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Com base no referido estudo visaremos, primeiramente, traçar um quadro das políticas municipais de

gestão do patrimônio arqueológico e histórico e, em segundo lugar, propor um programa mínimo de estratégias
aos municípios interessados na preservação do patrimônio arqueológico e histórico local.

A pesquisa tem um caráter amplo, seja por permear as três esferas de governo (federal, estaduais e
municipais), pela gama de conceitos envolvidos, utilizando, concomitantemente, estratégias e conceitos
científicos e políticos, ora aliados, ora em conflito, seja pelas diferenças de tempo e espaço.

No âmbito teórico e conceitual, a Arqueologia Pública insere-se hoje no bojo das tendências contemporâneas
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da Arqueologia e, em especial, da Arqueologia Pós-processual.

A Arqueologia Pós-processual, encabeçada por Ian Hodder, surgiu na Inglaterra nos anos 1980, mantendo
pontos em comum com a Arqueologia Social, restabelecendo os seus vínculos com a História, já anteriormente
retomados pela Arqueologia Social e pela Arqueologia Tradicional.

Não seria o caso de definirmos aqui todos os desdobramentos da Arqueologia Pós-processual, pela ampla
gama de conceitos envolvidos. Contudo, interessa- nos a sua abordagem da ideologia, do social, da educação,
evidenciando a relação dialética entre o passado e o presente. “Interpreta-se o passado em função do
presente, mas pode também utilizar-se o passado para criticar e desafiar o presente” (Hodder, 1990: 201).
Nesse contexto, o patrimônio cultural não pode ser visto e assimilado enquanto monumento, conforme se
referiu Walter Benjamim (1986). Para Benjamim, o monumento faz parte da memória oficial celebrativa,
constituído para durar e envolto em significado. Já o documento constitui-se em um fragmento do passado,
sujeito ao esquecimento ou à (re)construção do conhecimento histórico. Aproxima-se, assim, da noção de
documento arqueológico, constituído pelos sítios arqueológicos e, principalmente, pela cultura material, que
descartada, transforma-se em documento para o arqueólogo, quando analisada em seu contexto, sujeita à
várias interpretações. Dessa forma, patrimônio cultural, no qual a arqueologia é uma das ciências que lhe dão
um corpus, é compreendido como um legado, de diferentes formas de registro, das múltiplas memórias sociais.

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