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AUL A 1 4

ESTUDO DAS ORAÇÕES


Estudo das orações

Nas últimas aulas, estudamos os termos da oração, ou seja, analisamos

internamente que elementos sintáticos podem compô-la. Lembrando que,

quando a oração está sozinha dentro do período, chamamo-la de absoluta;

o período que só contém uma oração, chamamo-lo de período simples.

A partir de agora, analisaremos a relação entre as orações: entre si,

elas podem ser coordenadas ou subordinadas.

Coordenação e Subordinação

Termos sintáticos coordenados são aqueles que se colocam lado a

lado, desempenhando a mesma função.

Veja: (A melhor maneira de viajar é sentir)

“Ocupa de toda a tua força e de todo o teu poder quente

Meu coração a ti aberto!”

(Fernando Pessoa)

“[...]sou um globo

De chamas explosivas buscando Deus e queimando

A crosta dos meus sentidos, o muro da minha lógica,

A minha inteligência limitadora e gelada.”

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Note como, no primeiro exemplo, os adjuntos adverbiais

encontram-se lado a lado, desempenhando ambos a mesma função

(adjunto adverbial de modo).

No segundo exemplo, há várias coordenações: entre as orações

reduzidas de gerúndio (buscando Deus e queimando...), entre os

complementos de “queimando” (a crosta dos meus sentidos, o muro da

minha lógica, a minha inteligência limitadora e gelada) e entre os dois

adjuntos adnominais de “inteligência” (limitadora e gelada).

O mesmo raciocínio se aplica às orações. São coordenadas entre si as

orações que, estando no mesmo período, são sintaticamente independentes

entre si. Em outras palavras: uma oração fica simplesmente ao lado da outra,

sem que nenhuma exerça função sintática sobre a outra.

Veja:

“E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite

esfriou, e agora José?”

(Carlos Drummond de Andrade)

As orações “A festa acabou”, “a luz apagou”, “o povo sumiu” e “a noite


esfriou” são colocadas lado a lado (ao que se dá o nome de justaposição),

sem que uma exerça função sintática sobre a outra. Como não apresentam

conectivo entre si, dizemos que são assindéticas (síndeto = conjunção, logo

“assindéticas” significa “sem conjunção”).

“E agora, José” não é uma oração, pois não apresenta verbo.

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Mais um exemplo:

“Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta.”

(Cecília Meireles)

As duas últimas orações são coordenadas entre si. No entanto, perceba

como se trata de uma independência apenas sintática. Semanticamente,

a oração “sou poeta” claramente serve para explicar, esclarecer a oração

anterior. Ela não explica um termo da oração anterior, mas a oração inteira.

Assim, embora sintaticamente sejam coordenadas, há certo grau de

dependência semântica.

Agora note a diferença:

Espero que meus pais venham.

No período anterior, a oração “que meus pais venham” funciona

como objeto direto do verbo “esperar”. Se ela exerce uma função sintática,

dizemos tratar-se de uma oração subordinada. A oração “espero”, por sua

vez, é chamada de principal.

São subordinadas as orações que não possuem autonomia

gramatical, isto é, aquelas que estabelecem uma relação de dependência

com a oração principal.

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Outro exemplo:

“Só é lutador quem sabe lutar consigo mesmo.”

(Carlos Drummond de Andrade)

Na frase anterior, a oração “quem sabe lutar consigo mesmo” é

sujeito do predicado “é lutador” (“só” é palavra denotativa de inclusão). Na

ordem direta, teríamos:

Só quem sabe lutar consigo mesmo é lutador.

Novamente: se a oração sublinhada exerce função sintática, logo

dizemos tratar-se de oração subordinada. “Só é lutador” é oração principal.

Orações Coordenadas

As coordenadas podem ser assindéticas (quando aparecem sem

conjunção, caso em que são chamadas de justapostas) ou sindéticas


(quando ligadas por conjunção).

As sindéticas são classificadas como: aditivas, adversativas,

alternativas, conclusivas e explicativas. Vejamos cada uma delas:

Aditivas: expressam adição, soma, e são iniciadas por conjunção

aditiva (e, nem, mas [precedido de não só]);

Adversativas: expressam oposição, adversidade, e são iniciadas

por conjunção adversativa (mas, porém, contudo, entretanto, no entanto,

todavia);

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Alternativas: expressam alternância ou exclusão, e são iniciadas por

conjunção alternativa (ou, ou...ou, ora...ora, quer...quer, seja...seja).

Conclusivas: expressam conclusão e são iniciadas por conjunção

conclusiva (logo, portanto, por isso, pois [após o verbo], por conseguinte).

Explicativas: expressam explicação, justificativa, e são iniciadas por

conjunção explicativa (porque, pois, porquanto, que).

Vejamos alguns exemplos:

“Quero vivê-lo em cada vão momento

E em louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento.”

As orações sublinhadas são coordenadas sindéticas adversativas. A

primeira oração é coordenada assindética.

Observação: Havendo sujeitos diferentes, vários são os autores que

defendem o emprego da vírgula antes da conjunção “e”, veja:

“Os adjetivos passam, e os substantivos ficam.” (Machado de Assis,

Balas de Estalo)

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“Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.

Sentir tudo de todas as maneiras.

Sentir tudo excessivamente

Porque todas as coisas são, em verdade excessivas

E toda a realidade é um excesso, uma violência,

Uma alucinação extraordinariamente nítida [...]”

(Fernando Pessoa)

A primeira oração sublinhada é coordenada sindética explicativa. A

segunda é coordenada sindética aditiva.

“Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres

Que ninguém mais merece tanto amor e amizade

Que ninguém mais deseja tanto poesia e sinceridade

Que ninguém mais precisa tanto de alegria e serenidade.”

(Vinicius de Moraes)

As orações sublinhadas são coordenadas sindéticas explicativas.

A primeira da estrofe é coordenada assindética.

Ora nos movíamos com lentidão, ora caminhávamos com presteza.

As duas orações são coordenadas sindéticas alternativas.

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Os ônibus estavam lotados, por isso me atrasei tanto.

A oração sublinhada é coordenada sindética conclusiva. A primeira

é coordenada assindética.

Foi preciso não só fazer esforço, mas também desenvolver uma

técnica para carregar o piano.

A primeira oração é coordenada assindética. A segunda é

coordenada sindética aditiva.

Paralelismos semântico e sintático

“A ideias similares deve corresponder forma verbal similar. Isso é

o que se costuma chamar paralelismo ou simetria de construção. Trata-se

de uma diretriz, mas diretriz extremamente eficaz, que muitas vezes

saneia a frase, evitando construções incorretas, algumas, inadequadas,

outras.” (Othon Garcia)

Um bom texto, de maneira geral, é marcado por estruturas paralelas,

ou seja, construções regulares, correspondentes, tanto do ponto de vista

sintático como do semântico. Analise:

“A troca de algumas peças do armário, ou na forma como você

organiza suas roupas, pode fazer com que a possibilidade de combinações

aumente bastante.”

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Estão-se comparando dois elementos de natureza diferente (peças

e forma), rompendo o que se chama de paralelismo semântico; ademais,

a comparação é, por si mesma, estranha, pois se inicia com preposições

diferentes (de e em). A essa ruptura da estrutura textual, dá-se o nome de

quebra do paralelismo sintático.

Reescrita:

“A troca de algumas peças do armário ou a mudança na

organização das roupas pode fazer com que sua possibilidade de

combinações aumente bastante.”

Note como, agora, comparam-se dois substantivos abstratos (troca

e mudança).

Outra possibilidade:

“Trocar algumas peças do armário ou mudar a organização das

roupas pode fazer com que sua possibilidade de combinações aumente

bastante.”

Aqui, coordenam-se dois verbos no infinitivo: trocar e mudar.

Analise:

“O aumento do dólar resulta das incertezas relativas à estabilidade

política do país, como também das recentes declarações do Presidente.”

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No caso anterior, nota-se haver ruptura da coesão estrutural: usa-se

“como também” sem antes empregar a outra parte da locução conjuntiva

(não só...como também). Novamente, quebra do paralelismo sintático.

Corrigindo:

“O aumento do dólar resulta não só das incertezas relativas à

estabilidade política do país, como também das recentes declarações do

Presidente.”

Vejamos mais alguns exemplos com quebra de paralelismo tanto

semântico como sintático:

Como o curso de oratória vai me ajudar?

Você vai descobrir como e por onde começar da forma correta.

Os segredos para demonstrar suas ideias com clareza, objetividade;

Como ser mais convincente, ter maior capacidade persuasiva;

Habilidades que melhoram a sua postura profissional e te tornam

uma autoridade respeitada.

Como apresentar mais segurança ao ser questionado por

clientes/colegas.

Como ser mais produtivo, imprimindo velocidade na explicação

de suas ideias.

Reescrita, uniformizando-se especialmente o início dos tópicos:

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Como o curso de oratória vai me ajudar?

Você descobrirá:

Como e por onde começar da forma correta;

Quais são os segredos para demonstrar suas ideias com clareza

e objetividade;

Como ser mais convincente e ter maior capacidade persuasiva;

Quais habilidades desenvolver para que sua postura profissional

transmita autoridade;

Como apresentar mais segurança ao ser questionado por

clientes/colegas;

Como explicar melhor suas ideias.

“As atividades favoritas de meus filhos são equitação, natação e

fazer escalada.”

Reescrevendo:

“As atividades favoritas de meus filhos são equitação, natação e

escalada.”

“Existe uma enorme diferença entre candidatos e vagas

disponíveis no mercado.”

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Reescrevendo:

“Existe uma enorme diferença entre a quantidade de candidatos e

a de vagas disponíveis no mercado.”

“É plenamente possível exercitar-se todos os dias, seja na academia,

ou em parques.”

Reescrevendo: É plenamente possível exercitar-se todos os dias, seja

na academia, seja em parques.

“De um lado, a economia mostra melhoras. Além disso, ainda não

reconquistou investidores alemães.”

Reescrevendo: “De um lado, a economia mostra melhoras; de outro,


ainda não reconquistou investidores alemães.”

“A seleção brasileira enfrentará a Alemanha na semifinal.”

Reescrevendo:

“A seleção brasileira enfrentará a alemã na semifinal.”

Ou ainda:

“O Brasil enfrentará a Alemanha na semifinal.”

Observação: Quando dois ou mais elementos estão coordenados e o

primeiro está introduzido por preposição, pode ocorrer o seguinte:

Temos direito a suco e refrigerante.

Temos direito a suco e a refrigerante.

Temos direito ao suco e ao refrigerante.

Temos direito ao suco e refrigerante.

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Por fim, convém dizer que a quebra de paralelismo pode ser um

recurso de estilo muito bem-vindo, quando ocorre intencionalmente e de

forma bem construída:

“Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há amor possível.”

(Nelson Rodrigues)

“Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis.”

(Machado de Assis, em Memórias Póstumas de Brás Cubas)

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Como já se disse anteriormente, a coordenação trabalha com

estruturas de função ou valor sintático equivalente, a subordinação

estabelece relação de dependência entre tais funções.

As subordinadas podem exercer função de substantivo, adjetivo ou

advérbio, daí serem classificadas como subordinadas substantivas, adjetivas

ou adverbiais.

Orações subordinadas substantivas

Veja:

Espero nosso encontro.

Espero que eu encontre você.

Note como tanto “nosso encontro” como “que eu encontre você”

complementam o sentido do verbo “esperar”. “Nosso encontro” é um objeto

direto cujo núcleo é o substantivo “encontro”. Na segunda frase, esse termo

nominal foi substituído por uma oração, a qual chamamos de subordinada

substantiva (pois exerce função sintática própria de substantivo, como se

pôde perceber).

Assim, as orações subordinadas substantivas são aquelas que exercem

função sintática própria de substantivo em relação à oração principal.

Podem ser: subjetivas, objetivas diretas, objetivas indiretas,

completivas nominais, apositivas e predicativas do sujeito.

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Essa classificação segue o previsto pela Nomenclatura Gramatical

Brasileira (NGB), mas pode-se ainda dizer da existência das predicativas do

objeto, adjuntivas adnominais e agentivas, que não mencionaremos neste

material.

As orações subordinadas substantivas são geralmente introduzidas

por conjunções subordinativas integrantes (que e se), mas podem, ainda,

ser introduzidas por pronomes de interrogação (que, qual, quem, quanto),

pronomes indefinidos (quem, quanto), advérbios de interrogação (onde,

quando, como, por que) e advérbio de intensidade (quão).

Ressalta-se que não é preciso decorar esses conectivos que

introduzem as orações, mas entender sua função dentro delas.

Falemos sobre cada uma das classificações.

Subjetivas

Exercem função de sujeito.

Parece que os convidados se atrasarão.

Note que “que os convidados se atrasarão” é aquilo que parece;

trata-se do sujeito de “parecer”. Poder-se-ia dizer “isto parece”. O verbo

“parecer” é intransitivo. “Que” é conjunção subordinativa integrante.

Não foi dito se é preciso trocarmos de roupa agora.

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“Se é preciso trocarmos de roupa agora” é o que não foi dito.

Poder-se-ia dizer “Isto não foi dito”. A construção está na voz passiva. Não

se conhece o agente da passiva, ou seja, não se sabe quem disse. “Se” é

conjunção subordinativa integrante.

“Depois, quando jovem, em Belo Horizonte, eu sentia muito a

dificuldade de aproximação com as moças. Era proibido olhar para as

mulheres.” (Última entrevista de Carlos Drummond, Folha de São Paulo)

A oração sublinhada encontra-se reduzida de infinitivo (oração

subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo). Em seu modo

desenvolvido, teríamos: Era proibido que se olhasse para as mulheres. Nesse

caso, “que” seria uma conjunção subordinativa integrante. Poder-se-ia dizer

“Era proibido isto”.

Note que, em todos os exemplos anteriores, o pronome “isto”

desempenha função de sujeito.

Objetivas diretas

Exercem função de objeto direto.

“O senhor teve uma infância feliz?” Drummond – “Não sei se pode

chamar de feliz a infância, porque há sempre aqueles traumas da falta de

entendimento com os adultos, o mistério da vida que a gente não decifra.

Eu acho que uma criança pode ser tão feliz ou tão infeliz quanto um adulto

[pode ser]”. (Última entrevista de Carlos Drummond, Folha de São Paulo)

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As orações sublinhadas são objetivas diretas. A primeira completa o

sentido de “sei” e a segunda completa o sentido de “acho”. Poder-se-ia dizer

“Não sei isto” e “Eu acho isto” (sendo “isto” objeto direto). “Que” e “se” são

conjunções subordinativas integrantes. “Quanto um adulto” é uma oração

subordinada adverbial comparativa (estudaremos mais à frente).

Não vejo como o artista pode influenciar na sociedade brasileira.

(Última entrevista de Carlos Drummond, Folha de São Paulo)

A oração sublinhada é objetiva direta. “Não vejo” é a oração principal.

No caso, a objetiva direta é introduzida pelo advérbio de interrogação “como”.

Objetivas indiretas

Exercem função de objeto indireto.

Anseio por que consigamos melhores resultados.

Lembre-me de que preciso corrigir sua prova.

Nos exemplos anteriores, as orações sublinhadas completam o

sentido dos verbos “ansiar” e “lembrar-se” e são introduzidas por preposição.

Completivas nominais

Exercem função de complemento nominal.

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Refiro-me à esperança de que o evento não seja cancelado.

O verbo “referir-se” pede objeto indireto (à esperança de que o evento

não seja cancelado). Dentro desse objeto, o substantivo “esperança” pede

um complemento: quem tem esperança, tem esperança de algo. A oração

“de que o evento não seja cancelado” completa o sentido de “esperança”.

Trata-se, portanto, de uma oração subordinada substantiva completiva

nominal.

Veja que, assim como os complementos nominais, as orações

completivas nominais sempre integram outra função sintática. No caso, ela

se encontra dentro do objeto indireto do verbo “referir-se”.

“E a sua adolescência, como foi?” Drummond – “Tumultuada.

Depois da expulsão do colégio jesuíta, fui morar em pensão, em Belo

Horizonte. Tive a sorte de encontrar os melhores amigos da minha vida.”

(Última entrevista de Carlos Drummond, Folha de São Paulo)

Note o seguinte: o verbo “ter” pede o objeto direto “a sorte de


encontrar os melhores amigos da minha vida”. Dentro desse objeto, há o

substantivo “sorte”, o qual, por sua vez, pede um complemento nominal.

Quem tem sorte, nesse contexto, tem sorte de algo. A oração “de encontrar

os melhores amigos da minha vida” completa o sentido de “sorte”. Trata-se

de uma oração subordinada substantiva completiva nominal reduzida de

infinitivo, a qual se encontra dentro do objeto direto do verbo “ter”.

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Predicativas do sujeito

Exercem função de predicativo do sujeito.

A grande dúvida é se podemos mesmo sair.

Note como a estrutura já é sua conhecida: sujeito “A grande dúvida”

+ verbo de ligação (é) + predicativo do sujeito “se podemos mesmo sair”.

“Tornar-te-ás só quem tu sempre foste.

O que te os deuses dão, dão no começo. [...]

Contenta-te com seres quem não podes

Deixar de ser.” (Fernando Pessoa)

Nas duas orações predicativas sublinhadas, o sujeito é elíptico “tu”.

No primeiro caso, o verbo de ligação é “tornar-se”; no segundo, é “ser”. Ainda

no segundo caso, perceba como a oração predicativa encontra-se dentro do

objeto indireto “com seres quem não podes deixar de ser”, o qual completa

o sentido de “contenta-te”.

Apositivas

Exercem função de aposto.

Esta é minha maior motivação: que nossos f ilhos cresçam bons

e justos.

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A oração sublinhada visa a esclarecer o substantivo “motivação”

e tem com ele equivalência semântica, sendo, portanto, um aposto de

“motivação”. A primeira oração é a principal.

A grande preocupação dela – que pudesse viajar logo – infelizmente

se mostrou válida.

A oração sublinhada visa a esclarecer o substantivo “preocupação”

e tem com ele equivalência semântica. A oração principal é “A grande

preocupação dela infelizmente se mostrou válida”.

Observação: Como bem pontua o professor Celso Cunha, a gramática

de nosso idioma permite perfeitamente a omissão da conjunção integrante

“que” depois de certos verbos que exprimem ordem, desejo ou súplica. Essa

supressão é bastante elegante, inclusive.

É conveniente seja feito novo acordo.

Requer sejam tomadas novas medidas.

Penso seria terrível se você desistisse.

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