Você está na página 1de 8

Revolta realizada no Grão-Pará entre 1835 e 1840

Cabanagem, Cabanada ou Guerra dos Cabanos foi uma revolta ocorrida entre 1835 a
1840 na antiga província do Grão-Pará (atualmente Pará, Amazonas, Amapá, Roraima
e Rondônia).

Esse movimento teve como causa a extrema pobreza pela qual a região passava e o
abandono político após a Independência do Brasil. A Guerra dos Cabanos teve
participação de diversos setores da sociedade e o nome do movimento tem como
referência as habitações dos ribeirinhos que era uma espécie de cabana.

Conheça abaixo a história desse movimento, suas causas, principais e líderes e algumas
das consequências da Cabanagem.

Contexto histórico

A Independência do Brasil foi conquistada no dia 7 se setembro de 1822. No entanto,


diversos grupos ainda favoráveis à manutenção da colônia ainda permaneciam na região
da província do Grão-Pará. A população local, auxiliada pela elite, começou então a
promover diversas ações na tentativa de expulsar os revolucionários portugueses.

Após as lutas, o governo regencial tomou de volta a província e os líderes do movimento


– o jornalista João Batista Gonçalves Campos, os irmãos Vinagre, o fazendeiro Félix
Malcher e seringueiro Eduardo Angelim – acabaram de fora das decisões políticas da
região.

Este ato do governo regente gerou grande revolta na população local, pois esperavam
que os líderes ocupassem algum lugar na administração do Grão-Pará. Para piorar os
ânimos, a elite; que antes tinha apoiado as lutas pela expulsão dos portugueses; deram
às costas para as novas revoltas de uma população que estava descontente com as
dificuldades econômicas e sociais que passavam.

Causas da cabanagem

As situações citadas acima contribuíram para que fosse criado um movimento de


independência que culminou na Cabanagem. Outros pontos que contribuíram para a
revolta foram:
• Péssimas condições de vida da população que era principalmente formada por índios,
nefros forros, escravos e mestiços;
• Abandono do Grão-Pará pelo governo recente;
• Elite desejava participar da política e administração da província;
• Desejo de independência em relação ao governo central.

A cabanagem aconteceu durante o período regencial (Imagem: Wikimedia)

A Revolta

O governo central nomeou, em 1833, Bernardo Lobo Souza para governador da


província. Os cabanos, revoltados com a repressão e autoritarismo de Bernardo Souza,
promovem um ataque ao quartel e ao palácio de Belém e acabam por matar o
governador, além de tomar posse de várias armas e munições.

Após esse episódio, em 07 de janeiro de 1835, Félix Antônio Clemente Malcher foi
escolhido como presidente do Grão-Pará e Francisco Pedro Vinagre tornou-se
Comandante das Armas.

No entanto, as desavenças internas relacionadas aos objetivos da província – a


população menos abastadas desejava melhores condições sociais e a elite melhores
condições para seus negócios – não favoreceu o novo governo e Clemente Malcher que
era fazendeiro acabou morto pelos revoltosos, que o considerou traidor depois de
mandar prender o Eduardo Angelim, outro líder da primeira revolta. Francisco Vinagre
assumiu, então, o cargo de governador cabano.
Contudo, em junho de 1835, o governo regencial enviou tropas lideradas por
mercenários para tomar o controle de Belém. Além disso, o clero começou a
pressionar Francisco Vinagre para que entregasse o posto a Manuel Jorge Rodrigues
em troca de anistia geral para os revolucionários e melhoria das condições de vida na
região. Os cabanos não acreditam muito na proposta, então se refugiam no interior e
levam com eles as armas conquistadas no ataque ao quartel de Belém.

Jorge Rodrigues, porém, não cumpriu com o acordo e prendeu Francisco Vinagre. Os
revoltosos, liderados dessa vez por Antônio Vinagre, resolvem reorganizar suas forças
e atacar novamente o palácio de Belém. Em agosto de 1835, retomam o poder local e
Eduardo Angelim assume a presidência de um governo independente.

Os desacordos internos e a falta de um projeto concreto para o Grão-Pará impossibilitou


novamente que o governo tivesse continuidade. Em março de 1836, o Império reage e
envia o brigadeiro Francisco José de Sousa Soares de Andrea para tomar controle da
região e se tornar o novo presidente.

A partir de então, Belém passa a ser bombardeada por quatro navios de guerra e os
revoltosos começam a fugir para o interior. Mesmo já tendo tomado o poder em Belém,
os cabanos continuaram sendo caçados pelos anos seguintes e só acabou em 1940,
depois da maioria dos seus lideres ter sido exterminados.

Consequências da Cabanagem

A Cabanagem foi uma revolta iniciada a partir das inquietações da elite e população em
geral que desejavam melhores condições de vida e maior participação na política
regional. Esses interesses, entretanto, acabaram por se demonstrar contraditórios, o que
impossibilitou um governo forte e duradouro.

Após o brigadeiro tomar Belém, diversos revoltosos foram presos e só foram anistiados
depois que Dom Pedro II ascendeu ao trono. Cerca de 40 mil pessoas morreram durante
o processo, entre pobres, negros e índios. Além disso, algumas tribos foram
praticamente dizimadas.

Principais líderes

A Cabanagem teve diversos líderes, entre os quais os irmãos Vinagre, Eduardo Angelim
e Félix Clemente Malcher. Conheça um pouco mais sobre essas personalidades.
Félix Clemente Malcher

Félix Antônio Clemente Malcher (1772 - 1835) era militar e fazendeiro dono de engenho
de açúcar em Belém. Em 7 de janeiro de 1835, assumiu a presidência da província do
Grão-Pará depois de ter liderado o ataque ao quartel de Belém. No entanto, foi
considerado traidor pelos cabanos depois de ter apoiado o Império ao prender outro líder
da revolta.

Eduardo Angelim

Eduardo Francisco Nogueira Angelim (1814 - 1882) foi um lavrador que chegou ao
Grão-Pará em 1820. Participou ativamente da luta para que a província fosse
independente do Império brasileiro. Foi declarado presidente cabano depois de
Francisco Vinagre.

Foi perseguido pelas tropas do Império após o brigadeiro Francisco José de Andrea
retomar o poder no Grão-Pará e em outubro de 1836 foi preso e enviado para
julgamento no Rio de Janeiro. Ficou exilado na Ilha de Fernando de Noronha até 1851.

Grão-Pará

O Grão-Pará foi uma província criada em 1821 e que existiu até 1889. Era formada por
regiões onde atualmente se encontram os estados de Amazonas, Pará, Amapá, Roraima
e Rondônia. A província tinha um contato direto com a coroa portuguesa, fato que fez
que demorasse mais tempo para se tornar parte do Brasil Império.

Artigos Relacionados
Crise dos Mísseis
A Crise dos Mísseis foi provocada pela descoberta de projeteis soviéticos em solo cubano. O evento aflorou o
medo de uma guerra nuclear.

Crise do feudalismo
A crise do feudalismo tem suas causas no renascimento comercial, influenciado pelas Cruzadas e pelo
crescimento da circulação de moedas.

Cortina de Ferro
Cortina de Ferro é uma metáfora que foi popularizada pelo britânico Winston Churchill, durante o discurso que
incentivou o início da Guerra Fria.

Você também pode gostar