Você está na página 1de 16

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/292610470

Fissuras labiopalatinas - diagnóstico e tratamento contemporâneos

Article · January 2015

CITATION READS

1 7,410

4 authors, including:

Carla D'Agostini Derech


Federal University of Santa Catarina
31 PUBLICATIONS   124 CITATIONS   

SEE PROFILE

All content following this page was uploaded by Carla D'Agostini Derech on 02 February 2016.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


526
Relato de caso / Case report Orthod. Sci. Pract. 2015; 8(32):526-540.

Fissuras labiopalatinas – diagnóstico e tratamento


contemporâneos

Cleft Lip and Palate – contemporary diagnosis and treatment


Roberto Rocha1
Daltro Enéas Ritter2
Gerson Luiz Ulema Ribeiro3
Carla D’Agostini Derech4

Resumo
As deformidades dentofaciais acentuadas, entre as quais estão as fissuras labiopalatais,
são as que mais dificuldade impõem ao cirurgião dentista no seu reconhecimento, diagnóstico
e planejamento do tratamento. Este artigo objetiva reunir informações atuais sobre as fissuras
labiopalatais, servindo como fonte para pesquisa, auxiliando no diagnóstico e propiciando
noções básicas sobre o plano de tratamento.
Descritores: Fissuras labiopalatais, diagnóstico, tratamento.

Abstract
Severe dentofacial deformities, among which are the Cleft Lip and Palate are the most
demanding to the dentist in recognition, diagnosis and treatment planning. This article aims
to gather current information about the Cleft Lip and Palate, serving as a source for research,
aiding in the diagnosis and providing basics of the treatment plan.
Descriptors: Cleft lip and palate, diagnosis, treatment.

1
Especialista em Ortodontia registrado – CRO-SC, Mestre e Doutor em Ortodontia – UFRJ-RJ, Diplomado – BBO.
2
Especialista e Mestre em Ortodontia – UERJ-RJ, Doutor em Ortodontia pela UNESP – Araraquara/SP, Diplomado – BBO.
3
Pós-Doutorado – Baylor College of Dentistry, Mestre e Doutor em Ortodontia – UFRJ-RJ. Diplomado – BBO.
4
Mestre e Doutora em Ortodontia – UFRJ, Diplomada – BBO.

E-mail do autor: daltroritter@hotmail.com


Recebido para publicação: 16/07/2015
Aprovado para Publicação: 28/10/2015

Como citar este artigo:


Rocha R, Ritter DE, Ribeiro GLU, Derech CA. Fissuras labiopalatinas – diagnóstico e tratamento contemporâneos. Orthod. Sci. Pract. 2015; 8(32):
526-540.
527
Orthod. Sci. Pract. 2015; 8(32):526-540.

Introdução
O defeito congênito mais comum envolvendo a face labial também têm fenda palatal (Figura 2 A-C)12. Uma
e maxilares, ocorrendo a cada 750 nascimentos aproxi- fissura do palato secundário isolado é o resultado de
madamente, é a fissura do lábio e palato. O local onde um problema que surgiu após o fechamento do lábio
as fissuras aparecem é determinado pela falha na fusão ter ocorrido. A fusão incompleta do palato secundário,
entre os vários processos faciais, isto é, influenciado pelo que produz um entalhe em sua extensão posterior (por
momento na vida embriológica em que alguma interfe- vezes apenas uma úvula bífida), indica uma interferên-
rência com o desenvolvimento ocorreu12,16. cia tardia na fusão do palato secundário, por volta da
As fissuras no lábio ocorrem devido a uma falha 12ª semana de vida intrauterina.
na fusão entre os processos nasais medianos e os pro- A extensão da fissura presente no nascimento é re-
cessos maxilares, o que normalmente ocorre durante sultante da combinação do defeito embriogênico inicial
a sexta semana de desenvolvimento17. Fissuras labiais com as subsequentes alterações ocorridas no útero. Em
podem ocorrer lateralmente à linha média em um ou fissuras completas unilaterais ocorre assimetria anterior
ambos os lados (Figura 1 A-C). O fechamento do pala- da maxila, inclinação superior da pré-maxila e distor-
to secundário pela elevação das lâminas palatinas suce- ção do septo nasal, inclinado lateralmente em direção
de a do palato primário por quase duas semanas, o que ao lado da fissura5. Em fissuras bilaterais, a pré-maxila,
significa que uma interferência que provocou fissura unida ao vômer por cartilagem, ocupa o extremo an-
labial, mas que ainda está em ação, também pode afe- terior abaixo do septo nasal, com o septo pré-maxilar
tar o palato. Cerca de 60% dos indivíduos com fissura orientado mais acima do que para frente (Figura 3 A-E).

A B C
Figura 1 (A-C) – Fissura labial unilateral. Observar que não há alteração no rebordo alveolar. (Fonte: NAPADF - Núcleo de Atendimento a
Pacientes com Deformidade Dento-Facial/UFSC).

Rocha R, Ritter DE, Ribeiro GLU, Derech CA.

B C D
Figura 2 (A-D) – Fissura labiopalatina unilateral. Neste caso a fissura atinge o rebordo alveolar. (Fonte: NAPADF - Núcleo de Atendimento
a Pacientes com Deformidade Dento-Facial/UFSC).
528
Orthod. Sci. Pract. 2015; 8(32):526-540.

A B

C D E

Figura 3 (A-E) – Fissura labiopalatina bilateral. A fissura atinge o lábio e rebordo alveolar bilateralmente, além do palato duro e mole.
(Fonte: NAPADF - Núcleo de Atendimento a Pacientes com Deformidade Dento-Facial/UFSC).

Classificação ao forame incisivo (maxilar e nasal mediano), po-


Uma das classificações mais utilizadas é a de dendo estas ser uni ou bilaterais, e ainda completas
Spina, a qual identifica a anatomia e, além de ser (atingindo lábio, rebordo alveolar e assoalho nasal)
racional, clara e simples, é bastante eficiente16. A sua (Figura 4 A-C) ou incompletas (atingindo parte do lá-
particularidade consiste em elucidar a origem em- bio, ou todo o lábio e parte do rebordo alveolar). Em
briológica do defeito. casos raros pode haver a fissura pré-forame incisivo
A face média se forma embriologicamente a par- mediana, pela falta de fusão dos processos nasais
tir de dois primórdios principais denominados palato medianos, podendo esta fissura ser completa ou in-
primário e palato secundário16. O palato primário dá completa (Figura 5).
origem às estruturas centrais da face média, como Grupo II - Fissuras transforame incisivo ocor-
columela nasal, filtro e tubérculo labial e a pré-maxi- rem pela falta de fusão dos processos maxilar, nasal
la. O palato secundário é formado a partir da fusão mediano e processos palatinos. Nas fissuras trans-
dos processos palatinos que terminam de formar o forame incisivo, a fissura inicia no lábio, passa pelo
palato na 12ª semana de vida intrauterina. O fora- rebordo alveolar, dirige-se posteriormente atraves-
me incisivo simboliza o único vestígio que separava sando completamente o forame incisivo e os palatos
intrauterinamente os palatos primário e secundário. duro e mole. As fissuras transforame incisivo podem
A linha de fusão entre os processos faciais embrio- ser uni ou bilaterais, quando atingem o lábio uni ou
nários constitui a linha de fragilidade e a falha desta bilateralmente, respectivamente (Figura 6 A-F). Ra-
fusão origina a fissura16. ramente, podem ser medianas quando o filtro do lá-
Relato de caso / Case report

Pela classificação de Spina as fissuras labiopalati- bio é fissurado na linha mediana pela falta da fusão
nas podem ser divididas em 4 Grupos: Grupo I - Fis- entre os processos nasais medianos. Essas fissuras
suras pré-forame incisivo; Grupo II - Fissuras transfo- ocorrem em aproximadamente metade dos pacien-
rame incisivo; Grupo III - Fissuras pós-forame incisivo tes portadores de fissuras labiopalatais e são as que
e Grupo IV - Fissuras raras da face (Quadro 1)16. maior desafio impõem ao tratamento, pela extensão
Grupo I - Fissuras pré-forame incisivo ocorrem e gravidade dos defeitos anatômicos.
pela falta de fusão dos processos faciais anteriores Grupo III - Fissuras pós-forame incisivo ocorrem
529
Orthod. Sci. Pract. 2015; 8(32):526-540.

pela falta de fusão entre os processos palatinos, pos- Grupo IV - Fissuras raras da face são aquelas que
teriormente ao forme incisivo. Essas fissuras podem não se enquadram nos 3 grupos anteriores. Geral-
ser completas, atingindo desde o forame incisivo até mente são bastante raras e atípicas, envolvendo bo-
a úvula, ou incompletas, quando atingem parte do checha, pálpebras, nariz, ossos do crânio e face. Por
tecido duro ou parte do tecido mole do palato (Fi- serem incomuns, não possuem protocolo de trata-
gura 7 A-B). mento bem definido.

à Completa
à Direita Incompleta
è Unilateral
à
à Completa
Esquerda
Grupo I Incompleta
Fissuras pré-forame incisivo à Completa
è Bilateral à
Incompleta

è Mediana à Completa
Incompleta

Grupo II è Unilateral à Direita


Esquerda
Fissura transforame incisivo
è Bilateral
è Mediana
Grupo III è Completa
Fissuras pós-forame incisivo è Incompleta
Grupo IV
Fissuras raras da face
Quadro 1 – Classificação das fissuras labiopalatinas, segundo Spina 2.

A B C

Figura 4 (A-C) – Fissura pré-forame incisivo completa unilateral. (Fonte: NAPADF- Núcleo de Atendimento a Pacientes com Deformidade
Dento-Facial/UFSC). Rocha R, Ritter DE, Ribeiro GLU, Derech CA.

Figura 5 – Fissura pré-forame incisivo mediana incompleta. (Fon-


te: NAPADF - Núcleo de Atendimento a Pacientes com Deformidade Dento-
-Facial/UFSC).
530
Orthod. Sci. Pract. 2015; 8(32):526-540.

A B

C D

E F
Figura 6 (A-F) – Fissura transforame incisivo A-C) unilateral e D-F) bilateral. (Fonte: NAPADF - Núcleo de Atendimento a Pacientes com
Deformidade Dento-Facial/UFSC).
Relato de caso / Case report

A B
Figura 7 (A-B) – Fissura pós-forame incisivo, A) completa e B) incompleta submucosa. (Fonte: NAPADF - Núcleo de Atendimento a
Pacientes com Deformidade Dento-Facial/UFSC).
531
Orthod. Sci. Pract. 2015; 8(32):526-540.

Tratamento cos de pacientes que foram submetidos às cirurgias


primárias (lábio e palato), alguns métodos podem ser
O tratamento de pacientes com fissuras faciais e utilizados e são encontrados na literatura. Um deles
deformidades craniofaciais atinge melhores resulta- é o Índice GOSLON (Great Ormond Street, Londres e
dos quando o diagnóstico e plano de tratamento são Oslo, Noruega)9. Este índice oclusal foi elaborado com
realizados por uma equipe multidisciplinar17. Essas um conjunto de 30 modelos de estudo de crianças de
equipes incluem profissionais em diversas áreas da 12 anos de idade, nascidas com fissura transforame
Medicina, Fonoaudiologia, Psicologia, Odontologia, unilateral. Os modelos foram escolhidos para repre-
Assistência Social, Enfermagem, entre outros. Este sentar a variação total dos resultados e foram classifi-
grupo de profissionais deve ter treinamento, educa- cados por quatro ortodontistas, do melhor resultado
ção continuada e experiência para estarem prepa- para o pior. Os resultados foram então comparados
rados para atendimento de fissurados labiopalatais. entre avaliadores e classificados em cinco grupos, os
Sugere-se que a equipe tenha reuniões periódicas a quais constituem a atual escala GOSLON. Estes cinco
cada dois meses para avaliação dos tratamentos, dis- grupos são:
cussão de novos casos e planejamento, beneficiando Grupo 1 - Prognóstico excelente - evolução bas-
os resultados. tante favorável, com pouco ou nenhum tratamento
ortodôntico necessário;
Tratamento das fissuras de lábio e palato Grupo 2 - Prognóstico bom - evolução favorável,
Nos primeiros anos de vida, o tratamento é geral- com pouco tratamento ortodôntico necessário;
mente realizado em duas cirurgias separadas: reparo Grupo 3 - Prognóstico razoável - requer tratamen-
do lábio (queiloplastia) e reparo do palato (palatoplas- to ortodôntico complexo para corrigir a má oclusão,
tia). A técnica mais utilizada para fechamento do lábio mas bom resultado pode ser antecipado;
é aquela realizada aos 3 meses de vida3. O momento Grupo 4 - Prognóstico pobre - nos limites do tra-
mais utilizado para fechamento do palato é entre 12 tamento ortodôntico sem cirurgia ortognática e se o
e 18 meses de vida. Apesar deste protocolo ser bem crescimento for desfavorável, a cirurgia ortognática
estabelecido mundialmente, alguns centros adotam será necessária;
condutas diversas. Estudos utilizando enxerto ósseo Grupo 5 - Prognóstico muito ruim - cirurgia ortog-
no mesmo momento da correção labial e palatal mos- nática é necessária para obtenção de relações oclusais
tram maior impacto negativo no crescimento maxi- satisfatórias.
lar14,17. Melhores resultados cirúrgicos são obtidos por A vantagem deste índice é que os modelos de
cirurgiões experientes e treinados, o que produz apri- estudo de pacientes são categorizados na fase de
moramento da técnica. Quanto maior o número de dentição permanente precoce, quando os problemas
repetições cirúrgicas, maior será a intensidade de fi- esqueléticos e oclusais são bem evidentes. Os fato-
brose cicatricial e, por consequência, maior o impacto res horizontal, vertical e transversal são considerados
negativo sobre o crescimento da face média. nesta ordem de importância, com o objetivo de atri-
buir uma pontuação baseada na futura facilidade de
Efeito das cirurgias primárias correção da má oclusão com Ortodontia e/ou cirurgia.
Em fissuras isoladas do palato primário, o efeito Por exemplo, na dimensão anteroposterior, uma rela-
da cirurgia do lábio é devolver a forma normal do pro- ção dos incisivos cruzados, com molares em Classe III
cesso dentoalveolar anterior, distorcido pela fissura. de Angle é considerada com muito menos chance de
Em fissuras pré-forame incisivo completas, a cicatriz sucesso do que uma relação de Classe II, divisão 1 de
no palato anterior irá afetar as estruturas dentoalveo- Angle. Da mesma forma, uma sobremordida acentua-
lares, mas não a base óssea da maxila17. Desta forma, da tem mais chance de sucesso do que uma mordida
em fissuras isoladas do palato primário o risco de im- aberta anterior, e na ausência de uma mordida cruza-
por grande prejuízo ao crescimento facial é menor. da, haverá melhor prognóstico do que com a presen-
Rocha R, Ritter DE, Ribeiro GLU, Derech CA.

Porém, em fissuras transforame incisivo, devido ça de uma mordida cruzada uni ou bilateral7.
às cirurgias de lábio, rebordo alveolar, palatos duro Embora o Índice GOSLON forneça uma medida útil
e mole, ocorre impacto no crescimento maxilar, que de resultado das cirurgias primárias no início da denti-
torna-se aparente ao final da adolescência. A maxi- ção permanente, será necessário aguardar a dentição
la tem crescimento horizontal e vertical diminuídos, permanente para avaliar os resultados dentoalveolares
sendo a posição da mandíbula aparentemente não do tratamento cirúrgico. Existe também o risco de o pa-
afetada pelo reparo cirúrgico do palato. A dimensão ciente ter realizado tratamento ortodôntico ou enxerto
transversal basal da maxila parece não ser afetada ósseo alveolar secundário previamente no momento da
pela cirurgia, porém a dimensão dentoalveolar é alta- avaliação7. Uma tentativa de resolver esta limitação foi
mente afetada, podendo resultar em mordidas cruza- o desenvolvimento do Índice de 5 anos de idade1,2. Esse
das posterior e anterior17. índice manteve o formato de cinco categorias do Índice
Com o objetivo de se avaliar os resultados clíni- GOSLON, mas com modelos de referência tomados de
532
Orthod. Sci. Pract. 2015; 8(32):526-540.

crianças com 5 anos de idade, portadoras de fissuras das cirurgias primárias e auxiliar no prognóstico de fis-
transforame incisivo unilateral. Os descritores que são suras transforame unilaterais, tendo sido utilizado em
utilizados para categorizar os grupos neste índice são vários estudos desde a sua introdução7. No entanto,
ilustrados na Tabela 1. assim como para o Índice GOSLON, os operadores pre-
Assim como o Índice GOSLON, o Índice de 5 anos cisam ser calibrados na sua utilização.
de idade é muito utilizado para se avaliar os resultados

Tabela 1 – Critérios a serem utilizados no Índice 5 anos de idade. (Adaptado de Atack et al.9,10).
Prognóstico a
Grupos Características
longo prazo
Overjet positivo com incisivos retroinclinados ou com inclinação moderada;
1 Excelente
sem mordida cruzada/aberta; Boa forma de arco maxilar e anatomia do palato
Overjet positivo com incisivos retroinclinados ou com inclinação moderada;
2 Bom
tendência a mordida cruzada unilateral ou a mordida aberta na região da fissura
Mordida de topo com incisivos moderadamente inclinados ou projetados, ou overjet
3 negativo com incisivos retroinclinados; mordida cruzada unilateral; tendência de Moderado
mordida aberta na região da fissura
Overjet negativo com incisivos moderadamente inclinados ou projetados; mordida
4 cruzada unilateral/tendência a bilateral; Pobre
tendência de mordida aberta na região da fissura
Overjet negativo com incisivos projetados; mordida cruzada bilateral; pobre forma de
5 Muito pobre
arco maxilar e anatomia do palato

Enxerto alveolar momento mais adequado para realizar o enxerto. Mes-


O enxerto ósseo alveolar secundário (EOAS) em mo assim, o EOAS não tem efeito sobre o crescimento,
pacientes com fissura de lábio e palato, descrito pela mesmo quando realizado próximo dos 8 anos de idade
primeira vez por Boyne;Sands4 (1972), tornou-se parte com base no pressuposto de que o crescimento da re-
essencial do tratamento cirúrgico de pacientes com lá- gião anterior da maxila está completo nesta idade6,14,17.
bio e palato fissurados (Figura 8 A-B)14. O momento ideal de se realizar a cirurgia depende mais
O momento de realização do enxerto ósseo na fis- do desenvolvimento dentário do que da idade cronoló-
sura pode ser classificado como precoce (2 aos 5 anos gica. Idealmente, a raiz do canino permanente deve ter
de idade), intermediário ou secundário (6 aos 15 anos de entre a metade a dois terços formados no momento em
idade), e tardio ou terciário (16 anos para adultos)11,12,17. que o enxerto é colocado. A formação da raiz do canino
Desde que Bergland et al.3 (1986) publicaram os resul- permanente ocorre geralmente entre as idades de 8 e 11
tados do estudo de Oslo, no qual 378 pacientes con- anos. Se o incisivo lateral está presente próximo à fenda,
secutivos foram submetidos ao enxerto ósseo alveolar, o enxerto pode ser realizado mais cedo, permitindo a
o período intermediário (secundário) é aceito como o irrupção deste dente junto ao enxerto.
Relato de caso / Case report

Figura 8 (A-B) – Radiografia periapical


A) pré-enxerto e B) pós-enxerto ósseo al-
veolar secundário. (Fonte: NAPADF- Núcleo
de Atendimento a Pacientes com Deformidade
A B Dento-Facial/UFSC).
533
Orthod. Sci. Pract. 2015; 8(32):526-540.

O enxerto ósseo alveolar secundário oferece os se- infecção3,4,11. O cirurgião ortopedista determina o local
guintes benefícios3,4,11: doador de onde o osso é colhido, sendo os sítios do-
1. Permite a erupção espontânea dos dentes ad- adores mais utilizados a crista ilíaca, costelas e tíbia,
jacentes à fissura. devido à quantidade de osso esponjoso disponível. A
2. Possibilita o fechamento da fístula oro-nasal. morbidade da coleta de osso a partir destes locais, re-
3. Apoiar a elevação da base alar sobre a fenda lado. sultam em pacientes hospitalizados em recuperação
4. Construção de uma forma do arco contínuo e por alguns dias pós-cirurgicamente, devido à demora
estável, aumentando a altura alveolar e facili- na cicatrização e recuperação mais lenta no local do-
tando o tratamento ortodôntico. ador17. Para se evitar esta recuperação mais longa, o
5. Alcançar a estabilização e reposicionamento crânio tem se tornado um local alternativo para se ob-
da pré-maxila naqueles pacientes com fissura ter osso esponjoso. Entretanto, os riscos operacionais
bilateral. são mais elevados e a quantidade de osso esponjoso
6. Menos risco de interferir com o crescimento é menor do que na crista ilíaca. A sínfise mandibular
da face média e o desenvolvimento dental, é outro local doador, mas só deve ser recomendada
comparado ao enxerto realizado antes dos quando os caninos inferiores permanentes tiverem sido
cinco anos de idade. localizados de modo a minimizar as possibilidades de
7. Possibilita a colocação de implantes osseoin- lesão ao desenvolvimento desses dentes3,4,11.
tegrados quando há falta de dentes na região A maioria das avaliações de resultados em relação
do enxerto. ao secundário enxerto ósseo alveolar é feita em radio-
grafias oclusais ou periapicais intraorais3,8,18. As medi-
Técnica cirúrgica ções adotadas centram-se na altura do osso interden-
O clínico geral ou pediatra deve garantir que quais- tal, no percentual de preenchimento ósseo no local da
quer dentes cariados, especialmente aqueles adjacen- fissura (Tabela 2) e na posição do osso no local da fissu-
tes à fissura, sejam restaurados antes do procedimen- ra em relação ao comprimento radicular adjacente8,18.
to de enxerto. Qualquer dente irrompido adjacente à Estudos mais recentes têm se centrado na avaliação do
fissura que tenha má condição periodontal ou endo- volume ósseo utilizando tomografia computadorizada
dôntica deve ser extraído pelo menos 2 meses com an- de feixe cônico, que fornece uma indicação mais preci-
tecedência para permitir a cicatrização de tecidos da sa do volume de osso, porém com uma maior dose de
mucosa antes da cirurgia8. radiação ao paciente10,15,19.
Após assepsia e anestesia, na região da fissura é
elevado um retalho subperiosteal que deixa as mar- Tratamento ortodôntico para fissura
gens ósseas da fenda expostas, sendo o defeito da labiopalatal
fissura preenchido com osso enxertado e as margens Os pacientes com fissura labiopalatina rotineira-
do enxerto cobertas com retalho de tecido mole. Osso mente requerem tratamento ortodôntico extenso e
esponjoso é preferido sobre o osso cortical porque re- prolongado. A Ortodontia é necessária para corrigir
vasculariza mais rapidamente e tem menos chance de uma variedade de problemas, como correção de mor-
didas cruzadas (anteriores e posteriores), correção de
apinhamentos dentários, preparação para o enxerto
Tabela 2 – Critérios utilizados quando avaliado o resultado do ósseo alveolar, adequação de espaço para agenesias/
enxerto ósseo alveolar. (Adaptado de Kindelan et al.14).
supranumerários, e em preparação para a cirurgia or-
Níveis de Porcentagem de osso tognática. A sequência típica de tratamento é apresen-
resultados de preenchendo tada na Tabela 3.
enxerto ósseo a área alveolar da fissura O tratamento ortodôntico e ortopédico pode ser
1 +75% necessário, de acordo com as necessidades, nas se-
Rocha R, Ritter DE, Ribeiro GLU, Derech CA.

2 50-75% guintes etapas12: (1) na infância antes da reparação ci-


3 -50% rúrgica inicial do lábio, (2) durante a dentição decídua
4 Sem ponte óssea
e início da dentição mista, (3) durante a dentição mista

Tabela 3 – Sequência frequente do tratamento em pacientes portadores de fissura labiopalatal (Adaptado de Proffit et al1).
Sequência de tratamento para pacientes com fissura lábio palatal
2-4 meses Cirurgia de Fechamento do lábio
12-18 meses Cirurgia de Fechamento do palato
7-8 anos Alinhamento dos incisivos / expansão palatal
8-10 anos Enxerto ósseo alveolar secundário (antes da irrupção do canino, ou do incisivo lateral se presente)
Adolescência Ortodontia corretiva; revisão lábio/nariz
Adolescência tardia Ortodontia corretiva; cirurgia ortognática, se necessário.
534
Orthod. Sci. Pract. 2015; 8(32):526-540.

e início da dentição permanente, e (4) no final da ado- arco, pode ser necessária para melhorar o prognóstico
lescência, após a conclusão do crescimento facial, em da reparação cirúrgica do lábio. Esta “ortopedia pré-ci-
conjunto com a cirurgia ortognática. rúrgica” é um dos poucos casos em que tratamento or-
topédico para um recém-nascido pode ser indicado11.
Ortopedia pré-cirurgia labial Se a movimentação pré-cirúrgica for indicada, ela
Uma criança com fissura labial e palatina terá um deve ser feita começando com 3 a 6 semanas de ida-
arco superior distorcido ao nascimento em quase todos de, de modo que a cirurgia do lábio possa ser realizada
os casos. Em pacientes com fissura transforame bilate- com aproximadamente 10 semanas. O consenso atual
ral, o segmento pré-maxilar é quase sempre projetado é de que a ortopedia infantil pré-cirúrgica oferece aos
anteriormente, enquanto os segmentos palatinos se pacientes pouco benefício a longo prazo11,12. A literatura
encontram contraídos (Figura 9 A-E). Distorções menos mostra que as crianças que tiveram ortopedia pré-cirúr-
graves ocorrem em pacientes com fissuras transforame gica parecem melhor do que aquelas que não a tiveram,
unilaterais (Figura 10 A-C). Se a distorção da forma de somente nos primeiros anos pós-cirurgia. Com o passar
arco é extremamente grave, o fechamento cirúrgico dos anos, no entanto, torna-se mais difícil dizer quais
do lábio, que normalmente é realizado nas primeiras pacientes tiveram segmentos reposicionados pré-cirur-
semanas de vida, pode ser difícil. A intervenção orto- gicamente e os que não os tiveram. Desta forma, atual-
pédica pré-cirúrgica para reposicionar os segmentos e mente, uma pequena minoria de pacientes com fissuras
trazer o segmento pré-maxilar saliente de volta para o lábiopalatais é tratada com ortopedia pré-cirúrgicas.

A B

C D E
Figura 9 (A-E) – Fissura bilateral, com segmento intermaxilar deslocado anteriormente e segmentos posteriores contraídos. (Fonte:
NAPADF - Núcleo de Atendimento a Pacientes com Deformidade Dento-Facial/UFSC).
Relato de caso / Case report

A B C
Figura 10 (A-C) – Fissura unilateral, com segmento intermaxilar deslocado anteriormente e segmento posterior contraído no lado da
fissura. (Fonte: NAPADF - Núcleo de Atendimento a Pacientes com Deformidade Dento-Facial/UFSC).
535
Orthod. Sci. Pract. 2015; 8(32):526-540.

Tratamento ortodôntico nas dentições xima às raízes. Neste contexto, a colagem de bráquetes
decídua e mista precoce em dentes vizinhos à área enxertada pode necessitar
Muitas das demandas ortodônticas que estarão de compensações de modo a evitar movimentos que
presentes durante as dentaduras decídua, mista e per- direcionem suas raízes para áreas sem sustentação ós-
manente decorrem de “sequelas” inerentes à realização sea ou com enxertos não integrados. Movimentos or-
das cirurgias reparadoras primárias. Embora as técnicas todônticos individuais próximos às fendas devem ser
de reparação das fissuras de lábio e palato terem melho- adiados de 2 a 6 meses após a realização do enxerto
rado muito nos últimos anos, o fechamento da fissura ósseo, quando, a partir de então, as raízes movidas em
labial inevitavelmente cria alguma constrição anterior direção ao enxerto ajudarão a consolidar o enxerto e
(gerando mordida cruzada anterior) na arcada dentária melhorar a altura da crista óssea alveolar.
superior, e o fechamento da fenda palatina faz com que Na presença de mordida cruzada posterior, a ex-
ocorra algum grau de constrição lateral maxilar (gerando pansão ortodôntica dos segmentos posteriores (Figura
mordida cruzada posterior) (Figura 11 A-C). 12 A-B) previamente ao enxerto ósseo alveolar pode
Intervenção ortodôntica normalmente é desne- melhorar a oclusão, mas também pode alargar a fissura
cessária até que os incisivos permanentes comecem a e uma fístula existente. Apesar disto, a expansão prevê
entrar em irrupção, mas geralmente é iniciada a partir um melhor acesso para a incisão e a elevação de reta-
desse momento. Existe uma forte tendência para os lhos durante a cirurgia, melhorando o prognóstico do
incisivos superiores a erupcionarem girados e, muitas enxerto ósseo. A expansão também corrige a contra-
vezes, em mordida cruzada. O principal objetivo do ção dos segmentos posteriores, restaurando a simetria
tratamento ortodôntico neste momento é corrigir a e o alinhamento do arco com o segmento anterior. Em
posição dos incisivos e preparar o paciente para um casos onde houver dúvida sobre fazer a expansão antes
enxerto ósseo alveolar secundário. Alinhamento dos in- ou após a enxertia óssea alveolar secundária, o cirur-
cisivos adjacentes à fenda, que tipicamente são girados gião bucomaxilofacial e o ortodontista devem decidir
e deslocados, é limitado pela disponibilidade óssea pró- sobre a melhor estratégia.

A B C
Figura 11 (A-C) – Mordidas cruzadas anterior e posterior em paciente com fissura transforame incisivo, normalmente presentes
devido aos efeitos das cirurgias primárias durante o crescimento. (Fonte: arquivo dos autores).

Rocha R, Ritter DE, Ribeiro GLU, Derech CA.

A B
Figura 12 (A-B) – Mordida cruzada posterior A) antes e B) depois da expansão, em paciente com fissura transforame incisivo uni-
lateral. (Fonte: NAPADF- Núcleo de Atendimento a Pacientes com Deformidade Dento-Facial/UFSC).
536
Orthod. Sci. Pract. 2015; 8(32):526-540.

Tratamento ortodôntico na dentição mista prótese definitiva ou um implante12.


e início da dentição permanente Boa parte dos pacientes com fissura labiopalatina
À medida que o canino e os pré-molares irrom- tem deficiência maxilar horizontal e vertical. O trata-
pem, mordida cruzada posterior pode se desenvolver, mento preferido é a utilização de uma máscara de
particularmente no lado fissurado em um paciente com protração para mover a maxila para uma posição mais
fissura unilateral, além de os dentes poderem estar de- anterior e inferior. A máscara extrabucal obtém anco-
salinhados e desnivelados. As cirurgias primárias tra- ragem frontal e no mento (Figura 13 A-B), com a for-
zem mais benefícios do que problemas, mas em quase ça na maxila para a frente, gerada via elásticos que se
todos os casos o tratamento com aparelho ortodôntico ligam a um aparelho ancorado nos dentes maxilares.
fixo será necessário ao final da dentadura mista. Para resistir à movimentação dentária tanto quanto
Se os incisivos laterais são mal formados ou ausen- possível, a ancoragem do aparelho deve ser estendida
tes, especialmente em pacientes com fendas bilaterais, ao maior número de dentes. Seja qual for o método de
os caninos podem ser orientados a entrar em erupção fixação, o aparelho deverá ter ganchos localizados na
ao lado dos incisivos centrais, quando possível. Fechar área de caninos e acima do plano oclusal, para se unir
o espaço da agenesia possui vantagens como evitar a aos elásticos também presos na máscara facial extrao-
necessidade de uma prótese para substituir os incisivos ral. A maioria das crianças com deficiência horizontal
laterais ausentes. No entanto, a substituição do incisivo maxilar também é deficiente no sentido vertical, o que
lateral pelo canino deve ser considerada no contexto significa que a direção da tração elástica, entre o aces-
da oclusão e da morfologia da coroa do canino12. sório intraoral e a máscara extraoral, deve ser levemen-
Nos pacientes que apresentam fissura alveolar são te descendente, favorecendo a tração anterior e verti-
observados com frequência alterações de forma e nú- cal da maxila. Isto também direciona o vetor de força
mero acometendo a região dos incisivos laterais. Sempre para mais próximo ao centro de resistência da maxila
que houver um dente posicionado distal à fenda e me- e, assim, evita a sua rotação no sentido anti-horário.
sial ao canino, este dente é chamado de pré-canino. A Os elásticos utilizados na protração maxilar devem
presença de um pré-canino não exclui a possibilidade de exercer cerca de 350 a 450 gramas de força de cada
haver também o incisivo lateral, sempre mesial à fenda. lado, sendo aplicadas durante 12 a 14 horas por dia12.
No entanto, na maioria das vezes, observa-se a presença Geralmente é melhor adiar o início da protração maxi-
de um ou outro. Em ambas as situações a reconstrução lar até que os primeiros molares permanentes tenham
alveolar obtida com o enxerto estabelece a ponte óssea irrompido e possam ser incorporados como unidade de
unindo os segmentos fissurados e conferindo suporte ancoragem. A protração maxilar normalmente é utiliza-
ósseo, o que possibilita a manutenção dos dentes. da simultaneamente ou em seguida da disjunção pala-
Se o fechamento do espaço não é possível, movi- tal rápida, pois existem evidências que sugerem que a
mento ortodôntico pode ser necessário para posicionar disjunção palatina favorece os movimentos esqueléticos
os dentes como pilares para eventuais próteses fixas. anteroposteriores maxilares. Em pacientes com fissuras
Aparelhos removíveis com um dente de substituição transforame incisivo, pode ser suficiente a expansão ma-
podem ser instalados até o momento de realizar uma xilar lenta, já que a sutura palatina é inexistente.
Relato de caso / Case report

Figura 13 (A-B) – Máscara de protra-


ção maxilar (Fonte: NAPADF - Núcleo de Aten-
dimento a Pacientes com Deformidade Dento-
A B -Facial/UFSC).
537
Orthod. Sci. Pract. 2015; 8(32):526-540.

Devido à força da protração maxilar normalmente pré-adolescentes são a densidade óssea mais baixa e
ser aplicada em algum aparelho com ancoragem den- possíveis danos aos dentes permanentes intra-ósseos12.
tária, além da mudança esquelética desejada, ocorre Como acontece com a expansão maxilar, é mais
movimentação dentária. Para minimizar os movimen- fácil e mais eficaz deslocar a maxila para a frente antes
tos dentários é possível usar ancoragem esqueletal dos 10 anos de idade. Este tipo de tratamento atinge
temporária como apoio para tração maxilar, evitando- ótimos resultados em crianças com deficiência maxi-
-se a pressão contra os dentes e possibilitando realizar lar leve ou moderada, e pobres resultados em crianças
a protração maxilar mesmo quando os dentes estão au- com a combinação de maxila deficiente e mandíbula
sentes. Os inconvenientes da ancoragem esqueletal em excessiva13 (Figura 14 A-Z).

A B C

D E F

Rocha R, Ritter DE, Ribeiro GLU, Derech CA.

G H
538
Orthod. Sci. Pract. 2015; 8(32):526-540.

I J

K L M

N O P
Relato de caso / Case report

Q R S
539
Orthod. Sci. Pract. 2015; 8(32):526-540.

T U

V W

Rocha R, Ritter DE, Ribeiro GLU, Derech CA.

X Y Z
Figura 14 (A-Z) – Caso clínico de paciente com fissura transforame incisivo completa, mordidas cruzadas anterior e posterior. A-M)
Antes do tratamento ortodôntico e N-Z) após o tratamento ortodôntico. Foi utilizado aparelho expansor fixo, realizado enxerto ósseo
alveolar secundário, seguido de protração maxilar e braquetes para alinhamento e nivelamento dentários. (Fonte: Rocha et al19).

Cirurgia ortognática para pacientes com clusão do tratamento ortodôntico ativo pode levar ao
fissuras labiopalatinas retorno da mordida cruzada anterior e posterior. Este
Em alguns pacientes com fissura de lábio e palato, resultado é visto com menos frequência atualmente
mais frequentemente em homens do que em mulheres, devido às melhorias recentes nos procedimentos cirúr-
a continuação do crescimento mandibular após a con- gicos de fechamento do lábio e palato, e também de-
540
Orthod. Sci. Pract. 2015; 8(32):526-540.

vido à evolução técnica dos tratamentos ortodônticos. 17. Turvey TA, Vig KWL, Fonseca RJ, eds. Facial clefts and cra-
A cirurgia ortognática para trazer a maxila para niosynostosis: principles and management. Philadelphia:
WB Saunders; 1996.
baixo e para frente, com ou sem recuo mandibular, 18. Witherow H, Cox S, Jones E, Carr R, Waterhouse N. A new
pode ser a última etapa necessária para o tratamento scale to assess radiographic success of secondary alveolar bone
de um paciente com fissura de lábio ou palato, tipica- grafts. Cleft Palate Craniofac J. 2002; May; 39(3):255-60.
19. Yatabe MS, Ozawa TO, Janson G, Faco RAS, Garib DG. Are
mente por volta dos 18 anos de idade. there bone dehiscences in maxillary canines orthodontically
moved into the grafted alveolar cleft? Am J Orthod Dento-
facial Orthop. 2015; Feb;147(2):205-13.
Conclusão
Devido à grande variedade e complexidade das de-
formidades existentes é importante que todo profissio-
nal da área da saúde conheça os princípios básicos do
diagnóstico das mesmas. Somente assim será possível o
correto reconhecimento, encaminhamento e tratamen-
to dos pacientes. É fundamental que eles sejam trata-
dos em centros adequados, com equipe multidisciplinar
e experiente, pois, em muitos casos, o momento ideal
do tratamento não pode ser adiado pela indecisão ou
desconhecimento, o que gerará piora no prognóstico.

Referências
1. Atack N, Hathorn I, Mars M, Sandy J. Study models of 5 ye-
ars old children as predictors of surgical outcome in unilateral
cleft lip and palate. Eur J Orthod. 1997; Apr;19(2):165-70.
2. Atack NE, Hathorn IS, Semb G, Dowell T, Sandy JR. A new
index for assessing surgical outcome in unilateral cleft lip
and palate subjects aged five: reproducibility and validity.
Cleft Palate Craniofac J. 1997; May 34(3):242-6.
3. Bergland O, Semb G, Abyholm FE. Elimination of the residual
alveolar cleft by secondary bone grafting and subsequent or-
thodontic treatment. Cleft Palate J. 1986 Jul; 23(3):175-205.
4. Boyne PJ, Sands NR. Secondary bone grafting of residual al-
veolar and palatal clefts. J Oral Surg. 1972 Feb; 30(2):87-92.
5. Enlow DH. Facial Growth. Philadelphia, Pa: WB Saunders; 1990.
6. Jack HC, Antoun JS, Fowlert PV. Evaluation of primary surgi-
cal outcomes in New Zealand patients with unilateral clefts
of the lip and palate. Aust Orthod J. 2011; May; 27(1):23–7.
7. Jones T, Al-Ghatam R, Atack N, Deacon S, Power R, Albery
L, Ireland T, Sandy J. A review of outcome measures used in
cleft care. J Orthod. 2014 Jun; 41(2):128-40.
8. Kindelan JD, Nashed RR, Bromige MR. Radiographic asses-
sment of secondary autogenous alveolar bone grafting in
cleft lip and palate patients. Cleft Palate Craniofac J. 1997;
May; 34(3):195–8.
9. Mars M, Plint DA, Houston WJ, Bergland O, Semb G. The
Goslon Yardstick: a new system of assessing dental arch re-
lationships in children with unilateral clefts of the lip and
palate. Cleft Palate J. 1987 Oct; 24(4): 314-22.
10. Oberoi S, Chigurupati R, Gill P, Hoffman WY, Vargervik K.
Volumetric assessment of secondary alveolar bone grafting
using cone beam computed tomography. Cleft Palate Cra-
niofac J. 2009; Sep; 46(5):503-11.
11. Proffit WR, White RP Jr, Sarver DM. Contemporary treat-
ment of dentofacial deformity. St Louis: CV Mosby; 2003.
12. Proffit WR, Fields HW Jr, Sarver DM, editors. Contemporary
Orthodontics, 4ª ed. St Louis: Mosby; 2007.
13. Rocha R, Ritter DE, Locks A, de Paula LK, Santana RM. Ide-
al treatment protocol for cleft lip and palate patient from
mixed to permanent dentition. Am J Orthod Dentofacial Or-
thop. 2012; Apr; 141(4), S140-S148.
14. Semb G, Shaw W. Influence of alveolar bone grafting on
facial growth. In: Bardach I, Morris HL, eds. Multidiscipli-
Relato de caso / Case report

nary management of cleft lip and palate. Philadelphia. WB


Saunders; 1990.
15. Suomalainnen A, Aberg T, Rautio J, Hurmerinta K. Cone
beam computed tomography in the assessment of alveolar
bone grafting in children with unilateral cleft lip and palate.
Eur J Orthod. 2014; Feb 36(5):603-11.
16. Trindade IEK, Silva Filho OG. Fissuras labiopalatinas: uma
abordagem interdisciplinar. São Paulo: Santos; 2007.

View publication stats

Você também pode gostar