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Unidade II

OFICINA DE REDAÇÃO

Prof. Adilson Oliveira


Oficina de Redação

 Noções de texto e discurso.

 Gêneros e tipos textuais.

 Denotação e conotação.
Texto e discurso

 O texto é a realização ou a materialização


do discurso. O discurso associa-se ao
plano de conteúdo do texto.

 O discurso manifesta-se linguisticamente


por meio de textos. Um texto é uma
ocorrência linguística, escrita ou falada de
qualquer extensão.

 Texto e discurso são sempre situados


historicamente.
Discurso

 O discurso é visto como qualquer


atividade produtora de efeitos de sentido
entre interlocutores, portanto, qualquer
atividade comunicativa, englobando os
enunciados produzidos pelos
interlocutores e o processo de sua
enunciação, que é regulado por uma
exterioridade sócio-histórica e ideológica
que determina as regularidades
linguísticas e seu uso, sua função.
Texto

 Um texto não deve ser considerado como


um amontoado de frases, mas como uma
unidade de sentido, que dá forma aos
discursos socialmente construídos. É por
meio de textos, orais ou escritos, que nos
comunicamos e interagimos.
Gêneros textuais TEXTO PENSADO COMO UNIDADE
SOCIAL

 Um gênero textual é determinado pela


estrutura básica de composição e pela
finalidade a que se propõe em
determinada situação sociocomunicativa.
Cada gênero apresenta elementos básicos
de composição, características
particulares da linguagem utilizada e uma
tipologia textual que lhe serve de suporte.
Gêneros textuais

 A questão dos gêneros textuais ganhou


destaque a partir dos trabalhos de
Bakhtin, que se preocupou em focar a
importância social dos textos.

 De acordo com Bakhtin, os gêneros são


caracterizados pelo seu conteúdo, pela
sua construção composicional e pelo
estilo. O conteúdo diz respeito ao tema
comumente tratado pelo gênero. A
construção composicional refere-se ao
modo como o texto é organizado e o estilo
corresponde à seleção dos meios lexicais
e sintáticos utilizados.
Gêneros textuais

Exemplos de gêneros da modalidade oral:


 Conversa telefônica, cumprimentos,
conversação face a face, aula, palestra etc.

Exemplos de gêneros da modalidade escrita:


 Cartas, bilhetes, notícias, contos,
relatórios, cartazes, artigos de opinião,
verbetes, manuais de instrução etc.
Gêneros e tipos textuais

 Observa-se que todo gênero textual


apresenta uma organização interna
definida por um número limitado de
categorias conhecidas como sequências
ou bases textuais.

 É possível, a partir dessas sequências,


definir os tipos de texto: narrativo,
argumentativo, expositivo, injuntivo
e descritivo. Esses tipos servem
de base para diferentes gêneros,
de formas distintas.
Interatividade

Leia o gênero textual poema e assinale a alternativa que não


condiz com uma interpretação possível dele:
“Na primeira noite, eles se aproximam/ e colhem uma flor de
nosso jardim./ E não dizemos nada./ Na segunda noite, já não se
escondem:/ Pisam as flores,/ Matam o nosso cão,/ E não dizemos
nada./ Até que um dia/ O mais frágil deles entra sozinho em nossa
casa./ Rouba-nos a lua e,/ Conhecendo nosso medo,/ Arranca-nos
a voz da garganta./ E porque não dissemos nada,/ Já não
podemos dizer nada./” (Wladimir Maiakowski)
a) O tema gira em torno da necessidade de se reagir contra tudo
que agride a condição humana.
b) O poema estrutura-se em torno da posição autoritarismo
versus passividade.
c) Revela-se uma progressão de ações degradantes, que conduz
ao aniquilamento do indivíduo.
d) Não há marcas linguísticas que situem o poema num tempo e
espaço determinados, o que permite lhe atribuir um caráter
universal.
e) Apesar da linguagem metafórica e poética, dificilmente se
pode aproximar seu conteúdo da oposição opressor versus
oprimido.
Resposta

e) Apesar da linguagem metafórica e


poética, dificilmente se pode aproximar
seu conteúdo da oposição opressor
versus oprimido.
Tipo narrativo

 O texto narrativo caracteriza-se pelo ato


de “contar uma história” ficcional ou
não. Assim, qualquer narrativa apresenta
os seguintes elementos: enredo, cenário,
tempo, personagens e narrador.
Tipo narrativo – enredo

Enredo: conjunto de fatos que


fundamentam a ação, a história.

O enredo, na narrativa tradicional, segue a


estrutura básica apresentada abaixo:

 situação inicial;
QUAL PROBLEMA
 estabelecimento de um conflito; QUE VAI GERAR
NA HISTORIA

 desenvolvimento;
 clímax; MOMENTO DE MAIOR TENSÃO

 desfecho.
Tipo narrativo – personagem

 Personagens: são os seres que


participam do enredo; podem ser
pessoas, animais, criaturas imaginárias
ou objetos personificados. O
personagem central do enredo é
denominado protagonista.
Tipo narrativo – narrador

 Narrador: é quem conta a história ao


leitor. Pode ser em primeira pessoa, se
participa do enredo, ou em terceira, se não
participa dele. Além disso, em terceira
pessoa, pode ser observador ou
onisciente. O narrador onisciente é aquele
que sabe o que os personagens pensam e
sentem, ou seja, tem “ciência” de tudo o
que se passa.

 Deve-se destacar que o narrador não deve


ser confundido com o autor do texto.
Discurso direto, indireto e indireto
livre

Para dar voz aos personagens, o narrador


pode se valer de três tipos de discursos:

 direto;
 indireto;
 indireto livre.
Discurso direto

 No discurso direto, a fala do personagem


é reproduzida pelo narrador e indicada
por sinais gráficos, como o travessão
ou aspas.

 Os diálogos são importantes no ritmo


narrativo e, em muitos casos, conferem
mais verossimilhança ao texto. Além
disso, torna os personagens mais
presentes para o leitor.
Exemplo de discurso direto

Lixo
Luis Fernando Verissimo
“Encontram-se na área de serviço. Cada um
com seu pacote de lixo. É a primeira vez que
se falam.
— Bom dia...
— Bom dia.
— A senhora é do 610.
— E o senhor do 612.
— É.
— Eu ainda não lhe conhecia pessoalmente...
— Pois é...
— Desculpe a minha indiscrição,
mas tenho visto o seu lixo...”
Discurso indireto

 No discurso indireto, o narrador conta o


que foi dito pelo personagem, não
reproduzindo suas exatas palavras. O
discurso indireto é normalmente
marcado pelo uso dos verbos dicendi,
como: afirmou, disse, exclamou, contou
e declarou, entre outros.
Exemplo de discurso indireto

Mais três corpos são encontrados no Morro


do Bumba
08 de abril de 2010 | 13h 51
Agência Estado
“A secretária estadual do Ambiente do Rio,
Marilene Ramos, disse que a provável
causa do deslizamento foi uma explosão do
gás metano em decomposição do lixo. O
gás teria formado um bolsão que, em
contato com o ar, causou a explosão ouvida
pelos moradores.”
Discurso indireto livre

 No discurso indireto livre, há uma fusão


entre o pensamento do personagem e a
voz do narrador, não havendo nenhuma
marca para distingui-los. Trata-se de um
recurso comumente usado quando o
narrador é onisciente.
Exemplo de discurso indireto livre

Vidas secas
Graciliano Ramos
“O soldado amarelo era um infeliz que nem
merecia um tabefe com as costas da mão.
Mataria os donos dele. Entraria num bando
de cangaceiros e faria estrago nos homens
que dirigiam o soldado amarelo. Não ficaria
um para semente. Era a ideia que lhe fervia
na cabeça. Mas havia a mulher, havia os
meninos, havia a cachorrinha.”
Interatividade

Observe os dois períodos a seguir.


I. O Neymar é um monstro, disse o
narrador, após o gol.
II. Após o gol, o narrador disse que Neymar
era um monstro.
a) Ambos são discursos diretos.
b) Ambos são discursos indiretos.
c) I é exemplo de discurso direto e II é sua
transposição para discurso indireto.
d) II é exemplo de discurso direto e I é sua
transposição para discurso indireto.
e) Os dois exemplos são discursos
indiretos livres.
Resposta

c) I é exemplo de discurso direto e II é sua


transposição para discurso indireto.
Tipo descritivo

 A descrição é definida pela enumeração


de características de uma pessoa, um
objeto ou um lugar. Por meio da
percepção sensorial ou por meio da
imaginação, retratamos algo,
construindo-o ao leitor.

 Trata-se de um texto estático, sem ação,


em que a ordem de apresentação das
características não altera
significativamente a estrutura.
Tipo descritivo

 Percebe-se que a descrição pode ser


objetiva, se apresentar características
incontestáveis do objeto, ou subjetiva,
se o olhar depende do sujeito que
descreve. Dizer que alguém tem 1,85 m é
uma descrição objetiva, mas dizer que a
pessoa é bonita ou simpática, é uma
descrição subjetiva.
Exemplo de texto descritivo

Iracema
José de Alencar
“Iracema, a virgem dos lábios de mel, que
tinha os cabelos mais negros que a asa da
graúna, e mais longos que seu talhe de
palmeira.
O favo do jati não era doce como seu
sorriso; nem a baunilha recendia no bosque
como seu hálito perfumado.”
Narração e descrição

A descrição fixa caracteres e dá


qualificações para personagens, espaços,
tempos, atrasando ou acelerando o ritmo
da narrativa. Compete ao texto descritivo
no interior da narrativa:
 construir o cenário da narrativa;
 fazer o retrato de uma personagem;
 exprimir o ponto de vista de uma
personagem;
 introduzir enunciados explicativos
de ações anteriores;
 assumir as apreciações e os
conhecimentos do autor.
Tipo dissertativo

 Dissertar significa desenvolver uma ideia


ou um tema. Esse tipo de texto caracteriza-
se por analisar, explicar ou avaliar
aspectos relacionados a uma questão.

 Trata-se de um texto essencialmente


abstrato em que, normalmente, é criado um
efeito de objetividade. Entre as estratégias
usadas para criar esse efeito, estão o uso
da terceira pessoa e a pouca utilização de
palavras muito valorativas.
Tipo dissertativo expositivo

 No texto expositivo, ocorre a


apresentação de informações sobre o
tema, sem que se assuma um ponto de
vista sobre o assunto. Trata-se, assim,
de um texto mais “imparcial”, sem que
haja a defesa explícita de uma tese.

A'PRESENTA OS FATOS SEM QUE O PRODUTOR DE A SUA OPINIÃO


Tipo dissertativo argumentativo

 No texto argumentativo, há uma tese


(ideia central) que o autor se propõe a
defender. O objetivo desse tipo de texto
é convencer o leitor de determinado
ponto de vista.

 A estrutura tradicional de um texto


dissertativo é composta por introdução,
desenvolvimento e conclusão.
Argumento de autoridade

Caracteriza-se pela referência a um estudioso


ou a uma fonte confiável para dar
credibilidade à ideia apresentada. O uso de
citações cria também a imagem de que
o autor conhece o assunto sobre
o qual discorre.
 Ex.: “Isto já estava em Adorno, quando
escreveu que ‘tudo é cultura’, portanto a
cultura deixa de ser o campo da alteridade”
(Maria Rita Kehl).
Argumento com base no real

Trata-se de dados numéricos, casos,


exemplos e histórias com o objetivo de
“comprovar” a ideia. Os elementos concretos
têm forte apelo argumentativo, pois
conferem ao texto uma aparência de verdade.
 Ex.: “Ontem, o IPCA-15 (medido em 30
dias terminados no dia 15 de cada mês)
veio muito acima do esperado: avanço de
0,33% em julho, contra 0,18% em junho.”
Argumento lógico

 Trata-se de uma argumentação racional. O


argumento lógico pode ser desenvolvido
por dedução, indução ou analogia.

 Indução: nesse tipo de raciocínio, parte-se


do caso particular para o geral. Esse
método baseia-se na observação de dados
concretos para propor uma hipótese
generalizante. Muitas pesquisas
científicas chegam a seus resultados por
esse método, com a experimentação.
Argumento lógico

 Dedução: nesse tipo de raciocínio, parte-


se de hipóteses gerais para se chegar a
uma conclusão particular.

 Analogia: nesse raciocínio, estabelece-


se uma relação de semelhança entre
fatos distintos.
Argumento do senso comum

 Trata-se de afirmações que contam com


a concordância de grande parte das
pessoas, ou seja, são dificilmente
questionadas. Esse tipo de argumento
estabelece uma adesão inicial do leitor
ao ponto de vista do autor, mas seu uso
excessivo enfraquece o texto, pois
compromete a originalidade do texto.
Argumento da competência
linguística

 Embora não seja propriamente um tipo


de argumento, a competência linguística,
isto é, a forma como a linguagem é
utilizada no texto, interfere diretamente
no peso argumentativo de um texto.
Interatividade

Assinale, com base no posicionamento teórico de Platão &


Fiorin, os argumentos utilizados, respectivamente, nos trechos:
I. “A televisão deve ser vista como um incentivo para buscar as
obras clássicas”, diz o filósofo José Arthur Gianotti” (Veja,
3/8/2005).
II. “Peraí, mermão!!! Dirigir embriagado é a maior fria. Tá
disposto a encontrar São Pedro mais cedo?” (IstoÉ, 7/7/2004)
III. “Em 1990, a renda dos brancos com idade entre 36 e 38 anos
era 81% maior do que a dos negros. Hoje, a diferença é de
68%” (Veja, 21/9/2005).
a) I – Autoridade; II – Senso comum e III – Lógico.
b) I – Autoridade; II – Competência linguística e III – Base no
real.
c) I – Senso comum; II – Autoridade e III – Lógico.
d) I – Autoridade; II – Base no real e III – Competência
linguística.
e) I – Autoridade; II – Competência linguística e III – Senso
comum.
Resposta

b) I – Autoridade; II – Competência
linguística e III – Base no real.
Tipo injuntivo

 O texto injuntivo caracteriza-se pela


“ordem”, ou seja, por uma imposição ao
leitor. A intenção é instruir ou
prescrever. Trata-se de um tipo textual
presente em muitos gêneros como
manuais, receitas, programação de
tarefas e anúncios publicitários.
Denotação e conotação

 Denotação é o sentido “real”, literal,


da palavra.
Ex.: A manga estava saborosa.

 Conotação é o sentido figurado ou


subjetivo.
Ex.: É sempre bom ter uma carta na manga.
Polissemia

 Quando uma palavra tem mais de um


significado, é chamada de polissêmica.
Por exemplo, a palavra “manga” pode
significar uma parte da roupa ou uma
fruta. O sentido só vai ser construído
no enunciado.
Figuras de linguagem

 As figuras de linguagem trabalham com


a construção de sentidos figurados,
procurando sempre conferir maior
expressividade aos textos. São muitas as
figuras de linguagem, divididas
normalmente em três categorias: figuras
de palavras, figuras de construção e
figuras de pensamento.
Metáfora

 A metáfora é uma comparação implícita,


ou seja, estabelecemos um elo comum
entre dois elementos distintos.

Ex.: “Deixe em paz meu coração/ Que ele é


um pote até aqui de mágoa/ E qualquer
desatenção, faça não/ Pode ser a gota
d´água” (Chico Buarque).
Metonímia

 A metonímia é também uma figura de


linguagem em que as palavras não são
usadas no seu sentido literal. Ocorre
quando uma parte representa o todo.

Ex.: “O bonde passa cheio de pernas/ pernas


brancas pretas amarelas/ Para que tanta
perna, meu Deus, pergunta meu coração”
(Carlos Drummond de Andrade).
Antítese

 A antítese consiste na confrontação de


ideias opostas entre si. Trabalha-se, então,
com os pares de opostos: alegria/tristeza,
vida/morte, claro/escuro etc.

Ex.: “Tristeza não tem fim/ Felicidade sim”


(Vinicius de Moraes).
Paradoxo

 O paradoxo engloba simultaneamente


duas ideias opostas.

Ex.: “Amor é fogo que arde sem se ver/ É


ferida que dói e não se sente/ É um
contentamento descontente/ É dor que
desatina sem doer” (Camões).

 A diferença em relação à antítese é a


simultaneidade. O amor é, ao mesmo
tempo, algo que dói e não se sente.
Ironia

 A ironia caracteriza-se quando se diz o


oposto do que se quer realmente dizer.
Em termos mais técnicos, afirma-se algo
no enunciado que é negado na
enunciação. Se um aluno tira dois em uma
prova e o professor diz que ele foi muito
bem, obviamente fica caracterizada
a ironia.

 A ironia pode ser usada como uma


eficiente estratégia argumentativa. Muitos
artigos de opinião e crônicas utilizam
esse recurso.
Hipérbole

A hipérbole caracteriza-se pelo exagero em


um enunciado. Ao se dizer, por exemplo,
que se está morrendo de sono, temos uma
intensificação da sensação. Encontramos
bons exemplos nas músicas.

Ex.: “Por você, eu limparia os trilhos do


metrô/ Eu iria a pé do Rio a Salvador”
(Barão Vermelho).
Aliteração e assonância

A aliteração consiste na repetição do


mesmo som consonantal.
 Ex.: “Morena de Angola que leva o
chocalho amarrado na canela/ Será que
ela mexe o chocalho ou o chocalho é que
mexe com ela” (Chico Buarque).
A assonância consiste na repetição do
mesmo som vocálico.
 Ex.: “A onda anda/ aonde anda/ a onda?/
a onda ainda/ ainda onda/ ainda anda/
aonde?/ aonde?/ a onda a onda” (Manuel
Bandeira).
Interatividade

Qual das alternativas corresponde à ordem em que


as figuras de linguagem ocorrem nas frases a
seguir:
“Fui à casa de um amigo e ele me ofereceu um
delicioso porto.”
“O amor é um grande laço” (Djavan).
“O mesmo pé que dança um samba, se for preciso,
vai à luta” (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle).
“Todos somos os fios do tecido que compõe a
vida.”
a) Metonímia / metáfora / metonímia / metáfora.
b) Metáfora / metáfora / metonímia / metonímia.
c) Metonímia / metonímia / metáfora / metáfora.
d) Metáfora / metonímia / metonímia / metáfora.
e) Metonímia/ metonímia/ metonímia/ metáfora.
Resposta

a) Metonímia / metáfora / metonímia /


metáfora.
ATÉ A PRÓXIMA!

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