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Construindo a profissão
UNIVERSIDADE ALAB
CATÓLICA DE PELOTAS
Presidente
Chanceler Vilson J. Leffa (UCPEL)
D. Jayme Henrique Chemello
Vice-Presidente
Reitor Lynn Mario T. Menezes de Souza
Alencar Mello Proença (USP)
Vice-Reitor Secretária
Cláudio Manoel da Cunha Désirée Motta-Roth (UFSM)
Duarte
Tesoureira
Diretora Vera Fernandes (UCPEL)
da Escola de Educação
Clarisse Siqueira Coelho Conselho
Hilário Bohn (UCPEL)
Pró-Reitor Acadêmico Maria Antonieta Celani (PUCSP)
Gilberto de Lima Garcias Lucília Helena do Carmo Garcez
(UNB)
Pró-Reitor Administrativo Margarete Schlatter (UFRGS)
Carlos Ricardo Gass Sinnott Maria Jose R.F.Coracini
(UNICAMP)
Coordenadora do Curso Telma Gimenez (UEM)
de Mestrado em Letras Vera Menezes (UFMG)
Carmen Lúcia Matzenauer
Hernandorena
ASSOCIAÇÃO DE LINGÜÍSTICA APLICADA DO BRASIL
O Professor de Línguas
Construindo a profissão
Vilson J. Leffa
(Organizador)
EDUCAT
Editora da universidade Católica de Pelotas
Pelotas − 2001
© Vilson J. Leffa/UCPel − ALAB
1
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, novembro, 1996.
2
Universidade Católica de Pelotas, Pelotas, 3-5 setembro, 2000.
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MARIA ANTONIETA ALBA CELANI
racionalista que subjaz a essa visão é que técnicas são aplicáveis uni-
versalmente a qualquer contexto de ensino-aprendizagem. Uma vez
adquiridas por meio de treinamento, podem ser aplicadas com êxito em
qualquer situação.
A segunda visão de educação, que podemos chamar de reflexiva,
leva em conta as questões mais abrangentes da educação, quais sejam:
as metas, as conseqüências sociais e pessoais, a ética, os fundamentos
lógicos dos métodos e currículos e, acima de tudo a relação íntima entre
essas questões e a realidade imediata da sala de aula. A educação refle-
xiva, o ensino reflexivo, são emancipatórios. Têm por preocupação
melhorar a prática antes do que acumular conhecimento; incentivar a
racionalidade e a autonomia dos professores e daquilo que é ensinado,
em um contexto de valores democráticos (Parker, p. 31). Coloca-se,
assim, a serviço do professor.
Dentro desse arcabouço, processos técnicos específicos, tendo
em vista um alvo definido ou o simples domínio de um conjunto de
procedimentos isolados, descontínuos, que se manifesta na forma de um
conjunto correspondente de comportamentos isolados, também descon-
tínuos, não se caracterizam como aspectos a serem desenvolvidos na
preparação para a profissão de ensinar, e em nosso caso, de ensinar
língua estrangeira. (Parker, 1997). Apesar do progresso alcançado, a
prática mostra como essa visão ainda é forte na educação dos professo-
res.
Aqui torna-se necessário fazer uma pausa para considerar as vi-
sões de conhecimento que estão embutidas nessas duas visões de edu-
cação. Parker (p. 15) usa as metáforas “sistema de entrega em domic í-
lio”, “operadores na fábrica da educação” e “mercadoria empacotada,
transmitida e vendida” para se referir a currículo, professores e conhe-
cimento, respectivamente, dentro de uma visão positivista.
Na visão positivista de educação, o conhecimento é entendido
como resultante da pesquisa, desenvolvida por alguém que não o pr o-
fessor, dentro de rigorosos padrões científicos, generalizável e aplicável
a qualquer situação, enquanto que na visão reflexiva a imprevisibilida-
de das diversas situações da sala de aula faz com que o conhecimento
seja questionado a cada momento e seja reconstruído a partir da refle-
xão. Deste modo, a reflexividade passa a estar embutida nas formas de
conhecimento da modernidade (Giddens, 1991, apud Barnett, 1994, p.
23). E o professor se torna um pesquisador de sua própria prática. Cabe
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MARIA ANTONIETA ALBA CELANI
O DESENVOLVIMENTO DA PROFISSÃO
ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
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mais tarde na Europa, e mais de três décadas mais tarde nos Estados
Unidos: A Association Internationale de Linguistique Appliquée (AI-
LA), em 1946; a British Association of Applied Linguistics (BAAL),
em 1966 e a American Association of Applied Linguistics (AAAL), em
1977. No Brasil, começam a aparecer foros específicos com a criação
do primeiro Encontro Nacional de Professores Universitários de Língua
Inglesa (ENPULI), em 1979, com a criação da Associação de Lingüís-
tica Aplicada do Brasil (ALAB), em 1990 e com a criação de inúmeras
associações estaduais de professores de várias línguas estrangeiras. As
lutas que precederam à criação daquelas associações internacionais
fazem parte da História e não cabe aqui recordá-las. É importante dizer,
no entanto, que particularmente no início de seu desenvolvimento, a
Lingüística Aplicada foi identificada com o ensino de línguas, particu-
larmente estrangeiras. As conseqüências dessa identificação inicial
talvez tenham dificultado a definição dessa nova área de conhecimento.
Mas, essa, também, é uma outra história, bastante discutida em outros
foros (Celani, 1992, 1998; Moita Lopes, 1996). Tratar do impacto que o
desenvolvimento da Lingüística Aplicada provocou no ensino de língua
estrangeira, e também materna, não cabe aqui. Basta dizer que é nessa
área que o maior volume de pesquisas que têm alguma relação com o
ensino de língua estrangeira se desenvolve.
Minha intenção ao apresentar este breve e, naturalmente, incom-
pleto, superficial , quadro do desenvolvimento do ensino de língua es-
trangeira foi apenas de, ao fazê-lo, tentar ver se nossa área de especia-
lização, particularmente no Brasil, preenche aqueles critérios. Parece-
me que sim.
Vejamos. Há um arcabouço intelectual de princípios básicos, dis-
tintos dos que norteiam o ensino de outras disciplinas. Há um senso de
coerência, embora às vezes a estabilidade nos pareça ameaçada, com as
freqüentes mudanças no status que é atribuído ao ensino de língua es-
trangeira pela legislação ou por decisões locais. Há padrões claramente
definidos para a admissão na profissão: possuir um diploma reconheci-
do de Licenciatura. A questão da preservação dos padrões ainda pode
ser bastante complic ada, mas há claramente uma preocupação a esse
respeito. A questão é definir quem impõe os padrões; o mercado? os
próprios professores? as associações? A resposta não é fácil. Contin u-
ando em nossa análise, temos periódicos especializados, associações e
congressos específicos. A questão de uma estrutura de carreira ainda
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OCUPAÇÃO OU PROFISSÃO?
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OCUPAÇÃO OU PROFISSÃO?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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