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BRATVA”:”
LIVRO 0.5 – VLADMIR por Carollynn Belloto
SINOPSE
Vladmir havia vivido a sua vida sem medir as consequências, apoiado pelo
poder que vinha de sua família, nunca teve que se justificar pelo seus atos,
mas a vida tem uma maneira engraçada de tecer as coisas, e ele se viu
enredado por algo que não esperava ter que lidar àquela altura da sua vida.
E então ele estava diante de desafios que não possuíam soluções, ao menos
não do tipo que ele estava acostumado. Pela primeira vez em sua vida adulta,
ele se sentia realmente perdido, e não havia muito o que se podia fazer quanto
a isso. Ele reconhecia a sua culpa no processo, mas não sabia como consertar
as coisas. Nem sabia se era possível de ser consertado. Suas mãos estavam
atadas.
AVISO
Esse livro e seus personagens são fictícios, e não tem
nenhuma relação com pessoas ou acontecimentos reais.
Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida,
digitalizada ou distribuída de qualquer forma, seja
impressa ou eletrônica, sem permissão.
Este livro. é uma obra de ficção. Nomes, personagens,
lugares e acontecimentos descritos são produtos da
imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera
coincidência. Os personagens e enredos são criados a
partir da imaginação da autora ou são usados
ficticiamente. O assunto não é apropriado para menores
de idade. Por favor, note que este romance pode conter
palavrões, situações sexuais explícitas e consumo de
álcool.
CARTA DA AUTORA
Ao construir as minhas histórias, dentro do meu processo mental, as
intenções, motivações, histórico, e etc. estão sempre claros para mim, porque
os personagens são frutos da minha imaginação, porém me dei conta que por
estar claro na minha mente, não quer dizer que esteja claro para quem está
lendo.
Observei dentro de um perspectiva externa, que na primeira história” Livro 1
– Mikhail”, o prólogo da história da família ficou ausente, é claro que apesar
de deixar aquela pontinha de curiosidade, de conhecer os eventos que
antecedem o livro, não prejudicou a história em um sentido global, mas como
intenciono contar a história dos membros restante da família, considerei
necessário contar ao menos uma parte do que antecedeu a história familiar, e
explicar porque as relações entre eles se desenvolve dessa maneira.
Aproveito também para inserir aqui, alguns personagens que virão, com
direito a spoilers inclusive. Mas sempre acreditei que o que importa é o
caminho, e então nada que seja prejudicial do meu ponto de vista.
No mais, sejam bem-vindos a esse mundo. Vocês irão conhecer essa família,
porque eu me apaixonei, apesar da minha suspeição. Eu espero do fundo do
meu coração que essa viagem valha a pena!
C.Belloto
INDICE
Subi para o meu quarto e comecei eu mesmo a fazer a minha bagagem, não
era uma função que eu estava acostumado a fazer, mas no momento não
queria perder tempo dando ordens, e também a bagagem seria simples, não
pretendia ficar muito tempo em solo americano.
– É verdade? Como isso pode acontecer? – ela disparou uma pergunta atrás da
outra
– Agora não Zhenya! Ajude Nikholai com a bagagem! – eu cortei o que eu
sabia que viria a ser um longo sermão
– Eu vou acompanha-los! – ela me disse então parecendo bastante decidida.
Não iria demove-la da ideia, e eu não recusaria ajuda. Então simplesmente
assenti, e então ela se foi, pois também tinha preparativos a fazer.
Tudo ficou pronto dentro do cronograma que eu havia definido, e então os
carros se colocaram a caminho do aeroporto de Jukóvski, que por ser o menor
deles, oferecia maior descrição. Havia dois carros batedores, e eu estava no
terceiro carro, e Ruslán me acompanhava, Nikholai e Zhenya, vinha no
veículo seguinte, e fechando o comboio haviam mais dois veículos, mesmo
em casa, nunca poderíamos descuidar da segurança, aqueles homens sem
exceção dariam a vida para nos proteger, e era assim que deveria ser. A ida
para Califórnia, não era particularmente uma situação de perigo, mas eu
preferia evitar contratempos e então iriamos voar para lá de modo fantasma,
voando abaixo de algum avião comercial e protegendo a identificação da
aeronave. Para além disso nenhum dos meus associados e parceiros foram
avisados, era um problema pessoal que concernia a mim, e no momento, iria
tratar isso dessa forma.
Ruslán era o meu homem de confiança aqui, e ele permaneceria na Rússia, já
que na minha ausência, os homens que eu confiava para estar no comando
não completavam a conta da palma da minha mão. Antes que eu deixasse o
carro Ruslán me entregou o arquivo que os investigadores haviam conseguido
nesse período de tempo, não era muita coisa, mas era natural, já que foram
poucas horas de investigação.
Nadya havia morrido, seis meses depois de me entregar Nikholai, um acidente
de carro, que havia a matado junto com o amante, o que queria dizer, que
Mikhail tinha cerca de sete meses quando ingressou no serviço de assistência
social. Ele havia sido alocado em uma família adotiva, junto com uma série
de outras crianças em situação semelhante.
Todos nos acomodamos, nas poltronas, e então após afivelarmos os cintos, o
piloto iniciou os procedimentos de decolagem. Nikholai se sentou com
Zhenya ao fundo da aeronave, ele permanecia calado, e Zhenya envolveu os
braços ao seu redor, lhe oferecendo conforto.
Eu não tinha o que podemos chamar de um diálogo aberto com o meu filho,
talvez isso fosse natural para muitos, mas não era para nós, não era a forma
que eu havia sido criado, e não era a forma que eu o estava criando. Mas
quando o vi sentado no avião, parecendo confuso e perdido e despido de toda
a confiança que era inerente a ele, concluí que devia fazer alguma coisa.
Então quando o avião se estabilizou e o aviso de afivelar os cintos se apagou,
eu o chamei.
– Nikholai!
Ele erguei seus olhos encontrando os meus e então respondeu
– Papa!
– Venha até aqui! – eu comandei em vez de pedir
Ele se levantou da parte traseira do avião e então se sentou na poltrona a
minha frente, quando encontrei o olhar de Zhenya, ele continha um aviso, que
eu preferi ignorar.
– Ruslán forneceu um relatório preliminar – eu disse a ele
– E o que diz aí? – ele perguntou parecendo estoico
– Sua mãe morreu seis meses depois que vocês nasceram! Em um acidente de
carro…
– Ela não é a minha mãe – Nikholai explodiu então, deixando suas emoções
expostas.
– Justo – eu disse então – É um termo que carrega uma responsabilidade
significativa e entendo o seu ponto.
– Você disse vocês?
– Não houve um tempo hábil para exames de sangue, mas o resto das
informações batem, então se pode presumir considerando tudo que sim, o
termo correto é “vocês” gêmeos univitelinos.
– Onde ele está?
– Em uma casa segura, nos arredores de Los Angeles. E não parece estar feliz
segundo as últimas informações.
O olhar dele se ergueu em curiosidade.
– Eu provavelmente não estaria no lugar dele.
– Imagino que não! Mas por segurança é melhor mantê-lo no escuro por
enquanto.
Nikholai assentiu, eu sabia que ele havia compreendido a situação, já que
tinha uma inteligência acima da média, mas entre compreender
intelectualmente os fatos e lidar com a carga emocional que eles carregavam,
havia uma grande e significativa diferença, e não creio que ele estava pronto
pra lidar com a segunda parte.
Eu o dispensei com um aceno de cabeça, e então ele voltou para o lado de
Zhenya, eu sabia que ele tinha que ter um tempo para lidar com os fatos que
havia acabado de descobrir.
Havíamos viajado durante horas, mas minha raiva não havia arrefecido!
Aquela cadela tinha tirado o meu filho de mim, e eu sequer poderia fazê-la
pagar por isso! O relatório não detalhava a vida que ele havia levado, só
constava a informação que ele havia vivido em casas de acolhida, e não havia
sido adotado, eu não era ignorante sobre o sistema de acolhida social, e sabia
que estava longe de ser um mar de rosas, e certamente saber que o sangue do
meu sangue havia sofrido com isso por ambição de uma mulher, fazia o meu
sangue esquentar.
Zhenya apoiava Nikholai, que parecia confuso com o rumo dos
acontecimentos, eu não poderia repreende-lo por estar se sentindo assim! Eu
me sentia igualmente confuso, mas podia me refugiar na raiva que sentia de
Nadya, ele não. Ele havia descoberto em um curto espaço de tempo, que tinha
um irmão, e como se não bastasse isso, que ele era a sua imagem e
semelhança, um gêmeo, e para além de tudo havia descoberto a verdade sobre
a mãe, destruindo quaisquer ilusões que ele poderia ter sobre ela.
Por razões de segurança não havia um comunicado oficial sobre a minha
vinda a América, eu queria solucionar um problema, não criar outros. Oleg
Pavlov, era um dos meus homens confiança aqui, e me encontrou no
aeroporto de Van Nuys. De lá seguimos direto para a casa em que ele era
mantido, em Downtown, era um lugar que concentrava comércio, mas com
poucas residências! O que ajudava a disfarçar a entrada e saída de pessoas, e
segundo os informes, ele não estava cooperativo. O que eu considerava
natural, ele estava cercado de seguranças que tinham por proposito mantê-lo
seguro, mas ele não sabia disso, então na sua ótica, ele estava cercado de
homens estranhos dos quais ele desconhecia as intenções, logo era lógico que
ele tentasse escapar em cada oportunidade, e ele tentou, repetidamente! E de
um modo torno, a sua obstinação me orgulhava.
Quando chegamos ao galpão em que ele era mantido, eu decidi que iria entrar
primeiro, Nikholai ainda parecia confuso com tudo que estava acontecendo, e
tudo o que eu não precisava no momento era tornar isso mais confuso para
ambos.
Mikhail havia sido mantido em uma sala nos fundos, que havia recebido os
recursos básicos e sido convertida em um quarto. Quando entrei, ele se
mostrou combativo, tentando aparentar coragem, que era desmentida por seus
olhos que pareciam assustados. Eu não era o pai do ano, mas não tinha
nenhuma intenção de assustar o meu próprio filho.
– Sente-se! – eu ordenei
– Não! Eu quero ir embora! – ele explodiu então, não conseguindo disfarçar o
tremor em sua voz.
Eu me sentei então na cadeira que estava no canto do quarto, e esperei que ele
entendesse que as coisas não se dariam conforme a vontade dele, e sim de
acordo com as minhas. Disse a mim mesmo que teria que levar isso com
cuidado, Nikholai havia sido criado no meu mundo, ele sabia o que esperar, e
o que temer, Mikhail não, ele havia pulado de lares adotivos toda a sua vida, e
aparentemente apesar de não haver nenhuma registro de violência, certamente
havia sido negligenciado, afinal não havia condições de cuidar de tantas
crianças de forma efetiva, elas praticamente “se criavam” sozinhas, a rebeldia
dele, de se envolver em uma tentativa de roubo, era uma forma de tentar
chamar atenção. Essa constatação só fez o meu ódio por Nadya aumentar, em
proporções épicas! Ela tinha sorte de estar morta!
– Sente Mikhail! Quanto mais rápido sentar, mais rápido isso acaba! – eu
voltei a ordenar a ele
E aparentemente as minhas palavras deram um resquício de esperança, então
ele mesmo com muita relutância, obedeceu.
– Meu nome é Vladimir Ivanovic Dragarov. – Eu disse a ele então
Seus olhos permaneceram confusos, como se não significasse nada para ele, e
provavelmente não significava mesmo! O mundo em que ele vivia estava
milhas luz distante do meu.
– Eu sou o seu pai!
– Eu não tenho pai! – ele me respondeu então, a confusão sendo substituída
pela raiva.
Eu pensei por um momento em argumentar e tentar fazê-lo compreender, mas
eu sabia que seria complicado, então peguei um atalho.
– Traga Nikholai! – eu ordenei a um dos meus homens que permanecia na
porta.
Quando Nikholai passou pela porta, o queixo de Mikhail quase foi ao chão
por conta da surpresa. “Semelhança” uma ova, era como olhar em um
espelho, eles eram como cópias um do outro, não sendo possível distinguir as
diferenças.
Quaisquer protestos que ele pudesse ter sobre não ser meu filho, caíram
naquele momento. E eu percebi que não cabia a mim, preencher as lacunas,
Nikholai faria isso, e provavelmente vindo dele, tornaria mais fácil de Mikhail
aceitar. Deixei a sala, e permiti que eles conversassem com privacidade.
Zhenya esperava do lado de fora.
– Como foi?
– Ruim! – eu a respondi então – Ele se criou sozinho, não vai aceitar com
facilidade que as coisas mudaram.
– Você acha que eu devo ir até lá? – ela me perguntou então
– Não! Deixe que eles conversem!
Eu sabia que Zhenya tal qual uma mamãe pata, ficaria para proteger os
filhotes, então me movi, tinha decisões a tomar, e preparativos a fazer.
Vladmir
Ruslán entrou logo em seguida da saída de Zhenya! Ele era o meu homem de
confiança! Tanta confiança quanto possível nessas circunstâncias.
– Preciso de uma solução Ruslán – eu disse a ele perdido em pensamentos
– Senhor? – Ruslán pareceu confuso com a meu pedido genérico
– Achar Mikhail me fez perceber que eu não prestei suficiente atenção a esse
aspecto da minha vida! Podem haver mais crianças! Em diferentes lugares! E
eu não tenho certeza de como proceder para encontra-las de forma discreta.
– Entendo senhor! – Então Ruslán parou por um momento, e pareceu
raciocinar sobre a minha demanda. Uma pausa que durou tempo o bastante
para se tornar desconfortável.
– Uma busca ativa, seria um prato cheio para os meus inimigos, ao mesmo
tempo que fazer isso discretamente pode não ser efetivo. Eu sinto que tenho
as mãos atadas e não gosto absolutamente dessa sensação. Encontrar Mikhail
foi uma obra do acaso, e foi facilitado por ele ser gêmeo de Nikholai, não
acho que vou ter a mesma sorte daqui em diante.
A expressão de Ruslán pareceu se iluminar ao som das palavras.
– Senhor! Eu tive uma ideia!
– Fale de uma vez Ruslán, não faça suspense!
– Seu filho foi reconhecido pela aparência, ao ser detido.
– Estou ciente Ruslán, mas como eu disse, isso não será de grande ajuda no
futuro.
– Não senhor, não será! Mas se considerarmos todo o processo do fichamento
policial, poderemos nos inspirar. Atualmente pela nova política, são
fornecidas amostras de DNA, podemos através dos homens que mantemos na
nossa folha de pagamento, usar o seu DNA para comparar, e assim buscar
alguma compatibilidade.
– E presumo teremos que torcer para que toda a minha descendência se
enverede para o crime certo? – eu disse com um certo ar de troça.
Ruslán murchou ao som das minhas palavras.
Mas então eu analisei melhor a sua proposição. E percebi que a sua ideia
adaptada poderia funcionar.
– Sua ideia não é de toda ruim Ruslán! – Eu o adulei então. – Com as devidas
correções ela pode funcionar.
– Senhor?
– Meu DNA será cadastrado em um banco de dados com um nome fictício.
Eu presumo que se tenho filhos cuja a existência eu desconheça isso pode ser
uma via de duas mãos. As pessoas tem por costume buscarem as suas origens
quando a desconhecem, então podem haver bancos de dados com esse intuito.
Para além disso, vamos fazer o mesmo cadastro em bancos de genealogia, e
também o da polícia, o sangue fala, e é completamente possível que eu posso
encontrar um filho por esse meio. De todos os países que forem possíveis,
quero cobrir todas as bases, sem deixar espaço ao acaso. Manteremos o nome
fictício obviamente!
Os olhos de Ruslán voltaram a brilhar com as minhas sugestões!
– Trate dos preparativos Ruslán! E lembre-se descrição total, ninguém deve
tomar conhecimento sobre isso!
– Imediatamente senhor! Ninguém saberá pela minha boca, senhor! – ele
disse, reafirmando a sua lealdade e então se retirou!
Eu sabia que era um tiro no escuro, poderia retornar resultado na próxima
semana, ou na próxima década, para além disso poderia nunca retornar
resultado algum, e eu não sabia dizer se essa perspectiva me aliviava ou me
atormentava. Era inconcebível para mim que todo o meu poder, e todo o meu
dinheiro não me fizesse encontrar os meus filhos, ao mesmo tempo, eu tinha
consciência que esses filhos poderiam nem existir.
Mas algo me dizia que eles estava lá fora. Um instinto que eu não sabia
explicar de onde vinha, mas estava lá, e eu realmente acreditava que era real,
e que eu tinha que encontra-los, eu tinha que descobrir se eles estavam em
segurança! E eu iria!
CHAPTER 3 – LONDRES
Vladmir
Vladmir
E então seis anos depois de ter encontrado Liev quando eu já havia
considerado que não houvesse mais nenhum filho a ser encontrado,
novamente veio da América, uma novidade. Havia sido encontrada uma
compatibilidade de DNA, dessa vez na Pensilvânia, Alexey Antoniev
Petrovich, filho de Anna Petrovna e Anton Petrovich, ao menos era isso o que
constava na sua certidão. Ironicamente, a compatibilidade do DNA veio a
partir do Instituto Correcional de Chester. Alexey Petrovich havia sido detido
na noite de ontem, para averiguação, ele havia sigo pego em “comportamento
suspeito”. Eu acionei Mikhail, ele havia aos dezoito anos de idade, assumido
o controle da Costa Leste, e hoje aos vinte e dois, já comandava uma grande
parte do Centro-Oeste, e se movia para a Costa Oeste, eu tinha que admitir o
garoto sabia o que estava fazendo. Como ele era quem estava mais próximo,
seria o responsável por cuidar do problema até que eu chegasse lá. Nossos
advogados tratariam dos problemas legais, e devido à ausência de evidencias,
não seria difícil o tirar de lá. Eu dei ordens para que o jato fosse preparado,
mas mantive minhas esperanças engarrafadas, se meu relacionamento não
evoluiu de forma satisfatória com Mikhail, que era um adolescente quando o
encontrei, dificilmente seria algo muito diferente com Alexey, que para todos
os efeitos aos vinte anos de idade, era um adulto.
Anna Petrovna, foi alguém muito importante na minha vida, eu não saberia
dizer se a amei, não sei se um dia já amei alguém, mas se o fiz, o mais
próximo disso que eu cheguei foi Anna. Ela tinha origem humilde, e a
conheci em um restaurante em Moscow, ela trabalhava servindo mesas. Me
encantei, seus cabelos loiros claros a faziam parecer uma divindade que havia
descido a terra, e geralmente o que eu queria eu obtinha. Anna era oriunda de
um vilarejo ao sul de Moscow, ela tinha se mudado para cá, em busca de
oportunidades de emprego, como era natural para os jovens do interior. Era
uma flor rara e selvagem no meio de um campo, estéril, e talvez se não tivesse
me encontrado, tudo poderia ser diferente. Mas como eu já disse
anteriormente, eu sempre obtinha aquilo que desejava.
Enquanto ela sonhava com flores e corações, na minha concepção o que
tínhamos bastava. E definitivamente não era o suficiente para ela.
Posteriormente ela então, terminou as coisas comigo e pouco tempo depois se
casou com Anton Petrovich, um dos soldados baixos, de uma família
associada, e logo em seguida teve um filho. Poderíamos ter encerrado ali, mas
eu não fui forte o bastante para me manter longe dela, mesmo sabendo que a
magoaria, eu era de muitas maneiras, egoísta naquilo que toca aos meus
desejos, e em muitos aspectos isso não mudou, converti Anna em minha
amante, sem no entanto exigir que ela deixasse o marido, era uma situação
confortável para mim, eu a procurava quando me interessava, e no resto do
tempo, ela poderia cuidar do marido e do filho. Foram meses até ela me dar
um ultimato, deixaria o marido, desde que eu me casasse com ela, é óbvio que
vi isso chegando, mas no meu egoísmo contumaz esperava que demorasse
mais algum tempo, eu simplesmente não pretendia me casar, eu gostava de
manter a minha vida do jeito que estava nos meus termos. Anna não aceitou
isso bem!
E as ultimas noticias que tive dela, foram que tinha abandonado o marido, e
ido para a América, Anton Petrovich era um soldado da família Krasnov, e
morreu cerca de um ano depois em uma emboscada. Não procurei Anna,
conclui que ela poderia ter ido construir uma nova vida longe daqui, e
considerando que não poderia dar a ela o que ela esperava de mim, todo um
oceano de distância, era o ideal para que eu não caísse na tentação de procura-
la e a magoar ainda mais. Aparentemente esse foi o meu erro.
Quando cheguei a Pensilvânia, Mikhail esperava por mim no aeroporto.
– Quantos mais existem? – ele me perguntou então sem esconder o desdém na
sua voz
– E como eu saberia? – eu respondi então, ignorando o seu desrespeito, sabia
que havia uma magoa profundo por detrás de seu comportamento.
– Onde está ele?
– Em uma casa segura, os advogados o liberaram em tempo recorde. Ele não
está muito feliz.
– Você também não estava se não me falha a memória.
Mikhail somente assentiu, ele já esteve na mesma situação, a única diferença
era que ele era um adolescente assustado. Alexey aos vinte anos de idades
provavelmente já havia percebido com o que estava lidando.
E então me entregou o relatório de investigação. Anna estava morta, e eu
ignorei a pequena dor no meu peito em face dessa notícia, ela havia morrido
meses depois de emigrar para cá!
Quando chegamos na casa segura, nos arredores de Alentown, eu ordenei que
Mikhail esperasse do lado de fora, eu precisava ter uma conversa com Alexey,
e no momento, não queria testemunhas.
Tal qual a primeira vez que vi Mikhail, Alexey estava sendo mantido em um
quarto, que impossibilitava qualquer tentativa de fuga, mas a diferença entre
eles era que Alexey aparentemente desconfiava de com quem estava lidando,
e basicamente, não tinha a atitude que Mikhail mostrou quando me conheceu,
a minha entrada ele permaneceu calado e observador.
– Meu nome é Vladimir Ivanovic Dragarov. – Eu disse a ele então, esperando
alguma luz de acender e ele reconhecer o meu nome.
E aparentemente foi uma perspectiva frustrada, já que nem a mínima luz de
reconhecimento brilhou nos seus olhos.
Ele era a versão masculina da sua mãe, o mesmo cabelo, os traços muito
semelhantes, mas os olhos, os olhos eram reflexos dos meus. O tom de azul,
tão característico na minha família não negava o parentesco.
– Porra nenhuma! – Meu pai se chama Anton Petrovich!
– Legalmente falando você está correto, no seu registro Anton consta como
seu pai, a realidade é muito mais complicada.
Vladmir
Uma parte dos meus netos estava na minha casa agora, Aleksander e Ivan,
eram os que moravam mais próximos de mim, e com quem eu tinha um
contato regular, mas havia também os filhos de Alexey, que usualmente eu
costumava ver no Natal, nos Hamptons, além dos meninos Caleb e Benjamim
havia Rose Ann, havia envolvido todos ao redor do seu mindinho, Mikhail e
Emma tinham uma afilhada que também possuía o mesmo talento, e enquanto
aqueles dois não resolvessem se mexer, e dar a sua contribuição para a minha
cota de netos. Liev e Madeleine por outro lado, viviam em Paris, o que fazia
que eu visse Liam e Viviane com maior regularidade. Ser avó, para mim, era
infinitamente mais fácil do que ser pai, seja porque com a chegada da idade,
meu coração foi se amolecendo ao menos um pouco, seja porque era
realmente um trabalho mais fácil, eu só tinha que mima-los, a parte difícil
ficava com os pais, para além disso, não havia nenhuma história passada com
meus netos, como eu tinha com meus filhos. E sendo assim, com eles eu
poderia construir pontes que haviam sido queimadas, coisa que fui incapaz de
fazer então aqui estava eu, sentado no tapete no meu escritório, cercado de
brinquedos, e de dois pequenos bagunceiros que não paravam quietos um só
minuto, e eu desfrutava imensamente desse momento.
Uma batida na porta nos interrompeu, e eu sabia ser importante o suficiente,
já que todos tinha ordens de nunca me interromper quando estava com meus
netos.
– Entre! – eu disse então, a secura na minha voz denunciando o meu
desagrado.
Ruslán, passou pela porta, e a gravidade da sua expressão, não me pressagiava
boas notícias!
– Senhor!
Eu me levantei então, e observei que Aleksander e Ivan continuavam a
brincar imperturbáveis.
– O que aconteceu Ruslán? – eu perguntei quando me aproximei dele.
– Recebemos uma ligação, de uns de nossos associados na Pensilvânia.
A menção da cidade onde Alexey havia crescido, eu redobrei a atenção, eu
havia ordenado uma investigação sobre Anna, mas não havia retornado
nenhum resultado que foi considerado relevante até então. Sabia que ela havia
abandonado o marido e levado o filho com ela para América, que nos
primeiros meses se manteve na casa do irmão, e depois se mudou com o filho
para uma área perigosa da cidade, e que havia equilibrado três empregos, até
morrer cinco meses depois, em um hospital da cidade.
– E?
– Bogdan Illyachenko, aparentemente soltou a língua em uma noite de
bebedeira, a irmã, não saiu da casa dele, foi praticamente expulsa, ele
descobriu que ela estava gravida, e se recusou a sustentar uma boca a mais.
Minha raiva e desprezo devem ter ficado muito evidentes no meu rosto
porque Ruslán recuou um passo para longe de mim.
– E o que mais?
– Ela manteve a gravidez até o final, mandei homens buscarem os registros, e
uma criança nasceu de Anna Petrovna naquela noite.
– Por que isso não foi descoberto na primeira investigação?
– Naquela época os formulários e registros médicos eram feitos a mão e
arquivados, se tratavam de dois formulários distintos, quando ela chegou ao
hospital, chegou sem identificação, e foi creditada como Jane Doe, e
posteriormente, como ela havia passado mal no emprego, seus empregadores
forneceram seus dados, e então o segundo formulário, que constava o derrame
cerebral que a matou, foi feito em um registro distinto que constava o nome
dela. E até Bogdan abrir a boca, sequer desconfiávamos dessa possibilidade.
E então, suas palavras penetraram na minha cabeça. “Bogdan abrir a boca”,
para quantas pessoas Bogdan havia aberto a maldita boca? Para qualquer
pessoa com o mínimo de inteligência, seria muito simples perceber algo
fundamental, se Alexey era meu filho, fato que era amplamente conhecido, e
ele tinha uma irmão, logo de uma maneira ou de outra, havia uma ligação
sanguínea, e essa pessoa corria perigo, e precisava ser encontrada
imediatamente. Bogdan era ligado a família de Malevithc, e tanto quanto, eles
não eram inimigos, tampouco eram aliados, eram pequenos demais para
representar qualquer ameaça, mas poderia levar essa informação aos meus
inimigos, e se eles encontrassem o filho de Anna, ele estaria morto, não
importa que eu me vingasse depois e arrasasse as família até o chão, não
poderia traze-lo de volta a vida.
Ruslán então tirou um papel da pasta que ele carregava. Era uma cópia do que
pareceu um registo médico muito antigo. Datava de doze de março de mil
novecentos e noventa e cinco, e tinha como o nome da paciente “Jane Doe”
que era um código usado nos Estados Unidos para quando o paciente não
possuía identificação, “as vinte e duas horas e trinta minutos, a paciente deu à
luz a um nascituro vivo do sexo feminino”. Sexo feminino, Anna havia dado à
luz a uma menina, Alexey tinha uma irmã, eu talvez tivesse uma filha! Jesus!
Se tornou ainda mais urgente encontra-la o quanto antes, se um homem tinha
meios de se defender de um ataque da máfia, uma mulher tinha menos
possibilidades, eu duvidada que ela tivesse. Era imprescindível encontrá-la!
– Ruslán, prepare tudo! Eu imagino que Nikholai vai querer ir também, e por
tabela, não vai deixar Katherina e os gêmeos para trás! Vamos usar o
Gulfstream.
E quando Ruslán se virou para cumprir as minhas ordens, eu então peguei o
telefone e liguei para Alexey!
Tanto quanto eu preferia terceirizar essa chamada, eu sabia melhor, era eu
quem deveria dizer a ele, e não tínhamos tempo a perder. Alexey tinha uma
irmã perdida que nesse momento poderia estar correndo risco de vida, e eu
talvez tivesse uma filha, de uma forma ou de outra, deveríamos encontra-la,
era uma questão de vida ou morte.