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FACULDADE DE LETRAS
Lu Qiuhua
2018
Agradecimentos
Margarita Maria Correia Ferreira e Professora Doutora Tanara Zingano Kuhn, pela
orientação dedicada, pelas vossas sugestões, pela paciência ao longo deste processo
À Professora Doutora Catarina Isabel Sousa Gaspar, pelo seu ensino e cuidado
trabalho.
Às minhas amigas mais queridas Xie Wei, Wei Ping, Wu Yi e Gui Jingfan, pela
amizade profunda ao longo dos 12 anos. Sinto-me grata por vos ter conhecido.
Aos meus pais e à minha avó materna, pelo vosso amor, carinho e apoio desde
sempre. Ao meu avô materno falecido, pelo seu cuidado ao longo dos anos. Espero
de uma língua segunda / língua estrangeira. Embora um número considerável dos estudos
teóricos e empíricos tenham sido realizados de forma a lançar a base teórica para a
aprendentes chineses têm acesso, não experimentaram tantos avanços como no caso do
inglês, com poucas escolhas disponíveis para os seus consumidores potenciais. A escassez
dos estudos na área também resultou na falta dos conhecimentos a nível académico em
presente trabalho.
quantitativa, sobre o uso do dicionário da língua portuguesa por parte dos estudantes
aprendentes chineses
i
Abstract
The dictionary plays an essential role in the course of learning a second language /
have been carried out so that the theoretical basis can be launched for dictionary
learners have access, have not experienced as much progress as English did, remaining
few choices available to their potential consumers. The scarcity of the studies in the area
also resulted in the lack of knowledge in academic aspects about the use of the dictionary
by the Chinese learners, which is one of the main reasons for the elaboration of the current
work.
The present thesis aims to acquire some information, through quantitative research,
on the topic of dictionary use of Portuguese by Chinese students, based on the theoretical
framework addressed in the first component of the work. The most popular dictionaries
were then analyzed according to the results of the questionnaire in order to summarize
the qualities that an ideal dictionary should have for Chinese learners.
learners
ii
Índice
Resumo ..................................................................................................................... i
Abstract ................................................................................................................... ii
Introdução ............................................................................................................... 6
1.1.3.5. Exemplos............................................................................ 32
Conclusão .............................................................................................................. 92
2
Índice de Figuras
Lista de Tabelas
Tabela 1 - Marcas diassistemáticas num dicionário contemporâneo para fins gerais
........................................................................................................................ 22
Lista de Gráficos
Gráfico 2 - Sexo...................................................................................................... 54
3
Gráfico 4 - Relação entre o nível de proficiência e a escolha pelo dicionário ....... 57
4
Lista de Abreviaturas
CALD2 – Cambridge Advanced Learner’s Dictionary» em CD-ROM (2ª edição, versão 2.0a)
edição)
L1 – Língua primeira
L2 – Língua segunda
LE – Língua estrangeira
PB – Português brasileiro
PE – Português europeu
5
Introdução
dicionários a nível mundial, para além dos trabalhos já realizados anteriormente na área
prestar atenção às necessidades dos utilizadores dessa obra e que se dedicaram ao estudo
foram publicados apenas quatro dicionários gerais entre as duas línguas; entre estes, o
que conta 37 universidades que oferecem cursos de língua portuguesa1 (Público, 2017),
aprendentes chineses.
da base académica para a futura elaboração, como é visível na obra do Welker (2010), em
que se apresentaram centenas dos estudos empíricos acerca do uso do dicionário em geral,
entre os quais, contudo, nenhum se debruçou sobre o uso dos utilizadores chineses das
investigação para tomar conhecimento dos recursos lexicográficos que utilizam, bem
como das suas preferências, hábitos, opiniões e necessidades sobre estes, de forma a
recorrer com alta frequência, selecionando os quatro mais utilizados para a análise
posterior. Foi enumerado o maior número possível dos dicionários que existem no
mercado chinês, dividindo aqueles com diferentes formatos em duas opções (em papel ou
tradutores online, como o Google Tradutor, não foram incluídos nas opções da pergunta
do questionário.
Na era das tecnologias emergentes, num país, neste caso a China, dominado por
smart phones , como será o hábito de uso dos aprendentes chineses? Tendo em mente esta
dúvida, pretendemos recolher dados sobre a frequência com que os aprendentes usam tal
se que os respondentes possam expressar, através das várias perguntas, as suas razões para
bem como do que consideram as suas vantagens e pontos fracos, para poder tomar
dicionário.
7
4) O que eles procuram na consulta no dicionário?
A última pergunta foca-se nas necessidades dos aprendentes, visando recolher dados
sobre quais elementos microestruturais num verbete procuram e quais precisam mas não
encontram, bem como a taxa de sucesso de consulta em torno dos diversos tipos das
componentes que as constituem. Várias pesquisas foram também citadas para justificar a
utilidade do dicionário.
utilizadores chineses.
os quatro dicionários mais populares e ntre os respondentes, tendo por base também o
obrigatórias.
8
Capítulo I - Dicionário e aprendizagem de língua estrangeira
sentidos, como Correia (2009: 23) explicitou na sua obra: em sentido genérico, o
Zgusta (1971: 17), o “padrinho” da lexicografia do século XX, citado por van
Svensén (1993), por seu turno, definiu o dicionário como um livro que, em primeiro
lugar, contém informações sobre o significado das palavras e os próprios usos nas
9
também é uma ferramenta prática de referência, em vez de um livro para ler de página
carateriza pelo uso de uma e mesma língua tanto para o objeto como para as descrições,
pela sua natureza exaustiva da lista das palavras descritas e pelos conhecimentos
quanto ao dicionário prototípico, a qual serve também para os dicionários em geral, que
é a seguinte:
The prototypical dictionary has the form of a static (book) or dynamic
product (e-dictionary) with an interstructure that establishes links
between the various components (e-dictionary) and is usually still
alphabetically structured (book). It is a reference work and aims to
record the lexicon of a language, in order to provide the user with an
instrument with which he can quickly find the information he needs to
produce and understand … (the) language. (…) With regard to content
it mainly provides information on spelling, form, meaning, usage of
words and fixed collocations.
seu funcionamento, bem como as relações estabelecidas com as outras unidades nesse
10
informativo”, as explicações dos objetos “extralinguísticos”, provavelmente com
ilustrações.
Jackson (2002), citado por Welker (2004), também fez uma distinção explícita entre
ambas as obras. Segundo ele, o dicionário é um livro de consulta em torno das palavras
de uma língua, enquanto a enciclopédia é uma obra debruçando-se sobre coisas, pessoas,
O exemplo levantado por Rey-Debove (1971: 35), citado por Lara (1989: 283) e
Welker (2004: 45), esclareceu claramente a diferença: o dicionário de língua falou do que
1.1.2 Macroestrutura
medioestrutura. Quanto ao primeiro termo, Svensén (2009: 368) explicitou que é usado
para denotar a relação e ordem entre os lemas incluídos numa lista de lemas, sendo
descrito também como um elemento da estrutura de acesso externo, que objetiva dirigir
os utentes ao lema que procuram. Welker (2004: 81), citando a definição de Rey-Debove
(1971), definiu a macroestrutura como “o conjunto das entradas” e a “forma como o corpo
do dicionário é organizado”. Correia (2009: 24) expressou o termo de forma mais integral,
megaestrutura2 por alguns autores (Hartmann & James, 2002: 93; Svensén, 2009: 379),
2 Hartmann & James (1998:93), citados por Welker (2004), definiram o termo como “o conjunto formado pela
nomenclatura e os textos externos”.
11
Correia (2009), respeitando-se também as outras definições apresentadas. No presente
em dois principais tipos: um baseado no aspeto da expressão, como a grafia dos lemas,
alfabética”, que é universalmente prevalente nos dicionários para fins gerais; outro é
primeira ainda se divide em dois tipos: a sem agrupamento e a com agrupamentos. Por
a ordem alfabética (Carvalho, 2001: 90), com os lemas no extremo esquerdo da coluna
Contudo, tomando em conta que a morfologia às vezes entra em conflito com a ordem
alfabética, tal organização também não vai ajudar nas atividades pedagógicas, porque a
sequência das palavras relacionadas será interrompida (Svensén, 2009: 374). Welker
(2004: 83), citando Hausmann & Werner (1991: 2747), também afirmou que, com a
ordenação alfabética, é possível que sejam agrupadas num mesmo bloco as palavras não
ligadas semanticamente.
12
Na macroestrutura não estritamente alfabética com agrupamentos3, um bloco contém
que obedece estritamente à ordem alfabética, no caso dos conflitos a ordem alfabética tem
possui também pontos fracos. Baldinger (1960: 525), citado pelo Welker (2004: 82),
tomou como exemplos as palavras derivadas, que se separam das suas palavras-bases e
encontram próximos mutuamente, o que dificulta a consulta para aqueles que conheçam
apenas a pronúncia. Rey (1977: 20), citado por Welker (2004: 82), opinou que o sucesso
da ordem alfabética foi apenas atribuído à sua “eficácia prática”, pelo que “o absurdo
maioria dos dicionários das línguas ocidentais; no caso dos dicionários de chinês, que
adota um sistema de grafia distinto, a situação é diferente. Como Creamer (1991: 2604)
apresenta, sendo o chinês uma língua baseada nos símbolos, ou o que nos chamamos
“carateres”, que são compostos por uma série dos traços, os sistemas de arranjo dos
dos carateres. O primeiro era o mais popularizado, tendo principalmente por base os
radicais4 e a configuração dos carateres. De acordo com Zhang & Yong (2007: 54), na
uma palavra com mesmos radicais, todos ordenados conforme o número total dos traços
3 Termo traduzido por Carvalho (2001: 90), citado por Welker (2004: 83).
4 O radical é um elemento que geralmente indica o significado básico de um carater chinês, encontrando-se no esquerdo,
topo ou parte inferior desse símbolo (Creamer, 1991: 2604).
13
da parte restante. Os carateres com número igual de traços são distinguidos ainda mais de
acordo com a forma do próprio carater. Por exemplo, o carater “吃”, que significa
“comer”, tem como radical a parte esquerda “口”, que designa “boca” e possui três traços.
radicais com três traços no índice dos carateres. A seguir, remetemos à seção do radical
“boca”, contamos o total de traços da parte direita “乞”, neste caso três, e localizamos o
“comer” na subsecção dos carateres cuja parte restante é composta por três traços. Tal
arranjo era utilizado universalmente nos dicionários modernos da língua chinesa (Zhang
A macroestrutura ordenada pela configuração dos carateres, por seu turno, constitui
traços são agrupados conforme os radicais ou regra de escrever traços. Como tal arranjo
não são acessíveis para aqueles que não estão familiarizados com a estrutura dos carateres
ou que não se habituaram a fragmentar os radicais. Sendo assim, nos dias de hoje, com a
contando com o sistema de indexação dos radicais enquanto auxílio (Zhang & Yong, 2007:
56; Creamer, 1991: 2608). Como em chinês existem quatro tons, como no exemplo da
vogal final “a”, por ordem: ā, á, ǎ, à, os carateres com mesmo pinyin são dispostos
conceitos que fazem parte de uma determinada área são associados aos diferentes grupos
temáticos, dentro dos quais estes são organizados no sistema conceitual que descreve as
suas correlações (Svensén, 2009: 377). Considerando que os dicionários com tal
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macroestrutura são geralmente técnicos ou especializados, não se apresentará mais
O que torna um dicionário confiável? Segundo Atkins & Rundell (2008: 45), num
autêntico. No aspeto subjetivo, um dicionário pode ser justificado, de certo modo, pela
introspeção, que descreve o processo de que um falante nativo explicita uma palavra e o
lexicais armazenados na sua mente e recuperando os factos relevantes (Atkins & Rundell,
2008: 46). Contudo, mesmo os falantes mais educados podem ter incertezas em relação
ao uso de uma determinada palavra, já não para falar dos equívocos possíveis sobre, por
exemplo, o uso e registo de certa palavra. Aliás, o que está apresentado numa obra
lexicográfica necessita de ter provas verificadas provenientes das outras fontes. Sendo
assim, não é aceitável a introspeção como única fonte de um dicionário (Svensén, 2009:
40).
As citações, por sua vez, foram o único método confiável na coleção dos materiais
mesmas foram gradualmente substituídas pelo método de corpus (ibid.: 41). Sinclair
far as possible, a language or language variety as a source of data for linguistic research”.
Com base nela, Atkins & Rundell (2008: 54) propuseram uma definição mais específica
15
de um corpus. Um exemplar típico nesta área é o Collins COBUILD English Language
caso dos dicionários bilingues, a situação é diferente. De acordo com Svensén (2009: 55),
monolingues e bilingues, sendo suplementados pelas citações das outras fontes, dados de
refletir a língua no seu uso real, sendo desvalorizados sobretudo pela escassez das
forma àqueles na língua B (e talvez na língua C e D) (Atkins & Rundell, 2008: 70). Apesar
textos equivalentes nas línguas relevantes, e dos defeitos no uso desse material, como a
pouca eficiência e a não equivalência entre os lemas e exemplos, esse tipo de corpus ainda
palavras de alta frequência, relembrando os utilizadores para que o mesmo não ressurja.
No que diz respeito à seleção dos lemas de um corpus, Biderman (2000: 37) apontou
palavras com frequência inferior a cinco não devem ser registadas. O corpus de um
dicionário que inclui, por exemplo, 50 000 lemas, “deve conter, no mínimo, 10 milhões
representatividade do acervo lexical da língua, bem como de seu uso” (Bideman, 1998:
132).
microestrutura. Rey-Debove (1971: 21), citada por Welker (2004: 107), definiu o termo
como o “conjunto das informações ordenadas de cada verbete após a entrada”, o qual se
criticada como uma proposta incompleta por Wiegand (1989), a ideia da padronização
universal também sofreu impugnação, opinando que a padronização pode apenas existir
A definição adotada na obra de Svensén (2009: 344) é mais concreta, e inclui não só
o lema, como também a estrutura interna e todas as indicações que aparecem num verbete.
concreta. Svensén (ibid.) descreve a primeira como um conjunto das regras gerais para a
confeção estrutural dos verbetes num determinado dicionário, em que podem existir
concreto, por sua vez, é a realização de uma microestrutura abstrata num determinado
para o termo microestrutura, que designa, na maioria das vezes, a microestrutura abstrata.
Para melhor abordar o termo, foi adotada a estrutura da obra de Welker (2004), que
Variantes ortográficas
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Possuindo a língua portuguesa diversas variedades, a saber, as variantes antes e
muitos autores ou editoras na área optaram por incluir tais informações nos seus
(adiante designado por DLP), publicado pela Porto Editora, por seu turno, divide as
tais tipos de informações seriam úteis para os aprendentes da língua portuguesa, o que
Pronúncia
Embora Rey & Rey-Debove, citados por Welker (2009: 112), tenham afirmado que
“a informação sobre a pronúncia é fundamental”, Svensén (2009: 114) tem uma opinião
entre as línguas. Welker (2003: 72) também reiterou que a pronúncia apenas é necessária
quando não existem regras explícitas, como acontece na língua inglesa. No caso do inglês,
inglesa (Svensén, 2009: 114). O português, entretanto, possui “regras que permitem
pronunciar adequadamente a grande maioria dos lexemas” dele (Welker, 2004: 113);
fonéticas, existem apenas esclarecimentos para os lemas com certa sílaba que provoca
confusão.
Classe gramatical
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Apesar de a classe gramatical existir nos verbetes da maioria dos dicionários, Welker
(2004: 115) citou o exemplo do dicionário bilingue publicado pela editora alemã
Langenscheidt, onde tais informações foram omitidas quanto aos lemas “em que não há
dúvidas”, pelo que concordou com a ideia de que a classe se esclareceu pelo equivalente
ou definição. O autor brasileiro sugeriu ainda que a omissão dessa informação seja
realizada nos dicionários no futuro para economizar espaço. Importa salientar, contudo,
que a sugestão não tomou em conta os utentes estrangeiros dos dicionários, especialmente
dúvidas em relação aos lemas também deve ser decidida pelos utentes, em vez de pelo
Como Welker (2004: 115) afirmou na sua obra, para além da classe gramatical,
verbos e dos plurais. No caso dos seus homólogos da língua portuguesa, o Dicionário da
nos verbetes, enquanto no Dicionário Priberam se indica a forma feminina irregular dos
substantivos.
No que diz respeito às informações sintáticas, segundo Zöfgen (1994: 147), citado
por Hausmann (1977: 70) e Welker (2004: 137), existe nos dicionários “a dimensão
19
que os dicionários costumavam e continuam a apresentar as informações relativas à
maneira de formar “sintagmas e frases com o lema” exclusivamente a respeito aos verbos,
Tais afirmações ainda podem ser constatadas no DPLP e na versão impressa do DLP
da Porto Editora. No primeiro não existe nenhum esclarecimento em relação aos factos
do dicionário da Porto Editora, foi acrescida no final do verbete a nota sobre regências
que se chama “Como usar o verbo”, em que se indicam, de forma explícita, as preposições
Etimologia
os mais extensos” (Svensén, 2009: 331; Welker, 2004: 116). Tais tipos de informações,
Portugal, o DPLP e o DLP, contêm a forma do étimo e/ou o significado do étimo, como
no exemplo do lema “definir”, onde são apresentados no primeiro “latim definio7, -ire” e
“Do latim definīre8, «idem»” no último. Na opinião de Svensén (ibid.: 334), por sua vez,
estrangeiros a enormes riscos de conhecer as ideias erradas sobre o significado atual dos
lemas. Welker (2004), tendo revisado as pesquisas anteriores, também revelou que essas
informações foram as menos procuradas, assim sendo, concordamos com a ideia de que
Marcas de uso
certo aspeto dos principais itens descritos num dicionário, com o seu uso sujeito a certa
restrição. Num dicionário, a marcação de um item lexical é realizada por meio dos
1998). Segundo Correia (2009: 59), as mesmas podem-se debruçar sobre a variação
resulta da marcação nos dicionários dos usos específicos em um país lusófonode língua
uma determinada região de um país. Na variação temporal foi realizada a marcação dos
com uma determinada categoria das caraterísticas dos itens léxicos. O autor (ibid.), bem
Hausmann (1989), que, com base nos termos correntes na linguística, a saber, diacrónico,
21
Critério Tipo de marcas Periferia marcada Exemplos de marcas
uma determinada palavra, ao passo que os seus homólogos dianormativos indicam o uso
22
inadequado de uma aceção segundo as normas da língua-padrão (Welker, 2004: 131).
De acordo com Svensén (2009: 317), as marcas objetivam, por um lado, fornecer as
informações sobre um item léxico, por outro, diferenciar, através desse fornecimento, o
importância das marcas tanto na produção de textos como na receção, pelo seu contributo
para os aprendentes para “uma compreensão exata do texto”. Tomando em conta os seus
detalhada em torno dessas notas, para os utilizadores tirarem melhor partido das mesmas.
1.1.3.2. Definição
De acordo com Imbs (1960: 9), citado por Welker (2004: 117), a “arte suprema, em
lexicografia, é a da definição”. Para o autor francês, a mesma não visa, de qualquer modo,
ser sinónimo de objetividade, com a única intenção de traduzir o que “a palavra sugere à
mente”, acerca de um dado “objeto”, “num dado ambiente histórico” (Imbs, 1960: 10,
monolingues (ibid; Svensén, 2009). Silva (2003: 38) definiu a mesma como um “resumo
são, em princípio, compostos por uma frase, uma perífrase, uma enumeração ou um
sintagma, com base nas “regras sintáticas e gramaticais da língua”. Silva (2003) também
citou as observações de Cabré (1993: 313), em que se constatou frases com longas e
No caso da definição terminológica, Couto resumiu (2003: 16) que a mesma tem por
objeto o termo que pertence a uma linguagem especializada de um dado domínio e que
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tem por função “identificar e classificar o conceito dentro do sistema conceptual do qual
faz parte”. Tal definição existe, em geral, nos glossários e dicionários especializados de
um domínio específico.
A definição lexicográfica, o foco do presente subcapítulo, por sua vez, tem por objeto
significados para discriminar o sentido de um lema e o seu uso numa língua (ibid.).
Correia (2009: 55) acrescentou que a definição lexicográfica pode ser apresentada por
considerada como o tipo mais prestigioso da definição por Béjoint (2000: 198), a qual se
refere ao conteúdo dos lemas. O processo de tal definição envolve dois termos latinos:
quantas forem necessárias para delimitar o conceito dos seus homólogos da mesma classe
(Svensén, 2009: 219). Welker (2004: 118) tomou o lema “cadeira” como exemplo para
melhor esclarecer os termos, nesse caso, o seu genus proximum é móvel, enquanto nas
differentiae specificae se apresentam “para sentar-se”, “com encosto”, “para uma pessoa”,
entre outras.
como os da biologia, uma vez que as definições nos dicionários, geralmente monolingues,
têm por função descrever a língua em vez de classificar o mundo; para evitar uma
9 Em latim, significa “o que deve ser definido”. Paralelamente existe outro termo, “definiens”, que designa aquilo que
define
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definição tão exaustiva como na enciclopédia, na mesma estão apresentados apenas o
genus proximum junto com uma ou duas differentiae specificae, como os seguintes
Svensén, bem como Béjoint (2000), propuseram ainda um outro tipo de definição, a
chamada definição extensional, que se foca no âmbito dos lemas. Tais definições são
menos comuns nos dicionários da língua para fins gerais e são constituídas normalmente
pela enumeração de todos os conceitos que podem ser incluídos no definiendum, como o
English: “motor vehicle noun [countable] formal any vehicle which has an engine, such
as a car, bus, or truck”, parece que essa enumeração não é sempre necessária visto que
existe um modo mais simplificado de definição. Béjoint (2000) também salientou que o
tipo extensional ou outros tipos apenas seriam precisos no momento em que a definição
(2009), foca-se no aspeto da expressão dos signos e aplica a forma de uma paráfrase da
como os conotativos. As caraterísticas pragmáticas, por seu turno, estão relacionadas com
o estado de uma palavra como pertencente a uma linguagem geral ou técnica e as suas
ocorrências nos diferentes níveis de estilo. A sinonímia completa vai ser realizada quando
duas palavras se equivalem em todos os três aspetos, a qual, contudo, ocorre usualmente
10 Para simplificar, dos verbetes foram omitidas as transcrições fonéticas e informações etimológicas.
25
apenas na terminologia técnica. Assim sendo, aplica-se, via de regra, os sinónimos em
nível denotativo das duas palavras (ibid.). Tal resolução é mais económica, estando válida
quando as exigências para a precisão semântica não são grandes. No caso dos sinónimos
polissémicos, todavia, estes não podem substituir a definição toda, sendo sujeitos à
desambiguação (ibid., 215). Por tais razões, Imbs (1960: 13), citado por Welker (2004:
118), criticou o modo de definição por sinonímia por ser “o menos científico possível”,
Além dos referidos, em 1987 foi publicado o Collins COBUILD English Language
maneira distinta para a disposição das definições. Nessa obra, as definições foram
construídas como uma frase completa, visando apresentar as mesmas por meio da oração
os utilizadores possam aplicar os lemas com facilidade (Svensén, 2009: 235). Foram
home 1. countable noun Someone's home is the house or flat where they
live. (…) (COBUILD)
home noun 1. PLACE WHERE YOU LIVE [uncountable and countable]
the house, apartment, or place where you live (…) (Longman Dictionary)
Dicionário COBUILD, concluindo que as mesmas servem tanto para a produção como a
não considerou a mesma como a melhor solução, defendendo que mais pesquisas sobre
as necessidades dos utilizadores seriam indispensáveis para verificar o valor prático dos
vários estilos de definição. Zöfgen (1994: 139), citado por Welker (2004: 124), criticou o
nível internacional evidenciou que tais definições são apreciadas por um número
da língua.
1.1.3.3. Colocações
O que são colocações? Falando da abordagem orientada por corpora, Jones &
Sinclair (1994: 16), citados por W elker (2004: 140), explicitaram as mesmas como
“coocorrência regular de itens lexicais”. Svensén (2009: 159), resumindo dos trabalhos
baseia nas coocorrências das palavras em texto autêntico. Sinclair (1998: 15) acrescentou
palavras intervenientes. Nas definições do autor inglês, as colocações são compostas por
um nó (node), que designa a palavra que está a ser estudada, e um colocado (collocate),
que se trata de qualquer palavra que apareça nas circunstâncias específicas de um nó”
(ibid., 1991: 115). A respeito desse conceito, Svensén (2009: 160) elucidou que as
palavras que formam uma colocação não precisam de ser sempre adjacentes mutuamente.
No caso da colocação inglesa “make a decision”, por exemplo, pode-se dizer como “The
decision to use the atomic bomb was made by President Truman”. Para o autor (ibid.),
cada grupo de palavras que coocorre mais frequentemente do que por acaso é considerado
Apesar do referido, Svensén (ibid) apontou também que tal abordagem de definir
27
inclusão das combinações das palavras com alta frequência mas malformadas, como “you
and”. Justificou ainda que, mesmo que as combinações referidas sejam eliminadas por
my hotel, left the hotel, went to my hotel” (apud. Hausmann, 2004: 319). Nessa maneira,
ocorrência.
Hausmann (1977, 1984, 1989), citado por Welker (2004: 141), propôs uma definição
falante não monta de forma criativa, mas encontra na sua memória como um todo e que
da competência dos falantes nativos que dominam bem a sua língua materna, em vez da
colocação afinal. Por outras palavras, os colocados são aqueles “parceiros” que surgem
logo à mente dos falantes nativos ao ouvirem ou pensarem numa palavra (Welker, 2004:
141).
combinações livres e as colocações. Svensén (2009: 161) enumerou dois exemplos para
esclarecer a diferença. Por um lado, as combinações livres são como as expressões “buy
a book” e “red car”, cujos componentes podem ser substituídos por inúmeros lemas,
caraterizam pela previsibilidade dos seus componentes, que são palavras que podem ser
ser demonstrado pela expressão “make a decision”, que não é banal do ponto de vista
semântico, pelo que a palavra “decision” está sujeita à combinabilidade quando o falante
28
pretende expressar, com verbos, que se toma uma decisão. Em suma, pelo menos um dos
Acerca da estrutura das colocações, Hausmann (1985), citado por Welker (ibid.: 142),
dividiu a colocação em base e colocado, sendo que “a base é aquela parte que é qualificada
ou detalhada pelo colocado” (Zöfgen: 1994: 164, apud Welker, ibid.). Benson (1985),
citado por Svensén (2009: 164), classificou as colocações em duas categorias: a colocação
representada por grupos de palavras que coocorrem com mais frequência, como “make a
decision”, “temperatures fall” e “deep sorrow”. A última, por seu turno, designa aquelas
“interested in” e “capable of”. Embora a última seja considerada mais como instâncias de
de Hausmann, citado por Welker (2004: 142), realçou-se que é nos verbetes das bases que
as colocações deviam ser registadas, pelo que aqueles que consultam o dicionário para a
têm dúvidas em relação a como descrevem a chuva. No caso da receção, contudo, segundo
Hausmann (1985: 121), citado por Welker (ibid.), em princípio é o colocado que provoca
sugeriu, em particular para os dicionários monolingues, que são benéficos para a receção
29
económicos, não seria realizável incluir todas as colocações relevantes em ambos os
verbetes, o que, todavia, pode ser concretizado, de certa forma, nos dicionários eletrónicos,
soma simples de todos os seus componentes, ou seja, não é possível inferir o significado
de uma expressão idiomática através das palavras que a formam. Tal caraterística revela
Apesar da sua diferença das outras espécies das expressões, Hundt (1994: 213),
citado por Welker (2004: 167), observou que, em muitos dicionários da língua portuguesa,
que prevalece na maioria dos dicionários da língua portuguesa. Schemann (1979), citado
por Welker (ibid.), no seu dicionário de idiomatismos, com base no alfabetismo, agrupou
ordenação foi também ajustada e aplicada posteriormente. Contudo, Welker (ibid.: 167)
confessou também que o essencial é que haja uma ordem que atua no dicionário todo de
30
A fixidez das expressões idiomáticas, aliás, também é relativa, sendo explicado por
vários tipos de variantes nas mesmas. Alvarez (2000: 87), no seu trabalho de
a (minha) mão”12; as lexicais, com um lema trocado, sem alterar o sentido e estrutura da
expressão, como “vender/dar gato por lebre13”; e as por extensão, que resultam da adição
ou omissão dos itens lexicais, como em “ter os pés (bem assentes) na terra 14 ”. Um
transformação para informar os consulentes, mas confessou também que isso é quase
inviável.
Não obstante o referido, Welker, citando o próprio trabalho em alemão (2003: 129),
se o infinitivo apenas no caso de que o verbo pode ser conjugado sem limites; ii. deve-se
indicar caso o verbo de uma expressão exista somente em determinado tempo; iii. não se
pode registar uma expressão com infinitivo se o sujeito da expressão for um lema
específico15; iv. as expressões que existem somente em certa forma verbal apenas podem
A par do exposto, Welker (2004) apontou ainda o facto de que os utilizadores podem
ter dificuldades em identificar por onde começa uma expressão idiomática. Para as
expressões “de olhos fechados16” e “não dar uma para a caixa17”, por exemplo, é possível
que achem que estão corretas como “olhos fechados” e “dar uma para a caixa”. A solução
12 As três expressões apresentadas foram retiradas do site do Dicionário infopédia da Língua Portuguesa. De acordo
com a fonte, “pedir a mão de” significa “pedir em casamento”.
13 Significa “enganar, dando ou vendendo o mau como se fosse bom”.
14 Significa “ser realista, ser objetivo”.
15 Deve-se indicar as possibilidades de um verbo ser aplicado em vários tempos.
16 Significa “sem necessidade de reflexão”.
17 Significa “dizer ou fazer tudo ao contrário”.
31
formas: ter (algo ou alguém) na mão, dar (algo) a conhecer (a alguém).
Os padrões das definições do Dicionário COBUILD, por sua vez, como Landau
1.1.3.5. Exemplos
expressões idiomáticas, colocações e outros tipos de sintagmas, visto que todos estes
servem para exemplificar o uso dos lemas. Welker (2004: 150), citando Hausmann (1977)
idiomáticas, não vale a pena incluir as mesmas no âmbito do termo exemplo, definindo o
mesmo como “frase ou trecho de frase que serve para exemplificar”. Correia (2009: 61)
fez uma explicitação mais detalhada, definindo os exemplos de uso como frases
construídas pelo lexicógrafo ou excertos dos textos das espécies diversas, que
Welker (2004: 150), na sua obra, enumerou três tipos de exemplos: o autêntico,
que se tratam da frase ou excerto extraído dos textos autênticos, como os das obras dos
dicionário se basear num corpus, não faz sentido inventar exemplos com base nele, pelo
maioria dos lemas, mesmo os menos frequentes. Ao parecer de Martin (1989: 600), citado
por Welker (2004: 151), os exemplos autênticos trazem marcas históricas e ideológicas,
levando a que o conteúdo seria apenas acessível àqueles equipados dos conhecimentos
relevantes. Svensén (2009: 284) também apontou o facto de que os exemplos autênticos
são menos úteis para os aprendentes do nível elementar de uma língua, que podem ter
Fox (1987: 148), todavia, considera que quaisquer alterações para tornar o exemplo
palavra pela outra, podem destruir a sua sensação e autenticidade, dando falsa impressão
consigam ilustrar o uso mais típico de um lema e parecem, às vezes, estranhos, não
que qualquer lexicógrafo que seja falante nativo educado possui competências
linguísticas corretas sobre a própria língua materna e a sua gramática, bem como o uso e
contexto típicos de um lema. O teste que Laufer (ibid.) procedeu em relação ao valor
foram mais benéficos tanto à compreensão como à produção das palavras novas para os
alunos.
preferidos aos inventados por Welker (2004: 156), pelo que os lexicógrafos podem correr
o risco de errar, como apresentar frases contendo a aceção obsoleta de um lema. Para
evitar tal tipo de erros, o autor brasileiro sugeriu que, ao inventar um exemplo, consultasse
o mesmo num corpus para confirmar se tal frase ou enunciado ocorre na vida real de
33
maneira semelhante, com exceção dos lemas e as aceções mais comuns, uma vez que
estes surgem logo à mente do lexicógrafo, como um membro de uma sociedade linguística.
No que diz respeito à necessidade de inclusão dos exemplos nos verbetes, Welker
(2004: 154) opinou que o uso correto deve ser ilustrado através das colocações
possivelmente não levam em conta os utilizadores não nativos. Como Correia (2009: 62)
explicado pela sua inclusão das informações essenciais para os utilizadores para fins
coocorrentes típico e informação de carácter cultural”. No caso dos verbos, por exemplo,
mesmo que exista colocações que indicam a preposição com que se deve combinar, um
exemplo na frase preposicional serve melhor para apresentar o uso correto e contexto de
emprego desse verbo. Welker (2004: 160) também admitiu que, como as marcas apenas
indicam os registos de forma geral, os exemplos ainda são valorizados pela ilustração dos
contextos em que um lema está empregado. No caso dos aprendentes chineses da língua
1.1.4 Medioestrutura
18 Em inglês “cross-reference”.
19 Em inglês “cross-reference structure”.
34
dicionário localizarem os materiais espalhados por diferentes componentes, ou fora do
2002: 32).
Welker (2004: 178), citando Sousa (1995: 301), apontou que a principal função das
referências cruzadas é “evitar repetições”. De acordo com Svensén (2009: 389), nos
dicionários impressos, as remissões têm como função economizar espaço, uma vez que,
nos casos dos itens multi-lexicais, colocações e expressões idiomáticas, não é possível
considerando que com essa estrutura se torna oculta a vinculação semântica entre os lemas.
O reforço geralmente é realizado por meios do acesso aos itens semanticamente relativos,
“see” em inglês e formas diversas do verbo - “ver”, “veja”- ou simplesmente “v.” e “cf.”.
(Welker, 2004; Svensén, 2009). Debruçando-se sobre as suas posições, segundo Wiegand
(1996: 25), citado por Welker (ibid.: 178), as remissões dentro de um dicionário podem
remissão dos lemas iniciados da letra “Y” aos outros iniciais no caso de português, nos
lemas representados por determinada imagem. Para as referências cruzadas nos verbetes,
caso de que o lema apenas existe enquanto parte de um item lexical complexo.
35
duas formas: a explícita e a implícita. A primeira inclui o indicador que declara a presença
geralmente salientado através das formas itálico ou negrito. As remissões aos sinónimos
Welker (2004: 180) até opinou que “toda palavra empregada na definição implica uma
remissão para o lema daquela palavra”, sendo que os utilizadores têm de consultar as
aspetos do formato, existe dicionário em papel e dicionário eletrónico, com o último ainda
perspetivas do número das línguas que contêm, estão à nossa disposição os dicionários
para receção, entre outros. Como o presente trabalho tem como foco o uso dos dicionários
por parte dos aprendentes chineses, a seguir será abordado por detalhes os quatro tipos
implica, é uma obra escrita exclusivamente em uma e mesma língua, sendo destinado
principalmente aos falantes nativos dessa língua, às vezes para aqueles que a aprendem
Um dicionário monolingue geral, por sua vez, segundo Geeraerts (1989: 293), citado
por Van Sterkenburg (2003: 3), contém no primeiro lugar os dados semasiológicos, em
36
vez dos onomasiológicos nem não-semânticos, descreve a língua padrão em vez das
variedades restritas e funciona para fins pedagógicos em vez dos críticos nem académicos.
sem intenções prescritivas, não se pode negar que tais dicionários ainda desempenham o
papel de um “código de lei” para todos os assuntos linguísticos, como as questões sobre
monolingues gerais podem ser considerados como o protetor da pureza da própria língua.
lexicografia inglesa, é considerado por Landau (1984: 18) como o verdadeiro trabalho
“unabridged”, o dicionário mais integral na língua inglesa. Contendo mais de 470 000
obsoletos até 1755, menos aqueles encontrados nas obras conhecidas dos autores
No caso do português europeu, de acordo com Correia (2009: 117), três dicionários
considerável dos termos técnicos e especializados, com cerca de 260 000 definições,
37
Língua Portuguesa Contemporânea, apenas em versão impressa, foi publicado em 2001;
apesar da sua dimensão relativamente modesta das entradas – 70 000 -, dado ser o fruto
do projeto dicionarístico académico, Correia (ibid.: 119) considerou que foi o dicionário
com maior impacto social e que “mais destaque que mereceu na comunicação social”. E
por fim, o Grande Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora, de 2004, que
existe apenas em papel, inclui aproximadamente 130 000 entradas, sendo o maior
como se referiu nos subcapítulos anteriores, é muito raro na lexicografia portuguesa (ibid.:
tendo com base o Novo Dicionário Lello da Língua Portuguesa, que entrou em
funcionamento ao público desde 2008. Tal como os seus homólogos impressos, o DPLP
regista não só os vocabulários gerais, mas também os termos mais comuns das áreas
obra para fins pedagógicos, destinada aos aprendentes de uma língua estrangeira (Svensén,
2009: 29). Segundo Welker (2004: 216), tal tipo de dicionário tem como objetivo auxiliar
mais exemplos (Humblé, 2001: 34). O autor considerou ainda tal tipo dos dicionários
38
Welker (2004: 219) também reiterou que, com a finalidade de auxiliar nas atividades
mais desenvolvidos e avançados, sendo explicado pela existência dos “Grande 5” (adiante
(Rundell, 2002), que servem como uma ferramenta lexicográfica multifuncional para
(2008), no seu trabalho, fez uma comparação detalhada em relação aos G521 em formato
estes, no entanto, destacam-se o MED2, CALD2 e OALD7 pelo seu registo dos
diferenças dos registos dos lemas nos outros quatro dicionários, com exceção do
(ibid.: 27). Rizo-Rodríguez também observou que os verbetes dos outros quatros
20 Os dicionários foram citados conforme as datas da publicação das suas primeiras edições.
21 No trabalho de Rizo-Rodríguez (2008), foram postos em análise os “Big 5” (B5), nomeadamente, o CALD em CD-
ROM (2ª edição, versão 2.0a, 2005) (CALD2), o CCALED em CD-ROM (5ª edição, 2006) (CCALED5), o LDOCE
em CD-ROM (4ª edição, 2005) (LDOCE4), o MED em CD-ROM (2ª edição, versão 2.0.0702, 2007) (MED2) e o
OALD em CD-ROM (7ª edição, 2005) (OALD7).
39
multimédia, os exemplos suplementares, colocações e as notas de uso e de cultura. Apesar
Não obstante as informações abundantes que as obras acima referidas contêm, tais
tipos de dicionários ainda têm defeitos; por exemplo, um aprendente deve ter consciência
uma palavra com o significado de “irritar alguém”, sem conhecimentos sobre a grafia,
não conseguirá encontrar o lema nos dicionários como os G5, dicionários organizados
alfabeticamente. Para compensar tal defeito, foi compilado o dicionário para produção
cerca de mil conceitos básicos, como “accept”, “walk” e “alone”, no intuito de dirigir os
40
No caso da língua portuguesa, um exemplo é o Dicionário de Português Básico, da
Edições ASA, publicado em 1990, que tem como público-alvo aqueles que têm o
mesmo que, dados os limites do volume, apenas os lemas mais comuns estejam equipados
com tais informações. A dimensão humilde – por volta de 3 000 entradas –, contudo,
Os dicionários bilingues, como o termo indica, são aqueles que contêm duas línguas-
objeto, uma dos quais, na maioria das vezes, é idêntica à língua materna dos utilizadores
De acordo com Hausmann (1994: 12), citado por Welker (2004: 200), os dicionários
deste tipo podem dispor das duas direções, sendo denominados dicionários bidirecionais,
que servem aos falantes de ambas as línguas, como o Dicionário Académico de Chinês-
Partindo das próprias funções, Wiegand (1996: 529), citado por Welker (2004: 200), ainda
primeiro ainda pode ser especificado com base nas intenções do dicionário. Se for um
dicionário ativo, ou seja, uma obra referencial para produção, seria um dicionário
utilizadores, bem como as notas de que estes necessitam escritas na sua própria língua
(ibid.: 2720).
41
Varantola (2002), na sua pesquisa, constatou a preferência pelos dicionários
bilingues por parte dos aprendentes. Lew & Adamska-Salaciak (2015: 50) atribuíram tal
preferência à satisfação, por parte das obras bilingues, das necessidades básicas dos
aprendentes – relacionar as informações novas, neste caso da língua que aprendem, com
Tal conclusão também foi comprovada pelo mercado a nível internacional, sendo
(1997), cujas edições mais recentes sempre foram publicadas pouco depois da atualização
das versões monolingues (Chen, 2011). Os dicionários bilingues para aprendizes foram
42
valorizados significativamente por Lew & Adamska-Salaciak (2015: 54), que opinam que
indicação dos falsos amigos ou resumo dos erros comuns resultantes da intervenção da
L1. Nesse tipo da obra, serão viáveis também mais referências à cultura da L1, seja
através da seleção dos lemas, expressões comuns e exemplos de uso baseados nos corpora,
será pertinente uma apresentação dos dicionários bilingues entre chinês e português
em 2007 pela Editora Campus, que é considerado como o “primeiro dicionário brasileiro
especializado na língua inglesa. O DPC também pode ser considerado um dicionário para
língua portuguesa.
Como o governo chinês tem adotado uma política bastante branda em relação à
questão da propriedade intelectual, em 2010, foi publicado, com acesso gratuito, num
fórum online o formato eletrónico do DPC, que foi compilado exclusivamente por um
43
“voluntário”22 num ficheiro em formato mdx que pode ser incorporado nos softwares ou
aplicações específicos da China, como MDict e Bluedict, todos com acesso gratuito. Dado
o grande volume do DPC impresso (com 1 174 páginas) e a preferência prevalente pelos
designado por DCCP), editado por Wang Suoying e Lu Yanbin em 1997, um casal
dedicado ao ensino da língua portuguesa e chinesa. O DCCP contém por volta de 25 000
altura e colocações de uso corrente e exemplos para os lemas mais comuns, tornando-se
ainda hoje a ferramenta principal como auxílio na produção para os aprendentes chineses.
Desde a publicação do DPC, não foi publicado nenhum dicionário bilingue geral ao longo
Iao Dicionário Luso-Chinês, um dicionário bidirecional, que toma como referências, pela
22 O fórum referido destina-se a publicar gratuitamente as versões eletrónicas compiladas dos dicionários impressos
de várias línguas.
23 Foram publicados apenas três thesauri de dimensão reduzida ao longo dos anos.
44
o Glossário Jurídico Chinês-Português do Governo de Macau, as páginas da Wikipédia,
etc. O Iao registou cerca de 97 000 entradas em chinês e 145 000 em português,
abrangente (Iao, 2018). Por ser um dicionário relativamente novo e, de certo modo,
segundo Hartmann & James (2002), são obras baseadas nos dicionários monolingues,
eficazes, ganhando popularidade entre os aprendentes (Marello, 1996: 50; apud Welker,
2004: 203). As referidas versões bilingues dos G5, dicionários para aprendizes com
na cultura da L2, sem considerar o facto de que os utilizadores podem necessitar de falar
e escrever sobre os próprios países e culturas, o que foi evidenciado pela falta do índice
de L1. Por outro, os autores concluíram de muitas pesquisas empíricas sobre o uso dos
Não obstante os defeitos, Laufer & Kimmel (1997: 362) ainda consideravam o
45
dicionário híbrido ou o semibilingue como uma melhor escolha, pelo que os aprendentes
homólogo na sua L1, por melhor que sejam as explicitações e as ilustrações em L2. As
aprendentes.
promissora na área de pesquisa sobre os dicionários (Hartmann, 1994); entre estes, muitos
usefulness” em inglês, segundo Laufer & Kimmel (1997: 362), pode ser definida como o
para os seus utilizadores. Nesi (2000: 55) apontou o facto de que, ao elaborar o
ferramenta benéfica para os aprendentes, a qual, de facto, fica a ser comprovada. Mais
pesquisas serão precisas para verificar se o uso do dicionário trouxe benefícios efetivos,
realizadas entre 1 501 participantes que o uso de um dicionário não exerceu efeitos
notou que os sujeitos sem auxílio do dicionário ganharam, em média, notas mais elevadas
pesquisas em torno do mesmo tema. Summers (1988) descobriu que os alunos que
46
utilizaram um dicionário tiveram uma pontuação significativamente melhor nos testes de
compreensão de pós-leitura e de vocabulário. Chen (2011), por sua vez, realizou um teste
resultado indicou que o uso do dicionário contribuiu para uma melhor performance na
Chen (ibid.) confessou também que o grupo com dicionário não produziu melhores
resultados que o que não teve esse auxílio em todos os casos, sendo o resultado sujeito às
dicionário bilingualizado.
Lew (2004: 27) ainda apontou que a eficácia dos dicionários pode depender do nível
informações relevantes. Tal afirmação, contudo, precisa de ser verificada por mais
Em relação à utilidade dos dicionários das diferentes espécies, Laufer & Melamed
avançado na produção. Tal resultado não está em plena consonância com a pesquisa de
Lew (2014), que realizou uma pesquisa em grande escala, dedicada à comparação do
da L2, contando com a participação de 711 alunos polacos. A pesquisa demonstrou que,
47
em vez da versão semibilingue, o seu homólogo bilingue foi o mais eficaz para todos os
versão semibilingue. As entradas monolingues no teste, por seu turno, foram as menos
Como Chen (2011: 218) resumiu, não existe uma resposta simples de “sim ou não”
em relação à questão de se o dicionário é benéfico, visto que existem vários fatores que
Contudo, das pesquisas citadas pode-se constatar que, de modo geral, os dicionários, em
vocabulários.
48
Capítulo II – Metodologia
de pesquisa deste trabalho. Por um lado, visamos recolher informações factuais e opiniões
em torno do uso dos dicionários da língua portuguesa por meio da consulta aos seus
utilizadores; por outro, serão analisadas as obras mais procuradas entre estes, tendo como
2.1 Questionário
2010). Entre estes, segundo Lew (2004: 37), o questionário faz, no seu melhor, na
uma importante fonte das informações dos dados cuja coleção pelos outros métodos seria
uma opção inaceitável, seja por motivos económicos ou éticos, seja simplesmente por ser
impossível. Welker (2010: 14) também opinou que, “in countries or situations in which
nothing is known about dictionary use questionnaire surveys are still useful”. Sendo assim,
optou-se por recorrer ao questionário para a recolha dos dados sobre o uso do dicionário
questionário foi procedida em forma digital de maneira a entrar em contacto com o maior
Em relação à língua utilizada no questionário, Lew (2004: 40) apontou, como riscos
49
e a imprecisão do significado que se pretendia expressar aos respondentes, chegando à
conclusão de que é a língua materna dos sujeitos que deve ser aplicada no questionário.
Com base no referido, o questionário foi escrito em chinês para atingir a uma melhor
2.1.1 Questionário-piloto
nas escolhas dos respondentes na pergunta 1. Além disso, se escolher a opção “Não uso
por si próprio, para a pergunta 15. Para facilitar o preenchimento dos respondentes e poder
obter os resultados de modo mais efetivo possível, a maioria das perguntas são de escolhas
foi enviado, por mensagens do WeChat24, a seis respondentes de níveis A2 a C2, todas de
podiam comunicar, por escrito, neste caso, por mensagens do WeChat, com a autora sobre
de níveis mais avançados, variando de B2 a C2, que confessaram que as perguntas eram
existentes da língua portuguesa, ao passo que as de níveis mais básicos não tinham
servem, em princípio, para verificar a hipótese da autora, possuindo, contudo, aspetos por
Problemas Soluções
Duas respondentes confessaram que Além das traduções do título (quer com
mais frequência na pergunta 1 (página 2), opções o nome pelo qual é conhecido o
dado que não estão muito familiarizadas dicionário, a cor da capa ou a aplicação
alterações:
⚫ Dicionário Português-Chinês em
chinês”)25
25 Dado o grande volume do dicionário em causa e a sua capa vermelha, os estudantes chineses costumam
chamá-lo o “dicionário de grande tijolo vermelho” ou o “dicionário vermelho português-chinês”.
51
⚫ Dicionário Português-Chinês na
⚫ Dicionário Chinês-Português /
capa azul)
e “Dicionário em CD-ROM”.
52
apresentação dos sinónimos. Sendo dicionário o máximo de informações que
ambas as perguntas.
Tal como o questionário-piloto, a sua versão final também foi enviada, com o link
A recolha dos dados decorreu entre 26 de março e 2 de abril de 2018, tendo conseguido
137 resultados no total, do quais 132 são efetivos, sendo que esses cinco respondentes
Como o Gráficos 1 e 2 mostram, a maior parte dos respondentes são do sexo feminino
(81%), a maioria dos quais se autoavaliaram nos níveis intermédios, com 36% dos
aprendentes do nível B2, 25% do C1 e 17% do B1. É uma pena que não tenha conseguido
chegar a mais estudantes dos níveis elementares e do superior. As razões por tal escassez,
do ponto de vista da autora, são porque, por um lado, por falta de conhecimento a respeito
responder ao questionário; por outro, quanto aos do nível C2, além de serem, efetivamente,
53
Nível de Proficiência Sexo
C2 A1 Masculino Feminino
7% 4% A2
11%
C1
25% 19%
B1
17%
B2
36% 81%
A1 A2 B1 B2 C1 C2
Também será apresentada, tendo por base os resultados da análise, uma proposta do
dicionário ideal para os aprendentes chineses, que combinará todas as vantagens dos
dicionário.
54
Capítulo III - Apresentação e discussão dos resultados do inquérito
Tendo analisado o perfil dos respondentes, surgem as seguintes perguntas: quais são
os seus dicionários favoritos? Como são os seus hábitos de uso? O que eles pensam dos
capítulo.
No que toca aos dicionários consultados com mais frequência, segundo o Gráfico 3,
popularidade, com a sua aplicação selecionada por 69,7% dos aprendentes e a edição
impressa por 62,9%. O Dicionário Conciso Chinês-Português (DCCP), editado por Wang
Suoying e Lu Yanbin, bem como o Dicionário Priberam (DPLP) ficam no terceiro lugar,
com 22,7% de votos para cada. Logo a seguir são o Dicionário da Língua Portuguesa
(21,2%) da Editora Porto (DLP) e o seu formato digital (20,5%) - a aplicação que partilha
famoso Dicionário Aurélio, que lançou a sua primeira edição em 1975 no Brasil
(Biderman, 2000), sendo explicado, possivelmente, pela sua natureza brasileira, enquanto
Para além dos apresentados nas opções, 5,3% dos respondentes referiram-se a outros
Chinês-Português28. Em relação aos três respondentes (2,3%) que não usavam dicionários
Dicionário Lí
ngua Portuguesa 21.2%
Outro 5.3%
Dicionários selecionados
através do Gráfico 4, as preferências pelos diversos dicionários dos diferentes níveis dos
A1, visto que a quantidade reduzida (com seis respondentes no total) não é suficiente para
proceder a uma análise justificável. Mas cabe mencionar aqui que, entre esse seis
56
aprendentes, além dos dois que afirmaram que não utilizaram dicionários, dois votos
foram atribuídos ao DPC na edição impressa e à sua aplicação, três. O DCCP e ao DPLP
respondentes (A2: 60%, B1: 67,3%, B2: 62,5%), embora tal preferência seja menos
relevante para os aprendentes dos níveis avançados (com 57,7% para C1 e 36,8% para
C2). O DCCP também está na lista de popularidade entre os estudantes; contudo, ele é
que pelos mais avançados (C1 e C2). O DLP, junto com os seus formatos digitais, ocupa
avançados, sendo explicado pela percentagem de 24,4% para C1 e 31,6% para C2. O
DPLP ganhou mais popularidade nos respondentes do nível superior que outros, com
votos de 26,3% dos aprendentes do C2 e 5,9%, 10,7% e 11,5% para os do A2, B1 e C1.
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
A2 B1 B2 C1 C2
Lew (ibid.) (Al-Ajmi, 1992; Atkins & Varantola, 1998; Baxter, 1980; Jakubowski, 2001;
Por limites técnicos do site29 e para uma análise mais precisa, as perguntas 2 e 3
foram lançadas para encontrar as razões para uso de certo dicionário, as quais serão
se entre todos os seus homólogos, sendo a primeira escolha para 52,3% dos respondentes.
A sua versão em papel, com 20,8% dos votos, ocupa o segundo lugar. Por seu turno,
conforme o Gráfico 630, dado o conteúdo quase idêntico, naturalmente são semelhantes
as razões para a consulta destes dois formatos – a quantidade satisfatória das entradas
15,2% para a aplicação. É de sublinhar que 13,3% e 9,8% dos utilizadores, respetivamente
papel até acrescentou que, apesar dos erros existentes, a ferramenta em causa ainda é o
recurso lexicográfico mais útil a que os aprendentes têm acesso, o que, juntamente com
China. Para além das opções sugeridas, outras razões para o uso da versão de aplicação
por 14,1% dos utilizadores são a facilidade de transportar e a consulta eficaz no telemóvel.
29 O site em que se distribuiu o questionário não disponibiliza a função em que se cita as respostas dos respondentes
na pergunta anterior como as opções na pergunta seguinte.
30 Dado que as respostas convergem para determinados dicionários, no Gráfico 6 foram apenas apresentados os
resultados dos dicionários que foram mais escolhidos como primeira escolha.
58
O DPLP, que ocupar o terceiro lugar – 8,5% – na lista do dicionário favorito dos
dos sinónimos em abundância (30%) também contribuíram para a preferência dos seus
utilizadores.
dos respondentes que o consideram como a ferramenta favorita. 50% dos utilizadores
escolheram tal ferramenta pelas suas explicações entendíveis e completas, 42,9% pela
satisfatória de verbetes, 32,1% pelos seus exemplos das palavras e 17,9% pelas
recomendações dos professores. Um resultado distinto das outras ferramentas é que, 25%
dos utilizadores consultam o DLP, porque indica o uso diferente das variedades de
exemplos de uso das palavras. A par disso, os utilizadores dos dicionários monolingues
prestam atenção não só aos sinónimos em português das palavras, como também à
diferença de uso das variedades PE e PB. As razões para tais resultados são as seguintes:
por um lado, o DPC foi publicado em 2001, não indicando, portanto, de forma abrangente,
o uso diferenciado das variedades da língua portuguesa; por outro, a investigação de Fan
(2000) sobre o comportamento de consulta nos dicionários, com mais de 1 000 estudantes
universitários de Hong Kong como sujeitos, constatou que os estudantes chineses não
pelos mesmos por parte dos utilizadores no caso do DPC, que apresentam, na maioria dos
59
2. Indique a frequência de uso dos dicionários escolhidos na pergunta 1.
1ºlugar 2ºlugar 3ºlugar
20.8%
Dicionário Português-Chinês em papel 31.5%
11.5%
52.3%
Dicionário Português-Chinês na aplicação 10.0%
8.5%
2.3%
Dicionário Conciso Português-Chinês 5.4%
9.2%
3.8%
Dicionário Conciso Chinês-Português 9.2%
10.0%
0.0%
Visual Dicionary Português·English·汉语 0.0%
1.5%
6.9%
Dicionário Lí
ngua Portuguesa 10.0%
4.6%
3.8%
Infopédia ou na aplicação 10.0%
6.9%
8.5%
Dicionário Priberam (online ou na aplicação) 11.5%
3.8%
0.0%
Linguee 0.8%
0.0%
0.8%
Iao Dicionário 0.0%
0.0%
0.0%
Dicionário Informal 0.8%
0.0%
0.0%
Dicionário Online de Português 0.8%
0.0%
60
3. Porque éque consulta com mais frequência o dicionário
selecionado na pergunta 2?
60.2%
A quantidade das entradas que contém 60.9%
satisfaz as minhas necessidades. 35.7%
53.3%
50.6%
Explicações entendí
veis e completas da 55.4%
palavra. 50.0%
70.0%
31.3%
Apresenta os exemplos para a palavra 35.9%
consultada. 32.1%
40.0%
44.6%
Apresenta os provérbios ou/e expressões 42.4%
idiomáticas relativos àpalavra consultada. 42.9%
36.7%
6.0%
6.5%
Esclarece a pronúncia da palavra consultada. 7.1%
10.0%
2.4%
Indica a escrita da palavra antes e depois do 3.3%
Acordo Ortográfico. 3.6%
10.0%
14.5%
Indica o uso diferente do português europeu 10.9%
e português brasileiro. 25.0%
13.3%
9.6%
12.0%
Apresenta sinónimos em abundância. 14.3%
30.0%
6.0%
5.4%
Sugere bons equivalentes. 7.1%
23.3%
21.7%
Porque éo dicionário que meu professor 15.2%
recomendou. 17.9%
26.7%
13.3%
Porque não tenho outro dicionário/éo único 9.8%
disponí
vel. 7.1%
10.0%
0.0%
Outra: É fácil de transportar e a consulta no 14.1%
telefone émuito eficaz. 0.0%
0.0%
61
4. Estásatisfeito com o(s) dicionário(s) que usa?
1-Muito satisfeito 2 3 4-Nada satisfeito
Linguee 100.0%
onde se pode ler que os aprendentes, em geral, estão satisfeitos com os dicionários
existentes no mercado chinês, com a maioria dos dicionários atingir acima dos 80% de
grau de satisfação. Apenas 1,2%, 3,3% e 3,3% dos utilizadores expressam a sua
desgosto, o que pode ser atribuído à quantidade reduzida dos utilizadores – apenas quatro
Português, que ganharam 100% de grau de satisfação, com apenas um(a) utilizador(a)
Gráfico 8 consegue dar uma resposta. As aplicações para smartphone ou tablet ganham,
de forma dominante, mais popularidade, contando com 73,5% dos respondentes que
afirmam que recorrem sempre a esse formato e 19,9% que o utilizam frequentemente.
Apenas 2,2% dos utilizadores nunca experimentaram esse fruto das novas tecnologias.
Logo a seguir vem o dicionário online, com o número dos utilizadores leais a atingir 18,7%
como antigamente, com 67,7% dos respondentes a expressarem que consultam raramente
CD-Rom, fica no último lugar, sendo explicado por 85,8% dos respondentes que nunca
recorreram a esse formato. Somente 0,8% e 1,6% dos respondentes aplicam sempre ou
pelos respondentes. Sendo a China o maior mercado das aplicações no mundo31, não é
nada de estranhar que as aplicações dominem entre todos os formatos, mesmo que, como
31 Segundo os dados estatísticos de App Annie, citados pelo Business Insider, a economia de aplicações da China supera
a maioria dos outros mercados em relação aos gastos do consumidor, o número de aplicações usadas e o tempo total
gasto em aplicações.
63
dicionários relativos à língua portuguesa estão equipados com CD-Rom na China, é
natural que a maior parte dos aprendentes nunca tenha utilizado esse formato.
19.9%
80%
33.1%
60%
85.8%
67.7%
40%
73.5% 37.7%
20%
14.3%
18.7% 11.8%
5.3% 0.8% 1.6%
0%
Dicionário em papel Aplicação para Dicionário online Dicionário em CD-
smartphone/tablet Rom
Para além da preferência dos aprendentes, também será interessante conhecer a que
11,1% dos respondentes necessitam da ajuda do dicionário na produção oral e apenas 1,5%
dicionário para trabalhos de leitura e escrita, não tendo, contudo, esse hábito para
atividades orais e auditivas. Lew (2004: 20) também chegou a essa conclusão a partir da
64
por aprendentes polacos, resumindo que o exercício das competências orais
80.7%
80.0%
60.0%
40.0%
20.0%
11.1%
1.5%
0.0%
Na leitura Na produção oral Na produção escrita Na compreensão do oral
apontam o maior benefício dos dicionários em papel à grande quantidade das informações
que contêm, 45,2% opinam que determinadas informações apenas constam nessa versão
e 40,7% consideram que esta se destaca por não exigir energia elétrica ou ligação à
Internet. A par disso, 25,2% dos respondentes expressaram a sua preferência pela leitura
em papel em vez do ecrã, enquanto 8,1% dos aprendentes, possivelmente adeptos dos
formatos eletrónicos, não encontraram nenhuma vantagem no dicionário físico. 5,2% dos
dicionários impressos são mais adequados ao comparar os sinónimos da palavra, que têm
maior precisão e menos erros ou que a consulta em papel é isenta de interrupção. Uma
65
realidade para outros três respondentes é que o dicionário em papel é o único recurso
papel pelas informações abundantes e únicas que contêm. A não exigência de bateria e de
ligação à Internet também o torna mais distinguível. Contudo, à medida que mais versões
Nenhuma 8.1%
Outra 5.2%
Por sua vez, como os aprendentes consideram os homólogos eletrónicos? Tal como
formatos digitais. Como se vê no Gráfico 11, para o resto das opções sugeridas, as
dicionário eletrónico por lhes permitir ter acesso à pronúncia em áudio, enquanto 36,6%
apreciados por 34,3% dos respondentes. As entradas e/ou exemplos mais recentes (31,3%)
função de salvar palavra para a aprendizagem posterior (29,9%). Outros benefícios a que
De modo geral, a consulta eficaz é a maior razão para a popularidade dos dicionários
favorável, tanto aos lexicógrafos como aos utilizadores, disponibilizar a versão eletrónica
dos dicionários no futuro, o que não só expandirá o mercado do dicionário, como também
Nenhuma 2.2%
Outra 3.0%
67
No que diz respeito aos dicionários bilingues e monolingues, como é que os
provérbios e/ou expressões idiomáticas. E ainda, 40,7% dos respondentes notaram a falta
das marcas de uso nos verbetes, sendo que os equivalentes estão descontextualizados e
que neles não existem pistas que ajudem o utilizador a escolher. Outros pontos fracos
incluem a não indicação do uso diferente das duas variedades de português (37%),
(34,1%). Além dos referidos, tal categoria também está depreciada por 29,6% dos
respondentes, dado que não disponibiliza a escrita antes e depois da aplicação do Acordo
com percentagens aproximadas. Importa salientar que muitos pontos fracos dos
como exemplo, o DPC foi lançado pela primeira vez em 2001, sem novas edições; o
em 1997, com também uma única edição. Entre estes, somente o primeiro indicou a
tenha sido assinado nos anos 90, este apenas entrou em vigor em Portugal em 2009. Tal
realidade, por um lado, justificou alguns dos seus pontos fracos, por outro, refletiu
68
9. Na sua opinião, quais são os pontos fracos dos dicionários
bilingues português-chinês/chinês-português que conhece?
0.0% 20.0% 40.0% 60.0% 80.0% 100.0%
Outra 0.7%
se vê no Gráfico 13. Ao contrário das percentagens semelhantes que acontecem aos seus
respondentes. Na opção referida, para uma melhor compreensão, foi citada como exemplo
a consulta da palavra “alimentação”. O DLP, bem como os seus formatos digitais, define
verbo “alimentar(-se)”. Eis é a razão pela qual a opção foi mais escolhida. A par disso,
69
Ao contrário do seu homólogo bilingue, apenas 14,2% dos respondentes queixaram-se da
(16,4%) e da não indicação do uso diferente das duas variedades de português (19,4%).
emprega a palavra parece ser um problema comum a ambos tipos de dicionários. No que
do substantivo, cuja primeira definição é “dar alimento a”, e do seu verbo “alimentar”.
Mesmo que não conheça a palavra “alimento”, o site possibilita a consulta, por um clique,
problema.
Outro 0.0%
70
Os resultados das perguntas 11 e 12, os quais se focam nas informações de diferentes
informações que procuram dos substantivos (66,2%), verbos (63,9%) e adjetivos (54,1%).
Substantivo 16.3%
Adjetivo 15.5%
Verbo 14.7%
Advérbio 31.0%
Preposição 47.3%
Substantivo 66.2%
Adjetivo 54.1%
Verbo 63.9%
Advérbio 17.3%
Preposição 18.8%
71
Sendo palavras gramaticais os pronomes, preposições, conjunções e advérbios, que
funcionam de forma distinta do que no sistema gramatical de chinês, é previsível que não
constem no dicionário tantas informações de que os aprendentes precisam, visto que, além
reflete-se, em particular no caso dos advérbios, na medida em que nos atuais dicionários
em papel, possivelmente por limite de espaço, não constam verbetes para advérbios em -
eletrónicos, como a Infopédia e DPLP32, resolvem este problema, pois contêm também
estrangeiros.
Por fim, vamos conhecer quais elementos são procurados e quais os respondentes
tema (ver Gráfico 16), o significado, sem dúvida, ocupa o primeiro lugar com a escolha
considerável dos respondentes também presta atenção especial aos elementos gramaticais,
sendo que o género e a classe da palavra foram selecionados respetivamente por 51,9% e
44,4% dos respondentes. A pronúncia (18,5%), por seu turno, é a menos procurada.
32 A aplicação do DPC foi criada com base na sua versão em papel, não contendo também, portanto, verbetes dos
advérbios.
72
13. Quais elementos éque normalmente procura na consulta de
uma palavra no dicionário?
0.0% 20.0% 40.0% 60.0% 80.0% 100.0%
Significado 79.3%
Pronúncia 18.5%
aprendentes procuram mas que não encontram no dicionário, pode-se observar que muitas
das informações mais procuradas não constam dos dicionários. Por exemplo, provérbios
e expressões idiomáticas contam com 67,7% dos votos, a colocação da palavra com 53,4%
resultados referidos pode-se chegar à conclusão de que, embora alguns dos dicionários
mais populares33 contenham certos exemplos (no caso do DPLP e do DPC), provérbios
33 No presente trabalho, com base dos resultados das primeiras duas perguntas, os dicionários mais populares referem-se a
73
e/ou expressões idiomáticas e colocação das palavras, as suas quantidades não
Outro 3.0%
pronúncia, como na pergunta 13, também não são alvo de atenção dos respondentes. Na
Por outro lado, os elementos fonéticos também não desapareceram dos dicionários
certas palavras, como os casos de “êxito |êizi|” e “boca |ô|”. O DPC, por sua vez, contém
de “poder (ê)”. Quanto aos áudios de pronúncia, não estão disponíveis, infelizmente, nos
dicionários referidos.
provavelmente nos dicionários em papel, porque os utentes têm acesso no DPLP e nos
antónimos nos dicionários que utilizam, que também estão disponíveis no DPLP. Outro
Sendo dicionários destinados ao público geral ou aos aprendentes da língua, é natural que
determinada área.
níveis intermédios, os dicionários mais populares são, por ordem descrescente, o DPC,
DPLP, DLP e DCCP. Os dicionários bilingues são relativamente mais preferidos pelos
ao passo que os utilizadores dos dicionários bilingues prestam atenção especial aos
75
Os respondentes escolhem os dicionários em papel por conterem informações completas
formatos eletrónicos, por sua vez, são apreciados pela consulta eficaz, atualização
conjugação e o “caderno das palavras”. Quanto aos dicionários bilingues existentes, por
estrangeiros, que pode ser resolvida de certo modo pelos dicionários eletrónicos, e pela
falta de exemplos e do contexto em que se aplica a palavra. A par disso, faltam a ambas
no mercado chinês, que se encontra por desenvolver. Seja monolingues seja bilingues,
76
Capítulo IV – Análise dos dicionários
para a análise no presente capítulo os quatro dicionários mais utilizados, bem como os
(DCCP).
Antes de tudo, será pertinente tomar conhecimento primeiro, por detalhes, das
informações básicas dos dicionários por analisar. Como a seguinte tabela demonstra, ao
também ignorada desde 2014; sendo assim, os verbetes na aplicação não serão incluídos
100 000 entradas. No que diz respeito às fontes do dicionário, nenhum deles se baseia em
de autoridades de chinês e o DPLP tem por base o Novo Dicionário Lello da Língua
Portuguesa, publicado pela Lello Editores entre 1996 e 1999. Os dicionários restantes,
por sua vez, foram todos frutos da elaboração autónoma dos autores ou editoras.
77
DPC 2001 N/A Cerca de 70 000 N/A
Dicionário
DCCP 1997 N/A Por volta de 25 000 Moderno da
Língua Chinesa
2018 (versão
2008 (versão Novo Dicionário
online)
DPLP online) 115 821 34
Lello da Língua
2014
2011 (aplicação) Portuguesa
(aplicação)
Mais de 260 000
DLP 1952 2017 N/A
definições35
Formato
2003 (Infopédia)
digital do 2018 Mais de 120 000 DLP
2011 (aplicação)
DLP
adotam a ordem alfabética; entre estes, o DCCP, sendo um dicionário com chinês
radicais e outro por pinyin, como o Anexo V ilustra. Paralelamente, o DPLP também
possibilita a pesquisa reversa, que permite “encontrar os verbetes que apresentam no seu
ou várias palavras, das “sequências de caracteres delimitadas por asterisco (como chav*
e *iscar)” e das abreviaturas aplicadas nos dicionários (como adv. e fam.). Também é
viável na pesquisa a combinação de qualquer uma das opções referidas, como “s. m. fam.
bac*” (Dicionário Priberam, 2018). A Infopédia, por sua vez, não está equipada com
tantas funções no âmbito da pesquisa reversa, a qual sugere apenas no quadro da pesquisa,
por ordem alfabética, alguns lemas cujos exemplos, colocações ou expressões idiomáticas
contêm a palavra digitada, como mostra a Figura 3. A par do referido, tanto o DPLP como
a Infopédia, acrescida a sua aplicação, permitem a pesquisa das formas flexionadas dos
34 Como referido, no site oficial do DPLP não está disponível essa informação, retirou-se o dado da apresentação do
Observatório da Língua Portuguesa publicada em 2016, através do link https://observalinguaportuguesa.org/lingua-
portuguesa-esta-mais-rica-dicionario-priberam-tem-mais-de-840-novas-palavras-desde-o-inicio-do-ano/
35 No dicionário impresso não foi indicado o número das entradas.
78
lemas, designadamente, o verbo conjugado, a forma feminina, plural e até advérbios com
sufixo de “-mente”, derivados dos adjetivos, que não foram registados nos dicionários
impressos, o que favorece significativamente aos aprendentes estrangeiros que não estão
resumo da gramática, lista de siglas e/ou abreviaturas, lista de verbos irregulares, lista de
(Welker, 2004: 79), todas as obras em análise contêm o guia de utilização e a lista de
principal dos dicionários online, não existindo, contudo, nas respetivas aplicações. Em
relação aos apêndices, o DCCP incorporou a Lista dos Carateres Simplificados Chineses
costumam permanecer nos dicionários destinados aos chineses, visto que a China adotava
O DPC, por sua vez, inclui uma série de apêndices que consideraram úteis para a
79
aprendizagem dos alunos, incluindo a Lista de Conjugação dos Verbos, a Lista das
Traduções Chinesas para os Nomes Próprios Comuns em Português, a Lista das Regiões
e Países Importantes no Mundo, a Lista dos Numerais, a Lista dos Elementos Químicos,
DLP, por seu turno, registou no final a lista das palavras e expressões estrangeiras, bem
como a das abreviaturas, siglas e símbolos. Sendo um dicionário que deu destaque ao
Acordo Ortográfico, também foi incorporado o Guia do Acordo Ortográfico, que descreve,
o resumo da gramática portuguesa e uma série das ligações úteis para o uso de português,
todavia, não se tem tido acesso ao longo do tempo, provavelmente por erros técnicos. A
Infopédia, de facto, é um site que integra todos os dicionários publicados pela Porto
Editora, com o DLP enquanto o seu dicionário default. Assim sendo, no site tem-se um
termos médicos, bem como os que envolvem outras línguas como inglês, espanhol e
das aplicações. No caso dos chineses, que preferem substancialmente a consulta nos
telemóveis, tal falta não é benéfica para a promoção dos dicionários no mercado,
36 Como se explicou no Capítulo I, tanto o governo como os chineses, em geral, não prestam atenção à propriedade
intelectual, levando a que muitos dicionários impressos tenham sido ilegalmente compilados nos formatos eletrónicos.
80
Figura 4 – Verbete de "entender" no DLP
a transcrição fonética, que não existe na edição impressa nem na aplicação, e incorpora a
comuns desse lema. Não obstante o facto de que a aplicação do DLP 37 acrescentou
dessas expressões. Aliás, uma grande parte das aceções são apresentadas por sinónimos
37 Como o conteúdo na aplicação é quase idêntico ao do Infopédia, não se apresentou a captura na aplicação no presente
capítulo.
81
dificuldades e permitindo a consulta rápida, por um clique, de qualquer palavra nas
Comparando com DLP, o DPLP adota uma linguagem menos acessível, como a
aplicação das palavras como “apossar-se”, “superintender” e “rixa”, que são ainda mais
difíceis do que o próprio lema “entender” (ver Figura 6). Embora o site também possibilite
lema, considerando que “entender” é um verbo que aparece com alta frequência tanto nas
atividades de produção como nos materiais de receção. Neste caso, a Infopédia manifesta
estrangeiros.
82
Figura 7 – Verbete de "entender" no DPC (pp. 413)
O DPC, por sua vez, detalhou muito mais a definição de “entender”. Para além de
incluir as aceções que o DLP e DPLP incorporaram, abrange também as aceções como a
se sem explicar” na classe pronominal. Das aceções pode-se inferir que o DPC pretende
enumerar o maior número de aceções possível para os seus utilizadores, todos equipados
análise, destacando também o contexto de uso para algumas expressões como “entender
publicação (em 2001), expressões como “entender de lagares de azeite” e “entender tanto
de um assunto como de lagares de azeite” já não pertencem ao uso corrente nos dias de
hoje. Nesse caso, é possível acontecer que os aprendentes utilizem as expressões que nem
faltando apenas a aceção “ouvir”, por lapso do “voluntário” que publicou esse formato.
Lapsos semelhantes também ocorrem no registo errado dos termos como “hemolde” por
83
feminino), como o anexo VI demonstra. Em outras palavras, apesar da eficácia e
com que os aprendentes podem ter dificuldades e até perder paciência de ler. Contudo,
pode provocar confusão para os aprendentes chineses, por exemplo, na aceção 3 “Os
38 Como os verbetes nas três versões do DLP são idênticos, apresenta-se apenas a captura do verbete no Infopédia.
84
Figura 9 – Verbete de "escola" no DPLP
objeto consultado. Sendo um dicionário para aprendizes, nos verbetes dos substantivos
“leão” (pl. leões; f. leoa) e “cidadão” (pl. cidadãos; f. cidadã), relembrando aos
85
Na questão da indicação das grafias das variedades europeia e brasileira, o DPC e
DLP optaram por criar novos verbetes para a brasileira, onde existem remissões para a
forma europeia, enquanto no DPLP e Infopédia têm acesso direto a qualquer forma dos
palavra-base, que pode ser verbo, adjetivo e substantivo, como no caso de “avaliação”,
verbetes dos lemas referidos para verificar se a questão é comum nos dicionários mais
procurados.
avaliação
(DLP e Infopédia)
1. ato de avaliar
2. valor determinado pelos avaliadores
(DPLP)
1. Acto de avaliar.
2.Valor determinado por peritos, apreciação.
(DPC)
1. avaliar 的行为 (ato de avaliar39)
2. 定价, 估量,计价,标价 (equivalentes que significam valor determinado, estimação,
valor indicado )
suspensão
(DLP e Infopédia)
1. ato ou efeito de suspender(-se)
2. estado do que se acha suspenso ⟨o sistema de suspensão de uma ponte⟩
(DPLP)
1. Acto ou efeito de suspender.
2. Estado de algo que está suspenso.
(DPC)
1. suspender 的结果和行为 (efeito e ato de suspender)
2. 暂停,停止 (equivalentes que significam pausa e cessação)
proporcionar
(DLP e Infopédia)
1. fazer com que haja proporção entre duas ou mais coisas
2. tornar proporcional
(DPLP)
1. Fazer com que duas coisas conservem entre si uma determinada proporção. =
HARMONIZAR, ADAPTAR
2. Tornar ou tornar-se proporcional.
(DPC)
1. 使成比例,使匀称;使均衡;使协调 (tornar proporcional, tornar bem proporcional;
tornar equilibrado; tornar harmonizado)
~ uma estátua ao pedestal 使塑像与底座成比例
utilizadores ainda precisam de tomar conhecimento primeiro dos significados dos lemas
apesar de que os dicionários monolingues online possibilitem o acesso rápido aos verbetes
dicionário bilingue, também não consegue evitar recorrer a tal maneira de definir,
87
Figura 11 – Verbete de "理 lǐ" no DCCP (pp. 377)
ocorrer com alta frequência em chinês, como o verbete de “理” na Figura 11, enumeram-
se também as palavras ou expressões que o contêm, mas que não se iniciam com esse
colocações e/ou exemplos curtos, tentando disponibilizar uma obra simplificada e prática
A época também carregou o dicionário de marcas históricas por ter registado alguns
carateres e palavras chineses que já não pertencem ao uso corrente, como o verbete “妣
88
mãe defunta”, “货郎 vendedor ambulante” e “麇集40 reunir-se; agrupar-se”. Todavia,
algumas palavras de uso corrente, como “暂停41” e “纸巾42”, não foram registadas na obra.
Certos equivalentes e/ou traduções também não são precisas, como o exemplo de “反馈”,
referir a esse conceito hoje em dia. No verbete “computador”, em chinês “电脑”, além do
equivalente, foi apresentada também a tradução literal “cérebro eletrónico”, pelo que esse
se refletem no registo de uma série de termos políticos com caraterísticas chinesas, como
Em suma, todos os três dicionários com português enquanto língua-fonte têm os seus
defeitos. No caso dos dois dicionários monolingues, as informações que constam nas
versões online são mais integrais do que nos seus outros formatos. Por lapsos do
como a edição impressa. A respeito dos elementos que fazem parte do verbete, o DPC
abrange mais informações relativas ao uso do lema do que quaisquer formatos dos outros
dos substantivos concretos; contudo, tomando em conta que a obra foi publicada há 17
com que um dicionário ideal se deve equipar para os falantes da língua chinesa. Importa
salientar que a proposta foi realizada completamente do ponto de vista académico e das
necessidades dos utilizadores, não levando em conta os fatores práticos como a sua
Com base nas preferências, frequência e hábitos de uso dos chineses, é aconselhável
preferencialmente como aplicação, o qual pode ter por base, por exemplo, o DLP ou DPLP.
definição, bem como pesquisa reversa e de formas flexionadas dos lemas. Considerando
também pode ser incorporada na aplicação para que os utilizadores possam rever e estudar
para aprendizes, que ganharam enorme popularidade no mercado chinês, como o Oxford
considerável de entradas (neste caso de 70 000 a 100 000, levando em conta os números
corrente nos dias de hoje, bem como as respetivas traduções, de forma a satisfazer as
90
necessidades dos aprendentes chineses. A respeito da questão da definição
de evitar que tal incómodo aconteça novamente. As marcas de uso também serão
necessárias para informar os utilizadores do contexto de uso. A par disso, será também
bem-vinda a indicação da variedade brasileira (supõe-se que seja um dicionário que tem
forneça a pronúncia em áudio, idealmente deve ser gravado por falantes nativos.
escala tanto nos lexicógrafos especializados como na tecnologia para a concretizar. O seu
na China. Seja como for, espera-se ainda que tal proposta possa servir de referência para
91
Conclusão
para a lexicografia portuguesa. Tendo por base o enquadramento teórico, foi realizado um
conhecimento sobre o uso do dicionário por tal grupo. Procedeu-se, por consequência, às
o léxico de uma língua, a fim de fornecer aos seus utilizadores uma ferramenta que os
ajude a encontrar com rapidez as informações que procuram para os efeitos de produção
as últimas três nem sempre marcam presença nos dicionários. A medioestrutura refere-se
economizar espaço.
quatros tipos mais comuns, a saber, o dicionário monolingue geral, o dicionário para
prototípico pelo que é aquele que surge primeiro à nossa mente ao pensar no termo
92
“dicionário” e que é mais procurado e consultado. O dicionário para aprendentes é uma
obra destinada aos alunos estrangeiros de uma língua, para fins pedagógicos, sendo
descrita com uma linguagem mais acessível e contendo mais exemplos e informações
No que diz respeito à utilidade do dicionário, várias pesquisas verificaram que o uso
Como não fora concretizada qualquer pesquisa acerca do uso por aprendentes
utilizam? ii) Com que frequência e em que contexto eles utilizam? iii) Quais são as suas
opiniões em relação aos dicionários que conhecem? iv) O que eles procuram da consulta
no dicionário?
nós o perfil acerca do uso do dicionário dos estudantes chineses: preferência prevalente
chegou-se a conclusão de que, apesar de o DPC conter mais informações de uso do que
todas as versões do DPLP e DLP, também foi depreciado pelas suas informações
93
relativamente obsoletas. O mesmo também aconteceu ao DCCP, que se limitou à época
que se carateriza pela sua natureza eletrónica e bilingue ou semibilingue, por ter entradas
melhoria na definição dos lemas derivados de outras formas. Por ser um dicionário
Sendo um trabalho restrito ao uso do dicionário por chineses, ainda existem aspetos
que necessitam de mais discussão a respeito de, por exemplo, corpora, dicionários da
Seja como for, espera-se que o presente trabalho já seja capaz de ilustrar a realidade dos
dicionários da língua portuguesa no mercado chinês e o seu uso, além de apresentar uma
proposta preliminar de uma obra ideal para os utilizadores desse território. Apresenta-se
94
Referências bibliográficas
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99
Anexo I – Versão Chinesa do Questionário-piloto
100
101
102
103
104
105
Anexo II43 - Versão Portuguesa do Questionário-piloto
43 No questionário, a palavra chinesa em azul, “多选题”, que fica no final das perguntas de escolha múltipla,
significa “Escolha Múltipla”. Sendo uma plataforma exclusiva para utilizadores chineses, o site apenas possui a
versão chinesa.
106
* As opções da pergunta 2 baseiam-se na escolha na pergunta 1. Será apresentado
como a seguinte45:
108
* Caso tenha escolhido as primeiras três opções na pergunta 1, a pergunta 4 ficará
do seguinte modo:
109
110
111
112
113
Anexo III – Versão chinesa do questionário
114
115
116
117
118
119
Anexo IV – Versão portuguesa do questionário
120
121
122
123
124
125
Anexo V – Sistemas de indexação
126
Sistema de indexação por yinpin
127
Anexo VI – Digitalização dos verbetes de “cor” no DPC
128