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Relato de caso | Case report

Tratamento em paciente com fissura pré-forame completa: o


que o ortodontista precisa saber?
Orthodontic treatment in complete cleft lip: what does the orthodontist
must know?
Rayane de Oliveira Pinto1
Adriano Porto Peixoto2
Renata Sathler3
Tiago Turri de Castro Ribeiro4
Oscar Stangherlin Gomes5
Daniela Garib6

Resumo
Este trabalho descreve o tratamento ortodôntico corretivo de uma adolescente do sexo
feminino com fissura pré-forame incisivo completa. A paciente apresentava Padrão I, má oclu-
são de Classe I, presença de incisivo lateral superior supranumerário na região da fissura e
apinhamento anterossuperior moderado. O reparo do lábio foi realizado aos 6 meses de ida-
de. O defeito ósseo alveolar foi restabelecido por meio da cirurgia de enxerto ósseo alveolar
secundário (EOAS) de origem autógena, aos 11,5 anos de idade. Houve boa formação de
osso alveolar na região da fissura permitindo movimentação ortodôntica convencional nesta
área 3 meses após o EOAS. O tratamento ortodôntico durou 2,5 anos. Foi alcançada oclusão
satisfatória e estável. As radiografias finais indicaram aspecto saudável do periodonto na
região de canino e incisivo lateral esquerdos. A paciente com fissura pré-forame incisivo apre-
senta algumas particularidades, como a ruptura da continuidade do rebordo ósseo alveolar,
no entanto, o tratamento corretivo convencional pode ser realizado da maneira convencional
após o procedimento de enxerto ósseo alveolar.
Descritores: Fenda labial, Ortodontia corretiva, Ortodontia.

Abstract
This work describes the corrective orthodontic treatment of a female adolescent with al-
veolar cleft lip. The patient presented Class I skeletal pattern, Class I malocclusion, presence of
a supernumerary lateral incisor at the cleft region, and moderate maxillary incisor crowding.
Lip repair was executed at 6 months of age. The alveolar cleft was restored through secondary
alveolar bone graft surgery (SABG) performed at 11.5 years of age using autogenous bone
from the iliac crest. The successful alveolar bone filling permitted conventional orthodon-
tic movement at the maxillary arch three months after SABG. Total orthodontic treatment

1
Mestranda em Ciências da Reabilitação – HRAC/USP, Professora Assistente da Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial – CPO/UNINGÁ.
2
Doutora em Ciências Odontológicas – Área de Ortodontia – FOAr/UNESP, Ortodontista – HRAC/USP.
3
Mestra e Doutora em Ortodontia e Ortopedia Facial – FOB/USP, Ortodontista – HRAC/USP.
4
Mestre em Ciências Odontológicas – Área de Ortodontia – FOAr/UNESP, Ortodontista – HRAC/USP.
5
Especialista em Ortodontia – HRAC/USP, Ortodontista Clínico.
6
Doutora em Ortodontia e Ortopedia Facial – FOB/USP, Pós-Doutorado – Harvard School of Dental Medicine/EUA, Professora Associada de Orto-
dontia – HRAC/USP e FOB/USP.

E-mail do autor: rayane.pinto@usp.br


Recebido para publicação: 29/04/2016
Aprovado para publicação: 01/08/2016

Como citar este artigo:


Pinto RO, Peixoto AP, Sathler R, Ribeiro TTC, Gomes OS, Garib D. Tratamento em paciente com fissura pré-forame completa: o que o ortodontista
precisa saber?. Orthod. Sci. Pract. 2017; 10(37):48-57. DOI: 10.24077/2017;1037-01678257.

Orthod. Sci. Pract. 2017; 10(37):48-57.


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time was 2.5 years. Adequate occlusion and aesthetic smile were achieved. Final radiographs
showed normal aspect of periodontal bone at the left maxillary lateral incisor and canine
region. The treatment of an alveolar cleft lip patient has some peculiarities, such as the disrup-
tion in continuity of the alveolar bone arch. However, the corrective orthodontic approach can
be performed conventionally after the alveolar bone grafting procedure.
Descriptors: Cleft lip, corrective Orthodontics, Orthodontics.

Introdução
Dentre as fissuras faciais clássicas que acometem
o ser humano, as fissuras de lábio e palato são as mais
frequentes anormalidades faciais congênitas3. A Or-
ganização Mundial da Saúde acusa uma prevalência
mundial de 10 em cada 10000 nascimentos, e no Bra-
sil, de 12 a cada 10000 crianças nascidas vivas1.
O indivíduo com fissura pré-forame incisivo carac-
teriza-se pelo rompimento do lábio e rebordo alveolar.
A fissura localiza-se à frente do forame incisivo e pode
alcançar o soalho nasal e o forame incisivo quando se
manifesta na sua forma completa (Figura 1)13.
O maior desafio na reabilitação na fissura pré-fo-
rame incisivo completa é a estética na região de lábio
e nariz e a ausência de osso alveolar na região do in-
cisivo lateral da maxila. Ainda, é comum a presença
Figura 1 – Ilustração representativa de fissura pré-forame in-
de anomalias dentárias na região10, sendo as mais pre- cisivo completa.
valentes hipodontia, microdontia e dentes supranuma-
rários e fusionados6. Dois incisivos laterais superiores
são comumente observados entre o incisivo central e o de idade. Antes do início dos tratamentos pós-natais,
canino no lado do defeito14. Também é reportado um os pais assinaram um Termo de Consentimento Livre
desenvolvimento atrasado deste dente quando compa- Esclarecido permitindo o uso dos dados da paciente
rado ao incisivo lateral contralateral4. para fins científicos.
Até os primeiros seis meses de idade o lábio é re- A primeira avaliação ortodôntica foi realizada aos
constituído. A fissura pré-forame incisivo é reabilitada 7,2 anos de idade (Figura 3). Na análise facial, a pa-

Pinto RO, Peixoto AP, Sathler R, Ribeiro TTC, Gomes OS, Garib D.
entre 9 e 11 anos de idade com o procedimento de en- ciente demonstrava Padrão esquelético Classe I e pro-
xerto ósseo alveolar secundário15. Pacientes com fissura porção entre os terços faciais. Na visão lateral do nariz,
pré-forame incisivo completa tem um bom prognóstico observou-se columela e ângulo nasolabial normais (Fi-
de crescimento maxilar, demonstrando padrão de cres- gura 3A).
cimento esquelético Classe I9. No exame intraoral, foi observada marca cicatricial
Este estudo tem o objetivo de descrever o tra- na região da fissura e diagnosticado relacionamento de
tamento completo de uma adolescente com fissu- Classe I de Angle, com apinhamento na região ante-
ra pré-forame incisivo completa e crescimento facial rossuperior. Um incisivo lateral supranumerário e linha
equilibrado, realizado em um centro especializado na média superior desviada para o lado direito também
reabilitação das fissuras labiopalatinas. foram observados no exame clínico (Figura 3B-F).
O trespasse horizontal era positivo e normal. O
trespasse vertical era mínimo. A morfologia dos arcos
Relato de caso dentários era parabólica e normal (Figura 4). O exame
Diagnóstico radiográfico (Figura 5) confirmou a presença de um in-
Aos 3 meses de idade, a paciente apresentava fis- cisivo lateral mesial à fissura e um extranumerário pré-
sura pré-forame incisivo unilateral do lado esquerdo -canino distal à fissura. O extranumerário distal à fis-
(Figura 2). Não havia presença de síndromes genéticas sura era conoide com raiz menor que o incisivo lateral
associadas. A fissura labial foi reconstituída aos 6 meses posicionado por mesial.

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Figura 2 (A-B) – Aos 3 meses de ida-


de, fotos da face e perfil prévias à inter-
A B venção cirúrgica no lábio.

B C D
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E F
Figura 3 (A-F) – Fotografias iniciais faciais e oclusais na primeira avaliação ortodôntica.

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A B C

D E
Figura 4 (A-E) – Modelos iniciais da primeira avaliação ortodôntica.

Pinto RO, Peixoto AP, Sathler R, Ribeiro TTC, Gomes OS, Garib D.

Figura 5 – Radiografia panorâmica inicial. Figura 6 – Telerradiografia em norma lateral


inicial.

Alternativas de tratamento do incisivo lateral mesial para correção da linha mé-


Primeira alternativa: enxerto alveolar, exodontia dia, manutenção do pré-canino superangulado, ali-
do pré-canino, alinhamento e nivelamento, finalização nhamento e nivelamento, finalização ortodôntica, e
ortodôntica. restauração com limitação estética final.
Caso a família não aceitasse a cirurgia de enxerto, Terceira alternativa: sem enxerto ósseo, exodontia
haveria outras alternativas de tratamento, como segue do incisivo lateral e do pré-canino, alinhamento e ni-
abaixo. velamento, finalização e reabilitação com prótese fixa
Segunda alternativa: sem enxerto ósseo, exodontia convencional ancorada nos dentes 21 e 23.

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Plano e progresso de tratamento na, proveniente da crista ilíaca esquerda. No controle


Na dentadura mista, nenhuma intervenção orto- pós-operatório de 3 meses, o novo osso já apresentava
dôntica foi necessária, exceto o uso de mantenedor de condições para movimentação ortodôntica na área do
espaço devido à perda precoce do molar decíduo do enxerto (Figuras 6-8).
lado esquerdo. O enxerto ósseo alveolar secundário foi O canino na região da fissura irrompeu espontane-
realizado aos 11,5 anos de idade, de natureza autóge- amente aos 12 anos de idade (Figuras 7-9).

A B C

D E
Figura 7 (A-E) – Fotos intrabucais prévias ao início do tratamento ortodôntico corretivo.

A B C
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D E
Figura 8 (A-E) – Modelos prévios ao início do tratamento ortodôntico corretivo.

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foi instalada mola de secção aberta ativa entre 11 e 21


e esta foi amarrada diretamente nas aletas distais do
bráquete do 21. Como uma forma de ancoragem adja-
cente, foi usado o mesmo cursor na distal do 11, amar-
rado ao cantiléver do primeiro molar esquerdo, com o
objetivo de evitar o efeito colateral de distalização do
11 (Figura 11).
A correção do giro foi muito satisfatória, assim
como a distalização do 21. Após as mecânicas descri-
tas, os dentes 12 e 21 foram incluídos no nivelamento.
Não foi usada a mecânica convencional com elástico
Figura 9 – Radiografia panorâmica prévia ao início do trata- corrente para evitar a consequente mesialização do 23
mento ortodôntico corretivo. e piora da relação de 1/4 de Classe II já existente.
No arco inferior, o aparelho foi montado posterior-
Após a realização do EOA, foi definida a indicação mente, e o apinhamento foi conduzido com desgas-
de exodontia do pré-canino, a instalação de barra trans- tes interproximais. O tratamento teve duração de 2,5
palatina fixa com fio redondo de aço de 0,9 mm para anos. Após a remoção do aparelho, foram instaladas as
ancoragem e colagem direta de aparelho fixo straight contenções placa Hawley e barra 3x3. Recomendou-se
wire, Prescrição I Capelozza (marca comercial). Após o o uso da placa de Hawley por 1 ano continuamente e
término da irrupção ativa do dente 23, foi usada me- mais 1 ano de uso noturno. A barra 3x3, confecciona-
cânica de cantiléver, com fio de TMA .017” x .025” e da com fio 0,8 mm, foi recomendada permanecer até
vetor extrusivo para o canino da região da fissura. Com a terceira década de vida. Em seguida, a paciente foi
o objetivo de promover a distalização do dente 22, foi encaminhada para adequação estética através da rea-
instalada mola de secção aberta entre 11 e 22. A uni- natomização do dente 22 (Figuras 12-14).
dade de ancoragem no caso foi o próprio cantiléver, o As imagens radiográficas finais estão expostas nas
qual foi amarrado a um cursor na distal do dente 11 com Figuras 15 e 16.
um fio de amarrilho trançado, evitando, deste modo, o Após o tratamento ortodôntico, a paciente foi
efeito colateral da mola de secção aberta (Figura 10). questionada a respeito da permissão para divulgação
Para a correção do giro do 21, consumo do espaço do mesmo para fins científicos e assinou um novo Ter-
da área do supranumerário e correção de linha média mo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Pinto RO, Peixoto AP, Sathler R, Ribeiro TTC, Gomes OS, Garib D.
A B

C D
Figura 10 (A-D) – Mecânica de distalização do 22 e uso de cursor e cantiléver como ancoragem.

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A B

C D
Figura 11 (A-D) – Mecânica de correção do giro e distalização do 21 com uso de cursor, cantiléver e mola de secção aberta.

A B C
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D E
Figura 12 (A-E) – Fotos intrabucais finais.

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Figura 13 (A-B) – Fotos de perfil e face


A B finais.

A B C

D E

Pinto RO, Peixoto AP, Sathler R, Ribeiro TTC, Gomes OS, Garib D.
Figura 14 (A-E) – Modelos de documentação final.

Figura 15 – Radiografia panorâmica final. Figura 16 – Telerradiografia final.

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Discussão lateral normal, mesial à fissura, e um supranumerário,


distal à fissura; em 24,7% havia um incisivo lateral nor-
Este trabalho descreve o tratamento ortodôntico mal mesial ou distal à fissura, sem supranumerário, e
de uma paciente com fissura pré-forame incisivo com- em 21,8% havia completa agenesia.
pleta esquerda, enfatizando uma ortodontia simplifi-
Estudos recentes evidenciaram que a formação
cada, dado ao crescimento facial favorável da paciente
embrionária do incisivo lateral superior é oriunda do
comum a este tipo de fissura7. A literatura é escassa
processo nasal medial e do processo maxilar, ou seja, a
em estudos descritivos de tratamentos longitudinais
metade mesial do incisivo lateral provém do processo
em paciente com fissura pré-forame incisivo6,10,14.
nasal medial, enquanto a metade distal do incisivo late-
A fissura de lábio e rebordo alveolar é um defeito
ral origina-se do processo maxilar. Como nos pacientes
resultante de uma falha na fusão dos processos nasal
com fissura não há fusão desses processos, resulta nos
medial e maxilar, causada por uma herança poligêni-
diferentes padrões numéricos e posicionais do incisivo
ca com mutações combinada a fatores teratogênicos
lateral em relação à fissura8.
ambientais, caracterizando uma etiologia multifatorial.
Quando nos deparamos com esse tipo de ano-
A deformidade ocorre apenas quando há um desequi-
malia, devemos utilizar os exames clínicos e comple-
líbrio prestes a atingir o limiar crítico dos genes envol-
mentares para decisão terapêutica de qual dente deve
vidos; quanto mais o limiar foi ultrapassado, mais com-
ser extraído. Foi indicada a extração do incisivo lateral
plexas as deformidades serão12. A fissura que envolve
distal à fissura, dadas as morfologias de coroa e raiz,
lábio e rebordo alveolar não é o tipo de fissura mais
diminuídas e malformadas. A conduta clínica depende
comum segundo as estatísticas. É válido que o clínico
do tamanho da raiz em relação ao da coroa, grau de
compreenda que os pacientes com fissura pré-forame
dilaceração radicular, condição periodontal, perfil de
incisivo unilateral e bilateral representam cerca de 20%
emergência (deve permitir a reanatomização do su-
dos pacientes com fissura do HRAC-USP (Gráfico 1).
pranumerário semelhante ao dente contralateral sem
Este número se assemelha a centros no Amen, Yemen
danos periodontais), entre outros fatores, todos eles
(20,54%)5 e EUA, Nova York (16%)16.
analisando a longevidade deste dente na boca.
O indivíduo com fissura pré-forame incisivo não
tem o crescimento facial consideravelmente influen-
ciado pela fissura10 ou pelas cirurgias primárias. Em
um estudo de Silva Filho18 (1989) foram feitas análi-
ses cefalométricas em normal lateral de 82 indivíduos
com fissura pré-forame incisivo completa após queilo-
FTU - 32,06% plastia em época ideal e tardia. Concluiu-se que este
FTB - 16,63%
FPU - 18,64%
tipo de fissura imprime alterações cefalométricas mais
FPB - 2,9% expressivas na área da fenda, sendo consideradas des-
FP - 25,66%
Outros - 4,11%
prezíveis as alterações em áreas mais distantes a elas,
aproximando-se a valores normais.
A exemplo do caso relatado neste artigo, a pa-
ciente possui face agradável e o perfil se manteve no
crescimento, apresentando má oclusão de Classe I na
avaliação prévia ao tratamento ortodôntico corretivo
Gráfico 1 – FTU: fissura transforame unilateral; FTB: fissura
(Figura 7). A má oclusão prevalente no grupo pré-fo-
transforame bilateral; FPU: fissura pré-forame unilateral; FPB:
fissura pré-forame bilateral; FP: fissura palatina; outras fissuras rame incisivo, excluindo fator genético, é centrada nos
incluindo as fissuras com acometimento craniano. problemas causados pelas anomalias dentárias e pelo
defeito ósseo na área da fissura. O estudo realizado em
uma amostra de 168 adultos com fissura pré-forame
O maior desafio na reabilitação deste tipo de fissu- incisivo não tratados e um grupo controle de indiví-
ra está na ausência de osso na região do incisivo lateral duos normais não constatou diferenças significativas
superior e as prevalentes anomalias dentárias na região. na dimensão transversal de primeiros pré-molares a
As anomalias dentárias são encontradas proporcional- segundos molares do arco superior. Contudo, a distân-
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mente à severidade da fissura6. No caso da paciente cia intercaninos foi significantemente menor no grupo
relatada neste trabalho, a malformação acometida foi de estudo comparado ao controle. Em síntese, o estu-
a presença de um supranumerário na região da fissu- do é fiel às características do caso relatado em que é
ra (Figura 7). Lekkas et al.10 (2000) constataram que observado comprimento transversal posterior normal e
apenas o grupo de fissura pré-forame incisivo apresen- redução da distância intercaninos devido à anomalia
tou número significativo de indivíduos com 2 dentes dentária da área do rompimento do rebordo alveolar17.
na área do defeito ósseo. Em 28,7% havia um incisivo Antes da adoção do protocolo de enxerto ósseo al-

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Agradecimento
Agradecimento ao Dr. Arthur César de Medeiros
Alves pelas imagens ilustrativas concedidas a este tra-
balho.

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