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PLANO MUNICIPAL
DE AÇÃO CLIMÁTICA
&
Plano de Ação para a Energia Sustentável e Clima
(Compromisso no âmbito do Pacto dos Autarcas para o Clima e para a Energia)
Articulado com:
Em colaboração:
Outubro de 2023
Plano Municipal de Ação Climática | Figueira da Foz
II
Plano de Ação para a Energia Sustentável e Clima | outubro 2023
Plano Municipal de Ação Climática | Figueira da Foz
I
Plano de Ação para a Energia Sustentável e Clima | outubro 2023
Plano Municipal de Ação Climática | Figueira da Foz
II
Plano de Ação para a Energia Sustentável e Clima | outubro 2023
Plano Municipal de Ação Climática | Figueira da Foz
ÍNDICE
Prefácio ....................................................................................................................... 5
1. Introdução ............................................................................................................ 7
2. Enquadramento e contextualização ................................................................. 11
2.1. Contexto Europeu, Nacional e Local............................................................. 12
2.1.1. Nível Europeu ........................................................................................ 12
2.1.2. Nível Nacional ........................................................................................ 15
2.1.3. Nível Local .............................................................................................. 18
2.2. Caracterização Territorial .............................................................................. 20
3. Plano Municipal de Ação Climática .................................................................. 27
3.1. Visão Estratégica ........................................................................................... 27
3.2. Objetivos ......................................................................................................... 27
3.3. Adaptação ....................................................................................................... 29
3.4. Mitigação......................................................................................................... 39
3.5. Modelo de Ação proposto.............................................................................. 56
3.6. Ações de Adaptação e Mitigação por área temática / Fichas de Ações ..... 59
3.6.1. Ordenamento do Território e Conservação da Natureza ............................ 59
3.6.2. Mobilidade, Energia e Indústria .................................................................. 73
3.6.3. Gestão da Água e Recursos Hídricos ........................................................ 91
3.6.4. Proteção Costeira ...................................................................................... 99
3.6.5. Floresta e Agricultura ............................................................................... 105
3.6.6. Informação e Consciencialização ............................................................. 112
4. Implementação, Monitorização e Acompanhamento da Ação Climática ..... 117
4.1. Implementação e Monitorização do PMAC ................................................. 117
4.2. Acompanhamento do PMAC ....................................................................... 118
5. Impactes macroeconómicos e co-benefícios ................................................ 123
6. Transição justa e sociedade resiliente ........................................................... 125
7. Governação ...................................................................................................... 127
8. Processo de articulação e participação pública ............................................ 131
9. Fontes de Financiamento e Orçamento ......................................................... 133
10. Considerações finais ....................................................................................... 139
11. Referências Bibliográficas .............................................................................. 141
12. Anexos ............................................................................................................. 145
III
Plano de Ação para a Energia Sustentável e Clima | outubro 2023
Plano Municipal de Ação Climática | Figueira da Foz
ÍNDICE METODOLÓGICO1
1
Índice Metodológico elaborado conforme o disposto nas “Orientações para Planos Regionais de Ação Climática”, da
Agência Portuguesa do Ambiente, I.P. (APA, I.P. 2022), com as devidas adaptações ao contexto local, e ainda pelo
disposto no “Guia para a apresentação dos resultados do Pacto dos Autarcas para o Clima e Energia” (2016),
desenvolvido no âmbito do Pacto dos Autarcas para o Clima e Energia.
IV
Plano de Ação para a Energia Sustentável e Clima | outubro 2023
Plano Municipal de Ação Climática | Figueira da Foz
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1 - Evolução da população residente no concelho, por freguesia, em 2011 e 2021 (INE / PORDATA,
2023) ........................................................................................................................................................................... 22
Quadro 2 - Evolução da taxa de desemprego, entre 2017 e 2021, no concelho da Figueira da Foz (INE,
2023) ........................................................................................................................................................................... 23
Quadro 3 - Trabalhadores (n.º) por atividade económica, no concelho da Figueira da Foz (Divisão – CAE
Rev. 3) (INE, 2023) ................................................................................................................................................... 24
Quadro 4 - Empresas não financeiras (n.º) por atividade económica, no concelho da Figueira da Foz
(Divisão – CAE Rev. 3) (INE, 2023) ....................................................................................................................... 25
Quadro 5 - Projeções Demográficas até 2030 por Sexo e Grupo Etário quinquenal, para a Região de
Coimbra e para o concelho da Figueira da Foz (CCDRC, 2022) ....................................................................... 26
Quadro 6 - Principais eventos climáticos adversos que ocorreram no Município, entre 2015 e 2022 ........ 36
Quadro 7 - Resumo dos principais impactos associados a eventos climáticos com consequências
observadas para o concelho da Figueira da Foz.................................................................................................. 36
Quadro 8 – Objetivos e metas de adaptação ....................................................................................................... 38
Quadro 9 - Listagem de informação processada e respetiva origem ............................................................... 40
Quadro 10 – Articulação entre as categorias definidas no IME e os setores definidos, para a Mitigação, no
“Guia de Orientações para os Planos Regionais de Ação Climática” e no “Guia para a apresentação dos
resultados do Pacto dos Autarcas para o Clima e Energia” ............................................................................... 41
Quadro 11 – Consumo de energia elétrica e emissões de CO2 associadas, por categoria, no concelho da
Figueira da Foz, em 2019 (DGEG, 2023) .............................................................................................................. 43
Quadro 12 – Consumo de gás natural e emissões de CO2 associadas, por categoria, em 2019 (DGEG,
2023) ........................................................................................................................................................................... 45
Quadro 13 – Venda de produtos petrolíferos, por categoria, no concelho da Figueira da Foz, em 2019
(DGEG, 2023) ............................................................................................................................................................ 45
Quadro 14 – Desagregação, por subsetor dos “Transportes terrestres”, das vendas de gasóleo rodoviário,
no concelho da Figueira da Foz, no ano 2019 (DGEG, 2023) ........................................................................... 47
Quadro 15 – Emissões de CO2 associadas ao consumo de combustíveis petrolíferos, por categoria, no
concelho da Figueira da Foz, em 2019 (DGEG, 2023)........................................................................................ 47
Quadro 16 – Consumo de energia associado à energia elétrica, gás natural e combustíveis petrolíferos, por
categoria, no concelho da Figueira da Foz, em 2019 (DGEG, 2023)................................................................ 48
Quadro 17 – Emissões de CO2 associadas ao consumo de energia elétrica, gás natural e combustíveis
petrolíferos, por categoria, no concelho da Figueira da Foz, em 2019 (DGEG, 2023) ................................... 49
Quadro 18 – Consumo de energia elétrica, gás natural e combustíveis petrolíferos, por categoria, no
concelho da Figueira da Foz, em 2008 (DGEG, 2023)........................................................................................ 50
Quadro 19 – Emissões de CO2 associadas ao consumo de energia elétrica, gás natural e combustíveis
petrolíferos, por categoria, no concelho da Figueira da Foz, em 2008 (DGEG, 2023) ................................... 50
Quadro 20 – Evolução do consumo de energia e respetivas emissões de CO2 nos anos de 2008 a 2019,
no Município da Figueira da Foz ............................................................................................................................. 51
Quadro 21 - Valor de produção de energia renovável, assim como a sua produção descentralizada, para o
concelho da Figueira da Foz, para o ano de 2019 (DGEG, 2023)..................................................................... 53
V
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Quadro 22 – Evolução das emissões de CO2 de 2008 a 2019, no concelho da Figueira da Foz,
percentagens de variação e metas estabelecidas no PNEC .............................................................................. 54
Quadro 23 - Articulação entre as categorias abordadas no presente PMAC e os setores definidos, para a
Adaptação, no Guia de “Orientações para os Planos Regionais de Ação Climática” e no “Guia para a
apresentação dos resultados do Pacto dos Autarcas para o Clima e Energia” ............................................... 57
Quadro 24 – Opções estratégicas e ações propostas para a área temática “Ordenamento do Território e
Conservação da Natureza” ....................................................................................................................................... 60
Quadro 25 - Opções estratégicas e ações propostas para a área temática “Mobilidade, Energia e Indústria”
..................................................................................................................................................................................... 74
Quadro 26 - Opções estratégicas e ações propostas para a área temática “Gestão da Água e Recursos
Hídricos” ...................................................................................................................................................................... 91
Quadro 27 - Opções estratégicas e ações propostas para a área temática “Proteção Costeira” .................... 99
Quadro 28 - Opções estratégicas e ações propostas para a área temática “Floresta e Agricultura” ............ 106
Quadro 29 - Opções estratégicas e ações propostas para a área temática “Informação e Consciencialização”
................................................................................................................................................................................... 112
Quadro 30 - Matriz de Monitorização de Impactes ............................................................................................ 118
Quadro 31 – Relação entre propostas decorrentes do processo de participação pública e a sua
implementação por parte do Município e outras entidades .............................................................................. 120
Quadro 32 – Conselho Local de Acompanhamento e respetivas áreas temáticas ...................................... 121
Quadro 33 – Resumo dos impactos macroeconómicos associados aos riscos climáticos (adaptado de:
Marujo E. [et al] (2022)) .......................................................................................................................................... 124
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ÍNDICE DE FIGURAS
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VIII
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Prefácio
As alterações climáticas são um problema real de ontem, de hoje, de amanhã, que exige uma
ação imediata e eficaz por parte de TODOS nós: entidades, associações, cidadãos.
O Município da Figueira da Foz tem procurado trabalhar em várias áreas de atuação no sentido
de promover um desenvolvimento que, cada vez mais, seja capaz de satisfazer as necessidades
das gerações atuais, sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas
próprias necessidades. A isto chama-se: Desenvolvimento Sustentável.
Desenvolvido com uma visão estratégica e inclusiva, com uma forte articulação com o meio
académico e com a comunidade local, o presente Plano reflete as áreas temáticas consideradas
mais prementes para o Concelho e compreende 30 opções estratégicas a concretizar até 2030,
alinhando-as com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Este será o compromisso do
Município: “30 para 2030”.
É um compromisso ambicioso, mas estamos convictos de que este é o caminho que se impõe
percorrer, com coragem e determinação, face aos novos desafios que a humanidade enfrenta
ao nível das alterações climáticas.
Contamos com TODOS para a concretização deste Plano, entidades do setor público, do setor
privado, academia, associações e comunidade em geral. TODOS têm um papel a desempenhar,
na construção de um caminho cada vez mais sustentável!
TODOS temos o dever de deixar um mundo melhor e sustentável para quem vem depois de nós.
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1. Introdução
“É necessário agir JÁ (…) O mundo acaba de atravessar a década mais
quente de que há registo, tendo o recorde de ano mais quente sido batido
oito vezes. As pessoas, o planeta e a prosperidade são vulneráveis às
alterações climáticas, pelo que temos de evitar o inadaptável e de nos
adaptar ao inevitável. E temos de o fazer de uma forma mais inteligente e
sistémica. Os efeitos graves da pandemia de COVID-19 na nossa saúde e
no nosso bem-estar socioeconómico são um aviso sério dos perigos que uma
preparação insuficiente acarreta".
[Bruxelas, 24.2.2021 COM (2021)]
As alterações climáticas são, de facto, uma realidade e uma prioridade nacional, face aos seus
impactos futuros sobre a nossa sociedade, economia e ecossistemas e apresentam-se como um
dos principais desafios às gerações presentes e futuras. São cada vez mais os estudos
científicos e as instituições internacionais que demonstram as mudanças no sistema climático
global. Os estudos já publicados indicam que Portugal se encontra entre os países europeus
com maior vulnerabilidade aos impactes das alterações climáticas.
Nas últimas décadas ocorreu um aumento da frequência e gravidade dos fenómenos climáticos
e meteorológicos extremos, que levou a um incremento do número de catástrofes e de danos
provocados pelas mesmas. Estes fenómenos têm ocorrido de forma constante e vão desde
incêndios florestais, ondas de calor, secas e tempestades. A longo prazo, os fenómenos de
evolução lenta, como a desertificação, a perda de biodiversidade, a degradação dos solos e dos
ecossistemas, a acidificação dos oceanos ou a subida do nível médio das águas do mar serão
igualmente destruidores.
Por outro lado, as cidades concentram hoje a maioria da população, das atividades económicas
e da riqueza, constituindo lugares de maior potencial para a dinamização do crescimento
económico e do emprego, da competitividade e da inovação, mas sendo simultaneamente os
lugares onde mais se verificam complexos problemas ambientais, nomeadamente as emissões
de Gases com Efeito de Estufa (GEE).
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O Plano Municipal de Ação Climática (PMAC) pretende dar cumprimento ao previsto no n.º 2, do
Artigo 14.º da Lei n.º 98/2021, de 31 de dezembro, que estipula que “os municípios aprovam, em
assembleia municipal, no prazo de 24 meses a partir da entrada em vigor da presente lei, um
plano municipal de ação climática”.
O presente Plano pretende ser um instrumento prático de carácter dinâmico e operacional, e tem
como intenção aprofundar o conjunto de medidas, linhas de intervenção e opções de adaptação,
estruturadas de acordo com as principais vulnerabilidades climáticas atuais e futuras,
identificadas na Estratégia Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas (EMAAC), dando
assim continuidade ao processo de planeamento adaptativo, aprofundando as análises
efetuadas, operacionalizando de forma efetiva, clara e precisa, o disposto na EMAAC e criando
condições para que, nos diversos domínios das políticas locais, exista um quadro de atuação
objetivo e exequível para a ação climática.
Por outro lado, as políticas ambientais do Município da Figueira da Foz têm vindo a ser refletidas
nos compromissos voluntários de participação em redes internacionais, como o Pacto dos
Autarcas para o Clima e Energia (no qual o Município aderiu, em 2019) e, mais recentemente,
na adesão à Missão Adaptação às Alterações Climáticas (tendo assinado a Carta da Missão, em
dezembro de 2022).
O Pacto dos Autarcas para o Clima e Energia encontra-se em consonância com os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável da Organização Nacional das Nações Unidas, assim como com
os princípios de justiça climática, e aborda três questões-chave: mitigação às alterações
climáticas, adaptação aos efeitos adversos e o acesso universal a uma energia segura, limpa e
acessível. A participação no Pacto de Autarcas para a Energia e o Clima permite às autoridades
locais desempenharem um papel de liderança na mitigação e adaptação às alterações
climáticas, apoiando-as neste esforço, proporcionando-lhes o reconhecimento, os recursos e a
oportunidade de trabalho em rede necessários para alavancar os seus compromissos
energéticos e climáticos. No quadro da sua adesão ao Pacto, o Município da Figueira da Foz
comprometeu-se a reduzir as emissões de GEE em, pelo menos, 40% até 2030, e a adotar uma
abordagem integrada para lidar com a mitigação e adaptação às alterações climáticas.
Uma vez que o Pacto dos Autarcas para o Clima e Energia pressupõe a elaboração de um Plano
de Ação para a Energia Sustentável e Clima (PAESC), ao invés de desenvolver dois Planos (que
seriam na sua génese muito similares e originariam uma duplicação de informação e de
recursos), optou-se por integrar no presente PMAC as questões subjacentes à elaboração do
PAESC, dando assim cumprimento ao estabelecido no Pacto dos Autarcas para o Clima e
Energia.
A estrutura do PMAC encontra-se, assim, orientada pelo disposto nas “Orientações para Planos
Regionais de Ação Climática”, da Agência Portuguesa do Ambiente, I.P. (APA, I.P. 2022), com
as devidas adaptações ao contexto local, e ainda pelo disposto no “Guia para a apresentação
dos resultados do Pacto dos Autarcas para o Clima e Energia” (2016), desenvolvido no âmbito
do Pacto dos Autarcas para o Clima e Energia.
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Importa ainda referir que o presente Plano foi elaborado em estreita colaboração com o Instituto
de Sistemas e Robótica da Universidade de Coimbra, no âmbito do Projeto Europeu LIFE “Own
Your SECAP”, sendo que este Projeto tem como principal objetivo criar e fornecer diferentes
ferramentas e instrumentos, bem como acompanhar os municípios parceiros no processo de
elaboração e implementação dos seus Planos de Ação para a Energia Sustentável e Clima (em
inglês, SECAP – Sustainable Energy and Climate Action Plan).
Importa ainda referir que a elaboração/aprovação do presente Plano deverá cumprir o seguinte
faseamento:
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2. Enquadramento e contextualização
As alterações climáticas são um dos principais desafios que o concelho da Figueira da Foz terá
de enfrentar durante o século XXI, nomeadamente por causa da subida do nível médio do mar,
da precipitação excessiva em períodos curtos e do aumento da temperatura média. No processo
de adaptação a estas alterações climáticas destaca-se a importância do envolvimento e
participação do Município, Juntas de Freguesia, instituições locais e comunidade, para minimizar
os efeitos que as alterações climáticas terão na vida de todos nós. De forma a enfrentar as
alterações climáticas, o Município da Figueira da Foz propôs-se realizar um longo e participado
processo de identificação, implementação e monitorização das opções de adaptação às
alterações climáticas mais relevantes para o Concelho, que se concretizaram na Estratégia
Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas, aprovada em sessão da Assembleia Municipal
de 30 de setembro de 2016.
Existem dois caminhos para lidar com o problema das alterações climáticas: Adaptação e
Mitigação.
A Mitigação consiste numa ação de resposta às alterações climáticas que prevê a redução de
emissões de gases com efeito de estufa e o aumento dos seus sumidouros - os sistemas
naturais, como as florestas, que absorvem mais carbono do que aquele que emitem. Desta
forma, as intervenções ao nível da mitigação contribuem para minimizar o efeito de estufa
provocado por estes gases e reduzir o aquecimento global do planeta. Neste âmbito, Portugal
comprometeu-se a atingir a neutralidade carbónica até 2050, ou seja, a alcançar um balanço
neutro entre os GEE emitidos e os GEE removidos por sumidouros (APA, 2023). Este objetivo é
atingido através de instrumentos que regulam as emissões de gases com efeito de estufa nos
sectores mais críticos da economia e de planos que definem medidas e metas nacionais para
essa redução.
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Os ODS tornaram-se cada vez mais conhecidos e usados por qualquer organização, uma vez
que permitem compreender e avaliar o seu compromisso para com a sustentabilidade. Neste
sentido, vincular as opções e ações de adaptação climática aos ODS não facilita apenas a
observação e comunicação dos benefícios de uma ação, mas também a compreensão da
abordagem da ação, noutros impactos climáticos. Pela importância que o Município confere
à Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, o presente Plano foi elaborado,
alinhando a cada ação proposta os ODS considerados como mais relevantes para a
prossecução da mesma.
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Ação Climática. A identificação do ODS 13 como um dos objetivos prioritários está diretamente
relacionado com a ambição nacional em termos de cumprimento das metas do ODS 7 — Energia
sustentável e segura para todos, sendo que, para além destes, foram também identificados como
prioritários o ODS 9 — Indústria, inovação e infraestrutura, ODS 11 – Cidades e Comunidades
Sustentáveis, ODS 12 – Produção e Consumo Sustentáveis, ODS 14 – Proteger a Vida Aquática
e ODS 15 - Proteger a Vida Terrestre.
De facto, no contexto do presente Plano, também estes ODS foram considerados como os mais
relevantes.
O Pacto Ecológico Europeu (European Green Deal), apresentado pela Comissão Europeia em
dezembro de 2019, tem como objetivo atingir a neutralidade climática até 2050, tornando a
Europa no primeiro continente climaticamente neutro, retardando o aquecimento global e
atenuando os seus efeitos. Este Pacto, que engloba todos os setores de atividade, propõe 50
medidas que irão permitir alcançar uma redução das emissões líquidas de gases com efeito de
estufa de, pelo menos, 55 % até 2030, em comparação com os níveis de 1990, e une neste
desafio todos os países que integram a União Europeia.
Estas medidas visam preparar todos os setores da economia da União Europeia (UE) para
enfrentarem este desafio e colocam a UE na principal via para atingir as suas metas climáticas
para 2030 de uma forma justa e eficaz em termos de custos, e competitiva.
Importa referir que o Pacto Ecológico Europeu está fortemente dependente da ação humana
para alcançar o seu principal objetivo de neutralidade climática até 2050, sendo que a ação local
tem nesta matéria uma importância fulcral, porquanto as cidades consomem mais de 65% de
energia mundial e são responsáveis por mais de 70% das emissões globais de CO2. Ao mesmo
tempo, as cidades, enquanto domínio público, são motores de inovação ponderada e espaços
resilientes, pelo que têm um papel fundamental na resposta às alterações climáticas.
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A Estratégia persegue três objetivos, propondo uma série de medidas para os atingir:
A Lei Europeia do Clima que entrou em vigor em julho de 2021, é um dos elementos do Pacto
Ecológico Europeu e consagra na legislação a meta de alcançar uma União Europeia com
impacto neutro no clima até 2050. Define um objetivo vinculativo de neutralidade climática até
2050 e a meta intermédia de reduzir as emissões líquidas de gases com efeito de estufa em,
pelo menos, 55 % até 2030, em comparação com os níveis de 1990. Alcançar estas reduções
de emissões na próxima década é crucial para que a Europa se torne o primeiro continente com
impacto neutro no clima até 2050 e para fazer com que o Pacto Ecológico Europeu seja uma
realidade.
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O Pacto de Autarcas para o Clima e Energia é uma iniciativa lançada pela Comissão Europeia,
de adesão voluntária que estabeleceu, inicialmente, o compromisso de reduzir em pelo menos
20% as emissões de GEE, até 2020. O “Pacote Energia-Clima para 2030”, estabeleceu como
objetivo comunitário, a redução de pelo menos 40% das emissões de GEE até 2030, tendo por
referência o ano de 1990. Este compromisso foi assumido por vários municípios portugueses,
nomeadamente pelo Município da Figueira da Foz.
As principais áreas de foco da ENAAC incluem a criação de uma base de conhecimento para as
alterações climáticas através da colaboração das partes interessadas, dando prioridade e
implementando medidas de adaptação, em conjunto com a identificação de mecanismos de
financiamento adequados e pela integração da adaptação às alterações climáticas nas políticas
setoriais a nível nacional, regional e local.
De salientar que a Resolução do Conselho de Ministros n.º 53/2020, de 10 de julho (que aprova
o Plano Nacional de Energia e Clima 2030), prorroga até 31 de dezembro de 2025 a Estratégia
Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas.
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as quais visam dar resposta aos principais impactes e vulnerabilidades identificadas para
Portugal. O P-3AC complementa e sistematiza os trabalhos realizados no contexto da Estratégia
Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas, tendo em vista o seu segundo objetivo: o de
implementar as medidas de adaptação.
Para alcançar a neutralidade carbónica, conforme previsto no RNC 2050, foi estabelecida a
redução de emissões de GEE para Portugal entre 85 % e 90 % até 2050, face a 2005, e a
compensação das restantes emissões, através do sequestro de carbono pelo uso do solo e
florestas. A trajetória de redução de emissões foi fixada entre 45 % e 55 % até 2030, e entre 65
% e 75 % até 2040, em relação aos valores registados em 2005.
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35 % no setor residencial;
11 % no setor da agricultura;
A concretização da visão estabelecida para o PNEC 2030 assenta nos seguintes objetivos:
iii) reforçar a aposta nas energias renováveis e reduzir a dependência energética do País;
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quinquenais para mitigação e adaptação, e de uma estratégia industrial verde que visa
apoiar o setor industrial no processo de transição climática;
A Lei de Bases do Clima, que entrou em vigor a 01 de fevereiro de 2022, reconhece a situação
de emergência climática e confirma o compromisso para alcançar a neutralidade climática até
2050. Este diploma veio, assim, estabelecer um conjunto de obrigações relativas à necessidade
de desenvolvimento de novos instrumentos da política climática, entre os quais se destacam os
Planos Regionais de Ação Climática (PRAC) e os Planos Municipais de Ação Climática.
Para além das políticas internacionais e nacionais, é fundamental que a adaptação se concretize
à escala regional e local. Neste seguimento, de forma a ir ao encontro da Estratégia Nacional de
Adaptação às Alterações Climáticas, a Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra (CIM-
RC) elaborou, em setembro de 2017, o Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações
Climáticas. O reforço das medidas de adaptação às alterações climáticas, a prevenção e gestão
de riscos associados ao clima foram preocupações do Conselho Intermunicipal da Região de
Coimbra, considerando fundamental perspetivar cenários e avaliar impactos económicos
associados às alterações climáticas por forma a minimizar, mitigar e adaptar.
Ao nível local, importa salientar que a necessidade de adaptação representou um impulso para
que trinta municípios portugueses desenvolvessem estratégias de adaptação nos últimos anos,
como parte do projeto ClimAdaPT.Local (financiado pelo Mecanismo Financeiro do Espaço
Económico Europeu e pelo Fundo Português de Carbono), sendo que o Município da Figueira
da Foz participou nesta iniciativa e elaborou a Estratégia Municipal de Adaptação às
Alterações Climáticas (EMAAC), tendo esta sido aprovada em sessão da Assembleia Municipal
de 30 de setembro de 2016.
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De forma a tornar a sua atuação transparente, o Município da Figueira da Foz reporta ainda,
anualmente, os seus indicadores no âmbito do CDP – Carbon Disclosure Project. O CDP
consiste numa plataforma única para reporte da Ação Climática dos municípios e tem como
objetivo reportar com transparência os dados climáticos, incentivando os municípios a
perceberem melhor os riscos climáticos que enfrentam. Esta plataforma permite aos municípios
incorporar o planeamento de ações climáticas na elaboração de políticas municipais, criando
planos de ação abrangentes e integrados.
Como parte do Pacto Ecológico Europeu, o Município da Figueira da Foz aderiu ainda, em
outubro de 2021, ao Pacto Europeu para o Clima, que tem como objetivo dar voz e espaço a
todos os setores da sociedade, permitindo-lhes conceber novas ações climáticas, partilha de
informações, lançar atividades nas suas comunidades e divulgar soluções que outros possam
seguir. O Pacto Europeu para o Clima visa informar, inspirar e promover a cooperação entre
pessoas e organizações, sejam autoridades nacionais, regionais ou locais, empresas, sindicatos,
organizações da sociedade civil, instituições de ensino, grupos de consumidores, organizações
de investigação e inovação ou cidadãos.
Por outro lado, o Município da Figueira da Foz integrou ainda, em 2022, duas iniciativas
promovidas pela Comissão Europeia, uma no âmbito da Missão “Adaptação às Alterações
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Climáticas” e a outra no âmbito da Nova Bauhaus Europeia, o Projeto “CrAFt Cities”. Estas duas
iniciativas europeias, de cariz inovador, irão impulsionar o Município da Figueira da Foz a
desenvolver estratégias locais de adaptação às alterações climáticas e potenciar a resiliência
climática de forma mais inclusiva, envolvendo instituições locais, a sociedade civil, a comunidade
empresarial e industrial, as instituições de investigação e todos os cidadãos. Estas iniciativas irão
auxiliar as cidades a tornar belas, inclusivas e sustentáveis as suas estratégias de transformação,
rumo à neutralidade climática, promovendo o bem-estar e qualidade de vida da população local,
tendo sempre em consideração a sustentabilidade e a preservação e identidade cultural do
território.
O concelho da Figueira da Foz localiza-se na Região de Coimbra (NUTS II), que é uma das
unidades territoriais que constituem a Região do Centro (NUTS III), da qual fazem parte, além
da Figueira da Foz, os concelhos de Arganil, Cantanhede, Coimbra, Condeixa-a-Nova, Góis,
Lousã, Mealhada, Mira, Miranda do Corvo, Montemor-o-Velho, Mortágua, Oliveira do Hospital,
Pampilhosa da Serra, Penacova, Penela, Soure, Tábua e Vila Nova de Poiares. Esta região
ocupa uma área de 4 335,5km2 e suporta uma população de 436 951 habitantes, segundo os
resultados dos Censos 2021.
Situado no litoral da região Centro de Portugal, o concelho da Figueira da Foz confronta com os
concelhos de Cantanhede, a norte, Montemor-o-Velho e Soure, a este, Pombal, a sul e pelo
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Oceano Atlântico a oeste, localização que o coloca numa situação geográfica extremamente
favorável nos contextos regional e nacional.
Em termos de área, é o terceiro maior concelho da Região de Coimbra, com uma área de 379
km2 (aproximadamente 9% da Região de Coimbra), sendo do ponto de vista físico, atravessado
pelo rio Mondego que divide o território concelhio em dois grandes setores, um setor norte e um
setor sul, de dinâmicas demográficas e socioeconómicas bem distintas.
Ao nível das unidades territoriais, o Município está inserido na região Centro (NUTS II) e sub-
região do Baixo Mondego (NUTS III), a nível administrativo está incluído no distrito de Coimbra
e insere-se na área de atuação da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional da
Zona Centro (CCDR-C).
População
A presente análise tem como base os resultados dos Censos (recenseamento da população)
2021, bem como as estimativas anuais da população residente disponibilizadas pelo Instituto
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Nacional de Estatística (INE), entre os anos 2017 e 2021. Este período temporal foi considerado
representativo para a presente análise uma vez que a Estratégia Municipal de Adaptação às
Alterações Climáticas foi aprovada em 2016, tendo sido considerado, para o efeito, o período
imediatamente seguinte à aprovação da EMAAC.
Assim sendo, é possível constatar-se, conforme figura abaixo, que o concelho da Figueira da
Foz, durante este período, registou um decréscimo de população residente nos primeiros dois
anos (tendência que já vinha a ocorrer desde 2011), verificando-se, no entanto, uma reversão
desta tendência nos últimos dois anos.
60000
59000
58000
57000
56000
55000
2017 2018 2019 2020 2021
Pop. Residente 59393 58866 58747 58919 58951
Figura 5 - Evolução da população residente, no Concelho, entre 2017 e 2021 (INE, 2023)
De acordo com os resultados dos Censos 2021 (INE), em 2021 residem no concelho da Figueira
da Foz 58951 habitantes, o que significa que em 4 anos (entre 2017 e 2021) a população
concelhia registou um decréscimo de 0,7%, no entanto, verifica-se que nos últimos 2 anos (entre
2019 e 2021) a população concelhia registou um aumento de 0,4%, o que denota uma tendência
de reversão da variação da população residente no concelho da Figueira da Foz.
Neste contexto, importa destacar, conforme quadro abaixo, que em 2021 à luz do que já
acontecia em 2011 (por falta de dados estimados, neste caso específico, a análise é efetuada
em relação ao ano de 2011) cerca de metade da população residente no Concelho encontra-se
distribuída pelas freguesias de Buarcos e São Julião e Tavarede, verificando-se inclusive, um
aumento do peso da população residente nestas freguesias em relação à população total
residente no Concelho.
Quadro 1 - Evolução da população residente no Concelho, por freguesia, em 2011 e 2021 (INE / PORDATA,
2023)
Peso na pop. Peso na pop.
Freguesias 2011 2021 Variação (%)
resid. total (%) resid. total (%)
Alhadas 4757 7,7 4108 7,0 (-) 13,6
Alqueidão 1752 2,8 1485 2,5 (-) 15,2
Bom Sucesso 2133 3,4 1832 3,1 (-) 14,1
Buarcos e São Julião 18454 29,7 18386 31,2 (-) 0,3
Ferreira-a-Nova 2477 4,0 2117 3,6 (-) 14,5
Lavos 3999 6,4 3587 6,1 (-) 10,3
Maiorca 2703 4,4 2298 3,9 (-) 15,0
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Atividades económicas
No que diz respeito ao emprego e condição perante a atividade económica, em 2019 (pré
pandemia), o concelho da Figueira da Foz registava uma taxa de desemprego 2 de 5,3%,
verificando-se uma redução significativa em relação a 2018 e 2017, anos em que se registavam
valores de 5,9% e 7,0%, respetivamente. No entanto, destaca-se que em 2020, já no decorrer
da situação pandémica, a taxa de desemprego sofreu um aumento de 1,2% em relação a 2019,
verificando-se que a taxa de desemprego, em 2020, a nível regional (4,5%) e a nível nacional
(5,8%) são inferiores ao valor apresentado para o Concelho. Em 2021, em plena situação
pandémica, a taxa de desemprego voltou a sofrer um aumento de cerca de 1,6%, em relação a
2020.
Quadro 2 - Evolução da taxa de desemprego, entre 2017 e 2021, no concelho da Figueira da Foz (INE,
2023)
Ano Taxa de desemprego (%)
2017 7,0
2018 5,9
2019 5,3
2020 6,5
2021 8,1
2
Taxa de desemprego - desempregados inscritos nos centros de emprego e de formação profissional no total da
população residente com 15 a 64 anos
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Todos estes resultados são consequência da crise pandémica que provocou vários períodos de
confinamento, entre os anos de 2019 e 2021.
Quadro 3 - Trabalhadores (n.º) por atividade económica, no concelho da Figueira da Foz (Divisão – CAE
Rev. 3) (INE, 2023)
Ao nível empresarial estavam presentes no Concelho, em 2021, 537 empresas (CAE A), em
atividades de agricultura, produção animal, silvicultura e exploração florestal e de pesca e
aquicultura, caracterizadas, de forma genérica, como sendo empresas individuais, de reduzida
dimensão e de pouca capacidade empregadora. Neste contexto, verifica-se entre 2019 e 2021
uma redução de 29 empresas associadas ao setor primário.
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(CAE D), captação, tratamento e distribuição de água (CAE E) e o setor da construção (CAE F).
De referir que a variação entre 2019 e 2021 ao nível do setor secundário, foi muito pouco
significativa, com um aumento de apenas 4 empresas.
Das 804 empresas a laborar neste setor, em 2021, destaca-se a indústria transformadora e a
construção como sendo as mais representativas (com 266 e 451 empresas, respetivamente).
O setor terciário apresenta, entre 2019 e 2021, um aumento de 238 empresas, destacando-se
as atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares, outras atividades de serviços e as
atividades de saúde humana e apoio social, que perfazem um aumento de 141 empresas.
Quadro 4 - Empresas não financeiras (n.º) por atividade económica, no concelho da Figueira da Foz
(Divisão – CAE Rev. 3) (INE, 2023)
A dinâmica demográfica efetuada para o Município da Figueira da Foz teve como base um estudo
desenvolvido pela CCDRC, em fevereiro de 2022 (Anexo 1), e permitirá “refletir sobre as
principais tendências que se prefiguram, ordenando o espaço da forma mais adequada e no
quadro de uma racionalidade que se pretende dinâmica, gerindo mais eficazmente recursos que,
como bens escassos que são, exigem ponderação nas decisões a tomar” (CCDRC, 2022).
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O estudo supramencionado desenvolveu projeções de população até 2030, por Sexo e por
Grupos Etários quinquenais, de acordo com três cenários:
No “Cenário de População Fechada”, o concelho da Figueira da Foz, assim como o conjunto dos
concelhos da Região Centro, perde população entre 2020 e 2030, fenómeno particularmente
gravoso nos concelhos mais rurais e do interior. No Cenário 1 e particularmente no Cenário 2,
os resultados são menos desfavoráveis em termos populacionais, mas tal implica a definição de
estratégias que os permitam concretizar (Quadro 5).
Quadro 5 - Projeções Demográficas até 2030 por Sexo e Grupo Etário quinquenal, para a Região de
Coimbra e para o Concelho da Figueira da Foz (CCDRC, 2022)
População Fechada Cenário 1 Cenário 2
Região de Coimbra 410 167 424 334 428 420
Concelho da Figueira da Foz 55 325 57 469 58 030
Em 2021, a população residente, no concelho da Figueira da Foz, foi de 58 951. Neste contexto
constata-se que ocorreu um saldo negativo nos 3 cenários (Cenário fechado, Cenário 1 e Cenário
2), para o concelho da Figueira da Foz, com variações na ordem dos 6%, 3% e 2%,
respetivamente.
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Posicionar a Figueira da Foz como um Concelho capaz de dar resposta aos desafios atuais
e futuros, mobilizador de uma comunidade resiliente face às alterações climáticas e
totalmente adaptado aos seus inevitáveis impactos, competitivo e moderno, motivado
para a transição energética e para a descarbonização, regendo-se pelos princípios do
Desenvolvimento Sustentável
O presente Plano pretende traduzir o contributo do Município para os desígnios nacionais, sendo
que está em consonância com os objetivos e metas estabelecidos a nível nacional, no
alinhamento da Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas e do Programa de
Ação para a Adaptação às alterações climáticas, na vertente da adaptação, e da Lei de Bases
do Clima, do Roteiro para a Neutralidade Carbónica e do Plano Nacional de Energia e Clima, na
vertente da mitigação.
O PMAC da Figueira da Foz pretende contribuir como instrumento de integração e gestão das
políticas e instrumentos do Município em matéria de mitigação, adaptação, erradicação da
pobreza energética e promoção da qualidade de vida e bem-estar.
De facto, conforme estabelecido no PNEC 2030, “uma sociedade tendencialmente neutra em
carbono, assente numa economia circular, que conserva recursos no seu valor económico mais
elevado é igualmente criadora de emprego mais qualificado, de riqueza mais sustentada e de
bem-estar mais partilhado”.
3.2. Objetivos
O PMAC, alinhado com a EMAAC do Município, visa atingir os seguintes objetivos fundamentais:
3
Inclui o Ponto 1. “Visão”, definido na estrutura do Modelo do PAESC, no “Guia para a apresentação dos resultados do
Pacto dos Autarcas para o Clima e Energia”
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Capacitar os técnicos municipais e atores chave para lidar com adaptação às alterações
climáticas;
Educar e sensibilizar a população no que diz respeito aos impactos e aos riscos
provenientes de eventos relacionados com alterações climáticas;
No entanto, para além destes objetivos definidos na EMAAC, uma vez que integra a vertente da
mitigação às alterações climáticas, o PMAC terá ainda como objetivos fundamentais:
4
Os capítulos 3.3. e 3.4. incluem o Ponto 2. “Compromissos”, definido na estrutura do Modelo do PAESC, no “Guia para
a apresentação dos resultados do Pacto dos Autarcas para o Clima e Energia”
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3.3. Adaptação
5
https://www.cm-
figfoz.pt/cmfigueiradafoz/uploads/writer_file/document/192/estrategia_municipal_de_adptacao_as_alteracoes_climatica
s.pdf
6
http://www.ukcip.org.uk/wizard/
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Numa primeira fase, o Município da Figueira da Foz construiu as bases para o processo de
adaptação, constituindo uma equipa interna de coordenação, identificando as respetivas partes
interessadas externas e obtendo apoio por parte dos decisores políticos.
Numa fase posterior, foram avaliados os principais riscos e vulnerabilidades a nível climático e,
com base na avaliação do risco, foram posteriormente identificadas as opções de adaptação, e
avaliadas e priorizadas as mesmas, de acordo com critérios definidos. Como resultado, foram
selecionadas e integradas na Estratégia de Adaptação 30 opções de adaptação.
Neste contexto, pode-se afirmar que o processo de adaptação é interativo, dinâmico e requer o
envolvimento regular da equipa e das partes interessadas.
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A partir de uma concentração atual de CO2 que ronda as 400 ppm (partes por milhão) dois RCPs
foram utilizados nesta estratégia:
RCP4.5: uma trajetória de aumento da concentração de CO2 atmosférico até 520 ppm
em 2070, aumentando de forma mais lenta até ao final do século;
Os dados simulados a partir dos modelos climáticos são geralmente representados recorrendo
a grelhas com uma resolução espacial associada à capacidade de cada modelo em representar
adequadamente os variados fenómenos atmosféricos e as massas terrestres e oceânicas.
7
http://wcrp-cordex.ipsl.jussieu.fr/
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No caso dos modelos utilizados nesta Estratégia esta representação foi de aproximadamente 11
km (0,11°). Foi selecionado um ponto da grelha dentro do concelho da Figueira da Foz para o
qual foram obtidos os valores diários das seguintes variáveis climáticas:
Precipitação (acumulada);
Deste modo, para cada uma destas variáveis climáticas foram calculadas médias mensais,
sazonais e anuais, assim como alguns indicadores relativos a eventos extremos. Os indicadores
e índices utilizados para este tipo de extremos foram:
Com o objetivo de identificar as potenciais alterações (anomalias) projetadas entre o clima atual
e futuro, todos os cálculos foram simulados para três períodos de trinta anos (normais climáticas):
2041-2070 (médio-prazo);
2071-2100 (longo-prazo).
A anomalia climática consiste na diferença entre o valor de uma variável climática num dado
período de 30 anos relativamente ao período de referência (neste caso os dados simulados para
1976-2005).
Uma vez que os modelos climáticos são representações da realidade, os dados simulados pelos
modelos climáticos para o período de referência apresentam geralmente um desvio (viés)
relativamente aos dados observados. No que se refere aos dados para a Figueira da Foz, este
viés (que se pressupõe irá ser mantido ao longo do tempo) pode ser observado na comparação
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entre os dados modelados e os observados para a média mensal da temperatura máxima ( Figura
8).
Figura 8 – Comparação entre os valores observados (IPMA) e os modelados para o clima presente (1976-
2005)
8
https://www.cm-
figfoz.pt/cmfigueiradafoz/uploads/writer_file/document/192/estrategia_municipal_de_adptacao_as_alteracoes_climatica
s.pdf
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Para avaliar de forma mais sistemática a potencial evolução dos riscos climáticos para o concelho
da Figueira da Foz, assim como apoiar a priorização dos diferentes riscos climáticos
relativamente a potenciais necessidades de adaptação, a EMAAC elaborou uma análise baseada
em matrizes de risco. Os resultados gerais desta análise de risco são sumariados na Figura 10.
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Figura 10 – Matriz de risco para a Figueira da Foz: situação presente e até 2100 (Fonte: EMAAC, 2016)
O levantamento dos eventos climáticos adversos que afetaram o concelho da Figueira da Foz,
entre 2003 e 2014, foi realizado no âmbito da EMAAC através de uma pesquisa exaustiva em
relatórios e registos internos dos serviços municipais, nomeadamente do Serviço Municipal de
Proteção Civil e de Bombeiros, de artigos científicos, imprensa local, regional e nacional, recolha
de informação junto de outras entidades, dados e relatórios do IPMA, entre outros relatórios
técnicos e teses académicas.
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• Vento forte.
Neste seguimento, de forma a atualizar a informação constante na EMAAC à data de hoje, foi
efetuado um levantamento por parte do Serviço Municipal de Proteção Civil e Bombeiros dos
registos dos principais eventos climáticos adversos que ocorreram no Concelho, entre 2015 e
2022, sendo o resultado apresentado no quadro seguinte.
Quadro 6 - Principais eventos climáticos adversos que ocorreram no Município, entre 2015 e 2022
Evento Data Impacto
10/03/2018
Tempestade e Agitação 20 a 30/01/2021
- Erosão Costeira
Marítima/Forte ondulação 21/02/2021
25/11/2022
Precipitação excessiva 21 a 23/12/2019 Cheias no rio Mondego
02 e 3/02/2017
03 a 14/03/2018
Precipitação excessiva e Ventos - Danos para a vegetação
11 a 14/11/2018
Fortes - Visibilidade reduzida
01/02/2019
01/01/2023
02 e 3/10/2018
25/05/2019
Temperaturas extremas / Ondas
13/09/2019 - Avisos à população
de calor
13 a 18/08/2021
18 a 21/07/2022
- Danos em edifícios
- Danos para a vegetação
Incêndios Florestais 15/10/2017 - Danos para a saúde (ferimentos)
- Falhas no fornecimento de energia
- Visibilidade reduzida
- Danos em edifícios
- Danos para a vegetação
Tempestade (Leslie) 13/10/2018 - Danos para a saúde (ferimentos)
- Falhas no fornecimento de energia
- Visibilidade reduzida
Importa sobre esta matéria referir que, tendo em conta as ocorrências dos últimos anos,
destacam-se os incêndios florestais que ocorreram em outubro de 2017, assim como a
tempestade “Leslie”, em 2018, com rajadas de vento que atingiram máximos históricos, na ordem
dos 176 km/h. Face ao exposto, considera-se que se mantêm os pressupostos relativos à
identificação e avaliação de riscos e vulnerabilidades, bem como a modelagem de cenários
climáticos analisados no âmbito da EMAAC.
Quadro 7 - Resumo dos principais impactos associados a eventos climáticos com consequências
observadas para o concelho da Figueira da Foz (EMAAC, 2016)
A. Ondulação forte/subida do nível do mar
A.1 Erosão costeira
A.2 Danos em edifícios e infraestruturas
A.3 Alterações nos usos de equipamentos e serviços
A.4 Danos para a vegetação
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A avaliação das opções de adaptação9 identificadas na EMAAC foi realizada através da análise
multicritério das mesmas, com o intuito de perceber quais as opções potencialmente mais
adequadas para a adaptação às alterações climáticas no concelho da Figueira da Foz. Para tal
foram envolvidos e recolhidos os contributos de múltiplos setores e técnicos do Município da
Figueira da Foz com competência na definição e potencial implementação das opções de
adaptação identificadas. Desta forma, a avaliação das opções de adaptação envolveu, para além
dos técnicos municipais que lideraram internamente o projeto, um conjunto alargado de unidades
orgânicas do Município e respetivos técnicos, bem como outros atores-chave. Cada opção de
adaptação identificada foi avaliada numa escala de 1 (baixa) a 5 (alta), relativamente aos
seguintes sete critérios:
Eficácia;
Eficiência;
Equidade;
Flexibilidade;
Legitimidade;
Urgência;
Ao longo dos últimos anos e no âmbito de cada um dos eventos climáticos analisados, foi
possível constatar que o Município da Figueira da Foz tem procurado responder de forma célere
9 Inclui o Ponto 8. “Avaliação das Opções de Adaptação”, definido na estrutura do Modelo do PAESC, no “Guia para a apresentação
dos resultados do Pacto dos Autarcas para o Clima e Energia”
10 Inclui o Ponto 9. “Estratégia em caso de eventos climáticos extremos”, definido na estrutura do Modelo do PAESC, no “Guia para
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e eficaz a cada ocorrência. Para tal, na maioria das situações, a resposta dada tem sido integrada
e resultante do esforço e da ação conjunta de diversas entidades, das quais se destacam:
Quanto aos responsáveis pela resposta a nível municipal, identifica-se o Serviço Municipal de
Proteção Civil e Bombeiros (SMPCB) e Associação Humanitária Bombeiros Voluntários da
Figueira da Foz (AHBVFF).
Em conformidade com os ODS e respetiva Agenda 2030, optou-se por estabelecer 2030 como
ano-alvo para a concretização dos objetivos estabelecidos. Importa sobre esta matéria reiterar
que os objetivos definidos estão em consonância com os objetivos definidos na Estratégia
Nacional para Adaptação às Alterações Climáticas 2020 (ENAAC 2020), assim como no
Programa de Ação para a Adaptação às Alterações Climáticas (P-3AC).
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3.4. Mitigação
“You can’t manage what you don’t measure”
[William Edwards Deming]
Ao nível da mitigação foi analisado o estudo efetuado pela Agência Portuguesa do Ambiente
(APA) “Emissões de Poluentes Atmosféricos por Concelho – 2015, 2017 e 2019” (2021), relativo
à distribuição espacial das emissões de poluentes atmosféricos no âmbito da Convenção sobre
Poluição Atmosférica Transfronteira a Longa Distância (CLRTAP) e de gases com efeitos de
estufa, no âmbito da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas
(UNFCCC) ao nível do concelho da Figueira da Foz, pretendendo este estudo fornecer uma
panorâmica sobre a distribuição geográfica das emissões nacionais.
No estudo elaborado pela APA, as emissões são calculadas por poluente e por setor emissor. A
nomenclatura de gases e setores utilizada é a do NFR11 do EMEP12/EEA13, acrescidas das
categorias relativas à nomenclatura CRF 14 do IPCC15, que não são abrangidas na nomenclatura
NFR.
No entanto, uma vez que a metodologia de desagregação espacial das emissões do estudo da
APA se baseia, para um grande número de situações, numa abordagem de estimativa top-down,
considera-se que a mesma não deverá ser aplicada para efeitos do presente Plano, pelo que foi
elaborado o Inventário de Referência de Emissões (IRE), tendo como base o ano de 2008 (Anexo
2) e o Inventário de Monitorização de Emissões (IME), ao nível local, para o ano 2019.
11
Nomenclature For Reporting (categorias de reporte no âmbito da CLRTAP/NECD)
12
Programa Europeu de Acompanhamento e Avaliação da CLRTAP
13
Agência Europeia do Ambiente
14
Common Reporting Format tables (categorias de reporte no âmbito da UNFCCC)
15
Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas
16
2006 IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories. Disponível em http://www.ipcc-
nggip.iges.or.jp/public/2006gl/
17
EMEP/EEA air pollutant emission inventory guidebook – 2016.Disponível em
https://www.eea.europa.eu//publications/emep-eea-guidebook-2019
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Quadro 10 – Articulação entre as categorias definidas no IME e os setores definidos, para a Mitigação, no
“Guia de Orientações para os Planos Regionais de Ação Climática” e no “Guia para a apresentação dos
resultados do Pacto dos Autarcas para o Clima e Energia”
Guia de Orientações para os Pacto dos Autarcas para o Clima Inventário de Monitorização
PRAC (APA) e Energia (PAESC) de Emissões (IME)
Produção de eletricidade Produção de eletricidade Produção de eletricidade
Edifícios, equipamentos e Administração Local (Edifícios
instalações municipais e equipamentos municipais)
Edifícios de serviços e Edifícios, equipamentos e Administração Pública
residenciais instalações terciários (não (Edifícios do estado)
municipais) Não doméstico
Edifícios residenciais Doméstico
Transportes e mobilidade Transporte Transportes
Indústria, incluindo gases
Indústria Indústria
fluorados
Outros setores:
Resíduos e águas residuais - Gestão de resíduos Resíduos e Águas Residuais
- Gestão de águas residuais
Agricultura
Uso do solo, alteração do uso do Agricultura, silvicultura e pesca Agricultura, Pesca e Florestas
solo e florestas (LULUCF).
- Iluminação Pública Iluminação de vias públicas
No que respeita à metodologia seguida para determinação das emissões de GEE, importa
referenciar que:
Para efeitos de conversão das diversas unidades de medida para MWh, optou‐se por
recorrer aos fatores de conversão e aos poderes caloríficos inferiores disponibilizados
no website da Direção Geral de Energia e Geologia;
Para efeitos de cálculo das emissões de CO 2, optou‐se por utilizar, sempre que possível,
os fatores de emissão do IPCC, constantes do anexo técnico das instruções de
preenchimento do modelo do PAESC (no âmbito do Pacto dos Autarcas para o Clima e
Energia) e, quando indisponíveis, recorreu‐se aos valores constantes no Despacho n.º
17313/2008, de 26 de junho18;
Para determinação das emissões de CO2 associadas à eletricidade, foi utilizado um fator
de emissão através do Balanço Energético Nacional do ano respetivo, também divulgado
pela Direcção-Geral de Energia e Geologia na sua página de Internet;
De acordo com o “Guia para a apresentação dos resultados do Pacto de Autarcas para
o Clima e Energia” (2016), não é recomendável integrar as indústrias transformadoras e
de construção abrangidas pelo Regime de Comércio de Licenças de Emissão (CELE) da
União Europeia, nos inventários de monitorização de emissões de GEE. De facto, o
CELE permite às empresas emitirem GEE, dentro de um limite atribuído, permitindo que
as empresas negociem entre si as licenças emitidas.
Neste âmbito, importa referir que o concelho da Figueira da Foz acolhe instalações de
produção industrial e produção de eletricidade que se encontram abrangidas pelo
Comércio Europeu de Licenças de Emissão, nomeadamente (APA, maio, 2023):
18
Procede à publicação dos fatores de conversão para tonelada equivalente petróleo (tep) de teores em energia de
combustíveis selecionados para utilização final, bem como dos respetivos fatores para cálculo da Intensidade Carbónica
pela emissão de gases com efeito de estufa, referidos a quilograma de CO2 equivalente (kgCO2e).
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Energia Elétrica
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52 806
8684 7877
3284 2551 4296
533
Figura 11 – Consumo de energia elétrica, por categoria, no concelho da Figueira da Foz, em 2019 (DGEG,
2023)
Quadro 11 – Consumo de energia elétrica e emissões de CO2 associadas, por categoria, no concelho da
Figueira da Foz, em 2019 (DGEG, 2023)
Categoria Total (MWh) Emissões CO2 (tCO2)
Edifícios do estado 3 283,65 765,09
Edifícios e equipamentos municipais 2 551,65 594,53
Não doméstico 76 057,46 17 721,39
Doméstico 74 548,12 17 369,71
Transportes 533,14 124,22
Indústria 52 805,99 12 303,80
Resíduos e Águas Residuais 8 684,41 2 023,47
Agricultura, Pesca e Floresta 4 295,77 1 000,91
Iluminação de vias públicas 7 876,74 1 835,28
Total 230 636,91 53 738,40
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Importa referir que, na determinação das emissões de CO2 associadas ao vetor energético
“energia elétrica”, foi utilizado o fator de emissão 0,233 tCO2eq/MWh19.
A análise do Quadro 11 permite constatar que o consumo de energia elétrica originou a emissão
de cerca de 53 738 ton de CO2 para a atmosfera sendo que, conforme seria previsível, as
categorias “Não Doméstico” e “Doméstico” foram as maiores emissoras de CO2 (com 33% e
32%, respetivamente), seguindo-se a “Indústria” (com 23%).
Gás Natural
O consumo de gás natural no concelho da Figueira da Foz totalizou, para o ano de 2019, cerca
de 50 798,21 MWh. Na Figura 12 apresenta-se a respetiva desagregação do consumo de gás
natural, por categoria.
12 374
5 042
782 638 73 7 4 0
Figura 12 – Consumo de gás natural, por categoria, no concelho da Figueira da Foz, em 2019 (DGEG,
2023)
Neste pressuposto, as categorias que apresentaram maior registo de consumo foram o setor
“Doméstico”, seguido do “Não Doméstico”, com 63% e 24% do consumo de gás natural,
respetivamente. A “Indústria” e os “Edifícios do estado” representaram cerca de 10% e 3% do
consumo de gás natural, em 2019.
O Quadro 12 apresenta a repartição, por categoria, do consumo de gás natural e das emissões
de CO2 associadas, em 2019.
19
https://www.apambiente.pt/sites/default/files/_Clima/Inventarios/20230427/FE_GEE_Eletricidade2023rev3.pdf
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Quadro 12 – Consumo de gás natural e emissões de CO2 associadas, por categoria, em 2019 (DGEG,
2023)
Categoria Total (MWh) Emissões CO2 (tCO2)
Edifícios do estado 781,95 157,95
Edifícios e equipamentos municipais 637,59 128,79
Não doméstico 12 374,06 2 499,56
Doméstico 31 878,30 6 439,42
Transportes 73,38 14,82
Indústria 5 042,10 1 018,50
Resíduos e águas residuais 7,22 1,46
Agricultura, Pesca e Floresta 3,61 0,73
Iluminação de vias públicas 0,00 0,00
Total 50 798,21 10 261,24
Importa referir que, na determinação das emissões de CO2 associadas ao vetor energético “gás
natural”, foi utilizado o fator de emissão 0,202 tCO2/MWh20.
A análise do Quadro 12 permite constatar que o consumo de gás natural originou a emissão de
cerca de 10 261 ton de CO2 para a atmosfera sendo que, conforme seria expectável, as
categorias “Doméstico” e “Não Doméstico” foram as maiores emissoras de CO2 (com 63% e
24%, respetivamente), seguindo-se a “Indústria” (com 10%).
Quadro 13 – Venda de produtos petrolíferos, por categoria, no concelho da Figueira da Foz, em 2019
(DGEG, 2023)
Combustíveis petrolíferos (MWh)
GPL Outros
Categoria (Butano, Petróleo (lubrificantes,
Gasolina Gasóleo Fuelóleo Total
Propano, iluminante asfaltos,
Gás Auto) solventes)
Edifícios do
1 003,31 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1 003,31
estado
Fator de emissão – Anexo técnico das instruções de preenchimento do modelo do plano de ação para a energia
20
sustentável e clima
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A figura seguinte permite constatar que, naturalmente, a categoria dos “Transportes” (mais
especificamente, os transportes terrestres) foi a maior consumidora de “GPL”, “Gasolina” e
“Gasóleo” (com 86% do consumo total), seguindo-se o setor da “Agricultura, Pesca e Floresta” e
o setor “Doméstico” com uma representatividade de 5,29% e 4,60%, respetivamente.
Figura 13 – Consumo de produtos petrolíferos, por categoria, no concelho da Figueira da Foz, em 2019
(DGEG, 2023)
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Quadro 14 – Desagregação, por subsetor dos “Transportes terrestres”, das vendas de gasóleo rodoviário,
no concelho da Figueira da Foz, no ano 2019 (DGEG, 2023)
Gasóleo rodoviário
Transportes terrestres (CAE 49)
(Ton)
49310 – Transportes terrestres, urbanos e suburbanos, de passageiros 169
49410 – Transportes rodoviários de mercadorias 9 927
49499 – Transportes rodoviários não especificados (venda por grosso e retalho) 13 401
Total 23 497
Conforme se pode verificar pela análise do quadro anterior, os “Transportes terrestres urbanos
e suburbanos, de passageiros” são os que apresentam um peso menos significativo (de cerca
de 0,71%), ao nível das vendas de gasóleo rodoviário, situação esta que decorre do facto do
concelho da Figueira da Foz não ter um sistema de transportes públicos urbanos implementado
no seu território.
Ao nível dos combustíveis petrolíferos mais consumidos, o “Gasóleo” foi o mais consumido (com
72%), seguindo-se a “Gasolina”, com 15%, e o “GPL (Butano, Propano e Gás Auto)”, com 13%
(Figura 14).
O Quadro 15 apresenta a repartição, por categoria, das emissões de CO2 associadas aos
combustíveis petrolíferos, registados no concelho da Figueira da Foz, no ano 2019.
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Importa referir que, na determinação das emissões de CO2 associadas ao vetor energético
“combustíveis fósseis”, foram utilizados os seguintes fatores de emissão21:
Quadro 16 – Consumo de energia associado à energia elétrica, gás natural e combustíveis petrolíferos, por
categoria, no concelho da Figueira da Foz, em 2019 (DGEG, 2023)
Consumo de energia (MWh)
Produtos Total
Tipo de consumidor Energia Elétrica Gás Natural
Petrolíferos
Edifícios do estado 3 283,65 781,95 1 003,31 5068,91
Edifícios e equipamentos
2551,65 637,59 434,49 3623,73
municipais
Não doméstico 76 057,46 12 374,06 10 998,87 99 430,39
Doméstico 74 548,12 31 878,30 19 996,64 126 423,05
Transportes 533,00 73,38 375 233,99 375 840,37
21
Fator de emissão – Anexo técnico das instruções de preenchimento do modelo do plano de ação para
a energia sustentável e clima
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Quadro 17 – Emissões de CO2 associadas ao consumo de energia elétrica, gás natural e combustíveis
petrolíferos, por categoria, no concelho da Figueira da Foz, em 2019 (DGEG, 2023)
Emissões CO2 (t CO2)
Produtos Total
Tipo de consumidor Energia Elétrica Gás Natural
Petrolíferos
Edifícios do estado 765,09 157,95 227,75 1 150,79
Edifícios e equipamentos
594,53 128,79 98,63 821,95
municipais
Não doméstico 17 721,39 2 499,56 4 031,06 24 252,00
Doméstico 17 369,71 6 439,42 4 601,58 28 410,71
Transportes 124,22 14,82 97 688,65 97 827,66
Indústria 12 303,80 1 018,50 2 001,77 15 324,07
Resíduos e águas residuais 2 023,47 1,46 0,00 2 024,92
Agricultura, Pesca e Floresta 1 000,91 0,73 6 181,70 7 183,34
Iluminação de vias públicas 1 835,28 0,00 0,00 1 835,28
Total 53 738,40 10 261,24 114 831,12 178 830,74
Tendo em conta os resultados obtidos, constata-se que o maior consumidor energético foi
atribuído aos combustíveis petrolíferos (com 61% do consumo total de energia), tendo este vetor
energético sido responsável por cerca de 64% das emissões de CO2 para a atmosfera, em 2019,
seguido do consumo de energia elétrica (com 32%) e o gás natural (7%), responsáveis pela
emissão de cerca de 30% e de 6% de emissões de CO2 para a atmosfera, respetivamente.
Por outro lado, ao nível das categorias de consumidores de energia, constata-se que, em 2019,
o maior consumidor de energia foi o setor dos “Transportes”, com 52% do consumo total, seguido
do setor “Doméstico” e “Não Doméstico”, com 18% e 14%, respetivamente.
Em consonância com o referido anteriormente, ao nível das emissões de CO2 emitidas para a
atmosfera, constata-se que em 2019, o setor que mais emissões de CO2 emitiu para a atmosfera
foi o setor dos “Transportes”, com 52%, seguido do setor “Doméstico” e “Não Doméstico” (com
16% e 14%, respetivamente).
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Quadro 18 – Consumo de energia elétrica, gás natural e combustíveis petrolíferos, por categoria, no
concelho da Figueira da Foz, em 2008 (DGEG, 2023)
Consumo de Energia (MWh)
Produtos Total
Categoria Energia elétrica Gás Natural
Petrolíferos
Edifícios do estado 216,54 1 550,77
9101,0 13 260,55
Edifícios e equipamentos
24,06 2 368,18
municipais
Não doméstico 75645,3 11510,63 156 732,47 243 888,40
Doméstico 79193,3 26911,11 12 383,47 118 487,88
Transportes 803,3 0 347 427,34 348 230,64
Indústria 55 600,7 4916,61 10 114,03 70 631,34
Resíduos e águas residuais 6001,2 0 2 903,97 8 905,17
Agricultura, Pesca e Floresta 10 814,1 2,49 16 155,71 26 972,30
Iluminação de vias públicas 10 612,9 0 0,00 10 612,90
Total 247 771,80 43 581,44 549 635,94 840 989,18
Quadro 19 – Emissões de CO2 associadas ao consumo de energia elétrica, gás natural e combustíveis
petrolíferos, por categoria, no concelho da Figueira da Foz, em 2008 (DGEG, 2023)
Emissões CO2 (t CO2)
Total
Produtos
Categoria Energia Elétrica Gás Natural
Petrolíferos
Edifícios do estado 43,74 390,14
Edifícios e equipamentos 3 585,79 4 562,11
4,86 537,58
municipais
Não doméstico 29 804,26 2 325,15 39 527,44 71 656,85
Doméstico 31 202,16 5 436,04 2 811,05 39 449,25
Transportes 316,48 0,00 90 970,07 91 286,55
Indústria 21 906,69 993,16 2 757,46 25 657,31
Resíduos e águas residuais 2 364,47 0,00 746,77 3 111,24
Agricultura, Pesca e Floresta 4 260,77 0,50 4 364,91 8 626,18
Iluminação de vias públicas 4 181,46 0,00 0,00 4 181,46
Efetuando uma comparação ao nível dos consumos energéticos, entre 2008 e 2019 (Quadro 20)
constata-se uma diminuição no consumo total de energia, de cerca de 14%, sendo que, ao nível
genérico dos vetores energéticos, verifica-se uma diminuição do consumo de energia elétrica na
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ordem dos 7%, uma diminuição do consumo dos combustíveis petrolíferos de cerca de 20% e
um aumento no consumo de gás natural, na ordem dos 17%, entre 2008 e 2019. De facto,
conforme consta no relatório sobre a “Análise do mercado de gases de petróleo liquefeito
embalado: 2018-2020”, elaborado pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE)
“de uma forma genérica, o mercado do GPL sofre uma forte pressão por parte de outros gases
combustíveis, em particular o gás natural”.
Quadro 20 – Evolução do consumo de energia e respetivas emissões de CO2 nos anos de 2008 a 2019,
no Município da Figueira da Foz
Consumo de Energia (MWh) Emissões de CO2 [tCO2/ano]
Categorias
IRE 2008 MEI 2019 IRE 2008 MEI 2019
Edifícios do estado e edifícios
13 260,55 8 692,64 4 562,11 1 972,75
e equipamentos municipais
Não doméstico 243 888,40 99 430,39 71 656,85 24 252,00
Doméstico 118 487,88 126 423,05 39 449,25 28 410,71
Transportes 348 230,64 375 840,37 91 286,55 97 827,66
Indústria 70 631,34 65 364,96 25 657,31 15 324,07
Resíduos e águas residuais 8 905,17 8 691,62 3 111,24 2 024,92
Agricultura, Pesca e Floresta 26 972,30 27 516,23 8 626,18 7 183,34
Iluminação de vias públicas 10 612,90 7 876,74 4 181,46 1 835,28
Total 840 989,18 719 836,00 248 530,95 178 830,74
Numa análise comparativa mais pormenorizada, ao nível dos consumos de energia, entre 2008
e 2019, relativamente aos “Edifícios do estado”, constata-se uma diminuição no consumo de
energia elétrica (de cerca de 36%), uma diminuição de cerca de 63% no consumo de produtos
petrolíferos e um aumento muito significativo no consumo de gás natural na ordem dos 490%,
entre 2008 e 2019, demonstrando claramente uma alteração de consumo, nesta categoria.
Ainda assim, não obstante o aumento verificado ao nível do gás natural, o consumo de
energia elétrica no ano de 2019 representa cerca de 67% do consumo dos edifícios do
estado.
Ao nível do setor “Não Doméstico”, constata-se uma diminuição significativa de cerca de 93% no
consumo de produtos petrolíferos (nomeadamente GPL), entre 2008 e 2019 e um aumento de
7,5% de gás natural, tendo a energia elétrica mantido o seu consumo. No entanto, não obstante
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Plano Municipal de Ação Climática | Figueira da Foz
Relativamente ao setor “Doméstico” importa referir que, entre 2008 e 2019, ocorreu um aumento
significativo no consumo de produtos petrolíferos, de cerca de 60% e de 18 % no consumo de
gás natural, sendo que ao nível da energia elétrica, verificou-.se uma redução de 5%. No
entanto, importa referir que o consumo de energia elétrica no ano de 2019 representa
cerca de 59% do consumo do Setor Doméstico.
Ao nível dos “Transportes”, não obstante ligeiras variações no consumo de energia elétrica e gás
natural, verifica-se naturalmente um consumo de produtos petrolíferos na ordem dos 99%, em
2019.
Ao nível da “Indústria”, verifica-se um ligeiro aumento no consumo de gás natural (de 3%), uma
redução no consumo de produtos petrolíferos na ordem dos 25%, e da energia elétrica da ordem
dos 5%, entre 2008 e 2019, mantendo-se este vetor energético da energia elétrica o mais
representativo, com cerca de 81% do consumo de energia, no setor industrial, em 2019.
Ao nível do setor dos “Resíduos e águas residuais”, deixou de haver consumo de produtos
petrolíferos no setor, entre 2008 e 2019, sendo este consumo revertido para a energia elétrica.
Produção de Energia
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Plano Municipal de Ação Climática | Figueira da Foz
Quadro 21 - Valor de produção de energia renovável, assim como a sua produção descentralizada, para
o concelho da Figueira da Foz, para o ano de 2019 (DGEG, 2023)
Produção de eletricidade renovável MWh
Produção de eletricidade renovável no município da Figueira da Foz 1 328 200
Do qual produção descentralizada (UPAC, UPP e mini/microgeração) 2 866
(UPAC – Unidade de Produção para Autoconsumo; UPP – Unidades de Pequena Produção)
Conforme informação disponibilizada pela DGEG, estima-se que o peso do setor doméstico na
produção descentralizada tenha sido de cerca de 40%, em 2019, para o concelho da Figueira da
Foz.
Ao abrigo da Lei de Bases do Clima, de forma a contribuir para permanecer nos 1,5º de
aquecimento previstos pelo Acordo de Paris, e alcançar a neutralidade climática em 2050,
Portugal terá de definir metas de redução de emissões de gases de efeito de estufa (em relação
aos valores de 2005) de:
Conforme referido anteriormente, o PNEC 2030 estabelece ainda metas setoriais de redução de
emissões de GEE, por referência às emissões registadas em 2005, nomeadamente:
35 % no setor residencial;
11 % no setor da agricultura;
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Quadro 22 – Evolução das emissões de CO2 de 2008 a 2019, no concelho da Figueira da Foz,
percentagens de variação e metas estabelecidas no PNEC
% de redução de % de aumento de
Meta de redução 2030 -
Categorias emissões de CO2 emissões de CO2
PNEC (%)
[2008/2019] [2008/2019]
Edifícios do estado 56,8% - 70%
Não doméstico 66,2% - 70%
Doméstico 28,0% - 35%
Transportes - 7,2% 40%
Indústria 40,3% - -
Resíduos e águas residuais 34,9% - 30%
Agricultura, Pesca e Floresta 16,7% - 11%
Iluminação de vias públicas 56,1% - -
Total 28,0% - 55%
Face ao exposto, tendo como base o Inventário de Referência de Emissões desenvolvido para
o ano 2008 e o Inventário de Monitorização de Emissões de 2019, constata-se a ocorrência de
uma redução de cerca de 28% de emissões de gases com efeito de estufa, entre 2008 e 2019.
A análise permitiu evidenciar que as categorias relacionadas com “Resíduos e Águas Residuais”
e “Agricultura, Pesca e Floresta” já atingiram a meta definida no PNEC, para 2030.
Sobre esta matéria importa salientar que o Município da Figueira da Foz encontra-se a preparar
um conjunto de projetos com vista a promover a produção de energia a partir de fontes de energia
renovável, quer através da energia solar fotovoltaica, quer da energia eólica offshore (com
redução de níveis de emissão de GEE), sendo que também medidas de sustentabilidade nas
áreas da mobilidade suave, edifícios e iluminação pública relacionadas com a eficiência
energética, assim como o reforço no sumidouro de carbono, com medidas de arborização e
rearborização, são ações que estão previstas no presente PMAC.
Neste sentido, o Município da Figueira da Foz prevê alcançar as metas de redução definidas no
PNEC, através da concretização das ações propostas no Capítulo 3.5. do presente Plano.
22
O ano de 2008 foi o ano de referência escolhido pelo Município da Figueira da Foz para efeitos do Plano Municipal de
Ação Climática por ser o ano mais próximo do ano de 2005, em relação ao qual puderam ser recolhidos dados completos
e fiáveis.
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uma Meta Baseada na Ciência. As Metas Baseadas na Ciência são metas de redução de
emissões de GEE consistentes com o nível de descarbonização que, de acordo com as ciências
climáticas, são necessárias para manter o aumento da temperatura média global entre 1,5ºC e
2ºC, em comparação com níveis pré-industriais.
- Uma meta de médio prazo (2030), em linha com uma redução global de 50% em relação às
emissões per capita de 2019, ajustadas ao Índice de Desenvolvimento Humano;
- Uma meta de longo prazo (no máximo 2050) de emissões líquidas zero.
Neste contexto, as metas adotadas pelos municípios para reduzir os GEE são consideradas
como tendo base científica se estiverem em alinhamento com os objetivos do Acordo de Paris e
com o Relatório Especial sobre o Aquecimento Global de 1,5°C.
Ser orientadas pela Ciência – devendo ser guiadas pela mais recente ciência climática;
Ser justas – entrarem em conta com as diferentes contribuições históricas para os níveis
de dióxido de carbono na atmosfera e o desenvolvimento socioeconómico;
Ser completas – devem ser robustas e abrangentes, entrando em consideração com as
emissões do Concelho como um todo.
Existem várias metodologias para que os municípios possam definir as suas metas de redução
das emissões. O Município da Figueira da Foz optou pela Metodologia “One Planet City
Challenge” (OPCC), sendo que esta metodologia se adequa a qualquer tipo de município que
proceda à sua divulgação em alinhamento com os requisitos de divulgação do Pacto dos
Autarcas para o Clima e Energia.
Neste contexto, para a conceção da meta, foram assumidos os seguintes pressupostos base:
Variação da população (de 58 951 habitantes em 2019 para 57 469 em 2030, conforme
cenário previsto pela CCDRC) (Anexo 2)
Emissões totais emitidas em 2019 = 178 830,74 ton CO2
23
PNUD, 2021 (Relatório de Desenvolvimento Humano 2020)
24
CCDRC, 2022 (Projeções Demográficas 2030)
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Plano Municipal de Ação Climática | Figueira da Foz
Os resultados obtidos pela aplicação desta metodologia, tendo como pressuposto que o
Concelho atinge a neutralidade carbónica em 2050, foram os seguintes:
Necessidade de reduzir, até 2030, 59% das emissões de GEE (meta mais ambiciosa
do que a estabelecida no Pacto dos Autarcas para o Clima e Energia, no qual o Município
se comprometeu a reduzir 40% das emissões de GEE, até 2030, e mais ambiciosa do
que a estabelecida no PNEC, de 55%);
Em 2030 no Concelho serão emitidas 1,24 ton CO2/hab;
Em 2030, no Concelho serão emitidas 71 261,56 ton CO2.
Conforme referido, o Município da Figueira da Foz prevê alcançar as metas a que se propõe,
através da concretização das ações previstas no capítulo seguinte.
O modelo de ação apresentado no presente Plano teve como base a estrutura anteriormente
definida no Estudo “Da Estratégia à Ação” (2020), desenvolvido pela Universidade de Lund para
o Município da Figueira da Foz, com as devidas adaptações à atualidade nomeadamente ao
nível da legislação/regulamentação em vigor, bem como à realidade municipal.
Neste contexto, para efeitos do PMAC, foram definidas as seguintes áreas temáticas:
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Quadro 23 - Articulação entre as categorias abordadas no presente PMAC e os setores definidos, para a
Adaptação, no Guia de “Orientações para os Planos Regionais de Ação Climática” e no “Guia para a
apresentação dos resultados do Pacto dos Autarcas para o Clima e Energia”
Guia para a apresentação dos
Guia de Orientações para os
resultados do Pacto dos PMAC
PRAC (APA)
Autarcas para o Clima e Energia
Agricultura
Agricultura e Silvicultura - Floresta e Agricultura
Floresta
Ordenamento do Território
- Ordenamento do Território e
Ambiente e Biodiversidade
Conservação da Natureza
Biodiversidade Água
- Gestão da Água e Recursos
Resíduos
Hídricos
Turismo
Economia Edifícios
Energia Energia - Mobilidade, Energia e Indústria
Transportes e Comunicações Transporte
Segurança de Pessoas e Bens
Proteção Civil e Emergência - Proteção Costeira
Zonas Costeiras e Mar
Informação e - Informação e
Outros
Consciencialização Consciencialização
- Transversal a todas as áreas
Saúde Humana Saúde
temáticas
O modelo adotado identifica um conjunto de ações para cada opção definida, em função da área
temática abrangida e fornece uma visão geral de cada uma das ações previstas. Para cada ação
proposta, o modelo identifica o respetivo risco climático, assim como o objetivo intrínseco.
Desenvolve uma breve descrição da ação, do responsável pela liderança da ação e dos parceiros
a envolver. O modelo apresenta uma estimativa do período de implementação, uma estimativa
de investimento e de poupança de energia, identifica potenciais fontes de financiamento e define
indicadores de avaliação, de forma a garantir uma monitorização futura eficaz. O modelo
apresenta ainda uma análise qualitativa da prioridade, associa cada uma das ações propostas
aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável aplicáveis e identifica qual o tipo de medida em
análise (adaptação ou mitigação).
Ação X.X. Nome da Ação
Selecionar entre: Subida do nível do mar e ondas fortes /
Risco Climático Temperaturas altas e ondas de calor / Precipitação excessiva
/ Ventos fortes
Objetivo abordado Nome do objetivo global/objetivo abordado pela ação
Descrição detalhada da ação
Descrição Porquê esta ação?
O que é necessário fazer?
Liderança Ex.: Departamento municipal/Empresa/Entidade
Potenciais Parceiros Nome das empresas/ONGs/Universidades
Prazo Número de anos necessários para a implementação
- € - custo reduzido
Estimativa de Investimento - €€ - custo moderado
- €€€ - custo elevado
- ∗ - poupança de energia reduzida
Estimativa de Poupança de
- ∗∗ - poupança de energia moderada
Energia25
- ∗∗∗ - poupança de energia elevada
Potencial fonte de financiamento (ex.:
Fonte de financiamento
Municipal/Nacional/UE/Privada)
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No âmbito dos ODS e da Agenda 2030 das Nações Unidas, pretende-se que o presente Plano,
reflita uma estratégia de inclusão por parte do Município, onde as desigualdades sejam
combatidas e os grupos minoritários sejam incluídos em todos os processos de decisão.
Por esta razão considerou-se importante adotar, para os ODS, a linguagem do ColorADD uma
vez que esta é uma linguagem única, universal, inclusiva e não discriminatória, que permite a um
grupo minoritário, cidadãos com problema de daltonismo, identificar as cores, sempre que a cor
seja um fator de identificação, orientação ou escolha. Neste contexto, foi atribuído a cada ODS
o respetivo símbolo na linguagem do ColorADD, de acordo com a associação apresentada na
Figura 15. O presente Plano torna-se, desta forma, um instrumento mais acessível e inclusivo
para todos.
ODS Designação
1 Erradicação da Pobreza
2 Erradicação da Fome
3 Saúde de Qualidade
4 Educação de Qualidade
5 Igualdade de Género
6 Água Potável e Saneamento
7 Energias Renováveis e Acessíveis
8 Trabalho digno e Crescimento Económico
9 Indústria, Inovação e Infraestruturas
10 Reduzir as desigualdades
11 Cidades e Comunidades Sustentáveis
12 Produção e Consumo Sustentáveis
13 Ação Climática
14 Proteger a Vida Marinha
15 Proteger a Vida Terrestre
16 Paz, Justiça e Instituições Eficazes
17 Parcerias para a Implementação dos Objetivos
Na Figueira da Foz, o Plano Municipal de Ação Climática identifica 30 Opções Estratégicas que
integram 75 ações específicas, que terão um contributo fundamental para reduzir os efeitos
negativos das alterações climáticas no Concelho tendo, por isso, um impacto imediato na
segurança de pessoas e bens.
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múltiplas escalas de governança (com envolvimento de uma diversidade de atores chave) sendo
alguns eixos estratégicos definidos de carácter sobretudo nacional e global, mas que, devido ao
seu foco na redução de emissão de GEE exigem, consequentemente, um esforço ao nível local.
Há, de facto, um grande foco na adaptação local às alterações climáticas e, nesse sentido, o
Município da Figueira da Foz pretende dar resposta ao nível local às seguintes metas:
Embora se considere que todas as ações propostas contribuem para o ODS 13 - Ação Climática,
são identificados outros ODS considerados relevantes relativamente a cada uma das ações
propostas, nomeadamente o Objetivo 3 (Saúde de Qualidade), o Objetivo 4 (Educação de
Qualidade), o Objetivo 6 (Água Potável e Saneamento), o Objetivo 7 (Energias Renováveis e
Acessíveis), o Objetivo 8 (Indústria, Inovação e Infraestruturas), o Objetivo 11 (Cidades e
Comunidades Sustentáveis), o Objetivo 12 (Produção e Consumo Sustentáveis), o Objetivo 14
(Proteger a Vida Marinha) e o Objetivo 15 (Proteger a Vida Terrestre).
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Quadro 24 – Opções estratégicas e ações propostas para a área temática “Ordenamento do território e
Conservação da Natureza”
id Opções Estratégicas Ações Propostas
Reordenamento e requalificação - Requalificação de espaços públicos com implementação de
1
dos espaços públicos projetos de Urbanismo Tático e Praças Abertas.
- Elaboração de um Programa de Inventariação e
Introdução de melhores práticas Monitorização do estado fitossanitário das árvores em meio
2 no planeamento e gestão do urbano;
parque arbóreo público (*) - Monitorização e controle das espécies invasoras e os seus
efeitos sobre os ecossistemas naturais.
- Requalificação dos espaços verdes com espécies
autóctones e adaptadas às condições edafoclimáticas locais;
- Implementação de infraestruturas verdes, incluindo a
utilização de materiais naturais como material de construção;
- Plantação de microflorestas urbanas;
- Criação de zonas de ensombramento (incluindo instalação
Redução da vulnerabilidade das
3 de palas ou toldos exteriores);
áreas urbanas às ondas de calor
- Gestão de locais públicos com pontos de água acessíveis e
funcionais, para consumo humano e termorregulação do ar;
- Instalação de bacias de retenção de água ou pequenas
charcas;
- Elaboração de um Plano Municipal de Contingência para
Ondas de Calor.
Dinamização das Áreas
- Promoção e dinamização das áreas protegidas e
4 Protegidas e Classificadas (*) e
classificadas, bem como das matas nacionais.
valorização das matas nacionais
Elaboração de um Plano de - Elaboração de um Plano de Gestão da Morraceira, tendo em
5
Gestão da Morraceira (*) consideração a sustentabilidade territorial do local.
Promoção de atividades
6 relacionadas com a exploração do - Instalação de um espaço de Talassoterapia.
sal e oportunidades emergentes
- Implementação do Plano Local de Ação Integrado (PLAI)
para a economia circular;
Transição para uma economia
7 - Digitalização dos Mercados Municipais com a
circular
implementação do reuso de embalagens inteligentes;
- Centro de Divulgação e Promoção de Produtos Endógenos.
Criação de um sistema de deteção
8 e gestão municipal de ocorrências - Centro de Estudos das Alterações Climáticas.
climáticas
(*) –
Opção definida no âmbito da EMAAC
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ODS relevante
(Milão)
Tipo de Medida Medida de Adaptação
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ODS relevante
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ODS relevante
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ODS relevante
(Figueira da Foz)
ODS relevante
26
https://climate-adapt.eea.europa.eu/en/metadata/case-studies/living-in-a-tree-house-in-torino-italy-combining-
adaptation-and-mitigation-measures-to-improve-comfort
27
https://climate-adapt.eea.europa.eu/en/metadata/case-studies/four-pillars-to-hamburg2019s-green-roof-strategy-
financial-incentive-dialogue-regulation-and-science
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Barcelona (Espanha)29
28
www.youtube.com/watch?v=hp2AVbSRVRw
29
https://climate-adapt.eea.europa.eu/en/metadata/case-studies/barcelona-trees-tempering-the-mediterranean-city-
climate
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ODS relevante /
Exemplo
Dubai
ODS relevante
Lisboa (Portugal)
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ODS relevante
Malmö (Suécia30)
30
https://climate-adapt.eea.europa.eu/en/metadata/case-studies/urban-storm-water-management-in-augustenborg-
malmo
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ODS relevante
Promoção e dinamização das áreas protegidas e classificadas, bem como das matas
AÇÃO
nacionais
Principal risco
Temperaturas altas e ondas de calor
climático
- Assegurar as atividades de turismo da natureza e a sustentabilidade das praias e dos
Objetivo espaços naturais, das suas estruturas e do seu areal e toda a dinâmica das atividades
abordado económicas existentes e potenciais, num contexto de crescentes impactos resultantes das
alterações climáticas.
A presente ação pretende aumentar o número e extensão de trilhos interpretativos em áreas
de Rede Natura 2000 e Sítio RAMSAR e matas nacionais, com pontos de observação,
sinalética e suportes informativos adequados à preservação dos diferentes habitats, com
informação sobre habitats e espécies existentes.
Tendo em conta que as áreas costeiras são particularmente vulneráveis às alterações
climáticas, devido à sua atual exposição à subida do nível do mar e a eventos extremos de
maiores intensidade e frequência, tem havido um investimento maior na adaptação destas
zonas através da utilização de soluções mais sustentáveis. Sobre esta ação importa
destacar o Projeto LIFE ADAPTABLUES (LIFE18 CCA/ES/001160), atualmente em fase de
Descrição
implementação, que tem como missão demonstrar que a conservação e restauração de
ecossistemas estuarinos é uma estratégia eficiente para melhorar a adaptação às
alterações climáticas nas áreas costeiras da costa atlântica europeia. Este Projeto Europeu
tem como Coordenador Beneficiário o Instituto de Hidráulica Ambiental de Cantábria, tem
como parceiros o Município da Figueira da Foz, o Instituto Politécnico de Leiria e The Nature
Conservancy in Europe GmbH e desenvolve-se em três diferentes regiões da Europa:
Coimbra (Portugal), Cantábria (Espanha) e Zelândia (Holanda).
Importa ainda destacar, neste âmbito, o Monumento Natural do Cabo Mondego, presente
no território municipal, pertencente à Rede Nacional de Áreas Protegidas.
Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e Comissão de Coordenação e
Liderança
Desenvolvimento Regional do Centro
Parceiros Município da Figueira da Foz e Agência Portuguesa do Ambiente
Prazo 2024-2030
Investimento Est. €€
- Portugal 2030 - Programa Operacional Regional do Centro
- Plano de Recuperação e Resiliência
Financiamento - Fundo Ambiental
- Programa LIFE
- Orçamento Municipal
- Intervenções de promoção e dinamização das áreas protegidas e classificadas (N.º)
Indicador
- Trilhos interpretativos criados (N.º)
Prioridade E
ODS relevante
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ODS relevante
ODS relevante
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AÇÃO Implementação do Plano Local de Ação Integrado (PLAI) para a economia circular
Principal risco
Todos (transversal)
climático
- Alterar o paradigma de utilização dos recursos na produção e no consumo, abandonando
Objetivo
o modelo económico linear e transitando para um modelo económico circular e de baixo
abordado
carbono.
Uma sociedade assente numa economia circular, que conserva recursos no seu valor
económico mais elevado, é uma sociedade criadora de emprego mais qualificado, de
riqueza mais sustentada e de bem-estar mais partilhado.
O Município da Figueira da Foz participou num Projeto financiado pelo Fundo Ambiental,
denominado CircularNet - Plataforma para a circularidade: Comunidade, Empresas e
Ambiente Natural, que integra a Iniciativa Nacional Cidades Circulares (InC2), gerida pela
Direção Geral do Território, e teve como parceiros os municípios de Arcos de Valdevez,
Guarda, Monforte, Moura, Praia da Vitória, Tavira e Vila Nova de Famalicão.
O projeto pretendeu fomentar, junto dos municípios, medidas que contribuíssem para a
transição para uma economia circular, utilizando a sua dinâmica para alteração de padrões
de consumo e promover a reincorporação de resíduos como matérias-primas, diminuindo a
necessidade de utilização de recursos naturais.
O projeto CircularNet teve como objetivos:
Descrição Desenhar um Plano Local de Ação Integrado (PLAI) no âmbito do Economia
Urbana para a Circularidade, incorporando políticas de cada uma das cidades
participantes, integrando princípios de desenvolvimento sustentável;
Aumentar o número e o impacto de iniciativas relacionadas com a reciclagem e
recolha de resíduos, produção através de processos circulares e desenvolvimento
de novos padrões de consumo;
Promover estruturas que aumentem a participação e cooperação entre atores nos
processos locais da economia urbana para a circularidade;
Otimizar a transferência e partilha de conhecimentos, bem como de experiências,
através de uma rede de cidades associadas no projeto;
Promover ferramentas digitais nos diversos elementos da economia urbana como
ferramentas de otimização, monitorização e avaliação das iniciativas.
Pretende-se dar continuidade ao PLAI através da implementação das medidas propostas.
Liderança Município da Figueira da Foz
Grupo de Planeamento e Ação Local criado no âmbito do Projeto CircularNet, constituído
Parceiros
por quinze empresas sediadas no Concelho e MAREFOZ – Universidade de Coimbra
Prazo 2024-2030
Investimento Est. €€€
- Portugal 2030 - Programa Operacional Regional do Centro
- Plano de Recuperação e Resiliência
Financiamento
- Fundo Ambiental
- Orçamento Municipal
Indicador - Medidas do Plano Local de Ação Integrado implementadas (N.º)
Prioridade M
ODS relevante
(PLAI – CircularNet 31)
31
https://cidadescirculares.dgterritorio.gov.pt/documents/400b67a9ccf64e10bfcc51af3fe19a05
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ODS relevante
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ODS relevante
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ODS relevante
A mobilidade das pessoas e bens é cada vez mais uma questão fulcral para a competitividade
dos territórios. A implementação de estratégias de mobilidade sustentável combina-se com um
cenário de crescente preocupação ambiental, com a redução dos custos de deslocação e com a
melhoria da qualidade de vida das populações.
Uma vez que o setor dos transportes contribui com cerca de 26% das emissões de GEE a nível
nacional (de acordo com informação do SNIAMB, 2017), as preocupações ambientais e a
necessidade urgente de redução de GEE induzem a adoção de estratégias que se traduzam não
só na redução destas emissões, como na dependência energética do petróleo. Neste contexto,
foi proposto, nesta área temática, um conjunto de ações que potenciam uma mobilidade mais
limpa e uma melhoria na qualidade de vida dos cidadãos.
Por outro lado, embora todos os setores de atividade devam contribuir para a redução de
emissões de GEE para a atmosfera, na próxima década, é o setor da energia aquele que dará
um maior contributo, assumindo a transição energética um papel especialmente relevante no
contexto da transição para uma sociedade descarbonizada.
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que deverá ser alvo de uma evolução importante na próxima década. A aposta para o horizonte
2030 para o setor electroprodutor passa, sobretudo, pela energia solar e, embora com menor
expressão, pela energia eólica.
No entanto, esta transição não pode de forma alguma acentuar a pobreza energética, pelo que
as situações de pobreza energética devem ser identificadas através de medidas dirigidas
sobretudo para a reabilitação urbana e para a promoção da eficiência energética nos edifícios,
focada sobretudo em medidas de isolamento térmico e da redução da dependência de
combustíveis fósseis. Neste campo, a aposta na produção descentralizada de eletricidade
baseada em comunidades de energia renovável e a valorização de sistemas coletivos que
atenuem os custos de manutenção podem ser soluções, uma vez que permitem a redução dos
custos com a energia.
Em relação à produção de energia e transporte, importa ainda realçar que a Lei de Bases do
Clima (Lei n.º 98/2021, de 31 de dezembro), proíbe a produção de eletricidade com base em
carvão a partir de 2021, a produção através de gás natural, depois de 2040, e estabelece que a
partir de 2035 (dentro de 14 anos) não possam ser vendidos carros “movidos exclusivamente a
combustíveis fósseis”.
Por outro lado, no que se refere à Indústria, é incontornável a certeza de que a sua
descarbonização é uma prioridade europeia e nacional, integrando-se no alinhamento nacional
com as metas climáticas do Pacto Ecológico Europeu. O Município da Figueira da Foz pretende
motivar e apoiar as indústrias para impulsionarem as transformações necessárias para reduzir o
carbono e incorporar o hidrogénio e as renováveis na estruturas e processos industriais dos seus
negócios.
Quadro 25 - Opções estratégicas e ações propostas para a área temática “Mobilidade, Energia e Indústria”
Id Opções Estratégicas Ações Propostas
- Criação de uma rede de transporte coletivo de passageiros;
- Restrições ao tráfego automóvel nos aglomerados populacionais;
- Renovação da frota municipal, com aquisição de veículos com superior
Promoção da mobilidade desempenho ambiental e energético;
9
sustentável - Criação de uma rede de carregamentos de veículos elétricos de acesso
público, com estacionamento reservado e gratuito;
- Elaboração do Plano Municipal de Mobilidade Urbana sustentável (com
otimização dos circuitos de transportes públicos urbanos).
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ODS relevante
ODS relevante
(Madrid) 32
32
https://smart-cities.pt/mobilidade/madrid-carros2604/
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ODS relevante
ODS relevante
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ODS relevante
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Opção Estratégica 10 - Promover a mobilidade suave nas zonas urbanas através de redes
cicláveis / pedonais
(Figueira da Foz)
ODS relevante
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ODS relevante
ODS relevante
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ODS relevante
Importa sobre esta matéria referir que atualmente apenas existem 3 edifícios com
certificação energética:
Piscina Municipal de Alhadas – Certificada (SCE0000275922532)
Piscina Municipal do Paião – Certificada (SCE0000281389132)
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ODS relevante
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ODS relevante
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ODS relevante
ODS relevante
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ODS relevante
Prioridade M
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ODS relevante
ODS relevante
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ODS relevante
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Quadro 26 - Opções estratégicas e ações propostas para a área temática “Gestão da Água e Recursos
Hídricos”
ID Opções Estratégicas Ações Propostas
- Utilização de águas pluviais ou reutilização de águas residuais tratadas
para fins múltiplos (sistemas de rega, lavagem de arruamentos, entre
outros);
- Instalação de sistemas de rega inteligentes (por aspersão), e localizada
Promoção do uso (por micro aspersão ou gota-a-gota) nos espaços verdes públicos;
15
sustentável da água - Instalação de torneiras economizadoras de água em edifícios públicos;
- Reutilização de água proveniente de piscinas municipais;
- Plano Municipal de Contingência para Períodos de Seca;
- Estudo do potencial de dessalinização da água, para produção de água
potável.
- Apoio na promoção da construção de pequenas barragens e charcas
Aumento da
de cariz privado para retenção de água destinada ao uso agrícola;
capacidade de
- Aumento da fiscalização das captações particulares de água (deteção
16 armazenagem de água
de furos ilegais);
e reforço sustentável
- Criação de jardins de infiltração e outras soluções de recarga de
das reservas hídricas
aquíferos
- Definição de procedimentos de trabalho para inclusão das boas
práticas de permeabilidade dos solos nas empreitadas a cargo do
Aumento da área
Município;
permeável do Concelho
17 - Promoção e fiscalização do cumprimento dos parâmetros de
promovendo a recarga
impermeabilização de solo previstos nos Instrumentos de Gestão
artificial dos aquíferos
Territorial (IGT), incentivando a adoção de técnicas e soluções
inovadoras na maximização da recarga dos aquíferos.
Reabilitação de ribeiras
18 - Intervenção em linhas de água e lagoas existentes no Concelho.
e galerias ripícolas
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ODS relevante /
Exemplo
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ODS relevante /
Exemplo
ODS relevante /
Exemplo
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ODS relevante /
Exemplo
(Guimarães33)
Tipo de Medida Medida de Adaptação
33
https://www.labpaisagem.pt/15891-2/
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ODS relevante /
Exemplo
ODS relevante /
Exemplo
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ODS relevante
ODS relevante
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ODS relevante /
Exemplo
Prioridade E
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ODS relevante /
Exemplo
ODS relevante /
Exemplo
ODS relevante /
Exemplo
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A erosão costeira, enquanto recuo na linha de costa com consequente perda de território, é
uma problemática identificada no âmbito da Estratégia Municipal de Adaptação às Alterações
Climáticas.
No âmbito desta área temática foram agrupadas as seguintes opções estratégicas e respetivas
ações, conforme se apresenta no quadro seguinte.
Quadro 27 - Opções estratégicas e ações propostas para a área temática “Proteção Costeira”
ID Opções Estratégicas Ações Propostas
Preservação da linha de costa - Alimentação artificial das praias no sul do Concelho;
e proteção costeira em zonas - Fortalecimento de dunas/reforço do cordão dunar;
19 de risco elevado de erosão, de - Restauro e preservação dos estuários, com aplicação de
galgamento, inundação e soluções baseadas na natureza;
defesa aos avanços do mar - Reabilitação de muros, motas naturais no estuário.
- Implementação de sistemas de previsão, alerta e resposta,
incluindo modelos de previsão climática de fenómenos extremos
e mecanismos de aviso às populações (por exemplo, em casos
Implementação de sistemas de de galgamentos e caudais extremos);
20 previsão, alerta e - Monitorização da evolução da linha costeira;
monitorização - Monitorização dos impactes da evolução da cunha salina e da
subida do nível médio do mar nos estuários;
- Elaboração de um Plano Municipal de Proteção e Evacuação
em caso de Tsunami.
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ODS relevante /
Exemplo
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ODS relevante /
Exemplo
ODS relevante /
Exemplo
(Figueira da Foz34)
34
https://lifeadaptablues.eu/
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ODS relevante /
Exemplo
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ODS relevante /
Exemplo
ODS relevante /
Exemplo
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ODS relevante /
Exemplo
ODS relevante /
Exemplo
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No caso da floresta e outros usos do solo, será essencial implementar uma adequada gestão
agroflorestal que permita reduzir progressivamente a área ardida, aumentando a produtividade
e reforçando a aposta em serviços de ecossistemas que contribuam para o combate à
desertificação e para a valorização do território, constituindo mais um dos alicerces de coesão
territorial. O potencial de sumidouro, em particular na área florestal, terá de ser reforçado,
assumindo a sua gestão na articulação das vertentes de ordenamento do território, investindo
em práticas e modelos de gestão que potenciem o papel de sumidouro das florestas e aumentem
a sua resiliência face às alterações climáticas que acarretam um potencial de agravamento das
condições para fogos florestais e para a degradação dos solos. Face ao histórico de ocorrências
de incêndios florestais no concelho da Figueira da Foz, é essencial melhorar a resiliência da
floresta a nível municipal.
Por outro lado, o aumento das ondas de calor e a respetiva redução na disponibilidade de
recursos hídricos são ainda alguns dos riscos climáticos que afetam o setor florestal e agrícola.
Naturalmente que esta área temática deverá ser desenvolvida em paralelo com a área temática
do “Ordenamento do Território e Conservação da Natureza”, assim como da “Gestão da Água e
Recursos Hídricos,” de forma a serem desenvolvidas ações concertadas e complementares.
No âmbito desta área temática foram agrupadas as seguintes opções estratégicas e respetivas
ações, conforme se apresenta no quadro seguinte.
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Quadro 28 - Opções estratégicas e ações propostas para a área temática “Floresta e Agricultura”
ID Opções Estratégicas Ações Propostas
Reordenamento do espaço
21 agrícola (*) e florestal e Criação - Elaboração do cadastro rústico (Balcão Único do Prédio - BUPi).
de um cadastro rural (*)
Dinamização da bolsa de
terras disponível no Município - Dinamização da Bolsa de Terras agroflorestais da Figueira da
22
para potenciar o uso de Foz.
terrenos abandonados (*)
- Elaboração de um Manual Municipal para as Florestas;
Aumento da resistência e
- Implementação do Projeto “Condomínio de Aldeia”;
23 resiliência da floresta aos
- Execução das Faixas de Gestão de Combustível em áreas
incêndios florestais (*)
consideradas prioritárias.
Promoção do aproveitamento - Estudo do potencial de valorização da biomassa florestal no
24
da Biomassa Florestal (*) Concelho.
Criação de estímulos aos
- Apoios ao armazenamento, transformação ou comercialização
circuitos curtos de
25 de produtos agroalimentares locais obtidos em modo de produção
aprovisionamento
integrada e de agricultura biológica.
agroalimentar
Dinamização da Agricultura - Promoção e dinamização da rede de Agricultura Urbana e da
26
Urbana (*) compostagem doméstica comunitária.
- Criação de um Centro de Investigação Florestal dedicado à
Criação de um Centro de
27 investigação integrada de florestas e ecossistemas relacionados,
Investigação Florestal
e de produtos florestais e serviços baseados na floresta.
(*)
- Opções definidas no âmbito da EMAAC
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ODS relevante
ODS relevante
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ODS relevante
ODS relevante
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ODS relevante
ODS relevante
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ODS relevante
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ODS relevante
(Liège)35
ODS relevante
35
https://alimentation-locale.liege.be/
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No âmbito desta área temática foram agrupadas as seguintes opções estratégicas e respetivas
ações, conforme se apresenta no quadro seguinte.
Quadro 29 - Opções estratégicas e ações propostas para a área temática “Informação e Consciencialização”
ID Opções Estratégicas Ações Propostas
Promoção de sessões de
formação/sensibilização
(no âmbito de - Realização de ações de comunicação, divulgação, educação e
opções/soluções de sensibilização destinadas à população em geral, para a adaptação às
28 adaptação para as alterações climáticas;
alterações climáticas e - Realização de campanhas de comunicação sobre literacia energética
consequentes riscos) à junto das Escolas e comunidade em geral (envolvendo todos os
população, CMFF e stakeholders locais).
instituições (*)
- Organização de um Workshop anual, de exposições e concursos
no tópico das alterações climáticas;
Mobilização dos diversos
- Criação de uma marca e website para comunicação sobre ação
atores, stakeholders e
29 climática;
população local para a
- Reativar o Conselho Local de Acompanhamento da ação climática;
ação climática
- Melhoria do conhecimento sobre os grupos vulneráveis e criação de
medidas direcionadas para esses grupos.
Criação de plataformas
digitais e locais de - Criação de uma plataforma digital para todos os stakeholders do
30 atendimento presenciais Município partilharem as suas boas práticas e o trabalho que
e itinerantes, de apoio à desenvolvem, em matéria da ação climática.
divulgação da informação
(*)
- Opções definidas no âmbito da EMAAC
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No âmbito das alterações climáticas, esta ação pretende promover as seguintes ações
específicas:
- Sensibilizar a população sobre os riscos em zonas costeiras, lacustres e ribeirinhas, e
necessidades de adaptação;
- Promover ações de sensibilização e divulgação da importância e conservação do
património natural e genético (conhecer, sensibilizar e valorizar a diversidade genética, as
espécies e os habitats, essenciais para combater a perda de biodiversidade,
Descrição sustentabilidade e resiliência climática);
- Promover ações de sensibilização para a introdução de boas práticas agrícolas/florestais;
- Desenvolver campanhas de sensibilização envolvendo as escolas e população em geral,
em ações de regeneração de dunas (plantação de Estorno) e remoção de espécies
invasoras (Acácia, Erva-das-Pampas, Jacinto-de-Água, entre outras);
- Promover ações de sensibilização da população em geral e camadas mais vulneráveis
para fazer face às ondas de calor;
- Sensibilizar a população para a redução da produção de resíduos sólidos urbanos e
separação seletiva multimateriais com especial enfoque nos biorresíduos;
- Melhorar a consciencialização sobre a recolha de águas pluviais e formas de reutilização;
- Criação de programas de voluntariado, especialmente para crianças e adolescentes, no
âmbito da gestão e conservação da floresta (nomeadamente plantação de árvores, boas
práticas de florestação, remoção de espécies invasoras, entre outros).
Liderança Município da Figueira da Foz
Escolas, Universidade de Coimbra, Juntas de Freguesia, Associações, Empresas, Instituto
Parceiros
de Conservação da Natureza e Florestas, Agência Portuguesa do Ambiente
Prazo 2024-2030
Investimento €
- Portugal 2030 - Programa Operacional Regional do Centro
- Portugal 2030 - INTERREG
- Plano de Recuperação e Resiliência
Financiamento - Fundo Ambiental
- Programa LIFE
- EEA Grants
- Orçamento Municipal
- Ações de comunicação, divulgação, educação e sensibilização destinadas à população
Indicador
em geral, para a adaptação às alterações climáticas (N.º)
Prioridade E
ODS relevante
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Opção Estratégica 29 - Mobilização dos diversos atores, stakeholders e população local para a
ação climática
ODS relevante
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AÇÃO Criação de uma marca e Website para comunicação sobre ação climática
Principal risco
Todos (transversal)
climático
Objetivo - Educar e sensibilizar a população no que diz respeito aos impactos e aos riscos
abordado provenientes de eventos relacionados com alterações climáticas.
A criação de uma marca e de um Website para ações relacionadas com a ação climática
permitirá melhorar a comunicação, quer interna, com os munícipes, quer externa com outras
entidades. Um logotipo simples e claro da marca pode suportar e melhorar o envolvimento
e a consciencialização entre as partes interessadas.
Por outro lado, a marca também pode incluir projetos em cooperação com a indústria e
Descrição
empresas locais, por forma a manter uma visão geral de todas as ações que estão a ser
desenvolvidas no concelho.
A marca e o Website devem ser criados internamente, sendo que podem ser apresentados
dados de projetos anteriores, em curso ou planeados, tanto do Município como de empresas
privadas, para incluir nesta marca.
Liderança Município da Figueira da Foz
Parceiros Escolas, Universidade de Coimbra, Juntas de Freguesia, Associações, Empresas, Indústria
Prazo 2024-2025
Investimento €
Financiamento - Orçamento Municipal
- Munícipes que reconhecem a marca (%)
Indicador
- Visitas ao website (N.º)
Prioridade R
ODS relevante
ODS relevante
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ODS relevante
ODS relevante
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A monitorização do presente Plano irá assentar num modelo de recolha, tratamento e análise
frequente de dados com vista à incorporação dessa informação no processo de planeamento e
apoio nos processos de tomada de decisão. Neste contexto, a fase de monitorização irá
promover um ciclo contínuo de avaliação de resultados.
Importa salientar que o Município da Figueira da Foz dispõe de uma equipa que participou na
elaboração da Estratégia Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas, assim como na
realização de Workshops com os stakeholders e partes interessadas.
O conteúdo dos registos de monitorização deverá estar ajustado à metodologia do PMAC, pelo
que deve contemplar os seguintes domínios:
Este processo permitirá recolher informação crítica para reforçar a capacidade adaptativa
municipal, acompanhando desta forma as vulnerabilidades climáticas locais, quer devido ao
36
Inclui o Ponto 7. “Processo de Monitorização”, definido na estrutura do Modelo do PAESC, no “Guia para a
apresentação dos resultados do Pacto dos Autarcas para o Clima e Energia”
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Neste contexto, e em termos operacionais, deverá ser o Serviço Municipal da Proteção Civil
responsável por recolher essa informação, tendo em conta a matriz que se apresenta no Quadro
30.
Por esse motivo, foram definidos indicadores cuja recolha de informação fosse exequível por
parte dos serviços municipais, em estreita articulação com outras entidades públicas detentoras
de informação.
Do ponto de vista operacional, deverá ainda ser assegurada a revisão dos diferentes documentos
de cariz estratégico ao nível das alterações climáticas:
Por outro lado, a programação temporal das ações de monitorização prevê uma periodicidade
ajustada às dinâmicas da política pública, assim como à disponibilidade de recursos humanos,
técnicos e financeiros passíveis de afetar a estas tarefas.
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As partes interessadas, parceiros e cidadãos em geral têm sido envolvidos na elaboração dos
instrumentos para a adaptação climática do Concelho, nomeadamente aquando da elaboração
da EMAAC, com a realização de vários Workshops temáticos37. De facto, decorrente da
metodologia de desenvolvimento da EMAAC da Figueira da Foz, e como forma de dar
continuidade à participação e envolvimento da sociedade civil, o Município criou o Conselho
Local de Acompanhamento (CLA), sendo que a sua composição e normas de funcionamento
foram aprovadas pela Câmara Municipal, em Reunião Ordinária, de 19 de maio de 2017.
O CLA foi criado para acompanhar, promover e monitorizar a implementação da EMAAC e ainda
contribuir para a dinamização e delineação de políticas e ações com impacto na adaptação às
alterações climáticas, bem como no desenvolvimento sustentável do Concelho, no sentido de
uma governança adaptativa, eficiente, participada e duradoura.
Foi realizada uma 1ª reunião em fevereiro de 2018, tendo nessa reunião sido assinada uma Carta
de Compromisso, em que os signatários da carta se declararam empenhados em constituir o
Conselho Local de Acompanhamento.
Importa sobre esta matéria referir que o período compreendido entre 2020 e 2022 foi limitativo à
evolução dos trabalhos de participação pública, nomeadamente devido à dificuldade de
agendamento de reuniões presenciais, decorrente das restrições impostas pela pandemia
provocada pelo Covid-19. Por outro lado, face ao elevado número de signatários, considerou-se
que as reuniões online não seriam produtivas.
Neste sentido, apesar de não ter sido feita nenhuma reunião com o CLA durante esse período,
importa reiterar que as ideias/propostas desenvolvidas na fase da elaboração da EMAAC têm
sido tidas em consideração ao nível das prioridades estratégicas do Município, quer ao nível da
sustentabilidade ambiental, quer da transição energética.
O quadro seguinte permite constatar a forma como algumas das propostas decorrentes da fase
de participação pública da EMAAC foram tidas em consideração em diferentes momentos de
decisão e procedimentos internos, demonstrando como o Município considera importante a
intervenção da comunidade, dos agentes locais e da sociedade civil.
37
Inclui o Ponto 5. “Envolvimento dos Atores Locais”, definido na estrutura do Modelo do PAESC, no “Guia para a
apresentação dos resultados do Pacto dos Autarcas para o Clima e Energia”
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Áreas Temáticas
Ordenamento do Gestão da
Conselho Local de Mobilidade,
Território e Água e Proteção Florestas e Informação e
Acompanhamento Energia e
Conservação da Recursos Costeira Agricultura Consciencialização
Indústria
Natureza Hídricos
Bombeiros
Voluntários da X X
Figueira da Foz
Cooperativa
Agrícola dos
X X
Lavradores do Vale
do Mondego
Direção Regional de
Agricultura e Pescas X X X X
do Centro
GNR – SEPNA X X X X
GNR – Unidade de
X X X X X
Controlo Costeiro
Polícia de
X X
Segurança Pública
Instituto de
Conservação da
X X X X
Natureza e das
Florestas (ICNF)
Juntas de Freguesia
(um representante X X X X X
por Junta)
ACIFF - Associação
Comercial e
X X
Industrial da Figueira
da Foz
Docapesca, Portos e
X X
Lotas, S.A.
Marefoz –
Universidade de X X X X X
Coimbra
Universidade de
X X X X X X
Aveiro
The Navigator
X X X
Company
Verallia Portugal X X
Celulose Beira
X X X X
Industrial S.A.
EDP – Central de
X X X
Lares
Quercus – Núcleo
Regional de X X X X X X
Coimbra
SOS Cabedelo X X X X
Associação de
Desenvolvimento + X X X X
surf
Este Conselho encontrar-se-á, assim, aberto a todos os cidadãos, empresas e entidades para
que possam contribuir para a implementação e monitorização de medidas e ações que
promovam e disseminem a cultura de ação climática à escala local.
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A análise do presente capítulo teve como base o estudo divulgado recentemente, intitulado
“Alterações Climáticas: Riscos e Desafios Macro-Orçamentais” (maio, 2022), elaborado pelo
Conselho das Finanças Públicas.
De acordo com o estudo, “As alterações climáticas terão efeitos macroeconómicos envoltos em
elevada incerteza e ainda de difícil modelação. Os diversos cenários de evolução
macroeconómica constituem uma ferramenta fundamental quer no apoio à formulação da política
climática do país, quer na mitigação do impacto económico da escolha de políticas. Os estudos
consultados concluem, em geral, que cumprir o Acordo de Paris sem adotar medidas de
mitigação e adaptação adequadas não é suficiente para limitar os efeitos macroeconómicos
adversos das mudanças climáticas num horizonte relativamente curto. (…) O papel
preponderante da dimensão climática na formulação das políticas económicas e orçamentais no
curto, médio e longo prazo torna impreterível a inclusão da dimensão climática nas projeções
macro-orçamentais nos documentos de programação orçamental” (Marujo E. [et al] (2022)).
Neste contexto, os fundos europeus com ou sem financiamento nacional (Plano de Recuperação
e Resiliência) adquirem uma importância fundamental no financiamento das respostas às
alterações climáticas.
Riscos físicos – associados aos custos diretos do impacto ambiental sobre a economia,
particularmente a fenómenos meteorológicos extremos cada vez mais intensos e
frequentes (com possíveis repercussões no declínio do valor dos ativos financeiros e no
potencial aumento das obrigações). O estudo referido anteriormente identifica seis
riscos físicos prioritários que requerem atenção, ação imediata e investigação mais
profunda, particularmente por parte de países com extensas áreas costeiras e com
problemas de secas cada vez mais frequentes, nos quais Portugal se enquadra. Esses
seis riscos prioritários incluem:
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O quadro seguinte apresenta um resumo dos impactos macroeconómicos associados aos riscos
climáticos.
Quadro 33 – Resumo dos impactos macroeconómicos associados aos riscos climáticos (adaptado de:
Marujo E. [et al] (2022))
Horizonte temporal
Tipo de Risco Impacto macroeconómico
dos impactos
Fenómenos
Choques inesperados sobre componentes da oferta e
meteorológicos Curto a médio prazo
Riscos procura
extremos
Físicos
Aquecimento Impacto sobre o crescimento económico potencial e
Médio a longo prazo
global gradual sobre a capacidade produtiva da economia
Choques sobre a procura e oferta e efeitos sobre o
Riscos de transição Curto a médio prazo
crescimento económico
A magnitude destes riscos e a relação entre eles dependerá não só da evolução das alterações
climáticas, mas também do curso de ação para as mitigar, incluindo o facto do processo de
transição para uma economia descarbonizada poder ocorrer de forma ordenada ou não. Uma
súbita e inesperada política de resposta às alterações climáticas pode reduzir os riscos físicos
no curto prazo, mas também precipitar um ajustamento desordenado para uma economia
descarbonizada que possibilita a materialização de vários riscos de transição. Inversamente,
evitar esse processo de adaptação poderá evitar a materialização dos riscos de transição no
curto prazo, mas o aumento contínuo nas emissões de GEE e o consequente aumento das
temperaturas globais podem levar à permanência dos riscos físicos. Esta última perspetiva
corresponde ao que muitos estudos designam por cenário “no action”, aquele em que as
autoridades decidem não implementar qualquer tipo de medida de resposta às alterações
climáticas e de descarbonização da economia, e que corresponde ao cenário mais catastrófico.
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Para tirar partido do potencial social e de emprego da transição ecológica e garantir que ninguém
fique para trás, é essencial mobilizar todos os instrumentos e financiamentos disponíveis,
dialogar com as partes interessadas e as comunidades ao longo do processo de transição e
colocar em prática as políticas adequadas.
Ao apoiar a criação de emprego seguro e sustentável, defender o direito a salários justos que
garantam um nível de vida decente, dotar a população de novas competências e de acesso a
empregos de qualidade, bem como promover o acesso a cuidados e serviços de elevada
qualidade e a preços comportáveis (educação, saúde, cuidados continuados, habitação,
assistência, entre outros serviços essenciais), o Pilar Social contribui de forma direta e muito
relevante para a implementação efetiva de vários ODS, nomeadamente o ODS 1, 3, 4,5 8 e 10.
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7. Governação
O presente capítulo tem como principal objetivo clarificar as estruturas e processos de apoio à
implementação do PMAC e, em particular, definir o modelo de governação a seguir. De facto, a
definição de um modelo de governação adequado é fundamental para que a implementação do
PMAC decorra de um modo efetivo, eficaz e eficiente38.
O modelo de governação aplicável ao presente PMAC irá integrar três grupos de gestão:
1) Equipa de Coordenação
38
Inclui o Ponto 3. “Estruturas coordenativas e organizacionais criadas ou atribuídas” e o Ponto 4. “Capacidade afetada
em termos de recursos humanos”, definido na estrutura do Modelo do PAESC, no “Guia para a apresentação dos
resultados do Pacto dos Autarcas para o Clima e Energia”
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a) Análise dos resultados das ações, monitorização dos seus riscos e verificação dos
respetivos indicadores;
b) Análise dos riscos e desvios com as diferentes entidades, apresentando medidas de
correção em caso de necessidade.
3) Sociedade Civil
Com o objetivo de encontrar as melhores soluções para futuros desafios urbanos que possam
contribuir para a descarbonização da economia, o Município da Figueira da Foz integrou, em
maio de 2023, na sua Estrutura Orgânica, uma “Equipa Multidisciplinar de Transição Energética”,
com as seguintes competências (Despacho n.º 5892/2023, de 24 de maio):
“a) Elaborar estudos sobre a gestão energética, designadamente, sobre a utilização sustentável
de energia de equipamentos municipais e outros edifícios, sob gestão municipal ou com
intervenção municipal;
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No que diz respeito à participação pública, não obstante o facto da EMAAC ter tido um processo
de envolvimento da comunidade civil e stakeholders muito dinâmico (conforme anteriormente
referido), importa salientar que desde dezembro de 2021, com a publicação da Lei de Bases do
Clima, passam a existir direitos e deveres em matéria climática que até então não existiam no
contexto legislativo nacional.
Neste contexto, a Lei de Bases do Clima reconhece a todos os cidadãos o “direito ao equilíbrio
climático” que consiste no “direito de defesa contra os impactos das alterações climáticas, bem
como no poder de exigir de entidades públicas e privadas o cumprimento dos deveres e das
obrigações a que se encontram vinculadas em matéria climática” e estabelece como “deveres
em matéria climática”, que todos têm o dever de “proteger, preservar, respeitar e assegurar a
salvaguarda do equilíbrio climático, contribuindo para mitigar as alterações climáticas”.
Reconhece o termo “cidadania climática”, como o dever de contribuir para a salvaguarda do
equilíbrio climático, cabendo ao Estado promovê-la nos planos político, técnico, cultural,
educativo, económico e jurídico.
Ao nível da participação pública, o diploma estabelece que os cidadãos têm o direito de participar
nos processos de elaboração e revisão dos instrumentos da política climática sendo que, para
além das consultas públicas, sob a forma tradicional de contributo escrito, o diploma reitera que
devem ser organizadas sessões de esclarecimento e debate entre os cidadãos e os
responsáveis pela decisão relativa à política climática, sendo que, para o efeito, deverá ser
disponibilizada informação, de forma clara, sistematizada e de consulta fácil, a todos os cidadãos
que pretendam a ela ter acesso.
Importa ainda referir que, de acordo com a Lei de Bases do Clima, o Governo irá disponibilizar
um portal de ação climática (público, gratuito e acessível através da Internet) que permitirá aos
cidadãos e à sociedade civil participar na ação climática e monitorizar informação sistemática e
nacional, cumprindo o princípio da transparência. Este portal irá conter informação sobre:
as emissões de gases de efeito de estufa e os setores que mais contribuem para essas
emissões;
o progresso das metas nacionais de mitigação;
as fontes de financiamento disponíveis, a nível nacional, europeu e internacional, para
ações de mitigação e adaptação às alterações climáticas, para os setores público e
privado, e respetivo estado de execução;
as metas e compromissos internacionais a que o Estado Português está vinculado;
estudos e projetos de investigação e desenvolvimento elaborados no âmbito das
alterações climáticas; e
projetos de cooperação internacional no âmbito das alterações climáticas.
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Importa referir que existem Programas de Financiamento que apenas são elegíveis para
Municípios que tenham o PMAC/PAESC aprovado, pelo que acresce a importância deste
documento na criação de oportunidades para a submissão de candidaturas a financiamento, quer
a nível nacional, quer comunitário39.
39
Inclui o Ponto 6. “Orçamento geral para a implementação e fontes de financiamento”, definido na estrutura do Modelo
do PAESC, no “Guia para a apresentação dos resultados do Pacto dos Autarcas para o Clima e Energia”
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O Programa LIFE 2021-2027, instrumento financeiro para o ambiente e a ação climática, tem por
objetivo contribuir para a transição para uma economia limpa, circular, energeticamente eficiente,
hipocarbónica e resistente às alterações climáticas, através da transição para as energias limpas,
da proteção e da melhoria da qualidade do ambiente, com vista a suster e inverter a perda de
biodiversidade, contribuindo para o desenvolvimento sustentável
Este Programa tem como ações elegíveis: Projetos estratégicos, Projetos de ação, Projetos de
assistência técnica e Ações de apoio ao reforço de capacidades, de acordo com o estipulado em
cada Aviso.
Importa ainda sobre esta matéria referir que alguns dos Programas referenciados anteriormente,
tais como o INTERREG, o HORIZONTE EUROPA, o Programa LIFE e a INICIATIVA URBANA
EUROPEIA, não se destinam ao financiamento de infraestruturas e trabalhos de construção, mas
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No Município da Figueira da Foz, prevê-se que o Orçamento Municipal seja direcionado para um
conjunto de projetos que contemplem as seguintes características:
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Lançada em setembro de 2015 como parte do Plano de Investimento para a Europa, a Plataforma
Europeia de Aconselhamento ao Investimento (PEAI) é um instrumento que permite reforçar o
ambiente de investimento da Europa e melhorar a qualidade dos projetos de investimento. A
PEAI foi concebida para funcionar como um ponto de entrada único para uma oferta abrangente
de serviços de aconselhamento e assistência técnica. A Plataforma visa melhorar a qualidade
dos projetos de investimento, oferecendo apoio consultivo personalizado aos promotores de
projetos europeus. Baseia-se nos conhecimentos especializados da Comissão Europeia, do
Grupo do Banco Europeu de Investimento, dos bancos e instituições de fomento nacionais e das
autoridades de gestão dos Estados-Membros da UE.
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Com o presente Plano, o Município da Figueira da Foz pretende operacionalizar a sua Estratégia
Municipal da Adaptação às Alterações Climáticas, dando assim continuidade à política de
sustentabilidade que tem vindo a ser desenvolvida.
Neste contexto, o desafio para os próximos anos passa, inevitavelmente, por garantir que as
autoridades nacionais, o setor privado e a sociedade civil implementam os compromissos de
redução de emissões de gases com efeito de estufa assumidos, aumentando, em simultâneo, a
percentagem de energias renováveis a eficiência energética e a capacidade de interligação,
aumentando gradualmente o nível de ambição existente no cumprimento do Acordo de Paris.
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- GAIO, Susana Sofia Marques (2016). “Produção de água potável por dessalinização:
tecnologias, mercado e análise de viabilidade económica”. Mestrado Integrado em Engenharia
da Energia e do Ambiente
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-MARUJO, Érica; GONÇALVES, Nuno; DIAS, Rui (2022). “Alterações Climáticas: Riscos e
desafios Macro-Orçamentais”. Conselho das Finanças Públicas. Publicação Ocasional n.º
03/2022.
- MONTEIRO, Ana Catarina Cavaco (2018). “Aplicação de painéis solares em edifícios públicos
para autoconsumo fotovoltaico”. Trabalho Final de Mestrado. Instituto Superior de Engenharia
de Lisboa.
- OBR (2021). “Fiscal risks report, July 2021.” Office for Budget Responsibility.
- PACTO DOS AUTARCAS PARA O CLIMA E ENERGIA (2016) - Comissão Europeia. “Guia
para a apresentação dos resultados do Pacto de Autarcas para o Clima e Energia”.
- Plano Nacional Energia e Clima 2030 (PNEC 2030), Resolução do Conselho de Ministros n.º
53/2020, de 10 de julho.
-SCIENCE BASED TARGETS NETWORK – Global Commons Alliance (2020). “Metas Baseadas
na Ciência: Um Guia para as Cidades”.
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Sítios (Internet):
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12. Anexos
Anexo 1 – Projeções demográficas para o País, Região Centro e Município da Figueira da Foz
(CCDRC)
Anexo 2 - Inventário de Referência de Emissões (IRE) de Gases com Efeito de Estufa (2008)
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Anexo 1 – Projeções demográficas para o País, Região Centro e Município da Figueira da Foz
(CCDRC)
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2022
Projeções
demográficas 2030
MUNICÍPIO DA FIGUEIRA DA FOZ
FEVEREIRO DE 2022
Enquadramento
Importa conhecer as dinâmicas populacionais das últimas décadas, essenciais para se
compreender os fatores e condições de competitividade de cada um dos territórios. No entanto,
não interessa apenas compreender o passado, sendo determinante conhecer os quantitativos e
as características futuras de uma população, base para a definição de cenários para as diversas
atividades públicas e privadas. É tendo em atenção este pano de fundo que o conhecimento da
dinâmica demográfica se afigura como essencial para que se possa, com antecedência e
ponderação, refletir sobre as principais tendências que se prefiguram, ordenando o espaço da
forma mais adequada e no quadro de uma racionalidade que se pretende dinâmica, gerindo
mais eficazmente recursos que, como bens escassos que são, exigem ponderação nas decisões
a tomar.
No Cenário de População Fechada, o conjunto dos municípios da Região Centro perde população
nesta década, fenómeno particularmente gravoso nos municípios mais rurais e do interior.
1
País, Continente e NUTs2
Projeções Demográficas até 2030 por Sexo e Grupo Etário alargado
Legenda
2
NUT3 Região de Coimbra
Projeções Demográficas até 2030 por Sexo e Grupo Etário quinquenal
Legenda
3
Município da Figueira da Foz
Projeções Demográficas até 2030 por Sexo e Grupo Etário quinquenal
Legenda
4
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Anexo 2 – Inventário de Referência de Emissões (IRE) de Gases com Efeito de Estufa (2008)
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- Inventário de Referência de
Emissões -
Elaborado por:
Departamento de Planeamento e Urbanismo
Divisão de Planeamento
- Figueira da Foz -
Julho de 2023
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Diagnóstico Energético
Importa referir que não foi possível recolher informação de índole estatística, que permitisse
quantificar e caracterizar a produção energética ocorrida no concelho da Figueira da Foz, no ano
de 2008. Assim sendo, face à informação disponível, à data, apenas foi possível incorporar no
IRE informação alusiva à vertente “consumo energético”.
Por integrar um conjunto de informação quantitativa, quer relativa ao consumo energético quer
às respetivas emissões de CO2 associadas, desagregada por vetor energético e por categoria
de consumo, o IRE permitirá, por um lado, identificar a natureza das entidades emissoras de CO 2
e, por outro, adequar ao território da Figueira da Foz uma estratégia de atuação em prol da
melhoria do respetivo desempenho energético‐ambiental.
Metodologia
Com o intuito de maximizar a fiabilidade do IRE, para efeitos da respetiva elaboração recorreu-
se, sempre que possível, a informação estatística oficial, oriunda da Direção-Geral da Energia e
Geologia (DGEG). Desta forma, foi processada a informação constante no Quadro 1.
Período de
Vetor
Descrição referência dos Fontes
Energético
dados
Eletricidade Consumo de Energia Elétrica (kWh) por tipo de consumidor 2008 DGEG
Gás Natural Consumo de Gás Natural (103 Nm3) por Concelho 2008 DGEG
Combustíveis Vendas de Produtos do Petróleo no Mercado Interno por
2008 DGEG
fósseis Sector de Atividade Económica e Município em 2008
Quanto ao processamento de informação efetuado, com base nos dados recolhidos e para cada
um dos vetores energéticos em apreço, foram promovidos os seguintes tipos de análise:
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Quadro 2 - Articulação entre as categorias definidas no IRE e os setores definidos, para a Mitigação, no
“Guia de Orientações para os Planos Regionais de Ação Climática” e no “Guia para a apresentação dos
resultados do Pacto dos Autarcas para o Clima e Energia”
Guia de Orientações para os Pacto dos Autarcas para o Inventário de Referência
PRAC (APA) Clima e Energia (PAESC) Emissões (IRE)
Produção de eletricidade Produção de eletricidade Produção de eletricidade
Edifícios, equipamentos e Administração Local (Edifícios e
Edifícios de serviços e instalações municipais equipamentos municipais)
residenciais Administração Pública (Edifícios do
estado)
40 40
Procede à publicação dos fatores de conversão para tonelada equivalente petróleo (tep) de teores em energia de combustíveis
selecionados para utilização final, bem como dos respetivos fatores para cálculo da Intensidade Carbónica pela emissão de gases
com efeito de estufa, referidos a quilograma de CO2 equivalente (kgCO2e).
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• Importa referir que, para a energia elétrica, a DGEG não tem dados disponíveis
desagregados ao nível da Administração Local (edifícios e equipamentos municipais)
pelo que apenas foram considerados os dados da Administração Pública (Edifícios do
estado);
• De acordo com o “Guia para a apresentação dos resultados do Pacto de Autarcas para
o Clima e Energia” (2016), não é recomendável integrar as indústrias transformadoras e
de construção abrangidas pelo Regime de Comércio de Licenças (CELE) de Emissão da
União Europeia nos inventários de emissões de GEE. De facto, o CELE permite às
empresas emitir GEE, dentro de um limite atribuído, permitindo que as empresas
negociem entre si as licenças emitidas. Neste âmbito importa referir que o Município da
Figueira da Foz, à data de 2008, acolhia sete instalações de produção industrial e de
eletricidade que se encontravam abrangidas pelo Comércio Europeu de Licenças de
Emissão (APA, Maio, 2008), nomeadamente:
- Saint Gobain Mondego, SA
- CELBI
41
Atual “Navigator Company”
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CELE. No entanto, uma vez que os dados estatísticos relativos aos consumos
energéticos, disponíveis publicamente, não se encontram desagregados ao nível das
entidades, optou-se por se proceder a esta contabilização, tendo em consideração o
agrupamento das entidades ao nível da Classificação das Atividades Económicas (CAE).
Neste seguimento, não foram considerados os seguintes CAE’s, que abrangem as
respetivas instalações: CAE 17 - Fabricação de pasta, de papel, de cartão e seus artigos
(onde se inclui a SOPORCEL, a ENERPULP e a CELBI); CAE 23 – Fabricação de outros
produtos minerais metálicos (nomeadamente “Fabricação de vidro”, onde se inclui a
Saint Gobain Mondego, SA, a “Fabricação de cimento”, onde se inclui a CIMPOR, e
“Fabricação de produtos cerâmicos”, onde se inclui a Cerâmica das Alhadas) e CAE 35
– Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio (onde se inclui a SOPORGEN).
Energia Elétrica
Na Figura 1 apresenta-se a desagregação do consumo de energia elétrica por categoria definida,
no concelho da Figueira da Foz, no ano 2008.
55 600,7
Figura 1 – Consumo de energia elétrica, por categoria (com exceção dos CAE afetos às instalações CELE,
no concelho da Figueira da Foz), em 2008 (DGEG, 2023)
Da análise da figura anterior constata-se que as categorias “Doméstico” e “Não Doméstico” foram
as que apresentaram valores de consumo mais elevados (com aproximadamente 32% do
consumo e 31%, respetivamente), repartindo-se a fração remanescente pelas restantes
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Quadro 3 – Consumo de energia elétrica e emissões de CO2 associadas, por categoria, no concelho da
Figueira da Foz, em 2008 (DGEG, 2023)
Emissões CO2
Categoria Total (MWh)
(tCO2)
Edifícios do estado 9101,0 3 585,79
Não doméstico 75 645,3 29 804,26
Doméstico 79 193,3 31 202,16
Transportes 803,3 316,48
Indústria 55 600,7 21 906,69
Resíduos e Águas Residuais 6 001,2 2 364,47
Agricultura, Pesca e Floresta 10 814,1 4 260,77
Iluminação de vias públicas 10 612,9 4 181,46
Total 247 771,8 97 622,09
Importa referir que, na determinação das emissões de CO2 associadas ao vetor energético
“energia elétrica”, foi utilizado o fator de emissão 0,394 tCO2eq/MWh42.
A análise do quadro anterior permite constatar que o consumo de energia elétrica originou a
emissão de cerca de 97 622 ton de CO2 para a atmosfera sendo que, conforme seria previsível,
as categorias “Doméstico” e “Não Doméstico” foram as maiores emissoras de CO2 (com 32% e
31%, respetivamente).
Gás natural
Na Figura 2 apresenta-se a desagregação do consumo de gás natural registado no Município da
Figueira da Foz, no ano 2008.
42
FE_GEE_Eletricidade2023rev3.pdf (apambiente.pt)
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11510,63
4916,61
Figura 2 – Consumo de gás natural registado no concelho da Figueira da Foz, em 2008, sem as instalações
abrangidas pelo CELE
Pela análise da figura anterior constata-se que as categorias que apresentam maior registo de
consumo são a categoria “Doméstico”, seguido da categoria “Não Doméstico”, com 62% e 26%
do consumo de gás natural, respetivamente.
O quadro seguinte apresenta a repartição, por categoria, do consumo de energia elétrica, e das
emissões de CO2 associadas.
Quadro 4 – Consumo de Gás Natural e emissões de CO2 associadas, por categoria, em 2008, sem as
instalações CELE (DGEG, 2023)
Categoria Total (MWh) Emissões CO2 (tCO2)
Edifícios do estado 216,54 43,74
Edifícios e equipamentos municipais 24,06 4,86
Não doméstico 11 510,6 2 325,1
Doméstico 26 911,1 5 436,0
Indústria 4 916,61 993,16
Agricultura, Pesca e Floresta 2,49 80,5
Total 43 581,4 8 803,45
Importa referir que, na determinação das emissões de CO2 associadas ao vetor energético “gás
natural”, foi utilizado o fator de emissão 0,202 tCO2/MWh43.
A análise do quadro anterior permite constatar que o consumo de gás natural originou a emissão
de cerca de 8 803 ton de CO2 para a atmosfera sendo que, conforme seria expectável, as
categorias “Doméstico” e “Não Doméstico” foram as maiores emissoras de CO2 (com 62% e
26%, respetivamente), seguindo-se a “Indústria” (com 10%).
Fator de emissão – Anexo técnico das instruções de preenchimento do modelo do plano de ação para a
43
energia sustentável e clima, no âmbito do Pacto dos Autarcas para o Clima e Energia
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Para efeitos do presente inventário, foi efetuada a consulta dos dados relativos às “Vendas de
Produtos do Petróleo no Mercado Interno por Sector de Actividade Económica e Município em
2008”, disponíveis na DGEG. O Quadro 5 apresenta a desagregação de vendas de combustíveis
petrolíferos por categoria, em 2008, para o concelho da Figueira da Foz.
Quadro 5 – Consumo de combustíveis petrolíferos, por categoria, no concelho da Figueira da Foz, em 2008
(DGEG, 2023)
Combustíveis petrolíferos (MWh)
GPL Outros
Categoria (Butano, Petróleo (lubrificantes,
Gasolina Gasóleo Fuelóleo Total
Propano, carburante asfaltos,
Gás Auto) solventes)
Edifícios do
817,86 0,00 0,00 0,00 732,91 0,00 1 550,77
estado
Edifícios e
equipamentos 2 368,18 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2 368,18
municipais
Não doméstico 76 364,42 0,00 19 164,09 0,00 13 322,03 47 881,93 156 732,47
Doméstico 12 383,47 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 12 383,47
Transportes 4 943,49 88 727,40 253 605,86 0,00 0,00 150,58 347 427,34
Indústria 0,00 0,00 5 363,34 0,00 4 563,46 187,24 10 114,03
Resíduos 714,81 0,00 2 189,16 0,00 0,00 0,00 2 903,97
Agricultura 0,00 0,00 11 877,74 157,97 4 048,09 71,92 16 155,71
Iluminação de
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
vias públicas
Total 97 592,24 88 727,40 292 200,19 157,97 22 666,48 48 291,67 549 635,94
O quadro anterior permite constatar que, naturalmente, a categoria dos “Transportes” (mais
especificamente, os transportes terrestres) foi a que apresentou maior consumo de produtos
petrolíferos, com 63% do consumo total, seguindo-se a categoria “Doméstico”, com 28%.
O combustível petrolífero mais consumido foi o “Gasóleo”, com 53%, seguindo-se o “GPL” e a
“Gasolina”, com 18% e 16%, respetivamente (Figura 3).
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O Quadro 6 apresenta a repartição, por categoria, das emissões de CO2 associadas aos
combustíveis petrolíferos, registados no concelho da Figueira da Foz, no ano 2008.
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Importa referir que, na determinação das emissões de CO2 associadas ao vetor energético
“combustíveis fósseis”, foram utilizados os seguintes fatores de emissão 44:
Gás liquefeito ‐ 0,227 t CO2/MWh;
Óleo de aquecimento ‐ 0,267 t CO2/MWh;
Gasóleo (diesel) ‐ 0,267 t CO2/MWh;
Gasolina ‐ 0,249 t CO2/MWh;
Outros combustíveis ‐ 0,279 t CO2/MWh.
Balanço global
Os Quadros 7 e 8 apresentam o resumo do consumo de energia, por vetor energético, e o
resultado das respetivas emissões de CO2 associadas ao consumo de energia elétrica, gás
natural e combustíveis petrolíferos, por categoria, no concelho da Figueira da Foz, em 2008.
Quadro 7 – Consumo de energia elétrica, gás natural e combustíveis petrolíferos, por categoria, no
concelho da Figueira da Foz, em 2008 (DGEG, 2023)
Consumo de Energia (MWh)
Produtos Total
Tipo de consumidor Energia elétrica Gás Natural
Petrolíferos
Edifícios do estado 216,54 1 550,77
9101,0 13 260,55
Edifícios e equipamentos
24,06 2 368,18
municipais
Não doméstico 75645,3 11510,63 156 732,47 243 888,40
Doméstico 79193,3 26911,11 12 383,47 118 487,88
Transportes 803,3 0 347 427,34 348 230,64
Indústria 55 600,7 4916,61 10 114,03 70 631,34
Resíduos e águas residuais 6001,2 0 2 903,97 8 905,17
Agricultura, Pesca e Floresta 10814,1 2,49 16 155,71 26 972,30
Iluminação de vias públicas 10612,9 0 0,00 10 612,90
Total 247 771,80 43 581,44 549 635,94 840 989,18
44Fator de emissão – Anexo técnico das instruções de preenchimento do modelo do plano de ação para a energia sustentável e
clima, no âmbito do Pacto dos Autarcas para o Clima e Energia
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Quadro 8 – Emissões de CO2 associadas ao consumo de energia elétrica, gás natural e combustíveis
petrolíferos, por categoria, no concelho da Figueira da Foz, em 2008 (DGEG, 2023)
Emissões CO2 (t CO2)
Produtos Total
Categoria Energia Elétrica Gás Natural
Petrolíferos
Edifícios do estado 43,74 390,14
Edifícios e equipamentos 3 585,79 4 562,11
4,86 537,58
municipais
Não doméstico 29 804,26 2 325,15 39 527,44 71 656,85
Doméstico 31 202,16 5 436,04 2 811,05 39 449,25
Transportes 316,48 0,00 90 970,07 91 286,55
Indústria 21 906,69 993,16 2 757,46 25 657,31
Resíduos e águas residuais 2 364,47 0,00 746,77 3 111,24
Agricultura, Pesca e Floresta 4 260,77 0,50 4 364,91 8 626,18
Iluminação de vias públicas 4 181,46 0,00 0,00 4 181,46
No cômputo geral do concelho da Figueira da Foz, constata-se que, para o ano 2008, o consumo
de produtos petrolíferos foi o mais representativo, com cerca de 57% das emissões de CO2,
seguindo-se o consumo de energia elétrica (com 39% da emissão de CO2) e o consumo de gás
natural (com 4%).
Por outro lado, conforme já referido anteriormente, a categoria “Transportes” foi a que mais
emissões de CO2 emitiu (37%), seguindo-se o setor “Não Doméstico” (com 29%), o “Doméstico”
(com 16%), e a “Indústria” não CELE, com 10%.
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Assim, até 2030 o Município da Figueira da Foz precisa de reduzir 59% das suas emissões
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