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- o manejo do paciente portador de infecção intra-abdominal deve ser agressivo, preciso e rápido.
- a identificação é clínica em 72% dos casos, sendo necessária investigação complementar em 25% dos casos.
- os princípios do manejo compreendem: suporte hemodinâmico, imunológico e metabólico; terapia
antimicrobiana; controle do foco infeccioso e da doença de base.
2. TERAPIA ANTIMICROBIANA:
- na maioria das vezes é iniciada de maneira empírica e deverá cobrir uma microbiota polimicrobiana, composta
essencialmente por germes gram-negativos e anaeróbios.
- a realização do exame direto pelo método de Gram é extremamente recomendada e a realização da cultura
indicará a sensibilidade correta das bactérias patógenas.
- a Surgical Infection Society apresentou recomendações em relação à escolha de antibióticos no tto. da infecção
intra-abdominal, baseados em trabalhos clínicos e nos conhecimentos da farmacocinética e perfil de segurança
dos antibióticos.
Não se justifica tto. específico para Candida em pacientes com peritonite secundária. Esta terapia está
recomendada em pacientes imunossuprimidos, portadores de peritonite terciária.
Recomenda-se a adição empírica de terapia antifúngica com fluconazol em pacientes portadores de
infecção intra-abdominal pós-operatória com alto risco de desenvolver infecção por candica.
Especificamente em relação ao Enterococcus, não se recomenda tto. específico quando se trata de uma
infecção polimicrobiana de uma peritonite adquirida na comunidade. Quando da identificação do
Enterococcus em um processo residual ou recorrente deve-se garantir um tto. ativo contra este patógeno.
Não se recomenda antibioticoterapia por período prolongado. Após a remoção do foco infeccioso a
antibioticoterapia deverá ser mantida até que o paciente apresente:
o Normalização do leucograma por mais de 48 horas.
o Ausência de picos febris por mais de 48 horas.
o Ausência de anorexia.
o Nível de consciência reestabelecido.
A utilização inadequada de antibiótico, principalmente neste tipo de paciente, pode determinar infecção
por patógenos multirresistentes e liberação maciça de endotoxinas (relacionada com aumento da
mortalidade deve ser considera na escolha do esquema terapêutico).
*Obs.: a Ampicilina/Sulbactam e a Clindamicina não devem mais ser utilizadas em terapêuticas empíricas, devido
à resistência de gram-negativos e anaeróbios, espectivamente.
Peritonites Graves com possibilidade de resistência bacteriana:
Monoterapia:
o Impeném/Cilastina ou Metropeném
o Piperacilina/Tazobactam
Combinação de Antibióticos:
o Cefalosporinas de 3ª ou 4ª geração + Metronizazol
o Ciprofloxacino + Metronidazol
o *Obs.: no Brasil, frente às elevadas taxas de ESBL, devemos dar preferência ao tto. empírico de
pacientes graves, com o impeném, ou o metropeném, ou a Piperacilina/Tazobactam.
Peritonite primária: pacientes portadores de peritonite primária não têm indicação cirúrgica e
necessitam de um tto. vigoroso à base de antibióticos que cubram os patógenos envolvidos e isolados
através de culturas. Nesse tipo de paciente deve-se evitar a antibioticoterapia empírica. Uma maneira
prática de se fazer este diagnóstico é a realização de um exame pelo método de Gram no líquido
peritoneal. A presença de uma microbiota polimicrobiana fala a favor de uma peritonite secundária e o
paciente deve ser tratado como tal. Caso a leitura da lâmina mostre apenas um tipo de bactéria,
consideraríamos como sendo uma peritonite bacteriana primária.
Peritonite secundária: o manuseio é sempre cirúrgico. O objetivo da cirurgia deve incluir: eliminar o foco
contaminante, remover fontes secundárias de contaminação, drenar abscessos estabelecidos, lavagem
intensa da cavidade e fechamento primário da fáscia. Adotamos uma conduta de relaparotomias por
demanda, baseados na deterioração do quadro clínico e/ou laboratorial. A peritoniostomia constitui uma
indicação de exceção. Pode acarretar dano à evolução do paciente e necessita ter seu benefício
claramente estabelecido. Está indicada na impossibilidade de fechamento primário da cavidade
abdominal e nas etiologias fecais e nas peritonites difusas, com instabilidade do paciente, focos
necróticos secundários, isquemia tissular e falta de controle do foco.
Peritonite terciária: manuseio clínico é bastante complexo e desapontador. Os procedimentos
disponíveis não conseguem reverter à mortalidade. Atualmente, recomenda-se o mesmo manuseio das
secundárias associada à imunomodulação e manipulações medicamentosas. Ocorre por falta de resolução
da peritonite secundária.
Abscesso intra-abdominal: é, invariavelmente, sinônimo de drenagem. A drenagem poderá ser feita de
maneira percutânea ou aberta. A drenagem cirúrgica está, portanto, indicada quando houver: falha da
drenagem percutânea, abscessos múltiplos e abscessos associados a patologias abdominais e a fístulas. O
importante, porém, é que a drenagem seja efetiva.
o Uso de antibiótico no abscesso intra-abdominal: pacientes estáveis portadores de coleção
purulenta única, bem limitada, precisamente diagnosticada por método radiológico de imagem,
podem ser submetidos à drenagem cirúrgica, extra-serosa ou por punção com ou sem o auxílio de
USG ou TC, com uma dose única de antibiótico, realizada 30 a 60 minutos antes do procedimento.
O antibiótico deve cobrir anaeróbios e bactérias gram-negativas. Excetuando-se esses casos, a
maioria dos pacientes portadores de abscessos intra-abdominais tem indicação de uso
terapêutico de antimicrobiano (ex.: metronidazol ou clindamicina associado com ciprofloxacino
ou cefalosporina de 3ª geração ou aminoglicosíddeo). Os antimicrobianos são administrados por
via intravenosa, em doses usuais plenas, mantidos por curto período.
ANTIBIOGRAMA
- O conceito de que grande parte das bactérias relevantes do ponto de vista clínico é resistente a agentes
antimicrobianos é de extrema importância para a abordagem do quadro clínico que causam. Faz-se necessário,
portanto, a avaliação do perfil de susceptibilidade das bactérias isoladas a drogas antimicrobianas (antibiograma),
mesmo que se realize uma escolha empírica em um primeiro momento. Caso não seja possível colher a amostra
previamente ao início do tratamento com, deve-se suspender o (s) antibiótico(s) por pelo menos uma semana
para se proceder ao antibiograma.
- Dispõe-se, hoje, de uma gama de métodos que objetivam a avaliação do perfil bacteriano de susceptibilidade a
drogas. O método da difusão em Agar (Kirby-Bawer) avalia diretamente a atividade antimicrobiana sobre
determinada amostra. Trata-se de um método clássico, bastante empregado, que se baseia no fato de que
antimicrobianos impregnados em discos de papel de filtro difundem-se no ágar, criando, em torno do disco, um
gradiente decrescente de concentração da droga. O teste permite classificar as bactérias como sensíveis, com
sensibilidade intermediária ou resistentes aos antimicrobianos. Na aplicação desse método usam-se critérios
bacteriológicos precisos para o isolamento, obtenção do inóculo e semadura dos microrganismos, bem como um
número variável de discos estabelecidos em função da espécie microbiana e da infecção ou doença que provoca.
Assim, visando a confiabilidade do método, deve-se atentar para os seguintes fatores interferentes: tipo de meio
de cultura, inóculo, conservação dos discos de antibiótico, condições de incubação (atmosfera de O2,
temperatura e tempo), observação examinador dependente (deve-se ser detalhista na procura de mutantes).
- Apesar de os resultados laboratoriais apenas indicarem qual será a atividade clínica da droga, seu efeito in vivo
depende de sua capacidade de atingir o local de infecção em uma dose alta o suficiente para inibir o patógeno, da
natureza do processo patológico e da resposta imune do hospedeiro. O antibiograma informa que a bactéria em
questão é sensível ou não ao antibiótico que foi escolhido, norteando sua manutenção ou a mudança de
estratégia terapêutica. Essa informação, portanto, não garante, mas aumenta consideravelmente as chances de
sucesso do tratamento. Em última análise, cabe ao clínico realizar a escolha baseando-se em seu conhecimento
dos fatos pertinentes ao caso em particular, o qual será complementado pela informação do exame em
questão.
MATERIAL:
Culturas de S. aureus, em caldo simples, previamente incubadas a 37°C por 2 horas
Discos de antimicrobianos
Placas de Ágar Mueller-Hinton
Zaragatoas estéreis
Pinça
EXECUÇÃO:
Marcar no fundo da placa de Mueller-Hinton o local onde serão colocados os discos de antibióticos, de
forma a ficarem 1 cm da borda e equidistantes 2 cm aproximadamente;
Com os devidos cuidados técnicos embeber a zaragatoa nas culturas, eliminando o excesso de líquido por
compressão nas paredes do tubo;
Espalhar os inóculos uniformemente na superfície de ágar, de maneira a cobrir toda superfície do meio;
Com uma pinça flambada e resfriada, retirar um disco de antimicrobiano do frasco, abrir a placa perto do
bico de Bunsen e colocar o disco no local previamente marcado, comprimindo-o ligeiramente para que
fique aderido à superfície do meio;
Fechar a placa;
Repetir o procedimento para a colocação dos demais discos de antimicrobianos;
Incubar a placa a 37° C por 24 horas.
LEITURA E INTERPRETAÇÃO:
- O antibiótico presente nos discos se difunde no meio de cultura sólido, atingindo concentrações decrescentes
em torno do disco. A presença ou ausência de crescimento em torno dos discos é interpretada, respectivamente,
como resistência ou susceptibilidade do microrganismo ao antibiótico. As colônias no halo de inibição de
crescimento são de bactérias mutantes resistentes à ação do antibiótico. Esses mutantes existem normalmente
na população bacteriana devido a mutações espontâneas e o seu aparecimento não é induzido, e sim favorecido,
pela pressão seletiva.
- Tendo tais informações em vista, deve-se observar o
crescimento bacteriano, principalmente nas áreas ao
redor dos discos de antimicrobianos, e medir o
diâmetro dos halos de inibição do crescimento
bacteriano, anotando os resultados no quadro que se
segue. A interpretação dos dados é feita com o auxílio
do quadro fornecido no final do roteiro desta prática, o
qual expressa a zona de inibição em mm, levando em
consideração a carga antibiótica dos discos, sua
difusibilidade e peso molecular.
RESULTADOS:
Antibiótico Zona de Susceptibilida
utilizado inibição de
(mm) (S, I ou R)
Ampicilina
Cloranfenicol
Norfloxacina
Gentamicina
Penicilina
S: microrganismos sensíveis
I: microrganismos com sensibilidade intermediária
R: microrganismos resistentes