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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

TÓPICOS PARA O EXAME DE ACESSO 2020


- LÍNGUA PORTUGUESA -
1. Estudo do texto
1.1 Organização do texto
MODOS DE ORGANIZAÇÃO DO TEXTO E DISCURSO

AS ENTIDADES DO TEXTO
Há três modos básicos de organização de um texto:
o narrativo, o descritivo e odissertativo. Todo texto é
apresentado por um ―eu‖ que não tem existência real. Há uma
diferente entidade para cada modo de organização de texto. Essas
entidades não são os autores do texto, mas aqueles que ―falam‖ no
texto.
O modo de organização é determinado também pelo conteúdo e
construído conforme o objetivo da produção do texto. Observe a
seguir:
Quem ―fala‖
Narração...............narrador
Descrição..............observador
Dissertação...........argumentador

Conteúdo
Narração..........ações, acontecimentos
Descrição.........seres, objetos, cenas, processos
Dissertação......opiniões, argumentos

Objetivo
Narração..........relatar
Descrição.........identificar, localizar, qualificar
Dissertação......discutir, informar, expor
É importante lembrar: não existem textos exclusivamente narrativos,
descritivos ou dissertativos. Mas sempre há o predomínio de um
dos três modos sobre os demais.

NARRAÇÃO
O texto narrativo apresenta uma história vivida por determinadas
personagens, em tempo e lugar definidos. Um narrador conta a
história. Quando há trechos descritivos, servem para que o leitor
visualize melhor os acontecimentos narrados.

DESCRIÇÃO
O texto descritivo apresenta um observador. O olhar desse
observador pode ser objetivo ou subjetivo, profundo ou superficial.
Uma pessoa do século I e uma do século XXI, por exemplo,
observariam de forma bem diferente um mesmo fenômeno.
A descrição, em geral, aparece dentro de um texto narrativo ou
dissertativo. Toda descrição tem um tema-núcleo, que pode ser um
objeto, um ser animado ou inanimado ou mesmo um processo.

DISSERTAÇÃO
Na dissertação, o autor defende seu ponto de vista com uma série
de argumentações, com o propósito de convencer o leitor. O tema
pode estar na 1ª ou na 3ª pessoa. O texto dissertativo costuma ter
três partes principais: a introdução, o desenvolvimento e a
conclusão.

DISCURSO
A produção de um texto oral ou escrito ocorre com base em uma
situação ou contexto, do qual fazem parte: a pessoa que fala, com
quem ela dialoga, o porquê da conversação, qual a intenção de
quem fala etc. A compreensão integral do texto se realiza através
da organização clara desses diversos aspectos.
Discurso é a atividade comunicativa entre interlocutores que
apresenta sentido e está inserida em um contexto.

TIPOS DE DISCURSO
Há três tipos de discurso: direto, indireto e indireto livre.
No discurso direto, o narrador introduz a personagem e termina a
frase com dois pontos. Em seguida, faz um novo parágrafo e
coloca um travessão, seguido da fala da personagem.
Normalmente, há um verbo de elocução (verbo que introduz a fala
da personagem:dizer, responder, falar, perguntar, pedir, etc.), que
pode ser colocado também no meio ou depois da fala. Observe:
Ana Paula olhou para a classe e indagou:
- Vocês estudaram para a prova?
Veja agora estas outras frases:
A professora Ana disse que daria prova naquele
dia. Depois um aluno pediu que ela deixasse a prova para a aula
seguinte.
Nas frases acima, o narrador conta o que as personagens
(professora Ana e um aluno) disseram, reproduzindo as suas
palavras. Tem-se aí o discurso indireto.
Se fosse usado o discurso direto, teríamos:
A professora Ana disse
- Vou dar prova hoje.
Leia este outro texto:
“Ela o cumprimentou arisca meio de longe, estendendo-lhe
as pontas dos dedos, os olhos no chão. Depois saiu ligeira para os
fundos da casa, não apareceu mais. E a prima? Disse ao se
despedir, já no cavalo. Deixa pra lá, tem dessas esquisitices de
ausência de moça solteira, desculpou o pai.”
DOURADO, Autran. Uma vida em
segredo. Rio
de Janeiro: Ediouro, 1995.
Neste outro texto, há um discurso misto: o discurso do narrador
(―Ela o cumprimentou arisca... não apareceu mais.‖) e as falas das
personagens que se introduzem, revelando o seu fluxo de
pensamento (―E a prima? Disse ao se despedir, já no cavalo. Deixa
pra lá, tem dessas esquisitices de ausência de moça solteira,
desculpou o pai.‖) A mistura do discurso indireto do narrador é
chamada discurso indireto livre.
Na passagem do discurso direto para o indireto e vice-versa,
ocorrem algumas modificações. Veja abaixo
Discurso Direto

A fala aparece na 1ª pessoa do singular (eu) ou do plural (nós),


sendo possível também encontrar ―você‖ e ―senhor(a)‖. Exemplo:
- (Nós) jantaremos daqui a pouco.

O verbo pode aparecer nos seguintes tempos verbais:


Presente do Indicativo
- Você está com fome.
Pretérito Perfeito do Indicativo
- A dona Marli já fez o macarrão.
Futuro do Presente do Indicativo
- Bianca não comerá em casa.
Presente do Subjuntivo
- Espero que Bianca não chegue tarde.
Imperativo
- Experimente a sobremesa.

Uso dos dois pontos e do travessão, depois do verbo de elocução.


A mãe disse:
- Vamos jantar.

Discurso Indireto
A fala da personagem aparece na 3ª pessoa do singular ou do
plural. Exemplo:
O garoto disse que queria macarrão com molho.

O verbo pode aparecer nos seguintes tempos verbais:


Pretérito Imperfeito do Indicativo
O garoto disse que queria macarrão com molho.
Pretérito Mais-que-Perfeito do Indicativo
O marido perguntou se dona Marli cozinhara o molho de tomate.
Futuro do Pretérito
João arriscou que Bianca não comeria em casa naquela noite.
Pretérito Imperfeito do Subjuntivo
Depois veio a mulher dizer que ele provasse a sobremesa.

Ausência de pontuação depois do verbo de elocução, que vem


seguido do conectivo que.
A mãe disse-lhes que se servissem.

MONÓLOGO
Monólogo é a forma do discurso em que a personagem extravasa
de maneira ordenada e lógica os seus pensamentos e emoções
sem dirigir-se especificamente a qualquer ouvinte.

1.2 Coesão e coerência textual


Coesão e Coerência
Coerência e coesão são dois mecanismos fundamentais para
a produção de texto.
A coesão é o mecanismo relacionado com elementos que
asseguram a ligação entre palavras e frases, de modo a interligar
as diferentes partes de um texto.
A coerência, por sua vez, é responsável por estabelecer a ligação
lógica entre ideias, para que, juntas, elas garantam que o texto
tenha sentido.
Ambos são importantes para garantir que um texto transmita sua
respectiva mensagem com clareza, seja harmonioso e faça sentido
para o leitor.
O que é coesão textual?
O significado de coesão está relacionado com mecanismos
linguísticos do texto, que são responsáveis por estabelecer
uma conexão de ideias.
A coesão cria relações entre as partes do texto de modo a guiar o
leitor relativamente a uma sequência de fatos.
Uma mensagem coesa apresenta ligações harmoniosas entre as
partes do texto.
Elementos de coesão textual e frases de exemplo
Veja abaixo os principais elementos de coesão textual e como eles
são aplicados nas frases.
Substituições
Garantem a coesão lexical. Ocorrem quando um termo é substituído
por outro termo ou por uma locução como forma de evitar
repetições.
Coesão correta: Os legumes são importantes para manter uma
alimentação saudável. As frutas também.
Erro de coesão: Os legumes são importantes para manter uma
alimentação saudável. As frutas também são importantes para
manter uma alimentação saudável.
Explicação: "também" substitui "são importantes para manter uma
alimentação saudável".
Conectores
Esses elementos são responsáveis pela coesão interfrásica do
texto. Criam relações de dependência entre os termos e geralmente
são representados por preposições, conjunções, advérbios, etc.
Coesão correta: Elas gostam de jogar bola e de dançar.
Erro de coesão: Elas gostam de jogar bola. Elas gostam de
dançar.
Explicação: sem o conectivo "e", teríamos uma sequência
repetitiva.
Referências e reiterações
Nesse tipo de coesão, um termo é usado para se referir a outro,
para reiterar algo dito anteriormente ou quando uma palavra é
substituída por outra com ligação de significados.
Coesão correta: Hoje é aniversário da minha vizinha. Ela está
fazendo 35 anos.
Erro de coesão: Hoje é aniversário da minha vizinha. Minha vizinha
está fazendo 35 anos.
Explicação: observe que o pronome "ela" faz referência à vizinha.
Correlação verbal
É a utilização dos verbos nos tempos verbais corretos. Esse tipo de
coesão garante que o texto siga uma sequência lógica de
acontecimentos.
Coesão correta: Se eu soubesse eu te avisaria.
Erro de coesão: Se eu soubesse eu te avisarei.
Explicação: note que "soubesse" é uma flexão do verbo "saber" no
pretérito imperfeito do subjuntivo e isso indica uma situação
condicional que poderia dar origem a uma outra ação.
Para a frase fazer sentido, o verbo "avisar" tem de estar conjugado
no futuro do pretérito para indicar um fato que poderia ter
acontecido se uma ação no passado tivesse se concretizado.
Saiba mais sobre coesão.
O que é coerência textual?
A coerência textual está diretamente relacionada com a
significância e com a interpretabilidade de um texto.
A mensagem de um texto é coerente quando ela faz sentido e é
comunicada de forma harmoniosa, de forma que haja uma relação
lógica entre as ideias apresentadas, onde umas complementem as
outras.
Para garantir a coerência de um texto, é preciso ter em conta
alguns conceitos básicos.
Conceitos da coerência textual e frases de exemplo
Veja abaixo os principais conceitos da coerência textual e como
eles são aplicados nas frases.
Princípio da não contradição
Não pode haver contradições de ideias entre diferentes partes do
texto.
Coerência correta: Ele só compra leite de soja pois é intolerante à
lactose.
Erro de coerência: Ele só compra leite de vaca pois é intolerante à
lactose.
Explicação: quem é intolerante à lactose não pode consumir leite
de vaca. Por esse motivo, o segundo exemplo constitui um erro de
coerência; não faz sentido.
Princípio da não tautologia
Ainda que sejam expressas através do uso de diferentes palavras,
as ideias não devem ser repetidas, pois isso compromete a
compreensão da mensagem a ser emitida e muitas vezes a torna
redundante.
Coerência correta: Visitei Roma há cinco anos.
Erro de coerência: Visitei Roma há cinco anos atrás.
Explicação: "há" já indica que a ação ocorreu no passado. O uso
da palavra "atrás" também indica que a ação ocorreu no passado,
mas não acrescenta nenhum valor e torna a frase redundante.
Princípio da relevância
As ideias devem estar relacionadas entre si, não devem ser
fragmentadas e devem ser necessárias ao sentido da mensagem.
O ordenamento das ideias deve ser correto, pois, caso contrário,
mesmo que elas apresentem sentido quando analisadas
isoladamente, a compreensão do texto como um todo pode ficar
comprometida.
Coerência correta: O homem estava com muita fome, mas não
tinha dinheiro na carteira e por isso foi ao banco e sacou uma
determinada quantia para utilizar. Em seguida, foi a um restaurante
e almoçou.
Erro de coerência: O homem estava com muita fome, mas não
tinha dinheiro na carteira. Foi a um restaurante almoçar e em
seguida foi ao banco e sacou uma determinada quantia para utilizar.
Explicação: observe que, embora as frases façam sentido
isoladamente, a ordem de apresentação da informação torna a
mensagem confusa. Se o homem não tinha dinheiro, não faz
sentido que primeiro ele tenha ido ao restaurante e só depois tenha
ido sacar dinheiro.
Continuidade temática
Esse conceito garante que o texto tenha seguimento dentro de um
mesmo assunto. Quando acontece uma falha na continuidade
temática, o leitor fica com a sensação de que o assunto foi mudado
repentinamente.
Coerência correta: "Tive muita dificuldade até acertar o curso que
queria fazer. Primeiro fui fazer um curso de informática... A meio do
semestre troquei para um curso de desenho e por fim acabei me
matriculando aqui no curso de inglês. Foi confuso assim também
para você?"
"Na verdade foi fácil pois eu já tinha decidido há algum tempo que
assim que tivesse a oportunidade de pagar um curso, faria um de
inglês."
Erro de coerência: "Tive muita dificuldade até acertar o curso que
queria fazer. Primeiro fui fazer um curso de informática... A meio do
semestre troquei para um curso de desenho e por fim acabei me
matriculando aqui no curso de inglês. Foi confuso assim também
para você?"
"Quando eu me matriculei aqui no curso, eu procurei me informar
sobre a metodologia, o tipo de recursos usados, etc. e acabei
decidindo rapidamente por este curso."
Explicação: note que no último exemplo, o segundo interlocutor
acaba por não responder exatamente ao que foi perguntado.
O primeiro interlocutor pergunta se ele também teve dificuldades de
decidir que tipo de curso fazer e a resposta foi sobre características
que ele teve em conta ao optar pelo curso de inglês onde se
matriculou.
Apesar de ter falado de um curso, houve uma alteração de assunto.
Progressão semântica
É a garantia da inserção de novas informações no texto, para dar
seguimento a um todo. Quando isso não ocorre, o leitor fica com a
sensação de que o texto é muito longo e que nunca chega ao
objetivo final da mensagem.
Coerência correta: Os meninos caminhavam e quando se
depararam com o suspeito apertaram o passo. Ao notarem que
estavam sendo perseguidos, começaram a correr.
Erro de coerência: Os meninos caminhavam e quando se
depararam com o suspeito continuaram caminhando mais um
pouco. Passaram por várias avenidas e ruelas e seguiram sempre
em frente. Ao notarem que estavam sendo perseguidos,
continuaram caminhando em direção ao seu destino, percorreram
um longo caminho...
Explicação: note que a frase onde a coerência está correta
apresenta uma sequência de novas informações que direcionam o
leitor à conclusão do desfecho da frase.
No exemplo seguinte, a frase acaba por se prolongar demais e o
receptor da mensagem fica sem saber, afinal, o que os meninos
fizerem.
Saiba mais sobre coerência e coerente.
Diferença entre coesão e coerência
Coesão e coerência são pontos imprescindíveis para garantir a
compreensão da textualidade.
A coesão está mais diretamente ligada a elementos que ajudam a
estabelecer uma ligação entre palavras e frases que unem as
diferentes partes de um texto.
A coerência, por sua vez, estabelece uma ligação lógica entre as
ideias, de forma que umas complementem as outras e, juntas,
garantam que o texto tenho sentido.
Em outras palavras, a coerência está mais diretamente ligada ao
significado da mensagem.
Apesar de os dois conceitos estarem relacionados, eles são
independentes, ou seja, um não depende do outro para existir.
É possível, por exemplo, uma mensagem ser coesa e incoerente ou
coerente e não apresentar coesão. Veja os casos abaixo:
Exemplo de mensagem coesa e incoerente:
"Aberto todos os dias, exceto sábado."
(A mensagem tem uma ligação harmoniosa entre as frases, porém
não faz sentido: se existe uma exceção, então o estabelecimento
não está aberto todos os dias.)
Exemplo de mensagem coerente que não apresenta coesão:
"Para de mexer nessa tinta. Vá já para o banheiro! Não toque em
nada. Lave bem as mãos. Vá para o seu quarto."
(A mensagem é compreensível, porém não existe uma ligação
harmoniosa entre as ideias. Faltam as ligações entre as frases para
que a mensagem soe natural.)

1.3 Concordância
Concordância Verbal e Nominal
Márcia Fernandes
Professora licenciada em Letras

Concordância verbal e nominal é a parte da gramática que estuda


a conformidade estabelecida entre cada componente da oração.
Enquanto a concordância verbal se ocupa da relação entre sujeito e
verbo, a concordância nominal se ocupa da relação entre as
classes de palavras:
concordância verbal = sujeito e verbo
concordância nominal = classes de palavras
Exemplo: Nós estudaremos regras e exemplos complicados juntos.
Na oração acima, temos esses dois tipos de concordância:
Ao concordar o sujeito (nós) com o verbo (estudaremos), estamos
diante de um caso de concordância verbal.
Já, quando os substantivos (regras e exemplos) concordam com o
adjetivo (complicados), estamos diante de um caso de concordância
nominal.
VEJA TAMBÉM: Classes de Palavras
Conheça as principais regras em cada caso:
Concordância Verbal
1. Sujeito composto antes do verbo
Quando o sujeito é composto e vem antes do verbo, esse verbo
deve estar sempre no plural.
Exemplo:
Maria e José conversaram até de madrugada.
2. Sujeito composto depois do verbo
Quando o sujeito composto vem depois do verbo, o verbo tanto
pode ficar no plural como pode concordar com o sujeito mais
próximo.
Exemplos:
Discursaram diretor e professores.
Discursou diretor e professores.
3. Sujeito formado por pessoas gramaticais diferentes
Quando o sujeito é composto, mas as pessoas gramaticais são
diferentes, o verbo também deve ficar no plural. No entanto, ele
concordará com a pessoa que, a nível gramatical, tem prioridade.
Isso quer dizer que 1.ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação
à 2.ª (tu, vós) e a 2.ª tem prioridade em relação à 3.ª (ele, eles).
Exemplos:
Nós, vós e eles vamos à festa.
Tu e ele falais outra língua?
Veja também:
 Concordância Verbal
 Exercícios de Concordância Verbal
Concordância Nominal
1. Adjetivos e um substantivo
Quando há mais do que um adjetivo para um substantivo, os
adjetivos devem concordar em gênero e número com o substantivo.
Exemplo:
Adorava comida salgada e gordurosa.
2. Substantivos e um adjetivo
No caso inverso, ou seja, quando há mais do que um substantivo e
apenas um adjetivo, há duas formas de concordar:
2.1. Quando o adjetivo vem antes dos substantivos, o adjetivo deve
concordar com o substantivo mais próximo.
Exemplo:
Linda filha e bebê.
2.2. Quando o adjetivo vem depois dos substantivos, o adjetivo
deve concordar com o substantivo mais próximo ou com todos os
substantivos.
Exemplos:
Pronúncia e vocabulário perfeito.
Vocabulário e pronúncia perfeita.
Pronúncia e vocabulário perfeitos.
Vocabulário e pronúncia perfeitos.
VEJA TAMBÉM: Concordância Nominal
Exercícios com Gabarito
1. (Mackenzie) Há uma concordância inaceitável de acordo com a
gramática:
I. Os brasileiros somos todos eternos sonhadores.
II. Muito obrigadas! – disseram as moças.
III. Sr. Deputado, V. Exa. Está enganada.
IV. A pobre senhora ficou meio confusa.
V. São muito estudiosos os alunos e as alunas deste curso.
a) em I e II
b) apenas em IV
c) apenas em III
d) em II, III e IV
e) apenas em II
Ver Resposta
2. (IBGE) Indique a opção correta, no que se refere à concordância
verbal, de acordo com a norma culta:
a) Haviam muitos candidatos esperando a hora da prova.
b) Choveu pedaços de granizo na serra gaúcha.
c) Faz muitos anos que a equipe do IBGE não vem aqui.
d) Bateu três horas quando o entrevistador chegou.
e) Fui eu que abriu a porta para o agente do censo.
Ver Resposta
3. (Mackenzie) Indique a alternativa em que há erro:

a) Os fatos falam por si sós.


b) A casa estava meio desleixada.
c) Os livros estão custando cada vez mais caro.
d) Seus apartes eram sempre o mais pertinentes possíveis.
e) Era a mim mesma que ele se referia, disse a moça.

1.4 Fenómeno de coordenação e subordinação


Coordenação e Subordinação
Por Maíra Althoff De Bettio
Para compreender a estrutura sintática de uma frase, ou seja, a
análise em relação à organização da mesma, que é dividida
em coordenação e subordinação; primeiramente deve-se
entender o que é frase; e, de acordo com Mattoso Câmara, nada
mais é do que ―unidade de comunicação linguística, caracterizada
[...] do ponto de vista comunicativo – por ter um propósito definido e
ser suficiente pra defini-lo –, e do ponto de vista fonético – por uma
entonação [...] que lhe assinala nitidamente o começo e o fim.‖.

Seguindo a linha de definição acerca de frase escrita, Perini diz que


se inicia com letra maiúscula e finaliza com algum sinal de
pontuação (ponto final, ponto de interrogação, ponto de exclamação
etc), todavia, outros gramáticos não delimitam a necessidade de
pontuação para a constituição de frase.

O vocábulo definido acima ainda pode ser uma oração, mas a


última não é sinônimo de frase; isto é, uma oração possui verbo,
mas uma frase não precisa de verbo para ser denominada como tal,
sendo assim, toda oração (ou conjunto de orações = período) é
uma frase (exemplo: Abra o livro na página 4 e Faça um bolo e
entregue a Maria), porém, nem toda frase é uma oração (exemplo:
O caderno amarelo da filha de João da Silva).
Quanto a período (ou enunciado) – que é a soma dos elementos
estruturais da frase e tem a necessidade da pontuação –, este pode
ser simples ou composto; sendo por composição, será subdividido
em coordenação (semântica + sintática) e subordinação (―... é o
emprego de um nível mais elevado no lugar de outro de nível
inferior‖, BACK). Outro ponto a ser frisado é que composição por
aposição difere-se de composição por coordenação, pois a primeira
admite expressões explicativas (isto é; quero dizer) e expressões
retificadoras (minto; aliás).

Ainda em relação à composição por aposição, Back enumera dois


tipos de aposição: identificadora (―Pedro Álvares Cabral, um
almirante português, descobriu o Brasil.‖) e retificadora
(―João, minto, Pedro veio até a sala.‖), e ambas exercem a mesma
função sintática.

A locução subordinante também tem duas classificações, podendo


ser complexa ou unitária. A primeira refere-se a uma locução verbal
(Ex. Amanhã, todos os alunos irão fazer o teste), enquanto a
segunda, como o próprio nome diz, é composta por um único verbo
(Ex. Ontem, Pedro fez o exame).

A explanação de alguns termos, como hipotaxe (subordinação) –


estrutura muito complexa que pode ser reduzida – e parataxe –
termo equivalente para a coordenação –, hipertaxe – palavra que
exerce um grande significado, como, por exemplo, um substantivo
com significado maior – é também bastante válida para uma
compreensão clara e coerente. Além disso, vale ressaltar que
pronome sempre tem função sintática.

1.5 Produção textual (somente para os estudantes da especialidade


de Língua e Literaturas em Língua Portuguesa)
Produção de Textos - Como Começar?

Daniela Diana
Professora licenciada em Letras

A produção de textos é o ato de expor por meio de palavras as


ideias, sendo uma ação deveras importante.
Saber produzir um texto pode ser um pré-requisito para conseguir
um emprego, uma vaga na faculdade, dentre outros.
Pessoas que escrevem bons textos conseguem se expressar
melhor. A leitura, intimamente ligada à escrita, é um ato essencial
para se produzir um bom texto.
Enquanto lemos estamos ampliamos nosso vocabulário e,
consequentemente, nosso universo interpretativo. Ou seja, com o
ato da leitura estamos aumentando nossa capacidade de entender
melhor tudo que nos rodeia.
Assim, é muito importante saber escrever bons textos, e sobretudo,
ter o hábito da leitura.
Tipos de Textos
Antes de mais nada, para produzir um bom texto é muito importante
conhecer os diversos tipos de textos existentes, para que seja
coerente com a proposta.
Assim, os principais tipos de textos são:
 Dissertação: texto argumentativo e opinativo, por exemplo, artigos,
resenhas, ensaios, monografias, etc.
 Narração: narra fatos, acontecimentos ou ações de personagens
num determinado tempo e espaço, por exemplo, crônicas, novelas,
romances, lendas, etc.
 Descrição: descreve objetos, pessoas, animais, lugares ou
acontecimentos, por exemplo, diários, relatos, biografias, currículos,
etc.
Para ampliar seus conhecimentos, leia também:
 Tipos de Textos
 Tipos de Redação
 Gêneros Textuais
Como Produzir um Bom Texto?
Observe que não existe uma ―fórmula mágica‖ para produzir um
bom texto, no entanto, há estratégias interessantes para melhorar
sua produção.
Cada indivíduo tem um estilo de escrita, no entanto, o que importa
não é necessariamente o estilo e sim, a coesão e a
coerência apresentadas no texto.
De tal modo, a coerência é uma característica textual que está
relacionada com o contexto. Ou seja, ela significa a relação lógica
entre as ideias expressas, de forma que não haja contradição no
texto.
A coesão, por sua vez, está relacionada com a regras gramaticais e
os usos corretos dos conectivos (conjunções, preposições,
advérbios e pronomes).
Em suma, para que um texto seja considerado bom, o importante é
conhecer o tipo e o gênero do texto. Além disso, não fugir do tema
pedido e sobretudo, cumprir as regras gramaticais essenciais para
sua compreensão.
Para tanto, pesquisar sobre o tema antes de escrever o texto é
muito importante para dar consistência e mais propriedade
à argumentação textual agregando maior valor ao texto.
Vale lembrar das novas regras gramaticais da língua portuguesa,
apresentadas pelo ―Novo Acordo Ortográfico‖.
Crie a Estrutura do Texto
Segue abaixo algumas etapas básicas para a produção de texto:
Tema e Título
Observe que o tema da redação é diferente do título. Assim, o tema
representa o assunto a ser abordado, enquanto o título é o nome
dado ao texto.
Na maioria dos casos, o título é muito importante, sendo que
algumas pessoas preferem começar por ele. Outras, escrevem o
texto primeiro e a palavra ou expressão que o define é escolhida
posteriormente.
Confira também os possíveis Temas de Redação para o Enem.
Apresentação
A apresentação do texto (também chamada de tese) é de suma
importância pois são nos primeiros parágrafos que o leitor vai ficar
interessado em ler o restante do texto.
Portanto, é o momento em que você irá instigar o leitor, sendo
essencial pontuar as principais informações que serão
desenvolvidas no decorrer do texto.
Claro que nem toda a informação deve estar presente na
apresentação, que deverá ser breve. Porém, os principais dados e
elementos que serão abordados devem surgir nesse momento do
texto.
Leia também: Dicas para a Introdução de uma Redação.
Desenvolvimento
Após definir a apresentação, o segundo momento da produção do
texto é o desenvolvimento (também chamado de anti-tese).
Como o próprio nome indica, nessa etapa é fundamental o
desenvolvimento das ideias. Aqui o escritor irá argumentar e
oferecer os dados e/ou as informações obtidas na pesquisa e fazer
uma reflexão sobre o tema abordado.
Assim, fica claro que quanto melhor a sua argumentação, melhor
será o texto.
Leia também: Como Fazer o Desenvolvimento de uma Redação.
Conclusão
Muitas pessoas não se preocupam com essa parte fundamental do
texto, ou seja, o momento da conclusão (também chamado de nova
tese). Finalizar o texto é tão importante quanto começá-lo.
Assim, não adianta fazer uma boa introdução e desenvolvimento, e
deixar o texto sem conclusão. Após a argumentação faz se
necessário que o escritor chegue numa conclusão e opine (no caso
dos textos dissertativos), apresentando assim um novo caminho.
Note que, quanto mais criativa for a conclusão, mais interessante
ficará o texto.
Leia também: Como Fazer a Conclusão de uma Redação.
Dicas para Produzir um Bom Texto
Segue abaixo, algumas dicas para melhorar sua produção de
textos:
 Mantenha o hábito da leitura e da escrita;
 Tenha o conhecimento das novas regras gramaticais;
 Preste atenção à grafia, pontuação, parágrafos e concordâncias;
 Seja criativo e espontâneo;
 Não utilize palavras de baixo calão, palavrões;
 Se distancie da linguagem coloquial, informal;
 Tenha opinião e faça críticas próprias;
 Atenção à relação lógica das ideias (coerência);
 Não se afaste do tema e do tipo de texto proposto;
 Faça um rascunho para evitar rasuras;
 Se necessário, leia o texto em voz alta;
 Cuidado com as repetições de palavras e ideias;
 Não utilize palavras ou expressões que não conheça;
 Se necessário, recorra ao dicionário;
 Seja claro e conciso.

 2. Funcionamento da língua
 2.1 Estrutura da palavra
2.1.1. Formação de palavras: morfemas lexicais e morfemas
gramaticais

Morfemas

Márcia Fernandes
Professora licenciada em Letras

Os morfemas são unidades ou elementos de significação que


formam as palavras, bem como alteram o seu significado. Também
podem ser chamados de elementos mórficos.
Exemplos:
nascer, renascer, nascido, nascimento, nasciturno.
Tipos: Presos e Livres
Quando o morfema por si só encerra o significado de um vocábulo
ele é chamado de livre. Os morfemas presos, por sua vez, são
aqueles que sozinhos não detém significado.
Exemplos:
mar (morfema livre), s - morfema que indica plural (morfema preso).
Classificação: Lexicais e Gramaticais
 São morfemas lexicais: os substantivos, os adjetivos, os verbos e
os advérbios de modo.
 São morfemas gramaticais: os artigos, os pronomes, os
numerais, as preposições, as conjunções e os demais advérbios,
bem como os elementos mórficos que indicam número, gênero,
modo, tempo e aspecto verbal.
Estrutura das Palavras
Radicais
Esse é o elemento comum. Ele serve de base às palavras.
Exemplos: ferro, ferreiro, ferragem, ferrugem.
Na nossa língua existem uma série de palavras cujos radicais são
de origem grega ou latina.
Exemplos em grego:
 agro=campo, tal como agronomia.
 demo=povo, tal como democracia.
Exemplos em latim:
 agri=campo, tal como agricultor.
 fide=fé, tal como fidedigno.
Afixos ou Morfemas Derivacionais
Esse é o elemento que se junta à palavra para formar novas
palavras. Os afixos são classificados em prefixos e sufixos, de
acordo com a posição nas palavras, respectivamente antes e
depois do radical.
Exemplos de prefixos: contradizer, infeliz, ambivalente.
Exemplos de sufixos: ricaço, lealdade, narigudo.
Tal como acontece com os radicais, a maior parte dos afixos da
língua portuguesa tem origem no grego ou no latim.
Exemplos em grego:
anti=oposição, tal como antipatia.
pos=posição, tal como posterior.
cracia=poder, tal como democracia.
Exemplos em latim:
bi=dois, tal como bisavô.
re=repetição, tal como refazer.
ista=ofício, tal como dentista.
Desinências ou Morfemas Flexionais
Esse é o elemento que se junta à palavra para assinalar flexões
gramaticais e podem ser nominais e verbais. As desinências
nominais indicam gênero e número, enquanto as verbais promovem
as conjugações dos verbos (desinências modo-temporais e
desinências número-pessoais).
Exemplos de desinências nominais: aluno, alunos, bela, belas.
Exemplos de desinências verbais: escreverei (re-desinência de
tempo futuro do modo indicativo), (i-desinência de 1.ª pessoa do
singular); estudávamos (ava-desinência de tempo pretérito do modo
indicativo), (mos-desinência de 1.ª pessoa do plural).
Morfema Zero
O Morfema Zero é a ausência de desinência. Assim, não necessita
de qualquer desinência para encerrar o seu sentido. A ausência da
letra ―s‖ no final de uma palavra, por exemplo, pode indicar que a
mesma se apresenta no singular.
Exemplo: sol, livro, mês.
Saiba mais em: Desinências.
Vogais Temáticas
A vogal temática é a vogal que se junta ao radical e daí recebe as
desinências. Ela indica a conjugação a que os verbos pertencem:
1.ª conjugação - vogal temática A. Exemplos: amar, ensaiar, saltar.
2.ª conjugação - vogal temática E. Exemplos: entender, ler, saber.
3.ª conjugação - vogal temática I. Exemplos: decidir, sair, unir.
Vogais ou Consoantes de Ligação
Esses são os elementos que não têm qualquer significado. Sua
função é tão somente ligar os elementos para auxiliar a pronúncia
das palavras.
Exemplos: chaleira, maresia, bananeira.
Leia também:
 Formação de Palavras
 Estrutura das Palavras
Exercícios
Indique e classifique os morfemas que formam as palavras abaixo:
1. Insensatez
2. Porteiro
3. Enraizar
4. Mar
5. Escreveremos
6. Reler
7. Sorveteria
8. Florzinha
Repostas:
1) sens=radical; in=prefixo; a=vogal de ligação; tez=sufixo.
2) port=radical; eiro=sufixo.
3) raiz=radical; en=prefixo; a=vogal temática.
4) Mar=radical; desinência zero.
5) escrev=radical; e=vogal temática; re=desinência de tempo futuro
do modo indicativo; mos=desinência de 1.ª pessoa do plural.
6) ler=radical; re=prefixo; e=vogal temática.
7) sorvet=radical; e=vogal de ligação; ria=sufixo.
8) flor=radical; z=consoante de ligação; inha=sufixo.
2.1.2. Base e afixos (sufixos e prefixos)
Prefixo e Sufixo

Márcia Fernandes
Professora licenciada em Letras
Prefixo e Sufixo são morfemas que se juntam às palavras a fim
de formar novas palavras. Ambos são, na verdade, afixos.
O nome prefixo ou sufixo é dado dependendo do lugar que
ocupam na palavra. Ou seja, se estiver antes do radical é prefixo,
mas se estiver depois do radical é sufixo.
Exemplos:
 antipatia (anti = prefixo)
 retroceder (retro = prefixo)
 tolerante (ante = sufixo)
 realismo (ismo = sufixo)
Prefixos
Os prefixos são afixos que formam palavras a partir de um morfema
que antecede oradical. Assim, eles modificam o seu sentido mas,
geralmente, mantêm a classe gramatical a qual pertencem.
A maior parte dos prefixos da língua portuguesa são de origem
latina ou grega. Confira as listas com os respetivos significados e
exemplos:
Lista de Prefixos Latinos
Prefixos Significados Exemplos
ab- afastamento abdicar
ambi- duplicação ambidestro
ante- anterioridade antepor
bem-, ben- bem bendito, beneficente
bi-, bis- dois biênio, bisneto
contra- oposição contradizer
in-, i- negação ingrato, ilegal
pos- posição posterior
semi- metade semicírculo
tri- três triângulo
Lista de Prefixos Gregos
Prefixos Significados Exemplos
anti- oposição antipatia
arce- superioridade arcebispo
cata- movimento para baixo cataclismo
Prefixos Significados Exemplos
dis- dificuldade dispneia
en- posição interior encéfalo
epi- posterioridade epílogo
eu- bem, bom eufonia
hiper- excessivo hipertensão
para- proximidade paralelo
pro- anterioridade prólogo
VEJA TAMBÉM: Classes de Palavras
Sufixos
Os sufixos são afixos que formam palavras a partir de um morfema
que sucede o radical. Assim, eles modificam o seu sentido e,
principalmente, alteram a classe gramatical a qual pertencem.
Os sufixos podem ser nominais, verbais e adverbiais.
Sufixos Nominais
Os sufixos nominais se juntam ao radical para formar substantivos e
adjetivos.
Sufixos Nominais Sufixos Exemplos
-ão paredão
-aço ricaço
-alhão grandalhão
-aréu povaréu
Sufixos Aumentativos
-arra bocarra
-(z)arrão homenzarrão
-eirão boqueirão
-uça dentuça
-inho Pedrinho
-zinho avozinho
-acho riacho
-icho (a) barbicha
Sufixos Diminutivos
-eco soneca
-ela viela
-ote velhote
-isco chuvisco
Confira na tabela abaixo outros exemplos de sufixos nominais:
Sufixos Exemplos Significado

-dor
causador
-tor
tradutor
-sor
professor agente, profissão,
-eiro
padeiro instrumento
-ista
dentista
-nte
estudante
-rio
bibliotecário
-dade credibilidade
-ência paciência
-ez sensatez
-eza beleza
-ice meiguice
-ície imundície qualidade, estado
-ismo patriotismo
-or frescor
-ude amplitude
-ume azedume
-ura formosura
-ado principado
-ato orfanato
-aria padaria
lugar, ramo de negócio
-douro matadouro
-tório dormitório
-tério cemitério
-ia geometria
-ismo cristianismo ciência, técnica,
-ica física doutrina
-tica política
-al cafezal
-agem ferragem
-ada boiada
-ama dinheirama
-ame vasilhame
-ário mobiliário coletivo
-aria gritaria
-edo arvoredo
-eiro formigueiro
-eira fumaceira
Sufixos Exemplos Significado
-ena dezena
-az sagaz
-ento ciumento
-lento sonolento
qualidade em
-into faminto
abundância,
-enho ferrenho
intensidade
-onho medonho
-oso jeitoso
-udo barrigudo
-eo ósseo
-aco demoníaco
-iaco paradisíaco
-aco polaco
-aico hebraico
-ano paraibano
-ão catalão natureza, origem, que
-enho panamenho tem a qualidade de
-eno chileno
-ense cearense
-ês francês
-eu europeu
-ino argentino
-ista paulista

-ável
amável
-ível
audível
-óvel
móvel possibilidade, tendência
-úvel
solúvel
-iço
movediço
-ivo
lucrativo
-ada cabeçada
-agem aprendizagem
-ança esperança
-aria pirataria
-eria selvageria ação, resultado de ação
-ata passeata
-ção correção
-ura formatura
-ela olhadela
Sufixos Exemplos Significado
-ença parecença
-ência continência
-mento juramento
-or temor

Leia também:
Substantivos
Adjetivos
Sufixos Verbais
Os sufixos verbais se juntam ao radical para formar verbos.
Sufixos Exemplos Significado
folhear,
-ear
espernear ação que se repete
-ejar
gotejar, apedrejar
-icar bebericar
ação diminutiva que
-itar saltitar
se repete
-iscar petiscar
amanhecer,
-ecer anoitecer
ação que principia
-escer florescer,
rejuvenescer
VEJA TAMBÉM: O que é um Verbo?
Sufixos Adverbais
Os sufixos adverbiais se juntam ao radical para formar advérbios.
Há apenas um sufixo adverbial em português: -mente.
Exemplos:
 cuidadosamente
 firmemente
 francamente
 justamente
 rapidamente
Para saber mais:
 Advérbio
 Morfemas
 Desinências
 Derivação Parassintética
Exercícios Resolvidos
1. Forme duas palavras com os prefixos abaixo:
a) ante-

Ver Resposta
b) contra-
Ver Resposta
c) in-

Ver Resposta
2. Indique sufixos e com eles forme duas palavras:
a) que indiquem profissão

Ver Resposta
b) que indiquem ação ou resultado de ação
Ver Resposta
c) que indiquem origem
2.1.3. Flexão, derivação e composição

As palavras existentes na Língua Portuguesa podem ser originárias


de dois processos: derivação ou composição.

Formação de Palavras pela Derivação

A derivação consiste em formar palavras a partir da junção de


prefixos e sufixos ao radical de uma palavra primitiva. Com essa
junção, forma-se então uma nova palavra. Vale lembrar aqui que o
radical é a parte da palavra que contém a sua carga semântica, ou
seja, todo o significado dessa palavra pode ser compreendido a
partir do seu radical.

As palavras que são formadas por meio da derivação, apesar de


terem como base o mesmo radical, ganham uma nova função
linguística e um novo valor gramatical.

O processo de derivação pode ser classificado em:

– Derivação prefixal: quando um prefixo é colocado à frente do


radical.
– Derivação sufixal: quando um sufixo é colocado depois do radical.

– Derivação prefixal e sufixal – quando o radical recebe um prefixo


e um sufixo.

Essas são as formas mais comuns de derivação, mas existem


também a derivação parassintética, derivação regressiva e a
derivação imprópria.

Assim, entende-se que quando se trata de derivação, significa que


um radical pode dar origem a outras palavras.

Composição

Outro processo de formação das palavras é a composição.


Diferente da derivação, na composição as palavras são formadas a
partir da junção de dois radicais, que ganham um novo significado.

São dois os tipos de composição:

– Justaposição: processo no qual duas palavras são unidas, porém,


sem a perda de fonemas.
Exemplos de justaposição: segunda-feira, beija-flor, passatempo.

– Aglutinação: processo no qual as duas palavras são unidas, se


tornando apenas uma, apresentando a perda de sílabas ou de
fonema.
Exemplos de aglutinação: embora, fidalgo, aguardente.

A derivação e a composição são os processos mais comuns de


formação de palavras, mas existem outros, como o hibridismo,
significação, redução e neologismo.

2.1.4 Relações lexicais (sinonímia, antonímia, homofonia,


homografia, homonímia e paronímia)
Homonímia, homografia, homofonia e paronímia.
Palavras homónimas são aquelas cuja grafia e pronúncia são
iguais, mas têm significado diferente.

Exemplos:

O bebé nasceu são ( >sanu) e escorreito. ( = saudável)


No dia 11 de novembro, comemora-se o dia de São (> sanctu)
Martinho ( = Santo)
Os lápis são (> sunt) da Carla. ( = verbo ser)

As palavras homógrafas têm identica grafia, ( o acento não


interfere na grafia) mas a pronúncia (acentuação) e o significado
são diferentes.

Exemplos:

A sé do Porto é um monumento histórico. ( = igreja)


Se não chover, vou ver o jogo. ( = conjunção subordinativa
condicional)
Sê bom rapaz! ( = verbo ser)

As palavras homófonas são aquelas cuja prenúncia é igual, mas


têm grafia e significado diferentes.

Exemplos:

Há muito tempo que não te via! (= verbo haver)


Hoje fui à piscina. (= contracção da preposição a com o artigo
definido a )
Ah! que lindo dia para passear! (= interjeição)

As palavras parónimas são muito semelhantes, gerando, por


vezes, confusão. Embora tenham significados diferentes, são muito
parecidas na grafia e na pronúncia.

Exemplos:

Ele conseguiu rebelar uma multidão. (= revoltar)


Ela não quis revelar o nome dos candidatos. (= divulgar)
2.2. Funções sintácticas dos constituintes da frase
FUNÇÕES SINTÁTICAS

GRUPOS FRÁSICOS/CONSTITUINTES DA FRASE


No interior das frases, as palavras formam grupos que se
organizam em torno de palavras nucleares. O nome do grupo de
palavras está dependente da classe a que pertence a palavra
nuclear.

 Grupo nominal
 tem como núcleo um nome (ou pronome)
 Grupo verbal
 tem como núcleo um verbo (ou complexo verbal)
 Grupo adjetival
 tem como núcleo um adjetivo
 Grupo preposicional
 tem como núcleo uma preposição
 Grupo adverbial
 tem como núcleo um advérbio

Exemplo:
A casa amarela foi pintada ontem de manhã.
 Grupo nominal: A casa amarela
 Grupo verbal: foi pintada ontem de manhã
 Grupo preposicional: de manhã
 Grupo adverbial: ontem
 Grupo adjetival: amarela

FUNÇÕES SINTÁTICAS

As palavras estabelecem relações entre si e com o verbo,


desempenhando assim diferentes funções. Nos anos anteriores já
aprendeste as funções sintáticas de sujeito, vocativo, predicado,
complemento direto, complemento indireto, predicativo do sujeito, o
complemento oblíquo, o complemento agente da passiva,
o modificador do grupo verbal e o modificador do nome. No 9º ano
vais aprender ainda o sujeito nulo expletivo, o modificador de
frase e o predicativo do complemento direto.

 Funções sintáticas ao nível da frase


 Sujeito
 simples
 composto
 nulo subentendido
 nulo indeterminado
 nulo expletivo
 Vocativo
 Predicado
 Modificador de frase
 Funções sintáticas internas ao grupo verbal
 Complemento direto
 Complemento indireto
 Complemento oblíquo
 Modificador do grupo verbal
 Predicativo do sujeito
 Predicativo do complemento direto
 Complemento agente da passiva
 Funções sintáticas internas ao grupo nominal
 Modificador do nome
 restritivo
 apositivo

Sujeito
O sujeito é sobre o que ou quem se declara algo.

Sujeito simples
 apresenta um só grupo nominal
 O João foi às compras
 Eles foram às compras

Sujeito composto
 apresenta dois ou mais grupos nominais
 O João e a Maria foram às compras
 Nem eles nem elas foram às compras

Sujeito nulo subentendido


 não aparece na frase mas sabemos quem é o sujeito
 Fui às compras. (quem foi às compras? – eu)

Sujeito nulo indeterminado


 não aparece na frase e não sabemos quem é o sujeito
 Contam-se histórias sobre ele (quem conta as histórias? – não
se sabe…)

Sujeito nulo expletivo


 quando as formas verbais se referem a fenómenos da natureza,
ou quando se utiliza o verbo haver com o significado de existir
 Choveu a noite inteira.
 Há pessoas simpáticas.

Vocativo
O vocativo é utilizado em contextos de chamamento ou
interpelação do interlocutor. Aparece separado do resto da frase por
vírgulas. Pode surgir no início, no meio ou no fim da frase.
 Ana, entra e está à vontade.
 Entra, Ana, e está à vontade.
 Entra e está à vontade, Ana.
Complemento direto
O complemento direto encontra-se dentro do predicado e
responde à pergunta ―o quê?‖ ou ―quem?‖.
 O Jorge viu um pássaro. (viu o quê? – um pássaro)
 A Rita viu o Miguel. (viu quem? – o Miguel)

Complemento indireto
O complemento indireto também encontra-se dentro do predicado
e responde à pergunta ―a quem?‖ ou ―ao quê?‖.
 A Cristina ligou à mãe. (ligou a quem? – à mãe)
 Não dei importância ao assunto. (não dei importância ao quê? –
ao assunto)

Complemento oblíquo
O complemento oblíquo é um constituinte selecionado pelo verbo,
o que significa que se o retirarmos da frase muda-se o seu sentido.
 Ele mora em Lisboa. (mora onde? – em Lisboa)

Exemplos de verbos que selecionam o complemento


oblíquo: concordar, durar, ir, gostar, morar, pôr, precisar, vir, …

Modificador do grupo verbal


O modificador do grupo verbal acrescenta uma informação
opcional, ou seja, se o retirarmos da frase o seu sentido não muda.
Pode aparecer em várias posições na frase e ter diferentes valores
(tempo, lugar, modo, etc…).
 Ele foi a Lisboa ontem.
 Ontem, ele foi a Lisboa.
O modificador do grupo verbal distingue-se do complemento oblíquo
por ser opcional na frase, ao contrário do complemento oblíquo que
é obrigatório na frase para esta manter o seu sentido.

Predicativo do sujeito
O predicativo do sujeito é selecionado por um verbo copulativo.
Pode atribuir uma propriedade ou característica ou uma localização
no espaço ou no tempo.
 Ela é linda.
 Ele está atrás da porta.

Verbos copulativos mais frequentes: ser, estar, permanecer, ficar,


continuar, parecer, continuar, tornar-se, revelar-se…

Predicativo do complemento direto


O predicativo do complemento direto é selecionado por um verbo
transitivo predicativo. É algo que se refere ao complemento direto.

 Acho este livro interessante. (livro » complemento


direto; interessante refere-se ao livro)

Complemento agente da passiva


O complemento agente da passiva surge apenas quando a frase
está na passiva e responde à pergunta ―por quem?‖.
 O teste foi corrigido pela professora. (foi corrigido por quem? –
pela professora)
Modificador do nome
Tal como o nome indica, o modificador do nome modifica um
nome (ou pronome). No entanto, como é um constituinte não
selecionado pelo nome, pode ser retirado da frase sem que esta se
torne agramatical (sem sentido).

Modificador do nome restritivo


Modificador que restringe/limita a realidade referida pelo nome que
modifica. Geralmente surge à direita do nome que restringe, que
pode encontrar-se tanto no sujeito como no predicado, e nunca está
separado por vírgulas.

 Vi um filme interessante. (interessante modifica o nome filme)


 A casa da Joana é bonita. (da Joana modifica o nome casa)
 Cão que ladra não morde. (que ladra modifica o nome cão)

Modificador do nome apositivo


Modificador que não restringe o nome, por isso está sempre
separado por vírgulas.

 O João, o irmão da Maria, é meu colega. (o irmão da


Maria modifica o nome João)
 A Inês, ansiosa, foi ver as notas. (ansiosa modifica o nome Inês)
 O carro, de valor inestimável, nunca será vendido. (de valor
inestimável modifica o nome carro)
 A Joana, que é a minha melhor amiga, vai-me ajudar. (que é a
minha melhor amiga modifica o nome Joana)

Modificador de frase
Função sintática desempenhada por elementos da frase não
exigidos por nenhum dos seus constituintes. Por esta razão, o
modificador de frase pode ser eliminado sem alterar o seu
sentido. Pode ser desempenhada por um grupo adverbial,
um grupo preposicional ou por uma oração subordinada
adverbial.
 Felizmente, o teste correu bem.
 De facto, o teste era muito fácil.
 Fiquei feliz, quando fui ver as notas.

Revê aqui a matéria:


Funções sintáticas from annapasilva

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diretocomplemento indiretocomplemento oblíquoconstituintes da
frasefunções sintáticasgrupo adjetivalgrupo adverbialgrupo
nominalgrupo preposicionalgrupo verbalgrupos de frasegrupos
frásicosmgvmodificado do grupo verbalmodificador
apositivomodificador de frasemodificador do nomemodificador
restritivonúcleo dos grupos de frasepredicadopredicativo do
sujeitosujeito
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4º Ano | Resumos das matérias e exercícios
21 DE JULHO DE 2017


História 7º ano | A Europa do século VI a XII
10 DE OUTUBRO DE 2015

2.3. Verbos (tempos e modos)
Tempo e Modo Verbal
Por Ana Paula de Araújo
Faça os exercícios!
O verbo pode se flexionar de quatro maneiras: PESSOA, NÚMERO,
TEMPO e MODO. É a classe mais rica em variações de forma ou
acidentes gramaticais. Através de
um morfema chamadoDESINÊNCIA MODO TEMPORAL, são
marcados o tempo e o modo de um verbo. Vejamos mais
detalhadamente...

O MODO VERBAL caracteriza as várias maneiras como podemos


utilizar o verbo, dependendo da significação que pretendemos dar a
ele. Rigorosamente, são três os modos
verbais: INDICATIVO,SUBJUNTIVO e IMPERATIVO. Porém,
alguns gramáticos incluem, também como modos verbais,
oPARTICÍPIO, o GERÚNDIO e o INFINITIVO. Alguns autores, no
entanto, as denominam FORMAS NOMINAIS DO VERBO.

Segundo o gramático Rocha Lima, existem algumas


particularidades em cada uma destas formas que podem impedir-
nos de considerá-las modos verbais:

 INFINITIVO: tem características de um substantivo, podendo


assumir a função de sujeito ou de complemento de um outro
verbo, e até mesmo ser precedido por um artigo.
 GERÚNDIO: assemelha-se mais a um advérbio, já que
exprime condições de tempo, modo, condição e lugar.
 PARTICÍPIO: possui valor e forma de adjetivo, pois além de
modificar o substantivo, apresenta ainda concordância em
gênero e número.

Mas voltemos aos modos verbais, propriamente ditos:

 MODO INDICATIVO: O verbo expressa uma ação que


provavelmente acontecerá, uma certeza, trabalhando com
reais possibilidades de concretização da ação verbal ou com a
certeza comprovada da realização daquela ação.
 MODO SUBJUNTIVO: Ao contrário do indicativo, é o modo
que expressa a dúvida, a incerteza, trabalhando com remotas
possibilidades de concretização da ação verbal.
 MODO IMPERATIVO: Apresenta-se na forma afirmativa e na
forma negativa. Com ele nos dirigimos diretamente a alguém,
em segunda pessoa, expressando o que queremos que
esta(s) pessoa(s) faça(m). Pode indicar uma ordem, um
pedido, um conselho etc., dependendo da entonação e do
contexto em que é aplicado.

Já o TEMPO VERBAL informa, de uma maneira geral, se o verbo


expressa algo que já aconteceu, que acontece no momento da fala
ou que ainda irá acontecer. São essencialmente três tempos:
PRESENTE, PASSADO ou PRETÉRITO e FUTURO.

Os tempos verbais são:

 PRESENTE SIMPLES (amo) – expressa algo que acontece


no momento da fala.
 PRETÉRITO PERFEITO (amei) – expressa uma ação pontual,
ocorrida em um momento anterior à fala.
 PRETÉRITO IMPERFEITO (amava) – expressa uma ação
contínua, ocorrida em um intervalo de tempo anterior à fala.
 PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO (amara) – contrasta um
acontecimento no passado ocorrido anteriormente a outro fato
também anterior ao momento da fala.
 FUTURO DO PRESENTE (amarei) – expressa algo que
possivelmente acontecerá em um momento posterior ao da
fala.
 FUTURO DO PRETÉRITO (amaria) – expressa uma ação que
era esperada no passado, porém que não aconteceu.
2.4. Vozes (activa e passiva)
Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva

Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substancialmente


o sentido da frase. Por exemplo:

Gutenberg inventou a imprensa (Voz Ativa)


Sujeito da Ativa Objeto Direto

A imprensa foi inventada por Gutenberg (Voz Passiva)


Sujeito da Passiva Agente da Passiva

Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o sujeito


da ativa passará aagente da passiva e o verbo ativo assumirá
a forma passiva, conservando o mesmo tempo.

Observe mais exemplos:

Os mestres têm constantementeaconselhado os alunos.


Os alunos têm sido constantementeaconselhados pelos
mestres.

Eu o acompanharei.
Ele será acompanhado por mim.

Obs.: quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não haverá


complemento agente na passiva. Por exemplo:

Prejudicaram-me.
Fui prejudicado.

Saiba que:

1) Aos verbos que não são ativos nem passivos ou reflexivos, são
chamados neutros.Por exemplo:

O vinho é bom.
Aqui chove muito.

2) Há formas passivas com sentido ativo. Por exemplo:


É chegada a hora. (= Chegou a hora.)
Eu ainda não era nascido. (= Eu ainda não tinha nascido.)
És um homem lido e viajado. (= que leu e viajou)

3) Inversamente, usamos formas ativas com sentido passivo. Por


exemplo:

Há coisas difíceis de entender. (= serem entendidas)


Mandou-o lançar na prisão. (= ser lançado)

4) Os verbos chamar-se, batizar-se, operar-se (no sentido


cirúrgico) e vacinar-se são considerados passivos, logo o sujeito é
paciente. Por exemplo:

Chamo-me Luís.
Batizei-me na Igreja do Carmo.
Operou-se de hérnia.
Vacinaram-se contra a gripe.

2.5. Pronominalização
PRONOMINALIZAÇÃO – regras para articulação de verbos com
pronomes Quando juntamos pronomes aos verbos, há algumas
regras que temos que ter em conta. Vejamos: 1 – Quando a forma
verbal termina em vogal, o pronome não sofre alterações.
ex: Vi o filme. > Vi-o 2 - Quando a forma verbal termina em R, S, ou
Z, estas consoantes caem e o pronome pessoal passa a ser: -lo, -la,
-los, -las. ex: Vou ver o Luís. > Vou vê-lo. Tu contas
histórias. > Tu conta-las. Ele faz os trabalhos de casa. >
Ele fá-los. 3 - Se a forma verbal terminar em M ou em ditongo nasal
(õe, ão), o pronome tomará as formas: -no, -na -nos, -nas. ex:
Os alunos viram o filme. > Os alunos viram-no O João
põe o livro na estante. > O João põe-no na estante. 4 – Quando a
forma verbal estiver no modo condicional, o pronome coloca-se
entre o radical do verbo e as terminações verbais (-ia, -ias, -ia, -
íamos, -íeis, –iam). No entanto, como o radical termina em R, este
cai e o pronome ganha um L, tomando a forma -lo, -la, -los, -las.
ex: Eu levaria a bicicleta para a escola. > Eu levá-la-ia para a
escola. Tu convidarias os teus amigos para a festa. > Tu
convidá-los-ias para a festa. 5 - Quando a forma verbal estiver no
futuro, o pronome coloca-se entre o radical do verbo e as
terminações verbais (-á, -ás, -á, -emos, -eis, –ão). No entanto, como
o radical termina em «R», este cai e o pronome ganha um L,
tomando a forma -lo, -la, -los, -las. ex: Ele entregará a
encomenda a tempo. > Ele entregá-la-á a tempo. Eles
pedirão a prenda à mãe. > Eles pedi-la-ão à mãe. 6 – Se a frase
estiver na negativa, o pronome vai para antes do verbo, sem sofrer
alterações (tal como nalguns casos em que a frase está na forma
interrogativa). ex: Ele não levou o livro para a aula. > Ele
não o levou para a aula Já leste o livro todo?. > Já o leste
todo? CASOS ESPECIAIS: Sempre que na frase se encontrem em
contacto duas formas de pronome pessoal, complemento directo e
indirecto, elas contraem-se formando uma só palavra (em qualquer
tempo verbal). ex: Já li o livro. Posso emprestar-to ( te o )
Encontraste a peça? Então dá-ma. (me a)

2.6. Regência (nominal e verbal)


Regência verbal e regência nominal

Chamamos de regência verbal e regência nominal a relação de


subordinação existente entre um verbo ou um nome e seus
complementos.




 CURTIDAS
0

Você sabe o que é regência verbal? E regência nominal? Se você


ainda não sabe, é tempo de aprender. Entender sobre esse assunto
é indispensável para quem deseja escrever adequadamente,
respeitando, assim, a sintaxe da língua portuguesa. Vamos lá?
Você já deve ter percebido que, em uma oração, as palavras
estabelecem relações entre si. Graças a essa relação, somos
capazes de construir os sentidos da mensagem, uma vez que as
palavras sãointerdependentes. Essa relação de complementação
entre os termos da oração é chamada de regência, que pode
ser verbal ou nominal. Chamamos de termo regido a palavra que
depende de outra para obter sentido completo e de termo regente a
palavra a que se subordina o termo regido.
Achou complicado? Parece, mas não é. Fique atento à explicação e
aos exemplos que o sítio de Português preparou para você. Depois
desta leitura, certamente todas as dúvidas serão esclarecidas. Bons
estudos!
Regência verbal
Chamamos de regência verbal a relação que se estabelece entre os
verbos e os termos que os complementam (objetos diretos e objetos
indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais). Os verbos podem
ser intransitivos e transitivos.
Os verbos intransitivos não exigem complemento. Isso
acontece porque são verbos que fazem sentido por si só, ou
seja, possuem sentido completo. Em alguns casos, eles são
acompanhados por adjuntos adverbiais, elementos que não
podem ser considerados como objetos. O adjunto adverbial é
um termo acessório da oração cuja função é modificar um
verbo, um adjetivo ou um advérbio, indicando uma
circunstância (tempo, lugar, modo, intensidade etc.). Sendo um
termo acessório, pode ser retirado da frase sem alterar sua
estrutura sintática. Veja alguns exemplos:
Choveu muito ontem.
↓ ↓
verbo impessoal adjunto adverbial de
intensidade e de tempo
(intransitivo)
Chegamos no voo das onze horas.
↓ ↓
verbo intransitivo adjunto adverbial de meio e
de tempo
Verbos transitivos diretos
Chamamos de verbos transitivos aqueles que precisam de um
complemento, uma vez que não possuem sentido quando
sozinhos. Eles podem ser transitivos diretos e indiretos. Os
transitivos diretos são acompanhados por objetos diretos e
não exigem preposição para o correto estabelecimento da
relação de regência. Veja os exemplos:
Quero bolo!
↓ ↓
verbo transitivo direto objeto direto
Amo aquele rapaz.
↓ ↓
verbo transitivo direto objeto direto
Para facilitar o reconhecimento dos verbos transitivos diretos,
você poderá fazer algumas perguntas para eles (quero o
quê/quero quem? Amo o quê/amo quem?). As respostas serão
os objetos diretos.
Verbos transitivos indiretos
Os verbos transitivos indiretos são complementados por
objetos indiretos, isto é, exigem uma preposição para o
estabelecimento da relação de regência. Veja:
preposição 'de' + artigo 'a' = da

Gostamos da prova.
↓ ↓
verbo transitivo indireto objeto indireto
Outro exemplo:
preposição + artigo = às

Respondi às questões.
↓ ↓
verbo transitivo indireto objeto indireto
Você também pode fazer perguntas para o verbo para assim
identificar se ele é ou não transitivo indireto (gostaram de
quê/gostaram de quem? Respondeu a quê/respondeu a
quem?). Note que, ao fazer a pergunta com o uso de uma
preposição, o objeto responderá também com uma preposição
(gostamos da prova/ respondi às questões).
Verbos transitivos diretos e indiretos
Antigamente, os verbos transitivos diretos e indiretos eram
chamados de bitransitivos. Essa nomenclatura, entretanto, não
é mais utilizada. São verbos acompanhados de um objeto
direto e um objeto indireto. Observe:
a (preposição) + os = aos

Agradeço aos ouvintes a audiência.
↓ ↓ ↓
verbo transitivo direto e indireto Objeto indireto objeto
direto ('a' é artigo)
Quem agradece, agradece a alguém algo.
Outro exemplo:
preposição + artigo = à

Entreguei a flor à professora.
↓ ↓ ↓
verbo transitivo direto e indireto Objeto direto objeto
indireto
Regência nominal
Chamamos de regência nominal o nome da relação existente
entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos
regidos por esse nome. Essa relação é sempre intermediada
por uma preposição. Veja alguns exemplos (vale lembrar que
existem muitos outros):
Substantivos:
Admiração a/por
Devoção a/ para/ com/ por
Medo de
Respeito a/ com/ para com/ por
Adjetivos:
Necessário a
Acostumado a/com
Nocivo a
Agradável a
Equivalente a
Advérbios:
Longe de/ Perto de
Obs.: Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o
regime dos adjetivos de que são formados:
Paralela a; paralelamente a
Relativa a; relativamente a
2.7. Preposições
Preposição

Daniela Diana
Professora licenciada em Letras

Preposição é a palavra invariável que liga dois termos da


oração numa relação de subordinação donde, geralmente, o
segundo termo subordina o primeiro.
Tipos e Exemplos de Preposições
 Preposição de lugar: O navio veio de São Paulo.
 Preposição de modo: Os prisioneiros eram colocados em fila.
 Preposição de tempo: Por dois anos ele viveu aqui.
 Preposição de distância: A cinco quilômetros daqui passa uma
estrada.
 Preposição de causa: Com a seca, o gado começou a morrer.
 Preposição de instrumento: Ele cortou a árvore com o machado.
 Preposição de finalidade: A praça foi enfeitada para a festa.
Classificação das Preposições
As preposições podem ser divididas em dois grupos:
1. Preposições Essenciais – são as palavras que só funcionam
como preposição, a saber: a, ante, após, até, com, contra, de,
desde, em, entre, para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás.
2. Preposições Acidentais – são as palavras de outras classes
gramaticais que, em certas frases funcionam como preposição, a
saber: afora, como, conforme, consoante, durante, exceto,
mediante, menos, salvo, segundo, visto etc.
Locuções Prepositivas
A locução prepositiva é formada por duas ou mais palavras com o
valor de preposição, sempre terminando por uma preposição, por
exemplo:
 abaixo de, acima de, a fim de, além de, antes de, até a, depois de,
ao invés de, ao lado de, em que pese a, à custa de, em via de, à
volta com, defronte de, a par de, perto de, por causa de, através de,
etc.
Combinação, Contração e Crase
Importante notar que, algumas preposições podem aparecer
combinadas com outras palavras. Assim, quando na junção dos
termos não houver perda de elementos fonéticos, teremos
uma combinação, por exemplo:
 ao (a + o)
 aos (a + os)
 aonde (a + onde
Por conseguinte, quando da junção da preposição com outra
palavra houver perda fonética, teremos a chamada contração, por
exemplo:
 do (de + o)
 dum (de + um)
 desta (de + esta)
 no (em + o)
 neste (em + este)
 nisso (em + isso)

Por fim, toda fusão de vogais idênticas forma uma crase:


 à = contração da preposição a + o artigo a
 àquilo = contração da preposição a + a primeira vogal do pronome
aquilo.
Leia:
 Crase
 Crase antes de horas
 Crase facultativa
 Exercícios de crase
Na língua cotidiana, falada ou escrita, aparecem as
reduções pra (para a) e pro (para o). Essas palavras não pedem
acento, já que se trata de palavras átonas. por exemplo:
 Este é um país que vai pra frente.
 Vá pra casa, e não pro botequim!
2.8. Crase

A palavra crase é de origem grega e significa "fusão", "mistura". Na


língua portuguesa, é o nome que se dá à "junção" de duas vogais
idênticas.

É de grande importância a crase da preposição "a" com o artigo


feminino "a" (s), com o pronome demonstrativo "a" (s), com
o"a" inicial dos pronomes aquele (s), aquela (s), aquilo e com
o "a" do relativo a qual (as quais). Na escrita, utilizamos o acento
grave ( ` ) para indicar a crase.

O uso apropriado do acento grave, depende da compreensão da


fusão das duas vogais. É fundamental também, para o
entendimento da crase, dominar a regência dos verbos e nomes
que exigem a preposição "a". Aprender a usar a crase, portanto,
consiste em aprender a verificar a ocorrência simultânea de uma
preposição e um artigo ou pronome. Observe:

Vou a a igreja.
Vou à igreja.

No exemplo acima, temos a ocorrência da preposição "a", exigida


pelo verbo ir (ir a algum lugar) e a ocorrência do artigo "a" que está
determinando o substantivo femininoigreja. Quando ocorre esse
encontro das duas vogais e elas se unem, a união delas é indicada
pelo acento grave. Observe os outros exemplos:

Conheço a aluna.
Refiro-me à aluna.

No primeiro exemplo, o verbo é transitivo direto (conhecer algo ou


alguém), logo não exige preposição e a crase não pode ocorrer. No
segundo exemplo, o verbo é transitivo indireto (referir-se a algo ou a
alguém) e exige a preposição "a". Portanto, a crase é possível,
desde que o termo seguinte seja feminino e admita o artigo
feminino "a" ou um dos pronomes já especificados.
Há duas maneiras de verificar a existência de um artigo
feminino "a" (s) ou de um pronome demonstrativo "a" (s) após uma
preposição "a":

1- Colocar um termo masculino no lugar do termo feminino que


se está em dúvida. Se surgir a forma ao, ocorrerá crase antes
do termo feminino. Veja os exemplos:

Conheço "a" aluna. / Conheço o aluno.


Refiro-me ao aluno. / Refiro-me à aluna.

2- Trocar o termo regente acompanhado da preposição a por


outro acompanhado de uma preposição diferente (para, em, de,
por, sob, sobre). Se essas preposições não se contraírem com
o artigo, ou seja, se não surgirem novas formas (na (s), da (s),
pela (s),...), não haverá crase. Veja os exemplos:

- Penso na aluna.
- Apaixonei-me pela aluna.

- Começou a brigar. - Cansou de brigar.


- Insiste em brigar.
- Foi punido por brigar.
- Optou por brigar.

Atenção: lembre-se sempre de que não basta provar a existência da


preposição "a" ou do artigo "a", é preciso provar que existem os
dois.

Próximo: Casos em que a crase NÃO ocorre


2.9. Acentuação
Acentuação Gráfica

Daniela Diana
Professora licenciada em Letras

A acentuação gráfica estuda os acentos gráficos (agudo, grave e


circunflexo).
Esses são elementos essenciais para estabelecer
organizadamente, por meio de regras, a intensidade das palavras
das sílabas portuguesas.
Acentuação das Palavras Oxítonas
As palavras oxítonas são aquelas em que a última sílaba é tônica
(mais forte). Elas podem ser acentuadas com o acento agudo e o
circunflexo.
Oxítonas que Recebem Acento Agudo
Regras Exemplos
Recebem acento agudo
está, estás, já, olá;
as palavras oxítonas
até, é, és, olé,
terminadas em vogais
pontapé(s); vó(s),
tônicas abertas (a), (e) ou
dominó(s), paletó(s),
(o) seguidas ou não de
só(s)
(s).
Ao caso de palavras bebé ou bebê; bidé
derivadas do francês e ou bidê; canapé ou
terminadas com a vogal canapê
(e), são admitidos tanto o caraté ou caratê;
acento agudo como croché ou crochê;
circunflexo. matiné ou matinê
Quando conjugadas com
adorá-lo (de adorar +
os pronomes (lo(s)) ou
lo) ou adorá-los (de
(la(s)) terminando com a
adorar + los);
vogal tônica aberta (a)
Dá-la (de dar + la) ou
após a perda do (r), (s),
dá-las (de dar + las)
ou (z).
Recebem, ainda, acento acém, detém, deténs,
as palavras oxítonas com entretém, entreténs,
mais de uma sílaba harém, haréns,
terminadas no ditongo porém, provém,
nasal grafado (em). provéns, também
As palavras oxítonas com anéis, batéis, fiéis,
os ditongos abertos papéis, chapéu(s),
grafados (éu), (éu) ou (ói), ilhéu(s), véu(s);
seguidos ou não de (s). herói(s), remói
Obs: Há exceção nas formas da terceira pessoa do plural no
presente do indicativo dos compostos de (ter) e (vir) ou terminada
em (ens). Nesse caso, elas recebem acento circunflexo (retêm,
sustêm; advêm, provêm).
Oxítonas que Recebem Acento Circunflexo
Regras Exemplos
cortês, dê, dês
As palavras oxítonas (de dar), lê, lês
terminadas nas vogais (de ler),
tônicas fechadas que se português,
grafam (e) ou (o), seguidas você(s); avô(s),
ou não de (s). pôs (de pôr),
robô(s)
As formas verbais oxítonas,
quando conjugadas com os
detê -lo(s); fazê -
pronomes clíticos (lo(s)) ou
la(s); vê -la(s);
(la(s)) terminadas com as
compô-la(s); repô
vogais tônicas fechadas (e)
-la(s); pô -la(s)
ou (o) após a perda da
consoantes final (r), (s)ou (z).
Obs: Usa-se, ainda, o acento circunflexo para diferenciar a forma
verbal (pôr) da preposição (por).
Acentuação das Palavras Paroxítonas
As palavras paroxítonas são aquelas em que a penúltima sílaba é
tônica (mais forte).
Paroxítonas que Recebem Acento Agudo
Regras Exemplos
Recebem acento agudo as
paroxítonas que apresentam,
dócil, dóceis;
na sílaba tônica, as vogais
fóssil, fósseis;
abertas grafadas (a, e, o, i, u)
réptil, répteis;
e que terminam em (l, n, r, x,
líquen, líquenes;
s), bem como as respectivas
Ímpar, ímpares
formas do plural, que passam
a proparoxítonas.
fêmur e fémur;
ónix e ônix;
pónei e pônei;
É admitida dupla grafia em
ténis e tênis;
alguns casos.
bónus e bônus;
ónus e ônus;
tónus e tônus
Palavras paroxítonas que órfã, órfãs; órfão,
Regras Exemplos
apresentam, na sílaba tônica, órfãos; órgão,
as vogais abertas grafadas (a, órgãos; sótão,
e, i, o, u) e que terminam em sótãos; jóquei,
ã(s), ão(s), ei(s), i(s), um(s). jóqueis; fáceis,
fácil
bílis, íris, júri,
Nas formas singular e plural oásis, álbum,
das palavras. fórum, húmus e
vírus
Obs: Não se acentuam graficamente os ditongos representados por
(ei) e (oi) da sílaba tônica das paroxítonas:
Assembleia, boleia, ideia, onomatopeico, proteico, alcaloide, apoio
(do verbo apoiar), tal como apoio (substantivo), boia, heroico, jiboia,
moina, paranoico, zoina.
As palavras paroxítonas não acentuadas são: enjoo, grave, homem,
mesa, Tejo, vejo, velho, voo; avanço, floresta; abençoo, angolano,
brasileiro; descobrimento, graficamente, moçambicano.
Paroxítonas que Recebem Acento Circunflexo
Regras Exemplos
Palavras paroxítonas
que contêm, na sílaba
tônica, as vogais
fechadas com a grafia
cônsul, cônsules; têxtil,
(a, e, o) e que terminam
têxteis; plâncton,
em (l, n, r, x), assim
plânctons
como as respetivas
formas do plural,
algumas das quais se
tornam proparoxítonas.
Também recebem
acento circunflexo as
palavras que contêm na
Estevão, zângão,
sílaba tônica vogais
escrevêsseis, ânus
fechadas com a grafia
(a, e, o) e que terminam
em ão(s), eis (s) ou us.
São grafadas com têm, vêm, abstêm
Regras Exemplos
acento circunflexo as (abstém); advêm
formas dos verbos ter e (advém); contêm
vir na terceira pessoa (contém); convêm
do plural do presente do (convém); desconvêm
indicativo. O mesmo é (desconvém); detêm
aplicado algumas (detém); entretêm
formas compostas (entretém); intervêm
verbais. (intervém); mantêm
(mantém); obtêm
(obtém); provêm
(provém); sobrevêm
(sobrevém)
Não é usado o acento
circunflexo nas palavras
paroxítonas que contêm creem, deem,
um tônico oral fechado descreem, desdeem,
em hiato com leem, preveem,
terminação (em) da redeem, releem,
terceira pessoa do reveem, veem
plural do presente do
indicativo.
Não é usado o acento enjoo – substantivo e
circunflexo com objetivo flexão de enjoar
de assinalar a vogal povoo – flexão de
tônica fechada na grafia povoar
das palavras voo – substantivo e
paroxítonas. flexão de voar
Não são usados os
para – flexão de parar.
acentos circunflexo e
pela/pelo – preposição
agudo para distinguir as
de pela, quando
palavras paroxítonas
substantivo de pelar.
quando têm a vogal
pelo – substantivo de
tônica aberta ou
per + lo.
fechada em palavras
polo – combinação de
homógrafas de palavras
per + lo e na
proclíticas no singular e
combinação de por + lo
plural.
Fique Atento!
O acento circunflexo é obrigatório na palavra pôde na terceira
pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo. Isso acontece
para distinguirda forma verbal correspondente do presente do
indicativo pode.
O acento circunflexo é facultativo no verbo demos, conjugado na
primeira pessoa do presente do indicativo. Isso ocorre para
distinguir da correspondente no pretérito perfeito do
indicativo demos.
Também leva acento circunflexo o substantivos fôrma como
distinção do verbo formar na segunda pessoa do singular
imperativo: forma.
Vogais Tônicas
Regras Exemplos
Adaís – plural de
Adail, aí, atraí (de
atrair), baú, caís
(de cair), Esaú,
jacuí, Luís, país,
As vogais tônicas grafadas
alaúde, amiúde,
(i) e (u) das palavras
Araújo, Ataíde,
oxítonas e paroxítonas
atraíam (de atrair),
recebem acento quando
atraísse (id.), baía,
forem antecedidas de uma
balaústre, cafeína,
vogal com que não forma
ciúme, egoísmo,
ditongo e desde que não
faísca, faúlha,
constituam sílaba com a
graúdo, influíste
consoante seguinte.
(de influir), juízes,
Luísa, miúdo,
paraíso, raízes,
recaída, ruína,
saída e sanduíche
Recebem acento agudo as
vogais tônicas grafadas
Piauí
com (i, u) quando
teiú – teiús
precedidas de ditongo na
tuiuiú – tuiuiús
posição final ou seguidas
de (s).
Recebe acento agudo a atraí -lo(s), atraí -
vogal tônica grafada I das lo(s) –ia, possuí -
palavras oxítonas la(s), possuí -la(s) -
Regras Exemplos
terminadas em (r) dos ia – de possuir -
verbos em (air) e (unir) la(s) –ia
quando combinadas com
(lo(s), la(s)) considerando a
assimilação e perda do (r)
nas palavras.
As vogais tônicas grafadas
(i) e (u) das palavras
bainha, moinho,
oxítonas e
rainha, Adail,
paroxítonas nãorecebem
Coimbra, ruim,
acento quando forem
ainda, constituinte,
antecedidas de uma vogal
oriundo, ruins,
com que não forma ditongo
triunfo, atrair,influir,
e desde que não
influirmos, juiz e
constituam sílaba com a
raiz
consoante seguinte nos
casos de (nh, i, m, n, r, z).
arguir,
redarguir, aguar,
Não recebem acento agudo apaniguar,
as vogais tônicas nas apaziguar,
palavras paroxítonas nas apropinquar,
formas rizotônicas de averiguar,
alguns verbos. desaguar,
enxaguar, obliquar,
delinquir
Não recebem acento agudo
os ditongos tônicos
distraiu; instruiu
grafados (iu) e (ui), quando
precedidos de vogal.
Não é utilizado acento
agudo nas vogais tônicas
grafadas em "i" e "u" das baiuca; boiuno;
palavras paroxítonas cheinho; sainha
quando precedidas de
ditongo.
Acentuação das Palavras Proparoxítonas
As palavras proparoxítonas são aquelas em que a antepenúltima
sílaba é a tônica (mais forte).
Proparoxítonas que Recebem Acento Agudo
Regras Exemplos
Árabe, cáustico,
Recebem acento agudo as
Cleópatra,
palavras proparoxítonas
esquálido, exército,
que apresentam na sílaba
hidráulico, líquido,
tônica as vogais abertas
míope, músico,
grafadas com (a, e, i, o, u),
plástico, prosélito,
começando com ditongo
público, rústico,
oral ou vogal aberta.
tétrico, último
Recebem acento agudo as
palavras proparoxítonas
aparentes quando
Álea, náusea;
apresentam na sílaba tônica
etéreo, níveo;
as vogais abertas grafadas
enciclopédia,
(a, e, i, o, u) ou ditongo oral
glória; barbárie,
começado por vogal aberta,
série; lírio, prélio;
e que terminam por
mágoa, nódoa;
sequências vocálicas pós -
exígua, língua;
tônicas praticamente
exíguo, vácuo.
consideradas como
ditongos crescentes (ea, eo,
ia, ie, io, oa, ua, uo).
Proparoxítonas que Recebem Acento Circunflexo
Regras Exemplos
Anacreôntico, cânfora,
Recebem acento cômputo, devêramos
circunflexo as palavras (de dever), dinâmico,
proparoxítonas que êmbolo, excêntrico,
apresentam na sílaba fôssemos (de ser e ir),
tônica vogal fechada ou Grândola,
ditongo com a vogal hermenêutica,
básica fechada e as lâmpada, lôbrego,
chamadas nêspera, plêiade,
proparoxítonas sôfrego, sonâmbulo,
aparentes. trôpego. Amêndoa,
argênteo, côdea,
Regras Exemplos
Islândia, Mântua e
serôdio
Recebem acento
circunflexo as palavras
proparoxítonas, reais ou Acadêmico, anatômico,
aparentes, quando as cênico, cômodo,
vogais tônicas vierem fenômeno, gênero,
grafadas e/ou estão em topônimo, Amazônia,
final de sílaba e são Antônio, blasfêmia,
seguidas das fêmea, gêmeo, gênio e
consoantes nasais tênue.
grafadas (m) ou (n)
obedecendo ao timbre.
Atenção!
Palavras derivadas de advérbios ou adjetivos não são acentuadas
Exemplos:
 Avidamente - de ávido
 Debilmente - de débil
 Facilmente - de fácil
 Habilmente - de hábil
 Ingenuamente – de ingênuo
 Lucidamente - de lúcido
 Somente - de só
 Unicamente - de único
 Candidamente – cândido
 Dinamicamente - de dinâmico
 Espontaneamente - de espontâneo
 Romanticamente - de romântico
Uso da Crase
A crase é usada na contração da preposição a com as formas
femininas do artigo ou pronome demonstrativo a: à (de a + a), às
(de a + as).
Também é usada a crase na contração da preposição "a" com os
pronomes demonstrativos:
 àquele(s)
 àquela(s)
 àquilo
 àqueloutro(s)
 àqueloutra (s)
Leia também:
2.10. Pontuação
Pontuação é um ramo ou recurso da ortografia,[1] que permite
expressar exclusivamente na língua escrita um espectro de
matizesrítmicas e melódicas características da língua falada, pelo
uso de um conjunto sistematizado de sinais sintáticos (sinais
gráficos e não gráficos).[2] Ou seja, a pontuação têm por finalidade
assinalar as pausas e as entonações da linguagem falada na
linguagem escrita, separando expressões e orações que precisam
ser destacadas.[2][3]
Os sinais de pontuação são marcações gráficas que servem para
compor a coesão e a coerência textual além de ressaltar a clareza e
especificidades semânticas e pragmáticas.[4]

Pontuações[editar | editar código-fonte]


Existem alguns sinais. São eles:

 Ponto (.) — Usa-se no final do período, indicando que o sentido


está completo. Também usado nas abreviaturas (Dr., Exa., Sr.).
Exemplo: Ele foi ao médico e levou uma injeção.

 Vírgula (,) — Marca uma pequena pausa e também uma


separação de membros de uma frase, nem sempre
correspondente às pausas (mais arbitrárias) do texto
falado.[5] É usada como marca de separação para: o aposto; o
vocativo; o atributo; os elementos de um sintagma não
ligados pelas conjunções e, ou, nem; as orações
coordenadas assindéticas (não ligadas por conjunções); as
orações relativas; as orações intercaladas; as orações
subordinadas e as adversativas introduzidas por mas,
contudo, todavia, entretanto e porém. Deve-se evitar o uso
desnecessário da vírgula, pois ela dificulta a leitura do texto.
Por outro lado, ela não deve ser esquecida quando
obrigatória.
Exemplo: Andava pelos cantos, e gesticulava, falava em voz
alta, ria e roía as unhas.

 Ponto e vírgula (;) — Sinal intermediário entre o ponto e a


vírgula, que indica que o sentido da frase será
complementado. Representa uma pausa mais longa que a
vírgula e mais breve que o ponto. É usado em frases
constituídas por várias orações, algumas das quais já
contêm uma ou mais vírgulas; também para separar frases
subordinadas dependentes de uma subordinante; como
substituição da vírgula na separação da oração
coordenada adversativa da oração principal.

 Dois pontos (:) — Os dois pontos são um sinal de


pontuação. Indicam um prenúncio, comunicam que se
aproxima um enunciado. Correspondem a uma pausa
breve da linguagem oral e a uma entoação descendente
(ao contrário da entoação ascendente da pergunta).
Anunciam:[6]
Antes de um discurso direto (fala) de uma personagem, nos
diálogos de um texto:
Então ele disse: - Estou cansado de tanta confusão! Antes de
um esclarecimento e resumo:
E foi assim que aconteceu: elas foram embora mais cedo.
Antes de uma citação:
Como afirmou Descartes: ―Penso, logo existo‖. Antes de um
exemplo e observação.:
Observação: cada atleta deverá trazer uma camiseta colorida.
Antes de uma enumeração, para mostrar itens de uma justa
posição:
Quando um navio está prestes a afundar, entram no bote
salva-vidas primeiro: crianças, idosos e adultos.

Ponto de interrogação (?) — Usa-se no final de uma


interrogação (pergunta)
 Ponto de exclamação (!) — Usa-se no final de qualquer
frase que exprime sentimentos, emoções, dor,
admiração, ironia, surpresa e estados de espírito.
 Reticências (…) — Podem marcar uma interrupção de
pensamento, indicando que o sentido da oração ficou
incompleto, ou uma introdução de suspense, depois da
qual o sentido será completado. No primeiro caso, a
sequência virá em maiúscula -- uma vez que a oração
foi fechada com um sentido vago proposital e outra
será iniciada à parte. No segundo caso, há
continuidade do pensamento anterior, como numa
longa pausa dentro da mesma oração, o que acarreta o
uso normal de minúscula para continuar a oração.
Exemplos:
Ah, como era verde o meu jardim... Não se fazem mais
daqueles. Foi então que Manoel retornou... mas com um
discurso bastante diferente!

 Aspas (« » ou ― ‖) — Usam-se para delimitar


citações; para referir títulos de obras; para realçar
uma palavra ou expressão.
 Parênteses "( )" — Marcam uma observação ou
informação acessória intercalada no texto.
 Travessão (—) — Marca: o início e o fim das falas
em um diálogo, para distinguir cada um dos
interlocutores; as orações intercaladas; as sínteses
no final de um texto. Também usado para substituir
os parênteses.
 Meia‐risca (–) — Separa extremidades de intervalos.
 Parágrafo — Constitui cada uma das secções de
frases de um escritor; começa por letra maiúscula,
um pouco além do ponto em que começam as
outras linhas.
 Colchetes ([]) — utilizados na linguagem científica.
 Asterisco (*) — empregado para chamar a atenção
do leitor para alguma nota (observação).
 Barra (/) — aplicada nas abreviações das datas e
em algumas abreviaturas.
 Hífen (−) — usado para ligar elementos de palavras
compostas e para unir pronomes átonos a verbos (
menor do que a Meia−Risca )

Críticas ao uso comum da pontuação[editar | editar


código-fonte]
Teóricos da linguagem, como o francês Henri
Meschonnic, consideram que a pontuação como usada
atualmente, tende apenas a organizar logicamente o
texto, não por seus elementos rítmicos e melódicos,
tendo tal uso origem no chamado Cartesianismo. Com
base nesta deformação rítmica produzida pelo uso
lógico da pontuação, muitos poetas como Guillaume
Apollinaire, Allen Ginsberg e o próprio Meschonnic
aboliram a pontuação em sua escrita poética.
Outro autor que faz um uso não tradicional de
pontuações é o português José Saramago, que faz uso
incomum de pontuações em seus textos em formato
não-poético, chegando a escrever frases que "duram"
mais de uma página
2.11. Discurso relatado (directo, indirecto e indirecto livre)
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre

Daniela Diana
Professora licenciada em Letras

Discurso Direto, Discurso Indireto e Discurso Indireto Livre


são tipos de discursos utilizados no gênero narrativo para
introduzir as falas e os pensamentos dos personagens. Seu uso
varia de acordo com a intenção do narrador.
Discurso Direto
No discurso direto, o narrador dá uma pausa na sua narração e
passa a citar fielmente a fala do personagem.
O objetivo desse tipo de discurso é transmitir autenticidade e
espontaneidade. Assim, o narrador se distancia do discurso, não se
responsabilizando pelo que é dito.
Pode ser também utilizado por questões de humildade - para não
falar algo que foi dito por um estudioso, por exemplo, como se fosse
de sua própria autoria.
Características do Discurso Direto
 Utilização dos verbos da categoria dicendi, ou seja, aqueles que
têm relação com o verbo "dizer". São chamados de "verbos de
elocução", a saber: falar, responder, perguntar, indagar, declarar,
exclamar, dentre outros.
 Utilização dos sinais de pontuação - travessão, exclamação,
interrogação, dois pontos, aspas.
 Inserção do discurso no meio do texto - não necessariamente numa
linha isolada.
VEJA TAMBÉM: Sinais de Pontuação
Exemplos de Discurso Direto
1. Os formados repetiam: "Prometo cumprir meus deveres e respeitar
meus semelhantes com firmeza e honestidade.".
2. O réu afirmou: "Sou inocente!"
3. Querendo ouvir sua voz, resolveu telefonar:
— Alô, quem fala?
— Bom dia, com quem quer falar? — respondeu com tom de
simpatia.
Discurso Indireto
No discurso indireto, o narrador da história interfere na fala do
personagem preferindo suas palavras. Aqui não encontramos as
próprias palavras da personagem.
Características do Discurso Indireto
 O discurso é narrado em terceira pessoa.
 Algumas vezes são utilizados os verbos de elocução, por exemplo:
falar, responder, perguntar, indagar, declarar, exclamar. Contudo
não há utilização do travessão, pois geralmente as orações são
subordinadas, ou seja, dependem de outras orações, o que pode
ser marcado através da conjunção ―que‖ (verbo + que).
VEJA TAMBÉM: Orações Subordinadas
Exemplos de Discurso Indireto
1. Os formados repetiam que iriam cumprir seus deveres e respeitar
seus semelhantes com firmeza e honestidade.
2. O réu afirmou que era inocente.
3. Querendo ouvir sua voz, resolveu telefonar. Cumprimentou e
perguntou quem estava falando. Do outro lado, alguém respondeu
ao cumprimento e perguntou com tom de simpatia com quem a
pessoa queria falar.
Transposição do Discurso Direto para o Indireto
Nos exemplos a seguir verificaremos as alterações feitas a fim de
moldar o discurso de acordo com a intenção pretendida.

Discurso Direto Discurso Indireto


Disse que precisava
Preciso sair por alguns
sair por alguns
instantes. (enunciado
instantes. (enunciado
na 1.ª pessoa)
na 3.ª pessoa)
Sou a pessoa com Disse que era a pessoa
quem falou há pouco. com quem tinha falado
(enunciado no há pouco. (enunciado
presente) no imperfeito)
Disse que não tinha
Não li o jornal hoje.
lido o jornal. (enunciado
(enunciado no pretérito
no pretérito mais que
perfeito)
perfeito)
O Perguntou-me o
que fará relativamente que faria relativamente
sobre aquele assunto? sobre aquele assunto.
(enunciado no futuro (enunciado no futuro de
Discurso Direto Discurso Indireto
do presente) pretérito)
Pediu que não lhe
Não me ligues mais!
ligasse mais.
(enunciado no modo
(enunciado no modo
imperativo)
subjuntivo)
Isto não é nada Disse que aquilo não
agradável. (pronome era nada agradável.
demonstrativo em 1.ª (pronome demonstrativo
pessoa) em 3.ª pessoa)
Vivemos muito Disse que viviam muito
bem aqui. (advérbio de bem lá. (advérbio de
lugar aqui) lugar lá)
Discurso Indireto Livre
No discurso indireto livre há uma fusão dos tipos de discurso (direto
e indireto), ou seja, há intervenções do narrador bem como da fala
dos personagens.
Não existem marcas que mostrem a mudança do discurso. Por isso,
as falas dos personagens e do narrador - que sabe tudo o que se
passa no pensamento dos personagens - podem ser confundidas.
Características do Discurso Indireto Livre
 Liberdade sintática.
 Aderência do narrador ao personagem.
Exemplos de Discurso Indireto Livre
1. Fez o que julgava necessário. Não estava arrependido, mas sentia
um
peso. Talvez nãotenha sido suficientemente justo com as crian
ças…
2. O despertador tocou um pouco mais
cedo. Vamos lá, eu sei que consigo!
3. Amanheceu
chovendo. Bem, lá vou eu passar o dia assistindo televisão!
Nas orações destacadas os discursos são diretos, embora não
tenha sido sinalizada a mudança da fala do narrador para a do
personagem.
Exercícios de Vestibular com Gabarito
1. (Fatec-1995) "Ela insistiu: - Me dá esse papel aí."
Na transposição da fala do personagem para o discurso indireto, a
alternativa correta é:
a) Ela insistiu que desse aquele papel aí.
b) Ela insistiu em que me desse aquele papel ali.
c) Ela insistiu em que me desse aquele papel aí.
d) Ela insistiu por que lhe desse este papel aí.
e) Ela insistiu em que lhe desse aquele papel ali.
Ver Resposta
2. (Fuvest-2000) Sinhá Vitória falou assim, mas Fabiano
resmungou, franziu a testa, achando a frase extravagante. Aves
matarem bois e cabras, que lembrança! Olhou a mulher,
desconfiado, julgou que ela estivesse tresvariando.
(Graciliano Ramos, Vidas secas)

Uma das características do estilo de Vidas Secas é o uso do


discurso indireto livre, que ocorre no trecho:
a) ―sinha Vitória falou assim‖.
b) ―Fabiano resmungou‖.
c) ―franziu a testa‖.
d) ―que lembrança‖.
e) ―olhou a mulher‖.
Ver Resposta
3. (Fuvest-2003) Um homem vem caminhando por um parque
quando de repente se vê com sete anos de idade. Está com
quarenta, quarenta e poucos. De repente dá com ele mesmo
chutando uma bola perto de um banco onde está a sua babá
fazendo tricô. Não tem a menor dúvida de que é ele mesmo.
Reconhece a sua própria cara, reconhece o banco e a babá. Tem
uma vaga lembrança daquela cena. Um dia ele estava jogando bola
no parque quando de repente aproximou-se um homem e… O
homem aproxima-se dele mesmo. Ajoelha-se, põe as mãos nos
seus ombros e olha nos seus olhos. Seus olhos se enchem de
lágrimas.
Sente uma coisa no peito. Que coisa é a vida. Que coisa pior ainda
é o tempo. Como eu era inocente. Como os meus olhos eram
limpos. O homem tenta dizer alguma coisa, mas não encontra o que
dizer. Apenas abraça a si mesmo, longamente. Depois sai
caminhando, chorando, sem olhar para trás. O garoto fica olhando
para a sua figura que se afasta. Também se reconheceu. E fica
pensando, aborrecido: quando eu tiver quarenta, quarenta e poucos
anos, como eu vou ser sentimental!
(Luís Fernando Veríssimo, Comédias para se ler na escola)

O discurso indireto livre é empregado na seguinte passagem:


a) Que coisa é a vida. Que coisa pior ainda é o tempo.
b) Reconhece a sua própria cara, reconhece o banco e a babá. Tem
uma vaga lembrança daquela cena.
c) Um homem vem caminhando por um parque quando de repente
se vê com sete anos de idade.
d) O homem tenta dizer alguma coisa, mas não encontra o que
dizer. Apenas abraça a si mesmo, longamente.
e) O garoto fica olhando para a sua figura que se afasta.
Ver Resposta
4. (Fuvest-2007) ―‗Muito!‘, disse quando alguém lhe perguntou se
gostara de um certo quadro.‖
Se a pergunta a que se refere o trecho fosse apresentada em
discurso direto, a forma verbal correspondente a ―gostara‖ seria:
a) gostasse.
b) gostava.
c) gostou.
d) gostará.
e) gostaria.
Ver Resposta
5. (FGV-2003) Assinale a alternativa em que ocorra discurso
indireto.
a) Perguntou o que fazer com tanto livro velho.
b) Já era tarde. O ruído dos grilos não era suficiente para abafar os
passos de Delfino. Estaria ele armado? Certamente estaria. Era
necessário ter cautela.
c) Quem seria capaz de cometer uma imprudência daquelas?
d) A tinta da roupa tinha já desbotado quando o produtor decidiu
colocá-la na secadora.
e) Era então dia primeiro? Não podia crer nisso.
Ver Resposta
Leia também:
 Narração
 Texto Narrativo
 Foco Narrativo
 Elementos da Narrativa
 Funções da Linguagem
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Daniela Diana
Licenciada em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp)
em 2008 e Bacharelada em Produção Cultural pela Universidade
Federal Fluminense (UFF) em 2014. Amante das letras, artes e
culturas, desde 2012 trabalha com produção e gestão de conteúdos
on-line.
VEJA TAMBÉM
 Texto Narrativo
 Texto Descritivo
 Concordância Verbal e Nominal
 Crônica
 Funções da Linguagem
 Análise Sintática
 Artigo de Opinião
 Características do Anúncio Publicitário
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 Texto Dissertativo
 Gêneros Textuais
 Conectivos
 Texto Narrativo
 Artigo de Opinião
 Texto Dissertativo-Argumentativo
TÓPICOS RELACIONADOS
Língua PortuguesaProdução de Textos
2.12. Funções da linguagem (expressiva, apelativa, fática e
referencial)
Funções da Linguagem

Daniela Diana
Professora licenciada em Letras
As funções da linguagem são formas de utilização da linguagem
segundo a intenção do falante.
Elas são classificadas em seis tipos: função referencial, função
emotiva, função poética, função fática, função conativa e função
metalinguística.
Cada uma desempenha um papel relacionado com os elementos
presentes na comunicação: emissor, receptor, mensagem, código,
canal e contexto. Assim, elas determinam o objetivo dos atos
comunicativos.
Embora haja uma função que predomine, vários tipos de linguagem
podem estar presentes num mesmo texto.

Função Referencial ou Denotativa


Também chamada de função informativa, a função referencial tem
como objetivo principal informar, referenciar algo.
Voltada para o contexto da comunicação, esse tipo de texto é
escrito na terceira pessoa (singular ou plural) enfatizando seu
caráter impessoal.
Como exemplos de linguagem referencial podemos citar os
materiais didáticos, textos jornalísticos e científicos. Todos eles, por
meio de uma linguagem denotativa, informam a respeito de algo,
sem envolver aspectos subjetivos ou emotivos à linguagem.
Exemplo de uma notícia
Na passada terça-feira, dia 22 de setembro de 2015, o real teve a
maior desvalorização da sua história. Nesse dia foi preciso
desembolsar R$ 4,0538 para comprar um dólar. Recorde-se que o
Real foi lançado há mais de 20 anos, mais precisamente em julho
de 1994.
VEJA TAMBÉM: Função Referencial
Função Emotiva ou Expressiva
Também chamada de função expressiva, na função emotiva o
emissor tem como objetivo principal transmitir suas emoções,
sentimentos e subjetividades por meio da própria opinião.
Esse tipo de texto, escrito em primeira pessoa, está voltado para o
emissor, uma vez que possui um caráter pessoal.
Como exemplos podemos destacar: os textos poéticos, as cartas,
os diários. Todos eles são marcados pelo uso de sinais de
pontuação, por exemplo, reticências, ponto de exclamação, etc.
Exemplo de e-mail da mãe para os filhos
Meus amores, tenho tantas saudades de vocês … Mas não se
preocupem, em breve a mamãe chega e vamos aproveitar o tempo
perdido bem juntinhos. Sim, consegui adiantar a viagem em uma
semana!!! Isso quer dizer que tenho muito trabalho hoje e
amanhã.... Quando chegar, quero encontrar essa casa em ordem,
combinado?!?
VEJA TAMBÉM: Função Emotiva
Função Poética
A função poética é característica das obras literárias que possui
como marca a utilização do sentido conotativo das palavras.
Nessa função, o emissor preocupa-se de que maneira a
mensagem será transmitidapor meio da escolha das palavras, das
expressões, das figuras de linguagem. Por isso, aqui o principal
elemento comunicativo é a mensagem.
Note que esse tipo de função não pertence somente aos textos
literários. Também encontramos a função poética na publicidade ou
nas expressões cotidianas em que há o uso frequente
de metáforas (provérbios, anedotas, trocadilhos, músicas).
Exemplo de uma história sobre a avó
Apesar de não ter frequentado a escola, dizia que a avó era um
poço de sabedoria. Falava de tudo e sobre tudo e tinha sempre um
provérbio debaixo da manga.
VEJA TAMBÉM: Função Poética
Função Fática
A função fática tem como objetivo estabelecer ou interromper a
comunicação de modo que o mais importante é a relação entre o
emissor e o receptor da mensagem. Aqui, o foco reside no canal de
comunicação.
Esse tipo de função é muito utilizada nos diálogos, por exemplo,
nas expressões de cumprimento, saudações, discursos ao telefone,
etc.
Exemplo de uma conversa telefônica
— Consultório do Dr. João, bom dia!
— Bom dia! Precisava marcar uma consulta para o próximo mês, se
possível.
— Hum, o Dr. tem vagas apenas para a segunda semana. Entre os
dias 7 e 11, qual a sua preferência?
— Dia 8 está ótimo.
VEJA TAMBÉM: Função Fática
Função Conativa ou Apelativa
Também chamada de apelativa, a função conativa é caracterizada
por uma linguagem persuasiva que tem o intuito de convencer o
leitor. Por isso, o grande foco é no receptor da mensagem.
Essa função é muito utilizada nas propagandas, publicidades e
discursos políticos, a fim de influenciar o receptor por meio da
mensagem transmitida.
Esse tipo de texto costuma se apresentar na segunda ou na terceira
pessoa com a presença de verbos no imperativo e o uso do
vocativo.
Exemplos
 Vote em mim!
 Entre. Não vai se arrepender!
 É só até amanhã. Não perca!
VEJA TAMBÉM: Função Conativa
Função Metalinguística
A função metalinguística é caracterizada pelo uso
da metalinguagem, ou seja, a linguagem que refere-se à ela
mesma. Dessa forma, o emissor explica um código utilizando o
próprio código.
Um texto que descreva sobre a linguagem textual ou um
documentário cinematográfico que fala sobre a linguagem do
cinema são alguns exemplos.
Nessa categoria, os textos metalinguísticos que merecem destaque
são as gramáticas e os dicionários.
Exemplo
Escrever é uma forma de expressão gráfica. Isto define o que é
escrita, bem como exemplifica a função metalinguística.
VEJA TAMBÉM: Função Metalinguística
Funções da Linguagem e Comunicação
Abaixo, você encontra um diagrama com as funções da linguagem
e sua relação com os elementos da comunicação:

Leia também:
 Elementos da Comunicação
 Comunicação e Fatores Pragmáticos
 Diferença entre língua e linguagem: entenda de uma vez!
 Linguagens, códigos e suas tecnologias - Enem
Exercícios
Leia os textos que se seguem e classifique as funções de
linguagem.
1) E nunca mais chega o dia 18 de setembro… Estou em pulgas! É
a primeira vez que vou entrar na cidade do Rock!!
2) "Há menos de um mês para a realização de mais um Rock in Rio,
a organização do super-festival carioca divulgou uma lista de itens
considerados proibidos - e que serão bloqueados na revista
realizada por seguranças em cada pessoa que quiser entrar na
Cidade do Rock." (26 de Agosto de 2015, in Estadão)
3) Rock in Rio 2013. Eu vou.
Ver Resposta
3. Literatura
3.1 Figuras de estilo
Figuras de Estilo ou Linguagem




 CURTIDAS
0

Formas de utilizar as palavras no sentido conotativo, figurado, com


o objetivo de ser mais expressivo.

A seguir, as principais figuras de estilo em ordem alfabética:

1 - Anacoluto- interrupção na sequência lógica da oração deixando


um termo solto, sem função sintática.

Ex.: Mulheres, como viver sem elas?

2 - Anáfora- repetição de palavras.

Ex.: Ela trabalha, ela estuda, ela é mãe, ela é pai, ela é tudo!

3 - Antonomásia - substituição do nome próprio por qualidade, ou


característica que o distinga. É o mesmo que apelidado, alcunha ou
cognome.
Exemplos.:

Xuxa (Maria das Graças)


O Gordo (Jô Soares)
4 - Antítese - aproximação de ideias, palavras ou expressões de
sentidos opostos.

Ex.: Os bobos e os espertos convivem no mesmo espaço.

5 - Apóstrofo ou invocação - invocação ou interpelação de ouvinte


ou leitor, seres reais ou imaginários, presentes ou ausentes.
Exemplos.:

Mulher, venha aqui!

Ó meu Deus! Mereço tanto sofrimento?

6 - Assíndeto - ausência da conjunção aditiva entre palavras da


frase ou orações de um período. Essas aparecem justapostas ou
separadas por vírgulas.

Ex.: Nasci, cresci, morri.


(ao invés de: Nasci, cresci e morri.)

7 - Catacrese - metáfora tão usada que perdeu seu valor de figura


e se tornou cotidiana, não representando mais um desvio. Isso
ocorre pela inexistência das palavras mais apropriadas. Surge da
semelhança da forma ou da função de seres, fatos ou coisas.

Exemplos.: céu da boca; cabeça de prego; asa da xícara; dente de


alho.

8 - Comparação ou símile - aproximação de dois elementos


realçando pela sua semelhança. Conectivos comparativos são
usados: como, feito, tal qual, que nem...

Ex.: Aquela criança era delicada como uma flor.

9 - Elipse - omissão de palavras ou orações que ficam


subentendidas.

Ex.: Marta trabalhou durante vários dias e ele, (trabalhou) durante


horas.

10 - Eufemismo - atenuação de algum fato ou expressão com


objetivo de amenizar alguma verdade triste, chocante ou
desagradável.
Ex.: Ele foi desta para melhor.
(evitando dizer: Ele morreu.)

11 - Hipérbole - exagero proposital com objetivo expressivo.

Ex.: Estou morrendo de cansada.

12 - Ironia - forma intencional de dizer o contrário da ideia que se


pretendia exprimir. O irônico é sarcástico ou depreciativo.

Ex.: Que belo presente de aniversário! Minha casa foi assaltada.

13 - Metáfora - é um tipo de comparação em que o conectivo está


subentendido. O segundo termo é usado com o valor do primeiro.

Ex.: Aquela criança é (como) uma flor.

14 - Metonímia - uso de uma palavra no lugar de outra que tem


com ela alguma proximidade de sentido.

A metonímia pode ocorrer quando usamos:

a - o autor pela obra


Ex.: Nas horas vagas, lê Machado.
(a obra de Machado)

b - o continente pelo conteúdo


Ex.: Conseguiria comer toda a marmita.
Comeria a comida (conteúdo) e não a marmita (continente)

c - a causa pelo efeito e vice-versa


Ex.: A falta de trabalho é a causa da desnutrição naquela
comunidade.
A fome gerada pela falta de trabalho que causa a desnutrição.

d - o lugar pelo produto feito no lugar


Ex.: O Porto é o mais vendido naquela loja.
O nome da região onde o vinho é fabricado

e - a parte pelo todo


Ex.: Deparei-me com dois lindos pezinhos chegando.
Não eram apenas os pés, mas a pessoa como um todo.
f - a matéria pelo objeto
Ex.: A porcelana chinesa é belíssima.
Porcelana é a matéria dos objetos

g - a marca pelo produto


Ex.: - Gostaria de um pacote de Bom Bril por favor.
Bom Bril é a marca, o produto é esponja de lã de aço.

h - concreto pelo abstrato e vice-versa


Ex.: Carlos é uma pessoa de bom coração
Coração (concreto) está no lugar de sentimentos (abstrato)

15 - Onomatopeia – uso de palavras que imitam sons ou ruídos.

Ex.: Psiu! Venha aqui!

16 - Paradoxo ou oxímoro - Aproximação de palavras ou ideias de


sentido oposto em apenas uma figura.

Ex.: "Estou cego e vejo. Arranco os olhos e vejo." (Carlos


Drummond de Andrade)

17 - Personificação, prosopopeia ou animismo – atribuição de


características humanas a seres inanimados, imaginários ou
irracionais.

Ex.: A vida ensinou-me a ser humilde.

18 - Pleonasmo ou redundância - repetição da mesma ideia com


objetivo de realce. A redundância pode ser positiva ou negativa.
Quando é proposital, usada como recurso expressivo, enriquecerá o
texto:

Ex.: Posso afirmar que escutei com meus próprios ouvidos aquela
declaração fatal.

Quando é inconsciente, chamada de ―pleonasmo vicioso‖,


empobrece o texto, sendo considerado um vício de linguagem:
Irá reler a prova de novo.

Outros: subir para cima; entrar para dentro; monocultura exclusiva;


hemorragia de sangue.
19 - Polissíndeto - repetição de conjunções (síndetos).

Ex.: Estudou e casou e trabalhou e trabalhou...

20 - Silepse - concordância com a ideia, não com a forma.

Ex.: Os brasileiros (3ª pessoa) somos (1ª pessoa) massacrados –


Pessoa.

Vossa Santidade (fem.) será homenageado (masc.) – Gênero.

Havia muita gente (sing.) na rua, corriam (plur.) desesperadamente


– Número.

21 - Sinestesia - mistura das sensações em uma única expressão.

Ex.: Aquele choro amargo e frio me espetava.


Mistura de paladar (amargo) e tato (frio, espetava)
Aproveite para conferir a nossa videoaula relacionada ao
assunto:
3.2 Obras de autores angolanos
Literatura de Angola
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Cultura de Angola

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Literatura[Expandir]

Música[Expandir]

Mídia[Expandir]

Símbolos[Expandir]

 v
 d
 e
A literatura de Angola nasceu antes da Independência da
Angola em 1975[1], mas o projeto de uma ficção que conferisse ao
homem africano o estatuto de soberania surge por volta
de 1950 gerando o movimento Novos Intelectuais de
Angola.[2] Depois de passado a alegria dos primeiros anos da
independência e depois do fracasso da experiência socialista e de
guerras civis devastadoras, acontece às injustiças do presente.
Tanto, porque, não havia competência para levar adiante a
independência com certa modernidade.
A literatura de Angola muitas vezes traz muito realismo em suas
imagem do preconceito, da dor causada pelos castigos corporais,
do sofrimento pela morte dos entes queridos, da exclusão social.
A palavra literária desempenhou em Angola um importante papel na
superação do estatuto de colônia. Presente nas campanhas
libertadoras foi responsável por ecoar o grito de liberdade de uma
nação por muito tempo silenciado, mas nunca esquecido. O
angolano vive, por algum tempo, entre duas realidades, a sociedade
colonial européia e a sociedade africana; os seus escritos são, por
isso, os resultados dessa tensão existente entre os dois mundos,
um com escritos na nascente da realidade dialética, o outro com
traços de ruptura.

Índice

 1Academia Angolana de Letras


 2Escritores
2.1Escritores portugueses de Angola Colonial
o
o 2.2Escritores de Angola independente
 3Ver também
 4Referências
 5Ligações externas

Academia Angolana de Letras[editar | editar código-fonte]


Em 2016 foi criada a Academia Angolana de Letras e seu estatuto
editado no Diário da República, edição n.º57, de 28 de Março de
2016.É uma associação privada sem fins lucrativos, de carácter
cultural e científico e seus criadores tem os nomes de escritores
angolanos como: Henrique Lopes Guerra, António Botelho de
Vasconcelos e Boaventura da Silva Cardoso.[3]

Escritores[editar | editar código-fonte]


Ver artigo principal: Lista de escritores de Angola
Escritores portugueses de Angola Colonial[editar | editar código-
fonte]

 José da Silva Maia Ferreira (1827-1867)


 Joaquim Cordeiro da Matta (1857-1894)
 António de Assis Júnior (1887-1960)
 Tomaz Vieira da Cruz (1900-1960)
Escritores de Angola independente[editar | editar código-fonte]

 José Luandino Vieira (1935—), premiado em 2006 com o Prémio


Camões, considerado o mais importante prémio
literário destinado a galardoar um autor de língua portuguesa
pelo conjunto da sua obra, é um dos escritores contemporâneos
mais destacados de Angola.[carece de fontes]
 Hermenegildo Pascoal (1995)
 Adriano Botelho de Vasconcelos (1955)
 Agostinho Neto (1922—1979)
 Ana Paula Ribeiro Tavares (1955)
 António Jacinto (1924—1991)
 Arlindo Barbeitos (1940)
 Henrique Abranches (1932—2002)
 Edgar Ginga Sombra (1988)
 Geraldo Bessa-Victor (1917-1985)
 Isabel Ferreira (1958)
 João Melo (1955)
 José Eduardo Agualusa (1960)
 Kardo Bestilo (1976)
 Domingos Cupa (1985)
 Luís Filipe Guimarães da Mota Veiga (1948—1998)
 Ondjaki (1977)
 Paulo de Carvalho (1960)
 Pepetela ou Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos (1941)
 Ribeiro Tenguna (1979)
 Uanhenga Xitu (1924)
 Víctor Kajibanga (1964)
 Viriato Clemente da Cruz (1928—1973)
 Vrackichakiri Abelardo (1990)

Agostinho Neto (1922 – 1979)


Nasceu em Kaxicane, região de Icolo e Bengo, em 17 de Setembro
de 1922. Fez os estudos liceais em Luanda. Formou-se em Medicina
em Portugal. Colaborou em diversas publicações periódicas em
Angola, Portugal e Brasil. Foi por diversas vezes preso pela política
portuguesa.
Depois da sua evasão de Portugal em 1962, junta-se a Mário Pinto de
Andrade e Viriato da Cruz que dirigiam já o MPLA, passando a ser desde
essa data o Presidente. Foi o primeiro Presidente da República de
Angola cuja independência proclamou em 11 de 1975.
Foi galardoado com o Prémio Lotus e Prémio Nacional de Literatura.
Morreu em 10 de Dezembro de 1979. Publicou Náusea (1952) Quatro
Poemas de Agostinho Neto (1957), Poemas (1961), Com Olhos Secos
edição bilingue português / italiano (1963), Sagrada Esperança (1974), A
Renúncia Impossível (edição póstuma 1982), Poesia (edição póstiuma,
1998).

Aires Almeida dos Santos(1922-1991)


Nasceu em 1922 no Chinguar, província do Bié. Passou a infância
em Benguela e a adolescência no Huambo. Em Benguela fez os
estudos primários e no Liceu do Lubango concluíu o 7º ano.
Exerceu jornalismo em Luanda, tem colaboração literária dispersa nos
vários jornais publicados em Angola, como Jornal de Benguela, Jornal de
Angola e A Província de Angola. Morreu em 1991, na cidade de
Benguela. Publicou: Meu Amor da Rua Onze (1987).

Alexandre Dáskalos (1922-1991)


Nasceu no Huambo em 1924. Fez a instrução primária e secundária
no Huambo, antiga Nova Lisboa. Em 1942 frequentou o liceu de Sá
da Bandeira (Lubango), onde concluíu o 7º ano.
No ano em que concluíu os estudos secundários segue para Lisboa e
matricula-se na Escola Superior de Medicina Veterinária, tendo-se
licenciado cinco anos depois. Regressa a Angola em 1950.
Em 1960, já muito doente foi para Portugal, onde faleceu no sanatório de
Caramulo um ano depois. Ainda nos anos 60, é publicado um opúsculo
de quatro poemas seus na ―colecção Bailundo‖, dirigida pelo poeta
Ernesto Lara Filho e Rebelo de Andrade.
Numa carta datada de 11 de Abril de 1961, dirigida a Ernesto Lara Filho,
António Jacinto escrevia. ―(…) Alexandre Dáskalos foi infeliz porque
morreu. Felicidade é viver. Um dia chamei à cabouqueira geração de
sacrifício‖.
―Geração sem estátua, sem placa na rua, sem magistério, mesmo sem
livro ou até sem árvore plantada. Mas ainda sinto orgulho da geração a
que pertenço, a que pertencemos. A geração que é brita ou asfalto, certa
ou errada, no caminho, na estrada‖. Por conseguinte, discordo de Mário
António, que questionando a unidade polifónica dessa geração, escrevia
o seguinte:
―É tudo ainda do domínio subconsciente, dentro de cuja imprecisão de
limites(e só aí ) possível se tornava enxergar uma unidade. Unidade que
parece-nos, no entanto, ter existido, mas muito pouco do ponto de vista
literário, pois não teria sido um acaso esses jovens começarem a sentir-
se integrados, na mesma altura, numa determinada circunstância de
lugar e tempo‖.
Publicou Poemas (1961), Poesia de Alexandre Dáskalos (edição
póstuma 1975) .
Amélia Dalomba
Amélia Dalomba, nasceu em Cabinda aos 23 de Novembro de 1961.
Tem exercido actividades profissionais em diversas áreas do
jornalismo, nomeadamente radiofónico e de imprensa. Publicou
poemas e artigos no Jornal de Angola. Presentemente prossegue os
estudos superiores de Psicologia.
É uma das poucas vozes femininas que no nosso meio literário
demonstra um relevante interesse em trazer contribuições novas para a
poesia angolana. A sua dicção poética insere-se, até este momento,
numa das correntes visíveis entre os autores da Geração das Incertezas,
a chamada Geração de 80.
Tal tendência ou corrente manifesta-se através de um ostensivo
tratamento estético da relação que se estebelece entre o homem e a
mulher. Nota-se o recurso a um despojamento vocabular denso do ponto
de vista semântico, resultando daí aquilo a que poderia denominar uma
poética corporal.
Sobre a poesia desta autora, Manuel Rui diz: ‖ No sentir, o laboratório
dos sentidos para escrita, percebe-se à primeira vista, que é mesmo
feminino‖.
Amélia Dalomba é membro da União dos Escritores Angolanos em cujos
corpos gerentes tem ocupado diversos cargos. Publicou: Ânsia (1995) e
Sacrossanto Refúgio (1996)

António Fonseca
António Fonseca, nasceu no Ambriz a 9 de Julho de 1956. É
economista, diplomado em estudos superiores especializados de
Políticas Culturais e Acção Artística Internacional pela Faculdade de
Direito e Ciências Políticas da Universidade de Bourgogne de
França. No plano profissional, tem vindo a desempenhar cargos de
direcção em instituições e empresas do sector cultural,
nomeadamente no Instituto Nacional do Livro e do Disco até 1994 e
na empresa Nacional do Disco e Publicações que dirige
presentemente.
Anima há mais de duas décadas o programa radiofónico ANTOLOGIA,
consagrado à divulgação da tradição oral e à literatura oral em especial.
Foi co-fundador da Brigada Jovem de Literatura de Luanda. É membro
da União dos Escritores Angolanos.
Não sendo um autor menor no plano da literário, a obra de António
Fonseca, seja na ficção ou no ensaio, caracteriza-se pela sua evidente
carga telúrica, cuja revelação ocorre ao nível do aproveitamento de
temas e materiais que provêm das tradições orais das diversas etnias
angolanas.
Publicou:
· Raízes (estórias da tradição oral kikongo, 1982)
· Sobre os Kikongos de Angola ( ensaio,1985)
· Poemas de Raíz e Voz (Poesia, 1985)
· Crónica de um tempo de silêncio (contos,1988)
· Contribuição ao estudo da literatura oral angolana (ensaio, 1996)

António Panguila
António Panguila, nasceu a 15 de Julho de 1963. É formado em
História pelo Instituto Superior de Ciências da Educação. Foi
durante algum tempo professor do ensino secundário.
Presentemente é funcionário bancário. Na década de 80 pertenceu
ao grupo literário OHANDANJI, além de ter sido membro da Brigada
Jovem de Literatura de Luanda.
É um poeta que exibe o domínio de alguns recursos peculiares,
destacando-se a recorrência da repetição e da aliteração. Os seus textos
trazem a marca característica da brevidade e são de um modo geral
curtos, do ponto de vista estrutural.
Em 1996, arrebatou o Pémio Literário Cidade de Luanda, com o livro
Amor Mendigo. É membro da União dos Ecritores Angolanos.
Publicou:
·O Vento do Parto (poesia, 1994)
· Amor Mendigo (poesia,1996)

António José Nascimento (1838-1920)


António José do Nascimento nasceu em 1838. Foi um dos “últimos
cônegos indígenas do século passado”, tendo governado o
bispado. Fez o curso no Seminário Patriarcal de Santarém,
subsidiado pelo cofre central da Bula da Cruzada. Foi ordenado em
1814.
E foi durante muitos anos professor do Seminário de Luanda. Ensinava
disciplinas como Português, Latim, História Pátria e Universal, Filosofia e
Matemática, e Educação Fisica ―O Cônego Nascimento foi vigário
capitular em 1891, professor e pároco de muitas igrejas do interior, tendo
falecido nesta cidade de Luanda, donde era natural, em 1902″.
Colaborador da imprensa, nela deixou publicados interessantes
apontamentos sobre a história e a etnografia angolanas. Faleceu em
1920.
(Mário António, Reler África, p. 206 e A Formação p. 136, Manuel Alves
da Cunha, ‖ Subsídios para a História Eclesiástica de Angola‖; Luanda,
Boletim da Diocese de Angola e Congo, 1940, VI, 35, 297)

António de Assis Júnior (1887-1960)


António de Assis Júnior nasceu em Luanda a 13 de Março de 1887 e
faleceu em Lisboa em 27 de
Maio de 1960.
Autor de narrativas como Relato dos Acontecimentos de Dala Tando e
Lucala (testemunho, 1917), O Segredo da Morta (romance, 1934) e do
Dicionário Kimbundu-Português, é considerado fundador da ficção
narrativa verdadeiramente angolana, quando se confronta a sua obra
com os textos de pendor propagandístico do colonialismo português.
No dizer do ensaísta angolano Mário António, O Segredo da Morta ‖ é
uma séria proposta de caracterização do caso angolano da prosa de
ficção (…)‖.

António Jacinto (1924 – 1991)


Nasceu no Golungo Alto, em 28 de Setembro de 1924. Fez os
estudos liceais erm Luanda. Foi preso e condenado em 1960, tendo
cumprido a pena de prisão no campo de concentração do Tarrafal
(1960 -1972). Desde 1972 foi-lhe fixada residência em Lisboa e em
regime de liberdade condicional, por cinco anos. Em 1973 evadiu-se
de Lisboa, tendo ido juntar-se à guerrilha em Brazzaville. Foi
Ministro da Cultura de 1975 a 1978 Morreu em 23 de Junho de 1991.
Publicou Poemas (1961), Vôvô Bartolomeu (1979), Poemas (1982,
edição aumentada), Em Kilunje do Golungo (1984), Sobreviver em
Tarrafal de Santiago (1985; 2ªed.1999), Prometeu (1987), Fábulas de
Sanji (1988).
Arrebatou vários prémios, nomeadamente Prémio Noma, Prémio Lotus
da Associação dos Escritores Afro-Asiáticos e Prémio Nacional de
Literatura.

Arnaldo Santos
É natural de Luanda onde nasceu em 1935. Fez os estudos
primários e secundários em Luanda. Na década de 50 integrou o
chamado “grupo da Cultura”. Colaborou em várias publicações
periódicas luandenses entre as quais a revista Cultura, o Jornal de
Angola (da década de 60), ABC, Mensagem da Casa dos Estudantes
do Império. É membro fundador da UEA.
Passou a infância e a adolescência no bairro do Kinaxixi, topónimo que
ocupa um lugar privilegiado na sua produção narrativa. Aos vinte anos de
idade publicou a sua primeira colectânea de contos Quinaxixi.
Com o livro de crónicas Tempo do Munhungo, arrebatou em 1968 o
Prémio Mota Veiga, um dos poucos atribuídos em Luanda, na década de
60 e 70. Arnaldo Santos é um autor que se situa num nível singular de
tratamento da linguagem. É um preciosista na depuração do texto
narrativo curto e de todos os seus recursos e elementos.
Daí que a sua ficção narrativa não tenha conhecido até à década de 90,
variações para além do conto (Kinaxixi), crónica (Tempo do Munhungo) e
novela (A Boneca de Quilengues). No dizer de Jorge Macedo, ele usa
―lexias-kimbundo no interior de um português de luzidia correcção‖. O
seu nome é uma referência incontornável, associada àquele minimalismo
narrativo que, nas gerações seguintes, encontraremos em Boaventura
Cardoso.
É um dos poucos narradores que evidencia elevado sentido de rigor na
selecção dos tipos de personagens. Na sua obra inicial, reconhecemos
traços caracteriais de uma perfeita articulação da psicologia das
personagens a esse espaço urbano de Luanda que obedece à lógica e
história predominantemente autóctones. Tal efeito é alcançado, por
exemplo, no conto A mulher do padeiro, através de uma conflituosa
coabitação entre personagens portuguesas e luandenses. Ou ainda em
Os calundus da Joana.
Embora o seu espaço físico e social de eleição seja o Kinaxixi, em
Luanda, em A Boneca de Quilengues desloca essa minúcia para
Benguela, realizando pela primeira vez a introdução de ―lexias-umbundu‖.
Arnaldo Santos é poeta e ficcionista.
Publicou:
· Fuga (1960, poemas);
· Quinaxixe (contos, 1965);
· Tempo do Munhungo (crónicas, 1968);
· Poemas no Tempo (1977);
· Prosas (1977);
· Kinaxixe e Outras Prosas;
· Na Mbanza do Miranda ( conto, 1985);
· Cesto de Katandu e outros contos ( conto,1986);
· Nova Memória da Terra e dos Homens ( poesia,1987);
·A Boneca de Quilengues (novela, 1991).
· A Casa Velha das Margens ( romance,1999).

Augusto Tadeu Bastos (1872 -1936)


Augusto Tadeu Bastos nasceu na cidade de Benguela a 16 de
Agosto de 1872. Era filho de um português, Manuel Tadeu Pereira
Bastos e de Laurinda Rosa, angolana. Fez os estudos em Portugal
(tal como sua irmã Ana). Regressou a Benguela após a morte do pai.
Para ganhar a vida exerceu a actividade de guarda- livros. Anos mais
tarde chegou a escrivão da Administração do Concelho da Catumbela.
Foi conferencista e jornalista. Exerceu igualmente a actividade de
advogado provisionário. Chegou a ser presidente da Câmara Municipal
de Benguela e secretário da Assciação Comercial de Benguela. Foi
membro da Liga Angolana.
Faleceu em Benguela na sexta-feira de 10 de Abril de 1936. (ver Júlio
Castro Lopo, Alberto de Lemos)

Boaventura Cardoso
Nasceu em Luanda a 26 de Julho de 1944, passou parte da sua
infância na região de Malanji. Fez os estudos primários e
secundários em Luanda. É licenciado em Ciências Sociais,
diplomado em antropologia das regiões, pela Universidade Pontífica
de Roma. A sua obra resume-se em três livros de contos e dois
romances, nomeadamente :
· Dizanga dia Muenhu, (conto)
·O Fogo da Fala, (conto)
·A Morte do Velho Kipacaça (conto)
·O Sino do Fogo, ( romance)
· Maio, Mês de Maria ( romance).
Com efeito, é no plano da linguagem que Boaventura Cardoso alcança
resultados que o inscrevem por direito próprio na galeria dos autores
mais representativos da sua geração e da literatura angolana. Os
registos de discursos que atravessam as suas histórias, numa deliberada
adequação do espaço físico e social à modulação fónico-linguística das
personagens, comportam além do labor estilístico, uma estrutura de
superfície textual com construções sintácticas que apontam para a
existência de sujeitos textuais responsáveis por tais acções enunciativas,
onde o autor introduz estratégias discursivas da oralidade.
Aí subjazem igualmente estilos de comportamento e uma figuração
léxico-gramatical corroborada pelos nomes hipocorísticos das
personagens. Esse aparente minimalismo textual que a elipse permite,
esconde paradoxalmente um esforço em dar mais densidade aos
contornos não-verbais e às diversas circunstâncias envolventes, isto é,
os chamados não-ditos culturais.
Do ponto de vista sociológico, a estratégias de Boaventura Cardoso, à
semelhança de Luandino Vieira, inspira rigorosamente à denúncia de
clivagens e variações no funcionamento da língua portuguesa em
Angola. A diglossia imprópria é para este autor um importante
instrumento. De tal modo que todos os textos parecem levantar a
problemática da língua literária, relativizando-a no contexto angolano. Daí
que a acção do autor se traduza na exploração das virtualidades do
sistema linguístico. Os resultados que alcança no plano formal, deixam
de ser suficientes para explicar tais níveis de realização,exigindo-se
ainda a convocação do projecto estético subjacente.
Mas semelhante constatação só é possível se se tiver em atenção a
situação de discurso em que os textos são criados. Os seus dois
romances (O Signo do Fogo e Maio, Mês de Maria) apresentam um
coerente fio condutor do ponto de vista da articulação das histórias
respectivas. Se O Signo do Fogo é um romance que se inscreve no
contexto temporal anterior à independência, ou seja, no período colonial,
já em Maio, Mês de Maria temos um típico romance pós-colonial ou do
pós-independência, em que se incorporam elementos do imaginário
religioso perante as crises que fracturam o tecido social no centro do qual
está a personagem chamada João Segunda.
O imaginário religioso e sagrado é vazado através das relações que João
Segunda estabelece com um animal doméstico, a cabra Tulumba, em
cujo comportamento se podem interpretar os sinais premonitórios e
reprobatótios das peripécias do protagonista.
Carmo Neto
Carmo Neto nasceu a 16 de Outubro de 1962 em Malanje, onde fez
os estudos primários e secundários. Durante anos a fio, enquanto
cumpria o serviço militar, foi jornalista da Revista Militar de que
chegou a ser Director. É jurista. Presentemente exerce advocacia
em Luanda.
O pequeno volume da sua produção narrativa, constituída por três textos,
o últimos dos quais é colectânea de textos curtos publicados no Jornal de
Angola, parece revelar um excessivo respeito pela escrita literária,
preferindo uma progressiva acumulação de experiências, em vez de uma
fluidez criativa. Mas ao mesmo tempo esconde expectativas e ambições
para escritas e textos de maior fôlego. É membro da União dos Escritores
Anglanos.
Publicou três textos narrativos:
·A Forja (1985),
· Meu Réu de colarinho branco (1988),
· Mahézu (2000).

Cikakata Mbalundu
Cikakata Mbalundu é natural do Mungo, província do Huambo onde
nasceu em 1955. Fez os estudos na capital da província. Fixou
residência na cidade do Lubango em fins da década de 70. Aí iniciou
os estudos universitários em filologia germânica, vindo a formarar-
se em Psicologia pelo ISCED, designação dada posteriormente a
antiga Faculdade de Letras, no âmbito da reforma do ensino
superior.
Obteve o doutoramento em Portugal (Universidade do Minho).
Publicou dois romances:
· Cipembúwa (1986),
·O Feitiço de Rama de Abóbora (1996).
·O Feitiço de Rama de Abóbora (1996).
· Entre a Morte e a Luz (2002).
Com as duas primeiras obras o autor participou no concurso do Prémio
Sonangol de Literatura, tendo a primeira sido distinguida com uma
menção honrosa e a segunda mereceu o troféu do ano de 1991.

Costa Andrade
Costa Andrade cujo nome guerra é Ndunduma we Lépi, adoptado
nos tempos da guerrilha no Leste de Angola. É natural do Lépi,
localidade situada na actual província Huambo, onde nasceu há 64
anos, em 1936, portanto. Fez os estudos primários e liceais na
cidade do Huambo e Lubango. Por razões que se prendiam com a
falta de universidades ou outras escolas superiores nas colónias
portuguesas, como acontecia na generalidade com os jovens da sua
geração, Costa Andrade encontrava-se em Portugal, nas décadas de
40 e 50, com o objectivo de, em Lisboa, realizar estudos de
Arquitectura.
Foi editor, com Carlos Ervedosa, da Colecção Autores Ultramarinos da
Casa dos Estudantes do Império, que desempenhou um papel decisivo
na divulgação das literaturas africanas de língua portuguesa,
especialmente da literatura angolana. Tem colaboração dispersa em
várias publicações periódicas. Publicou textos sob vários pseudónimos,
sendo o mais recente o heterónimo Wayovoka André.
Além de Portugal, fixou residência por longos períodos de tempo em
países como Brasil e Itália. A versatilidade de Costa Andrade, confirma-
se com a sua já conhecida faceta de artista plástico. Mas tal prova acima
de tudo uma personalidade, um escritor, um artista que se encontra em
permanente busca de materiais e matérias para o trabalho criativo,
avultando na sua história pessoal a arte do compromisso e da ruptura ao
mesmo tempo. Criou o heterónimo Wayvoka André.
Da sua bibliografia, em que se inscrevem obras de poesia, ficção e
ensaio, destacam-se entretanto obras de poesia.
Publicou:
· Terra de Acácias Rubras, (poesia, 1961);
· Tempo Angolano em Itália (poesia, 1963);
· Poesia com Armas (poesia, 1975);
·O regresso e o canto (poesia,1975);
·O caderno dos Heróis (poesia, 1977);
· No velho ninguém toca (texto dramático, 1979);
· Literatura Angolana ( Opiniões), (ensaio, 1980);
· No país de Bissalanka (poesia, 1980);
· Estórias de Contratados (conto, 1980);
· Cunene corre para sul (poesia, 1984);
· Ontem e Depois (poesia, 1985);
· Lenha Seca (versões em português do fabulário de língua Umbundu,
1986);
· Dizer Assim( versões em português de provérbios da líbgua Umbundu,
1986);
· Os sentidos da pedra ( poesia, 1989);
· Falo de Amor por Amar (poesia),
· Lwini (poesia);
Com o heterónimo Wayovoka André,
· Limos de Lume (poesia, 1989);
· Irritação (poesia, 1996);
· Memória de Púrpura (Luanda, UEA, poesia, 1991).

Dário de Melo
Dario de Melo nasceu em Benguela a 2 de Dezembr o de 1935. Fez
os estudos primários e parte dos secundários em Benguela. Em
Portugal concluíu o Magistério Primário. Diplomado em 1955, foi
inspector escolar e professor em diversas localidades de Angola,
tendo chegado ainda a docente de disciplinas como português e
pedagogia na antiga escola de professores de posto no Kuima.O
seu currículo pessoal conta outros ofícios. Como jornalista
colaborou em vários órgãos da comunicação social,
designadamente jornais, rádio e televisão. Enquanto escritor é o
mais prolífico dos autores de literatura infanto-juvenil tendo
publicados dezoito títulos. Em 1998, arrebatou o Prémio PALOP de
Língua Portuguesa de Literatura Infantil.
É membro da União dos Jornalistas Angolanos e da União dos Escritores
Angolanos.
Publicou entre outros livros:
· Quitubo – a terra do Arco-Íris (narrativa infanto-juvenil);
· Onda Dormida (poesia);
· INALDINO (narrativa infanto-juvenil);
· Os Riscos Mágicos (narrativa infanto-juvenil);
· As Sete Vidas de um Gato (narrativa infanto-juvenil);
· Aqui, mas do outro lado (novela);
· Farinha do mesmo saco (crónicas publicadas na Internet).

Domingos Van-Dúnem
Domingos Van-Dúnem nasceu em 1925 na localidade de Mbumba,
em Caxito. Passou parte da sua infância em Luanda, onde fez os
seus estudos primários. Em 1945 desempenhou funções de
secretário de redacção do Jornal O Farolim, que era publicado na
capital angolana desde 1932.
Intensificou a sua actividade jornalística em Luanda, na segunda metade
da década 40, tendo sido igualmente colaborador de jornais publicados
em Lourenço Marques, actual Maputo e Lisboa. Da sua dispersa e vária
colaboração a título de ilustração o seu primeiro conto A PRAGA
publicado no Diário de Luanda em Agosto de 1947 dois artigos inseridos
no Jornal Acção nomeadamente Breves considerações a roda de um
grande tema e Notícia sobre o poeta Rui Noronha, datados de Junho e
Setembro de 1947.
Publicou: Um História Singular, Milonga, Dibundu e Kuluka. Apesar de
publicadas depois de 1974, as obras deste autor, tal como acontece com
a de outros escritores, carregam marcas da experiência individual da sua
geração em que avulta contexto da situação colonial. Com Uma História
Singular, publicado em 1975, inicia o tratamento de um tema que
ressurge em narrativas posteriores, com algumas variações de
intensidade.
Este texto breve parece constituir uma paródia do destino das mulheres
que, originárias das franjas inferiores da escala social, entram em
amancebia com homens detentores de algum estatuto social, para
contornar obstáculos da sua condição económica. Milonga é um livro que
inclui três contos
cujas histórias decorrendo no período colonial se inscrevem no espaço
urbano de Luanda e na
região do Kuanza-Norte.
Merece, no entanto, destaque O Processo, um conto que repete a
história de uma criatura que vive as peripécias de uma indigência idílica.
O tecido novelesco de Dibundu comporta igualmente um feixe
de acções que descambam no drama de uma mulher. Hébu é o nome da
sacrificada personagem cuja infelicidade parece estar predeterminada
por uma relação sexual episódica com um administrador colonial e que a
expõe ao opróbio do seu meio.
Por outro lado, na obra de Domingos Van-Dúnem constrói e atribui às
personagens o uso de expressões idiomáticas motivadas pela co-
presença da língua kimbundu, no espaço em que os eventos narrativos
se inscrevem. Em síntese, a obra de Domingos Van-Dúnem produz um
traço de originalidade em razão da sua recorrência temática: a mulher, a
personagem feminina e motivos associados aparecem em
representações realistas, actuando em situações que lhes conferem
sentido, mas destituídas tendencialmente de qualquer imagem patética.

Ernesto Lara Filho (1932 – 1977)


A morte colheu-o em 1977, quando no apogeu de viver projectava
certamente outras aventuras. Nascido em 1932, com o nome civil de
Ernesto Pires Barreto de Lara, contava quarenta e cinco anos de
idade, na data em que entrou para a galeria dos escritores mortos
de que já fazia parte Alda Lara, sua irmã. Em 1945, partiu para
Portugal com a finalidade de frequentar a escola de regentes
agrícolas de Coimbra. A partir de 1952 inicia uma actividade
intermitente de jornalista e regente agrícola. A alternância vai
pendendo mais para o jornalismo. Como jornalista começa o ofício
nos jornais Comércioe Diário de Luanda entre 1954 e 1958. Ele
mesmo escreveria: “Há alguns anos – por volta de 1954 – quando
ingressei no jornalismo diário angolano – dediquei-me de alma e
coração a tentar fazer renascer nas pessoas que me liam o gosto
pelas coisas de Angola” (pessoas & coisas, 1962/63, Notícias).
Data da década de 50 a sua coluna de crónicas, Roda Gigante publicada
no Jornal de Angola da Associação dos Naturais de Angola. De 1959 a
1961 está no jornal ABC de Luanda pelo qual chegou a ser enviado a
Lisboa como repórter. Em 1961, está no Huambo exercendo a profissão.
É regente agrícola na Junta de Exportação de Cereais. É colega de
Rebelo de Andrade na estação de melhoramentos de plantas da
Chianga. Ainda nesse ano ambos fundam a Colecção Bailundo, na
esteira de publicações que vinham sendo feitas pela Colecção Autores
Ultramarinos da Casa dos Estudantes do Império de Lisboa e pela
Colecção Imbondeiro do Lubango, então Sá da Bandeira. O primeiro livro
da colecção foi uma recolha de poemas de Alexandre Dáskalos, poeta do
Huambo que morrera no mesmo ano. O segundo livro foi Picada de
Marimbondo do próprio Ernesto Lara.
É demitido da Junta ainda em 1961. Em trânsito para Lisboa, revisita
Benguela e Luanda. Parte em seguida para o exílio. Passa por Portugal.
Deambula pela Europa. Mas, depois de uma actividade política efémera
exercida em Paris, integrando as fileiras da FUA, abatido pela nostalgia
regressa ao Huambo, então Nova Lisboa. Em 1963, sai a público Canto
do Martrindinde, seu segundo livro de poesia.
A topografia, a fauna e personagens castiças são elementos de uma
escrita saudosa, nostálgica mas absolutamente ancorada ao tempo e ao
espaço, nas coordenadas da memória e de uma história pessoais.
Sempre que estivesse longe da terra, era dilacerado no seu âmago.
Embora em Picada de Marimbondo, um livro publicado em 1960, o tom
do discurso poético apontasse já para esse lirismo, é sobretudo com O
Canto do Martrindinde que a nostalgia liquida o poeta. Aliás, ao título
deste livro acrescenta: e outros poemas feitos no Puto.
Fernando Kafukeno
Fernando Kafukeno nasceu em Luanda aos 18 de Novembro de
1962, onde fez os estudos primários, secundários e pré-
universitários. Foi membro da Brigada Jovem de Literatura de
Luanda. Em 1987 integrou o elenco directivo da Brigada Jovem de
Literatura de Angola. Organizou tertúlias literárias que cujo cenário
era a cervejaria Biker, na baixa de Luanda.Os seus primeiros
poemas foram publicados no suplemento cultural do Jornal de
Angola. Na fase inicial da sua carreira, demonstrou sempre uma
avidez de leitura e convívio pessoal com outros poetas. Assim se
explica a amizade que na década de 80 travou com o malogrado
David Mestre.
Estamos, pois, diante de um poeta que, ao lado de outros mais ousados
da sua geração, e pugnando por uma certa discrição mediática,
apresenta um elevado nível de elaboração no fazer da poesia,
recorrendo ao experimentalismo poético, a um selectivo acervo vocabular
brandamente marcado pela topografia de Luanda e à construção do texto
curto e denso. É uma revelação de vulto na poesia angolana da geração
de 80, a chamada geração das incertezas.
É membro da União dos Escritores Angolanos. Arrebatou o Prémio de
Literatura Cidade e Luanda 1999 com o livro Missangas !Kituta
Publicou:
· Boneca do Bê-Ó (1983);
· Na Máscara do Litoral ( 1997);
· Sobre o Grafite da Cera (2000);
· Missangas Kituta (2000)

Frederico Ningi
Frederico Ningi nasceu em Benguela a 17 de Fevereiro de 1959.Fez
os estudos primários e secundários na cidade natal e em Luanda
realizou estudos de jornalismo.Presentemente é assistente de
comunicação e imagem da Sonangol Aeronáutica. Filho de pais
tocoístas, sobre os quais se abateu a restrição de liberdade
religiosa na década de 60, cedo começou a ler Bíblia nas versões
em Umbundu e Português, tendo-se tornado na adolescência leitor
assíduo da literaturta espiritual oriental e praticante de yoga.
Enquanto poeta integra uma das quatro tendências em que podemos
analisar a poesia da geração de 80.Faz parte daquele grupo de poetas
iconoclastas, que além de perturbarem a estrutura morfológica das letras
e palavras com o jogo de maiúsculas, a presença de termos em línguas
nacionais, introduzem uma ordem visual nos seus textos,produzindo um
resultado surpreendente na combinação de fotografia, grafismo
monocromático e gravuras de tratamento informático.
Dedica-se igualmente à fotografia cuja actividade desenvolve de modo
quase profissional. É membro da União dos Escritores Angolanos e da
União dos Artistas Plásticos.
Publicou:
· Os Címbalos dos Mudos (1994) e Infindos na Ondas (1998).

Henrique Abranches
Henrique Abranches nasceu em Lisboa em 1932. Veio para Angola
em 1947. Participou na luta política clandestina contra o
colonialismo português, tendo por conseguinte adquirido a
nacionalidade angolana. Esteve exilado em Argel, onde foi co-
fundador do Centro de Estudos Angolanos.
Neste Centro trabalhou com Pepetela na redacção de um manual de
História de Angola usado nos centros de instrução revolucionária do
MPLA, no período da guerra anti-colonial e adoptado para o sistema de
ensino angolano, nos anos que se seguiram à independência. Durante
muito tempo foi considerado um dos mais proeminentes investigadores
de questões culturais angolanas, nomeadamente aquelas que dizem
respeito à museologia, história, etnologia, especialmernte às chamadas
culturas etno-regionais.
Pode igualmente ser considerado um autor cerebral com uma poderosa e
quase infindável capacidade de criar mundos fanstásticos.
Publicou Diálogo, A Konkava de Feti, O Clã de Novembrino, Kissoko de
Guerra, Sobre a Colina de Kalomboloca, Cântico Barroco, Titânia,
Misericórdia para o Reino do Congo! e Os Senhores do Areal. Tem no
prelo o 1º volume do romanceAs Marés do Bacilon com o título “O Ovo
Magentino”.
Três romances deste autor merecem a nossa atenção, nomeadamente:
·A Konkava de Feti,
·O Clã de Novembrino (romance de três volumes)
· Misericórdia para o Reino do Congo!.
Em A Konkhava de Feti socorre-se de materiais das tradições orais dos
povos do sudoeste de Angola.
Em O Clã de Novembrinonarra a história de um naufrágio, gravitando à
volta do velho tema da ilha. Os sobreviventes que, são colonos africanos
cujo destino era o Brasil. Fundam uma nova comunidade no pedaço de
terra para onde são lançados pelas ondas do Atlântico. Numa persistente
luta contra as adversidades da natureza constroem uma sociedade cujas
bases são constituídas pela cultura das diversas étnias do país de
origem. Instituem regras e normas apropriadas à sua situação como, por
exemplo, a que diz respeito à regulação das relações entre os homens e
as mulheres, devido à escassez destas últimas. Mas se tivermos em
atenção a tematização da histórica, é sem dúvida o terceiro que melhor
situa o autor no panorama da ficção narrativa angolana.
Henrique Abranches vai à História de Angola e submete a um tratamento
ficcional o chamado movimento messiânico dos antoninos que no século
XVII é liderado por Cimpa Vita. O cenário é o reino do Congo, mais
precisamente na região do Soyo.

Henrique Guerra
Henrique Guerra nasceu em Luanda a 25 de Julho de 1937. É
engenheiro civil, tendo exercido actividade docente na Faculdade de
Engenharia da Universidade Agostinho Neto. Fez a sua estreia
literária aos 20 anos de idade. Além de escritor, é artista plástico.
Pertence a chamada geração da Cultura, designação que deriva do
nome da principal publicação literária da cidade da década de 50/60,
publicada em Luanda pela Sociedade Angolana de Cultura. Colaborou
em outras publicações peródicas como o Jornal de Angola da Associação
dos Naturais de Angolana (ANANGOLA) e Mensagem da Casa dos
Estudantes do Império.
Foi membro da Comissão de Redacção da gazeta Lavra & Oficina e
Secretário para as Actvidades Culturais da União dos Escritores
Angolanos de que é membro fundador. Henrique Guerra, que foi preso
político nos anos 60 em Lisboa, é um daqueles escritores que, no
percurso histórico-literário angolano, representam o modo como foi
assumida a dimensão cívica da actividade literária.
Publicou:
·A Cubata Solitária ( contos, 1962);
· Angola – Estrutura Económica e Classes Sociais (ensaio, 1975);
· Quando me Acontece Poesia (poesia, 1976);
· Alguns poemas (1978);
·O Círculo de Giz de Bombó (teatro, 1979);
· Três Histórias Populares (ficção narrativa, 1980 )

Jacinto de Lemos
Jacinto de Lemos nasceu em Icolo – e – Bengo a 2 de Janeiro de
1961. Fez os estudos primários, secundários em Luanda. Publicou
Undengue (1989), menção honrosa do Concurso Sonangol de
Literatura em 1986 e O Pano Preto da Velha Mabunda ( 1997).
No plano temático, a sua narrativa caracateriza-se pelo modo como é
apresentada a paisagem social suburbana luandense e as personagens
que tipificam o seu universo social, feito nomeadamente de humor e
relações conflituosas, destacando-se entre os intervenientes crianças,
mulheres e homens ociosos ou marginais.
Do ponto de vista da linguagem, os diálogos, a narração dos factos, e a
descrição dos ambientes em que interagem aquelas personagens, são os
aspectos mais visíveis.

João Maimona
Nasceu a 8 de Outubro de 1955, em Kibocolo, Maquela do Zombo.
Estudou humanidades científicas em Leopoldeville.Em 1978, fixou
residência na província do Huambo, onde se licenciou em medicina
veterinária. É diplomado em Estudos Superiores Especializados de
Virologia Médica e Epidemiologia Animal, pelo Instituto Pasteur de
Paris e pela Ecole Nationale Veterinaire d’Alfort, França. É quadro
do Ministério de Agricultura e do Desenvolvimento Rural e
desempenhou as funções de Director Nacional do Instituto de
Investigação Veterinária (I.I.V.), de 1991 a 1993. É assistente da
Universidade Agostinho Neto. Foi membro fundador da Brigada
Jovem de Literatura do Huambo.
É membro da União dos Escritores Angolanos. Em 1984, arrebatou o
prémio Sagrada Esperança com o livro de poesia Trajectória Obliterada.
Em 1987, foi distinguido com a medalha de bronze no concurso
internacional de poesia, organizado pela Academia Brasileira de Letras,
na cidade do Rio de Janeiro. Tem colaboração dispersa pela imprensa
angolana e estrangeira. Figura na Antologia No Caminho Doloroso das
Coisas (1988).
É deputado à Assembleia Nacional.
Publicou:
· Trajectória Obliterada (poesia,1985);
· Les Rose Perdues de Cunene (poesia,1985);
· Traço de União (poesia, 1987, 1990);
· Diálogo com a Peripécia (teatro, 1987);
· As Abelhas do Dia (poesia, 1988, 1990);
· Quando se ouvir o sino das sementes (poesia, 1993);
· Idade das Palavras (poesia, 1997);
· No Útero da Noite (poesia, 2001);
· Festa de Monarquia (poesia, 2001).

João Melo
João Melo é jornalista, escritor, publicitário. Nasceu em Luanda, em
1955. Estudou Direito em Coimbra e em Luanda. Licenciou-se em
Comunicação Social e fez o mestrado em Comunicação no Rio de
Janeiro. Dirigiu vários meios de comunicação angolanos, estatais e
privados. Foi secretário-geral da União dos Escritores Angolanos.
Actualmente, além de presidente da Comissão Directiva da UEA,
dirige uma agência de comunicação privada e é deputado à
Assembleia Nacional.
Publicou:
• Definição (poesia, 1985);
• Fabulema (poesia, 1986);
• Poemas Angolanos (poesia, 1989);
• Tanto Amor (poesia, 1989);
• Canção do Nosso Tempo (poesia, 1991);
•O Caçador de Nuvens (poesia, 1993);
• Limites & Redundâncias (poesia, 1997);
• Imitação de Sartre & Simone de Beauvoir ( contos, 1998);
• Jornalismo e Política (ensaio, 1991).

João Tala
João Tala nasceu em Malanje a 19 de Dezembro de 1959. É médico
exercendo a profissão como interno em alguns hospitais de Luanda.
Iniciou a sua actividade literária na cidade do Huambo, onde
cumpria o serviço militar e foi co-fundador da Brigada Jovem de
Literatura. Apesar de ter frequentado círculos literários daquela
cidade, de que despontaram ainda na década de 80 importantes
nomes da novíssima poesia angolana como João Maimona, o seu
primeiro livro de poesia sai a público apenas em 1997. Arrebatou o
prémio Primeiro Livro da União dos Escritores em 1997 e o promeiro
lugar dos Jogos Florais do Caxinde em 1999.
Parecendo justificar o respeito que nutre pela poesia, o seu livro de
estreia é, apesar dos cerca de 15 poemas, uma auspiciosa contribuição
para a renovação e diversidade do discurso poético angolano. O segundo
livro voltou a merecer um acolhimento encomiástico da parte de José
Luís Mendonça, outro expoente da sua geração, que o considera como
uma vocação poética a irromper no universo das letras angolanas com
soberania inerente aos grandes criadores.
Publicou:
·A Forma dos Desejos (poesia,1997);
· O Gasto da Semente (poesia, 2000)
É membro da União dos Escritores Angolanos.

Joaquim Dias Cordeiro da Matta (1857-1894)


Joaquim Dias Cordeiro da Matta, natural de Icolo e Bengo, nasceu
em 25 de Dezembro de 1857 na povoação de Cabiri. Morreu
precocemente em 1894. Terá sido provavelmente o mais velho dos
irmãos, Luís Domingos Cordeiro da Matta e Domingos José
Cordeiro da Matta cujos nomes vêm mencionados em mapas do
movimento da escola do concelho de Icolo e Bengo durante o ano
de 1879. Estudava-se na época disciplinas como leitura, escrita,
catecismo, aritmética e tabuada. Possuindo igualmente uma
formação primária elementar, Joaquim Dias Cordeiro da Matta é um
dos muitos exemplos do autodidactismo que continua a fazer
história no jornalismo e na investigação em Angola. Numa nota
necrológica publicada no jornal O Arauto Africano, diz Mamede de
Sant’Ana e Palma: “ Não cursou universidade, nunca esteve em
colégio nenhum da Europa, nem em escola nenhuma de Loanda e é
por isso mesmo que tem juz (…) à estima dos seus patrícios e ao
respeito dos homens ilustrados, porque à força de muita vontade
tem querido honrar o seu país legando à posteridade o fruto da sua
dedicação (…)”. Evitando fixar residência em Luanda, passava
maior parte do tempo na Barra do Kwanza, onde vivia. E «rodeava-
se de uma biblioteca que causava admiração aos contemporâneos».
J.D. Cordeiro da Matta, «o pai da literatura angolana», demonstrou
possuir uma personalidade potencialmente multifacetada. Mário
António analisa-a em sete vertentes: poeta, cronista, romancista,
jornalista, pedagogo, historiador, filólogo e folclorista.
Publicou entre outras obras Delírios (poesia), Philosophia Popular em
Provérbios Angolenses (1891, pesquisa da literatura e filosofia oral),
Ensaio de Diccionário Kimbundu-Portuguez (1893), Cartilha racional para
se aprender a ler o Kimbundu escrita segundo a Cartilha Maternal de
João de Deus.

Jorge Macedo
Jorge Macedo nasceu na cidade de Malanje em 1941. A primeira
actividade profissional que desenvolveu foi a de regente escolar,
tendo ingressado em seguida na carreira administrativa. Após a
independência ocupou vários cargos de responsabilidade entre os
quais os de Director Nacional de Arte e Director Nacional da Escola
de Música. Fez os estudos primários e secundários em Malanje.
Educado nos seminários, frequentou os seminários Menor e Maior de
Luanda até ao curso de Filosofia. Formou-se em etnomusicologia pela
Universidade de Kinshasa. Reside actualmente em Lisboa onde exerce a
actividade de jornalista, dirigindo a Revista Afro-Letras da Casa de
Angola em Portugal. Este autor pode ser considerado como sendo um
dos raros poetas e ficcionistas que, pela estreia precoce à semelhança
de Mário António, assinala com a sua obra a transição de gerações,
neste caso da geração de 60 a de 70.
E pode tal facto estar na origem da sua propensão para o exercício dos
vários géneros literários e associações a outras manifestações artísticas.
Acabou por ser igualmente colhido pelo desencanto que longe da pátria
se agrava, quando sente o país dilacerado pela guerra. É este o tema do
seu último livro de poesia, O Livro das Batalhas. Iniciou a sua vida
literária em 1957 com a publicação do livro de poesia Tetembu.
Seguiram-se As mulheres ( poesia, 1970), Pai Ramos (poesia, 1971),
Irmã Humanidade (poesia, 1973), Gente do meu bairro (ficção narrativa,
1977), Clima do Povo ( poesia, 1977), Voz de Tambarino (1978),
Geografia da Coragem (romance,1980) Página do Prado (1989),
Literatura Angolana e Texto Literário (ensaio, 1989), Poéticas na
Literatura Angolana (ensaio,1989) Sobre o Ngola Ritmos (ensaio, 1989)
O Livro das Batalhas (1993), O Menino com olhos de bimba ( contos de
literatura infantil, 1999).

José de Fontes Pereira


José de Fontes Pereira nasceu em Luanda em Maio de 1823. Aí fez
os estudos primários. Imbuído de um grande espírito autodidáctico,
como acontecerá com muitos jornalistas das gerações seguintes,
realizou estudos de direito, tendo chegado a advogado
provisionário, após obtenção de correspondente habilitação.
O seu nome encabeça a lista das mais brilhantes penas que exercitaram
o discurso protestatário em prosa no jornalismo angolano e que lançaram
a ensaística angolana, na segunda metade do século XIX, sendo
considerado ídolo inspirador das gerações que em fins do século XIX e
na primeira metade do século XX desenvolveram e consolidaram o
jornalismo e a autonomia da literatura angolana.
Colaborou em diversos jornais publicados em Luanda no século XIX, tais
como O Cruzeiro do Sul, O Arauto Africano, O Mercantil, O Futuro de
Angola, O Pharol do Povo.

José Eduardo Agualusa


José Eduardo Agualusa nasceu em Dezembro de 1960, na cidade do
Huambo. Reside em Lisboa. É jornalista do Público e da RDP-África.
Publicou:
• A Conjura (1989, que mereceu o Prémio Sonangol de Literatura,
• D. Nicolau
· Água – Rosada
· Outras Estórias Verdadeiras e Inverosímeis (1990),
•A Feira dos Assombrados (1992),
• Estação das Chuvas (1996),
• Nação Crioula (1997).

José Luis Mendonça


José Luís Mendonça nasceu a 24 de Novembro de 1955, no Golungo
Alto, província do Kwanza Norte. Jornalista e poeta, é funcionário do
UNICEF Angola, onde exerce actualmente as funções de assistente
de informação.
Podendo ser considerado o mais vigoroso produtor de rupturas no plano
formal naquilo que é a novíssima poesia angolana, preenche igualmente
os requisitos para ser um dos mais inovadores poetas da Geração de 80,
a chamada Geração das Incertezas.Inscreve-se numa das quatro
tendências em que podemos analisar a poética dessa geração,
caracterizando-se particularmente pelo rigor e intencionalidade na
construção de metáforas e pela associação de sentidos, quando é
confrontado com a necessidade de propor uma verdadeira linguagem
poética.
Escreve para diversos órgãos de imprensa angolanos e tem participado
em vários festivais internacionais de poesia.Figura em antologias de
poesia angolana publicadas no Brasil e Portugal. É membro da União dos
Escritores, desde de 1984.
Publicou seis livros de poesia:
• Chuva Novembrina (1981, Prémio de poesia Sagrada Esperança,
INALD,1981);
• Gíria de Cacimbo ( Prémio Sonangol de Literatura, União dos Escritores
Angolanos, 1986);
• Respirar as Mãos na Pedra ( Prémio Sonangol de Literatura, União dos
Escritores Angolanos,1986);
• Quero Acordar a Alva (Prémio de Poesia Sagrada Esperança,ex-aequo,
INALD,1996);
• Logaríntimos da Alma- Poemas de Amar, (União dos Escritores
Angolanos,1998);
• Ngoma do Negro Metal (Edições Chá de Caxinde, 2000)

José Mena Abrantes


José Mena Abrantes nasceu em 11 de Janeiro de 1945 em Malanje,
onde fez os estudos primários.Concluíu o ensino secundário em
Luanda. Formou-se em Filologia Germânica em Lisboa. De 1970 a
1974 esteve exilado na Alemanha Federal.Iniciou a sua actividade
teatral em 1967 em Lisboa.Na década de 70 frequentou cursos e
seminários de dramaturgia, tendo participado em diversos festivais
internacionais e dirigido vários grupos teatrais.
Já em Angola, foi co-fundador de grupos teatrais como Tchinganje e
Xilenga Teatro, entre 1974 e 1975. Nos anos 80 fundou o grupo Elinga
Teatro com o qual tem trabalhado na montagem de peças de sua autoria
e de outros dramaturgos, além de uma intensa particpação internacional
em países como Cabo-Verde, Brasil, Itália, Moçambique e Portugal,
destacando-se a presença em festivais internacionais como o FITEI.
José Mena Abrantes é também poeta e ficcionista que na década de 80
arrebatou por três ocasiões o Prémio Sonangol de Literatura. Destaca-se
fundamentalmente como um dos mais perseverantes encenadores do
teatro que assume intensamente a actvidade criativa de dramaturgo,
combinando a busca de paineis temáticos na história e nas literaturas
orais com um trabalho de reflexão teórica sobre o teatro angolano.
É membro da União dos Escritores Angolanos
Publicou:
• Ana,Zé e os Escravos (teatro, prémio sonangol de literatura, 1988);
• Nandyala ou a Tirania dos Monstros (teatro, 1993);
• Sequeira, Luís Lopes ou o mulato dos prodígios (teatro, 1993);
• A órfã do rei (teatro, 1996);
• Meninos (poesia, prémio sonangol de literatura, 1991);
• Caminhos desencantados (ficção, 1996);
• Objectos musicais (poesia, 1997);
• Cinema angolano: um passado a merecer melhor presente (ensaio,
1986);
• O Teatro Angolano (ensaio, 1994).

Lopito Feijóo
J.A.S. Lopito Feijoó nasceu no Lombe, província de Malanje a 29 de
Setembro de 1963. Passou a infância em Maquela do Zombo e
adolescência em Luanda, no bairrro do Cazenga. Fez os estudos
primários, secundários e pré-unviversitários em Luanda. Na década
de 80 foi co-fundador da Brigada Jovem de Literatura de Luanda e
realizou estudos de Direito na respectiva Faculdade da Universidade
Agostinho Neto. Fez parte do elenco de direcção da Brigada Jovem
de Literatura até 1984, data em que, com outros membros que
pugnavam pela ruptura dos cânones do cantalutismo e pela busca
de novas formas estéticas e semânticas para a Literatura Angolana,
se constituíu o Grupo Literário OHANDANJI.
Destaca-se na sua geração pela sua actividade de editor de publicações
informais e plaquettes, além de boémio alimentador de polémicas, é
activo frequentador de tertúlias, praticante da crítica e do ensaio nos
anos 80. Mas é sobretudo com o texto poético que se firmou no
panorama da poesia angolana, caracterzando-se, para além do
experimentalismo, por uma certa iconolastia e erotização do vocabulário
da poesia.
Em 1985, é-lhe atribuída menção especial no Concurso literário do
INALD pelo livro Entre o Ecran e o Esperma.
É membro da União dos Escritores Angolanos.
Publicou:
· Doutrina (poesia, UEA, 1987);
· Me Ditando;
· Rosa Cor de Rosa;
· Corpo-a-Corpo (plaquettes de poesia, 1987);
· No Caminho Doloroso das Coisas-Antologia de Jovens Poetas
Angolanos (UEA 1988);
· Cartas de Amor (UEA, poesia, 1990);
· Meditando (ensaio e crítica, 1994).

Luandino Vieira
Luandino Vieira nasceu em Portugal no ano de 1935, na Lagoa do
Furadouro. Veio para Angola aos três anos de idade na companhia
de seus pais que eram colonos portugueses. Foi preso em 1959.
Voltou a ser preso em 1961 e condenado a 14 anos de reclusão.
Publicou:
·A Cidade e a Infância(1960);
·A Vida Verdadeira de Domingos Xavier(!961);
· Luuanda (1963);
· Vidas Novas (1962);
· Velhas Estórias(1974);
· No Antigamente, na Vida (1974);
· Nós, os do Makulusu (1975);
· Macandumba (1978);
· João Vêncio e os seus Amores (1979);
· Kapapa (1998)
Aquela intencionalidade de produzir uma linguagem distinta viria ser
posta à prova em 1965, quando a Sociedade Portuguesa de Escritores
atribuíu o Prémio de Novelística ao livro Luuanda de Luandino Vieira que
já publicara A Cidade e a Infância ( 1957). João Gaspar Simões, um dos
críticos portugueses mais categorizados e que integrava o júri, recusou o
seu voto. E explica assim a sua posição: ‖ uma coisa é ser-se autor
português, outra ser-se autor angolano, embora de expressão
portuguesa , o falar dos personagens e o falar regional, o falar de povo
que, como o brasileiro, mais tarde ou mais cedo, independentemente,
atingirá diferenciação.
Toda a obra de Luandino Vieira posterior a Luanda está profundamente
marcada por essa inquietação. Ao nível da linguagem Luandino Vieira
combina a estratégia de invenção da língua do narrador que é diferente
da das personagens. Isto acontece pelo facto de o autor pretender
transpor deliberadamente para o texto uma experiência linguística
observada,mas não vivida.
É por isso que, no nosso entender grande parte dos textos posteriores à
A Vida Verdadeira de Domingos Xavier, sem prejuízo das finalidades
estéticas prosseguidas, não são facilmente legíveis para o homem
comum do meio luandense, em que é suposto decortrerem as acções.

Manuel Rui Monteiro


Manuel Rui Monteiro nasceu na cidade do Huambo em 1941. Fez os
estudos primários e secundários no Huambo. Licenciou-se em
Direito pela Universidade de Coimbra.
Publicou:
·O Regresso Adiado;
· Memória de Mar;
· Sim, Camarada!;
· Quem me Dera ser Onda;
· Crónica de um Mujimbo;
·1 Morto & Os Vivos;
· RioSeco;
· Da Palma da Mão;
· Saxofone & Metáfora.
A sua prosa ficção está profundamente marcada por preocupações
estéticas de um realismo social que celebra o homem comum. Quando
focaliza categorias de personagens da classe média, fá-lo para produzir
caricaturas de comportamentos perversos. É aqui que este autor exibe a
sua mestria no tratamento da sátira e da ironia. São recursos de grande
eficácia no plano semântico-pragmático. Isto é, no que diz respeito ao
conjunto de significações que se lhes associam e ao modo como os
leitores os interpretam. O que pode ser provado pelo número de edições
e tiragens de Quem me Dera ser Onda, título que suscitou grande
empatia do público leitor. É a história de um porco que habita um
apartamento na companhia de uma família cujo chefe é Faustino. Da
hilaridade ao patético, a presença do animal vai provocando uma série de
transtornos aos moradores do prédio, muitos dos quais pautam a sua
conduta por regras e valores de um mundo urbano que começa a ser
outro, como é este o da domesticação de animais no espaço residencial
para a satisfação das necessidades de consumo de carne. É uma sátira
mordaz a respeito de fenómenos de mobilidade social de determinadas
categorias, do mimetismo dos novos ricos, e do populismo político.
O realismo social, a sátira e a ironia logram níveis de elaboração estética
em Rioseco, um romance cuja história decorre numa ilha adjacente à
parte continental de Luanda. Um casal de refugiados do sul e leste de
Angola, em que o marido e a mulher pertencem a etnias diferentes, vai
acoitar-se no mundo insular de pescadores pertencentes a uma outra
etnia do norte . Tecem profundas relações sociais de solidariedade, e
apesar das suas origens étnicas, acabam todos eles,por construir um
mundo diferente em que procuram banir a violência que dilacera o
continente. No plano da linguagem, Manuel Rui Monteiro experimenta o
recurso à diglossia imprópria, através do qual os dircursos das
personagens são impregnados de estruturas frásicas e semânticas que
vazam das línguas autóctones e de uma psicologia equivalente. Não
sendo ainda de desprezar a semântica do antropónimo de uma
personagem feminina que é Noíto. Aqui vemos Manuel Rui lançar mão
da memória que debita materiais para a ficção, pois trata-se de uma
personagem que viveu no Huambo, afamada por ser uma grande
quimbanda, ou seja, terapeuta tradicional a quem eram reconhecidos
poderes do mundo intangível. E no romance Noíto é, no essencial, uma
mulher capaz de decifrar os segredos da natureza e pressagiar
infortúnios.

Maria Celestina Fernandes


Maria Celestina Fernandes nasceu na cidade do Lubango a 12 de
Setembro de 1945. Fez os estudos primários e secundários em
Luanda. Na sua vida profissional tem inscritas experiências
desenvolvidas em actividades como Assistente Social. É jurista e
exerce o cargo de Consultora jurídica de instituições bancárias
angolanas.Iniciou a sua carreira literária em 1980. Mas começa a
publicar apenas em 1990.
Enquanto escritora revela-se mais preocupada com a construção de
textos dirigidos ao imaginário infanto-juvenil. Integra, por essa razão, a
lista dos poucos escritores que se dedicam à literatura infantil. Animada
pela força que as estórias podem ter sobre a imaginação das crianças,
nos seus livros propõe fantasias a que associa sempre um certo fundo
moral. É membro da União dos Escritores Angolanos.
Publicou:
·A Borboleta Cor de Ouro (1990);
· Kalimba (1992);
· Retalhos da Vida (1992);
·A Árvore dos Gingongos (1993);
·A Rainha Tarataruga (1997);
· A Filha do Soba (2001).

Mário António (1934-1988)


Mário António Fernandes de Oliveira nasceu em Maquela do Zombo
em 1934. Fez os estudos primários e secundários em Luanda, para
onde foi viver aos sete anos de idade. Funcionário público desde
1952, desenvolveu actividades de pesquisa em Luanda como
colaborador do Instituto de Investigação Científica de Angola. Em
1963 parte para Lisboa onde concluíu o Curso de Licenciatura em
Administração Ultramarina com distinção, tendo sido convidado a
exercer a docência a partir de 1966. Como investigador destacou-se
pela dedicação ao estudo da história, da literatura e da cultura
angolana em geral. A sua poesia que se distinguia por um lirismo de
síntese marcado pelos recursos estilísticos de transição, divide-se
em duas fases.
Publicou:
· 100 Poemas (1963);
· Era tempo de Poesia (1966);
· Rosto da Europa (1968);
· Coração Tranplantado (1970);
· Crónicas de uma cidae estranha (1964);
· Farra de fim de semana (1965);
· Luanda Ilha Crioula (1968)

Mário Pinto de Andrade


Nasceu em 21 de Agosto de 1928 no Golungo Alto e faleceu em
Londres a 25 de Agosto de 1990. Era filho de José Cristino Pinto de
Andrade e de Ana Rodrigues Coelho. Em Luanda para onde veio em
1930, frequentou o Seminário de Luanda onde fez os estudos
primários. No colégio das Beiras concluíu o ensino secundário em
1948.
Em Outubro deste ano parte para Lisboa com o objectivo de estudar
filologia clássica, tendo-se matriculado na Faculdade de Letras da
Universidade Clássica. Com outros estudantes e intelectuais de países
africanos de língua portuguesa, entre os quais angolanos, como Amílcar
Cabral, Agostinho Neto, Francisco José Tenreiro, funda em 1951 o
Centro de Estudos Africanos, um círculo de reflexão e investigação sobre
temas e problemáticas respeitantes ao continente africano.
Sob influência do pan-africanismo, da difusão de obras africanas e do
desempenho de intelectuais africanos residentes em Paris, Mário Pinto
de Andrade parte em 1954 para o exílio em Paris, onde se integra nos
círculos africanos.
Torna-se amigo pessoal do senegalês Alioune Diop, passando em
seguida a fazer parte do corpo redactorial da então prestigiada revista
Présence Africaine. Em 1956 toma parte activa do 1º Congresso de
Escritores e Artistas Negros, realizado em Paris, em que estiveram
igualmente poresentes Manuel dos Santos Lima e Joaquim Pinto de
Andrade.
Três anos depois, em 1959, com Viriato da Cruz, participa no 2º
Congresso de Escritores e Artistas Negros, realizado em Roma. Na
década de 60, ao lado de outros patriotas angolanos como Viriato da
Cruz e Lúcio Lara, lança-se na luta política activa.
Três anos depois renuncia a liderança do Movimento Popular de
Libertação Nacional de Angola, preferindo assumir a postura de
intelectual, desenvolvendo pesquisas e prosseguindo os estudos de
sociologia, além de uma intensa actividade de publicações.
Mário Pinto de Andrade deve ser considerado o mais importante e
exemplar ensaísta angolano do século XX. Além de artigos e ensaios
espalhados em publicações periódicas, publicou Antologia Temática de
Poesia Africana (1953, 1979), La Poesie Africaine d‘Expression
Portugaise (1969), La Guerre en Angola (1971), Amilcar Cabral – Essai
de biographie politique (1980), Origens do Nacionalismo Africano (1997).

Mota Yekenha
Mota Yekenha nasceu no Cipeio, província do Huambo, em
Fevereiro de 1962. Aí viveu a infância e juventude. Frequentou a
escola primária na missão católica local. Formou-se em filosofia e
teologia no Seminário Maior do Huambo. Tem um romance
publicado em 1992, sob o título Kambonha, com a chancela da
Europress.

Óscar Bento Ribas


Óscar Bento Ribas nasceu em Luanda a 17 de Agosto de 1909. É
filho de pai português, Arnaldo Gonçalves Ribas, natural de Guarda
(Portugal), e de mãe angolana, Maria da Conceição Bento Faria,
natural de Luanda. Fez os estudos primários e secundários em
Luanda, tendo passado pelo Seminário-Liceu de Luanda. Poucos
anos depois da criação do Liceu Salvador Correia de Luanda, viria
em dois anos a concluir aí o 5º ano.
Após uma estada em Portugal onde estudou aritmética comercial,
regressa a Angola indo empregar-se na Direcção dos Serviços de
Fazenda e Contabilidade. Residiu sucessivamente nas cidades de Novo
Redondo, actual Sumbe, e Benguela, Ndalantando e Bié. Foi em
Benguela que aos 22 anos de idade se começaram a manifestar os
primeiros sinais da doença que, 14 anos depois, o levaria à cegueira
definitiva aos 36 anos de idade. Considerado fundador da ficção literária
moderna angolana, após António de Assis Júnior, Óscar Ribas iniciou a
sua actividade literária nos tempos de estudante do Liceu. A sua primeira
fase de publicações começa com duas novelas: Nuvens que passam em
1927 e Resgate de uma falta em 1929.
Segue-se a segunda fase com Flores e espinhos (1948), Uanga (1950)
e Ecos da minha terra (1952). No dizer do ensaísta e crítico literário
Mário António, ―Nesta última fase se inicia a prospecção da africanidade
na obra de Óscar Ribas‖ para a qual contribuíu decisivamente ‖ sua Mãe,
D. Maria Bento Faria, protótipo das senhoras africanas do outro tempo,
mantendo vivas as fontes originais da sua própria sabedoria‖. Em toda a
produção literária posterior, Óscar Ribas demonstra na verdade uma
propensão pouco comum entre os escritores da sua geração e mesmo
em gerações posteriores. Revela-se profundamente preocupado com os
temas da literatura oral, filologia, religião tradicional e filosofia dos povos
de língua kimbundu. Destas preocupações resultam a sua bibliografia
dos anos 60, nomeadamente:
· Ilundo – Espíritos e Ritos Angolanos (1958,1975);
· Missosso 3 volumes (1961,1962,1964);
· Alimentação regional angolana (1965);
· Izomba – Associativismo e recreio (1965);
· Sunguilando – Contos tradicionais angolanos (1967, 1989)
· Kilandukilu – Contos e instantâneos (1973);
· Tudo isto aconteceu – Romance autobiográfico (1975);
· Cultuando as musas – poesia (1992);
Dicionário de Regionalismos angolanos. Óscar Ribas foi por diversas
vezes distinguido com prémios e títulos honoríficos: Prémio Margaret
Wrong (1952), Prémio de Etnografia do Instituto de Angola (1959),
Prémio Monsenhor Alves da Cunha (1964). Quanto a títulos, com que foi
agraciado: membro titular da Sociedade brasileira de Folk-lore (1954),
Oficial da ordem do infante do governo português (1962), medalha
Gonçalves Dias pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (1968),
Diploma de Mérito da Secretaria de Estado da Cultura ( 1989).

Paula Tavares
Ana Paula Tavares nasceu na Província da Huíla, em 1952. É
historiadora com uma especialização em Literaturas Africanas de
Língua Portuguesa.Presentemente reside em Lisboa onde tem vindo
a desenvolver a sua actividade profissional nos domínios da
investigação histórica, além de paralelamente exercer a docência.
Quando em 1985, publicou o seu primeiro livro foi efusivamente acolhida
pela comunidade dos poetas angolanos. Apesar de escrever igualmente
em prosa, a especificidade da sua poesia, que revelava assim uma nova
voz feminina cuja dicção poética demonstrava já alguma
maturidade,despontou na apropriação das imagens e registos das
oralidades étnicas angolanas colocando no centro a mulher enquanto
sujeito. É membro da União dos Escritores Angolanos.
Publicou:
· Ritos de Passagem (poesia,1985);
·O Sangue das Buganvílias (crónicas, 1998);
·O Lago da Lua (poesia,199);
· Dizes-me coisas Amargas como os Frutos (poesia, 1999).

Pepetela
Pepetela, pseudónimo de Artur Carlos Maurício Pestana dos
Santos, é natural de Benguela, onde nasceu em 1941. Realizou os
estudos primários e secundários nas cidades de Benguela e
Lubango. Em Portugal frequentou o Instituto Superior Técnico de
Lisboa. Após a fuga para o exílio, juntou-se ao Movimento de
Libertação Nacional. Em Argel, formou-se em Sociologia e integrou
a equipa do Centro de Estudos Angolanos de que foi co-fundador
com Henrique Abranches.
Foi Vice-Ministro da Educação. Grande parte da sua produção foi
publicada após a independência, como de resto se passa com uma boa
parte dos ficcionistas angolanos. É o mais internacional dos ficcionistas
em matéria de prémios. Foram-lhe atribuídos o Prémio Nacional de
Literatura Prémio Camões pelo conjunto da sua obra em 1997 e com o
Prémio Príncipe Claus para a Cultura e Desenvolvimento em 1999.
Publicou Muana Puó (1978); As aventuras de Ngunga; Mayombe (1980);
O Cão e os Calús(1985); Yaka (1985); Lueji,o Nascimento dum Império
(1990); A Geração da Utopia (1992); O Desejo de Kianda (1995);
Parábola do Cágado Velho(1996) A Gloriosa Família (1997), A Montanha
de Água Lilás (2000 .
A tematização da história imediata, social ou política, e antiga constitui a
trama de quase todos os seus romances como Mayombe, Yaka , Lueji,o
Nascimento dum Império, A Geração da Utopia, Lueji, A Gloriosa Família.
Entre as suas onze obras de ficcão avultam três romances,
nomeadamenteMayombe, A Geração da Utopia e Parábola do
Cágado Velho.
Com efeito, subjaz à tematização da história uma estratégia
ficcional do escritor, que se revela nas suas grandes preocupações
com a formação da nação, como o terá manifestado numa entrevista
concedida a Michel Laban, um investigador francês. E atribui tal
propensão e recorrência do tema na sua obra ao facto de ter
estudado Sociologia. É no cruzamento que a onomástica e as
personagens estabelecem com a História onde vamos encontrar
motivos de grandes interrogações sobre o labor ficcional de
Pepetela.
Em Yaka, um romance em que se conta a saga dos Semedo, uma família
descendente de um antigo colono, este autor submete personagens da
História de Angola como Mutu-ya-Kevela a um tratamento semântico que
suscita alguma perplexidade para o leitor angolano avisado, numa
trama que se traduz em inadequada superação das metáforas
coloniais. Mutu-ya-Kevela, que é um herói da resistência ao colonialismo,
não pode ser reduzido a ― monstro de dentes compridos‖ funcionando
como um horror às crianças, tal como acntece em Yaka. A perplexidade
atinge o apogeu, quando a incorporação de personagens-referenciais no
romance deixam de satisfazer aquele fim, através do qual se deve
reabilitar os heróis passado, da grande narrativa angolana que é a
História de Angola. Em tudo isso reside uma inquietação com aquelas
coisas que tocam as identidades colectivas e a legitimação do lugar
que se ocupa na sociedade.

Raul David
Raúl David nasceu em 1918 na cidade de Benguela, província de
Benguela. Fez os estudos primários na Ganda, onde passou a
infância. Frequentou o seminário católico de Ngalangi. Iniciou a sua
actividade literária aos 45 anos de idade. Mas estreia-se aos 57
anos, já no alvorecer da independência. Publicou Colonos e
Colonizadores (1974), Poemas(1977) Escamoteados na
Lei (1987), Cantares do nosso Povo, versões escritas de cantos e
poemas em língua Umbundu (1987) Narrativas ao Acaso (1988),
Ekaluko lya kwafeka ( 1988) Crónicas de Ontem para ouvir e contar
(1989), Da Justiça Tradicional nos Umbundos (ensaio) (1997).
Raúl David reside actualmente em Benguela, capital da província onde
nasceu,preparando-se para publicar as suas memórias.
A leitura de toda a sua obra permite detectar a existência de um fio
condutor que aponta para a predominância da narrativa-testemunho,
apesar das incursões nos domínios da poesia oral em versões escritas e
da ensaística. Mesmo assim está subjacente uma intenção de transmitir
um conhecimento que, tendo-lhe chegado pela via oral, ele prefere
reduzi-lo a escrito.
Por todas estas razões, Raúl David é na verdade um cultor da memória,
o que pode ser comprovado pela sua capacidade de improvisar a
narração de experiências e factos ocorridos há cinquenta anos.O que
qualifica o seu discurso narrativo no contexto do que é a contribuição
para a história social da região de Benguela.
A sua proficiência na língua Umbundu associada à frescura com que
trabalha quando conta as suas histórias, constituem dois elementos entre
tantos daquilo que permite distingui-lo de outros escritores angolanos que
usam o português. Nele se reconhece a coexistência actual das línguas
nacionais e da língua portuguesa.

Roderick Nehone
Roderick Nehone nasceu em Luanda a 26 de Março de 1965. É
jurista e exerce actividade docente na Universidade Agostinho Neto.
Publicou:
· Génese (poesia, 1998);
· Estórias Dispersas de um Reino (contos, 1996) e
· O Ano do Cão (romance, 1998).
Com o livro de poesia arrebatou o Prémio Literário António Jacinto e os
livros de ficção foram agraciadas com o Prémio Sonangol de
Literatura,sucessivamente em 1996 e 1997.
Pertencendo ao que poderíamos designar por última fornada da Geração
Literária de 80, é uma das mais fulgurantes revelações da ficção
narrativa angolana.Vem assim engrossar o elenco de ficcionistas da
geração em que figuram alguns autores com provas já dadas, tais como
Cikakata Mbalundo, Jacinto de Lemos, Sousa Jamba e Mota Yekenha,
exibindo uma diversidade de recursos a que se associa especialmente o
fôlego para a construção de mundos fantásticos. É membro da União dos
Escritores Angolanos.
Rosália Silva
Rosária Silva é natural do Kwanza Norte, onde nasceu em 4 de Abril
de 1959. Aí realizou os estudos primários e secundários.
É formada em Ciências da Educação, na especialidade de linguística
portuguesa, pelo Instituto Superior da Universidade Agostinho Neto.
Publicou Totonya (1998),uma narrativa que mereceu menção honrosa do
Prémio Literário António Jacinto.

Rui Augusto
Rui Augusto nasceu a 26 de Julho de 1958, na região de
Camabatela. Fez parte daqueles grupos de jovens que na
efervescência eufórica da independência integraram as forças
armadas. Fez estudos universitários de Economia na Universidade
Agostinho Neto. Na década de 80, exerceu actividades ligadas a
edição de publicações, tendo sido revisor no Jornal de Angola,
membro do conselho editorial do semanário cultural Angolê-Artes e
Letras e da revista Mensagem. Desde 1992, tem vindo a dedicar-se à
actividade política, sendo deputado à Assembleia Nacional.
Além de ensaísta de boa prosa sem livro publicado, com provas dadas
nas colunas da imprensa, é, no entanto, um dos mais importantes poetas
da Geração Literária de 80, encabeçando aquela corrente ou tendência
que se caracteriza pelo tratamento de temas associados à dimensão
ontológica, mais concretamente a perda do sentido da existência
humana.
Publicou:
·A Lenda do Chá (poesia,1987);
·O Amor Civil (poesia, 1991);
· Colar de Maldições (poesia, 1994).
É membro da União dos Escritores Angolanos.

Rui Duarte de Carvalho


Ruy Duarte de Carvalho é um angolano por naturalização. Nasceu
em Portugal em 1941. Passou a infância na Província do Namibe
cuja paisagem, espaços físicos e sociais ocupam ainda hoje um
lugar privilegiado nas suas actividades de escritor e investigador
em antropologia. É Antropólogo formado em França na École des
hautes Études en Sciences Sociales de Paris. Foi laureado com o
Prémio Nacional de Literatura em 1988.
Como regente agrícola, exerceu a profissão percorrendo as grandes
regiões angolanas em que se encontram implantadas àreas da
agricultura de rendimento, conhecendo igualmente as práticas agro-
pastoris tradicionais e também chamadas de subsistência. Como
cineasta e antropólogo tem vindo a situar o cenário das suas pesquisas a
região etnocultural Kuvale, no sul do país. Neste contexto o poeta vai
sendo interpelado pela flora e pela fauna, decorrendo daí o apelo telúrico
para uma criação literária irremediavelmente marcada por experiências
vividas.
Tal como diz o escritor: Eu falo daquilo que sei, daquilo que experimentei,
o que revela evidentemente a minha origem de classe, a minha
formação, não pode deixar de ser nem eu quereria que fosse de outra
maneira (…) revela também o muito profundo e específico comércio
emotivo que tenho mantido com a geografia física e humana (…)‖.
A sua estreia literária ocorre em 1972, quando arrebatando o Prémio
Mota Veiga, publica Chão de Oferta, o seu primeiro livro de poesia. A sua
produção é variada, cobrindo a poesia, a ficção narrativa, o ensaio e o
cinema. Depois de 1972, publicou:
·A Decisão da Idade (poesia, 1976);
· Como se o Mundo não Tivesse Leste (ficção narrativa,1977);
· Exercícios de Crueldade (poesia,1978);
· Sinais Misteriosos…Já se Vê…(poesia,1979);
· Ondula Svana Branca (poesia,1982);
·O Camarada e a Câmara (ensaio, 1984);
· Lavra Paralela (poesia,1987);
· Hábito da Terra (poesia,1988);
· Ordem de Esquecimento (poesia,1997);
· A Câmara, a Escrita e a Coisa Dita, (ensaio, 1997);
· Aviso à Navegação (ensaio,1997);
· Vou lá Visitar Pastores (ficção narrativa);
· Observação Directa (poesia, 2000);
E acaba de publicar Lavra Reiterada, uma antologia de textos extraídos
de livros anteriores, nomedamente Exercícios de Crueldade e Ordem de
Esquecimento (poesia, 2000), Os Pepeis do Inglês(ficção, 2000).

Samuel de Sousa
Samuel de Sousa nasceu no Ambriz a 27 de Abril de 1927, viveu
durante algum tempo na região do Bembe(Uíge), tendo-se fixando
aos dezoito anos em Malange, onde dirigiu círculos de animação
cultural de orientação anti-colonial. Tem colaboração em várias
publicações periódicas, nomeadamente: Ecos do Norte, Jornal de
Angola, Angolense, A Província de Angola, Cultura.
Parte da sua obra literária inédita foi, em 1967, apreendida pela PIDE.
Figura em Poesia de Angola, antologia publicada em 1976 pelo Ministério
da Educação e Cultura. Pode ser considerado poeta bissexto, isto é, feito
de alguma poesia e efémeras experiências literárias. Durante
aproximadamente uma década foi Delegado Provincial da Cultura de
Malange.
Publicou um único livro de poemas Poesia, 1972, na colecção lavra e
oficina da União dos Escritores Angolanos de que é membro fundador.

Sousa Jamba
Sousa Jamba nasceu na vila do Dondi, província do Huambo, em
1966. Passou a infância na capital da província. Em 1976 emigra
para a Zâmbia, em consequência da guerra. Fez os estudos em
língua inglesa, e com ela se iniciou na actividade literária.
Em 1986 foi para Londres com o objectivo de estudar jornalismo.
Trabalhou para o jornal The Spectator onde lhe foi atribuído o prémio
Shiva Naipul. Reside actualmente em Londres.
Publicou dois romances:
· Patriotas (1991) e Confissão Tropical.

Timóteo Ulika
Timóteo Ulika, pseudónimo literário do historiador Cornélio Kaley,
nasceu a 8 de Dezembro de 1944 no actual Município do Bailundo.
Fez os estudos primários na Missão Evangélica do Bailundo.
No Liceu do Huambo, antiga cidade colonial de Nova Lisboa, iniciou os
estudos secundários que viria prosseguir em Luanda no Liceu Salvador
Correia. Em 1969 ingressou no curso de História da Faculdade de Letras
do Lubango que concluiria anos mais tarde na Faculdade de Letras da
Universidade Clássica de Lisboa.
É Mestre em Estudos Africanos pelo ISCTE de Lisboa, tendo consagrado
o seu trabalho de tese à problemática da produção petrolífera no quadro
geral da economia de Angola. Pela sua idade e experiência, Timóteo
Ulika pertencerá certamente à geração literária de 70.
Embora se revele tardiamente com obra publicada, este autor coloca-se
ao lado daqueles ficcionistas que enriquecem a estrutura da narrativa
angolana, ao trazer para a ficção literária uma focalização e um ponto de
vista, todos eles positivos sobre outros espaços físicos, tipos de
personagens e psicologias, nomeadamente a região planáltica, as
personagens que povoam o mundo rural, seus saberes e filosofias
veiculados em língua Umbundu, situações e discursos que funcionam em
contextos de comunicação predominantemente oral.
É membro da União dos Escritores Angolanos.
Publicou:
·A Rola de Tchingandu ( INALD,1988);
· Os Petróleos e a Problemática do Desenvolvimento em Angola: Uma
visão histórico-económica (1996);
· Kandundu (2000)

Uanhenga Xitu
Uanhenga Xitu, nome próprio em língua Kimbundu de Agostinho
André Mendes de Carvalho. Nasceu em Kalomboloca, a 29 de
Agosto de 1924, Icolo e Bengo. Foi preso político em 1959, tendo
feito parte do chamado “Processo dos 50”. Cumpriu os oito anos da
sua pena de prisão no campo de concentração do Tarrafal. É
membro fundador da UEA de que foi Presidente da Comissão
Directiva.
Publicou:
· Meu Discurso (1974);
· Mestre Tamoda (1974);
· Bola com Feitiço (1974);
· Os Sobreviventes da Máquina Colonial Depõem (1980);
· Os Discursos do Mestre Tamoda (1984);
·O Ministro (1989): Cultos Especiais (1997)
· Mestre Tamoda (1974);
· Bola com Feitiço ( 1974);
· Manana (1974);
· Vozes na Sanzala- Kahito (1976);
· Maka na Sanzala (1979);
· Os Sobreviventes da máquina colonial depõem (1980);
· Discursos do Mestre Tamoda (1984);
·O Ministro (1989);
· Cultos Especiais ( 1997).
Enquadrar este autor no grupo da geração de 48, é de certo modo um
acto inusitado, além de problemático, na medida em que ele revela-se
para a literatura na década de 70. Ora, se operarmos com um conceito
de geração literária em que se dê relevância à experiência, talvez não
hesitássemos em proceder assim. É que a sua narrativa carrega as
vivências de décadas anteriores, não podendo a sua escrita traduzir
facilmente a permeabilidade relativamente às motivações diferencialistas
dos narradores de 60 e 70.
Do conjunto da obra deste autor, a crítica e o público celebram com
frequência o conto Mestre Tamoda.
Tamoda, simbolizando, o mimetismo cabotino, é uma personagem típica
do mundo rural que através da exibição de maneirismos expõe à
hilaridade o uso da língua portuguesa perante uma audiência de jovens e
crianças, transformando-se em modelo, no que diz respeito ao emprego
e manipulação de vocábulos portugueses.
Mas é a narrativa Manana que merece uma atenção particular. Trata-se
de uma história cujo interesse reside na incorporação de universos da
tradição oral e na sua concentração à volta do tema da constituição da
família e motivações da sua ruptura. Os sinais da oralidade impregnam o
texto com alguma intensidade. O que pode ser verificado pela utilização
de determinados códigos da oralidade: o musical, o cinésico, o
onomástico.
O código musical rege os trechos cantados mais ou menos longos. O
código onomástico rege os nomes de algumas personagens. Assim, o
código musical associa-se ao código linguístico.
O funcionamento e as regras do código onomástico verificam-se, por
exemplo, na decifração do nome Manana . O sentido e o procedimento
de nominação é referido pelo personagem-narrador nos seguintes
termos: ―Soube mais tarde que o nome dessa Manana não é de origem
portuguesa. É de quimbundo. Significa ninfa ou larva de abelhas.
Alimento dos jithuxi, dos caçadores e de mais pessoas que fazem vida
permanente nas matas‖.
O código onomástico e as suas regras funcionam igualmente em relação
a grande parte das personagens de segundo plano que têm nomes em
kimbundu. Do mesmo modo os topónimos. No elenco dessas
personagens destacam-se as seguintes: avô Mbengu, velha Kazola,
Kalunga, velha Kifila, avô Matadi, Kunda Nzenze.
Na qualidade de escritor com um envolvimento directo na actividade
política, pois é deputado à Assembleia Nacional, na sua bibliografia
destacam O Ministro e Cultos Especiais duas obras consagradas à crítica
social, ao culto da personalidade e a outros comportamentos dos
políticos.

Viriato da Cruz (1928 – 1973)


Nasceu em Porto Amboim, Kwanza Sul, em 1928. Fez os estudos
liceais em Luanda. Considerado um dos mais importantes
impulsionadores de uma poesia regionalista angolana nas décadas
de 40 e 50, e da actividade política dos poetas que permaneceram
em Angola, foi Secretário Geral do MPLA, durante os primeiros anos
da década 60.
Saíu de Angola em 1957 e em Paris foi juntar-se a Mário Pinto de
Andrade, tendo desenvolvido intensa actividade política e cultural. Depois
de ter abandonado a liderança do movimento de libertação nacional, veio
a falecer na China em 13 de Julho 1973.
Publicou Poemas (1961). Entre os seus textos poéticos, destacam-
se Namoro, Sô Santo e Makézu.

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