Você está na página 1de 2

Resenha crítica do artigo: O exercício farmacêutico na Bahia da segunda metade

do século XIX

PIMENTA, Tânia Salgado; COSTA, Ediná Alves. O exercício farmacêutico na Bahia


da segunda metade do século XIX. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro,
v.15, n.4, out.-dez. 2008, p.1013-1023. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0104-
59702008000400007>.

Tânia Salgado Pimenta e Ediná Alves Costas são autoras do artigo “O exercício
farmacêutico na Bahia da segunda metade do século XIX” que traz informações referente a
distinção entre os que prescreviam, os que fabricavam e comercializavam os medicamentos,
enfatizando o exercício farmacêutico na Bahia, na segunda metade do século XIX. O artigo
está organizado em 11 páginas e é dividido em 3 tópicos além da introdução: A delimitação
das atividades dos boticários; A lei no dia-a-dia; Considerações finais.

Como aborda o artigo, no Brasil do século XIX, era comum que os medicamentos
fossem elaborados e comercializados pelos mesmos que os prescrevessem. Assim, os
farmacêuticos da época tinham que obter uma licença concedida pela Fisicatura-mor, órgão
responsável pela fiscalização de atividades terapêuticas, para exercer a ‘medicina prática’. O
Instituto Farmacêutico do Rio de Janeiro expôs a situação dos farmacêuticos no Brasil por
meio do jornal Gazeta de Notícias em 1877, onde os convocavam para participar de um
congresso e reivindicavam a criação de uma escola de farmácia, visto que o curso de farmácia
fazia parte da Faculdade de Medicina e era desconsiderado em relação ao curso médico, e
autonomia aos farmacêuticos.

O tópico “A delimitação das atividades dos boticários” retrata as primeiras mudanças


na legislação ao longo no século XIX. Em 1810, o regimento da Fisicatura-mor apontava a
fiscalização das boticas e dos boticários, que era realizada uma vez por ano. De acordo com o
regimento, o boticário deveria ter uma carta para exercer a profissão e a licença para ter a
botica. O regulamento da Junta Central de Higiene Pública, de 1851, reiterou os pontos da
Fisicatura-mor acrescentando normas de conduta e mais voltada para a fabricação e venda de
medicamentos. O artigo apresenta parte das regras do regimento da Fisicatura-mor e do
regulamento de 1851. No meio do tópico, as autoras abordam de forma breve sobre a miséria
enfrentada pelos mais pobres durante os anos 1850 e 1861, na Bahia e o papel dos médicos e
farmacêuticos durante esse período. Destacando a fala de um farmacêutico ao se posicionar
contra ao regulamento de 1851 e informar para a Presidência da província, em 1860, que iria
manipular e medicar gratuitamente os que não tinham condições de comprar medicamentos.
Em 1882, um novo regimento substituiu o de 1851, mais detalhado, apresentava os mesmos
tópicos do anterior. Um dos artigos do regulamento permitia a venda de determinados
medicamentos, tabela “de uso ordinário e inofensivo”, sem ordem médica.

“A lei no dia-a-dia” começa com a briga entre o farmacêutico Archimimo da Fonseca


e o médico Julio Gama, que era vinculado a Farmácia Gama, dirigida por Manoel Magiano
Pinto, que não possuía diploma. A farmácia era a única da cidade até a chegada de
Archimimo. Em 1886, foi elaborado um novo regulamento, mais extenso que os anteriores. O
órgão responsável pela saúde pública passou a ser denominado Inspetoria Geral de Higiene e
a função de opinar sobre questões de higiene salubridade em geral passou a ser do Conselho
Superior de Saúde Pública. No novo regulamento, a exclusividade de manipular
medicamentos foi conferida aos farmacêuticos.

Por fim, em “Considerações finais”, as autoras resumem as mudanças nos


regulamentos com o passar dos anos, a posição dos farmacêuticos em relação aos médicos e
sua formação acadêmica. Concluindo esta resenha, o texto traz um tema interessante e é uma
boa leitura, além de evidenciar a diferença do papel do farmacêutico nos séculos XIX e XX
para os dias atuais.

Você também pode gostar