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MULTÍMETRO
AULA 4
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polo. Em uma bateria, a ação de algum sistema externo que faça a reação
química ser revertida cria a possibilidade de as cargas obterem energia e se
movimentarem por meio de um material condutor. A diferença de potencial é a
tensão elétrica. A movimentação de elétrons é a corrente elétrica. A
transformação da energia elétrica em energia térmica é o efeito Joule. Como já
vimos anteriormente, essas grandezas estão relacionadas pela lei de ohm (V =
i x R) e pelo efeito Joule (P = i . V).
Agora, vamos entender outro fenômeno relacionado a essas cargas
elétricas. Quando um objeto tem um número de cargas negativas diferente do
número de cargas positivas, esse objeto está eletrizado ou carregado
eletricamente. Se a quantidade de elétrons for maior, o objeto está carregado
negativamente e quando o número de prótons é maior, o corpo fica eletrizado
positivamente. Ocorre, nessas situações, que as cargas de sinal contrário se
atraem. Então, por exemplo, se colocarmos um objeto carregado positivamente
próximo a outro, metálico (somente aproximar, não encostar), os elétrons que
possuem liberdade para movimentação serão atraídos para a região onde
estamos aproximando o primeiro corpo. Devemos observar que isso gera uma
separação de cargas no segundo objeto.
Créditos: SciFiMan/Shutterstock.
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Nos condutores, os elétrons têm liberdade e facilidade para se
movimentarem. Da mesma forma, é mais fácil estabelecer um campo elétrico
nesse tipo de material, porque já há uma predisposição para isso. Basta alterar
as concentrações de cargas em uma região para estabelecer o campo elétrico
no interior do condutor. Junto com o campo elétrico está diretamente associado
o potencial elétrico. E esse sistema é o caminho perfeito para as nuvens de
elétrons se deslocarem.
Podemos fazer um arranjo como na Figura 2, em que um gerador de
tensão e corrente contínua está associado a um par de placas metálicas
paralelas.
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O capacitor está presente em todos os circuitos eletrônicos. Estão
presentes em filtros elétricos para sistemas de som, temporizadores,
prevenção de ruídos provenientes da alimentação elétrica, entre outros.
Os capacitores, quando ligados em tensão alternada, oferecem certa
resistência. Essa resistência é chamada de impedância. A diferença entre a
impedância e a resistência elétrica pura é que a primeira varia de acordo com a
frequência e a capacitância. A impedância capacitiva é calculada por:
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𝑍𝑍𝐶𝐶 =
2𝜋𝜋𝜋𝜋𝜋𝜋
Em que:
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versa. Então podemos concluir que esse capacitor está fazendo a função de
permitir a passagem de sinais de maior frequência e bloquear as frequências
menores. Esse circuito é conhecido como filtro passa-alta e pode ser utilizado
em ligação de um tweeter (um tipo de alto-falante especial para frequências
mais altas), por exemplo.
Quando uma carga elétrica está em movimento ela produz uma certa
perturbação ao seu redor. Essa alteração de característica ao redor dessa
carga em movimento é chamada de campo magnético. É importante observar
que esse campo somente produzirá algum tipo de efeito se houver outra carga
elétrica na região de atuação da primeira, que está gerando o campo
magnético.
O campo magnético e seus efeitos são encontrados em vários
fenômenos da natureza e em vários dispositivos muito utilizados no nosso dia a
dia. Um grande exemplo da presença desse fenômeno é o ímã. O ímã é um
objeto composto por material ferromagnético, condição necessária para um
objeto ser magnetizado. Além disso, o ímã possui os elétrons orbitando ao
redor de seus núcleos de modo relativamente organizado que gera um efeito
macroscópico de campo magnético. Quando os elétrons estão orbitando seus
átomos de forma aleatória os campos magnéticos individuais não estão
alinhados e o objeto como um todo não apresenta comportamento magnético.
Créditos: OSweetNature/Shutterstock.
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O ímã possui dois polos que, por convenção, foram nomeados de norte
e sul. O campo magnético é representado por linhas de força ou linhas de
campo. No polo norte magnético partem as linhas de campo e no polo sul elas
chegam. Estabelece-se assim um fluxo magnético, indo do polo norte
magnético para o polo sul magnético. Quando observamos um campo
magnético mais intenso, e, portanto, um fluxo magnético também mais intenso,
representamos isso com um número maior de linhas de campo e mais
agrupadas. Quando o campo e o fluxo magnéticos são menos intensos,
representamos com menos linhas de campo e menos agrupadas. Na figura 05
vemos as linhas de campo produzidas por polos magnéticos de ímãs sendo
aproximados. Nas proximidades dos polos temos mais linhas de campo e mais
agrupadas do que em um ponto um pouco mais afastado. Nesse exemplo,
observamos que os polos de mesma natureza se repelem e os polos de
natureza diferentes se atraem, ou seja, esses polos fazem força de atração ou
de repulsão. Esse fato de os polos magnéticos exercerem força um sobre o
outro será o conceito mais importante quando virmos os dispositivos que
produzem força por meio do magnetismo, como motores e solenoides.
Créditos: udaix/Shutterstock.
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O planeta Terra é um ímã gigante. Por causa das movimentações de
grandes massas de metais ferromagnéticos em estado líquido em seu interior e
de forma ordenada, a Terra produz um campo magnético permanente. Isso
permite um alinhamento com uma agulha ou objeto similar que também possua
magnetismo. É a bússola. Esse instrumento alinha uma haste magnetizada
com o campo magnético da terra. O polo norte geográfico da Terra é o polo sul
magnético e o polo sul geográfico é o polo norte magnético.
Créditos: yaruna/Shutterstock.
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movimentação é a corrente elétrica. A movimentação dessas cargas elétricas
(corrente elétrica) gera campo magnético ao redor do fio condutor e do
dispositivo, de acordo com a montagem do dispositivo. Essa constatação foi
obtida pela experiência de Oersted, um físico dinamarquês, que deu início ao
estudo científico dos fenômenos eletromagnéticos ainda na primeira metade do
século XIX (em torno de 1830). Ele observou que um fio condutor sendo
atravessado por uma corrente elétrica causava uma mudança de direção em
uma bússola colocada na proximidade do condutor.
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mão e o polegar no mesmo sentido que a corrente elétrica. Assim os demais
dedos irão informar o sentido do campo magnético ao redor do fio condutor.
Então a conclusão importante é que uma corrente elétrica gera um
campo magnético circular ao redor do fio condutor.
Créditos: fridas/Shutterstock.
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A resposta é sim! Esse exemplo nos mostra, na prática, que um único
dispositivo pode gerar campos magnéticos em toda a região por onde os fios
passam. Nesse exemplo simples, podemos ver que todos os circuitos geram
campos magnéticos de várias formas. Mas e um automóvel, que possui
dezenas de circuitos elétricos? Todos esses circuitos geram campo magnético?
A reposta, mais uma vez, é sim! Mas então um carro comum possui, em sua
instalação, um verdadeiro emaranhado de campos magnéticos de várias
intensidades e orientações? Novamente sim. Em um veículo, que possui
dezenas de circuitos transportando corrente elétrica, existe bastante campo
magnético. Porém, com as evoluções tecnológicas, esses campos magnéticos
poderiam causar problemas. Principalmente em equipamentos eletrônicos
como os instrumentos do painel. Para evitar problemas com emanações de
campos magnéticos, os veículos são projetados de modo a contornar ou anular
emissões e blindar eletromagneticamente os sistemas sensíveis a esse
fenômeno. A blindagem eletromagnética consiste em colocar uma capa
metálica sobre a placa eletrônica ou sobre o equipamento inteiro. Essa carcaça
metálica é aterrada, ou seja, ligada eletricamente ao potencial zero volt do
veículo. A maioria dos veículos ou quase todos possuem os chassis e as
carrocerias ligadas ao negativo da bateria, que é considerado o zero volt do
sistema ou também conhecido como GND (abreviação da palavra inglesa
ground, o mesmo que terra).
O campo magnético é calculado pela seguinte equação:
𝜇𝜇0 . 𝑖𝑖
𝐵𝐵 =
2. 𝜋𝜋. 𝑅𝑅
Nessa fórmula, temos os seguintes dados:
• B – campo magnético;
• µ0 – é a permissividade do meio à existência do campo magnético;
• i – é a corrente elétrica atravessando o condutor;
• R – raio ou distância do fio ao ponto onde estamos medindo o campo
elétrico.
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ponto. O fluxo magnético depende diretamente do campo magnético em uma
área. Essa área é determinada pela análise que estamos fazendo. Ou seja,
estabelecemos a área de acordo com nossa necessidade ao analisar quanto
campo magnético está acontecendo nessa área. Mas, ao estabelecermos a
área, precisamos observar quanto campo magnético está concentrada nela.
Estabelecemos a área, não o campo magnético, e analisamos quanto campo
está concentrado nessa região.
Podemos estabelecer o seguinte raciocínio:
• A indução magnética.
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Figura 10 – Um ímã em movimento gerando uma corrente variável
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Figura 11 – Variando a área de captação de campo magnético, o fluxo também
varia
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um conjunto de tensão e corrente diante de outro conjunto dessas grandezas é
conhecido como transformador.
TEMA 4 – INDUTORES
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filtro conhecido como passa-baixa e é utilizado, nesse exemplo, para apenas
os sons mais graves excitem o alto-falante.
TEMA 5 – TRANSFORMADORES
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No transformador, o que permanece constante é a potência elétrica. Ou
seja, a potência elétrica que estiver aplicada ao primário será transferida para o
secundário. Então, podemos ter a seguinte relação entre os números de
espiras entre o primário e o secundário.
𝑁𝑁1 𝑉𝑉1
=
𝑁𝑁2 𝑉𝑉2
Em que:
440
𝑃𝑃1 = 𝑃𝑃2 => 𝑉𝑉1 𝑖𝑖1 = 𝑉𝑉2 𝑖𝑖2 => 110 𝑥𝑥 𝑖𝑖1 = 220 𝑥𝑥 2 => 𝑖𝑖1 = => 𝑖𝑖1 = 4 𝐴𝐴
110
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Sempre que for necessário utilizar um transformador é preciso
dimensioná-lo de forma correta para o perfeito funcionamento e durabilidade.
Na prática, utilizamos os transformadores prontos que já apresentam os
parâmetros de funcionamento, principalmente a potência de trabalho. Nosso
trabalho é selecionar o equipamento que fica mais próximo da tarefa em que
vai ser aplicado. Por exemplo, precisamos utilizar uma geladeira fabricada para
funcionar em 110 V e possui uma potência máxima de 1.000 W em uma rede
de 220 V. O parâmetro "potência máxima" é o que deve ser considerado, pois a
geladeira não trabalha nessa potência o tempo todo, apenas quando o
compressor está trabalhando.
No mercado, existem vários modelos de transformadores. Precisamos
de um que realize a diminuição da tensão de 220 V da rede para os 110 V
necessários e obrigatórios para o funcionamento da geladeira. Mas existem
vários transformadores que fazem essa tarefa. No entanto, os transformadores
disponíveis podem trabalhar com potências de 100 W até 10.000 W e a
máxima potência de trabalho do refrigerador é de 1.000 W. Nesse caso
devemos utilizar um transformador com potência de trabalho entre 1.100W e
1.200 W, pois é necessário que haja uma folga para o transformador trabalhar
dentro de uma margem razoável, de modo que não fique constantemente em
sua carga máxima, e também não tenha sobra demais, o que traria um
desperdício de energia e um custo maior do próprio transformador.
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Na Figura, 14 temos uma bobina de ignição comum, amplamente
utilizada por décadas nos veículos em geral. Os dois terminais com as porcas
são do enrolamento primário, em que é inserida a tensão de 12 V ou 24 V,
conforme o veículo. No centro e acima dos terminais existe um orifício bastante
isolado eletricamente onde está conectado um dos polos do secundário. Mas
por onde haverá um circuito que permita utilizar a alta tensão? O circuito é feito
com a carcaça do próprio motor por meio das velas de ignição. A faísca
acontece no eletrodo da vela que está acoplada eletricamente ao motor do
veículo e é por onde o circuito se completa para sua formação.
Mas, se os transformadores só funcionam com tensão e corrente
alternadas e os veículos somente possuem tensão e corrente contínuas, como
a bobina de ignição funciona? O uso de transformadores em automóveis exige
um tratamento especial. Lembremos que os transformadores funcionam
somente com tensão e correntes alternadas. E os veículos possuem somente
tensão e corrente contínuas. Para um transformador ser utilizado em um
veículo é necessário acoplar algum dispositivo que alterne a tensão (e
consequentemente a corrente). Nos veículos antigos isso era feito por uma
peça chamada platinado, que era uma chave que ligava e desligava a tensão
no primário da bobina de ignição de acordo com a rotação do motor. O
platinado fica fixado em um suporte dentro do distribuidor de faíscas e
acoplado a uma peça com faces e quinas, algo parecido com uma porca
sextavada, com o número certo de faces e quinas de acordo com o número de
cilindros do motor. O platinado fecha o contato quando está no momento de o
cilindro fazer a explosão da mistura ar e combustível. Na medida em que o
motor gira, o distribuidor também gira essa peça facetada e faz o platinado
abrir e fechar, gerando a alternância necessária para a bobina gerar as altas
tensões para as velas. Quando o platinado fecha seu contato, a bobina de
ignição é energizada e gera uma tensão elevada, suficiente para gerar uma
faísca. Nesses casos a tensão gerada seria na ordem de 10.000 volts a 15.000
volts. Esse sistema evoluiu com o surgimento da ignição eletrônica (não
confundir com injeção eletrônica). No sistema eletrônico de ignição, existe um
circuito eletrônico que oscila e carrega um capacitor com uma tensão maior
que a tensão do veículo. Quando é o momento de gerar a faísca, a energia
elétrica do capacitor é descarregada sobre a bobina de ignição gerando
tensões mais elevadas, que podem chegar aos 35.000 volts.
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Nos sistemas de ignição sempre houve um problema associado com a
interferência com os aparelhos de som instalados no veículo. Isso é
compreensível uma vez que cada descarga da ignição ocorre uma passagem
de corrente pelos cabos condutores do distribuidor para as velas e,
consequentemente, uma emissão de campo magnético. Com o rádio, que
possui amplificadores de sinais diversos, captando essas emissões
eletromagnéticas, as amplificava e inseria um ruído audível nos alto-falantes.
Com a introdução da ignição eletrônica e, ao mesmo tempo, aparelhos de som
mais potentes esse problema tornou-se muito mais aparente. Para diminuir
esses efeitos foram tomadas, principalmente, duas ações. Uma possibilidade
era a instalação de supressores diretamente na bobina de ignição. Isso fazia a
própria bobina diminuir as emissões eletromagnéticas. Outra forma foi de os
cabos de vela passaram a serem fabricados com resistência elétrica interna um
pouco maior. Desse modo a corrente era menor e as emissões também.
Quando sistemas de som mais poderosos são utilizados, eles próprios
possuem circuitos eletrônicos passivos e ativos, conhecidos como filtros, para
tornar a alimentação a mais pura possível (sem ruídos).
Atualmente, os veículos com motor a explosão possuem uma bobina
para cada vela acoplada diretamente. Somente recebem a alimentação de
tensão do veículo e o sinal de comando para emitir a faísca diretamente do
sistema de controle do motor, geralmente o que conhecemos como o módulo
de injeção eletrônica. Esse módulo não comanda mais somente a injeção de
combustível. Nesses sistemas são feitas diversas leituras de sensores para o
maior controle do motor como um todo, incluindo aspectos de segurança.
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Na Figura 15, vemos um motor de três cilindros com as bobinas
individuais acopladas diretamente às velas. Além da bobina, está no mesmo
corpo emborrachado um circuito eletrônico para gerar a alta tensão necessária
para gerar a faísca e o conector que fornece a alimentação e o comando
proveniente do controle do motor. Note que existem somente dois fios na
conexão, pois o negativo é ligado à carcaça do motor.
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
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