Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A FISIOTERAPIA NA REABILITAÇÃO
CARDIOVASCULAR NO BRASIL*
E
m todo o mundo a reabilitação cardíaca tem sido
considerada um processo de restauração das funções
físicas e psicossociais. Seu amplo papel na prevenção
de eventos cardiovasculares e redução da mortalidade estão 479
bem documentados. No Brasil os primeiros serviços de reabilita-
ção foram implantados em 1960, tendo como elemento central a
prática de exercício físico (MUELA; BASSAN; SERRA, 2011).
A reabilitação cardíaca tem sido recomendada para
pacientes após infarto agudo do miocárdio e após cirurgia de
revascularização do miocárdio. Estudos recentes também têm
recomendado esse tipo de tratamento no pós-operatório de ci-
rurgias cardíacas, insuficiência cardíaca crônica estável, pré e
pós-transplante cardíaco, intervenções percutâneas do miocárdio,
doenças valvares e doença arterial periférica. Recomenda-se que
a reabilitação cardíaca seja implementada e executada por uma
equipe multiprofissional (MAIR et al., 2008).
Programas de reabilitação cardíaca são estruturados em
três fases: a fase I (internação hospitalar); fase II (da alta hospi-
talar até dois a três meses após o evento) e fase III (recuperação
e manutenção) (MAIR et al., 2008). A fisioterapia tem papel es-
sencial em todas as fases com a utilização de manobras, recursos
e exercícios físicos que melhoram a capacidade funcional dos
pacientes, aprimorando a função cardiorrespiratória (SANTOS
FILHO et al., 2005; REIS et al., 2006).
Poucos estudos abordam os serviços de reabilitação car-
díaca no Brasil, as suas formas de atuação e procedimentos.
Desta forma, torna-se complicado comparar e escolher na prática
estudos, Goiânia, v. 40, n. 4, p. 479-487, out./dez. 2013.
clínica as melhores estratégias para o tratamento desse grupo
de pacientes. Portanto, o objetivo desse estudo foi identificar as
principais formas de atuação da fisioterapia nos programas de
reabilitação cardiovasculares existentes no Brasil.
METODOLOGIA
RESULTADOS
DISCUSSÃO
estudos, Goiânia, v. 40, n. 4, p. 479-487, out./dez. 2013.
481
Os estudos de fase I foram realizados com pacientes em
pós-operatório de transplante cardíaco (FARIA et al., 2007) e re-
vascularização do miocárdio (ROMANINI et al., 2007; FRANCO
et al., 2011) e após evento de infarto agudo do miocárdio (IAM)
(HISS et al., 2012). Foram avaliados o EPAP (Expiratory Positi-
5
ve Airway Pressure) ; BiPAP (Bilevel Positive Pressure Airway)
com a fisioterapia respiratória convencional (FRC) e somente a
FRC (FRANCO et al., 2011); RPPI (pressão positiva respiratória
intermitente) comparado com o incentivador respiratório (IR) e
os efeitos do exercício físico associado com padrões respiratórios
(ROMANINI et al., 2007).
A PEEP (pressão positiva expiratória) ideal encontrado,
que não promove queda pressórica para pacientes pós-transplan-
te cardíaco foi de 5-10 CMH2O (FARIA et al., 2007). O BiPAP
promoveu reestabelecimento da função pulmonar de forma mais
precoce quanto utilizado com a FRC em comparação com a FRC
isolada (FRANCO et al., 2011). Quando comparadas a utilização
de RPPI e IR, observou-se que a RPPI reverte a hipoxemia preco-
cemente e a IR foi mais efetiva na melhora da força dos músculos
respiratórios (ROMANINI et al., 2007). Os exercícios físicos e pa-
drão respiratório frequentemente adotado no tratamento imediato
do pós IAM mostraram-se efetivos e seguros (HISS et al., 2012).
estudos, Goiânia, v. 40, n. 4, p. 479-487, out./dez. 2013.
O outro estudo testou a espirometria de incentivo (EI)
associada com EPAP comparada apenas com orientações sobre
técnicas de tosse, mobilização precoce e exercícios de respiração
profunda. Os pacientes que realizam EI+EPAP apresentaram
melhores resultados com relação a dispneia e sensação de esforço
após o teste de caminhada de seis minutos (TC6) e também melhor
qualidade de vida (FERREIRA et al., 2010).
Um estudo abordou a percepção de pacientes submetidos
a reabilitação cardiovascular no pós-operatório cardíaco. Foi en-
contrado que a fisioterapia contribui para o sucesso do processo
de reabilitação pós-cirúrgica, mas contribui pouco na fase pré-
cirurgica (LIMA et al., 2011).
Dois estudos abordaram as fases I e II da reabilitação car-
diovascular. O primeiro avaliou os efeitos de um protocolo com
utilização da estimulação diafragmática elétrica transcutânea
482 (EDET), manobras (higiene brônquica e reexpansão pulmonar),
exercícios de respiração profunda, uso de incentivador respirató-
rio e fisioterapia motora. Quando o paciente foi transferido para a
enfermaria foi adicionado ao protocolo a deambulação assistida.
Após alta hospitalar foram realizadas 30 sessões em 6 semanas de
EDET. Houve aumento nos volumes e capacidades pulmonares e
na força muscular respiratória (BALTIERI et al., 2010).
A fase III é a mais estudada em centros de reabilitação
no país, sendo diversos os protocolos utilizados e as variáveis
avaliadas.
A utilização da Reabilitação Cardiovascular supervisiona-
da utilizando o protocolo convencional (aquecimento, exercício
aeróbio, exercícios resistidos e desaquecimento) foi testada em
pacientes com doença coronariana. Houve melhora dos parâmetros
fisiológicos, hemodinâmicos, funcionais e autonômicos quando
utilizada com uma frequência de 2 vezes por semana (MUELA;
BASSAN; SERRA, 2011). Em estudo de caso de um paciente
com Síndrome de Marfan, a reabilitação convencional, 3 vezes na
semana promoveu melhora da progressão da hipertrofia cardíaca
e disfunção ventricular avaliada pelo ecocardiograma (MEDEI-
ROS et al., 2012). O protocolo convencional também promoveu
melhora do controle autonômico da FC e da capacidade funcional
em pacientes com implante aórtico (REIS et al., 2006).
Outro estudo que avaliou os efeitos da imersão em piscina
estudos, Goiânia, v. 40, n. 4, p. 479-487, out./dez. 2013.
CONCLUSÃO
Referências
p. 306-309, 2005.