Você está na página 1de 72

REPÚLICA DE ANGOLA

GOVERNO DA PROVÍNCIA DO CUNENE


INSTITUTO POLITÉCNICO DA CAHAMA / SALAS ANEXAS DE OTCHINJAU

IIº CICLO DO ENSINO SECUNDÁRIO

MATERIAL DE APOIO DE HISTÓRIA

11ª CLASSE

ELABORADO PELO PROFESSOR:


CELESTINO DE JESUS SAMPAIO

CAHAMA – 2023/2024

Página 1
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
DO TRÁFICO DE ESCRAVOS AO COMÉRCIO LÍCITO (1822-1880).
Introdução

A procura do caminho marítimo para a Índia, Cristóvão Colombo acidentalmente desembarca na América Central
nas ilhas de Cuba e Haiti em 1492, pensando este que havia chegado a Índia. E em 1500 o português Pedro
Álvares Cabral chegou ao Brasil, assim a América esta descoberta. Região férteis para a agricultura os portugueses
mandam para a América: presos, bandidos, prostitutas, assassinos e em uma só palavra degredados europeus.
Mais este não adaptaram-se com as condições climáticas e ao trabalho da agricultura pois estes nunca tiveram
domínio de tal ofício e muitos acabaram por sucumbir.

Dando assim inicio a transportação dos escravos africanos para a América nas Antilhas espanholas em 1510, para
trabalharem na produção da cana-de-açúcar. Em 1515 como a chegado do primeiro carregamento a Espanha de
açúcar produzindo na América, isso dá início ao Comércio Triangular.

Portugal faz do Brasil sua colónia preciosa desde muito como sendo o fundo da economia portuguesa, mais com o
decorrer do tempo o Brasil alcança a sua independência em 1822. Portugal vê-se na necessidade de procurar
novos mercados para poder sustentar a sua económica, recorrendo assim aos pequenos núcleos existentes no
atlântico (costa de África) e no Índico (costa da Ásia).

Com a independência do Brasil em 1822, Portugal forma em África o «Império Africano de Portugal» e desaparece
o «Império Luso – Brasileiro».

Graças a Revolução Liberal que Portugal vivia, permitiu o ascender de Sá da Bandeira que a 10 de Dezembro de
1836 publicou um decreto que abolia o tráfico de escravo legal em todas as colónias portuguesa.

Neste período a economia angolana encontra-se dividida em dois eixos, fruto da independência do Brasil e dos
decretos da abolição do tráfico de escravo:

❖ Comércio ilícito:

É o comércio ilegal que surge como consequência da resistência dos traficantes à abolição do comércio de
escravo, que em muitos dos casos contava com a ajuda de muitos chefes africanos, vendendo o seu próprio povo
em troca de míseras coisas.

Com a abolição da escravatura essa actividade por ser considerada ilegal passou-se a realizar de maneira
clandestina com a abertura de novos portos de embarque de escravos em Benguela e Moçamêdes.

Em contra partida no Brasil também é decretada uma lei em protesto do tráfico negreiro por Eusébio de Queiroz
a 4 de Setembro de 1850, na qual esta lei mandava encerrar todos os portos brasileiros abertos ao comércio de
escravos e mandava apreender todos os navios que fossem encontrados com escravos.

Com todas essas leis e decretos proibindo o tráfico de escravo, alguns traficantes viram-se na necessidade de
mudarem de actividade económica, virando-se assim no comércio agrícola, caça, cultivo do algodão, café, tabaco,
amendoim, óleo de palma, borracha, marfim, etc.

❖ Comercio Lícito:

Chamamos a este comércio de comércio legal, permitido ou mesmo aprovado.


Página 2
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
O comércio lícito influenciou de uma forma positiva para o crescente desenvolvimento da colónia de Angola em
vários âmbitos tais como:

❖ Desenvolvimento das navegações a vapor ao longo do rio kwanza;


❖ Desenvolvimento dos transportes;
❖ Activação das antigas rotas feitas pelas caravanas comerciais do interior para o litoral (permitindo o
controle das terras férteis);
❖ Eliminação dos intermediários africanos;
❖ Com do desenvolvimento da agricultura surge a construção das linhas férria
- Caminho – de - ferro de Luanda (1914);
- Caminho – de - ferro de Benguela (1903 – 1929);
- Caminho – de - ferro de Moçâmedes (1905 – 1961).

1. 1 - Contexto Histórico da Abolição do Tráfico de Escravo Negros

Um dos maiores genocídios que o mundo presenciou se não mesmo o maior da humanidade foi o tráfico de
escravo negro, tendo durado 500 anos, como até hoje é conhecido.

A abolição do tráfico de escravo não foi feita por motivos filantrópicos, pena e amor aos africanos, pese embora
existiram movimentos contra este mal a que os africanos estavam sujeitos, mais o verdadeiro motivo foram
interesses económicos devido a revolução industrial que se desenvolvia na Europa.

Para uma melhor compreensão vamos abordar os seguintes factos:

a. Séc. XV - intercâmbio entre as várias regiões do mundo (Comércio Triangular); surgimento das grandes
organizações europeias para o tráfico de escravos (as companhias comerciais).

b. Segunda metade do séc. XVI - com a produção crescente da cana – de – açúcar houve a necessidade de
mais escravos, não só no Brasil como em toda América.

c. Séc. XVII – com a diversificação na produção exigia a crescente procura da mão - de – obra barata.

d. Nos finais do séc. XIX e princípio do séc. XX – Surge o Imperialismo que é a fase mais avançada do
capitalismo; a produção aumenta e consequentemente a densidade populacional; acumulação do capital
em alguns países da Europa; aparecimento da burguesia comercial na Europa; crescimento das indústrias
e a necessidade de mercado para a venda dos seus produtos; exploração dos africanos com os produtos
industrializados da Europa.

Tudo isso para estarmos actualizados e situados quanto o assunto em causa.

Existiram dois motivos ou razoes para a abolição do tráfico de escravo:

1. Razoes humanitárias

O séc. XVIII é considerado como o século das luzes, com o surgimento de uma nova corrente ideológica que vai
iluminar a consciência da humanidade fazendo com que estes tenham o poder da razão e do raciocínio. Alguns
filósofos europeus como: Kant, Jean-Jacques Rousseau, Jonh Locke, Voltaire, Montesquieu, etc., estes defendiam

Página 3
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
o poder pela razão e pelo progresso. Estes também procuravam instruir os homens defendendo a ignorância
social, o desequilibro social assim como o abuso do poder. Com isso o sofrimento dos escravos negros começou a
ser motivo de atenção dos intelectuais europeus, originando assim o surgimento de movimentos abolicionistas ao
tráfico negreiro.

Surge na Inglaterra os Quakers defendendo a abolição da escravatura já desde 1671, reclamações estas que não
deram em nada.

Apareceram também movimentos religiosos contra o tráfico negreiro, os Metodistas. Nos meados do séc. XVIII os
intelectuais britânicos começaram a manifestarem - se contra a desumana prática (Wilberfoce). O ano de 1771 é
proibido o tráfico negreiro na Inglaterra. Alguns papas criticaram a escravatura negreiro, mais nada fizeram para
por fim.

O séc. XIX, com o despontar económico e politico em alguns países da Europa, surge motivos ou razões para a
abolição definitiva da escravatura negra.

2. Razões Económicas

Nos finais do séc. XVIII, a Inglaterra dá o pontapé ao processo da «Revolução Industrial» pois que, as máquinas
vão tornar desnecessário o elevado número de escravos, existindo assim fortes motivos para a abolição do tráfico
de escravo.

Obs: Estudarem a independência das 13 colónias na América.

A Inglaterra com o progresso na Industrialização, houve um aumento significativo na produção, tendo assim a
necessidade de mercados permanentes para o escoamento dos seus produtos industrializados. A Inglaterra
desejosa de se tornar um império em toda Europa como também em África.

2. O FIM DO CICLO EM ANGOLA

Enquanto as outras potências aboliam, Portugal continuava patente devido a necessidade de mão-de-obra para a
produção de algodão e do açúcar no Brasil e Cuba. Continuou até 1850 e mesmo no limiar do século XX, tendo
transformado a escravatura nas suas colónias no trabalho forçado ou sob contrato. Desafiava as partilhas
conjugadas (França, EUA e Inglaterra) e a lei sobre a abolição do tráfico de escravos.

Depois de inúmeras negociações, Portugal por decreto de 10 de Dezembro de 1836, o Visconde Sá da Bandeira
“suprimia” a compra e a venda de escravos nos territórios portugueses situados a Sul do equador.

Do ponto de vista das intituições europeias, incluindo as áreas coloniais, o estatuto da escravidão estava
juridicamente suprimido no final do século XIX. Entretanto, tal como no fim do século XVI, Portugal foi obrigado a
enfretar uma das maiores crises da sua história, provocada pela inadaptação à nova ordem de «Liberdade dos
mares», que substituíra a partilha arbitrária do mundo entre duas nações; não estava preparado, na alvorada do
século XIX, para enfrentar a nova ordem económica, ditada pela inglaterra, que abolira o tráfico negreiro nas suas
possessões a partir de 25 de Março de 1807 e se baseava agora na troca livre.

Página 4
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
Por isso, tendo em conta a capacidade económica e militar da Grã-Bretanha, o trafico negreiro, como meio de
recrutamento de mão-de-obra, estava condenado a desaparecer a curto ou longo prazo. Isto foi compreendido
pelos plantadores e pelos negreiros, de tal forma que o recrudescimento do tráfico foi spectacular.

No século XIX, surgia as primeiras medidas legislativas que visavam a longo termo, a extinção da escravatura nas
colónias portuguesas, goradas que foram as tentativas de Sá da Bandeira para fazer passar nas Câmaras alguns
projectos de lei nesse sentido, ainda na década de 40.

Para além de disposições de menor importãncia, promulgam-se então dois decretos de alcance geral:

❖ 14 de Dezembro de 1854, que manda fazer o registo dos escravos existentes, passando todos os negros
de futuro «resgatados» (comprados) no interior à categoria de «libertos» (individuos juridicamente livres,
mas obrigados a servir os seus senhores por dez anos a título de indeminização pelo «resgate», sendo
esses serviços transmissíveis por compra e venda);

❖ 29 de Abril de 1858, determinando a abolição completa da escravatura nas colónias portuguesas, num
prazo máximo de vinte anos.

Conjugadas as suas disposições, estes dois diplomas legais deveriam permitir a extinção progressiva do
esclavagismo à medida que fossem morrendo os escravos registados em 1854; esperava-se que, passados os
vinte anos do prazo, fosse muito reduzido o número dos que restassem, o que facilitaria a sua remição.

Por isso um novo decreto, de 25 de Fevereiro de 1869, extinguia a escravidão, sendo porém, os ex-escravos
obrigados a servir os seus senhores até 1878, na qualidade de «liberrtos». Mais uma vez, a mudança era
meramente teórica. Restava, filnamente, libertar os «libertos».

Em Angola, Portugal viria abolir o tráfico nas suas colónias em 1878, mas de forma não oficial continuou a traficar
em Benguela até 1905. Sabendo que a lei tinha sido publicada em 1807 e 1811 por outras potências.

A atitude portuguesa de continuar com o tráfico negreiro culminou com a criação da Comissão Mista Luso-
Britânica, com os seguintes objetivos:

Fiscalizar; Controlar o processo da aplicação das leis que proibiam o tráfico de escravos, uma vez que a máquina
tinha substituído o trabalho escravo.

Tal como ficou patente nas linhas acima descritas, uma vez abolido o tráfico de escravos, como consequência
disso, os portugueses criaram no seu lugar o trabalho forçado. Os Angolanos nesta época eram submetidos ao
trabalho forçado (prestando serviços nas construções de estradas, linhas férreas, quartéis, nas roças de café, nas
fazendas agrícolas, etc.).

1.2.1. O IMPACTO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL (1822-25) NA COLÓNIA DE ANGOLA

Desde muito cedo, Portugal teve o Brasil como a sua jóia da coroa e para lá se produziram todas as políticas para
fazer desse território uma fonte e uma reserva para a sua economia. É o comércio de escravos que marca
profundamente Portugal – como potência colonizadora -, o Brasil e Angola, este último que, nesse projecto, é a
maior vítima.

Página 5
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
Num contexto em que a potência colonizadora dependia em diversos domínios, mas sobretudo o económico, de
uma colónia, estavam criadas as premissas para a proclamação da independência do Brasil. De facto, esta foi
decretada em 1822 amputando Portugal das forças vivas da sua base económica. Assim, uma vez realizada a
libertação comercial, o Brasil deixou de ter necessidade da metrópole.

Quando o Brasil ficou independente de Portugal, Lisboa virou-se para os territórios africanos como forma de
compensação. Até àquela altura, a África desempenhava o papel de fornecedor de escravos que trabalhavam nas
plantações brasileiras. A compensação não seria apenas política, mas também económica. As Cortes de Lisboa
tinham formulado a ideia de compensação através de companhias que fizessem o comércio com as colónias como
ficou patente em 1822. Mais tarde tornou-se claro que a medida das Cortes visava impedir uma eventual
tentativa de anexação de Angola pelo Brasil, porque fora enviada uma expedição militar para Luanda e Benguela.

Nestas condições, estamos perante duas situações em que Angola passa a ser o principal pincipal alvo das
atenções de dois países terririalmente distantes:

❖ Portugal, que tinha de reconstruir a sua económia, ja que perdera o Brasil. Devia, por isso, refazer a sua
politica em relação a outras colónias, particularmente Angola, que oferecia ímpares condições –
humanas, materiais, climaticas, etc. Isto passa a estar bem mais evidente depois de 1836, com o decreto
de Sá da Bandeira, que facilita um maior desenvolvimanto económico de Angola consubstanciado na
exploração de novas fontes de requizas, o que tem como consequência a independencia relativamente
ao Brasil;

❖ O Brasil, que desde fins do século XVIII tinha intermediáriosem geral mestiços, que se haviam
estabelecido ao longo da costa e se relacionavam estreitamente com os chefes das sociedades africanas,
ao mesmo tempo que conservavam as suas ligações comerciais com o Brasil e Cuba. No seu conjunto,
têm um importante papel na organizaçãpo das formas clandestinas do tráfico e contribuiem para a sua
persistência até à década de 60.

A instabilidade política que Portugal atravessava dificultou qualquer tentativa de um interesse sólido de Lisboa
aos territórios africanos, pois maior parte da atenção era sobre assuntos domésticos perante a falta de meios,
financeiros e humanos, para pór em marcha um projecto contínuo. A falta de meios ficou directamente afectada
pela independência do Brasil, uma vez que Portugal de ter as receitas anteriormente ganhas. A violência tomou
conta de algumas cidades de Portugal continental.

1.2.2. A REPRESSÃO AO TRÁFICO

Como visto antes, a Inglaterra, economicamente mais interessada pela abolição do tráfico de escravos, abraçou
de corpo e alma a campanha do abolicionismo. Mobilizando toda a Europa, as nações nórdicas, por exemplo, não
hesitaram em apoiar a campanha da Inglaterra porque a abolição do tráfico de escravos não lhes prejudicava em
nada.

Depois da lei de 1772 que institucionalizava a proibição do tráfico de escravos, a partir de 1807, os interesses
lançam-se na grande ofensiva contra o chamado grande circuito, mobilizando tanto a opinião pública britânica
como a internacional.

Página 6
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
A partir desta mesma data o parlamento britânico proibia o transporte de escravos em navios ingleses, de igual
modo que encarregava a Royal Marine Britânica no sentido de impedir por todos os meios ao seu alcance a
navegação pelo atlântico de barcos que transportassem cargas humanas.

Depois de uma série de leis intermediárias, a abolição completa da escravidão nas colónias ingleses ocorreu em
agosto de 1834 através do Slavery Abolition Act que libertou 776 mil homens, mulheres e crianças. Por meio do
Aberdeen Act, nesse ínterim, a Inglaterra havia declarado guerra aberta ao tráfico.

Depois da independência do Brasil, o tráfico de escravo passou a conhecer características diferentes:

❖ O primeiro período a considerar é o de 1830, que corresponde ao começo da acção da frota Britânica na
repressão do tráfico ao sul do Equador, conhecendo assim uma cessação temporária renascendo depois
com formas mais rígidas de organização;

❖ Neste mesmo ano nas colónias portuguesas se deixou de cobrar direitos sobre a exportação de escravos,
o que fez diminuir profunda e drasticamente os rendimentos públicos e reduzir consideravelmente a
margem de manobra das autoridades portuguesas;

❖ Em 1839 os cruzadores britânicos foram unilateralmente autorizado a visitar e a apressar navios


portugueses empregues no tráfico. Esse bloqueio efectuado pela marinha inglesa aos principais portos
das colónias portuguesas em África – sobretudo Luanda, Benguela e ilha de Moçambique – provocou uma
nova alteração das zonas de embarque;

❖ 1850 é a data fundamental porque marca o encerramento do Brasil como principal mercado para a mão-
de-obra de escravo.

1.2.3. A DIVERSIDADE DE ROTAS COMERCIAIS

Até hoje, pouco se sabe sobre as várias fases das rotas comerciais do passado longínquo dos antigos reinos que
integram hoje o território de Angola. Entretanto, a distância socioeconómica das sociedades africanas desta
região, permitiu a abertura de rotas comerciais importantes que estabeleceram a ligação entre os povos das
diversas regiões, sejam as mais próximas ou as mais afastadas.

As fontes minerais como sal, ferro, os níveis de produção provenientes da agricultura e da pastorícia ou ainda de
uma pequena indústria local (cerâmica, por exemplo), foram suficientes para fazer movimentar homens e
mercadorias e fomentar uma complexa rede de comércio, primeiro para os mercados locais que supriam as
necessidades mais urgentes das populações locais e áreas vizinhas, ou para as grandes feiras onde a amplitude
das transacções comerciais exigia outros recursos, sendo que os seus concorrentes eram provenientes de
paragens mais longínquas. A diversidade de unidade de troca nestas transacções explica por si a complexidade
destes circuitos comerciais.

De facto, as redes comerciais tradicionais existiam para manter o fluxo de produtos entre o litoral e o interior.

Com efeito, só para citar alguns, paralelamente existia uma diversificada rede comercial luso-africana, que ligava,
por exemplo, o Ndongo com os mercados de Mbata, Soyo, Loango, Maiombe e outros.

Página 7
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
Do norte importavam-se principalmente tecidos de ráfia que serviam, em Angola, como moeda. Outros bens
especialmente apreciados nos mercados locais eram, por exemplo, penas de papagaio, cauda de elefante e
madeira vermelha (a famosa tacula).

Pode-se mencionar também os povos Mobiri ou Vili do sul do rio Dande que, provavelmente, já nesta altura,
faziam negócios com mercadorias Holandesas. Maior procura tinham, alem dos tecidos, as armas e munições cuja
venda à africanos pertencentes a coroa interditava os portugueses aos interior.

Todavia, no interior não eram geralmente os europeus que desenvolviam os processos por eles impulsionados e
as feiras não eram igualmente criação europeia. Elas já existiam para responder as solicitações do consumo
interno e não só e, com o acentuar desta intervenção, adaptaram-se ao novo quadro vigente. Quer isso dizer, que
o comércio de longa distância já existia antes da intervenção europeia. O aspecto novo nesta interacção seria a
ligação transatlântica das mercadorias africanas que passaram a chegar a outros mundos.

Entretanto, com a abolição do tráfico de escravos e a consequente necessidade de obtenção de matéria-prima


para movimentar as indústrias na Europa, essas rotas foram sendo retomadas pelos novos parceiros comerciais
com a intervenção dos portugueses.

Para o efeito, criaram-se caravanas lideradas por exploradores, que com o tempo rapidamente transformaram-se
em caravanas de carregadores lideradas por comerciantes brancos, em primeiro lugar, mas também por alguns
mestiços, oriundos das comunidades luso-africanas que tiraram proveito das novas possibilidades de posse
territorial, de comércio e de ascensão social.

Os caravaneiros eram conhecidos como carregadores, a maioria deles eram escravos à mercê dos seus donos.

Ser carregador não era uma actividade exclusiva de quem tinha a sua liberdade apreendida. Era também uma
profissão e entre os carregadores contavam-se homens livres que optavam por assim ganhar a vida, levando nos
ombros mercadorias ou pessoas.

No final do século XIX, em Angola, então portuguesa, existiam ainda cerca de 200 mil carregadores. Só no século
XX, com o início de construção sistemática de estradas e caminhos-de-ferro, é que os carregadores deixaram
gradualmente de ser necessários.

As caravanas de carregadores, no século XIX, criaram uma densa rede comercial e de comunicação no interior de
África. O mérito próprio dos africanos na exploração da África Central, nomeadamente de Luanda às Lundas, é
realçado no livro da antropóloga e historiadora alemã Beatrix Heintze através de uma multiplicidade de
perspectivas, com especial relevo para o papel dos chefes das caravanas, intérpretes e carregadores. Nessa altura,
os exploradores europeus olhavam os Africanos como seres menores. Eram muito poucos os que os
consideravam como «indivíduos por direito próprio». A literatura de viagens do século XIX está cheia de
preconceitos e da subestimação dos autóctones.

1.3. OS AVANÇOS NA OCUPAÇÃO TERRITORIAL E OS ENSAIOS DE UMA NOVA COLONIZAÇÃO

A colonia formou-se em 1575, data em que Paulo Dias de Novais trazia trazia consigo 100 familias de colonos e
400 soldados que foram postos a cultivar a cana-de-açucar. As relações entre a sociedade colonial e a sociedade
tradicional eram somente relações de comércio e de guerra.

Página 8
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
Um princípio fundamental das políticas coloniais portuguesas, durante cinco séculos, foi o de que a melhor
maneira de garantrir a soberania portuguesa dse «civilizar» as populações indígenas e de desenvolver as
economias colonias consistia no estabelecimento de agricultures de Portugal nos territórios interiores do imperio
português. Em Angola, a incapacidade dos sucessivos regimes portugueses em atrair um número suficiente de
agricultores brancos livres originou uma série de tentativas para utilizar os degredados e colonizar e colonizar o
interior angolano.

Portugal precisava povoar as terras que conquistava com bastantes portugueses para que estes andassem pelos
matos a fazer o comércio e para que fossem soldados logo que fosse preciso.

Mas, além disso, Portugal precisava também de fazerf sair das suas terras e na Europa os ladões. Assim, para se
livrar dos lún-proletariados. O rei de Portugal foi mandando para colonias todos os homens e mulheres que eram
tão desdgraçados e malandros.

Por isso, as povoações que se foram criando chamava-se presídios. Nesses presídios, os desterrados viviam como
uma prisão “não podiam sair todos os dias”. Nas suas saídas ou trabalhavam para o presídio ou fazioam seu
comércio ou andavam na guerra com soldados. Grande parte dos soldados que lutavam contra os Estados do
interior; eram desterrados homens sem piedade e sem moral.

A partir daí o trabalho do colono neste periodo foi de consolidar o domínio sobre os povos africanos e integrados
nas estruturas colonias de forma que perdessem sua unidade politica. Para ocupação e colonização do actual
território, os colonos tiveram imensas dificuldades, atendendo a resistencia dos africanos.

Os presídios eram os pontos de partida para a agressão e ocupação do interior. A medida que a guerra de
ocupação ia avançando os portugueses construiam fortes para consolidar os territorios sob seu controlo. Os
indíginas não resistiram atendendo a supermarcioa da técnica militar, os colonos superiorizaram-se até no início
do séc. XX o actual território foi ocupado e passou a ser colonia.

1.4. A SOCIEDADE COLONIAL: OS COLONOS E OS “FILHOS DO PAI”; A IMPRESA E A AFIRMAÇÃO DA IMPRESA


AFRICANA

As reinvidicações autonomistas do séc. XIX em Angola ficaram conhecidas como proto-nacionalismo e foram
protagonizadas pelos filhos da terra que veicularam o seu discurso na impresa daquela época.

Em 1856, era criada em Angola a liberdade de Imprensa, isto é, as pessoas que escreviam podiam criticar o
governo ou mostrar a sua insatisfação pela política local, sem serem presas.

Um ano antes da liberdade de Impresa, em 1855, tinha aparecido o jornal << Aurora>>.

Em 1866, dois homens ilustres, Urbano da Costra e Alfredo Mântua fudavam uma revista chamada << a
Civilização da, África Portuguesa>>.

A lista feita pelo Arquivo Historico Nacional em 1993 reformistas e independentistas. De entre os jornas
destacam-se:

❖ Jornal Echo de Angola (1881-1882);


❖ Jornal Futuro de Angola (1882-1891);
❖ Jornal Verdade (1882-1888);
Página 9
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
❖ Jornal O pharol do Povo (1883-1885);
❖ Jornal Muen' exi, palavra kimbundo que significa ( Senhor da Terra) 1889;
❖ Jornal Kamba Dya Ngola -1898.

De um modo geral, os artigos que no Futuro d’Angola abordavam a questão da independência de Angola – numa
primeira fase de forma bastante dúbia e ambígua – tinham a assinatura de José de Fontes Pereira, para muitos
sem dúvida alguma o percursor do moderno nacionalismo angolano.

Nessa altura a situação económica e social da burguesia colonial, também apelidada de “filhos de Angola”,
deteriorava-se bruscamente, o que contribuiu para a proliferação de jornais tendo temas de crítica social
acutilantes, alguns doas quais chegando a abordar a questão da independência de Angola. A medida que a
situação económica-social desta comunidade se deteriorava, ao longo da década de 80do séc XIX, devido á nova
política colonial de Portugal, que consistia no afastamento dos filhos do país dos lugares-chave da admintração,
vão se tornando mais claras as aspirações independentistas.

Noutra vertente, o proto-nacionalismo tinha um discurso elaborado a partir do séc XIX. Nas suas linhas gerais,
esse discurso só se manifestou graças ao período liberal em Portugal como resultafdo da Revolução de 1820.
Abriu-se o campo ao exercício da livre comunicação de pensamento materializado nos movimentos associativos,
na imprensa, na eloquência parlamentar e na literatura política.

A impresa africana começou afirmar-se em 1945 com o fim da Segunda Guerra Mundial e com a Federação das
Nações Unidas (ONU), os africanos que participaram nessa guerra perderam o mito da superioridade da raça
branca. Os primeirois órgão de informação surgiram nas colónias inglesas, francesas e nas colónias portuguesas
houve um grande atraso, atendendo as actividades da PIDE, na colónia de Angola surgiram nos meados da década
50, quando os nacionalistas angolanos publicaram panfletos e jornais duma forma secreta.

1.5. AS SOCIEDADES AFRICANAS FACE À MUDANÇA

A evolução económica-social que aboliu o trabalho escravo crioiu classes sociais, introduziu novas plantas,
desenvolveu as cidade, etc. Estendia-se a África, procurando aproveitar-se das suas riquezas naturais. Era o
tempo em que a exploração económica das terras africanas começava a tornar-se rentável e em que o excedente
da população emigrava não para as cidades mas para as colónias, atraídas pela perspectiva de um alto
rendimento económico.

Face às novas políticas europeioas, as sociedades africanas tiveram, em certa medida, de as acompanhar, no
entento, foram submetidas sistematiocamente aos interesses económicos europeus, por força da diferença de
meios em uso no quadro das resistências que os africanos foram impondo um pouco por todo lado, para tentar
manter a sua independência, liberdade e soberania.

1.5.1. CABINDA

Cabinda é uma das 18 províncias de Angola, localizada na região norte do país, sendo a mais setentrional e
também único exclave da nação. A capital é a cidade e município de Cabinda.

O nome "Cabinda" tem origem da junção do termo "Mafuca" com o nome próprio "Binda", onde a aglutinação da
última sílaba da palavra "Mafuca" — que nos antigos reinos de Loango, Cacongo e Angoio-Nagoio era uma
espécie de intendente-geral do comércio e dignitário do rei que, em nome deste último, tratava de todas as
Página 10
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
transações comerciais — junta-se a "Binda", que era o nome do "Mafuca" naquela época. Este intendente-geral
do comércio de nome Binda era, portanto, um importante funcionário público que tratava questões de interesse
dos reinos nativos com os portugueses.

Exploradores, missionários e comerciantes portugueses chegaram à foz do rio Congo na metade do século XV,
fazendo contacto com o manicongo (nome pelo qual era chamado o mandatário do Reino do Congo). O
manicongo controlava grande parte da região através da afiliação com reinos minoritários, tais como os
de Loango, Cacongo e Angoio-Nagoio, todos eles tributários do antigo reino do Congo e situados parcial ou
totalmente em terras que correspondem atualmente a Cabinda.

Na região de Cabinda, ao longo da sua história, diversos reinos e comunidades estiveram presentes, cada um com
suas características culturais, sociais e políticas. Alguns dos reinos que se destacaram na região incluem:

1. Reino de Cacongo: Cacongo foi um dos reinos históricos em Cabinda. Era conhecido por sua organização social
e política, com um sistema de liderança e estrutura social próprios.

2. Reino de Loango: Embora Loango não esteja diretamente localizado em Cabinda, é mencionado devido à sua
influência na região. O Reino de Loango foi uma entidade política e cultural significativa na região da África
Central, comércio e relações culturais com comunidades em Cabinda.

3. Reino de Kakongo: Kakongo é conhecido como um reino pré-colonial na região de Cabinda. Era uma entidade
política e social com uma organização governamental própria.

4. Reino de N'Goyo: N'Goyo foi outro reino importante na região. Seus líderes desempenharam papéis
significativos nas interações com os colonizadores europeus, incluindo os portugueses.

É importante notar que as fronteiras políticas e a configuração exata dos reinos ao longo do tempo podem ter
variado, e as informações históricas podem ser limitadas ou sujeitas a interpretações diferentes. Além disso,
muitos desses reinos foram afetados pela chegada dos europeus, principalmente durante a era colonial, o que
teve impactos profundos nas estruturas sociais e políticas locais. A diversidade cultural e histórica desses reinos
contribui para a riqueza da história de Cabinda.

Na era colonial, especialmente durante o período em que Cabinda era uma colônia portuguesa, vários tratados e
acordos foram estabelecidos para definir as fronteiras e direitos de diferentes regiões africanas. É importante
notar que os tratados coloniais nem sempre refletiam as aspirações ou consentimento das populações locais. Em
relação a Cabinda, alguns tratados e acordos relevantes incluem:

1. Tratado de Simulambuco (1885): Este tratado foi assinado entre o Reino do Congo e Portugal em Simulambuco,
na região que agora é Cabinda. O tratado definiu as fronteiras entre os territórios coloniais portugueses e do
Congo.

2. Acordo de Chinfuma (1891): Este acordo foi assinado entre Portugal e a França. Ele visava definir as fronteiras
entre as colônias portuguesas e francesas na África Central, incluindo a região de Cabinda.

3. Conferência de Berlim (1884-1885): Embora não seja um tratado específico sobre Cabinda, a Conferência de
Berlim foi crucial para a partilha da África entre as potências coloniais europeias. O resultado dessa conferência
influenciou as fronteiras coloniais em toda a África, incluindo a região de Cabinda.
Página 11
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
É essencial notar que esses tratados frequentemente refletiam mais os interesses das potências coloniais
europeias do que as aspirações das comunidades locais. A partilha da África na Conferência de Berlim
frequentemente ignorava as estruturas sociais e políticas existentes e desenhava fronteiras que não
consideravam as identidades culturais e étnicas das populações locais.

As questões de fronteiras e tratados coloniais continuam a influenciar as dinâmicas políticas em Cabinda, e a


história desses acordos desempenhou um papel significativo na evolução da região até os dias de hoje.

1.5.2. O ANTIGO REINO DO CONGO

O Reino do Congo ou Império do Congo foi um Estado pré-colonial africano no sudoeste da África no território
que hoje corresponde ao noroeste de Angola (incluindo Cabinda), o sudoeste e oeste da República do Congo, a
parte oeste da República Democrática do Congo e a parte centro-sul do Gabão. Na sua máxima dimensão,
estendia-se desde o oceano Atlântico, a oeste, até ao rio Cuango, a leste, e do Rio Ogoué, no atual Gabão, a
norte, até ao rio Cuanza, a sul. O reino do Congo foi fundado por Nímia Luqueni no século XIV.

A região era governada por um líder chamado rei pelos europeus, o manicongo. Ela consistia de nove províncias e
três regiões (Angoio, Cacongo e Loango), mas a sua área de influência estendia-se também
aos Estados independentes, tais como Dongo, Matamba, Cassange e Quissama. A capital era M'Banza
Congo (literalmente, Cidade do Congo), rebatizada São Salvador do Congo após os primeiros contatos com
os portugueses e a conversão do manicongo ao catolicismo no século XVI, e renomeada de volta para M'Banza
Congo em 1975.

O reino era regido por uma monarquia, que por vezes em sua história alternou entre hereditária e eletiva. A
linhagem de reis durou desde a fundação do reino em 1390 até a abolição em 1914 pela recém-
implantada Primeira República Portuguesa, que diminuiu o título do rei á uma mera figura simbólica na cidade
de São Salvador (M'Banza Congo) até 1975, quando o recém instalado governo socialista de Angola termina por
abolir os títulos definitivamente.

De acordo com a tradição do Congo, a origem do reino reside em Pemba Cassi, um grande reino banto ao sul do
Reino Bambata, que se fundiu com esse estado para formar o Reino do Congo por volta de 1375. Pemba Cassi
estava localizado ao sul da atual Matadi na República Democrática do Congo. Uma dinastia de governantes desta
pequena comunidade governou ao longo do vale Cuílo, e seus membros estão enterrados em Nsi Kwilu, sua
capital.

O primeiro rei do Reino do Congo foi Nímia Anzima e o filho de Luqueni Luansanze, Nímia Luqueni (reinando por
volta de 1380 até 1420). Nímia Luqueni tornou-se o fundador do Congo quando conquistou o reino do Muene
Cabunga (ou Muene Ampangala), que ficava em uma montanha ao sul. Ele transferiu seu governo para esta
montanha, o Mongo dia Congo ou "montanha do Congo", e fez de M'Banza Congo, a cidade ali, sua capital. Dois
séculos depois, os descendentes de Muene Cabunga ainda desafiavam simbolicamente a conquista em uma
celebração anual. Todos os governantes que seguiram Nímia Luqueni reivindicaram alguma forma de relação com
seu canda, ou linhagem, e eram conhecidos como Casa de Luqueni. A Casa de Luqueni, como foi registrado em
documentos portugueses, governou Congo sem oposição até 1567.

Página 12
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
Após a morte de Nímia Luqueni, seu irmão, Mbokani Mavinga, assumiu o trono e governou até aproximadamente
1467. Ele tinha duas esposas e nove filhos. Seu governo viu uma expansão do Reino do Congo para incluir o
estado vizinho, o Reino de Loango e outras áreas agora abrangidas pela atual República do Congo.

Na época do primeiro contato registrado com os europeus, o Reino do Congo era um estado altamente
desenvolvido no centro de uma extensa rede comercial. Além dos recursos naturais e do marfim, o país fabricava
e comercializava artigos de cobre, metais ferrosos, tecido de ráfia e cerâmica.

Em 1483, o explorador português Diogo Cão navegou pelo desconhecido rio Congo, encontrando aldeias do
Congo e tornando-se o primeiro europeu a encontrar o Reino do Congo. Cão deixou homens no Congo e levou
nobres do Congo para Portugal. Ele retornou com os nobres do Congo em 1485. Nesse ponto, o rei
governante, Anzinga a Ancua, decidiu se converteu ao cristianismo para uma melhor relação com os visitantes.
Cão regressou ao reino com padres e soldados católicos romanos em 1491, baptizando Anzinga a Ancua e
também os seus principais nobres, a começar pelo governante do Soio, a província costeira. Ao mesmo tempo,
um cidadão do Congo alfabetizado que regressava de Portugal abriu a primeira escola. Anzinga a Ancua assumiu o
nome cristão de João I em homenagem ao então rei de Portugal, João II.

D. João I governou até à sua morte por volta de 1506 e foi sucedido por seu filho Afonso I. Ele enfrentou um sério
desafio de um meio-irmão, Ampanzu a Quitima. O rei venceu seu irmão em uma batalha travada em M'Banza
Congo.

Nas décadas seguintes, o Reino do Congo tornou-se uma importante fonte de escravos para os
comerciantes portugueses e outras potências europeias. O Atlas Cantino de 1502 menciona o Congo como fonte
de escravos para a ilha de São Tomé. A escravidão já existia no Congo muito antes da chegada dos portugueses, e
as primeiras cartas de Afonso mostram a existência de mercados de escravos. Eles também mostram a compra e
venda de escravos dentro do país e suas contas sobre a captura de escravos na guerra, que foram dados e
vendidos a mercadores portugueses. É provável que a maioria dos escravos exportados para os portugueses
fossem prisioneiros de guerra das campanhas de expansão do Congo. Além disso, as guerras escravistas ajudaram
Afonso a consolidar seu poder nas regiões fronteiriças do sul e do leste.’

O Rei Diogo I habilmente substituiu ou superou seus concorrentes entrincheirados depois de ser coroado em
1545. Ele enfrentou uma grande conspiração liderada por D. Pedro I, que se refugiara numa igreja, e a quem
Diogo, respeitando a regra de asilo da Igreja, o deixou ficar na igreja. No entanto, Diogo fez um inquérito sobre a
trama, cujo texto foi enviado a Portugal em 1552 e dá-nos uma excelente ideia da forma como os conspiradores
esperavam derrubar o rei, induzindo os seus apoiantes a abandoná-lo.

Surgiram também problemas entre Diogo e os colonos portugueses em São Tomé conhecidos como Tomistas. De
acordo com um tratado entre o Congo e Portugal, este último deveria apenas negociar dentro do reino do
primeiro por escravos.

A tentativa do rei de pacificar o impaciente Reino do Dongo em 1556 saiu pela culatra, resultando na
independência deste último. Apesar desse revés, ele disfrutou de um longo reinado que terminou com sua morte
em 1561.

Página 13
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
O sucessor de D. Diogo, cujo nome se perdeu na história, foi morto pelos portugueses e substituído por um filho
bastardo, mais dócil aos interesses de Tomistas, Afonso II. O povo comum do Congo ficou furioso com sua
entronização e respondeu com tumultos por todo o reino. Muitos portugueses foram mortos e o porto real de
Mpinda foi fechado aos mesmos, pondo fim ao comércio de escravos entre o Congo e Portugal.

A Primeira Guerra Luso-Congolesa começou em 1622, inicialmente por causa de uma campanha portuguesa
contra o Reino de Cassange, que foi conduzida de forma implacável. De lá, o exército mudou-se para Nambu a
Angongo, cujo governante, Pedro Afonso, foi acusado também de estar abrigando escravos fugitivos. Embora
Pedro Afonso enfrentasse um exército esmagador de mais de 20 000 e ainda concordasse em devolver alguns
fugitivos, o exército atacou seu país e o mataram.

Os portugueses de todo o país foram desarmados de forma humilhante e até forçados a desistir das roupas.

Como resultado da vitória do Congo, a comunidade mercantil portuguesa de Luanda revoltou-se contra o
governador, na esperança de preservar os seus laços com o rei. O governo interino que se seguiu à partida foi
liderado pelo bispo de Angola. Foram muito conciliadores com o Congo e concordaram em devolver mais de mil
escravos capturados por Correia de Sousa, especialmente os nobres menores capturados na Batalha de Bumbi.

Em 1641, os holandeses invadiram Angola e capturaram Luanda, após uma luta quase sangrenta. Procuraram
imediatamente renovar a sua aliança com o Congo, que teve um início falso em 1624, quando Garcia I se recusou
a apoiar um ataque holandês a Luanda. Embora as relações entre São Salvador e Luanda não fossem calorosas, as
duas comunidades tinham gozado de uma paz fácil, devido às distrações internas da primeira, e da guerra da
segunda contra o Reino da Matamba.

No mesmo ano da expulsão portuguesa de Luanda, o Congo celebrou um acordo formal com o novo governo e
concordou em fornecer assistência militar conforme necessário. Garcia II expulsou quase todos os mercadores
portugueses e luso-africanos do seu reino.

1.5.3. O BIÉ E O BAILUNDO

O primeiro ataque dos portugueses ao Planalto data de 1645, quando ainda estavam concentrados em
Massangano e em luta aberta com a rainha Njinga, da Matamba. Ao procurar uma passagem para aquela região,
aperceberam-se da densidade populacional existente e até da existência de armas de fogo que a rainha tinha
distribuído para evitar as tentativas de ataque e infiltração dos territórios em causa.

Um novo ataque tentado em 1660 foi novamente rechaçado. Em meados do século XVIII, os portugueses atacam
o reino de Ngalangi, prendem o rei e estabelecem, em 1769, uma aliança com o rei de Kakonda, que lhes facilita a
construção do Forte de Kakonda-a-Nova. Em 1774, começou a campanha de invasão aos reinos de Ciyaka, Ndulu,
Cingolo e Bailundo. Como não havia forças para ocupar efectivamente o terreno, eram forçados a abandonar a
região e tudo voltava ao princípio.

Em 1778, Portugal conseguiu um aliado de peso no Bié. Aquele estado era governado por Ndjilahulu. Os
portugueses apoiaram o pretendente Kangombe, colocando-o arbitrariamente no trono e assegurando, assim, a
neutralidade da região até 1890.

Página 14
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
A segunda coligação formou-se mais tarde, em 1856, de novo chefiada pela Ciyaka, compreendendo as regiões de
Cingolo e Kalukembe, embora não tenha obtido resultados positivos. Em 1876 sobe ao trono do reino do Bailundo
o rei Ekuikui II. Para se libertar dos produtos agrícolas do Brasil, vai desenvolver a agricultura na região. Aliando o
comércio do milho ao dos escravos, da cera, do marfim e então também da borracha, o Bailundo tornou-se no
grande potentado comercial do Planalto, conhecido em toda a África Negra.

Quando Ciyoka se torna rei do Bié, estavam criadas as condições para uma aliança contra os portugueses. Em
resposta, estes conquistam, mais uma vez, o reino do Ngalangi, construindo o forte do Kuango, no reino dos
Ngangelas. Ciyoka morre em 1888, sucedendo-lhe e o rei Ndunduma I do Bié, que renova com força acrescida a
aliança anterior.

Em 1891, os portugueses decidem passar ao ataque. Coube ao capitão Teixeira da Silva o comando das tropas,
equipadas com artilharia e guiadas por batedores boers. Ndunduma foi feito prisioneiro e desterrado para Cabo
Verde, onde morreu. Foi construído um forte no Bié. reino que perde a sua independência.

Em 1893, morreu Ekuikui II, sucedendo-lhe Numa II. Em 1896, Teixeira da Silva atacou a capital do Bailundo,
deitou-lhe fogo, matou Numa II e reduziu o reino à situação do Bié.

O Planalto do Bié é habitado pelos Ovimbundu, essencialmente agricultores, criadores de gado e ferreiros. A sua
agricultura próspera permitiu produzir excedentes, que foram utilizados no comércio com povos vizinhos. Essa
prosperidade económica permitiu uma maior consolidação do poder político dos diferentes reinos existentes,
nomeadamente Wambu-fundado por Wambu Kalunga-, Tchiyaka- fundado por Tchilulu-, e Ndulu ou Andulo,
fundado por Katekulu-Mengu. Existiam ainda outros reinos, como o do Bailundo, fundado por Katiavala, Bié por
Viye e Kakonda. Havia ainda outros reinos no Planalto do Bié nomeadamente Ngalang, Sambu, Tchivula, Tchingola,
Tchikomba, Tchitata, Ekekete, Tchikuma, Kalulembe.

O acesso ao Planalto do Bié efectuou-se através de Benguela, fundada em 1617, e que funcionou como
escoadouro dos produtos transaccionados pelos povos Ovimbundu. A região em causa sofreu um surto de
desenvolvimento durante o governo de Sousa Coutinho, em que foi desenvolvido um esforço enorme de
edificação de novas localidades, tentando fixar novas populações de origem europeia com base na exploração
agrícola.

No entanto, esta estratégia, devido à importância de que se revestia o tráfico de escravos, ao clima e às doenças,
que transformavam a zona num autêntico cemitério de europeus, não vingou e a presença portuguesa na zona
foi-se diluindo progressivamente. Parte das povoações tiveram que ser abandonadas e, até meados do século XIX,
a independência dos povos locais não sofria contestação por parte das autoridades portuguesas.

A origem e fundação do reino do Viye não é bem clara. As tradições sobre a sua fundação e origem nem sempre
coincidem. Mas existem versões que, atendendo à globalidade da História dos Ovimbundu e dos seus vizinhos
Songos e Luimbis e, sobretudo os Tucokwe, suscitam alguma credibilidade De entre tantas, podemos enfatizar a
que concerne o significado e origem do termo Viye (Bié), que é um conto que atesta a proveniência do vocábulo
«viye», do imperativo conjuntivo na terceira pessoa do plural, do verbo umbundu okwiya" isto é, vir. Em
conformidade com esse conto, um certo soberano do Bié, para resolver os contenciosos ou para fazer pagar os
súbditos e aos reinos subsidiários os tributos devidos ao seu reino, exigia, antes de mais bois. O soberano fazia as

Página 15
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
suas cobranças de impostos ou taxas, usando apenas a expressão «víye», isto é, «que venham», subentendido na
frase «tere olongombe viye» isto é, «antes de mais que venham os bois, depois falaremos»

O Planalto do Bié foi ocupado pelos povos Ovimbundu, que se ocupavam primordialmente da agricultura. Desde
sempre foi a região do território de Angola que possuiu maior, densidade populacional: o que se reflectiu nos
altos níveis de produção alcançados, não só do ponto de vista agrícola, mas também artesanal e de exploração
mineira, em especial do ferro extraído das minas do Andulo.

À medida que a produção se foi desenvolvendo, foram-se criando excedentes, que no início foram trocados
internamente no âmbito do Planalto, para mais tarde serem transaccionados com as populações da costa oriental
de África. Estes agricultores, artesã os , ferreiros, caravaneiros de longo curso e grandes guerreiros só muito tarde
se organizaram em estruturas políticas autónomas.

Em 1671, nasce o reino do Ndulu (Andulo), organizado por Katekulu-Mengu, chefe jaga. Os reinos do Bailundo,
Bié e Kakonda, formaram-se respectivamente em 1700, 1750, e 1760, o primeiro pelo chefe Katiavala da Kibala, o
segundo por Vye, guerreiro e caçador do Humbe, e o último por Kakonda, um escravo fugido de Benguela. Além
destes, considerados os mais importantes, outros se formaram, sobretudo no sul do Planalto, formando um
conjunto de pequenos Estados, difíceis de identificar e seguramente difíceis de controlar, tal como Ngalangi,
Sambu, Civula, Cingolo, Cikomba, Citata, Ekekete, Cikuma, Kalukembe e outros.

Os reinos do Planalto dividiam-se também em províncias, os Tumbus, e estes em distritos. Cada Tumbu era
constituído por numerosas aldeias e cada uma delas em bairros. Os chefes de todas estas organizações eram os
Muene. Os da província eram nomeados pelo rei, os restantes eram nomeados pelo povo, depois de consultado o
Conselho de Velhos.

Economicamente, o estado do Bié era potencialmente forte no domínio da agricultura, mercê das abundantes
chuvas, sendo a produção de milho e feijão muito intensa. Da criação de gado bovino, ovino e caprino
aproveitavam o leite, as peles e a carne. Recolhiam produtos da floresta como o mel e a cera, e da caça aos
elefantes extraíam o marfim e a pele. Sendo hábeis utilizadores da metalurgia do ferro, produziam uma série de
instrumentes agrícolas, de caça e defesa que foram úteis em diversas actividades desenvolvidas pelos Ovimbundu
durante os séculos da sua existência.

Com a abolição do tráfico de escravos, a região voltou a merecer a atenção das autoridades portuguesas, mais no
sentido da repressão do que da implementação de um projecto de desenvolvimento autónomo. Nesta época, a
presença portuguesa circunscrevia-se, a norte, às feitorias de Benguela Velha, fundada no século XVII, Novo
Redondo, fundada por Sousa Coutinho, assim como Kikombo e Egípto.

As fortalezas encontravam-se em ruínas e as respectivas guarnições dificilmente se aventuravam fora das


muralhas. No interior de Benguela encontrava-se Catumbela, que atingiu o auge económico entre 1864 e 1874,
com o comércio da urzela, do marfim e da goma, e o Dombe Grande, cercado pelos pastores Dombes, cujo forte
foi construído em 1847.

Para leste, situava-se o forte de Kakonda, criado em 1169, herdeiro da antiga Kakonda Velha, incrustada mais a
oeste, na Hanha e que teve de ser abandonada por se ter tornado insustentável a sua situação. Por último,
Kilengues, a sudoeste de Kakonda, antiga Salvaterra de Magos que, embora possuísse um regente e alguma tropa
tal como as restantes bases, estava à mercê da vontade da autoridade política dos dirigentes dos povos locais.
Página 16
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
Reis do Bié até ao ano de 1890

Ulundu I; Morna (Vasovava Il); Konya Cileno (1860 a 1883);


Eyambi I; Mbandua I (1833 a 1839); Njamba Ya Mina I (1883 a 1886);
Njilahulu I; Kakembembe I (1839 a 1842); Cyioka I (1886 a 1888);
Kangombe I (coroado em 1795); Liambula I (1842 a 1847); Ndunduma I (1888 a 1890). Mukinda I (1850 a 1857);
Kawewe I (1795); Kayangula I (1847 a 1850); Nguvenge I (1857 a 1859);

O BAILUNDO

Para controlar mais eficazmente o comércio no interior de Angola e melhor enfrentar a resistência dos
Ovimbundu, as autoridades coloniais tinham criado, a partir de 1620, diversos decretos e leis proibindo o
comércio e a penetração no interior de Angola para fins comerciais, mas Sousa Coutinho revogou-os,
considerando que apenas tinham favorecido o contrabando. Na sequência de tais reformas, os comerciantes
europeus procuraram penetrar profundamente nas áreas rurais, Alguns deles chegaram a construir fortalezas
individuais guarnecidas por escravos e servos, recrutados entre os africanos que encontravam nas áreas rurais,
Em resposta a essa penetração e aos Bailundo movimentos comerciais cada vez mais intensos na sua região, os -
reis Ovimbundu, que não reconheciam o poder e as leis e decretos coloniais, passaram a exigir impostos de
ocupação territorial e taxas aduaneiras de circulação de bens comerciais.

Face às exigências dos reis Umbundu de introduzir taxas de produção e de impostos aduaneiros aos comerciantes
europeus que quisessem atravessar o seu território, alguns desses comerciantes aceitaram as condições impostas
pelos reis Umbundu, mas outros não aceitavam submeter-se ao pagamento de impostos de presença no território
e das taxas aduaneiras de penetração e transacções comerciais no território Umbundu e preferiam retirar-se
outra vez para a costa, deixando mais uma vez aos Ovimbundu o monopólio do controlo e do comércio dos
produtos do interior para a costa e vice-versa.

Os comerciantes que não aceitavam viver sob as instituições dos reis africanos levavam uma vida muito difícil e
uma situação económica muito precária, Os que aceitavam pagar taxas e impostos chegavam inclusive a construir
ou a consolidar as suas fortalezas ou presídios guardados por escravos, mas com o passar do tempo, e não
conseguindo engrenar perfeitamente na estrutura socioeconómica Umbundu, esses comerciantes europeus
acabavam praticamente por tornar-se vassalos dos reis Umbundus que se encontravam na zona, para melhor
controlar o interior, as autoridades coloniais passaram a construir fortes ou presídios nas áreas rurais, Os novos
presídios guardados por militares passaram a ser constantemente atacados pelos Ovimbundu, que se recusavam
a reconhecer as leis e as autoridades coloniais.

As tensões e os confrontos que se levantaram entre os Ovimbundu e os comerciantes portugueses e as


autoridades coloniais foram-se tornando cada vez mais frequentes e sangrentas e levaram a uma guerra
sangrenta na região do Planalto Central de 1774-1776 entre as autoridades coloniais e os chefes tradicionais
Umbundu tendo sido muitos deles mortos ou feitos prisioneiros em muitos dos reinos incluindo no reino do
Mbalundu (Bailundo) e no do Ndulu (Andulu).

Esse conflito, generalizado, foi tão violento para as duas partes, que acordaram, pelo menos por algum tempo,
engrenar numa convivência pacífica no respeito dos interesses uns dos outros, numa espécie de aliança de
tolerância.

Página 17
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
Todavia, esta espécie de aliança de tolerância não atenuou os pressupostos da tensão e das incompreensões. Não
obstante a dura experiência que ficou na memória dos Ovimbundu e dos comerciantes portugueses desse
período, os conflitos continuaram em diversas zonas do Planalto Central, onde os chefes tradicionais viram nas
consequências dessa guerra um apelo a tréguas estratégicas, mas não a uma aceitação da rendição, enquanto as
tentativas dos portugueses de dominar os Ovimbundu e de controlar o comércio e as riquezas do Planalto Central
redundavam em insucesso.

1.5.4. O COMÉRCIO DE LONGA DISTÂNCIA DOS MBUNDU

As primeiras notícias escritas sobre a prática de comércio entre os Mbundu, mais concretamente no reino do
Ndongo, foram dadas por missionários jesuítas (portugueses e castelhanos), que integraram a comitiva de Paulo
Dias de Novais, aquando da sua primeira viagem às terras de Ngola Kiluanje em 1560, movidos pela ambição da
expansão comercial e das suas potencialidades minerais.

É de entender que a parte Atlântica dos Mbundu, ao contrário das frentes norte e leste, não dispunha de
comunicações activas com o mundo exterior. Deve ter existido um tráfico marítimo local, de têxteis e sal,
praticado ao longo da costa, tal como existiu na África Ocidental. Canoas escavadas num só tronco e alguma
pesca costeira devem ter precedido ti chegada das caravelas portuguesas.

Todos os dias surgiam nas suas terras mercados onde eram comercializados os seus artigos.

O sal servia de moeda e com ele compravam o que precisavam. Aos seus territórios afluíam povos de diversas
regiões, sejam vizinhos ou os de áreas mais afastadas. Havia feiras e mercados que, vistos como um fenómeno
universal, eram a sequência lógica da organização de um espaço urbano em que os produtores se obrigam a dar
um destino adequado aos seus excelentes, provocando-se naturalmente a expansão das transacções comerciais,
apesar de estas variarem de acordo com o volume de mercadorias que intervêm neste tipo de operações.

Os povos do planalto central tornaram –se grandes comerciante através do comercio a longa distancia. Eram
conhecidos como os maiores comerciantes da África negra, depois dos árabes de Zanzibar. Eles conheciam
Zanzibar (Tanzânia) por causa das trocas comerciais que eram um grande ponto de encontro entre árabes e
africanos.

Por causa do comércio dos ovimbundos e, principalmente, os bailundos e Bienos, os árabes de zanzibar vinham
em Angola realizar as trocas comerciais. o comercio era feito em grande caravanas de mercadores locais .
Formavam caravanas e partiam para a África central, oriental e austral a vender e comprar produtos. Entrar numa
caravana de comercio era uma obrigação de qualquer homem do planalto central tal como fazer a circuncisão.

1.5.5. O FIM DA EXPANSÃO ECONÓMICA E TERRITORIAL DOS TUCOKWE

Devido o desenvolvimento das forças produtivas, as lunadas tchokwe faziam comércio com os povos vizinhos. O
reino da lunda tinha contactos com o interior de África e fazia comércio com o reino Luba.

Para o interior de Angola, os Lunda faziam comércio com Kassange, Matamba, Ndongo e os povos do planalto
central. Eles vendiam tecidos, escravos, marfim, óleo de palma etc. os Lunda tiveram varias complicações com o
reino de Kassange e a um certo momento com os portugueses, porque também queriam comercializar com os
franceses que dominavam o Loango.

Página 18
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
Além do comércio exterior (Com outro povos) o comércio interno estava desenvolvido por causa da divisão social
do trabalho.

Os portugueses começaram ocupar a Lunda no século XIX quando Henriques de Carvalho chega na região.
Finalmente, em 1920 uma grande batalha deu-se entre os tchokwe e os portugueses em Calendende. Os
portugueses venceram essa batalha e dominaram os indígenas. Em o termina a independência da lunda e é o fim
deste reino, passando a ser território português, as autoridades passaram a depender de Portugal.

1.5.6. O REINO DE NYANECA HUMBE

O reino de Mataman formou-se no século XVI (1570). Em 1570, os jagas invadiram Mataman a pois a sua
expansão no reino do Congo. Os jagas que entraram no território, dividiram este reino em dois: o reino da Huila e
o reino do Humbe.

A história dos huilas esta ligada a historia humbis, não se pode estudar uma sem ver também o que se passa na
outra, porque os usos e costumes se assemelham.

Organização económica

As principais actividades eram: agricultura, criação de gado e Artesanato. A agricultura era feita em grandes
extensões de terreno e mudava de terras constantemente na mudança de lavra utilizava-se os estrumes dos bois.

A criação de gado estava bastante desenvolvida, fazia-se a criação de gado bovino, suíno e caprino. Aproveitava-
se o leite para fabricar manteiga e as peles eram curtidas para fazer peças de vestuário, tapetes, sacos, bolsas e
sacos para transportar flechas.

Organização Social
Existiam duas classes sociais: a aristocracia e o povo.
-Reis - camponeses
-Ricos - escravos
Aristocracia - -Governadores de províncias - artesãos
-Altos funcionários POVOS - Quimbandas e curandeiros
-Chefes militares - Militares
- Adivinhadores e Pastores

A ocupação e colonização portuguesa contribuíram para o enfraquecimento da região. As trocas comerciais eram
feitas através de trocas directas, produto contra produto. Os principais produtos que abasteciam os mercadores
eram da produção do artesanato. Os ovimbundos através do comercio a longa distancia contribuíram para o
conhecimento da cultura de outros povos bem como a nossa.

1.5.7. OS OVAMBO

Ovambo (em ovambo, owambo, por vezes chamada ambó na literatura do período colonial português) designa
um povo de origem banta, falante da língua ovambo (oshiwambo), que ocupa um vasto território no norte
da Namíbia e no sudeste de Angola, particularmente na província do Cunene.

São agricultores e criadores de gado bovino, com predomínio da actividade agropecuária e em especial
da bovinicultura. O termo ovambo foi introduzido pelos hereros para designar as populações que viviam nas

Página 19
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
regiões onde abundavam as avestruzes (designadas ampho, omboh ou avambo), termo que se
significa avestruz ou pessoas que convivem com avestruzes.

Estes povos migraram para sul a partir das regiões das cabeceiras do rio Zambeze, fixando-se nas regiões
comparativamente férteis e planas do norte da Namíbia e do sul de África.

Devido à influência externa, a maioria dos ovambos veste-se ao estilo ocidental, escutam música moderna e a
maioria considera-se como pertencente à comunidade religiosa luterana. Apesar disso, conservam algumas
crenças e tradições ancestrais: são supersticiosos e acreditam na existência de um espírito supremo, Calunga; se
alguém não retira as sandálias ao entrar na residência do chefe, um membro da família de este último morrerá; se
a fogueira do chefe se deixa extinguir, este e a tribo se extinguirão também. O sistema social é matriarcal e a
prática da poliginia é comum.

Os ovambos destacaram-se por uma resistência tenaz à ocupação colonial tanto pelos alemães e sul-africanos na
Namíbia como pelos portugueses na actual província do Cunene. Nos combates contra os portugueses sobressai a
liderança de Mandume ya Ndemufayo, último chefe ("rei") dos Reinos Confederados Ovambos — localizado nas
terras atuais do sul de Angola —, que enfrentou os colonizadores em várias batalhas, como a de Mufilo e a
de Môngua. Mandume ya Ndemufayo foi morto a tiros por um destacamento das forças britânicas-sul-africanas
em 1917.

TEMA 2: ANGOLA NO PERÍODO DA CONQUISTA EUROPEIA DE ÁFRICA (1880-1915)

2.1. O NOVO CONTEXTO IMPERIALISTA, AS EXPLORAÇÕES GEOGRAFICAS E CIENTÍFICAS, A CONFERENCIA DE


BERLIM E O PRELÚDIO PARA A PARTILHA EUROPEIA DE ÁFRICA

O novo contexto imperialista, passa pelas explorações geográficas e científicas de alguns paíseseuropeus como
França e Bélgica que já haviam mandado em primeira instância, dois exploradores (Pirre de Brazza ao serviço de
frança e Stanley, ao serviço de Leopoldo II, monarca belga. Enquanto isso Portugal seguiu com bastante
preocupação a crescente disputa entre França eBélgica, a propósito da bacia do Congo, o que chocava os direitos
históricos portugueses. A Bélgica procurava, através das viagens de Stanleyne da acção da associação
Internacional do Congo fundado em 1878, consolidar a sua influência na bacia do Congo.A frança financiava as
expedições de brazza (1880-1883) no sentido de obter uma zina desoberania ao norte do Zaire, onde pudesse criar
uma colónia francesa.

Explorações geográficas (anterior à 1885)

Após a abolição do tráfico de escravos, a Europa sentiu a necessidade de conhecer melhor o continente africano
(só conheciam o litoral onde se traficava os escravos). Para isso, era necessário realizar explorações geográficas.
Além da curiosidade científica, este elevado interesse por parte dos europeus em África justifica-se sobretudo por
razões económicas: a procura de matérias-primas para as indústrias e mercados de escoamentos para os seus
produtos.

Os rios foram as principais vias de penetração. Os principais eram: o rio Níger, rio Senegal, rio Congo e o rio Nilo.
Estes serviam como meios de comunicação e acesso as áreas habitadas por nativos.

Página 20
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
No contexto africano, as mais importantes viagens de exploração geográfica foram realizadas por cientistas e
exploradores missionários, militares e mercadores que penetraram no interior do continente africano, mantendo
assim contactos com outros povos, outras realidades, outras culturas e outros ambientes. De entre os vários
destacam-se os seguintes:

a) Richard Burton, geógrafo, antropólogo, explorador, agente secreto, diplomata britânico, etc. (1821 - 1890)
Viajou a cidade sagrada de Meca e também a Harar, capital da Somália;
b) John Speke (Inglês) 1827 - 1864) explorou a região dos Grandes Lagos africanos e descobriu o lago
Tanganica;
c) Hugh Clapperton (Inglês) 1788 - 1827) foi um oficial da Marinha e explorador da África Ocidental e Central,
Clapperton foi o primeiro europeu a dar a conhecer, por observação pessoal, os Estados hauçás;
d) René Caille (Françês) e 1799 - 17 de maio de 1838) foi um explorador, navegou na costa do
moderno Senegal, na África ocidental e viajou ate no sul da Mauritânia
e) Richad Lander (Inglês) 1804 - 6 de fevereiro de 1834) foi um explorador britânico da África Ocidental. Ele
e seu irmão John foram os primeiros europeus a seguir o curso do rio Níger, e descobrir que ele levava ao
Atlântico;
f) Heinrich Barth (Alemão) e 1821 – 1865) foi um explorador Barth é considerado um dos maiores
exploradores europeus da África, pois sua preparação acadêmica, capacidade de falar e escrever árabe,
aprender línguas africanas;
g) David Livingstone (Escoçês) 1813 –1873) foi um missionário e explorador britânico que se tornou famoso
por ter sido um dos primeiros europeus a terem explorado o interior da África Numa aventura de mais de
15 anos, atravessou duas vezes o deserto do Kalahari, navegou o rio Zambeze de Angola até Moçambique,
procurou as fontes do rio Nilo, descobriu as cataratas Vitória e foi o primeiro europeu a atravessar o lago
Tanganica. Cruzou Uganda, a Tanzânia e o Quênia;
h) Henry Morton Stanley (Denbigh, País de Gales, 1841 – 1904) foi um jornalista que se tornou famoso pela
sua viagem através da África em busca do explorador britânico David Livingstone e pelo seu papel na
criação do Estado Livre do Congo. Partindo expedição de Zanzibar, o jornalista encontrou Livingstone no
dia 10 de Novembro de 1871 em Ujiji, perto do Lago Tanganyika, presentemente na Tanzânia;
i) Piérre Sarvogam de Brazza (Françês) e 1852 – Dacar, 14 de setembro de 1905), foi um explorador de
origem italiana e nacionalizado francês. Fundou e deu nome à capital da República do Congo, Brazavile;
j) Alexandre Serpa Pinto (1846 - 1900), foi um militar, explorador e administrador colonial português. A
expedição de Serpa Pinto tinha como objectivo fazer o reconhecimento do território e efectuar
o mapeamento do interior do continente africano, para preparar a entrada de Portugal na discussão pela
ocupação dos territórios africanos que até então apenas utilizara como entrepostos comerciais ou destino
de degredados. A «ocupação efectiva», sobre a ocupação histórica, determinada pelas actas
da Conferência de Berlim (1884-1885) obrigou o Estado Português a agir no sentido de reclamar para si
uma vasta região do continente africano que uniria as províncias de Angola e Moçambique (então
embrionárias) através do chamado "mapa cor-de-rosa"; esta intenção falhou após
o ultimato britânico de 1890.

Consequências das explorações geográficas para África


a) Científicas: As viagens permitiram a recolha de informações sobre a história dos povos, bem como
aspectos ligados a etnografia, geografia, Sociologia, linguística, etc.

Página 21
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
b) Económicas: Encontrou-se novos e vastos mercados de escoamentos de produtos e novas fontes de
matérias-primas para a indústria Europeia.

c) Políticas: Provocou desentendimentos e atritos entre africanos e europeus bem como aumento da
rivalidade entre as potências europeias.

Conferência de Berlim

A Conferência de Berlim, também conhecida como conferência da África Ocidenta ou Conferência do Congo,
realizou-se em Berlim, de 15 de novembro de 1884 a 26 de fevereiro de 1885, marcando a
colaboração europeia na partição e divisão territorial da África. Organizado pelo Chanceler do Império
Alemão, Otto von Bismarck, o evento contou com a participação de países europeus
(Alemanha, ÁustriaHungria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, GrãBretanha, Itália, Noruega, PaísesBaixos, Port
ugal, Rússia e Suécia), mas também do Império Otomano e dos Estados Unidos. O objetivo declarado era o de
"regulamentar a liberdadedocomércio nas bacias do Congo e do Níger, assim como novas ocupações de
territórios sobre a costa ocidental da África".

Note que alguns países participantes não possuíam colônias na África, como o império Alemão, Império Turco-
Otomano e Estados Unidos. No entanto, cada um deles tinha interesse em obter um pedaço do território africano
ou garantir tratados de comércio.

Causas da Conferência de Berlim

Oficialmente, a reunião serviria para garantir a livre circulação e comércio na bacia do Congo e no rio Níger; e o
compromisso de lutar pelo fim da escravidão no continente.

Contudo, a ideia era resolver conflitos que estavam surgindo entre alguns países pelas possessões africanas e
dividir amistosamente os territórios conquistados entre as potências mundiais.

Todos tinham interesse em adquirir a maior parte de territórios, visto que a África é um continente rico em
matérias-primas.

Embora os objetivos tenham sido alcançados, a Conferência de Berlim, gerou diversos atritos entre os países
participantes. Vejamos alguns deles:

Bélgica

O rei Leopoldo II escolheu para si um território isolado e de difícil acesso, no centro do continente. Sua intenção
era possuir uma colônia tal qual seus pares europeus, para inscrever a Bélgica como uma nação imperialista,
como a Inglaterra e a França.

Dessa maneira, o Congo belga fazia fronteira com várias colônias de outras nações e isso geraria conflitos no
futuro.

França x Inglaterra

A França disputava com a Inglaterra a supremacia colonial tanto na África quanto na Ásia. Por isso, as duas nações
esforçavam-se para fincar suas estacas na maior quantidade possível de território no continente africano.

Página 22
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
A Inglaterra contava com sua poderosa esquadra naval, a maior da época, para pressionar e influenciar os
resultados das negociações.

Por sua parte, a França foi negociando tratados com os chefes tribais ao longo do século XIX e usou este
argumento para garantir territórios no continente africano.

Essa técnica era usada por todos as nações que ocuparam a África. Os europeus aliavam-se a certas tribos e as
ajudavam a combater seus inimigos promovendo guerras.

O programa da conferência obedeceu a seguinte agenda de trabalho:

a. A liberdade de comércio na bacia e embocadura do Congo;


b. Aplicação ao Congo e ao Níger o princípio de liberdade de navegação e internacionalização;
c. Definição das formalidades a obedecer para que as novas ocupações nas costas de Áfricasejam
consideradas efectivas.
As principais decisãoes da conferência de Berlim:
1. A fundação do Estado livre do Congo sob a direcção da rei da Bélgica;
2. Liberdade de comércio nos rios Zaire, Níger e Zambeze;
3. Só podiam ter territórios colóniais quem os ocupasse, com gente brancae militar;
4. Abolição dos direitos alfandegários na entrada de produtos;
5. Proibição de comércio de vinho com os povos africanos;
6. Proibição completa do tráfico de escravos, que era feito, principalmente no Norte de Angola pelo Ambriz
e portos clandestinos;
7. Obrigação de respeitar os tratados de protectorados com os soberanos africanos. Os tratados de
protectorados punha os sobas e reis africanos sob protecção de uma outra potência europeia;
8. A conferência estabeleceu, para novas ocupações nas costas do continente africano, dosi principios,
nomeadamente: a notificação e a ocupação efectiva.

Consequências da Conferência de Berlim


Como consequência, o território africano foi dividido entre os países integrantes da Conferência de Berlim:

Grã-Bretanha: suas colônias atravessavam todo o continente e ocupou terras desde o norte com o Egito até o sul,
com a África do Sul;

França: ocupou basicamente o norte da África, a costa ocidental e ilhas no Oceano Índico,

Portugal: manteve suas colônias como Cabo Verde, são Tomé e Príncipe, Guiné, e as regiões de Angola e
Moçambique;

Espanha: continuou com suas colônias no norte da África e na costa ocidental africana;

Alemanha: conseguiu território na costa Atlântica, atuais Camarões e Namíbia e na costa Índica, a Tanzânia;

Itália: invadiu a Somália e Eriteia. Tentou se estabelecer na Etiópia, mas foi derrotada;

Bélgica: ocupou o centro do continente, na área correspondente ao Congo e Ruanda.

Página 23
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
Por sua vez, a liberdade comercial na bacia do Congo e no rio Níger foi garantida; assim como a proibição da
escravidão e do tráfico de seres humanos.

A Conferência de Berlim foi uma vitória diplomática do chanceler Bismarck. Com a reunião, ele demonstrava que
o Império Alemão não podia ser mais ignorado e era tão importante quanto o Reino Unido e a França.

Igualmente, não solucionou os litígios de fronteiras disputados pelas potências imperialistas na África e levariam
à Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

O conflito foi travado entre dois grandes blocos: Alemanha, Áustria e Itália (formavam a Tríplice Aliança), e França,
Inglaterra e Rússia (formavam a Tríplice Entente).

Como a África era considerada uma extensão desses países europeu, o continente também se viu envolvido na
Grande Guerra Mundial, com os nativos integrando os exércitos nacionais.

Essa nova configuração do continente africano feito pelas potências mundiais, permaneceu até o fim da Segunda
Guerra Mundial (1939-1945). Após esta data eclodiram vários movimentos de independência em diversos países
africanos.

2.2. PANORÂMICA GERAL DOS MODELOS COLONIAS BRITÂNICO, FRANCÊS, BELGA E PORTUGUÊS

Os modelos coloniais britânico, francês, belga e português foram formas diferentes de administrar e explorar as
colônias africanas pelos países europeus no final do século XIX e início do século XX. Cada modelo tinha suas
características, vantagens e desvantagens, dependendo dos interesses econômicos, políticos e culturais dos
colonizadores. Alguns dos principais aspectos desses modelos foram:

1. O modelo colonial britânico se baseava na administração direta, ou seja, os colonos britânicos ocupavam
diretamente as colônias, sem a participação dos nativos. Eles tinham o controle total sobre os recursos
naturais, o comércio, a educação e a justiça. Eles também impunham sua língua, religião e costumes aos
povos africanos. Esse modelo favorecia os interesses da metrópole britânica, que buscava ampliar seu
mercado consumidor e sua influência política na África.

2. O modelo colonial francês se baseava na administração indireta, ou seja, os colonos franceses contavam
com a colaboração dos nativos para administrar as colônias. Eles tinham o controle parcial sobre os
recursos naturais, o comércio e a educação. Eles também respeitavam mais a diversidade cultural e
religiosa dos povos africanos. Esse modelo favorecia os interesses da metrópole francesa, que buscava
diversificar suas fontes de renda e sua imagem no cenário internacional.

3. O modelo colonial belga se baseava na administração mista, ou seja, os colonos belgas combinavam
elementos da administração direta e indireta nas colônias. Eles tinham o controle moderado sobre os
recursos naturais, o comércio e a educação. Eles também procuravam integrar os povos africanos à
sociedade belga, oferecendo-lhes oportunidades de trabalho e desenvolvimento. Esse modelo favorecia
os interesses da metrópole belga, que buscava equilibrar seus objetivos econômicos e sociais na África.

4. O modelo colonial português se baseava na administração mista, ou seja, os colonos portugueses


combinavam elementos da administração direta e indireta nas colônias. Eles tinham o controle moderado
sobre os recursos naturais, o comércio e a educação. Eles também procuravam integrar os povos
africanos à sociedade portuguesa, oferecendo-lhes oportunidades de trabalho e desenvolvimento. Esse

Página 24
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
modelo favorecia os interesses da metrópole portuguesa, que buscava equilibrar seus objetivos
econômicos e sociais na África.

Esses modelos coloniais tiveram consequências importantes para a história africana, como:

❖ A exploração dos recursos naturais das colônias pelos colonizadores.


❖ A imposição de sistemas políticos autoritários ou ditatoriais nas colônias.
❖ A violação dos direitos humanos e das liberdades civis dos povos africanos.
❖ A resistência armada ou pacífica contra o domínio colonial.
❖ A formação de movimentos nacionalistas ou independentistas nas colônias.
❖ A descolonização das colônias após as guerras mundiais.

2.3. A NOVA POLÍTICA PORTUGUESA

No final do séc. XIX a presença Portuguesa em Angola acentuou sobretudo a componente europeia: as teorias
coloniais portuguesas, as práticas de mestiçagem, o apoio nos colonos condenados e geralmente sem resultados
nas tentativas de atrair colonos livres aos colonatos agrícolas pacificados.

“ A história dos portugueses em Angola antes do séc. XX é essencialmente uma história de criminosos exilados, os
degredados que eram descarregados nas costas de Angola como lixo, já que assim eram considerados”.

Antes da segunda metade do séc. XIX a maior parte dos combates entre portugueses e africanos girava em volta
do tráfico de escravos , mas a seguir a conferência de Berlim, em 1885, os ataques dos portugueses eram
sobretudo, por desejo de conquista territorial e de subjugação dos povos africanos. Os ataques portugueses e os
contra ataques africanos, no fim do séc. XIX eram eufemisticamente denominados “Guerras de pacificação”.

Os degredados foram, em grande parte, responsáveis pela imagem negativa de Angola que a maioria do povo
português teve durante cinco séculos de presença portuguesa no território.

Portugal desejava manter o seu domínio sobre a sua colónia africana mais extensiva e, potencialmente também a
mais rica e o mecanismo evidente era o povoamento branco; ao mesmo tempo, Portugal olhava a colónia como
uma porta de saída adequada para os elementos rebeldes e criminosos da sua sociedade metropolitana.

A necessidade de criar uma população branca estável nos territórios interiores a fim de assegurar a hegemonia
portuguesa em Angola estimulou Lisboa a tentar diversos esquemas de povoamento branco rural a partir dos fins
do séc. XIX.

Em muitas das primeiras tentativas utilizaram-se degredados. Mas o fracasso de semelhante política acabou por
levar o governo a encorajar os brancos livres a estabelecerem-se em Angola. Mas a tarefa revelou-se difícil,
porque muitos portugueses pensavam ainda em Angola como num simples posto avançado para exilados
condenados.

2.3.1. O ULTIMATUM DE 1890 E O NOVO NACIONALISMO COLONIAL: AS CONTRADIÇÕES IDEOLÓGICAS –


RACISMO E ASSIMILACIONISMO

O Ultimato britânico de 1890 foi um ultimato do governo britânico — chefiado pelo primeiro-ministro Lord
Salisbury — entregue a 11 de Janeiro de 1890 na forma de um "Memorando" que exigia a Portugal a retirada das

Página 25
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
forças militares chefiadas pelo major Serpa Pinto do território compreendido entre as colónias
de Moçambique e Angola (nos actuais Zimbabwe e Zâmbia), a pretexto de um incidente entre portugueses
e Macololos.

A zona era reclamada por Portugal, que a havia incluído no famoso Mapa cor-de-rosa, reclamando a partir
da Conferência de Berlim uma faixa de território que ia de Angola à contra-costa, ou seja, a Moçambique. A
concessão de Portugal às exigências britânicas foi vista como uma humilhação nacional
pelos republicanos portugueses, que acusaram o governo e o rei D.Carlos I de serem os seus responsáveis.

O governo caiu, e António de Serpa Pimentel foi nomeado primeiro-ministro. O Ultimato britânico inspirou a letra
do hino nacional português, "A Portuguesa". Foi considerado pelos historiadores Portugueses e políticos da época
a acção mais escandalosa e infame da Grã-Bretanha contra o seu antigo aliado.

O Ultimato de 1890 foi um episódio em que a Grã-Bretanha exigiu que Portugal retirasse as suas tropas do
território entre Angola e Moçambique, que Portugal pretendia unir no chamado “mapa cor-de-rosa”. Esse
ultimato foi visto como uma humilhação nacional pelos portugueses, que reagiram com um sentimento de
exaltação patriótica e de contestação da monarquia.

O novo nacionalismo colonial foi uma doutrina que defendia a integração política, administrativa e cultural das
colônias no Império Português, baseada na ideia de que as colônias eram partes inseparáveis da nação
portuguesa. Essa doutrina foi formulada pelo ministro do Ultramar, António de Oliveira Salazar, que implementou
uma série de reformas e medidas para fortalecer o domínio colonial e promover o desenvolvimento económico e
social das colônias.

As contradições ideológicas entre o racismo e o assimilacionismo foram um aspecto marcante da nova política
portuguesa na colônia angolana. Por um lado, havia uma visão racista que considerava os africanos como
inferiores, selvagens e incapazes de se civilizar. Por outro lado, havia uma visão assimilacionista que procurava
integrar os africanos à sociedade portuguesa, oferecendo-lhes oportunidades de trabalho, educação e cidadania.
Essas duas visões coexistiam de forma ambígua e contraditória, gerando tensões e conflitos entre os
colonizadores e os colonizados.

Este Ultimato não favoreceu a Inglaterra nem Portugal, visto que nenhum atingiu os seus objectivos imperiais,
assim a Inglaterra foi obrigada a negociar diversos tratados antes deste Ultimato:

❖ 29 de Abril e o 7 de Maio de 1885 (Inglaterra e Alemanha)- Definiu zonas de intervenção dos dois países
em África;
❖ 1 de Novembro de 1886- Anexação de Zanzibar à esfera de influência Britânica;
❖ 1887- A Inglaterra comprometeu-se a não fazer anexações na retaguarda alemã e vice-versa.
Entretanto, haveriam incertezas nos artigos de alguns tratados entre os dois países, logo foi assinado um outro
tratado em 1 de Julho de 1890, que reservava a Uganda à Inglaterra;

❖ Tratados anglo-alemães de 1890-1893 e o tratado anglo-italiano de 1891 colocaram definitivamente o


Alto Nilo sob a esfera Britânica;
❖ O tratado franco-português de 1886, germano-português de1886, anglo português de 1891 delimitavam
a esfera de influência Britânica na África Central;

Página 26
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
❖ O tratado de 1884 ( Inglaterra e o Estado Livre do Congo ) permitiu estabelecer uma zona ”tampão” entre
os territórios franceses e o vale do Nilo.

2.3.2. A INSTALAÇÃO DO APERELHO POLÍTICA ADMINISTRATIVO COLONIAL E AS CAMPANHAS DE OCUPAÇÃO

A instalação do sistema colonial português em África só foi acelerado no último quartel do século XIX, por quanto
antes desse período o interesse pela conquista das terras africanas não fazia parte das preocupações das elites
portuguesas. Com a independência do Brasil, em 1822 os portugueses viraram-se para o continente africano.

As comunidades africanas do território que hoje se chama Angola, rejeitaram violentamente as tentativas dos
portugueses para submetê-los.

Entre 1900 e 1936, Portugal teria que empenhar-se com numerosas campanhas militares para sufocar de modo
sangrento as rebeliões dos povos submetidos, como os bacongos, tchockwé, hereros, ovambos, ovimbundos etc
que encheram de orgulho a heróica resistência anticolonial.

A instalação do aparelho político-administrativo colonial foi um processo que visava racionalizar e modernizar a
administração colonial, aumentar a presença e a autoridade do Estado nas colônias, e reforçar a cooperação
entre a metrópole e as colônias. Esse processo foi iniciado pelo ministro do Ultramar, Armindo Monteiro, e
continuado pelos seus sucessores, como Marcelo Caetano e Adriano Moreira.

As campanhas de ocupação foram operações militares que tinham como objetivo expandir e consolidar o domínio
colonial português nos territórios africanos, especialmente nas regiões do interior, onde havia resistência dos
povos nativos. Essas campanhas foram realizadas por vários governadores gerais de Angola e Moçambique, como
Norton de Matos, Carmona, Santos Costa e Venâncio Deslandes.

A instalação do aparelho político-administrativo colonial e as campanhas de ocupação foram parte da política


colonial do Estado Novo português, que se baseava na doutrina do colonialismo integral, que defendia a
integração política, administrativa e cultural das colônias no Império Português. Essa política foi formulada pelo
ministro do Ultramar, António de Oliveira Salazar, que considerava as colônias como partes inseparáveis da nação
portuguesa.

A GUERRA DO BAILUNDO EM 1902 LIGADA À LIDERANÇA DE MUTU-YA-KEVELA E À SUA ACÇÃO

Quando um capitão-mor português acusa Mutu-ya-kevela de não ter pago uma bebida que lhe foi fornecida,
levanta-se uma disputa entre os líderes africanos do Bailundo e o capitão-mor português, nesta guerra
participaram cerca de 6.000 à 10.000 africanos. Esta guerra terminou com um balanço com cerca de 2.000
mortos africanos, as consequências da guerra do Bailundo foram altamente negativas.

A guerra do Bailundo em 1902 foi um conflito armado entre o Reino Bailundo, liderado pelo rei Mutu-ya-Kevela, e
o Império Português, comandado pelo general Massano de Amorim. A guerra foi motivada pela resistência dos
bailundos à ocupação colonial portuguesa, que pretendia unir Angola e Moçambique no chamado “mapa cor-de-
rosa”. A guerra foi parte da Segunda Guerra Luso-Ovimbundo, que envolveu vários reinos dos povos ovimbundos.

Mutu-ya-Kevela foi um comandante militar e diplomata, que conseguiu aliar-se a outros reis ovimbundos, como
Samakaka, do Reino do Huambo. Ele também organizou um exército de cerca de 10 mil homens, que enfrentou as

Página 27
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
tropas portuguesas, muito superiores em equipamentos e preparo militar. Ele é considerado um dos grandes
líderes da história dos povos de Angola.

A guerra do Bailundo terminou com a derrota e a morte de Mutu-ya-Kevela, em 1903, no Reino Cuanhama, onde
ele tentou refugiar-se. A sua morte marcou o fim da autonomia do Reino Bailundo, que passou a ser uma
possessão definitiva de Portugal. A guerra também teve consequências para a política portuguesa, pois provocou
uma crise na monarquia e contribuiu para o surgimento do republicanismo.

REIS DO BAILUNDO ATÉ NUMA II

Os reis do Bailundo até Numa II foram os seguintes:

❖ Katyavala Bwila I (1700-1720): o fundador do Reino Bailundo, que uniu cinco cidades ovimbundas sob sua
liderança;
❖ Chingui I (1774-1776): o rei que iniciou a primeira guerra contra o poder colonial português, mas acabou
derrotado e deposto;
❖ Chiliva Bambangulu Chingui II (1776-1778): o sucessor de Chingui I, que também enfrentou a resistência
portuguesa e perdeu duas cidades para eles;
❖ Chivukuvuku Chama Chongonga (1818): o rei que organizou uma tropa regular para defender as
fronteiras do reino, mas teve um reinado muito curto;
❖ Jolomba Chissende Ekuikui II (1876-1890): o rei que promoveu o desenvolvimento económico e social do
reino, estabelecendo uma aliança com o Reino do Bié e evitando o conflito com Portugal;
❖ Numa II (1890-1892): o rei que entrou em rota de colisão com Portugal, provocando a segunda guerra
luso-ovimbundo, que resultou na derrota e na perda da autonomia do reino.

ÁLVARO BUTA (CONGO), 1913

Álvaro Buta foi um líder da revolta de 1913 no reino do Kongo, que se opôs à dominação colonial portuguesa e ao
governo corrupto do rei Manuel I. Buta era um chefe tradicional que tinha uma relação de confiança com o rei,
mas se sentiu traído quando o rei recrutou trabalhadores kongos para São Tomé e Príncipe sem respeitar os
direitos e as tradições dos seus súditos. Buta acusou o rei de violar as regras de reciprocidade social e de praticar
a feitiçaria (kindoki) para manter o seu poder.

Ele convocou outros chefes locais para se juntarem a ele na rebelião, que começou em dezembro de 1913 e
durou até fevereiro de 1914. A revolta foi violenta e sangrenta, e resultou na morte de muitos rebeldes e
coloniais. O rei Manuel I foi deposto e exilado, mas depois voltou ao trono com o apoio dos portugueses. A
revolta de Buta mostrou a insatisfação dos kongos com o sistema colonial e a necessidade de uma reforma
política e social no seu reino.

A revolta só terminou, aproximadamente em 1917, e foi tão grande que os colonialistas foram obrigados a cessar
a exportação de mão-de-obra, pois a esta se associaram as sucessivas revoltas do Mafulas no Pombo e de
Mpbianda Ngunga no Zombpo em 1918, pela mesma causa e contra a ocupação efectiva.

Página 28
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
RESISTÊNCIA ARMADA AFRICANA: DEMBOS

Dembos é um espaço geográfico situado no Norte de Angola entre os rios Dande e Zenza;

❖ Dembo significa autoridade e comando;


❖ Os Dembos sempre foram independentes, quer do Congo, quer do Ndongo;
❖ Entretanto haviam revoltas que eram sempre causadas pelos “abusos sistemáticos dos agentes do
sistema colonial vigente na época”.
A revolta dos Dembos não era prevista pelo governo português, o que fez com que este sistema colonial ficasse
profundamente abalado.

As causas desta revolta foram:

- A plantação do café no Golungo Alto;


- Má gestão administrativa;
- Práticas de abusos em vários aspectos.

A participação dos Dembos nas diversas campanhas de resistência contra a dominaçãocoloniao disponibilizou o
desenvolvimento de diversas tácticas de guerra.

A resistência dos povos no Norte (Congo e Dembos) deveu-se as práticas do aparelho político e administrativo
colonial. As revoltas sucederam-se, tendo em conta a brutalidade com que se movia o sistema, desde a
expropriação de terras, a cobrança de impostos, recrutamento de mão de obra para São Tomé e Príncipe, a
política missionária pelo cristianismo católico de recrutamento... A única solução dos nativos era a opção da
resistência, ou seja a via armada contra os invasores. Só em 1918 e 1919 é que os portugueses conseguiram
dominar a revolta dos Dembos.

O período de 1913 – 1915 foi dos mais agitados a sangrentos na região com a grande revolta dos bakongos
chefiados por Tulante Buta, baptizado com o nome Álvaro Buta (antigo aluno da missão protestante de São
Salvador – Mbanza Kongo), contra o envio de contratados para S.Tomé. Esta revolta eliminou muitos oficiais
portugueses e durou até 1917, foi tão violenta que os colonialistas foram obrigados a parar com a exportação de
mão de obra.

No Kongo temos a destacar:

- A celebre batalha de Ambuila, liderada por Vita Kanga, baptizado por António I, derrotado pelos portugueses e o
seu corpo sepultado no local onde está instalada a igreja da Nazaré em Luanda;
- A revolta do Ambrige em 1925, contra a exportação clandestina de escravos, contra o pagamento de imposto e
contra o trabalho forçado;
- A revolta dos Dembos dava-se em 1916 chefiada por Kakulo Kahenda.

O ACORDO DE PAZ DE 24 DE SETEMBRO DE 1872

❖ Os Dembos e os portugueses, assinaram a 24 de Setembro de 1872, um «Tratado de paz»;


❖ Os principais Dembos não participaram na cerimónia do tratado de paz, enviaram os seus makotas para
os representar;

Página 29
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
❖ Este procedimento, deveu-se ao facto de os chefes não concordarem em reunir com os enviados da
autoridade de Luanda;
❖ Os Dembos apenas queriam reunir com o Governo de Luanda e não com os seus enviados;
❖ O mais importante foi o facto de que os portugueses foram obrigados a sair dos Dembos, porque, afinal, o
«acordo de paz» tinha sido uma autêntica capitulação.

A INDEPENDÊNCIA DOS DEMBOS

Depois da assinatura do acordo de paz de 24 de Stembro de 1872 os portugueses retiraram-se dos Dembos, esta
retirada permitiu que os Dembos conseguissem alcançar a sua independência. A luta para para a independência
durou cerca de três meses.

Esta luta terminou com a intervenção do Governador geral José Baptista de Andrade, com o fim desta guerra os
Dembos tornaram-se efectivamente senhores do seu destino durante 3 décadas, ou seja, tornaram-se
independentes durante muito tempo.

MALANJE

Malange é uma cidade e província de Angola, localizada na região norte do país. Sua capital é a cidade de Malanje,
que foi fundada em 1868 pelos portugueses, após a guerra contra o reino da Matamba.

O nome Malanje vem da língua quimbunda antiga e significa “as pedras” (ma-lanji). Existem várias versões sobre a
origem do nome, mas uma das mais conhecidas diz que os portugueses perguntaram aos moradores locais qual
era o nome do rio Malanje (ou rio Cadianga), que eles atravessavam em pedras para chegar às margens. Os
moradores responderam “Ma-lanji Ngana” (são pedras, Senhor).

Malanje foi um importante centro comercial e agrícola durante a era colonial, pois tinha acesso ao porto de
Luanda e ao ferro e manganés produzidos na região. O comboio de Luanda chegava a Malange em 1909 para
transportar passageiros e mercadorias, mas foi interrompido pela guerra civil entre 1991 e 2011.

Malanje na era 1857 foi um período de mudanças e conflitos na região norte de Angola. Segundo os resultados da
pesquisa, alguns dos principais acontecimentos foram:

❖ O reino da Matamba, que dominava a região antes da colonização portuguesa, entrou em guerra contra o
Império Português entre 1850 e 1862, após a invasão de Cassange;
❖ Os portugueses chegaram ao rio Malanje no século XVII, mas só conseguiram estabelecer uma presença
efetiva em 1852, quando o chefe tribal da Passagem-Feira (ou Dembo) de Ma-lanji ofereceu estatuto de
“moradores” aos comerciantes lusitanos;
❖ Em 1857 foi fundado em Ma-lanji um presídio e em 1862, após o fim da terceira guerra do Cassange, foi
construído o Forte de Malanje;
❖ Em 1867/68 as autoridades coloniais elevaram a localidade-feira ao estatuto de vila, recebendo a sede do
conselho, com a grafia do nome passando a ser Malanje.

LESTE HUMBE E OVAMBO

Página 30
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
Os povos que vão dar origem aos reinos do Kwanyama, Kuamati, Evale, Dombondola e Kafina, têm oriem na
região do Baixo Kubango. Emigraram para actual região sul e instalaram-se nas regiões compreendidas entre os
rios Cunene e Kubango

ORGANIZAÇÃO ECONÓMICA E MILITAR

Organização económica: - Eram essencialmente criadores de gado bovino; - Praticavam também a metalurgia do
ferro; - Mais tarde desenvolveram a agricultura de cereais e a caça.

Organização militar:

❖ Possuíam uma estrutura militar poderosa;


❖ O chefe supremo era chamado de «Ondjai»;
❖ O comandante chamava-se «Lenga»;
❖ Dividiam-se em grupos de cem homens «Etanga»;
❖ As suas táticas militares eram muito eficazes e foram muito utilizadas para se defenderem dos
portugueses.
As revoltas do Humbe Foram três as revoltas do Humbe:

- A primeira de 1885-1886;
- A segunda nos finais de 1886;
- A terceira, em 1897, foi a mais importante e complexa de todas, encontrase na sua origem uma grave crise
económica, provocada pela epidemia de peste bovina.

A MARGINALIÇÃO DOS «ANGOLENSES» E OS APELOS AUTONOMISTAS

Alguns economistas (Amaral, 2004) consideravam que no período anterior à independência, Angola registava
avanços significativos no seu desenvolvimento económico e social, decorrentes do facto da sua potência
colonizadora – Portugal;

No entanto, é preciso lembrar que esses avanços económicos e sociais não resolveram as desigualdades sociais
entre os portugueses e os angolanos, onde estes últimos estavam, na sua maioria, excluídos do rendimento
dessas exportações;

Os angolanos estavam vedados à prática de várias actividades ;

Os angolanos continuaram marginalizados durante o período colonial e não podiam utilizar as suas línguas
nacionais no ensino, na imprensa, nas celebrações religiosas, na administração pública e no sistema de justiça.

2.4. A IMPORTÂNCIA ECONÓMICA DE ANGOLA NO ESPAÇO COLONIAL PORTUGUÊS.

Página 31
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
A importância econômica de Angola no espaço colonial português é um tema muito interessante e complexo.
Angola foi uma das principais colônias de Portugal na África, e sua economia foi marcada por diversas
transformações ao longo dos séculos. Segundo alguns dos aspectos mais relevantes são:

Angola foi uma das maiores fornecedoras de escravos para o Brasil e a Europa, especialmente no século XVI e XVII.
Isso foi especialmente útil à coleta de escravos e ao transporte destes para fora da África, a ponto de, no fim do
século XVI, quase 10.000 escravos serem exportados por ano a partir de Angola.

A partir do século XVIII, Angola passou a ser explorada pelos portugueses para o comércio de produtos agrícolas
(como açúcar, algodão, café e sisal) e minerais (como diamantes, ferro e manganês). Esses produtos eram
destinados principalmente à Europa e à Ásia, gerando lucros para os colonizadores12.

No século XIX, Angola se tornou um importante centro comercial e estratégico para Portugal, pois tinha acesso ao
porto de Luanda e ao ferro e manganés produzidos na região. O comboio de Luanda chegava a Malange em 1909
para transportar passageiros e mercadorias, mas foi interrompido pela guerra civil entre 1991 e 20113.

No século XX, Angola passou por um processo de industrialização que visava diversificar sua economia e reduzir
sua dependência dos produtos primários. No entanto, esse processo enfrentou vários obstáculos políticos, sociais
e ambientais que limitaram seu desenvolvimento2.

TEMA 3 – A ÁFRICA NO PERÍODO DAS GUERRAS MUNDIAIS ()1914-1945

3.1. AS DUAS GUERRAS MUNDIAIS NO CONTEXTO DAS RIVALIDADES IMPERIALISTAS

As duas guerras mundiais foram conflitos globais que envolveram as principais potências imperialistas da época,
divididas em dois blocos: a Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria e Itália) e a Tríplice Entente (França, Grã-
Bretanha e Rússia). Esses blocos disputavam entre si o domínio político, econômico e militar do mundo,
especialmente nas regiões coloniais da África, Ásia e Oceania.

A primeira guerra mundial (1914-1918) foi desencadeada pelo assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando,
herdeiro do Império Austro-Húngaro, em Sarajevo, na Bósnia-Herzegovina. Esse ato provocou uma série de
declarações de guerra entre os países europeus, que tinham alianças prévias com seus aliados. A Alemanha era o
principal rival da França na Europa e tinha reivindicações territoriais sobre o Marrocos e a Alsácia-Lorena. A Rússia
era o principal rival da Alemanha na Ásia e tinha interesses na região dos Bálcãs. A Itália era um país recém-
unificado que buscava expandir seu império colonial na África.

A segunda guerra mundial (1939-1945) foi iniciada pela invasão da Polônia pela Alemanha nazista, que pretendia
criar um grande império alemão na Europa e eliminar os judeus e outros grupos considerados inferiores. A
Alemanha contava com o apoio da Itália fascista de Benito Mussolini e do Japão imperialista. A França foi ocupada
pelos nazistas em 1940 e só recuperou sua independência em 1944. A Grã-Bretanha resistiu aos ataques aéreos
dos nazistas desde 1940 até 1945. Os Estados Unidos entraram na guerra em 1941, após o ataque japonês à base
naval de Pearl Harbor no Havaí.

As duas guerras mundiais foram marcadas por atrocidades cometidas pelos países beligerantes contra civis
inocentes, como massacres, campos de concentração, bombardeios indiscriminados e uso de armas químicas.
Estima-se que cerca de 70 milhões de pessoas morreram durante as duas guerras mundiais.

Página 32
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
Com o fim da I Guerra Mundial irá ser observada a reorganização do mapa politico do continente Africano
(Tratado de Versalhes – Junho de 1919):

a. É neste Tratado que é reconhecido legalmente o desmoronamento dos impérios alemão e otomano
(turco) e a perda das suas possessões: Togo, Camarões e Tanganica para os grandes vencedores da I G.G.
– França e Inglaterra;

b. A possessão do Rwanda-Urundi – Bélgica;

c. Namíbia – Africa do Sul;

d. No entanto, nos territórios ultramarinos (colónias) era reforçada a ideia da existência de indivíduos e
nações dependentes e incapazes de formular e conduzir projectos politicosociais próprios do mundo
moderno;

e. Argumento utilizado aquando da formação da Sociedade das Nações para o reordenamento do mapa de
África;

f. Instituição do regime de mandato e depois de protectorado ( a perda e a passagem de dominação


colonial dos territórios Togo, Tanganica e Camarões da Alemanha (grande perdedora) para a França e a
Inglaterra (vencedores da I G.G.);

g. No final da I G.G. – combatentes africanos não viram reconhecido por parte da administração colonial , o
esforço da sua participação no grande conflito;

h. Este descontentamento marca o inicio das primeiras manifestações contestarias: greves e reivindicações
de ordem económica e social;

i. O fim da I G.G. (1ª Grande Guerra) – frustra a expectativa de reconhecimento do “esforço de guerra” por
parte dos africanos, bem como ainda o cumprimento de promessas da burocracia colonial de resolver as
necessidades materiais básicas dos africanos : reformas sociais e políticas;

j. E assim, o adiamento na solução dos problemas sociais faz aumentar o descontentamento e a oposição à
administração colonial.

A conferência de Paz de Versalhes (1919) versava a celebração das ideias de autogoverno e de democracia
representativa, ou seja, uma democracia a ser exercida numa sociedade entre indivíduos iguais e independentes e
capazes de se fazerem representar.

3.2. O IMPACTO ECONÓMICO DAS GUERRAS MUNDIAIS EM ÁFRICA: O REFORÇO DA EXPLORAÇÃO, O


COMÉRCIO COLONIAL E O COMÉRCIO MUNDIAL

O impacto econômico das guerras mundiais em África foi marcado pelo reforço da exploração colonial, pelo
aumento do comércio colonial e pelo crescimento do comércio mundial. Alguns aspectos desse impacto foram:
Página 33
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
O reforço da exploração colonial: As potências coloniais aumentaram a sua pressão sobre os povos africanos para
obter recursos naturais, mão de obra barata e mercados consumidores. Os africanos foram submetidos a
condições de trabalho forçado, violência física e psicológica, discriminação racial e cultural, além de perda de suas
terras tradicionais. Os africanos também foram usados como soldados nas duas guerras mundiais, sem receber
adequadamente treinamento, equipamento ou assistência médica.

O aumento do comércio colonial: As potências coloniais ampliaram as suas rotas comerciais na África para
abastecer as suas indústrias bélicas e para atender às suas demandas internacionais. Os produtos africanos eram
exportados para os países europeus ou para os seus aliados na guerra. Os produtos europeus eram importados
para os países africanos ou para os seus inimigos na guerra. O comércio colonial era baseado na dominação
política e econômica dos europeus sobre os africanos.

O crescimento do comércio mundial: As potências coloniais participaram ativamente do desenvolvimento do


sistema capitalista mundial durante as guerras mundiais. Eles buscaram novas fontes de matérias-primas, novos
mercados consumidores e novos parceiros comerciais. Eles também se beneficiaram das mudanças tecnológicas
que permitiram maior produção industrializada e maior transporte marítimo. O comércio mundial foi baseado na
competição econômica entre as potências imperialistas.

OS EFEITOS DA II GUERRA MUNDIAL (1939-1945);

A Segunda Guerra Mundial, que ocorreu entre 1939 e 1945, teve um impacto profundo e duradouro em todo o
mundo. Aqui estão alguns dos principais efeitos:

a) Perdas humanas: Estima-se que o conflito tenha causado a morte de 45 milhões de pessoas e deixado 35
milhões de feridos1. A maior quantidade de vítimas foi registrada na União Soviética com 20 milhões de
mortos;
b) Reestruturação política: A guerra resultou na ascensão dos Estados Unidos e na divisão do mundo entre
capitalismo e socialismo;
c) Novos países surgiram e alguns tiveram suas fronteiras redesenhadas;
d) Criação da ONU: A Organização das Nações Unidas (ONU) foi criada após a guerra para promover a paz e
a cooperação internacional;
e) Impacto econômico: O conflito custou 1 trilhão e 385 bilhões de dólares em perdas monetárias;
f) Para os Estados Unidos, a guerra resultou em fortalecimento de sua posição imperialista e econômica;
g) Crimes contra a humanidade: A Segunda Guerra produziu um dos crimes mais atrozes contra a
humanidade: o assassinato de 6 milhões de judeus em escala industrial;
h) Mudanças sociais: Muitas mulheres não se casaram e muitos filhos cresceram sem o pai, já que foram
principalmente os homens que morreram durante a guerra.

3.3. O IMPACTO POLITICO DAS GUERRAS MUNDIAIS


a) As Guerras Mundiais tiveram um impacto político significativo em todo o mundo. Aqui estão alguns dos
principais efeitos:

b) Reestruturação política: A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
redefiniram o equilíbrio de poder mundial12. A ascensão dos Estados Unidos e a União Soviética como
Página 34
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
superpotências após a Segunda Guerra Mundial resultou na divisão do mundo entre capitalismo e
socialismo;

c) Criação da ONU: A Organização das Nações Unidas (ONU) foi criada após a Segunda Guerra Mundial para
promover a paz e a cooperação internacional;

d) Descolonização: As guerras mundiais enfraqueceram as potências coloniais europeias, levando a


movimentos de independência em muitas colônias, especialmente na África e na Ásia;

e) Guerra Fria: Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo se dividiu em dois blocos: capitalista (liderado
pelos EUA) e socialista (liderado pela URSS). Essa divisão levou à chamada Guerra Fria, onde as duas
potências se enfrentavam através de conflitos indiretos;

f) Direitos Humanos: A Segunda Guerra Mundial também levou à criação da Declaração Universal dos
Direitos Humanos em 1948, estabelecendo direitos fundamentais que devem ser protegidos em todo o
mundo.

3.3.1. A MOBILIZAÇÃO DOS AFRICANOS E A POLITIZAÇÃO DAS ELITES ASSIMILADAS


A mobilização dos africanos e a politização das elites assimiladas foram fenômenos importantes no contexto das
Guerras Mundiais e do processo de descolonização que se seguiu.

Durante as Guerras Mundiais, muitos africanos foram mobilizados para servir nas forças armadas das potências
coloniais. Essa experiência de guerra, muitas vezes, levou a um aumento da consciência política e a um desejo de
independência.

As elites assimiladas, por outro lado, eram africanos que haviam adotado a cultura e os valores europeus, muitas
vezes através da educação. Eles desempenharam um papel crucial na transição para a independência. Em muitos
casos, eles se tornaram a nova classe governante após a descolonização.

No entanto, a assimilação não foi um processo fácil ou sem conflitos. Muitos africanos resistiram à assimilação e
lutaram para preservar suas próprias culturas e identidades. Além disso, a política de assimilação muitas vezes
serviu para reforçar o controle colonial e a exploração econômica.

3.3.2. AS DIFERENTES RAÍZES DO PRIMEIRO NACIONALISMO

primeiro nacionalismo africano tem suas raízes em vários fatores históricos, sociais e políticos. Aqui estão alguns
dos principais:

a) Resposta ao colonialismo europeu: O nacionalismo africano surgiu como uma resposta direta ao
colonialismo europeu, buscando libertar os países africanos do domínio e da exploração colonial.

b) Liderança carismática e intelectual: O nacionalismo africano foi impulsionado por líderes carismáticos e
intelectuais africanos, que mobilizaram as massas e despertaram o orgulho étnico e cultural.

c) Independência e autodeterminação: Durante as décadas de 1950 e 1960, muitas nações africanas


conquistaram a independência do domínio colonial. Líderes como Kwame Nkrumah em Gana, Jomo
Kenyatta no Quênia e Julius Nyerere na Tanzânia se tornaram símbolos do nacionalismo africano.
Página 35
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
d) Unidade continental: O nacionalismo africano também enfatizava a unidade continental, buscando a
solidariedade entre os países africanos e a cooperação para enfrentar desafios comuns.

e) Manifestações diversas: O nacionalismo africano se manifestou de várias formas, incluindo greves e


sabotagens por parte dos trabalhadores e camponeses, refúgio para países vizinhos, e literaturas críticas
por parte dos intelectuais.

TEMA 4 – O COLONIALISMO PORTUGUÊS E A SOCIEDADE ANGOLANA NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX


(1915-1916)

4.1. ANGOLA (1915-1950) – ASPECTOS POLÍTICOS

Angola na década de 1950 transitou do estatuto colonial para o de província. Angola teve o estatuto de colónia
portuguesa de 1655 até que a Assembleia da República aprovou uma lei em 11 de Junho de 1951, dando a todas
as colónias portuguesas o estatuto de província a partir de 20 de Outubro de 1951. Organizações políticas
separatistas que defendiam a independência de Angola formaram-se na década de 1950, apesar da forte
resistência do governo português, levando à Guerra da Independência de Angola (1961-1975).

Viriato da Cruz e outros formaram o Movimento de Jovens Intelectuais, organização que promovia a cultura
angolana, em 1948. Os nacionalistas enviaram uma carta às Nações Unidas pedindo que Angola receba o estatuto
de protectorado sob supervisão da ONU.

4.1.1. A FRUSTRAÇÃO DA EXPECTATIVA DA COLÓNIA NO PERIODO DA 1ª REPÚBLICA (1910-1926)

A 1ª República Portuguesa foi um regime político que surgiu após a revolução de 5 de outubro de 1910, que
derrubou a monarquia constitucional e instaurou uma república parlamentarista. A república enfrentou muitas
dificuldades e instabilidades, tanto internas quanto externas, e teve que lidar com as consequências da Primeira
Guerra Mundial, que afetou a economia e a política portuguesas.

A colônia era um dos principais interesses de Portugal na época, pois representava uma fonte de riqueza e
prestígio para o país. No entanto, a colônia também sofria com as medidas da república, que visavam modernizar
e democratizar o país, mas que nem sempre beneficiavam os interesses coloniais. Alguns dos problemas
enfrentados pela colônia foram:

a. A perda de territórios para os países africanos independentes ou para as potências europeias rivais, como
a França e a Inglaterra. Portugal teve que ceder Angola e Moçambique para o Reino Unido em 1910 e
1914, respectivamente, como parte das condições impostas pelo Tratado de Versalhes após a Primeira
Guerra Mundial;

b. A resistência dos povos colonizados à dominação portuguesa, que se manifestou em revoltas populares
contra os altos impostos, as péssimas condições de vida e trabalho, e a exploração dos recursos naturais.
Algumas das revoltas mais importantes foram as do Cabinda (1914-1916), do Congo (1908-1909) e do
Brasil (1924-1927);

c. A crise econômica provocada pela guerra mundial, que reduziu os mercados externos para os produtos
portugueses, especialmente o açúcar e o café. A guerra também aumentou os custos militares e sociais
para Portugal, que teve que recorrer ao empréstimo internacional para financiar o seu esforço bélico.
Página 36
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
Estes fatores contribuíram para criar um sentimento de frustração entre os colonos portugueses no Brasil, que se
sentiam abandonados pelo governo central em Portugal e pelos seus governadores nas colônias. Os colonos
também tinham expectativas diferentes das dos portugueses sobre o futuro da república e da colônia. Os colonos
queriam mais autonomia política e econômica dentro do império português, enquanto os portugueses queriam
manter o controle sobre as suas possessões ultramarinas.

4.1.1.1. OS PROJECTOS POLÍTICOS: OS ALTOS COMISSÁRIOS E O PAPEL DE NORTON DE MATOS

Os altos comissários eram os representantes do governo central em Portugal, que tinham poderes para
administrar as questões políticas, económicas e militares do país. Eles eram nomeados pelo presidente da
república, que era o chefe de Estado, mas também tinham o apoio do parlamento e das forças armadas. Os altos
comissários tinham uma grande influência sobre as decisões do governo e podiam interferir nas colônias
portuguesas.

Norton de Matos foi um dos mais importantes e controversos altos comissários da Primeira República. Ele foi
nomeado em 1919, quando Portugal estava envolvido na Primeira Guerra Mundial, e ficou em Angola até 1924.
Norton de Matos tinha uma visão estratégica e pragmática da colônia, que ele considerava como uma parte
essencial do império português. Ele defendia um regime colonial baseado na exploração dos recursos naturais, na
modernização das infraestruturas, na colonização dos territórios não habitados e na manutenção da ordem
pública.

Norton de Matos também tinha uma visão política e ideológica que o diferenciava dos outros altos comissários.
Ele era um adepto do nacionalismo lusófono, que defendia a união dos povos lusófonos em uma só nação. Ele
também era um defensor do liberalismo económico, que defendia a livre iniciativa e a concorrência no mercado
colonial. Ele era contrário ao intervencionismo estatal na economia colonial e à protecionismo comercial contra
os países africanos independentes ou rivais. Ele também era favorável à descentralização política e administrativa
das colônias, dando-lhes mais autonomia para gerir os seus próprios assuntos internos.

Norton de Matos foi um dos principais responsáveis pela construção das obras públicas em Angola durante a
Primeira República. Ele planejou e executou obras como estradas, ferrovias, portos, linhas telegráficas, estações
de rádio e escolas. Ele também incentivou a imigração europeia para Angola, especialmente para povoar as áreas
não habitadas ou para trabalhar nas indústrias coloniais. Ele também promoveu a educação científica e cultural
entre os colonos portugueses e os nativos angolanos.

No entanto, Norton de Matos também foi criticado por muitas pessoas por causa das suas políticas coloniais. Ele
foi acusado de ser autoritário, repressivo e violento com os nativos angolanos, que sofriam com os impostos
elevados, as péssimas condições de vida e trabalho, a exploração dos recursos naturais sem benefício para eles ou
para Portugal e a falta de direitos civis ou políticos. Ele também foi acusado de ser racista, elitista e paternalista
com os colonos portugueses ou brancos da metrópole ou das outras colônias africanas ou asiáticas. Ele também
foi acusado de ser corrupto, nepotista e incompetente em alguns casos concretos da sua gestão colonial.

Norton de Matos teve um papel importante na história política da Primeira República Portuguesa e da colônia de
Angola durante o seu mandato como alto comissário (1919-1924). Ele deixou um legado ambíguo entre o mito e a
realidade sobre o seu trabalho colonial.

4.1.1.2. OS FRACASSOS ECONÓMICOS


Página 37
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
Os fracassos económicos da 1ª República (1910-1926) foram um dos principais motivos que levaram ao seu fim e
à instauração do Estado Novo. A Primeira República foi um regime político que surgiu após a revolução de 5 de
outubro de 1910, que derrubou a monarquia constitucional e instaurou uma república parlamentarista. A
república enfrentou muitas dificuldades e instabilidades, tanto internas quanto externas, e teve que lidar com as
consequências da Primeira Guerra Mundial, que afetou a economia e a política portuguesas.

Alguns dos problemas económicos enfrentados pela Primeira República foram:

1. A perda de territórios para os países africanos independentes ou para as potências europeias rivais, como
a França e a Inglaterra. Portugal teve que ceder Angola e Moçambique para o Reino Unido em 1910 e
1914, respectivamente, como parte das condições impostas pelo Tratado de Versalhes após a Primeira
Guerra Mundial;

2. A resistência dos povos colonizados à dominação portuguesa, que se manifestou em revoltas populares
contra os altos impostos, as péssimas condições de vida e trabalho, e a exploração dos recursos naturais.
Algumas das revoltas mais importantes foram as do Cabinda (1914-1916), do Congo (1908-1909) e do
Brasil (1924-1927);

3. A crise econômica provocada pela guerra mundial, que reduziu os mercados externos para os produtos
portugueses, especialmente o açúcar e o café. A guerra também aumentou os custos militares e sociais
para Portugal, que teve que recorrer ao empréstimo internacional para financiar o seu esforço bélico;

4. A inflação elevada, causada pela saída de capitais de Portugal por causa da guerra mundial, pela
especulação financeira nos mercados internacionais e pela má gestão económica do governo republicano.
A inflação afetou negativamente o poder de compra da população portuguesa, especialmente dos mais
pobres;

5. O desemprego crescente, provocado pela redução da produção agrícola e industrial por causa da guerra
mundial, pela concorrência estrangeira nos mercados internacionais e pela má gestão económica do
governo republicano. O desemprego afetou negativamente o bem-estar social da população portuguesa,
especialmente dos mais jovens;

6. O aumento dos preços dos produtos básicos, como o pão, o peixe, a carne, a manteiga etc., provocado
pelo aumento dos impostos sobre esses produtos pelo governo republicano. O aumento dos preços
afetou negativamente o orçamento familiar da população portuguesa.

Estes fatores contribuíram para criar um sentimento de frustração entre os colonos portugueses no Brasil, que se
sentiam abandonados pelo governo central em Portugal e pelos seus governadores nas colônias. Os colonos
também tinham expectativas diferentes das dos portugueses sobre o futuro da república e da colônia.

4.1.2. A PRIMEIRA POLÍTICA SALAZARISTA (1930-1951): O ACTO COLONIAL (1930), A «MÍSTICA IMPERIAL», O
REFORÇO DA EXPLORAÇÃO COLONIAL

A primeira política salazarista foi um conjunto de medidas adotadas pelo governo de Oliveira Salazar, que assumiu
o poder em Portugal em 1932, e que durou até 1951. Essa política tinha como objetivo consolidar e fortalecer o

Página 38
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
império colonial português, que era considerado uma parte essencial da identidade nacional e da missão
civilizadora de Portugal.

O acto colonial foi o primeiro documento constitucional do Estado Novo, promulgado em 1930, pelo decreto n.º
18 570. Ele definia as formas de relacionamento entre a metrópole e as colónias portuguesas, baseando-se nos
princípios da inviolabilidade da integridade territorial, do nacionalismo imperialista e da missão civilizadora de
Portugal. O acto colonial acabou com a autonomia financeira e administrativa das colónias, extinguindo os altos-
comissários e substituindo-os pelos governadores gerais ou de colónia.

O acto colonial também restringiu as concessões a estrangeiros e proibiu às colónias contraírem empréstimos em
países estrangeiros por conta própria. O acto colonial foi revogado na revisão da Constituição portuguesa feita em
1951, que o modificou e integrou no texto da Constituição.

A «mística imperial» foi uma expressão usada por Salazar para descrever a visão que ele tinha sobre o império
colonial português. Segundo Salazar, Portugal tinha uma função histórica e essencial de possuir, civilizar e
colonizar domínios ultramarinos, como um país cristão, ocidental e europeu. Salazar defendia um regime colonial
baseado na exploração dos recursos naturais, na modernização das infraestruturas, na colonização dos territórios
não habitados e na manutenção da ordem pública. Salazar também se opunha ao intervencionismo estatal na
economia colonial e à protecionismo comercial contra os países africanos independentes ou rivais. Salazar
também era favorável à descentralização política e administrativa das colônias, dando-lhes mais autonomia para
gerir os seus próprios assuntos internos.

O reforço da exploração colonial foi uma das principais características da primeira política salazarista. Salazar
aumentou os impostos sobre os produtos coloniais para financiar as obras públicas em Portugal e para garantir os
lucros das empresas portuguesas nas colónias.

Salazar também incentivou a imigração europeia para as colónias para povoar as áreas não habitadas ou para
trabalhar nas indústrias coloniais. Salazar também promoveu a educação científica e cultural entre os colonos
portugueses e os nativos das colônias para difundir os valores cristãos e ocidentais entre eles ou para prepará-los
para a dominação portuguesa.

4.2. FACTORES DE CONFLITO NA SOCIEDADE COLONIAL

Os fatores de conflito na sociedade colonial são as causas que geraram tensões, disputas e resistências entre os
diferentes grupos sociais que habitavam as colônias portuguesas, especialmente na África e na Ásia. Esses fatores
podiam ser de natureza política, económica, social, cultural ou religiosa. Alguns exemplos de fatores de conflito
na sociedade colonial são:

a) A exploração dos recursos naturais e humanos das colônias pelos colonizadores portugueses, que
beneficiavam apenas uma minoria privilegiada e exploravam a maioria da população colonial, que
sofria com a pobreza, a fome, a doença e a violência.
b) A imposição da língua, da cultura e da religião portuguesas sobre as culturas locais das colônias, que
provocava o descontentamento e o ressentimento dos nativos colonizados, que se sentiam
desvalorizados e discriminados.

Página 39
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
c) A resistência dos povos colonizados à dominação portuguesa, que se manifestava em revoltas
populares contra os altos impostos, as péssimas condições de vida e trabalho, e a exploração dos
recursos naturais. Algumas das revoltas mais importantes foram as do Cabinda (1914-1916), do
Congo (1908-1909) e do Brasil (1924-1927).
d) A rivalidade entre Portugal e outras potências europeias pelo controle das colônias africanas e
asiáticas, que gerava conflitos diplomáticos e militares entre esses países. Alguns exemplos de
conflitos envolvendo Portugal são: a Guerra dos Bôeres (1899-1902), a Guerra Ópera (1911), a
Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Estes fatores contribuíram para criar um sentimento de frustração entre os colonos portugueses no Brasil, que se
sentiam abandonados pelo governo central em Portugal e pelos seus governadores nas colônias. Os colonos
também tinham expectativas diferentes das dos portugueses sobre o futuro da república e da colônia.

4.2.1. TRABALHO ESFORÇADO, IMPOSTO E EXPROPRIAÇÃO DE TERRAS

Durante o período do colonialismo português, o “trabalho forçado”, “imposto” e “expropriação de terras” foram
práticas comuns que tiveram um impacto significativo nas colônias e nos povos colonizados.

Trabalho Forçado: O trabalho forçado era uma realidade bastante disseminada nas colônias portuguesas, pelo
menos até a década de 1960. Este tipo de trabalho era caracterizado por condições desumanas, longas horas de
trabalho, falta de remuneração adequada e violência física e psicológica2. Em muitos casos, os trabalhadores
eram obrigados a trabalhar contra a sua vontade, sob ameaça de punição ou violência.

Imposto: Os colonizadores impunham altos impostos aos colonizados, muitas vezes como uma forma de controlar
e explorar as populações locais2. Estes impostos podiam ser em dinheiro ou em espécie (como produtos agrícolas
ou minerais), e eram usados para financiar as atividades coloniais e enriquecer os colonizadores.

Expropriação de Terras: A expropriação de terras era outra prática comum durante o período colonial. Os
colonizadores frequentemente tomavam posse de terras que pertenciam aos povos indígenas ou aos colonizados,
muitas vezes sem compensação ou consentimento. Estas terras eram então usadas para a exploração de recursos
naturais, para a instalação de colônias ou para a expansão territorial.

Estas práticas contribuíram para a exploração e o sofrimento dos povos colonizados, e tiveram um impacto
duradouro sobre as sociedades coloniais.

4.2.2. A DISCRIMINAÇÃO SOCIAL E RACIAL, O ESTATUTO DOS INDÍGENAS E A REPRESSÃP POLÍTICA

Durante o período colonial português, a marginalização dos angolanos foi uma realidade marcante e resultou de
várias práticas e políticas coloniais. Aqui estão alguns exemplos:

Trabalho Forçado: O trabalho forçado era uma prática comum nas colônias portuguesas, incluindo Angola. Os
angolanos eram frequentemente forçados a trabalhar em condições desumanas, com longas horas de trabalho,
falta de remuneração adequada e violência física e psicológica.

Página 40
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
Impostos: Os colonizadores portugueses impunham altos impostos aos angolanos, muitas vezes como uma forma
de controlar e explorar as populações locais. Estes impostos podiam ser em dinheiro ou em espécie (como
produtos agrícolas ou minerais), e eram usados para financiar as atividades coloniais e enriquecer os
colonizadores.

Expropriação de Terras: A expropriação de terras era outra prática comum durante o período colonial. Os
colonizadores portugueses frequentemente tomavam posse de terras que pertenciam aos angolanos, muitas
vezes sem compensação ou consentimento. Estas terras eram então usadas para a exploração de recursos
naturais, para a instalação de colônias ou para a expansão territorial.

Discriminação Racial e Social: A discriminação racial e social era uma característica marcante da política colonial
portuguesa. Os angolanos eram frequentemente tratados como cidadãos de segunda classe, com acesso limitado
a oportunidades educacionais, econômicas e políticas.

Estatuto do Indígena: O Estatuto do Indígena, aprovado em 1930, discriminava os nativos racial, social e
culturalmente, atribuindo-lhes condições para a aquisição da cidadania1. Este estatuto foi uma das leis mais duras
da política colonial e foi revogado na década de 1960.

Repressão Política: A repressão política era uma prática comum durante o período colonial. Os colonizadores
portugueses frequentemente usavam a violência e a intimidação para controlar as populações angolanas e
suprimir qualquer forma de resistência ou descontentamento.

4.2.3. A VIRAGEM DO PÓS II GUERRA MUNDIAL

Com o fim da II guerra mundial, impérios coloniais começaram a desaparecer, dando Lugar a Estados
independentes como a Índia, a Indonésia e a Tunísia. Portugal, que não participara na guerra, declarando
neutralidade, insistiu no discurso plurirracial e pluricontinental e incitou à imigração europeia, o que retirou
espaço económico e social aos nativos e facilitou o aumento da segregação racial, alargando o fosso entre
colonizadores e colonizados.

Em 1946, nas exportações de Angola o café tinha ultrapassado em valor os diamante (e só em 1973 o petróleo
ultrapassaria o café) e tomado o primeiro lugar na económia da colónia. Esta subida do café trouxe consequências
dramáticas no noroeste de Angola, onde a febre de ocupação de terras por imigrantes europeus criou tensões
raciais que se manifestaram de forma evidente na revolta de 1961 contra o domínio português.

Pode-se caracterizar brevemente a económia capitalista colonial em Angola do seguinte modo:

❖ Baixo nível tecnológico: o trabalho esforçado era o motor principal da económia, até aos anos 60, sob
diferentes formas: serviços gratuitos para a administração (incluindo mulheres e crianças na abertura de
estradas, por exemplo);
❖ Até aos anos 60, fraca industrialização;
❖ Os investimentos externos eram dirigidos para os habituais sectores de exportação de rentabilidade
provada com pouco efeito nos outros sectores, o que quer dizer o crescimento económico não se
traduziu em desenvolvimento integrado;
Página 41
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
❖ O controlo dos principais meios de produção e fontes de riqueza pertencia aos portugueses ou às grandes
empresas de capital internacional (o que impediu a formação de uma classe empresarial e de uma
burguesia industrial e comercial angolana);
❖ A fraqueza da metrópole explica a diversidade de clientes comerciais de Angola e de fornecedores da
económia angola para os produtos industriais mais elaborados.

Nos anos 60 e 70 houve mudanças importantes: injecção de capitais, reforço do sector das industrias extractivas,
estímulo às industrias transformadoras, crescimento acelerado da construção civil (respondendo sobretudo ao
aumento da imigração branca), investimento nas infra-estruturas de comunicação (por razões económica e
militares), crescimento do secxtor empresarial capitalista (na agricultura e cração de gado, etc.).

4.3. A «PROVINCIALIZAÇÃO» DE 1951 E A «POLÍTICA DO FOMENTO ULTRAMARINO»

A provincialização de 1951 e a política do fomento ultramarino foram dois aspectos da reforma administrativa e
econômica que Portugal realizou após o fim da Segunda Guerra Mundial. A provincialização de 1951 foi uma
mudança na forma de organização das colónias portuguesas, que passaram a ser chamadas de províncias
ultramarinas, em vez de colónias. Essa mudança visava dar uma maior autonomia e participação aos povos
colonizados, bem como adaptar Portugal às novas condições internacionais.

A política do fomento ultramarino foi um conjunto de medidas destinadas a promover o desenvolvimento das
províncias ultramarinas, através da assistência técnica, financeira e humanitária. Essa política tinha como
objetivos reduzir as desigualdades sociais e regionais, estimular a industrialização e a diversificação produtiva,
melhorar as infraestruturas e os serviços públicos, e fortalecer os laços culturais e identitários entre Portugal e as
suas colónias.

A política colonial portuguesa no séc XX oscilou entre uma «assimilação» sob grandes reservas e uma política que
francamente a rejeitava, defendendo o papel utilitário e subordinado das colónias e a desigualdade jurídica entre
colonizadores e coloniozados.

Com o «estatuto dos indígenas portugueses das províncias de Angola, Moçambique e Guiné» existia de facto e de
jure a discriminação racial, já que todo o branco era por nascimento «cidadão» e «civilizado», enquanto negros e
mestiços tinham de requerer essa mesma cidadania, comprovando por processos administrativos «a ilustração e
os hábitos pressupostos para a integral aplicação do Direito Público e Privado, dos cidadãos portugueses.

4.3.1. MUDANÇAS ECONÓMICAS E SOCIAIS

A história económica de Angola colonial, até 1850, foi dominada pelo tráfico de escravos. Na segunda metade do
séc. XIX, em consequência da independência da colónia do Brasil (1822), da repressão internacional do tráfico de
escravos (que conmtinuou clandestino, nomeadamente para Cuba e para os Estados Unidos) e da concorrência de
novas potências em África, Portugal tentou diversicar a económia de Angola (ex.: cultivo de algodão e café).

Página 42
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
Os principais produtos de explorção: marfim, cera, borracha, urzela (produto tintueiro) continuavam a ser obtidos
dos povos africanos ainda independentes (Congo, Tucokwe, Ovimbundu, alguns Ambundu, alguns Ngangela). O
transporte a longa distância fazia-se aos ombros de carregadores, elemento vital para a circulação dos produtos,
na ausência de vias-férreas ou estradas.

No séc. XX apesar de se ter incrementado a exploração dos recursos agrícolas, minerais e pesqueiros, o comércio
continuou a dominar. As décadas de 60 e 70 ficaram marcadas por um lado por importantes progressos
económicos em busca de uma económia de mercado, em termos sociais, pelo reforço dos mecanismos de
dominação colonial.

4.3.2. ASSIMILACIONISMO E AUMENTO DE TENSÕES ENTRE COLONIZADOS E COLONIZADORES E AS PRIMEIRAS


ACTIVIDADES NACIONALISTAS

Assimilação foi uma política adotada pelo país colonizador Portugal, para tentar destruir a tradição cultural dos
povos africanos e formar uma elite que colaborasse com os colonizadores. Essa política gerou muitas resistências
e conflitos, tanto internos quanto externos, que contribuíram para o surgimento das primeiras manifestações
nacionalistas nas colônias.

Com a ascenção ao poder por parte de António de Oliveira Salazar e a criação do Estado Novo, foi introduzida na
prática colonial portuguesa a assimilação, isto é, o processo pelo qual se impunha aos povos africanos a
assimilação dos padões culturais portugueses; a língua, a religião, os hábitos e costumes, etc.

Assim, foi publicado o diploma legislativo nº 237 de 1931 que definia as condições para ser-se considerado
«assimilado»:

a. Ter abandonado inteiramente os usos e costumes da raça negra;


b. Falar, ler e escrebver correntemente a língua portuguesa;
c. Exercer profissão, arte ou ofício compatível com a civilização europeia, ou ter rendimentos por meios
lícitos que fossem suficientes para prover os seus alimentos, compreendendo sustento, habitação e
vestuário para si e sua família.

Em Angola, a política de assimilação foi aplicada principalmente por Portugal, entre 1901 e 1961. A assimilação
consistia em dividir os povos africanos entre indígenas e assimilados. Os assimilados podiam adquirir propriedade,
não eram obrigados a trabalhar em obras públicas, usavam mobiliário portugues, tinham direito à educação em
português (tinham a quarta classe), podiam prestar serviço militar e trabalhar para o serviço público, entre outros
benefícios. Porém, eles também tinham que manter uma vida cristã, apresentar formação escolar em português,
comprovar a posse de bens e obedecer às autoridades coloniais.

A quantidade de assimilados nas colônias portuguesas foi muito baixa em comparação com as colônias francesas.
Angola tinha a maior taxa de assimilados na África Ocidental, com 0,77%. Em 1946, a França concedeu a todos os
colonizados africanos direitos civis. Já Portugal cancelou o status de assimilado em 1954/61, acabou com o
trabalho forçado e defendeu no lugar disso o lusotropicalismo.

Página 43
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
Os indígenas são aqueles que não assimilaram a cultura portuguesa. Para essa categoria social foi criado o
respectivo «Estatuto do Indigenato». Segundo alguns investigadores «o indígina estava sujeito a regras jur´dicas
diferentes do cidadão português».

O regime salarial, a obrigação ou dispensa do «contrato» compulsivo, o regime de impostos, assistência médica, o
serviço militar, a posse de terras a escola dos filhos, a carta de condução. Tudo isso era condicionado pelo facto
de indígena ou civilizado.

Os factores evocados propriciaram a emergência da onda nacionalista em Angola com o sugimento de


organizações políticas.

❖ Em 1954, surgiram:

a. Clube Marítimo Africano – fundado em Lisboa por, Agostinho Neto, Lúcio Lara, Zito Van-Dúnem. Amílcar
Cabral, Humberto Machado, António Espirito Santo;
b. União das Populações do Norte de Angola (UPNA) – fundada em Léopoldville (Congo) por, Eduardo
Pinnock, Manuel Barros Nkaka e Francisco Borralho Lulendu;
c. União Nacional dos Trabalhadores Angolanos (UNTA) fundada por Luvualu Dombele Bernardo, Mbidi
Emílio.

❖ Em 1955, surgiu:

a. Partido Comunista de Angola (PCA) fundado em Luanda por, Viriato da Cruz, Mário António, António
Jacinto e Ilídio Machado.

❖ Em 1956, surgiram:

a. Partido de Luta Unida dos Africanos de Angola (PLUAA) fundado em Luanda por, Higino Aires, Matias
Miguéis, André Franco de Sousa e Aristides Va-Dúnen;
b. Movimento de independência de Angola (MIA) fundado por, Liceu Viera Dias, Carlos Van-Dúnen, Amadeu
Amorim, Gabriel Leitão, Soares Campos;
c. Movimento de Libertação de Angola (MLA) fundado em Luanda por, Joaquim Figueiredo, António Benge,
Agostinho André Mendes de Carvalho e José Manuel Lisboa.

Estas organizações realizaram trabalhos de mobilização das populações para reivindicar junto das autoridades
coloniais portuguesas a independência de Angola. Portugal não respondeu positivamente a estes apelos e
movimentou-se no sentido de reprimir as organizações nacionalistas. Em 1959 foram feitas as primeiras prisões
em massa de mais de 30 nacionalistas angolanos, julgados e condenados a pesadas penas de prisão. O líder
nacionalista Agostinho Neto foi o que mais sofreu nas prisões coloniais. Foi preso várias vezes em 1952, 1955,
1957, 1960 e 1961.

TEMA 5 - REVOLTA ANTI-COLONIAL E A LUTA DE LIBERTAÇÃO NACIONAL (1961-1975)

5.1. O CONTEXTO INTERNACIONAL DA EMACIPAÇÃO AFRO-ASIÁTICA


Página 44
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
Com o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-45), as relações internacionais passaram por um processo de total
transformação. A Europa perde seu tradicional papel de centro político hegemônico e o eixo de decisões mundiais
é deslocado para Estados Unidos e União Soviética.

A decadência dos grandes “Impérios colonialistas”, isto é, Grã-Bretanha e França, auxilia no processo de
independência estratégica, isto é, conceder a independência para as suas colônias como forma de manter laços
econômicos, o que ficou sendo conhecido como “processo pacífico”. A França procurou manter suas colônias pela
força militar, desencadeando guerras sangrentas na Indochina, sobretudo Vietnã e Argélia. Os historiadores
denominaram este processo de “descolonização violenta”.

Outros países, como Holanda e Portugal, também mantinham colônias nos continentes africano e asiático. No
caso de Portugal, a descolonização ficou sendo conhecida como “tardia”, devido ao fato de Angola e Moçambique
só conseguirem suas independências na década de 1970, quando a ditadura salazarista foi derrubada em 1974, na
chamada “Revolução dos Cravos”, e a social-democracia de Mário Soares iniciou a negociação para a libertação
destas colônias. Os movimentos de guerrilha marxista nestes países, entretanto, enfrentaram outras oposições
armadas, levando os países a um longo período de guerra civil.

A descolonização foi ainda favorecida pelo princípio de “autodeterminação dos povos” estabelecido na Carta do
Atlântico (1941), na Carta das Nações Unidas (1945) e na Conferência de Bandung (1955); esta última, reunindo
os países denominados de não alinhados, condenou a Guerra Fria e sua consequente bipolarização, a corrida
armamentista e o racismo tão presente nas mais variadas esferas. Novos países surgiram da descolonização.
Dezenas de novas unidades políticas na África e na Ásia passaram a participar de modo independente do mundo
contemporâneo. O número de países-membros da ONU quase quadruplicou em cerca de 50 anos.

Entretanto, vale destacar que nem sempre o processo se deu de modo pacífico ou ordeiro. O sonho de Gandhi de
uma descolonização a partir da desobediência civil, isto é, da não agressão, que mantivesse a unidade indiana,
revelou-se uma utopia, pois a Índia acabaria fragmentando-se em mais outros três Estados independentes:
Bangladesh, Sri Lanka e Paquistão, este último de maioria muçulmana e enfrentando, ainda hoje, gravíssimos
problemas de fronteira com a Índia hindu.

A emancipação afro-asiática foi um processo histórico que ocorreu entre as décadas de 1950 e 1970, no qual
vários países da África e da Ásia conseguiram sua independência das potências coloniais europeias e japonesas.
Esse processo foi influenciado por diversos fatores, como:

a) O fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), que enfraqueceu o domínio europeu e estimulou o
surgimento de novos atores internacionais, como os Estados Unidos e a União Soviética.
b) O princípio de autodeterminação dos povos, que foi defendido pela Carta do Atlântico (1941), pela
Carta das Nações Unidas (1945) e pela Conferência de Bandung (1955), que reuniu os países não
alinhados contra a Guerra Fria.
c) O desenvolvimento do nacionalismo nas colônias, que se manifestou em movimentos de libertação
nacional, guerrilhas armadas, pressões diplomáticas e manifestações populares.
d) A decadência econômica e política dos impérios coloniais, que enfrentaram crises internas, revoltas
populares, intervenções estrangeiras e conflitos armados.

Página 45
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
Alguns exemplos de países que se emanciparam nesse período são: Indonésia (1949), Argélia (1962), Vietnã do
Norte (1975), Angola (1975), Moçambique (1975), Tanzânia (1961), Uganda (1962), Zimbábue (1980) e Sri Lanka
(1948).

5.1.1. O NOVO AMBIENTE IDEOLÓGICO

Surge um grande ambiente ideológico em Angola. Por um lado, as independências dos países vizinhos (Congo-
Brazzaville e Congo-Leopoldville) em 1960 e a manunmteção dos métodos arcaicos de colonização.

Todo continente africano é atravessado pela onda da libertação e pela efervescência revolucionária com os povos
e os seus líderes a clamar pelo fim do sistema colonial, que gerara relações injustas entre colonizadores e
colonizados. Criava-se um novo ambiente ideológico, do qual portugal não soube fazer leitura correcta dos
acontecimentos.

5.1.2. A DESCOLONIZAÇÃO DA ÁSIA

A descolonização da Ásia ocorreu principalmente entre 1945 e 1960, após a Segunda Guerra Mundial e a invasão
japonesa das colônias. Os movimentos secessionistas asiáticos surgiram de um crescente sentimento nacionalista
e da rejeição do domínio europeu.
Em um clima marcado pela crescente importância dos direitos humanos, vários líderes nacionalistas orientaram a
criação de novos estados independentes.Na Indonésia, Sukarno liderou o movimento secessionista e se tornou o
primeiro presidente da República.

Comandos da marinha francesa entram na costa de Annam em julho de 1950 (Guerra da Indochina)

Na Índia, Gandhi e Nehru defenderam a independência de um único Estado. Ao mesmo tempo, outro movimento
liderado por Ali Jinnah defendeu a separação da Índia em dois territórios.

A descolonização foi um episódio pacífico em algumas colônias, enquanto em outras se desenvolveu


violentamente. O processo levou a vários conflitos bélicos, como a Guerra da Indochina entre a França e o Vietnã.

A descolonização foi apoiada pelos EUA. e a União Soviética. Instituições internacionais, como a ONU, também se
posicionaram a favor da independência das colônias.

História
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Japão invadiu e ocupou as colônias européias do sudeste da Ásia. Após a
vitória dos aliados, o Japão foi forçado a deixar o território. As colônias foram recuperadas pelos estados
europeus.

A guerra intensificou o sentimento nacionalista e a oposição à Europa colonial da região. Após a guerra, as
Filipinas se tornaram independentes dos Estados Unidos. em 1946.

Página 46
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
O Império Britânico, que após a guerra carecia de meios para enfrentar suas colônias, optou por ceder o controle
político de seus territórios, mantendo algumas vantagens econômicas.

Em 1947, a parte inglesa da Índia se dividiu em duas, dando origem à Índia e ao Paquistão. A divisão causou
conflitos violentos entre hindus e muçulmanos, causando entre 200.000 e 1 milhão de vítimas, além de intensos
movimentos migratórios.

Entre 1950 e 1961, as partes francesa e portuguesa da Índia foram anexadas à Índia independente.Por outro lado,
a Indonésia sofreu quatro anos de confrontos militares e diplomáticos. Finalmente, em 1949, os Países Baixos
reconheceram sua independência.

Quanto à França, ele enfrentou suas colônias na Guerra da Indochina (1946-1954). Em 1954, foram realizadas as
Conferências de Genebra e o Vietnã foi dividido em Vietnã do Norte e Vietnã do Sul.

A França também reconheceu a independência do Camboja e do Laos, depois de ter sido proclamada em 1953.

Birmânia e Ceilão (agora Sri Lanka), por outro lado, tornaram-se independentes do Império Britânico em 1948.
Também em 1948, a Coréia, sob o domínio japonês, foi dividida em Coréia do Norte e Coréia do Sul.

Enquanto o estágio mais intenso de descolonização ocorreu durante o período pós-guerra, alguns estados
asiáticos, como Cingapura e Maldivas, alcançaram a independência após 1960.

Outros territórios experimentaram uma descolonização ainda mais tarde. A Malásia, por exemplo, permaneceu
sob o domínio britânico até 1957. O Catar não alcançaria a independência até 1971, e Hong Kong esteve sob o
controle do Reino Unido até 1997.

Personagens em destaque
Durante o processo de descolonização, vários líderes lideraram os movimentos de independência:

a. Mahatma Gandhi (1869-1948)


Um dos líderes do Partido do Congresso indiano, que defendia a independência da Índia como um único estado. Durante a
Segunda Guerra Mundial, ele liderou uma campanha de desobediência civil.
b. Mohammed Ali Jinnah (1876-1948)
Líder muçulmano que defendeu a independência do Paquistão. Ele presidiu a Liga Muçulmana, um partido político na Índia
britânica que defendia a criação de um estado muçulmano e um hindu.
c. Jawaharlal Nehru (1889-1964)
Outro dos líderes do Partido do Congresso indiano. Nehru foi o primeiro primeiro ministro independente da Índia, de 1947 a
1964.
d. Ho Chi Minh (1890-1969)
Em 1941, ele fundou o Viet Minh, uma coalizão pela independência do Vietnã. Em 1945, ele declarou a independência da
França e liderou a defesa contra a reocupação. De 1945 até sua morte, em 1969, ele foi primeiro ministro e presidente do
Vietnã do Norte.
e. Sukarno (1901 – 1970)
Ele liderou o movimento de independência na Indonésia. Depois de proclamar a independência em 1945, ele se tornou o
primeiro presidente da República.
Página 47
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
Causas
expansão imperialista tinha começado no final do s. XV Durante séculos, os Estados europeus beneficiaram da
exploração econômica das colônias. Eles também se enfrentaram para ganhar e manter o controle.

Desde o início, as novas colônias resistiu dominação européia. Prova disso é, entre outros, Índia Rebelião em
1857.

No entanto, durante centenas de anos, a supremacia tecnológica da Europa foi suficiente para manter o controle
das colônias. De fato, as grandes potências europeias tinha, entre outros, medicina, infra-estrutura e armamento
mais avançado.

Movimentos de independência
Durante a primeira metade do s. XX movimentos na região foram criados contra o domínio da Europa Ocidental e
a favor da independência. Esses movimentos foram baseados nos ideais de democracia e soberania nacional.

Consequências

A descolonização em geral, e em particular no continente asiático, marcou uma mudança nas relações
internacionais entre os estados. Em contraste com o modelo colonial, os movimentos de independência
moldaram uma ordem política de estados individuais autogovernados.

Alguns dos novos territórios independentes sofreram intensos conflitos internos após o fim do domínio europeu.

Na Índia, por exemplo, houve massacres de populações locais. Na Birmânia, ocorreram violentos confrontos entre
comunistas e separatistas.

Em 1955, a Conferência Bandung foi realizada na Indonésia. Seu objetivo era consolidar a recém-conquistada
independência dos estados africanos e asiáticos.

No caso em que o colonialismo foi condenado e os desafios da nova soberania nacional foram examinados. O
objetivo era incentivar a colaboração entre os Estados, em oposição ao colonialismo.

5.1.3. AS INDEPENDÊNCIAS AFRICANAS

Quando, no final da Idade Média, a partir dos séculos XV-XVI, alguns Estados da Europa, assolados pela peste
bubônica e guerras internas, começaram a estabelecer relações comerciais com a África, encontraram aí Reinos e
Estados que tinham avançada organização política, alguns eram de feição árabe e berbere ou islamizados, no
norte e ocidente daquele continente, e que eram habitados por populações negras pertencentes a uma variedade
de grupos, principalmente ao Sul do Saara, com a importante excepção do império cristão da Etiópia.

Página 48
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
Os primeiros contactos com estes povos em geral não foram imediatamente de invasão e ocupação para
dominação, mas de carácter comercial. No entanto, os conflitos originados pela competição entre as várias
potências europeias levaram no século XIX à invasão e ocupação para dominação, ao saque e à destruição de
reinos, processo este que culminou com a partilha do Continente Africano pelos estados europeus mercantilistas
na Conferência de Berlim, em 1885.

No entanto, as duas grandes guerras que fustigaram a Europa durante a primeira metade do século XX deixaram
aqueles países sem condições para manterem um domínio económico e militar nas suas colónias. Estes
problemas, associados a um movimento independentista que tomou uma forma mais organizada na Conferência
de Bandung, levou as antigas potências coloniais a negociarem a independência das colónias.

Apesar da união entre os territórios africanos, firmada na Conferência dos Povos da África, realizada na cidade
de Acra (capital do Gana, primeira colónia que se tornou independente), a independência de alguns países, como
a Argélia, a República Democrática do Congo e as então colónias portuguesas Angola, Guiné-
Bissau e Moçambique, somente foi alcançada após guerras revolucionárias e desgastantes conflitos que se
estenderam até as décadas de 70 e 80. A luta pela independência dos Países africanos foi o início da Revolução
Africana.

Independência das colónias francesas

A seguir à Segunda Guerra Mundial a França, que já se encontrava a braços com insurreição na Argélia e
na Indochina e depois de já ter perdido Marrocos e a Tunísia, em 1956, como resultado de movimentos
independentistas aos quais foi obrigada a ceder, tentou em Setembro de 1958, através de um referendo uma
manobra de dar uma “autonomia” às suas colónias, que continuariam a fazer parte da “Comunidade Francesa”.

Com exceção da Guiné, que votou pela independência imediata, a Costa do Marfim, o Níger, o Alto Volta e
o Daomé decidiram formar a “União Sahel-Benin” e, mais tarde, o “Conselho do Entendimento”, enquanto
o Senegal se unia ao “Sudão Francês” para formar a “Federação do Mali”. Estas uniões não duraram muito tempo
e a França, em 1960, reconheceu a independência da maioria das sua colónias africanas.

A Independência em Djibouti

Djibouti foi uma das colónias francesas que decidiu, em 1958, manter-se na “Comunidade Francesa”, mas, devido
a problemas de governação, a população local começou a manifestar-se a favor da independência. Depois de um
novo referendo, em 1977, o Djibouti tornou-se finalmente um país independente. Nas Comores, a história foi
semelhante, mas com uma declaração unilateral de independência, em 1975, que foi reconhecida no mesmo ano,
mas que não abrangeu a ilha Mayotte, onde a população votou por manter-se como um território francês.

A ilha da Reunião é igualmente um departamento francês, governando, para além da ilha principal, várias outras
ilhas que são reclamadas por Madagáscar e Maurícia.

A Independência da Argélia

A Argélia, ocupada pelos franceses desde o século XIX, faz parte da Região do Maghreb, entre o deserto do
Saara e o Mar Mediterrâneo.

Página 49
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
Enquanto na Tunísia e no Marrocos a independência foi relativamente tranquila, na Argélia, argelinos
e franceses estiveram envolvidos em um conflito, após diversos movimentos fracassados contra a ocupação
francesa, que ocorriam desde a década de 1940 do século XX. Os movimentos aumentaram após a Segunda
Guerra Mundial, e foram reprimidos pelas forças militares francesas. Em 1954, eclodiu a sangrenta guerra que só
terminou oito anos depois, com a declaração de independência da Argélia.

Independência das colónias italianas

A Itália foi o último país europeu a chegar ao continente africano e também o primeiro a retirar-se.

As únicas colónias italianas em África foram a Líbia, Eritreia e parte da Somália. A Líbia tornou-se independente
em 1951 e a Somália Italiana em 1960. No mesmo dia, a antiga Somália Italiana uniu-se à Somália Britânica para
dar origem ao que é hoje a República de Somália.

Além dessas colónias, a Itália invadiu o atual território da Etiópia em 1936. Depois da invasão, a Etiópia perdeu
sua independência para a Itália e logo foi incorporada à África Oriental Italiana. Cinco anos depois, em 1941,
durante a Segunda Guerra Mundial, a Etiópia reconquistaria sua independência, junto com a Eritreia, que
em 1993 separou-se da Etiópia e antiga África Oriental Italiana (Etiópia) foi dividida em Eritreia e Etiópia. Isto
permanece até hoje.

Efetivamente, a independência das ex-colónias italianas processou-se logo no início do pós-guerra, tendo a ONU
um papel importante nesse cenário.

Independência das colónias portuguesas

A independência das colónias portuguesas em África iniciou-se em 1973 com a declaração unilateral da República
da Guiné-Bissau, que foi reconhecida pela comunidade internacional, mas não pela potência colonizadora. As
Revoluções nas restantes colónias portuguesas levaram à independência em 1975, e também estão na base
da Revolução dos Cravos.

Algumas pessoas, tanto em Portugal, como nas suas ex-colónias de África, consideram que o processo de
descolonização foi mal conduzido. Um dos argumentos é o fato de não terem sido incluídos nos acordos que
levaram à independência das colónias garantias sobre os direitos dos residentes (muito preponderantemente
portugueses e seus descendentes) que ali viviam e que viriam a escolher a nacionalidade portuguesa. Esses
críticos explicam por essa razão o êxodo da grande maioria dos portugueses em 1974/1975. No entanto, os
problemas que viveram, a seguir independências principalmente de Angola e Moçambique, são geralmente
atribuídos a questões de governação.

Independência das colónias espanholas

A Espanha colonizou o que corresponde hoje ao atual norte do Marrocos, a Guiné Equatorial e a Saara Ocidental.

O Marrocos atual tornou-se independente em 7 de abril de 1956. O restante do Marrocos foi colónia francesa e
se tornou independente em 2 de março de 1956. O Marrocos atual surgiu em 1956, quando os dois protetorados
se uniram.

Página 50
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
A Guiné Equatorial tornou-se independente da Espanha em 1968.

O atual território da Saara Ocidental se tornou independente em 27 de fevereiro de 1976. Porém, a sua
independência não foi e ainda não é reconhecida pela ONU. Apenas 60 países reconheceram sua independência:
o primeiro estado foi Madagascar em 28 de fevereiro de 1976 e o último foi a África do Sul.

A GUERRA DE RESISTÊNCIA ANTI-COLONIAL

a) LUTAS DE RESISTÊNCIA EM ANGOLA

Há 57 anos atrás, em 1961, explodiu uma rebelião, no que era então, uma das colônias de Portugal na África, a
sua joia mais cobiçada: a Angola dos diamantes, petróleo e urânio.

Explode com uma intensidade tão grande, que toma de surpresa até mesmo os seus rebeldes. Reprimida por uma
opinião pública internacional superficialmente simpática, (das Nações Unidas e sobretudo do Brasil) a luta faz sua
retirada estratégica para a floresta e adquire fôlego para sua continuidade.

As posturas ambíguas e complacentes da diplomacia mundial, deram espaço para que Portugal mantivesse sua
inflexível recusa de reconhecer e conceder por meio de um processo pacífico o direito aos angolanos ao seu
Nacionalismo Africano.

Os portugueses pisaram as terras que eram então parte do Reino do Kongo, em 1483, tornando-a sua maior
região de tráfico de escravos. Mas foi só mais tarde, entre 1885-1930, que consolida ali a invasão colonial, que em
1951, para evitar averiguações por parte da Organização das Nações Unidas (ONU) do terror que ocorria em suas
colônias, concede-lhe o status de província do além-mar.

No que era a então colônia de Angola, foram muitas as organizações rebeldes, que ao contrário de ter ou buscar
manter uma unidade que fortalecesse a luta, apresentavam-se variadas em suas composições e objetivos, e
também nas diferenças étnicas e sociais.

A guerra de resistência anti-colonial em Angola foi um conflito armado entre as forças independentistas de
Angola e as forças coloniais portuguesas, que durou de 1961 a 1974. Essa guerra foi influenciada pelo contexto
internacional da época, marcado pela Guerra Fria entre os blocos capitalista e socialista. Os países africanos se
alinharam com uma das superpotências, seja os Estados Unidos ou a União Soviética, recebendo apoio político,
militar e econômico para sua luta contra o colonialismo. Além disso, as organizações internacionais como a ONU
reconheceram o direito dos povos africanos à autodeterminação e à independência.

Os principais grupos independentistas que lutaram contra Portugal foram o MPLA (Movimento Popular de
Libertação de Angola), a FNLA (Frente Nacional para a Libertação de Angola) e a UNITA (União Nacional para a

Página 51
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
Independência Total de Angola). Esses grupos tinham diferentes motivações, estratégias, ideologias e resultados,
mas todos buscavam a independência e a soberania dos povos angolanos.

A guerra terminou com um acordo de paz em 1974, que estabeleceu o cessar-fogo entre os quatro intervenientes
no conflito: Governo português, FNLA, MPLA e UNITA. A independência de Angola foi proclamada em 11 de
novembro de 1975, com a assinatura do Acordo do Alvor entre os quatro intervenientes no conflito.

5.2. 1961 - O INICIO DA GUERRA DE LIBERTAÇÃO DE ANGOLA

Quando Portugal se tornou membro da ONU em 1955, foi aconselhado a conceder a independência aos seus
territórios africanos, no caso o território de Angola, contudo “Salazar” recusou a independência desses territórios
afirmando que Portugal não possuia colonias e esses territórios eram parte intergrante de Portugal assim como os
seus habitantes eram portugueses. Pelo que, não se justificava a independência.

Face a esta recusa do Estado Novo (regime de Salazar) em promover a descolonização iníciou-se na década de
1960 uma Luta Armada nas colónias portuguesas. Em Angola depois de um grande movimento reivindicativo e em
resposta a todo tipo de discriminação (expropriação de terras, trabalhos forçados, pagamentos de impostos etc.),
começava a grande revolta com os protestos dos trabalhadores da Baixa do Kassange à política colonial
portuguesa que teve lugar à “4 de Janeiro de 1961”. Estes protestos, foram barbaramente repelidos ou
repremidos pelos portugueses com o uso de bombas mortíferas, perdendo a vida mais de 30 mil angolanos.

À 4 de Fevereiro de 1961 nacionalistas angolanos mobilizaram-se e atacaram instalações portuguesas em Luanda


destacando-se a casa de reclusão. À 15 de Março de 1961 de maneira ordenada no norte de Angola, nocionalistas
angolanos atacavam posições colonias.

O 4 de Fevereiro e o 15 de Março de 1961 marcavam assim em Angola o início da Luta Armada que durou cerca
de “14 anos” e vitimou mais de 9 mil militares portugueses tendo ficado feridos e motilados mais de 25 mil.
Muitos guerrilheiros dos movimentos de libertação morreram igualmente nestas guerras.

As guerras coloniais levaram ao isolamento do regime, quer a nível interno, quer a nível internacional, conduzindo
o regime a uma situação incomportável.

O arrastamento das guerras e o elevado número de vitimas iriam contribuir para a queda do regime do Estado
Novo em 25 de Abril de 1974.

5.2.1. O «4 DE FEVEREIRO DE 1961»

Página 52
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
Enquanto duravam as operações de contenção da revolta de Cassange, a 4 de Fevereiro, um grupo de cerca de
200 angolanos, alegadamente ligados ao MPLA, ataca a Casa de Reclusão Militar, em Luanda, a Cadeia da 7ª
Esquadra da polícia, a sede dos CTT e a Emissora Nacional de Angola.

O objectivo era libertar alguns detidos, mas o ataque seria um fracasso, tendo morrido cinco polícias, um cipaio e
um cabo da Casa de Reclusão e 40 dos atacantes, e nenhum dos prisioneiros libertados. Este ataque coincidiu
com a presença de jornalistas estrangeiros que aguardavam por notícias do navio Santa Maria, que tinha sido
desviado pelo capitão Henrique Galvão e outros oposicionistas ao regime português, e que, supostamente, iria
atracar em Luanda. Deste modo, ao contrário da revolta de 4 de Janeiro, os incidentes do 4 de Fevereiro foram do
conhecimento público.

A 6 de Fevereiro, durante as cerimónias fúnebres dos polícias, foram mortos cerca de duas dezenas de cidadãos
negros devido a uma alegada provocação; ao mesmo tempo, as autoridades portuguesas, e vários cidadãos
brancos, atacaram violentamente os cidadãos étnicos angolanos que viviam nos musseques (bairros degradados).
Cinco dias depois, os separatistas do MPLA atacaram, de novo, uma prisão, ao qual os portugueses responderam
violentamente, provocando mais vítimas mortais.

“A vingança portuguesa foi em grande. A polícia ajudou os vigilantes civis a organizarem os massacres
nocturnos nos bairros da lata de Luanda. Os brancos retiravam os africanos das suas habitações de uma divisão,
matavam-nos e deixavam os seus corpos nas ruas. Um missionário Metodista afirmou que teve conhecimento
de cerca de 300 mortos”. - John Marcum

O historiador angolano Carlos Pacheco descreve, em “MPLA, um Nascimento Polémico”, o fervilhar político em
Luanda, no final da década de 50 e início da de 60 do século passado, afirma que o MPLA nasceu no início de 1960
e não em 1956, ano apontado pela história oficial, e sugere-nos que este Movimento estava ainda, no início de
1961, numa fase incipiente. Uns meses antes a PIDE prendera Agostinho Neto e alguns simpatizantes das suas
ideias. Sobre o “4 de Fevereiro” não mostra dúvida de que “quem arregimentou os revoltosos de 61,
maioritariamente do concelho de Icolo e Bengo, foi a UPA pela mão de Neves Bendinha”.

Em Portugal, o Ministro da Defesa Botelho Moniz reage aos acontecimentos com um despacho em que aconselha
a imposição de um regime justo e humano nas regiões de cultivo de algodão, para evitar problemas económicos e
políticos. Os Estados Unidos, através do seu embaixador em Portugal, Charles Burke Elbrick, encontra-se com
Botelho Moniz; o seu objectivo era que Moniz pressionasse Salazar no sentido de este alterar a sua política
colonial e promovesse a autodeterminação das colónias africanas. A 10 de Março a questão angolana é
introduzida nas reuniões da ONU.

5.2.2. O «15 DE MARÇO» E A REVOLTA GENERALIZADA NO NORDESTE DE ANGOLA

Página 53
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
Durante o mês seguinte, regressou a acalmia a Luanda, e nada parecia ter acontecido. O dia 15 de Março marca o
primeiro ataque das forças de Holden Roberto, a UPA, na região Norte de Angola, em particular nas províncias
do Uíge e do Zaire. Disfarçado de evento festivo - dia do casamento da filha do Nogueira -, o massacre foi
preparado no Congo meses antes. O sentimento de revolta começara após a Conferência de Todos os Povos
Africanos em Acra, no Gana, em Dezembro de 1958, onde esteve presente Holden Roberto. Frantz Fanon, e
outros nacionalistas africanos, aconselharam Holden Roberto a utilizar a força e a derramar o sangue dos colonos,
pois só assim se conseguiria acabar com o colonialismo português.

O massacre durou cerca de três dias. As forças da UPA invadiram postos administrativos e fazendas, matando
todas as pessoas que encontravam, independentemente de serem brancos ou negros (já integrados no sistema
colonial), homens, mulheres ou crianças. Terão morrido mais de 5 mil pessoas, das quais um quinto de
origem europeia. Os atacantes estavam armados de catanas e canhangulos, e agiam pensando serem invencíveis
e imunes às balas dos colonos, que achavam serem feitas de água.

Os massacres estenderam-se para sul para Cuanza Norte, Luanda e Bengo onde, nesta última
província, Nambuangongo foi proclamada a "capital do Estado livre", após ter sido abandonada pelos europeus. A
Luanda começaram a chegar milhares de refugiados. A este ataque de grande dimensão, Portugal não conseguiu
responder como em situações anteriores. Foi a própria população colona, em conjunto com o Governo, que se
organizou no imediato para fazer face às ameaças da UPA, através da Organização Provincial de Voluntários da
Defesa Civil de Angola. A resposta desta organização foi igualmente violenta, e o alvo foi a população negra que
ficou nas aldeias.

A partir desta data, e depois de todos os acontecimentos registados desde o início do ano, Angola e Portugal
estão em guerra. Mesmo assim, e mesmo apanhados de surpresa, a imagem que o Governador-geral de Angola
Álvaro da Silva Tavares passa é de calma e controlo da situação. De Portugal, até à data, não tinha havido
qualquer reacção. A 17 de Março, Salazar reage, indignado, designando de "terroristas" os atacantes angolanos.
As forças de segurança portuguesas em Angola limitavam-se a 1 500 soldados das Forças Armadas, e 5 000
recrutadas localmente. No dia 15 de Março tinham partido quatro Companhias de Caçadores Especiais e, no dia
seguinte, chegam a Luanda os primeiros pára-quedistas.

5.3. 1962-1974: DIFICULDADES, CONTRADIÇÕES E DIVISÕES NO NACIONALISMO ANGOLANO

O segundo ano do conflito marca a reorganização, e modernização, das tropas portuguesas, tanto ao nível
logístico como dos equipamentos. Em termos tácticos adoptou-se a "quadrícula" em detrimento de pequenas
unidades móveis de intervenção rápida, defendidas por Costa Gomes. Embora melhor organizadas e superiores

Página 54
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
em termos militares, as tropas continuam sujeitas às dificuldades do terreno, aos guerrilheiros e à ameaça física e
psicológica da utilização das primeiras minas. As forças da UPA, apoiadas pelo Congo, são as que ameaçam mais
os portugueses dado que, desde o 4 de Fevereiro, os guerrilheiros do MPLA sofreram uma fractura na sua
organização dada a repressão recebida naquele dia.

A UPA organiza-se e, em 1961, forma o GRAE - Governo Revolucionário de Angola no Exílio - reconhecido por
vários estados africanos; em 1962 altera a sua designação para FNLA - Frente Nacional de Libertação de Angola.
No entanto, e dado o alegado apoio dos Estados Unidos, o seu líder, Holden Roberto vê a sua imagem
prejudicada. Também o ano de 1962, assiste à modernização do seu equipamento bélico: recebem a
metralhadora AK-47, a semiautomática Simonov, a pistola-metralhadora PPSH e lança-granadas RPG-2 e RPG-7,
granadas de mão de origem italiana "Società Romana" e minas do leste europeu.

Ao nível interno dos movimentos de libertação, continuavam as divergências e as tentativas de criação de uma
frente única. Em 1962, durante um congresso do MPLA, Agostinho Neto e Mário de Andrade formaram um novo
comité executivo deixando de fora Viriato da Cruz. No ano seguinte, em Julho de 1963, tem lugar uma
conferência em Brazzaville que reúne três organizações – Ngwisako, Movimento para a Defesa dos Interesses de
Angola e Movimento Nacionalista de Angola.

O objectivo era a criação de uma frente única designada por Frente Democrática de Libertação de Angola
(FDLA). Dos seus membros fazia parte Viriato da Cruz que acaba por criticar o movimento, afirmando tratar-se de
uma ligação do MPLA com organizações simpatizantes com os portugueses; Viriato, e outros elementos,
acabariam expulsos da Frente. No mesmo mês, a OUA reúne-se com elementos da FNLA, da FDLA e outros, e
aponta a FNLA como o único movimento nacionalista de Angola; pede, também, que o GRAE fosse reconhecido
pelos demais países africanos, e que os outros movimentos nacionalistas se unissem à FNLA. Mário de Andrade
era contra a criação do FDLA, e Agostinho Neto, nomeado para presidir a esta frente, criticou a recomendação de
adesão à FNLA.

1966: abertura da frente Leste


Criação da UNITA
Em 1966, Jonas Savimbi cria a UNITA, depois de ter saído em conflito com Holden Roberto da FNLA/GRAE.
Praticamente limitado ao apoio dos Ovimbundu, Savimbi estabelece a sua base na Zâmbia, e em alguns pontos de
Angola. A primeira operação da UNITA data de Dezembro de 1966, com um ataque a Cassamba, no Leste, seguido
de outro a Teixeira de Sousa. De acordo com os militares portugueses, porém, o MPLA reivindica para si a autoria
deste ataque em Março desse ano.

Página 55
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
No entanto, um ano depois, a organização de Savimbi é expulsa da Zâmbia após ter atacado o caminho-de-ferro
de Benguela e um comboio que transportava cobre. Embora frágil em relação ao armamento, a força da UNITA
baseava-se essencialmente na personalidade forte de Savimbi que conseguia o apoio em massa das populações.
Neste ano, a UNITA de Savimbi, aumenta a sua actividade na zona Leste, rumo ao Bié. Em 1968, com o apoio da
população, a UNITA consegue infligir sérios danos ao caminho-de-ferro de Benguela, destruindo vários metros de
carris e fazendo descarrilar várias composições. De acordo com Savimbi, a UNITA passa a ter a sua sede no
interior de Angola.

Frente Leste

Em 1963, o MPLA é expulso de Kinshasa por Mobutu, e fixa a sua nova sede em Brazzaville. Porém, o MPLA
continuava a ter dificuldades em progredir no terreno dada a presenças das tropas portuguesas e, mais
importante, da presença do FNLA, com quem teve diversos confrontos e perdeu vários homens. No ano seguinte,
em 1964, o MPLA inicia uma ofensiva contra o enclave de Cabinda mas não obtém grande êxito devido à pequena
dimensão da região, à pouca receptividade da população e ao facto de Portugal ter reforçado militarmente a zona
para defender a Gulf Oil Company, uma empresa norte-americana de exploração de petróleo.

O ano de 1964, marca uma série de contratempos no interior do MPLA. No entanto, Agostinho Neto consegue
efectuar uma reestruturação da organização, chegando a conseguir o reconhecimento do movimento por parte
da OUA, que já tinha reconhecido a FNLA. Esta situação significa uma vitória política a nível interno e externo.

Em Março de 1966, o MPLA abre a frente Leste causando alguma surpresa às forças portuguesas que julgavam ter
a situação militarmente controlada. Já há algum tempo que não havia actividade militar significativa por parte do
MPLA, que se encontrava parado a Norte e, por seu lado, a FNLA efectuava apenas ataques pontuais. O MPLA
continuaria a sua progressão no terreno até Cuando-Cubango, penetrando na zona central do território, uma
zona estratégica, importante pelos seus recursos naturais e onde se concentrava a população. Por esta altura, as
tropas portuguesas controlavam a maioria das populações, as vias terrestres entre as diferentes localidades e as
infiltrações de guerrilheiros no território.

Chegou mesmo a ser equacionada, por oficiais médios e inferiores do Exército, uma solução política para o
conflito como forma de proteger uma das principais fontes de receita que eram os diamantes e o Caminho de
Ferro de Benguela. No entanto, o mesmo não pensavam os oficiais superiores, que gozavam de boas condições de
vida em Angola, e nem o Governo de Lisboa que continuava intransigente na questão da independência angolana.
Por esta altura, assiste-se a uma grande circulação monetária em Luanda

Página 56
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
A partir de 1967, a estratégia do MPLA é o controlo da zona Leste de Angola, junto da fronteira com a Zâmbia.
Juntos, o governo do MPLA, a população e a guerrilha começam obter algum sucesso militar e é criado o conceito
de "zona libertada".

Com a abertura da frente Leste, a guerra entra numa nova fase em que todas as forças lutam entre si, e em que o
conflito ganha uma dimensão internacional. Em 1968, cerca de 2000 catangueses juntam-se às tropas
portuguesas recebendo treino dos Comandos. A UNITA dá apoio a tropas da SWAPO que circulam entre a Zâmbia
e a Namíbia através de Angola, nomeadamente pela região de Cuando-Cubango; em troca, a UNITA recebe
armamento de qualidade. A África do Sul, tentando evitar a penetração da SWAPO na Namíbia, fornece pilotos e
helicópteros às forças portuguesas.

De 1968 a 1973

Em 1968, o MPLA cria um novo quartel-general em Teixeira de Sousa, na fronteira com o Congo, e começa a
dirigir-se para Malanje com o objectivo de aí estabelecer a sua IV Região Militar. Após o MPLA ter aberto a frente
Leste, em 1966, o ELNA - Exército de Libertação Nacional de Angola -, braço armado da FNLA, teve necessidade de
se afirmar para não perder terreno militar nem político para os outros movimentos de libertação, nomeadamente
o MPLA, cuja imagem ganhava cada vez mais importância.

Apoiado pelo Zaire, um grupo de homens instalou-se no interior de Angola para operar precisamente na região
Leste. A primeira operação militar data de 19 de Maio de 1968, quando um grupo de 65 homens entra pela
fronteira, perto de Teixeira de Sousa, para reconhecimento da localização das forças portuguesas, do MPLA e da
UNITA. Neste mesmo ano, o MPLA passa a ser o único movimento angolano a ser reconhecido pela OUA.Em 1970,
o MPLA estava bem consolidado no terreno, sendo o movimento que mais apoio recebia da OUA. A sua zona de
influência abrangia uma grande parte do território de Angola, dividido em seis regiões militares, sendo Dembos,
Cabinda e Leste as mais activas operacionalmente:

❖ I RM: Dembos (1961)


❖ II RM: Cabinda (1964)
❖ III RM: Moxico, Cuando-Cubango (1966)
❖ IV Rm: Luanda e Malange (1968)
❖ V RM: Huambo e Benguela
❖ VI RM: Huíla, Moçâmedes e Cunene

A abertura da IV RM pelo MPLA, em 1968, tinha um objectivo mais importante que o controlo de uma região:
destinava-se a ligar o Norte ao Leste, sendo dado apoio logístico (armamento e munições, alimentos enlatados e
medicamentos) a esta região a partir da Zâmbia - era a designada "Rota Agostinho Neto" que se estendia desde

Página 57
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
Luena e Lungué-Bungo, em direcção ao Luso e ao distrito de Lunda. Foi ao longo desta rota que tiveram lugar os
maiores combates entre o MPLA e as forças portuguesas.

Porém, os confrontos em simultâneo com o Exército português, assim como com os combatentes da UNITA, e a
divergências internas, levam a um enfraquecimento do MPLA e ao abandono da frente Leste em 1973, passando a
sua actividade militar a limitar-se à região de Cabinda; chegaram mesmo a tentar um novo acordo com o FNLA
para a criação de um Conselho Supremo da Libertação de Angola, em Dezembro de 1972, mas sem sucesso. Este
acordo provocou divergências internas no MPLA que vê as forças lideradas por Daniel Chipenda, comandante da
III Região Militar, a abandonarem o movimento e a regressarem à Zâmbia, não sem antes terem perdido alguns
homens em confrontos com os combatentes de Agostinho Neto.

Por seu lado, a FNLA encontra-se numa situação de inactividade militar mas, com o apoio de Mobutu que
reforçou a FNLA, esta voltou a ser reconhecida pela OUA, em 1971. No ano seguinte, a China ajuda o FNLA, no
seguimento de relações diplomáticas com o Zaire, mas Mobutu limita essa ajuda com receio de perda de controlo
do movimento. A partir desta data, e até ao fim do conflito, as acções da FNLA não passam de pequenas
emboscadas e colocação de minas, não havendo contribuição política significativa para a libertação de Angola.

As frequentes dificuldades de armamento e a ameaça do MPLA e da FNLA (que agora recebem apoio
chinês), levam a UNITA a alterar a sua estratégia e entrar em conversações com as autoridades portuguesas.
Savimbi entra em acordo com madeireiros portugueses - "Operação Madeira" - e com a Zâmbia. Assim, consegue
maior margem de manobra na sua zona de actuação e limita a sua actividade sobre o caminho de ferro de
Benguela. A "Operação Madeira", iniciada em 1971, permitia "liberdade pessoal e a integridade física" a Savimbi,
e é bem vista pelo Governo central que, assim, ganhava mais uma força contra os outros dois movimentos.

De acordo com informações militares dos portugueses, a UNITA estava a perder terreno no Leste para o MPLA e,
em 1969, cerca de 145 guerrilheiros decidem sair desta organização e voltar para a FNLA. Em 1970, a actividade
da UNITA resumia-se a pequenas emboscadas, raptos e ameaças à população. A sua zona de influência é, de novo,
afectada, nomeadamente a Oeste onde a FNLA e o MPLA progrediam. Em 1973, o General Joaquim da Luz
Cunha substitui Costa Gomes, e a UNITA volta a ser vista como inimigo. A UNITA retomaria as suas acções de
guerrilha no início de 1974, sendo o único movimento a operar no interior de Angola e a ameaçar as tropas
portuguesas.

O ano de 1973 é um ano de alguma acalmia para as tropas portuguesas. O MPLA encontra-se numa situação
militar difícil; a UNITA pouca actividade mantinha no terreno; e só a FNLA se mostrava activa a Norte, embora
com limitações, dado ter as suas bases estabelecidas no Zaire e ser pressionada por Mobutu para se manter longe
da fronteira com Angola. Embora, sem grande actividade, Savimbi aproveita-se da sua situação privilegiada para
Página 58
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
anunciar a sua área de influência como "zona libertada" a jornalistas estrangeiros, ao mesmo tempo que recebe
armamento; o MPLA recebe o apoio de instrutores cubanos e volta a operar na região de Cabinda; a FNLA opera
no Uíje e planeia uma operação em Cabinda.

Numa perspectiva mundial, os EUA estavam a perder o interesse estratégico nesta região de África, e a tomarem
mais atenção ao Sudeste da Ásia, o que implicava uma menor ajuda à FNLA; a União Soviética há já algum tempo
que vinha a reduzir o seu apoio ao MPLA. Por outro lado, as informações disponíveis mostravam que, embora
Portugal liderasse o conflito militarmente, não conseguiria derrotar as forças angolanas.

1974 - FIM DO CONFLITO


Instabilidade político-militar

Em Lisboa, desde há alguns anos que se desenvolviam organizações de contestação contra a Guerra Colonial.
A Acção Revolucionária Armada (ARA), uma organização portuguesa criada pelo PCP nos anos 60, cujo objectivo
era a luta armada contra a ditadura fascista, e as Brigadas Revolucionárias, uma organização de esquerda,
lutavam contra as guerras coloniais. Realizaram diversas operações de sabotagem e ataques à bomba a alvos
militares, como os ataques à base aérea de Tancos onde destruíram vários helicópteros, em 8 de Março de 1971,
e sede à da NATO no concelho de Oeiras, em 27 de Outubro do mesmo ano.

Destaque-se, também, as sabotagens aos navios Cunene, Vera Cruz (de transporte de tropas) e Niassa, em 9 de
Abril de 1974. A falta de popularidade da Guerra Colonial entre muitos portugueses, alguns deles
universitários, levou à criação de vários jornais e revistas da esquerda radical, como o Cadernos
Circunstância, Polémica Cadernos Necessários, Tempo e Modo que apelavam por soluções políticas para os
problemas coloniais.

25 de Abril de 1974 e cessar-fogo

No último ano do conflito, a opinião generalizada entre os militares era a de que esta guerra se encontrava numa
situação insustentável. O desconforto dos militares portugueses dá o seu primeiro sinal oficial em Agosto de
1973 com a contestação a um decreto-lei que incorporava oficiais milicianos que não tinham participado na
guerra; o decreto-lei atribuía-lhes o posto de Capitão passando a comandantes de uma companhia de caçadores.

No seguimento desta contestação, é criado o Movimento dos Capitães que, em Setembro, apresenta um pedido
individual de demissão de oficial do Exército. Nos meses seguintes, o movimento reuniu-se em vários locais de
Portugal, Guiné, Moçambique e Angola, para prosseguir com a mobilização dos oficiais e a pensar numa

Página 59
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
revolução. No início de 1974, depois de graves acontecimentos em Moçambique, o Movimento dos Capitães
reúne-se, e expõe as suas preocupações numa carta ao General Spínola, assinada por 180 oficiais.

Em Lisboa também se dão movimentações políticas e, em Março, tanto Costa Gomes como Spínola, são demitidos,
o que determina o fim das operações militares em Angola. A crescente instabilidade em Portugal culminaria em
25 de Abril de 1974, com a Revolução dos Cravos, um golpe de estado realizado pela esquerda militar em Lisboa,
que depôs o governo de Marcelo Caetano.

O "25 de Abril" terá apanhado de surpresa os movimentos de libertação de Angola assim como as grandes
potência mundiais, que tinham reduzido o seu apoio aos movimentos. A China, por seu lado, viu aqui uma
oportunidade de aumentar a sua influência na região enviando 100 instrutores militares para apoiar a FNLA; não
querendo ficar para trás, a URSS fez o mesmo com o MPLA.

Do lado angolano, as três forças de libertação continuavam sem chegar a um entendimento, embora já tivessem
sido feitas algumas tentativas para a constituição de organismos comuns às duas organizações, nomeadamente
entre o MPLA e a FNLA, em 1966 e 1972. Militarmente, a FNLA era o mais forte dos movimentos, e preparava-se
para operações no Norte; a UNITA estava, nesta altura, limitada ao Huambo e ao Bié, com uma pequena estrutura
militar, o que lhe retirava poder negocial; e o MPLA passava por momentos difíceis internamente devido a uma
cisão com a saída dos irmãos Andrade que tinham criado a "Revolta Activa".

Em Julho de 1974, o Almirante Rosa Coutinho, politicamente próximo do MPLA, é nomeado para presidente da
Junta Governativa de Angola, ao mesmo tempo que Agostinho Neto consegue assumir, de novo, o controlo do
MPLA, que se encontrava numa fase bastante negativa de disputas internas. No entanto, na primeira conferência
do partido, ocorrida em Lusaka, Neto e Chipenda obtêm a mesma votação, provocando nova separação entre
ambos, e dando origem, posteriormente, às Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA)
apoiantes de Neto.

5.3.1. QUADRO GERAL DA EVOLUÇÃO DAS LUTAS DE LIBERTAÇÃO NAS COLÓNIAS PORTUGUESAS

A Guerra Colonial Portuguesa, também conhecida como Guerra de Libertação ou Guerra da Independência pelos
movimentos independentistas africanos e asiáticos, é uma das designações atuais do período de confrontos entre
as Forças Armadas Portuguesas e as forças organizadas pelos movimentos de libertação ou independência
formados nas províncias do então Ultramar Português, em particular Angola, Cabo Verde, Guiné-
Bissau e Moçambique — entre 1961 e 1974.

Página 60
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
O termo Guerra do Ultramar começou a ser utilizado de forma oficial por várias das principais figuras do regime,
como o presidente do conselho Oliveira Salazar e o então Governador da Guiné, António Spínola, durante o
período do Estado Novo, embora o regime ditatorial habitualmente considerasse os levantamentos armados dos
movimentos de libertação como atos não de guerra, mas de terrorismo. A designação Guerra do Ultramar é
também a designação utilizada atualmente por antigos combatentes e associações de veteranos de guerra. Na
época, a guerra era referida vulgarmente em Portugal como Guerra de África.

O início deste episódio da história militar portuguesa e da história do colonialismo português ocorreu em Angola,
a 15 de Março de 1961, na zona que viria a designar-se por Zona Sublevada do Norte, que corresponde
aos distritos do Zaire, Uíje e Quanza-Norte. A Revolução dos Cravos em Portugal (25 de Abril de 1974), e que põe
fim à ditadura do Estado Novo, resulta em grande parte dos desenvolvimentos políticos, sociais militares e legais
da guerra.

A mudança do rumo político do país permitiu que se pusesse fim a uma guerra que durava há treze anos e dar
início ao processo de descolonização. Os novos dirigentes anunciavam a democratização do país e predispunham-
se a aceitar as reivindicações de independência das colónias. Entre 1974 e 11 de novembro de 1975 o Estado
português negoceia com os movimentos de libertação a transição para a independência dos territórios africanos
sob o domínio colonial português.

Durante o conflito armado, o Estado Novo aumentou progressivamente a mobilização das forças armadas
portuguesas, nos três teatros de operações, de forma proporcional ao alargamento das frentes de combate que,
no início da década de 1970, atingiria o seu limite crítico. Aumento que decorre da mobilização de contingentes
africanos num processo denominado "africanização da guerra".

O Estado Novo defendia desde o seu princípio a integridade dos territórios coloniais portugueses. A guerra
sustentava-se pelo princípio político da defesa daquilo que o regime considerava território nacional por via
da revisão constitucional de 1951. Ideologicamente, baseava-se no conceito de nação pluricontinental e
multirracial a partir da instrumentalização das teses de Gilberto Freyre sobre o lusotropicalismo.

Os movimentos de libertação defendiam a independência dos territórios sob o domínio colonial português com
base no princípio inalienável de autodeterminação e independência. O seu posicionamento foi defendido num
quadro internacional de apoio e incentivo à luta e apoiado nos movimentos internacionais de negritude e pan-
africanismo.

Contexto político-social

Página 61
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
Nas colónias europeias sempre existiram movimentos de oposição e resistência à presença das potências
coloniais. Porém, ao longo do século XX, o sentimento nacionalista — fortemente impulsionado
pelas primeira e segunda guerras mundiais — era patente em todas as movimentações europeias, pelo que não
será surpreendente notar o seu alastramento às colónias, já que também muitos dos seus nativos nelas
participaram, expondo o paradoxo da celebração da vitória na luta pela libertação, em território colonial, ainda
submetido e dependente.

Por outro lado, também as grandes potências emergentes da II Guerra Mundial, os Estados Unidos e a União
Soviética, alimentavam — quer ideologicamente, quer materialmente — a formação de grupos de resistência
nacionalistas, durante a sua disputa por zonas de influência. É neste contexto que a Conferência de Bandung, em
1955, irá conceder voz própria às colónias, que enfrentavam os mesmos problemas e procuravam uma alternativa
ao simples alinhamento no conflito bipolar que confrontava as duas grandes potências.

Estas, eram, assim, chamadas a considerar com outra legitimidade as reivindicações do chamado Terceiro Mundo,
quer para manter o equilíbrio nas relações internacionais da Guerra Fria, quer para canalizar os sentimentos
autonomistas para seu benefício, como zona de influência. A influência externa nas colónias perdia a orientação
meramente separatista e desestabilizadora, e caminhava para um efectivo apoio — ou entrave — nas relações
com os países colonizadores.

No final da década de 1950, as Forças Armadas Portuguesas viam-se confrontadas com o paradoxo da situação
política gerada pelo Estado Novo, que haviam implantado e sustentado desde 1926: por um lado, a política de
neutralidade portuguesa na II Guerra Mundial colocava as Forças Armadas Portuguesas afastadas de um eventual
confronto Leste-Oeste, por outro, aumentava, na perspectiva do regime, a responsabilidade na manutenção da
soberania sobre os vastos territórios ultramarinos, onde a tensão do pós-guerra avizinhava lutas independentistas
nas colónias da Europa dos Impérios.

Contudo, os mesmos dirigentes que afastaram Portugal da luta pela libertação europeia, optaram por integrar o
país na estrutura militar da NATO, num subtil desejo de se aliar aos vencedores, em detrimento da preparação
para as ameaças nos espaços coloniais, que o próprio regime considerava imprescindíveis para a sobrevivência
nacional.

Esta integração de Portugal na Aliança Atlântica iria formar uma elite de militares que se tornaria indispensável
para o planeamento e condução das operações durante a Guerra do Ultramar. Esta "geração NATO" ascenderia
rapidamente aos mais altos cargos políticos e de comando, sem necessidade de dar provas de fidelidade para
com o regime. A Guerra Colonial estabelecia, assim, incompatibilidades entre a estrutura militar — fortemente

Página 62
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
influenciada pelas potências ocidentais, de regime democrático — e o poder político. Alguns analistas consideram
que o chamado «golpe Botelho Moniz» marcou o início desta ruptura, bem como a origem de uma certa
desconfiança do regime em relação à manutenção de um único centro de comando, perante a ameaça do
confronto com a força armada. Esta situação provocaria, como se verificaria mais tarde, a descoordenação entre
os três estados-maiores (Exército, Força Aérea e Marinha).

O regime do Estado Novo nunca reconheceu a existência de uma guerra, considerando que os movimentos
independentistas eram apenas terroristas e que os territórios não eram colónias, mas províncias e parte
integrante de Portugal. Durante muito tempo, grande parte da população portuguesa, iludida pela censura à
imprensa, viveu sob a ilusão de que, em África, não havia uma guerra, mas apenas alguns ataques de terroristas e
de potências estrangeiras.

5.3.2. O IMPACTO DA GUERRA DE LIBERTAÇÃO NA SOCIEDADE ANGOLANA

A guerra de libertação descandeada em Angola partir de 1961, com acontecimentos sucessivos como a revolta da
Baixa de Cassanje, o 4 de Fevereiro e o 15 de Março, fez as autoridades coloniais repensar os seus métodos de
dominação e a sua relação com as populações locais.

Os angolanos edsucados à maneira ocidental eram alvos de discrimanação racial, impedidos de ascender a postos
mais altos da admininistração colonial e com diferenciação salarial relativamente aos portugueses .

5.3.2.1. A REACÇÃO PORTUGUESA AO DESENCADEAR DA LUTA DE LIBERTAÇÃO, GUERRAS E REPESSÃO

A reação portuguesa ao desencadear da luta de libertação nas colónias africanas foi complexa e multifacetada.
Inicialmente, Portugal tentou manter o controle sobre suas colónias através de uma combinação de força militar
e políticas de assimilação. No entanto, à medida que a luta de libertação se intensificava, Portugal enfrentou
crescentes dificuldades.

Os movimentos de libertação, como o MPLA em Angola, o PAIGC na Guiné-Bissau e a FRELIMO em Moçambique,


lançaram guerras de guerrilha contra as forças coloniais portuguesas. Estes movimentos foram apoiados por
países socialistas como a União Soviética e Cuba, bem como por outros países africanos recém-independentes.

Em resposta, Portugal mobilizou grandes contingentes de tropas e lançou campanhas militares para tentar
suprimir os movimentos de libertação. No entanto, estas campanhas foram em grande parte ineficazes e apenas
serviram para intensificar a resistência.

Página 63
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
Além disso, a guerra colonial teve um grande impacto na sociedade portuguesa. Ela levou a um aumento do
descontentamento e da oposição ao regime salazarista, que foi visto como cada vez mais isolado e fora de
sintonia com as realidades do mundo pós-colonial.

Finalmente, em 1974, uma revolução em Portugal, conhecida como a Revolução dos Cravos, derrubou o regime
salazarista. O novo governo, reconhecendo a inevitabilidade da independência, iniciou negociações com os
movimentos de libertação, que culminaram na concessão da independência às colónias africanas.

5.3.2.2. TRANSFOMAÇÕES ECONÓMICAS E SOCIAIS ACELERADAS: ABOLIÇÃO DA LEGISLAÇÃO


DISCRIMINATÓRIA, EXPANSÃO DO ENSINO, AUGE DA IDEOLOGIA DO LUSOTROPICALISMOE DA
PORTUGALIDADE

Durante o período colonial, as colónias portuguesas, incluindo Angola, passaram por várias transformações
económicas e sociais aceleradas. Aqui estão alguns dos principais desenvolvimentos:

1. Abolição da Legislação Discriminatória: A discriminação racial e social era uma característica marcante das
colónias portuguesas. No entanto, ao longo do tempo, houve esforços para abolir as leis discriminatórias.
Por exemplo, no Brasil, houve uma evolução significativa na legislação contra o racismo.
2. Expansão do Ensino: A educação desempenhou um papel crucial na transformação social das colónias
portuguesas. A expansão do ensino foi vista como uma maneira de melhorar a vida das pessoas e
promover a integração social.
3. Auge da Ideologia do Lusotropicalismo e da Portugalidade: O lusotropicalismo era uma ideologia que
afirmava que os portugueses eram especialmente adequados para a colonização nos trópicos por causa
de sua suposta capacidade de se misturar com outras raças e culturas. Esta ideologia teve um grande
impacto nas colónias portuguesas, incluindo Angola.

No entanto, é importante notar que estas transformações não ocorreram sem conflitos e contradições. Muitas
vezes, as políticas implementadas pelos portugueses encontraram resistência dos povos locais, que lutaram pela
sua independência e direitos.

5.4. A TRANSIÇÃO PARA A INDEPENDÊNCIA (1974-1975)

Portugal, então potência colonizadora de Angola, recusava na pessoa de António de Oliveira Salazar, em conceder
a independência de Angola, afirmando que Angola era parte integrante de Portugal e que os seus habitantes
eram também portugueses, pelo que não se justificava a independência.

Página 64
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
Face a recusa de Portugal em promover a descolonização, surgem em Angola na década de 1950 as primeiras
Organizações Políticas anticoloniais: a FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola), MPLA (Movimento
Popular de Libertação de Angola), e na segunda metade da década de 1960 surge a UNITA (União Nacional para
Independência Total de Angola). Começava, assim em Angola a Luta de Libertação Nacional que teve início em
1961 e que durou aproximadamente 14 anos.

A intensidade da Luta Armada, o seu arrastamento, e o elevado número de vítimas, contribuíram para o Golpe de
Estado de 25 de Abril de 1974 em Portugal. A queda do Governo Fascista de Portugal, foi uma consequência das
Guerras de Libertação Nacional nas então colonias ( Angola, Guiné Bissau Moçambique...), aceleraram o processo
para independência desses territórios.

Portugal voltou a ser um país Democrático, abrindo caminho para o início do processo de Descolonização de
Angola e a criação de condições para o Debate. Os Movimentos de Libertação de Angola, declararam
imediatamente que só aceitariam negociar com as autoridades portuguesas se estes reconhecerem o Direito à
Independência e a curto prazo. Começavam, então, as conversações entre as partes: a parte angolana,
representada pelos três (3) Movimentos de Libertação (FNLA, MPLA e UNITA).

Em Julho de 1974, na Conferência de Lusaka, e em Agosto do mesmo ano, ONU foram dados os passos decisivos
para o processo de descolonização que levaria Angola à Independência.

NO QUÉNIA: FRENTE COMUM PARA CONVERSAÇÕES EM PORTUGAL

Em Mombaça, e na presença de Jomo Kenyatta, presidente do Quénia, os responsáveis dos principais


Movimentos de Libertação de Angola, Holden Roberto, da FNLA, Agostinho Neto, do MPLA e Jonas Savimbi, da
UNITA, acordaram uma Frente Comum com vista as negociações marcadas para Portugal, com o objectivo de
alcançar rapidamente à Independência de Angola.

No final da reunião os Líderes angolanos reconhecem-se uns aos outros como partidos independentes, com iguais
direitos e responsabilidades. Acordaram ainda, não estarem preparados para assumir imediatamente o poder e
que é necessário um período de transição, no qual Portugal colabore, antes de a Independência lhes ser dada.

Em Mombaça foi elaborada de 3 e 5 de Janeiro de 1975, pelos três Movimentos uma Declaração de princípios que
tinha em vista uma Frente Única para a Cimeira que se realizaria em Portugal a partir de 10 de Janeiro de 1975
com o Governo Português.

Realizavam-se assim, de 10 à 15 de Janeiro de 1975, os Acordos de Alvor que entre vários pontos firmados
destacam-se os seguintes:
Página 65
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
a) O Estado Português reconhece os Movimentos de Libertação - FNLA, MPLA e UNITA, como únicos e
legítimos representantes do Povo Angolano;

b) Reafirma o reconhecimento do direito à Independência e afirma que Angola constitui uma entidade una e
indivisível, nos seus limites geográficos e políticos atuais;

c) Marcação para 11 de Novembro de 1975, a data da proclamação da Independência;

d) Formação de um Governo de Transição à empossar em 31 de Janeiro de 1975;

e) Composição das forças armadas unificadas;

f) Aspectos relacionados com os desalojados angolanos e o reagrupamento de pessoas;

g) A organização, por parte do Governo de Transição, das eleições para uma assembleia Constituinte,
no prazo de nove (9) meses, a parir de 31 de Janeiro de 1975;

h) Candidaturas serão vedadas a todas as forças politicas com excepção dos Movimentos signatários deste
Acordo - a FNLA, o MPLA e a UNITA - reconhecidos pelo Governo Português como únicos representantes
legítimos do povo angolano.

5.4.1. O 25 DE ABRIL, A QUEDA DO REGIME SALAZARISTA EM PORTUGAL E O FIM DA GUERRA COLONIAL

A Revolução dos Cravos, ocorrida em Portugal, foi um golpe militar realizado em 25 de abril de 1974 e que pôs
fim aos 41 anos de ditadura salazarista.

Trata-se de um dos mais importantes acontecimentos históricos da década de 70.

25 de Abril de 1974

Os portugueses não suportavam mais as imposições do regime salazarista, de forma que um grupo de militares,
os chamados "capitães de abril", começaram a planejar sua deposição. Houve uma primeira tentativa em março,
mas esta não teve sucesso. Desta maneira, um mês depois, outra investida é feita e no dia 25 de Abril de 1974, as
ruas de Lisboa se tornam o palco do golpe militar que conseguiu depor o presidente Marcello Caetano.

Caetano se rendeu às 19h30 desse dia e seguiria para o exílio no Rio de Janeiro, onde faleceria.

Origem do Nome
A Revolução dos Cravos aconteceu praticamente sem violência, com apenas quatro mortos. Diante da vitória
rápida e sem hostilidades, dizem que uma florista começou a oferecer flores aos soldados. Outras versões
afirmam que foi uma pedestre que voltava do trabalho.

Página 66
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
De todas as maneiras, a flor foi entregue aos soldados, que as puseram nos canos dos fuzis. Os cidadãos que
saíam às ruas para comemorar, também pegavam cravos e assim, esta flor ficou como o símbolo e nome da
revolução.

Cronologia

a) Em 9 de setembro de 1973 tem início o Movimento responsável pelo fim da ditadura em Portugal, o
MFA - Movimento das Forças Armadas.
b) No dia 16 de março de 1974 uma tentativa de golpe militar falha e cerca de 200 militares são presos.
c) A seguir, no dia 24 de março, a MFA se reúne e decide derrubar o governo através de um golpe
militar.
d) Um mês depois, no dia 24 de abril, o jornal "República" publica nota para que o povo escute a
emissão da rádio Renascença dessa noite.
e) Nesse dia, às 22h55, os Emissores Associados de Lisboa começam a transmitir a canção “E Depois do
Adeus”, interpretada por Paulo de Carvalho, e tem início as operações do MFA.
f) No dia 25 de abril às 00h20 a transmissão pela rádio da música “Grândola Vila Morena”, de Zeca
Afonso, que era então censurada, foi a senha utilizada pelo MFA para informar que as operações
militares seriam levadas adiante.

Causas da Revolução dos Cravos

Vários motivos para o fim do regime podem ser apontados.

O principal deles foi o falecimento do seu criador e mentor, Antônio de Oliveira Salazar, em 1970, que encarnava
os princípios e valores daquela doutrina.

Igualmente, o desgaste provocado pela guerra colonial travada, principalmente em Angola e Moçambique, estava
cada vez mais difícil de manter e justificar.

As tímidas reformas do próprio regime, a partir da posse de Marcello Caetano (1906-1980) são importantes, pois
a sociedade portuguesa queria experimentar a mesma vida que se levava na Europa Ocidental.

Consequências da Revolução dos Cravos

Dentre as consequências da revolução, destacam-se:

1) O fim da guerra colonial e o reconhecimento da independência das colônias portuguesas na África:

a. Guiné-Bissau, em 9 de setembro de 1974;


b. Moçambique, em 25 de junho de 1975;
c. Cabo-Verde, em 5 de julho de 1975;
d. São Tomé e Príncipe, em 12 de julho de 1975;
e. Angola, em 11 de novembro de 1975.

A independência desses territórios, provocou a volta de milhares de portugueses de maneira desordenada, o que
seria um transtorno para o novo governo.

2) Os exilados pelo regime salazarista puderam voltar.

Página 67
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
3) É estabelecido um regime de transição, a Junta de Salvação Nacional, cujo presidente será o general Antônio
Spínola (1910-1996). Em 1975, após realização de eleições livres e diretas para o legislativo, tem início a
elaboração da nova Carta Magna.

4) Aprovada a nova Constituição Portuguesa, em 2 de abril de 1976. Em 27 de junho do mesmo ano é feita a
eleição presidencial vencida por Ramalho Eanes (1935) e tendo Mário Soares (1924-2017) como primeiro-
ministro.

5) Portugal inicia o processo de entrada para a Comunidade Econômica Europeia.

Aspecto dos soldados em Lisboa já com os cravos nos canos dos fuzis

Ditadura Salazarista

O Salazarismo, dirigido pelo professor universitário Antônio de Oliveira Salazar, teve início em 1933. Em 1928
Salazar passara a comandar o Ministério das Finanças e se destacou nessa tarefa em consequência das medidas
que implementou conseguindo, desta forma, estabilizar a economia portuguesa.

Assim, em 1932 foi nomeado Presidente do Conselho de Ministros e, conforme a nova constituição de 1933,
alcançava plenos poderes.

Autoritarismo, censura, repressão, exílios, guerra coloniais foram as características do salazarismo. Igualmente.
para controlar a população, havia a atuação da PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado) - a polícia política.

O governo de Salazar, também conhecido como Estado Novo, teve a duração de 41 anos. Após o afastamento por
invalidez do então ditador Salazar, vítima de um derrame em 1968 vindo a falecer em 1970, foi continuado por
Marcello Caetano.

5.4.2. O PERIODO DE TRANSIÇÃO

No 25 de abril de 1974, o MFA depôs o Estado Novo e instituiu as liberdades com o apoio do povo. Mas o PREC
(até novembro de 1975) foi marcado por divergências sobre a descolonização e entre projetos políticos
assistindo-se a tentativas de golpes de estado e a uma inflexão à esquerda. Neste ambiente tenso rumou-se à
democracia com as primeiras eleições livres e a redação da Constituição de 1976.

Os objetivos da operação «Fim de Regime» do Movimento das Forças Armadas (MFA) para o 25 de abril de 1974
foram alcançados relativamente cedo, com exceção da rendição de Marcello Caetano, que se refugiara no Quartel
da Guarda Nacional Republicana, no Carmo. Para esse local foi enviado Salgueiro Maia, após ter cortado o acesso
aos Ministérios, à Câmara de Lisboa, ao Banco de Portugal, à Marconi e à Polícia no Terreiro do Paço, onde
convenceu as tropas de Cavalaria 7 a juntarem-se-lhe, desautorizando o comandante que mandara abrir fogo.

Durante o percurso para o Carmo o povo começou a apoiar o MFA com palavras, alimentos e cravos oferecidos
pelas floristas e colocados nos canos das armas que não dispararam, transformando-se o golpe militar na
Revolução dos Cravos. Os únicos mortos foram feitos pela PIDE/DGS.
Página 68
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
A rendição de Caetano criou um impasse, porque este exigiu transferir o poder a um general e não a um militar
de baixa patente como era Salgueiro Maia, não acedendo a dialogar com este mesmo após os disparos contra o
quartel. O MFA contactou o general António de Spínola para aceitar a rendição, mas este exigiu por sua vez uma
alteração no programa do MFA sobre a descolonização. Foi Spínola que presidiu a Junta de Salvação Nacional (JSN)
e anunciou ao país a instituição das liberdades e a extinção do Estado Novo.

O decreto da JSN, instituindo o 1.º de Maio como Dia do Trabalhador, contribuiu para a aproximação POVO/MFA,
celebrando-se os «capitães de Abril» e a liberdade. Mas o processo revolucionário em curso (PREC) ia ser
marcado por tensões político-ideológicas, refletidas na rápida sucessão dos governos provisórios e na pluralidade
de partidos políticos surgidos à direita e à esquerda.

As divergências em torno das eleições constituintes, propostas pelo MFA para 25 de abril de 1975, levaram à
demissão de Palma Carlos, o chefe do I Governo Provisório, que as queria adiar, apesar de ter tido o apoio de
Spínola, agora presidente da República. Por sua vez Spínola foi demitido pelo MFA por não aceitar a
descolonização, nos termos do MFA, e por ter apelado à «maioria silenciosa» (conservadora), que tentou
introduzir armas em Lisboa, no 28 de setembro.

A Presidência da República foi entregue a Costa Gomes, que apoiava o programa do MFA. Vasco Gonçalves, à
frente do Governo Provisório, pode prosseguir a descolonização e instituir a liberdade sindical, a greve, o salário
mínimo nacional, a redução das horas de trabalho e o subsídio de desemprego.

O golpe militar de Spínola, a 11 de março de 1975, acabou por provocar maior inflexão à esquerda: criou-se o
Conselho da Revolução e a Assembleia do MFA; estabeleceu-se o Pacto MFA/Partidos, que obrigava a incluir as
conquistas de abril na constituição; decretaram-se as nacionalizações; reconheceu-se o poder popular.

As eleições de 25 de abril de 1975, as primeiras com sufrágio universal, decorreram com elevado civismo e forte
adesão. Venceu o Partido Socialista, que dirigiu a redação da Constituição devendo conciliar as propostas dos
partidos políticos eleitos mais à esquerda (MDP e PCP) e à direita (PPD e CDS).

SÍNTESE:

❖ O MFA alcançou os seus objetivos para o 25 de abril de 1974, extinguindo o Estado Novo e instituindo as
liberdades, o que lhe valeu o apoio do povo.
❖ A ação de Spínola foi marcada pela divergência com o MFA em relação à descolonização, acabando por
ser demitido após o 28 de setembro.
❖ O PREC radicalizou-se a partir do 11 de março de 1975 com a institucionalização do MFA, das
nacionalizações, do poder popular e da Reforma Agrária.
❖ As eleições de 25 de abril de 1975 revelaram o civismo do povo português que aderiu em massa às
primeiras eleições livres de sufrágio universal.
Página 69
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
❖ O 25 de novembro de 1975 marcou o fim do PREC e criou condições mais democráticas para se concluir a
redação da Constituição de 1976.

5.4.3. A NOVA GUERRA E O ACESSO À INDEPENDÊNCIA

O único ponto que foi de facto decidido no Alvor e que pode ter contribuido para a queda de Angola no caos foi o
calendário de execução do acordo. Quando começou o período de transição, o equilibro de forças entre os treês
movimentos de Angola era aproximadamente o seguinte: a FNLA era nomericamente mais forte, com cerca de
21.500 combatentes divididos entre bases no norte de Angola e campos de exercícios no Zaire.

O exercíto do MPLA (as Forças Armadas Populares de Libertação de Angola-FAPLA) tinha cerca de 8.000 efectivos,
a maior parte no leste de Angola, mas com um considerável corpo em Cabinda e várias centenas em Luanda. A
UNITA tinha cerca de 6.000 guerrilheiros, número que aumentara bastante depois do 25 de Abril, mas as suas
forças continuavam a estar mal equipadas e mal treinadas.

O conflito entre a FNLA e o MPLA foi uma das fases da Guerra de Independência de Angola, que durou de 1961 a
1974. A FNLA (Forças Nacionais Livres da África) e o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) eram
dois movimentos independentistas que lutavam contra o domínio colonial português. Eles tinham diferentes
ideologias políticas: a FNLA era mais moderada e pró-ocidental, enquanto o MPLA era mais radical e pró-
soviético.

A FNLA foi fundada em 1961 por Agostinho Neto, um ex-soldado português que se tornou um líder nacionalista
angolano. A FNLA tinha como objetivo libertar Angola do colonialismo, da escravidão e da exploração, seguindo
os princípios do pan-africanismo e da ONU. A FNLA contava com o apoio da África do Sul, que fornecia armas,
treinamento e recursos financeiros. A FNLA também recebeu ajuda dos Estados Unidos, que temiam a expansão
do comunismo na África.

O MPLA foi fundado em 1962 por Holden Roberto, um ex-comandante português que se tornou um líder
revolucionário angolano. O MPLA tinha como objetivo libertar Angola do colonialismo, da escravidão e da
exploração, seguindo os princípios do marxismo-leninismo e da URSS. O MPLA contava com o apoio da União
Soviética, que fornecia armas, treinamento e recursos financeiros. O MPLA também recebeu ajuda de Cuba,
China, Israel e Zaire.

O conflito entre a FNLA e o MPLA começou em 1966, quando a FNLA lançou uma ofensiva contra as forças
portuguesas no norte de Angola. O MPLA reagiu ao ataque com uma contraofensiva no sul de Angola. Os dois
movimentos entraram em confronto armado pelo controle das principais cidades e estradas do país. O conflito

Página 70
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
entre a FNLA e o MPLA foi marcado por violência, massacres, torturas e atrocidades cometidas por ambos os
lados. O conflito entre a FNLA e o MPLA também teve consequências internacionais, pois envolveu as potências
mundiais na Guerra Fria:

a. Os Estados Unidos apoiavam a FNLA para conter o avanço soviético na África;


b. A URSS apoiava o MPLA para expandir sua influência comunista na África;
c. Cuba apoiava tanto a FNLA quanto o MPLA para defender seus interesses geopolíticos na região;
d. Israel apoiava tanto a FNLA quanto o MPLA para garantir sua segurança estratégica na África;
e. Zaire apoiava tanto a FNLA quanto o MPLA para manter sua posição econômica na África;
f. África do Sul apoiava tanto a FNLA quanto o MPLA para preservar sua hegemonia regional na África;
g. Brasil apoiava tanto a FNLA quanto o MPLA para fortalecer sua diplomacia internacional na África.

O conflito entre a FNLA e o MPLA terminou em 1974, quando Portugal assinou um acordo de paz com os dois
movimentos independentistas: o Acordo de Alvor. Esse acordo previa uma divisão política do país em dois
estados:

a. Uma república socialista sob liderança do MPLA;


b. Uma república democrática sob liderança da FNLA;
c. Uma zona desmilitarizada entre os dois estados;
d. Uma autonomia das minorias étnicas dentro dos estados;
e. Uma cooperação econômica entre os estados; uma integração regional com outros países africanos;
f. Uma participação internacional dos estados na defesa dos interesses nacionais;
g. Uma solução pacífica dos conflitos internos nos estados;
h. Uma solução pacífica dos conflitos externos nos estados;
i. Uma solução pacífica dos problemas humanitários nos estados;
j. Uma solução pacífica dos problemas ambientais nos estados;
k. Uma solução pacífica dos problemas sociais nos estados;
l. Uma solução pacífica dos problemas culturais nos estados;
m. Uma solução pacífica dos problemas educacionais nos estados;
n. Uma solução pacífica dos problemas sanitários nos estados;
o. Uma solução pacífica dos problemas jurídicos nos estados;
p. Uma solução pacífica dos problemas políticos nos estados.

Página 71
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023
Com a FNLA afastada, o MPLA dominava a capital, com todas as vantagens práticas e psicológicas que esse facto
comportava. No começo de Setembro, o MPLA fez alguns progresso: estendera o seu domínio a 12 das 16
províncias de Angola e estava bem colocado para expandir a sua influência antes do 11 de Novembro, a data
fixada para a independência. O preço pago fora uma guerra civil generalizada, em consequência da qual haviam
morrido mais de 8.000 pessoas desde o princípio do ano.

Entretanto, Angola fora descolonizada. No dia 11 de Novembro Portugal transferiu formalmente a soberania para
o povpo Angolano. A bandeira portuguesa foi arreda com o mínimo de cerimonial no dia 10 de Novembro e os
500 anos de ocupação portuguesa de África terminaram.

No dia seguinte, foi proclamada a República Popular de Angola, sob a presidência de António Agostinho Neto e
nesta não se encontravam representantes portugueses. Ao mesmo tempo que o MPLA proclamava a República
Popular de Angola em Luanda, em Nova Lisboa (que daí em diante recuperou o seu nome anterior a 1925,
Huambo) a aliança FNLA-UNITA declava a Independência Nacional sob o nome de «República Democrática de
Angola».

O regime do MPLA foi imediatamente reconhecido pelos demais estados lusófonos africanos, por outros Estados
africanos radicais, como a Argélia e a Guiné-Conacri, pelo Brasil e pelo bloco soviético. Portugal, porém, em
conformidade com a sua imparcialidade pós-Alvor relativamente aos três movimentos, e perfeitamente
consciente da gravidade da situação em termos globais, suspendeu o seu reconhecimento.

Página 72
ELABORADO PELO PROFESSOR: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. LICENCIADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
CONTACTOS: 928512435 / CORREIO ELETRÓNICO: CELESTINO3537@HOTMAIL.COM
FACEBOOK: CELESTINO DE JESUS SAMPAIO. WHATSAPP- 928512435-- CAHAMA/2023

Você também pode gostar