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net/publication/292610470
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All content following this page was uploaded by Carla D'Agostini Derech on 02 February 2016.
Resumo
As deformidades dentofaciais acentuadas, entre as quais estão as fissuras labiopalatais,
são as que mais dificuldade impõem ao cirurgião dentista no seu reconhecimento, diagnóstico
e planejamento do tratamento. Este artigo objetiva reunir informações atuais sobre as fissuras
labiopalatais, servindo como fonte para pesquisa, auxiliando no diagnóstico e propiciando
noções básicas sobre o plano de tratamento.
Descritores: Fissuras labiopalatais, diagnóstico, tratamento.
Abstract
Severe dentofacial deformities, among which are the Cleft Lip and Palate are the most
demanding to the dentist in recognition, diagnosis and treatment planning. This article aims
to gather current information about the Cleft Lip and Palate, serving as a source for research,
aiding in the diagnosis and providing basics of the treatment plan.
Descriptors: Cleft lip and palate, diagnosis, treatment.
1
Especialista em Ortodontia registrado – CRO-SC, Mestre e Doutor em Ortodontia – UFRJ-RJ, Diplomado – BBO.
2
Especialista e Mestre em Ortodontia – UERJ-RJ, Doutor em Ortodontia pela UNESP – Araraquara/SP, Diplomado – BBO.
3
Pós-Doutorado – Baylor College of Dentistry, Mestre e Doutor em Ortodontia – UFRJ-RJ. Diplomado – BBO.
4
Mestre e Doutora em Ortodontia – UFRJ, Diplomada – BBO.
Introdução
O defeito congênito mais comum envolvendo a face labial também têm fenda palatal (Figura 2 A-C)12. Uma
e maxilares, ocorrendo a cada 750 nascimentos aproxi- fissura do palato secundário isolado é o resultado de
madamente, é a fissura do lábio e palato. O local onde um problema que surgiu após o fechamento do lábio
as fissuras aparecem é determinado pela falha na fusão ter ocorrido. A fusão incompleta do palato secundário,
entre os vários processos faciais, isto é, influenciado pelo que produz um entalhe em sua extensão posterior (por
momento na vida embriológica em que alguma interfe- vezes apenas uma úvula bífida), indica uma interferên-
rência com o desenvolvimento ocorreu12,16. cia tardia na fusão do palato secundário, por volta da
As fissuras no lábio ocorrem devido a uma falha 12ª semana de vida intrauterina.
na fusão entre os processos nasais medianos e os pro- A extensão da fissura presente no nascimento é re-
cessos maxilares, o que normalmente ocorre durante sultante da combinação do defeito embriogênico inicial
a sexta semana de desenvolvimento17. Fissuras labiais com as subsequentes alterações ocorridas no útero. Em
podem ocorrer lateralmente à linha média em um ou fissuras completas unilaterais ocorre assimetria anterior
ambos os lados (Figura 1 A-C). O fechamento do pala- da maxila, inclinação superior da pré-maxila e distor-
to secundário pela elevação das lâminas palatinas suce- ção do septo nasal, inclinado lateralmente em direção
de a do palato primário por quase duas semanas, o que ao lado da fissura5. Em fissuras bilaterais, a pré-maxila,
significa que uma interferência que provocou fissura unida ao vômer por cartilagem, ocupa o extremo an-
labial, mas que ainda está em ação, também pode afe- terior abaixo do septo nasal, com o septo pré-maxilar
tar o palato. Cerca de 60% dos indivíduos com fissura orientado mais acima do que para frente (Figura 3 A-E).
A B C
Figura 1 (A-C) – Fissura labial unilateral. Observar que não há alteração no rebordo alveolar. (Fonte: NAPADF - Núcleo de Atendimento a
Pacientes com Deformidade Dento-Facial/UFSC).
B C D
Figura 2 (A-D) – Fissura labiopalatina unilateral. Neste caso a fissura atinge o rebordo alveolar. (Fonte: NAPADF - Núcleo de Atendimento
a Pacientes com Deformidade Dento-Facial/UFSC).
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A B
C D E
Figura 3 (A-E) – Fissura labiopalatina bilateral. A fissura atinge o lábio e rebordo alveolar bilateralmente, além do palato duro e mole.
(Fonte: NAPADF - Núcleo de Atendimento a Pacientes com Deformidade Dento-Facial/UFSC).
Pela classificação de Spina as fissuras labiopalati- bio é fissurado na linha mediana pela falta da fusão
nas podem ser divididas em 4 Grupos: Grupo I - Fis- entre os processos nasais medianos. Essas fissuras
suras pré-forame incisivo; Grupo II - Fissuras transfo- ocorrem em aproximadamente metade dos pacien-
rame incisivo; Grupo III - Fissuras pós-forame incisivo tes portadores de fissuras labiopalatais e são as que
e Grupo IV - Fissuras raras da face (Quadro 1)16. maior desafio impõem ao tratamento, pela extensão
Grupo I - Fissuras pré-forame incisivo ocorrem e gravidade dos defeitos anatômicos.
pela falta de fusão dos processos faciais anteriores Grupo III - Fissuras pós-forame incisivo ocorrem
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Orthod. Sci. Pract. 2015; 8(32):526-540.
pela falta de fusão entre os processos palatinos, pos- Grupo IV - Fissuras raras da face são aquelas que
teriormente ao forme incisivo. Essas fissuras podem não se enquadram nos 3 grupos anteriores. Geral-
ser completas, atingindo desde o forame incisivo até mente são bastante raras e atípicas, envolvendo bo-
a úvula, ou incompletas, quando atingem parte do checha, pálpebras, nariz, ossos do crânio e face. Por
tecido duro ou parte do tecido mole do palato (Fi- serem incomuns, não possuem protocolo de trata-
gura 7 A-B). mento bem definido.
à Completa
à Direita Incompleta
è Unilateral
à
à Completa
Esquerda
Grupo I Incompleta
Fissuras pré-forame incisivo à Completa
è Bilateral à
Incompleta
è Mediana à Completa
Incompleta
A B C
Figura 4 (A-C) – Fissura pré-forame incisivo completa unilateral. (Fonte: NAPADF- Núcleo de Atendimento a Pacientes com Deformidade
Dento-Facial/UFSC). Rocha R, Ritter DE, Ribeiro GLU, Derech CA.
A B
C D
E F
Figura 6 (A-F) – Fissura transforame incisivo A-C) unilateral e D-F) bilateral. (Fonte: NAPADF - Núcleo de Atendimento a Pacientes com
Deformidade Dento-Facial/UFSC).
Relato de caso / Case report
A B
Figura 7 (A-B) – Fissura pós-forame incisivo, A) completa e B) incompleta submucosa. (Fonte: NAPADF - Núcleo de Atendimento a
Pacientes com Deformidade Dento-Facial/UFSC).
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Porém, em fissuras transforame incisivo, devido ça de uma mordida cruzada uni ou bilateral7.
às cirurgias de lábio, rebordo alveolar, palatos duro Embora o Índice GOSLON forneça uma medida útil
e mole, ocorre impacto no crescimento maxilar, que de resultado das cirurgias primárias no início da denti-
torna-se aparente ao final da adolescência. A maxi- ção permanente, será necessário aguardar a dentição
la tem crescimento horizontal e vertical diminuídos, permanente para avaliar os resultados dentoalveolares
sendo a posição da mandíbula aparentemente não do tratamento cirúrgico. Existe também o risco de o pa-
afetada pelo reparo cirúrgico do palato. A dimensão ciente ter realizado tratamento ortodôntico ou enxerto
transversal basal da maxila parece não ser afetada ósseo alveolar secundário previamente no momento da
pela cirurgia, porém a dimensão dentoalveolar é alta- avaliação7. Uma tentativa de resolver esta limitação foi
mente afetada, podendo resultar em mordidas cruza- o desenvolvimento do Índice de 5 anos de idade1,2. Esse
das posterior e anterior17. índice manteve o formato de cinco categorias do Índice
Com o objetivo de se avaliar os resultados clíni- GOSLON, mas com modelos de referência tomados de
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crianças com 5 anos de idade, portadoras de fissuras das cirurgias primárias e auxiliar no prognóstico de fis-
transforame incisivo unilateral. Os descritores que são suras transforame unilaterais, tendo sido utilizado em
utilizados para categorizar os grupos neste índice são vários estudos desde a sua introdução7. No entanto,
ilustrados na Tabela 1. assim como para o Índice GOSLON, os operadores pre-
Assim como o Índice GOSLON, o Índice de 5 anos cisam ser calibrados na sua utilização.
de idade é muito utilizado para se avaliar os resultados
Tabela 1 – Critérios a serem utilizados no Índice 5 anos de idade. (Adaptado de Atack et al.9,10).
Prognóstico a
Grupos Características
longo prazo
Overjet positivo com incisivos retroinclinados ou com inclinação moderada;
1 Excelente
sem mordida cruzada/aberta; Boa forma de arco maxilar e anatomia do palato
Overjet positivo com incisivos retroinclinados ou com inclinação moderada;
2 Bom
tendência a mordida cruzada unilateral ou a mordida aberta na região da fissura
Mordida de topo com incisivos moderadamente inclinados ou projetados, ou overjet
3 negativo com incisivos retroinclinados; mordida cruzada unilateral; tendência de Moderado
mordida aberta na região da fissura
Overjet negativo com incisivos moderadamente inclinados ou projetados; mordida
4 cruzada unilateral/tendência a bilateral; Pobre
tendência de mordida aberta na região da fissura
Overjet negativo com incisivos projetados; mordida cruzada bilateral; pobre forma de
5 Muito pobre
arco maxilar e anatomia do palato
O enxerto ósseo alveolar secundário oferece os se- infecção3,4,11. O cirurgião ortopedista determina o local
guintes benefícios3,4,11: doador de onde o osso é colhido, sendo os sítios do-
1. Permite a erupção espontânea dos dentes ad- adores mais utilizados a crista ilíaca, costelas e tíbia,
jacentes à fissura. devido à quantidade de osso esponjoso disponível. A
2. Possibilita o fechamento da fístula oro-nasal. morbidade da coleta de osso a partir destes locais, re-
3. Apoiar a elevação da base alar sobre a fenda lado. sultam em pacientes hospitalizados em recuperação
4. Construção de uma forma do arco contínuo e por alguns dias pós-cirurgicamente, devido à demora
estável, aumentando a altura alveolar e facili- na cicatrização e recuperação mais lenta no local do-
tando o tratamento ortodôntico. ador17. Para se evitar esta recuperação mais longa, o
5. Alcançar a estabilização e reposicionamento crânio tem se tornado um local alternativo para se ob-
da pré-maxila naqueles pacientes com fissura ter osso esponjoso. Entretanto, os riscos operacionais
bilateral. são mais elevados e a quantidade de osso esponjoso
6. Menos risco de interferir com o crescimento é menor do que na crista ilíaca. A sínfise mandibular
da face média e o desenvolvimento dental, é outro local doador, mas só deve ser recomendada
comparado ao enxerto realizado antes dos quando os caninos inferiores permanentes tiverem sido
cinco anos de idade. localizados de modo a minimizar as possibilidades de
7. Possibilita a colocação de implantes osseoin- lesão ao desenvolvimento desses dentes3,4,11.
tegrados quando há falta de dentes na região A maioria das avaliações de resultados em relação
do enxerto. ao secundário enxerto ósseo alveolar é feita em radio-
grafias oclusais ou periapicais intraorais3,8,18. As medi-
Técnica cirúrgica ções adotadas centram-se na altura do osso interden-
O clínico geral ou pediatra deve garantir que quais- tal, no percentual de preenchimento ósseo no local da
quer dentes cariados, especialmente aqueles adjacen- fissura (Tabela 2) e na posição do osso no local da fissu-
tes à fissura, sejam restaurados antes do procedimen- ra em relação ao comprimento radicular adjacente8,18.
to de enxerto. Qualquer dente irrompido adjacente à Estudos mais recentes têm se centrado na avaliação do
fissura que tenha má condição periodontal ou endo- volume ósseo utilizando tomografia computadorizada
dôntica deve ser extraído pelo menos 2 meses com an- de feixe cônico, que fornece uma indicação mais preci-
tecedência para permitir a cicatrização de tecidos da sa do volume de osso, porém com uma maior dose de
mucosa antes da cirurgia8. radiação ao paciente10,15,19.
Após assepsia e anestesia, na região da fissura é
elevado um retalho subperiosteal que deixa as mar- Tratamento ortodôntico para fissura
gens ósseas da fenda expostas, sendo o defeito da labiopalatal
fissura preenchido com osso enxertado e as margens Os pacientes com fissura labiopalatina rotineira-
do enxerto cobertas com retalho de tecido mole. Osso mente requerem tratamento ortodôntico extenso e
esponjoso é preferido sobre o osso cortical porque re- prolongado. A Ortodontia é necessária para corrigir
vasculariza mais rapidamente e tem menos chance de uma variedade de problemas, como correção de mor-
didas cruzadas (anteriores e posteriores), correção de
apinhamentos dentários, preparação para o enxerto
Tabela 2 – Critérios utilizados quando avaliado o resultado do ósseo alveolar, adequação de espaço para agenesias/
enxerto ósseo alveolar. (Adaptado de Kindelan et al.14).
supranumerários, e em preparação para a cirurgia or-
Níveis de Porcentagem de osso tognática. A sequência típica de tratamento é apresen-
resultados de preenchendo tada na Tabela 3.
enxerto ósseo a área alveolar da fissura O tratamento ortodôntico e ortopédico pode ser
1 +75% necessário, de acordo com as necessidades, nas se-
Rocha R, Ritter DE, Ribeiro GLU, Derech CA.
Tabela 3 – Sequência frequente do tratamento em pacientes portadores de fissura labiopalatal (Adaptado de Proffit et al1).
Sequência de tratamento para pacientes com fissura lábio palatal
2-4 meses Cirurgia de Fechamento do lábio
12-18 meses Cirurgia de Fechamento do palato
7-8 anos Alinhamento dos incisivos / expansão palatal
8-10 anos Enxerto ósseo alveolar secundário (antes da irrupção do canino, ou do incisivo lateral se presente)
Adolescência Ortodontia corretiva; revisão lábio/nariz
Adolescência tardia Ortodontia corretiva; cirurgia ortognática, se necessário.
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e início da dentição permanente, e (4) no final da ado- arco, pode ser necessária para melhorar o prognóstico
lescência, após a conclusão do crescimento facial, em da reparação cirúrgica do lábio. Esta “ortopedia pré-ci-
conjunto com a cirurgia ortognática. rúrgica” é um dos poucos casos em que tratamento or-
topédico para um recém-nascido pode ser indicado11.
Ortopedia pré-cirurgia labial Se a movimentação pré-cirúrgica for indicada, ela
Uma criança com fissura labial e palatina terá um deve ser feita começando com 3 a 6 semanas de ida-
arco superior distorcido ao nascimento em quase todos de, de modo que a cirurgia do lábio possa ser realizada
os casos. Em pacientes com fissura transforame bilate- com aproximadamente 10 semanas. O consenso atual
ral, o segmento pré-maxilar é quase sempre projetado é de que a ortopedia infantil pré-cirúrgica oferece aos
anteriormente, enquanto os segmentos palatinos se pacientes pouco benefício a longo prazo11,12. A literatura
encontram contraídos (Figura 9 A-E). Distorções menos mostra que as crianças que tiveram ortopedia pré-cirúr-
graves ocorrem em pacientes com fissuras transforame gica parecem melhor do que aquelas que não a tiveram,
unilaterais (Figura 10 A-C). Se a distorção da forma de somente nos primeiros anos pós-cirurgia. Com o passar
arco é extremamente grave, o fechamento cirúrgico dos anos, no entanto, torna-se mais difícil dizer quais
do lábio, que normalmente é realizado nas primeiras pacientes tiveram segmentos reposicionados pré-cirur-
semanas de vida, pode ser difícil. A intervenção orto- gicamente e os que não os tiveram. Desta forma, atual-
pédica pré-cirúrgica para reposicionar os segmentos e mente, uma pequena minoria de pacientes com fissuras
trazer o segmento pré-maxilar saliente de volta para o lábiopalatais é tratada com ortopedia pré-cirúrgicas.
A B
C D E
Figura 9 (A-E) – Fissura bilateral, com segmento intermaxilar deslocado anteriormente e segmentos posteriores contraídos. (Fonte:
NAPADF - Núcleo de Atendimento a Pacientes com Deformidade Dento-Facial/UFSC).
Relato de caso / Case report
A B C
Figura 10 (A-C) – Fissura unilateral, com segmento intermaxilar deslocado anteriormente e segmento posterior contraído no lado da
fissura. (Fonte: NAPADF - Núcleo de Atendimento a Pacientes com Deformidade Dento-Facial/UFSC).
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Tratamento ortodôntico nas dentições xima às raízes. Neste contexto, a colagem de bráquetes
decídua e mista precoce em dentes vizinhos à área enxertada pode necessitar
Muitas das demandas ortodônticas que estarão de compensações de modo a evitar movimentos que
presentes durante as dentaduras decídua, mista e per- direcionem suas raízes para áreas sem sustentação ós-
manente decorrem de “sequelas” inerentes à realização sea ou com enxertos não integrados. Movimentos or-
das cirurgias reparadoras primárias. Embora as técnicas todônticos individuais próximos às fendas devem ser
de reparação das fissuras de lábio e palato terem melho- adiados de 2 a 6 meses após a realização do enxerto
rado muito nos últimos anos, o fechamento da fissura ósseo, quando, a partir de então, as raízes movidas em
labial inevitavelmente cria alguma constrição anterior direção ao enxerto ajudarão a consolidar o enxerto e
(gerando mordida cruzada anterior) na arcada dentária melhorar a altura da crista óssea alveolar.
superior, e o fechamento da fenda palatina faz com que Na presença de mordida cruzada posterior, a ex-
ocorra algum grau de constrição lateral maxilar (gerando pansão ortodôntica dos segmentos posteriores (Figura
mordida cruzada posterior) (Figura 11 A-C). 12 A-B) previamente ao enxerto ósseo alveolar pode
Intervenção ortodôntica normalmente é desne- melhorar a oclusão, mas também pode alargar a fissura
cessária até que os incisivos permanentes comecem a e uma fístula existente. Apesar disto, a expansão prevê
entrar em irrupção, mas geralmente é iniciada a partir um melhor acesso para a incisão e a elevação de reta-
desse momento. Existe uma forte tendência para os lhos durante a cirurgia, melhorando o prognóstico do
incisivos superiores a erupcionarem girados e, muitas enxerto ósseo. A expansão também corrige a contra-
vezes, em mordida cruzada. O principal objetivo do ção dos segmentos posteriores, restaurando a simetria
tratamento ortodôntico neste momento é corrigir a e o alinhamento do arco com o segmento anterior. Em
posição dos incisivos e preparar o paciente para um casos onde houver dúvida sobre fazer a expansão antes
enxerto ósseo alveolar secundário. Alinhamento dos in- ou após a enxertia óssea alveolar secundária, o cirur-
cisivos adjacentes à fenda, que tipicamente são girados gião bucomaxilofacial e o ortodontista devem decidir
e deslocados, é limitado pela disponibilidade óssea pró- sobre a melhor estratégia.
A B C
Figura 11 (A-C) – Mordidas cruzadas anterior e posterior em paciente com fissura transforame incisivo, normalmente presentes
devido aos efeitos das cirurgias primárias durante o crescimento. (Fonte: arquivo dos autores).
A B
Figura 12 (A-B) – Mordida cruzada posterior A) antes e B) depois da expansão, em paciente com fissura transforame incisivo uni-
lateral. (Fonte: NAPADF- Núcleo de Atendimento a Pacientes com Deformidade Dento-Facial/UFSC).
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Devido à força da protração maxilar normalmente pré-adolescentes são a densidade óssea mais baixa e
ser aplicada em algum aparelho com ancoragem den- possíveis danos aos dentes permanentes intra-ósseos12.
tária, além da mudança esquelética desejada, ocorre Como acontece com a expansão maxilar, é mais
movimentação dentária. Para minimizar os movimen- fácil e mais eficaz deslocar a maxila para a frente antes
tos dentários é possível usar ancoragem esqueletal dos 10 anos de idade. Este tipo de tratamento atinge
temporária como apoio para tração maxilar, evitando- ótimos resultados em crianças com deficiência maxi-
-se a pressão contra os dentes e possibilitando realizar lar leve ou moderada, e pobres resultados em crianças
a protração maxilar mesmo quando os dentes estão au- com a combinação de maxila deficiente e mandíbula
sentes. Os inconvenientes da ancoragem esqueletal em excessiva13 (Figura 14 A-Z).
A B C
D E F
G H
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I J
K L M
N O P
Relato de caso / Case report
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T U
V W
X Y Z
Figura 14 (A-Z) – Caso clínico de paciente com fissura transforame incisivo completa, mordidas cruzadas anterior e posterior. A-M)
Antes do tratamento ortodôntico e N-Z) após o tratamento ortodôntico. Foi utilizado aparelho expansor fixo, realizado enxerto ósseo
alveolar secundário, seguido de protração maxilar e braquetes para alinhamento e nivelamento dentários. (Fonte: Rocha et al19).
Cirurgia ortognática para pacientes com clusão do tratamento ortodôntico ativo pode levar ao
fissuras labiopalatinas retorno da mordida cruzada anterior e posterior. Este
Em alguns pacientes com fissura de lábio e palato, resultado é visto com menos frequência atualmente
mais frequentemente em homens do que em mulheres, devido às melhorias recentes nos procedimentos cirúr-
a continuação do crescimento mandibular após a con- gicos de fechamento do lábio e palato, e também de-
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vido à evolução técnica dos tratamentos ortodônticos. 17. Turvey TA, Vig KWL, Fonseca RJ, eds. Facial clefts and cra-
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Conclusão
Devido à grande variedade e complexidade das de-
formidades existentes é importante que todo profissio-
nal da área da saúde conheça os princípios básicos do
diagnóstico das mesmas. Somente assim será possível o
correto reconhecimento, encaminhamento e tratamen-
to dos pacientes. É fundamental que eles sejam trata-
dos em centros adequados, com equipe multidisciplinar
e experiente, pois, em muitos casos, o momento ideal
do tratamento não pode ser adiado pela indecisão ou
desconhecimento, o que gerará piora no prognóstico.
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