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Resumo: Temos como finalidade neste artigo abordar a situação da mulher no mercado
de trabalho por meio de um comparativo entre os mercados ocidental e oriental, levando
em consideração a cultura e como esta se liga à questão de gênero. Teremos como foco
desta comparação os países Brasil e Japão, fazendo uso de dados estatísticos de ambos
para a averiguação do cenário econômico e social, além de suas leis. A principal questão
a ser abordada está no questionamento de que, apesar do Japão apresentar uma situação
favorável no que se diz respeito a educação e saúde em comparação ao Brasil, o mesmo
deixa a mostra um ambiente não muito distante do brasileiro quando se diz respeito à
participação da mulher no mercado de trabalho e no cenário político, que ainda tentam
ganhar espaço em meio a uma cultura tradicionalista e discriminatória no meio social e
trabalhista em ambos os países.
Palavras-chave: Mulher, Mercado de Trabalho, Brasil, Japão.
Abstract:
The purpose of this article is to address the situation of women in the labor market
through a comparison between the western and eastern markets, taking into account
culture and how it relates to the gender issue. We will focus on this comparison the
countries of Brazil and Japan, making use of statistical data of both for the investigation
of the economic and social scenario, in addition to its laws. The main issue to be
addressed is the questioning that, although Japan presents a favorable situation
regarding education and health compared to Brazil, it shows an environment not too
distant from Brazil when it comes to women's participation in the labor market and in
the political arena, who are still trying to gain space in a traditionalist and
discriminatory culture in the social and labor environment in both countries.
Keywords: Woman, Job Market, Brazil, Japan
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Graduanda em História pela Universidade Veiga de Almeida.
2
Orientadora e Professora na Universidade Veiga de Almeida.
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acaba por prender muitos a empresas abusivas e que não cumprem as leis
trabalhistas.
Fundamental da Educação, que tinha como objetivo levar educação para toda a
população, incluindo as mulheres. Próximo a isto também é promulgada a
Constituição Meiji, na qual eram reconhecidos os Direitos Humanos.
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Labor Standards Law
4
Working conditions should be determined by the workers and employers on an equal basis.
6
Somente em 1985, após a entrada do Japão para a ONU, é criada uma lei
contra a discriminação da mulher no âmbito trabalhista por meio da Lei de
Oportunidades Iguais de Emprego (Equal Employment Opportunity Law), o que
gera um grande debate sobre igualdade de gênero na sociedade japonesa. Este
debate divide a população entre tradicionalistas e os chamados radicais, estendendo-
se até 1999, quando finalmente é promulgada a Lei nº 78 de 1999 para a Sociedade
de Igualdade de Gêneros.
Através deste panorama histórico pode-se observar que o local social em que
a mulher japonesa é colocada se encontra atraído, mesmo considerados os avanços,
para a discriminação e submissão do passado, pois as leis não oferecem o amparo
necessário para contornar as convenções culturais e sociais que rondam a imagem
do feminino e o seu papel na estrutura social, o que possibilitava a manutenção do
tradicionalismo em relação ao trabalho feminino.
havendo quase diferenciação alguma entre os dois e nem impedimento de alcance nessa
fase da educação. A mudança no cenário ocorre no setor terciário da educação, ou seja,
no ensino superior, como pode ser observado no gráfico contido no relatório do ano de
2017 feito pelo World Economic Forum:
Neste gráfico podemos observar que os homens tem vantagem de acesso para o
ensino superior no país, mostrando que as mulheres precisam se esforçar para entrar e se
manter na educação superior, mesmo que esta seja, supostamente, garantida
constitucionalmente a todos. A maneira como essa discriminação ocorre na sociedade
japonesa não é sempre explícita. Pelo contrário, é algo que, para ser notado, precisa ser
observado com atenção, já que a manutenção do pensamento cultural que coloca a
7
Disponível em: < http://reports.weforum.org/global-gender-gap-report-2017/dataexplorer/#economy=JPN >
9
8
Disponível em < http://www.relogiosdaviolencia.com.br/# >
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Apesar dos avanços legislativos dos direitos trabalhistas das mulheres, o que
pode ser observado é que a discriminação por gênero continua a acontecer em relação a
diferença salarial entre homens e mulheres no país, além das práticas de abuso dentro do
ambiente de trabalho relacionada, principalmente, à visão machista de subordinação e
objetificação feminina.
20% das mulheres ativas ocupadas no Brasil são empregadas domésticas ou diaristas, o
que significa que 1/5 das mulheres (7 milhões) que trabalham o fazem em atividades de
serviços a particulares. Essas cifras contrastam com os 10% de mulheres nas atividades
de serviço na França (1 milhão), segundo a pesquisa de emprego de 2005. Contudo, o
acúmulo de tarefas domésticas e profissionais é a regra para uma parte das camadas
populares mais pobres e para o conjunto das trabalhadoras precárias, que exercem
atividades remuneradas informais (sem proteção nem direitos sociais) ou estão
desempregadas; Elas “se viram” para enfrentar a procura de emprego, as atividades de
cuidado dos filhos e de outros membros da família, frequentemente ampliada, e diversas
atividades profissionais, em geral “bicos”. Elas se viram acumulando empregos
precários e intermitentes, atividades informais mal remuneradas, muitas vezes
realizadas em casa (preparam alimentos para vender em escritórios ou na rua, passam
roupa, fazem concertos, costuram etc.), trabalho doméstico e cuidado dos filhos. Esse
“modelo” diferencia essas mães, principalmente as desempregas, de suas homólogas
japonesas. De fato, no Brasil, o acúmulo de tarefas e as práticas de conciliação ocorrem
no contexto de uma rede informal de solidariedade bastante ampla, que inclui família
ampliada, vizinhos, amigos, etc.”
Considerações finais
da mulher japonesa acabam por entrar em concordância com a visão brasileira sobre
suas mulheres. A sociedade brasileira se diz e tenta se mostrar compreensiva e aberta ao
progresso social, porém acaba por cair na manutenção dos velhos preconceitos e
tradicionalismos sobre a mulher, a vendo como inferior, incapaz e frágil assim como os
japoneses.
A manutenção e aplicação dos direitos sociais e trabalhistas se mostrou frágil em
ambos os países, apesar do Brasil se mostrar mais consistente juridicamente, quando
aplicadas à realidade, as leis são burladas, distorcidas ou simplesmente ignoradas a
favor das convenções sociais acerca do feminino.
As diferenças salariais estão presentes em ambos os países, porém o Brasil se
mostra um pouco mais a frente na tentativa de redução da lacuna salarial entre homens e
mulheres.
O trabalho doméstico feminino mostra-se diferentes entre as duas realidades:
enquanto no Brasil há uma cultura de jornada dupla, onde a mulher trabalha fora de casa
e cuida dos afazeres domésticos ao mesmo tempo numa espécie de malabarismo, a
mulher japonesa tem a tendência a se dedicar somente a uma função, sendo raras
aquelas que conciliam a vida doméstica com um emprego assalariado.
Apesar dos problemas enfrentados no Brasil pelas mulheres, podemos observar
uma crescente, mesmo que vagarosa, melhora na igualdade de gênero, enquanto o Japão
se mostra estagnado em relação ao mesmo. De acordo com Oliver Cann no Relatório de
Desigualdade Global de Gênero (2017) para o World Economic Forum, o Brasil ocupa a
79º posição de 144 países avaliados, enquanto o Japão se mantêm na 111º posição no
mesmo ranking.
Concluímos que o machismo estrutural e a visão conservadora se mostra
fortemente presente em ambas as realidades, que atuam de maneira diferente diante
destes de modo geral, apesar de suas similaridades. A melhora para este cenário se
encontra na educação sobre o assunto, na desconstrução de preconceitos e
tradicionalismos, como também na divulgação e debate de forma aberta e educativa
sobre o problema.
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