Você está na página 1de 4

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

O TRABALHO NA LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL

- RELAÇÃO EXISTENTE ENTRE EDUCAÇÃO E TRABALHO;

(Quanto mais se consolida uma sociedade global baseada na produção de


bens de consumo, mais se tende a incorporar como objetivo da educação, transformado em
lei, a preparação ou qualificação para o trabalho econômico).

Art. 2º [...] tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu


preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 2018, p. 08)

Art. 36-A. Parágrafo Único “A preparação geral para o trabalho e,


facultativamente, a habilitação profissional poderão ser desenvolvidas nos próprios
estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação com instituições especializadas em
educação profissional”. (BRASIL, 2018, p. 28)

- A DEFINIÇÃO DE CARÁTER UNIVERSAL;

(O desenvolvimento do sistema de ensino se consolidou como o que


conhecemos agora principalmente em função desses modelos, buscando a partir de então um
caráter universal).

- ESCOLA PARA RICOS X ESCOLA PARA POBRES;

(Até 1888, com o trabalho escravo, definiu a exclusão da população


trabalhadora da educação escolar por quase 300 anos, por causa da nossa história
escravagista, o trabalho principalmente o braçal, consolidou-se como impróprio para as
camadas da população economicamente favorecidas, com isso, a oferta da educação, para
nós, sempre esteve marcada pela divisão entre - escolas de ricos – preparatórias para um
ensino mais elevado – e escola para pobres – onde sua função principal seja a de qualificar um
contingente significativo da parcela de “deserdados da sorte”).

- LEI Nº 5. 692/71

“No mês passado, o Senado aprovou e a Presidência da República


sancionou uma reforma no ensino médio que amplia a carga horária dos alunos e permite que
eles próprios escolham uma parte das disciplinas que vão cursar.” (BELTRÃO, Senado Notícias,
2017, p. 01).

“A necessidade de mão de obra foi o argumento do governo de Emílio


Médici ao conceber a reforma do ensino. O Brasil vivia o milagre econômico, com
industrialização acelerada e expectativa de crescimento. O país precisava de trabalhadores,
sustentava o presidente.” (BELTRÃO, Senado Notícias, 2017, p. 01).

[...] Germano (1993, p. 185) afirma a Lei nº 5.692/72 representou uma


opção caduca na medida em que em que tomou uma direção contrária às tendências que
ocorriam [...] nos países de economia capitalista, com relação à qualificação da força de
trabalho, uma vez que o setor produtivo daqueles países já estavam a exigir, “cada vez mais,
trabalhadores com sólida – mesmo que básica – formação em matemática, língua e ciência”

(Sem dúvidas foi inovador se levarmos em consideração os seus princípios


norteadores tocante à educação profissional, abarcando toda a população escolar a partir,
especialmente, do antigo ensino médio, independente da classe social, e superando, ao menos
no âmbito da lei, aquela segmentação antes existente. Mas a sua promulgação representou
um tremendo fiasco, considerando a falta de estrutura adequada para pô-la em prática...)

- LEI 5.692/71 E O FIM DO APARTHEID DAS ESCOLAS ENTRE RICOS E


POBRES?

(motivou exatamente o contrário do que supostamente pretendia que era a


interação entre formação geral e ensino profissionalizante, pois, à medida que impôs a
degradação de antigas escolas técnicas e a depreciação do ensino médio, fortaleceu as escolas
privadas, que passaram a controlar o ingresso as Universidades Públicas e a elitização já
bastante grande nas Universidades Públicas).

OS CAMINHOS LEGAIS DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Existem dois tipos de formação profissional: aquele que é incorporado na


organização do ensino formal, particularmente no ensino médio; outro, na informalidade,
desenvolvido nos ambientes de trabalho, mas não exclusivamente nele.

NO SISTEMA FORMAL DE ENSINO:

“Art. 36-B. A educação profissional técnica de nível médio será


desenvolvida nas seguintes formas: I – articulada com o ensino médio; II – subsequente, em
cursos destinados a quem já tenha concluído o ensino médio.” (BRASIL, 2018, p. 28).

(o ensino médio, atendida a formação geral do educando, poderá prepara-


lo para o exercício de profissões técnicas e que a preparação geral para o trabalho poderão ser
desenvolvidas nos estabelecimentos de ensino médio)

- A FLEXIBILIDADE E O APRENDER A APRENDER

(a flexibilidade espera que o trabalhador esteja intimamente ligado à


capacidade de atendimento das demandas produtivas, assim como o aprender a aprender,
neste caso perde o seu sentido original de independência intelectual, transformando-se num
atributo altamente desejado em um modelo de produção, refém de mudanças vigorosas,
capaz de conquistar a competitividade exigida pelo mercado. Importante salientar que a
relação da teoria com a prática, neste sentido, não está vinculada simplesmente à
contextualização de um conhecimento teórico com o cotidiano do educando de maneira geral,
mas, especificamente, com o aspecto da produção na sociedade capitalista).

- EXAME NACIONAL DE ENSINO MÉDIO E O ENEM

(não é por acaso que o Exame Nacional do Ensino Médio, conforme


apresentação na home-page do Inep em maio de 2001, promete ser capaz de demonstrar, aos
que a ele se submetem, as “possibilidades individuais de enfrentar problemas do dia a dia...”,
estando seu objetivo muito mais voltado à análise de competências e habilidades do que de
conhecimentos teóricos. O Enem, tem como base um modelo de análise elaborado na década
de 1970, em decorrência da insatisfação com as medidas acadêmicas tradicionais, como os
testes de conhecimento e atitudes e mesmo as notas e os diplomas, consideradas insuficientes
para predizer o rendimento no trabalho (TRUJILLO, 1999), em situações de seleção
profissional).

O FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

- LEI N° 11.494/07

(regulamenta o fundo de manutenção e desenvolvimento da educação


básica e de valorização dos profissionais da educação (FUNDEB), o qual substitui o antigo
modelo, o fundef, cuja dotação financeira da União destinava-se exclusivamente ao ensino
fundamental, deixando de lado os outros níveis de ensino, tal medida pretende concorrer para
a redução das desigualdades entre regiões brasileiras, por meio do aumento progressivo da
complementação do governo federal ao fundo, cujos recursos terão origem na vinculação de
parcelas de tributos aos gastos com o ensino).

- FUNDO DE MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA E


DE VALORIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO – FUNDEB

“O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de


Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) atende toda a educação básica, da creche
ao ensino médio. Substituto do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), que vigorou de 1997 a 2006, o Fundeb
está em vigor desde janeiro de 2007 e se estenderá até 2020.” (BRASIL, 2018).

(apesar da proposta do FUNDEB ter passado por profundas modificações


desde 1999, persistem algumas discussões sobre a sua eficácia, embora possamos destacar a
concordância no campo educacional, acerca da importância e validade da vinculação de parte
de impostos para a educação. A primeira está em proporem fundos para “pedaços” do sistema
de Ensino, excluindo os outros. Se a fundeb significa um avanço em relação a fundef, ainda
persiste na visão fragmentada do ensino. A outra questão diz respeito aos limites mínimos de
vinculação das receitas dos governos que se estabelecem num percentual fixo dos impostos, o
que não implica, necessariamente, que tais recursos sejam suficientes para se atingir um limite
mínimo de qualidade)

REFLEXÃO:

▪ Por que o fundo só prevê recursos para ela desde que vinculada ao ensino médio ou a
educação de Jovens e Adulto (EJA)?
▪ Ao decorrer dos anos houve um forte incentivo à desvinculação do Ensino Médio do
Ensino Profissional, não parece incoerente destinar recursos somente à educação
profissional que se integra ao ensino médio?

Você também pode gostar