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2022

Apostila Básica sobre Capacitores

Rodrigo Vitorino
SENAI - EXTREMA
21/2/2022
CAPACITORES
Os capacitores são componentes eletrônicos basicamente constituídos por duas placas em
paralelo que também são chamadas de “armaduras” que possuem a capacidade de
armazenar cargas elétricas durante algum tempo como se fosse uma bateria.

A imagem acima mostra como é o símbolo de um capacitor comum, mas existem vários
tipos, formatos, e símbolos diferentes de capacitores como vemos a seguir:

Embora temos vários tipos de capacitores diferentes em formatos, tamanhos e cores o


seu princípio de funcionamento é exatamente igual para todos e é de suma importância
que o entendimento de seu funcionamento seja muito bem compreendido para o sucesso
de sua análise em circuitos eletrônicos tanto em corrente continua como em corrente
alternada.

Prof. Rodrigo Vitorino


O seu princípio de funcionamento é descrito a seguir:
Como dito anteriormente os capacitores tem a propriedade de armazenar cargas
elétricas durante algum tempo e assim se assemelhando a uma bateria, pois se ligarmos
uma bateria em paralelo a um capacitor e depois desliga-la o valor da bateria ficará
mantido sobre o capacitor, mas como isso pode ser possível? Antes precisamos entender
sobre cargas elétricas.
 O que é Cargas Elétricas?
As cargas elétricas são os ELETRONS (-) E PROTONS (+) DE UM ÁTOMO:

Como podemos ver na figura acima a estrutura de um átomo é formada por um


NÚCLEO, onde podemos encontrar as CARGAS ELETRICAS POSITIVAS
(PROTONS), CARGAS ELETRICAS NEUTRAS (NEUTRON) e circulando sobre o
núcleo teremos as CARGAS ELÉTRICAS NEGATIVAS (ELETRONS).

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Todo material que ocupa espaço em nosso redor é feito por átomos, sendo uns com mais
ou menos elétrons girando sobre seu núcleo e isso determina se o material é condutor,
semicondutor ou isolante.
Nas placas do capacitor temos átomos em estado neutro, que é quando a quantidade de
elétrons está na mesma quantidade de prótons. Exemplo:

Note que os átomos em cada placa do capacitor têm a mesma quantidade de elétrons que
correspondem as cargas negativas (-) representados pela bolinha ‘E’ em azul e prótons
que são as cargas positivas (+) representados pela bolinha ‘P’ em vermelho e contém 3
cada um, ou seja, 3 elétrons e 3 prótons. Os átomos em estado elétrico neutro eles não
conduzem corrente elétrica, justamente por estarem em estado de igualdade.
Só existe corrente elétrica quando o átomo tem mais ou menos quantidade de elétrons
circulando em torno de seu núcleo de modo que ao se aproximar de um outro átomo com
mais ou menos elétrons também, haja uma atração ou um “roubo” de elétrons do átomo
que se aproximou.

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Sabendo disso, se ligarmos uma pilha por exemplo nos terminais de um capacitor,
acontece o efeito de atração de elétrons das placas para a pilhas e da pilha para as placas
conforme a polaridade da pilha. Veja no exemplo abaixo:

Polo negativo tem Polo positivo tem FALTA


EXCESSO DE ELÉTRONS DE ELÉTRONS

O polo positivo (+) da pilha ou bateria por ter FALTA de elétrons (-) e excesso de
prótons (+) ele ATRAI os elétrons (-) dos átomos que estavam na placa em estado
neutro, fazendo com que o átomo da placa que antes era neutro se torne um átomo MAIS
POSITIVO POIS FOI “ROUBADO” SEUS ELETRONS QUE O DEIXAVAM ANTES
EM ESTADO NEUTRO.

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Assim dizemos que a placa que foi ligada no polo positivo da bateria ficou carregada
com cargas positivas (+)
Semelhantemente, a outra placa que está ligada ao polo negativo da bateria, ao invés de
“doar” cargas negativas (-) ela acaba por receber elétrons do polo negativo da bateria,
pois diferente do polo positivo desta bateria, o polo negativo tem EXCESSO DE
ELETRONS (cargas negativas) e estes serão ATRAÍDOS pela placa que está em estado
neutro, pois ela tem muito mais prótons que o polo negativo da bateria.
Como mostra a figura a seguir:

Desta forma dizemos que o capacitor está eletricamente carregado com cargas positivas e
negativas criando também uma DDP, se após a carga do capacitor retirarmos a pilha
teremos o capacitor com a MESMA TENSÃO DA BATERIA nos seus terminais, como
mostra a figura abaixo:

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As placas ou armaduras do capacitor, ficam eletricamente carregadas até que seja curto-
circuitados os seus terminais para que o cancelamento das cargas elétricas adquiridas
através da pilha seja redistribuídas e volte ao estado de neutralidade novamente.
Pelo exposto até aqui, é possível verificar que o capacitor só se carrega por suas placas
com cargas elétricas, mas NUNCA essas cargas o atravessam. Isso fica meio evidente
até mesmo pela sua própria simbologia que mostra duas placas em paralelo, mas sem se
tocar e se não há toque logo não existirá por onde a corrente circulante (corrente da
bateria) possa passar.

 Do que depende a Capacitância (armazenamento de cargas elétricas)


de um Capacitor?

a) Do tamanho das placas ou armaduras


Quanto maior o tamanho das armaduras, maior é a capacidade do capacitor de
armazenar cargas elétricas, podemos dizer que “A capacitância depende
diretamente da área das armaduras ou placas”

b) Da espessura do dielétrico
Quanto mais próximo for as placas uma das outras sem se tocar, maior é a
capacidade do capacitor de armazenar cargas elétricas, do exposto podemos dizer
que “A capacitância varia inversamente a espessura do dielétrico”

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C) . Do tipo do dielétrico
Existem diversos tipos de capacitores no mercado, geralmente esses capacitores são
identificados pelo tipo de seu dielétrico, que nada mais é que uma substância isolante
que é colocada entre as placas ou armaduras do capacitor afim de se ter além de uma
função especifica também uma maior capacidade de se reter cargas elétricas.
Os dielétricos mais usuais hoje em dia são os eletrolíticos (estes possuem polaridade
definida), os de cerâmica e os de poliéster.
E quanto maior o valor capacitância de um capacitor maior é a capacidade do mesmo de
armazenar cargas elétricas, ou seja, se usarmos um circuito como um pisca-pisca por
exemplo, o componente responsável pelo tempo em que o LED fica acesso e/ou que é
apagado depende diretamente do valor da capacitância do capacitor, pois quanto maior
for este mais tempo o LED demorará para acender como para apagar e quanto menor for
o valor de capacitância do capacitor mais rápido apagará e acenderá o LED.

É importante frisar que todo capacitor se comporta num primeiro instante como um
curto-circuito, isso pode ser facilmente comprovado através do multímetro na escala de
continuidade, quando se encosta as pontas de prova do instrumento nos terminais do
capacitor existe uma corrente circulante que sai do multímetro e vai de encontro com as
placas, nesse momento é emitido um sinal sonoro muito rápido indicando a circulação
máxima de corrente e em seguida ele é cessado indicando o carregamento total do
capacitor se tornando uma chave aberta. Esse efeito é muito usado na prática em
circuitos que vão desde um pisca-pisca simples até um conversor DC/DC passando
também por um circuito digital chamado flip-flop.

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 Unidade de medida
A unidade de medida da capacitância é chamada de FARAD, em homenagem ao físico
inglês Michael Faraday, sendo representada pela letra F.
O Farad é uma unidade de medida muito grande e tem pouca ou nenhuma aplicação
prática. Por isso nós usamos os seus sub-mútiplos:
a) Microfarad, que corresponde à milionésima parte de um farad e se representa
por (uF): 1 / 1.000.00
b) Picofarad, que equivale a milionésima parte da denominação microfarad (pF):
1 / 1.000.000.000.000
c) Nanofarad, cuja a anotação é simbolizada por (nF) corresponde a milésima parte
da microfarad 1 / 1.000.000.000

 Identificação de um capacitor
A identificação de um capacitor na maioria das vezes é feita de maneira simples e
direta, pois todas as informações sobre o valor de capacitância e tensão de
funcionamento é descrita diretamente no corpo do componente, quando se tem
espaço para tais informações, no entanto existem capacitores tão pequenos que a
única informação descrita em seu corpo é somente sobre a sua capacitância e em
outros casos quando se tem espaço é colocado letras e números para a identificação

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de tensão de funcionamento e percentual de tolerância. Veja a tabela na figura
abaixo:

Como podemos ver no exemplo da figura temos um capacitor de disco cerâmico cuja a
anotação em seu corpo diz que se trata de um componente de 100.000 pF (cem mil pico
farads) com tensão de 250 volts (2E) e ainda com uma tolerância de simbolizado
pela letra K.
O ideal é que se tenha todas essas tabelas decoradas para que seja feita uma leitura rápida
e objetiva do componente a ser trocado ou analisado, mas com a tecnologia que tempos
hoje em dia facilmente isso é obtido através de aplicativos ou uma consulta na internet.

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 Associação de capacitores

Assim como acontece com os resistores, por vezes precisamos de valores de capacitores
que não dispomos no momento, mas precisamos para efetuar algum teste ou reparo em
um determinado produto. Nestas situações nós podemos recorrer a associação de
capacitores que tanto pode ser feita em série como em paralelo para que cheguemos no
valor que precisamos.

a) Associação em série

Nessa forma de associação ligasse o terminal de um capacitor ao terminal do outro


capacitor de modo que fique um ao lado do outro como mostra a figura a seguir:

Diferentemente do que acontece com a associação em série dos resistores que quando é
associado sua Req é somada, nos capacitores Ceq é dividida.

Então usamos a a formula abaixo:

Ceq = C1 x C2 / C1 + C2
E o resultado final será que a Ceq vai ser sempre menor que a menor capacitância da
associação.

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b) Associação em paralelo

Nessa associação os terminais são ligados paralelamente de modo que fique de frente um
com o outro, a forma de montagem e a simbologia deste tipo de associação pode ser vista
abaixo:

E a formula para o cálculo do capacitor em paralelo é a mesma para a associação em


série dos resistores, ou seja, somam-se os valores dos capacitores para se descobrir o
valor de Ceq:

Ceq = C1 + C2 + C3

 Capacitor Eletrolítico
Quando se deseja capacitâncias elevadas em tamanho reduzido, usa-se um tipo especial de
capacitor que é o eletrolítico. Basicamente, o capacitor eletrolítico é composto de uma
lâmina de alumínio enrolada em espiral emersa em uma solução solida, que se chama
eletrólito, daí resultando em seu nome.

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O eletrólito é um bom condutor de eletricidade; consequentemente, pode ser usado como
armadura juntamente com a lâmina de alumínio, o mesmo é composto por um papel
embebido nesse eletrólito e enrolado nas laminas de alumínio, mas aí falta o dielétrico que
ficará entre o eletrólito e a “caneca” que é o corpo do capacitor. O dielétrico é formado
dentro do próprio capacitor, fazendo-se passar uma corrente elétrica continua entre a
“caneca” e a lamina de alumínio, o que ocasiona a deposição de uma fina camada de óxido
sobre a lamina de alumínio. Como o óxido é um excelente isolante, ele forma o dielétrico
do capacitor.
Como pôde ser notado, para se obter o dielétrico diretamente dentro do capacitor, foi
preciso aplicar uma corrente continua para que ele se tornasse realmente um capacitor
(duas placas isoladas com um dielétrico no meio) dizemos então que o capacitor foi
polarizado, ou seja, foi definido sua polaridade positiva e negativa.

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 Importante saber...
O capacitor eletrolítico quando perde a sua capacitância (degeneração do eletrólito
interno) deixa de cumprir sua função de filtro de frequências altas e as deixa passar
quase que livremente pelo circuito causando um efeito chamado RIPPLE.
O Ripple (se lê ripol), é uma variação AC (alternating current) dentro da corrente
continua, é uma espécie de “sujeira” que o capacitor em seu estado de funcionamento
normal filtraria para o GND e deixaria a corrente elétrica a mais contínua possível
evitando que essas variações se adentrassem no restante do circuito e causassem mal
funcionamento em diversas partes lógicas da placa. As formas mais práticas para se
saber se o capacitor está com ripple é colocando as pontas de prova de um osciloscópio
sobre seus terminais e verificando na tela do mesmo se existem variações excessivas na
sua forma de onda que deve ser a mais reta (continua) possível ou então medindo com o
multímetro a tensão demarcada no esquema elétrico sobre o capacitor, se essa tensão
estiver baixa em relação ao que indica seu esquema ou marcação da placa e não tiver
nada que justifique essa baixa tensão no circuito é provável que temos um capacitor com
ripple.

Outro efeito curioso que podemos verificar sem a utilização de um instrumento de


medição é quando o capacitor é submetido por algum motivo ou ao equívoco do técnico
reparador a uma tensão maior a que ele suporta, geralmente em circuitos de fontes ou
circuitos de chaveamento de tensões altas pode ocorrer do capacitor ser exposto a uma
tensão maior que a de trabalho dele e isso gera vazamentos de seu eletrólito e
consequentemente a estofamentos da sua parte superior ou inferior. Veja nas figuras
abaixo:
Capacitores SMD estourados por cima e por baixo

Capacitor eletrolítico PTH estufado por cima

Note que esse “X” em cima dos capacitores eletrolíticos não é por um acaso, pois em
caso de estufamento ou caso eles estourem esse “X” funciona como um escape para toda
a substancia interna possa sair mais rapidamente do seu interior. É como se fosse uma
válvula de panela de pressão. Veja um capacitor com sua aparência intacta abaixo:
 Capacitores PTH e SMD

Toda explicação e demonstração através de figuras vistas até aqui foi feito em cima de
componentes PTH (Pin Through hole) em uma tradução livre significa “pino através do
orifício”, ou seja, pinos que atravessam a placa e são soldados por baixo dela. Visto que já
foram muito explorados no nosso estudo creio que você já entendeu o que é um componente
PTH por isso não vamos mais nos alongar no que é tal componente.
Já os capacitores SMD (Surface Mounted Device) que significa em tradução livre “montado
sobre superfície” são os mesmos capacitores estudados até aqui com a única diferença de
serem de tamanho minúsculo em relação aos componentes PTH e serem soldados por cima da
placa. Seu funcionamento e construção são exatamente os mesmos de seus irmãos maiores.
Como pode ser visto nas figuras a seguir:

Capacitores Eletrolíticos

Capacitores eletrolíticos SMD´s variados em formas

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Capacitores Cerâmicos SMD

Construção interna

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 Seu funcionamento

Como exposto anteriormente o capacitor é um componente que tem como propriedade o


carregamento temporário de cargas elétricas em outro momento dissemos que tem função
de filtrar o ripple para o GND, mas o que de fato faz o capacitor em um circuito
eletrônico? Vamos conferir..
O capacitor de uma maneira análoga ele funciona como uma chave aberta em circuitos de
corrente continua CC, logo fica fácil saber que se ele se comporta como uma chave
aberta, não haverá passagem de corrente entre seus terminais, pois se isso acontecer
por algum motivo fica claro que o mesmo está em curto entre suas placas internas, o papel
que um capacitor geralmente desempenha em circuitos de corrente continua é de manter a
tensão sempre estável impedindo que haja oscilações em sua linha de alimentação, além
de servir como uma pequena bateria que se mantem com sua carga durante um certo
período de tempo para que o restante do circuito possa se reestabelecer ou acionar alguma
função especifica em milésimos de segundos.

Já para a corrente alternada AC, o capacitor se torna uma chave FECHADA através de
um efeito muito interessante que ocorre quando é submetido em seus terminais uma
corrente variável, ou seja, uma corrente que varia a sua polaridade no tempo ora positiva,
ora negativa
Como pode ser visto na figura acima que representa uma onda senoidal as polaridades
positivas e negativas variam, essa mesma forma de onda pode ser conferida através de
um osciloscópio nas tomadas residenciais de nossas casas.
Essa forma de onda que representa a corrente alternada quanto mais rápidas ela for
(frequência) mais facilidade ela terá de passar pelo capacitor.
Nos capacitores existem um efeito chamado REATÂNCIA que se assemelha muito a
resistência de um resistor, pois essa reatância ela é a PROPRIEDADE que um capacitor
tem de se OPOR as variações de corrente alternada, ou seja, o capacitor através de sua
reatância se comporta como um resistor variável, onde a sua capacidade de se opor ou
deixar passar a corrente alternada vai variar de acordo com seu valor capacitivo e valor
da frequência do sinal aplicado sobre ele.
Quanto MAIOR A FREQUÊNCIA, MENOR É A REATÂNCIA (RESISTÊNCIA) de
um capacitor, ou seja, o capacitor em frequências altas se comporta como uma chave
verdadeiramente fechada.
É muito comum usarmos capacitores em circuitos de Rádio Frequência (RF) justamente
por causa do seu efeito de reatância, pois em nosso em torno existem diversas
frequências de diferentes valores e é através de componentes reativos como o capacitor
por exemplo que conseguimos sintonizar uma estação de rádio, selecionar o canal de
uma TV, fazer ligações em celulares, falar através de um microfone sem fio e etc..
Em circuitos como estes citados acima é comum o emprego dos capacitores para que o
mesmo barre a corrente continua, mas deixe passar livremente a corrente alternada
dependendo de seu valor é claro.

Prof. Rodrigo Vitorino

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