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Terry Bolryder

Corpo grande. Grande coração.


Desesperado para finalmente reclamá-la.

Benny, dono do Club Crimson, não é o que parece ser. Exteriormente, ele é um homem
bonito e amigável que trata a todos como uma família. Interiormente, ele está lutando uma
batalha, e se ele escorregar, isso pode significar a morte certa para aqueles ao seu redor.
Portanto, embora ele esteja apaixonado por Harley durante toda a sua vida, ele nunca foi
capaz de persegui-la. Até que alguém próximo a ele lhe dê o empurrão de que ele precisa ...

Harley sabe que não pode esperar muito mais por Benny. Ela está na caixa de ‘amigos’ há
anos, tendo esperanças com a proteção de Benny e sua incapacidade de olhar para qualquer
mulher além dela. Mas quando ela está prestes a desistir, Benny faz um movimento que
resulta na noite mais quente de sua vida, muito além do que ela jamais imaginou. Agora, se
ela pudesse descobrir os segredos escondidos nos belos olhos castanhos de Benny.

Embora Benny queira reivindicar Harley mais do que sua próxima respiração, ainda há
perigo dentro dele, forçando-o a se conter. Então, quando uma pessoa misteriosa aparece
com uma revelação devastadora e uma oferta tentadora, Benny pode não ser capaz de
recusar. E esse pode ser o último erro que Benny comete.

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CAPÍTULO
O CLUB CRIMSON NUNCA ESTEVE TÃO LOTADO.

Noites como essa sempre deixavam Benny nervoso porque as brigas


podiam começar, e com as pessoas comprimidas na pista de dança, eles
podiam ser difíceis de separar.

Mesmo com a adição de Felix—também conhecido como Fifi—seu


mais novo funcionário, as coisas pareciam um pouco fora de controle.

Então, novamente, talvez Fifi fosse parcialmente culpado pelas


multidões. Ele tinha um jeito de atrair as pessoas, entretê-las, encantá-
las.

Mas Benny não conseguia se concentrar em Fifi agora. Ou Max ou


Lock ou qualquer um dos outros funcionários. Na maior parte, eles eram
shifters e podiam cuidar de si mesmos. Não, o foco principal de Benny
estava na pessoa que ele amava mais do que qualquer outra pessoa. Sua
melhor amiga e co-proprietária, Harley.

Felizmente, ele insistiu que ela trabalhasse atrás do bar com ele,
onde pudesse ficar de olho nela.

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Ela empurrou cachos ruivos errantes para trás das orelhas e sorriu
para ele, as bochechas sardentas coradas pelo esforço, os olhos verdes
cintilantes.

— Noite louca, não é?

Benny sorriu de volta para ela, amando a química fácil entre eles.
Ela era a pessoa com quem ele se sentia mais confortável e ...

— Você acha que pode lidar com as coisas sozinho por um minuto?
Preciso usar o banheiro feminino.

Benny hesitou.

— Por que você não usa o banheiro dos funcionários?

Harley balançou a cabeça. — Eu quero verificar as coisas enquanto


estou nisso. É bom entrar lá de vez em quando, e o resto de vocês não
pode. Você se lembra do que aconteceu com a companheira de Dare.

As sobrancelhas de Benny baixaram. — Isso foi uma vez, e


aumentamos a segurança desde então. Além disso, isso aconteceu no
banheiro masculino, e você absolutamente não vai entrar lá.

Harley cruzou os braços e inclinou o quadril, e Benny teve todo o


autocontrole para não deixar seus olhos vagarem por sua linda figura
curvilínea envolta em um vestido azul com cinto que ela usava às vezes

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no bar.

— Benny, sinto muito, mas sou sua parceira e vou verificar o


banheiro feminino. Se não é seguro para mim, também não é seguro
para elas.

— É seguro, —ele murmurou. — Lock está perto. Ele saberia se


alguma coisa acontecesse.

— Então está tudo bem para mim ir também.

Ela bateu um salto alto preto.

Benny suspirou. — Tudo bem, mas mantenha seu walkie ligado


para que eu possa ouvir tudo.

Ela ergueu uma sobrancelha, balançando a cabeça com uma risada,


fazendo seus cachos balançarem. — Não vou deixar você me ouvir indo
ao banheiro. Sei que você é super protetor, mas isso é loucura, até
mesmo para você.

— Não, eu sou apenas a quantidade certa de proteção, —ele disse


calmamente, mais para si mesmo do que qualquer coisa. — Porque você

Um walkie-talkie é um transceptor de rádio de dois pontos, de mão e portátil. Os primeiros walkie-talkies foram
desenvolvidos para uso militar durante a Segunda Guerra Mundial, e espalharam-se para a segurança pública e, eventualmente, trabalho
comercial e locais de trabalho após a guerra.

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é bonita.

— O que você disse? —ela gritou por cima do barulho, já tendo se


afastado alguns passos dele. — Não consegui ouvir você.

Benny balançou a cabeça. — Não foi nada. Continue. Mas ligue se


precisar de algo.

Ela revirou os olhos para ele enquanto se virava para abrir caminho
na multidão, mas seu sorriso afetuoso disse que ela não estava muito
incomodada com seu comportamento sufocante.

Ele sempre foi assim com ela. Ela era tudo que ele tinha, e ele era
tudo que ela tinha. Claro, eles tinham novos amigos agora, construíram
um pequeno grupo em torno de si, mas ninguém jamais significaria
tanto para ele quanto Harley.

Ele se forçou a se concentrar em seu próximo pedido de bebida, mas


parou quando ouviu uma voz elevada sobre a multidão. Não foi muito
mais alto do que os outros, mas foi um timbre que ele reconheceu
imediatamente e era mais do que um pouco aborrecido.

Harley.

Ele parou abruptamente o que estava fazendo e correu ao redor do


bar, tentando empurrar seu caminho para o salão sem machucar
ninguém.

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Ele parou derrapando quando a viu a alguns metros de distância,


tentando contornar um homem alto e loiro que não queria aceitar um
não como resposta.

Vendo que o homem não a havia tocado, Benny se concentrou em


manter a calma. Havia algo terrível dentro dele. Algo que ele sempre
tinha que tomar cuidado para não despertar. Algo que poderia fazer
coisas terríveis se ele ficasse muito nervoso.

Era por isso que ele tentava ser tão amigável e apaziguador com
todos. Mas era difícil ser diplomático em momentos como este.

— Me desculpe, mas como eu disse, não posso dançar. Estou


trabalhando, —disse Harley com impaciência, tentando se mover para
o lado enquanto o homem bloqueava seu caminho mais uma vez.

— Vamos, —disse o homem. — Isso significa apenas que você não


deveria dizer não para mim. Sou um cliente que está pagando.

— Por bebidas, —Harley disse secamente, saindo de seu caminho


enquanto ele tentava alcançá-la. — Não me lembro de ter visto meu
nome no cardápio.

Quando o cara pegou a mão dela novamente, Benny viu vermelho


e deu um passo à frente. Ele respirou fundo, tentando se acalmar. —
Receio ter que pedir para você sair.

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O homem se virou para ele, e um sorriso de escárnio iluminou seu


rosto quando ele olhou para Benny. — Ah, o barman amigável. Por que
você não volta a sorrir para todo mundo e deixa os verdadeiros homens
trabalharem?

Benny lutou contra a vontade de derrubá-lo. Ele sorriria bem. Ele


sorriria quando esse idiota estava inconsciente, espancado até virar
polpa pelos punhos de Benny. Ele arregaçou as mangas, dando um
passo à frente.

Quando Benny se aproximou, o homem empalideceu ligeiramente.


Ele poderia sentir que havia algo errado dentro de Benny? Benny esperava que
sim. Isso os pouparia todo o tempo se ele simplesmente fizesse xixi em
si mesmo e corresse.

— Eu cuido disso, —disse uma voz calma quando um homem alto


e musculoso com cabelos ruivos escuros se interpôs entre Benny e sua
presa. — Você leva Harley de volta ao bar e se acalma.

Lock, o terceiro co-proprietário, era uma das poucas pessoas que


entendia o que era Benny.

Benny sentiu tanto alívio quanto frustração ao ser interrompido


quando Harley agarrou sua mão e o puxou na direção do bar.

Lock certamente expulsaria o cara.

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Quando eles estavam de volta atrás do bar, Harley se virou para ele,
irritada.

— Você não precisava vir. Eu estava lidando com isso. —Ela pegou
um copo e começou a fazer um cosmo .

— Não, —disse Benny. — Melhor prevenir do que remediar. Não


posso deixar nada acontecer com você. Me preocupo muito com você.

Ela colocou a mão na testa e Benny percebeu que ela estava corando
ligeiramente. — Eu sei. Obrigado por me verificar. Esse cara era
realmente incrível.

— Alguns shifters são, —Benny disse. — Alguns deles pensam que


a agressividade é a maneira de conquistar alguém, mas geralmente não
é tão ruim assim. De qualquer forma, pelo menos esta noite, use o
banheiro dos funcionários, okay? Lock está de olho no banheiro
feminino.

Harley parecia que queria revirar os olhos, mas acenou com a


cabeça. — Tudo bem, mas só porque não quero preocupá-lo. —Ela
piscou para ele. — Espere, você não vai me impedir de levar bebidas,

Um cosmopolitan, ou simplesmente cosmo, é uma bebida alcoólica, ou um coquetel feito com vodca, triple sec, suco de
oxicoco e suco de limão espremido ou adoçado.

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certo? Nunca aconteceu nada enquanto eu estava carregando a bandeja.

— Vamos conversar sobre isso, —foi tudo o que Benny conseguiu


dizer, sabendo o quão teimosa Harley era. Seria uma noite muito longa.

HARLEY DEIXOU ESCAPAR um suspiro de alívio ao terminar de lavar


o último copo antes de pendurá-lo no escorredor de pratos cheio.

Foi uma noite louca. Benny quase brigou por causa dela, e ela só
queria ir para casa e se enroscar com seus gatos.

O clube, agora vazio de clientes, foi iluminado por luzes amarelas


normais enquanto os funcionários se preparavam para sair.

Lock e Tasha saíram, rindo sobre algo entre eles. Pouco depois,
Harley ouviu o rugido da Ferrari de Lock enquanto acelerava noite
adentro.

Ferrari é uma fabricante italiana de carros esportivos de luxo com sede em Maranello. Fundada por Enzo Ferrari
em 1939 na divisão de corridas da Alfa Romeo com o nome Auto Avio Costruzioni, a empresa construiu seu primeiro carro em 1940.

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Max e Jackie o seguiram, acenando boa noite antes de Max passar


o braço em volta de sua companheira, dando-lhe um beijo rápido no
topo de sua cabeça enquanto eles desapareciam pela porta.

Harley olhou ao redor, procurando a enigmática mais nova adição


à sua tripulação, Fifi. Mas ele estava longe de ser visto.

Fifi era meio assim, no entanto. Ele era irmão de Tasha e ia e vinha
como queria, ainda se ajustando a uma vida fora do Tribunal dos lobos.

Ele provavelmente já tinha ido para casa. O que deixou apenas


Benny ...

Harley olhou para seu melhor amigo enquanto ele empilhava os


bancos em cima das mesas, dois de cada vez. Seu guarda-roupa de
flanela constante não fazia nada para esconder seus ombros
impossivelmente largos e peito construído.

Ele tinha alguns dias de barba por fazer, o que só aumentava sua
aparência robusta e ao ar livre.

Seu cabelo castanho escuro e grosso sempre parecia adoravelmente


despenteado, e ela queria desesperadamente passar as mãos por ele.

Seus olhos castanhos quentes pareciam sorrir pacientemente para


todos, embora fossem diferentes quando olhavam para ela. Mais gentil.
Mais genuíno.

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Sob sua atitude alegre e mantra de sempre ajudar quem podia, sua
vida não era só luz do sol e arco-íris.

Tendo crescido com ele, ela sabia disso mais do que a maioria..

Mas também havia coisas que ela sabia que ele estava escondendo.
Coisas que pareciam pesar em seu coração. Ela praticamente desistiu
dele falando sobre eles neste momento.

— Vou sair, —disse ela, pendurando a toalha e acenando para ele.


Benny olhou para ela, as sobrancelhas baixas. — Espere. Eu te
acompanho.

Na maioria das noites, ela dizia sim quando ele oferecia. Mas ela já
estava agitada com o que tinha acontecido esta noite. Isso a fez ter
esperanças de coisas que ela não esperava, então era melhor se ela
tivesse algum espaço.

— Não, obrigada, —disse ela rapidamente. — Eu aprecio isso, no


entanto. Vejo você amanhã. —Ela agarrou sua bolsa e saiu correndo
pela saída principal antes que ele pudesse discutir.

Ela precisava limpar a cabeça.

Os passos de Harley ecoaram ritmicamente na calçada na noite


ainda escura. Tijolo velho e ar fresco se misturaram enquanto ela

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mantinha a luz fraca dos postes de luz em seu caminho através da rua
em direção ao seu veículo.

Ela caminhou lentamente, sentindo-se exausta. Não apenas pelo


trabalho físico de um físico de uma noite do Club Crimson, mas por
causa de seu relacionamento confuso com Benny.

Parecia que ela estava sempre esperando, mas ela não sabia para
quê.

Ela sabia que tinha sentimentos por ele há muito tempo e que todos
pareciam perceber isso, menos Benny. Toda vez que ele vinha em seu
socorro como um amigo de armadura brilhante, isso trazia esses
sentimentos à tona.

Harley não sabia como Max e Lock conseguiram se estabelecer


primeiro, embora ela estivesse feliz por seus amigos.

Max nunca teve nem mesmo duas palavras para qualquer humano
antes de conhecer Jackie, e Lock tinha sido um conquistador
consumado até encontrar Tasha e descobrir que gostava de
compromisso, afinal.

Todo mundo no Club Crimson era um pária por direito próprio,


mas Benny parecia ser o único a negar a si mesmo—e a ela—qualquer
felicidade.

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O que poderia estar prendendo ele?

Harley suspirou, alcançando a calçada e abrindo seu caminho pelo


estacionamento quase vazio do outro lado da rua do clube.

Ela deu mais uma olhada no clube, seu letreiro de néon brilhante
lançando na rua um brilho vermelho etéreo.

Então ela remexeu na bolsa, tirando as chaves e destrancando a


caminhonete, que ainda estava a seis metros de distância.

Assim que ela começou a andar novamente, uma sombra apareceu


atrás de sua caminhonete, parada entre ela e a porta do motorista.

Imediatamente, Harley deu um passo para trás. Seus olhos


demoraram um segundo para se ajustar, mas quando o fizeram, ela
reconheceu o shifter de mais cedo naquela noite na pista de dança.

Mesmo na penumbra, seu cabelo loiro desgrenhado e jaqueta


vermelha eram bastante distintos. Mas seu sorriso bêbado e casual se foi,
substituído por uma expressão mais intensa e expectante.

— Ei, —Harley disse cuidadosamente, — O que ... o que você está


fazendo aqui? —Ela se perguntou se poderia mandar uma mensagem
para Benny sem que o homem à sua frente visse o que ela estava
fazendo.

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— Ei linda. —Sua voz rouca perfurou a noite tranquila e sem brisa.

— Você precisa de alguma coisa? —Ela esperava mantê-lo calmo,


não aumentar nada enquanto estivesse sozinha no escuro.

Ele parou por um segundo, esfregando uma mão sobre a outra como
se estivesse um pouco maníaco. — Queria pedir desculpas por antes ...
no clube. Posso ter agido errado.

Harley deu um passo lento para trás, sentindo-se tensa. Ele estava
agindo errado agora ao tentar encurralá-la no estacionamento.

Ainda assim, ela pensou que dizer isso não adiantaria muito.

— Está tudo bem. Não fiquei ofendida, —disse ela. — Mas eu estou
meio que voltando para casa agora, e ... —Ela parou quando ele se
aproximou um pouco.

— Além disso, eu queria te convidar para sair. Num encontro.


Tenho visto você por aí. Realmente gosto de você. —Ele ainda estava
mexendo nas mãos, mas isso não fez nada para torná-lo menos
intimidante, dado o fato de que ele era uns bons quinze centímetros mais
alto do que ela e pesava muito mais em músculos.

— Uh ... obrigado por oferecer. Mas não, eu não saio com clientes.
Apenas política pessoal, —disse Harley, tentando soar imparcial ao fato

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de que esse cara estava sendo um idiota total.

Suas mãos caíram para os lados, não se mexendo mais. — Isso é


besteira. Vamos, prometo que você ficará feliz por ter dito sim. —Seus
lábios estavam lentamente se inclinando para baixo de uma forma que
não era um bom presságio para ela.

— Desculpe, mas minha resposta ainda é não.

Ele caminhou com raiva, olhando para ela e ficando mais agitado.
— Que porra é essa? Primeiro, eu só quero dançar, super inofensivo, e
você me recusa. E agora estou aqui, sendo um perfeito cavalheiro, e você
não consegue nem explicar por que não quer sair comigo?

Harley começou a vasculhar sua bolsa estofada, pegando seu


telefone para que ela pudesse ligar para alguém. Mas, assim como ela
havia pensado, chamou a atenção dele e pareceu aumentar um pouco as
coisas.

Ele avançou para ela, comendo a distância com suas longas pernas.
— É aquele cara de antes, não é? Aquele urso burro na pista de dança.
Bem, ninguém diz não para mim. Vou te mostrar o que você está
perdendo, quer você goste ou não, você ...

Ele parou quando uma voz ecoou atrás de Harley.

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— E aquele urso burro da pista de dança? —A voz de Benny ecoou


ao redor dela, enchendo o estacionamento.

Ela nem teve tempo de se virar para olhar antes que Benny passasse
correndo por ela, limpando a distância entre ela e Sir-Arrepiante em um
instante.

O homem soltou um grunhido, mas nem mesmo teve tempo de


colocar as mãos para cima quando Benny puxou o braço para trás e
bateu na mandíbula de seu perseguidor.

O cara desabou como um saco de arroz no asfalto duro e úmido, e


Harley soltou um suspiro de alívio.

Mas Benny aparentemente não terminou com ele. Ele estava


praticamente rosnando quando agarrou o cara pela jaqueta e o puxou
do chão.

— Você chega a mais de trezentos metros deste lugar ou da minha


garota Harley novamente, e eu vou bater seu rosto no chão com tanta
força que nem mesmo sua mãe vai reconhecer você. —A voz de Benny
estava perturbada, feroz de uma forma que ela nunca tinha ouvido antes.

Os olhos do cara caíram para trás em resposta, quase inconsciente


enquanto Benny o segurava na posição vertical. Benny puxou o braço
para trás, o punho cerrado com força, os músculos tão tensos contra a

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camisa de flanela que parecia que poderia rasgar como papel de seda.

Ele enviou a Harley um olhar por cima do ombro, e ela poderia jurar
que seus olhos pareciam mais escuros. Como se suas pupilas cobrissem
suas íris, deixando tudo preto enquanto ele respirava fundo e
profundamente, que pontuava o silêncio de outra forma assustador.

Harley correu para frente, colocando a mão no ombro de Benny.

— Ei, está tudo bem. Ele não fez nada de ruim. Você o parou.

O músculo sob seus dedos estava tão tenso que parecia pedra, e ela
o massageou suavemente, tentando acalmá-lo.

Finalmente, Benny deu um suspiro longo e relaxado e seu punho


caiu para o lado. Um segundo depois, ele largou seu perseguidor,
deixando-o cair no chão frouxamente.

— Desculpe, —disse Benny, passando as mãos pelo cabelo


enquanto ele estava de costas para ela como se estivesse escondendo
algo que ele não queria que ela visse. — Não conseguia pensar direito,
vendo ele vir pra cima de você.

— Nada do que se desculpar. Você me salvou. —Ela esfregou a mão


nas costas dele suavemente, e ele se virou para encará-la com a
mandíbula tensa.

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Foi um momento diferente para eles.

Sem distração, música estrondosa tocando. Não há reuniões para


organizar, agendas para configurar ou clientes para fazer feliz.

Apenas ele e ela, com apenas ar frio entre eles, enquanto uma vida
inteira de desejos e memórias pairava como vaga-lumes.

— Da próxima vez, vou acompanhá-la até a saída. —Sua voz havia


retornado principalmente ao seu estado normal de calma, mas Harley
sentia tudo menos calma no momento.

Só de tê-lo por perto tornava sua masculinidade esmagadora. Seus


lábios esculpidos eram tão cheios. A mandíbula dele era tão reta, o nariz
reto também, exceto por um pequeno recorte de ser quebrado antes que
ela o conhecesse.

Era um rosto que ela via constantemente, tanto acordada quanto em


sonhos.

Ela precisava dizer algo. Qualquer coisa. Ela não suportaria mais
um dia de tensão entre eles. De nunca saber o que poderia acontecer se
ela desse o primeiro passo.

— Por quê …? —Harley gaguejou, tentando reunir coragem. — Por


que continuamos fazendo isso?

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— Fazendo o que? —Benny perguntou, as mãos penduradas ao lado


do corpo.

— Isso, —ela exclamou baixinho, apontando entre eles. — Nós


continuamos circulando um ao outro. Não finja que não percebeu.

— O que você quer dizer? Sempre fomos assim. Melhores amigos,


—Ele sorriu, mas havia hesitação em seus olhos.

Ela odiava que ele fosse um profissional em fingir não ver. Em


mergulhar com possessividade raivosa e fingir ser um amigo. Ao enviar
olhares furtivos em sua direção quando ele achava que ela não estava
olhando.

Reunindo toda a sua coragem, ela estendeu a mão para agarrar a


mão dele. Sua pele, calejada por anos de trabalho, enviou um zing
através dela, e seus olhos se arregalaram ligeiramente com o toque.

Quando ele não se afastou, ela se aproximou do único homem que


sempre quis. Seu cheiro, como pinheiros no inverno, ficou mais intenso
quando ela estava a apenas alguns centímetros de distância. Intoxicante.

Benny ficou parado até que seus corpos estivessem quase juntos. Ele
estava tão perto que Harley quase podia prová-lo, podia imaginar o que
ele sentiria ao tocar, abraçar, amar.

Para sua surpresa, a mão dele subiu, brincando com os cachos de

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sua nuca. Seu polegar acariciou seu pescoço com ternura, e Harley
congelou com o toque, sua alma doendo por muito mais.

Era isso. Isso foi tudo. Tudo que ela sempre quis, e ...

E então sua mão caiu lentamente e ele deu um passo para trás com
relutância. — Harley, eu ... —O silêncio após as palavras de Benny era
como uma faca pendurada no ar acima dela, pronta para cortar o tênue
cordão de esperança esticado entre eles. Ele o cortou com suas próximas
palavras. — Me desculpe.

Desculpe por fazer um movimento, ou desculpe por não ir mais longe?

Harley não tinha certeza se ela queria saber. Ela não tinha certeza
se seu coração poderia aguentar. Então ela acenou para ele, abaixando
a cabeça, sentindo-se uma idiota absoluta, e se virou para correr de volta
para sua caminhonete. Quando ela estava lá, ela abriu a porta, pulou
para dentro, e fechou-o com força. Ela enfiou a chave na ignição, e o
motor a diesel rugiu para a vida.

Do lado de fora de sua janela, os olhos castanhos de Benny


observavam tristemente enquanto ela saía do estacionamento e entrava
na noite sombria.

Segundos pensamentos a atormentaram durante todo o caminho


para casa. Ela deveria ter falado mais? Menos? Esperado por uma

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explicação?

Teria alguma importância?

Ela balançou a cabeça enquanto estacionava em sua garagem,


temendo o pensamento de passar outra noite sozinha.

CAPÍTULO
BENNY NÃO CONSEGUIA ACALMAR SEU CORAÇÃO, embora ele
não soubesse se era por causa da luta com o idiota ou Harley o tocando
de uma maneira que nunca tinha feito antes, não sabia.

Seu corpo inteiro ainda parecia paralisado pela sensação de tocá-la,


o jeito que ela cheirava, o pensamento de passar as mãos por todo o
corpo dela, a maneira como ele doía mais do que por qualquer coisa em
sua vida.

Eles estavam juntos há tanto tempo, mas apenas como amigos.


Sempre como amigos.

Em seus sonhos, as coisas eram diferentes. Eles estavam juntos. Eles

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eram …

— Isso foi difícil de assistir, —uma voz disse fluentemente enquanto


uma figura alta emergia das sombras.

Os olhos de Benny escanearam para cima, de uma calça elegante


até uma camisa de botão lilás bem justa que combinava com os olhos
roxos de Fifi, contrastando com sua pele pálida e seu cabelo loiro-
branco, que estava ligeiramente desgrenhado em torno de seu rosto.

Um rosto que era quase etereamente belo e quase deslocado em um


corpo tão alto e musculoso.

Embora Fifi fosse um lobo, sua altura era mais parecida com a de
um urso.

Um urso grande.

— Há quanto tempo você está aí? —Benny perguntou, a garganta


ficando seca quando ele percebeu o que poderia ter visto. Não que muita
coisa tivesse acontecido entre ele e Harley, mas parecia
insuportavelmente íntimo.

Fifi gentilmente arregaçou as mangas, expondo antebraços fortes.


Seus olhos felinos encontraram os de Benny. — Tempo suficiente,
querido urso.

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Benny estremeceu. — Como eu não te vi ou cheirei você?

Fifi cruzou os braços enquanto ele dava mais um passo à frente. —


As pessoas só veem o que procuram. Você não estava me esperando,
então ...

Benny balançou a cabeça. — O que você quer, Fifi? —Ele precisava


ir para casa e tomar um pouco de Benadryl e algumas centenas de
banhos frios para se acalmar depois de uma noite como esta.

Fifi inclinou a cabeça enigmaticamente. — Acho que isso é mais


sobre o que você quer.

— Não sei o que você quer dizer, —Benny disse teimosamente,


virando-se para voltar para o bar.

— Essa dancinha que você está fazendo com Harley. É tão estranho.
Apenas fique com a garota e tire todos nós da nossa miséria.

Benny fez uma careta. — Não o contratei para dar conselhos sobre
meus relacionamentos pessoais.

Fifi sorriu. — Não, mas isso é apenas o que eu faço. Então vou te
perguntar novamente. O que você quer? —Ele ergueu o nariz delicado,

A Difenidramina, ou cloridrato de Difenidramina, também conhecido como Benadryl, é um anti-histamínico bloqueador H1 e


sedativo. É um derivado da etanolamina. Compete com a histamina pelos receptores H1 presentes nas células efetoras.

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farejando o cabelo, e seu sorriso se alargou. — Ou devo dizer o que essa


besta desagradável dentro de você quer?

Benny se sentiu um pouco como se o mundo tivesse mudado


quando as palavras de Fifi reverberaram em seu peito. Como ele sabia?
Ninguém sentiu isso, nem mesmo os outros shifters. — Como você ...

Fifi apenas ergueu uma sobrancelha com impaciência, como se


estivesse dizendo para ele ir em frente.

Benny suspirou. — Não me importo com o que essa coisa quer. Mas
tudo que eu quero, tudo que eu sempre quis, é ser normal.

Fifi inclinou a cabeça. — Sempre achei que ser normal é


superestimado.

Benny mordeu o interior da bochecha. — Ainda quero se isso


significar estar com Harley.

— Um grande enigma, —Fifi disse, olhando para ele atentamente.


Ele tinha um jeito de olhar para Benny que o fazia querer desaparecer
no chão. Ele não gostou da maneira como o lobo parecia ver através
dele. — Então você quer Harley. Até onde você está disposto a ir por
ela?

Benny soube a resposta para isso instantaneamente. — Não há

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limite para o quão longe eu iria. Em toda a galáxia, se fosse possível. —


Ele balançou sua cabeça. — Mas eu venho coletando contatos há anos.
Falei com centenas de shifters. Meu último pensamento foi que Lock
poderia encontrar algo enquanto tentava derrubar o Tribunal, mas nem
isso aconteceu. —Ele enfiou as mãos nos bolsos, tentando esquecer a
sensação dos cachos e da pele macia de Harley. — Não há esperança.

Fifi fez uma careta, seus olhos semicerrados brilhando como


ametistas. — Nunca te considerei um desistente. Além disso, você ainda
não me colocou no trabalho. Existem lugares sombrios no mundo dos
shifters que nem Lock conhece. Lugares que meu trabalho me enviou e
que poucos já viram.

Benny tentou suprimir a esperança que explodia dentro dele como


fogos de artifício disparados contra sua vontade. — Mesmo se isso for
verdade, por que você me ajudaria?

Fifi encolheu os ombros. — Meio que devo a você. Você manteve


Lock vivo todos esses anos, e ele me ajudou a me libertar. Você também
me deu um lugar para pousar, onde eu poderia estar com minha irmã.

— Isso é tudo verdade, —disse Benny. — Mas nunca quis que você
me devesse. Gosto de ajudar as pessoas. Isso é tudo.

— Eu também estou entediado, —disse Fifi, deixando escapar um

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suspiro áspero. — Nunca tive um desafio como este. Acho isso ...
divertido.

Enquanto Benny estava considerando isso, o homem que ele havia


dado um soco antes soltou um gemido, mexendo-se a seus pés. Ele
provavelmente não deveria ter batido nele com tanta força, mas quando
o viu tentando chegar a Harley ...

— Ewww, é melhor eu cuidar disso, —disse Fifi. — Antes de fazer


isso, pode me dizer o que ele fez?

— Ele assediou Harley mais cedo, então tentou confrontá-la perto


da caminhonete. E ameaçou forçá-la.

Os olhos de Fifi brilharam ameaçadores, e até mesmo Benny


instintivamente quase deu um passo para trás.

— É mesmo?

Benny acenou com a cabeça. — Ele não a tocou, entretanto. Não


sei se ele teria, porque eu me envolvi antes que isso pudesse acontecer.

— Bom, —disse Fifi. — Acho que vou ter uma conversa com ele, a
partir daí. —Ele agarrou o homem pela manga e começou a arrastá-lo,
então parou. — Você decidiu se gostaria que eu investigasse as coisas
para você?

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Benny respirou fundo e depois o soltou. — Apreciaria muito isso.

O olhar de Fifi estava satisfeito. — Excelente. Te aviso assim que


eu descobrir alguma coisa. —Quando ele começou a arrastar o homem
quase inconsciente, Benny sentiu uma ponta de preocupação.

— Lock me contou o que você fez pelo Tribunal. Você não vai ...
—Benny parou de falar, sem jeito.

— Matar ele? —Fifi perguntou. — Não, acho que não. Ou eu vou?


—Seu sorriso mostrou uma presa. — Depende da resposta dele.
Depende do meu humor. Depende de muitas coisas. —Ele começou a
desaparecer na esquina. — Boa noite, Benny.

Então, com uma risada melódica que pairava no ar noturno e


assustava Benny completamente, ele se foi.

Benny apenas balançou a cabeça enquanto entrava no bar para


fechar.

QUANDO A CAMPAINHA tocou na tarde seguinte, Harley estremeceu

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um pouco, ainda de ressaca da terrível rejeição da noite anterior.

Ela se levantou e se arrastou até a porta, apenas um pouco


envergonhada por ainda estar em um pijama de flanela com um roupão
por cima.

Ambas as peças de vestuário já tinham visto dias melhores.

Ela espiou pelo olho mágico e ficou surpresa ao ver Jackie e Tasha
em pé na varanda.

Ela suspirou enquanto destrancava a porta. Estava feliz em ver suas


amigas, mas não planejava ver ninguém. Estava planejando ficar de
mau humor por um tempo, tomar um banho longo e confortável, e então
tentar voltar aos negócios como de costume e esquecer que ela tentou
fazer qualquer coisa.

— Ei, —ela disse enquanto abria a porta.

— Ei! —Tasha disse ansiosamente, correndo para puxar Harley


para um abraço. Seu cabelo loiro estava perfeito, como sempre, com
pequenas mechas azuis, e ao contrário de Harley, ela estava vestida na
moda com um suéter e jeans.

Jackie se adiantou para abraçar Harley também. Jackie era uma


pessoa mais quieta, mais baixa, com cabelo e pele escuros e lindos olhos
castanhos brilhantes. Tasha era uma loba, enquanto Jackie, como

BENNY
33

Harley, era humana. — Íamos ter um dia das meninas, então é claro que
tínhamos que convidá-la. Você não estava atendendo ao telefone.

Harley corou ao perceber que provavelmente o deixara desligado na


mesinha de cabeceira. Ela não queria ter notícias de um Benny culpado.

— Oh, desculpe. Entre.

— Você está horrível, —disse Tasha. — Quero dizer, você é linda


como sempre, mas tem círculos sob os olhos e parece ...

— Triste, —disse Jackie. — Aconteceu alguma coisa?

Harley abriu a boca, depois fechou novamente, sem saber o que


dizer. — Hum. —Ela fechou e trancou a porta, então se juntou às amigas
nos sofás da sala de estar, puxando o robe ao redor dela com mais força.
— Não?

— Oh, vamos lá, —disse Tasha, estreitando os olhos para ela. — Eu


conheço você. Você é a pessoa mais gentil e descontraída que conheço.
Algo está estressando você.

Harley suspirou, afundando nas almofadas do sofá como se eles


pudessem engoli-la inteira.

Se pudesse.

Quando ela pensou sobre seu momento com Benny, como foi bom

BENNY
34

por apenas um segundo antes de tudo desmoronar ao seu redor, parecia


que ela mal conseguia respirar.

Mas ela se forçou a ficar calma. Ela e Benny passaram por muita
coisa juntos. Eles poderiam passar por isso.

— Está tudo bem, —Jackie disse suavemente. — Você não precisa


falar sobre isso, mas estamos aqui se você quiser.

— Sim, —disse Tasha. — Nós só queríamos ver você.

— E Lionel, —disse Jackie. — Você disse que eu poderia vê-lo


sempre que quisesse.

Harley sorriu. — Se você puder encontrá-lo. Ele adora se esconder


com meu outro gato nos lugares mais estranhos.

Enquanto Jackie se levantava para procurar Lionel e Tasha manteve


um fluxo constante de conversa casual sobre suas aventuras de
decoração de casa com Lock, Harley sentiu tudo nela relaxando.

Era bom que seus colegas de trabalho e amigas tivessem acasalado,


porque agora havia mais meninas ao redor, enquanto antes, Harley
sempre fez parte do clube dos meninos.

Mesmo que Tasha e Jackie se conhecessem há muito mais tempo,


elas nunca deixaram Harley se sentir excluída, e ela realmente apreciou

BENNY
35

isso.

— Obrigado por ter vindo, —Harley disse hesitante. — E desculpe


se eu estava fora disso antes.

— Está tudo bem, —disse Tasha, sorrindo. — Nós somos amigas.


Não estamos aqui apenas para os bons momentos. Porém, é sempre um
bom momento com você por perto. —Ela olhou para cima quando
Jackie entrou na sala, segurando Lionel, arrulhando e acariciando seu
rosto.

— Sim, —disse Jackie, sentando ao lado de Harley e entregando seu


Lionel que ronronou e se aninhou no colo de Harley, parecendo feliz
por estar ali.

— Por isso, não tenha medo de ligar.

Harley sorriu, sentindo-se quase emocionada com o apoio que suas


amigas estavam dando.

— Vocês são as melhores. Acho que posso falar com vocês sobre
algo ...

Jackie e Tasha ergueram os olhos ansiosamente. — Sim, —elas


disseram em uníssono.

Harley suspirou, enfiando as mãos nos bolsos do roupão. — É o

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36

Benny, —Jackie e Tasha compartilharam olhares enigmáticos.

— O que você quer dizer? —Tasha perguntou. — Ele finalmente fez


um movimento?

— Tasha, —Jackie disse, balançando a cabeça como se para tentar


impedi-la. — Nós não deveríamos ...

— Já estava na hora, —Tasha disse. — Todos nós sabemos o que


ele sente por ela, e ...

— Você está errada, —disse Harley. — Eu fiz um movimento ontem


à noite, e ... sim. Não correu bem.

O rosto de Tasha caiu. — Que porra é essa, Benny? —Ela colocou


o cabelo atrás da orelha nervosamente. — Qual é o problema desse cara,
afinal?

— O que você quer dizer? —Harley perguntou.

— Quero dizer, o que ele faz, além de torturar todos com sua tensão
sexual com você?

Harley riu. — Juro que não é assim. Somos apenas bons amigos. As
pessoas fazem parecer mais do que é. Estamos apenas muito próximos.

Jackie franziu a testa. — Ele é um shifter, certo? Ele nunca fala sobre
isso, não como os outros caras.

BENNY
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Harley pensou por um momento. — Quero dizer, ele é um urso,


mas não acho que seja normal para um shifter.

— Como assim? —Jackie perguntou.

— Ele nunca muda, —disse Harley. — Ele sempre deixa alguém


fazer isso ou cuida das pessoas com as próprias mãos.

Jackie riu, — Sem trocadilhos.

Tasha se mexeu na cadeira, desconfortável. — Você está certo, no


entanto. Isso não é normal. Eu não sabia que era um shifter porque Fifi
estava me enviando algo para suprimir isso para me manter segura. Mas
agora que posso mudar, não sei como poderia passar uma semana sem
isso, muito menos anos.

— Talvez ele faça e você simplesmente não veja, —disse Jackie.

Harley balançou a cabeça. — Pelo que eu sei, ele evita isso


completamente.

— Essa não é a única coisa que ele evita, —Tasha disse irritada. —
Vamos, vocês dois seriam tão bons juntos.

Harley ignorou a pontada em seu peito enquanto pensava nisso. —


Acho que ele não pensa assim.

— Ele está de ponta-cabeça por você, —disse Tasha. — Qualquer

BENNY
38

um poderia ver.

— Tão protetor, —Jackie adicionou prestativamente.

Harley encolheu os ombros. — Apenas como um amigo. O que está


bem. Mais do que tudo, eu só não quero perder a amizade. não deveria
tê-lo empurrado. Isso é tudo.

— Não, —disse Tasha. — Você estava certa em fazer um


movimento. Algo precisava acontecer. Então o que houve?

— Apenas perguntei a ele o que era essa coisa entre nós. Então eu
... toquei sua mão. Ele tocou meu rosto.

Jackie suspirou. — Que romântico.

Tasha não parecia conquistada. — E então?

Harley suspirou. — Ele apenas disse que sentia muito. Eu corri


depois disso. Foi muito estranho. —Ela fechou os olhos, lembrando-se
disso. — Mas só por um segundo lá ...

— O que? —Tasha perguntou, balançando as sobrancelhas.

Harley acariciou Lionel suavemente. — Foi como mágica. Como se


eu pudesse sentir tudo entre nós quando ele me tocou de volta. —Ela
deixou Lionel pular no chão, provavelmente em busca de comida. —
Mas então ele me recusou e as coisas voltaram ao normal.

BENNY
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Os lábios de Tasha pressionaram em uma linha fina. — Ele disse


que sentia muito. Acho que é muito vago para dizer que ele estava
rejeitando você. Ele poderia estar se desculpando por fazer um
movimento.

— O que eu deveria ter feito diferente? —Harley inclinou a cabeça.

Tasha suspirou. — Tocar na mão dele é bom e tudo, mas talvez você
precise ser mais direta. Mostre a ele como vocês dois poderiam ser
juntos. Realmente, faça um movimento ousado para dizer a ele o que
você quer e como se sente. Então, se ele recusar você, você saberá que é
real.

O coração de Harley começou a bater mais rápido. — Não sei. Sim,


as coisas estavam um pouco vagas ontem à noite, mas não sei se poderia
suportar se ele me recusasse novamente, especialmente se eu estivesse
sendo mais aberta.

— Pensei que você amava esse cara, —Tasha disse, cruzando os


braços com impaciência. — Pode levar um minuto para trazê-lo de
volta. Ele pode não se sentir bem o suficiente para você ou algo assim e
precisa de um pouco de convencimento de que é realmente o que você
quer.

Harley supôs que Tasha pudesse estar certa sobre isso, mas ainda

BENNY
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assim, o pensamento era assustador. — Não sei.

— Eu também não, —Jackie disse. — Tasha, tudo isso pode dar


terrivelmente errado.

— Já está dando errado, — disse Tasha —Às vezes, as pessoas só


precisam ser realmente abertas umas com as outras. —Ela olhou para
Harley. — Você vai ficar infeliz se não fizer nada, certo?

— Não, —disse Harley, mas sabia que era mentira. — Vou tentar
ficar bem em ser amiga dele. Com deixar as coisas voltarem a ser como
eram.

— É uma pena, —disse Tasha, os olhos brilhando. — Porque você


sabe, pode ser muito bom conquistar Benny. Enrolar-se naqueles braços
fortes, olhe para esses olhos cor de avelã ...

Harley riu, sentindo-se estranha com o quanto seu pulso acelerou


com as imagens de Tasha. — Pare com isso. Você e seu irmão são
agitadores de merda, vocês dois.

Tasha riu. — Só um pouco. Apenas quando alguém precisa.

Jackie riu. — Pelo que vale, acho que você pode tentar ser um pouco
mais ousada. Não acho que doeria muito mais, e se você pudesse voltar
a ser amiga agora, você poderia fazer isso mais tarde.

BENNY
41

Harley teve que admitir que Jackie tinha razão. Tasha também.
Harley não podia mais esperar por Benny, e se ela ia desistir de ter mais
dele, ela tinha que saber que tinha dado tudo o que podia.

— Tudo bem, —disse Harley para Tasha. — Então o que eu faço?


—Ela jogou as mãos para o alto. — Não tenho ideia sobre esse tipo de
coisa.

Tasha esfregou as mãos, inclinando-se para frente com um sorriso


ansioso no rosto. — Apenas deixe comigo.

Então Harley fez exatamente isso, recostando-se na cadeira e


ouvindo maravilhada enquanto Tasha revelava o plano perfeito.

CAPÍTULO
BENNY NÃO PÔDE DEIXAR DE TORCER PARA QUE Fifi
encontrasse alguma coisa, pelo menos um pouco de informação, por
isso foi decepcionante quando ainda não havia progresso vários dias
depois.

BENNY
42

As coisas eram menos estranhas com Harley. Ela parecia tê-lo


perdoado rapidamente pelo que aconteceu na outra noite e não disse
nada sobre isso desde então.

Ela até estava um pouco mais alegre nos últimos dias, e Benny
decidiu esperar que talvez as coisas voltassem ao normal.

Não que ele pudesse esquecer como foi tocá-la, estar tão perto, ver
seus olhos olhando para ele com tanto calor e carinho.

Esperançosamente, Fifi teria algum tipo de informação para ele em


breve.

Ele puxou o telefone para enviar uma mensagem de texto rápida,


perguntando a Fifi se havia alguma atualização. A resposta foi quase
instantânea.

Benny franziu a testa enquanto digitava sua resposta.

‘Appletinis’ um martini de maçã é um coquetel contendo vodka e um ou mais de suco de maçã, cidra de maçã, licor de
maçã ou aguardente de maçã. Não é um verdadeiro martini, mas é uma das muitas bebidas que incorporam o termo martini em seus nomes.

BENNY
43

A resposta de Fifi veio um momento depois.

Benny suspirou de frustração.


Ele enviou, então corou de mortificação ao
perceber o que havia enviado.

Ele estremeceu ao abrir a resposta de Fifi.

Benny digitou rapidamente uma nova mensagem.

respondeu Fifi.

Benny jogou o telefone no sofá, bufando de aborrecimento. O lobo


estúpido gostava de balançar para os dois lados, ele irritava ambos os
sexos igualmente.

Quando seu telefone tocou novamente, Benny quase o ignorou, mas


então percebeu que era o tom de mensagem de texto de Harley. Ele
quase caiu do sofá, tentando pegar o telefone, ansioso para ver o que

BENNY
44

Harley havia enviado.

Benny abaixou as sobrancelhas enquanto relia o texto. Para que ela


iria querer vê-lo?

Ele
mandou uma mensagem de volta.

Ele olhou para a tela nervosamente. Ela iria desistir dele? Ela estava
brava o suficiente com a rejeição dele para vender sua parte no clube?
Ela não queria mais estar perto dele?

Seu coração batia forte enquanto ele considerava suas opções para
fazê-la ficar. Ele deveria apenas contar a ela mais sobre seu urso? Ele
estremeceu, incapaz de imaginar isso. Pelo menos até que ele tivesse
algum tipo de solução.

Não era justo fazê-la esperar, mas se ela quisesse ...

Não, ele não ia fazer promessas. Não quando ele nem tinha uma
única pista de Fifi.

Ainda assim, ele não podia evitar Harley, e qualquer que fosse a
decisão que ela tomasse, ele a respeitaria. Ele lhe devia pelo menos isso,

BENNY
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não importa o quanto isso o machucasse.

Ele enviou a mensagem e foi para o quarto escolher uma roupa.


Escolheu uma camisa de botão azul com aparência de flanela, porque
Harley sempre disse que ficava bem de azul e não ligava muito para o
que as outras pessoas pensavam sobre sua aparência.

Combinando com uma camiseta branca justa por baixo e jeans


escuros e botas de trabalho, ele achou que parecia apropriado para ir ao
clube.

Era o início da tarde, então eles não abririam por mais algumas
horas ainda.

Ele entrou em sua caminhonete e dirigiu até o clube, tentando não


ficar mais nervoso a cada quilômetro que o aproximava.

Quando ele viu a caminhonete dela estacionada em frente ao Club


Crimson, ele sentiu seu coração começar a bater um pouco mais forte
no peito. Então, com muito mais força, quando ele saiu e caminhou até
a entrada.

Respirou fundo, preparando-se para tudo o que veria quando


entrasse. Mas quando abriu a porta e olhou para dentro, ele sabia que

BENNY
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nada poderia tê-lo preparado para o que estava lá.

Era Harley em um vestido que fazia partes de seu corpo


responderem a ela quando não tinham nada que responder.

Deus, ela era bonita.

Não, enquanto ela estava sentada ali naquele vestido vermelho, tão
justo, envolvendo todas as suas curvas, expondo os braços cremosos e
mergulhando na frente para mostrar o decote que Benny sempre tentava
desviar o olhar, ela era muito mais do que bonita.

Ela era tudo. Sempre foi.

Ele engoliu em seco, tentando lembrar como pensar. Como falar.


Como se mover.

— Benny? —Ela se levantou, sorrindo hesitantemente. — Você está


bem?

Seus cachos foram puxados para cima e longe de seu rosto,


chamando a atenção para suas feições perfeitas. Era um rosto que ele
poderia olhar pelo resto de sua vida, se isso fosse possível.

Ele engoliu algumas vezes, então esfregou uma mão sobre sua
mandíbula, tentando soltar seu rosto o suficiente para falar. Enquanto
isso, seus olhos desceram para notar que o vestido era curto, mostrando

BENNY
47

as pernas curvilíneas absolutamente lindas em saltos altos.

Ele podia apenas imaginar aqueles saltos no chão, o vestido dela


espalhado por perto, e os dois entrelaçados em êxtase, o ar ao redor deles
aquecido, seus corpos ...

— Não, sério, você está bem? —Ela começou a andar em direção a


ele, e a preocupação em seus olhos finalmente o tirou do torpor de
luxúria que ela o colocou.

Ele se endireitou, enfiando as mãos nos bolsos. — Desculpe. Foi


uma manhã movimentada, e ... você está linda.

Suas bochechas se iluminaram com uma cor bonita enquanto ela


girava na frente dele como se pensasse que ele ainda não tinha notado
cada pedacinho dela. Como se sua boca não estivesse salivando.

Mas ela não precisava se vestir assim para ele ansiar por ela. Já fazia
isso todos os dias.

Ela estendeu a mão para pegar a mão dele e puxou-o para a mesa.

— Venha. Tenho uma surpresa para você.

Enquanto a seguia até a mesa, que estava posta para dois, notou que
havia uma música suave e romântica tocando ao fundo. O tipo de
música que eles colocam para uma dança lenta.

BENNY
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Ele puxou a cadeira para ela, em seguida, olhou para a mesa


enquanto se sentava em frente a ela.

Havia dois pratos, um na frente de cada um deles, e ele sorriu ao


perceber que ela havia feito salmão , seu prato favorito absoluto.

Ele sorriu, sabendo que era um clichê, já que ele era um urso, mas
isso o fez se sentir aceito também.

— Isso parece incrível.

Claramente, ela só queria que as coisas voltassem ao normal entre


eles. Este deve ser o seu ramo de oliveira, embora ela não precisasse
fazer nada contra ele de forma alguma. Foi ele quem fodeu as coisas.

Agora, enquanto olhava para ela do outro lado da mesa, uma vela
brilhando suavemente entre eles, ele estava feliz que eles pudessem ser
amigos novamente.

Eles jantaram, depois comeram a sobremesa, rindo e conversando


sobre coisas do clube e coisas que seus amigos estavam fazendo. Todo
o tempo, Benny podia observar sua amiga e se perguntar como ela podia
ser tão bonita e valorizar um momento tão suave juntos.

Salmão é o nome vulgar de várias espécies de peixes da família Salmonidae, que também inclui as trutas, típicos das águas
frias do norte da Eurásia e da América. Várias espécies são criadas em aquacultura, especialmente a espécie Salmo salar.

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Ele estava de tão bom humor depois do jantar que não conseguiu
dizer não quando ela se levantou e estendeu a mão, pedindo-lhe para
dançar.

Eles já dançaram juntos? Mesmo como amigos?

Foi quase demais para ele quando ele pegou a mão dela e a levou
para a pista, pronto para se mover em uma postura de salão de baile com
uma mão em sua cintura e a outra em sua mão.

Mas quando chegaram ao centro da pista, ela estendeu os braços


para colocar as mãos nos ombros dele, enrolando-as em volta do
pescoço.

Ele olhou para ela, pavor se acumulando em seu estômago quando


percebeu que poderia ter entendido mal o tempo todo.

Quando ela começou a balançar de um lado para o outro, sorrindo


para ele, ele tentou desesperadamente pensar em como responder a ela.
— Isso é bom, certo? —Ela cantarolou baixinho, fechando os olhos
enquanto eles se moviam com a música. — Um final de tarde muito
agradável.

— Sim, —ele disse tenso. — É maravilhoso.

Seus olhos se abriram, tão luminosos e verdes que ele mal conseguia
respirar. — Você não pode imaginar quanto tempo eu queria uma dia

BENNY
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como este.

— Ouça, Harley ... —Ele tentou se afastar um pouco. Machucá-la


era a última coisa que ele queria no mundo.

Eles não haviam esclarecido isso na outra noite? Ele não queria
machucá-la novamente.

Ela balançou a cabeça. — Eu sei. Sei que algo aconteceu no


estacionamento, mas não foi o suficiente. Corri como uma covarde e
você merece ouvir tudo o que tenho a dizer. Se ainda assim você quiser
dizer não depois ...

Deus não. Não faça isso, ele pensou. Não antes de Fifi ...

Ela enrolou uma mão em seu cabelo, acariciando levemente, e ele


perdeu sua maldita mente, incapaz de fazer qualquer coisa além de
fechar os olhos e se inclinar em seu toque, preparando-se para suas
palavras.

— Me importo com você, Benny. Sempre me importei. Sempre irei.


Mais que um amigo. Deveria ter dito isso antes, mas eu sempre podia
sentir que você estava ... evitando isso. Me evitando.

Ele abriu os olhos. — Nunca iria evitar você.

— Você evita minha verdade, —disse ela. — Você sabe que eu tenho

BENNY
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sentimentos. Você não quer enfrentar isso. —Sua mão se moveu para
segurar seu rosto, seu polegar acariciando sua bochecha suavemente. —
Apesar do que você disse no estacionamento, eu sei que você me quer
também.

— Harley... —Sua voz estava rouca. Com ela tocando seu rosto,
despertando a besta dentro dele, ele não conseguia pensar direito. —
Nós não podemos ...

— Não, —ela disse, e quando ele olhou para ela, ele viu seus olhos
brilhando com lágrimas. Deus, parecia chuva na grama da primavera.
— Me deixe terminar.

Ele acenou com a cabeça, determinado a deixá-la dizer o que


quisesse, mesmo que o machucasse. — Okay.

Ela respirou fundo. — Nenhum de nós nunca esteve com ninguém.


Por que você acha que é isso? Posso não ser um shifter, mas até eu
entendo o que são companheiros. Por que não podemos ser nós? Já
estamos sempre juntos. Todo mundo pode ver isso. Por que você não
pode?

Ele fechou os olhos novamente com dor, vendo sangue, morte,


caos. Seu passado. Coisas que ele não conseguia controlar, embora
nunca tivesse desejado tanto que as coisas fossem diferentes.

BENNY
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Ele abriu os olhos para encará-la novamente, embora cada segundo


que ele olhasse para suas lágrimas fosse doloroso. — Eu amo você,
Harley. Mais que a vida. Você sabe disso.

Suas mãos se apertaram, movendo-se para seus ombros. — Então


por que você não está comigo?

— Estou com você, —disse ele, mantendo as mãos na cintura dela


suavemente. — Sempre estarei se você quiser.

Ela balançou a cabeça, dando um passo para trás, removendo seu


toque precioso para envolver as mãos ao redor de si mesma. — Não do
jeito que eu quero. —Ela olhou para ele, as bochechas queimando. —
Oh Deus, eu me humilhei de novo. Nunca deveria ter feito isso.

Ela se virou para correr, mas Benny a pegou pela mão, puxando-a
contra ele. Embora ela lutasse, ele a segurou contra seu peito, deixando-
a bater nele até que ela deixasse as lágrimas saírem.

— Shh, está tudo bem, Harley. Está tudo bem, —ele disse
gentilmente enquanto as mãos dela enrolavam em sua camisa. Tinha
sido um final de tarde tão incrível, e agora estava arruinado.

Ela olhou para ele, o rosto coberto de lágrimas. — Simplesmente


não entendo. Por que você não pode? Me ajude a entender isso?

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Ele hesitou enquanto acariciava seu cabelo para trás, então enxugou
as lágrimas sob seus olhos. Ele nunca se sentiu tão preso antes. Nunca
quis tanto ter apenas uma lâmpada mágica para desejar que seu urso
terrível se afastasse. Maldito mundo que o condenou a isso.

Se ao menos ele pudesse ignorar os avisos dentro dele, mas mesmo


a menção dela da palavra companheiro fez a besta soltar um rosnado.

E quando as imagens da carnificina mais uma vez surgiram dentro


dele, ele sabia que por mais que amasse Harley, ele nunca, jamais
poderia colocá-la em risco.

Enquanto ele lentamente se afastava para dar uma resposta, ele se


odiava.

Ele segurou as mãos dela, esperando que ela olhasse para ele,
embora ela não o fizesse a princípio.

Quando ela finalmente o fez, seu coração parecia partido, mas seu
rosto era corajoso. — Bem. Apenas me diga.

Dire em inglês quer dizer terrível no caso um Dire Bear significando um


‘Urso -terrível’, é um urso que viveu entre 800 000 e 12 500 anos atrás durante o Pleistoceno (era que procedeu a nossa) na América do Sul e do
Norte. Os Dires como eles são chamados são monstros pré-históricos.

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— Não quero perder você.

Ela balançou a cabeça. — Você não vai. Pode levar algum tempo,
mas vou tentar aceitar as coisas. Não importa o que aconteça, você faz
parte da minha vida.

Só de ouvir isso o aliviou muito. Embora ele não merecesse, saber


que ele ainda teria sua amizade era tudo.

Ele apertou as mãos dela com força. — Não é você; sou eu. Eu só
...

— Não, não assim, —disse ela, puxando as mãos livres enquanto


dava um passo para trás, as mãos se fechando em punhos ao seu lado,
parecendo tão ardente e bonita. — Se você vai fazer isso, seja franco.
Deixe as coisas claras.

Mas elas não eram claras. Elas eram obscuras. Mesmo agora, Fifi
estava trabalhando em algo, e isso pode significar que eles poderiam
ficar juntos.

Mas provavelmente não.

Benny sentiu que seu coração estava pegando fogo. — Harley, você
é tudo. Eu morreria por você. É só que ... —Ela olhou para ele
impacientemente.

BENNY
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— O que?

— É que eu não posso. Ainda não.

Ela ergueu o olhar para o teto, como se rezasse por paciência. Então
ela olhou de volta para ele. — Então quando? Quando seria melhor? —
Quando ele não respondeu, ela beliscou a ponta do nariz. — Por que
parece que você está escondendo alguma coisa? Por que parece que
estou no escuro quando deveria ser sua melhor amiga?

Ele mordeu o lábio inferior, não sabendo como responder.

Ela suspirou. — Apenas me diga. Você pode me dar o que eu quero,


ou não pode?

Ele sentiu uma dormência fria correr sobre ele quando ele abriu a
boca para responder. — Não posso. Pelo menos neste momento. —Suas
mãos se soltaram e se fecharam em punhos algumas vezes enquanto ela
olhava para o chão, piscando. Então ela ergueu os olhos, acenou com a
cabeça para ele e correu até a mesa para pegar sua bolsa.

— Estarei no trabalho esta noite, —ela disse, soando como se fosse


difícil falar. — E não se preocupe. Nunca mais vou incomodá-lo com
isso. Você pode ficar com qualquer outra pessoa. Não me importo mais.
Vou encontrar outra pessoa também.

Ela saiu correndo do club, e quando ele descongelou o suficiente

BENNY
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para ir atrás dela, ela já estava se afastando em sua caminhonete como


havia feito na outra noite no estacionamento.

Benny se amaldiçoou por sempre chegar tarde demais. Por ser tão
sem esperança.

Por arruinar tudo por não ter coragem de dizer a ela o que ele era e
o que tinha feito. Ele gostaria de ter alguém para lhe dizer como fazer
tudo isso.

Apertando as mãos em punhos tão apertados que suas unhas


fizeram suas palmas sangrarem, ele voltou para o bar, sabendo que uma
bebida não ajudaria em nada, mas ele queria muito de qualquer
maneira.

CAPÍTULO
POUCAS HORAS E BEBIDAS DEPOIS, BENNY ESTAVA sentindo
um zumbido agradável que não diminuia o fato de que ele se sentia um
monte de merda.

BENNY
57

Ele era uma pessoa de merda. Harley merecia coisa melhor.

Seu cérebro já tinha inventado uma dúzia dos piores cenários agora
que ela tinha desistido de estar com ele.

O pior era a ideia de ela estar com outro homem, embora ele
soubesse que era seu trabalho não interferir se ela o fizesse.

Mesmo que isso o fizesse querer pular de uma ponte em algum


lugar, ele sabia que nunca conseguiria. Nunca poderia machucá-la
assim.

Não, esse seria o seu castigo: ter que ver a mulher mais linda do
mundo nos braços de outra pessoa, sabendo que ele mesmo nunca poderia
estar com ela.

Foi uma bela punição por ser tão covarde e deixar os dois manterem
suas esperanças por tanto tempo.

Benny ajudou Jackie a arrumar outra mesa e depois se dirigiu ao bar


para tomar outro uísque. Enquanto o servia, ele viu Harley entrar pela
entrada dos funcionários, então ele rapidamente jogou sua bebida
garganta a dentro e voltou para a pista de dança.

Jackie deu a ele um olhar desapontado, então voltou para montar.

Ótimo, todos provavelmente iriam odiá-lo assim que soubessem o

BENNY
58

que tinha acontecido.

Ele olhou de volta para o bar, incapaz de resistir a verificar Harley,


e viu que ela havia mudado. Seu cabelo estava solto e casual. Sua
maquiagem havia sido lavada e seu rosto estava limpo e nu. Ela estava
vestindo um moletom cinza que era largo e confortável, junto com jeans
apertados e tênis brancos.

Ela parecia tão fofa e adorável que ele só queria comê-la.

Ele riu amargamente do fato de que se ele realmente ficasse com


Harley, a besta dentro dele devorando-a seria literalmente possível.

O pensamento o fez caminhar rapidamente para seu escritório para


se esconder até que pudesse se acalmar.

Quando ele fechou a porta atrás dele e se jogou no sofá com as


costas na almofada e o braço sobre os olhos, ele ouviu uma batida suave.

Ele o ignorou, sem saber o que dizer a ninguém, e a batida se tornou


mais insistente. — Maldição, cara, eu tenho algo para você. —Essa era
a voz de Fifi.

Benny se sentou. — Entre.

Fifi abriu a porta e parecia puto como o inferno quando ele entrou.
Ele estava usando um blazer azul estiloso sobre uma blusa branca larga,

BENNY
59

combinada com jeans brancos e sapatos de barco . Teria parecido ridículo


em qualquer outra pessoa, mas ... também parecia ridículo em Fifi.

Benny se afastou dele, encarando as costas do sofá com petulância.


— Por favor, me diga que você não tem nada agora, porque é realmente
muito tarde.

Fifi empoleirou-se no braço do sofá e, quando ele falou, seu tom era
incomumente gentil. — Nunca pensei que conseguiria ficar com minha
irmã. Ou ter uma vida fora do Tribunal. —Ele estendeu a mão para dar
um tapinha na perna de Benny. — Vai ficar tudo bem.

Benny balançou a cabeça com raiva. — Fácil para você dizer.

— Não é, na verdade, —disse Fifi. — Mas isso pode esperar outro


dia. Vim dizer que ainda não encontrei nada, mas ainda estou
procurando. —Quando Benny não respondeu, Fifi suspirou. —
Aconteceu alguma coisa com você e Harley?

— Não quero falar sobre isso, —murmurou Benny.

— Bem, você precisa, e você pode muito bem comigo, porque eu

Sapatos de barco modernos foram inventados em 1935 pelo americano Paul A. Sperry de New
Haven, Connecticut, depois de notar a capacidade de seu cão de correr facilmente sobre o gelo sem escorregar. Usando uma faca, ele cortou
siping na sola de seus sapatos, inspirando um sapato perfeito para o barco e uma empresa chamada Sperry Top-Sider.

BENNY
60

não sou alguém para julgá-lo. Realmente não julgo ninguém.

— Besteira, você julga todo mundo, —Benny murmurou.

Fifi riu. — Observo a todos, mas com meus pecados anteriores, não
tenho o direito de julgá-los. De qualquer forma, o que aconteceu? Diga-
me, e talvez eu possa ajudar.

— A menos que você possa encontrar uma cura para meu urso
terrível, você não pode me ajudar. —Mas quando Fifi apenas esperou
pacientemente, Benny suspirou.

— Harley marcou este grande encontro. Ela queria ficar comigo. Eu


Fifi exalou asperamente. — Você estragou tudo, não foi? Aquela


linda garota quer você, e ...

Benny rolou, encarando Fifi com os olhos vermelhos. — O que eu


deveria fazer? Sou um monstro do caralho.

Fifi se encolheu um pouco diante da raiva de Benny, mas então seu


rosto assumiu uma expressão sardônica. — Não acredito nisso. Não
acredito que nada dentro de você possa machucá-la.

— Bem, poderia, —disse Benny. — Você não conhece nenhum


terrível, e você não conhece meu passado. Confie em mim. Poderia.

BENNY
61

Fifi colocou um dedo em seu queixo, pensativo. — Quero dizer.


Você já testou?

— Claro, —disse Benny sarcasticamente. — Porque beijar Harley


vale o risco de transformá-la em lasanha humana. Não, obrigado.

Fifi riu com vontade. — Que imagem mental horrível. Devo dizer,
Benny, sempre acho você divertido.

— Ótimo, —disse Benny, não se importando nem um pouco.

— Olha, —disse Fifi. — Não vim apenas para dizer que não tinha
nenhuma pista. Encontrei algo com um dos meus contatos.

Benny se levantou abruptamente para se sentar. — O que?

Fifi parecia hesitante quando ele puxou um pequeno frasco do bolso


do blazer. Era feito de vidro azul e continha várias pequenas pílulas
amarelas. — Houve muito poucos experimentos com terríveis no
Tribunal. Mas outros experimentos levaram a criaturas que …
precisavam ser suprimidas.

— Suprimida?

O olhar de Fifi escureceu. — Algumas coisas nunca deveriam ser


mudadas, nunca. Os experimentos do Tribunal com sangue de dragão
criaram algumas dessas coisas.

BENNY
62

— O que isso tem a ver comigo? —Benny perguntou impaciente.


Ele estremeceu, tentando suavizar seu tom. Afinal de contas, Fifi estava
tentando ajudar e ele não precisava. — O que são essas pílulas?

Fifi entregou o frasco. — Uma vez tomadas, elas suprimem a


mudança instantaneamente. Eles também podem nocauteá-lo por um
tempo. Mas de qualquer forma, eles são apenas à prova de falhas.

Benny olhou para eles, sem compreender. — Elas o quê?

— Se você tomar um desses quando sentir que seu pequeno


desagradável está prestes a sair, você pode suprimi-lo, protegendo aqueles
ao seu redor.

— Tem certeza que eles funcionam? —Benny perguntou.

Fifi cruzou os braços. — Deviam. Os cientistas do Tribunal só


fizeram trabalho de primeira linha. Ser ameaçado de morte, para você e
sua família, tem esse efeito.

Benny franziu a testa, pensando que se houvesse vidas no mundo


dos shifters ainda piores do que a dele, ser um cientista do Tribunal
poderia ser uma delas. Quando ele girou o frasco em suas mãos, as
possibilidades começaram a borbulhar nele rapidamente. — Então isso
... eu realmente posso usar isso?

BENNY
63

Fifi acenou com a cabeça. — Quando você quiser. Posso até


conseguir mais deles. Mas como eu disse, eles são à prova de falhas. Não
os use se não for necessário. Algumas coisas podem valer a pena, no
entanto ... como talvez tentar coisas com Harley.

Benny balançou a cabeça violentamente. — Não. — Embora as


pílulas o fizessem se sentir um pouco melhor sobre o fato de que poderia
suprimir seu urso se estivesse prestes a explodir, não queria abusar da
sorte.

Harley merecia mais do que isso. Ela ...

— Meu Deus, você ainda vai hesitar? —Fifi perguntou.

— Não hesitar, —disse Benny. — Vou deixá-la seguir em frente.

Fifi bufou. — Quero dizer, honestamente ... é tão sentimental.


Mesmo com as pílulas que estão na sua mão dando a você a chance de
pelo menos explorar as coisas, você realmente vai se acovardar assim?

Benny apenas olhou para ele. — Eu a amo. O que posso fazer?

Fifi levantou-se abruptamente. — Então, você ainda quer que eu


procure uma cura para o terrível ou está apenas desistindo da vida em
geral? —Seu tom era severo, impaciente.

— Você pode procurar, —disse Benny. — Duvido que você

BENNY
64

encontre uma.

Fifi revirou os olhos, parecendo prestes a desistir dele. — Você está


impossível agora. Bêbado. Depressivo. Um buraco destroçado.

Benny apenas rolou para trás para enfrentar o encosto do sofá


novamente. — Obrigado.

Fifi fez uma pausa enquanto ele abria a porta, e o silêncio pairava
pesado na sala entre eles. — Então você está desistindo da Harley?

Benny encolheu os ombros. — Tenho escolha?

— Acho que não, com essa atitude. Se você não se esforçar nem um
pouco, se não puder nem usar as pílulas ...

Benny balançou a cabeça.

— Então acho que sim, —disse Fifi, suspirando de frustração.


Houve outra longa pausa, e Benny se perguntou o que Fifi estava
esperando.

— Você ainda precisa de alguma coisa?

O tom de Fifi estava estranhamente calmo. — Então, acho que isso


significa que Harley é um agente livre, certo?

Benny olhou por cima do ombro para encarar Fifi. — Isso não é
engraçado.

BENNY
65

Os lábios de Fifi se curvaram em um sorriso frio. — Não estava


brincando.

Benny sentou-se novamente, pegando fogo apesar de todo o uísque


dentro dele. — Você não ousaria.

Os olhos roxos de Fifi brilharam ameaçadoramente. — Ah, acho


que sim. Ao contrário de algumas pessoas, não me importo de correr
riscos para conseguir o que quero.

Então ele se foi, fechando a porta atrás dele, deixando Benny


afundar no sofá com um gemido.

Com a imagem de Fifi se aproximando de Harley, Benny sentiu algo


rosnar dentro dele. Isso não é bom, embora soubesse que poderia
suprimi-lo.

Seu animal sempre se sentia mais próximo quando estava com


Harley. Quando eles estavam tocando ou fazendo qualquer coisa que
fosse mais do que amigável.

Ele ergueu o pequeno frasco de comprimidos, expondo-o à luz. Ele


rapidamente descartou a ideia de usá-los para tentar coisas com Harley,
mas e se Fifi estivesse certo?

E se eles funcionassem?

BENNY
66

Ao pensar em Fifi, ou qualquer outro homem—mas especialmente


Fifi—se aproximando de Harley, Benny sentiu um pouco de coragem
crescer dentro dele.

Talvez as pílulas funcionassem, e se funcionassem ...

Mas com certeza, ele teria mais tempo para pensar sobre isso,
porque Fifi devia estar brincando sobre se aproximar de Harley.

Ele tinha que estar, certo?

QUANDO HARLEY fez uma pausa mais tarde naquela noite, ela queria
apenas tomar alguns drinques e lavar sua dor, mas sabia que não era
uma boa ideia.

Ela queria ter clareza, permitir-se realmente sentir a realidade da


situação. Ela não poderia fazer isso se estivesse bêbada.

Além disso, Benny parecia estar bebendo o suficiente para os dois,


pois ela o via indo e voltando do bar.

Se as carrancas frustradas de Benny para todos eram alguma

BENNY
67

indicação, deve demorar muito para embebedar um urso.

Apesar de provavelmente ter bebido uma dúzia de bebidas, ele não


parecia nada relaxado.

Ela balançou a cabeça, perguntando-se por que diabos ele estava


irritado quando ele foi o único a rejeitá-la. Foi escolha dele, então por
que ficar bravo com isso?

Ela tomou um gole de sua água, tentando entender todos os anos


que passou apaixonada por ele, percebendo qualquer pequeno sinal de
que as coisas eram mútuas.

Ela poderia jurar quando eles dançaram, quando eles se tocaram,


que o olhar em seus olhos era amoroso ... Mas o que importava se não
era o que ele queria?

Ela suspirou, caindo sobre a mesa com o rosto na palma da mão.


Ela jogou todas as suas cartas, colocou tudo para fora para Benny, e ele
a recusou. Não havia como ser mais direto, era apenas o que era.

E foi uma merda. Difícil.

Ela olhou para a janela, hipnotizada pela chuva lá fora. Estava


menos cheio esta noite do que o normal, talvez por causa da chuva.

Ainda assim, Harley gostou do som da chuva. Isso ecoou os

BENNY
68

sentimentos em seu coração.

E assim como a chuva limpava a terra, ela precisava deixar a dor


limpar seus sentimentos. Sua esperança para Benny. Suas fantasias deles
envelhecendo juntos.

A ideia de estar em seus braços ...

Sua mão apertou em torno de seu copo de água, e ela desejou que
houvesse uma maneira de sentir menos raiva da situação.

Nunca quis empurrar nada em Benny. Apenas pensou que era o que
os dois queriam.

E agora as coisas pareciam tão erradas ...

Quase como se eles nunca estivessem certos novamente.

— Este assento está ocupado?

Ela olhou para cima com os olhos turvos e viu Fifi passar por um
grupo até sua mesa, sentando-se antes mesmo de convidá-lo.

Ela encolheu os ombros. — Por mim tudo bem.

Fifi ergueu uma sobrancelha. — Ah, que lisonjeiro. Estou tão feliz
que você está animada para ter a minha companhia.

Ela se forçou a se sentar um pouco, sabendo que Fifi não merecia

BENNY
69

seu mau humor. — Desculpe. Foi um dia difícil.

Ele se levantou e deslizou sua cadeira para mais perto dela, então
colocou a mão em suas costas, acariciando suavemente. Ela estava
prestes a dizer que não, como fazia instintivamente quando qualquer
homem a tocava, mas então percebeu que seu motivo habitual de recusa
havia desaparecido.

Benny não queria ela. Não queria que ela esperasse por ele ou
rejeitasse outros homens ou qualquer uma das coisas que ela tinha em
sua cabeça que ele gostaria.

E quem se importava com o que ele queria, afinal? Era hora de ela
ter o que queria também.

— Isso é bom, —disse ela. E assim foi. Era reconfortante e,


considerando que Fifi era apenas um bom amigo, bastante platônico.

— Então o que aconteceu? Você quer falar sobre isso?

Ela balançou a cabeça. — Não. Não mudaria nada.

Seus olhos dispararam para Benny, que estava bebendo mais uma
bebida e encarando a entrada com austeridade. Fifi seguiu seu olhar. —
Ah. Eu vejo. Problemas em Loveville .

Vila do amor.

BENNY
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Ela riu, quase bufando. — Engraçado. Mas não. Nós não somos
assim. Com certeza não agora.

Fifi ficou em silêncio por um momento, então retirou a mão de suas


costas.

— Então você gostaria de dançar? —Ela olhou para ele com


surpresa.

— O que?

— Não está muito lotado esta noite, —disse Fifi. — E é a sua pausa.
Ninguém notaria se dermos uma volta na pista de dança. Além disso,
parece que você poderia aproveitar a chance de relaxar, nos braços de
um homem forte, balançando ao som da música.

Ela chupou em sua bochecha, pensando sobre isso. Isso soou bem?
Obviamente com Benny, mas ainda era difícil pensar em qualquer outro
homem.

Ainda assim, que melhor maneira de seguir em frente do que se


esforçar para fazer coisas que não eram confortáveis?

Ela olhou para Fifi, tentando vê-lo como faria com qualquer outro
homem. Em seguida, ela riu para si mesma. Não importa o que
aconteça, Fifi nunca seria como qualquer outro homem.

BENNY
71

Ele era muito bonito, muito alto e musculoso, e muito bobo.

Mas enquanto ele esperava pacientemente por sua resposta, ela


tentou honestamente considerar se ela poderia gostar dele.

Ele era confiante, espirituoso e bonito. Ele tinha um bom senso de


estilo, embora às vezes fosse exagerado. E ao ouvir outras mulheres no
clube falarem sobre ele, ele praticamente exalava sexo.

Além disso, ele estava apenas oferecendo uma dança. Não tinha que
ir a lugar nenhum.

Ela timidamente acenou para ele, pegando sua mão oferecida. —


Acho que gostaria de uma dança, obrigado.

Seu sorriso era efervescente quando ele a puxou para a pista,


envolvendo-a nos braços, onde sua altura e músculos eram quase
esmagadores.

Suas mãos encontraram a cintura dela, e ele a puxou para perto,


levantando uma mão para correr pelo cabelo dela. — Tão bonito. Uma
cor incrível, —ele disse, olhando para ela.

Seu coração pulou uma batida quando ela olhou para ele, mas ela
não pôde resistir a olhar para Benny apenas para ver sua reação a esse
desenvolvimento.

BENNY
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Não estava tentando deixá-lo com ciúmes, mas se ele estivesse ...

Mas ele nem estava prestando atenção. Em vez disso, ele estava
remexendo em alguma coisa, de costas para ela.

Ele nem se importava, e por que deveria?

Ele já a havia rejeitado.

— Não olhe para ele, querida, —Fifi disse gentilmente, inclinando


o queixo para que ela tivesse que olhar para ele. Seu olhar roxo era quase
hipnotizante, mas não era o avelã que ela queria ver. Ele a puxou contra
seu peito, e ela sentiu o cheiro de lavanda. — Isso só vai te machucar, e
não se preocupe. Vou consertar tudo. Você vai ver.

— O que você quer dizer? —Ela levantou a cabeça quando ele pegou
sua mão e a girou debaixo do braço e depois mergulhou.

Ela se sentiu tão vulnerável arqueada debaixo dele, seu braço


apoiando sua cintura, seu rosto a apenas alguns centímetros do dela.

— Apenas confie em mim, —disse Fifi, chegando ainda mais perto.


— Tudo ficará melhor em breve.

— Como? —Seus lábios se separaram em um chocado O quando ele


se aproximou ainda mais.

Os lábios de Fifi se curvaram nas laterais. — Porque estou prestes a

BENNY
73

fazer aquele urso estúpido se cagar. —Harley mal teve tempo de


processar o que ele quis dizer antes que o rosto de Fifi se abaixasse em
direção ao dela.

CAPÍTULO
BENNY NÃO PODIA ACREDITAR EM SEUS OLHOS quando viu Fifi
levar Harley para a pista de dança. Nem mesmo Lock, que raramente
tinha boas maneiras, ousou convidar Harley para dançar antes, por
respeito a Benny.

Ela era sua. Dele.

Talvez fosse apenas o álcool falando, mas ele se sentiu totalmente


traído.

Então, novamente, ele estava apenas um pouco tonto, e a parte


sóbria dele sabia que ele não tinha o direito de dizer nada.

Fifi estava se arriscando onde Benny não iria.

Ele sentiu seu coração bater forte enquanto pegava o frasco,

BENNY
74

olhando para os comprimidos. Não havia rótulo, nada indicando o que


havia dentro. Ele poderia realmente confiar em Fifi?

Especialmente quando o lobo estúpido teve a audácia de dançar


com sua companheira.

A palavra companheira reverberou dentro dele e, por um momento,


Benny se sentiu alinhado com seu urso em puro desespero possessivo.

Talvez ele pudesse ter uma pequena chance, afinal. E ele tinha as
pílulas.

Talvez, contanto que soubesse que os tinha como plano reserva, ele
pudesse encontrar coragem para fazer o que sempre quis. Para pelo
menos tentar as coisas entre ele e Harley.

Talvez eles não pudessem ter tudo, mas talvez eles pudessem ter
algo.

Ou talvez ele estivesse apenas agindo desesperado porque ela estava


nos braços de outro homem.

Ele bufou em escárnio, sabendo que Fifi provavelmente estava


apenas provocando ele. Provocando-o por ser um covarde mais cedo.
Benny sabia que não deveria estar à altura da situação. Ou afundar à
ocasião. Ou o que quer que fosse se ele batesse em Fifi e carregasse

BENNY
75

Harley em seus braços como uma princesa.

Benny ainda estava considerando suas opções quando um


movimento à distância chamou sua atenção, fazendo-o se endireitar e
olhar para a pista de dança onde ele tinha visto Harley pela última vez.

Seu peito se contraiu dolorosamente.

Fifi estava mergulhando Harley, segurando-a cuidadosamente em


seus braços, olhando-a gentilmente do jeito que Benny desejava.

Não houve conflito, nenhuma contenção no olhar de Fifi.

E Harley estava sorrindo, ouvindo algo que ele dizia.

Agora puxe-a de volta para cima, ele ordenou silenciosamente. Dance


normalmente. Por favor.

Mas Fifi não o fez, e Benny sentiu seu corpo inteiro se contrair. Ele
podia sentir o monstro, mas pela primeira vez, ele não se preocupou com
isso sair dele. Talvez apenas saber que ele tinha as pílulas fez a coisa
recuar, não querendo ser nocauteado.

Além disso, fazia muito tempo desde que Benny machucou alguém.
Ele esteve no controle por tanto tempo. Certamente, arriscar pelo menos
um pouco seria bom.

Eles não tinham que ir até o fim. Eles podem começar devagar.

BENNY
76

Talvez isso fosse suficiente para ela.

Talvez …

Seus pensamentos ficaram em branco quando os lábios de Harley se


separaram em surpresa e a cabeça de Fifi baixou em direção à dela.

Deus não.

Urso terrível ou não, ele não podia ver isso acontecer. Ele não
aguentaria. Se seu urso saísse, ele engoliria uma pílula e nocautearia os
dois.

Mas não antes de recuperar a Harley.

Ele caminhou até eles, não se importando com quem esbarraria se


eles entrassem em seu caminho. Não se importando com o que alguém
no clube pensava dele. Não se importando com nada além do fato de
Harley estar nos braços estúpidos de Fifi.

O mundo de Benny parecia se mover em câmera lenta enquanto os


lábios de Fifi se aproximavam cada vez mais de Harley. Benny não
podia permitir isso. O único que poderia tocar aqueles lábios era Benny.
Ela era dele. Dele. Ele faria qualquer coisa ...

Ele parou na frente deles, fazendo Fifi (graças a Deus) parar e olhar
para ele com surpresa. Os lábios de Fifi se curvaram em um sorriso.

BENNY
77

— Precisa de alguma coisa, chefe?

Benny respirou fundo, tentando se recompor, embora seu peito


estivesse subindo e descendo pesadamente e o animal nele não parasse
de entrar em pânico até que Harley estivesse em seus braços.

— Sim. Preciso que você tire suas malditas mãos dela.

— Como desejar, —disse Fifi levemente. Então, para o choque de


Benny e Harley, ele simplesmente soltou, fazendo com que Harley
caísse para trás em direção ao chão.

Ela engasgou, mas Benny estava lá em um segundo para pegá-la.


Ele nunca a deixaria cair, nunca.

Ela corou quando se viu cercada por seus braços enquanto ele a
puxava lentamente para uma posição de pé, então a soltava.

Incapaz de confiar em si mesmo para controlar suas emoções, ele se


afastou dela por um momento. — Benny, —ela disse suavemente.

— Você ...

— Meu escritório, —disse ele abruptamente. — Agora.

Então ele girou nos calcanhares e saiu da pista de dança, rezando


para que ela o seguisse. Porque se ela não o fizesse, ele iria voltar e
implorar até que ela o fizesse.

BENNY
78

BENNY ESTAVA andando de um lado para o outro, tentando ficar


sóbrio e imaginando o que poderia dizer a Harley, quando ouviu passos
do lado de fora da porta.

Antes que ele pudesse se preparar, a porta se abriu e uma Harley


furiosa apareceu e entrou.

Suas bochechas estavam coradas e seu cabelo estava ligeiramente


despenteado por dançar ou ser segurado nos braços de Fifi. Benny queria
que suas bochechas estivessem coradas de apenas uma coisa.

Seus dedos roçaram o frasco de comprimidos no bolso da camisa.


Eles estavam lá, bem ao alcance.

Se apenas …

Harley balançou a cabeça para ele, encostando-se na porta enquanto


a fechava atrás de si. — O que há de errado com você? Você me rejeitou
hoje. Você não tem o direito de vir atrás de Fifi, e ...

Benny não pôde esperar mais e foi até a porta, cortando as palavras

BENNY
79

dela enquanto fechava a boca sobre a dela, tomando o que sempre quis
tão desesperadamente.

Ela derreteu instantaneamente, suas mãos tecendo em sua camisa e


puxando-o mais apertado como se ela estivesse com medo de que ele
mudasse de ideia e se afastasse.

Nunca.

Ele a beijou profundamente, saboreando a sensação de seus lábios,


os pequenos gemidos que ela fez quando ele forçou seu caminho em sua
boca e foi mais fundo, mais fundo, até que ele pudesse sentir seu beijo
em sua alma.

Uma mão deixou a porta para acariciar seu pescoço, e ele valorizou
o pequeno arrepio que ela deu quando arqueou um pouco, encorajando-
o.

Foi melhor do que ele alguma vez imaginou. A mão dele se arrastou
por seu ombro, acariciando seu braço pelo moletom macio. Era quase
melhor que não pudesse sentir a pele dela, que só pudesse imaginar ...

Mas então ela estava empurrando contra ele, lutando a sério, e


rapidamente se afastou, preocupado que, ao se deixar levar, pudesse tê-
la chateado.

Mas tudo o que ela queria era espaço para puxar o moletom sobre a

BENNY
80

cabeça, e os pequenos movimentos que ela fazia enquanto lutava para


tirá-lo apenas aceleravam o fogo dentro dele.

Ele rapidamente a ajudou, jogando o moletom de lado, amando o


jeito que seu cabelo estava despenteado quando ela estava livre.

Amando a maneira como suas bochechas estavam coradas, a


maneira como sua respiração estava rápida e pesada, a maneira como
suas pernas pareciam tremer quando ela se encostou na porta.

Ele não pôde evitar prendê-la novamente, segurando seu rosto com
uma mão, apoiando a outra mão contra a porta.

Ela estremeceu ligeiramente, olhando para ele, e ele se inclinou até


que seus lábios estivessem próximos. — Deus, Harley, me diga se você
não quer isso, porque senão, eu ...

Suas mãos voaram ao redor de seu pescoço, puxando-o contra seus


lábios, onde ela o beijou ferozmente, sua língua deslizando na costura
de seus lábios até que ele se abriu em choque, deixando-a entrar. Sua
língua torceu com a dele por um momento enquanto o calor crescia
entre eles e seu corpo doía para estar ainda mais perto dela.

Quando ela se afastou, mantendo suas testas juntas, ambos


ofegantes, ela parecia sem fôlego. — Nunca quis nada mais em toda a
minha vida, seu urso estúpido.

BENNY
81

Ela pulou, envolvendo as pernas em volta da cintura dele, e ele


sorriu, amando sua ânsia. As mãos dele desceram para os quadris dela,
apoiando-a, mas ela soltou um pequeno rosnado e agarrou uma de suas
mãos, movendo-a para sua bunda.

Ela não precisou dizer duas vezes e se ajustou rapidamente para


poder segurar as curvas suaves dela em suas mãos.

Ele a pressionou contra a porta, embora o peso dela não fosse nada
para ele. Ela poderia muito bem ter sido uma pena, mas ele queria que
ela sentisse o apoio da porta em suas costas.

Queria que ela o sentisse contra ela, rodeando-a e sem deixar


escapatória.

Queria que ela sentisse o quão completamente dele era para que
nunca mais deixasse ninguém tocá-la novamente.

Contanto que ela permitisse, ele a protegeria para sempre, manteria


todos à distância para que ela estivesse segura, garantiria que ela
estivesse apenas feliz, nunca triste ou com medo.

Era tudo o que ele queria em toda a sua vida, e agora um frasco
estúpido de pílulas o estava deixando sem medo de enfrentar isso.

Ele tentou ficar bem com menos, com apenas amizade, com uma
vida que via todo mundo passar, ter amor, ter tudo, enquanto ele tinha

BENNY
82

que pressionar o nariz na janela.

Mas agora, apenas por este momento—porque ele estava bêbado ou


porque estava desesperado ou porque não havia outro jeito—ele teria
tudo.

Porque ela era tudo para ele.

Ele acariciou seu pescoço enquanto esfregava seus quadris contra


seu jeans, amando o jeito que ela gemia e arqueava para trás.

Ele sorriu, sabendo que a música pulsante lá fora impediria qualquer


um de ouvi-los. Por mais que todos tentassem se envolver em sua vida
amorosa, ele queria que esse momento fosse apenas para eles.

— Deus, eu sonhei com isso, —disse ela, arqueando-se para trás


enquanto ele beijava seu pescoço vorazmente, parando para chupar com
força o lugar onde sua clavícula encontrava seu ombro. Ele queria
marcá-la, queria saber que ninguém mais poderia tocá-la, queria ...

Os lábios dela se fecharam sobre os dele, e ele se acalmou um pouco,


afundando na intimidade do momento. Os lábios de Harley. As mãos
de Harley em seu cabelo. As pernas macias de Harley o envolveram.

Embora ele sempre tivesse medo de ser afastado, tudo o que ela
parecia querer era estar perto dele.

BENNY
83

Talvez parte dele nunca tivesse sido capaz de enfrentar isso, quão
maravilhoso era e o quanto ele não merecia.

Talvez seja por isso que ele sempre tentou dizer que eles eram
apenas amigos.

Ele a segurou com uma mão, e a outra avançou para correr por sua
cintura, parando logo abaixo de seu sutiã, esperando por permissão.

— Por favor, —ela engasgou contra sua boca desesperadamente. —


Sim.

Ele espalmou seu seio, tão macio, tão perfeito, seu pequeno mamilo
pressionado contra sua mão, e ele se moveu para beliscá-lo suavemente
entre seus dois dedos, maravilhado com a forma como a cabeça dela
rolou para trás de puro prazer.

Ele se afastou da porta, trazendo-a com ele apenas para proteger sua
cabeça. — Um segundo, —ela disse, se contorcendo para descer.

Ele a abaixou cuidadosamente, parando um momento para olhar


seu sutiã torto, suas calças em seus quadris curvos, suas bochechas
coradas, seus cachos selvagens.

Seus olhos ferozes.

Ela o empurrou para trás agressivamente, e ele sentiu o animal

BENNY
84

dentro dele despertar para o desafio.

Por um momento, ele sentiu puro pânico, esperando que a besta


saísse. Mas um segundo depois, ele sentiu a sensação desaparecendo.

Obrigado Senhor. Os comprimidos ainda estavam em seu bolso, só


para garantir.

Ela agarrou sua camisa e o beijou violentamente, empurrando-o


para trás até que sua bunda batesse na mesa. Deus, seus seios se sentiam
bem pressionados contra ele.

Ele adorava o quão ansiosa ela estava, o quão desesperada para


estar perto parecia. Mas ela ainda não tinha visto o que era desespero.

Ele agarrou as mãos dela e as segurou juntas, arrastando-as para


baixo.

Então ele a beijou novamente, usando a outra mão para prendê-la


contra ele, amando o jeito que ela se contorcia em seus braços enquanto
ele dava beijos por todo o pescoço e ombros, não querendo deixá-la
escapar nem por um segundo.

— Você acha que eu não quero você? —ele perguntou


desesperadamente. — Quero você do jeito que os moribundos querem
viver. Quero você como os pássaros precisam de asas e os peixes

BENNY
85

precisam de água. Quero e preciso de você a cada momento de cada dia.


Não posso viver sem você.

Sua voz estava rouca, e ele estava se esforçando para manter a


compostura enquanto ousava olhar para baixo para ver a reação em seus
olhos.

Ele esperava censura, mas tudo o que viu foi um amor ardente e
brilhante. Seus olhos verdes estavam empoçando com ele.

— Oh, Benny, —foi tudo o que ela conseguiu dizer quando ele a
empurrou de volta para o sofá, então gentilmente a colocou sobre ele,
deitando-a e colocando uma perna sobre ela, usando uma mão para
prender as duas dela sobre a cabeça.

— Ainda está bem? —ele perguntou, porque sabia que estava sendo
agressivo.

Ela balançou a cabeça e ele imediatamente a soltou. Mas em vez de


tentar sair, ela simplesmente se sentou, tirando o sutiã e jogando-o de
lado.

Por um segundo, tudo o que ele podia fazer era olhar para os lindos
e pálidos seios na frente dele, cobertos com perfeitos mamilos rosados,
mais surpreendentes do que ele jamais poderia ter imaginado.

Ela arqueou para trás, colocando as mãos sobre a cabeça, olhando

BENNY
86

para ele com expectativa. — Pronto. Muito melhor.

Sua boca se curvou em um sorriso. Ele não poderia amar essa garota
mais. — Mantenha as mãos aí, —disse ele. — Não quero que você se
mova. —Ela assentiu, corando profundamente, seu corpo se
contorcendo ligeiramente.

Ele colocou a mão em seu botão, abrindo-o enquanto mantinha os


olhos nos dela, observando seus cílios tremerem em antecipação.

Então ele puxou o zíper para baixo, sentindo sua garganta apertar
ao pensar no que veria.

Uma doce calcinha vermelha encontrou seus olhos, e ele


gentilmente puxou sua calça jeans para baixo e fora dela, junto com suas
meias e sapatos, então a calcinha era tudo que ela estava usando.

Todo o resto era apenas pele cremosa, cabelo lindo, um rosto de


morrer, olhos que o observavam com algum sentimento que ele não
merecia.

Faria o seu melhor para merecer por quantos momentos ele tivesse.

Por mais que ele a quisesse nua, ainda havia uma parte dele que
sabia que tinha que se conter. Que ele tinha que fazer tudo isso
lentamente para não correr o risco de perder o controle.

BENNY
87

Mas Deus, ela era a única mulher que ele já tinha visto assim. A
única que ele gostaria de ver. A mão dele acariciou reverentemente o
tecido sedoso entre as pernas dela e ele sorriu ao sentir que estava
molhado.

— Você me quer, —ele rosnou, acariciando levemente, observando


cada pequeno movimento que ela fazia, a forma como sua respiração
ficou presa em sua garganta.

Ela estremeceu e seus olhos encontraram os dele, ferozes. — Claro


que eu quero.

Ele queria arrancar a calcinha, enterrar-se profundamente dentro


dela, acasalar-se com ela e fazê-la gritar seu nome. O urso dentro dele
praticamente exigia isso.

Foi exatamente por isso que ele teve que se conter.

Mas ele poderia dar-lhe algo, desde que ela mantivesse as mãos para
cima, desde que não o tocasse e o deixasse ainda mais selvagem do que
já estava.

Apenas a visão dela presa lá, indefesa, acendeu todos os seus


instintos protetores, e uma onda de possessividade tão feroz que ele mal
podia suportar o ultrapassou quando ele baixou a boca sobre a dela para
um beijo.

BENNY
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Ele a beijou ferozmente, uma mão segurando sua cabeça,


acariciando seu cabelo enquanto a outra mão encontrava seu clitóris,
acariciando sua calcinha.

Ela resistiu e se contorceu, gemendo contra sua boca, mas ele não
deu nenhuma trégua, trabalhando seu dedo sobre ela até que seu corpo
inteiro ficou apertado e ela se desfez em seus braços.

Deus, Harley—sua Harley—estava vindo.

Ele a olhou fixamente, capturando cada segundo como um homem


que estava se afogando e estava subindo para um último suspiro.

Suas mãos cavaram no sofá, procurando por apoio, e ele enterrou-


se contra ela, empurrando as mãos ao redor de seu pescoço para que ela
pudesse se segurar nele.

Ela resistiu contra ele, contorcendo-se com alguns tremores


secundários, chamando seu nome enquanto ele tomava todos os seus
sons em sua boca, querendo saborear tudo.

Ela era sua mulher. Seu amor. Ele queria agradá-la. Ele não sabia
como poderia parar.

BENNY
89

CAPÍTULO
HARLEY SE SENTIA COMO SE ESTIVESSE SONHANDO enquanto
lentamente voltava do melhor orgasmo de sua vida.

Ela os teve antes, usando seu vibrador, pensando em Benny, mas


sempre houve uma dor associada a eles, a preocupação de que ela nunca
saberia realmente como era estar em seus braços.

Agora que sabia, provavelmente só ficaria mais viciada.

Não sabia que seu corpo podia se iluminar daquele jeito, como se
estivesse tão cheio de energia que estava explodindo, como se a
felicidade pudesse ser um sentimento que toma conta de você em ondas
até os dedos dos pés.

Sabia que era só porque era o Benny. Porque ele sempre esteve lá,
protegendo-a, cuidando dela, ajudando os outros, tornando impossível
não se apaixonar pelo homem que ele era.

Sabia que a emoção de saber que ele a queria, que ela estava certa,
que ele sempre esteve se segurando, estava tornando as coisas mais
intensas para ela.

BENNY
90

Mas ela também sabia que não queria que isso parasse.

Se sentia tão vulnerável quase nua embaixo dele com ele ainda em
suas roupas. Queria muito ver mais do que estava por baixo disso.

Trouxe uma mão para baixo, sentindo seu peito duro, sorrindo
enquanto acariciava seu abdômen ondulado e, em seguida, encontrou o
botão de sua calça, e brincou com ele.

Deixou escapar um som sufocado quando sua mão se fechou sobre


a dela, removendo-a. — Não podemos. Sinto muito, é só que ...

— Está tudo bem, —disse ela. Ela estava muito feliz que isso estava
acontecendo para questionar qualquer coisa. Enquanto ele estava feliz,
ela também estava. Sua mão desceu para sentir seu comprimento duro
através de suas calças, e ela se sentiu ficar ainda mais molhada. — Você
mesmo pode tirá-los. Deus, eu quero você dentro de mim.

Ela o sentiu ficar rígido e olhou para cima para vê-lo fechar os olhos,
como se estivesse tentando lutar contra algo.

Quando ele os abriu, seu olhar era quase selvagem, tão escuro. —
Nós não podemos, —ele engasgou. — Não essa noite. Temos que ir
devagar. Não consigo explicar o porquê. Apenas confie em mim.

Ela assentiu, tentando não mostrar qualquer decepção. Não


entendia o porquê, mas sabia que isso era difícil para ele por algum

BENNY
91

motivo, e ela relaxou contra o sofá, esperando que ele fizesse o próximo
movimento.

Ele fechou os olhos, respirando fundo, e então os abriu e eles


estavam normais novamente. Linda cor de avelã, verde nas bordas,
marrom bem no centro, um pouco azul no meio. Ela sempre foi capaz
de se perder neles. Assim como ele, eles eram lindos e tão complexos.

Assim como ele, eles demoraram para entender.

Ela respirou fundo, disposta a fazer o que ele quisesse, apesar de seu
corpo doer tanto que doía. — Nós podemos parar se você quiser.

Ele balançou a cabeça enfaticamente, aquele brilho dominante que


ela adorava voltando em seus olhos enquanto a olhava de cima a baixo,
lentamente aquecendo seu corpo. — Não estou nem perto de terminar
com você.

Sua mão encontrou seu clitóris novamente, e ela arqueou para trás,
perdida para tudo, exceto como era ter seu dedo grande contra ela, seus
lábios contra seu pescoço enquanto ele pressionava novamente.

Ela não sabia que poderia ser tão bom ser beijada em lugares que
eram inócuos, como a base do pescoço, a borda do ombro, o local onde
a bochecha encontra a orelha.

Deus, quando ele chupou o lóbulo de sua orelha em sua boca, quase

BENNY
92

gozou, e quando ele gentilmente roçou seu lóbulo com os dentes, ela o
fez.

Ela ficou feliz quando ele se aproximou novamente, pensando que


ele a deixaria jogar os braços ao redor de seu pescoço enquanto gozava.
Foi se aterrando durante as sensações poderosas.

Mas, em vez disso, a mão dele desceu para prender a dela, e a outra
mão pressionou seu estômago, mantendo-a no lugar, incapaz de fazer
qualquer coisa além de experimentar todas as sensações que a faziam
sentir como se ela fosse se separar.

Durante todo o tempo, ele a observava. E embora fosse difícil até


mesmo focar, ela não podia deixar de manter os olhos nos dele, tentando
capturar para sempre o olhar em seu rosto.

Quando as ondas diminuíram e ela estava ofegante, incapaz de fazer


qualquer coisa além de olhar para ele enquanto ele olhava para baixo,
parecendo poderoso e triunfante, ele sorriu e moveu sua perna entre as
dela, mantendo seus braços presos.

— Monte-me, —disse ele, empurrando sua coxa em sua suavidade,


dando-lhe uma sensação ampla e geral que era exatamente o que ela
queria depois de estar tão sobrecarregada.

Ela sabia que estar com Benny seria tudo, mas isso era muito mais

BENNY
93

do que ela esperava. Ele não era apenas um homem incrível, ele era um
amante incrível, tão sintonizado com o corpo dela que parecia que ela
poderia morrer de puro prazer se ele não mostrasse misericórdia.

Uma mão manteve a dela presa enquanto a outra segurava seu


queixo, forçando-a a encará-lo enquanto ele gentilmente trabalhava sua
coxa contra seu clitóris.

Ela corou profundamente, incapaz de acreditar que ele queria vê-la


assim. Ela estava molhada e lasciva, empurrando-se contra ele com
pequenos gemidos, amando o quão forte ele era, o quão desejada ele a
fazia sentir quando a prendeu assim.

Provavelmente não era um triunfo para a liberdade feminina, mas


ela não se importava no momento, contanto que ele a fizesse gozar.

Seus lábios se fecharam sobre os dela enquanto seu corpo se


apertava, e sua perna se acalmou, deixando-a cruelmente empoleirada
na borda.

Ela ofegou contra sua boca, pronta para implorar, para fazer
qualquer coisa.

— Eu te amo, —ele disse simplesmente para que seus lábios


pudessem sentir como seus ouvidos ouviram.

Então sua perna se moveu novamente, e ela gozou, gritando seu

BENNY
94

nome quando o terceiro orgasmo a atravessou, mais forte do que


qualquer outro antes.

Parecia que ela estava derretendo de tanto calor, como se ninguém


estivesse equipado para sentir tanta alegria. Ela lutou, querendo jogar
seus braços ao redor dele, e ele pareceu sentir isso, deixando-a ir.

Ela adorava a sensação de seus ombros duros, pescoço forte,


enquanto seus braços o envolviam. As mãos dela se enroscaram no
cabelo dele, e ela chamou o nome dele enquanto seu corpo se apertava
uma e outra vez, como se não soubesse como parar.

— Está tudo bem, querida, —ele disse, acariciando seu rosto


suavemente. — Estou aqui.

Como ele sabia que ela estava quase entrando em pânico? Ela soltou
um soluço sufocado enquanto se segurava com mais força, e as ondas
diminuíram lentamente, deixando-a suave e flexível em seus braços,
incapaz de fazer qualquer outra coisa, mesmo se quisesse.

Ele acalmou tudo dentro dela. Ateou fogo nela e depois foi a água
fria para apagar tudo.

Ela colocou uma mão em sua bochecha, então enfiou a outra em


seu cabelo. Não sabia se teria a chance novamente ou se este momento
era apenas pura magia, e queria tocar nele o máximo que pudesse.

BENNY
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Ele fechou os olhos, deixando-a tocá-lo, e ela acariciou seu cabelo


suavemente, sorrindo quando ele soltou um pequeno rosnado que a fez
pensar que era bom.

Ela agarrou seus ombros e o puxou para baixo contra ela, deixando-
o descansar pelo menos um pouco de seu peso sobre ela enquanto ela
acariciava uma mão sobre suas costas e outra através de seu cabelo.

Ela poderia instintivamente dizer que o estava acalmando e que ele


precisava ser acalmado, tocado e confortado.

Ela fez todas essas coisas até que ele levantou a cabeça e se apoiou
em um braço, piscando para ela como se de repente estivesse perdido.

— Harley, eu ... eu me empolguei, e ...

Ela se encolheu, empurrando-o para que ela pudesse se sentar,


pronta para sair naquele segundo se ele fosse dizer que foi um erro.

Mas ele balançou a cabeça, puxando-a contra ele em seu colo,


segurando-a perto, fazendo-a se sentir segura. — Se eu fiz alguma coisa
que você não queria ... Se alguma coisa não foi ...

— Foi tudo perfeito, —ela disse suavemente. — Como você pode


não saber disso?

— Eu não … eu nunca confio em mim mesmo. É por isso que não

BENNY
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posso ficar com você. Você é preciosa, Harley, preciosa demais para ser
machucada por mim e ...

Ela agarrou seu rosto com força, mas precisava que ele ouvisse o
que ela disse a seguir. — Você nunca poderia me machucar, Benny. Essa
é a última coisa que você poderia fazer no mundo.

Seus olhos se arregalaram e depois relaxaram, e toda sua expressão


se suavizou quando seu corpo se enrolou ao redor dela e ele soltou um
suspiro profundo. — Como você é tão maravilhosa?

Ela acariciou seu braço enquanto a envolvia, sentindo um pouco de


emoção nos músculos rígidos ali. Em toda parte. — Não sou a
maravilhosa. Tudo o que você fez foi incrível, Benny. A única coisa não
incrível é o quanto você parece duvidar de que você é tudo que eu quero.

— Eu simplesmente não ... Vai levar um tempo para eu entender


isso, e ainda há coisas que ... Precisamos ir com calma.

Ela assentiu, tentando não sentir qualquer apreensão. Não importa


o quê, Benny finalmente deu um passo com ela, e não queria estragar
tudo. — Só não sei o que mudou entre agora e algumas horas atrás.

Ele ficou quieto por um momento, então suspirou. — Acho que Fifi
me acordou. —Ele se aconchegou contra ela. — Desculpe, Harley.
Lamento ter tornado as coisas tão difíceis.

BENNY
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Ela balançou a cabeça. — Não. Eles não foram difíceis, não até
recentemente. Sempre gostei de ser sua amiga. É só que depois de ver
todos os outros seguindo em frente sem nós, é só ...

— Fiz você querer a mesma coisa, —disse ele, porque claramente


ele sentia o mesmo.

Ela assentiu. — Mas eu deveria ter sido mais paciente.

— Não, você teve a paciência de um santo, —disse Benny. — E você


pode ter que ser paciente um pouco mais porque, como eu disse, temos
que ir devagar.

— Quão devagar? Apenas me diga com o que você se sente


confortável.

— Não podemos ... ficar juntos o tempo todo. Ainda não. E eu não
posso dormir na cama com você. Eu sei que é estranho, mas ...

Ela colocou um dedo nos lábios dele. Deus, até isso era bom. —
Está tudo bem.

— Não está. É estranho, mas ...

— Eu te amo, —disse ela bruscamente. — Assim como você é.


Estranheza e tudo. Vamos apenas levar isso em uma coisa de cada vez.

Seu alívio foi quase tangível, e seus braços apenas a envolveram com

BENNY
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mais força. — Você é incrível, Harley. Além do que mencionei, vou te


dar tudo o que você quiser.

Ela pensou sobre isso. — Quero uma coisa.

Ele ficou tenso por um momento. — Se eu puder dar, é seu ...

Ela respirou fundo, então riu. — Um encontro. Quero que saíamos


juntos. Algo divertido.

Ele deixou escapar um suspiro reprimido, rindo. — Eu acho que


posso controlar isso, querida.

Seu coração derreteu ao ouvir essa palavra, e ela se afundou ainda


mais em seus braços. — Você pode pelo menos ficar comigo até o
fechamento, certo?

Ele sorriu quando se inclinou para beijá-la. — Nada no mundo


poderia me fazer ir embora.

BENNY NÃO queria se despedir de Harley no final da noite, mas já era


tarde e eles iriam sair no dia seguinte de qualquer maneira.

BENNY
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Ainda assim, ao sair com ela, o braço enfiado no seu, muito depois
de os outros funcionários terem limpado tudo e ido para casa, ele se
preocupou que, quando fosse para a cama e acordasse, talvez tudo
voltasse a ser como era.

Talvez ele não confiasse em si mesmo novamente. Talvez …

Ela se moveu na frente dele, de frente para ele quando chegaram a


sua caminhonete. Ela empurrou uma mecha de seu cabelo para trás,
sorrindo. — Então, alguma ideia de onde você vai me levar amanhã?
Porque se não, eu tenho uma.

— Claro, onde você quiser. —Ele ainda não conseguia acreditar que
eles estavam fazendo isso, dando o próximo passo. Ou que eles ficaram
íntimos primeiro.

Ainda assim, tinha sido o paraíso, e ele não queria questionar. —


Estava pensando no zoológico, —ela disse calmamente.

Memórias o assaltaram, trazendo de volta uma infância que foi


cheia de trauma e calor ao mesmo tempo.

— Podemos fazer isso, —disse ele. — Você sempre amou o


zoológico.

— Você também, —disse ela, destrancando a porta de sua

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100

caminhonete e entrando nela. — Não minta.

Ele riu, aproximando-se dela. Mesmo com ela dentro da


caminhonete e ele no chão, se ele apenas se levantasse no estribo , eles
estariam empatados. — Gostei. É apenas ... nostálgico pensar nisso.

— Bem, se você não quiser, nós não vamos.

Ele balançou sua cabeça. — Depois de todo esse tempo que você
está esperando por mim, não poderia recusar nada. Além disso, você
está certa. Realmente gostei.

Ela sorriu. — Eu também. Acho que vai ser divertido. Algo casual.
Um bom lugar para começar, já que vamos devagar.

— Verdade. —Ele se aproximou, abraçando-a, amando a maneira


como ela corou. Como ele nunca viu o quanto ela o queria? Ele supôs que
estava cego porque não estava pronto para ver, mas agora ele viu o que
todos queriam dizer.

E o deixou louco.

Ela agitou os cílios enquanto olhava para ele. — Bem?

O estribo ou degrau e uma proteção extra das portas, ajudando a deixar pedrinhas, lama e poeira da rua
longe da lataria do carro! Além disso, esse acessório dá um visual mais bonito pra picape ou SUV.

BENNY
101

Isso era tudo que ele precisava, e seus lábios cobriram os dela
suavemente, segurando o contato, amando as emoções que surgiram por
dentro.

Agora que estava mais calmo, que teve horas para abraçá-la e que o
álcool havia diminuído, ele estava mais feliz do que há muito tempo.

O animal nele se conteve e não matou ninguém, e ele nem precisou


usar uma daquelas pílulas.

Uma pequena parte dele pensou que talvez isso pudesse funcionar,
afinal. O resto ainda estava assustado.

Assustado porque ela era preciosa. Assustado porque ele se conteve


por tanto tempo que parecia que as coisas estavam quebrando. Com
medo de que agora que ele a tivesse provado, seria impossível ir devagar.

Com medo de que ele tivesse colocado os dois em um curso que era
perigoso, mas do qual nenhum deles poderia voltar agora.

Ele gemeu quando ela se afastou, odiando a perda de contato.

— Desculpe, —ela disse, corando e mordendo o lábio inferior. —


Poderia fazer isso para sempre, mas eu realmente preciso ir para casa.

— Certo, não quero que você fique cansada demais para dirigir.
Falando nisso, você quer que eu te siga?

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Ela balançou a cabeça. — Está tudo bem. Não estou com tanto
sono. Conheço o caminho.

Benny não estava convencido. O protetor nele estava crescendo em


um nível mais alto de todos os tempos. Seu mundo inteiro estava
contido em nessa caminhonete, e já era tarde e ela estava cansada.

— Vou seguir você e depois vou para casa, —disse ele, pegando as
chaves.

— E você? Você não está cansado? —Ela franziu os lábios,


parecendo fofa. — Também não quero que você adormeça. Talvez eu
deva seguir você ...

Ele a prendeu com um olhar, deixando-a saber que ele estava


falando sério. — Você sabe o que fazer, Harley. Eu cuido de você.

Ela suspirou. — Isso é o que tornou tão difícil não se apaixonar por
você.

Seus lábios se ergueram em um sorriso. — Então, estou feliz por


não poder evitar. —Ele se inclinou, incapaz de resistir a roubar mais um
beijo rápido. Quando ele se afastou, ela suspirou sensualmente.

— Nunca vou me acostumar com isso depois de sonhar com isso


por tanto tempo.

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Ele ergueu uma sobrancelha. — Como isso se compara à fantasia?

Ela derreteu contra o assento, parecendo atordoada. Então ela


sorriu. — Como uma fogueira comparada a um palito de fósforo.

Orgulho e esperança queimaram nele. — Se eu tivesse me permitido


sonhar, sei que sentiria o mesmo.

— Isso é tão triste, —disse ela, tocando seu rosto. — Você merece
sonhar, Benny.

Em um momento, ele a deixaria e voltaria para sua caminhonete


para segui-la para casa. Mas, por enquanto, ele apenas absorveria seu
calor, sua aceitação.

Quer ele quisesse ou não, apenas estar com ela o fazia começar a
sonhar.

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CAPÍTULO
Vinte anos antes ...

HARLEY NÃO TINHA CERTEZA DO QUE SEUS PAIS

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LEGO Group é uma empresa familiar dinamarquesa com sede em Billund, na Dinamarca. É mais conhecido pela fabricação
de brinquedos da marca Lego, que consistem principalmente em blocos de montar de plástico interligados.

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HARLEY ACORDOU grogue, sentindo como se ela mal tivesse


dormido devido a seus sonhos vívidos. Passando a mão pelo cabelo, ela
não podia acreditar há quanto tempo tudo parecia. O dia em que
conheceu Benny.

Talvez ela estivesse apaixonada por ele desde o início.

Ou talvez tenha acontecido em um milhão de outros momentos. A


primeira vez que ele a defendeu no parquinho. A vez em que ele a
convidou para o baile quando ninguém mais o fez.

Qualquer uma das vezes que ele gritou com alguém que tentou
bagunçar seu cabelo ou xingá-la. Quando eles trabalharam juntos, não
querendo se separar.

Muitos outros momentos.

Ela verificou seu telefone, gemendo quando percebeu que tinha


dormido até tarde e precisaria se apressar se quisesse estar pronta para
seu encontro.

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Era estranhamente excitante pensar em vê-lo novamente,


considerando o quanto eles se viram ao longo dos anos.

Mas as coisas eram diferentes agora. Eles estavam progredindo.


Tudo parecia possível.

Pulou para o chuveiro, tentando não pensar muito sobre o que eles
fizeram na noite anterior. Não haveria tempo para isso hoje e, além
disso, não seria devagar.

Mesmo que seu corpo já doesse para senti-lo novamente. Tudo


parecia tão certo.

Se lavou, seu corpo parecia novo para ela em cada lugar que havia
sido tocada por ele. Se sentiu linda, erótica, diferente de como já havia
se sentido antes.

Estava esperando por ele de maneiras que nem tinha compreendido.


Até agora valeu a pena esperar.

Ela escolheu sua roupa com cuidado, então usou uma faixa para
tirar os cachos do rosto. Quando ela terminou de se maquiar, seu
coração estava batendo em antecipação.

Não seria como um dia normal no bar ou sair depois com todos os
caras, apenas sendo um deles.

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Era só ela e Benny sozinhos, sem ninguém que eles conhecessem


por perto.

Assim que ela estava pegando sua bolsa e seu café da manhã, seu
telefone tocou e ela sorriu quando viu o nome de Benny no identificador
de chamadas.

Não podia contar a ele sobre o sonho que teve. Sabia que não seria
uma memória tão positiva quanto era para ela.

Seu coração ainda doía pelo garotinho que ele havia sido, e ela
desejou que seus pais pudessem ver o homem que ele havia se tornado.

Ficariam tão orgulhosos dele.

Como ela estava quando olhou para fora e o viu pular da


caminhonete e correr até a varanda, como se mal pudesse esperar para
vê-la.

Ele estava lindo, como sempre, e ela sentiu seu coração pular uma
batida quando abriu a porta.

Parecia tão certo olhar para ele, andar para frente e dar-lhe um
abraço rápido. Para não ter nenhum deles segurando seus sentimentos.

Sair para o mundo juntos, prontos para enfrentar o que quer que
surgisse, sabendo que sempre se apoiariam.

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CAPÍTULO
O ZOOLÓGICO LOCAL ERA MAIS PITORESCO E nostálgico do que
Benny poderia ter previsto.

Em sua infância, os pais de Harley os levaram para um bem maior


perto de sua casa. Naquela época, eles passavam horas percorrendo
todas as exposições, tendo um tempo extra com os répteis e pássaros,
apenas para fazer tudo de novo. No final do dia, eles teriam visto tudo
duas vezes, e seus pais estariam exaustos e prontos para voltar para casa.

Mas agora, enquanto ele e Harley passeavam casualmente pelo


centro do parque, tendo acabado de passar pelas áreas temáticas de
safári, Benny não sentiu pressa de ir a qualquer lugar ou fazer qualquer
coisa desde que Harley estivesse ao lado dele.

Ela parecia absolutamente perfeita, como sempre, com jeans justos


que abraçavam seus quadris e uma camiseta vermelha que pertencia à
sua banda favorita que só acentuava ainda mais seus longos cabelos
ruivos cacheados puxados sobre um ombro. Seus olhos brilhavam ao sol
do fim da manhã, sua pele brilhante era um lembrete do que eles tinham

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115

feito no escritório dele no Club Crimson.

— Então, para onde vamos? —Harley perguntou, tomando um gole


de uma garrafa de água que ela carregava em sua bolsa.

— Que tal uma aventura na floresta? —Benny disse, apontando para


um pequeno mapa já amassado que tirou do bolso. Dobrar essas coisas
era muito difícil às vezes ...

— Ei, talvez possamos ver seu primo distante lá. —Ela franziu as
sobrancelhas com entusiasmo e Benny riu.

Era tão estranho estar fazendo coisas como um casal pela primeira
vez em suas vidas, não apenas como amigos. Claro, o fato de Harley ser
sua melhor amiga aumentava o apelo, mas os amigos não faziam as
coisas que fizeram em seu escritório.

Controle-se, Benny. Ele apontou na direção que iriam e eles foram


para lá.

Em algum ponto enquanto eles vagavam, Benny se abaixou e


gentilmente segurou a mão de Harley na dele. Por um momento, houve
uma tensão estranha, a sensação quase de algo proibido. Algo que ele
queria fazer há anos—romanticamente—mas não por causa dos
mesmos fatores que o incomodavam desde a infância.

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Quando Harley apertou sua mão de volta, Benny sentiu uma onda
de calma e excitação ao mesmo tempo, e seu coração batia no peito com
nervosismo adolescente.

Era como namorar sua paixão de infância, com todos os altos e


baixos estranhos e antecipação esperando pela próxima coisa.

Bem, estava namorando sua paixão de infância.

Coooooompanheira, Benny ouviu uma voz sinistra ressoar na parte


de trás de seu crânio, uma voz que só ele conhecia e só ele reconhecia.

E isso ele desprezava com todo o seu ser.

— Então, o que você achou até agora? —Benny perguntou,


tentando se distrair da agitação de sua besta dentro dele.

— É ... legal, —Harley disse, olhando ao redor para o ambiente


envelhecido, mas bem cuidado. — Conheço este lugar há anos, mas
nunca tive coragem de vir sozinha. Acho que era algo que sempre foi,
esperançosamente, uma coisa de você e eu. Isso faz sentido?

Benny acenou com a cabeça. — Sim, eu entendo isso.

Mas a sensação de calorosa satisfação que parecia uma lamparina


em sua alma foi perfurada pela repentina sensação de algo, alguém o
observando.

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Os observando.

Instintivamente, Benny olhou por cima de um ombro e depois do


outro, procurando rapidamente enquanto ainda tentava parecer sutil.

A única coisa que olhou para trás foi um tucano, que inclinou a
cabeça de um lado para o outro e depois voou para o outro lado do
recinto.

— Está tudo bem aí, garotão? —Harley perguntou, piscando para


ele.

— Sim, apenas me certificando de que não fiz uma curva errada lá


atrás, —ele respondeu, tentando esconder a sensação de nervosismo
rastejando sob sua pele.

— Não é nada. Por mais pequeno que seja este lugar, acabaremos
por encontrá-lo eventualmente, mesmo que andemos em círculos.

Benny tentou apenas relaxar, aproveitando o sol frio da primavera


e fazendo o possível para não dar muitos olhares para Harley. Cara,
apenas a visão dela o fez querer fazer mais coisas como eles fizeram na
noite passada. Ele queria provar a pele dela em seus lábios, passar os
dedos pelo cabelo dela, pressionar seu corpo contra o dele ...

Então ele sentiu novamente. Como se alguém estivesse bem atrás


dele, olhando para a parte de trás de sua cabeça. Benny olhou o mais

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rápido que pôde, tentando não alertar Harley, tentando encontrar


alguma explicação para a sensação estranha.

Mas de novo, nada.

— Bem, aqui estamos nós! —Harley disse, gesticulando com o


braço livre enquanto eles passavam sob uma grande placa de madeira.

Uma placa apontava para a direita, indicando os recintos de lobos e


pumas. À esquerda, ursos negros e pardos .

Benny sabia para que lado Harley queria ir.

Desde que ele disse a ela que ele era um shifter, quando eles eram
crianças, Harley era completamente fascinada por tudo e qualquer coisa
relacionada a ursos.

Não foi até mais tarde que ele descobriu que era incrivelmente tabu
contar a um humano sobre essas coisas, a menos que eles fossem

O urso-negro (Ursus americanus), também conhecido como baribal, é um urso norte-americano, encontrado do Alasca
ao Norte do México. Alcança 2,20 m de comprimento, 1,10 m de altura na cernelha e 360 kg de peso. O urso negro geralmente vive cerca de 15
anos, mas alguns podem alcançar até 40 anos. É um bom nadador e pode correr a até 50 km/h. Sua pelagem pode ser de cor negra, marrom,
bege ou branca. Algumas subespécies estão ameaçadas de extinção.

O urso-pardo (Ursus arctos) é um mamífero carnívoro da família dos ursídeos. É o urso de mais ampla distribuição
geográfica dentre todos os membros vivos de sua família. É um dos maiores carnívoros terrestres da atualidade, rivalizado em tamanho corporal
apenas com seu parente próximo, o urso polar, que é muito menos variável em tamanho e maior devido a isso. Existem várias subespécies
reconhecidas, muitas das quais são bem conhecidas em sua área de ocorrência.

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acasalados, mas Harley, fiel à forma, manteve sua integridade infalível


e manteve isso para si mesma.

— Devemos arranjar um lugar como este onde podemos jogar


qualquer idiota que se comporte errado no clube, —disse Harley,
chegando até a grade de cimento que dava para o cercado do urso.
Felizmente, a área era bonita e grande, com bastante sombra, embora o
grande urso pardo estivesse aproveitando o sol, cochilando em um
gramado no centro.

— O nome dele é Boss. Diz aqui que ele foi resgatado de um circo
há algum tempo. Parece que ele está se divertindo, —disse Benny, lendo
o cartaz descritivo enquanto se aproximava ao lado de Harley. E quando
o ombro dela se aninhou ao lado dele, permitindo que ele a envolvesse
com o braço, Benny poderia jurar que tinha morrido e ido para o céu.

Por vários minutos, eles apenas descansaram, aproveitando o


momento do contato físico, e Benny se perguntou como seria ser um
urso não muito diferente deste aqui. Para ser apenas um shifter normal
que poderia viver uma vida normal, encontrar uma companheira, ter
uma família.

Em vez de ter um monstro maligno vivendo dentro dele que tinha


uma tendência a arruinar as coisas, incluindo suas esperanças e sonhos.

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De repente, um pretzel macio meio comido voou para dentro do


recinto, batendo no nariz do urso pardo e acordando-o de seu sono.

— Acorde, urso burro! —alguém exclamou à direita deles,


perturbando o relativo silêncio que Benny, Harley e Boss estavam
desfrutando.

Benny olhou e viu três adolescentes, basicamente crianças, que não


podiam ter mais de dezoito ou dezenove anos. Um deles jogou uma lata
de alguma coisa no urso, e Benny podia sentir o cheiro da bebida neles
mesmo à distância.

A vida era tão fútil que ficar bêbado no meio do dia e incomodar os
animais do zoológico era a única maneira de se divertir? Benny não
pensava assim.

Boss estava agora andando de quatro, rosnando de aborrecimento


enquanto os jovens tentavam instigá-lo, e Benny pensou em intervir ou
se deveria contar a alguém e deixar que os gerentes do parque cuidassem
disso.

— Seja menos chato! — outro disse, tirando algo de um chaveiro

Bretzel é um tipo de pão muito popular entre as populações de língua alemã, sendo portanto bastante difundido
na Alemanha, Áustria, Suíça e também nas regiões da Alsácia e do Alto Adige. Em forma de nó, é seco, estaladiço, habitualmente assado, podendo
ser doce ou salgado.

BENNY
121

pesado. Desta vez, quando o jogaram, atingiu o pobre Boss perto do


olho, e ele o coçou, ficando mais irritado a cada momento.

— Ei, parem com isso, —Harley gritou para eles do outro lado do
recinto semicircular.

— Cale a boca, ruiva, —a única garota do grupo gritou de volta,


claramente meio bêbada.

A essa altura, Benny—e Boss também—estavam fartos. Ele se virou


para o pequeno trio, caminhando na direção deles, sem esperar para ver
que outros insultos eles tinham em mente para Harley.

Na infância, Harley pegou merda mais do que suficiente para durar


várias vidas. Ele não ia deixar ninguém insultá-la, mesmo que mal
fossem adultos.

Como moscas-das-frutas, eles se dispersaram em uma retirada


embriagada, tropeçando em si mesmos e espalhando petiscos enquanto
avançavam, e Benny cessou seu avanço, satisfeito que pelo menos o
ponto foi feito, mas irritado pelas muitas vezes que ele tinha visto
insultos, mas nunca respondida.

— Oh, olhe para isso, um bando selvagem de hienas correndo ao


menor sinal de perigo, —disse Harley, chegando por trás de Benny, e ele
se virou para encará-la.

BENNY
122

— Não ia machucá-los, —Benny esclareceu, puxando-a para um


abraço, amando a maneira como seu corpo macio se enredava no dele.
A coisa toda o deixou inquieto, o fez se sentir um pouco desequilibrado.
Mas ter Harley ao seu lado fez toda a diferença.

— Claro que não. Mas eu não acho que eles queriam fazer mal.
Quer dizer, nós também já fomos jovens. —Ao redor deles, pessoas de
diferentes áreas vieram até o recinto do urso, provavelmente trazidas
pela comoção e o fato de que o urso agora estava acordado.

— Não éramos assim, —disse ele, olhando por cima do ombro para
o último vislumbre das crianças enquanto elas desapareciam na esquina.
— Além disso, eu só tenho trinta anos, e você faz parecer que nossos
anos dourados já ficaram para trás.

— Você sabe o que eu quero dizer. Jovens, jovens.

De repente, um rugido alto rasgou o ar, e ambos olharam para baixo


para ver Boss olhando para eles. Não, olhando para Benny.

Instantaneamente, todos os cabelos do pescoço de Benny se


arrepiaram, seus músculos tensos em seus braços e pernas. Boss rosnou,
andando furiosamente enquanto suas grandes garras negras cavavam a
terra macia abaixo dele.

Mas Boss não era a única coisa andando de um lado para o outro.

BENNY
123

Algo dentro de Benny também estava acordado.

— Nós provavelmente deveríamos ir, —ele disse nervosamente. Era


como se Boss pudesse sentir outro predador em seu território enquanto
ele bufava, seus grandes olhos negros arregalados de raiva. Ele nem
piscou, os olhos fixos diretamente em Benny.

E como um idiota violento e burro, o urso terrível interior de Benny


não sabia quando apenas desistir e relaxar. — Você está bem? —Harley
perguntou, sentindo a mudança repentina de humor de Benny.

Mas quando ele olhou para o lado deles, uma parede de turistas se
aproximou para cercá-los, tirando fotos e gravando vídeos, todos
empolgados ao ver o urso preguiçoso de repente se levantar e atacar sem
motivo.

Bem, Benny sabia o motivo.

Ele era o motivo.

Droga, eles precisavam sair daqui antes que ele chegasse muito
perto de se transformar. Em pânico, Benny olhou para além do grupo
de curiosos que se aglomeravam entre ele e Harley.

Foi só então que ele pôde distinguir uma forma, incrivelmente alta,
parada além da multidão, toda vestida de preto com um capuz que

BENNY
124

cobria suas feições de vista. O homem (ou pelo menos deu a impressão
de ser um homem) apenas ficou ali, de braços cruzados, observando de
longe, apenas irritando ainda mais a besta dentro de Benny.

Quando ele se voltou para o recinto, para sua consternação, viu uma
pequena porta se abrir e um jovem vestido de cáqui entrando com o
urso, balançando um balde com o que parecia ser peixe com ele. Mas,
ao fazê-lo, Boss olhou para ele e, instantaneamente, o jovem soube que
algo estava errado.

Do nada, Boss investiu contra ele antes que ele pudesse voltar para
a segurança de onde havia vindo. O cara abandonou a comida e pulou,
rolando na grama enquanto Boss virava o balde, ignorando-o
completamente.

O grande urso, com os pelos arrepiados e a saliva escorrendo por


entre as presas enquanto os mostrava para o homem encurralado,
parecia pronto para atacar a qualquer segundo.

E então, como se sentisse os olhos de Benny sobre ele, ele recuou,


rugindo novamente como se Benny estivesse fazendo a mesma coisa
com ele.

— Precisamos fazer algo, —disse Harley. — Não podemos deixá-lo


morrer lá dentro.

BENNY
125

Ao lado deles, outro funcionário do zoológico abriu caminho pela


multidão, uma jovem de cabelos pretos, e ela engasgou ao olhar para a
cena.

— Rick, o que está acontecendo? —ela gritou. A multidão ao redor


deles murmurou, alguns deles ligando para o 9-1-1, mas a maioria deles
fixos em suas câmeras, gravando.

— Chame o Harry. Algo está errado com Boss. Diga a ele para
trazer os tranquilizantes, —o pobre Rick gritou de volta, em pânico. Um
segundo depois, a mulher desapareceu, lutando para abrir caminho no
meio da multidão.

Mas não seria rápido o suficiente. Ao som da voz de Rick, Boss


voltou a atacá-lo, certo de que seu zelador era uma ameaça que
precisava ser enfrentada.

O coração de Benny estava batendo contra sua caixa torácica,


pulsando com batidas rápidas e pesadas. Só havia uma solução, e era
arriscada.

— Aconteça o que acontecer, não me siga. Promete? —Benny disse,


virando-se para Harley.

— Prometo, mas seguir você para onde? —Harley respondeu,


confusão em seus lindos olhos verdes.

BENNY
126

Mas antes que ela pudesse terminar totalmente a frase, Benny saltou
sobre a grade de cimento, caindo no final do cercado em um riacho raso
e artificial. Sua força shifter tornou a queda de quatro metros e meio
fácil, mas estava gastando cada grama de energia que ele tinha apenas
para evitar a mudança neste ponto.

Ao contrário dos shifters regulares que podiam mudar de forma à


vontade, o terrível de Benny era como um maremoto, pronto para
atravessar sua consciência e assumir o controle de todo o seu ser para se
tornar uma força de destruição imprudente e imparável.

Havia uma razão pela qual ele só mudou uma vez na vida. E ele
pretendia manter assim.

Os olhos de Rick se arregalaram de choque quando ele olhou além


do urso para Benny, e os olhos de Boss seguiram uma fração de segundo
depois, fixando-se no olhar de Benny.

Bom urso. Apenas me observe.

A terra tremeu quando Boss girou para encarar Benny, mostrando


dentes gigantescos. Mas Benny apenas caminhou lentamente para
frente, sem quebrar o contato visual. Uma das mãos estava esticada para
a frente, esperando distrair o urso, enquanto a outra agarrava
desesperadamente uma das pílulas de Fifi que ele colocou na carteira no

BENNY
127

bolso de trás.

Ele não poderia mudar aqui. Não apenas para proteger o mundo do
conhecimento dos shifters, mas mais importante, para a segurança de
todas essas pessoas, especialmente da Harley.

Por um momento, Boss não se mexeu. Mas quando Benny se


aproximou, ele rugiu tão alto que alguém deixou cair o telefone no
recinto. Mas nem Benny nem Boss olharam para ele.

Um rugido de resposta ecoou na mente de Benny, tão alto que era


ensurdecedor, embora ele soubesse que nenhuma outra pessoa presente
poderia ouvi-lo. Parecia que algo estava rastejando sob sua pele,
tentando forçar sua saída para proteger a vida de Benny da ameaça de
perigo iminente.

Mas ele seguiu em frente, sentindo os olhares de Harley e dezenas


de outras pessoas sobre ele. Ele queria olhar para ela, dizer que tinha
tudo sob controle, mas a verdade é que ele não tinha certeza se tinha.

Boss rosnou mais uma vez, estalando os dentes, e Benny se


encolheu imperceptivelmente. Não por medo de se machucar, mas pelo
choque de sua terrível batida contra a barreira de sua mente. Ele nunca
esteve tão perto de mudar desde a última vez, mas não ia deixar isso
acontecer agora.

BENNY
128

O pequeno Rick, vendo uma abertura onde o urso não estava


olhando, correu para o lado por trás do urso e fugiu para a pequena porta
que ele tinha vindo, provavelmente para pegar tranquilizantes.

Então, gradualmente, Boss começou a recuar conforme Benny se


aproximava. Seus rosnados ficaram menos intensos e seu rosnado
diminuiram até que finalmente parou.

— Bom urso. Nada a temer aqui, —Benny disse cuidadosamente.


Ele só esperava que qualquer parte animal de Boss tivesse visto através
da fachada de Benny para a besta que ele tentou manter escondida lá no
fundo, pudesse olhar novamente e apenas ver um humano normal.

Ou se não fosse isso, então percebia que a besta de Benny o tinha


derrotado e não fazia sentido tentar arranjar uma briga.

De qualquer forma, parecia estar funcionando.

— Você conseguiu cara! —uma pessoa aleatória gritou e outras


gritaram em acordo.

Então, quando Boss finalmente se acalmou, ele caiu de cócoras,


sentando-se enquanto avaliava Benny com curiosidade, cada pedacinho
do ex-urso de circo que as pessoas esperavam dele. Benny esperou mais
um segundo e finalmente deixou a mão cair ao lado do corpo, grato por
ter conseguido evitar que o pior acontecesse.

BENNY
129

Houve uma alegria coletiva enquanto as pessoas aplaudiam a


exibição, provavelmente assumindo que era algum tipo de golpe
publicitário do zoológico. Mas tudo com o que Benny se importava era
Harley, e ele olhou para cima para vê-la soltar um longo suspiro de
alívio, balançando a cabeça para ele de seu lugar acima dele.

Mas seu alívio interno foi prejudicado quando ele viu uma forma
escura esculpindo no meio da multidão. A mesma forma encapuzada
que ele viu um minuto atrás.

Só que ele estava indo em direção a Harley.

Para seu choque total, as pessoas ao redor nem pareciam notar a


misteriosa pessoa alta, em vez disso, batiam palmas e assobiavam como
se nada estivesse acontecendo.

Benny abriu a boca para dizer alguma coisa, para alertá-la. Mas
assim que ele fez isso, a forma alcançou Harley, parando bem atrás dela.
Ele pareceu pairar por um momento infinitesimalmente curto, então
deslizou por ela como uma sombra movendo-se através de uma parede,
passando pela multidão e saindo de sua vista.

Mas por mais que a visão perturbasse Benny, ninguém mais parecia
vê-la. Talvez seus olhos estivessem apenas pregando peças nele, então
ele ignorou. Nesse momento, vários outros funcionários do zoológico

BENNY
130

chegaram ao recinto e se ocuparam em dispersar a multidão e descobrir


o que fazer com o agora dócil Boss.

E Benny só queria estar de volta com Harley. Ele aproveitou a


confusão ao seu redor para sair rapidamente do buraco, agarrar a mão
de Harley e correr.

CAPÍTULO
HARLEY PENSOU QUE SEU CORAÇÃO FOSSE explodir enquanto
tentava acompanhar Benny, que tinha pernas muito mais longas e estava
determinado a sair do zoológico o mais rápido possível.

Ela finalmente parou, com as mãos nos joelhos, ofegante. —


Desculpe, você vai sem mim. Eu ... —Suas sobrancelhas baixaram.
Então ele se abaixou, fazendo sinal para que ela subisse em suas costas.

Nas costas? Fazia anos que isso não acontecia. Ainda assim …

Ela sorriu quando deu um passo à frente, subindo. — Espero não


pesar muito.

BENNY
131

Ele zombou enquanto se levantava, deslizando facilmente os braços


sob as pernas dela e segurando seu peso enquanto corria e depois corria
em direção à entrada. — Você não pesa nada, —ele brincou.

Ela riu, envolvendo os braços em volta do pescoço dele com força,


apreciando seu cheiro quando eles finalmente chegaram à saída do
parque.

Ele a colocou no chão quando chegaram à caminhonete e a ajudou


a entrar no banco do passageiro.

Quando os dois estavam presos e ele estava saindo do


estacionamento, ele soltou um suspiro de frustração. — Me desculpe por
isso. Não era assim que eu esperava que nosso dia no zoológico
terminasse.

Ela bufou. — Quero dizer, não parecia algo que você pudesse
controlar. Aquele urso ... não estava feliz. Aqueles babacas o irritaram.
—Ela estendeu a mão para apertar o joelho dele, tentando não pensar
no medo que sentiu quando ele estava naquele buraco.

Ela tentou dizer a si mesma que ele era um shifter, que nada iria dar
errado, mas tanto quanto ela confiava em Benny, todo o seu coração
parecia vulnerável e exposto, naquele buraco com ele enquanto todos
assistiam.

BENNY
132

Ela estremeceu ligeiramente, e ele pegou sua mão. Ela corou,


lembrando-se de como tinha sido divertido caminhar com ele, a luz do
sol caindo sobre eles, as pessoas ao redor.

Como se fossem apenas um casal normal, quando na realidade, ele


era um homem que podia encarar um urso. Ela franziu a testa. — Os
ursos sempre reagem dessa maneira aos shifters? Como é que nunca vi
seu urso?

Benny franziu a testa, mantendo os olhos na estrada. — Por que eu


iria te mostrar isso?

— Não sei, —disse Harley. — Tasha disse que é difícil não mudar.
Você realmente não muda de jeito nenhum?

— Não.

— Por quê?

— É complicado, —disse ele, segurando o volante enquanto eles


entravam no estacionamento de uma sorveteria que ela adorava.

Ela bateu palmas. — Oh, sim. Exatamente o que preciso para me


acalmar. —Ela olhou para ele nervosamente, permitindo que seus olhos
finalmente verificassem seu corpo inteiro. — Tem certeza que está bem?
Você não se machucou com o salto?

BENNY
133

Ele riu quando saiu e deu a volta ao lado dela para ajudá-la a descer.
Ela não precisava de sua ajuda, mas adorava a sensação de suas mãos
em sua cintura, levantando-a para o chão. — Seria preciso muito mais
do que uma queda como essa para me machucar.

Ela colocou um braço em volta da cintura dele enquanto entravam


na sorveteria. — Muito resistente, hein?

Ele assentiu. — Esse pode ser o único benefício do que eu sou.

Eles fizeram seus pedidos, e Harley riu do tamanho da tigela de


Benny em comparação com a dela. Ela não poderia comer tanto assim.

Quando se sentaram na mesa, os dois comeram por um momento,


deixando o sorvete gelado acalmá-los enquanto olhavam pela janela
para a rua tranquila.

— Então, seu urso se parece com Boss? —Ela pegou uma colher de
sorvete e estendeu para ele. Suas bochechas coraram ligeiramente, mas
ele se moveu para frente, dando a mordida.

Ele fechou os olhos por um segundo, saboreando-o, e Harley sorriu,


amando o quanto apreciava a comida. Quando eles estivessem juntos,
ela cozinharia para ele o tempo todo.

Ele recostou-se, os olhos abertos novamente, e ela corou, tentando


se lembrar de não se antecipar demais.

BENNY
134

— Não, meu urso não é exatamente assim, —disse Benny, olhando


em volta para se certificar de que ninguém estava ouvindo. A sorveteria
estava movimentada e barulhenta, então as pessoas não prestavam
atenção.

— O que parece, então? Será que algum dia vou ver?

Benny estendeu uma colher de sorvete e ela provou, lambendo os


lábios.

Ela corou quando os olhos de Benny se arregalaram, focados em


sua boca de uma forma que o fez ficar totalmente imóvel. Ela recostou-
se, constrangida e excitada ao mesmo tempo.

Como ela sempre suspeitara, a química deles era tão fácil. Ela estava
feliz por ter a distração do trabalho depois disso.

Benny se recompôs, colocando a colher de volta na tigela em


silêncio. — Espero que nunca o veja. Não é algo que eu gostaria que
você visse.

— Mas porque não? Os outros não viram a forma shifter de seus


companheiros?

Benny olhou para a mesa e ela se perguntou se não deveria empurrar


com mais força. Este sempre foi um tópico difícil de abordar.

BENNY
135

— Eu não sou ... não sou exatamente como os outros shifters. Isso
é parte do motivo pelo qual temos que ir devagar. —Ele engoliu em seco,
e ela odiou a maneira como sua mandíbula ficou tensa, seus ombros
caíram ligeiramente.

Ela queria que este homem grande e poderoso sempre soubesse o


quão poderoso ele era. O quanto ela pensava nele.

Ela se inclinou sobre a mesa e deu um beijo em seus lábios que tinha
gosto de sorvete. Quando ela se afastou, ele parecia mais relaxado.

— Como você sempre sabe o que fazer? —Ele apoiou um cotovelo


na mesa e continuou a comer seu sorvete.

— Como você sempre sabe o que fazer? —ela respondeu.

— O que você quer dizer?

— Você está sempre lá para mim, —ela disse calmamente. — Como


quando eu levei um bolo no meu primeiro encontro e você apareceu com
uma lanterna e UNO e nós jogamos na parte de trás da minha
caminhonete surrada até o amanhecer.

Uno (estilizado UNO) é um jogo de cartas estadunidense com detalhes especiais (que o diferenciam do Mau-mau),
desenvolvido por Merle Robbins e familiares (com a participação de Samuel Sosthenes) em 1971. Hoje é vendido nos Estados Unid os pela Mattel
e no Brasil pela Copag. Uno é um dos jogos de cartas mais famosos e mais vendidos no mundo todo.

BENNY
136

Os olhos cor de avelã de Benny se fecharam levemente, e ela não


sabia dizer se ele estava envergonhado ou satisfeito por ela ter tocado no
assunto.

Ele mudou tanto quando adulto, tornando-se mais amigável com


todos, sempre suave com uma resposta ou um elogio.

Mas com ela, ele era o mesmo Benny de sempre, e ela sempre
valorizaria que ela era a única que podia vê-lo dessa maneira.

— Sabe, posso ter sido a razão pela qual ele não apareceu, —Benny
mexeu seu sorvete, mordiscando seu lábio inferior carnudo. — Não sei
se já te contei sobre isso.

Seu coração começou a acelerar, como sempre acontecia quando


ele era protetor. Ela não queria isso de mais ninguém, mas dele, era tudo.

— O que você quer dizer? O que você fez?

— Eu o ouvi, —disse Benny. — No vestiário. —Seus olhos se


fecharam de raiva, seus lábios em uma linha firme. Ele suspirou, abrindo
os olhos, embora a raiva ainda estivesse lá. — Ele estava dizendo coisas
horríveis sobre o que ele queria fazer com você. Eu poderia ter dito a ele
o que aconteceria se ele aparecesse.

Harley sorriu. Benny era musculoso e alto, enquanto os outros caras

BENNY
137

ainda eram esguios e infantis. Ela quase podia imaginar a expressão no


rosto de seu quase encontro.

— Sinto muito. Eu deveria ter te contado antes. Eu não deveria ter


deixado você se machucar com isso. É por isso que queria animá-la.
Bem, eu sempre quero animá-la.

Ela riu. — Está tudo bem. De qualquer forma, eu me diverti mais


com você. Eu poderia fingir que estávamos em um encontro.

Ele ergueu uma sobrancelha escura. — Nós meio que estávamos.

— Bom, —ela disse. — Eu gosto disso.

— Nunca esqueci como você foi gentil comigo quando vim para sua
casa. Sempre tentei compensar você. Você foi a primeira pessoa ... Você
... —Ele passou a mão pelo cabelo, bagunçando-o adoravelmente. —
Você foi o meu primeiro abraço.

Ela sentiu o calor esquentar suas bochechas, seu coração doendo


um pouco ao ouvi-lo confirmar o que ela sempre temeu. — Você
merecia muitos abraços antes disso.

— E você construiu aquele forte para mim, —ele disse, sua voz
soando tensa. — Foi a primeira vez que me senti seguro. E quando olhei
para você, quis protegê-la. Foi a primeira vez que senti isso também,
embora não soubesse o que significava. Só sabia que você era bonita,

BENNY
138

mesmo naquela época.

Ela mexeu o sorvete, observando-o derreter, sentindo uma pontada


ao se lembrar do último forte de travesseiros que vira.

Foi quando seus pais morreram.

Benny, que estava trabalhando em um emprego de verão e morando


no local, dormindo em beliches, apareceu do nada.

Apenas vê-lo a fez sentir como se o mundo não estivesse acabando.


Cair em seus braços tinha sido tudo. Mas ela ainda estava entorpecida.
Incapaz de chorar, incapaz de sentir.

E então ele a ajudou a sentar no sofá e construiu um forte de


travesseiros enquanto ela observava.

E quando ele a guiou para dentro e a deixou cair contra seu peito,
com o mundo longe dela, ela finalmente conseguiu chorar.

Ela sentiu as lágrimas ferirem seus olhos e rapidamente as enxugou.

Benny parecia mortificado e rapidamente se levantou de seu lugar e


deslizou para a mesa ao lado dela, usando um guardanapo para enxugar
suas lágrimas.

Ela sorriu para ele, pegando o guardanapo. Já fazia muito tempo


que as lágrimas eram de lembrança fiel e não tão pungentes como antes,

BENNY
139

embora sempre houvesse dor.

— Me desculpe se eu disse algo ...

— Oh, não, —disse ela. — Só estava pensando em quando você


veio, quando meus pais ...

Ele ficou rígido, então colocou um braço em volta dela. Claramente,


ele ainda sentia dor também. — Eles eram pessoas incríveis.

— Eles teriam ficado muito felizes se pudessem ver o que você fez
por mim. Não sei se já te agradeci.

— Me agradeceu? —A voz profunda de Benny ficou surpresa, e seu


braço a puxou para perto, fazendo-a se sentir segura de uma forma que
ninguém mais poderia. — Você nunca precisou me agradecer. É apenas
o que você faz por alguém que você ama.

— Eu precisava daquele forte de travesseiros, —disse ela, fungando


e sorrindo enquanto enxugava os olhos novamente.

— Eu precisava daquele que você construiu para mim, —ele disse


solenemente.

Ela olhou em seus olhos, vendo um lar ali. A mão dela ergueu para
sua bochecha, roçando a barba por fazer. — Acho que há muita coisa
que as pessoas não conseguem entender sobre nós.

BENNY
140

Benny acenou com a cabeça. — Mas está tudo bem, desde que nós
entendamos.

Ficaram assim por um longo momento, deixando a dor passar,


relembrando todos os momentos que tinha inventado seu passado.

E lentamente, Harley se sentiu melhor.

E então Benny agarrou sua colher e segurou um pedaço de sorvete


derretido, batendo em seus lábios de propósito e fazendo-a rir, e tudo
parecia normal novamente.

Melhor que o normal.

Como se de alguma forma a amizade de toda a vida e essa coisa


nova e estranha entre eles tivessem finalmente se fundido.

Eles estavam ocupados tentando alimentar um ao outro com sorvete


gotejante e rindo disso quando a mão de Benny pegou a dela e seus olhos
mergulharam em seus lábios, fazendo algo zunir do pescoço aos dedos
dos pés.

Ele se inclinou para frente, e ela ergueu o rosto para ele, desesperada
por seu beijo.

Quando os lábios dele se fecharam sobre os dela, seu corpo inteiro


reagiu como se ele a estivesse tocando em todos os lugares e não apenas

BENNY
141

em seus lábios.

O peito dela estava pressionado contra ele, os braços dele a


envolvendo, pressionando suas costas na mesa. Quando a língua dele
deslizou em sua boca, ela não se importou se alguém estava olhando,
mas ela estava feliz por ele ser seu escudo para que ela pudesse derreter
totalmente.

Ela suspirou contra seus lábios enquanto sua mão se movia para seu
ombro, trazendo de volta memórias acaloradas da noite anterior.

E então seu telefone tocou, interrompendo tudo.

Benny deixou escapar um suspiro irritado enquanto se afastava


dela, parecendo que era a última coisa no mundo que ele queria fazer.

Ele olhou para seu telefone e o ergueu para ela. Era uma mensagem
de Max.

Harley riu, percebendo que eles haviam perdido a noção do tempo.

— Devemos ir, então? —Benny assentiu, mas ainda havia calor em


seus olhos.

— Podemos continuar isso mais tarde.

— É melhor, — ela disse enquanto Benny se levantava e a ajudava

BENNY
142

a se levantar, deixando uma gorjeta generosa para a loja que os havia


deixado ficar lá por um bom tempo.

O proprietário sorriu para eles quando saíram.

APESAR DA PREOCUPAÇÃO de Max, eles voltaram ao clube a


tempo de abrir, e Benny voltou para verificar a correspondência
enquanto os outros cuidavam do bar e da fila.

Ele precisava de tempo para pensar, para processar tudo o que


estava acontecendo.

Toda vez que ele beijava Harley, ele se sentia delirante por pensar
que era possível fazer tal coisa. Mas seus lábios, sua respiração, seu calor
... tudo era tão real.

Ele abriu uma das cartas enquanto caminhava de volta para seu
escritório e, quando viu que era da comissão estadual de impostos,
pedindo alguma documentação, ele gemeu.

Ele caminhou até sua mesa, tirando um arquivo de documentos

BENNY
143

importantes, e começou a vasculhar, procurando o que precisaria.

Enquanto ele vasculhava, ele viu algo flutuar no chão abaixo dele.

Revirando os olhos, ele se abaixou para pegá-lo, mas quando viu o


que estava em sua mão, deixou-o cair como se o tivesse queimado.

Era um artigo antigo e familiar sobre um casal morto em um ataque


de animal.

Ele olhou para ele por um momento, perguntando-se por que o


havia guardado. Por que estava em seu arquivo. Era velho e meio
apagado e ...

Ele ouviu uma batida na porta e rapidamente pegou o recorte para


que ninguém pudesse ver, enfiando-o de volta na pasta e colocando o
arquivo de volta na gaveta.

Ele ergueu os olhos bem a tempo de ver Lock entrar, uma expressão
intrigada no rosto. Seus olhos âmbar se fixaram em Benny com
curiosidade. — Estou interrompendo algo?

Benny balançou a cabeça. Depois de ver aquele artigo, ele ainda


tinha um buraco no estômago do tamanho da Fossa das Marianas , mas

A Fossa das Marianas é o local mais profundo dos oceanos, atingindo uma profundidade de 10 984 metros. Localiza-se no
oceano Pacífico, a leste das ilhas Marianas, na fronteira convergente entre as placas tectônicas do Oceano Pacífico e das Filipinas.

BENNY
144

não queria que Lock soubesse disso.

E com o tempo, ele ficou muito bom em esconder seus sentimentos.

— Só pensei em dar uma olhada em você, —disse Lock, felizmente


se sentando em uma cadeira em vez do sofá onde ... onde ...

Lock cruzou uma perna sobre a outra. — Você parece muito


distraído.

— Desculpe, — disse Benny, pegando a carta da comissão de


impostos. — Coisas de auditoria. Você sabe como isso é estressante.

Ele colocou a carta de lado. — Como estão as coisas com você? Eu


deveria ter checado mais. —Ele se sentiu calmo enquanto assumia sua
fachada normal e amigável.

— Bem, —Lock disse, embora ainda estivesse estudando seu amigo


como se estivesse preocupado com ele. — Melhor do que eu jamais
pensei que as coisas poderiam ser.

Benny sorriu, genuinamente feliz por seu amigo. Embora muitas


pessoas julgassem mal Lock, Benny sempre sentiu que ele era uma boa
pessoa. Ele estava feliz por estar certo. — Vocês dois merecem coisas
incríveis.

— Você também, —disse Lock, erguendo uma sobrancelha. —

BENNY
145

Como vão as coisas com a Harley?

Benny respirou fundo. Se ele e Harley realmente iriam fazer as


coisas, ele não poderia manter todos fora. — Bem. Muito bem. —Ele
sentiu suas bochechas esquentarem e ficou grato por ter limpado
cuidadosamente o escritório esta manhã, disfarçando qualquer cheiro
que pudessem ter deixado, mesmo de um nariz como o de Lock.

Lock sorriu, recostando-se na cadeira. — Então você finalmente fez


um movimento?

Benny acenou com a cabeça. — Sem detalhes, no entanto. Não vou


lhe dizer nada.

— Chato, —disse Lock, mas estava brincando.

Benny teve que admitir que era bom finalmente ter algo para contar
no departamento de romance. Isso o fez se sentir normal, só por um
tempo.

As sobrancelhas de Lock franziram. — Mas o que mudou? Com seu


urso, você estava determinado a não fazer nenhum movimento. Sei que
você nunca a machucaria, mas ...

Benny se recostou na cadeira, jogando as mãos para o alto. — Por


que todo mundo parece saber disso, menos eu? —Ele balançou sua

BENNY
146

cabeça. — Se você não é um terrível, não consegue entender isso.

— Se é tão perigoso, então o que mudou? Você encontrou algo que


ajuda?

Benny franziu a testa, sem saber o que dizer. — Ainda não, mas Fifi
está olhando ao redor.

Lock concordou. — Então é por isso que ele está parecendo tão
cauteloso.

— Sim. Ele espera poder ajudar.

Lock ficou quieto por um longo momento, olhando para nada em


particular. Então seus olhos encontraram os de Benny. — Você tem
razão. não consigo entender. Mas você tem sido uma grande influência
em minha vida e quero que saiba que tem meu apoio. Não importa o
que. Você liga a qualquer hora e eu estarei lá para ajudá-lo.

Benny engoliu em seco. Era difícil aceitar a ajuda dos outros. Difícil
até imaginá-los querendo ajudar. Era muito mais confortável ajudá-los.
Mas ele assentiu, apreciando a amizade de Lock. — Obrigado. Eu irei.

Lock se levantou, alongando-se e relaxando, sorrindo de orelha a


orelha. — E se você precisar de dicas de sexo, já que sei que você é
totalmente virgem ...

BENNY
147

— Saia! —Benny falou, corando embaraçosamente fundo. — Agora


mesmo!

Lock riu. — Claro, chefe.

Ele se virou para ir embora, ainda rindo, quando Benny percebeu


que ele tinha algo a perguntar.

— Espere, —disse ele, e Lock se virou para encará-lo


pacientemente. — Você pode trancar hoje à noite? Eu tenho ... algo para
fazer.

Os lábios de Lock se abriram em um sorriso malicioso. — Algo ou


alguém?

Benny pegou um peso de papel de sua mesa e o atirou na porta. Por


alguma razão, qualquer um que estivesse brincando sobre ele e Harley
o fez reagir instantaneamente.

Lock se esquivou facilmente, rindo. — Tudo bem, chefe. Claro que


vou trancar. —Ele fez uma saudação. — Está no nome, afinal .

Então ele se foi antes que Benny pudesse dizer mais alguma coisa.

Benny afundou na cadeira, tentando suprimir um sorriso da


situação ridícula. Ele respirou fundo e olhou pela janela, tentando se

Aqui ele faz um trocadilho com seu próprio nome LOCK que quer dizer fechar.

BENNY
148

acalmar.

Ele precisava se concentrar para que pudesse planejar seu próximo


encontro com Harley. Precisava ser muito especial, assim como ela.

CAPÍTULO
— ENTÃO, PARA ONDE ESTAMOS INDO? —HARLEY perguntou,
sentando no banco do passageiro da caminhonete de Benny enquanto
ele os levava para algum lugar desconhecido.

Tudo que ela sabia era que ele a abordou no meio de seu turno no
Club Crimson e perguntou se ela queria “ir a algum lugar tranquilo” com
ele.

É claro que ela disse que sim.

— Como eu disse, é um segredo, —respondeu ele, com uma


sugestão de sorriso curvando seus lábios. Tão bom quanto ele tinha sido
em esconder sua dor, escondendo seu passado dela, ele sempre foi um
péssimo mentiroso quando estava excitado.

BENNY
149

Há muito tempo Harley não ficava tão longe da cidade.


Provavelmente desde a infância, na verdade. Um tempo atrás, eles
passaram pelos subúrbios silênciosos e arredores mal iluminados,
levando-os para um mar sem fim de floresta de pinheiros que se estendia
sem limites diante deles, iluminado apenas pelos faróis da caminhonete
de Benny.

Bem acima, a lua projetava na parede de árvores e nas colinas


circundantes um lindo brilho azul assustador.

Era difícil não se lembrar de dezenas, talvez centenas, de viagens


que ela e Benny fizeram assim juntos.

Sempre que eles estavam felizes, sempre que estavam tristes ou os


tempos eram difíceis—especialmente quando os tempos eram difíceis—
eles subiam na caminhonete de Benny e dirigiam sem rumo pela floresta
que cercava sua casa de infância. Então eles encontravam um lugar para
estacionar e apenas sentavam e observavam as estrelas enquanto
conversavam.

Sempre foi um de seus grandes amores compartilhados, o ar livre.


Um senso de aventura e novidade e de ser um com a natureza que ela
sempre teve desde a infância e que Benny apenas encorajou e trouxe
para fora dela.

BENNY
150

A caminhonete balançou ao bater em um solavanco, e Benny


diminuiu a velocidade, o som de cascalho e terra sob os pneus
sinalizando que agora eles estavam oficialmente fora do caminho
batido. À esquerda e à direita, troncos grossos e galhos baixos os
envolviam em um manto de escuridão. Eles dirigiram por mais alguns
minutos, quando de repente o dossel se abriu, exibindo um céu noturno
brilhante em plena exibição acima deles.

Quando Benny parou a caminhonete e o estacionou, os olhos de


Harley demoraram um segundo para se ajustar. Mas quando ela o fez,
ela percebeu que eles estavam no centro de uma pequena campina,
cercada por árvores. Ela abaixou a janela, e o ar frio da noite entrou,
carregando um milhão de aromas que ela mal conseguia decifrar como
humana, deixandoa-a cintilante e animada, no entanto.

Se a nostalgia pudesse ser reprimida e servida a ela como adulta,


seria isso. As florestas que circundavam a cidade onde ela havia crescido
não tinham fim. E Benny, que aparentemente morou no condado
adjacente antes de vir morar com ela, também desfrutou de bastante
exposição à natureza.

— Bem, aqui estamos nós, —exclamou Benny, batendo uma mão


na coxa.

BENNY
151

— E onde nós estamos? —ela perguntou, curiosa.

— Lugar algum, —seu sorriso quando seus olhos encontraram os


dela foi contagiante, e ela sentiu seu corpo inteiro aquecer da cabeça aos
pés. — Mas isso não é tudo. Aqui, eu vou te ajudar.

— Entendi, —ela exclamou, muito animada para se sentar em um


lugar. Ela abriu a porta e saltou para fora, a sensação do solo macio e
da grama na altura do joelho fazendo cócegas em suas canelas
deliciosas.

Quando Benny saiu, ele foi para a traseira da caminhonete, e ela o


seguiu. Ele destrancou a capa e a desenrolou, revelando uma grande
cama inflável coberta com cobertores e alguns sacos de dormir. Ao lado,
um refrigerador de tamanho médio e uma mochila estavam
despretensiosamente, esperando para revelar quaisquer mistérios que
guardassem.

Benny havia planejado tudo isso para ela?

Ele subiu na carroceria do caminhonete e ofereceu a mão para


Harley segurar. Ela o fez, levantando-se para ficar ao lado dele,
sentindo-se incrivelmente alta sobre a campina abaixo.

— Sente-se, —ele ofereceu com um aceno de mão, e ela se jogou na


cama inflável, saltando um pouco enquanto estava deitada de costas.

BENNY
152

— Uau, isso realmente é como nos velhos tempos, —Harley


exclamou, sentindo-se quente apesar do ar frio. Sentindo-se tão perto de
Benny enquanto as memórias inundavam sua mente como boias
flutuantes.

Benny riu. — Sim. Só que, naquela época, tudo o que tínhamos


eram alguns cobertores surrados. E minha velha caminhonete mal cabia
duas pessoas na parte de trás, muito menos uma cama inflável tamanho
queen como esta.

Harley se apoiou nos cotovelos para olhar para Benny, que parecia
um homem da montanha da vida real em sua camisa de flanela
vermelha e preta.. — Você está certo. Isso é definitivamente melhor.

Benny sorriu para ela, fazendo um arrepio de excitação subir pelo


pescoço enquanto ela o observava se inclinar para o refrigerador e tirar
algo. Um segundo depois, ela ouviu um estouro abafado, e ele pegou
duas taças altas, servindo champanhe nelas. Ela se sentou para pegar a
taça e ele pegou o outro na mão, oferecendo um brinde.

— O que estamos comemorando? —Harley perguntou, batendo sua


taça na dele, o som da luz derretendo no vazio ao redor deles.

— Quero dizer, nada em particular. Nós, eu acho, —Benny disse,


parando por um momento antes de beber sua taça de uma só vez.

BENNY
153

— Eu vou beber a isso. —Ela tomou um gole também, as bolhas


amargas picando sua garganta, fazendo seu corpo inteiro parecer um
pouco mais leve.

Quando ela olhou para Benny novamente, ela deu um tapinha na


cama ao lado dela, e ele sentou-se lentamente. A cama inteira se mexeu,
movendo-se sob o peso incrível de seu corpo construído, e Harley riu, o
champanhe já fazendo com que ela se sentisse um pouco tonta.

— Ei, eu sou um cara grande, —disse Benny, deitando-se de lado


enquanto Harley se aproximava mais para que a cama não a derrubasse.

— Eu não estou reclamando.

Seu rosto era tão bonito, projetado pela luz da meia-lua acima deles.
Era como se um anjo corpulento tivesse caído do céu para cuidar dela,
com olhos castanhos e um coração de ouro.

Harley tomou outro gole de champanhe e deitou-se de costas para


olhar as estrelas.

Ela não sabia se Benny estava planejando ir mais longe, mas já, seu
coração estava acelerado com ideias e planos de como eles poderiam
fazer mais do que tinha acontecido em seu escritório.

— Uau, é lindo aqui em cima.

BENNY
154

Perto dali, uma coruja piava e grilos aqui e ali cantavam, o som tão
familiar quanto as costas de sua própria mão. Bem acima deles, a Via
Láctea se espalhava em uma ampla faixa de estrelas azuis e prateadas,
como se algum pintor cósmico a tivesse organizado com uma única
pincelada.

— Sim, é, —Benny respondeu, e ela sentiu o olhar dele passar por


ela por um momento antes de retornar para o céu.

— Quantas noites você acha que passamos assim?

— Pelo menos metade do ensino médio. Esse foi certamente um


momento difícil o suficiente para justificar o pensamento.

— Acho que o ensino médio é difícil para todos. Naquela época,


parecia que o mundo era tão pequeno. Era bom sair e olhar para algo
que desafiava a explicação. Mas agora, com tudo em nosso mundo
mudando, com shifters e acasalamento e o clube para administrar, é
bom voltar ao básico. Para se sentir fundamentado em algo imutável e
familiar.

— Então você está feliz por eu ter trazido você aqui? —ele

A Via Láctea é uma galáxia espiral, da qual o Sistema Solar faz parte. Vista da Terra, aparece como uma faixa
brilhante e difusa que circunda toda a esfera celeste, recortada por nuvens moleculares que lhe conferem um intrincado aspect o irregular e
recortado.

BENNY
155

perguntou.

— Definitivamente. —Ela olhou para ele, dando-lhe um sorriso


malicioso. — Mesmo que isso signifique só ficar aqui com você, —ela
brincou, engolindo o resto do que tinha gosto de champanhe
razoavelmente caro e se deitando sobre os cobertores macios.

— Bem, talvez eu apenas tenha que chutar você para fora, e vou
desfrutar dessa 'cama' sozinho, —ele disse com aspas no ar, sorrindo
enquanto o fazia.

— Não, você não pode. Reivindiquei está cama. É minha cama


agora. —O champanhe, misturado com a saudade da infância, a estava
deixando boba, como se nenhum problema do mundo pudesse alcançá-
los aqui sozinhos.

— Bem, então estou aqui para conquistar o reino de Harley e depor


a sua rainha. —Ele ergueu uma bandeira imaginária e a plantou no
canto da cama. Então ele estendeu a mão e puxou um cobertor, jogando-
o sobre ela. — E agora você é minha prisioneira.

Ela riu, lutando contra ele por um segundo enquanto ele a envolvia
no cobertor verde felpudo e a puxava para ele. Mas a luta apenas a
deixou ainda mais enredada no tecido de pelúcia, deixando-a presa e
ofegando em pequenos sopros brancos de ar na noite gelada.

BENNY
156

Sentir sua força, tão avassaladora e dominante, mas reservada


apenas para ela, foi tão excitante, e ela se aninhou em seu peito e braços.
Seu calor emanava dele em ondas, tocando o coração de sua alma.

— Mesmo que fosse apenas em cima de uma caixa de papelão, eu


gostaria de estar aqui com você, Harley. Sempre quis estar com você. —
Sua voz era profunda, fazendo cócegas em seu ouvido enquanto falava.

— Sinto o mesmo. — Muitas vezes em sua juventude, especialmente


quando eles cresceram, Harley imaginou estar com Benny assim. Em
um lugar onde eram só eles, sozinhos. Mas então eles se mudaram para
a cidade, fundaram o clube. Uma coisa levou a outra, e a vida começou
a se mover tão rápido que ela temeu que fosse passar direto por ela.

Mas aqui fora, o tempo parecia ter parado.

— Vim aqui sozinho algumas vezes nos últimos anos. Mas nunca
foi o mesmo. Queria te convidar, mas … não sei. Agora que não somos
mais crianças, eu estava com medo de que isso também parecesse ...

— Íntimo? —ela respondeu

Ele fez uma pausa. — Sim. Mas é por isso que eu queria vir aqui
com você, finalmente compartilhar algo que sempre foi incompleto sem
você.

Ela se virou e Benny afrouxou o aperto para que pudessem deitar de

BENNY
157

lado, cara a cara. Harley podia distinguir cada traço de seu rosto, cada
covinha, cada cílio que emoldurava seus lindos olhos castanhos.

Ele era todo o seu mundo.

— Então, o que você achou até agora?

— Vamos apenas dizer que eu amo tudo sobre isso. Principalmente


a intimidade. — Houve um flash quando as pupilas dele dilataram,
olhando-a de cima a baixo como se pudesse ver todos os seus
pensamentos, e os dedos dos pés dela se curvaram em antecipação
enquanto o momento pairava sobre eles como tantas estrelas cadentes.

E então ele se inclinou para frente, os lábios batendo nos dela como
uma onda na costa, agitando um milhão de pensamentos e sensações
em Harley ao mesmo tempo. Imediatamente, ela abriu os lábios,
querendo sentir mais dele, e Benny entrou com a língua. Calor e desejo
se agruparam em seu centro, extraídos pela única pessoa no mundo que
poderia fazê-la se sentir assim.

Mas ele não se afastou, não até que ela ficou querendo muito mais,
quase sem fôlego, por seus beijos insaciáveis.

— Harley, eu só quero você. Não consigo parar de querer você, a


cada minuto de cada dia. —Sua voz era séria, olhos cheios de desejo que
refletiam os dela.

BENNY
158

— Sou sua. Quero tanto você que mal consigo pensar direito. —
Ela não podia esperar mais um segundo para afundar no prazer que só
ele poderia dar a ela.

Desta vez, ele se inclinou sobre ela, envolvendo-a com sua força, e
beijou-a com tudo que tinha.

E o resto do mundo desapareceu nas sombras da floresta ao redor


deles quando ela caiu.

CAPÍTULO
BENNY NÃO SENTIA MAIS NADA NO MUNDO além de Harley.
Seus lábios nos dele, sua língua entrelaçada com a dele, seu corpo sob o
dele, suave e perfeito e tudo mais.

Ela soltou um suspiro abafado quando ele cobriu sua boca


completamente, querendo estar mais fundo dentro dela do que nunca,
traçando os pontos sensíveis que faziam seu corpo responder a ele.

Mas quando ele se moveu ligeiramente, ambos quicaram enquanto

BENNY
159

a cama cheia de ar gemia com os dois corpos adultos se movendo em


cima dela. Então eles levaram um momento para se mexer, Harley
deitada de costas enquanto ele se ajoelhava sobre ela, criando um recuo
acentuado na cama que os forçou ainda mais perto.

Benny não tinha queixas sobre isso, no entanto.

Ele não perdeu mais um segundo, depositando beijos famintos no


pescoço dela indo até a orelha, onde lambeu ao longo da concha e
desceu até o lóbulo. E quando ele o agarrou entre os dentes, arrastando
levemente a boca sobre ele, ela suspirou.

— Deus, Benny, continue.

— Nunca vou parar. — Ele beijou o lugar onde a orelha encontrava


o pescoço, chupando a pele dela por um momento, não se importando
se isso aparecesse. Ela era sua. Ninguém tinha permissão para se
aproximar dela. Nem antes, nem agora, nem nunca.

Era como se ele não pudesse tocar Harley o suficiente. Cada beijo,
cada som, cada centímetro macio de sua pele, um lembrete feliz de que
isso era real. Eles eram reais.

Ele sentiu seu urso rugir. Mas, para sua surpresa, foi paciente, como
se Benny estivesse finalmente ouvindo a si mesmo, empurrando para a
frente, de modo que não havia necessidade de fazer barulho.

BENNY
160

O cabelo dela era como seda em suas mãos enquanto ele agarrava
as belas mechas vermelhas em seus dedos, acariciando sua nuca
enquanto se abaixava para beijá-la novamente. Mesmo sem cobertores,
todo o seu corpo estava quente como carvão. Seu pênis latejava contra
seu jeans, instantaneamente excitado por suas reações ao seu toque.

Então, quando a lua subiu mais alto no céu acima deles em sua
marcha lenta, ele passou as mãos pelos quadris dela, memorizando as
curvas de Harley como um encantamento que poderia salvá-lo.

Harley foi a única que o salvou de verdade. De si mesmo. De seu


passado. De um futuro de ficar sozinho com o monstro que o
assombrava diariamente.

Ele devia a ela o mundo e mais um pouco.

E quando ele passou os dedos por baixo de sua camisa, acariciando


sua barriga macia e em direção aos seios, Harley puxou a camisa,
tentando puxá-la para cima, mas não ficando muito presa debaixo dele
assim. Então ele a ajudou, puxando suavemente sua blusa pela cabeça,
em seguida, desfazendo o sutiã e colocando-o de lado na caçamba da
caminhonete para que não se perdesse.

— Assim, está melhor?

— Muito melhor, — disse ela, olhando para ele com olhos verdes

BENNY
161

sombreados pelo luar azul. Ela era tão linda, seios fartos e contornos
macios praticamente brilhando, lábios ligeiramente entreabertos
enquanto as mãos dele seguravam sua carne macia e os apertavam.

Ela gemeu, o som era tão suave que parecia gotas de chuva, e suas
mãos puxaram a barra de sua camisa.

— Posso tocar em você desta vez também? —ela implorou,


desejando em seu olhar enquanto ela tentava olhar através de sua roupa
para o que havia por baixo.

Benny se identificou com aquela expressão e fez uma pausa,


ouvindo qualquer aviso de seu subconsciente. Mas tudo parecia certo no
momento, e Harley merecia ter o que ela queria tanto quanto ele queria
dar a ela.

Movendo-se rapidamente, ele começou a desfazer os botões um por


um. Mas entre sua excitação e a visão de uma Harley semi-nua e
dolorosamente linda embaixo dele, suas mãos de urso grande não
podiam cooperar. Então, em vez disso, ele rasgou a coisa no meio,
jogando-a de lado e a camiseta branca que usava em pedaços.

No início, Harley riu da exibição, depois ficou boquiaberta quando


foi deixado sem camisa na parte de trás de sua caminhonete.

— Uau. Quente, —ela exclamou.

BENNY
162

Benny sentiu sua pele esquentar com o toque dela enquanto ela
sentia ao longo de seu abdômen, movendo-se para os peitorais e depois
de volta para os braços.

Ele se sentiria envergonhado agora se não fosse pelo fato de sentir


uma atração por ele, tão sincera e aberta, tão singularmente dirigida a
ele e apenas para ele.

Era como se ela estivesse vendo uma parte dele que ela nunca tinha
visto antes. E foi bom. Cuidando.

Benny se inclinou, pegando um seio com a mão e sugando a ponta


de seu mamilo. Então, finalmente percebendo que estava um pouco frio,
ele puxou dois cobertores e os colocou ao acaso sobre eles, certificando-
se de que ela estava completamente coberta antes de continuar.

— Você pode apenas usar sua boca para me aquecer. Que tal isso?
—Harley disse, a frase interrompida no meio por um pequeno suspiro
quando ele pressionou o polegar no centro de seu seio.

Foi o que ele fez, lambendo-a por inteiro, usando suas mãos
aquecidas pela excitação para tocá-la e apertá-la, atraindo expressões de
excitação dela como pedidos eróticos por mais. E quando percebeu que
ela não estava mais com frio, ele desceu, traçando linhas em sua barriga
e brincando com seu umbigo com a ponta da língua, depois puxando o

BENNY
163

botão de sua calça com a boca, provocando-a. E enquanto ele o fazia,


as mãos dela continuaram a acariciar seus músculos tensos gentilmente,
então cravaram quando sua excitação tomou conta de seus sentidos.

Ele abriu o botão e puxou sua calça jeans e calcinha abaixo dos
tornozelos, deixando-a coberta com os cobertores que o rodeavam na
escuridão. O cheiro de Harley, como papoulas da montanha na
primavera, estava tão perto dele, misturado com o pinheiro ao redor que
chamava o homem e o urso nele ao mesmo tempo, chamando-o para
dar prazer a sua companheira.

Porra, ele precisava prová-la. Sentir a umidade dela em seus lábios


neste exato instante.

Como se ela pudesse sentir as palavras em sua mente, a respiração


de Harley começou a correr de excitação quando ele abriu as pernas,
descendo para o lugar sagrado entre elas e colocando um único beijo no
ápice de suas coxas. Ela gemeu alto, sacudindo o corpo e fazendo a
cama inflável balançar, quase fazendo-o perder o equilíbrio
completamente na superfície em constante mudança abaixo deles.

Então Benny gentilmente segurou suas pernas no lugar, mantendo-

mountain poppies ‘papoulas da montanha’ - papoula é uma planta com flor na subfamília Papaveroideae
da família Papaveraceae. As papoulas são plantas herbáceas, muitas vezes cultivadas por suas flores coloridas.

BENNY
164

a firme enquanto se inclinava para separar suas dobras com a língua,


lambendo diretamente contra seu clitóris.

Imediatamente seu corpo inteiro se contraiu, os músculos se


flexionando com a sensação. Mas ele não desistiu, tão envolvido com o
prazer dela que teve que lhe dar mais.

Harley choramingou com cada beijo, cada carícia, afundando-se


mais na cama enquanto a lambia sem sentido. Era como um vai-e-vem
sensual enquanto Benny estalava sua língua e provava e sugava
levemente, enquanto Harley agarrava seus ombros, segurando-o como
se sua vida dependesse dele.

A vida de Benny dependia de Harley; isso era certo.

Com mais uma lambida, longa e lenta, Harley finalmente gozou,


gritando seu nome repetidamente, o som se dissipando como fumaça na
clareira vazia.

Felizmente, esta área estava completamente vazia, desprovida de


tudo exceto vida animal, então Harley poderia fazer tanto barulho
quanto quisesse.

Mas sua libertação só fez Benny desejá-la mais. O fez querer fazê-la
gozar novamente.

Então ele voltou para seu clitóris novamente, indo mais rápido, todo

BENNY
165

o corpo equilibrado com o propósito singular de dar prazer a sua


companheira.

E quando seu urso rosnou a palavra com possessividade sombria,


ela ecoou em sua própria mente repetidas vezes.

Companheira.

Seus gemidos estavam se tornando ofegos ofegantes. Benny também


estava inacreditavelmente excitado, o pênis pressionando contra as
calças com tanta força que ele se perguntou se elas iriam rasgar. Mas
Harley gozou primeiro quando deslizou os dedos em sua umidade,
enganchando para cima contra seu ponto sensível enquanto sua língua
cobria seu clitóris em uníssono.

Demorou apenas alguns segundos para ela gozar novamente,


gemendo enquanto suas mãos serpenteavam em seu cabelo, a tensão em
seu couro cabeludo puxando uma deliciosa lembrança de seu desejo por
ele. Mesmo quando ela gozou, ele colocou beijos suaves em seus
quadris, fazendo pequenos tremores tensos nos músculos de seu
abdômen, prolongando os últimos pedaços de seu orgasmo.

— Droga, Benny. Se eu soubesse que você seria assim, já teria feito


um movimento há muito tempo. —Ela terminou com um suspiro, e ele
saiu de debaixo dos cobertores para olhar para sua companheira

BENNY
166

novamente.

Seu corpo estava brilhando sob o luar, como uma deusa deitada na
traseira de sua caminhonete, tudo para ele proteger, amar.

— Gosto de pensar que as coisas aconteceram do jeito que


aconteceram por uma razão. Talvez fosse apenas o tempo. Talvez tudo
em nossas vidas precisasse se alinhar primeiro. De qualquer forma,
estou feliz por estar aqui com você. —Ele terminou, lambendo os lábios.
Então, querendo provar mais de seu desejo escorregadio, ele ergueu a
mão e devorou a doçura de seus dedos.

Ela corou, ficando vermelha e cobrindo o rosto momentaneamente.

— Como você pode dizer coisas tão românticas e fazer isso ao


mesmo tempo? —ela exclamou, seu tom meio excitado, meio chocado.

— Não sei. Você apenas traz esse lado de mim. —Ele sorriu para
ela, observando enquanto ela sorria para ele entre os dedos entreabertos.

— Sim, bem, você traz isso em mim, eu acho. —Seu cabelo estava
espalhado no colchão embaixo dela em uma auréola vermelha. — Mas
eu gosto.

— Eu sei que você gosta.

Harley desviou o olhar dele, envergonhada novamente. Mas

BENNY
167

quando ele se inclinou, segurando seu rosto com a mão para beijá-la, ela
não resistiu.

Só que, quando ele lambeu dentro de sua boca com a língua, ele
sentiu as mãos dela em seu jeans, sutilmente desfazendo seu cinto, e ele
se afastou, segurando uma risada com a ânsia de sua companheira.

Benny não poderia culpá-la se ela sentisse uma fração do que ele
sentia por ela.

Ele a ajudou, desfazendo tudo e tirando o resto de suas roupas


enquanto Harley observava, praticamente lambendo os lábios quando o
jeans caiu na carroceria da caminhonete. E quando ele puxou os
cobertores sobre eles novamente, ele apenas segurou os braços dela,
ambos completamente nus e excitados, seu membro latejando.

— Acho que deveria ter perguntado primeiro. Você sabe que eu


quero você, Benny, tanto. Mas você não precisa se apressar. Eu sei que
as coisas são complicadas. —O desejo em sua voz combinava com o
desejo em sua alma.

Por um segundo rápido, ele verificou tudo. Mas todos os medos de


longa data de perder o controle, de se perder na besta que mantinha
contida dentro de si, se foram. Pelo menos por agora.

— Como posso parar quando você me faz sentir tão vivo? Quando

BENNY
168

você é tudo no mundo que eu poderia desejar? —Ele a beijou em uma


bochecha, depois na outra.

— Então isso é um sim? —ela perguntou ansiosamente.

— Quero dizer, não podemos acasalar, pelo menos ainda não. —


Enquanto falava, ele pegou a calça jeans e tirou uma camisinha,
certificando-se de que a pequena pílula que Fifi lhe dera ainda estava lá.
—Mas isso não significa que outras coisas estejam fora de questão.

No fundo de sua mente, o urso terrível rosnou, como se irritado com


o fato de que ele não planejava acasalar com Harley aqui, agora, mas
era a decisão de Benny.

E por mais que ele precisasse dela para sempre, seu problema
número um ainda não tinha uma solução clara.

— Inferno, sim, —ela exclamou, suas mãos acariciando seu pau


enquanto ele se atrapalhava com o invólucro da camisinha, até mesmo
a leve sensação de sua pele na dele fazendo suas pernas ficarem tensas.

Quando ele finalmente colocou a maldita coisa, ele se posicionou


entre as pernas de Harley, sentindo como se estivesse no precipício de
tudo.

Com um movimento lento e controlado, ele empurrou para dentro


de Harley—sua amante, sua melhor amiga, sua única e seu tudo—

BENNY
169

parando por um momento enquanto o corpo dela ficava tenso sob ele.
Mas gradualmente, enquanto o corpo dela relaxava ao redor dele,
permitindo que ele se movesse ainda mais fundo, eles se encontraram
até que estivessem quadril contra quadril.

— Esmagador, como esperado, —disse Harley, os dentes cerrados


enquanto ela fechava os olhos, as mãos segurando seus ombros com
força

— Leve todo o tempo que você precisar, sexy.

Aparentemente, isso não demorou muito, já que a tensão em sua


expressão imediatamente se dissipou, relaxando enquanto sua
respiração se tornava gemidos acalorados. Então, lentamente, Benny
retirou quase todo o caminho, embainhando-se dentro de sua umidade
apertada novamente.

Então, antes que ele pudesse se mover novamente, Harley envolveu


as pernas ao redor de suas costas, retirando seu corpo ligeiramente dele,
então forçando-o para dentro dela. Então eles fizeram isso de novo e de
novo até que eles estavam se movendo em um ritmo intenso que fez os
amortecedores em sua caminhonete rangerem com o movimento de
seus corpos se unindo.

Cada vez, parecia que um fogo úmido estava se movendo por seus

BENNY
170

nervos enquanto o corpo dela se fundia ao dele. A fricção escorregadia


era tão intensa, tão apertada, que ele sabia que o que quer que
acontecesse, seria devastador. Por uma fração de segundo, ele se
preocupou se iria perder o controle. Mas então a mão de Harley estava
em sua bochecha, chamando sua atenção de volta para ela e centrando-
o no momento.

Era adorável e sexy ao mesmo tempo, vê-la tentar observá-lo, mas


sendo interrompida pela resposta de seu corpo às estocadas rítmicas que
forçavam gemidos ásperos de seus lábios.

Porra, ela era linda.

— Benny, acho que não vou aguentar por muito tempo. —Ela
estava fechando os olhos, empurrando-se contra ele e forçando seus
corpos ainda mais rápido juntos.

— Então venha comigo, —disse Benny, os músculos de seus


ombros tensos pelo esforço interno enquanto seu coração batia cada vez
mais rápido.

Ele sentiu como se estivesse flutuando, quase separado de seu corpo,


enquanto bombeava em sua companheira, focado apenas em seu prazer.
Tudo estava vivo por dentro, enlouquecendo quando ele a sentiu atingir
o pico do que Benny sabia que ela poderia alcançar.

BENNY
171

Tudo ficou parado por um momento. A floresta, a caminhonete.


Até o céu pareceu parar de se mover quando ele a encontrou pela última
vez, tão perdido que não conseguia imaginá-los mais perto do que
estavam.

E então Harley veio, gritando sua liberação e puxando Benny com


ela.

Uma sensação poderosa e violenta tomou conta dele quando ele


gozou dentro dela, ciente da liberação de sua parceira e perdido dentro
de si ao mesmo tempo. As unhas de Harley cravaram em sua pele, a
mordida das pontas pontiagudas apenas o aprofundando ainda mais nos
espasmos do êxtase enquanto ele testemunhava o corpo inteiro de
Harley tenso da cabeça aos pés.

Ela jogou a cabeça de um lado para o outro, bagunçando o cabelo


enquanto sua boceta se apertava ao redor dele em rápida sucessão,
forçando a respiração dos pulmões de Benny como um soco incrível e
prazeroso no estômago. Como se não houvesse mais ar porque seu
corpo não poderia gozar com mais força do que estava, bem neste
momento.

Benny teve a impressão de que sua liberação diminuiu primeiro,


seguida pela de Harley. E ao fazer isso, ele passou os braços ao redor

BENNY
172

dela, puxando-a para si e enterrando a cabeça ao lado da dela, segurando


Harley enquanto cada pedaço de prazer era arrancado dela.

— Benny. Benny. —Suas palavras doces eram apenas um sussurro,


chamando-o na escuridão.

— Eu estou bem aqui. Estou aqui, —disse ele, e os braços dela


envolveram suas costas.

— Eu te amo tanto, Benny. —Seu peito estava arfando, o corpo


macio pressionando contra ele enquanto ele permanecia dentro dela,
querendo que o momento durasse para sempre.

— Eu te amo Harley. Eu irei te amar para sempre.

E quando os últimos espasmos de prazer diminuíram, deixando


Harley em seus braços, Benny ouviu um último grunhido insistente e
forte.

Companheira.

BENNY
173

CAPÍTULO
Vinte anos antes ...

— VENHA AQUI AGORA MESMO, BENNY.

BENNY
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BENNY
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BENNY
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BENNY
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BENNY
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BENNY
179

BENNY
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BENNY
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— BENNY, BENNY, ACORDE. —Harley empurrou seu ombro


desesperadamente, fazendo o colchão sacudir enquanto tentava chamar
sua atenção.

Ele estava dormindo, mas ela nunca o tinha visto assim antes.
Então, novamente, ela nunca dormiu ao seu lado.

Quando eram pequenos, seus pais insistiam para que ficassem em


quartos separados e, à noite, Benny parecia gostar de sua privacidade.

E então, quando eles eram mais velhos, não era apropriado.

Ela foi acordada pelo balanço do colchão, sonhando que foi lançada
em mares tempestuosos. Mas ela estava feliz por ter acordado para
poder ajudá-lo.

Ela não estava preocupada que ele pudesse machucá-la, mesmo se

BENNY
182

debatendo assim.

Ela segurou o rosto dele com as duas mãos. — Benny, sou eu!
Acorde!

Para seu alívio, os olhos dele se abriram, olhando em volta


freneticamente até que se focaram no rosto dela.

Ela não poderia ter sentido mais amor por ele do que quando seus
olhos encontraram os dela e todo o seu corpo suavizou como se ele
nunca tivesse se sentido mais aliviado em ver alguém em toda a sua vida.

Ela desabou sobre ele, segurando-o. — Deus, você me preocupou.

Ele soltou um suspiro, e ela pôde sentir seu rosto úmido de suor
contra o dela. — Sinto muito. Pesadelo. Eu te machuquei?

Ela se ergueu para olhá-lo severamente, mas não conseguiu ficar


assim por muito tempo. — Claro que não. —Ela sorriu para ele,
acariciando seu rosto e esperando ainda acalmá-lo. — O que aconteceu?
Você parecia tão perturbado.

Ele abriu a boca como se fosse dizer a ela, então a fechou, suas
sobrancelhas baixando sobre os olhos preocupados.

Ele empurrou-se para uma posição sentada e sentou-se para a frente,


esfregando as mãos sobre o rosto um pouco forte demais.

BENNY
183

Ela agarrou suas mãos e as abaixou, forçando-o a olhá-la nos olhos.


— Tem certeza de que está bem? Você quer falar sobre isso?

— Não. —Seu tom foi inflexível. — Só sinto muito ter acordado


você.

Ela recostou-se no seu lado do colchão, um pouco desconcertada


por ele ainda estar mantendo-a no escuro sobre algumas coisas depois
de tudo que eles passaram juntos. — Eu ... Tudo bem.

Ele olhou para ela e sua mandíbula se contraiu. — Era sobre a


minha infância, mas é tudo o que vou dizer. Espero que você possa
entender.

— É ...é sempre assim?

Ele balançou sua cabeça. — Não, esse é o primeiro depois de muito


tempo.

Ela mordeu o lábio inferior. — É por causa do que fizemos?

— Não, claro que não, —disse ele. — Algumas coisas simplesmente


aparecem quando elas querem. —Ele se empurrou para fora do colchão,
olhando ao redor da floresta com os olhos estreitos. — De qualquer
forma, devemos ir embora.

Ela não queria ir. Ela só queria saborear mais tempo com ele, mas

BENNY
184

queria concordar com o que quer que o fizesse se sentir seguro.

Ela se sentiu um pouco dividida sobre o quanto desejava poder


entender o que havia acontecido com ele.

O que poderia torturá-lo em seus pesadelos assim?

Ela sabia que ele vinha de uma situação ruim e que seus pais
estavam mortos. Ela não sabia mais do que isso.

Sempre foi o assunto mais proibido, e Harley sempre respeitou esse


limite. Ela continuaria a fazer isso agora.

Enquanto eles vestiam suas roupas e limpavam o pequeno


acampamento que haviam feito na carroceria da caminhonete, ela
decidiu se concentrar apenas no que tinha sido bom.

Ela teve tudo o que sempre sonhou quando eles se uniram


completamente. Só de pensar nisso, seu coração estava prestes a
explodir.

Ele a ajudou a descer da carroceria e, para sua surpresa, se inclinou


para beijá-la.

A mão dela estava em seu peito, e ela ainda podia sentir o batimento
cardíaco acelerado de seu pesadelo. Mas se ela não estava imaginando,
parecia se acalmar lentamente enquanto eles se beijavam.

BENNY
185

Quando ele finalmente se afastou, parecia ele mesmo novamente,


embora um pouco corado. — Você é tão linda, Harley. Obrigado por
estar comigo.

— O prazer é meu, —disse ela. — Literalmente.

Quando ele riu, ele encheu seu coração, e ela sorriu enquanto
colocava a mão na dele e o deixava conduzi-la para seu lado da
caminhonete.

Enquanto eles estivessem juntos, eles poderiam fazer qualquer


coisa. Pelo menos é o que ela esperava.

CAPÍTULO
DEPOIS DE DEIXAR HARLEY, BENNY NÃO ESTAVA com vontade
de voltar para casa, então foi ao clube para se manter distraído.

Já era fim da manhã, e quando os pesadelos voltaram, ele se sentiu


mais em casa no clube de qualquer maneira.

Benny colocou uma música para manter os pensamentos calmos e

BENNY
186

limpou o bar, embora não estivesse nem sujo.

Enquanto isso, o urso em sua cabeça continuava ecoando,


companheira. Depois de seu pesadelo, isso não era exatamente
reconfortante.

Sim, seu urso estava se sentindo mais perto dele, mas era quase
como se quanto mais perto chegasse, mais enojado e com medo Benny
ficava.

Afinal de contas, isso o tornara um assassino.

Benny supôs que seus pais mereceram o que receberam. Eles eram
mais animais do que humanos e poderiam ter machucado mais crianças
se os tivessem.

Mas ainda assim, Benny estava muito ciente de que havia matado e
que não tinha controle sobre seu monstro quando a merda acontecia.
Ele não tinha ideia de quão chateado ele teria que estar para que isso
acontecesse novamente.

Foi por isso que ele tentou colocar uma fachada de calma, amizade
e paciência. Ele não podia se dar ao luxo de ficar chateado e correr o
risco de machucar alguém, por mais improvável que fosse a chance.

Ele também tentou ser gentil porque nunca esqueceu o que

BENNY
187

significava para Harley e sua família serem gentis com ele.

Era por isso que ele sempre tentava ajudar o Club Crimson, fosse o
clube principal ou o secreto depois do expediente, a se sentir em casa.

Ele tentou não afastar ninguém, por isso, quando um homem alto
de casaco com capuz apareceu na porta, batendo apesar do sinal de
fechado, Benny suspirou e foi abrir a porta.

— Posso ajudar? —Benny sutilmente farejou o ar enquanto olhava


para o homem à sua frente.

Ele era alto, mas não cheirava a urso ou lobo. Ele realmente não
cheirava como nada que Benny conheceu.

— Preciso falar com você, —disse o homem em voz baixa,


acenando com a cabeça em direção ao bar, indicando que queria entrar.

Benny sentiu um leve estremecimento ao recuar, convidando o


homem a entrar.

Enquanto o cara olhava em volta, ainda vestido com aquele casaco


ridículo até o chão, com a cabeça ainda protegida pelo capuz, Benny foi
até o bar.

— Posso fazer algo para você? Não vou preparar bebidas alcoólicas
de manhã, mas posso pegar um pouco de suco de laranja ou ...

BENNY
188

—Tudo bem, —disse o homem, acenando com a mão. Seus dedos


eram longos, bem formados, parte de uma grande mão. Dragão, talvez?

Os dragões tendiam a ser altos, às vezes ainda mais altos do que os


ursos, mas seus traços e corpos eram mais refinados.

O homem sentou-se a uma das mesas, olhando em volta, depois


baixou lentamente o capuz.

Benny ficou olhando para ele enquanto ele servia um copo de suco
de laranja, depois deu a volta no bar para trazê-lo.

O homem tinha cabelo preto, brilhante e espesso, embora fosse


irregular e desgrenhado, quase como se nunca tivesse sido cortado.

Ele sombreava parcialmente seu rosto, por não ter sido puxado para
trás, enquanto o homem olhava para suas mãos sobre a mesa.

Quando Benny pousou o suco, o homem olhou para ele, dando a


Benny uma olhada em suas feições.

Dado o quão bonito ele era, provavelmente um dragão, embora


Benny nunca tivesse conhecido um dragão como este. Eles geralmente
pareciam vitais. Saudável.

Esse cara parecia que não dormia há cerca de um milhão de anos.

Suas maçãs do rosto altas eram extremamente magras, seus lábios

BENNY
189

pressionados em uma linha fina. Havia olheiras sob seus olhos


amendoados, que tinham cílios longos e encaracolados e íris que
pareciam pretas ou roxas.

Ele tinha uma mandíbula dura e reta, um nariz longo e elegante que
apontava ligeiramente para cima na ponta e uma barba de cinco horas
que enfatizava sua aspereza.

O homem não se preocupou em jogar o cabelo para trás enquanto


bebia o suco de laranja, não se importando quando um pouco entrou.

Ele engoliu o suco, ignorando a mecha de cabelo que pingava, e


enxugou a boca com as costas da manga.

Ainda usando aquela jaqueta de couro enorme.

O homem se inclinou para frente, apoiando os braços na mesa e


esticando os dedos. Ele avaliou Benny lentamente com aqueles olhos
quase negros enervantes. — Então você é o urso terrível?

Todo o corpo de Benny imediatamente entrou em um estado de


consciência intensificada. Era raro que alguém o chamasse ou mesmo
soubesse o que eram dires.

— Não fique tão nervoso. Estou aqui para te ajudar. Para oferecer,
pelo menos.

BENNY
190

— Como? —Benny recostou-se com os braços cruzados. Esse cara


não só não parecia o tipo de ajuda, mas também emitia vibrações
estranhas.

— Sei que você está procurando por uma cura há muito tempo.
Alguma maneira de não ser um terrível.

Benny franziu a testa. — Como? Com quem você falou? Você veio
a alguma reunião? Quem te contou? —Benny disparou as perguntas
rapidamente.

— Eu sei das coisas de um jeito que outros não sabem, —o homem


disse suavemente.

— Sim? —Benny perguntou, estremecendo com o quão defensivo


sua voz soou. Mas depois da noite que ele teve, sua psique estava em
carne viva. — O que você sabe sobre os dires?

— O que você sabe sobre dragões? —O olhar penetrante do homem


encontrou o seu.

— Que tipo? —Benny perguntou, indicando que ele já sabia que


havia alguns diferentes.

— Roxos.

Benny franziu a testa. Os únicos dragões que se identificavam pela

BENNY
191

cor eram os modernos que trabalhavam em pares para combinar poderes


de maneiras interessantes. Eles eram únicos em relação aos outros
dragões por isso e porque compartilhavam uma companheira, que, se
tivesse un coração de dragão (excepcionalmente corajoso), também
ganharia um poder.

— Sei o suficiente.

— Você conhece seus poderes?

— Não especificamente, —disse Benny. — Eu conheci outros


dragões, mas ...

— Dragões como eu nascem em um conjunto de seis. Azul, preto,


vermelho, prata, ouro, roxo. Cada um imbuído de algo diferente. Você
conhece o poder do dragão roxo?

Benny balançou a cabeça, ficando frustrado com a maneira


enigmática como o recém-chegado estava falando. — Vá direto ao
ponto.

Ele estava cansado demais para isso.

Os olhos do homem se arregalaram e um canto de sua boca se


curvou, fazendo-o parecer um pouco louco. — Nós temos visões.

Benny tentou ignorar a pura sensação de arrepios que estava

BENNY
192

recebendo. — Sim?

— Nós tendemos a liderar nosso grupo de área, por podermos ver o


futuro. Pelo menos algumas partes dele.

Benny soltou um pequeno rosnado.

— Então, se você é um dragão roxo, onde está seu parceiro?

O sorriso do dragão se aprofundou. — Não sou como os outros.


Estou livre.

Sim, de alguma forma Benny não achava que “livre” significava o


mesmo para ele e para essa pessoa.

— Você nem me disse seu nome. —Benny achou que deveria pegá-
lo para poder checar com Lock e ver se ele conhecia esse cara.

— Van, —o dragão disse. — Abreviação de Donovan.

— Okay, Van. Bem, foi bom falar com você, mas estou lidando com
as coisas na frente do urso terrível, então basicamente ...

Van levantou a mão. — Você não está. Eu vi isso.

Os olhos de Benny se contraíram. — O que?

— Eu vi você em uma visão. Você e sua amiguinha ruiva.

Benny congelou. — O que você quer dizer?

BENNY
193

— Eu vi você ... acabar com ela.

O mundo parecia desacelerar em torno de Benny. Ele tentou dizer


a si mesmo que este homem estava errado. Que qualquer um poderia
alegar ter visões. Que ...

— Vejo a dúvida em seus olhos. Você acha que pode obter o


controle de sua besta. Você acha que um terrível pode viver como um
shifter normal. Não é possível. Essa coisa dentro de você está além do
seu controle. Um dia, você vai machucá-la. —Ele inclinou a cabeça. —
Não, isso não é exatamente correto. —Ele prendeu Benny com um olhar
feroz. — Você vai matá-la.

Benny não queria ouvir. Não queria acreditar nele. Mas quem iria
mentir para ele sobre algo assim, e por quê?

Além disso, os dragões costumavam ficar do lado bom das coisas.


Especialmente dragões duplos, como eram chamados os dragões
modernos. Eles raramente se incomodavam com shifters regulares,
então por que este veio a menos que fosse para ajudar?

— Por que você quer me ajudar? —Benny perguntou. — E o que


você espera realizar me contando isso?

O dragão encolheu os ombros.

BENNY
194

— Suponho que você gostaria de saber. Você a ama, não é?

Benny acenou com a cabeça.

— Com toda a minha vida. Não que seja da sua conta.

— Você pode arriscar? —Van perguntou. — Ela sabe o que você é?


Ela sabe o risco que está correndo?

— Ela não sabe, —disse Benny, balançando a cabeça. — Mas


mesmo se ela soubesse, não mudaria nada. Ela sempre insiste que eu
jamais poderia machucá-la.

Van sorriu, mostrando dentes brancos perfeitos. — Doce, mas


terrivelmente ingênua. Você perguntou o que eu sei sobre dires, então
vou te contar. Sei que eles são uma mutação retrógrada, trazida à tona
quando um trauma impede um shifter de mudar normalmente na idade
certa. E eles aparecem durante um evento particularmente traumático,
que geralmente é fatal.

Tudo isso fazia sentido e foi o que Benny também ouviu. — Como
você sabe disso?

Van suspirou. — Minha espécie tem que estar ciente de coisas como
essa. Coisas que podem ameaçar humanos ou outros shifters.

Benny se recostou, com a cabeça doendo enquanto considerava se

BENNY
195

deveria confiar em Van ou não. Ele havia falado sobre o pior medo de
Benny. Aquele que ele nunca falou com ninguém, aquele que o manteve
longe de Harley por tanto tempo. Mas suas pílulas não seriam ...?

— Nenhuma pílula pode parar o que vi em minha visão, —disse


Van como se tivesse lido os pensamentos de Benny.

— Como você ...

Van apenas deu de ombros novamente, não interessado em dar


respostas a menos que fossem as que ele queria dar.

— Então você veio me dizer que vou matar a mulher por quem estou
apaixonado, é isso?

Van concordou. — E para lhe oferecer uma escolha.

A garganta de Benny estava tão apertada que parecia que ele


respirava na areia. — Que escolha? Você quer que eu termine com ela?
Harley não vai desistir e ...

— Visões não são meu único poder, —disse Van. — Dragões roxos
podem fazer outra coisa, embora seja muito secreto. Posso confiar em
você, urso terrível?

Benny estremeceu. — Sou mais do que isso. Não me chame de ...

— Você não vai ficar se ele estourar novamente. Você não se lembra

BENNY
196

de como se sentiu fora de controle no dia em que matou seus pais? Você
não planejou isso, não é? Como você sabe que isso não aconteceria com
Harley?

Benny podia sentir seu medo na superfície agora, agitado, e respirou


fundo para se acalmar e empurrar de volta.

— Que escolha você oferece?

Van sorriu. — Acho que posso arrancar isso de você.

Benny poderia ter caído da cadeira de puro choque. — Você o que?

— Posso remover a habilidade de um dragão de mudar. Puxar o


dragão de dentro deles. Deveria ser capaz de fazer o mesmo com o seu
terrível.

— E o quê, eu seria apenas um humano?

Van encolheu os ombros. — Não tenho certeza exatamente. Nunca


fiz isso em um urso terrível antes.

— Você fez isso em algum terrível?

A expressão fria de Van caiu por um segundo, mostrando


impaciência. — Não. Mas não vou sentar aqui e ser questionado. Sou a
única pessoa no mundo que pode oferecer o que você deseja. Ou você
aceita ou não.

BENNY
197

Benny soltou um suspiro tenso. — Por que você ainda quer fazer
isso?

Van sorriu com desdém. — O mundo será melhor com menos um


terrível correndo por aí.

Benny não sabia como se sentir. Ele estava finalmente começando


a fazer as pazes com seu urso terrível, e agora estava sendo oferecido a
coisa que ele quis toda a sua vida. E ele estava hesitando.

Era inebriante a ideia de ser normal, de ser... como Harley. Mesmo


que fosse humano, seria melhor do que viver com medo de saber que
havia uma chance de machucá-la.

Mas, por alguma razão, ele simplesmente não confiava nesse cara.

— Tem certeza de que funcionaria? —Benny perguntou.

— Não, —disse Van. — Mas eu acho que vai. Ainda assim, a


chance não vale a pena, considerando que a alternativa é ver a mulher
que você ama despedaçada?

Benny sentiu o sangue sumir de seu rosto com as palavras de Van,


uma imagem horrível em sua mente que ele não conseguia apagar.

Por que ele se permitiu ficar confortável? Talvez fosse por isso que
ele teve o pesadelo na noite passada. Para lembrá-lo de não subestimar

BENNY
198

sua fera assassina.

— Ele matou e fará de novo, —disse Van. — Então faça sua escolha.

Benny balançou a cabeça. —Eu preciso pensar sobre isso. Eu


preciso de tempo, e ...

Van atirou uma cartão para o outro lado da mesa. — Tudo bem,
mas pense rápido. Posso não ficar na cidade por muito tempo. Eu tenho
muito que fazer.

Então Van se levantou, puxou o capuz para cima e saiu do bar, sem
olhar para trás. Em vez disso, ele olhou para os dois lados e começou a
descer pelo lado direito da rua.

No momento em que Benny se levantou para ver aonde ele tinha


ido, ele já tinha ido embora. Simplesmente desapareceu.

Benny voltou para pegar o cartão, virando-o para ver números


brancos sobre um fundo tão preto que quase parecia estar se movendo.

E ele nunca tinha visto um número assim. Muitos dígitos. Um


formato estranho.

Benny engoliu em seco, sentindo como se houvesse vidro em sua


garganta. Ontem à noite, ele conseguiu tudo.

Esteve dentro da mulher que amava, convenceu-se de que talvez,

BENNY
199

apenas talvez, tudo fosse possível.

Esta manhã, ele foi informado de que a mataria e, embora não


quisesse acreditar, não sabia se podia se dar ao luxo de duvidar.

CAPÍTULO
HARLEY ESTAVA FELIZ POR TER VINDO PARA a reunião do Club
Crimson, embora ela tivesse o dia de folga e provavelmente pudesse ter
aproveitado o sono.

Ela queria mostrar apoio moral a Benny, que não tinha mandado
mensagem desde que a deixou naquela manhã.

Ela teve a sensação de que algo estava errado, e quando ela viu
Benny, ela confirmou.

Ela estava preocupada que ele tivesse passado o dia todo no clube,
mas estava claro que ele tinha ido para casa para tomar banho e trocar
de roupa.

Seu cabelo parecia adoravelmente despenteado e ele usava uma

BENNY
200

flanela verde sobre jeans surrados e botas de trabalho.

Havia olheiras sob seus olhos cor de avelã, e ele não estava com o
jeito amigável de sempre. Ele estava quieto, sentado e observando, uma
expressão fria no rosto.

Ela tentou se sentar ao lado dele, dar-lhe um sorriso reconfortante


ou um aperto secreto em sua perna debaixo da mesa, mas ele não
respondeu. Nervoso.

Isso tem alguma coisa a ver com os pesadelos?

Depois do que eles fizeram na outra noite e de como as coisas


estavam indo bem, era difícil se sentir afastada de seu afeto.

Talvez ele precisasse de algum descanso ou de alguns abraços ou ...

Seus pensamentos foram interrompidos abruptamente quando ele


se levantou da mesa, caminhando para falar com Fifi enquanto os outros
shifters se afastavam.

Ela ficou olhando enquanto eles se moviam para o outro lado da


sala para conversar onde ninguém pudesse vê-los.

Benny parecia estar perguntando algo a Fifi, mas Fifi apenas


balançou a cabeça, fazendo com que Benny parecesse ainda mais
frustrado.

BENNY
201

Ele voltou para onde Harley estava sentado e enfiou as mãos nos
bolsos.

— Quer que eu te acompanhe?

— Eu ... eu estava esperando que pudéssemos ...

Benny balançou a cabeça. — Não essa noite. Sinto muito, Harley.


Algo aconteceu e ...

— Está tudo bem. Só queria que você me contasse o que está


acontecendo. O que você falou com Fifi?

— Não é da sua conta, —ele retrucou, e então ele soltou um suspiro,


dando a ela um olhar de remorso. — Eu sinto muito. Não deveria
descontar em você. Estou apenas estressado e ...

— Está tudo bem, —ela disse, colocando um braço no dele. — Só


esperava poder fazer você se sentir melhor. Eu te amo. Claro que quero
fazer você ...

— Olha, podemos conversar outra hora? Realmente não deveria


estar aqui com você e ...

Ela recuou, colocando uma mão nos quadris. — Então é sobre nós,
então? Você não quer ficar comigo? Você está arrependido?

Seus olhos cor de avelã encontraram os dela, parecendo cansados e

BENNY
202

desesperados. — Não tenho nenhum arrependimento sobre nós.

— Então, o que é? Por que você não pode me dizer?

— É apenas algo que tenho que cuidar sozinho.

— Não é justo, —disse Harley, batendo o pé. — Você sempre me


ajuda. Sei que você é grato a mim, mas você tem que me deixar ajudá-
lo também se vamos ficar juntos.

Benny ficou em silêncio por alguns segundos que pareceram horas.


— Não sei se deveríamos ficar juntos. Pelo menos agora.

Ela jogou as mãos para o alto. — Então quando? Se você não me


deixar ajudá-lo, e se você não puder fazer isso sozinho? E se você
precisar de mim? —Ela piscou, tentando lutar contra as lágrimas. —
Estou cansada disso. Não quero ir para frente e para trás. Quando
estamos juntos, somos felizes. O que aconteceu para fazer você mudar
de ideia?

— Não mudei de ideia, —disse Benny. — Acabei de obter novas


informações e ...

— Quais informações você poderia obter sobre você e eu que


importam mais do que como nos sentimos?

Benny desviou o olhar. — Eu não sei.

BENNY
203

Ela caminhou para frente, colocando as mãos em seus antebraços.


Quando ela o tocou, ele encontrou seus olhos, sua expressão dura
finalmente se suavizando ligeiramente. — Precisamos ser capazes de
confiar uns nos outros. Sei que você ainda está escondendo algo. Sempre
fui capaz de sentir isso. Tentei ser respeitosa. Mas você precisa me
contar sobre isso se vai ficar entre nós assim.

— Não, —disse ele bruscamente. — Eu vou descobrir isso. Eu


prometo.

Ela suspirou de frustração. — Você vem tentando fazer isso há anos.


Agora, de repente, você entra em um relacionamento real comigo e está

ainda guardando segredos. Segredos que têm um efeito muito


grande na minha vida se fizerem você agir assim.

O rosto de Benny parecia magro, sem esperança. — Não sei o que


fazer, Harley. Não posso te dizer isso. Não quero ver a maneira como
você olhará para mim se eu fizer isso. Quero apenas uma pessoa que
ainda não me veja como um monstro. Quero que essa pessoa seja você.

Seu coração bateu rapidamente. — Eu nunca veria você como um


monstro.

— Você não sabe disso, —disse Benny. — Você não viu o que está
dentro de mim. Você nunca vai ver. —Ele respirou fundo e deu as costas

BENNY
204

para ela. — Sinto muito, Harley. Eu preciso acabar com isso.

Seu coração parecia ter sido atingido por um raio. —O que? — Ele
não conseguia nem encará-la enquanto a largava?

Mas ele já estava voltando para o bar, deixando-a se perguntando o


que havia acontecido de tão errado. Lentamente, embora parecesse que
todo o seu corpo estava doendo, ela entrou em sua caminhonete e dirigiu
para casa.

O polegar de Benny pairou sobre o botão enviar para o texto que ele
digitou para Donovan enquanto ele se perguntava se deveria realmente
continuar com isso.

Chegou ao ponto em que ele tinha que fazer algo a respeito de seu
urso ou contar a Harley sobre isso, e Benny preferia o primeiro ao
último.

Seu urso terrível rosnou, e Benny rosnou de volta.

BENNY
205

Isso é tudo culpa sua, urso estúpido de merda.

Sem ele, Benny e Harley eram perfeitos juntos. Ela era perfeita. Se
ele pudesse cruzar a linha de chegada e acabar com isso, eles poderiam
ter uma chance real juntos.

Benny esmagou a tela e seu telefone apitou para sinalizar que o texto
havia sido enviado. Era isso.

Ele enfiou o telefone no bolso e caminhou pelo estacionamento,


passando as mãos pelos cabelos, tentando aliviar a tensão no couro
cabeludo. Mas não poderia remover o buraco em seu coração, sabendo
que Harley estava lá fora se perguntando por que ele estava agindo de
forma estranha, provavelmente preocupado ou triste.

Sem saber quanto tempo levaria para o homem enigmático


responder, Benny dirigiu-se ao clube. Mas antes que ele pudesse chegar
à porta da frente, um ding alto soou que encheu o ar calmo da noite,
ressoando em seu vazio.

Benny praticamente saltou onde estava, puxando o telefone de


volta, procurando a resposta. Talvez fosse Harley.

Para sua surpresa, houve uma resposta de Van. Mas era estranho,
as letras se misturavam em alguns lugares enquanto outros eram
coloridos, como se algo estivesse errado com seu telefone.

BENNY
206

Benny respirou fundo. Acima dele, o néon vermelho da placa do


Club Crimson pairava sobre ele. O clube que ele e Harley construíram
juntos, com a ajuda de outras pessoas que conheceram ao longo do
caminho. Mas mesmo antes de Lock, Max e Fifi, eram apenas ele e ela.

Sem Harley, ele não era nada.

Benny precisava se livrar de seu urso. Precisava ter o horrível


pesadelo acordado de machucar a mulher que amava finalmente
acabado.

Não importa o que custe.

respondeu ele.

A resposta de Van foi quase instantânea.

A bolha estourou no telefone de Benny. Mas enquanto ele


assistia, a bolha parecia derreter, dissipando-se na tela em fumaça até
que, junto com sua primeira mensagem, foi embora.

Benny precisava de um novo telefone. Ou talvez a atualização mais


recente tenha estragado alguma coisa. De qualquer maneira, Van
provavelmente estava a caminho.

Benny abriu a porta da frente, deixando-a destrancada. Dentro do

BENNY
207

clube, tudo estava arrumado e limpo, pronto para mais um dia e mais
uma multidão. Ele deixou apenas as luzes atrás do bar acesas, não
querendo sinalizar aos transeunte que o clube estava aberto para
negócios quando, na verdade, estava aberto apenas para um propósito
no momento.

Parecia tão vazio sem todo mundo. Apenas outro prédio, outro
clube como qualquer outro. O rosto de Harley brilhou em sua mente,
torturando-o pela milésima vez no último minuto enquanto ele lutava
para saber como explicaria isso a ela quando tudo acabasse.

— Tão agradável e quieto aqui, você não acha?

A voz calma assustou Benny, e ele girou na direção do som. De um


canto escuro do clube, perto dos escritórios, uma figura emergiu da
escuridão.

Imediatamente, Benny reconheceu Van, vestindo o mesmo casaco


de antes. Mas seu capuz estava de volta, as luzes do bar projetando
sombras duras sobre seu cabelo despenteado e rosto magro.

Que diabos? Será que ele havia entrado por uma porta? Talvez Benny
tenha deixado a porta dos fundos destrancada por acidente mais cedo ...

— Vejo que você conseguiu, —disse Benny, tentando não soar


nervoso, cruzando os braços enquanto Van se aproximava.

BENNY
208

— E por que não? —As mãos de Van estavam nos bolsos do casaco
enquanto ele caminhava em direção a Benny, pernas longas cobrindo
casualmente a distância entre eles com velocidade surpreendente.
Parecia que ele estava indo direto para ele. Mas em vez disso, Van
passou direto por Benny, abrindo caminho para trás do bar.

— Não pensei que você seria tão rápido em agir, dado seu histórico
de indecisão, —Van olhou para as garrafas alinhadas ao longo da parede
e escolheu uma aparentemente ao acaso. Ele pegou apenas um copo e
derramou o uísque cor de caramelo nele até transbordar e derramar no
balcão. — Então, o que mudou sua mente? —ele perguntou, pegando o
copo pingando e oferecendo a Benny.

— Achei que já era hora, —respondeu Benny, pegando a bebida


com cuidado e olhando para ela antes de jogá-la em sua boca de uma só
vez. O líquido frio queimou um caminho por sua garganta e em seu
estômago.

Van riu, o som totalmente desprovido de jovialidade.

— Bem, estou feliz por estarmos de acordo sobre o assunto. —Ele


serviu outro copo, provavelmente para si mesmo, mas não o pegou,
optando por colocar as mãos no balcão e apenas olhar para ela por um
momento.

BENNY
209

— Então, como isso vai funcionar? O que precisamos fazer? —


Benny perguntou, ansioso para começar a trabalhar, tanto para que ele
pudesse falar com Harley quanto para evitar estar na mesma sala que o
dragão misterioso e perturbador.

— Se tudo der certo, você nunca mais terá que se preocupar com
seu terrível. Isso é tudo o que realmente importa. —Seu olhar roxo
ergueu-se do copo para Benny, o mais leve indício de um sorriso
aparecendo nas pesadas olheiras ao redor de seus olhos.

— E se não funcionar? —Ele tinha muito em jogo para que isso não
funcionasse. Tudo dependia disso dar certo.

Harley.

Van empurrou-se para fora do bar, contornando-o novamente para


ficar cara a cara com Benny. Mesmo com sua altura intimidadora,
Benny não tinha medo do dragão. Ou qualquer coisa realmente.

Qualquer coisa que não fosse perder sua companheira, pelo menos.

— Você teria me convidado para vir aqui se não estivesse


desesperado o suficiente para correr um pouco de risco? —Os lábios de
Van franziram quando ele terminou de falar, uma sobrancelha
ligeiramente levantada enquanto esperava pela resposta de Benny.

Ele não podia discordar da lógica do dragão.

BENNY
210

Ele faria qualquer coisa, qualquer coisa, por isso. Ele até faria um
acordo com o diabo se isso significasse que ele finalmente poderia estar
com Harley.

— Oh, não tenho certeza se o diabo lida com terríveis como você.
—Os cantos de sua boca se curvaram imperceptivelmente enquanto ele
falava. — É por isso que estou aqui.

Os cabelos dos antebraços de Benny se arrepiaram com o


comentário.

Um segundo se passou e Van se virou, finalmente quebrando o


contato visual. Seus sapatos batendo no chão foi o único som quando
ele se afastou para ficar no centro do clube mal iluminado.

— Vai doer? —Benny perguntou, não o seguindo

— Isso te pararia? —Van exclamou, irritado, quando ele se virou


para encará-lo, os braços cruzados agora.

— Não.

Nada poderia impedi-lo de fazer o que fosse necessário. E se isso


significasse obter a ajuda de alguém tão instável como Van, então Benny
não hesitaria nem mais um pouco.

— Então vamos começar. Apenas fique aqui, por favor. —Ele

BENNY
211

apontou para um ponto no meio da pista de dança, a apenas alguns


metros de si mesmo, e esperou que Benny aparecesse.

Eu sei que você passou sua vida inteira esperando por mim, Harley. Mas,
por favor, espere um pouco mais.

CAPÍTULO
HARLEY OLHOU PARA A PORTA DE BENNY, imaginando o que ela
estava fazendo indo para a casa dele tão tarde.

Ele disse que queria acabar com as coisas. Ou precisava terminar as


coisas? A conversa tinha sido muito acalorada, muito emocional, para
ela ter certeza.

Foi como na primeira noite em que ela fugiu dele, incapaz de


esperar e se machucar. Mas agora ela estava pensando que deveria ter
pedido uma explicação ou ser um pouco mais paciente.

Porque assim que ela foi embora, ela se perguntou o que ele quis
dizer quando disse “acabar com as coisas,” porque ela nunca o

BENNY
212

considerou o tipo que poderia terminar com ela sem nem mesmo olhar
em seus olhos.

Mas se não, o que poderia significar “acabar com as coisas”?

Ela presumiu que ele estaria aqui em sua casa porque era tão tarde
que até a reunião do Club Crimson fora do horário havia acabado, mas
nenhuma luz estava acesa em sua casa.

Ela planejou vir falar com ele, mas claramente, ele estava em outro
lugar. Então onde?

Ela se sentiu mal porque o namoro tinha sido tão difícil para ele
quando foram os melhores dias de sua vida.

Era por isso que, se ele realmente quisesse, ela tentaria ficar bem em
voltar para os amigos.

Não importava o que fossem, ela sempre quis estar com ele. Ela
precisava que ele soubesse disso agora.

Ela decidiu que talvez ele apenas apagasse as luzes e saísse para pelo
menos ir até a porta e bater para ver se ele estava lá. Quando não houve
resposta, ela suspirou, pegando o telefone para enviar uma mensagem
de texto enquanto voltava para o carro.

Poucos minutos depois, não houve resposta, e isso estava

BENNY
213

começando a assustá-la.

Benny era muitas coisas, mas sempre foi responsivo. Ela não gostou
da ideia de ele estar lá fora sozinho, talvez muito chateado até mesmo
para dormir.

Ela ligou a caminhonete, pensando que só havia um lugar onde ele


poderia estar senão em sua casa, e foi na direção do Club Crimson.

Quando ela chegou, ficou aliviada ao ver o carro dele no


estacionamento. É claro que ele estaria aqui, com sorte, trabalhando ou
apenas desfrutando de um lugar onde se sentisse seguro. Seu coração
parou de bater tão forte quanto antes quando ela estacionou e saiu para
entrar.

Mas ela parou quando percebeu que o interior do clube não parecia
bem.

Um brilho roxo etéreo emanava dele e deu a Harley uma sensação


de inquietação até os dedos dos pés. Ela deu mais um passo à frente,
sentindo os cabelos da nuca se arrepiarem. O que quer que estivesse
acontecendo lá, não parecia certo. Não parecia que deveria estar
acontecendo.

Se Benny estivesse lá ...

Ela correu para a entrada da frente, sem se importar se ele ficaria

BENNY
214

bravo, contanto que pudesse vê-lo e se certificar de que ele estava bem.

ERA ESSA A SENSAÇÃO DE ter seu terrível removido à força?

Nesse caso, parecia uma merda absoluta.

Todo o corpo de Benny doía, como se alguém estivesse arrastando


um bisturi por suas entranhas ao acaso. Mas, se fosse preciso, era um
pequeno preço a pagar.

Van ficou na frente de Benny, sua mão estendida, pairando apenas


alguns centímetros do peito de Benny. Seus dedos estavam tensos,
tremendo como se ele estivesse puxando algo invisível, enquanto um
brilho roxo emanava de sua palma, enchendo todo o clube com sua luz
misteriosa.

— Hm, —disse Van para si mesmo, quase inaudível sobre o


zumbido baixo que o que quer que ele estivesse fazendo, zumbia nos
ouvidos de Benny. — Não está funcionando como esperado. Talvez
apenas nos esforcemos um pouco mais difícil ...

BENNY
215

Com isso, o rosto de Van ficou tenso, seus dentes cerrados tão
repentinamente, uma força incrível arrancou Benny de dentro para fora.
Era como ter alguém tentando arrancar seus órgãos usando um ímã. Ou
alguma coisa. Era difícil pensar em meio à dor.

Mas valeu a pena por Harley.

Benny podia sentir o urso terrível em sua alma, resistindo com cada
grama de sua força. Houve um rugido ensurdecedor na parte de trás de
sua cabeça enquanto ele rosnava e andava de um lado para o outro,
sentindo a mesma dor que Benny sentia porque ele e o terrível eram um.
Mas em vez de ceder, desistir, continuou a rosnar, resistindo à agonia
enquanto Van continuava a forçar sua mão.

Van tinha dito que dragões roxos podiam arrancar a parte shifter de
uma pessoa. Então, por que não estava funcionando?

Estava ficando tão avassalador, tão ofuscante, que Benny temeu que
pudesse desmaiar por um momento, sua visão ficando embaçada. Mas
antes que isso acontecesse, ele ouviu um barulho alto de metal que soou
como a porta da frente do clube sendo aberta.

Os olhos de Van se deslocaram de Benny para a fonte do som, e um


sorriso diabólico puxou seus lábios para cima, tornando-se ainda mais
estranho pelo brilho roxo sobrenatural.

BENNY
216

— Benny, é você? O que está acontecendo? —A preocupação na


voz de Harley era palpável, e Benny não conseguia nem imaginar o que
ela estava pensando agora, olhando para aquela tela.

— Oh, esplêndido. A coração de dragão também está aqui. Isso


tornará meu trabalho duas vezes mais fácil, —exclamou Van.

O que diabos ele quis dizer com isso?

E por que seus olhos observavam Harley com tanto interesse? Algo
estava definitivamente errado.

De repente, Benny não quis continuar. Reunindo toda a sua força,


ele tentou se afastar de Van e do poder que o mantinha no lugar. Mas
era como tentar se livrar de grilhões invisíveis.

— Deixe Benny em paz, seu desgraçado! —Harley gritou de algum


lugar que Benny não podia ver. E um segundo depois, uma banqueta de
bar caiu sobre Van pela lateral, se estilhaçando em uma dúzia de
pedaços. Van mal se encolheu, mas sua mão caiu para o lado
momentaneamente.

De repente, a luz roxa se dissipou em nada, deixando-os iluminados


apenas pelo amarelo escuro do bar, e Benny caiu de joelhos, incapaz de
ficar de pé por mais tempo.

Em um instante, Harley estava ao seu lado, o braço em volta dele,

BENNY
217

e ele não sabia se deveria estar grato ou chateado por ela ter
interrompido o processo.

E por que não estava funcionando?

— Deus, por que você simplesmente não morre? —A agradável


calma de Van se foi, a frustração em sua voz tão confusa quanto
alarmante.

Morrer?

— Do que você está falando? Quem diabos é você? O que você está
fazendo com Benny? —Harley disse com raiva, disparando perguntas
enquanto Benny tentava se levantar. Mas não adiantou. Suas pernas se
recusaram a funcionar.

Van se afastou um passo deles, passando a mão pelo cabelo preto e


soltando algumas lascas de madeira. Em seguida, ele avaliou o clube,
como se procurasse por algo, então se dirigiu ao pequeno palco na frente
do clube, onde os convidados às vezes vinham como DJ em noites
agitadas.

O buraco no estômago de Benny dizia que eles precisavam sair de


lá, rápido.

— Você está bem? Diga-me o que está acontecendo, Benny. Por


favor, —disse Harley. A voz dela estava firme, puxando-o de volta à

BENNY
218

realidade como se ele estivesse em um sonho.

— Vou te contar. —O tom de voz de Van fez a pele de Benny se


arrepiar enquanto Van derrubava sem cerimônia um dos holofotes
multicoloridos na frente do palco, fazendo-o cair no chão. — Seu
companheiro vai morrer de uma forma ou de outra de qualquer maneira.
—Houve um estalo metálico, então outro quando Van puxou as luzes
quebradas de uma extremidade e as pernas da outra, deixando-o com
apenas uma longa vara de metal em sua mão.

— Você vê, shifters regulares não podem sobreviver ao processo de


ter seu animal puxado para fora deles porque, ao contrário dos dragões,
eles são o animal por dentro. —Enquanto Van falava, ele testou a
extremidade do mastro com o dedo, então começou a caminhar
lentamente em direção a eles, passos pesados no chão de madeira. — É
como tirar o motor de um carro e esperar que funcione. Claro, eu não
poderia ter te dito isso ou você não teria me convidado aqui. Você não
é idiota. Claro, você acreditou em mim quando menti sobre minha
visão.

— O que você quer de mim? —Benny disse com os dentes cerrados,


o peito arfando enquanto puxava Harley para o seu lado, pronto para
fazer qualquer coisa para protegê-la deste homem que era claramente
um monstro.

BENNY
219

Van parou a três metros de distância, o longo poste de luz


balançando suavemente em sua mão de um lado para o outro. — Você
vê, sua pequena companheira de alguma forma teve a coragem de ficar
ao lado de uma besta horrível e nojenta como você em todos os
momentos, ao invés de correr como qualquer pessoa sensata faria. Então
ela pode ser a chave para minha liberdade.

— Sua liberdade? —Harley perguntou, fúria em sua voz.

Pela primeira vez, Van se dirigiu a Harley, uma doçura severa em


seu tom que Benny nunca tinha ouvido antes.

— Você saberá em breve, coração de dragão. —Ele ainda teve a


audácia de tentar um sorriso no final da frase.

A força de Benny estava voltando lentamente, alimentada pela


raiva, traição e um instinto protetor. Mas antes que ele pudesse se
levantar, Van veio até eles e agarrou Harley firmemente pelo braço,
fazendo o urso dentro de Benny rugir.

— Afaste-se, por favor. Estou trabalhando, —disse Van, afastando-


a de Benny com uma gentileza incomum.

Benny se levantou, pronto para rasgar esse idiota membro por


membro.

BENNY
220

— Você vai pagar por isso, filho da p ...

A dor lancinante percorreu Benny enquanto Van empurrava o poste


de metal pelo lado de Benny com uma facilidade terrível, quase errando
seu coração. Seu peito inteiro se contraiu com o choque, seus olhos se
arregalaram enquanto ele lutava pela vida.

— Estúpido, estúpido terrível. Tão difícil de matar. Tão irritante. —


As mãos de Van estavam no colarinho da camisa de Benny, puxando-o
para mais perto de forma que seus olhos estivessem a apenas alguns
centímetros de distância. O roxo exótico de suas íris estava mais escuro
agora, um índigo profundo, quase preto. — Você vai se arrepender de
ter se metido em coisas que nunca vai entender.

Em seguida, Benny foi arrancado do chão e arrastado para trás de


Van com uma das mãos enquanto caminhava para o que ele só podia
supor ser a saída dos fundos. Em algum lugar, o som da haste de metal
raspando no chão enquanto eles se moviam rangia em seus ouvidos
como pregos no quadro-negro. Mas tudo estava de cabeça para baixo, a
agonia devastadora que emanava de seu peito e irradiava para todas as
partes de seu corpo.

— Deixe ele ir. Eu disse para deixá-lo ir! —Harley gritou, os punhos
batendo nas costas de Van. Mas ele ignorou como se ela fosse nada mais

BENNY
221

do que uma mosca, murmurando algo para si mesmo sobre talvez lá fora
ele teria melhor sorte sem todo o equipamento elétrico interferir.

— Harley, corra, —Benny tentou falar, mas não havia ar, nenhuma
força para falar.

Um segundo depois, a porta traseira se abriu quando Van a chutou,


e de repente, eles estavam do lado de fora, uma chuva leve caindo ao
redor deles no terreno vazio atrás do clube.

Mas enquanto Benny sentia sua vida desvanecendo-se rapidamente


diante de seus olhos, havia algo mais ressoando dentro dele.

Um terremoto? Não, foi um rosnado tão profundo que a terra parecia


se mover ao seu redor.

Ele nem mesmo compreendeu o que estava acontecendo quando


Van o puxou para uma posição de pé, apoiando-o com uma mão em seu
pescoço enquanto a outra ia até seu peito, os dedos abertos e a palma da
mão aberta enquanto o estranho brilho roxo recomeçava mais uma vez.

— Adeus, querido Benny.

Mas as palavras de Van estavam desaparecendo na escuridão como


vapor quando uma voz no subconsciente de Benny apareceu.

Uma voz profunda e impossivelmente baixa. Uma que era tão

BENNY
222

familiar quanto sinistra.

Companheira. Proteger.

CAPÍTULO
HARLEY NÃO TINHA PALAVRAS PARA DESCREVER O que estava
acontecendo diante de seus olhos. Em parte porque até ela só conseguia
compreender parcialmente o que estava acontecendo.

O misterioso estranho, a quem Benny havia chamado de Van,


estava emitindo o misterioso brilho roxo de sua mão novamente, e todo
o corpo de Benny estremeceu com o que parecia ser uma dor
excruciante.

Ela tinha que fazer algo.

Harley procurou desesperadamente ao seu redor e, para sua


surpresa, encontrou um pequeno cano de metal encharcado de chuva
que tinha sido jogado de lado em um canto de terra próximo a um dos
prédios vizinhos ao Club Crimson. Imediatamente, ela correu para ele,

BENNY
223

agarrando-o com ambas as mãos e investindo contra Van com toda sua
força.

Mas quando ela o abaixou, a mão roxa brilhante de Van se moveu


do peito de Benny para interceptá-lo em um flash, rápido demais para
ela ver o movimento. Ele segurou o cano por um momento, então o
arrancou da mão dela, jogando-o de lado, batendo ruidosamente na
calçada.

— Paciência, coração de dragão —A suavidade de seu tom


desmentia suas intenções cruéis. — Eu tenho algo muito, muito melhor
planejado para você do que um urso terrível e bobo que nem consegue
controlar sua fera.

— Deixe Benny ir, —ela exigiu. Ela nunca pararia de lutar por ele.
Seja quando eram crianças ou quando estavam começando o clube
juntos ou mesmo agora, contra probabilidades insuperáveis.

Benny gemeu, o corpo mole nas mãos de Van.

— Estou fazendo um favor ao mundo, livrando-o de um monstro


como ele, —disse ele, com escárnio.

— Você é o monstro, —Harley precisava pensar em algo rápido.

Seu mundo inteiro estava desaparecendo.

BENNY
224

Van ignorou sua ameaça. — Além disso, você não pode nem
começar a imaginar o tipo de destino que a espera comigo do outro lado.
Poder, riqueza, prazer, tudo que você possa ...

De repente, o céu explodiu com um rugido sobrenatural tão alto que


parecia um trovão, sacudindo a terra sob os pés de Harley. Ela e Van
procuraram a fonte do som, mas era tão ensurdecedor que estava ao
redor deles.

Então Benny começou a se mexer. Não ... ele estava mudando.

Van o soltou no momento em que a forma de Benny surgiu para


fora e para cima em uma enxurrada de pêlos e ruídos de revirar o
estômago que soavam como ossos estalando. Imediatamente, Harley
recuou, maravilha e horror correndo por suas veias como água gelada.

E onde Benny estivera apenas um segundo antes, um gigantesco


urso cinza e preto estava de quatro, tão grande que poderia preencher o
interior do Club Crimson sozinho.

Mas não era um urso normal. Não, Harley tinha visto ursos e lobos
e até mesmo um leão antes. Esse era diferente. Como o mal e o medo
personificados em uma criatura que anda e respira. Seu pêlo espesso e
emaranhado parecia emanar uma aura negra que fazia Harley querer
correr para salvar sua vida—se seus pés não estivessem congelados

BENNY
225

como se estivessem embutidos em tijolos de cimento.

— Olha o que você fez, —Van cuspiu, olhando para Harley, então
de volta para a gigantesca criatura. — Isso não deveria acontecer! —Seu
tom era desequilibrado, as linhas em seu rosto delineadas com riachos
molhados enquanto a chuva caía sobre todos eles.

A criatura recuou nas patas traseiras, abrindo as mandíbulas e


rugindo mais uma vez, quase derrubando Harley com a força. Longas
garras negras, molhadas com o que parecia mais do que apenas chuva,
brilharam na escuridão. As presas negras estavam expostas como
espadas monstruosas.

Mas era Benny. De alguma forma, sob o medo e tremor de seu


corpo, enquanto Harley olhava para ele, ela sabia que era ele.

Era isso que ele tinha escondido dela durante toda a vida?

As patas dianteiras do urso bateram de volta na terra, quebrando o


cimento embaixo dele. Quando olhou para ela, seus olhos escuros eram
globos sem alma destinados apenas a instilar pavor, o olhar da fera
suavizou por um momento, como se em reconhecimento.

Seu coração disparou. Seu estômago estava doente, como se ela


fosse vomitar. Ela deveria gritar? Ela deveria correr? Em vez disso, ela
apenas ficou.

BENNY
226

Como se agisse por instinto, ele rapidamente se moveu pesadamente


na frente dela protetoramente, bloqueando o caminho entre ela e Van, e
naquele momento, Harley sabia que não iria machucá-la.

Mas bom Deus, era aterrorizante.

Van amaldiçoou, punhos cerrados enquanto se posicionava contra


o gigantesco urso. — Arruinado. Você arruinou tudo, humana. Isso não
deveria acontecer.

Para sua surpresa, Van puxou o peito para trás, respirando fundo
antes de expelir um cone de chama roxa quente diretamente no caminho
do urso. O urso se moveu, bloqueando Van de sua visão completamente,
absorvendo a totalidade das chamas enquanto Harley ouvia o som de
um rosnado furioso e crepitante.

Pelo que Harley sabia, apenas dragões podiam fazer merdas assim.

O urso não vacilou, uma força imparável, quando as chamas de Van


diminuíram e depois cessaram. A criatura, chamuscada e queimada,
milagrosamente começou a se curar e rugiu mais uma vez antes de
atacar o homem vestido de preto.

Com um único golpe, Van saiu voando como uma bola de beisebol,
colidindo com uma parede de tijolos próxima, espalhando entulho e
pedaços vermelhos molhados por toda parte. Van caiu para a frente,

BENNY
227

então olhou para cima para ver o monstro caindo sobre ele como um
trem de carga em alta velocidade, e ele saltou para o lado quando sua
pata desabou, achatando a parede mais rápido do que qualquer
equipamento de construção feito pelo homem jamais poderia ter feito.

O urso não era apenas indescritivelmente grande, mas a velocidade


com que ele podia se mover parecia desafiar a física. Como o puro mal
alimentava sua força insondável.

Mas Harley sabia que o urso não era mau. Por mais que seu cérebro
gritasse para ela fugir desse predador que era capaz de acabar com ela
com absoluta facilidade, seu coração permanecia forte com o
conhecimento de que em toda a sua vida juntos, Benny procurou apenas
protegê-la.

E este urso era uma parte dele.

— Se eu pudesse mudar, acabaria com você, urso, —Van proclamou,


uma corrente de sangue escorrendo pelo lado de seu rosto.

O urso rosnou desafiando a suposição de Van, avançando e


mordendo-o com mandíbulas tão poderosas que cada músculo do corpo
de Harley se preparou com o som que fez.

Van, surpreendentemente rápido para um homem de sua grande


constituição, saiu do caminho. Mas em um instante, como se tivesse

BENNY
228

antecipado o movimento, a pata de Benny ergueu-se, então golpeou bem


no local onde Van havia se movido.

Uma espessa nuvem de poeira e entulho se ergueu com o impacto


e, por um momento, Harley teve certeza de que Van havia sido achatado
por ela. Mas enquanto a chuva limpava os escombros, ela podia vê-lo
preso sob a pata de Benny, ambas as mãos segurando as garras do urso
enquanto ele lutava para se libertar.

A besta se inclinou, olhando nos olhos de sua presa sem piedade,


sem pausa. Ele rosnou, fazendo cair um líquido espesso de sua boca
negra ao chão ao redor de Van enquanto o dragão olhava
petulantemente para cima.

— Ei! Por aqui, pessoal! —O som da voz de um homem


interrompeu o silêncio encharcado pela chuva, levando o olhar de
Harley para o lado.

No final da rua lateral que corria atrás do Club Crimson, ela podia
ver as formas de seus colegas de trabalho e amigos correndo em sua
direção em um pequeno grupo em uma corrida rápida. À frente deles,
Lock abriu o caminho, vestindo calças de pijama, mas vestindo sua
típica jaqueta de couro.

— Harley, você está bem? —Max gritou quando eles se

BENNY
229

aproximaram dela. — Nós vimos uma luz estranha vindo do clube e


chamamos Lock e Tasha ... —Mas suas palavras pararam quando ele e
os outros tiveram um vislumbre da formidável besta preta e cinza.

Em uníssono, eles derraparam para parar perto da Harley.

— Puta merda ... —A maldição de Lock continuou enquanto ele


avaliava o urso da cabeça aos pés, boquiaberto.

Benny, agora ciente dos outros se aproximando, olhou para eles e


rosnou com raiva, como se estivesse irritado por ser interrompido no
meio de lidar com sua presa.

— Essa é certamente uma visão ... interessante, —Fifi exclamou, seu


pijama de seda úmido agarrado ao peito.

— Oh Deus, é horrível, —Jackie disse, cobrindo a boca com as


mãos.

Max e Lock se posicionaram protetoramente na frente de suas


companheiros, enquanto o urso rosnava mais seriamente, como se os
avisasse para se afastarem.

— O que é isso? —Tasha perguntou maravilhada e com medo.

— Droga, Benny, —disse Lock. — Provavelmente terei que me


mudar. Max, prepare-se para me apoiar se ...

BENNY
230

Fifi o interrompeu. — Eu cuido disso. Todo mundo, atrás de mim


—ele disse, arregaçando as mangas ao chegar à frente do grupo. Até o
lobo normalmente imperturbável queria se aproximar com cautela.

— Não, espere! Ainda é Benny. Ele está no controle disso, —Harley


gritou para suas amigas.

Talvez ninguém nunca tivesse visto o urso de Benny antes. Ou


talvez a criatura fosse muito desumana para eles acreditarem que não os
machucaria.

— Veja, eu vou mostrar, —acrescentou ela.

Ela deu um único passo para frente, e os olhos do urso se fixaram


nos dela, prendendo todo o seu corpo no lugar. — O que você está
fazendo? Não vá lá. Não é seguro, —disse Lock, acenando para que ela
fosse na direção deles.

— Eu cuido disso. Confie em mim. —Ela tentou acalmar seus


amigos, esperando que isso a acalmasse também. Mas seu coração
estava batendo mais rápido do que se ela estivesse correndo uma corrida
de cem metros.

— Você está disposta a correr esse risco? —Max exclamou,


parecendo incrédulo, provavelmente pela primeira vez na vida do
grande leão.

BENNY
231

— Vai dar tudo certo. —Suas palavras pareciam que iriam congelar
em sua própria garganta. Mas ela deu outro passo, depois outro. A
princípio, o urso inclinou a cabeça para o lado, olhos negros tão escuros
que faziam os poços de alcatrão parecerem uma cor alegre e sensível.

Harley estava na metade do caminho. Depois, a três quartos do


caminho. Ela podia ver Van claramente agora, deitado sob a pata de
Benny, indefeso e olhando para ela, mas ela ignorou o homem,
mantendo os olhos em seu melhor amigo, estendendo a mão para ele
com seus pensamentos como se eles pudessem tocá-lo de alguma forma.

O pêlo do urso baixou lentamente e sua boca relaxou, o rosnado do


fundo da garganta finalmente cessou. Ela levantou a mão, seu cérebro
imaginando um cenário horrível onde o urso apertou suas mandíbulas
sobre ela, mas ela pressionou para encontrar Benny.

Então, finalmente, seus dedos estavam a apenas alguns centímetros


da cabeça da fera e, de repente, ela se inclinou para encontrar sua mão.
O pêlo frio e emaranhado era espesso e espinhoso, mas ela o acariciou
quando o alívio a invadiu como uma inundação de limpeza.

— Eu sabia que ela era um coração de dragão, —Van exclamou,


seguido por uma lufada de ar quando o urso pressionou sua pata para
baixo e sobre ele.

BENNY
232

Mas Harley só podia sentir amor e afeto pela criatura. Para Benny.
Seu Benny. E quando ela coçou a parte de trás da orelha do urso
enfaticamente, ele soltou um bufo de satisfação.

Quando se virou para olhar para ela, Harley jurou que podia ver um
toque de avelã sob o espelho negro de seus olhos. Por um longo
momento, eles apenas se observaram, Harley finalmente entendendo
tudo o que Benny não conseguia dizer a ela por tanto tempo.

Ele ainda tinha muito que explicar sobre o que tinha acontecido esta
noite, mas eles descobririam. Ela simplesmente sabia disso em seu
coração.

De repente, houve o som de um homem grunhindo, levantando


algo, e ela e Benny olharam para baixo para ver Van se soltando sob a
pata gigantesca do urso. O urso rosnou, mas Van saltou do chão e ficou
de pé com uma agilidade surpreendente, virando-se para enfrentá-los.

E de seu lado, ela podia ver os outros se aproximando também,


juntando-se a ela e Benny enquanto avançavam sobre o homem que
quase havia arruinado tudo.

— Você não pode imaginar as forças que está enfrentando. Seu


destino não estava aqui, coração de dragão, —Van disse, os olhos
disparando para Harley, então o grupo invasor de melhores amigos e

BENNY
233

seus companheiros.

— Eu também não acho que você entende as forças que está


enfrentando, —disse Lock, estalando os nós dos dedos ao avançar.

— Mas estamos mais do que felizes em mostrar a você, —Fifi se


juntou a ele enquanto ele e Max avançavam. Enquanto isso, Benny
permaneceu ao lado de Harley, tão perto que ela podia senti-lo respirar.

Os olhos de Van ficaram selvagens, procurando por uma fuga,


recuando até que ele foi completamente encurralado contra o Club
Crimson.

Mas antes que o grupo pudesse cumprir sua ameaça unificada, de


repente, uma parede de névoa em forma de porta apareceu diretamente
atrás de Van. Sua borda era cinza e etérea, como fumaça, e em um flash,
a porta pareceu se abrir, fazendo uma grande escuridão negra aparecer
a apenas alguns metros das costas de Van.

— O que? Não, não pode ser. —A voz de Van estava chocada


quando ele se virou para avaliar o que nenhum dos presentes poderia
explicar.

Harley e os outros nem mesmo tiveram tempo de se mover tão


repentinamente, uma gavinha negra e enevoada disparou de algum
lugar bem no fundo da porta, agarrando Van pelo pulso e forçando-o a

BENNY
234

se aproximar.

— Você não pode me levar de volta. Ainda não terminei, —ele


gritou com raiva enquanto outro tentáculo veio para frente, depois
outro, puxando-o com força crescente. Com um grito furioso, ele se
virou para o grupo, tentando escapar das garras dos tentáculos.

Mas, aparentemente, não foi o suficiente, e ele desapareceu no vazio


negro. Ouviu-se o som de uma porta pesada se fechando e, tão
rapidamente quanto apareceu, a porta se dissipou em névoa,
desaparecendo completamente.

— Isso ... foi estranho — disse Max, falando por todos eles.

— Certo. Esquisito. Nenhum de nós aqui poderia explicar isso, —


disse Fifi, olhando para o lado.

— Estou feliz que acabou, —Harley exclamou enquanto o urso


horrível se aninhava em seu lado de brincadeira. Bem, quase.

— Ei, acho que os terríveis não são tão ruins assim, —Tasha
exclamou, vindo para a frente para dar ao urso um arranhão. Mas
quando sua mão tocou seu pelo áspero e emaranhado, ela se afastou,
tentando não parecer perturbada.

— Não. Isso é. É realmente muito ruim, —Max disse, olhando a

BENNY
235

coisa de cima a baixo, uma carranca em seu rosto.

— De acordo. Não é de admirar que Benny estivesse procurando


por uma cura por tanto tempo. Essa coisa é monstruosa pra caralho, —
Lock exclamou maravilhado.

— Ei, ele é meu, e ele é perfeito, —disse Harley, e Benny rosnou em


aparente concordância.

— E é por isso que ele é seu companheiro, —disse Fifi, e Harley não
sabia se ele estava sendo aprovador ou condescendente. Talvez ambos.

— Vou ficar aqui até que ele mude de volta. Isso supondo que ele
possa? —Harley perguntou, olhando para o urso, que olhou para ela
com curiosidade.

Então, de repente, foi ficando menor, o pelo se transformando em


carne. Max e Lock cobriram os olhos de suas companheiras quando, de
repente, um Benny de tamanho normal e completamente nu deitou de
bruços no chão aos pés de Harley.

Imediatamente, ela estendeu a mão para ajudá-lo a se levantar, e


Fifi tirou a camisa dele para cobrir a metade inferior de Benny, depois
deu a volta para ajudá-lo a se levantar também.

De alguma forma, onde o poste gigante estava saindo dele, uma


mancha roxa e vermelha apareceu em seu peito que ela podia ver

BENNY
236

curando lentamente. Deve ter sido jogado de lado quando Benny


mudou.

Que alivio.

Benny, gemendo pelo esforço de se levantar, de repente pareceu


acordar, os olhos se arregalando enquanto olhava descontroladamente
para ela, depois para o resto de sua família.

— Uau, o que aconteceu? —Ele parecia mais chocado do que até


mesmo Harley se sentia no momento.

— Cara, você mudou, —Lock disse.

— E você nem matou todo mundo. Parabéns, —disse Fifi com um


sorriso, dando um tapinha nas costas de Benny.

— Eu mudei? —Benny fez uma pausa, o olhar voltando para


Harley. Por um momento, seus olhos cor de avelã apenas pousaram
nela.

Então eles pareceram clarear com o reconhecimento.— Sim eu


mudei. Mas e quanto a Van?

— Van? —Tasha perguntou.

Benny apenas balançou a cabeça, seu braço envolvendo Harley e


puxando-a para seu lado. Apenas a sensação dele ao lado dela, normal

BENNY
237

e dela novamente, era mais relaxante do que ela poderia ter imaginado.
— Acho que tenho algumas explicações a dar, —disse ele se
desculpando, olhando para Harley enquanto falava.

— Sim você tem. Você pode nos agradecer depois. Agora, vocês
dois precisam conversar, —disse Lock enfaticamente, colocando o braço
em volta de Tasha enquanto eles se afastavam, os dois acenando atrás
deles enquanto desapareciam na rua.

Max acenou com a cabeça para eles e Jackie se despediu antes que
eles também desaparecessem.

— E pegue algumas calças. Quero minha camisa de volta, —disse


Fifi, sacudindo a cabeça enquanto ele se afastava, indo em uma direção
diferente dos outros.

— Obrigado, Fifi, —disse Harley. Obrigada a todos vocês.

Fifi apenas levantou o polegar para eles, sem se virar enquanto ele
se afastava, deixando-a sozinha com Benny do lado de fora do Club
Crimson.

— Quer sair desta chuva? —Benny perguntou, olhando para todos


em volta, bastante confuso. Ele espalmou seu lado, estremecendo.

— Acho que recentemente tive um buraco dentro de mim.

BENNY
238

Harley riu. — Sim. Vamos conversar no clube.

CAPÍTULO
UMA VEZ QUE ELE ESTAVA DENTRO E DEVIDAMENTE vestido
novamente, Benny não sabia se ficava aliviado ou horrorizado por todos
terem visto seu urso terrível depois de tantos anos segurando-o.

Ele estava muito cansado para realmente se importar, mas sabia que
estaria morto se não fosse pela coisa dentro dele.

Ele estava feliz por ter Harley com ele, não olhando para ele de
forma diferente. Ela não apenas ficou, ela o acalmou. Embora ele
estivesse por trás de tudo o que tinha acontecido, ele estava vagamente
ciente.

Ele se sentia tão estúpido agora por confiar em Van, mas era isso
que as pessoas desesperadas faziam. Confiar em pessoas que não
deveriam.

Ele percebeu agora que se tornou vulnerável ao tentar lidar com

BENNY
239

tudo sozinho, quando ele sempre poderia ter envolvido Harley.

Mas como ele poderia saber?

— Você está bem? —Seus cachos estavam molhados da chuva, e as


espirais suaves fascinaram Benny enquanto ela o ajudava a se sentar em
uma cadeira em seu escritório.

Ela se ajoelhou na frente dele, levantando sua camisa para avaliar


os danos do mastro.

— Parece que você vai ficar bem. Agora só há hematomas. —Ela


balançou a cabeça. — Pensei que você estava acabado.

— Eu estaria se você não tivesse vindo por mim, —Benny disse. —


Teria sido tarde demais quando meus amigos chegassem lá.

— Mas eles vieram, —disse ela. — E eles não fugiram de você, não
importa o quão assustador você fosse.

Benny acenou com a cabeça. — Definitivamente foi uma noite


estranha.

— Não é estranho, —disse ela, colocando a camisa para baixo. —


Nós todos te amamos. Não importa o que você é. Além disso, você não
machucou ninguém. Se não fosse por seu urso, você teria sido morto e
eu poderia ter sido sequestrada. —Ela deixou escapar um pequeno

BENNY
240

estremecimento.

Ele segurou seu rosto. — Eu nunca teria deixado isso acontecer.

Ela olhou para ele, o rosto ainda salpicado de água, rugas sob os
olhos. — Certo, e seu urso ajudou você.

Ele se recostou no sofá, esfregando os olhos, tentando não pensar


em tudo o que poderia ter acontecido.

Ele sentiu o calor de Harley no sofá ao lado dele e relaxou um


pouco. — Você não sabe do que ele é capaz.

— Não importa do que ele seja capaz, —disse ela. — É o que ele
escolheu fazer, que foi nos proteger.

— Só quero ser um shifter normal, —Benny disse. — Dires são


formados por traumas e saem todos errados.

— Ou talvez eles sejam formados porque seu hospedeiro precisa


deles. Talvez depois de tudo que você passou, você tornou-se extra forte
para sobreviver.

— Fiquei louco.

Ela encostou a cabeça em seu ombro. — Se isso foi loucura, então


estou feliz que você esteja louco. Eu te amo como você é. Eu não
mudaria nada, e espero que um dia você também se sinta assim.

BENNY
241

Benny se levantou abruptamente, decidindo que só havia uma


maneira de realmente mostrar a ela quem ele era, e ele poderia muito
bem acabar com isso.

Porque ela aceitar tudo sobre ele tornava difícil não apenas acasalar
com ela ali mesmo.

Ele caminhou até a escrivaninha e vasculhou-a até encontrar o


recorte de notícias que deixara cair no outro dia.

Ele caminhou até Harley e o entregou a ela, isolando-se


emocionalmente enquanto ela lia.

Seus olhos se arregalaram quando ela trouxe o recorte para mais


perto, e ela soltou um pequeno suspiro, cobrindo a boca com a mão
pequena.

— Meu Deus, o que eles fizeram com você? —Seus olhos brilhavam
de lágrimas quando ela devolveu o recorte.

— O que eles fizeram para que você fizesse isso?

Benny piscou. Ele esperava muitas perguntas, como por que foi tão
longe, por que matou os dois, por que não contou a ninguém e se
entregou.

Por que ele deixou as autoridades pensarem que foi um ataque de

BENNY
242

animal que matou seus pais.

Benny suspirou, tentando não sentir frio por dentro. — Eu não


posso acreditar que você perguntou isso. Você deveria pensar que sou
um monstro. Um assassino.

Ela subiu em seu colo, montando nele para que pudesse enxugar
uma lágrima que ele não sabia que estava em sua bochecha. — Você
não é um monstro. —Ela colocou a mão em seu peito. — Você é o
homem, e o urso, que eu amo. —Ela soltou um suspiro trêmulo.

— Eu gostaria de ser um urso terrível para que eu pudesse ter


protegido você. O que eles fizeram para que você fizesse isso?

— Por que você não está perguntando por que eu nunca te disse?
Você não deveria ter crescido com um assassino. Eu deveria ter me
entregado.

Ela balançou a cabeça. — Você era uma criança. Além disso, você
não fez isso. Além disso, seus pais eram shifters, certo?

Ele assentiu.

— Então foi uma luta entre animais selvagens e eles perderam.

— Mas eu tinha um urso terrível. Não foi uma luta justa ...

Ela fez uma careta. — Tenho certeza de que isso não os incomodou

BENNY
243

antes. Benny, quando você veio à minha casa, você estava coberto de
hematomas.

Benny sentiu as lágrimas caírem livremente então. Era como se algo


dentro dele estivesse esperando que ele sentisse simpatia por si mesmo.
Por ser uma criança em uma situação impossível. Ele puxou Harley
contra ele, envolvendo os braços ao redor dela com força.

Agora que a adrenalina estava passando, ele percebeu que a vida era
totalmente diferente. Ela conhecia seu segredo. Ele não precisava mais
se esconder. Mas ela ainda estaria em perigo?

— É por isso que você nunca me contou? —Ela descansou sua


bochecha contra seu ombro. — Você pensou que eu iria pensar a coisa
errada?

Ele assentiu. — Eu não pensei que você tentaria entender mal. Só


que nunca vi isso da maneira que você viu. Eu pensei que fiz uma coisa
terrível que nunca poderia ser perdoada, especialmente por um humano
como você.

— Não, —ela disse. — Eu não preciso te perdoar. Estou orgulhosa


de você.

Ele recostou-se. — Por quê?

BENNY
244

— Porque você enfrentou uma situação horrível e ainda assim subiu


muito acima dela —Ela gesticulou ao redor deles. — Olhe para este
clube. Você construiu um lugar onde as pessoas podem se reunir.

— Eu acho que sempre quis ajudar os shifters a estarem com os


humanos porque senti que nunca poderia estar com você. —Benny disse
— Talvez tenha me acalmado pelo menos saber que outras pessoas
poderiam ser felizes onde eu não estava.

Ela engoliu em seco. — Essa é a coisa mais doce de todas. —Seu


cabelo ruivo estava começando a secar agora, e Benny colocou a mão
nele, sentindo os cachos, amando a maneira como seguravam seus
dedos.

Como se Harley sempre tivesse se agarrado a ele.

— Eu nunca teria pensado em você como um assassino, —disse


Harley — Eu só teria pensado em legítima defesa.

— Mas mesmo se você não quisesse me contar sobre o assassinato,


por que você estava com tanto medo de que eu soubesse sobre o seu
urso?

— Está tudo conectado, —disse Benny — Mas eu estava com medo


de estar com você com ele dentro de mim. Não tenho controle quando
ele está fora. Como não consegui perdoá-lo por matar meus pais, nunca

BENNY
245

consegui me conectar. Dires já estão mais separados de seus humanos


do que shifters regulares. Depois do que aconteceu, eu queria me separar
do meu.

— Mas por que você acha que alguém que mata espancadores de
crianças me mataria?

— Acho que não faz sentido, —disse Benny. — Exceto pelo fato de
que eu me vi fora de controle, assistindo sangue e carnificina. Eu não
tinha como saber quais regras meu urso tinha ou o que o traria para fora.
Eu não queria que ele te machucasse. Eu prefiro morrer milhares de
mortes de desgosto sem você do que deixar você se machucar.

— Droga, Benny, qualquer um que pudesse dizer algo tão


maravilhoso não poderia ter um assassino implacável dentro dele. —Ela
o cutucou no peito. — Além disso, agora que ele saiu pela segunda vez,
espero que você veja quem ele é. Ele sai quando você está em perigo
real. Estou feliz que ele saiu.

Benny soltou um suspiro trêmulo, finalmente liberando todo o


medo e dor de cabeça que ele suportou nos últimos vinte anos.

Se ele pudesse confiar na coisa dentro dele ... se ele pudesse confiar
... Ele afastou o cabelo dela. — Eu quero estar com você.

Ela assentiu. — E?

BENNY
246

— Quero acasalar com você. —Ele inclinou a cabeça dela para que
seus lábios estivessem perto dos dele, suas respirações se misturando.

— E?

Ele a beijou suavemente, apenas um leve toque de seus lábios. Então


ele deu um beijo mais profundo, separando seus lábios.

Ela gemeu e apertou os braços em volta do pescoço, beijando-o de


volta, e ele sentiu até o animal dentro dele em paz.

Pela primeira vez, Benny não tentou forçá-lo a voltar.

Benny se retirou para que pudesse encontrar seus olhos. — Quero


estar com você para sempre. Fazer de você minha. Dar a você, crianças.

— Ou filhotes?

— Ou filhotes, —disse ele. —Eu quero uma família de verdade com


você. Se formos apenas nós, tudo bem também. Ou podemos adotar.
Mas eu quero um futuro. Eu quero finalmente ser capaz de parar de
viver com o passado tentando me sugar de volta.

— O passado se foi, —disse ela. — Não pode machucar você. Mas


se as memórias resistirem, estarei aqui para abraçá-lo.

— Você não poderia ser mais maravilhosa, —disse ele,


reivindicando seus lábios novamente, apreciando a ascensão e queda de

BENNY
247

seu peito, as mãos em seu pescoço.

Seu tudo.

Dele.

Ela beliscou seus lábios. — Então, eu sei algo sobre acasalamento


...

Ele riu, levantando-se e erguendo-a nos braços. Mesmo que ele


tenha passado por uma batalha difícil e quase tenha seu urso terrível
puxado, ele não podia esperar mais um dia para reclamá-la.

Mas não aqui.

Ele a carregou para fora para sua caminhonete. — Vamos para casa.

CAPÍTULO
HARLEY SEMPRE AMOU A CASA DE BENNY, COM seu tamanho
singular, móveis caseiros e um grande terreno atrás dela.

Ela se perguntou se agora que ele podia se aceitar, ele poderia correr

BENNY
248

para lá em sua forma de urso.

Ele a colocou no chão depois de carregá-la através da soleira, e ela


olhou ao redor com novos olhos, sabendo que provavelmente era aqui
que eles viveriam.

— Agora que penso nisso, por que um cara tão grande conseguiu
uma casa tão pequena? —Ela passou por um sofá, tocando um
travesseiro floral. — E móveis tão bonitos?

— Sempre quis que você se sentisse em casa, —disse Benny. —


Talvez fosse difícil fazer um lar se não me lembrasse de você.

Ela enrubesceu. Ela não podia acreditar em todas as coisas doces


que estavam saindo dele agora que ele não precisava se conter.

Ela entendeu agora porque ele tinha se escondido dela, mesmo que
ela desejasse que ele não tivesse. Pelo menos a partir de agora, não
haveria segredos.

Ele tirou a jaqueta e liderou o caminho para o quarto. Ela nunca


tinha estado lá.

Ele acendeu a luz, revelando uma grande cama emoldurada em


cedro. As cobertas eram azuis com flores brancas, e a cômoda e a mesa
de cabeceira também eram de cedro.

BENNY
249

Ela deu uma risadinha. — Eu acho que você esperava um dia me


ter aqui também?

Benny deu de ombros, as bochechas corando levemente, parecendo


tão alto e adorável que a deixou sem fôlego. — Eu acho. Além disso, eu
meio que gosto desse visual.

— É engraçado ver um grande e corpulento sexy lenhador com uma


sala de aparência tão suave.

— Oh, eu não sou mole, —ele disse, pegando-a pela cintura e


jogando-a na cama, fazendo-a engasgar em choque.

Antes que ela pudesse reagir, ele estava em cima dela, uma mão de
cada lado de sua cabeça, os joelhos de cada lado de suas pernas.

— Eu só gosto de coisas bonitas, —ele disse, puxando um de seus


cachos. Ela tinha a sensação de que ele faria muito isso. — Gosto de
você.

Ela riu. — Agora que você não tem medo de seu urso terrível, você
é bastante encantador.

Ele bufou. — Eu não sei sobre isso. Você viu meu urso. Ele ainda
está lá.

— Falando nisso, não tenho certeza se entendi totalmente o que

BENNY
250

estava acontecendo com aquele homem. O brilho roxo?

— Aquele que você atacou? Uh, eu ia fazer com que ele tentasse
tirar o urso para que pudéssemos ficar juntos. —Ela sentiu uma grande
onda de alívio.

— Então é isso que você quis dizer com acabar com isso.

— O que você achou que eu quis dizer?

— Achei que você estava terminando comigo, —disse ela. — Mas


eu adivinhei isso quando você foi embora. Eu sabia que você não faria
assim.

— Nunca, —disse Benny. — Eu não poderia te contar meu segredo,


então pensei que poderia resolver as coisas não tendo nada para contar.

Seu corpo estava aquecendo apenas por tê-lo perto dela, e ela se
contorceu. — Bem, estou feliz por ter aparecido para te salvar. Eu não
suportaria se você se machucasse. Nunca tente algo assim novamente.

Seus olhos se suavizaram. — Ele salvou você. Eu nunca poderia


machucá-lo agora.

— Ele é parte de você, —disse ela, acariciando o rosto de Benny


porque ela nunca se cansaria de sentir aquele queixo duro.

Finalmente estava percebendo que ela poderia ter tudo. Que Benny

BENNY
251

poderia finalmente ser dela. Tantos anos de espera e sonho, e agora nada
se interpunha entre eles.

Ela finalmente teria o que ela sempre viu os outros terem e


desejaram para si mesma. Um companheiro.

Ela tirou a roupa, querendo fugir da umidade e também ficar


livremente nua contra a pele dele.

Ele também começou a tirar as roupas e, pela primeira vez, ela


percebeu que não havia hesitação em seus olhos.

Apenas o avelã bonito e pacífico.

Eram as primeiras horas da manhã. Eles tinham acabado de passar


por horas de um trauma horrível. No entanto, com tantos anos de dor e
espera, eles não podiam esperar mais um minuto para ser um.

Quando ele tirou a roupa, ela memorizou cada plano de seu corpo,
cada músculo duro, seu amplo peito polvilhado com a quantidade certa
de cabelo escuro.

Seus peitorais enormes se amontoaram enquanto ele se mantinha


acima dela. Braços fortes. Cintura estreita com abdominais ondulados.
Mas mesmo se ele tivesse uma aparência diferente, ele teria sido bonito
para ela apenas por ser quem ele era.

BENNY
252

Então, combinar tudo isso fez Harley sentir que seu coração não
aguentaria. Ele era muito bom para ela ter tudo para ela.

Mas talvez ela tivesse um pouco de shifter nela, porque ela sentiu
algo dentro dela grunhir para possuí-lo.

Finalmente. Finalmente, depois de toda espera, Benny seria dela


para o resto de sua vida.

Ele abriu as pernas dela, então beijou seu peito e estômago até
chegar ao seu centro, beijando-a também, sorrindo quando ela já estava
molhada.

— Ansiosa?

Ela acenou com a cabeça ferozmente. — Nunca quis nada mais na


minha vida.

Um calor delicioso a percorreu enquanto ele lambia e tocava,


mantendo a mão sobre sua cintura para segurá-la suavemente.

Ela torceu as mãos nas cobertas, amando a sensação suave do


colchão embaixo delas, a luz da manhã fluindo pela janela.

A sensação de sua boca em seu clitóris, fazendo com que o prazer


aumentasse como a chuva que se aproxima.

Ela se contorceu, tentando lutar contra o sentimento, tentando

BENNY
253

extraí-lo, mas não adiantou. Ele já era muito bom em interpretá-la, tão
sintonizado com suas expressões, emoções e movimentos que não a
deixava para onde ir, exceto para o limite.

Ela caiu, sentindo a língua dele acariciando-a, tão quente e intensa


que seu orgasmo parecia continuar indefinidamente.

Quando a última onda diminuiu, ela olhou para ele com a visão
turva, se perguntando se ele já estava pronto para tomá-la.

Em vez disso, ele avançou, beijando seus lábios e virando-a quando


ela se provou contra sua boca. Era algo que ela nunca imaginou que
acharia sexy, mas saber que era Benny, saber que ele tinha sua boca ali,
que se importava com o prazer dela, isso a deixou quase pronta para
gozar novamente.

Sua mão encontrou seu centro novamente enquanto sua boca descia
para seu seio, e ele estalou a língua sobre um mamilo tenso. Ela se
arqueou contra as sensações simultâneas, sentindo todo o seu corpo ficar
tenso.

Ele a beijou avidamente, sugando um seio e depois o outro,


movendo-se a cada vez que ela estava muito perto do limite e depois se
aproximando para beijar sua boca novamente.

Cada vez que ele a beijava, era com o desespero de um homem

BENNY
254

subindo para respirar, como se ele morresse sem ela.

Cada vez que ela o beijava de volta, parecia que o mundo ficava
mais brilhante, como se nada mais fosse o mesmo.

Quando ela gozou contra sua mão, o prazer foi cegante, forçando-a
a fechar os olhos enquanto colocava as mãos em volta do pescoço dele
e o segurava, sentindo-se como se ele fosse a única coisa estável em uma
tempestade de pura sensação.

As ondas vieram mais e mais, chegando mais alto do que antes,


deixando-a sem fôlego e tremendo, e quando ela caiu de costas contra a
cama, ela percebeu que eles ainda não tinham se acasalado.

Sua mão deslizou suavemente dentro dela, e ela sentiu seu sexo
apertar quando ele soltou um pequeno grunhido. — Deus, você é linda,
Harley. Você está pronta para ser minha companheira? Para ficar
comigo para sempre?

— Estou pronta desde o momento em que te conheci, —ela disse


desesperadamente. — Eu nunca quis ficar longe de você.

Com isso, ele deslizou dentro dela, seu comprimento duro a


enchendo de todos os ângulos enquanto ela começava a formigar por
dentro. Ele era tão grande que, mesmo sem se mover, ela mal conseguia
aguentar as sensações. No entanto, enquanto ela relaxava lentamente,

BENNY
255

tudo o que ela queria era que ele se movesse e lhe desse ainda mais.

Ela se contorceu contra ele enquanto colocava as pernas em volta


de sua cintura. Não porque temesse que ele se afastasse dela, mas porque
queria que ele soubesse o quanto ele era querido e apoiado.

Seus belos olhos castanhos brilharam sob os longos cílios enquanto


ele lentamente se retirava dela, então empurrou de volta para dentro,
centímetro por centímetro agonizantemente doce.

— Nada no mundo deveria ser tão bom, —disse ela.

— Você se sente tão bem, minha Harley, —disse ele suavemente, a


mandíbula firmemente cerrada com o esforço de se conter. — Estar em
qualquer lugar perto de você é maravilhoso, mas isso? Isso é o céu.

Ela adorou poder fazê-lo se sentir assim e colocar as mãos em seus


braços fortes, movendo-se com ele enquanto ele acariciava para dentro
e para fora.

Ambos estavam ofegantes, os corpos tensos pelo esforço a cada


estocada que os aproximava enquanto um os levava para mais perto da
borda.

Harley percebeu o cheiro do ar da montanha e viu os olhos de Benny


brilharem em um preto escuro. Ela estava realmente aqui com ele, e
quando eles se acasalassem, ela estaria aceitando tudo, incluindo seu

BENNY
256

urso.

Isso estava bom para ela. Ela o amava por inteiro, mesmo antes de
saber o que era tudo isso.

Nada poderia impedi-la de amá-lo para sempre. Tudo o que ela


aprendeu só a fez amá-lo mais. Então ela sabia que seu amor sempre
aumentaria por ele, o que a assustava porque ela já o amava tanto que
era difícil respirar.

Mas ela sabia que ele estaria lá com ela, crescendo no amor ao lado
dela, ficando junto para o passeio, e isso a deixou um pouco menos
assustada.

— Eu te amo, —ele disse simplesmente enquanto empurrava


profundamente dentro dela, seu corpo tão perto da borda que estava
rígido. Ela mordeu o lábio inferior, sentindo como se não pudesse
segurar por mais um segundo também.

E então ele estremeceu, e ao pensar que Benny estava chegando,


que ele estava dentro dela e eles estavam prestes a se acasalar, ela gozou
também, um prazer quente e intenso rolando sobre ela de cima a baixo
enquanto seu sexo se apertava no tempo com sua libertação.

Mais e mais até que ambos estivessem ofegantes e tremendo. E


parecia que demandou toda a força de Benny para apenas ficar apoiado.

BENNY
257

Ela amou a maneira como os quadris dele encontraram os dela,


como ela não poderia dizer que havia qualquer separação entre eles, e
como ela se sentia próxima daquele que amava.

Ele ficou lá por um momento, então saiu de dentro dela e pegou


uma toalha, voltando para ajudá-la a se limpar.

Então ele a puxou para si, peito a peito sob as cobertas, com tanta
força que cada parte dela estava pressionada contra ele.

Ela ainda estava vibrando por dentro, onde ele a reivindicou. Foi
um momento que ela achava que nunca iria esquecer, não importa
quantas vezes eles estivessem juntos.

E ela esperava por um milhão dessas vezes.

Quando uma de suas mãos se enrolou em seu cabelo e a outra


acariciou suas costas, ele cantarolou baixinho, mais feliz do que ela já o
tinha visto em sua vida.

— Veja, a situação não é tão terrível afinal. —Ela bufou quando


olhou para cima para vê-lo olhando para sua piada.

Então sua boca se suavizou em um sorriso. — Você está errada.


Estou em grave perigo de amar você para sempre. Tenho uma
necessidade urgente de poder sempre proteger seu coração. E estou
correndo o risco de sempre querer mais tempo com você, porque um

BENNY
258

milhão de anos nunca seria o suficiente.

Ela agarrou seu rosto e o beijou porque era a única resposta que ela
tinha para algo tão doce.

Ela estava em perigo de seu coração explodir de pura felicidade.

Ele estava certo. Eles estavam realmente em apuros.

Fim ...

BENNY
259

Felix não se importa que a maioria das pessoas não olhe além de seu belo e encantador exterior.
Ele não se importa se as pessoas o conhecem como o frívolo 'Fifi' ou como o assassino mortal
'Darkness'. Havia apenas uma mulher com quem ele queria compartilhar tudo de si, e perdê-la o
fez fechar seu coração. Mas quando ela aparece de novo, como um fantasma, tudo o que ele quer
é agarrá-la e nunca mais deixá-la ir.

Diana tem apenas uma necessidade: vingança. O único homem que ela amou é o responsável
por sua queda, e ela não vai parar até que o faça pagar. Mas a partir do segundo que ela o
encontra, as coisas ficam complicadas. Ela deveria esfaqueá-lo, mas tudo o que ela quer fazer é
pressionar contra seu corpo incrível e deixá-lo beijar todos os seus problemas. Só mais uma vez.
Então outra. Até que o passado se desvanece em seus braços.

Quando Felix se reúne com Diana, a conexão entre eles é mais poderosa do que nunca,
mostrando em cada beijo, cada toque, cada sussurro aquecido no escuro. Mas mesmo que eles
possam deixar o passado ir e ficar juntos, alguém mais sombrio e sinistro do que eles podem
imaginar está assistindo, pronto para separá-los.

Felix é o quarto e último livro da série Club Crimson e traz tudo para ao fim. É um
romance de segundas chances com duas pessoas que apenas se amavam, e é
repleto de paixão, aventura, romance e um final feliz como sempre. Apreciem!

BENNY

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