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O município de Itaúna, sob o
ponto de vista dos estudos ne-
gros, é uma região, digna de
apreço, antes que desapare-
çam os últimos vestígios quim-
bundos que ali tiveram mar-
cada importância. São comuns
na toponímia do município as
palavras bántus como Ca-
tumba, Calambau, Caxambú,
Marimbondo, Cafuringa, etc.
E é coisa curiosa a examinar o
povoado do Catumba, que se
me afigura às ruínas de consi-
derável quilombo. Ainda hoje
só é habitado por pretos que só
falam entre si o quimbundo
[...].
Ainda me lembro bem de vá- Aliás, utilizam esses recursos branco está chegando no ser-
rios tipos populares negros, em casos absolutamente indis- viço ...
hoje desaparecidos, que ser- pensáveis por motivo de cla-
viam de troça para os mole- reza. O dialeto não os possui.
ques de Itaúna. Eram pretos de Quando querem dizer: - “ O [1] É interessante o fenômeno
ascendência africana, si não di- João fala muito bem a língua de que se deu com esta palavra no
reta, pelo menos muito pró- preto”, se expressam assim: - Brasil. Bunda ou M’bunda pe
xima. “João oméra navuro quiapos-
adjetivo gentílico de um povo
E como era costume aditar ao sóca undaca de quimbundo”.
bántu. Por extensão, emprega-
nome do negro o da nação a A formação do feminino tam- vam-na com a significação de
que pertencia, chamavam a es- bém é de simplicidade infantil.
ruim, feio, reles, inferior. E por
ses pretos Vicente Bunda[1], Resume-se em ajuntar a pala-
Chico Bié, Cristina Bunduda, isso é empregada vulgarmente
vra - mulher (ocaia ou man-
sendo que está me parece Ka- dumba) ao subistantivo a ser para designar a anatomia pos-
kuana, pela pequena estatura modificado: - rei (vicóra), Rai- terior aos ossos da bacia (náde-
e a monstruosa esteatopigia[2] nha (ocaia do vicóra) – mulher gas) ...
que apresentava. do rei. Porco (camguro), porca
(mandumba do canguro) [3].
Língua de formação bem rudi-
mentar ainda, o congoês, pelos O número de verbos é reduzi- [2] Esteatopigia é um termo
seus dialetos, não possui os díssimo e nunca flexionam médico que define o acúmulo
atributos e as flexões que apre- para as diversas expressões de de gordura nas nádegas.
sentam as línguas mais evoluí- tempo e modo. A compreen-
das como o português. são exata da frase se consegue
pelo assunto de que trata a [3] Quer me parecer que man-
Por isso, o quimbundo que sur- dumba eles empregam quando
preendi em Minas recorre oração. Cachia, por exemplo, é
o infinito do verbo chegar. se tratam de irracionais e vi-
sempre ao português nos casos córa quando de gente.
em que o dialeto não possui re- E a frase: O cuêto vindêro ca-
curso para a expressão. Estão chia no curimã, que dizer: - o
neste caso os artigos demons-
trativos, as conjunções, etc.
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CATUMBRA
Entre os municípios Itaúna e Pará de Minas Rodovia MG-431
NO IMAGINÁRIO DO CATUMBA
Ainda hoje chamam o lugar de Catumba dos Pretos (parte inferior) e Catumba dos Brancos (parte superior).
Segundo moradores ficou conhecido assim, porque os brancos iam comprando as terras dos pretos.
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(são mais de 150 palavras de A a U)
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REFERÊNCIAS:
Parte do texto: FILHO, João Dornas. A Influência Social do Negro Brasileiro.
Ed. Guaíra, São Paulo, 1942, p.71-72 -74.
Pesquisa, Organização, Arte e Fotografia: Charles Aquino.
Acervo: Prof. Marco Elísio, Charles Aquino, SIAAPM:
http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/modules/brtbusca/index.php?action=results&query=DORNAS
PEDRA NEGRA
HISTÓRIA & MEMÓRIA