Você está na página 1de 4

Física 2 - Ondas e Termodinâmica

Para Cientistas e Engenheiros - IMEF FURG


Dr. Cristian Giovanny Bernal

11. Movimento periódico


11.1 Introdução

Figura 11.1: A oscilação é um fenómeno universal em sistemas deslocados do equilíbrio. Um caso especial é o movimento
harmónico simples, exibido por molas, pêndulos e até mesmo moléculas.

Sobre as oscilações
Muitos tipos de movimento se repetem indefinidamente (e.g., vibração de um cristal de quartzo ou a
oscilação de um pêndulo). Esse tipo de movimento, é chamado de movimento periódico ou oscilação.

Um corpo que executa movimento periódico encontra-se sempre em uma posição de equilíbrio estável.
Quando ele é deslocado dessa posição e liberado, surge uma força ou um torque que o faz retornar à sua
posição de equilíbrio. Quando ele atinge esse ponto, entretanto, pelo fato de haver acumulado energia
cinética, ele o ultrapassa, parando em algum ponto do outro lado e sendo novamente puxado para sua
posição de equilíbrio.

As oscilações reais diminuem de intensidade com o tempo e algumas oscilações podem se superpor e
construir deslocamentos cada vez maiores quando forças periódicas atuam sobre o sistema.

11.2 Causas da oscilação


11.2.1 Sistema bloco-mola
11.2.1.1 Descrição do sistema
Este é um dos sistemas mais simples que podem executar um movimento periódico. Um corpo de massa m
está em repouso sobre um trilho horizontal sem atrito, como no caso de um trilho de ar linear, de modo que
ele pode se mover apenas ao longo do eixo Ox. A mola presa ao corpo possui massa desprezível e pode ser
comprimida ou esticada.

Figura 11.2: O sistema bloco-mola é um sistema que pode ter movimento periódico.

A mola presa ao corpo possui massa desprezível e pode ser comprimida ou esticada. A extremidade esquerda
da mola é mantida fixa e sua extremidade direita está presa ao corpo. A força da mola é a única força
horizontal que atua sobre o corpo; a força vertical normal sempre anula a força gravitacional.

Demonstração Computacional 11.1: Oscilações de um sistema bloco-mola.

11.2.1.2 Propriedades dinâmicas


Caso não existisse atrito nem outra força capaz de remover a energia mecânica do sistema, esse
movimento se repetiria eternamente.

A força restauradora sempre obrigaria o corpo a voltar para sua posição de equilíbrio e todas as vezes ele
ultrapassaria essa posição. As oscilações sempre ocorrem quando existe uma força restauradora.

Figura 11.3: O sistema bloco-mola é um sistema que pode ter movimento periódico.

11.2.2 Propriedades da oscilação


A seguir, definimos alguns termos que serão usados na discussão de todos os tipos de movimentos
periódicos: amplitude, período, frequência e frequência angular.

11.2.2.1 Algumas definições


A amplitude do movimento, designada por A, é o módulo máximo do vetor deslocamento do corpo a partir
da posição de equilíbrio. Ela sempre é positiva. A unidade SI desta grandeza é o metro.

O período, T, é o tempo correspondente a um ciclo. Ele é sempre positivo. A unidade SI é o segundo,


porém algumas vezes ele é expresso em “segundos por ciclo”.

A frequência, f, é o número de ciclos em uma unidade de tempo (inverso do período). Ela é sempre
positiva. A unidade SI de frequência é o hertz (Hz).

11.2.2.2 Frequência angular


A frequência angular ω é definida em função frequência natural (ou do período), tendo em consideração a
possível rotação do sistema. Possui unidades de rad/s.

Equação 11.1: Definições das grandezas básicas das oscilações.

Exemplo 11.1: O transdutor ultrassónico

Um transdutor ultrassónico (uma espécie de alto-falante), usado para diagnóstico médico, oscila com uma
frequência igual a 6,7 MHz. Quanto dura uma oscilação e qual é a frequência angular?

Exercício 11.1: O diapasão

A extremidade de um diapasão executa 440 vibrações completas em 0,500 s. Calcule a frequência angular e
o período do movimento.

11.3 Movimento Harmónico Simples - MHS


11.3.1 Propriedades do MHS
11.3.1.1 A lei de Hooke
O tipo mais simples de oscilação ocorre quando a força restauradora F é diretamente proporcional ao
deslocamento x da posição de equilíbrio. Isso ocorre quando a mola é ideal, ou seja, quando ela obedece à lei
de Hooke.

Equação 11.2: Lei de Hooke e a equação de movimento do oscilador harmónico.

11.3.1.2 Analise das equações e analise gráfico


A constante de proporcionalidade entre F e x é a constante da força ou constante k. Esta constante da
mola é sempre positiva e suas unidades são N/m (um conjunto de unidades alternativo e útil é kg/s ).

O sinal negativo indica que, no MHS, a aceleração sempre possui sentido contrário ao do deslocamento.
Essa aceleração não é constante.

Um corpo que executa um movimento harmónico simples é chamado oscilador harmónico.

Em muitos sistemas a força restauradora é aproximadamente proporcional ao deslocamento no caso de ele


ser suficientemente pequeno.

Figura 11.4: Em muitas oscilações reais, a lei de Hooke se aplica desde que o corpo não se afaste muito da posição de equilíbrio.

11.3.1.3 Gráfico sinusoidal


As oscilações de um sistema bloco-mola, se harmónicas, geram um gráfico sinusoidal. Isso dá a ideia da
relação entre o movimento periódico e o circular.

Demonstração Computacional 11.2: Movimento harmónico simples em um sistema bloco-mola.

11.3.2 Movimento circular e o MHS


11.3.2.1 Sobre esta relação dinâmica
Para explorar as propriedades do movimento harmónico simples, devemos representar a distância x do
corpo que oscila em função do tempo, x(t). Para isso, deduziremos uma expressão para x(t) notando que o
MHS está relacionado ao movimento circular uniforme.

Figura 11.5: Relacionando o movimento circular uniforme e o movimento harmónico simples.

A demonstração computacional a seguir, mostra a relação entre o movimento circular uniforme de um


pistão de gás (ou uma mola) e o movimento harmónico simples.

Demonstração Computacional 11.3: Movimento circular uniforme e movimento harmónico simples.

11.3.2.2 Propriedades cinemáticas


O movimento harmónico simples é a projeção de um movimento circular uniforme sobre um diâmetro do
círculo.

Figura 11.6: Diagramas de velocidade e aceleração sendo projetadas no eixo x, correspondendo a um movimento harmónico
simples.

A aceleração do ponto A é diretamente proporcional ao deslocamento x e sempre possui sentido contrário a


ele. Essas são precisamente as características básicas do MHS.

Temos que saber que o ângulo depende do tempo. Assim, a componente horizontal pode ser usada para
encontrar a equação de movimento.

11.3.2.3 Períodos e frequências


No movimento harmónico simples, o período e a frequência não dependem da amplitude A. Estes são
completamente determinados pela massa m e pela constante de força k.

Quando você encontrar um corpo oscilando com um período que dependa da amplitude, a oscilação não
corresponderá a um movimento harmónico simples.

Equação 11.3: As frequências natural e angular e o período, em termos de parâmetros físicos.

Exemplo 11.2: O dinamómetro

A extremidade esquerda de uma mola horizontal é mantida fixa. Ligamos um dinamómetro na extremidade
livre da mola e puxamos para a direita; verificamos que a força que estica a mola é proporcional ao
deslocamento e que uma força de 6,0 N produz um deslocamento igual a 0,030 m.
A seguir, removemos o dinamómetro e amarramos a extremidade livre a um corpo de 0,50 kg, o puxamos até
uma distância de 0,020 m para a direita ao longo de um percurso sem atrito e o liberamos do repouso.
(A) Calcule a constante da força k da mola.
(B) Calcule a frequência angular ω, a frequência f e o período T da oscilação resultante.

Exercício 11.2: Amortecedores

Um carro com massa de 1.300 kg é construído de modo que sua estrutura seja suportada por quatro molas.
Cada mola tem constante de força de 20.000 N/m. Duas pessoas dentro do carro têm massa combinada de
160 kg.
(A) Encontre a frequência de vibração do carro depois que ele passa sobre um buraco na estrada.
(B) Suponha que o carro pare no acostamento e as duas pessoas saiam. Uma delas empurra o carro para
baixo e o solta, de modo que ele oscile verticalmente. A frequência da oscilação é a mesma que o valor que
acabamos de calcular?

11.3.3 Deslocamento, velocidade e aceleração no MHS


11.3.3.1 Derivando as relações
Ainda precisamos definir o deslocamento x em função do tempo para um oscilador harmónico. Lembramos
que o ângulo depende do tempo, θ = ω t + φ, onde φ é a fase da oscilação.

Equação 11.4: A função de posição e a fase de oscilação.

Com esta função de posição podemos encontrar velocidade e aceleração do oscilador, derivando respeito
do tempo. Observe que os valores inicias são encontrados fazendo t = 0.

11.3.3.2 Valores extremos


Notamos que a velocidade e a aceleração, neste tipo de movimento, oscilam entre valores extremos:

11.3.3.3 Fase e amplitude da oscilação


Finalmente, conhecendo-se a posição inicial e a velocidade inicial de um corpo oscilante, podemos
determinar a amplitude A e a fase φ.

A demonstração a seguir mostra como visualizar as grandezas físicas fundamentais em um sistema


oscilatório.

Demonstração Computacional 11.4: Grandezas físicas nas oscilações harmónicas.

Exemplo 11.3: Revisitando o sistema bloco-mola

Um bloco de 200 g conectado a uma mola leve, para a qual a constante de força é 5,00 N/m, é livre para
oscilar em uma superfície horizontal, sem atrito. O bloco é deslocado 5,00 cm do equilíbrio e liberado do
repouso.
(A) Encontre o período de seu movimento.
(B) Determine o módulo da velocidade máxima do bloco.
(C) Qual é o módulo da aceleração máxima do bloco?
(D) Expresse posição, velocidade e aceleração como funções de tempo em unidades SI.
Exercício 11.3: Um corpo oscilante

Um objeto oscila com um movimento harmónico simples ao longo do eixo x. Sua posição varia com o tempo
de acordo com a equação abaixo.
(A) Determine a amplitude, a frequência e o período do movimento.
(B) Calcule a velocidade e a aceleração para quaisquer tempo t.
(C) Determine a posição, velocidade e aceleração quando t = 1 s.
(D) Determine velocidade e aceleração máximas do objeto.
(E) Encontre o deslocamento do objeto entre t = 0 s e t = 1 s.

11.4 Energia no MHS


11.4.1 Conservação da energia
11.4.1.1 Energias cinética e potencial elástica
Podemos aprender ainda mais sobre o movimento harmónico simples levando em conta aspetos relacionados
à energia.

A única força horizontal que atua sobre o corpo no MHS é a força conservativa exercida por uma mola
ideal. As forças verticais não realizam trabalho, de modo que a energia mecânica total do sistema é
conservada.

A energia mecânica total E também é relacionada diretamente com a amplitude A do movimento. Quando o
corpo atinge o ponto x = A, seu deslocamento máximo a partir do ponto de equilíbrio, ele para
momentaneamente e depois retorna a seu ponto de equilíbrio.

Equação 11.5: A conservação da energia mecânica aplicada em quaisquer ponto do movimento. Em particular, quando x = A (v
= 0).

11.4.1.2 Velocidade em função do deslocamento


Podemos usar a equação anterior para explicitar a velocidade v do corpo em função do deslocamento x:

O sinal ± significa que, em um dado ponto x, o corpo pode estar se deslocando em qualquer um dos dois
sentidos. Por exemplo,

Também, é possível inferir que o módulo da velocidade máxima ocorre em x = 0.

Esse resultado indica que v oscila entre -ωA e +ωA.

11.4.2 Interpretação gráfica


11.4.2.1 Conservando a energia mecânica
Representações gráficas das energias cinética e potencial elástica, permitem compreender melhor a
conservação da energia mecânica nestes sistemas oscilatórios.

Figura 11.7: Gráficos de E, K e U em função do deslocamento em MHS. A velocidade do corpo não é constante, portanto essas
imagens do corpo em posições com intervalos espaciais iguais entre si não estão posicionadas em intervalos iguais no tempo.

11.4.2.2 O potencial quadrático


A representação gráfica seguinte, mostra a energia cinética K, a energia potencial U, e energia mecânica total
E em função da posição no MHS. Em cada ponto x, a soma dos valores de K e de U é sempre igual ao valor
constante E.

Figura 11.8: (Esquerda) A energia potencial U e a energia mecânica total E de um corpo em MHS em função do deslocamento x.
(Direita) O mesmo gráfico da esquerda, mostrando também a energia cinética K.

A demonstração computacional a seguir mostra a energia cinética K, a energia potencial U, e energia


mecânica total E e as demais variáveis cinemáticas para o MHS.

Demonstração Computacional 11.5: Energia e dinâmica no MHS para um sistema bloco-mola.

Exemplo 11.4: Oscilações em uma superfície horizontal

Um carrinho de 0,500 kg conectado a uma mola leve com constante de força 20,0 N/m oscila em um trilho
de ar horizontal, sem atrito.
(A) Calcule a velocidade máxima do carrinho se a amplitude do movimento é de 3,00 cm.
(B) Qual é a velocidade do carrinho quando a posição é 2,00 cm?
(C) Compute as energias cinéticas e potenciais do sistema quando a posição do carrinho é 2,00 cm.
(D) Se o carrinho fosse liberado da mesma posição, mas com velocidade inicial de v = –0,100 m/s? Quais
seriam as novas amplitude e velocidade máxima do carrinho?

Exercício 11.4: Grandezas dinâmicas e energéticas no MHS

Uma mola horizontal é atada a um corpo de 0,50 kg, o puxada até uma distância de 0,020 m para a direita ao
longo de um percurso sem atrito, e depois liberada do repouso. A constante da mola é de 200 N/m.
(A) Ache as velocidades máxima e mínima atingidas pelo corpo que oscila.
(B) Ache as acelerações máxima e mínima.
(C) Calcule a velocidade v e a aceleração a quando o corpo está na metade da distância entre sua
posição inicial e a posição de equilíbrio x = 0.
(D) Ache as energias total, potencial e cinética nesse ponto.

11.5 Aplicações do MHS


11.5.1 Oscilações e gravidade
11.5.1.1 Mola pendurada
Até o momento, analisamos muitos exemplos de uma única situação em que ocorre o movimento harmónico
simples (MHS): o caso da mola horizontal ideal ligada a um corpo. Porém, o MHS pode ocorrer em
qualquer sistema no qual exista uma força restauradora diretamente proporcional ao deslocamento a
partir da posição de equilíbrio. Vamos analisar o caso da força da gravidade.

Figura 11.9: Um corpo preso na extremidade de uma mola suspensa.

11.5.1.2 Descrição da dinâmica


Esquerda: Uma mola ideal que obedece à lei de Hooke.

Centro: Um corpo suspenso na extremidade da mola está em equilíbrio quando a força da mola de baixo
para cima possui módulo igual ao do peso do corpo.

Direita: Se o corpo sofre um deslocamento a partir da posição de equilíbrio, a força restauradora do corpo é
proporcional a esse deslocamento. As oscilações constituem um MHS.

11.5.1.3 Mola comprimida


Observe que o raciocínio anterior também vale quando um corpo com peso mg é colocado verticalmente
sobre uma mola e a comprime até uma distância Δl.

Figura 11.10: Um corpo comprime uma mola. O raciocínio anterior é válido.

11.5.1.4 E a cinemática?
A demonstração a seguir mostra o comportamento de uma mola pendurada sobre o efeito da gravidade.
Observe as grandezas de deslocamento, velocidade e aceleração neste caso.

Demonstração Computacional 11.6: Mola suspensa executando MHS.

Exemplo 11.5: O carro velho

Os amortecedores de um carro velho de 1.000 kg estão completamente gastos. Quando uma pessoa de 980 N
sobe lentamente no centro de gravidade do carro, ele se abaixa 2,8 cm. Quando essa pessoa está dentro do
carro durante uma colisão com um quebra-molas, o carro oscila verticalmente com MHS. Crie um modelo
do carro e da pessoa como um único corpo sobre uma única mola e calcule o período e a frequência da
oscilação.

Exercício 11.5: O pescador

Um orgulhoso pescador de águas marinhas profundas pendura um peixe de 65,0 kg na extremidade de uma
certa mola ideal com massa desprezível. O peixe estica a mola em 0,180 m.
(A) Qual é a constante de força da mola?
(B) Agora o peixe é puxado para baixo por 5,00 cm e liberado. Qual é o período da oscilação do peixe?
(C) Que velocidade máxima ele alcançará neste caso?

11.5.2 Vibrações moleculares


11.5.2.1 Atração atómica
Quando dois átomos estão separados por uma distância da ordem de alguns diâmetros atómicos, eles
exercem uma força de atração entre si. Porém, quando eles estão suficientemente próximos, de modo que
haja superposição entre suas respetivas nuvens eletrónicas, os átomos passam a se repelir. Entre essas duas
situações extremas, pode existir uma posição de equilíbrio, na qual os dois átomos constituem uma molécula.
Quando esses átomos são ligeiramente deslocados de suas posições de equilíbrio, eles começam a oscilar.

Figura 11.11: Um sistema de dois átomos constituindo uma molécula.

11.5.2.2 O potencial de van der Waals


A experiência mostra que a interação de van der Waals (tipo de força entre átomos) pode ser descrita pela
seguinte função de energia potencial (a força é calculada com este potencial):

Onde o centro de massa de um dos átomos está na origem e o centro do outro átomo está a uma distância r.
Neste caso, R é o ponto do equilíbrio.

Figura 11.12: Energia potencial U e força F na interação de van der Waals.

11.5.2.3 Pequenas oscilações


Note que o formato da força total não se parece em nada com a lei de Hooke, de modo que poderíamos ser
induzidos a pensar que as oscilações moleculares não constituem um MHS. Porém, se restringimos nosso
estudo a oscilações com pequenas amplitudes, de modo que o módulo do deslocamento x seja pequeno em
comparação com R . Nesse caso, a lei de Hooke é recuperada.

Demonstração Computacional 11.7: Potencial molecular e dinâmica no espaço-fase.

Exemplo 11.6: O Argônio

Dois átomos de argônio podem formar uma molécula Ar ou moléculas mais complexas, como resultado de
uma interação de van der Waals. Com os dados fornecidos, calcule a frequência das pequenas oscilações de
um átomo de Ar em torno da posição de equilíbrio. A figura mostra um esquema do potencia U (Fig. a), e um
arranjo de átomos de Ar (Fig. b).

Exercício 11.6: O Deutério

A massa de uma molécula de deutério (D ) é o dobro daquela de uma molécula de hidrogénio (H ). Se a


frequência vibracional de H é 1,30×10 Hz, qual é a de D ? Suponha que a “constante de mola” de forças
de atração seja a mesma para as duas moléculas.

11.6 O pêndulo
11.6.1 Pêndulo simples
11.6.1.1 Oscilações arbitrárias
Um pêndulo simples é um modelo idealizado constituído por um corpo puntiforme de massa m suspenso por
um fio inextensível de massa desprezível e comprimento L. Quando esse corpo é puxado lateralmente a partir
de sua posição de equilíbrio e a seguir liberado, ele oscila em torno da posição de equilíbrio.

Demonstração Computacional 11.8: O pêndulo simples e as forças dominantes.

11.6.1.2 Analise da dinâmica


Para que a oscilação seja um MHS, é necessário que a força restauradora seja diretamente proporcional à
distância x ou a θ (porque x = Lθ).
Figura 11.13: Um pêndulo ideal simples pode executar MHS para amplitudes angulares pequenas.

O movimento é aproximadamente harmónico simples para amplitudes suficientemente pequenas, isto é,


quando sin(θ) ≈ θ.

A força restauradora é, então, proporcional à coordenada x para pequenos deslocamentos, e a constante da


força é dada por k = mg/L. Portanto, a frequência angular, a frequência e o período dependem apenas de g e
L, não da massa ou da amplitude.

Equação 11.6: Grandezas básicas da oscilação para um pêndulo simples.

11.6.1.3 Deslocamento angular grande


Quando o deslocamento angular máximo Θ (amplitude) não é pequeno, o desvio do comportamento
harmónico simples pode ser significativo. Em geral, o período T é dado por

Figura 11.14: Em deslocamentos angulares pequenos, a força restauradora sobre um pêndulo simples é aproximadamente
proporcional ao deslocamento. Assim, para ângulos pequenos, as oscilações são movimentos harmónicos simples.

Exemplo 11.7: Conexão entre comprimento e tempo

Christian Huygens (1629-1695), o maior construtor de relógios da história, sugeriu que uma unidade
internacional de comprimento poderia ser definida como o comprimento de um pêndulo simples com o
período de exatamente 1 s.
(A) Quão mais curta seria nossa unidade de comprimento se a sugestão dele tivesse sido aceita?
(B) Se Huygens tivesse nascido em outro planeta? Qual seria o valor para g naquele planeta para que o
metro baseado em seu pêndulo tivesse o mesmo valor que nosso metro?

Exercício 11.7: Um pêndulo terrestre

Calcule a frequência (em Hz) e o período de um pêndulo simples de 1,000 m de comprimento em um local
onde g = 9,800 m/s .

11.6.2 Pêndulo físico


11.6.2.1 Corpo sólido
Um pêndulo físico é qualquer pêndulo real, que usa um corpo com volume finito, em contraste com o
modelo idealizado do pêndulo simples, que usa um corpo cuja massa está concentrada em um único ponto.

Figura 11.15: Dinâmica de um pêndulo físico.

11.6.2.2 Analise da dinâmica


A distância entre o ponto O e o centro de gravidade é d; o momento de inércia do corpo em tomo do eixo de
rotação passando pelo ponto O é I, e a massa total é igual a m. Quando o corpo é deslocado conforme
indicado, o peso mg produz um torque restaurador

Usamos a segunda lei de Newton para rotações para encontrar a aceleração

Comparando esse resultado com a lei de Hooke, vemos que o termo (k/m) do sistema massa-mola é análogo
ao termo (mgd/I). Portanto, a frequência angular e o período são dados por

Equação 11.7: Frequência angular e período de um pêndulo físico.

O pêndulo físico é a base para a determinação do momento de inércia de um corpo com uma forma
complicada. Pesquisadores de biomecânica usam esse método para calcular o momento de inércia dos
membros inferiores de animais.

Exemplo 11.8: Dinossauros

Todos os animais que caminham, inclusive os homens, possuem um ritmo natural de caminhada, ou seja, um
número de passos por minuto mais confortável que um ritmo mais lento ou veloz. Suponha que esse ritmo
natural seja igual ao período da perna, encarada como um pêndulo físico.
(A) Como o ritmo de uma caminhada natural depende do comprimento L da perna, medido do quadril até o
pé?
(B) Evidências de fósseis mostram que o Tyrannosaurus Rex, um dinossauro com duas pernas que viveu há
65 milhões de anos, tinha pernas de comprimento L = 3,1 m e uma passada (distância entre uma pegada e a
pegada seguinte do mesmo pé) S = 4,0 m. Estime a velocidade da caminhada do Tyrannosaurus Rex.

Exercício 11.8: Pêndulo físico vs pêndulo simples

Suponha uma barra uniforme de comprimento L, suspensa em uma de suas extremidades. Calcule o período
de seu movimento como um pêndulo. Se a barra tem 1,0 m de comprimento, qual o período?

11.6.3 Pêndulo de torção


11.6.3.1 Analise dinâmica da roda
No MHS angular ou pêndulo de torção, a frequência e a frequência angular são relacionadas ao momento de
inércia I e à constante de torção κ. Neste caso, uma mola helicoidal exerce um torque restaurador τ
proporcional ao deslocamento angular θ a partir da posição de equilíbrio:

Figura 11.16: A roda de balanço de um relógio mecânico. A mola helicoidal exerce um torque restaurador proporcional ao
deslocamento angular θ. Logo, o movimento é um MHS.

11.6.3.2 As frequências
O deslocamento angular θ em função do tempo é descrito pela função seguinte (Θ é a amplitude angular):

Como a equação de movimento possui uma forma exatamente igual à da lei de Hooke para um movimento
harmónico simples, se substituirmos x por θ e k/m por κ/I. Logo, trata-se da forma angular do movimento
harmónico simples. A frequência angular ω e a frequência f são dadas, respetivamente, fazendo-se as
mesmas substituições mencionadas:

Equação 11.8: Frequência angular e frequência de oscilação de um pêndulo de torção.

11.6.3.3 MHS angular


É vantajoso que a oscilação de uma roda de balanço seja um movimento harmónico simples. Caso não fosse,
a frequência dependeria da amplitude, e o relógio poderia adiantar ou atrasar quando a mola se desgastasse.
A demonstração a seguir mostra vários corpos como pêndulos de torção.

Demonstração Computacional 11.9: Pêndulo de torção para vários corpos.

Exemplo 11.9: Um disco metálico

Um disco de metal sólido, uniforme, de massa igual a 6,50 kg e diâmetro igual a 24,0 cm, está suspenso em
um plano horizontal, sustentado em seu centro por um fio de metal na vertical. Você descobre que é preciso
uma força horizontal de 4,23 N tangente à borda do disco para girá-lo em 3,34º, torcendo, assim, o fio de
metal. A seguir, você remove essa força e libera o disco a partir do repouso.
(A) Qual é a constante de torção do fio de metal?
(B) Quais são a frequência e o período das oscilações de torção do disco?
(C) Escreva a equação do movimento para θ(t) do disco.

Exercício 11.9: Um relógio convencional

A roda oscilatória de um relógio tem período de oscilação de 0,250 s. Ela é construída de modo que sua
massa de 20,0 g é concentrada ao redor de uma borda de raio 0,500 cm. Quais são:
(A) O momento de inércia da roda?
(B) O módulo de rigidez da mola anexa?

11.7 Oscilações amortecidas e forçadas


11.7.1 Características das oscilações amortecidas
11.7.1.1 Sobre as forças dissipativas
Os sistemas oscilantes ideais discutidos até o momento não possuíam atrito. Nesses sistemas, as forças são
conservativas, a energia mecânica total é constante e, quando o sistema começa a oscilar, ele continua
oscilando eternamente, sem nenhuma diminuição da amplitude. Contudo, os sistemas reais sempre possuem
alguma força dissipativa, e a amplitude das oscilações vai diminuindo com o tempo, a menos que seja
fornecida alguma energia para suprir a energia mecânica dissipada.

Figura 11.17: Amortecedor de um carro. O fluido viscoso produz uma força de amortecimento que depende da velocidade
relativa entre as duas extremidades da unidade.

11.7.1.2 Amortecimento
A diminuição da amplitude provocada por uma força dissipativa denomina-se amortecimento e o
movimento correspondente denomina-se oscilação amortecida. O caso mais simples a ser examinado em
detalhe é um oscilador harmónico simples com uma força de atrito amortecedora diretamente proporcional
à velocidade do corpo que oscila.

Assim, a equação de movimento (segunda lei de Newton) é

Então, podemos resolver a equação diferencial de movimento acima para vários casos. Em particular,
quando a força de amortecimento é relativamente pequena, o movimento é descrito por

Equação 11.9: Deslocamento do oscilador e frequência angular com pequeno amortecimento.

11.7.1.3 Analise da dinâmica


A amplitude não é constante e diminui com o tempo por causa do fator decrescente (exponencial).

A frequência angular é menor que no caso MHS. Ela tende a zero quando b é tão grande que

Se b < 2 (sub-amortecimento), o sistema oscila com uma amplitude cada vez menor e uma
frequência angular ω’ menor do que seria sem o amortecimento.

Se b = 2 (amortecimento crítico).

Se b > 2 (super-amortecimento), então o sistema, ao ser deslocado, retoma ao equilíbrio sem


oscilar.
Figura 11.18: Gráfico do deslocamento em função do tempo de um oscilador com leve amortecimento e com um ângulo de fase
nulo. As curvas mostram dois valores da constante de amortecimento b.

A demonstração a seguir mostra o comportamento das oscilações amortecidas, para diversos valores de
amortecimento. Se comparam com um oscilador harmónico ideal no amortecido.

Demonstração Computacional 11.10: Oscilações amortecidas para vários valores da constante de amortecimento.

11.7.1.4 E a energia?
Nas oscilações amortecidas, a força do amortecimento não é conservativa; a energia mecânica do sistema
não é constante e diminui continuamente, tendendo a zero depois de um longo tempo. Vejamos como varia
esta energia no tempo:

Substituindo as derivadas pelas grandezas físicas correspondentes, e usando a segunda lei de Newton
obtemos:

Ou seja, esta taxa de variação da energia é negativa sempre que o corpo oscilante estiver em movimento,
independentemente de a velocidade ser positiva ou negativa.

Exemplo 11.10: Um objeto amortecido

Um objeto de 2,20 kg é preso a uma mola com constante de força de 250,0 N/m. O objeto começa a oscilar
com período 0,615 s.
(A) É um sistema amortecido ou não? Como você sabe? Se estiver amortecido, calcule a constante de
amortecimento b.
(B) O sistema é não-amortecido, sub-amortecido, críticamente amortecido ou super-amortecido? Como
você sabe?

Exercício 11.10: Um ovo fervido

Um ovo de 50,0 g, fervido durante muito tempo, está preso na extremidade de uma mola cuja constante da
força é k = 25,0 N/m. Seu deslocamento inicial é igual a 0,300 m. Uma força de amortecimento proporcional
a b atua sobre o ovo e a amplitude do movimento diminui para 0,100 m em 5,00 s. Calcule o módulo da
constante de amortecimento b. Compare as frequências de oscilação.

11.7.2 Oscilações forçadas e ressonância


11.7.2.1 Sobre o forçamento
Quando um oscilador amortecido é deixado livre, suas oscilações tendem a parar. Porém, podemos manter
constante a amplitude das oscilações aplicando uma força que varia periodicamente com o tempo.

Figura 11.19: A bola de remo em seu elástico se move em resposta ao dedo que a apoia. Se o dedo se move com a frequência
natural f da bola no elástico, então uma ressonância é alcançada e a amplitude das oscilações da bola aumenta dramaticamente.
Em frequências de acionamento mais altas e mais baixas, a energia é transferida para a bola com menos eficiência e ela responde
com oscilações de amplitude mais baixa.

11.7.2.2 Algumas propriedades


Quando uma força propulsora, que varia senoidalmente (caso mais simples), atua sobre um oscilador
harmónico amortecido, o movimento resultante denomina-se oscilação forçada.

A amplitude é dada em função da frequência angular ω da força propulsora, e atinge um pico quando a
frequência da força propulsora possui um valor próximo da frequência da oscilação natural do sistema. Esse
fenómeno denomina-se ressonância. A ressonância de um sistema mecânico pode ser destrutiva.

Equação 11.10: Amplitude da oscilação forçada em função da frequência angular de uma força propulsora.

11.7.2.3 Sobre a amplitude de oscilação


Notamos que quando o termo da raiz se anula, a frequência angular da força propulsora é

A altura da curva nesse ponto é proporcional a 1/b; quanto menor for o amortecimento, mais elevado se torna
o pico. No caso extremo de baixas frequências, a amplitude é

Isso corresponde a uma força constante F e a um deslocamento constante A a partir do equilíbrio, como
era de se esperar. Quando variamos a frequência angular da força propulsora, a amplitude da oscilação
forçada resultante varia de modo interessante.

Figura 11.20: Gráfico da amplitude A da oscilação forçada em função da frequência angular da força propulsora.

11.7.2.4 O transitório inicial


Quando existe um amortecimento muito pequeno (b pequeno), a amplitude tende a crescer fortemente até
atingir um pico agudo, quando a frequência angular da força propulsora aproxima-se da frequência angular
natural. Quando o amortecimento é aumentado (b maior), o pico se toma mais largo, a amplitude se toma
menor e se desloca para frequências menores.

Demonstração Computacional 11.11: Oscilações amortecidas forçadas e ressonância.

Exemplo 11.11: Um bloco forçado

Um bloco pesando 40,0 N é suspenso de uma mola que tem constante de força de 200 N/m. O sistema não é
amortecido (b = 0) e está sujeito a uma força harmónica propulsora de frequência 10,0 Hz, resultando em
movimento forçado de amplitude 2,00 cm. Determine o valor máximo da força propulsora.

Exercício 11.11: O bebé

Um bebé balança para cima e para baixo em seu berço. Sua massa é 12,5 kg, e o colchão do berço pode ser
modelado como uma mola leve com constante de força 700 N/m.
(A) O bebé logo aprende a balançar com amplitude máxima e esforço mínimo dobrando seus joelhos. Com
que frequência de ressonância?
(B) Se ele usasse o colchão como um trampolim – perdendo contacto com o colchão por parte de cada
ciclo –, de que amplitude mínima de oscilação precisaria?

11.8 Problemas
Problema 11.1: Maquinaria

A peça de uma máquina de costura está se movendo em MHS com uma frequência igual a 4,00 Hz e
amplitude igual a 1,80 cm. Quanto tempo leva para a peça ir de x = 0 até x = -1 cm?

Problema 11.2: Pesando astronautas

Este procedimento tem sido usado para “pesar” astronautas no espaço: uma cadeira de 42,5 kg é presa a uma
mola e deixada para oscilar livremente. Quando vazia, a cadeira leva 1,30 s para completar uma vibração.
Mas com uma astronauta sentada nela, sem apoiar os pés no chão, a cadeira leva 2,54 s para completar um
ciclo. Qual é a massa da astronauta?

Problema 11.3: A guitarra

Uma corda de guitarra vibra a uma frequência de 440 Hz. Um ponto em seu centro move-se em MHS com
uma amplitude de 3,0 mm e um ângulo de fase de zero.
(A) Escreva uma equação para a posição do centro da corda em função do tempo.
(B) Quais são os valores máximos dos módulos da velocidade e da aceleração do centro da corda?
(C) A derivada da aceleração em função do tempo é uma quantidade chamada de “sacudida”. Escreva uma
equação para a sacudida do centro da corda em função do tempo e encontre o valor máximo do módulo da
sacudida.

Problema 11.4: Objeto vibrando

Você observa um objeto movendo-se em MHS. Quando o objeto é deslocado até 0,600 m à direita de sua
posição de equilíbrio, sua velocidade é igual a 2,20 m/s para a direita, e sua aceleração é igual a 8,40 m/s
para a esquerda. A que distância máxima desse ponto o objeto irá se mover antes de parar momentaneamente
e depois começar a se mover de volta para a esquerda?

Problema 11.5: Pêndulo marciano

Um pêndulo simples possui um período igual a 1,60 s na Terra. Qual é o período na superfície de Marte.

Problema 11.6: No laboratório

Um aluno de física estuda um pêndulo representando o ângulo θ que o fio faz com a vertical em função do
tempo t, obtendo o gráfico mostrado na figura.
(A) Quais são o período, a frequência, a frequência angular e a amplitude do movimento do pêndulo?
(B) Qual é o comprimento L do pêndulo?
(C) É possível determinar a massa do peso do pêndulo?

Problema 11.7: O aro

Desejamos suspender um aro fino usando um prego e fazer o aro executar uma oscilação completa com
ângulo pequeno a cada 2,0 s. Qual deve ser o valor do raio do aro?

Problema 11.8: Questão de energia

Um corpo de 326 g é preso a uma mola horizontal e executa movimento harmónico simples com um período
de 0,250 s. Se a energia total do sistema é 5,83 J, encontre:
(A) A velocidade máxima do corpo,
(B) A constante de força da mola e
(C) A amplitude do movimento.

Problema 11.9: O rifle

A bala de um rifle, com massa de 8,00 g e velocidade horizontal inicial de 280 m/s, atinge e gruda em um
bloco com massa de 0,992 kg, apoiado sobre uma superfície sem atrito e preso à extremidade de uma mola
ideal. A outra extremidade da mola está presa à parede. O impacto comprime a mola a uma distância máxima
de 15,0 cm. Após o impacto, o bloco se move em MHS. Calcule o período desse movimento.

Problema 11.10: Objeto em equilíbrio

Duas hastes delgadas, cada uma delas com massa m e comprimento L, são conectadas perpendicularmente de
modo a formarem um objeto em forma de L. Esse objeto é equilibrado no topo de uma aresta aguda. Quando
o objeto em forma de L é deslocado ligeiramente, ele oscila. Ache a frequência de oscilação.

Created with the Wolfram Language

Você também pode gostar