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Agentes nocivos para aposentadoria especial

Um dos principais objetivos das normas de Segurança e Saúde do Trabalho (SST) é a eliminação, redução ou controle
dos riscos inerentes ao trabalho, com isso garantir um ambiente de trabalho seguro e saudável, conforme disposto no
art. 7º, inciso XXII, da Constituição Federal de 1988.

Quando a neutralização ou a eliminação do risco não é possível, embora se tenha adotado medidas de proteção, em
conformidade com o disposto no artigo 64, §1º, do Decreto nº 3.048/99, e o trabalhador continua exposto a
determinados agentes nocivos, de forma a prejudicar sua saúde e segurança, terá direito à aposentadoria especial, se
respeitados os demais requisitos previstos na legislação previdenciária.

Confira, na sequência, o que são e quais são os agentes nocivos para aposentadoria especiaL

O que são agentes nocivos para aposentadoria especial?


Para concessão da aposentadoria especial, a legislação previdenciária estabelecia até 28/04/1995, conforme os anexos
dos Decretos nº 53.831/64 e 83.080/79, o rol das profissões que possuíam o reconhecimento de atividade especial,
bastando que o trabalhador comprovasse o seu enquadramento na categoria especial, mediante a apresentação de
Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), ficha ou livro de registro de empregados, diploma de graduação, etc.

Após esse período, no entanto, passou a ser necessária a comprovação da efetiva exposição aos agentes nocivos para a
aposentadoria especial. Atualmente, esta constatação se dá através do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) do
trabalhador a ser preenchido com base no Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT).

São considerados agentes nocivos para a aposentadoria especial aqueles que, sendo físicos, químicos ou biológicos, em
função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são prejudiciais à saúde do trabalhador,
conforme disposto no Anexo IV do Decreto nº 3.048/1999.

Salienta-se que a exposição a esses agentes deve ocorrer de forma permanente, observando se a concentração ou
intensidade extrapolam os limites de tolerância, conforme os critérios de avaliação quantitativos ou os qualitativos
dispostos no § 2º do art. 68 do Decreto nº 3.048/1999.

O Regulamento da Previdência Social (RPS) prevê ainda que é possível a associação de mais de um agente, sendo
considerado para fins de enquadramento o agente que demandar menor tempo de exposição.

Quais são os agentes nocivos para aposentadoria especial?

Conforme mencionado anteriormente, os agentes nocivos podem ser classificados em físicos, químicos e biológicos,
conforme disposto no Anexo IV do Decreto nº 3.048/1999.

Os agentes físicos abrangem as diversas formas de energia as quais pode estar exposto ao trabalhador, sendo elas:
pressão atmosférica anormal, ruído, vibrações, radiação ionizante e temperatura anormal.

Os agentes químicos são substâncias, compostos ou produtos químicos, como o arsênio, benzeno, bromo, carvão
mineral e seus derivados, chumbo, cloro, cromo, fósforo, iodo, manganês, mercúrio, petróleo, entre outros.

Os agentes biológicos, por sua vez, podem ser bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários e vírus. No tocante a
esta modalidade, a sua caracterização como agente nocivo para a previdência social é apenas qualitativa, não
precisando que sua concentração ou intensidade ultrapasse limites de tolerância, ou seja, sendo a nocividade
presumida e independente de mensuração, constatada pela simples presença do agente no ambiente de trabalho.
Disposto no anexo IV, do Regulamento da Previdência Social, o rol de agentes nocivos para previdência social é previsto
como exaustivo, segundo estabelece a própria norma. No entanto, a jurisprudência majoritária tem entendido que a
aposentadoria especial pode ser concedida em razão de agentes não previstos no RPS, caso reste comprovada, em
perícia judicial, que a atividade é insalubre, perigosa ou penosa (Súmula nº 198, Tribunal Federal e Recursos).

“Súmula 198/TFR – 02/12/1985 – Seguridade social. Aposentadoria especial. Atividade insalubre, perigosa ou penosa.
Constatação por perícia judicial.

Atendidos os demais requisitos, é devida a aposentadoria especial, se perícia judicial constata que a atividade exercida
pelo segurado é perigosa, insalubre ou penosa, mesmo não inscrita em Regulamento. ”

Agentes nocivos no eSocial

No momento, o eSocial simplificado dispõe apenas de três eventos de SST:

S-2210 – Comunicação de Acidente de Trabalho;

S-2220 – Monitoramento da Saúde do Trabalhador;

S-2240 – Condições Ambientais do Trabalho – Agentes Nocivos.

Os agentes nocivos para a aposentadoria especial devem estar registrados no evento S-2240, que contempla as
informações da exposição do trabalhador aos fatores de risco. Assim como ocorre com o PPP, o LTCAT é o principal
documento para o preenchimento deste evento.

Lembrando que os códigos referentes aos agentes nocivos se encontram listados na “Tabela 24 – Fatores de Riscos e
Atividades – Aposentadoria Especial”, que engloba os agentes nocivos e atividades elencadas no anexo IV do Decreto
nº. 3.048/1999.

Todos os riscos aos quais o trabalhador está exposto devem ser informados. Caso não haja exposição a risco, deve ser
informado o código 09.01.001 (Ausência de fator de risco ou de atividades previstas no Anexo IV do Decreto
3.048/1999) da Tabela 24.

Por fim, é importante salientar que a empresa que deixar de elaborar e manter atualizado o LTCAT com referência aos
agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho de seus trabalhadores ou que emitir o documento de comprovação
da efetiva exposição em desacordo com o respectivo laudo, estará sujeita a multa de R$ 25.192,89 (vinte e cinco mil,
cento e noventa e dois reais e oitenta e nove centavos).

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