores dos diedros funda-


mentais. Êsse problema foi objeto II ;t
de estudo especial no trabalho do F~gu1"a 30
p

Reta e plano ortogonais 63

saudoso Prof. Roberto Muniz Gregory - "Representação da


linha reta" - monografia que apresentou à Congregação da
Escola Nacional de Belas Artes, da Universidade do Brasil,
em 1952, para provimento da cadeira de "Geometria Descri-
tiva", de que foi eminente Professor Catedrático e cuja su-
cessão, agora, temos a honra de disputar.
Seja dado o ponto P pelo qual se propõe traçar a
perpendicular ao bissetor dos diedros ímpares. Na figura
30 fizemos a mudança de plano vertical indicada - isto é,
a
construimos a 3 projeção do conjunto sôbre um plano de
perfil em relação a .7[1 e .7[2'
A perpendicular por P é, pelo que já vimos, uma reta
de perfil, inclinada de 45° sôbre os planos de projeção. Cha-
memos:
(cota do ponto P)

(afastamento do ponto P)

De outra parte:

(afastamento do traço horizontal da reta


penpendicular)

(cota do traço vertical dessa reta)

Como o triângulo retângulo H'20V'2 é isósceles, õbvi-


amente:

o que acarreta:

Além disso, temos, na mesma figura:

OM + MH'2 = ap + Cp (já que MH'2 P'2M)

e também:
64 Sistema bi-projetivo

OV'2 = ON + NV'2 = ap+cp

Daí o teorema formulado pelo Prof. Gregory na pg. 21


da citada monografia:

"A soma algébrica da cota e afastamento de ponto gené-


rico de reta perpendicular a {J1J3 é igual à cota de seu traço
vertical ou ao afastamento de seu traço horizontal.
Esta propriedade permite determinar a reta perpendi-
cular ao bis setor citado sem jiecessídade de recorrer à 3a
projeção. Basta marcar sôbre a projetante de P:

QU

observando, todavia, que o bissetor dos diedros ímpares é um


plano de sentido inverso, logo a perpendicular terá suas proje-
ções com sentido acorde, e que os dois traços são, assim, simé-
tricos em relação à linha de terra.

Do próprio enunciado

r~.
P, {lU
do teorema tira-se a conclusão
de que a cota e o afastamento
a v, - H,
I
do ponto dado são números
I

:HSaV1 algébricos, cujo sinal dependerá


do diedro a que pertença o re-
ferido ponto.

I No caso da perpendicu-
~
Q. lar ao bis setor dos diedros pa-
II ="
res, chega-se à solução do pro-
Figura 31
blema por meio do mesmo ra-
ciocínio geométrico que acaba de ser desenvolvido. Note-se,
porém, que o bissetor dos diedros pares é de sentido direto e
que, por isso, a perpendicular terá suas projeções com sentido
discorde. Além disso, os dois traços dessa reta têm suas pro-
jeções de nomes contrários coincidentes.
Reta e plano ortogonais 65

Na épura da figura 31 ilustramos êsse caso, traçando


por (P 1 , P 2) a perpendicular ao bissetor dos diedros pares. O
exame desta épura, no entanto, mostra que a cota do traço
vertical e o afastamento do traço horizontal da reta perpendi-
cular ao bissetor dos diedros pares é igual à diferença algébri-
ca entre a cota e o afastamento do ponto dado, e que, como
dissemos, os dois traços dessa reta têm suas projeções de nomes
contrários coincidentes.
Na figura 31, a perpendicular, passando por P, está
caracterizada por seus dois traços. A diferença entre a cota
e o afastamento de P foi determinada gràficamente em P1Q1'
Essa diferença é, evidentemente, positiva; logo V2 estará aci-
ma da linha de terra e tal que:

2° Problema: Cuidemos, agora, de determinar o plano que,


passando por um ponto dado M, é perpendicular a uma reta
dada a.

Claro que o ponto pode pertencer ou não à reta. A


operação descritiva não apresenta diferença.
Na figura 32 represen- •..
tamos a reta a, génerica, e o a, T;,-' ,,--"-;-' _ •..•• M,
h,
ponto genérico M. O plano a
procurado será definido por
• Ir •. XI
seus traços.
Por fôrça do que vimos
anteriormente, basta construir
a horizontal h, do plano a, cor- Figura 32
respondente ao ponto M. Essa
reta terá sua projeção horizontal h, perpendicular a aI' Pelo
traço vertical T2' de h passa aJC2' que é perpendicular a a2'
Completa-se a épura traçando-se aJCl paralela a h.,
Casos particulares
1°) se a reta for frontal, aplano perpendicular é de topo;
- - - ---- - -

66 Sistema bi-projetivo

2°) se a reta for horizontal, o plano perpendicular é ver-


tical;
3°) se a reta for vertical, àbviamente, o plano perpendi-
cular é horizontal, e se a reta for de topo, o plano é frontal;
4°) se a reta for fronto-horizontal, o plano é de perfil;

5°) se a reta for de perfil, o plano perpendicular con-


tém a linha de terra ou lhe é paralelo.

2. Planos perpendiculares entre si.


Como dissemos no ítem 3, Capítulo I, do Título I, há
infinitas jazidas ortogonais a um plano dado a, tôdas elas con-
tendo o polo impróprio ortogonal a 'a. Basta, pois, para que
um plano seja perpendicular a outro, que contenha uma
reta perpendicular a êsse outro. Impor apenas esta condição
é, portanto, deixar o problema com solução indeterminada.
Qualquer plano que contenha as retas p das épuras das figuras
27, 28, 29, 30 e 31 é, pelo que ficou dito, perpendicular aos
planos a (ou bissetores) nelas indicados. Daí a conclusão
descritiva: Não há necessàriamente qualquer particularidade
entre os traços de dois planos genéricos ortogonais entre si.

Casos particulares

1 a) Consideremos, na
figura 33, o plano a, genérico,
e a reta p, que lhe é perpen-
dicular. Consideremos, a s e-
guir, um dos planos projetantes
,,?fI • :rei de p, o plano {J, por exemplo,
vertical, que a projeta horizon-
talmente. Está claro que Pl ==
== {JJ'Cl' Nêste caso, {J, ortogonal
a a, tem seu traço horizontal
{JJ'Cl ortogonal a ax;
Reciprocamente: se ti-
Figura 33 vermos dois planos a e {J tais
Planos perpendiculares 67

que a, qenerico, e {3, vertical, e tais, ainda, que ax, seja perpen-
dicular a {3Jrl! então a é ortogonal a {3. De fato: se aJrI é per-
pendicular a {3Jrll o plano a contém uma reta perpendicular (aJrI)
ao plano {3 ({3 é vertical e ast-, horizontal), logo a ortogonal a {3.
o mesmo raciocínio poderíamos desenvolver se, ao
invés do plano vertical projetante horizontal de p, considerás-
semos o plano de topo projetante vertical dessa reta. E, as-
sim, provaríamos que se aJr2 for perpendicular a yJr2 (y, o
plano de topo mencionado) a e y serão ortogonais e více-
versa.
2°) Vale essa mesma conclusão para o caso em que
tenhamos dois planos verticais, a e {3, tais que ax, seja orto-
gonal a /iJrI' Ou dois planos de topo a e {3, tais que aa, e
{J:r2 sejam ortogonais.

3°) Planos perpendiculares aos bissetores.

Temos de distinguir as duas hipóteses conhecidas:


a) bissetor dos diedros ímpares:

Na épura da figura 34
representamos uma reta per-
pendicular ao bissetor dos die-
dros ímpares. Seu traço hori-
zontal é simétrico do vertical

V
em relação à linha de terra.
Qualquer plano que contenha
I essa reta responde à condição
de ser perpendicular ao bisse- H,
{\~'\

I1 tor considerado. O traço hori-


zontal dêsse plano, aJr1, passa-
rá por HI e seu traço vertical
Figura 34

por V2' Conclui-se, então: um plano perpendicular ao bissetor


/
dos diedros ímpares tem seus traços simétricos em relação à
linha de terra.
É óbvio que os planos de perfil são, também, perpen-
diculares ao bissetor dos diedros ímpares.

,I
68 Sistema bi-projetivo

b) bissetor dos diedros pares.

Na figura 35 representa-se uma reta perpendicular ao


bissetor dos díedros pares. As projeções de nomes contrários
de seus traços, como se sabe, coincidem.
Sem maiores detalhes - por-
que, já agora, desnecessários - po-
demos concluir que: um plano per-
pendicular ao bissetor dos diedros pa-
res tem seus traços sôbre a mesma reta.

4°) Um plano de perfil é sempre


perpendicular:

Figura 36 a) aos dois bissetores dos diedros


fundamentais;
b) aos planos contendo a linha de
terra ou a ela paralelos.

3. Retas perpendiculares entre si


Por fôrça do que ficou exposto no Capítulo I, do Tí-
tulo I, a ortogonalidade entre retas se resolve em têrrnos de
ortogonalidade entre reta e plano e de ortogonalidade entre
planos.
Em geral, a determinação dos problemas de ortogona-
lidade entre duas retas exige outras condições além daquela
que impõe seja reto o ângulo que elas formam entre si. As-
sim, se tivéssemos de construir uma reta pertencente a um
ponto e ortogonal a outra reta, deveríamos acrescentar outra
condição para que o problema geométrico resulte determinado,
isto é, apresente número finito de soluções. Passar uma reta
por um ponto obrigando-a a ser ortogonal a uma outra é pro-
blema indeterminado, pelo que vimos no citado Capítulo I, do
Título L Poderíamos estabelecer, além da exigência da orto-
gonalidade em relação a uma reta dada, que a reta solução
atendesse, por exemplo, a uma das seguintes hipóteses:

1a) encontrar a reta dada;


Retas perpendiculares entre si 69

2a) encontrar uma 2a reta genérica;


3a) ser paralela a um plano genérico;
4a) ser perpendicular a uma 2a reta.
a) O problema que corresponde à Ia hipótese, acima
formulada, tem solução única, a que se atinge por meio de
dois processos descritivos. O 1° processo consiste em seguir
o que poderíamos chamar método geral: a reta procurada é
determinada pelo ponto dado e pelo traço da reta dada sôbre
o plano que por aquêle ponto se traça ortogonalmente a esta
reta. O 2° processo consiste em rebater-se o plano definido pe-
lo ponto e reta dados sôbre um dos planos de projeção ou
sôbre um dos planos a êstes paralelos. A perpendicular se
traça no rebatimento, já que o ângulo reto assim se apresen-
ta em verdadeira grandeza. Ao mesmo tempo, obtem-se,
também em verdadeira grandeza, a medida da distância do
ponto à reta.
Na figura 36 está cons- P,
A~,,~-----,----~---
truida a épura do problema,
resolvido de acôrdo com o' ro-
teiro indicado para o 2° pro-
cesso. Fizemos o rebatimento
do plano (P, r) sôbre o plano
-.. _--'"
horizontal pertencente ao ponto ,
P. O eixo de rebatimento, evi- / :' ""","
" /

,
-\
dentemente, é a reta horizontal L/" 1 ~
Ip1:
AP. Construido o triângulo de I
I
rebatimento para um ponto I
I

qualquer, B, de r, chegamos ao (R).,,; /


rebatimento (r)lr\ da reta dada.
,
(B).'T: '- .-,/
"
A perpendicular procurada se
traça de P1 a (r)1T\ com o ân- Figura 36
gulo reto aparecendo em verda-
deira grandeza. O ponto (R).7'1 é, obviamente, o pé da per-
pendicular sôbre a reta dada. O alçamento se faz imediata-
mente, determinando-se as projeções Pl e P2 da perpendicular
procurada. A distância do ponto P à reta r mede-se sôbre
o segmento PI(R)Ir\.
70 Sistema bi-projetivo

b) O problema posto através da 2a hipótese retro-for-


mulada tambem possui solução única. A reta procurada se
determina pelo ponto dado e pelo traço da 2a reta sôbre o
plano que passa 'pelo ponto e é ortogonal à 1a reta.

c) Na 3a hipótese, a solução única é a interseção do


plano, que pertence ao ponto dado e é ortogonal à reta dada
com o plano que passa por aquêle ponto e é paralelo ao pla-
no dado.

"

Figura 37

Suponhamos, para ilustrar, figura 37, que pelo ponto


P tivéssemos de passar a reta p, perpendicular à reta r e pa-
ralela ao bissetor dos diedros ímpares. Por P traçamos o
plano a (traços aa, e a:rr2) ortogonal a r, o que se fez por
intermedio da horizontal h. A seguir - valendo-nos de mu-
dança de plano vertical - determinamos o traço horizontal
(desnecessário construir o traço vertical) do plano (1, perten-
cente a P e paralelo ao bissetor dos diedros ímpares.
É claro que a reta interseção dos dois. planos (a e {J)
Aplicações clássicas 71

- solução do problema - já tem conhecido um de seus pon-


tos: o ponto P. Basta, assim, conhecer um outro. Na épura
foi determinado o ponto A, comum aos dois traços horizontais
aJ'CI e fiJ'CI' A reta identifica-se por suas duas projeções:

Pl == AIP) e P2 == A2P2
d) Na 4a hipótese, a reta procurada será ortogo-
nal às duas outras retas genéricas. É, pois, a interseção
de dois planos, cada um dêles ortogonal a cada uma das
retas dadas. Ou então: a reta-solução é perpendicular ao
plano que passa pelo ponto dado e é paralelo às duas retas
dadas.
4. Aplicações clássicas

A teoria da ortogonalidade entre retas, retas e planos


e entre planos que acaba de ser tratada no sistema bi-proje-
tivo ortogonal de Monge tem aplicações clássicas que, para
compor êste Título
II, convém sejam in- c,
dícadas através de ~----~~~--------1
alguns exemplos
mais importantes.
a) Projeção or-
togonal de retas sõ-
A" 'F, 'D,
bre planos.
É claro que
o problema de se
determinar a proje-
ção ortogonal de
uma reta sôbre pla-
nos (eliminadas as
c,
hipóteses funda-
mentais dêsses pla-
nos serem os de
projeção ou a êles
paralelos) se resol-
ve como aplicação Figura 38
72 Sistema bi-projetivo

da ortogonalidade entre planos.


Como vimos no teoremaII doítem3.Capítulo1.do
Título I, a projeção ortogonal de uma reta a sôbre um plano
a é a interseção dêsse plano com o plano {J, que contem a e é
ortogonal a a. Se a reta a não for perpendicular a a (e, nês-
se caso, a projeção se reduziria a um ponto), a reta-projeção
sempre existe.
Na figura 38 o plano a é dado pelos pontos A, B, C
e D, vértices de um paralelogramo do espaço. Procura-se
construir as projeções da reta s segundo a qual a reta r, da-
da, se projeta ortogonalmente sôbre o plano ABCD.
O plano projetante de r sôbre ABCD é definido pe-
la própria reta r e pela reta p, que fizemos passar por um
ponto M, qualquer, de r, ortogonalmente ao plano ABCD.
Na épura determinamos os pontos I e J, respectiva-
mente, traços de r e de p sôbre o plano dado.
A reta s, procurada, tem para projeções: S1 == 11J1 e S2 == 12J2,
Fizemos a pon tuação da épura admitindo o plano
(ABCD) opaco.

b) plano mediador de um segmento.


Um dos lugares geométricos mais importantes referi-
dos no ítem 5, Capítulo I, Títu-
lo I, foi o denominado plano
mediador de um segmento e de-
finido como lugar geométrico
dos pontos equidistantes de dois
!r, . !r, pontos dados.

S,
Como aplicação propo-
A," __ ---:;.-....L mo-nos a resolver o seguinte.
problema:

Dadas as projeções de
um lado da base de um triângulo
Figura 39 isósceles, completar as projeções
Aplicações clássicas 73

dêsse triângulo sabendo que o 3° vértice está situado sôbre


uma reta dada.
Na épura da figura 39 são dados os dois pontos A e
B e a reta h - horizontal - sôbre a qual deve estar o ter-
ceiro vértice C do triângulo isósceles,

Por M, ponto médio do segmento AB, passamos o


plano a, ortogonal a AB. O ponto C, procurado, devendo
pertencer a a, por fôrça da propriedade do triângulo isósce-
les, e devendo pertencer à reta h, por condição do problema,
será, evidentemente, o ponto em que a reta h encontra o
plano a.
A épura reproduz exatamente êsse raciocínio.

c) Cones suplementares ou polares.


Aplicação interessante da ortogonalidade na estrêla é
a que decorre do estudo da representação dos cones suple-
mentares ou polares de cones 'dados (êstes serão chamados pri-
mitivos em relação aos primeiros.)
Como se sabe, chama-se cone suplementar ou polar de
um cone dado o lugar geométrico das retas que se traçam, por
um ponto qualquer do espaço, perpendicularmente aos planos
tangentes ao cone dado.
As gera trizes do cone primitivo são, por sua vez, orto-
gonais aos planos tangentes ao cone polar. Consideremos, pa-
ra provar essa propriedade, no cone primitivo dois planos tan-
gentes SAt e SBv, tais que as geratrizes de contato SA e SB
estejam infinitamente próximas, SM sendo a reta de interse-
ção dêsses dois planos. No cone polar, ao plano SAt corres-
ponderá a geratriz SAl e ao plano SBv, a geratriz SB" infi-
nitamente próxima da primeira. As duas definem o plano
AlSB1•
Se a geratriz SB do cone primitivo tender para SA,
os dois planos tangentes se confundirão em um único, tendo
SA == SB == SM como gera triz do contato. Ao mesmo tempo,
no cone suplementar, as duas geratrizes SAl e SBl se redu-
74 Sistema bi-projetivo

zirao a uma só, SAI == SBI' e o plano A1SB1 se transformará
no plano tangente SA1t à superfície ao longo dessa geratriz.
Durante êsse movimento, a reta SM, interseção dos
planos SAt e SBv, se manteve ortogonal ao plano A1SBl. Na
posição limite, quando SM se confunde com SA e o plano
AlSB1 torna-se tangente ao cone polar, essa ortogonalidade
persiste. Então, SA é perpendicular ao plano SAIti' conclu-
são que, evidentemente, pode ser estendida a tôdas as gera-
trizes do cone primitivo e aos correspondentes planos tangen-
tes ao cone suplementar. A proposição está demonstrada.
Os dois cones são suplementares ou polares um do outro.
Se o cone primitivo for de 2a ordem -- isto é, se uma
reta qualquer encontrar essa superfície no máximo em dois
pontos - o cone suplementar ou polar também será de segun-
da ordem.
Para demonstração dessa propriedade (tal como faz
Roubaudi à pago 183 de seu clássico "Traitéde Géométrie
Descriptive"), admitamos que os dois cones tenham o mesmo
vértice (hipótese que adotaremos daquí por diante, embora
não necessária ao desenvolvimento do que se segue). Se o
cone primitivo é de segunda ordem uma reta genérica o en-
contrará em dois pontos, que estão sôbre as duas geratrizes
seção no cone pelo plano determinado pela reta e pelo vér-
tice da superfície. Se o cone polar não for de segunda ordem,
êsse mesmo plano o cortará segundo mais de duas geratrizes.
Digamos, para raciocinar, segundo três geratrizes.
A cada uma dessas geratrizes corresponderá no cone
primitivo um plano tangente, nos têrmos da definição acima
indicada. Cada um dêsses três planos tangentes será per-
pendicular ao plano que contém as três geratrizes e todos
êles passarão pelo vértice do cone. Logo, conterão todos a
mesma reta, perpendicular, por sua vez, ao plano das três
geratrizes. Portanto, haverá três planos tangentes ao cone
primitivo passando por uma reta. Nêsse caso, o cone primi-
tivo não será de segunda classe e, assim, não será de segun-
da ordem. Tal conclusão contraria a hipótese inicial. É cer-
Aplicações clássicas 75

to, pois, que o plano determinado pela reta genérica, acima


referida, e pelo vértice da superfície só poderá cortar o cone
polar segundo duas gera trizes. É, pois, de segunda ordem,
como o cone primitivo.

Entre êles - válido o pressuposto de terem vértice


comum - estabelece-se, assim, uma correspondência bi-uní-
voca, que tem as mesmas características daquela que foi es-
tudada no Capítulo IU, do Título I, quando identificamos a
polaridade ortogonal em uma estrêla.

Assim, admitidos dois cones que tais e suposto, ainda,


o cone primitivo como de segunda ordem, então o cone polar
também será de segunda ordem, como vimos. As seções fei-
tas nêsses cones por um plano genérico serão, portanto, duas
cônicas, correlacionadas uma à outra por uma antipolaridade,
cujo círculo principal tem para centro a projeção ortogonal
do vértice comum sôbre o plano secante e cujo raio é igual
à distância daquêle vértice a êste plano secante.

Dado um cone primitivo de 2a ordem, cuja diretriz,


admitida no plano horizontal de projeção, é uma cônica, seu
cone polar, como vimos, será cortado por êsse plano horizon-
tal de projeção segundo outra cônica. Esta será, portanto,
elipse, parábola ou hipérbole conforme o cone polar não tenha
nenhuma geratriz paralela ao plano de projeção, ou tenha
uma ou duas geratrizes a êle paralelas. Para que o cone
polar tenha duas geratrizes paralelas ao plano considerado
é necessário, pois, que o cone primitivo possua dois planos
tangentes verticais (os de contorno aparente horizontal, está
claro). A seção será hiperbólica. Se o cone primitivo tiver
apenas um plano tangente vertical, a seção será parabóli-
ca. Finalmente, a seção será elítica se ao cone referido não
se puder traçar planos verticais, reais.

Conforme a projeção horizontal do vértice do cone


primitivo seja interior, pertença à diretriz ou a ela seja ex-
terior, a seção do cone polar pelo mesmo plano horizontal de
projeção será, respectivamente, elipse, parábola ou hipérbole.
76 Sistema bi-projetivo

Na épura da figura 40 realizamos a representação do


cone polar de um cone de 2a ordem, de diretriz circular,
assente no plano horizontal de projeção. Admitimos o vérti-
ce V tendo sua projeção horizontal, VI' sôbre o círculo da
diretriz. O cone polar terá, portanto, seção parabólica, nêle
determinada pelo plano horizontal de projeção .

. ------------------- \

\ \

Figura 40

Os pontos da parábola são os traços das geratrizes


do cone suplementar sôbre o plano horizontal de projeção,
pontos êsses que são .os an_ti-polos das retas tangentes (traços
horizontais dos planos tangentes) à diretriz do cone primitivo
em relação ao círculo principal de centro VI e de raio igual
à cota do vértice V.
Aplicações clássicas '77

o único plano tangente vertical que se pode traçar ao


cone dado é o plano de perfil (no caso da figura 40), que con-
tém o vértice V. A perpendicular a êssse plano, pelo vértice,
é, pois, uma reta horizontal, que define, assim, a direção que
caracteriza o ponto impróprio da parábola, seção do cone su-
plementar por ;71;1.
O vértice dessa parábola é o ponto Mi> anti-polo da
tangente à diretriz do cone primitivo. no ponto B1 (reta essa
que, evidentemente, é o traço horizontal do plano tangente
de topo). Outros pontos dessa cônica foram determinados
através das tangentes em diversos pontos da diretriz do cone
primitivo. Desta forma o ponto N1 é o anti-polo da tangente
no ponto C1; o ponto RI, o anti-polo da tangente no ponto
AI. E assim por diante.

Essa parábola é, portanto, o lugar geométrico dos an-


ti-polos das tangentes à circunferência de círculo diretriz do
cone primitivo. Ou, pela conhecida propriedade da anti-pola-
ridade, a circunferência referida é o lugar geométrico dos
anti-polos das tangentes à cônica diretriz do cone suplemen-
tar. Logo, se quisermos construir a tangente em um ponto
qualquer da parábola basta determinar a anti-polar do ponto
de contato da tangente anti-polar do ponto dado da parábola.
Digamos, para esclarecer, que se procurasse construir
a tangente no ponto N1. Esse ponto é o anti-polo da tangen-
te no ponto C1 da circunferência diretriz do cone primitivo.
Logo a tangente desejada é a anti-polar de CI. Na épura é
a reta N1Tl>que obviamente é perpendicular à reta C1VI.

Caso particular: Se o cone é de revolução, o cone suplementar


também é de revolução.
a) Perpendicular comum a duas retas:
A solução geométrica do problema de construir a per-
pendicular comum a duas retas, naturalmente reversas, já foi
estudada no ítem 4, Capítulo I, Título I, quando mostramos
que a essa solução poderíamos chegar por meio de dois pro-
cessos.
78 Sistema bi-projetivo

Vimos, então, que o problema admite duas etapas que


correspondem:
1a) à determinação da direção da perpendicular comum;
2a) à localização dessa perpendicular comum.
Na Ia etapa procura-se determinar o polo impróprio
ortogonal ao plano paralelo às duas retas reversas dadas. Na
2a etapa, o problema se resume na construção da interseção
de dois planos definidos por cada uma das retas e pelo pon-
to imprópio acima mencionado.
Para ilustrar vamos resolver um dos problemas pro-
postos por Roubaudi, à pago 61 ~e seu "Traité de Géométrie
Descríptive", e que está formulado nos seguintes têrmos:
Problema: Construir a perpendicular comum a duas retas, uma
sendo horizontal e outra frontal.
Na épura da figura 41 estão dadas as retas h e i.
respectivamente, horizontal e frontal. Para chegarmos à solu-
ção procurada vamos empregar o 1° processo citado no
ítem 4, Capítulo I, Título r. O plano paralelo a h e f terá,
necessàriamente suas fron-
f. tais paralelas a f e suas
h, c, horizontais paralelas a h.
Portanto, basta traçar por
J. p, "'.". um ponto A1A2, qualquer,
=-_;;:------..I'----- -+-_~ de uma dessas retas - da
horizontal, por exemplo, -
uma reta p tal que Pl seja
ortogonal a ht e P2, orto-
gonal a f 2, para que este-
I
,-.,..-----..::,.c,
J'----+---M•...
jamos, de fato, construin-
Figura 41
do a reta ortogonal ao
plano paralelo a h e f. Esta é a direção da perpendicular comum.
Para colocá-Ia em posição, como diz Roubaudi, tere-
mos de determinar a interseção dos planos (h, p) e (f, p).
Para isso, construimos, na épura, o ponto M, traço de f sô-
bre o plano (h, p). A ortogonal procurada passa por M e é
paralela a p. Na épura M1Nl>M2N2 é a solução pedida.
TíTULO 3
ORTOGONALIDADE:
A) SISTEMA DE
PROJEÇÚES COTADAS
B) AXONOMETRIA
ORTOGONAL
.,'
_ __ ~ .~ c~

A - SISTEMA DE PROJEÇOES COTADAS

CAPITULO I
Noções fundamentais
Se eliminarmos a projeção vertical das figuras repre-
sentadas no sistema bi-projetivo ortogonal de Monge e consi-
derarmos apenas a projeção horizontal e se, a esta, acres-
centarmos, para cada ponto, um número algébrico, que indique
a cota de cada um dêles, estaremos operando no chamado
sistema de projeções cotadas, idealizado por Felipe Büache.
A dupla projeção ortogonal de Monge é, assim, subs-
tituida por uma representação mista, constituida pela projeção
ortogonal sôbre um plano único à qual se junta um núz;nero
algébrico.

É claro que os conceitos fundamentais da projeção


ortogonal do sistema mongeano prevalecem para o sistema de
Felipe Büache. O que se altera, ligeiramente, ao passarmos
de um para outro, é o problema da restituição espacial, que,
nêste último sistema, depende também do algoritmo algébrico.
O próprio problema da visualização exige pequena acomoda-
ção à estrutura dêste novo sistema, para quem nêle se inicia.

É nosso propósito, agora, tratar da representação da


ortogonalidade entre retas, retas e planos e entre planos, de
acôrdo com os conceitos que formam e informam o conjunto
do sistema cotado.

Para chegarmos até lá é preciso que admitamos co-


nhecidos êsses conceitos, que postulemos o conhecimento do
processos que, dentro do sistema, regem a representação do
ponto, da reta..e do plano e dos que conduzem à solução dos
problemas fundamentais de pertinência (de retas, de ponto e
reta, de ponto e plano, de reta e plano e de planos).
82 Sistema de projeções cotadas

Sabido que o usual no sistema é representar o plano


por sua escala de declive (projeção cotada de uma de suas
retas de maior declive), vamos considerar, no desenvolvimen-
to desta parte, o plano dado dessa maneira.
CAPITULO II
Problemas elâssíeos de
ortogonalidade
1. Ortogonalidade entre reta e plano

.:É óbvio que não iremos repetir os conceitos funda-


mentais que caracterizam a ortogonalidade entre reta e plano.
Só nos interessam, agora, aquelas propriedades particulares
ao sistema de projeções cotadas.

Na figura 42 apresentamos o plano a, inclinado em


relação ao plano de
projeção ;1[1 e a reta
p, que admitimos or-
togonal a a, P sendo
o pé dessa perpendi-
cular sôbre a. A
projeção ortogonal PI
de p sôbre :rI é, co-
mo se sabe, perpen-
dicular a aa 1, traço
de a sôbre :rI'
São três as
Figu1'a 42
condições que devem
satisfazer em épura os elementos representativos da reta e
do plano, para que êles sejam ortogonais:

1a) projeção ortogonal PI da reta P deve ser paralela às


escalas de declive do plano;

2°) intervalo da reta deve ser o inverso do intervalo do


plano;

3°) graduação discorde na projeç~o da reta 'e na escala


de declive do plano.
84 Sistema de psojeções cotadas

Voltemos à figura 42. Pelo ponto P fizemos passar


a reta de maior declive do plano, PM, correspondente a êsse
ponto,. reta que é perpendicular a aJrI' O plano vertical
projetante de p sôbre x, contém a reta PM e, assim, a projeção
dessa reta sôbre Jr 1 coincide com PI' Logo PI é paralela às
escalas de declive do plano. Está provada aIa condição.

. ,O triângulo MPN é retângulo em P e, portanto,

(JJ + f) = 1800
ou
(JJ = 180 - f)
Logo
1
tg (JJ = cotg t1 = tg t~

mas, tg (JJ = D (declividade do plano a),


e tg f} = d (declividade dá reta p).
1
Donde: D
d'
1 . 1
mas como I = D e 1 = d'

1
resulta i = I

tal como exige a 2a condição.

A figura 42 mostra que o ponto N, traço de p sôbre


Jrl' da reta ax, na antipolaridade
é o anti-polo cujo círculo
fundamental tem para centro o ponto PIe para raio a dis-
tância PP1• Assim, os pontos M· e N são separados pelo ;
ponto P1•
O ponto P pertencendo tanto à reta p como ao plano
fi, sua cota é a mesma quer considerado pertencente a p quer
considerado pertencente a a. Isto é, a graduação de Pi cresce,
de M para Pj, porque, evidentemente, o ponto M é de cota
zero. A graduação da escala de declive do plano correspon- -
Ortogonalidade entre reta e plano 85

dente a PM, por seu turno, decresce de PI para N (que tam-


bém é de cota zero). Isto é, as duas graduações são discordes
que é o que impõe a 3a condição de ortogonalidade entre re-
ta e plano no sistema de projeções cotadas.

Se a fôr um plano vertical as condições acima referi-


das, é claro, não se aplicam, por perderem sentido. A reta p
torna-se horizontal, e Pi continua a ser ortogonal a anl'
Se a fôr um plano horizontal, também falham as ci-
tadas condições. A reta p, então, será vertical e sua projeção
horizontal, obviamente, se reduz a um ponto.

10 Problema fundamental: Traçar por um ponto dado a reta


perpendicular fi um plano dado por sua escala de declive.
Transportemos para a 4

épura essas propriedades que 9


acabam de ser demonstradas,
8
resolvendo o problema que está
5
posto. Na figura 43, o ponto 7
M é dado por sua projeção co-
tada MI ( + 7) e o plano a por 6 1f----'=::-oT"'==------1 p ,(+5,7)
sua escala de declive. 6
5
A perpendicular procu- s
rada pertencendo ao ponto M,
f 4

sua projeção ortogonal deverá i 3 M,e +7)


passar por M, e, de acôrdo com
a Ia condição acima enunciada, t 2 R

será paralela à escala de decli- i 1

ve. Para identificar essa reta


precisamos de mais um ponto, o
(I
para o que vamos empregar as
Figura 43
duas outras condições. Através
da 2a determinaremos o intervalo da perpendicular e por in-
a
terrnédio da 3 sabemos como graduá-la.
A determinação do intervalo i da reta p se faz, usu-
almente, por processo gráfico, que. a épura mostra. A distân-
cia 12, na escala de declive de a, é I, intervalo do plano. Pe-
86 Sistema de projeções cotadas

10 ponto 2 traçamos a perpendicular à escala de declive mar-


cando, com a distância igual a 1 (unidade da escala gráfica)
o. ponto R. Este ponto é o vértice do ângulo reto de um tri-
ângulo retângulo, que tem IR para um dos catetos. Outro
cateto R8 marca sôbre a hipotenusa o. ponto. 8. A distância
28 é o intervalo procurado i, da reta p.
De fato, o segmento 2R é a altura do triângulo re-
tângulo 1R8, correspondente à hipotenusa, e determina sôbre
esta dois segmentos 12 e 28 para os quais, temos:

12.28 = (1)2
ou
1.28 = 1
donde
28 = i = l/I

Esse intervalo é tomado sôbre a projeção da perpen-


dicular a partir de Ml, marcando-se, de acôrdo com a 3a con-
dição, os pontos 6, 5, 4, etc. Isto é, gradua-se a reta. O pon-
to Ple + 5, 7) é o pé dessa perpendicular sôbre a.

2° Problema fundamental: Construir a escala de declive de um


plano que passa por um ponto dado e é ortogonal a uma
reta dada.
O problema se resolve nos
12
N,(+2) mesmos têrmos que o. anterior, atra-
vés, portanto, da aplicação das mes-
11
3 mas condições de ortogonalida-
10
de. A diferença está, apenas, em
9 4 que, agora, teremos de determinar
8 o intervalo do plano partindo do
P,(+7)
++----< 5 intervalo da reta, conhecido. A cons-
6 trução gráfica antes indicada é váli-
I
5 6 da, obviamente.
~
Na épura da figura 44, o
M,(+7)
3
a ponto dad-o é Pl( + 7) e a reta
Figura 44 +
Ml C + 7) N1 C 2). A escala de de-
Ortogonalidade entre reta e plano 87

clive do plano a deve ser paralela a M1Nv isto é, suas hori-


zontais se projetam segundo retas perpendiculares a M1N1.
Como o ponto P deve pertencer a a, o ponto 7 da escala de
declive está sôbre a horizontal de P. Para completar a de-
terminação da escala de declive, construimos gràficamente o
intervalo I, de a. A graduação dessa escala é, então, imedia-
ta, atendida a 3a condição de ortogonalidade.
Casos particulares: Por serem por demais evidentes deixamos
de apresentar as épuras nos casos particulares em que os da-
dos envolvam retas horizontais ou plano verticais. Sem dú-
vida as construções são óbvias.
Aplicação: Como aplicação do que acaba de ser visto sôbre
ortogonalidade entre reta e plano, vamos construir, agora, a
épura de um cubo, conhecendo °
plano de uma de suas faces e,
nêsse plano, a projeção ale uma de suas arestas.
Assim como está posto, o problema admite, evidente-
mente, quatro soluções. É claro que apresentaremos apenas
uma.
Na figura 45,
o plano a; da face
ABCD, é dado por
sua escala de declive. 5
A aresta é AI C + 2)
B. C + 3). A pri- 4
i
meira operação con-
sistiu no rebatimento
do plano (L sôbre o
plano horizontal de 2

cota C + 3), permitin-


do construir em ver-
(E),
dadeira grandeza a -
face ABCD. Através
E,( +4.4) o
do alçamento deter- G,(+3.7)
minamos a projeção
AI e + 2), BI C + 3), H,(+2.7)

c.r + 1,3)eD1C+O, 3) Figura 45


88 Sistema de projeções cotadas

dessa face. A seguir, foram construidas as projeções das a-


restas AE, BF, CG e DH, que são perpendiculares ao plano a,
para o que determinamos gràficamente o intervalo i das retas
ortogonais a êsse plano.
Na épura graduamos a aresta AE. Para fixar o vér-
tice E rebatemos o plano projetante de AE sôbre o plano ho-
rizontal de cota (+ 2), é que nos possibilitou marcar, em ver-
dadeira grandeza, o comprimento da aresta do cubo. Alçan-
do êsse plano, chegamos a EI ( + 4,4).. Aplicando as condiçõ-
es de paralelismo, determinamos, finalmente, FI (+ 5, 4), G1 (+
+ 3,7) e H, ( + 2, 7), com o que se completou a épura.
2. Ortogonalidade entre planos.
Cabem, de InIClO, as mesmas observações postas quan-
do estudamos o assunto no ítem 3, "Capítulo I, Título I, e
quando o consideramos para sua aplicação no sistema bi-pro-
jetivo ortogonal, analisado no ítem 2, do Capítulo II, do Títu-
lo 11.
Aquí, no sistema" de projeções cotadas, também po-
demos afirmar que, em geral, não há necessàriamente qual-
quer relação párticular entre as escalas de declive de dois 'Pla~
nos ortogonais. Daí, qualquer plano que contenha a reta MP,
da figura 43, ou a reta MN da épura da figura 44, será per-
pendicular aos planos a que são considerados nessas épuras.
Todavia, há certos casos particulares, para os quais
convém nos detenhamos a fim de ressaltar suas peculiaridades.
Casos particulares
1°) Os dois planosortogonais têm suas escalas de decli-
ve paralelas.
Evidentemente, se as escalas de declive são paralelas,
as horizontais também o serão e a própria interseção dêsses
dois planos a e {J, será uma reta horizontal. Se isto aconte-
ce, então, as retas de maior declive de um são ortogonais às
retas de maior declive do outro. Ou ainda, as retas de maior
declive de um são perpendiculares ao oútro plano.
Ortogonalidade entre planos 89

A conclusão a que podemos chegar, imediatamente, é a


de que, se as escalas de declive de dois planos a e (J são pa-
ralelas, êsses planos serão perpendiculares quando:
a) as graduações das duas escalas forem discordes;
b) o intervalo de um plano fôr o inverso do intervalo
do outro plano.

Na épura da figura 46, estão representados dois pla-


nos a e {J, ortogonais e com suas escalas de declive parale-
las, já que essas escalas obedecem inteiramente às condições
acima indicadas. A reta hl ( + 2, 9) é a interseção dêsses pla-
nos
2°) Um dos planos é genérico e o outro é vértical.

o plano vertical sendo perpendicular ao de projeção e


devendo sê-lo ao plano genérico será, por isso, perpendicular
à interseção dos dois. Assim, ortogonal às horizontais do
plano genérico seu traço deve, Jl
~~ o
portanto, resultar paralelo à es-
cala de declive dêsse plano. B,(+4)

Esta é, de fato, a condi- 2


ção. É claro, também, que o h,(2,9) s
P,(+2.9)
plano vertical cortará o pla-
no genérico segundo uma reta
de maior declive dêste último.
Na figura 46 representamos um
plano vertical, da d o por seu D,(+6)
traço (y), que é perpendicular
a (1. e, obviamente, perpendicu- A,(O) o
(y) u
lar a (3.
Êsse plano (y) corta a Figura 46
segundo a reta de maior decli-
ve AI (O) BI ( + 4) e corta {J segundo a reta de maior declive
C1 (O) DI ( + 6). O ponto P1 ( + 2,9) é a interseção de AB
com CD. Evidentemente, tem a mesma cota de h.
3°) Os dois planos são verficais.
90 Sistema de projeções cotadas

É claro que, nesta hipótese, os traços dos dois planos


sôbre o de projeção são retas ortogonais.
Observação: Se os planos genéricos até aquí considerados
não forem dados por suas escalas de declive, o problema se
reduz a êste pela construção dessas escalas. E isto é necessá-
rio porque, como foi visto, os problemas de ortogonalidade
envolvem sempre o da determinação de intervalos, de retas
ou de planos, inversos de intervalos de planos ou de retas.

3 Ortogonalidade entre retas.


São obviamente válidas as .afirmações feitas sôbre a
ortogonalidade entre retas quando êste assunto foi estudado
no sistema mongeano, ítem 3, Capítulo II, do Título 11.
No sistema de projeções cotadas o problema se sim-
plifica porque, por existir apenas um plano de projeção, as
retas (e os planos) só podem apresentar, em relação a êsse
plano de projeção, duas posições particulares.
Para ilustrar êste ítem vamos resolver, em épura, den-
tro da estrutura dêste sistema, os 4 problemas que correspon-
dem às 4 hipóteses formuladas no ítem 3, Capítulo II, do Tí-
tulo 11.
10 Problema: Por um ponto traçar a reta perpendicular a uma
reta dada e que tenha com esta ponto comum.

Na épura da figura 47
a reta dada é AI ( + 2) Bl( + 6)
e o ponto Pie + 4). Rebatemos
o plano (AB . P) sôbre o plano
horizontal de cota ( + 4), com o
que se fixa a horizontal dessa
cota como eixo de rebat.mento.
Basta, agora, que determine
mos a posição, no rebatimento,
de um ponto apenas da reta,
visto que um outro já está si-
Figura 47 tuado sôbre o eixo. Nessa po-
Ortogonalidade entre planos 91

sição o problema se resolve em verdadeira grandeza, fixando-


se o ponto eM)4, que, no alçamento, vai colocar-se em sua po-
sição MI e t 4,8). A perpendicular procurada é, pois, BI e +
+ 4) MI( + 4,8).
2° Problema: Por um ponto traçar a reta perpendicular a uma
reta dada e que encontre outra reta dada.
Na figura 48 são da-
dos o ponto PI e+ 4)
e as retas AI (O) 6 C,(+3)
Bl ( + 4) e C) ( + 3)
DI ( + 6). A reta pro- 5

curada deve passar


4
por P e ser perpen- D,(+6)
dicular a AB e en-
3 M,(+3)
contrar CD. De a- 3
côrdo com o que vi- 2
a
m o s anteriormente,
passamos p o r P o
plano a, ortogonal a Figura 48
AB. A seguir, cons-
truimos o ponto R
em que a reta CD
encontra o plano a.
Para isso, admitimos A,CO)
como plano auxiliar
o definido por CD e
pela horizontal ht{+3)
A reta MN é a inter-
seção de a como ês-
te plano auxiliar. A
3
reta Ale + 4) Rle + 4,7)
é a solução procurada. 2

30 Problema: Por um
ponto passar a reta
o
perpendicular a uma a
outra reta e paralela a
um plano. Figura 49
92 Sistema de projeções cotadas

Na épura da figura 49 demos: o ponto PI ( 4), a +


reta AI (O) BI ( + 3) e o plano {J. A reta procurada, como sa-
bemos, é a interseção de dois planos, a e y, ambos contendo
o ponto P: o 1°, perpendicular a AB e o 2°, paralelo a {J. O
plano a tem sua escala de declive determinada de acôrdo
com as condições de ortogonalidade entre reta e plano. O
plano y apresenta sua escala de declive atendendo às condi-
ções de paralelismo entre dois planos (escalas de declive para-
+
lelas, mesmo intervalo e graduação concorde). PI ( 4) MI ( +
+ 5) é a reta procurada.
O 4° problema é o caso de perpendicular comum, que
consideraremos em separado linhas adiante.
4. Aplicações clássicas

Vamos tratar, agora, no sistema de projeções cotadas,


de oferecer algumas aplicações clássicas dos problemas gerais
de ortogonalidade estudados anteriormente, tal como fizemos
no Capítulo II, do Título 11. Permitimo-nos, todavia, indicar
outros exemplos que não foram considerados no sistema mon-
geano, isto com a finalidade de dar maior amplitude a essa
visão geral que estamos compondo da ortogonalidade através
dos sistemas ortogonais de projeção.
a) Perpendicular comum entre duas retas reversas.
O problema que, a seguir, vamos apresentar é uma
aplicação do problema fundamental, cuja solução geométrica
já está bastante referida nêste trabalho.
Probema: São dadas: a projeçêo cotada de uma reta AB, a
projeção horizontal de uma reta, CD, reversa com a primeira,
e a projeção horizontal de uma reta MN, perpendicnlar comum
às duas Tetas AB e CD. Determinar as projeções cotadas de
CD e MN.
Compreende-se, portanto, que devemos determinar as
as cotas de dois pontos de CD e d.e dois pontos de MN, para
que assim se completem as projeções cotadas dessas duas re-
tas. Para isso, vamos utilizar as propriedades já conhecidas,
sabendo-se que MN é a perpendicular comum a AB e a CD.
Aplicações clássicas 93

Seja a épura da figura 50, da qual, inicialmente, cons-


tam a projeção cotada AI (O) BI ( + 5), da reta dada AB, e a-
penas as projeções de MN e CD. O ponto Ml> em que as
projeções de AB e 8 A,CO)

MN, sé encontram, é 7
a projeção do ponto 6
comum a essas duas
5~----~2~------~--~
retas. Como também
4
pertence a AB, sua
cota é a de um pon- 3
to dessa reta que se 2
4
projeta segundo MI. I
A épura indica que o
MI (+ 3) é a proje- a
B,C+5)
Figura 50
ção cotada dêsse pon-
to. Como MN é perpendicular a AB, MN está situada no
plano a, que por M se traça ortogonalmente a AB. Com is-
so, determinamos imediatamente a cota do ponto N, comum
a MN e a CD. Este ponto tem a projeção cotada N I ( + 5).
E, desta forma, MN fica completamente determinada. A reta
CD, por seu turno; pertence ao plano {J, que, por N, se traça
perpendicularmente a MN. E, com isto, fica determinada
CI ( + 7) DI ( + 3), projeção cotada de CD, concluindo-se o pro-
blema.
Observação: Teria sequência semelhante o processo para re-
solver o problema em que fossem dadas: a projeção cotada
de MN e as projeções de AB e CD.
b) Daremos solução, agora, a um interessante problema
de ortogonalidade entre retas.
Problema: Entre as retas paralelas a um plano a, dado, e que
se apoiam sôbre duas retas reversas, a e b, determinar aquela
que é, também, perpendicular a uma terceira reta, c.
A reta procurada devendo ser, por hipótese, paralela
a a terá seu ponto impróprio sôbre a reta imprópria de a.
De outra parte, devendo ser perpendicular à reta c, terá seu
ponto impróprio situado sôbre a reta imprópria de um plano
94 Sistema de' projeções cotadas

13 perpendicular a c. Esse ponto impróprio pertencerá, assim,


a duas jazidas: a dos planos paralelos a a e a dos planos per-
dendiculares à reta c.

A solução gráfica se chega, portanto, traçando-se, por


um ponto qualquer do espaço, dois planos: um paralelo a a e
outro perpendicular a c. A reta de interseção dêsses planos
define a direção do ponto impróprio da reta procurada. A
partir dêsse instante, o problema se resume em construir uma
reta paralela a uma direção dada, apoiando-se sôbre as duas re-
tas a e b.

_6 Na figura 51,
6 conhecem-se: o plano
Hl(+2) Tl(+5,7)
5 a, por sua escala de
2 G1( +2) 5 declíve, e as retas
AB, CD e EF, por
4 suas projeções cota-
das. A reta ST, pro-
curada, deve ser pa-
ralela ao plano a e
perpendicular a reta
Dl+4) EF, ao mesmo tempo
4
que deve apoiar-se
sôbre as retas rever-
sas AB e CD.
3
Pelo ponto
PI ( + 2), do plano a,
2*-----1
traçamos o plano 13,
perpendicular a EI ( +
+ 2) F (+ 4), constru-
j

indo PI(+2) R (+l),


j

Figura 51 interseção de a com


{J. A seguir, deter-
minamos os planos AI (O), B] ( + 3), GI ( + 2) e C1 (O) DI ( + 4)
H, ( + 2), contendo, o primeiro, as retas AB e AG e o 2°, as
retas CD e CH. AG e CH são paralelas a PR. Os dois pla-
nos, assim defi.nidos, se cortam segundo a reta SI ( + 2, 5)
Aplieações clássicas 95

T, ( + 5,7) que é paralela a P, ( + 2) R, ( + 1) e se apoia sôbre


Al (O) Bl ( + 3), no ponto r, ( + 5,7) e sôbre c, (O) e DI ( + 4),
no ponto SI ( + 2,5). É a solução do problema.
Observação: O problema acima proposto poderia ter sido re-
digido da seguinte forma: determinar a geratriz de um para-
bolóide hiperbólico, que seja perpendicular a uma reta dada.
Na verdade, as retas que se apoiam sôbre AB e CD
e são paralelas ao plano a constituem as geratrizes de um
parabolóide hiperbólico que tem o plano a como um de seus
planos diretores.

c) Simetria em relação a um plano.

Como aplicação clássica estudaremos, agora, o proble-


ma de simetria em relação a um plano, que se resolve, como
é sabido, em têrmos de ortogonalidade entre reta e plano ou
entre planos. Será um problema de ortogonalidade entre re-
ta e plano, afinal de contas, já que a êste se reduz o da or-
togonalidade entre planos.
Propomo-nos, então, resolver o seguinte problema
clássico:
Problema: Dados dois pontos A e B, situados no mesmo semi-
espaço em relação a um plano a, determinar sôbre êste plano
-- --
o ponto M tal que o percurso AM + MB seja mínimo.
Antes de chegarmos à épura da figura 53 analisemos
a perspectiva cavaleira da figura 52, onde representamos o
plano a e os pontos A e B. O pon- B

to Ao é o simétrico de A em rela-
ção a a. A reta AOMB encontra o
plano a no ponto M. Dizemos que, \ /
para êsse ponto, o percurso AM +
+ BM é o menor de todos os ou-
tros que considerem em a, pontos
"
/<)(
/., .Di
diferentes de M. De fato, A°M +
+ MB sendo uma linha reta é o
menor percurso de AOe B. Como, Figura 52
96 Sistema de projeções cotadas

por fôrça de simetria, AC = CN, deduz-se que AM = AoM.


-- -- -- --
Então AOM+ MB = AM + MB continua sendo mínimo.
Este raciocínio está traduzido na épura, ja menciona-
da, da figura 53. O plano a está dado por sua escala de de-
clive e os pontos AI ( + 4) e
BI ( + 8) são os pontos dados.
I

<I
I

I
5
I
Por A construimos a perpendi-
___
~==--_*'D,(t- 5,5) cular ao plano a e, logo em se-
5
6 guida, determinamos o pé des-
7 sa perpendicular sôbre a. A
projeção do simétrico de A se
4
B,( +8) obtem imediatamente transfe-
rindo a distância, em projeção,
-- ---
AICI, para CIAlo. O simétrico
de AI é NI( + 1,5). Por B tra-
2 çamos, também, a perpendicu-
lar a a e determinamos seu pé
DI ( + 5,5). O ponto M perten-
ce a C1 ( + 2,8) DI ( + 5, 5) e a
o NI ( + 1, 5) BI ( + 8). Sua pro-
11
jeção cotada e Ml ( + 3,7). As-
Figura 53 sim AI (+ 4) MI(+ 3, 7) BI (+ 8)
é o percurso mínimo procura-
do. Na épura, a pontuação foi feita supondo a opaco. Com
isto resulta mais fácil a vizualização. É claro que CIMI é a
projeção ortogonal de AM sôbre o a, da mesma forma que
MIDI é a projeção, sôbre êsse mesmo plano, do segmento MB.

d) Proieção cotada de um trieâro trirretãmquu».

Como última aplicação do estudo da ortogonalidade no


sistema de projeções cotadas, vamos, agora, resolver o pro-
blema da representação de um triedro trirretângulo, conheci-
dos dêle os elementos necessários a sua perfeita determina-
ção.
Problema: Conhecidos: a projeção cotada do vértice de um tri-
edro trirretângulo, o traço horizonuü de uma de suas faces e a
f

Aplicações clássicas 97.

declividade de uma das arestas contidas na face dada, construir


a projeção cotada do triedro.
Vê-se logo, como o próprio enunciado antecipa, que
conhecidos o vértice e o traço de uma das faces sôbre o pla-
no de projeção está determinada essa face. Pode-se, assim,
construir imediatamente a aresta ortogonal a ela. Sabendo-
se que uma das arestas do triedro, contida na face dada, tem
declividade conhecida, a etapa seguinte consiste na resolução
de um problema clássico do sistema cotado: construir a pro-
jeção de uma reta que pertence a um plano, passa por um
ponto dêsse plano e- tem declividade dada. Se êsses dados
forem compatíveis, o problema admite 2 soluções ou admitirá
uma, no caso limite em que a declividade dada seja a do
plano da face dada. Nesta hipótese, uma das faces ser á ver-
tical e a 3a aresta será horizontal.
Conhecida a projeção cotada da 2a aresta, está deter-
minada a 2a face do triedro. A 3a aresta será ortogonal a
esta última face e, assim, o problema se completa.
Na figura 54, T, (O)
acima referida, r,Ty
é o traço de uma das
faces do triedro trir-
retângulo e ale + 4)
a projeção cotada de
seu vértice. Imedia-
tamente construimos
4~ .
a escala de declive
do plano a dessa fa-
ce. A projeção da
aresta perpendicular
.rm~----------------------~~~lk:> a
Figura .54
a a resulta, também
imediatamente, em Tz (O) 01 ( + 4).
Suponhamos, então, que a declividade de uma das a-
restas pertencentes a a seja, no exemplo, d = 1/2, o que cor-
reponde a i = 2. A circunferência de círculo, de raio = 2 u-
nidades da escala gráfica e de centro 01, corta a horizotal de
98 Sistema de projeções cotadas

cota = + 3, de a, em dois pontos. Escolhamos um dêles. Li-


gando-o a 01 teremos a projeção da aresta procurada, que lo-
go se gradua, através das horizontais de a, determinando-se,
assim, seu traço Ty (O). .
A 3a aresta é perpendicular a êste último plano e po-
deríamos agir como anteriormente. Todavia, como se sabe
que sua projeção Tx(O) Ol( + 4) deve ser perpendicular a Ty(O)
Tz (O) e que essa reta pertence a a, não há dificuldade em
completar-se a épura, inclusive graduando essa 3a aresta pelas
horizontais de a. Para dar maior destaque, incluimos as pro-
jeções das horizontais das três faces entre as cotas O e + 4.
Triedros como êste serão considerados com algum' de-
talhe, a seguir, quando tratarmos da representação através da
Axonometria Ortogonal.
B - AXONOMETRIA ORTOGONAL

CAPITULO I
Noções fundamentais
Triedro de Referência

Como se sabe, a representação axonométrica admite as


figuras do espaço referidas a um triedro trirretângulo nos
moldes cartesianos. Assim, cada ponto tem uma projeção or-
togonal sôbre os três planos coordenados, que são as faces
daquêle triedro. E cada ponto tem três coordenadas, medi-
das sôbre cada um dos eixos coordenados.
A projeção a:ronométrica ortogonal de uma figura-que
é o que nos interessa, agora-se obtém projetando-se ortogo-
nalmente, sôbre um plano de projeção, não apenas a figura do
espaço como, também, o triedro trirretângulo de referência e,
ainda, as projeções ortogonais da figura, feitas sôbre os três
planos coordenados.
Na épura axonométrica aparecem, portanto, conveni-
entemente correlacionadas, a projeção principal ou direta da fi-
gura, as três projeções das projeções, isto é, as três prévias e
as projeções dos três eixos coordenados.
Todavia, comprende-se, desde logo, a grande impor-
tância desempenhada pelos eixos e suas projeções na represen-
tação axonométrica. Na verdade, antes mesmo de representar-
mos as figuras espaciais através dêste sistema, impõe-se a re-
solução do problema preliminar de determinação dos eixos a-
xonométricos e, portanto, da caracterização do triedro de refe-
rência.
P o r s e r trirretângulo, a s propriedades fundamentais
dêsse triedro' teressam imediatamente aos objetivos dêste
trabalho. Parece-nos conveniente começar pela análise sucin-
ta dessas propriedades.
1a Propriedade: O triângulo de referência é sempre acutângulo.

/
100 Axonometria Ortogonal

o triângulo de referência é, como se sabe, a interseção


do triedro fundamental com o plano de projeção :?li. É evi-
dente que qualquer plano paralelo a :J[ 1 determina no triedro
mencionado um tri-
ângulo que é homo-
tético do primeiro.
A prova des-
ta propriedade parte
da consideração (fig.
55~õs-t~iã~g~lo~
r e t ârig ul o s T~ OTy',
TyOTzeTzOTx, a-
x plicando-Ihes as rela-
Figura 55 ções pitagóricas, como
segue:
--2 --2 --2
TxTy = OTx + OT y

--2 --2 --2


TyTz = OTy + OTz
--2 -- --2
Tz Tx = OTz + OTx

A soma das duas primeiras igualdades, membro a


membro, nos dá:
--2 --2 --2 --2 --2 --2 --2
TrTy + TyTz = OTx + OTz + 2.0Ty = TzTx + 2 OTy

o que, evidentemente, nos permite escrever:


--2 --2 --2
TxTy +TyTz >TzTx

Somando, membro a membro, as duas últimas relações


e a primeira com a terceira, chegaríamos às seguintes desi-
gualdades:

--2 --2 --2


'r, Tx + TyTx > TyTz
Diz a Geometria Euclidiana que "quando a soma dos
Noções fundamentais 101

quadrados de dois lados de um triângulo é maior do que o qua-


drado do 3° lado, o ângulo por êles compreendido é agudo.
Está provada a propriedade.
2a Propriedade: Os eixos axonométricos são as alturas do tri-
ângulo de referência e o vértice se projeta sempre segundo o
ortocentro dêsse triângulo.
A demonstração dessa propriedade é imediata e se faz
com base, ainda, na figura 55. Consideremos qualquer um
dos eixos objetivos, o eixo OZ, por exemplo. Sendo êle per-
pendicular ao plano XOY, sua projeção OIZl é ortogonal a
~y. A prova seria feita, nos mesmos têrmos, para os demais
eixos. Assim, OlX1 é perpendicular a Ty Tz e OlYI> perpen-
dicular a Tx Tz. O triângulo tem 01X1, 0lY1 e OIZI como
alturas. Visto que o ponto 01 pertence necessàriamente a
OIXI, OlYI e OIZl, comum às três alturas, êle é o ortocentro do
triângulo de referência. Como êste é acutângulo, o ortocen-
tro é um ponto que se situa sempre no interior da figura.
3a Propriedade: Os vértices do triângulo de referência são os
anti-polos dos lados opostos em relação ao círculo fundamental
da Axonometria Ortogonal.

Representamos z,
na figura 56, a épura
axonométrica de um ,,,.,,

triângulo de referên- ,'/i;


cia ao qual acrescen- I
I

I
tamos os eixos axo-
,,
I

nométricos. Mas, a ,,,


figura 55 mostra cla- I
I
\

ramente que o ponto \

T'~\~ -L ~~,Tx
TI e a reta Ty Tz es-
tão correlacionados
na anti-polaridade cu-
Figura 56
jo círculo fundamen-
tal tem 01 para centro e a distância 001 como raio. O mes-
mo acontece com Ty e TxTz e com Tz e TxTy.
102 Axonometria Ortogonal

Na figura 56 rebatemos os planos projetantes de OX,


OY e OZ, notando que o ângulo em O é reto. Teremos, assim,
em verdadeira grandeza, a distância de O ao plano Tx Ty T z
isto é, 000 que é o raio do círculo fundamental da Axono-
metria Ortogonal e da antipolaridade a que fizemos alusão.
A caracterização dessa antipolaridade permite. resolver
numerosos problemas de determinação dos eixos axonométri-
cos, partindo de conhecimento de certos parâmetros que, por
força da ortogonalidade, condicionam sua representação.
Em suma, o triângulo de referência é auto-conjugado
nessa antipolaridade.
CAPITULO II
Problemas clássicos
de ortogonalidade
Atentos às propriedades exaustivamente examinadas
para os dois sistemas anteriores, vamos, agora, estudar os
problemas fundamentais da ortogonalidade. Admitiremos o
plano .7l'1 de projeção passando por O, disposto horizontalmen-
te segundo o conceito mongeano; admitiremos, ainda, que o
triedro fundamental seja orientado positivamente e que os se-
mi-eixos positivos OX, OY e _OZ estejam situados no semi-
espaço positivo, isto é, dirigem-se para cima, no sentido das
cotas mongeanas positivas, crescentes. Essas hipóteses quan-
to à posição e orientação do triedro fundamental são válidas
para todos os problemas que estudaremos daqui por diante.

1. Ortogonalidade entre reta e plano


Examinemos, então, o:
10 P r o b I e m a: Z,
Por um ponto P,
dado por sua T,
\
principal P, e \
\
por sua prévia
F'«, traçar a n.
. :!"S
\
\
\

\
perpendicular a \
\
um plano a, \
dado por seus \ B,

traços a\, a',


e a;
O plano
a é genérico. X,
P,O
A perpendicular
Y,
p será caracte-
zada por sua Figura 57
104 Axonometria ortogonal

principal e uma de suas prévias. Como se sabe, essas duas


projeções bastam para a determinação da reta. A princi-
pal PI deve passar pela principal PI, do ponto dado (figura
57).
Na épura, construimos o plano TxTyTz, paralelo a ;;rI
(seus traços são perpendiculares aos eixos axonométricos). Se-
ja AIBI a principal da interseção de a com TxTy Tz, logo es-
ta reta pertence a a e é paralela ao plano de projeção ;;rI.
Portanto, a principal PI> de p, deve ser ortogonal a AIBI> da
mesma forma que é ortogonal ao quarto traço ai do plano a
(que não está representado na épura). A construção de PI,
depois disso, é imediata: basta traçar por P\, PI perpendicu-
lar a AIBI.

Impõe-se, a seguir, a determinação de uma das pré-


vias. Obviamente, vamos determinar P'I> reta que passa por
P's- No espaço, a projeção de P sôbre XOY, é ortogonal ao
traço de a sôbre XOY. Mas esta face do triedro é inclinada
em relação a ;;rI, e nem a projeção de P sôbre XOY, nem o
traço de a sôbre XOY são paralelos a :TI. Isto quer dizer
que a construção de p' I não pode ser feita imediatamente.
Teremos de analisar como as retas de XOY, perpendiculares
ao traço de a sôbre aquêle plano, se projetam sôbre .:TI.

Há dois processos para resolver esta segunda parte


do problema. Vamos ver ambos.

1° Processo
A primeira observação que logo ocorre é a de que as
retas de XOY perpendiculares a a', (e a prévia de P é uma
delas) se projetam sôbre ;;rI segundo retas paralelas. A pré-
via procurada passa por P' I e terá, assim, sua direção co-
nhecida, porque determinada preliminarmente. É o que fa-
remos a seguir.

A reta Tz CI, na épura da figura 57, foi traçada no


plano T« Ty Tz ortogonalmente a a\. No espaço, essa reta é
perpendicular ao traço de a sóbre XOY. A reta OICI, per-
Ortogonalidade entre reta e plano 105

tence ao plano XOY, e é no espaço, também ortogonal àque-


le traço. De fato: o plano Tz OC contém a reta Tz C ortogo-
nal ao traço de a sôbre XOY e contém o eixo OZ, tambem
ortogonal a êsse traço. Logo, o traço mencionado é perpen-
dicular ao plano Tz OCo Donde a conclusão de que OC é
perpendicular, no plano XOY, ao traço de a sôbre XOY. A re-
ta OICI, principal e 18 prévia de OC, fixa a direção em épura
das principais elas. prévias das retas de XOY ortogonais ao
traço de a sôbre êsse plano. A prévia p' I procurada passa
por P'I e é paralela a 0ICI,
Na épura da figura 57 determinamos, para ilustração,
o pé R da perpendicular p acima construida. O ponto R está
fixado por sua principal RI e sua prévia R\.

2° Processo

Está baseado na observação de que o problema da


ortogonalidade se resolve em verdadeira grandeza pelo rebati-
mento do plano XOY
sobre :TIou sôbre um z,
plano paralelo a :TI
Como Tx Ty Tz é ne-
cessário para a reso-
lução da Ia parte, sô-
bre êle faremos o re-
batimento citado. A
prévia se determina,
então, pelo alçamen-
mento de XOY à sua
posição inicial.
Na figura 58,
damos inicialmente o x,
Y,
plano a por seus tra-
ços a'l, a', e rz'J e o -,
',_". I ./
ponto P por sua prin- ---~----
cipal Pie sua prévia (o)

P\. Tx Ty Tz é o pla-
no paralelo a :;rI e Figura 58
106 Axonometria ortogonal

A}E} principal da interseção dêste plano com a. A principal


da perpendicular é plJ ortogonal a A}E}.

A prévia p' I será determinada por meio do rebatimen-


to de XOY sôbre Tx Ty Tz• O eixo .de rebatimento é, vê-se
logo, TxTy . O ponto O terá seu rebatimento sôbre a per ,
pendicular baixada de 01 a Tx Tye estará sôbre a semi-cir-
cunferência de diâmetro Tx Ty (porque o ângulo em O é reto).
Os eixos coordenados OX e OY aparecem em (O)Tx e (O)Ty.
Através da afinidade existente ~entre as primeiras prévias
dos diferentes pontos e retas e seus rebatimentos, faremos as
construções necessárias.
Assim em (a\) e (P'I) temos as novas posiçoes de a\
e P\, depois do rebatimento. Por (P\) traçamos (p\) perpen-
dicular a (a 'I)' O alçamento nos dá p\, que passa por P'I e
por EI' O ponto Rl.R\ é o pé da perpendicular p sôbre o
plano a.
Observações: 1) Nêste 10 problema fundamental admitimos
P exterior a a. Nenhuma alteração teríamos de introduzir no
processo se o ponto P pertencesse ao plano dado.
2) Se o plano fosse dado por duas retas concor-
rentes (em ponto próprio ou impróprio), ou se por uma reta e
um ponto ou, ainda, por três pontos não colineares, o proble-
ma recairia neste caso, bastando que fossem determinados os
traços, pelos processos conhecidos.

Casos particulares
Os casos particulares, claro está, se resolvem através
dos mesmos. métodos utilizados no caso geral, acima analisa-
dos. De resto, são mais simples. Todavia, podemos formular
dois exemplos para ilustrar.
10 exemplo: Pede-se traçar por um ponto P a perpendicular
ao plano a, perpendicular a um dos planos coordenados.
Se a reta procurada deve ser perpendicular a um pla-
no, êle mesmo perpendicular a um dos planos coordenados,
ela deve ser, lógicamente, paralela a êsse plano coordena-
Ortogonalidade entre reta plano 107

do. Esta circunstância simplifica, como veremos, o traçado


da épura.
Suponha- z,
mos que o pla-
no a seja per-
pendicular ao I
/
plano coordena- I
I
do VOZ. Seus I P,
. /
traços se apre- r I
I
sentam como na P,
A, I
épura da figura
59.
Como nos
exemplos anteri,
ores, a principal
PI da perpen- 'j.\ T,.
cular passa por
P I e é ortogonal p,'
a AIBI (interse-
ção de fi e de
TxTyTz). A pré- Figura 59
via p' I passa por
P', e é paralela a 0IYl'

É claro que se pretendêssemos 'aplicar diretamente o


1° processo, chegaríamos à mesma solução. Assim: teríamos
de traçar por Tz a perpendicular a a\, no caso essa reta coin-
cidiria com T, Ty e, então, OICI coincidiria com OITy. A so-
lução seria, pois, traçar por P'I a paralela a OICI == OITy. Foi
o que fizemos, diretamente.

2° exemplo: Pede-se traçar por um ponto P a perpendicular


ao plano bissetor do diedro formado pelos planos coordenados
YOZ e ZOX.

Há, claramente, um problema preliminar a resolver: o de cons-


truir os traços dêsse plano bissetor, dado. Dois dêles coinci-
dem, evidentemente, com OIZI' O terceiro, a't, será deterrni-
108 Axonometria OrtogonaI

nado através do rebatimento, sabendo-se que, no espaço, êsse


traço forma com os eixos OX e OY ângulos de 45°. A par-
tir daí, o problema segue a regra geral.

Na figura 60
o plano a se define
pelo eixo OZ e pela
bissetriz do ângulo
reto XOY. Feito o
rebatimento de XOY
sôbre o plano Tx Ty Tz
determinamos a bis-
setriz dêsse ângulo
reto, que depois de
alçada, é o traço a\
do plano dado. Os
dois outros traços a' 2
e a', confundem-se
com OIZI'

• A reta Tz BJ
é a interseção de a
Figura 60 y
com Tx T Tz. Logo
PI passa por P1 e é
perpendicular a Tz BI' A prévia p\ se constrói como nos ca-
sos anteriores.

Como se. vê, aplicamos o método geral ao caso particu-


lar em que o plano dado ocupa posição especial em relação
aos planos coordenados.

Todavia, a épura mostra que Pl resultou paralela a p\.


Não é mera coincidência. De fato, o plano o. é perpendicular
ao plano XOY, e, por isso, a perpendicular p é paralela a êsse
plano, fato que se caracteriza, na épura axonometrica, pelo
paralelismo visível da principal Pi e da prévia P't, relativa
ao plano XOY.

Isto que dizer que, para construirmos p'I bastaria que,


diretamente, tivéssemos por P', passado a paralela a PI'
Ortogonalidade entre planos 109

2° Problema: Por um ponto P traçar o plano ortogonal a uma


..
reta dada.
>
o ponto e a reta são quaisquer, de maneira que o pla-
no ortogonal pedido resultará genérico. Será determinado por
seus traços axonométricos, sa- ZI
bendo-se que êle deve conter
o ponto dado. Êste, na épura T,
1\
da figura 61, está identificado /\ I \
por sua principal Pie sua pré- , I \
a \-, ~ a'
L_'-' 1\ B 1
G
via P', e a reta, também pela E,"<.,--
'"............... / 0.'3 o \
principal ri e sua prévia r\. -,
,','.....
I
'-
~

.•..•
I

)-'F
Passemos por P o pla- I, 1

Tx I Ia 1-'
no Tx Ty Tz, paralelo a Jl'1' A
principal ri deve ser, como vi- XI
mos nos casos anteriores, or-
togonal à principal AIB] da in-
terseção de Tx T; T, com o pla-
Figura 61
no a, procurado. Por isso, tra-
çamos por P, a reta
2,
A,B] perpendicular a rI'
Conclui-se, desde já, que
(1\ passará por AI e «, /
I

por Bl'

Determinaremos
a' 1, seguindo o mesmo
raciocínio desenvolvido
no primeiro problema,
que acaba de ser exa-
minado. Assim, por Tz ,
no plano T; Ty T, , cons-
truimos 'r, :=1 ortogonal
a r'] e, em consequên-
cia, determinamos, no
plano XOY, a reta OICl
à qual a', será paralelo. Figura 62
110 Axonometria ortogonal

Donde a construção seguinte: por AI a paralela a Ole!>


que encontra 0IYI em EI. A reta EIBI é o traço a'2. O tra-
ço a'a é, evidentemente, a reta F1G1•

Na épura deixamos de determinar a interseção de r


com a, para não congestioná-Ia com outras linhas, que, afinal,
não são primordiais no problema que se teve em vista resol-
ver.

2. Ortogonalidade entre planos


Nada temos a acrescentar, do ponto de vista estrita-
mente conceitual, ao que já foi dito anteriormente sôbre orto-
gonalidade entre planos. A condição é: para que um plano seja
perpendicular a outro basta que contenha uma reta perpendi-
cular a êsse outro.

Desde logo podemos dizer; portanto, que, em Axono-


metria Ortogonal, qualquer plano contendo um dos eixos coor-
denados será ortogonal ao plano coordenado a que êsse eixo
seja perpendicular. Foi exatamente o caso da épura da figu-
ra 60, na qual determinamos uma reta perpendicular ao plano
bis setor do diedro XOZ e YOZ.

A título de ilustração vamos resolver, na épura da fi-


gura 62, o seguinte problema:

Problema: Determinar os traços do plano que, passando pelo


vértice O do triedro fundamental e por um ponto génerico P,
dado, seja perpendicular a um plano a, perpendicular a um
dos planos coordenados.
Ê evidente que êsse plano contém a reta OP e a per-
pendicular que, por O ou por P, se traça a a.

O ponto P está dado por sua principal PI e sua pré-


via P't, e o plano a se admitiu perpendicular a YOZ, de ma-
neira que a perpendicular p será paralela a YOZ. Esta reta
foi determinada por processo já conhecido.

O plano {J passando por OP e por p terá seus


traços /j'l> fJ'2 e /1'3 concorrentes em 01• Para deter-
Ortogonalidadé entre planos 111

miná-Ias basta construir os. traços de p sôbre as faces do,


triedro fundamental. Todavia, {3'2, que é o traço de {3sôbre YOZ,
deverá ser paralela a Pl> principal de p, já que o traço dessa
reta sôbre aquêle plano e um ponto impróprio.

Casos particulares
No problema anterior um dos planos dados foi admi-
tido perpendicular a uma das faces do triedro fundamental,
hipótese, aliás, já formulada em outros exemplos desta parte
do' trabalho. Também já vimos, em problema passado, o
caso de um plano con-
tendo um dos eixos coor- z,
denados, que, por isso, re-
sulta perpendicular a um
plano coordenado. São,
sem dúvida, casos particu-
lares, que estamos agora
ressaltando para compor a'lo!

êste estudo. Todavia, há,


ainda, um caso particular
a que precisamos fazer re-
ferência: o do plano per-
pendicular ao de projeção. x,
Parece-nos eviden-
te, como se mostra na fi-
gura 63, que um plano co-
mo êste apresenta a ca-
racterística de que todos Figura 63
seus traços têm suas pro-
jeções axonometricas coincidentes.
Qualquer reta perpendicular a êsse plano será, está
claro, paralela ao plano :rI de projeção. Nêsse caso, sua
projeção principal será perpendicular aos traços coincidentes
a', =: a', =: c', =: at• Isto é, tal reta pertencerá a um plano pa-
ralelo a J[ l'
Na épura da figura 63, traçamos pelo ponto P, dado
112 Axonometria ortogonal

por PI e P'I, a perpendicular a a. A principal se obtem ime-


diatamente em PI' A previa p'], que deve passar por P'l' se
constroi observando-se que p pertence ao plano que contem
P e e paralelo a :irl'
Nessa mesma épura determinamos o ponto M - por
MI e M' I - segundo' o qual a perpendicular P encontra a.
Os' planos projetantes 90S eixos coordenados - sôbre
:ir1 - está claro, são planos como o que acabamos de consi-
derar. Sendo perpendiculares a :irl e a um dos planos coor-
denados, será, naturalmente, perpendicular à interseção de si 1
com o plano coordenado referido. Essa ortogonalidade apare-
ce em projeção através do ângulo reto dos traços dêsses dois
planos.

3. Ortogonalidade entre retas.

O ângulo reto de duas retas só persiste em projeção,


em Axonometria Ortogonal, se uma delas pertencer a :rI ou a
um dos planos paralelos ao de projeção, que determinam no
triedro fundamental o triângulo de referência. Aliás, esta pro-
priedade já foi por nós
utilizada na resolução dos
pro blemas fundamentais
da ortogonalidade en tre
reta e plano. Fora des-
ta hipótese, a ortogonali-
dade, àbviamente, não é
projetiva.
Resolveremos, ago-
ra, os problemas que, sob
esta mesma rubrica, foram
propostos para os dois ou-
Y, tros sistemas de represen-
tação.
1° Problema: Por um pon-
to traçar a reta perpendi-
Figura 64 cular a uma reta dada e
Ortogonalidade entre retas 113

que tenha com ela ponto comum.


Vamos admitir, na épura da figura 64, que a reta da-
da seja paralela a um dos planos coordenados. Ao plano VOZ,
por exemplo. É claro que o plano passando por P - que é
o ponto dado - perpendicular à reta dada é também or-
togonal a VOZ. Seus
z,
traços se determinam a, b,
imediatamente atra-
vés do plano TxTyTz,
pertencente a P, e pe-
la reta s, .dêsse pla- u,
no, ortogonal a r.
A etapa se-
guinte consiste na
construção da reta i B', Y,

de interseção de a
Figura 65
com a reta r. É o
ponto M, que se caracteriza por MI e M\.· A perpendicular
procurada é, naturalmente, MP, cuja principal e prévia se de-
terminam sem maior dificuldade.

2° Problema: Por um ponto traçar a reta perpendicular a


uma reta dada e que encontre outra reta dada.

Na épura da figura 65 imaginamos a hipótese de que


a reta procurada deve passar pelo ponto P, dado por P1 e P\,
deve ser perpendicular à reta a, paralela a OZ, e deve en-
contrar uma reta genérica b. Estará, assim, a perpendicular
pedida, situada no plano a, paralelo a XOZ. A seguir, deter-
minamos o ponto M, de interseção de b com a. A solução
se encontra imediatamente unindo-se P a M, É evidente que,
por ser paralela a XOZ, a reta MP tem M1P1 paralela a M'lP\,

3° Problema: Por um ponto dado, passar a reta perpendicular


a uma reta dada e paralela a um plano dado.

Fixamos a hipótese, na figura 66, de que a reta pro-


curada passe por P (dado por P1 e P\), seja paralela ao pla-
114 Axonometria ortogonal

no YOZ e perpendicular à reta a (dada por a} e a't). O pla-


no a, da épura, foi construido por P perpendicularmente à
reta a, de acôrdo com o que foi visto em problema anterior.
z, O plano [3, passa
também por P e é
paralelo a YOZ. A
reta MN (determina-
da por M1N1e M}'N1'),
interseção de a e [3
é a solução procura-
da. Como verifica-
ção da parte gráfica,
ao se unir M} a N}
essa reta deve conter
Y, p}, evid en temente
Também é evidente -
por força da hipóte-
a', se do problema ...:......
que M}N} deve re-
Figura 66
sultar paralela a a' 2'

* * *
Da mesma forma que no estudo dos dois sistemas an-
teriormente considerados, o 4° problema, então formulado, por
ser caso de perpendicular comum, será tratado no ítem que
segue.

4. Aplicações clássicas
É certo que poderíamos, sob o título acima, incluir
numerosos exemplos de problemas envolvendo os conceitos
de ortogonalidade que vimos aplicando. Vamos indicar dois
exemplos sugestivos para não fugir à norma que nos traça-
mos para os sistemas monge ano e das projeções cotadas.
A escolha não obedeceu a outro critério se não o de a-
proveitar o ensejo para abranger os diversos campos de re-
presentação do ponto, da reta e do plano, na Axonometria Orto-
gonal.
Aplicações clássicas 115

a) perpendicular comum a duas retas reversas.


Vamos supor que uma das retas dadas seja perpendicu-
lar a um dos planos coordenados. Por exemplo, ao plano
XOY. A outra, admitiremos qualquer. Nêsse caso particular
- escolhido de propósito para que a épura não resulte des-
necessàriamente complicada ..:....-
a perpendicular comum será,
é claro, paralela ao plano XOY e, sôbre êsse plano, a ortogo-
nalidade existente entre ela e a reta qualquer será projetiva.
Isto é, em têrmos axonométricos: ala prévia da perpendicu-
lar 'comum será perpendicular, no espaço, à Ia prévia da reta
qualquer e passará pelo traço da Ia reta dada sôbre XOY.
O problema da construção dessa ortogonalidade é sim-
ples, através do rebatimento do plano XOY sôbre um plano
paralelo a Jrl'

Figura 67

Ne figura 67, a (dada por aI e a\) é perpendicular a


XOY e b qualquer (dada por b1 e b'l) são as duas retas re-
116 Axonometria ortogonaI

versas do problema. A 1a prévia da perpendicular comum pas-


sará por a', e será, no espaço, ortogonal a b\. Na épura reba-
temos o plano XOY sôbre um plano paralelo a Jr), indicado, a-
penas, pelo lado Tx Ty do triângulo dos traços. Depois do re-
batimento construimos, em verdadeira grandeza, o ângulo reto
de (b'j) com a reta (a'j) (M\).

Feito o alçamento, o ponto M' 1 vira a· sua posiçao re-


al e a 1a prévia se constrói logo. A principal é necessária-
mente paralela a essa Ia prévia e passará pelo ponto M), que
se obtem sôbre b1 a partir de M' 1 sôbre b\. Assim se deter-
mina Pie a principal da perpendicular comum procurada.

Essa mesma épura nos permite outra interpretação das


operações que conduziriam à perpendicular comum entre a e
b. De fato, o plano por b paralelo a a é, claro está, o plano
projetante de b sôbre XOY, cujo traço sôbre êste plano coor-
denado, naturalmente, é b'l. Para seguir o raciocínio desen-
volvido no ítem 4, Capítulo I, do Título I (2° processo) tería-
mos, agora, de traçar por a o plano perpendicular ao plano
acima referido. No plano XOY os traços dêsses dois planos
serão ortogonais, porque ambos são perpendiculares a XOY.
No rebatimento essa operação se realiza em verdadeira gran-
deza. Alçando-se o plano XOY, determinamos a projeção or-
togonal de a sôbre o plano que passa por b e é paralelo a a.
Essa projeção é a reta MIM\. Dai se conclui a construção
imediata de P)MIJ P'IM\.

Isto é, a operação se realizou tal como indicada no 2°


processo acima aludido.

b) Plano ortogonal a dois outros.

Como última aplicaçãoda ortogonalidade em Axono-


metria Ortogonal, cuidaremos,agora, de resolver o seguinte:
Problema: Por um ponto dado constru.ír o plano que seja or-
togonal a dois outros dados.
oproblema, afinal, se resume em um outro já resol-
vido nesta parte e que consistiu em traçar por um ponto da-
Aplicações clássicas 117

do o plano perpendicular a uma reta dada. No caso, como


se sabe, esta reta é a interseção dos dois planos.

z,
{j't/

X, Y,

Figura 68

Na figura 68, os planos dados são a, perpendicular


a YOZ, e {3, perpendicular a XOY, que se cortam segundo a
reta AIBI' A'tB't. Pelo ponto dado P, construimos, de acôrdo
com o que foi visto anteriormente, o plano y, perpendicular
a AB.

Esse plano í' encontra a segundo a reta cuja princi-


pal é LITI' e encontra {3, segundo NIUI. Essas duas retas se
cortam no ponto MI que, necessáriamente, pertence a AIBI.
Esse ponto é o vértice do ângulo retilíneo do diedro formado
118 Axonometria ortogonal

por a e (J. É claro que N1Ml e LIMl são perpendiculares a


AIBl·
O rebatimento de y sôbre o plano de projeção permi-
tiria determinar-se, em verdadeira grandeza, o ângulo de a
com {J.

Rio, outubro de 1.960


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INDICE
íN DI C E

Título 1 - Princípios fundamentais da ortogonalidade

Capítulo I - Propriedades geométricas fundamentais


da ortogonalidade
1. OrtogonaHdade entre retas 11

2. OrtogonaHdade entre retas e pLanos 12

3. OrtogonaLidade entre pLanos 17

4. Menor distância entre duas retas reversas 19


5. Lugares geométricos importantes 21

Capítulo 11 - Ortogonalidade no feixe de retas e no


feixe de planos
1. Feixe de retas e feixe de pLanos 23
2. InvoLução 24
3. InvoLução circuLar 25
4. Eixo e polo de uma invoLução sôbre pontiLhadas de
2a ordem 27

5. Pares comuns a duas invoLuçõ~s superpostcs 28

Capítulo 111 - Ortogonalidade na estrêla

1. A estrêLa 3i
2. Correspondência ortogonaL na estrêLa 32
3. PoLaridade pLana. AntipoLaridade 3.5

Título 2 - Ortogonalidade no sistema bi-projetivo or-


togonal de Monge

Capítulo I - Projeção de um ângulo reto


1. Caso geraL 44
2. Casos particuLares 48
3. Variação da projeção de um ânguLo reto 50

--- -_.-
130 Índice

Capítulo II - Problemas clássicos de ortogonalidade

1. Reta e plano ortogonais 59

2. Planos perpendiculares entre si 66

3. Retas perpendiculares entre si 68

4. Aplicações clássicas 71

Título 3 - Ortogonalidade: a) Sistemas de projeções


cotadas

Capítulo I - Noções fundamentais


1. Noções fundamentais 81

Capítulo II - Problemas clássicos de ortogonalidade


1. Ortogonalidade entre reta e plano 83

2. Ortogonalidade entre planos 88

3. Ortogonalidade entre retas 90

4. Aplicações clássicas 92

Título 3 - OrtogonaZidade: b) Axonometria ortogonal

Capítulo I - Noções fundamentais. Triedros funda-


mentais
1. Propriedades do triedro de referência 99

Capítulo 11 - Problemas clássicos de ortogonalidade


1. Ortogonalidade entre reta e plano 103

2. Ortogonalidade entre planos 110

3. Ortogonalidade entre retas 112

4. Aplicações classicas 114

5. Bibliografia 121

6. Indice 129
• 11:stelivro foi composto
e impresso nas oficinas da
GRÁFICA GUTENBERG

--- -- -

ERRATA
Pág. Linha Onde se lê: Leia-se
6 3 figura no fizemos ao
6 27 a memória do mes- - à memória do saudoso
tre e saudoso
7 17 arquições arguições
7 31 crítica críticas
16 16 oferecíamos ofereceríamos
19 2 sãa . são
19 7 existe consiste
20 4 resolvê-los. resolvê-Ios,
20 10 {j
Y
21 8 a, al
21 9 a al
29 2 perteçam pertençam
--2
34 25 VVo= VVo =
36 6 J == AlB2 . AlB2 J == AlBl . A2B2
37 5 da circunferência da circunferência, ou,
ou, o o polo
37 28 b - a antipolar b-o anti-polo
37 última VoR VnF
38 7 afimar-se afirmar-se
--2 2
38 21 VVo = (V)Vo =
Pág. Linha Onde se lê: Leia-se
39 21 assmi assim
43 24 - podemos - podermos
44 27 ao plano J[ - ao plano J[j
44 29 - AIAI - AIBI
45 10 desigualdedes - desigualdades
51 14 arteriormente anteriormente
51 15 NIP\ - NIC.
--2 --2
51 22 - EIFI - Ela'
--2
51 24 EIFI - --2
E!O!
52 1 Mas, E!F! é o Mas, E!O! é o
eixo semi-eixo
52 1 - (portanto, diâmetro _ (portanto, raio
52 2 OIC! é o eixo OjCI é o semi-eixo
52 4 - EIFI Ela!
52 13 - (no denominador - tg . /31
da fração) /31
53 penúltima - O máximo de f)2 O máximo de f)l
74 2 - SAlt SA!tl
77 30 - a) - Perpendicular - d) - Perpendicular
--2 -
100 18 - TzTx = OTz + - Tz --2 --2
Tx = OTz +
101 11 - TTy - r..r,
104 12 - P\ - PI

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