Você está na página 1de 8

CURSO DE BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL

DISCIPLINA: CLASSES, MOVIMENTO SOCIAL E SERVIÇO SOCIAL

LUIZ CARLOS ANTUNES DA SILVA

FICHAMENTO COMENTADO

IGUATU-CE
2018
FICHAMENTO COMENTADO – CMSSS

Este trabalho tem a finalidade de fichar as páginas 77 a 85 do capitulo 2


(Classe social, consciência de classe e lutas de classe), parte 1, do livro “Estado,
Classes e Movimento Social”, dos autores Carlos Montaño e Maria Lucia
Duriguetto. Faremos breves comentários dos itens fichados acerca do Capital e
Trabalho (ontológico e histórico) no Modo de Produção Capitalista (MPC) e a
constituição das classes sociais no MPC.

ASSUNTO 1:
Capital no Modo de Produção Capitalista (MPC)
REFERÊNCIA:
MONTAÑO, C.; DURIGUETTO, M. L.. Estado, Classes e Movimento Social.
São Paulo: Cortez, 2011. 3ª ed. – Biblioteca Básica do Serviço Social. (cap. 2, p.
77 - 85)
CITAÇÕES:
“Capital é uma categoria peculiar, especifica do sistema capitalista, e, portanto o
qualifica, o define, o determina.” (p. 77)
“Capital, portanto, deve ser entendido como base em duas dimensões: ele
remete a uma determinação econômico-politica, assim como uma relação social
determinada” (p.78)
““Capital” [...] constitui-se, conforme [...] o dinheiro se transforma em capital, a
partir de um processo que valoriza o dinheiro, isto é, um processo que o final
conclui com um valor superior ao inicial. [...] é a produção da mais-valia pelo
trabalhador. (p. 78)
“[...] a produção de mais-valia (pelo trabalhador) que valoriza o dinheiro e o
transforma em capital. Mas é a apropriação da mais-valia (pelo capitalista), que
torna o possuidor de dinheiro (e dos meios de produção) em capital.” (p. 78)
“[...] o trabalhador é obrigado a vender sua força de trabalho ao capitalista [...]”
(p. 78)
“[...] nem o capitalista pode acumular sem incorporar a força de trabalho alheia,
nem o trabalhador pode produzir sem se vincular ao capital [...] uma relação
(necessária e ineliminável no MPC).” (p. 78)
“Essa é uma relação de compra e venda da força de trabalho (agora
transformada em mercadoria) [...] o capitalista [...] precisa comprar a força de
trabalho e incorporá-la como “capital-variável” [...]” (p 78)
“[...] o trabalhador é despojado do produto do seu trabalho excedente (mais-
valia); isso caracteriza uma relação de exploração [...]” (p. 79)
“Capital remete assim a uma relação de emprego sustentada na exploração do
trabalho pelo capital [...]” (p. 79)

COMENTÁRIO:
Neste item, os autores fazem a explanação acerca do capital no MPC. Eles
explicam que o capital é uma categoria característica do capitalismo e deve ser
vista/entendida a partir do âmbito econômico-político e no âmbito das relações
sociais. No que se refere ao econômico-político, o capital é o dinheiro valorizado
extraído da mais-valia (trabalho não pago) e seu objetivo final é o lucro; já no que
se refere às relações sociais, o capital é a relação exploratória de emprego
(trabalho assalariado) – compra/venda da força de trabalho/mercadoria – que
aliena o trabalhador (capital variável), distanciando-o do seu produto final.
ASSUNTO 2:
Trabalho no MPC (dimensões ontológica e histórica)
REFERÊNCIA:
MONTAÑO, C.; DURIGUETTO, M. L.. Estado, Classes e Movimento Social.
São Paulo: Cortez, 2011. 3ª ed. – Biblioteca Básica do Serviço Social. (cap. 2, p.
77 - 85)
CITAÇÕES:
“Também o termo “trabalho” é usado de forma diversificada [...] confundem mais
do que esclarecem.” (p. 79)
“[...] há em Marx uma antologia do “ser social”, isto é, uma busca das
determinações reais que peculiarizam o ser humano em sociedade. [...] o ser
“inorgânico” (a sua constante transformação) e o “ser orgânico” (sua capacidade
de reprodução ou reposição), o “ser social” se constitui a partir de um salto
ontológico dado pela produção do novo [...] para sua reprodução, o ser social
passou a desenvolver uma atividade orientada por finalidades racionalmente (e
não naturalmente) estabelecidas.” (p. 79)
“O trabalho é assim uma atividade teleológica (orientada conscientemente por
finalidade e condições racionalmente compreendidas) [...]” (p. 79)
“[...] o trabalho constitui não apenas o fundamento ontológico do ser social, mas
também constitui o fundamento da liberdade. Liberdade é assim entendida – A
partir da afirmação marxiana de que “o reino da liberdade começa onde o
trabalho deixa de ser determinado por necessidade e por utilidade [...] mas,
contrariamente, como o exercício real da capacidade consciente de optar e
escolher por finalidade e caminhos [...]” (p. 80)
“[...] conforme Marx e Engels, os homens distinguem-se dos animais, não por
possuir consciência, mas por “produzir seus meios de vida” [...] “o que distingue o
pior arquiteto da melhor abelha é que ele figura na mente sua construção antes
de transformá-la em realidade” [...]” (p. 80)
“No MPC o trabalho (atividade criadora de valor) [...]” (p. 80)
“[...] é uma relação de exploração e alienação [...]” (p. 81)
“[...] o processo de trabalho [...] submete-se à lei geral de acumulação capitalista
“[...] O resultado: maior desemprego e subemprego.” (p. 81)
“[...] em sociedade pré-capitalista o desemprego e a pauperização são o
resultado [...]do insuficiente desenvolvimento da produção de bens de consumo
ou da escassez de produtos [...] contraditoriamente no modo de produção
capitalista a pobreza [...] é resultado da acumulação privada de capital [...]” (p.
81)
“Quanto maior desenvolvimento, maior acumulação de capital. O
desenvolvimento no capitalismo não promove maior distribuição de riqueza, mas
maior concentração de capital, portanto, maior empobrecimento [...], maior
desigualdade.” (p. 81)
“As lutas de classes [...] são o instrumento que o trabalhador tem tido para
diminuir essa desigualdade [...]” (p. 81)
COMENTÁRIO:
Os autores iniciam este item com a abordagem que a sociedade utiliza do
termo “Trabalho” de forma distorcida/confusa. O trabalho (atividade teleológica)
funda o ser social; é a partir do trabalho que o homem transforma a natureza e
ser transforma (aprende algo novo). A antologia na concepção marxista aborda o
ser orgânico e inorgânico, ou seja as transformações e a capacidade de
reprodução/reposição, respectivamente; a concepção do ser social estar
diretamente ligado ao ser (in) orgânico. O trabalho também fundamental na
liberdade, pois a partir do momento que o trabalho deixa de ser uma
necessidade/utilidade e passa a ser uma opção/escola objetiva, o homem será
livre.
O trabalho assalariado está submetido ao MPC. Este ao mesmo tempo em
que produz riqueza, também produz, contraditoriamente, a pauperização/miséria
humana. A centralização dos meios de produção (riqueza) nas “mãos” da minoria
burguesa gera o desemprego/subempregos e condições precárias de
subsistência humana para a maioria proletariada. Ao contrário disto, anterior ao
capitalismo, à pobreza estava ligada direta a escassez de produtos e à produção
insuficiente. As contradições capitalistas impulsionam os trabalhadores a
lutarem/resistirem por melhorias/direitos; lutarem por, pelo menos, diminuírem as
desigualdades entres as classes, por erradicá-las no capitalismo é impossível.
ASSUNTO 3:
A constituição das classes sociais no MPC
REFERÊNCIA:
MONTAÑO, C.; DURIGUETTO, M. L.. Estado, Classes e Movimento Social.
São Paulo: Cortez, 2011. 3ª ed. – Biblioteca Básica do Serviço Social. (cap. 2, p.
77 - 85)
CITAÇÕES:
“[...] estratificação social. Ela representa a desigualdade social existente e a
divisão das pessoas em grupos, estados sociais, sejam em relação à riqueza
econômica, ao poder político ou religioso, seja em relação à função que se
cumpre na sociedade. [...] A estratificação econômica, baseada na riqueza,
define a distribuição (desigual) dos bens existentes, e configura a “pirâmide
social” em graus de “ricos” e “pobres”. A estratificação política, baseada no poder
politico, militar ou religioso, define grupos de poderes e autoridades de uma
sociedade, determinado grupo “dominador” e “dominados”. A estratificação
funcional divide uma sociedade a partir das funções que cada um cumpre nela,
caracterizando os diversos “papeis sociais”. (p. 82)
“A divisão ou estratificação social pode, [...] assumir formas diferentes em
sociedades diversas.” (p. 82)
“As castas, fundamentalmente existentes na Antiguidade Oriental, representa
grupos hierárquicos e fechados [...], geralmente hereditários, sustentados em
diferenciações como religião, raça ou etnia, cultura, ocupação etc. [...]” (p. 82)
“Os estamentos (ou status), típicos das sociedades feudais na Idade Média,
tratados por Weber (1976), têm origem em grupos com leis, direitos e deveres
diferentes [...], em função da honra, e representam uma pequena mobilidade
social [...]” (p. 83)
“[...] classes conformam grupos sociais não definidos por questões hereditárias
[...], nem por leis ou privilégios especiais que as diferem [...], remetendo uma
dimensão estritamente econômica [...]” (p. 93)
“Classes em autores pré-marxianos. [...] Adam Smith já trata das classes
fundamentais baseadas na função econômica: classes agrária, industrial e
assalariada, como fundamentos das fontes de renda. [...] Saint-Simon
considerava a sociedade dividida em duas classes: classe industrial e classe
ociosa; enquanto Proudhon considerou a propriedade como origem da divisão
social de classes [...]” (p. 83)
“Classe social em weber. [...] O autor pensa a estruturação social em três
dimensões: da riqueza [...], do prestigio [...], e do poder [...].” (p. 83)
“[...] divide a população entre proprietário e não proprietário, [...] distinguindo-se
pelo tipo de propriedade: de indústria, máquinas, capitais, terras, conhecimentos
etc. [...] Portanto, classe está ligada à riqueza.” (p. 84)
“Para Weber, o conceito de classe remete, portanto, à situação dos indivíduos no
mercado [...]” (p. 84)
“Classe social em Marx. Max trata as classes sociais de forma diversificada e
inacabada, [...], as classes para o autor também são tratadas diferentemente em
textos e contextos diversos, mas fundadas na divisão social num modo de
produção determinada.” (p. 84)
“Para Marx, as classes fundamentais, ao longo da historia, constituem-se
principalmente a partir da polarização entre os produtores diretos da riqueza [...]
e os proprietários dos meios de produção [...], e é essa relação polarizada entre
os criadores e usurpadores de riqueza que caracteriza um determinado tipo de
sociedade, um modo de produção.” (p. 85)
“[...] em Marx a classe social é considerada como uma categoria propriamente
dialética e em movimento: sendo fundada num modo de produção específico, a)
ela apresenta uma dimensão estrutural que determina sua gênese e
simultaneamente contém contradições e formas de enfrentamento que marcam
seu movimento [...]; b) ela assume determinações diversas em várias contextos
históricos [...]; c) ela é inseparável da consciência de classe e das lutas de
classes.” (p. 85)
COMENTÁRIO:
O último item deste fichamento aborda a estratificação social. Essa
estratificação é exatamente as desigualdades sociais entre as classes e existem
três formas, são elas: econômica (riqueza), política (poder) e a funcional (funções
sociais). Elas são expressas de diversas formas nas diversas sociedades:
castas, estamentos e classes.
As classes são grupos sociais distintos pela diversificação econômica. No
texto aborda classes nos autores pré-marxianos (Adam Smith, Saint-Simon e
Proudhon), para Weber e para Marx. Enquanto par Weber a sociedade era
baseada na riqueza, no prestigio e no poder (situação no mercado), sendo
dividida em proprietários de riqueza (indústria, máquina capitais, terras,
conhecimento, etc.) e os não proprietários; lá para Marx, classe social é baseada
em criadores e usurpadores da riqueza, basicamente no MPC, entre burgueses
(possuidores dos meios de produção) e proletariado (possuidores da força de
trabalho) que estão em constante movimento e dialética, com dimensão
estrutural e contraditória, tem determinações diversas em diferentes contextos e
são inseparáveis da consciência/luta de classe.

Você também pode gostar