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FISIOTERAPIA AQUÁTICA

autor
MARCUS VINICIUS MARINHO DE CARVALHO

1ª edição
SESES
rio de janeiro 2018
Conselho editorial roberto paes e gisele lima

Autor do original marcus vinicius marinho de carvalho

Projeto editorial roberto paes

Coordenação de produção gisele lima , paula r. de a. machado e aline karina


rabello

Projeto gráfico paulo vitor bastos

Diagramação bfs media

Revisão linguística bfs media

Revisão de conteúdo cássio rodrigues lopes

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)

C331f Carvalho, Marcus Vinicius Marinho de


Fisioterapia aquática / Marcus Vinicius Marinho de Carvalho.
Rio de Janeiro : SESES, 2018.
152 p: il.

isbn: 978-85-5548-557-2.

1. Fisioterapia. 2. Fisioterapia aquática. 3. Reabilitação. 4. Exercício.


I. SESES. II. Estácio.
cdd 615.8

Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento


Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa
Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063
Sumário
Prefácio 7

1. História da fisioterapia aquática 9


Origem do uso da água 10

O uso da água através dos séculos 10

Surgimento da reabilitação aquática 12

A fisioterapia aquática nos dias atuais 14

2. Princípios físicos da água e efeitos


fisiológicos da imersão 17
Densidade relativa e gravidade específica 19

Pressão hidrostática 20

Flutuação 21

Refração 23

Tensão superficial 24

Calor específico 25

Transferência de energia térmica 25

Movimento de fluxo 26

Viscosidade 27

Força de arrasto 27

Resistência 27

Efeitos fisiológicos da imersão em repouso 28

Respostas fisiológicas ao exercício na água 32


3. A piscina e os equipamentos aquáticos 41
Considerações infraestruturais gerais de uma piscina para reabilitação. 42

O uso do equipamento aquático para variar a intensidade do exercício 48

Tipos de equipamentos aquáticos 51

Escolha do equipamento e precauções 53

Segurança no trabalho na piscina 54

4. Reabilitação aquática geral 57


Reabilitação aquática para as extremidades superiores 58
Patologias mais comuns e exercícios aquáticos para as
extremidades superiores 58

Reabilitação aquática para as extremidades inferiores 71


Patologias mais comuns e exercícios aquáticos para as
extremidades inferiores 71

Reabilitação aquática para problemas de marcha e equilíbrio 85

Reabilitação aquática para coluna vertebral 92


Patologias mais comuns e exercícios aquáticos para coluna
vertebral 92

Reabilitação aquática para grupos especiais 98


Reabilitação aquática para o paciente com disfunções neurológicas 98
Benefícios da água nas disfunções neurológicas 100
Tratamento aquático para pacientes neurológicos 101
Reabilitação aquática para o paciente com lesão medular 102
Contraindicações e precauções 104
Exercícios aquáticos terapêuticos para o lesado medular 105
A reabilitação aquática para o paciente pediátrico 106
A reabilitação aquática para a paciente obstétrica e ginecológica 107
Reabilitação aquática para o paciente com doença reumática 109
Reabilitação aquática para o atleta 112
Reabilitação aquática para o paciente com doença cardiovascular 114
5. Filosofias de reabilitação aquática 121
Método Bad Ragaz 122

Método Halliwick 133

Watsu 138
Prefácio

Prezados(as) alunos(as),

A água como recurso de tratamento de lesões não tem uma data de início na
história. Seu uso terapêutico passivo com compressas, bolsas, banhos veio através
dos tempos evoluindo e seus objetivos ficando mais específicos e diretos. A ciência
tem incentivado vários estudos com a proposta de, a cada dia, proporcionarmos
para nossos pacientes exercícios, técnicas, recursos mais eficazes e com melho-
res prognósticos.
Os exercícios aquáticos terapêuticos, assim como a fisioterapia aquática nos
últimos anos vem aprofundando os estudos sobre o impacto da água nas articu-
lações, músculos, nos nervos, nas disfunções músculo esqueléticas, neurais e res-
piratórias através de clínicas escolas, academias, centros de reabilitação aquática,
que conquistam milhares de adeptos, assim como, indicações médicas cada vez
mais frequentes.
As propriedades físicas da água e seu efeito sobre o corpo imerso tem sido o
grande diferencial no tratamento de doenças de qualquer ordem, além de pro-
porcionar um ambiente humanizado e prazeroso na prática diária. O campo de
trabalho e as oportunidades de emprego crescem de forma exponencial, isso pela
certeza de bons resultados, mais rápidos e menos doloroso, relatado pela grande
maioria dos pacientes.
Esse livro abrange todo conhecimento necessário para acadêmicos e profissio-
nais da fisioterapia que tenham interesse na área. Foi dividido em capítulos dentro
de uma sequência pedagógica progressiva e para que o conhecimento acompanhe
de forma didática seu desenvolvimento crítico e prático dos conteúdos.
No capítulo um descreveremos sobre a história da fisioterapia aquática, a ori-
gem do uso da água no processo terapêutico, o surgimento da reabilitação aquáti-
ca passiva e ativa e a fisioterapia aquática nos dias atuais.
No capítulo dois foram abordados os princípios físicos da água, de suma
importância para a construção dos protocolos de exercícios nas diversas patolo-
gias. Ainda os efeitos fisiológicos da imersão no repouso e no exercício, levando
a um entendimento mais profundo das transformações do corpo submetido ao
meio líquido.
No capítulo três introduzimos os equipamentos aquáticos, a estrutura de uma
piscina terapêutica, como escolher o material adequado para o trabalho diário e

7
como proporcionar um ambiente seguro para os pacientes e fisioterapeutas no dia
a dia laboral.
No capítulo 4 associamos as patologias mais comuns nos diversos segmen-
tos corporais aos exercícios específicos para cada uma. Também o conhecimento
geral sobre os grupos especiais e a fisioterapia aquática direcionada nas disfun-
ções, neurológicas, lesões medulares, reumáticas, pediátricas, ginecológicas, atletas
e cardíacos.
No capítulo cinco fechamos o livro com o conhecimento básico das filosofias
de reabilitação aquática, métodos Bad Ragaz, Halliwick e Watsu.
Espero que este livro proporcione conhecimento suficiente aos leitores aca-
dêmicos e profissionais e que encontrem seu caminho de excelência, dedicação e
amor por essa área tão apaixonante da fisioterapia.

Bons estudos!
1
História da
fisioterapia
aquática
História da fisioterapia aquática

OBJETIVOS
• Conhecer a história do uso da água de forma terapêutica;
• Entender o surgimento da reabilitação aquática no mundo e através dos séculos;
• Compreender a fisioterapia aquática nos dias atuais.

Origem do uso da água

A água com fins terapêuticos tem sua história contada há alguns milhares de
anos. Não se tem exatamente um ponto na história em que a água foi utilizada
como terapia. Registros datando de 2400 a.C. sugerem que a cultura indiana,
antigos egípcios, assírios e muçulmanos faziam uso das fontes minerais para pro-
pósitos curativos4,12. Os hindus, em 1500 a.C. empregavam a água para combater
a febre. Homero menciona o uso da água para tratar a fadiga, curar lesões e com-
bater a melancolia4,7,14.
A maior parte das civilizações antigas respeitava e mencionava adoração pela
água corrente, especificamente as águas puras. Japoneses e chineses assim como
gregos e romanos cultuavam a água e faziam uso da imersão em banhos por longos
períodos1,2. Em 800 a.C. as águas da cidade de Bath, na Inglaterra, já eram utili-
zadas com finalidades terapêuticas17.

O uso da água através dos séculos

A civilização grega vislumbrava o uso da água, em 500 a.C., relacionando-a


com o bem-estar físico e mental. Escolas com esses fins foram criadas próximas a
nascentes e rios, com isso a água passa por um período de transformação do mís-
tico para o tratamento físico4,12. Hipócrates usava a imersão em água quente e fria
para tratar muitas doenças, incluindo espasmos musculares e doenças das articula-
ções. Nos séculos XVII e XVIII o uso da água como forma terapêutica começou
a aumentar gradativamente12.

capítulo 1 • 10
Por volta de 330 d.C., a primeira proposta dos banhos romanos foi a cura
e tratamento de doenças reumáticas, paralisias e lesões3. Entretanto o primeiro
modo foi o da terapia em “tanques de água”, consistindo em sentar dentro do
tanque e permanecer submerso sem se movimentar10. Com o declínio do Império
Romano a natureza higiênica dos banhos romanos começou a se deteriorar. Foi
então que houve a proibição do uso de banhos públicos pelo Cristianismo, ha-
vendo então um declínio no uso dos sistemas de banhos Romanos3. Estes ba-
nhos elaborados foram desaparecendo com o decorrer das décadas e por volta de
500 d.C., eles deixaram de existir7.
A influência da religião durante a Idade Média conduziu para um novo declí-
nio no uso dos banhos públicos e da água como forma curativa. O Cristianismo
durante este tempo via o uso de forças físicas incluindo-se a água como um ato
pagão. Esta atitude pública persistiu até o século XV, quando ressurgiu o interesse
do uso da água como um meio curativo4.
Nos séculos XVII e XVIII, banhos com propostas higiênicas não eram aceitos
na prática. Entretanto o uso terapêutico da água começou a ressurgir gradualmen-
te. Em 1700, um físico Alemão, Sigmund Hahn, e seus filhos usaram a água para
“dores nas pernas e comichão” e outros problemas médicos13. A disciplina médica
começou a se referir a “Hidroterapia” e foi então definida por Wyman e Glazer
como aplicação externa da água para tratamento de qualquer forma de doença19.
Alguns físicos na Inglaterra, França, Alemanha e Itália promoveram aplicações
internas, (que consistia em beber as águas) e externas (através de banhos e com-
pressas quentes e frias) para tratamento de várias doenças15.
Baruch1 constituiu à Grã Bretanha o berço do nascimento da hidroterapia cien-
tífica, com a publicação de John Floyer, em 1697, com o tratado: An Inquiry into
the Right Use and Abuse of Hot, Cold and Temperature Bath. Floyer dedicou muito
da sua vida ao estudo da hidroterapia. Baruch acreditava que o tratado de Floyer
influenciou o professor Frederich Hoffmann da Universidade de Heidelberg para
incluir as doutrinas de Floyer em suas aulas. De Heidelberg esses ensinamentos
foram trazidos para a França3. Depois disso, o Dr. Currie, de Liverpool, Inglaterra,
escreveu trabalhos relatando sobre a hidroterapia, fornecendo-lhe uma base cien-
tífica através de seus experimentos13. Estes trabalhos foram traduzidos em várias
línguas. Embora os trabalhos de Currie não fossem bem aceitos na Inglaterra, estes
foram bem valorizados na Alemanha1,19.

capítulo 1 • 11
Surgimento da reabilitação aquática

O uso da hidroterapia neste ponto da história prosseguiu com técnicas de tra-


tamento que incluíam lençóis, compressas, fricção fria, banhos sedativos, banhos
de rede (“hammock”) e de dióxido de carbono3. Em 1830, um Silesiano, Vicent
Priessnitz, desenvolveu programas de tratamento e usava primariamente banhos
ao ar livre3,18. Estes tratamentos consistiam em banhos frios, banhos de chuveiro e
bandagens7,8. Devido ao Sr. Priessnitz não possuir nenhuma credibilidade médica,
ele não foi visto favoravelmente por todos os físicos deste tempo.
A comunidade científica desacreditou-o de seus programas de tratamen-
to e viam-no como um empírico. Esses empíricos eram chamados Naturarezie
(Naturopatas)7. Alguns “hidroterapeutas”, neste tempo, viajaram para a Silésia
para aprenderem as técnicas desenvolvidas por Priessnitz13. Durante este tempo,
Sebastian Kniepp (1821-1897), um Bavário, modificou as técnicas de tratamento
de Priessnitz, alternando as aplicações frias com mornas e depois banhos quentes
parciais, ou seja, imergir parte do corpo em tanques ou piscinas de diferentes
temperaturas. Os tratamentos da água de Kniepp também consistiam em molhar o
corpo com duchas e banhos de chuveiro em diferentes temperaturas com finalida-
des curativas. A Kniepp Cure tornou-se popular na Alemanha, no Norte da Itália,
Holanda e França e é utilizada até hoje.
Winterwitz (1834-1912), um professor Austríaco, foi o fundador da Escola
de Hidroterapia e Centro de Pesquisa em Viena; ele é lembrado como um dos
mais devotos profissionais no estudo da prática da hidroterapia, também chamada
hybratics. Seu Instituto ficou conhecido como “Instituto de Hidroterapia”. Ele foi
inspirado através dos trabalhos de Priessnitz e Currie que observaram as reações
dos tecidos na água em várias temperaturas3,7,8. Os estudos de Winterwitz encon-
traram os fundamentos da hidroterapia e estabilizaram suas bases fisiológicas3,19.
Alguns dos alunos de Winterwitz, particularmente Kelogg, Buxbaum e Strasser,
contribuíram significativamente para o estudo dos efeitos fisiológicos de aplica-
ções de calor e frio, a termorregulação do corpo humano e a hidroterapia clínica13.
Um dos primeiros americanos a se dedicar à pesquisa sobre hidroterapia foi o
Dr. Simon Baruch. Ele viajou para a Europa para estudar com o Dr. Winterwitz
e para conversar com aqueles que eram considerados empíricos, como Prissnitz7.
Em seu livro An Epitome of Hydrotherapy, Baruch1 discutiu os princípios e mé-
todos do uso da água como tratamento de várias doenças como febre tifoide,
gripe, insolação, tuberculose, neurastenia, reumatismo crônico, gota e neurite.

capítulo 1 • 12
Baruch também publicou dois outros livros em 1893: The Uses of Water in Modern
Medicine e The Principles and Practice of Hydrotherapy7. Ele foi o primeiro profes-
sor da Columbia University de New York (EUA) a ensinar hidroterapia.
Spa é um local que é construído numa nascente natural e é circundado por be-
leza natural5. O mais antigo dos EUA foi Berkely Springs, West Virginia, conhe-
cido em 1761 como Warm Springs12. Muitas pessoas que sofriam de reumatismo
visitaram este lugar em que as águas eram ditas curativas. Posteriormente este Spa
tornou-se um grande hotel para 2.000 pessoas. O mais famoso Spa da América
foi o Saratoga Springs em New York. Em 1792 as águas do Spa Saratoga foram
consideradas como benefício medicinal, e em 1794 foi construída uma estrutura
com casa de banhos e chuveiros para o uso de pessoas deficientes12.
Em 1830 foi construída a primeira casa de banho em Hot Springs, Arkansas.
A classe média tinha como objetivo o turismo e a parte social mais do que a tera-
pêutica. Na América, escolas médicas começaram a ensinar os conceitos de hidro-
terapia. Cada Spa tinha um médico e, geralmente, eles eram os proprietários. Na
América os Spas com objetivos de recreação e interação social eram conduzidos
em conjunto com a hidroterapia. Logo após a guerra civil, houve um aumento
transitório do número de Spas nos Estados Unidos. Embora houvesse valor curati-
vo e muitos médicos continuassem mantendo o interesse pelo valor da hidrologia
médica, no final do século XIX, houve um declínio dos Spas12.
Baruch foi considerado o melhor especialista em hidroterapia na América.
Em 1907 ele ocupou a primeira cadeira de hidroterapia na Columbia University.
Embora a hidroterapia não fosse considerada tão importante, Baruch continuou
os seus estudos até 1930. Houve então um declínio da hidroterapia que Baruch
atribuiu à comunidade médica que consentia com a realização de terapias sendo
realizadas por pessoas não treinadas como “massagistas”. Em 1937 o presidente do
Congresso Americano de Fisioterapia criou um comitê para estudar as causas do
declínio dos Spas nos Estados Unidos12.
Durante o século XIX as propriedades da flutuação começaram a ser estudadas
para realizar exercícios em pacientes na água. Para Basmajian2 a finalidade dos Spas
Europeus era a de começar a tratar distúrbios “locomotores” e reumáticos. Em
1898, o conceito de hidroginástica foi introduzido por Leydeen e Goldwater3,7,
que incluíam a realização de exercícios na água que serviram como precursores
do conceito de reabilitação aquática. A hidroginástica implicava na realização de
exercícios na água, sendo estes realizados por um profissional da saúde.

capítulo 1 • 13
Em 1928, o físico Walter Blount descreveu o uso de um grande tanque com
um remoinho onde estava incluso um motor para ativar os jatos d’água. Este tor-
nou-se conhecido como “Tanque de Hubbard”. O tanque de Hubbard foi utiliza-
do inicialmente para realizar exercícios na água. Este auxiliava e assistia no desen-
volvimento dos programas de exercícios na piscina. Durante a primeira metade do
século na Europa, os tratamentos foram baseados em duas técnicas: Bad Ragaz e
Halliwick. Mais tarde foi apresentada uma técnica adaptada denominada Watsu12.
No Brasil, a hidroterapia científica teve seu início na Santa Casa do Rio de
Janeiro, com banhos de água doce e salgada, com Artur Silva, em 1922, que co-
memorou o centenário do Serviço de Fisiatria Hospitalar, um dos mais antigos do
mundo sob orientação médica. No tempo em que a entrada principal da Santa
Casa era banhada pelo mar, eles tinham banhos salgados, aspirados do mar, e ba-
nhos doces, com a água da cidade14.

A fisioterapia aquática nos dias atuais

Assim como a especialidade, as terminologias foram se atualizando com o


tempo. A hidroterapia, que se tratava simplesmente da cura ou tratamento pela
água, ou seja, a água como coadjuvante no processo de tratamento deu lugar a
Reabilitação Aquática que também foi se deteriorando pelo sentido da palavra
reabilitação que possuía abrangência multidisciplinar.
Como a fisioterapia ao longo dos tempos vem buscando fortalecer sua identi-
dade, nada mais apropriado para o termo atual - fisioterapia aquática - que possui
efetivamente a participação ativa do profissional e que utiliza um recurso terapêutico
de grande relevância para as várias áreas de atuação fisioterapêutica, aplicado em
uma piscina termo aquecida através da utilização de técnicas especialmente desen-
volvidas com objetivos de prevenir doenças, promover e manter a saúde, tratar, curar
e reabilitar indivíduos com distúrbios funcionais e reintegrar o mesmo na sociedade.
O conhecimento dos princípios físicos é de fundamental importância para
programação, formulação e desenvolvimento dos tratamentos, independentemen-
te da patologia, métodos de tratamento ou quadro de deficiência dos pacientes
indicados para a fisioterapia aquática. Como meio para exercitar-se, a água pode
ser muito benéfica para aqueles que compreendem seus princípios e propriedades.
Todos os protocolos de exercícios aquáticos devem ter como metas dois fatores
importantes: a resposta fisiológica do corpo imerso no meio líquido e as proprie-
dades físicas da água.

capítulo 1 • 14
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Heineimann, 1997.
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1990: 4 e 5, 199-239.
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Therapy Clinics in North America. June 1994: 251-260.
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7. FINNERY GB, Corbitt T. Hydrotherapy. New York, NY: Frederich Ungar Publishing CO; 1960;1-4.
8. DAVIS B, Harrison RA. Hydrotherapy in Practice. New York, NY: Churchill
Livingstone;1988:171-177.
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Press; 1963:132, 134-135, 140-145, 147-149.
13. LIANZA S. Medicina de Reabilitação. Ed Guanabara, Rio de Janeiro; 1985.
14. LOWAN, C. Therapeutic use of Pools and Tanks. Philadelphia, Pa: WB Saunders: 1952.
15. MORRIS DM. Aquatic rehabilitation for the treatment of neurological disorders, Journal of Back
and Musculoeskeletal Rehabilitation. 1994; 4: 297-308.
17. ROBERTS P. Hydrotherapy: Its History, Theory, and Practice in Occupational Health. May
1981:235-244.
18. SKINNER AT, Thomson AM. Duffields Exercise in Water. 3rd ed. London, England: Bailliere
Tindall; 1983: 1-3.
19. WYMAN JF, Glazer O. Hydrotherapy in Medical Physics. Chicago, III: Year Book Publisher;1944:
619.

capítulo 1 • 15
capítulo 1 • 16
2
Princípios físicos
da água e efeitos
fisiológicos da
imersão
Princípios físicos da água e efeitos
fisiológicos da imersão

Nos capítulos subsequentes serão demonstrados como os efeitos terapêuticos e


fisiológicos da água são amplos e surpreendentes. Essa comprovação é resultado de
uma série de efeitos relacionados à força física que atua no corpo imerso, em com-
binação com alguns efeitos emocionais ainda não muito evidenciados na ciência
quando o corpo se encontra em contato com a água.
São evidentes as diferenças entre a água e o ar quanto ao movimento do corpo
humano na água: na água temos a sensação de estarmos mais leves, mas ao mesmo
tempo temos a sensação de maior resistência para executarmos um movimento
dentro da água. A temperatura e a profundidade também constituem elementos
importantes quando da prescrição do tratamento e a fase em que o paciente se
encontra: aguda, crônica, com dor ou sem dor, com fraqueza muscular, enfim o
quadro geral do paciente no momento da avaliação.
Embora o meio líquido seja uma forma alternativa muito realizada para trata-
mento de doenças nas mais diversas áreas médicas, há uma carência de estudos cien-
tíficos mais aprofundados e completos sobre seus verdadeiros efeitos, consequências
e precauções no seu uso. Muitas vantagens são atribuídas a utilização do meio líqui-
do na reabilitação; mas grande parte destes benefícios ainda não tem comprovação
científica publicada, seja por falta de recursos científicos, aparelhos para aferição que
possam ser utilizados na água, seja por falta de recursos humanos, enfim o fato é
que ainda precisamos de mais estudos sobre esse maravilhoso recurso de tratamento.
Quase todos os efeitos biológicos da imersão estão relacionados com os prin-
cípios da hidrodinâmica e termodinâmica. A compreensão desses princípios ra-
cionaliza a aplicação do processo clínico. Uma vez que o corpo sofre reações tanto
com a água estacionária (hidrostática), quanto com a água em movimento (hidro-
dinâmica); e ainda é influenciada pela temperatura corporal e da água.

OBJETIVOS
• Compreender os princípios físicos da água e associá-los com a conduta fisioterapêutica;
• Discutir as vantagens e desvantagens das propriedades físicas da água e sua relação com
o corpo imerso;

capítulo 2 • 18
• Entender os efeitos fisiológicos do corpo imerso na água em repouso e no exercício e a
relação com a conduta fisioterapêutica.

Densidade relativa e gravidade específica

A água, como toda substância composta por matéria, apresenta uma determi-
nada densidade, ou seja, pode ser caracterizada pela relação entre a sua massa e seu
volume. A gravidade específica, por sua vez, remete à relação entre a densidade de
uma substância ou objeto com a densidade da água. Deste modo, sabendo-se que
a gravidade específica da água é aproximadamente 1, todo objeto ou corpo que for
colocado no ambiente aquático, e apresentar uma densidade menor do que a da
água, flutuará. Caso a sua densidade seja maior do que a da água, o corpo afundará.
A densidade relativa do corpo humano é de aproximadamente 0,97, fato este
que determina a característica de flutuação do corpo. A massa corporal magra,
que inclui ossos, músculos, tecido conjuntivo e órgãos, tem uma densidade tí-
pica de 1,1, enquanto a massa gorda que inclui toda gordura corporal essencial
mais a gordura que excede as necessidades essenciais, tem uma densidade 0,90.
Consequentemente, o corpo humano desloca um volume de água que pesa um
pouco mais que o corpo, levando o corpo para cima por uma força igual ao volu-
me de água por ele deslocado8,10.

SÓLIDOS DENSIDADE (G/CM³)


Ar 0,0012
Água 0,998
Água do mar 1,026
Gelo 0,92
Alumínio 2,7
Cortiça 0,24
Corpo humano (média) 1,05
Osso Compacto 1,8
Gordura Humana 0,9
Massa humana sem gordura 1,1

Tabela 2.1 – Densidade de materiais e tecidos do corpo humano.

capítulo 2 • 19
É comum o conceito de que se deve relaxar para boiar mais facilmente na água.
Algumas pessoas entendem erroneamente que se boia mais fácil porque os músculos
quando contraem fariam com que os respectivos segmentos do corpo ocupassem
um menor volume e como a massa do corpo é constante, então a densidade aumen-
taria o que faria o corpo afundar mais facilmente. Esse conceito é errado porque há
muito se sabe que o músculo quando contrai não apresenta variação de volume.
Historicamente, a hipótese inicial era justamente ao contrário: quando um músculo
contraísse ele aumentaria de volume. Jan Swammerdam fez um experimento, mos-
trando que o volume do músculo não varia quando ele contrai. Mas de fato relaxar
facilita a flutuação! O que acontece na verdade é que relaxa-se os músculos da caixa
torácica e ela então expande, diminuindo a densidade do corpo8,10.

Pressão hidrostática

A água, assim como todos os líquidos, exerce uma pressão em todas as di-
reções. Um corpo submerso, portanto, está exposto a um determinado grau de
pressão, que é determinada pela força por unidade de área1,2. Esta pressão é in-
fluenciada pela densidade do líquido e pela profundidade, pois a coluna de líquido
acima do corpo será responsável pela pressão. Consequentemente, quanto maior a
profundidade, maior a pressão exercida (figura 2.1). A pressão hidrostática age nos
tecidos e exerce uma compressão de vasos sanguíneos, podendo auxiliar no retor-
no venoso e na redução de edemas. Essa pressão influencia diretamente também
na descarga de peso sobre o corpo imerso (figura 2.2).
FORÇA DA GRAVIDADE

NÍVEL DA ÁGUA

PRESSÃO HIDROSTÁTICA

FORÇA DE FLUTUAÇÃO

Figura 2.1 – Pressão hidrostática de acordo com a profundidade.

capítulo 2 • 20
DESCARGA DE PESO
15%
35%
50%
75%
90%

Figura 2.2 – Percentual da descarga de peso no corpo com a profundidade.

Flutuação

Empuxo é uma força descoberta pelo matemático Arquimedes em 2.200 a.C..


É enunciada como o princípio de Arquimedes: “o empuxo é a força exercida pela
água com intensidade igual ao peso do volume de água deslocado pelo corpo
submerso (ou parcialmente submerso) e com direção igual da força peso, mas com
sentido contrário (para cima)”1,2,5 (figura 2.3).

FORÇA DA GRAVIDADE

FORÇA DA FLUTUAÇÃO
Figura 2.3 – Força de flutuação é igual ao volume de água deslocado pelo nadador (força
de gravidade).

A flutuação pode ser assistente (assistiva), resistente (resistiva) ou de apoio


(suporte). Esta força assiste a qualquer movimento em direção à superfície da água
e resiste a qualquer movimento na direção oposta à superfície da água. Quando

capítulo 2 • 21
a flutuação se equivale à força da gravidade, qualquer movimento horizontal é
considerado de apoio ou suporte1,5. Essas três características da flutuação podem
ser efetivamente aumentadas com a utilização de equipamentos flutuadores. Eles
serão mais efetivos nos exercícios de braços e pernas. Exemplo: a abdução de om-
bro pode ser assistida com equipamento flutuador nas mãos, porém a adução
será resistida com o mesmo equipamento, já no exercício de abdução e adução
horizontal na linha da superfície com o mesmo equipamento seria considerado de
suporte ou apoio. (figura 2.4).

A B

C
Figura 2.4 – Halteres flutuadores (A) podem ser de assistência durante a abdução de om-
bro, (B) de resistência para a adução ou (C) de apoio na abdução e adução horizontal.

O ponto pelo qual a força de flutuação atua é chamado de “centro de flutua-


ção”. É uma força de baixo para cima contrária a força da gravidade. Portanto
o corpo imerso na água está sujeito a duas forças opostas: a gravidade, que atua
através do centro de gravidade e a flutuação que atua através do centro de flutua-
ção4. Se o corpo imerso tiver uma massa igual ao volume de líquido deslocado, o
centro de gravidade e de flutuação estarão alinhados verticalmente. Porém, se a
massa imersa for diferente ao volume de água deslocado os centros de flutuação e
gravidade estarão desalinhados3,6. O uso de algum equipamento pode causar esse
desalinhamento, assim as forças rotacionais irão atuar sobre o corpo para buscar o
equilíbrio (figura 2.5).

capítulo 2 • 22
Força da gravidade

B
A CG
CG
Linha da água
CF
CF

Força da flutuação
Figura 2.5 – (A) forças que atuam no corpo em flutuação em equilíbrio e (B) corpo em de-
sequilíbrio. CG - centro de gravidade e CF- centro de flutuação.

Refração

Quando uma luz passa de um meio para o outro com densidades diferentes
sofre uma transformação nessa interface (figura 2.6). Uma parte dessa luz reflete
na interface (ar/água) enquanto a outra parte que passa para dentro do novo meio
(água) muda sua direção6. A refração é a razão pela qual as piscinas, vistas de
fora da água, parecem ser mais rasas do que realmente são. O corpo imerso, em
movimento, também aparenta essas distorções, com isso o acompanhamento dos
movimentos articulares bem como as orientações posturais se tornam mais difíceis
se o fisioterapeuta ou instrutor estiver fora da piscina.

Figura 2.6 – Refração da luz do olhar de um objeto em um recipiente vazio e com água.

capítulo 2 • 23
Tensão superficial

As superfícies dos líquidos possuem comportamentos diferentes do corpo do lí-


quido. Foi observado que a superfície de um líquido tem comportamento similar a de
uma membrana sob tensão. É a força entre as moléculas da superfície de um fluido
que resulta nessa membrana e que estabelece a interface entre a água e a atmosfera3.
A tensão superficial é responsável pela sustentação de pequenos insetos na superfície
da água. Para corpos de tamanho e massa semelhantes ao corpo humano, a tensão
superficial é uma força muito pequena, desprezível se comparada às forças de peso e
empuxo para um sujeito boiando próximo à superfície da água (figura 2.7).

ar
resultante das
forças que atuam
sobre as moléculas
da superfície

líquido

Figura 2.7 – Tensão superficial que atuam sobre as moléculas da superfície da água.

A força resistiva da tensão superficial torna-se uma variável ativa na medida


em que a área da superfície aumenta. Um mergulhador que penetra na água na
posição vertical desloca pouca água, assim o gasto energético será menor no seu
deslocamento do ar para água, enquanto que uma pessoa que mergulha na água
de “barriga” irá deslocar mais água no momento do impacto e seu gasto energético
será maior8,10.

capítulo 2 • 24
Calor específico

A condutividade térmica, é a capacidade de um material conduzir calor. Da


água é cerca de 23 vezes maior do que do ar, isto é, a água é uma boa condutora
térmica enquanto que o ar é um mau condutor, fazendo com que troquemos
muito mais calor (e mais rapidamente) com a água do que com o ar. Por isto, a
temperatura da água é muito crítica para a permanência confortável do ser huma-
no. A água deve ser ajustada em função da intensidade do exercício físico9. Para a
fisioterapia aquática, temperaturas da ordem de 32 ºC são geralmente recomen-
dáveis, mas podem chegar a até 35 ºC. Para a prática de atividades mais intensas
como corrida na água ou natação as temperaturas baixam consideravelmente são
da ordem de 22 a 27 ºC. Uma caloria é equivalente a 4,18 J. Um corpo imerso na
água torna-se um sistema dinâmico de troca. Se a temperatura da água for maior
que o corpo, esse vai aquecer através da transferência de energia calórica, a partir
da água, e a água resfria através da perda de energia calórica para o corpo10.

Transferência de energia térmica

A transferência de calor de um corpo para outro ocorre mediante a diferença


de temperatura entre eles. Assim, o calor flui do corpo de maior temperatura para
o corpo de menor temperatura. A utilidade da terapia pela água depende tanto
da sua capacidade de reter calor, quanto de transferir energia em forma de calo-
rias9. A transmissão de calor pode ocorrer de três formas: condução, convecção e
irradiação.
Condução: consiste na transferência de energia entre as partículas formadoras
do corpo, sem que ocorra o transporte de matéria durante o processo. Exemplo:
numa barra metálica onde uma de suas extremidades está sendo aquecida com
uma chama, uma pessoa que está segurando a barra na outra extremidade percebe-
rá que ficará quente. Isso se explica pelo fato de as partículas que estão em contato
com a chama passam a ter maior energia em relação às partículas do restante da
barra. As partículas com maior grau de energia passam a transferir essa energia,
partícula por partícula, até que todo o corpo esteja uniformemente aquecido.
Convecção: esse é o processo que ocorre nos fluidos (líquidos, gases e vapores)
em razão das diferenças na densidade dos fluidos envolvidos no sistema, ou seja,
ocorre uma transferência de calor por meio do movimento em massa de grandes

capítulo 2 • 25
quantidades de moléculas ao longo de uma grande distância. Por isso, os líquidos
são maus condutores e ótimos convectores.
Irradiação: ao contrário dos processos de condução e convecção que neces-
sitam de um meio material para a transferência de calor, a irradiação é o processo
que pode acontecer sem que exista meio material. Esse processo ocorre por meio
de ondas eletromagnéticas, raios infravermelhos, que podem se propagar na au-
sência de meio material, o vácuo. É dessa forma que a Terra é aquecida pelo Sol
todos os dias e que o café é mantido quentinho dentro de uma garrafa térmica8,10.
O corpo humano produz calor por meio da conversão de calorias fornecidas por
alimentos em outras formas de energia. Apenas 20% dessa energia utilizamos para
realizar trabalho, o restante é utilizado como energia térmica. Nossa temperatura
subiria cerca de 3 ºC por hora, não fosse nossa capacidade de dissipar calor pelos
poros corporais. O principal mecanismo de dissipação de calor corporal é por con-
vecção, quando o sangue, aquecido na região central do corpo, se desloca para a pele
e pulmões, onde se encontra com o ar mais frio, permitindo a perda de calor por
evaporação, suor e troca respiratória que resfriam ainda mais a pele. A transferência
de calor é diretamente proporcional a velocidade do movimento, assim uma pessoa
que se movimenta na água perde mais calor do que aquele que fica parado na mes-
ma água. Essa propriedade de condução térmica, em combinação com o alto calor
específico, faz da água um meio vário para a reabilitação, pois ela retém calor ou frio,
enquanto os libera com muita facilidade para a parte do corpo imersa3.

Movimento de fluxo

O movimento da água torna-a um elemento muito complexo para compreen-


são. A água em movimento pode ter muitas características. Em um fluxo suave,
como de um rio com pouca correnteza, podemos classificar como fluxo laminar
ou corrente. Neste tipo de fluxo, as moléculas se deslocam paralelamente e duran-
te seu trajeto elas não se atritam. Como exemplo: a maioria dos vasos sanguíneos
do corpo possui fluxo laminar. Quando a velocidade de um líquido aumenta no
seu percurso outro tipo de fluxo ocorre, chamado fluxo turbulento. Neste padrão
de deslocamento as moléculas se atritam e sua trajetória deixa de ser linear para
ser sinuosa aumentando a resistência ao movimento. O fluxo turbulento absorve
energia a uma taxa muito maior do que o fluxo laminar, sua taxa de absorção é
determinada pela quantidade de atrito entre as moléculas de um líquido, chamada
viscosidade. Os principais determinantes do movimento da água são a viscosida-
de, a turbulência e a velocidade7.

capítulo 2 • 26
Viscosidade

A água em uma temperatura ambiente, e nas suas variações para uso terapêuti-
co, é um líquido. Todos os líquidos possuem viscosidade, que remete a quantidade
de atrito entre as moléculas, o que difere os estados da água que utilizamos de
forma terapêutica. Quanto maior for a atração molecular, mais denso se tornará o
líquido. Quanto maior for a viscosidade do líquido mais força deverá ser realizada
para criar um movimento dentro de um líquido. Em resumo, quanto maior a tem-
peratura da água menos viscosidade haverá e mais fácil será produzir movimento
neste líquido, ao contrário, quanto menor a temperatura da água (mais fria) maior
será a viscosidade e maior também será a força para produzir o movimento7.

Força de arrasto

Quando ocorre o movimento de um objeto em relação a um líquido, ele sofre


efeitos resistivos desse líquido que determina uma força chamada força de arras-
to. Quando nos movemos em velocidade através de um líquido, aumentamos a
força de arrasto. Esse efeito que causada pela força do arrasto é chamado de efeito
esteira6,8.

Resistência

A viscosidade, com todas as suas propriedades físicas agregadas, é a qualidade


que torna a água um meio eficaz para trabalhos direcionados para o fortalecimento
muscular, pois sua resistência aumenta à medida que mais força é exercida contra
ela, embora ao cessar essa força sua resistência caia a zero instantaneamente. Isso
permite ao executor do movimento um grande controle das suas atividades dentro
de um espectro de tolerância. Quando se aumenta a velocidade do movimento,
é gerada uma maior turbulência, que para fins terapêuticos pode estimular infor-
mações proprioceptivas articulares, que por sua vez, vai exigir do paciente uma
melhor modulação do esforço para obter um movimento biomecânico dentro
de uma amplitude articular. Ao passo que, ao sentir dor durante o movimento
este pode ser interrompido de forma brusca sem repercussões articulares ou mus-
culares, isso causado por um amortecimento viscoso da água que irá controlar o
membro não permitindo um movimento adicional8,10.

capítulo 2 • 27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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with the head above water. Aerospace Medicine. 1972; 43: 93-599.
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P.513-15, 1951.
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Water Running. The Physician and Sports Medicine. V.17, n.2, p.87-93, 1989.
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water running in men and women. The American Journal of Sports Medicine. V.19,n.6, p.612-14,
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Efeitos fisiológicos da imersão em repouso

Os efeitos fisiológicos proporcionados pela água foram descritos há mais de


3.000 anos pelos persas, hyndus, gregos, egípcios e chineses. São amplos e en-
volvem respostas cardíacas, respiratórias, renais e musculoesqueléticas. Ainda,
TOVIN et al.10 afirmam que os exercícios realizados na água favorecem a reabilita-
ção, pois os efeitos proporcionam menor estresse articular, aumento da circulação
e facilidade de se movimentar.
Sistema cardiovascular: Durante a imersão, a água exerce pressão sobre o
corpo. Um efeito importante desse aumento de pressão acontece no sistema de
retorno venoso, que é sensível a diferenças de pressão externa1. A variação do
gradiente de pressão hidrostática, conforme a diminuição da profundidade, pro-
porciona o deslocamento do sangue em uma via de mão única, que “deságua”

capítulo 2 • 28
nos maiores vasos da cavidade abdominal e para o coração. O fluxo sanguíneo no
pulmão também aumenta, devido ao aumento da pressão sanguínea. Tal resposta
favorece uma maior troca gasosa, devido ao aumento de sangue na circulação
pulmonar. Ocorre também um aumento no consumo energético, pois o coração
deve aumentar a força de contração e aumentar o débito cardíaco, em resposta ao
aumento de volume de sangue. Aumentos do débito cardíaco parecem estar rela-
cionados a variações da temperatura da água, podendo atingir aumentos de 30%
a uma temperatura de aproximadamente 33°C1. Ainda, a imersão na altura do
tórax afeta significativamente o ritmo respiratório e ocasiona aumento do trabalho
respiratório, devido à compressão da caixa torácica. O conjunto de respostas car-
diovasculares à imersão, incluindo a bradicardia, vasoconstrição periférica e desvio
preferencial do sangue para áreas vitais, é conhecido como reflexo do mergulho.
O frio produz dois efeitos principais para abaixar a frequência cardíaca.
Receptores ao frio disparam bradicardia reflexa neural, e a vasoconstrição indu-
zida pelo frio desvia sangue para o tórax, causando aumento do retorno venoso,
com isso, a pré-carga atrial é aumentada, a contratilidade por meio do mecanismo
de frank starling e o volume – contração também sofrem aumento. A maioria dos
pesquisadores onstatou que a bradicardia apneica, induzida pela imersão é depen-
dente da temperatura da água nos seres humanos1. Turtle e Corleaux14 afirmaram
que a imersão em água fria reduz a frequência cardíaca, a imersão em água morna
e quente aumenta a frequência cardíaca e a água à temperatura corporal foi consi-
derada termo neutra. A extensão da vasoconstrição nos membros é inversamente
proporcional à temperatura da água. Ela aumenta com a temperatura decrescente.
Uma temperatura de entre 20 ºC e 40 ºC, pode não ter nenhum efeito sobre o
fluxo sanguíneo periférico durante a imersão. A água morna aumenta a vasodila-
tação periférica, o que atua no resfriamento14.
Sistema musculoesquelético: A transferência de calor quando da imersão
em temperaturas acima da termo neutra (37 °C) podem ocasionar vasodilatação
e aumentar o fluxo sanguíneo muscular. O auxílio da flutuação diminui a sobre-
carga articular e favorece uma atuação equilibrada dos músculos, proporcionan-
do um ambiente de fácil movimentação e que pode potencializar a realização de
exercícios que não seriam possíveis em solo, principalmente em indivíduos com
limitações de força e movimento. Neste sentido, em um ambiente com pouca
descarga de peso, o terapeuta pode utilizar equipamentos específicos (como flu-
tuadores) e aumentar a resistência durante os movimentos na água. Deste modo,
pode-se favorecer o condicionamento muscular, como por exemplo, em corridas
e caminhadas subaquáticas, sem o risco de lesões por sobrecarga das articulações.

capítulo 2 • 29
Sistema renal: Há um aumento do fluxo sanguíneo renal, que ocasiona aumento
da liberação de creatinina. Ainda, a distensão atrial esquerda diminui a atuação sim-
pática no sistema renal, o que aumenta o transporte de sódio tubular2. A excreção de
sódio aumenta, e gera uma parte do efeito diurético da imersão. Ao que parece, os
hormônios reguladores do rim também são afetados, e há uma supressão do hormô-
nio antidiurético devido ao aumento da pressão venosa, o que ocasiona aumento da
excreção de sódio e potássio e aumento da diurese. Os mecanorreceptores cardiopul-
monares e os barorreceptores arteriais também são ativados com o aumento do volume
sanguíneo, e contribuem para a liberação do fator natriurético atrial e consequente
aumento da diurese1. Os efeitos combinados no sistema renal e cardiovascular, em
temperaturas termo neutras, parecem diminuir a pressão em longas imersões, o que
pode gerar diminuições da pressão sanguínea que duram até horas, pós-imersão. Neste
sentido, vale ressaltar que a imersão também pode ser benéfica nos casos de edema, por
auxiliar o retorno de líquido para a circulação linfática.
Os mecanismos da diurese de imersão:

A hemodinâmica central altera-se em razão da flutuação


FLUTUAÇÃO durante a imersão, aumentando o débito. Um fator deter-
minante na diurese.

RESPIRAÇÃO COM Aumenta o débito, sendo uma contribuição secundária.


PRESSÃO NEGATIVA
TEMPERATURA Quanto mais fria, maior o débito.

HORA DO DIA A diurese é maior durante o dia em relação à noite.

A densidade da água salgada, mais alta que a água doce,


DENSIDADE DO aumenta ligeiramente a flutuação e o efeito diurético do
LÍQUIDO desvio do líquido.

A desidratação aumenta a conservação de líquido e re-


HIDRATAÇÃO duz o débito.

Nos idosos a diurese é maior em comparação aos mais


IDADE jovens, mesmo com o mesmo desvio sanguíneo em di-
reção à cabeça.

Estresse emocional a partir de condições difíceis ou des-


EMOÇÃO conhecidas aumenta o débito.

EXERCÍCIO A atividade física no frio reduz o débito.

capítulo 2 • 30
Sistema neurológico: Os efeitos da água parecem influenciar os níveis de dor,
por um mecanismo de redução de sensibilidade das terminações nervosas livres.
Becker & Cole2 sugerem que os efeitos da imersão podem causar um extravasa-
mento sensorial, dado pela temperatura, atrito e pressão, o qual pode aumentar
o limiar da dor. Além disso, há um efeito de relaxamento do tônus muscular, que
pode ser devido à vasodilatação e diminuição da sobrecarga corporal, benéfico
nos casos de espasticidade ou tensão muscular exacerbada, como consequência de
problemas de ordem ocupacional, por exemplo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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exercise program on the respiratory muscle strength in healthy aged persons. Clinics. 2005; 60(2):
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capítulo 2 • 31
14. TUTLE WW. CORLEAUX JF. The response of the heart to water of swimming pool temperature.
Research Quarterly. 1985; 6:24-26.

Respostas fisiológicas ao exercício na água

As respostas fisiológicas ao exercício em terra foram muito estudadas e descri-


tas em detalhes nos tratados de fisiologia do exercício. A água representa um meio
único para a prática de exercícios e algumas respostas fisiológicas são diferentes
em relação aos efeitos em solo. Discutiremos a seguir as diferenças de respostas
ao exercício e as adaptações aos treinamentos realizados na água, que não seja a
natação, em comparação aos exercícios realizados no solo.
Durante o exercício dinâmico, de leve a moderada intensidade, na água, a
maior parte da energia usada para sustentar a atividade física é suprida pelo meta-
bolismo aeróbico (fosforilação oxidativa). Em virtude das diferentes propriedades
físicas da água, os fatores que determinam o custo energético do exercício na água
são diferentes daqueles em terra, pois, a força de flutuação reduz o peso do corpo,
reduzindo o gasto energético, uma vez que elimina o gasto de energia necessário
para deslocar o corpo contra a gravidade. Por outro lado, a viscosidade da água
aumenta o gasto energético necessário para realizar movimentos e deslocamentos.
Assim o dispêndio de energia na água depende menos da energia utilizada para
superar o arrasto, tornando-se dependente do tamanho e posição do corpo, velo-
cidade e direção do movimento.
Na água fria, uma grande quantidade de energia pode ser necessária para man-
ter a temperatura corporal. Os estudos que compararam o gasto energético de
atividades similares na terra e na água demonstraram uma grande variedade de
respostas e assim, o gasto pode ser igual, maior ou menor na água que na terra, de-
pendendo da atividade, profundidade de imersão e velocidade do movimento13,15.
Algumas atividades físicas merecem ser discutidas em detalhes.
Ciclismo: COSTILL12 observou que exercícios com bicicleta, com o sujeito
em imersão até o pescoço, a 50 ciclos/minuto, em água a 25 ºC, exigiu de 33% a
42% mais energia do que o exercício com bicicleta à mesma taxa de trabalho em
terra com o ar a 24 ºC. CRAIG e DVORAK14 realizaram experimentos similares
a 30 ºC e 35 ºC e não encontraram diferença no dispêndio energético e respos-
tas cardiorrespiratórias.

capítulo 2 • 32
Caminhada, trote e corrida: EVANS17 estudaram o dispêndio de energia du-
rante a caminhada em duas velocidades e durante o trote em três velocidades, per-
correndo uma piscina a 31 ºC, com água pela cintura. A capitação de oxigênio
foi maior nas duas atividades, em todas as velocidades, do que o mesmo exercício
realizado em esteira ergométrica. Foi necessária de metade a um terço da velocidade
para caminhar ou trotar na piscina no mesmo nível de gasto energético. Dos vários
estudos produzidos nessa linha de pesquisa, pode-se concluir que, quanto maior a
imersão menor o gasto energético nas atividades de caminhar e trotar, e que, este
gasto varia em função da descarga de peso e resistência oferecida pela água15.
BISHOP6 compararam as respostas fisiológicas à corrida em imersão, com cada
participante utilizando um colete de flutuação, com as respostas à corrida em uma
esteira rolante no mesmo nível percebido de esforço. Os participantes exercitaram-se
a uma intensidade preferida para uma corrida de treinamento de 45 minutos. Os
graus de esforço percebido (GEP) não diferiram nos dois modos de exercício. O
consumo de oxigênio médio foi de 1,97 l/min e 2,68 l/min e a frequência cardíaca
máxima de 122 bpm e 157 bpm respectivamente. Os autores concluíram que o
custo metabólico da corrida em imersão, com um colete de flutuação, a uma inten-
sidade preferida de esforço, é menor que a corrida na esteira ergométrica.
HITCHIE & HOPKINS21 compararam o dispêndio de energia durante a
corrida em imersão sem um aparelho de flutuação e a corrida em esteira durante
30 minutos, em ritmo intenso, com corredores treinados. O consumo de oxigê-
nio médio, expresso em relação ao peso corporal foi de 49 ml/Kg/min durante
a corrida na água e de 53 ml/Kg/min durante a corrida na esteira. Os autores
concluíram que a intensidade se mostrou suficiente para melhorar o consumo
de oxigênio sendo, portanto, uma forma eficaz de treinamento. A intensidade da
corrida em imersão possui aumento diretamente proporcional a velocidade. O
estabelecimento da relação entre velocidade e gasto energético ou com as medidas
relacionadas ao gasto (frequência cardíaca, esforço percebido) fornece indicadores
para prescrição individual de exercício de corrida na água15.
Subir e descer degrau (stepping): Esta atividade realizada em água de apro-
ximadamente um metro de profundidade exige menos energia que o mesmo exer-
cício em terra – 17% a 20% menos9. A frequência cardíaca e os níveis de esforço
percebido também são menores, certamente em função da ação da flutuação di-
minuindo a descarga de peso corporal.
Exercícios de calistenia: O gasto energético vai depender do grupo muscular
exercitado, da direção (a favor ou contra a força de flutuação), da velocidade do

capítulo 2 • 33
movimento, do tempo de duração da atividade e da associação ou não de aces-
sórios (boia, palmar, pé-de-pato). De forma geral, e excetuando os exercícios de
relaxamento, o gasto energético para realização de exercícios de calistenia é maior
na água que em terra, podendo atingir o dobro do valor, e sendo suficientes para
produzir efeito de treinamento aeróbico10.
Natação: O gasto energético, medido pelo consumo de oxigênio aumenta
linearmente em função da velocidade, apesar do fato da resistência ao movimento
através da água aumentar com o quadrado da velocidade. Há grandes diferenças
no custo energético dependendo do estilo do nado e do nível de habilidade do
nadador. Essas diferenças tornam difícil a previsão do gasto energético da natação,
mas de forma geral, o custo em energia da natação de uma dada distância é de
aproximadamente quatro vezes o custo da corrida da mesma distância22,27.
O metabolismo anaeróbico em músculos esqueléticos ativos ocorre quando a
demanda de energia excede a taxa de suprimento por meio de metabolismo aeró-
bico. Isto ocorre mais frequentemente no início do exercício e durante períodos de
alta intensidade. O produto final metabólico da glicólise anaeróbica é o ácido láctico
(lactato) e a mensuração de seu acúmulo no sangue é, muitas vezes, usada como um
indicador da quantidade de metabolismo anaeróbico que ocorreu durante o exercí-
cio. O ácido láctico dissocia-se em íons de hidrogênio, aumentando a acidez das cé-
lulas musculares e do sangue, causando hiperventilação e, em altos níveis, a fadiga2.
FRANGOLIAS18 compararam as respostas de lactato sanguíneo durante
42 minutos de corrida em imersão e corrida em esteira, a uma intensidade igual
ao limiar ventilatório. Para os primeiros 14 minutos de exercício, as respostas de
lactato foram similares. Entre os minutos 21 e 42 o lactato sanguíneo diminuiu
mais no exercício na água (25%) que em terra (12%), indicando que a entrada
de lactato no sangue foi menor ou sua taxa de remoção foi maior durante estágios
avançados de corrida na água.

Circulação

A resposta cardiovascular ao exercício na água é diferente daquele em terra. A


frequência cardíaca tende a permanecer inalterada em repouso e durante exercícios
de baixa intensidade, mas diminui nos níveis de intensidade mais altos de exercí-
cio submáximo e máximo, em comparação com exercícios em terra32. A relação da
frequência cardíaca e do gasto energético durante o exercício na água com relação
ao exercício na terra é de particular importância, porque a frequência cardíaca é

capítulo 2 • 34
comumente utilizada para descrever e regular a intensidade metabólica do exer-
cício. É comum observar que a frequência cardíaca, às vezes, é maior durante
exercícios na água em comparação com seu similar no solo. Esta resposta é em
parte dependente da temperatura da água. Durante exercício de leve a moderada
intensidade, em imersão com a cabeça fora da água, em temperatura termo neutra
(31 ºC a 33 ºC), a frequência cardíaca não é diferente daquela durante o mesmo
exercício em terra no mesmo nível de gasto energético11.
A profundidade da água também afeta a frequência cardíaca durante o exercí-
cio ereto, sendo que, durante o exercício aeróbico na água, a frequência cardíaca
é de 8 a 11 bpm mais baixa com água na altura do tórax do que com água pela
cintura pélvica15.

Ventilação

Apesar das alterações que ocorrem a partir da imersão, a ventilação em re-


pouso, o volume corrente e a frequência respiratória ficam inalterados32. Durante
exercícios submáximos a ventilação é a mesma que durante exercícios em terra no
mesmo nível de gasto energético. Diferentes temperaturas de água (18 ºC a 33 ºC)
têm pouco efeito26. Durante exercícios em níveis máximos de esforço, comparados
com exercícios em terra, exceto para bicicleta, tendem a serem inferiores, embora a
porcentagem de saturação de hemoglobina com oxigênio seja semelhante.

Regulação da temperatura

A regulação da temperatura corporal durante o exercício na água é diferente


da do ar porque a evaporação de suor, o principal meio de dissipação de calor
durante o exercício no solo, não ocorre na água, e a perda ou ganho de calor
por convecção e condução é muito maior na água. Durante exercício no solo,
a temperatura central do corpo aumenta na proporção direta da intensidade do
exercício (porcentagem da captação de oxigênio), mas é dependente da tempe-
ratura ambiente entre aproximadamente 5 ºC e 30 ºC a 35 ºC. Durante exer-
cícios na água, o efeito da intensidade do exercício sobre a temperatura central
é o mesmo, mas há uma faixa muito mais estreita de temperaturas ambientes
para as quais a temperatura central não é afetada pela temperatura ambiente.
Dependendo da temperatura da água, a temperatura central do corpo pode al-
terar-se. Durante o exercício, a temperatura da água necessária para evitar uma

capítulo 2 • 35
elevação na temperatura central durante atividades prolongadas varia de 17 ºC
a 34 ºC, dependendo da quantidade de exercício e da composição corporal
da pessoa, principalmente da porcentagem de gordura corporal14. SHEDAHL30
constataram que mulheres obesas que pedalaram em bicicleta a 40% da capta-
ção máxima de oxigênio, não tiveram nenhuma alteração da temperatura retal
durante 90 minutos de atividade em água a 20 ºC, 24 ºC e 28 ºC. Mulheres ma-
gras tiveram uma queda progressiva na temperatura retal nas duas temperaturas
mais baixas e nenhuma alteração na temperatura mais alta. O tremor elevou o
gasto energético das mulheres magras nas duas temperaturas mais baixas.

Sistema endócrino

As alterações hormonais decorrentes da imersão persistem durante todo o


exercício. As diferentes respostas fisiológicas ao exercício de média a alta intensi-
dade, tanto em água quanto em terra, poderiam resultar em diferentes graus de
adaptação a períodos repetidos de exercício (treinamento). Entretanto o treina-
mento na água merece algumas considerações:
• As adaptações circulatórias são diferentes quando compara-se ambas as si-
tuações. Na água a sobrecarga cardiorrespiratória é maior e a filtração renal tam-
bém. Adaptações no tecido hematopoiético tornam-se questionáveis.
• Em temperaturas elevadas, a sobrecarga do volume do coração e os estí-
mulos para adaptações hiper volêmicas, em comparação ao treinamento reali-
zado em água fria, poderiam afetar as alterações metabólicas e cardiovasculares
do treinamento.
• Na água fresca, a elevação amenizada da temperatura corporal central e
redução no fluxo sanguíneo da pele poderiam alterar as adaptações metabólicas,
termorreguladoras e cardiovasculares que poderiam estar respondendo, em parte,
às alterações térmicas. Alguns estudos procuraram responder sobre a intensidade
dessas variações oxigênio5.

AVELLINI3 compararam as respostas do treinamento em bicicleta em terra


(22 ºC) e em bicicleta na água em temperatura termo neutra (32 ºC) e em água
fria (20 ºC), por um período de 4 semanas, cinco dias por semana, uma hora por
dia, a 75% da captação máxima de oxigênio. Durante o treinamento, as frequên-
cias cardíacas dos dois grupos que treinaram na água foram significativamente
mais baixas (160 e 150 bpm) do que no grupo que treinou em terra (170 bpm),

capítulo 2 • 36
mas os consumos de oxigênio máximo foram os mesmos, sendo seu aumento de
(13% a 15%).
Os autores concluíram que a adaptação da captação máxima de oxigênio ao trei-
namento na água e em terra com a mesma intensidade metabólica foi a mesma, ain-
da que a frequência cardíaca de treinamento diferisse em até 20 bpm. As melhoras
na captação máxima de oxigênio medidas na esteira foram menores do que as me-
lhoras medidas no ciclo ergômetro, indicando que as adaptações foram, em parte,
específicas do exercício na bicicleta. Como as frequências cardíacas foram diferentes
nos três grupos, mas a captação de oxigênio máxima foi a mesma, os resultados indi-
cam que a frequência cardíaca não é uma boa referência quanto ao estímulo de trei-
namento fornecido pelo exercício. Um estudo similar realizado por SHEDAHAL31
tendo como participantes jovens idosos chegou às mesmas conclusões.
YOUNG34 estudaram o efeito do treinamento em água quente (35 ºC) e fria
(20 ºC) sobre a melhora na captação máxima de oxigênio em adultos jovens. Os
participantes treinaram em bicicleta em um ergômetro estacionário, imersos até o
pescoço, durante 60 minutos, cinco dias por semana, durante oito semanas, no mes-
mo nível de captação máxima de oxigênio (60% da captação máxima de oxigênio
máxima atingida em exercício na bicicleta). Durante o treinamento, a frequência
cardíaca e a temperatura central (retal), respectivamente, do grupo que treinou em
água quente foram, em média, 27 bpm e 15 ºC mais altos do que o grupo que trei-
nou em água fria. A captação máxima de oxigênio aumentou em 13% para ambos
os grupos. O treinamento aumentou a capacidade oxidativa do músculo a um grau
semelhante em ambos os grupos, e o volume sanguíneo não se alterou significativa-
mente em qualquer dos grupos. Os resultados do estudo sugerem que as tempera-
turas cutânea e central do corpo não afetam a adaptação metabólica e cardiovascular
do treinamento na água. A alteração no volume plasmático e sanguíneo pode ter
ocorrido em razão da supressão da liberação de vasopressina, renina e aldosterona
durante o exercício na água. Como as frequências cardíacas dos dois grupos durante
o treinamento diferiram por mais de 25 bpm, os resultados do estudo reforçam a
conclusão de que as frequências cardíacas de treinamento são um mau indicador das
adaptações metabólicas ao treinamento. Uma desvantagem do treinamento em água
fresca é que ele não melhora a tolerância ao calor.
LIEBER23,24,8 estudaram os efeitos de treinamento de corrida, na captação má-
xima de oxigênio, em adultos jovens e de meia idade, sedentários. O treinamento
de corrida em imersão foi eficaz para aumentar e manter a captação máxima de oxi-
gênio e o desempenho em corrida. Indivíduos não treinados que efetuaram 16 a 36

capítulo 2 • 37
minutos de corrida com intervalos, em imersão, a 63% a 82% da frequência cardía-
ca máxima, 3 dias por semana, durante 8 semanas, aumentaram a captação máxima
de oxigênio de corrida em esteira e na água em 10,7% e 19,6% respectivamente.
Dois trabalhos avaliaram os efeitos de exercícios de calistenia na água.
MINOR25 estudaram os efeitos de exercícios calistênicos em imersão até o tórax,
em sessões de uma hora, três dias por semana, por doze semanas, em pacientes
com artrite reumatoide ou osteoartrite. Durante o período de atividade a frequên-
cia cardíaca variou de 60% a 80% da frequência cardíaca máxima. A captação
máxima de oxigênio aumentou em 19% a 20%. RUOTI29 estudaram o efeito de
um programa de exercícios na água sobre a resistência muscular, a composição
corporal e a capacidade de trabalho aeróbico em 12 homens e mulheres idosos.
A captação máxima de oxigênio durante a caminhada na esteira aumentou em
15%, a porcentagem de gordura corporal não alterou de forma significativa, a
frequência cardíaca em repouso diminuiu em 7%, a frequência cardíaca durante
caminhada na água, em velocidade padrão, diminuiu em 20 % e a resistência dos
músculos dos braços e ombros aumentaram em 11% e 35% respectivamente. Os
autores demonstraram que exercícios calistênicos constituem um meio eficaz para
melhorar a função cardiorrespiratória e a capacidade de trabalho físico do idoso.

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capítulo 2 • 40
3
A piscina e os
equipamentos
aquáticos
A piscina e os equipamentos aquáticos

OBJETIVOS
• Aprender sobre a infraestrutura de uma piscina terapêutica;
• Conhecer os tipos de equipamentos para intervenção aquática e sua utilização no progra-
ma de exercícios terapêuticos;
• Entender sobre a segurança do trabalho no ambiente aquático.

Considerações infraestruturais gerais de uma piscina para


reabilitação.

O tratamento através da água engloba uma gama de disfunções, incluindo


dor estática e dinâmica, limitação de movimento, redução de força, edemas de
maneira geral1,3. A compreensão dos benefícios proporcionados por um programa
de terapia aquática, fez com que muitos serviços individuais, hospitais e clínicas
começassem a considerar a construção de suas próprias piscinas terapêuticas.
Os projetos e adequações das piscinas deverão ser de acordo com a demanda
de pacientes, espaço e estrutura disponível4. Também se deve levar em conside-
ração a viabilidade, os custos e os serviços adicionais necessários para o serviço.
Hoje, milhares de serviços com programas de terapia aquática estão espalhados
pelo mundo, em clínicas, universidades, clubes esportivos, hospitais e centros pú-
blicos de saúde, com uma crescente anual bastante significativa. A reabilitação
bem sucedida não é somente resultado de um fisioterapeuta competente, mas
também de uma piscina planejada de forma cuidadosa e detalhada.

1ª fase – desenvolvimento

Para iniciar um projeto de instalação de um centro de terapia aquática ou


um serviço de fisioterapia na água, faz-se necessário um planejamento minucioso
que consiste em analisar de forma adequada a área do serviço pretendido5. Essa
primeira fase exige alguns passos necessários para o sucesso:

capítulo 3 • 42
1. definir a população de usuários;
2. estabelecer a demanda do serviço;
3. avaliar os recursos disponíveis.

No intuito de acompanhar as necessidades de saúde de uma população cada


vez mais apresentando doenças de todas as formas (físicas e emocionais), cen-
tros de qualidade de vida, muitos com piscinas, se tornaram o foco de muitas
comunidades, transferindo as obrigações de assistência à saúde ao participante
individual e não a comunidade médica. O bem-estar tornou-se uma preocupação
social, grandes instituições estão construindo centros de “bem estar” para reduzir
os custos com assistência médica de seus funcionários e ainda garantir um melhor
desempenho nas suas produções7,8. A grande massa da população usuária exige
cada vez mais tratamento diferenciado e projetos de instalações confortáveis e
acessíveis que garanta maior qualidade de serviço e fidelidade.

2ª fase – Planejamento

Para esta fase devemos pontuar alguns requisitos para programação das insta-
lações: inicialmente deve-se identificar:
a) a função principal dos futuros usuários;
b) os programas ofertados pelo serviço;
c) como a instalação oferecerá os seus serviços. Um questionário será
apresentado para identificar melhor o foco do projeto, combinando os re-
quisitos principais do serviço e as outras possibilidades de tratamento do
prestador9,10. O projeto inicial pode agregar outros programas além da te-
rapia aquática, dentre elas, natação para bebês, hidroginástica, exercícios
aquáticos funcionais, terapias alternativas (watsu, water dance, halliwick)
ou direcionadas para públicos específicos, por exemplo, gestantes, obesos,
crianças etc.

As características do projeto de um centro de fisioterapia aquática devem levar


em consideração: a profundidade e temperatura da água, espaços de apoio, carga
de usuários e acesso à piscina a partir de edificações existentes ou novas estruturas
seguindo o questionário a seguir descrito adaptado de Wiggins6 e Clayton11. Sport
Management Group, e ELS Architects, Inc.

capítulo 3 • 43
A – Desenvolvimento do orçamento
1. Espaço próprio ou de aluguel
a) Computador
b) Internet
2. Manutenção
a) Limpeza
b) Suprimentos
3. Seguros
a) Responsabilidade
b) Dano a propriedade
4. Utilidades
a) Telefone
b) Água
c) Eletricidade
d) Aquecimento
5. Equipe de apoio
a) Salários
b) Benefícios
6. Desenvolvimento de programas e análise de operação diária
a) Impacto fiscal
b) Oportunidade de programas
c) Custos prováveis de operação
d) Fontes potenciais de receita

B – Despesas de pré-construção para o local da piscina


1. Avaliação de viabilidade do local
2. Engenharia civil e mecânica
3. Zoneamento
4. Custo da terra – própria ou arrendada
5. Instalações de energia e comunicações
6. Taxas de impacto ambiental
7. Taxas de desenvolvimento da terra
8. Avaliações

C – Custos de pré-construção para o desenvolvimento


1. Honorários de consultor aquático
2. Honorários de arquiteto

capítulo 3 • 44
3. Honorários de engenharia
4. Taxas de licenciamento

D – Custos de construção
1. Demolição/melhorias de áreas existentes de trabalho
2. Controle de erosão – movimento de terra, aterro, proteção de encosta
3. Pavimento de concreto, meio-fio
4. Distribuição de água e gás
5. Esgoto fluvial e sanitário
6. Trabalho de concreto moldado no lugar
7. Vias de acesso e sinalização
8. Taxas de inspeção
9. Paisagismo
10. Áreas de estacionamento em asfalto
11. Comunicação e linhas elétricas
12. Custo de construção por metro

E – Diversos
1. Contrato de construção
2. Juros sobre empréstimo para construção
3. Equipe de apoio antes, durante e depois da construção
4. Projeção de inflação
5. Honorários de advogado e contador

3ª fase – Pré- construção

É necessário nesta fase estabelecer a equipe de execução do projeto e conhecer


suas funções.
Consultor aquático: É um especialista familiarizado com os equipamentos,
produtos, materiais e todos os sistemas que envolvem a piscina. Auxilia no desen-
volvimento do orçamento, estabelece custos e analisa os documentos de constru-
ção quanto ao projeto, riscos, obediência a códigos e práticas comuns na indústria
aquática, também recomenda e estabelece prioridades e objetivos para a equipe
de planejamento.
Arquiteto: É o profissional responsável pelo projeto do espaço, estimativas
de custos, especificações e desenhos a partir dos quais o empreiteiro trabalha.
Ainda observa a construção e verifica se o trabalho está em seu curso dentro do

capítulo 3 • 45
cronograma e se satisfaz as especificações do plano. Um engenheiro de projeto
trabalha com o arquiteto e é responsável pelo projeto estrutural do prédio, equi-
pamento mecânico, maquinaria, e sistemas do local, incluindo instalação elétrica,
hidráulica, mecânica, aquecimento, ventilação, condicionamento de ar e outros
sistemas operacionais.
Empreiteiro ou o construtor da piscina: ambos devem ter licença de traba-
lho no local da construção (estado). São responsáveis pela compra do material, e
equipamentos a serem utilizados na construção, realizam a construção, instalam
todo o equipamento necessário e obedecem as especificações do projeto. São res-
ponsáveis pela equipe, escalas de trabalho e inspeções da obra.
Agentes de saúde e segurança: o município fornece uma lista de verificações
de vários requisitos para satisfazer a todas as exigências de saúde e segurança locais,
estaduais e federais.

4ª fase – pós-construção

Próximo do final da construção e antes de abrir a instalação, o proprietá-


rio deve contratar um gerente de instalação aquática, um diretor de fisioterapia
aquática, um chefe de manutenção e pessoal de escritório. Essas contratações vão
assegurar uma fase tranquila entre a construção e operacionalização do serviço.
Nesta fase deverá ser desenvolvido os manais de treinamento, pessoal e proce-
dimento em cada setor do serviço. Existem três fases de pós-construção utilizadas
para transição da obra realizada pelo construtor para o proprietário das instalações.
1. Fase de garantia: uma inspeção após 11 meses de operação diária. Nessa
fase o construtor se responsabiliza por qualquer deficiência estrutural e mecânica;
2. Contrato de construção: baseado nas finanças do projeto que não deve
ultrapassar um percentual de 10% do valor contratado para a construção. É acor-
dado e assinado com o empreiteiro antes do início da obra, esse será mantido por
um ano após o término da obra para cobrir reparos de equipamentos defeituosos;
3. Avaliação pós-ocupação: um processo de avaliar a operacionalização do
serviço após um ano de funcionamento.

Centro de fisioterapia aquática ideal

Para que se possa considerar uma instalação ideal, esta deverá incluir uma
boa estrutura que atenda as necessidades de toda equipe que irá trabalhar e

capítulo 3 • 46
principalmente dos usuários. Os seguintes espaços devem ser garantidos num cen-
tro de excelência: área de recepção e saguão, escritório de administração da piscina
e direção, salas de aula, áreas de vestiários masculinos e femininos, vestiários de
família, salas de equipe de pessoal, primeiros socorros e salva vidas, salas mecâni-
cas e químicas, almoxarifado de equipamentos de apoio e uma sala pequena de
zeladoria e suprimentos.
Área de recepção e saguão: deve ser próximo ao estacionamento, a entrada
deve ser de fácil acesso principalmente para cadeirantes e sem obstáculos gran-
des (vasos, plantas etc.). Deve conter computadores, câmeras de vigilância que
monitore todos os setores e um sistema de comunicação interno. No saguão é
importante cadeiras confortáveis, TV, revistas e carrinho de café, chá e biscoitos
para oferecer aos usuários e um banheiro.
Escritório da direção: deve estar localizado entre as áreas seca e molhada,
deve ser bem ventilada, deve ter uma janela de observação para a piscina, uma li-
nha direta para o serviço de emergência, e comunicação interna. Deve ser um local
agradável e confortável para receber os usuários e realizar reuniões com a equipe.
Sala de aulas: uma sala que acomode entre 20 a 30 pessoas, a depender do
tamanho do serviço e da equipe. Essa sala será utilizada para treinamentos de
pessoal, e deverá ser equipada com projetor, computador, sistema de som e ilumi-
nação, quadro de avisos e pode ainda ser usada para algumas sessões de fisioterapia
caso haja necessidade.
Vestiários: um dos espaços mais importantes do serviço e pode ser o ponto
final de escolha do usuário pelo serviço. Deve ser um local de fácil limpeza, claro
e de fácil acesso. Deve dispor de uma área mínima de 0,50 m2 para cada pessoa
vestir-se. O ideal com conforto preconiza uma área de 1,80 m² para vestiário por
pessoa. Pias, toaletes e chuveiros são itens obrigatórios. Alguns itens opcionais
para conforto e decoração podem ser usados (plantas, espelhos, música ambiente,
iluminação indireta, armários com chave, relógios e tomadas para secadores de
cabelo) e podem fazer o diferencial. É primordial garantir a privacidade dos usuá-
rios através de cortinas ou portas nos chuveiros e trocadores. As paredes devem ser
pelos menos a meia altura de azulejos de fácil limpeza e o piso antiderrapante e
áreas de ventilação para permitir a secagem entre um grupo em uso e outro.
Vestiários de família: são incluídos no planejamento para aquelas pessoas que
necessitam de um acompanhante para auxílio ou para pessoas que necessitam de
privacidade específica para seu asseio. Além dos itens que devem ter nos vestiá-
rios, os de família ainda devem proporcionar telefones para comunicação interna,

capítulo 3 • 47
bancada, cadeiras mais largas, os chuveiros devem ser acessíveis a cadeira de rodas.
Seu acesso deve ser direto a área da piscina.
Sala de primeiros socorros e salva-vidas: deve ficar próxima a área da piscina
e conter um kit de primeiros socorros, aparelho de pressão, prancha para remoção,
desfibrilador, tudo de oxigênio com máscara. Essa sala deverá ter uma boa ligação
com o estacionamento caso haja necessidade de remoção rápida.
Sala mecânica e química: nessas salas serão alocados os filtros, a bomba de
circulação da água, controladores químicos, sistema de vácuo, sistema desinfetan-
te, aquecedor de água, sistema de desumidificação e substâncias químicas.
Almoxarifado de equipamentos: esta sala deve conter ganchos e suporte para
os materiais que são utilizados na piscina, pois estes não devem ficar armazenados
em contato com o solo, equipamentos de borracha, Neoprene, tecidos, EVA, de-
vem ser secados por completo antes do começo das atividades de cada dia, para
não apresentarem mau cheiro e mofo em pouco tempo de uso.
Zeladoria e suprimentos: esse recinto dever ser suficiente para guardar mate-
riais de limpeza, vassouras, rodos, esfregões, escovas, buchas e produtos químicos
como detergentes, sabões etc.

O uso do equipamento aquático para variar a intensidade do


exercício

A água, através de suas propriedades físicas, fornece um ambiente no qual


pode ser trabalhado movimentos com resistência, assistência ou apoio. Os prin-
cípios físicos juntamente com o posicionamento do corpo e membros, braço de
alavanca, amplitude de movimento, velocidade podem ser utilizados para poten-
cializar os exercícios no meio líquido. Os equipamentos destinados ao ambiente
aquático auxiliam ainda mais os benefícios desse recurso intensificando os efeitos
das propriedades físicas.
A crescente utilização da fisioterapia aquática como um recurso de reabilita-
ção física, direcionou novas indústrias especializadas em materiais voltados para
o meio aquático. A história dos equipamentos aquáticos começou com aparelhos
voltados para melhorar a performance de nadadores, materiais como: luvas, boias,
pés-de-pato, e outros eram utilizados no condicionamento de extremidades su-
periores e inferiores. Com a popularidade do exercício para reabilitação na água,
novos dispositivos foram sendo desenvolvidos para este fim (figura 3.1).

capítulo 3 • 48
Figura 3.1 – Equipamentos utilizados para fisioterapia aquática.

O projeto de equipamentos direcionados para a fisioterapia aquática possui


várias finalidades: suporte, aumento da intensidade, ou tornar um exercício mais
agradável através da assistência de um aparelho. Os movimentos realizados em
solo podem ser realizados de forma distorcida na água, por isso as atividades
devem ser apresentadas de forma suave para que os ajustes motores e cognitivos
sejam facilitados. Equipamentos que auxiliam na flutuação e fornecem suporte
ao paciente podem fazer com que o medo da água seja aliviado. A medida que
a confiança com segurança é alcançada, os materiais utilizados para apoio ou
suporte são removidos e podem ser introduzidos equipamentos para aumentar
a intensidade do exercício.
© MTPHOTO19 | SHUTTERSTOCK.COM – PIGGU | SHUTTERSTOCK.COM

Figura 3.2 – Equipamentos de flutuação.

capítulo 3 • 49
Há duas classificações básicas do equipamento para exercício aquático: a
primeira são os aparelhos que utilizam o efeito da flutuação para alterar o posi-
cionamento ou movimento (figura 3.2). Esses aparelhos aumentam o efeito da
flutuação, fornecem maior suporte, diminui as forças compressivas reduzindo o
impacto articular, auxiliam no movimento em direção à superfície e dificultam
os movimentos em direção ao fundo da água. Já os equipamentos de resistência
(figura 3.3), promovem uma redução do efeito da flutuação, auxiliam na postura
durante o movimento, fornece maior estabilidade na execução do exercício, pro-
porciona tração articular, gradua as forças compressivas, aumenta a resistência de
movimentos na direção da superfície e facilita movimentos em direção contrária
a superfície.

Figura 3.3 – Equipamentos de peso.

Os equipamentos de peso e de flutuação são utilizados para suportar e pro-


gredir nas atividades de sustentação de peso. Podem ser úteis na proteção ou iso-
lamento de uma articulação ou grupo muscular num movimento específico. A
maioria dos exercícios no meio líquido utilizam somente contrações concêntricas
em virtude da resistência da água em qualquer movimento e com uso de equipa-
mentos baseados no princípio do arrasto. Entretanto, com materiais flutuadores,
a contração excêntrica pode ocorrer quando o movimento ocorre em direção à
superfície, pois a musculatura antagonista tenta controlar a força de flutuação. O
mesmo acontece quando equipamentos de peso são utilizados para realizar um
movimento em direção ao fundo da piscina.
A segunda inclui os aparelhos que aumentam a resistência com aumento da
superfície que é puxado ou empurrado através da água (figura 3.4). Esses aparelhos

capítulo 3 • 50
são baseados no princípio do arrasto. Três fatores determinam o grau de resistência
desses aparelhos.
1. O tamanho do equipamento ou o espaço que ele ocupa na água;
2. A quantidade de resistores que a peça contém e a disposição deles na
água;
3. A velocidade de movimento do aparelho na água, quanto maior a velo-
cidade, maior será a resistência oferecida pelo aparelho.

Figura 3.4 – Equipamentos que aumentam a resistência.

Tipos de equipamentos aquáticos

Piscinas

As piscinas podem ser de tamanhos variados a depender da demanda do ser-


viço, do espaço disponível ou ainda do recurso. Os equipamentos também vão
variar de acordo com o espaço e profundidade da piscina. As piscinas terapêuticas
parecem ser ideais quando escavadas no solo, isso facilita o acesso e a manutenção,
já as piscinas sobre o solo podem dificultar o acesso do paciente.

capítulo 3 • 51
Equipamentos de acesso

A lei de acessibilidade garante que todos os locais comerciais, públicos, trans-


porte sejam acessíveis às pessoas com deficiência, para as piscinas de clínicas, clu-
bes e públicas a regra também vale. Três tipos de equipamento de acesso são dis-
poníveis no mercado, que serão utilizados de acordo com o tamanho, objetivos do
serviço e estrutura da piscina (figura 3.5).
1. escadas portáteis com corrimão para os pacientes com capacidade de
realizar a marcha;
2. rampas, também com corrimão com sua inclinação garantida pela
ABNT, que permite o acesso a cadeirantes;
3. os elevadores de piscina, disponíveis em manuais e automáticos, estes
facilitam a transferência assistida para dentro da piscina.

Figura 3.5 – Equipamentos de acesso: rampa, escada, elevador manual e automático.

capítulo 3 • 52
Escolha do equipamento e precauções

O mercado e a indústria de equipamentos oferecem uma variedade de op-


ções. Cada ano a tecnologia avança na confecção de aparelhos de resistência, de
medição para pesquisas, de flutuação, roupas, que fornecem conforto e eficiência
nos movimentos realizados. Hoje o profissional tem a seu dispor uma gama de
materiais direcionados para todos os objetivos de seus pacientes, sejam eles, neuro-
lógicos, ortopédicos, reumatológicos, pediátricos, respiratórios, cardíacos etc. para
selecionar os materiais que serão utilizados, deve-se primeiro estabelecer o tipo de
serviço que irá prestar, área de atuação, tipo da população, tipo de atividades que
serão desenvolvidas na piscina (fisioterapia, hidroginástica, natação).
Outro fator importante para se levar em consideração, é a durabilidade do
material, o tipo de material que suporte bem o meio líquido, pois os agentes
químicos contidos na água para tratamento podem danificar os materiais muito
rapidamente, então borrachas, aparelhos com EVA, aço inox, plástico, materiais
que não absorvam muito o líquido, as borrachas devem ser a mais densa possível
para não absorver água e ressecar. A vestimenta é outra preocupação, os materiais
de hoje possuem maior resistência aos efeitos da água, porém ainda tem um custo
elevado, as roupas feita em neoprene, por exemplo, tem grande durabilidade.
No seu uso diário, o fisioterapeuta deve elencar seus equipamentos conside-
rando a idade do paciente, os objetivos daquele aparelho, a condição física do
usuário, sempre avaliando o conforto, o equilíbrio, a amplitude de movimento
que o aparelho proporciona, o momento que o paciente se encontra (agudo, crô-
nico). O profissional deverá ajustar de forma correta o aparelho, individualmente
para melhor aproveitamento biomecânico e fisiológico do movimento.
Com relação aos cuidados com o equipamento. Quanto mais se cuida, maior
sua durabilidade e vida útil do aparelho. Armazenar em local apropriado, por
exemplo: aparelhos de aço, alumínio ou ferro devem ser limpos ao final de cada
uso, secos e armazenados em local fechado afastado do contato com o vapor do
cloro ou substância química que utiliza para o tratamento da água. Materiais de
espuma, borracha e EVA, devem ser armazenados secos em locais fechados, mas
arejados e lavados com água corrente após o dia de uso, também não devem ser
guardados no solo, pois a umidade reduz e muito a vida útil do equipamento, os
materiais de plástico podem ser armazenados em caixas com dreno para não acu-
mular água parada e virar foco de mosquito, pernilongos e outro parasitas.

capítulo 3 • 53
Segurança no trabalho na piscina

A segurança no ambiente aquático é fundamental. Para maior segurança dos


pacientes, auxiliares do setor devem estar em atenção fora da piscina para prestar
qualquer auxílio aos pacientes no término da sessão. Os fisioterapeutas que tra-
balham em piscina devem ter treinamento especializado para um plano de ação
emergencial. Esse treinamento inclui conhecimento em ressuscitação cardiopul-
monar, salvamento básico em água e primeiros socorros. As caixas de primeiro
socorros deverá incluir esparadrapo à prova de água, tampões de ouvido, pren-
dedores de nariz, além de outros itens. Um salva-vidas se faz necessário para um
trabalho de grupo na piscina. Equipamentos para resgaste também são necessários
no ambiente aquático, como: pranchas de coluna, resgaste flutuante, um sistema
oral de oxigênio e um telefone próximo a área da piscina que possa acessar uma
rede de chamadas de emergência.
Para o fisioterapeuta, altas temperaturas diminuem a habilidade de realizar tra-
tamentos efetivos e diminuem o tempo de permanência na água. Duas ou três horas
dentro da piscina por dia, são suficientes para garantir um atendimento de qualidade
e preservar a saúde do profissional. Se for de forma intercalada esse tempo pode ser
de quatro a cinco horas por dia, se divididos em manhã, tarde e noite. É aconselhável
para um tempo de duas horas dentro da piscina, um repouso de vinte a trinta minu-
tos no mínimo. A permanência por mais tempo na água do que os supracitados sem
o repouso devido podem levar o fisioterapeuta a fadiga muscular e cansaço excessivo,
que podem resultar em reações como dormir por 24 horas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. CAMPION MR, ed. Adult hydrotherapy: A practical approach. Hydrotherapy in neuro reab.
London:Heinemann Medical Books, 1990.
2. MC WATERS GJ. Deep water exercise for health and fitness. Laguna Beach, calif: Publitec
editions, 1998.
3. BLOOMQUIST L. University of Rhode Island Adapted Aquatics Program Manual. 2 ed.
Washington, DC: Departament of Education, 1987.
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5. HUNSAKER DJ. Pools from the ground up. Athletic Busines. October,1990.
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7. REISTER VC; COLE AJ. Star active, stay active in the water. Journal of Phisical Education,
recreation and dance. January, 1993.
8. KACIUS JJ. Tide turns in pool design. Athletic Busines, December, 1990.
9. Americans With Disabilities Acts Accessibility Guidelines. Washington, DC. Senate
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10. GOLDMAN D. state-of-the-art pools. Design follows function. Aquatics international. March/april.
1994.
11. CLAYTON RD. Dollars and sense: proper budgeting is the key to efficient management. Aquatics,
September/October, 1989.

capítulo 3 • 55
capítulo 3 • 56
4
Reabilitação
aquática geral
Reabilitação aquática geral

OBJETIVOS
• Compreender os princípios gerais da fisioterapia aquática para patologias dos MMSS, MMII
e coluna vertebral;
• Conhecer, discutir e elaborar programas aquáticos para grupos especiais (neurológicos,
reumáticos, pediátricos, atletas, ginecológicos e cardiopatas), assim como para pacientes
com distúrbios da marcha e do equilíbrio.

Reabilitação aquática para as extremidades superiores

Patologias mais comuns e exercícios aquáticos para as extremidades superiores

Fratura de ombro

As fraturas mais comuns que afetam o ombro são: do acrômio, úmero, escá-
pula e clavícula (figura 4.1). Tem sua etiologia geralmente por queda ou trauma
direto. As fraturas sem desalinhamento são tratadas de forma conservadora com
imobilização do braço por 4 a 6 semanas. Fraturas mais graves requerem inter-
venções cirúrgicas para reduzir e fixar. A fisioterapia já pode ser iniciada nesta fase
com micro mobilizações. Após a primeira fase de dor sem mobilização, o paciente
só relata dor ao movimento, nessa fase é importante avaliar o grau de fraqueza
muscular e amplitude de movimento, que afeta principalmente: escápula, claví-
cula, úmero, articulação glenoumeral e acrômioclavicular, músculos, ligamentos
e cápsula articular. A prioridade de exercícios será restaurar a amplitude, manter a
integridade dos movimentos adjacentes (pescoço, cotovelo e punho) e fortalecer
todos os músculos que envolvem a cintura escapular.

capítulo 4 • 58
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Figura 4.1 – Fratura de úmero e clavícula.

Tendinite de ombro

Caracteriza-se por inflamação de um ou mais tendões do ombro (figura 4.2). Os


mais acometidos são os do manguito rotador, dentre eles o supra-espinhoso se desta-
ca. Pode ser causada por trauma direto, mas em geral o estresse por esforço repetitivo
é o que ocasiona o maior número de lesões. É uma lesão de reabilitação lenta, pois
o suprimento sanguíneo para esta região é escasso pelo grau de movimentos que são
realizados na vida diária que eleva o braço muitas vezes acima da cabeça. O arco de
movimento doloroso é o sinal mais comum de tendinite, a dor também ocorre com
os movimentos de braço acima da cabeça e para trás das costas. As partes mais afeta-
das envolvem músculos e tendões do manguito rotador, ligamento coracoacromial e
outros músculos adjacentes (grande dorsal, peitoral maior, deltoide e tendão longo
do bíceps). Os exercícios que devemos priorizar são alongamentos leves dos tendões
envolvidos na lesão e fortalecimento dos músculos que envolvem o manguito rota-
dor, sempre respeitando o limiar de dor do paciente.

capítulo 4 • 59
Normal Tendinite
Tendão do supra espinhoso

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Tendão do
bíceps

Tendão do
subescapular

Figura 4.2 – Tendinite do ombro.

Bursite de ombro

A apresentação desta patologia é similar à tendinite, assim como também os pro-


tocolos de tratamento (figura 4.3). Origina-se comumente por excesso de uso overuse
e pode se tornar crônica dependendo da atividade do paciente ou da atividade espor-
tiva praticada. As bursas mais acometidas em geral são a subacromial e subdeltóide. O
arco de movimento doloroso também pode ser um sinal de bursite, porém a dor da
bursite pode acontecer mesmo sem ocorrer compressão. As partes mais afetadas com
essa patologia são: as bursas supracitadas, o ligamento coracoacromial e os músculos
do ombro. Restaurar a amplitude do movimento e estabelecer um programa de forta-
lecimento muscular são as prioridades de exercício para esta patologia.
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capítulo 4 • 60
Figura 4.3 – Bursite de ombro.

Lesão do manguito

Um dos procedimentos mais comuns para esta patologia é o reparo cirúrgico,


a depender do grau da lesão (figura 4.4), se houver ruptura a escolha clínica é ci-
rurgia. Sua etiologia pode ser por trauma direto, queda sobre o ombro ou mesmo
por esforço repetido. Dois procedimentos são mais utilizados quando o rompi-
mento é detectado, costura das estruturas rompidas ou grampo do tendão rompi-
do no osso. No pós cirúrgico o movimento ativo fica fraco e doloroso. As partes
envolvidas na patologia envolvem os músculos e tendões do manguito, grandes
músculos como (peitoral, deltoide e grande dorsal) e a prioridade dos exercícios
deve ser exercícios assistidos para aumentar a amplitude de movimento e fortalecer
toda cintura escapular.

Figura 4.4 – Ruptura do tendão supra espinhoso.

Capsulite adesiva ou “ombro congelado”

Trata-se de uma síndrome caracterizada por uma crescente rigidez e dor do


ombro. Embora a causa ainda não seja totalmente elucidada é frequentemente
associada a um problema agudo, podendo ocorrer após longo período de imobi-
lização, após uma lesão por esforço repetitivo, ou por razão não aparente. Ocorre

capítulo 4 • 61
então o enrijecimento e espessamento da cápsula articular. A recuperação pode ser
espontânea e rápida, porém a falta de tratamento pode levar dois anos ou mais.
Dor e rigidez são os principais sintomas, com redução do arco de movimento
principalmente para rotação externa e interna e abdução. Além de alterar o ritmo
escápulo-umeral com dor referida abaixo do braço. As partes mais acometidas são
a cápsula articular, músculos e tendões do ombro. As prioridades nos exercícios
devem ser na restauração da amplitude de movimento e exercícios de fortaleci-
mento dentro do limiar de dor.

Figura 4.5 – Capsulite adesiva ou ombro congelado.

Luxação de ombro

Envolve a subluxação da articulação glenoumeral (figura 4.6). Dois tipos de


luxação são evidenciadas, a mais comum, a anterior caracterizada por uma força
aplicada sobre uma abdução com rotação externa do úmero e a luxação posterior
quando ocorre com hiperextensão do braço deslocando a cabeça do úmero poste-
riormente. Pode ocorrer durante a luxação estiramento ou rompimento da cápsula
articular, lesão dos músculos do manguito rotador e lassidão na articulação. Caso
haja necessidade de intervenção cirúrgica, o procedimento envolve encurtamento
dos tendões anterior ou posterior. Após a luxação ocorre uma proeminência do
acrômio que após a redução desaparece, porém, mesmo com a aparência normal
a dor é inevitável. A sensação de instabilidade permanece para movimentos de ab-
dução e rotação externa. As partes mais afetadas são a cápsula articular, músculos
e tendões do manguito, músculos peitorais, deltoide e grande dorsal, podendo

capítulo 4 • 62
ainda lesionar nervos do plexo braquial. Restaurar a amplitude do movimento,
fortalecer os músculos do manguito rotador e cintura escapular são prioridades de
exercícios para luxação.

Anatomia Luxação Luxação


normal anterior posterior

Figura 4.6 – Luxação anterior e posterior do ombro.

Exercícios aquáticos para o ombro

Fase 1
Pacientes com luxação recente e pós-cirúrgicos permanecem nesta fase de 4
a 8 semanas. Para as outras patologias o parâmetro para evoluir de fase deve ser a
realização de todos os exercícios destinados a esta etapa.
Aquecimento: puxada com o braço flexionado; braçada do nado peito e exer-
cício de pêndulo – cada exercício deve ser realizado por 2 minutos.
Alongamento: peitoral, elevação dos ombros, rolamento dos ombros para
trás, adução horizontal com flexão de cotovelo (abraço), alongamento cruzado à
frente, flexão, extensão, adução e abdução horizontal, abdução e rotação externa
do ombro com bastão. Manter por 10 segundos por 6 vezes.
Fortalecimento: flexão, extensão, abdução, adução com a resistência da água,
abdução e adução horizontal e rotação interna e externa com resistência. Deverá
ser executado em 1 série de 8 a 12 repetições.

Fase 2
Para os pacientes com luxação ou que fizeram reparo do manguito devem
permanecer nesta fase por 4 semanas após completar a fase 1. Os demais pacientes
devem evoluir para esta fase assim que estiverem aptos na fase 1.

capítulo 4 • 63
Aquecimento: puxada com o braço estendido; braçada do nado peito e exer-
cício de pêndulo – cada exercício deve ser realizado por 2 minutos.
Alongamento: toque de cotovelo com as mãos nos ombros, puxada para trás
por trás das costas, rotação interna, abdução e extensão dos ombros com os coto-
velos flexionados. Manter por 20 segundos por 5 vezes.
Fortalecimento: flexão, extensão, abdução, adução com a resistência da água,
abdução e adução horizontal e rotação interna e externa com resistência. Deverá
ser executado em 2 séries de 8 a 12 repetições com pequenos palmares.

Fase 3
Aquecimento: puxada com o braço estendido; puxada cruzada e exercício de
pêndulo – cada exercício deve ser realizado por 2 minutos.
Alongamento: pressionamento das mãos acima da cabeça em supino, rotação
externa, rotação interna funcional e externa com bastão e extensão dos ombros
com os braços estendidos. Manter por 30 segundos por 5 vezes.
Fortalecimento: flexão, extensão, abdução, adução com a resistência da água,
abdução e adução horizontal e rotação interna e externa com resistência, remada,
puxada lateral e remada para cima com elástico. Deverá ser executado em 3 séries
de 8 a 12 repetições com palmares maiores.

Fase 4
Aquecimento: puxada com o braço estendido; puxada cruzada, exercício de
pêndulo e combinação de movimentos de braços – cada exercício deve ser realiza-
do por 2 minutos.
Alongamento: puxada acima da cabeça, abdução de ombros com o braço
supinado e rotação externa com o braço supinado. Manter por 20 segundos por
5 vezes.
Fortalecimento: puxada com braço flexionado, puxada com o braço estendi-
do, círculo do ombro, nado peito, fazer onda em piscina funda. Deverá ser execu-
tado em 4 séries de 15 a 20 repetições. Progredir para piscina funda.

Fratura de cotovelo

As fraturas nessa região envolvem o úmero, rádio ou ulna (figura 4.7). São
geralmente causadas por queda ou trauma direto. Em geral são tratadas com in-
tervenção cirúrgica com fixação interna. A recuperação é lenta e a amplitude do

capítulo 4 • 64
movimento é difícil de retornar ao estado fisiológico. A rigidez é o maior proble-
ma residual da fratura. As partes do corpo mais afetadas são úmero, rádio, ulna,
cápsula articular, músculos e ligamentos, pode também ocorrer lesão dos nervos.
Maximizar a amplitude do movimento e fortalecer os músculos do cotovelo são as
prioridades dessa patologia.

Figura 4.7 – Fratura da cabeça do rádio.

Tendinite de cotovelo

Lesão comum em tenistas que acomete os tendões do cotovelo que flexionam


ou estendem punho e dedos. Geralmente é causada por excesso de uso overuse.
A lesão que envolve os extensores do punho e dedos é a epicondilite lateral
(figura 4.8), também conhecida como “cotovelo de tenista”, já a epicondilite me-
dial acomete os tendões flexores e é referida como “cotovelo de golfista”. É caracte-
rizada com dor localizada que podem ser aumentadas com atividades de levantar e
agarrar. A amplitude pode recuperar, mas o alongamento dos músculos envolvidos

capítulo 4 • 65
causa dor. Alongamento, fortalecimento com exercícios excêntricos são atividades
de prioridades nesta patologia.

Figura 4.8 – Epicondilite lateral.

Luxação de cotovelo

Acomete tanto o rádio como a ulna a partir de sua posição anatômica


(figura 4.9). Acontece geralmente associada a fratura, exceto a luxação radial que
pode vir ou não acompanhada de fratura. É comum na fase da infância quando
puxada pelo braço pelo pai ou mãe para cima. O estiramento ou ruptura da cáp-
sula articular e ligamentos sempre acompanham as luxações. Lesões de nervos e
vasos locais também podem vir associadas às luxações. A dor e o deslocamento ós-
seo são notórios, após a redução o quadro álgico se completa com a diminuição da
amplitude do movimento. Em situações extremas, contraturas musculares podem
acometer a articulação. As partes do corpo mais afetadas são o úmero, ulna e rá-
dio, cápsula articular e ligamentos, músculos do cotovelo, nervos e vasos. A maior
prioridade neste caso é restabelecer o quanto antes a amplitude de movimento,
para não causar rigidez, e fortalecer todos os músculos que envolvem o cotovelo.

capítulo 4 • 66
Figura 4.9 – Luxação do cotovelo.

Exercícios aquáticos para o cotovelo

Fase 1
Aquecimento: puxada com o braço flexionado; braçada do nado peito – cada
exercício deve ser realizado de 2 a 3 minutos.
Alongamento: bíceps braquial, flexores do antebraço (mãos em posição de
reza), flexão e extensão de punho com as mãos fechadas e extensores do antebraço
(posição inversa da reza). Manter por 10 segundos por 5 vezes.
Fortalecimento: flexão do cotovelo, flexão do bíceps em posição de rosca in-
vertida e rotação de punho. Deverá ser executado em 1 série de 8 a 12 repetições.

Fase 2
Aquecimento: puxada com o braço flexionado; braçada do nado peito – cada
exercício deve ser realizado de 2 a 3 minutos.
Alongamento: tríceps suave, bíceps braquial, flexores do antebraço (mãos em
posição de reza), círculos com o punho cerrado e extensores do antebraço (posição
inversa da reza). Manter por 20 segundos por 5 vezes.
Fortalecimento: flexão, extensão com resistência, pronação e supinação com
a resistência da água. Deverá ser executado em 2 séries de 8 a 12 repetições.

Fase 3
Aquecimento: manter o aquecimento da fase 2.
Alongamento: tríceps, bíceps braquial, flexores do antebraço (mãos em posi-
ção de reza), supinador e pronador. Manter por 30 segundos por 5 vezes.

capítulo 4 • 67
Fortalecimento: executar os mesmos exercícios da fase 2 com resistores adi-
cionando flexão, extensão com resistência, pronação e supinação com a resis-
tência, flexão combinada do cotovelo. Deverá ser realizado em 3 séries de 8 a
12 repetições.

Fase 4
Repetir os exercícios da fase 3 com aumento da intensidade (resistores maiores
e velocidade do movimento), aumentando a quantidade de séries para 4 e manten-
do as repetições entre 8 e 12.

Fratura de punho

As fraturas mais comuns que envolvem o punho são as de Colles (rádio e ulna
distal) e do escafoide. O mecanismo de lesão ocorre por queda sobre a mão em
posição de extensão. As fraturas de Colles são reduzidas por intervenção cirúrgica
podendo, eventualmente, evoluir para uma deformidade do punho em relação ao
rádio e ulna “pescoço de cisne”. As fraturas que acometem o escafoide são comu-
mente difíceis de visualização no raio X até três semanas após a lesão.
A demora da consolidação ocorre por
pouca vascularização neste local. Os si-
nais e sintomas mais comuns são dor e
rigidez e pode evoluir para distrofia sim-
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pático reflexa. O rádio, a ulna, ossos do


carpo e metacarpo, a cartilagem articu-
lar, cápsula, tendões e ligamentos e ainda
nervos são as estruturas mais afetadas.
Movimentos funcionais, amplitude do
movimento e fortalecimento muscular
são as prioridades neste tipo de patologia.
Figura 4.10 – Fratura de Colles.

Tendinite de punho

Acomete os músculos flexores e extensores geralmente por overuse e está rela-


cionado com lesões laborais. Comumente evolui para uma tenossinovite (figura
4.11). A dor pode vir acompanhada de um alongamento, porém este ainda deve

capítulo 4 • 68
ser realizado para restabelecer a amplitude do movimento, sem esquecer do forta-
lecimento da musculatura.

Figura 4.11 – Tendinite de punho

Luxação de punho

Pode acontecer com relação à extremidade distal do rádio com os ossos do


carpo ou simplesmente uma subluxação do semilunar por queda com extensão
do punho no momento do apoio (figura 4.12). Pode também vir acompanhada
de uma fratura do rádio por hiperextensão ou hiperflexão que promove um es-
tiramento excessivo dos ligamentos que podem até romper. A dor é o principal
sintoma acompanhado por medo de movimentar na direção da luxação após a
redução. A amplitude do movimento deve ser restabelecida associada ao trabalho
de fortalecimento.

Figura 4.12 – Luxação de punho.

capítulo 4 • 69
Exercícios aquáticos para o punho e mãos

Fase 1
Aquecimento: puxada com o braço flexionado; braçada do nado peito e ab-
dução do braço com extensão do punho – cada exercício deve ser realizado de 2
minutos. Alongamento – enrolar os dedos, fechar e abrir as mãos e mãos espalma-
das. Manter por 10 segundos por 6 vezes.
Fortalecimento: flexão e extensão de punho, desvio ulnar e radial de punho.
Deverá ser executado em 1 série de 8 a 12 repetições.

Fase 2
Aquecimento: repetir os movimentos da fase 1.
Alongamento: da palma da mão, do supinador e pronador. Manter por 20
segundos por 5 vezes.
Fortalecimento: círculos com o punho, rotação de punho e oponência do
polegar. Deverá ser executado em 2 séries de 8 a 12 repetições.

Fase 3 e 4
O aquecimento e alongamento são reproduzidos da fase 2, enquanto o fortale-
cimento na fase 3 utiliza pequenos resistores (halteres de EVA), na fase 4 modifica
somente o tamanho dos resistores, agora maiores, e a velocidade do movimento
também aumentada em relação a fase 3.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ANDREWS JR, HARRELSON GL, WILK KE. Reabilitação Física das Lesões Esportivas. 2 ed.
Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2000.
2. GOULD JA. Fisioterapia na ortopedia e na medicina do esporte. 3 ed. Manole. São Paulo. 1993.
3. GREEN W, HECKMAN J, ROSEMONT IL. The Clinical Measurement of Joint Motion. American
Academy of Orthopaedics Surgeons, 1994.
4. HALL SJ. Biomecânica Básica. 5 ed. Manole. São Paulo, 2009.
5. MAGEE, DJ. Avaliação musculoesquelética, 3 ed, Manole. São Paulo, 2002.

capítulo 4 • 70
Reabilitação aquática para as extremidades inferiores

Patologias mais comuns e exercícios aquáticos para as extremidades inferiores

Artrose de quadril

A articulação do quadril é frequentemente acometida por artrose, principal-


mente pelo excesso de carga que sofre. A causa mais comum é desgaste natural
ou desuso (figura 4.13), afeta comumente pessoas acima de 50 anos de idade.
Envolve a superfície articular do fêmur e acetábulo acometendo a funcionalidade
articular e muscular. Muitas vezes as dores são referidas no adutor ou no joe-
lho e piora com sustentação do peso principalmente no apoio unipodal do lado
comprometido, as crepitações também podem estar presentes ao movimento. A
cintura pélvica, fêmur, cápsula, músculos, tendões e ligamentos são as partes mais
afetadas. Exercícios leves sem impacto, restabelecimento da amplitude e fortaleci-
mento dos músculos que envolvem o quadril são as indicações para esta patologia.
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Figura 4.13 – Artrose do quadril.

Bursite do quadril

É caracterizada por inflamação das bursas ao redor da articulação causada


pelo atrito entre o fêmur e tendões. O principal sintoma é a dor e a amplitude
de movimento é preservada em alguns casos. As bursas trocantérica, isquiática
e psoas, os músculos glúteo mínimo, médio e máximo, tensor da fáscia lata, is-
quiotibiais e quadríceps são as estruturas mais afetadas pela bursite (figura 4.14).
Alongamento, trações articulares, o fortalecimento dos músculos do quadril são as
prioridades desta patologia.

capítulo 4 • 71
Figura 4.14 – Bursite do quadril.

Fratura do quadril

É comum observar fratura de colo do fêmur em idosos (figura 4.15), prin-


cipalmente por queda de idosos com osteoporose. Uma fixação da fratura com
placas e parafusos é o procedimento mais utilizado e ainda permite mobilização
no pós-cirúrgico imediato. A dor pós-fratura é o principal sintoma e incapacidade
de sustentação de peso. No pós-operatório (poucos dias) já é possível sustentação
de peso parcial com uso de dispositivos auxiliares. A cintura pélvica, fêmur, cáp-
sula, músculos, tendões e ligamentos são as partes mais afetadas. Exercícios leves
sem impacto, restabelecimento da amplitude e fortalecimento dos músculos que
envolvem o quadril são as indicações para esta patologia.
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Figura 4.15 – Fratura do fêmur.

capítulo 4 • 72
Luxação de quadril

A saída da cabeça do fêmur da concavidade do acetábulo caracteriza esta pa-


tologia tão grave (figura 4.16). É causada por impacto muito grande e pode ser
anterior com o mecanismo de rotação externa e abdução do quadril e a posterior
com rotação interna e adução do quadril. Geralmente é acompanhada por fratu-
ra do acetábulo. A cápsula articular e ligamentos são geralmente rompidos. Dor
intensa acompanha a lesão, após a redução o espasmo muscular e dor ainda estão
presentes e limitam a amplitude do movimento. A cintura pélvica, fêmur, cápsula,
músculos, tendões e ligamentos são as partes mais afetadas. Exercícios leves sem
impacto, restabelecimento da amplitude e fortalecimento dos músculos que en-
volvem o quadril são as indicações para esta patologia.
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Figura 4.16 – Luxação do fêmur.

Artroplastia total do quadril

Um procedimento cirúrgico que envolve a substituição da articulação do qua-


dril por uma prótese (figura 4.17). A causa geralmente é por degeneração grave
da articulação que limitam as atividades da vida diária. O componente da prótese
consiste em uma peça de metal conectada a uma haste que se encaixa no canal
medular femoral. O componente acetabular consiste em uma cúpula de plásti-
co altamente densa. Os componentes podem ser cimentados ou não cimentados
(permite crescimento ósseo em volta da haste). Após a fixação da prótese algumas
restrições deverão ser explicadas ao paciente, como esportes de impacto, excesso de
peso deve ser evitado para não gerar dor, flexão e adução excessiva da perna, assim

capítulo 4 • 73
como rotações externas e cruzamento de perna. A cintura pélvica, fêmur, múscu-
los do quadril e joelho são as partes mais afetadas. Exercícios leves sem impacto
para as fixações não cimentadas, restabelecimento da amplitude e fortalecimento
dos músculos que envolvem o quadril são as indicações para esta patologia.
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Figura 4.17 – Artroplastia do quadril.

Exercícios aquáticos para o quadril

Fase 1
Aquecimento: caminhada para frente, para trás e lateral. Cada exercício deve
ser executado por 2 minutos.
Alongamento: alongamento passivo do quadríceps, isquiotibiais. Manter por
10 segundos por 5 vezes.
Fortalecimento: flexão e extensão do quadril, adução e abdução sem cruzar a
linha mediana e contração isométrica do glúteo. Deverá ser executado em 1 série
de 8 a 10 repetições.

Fase 2
Aquecimento: caminhada para frente, para trás e lateral, caminha com a per-
na estendida e bicicleta. Cada exercício deve ser executado por 2 minutos.

capítulo 4 • 74
Alongamento: alongamento passivo do quadríceps, ativo dos isquiotibiais,
rotação externa e interna do quadril e adutor. Manter por 20 segundos por 5 vezes.
Fortalecimento: flexão e extensão do quadril, adução e abdução, contração
isométrica do glúteo e circundução do quadril. Deverá ser executado em 2 séries
de 8 a 12 repetições.
Fase 3
Aquecimento: caminhada para frente, para trás e lateral, caminha com a per-
na estendida e bicicleta. Cada exercício deve ser executado por 2 minutos.
Alongamento: alongamento do quadríceps, ativo dos isquiotibiais, rotação
externa e interna do quadril, adutor e tensor da fáscia lata. Manter por 30 segun-
dos por 5 vezes.
Fortalecimento: batimentos de pernas estendidas, marcha com passos largos,
agachamentos e circundução do quadril. Deverá ser executado em 3 séries de 8 a
12 repetições.

Fase 4
Aquecimento: caminhada para frente, para trás e lateral, caminha com a
perna estendida, bicicleta e deep runner. Cada exercício deve ser executado por
2 minutos.
Alongamento: alongamento do quadríceps, dos isquiotibiais, rotação externa
e interna do quadril e adutor. Manter por 20 segundos por 5 vezes.
Fortalecimento: os mesmos exercícios da fase 3 com aumento da resistên-
cia com uso de botas ou tornozeleiras. Deverá ser executado em 4 séries de 8 a
12 repetições.

Artrose do joelho

A articulação do joelho é frequentemente acometida por artrose principal-


mente pelo excesso de carga ou simples desgaste articular. A causa mais comum é
degeneração natural ou desuso (figura 30), afeta comumente pessoas acima de 50
anos de idade. Dor, edema e amplitude de movimento reduzida são os sintomas
mais evidentes na artrose, tornando com a evolução do quadro a deambulação
mais difícil. As partes do corpo mais afetadas são o fêmur, tíbia, fíbula, cartilagem
articular, cápsula, músculos, tendões e ligamentos. Um programa de exercícios
controlado com pouco impacto, ganho de amplitude de movimento e fortaleci-
mento muscular é a prioridade para essa patologia.

capítulo 4 • 75
©© ALEX MIT | SHUTTERSTOCK.COM – CRYSTAL LIGHT | SHUTTERSTOCK.COM

Figura 4.18 – Artrose do joelho.

Fratura de joelho

A fratura no joelho pode incluir o fêmur, tíbia, fíbula ou patela. Geralmente


ocorre por trauma direto e outros tipos de acidentes. A resolução dessas fraturas
é por fixação interna e as restrições devem ser esclarecidas pela equipe de saúde
quanto a descarga de peso após a intervenção cirúrgica. Os sintomas mais comuns
são dor, rigidez, fraqueza muscular e edema que pode limitar o movimento ar-
ticular. Os ossos que envolvem o joelho, os músculos quadríceps, isquiotibiais e
gastrocnêmios, a cápsula, ligamentos e meniscos são as estruturas mais acometidas
na fratura. Um programa de exercícios controlado com pouco impacto, ganho de
amplitude de movimento, fortalecimento muscular do joelho, quadril e tornozelo
e propriocepção para a marcha é a prioridade para essa patologia.

capítulo 4 • 76
Figura 4.19 – Tipos de fraturas de joelho.

Lesão do menisco

Localizado entre a tíbia e o fêmur o menisco é uma estrutura muito acometida


por lesão. Forças rotacionais e trauma direto na região lateral do joelho caracteri-
zam uma lesão do menisco medial que pode vir acompanhada de rompimento do
ligamento colateral. A lesão do menisco lateral é caracterizada geralmente por uma
hiperflexão forçada causando um pinçamento do menisco entre a tíbia e fêmur.
Os tipos mais comuns de lesões no menisco estão representados na (figura 4.20)
que são acompanhadas de dor na linha articular. As lesões do menisco medial
limitam a extensão e do lateral impedem a flexão. Restaurar a amplitude do movi-
mento e fortalecimento muscular do joelho, quadril e tornozelo e propriocepção
são prioridades nos exercícios.

Figura 4.20 – Lesões de menisco.

capítulo 4 • 77
Entorse do joelho

A entorse do joelho envolve um ou mais ligamentos do joelho. Geralmente


ocorre em esportes de contato ou de alta intensidade, podendo ser por trauma
direto também. As forças rotacionais que provocam a entorse podem ocasionar
lesões combinadas entre ligamentos, por exemplo, uma força de torção durante
o esqui pode lesionar o ligamento colateral medial e o cruzado anterior (figu-
ra 4.21). Combinações de lesões entre ligamentos e meniscos também podem
ocorrer. O edema é comum após a entorse e provoca limitação da amplitude de
movimento. Essa lesão acomete todas as estruturas que envolve o joelho como,
músculos (quadríceps, isquiotibiais, gastrocnêmio), ligamentos, cápsula, menis-
cos e músculos adjacentes (glúteos, tensor da fáscia lata, adutores e abdutores do
quadril). As prioridades de exercícios devem ser propriocepção, fortalecimento,
funcionalidade e equilíbrio.

Figura 4.21 – Lesão ligamentar colateral lateral, medial e cruzado anterior.

Ruptura do Ligamento Cruzado Anterior (LCA)

As lesões de terceiro grau do LCA são frequentemente causadas por um trau-


ma direto na lateral ou por trás do joelho, também pode ser acometido por tor-
ção. O procedimento cirúrgico mais comum é o enxerto utilizando o tendão do
semitendinoso (figura 4.22), é realizado via artroscopia e sua recuperação dura
em média 6 meses. A rigidez e edema são sintomas comuns no pós-operatório

capítulo 4 • 78
que limitam a amplitude do movi-
mento. Essa lesão acomete todas as
estruturas que envolve o joelho como,
músculos (quadríceps, isquiotibiais, gas-
trocnêmio), ligamentos, cápsula, menis-
cos e músculos adjacentes (glúteos, ten-
sor da fáscia lata, adutores e abdutores
do quadril). As prioridades de exercícios
devem ser restabelecer a amplitude de
movimento, propriocepção, fortaleci-
mento muscular, equilíbrio e coordena-
ção motora.

Figura 4.22 – Reparo do LCA.

Artroplastia total do joelho

É o procedimento que envolve a substituição completa da articulação do joe-


lho (figura 4.23) por degeneração ou desgaste e é realizada para aliviar o quadro
álgico e proporcionar retorno as atividades da vida diária. Os componentes que
substituem a articulação são uma peça metálica colocada nos côndilos femorais e
na tíbia um material de plástico rígido é fixado por cimento ou não cimentado.

©© ALEX MIT | SHUTTERSTOCK.COM


A fixação com cimento permite um
apoio mais precoce em relação ao não
cimentado. A expectativa com a fisiote-
rapia é alcançar de 90 a 110o de flexão
do joelho. Ossos e músculos que envol-
vem o joelho são afetados. Melhorar a
amplitude de movimento, fortalecimen-
to muscular, alongamentos, propriocep-
ção e correção da marcha são priorida-
Figura 4.23 – Artroplastia total do joelho.
des no pós-cirúrgico.

capítulo 4 • 79
Exercícios aquáticos para o joelho

Fase 1
Aquecimento; caminhada para frente, para trás e lateral. Cada exercício deve
ser executado por 2 minutos.
Alongamento; alongamento passivo do quadríceps, isquiotibiais, gastrocnê-
mios e sóleo. Manter por 10 segundos por 5 vezes.
Fortalecimento: bicicleta com uma perna em apoio unipodal, agachamento,
flexão e extensão do quadril, adução e abdução do quadril, flexão e extensão do
joelho. Deverá ser executado em 1 série de 8 a 12 repetições.

Fase 2
Aquecimento: caminhada para frente, para trás e lateral, caminha com a per-
na estendida e bicicleta. Cada exercício deve ser executado por 2 minutos.
Alongamento: alongamento ativo do quadríceps, isquiotibiais, gastrocnêmios
e sóleo. Manter por 20 segundos por 5 vezes.
Fortalecimento: flexão e extensão do quadril com pequenos resistores, adu-
ção e abdução do quadril, flexão e extensão do joelho com resistores, elevação dos
calcanhares, transferência lateral e ântero-posterior de peso. Deverá ser executado
em 2 séries de 8 a 12 repetições.

Fase 3
Aquecimento; caminhada para frente, para trás e lateral, caminha com a per-
na estendida e bicicleta. Cada exercício deve ser executado por 2 minutos poden-
do usar tornozeleira para aumentar a resistência.
Alongamento; alongamento do quadríceps, ativo dos isquiotibiais, gastrocnê-
mio e sóleo. Manter por 30 segundos por 5 vezes.
Fortalecimento: batimentos de pernas estendidas, marcha com passos largos,
elevação dos calcanhares, flexão e extensão com resistência do joelho e subir e des-
cer do step. Deverá ser executado em 3 séries de 8 a 12 repetições.

Fase 4
Aquecimento: caminhada para frente, para trás e lateral, caminha com a
perna estendida, bicicleta e Deep runner. Cada exercício deve ser executado por
2 minutos.

capítulo 4 • 80
Alongamento: alongamento do quadríceps, dos isquiotibiais, gastrocnêmio e
sóleo. Manter por 30 segundos por 5 vezes.
Fortalecimento: batimentos de pernas estendidas, marcha com passos largos,
elevação dos calcanhares, flexão e extensão com resistência do joelho e subir e des-
cer do Step. Deverá ser executado em 4 séries de 8 a 12 repetições.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ANDREWS JR, HARRELSON GL, WILK KE. Reabilitação Física das Lesões Esportivas. 2 ed.
Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2000.
2. GOULD JA. Fisioterapia na ortopedia e na medicina do esporte. 3 ed. Manole. São Paulo. 1993.
3. GREEN W, HECKMAN J, ROSEMONT IL. The Clinical Measurement of Joint Motion. American
Academy of Orthopaedics Surgeons, 1994.
4. HALL SJ. Biomecânica Básica. 5 ed. Manole. São Paulo, 2009.
5. MAGEE, DJ. Avaliação musculoesquelética, 3 ed, Manole. São Paulo, 2002.

Fratura de tornozelo

A tíbia e a fíbula são as estruturas mais envolvidas nas fraturas de tornozelo


que também acometem em menor proporção o tálus e calcâneo. A eversão pode
causar uma fratura do maléolo lateral, as fraturas por inversão são menos frequen-
tes. As fraturas envolvendo a tíbia e fíbula (figura 4.24) pode ocorrer por trauma
direto ou por acidente. Caso não haja deslocamento ósseo, o que acarretaria em
cirurgia com fixação interna, a articulação é imobilizada com restrições de apoio.
A dor, rigidez e edema estão presentes em vários graus de lesão. Assim como os
músculos, os ligamentos também podem ser afetados com a fratura. Restabelecer
a amplitude do movimento, fortalecer os músculos do tornozelo, resgatar o equi-
líbrio e a coordenação e corrigir as alterações da marcha são prioridades na fratura
de tornozelo.

capítulo 4 • 81
Figura 4.24 – Fratura da tíbia e fíbula.

Entorse do tornozelo

Essa lesão envolve um ou mais ligamentos. A inversão é o tipo mais comum


das entorses que afeta os ligamentos laterais (talofibular anterior, calcâneofibular e
talofibular posterior), o mais frequente acometido é o talofibular anterior (figura
4.25). A dor e edema estão presentes na maioria dos casos. A fisioterapia é funda-
mental o quanto antes para evitar progressão do edema e restrição de amplitude.
Além dos ligamentos, os ossos e músculos são afetados também. Recuperar a am-
plitude de movimento, fortalecer os músculos do tornozelo e melhorar equilíbrio
e coordenação são prioridades para a entorse.
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Figura 4.25 – Entorse do tornozelo em inversão.

capítulo 4 • 82
Tendinite do tornozelo

Essa lesão envolve o complexo constituído pelos gastrocnêmios e tendão calcâ-


neo (figura 4.26). É causada por esforço repetitivo, esportes com saltos (voleibol,
basquetebol). O tratamento geralmente é conservador com fisioterapia intensiva.
A dor está presente no alongamento da panturrilha ou fase de impulsão na mar-
cha. Os músculos gastrocnêmios e sóleo acompanham o tendão acometido nesta
patologia. Recuperar a amplitude de movimento, fortalecer os músculos do torno-
zelo, devolver o equilíbrio e coordenação fazem parte do protocolo de tratamento.
Visão medial Visão posterior 3/4
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Ruptura

tendão de Aquiles
tendinite

calcanhar

Figura 4.26 – Tendinite do tendão calcâneo.

Fasciíte plantar

É caracterizada por uma inflamação na fáscia plantar (figura 4.27). Geralmente


é causada por overuse, calçados inadequados, aumento do ângulo do arco longi-
tudinal. A dor é o principal sintoma que pode ser potencializada pelo apoio do
peso corporal. Alongamentos e liberação miofascial tem resultados satisfatórios no
tratamento. Além da fáscia, os músculos intrínsecos do pé, gastrocnêmios e sóleo
são afetados por essa inflamação. Melhorar o equilíbrio e a propriocepção, fortale-
cimento dos músculos intrínsecos e alongamento são as prioridades de exercícios.

capítulo 4 • 83
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Figura 4.27 – Fasciíte plantar.

Exercícios aquáticos para tornozelo e pé

Fase 1
Aquecimento: caminhada para frente, para trás e lateral. Cada exercício deve
ser executado por 2 minutos.
Alongamento: alongamento passivo do quadríceps, isquiotibiais, gastrocnê-
mios e sóleo e tibial anterior. Manter por 10 segundos por 6 vezes.
Fortalecimento: flexão plantar e dorsal, inversão e eversão, flexão e extensão
dos dedos. Deverá ser executado em 1 série de 8 a 12 repetições.

Fase 2
Aquecimento: caminhada para frente, para trás e lateral, passo cruzado e bi-
cicleta. Cada exercício deve ser executado por 2 minutos.
Alongamento: alongamento ativo dos gastrocnêmios e sóleo, alongamento
com grande afastamento ântero-posterior, alongamento do tibial anterior e alon-
gamento da fáscia. Manter por 20 segundos por 5 vezes.
Fortalecimento: flexão plantar e dorsal, inversão e eversão, elevação dos cal-
canhares e passada lateral. Deverá ser executado em 2 séries de 8 a 12 repetições.

capítulo 4 • 84
Fase 3
Aquecimento: caminhada para frente, para trás e lateral, passada cruzada e
bicicleta. Cada exercício deve ser executado por 2 minutos.
Alongamento;– alongamento do tibial anterior, dos gastrocnêmio e sóleo.
Manter por 30 segundos por 5 vezes.
Fortalecimento: batimentos de pernas estendidas, marcha com passos largos,
elevação dos calcanhares, caminhar nos calcanhares. Deverá ser executado em 3
séries de 8 a 12 repetições.

Fase 4
Aquecimento: caminhada para frente, para trás e lateral, caminha com a
perna estendida, bicicleta e Deep runner. Cada exercício deve ser executado por
2 minutos.
Alongamento: alongamento do tibial anterior, dos gastrocnêmio e sóleo.
Manter por 30 segundos por 5 vezes
Fortalecimento: batimentos de pernas estendidas, marcha com passos lar-
gos, elevação dos calcanhares, caminhar nos calcanhares, exercícios de equilíbrio.
Deverá ser executado em 4 séries de 8 a 12 repetições.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ANDREWS JR, HARRELSON GL, WILK KE. Reabilitação Física das Lesões Esportivas. 2 ed.
Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2000.
2. GOULD JA. Fisioterapia na ortopedia e na medicina do esporte. 3 ed. Manole. São Paulo. 1993.
3. GREEN W, HECKMAN J, ROSEMONT IL. The Clinical Measurement of Joint Motion. American
Academy of Orthopaedics Surgeons, 1994.
4. HALL SJ. Biomecânica Básica. 5 ed. Manole. São Paulo, 2009.
5.AGEE, DJ. Avaliação musculoesquelética, 3 ed, Manole. São Paulo, 2002.

Reabilitação aquática para problemas de marcha e equilíbrio

Todo impacto, todo choque que o corpo recebe do solo é absorvido pelos pés.
Isso pode ser a causa de muitas alterações mecânicas que o corpo sofre ao longo
da vida. Na água esse impacto é reduzido de forma substancial devido a ação de

capítulo 4 • 85
algumas propriedades físicas da água, principalmente a flutuação, por isso, a mar-
cha na água é um ótimo recurso para reeducação da marcha. As articulações dos
membros inferiores acometidas por lesões podem ser precocemente submetidas à
descarga de peso no ambiente aquático, com dor reduzida e menor risco de lesões
adicionais, além de melhor percepção do movimento da marcha. O meio líquido
é também um bom ambiente para corrigir alterações nos padrões da marcha1,2.

Ciclo da marcha

O ciclo da marcha é o intervalo de tempo ou sequência de movimentos que


ocorrem entre dois contatos iniciais consecutivos do mesmo pé. Para cada pé, o
ciclo da marcha apresenta duas fases: fase de apoio (60 a 65% do ciclo), e fase de
balanço (30 a 40% do ciclo), seguida pela fase de duplo apoio.

Fase do Apoio

Ocorre quando o pé encontra-se em contato com o solo e sustenta o peso.


Permite que o membro inferior suporte o peso e possibilite o avanço do corpo
sobre o membro que está sustentado3,4. Dividido em quatro fases: contato inicial,
resposta a carga, apoio intermediário, apoio terminal ou pré-balanço.
Contato inicial: é caracterizado pela contração dos dorsiflexores no momento
do primeiro contato com o solo4,5. Responsável pelos 10% iniciais do ciclo da
marcha.
Resposta a carga e apoio intermediário: Consistem no suporte único ou
apoio sobre um membro inferior e representam 40% do ciclo da marcha. Durante
esta fase, apenas um membro inferior sustenta o peso do corpo enquanto o outro
entra na fase de balanço.
Apoio terminal ou pré-balanço: Constituem o período de transferência de
peso e correspondem aos 10% seguintes do ciclo da marcha. O membro inferior
de apoio transfere o peso corporal para o membro contralateral e prepara-se para
a fase de balanço.

Fase de Balanceio

Ocorre quando o pé não está mais sustentando o peso e se move para frente.
Permite que os pododáctilos do membro saiam do solo e que ocorra o ajuste de

capítulo 4 • 86
comprimento do membro. Permite que o membro se mova para frente levando o
corpo. Essa fase pode ser dividida em três subfases3.
Balanceio inicial ou aceleração: Ocorre quando o pé é elevado do solo.
Ocorre a flexão do joelho em torno de 60 º e dorsiflexão do tornozelo permitindo
que o membro acelere para frente.
Balanceio intermediário: Ocorre quando o membro inferior encontra-se ad-
jacente ao membro inferior que está sustentando o peso, o qual se encontra na
subfase de apoio médio.
Balanceio final ou desaceleração: Membro inferior desacelera, preparando-
se para realizar o contato inicial com o solo. O músculo quadríceps controla a
extensão do joelho e os posteriores da coxa controlam a flexão3.

Fase de Duplo Apoio

É caracterizada pelo apoio dos dois pés no solo. Ocorre duas vezes durante a
marcha normal quando a carga corporal altera para a perna oposta. Os parâmetros
fisiológicos de marcha durante esta fase incluem:
1. Base de 5 a 10 cm. Uma base mais larga indica equilíbrio alterado3,6.
2. Tamanho de passo de 35 a 40 cm e deve ser bilateralmente igual3.
3. O desvio lateral da pelve deve ser de 2,5 a 5 cm.
4. O desvio vertical da pelve deve ser de 5 cm.
5. A rotação pélvica deve ser de 4º para frente, no balanceio da perna e 4º
para trás no apoio da perna.
6. O ângulo podal para fora deverá ser de 5 º a 10 º.

Ação Muscular

As ações musculares na marcha humana ocorrem para: aceleração dos seg-


mentos, frenagem moderada de uma aceleração, amortecimento dos choques e
vibrações, e garantia de estabilidade articular. A ação concêntrica dos músculos
está presente tanto no início da fase de apoio como no início da fase de balan-
ceio. Serve para a impulsão e aceleração do segmento no início da oscilação e na
transferência de peso durante a fase de duplo apoio. A maior parte das ações mus-
culares na marcha são isométricas ou excêntricas. Elas ocorrem para equilibrar e
desacelerar os deslocamentos dos segmentos corporais e do centro de gravidade. O
trabalho permite a absorção e o armazenamento de energia elástica.

capítulo 4 • 87
Eretores da espinha: Mantém uma atividade constante durante a marcha,
com picos de contração nas fases de contato inicial e apoio médio.
Glúteo máximo: Começa ao toque do calcanhar ao solo, de forma isométrica,
impedindo a flexão da pelve, e vai até a fase de apoio médio, de forma concêntrica,
promovendo a extensão da pelve.
Quadríceps: Atuam isometricamente na fase de contato inicial. Já na fase de
duplo apoio, atua excentricamente para frear a flexão de joelho. Atuarão de forma
concêntrica na fase de desaceleração estendendo o joelho, para iniciar a fase de
contato inicial.
Isquiotibiais: Começam a trabalhar isometricamente na fase de contato ini-
cial, freando a flexão do quadril. Na fase de balanço atua flexionando o joelho na
fase de aceleração até a oscilação média. A partir da oscilação média até a oscilação
final irá atuar excentricamente, controlando a extensão do joelho e desacelerando
o segmento.
Abdutores: Se contraem para estabilizar a pelve durante a fase de contato
inicial e na fase de apoio único.
Adutores: Se contraem para estabilizar a pelve durante a fase de contato ini-
cial e na fase de aceleração flexionando o quadril.
Fibulares: Possui atividade semelhante a do tríceps, com a contração inician-
do na fase de apoio e indo ao máximo na elevação do calcanhar.
Tibial anterior: É ativado de forma isométrica. O maior pico de contração
desse músculo é durante a fase de apoio inicial. Na fase de contato atua de forma
excêntrica durante o aplanamento do pé. Na passagem para o apoio médio, vai
atuar de forma concêntrica ajudando no avanço da tíbia. Na fase de balanço,
para evitar que o pé caia, vai realizar contração isométrica para mantê-lo na posi-
ção neutra.
Tríceps sural: Sua atividade inicial acontece na fase de contato, com o pé pla-
no, atuando excentricamente para retardar e controlar o avanço da tíbia. Na fase
de elevação do calcanhar e propulsão, irão atuar de forma concêntrica para elevar
o calcanhar do solo e iniciar a fase de aceleração e balanço.

Alteração de padrões fisiológicos da marcha

Os padrões alterados da marcha podem resultar em muitos tipos de lesões.


Para corrigir um padrão alterado é preciso definir se é possível a correção. Lesões

capítulo 4 • 88
nervosas permanentes, fusão articular, anormalidades graves no osso. As anorma-
lidades da marcha resultam em lesões ortopédicas e indicam alterações específicas
a seguir.
Andar com o quadril ou joelho rígidos: a dor no quadril ou no joelho pode
resultar neste tipo de marcha. Edema, contratura muscular, alteração da mecânica
articular por artrose ou artrite podem reduzir a amplitude de movimento no qua-
dril ou no joelho.
Hiperextensão do joelho: pode indicar instabilidade articular, frouxidão liga-
mentar ou pode ocorrer por diminuição da força do quadríceps.
Circundução da perna durante a fase de balanceio: rigidez, fraqueza ou dor
podem gerar dificuldade para flexionar o quadril ou joelho. Esse padrão de com-
pensação permite ao paciente evitar os dedos do pé no chão durante o balanceio.
Andar com a perna em rotação externa: a rigidez dos rotadores externos do
quadril é a razão mais aceitável para esta marcha. A falta da ação dos dorsiflexores
também pode apresentar este tipo de padrão de marcha.
Marcha de trendelenburg: é caracterizado por uma inclinação da lateral pel-
ve e quadril quando o pé é retirado do chão no início da fase de balanceio, indi-
cando fraqueza dos abdutores, principalmente glúteo médio, do membro oposto.
Contato anormal do calcanhar: na marcha fisiológica o primeiro contato
com o solo é feito pelo calcanhar seguido por um rolamento em direção aos de-
dos. Pacientes com deficiência dos dorsiflexores por rigidez ou fraqueza muscular
realizam este contato do pé com o solo completo, sem rolamento.
Tamanho de passo desigual:– dor, medo, instabilidade, insegurança são os
fatores que levam o paciente a realizar o passo da perna não acometida por uma
lesão com menor distância em relação ao passo da perna acometida. Essa atitude
desorganiza o padrão de marcha pela falta de mobilidade da perna com lesão.

Exercícios aquáticos para a marcha

Na grande maioria dos casos, os pacientes são liberados para realizar a marcha
na água antes de andar em solo. Isso ocorre pela ação das propriedades físicas da
água que atuam no corpo imerso modificando sua fisiologia. Os exercícios na
água facilitam o ganho de amplitude de movimento, ganho de força associados a
reeducação da marcha. Os exercícios descritos a seguir auxiliam na força muscular,
coordenação motora, equilíbrio antes do início da deambulação aquática.
• Movimentos pélvicos de retroversão, anteversão e lateralização;

capítulo 4 • 89
• Flexão e extensão do quadril;
• Adução e abdução do quadril;
• Flexão e extensão com resistência do joelho;
• Agachamentos bipodais e unipodais;
• Elevação dos calcanhares;
• Flexão dorsal e plantar dos tornozelos;
• Inversão e eversão dos tornozelos;
• Alongamento dos isquiotibiais, adutores, gastrocnêmios e sóleo.

As barras paralelas podem ser utilizadas em ambiente aquático para a reedu-


cação da marcha na fase inicial. Iniciar com base entre 5 e 10 cm sem rotações.
Orientar o paciente para realizar a marcha fisiológica com apoio do calcanhar
e depois os dedos, o deslocamento deve ser em linha reta e os passos simétri-
cos6. Atenção na transferência de carga para a perna lesionada que deve ser com
cautela e progressiva. Com a evolução do paciente, outros exercícios podem
ser implantados:
1. apoiando o paciente por trás;
2. sem apoio nas barras;
3. caminhar fora das barras com apoio do fisioterapeuta;
4. caminhar fora das barras com um flutuador;
5. caminhar sem o flutuador;
6 . caminhar com pequenos resistores.

O nível da água pode ser modificado gradualmente para auxiliar o paciente


na descarga de peso e sustentação do corpo com mais equilíbrio e menos medo.

Equilíbrio

É a qualidade física que permite manter a posição do corpo no espaço com es-
tabilidade, seja de maneira estática ou durante o movimento dinâmico7. Quando
ocorre alguma lesão ou desequilíbrio de forças por vícios posturais ou de movimen-
tação, o resultado pode levar a uma deficiência proprioceptiva dos mecanorecep-
tores, principalmente dos tornozelos que irão levar a uma alteração do equilíbrio4.

capítulo 4 • 90
Essa perda ou alteração do equilíbrio resulta em medo de queda no paciente,
que gera um efeito cascata de redução de mobilidade, fraqueza muscular, rigidez
e dor. A água aumenta o tempo de reação de queda diminuindo o medo e reduz
a velocidade dos movimentos o que a torna um ótimo recurso para trabalhar o
equilíbrio.
Exercícios de apoio e transferência de peso auxiliam na reabilitação da funcio-
nalidade articular e força muscular7,8. Os exercícios a seguir auxiliam a restabelecer
a propriocepção antes da progressão para os exercícios em solo.
1. Afastamento lateral das pernas;
2. Passada lateral;
3. Transferência de peso lateral;
4. Transferência de peso ântero-posterior;
5. Apoio unipodal;
6. Balanço de perna ântero-posterior e lateral com apoio unipodal;
7. Subir e descer do step.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ANDREWS JR, HARRELSON GL, WILK KE. Reabilitação Física das Lesões Esportivas. 2 ed.
Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2000.
2. GOULD JA. Fisioterapia na ortopedia e na medicina do esporte. 3 ed. Manole. São Paulo. 1993.
3. GREEN W, HECKMAN J, ROSEMONT IL. The Clinical Measurement of Joint Motion. American
Academy of Orthopaedics Surgeons, 1994.
4. HALL SJ. Biomecânica Básica. 5 ed. Manole. São Paulo, 2009.
5. MAGEE, DJ. Avaliação musculoesquelética, 3 ed, Manole. São Paulo, 2002.
6. THOMSON A, SKINNER A, PIERCY J. Tidy´s Physiotherapy. 12 ed. Toronto, Butterworth-
Heinemann, 1991.
7. MESSIER SP, LOESER RF, HOOVER JL, et al. Osteoarthritis of the Knee: effects on gait,
strength and flexibility. Arch Phys Med Reabili 73: 1992.
8. BERG KO, MAKI BE, WILLIAMS JI, et al. Clinical and Laboratory Measures of Postural Balance
in an Elderly Population. Arch Phys Med Reabili 73: 1992.

capítulo 4 • 91
Reabilitação aquática para coluna vertebral

Patologias mais comuns e exercícios aquáticos para coluna vertebral

Patologias da coluna cervical

Artrose cervical: a artrite nessa região afeta comumente duas articulações: a


articulação intervertebral e a faceta articular. A doença degenerativa do disco é fre-
quentemente referida quando ocorre degeneração da articulação intervertebral (fi-
gura 4.28). A origem da artrite acontece geralmente por uma lesão anterior advinda
de um trauma (fratura ou lesão em chicote), alterações posturais ou atividades labo-
rais que causaram redução do espaço inter-discal e desgaste natural da articulação.
Com a redução do espaço articular, os ligamentos longitudinais anterior e posterior
distendem formando bolsas na interface corpo vertebral e disco. A diminuição da
altura do disco também pode em pinçamento da faceta articular. Essas alterações
resultam em dor, rigidez e eventualmente formação de osteófitos nas facetas articu-
lares, dores de cabeça e dor irradiada para os membros superiores. As partes mais
acometidas são as vértebras, músculos paravertebrais, ligamentos espinhais, nervos,
discos e facetas articulares. As prioridades nos exercícios incluem restabelecer a am-
plitude de movimento, alongamento muscular da cintura escapular e pescoço, cor-
reção postural e fortalecimento muscular do pescoço e ombros.

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Figura 4.28 – Artrose cervical.

Distensão muscular da coluna cervical: se apresenta após um movimen-


to brusco, ou permanência em posição por longo período, por estresse, ou por
disfunções posturais laborais e esportivas. A causa mais comum, entretanto, é o
trauma que envolve lesão por hiperflexão ou hiperextensão do pescoço (figura
4.29). Essas alterações resultam em dor, rigidez, dores de cabeça e dor irradiada

capítulo 4 • 92
para os membros superiores. As partes mais acometidas são as vértebras, músculos
paravertebrais, ligamentos espinhais, nervos, discos e facetas articulares. As prio-
ridades nos exercícios incluem restabelecer a amplitude de movimento, reduzir
dor e espasmo, alongamento muscular da cintura escapular e pescoço, correção
postural e manter a mobilidade e força da coluna torácica e ombros.
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Figura 4.29 – Lesão em chicote por hiperextensão e hiperflexão cervical.

Protusão de disco cervical: caracteriza-se por uma projeção do núcleo do


disco intervertebral para fora espaço intervertebral através de uma fissura no anel
fibroso, podendo ou não comprimir a raiz nervosa e ou medula espinhal (figu-
ra 4.30). É resultado geralmente de um trauma, como estresse por vibração ou
torção. Também pode ser causado por disfunções posturais e desgaste. Causa
dor que pode ser potencializada com o reflexo da tosse, parestesia nos membros
superiores e fraqueza muscular específica do nervo acometido pela compressão.
As partes mais acometidas são as
vértebras, músculos paravertebrais, li-
gamentos espinhais, nervos, discos e
facetas articulares. Extensão do pescoço,
flexão lateral para o lado contrário a dor,
recuperar a amplitude de movimento
após eliminação da dor e correção pos-
tural são as indicações de exercícios para
esta patologia.

Figura 4.30 – Lesões discais da cervical.

capítulo 4 • 93
Dor crônica cervical: qualquer dor que persista por mais de 3 meses que
não tenha lesão do disco intervertebral considera-se dor crônica. Geralmente tem
origem muscular ou ligamentar. Os exames complementares como RX, TC ou
RNM não são boas escolhas para diagnosticar a dor crônica. O exame clínico é
soberano neste caso detectando nível de dor e limitações de movimento. As partes
mais acometidas são as vértebras, músculos paravertebrais, ligamentos espinhais,
nervos, discos e facetas articulares. Potencializar a amplitude de movimento, alon-
gar o pescoço e toda cintura escapular, fortalecer músculos do ombro e pescoço e
correção postural são os exercícios indicados para esta patologia.

Figura 4.31 – Dor irradiada cervical.

Exercícios aquáticos para patologias da coluna cervical

Procedimentos aquáticos para coluna cervical


Fase 1
Aquecimento: os exercícios deverão ser realizados por 2 minutos, observando
o alinhamento postural. Caminhada para frente, para trás, passada lateral e cami-
nhada puxando a água com os braços flexionados alternando.
Alongamento: flexão, flexão lateral, rotação e retração do pescoço. Manter
por 10 segundos por 6 vezes.
Fortalecimento: combinação de movimentos de braço e flexão de braço.
Deverá ser executado em 1 série de 8 a 12 repetições.

Fase 2
Aquecimento: os exercícios deverão ser realizados por 2 minutos, observando
o alinhamento postural. Caminhada para frente, para trás, passada lateral e cami-
nhada puxando a água com os braços flexionados alternando, flexão, flexão lateral,
rotação e retração do pescoço.

capítulo 4 • 94
Alongamento: Alongamento lateral e com flexão do pescoço, do trapézio supe-
rior e alongamento do elevador da escápula. Manter por 20 segundos por 5 vezes.
Fortalecimento: combinação de movimentos de braço e flexão de braço e
contração pélvica na barra. Deverá ser executado em 2 séries de 8 a 12 repetições.

Fase 3
Aquecimento: os exercícios deverão ser realizados por 2 minutos. Caminhada
para frente, para trás, passada lateral e caminhada puxando a água com os braços
flexionados alternando, flexão, flexão lateral, rotação e retração do pescoço.
Alongamento: Alongamento lateral e com flexão do pescoço, do trapézio,
alongamento do elevador da escápula e extensão torácica. Manter por 30 segundos
por 5 vezes.
Fortalecimento: flexão, extensão, adução e abdução do ombro com resis-
tência, adução e abdução horizontal com resistência contração pélvica na barra.
Deverá ser executado em 3 séries de 8 a 12 repetições.

Fase 4
Aquecimento: os exercícios deverão ser realizados por 2 minutos. Seguir os
exercícios da fase 3.
Alongamento: Os mesmos da fase três, apenas modificando o tempo de ma-
nutenção do exercício. Manter por 45 segundos por 5 vezes.
Fortalecimento: flexão, extensão, adução e abdução do ombro com resistên-
cia, adução e abdução horizontal com resistência, empurrar para trás com o braço
flexionado, retração escapular e puxar para baixo com os braços na lateral. Deverá
ser executado em 4 séries de 8 a 12 repetições.
Os exercícios para extensão cervical são semelhantes aos de flexão, porém de-
ve-se observar que todos os exercícios que envolvem a flexão agora devem ser
realizados em extensão.

Procedimentos aquáticos para coluna torácica


Fase 1
Aquecimento: os exercícios deverão ser realizados por 2 minutos, observando
o alinhamento postural. Caminhada para frente, para trás, passada lateral e cami-
nhada puxando com os braços flexionados alternando.
Alongamento: flexão, flexão lateral, rotação e retração do pescoço, alonga-
mento do peitoral, trapézio e elevador da escápula. Manter por 10 segundos por
6 vezes.

capítulo 4 • 95
Fortalecimento: combinação de movimentos de braço, flexão de braço, adu-
ção e abdução horizontal com resistência, contração pélvica e rotação do tronco
com apoio bipodal. Deverá ser executado em 1 série de 8 a 12 repetições.

Fase 2
Aquecimento: os exercícios deverão ser realizados por 2 minutos, observan-
do o alinhamento postural. Caminhada para frente, para trás, passada lateral e
caminhada puxando com os braços flexionados alternando, estilo nado de peito
clássico em pé.
Alongamento: Alongamento lateral e com flexão do pescoço, do trapézio,
peitoral, retração do pescoço e alongamento do elevador da escápula. Manter por
20 segundos por 5 vezes.
Fortalecimento: combinação de movimentos de braço e flexão de braço, con-
tração pélvica na barra, rotação com resistência do tronco, retração escapular, adu-
ção e abdução horizontal com resistência e contração abdominal em pé. Deverá
ser executado em 2 séries de 8 a 12 repetições.

Fase 3
Aquecimento: os exercícios deverão ser realizados por 2 minutos. Caminhada
para frente, para trás, passada lateral e combinação de movimentos de braços.
Alongamento: Alongamento do trapézio, alongamento do elevador da escá-
pula, peitoral, lateral de tronco em pé. Manter por 30 segundos por 5 vezes.
Fortalecimento: rotação do tronco com resistência, adução e abdução hori-
zontal com resistência, retração escapular, contrações abdominais em pé, extensão
das costas com resistência e flexões laterais. Deverá ser executado em 3 séries de 8
a 12 repetições.

Fase 4
Aquecimento: os exercícios deverão ser realizados por 2 minutos. Seguir os
exercícios da fase 3.
Alongamento: os mesmos da fase três, apenas modificando o tempo de ma-
nutenção do exercício. Manter por 45 segundos por 5 vezes.
Fortalecimento: os mesmos da fase três, apenas modificando a quantidade de
séries. Deverá ser executado em 4 séries de 8 a 12 repetições.

capítulo 4 • 96
Procedimentos aquáticos para coluna lombar
Fase 1
Aquecimento: os exercícios deverão ser realizados por 2 minutos, obser-
vando o alinhamento postural. Caminhada para frente, para trás, passada lateral
e bicicleta.
Alongamento: panturrilha, isquiotibiais, alongamento com flexão de quadril
e joelho, piriforme sentado e alongamento lateral em pé. Manter por 10 segundos
por 6 vezes.
Fortalecimento: elevação do joelho ao peito, flexão lateral com halteres, exten-
são das costas com resistência, contração pélvica, rotação do tronco em pé e flexão
e extensão ativas da coluna. Deverá ser executado em 1 série de 8 a 12 repetições.

Fase 2
Aquecimento: os exercícios deverão ser realizados por 2 minutos, observando
o alinhamento postural. Caminhada para frente e para trás, passada lateral, bici-
cleta, flexão e extensão do quadril, abdução e adução do quadril, mobilização ativa
pélvica e contração pélvica.
Alongamento: isquiotibiais, piriforme em pé, adutores e alongamento lateral
em pé. Manter por 20 segundos por 5 vezes.
Fortalecimento: elevação do joelho ao peito, flexão lateral com halteres, ex-
tensão das costas com resistência, rotação do tronco em pé com resistência, con-
trações abdominais em pé e cruzada e flexão e extensão ativas da coluna. Deverá
ser executado em 2 séries de 8 a 12 repetições.

Fase 3
Aquecimento: os exercícios deverão ser realizados por 2 minutos, pode adi-
cionar caneleiras nos pés. Caminhada para frente e para trás, passada lateral, bici-
cleta, flexão e extensão do quadril, abdução e adução do quadril, mobilização ativa
pélvica e contração pélvica.
Alongamento: isquiotibiais, piriforme em pé, adutores e alongamento lateral
em pé. Manter por 30 segundos por 5 vezes.
Fortalecimento: flexão lateral com halteres, contrações abdominais em pé,
rotação do tronco com quadril e joelho flexionados, rotação do tronco em pé com
resistência e exercícios abdominais na barra lateral. Deverá ser executado em 3
séries de 8 a 12 repetições.

capítulo 4 • 97
Fase 4
Aquecimento: os exercícios deverão ser realizados por 2 minutos. Seguir os
exercícios da fase 3.
Alongamento: os mesmos da fase três, apenas modificando o tempo de ma-
nutenção do exercício. Manter por 45 segundos por 5 vezes.
Fortalecimento: Os mesmos da fase três, apenas modificando a quantidade
de séries. Deverá ser executado em 4 séries de 8 a 12 repetições.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. RASCH P; BURLE R. Kinesioloy and applied anatomy. Philadelphia, Lea & Febiger, 1972.
2. CAILLIET, R. Understand your backache. Philadelphia. F.A. Davis, 1984.
3. THOMSON A; SKINNER A; PIERCY J. Tidy´s Physiotherapy.12 ed. Toronto, Butterworth-
heinemann, 1991.
4. LIND B; SIHLBOM H; NORDWALL A; MALCHAU H; “Normal range of motion of the cervical
spine. Phys Med Reabil 70. 1989.
5. ARNHEIN D. Modern principles of athletic training. St. Luis, Times Mirror publishing, 1993.
6. MAGEE, DJ. Avaliação musculoesquelética, 3 ed, Manole. São Paulo, 2002.
7. PITMAN A. Awesome aqua abdominals. Canadian Aquatic Leaders Alliance Conference, Guelph,
Ontario, 1994.

Reabilitação aquática para grupos especiais

Reabilitação aquática para o paciente com disfunções neurológicas

Reabilitar pacientes com lesões cerebrais apresenta muitos desafios comple-


xos aos profissionais da área médica. A necessidade de estratégias de reabilitação
neuromotora tem aumentado constantemente à medida que a tecnologia e trata-
mento médico aperfeiçoados têm permitido que mais pessoas sobrevivam a lesões
cerebrais, tais como traumatismo craniano, acidente vascular cerebral, tumor cere-
bral, e parto prematuro13,14. A reabilitação neuromotora aquática foi descrita como
um recurso útil para os programas tradicionais de reabilitação de lesão cerebral15,16.
O ambiente aquático, se adequadamente usado, é capaz de fornecer um am-
biente estável para a participação ativa do paciente e na melhora da habilidade
funcional17,16. A reabilitação neuromotora aquática é capaz de interferir de forma
positiva nos problemas associados à ataxia como fraqueza de grupos musculares

capítulo 4 • 98
proximais, e acredita-se que pode ser usada como tratamento da própria ataxia17.
Os benefícios comumente descritos da reabilitação aquática para adultos com le-
são cerebral incluem redução do tônus, prevenção de contraturas, assistência ao
equilíbrio estático e dinâmico, fortalecimento mais precoce e mais eficaz, benefí-
cios cardiovasculares, motivação, recreação e socialização18.
A fisiopatologia da lesão cerebral para desenvolver programas eficazes de rea-
bilitação para pacientes inclui déficit do movimento voluntário, alteração do equi-
líbrio e da marcha. Todas as três áreas podem influenciar umas às outras e ter
fatores contributivos semelhantes17. O déficit de movimento voluntário (DMV) é
a incapacidade de efetuar o movimento funcional e está muitas vezes presente após
lesão cerebral23,34. O DMV pode variar de leve a grave e ser o resultado de muitas
causas subjacentes23.
Hipóteses tradicionais a respeito do DMV atribuem uma falta de controle
inibidor pelo SNC a partir de centro supra-espinhais sobre os centros inferiores
como a causa de reflexos de estiramento hiperativos13,14, as causas subjacentes que
são ao mesmo tempo neurais e não neurais22,23, os fatores contributivos para o
DMV de origem central, periférica ou ambos. Pessoas que demonstram o DMV
podem ter diferentes mecanismos contribuindo para o seu movimento24.
O equilíbrio é uma tarefa motora complexa que exige integração de infor-
mação sensitiva, coordenação motora e controle biomecânico25,26,27. O ambiente
aquático gera melhora para o paciente devido a temperatura tépida da água ser con-
siderada eficaz para reduzir hipertonia e melhorar a qualidade de movimento15,32.
A necessidade da água morna para tratar hipertonia pode não ser tão grande
quanto à necessidade de evitar a água fria, porque a água fria agrava os estados
hipertônicos33. Quando os pacientes exibem complacência diminuída no múscu-
lo e em outros tecidos conjuntivos, Watsu é a melhor forma de trabalho corporal
aquático, sendo um alongamento eficaz para o tratamento, e outras atividades
de alongamento podem comprovar-se eficazes porque preparam o paciente para
mover-se mais livremente durante partes mais ativas da sessão de tratamento18.
O ambiente aquático pode ser um dos poucos lugares onde movimentos recí-
procos podem ser efetuados com segurança34. Isso é importante para reabilitar os pa-
cientes com lesão cerebral porque encorajar essas atividades pode diminuir a atrofia
das fibras musculares de contração rápida e possivelmente reverter efeitos descondi-
cionados33,34. Pode ser necessário efetuar atividade rápida e recíproca de uma maneira
ativa-assistida se déficits graves do movimento voluntário estiverem presentes. Além
do padrão e velocidade de movimento, a iniciação e cessação do movimento devem
ser avaliadas e tratadas porque elas se relacionam com movimento funcional35.

capítulo 4 • 99
A tarefa básica do equilíbrio é posicionar o centro da gravidade do corpo so-
bre alguma parte da sua base de apoio, por exemplo, os pés em bipedestação e as
nádegas em sedestação25,26. Quando o centro de gravidade estende-se além da base
de sustentação, a estabilidade é desafiada. Normalmente, os limites de estabilida-
de de um adulto são de 12º em uma direção antero-posterior e de 16º em uma
direção lateral. As pessoas com disfunção do equilíbrio têm limites de estabilidade
muito reduzidos18.
Para haver a melhora do paciente o uso do Watsu ou do método Halliwick
que consiste em um método de natação e terapia, e de outras atividades aquáticas
de alongamento/fortalecimento pode ter uma influência mecânica positiva sobre
os fatores biomecânicos associados ao equilíbrio24,36. O ambiente aquático é par-
ticularmente adequado para essas atividades uma vez que as propriedades físicas
da água permitem fácil manipulação pelos terapeutas e qualidades de resistência
progressiva para pacientes que têm a necessária amplitude de movimento35.

Benefícios da água nas disfunções neurológicas

O suporte de flutuação fornecido pela água permite à pessoa com prejuízos


assumir posturas eretas de uma maneira mais independente, assim os pacientes
podem muitas vezes reaprender mecanismos de sinergia postural que foram inter-
rompidos após a lesão cerebral32. As alterações da marcha descrevem três objetivos
funcionais da deambulação como: mover-se de um lugar para outro, mover-se
com segurança e mover-se eficientemente29. As sequelas de lesão cerebral fre-
quentemente comprometem essas três funções28,29. As três tarefas necessárias para
deambulação segura são: sustentação do corpo para cima, manutenção da postura
ereta e equilíbrio e controle do movimento dos pés a fim de permitir a mobilidade
dos dedos e o contato delicado dos pés30. Os pacientes com lesão cerebral frequen-
temente demonstram velocidade significativa diminuída de marcha, comprimen-
to dos passos e duração do ciclo, em comparação com indivíduos normais29,31.
A fase de apoio da marcha deve prover adequada sustentação para a extre-
midade que sustenta o peso e força apropriada para projetar o corpo para frente
durante o impulso37. A marcha dos pacientes com lesão cerebral é comumente
caracterizada por pouca força extensora do quadril e joelho, força inadequada
flexora plantar de tornozelo e amplitude limitada de movimento de extensão do
quadril36. Os pacientes com lesão cerebral muitas vezes exibem alterações na fase
de oscilação da perna, tais como espaço inadequado para o pé, co-contração exces-
siva da perna em movimento, extensão abrupta do joelho e tornozelo na oscilação

capítulo 4 • 100
avançada e transferência inadequada de peso32. Na fase de oscilação de indivíduos
normais, a extremidade inferior é mobilizada pela flexão ativa do quadril acompa-
nhada por flexão passiva do joelho37.
A reabilitação aquática para a fase de apoio, do padrão da marcha de um pa-
ciente, pode ser melhorada pelo aumento da amplitude de movimento no mem-
bro de apoio, particularmente na extensão do quadril e dorsiflexão do tornozelo38.
Alterações teciduais nos músculos extensores do joelho podem impedir movimen-
to do membro no padrão fisiológico, além disso, a fraqueza dos músculos do tor-
nozelo e amplitude limitada de movimento para pouco espaçamento entre os pés.
Outras formas de DMV podem contribuir para uma fase de oscilação anormal28.
O watsu pode ser eficaz para alongar as regiões mais próximas da pelve e mem-
bros inferiores do paciente. Especificamente, o alongamento da coluna e a mobi-
lização da perna aumentam a extensão do tronco e quadril. Entretanto, o alonga-
mento das partes mais distais do membro inferior exige métodos de alongamento
semelhantes aos usados em terra39. Efetuar esse alongamento é vantajoso porque o
suporte da flutuação possibilita que a atividade seja realizada de uma maneira mais
independente e eficaz, especialmente nos pacientes com dificuldade para ficar em
pé. Watsu também pode influenciar a fase de oscilação da marcha ao melhorar a fun-
cionalidade dos tecidos moles39,40. A redução da rigidez possibilita flexão passiva de
joelho na oscilação inicial, assegurando melhor espaçamento do membro ao solo40.

Tratamento aquático para pacientes neurológicos

O mais importante para o fisioterapeuta que atua na reabilitação do paciente


neurológico é considerar a influência e as dificuldades de mobilidade desses pa-
cientes no ambiente aquático ao elaborar o programa de tratamento. Fatores que
devemos considerar12.
Profundidade da água: para os pacientes que apresentam dificuldade na pos-
tura em bipedestação, os exercícios, na parte mais funda da piscina, podem ser a
melhor escolha. A progressão das atividades deve ser do mais fundo para o mais
raso levando em consideração a sobrecarga corporal.
Movimentos unilaterais e bilaterais: o efeito do arrasto durante o exercício
na água aumenta a força sobre o movimento realizado. Esse esforço adicional
proporciona uma desestabilização do tronco e segmentos corporais adjacentes.
Uma forma de reduzir essa falta de estabilidade é iniciar o exercício com apoio
nas barras laterais, ou seja os exercícios uni ou bilaterais serão de melhor execução
quando realizados em cadeia cinética fechada e sua progressão para os exercícios de

capítulo 4 • 101
cadeia cinética aberta irá solicitar maior força de estabilização por parte do tronco,
abdômen e segmentos proximais.
Estabilização distal: a estabilidade das extremidades distais pode ser estabele-
cida através de um apoio fixo ou móvel (barra ou macarrão). Isso irá proporcionar
uma atividade de execução mais branda quando comparada a uma atividade de
extremidade livre (quando não há contato com qualquer apoio), exemplo. Corrida
na parte funda, nados, movimentos do método Bad Ragaz etc.
Velocidade do movimento: a velocidade do movimento realizado na água é
diretamente proporcional a resistência, ou seja, quanto mais rápido o movimento
é executado mais força deverá ser imprimida. Com isso, movimentos de grande
amplitude são mais difíceis de realizar. Para uma progressão segura e evolução com
menor risco, deve-se iniciar o movimento com pequena amplitude e velocidade
reduzida e aumentar essa relação com a progressão do paciente.

Reabilitação aquática para o paciente com lesão medular

“Das muitas formas de incapacidade que podem acometer a humanidade, uma


lesão ou doença grave da medula indubitavelmente constitui uma das mais devastado-
ras calamidades na vida humana” (Sir Ludwig Guttmann2). Até a segunda guerra
mundial a lesão medular tinha um prognóstico incerto e sem esperança. A expec-
tativa de vida de um lesado medular era de 2 a 3 meses no máximo. Hoje o índice
de mortalidade de um paciente medular não chega a 20% nos primeiros meses
após a lesão e aqueles que sobrevivem tem uma expectativa de vida praticamente
igual as pessoas que não tiveram nenhuma lesão3.
Guttmann afirmou que os exercícios realizados no ambiente aquático re-
presentam um excelente recurso para restabelecer a coordenação motora, força,
velocidade, resistência e principalmente a autoconfiança do lesado medular. A
terapia aquática integra um programa de reabilitação que ainda envolve exercícios
em solo, eletroestimulação, apoio psicológico e terapeuta ocupacional. Para que
possamos proporcionar um tratamento de qualidade e direcionado para as lesões
específicas, vamos elencar a classificação neurológica e funcional da lesão medular,
que compreende o controle motor relacionado com cada segmento vertebral6.
C2-C4: sem movimento ativo nas extremidades superiores, mas algum con-
trole do pescoço. Ocorre paralisia do diafragma, pela inervação do nervo frênico
(C1-C3). As lesões acima de C4 exigem suporte ventilatório.
C5: movimento dos músculos bíceps braquial, romboides e deltoides. Essa
mobilidade auxilia na estabilidade escapular.

capítulo 4 • 102
C6: possui extensão de punhos, pronação de antebraços e protração de om-
bros por ação do serrátil anterior.
C7: pouca ação dos tríceps, peitoral e grande dorsal o que promove uma esta-
bilidade escapular e que permite uma potencial funcional maior.
C8: possui ação íntegra do tríceps, flexor de punhos e músculos extrínsecos
da mão. É observada uma postura da mão em garra pela perda da ação da muscu-
latura intrínseca.
T1-T6: completa ação da mão. Boa condição respiratória pelo controle dos
músculos intercostais.
T6-T12: controle completo de tronco e controle de alguns segmentos abdomi-
nais, reto e oblíquo externo completo e parte dos transversos e oblíquos internos.
L1 – L3: pouco controle dos flexores e adutores do quadril e extensores
dos joelhos.
L4: controle motor dos flexores do quadril, quadríceps, tibiais anterior e pos-
terior. Presença de pé equino.
L5: completa ação dos extensores e abdutores do quadril e pouca ação dos
flexores dos joelhos.
S1-S2: função íntegra dos músculos das extremidades inferiores.

Objetivos terapêuticos do exercício aquático

Os efeitos fisiológicos do corpo imerso, a temperatura, pressão hidrostática,


flutuação e outras propriedades físicas da água proporcionam uma mobilidade
com mais liberdade ao paciente medular quando comparada com os exercícios
em solo. Com isso alguns objetivos motores e funcionais podem ser facilitados no
ambiente aquático.
Espasticidade reduzida: a temperatura tépida combinada com movimentos
lentos, rotações e alongamento suave podem reduzir a espasticidade promovendo
maior relaxamento da musculatura acometida12.
Fortalecimento: o efeito da flutuação pode assistir, apoiar ou resistir ao mo-
vimento realizado. A velocidade aumentada do movimento impulsionada pelos
músculos preservados associada a viscosidade, turbulência auxiliam na estabilida-
de, controle e equilíbrio corporal.
Amplitude de movimento: as restrições das articulações dolorosas dificultam
a funcionalidade do lesado medular. A temperatura pouco mais elevada e mobili-
zações articulares potencializam o relaxamento muscular e o ganho de amplitude
mais precoce e menos doloroso.

capítulo 4 • 103
Redução da dor: o alívio da descarga de peso, a postura facilitada, o relaxa-
mento e a temperatura unidos ao prazer que o ambiente da água proporciona,
auxiliam na redução da dor e sua percepção.
Estado respiratório: o simples fato de o corpo estar imerso na água com a
lâmina de água na altura do processo xifoide ou até o pescoço, proporciona uma
pressão torácica aumentada causada pela pressão hidrostática que vai solicitar mais
esforço e eficiência respiratória melhorando seu condicionamento13,14.
Circulação periférica: a ação da pressão hidrostática no corpo imerso propor-
ciona um desvio do sangue periférico para a região cefálica, aumentando o volume
sanguíneo central. Isso pode auxiliar a reduzir ou prevenir o risco de trombose e
úlceras de pressão16.
Estado Cardiovascular e metabólico: quando o corpo está imerso no meio
líquido, alterações cardiovasculares como aumento do débito cardíaco e do vo-
lume sistólico ocorrem. Alterações metabólicas como exemplo a taxa metabólica
geral também aumenta13,16,17. Além dessas, a carga cardíaca reduz no corpo imerso,
facilitando o trabalho do lesado medular.
Resistência aeróbica: as propriedades físicas com os efeitos fisiológicos alte-
rados na imersão associados ao treinamento de resistência e fortalecimento mus-
cular, aumentam a capacidade aeróbica, eficiência mecânica e o poder de reali-
zar trabalho20.
Funcionalidade: o exercício em meio aquático para pessoas com lesão me-
dular é um ótimo recurso para restabelecer o equilíbrio, coordenação motora e a
capacidade funcional de maneira significativa. Atividades livres no paciente me-
dular permite através da estabilidade, garantida pela pressão hidrostática e força de
flutuação, maior tempo de reação a queda e perda de equilíbrio.
Benefícios psicológicos: alterações psicológicas como irritabilidade, queda
da autoestima, depressão, sensação de incapacidade para a vida, são sinais comuns
no paciente lesado medular. Assim o esporte e o exercício regular resgatam através
de estímulos sensitivos e motores a qualidade de vida desses pacientes, melhoran-
do seu estado de humor, tensão, vigor e confusão mental2.

Contraindicações e precauções

1. Febre;
2. Doenças infecciosas;
3. Erupções cutâneas;

capítulo 4 • 104
4. Pressão arterial não controlada;
5. Capacidade vital menor que 1l;
6. Convulsão recente ou não controlada;
7. Incontinência intestinal ou urinária;
8. Menstruação sem proteção.

Exercícios aquáticos terapêuticos para o lesado medular

Todos os exercícios para o paciente medular devem ser avaliados cuidadosa-


mente pelo fisioterapeuta, sempre respeitando o princípio da individualidade, o
nível de lesão e o grau de comprometimento sensitivo e motor. Buscar as adap-
tações necessárias para cada paciente e criar movimentos específicos é o grande
diferencial do profissional.
Atividades em sedestação: as atividades em posição sentada estimulam os
eretores da coluna vertebral e podem ser associadas a outros exercícios como: as-
soprar a água com o rosto na água, ou uma bola de plástico, lançar uma bola com
elevação dos braços, manter-se na posição com turbulência da água, empurra e
puxa um bastão apoiado na superfície. Todos com o objetivo de proporcionar
controle de tronco, equilíbrio, controle da respiração, coordenação e força.
Atividades em posição ajoelhada: os pacientes com lesões incompletas ou
paraplegia baixa estão habilitados para exercícios nessa posição. Movimentos ati-
vos bilaterais, unilaterais e alternados dos MMSS, exercícios de empurra e puxa,
rotação com o bastão, jogo com bola, agachar e levantar, transferência de peso e
deslocamento de joelhos podem ser realizados nessa postura. Os exercícios tem
o objetivo de controle de tronco, fortalecimento muscular de MMSS e MMII,
propriocepção, ajuste postural, equilíbrio e mobilidade corporal.
Flutuação em supino: a depender da capacidade de flutuação do paciente,
pode ser necessário o uso de flutuadores de apoio para o corpo, ou um suporte do
fisioterapeuta, ou ainda uma ação combinada de flutuadores e suporte manual.
Exercícios nessa postura podem auxiliar a reduzir a espasticidade e relaxar a mus-
culatura rígida. Paciente em flutuação com suporte manual, o fisioterapeuta desli-
za com o paciente pela água, mobiliza tronco, oscilação lateral do corpo, trabalho
combinado com outro fisioterapeuta com flexão de joelhos, rotação de quadril.
Todos os movimentos podem ser passivos, ativos, ativo assistido e resistido a de-
pender da condição e evolução do paciente.
Flutuação em prono: essa postura torna-se muito complexa para os pacientes
com lesões altas, pois exige hiperextensão cervical e ainda contra-indicada para

capítulo 4 • 105
lesões instáveis e uso de colar cervical. Antes de realizar a flutuação livre em prono,
deve-se numa fase inicial sustentar o paciente com apoio na barra, evoluir para
apoio em macarrão ou prancha e suporte manual do fisioterapeuta nos MMII.
Todos os movimentos envolvidos nessas posturas com suporte ou não tem o ob-
jetivo de fortalecer os extensores do tronco, abdominais, flexores de quadril e joe-
lhos e ainda melhorar a condição respiratória com contato da cabeça, boca e nariz
com a água no momento da expiração.
Atividades em pé: pacientes com lesões incompletas estão aptos a executar
exercícios nesta postura que envolve transferência de peso, apoio bipodal, unipo-
dal, marcha, exercícios em barras paralelas, com suporte manual, suporte móvel
como macarrão, exercícios de agachamento, subir e descer um degrau e movimen-
tos de MMSS em posição de bipedestação. Todos esses exercícios tem o objetivo
de restabelecer o equilíbrio, a coordenação, força, resistência muscular, proprio-
cepção, funcionalidade e controle de tronco.

A reabilitação aquática para o paciente pediátrico

A atividade aquática é geralmente realizada por duas razões nesse grupo: para
os exercícios ou natação. Com isso a utilização de exercícios isoladamente pode
mostrar-se entediante às crianças, menos produtiva quanto aos esforços e menos
efetiva quanto aos resultados. Dessa forma jogos e atividades que são divertidos e
prendem o interesse das crianças possuem maior probabilidade de desenvolver as
habilidades necessárias para a possível reabilitação1.
Atividades em meio líquido tem sido bem aproveitada em forma de recreação
pelas crianças há muitos anos, e a população infantil com necessidades especiais
não constitui exceção. De fato, a água é usada tanto na recreação quanto como
uma terapia com as crianças, com resultados surpreendentes. Os melhores resul-
tados ocorrem quando ambas as áreas fundem-se em uma abordagem única no
trabalho com crianças de todas as idades3,65.
A água é utilizada para trabalhar vários problemas patológicos específicos em
crianças, a utilização de programas aquáticos é obtida como fator de reabilitação
nesses indivíduos através de vários exercícios como:
Amplitude de movimento: a depender da condição patológica a amplitude de
movimento pode aparecer com hiper ou hipomobilidade. Os exercícios para resta-
belecer essas condições incluem saltos com a criança no colo, empurrar os pés na
parede, movimentos de bicicleta no colo do fisioterapeuta para a hipermobilidade.

capítulo 4 • 106
Alongamentos, movimentos de batimentos de perna e braços para as condições
de hipomobilidade.
Exercícios de respiração: os exercícios de soprar bolhas na água, a pressão
hidrostática no tronco, soprar bola de plástico com ou sem canudo e falar embaixo
d’água são atividades que auxiliam a restabelecer o controle respiratório e condi-
cionar o sistema promovendo melhor resistência aeróbica.
Flutuação e recuperação na posição supino: a flutuação em supino deve ser
estimulada para a criança controlar o corpo sem suporte de flutuadores inicialmente
para que a criança perceba seu corpo na água. Posturas em flexão podem ser reduzi-
das nessa posição e favorecer a marcha em solo. A recuperação na posição supino é o
retorno para a posição de pé que proporciona mais segurança para a criança.
Flutuação e recuperação na posição prono: quando a criança estiver pronta e
segura no controle da respiração pode ser iniciada nessa posição. Pode ser fornecido
suporte manual, com aparelhos móveis ou ainda na barra. Essa postura estimula a
extensão do quadril, fortalecimento do tronco e controle e extensão do pescoço. A
recuperação em prono deve ser ensinada antes da flutuação, pois a insegurança da
criança na posição de prono pode ser um fator complicador dessa postura.
Rolamento: o rolamento do corpo é utilizado para a criança tirar o rosto da
água quando estiver em posição prono e não conseguir realizar a extensão cervical.
Quando ocorre a rotação cervical o corpo acompanha o movimento. Esse movi-
mento tem o objetivo de reduzir a rigidez e melhorar o controle no tronco.
Mudanças de direção: a mudança de direção é importante para estimular a
consciência corporal, movimentos unilaterais e independentes durante um deslo-
camento na água.
Técnicas de bad ragaz, watsu e halliwick “adaptadas” para diminuir a dor, au-
mentar a amplitude e progredir para exercícios de fortalecimento com suporte da
flutuação para os quadris, podem ser utilizadas em crianças hipertônicas, hipera-
tivas e sem controle do corpo.

A reabilitação aquática para a paciente obstétrica e ginecológica

Para a execução de exercícios em meio liquido deve se atentar para a tempe-


ratura da água, onde pode levar a diversas alterações fisiológicas corporais. Para a
paciente grávida a temperatura abaixo de 25 ºC pode ser desconfortável, já tempe-
ratura acima de 34 ºC podem causar fadiga excessiva e náuseas. Dessa forma para
as sessões com exercícios de movimentos mais constantes a temperatura ideal da
água para a paciente gestante é de 26º C a 30 ºC3.

capítulo 4 • 107
Um dos principais fatores que afetam as mulheres na gestação é a lombalgia,
causando desconfortos que prejudicam a qualidade de vida da maioria das mu-
lheres neste período1. Assim o exercício aquático é tido como a atividade ideal
para a gestante, pois os benefícios da atividade física em imersão possibilitam a
prevenção e melhora dos desconfortos músculo-esquelético10. As propriedades fí-
sicas da água promovem o relaxamento muscular geral, reduz a sensibilidade à dor,
reduzem espasmos musculares, melhora a eficiência cardíaca e pulmonar, melhora
a força e a elasticidade muscular e mantém o peso e a composição corpórea em
níveis adequados no período gestacional71.
A aplicação de exercícios aquáticos terapêuticos para a paciente pré-parto e
pós-parto pode ser efetuada em várias posições, dependendo dos objetivos do in-
divíduo e do tratamento, de precauções médicas, da fase da gravidez e da resposta
psicológica da paciente ao ambiente. Dessa forma com o problema identificado e
uma compreensão completa dos efeitos hidrodinâmicos sobre as mulheres grávi-
das, o avaliador pode obter qual o melhor programa de tratamento a ser utiliza-
do32. Conforme Ruoti, Morris e Cole3 alguns exercícios são propostos dentro de
um programa de reabilitação aquática para gestantes como: em posição suspensa,
onde o paciente fica sustentando o peso em uma orientação vertical com a cabeça
fora da água; contração abdominal em posição sentada que usa a propriedade
assistiva da flutuação, com flutuadores em torno dos braços e uma boia em cada
mão, a paciente flexiona os joelhos e quadril para 90º para possibilitar equilíbrio
adequado; exercício para o assoalho pélvico na mesma posição inicial utilizada
no exercício precedente, a paciente abduz e roda externamente as extremidades
inferiores juntando os calcanhares3.
Dentro desse contexto de elaboração de um programa de exercícios aquáticos
para gestantes é importante a inserção de alguns exercícios específicos para obter
benefícios durante a gestação, o que afirma Campion32 como:
• Elevar e abaixar os calcanhares até o solo;
• Alongamento de adutores;
• Alongamento em cross-country suspenso;
• Alongamento de flexores laterais do tronco;
• Alongamento de panturrilha;
• Agachamento resistivo;
• Adução e abdução de ombro;
• Balanço pélvico em pé;
• Contração abdominal protetora;

capítulo 4 • 108
• Fazer ponte;
• Fortalecimento e estabilização da cintura escapular;
• Flexionar os joelhos em cadeia cinética fechada em pé;
• Abdominal na barra com pouca elevação das pernas (observar a idade
gestacional);
• Tríplice flexão de membros inferiores (leg press) alternada;
• Tríplice flexão de membros inferiores com abdução em Rã bilateral;
• Fixação de tórax (chest press) de frente e de costas com abdução e adução
horizontal de braços;
• Fixação do tórax (press back) de cotovelos dobrados com flexão e extensão
de ombros;
• Retração escapular.

Reabilitação aquática para o paciente com doença reumática

As doenças de origem reumática acometem todas as idades de todas as classes


sociais. São caracterizadas por dor nas articulações afetadas ao redor delas, tensão
e espasmo muscular, redução da amplitude do movimento, aumento da rigidez
articular, fraqueza muscular, deformidades em alguns casos e habilidade funcional
diminuída. A fisioterapia aquática se tornou um ótimo recurso para as desordens
reumáticas principalmente por suas propriedades físicas como temperatura mais
elevada que relaxa a musculatura diminuindo o espasmo e a dor e a flutuação que
reduz a carga articular.
As rotinas terapêuticas aquáticas podem incluir: exercícios para MMSS,
MMII e tronco para fortalecimento e ganho de amplitude, alongamento para
aumentar a flexibilidade, deambulação para reeducação da marcha, propriocepção
e sustentação de peso, terapia manual subaquática (pompage, micro mobilização)
para redução da dor, coordenação motora, equilíbrio e atividades que mimetizam
os gestos esportivos1.
Atividades aeróbicas regulares tem se mostrado um bom recurso para redu-
zir as dores e proporcionar melhor qualidade de vida aos pacientes com doenças
reumáticas, sempre respeitando seus limiares de esforço e dor. Essas atividades
induzem a liberação de neurotransmissores como endorfina que inibem a sensação
dolorosa. Exercícios em grupo também são importantes pelo estímulo coletivo,
apoio psicológico e social.

capítulo 4 • 109
Benefícios da reabilitação aquática específica

As doenças reumáticas possuem tendências de recidiva e inflamações crôni-


cas3. A harmonia apropriada entre as atividades, o repouso e a alimentação são
fundamentais para manter a homeostase fisiológica e reduzir os sintomas da doen-
ça. A falta de regularidade nos exercícios, repouso inadequado, ganho de peso
e sedentarismo, podem levar a rigidez articular e fraqueza muscular, o que faz
aumentar o quadro álgico3,4.
Dor e rigidez: esses sintomas, em geral, são reduzidos em ambiente aquático
pela temperatura tépida da água, relaxamento da musculatura e alívio de carga
articular, além da condição lúdica que a água fornece desviando o foco da dor.
Fraqueza muscular: a água fornece de forma branda uma resistência ao mo-
vimento, tornando mais fácil e menos dolorosa sua execução, suas propriedades
como flutuação permitem uma amplitude completa do movimento e variação da
velocidade do exercício. Essas vantagens auxiliam o ganho de resistência e força
muscular com risco de lesão e dor muito diminuído.
Compensações posturais: o fluxo turbulento, gerado pela água em movi-
mento e deslocamento do corpo em velocidades variadas, exige maior estabiliza-
ção do corpo e maior ativação dos músculos do tronco e abdominais. A orientação
de contração dos músculos abdominais durante a marcha potencializa o controle
postural.
Resistência cardiovascular e fadiga: essas alterações fisiológicas são causadas
principalmente pelo sedentarismo ou falta de regularidade de exercícios, a falta
de motivação também pode diminuir o interesse pelo exercício. As atividades em
água por serem motivantes e lúdicas resgatam o estímulo pelo exercício. A possi-
bilidade de realizar exercícios com maior velocidade e esforço sem dano articular,
com baixa frequência cardíaca associado as propriedades físicas da água propor-
cionam ganho mais rápido de resistência cardiovascular, maior tolerância as ativi-
dades da vida diária e risco de estresse cardíaco reduzido.
Complicações articulares; as articulações são as estruturas anatômicas mais
acometidas nas doenças reumáticas. Essas disfunções articulares principalmente
nas articulações de carga (MMII) desencadeiam alterações ascendentes do tronco,
alterando a postura, e das extremidades superiores. Esse conjunto de disfunções
acarretam em fraqueza muscular, deformidades articulares, alteração da mar-
cha, postura e amplitude do movimento. Processos inflamatórios ocorrem com

capítulo 4 • 110
frequência. Todos esses sintomas podem ser combatidos na água pelos efeitos da
imersão do corpo e propriedades físicas, que vão aumentar a capacidades do pa-
ciente de realizar exercícios com maior intensidade e menor risco de dor e com-
pressão articular.

Exercícios aquáticos para reumáticos

Atividades passivas: nos casos que os movimentos ativos não são realizados,
os passivos podem ser realizados para evitar rigidez articular. A temperatura e os
efeitos das propriedades físicas da água auxiliam no ganho de amplitude com
menos dor.
Atividades ativo-assistidas, ativas e resistidas: a resistência da água somada
aos movimentos de grande amplitude potencializam o esforço muscular durante
o movimento. O que vai variar o objetivo serão a velocidade e a direção do mo-
vimento. A resistência ao movimento ainda pode acrescida de aparelhos como
halteres, tornozeleiras ou hidrotone.
Exercícios isométricos e isotônicos: exercícios de estabilização ou com im-
possibilidade de movimento articular pode ser beneficiado da contração isomé-
trica. Em geral na fase inicial do tratamento pode ser utilizado para otimizar de
forma precoce o fortalecimento muscular. Já os exercícios isotônicos são utilizados
com maior ênfase nas fases intermediária e avançada. Diferentes graus de amplitu-
de, velocidade e direção do movimento vão determinar o grau de esforço muscular
durante o movimento de acordo com a progressão do paciente.
Controle postural: as variações de exercícios, equilíbrio, coordenação motora
e ganho de amplitude de movimento devem ser precedidas de um bom controle
postural com exercícios de estabilização de tronco sem dor e sem compensações.
Exercícios em cadeia cinética fechada e aberta: as atividades sem susten-
tação de peso podem ser muito utilizadas nas fases iniciais do tratamento para
evitar a descarga de peso articular. É um ótimo recurso para ganho de amplitude,
resistência e força. Auxiliam na funcionalidade, mobilidade articular e nutrição
capsular. Os exercícios de cadeia fechada proporcionam sustentação de peso, pro-
priocepção e controle de movimento. Podem ser realizados com apoios estáticos
(barra e step) ou dinâmicos (prancha, macarrão e halteres) potencializando a esta-
bilização articular e muscular com co-contrações.

capítulo 4 • 111
Reabilitação aquática para o atleta

O treinamento em meio líquido tornou-se um componente regular de muitas


sessões práticas de equipes atléticas, e muitos atletas exercitam-se rotineiramente
na piscina enquanto se recuperam de uma lesão18. Uma ampla variedade de pessoas
pode beneficiar-se com fisioterapia aquática para lesões musculoesqueléticas43.
Qualquer indivíduo com limitações ou restrições de sustentação de peso pode
usar progressivamente desde a imersão até as pequenas profundidades para avan-
çar na sustentação de peso42,43. Exercício resistido progressivo pode ser efetuado
por toda a amplitude de movimento (ADM) disponível na extremidade inferior
ao usar a turbulência fornecida pela água44.
Os padrões de movimento que normalmente encontram a resistência da gra-
vidade são auxiliados pela flutuação quando em bipedestação na piscina43,44. Essa
propriedade pode fornecer auxílio em movimentos normalmente dolorosos, faci-
litando, desse modo a mobilidade45.
Exercícios auxiliados pela flutuação podem ser efetuados para auxiliar a ADM
das articulações do ombro, quadril e joelho46,47. A piscina fornece um meio no
qual o atleta com lesões das extremidades pode efetuar padrões de movimento re-
petitivos contínuos e em uma variedade de direções. Esses movimentos podem au-
mentar a mobilidade, a nutrição articular, o controle muscular e a resistência41,42.
Atividades que utilizam a amplitude de movimento são bastante adequadas ao
meio aquático44. A combinação de descarga esquelética induzida pela flutuação e
relaxamento muscular é capaz de aumentar a ADM e a mobilidade43,44. Os atletas
devem evitar forçar seus exercícios até a sensação dolorosa quando realizarem exer-
cícios de ADM na água e não devem sentir-se doloridos após a sessão de terapia
aquática48. Ao utilizar a água como um recurso para trabalhar a ADM, o terapeuta
deve considerar vários fatores como: a força de flutuação e o seu efeito sobre o
movimento desejado, a posição da extremidade e a ADM da articulação, a direção
do movimento desejado e o uso de qualquer aparelho de flutuação47,48,49. Assim
a flutuação é a ferramenta mais valiosa no projeto da atividade de mobilidade. A
força de flutuação pode ser usada diferentemente em várias fases da reabilitação50.
Os exercícios de ADM em fase inicial são efetuados utilizando a flutuação na
facilitação do movimento, semelhante às atividades assistidas pela gravidade em
terra. Os exercícios de ADM assistidos pela flutuação são realizados em um plano
que dirige a força de flutuação para cima51,52.
Os princípios de treinamento de força usados em atividades de solo também
são usados na realização de exercícios de fortalecimento na água52,53. Enquanto

capítulo 4 • 112
a resistência em terra é fornecida pelo peso e a gravidade, a resistência na água é
fornecida pela turbulência e flutuação e é influenciada pela área de superfície, pela
velocidade de movimento e pelo arrasto53.
Os princípios de treinamento e as progressões são os mesmos usados em solo.
Exercícios de calistenia, de fortalecimento com FNP (facilitação neuro-proprio-
ceptivo) e de controle motor, atividades de cadeia cinética aberta e fechada, treina-
mento da marcha e atividades funcionais são todos facilmente adaptados à água.
Se a sustentação reduzida de peso é um fato a ser considerado, exercícios de forta-
lecimento podem ser efetuados em água funda ou em água rasa com um colete de
flutuação54,55. Exercícios que reproduzem os gestos esportivos também devem ser
implementados nas fases avançadas do tratamento para proporcionar mais segu-
rança, propriocepção e estabilidade para os atletas.
O atleta com cirurgia ou lesão recente pode, com segurança, executar exercí-
cios de treinamento de marcha em água até o tórax durante a fase inicial de rea-
bilitação53. O atleta atinge vários objetivos com esse exercício simples, incluindo
sustentação de peso sobre o membro afetado, treinamento funcional e de força
para a cintura pélvica e os membros inferiores e nutrição da cartilagem articular55.
Os exercícios de fortalecimento na água progridem de variadas maneiras, in-
cluindo o aumento das repetições ou séries, acréscimo de equipamento, aumento
da velocidade do exercício, mudança na posição do paciente ou mudança na pro-
fundidade de imersão do corpo56. A flutuação e a área de superfície podem, ambas,
ser usadas como ferramentas para alcançar os objetivos de força57. Exercícios assis-
tidos por flutuação são usados quando o paciente é incapaz de gerar torque contra
a força de empuxo58. A incapacidade de produzir torque pode resultar de diversos
fatores, incluindo dor, problemas musculares, lesão neurológica, compressão de
tecido inerte ou fatores psicológicos58,59.
A resistência muscular é trabalhada eficazmente em exercícios em imersão
tais como trotar, bater os pés verticalmente na posição de esqui cross-country, é
o movimento de esqui sem deslocamento do corpo da água60. Os exercícios de
fortalecimento para a extremidade superior incluem ações musculares isoladas
específicas para padrões funcionais de movimento59. Padrões normais de movi-
mento da cintura escapular e dos membros superiores podem ser introduzidos
precocemente no processo de reabilitação em virtude da sustentação da água61,62.
Além disso, o fortalecimento da extremidade superior pode ser encorajado du-
rante atividades de marcha tais como andar para frente, para trás e lateralmente,
com indicação por parte do terapeuta do componente apropriado da extremidade
superior a ser trabalhado63.

capítulo 4 • 113
A adição de equipamento aumenta a área de superfície e a turbulência, tor-
nando mais difícil o exercício55. O uso incorreto e sem orientação adequada do
equipamento também pode alterar a qualidade e o padrão de movimento. O for-
talecimento da extremidade inferior na piscina pode começar precocemente no
processo de reabilitação, aproveitando ao mesmo tempo o ambiente de gravidade
reduzida e a ADM. Como em qualquer programa de fortalecimento, um aqueci-
mento deve preceder qualquer atividade vigorosa59,60.
Atividades de aquecimento na piscina tais como marcha para frente, para trás
e lateral facilmente progridem para atividades de fortalecimento e resistência para
o tronco e extremidade inferiores, pelo aumento da velocidade de movimento ou
adição de resistência com equipamento64.

Reabilitação aquática para o paciente com doença cardiovascular

No início dos anos 1900, a reabilitação cardíaca era condicionada a exercícios


passivos que reduziam a carga de trabalho sobre o músculo cardíaco. Na década de
40 os exercícios em postura sentada foram introduzidos com intuito de aumentar
o débito cardíaco para os MMII e reduzir a pré-carga cardíaca3. Em 1968 um
grupo de estudantes universitários sadios foram submetidos à um estudo de des-
condicionamento fisiológico com repouso forçado no leito. Os resultados foram:
redução de 25% da capacidade de trabalho, queda de 750 ml no volume sanguí-
neo, hipotensão ortostática, diminuição da massa muscular, taquicardia reflexa e
viscosidade sanguínea aumentada3.
A cardiopatia é a principal causa de morte nos países industrializados. As
doenças cardiovasculares são responsáveis por mais de um milhão de mortes nos
EUA a cada ano e um em quatro americanos terá alguma forma de doença cardio-
vascular no transcorrer de suas vidas. Podemos dividir em três categorias diferentes
de cardiopatia que resultam em incapacidade funcional; Doenças que afetam o
músculo cardíaco, doenças que afetam as válvulas cardíacas e doenças que afetam
o sistema neural do coração. Incontestavelmente, as doenças do miocárdio são as
mais prevalentes, particularmente com a idade avançada48.
Os efeitos fisiológicos proporcionados pela água são amplos e envolvem res-
postas cardíacas, respiratórias, renais e musculoesqueléticas: Resposta cardíaca:
Durante a imersão, a água exerce pressão sobre o corpo. Um efeito importante
desse aumento de pressão acontece no sistema de retorno venoso, que é sensível a
diferenças de pressão externa. Proporciona bom deslocamento do sangue para os
vasos da cavidade abdominal e para o coração17,20. O fluxo sanguíneo no pulmão

capítulo 4 • 114
também aumenta, devido ao aumento da pressão sanguínea. Ocorre também um
aumento no consumo energético, pois o coração deve aumentar a força de contra-
ção e aumentar o débito cardíaco, em resposta ao aumento de volume de sangue12.
Os pacientes cardíacos indicados para um programa de fisioterapia aquática
são classificados em dois grandes grupos: não cirúrgicos: pós infarto do miocárdio,
angina estabilizada, sobreviventes de “morte súbita”, doença vascular periférica,
insuficiência cardíaca congestiva e miocardiopatias. Cirúrgicos: pontes coronaria-
nas, ablação de placas de ateroma, transplante cardíaco, implantação de marcapas-
so, implante de desfibrilador automático e cirurgia de válvulas cardíacas3.

Exercícios aquáticos para pacientes cardíacos

Para a admissão de um paciente cardíaco num programa de reabilitação aquá-


tica devemos considerar alguns itens.
Antes de entrar no programa:
1. Admitir somente após 4 semanas do ocorrido evento cardíaco;
2. Conhecer os parâmetros cardíacos fisiológicos estabilizados de solo
com monitoramento do ECG;
3. Estabelecer confiança e bom relacionamento entre paciente e equipe;
4. Admitir após treinamento confortável a 5 MET´s de esforço;
5. As frequências cardíacas alvo devem ser de 10 a 20 bpm mais baixas que

Após entrar no programa:


1. Monitoramento constante da FC e PA;
2. O paciente deve relatar sobre qualquer sintoma durante a sessão;
3. Manter a piscina entre 30 e 32º C;
4. Os exercícios devem ser graduais, iniciando com caminhadas aumen-
tando o tempo e velocidade progressivamente de forma lenta.
5. Verificar a FC periodicamente a cada 10 min;
6. Incluir atividades lúdicas em grupo para socialização;
7. Verificar a PA antes e depois da sessão fora da piscina;
Contraindicações

1. Angina instável, insuficiência ventricular esquerda, insuficiência cardía-


ca congestiva;
2. Ectopia de alto grau não corrigida por medicamento ou ablação;
3. Problemas importantes de válvulas aórtica ou mitral;
4. Miocardiopatia.

capítulo 4 • 115
Antes de introduzir qualquer programa de reabilitação aquática, alguns proce-
dimentos de segurança e emergência devem ser tomados para garantir a tranqui-
lidade da equipe de atendimento e principalmente dos pacientes. Um local próxi-
mo a piscina equipado com aparelhos de emergência (desfibrilador), medicações
de suporte avançado de vida, telefones de contato com equipes especializadas de
resgate e fácil acesso a saída. Com as devidas precauções, a reabilitação cardíaca no
ambiente aquático pode ser segura e com ótimos resultados, proporcionando uma
vida mais saudável e com risco muito reduzido1.

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capítulo 4 • 120
5
Filosofias de
reabilitação
aquática
Filosofias de reabilitação aquática

OBJETIVOS
• Compreender os princípios, vantagens e desvantagens e manobras básicas dos métodos
de reabilitação aquática:
• Halliwick;
• Bad Ragaz;
• Watsu.

Método Bad Ragaz

Devido ao crescente interesse em 1840, as águas termais foram canalizadas


vale abaixo, para Bad Ragaz foi o início de seu desenvolvimento como um com-
plexo de saúde. A instalação e águas termais de Bad Ragaz somente serviam para
imersão passiva. Os pacientes banhavam-se por horas, para aliviar suas enfermi-
dades. Na primeira parte do século XX, os conhecimentos sobre os benefícios
médicos dos movimentos começaram desenvolver. Os terapeutas amarravam seus
pacientes em pranchas, oferecendo resistência aos seus movimentos. Então em
1930, terapeutas começaram a tratar ativamente de pacientes com paralisia e limi-
tações de movimento nas articulações1.
A partir daí o conceito do método se refinou em uma coleção de técnicas hi-
drocinesioterapêuticas desenvolvidas para aplicação em água quente, com objetivo
de promover a reeducação, o fortalecimento, o alongamento, o relaxamento mus-
cular e a inibição do tônus. As propriedades físicas da água como flutuação, tur-
bulência, pressão hidrostática, tensão superficial e capacidade térmica, são usadas
para facilitar a recuperação cinético-funcional em um programa de relaxamento
muscular, estabilização e exercícios resistidos progressivos4.
A contribuição do Dr. Knupfer em 1957 lapidou ainda mais o método através
de avanços técnicos como: posição horizontal do paciente, suporte com flutuado-
res, desenvolveu planos de movimento envolvendo várias articulações, introduziu
conceitos da neurofisiologia, o fisioterapeuta como ponto fixo, estabilizador do
movimento, as reações de estabilização adaptadas à tarefa, observaram-se sinergias

capítulo 5 • 122
nos padrões de movimentos, trabalho isotônico resistido dos grupos musculares
agonistas e antagonistas, a oportunidade clínica do uso do exercício em cadeia
cinética fechada com segurança3. Knupfer ainda introduziu algumas propriedades
físicas da água como flutuação, turbulência, tensão superficial, e temperatura a
33,3 oC para reduzir a dor, melhorar a complacência de tecidos moles, reduzir
espasmos musculares e promover relaxamento, tornando um diferencial entre o
exercício na água e no solo2.
Com o crescimento e aceitação da facilitação neuromuscular proprioceptiva
(FNP) o Dr. Zinn e equipe refinaram e modificaram os exercícios de Knupfer.
Em 1967 os fisioterapeutas Bridget Davis e Verena Laggatt incorporaram os pa-
drões da FNP de Margareth Knott, no que resultou no método dos anéis de Bad
Ragaz (MABR)4.
Comparação do MABR X FNP
• O MABR incorporou premissas básicas da FNP, porém modificou-as para
a água;
• Corpo estabilizado pelo fisioterapeuta e não pela gravidade;
• Na MBR corpo sustentado por flutuadores; na FNP pela maca;
• Movimentos do paciente ou de água alteram o metacentro;
• No MABR as mãos do fisioterapeuta são o único ponto fixo;
• Na MABR a resistência é manual + água; No FNP é manual;
• A restrição clínica da MABR com a FNP é que embora a amplitude to-
tal de movimento possa ser alcançada, o alongamento rápido (passivo) não pode
ser executado.

Objetivos do Tratamento

O método é versátil adaptando-se aos pacientes neurológicos ortopédicos e


reumatológicos e incluem:
1. Redução do tônus;
2. Relaxamento;
3. Aumento da amplitude do movimento;
4. Reeducação muscular;
5. Fortalecimento;
6. Tração e alongamento de coluna;
7. Melhoria do alinhamento e estabilidade do tronco;
8. Preparação dos MMII para sustentação do peso;

capítulo 5 • 123
9. Restauração de padrões normais de movimento das extremidades infe-
riores e superiores;
10. Melhoria da resistência geral;
11. Treinamento da capacidade funcional global.

Técnicas

Margaret Campion5 descreve 3 modos de atuação do terapeuta em relação ao


paciente no que diz respeito a estabilidade do paciente e flexibilidade do terapeuta
na aplicação.

Isotonicamente

Neste exercício, a resistência é graduada e controlada pelo fisioterapeuta, o


qual age como um estabilizador movendo-se a partir do movimento do paciente
na água. O fisioterapeuta pode aumentar ou diminuir a resistência, movimentan-
do o paciente na mesma direção (assistido), ou em direção oposta ao movimento
(resistido).

Isocineticamente

Neste exercício, a resistência é graduada e controlada pelo paciente, o fisiotera-


peuta atua como um fixador enquanto o paciente se movimenta. O fisioterapeuta
fixa parte do corpo, enquanto o paciente determina a quantidade de resistência
proporcionalmente à velocidade do movimento.

Isometricamente

O exercício isométrico na água é realizado quando o paciente mantém deter-


minada posição, enquanto é movido na água. A posição do paciente é fixa, sendo
que a água provê a resistência para a contração sustentada do paciente.
O fisioterapeuta ainda pode mover o paciente na água de forma passiva de
um lado para outro provocando um alongamento passivo de tronco. Os objetivos
desses exercícios são o relaxamento, a mobilização, a inibição do tônus muscular e
o alongamento de tronco e coluna.

capítulo 5 • 124
Posicionamento

O paciente utiliza colar cervical e cinturão pélvico ao nível L1-S2, podendo-


se utilizar “caneleiras”. O fisioterapeuta atua em pé na proporção de 1/1, o nível
da água não deve ser superior a T8-T10 ou axilar, o uso de calçado pode ser uma
opção de melhor estabilização do fisioterapeuta, posicionamento de andar parado
em pé (figura 5.1).

Figura 5.1 – Posicionamento do terapeuta de “andar parado em pé”.

Diretrizes do Tratamento

Os atendimentos inicialmente são recomendados de 5 a 15 min evitando a


fadiga, evoluindo até 30 min. Técnicas de exercícios passivos podem reduzir a
hipertonia e recomenda-se selecionar grupos p/ evitar aumento da espasticidade.

Progressão do Exercício

Quando o corpo é movido ou move-se através de água, a resistência encontra-


da é a somatória da pressão negativa de trás do objeto, juntamente com as forças
de atrito na frente do objeto. O aumento da velocidade do movimento aumenta
fluxo turbulento que aumenta resistência, que pode ser potencializada por:
1. Adição de anéis flutuadores ou palmares;
2. Aumento da amplitude de movimento (partir da posição totalmen-
te flexionado);

capítulo 5 • 125
3. Alteração do braço de alavanca;
4. Mudança da resistência de proximal para distal;
5. Aumento da velocidade do movimento;
6. Alteração da direção de movimento;
7. Uso de inversões rápidas e padrões recíprocos para aumento do ar-
rasto global;
8. Aumento do suporte de flutuação.

Indicações

• Disfunções traumato-ortopédicos em que o paciente apresenta déficit ciné-


tico-funcional envolvendo amplitude, força e dor;
• Doenças reumáticas (fibromialgias, artroses e artrites);
• Qualquer condição que envolva déficit de musculatura de tronco ou cinturas;
• Associar ao Bad Ragaz técnicas funcionais na água e em terra;
• Transtornos neurológicos, incluindo AVC, TRM, Parkinson, paraplegia.

Contra-indicações

• Dor, quadros agudos e instabilidade articular;


• Posicionar-se adequadamente, utilizar mecânica correta;
• Evitar fadiga excessiva;
• Utilizar cuidadosamente as técnicas com pacientes espásticos;
• Monitorar o estímulo excessivo do aparelho vestibular.

Padrões de exercícios

Flexão lateral isométrica de tronco com tronco neutro

Posição: terapeuta de pé, entre os MMII do paciente. Paciente em supino,


com flutuador cervical e pélvico, braços ao lado do tronco (figura 5.2).
Contato: lateral na pelve do paciente.
Ação: mover o paciente de um lado para o outro. A resistência aumenta com o
aumento da velocidade do movimento. Mudanças curtas e rápidas de direção são
mais difíceis e tendem a facilitar a co-contração.

capítulo 5 • 126
Comando: “mantenha o alinhamento”, “mantenha esta posição enquanto eu
te movo na água”, “mantenha o corpo reto”.

Figura 5.2 – Flexão lateral isométrico do tronco.

Rotação isométrica de tronco

Posição: terapeuta de pé, atrás da cabeça do paciente. Paciente em supino,


com flutuador cervical e pélvico, roda a pelve em direção à superfície (figura 5.3).
Contato: axilar ou pélvico. Mão nas axilas com as mãos do paciente atrás
da cabeça.
Ação: mover o paciente de um lado para o outro. A resistência aumenta com o
aumento da velocidade do movimento. Mudanças curtas e rápidas de direção são
mais difíceis e tendem a facilitar a co-contração.
Comando: “vire o quadril esquerdo para cima e mantenha”, “continue man-
tendo” e “relaxe”

Figura 5.3 – Rotação isométrica de tronco.

capítulo 5 • 127
Rotação isotônica com flexão

Posição: paciente em supino, com flutuador cervical e pélvico (figura 5.4).


Contato: mãos nas axilas
Comando: joelhos em extensão. Dedos para cima. Abaixar quadril D em dire-
ção ao chão da piscina. Puxar os dedos em direção ao ombro D. Reverter a rotação
para o outro lado.
Ação: quando o paciente rola para o lado direito, puxar o paciente para D
para resistir o movimento. Ou puxar o paciente para E para assistir o movimento.

Figura 5.4 – Rotação isotônica do tronco.

Flexão lateral isocinética de tronco

Posição: terapeuta em pé, cranialmente ao paciente ou uso de corrimão ou


bastão flutuante. Paciente em supino, com flutuador cervical e pélvico. Flutuador
de tornozelo pode ser necessário (figura 5.5).
Contato: lateralmente ao tronco ou cotovelos. Ou paciente segurando corri-
mão ou bastão flutuante.
Ação: estabilizar o paciente enquanto este puxa os MMII de um lado para
o outro.
Comando: deitar retificado na água. MMII retificados. Dedos para cima.
Puxar os MMII para a esquerda e depois puxá-los para a D.

capítulo 5 • 128
Figura 5.5 – Flexão lateral isocinética do tronco.

Padrão de membro inferior com descarga de peso

Posição inicial
Membro afetado: extensão de quadril e joelho. Planta do pé posicionada no
abdômen do terapeuta. Pé em pequena rotação externa. Membro não afetado:
extensão de quadril e joelho (figura 5.6).
Flutuadores cervical e pélvico.
Contato: Mão lado afetado: estabilizar o joelho (anterior ou posterior confor-
me necessário). Mão lado não afetado: dorso do pé. Artelhos medialmente.
Posição final: Membro afetado: extensão de joelho e quadril. Descarga de
peso no abdômen do terapeuta. Membro não afetado: flexão de quadril e joelho.
Continuar flexionando contra a resistência do terapeuta.
Comando: mantenha seu MI E (ou D) retificado. Dedos para cima. Puxar
seu joelho D (ou E) para cima, em direção ao ombro e mantenha. Abdômen
para cima.

capítulo 5 • 129
Figura 5.6 – Padrão membro inferior com descarga de peso.

Padrão de membros inferiores simétrico bilateral

Posição inicial: membro D ou E: quadril em extensão, adução e rotação in-


terna. Joelho em extensão (figura 5.7).
Flutuador cervical e pélvico. Flutuadores de tornozelo poderão ser necessários.
Contato: terapeuta de pé, face voltada para o membro de trabalho. Mão pro-
ximal na superfície lateral da coxa distal. Mão distal na borda lateral do pé ou
tornozelo. Manter as mãos na borda lateral do membro.
Comando: dedos para cima e para fora. MMII retificados. Separe os MMII.
Terapeuta age como estabilizador enquanto paciente abduz os MMII. No fi-
nal do padrão, o terapeuta dá um passo à frente para retornar o MI na posição
inicial de adução.

Figura 5.7 – Padrão de membros inferiores simétrico bilateral.

capítulo 5 • 130
Padrão de membro superior unilateral

Posição inicial: MS D ou E: ombro em extensão, adução e rotação interna.


Pronação e flexão de punho e dedos (figuras 5.8 e 5.9).
Posição final: MS D ou E: ombro em flexão, abdução e rotação externa.
Supinação e extensão de punho e dedos.
Contato: região dorsal com uma mão. Aspecto palmar da outra mão é posi-
cionado sobre a região dorsal da mão do paciente.
Comando: cotovelo em extensão. Abra os dedos. Virar a palma da mão para
cima, empurrando o braço para cima e para trás.
Terapeuta age como estabilizador assim que o paciente empurra para cima e
para longe. Flutuador de tornozelo pode ser necessário.

Figura 5.8 – Padrão de membro superior unilateral (posição inicial).

Figura 5.9 – Padrão de membro superior unilateral (posição inicial (A) e final (B)).

capítulo 5 • 131
Padrão de membros superiores simétrico bilateral

Posição inicial:
MMSS D e E: paciente posiciona as 2 mãos no quadril. Ombro em rotação
interna. Pronação e flexão de punho e dedos. As mãos do terapeuta estão sobre
cada mão do paciente. Utilizar flutuador de tornozelo (figura 5.10).
Ponto médio: paciente empurra os MMSS para cima e para trás da cabeça,
para a seguinte posição: rotação externa, supinação e extensão de punho e dedos.
O contato do terapeuta é trocado para o aspecto palmar das mãos do paciente,
segurando nas eminências tênares.
Posição final: paciente puxa ambas as mãos para baixo no quadril D
(figura 5.11).
Comando: cotovelos em extensão. Dedos abertos, virar as palmas para cima,
empurrar os MMSS para cima e para trás. Agora, apertar minhas mãos, virar a pal-
ma para baixo assim que você puxar suas mãos para baixo no quadril D. Empurrar
MMSS para cima e para trás. Puxar as mãos para baixo no quadril E. Repetir.
Paciente irá mover-se de um lado ao outro do terapeuta. Quando os MMSS
estão em extensão no quadril E, paciente estará posicionado no lado D do tera-
peuta. Vice-versa. Terapeuta resiste ao movimento mantendo a posição estática e
dos MMSS enquanto o paciente empurra para longe e puxa em direção ao tera-
peuta. O paciente move na água.

Figura 5.10 – Padrão de membros superiores simétrico bilateral (posição inicial).

capítulo 5 • 132
Figura 5.11 – Padrão de membros superiores simétrico bilateral (posição final).

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Método Halliwick

A International Halliwick Association define o conceito Halliwick como: "uma


abordagem para ensinar todas as pessoas, em particular as com deficiência, ativi-
dades aquáticas, movimentação independente na água e a nadar"3. Fundamentado
em princípios da hidrostática, hidrodinâmica e na mecânica dos corpos, o Conceito
foi desenvolvido em 1949 por James McMillan na Inglaterra. O programa dos 10
pontos é um processo de aprendizagem estruturado que facilita a aplicação prática
do Conceito, onde seus elementos são ensinados e aprendidos de forma lógica e
gradual através de jogos e atividades.

capítulo 5 • 133
O trabalho se desenvolve em grupos que motivam e favorecem a interação
social, ao mesmo tempo que otimizam o aprendizado. Sua característica holística
influenciou sobre maneira as atividades aquáticas e trouxe uma série de refinamen-
tos às técnicas de hidroterapia. Desenvolveu novos meios de se exercitar e mostrou
que programas terapêuticos e recreativos combinados oferecem uma reabilitação
contínua para todas as pessoas e deficiências, permitindo o alcance do máximo
potencial e trazendo benefícios físicos, psicológicos e sociais.
O controle da respiração, do equilíbrio e a liberdade de movimentos são os
principais objetivos do conceito Halliwick. Quando adquirida a habilidade para
manter ou mudar a posição do corpo, de forma controlada, o participante torna-
se capaz de responder com flexibilidade a diferentes situações, estímulos e tarefa
criando ou solicitando movimentos com eficiência e independência.
O Programa dos Dez Pontos é um processo de aprendizagem estruturado atra-
vés do qual o nadador, mesmo sem experiência prévia, progride à independência
na água controlando movimentos corporais, melhorando capacidades cardiorres-
piratórias, equilíbrio e motricidade. Tornando-se mais confiante e participativo
física e socialmente. Para muitos é a oportunidade de ser competente e indepen-
dente na água e aprender a nadar, enquanto que para outros permite a participa-
ção e inclusão através de atividades aquáticas diversas.
Os 10 Pontos do Programa são:

Adaptação Mental

Uma vez na água, o "nadador" deve aprender a responder apropriadamente a


este novo ambiente, situações ou tarefas. A adaptação mental é um processo contí-
nuo sempre presente em todo o Programa dos Dez Pontos. Por exemplo: aprender
o controle da respiração pode começar como uma habilidade específica de apenas
assoprando a superfície da água, mas que depois passa a ser combinada a outra
determinada habilidade. Por exemplo: sentar no fundo da piscina e soltar o ar pela
boca e/ou nariz (figura 5.12).

Exemplo: O “nadador” gostar de ir e estar na água.

Figura 5.12 – Adaptação mental, desenhos de Jean-Pierre Maes - Instrutor Senior Halliwick.

capítulo 5 • 134
Desligamento

É um processo contínuo no qual o "nadador" torna-se física e mentalmente


independente. Por exemplo: um "nadador" que tem medo da água, no início,
necessitará de muito apoio: físico, visual e verbal. Mas quando se torna mais con-
fiante, menos apoio será oferecido progredindo com o desligamento do instrutor
(figura 5.13).

Exemplo: O “nadador” distanciar-se do instrutor.

Figura 5.13 – Desligamento.

Controle da Rotação Transversal

É a habilidade de controlar movimentos ao redor do eixo fronto-transversal.


Por exemplo: na posição vertical, inclinar-se à frente e soprar bolhas na água, ou
ser capaz de manter a posição em pé sem desequilibrar para frente ou para trás; até
mesmo da posição de flutuação de costas mover-se à posição em pé (figura 5.14).

Rotação sobre o eixo transversal. Exemplo: Da posição de flutuação de costas


para a posição vertical.
Figura 5.14 – Controle da rotação transversal.

Controle da Rotação Sagital

É a habilidade de controlar movimentos laterais ao redor do eixo sagito-trans-


versal. Por exemplo: na posição vertical colocar um ouvido na água, ou movimen-
tos de transferência do peso corporal para os lados direito e esquerdo, alternada-
mente (figura 5.15).

Exemplo: Movimentos laterais com o corpo, quando


alcançam objetos flutuando.

Figura 5.15 – Controle da rotação sagital.

capítulo 5 • 135
Controle da Rotação Longitudinal

É a habilidade de controlar movimentos ao redor do eixo sagito-frontal. Seja


na posição vertical ou em flutuação na horizontal. Por exemplo: na vertical girar
no mesmo lugar, ou flutuando em prono, com o rosto na água, rolar para a posi-
ção de supino (figura 5.16).

Exemplo: Parar a rotação do tronco,


Rotação sobre o eixo longitudinal.
girando a cabeça para o lado contrário.
Figura 5.16 – Controle da rotação longitudinal.

Controle da Rotação Combinada

É a habilidade de controlar movimentos quando da combinação de qualquer


rotação. Por exemplo: da posição sentada na borda, entrar na água rolando trans-
versal e longitudinalmente, até a posição de flutuação de costas (supino), ou read-
quirir uma posição estável, em flutuação de costas, após desequilibrar à frente
(figura 5.17).

Combinando rotações em Exemplo: Da posição vertical, se desequilibrar à


em mesmo momento. frente, adotando a posição de flutuação de costas.

Figura 5.17 – Controle de rotação combinada.

Empuxo

É uma propriedade física da água que possibilita a maioria dos "nadadores",


a flutuação. Chamada por MacMillan de inversão mental, porque o "nadador"
deve inverter seu pensamento e perceber que flutua com a ação do empuxo e não
afunda com a ação da gravidade. Atividades de submersão são ensinadas oferecen-
do a possibilidade de experimentar a ação do empuxo e a noção de como é difícil
permanecer embaixo d'água. Exemplos de empuxo são: o "nadador" retira seus

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pés do fundo da piscina e percebe que a água pode sustentá-lo, ou ao recolher
objetos do fundo da piscina nota que o empuxo o "empurra" de volta à superfície
(figura 5.18).

Exemplo: Ao tentar pegar um objeto no fundo da piscina, 0 “nadador”


irá sentir que retomará à superfície com muito pouco ou nenhum esforço.

Figura 5.18 – Empuxo.

Equilíbrio em imobilidade

É a habilidade de manter-se imóvel na água e depende de ambos: controle do


equilíbrio físico e mental. Flutuação é um exemplo de equilíbrio e imobilidade.
Quando em equilíbrio, outras atividades podem ser realizadas mais facilmente
(figura 5.19).

Exemplo: O “nadador” mantém a posição de flutuação em águas turbulentas.

Figura 5.19 – Equilíbrio em imobilidade.

Deslize em turbulência

Na posição de flutuação de costas o "nadador" é movimentado através da


água pelo instrutor sem nenhum contato físico entre eles. Isto é possível quando
o instrutor faz turbulência embaixo do ombro do "nadador" ao mesmo tempo em
que caminha para trás. O "nadador" tem que controlar rotações indesejadas e não
realizar qualquer movimento de propulsão (figura 5.20).

Exemplo: O “nadador” desliza através da água em


resultado da turbulência gerada pelas mãos do instrutor
e/ou pelo seu deslocamento na água, andando para trás.

Figura 5.20 – Deslize em turbulência.

capítulo 5 • 137
Progressões Simples e Movimentos Básicos de Natação

São movimentos básicos de propulsão, podem ser com braços, pernas ou


mesmo com o tronco. Por exemplo: na posição de flutuação horizontal (supino)
aplaudir as coxas ou mesmo movimentos de remos com as mãos. Os movimentos
básicos de natação requerem coordenação e mais complexidade, pois pode envol-
ver elevar os braços fora da água e deslizar. Por exemplo: na posição de flutuação
de costas com os braços ao lado do corpo, traga-os rente à superfície da água até a
altura dos ombros depois, na água, mova-os até o lado do corpo, deslize e comece
novamente o movimento (figura 5.21).

Exemplo: Movimento de remos com as mãos, causa propulsão através da água.

Figura 5.21 – Progressões simples e movimentos básicos de natação.

Dominando o Programa dos Dez Pontos - Halliwick, o "nadador" é capaz de


realizar uma ampla variedade de atividades na água.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Associação Brasil Halliwick [homepage na Internet]. São Paulo: Associação Brasil Halliwick; c2011
[citado 2012 abr 1]. Disponível em: http://www.halliwick.com.br
2. ROUTI, RT; MORRIS, DM; Cole, AJ. Reabilitação aquática. São Paulo. Manole, 2000.
3. CAMPION, MR. Hidroterapia – princípios e prática. São Paulo, Manole, 2000.

Watsu

O Watsu, também conhecido como Water Shiatsu, aquashiatsu ou hidroshia-


tsu, foi criado por Harold Dull em 1980. Essa técnica aplica os alongamentos e
movimentos do shiatsu zen na água, incluindo alongamentos passivos, mobiliza-
ções de articulações, bem como pressão sobre “tsubos” (acupontos) para equilibrar
fluxos de energia através dos meridianos “caminhos de energia”1.

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Foi criado como uma técnica de massagem ou bem-estar que não era neces-
sariamente destinada a pacientes tais como são claramente definidos. Entretanto,
terapeutas de reabilitação aquática aplicaram a abordagem em pacientes com uma
variedade de distúrbios neuromusculares e musculoesqueléticos, relatando sucesso
empírico3. Devido ao meio aquático essa técnica diminui o peso corpóreo, aumen-
tando a sensibilidade aos movimentos e somadas aos exercícios respiratórios pos-
sibilitam um relaxamento profundo. O Watsu também promove o alongamento
muscular, melhora do sono, trabalha a postura, alivia o quadro álgico e auxilia a
prevenção. A combinação dos efeitos mecânicos, fisiológicos e psicológicos asso-
ciados à temperatura da água fornece aos pacientes diversos benefícios, tais como:
“respiração mais suave, melhora da amplitude do movimento, reduz os níveis de
estresse e ansiedade e adequação do tônus”2.
Através de movimentos e toques, desbloqueiam-se pontos de tensões físicas e
mentais, podendo também ser liberadas emoções, uma vez que há um aumento
da sensibilidade dos tecidos e o favorecimento do fluxo sanguíneo. As sessões são
amplamente indicadas em casos de depressão, estresse, insônia e problemas mus-
culares. Alguns pacientes relatam que o relaxamento é tão intenso que a impressão
é de se estar de volta ao útero materno.
Não há um protocolo específico para a aplicação do método. Existem certas
manobras que o terapeuta deverá adaptar às limitações do paciente. Porém, esta
adaptação deve estar baseada nos princípios básicos, que são: alongamentos passi-
vos, mobilização articular, pressão sobre os pontos de acupuntura e equilíbrio dos
fluxos de energias (meridianos).

Movimentos básicos do watsu

Início: Terapeuta e paciente devem começar em posição de cubo, paciente


encostado na parede, deixando os braços flutuarem sem tocá-los inicialmente,
apenas observando os movimentos de inspiração e expiração. Logo após, terapeuta
prepara para iniciar os movimentos levando o braço direito ao braço direito do
paciente e assim, o posicionando em posição supina.

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Figura 5.22 – Começando na parede.

1. Dança da respiração: paciente em posição supina (peito para cima), o


terapeuta apoia a região cervical com um dos braços supinado (lembrem-se do
espelho sempre fora d’água) e o outro pronado na região sacral, acompanhando
os movimentos de subida e descida do corpo do paciente durante a inspiração
e expiração, respectivamente, conectando assim seus ciclos respiratórios.

Obs.: caso vocês não consigam acompanhar o ciclo respiratório, cheguem


com o rosto mais próximo do paciente, ou, induza a respiração deste paciente
respirando um pouco mais forte perto do rosto do mesmo.

Figura 5.23 – Dança da respiração.

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2. Balanço da respiração: movimento linear que necessita de minuciosa
observação da respiração do paciente, deslocando-o de um lado para o ou-
tro em linha reta acompanhando seu ciclo respiratório. A posição de ambos
os braços permanece a mesma e para realizar o movimento, basta fazer a
descarga do peso em uma perna só, alternando entre a perna direita e a
esquerda.
3. Sanfona: gradualmente e a cada ciclo expiratório, o terapeuta mobiliza
os quadris no sentido céfalo – podálico. Durante a EXpiração, o terapeu-
ta”afunda” a pelve do paciente e durante a INSpiração, retorna com a pelve
para a posição inicial. A mão cranial (mão do espelho, que apoia a cervical)
permanece na mesma posição durante todo o movimento.

Figura 5.24 – Sanfona.

4. Sanfona Rotatória: o terapeuta permanece em bipedestação rotacio-


nando as pernas do paciente no sentido anti-horário e no sentido horário,
inclinando-se para frente e para trás, com a região occipital sempre bem
apoiada. O movimento que o terapeuta fará com o paciente varia com o
sentido do movimento de tal maneira:
1. Sentido Caudal-Cranial: terapeuta faz flexão com rotação ex-
terna (para o lado oposto ao lado onde está o terapeuta) com as
pernas do paciente.
2. Sentido Cranio-Caudal: terapeuta faz extensão com rotação
interna (no lado ipsilateral ao lado onde está o terapeuta) com as
pernas do paciente.

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Figura 5.25 – Sanfona rotatória.

5. Rotação da Perna de Dentro: quando o terapeuta se inclina para trás,


abrindo os braços, a perna de fora do paciente desliza e fica sem o apoio do bra-
ço do terapeuta. Sem quebrar o ritmo, inclina-se para girar a perna de dentro do
paciente na direção do ombro oposto, a cada expiração. Durante a inspiração,
inclina-se para trás, permitindo que a resistência da água, alongue a perna de
fora. A mecânica do movimento permanece a mesma do movimento anterior

Figura 5.26 – Rotação com a perna de dentro

6. Rotação da Perna de Fora: o terapeuta posiciona a mão na região po-


plítea a fim de promover rotações com a perna de fora. Sem alterações na
mecânica do movimento anterior.

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Figura 5.27 – Rotação com a perna de fora.

7. Mobilização de ombro: o terapeuta posiciona o braço caudal na região


poplítea a fim de promover flexão do quadril com a perna de fora. O braço
cranial desliza sobre a cervical para iniciar a mobilização, tração e alonga-
mento do ombro.

Figura 5.28 – Preparação para mobilização de ombro.

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Figura 5.29 – Mobilização de ombro.

8. Liberação do braço: o terapeuta realiza um movimento de ninar, afas-


tando o paciente do corpo do terapeuta a fim de liberar o braço de trás. Essa ma-
nobra antecipa a manobra de balanço braço-perna.

Figura 5.30 – Liberando o braço.

9. Balanço braço-perna: a cabeça do paciente apoiada sobre o ombro do


terapeuta. Segurando o braço esquerdo, o joelho direito é puxado para fora
e para o lado direito. A respiração deve ser coordenada com o movimento,
no movimento de tração ocorre inspiração do paciente e terapeuta.

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Figura 5.31 – Balanço braço-perna.

10. Balanço do quadril: quando o movimento livre se completa, o te-


rapeuta posiciona-se sob a cervical, para proporcionar apoio ao paciente.
Os quadris são apoiados bilateralmente com as mãos, que serão elevados
e retornam a posição inicial por alguns segundos. O movimento também
pode ser realizado de um lado para o outro com objetivo de promover mo-
bilidade pélvica.

Figura 5.32 – Balanço do quadril.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. BIASOLI, M. C.; MACHADO, C. M. C. Hidroterapia: aplicabilidades clínicas. Revista Brasileira
de Medicina, vol. 65, nº 5, mai. 2006. Disponível em: <http://www.cibersaude.com.br/revistas.
asp?fase=r003&id_materia=3288>. Acesso em: 02 abr. 2008.
2. FREITAS, G. C. A cura pela água: hidrocinesioterapia teoria e prática. Rio de Janeiro: Rio, 2005.
3. RUOTI, R. G.; MORRIS, D. M.; COLE, A. J. Reabilitação Aquática. São Paulo: Manole, 2000.
4. DULL, H. Watsu: exercícios para o corpo na água. São Paulo: Summus, 2001.

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