Você está na página 1de 8

O JULGAMENTO DE JESUS

João, 19:1-16
Sermão pregado pelo pastor Marcus Paixão, no auditório da Câmara Municipal de Campo
Maior, no dia 31 de dezembro de 2016, às 23h, na posse do prefeito, vice-prefeita e vereadores.

“Então, por isso, Pilatos tomou a Jesus e mandou açoitá-lo. Os soldados, tendo tecido uma
coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça e vestiram-no com um manto de púrpura. Chegavam-
se a ele e diziam: Salve, rei dos judeus! E davam-lhe bofetadas. Outra vez saiu Pilatos e lhes
disse: Eis que eu vo-lo apresento, para que saibais que eu não acho nele crime algum. Saiu,
pois, Jesus trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Disse-lhes Pilatos: Eis o
homem! Ao verem-no, os principais sacerdotes e os seus guardas gritaram: Crucifica-o!
Crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Tomai-o vós outros e crucificai-o; porque eu não acho nele
crime algum. Responderam-lhe os judeus: Temos uma lei, e, de conformidade com a lei, ele deve
morrer, porque a si mesmo se fez Filho de Deus. Pilatos, ouvindo tal declaração, ainda mais
atemorizado ficou, e, tornando a entrar no pretório, perguntou a Jesus: Donde és tu? Mas Jesus
não lhe deu resposta. Então, Pilatos o advertiu: Não me respondes? Não sabes que tenho
autoridade para te soltar e autoridade para te crucificar? Respondeu Jesus: Nenhuma
autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse dada; por isso, quem me entregou a ti
maior pecado tem. A partir deste momento, Pilatos procurava soltá-lo, mas os judeus clamavam:
Se soltas a este, não és amigo de César! Todo aquele que se faz rei é contra César! Ouvindo
Pilatos estas palavras, trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado
Pavimento, no hebraico Gabatá. E era a parasceve pascal, cerca da hora sexta; e disse aos
judeus: Eis aqui o vosso rei. Eles, porém, clamavam: Fora! Fora! Crucifica-o! Disse-lhes
Pilatos: Hei de crucificar o vosso rei? Responderam os principais sacerdotes: Não temos rei,
senão César! Então, Pilatos o entregou para ser crucificado.”
Acredito que todos aqui clamam por justiça. Justiça ampla. Se não clamam por isso, deveriam.
Quantas vezes vocês já foram injustiçados e suplicaram para que a justiça fosse feita? Talvez,
alguns aqui já tenham enfrentado processos injustos, foram acusados falsamente por coisas que
vocês sabem, no íntimo, que são inocentes. A injustiça está em todo lugar. Nosso mundo e nossa
sociedade é injusta e isso é um dos resultados do pecado. Nem mesmo Cristo escapou das
injustiças desse mundo.
Essa é uma das passagens mais conhecidas da Bíblia: o julgamento de Jesus Cristo. O nosso
Senhor vai ser julgado e sentenciado a morte por uma autoridade terrena, constituída pelo
império romano, o governador da Judeia Pôncio Pilatos. Hoje vou falar-lhes da importância de
exercer a autoridade que lhes foi conferida por Deus com justiça.
Mas antes de percorremos esta passagem da Bíblia, vamos observar outro texto inspirado, escrito
pelo apóstolo Paulo à igreja de Cristo que estava em Roma. Como estou diante de tantas
autoridades essa noite, cumpre-me a tarefa de lembrar a cada um de vocês algumas coisas
importantes acerca do ponto onde vocês chegaram. Provavelmente a maioria de vocês, que foram
eleitos para ocupar cargos no executivo e no judiciário dessa cidade, nem imaginem que Deus
tenha alguma coisa com a eleição de vocês.
Se vocês pensam assim, estão muito enganados. Vejam o que diz a Palavra de Deus sobre isso:
“Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais, pois não há autoridade que não venha
de Deus; as autoridades que existem foram por ele estabelecidas. Portanto, aquele que se rebela
contra a autoridade está se opondo contra o que Deus instituiu, e aqueles que assim procedem
trazem condenação sobre si mesmos” (Romanos 13:1-2).
Nessa rápida passagem o apóstolo Paulo ensina alguns pontos que muito interessam a vocês.
Primeiro, como afirmou o apóstolo, “não há autoridade que não venha de Deus”, portanto, todos
vocês foram escolhidos por Deus para ocupar seus devidos cargos; depois Paulo afirma que “as
autoridades foram por Ele constituídas”, mais uma vez lembrando que Deus, e não o povo,
concedeu a cada um de vocês autoridade. Terceiro, e vejam que responsabilidade, ele diz que
qualquer pessoa que se rebelar contra vocês, rebelam-se contra o próprio Deus, pois Deus os
constituiu. De certa forma, vocês representam a Deus enquanto autoridades.
Tenham em mente que é um grande privilégio e ao mesmo tempo uma grande responsabilidade
ocupar um cargo governamental, servir ao seu país, ao seu Estado e à sua cidade. Vocês
receberam das mãos do próprio Deus uma tarefa e devem completa-la com justiça e honestidade.
O povo que vos elegeu cumpriu o propósito divino. O povo é o instrumento de Deus para a
execução dos seus decretos.
Vocês têm responsabilidades junto ao povo que confiou em vocês e espera de cada um mandato
justo e responsável, mas vocês têm uma responsabilidade muito maior com Deus. O Senhor
concedeu-lhes a autoridade e o poder que agora irão exercer por 4 anos. Note que Paulo alerta o
próprio povo a ser submisso e não se rebelar contra vocês, pois vocês são representantes de Deus
e a autoridade que vos foi confiada é um reflexo da autoridade suprema de Deus.
Como representantes de Deus todos esperam que vocês exerçam o poder de forma que as leis
sejam cumpridas, o povo seja respeitado e protegido, e Deus seja honrado. Deus será exaltado se
vocês forem honestos como Deus é honesto e se forem justos com a população, como Deus é
justo em seus caminhos. Dito isso, vamos seguir ao texto que foi lido inicialmente, que trata do
fatídico julgamento de Pôncio Pilatos e da condenação de Jesus Cristo.
Pilatos detinha em suas mãos toda a autoridade para o julgamento de Jesus, por isso os judeus
correram e entregaram o Senhor nas mãos dele –– como vocês sabem os judeus odiavam a
Jesus. E eles odiavam porque o Senhor pregava com honestidade a Palavra de Deus, e a sua
pregação expunha os erros deles.
Com a autoridade que detinha, Pilatos poderia fazer o que bem entendesse: poderia libertar Jesus
e manda-lo embora, livre de qualquer acusação legal. Se quisesse, poderia apenas prender Jesus
ou condená-lo ao exílio em alguma prisão romana distante e deixa-o ali apodrecendo por longos
anos; poderia simplesmente ter mandado castigar Jesus com açoites, para que servisse de
exemplo para o povo. O açoite romano era um castigo muito severo.
Ainda havia outra opção para Pilatos. Ele poderia condenar Jesus e ordenar a sua execução na
cruz. Foi isso que ele fez. Com a autoridade que lhe foi dada, Pilatos mandou pregar as mãos e os
pés do Senhor numa cruz de madeira, como um repugnante criminoso, mesmo nenhum crime
cometido por ele. Uma grande injustiça estava sendo cometida. Fora isso, a consciência de
Pilatos lhe dizia para não cometer tamanho pecado.
Vejam como o exercício do poder e da autoridade são importantes. Podem ser exercidos para
fazer o bem ou fazer o mal. Pode ajudar o povo ou pode fazê-lo sofrer. Hoje, neste auditório há
muitas pessoas que foram investidas de autoridade e poder, e nem todas são políticos eleitos.
Temos aqui pessoas que exercem cargos públicos, que passaram em concurso e agora ocupam
posição que lhes conferem poder e autoridade. Temos policiais, delegados, magistrados. Pessoas
que não foram eleitas, mas que, mesmo assim, são autoridades. Temos aqui deputados,
prefeitos... enfim, muitas pessoas investidas de autoridade.
Temos também, claro, aqueles que foram eleitos e dentro de alguns instantes tomarão posse de
seus mandatos. Hoje todos vocês estão sendo investidos de uma autoridade procedente de Deus.
Muito poder está sendo conferido a vocês essa noite e isso vai refletir, para o bem ou para o mal,
na vida de milhares de pessoas que habitam essa cidade e seu território. Cuidem de exercer bem
vossa autoridade.
Pilatos não exerceu sua autoridade e seu poder com sabedoria e justiça. Quando foi submetido a
um teste, ele fracassou. Cometeu muitos erros. Seu primeiro erro foi achar que era mais
importante agradar o povo, as massas populares, do que praticar a justiça. Agradar o povo
sempre tem se demonstrado um excelente trunfo político. A verdade é que a maioria dos
políticos não está muito preocupado em fazer justiça tanto quanto em agradar os seus eleitores.
Pilatos não via crime algum em Jesus. Ele sabia que Jesus era inocente de todas as acusações.
Mas a multidão de judeus queria ver Jesus morto e pressionava Pilatos a condená-lo à morte. Só
Pilatos, com o poder e a autoridade que tinha, poderia naquele momento condenar Jesus. Na
tentativa de satisfazer os judeus e acalmá-los, ele mandou dar uma surra em Jesus. Isso já era
uma injustiça terrível, pois o Senhor era inocente de qualquer acusação. Mas Pilatos temia mais o
povo do que a sua consciência.
O versículo primeiro diz: “Então Pilatos mandou açoitar Jesus” (19:1). Diante de textos como
esse, o amor de Cristo deve nos constranger. O nosso bendito Salvador agora receberá açoites em
nosso lugar. Ele aceitou a ondem injusta de Pilatos porque seu sofrimento era necessário para a
nossa salvação. Mas nunca deixem de ler essa passagem com perplexidade, pois ali estava quem
tinha mais autoridade do que Pilatos. Ali estava aquele que verdadeiramente poderia destituir
Pilatos do seu poder. Contudo, o Senhor Jesus Cristo estava determinado a salvar o seu povo dos
seus pecados. Ele escolheu sofrer os açoites.
O castigo foi em vão, pois o povo não se contentaria enquanto não visse Jesus morto. Pilatos
disse à multidão: “vejam, eu o estou trazendo a vocês, para que saibam que não acho nele motivo
algum de acusação” (v. 19:4). Jesus era inocente e Pilatos sabia disso. Ele tentou convencer os
judeus disso, mas o povo o pressionava. Pilatos reagiu: “então vocês mesmos, levem-no, e o
crucifiquem. Quanto a mim, não encontro base para acusa-lo” (v. 6). O versículo doze
claramente diz: “daí em diante Pilatos procurou libertar Jesus, mas os judeus gritavam: ´Se
deixares esse homem livre, não és amigo de César’”.
E vocês, que agora, à semelhança de Pilatos, tem autoridade nas mãos, como irão governar?
Farão tudo o que o povo quer mesmo que a justiça seja atropelada? O povo pode levar um
governante à ruína se ele não tiver pulso forte para agir corretamente. Cada vez que tentava fazer
justiça, o povo pressionava Pilatos a fazer diferente. No final, o povo já estava ameaçando
Pilatos, dizendo que ele não era amigo do Imperador, o César romano. Então, com medo,
demonstrando que era um líder covarde, ele deixou a justiça de lado e deu ouvidos ao clamor da
multidão: “Finalmente Pilatos o entregou a eles para ser crucificado” (v. 16).
Muitas vezes vocês, vereadores, prefeito, estarão em situações como essa. Terão que tomar uma
decisão difícil. Se sentirão pressionados, ameaçados. Na política o jogo de interesses é muito
grande, e é por causa disso que ela está tão desacreditada. É até perigoso ser político hoje. Há um
ditado popular que diz: “se você quer permanecer honesto, não entre na política”. As pessoas
dizem isso porque sabem que a maioria dos homens a quem é dado poder acaba se corrompendo.
Desejam permanecer perpetuamente no poder, e uma forma de conseguir isso é corrompendo-se.
E a cada dia surge um novo escândalo envolvendo um político desonesto.
Muitas decisões políticas são tomadas visando, não o bem comum, mas o benefício próprio.
Esquemas de corrupção são arquitetados para que determinados grupos políticos se deem bem no
final das contas. Vereadores vedem seus votos; o prefeito compra os vereadores para que
aprovem um projeto; o dinheiro público é desviado; obras são superfaturadas, etc. É assim em
todo lugar.
Mas eu lhes digo que, a partir de agora, no universo local, vocês terão a autoridade e o poder
para fazer a coisa certa, se quiserem. Vocês terão a oportunidade de fazer diferente de Pilatos,
que sabia que Jesus era inocente, mas preferiu dar ouvidos à multidão e ficar bem com a
população, acabando por mandar matar Jesus Cristo. Ele não praticou a justiça. Vocês terão a
oportunidade de praticar a justiça nessa cidade. Os vereadores terão a oportunidade de melhorar a
cidade, tanto com boas leis, como com uma fiscalização responsável e desinteressada, no poder
executivo.
O prefeito também tem essa missão. Poderá ajudar a cidade, desenvolvendo-a, melhorando sua
infraestrutura urbana, cuidando dos bens naturais, e tomando medidas justas e corretas para
ajudar o povo. Acima de tudo, seja honesto e justo. Fuja das ciladas que as mesas de negociações
podem trazer. Use o seu poder e autoridade de forma justa e correta. Não serão poucas as
ocasiões que o prefeito, por ter as chaves dos cofres da cidade, ser tentado, ou mesmo poderá ser
chantageado por homens desonestos a usar os recursos públicos ilegalmente.
Resista a tudo isso confiando em Deus. Seja justo e íntegro em sua gestão, e Deus o honrará.
Quando se sentir pressionado, lembre-se de Pilatos, que também foi pressionado e, com medo,
agiu errado deliberadamente. Não cometa o mesmo erro que ele. Pilatos agiu injustamente
movido pelo medo, medo de perder sua posição. O povo o ameaçou: “Se soltar a este, não és
amigo de César”. Caro amigo, eu afirmo que é melhor ser inimigo de César do que ser inimigo
de Deus, ou, se preferir, é melhor ser amigo de Deus do que de pessoas desonestos.
Lembrem-se, todos vocês, de olharem para Cristo quando forem tentados a cometer pecados.
Todo ato de corrupção é desonesto e pecaminoso. É uma afronta contra Deus, que os instituiu o
poder para deliberar e administrar. Se preferirem andar no caminho da injustiça, terão Cristo
como o juiz que os condenará, mas se forem íntegros, estarão honrando a Cristo.
Olhem para si mesmos como mordomos de Deus, a quem terão que prestar contas um dia, pois
“aquele servo que conhece a vontade do seu Senhor e não se aprontou, nem fez segundo a sua
vontade será punido com muitos açoites”. Como diz a Escritura, “àquele a quem muito foi dado,
muito lhe será exigido; e aquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão” (Lucas 12:48).
A todos vocês digo: temam a Deus, cujos olhos estão postos sobre vocês, noite e dia. Não é
apenas os olhos do povo que vocês devem temer, mas, e principalmente, os olhos daquele que vê
todas as coisas e sonda as profundezas do coração. Foi Ele quem os colocou no poder. A ele
vocês irão prestar contas um dia, sejam vocês cristãos ou não. Aliás, o que estou dizendo a vocês
sobre a justiça que todos esperam ver em seus mandatos, nada tem a haver com o fato de vocês
serem cristãos.
Sei que alguns aqui não são cristãos, mas isso pouco importa em relação à justiça que se espera
de vocês. Como autoridades constituídas por Deus, vocês serão cobrados por seus atos no
exercício do poder, não pela sua fé em Cristo. Políticos corruptos podem até escapar de prestar
contas ao povo, ou escapar das fiscalizações das instituições do Estado, mas jamais poderão
escapar de Deus.
Finalmente, uma última palavra a todos vocês: há um ditado que diz: “a voz do povo é a vos de
Deus”. Esqueçam isso. Nem sempre é. Muitas vezes não é. Aqui temos um claro exemplo disso.
O povo, quando colocado sob uma escolha, fez a escolha errada. Ouçam o que diz a Bíblia sobre
a decisão do povo. Pilatos diz aos judeus: “não acho nele motivo algum de acusação. Contudo,
segundo o costume de vocês, devo libertar um prisioneiro por ocasião da páscoa. Querem que eu
solte ‘o rei dos judeus’? Eles, em resposta, gritaram: ‘Não, ele não! Queremos Barrabás!’ Ora,
Barrabás era um assassino” (João 18:38-40).
Vejam como o povo também erra. É fato que Deus em soberania governa todas as coisas e desde
a eternidade já decretou minuciosamente e completamente tudo que vai acontecer. A morte de
Cristo foi decretada na eternidade, e todos os atos de suas criaturas que resultariam em sua prisão
e morte também estão incluídos nesse decreto divino. Mas a responsabilidade humana jamais é
descartada. Por todo ato pecaminoso os homens prestarão contas no dia do juízo.
O povo judeu prestará contas a Deus por sua escolha pecaminosa. Esse exemplo é muito
importante porque muitas vezes vocês poderão ser constrangidos a agir de modo errado, apenas
para agradar a maioria do povo. Vocês terão consciência de que, se tomarem uma certa medida,
não estarão agindo de modo justo. Mesmo que o povo lhes peça para tomar medidas incorretas,
vocês não devem fazer isso.
Mas é muito difícil alguém ter coragem de ficar indisposto com a opinião pública, especialmente
a classe política, que precisa do voto. Agir assim, com justiça, pode custar uma eleição futura, e
por isso muitos acabam por prostituir suas consciências pela ganancia do poder. Que não sejam
vocês! Vocês devem estar revestidos de integridade e justiça, portanto, façam a coisa certa.
Pilatos agiu de modo iníquo, pois sabia que havia injustiça em suas mãos e sua consciência não
lhe poupou um só segundo.
Esse texto, que mostra tantas pessoas corruptas –– não apenas Pilatos, mas o próprio povo judeu
–– apresenta também, em contraste, o retrato de um homem justo e íntegro: o nosso maravilhoso
salvador Jesus Cristo. Se todos aqui neste auditório, não apenas os políticos, mas todos que estão
nesse salão olhassem para Jesus e confiassem nele, seguindo os seus passos, teriam vidas
diferentes. Posso assegura que teriam plena segurança.
Talvez você diga: “ah, mas Jesus não era político, não tinha cargo, não era autoridade”. Bem, ele
não era mesmo político. Ele não tinha nenhuma pretensão de fundar um governo humano,
nenhum império, nada dessas coisas. Contudo, ninguém no universo teve e tem mais autoridade
e poder do que Jesus Cristo. Ele é Deus. O Deus encarnado. Ele é o Rei dos reis, e o Senhor dos
senhores. Seu reino é diferente dos reinos desse mundo. Ele descrito como o “grande Rei” e
governa o mundo inteiro e o seu reino nunca terá fim.
Pilatos governava a Judeia. Ele detinha poder e autoridade e estava com Jesus em suas mãos, por
assim dizer. Quando interrogava Jesus, ele perguntou: “de onde você vem?”, mas Jesus não lhe
deu resposta. “Você se nega a falar comigo?”, disse Pilatos. “Não sabe que eu tenho autoridade
para libertá-lo e para crucifica-lo?”. Jesus respondeu: “não teria nenhuma autoridade sobre mim,
se esta não te fosse dada de cima” (v. 9-11).
Vejam isso: Pilatos demonstrou toda a sua arrogância por causa da autoridade que possuía. Mas
Jesus lhe assegurou que toda a sua autoridade lhe foi dada de cima, de Deus. A autoridade de
Pilatos não vinha dele mesmo. Tudo que Pilatos tinha veio do céu, de Deus. Ora, muito mais do
que isso, pois foi Deus quem criou o próprio Pilatos. Foi o Senhor, como diz Davi no Salmo 139,
quem fez Pilatos e o teceu no ventre de sua mão. Na sua providência, o Criador elevou Pilatos
aos olhos do Imperador, para que este lhe concedesse o governo da Judeia. Toda a existência de
Pilatos, sua vida, sua saúde, seus feitos, títulos, tudo era sustentado pela divina providência.
Toda autoridade é constituída por Deus. Por isso, saibam vereadores e prefeito, vocês estão
recebendo autoridade essa noite. E isso não do povo ou de uma eleição. Essas coisas são meios
pelas quais Deus opera. Tudo vem de Deus. O povo é o instrumento de Deus para constituí-los.
Por isso, Jesus Cristo não é apenas o exemplo a ser seguido, ele é a força a ser buscada. Deposite
toda sua fé nele. Confiem nele amigos; busquem nele a força para agir de forma correta e ele os
ajudará. Aconselho vocês que todos os dias, antes de iniciar seu dia de trabalho, busquem a
Cristo em oração. Conversem com Jesus. Peçam ajuda para fazer a coisa certa. Ele é a fonte da
sabedoria, bebam dessa fonte preciosa. Na hora das grandes decisões, busquem a Jesus primeiro,
em oração.
Também os aconselho a ter diante de vocês a Bíblia. Ele deve a vossa bússola. Ela vai sempre
apontar para a direção divina. A Bíblia é a Palavra de Deus, amigos. Hoje, em um mundo
secularizado, pós-moderno, muita gente tem desprezado a Bíblia e nem mesmo acredita nela.
Isso é tolice. Ela continua sendo a verdade absoluta do mundo, e Deus ainda fala por meio dela.
Não falo aqui contra a Constituição. O Estado não é cristão, mas também não é ateu. As pessoas
têm fé; um político pode ser um homem que acredita em Deus.
Como eu disse antes, sei que nem todos que estão aqui são cristãos. Na verdade, a maioria não é;
no máximo a maior parte das pessoas aqui presentes tem um leve conhecimento sobre Cristo.
Portanto, não posso terminar esse sermão sem que antes lembre algo a cada um de vocês acerca
de vocês mesmos. Vocês são pecadores! Apesar da posição elevada, todos são pecadores e por
isso, precisam do perdão de Cristo. Confessem seus pecados a Jesus Cristo, pois ele é
misericordioso. Nosso Senhor é misericordioso.
Além disso, vocês precisam confiar nele como salvador. Muitos homens poderosos entregaram-
se a Cristo pela fé, façam o mesmo, e sem perder tempo. Vocês podem confiar no Senhor nessa
mesma noite, agora mesmo se quiserem. Ele não vai recusa-los, garanto. Jesus nunca recusou um
pecador que foi até ele arrependido e pedindo socorro.
Espero que vocês possam, todas as noites, encostar a cabeça no travesseiro e dormir com a
consciência tranquila e em paz com Deus. Pilatos nunca pôde fazer isso depois que condenou o
nosso Senhor Jesus Cristo a morrer pregado na cruz. Que Deus os proteja e abençoe o destino
das milhares de pessoas sob as quais vocês governarão!

Você também pode gostar