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A ORIGEM DE UMA CULTURA CARNAVALESCA EM PORTO FERREIRA – 1ª Parte

Por Renan Arnoni

Sem recorrer aos conceitos e definições científicos, em poucas palavras, cultura é um


comportamento constante repetido por determinada população que se torna um hábito e
passa, com o tempo, a fazer parte de um povo de determinada localidade.
Desta forma ocorreu no carnaval de rua em Porto Ferreira. Deixando de lado a origem do
entrudo, e considerando-o já instituído no município, segundo Miguel Bragioni “o carnaval
ferreirense de 1934 registrou o princípio de uma diferente brincadeira, por meio da inusitada
alegoria de um humilde “Boi”, dançando ao compasso de uma zabumba, que pertenceu à
popular Maria Angélica – incentivadora do samba e das melodias africanas.
Os instrumentos de percussão como a zabumba predominaram, a partir da década de 30, em
alguns carnavais de rua brasileiros, incentivados pelo governo Vargas – que financiava as
escolas de samba - por questões ideológicas e inspirado no fascismo italiano, com o intuito de
suprimir os instrumentos de sopro do samba (“modismos importados”), aproximando-o de
uma marcha, e de atribuir uma identidade nacional.
Mas qual seria a verdadeira origem da associação do boi ao carnaval ferreirense?
Utilizando o método histórico comparativo, vamos elaborar uma nova interpretação do
passado, a qual, ao ser negligenciada, não nos permite de compreender o motivo desta
tradição ter caído no gosto popular.
De acordo com Miguel Bragioni:

“Orestes Rocha, baseando-se em depoimentos orais, descreve as rústicas características da criação do


“Boi”, feito por sobras de materiais da Companhia Paulista de Estradas de Ferro e por “uma armação de
bambu envolto em tiras de saco de estopa (juta) e coberto com pedaços de lona. Depois de pronto era
pintado com pó de sapato (tinta preta).”
“A fera, inicialmente, era confeccionada por Florisbelo David, Picolino, Sai Cedo, Antonio Martins (pai),
Leodobino, Coimbrão e outros funcionários da Companhia Paulista”. (Revista do Centenário de Porto
Ferreira)

ARTUR NOGUEIRA

“Em 2024, o Bloco da Vaca completa 94 anos de história em Artur Nogueira. A primeira confecção da
vaca ocorreu em 1928, quando o bloco ainda se chamava Banda do Boi. Produzidas com base de cipó,
cabeça de vaca, revestidas com espuma e pintadas à mão, elas costumam ter, em média, 30 kg”.
(PORTAL NOGUEIRENSE 10/01/2024)

Outra fonte cita que o boi foi criado por volta de 1930 “por famílias tradicionais do município,
Montoya e Duzzi, que trouxeram a brincadeira inspirada nas touradas espanholas. Nessa época
os homens se fantasiavam de mulher e saiam no bloco levando chifradas da vaca”.
(Globo.com, março 2014).
Portanto, acredita-se que a tradição do boi surgiu, primeiramente, em Artur Nogueira,
expandindo-se para outros municípios da região.

PAMPLONA

Em Pamplona (Espanha) acontece a tradicional “Festa de San Fermín”. Trata-se de uma


ancestral tradição ibérica relacionada aos touros, considerados como representantes das forças
da terra.
Existem dois momentos no evento cultural: o encierro, a conhecida corrida de touros pelas
ruas da cidade; e o txupinazo (ou chupinazo), momento de aglomeração dos participantes para
o estouro de fogos, mas que modernamente se tornou o momento da festa em que os
celebrantes permanecem nas ruas, regados a uma grande quantidade de álcool.
As corridas de touros ocorrem pelas estreitas ruas do centro antigo da cidade, acompanhadas
de uma multidão ao lado e à frente dos touros, muitas vezes, acompanhadas de pisoteamentos
e chifradas. (WIKIPEDIA)

(Continua na próxima edição)

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