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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

ESCOLA DE ENGENHARIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
MECÂNICA DE MATERIAIS COMPÓSITOS

ANÁLISE ESTRUTURALCILINDRO DE AR PARA RESERVATÓRIO DE


SISTEMAS DE FREIO PARA VEICULOS DE TRANSPORTE PESADO

ANDERSON LIMA DOS SANTOS


SIDNEI DOS SANTOS BARBOSA

Porto Alegre
Dezembro de 2024
II

Sumário

1. Introdução....................................................................................................................1
2.Objetivo.........................................................................................................................2
3. Cargas aplicadas..........................................................................................................3
4. Fabricação do compósito............................................................................................7
5. Seleção de materiais....................................................................................................8
6. Análise micromecânica das lâminas..........................................................................9
7. Análise macromecânica das lâminas.......................................................................11
8. Análise macromecânica de laminados.....................................................................16
9. Otimização..................................................................................................................20
10. Critério de falha.......................................................................................................25
11. Análise de custos......................................................................................................27
12. Considerações finais................................................................................................28
13. Referências...............................................................................................................29
1

1. Introdução

Materiais compósitos laminados tiveram um crescimento em uso nas últimas décadas.


Avanços significativos na ciência dos materiais e tecnologias de fibras, polímeros e
cerâmicas; necessidade de materiais de alto desempenho em estruturas aeronáuticas,
aeroespaciais e automotivo; em conjunto, o desenvolvimento de métodos numéricos
sofisticados para análise de estruturas; e aumento de poder computacional são algumas das
razões que explicam o seu desenvolvimento (DANIEL e ISHAI, 2006). A busca por materiais
mais leves e resistentes e a diminuição nos custos de manufatura são alguns fatores que
podem explicar a expansão do uso de compósitos para outras áreas não triviais de utilização
como o caso da indústria de veículos pesados.
Polímeros reforçados por fibra são um dos maiores grupos de materiais compósitos
mais usados atualmente. Este grupo de materiais é conhecido pelas elevadas rigidez e
resistências específicas (Figura 1), bem como pela versatilidade, visto que diferentes
propriedades do laminado final podem ser obtidas por manipulação da quantidade e
ordenação das lâminas que o constituem. Nesse sentido, materiais compósitos poliméricos
são muito usados em projetos que buscam flexibilidade de formas, redução de peso,
resistência química e elevada resistência mecânica e rigidez (LASCHOWSKI, 2015).

Figura 1- Resistência e rigidez específicas de materiais compósitos e metálicos

Fonte: Autor, 2019 (Adaptado de KAW, 2006)


2

Em muitas dessas aplicações, os compósitos estão substituindo materiais tradicionais,


como metais, madeira e couro, graças à sua maior resistência específica, rigidez específica,
redução de peso, absorção de energia, amortecimento de vibrações, bem como design
aprimorado e flexibilidade de fabricação (ULLAH; HARLAND; SILBERSCHMIDT, 2015).
As razões para selecionar os materiais compósitos variam de indústria para indústria. Na
indústria de veículos pesados de transporte, o baixo peso e alta rigidez dos compósitos são
fatores que estão atraindo grandes montadoras desses veículos como uma forma de
transportas mais carga com o mesmo peso bruto. Assim, pode-se diminuir o custo de
combustível por peso transportado. Recentemente, as aplicações de vasos de pressão em
compósitos foram ampliadas para tanques de sistemas de freios que estão pressurizados a
uma pressão máxima de trabalho de 12 bar. Para garantir autonomia entre abastecimentos,
carros, caminhões e ônibus devem carregar um conjunto de tanques de alta pressão, que,
sendo tradicionalmente fabricados em aço, aumentam drasticamente o peso da estrutura
(VASILIEV, 2018).

2.Objetivo

O projeto visa em realizar uma análise estrutural de um reservatório de ar


pressurizado utilizado em sistemas de freios de veículos pesados em material compósito com
o intuito de substituir os cilindros de aço. O padrão mais comum e mais expressivo no
mercado é o tipo I, fabricado em aço. Assim, o emprego de compósitos traz uma evolução e
diversificação de vasos de pressão para estes fins. Neste contexto, o uso de compósitos está
presente em todas as demais categorias de vasos (tipos II, III, IV e V). A Figura 2 trás todas
as categorias em um esquema demonstrando as particularidades de cada tipo em sua
construção.
3

Figura 2 – Representação esquemática dos 5 tipos de vasos de pressão

No mundo, vasos de pressão em compósitos possuem forte tendência de aumento de


consumo pelas montadoras de veículos pesados, devido a melhorar os índice de eficiência
energética e de emissão de poluentes na atmosfera. Além disso, para aproveitar este
potencial, este projeto visa desenvolver um vaso de pressão em fibra de vidro do tipo “E”
pelo processo de Filament Winding (FW) no qual se utiliza a teoria clássica de membrana da
resistência dos materiais para determinar a magnitude das tensões atuantes sobre a peça.

3. Cargas aplicadas

Acording to BS EN286-1
ASME BPVC section X

4. Fabricação do compósito

A escolha do processo de fabricação do compósito está diretamente relacionada com a


aplicação do material e sua escala de fabricação, pois o processo de fabricação de materiais
compósitos vai sempre exigir um molde tais como a moldagem por transferência de resina
(RTM), moldagem de laminas compósitas (SMCs), moldagem de compósitos em bruto
(BMCs), moldagem por injeção termoplástica de fibra longa (LFT), e a moldagem por
compressão termoplástica de fibra de vidro (GMT), usam moldes fechados, enquanto outros,
tais como técnicas manuais de revestimento em camadas e de pulverização, empregam um
molde aberto. Entretanto, há outros processos que não há um molde como descrito
anteriormente, mas se utiliza de outros dispositivos mecânicos para dar forma à peça a ser
fabricada que utiliza sistemas automatizados para produção de alta demanda de fabricação,
no qual se destaca a pultrusão que utiliza matriz de pultrusão, o processo Braiding e Filament
Winding que os dois últimos utilizam mandril ou algum liner.
Desta forma, o processo escolhido para o processo de fabricação do vaso de pressão é
o sistema FW, já que temos um liner que tem a função de ser um agente de barreira contra a
permeação do fluído em alta pressão que está confinado no interior do reservatório. Vale
destacar outro ponto de grande relevância é o fato que a geometria do artefato a ser fabricado
ser assimétrico, ou seja, um sólido de revolução que é, extremante, favorável a esse processo
fabril Figura 3.
4

Figura 3 – Exemplo de um processo de enrolamento filamentar

Diante disso, o processo de FW consiste em depositar uma feixe continuo de fibras


(úmida ou seca) em um mandril rotativo em concomitância da translação de dois eixos, e
anexo a rotação do cabeçote de deposição cujo movimentos são indexados. Assim, por tratar-
se de um produto com alta demanda o custo de fabricação influi bastante na escolha de fibras
úmidas ou secas, no qual se opta pelo processo úmido como pode ser visto na Figura 4.

Figura 4 - Processo de fabricação fibra úmida


5

O processo com fibra úmida denominado enrolamento filamentar molhado, se


caracteriza pela a impregnação da fibra com a resina durante o processo de fabricação do
compósito. Esse processo apresenta um custo muito inferior ao processo seco.
A programação do equipamento de FW através de softwares de trajetória CN permite
gerar 3 tipos de enrolamento: polar, helicoidal e circunferencial (hoop) Figura 5.

Figura 5 - Tipos de enrolamento: circunferencial (a), helicoidal (b) e polar(c)

Fonte: (Adaptado de Henriquez et al., 2018).

Assim, cada enrolamento tem suas particularidades e aplicações. No enrolamento


circunferencial, a deposição ocorre em ângulos muito próximos de 90° produzindo uma
camada sem entrelaçamento dos feixes de fibra, com boas características de reforço estrutural
conferindo um acréscimo a resistência a flambagem. Já no

5. Seleção de materiais

A boa tenacidade e reatividade das resinas epóxi permitem que criem uma boa ligação
com as fibras. Quando combinada com fibras contínuas, os compósitos resultantes exibem
propriedades mecânicas elevadas. Nesse contexto, as fibras mais comuns para a produção de
compósitos de matriz polimérica são as fibras de vidro (GFRP). As fibras de vidro são usadas
industrialmente para muitos fins devido a sua excelente resistência a tração, produzindo
compósitos com boas propriedades mecânicas e empregados em estruturas náuticas,
aeroespaciais, automotivas e equipamentos esportivos
6

De fato, autilização de compósitos híbridos de fibras de vidro e carbononormalmente


resulta em materiais competitivos come durabilidade a longo prazo. Nesse contexto, a
fabricação de pás de remo em materiais compósitos envolve, normalmente, a utilização
detecidos plainweave ou twillweave, onde existem fibras orientadas nas duas direções.
Contudo, para aumentar o caráter tailormadee melhor estudar o processo de otimização do
projeto, os materiais utilizados neste trabalho consistem em fibras unidirecionais.

(a) (b)

Figura 6 - Fibras unidirecionais de carbono (a) e vidro (b).Fonte: Fiberglast

Com base na justificativa apresentada e na consulta de catálogos de fornecedores e


artigos científicos na área de compósitos, os materiais definidos para uso nesse projeto foram:
 Matriz - Epóxi 3501-6;
 Fibra Carbono T800;
 Vidro-E 21xK43 Gevetex.
7

6. Análise micromecânica das lâminas

A determinação das propriedades mecânicas daslâminas dos foi feita através


dosoftwareMECH-Gcomp. Para isso, foi utilizado o banco de dados do software tanto para
osinputsdas propriedades das fibras (Carbono T800 e Vidro-E 21xK43 Gevetex) quanto para
a matriz (Epóxi 3501-6). Contudo, é importante ressaltar que essas propriedades variam
devido ao seu método de fabricação, composição etc., sendo encontradas muitas variações na
literatura.Devido a isso, a melhor forma de se realizar o estudo da micromecânica de forma
analítica é obtendo-se dados referentes aos materiais utilizados por meio de ensaios
mecânicos. As propriedades mecânicas dos materiais escolhidos são apresentadas na Tabela
1.

Tabela 1 - Propriedades mecânicas dos materiais na base de dados do MECH-Gcomp

Propriedade Carbono T800 Vidro-E Epóxi 3501-6

Módulo de elasticidade longitudinal (E1,f) [Pa] 2.345e+11 8.00e+10 4.2e+9

Módulo de elasticidade axial (E2,f) [Pa] 1.412e+10 8.00e+10 4.2e+9

Módulo de cisalhamento (G12,f) [Pa] 1.47e+10 3.33e+10 1.567e+9

Coeficiente de Poisson (ν12,f) 0.246 0.200 0.340

Resistência à tração (σtf) [Pa] 5.685e+9 2.15e+09 6.9e+7

Resistência à compressão (σcf) [Pa] 3.512e+9 1.45e+09 2.5e+8

Resistência ao cisalhamento - - 5e+7

Densidade (ρf) [kg/m³] 1.8e+03 2.50e+03 1.3e+3

Para o cálculo das propriedades mecânicas das lâminas foi utilizado o modelo do
softwarede fibras longas, matriz isotrópica e fibras isotrópicas nas abordagens de resistência
dos materiais, semiempírica e modelo elástico. O volume de fibras foi definido como 52%
por esse ser uma razão volumétrica condizente com resultados obtidos na literatura para o
método de moldagem de compósitos por vacuum bag. As propriedades mecânicas das
lâminas estudadas de Carbono/Epóxi e Vidro/Epóxi são apresentadas na Tabela 2.Contudo, o
softwareMECH-Gcomp não calcula o módulo de cisalhamento (G 23) e o coeficiente de
8

Poissonna direção 2-3, entretanto, esses valores são necessários para o inputna análise
macromecânica do softwareHeliusComposites. Devido a isso, essas constantes foram
calculadas conforme Chamis (Equações 11 e 12), onde:

Gm
G12=G13=G23=


1− V f 1−
(
E2
Gm
Gf )
(11)

ν 23= −1 (12)
2 G23

Tabela 2 - Propriedades mecânicas das lâminas estudadas com base na micromecânica.

Propriedade Carbono/Epóxi Vidro/Epóxi Método

Fração volumétrica [%] 52 52 Fração volumétrica

Densidade [kg/m³] 1,560E+03 1,924E+03 Lei das misturas

Ε1 [Pa] 1,240E+11 4,362E+10 Lei das misturas

Ε2 [Pa] 8,583E+09 8,279E+09 Segundo Kaw

Ε3 [Pa] 8,583E+09 8,279E+09 Segundo Kaw

G12 [Pa] 2,927E+09 3,106E+09 Lei das misturas

G13 [Pa] 2,927E+09 3,106E+09 Lei das misturas

G23 [Pa] 2,927E+09 3,106E+09 Chamis

ν12 0,291 0,267 Lei das misturas

ν13 0,291 0,267 Lei das misturas

ν21 0,020 0,051 Lei das misturas

ν23 0,466 0,332 Chamis

σT1 [Pa] 2,956E+09 1,118E+09 Matthews e Rawlings

σT2 [Pa] 5,925E+07 5,585E+07 Chamis

σC1 [Pa] 5,827E+08 5,767E+08 Cisalhamento Chamis

σC2 [Pa] 2,147E+08 2,024E+08 Chamis

τ12 [Pa] 4,102E+07 4,042E+07 Chamis

εT1 [%] 2,385E+00 2,563E+00 Regime elástico

εT2 [%] 6,903E-01 6,746E-01 σT2 de Chamis

εC1 [%] 4,701E-01 1,322E+00 σC1 de Chamis


9

εC2 [%] 2,501E+00 2,444E+00 σC2 de Chamis

γ12 [%] 1,401E+00 1,301E+00 -

7. Análise macromecânica das lâminas

Na análise de materiais compósitos reforçados com fibras, a suposição de estado


plano de tensões é geralmente usada para cada lâmina. Essa suposição é empregada porque os
compósitos reforçados com fibras são normalmente utilizados em vigas, placas, cilindros e
outras formas estruturais que possuem pelo menos uma dimensão geométrica característica
em uma ordem de grandeza menor que as outras duas dimensões. Nesse caso, os
componentes de tensão σ3, τ23 e τ13 são definidos como zero com a suposição de que o plano
1-2do sistema de coordenadas do material principal está no plano da camada. A partir desta
suposição, a matriz de compliance (S)pode ser reduzida para a Equação 13. De forma
semelhante, a inversa da matriz S reduzida resulta na matriz de rigidez reduzida (Q) (Equação
14):

[ ]
1 −ν 12
0
E1 E1
−ν 12 1
S= 0 (13)
E1 E2
1
0 0
G12

[ ]
−E 1 E 2 ν12
2 0
E1 E 1 E2 ν 12 −E1+¿ E ν ¿ 2

−1 − 2 12

Q=S = E1−¿ E ν 2 ¿ −E 1+ E 2 ν 212 E 1 E2 (14)


2 12
0
E1−¿ E ν ¿
2
2
12

0 0 G12

Considerandoque as fibras são orientadas em ângulo θ em relação ao eixo x do


sistema global, a relação de transformação de tensão é dada para um ângulo qualquer (θ) é
definida pela matriz de transformação (T), como descrita na Equação 15.
10

[ ]
c 2 s 2 2 cs
T = s 2 c2 −2 cs (15)
−cs cs c 2−s 2

onde s=sinθ e c=cos θ.


Contudo, as transformações de deformação ainda incluem um fator de 1/2 com a
deformação de cisalhamento de engenharia. Portanto, utiliza-se a matriz de Reuter (R) para
obter-se a matriz de rigidez reduzida transformada (Q ), conforme Equação 16.

[ ]
1 0 0
R= 0 1 0 (16)
0 0 2

Dessa forma, as Equações17 e 18representam as relações complexas que descrevem a


resposta de um elemento de material compósito reforçado com fibras em um estado de tensão
plana que está sujeito a tensões não alinhadas com as fibras. Neste caso, tensões normais
causam deformações de cisalhamento e tensões de cisalhamento causam deformações
extensionais.
[ Q ] =[T ]−1 × [ Q ] ×[ R] (17)

[] []
εx σx
εy = [ Q ] × σy (18)
γ xy τ xy

Assim como na matriz de rigidez reduzida, a inversa da matriz Q resulta reduzida


resulta na matriz S.
[ Q ]−1=[ S ] (19)

[] []
σx εx
σ y =[ S ] × ε y (20)
τ xy γ xy

Contudo, as equações reduzidas transformadas para asmatrizes de rigidez ( Q ) e


flexibilidade ( S), não são convenientes analiticamentepois dificultam o estudo direto dos
11

efeitos do ângulo (θ) nestas matrizes, visto que é um cálculo matricial complexo para ser
realizado sem o auxílio computacional. Nesse contexto, pode-se ser usado umprocedimento
equivalente, porém mais simples matematicamente (por ter menosmanipulações algébricas),
envolve o uso de invariantes. Onde os elementos da matriz de rigidez podem ser escritos em
relação as equações (Equações 21-30).

Q11 =U 1 +U 2 cos 2θ +U 3 cos 4 θ (21)

Q12=U 4−U 3 cos 4 θ (22)

Q22=U 1−U 2 cos 2θ+U 3 cos 4 θ (23)

U2
Q 16= sin 2 θ+U 3 cos 4 θ (24)
2

U2
Q26= sin 2 θ−U 3 cos 4 θ (25)
2

1
Q 66= ( U 1−U 4 ) −U 3 cos 4 θ (26)
2
Onde:
1
U 1= ( 3 Q11 +3 Q22+2 Q12+ 4 Q66 ) (27)
8

1
U 2= ( Q 11−Q 22 ) (28)
2

1
U 3= ( Q11 +Q22−2 Q12−4 Q 66) (29)
8

1
U 4= ( Q 11 + Q22+6 Q12−4 Q66 ) (30)
8

De forma semelhante, os elementos da matriz de flexibilidade podem ser escritos em


relação as equações (Equações 31-40).
12

S11 =V 1+ V 2 cos 2θ+ V 3 cos 4 θ (31)

S12=V 4 −V 3 cos 4 θ (32)

S22=V 1−V 2 cos 2 θ+V 3 cos 4 θ (33)

S16=V 2 sin 2 θ+2V 3 cos 4 θ (34)

S26=V 2 sin 2 θ−2 V 3 cos 4 θ (35)

S66=2 ( V 1−V 4 )−4 V 3 cos 4 θ (36)

Onde:
1
V 1= ( 3 S 11 +3 S 22+2 S12 +S 66 ) (37)
8

1
V 2= ( S 11−S22 ) (38)
2

1
V 3= ( S 11 + S22−2 S 12−S66 ) (39)
8

1
V 4 = ( S11 + S 22+6 S 12−S 66 ) (40)
8

Dessa forma, a matriz Q e S das lâminas de Carbono/Epóxi e Vidro/Epóxi são


apesentados na Tabela 3.

Tabela 3–Matriz Q e S e constantes U e V para lâminas de Carbono/Epóxi e Vidro/Epóxi.

Carbono/Epóxi Vidro/Epóxi

[ ] [ ]
124.73 2.51 0 44.22 2.24 0
9 9
Q= 2.51 8.63 0 e (Pa) Q= 2.24 8.39 0 e ( Pa)
0 0 2.92 0 0 3.12
13

[ ] [ ]
8.06 −2.35 0 22.91 −6.12 0
−12 −1 −12 −1
S= −2.35 116.50 0 e (P a ) S= −6.12 120.79 0 e (P a )
0 0 341.64 0 0 321.96
U 1 = 52.10e9 U 1 = 21.84e9
U 2 = 58.05e9 U 2 = 17.91e9
U 3 = 14.58e9 U 3 = 4.46e9
U 4 = 17.09e9 U 4 = 6.70e9
V 1 = 8.88e-11 V 1 = 9.26e-11
V 2 = -5.42e-11 V 2 = -4.89e-11
V 3 = -2.65e-11 V 3 = -2.07e-11
V 4 = -2.89e-11 V 4 = -2.69e-11

Nesse contexto, para o estudo do efeito do ângulo das lâminas estudadas, é possível
realizar o cálculo das constantes de engenharia de cada compósitos estudados por meio dos
elementos da matriz S, conforme as Equações 41-44.

1
E x= (41)
S 11

1
E y= (42)
S22

−S12
ν xy= (43)
S11

1
G xy = (44)
S 66

Com o auxílio da programação no software MATLAB, é possível utilizar uma lógica


de repetição, utilizando-se um laço para calcular as constantes e as matrizes Q e S para cada
ângulo em um intervalo de 0 a 90° com um step de 1º. Dessa forma, obtém-se a as curvas das
constantes de engenharias apresentadas na Figura 7.
14

Figura 7 - Constantes de engenharia para lâminas de Carbono/Epóxi e Vidro/Epóxi em


relação ao ângulo de orientação das fibras.

8. Análise macromecânica de laminados

Os laminados consistem em lâminas reforçadas com fibras empilhadas em múltiplas


camadas. Cada camada pode ter uma orientação de fibra diferente, de uma forma que a
sequência de empilhamento altera as propriedades finais do compósito, i.e., laminados podem
ter o mesmo número de camadas e os mesmos ângulos de fibra, mas os dois laminados
podem ser diferentes devido ao arranjo das camadas. Devido a isso, um estudo aprofundado
da influência dos ângulos e posicionamento das camadas deve ser feio em um projeto de
engenharia.
A teoria clássica da laminação é que cada ponto dentro do volume de um laminado
está em um estado de tensão plana. Portanto, pode-se calcular as tensões se as deformações e
curvaturas da superfície de referência forem conhecidas. Assim, usando as deformações
resultantes da hipótese de Kirchoff, as relações tensão-deformação para um laminado podem
ser calculadas conforme as Equações 45-49:
15

[ ][ ][ ][ ][ ]
Nx A 11 A 12 A16 εx0 B11 B12 B 16 ϰx0
Ny = A 12 A 22 A 26 × ε y0 + B 12 B22 B 26 × ϰ y0 (45)
N xy A16 A 26 A 66 γ xy 0 B 16 B 26 B 66 ϰ xy 0

[ ][ ] [ ][ ][ ]
Mx B11 B12 B16 ε x0 D 11 D12 D16 ϰ x0
M y = B12 B22 B26 × ε y 0 + D12 D 22 D26 × ϰ y 0 (46)
M xy B16 B26 B66 γ xy 0 D16 D 26 D66 ϰ xy 0

Onde:

n
Aij =∑ [ Q ij ] k ( hk −hk−1 ) ∴ i=1 , 2 , 6 ; j=1 , 2 ,6 (47)
k =1

n
1
Bij = ∑ [ Qij ]k ( hk 2−h k−12 ) ∴ i=1 ,2 , 6 ; j=1 ,2 , 6 (48)
2 k=1

n
1
Dij = ∑
3 k=1
[ Qij ]k ( hk 3 −hk−13 ) ∴ i=1 , 2 , 6 ; j=1 , 2 ,6 (49)

Combinando as equações matriciais anteriores, tem-se 6 equações lineares


simultâneas e 6 incógnitas, que formam a equação constitutiva do laminado, apresentada na
Equação 50.

[ ][ ][ ]
0
Nx A 11 A 12 A16 B11 B12 B16 εx
0
Ny A12 A 22 A26 B 12 B22 B26 εy
0
N xy A A 26 A66 B 16 B 26 B66 γ
= 16 × xy0 (50)
Mx B11 B12 B16 D11 D12 D16 ϰx
My B12 B22 B26 D12 D22 D26 ϰy
0

M xy B16 B26 B66 D 16 D26 D66 ϰ xy


0

Visto que o cálculo matricial apresentado para relações tensão-deformação de um


laminado é complexo, utilizou-se o softwareHeliusComposites para realizar as simulações de
diversos laminados a serem empregados no propósito deste projeto. Nesse sentido, com base
nos produtos disponíveis no mercado e nas pesquisas numéricas e experimentais disponíveis
16

na literatura, foi determinada uma deflexão máxima admissível de 1mm na pá do remo. Dessa
forma, os dados de micromecânicas obtidos pelo software MECH-Gcomp foram fornecidos
ao banco de dados do Helius para o cálculo dos laminados.
O dimensionamento no software foi dado realizando-se uma simplificação para
análise de vigas, conforme a Figura 8, onde a largura (W) e o comprimento (L) da pá do remo
foram definidas como 0,17 m e 0,30m, conforme a seção 2. A carga P = 259 N obtida da
seção 3foi aplicada no centro da estrutura.

(a) (b)

Figura 8–Condições de carregamento aplicadas no software HeliusComposites;

Primeiramente, foram considerados 3 laminados para o estudo nesse projeto, onde as


camadas destes foram todas definidas como 0º, afim de gerar propriedades elevadas desses
compósitos na direção longitudinal da pá, diminuindo sua deflexão. No que tange a espessura
do compósito, foi adotado um valor máximo de 0,01m para a pá do remo, visto que essa é
uma espessura adequada em relação ao apresentado por fabricantes deste equipamento. Dessa
forma, foram inicialmente estudados os laminados apresentados abaixo:

 [0C]20 = Vinte lâminas de Carbono/Epóxi orientadas a 0º;


 [0V]20 = Vinte lâminas de Vidro/Epóxi orientadas a 0º;
 [0C/0V]10= Dez lâminas deCarbono/Epóxi e dez lâminas Vidro/Epóxi
orientadas a 0º, sendo essas empilhadas alternadamente.

A sequência de empilhamento pode ser visualizada na Figura 9, e os resultados para a


reação da carga aplicada no engaste (shaft), o momento resultante, a rotação da pá do remo e
a deflexão máxima da mesma podem ser observadas na Tabela 4.
17

Figura 9 - Sequência de empilhamento preliminar dos laminados apresentados

Tabela 4–Resultados obtidos no HeliusCompositesnos compósitos dado o carregamento


aplicado

Resultado [0C]20 [0V]20 [0C/0V]10


Reação no Shaft (N) 2,59000E+02
Momento resultante (N.m/m) -2,28529E+02
Rotação da pá do remo (rad) 1,65868E-03 4,71519E-03 2,28937E-03
Deflexão Máxima (m) -4,14670E-04 -1,17880E-03 -5,72343E-04

Nota-se pelos resultados apresentados que o laminado [0C]20 apresentou a menor


deflexão entre os compósitos estudados. Esse comportamento é esperado devido as
propriedades mecânicas superiores observadas por esse material na análise micromecânica
das lâminas. Já a o laminado composto somente por Vidro/Epóxi ([0 V]20) alcançou uma
deformação de 1,17mm, i.e., acima do limite estipulado para a peça projetada. Finalmente, os
laminados híbridos de fibras de vidro e fibras de carbono obtiveram resultado satisfatório,
com uma deflexão maior que o laminado [0 C]20mas, ainda assim, bem menor do que o
previsto para esse projeto.
Como será apresentado na análise de custos deste trabalho, as fibras de carbono
possuem valor mais elevado que as fibras de vidro, de forma que a utilização de um laminado
híbrido foi determinada como a mais adequada para esse projeto.
18

9. Otimização

Embora as propriedades apresentadas pelos compósitos [0C]20 e [0C/0V]10sejam


adequadas para suportar as cargas empregas nesse projeto, um laminado com propriedades
desbalanceadas em suas direções pode sofrer devido a carregamentos não planejados. Logo,
pode ser realizada uma otimização das camadas empregadas no compósito escolhido de
[0C/0V]10, visto que a deflexão apresentada anteriormente já é bem menor do que a máxima
estipulada para o projeto. Considerando que as lâminas de Vidro/Epóxi possuem menores
módulos elásticos do que as de Vidro/Epóxi, como apresentado na Figura 7 - Constantes de
engenharia para lâminas de Carbono/Epóxi e Vidro/Epóxi em relação ao ângulo de orientação
das fibras.Figura 7, foi escolhido rotacionar somente essas lâminas para aumentar as
constantes Ey e Gxy. Essa decisão se baseia no fato de que, em um ângulo de rotação maior
que 30º, as contribuições das lâminas para E xsão praticamente iguais. Logo, foi adotado um
laminado [(0 C /45V ¿ 0C /−45V )2 /0C /90V ]S, adotando-se camadas de ±45º e 90º nas camadas de
Vidro/ Epóxi, conforme ilustrado na Figura 10.

Camada Material Ângulo


Carbono/
1 0
Epóxi
2 Vidro/Epóxi 45
Carbono/
3 0
Epóxi
4 Vidro/Epóxi -45
Carbono/
5 0
Epóxi
6 Vidro/Epóxi 45
Carbono/
7 0
Epóxi
8 Vidro/Epóxi -45
Carbono/
9 0
Epóxi
10 Vidro/Epóxi 90
⋯ (simétrico)

Figura 10–Configuração do laminado [(0 C /45V ¿ 0C /−45V )2 /0C /90V ]2 S.

Os resultados obtidos por esse laminado nas condições de carregamento apresentadas


anteriormente foram de:
19

 Rotação da pá do remo (rad): = 2,70778E-03;


 Deflexão Máxima (m) = -6,76944E-04.
Podemos observar que a deflexão máxima obtida por esse laminado foi maior do que
o laminado [0C/0V]10, mesmo possuindo o mesmo número de camadas de cada tipo de lâmina.
Esse comportamento apresenta o efeito direto da orientação das fibras nas propriedades dos
materiais compósitos. Contudo, o valor encontrado da deflexão (-6,76944E-04 m) ainda é
menor do que o máximo estipulado para este trabalho. Nesse contexto, foi então retirado duas
camadas de Carbono/Epóxi orientadas a 0º, reduzindo assim o custo de fabricação do
compósito e reduzindo também a massa do remo, fator de suma importância em competições
de alto desempenho. Logo, o laminado resultado e escolhido para esse projeto,
C V C V V
[(0 /45 ¿ 0 /−45 )2 /90 ]2 S, é apresentado na Figura 11.

Camada Material Ângulo


1 Carbono/Epóxi 0
2 Vidro/Epóxi 45
3 Carbono/Epóxi 0
4 Vidro/Epóxi -45
5 Carbono/Epóxi 0
6 Vidro/Epóxi 45
7 Carbono/Epóxi 0
8 Vidro/Epóxi -45
9 Vidro/Epóxi 90

⋯ (simétrico)

Figura 11 - Configuração do laminado [(0 C /45V ¿ 0C /−45V )2 /90V ]2 S.

Os resultados obtidos por esse laminado nas condições de carregamento apresentadas


anteriormente foram de:
 Rotação da pá do remo (rad): = 3,67852E-03
 Deflexão Máxima (m) = -9,19630E-04.
20

Considerando que deflexão máxima foi menor do que a determinada no projeto, o


compósito foi considerado como otimizado com essa configuração, onde a matriz ABD do
material é apresentada nas Equações51-53.

[ ]
0,575 0,057 −3,725
9
A= 0,057 0,148 −1,862 e (51)
−3,725 −1,862 0,063

[ ]
0 0 0
B= 0 0 0 (52)
0 0 0

[ ]
4848 371, 8 8,060
1
D= 3 0,148 8,060 e (53)
8,060 8,060 0,063

Podemos ainda comparar as constantes de engenharia dos laminados estudados, onde


o laminado escolhido para o projeto apresentou propriedades superiores para Eye Gxydo que
quando comparados as lâminas unidirecionais, conforme exposta na Tabela 5.

Tabela 5–Constantes de engenharia das lâminas estudados e do laminado escolhido para o


projeto.
C V C V V
Propriedade Carbono/Epóxi Vidro/Epóxi [(0 /45 ¿ 0 /−45 )2 /90 ]2 S
Ex(Pa) 1,24E+11 4,36E+10 6,17E+10
Ey (Pa) 8,58E+09 8,28E+09 1,58E+10
Gxy (Pa) 2,93E+09 3,11E+09 6,99E+09
νxy 2,91E-01 2,67E-01 3,84E-01
νyx 2,01E-02 5,07E-02 9,87E-02
Densidade (g/m3) 1,56E+06 1,92E+06 1,76E+06

Finalmente, também podemos determinar quais as relações tensão-deformação para


cada lâmina utilizado as Equações 45-49 apresentando anteriormente, resultado nos dados
obtidos na Tabela 6.
21

Tabela 6 - Tensões e deformações globais em cada camada do laminado escolhido.

Tensão Global (Pa) Deformação Global (m/m)


Camada Posição
X Y XY X Y XY
Top -9,71E+06 1,23E+07 -7,78E+05 -1,07E-04 1,45E-03 -2,66E-04
1 Middle -9,17E+06 1,16E+07 -7,35E+05 -1,01E-04 1,37E-03 -2,51E-04
Bottom -8,63E+06 1,09E+07 -6,92E+05 -9,53E-05 1,29E-03 -2,36E-04
Top 1,07E+07 1,93E+07 7,88E+06 -9,53E-05 1,29E-03 -2,36E-04
2 Middle 1,00E+07 1,81E+07 7,39E+06 -8,93E-05 1,21E-03 -2,22E-04
Bottom 9,33E+06 1,69E+07 6,90E+06 -8,33E-05 1,13E-03 -2,07E-04
Top -7,55E+06 9,56E+06 -6,05E+05 -8,33E-05 1,13E-03 -2,07E-04
3 Middle -7,01E+06 8,88E+06 -5,62E+05 -7,74E-05 1,05E-03 -1,92E-04
Bottom -6,47E+06 8,19E+06 -5,19E+05 -7,14E-05 9,70E-04 -1,77E-04
Top 1,12E+07 1,76E+07 -1,02E+07 -7,14E-05 9,70E-04 -1,77E-04
4 Middle 1,02E+07 1,62E+07 -9,33E+06 -6,55E-05 8,89E-04 -1,63E-04
Bottom 9,31E+06 1,47E+07 -8,48E+06 -5,95E-05 8,08E-04 -1,48E-04
Top -5,40E+06 6,83E+06 -4,32E+05 -5,95E-05 8,08E-04 -1,48E-04
5 Middle -4,86E+06 6,15E+06 -3,89E+05 -5,36E-05 7,27E-04 -1,33E-04
Bottom -4,32E+06 5,46E+06 -3,46E+05 -4,76E-05 6,47E-04 -1,18E-04
Top 5,33E+06 9,65E+06 3,94E+06 -4,76E-05 6,47E-04 -1,18E-04
6 Middle 4,67E+06 8,44E+06 3,45E+06 -4,17E-05 5,66E-04 -1,03E-04
Bottom 4,00E+06 7,23E+06 2,96E+06 -3,57E-05 4,85E-04 -8,86E-05
Top -3,24E+06 4,10E+06 -2,59E+05 -3,57E-05 4,85E-04 -8,86E-05
7 Middle -2,70E+06 3,41E+06 -2,16E+05 -2,98E-05 4,04E-04 -7,39E-05
Bottom -2,16E+06 2,73E+06 -1,73E+05 -2,38E-05 3,23E-04 -5,91E-05
Top 3,73E+06 5,88E+06 -3,39E+06 -2,38E-05 3,23E-04 -5,91E-05
8 Middle 2,79E+06 4,41E+06 -2,54E+06 -1,79E-05 2,42E-04 -4,43E-05
Bottom 1,86E+06 2,94E+06 -1,70E+06 -1,19E-05 1,62E-04 -2,95E-05
Top 2,62E+05 7,12E+06 -9,18E+04 -1,19E-05 1,62E-04 -2,95E-05
9 Middle 1,31E+05 3,56E+06 -4,59E+04 -5,95E-06 8,08E-05 -1,48E-05
Bottom 1,02E-09 2,78E-08 -3,58E-10 -4,65E-20 6,31E-19 -1,15E-19
Top 7,96E-10 2,16E-08 -2,79E-10 -3,61E-20 4,91E-19 -8,97E-20
10 Middle -1,31E+05 -3,56E+06 4,59E+04 5,95E-06 -8,08E-05 1,48E-05
Bottom -2,62E+05 -7,12E+06 9,18E+04 1,19E-05 -1,62E-04 2,95E-05
Top -1,86E+06 -2,94E+06 1,70E+06 1,19E-05 -1,62E-04 2,95E-05
11 Middle -2,79E+06 -4,41E+06 2,54E+06 1,79E-05 -2,42E-04 4,43E-05
Bottom -3,73E+06 -5,88E+06 3,39E+06 2,38E-05 -3,23E-04 5,91E-05
Top 2,16E+06 -2,73E+06 1,73E+05 2,38E-05 -3,23E-04 5,91E-05
12 Middle 2,70E+06 -3,41E+06 2,16E+05 2,98E-05 -4,04E-04 7,39E-05
Bottom 3,24E+06 -4,10E+06 2,59E+05 3,57E-05 -4,85E-04 8,86E-05
Top -4,00E+06 -7,23E+06 -2,96E+06 3,57E-05 -4,85E-04 8,86E-05
13 Middle -4,67E+06 -8,44E+06 -3,45E+06 4,17E-05 -5,66E-04 1,03E-04
Bottom -5,33E+06 -9,65E+06 -3,94E+06 4,76E-05 -6,47E-04 1,18E-04
Top 4,32E+06 -5,46E+06 3,46E+05 4,76E-05 -6,47E-04 1,18E-04
14 Middle 4,86E+06 -6,15E+06 3,89E+05 5,36E-05 -7,27E-04 1,33E-04
Bottom 5,40E+06 -6,83E+06 4,32E+05 5,95E-05 -8,08E-04 1,48E-04
22

Top -9,31E+06 -1,47E+07 8,48E+06 5,95E-05 -8,08E-04 1,48E-04


15 Middle -1,02E+07 -1,62E+07 9,33E+06 6,55E-05 -8,89E-04 1,63E-04
Bottom -1,12E+07 -1,76E+07 1,02E+07 7,14E-05 -9,70E-04 1,77E-04
Top 6,47E+06 -8,19E+06 5,19E+05 7,14E-05 -9,70E-04 1,77E-04
16 Middle 7,01E+06 -8,88E+06 5,62E+05 7,74E-05 -1,05E-03 1,92E-04
Bottom 7,55E+06 -9,56E+06 6,05E+05 8,33E-05 -1,13E-03 2,07E-04
Top -9,33E+06 -1,69E+07 -6,90E+06 8,33E-05 -1,13E-03 2,07E-04
17 Middle -1,00E+07 -1,81E+07 -7,39E+06 8,93E-05 -1,21E-03 2,22E-04
Bottom -1,07E+07 -1,93E+07 -7,88E+06 9,53E-05 -1,29E-03 2,36E-04
Top 8,63E+06 -1,09E+07 6,92E+05 9,53E-05 -1,29E-03 2,36E-04
18 Middle 9,17E+06 -1,16E+07 7,35E+05 1,01E-04 -1,37E-03 2,51E-04
Bottom 9,71E+06 -1,23E+07 7,78E+05 1,07E-04 -1,45E-03 2,66E-04

De forma análoga, as tensões e deformações locais podem ser encontradas utilizando-


se a matriz T e a equação de transformação apresentada no capítulo de micromecânica,
resultado na Tabela 7.

Tabela 7 - Tensões e deformações locais em cada camada do laminado escolhido.

Tensão local (Pa) Deformação local (m/m)


Camada Posição
11 22 12 11 22 12
Top -9,71E+06 1,23E+07 -7,78E+05 -1,07E-04 1,45E-03 -2,66E-04
1 Middle -9,17E+06 1,16E+07 -7,35E+05 -1,01E-04 1,37E-03 -2,51E-04
Bottom -8,63E+06 1,09E+07 -6,92E+05 -9,53E-05 1,29E-03 -2,36E-04
Top 2,29E+07 7,10E+06 4,31E+06 4,81E-04 7,17E-04 1,39E-03
2 Middle 2,14E+07 6,65E+06 4,04E+06 4,51E-04 6,72E-04 1,30E-03
Bottom 2,00E+07 6,21E+06 3,77E+06 4,21E-04 6,28E-04 1,21E-03
Top -7,55E+06 9,56E+06 -6,05E+05 -8,33E-05 1,13E-03 -2,07E-04
3 Middle -7,01E+06 8,88E+06 -5,62E+05 -7,74E-05 1,05E-03 -1,92E-04
Bottom -6,47E+06 8,19E+06 -5,19E+05 -7,14E-05 9,70E-04 -1,77E-04
Top 2,46E+07 4,23E+06 -3,23E+06 5,38E-04 3,61E-04 -1,04E-03
4 Middle 2,25E+07 3,88E+06 -2,96E+06 4,93E-04 3,31E-04 -9,55E-04
Bottom 2,05E+07 3,53E+06 -2,70E+06 4,48E-04 3,00E-04 -8,68E-04
Top -5,40E+06 6,83E+06 -4,32E+05 -5,95E-05 8,08E-04 -1,48E-04
5 Middle -4,86E+06 6,15E+06 -3,89E+05 -5,36E-05 7,27E-04 -1,33E-04
Bottom -4,32E+06 5,46E+06 -3,46E+05 -4,76E-05 6,47E-04 -1,18E-04
Top 1,14E+07 3,55E+06 2,16E+06 2,40E-04 3,59E-04 6,94E-04
6 Middle 1,00E+07 3,10E+06 1,89E+06 2,10E-04 3,14E-04 6,07E-04
Bottom 8,57E+06 2,66E+06 1,62E+06 1,80E-04 2,69E-04 5,21E-04
Top -3,24E+06 4,10E+06 -2,59E+05 -3,57E-05 4,85E-04 -8,86E-05
7 Middle -2,70E+06 3,41E+06 -2,16E+05 -2,98E-05 4,04E-04 -7,39E-05
Bottom -2,16E+06 2,73E+06 -1,73E+05 -2,38E-05 3,23E-04 -5,91E-05
Top 8,20E+06 1,41E+06 -1,08E+06 1,79E-04 1,20E-04 -3,47E-04
8
Middle 6,15E+06 1,06E+06 -8,09E+05 1,34E-04 9,01E-05 -2,60E-04
23

Bottom 4,10E+06 7,05E+05 -5,39E+05 8,96E-05 6,01E-05 -1,74E-04


Top 7,12E+06 2,62E+05 9,18E+04 1,62E-04 -1,19E-05 2,95E-05
9 Middle 3,56E+06 1,31E+05 4,59E+04 8,08E-05 -5,95E-06 1,48E-05
Bottom 2,78E-08 1,02E-09 3,58E-10 6,31E-19 -4,65E-20 1,15E-19
Top 2,16E-08 7,96E-10 2,79E-10 4,91E-19 -3,61E-20 8,97E-20
10 Middle -3,56E+06 -1,31E+05 -4,59E+04 -8,08E-05 5,95E-06 -1,48E-05
Bottom -7,12E+06 -2,62E+05 -9,18E+04 -1,62E-04 1,19E-05 -2,95E-05
Top -4,10E+06 -7,05E+05 5,39E+05 -8,96E-05 -6,01E-05 1,74E-04
11 Middle -6,15E+06 -1,06E+06 8,09E+05 -1,34E-04 -9,01E-05 2,60E-04
Bottom -8,20E+06 -1,41E+06 1,08E+06 -1,79E-04 -1,20E-04 3,47E-04
Top 2,16E+06 -2,73E+06 1,73E+05 2,38E-05 -3,23E-04 5,91E-05
12 Middle 2,70E+06 -3,41E+06 2,16E+05 2,98E-05 -4,04E-04 7,39E-05
Bottom 3,24E+06 -4,10E+06 2,59E+05 3,57E-05 -4,85E-04 8,86E-05
Top -8,57E+06 -2,66E+06 -1,62E+06 -1,80E-04 -2,69E-04 -5,21E-04
13 Middle -1,00E+07 -3,10E+06 -1,89E+06 -2,10E-04 -3,14E-04 -6,07E-04
Bottom -1,14E+07 -3,55E+06 -2,16E+06 -2,40E-04 -3,59E-04 -6,94E-04
Top 4,32E+06 -5,46E+06 3,46E+05 4,76E-05 -6,47E-04 1,18E-04
14 Middle 4,86E+06 -6,15E+06 3,89E+05 5,36E-05 -7,27E-04 1,33E-04
Bottom 5,40E+06 -6,83E+06 4,32E+05 5,95E-05 -8,08E-04 1,48E-04
Top -2,05E+07 -3,53E+06 2,70E+06 -4,48E-04 -3,00E-04 8,68E-04
15 Middle -2,25E+07 -3,88E+06 2,96E+06 -4,93E-04 -3,31E-04 9,55E-04
Bottom -2,46E+07 -4,23E+06 3,23E+06 -5,38E-04 -3,61E-04 1,04E-03
Top 6,47E+06 -8,19E+06 5,19E+05 7,14E-05 -9,70E-04 1,77E-04
16 Middle 7,01E+06 -8,88E+06 5,62E+05 7,74E-05 -1,05E-03 1,92E-04
Bottom 7,55E+06 -9,56E+06 6,05E+05 8,33E-05 -1,13E-03 2,07E-04
Top -2,00E+07 -6,21E+06 -3,77E+06 -4,21E-04 -6,28E-04 -1,21E-03
17 Middle -2,14E+07 -6,65E+06 -4,04E+06 -4,51E-04 -6,72E-04 -1,30E-03
Bottom -2,29E+07 -7,10E+06 -4,31E+06 -4,81E-04 -7,17E-04 -1,39E-03
Top 8,63E+06 -1,09E+07 6,92E+05 9,53E-05 -1,29E-03 2,36E-04
18 Middle 9,17E+06 -1,16E+07 7,35E+05 1,01E-04 -1,37E-03 2,51E-04
Bottom 9,71E+06 -1,23E+07 7,78E+05 1,07E-04 -1,45E-03 2,66E-04

10. Critério de falha

Para determinar se cargas em cada lâmina apresentadas do item anterior são inferiores
as cargas máximas suportadas pelos compósitos, o softwareHeliuscomposites foi utilizado
para o cálculo dos critérios de falha de máxima tensão, máxima deformação e de Tsai-Hill.
Na teoria de falha de tensão máxima, assume-se que a falha da lâmina ocorre sempre que
qualquer componente de tensão normal ou de cisalhamento iguala ou excede a resistência
correspondente. Esta teoria é escrita matematicamente por meio das Equações 54-56, e o
resultado obtido por meio do software é apresentado na Tabela 8.
24

C T
σ 1 < σ 1 <σ 1 (54)

C T
σ 2 < σ 2 <σ 2 (55)

|τ 12|< τ F12 (56)

Tabela 8 - Resistências para o critério de Máxima Tensão

Máxima Tensão
Lâmina a falhar Tipo Resistência (Pa)
Tração no eixo x 9 TransverseFailure 4,57554E+08
Compressão no eixo x 1 Longitudinal Failure -2,90620E+08
Tração no eixo y 1 TransverseFailure 1,12368E+08
Compressão no eixo y 2 ShearFailure -1,87953E+08
Cisalhamento 9 ShearFailure 9,13492E+07

De forma semelhante, a teoria de falha por deformação máxima, assume-se que a


falha da lâmina ocorre sempre que qualquer componente de deformação normal ou de
cisalhamento iguala ou excede a deformação última correspondente.Esta teoria é escrita
matematicamente por meio das Equações 57-59, e o resultado obtido por meio do software é
apresentado na Tabela 9.

C T
ε 1 < ε 1 <ε 1 (57)

C T
ε 2 < ε 2 <ε 2 (58)

|γ 12|<γ F12 (59)

Tabela 9 - Resistências para o critério de Máxima Deformação

Máxima Deformação
Lâmina a falhar Tipo Resistência (Pa)
Tração no eixo x 9 TransverseFailure 4,57554E+08
Compressão no eixo x 1 Longitudinal Failure -2,90620E+08
Tração no eixo y 1 TransverseFailure 1,12368E+08
25

Compressão no eixo y 2 ShearFailure -1,87953E+08


Cisalhamento 9 ShearFailure 9,13492E+07

Finalmente,o critério de falha de Tsai-Hill é derivado do critério de rendimento de


energia distorcional de von Mises para materiais isotrópicos, mas é aplicada a materiais
anisotrópicos com as modificações apropriadas. Nesta teoria, assume-se que a falha ocorre
sempre que a energia de escoamento distorcional iguala ou excede um certo valor relacionado
à resistência da lâmina, conforme escrito matematicamente por meio da Equação60. Os
resultados obtidos por meio do software são apresentados na Tabela 10.

2 2 2
σ1 σ σ σ σ
F 2
− 1 22 + 2 2 + 2 2 ≤ 1 (60)
(σ 1 ) ( σ 1 ) ( σ 2 ) ( τ 12
F F F
)

Tabela 10 - Resistências para o critério deTsai-Hill

Tsai-Hill
Lâmina a
Tipo Resistência (Pa)
falhar
Tração no eixo x 2 - 4,45428E+08
Compressão no eixo x 2 - -2,89003E+08
Tração no eixo y 2 - 1,10751E+08
Compressão no eixo y 2 - -1,70168E+08
Cisalhamento 1 - 9,13492E+07

11. Análise de custos

Os componentes que contribuem para o custo da pá do remo são: matéria-prima


(fibras, resina, material para executar o processo de vacuum bag), custo do molde, valor-hora
do operador e custo de projeto.
Os valores estão apresentados na Tabela 11 e Error: Reference source not found. Não
foi possível obter o custo do molde, e foi necessário utilizar de algumas simplificações pois
não se encontrou, também, o custo de tecido unidirecional ou da resina nas exatas
propriedades requeridas pelo projeto.
Ademais, deve-se levar em conta que o tecido deve ser cortado em diferentes ângulos,
o que leva a um aproveitamento não ideal das malhas de fibras de vidro ou carbono. A
otimização deste custo necessitaria de softwares de nesting, que empacotam o desenho de um
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componente 2D da forma mais eficiente possível. Visto que não há disponibilidade deste tipo
de software para o presente trabalho, este ponto não é considerado.

Tabela 11 – Custo variável para uma pá de remo

Item Valor Qtd. Valor total


Fibra de Carbono unidirecional T700 R$ 436,30 (m²) 0,408 R$ 178,01
Fibra de Vidro E unidirecional R$ 72,64 (m²) 0,408 R$ 29,64
Resina epóxi R$ 260,40 (kg) 1,0 R$ 260,40
Valor-hora do operador (R$ 2500 mensais) R$ 14,20 5 R$ 71,00
Kit de vacuum bag R$ 990,94 0,33 R$ 330,31
Total R$ 869,36

Tabela 12 - Custo fixo da pá do remo

Item Valor Qtd. Valor total


Valor-hora do engenheiro (R$ 10.302 mensais) R$ 58,50 40 R$ 2340,00
Molde R$ - 1 R$ -
Total R$ 2340,00

Como o custo fixo se diluiria à medida que as pás fossem manufaturadas, este não é
considerado no projeto. Assim, o preço de custo da pá ficaria em torno de R$ 870,00, e seu
custo de venda, provavelmente, estaria beirando o dobro, em cerca de R$ 1500,00 à R$
1700,00.

12. Considerações finais

No presente trabalho, foi realizada a análise estrutural de uma pá de remo para


aplicação em práticas esportivas de alta performance. Avaliaram-se as propriedades da fibra
de vidro e carbono nas lâminas e como elas se alteram em função do ângulo, fabricadas a
partir do método de vacuumbagging, além de análise e otimização do número de camadas e
angulação do laminado.
Verifica-se que é necessário um grande número de camadas – ao menos 18 – para
atender ao critério de deslocamento máximo de 1 mm. Devido a este valor elevado de
camadas, as tensões globais e locais em todas as camadas permaneceram baixas, não
27

ultrapassando 13 MPa. Poderia ser testado, no entanto, suavizar este critério e permitir
deslocamentos maiores. É esperado que as tensões aumentariam e, evidentemente, se estaria
indo contra a segurança. No entanto, como os critérios de falha provêm valores de
resistências muito superiores aos valores de tensão calculados, seria possível diminuir
razoavelmente o número de camadas, às custas que uma pá menos rígida, que não se
comportasse adequadamente,
Como sugestão para trabalhos futuros, propõe-se alterar a geometria retangular da pá
para uma que seja mais próxima da realidade. A análise de forças, deformações, tensões e
falha no laminado, no entanto, necessitaria do emprego de algum método robusto de solução,
como o Método de Elementos Finitos ou, até, do uso de um softwaremulti-físico, que acopla
as equações da mecânica do contínuo para a resolução das variáveis de interesse.

13. Referências

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blades and forces measured by towing tank tests. Proceedings of the Institution of
Mechanical Engineers, Part P: Journal of Sports Engineering and Technology, v. 224, n.
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CAPLAN, N.; COPPEL, A.; GARDNER, T. A review of propulsive mechanisms in
rowing. Proceedings of the Institution of Mechanical Engineers, Part P: Journal of
Sports Engineering and Technology, v. 224, n. 1, p. 1–8, 2010.
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Engineering, v. 147, p. 735–740, 2016.
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mechanical properties of carbon fibre–reinforced composites. Proceedings of the Institution
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Institution of Mechanical Engineers, Part P: Journal of Sports Engineering and
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Structures. Amsterdan, ELSEVIER, 2018

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