Você está na página 1de 4

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO – UEMA

NÚCLEO DE TECNOLOGIA PARA EDUCAÇÃO – UEMANET


UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL – UAB
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS E METODOLOGIA DO ENSINO DA LÍNGUA
PORTUGUESA
ALUNO: MARIA SOYARA DOS REIS DE ALMEIDA

CARTA ARGUMENTATIVA
CONTO: A CARTOMANTE DE MACHADO DE ASSIS

CAXIAS – MA
FEVEREIRO – 2022
Caxias, 14 de fevereiro de 2022.
Prezado Machado de Assis,

Primeiramente, gostaria de parabeniza-lo pelo belíssimo conto “A


Cartomante”. As ideias realistas do momento expressas na obra, somadas ao tom
pessimista, irônico e a forte crítica à sociedade de então, me envolveram completamente
na leitura. Gostei tanto, que gostaria, se me permite, de sugerir um outro final para a
personagem Rita.

A obra apresenta várias características marcantes de sua escrita como a


metalinguagem, a intertextualidade, a paródia, o humor cáustico e permanente, a ironia
sutil e a personificação. Não podemos negar, que a narrativa nos faz imaginar um
determinado desfecho, e no final, somos surpreendidos com uma tragédia, que para
muitos, poderia ser o preço pago pelo romance proibido. Creio que, como autor, teve
suas razões para um final trágico e ao mesmo tempo esperado, quando as paixões falam
mais alto e razão deixa de guiar as ações.

Rita, uma mulher casada e ao mesmo tempo apaixonada pelo melhor amigo do
marido, não tinha medo se expressar seus sentimentos para Camilo. Amor proibido, é
claro. Não podemos aprovar a atitude dos amantes. A consequência: a personagem Rita
acabou sendo morta pelo próprio marido. Será que ela não merecia uma segunda
chance?

Uma chance de pedir perdão, ou até mesmo, viver o amor pro Camilo, sem
correr riscos. O novo final que venho sugerir, nos faz acreditar em segundas chances,
que a vida sempre pode nos reservar.

Primeiro, uma personagem mística e misteriosa: A Cartomante, que ao


perceber o amor e Rita por Camilo, afirma para jovem que não deveria se preocupar, o
amor era correspondido, deixando Rita tranquila e satisfeita. A mesma Cartomante,
diante do desespero de Camilo, que aflito queria saber se estava indo para uma
emboscada, encoraja Camilo, e diz que ele não tivesse medo de nada. Foi por causa
dessas palavras, que ele seguiu sua viagem tranquilo e acabou perdendo a vida. Talvez a
dúvida teria sido melhor nesse momento, ou quem sabe, se ele tivesse mantido suas
crenças, um Camilo que, no início do conto, rir de Rita por frequentar uma cartomante,
ele não acreditava em adivinhações. Se tivesse seguido seus próprios instintos, não teria
confiado tanto, e não entraria na Casa do amigo de peito aberto e levaria um tiro.

Por um lado, Rita, uma mulher apaixonada. Por outro, dois amigos Vilela e
Camilo. O marido e o amante. A História do triângulo amoroso deixa claro, que ela
amava muito Camilo, o amante, e vivia socialmente com Vilela, apenas de aparências,
porque o amor acabara, a paixão gritava o nome de Camilo. Vemos uma mulher que
acredita e defende suas crenças e ama sem medo das consequências. E é para essa
mulher que venho propor um final diferente na trama.

A carta enviada de Vilela para Camilo, permanece. O marido descobre a


traição e resolve tirar tudo a limpo. Escreve para o amigo e o espera em sua residência.
Enquanto isso, Vilela já conversou com Rita e tentou entender porque foi traído. Rita
explica que por muitas e muitas noites, se sentiu abandonada e sozinha e encontrou um
consolo nos braços de Camilo. Que um dia, amou sim Vilela, mas seu coração agora
batia por outro. Vilela não se conforma com a traição e amarra Rita, para aguardar o
amigo, que se envolvera com a sua esposa.

Camilo chega, vê Rita amarrada e se desespera. Vilela confronta o amigo e diz


que a traição dos dois não ficaria impune. Enquanto eles discutiam, Rita consegue se
soltar, pega um objeto pesado, que pode ser um jarro, ou até mesmo um pedaço de
madeira, e arremessa contra Vilela, na tentativa de salvar Camilo. Vileta é atingido na
cabeça, Camilo consegue pegar a faca que guardava na cintura e atinge Vilela, que no
ato de desespero para salva-se, atira contra Camilo. Os dois caem mortos na casa. Rita
se desespera, pois no mesmo dia perdeu o Amante o Marido. A tragédia faz Rita refletir
sobre seus atos. O sentimento de culpa, agora seguiria seus passos pro resto da vida.
Porém, viva, ela teria uma nova chance de recomeçar!

Esse seria um final e tanto não acha? Espero que considere essas
possibilidades.

Atenciosamente,

Maria Soyara dos Reis de Almeida,

Leitora e Jornalista.
REFERÊNCIA

ASSIS, Machado de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar 1994. V. II.

Você também pode gostar