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RESUMO
Caso 1
(José divino do nascimento – 611260) Paciente JDN, 64 ANOS, edêntulo total,
classe III de atresia mandibular, acometido por acidente ciclístico (colisão com
caçamba de entulho), apresentou uma grave fratura em região de corpo
mandibular bilateral do tipo “alça em balde” (Fig. 1).
Foi submetido à redução e fixação das fraturas com instalação de uma placa
de reconstrução 2.4, de perfil 3mm, conforme protocolado pela Fundação AO,
em 2012 (AO)4,6. O procedimento cirúrgico evoluiu por 2,5 horas sem
intercorrências e o contorno ósseo pôde ser restabelecido (Fig. 2). O paciente
foi mantido por 2 dias após procedimento cirúrgico para observação do pós
operatório imediato.
Caso 2
(Manoel Antônio dos Santos – 616534) Paciente MAS, 79 ANOS, edêntulo
total, classe III de atresia mandibular, vítima de queda da própria altura,
apresentou fratura em região de corpo mandibular bilateral (Fig. 3).
Figura 4: Acesso extra-oral para fixação interna com placa de reconstrução 2.4, após simplificação com sistema 2.0.
Caso 3
(Rui Brasil Camargo - 619197) Paciente RBC, 71 anos, edêntulo total, classe III
de atrésia mandibular, vítima de queda da própria altura, apresentou fratura em
região de corpo mandibular bilateral (Fig. 5).
Em seu histórico de saúde, alegou HAS com uso de Losartana, Parkinson com
uso de Parkidopa, Mantidan e Rivotril, e uso de Omeprazol diário por conta
própria. Encontrou-se inicialmente estável hemodinamicamente (PA 140mmHg
X 80mmHg e FC 54bpm) e exames laboratoriais com todos os padrões em
normalidade. 3 dias após admissão, tempo decorrido para avaliação
cardiológica (risco baixo) e pré-anestésica, foi realizada instalação de uma
placa de reconstrução 2.4, de perfil 3mm (Fig. 6). O procedimento evoluiu sem
intercorrências e nos retornos ambulatoriais que ocorreram até 2 meses pós-
operatórios, pudemos notar boa evolução cicatricial sem complicações com
retorno às atividades normais pré-trauma.
Figura 5: Fratura bilateral de corpo mandibular deslocada superiormente.
Caso 4
(Ivo Lemes da Silva – 620468) Paciente ILS, 60 anos, edêntulo total, classe III
de atresia, vítima de acidente motociclístico, apresentou fratura bilateral de
corpo mandibular e fratura não cirúrgica de complexo zigomático direito.
Figura 7: Demarcação da base da mandíbula (traço superior) e do acesso cirúrgico (cervicotomia alta – traço inferior).
Discussão
A manutenção da saúde na população idosa teve que ser olhada com uma
atenção especial, principalmente a partir da segunda metade do século XX, em
que se evidenciou um aumento absoluto de idosos. As mudanças que ocorrem
na estrutura orgânica (metabolismo, imunidade, nutrição, dentre outros),
contribuem para que haja frequentemente comorbidades nessa população15.
Em nosso trabalho pudemos notar tal necessidade de cuidado, sendo a maioria
consciente dos problemas e em tratamento regular, porém outros sem
tratamento regular e descompensados. Essa atenção contribui
significativamente para o aumento de qualidade de vida e longevidade desses
pacientes. As comorbidades encontradas nos nossos pacientes e que, em sua
maioria, requereram atenção foram: HAS, Diabetes, depressão, histórico de
IAM com ponte de safena, Hipotireoidismo, hipercolesterolemia, AVC, CA de
próstata, insuficiência renal e Parkinson. Todos os pacientes realizaram
avaliação clínica completa com exames cardiológicos, anestésicos e
laboratoriais e compensação prévia dos parâmetros.
Hoje, estudos têm mostrado que não existem suportes de alto nível de
evidência para estabelecer apenas um protocolo como padrão ao tratamento
de fraturas de mandíbulas atróficas. Alguns autores ainda defendem que o
tratamento deva ser definido baseado na experiência do cirurgião, de acordo
com as circunstâncias de trabalho13. Porém, quando certos protocolos são
seguidos, podemos notar que o índice de sucesso é potencialmente maior,
como observamos nos casos descritos, tendo em vista os retornos às funções
normais (considerando as limitações prévias) e ausência de complicações após
o procedimento.
Referências:
1- Gerbino G, Cocis S, Roccia F, Novelli G, Canzi G, Sozzi D, Management
of Atrophic Mandibular Fractures: An Italian Multicentric Retrospective
Study, Journal of CranioMaxillofacial Surgery (2018)
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atrófica. Relatos Casos Cir. 2018;4(4):e1963.
3- Gomes-Ferreira PHS, et al. Fratura de mandíbula atrófica tratada por
sistema do tipo carga suportada. Arch Health Invest (2015) 4(5): 36-40.
4- Pereira RS, et al. Tratamento cirúrgico da fratura de mandibula atrófica
pela técnica AO: relato de caso. Arch Health Invest (2017) 6(3): 145-149.
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