Você está na página 1de 5

DISCIPLINA: Direito Penal Militar

PROFESSOR: Adriano Abdon

BLOCO 07

DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL MILITAR


Analisaremos diversos artigos e seus devidos títulos nos quais requer a leitura atenta ao
diploma normativo.
JUSTIÇA MILITAR BRASILEIRA
 Militares Estrangeiros:
Art.11. Os militares estrangeiros, quando em comissão ou estágio nas forças
armadas, ficam sujeitos à lei penal militar brasileira, ressalvado o disposto em
tratados ou convenções internacionais.

Os militares estrangeiros, se estiverem em território nacional, aplica-se a regra geral


da territorialidade, de modo que o preceito deste artigo seria inócuo. Além disso,
deve o militar estrangeiro cometer delito preceituado neste Código Penal. Entretanto,
sua utilidade se circunscreve à demonstração de interesse brasileiro, no âmbito
punitivo, quando o militar estrangeiro estiver comissionado ou estagiando nas Forças
Armadas, embora em lugar alheio ao território nacional (NUCCI, 2014).

ATENÇÃO!!!
Muito cuidado com a exceção quando se fala no disposto em Tratados ou
Convenções Internacionais.
Evidencia-se o critério estabelecido pela exceção (ressalva quanto ao disposto em
tratados ou convenções internacionais), que serve para a aplicação aos militares do
corpo diplomático, gozando de isenção da jurisdição brasileira (NUCCI, 2014).

 Equiparação a militar da ativa:


Art.12. O militar da reserva ou reformado, empregado na administração
militar, equipara-se ao militar em situação de atividade, para o efeito da aplicação
da lei penal militar.

Note-se que não se cuida de, singelamente, equiparar o civil ao militar, pois este
último, mesmo na reserva ou reformado conserva as responsabilidades e
prerrogativas do posto ou graduação (art. 13, CPM), motivo pelo qual é razoável a
referida equiparação. Além do mais, ele se encontra em plena atividade, exercendo
atividade na administração militar, o que compromete a instituição em caso de
qualquer desvio (NUCCI, 2014).
 Militar da reserva ou reformado:
Art.13. O militar da reserva, ou reformado, conserva as responsabilidades
e prerrogativas do posto ou graduação, para o efeito da aplicação da lei penal
militar, quando pratica ou contra ele é praticado crime militar.

POSTO: Quem exerce são apenas os que compõem o CIRCULO DE OFICIAIS.


GRADUAÇÃO: Quem exerce são apenas os que compõem o CÍRCULO DOS PRAÇAS.
Outro ponto a ser levar em consideração são os sujeitos do crime nos quais podem ser:

MILITARES DA RESERVA OU REFORMADOS – podendo ser tanto sujeito ativo


(pratica), quanto sujeito passivo (vítima).

 Defeito de incorporação:
Art.14. O defeito do ato de incorporação não exclui a aplicação da lei penal militar,
salvo se alegado ou conhecido antes da prática do crime.

O Defeito de incorporação pretende-se evitar alegação de atipicidade da conduta ou


mesmo de nulidade processual, quando um convocado – que não deveria sê-lo –
cometer algum delito militar, como, por exemplo, a deserção. Para escapar à
responsabilidade penal, o agente do delito afirmaria defeito de incorporação,
indicando algum motivo para que ele não fosse integrado à vida militar. Ora, tal
afirmativa somente teria sentido se já conhecida do órgão militar competente, que a
ignorou indevidamente, antes da prática do crime. No mais, ninguém pode se
beneficiar da própria torpeza, como preceito geral de direito, motivo pelo qual o
incorporado, mesmo com defeito no âmbito administrativo, deve responder pela
infração penal militar (NUCCI, 2014).

TEMPO DE GUERRA
 Tempo de guerra:
Art.15. O tempo de guerra, para os efeitos da aplicação da lei penal militar, começa
com a declaração ou o reconhecimento do estado de guerra, ou com o
decreto de mobilização se nele estiver compreendido aquele
reconhecimento; e termina quando ordenada a cessação das hostilidades.

Trata-se de um momento de excepcionalidade, por esse motivo deve ser tratado como
tal.

*Declaração: Ato do PRESIDENTE DA REPÚBLICA

“Dispõe o art. 84, XIX, caber ao Presidente da República declarar guerra, no caso de
agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele,
quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições,
decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional”.
 Contagem de prazo:
Art.16. No cômputo dos prazos inclui-se o dia do começo. Contam-se os dias, os
meses e os anos pelo calendário comum.

 Crimes praticados em prejuízo de país aliado:


Art.18. Ficam sujeitos às disposições deste Código os crimes praticados em
prejuízo de país em guerra contra país inimigo do Brasil:
I -se o crime é praticado por brasileiro;
II -se o crime é praticado no território nacional, ou em território estrangeiro,
militarmente ocupado por força brasileira, qualquer que seja o agente.
JUSTIÇA MILITAR BRASILEIRA
 Infrações Disciplinares:
Art. 19. Êste Código não compreende as infrações dos regulamentos disciplinares.
Afastamento da infração disciplinar do âmbito penal: de modo correto, a norma deixa
claro que as infrações penais diferem na aplicação da sanção das infrações
puramente disciplinares ou administrativas (NUCCI, 2014).

 Crimes praticados em tempo de guerra:


Art. 20. Aos crimes praticados em tempo de guerra, salvo disposição especial,
aplicam-se as penas cominadas para o tempo de paz, com o aumento de um
terço.
Causa de aumento genérica: estabelece esta norma uma causa de aumento geral,
de um terço, para os delitos militares, previstos neste Código, para os tempos de
paz, quando cometidos em tempos de guerra. É razoável o enunciado, pois em
época de conflito armado todo e qualquer crime militar torna-se mais grave
(NUCCI, 2014).
 Assemelhado:
Art. 21. Considera-se assemelhado o servidor, efetivo ou não, dos Ministérios da
Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, submetido a preceito de disciplina militar,
em virtude de lei ou regulamento.
Assemelhado: não mais existe a figura do assemelhado para fins penais militares
(NUCCI, 2014).
 Pessoa considerada militar:
Art. 22. É considerada militar, para efeito da aplicação dêste Código, qualquer
pessoa que, em tempo de paz ou de guerra, seja incorporada às fôrças armadas,
para nelas servir em pôsto, graduação, ou sujeição à disciplina militar.
Norma explicativa: define-se quem é militar para o fim de aplicação do Código
Penal Militar, embora o conceito esteja incompleto. Falta mencionar, conforme
dispõem os arts. 42 e 144, § 5.º, da CF, os membros das Polícias Militares e Cor-
pos de Bombeiros Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios (neste
caso, quando houver) (NUCCI, 2014).
 Equiparação a comandante:
Art. 23. Equipara-se ao comandante, para o efeito da aplicação da lei penal militar,
tôda autoridade com função de direção.
Norma de equiparação: embora entendamos desnecessária, pois toda autoridade
com função de direção, no âmbito militar, é um comandante natural, o propósito
desta norma é tornar clara tal situação (NUCCI, 2014).
 Conceito de superior:
Art. 24. O militar que, em virtude da função, exerce autoridade sôbre outro de igual
pôsto ou graduação, considera-se superior, para efeito da aplicação da lei penal
militar.
 Referência a “brasileiro” ou “nacional:
Art. 26. Quando a lei penal militar se refere a “brasileiro” ou “nacional”, compreende
as pessoas enumeradas como brasileiros na Constituição do Brasil.
 Estrangeiros:
Parágrafo único. Para os efeitos da lei penal militar, são considerados estrangeiros
os apátridas e os brasileiros que perderam a nacionalidade.
 Os que se compreendem, como funcionários da Justiça Militar:
Art. 27. Quando êste Código se refere a funcionários, compreende, para efeito da
sua aplicação, os juízes, os representantes do Ministério Público, os funcionários
e auxiliares da Justiça Militar.
QUESTÕES

1. Com relação à Lei Penal Militar, assinale a alternativa correta.

a) O defeito do ato de incorporação exclui a aplicação da lei penal militar, salvo se alegado
ou conhecido antes da prática do crime.
b) O militar da reserva, ou reformado, conserva as responsabilidades e prerrogativas do
posto ou graduação, para o efeito da aplicação da lei penal militar, apenas quando pratica
crime militar.
c) Os militares estrangeiros, quando em comissão ou estágio nas Forças Armadas, ficam
sujeitos à lei penal militar brasileira, ressalvado o disposto em tratados ou convenções
internacionais.
d) A pena privativa da liberdade por mais de quatro anos, aplicada a militar, é cumprida em
penitenciária militar e, na falta dessa, em estabelecimento prisional civil, ficando o recluso
ou detento sujeito ao regime conforme a legislação penal comum, de cujos benefícios e
concessões também poderá gozar.
e) A pena privativa da liberdade por mais de três anos, aplicada a militar, é cumprida em
penitenciária militar e, na falta dessa, em estabelecimento prisional civil, ficando o recluso
ou detento sujeito ao regime conforme a legislação penal comum, de cujos benefícios e
concessões também poderá gozar.

2. Julgue o item conforme o Código Penal Militar.


Os militares estrangeiros, quando em comissão ou estágio nas Forças Armadas, inclusive
de férias, ficam sujeitos à lei penal militar brasileira.

( ) Certo ( ) Errado

3. Julgue o item conforme o Código Penal Militar.


Um coronel da reserva remunerada que foi convocado para ser Juiz Militar será equiparado
ao militar da ativa.

( ) Certo ( ) Errado

GABARITO

1. C
2. E
3. C

Você também pode gostar