IV Semestre de Letras Disciplina: Teoria Literária II Docente: Marcelo Lachat Discente: Carlinda Rodrigues Paniago
Biografia
Mikhail Mikhailovich Bakhtin, nasceu do dia 17/11/1895 em Orel-
Rússia, foi um pensador e filósofo, além de teórico de artes e cultura da Europa. Considerado um dos maiores estudiosos da linguagem humana, suas obras sobre diversos temas influenciaram uma infinidade de pensadores de diversas áreas como; crítica da religião, estruturalismo, semiótica e marxismo. Além disso, também teve forte influência nas seguintes disciplinas; psicologia, antropologia, história, filosofia, crítica literária, entre outras.
Dialogismo
É as relações de sentido que se estabelecem entre dois enunciados, é
também conhecido como dialógica, por meio dele, atesta que a linguagem é dialógica por possuir duas naturezas básicas: a da interdiscursividade haja vista que existe umpermanente diálogo entre os diferentes discursos e a alteridade, já que se estabelecemrelações de interação entre o eu e o outro, nas quais esse eu se realiza no nós, pois ele é avaliado pelo olhar do outro. Portanto, toda palavra dialoga com outras palavras, assim como todos enunciados são dialógicos, ou seja, toda palavra dialoga com todas as palavras. Há quem, afirma que o dialogismo se da à partir da noção de recepção/compreensão de uma enunciação o qual constitui um território comum entre o locutor e o locutório, pode se dizer que os interlocutores ao colocarem a linguagem em relação frente um a outro produzem um movimento dialógico. Por isso Bakhtin concebe a enunciação como produto da interação de dois indivíduos socialmente organizados mesmo que o interlocutor seja, uma virtualidade representativo da comunidade no qual está inserido o locutor e propõe, dessa forma, a idéia de interação verbal realizada através da enunciação. Assim a unidade fundamental da língua passa ser diálogo, entendido não somente nosentido aritmético do termo, mas como toda comunicação verbal, independente, do tipo. O dialogismo é também, a condição básica para se construir o sentido de um texto, porque essa construção só ocorre na interação entre pelo ou menos dois interlocutores, por isso acredito que não há nenhum objeto que não aparece cercado em bebido em discursos, e todo discurso que fale qualquer objeto não está voltado para a realidade em si, mas para o discurso que a circundam. E dialogismo textual é o nome dado às referências que um texto sempre faz de outro, pois nenhum texto é absolutamente original, ele sempre carrega consigo marcas de um outro texto anterior, por isso se diz que um texto dialoga com outro texto. Dialogismo no romance literário, o discurso bivocalde orientação varia, as interações complexas entre diferentes pontos de vista num mesmo enunciado, queelevariam a um mais alto grau de vozes, é todo um enunciado, da mesma forma queuma réplica do diálogo cotidiano ou são fenômenos da mesma natureza, o que diferencia o romance é ser um enunciado complexo, e no romance atual o dialogismo diversifica as formas de transmissão do discurso de outrem, embaralhando as vozes das personagens e exigindo atenção do leitor para a instituição do sentido.
Polifonia
É a presença de outros textos dentro de um texto, causada pela inserção
do autor num contexto que já inclui previamente textos anteriores que lhe inspiram. É também um fenômeno identificado como heterogeneidade enunciativa, que pode ser mostrada no caso de citações de outros autores em obras acadêmicas ou constitutivas como a influência de dramas e teatros clássicos que não são mencionados diretamente, mas transparecidos que no dialogismo se apresenta no discurso polifônico justamente através das vozes controversas e tem como principal propriedade a diversidade de vozes controversas no interior de um texto, este conceito se caracteriza pela existência de outras obras na organização interna de um discurso, as quais certamente lhe concederam antecipadamente boas doses de ações e idéias iluminadas,e uma única manifestação verbal que submete as outras expressões orais caracteriza o diálogo monofônico, enquanto as controversas marcam a polifônia. O discurso é dialógico, e nenhuma palavra é nossa, ela traz a perspectativa de outra voz, e no texto sempre é marcado o ponto de interseção de vários dialógos, de cruzamento de vozes que se originaram em práticas de linguagem diversificada socialmente, essas vozes por sua vez polemizam-se ou respondem umas as outras, e desse modo podemos considerar uma polifônia como resultados de efeitos de sentidos que discorrem de procedimentos discursivos, ou seja, se um texto entrever muitas vozes, diríamos que ele é polifônico, enfim a polifonia é a parte essencial de toda a enunciação, já que em um mesmo texto ocorrem diferentes vozes que se expressam, e que todo discurso é formado por diversos discursos. Polifônia no romance monológico de Bakhtin é incapaz de representar uma idéia, pois a separa da personagem e, entende que essa idéia não existe por si, ela só é possível no homem, e quando, no romance, se pretende representar a idéia, e não o homem, é sempre a idéia do autor, independente da função que possam desempenhar, essas idéias do autor não são representadas em sua totalidade, representam e orientam internamente a representação, ou enfocam o objeto representável ou, por último, acompanham a representação. Nos romances de Dostoiévsk, polifônicos, como já afirmados em vários textos lidos, o único ter monológico que existe são suas personagens, enquanto sujeitos, enquanto um eu com suas idéias e ideologias e a polifônia acontece na relação entre esses personagens dentro do romance. É o diálogo, expondo todas idéias e colocando em relação umas as outras, apesar de cada personagem ter a sua própria idéia.
Carnavalização
Carnavalização e Paródia são conceitos agregados um ao outro e de
gêneros popular que Bakhtin se ocupou com a vida cotidiana da Idade Média e percebeu que havia duas faces da existência de quem havia vivido naquela época, ou seja, tinha uma dupla existência: uma vivida no espaço fechado de casa, sujeitos as regras e normas de comportamento; outra vivida no espaço praça, sem normas e regras, mas livres e cheias de profanações, e a carnavalização na Idade Média, foi identificada como uma cultura popular, pois esta, ao valorizar a dimensão corporal da vida, tende a ridicularizar, parodiar e subverter a seriedade os rituais fechados e as transcendentais pompas legalistas dos poderes instituídos. A carnavalização na literatura de Bakhtin podem ser ampliados de tal sorte a admitirmos que existe carnavalização pra valer quando uma manifestação cultural e política, debocha de toda e qualquer hierarquia, demonstrando, via riso, informalidade, trapaça e o quantos os lugares de poderes, quaisquer que sejam, são ridículos, a carnavalização pode ser entendida como um desvio e também como uma inversão dos costumes instituídos, sobrepondo o sagrado e o profano, o velho e o novo, as conversações em gírias, e troca do mundo real pelo o imaginário, é também de alguma maneira, o mundo as avessas, uma festa popular que é o carnaval que si ver até hoje. A festa carnavalesca é considerada o grau máximo de inversão em um processo cultural, para Bakhtin, um dos problemas mais complexos e interessantes da historia da cultura é o problema do carnaval, no sentido de conjunto e todas variadas festividades, ritos e formas de tipo carnavalesco, da sua essência, das suas raízes profunda na sociedade primitiva e no pensamento primitivo do homem, do seu desenvolvimento na sociedade de classe. A carnavalização engloba também quatro categorias que se inter- relacionam e que, em conjunto, contraem-na; inversão, excentricidade, familiarização, e profanação. No carnaval tudo o que é determinado pela desigualdade social/hierárquica e por qualquer outra espécie de desigualdade, inclusive etária, entre os homens é abolida. O conceito de Bakhtiano de carnavalização, da transposição do carnaval para a linguagem da literatura que Bakhtin propõe ao empregar a expressão carnavalização da literatura.