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UFSJ – ARTES APLICADAS

Disciplina: História Geral da Arte

Resumo a respeito da Introdução do Livro “A História da Arte”, intitulada “Sobre


Artes e Artistas”:

“Nada existe realmente a que se possa dar o nome de Arte”. Ernest


Gombrich começa a Introdução do seu livro “História da Arte” criticando uma
noção de arte com A maiúsculo que pode ser denominada como um “fetiche”.
Para Gombrich não existe um jeito certo ou errado de gostar de uma obra de
arte, a arte é subjetiva, há mais questões envolvidas do que o uso das cores,
se é realista ou o tema que foi escolhido a ser retrato, existe um sentimento
muito particular de cada indivíduo, que leva a recordar mil e uma coisas que
influenciam o nosso agrado ou desagrado.

Gombrich começa analisando duas obras O Retrato de seu filho


Nicholas, desenhado por Rubens e um outro desenho, o Retrato de sua mãe,
de Dürer em que o artista retrata sua velha mãe. Nessa comparação Gombrich
elabora uma relação de memoria afetiva entre ambos os desenhos, sendo os
dois regados de sentimentos.

A “beleza” o “belo” depende do padrão de beleza que cada pessoa


determina. Gombrich analisa as obras de Forli e Memling (p.20 e 21), ambas as
obras representam anjos tocando alaúde, mas há quem prefira a graciosidade
e o encanto de Melozzo Forli, a de Hans Memling. A partir do momento que
deixarmos de nos influenciar por experiências vividas e por padrões impostos
pela sociedade para o que é “belo” consigamos ver uma beleza adorável na
obra de arte de Memling.

Em seu texto, Gombrich também compara duas obras representando


Cristo (p. 22 e 23), as duas obras querem passar a mesma ideia, os mesmos
sentimentos, mas são tratadas de formas diferentes. Gombrich expressa que o
que ocorre com a beleza também é válido para a expressão. Algumas pessoas
preferem expressões que elas entendem com facilidade, assim preferindo a
obra de Guido Reni – Cristo coroado com espinhos, mas, mesmo assim, não
devemos desprezar obras que as expressões são menos fáceis de entender,
como a obra do artista italiano que pintou o crucifixo (fig.8 p. 23) e que a partir
do entendimento dos seus métodos de desenhos podemos compreender seus
sentimentos.

Gombrich, fala sobre os a admiração por artistas que representam as


coisas tal como eles a veem. Gombrich não nega que é uma consideração
importante a ser feita, pois a paciência e a habilidade que contribuem para a
reprodução fiel do mundo visível, são dignas de admiração. Grandes artistas do
passado dedicaram muito trabalho à execução de pinturas em que todos os
pormenores, mesmo os minúsculos, estão meticulosamente registrados.
Gombrich faz uma comparação entre os desenhos de Albrecht Durer – Lebre,
que constitui um trabalho extremamente meticuloso e de uma amorosa
paciência, ao desenho de Rembrandt – Elefante e questiona quem se atreve a
dizer que o desenho deste é menos perfeito porque mostra menos detalhes.
Rembrandt era dotado de um poder de magia, que, com alguns traços do seu
giz, nos transmite a sensação de pele rugosa e grossa do elefante. Mas não é
o esquematismo gráfico que aborrece principalmente as pessoas que gostam
de quadros parecendo “reais”. Elas são ainda mais repelidas por obras que
consideram incorretamente desenhadas, sobretudo quando pertencem a um
período mais moderno em que o artista “tem a obrigação de não cometer
semelhantes desvios”.

O próximo exemplo, (pag. 26) mostra uma estampa de uma História


Natural ilustrada pelo famoso pioneiro do movimento modernista, Picasso. Por
certo, ninguém vai encontrar defeitos nessa belíssima representação de uma
galinha com seus fofos pintos. Mas ao desenhar um galo novo (pag. 27),
Picasso não se contentou em fazer a mera reprodução da aparência física da
ave. Quis expressar a sua agressividade, sua insolência e estupidez. Em
outras palavras, recorreu à caricatura.

Existem duas coisas, portanto, que devemos perguntar sempre que


encontrarmos falhas na exatidão de um quadro. Uma é se o artista não teria
suas razões para mudar a aparência daquilo que viu. A outra é que nunca
devemos condenar uma obra por estar incorretamente desenhada, a menos
que tenhamos a mais profunda convicção de que nós estamos certos e o
pintor, errado.

Mais adiante, Gombrich ilustra, através da obra Corrida de Cavalos em


Epsom, que muitas das vezes temos o hábito de pensar que a natureza deve
parecer-se sempre com as imagens a que nos acostumamos. Por muito tempo
na História, os cavalos eram representados correndo com as quatro patas
suspensas no ar. Quando surge a fotografia, porém, se passou a compreender
que na verdade os cavalos não flutuam com as quatro patas no ar enquanto
correm. Ainda assim, mesmo quando os pintores começaram a aplicar essa
nova descoberta, e pintaram cavalos correndo como realmente correm,
aconteceram muitas reclamações de que as imagens pareciam esquisitas,
erradas, na esperança de ver, como de costume, os cavalos com todas as
patas suspensas. Com isso, o autor observa que todos nós somos inclinados a
aceitar formas ou cores convencionais como as únicas corretas.

Em sequência, Gombrich apresenta a obra São Mateus e o Anjo, de


Caravaggio, encomendada para ornamentar uma igreja de Roma. Na primeira
versão realizada, São Mateus é representado de uma forma humanizada: um
velho e pobre trabalhador, calvo e descalço, os pés sujos de terra, agarrando
desajeitadamente o enorme livro e franzindo ansiosamente o cenho sob a
tensão da incomum tarefa de escrever guiado por um anjo que parece ser
recém chegado das alturas e que gentilmente guia a mão do trabalhador. Mas
foi rejeitada, pois se esperava uma representação mais convencional de um
santo e consideraram até uma falta de respeito ao santo. Caravaggio realizou
então outra pintura, em que foi, menos honesto e sincero do que no primeiro
quadro. A segunda obra, foi aceita pela igreja que a encomendou. Desse
modo, o autor chama atenção para o dano que pode ser causado por aqueles
que repudiam e criticam obras de arte por razões erradas (p. 32).
No decorrer do seu texto, Gombrich ainda perpassa por outro exemplo, a
Virgem de Prado, de Rafael (pag. 34). Uma obra belíssima, sem dúvida, e
encantadora; as figuras estão admiravelmente desenhadas, e a expressão da
Santa Virgem, pousando suavemente o olhar nos dois meninos, é inesquecível.
Mas se observarmos os esboços de Rafael para o quadro (pag. 35),
começaremos a perceber não serem esses os detalhes que mais o preocupam.
O que Rafael procurou repetidamente conseguir foi o equilíbrio perfeito entre as
figuras, uma relação exata que culminasse num todo mais harmonioso. É
fascinante observar um artista esforçando-se por alcançar o equilíbrio
adequado, mas se lhe perguntássemos por que fez isso e mudou aquilo, talvez
ele fosse incapaz de nos explicar. O artista não obedece a regras fixas. Ele
simplesmente intui o caminho a seguir.
Por fim, Gombrich explica o porquê de o gosto ser “suscetível de ser
desenvolvido” e discorre sobre as complexidades em desenvolvê-lo. O autor
finaliza o texto reafirmando e explicando um pouco mais do que disse na
primeira página da introdução a respeito do “esnobismo” diante das palavras
usadas por críticos de arte que, por serem tão repetidas pelas pessoas,
acabaram perdendo sua precisão. Mas olhar um quadro com olhos de
novidade e aventurar-se numa viagem de descoberta é uma tarefa muito mais
difícil, embora também mais compensadora.
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA

GOMBRICH. Ernst Hans. A história da Arte. de Janeiro: LTC, 2012.

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