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UniFAFIRE- Centro Universitário Frassinetti do Recife

DIREITO

NATHÁLIA LUIZA DE SIQUEIRA LIMA

JÚLIA RACHEL DUARTE SOUZA

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 5.953 DISTRITO FEDERAL

2023
O inciso VIII do artigo 144 do Código de Processo Civil estabelece regras
rígidas para impedimento de um juiz quando uma parte envolvida no processo
é cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente
até o terceiro grau, mesmo que essa parte seja patrocinada por advogado de
outro escritório. No entanto, embora tenha o propósito de garantir a
imparcialidade do juiz e a integridade do processo, esse tipo de impedimento
pode apresentar alguns pontos negativos.

A determinação de impedimento baseada em relações familiares pode ser


complicada, especialmente quando se tratar de parentescos mais distantes ou
relações menos óbvias, como parentes afins.

O inciso VIII pode ser excessivamente restritivo, levando a um número


significativo de casos de impedimento e, consequentemente, a escassez de
juízes disponíveis para atuar em processos. Isso pode criar atrasos no sistema
judiciário.

Em alguns casos, o inciso VIII pode levar à criação de formalidades


excessivas. Se um juiz não estiver ciente da relação de parentesco entre as
partes e o escritório de advocacia, ele pode ser impedido após já ter realizado
parte do trabalho no processo, o que pode gerar frustração e atrasos.

Em jurisdições com grande volume de processos e escassez de juízes, o


impedimento com base no inciso VIII pode agravar os problemas de atrasos
nos tribunais.

Podem surgir pontos de conflito entre o advogado e o juiz nesse contexto


do inciso VIII. O advogado tem o dever de manter o sigilo profissional e não
pode revelar informações confidenciais sobre seus clientes, incluindo suas
identidades, sem o consentimento destes. O advogado pode resistir em
divulgar a relação do cliente com o escritório, o que pode entrar em conflito
com a necessidade do juiz de saber para avaliar seu impedimento.

O impedimento do juiz é uma medida destinada a garantir a imparcialidade do


processo, mas sua aplicação deve ser feita de maneira razoável e proporcional
para evitar resultados injustos.
A alegação de inconstitucionalidade do inciso VIII do artigo 144 do Código
de Processo Civil (CPC) com base na falta de conhecimento imediato pelo juiz
das situações que poderiam resultar em seu impedimento é a argumentação
debatida. Argumenta-se que, se um juiz não tem condições de identificar
sozinho as situações de impedimento, a regra que impõe o impedimento tem
ser inconstitucional por falta de clareza e previsibilidade.

A aplicação desse inciso muitas vezes depende de informações que o juiz não
pode verificar sozinho apenas examinando o processo. Isso ocorre porque as
relações de parentesco, casamento ou de escritórios de advocacia específicos
não são informações encontradas nos autos do processo, a menos que as
partes as divulguem ou que terceiros as informem.

A falta de conhecimento imediato por parte do juiz sobre tais relações pode
criar desafios na identificação do impedimento. Isso pode resultar em situações
em que o juiz não tem conhecimento dessas relações e, portanto, não pode
declarar o impedimento de forma proativa.

O pressuposto da prática de uma conduta vedada é a realização consciente de


uma ação reprovável. Isso quer dizer que, para que haja uma violação do
impedimento, o juiz deve estar ciente de que está impedido de atuar no
processo e, ainda assim, optar por não se declarar impedido.

Por fim, as leis não devem impor obrigações impossíveis, pois isso seria
prejudicial e violaria princípios fundamentais do direito, como o devido processo
legal e a segurança jurídica. O direito deve ser claro e previsível, e as
obrigações impostas por ele devem ser realizáveis na prática. Se uma norma
exige que um magistrado, realize uma conduta que é praticamente impossível
de ser cumprida, ela deve ser considerada inconstitucional.

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