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TEXTO I (Aulas 1 e 2)
Muitas pessoas acreditem que música é uma prática somente, ou seja, não combina muito com
teoria, de certa forma até faz sentido. Mas como tocar algum instrumento se não se entende o que
está tocando? alguns é claro o fazem, pois desenvolvem um conhecimento prático que se
assemelha ao conhecimento teórico. Com isto queremos dizer que a teoria é necessária, mas não
imprescindível. É possível tocar bem sem a teoria, mas um bom músico se preocuparia em se
aprofundar em seus conhecimentos para poder ter mais liberdade ou mais domínio. Claro que isto
depende muito de que tipo de música ou em quais momentos espera-se exercer esta arte. Para um
professor de música, a teoria musical é mais do que uma ferramenta para compreensão da música,
mas um dos domínios a ser desenvolvido em seus alunos.
Bem, tendo em vista esta discussão, podemos entender de partida que a teoria pode ajudar a
ampliar o domínio da prática musical e por isto a teoria deve ser estudada tendo em vista seu uso
prático. Sendo assim, teoria e prática não se separam quando estudamos música. Por exemplo,
desenvolver a percepção auditiva, seja melódica ou harmônica, faz parte da teoria da música, de
certa maneira. Outro exemplo, é que para quem quer tocar algum instrumento harmônico como
violão, guitarra, teclado etc. saber sobre como se formam as harmonias pode ajudar muito.
A disciplina de Teoria e Percepção Musical I introduz o que é chamado de teoria básica em música.
É chamada de básica porque entre os conhecimentos de teoria musical encontra-se o contraponto,
a harmonia, a análise musical, que serão disciplina posteriores deste curso. A teoria básica é aquela
que dá suporte a estes outros conhecimentos, ela se dedica especificamente a compreender as
notas, o ritmo e sua notação. A questão é que muitos cursos e livros sobre teoria básica acaba por
cair em alguns erros, as vezes o conhecimento é apresentado sem relação com a prática, as vezes
parece um banco de dados de símbolos e conceitos, e as vezes se dedica apenas à notação musical,
sem contexto. Tentaremos não cair nestes erros.
O estudo de teoria tem algumas dificuldades também, é preciso ter em mente que a teoria foi
desenvolvida durante muitos séculos e alguns conceitos podem ser encontrados de algumas formas
diferentes, isto porque em uma época pensava-se de uma forma e depois passou-se a pensar de
outra forma e assim o conceito foi modificado. Sendo assim, para podermos entender bem do que
se trata, é preciso ter uma ideia de como os conceitos evoluíram. Ao longo do curso tentaremos
apresentar os possíveis problemas e como entender certos conceitos, portanto, vamos tentar
sempre explicar mais do que colocar o significado de algum símbolo ou etc.
Como foi dito a teoria musical básica se ocupa de entender sobre as notas e o ritmo. Mas para
entender sobre as notas é preciso entender como elas se relacionam e aí iremos estudar sobre
escalas, intervalos, acordes, tonalidades. Sobe os ritmos precisaremos entender mais sobre como
o ritmo é organizado, ou como a música se organiza no tempo etc. Além disto, estudaremos sobre
como escrever todas estas coisas em uma notação musical. Sobre a importância da notação
musical, falaremos sobre isto mais adiante
“Sabe-se que o homem primitivo teve desde muito cedo necessidade de comunicar. Para isso
usava, por exemplo, sinais sonoros como: gritos, sons corporais, batimentos com pedras ou com
ramos de árvores, etc. No fundo, o homem pré-histórico tinha como principal objetivo o de imitar
a natureza e não o de fazer música. Mas desde o momento que o homem começou a produzir sons
com a intenção de fazer música, pode-se afirmar que se deu início ao longo percurso da história
da música. Assim o homem começou a fazer uso da música nas suas cerimonias e rituais, como
por exemplo, na evocação das forças da natureza, no culto dos mortos, no decorrer da caça,…
Começou por usar apenas a voz e os diversos sons corporais, mais tarde, também introduziu
gradualmente instrumentos (tais como flautas, ramos de árvores perfurados, paus e pedras) que
construía para usar nas suas músicas e danças numa tentativa de agradar mais aos deuses. Depois
de descobrir a beleza e a funcionalidade da música o homem nunca mais se separou dela” (texto
citado de http://musicaeadoracao.com.br/24994/pequena-historia-da-musica-claudia/)
Este texto descreve resumidamente que a música de inicio era praticada apenas pela voz ou pela
percussão. O ritmo sempre foi marcante no desenvolvimento da música. Outra coisa interessante
é notar que os sons musicais não eram as notas musicais como conhecemos hoje, sem dúvida
nenhuma a música da antiguidade era muito mais rica em sons do que as de hoje, isto porque eles
usavam todo tipo de som, de materiais etc. Como exemplo vemos a música indiana ou javanesa,
ou balinesa (Ver links de vídeos mais adiante).
Entretanto, com o passar do tempo as pessoas buscaram padronizar mais o fazer musical,
escolhendo alguns materiais específicos para produzir música, bem como quais sons passaram a
ser considerados “bons” para a música. Em parte, isto ocorreu porque a música passou a ser vista
como uma força de comunicação com o divino, e, portanto, não deveria ser “feita” de qualquer
maneira. Esta música “sacra” ou sacralizada, passou a ser mais seletiva e os sons que poderíamos
usar passaram a ser, sons específicos, por nós chamado de notas musicais.
Na antiga Grécia existiam muitas notas, afinadas de formas diferentes, mas com o tempo, e
sobretudo na Idade Média a música era feita por basicamente 12 sons distintos agrupados em
grupos de 7 em 7 (mais sobre isto, você verá na disciplina de História da Música I). Quando
falamos afinada é que a altura da nota era específica. Vamos explicar isto de forma breve. O som
é vibração, cada nota musical tem uma vibração básica bem definida, e assim que uma nota lá tem
110 vibrações por minuto, a nota dó teria 130,81 e assim por diante. Bem, mais estas alturas nem
sempre foram assim, de modo que na Idade Média o lá poderia ter 110 ou 108 ou ainda 112
vibrações por minuto. Falaremos mais sobre isto mais adiante.
Neste período as notas ainda não tinham os nomes como hoje, eram chamados de diversas formas
diferentes, as vezes com nomes grandes ou como parte de referencia a um sistema, por exemplo,
em uma escala tal, as notas poderiam ser chamadas apenas por sua colocação na escala ou seja, a
primeira nota, a segunda etc… Só na Idade Média é que cada uma recebeu seu nome, mas como
as notas estavam relacionadas a um grupo de 7 notas, acabaram recebendo 7 nomes, mas lembrem-
se que existiam 12 notas. Então o que fizeram com as outras 5? Antes de respondermos esta
pergunta vamos escutar alguns exemplos musicais, de acordo com os links abaixo.
Por fim, escute esta coletânea musical do livro de José Miguel Wisnik, O som e o Sentido, de fato
um dos mais empolgantes livros sobre a cultura musical e seus significados
https://www.youtube.com/watch?v=ps8PgqjjCto
A atual nomenclatura das notas musicais é atribuída à Guido D’Arezzo, e a partir das primeiras
sílabas do texto de um hino a São João Baptista, em Latim, e posteriormente foram assim fixadas:
dó, ré, mi, fá, sol, lá e si. As outras notas acabaram não recebendo um nome próprio, mas um
nome relacional, é como aquela situação em que se chama alguém como a tia de fulano, ou a esposa
do meu irmão, é uma forma de identificação. Assim estas 5 notas receberam um nome de nota
acima mais um sobrenome, assim sugiram nomes como dó sustenido, onde o dó é o nome e
sustenido é o sobrenome. Temos que ter em mente que notas musicais se referem a sons afinados
e não a nomes, sendo assim, podemos nomear os sons com nomes diferentes, veremos mais
adiante como isto acontece.
Agora veremos mais sobre as notas músicas e tentaremos ser mais práticos. Nota em música refere-
se à altura do som, sua frequência acústica. Nós abordaremos a notação da altura relacionando
essas notas com o teclado do piano, usando as notas dó como exemplo. O dó mais próximo do
meio do teclado é chamado de dó central ou dó3 (dó três). As notas dó mais agudas (movendo em
direção à direita do teclado) são chamadas dó4, dó5 e assim por diante. As notas dó mais graves
(movendo-se para a esquerda) são chamadas dó2, dó1, e do-1. As três notas abaixo de dó-1 são
seguidas pelo número 2 negativo, como em lá-2.
Notas mais agudas
O termo agudo se refere ao som mais “fino”, e o termo grave se refere ao som mais “grosso”.
Ouça as notas dó o gráfico acima. O áudio iniciará na nota dó3 e descerá até dó-1, depois voltará
a subir até o dó mais agudo para depois terminar em dó3 outra vez.
Estes sons são chamados de dó porque embora eles estejam em alturas diferentes (grave ou aguda)
existe uma interação tão forte entre eles que foram chamados pelo mesmo nome. Esta interação
pode ser ouvida no exemplo abaixo, nele você vai escutar várias notas dó sendo tocadas
sobrepostas em várias alturas distintas. As notas que estão entre qualquer dó, para cima ou para
baixo, ao próximo dó é chamado de oitava. Todas as notas de um dó acima, mas não incluindo o
próximo dó, diz-se estar no mesmo registro de oitava.
A tecla branca à direita do dó3 seria chamada de ré3 porque está no mesmo registro de oitava, mas
a tecla branca à esquerda do dó3 seria chamada de si2. Ou seja, de dó3 a dó4, existiria o re3, mi3,
fa3, sol3, la3 e si3.
Se você olhar na imagem acima, perceberá que existe um padrão que aparece nas teclas pretas,
primeiro vem três e depois duas, daí se repete, lembre-se disto para daqui a pouco.
A explicação dada até agora explica 7 das 12 notas que existem. Na imagem acima, estas notas são
exatamente as teclas brancas. Vamos entender melhor, perceba a ordem abaixo dos doze sons.
Dó, X, Ré, X, Mi, Fá, X, Sol, X, Lá, X, Si, Dó
Observe os “Xs”, eles estão em locais que existem notas musicais, mas não foram atribuídos nomes
específicos para elas, estas notas receberam “apelidos”. Os apelidos dependerão da relação que
existe entre as notas vizinhas, da seguinte forma:
Exemplo:
Dó, Dó#, Ré, Ré#, Mi, Fá, Fá#, Sol, Sol#, Lá, Lá#, Si, Dó
ou
Dó, Si, Sib, Lá, Láb, Sol, Solb, Fá, Mi, Mib, Ré, Réb, Dó
Agora vamos ver um assunto que embora seja muito importante, existe um certo pré-conceito
quanto ao aprendizado e até ao uso desta ferramenta que deveria ser usada por todos os músicos,
a notação musical, ou como ficou mais conhecido, a partitura. Primeiramente é importante
entender que a partitura é uma ferramenta para melhor comunicar a música e elementos que são
sonoros, claro que um bom músico pode se desenvolver sem a partitura, mas precisamos ser justos,
a partitura ajuda muito.
Por exemplo, imagine que a um grande músico seja pedido que toque uma música muito
importante, por exemplo em um casamento, e imagine que a música seja uma daquelas lindas obras
clássicas do século XX, que possui uma banda tocando, alguns metais, um coral completo a quatro
vozes etc. Imagine o trabalho que daria a um músico apenas acostumado a tirar a música “de
ouvido”, ou seja, ouvir todo o arranjo e tentar memorizar todas as vozes, todas as características
dos instrumentos etc. Seria muito complicado.
Mas para facilitar o trabalho do músico é que existem as notações musicais, sim, existem outras
notações que não a partitura, por exemplo, a tablatura, a cifra popular etc. No momento não
falaremos destes tipos de notação, mas no decorrer do curso iremos explicar algumas outras
formas de notar a música. Então vamos lá.
Pequena história
Como já vimos nas aulas anteriores, as notas musicais são 12 ao todo, elas estão organizadas de
uma forma que em alguns momentos algumas notas que possuem nomes se alternam com algumas
notas que recebem “apelidos”, a figura abaixo mostra a ordem das notas nas teclas de um piano,
ou acordeão. veja que cinco delas possuem dois nomes.
O conjunto das notas acima é chamado de escala cromática, entretanto historicamente os músicos
preferiram usar grupos de sete notas para compor suas músicas, assim, embora existam 12, de
certa forma, cada música tende a usar apenas 7 para construir a melodia e a harmonia.
O desenvolvimento da música foi marcado, em seu início, pela música vocal e pelo aprendizado
oral, ou seja, as músicas eram cantadas para outras pessoas e estas cantavam para outras e assim
por diante. Esta forma de transmissão de conhecimento musical ainda é comum em músicas
infantis por exemplo, além de outras músicas de manifestações folclóricas etc.
Com o tempo, a música passou por diversas modificações e se tornou cada vez mais complexa e
passou a necessitar de ser transmitida de outras formas, uma vez que a memória já não dava conta
de tantos detalhes que a música passou a receber. Foi então que várias tentativas de notações foram
experimentadas, até que chegamos na partitura. Iremos pular todas as implicações história, já que
este não é um curso de história da música, mas vamos explicar resumidamente o que levou ao
desenvolvimento da partitura e como ela é lida.
Primeiramente, os músicos fixaram uma linha como ponto de referência para representação da
altura. Assim, tudo que fosso colocado sobre a linha seria uma determinada nota e o que fosse
colocado acima ou abaixo seria a nota posterior ou anterior. Veja como seria isto:
Veja que na figura acima vemos como uma linha chamada linha do “dó”, facilitava a leitura de
duas outras notas, o “sí” e o “ré”. Observe que a leitura passou as ser orientada da esquerda para
direita para demonstrar o tempo e de baixo para cima para determinar a ordem da escala musical
utilizada. Mas uma linha passou a ser pouco pois só permitia referenciar 3 notas, foi ai que
acrescentaram mais duas linhas, como na figura abaixo.
Observe a figura e perceba que tem algumas coisas diferentes da anterior, primeiramente a linha
vermelha agora representa a nota “sol”, não mais a nota dó, como na anterior. Isto se deu porque
na Idade Média, que foi onde esta modificação foi implementada, a escala mais utilizada para
criação musical era formada por estas notas que vemos na figura, ou seja, a escala possuía as
seguintes notas: ré, mi, fá, sol, lá, si e dó. Sendo assim, colocando como referencial a nota sol,
poderíamos representar todas as notas necessárias para a criação musical naquele contexto.
Observe também que deixamos a linha vermelha sem indicação em seu início, isto porque de fato,
naquela época ela era escrita em vermelho e as demais em preto e isto era suficiente para dizer qual
era a referência.
Observe ainda que as notas são representadas por losangos, esta figura foi gradualmente
substituída por círculos. Mas adiante falaremos destas figuras, mas antes, vamos explicar que com
o passar do tempo três linhas não foram suficientes para grafar todas as possibilidades musicais
que foram surgindo, foi ai que surgiu a forma final de nossa partitura, onde existem 5 linhas com
a indicação da linha principal por meio de uma figura de referência, esta figura foi necessária para
indicar uma nota de referencia nas 5 linhas. Abaixo vemos dois conjuntos de 5 linhas que são
chamados de pentagrama, cada um possui um símbolo no início chamado de clave (chave em
português), as notas continuam sendo representadas sobre as linhas ou entre elas, ou seja, nos
espaços.
Observe que o pentagrama (conjunto de 5 linhas) de cima, o símbolo chama-se clave de sol, isto
porque ela referencia a nota sol, que no caso seria a segunda linha de baixo para cima, como vemos
na figura. A clave do pentagrama de baixo é chamado de clave de fá, a nota fá seria a segunda linha
de cima para baixo. O pentagrama na clave de sol indicaria as notas mais agudas, enquanto que na
clave de fá indicaria as notas mais graves. Esta configuração permite situar a nota dó entre as duas
claves, este dó é o dó3, veja a última nota da figura, embora possa ser escrita de forma diferentes,
se trata da mesma nota, o dó3. As claves de sol e de fá são as mais utilizadas na atualidade, embora
exista a clave de dó, abaixo veja algumas claves existentes. A segunda figura mostra como o
pentagrama é usado para localizar as notas mais graves ou mais agudas a serem tocadas.
Abaixo você observa as três mais utilizadas para vozes em um coral, embora a clave de dó, possa
ser substituída pela clave de sol ou de fá em determinados momentos. Para entender a figura
abaixo, você deve ter em mente que a nota dó referenciada pela clave de dó, que está no meio fica
realmente equidistante entre as claves de sol e fá, ou seja se iniciamos a contar as notas em fá,
teríamos a seguinte ordem: Fá (na clave de fá), sol, la, si, dó (na clave de dó), re, mi, fa, sol (na
clave de sol)
Para ajudar a entender este sistema, observe as figuras abaixo. A primeira representa os nomes das
claves em inglês, esta é a forma que você encontrará em muitos programas de notação musical. A
segunda mostra como as notas são notadas, iniciando na nota sol1 até a nota sol4, observe a nota
dó3. A terceira figura mostra algumas outras opções de notação de notas, mais agudas ou mais
graves, veja que é usado umas pequenas linhas acima ou abaixo dos pentagramas, estas linhas são
chamadas de linhas suplementares. A quarta figura também demonstra as notas, agora em
diferenças de oitavas entre as claves.
na pauta. As claves de uso mais comuns são: a clave de sol na segunda
linha, a clave de fá na quarta linha, e a clave de dó na terceira e quarta
linhas. Estas possibilidades estão representadas no exemplo a seguir. O
nome das notas em maiúsculas indica a nota da linha sobre a qual a clave
está posicionada.
na pauta. As claves de uso mais comuns são: a clave de sol na segunda
Exemplos de notação nas claves mais comuns:
linha, a clave de fá na quarta linha, e a clave de dó na terceira e quarta
linhas. Estas possibilidades estão representadas no exemplo a seguir. O
nome das notas em maiúsculas indica a nota da linha sobre a qual a clave
está posicionada.
4
Bem, ficaremos por aqui neste capítulo, mas para você se aprofundar um pouco nestes símbolos
e começar a ler uma partitura, sugerimos os seguintes links de apoio abaixo. Leia com calma este
material.
Links
https://pt.wikipedia.org/wiki/Clave
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADmbolos_da_nota%C3%A7%C3%A3o_musical_mode
rna
Exemplo de partitura completa. Não se preocupe com os símbolos que ainda não conseguem
entender.
Elementos da Nota 5
Exemplo 1-6
Auto-teste 1-1
(Respostas começam na página 473)
Agora responda as perguntas abaixo
A. Nomeie as alturas nos espaços em branco abaixo, usando o devido registro de oitava.
A Escala Maior
Neste capı́tulo você aprenderá sobre escalas maiores e menores, as escalas que formam a base da música
A biblioteca de partituras IMSLP.org
Na internet existem muitos sites em que você pode encontrar muitas partituras de diversos estilos
e épocas, mas provavelmente o mais completo portal de partituras da Net seria a biblioteca IMSLP,
que conta com mais de 450 mil partituras para além de diversos outros materiais. Nós daremos
agora umas dicas de como encontrar alguma música que você deseje nesta biblioteca. Abaixo
vemos a página inicial. Na aba Score, voe encontra as possibilidades de pesquisa.
Abaixo, a categoria compositores foi escolhida e depois o compositor Bach, Johann Sebastian.
Por fim, a obra Canon in A minor foi selecionada, logo abaixo vemos as versões da partitura, daí
é só baixar. Boa sorte explorando este site.
Capitulo IV: Organização do tempo na música
A música é uma arte diferente da arquitetura, escultura ou pintura (as chamadas artes plásticas).
Assim, como no teatro, a música se estabelece no tempo, ou seja, a música, para ser apreciada
completamente, precisa ser executada em um determinado tempo. E mais, o tempo passa a ser um
componente da própria música. Quem nunca ouviu uma música e logo pensou, “esta versão está
mais rápida do que a que eu tinha escutado antes”, ou ainda, “esta música é muito rápida (ou muito
lenta) para mim”. Isto prova como o tempo é algo que de certa forma, define a música. Mas como
nós determinamos o tempo em música?
Vamos iniciar entendendo um pouco nossa percepção temporal. O que podemos observar é que
existem dois tipos de percepção do tempo, uma seria objetiva e mensurada, outra seria subjetiva e
maleável. O primeiro tipo é aquele que nos acostumamos com uma medida, ou seja, o tempo em
segundos, minutos, horas etc. O segundo tipo, no entanto, flexibiliza a medida do tempo de acordo
com a experiência, então 10 minutos esperando em uma fila de banco será considerado muito
pouco tempo perdido na fila, mas este mesmo tempo em uma prática de paraquedismo onde você
estará em queda livre provavelmente será sentido como se fosse muito tempo nesta situação.
Então, o tempo pode ser sentido de formas diferentes, mas pode ser também medido. Na música
temos a indicação dos dois tipos de tempos, por exemplo para uma música rápida poderíamos
indicar com a palavra “Vivo”, ou para uma música mais lenta poderíamos indicar com a palavra
“adágio”. Perceba que esta última está em Italiano e significaria em nosso contexto um tempo
suave, vagaroso ou imponente.
As indicações acima seriam uma forma subjetiva de indicar o tempo da música. Existem vários
termos que são utilizados para isto. Outra forma de indicarmos o tempo na música seria definirmos
um pulso e relacionarmos com o tempo de relógio, esta forma seria objetiva. Então a indicação
poderia ser que um minuto teríamos, por exemplo, 60 pulsos. Neste caso o pulso corresponderia
ao segundo, já que em um minuto teríamos 60 segundos. Mas poderíamos indicar também que em
um minuto executaríamos 90 pulsos (ou batidas), daí, agora, o pulso seria mais rápido do que o
segundo, e assim por diante. Esta forma de pensar o tempo, de forma mais objetiva, deu origem a
um equipamento chamado de metrônomo, para auxiliar a medir o tempo da música. O pulso, ou
batida é um conceito muito importante nos dias de hoje, e é referência para a compreensão de
como nós notamos o tempo em música. A indicação do tempo em música chama-se andamento.
Abaixo vemos alguns.
Andamento bpm Definição
Larghissimo 19
Extremamente lento
para baixo
Allegretto 116-119 Não tão ligeiro como o Allegro; também chamado de Allegro ma non troppo
Vivacissimo 160-169 Mais rápido e vivo que o Vivace; também chamado de molto vivace
Figuras rítmicas
nos resta entender como as batidas podem ser escritas em uma notação musical. As figuras rítmicas
indicam a duração proporcional dosindicam
As figuras rítmicas sons easilêncios. O exemplo
duração proporcional abaixo
dos sons e mostra as seis figuras mais
silêncios. O exemplo abaixo mostra as seis figuras mais utilizadas e suas
utilizadas e suasrespectivas
respectivas proporções.
proporções. A relaçãoA relação
entre entreconsecutiva
cada figura cada figura consecutiva é de dobro ou
é de dobro
ou metade da duração, sendo que cada figura possui a metade da duração
metade da duração, sendo que cada figura
da figura representada acima dela.
possui a metade da duração da figura representada acima
dela, veja como fica:
Para além das fórmulas de compassos já mencionadas que são chamadas de compassos simples,
ainda existem os compassos compostos e os alternados ou mistos, que serão vistos mais adiante
no nosso curso. Abaixo um quadro completo dos compassos apenas para ir adiantando um pouco,
mas não precisa esquentar a cabeça por enquanto.
4 –– LIGADURA,
4 LIGADURA, PONTO
PONTO DE
DE AUMENTO
AUMENTO
Variações nas figuras rítmicas
Quando se
Ligaduras, pontospode-se
de aumento
Quando e se
utilizar a
deseja representar
dea deseja representar valores
diminuição
ligadura. AA ligadura
ligadura é
valores mais
é uma
mais longos
uma linha
longos ou
linha curva
ou fracionados,
curva que
fracionados,
que conecta
conecta notas
notas
pode-se utilizar ligadura.
Quando queremos entender
consecutivas
consecutivas e deos
e de valores
mesma
mesma daseefiguras
altura
altura indica que
indica de aaritmo,
que podemos
altura deverá
altura deverá soarutilizar
soar pela
pela as ligaduras, que
duração
conectaria duasduração
ou maisresultante da soma
notas somando-se
resultante de todas as
os valores
da soma de todas figuras conectadas.
de tempo
as figuras Por exemplo:
das figuras
conectadas. ligadas. Por exemplo:
Por exemplo:
O ponto de aumentoNoNorealiza
caso uma ação
caso particular
particular parecida
onde
onde comtotal
a duração
a duração a ligadura
total quando
representa
representa estamosde
um aumento
um aumento defalando do tempo
50%
da nota, mas neste na
50% na duração
caso de uma
ele aumentaria
duração determinada nota,
o temponota,
de uma determinada pode-se
em pode-se usar
metadeusar um
do um ponto
valor de
da de
ponto figura pontuada. Caso
aumento. A
aumento. A função
função do
do ponto
ponto de
de aumento
aumento é é fazer
fazer com
com que
que aa duração
duração dada nota
nota
hajam dois pontos
tenhao
tenha um
um
resultado
acréscimo
acréscimo
seria como se
equivalente
equivalente à
ligasse da
à metade
metade a uma
da figura
duração
duração
de metade
original.
original. Por
Por
do valor e depois a
uma figura de exemplo:
um quarto de valor. Veja abaixo:
exemplo:
Como falamos, o staccato não altera apenas a duração. Este tipo de símbolo indica uma articulação,
ou seja, uma maneira especial de tocar ou cantar uma nota. As articulações serão abordadas mais
adiante.
estar corretos porque a identificação da métrica é uma questão de interpretação mais do que de certo ou
errado.
Nós utilizamos o termo hipermétrica para nos referir a um grupo regular de compassos que é análogo
à métrica. Cante “Terezinha de Jesus”, que é em métrica ternária, e perceba como os compassos formam
grupos de quatro, criando uma hipermétrica quaternária.
Auto-teste 2-1
Agora vamos
(Respostas responder
começam na páginaas perguntas abaixo:
475)
A. Escreva quantas notas ou pausas de menor valor seriam necessárias para igualar a duração maior.
B. Cante em voz alta cada uma das canções listadas abaixo. Em seguida identifique o tipo de métrica
de cada uma, utilizando os termos binária, ternária ou quaternária.6
1. “Bate o sino”
2. “Parabéns prá você”
3. “Luar do sertão”
4. “Gloria, gloria aleleuia”
5. “Atirei o pau no gato”
4 N.T. No original em inglês o autor utilizou as músicas Amazing Grace e Scarborough Fair
5 N.T. Para este exemplo o autor utilizou a canção Take Me Out to the Ball Game.
1. Quantas semicolcheias são necessárias para se somar e ter a mesma duração que uma mínima?
6 N.T. As músicas utilizadas pelo autor foram: “Silent night”, “Jingle Bells”, “America the beautifull”, “Seventy-six
3. Traduzido
Qual o termo que
por Hugo se refere
Ribeiro, ao nu
UFS/UnB ́mero de tempos enum
(hugoleo75@gmail.com) compasso?
Jamary Oliveira, UFBA (jamary@ufba.br)
4. Qual o termo que se refere `a forma na qual o tempo se divide?
3 – TOM E SEMITOM, ACIDENTES
5 – INTERVALOS
Um intervalo é a distância (no sentido de diferença de freqüência)
entre duas alturas. Na música ocidental tradicional, o semitom é o menor
intervalo entre duas notas diferentes. A nomenclatura utilizada para avaliar
INTERVALOSUm intervalo oétamanho a distância
de um (nodeterminado
sentido deintervalo
diferença deduas
entre freqüência)
notas provém da
Um intervalo é a distância (no sentido de diferença de frequência) entre éduas
entre duas alturas. Na música
posição ocidental
relativa da tradicional,
segunda em o
relaçãosemitom
à primeira o série
na menor das notas
alturas. Na música
intervalo entre duasmusicais.
notas diferentes. A nomenclatura
O exemplo abaixo utilizadasimples,
mostra os intervalos para avaliar
a partir da nota
ocidental tradicional,
o tamanho de o semitomdó. é o menor
um determinado intervalo
intervalo entreduas
entre duasnotas
notasprovém
diferentes.
da A nomenclatura
utilizada para avaliar
posição o tamanho
relativa de um em
da segunda determinado
relação à intervalo entre
primeira na duas
série notas
das provém da posição
notas
relativa da segunda em relação à primeira na série das notas musicais (escala). Onota
musicais. O exemplo abaixo mostra os intervalos simples, a partir da exemplo abaixo
dó.
mostra os intervalos simples, a partir da nota dó.
No exemplo
Diminuto osJusto abaixo, utilizamos os numerais para indicar o tamanho do
Aumentado
No exemplo abaixo, utilizamos numerais para indicar o tamanho do intervalo, e as letras “J”,
Uníssono - intervalo,
0 e as letras1“J”, “A” e “d” para indicar intervalos justos,
“A” e “d”Quarta
para indicar intervalos justos,
4 aumentados
5 aumentados
e diminutos,
6 e diminutos, respectivamente:
respectivamente:
Quinta 6 7 8
Oitava 11 12 13
11
12
Note que falamos sobre consonância e dissonância no parágrafo acima, mas o que exatamente
seria isto? Bem, primeiro tenha em mente que a música se desenvolveu com base em duas áreas, a
primeira seria um conhecimento empírico, onde as sensações das notas podiam informar algo para
o ouvinte, e segunda, foi que desde o início a música teve uma estreita relação com a matemática
(iniciando em Pitagoras1, provavelmente). Esta relação, que data da antiga Grécia, determinou
algumas relações numéricas entre as notas. Você vai notar que ao longo do curso serão
apresentados vários elementos que lembram a matemática, como fórmulas, estruturas numéricas
etc.
A consonância e a dissonância são sensações que duas notas causam quando são tocadas juntas.
Quando esta sensação é mais ou menos agradável ou “harmoniosa” diz-se que seria uma
consonância, quando a sensação é conflituosa, diz-se que seria uma dissonância. A consonância
também pode dar a sensação de repouso e a dissonância de tensão. Entretanto estas categorias não
1Pesquise sobre isto na internet, você vai encontrar diversos materiais. Link sugerido para iniciar:
http://www.descomplicandoamusica.com/matematica-na-musica/ e
https://tvescola.org.br/tve/video/matematicanamusica. Pesquise no www.youtube.com por mais conteúdos sobre
o assunto. Exemplo: https://www.youtube.com/watch?v=ETPzsN-vgE8
são tão fáceis de se sentir assim, por exemplo, a nota dó tocada junto com a nota ré causa uma
sensação tensa, ou seja, dissonante, mas se estas mesmas notas forem tocadas em oitavas mais
distantes, elas acabam não criando uma sensação tão tensa assim. Escute o áudio X.
Historicamente os intervalos de 5ª justa, 4ª justa (a partir de certo período), 8ª justa e uníssono, são
considerados consonâncias perfeitas, as 3ªs e 6ªs consonâncias imperfeitas e as 2ªs, 7ªs, aumentados
e diminutos considerados dissonâncias. Para Schoemberg (grande compositor e pedagogo do
inicio do século XX), existiria um fluxo de transição entre as consonâncias e dissonâncias o que
será melhor explicado na disciplina de Harmonia.
Para nos aprofundarmos sugiro os links abaixo, que são de sites que você poderá conhecer um
pouco mais sobre o assunto estudado neste texto. Alguns estão em inglês, mas podem ser
explorados de forma intuitiva. Estude cada um deles para que seu conhecimento se consolide.
https://www.lightnote.co/
http://readsheetmusic.info/readingmusic.shtml
https://www.musictheory.net/
http://canone.com.br/
https://www.teoria.com/
Abaixo sugerimos alguns aplicativos para você exercitar o que aprendeu, em especial o primeiro
link
https://www.earmaster.com/downloads/trial-versions.html
APP Android Functional Ear Trainer
Aplicativo Musescore
Aplicativo Solfege-GNU
Site: https://tonedear.com/
Aplicativo Functional Ear Trainer Advanced
APP Android Percepção Musical
APP Android Ouvido Perfeito-Treine Ouvido