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N° 1.213
Curso Magistério Primário – Tarde e Noite
Professores:
Paulo Malato
Domilsom Papel
Domingos Tchitocota Sativa
ANO LECTIVO – 2021/2022
SUMÁRIO
Introdução ................................................................................................................................ 3
3
COMPLEXO ESCOLAR Nº 1.312 – DOM BOSCO
CAPÍTULO I: Origem da Didáctica: Termos e Conceitos
1. Educação e ensino
A palavra educação tem sido utilizada, ao longo do tempo, com dois sentidos: social e
individual.
Do ponto de vista social, é a acção que as gerações adultas exercem sobre as gerações
jovens, orientando sua conduta, por meio da transmissão do conjunto de conhecimentos,
normas, valores, crenças, usos e costumes aceitos pelo grupo social. Nesse sentido, o termo
educação tem sua origem no verbo latino educare, que significa alimentar, criar. Esse verbo
expressa, portanto, a ideia de que a educação é algo externo, concedido a alguém.
Assim concebida, a educação é uma manifestação da cultura e depende do contexto
histórico e social em que está inserida. Seus fins variam, portanto, com as épocas e as
sociedades. "Não há grupo humano, por mais rudimentar que seja sua cultura, que não
empreenda esforços, de um ou de outro tipo, para educar suas crianças e seus jovens." Em
resumo, a educação, como facto social, possibilita que as aquisições culturais do grupo sejam
transmitidas às novas gerações, contribuindo, assim, para a subsistência do grupo como tal.
Se a educação, do ponto de vista social, é a transmissão, pelas gerações adultas, de
valores, normas, usos, costumes, conhecimentos às gerações mais jovens, como surge a
escola? "Quando a sociedade é muito simples e a cultura do grupo rudimentar, como nas
civilizações pré-letradas, a educação se realiza assistematicamente. As crianças e os jovens
participam das actividades dos adultos, e, pela experiência direta, aprendem as lendas, os
mitos, as normas que regulam a conduta, as técnicas de trabalho, as formas de convívio e de
recreação. Nas sociedades complexas, em que o acervo cultural é muito vasto, torna-se
necessário sistematizar uma parte significativa desse património cultural, para garantir sua
transmissão às novas gerações, em um certo espaço de tempo e dentro de uma determinada
sistemática, achada a mais conveniente naquele momento histórico e dentro daquele quadro
cultural. Surge, então, a escola instituição social criada, especificamente, para educar e
ensinar. A escola, sendo instituída e regulamentada pelo grupo, reflete seus valores e seu nível
cultural." Portanto, a escola surgiu como instituição social, ao longo da história, à medida que
a organização das sociedades foi se tornando mais complexa, a tecnologia mais avançada e as
aquisições culturais mais vastas e sistematizadas.
Do ponto de vista individual, a educação refere-se ao desenvolvimento das aptidões e
potencialidades de cada indivíduo, tendo em vista o aprimoramento de sua personalidade.
Nesse sentido, o termo educação se refere ao verbo latino educare, que significa fazer sair,
conduzir para fora. O verbo latino expressa, nesse caso, a ideia de estimulação e liberação de
forças latentes.
Como podemos verificar, nos dois sentidos, a palavra educação está ligada ao aspecto
formativo. Ao falar da necessidade de conciliar os interesses de uma educação centrada no
indivíduo com os interesses básicos da ordem social, Walter Garcia afirma ser necessário
verificar em que medida um sistema de ensino colectivo pode, mantendo sua orientação
marcadamente social, conservar, em seu interior, elementos que permitam a solução dos
problemas de adaptação individual. A convergência dos aspectos sociais e individuais talvez
seja um dado fundamental ao qual os novos educadores devam dedicar maior atenção.
método para o ensino de línguas de acordo com suas ideias educacionais, considerado
revolucionário para a época.
Devido a sua longa experiência como professor, Comenius não foi apenas um teórico
da educação. Ele teve também grande importância para a prática da instrução escolar,
contribuindo para a melhoria dos processos de ensino. A seguir, apresentamos alguns
princípios defendidos por Comenius na sua obra Didáctica magna, publicada em 1632, e que
teve influência direta sobre o trabalho docente.
conservem a unidade necessária para desenvolver no indivíduo uma consciência plena e una.
Herbart afirmava que o conhecimento constitui um todo inter-relacionado, e só é
compartimentalizado em matérias escolares para fins didácticos, tendo em vista facilitar o seu
estudo e assimilação. Por isso, o professor deve organizar e apresentar os materiais de
instrução de forma que o aluno perceba a relação existente entre as várias matérias de estudo e
a unidade do conhecimento.
Para alcançar esse objectivo, Herbart elaborou e aplicou um método instrucional que
consistia numa série de passos baseados na ordem psicológica de aquisição do conhecimento.
Esses passos deveriam ser seguidos em cada unidade de instrução e apresentavam a seguinte
sequência: preparação, apresentação, associação, sistematização e aplicação.
John Dewey (1859-1952) A concepção que Dewey tinha do homem e da vida, e que
serve de base à sua pedagogia, é de que a ação é inerente à natureza humana. A ação precede
o conhecimento e o pensamento. Antes de existir como ser pensante, o homem é um ser que
age.
A teoria resulta da prática. Logo, o conhecimento e o ensino devem estar intimamente
relacionados à ação, à vida prática, à experiência. O saber tem carácter instrumental: é um
meio para ajudar o homem na sua existência, na sua vida prática. Para Dewey, o homem é um
ser eminentemente social. Assim sendo, são as necessidades sociais que norteiam sua
concepção de vida e de educação. Para ele, os motivos morais devem estar a serviço de fins
sociais. O trabalho em comum e a cooperação são os elementos fundamentais da vida
colectiva e satisfazem as necessidades sociais e psíquicas do ser humano.
Dewey instituiu a fórmula: Vida humana = vida social = cooperação. Como o trabalho
e a cooperação são o fundamento da vida, é em torno desses elementos que deve gravitar a
educação escolar. Salientando a importância social do trabalho e valorizando o trabalho
manual, ele afirma que a escola deve tornar-se uma verdadeira comunidade de trabalho, em
vez de um lugar isolado onde se aprendem lições sem ligação com a vida.
A criança, por sua própria natureza, é ativa, quer agir, fazer alguma coisa, produzir.
Assim, a escola deve respeitar a natureza da criança e aplicar o princípio do aprender fazendo,
agindo, vivendo. A criança deve adquirir o saber pela experiência e pela experimentação
próprias. O papel da escola não é comunicar o saber pronto e acabado, mas ensinar as crianças
a adquiri-lo, quando lhes for necessário. Como? Desenvolvendo a atenção e o pensamento
reflexivo, a capacidade de estabelecer relações entre fatos e objectos, a habilidade para
diferenciar o essencial do acessório e para remontar às causas e prever os efeitos. Ressalta
que, na aquisição do saber, o fundamental é a actividade mental, e que esta pode ou não vir
acompanhada da actividade física. Por isso, Dewey é um grande defensor dos métodos ativos
e prega o ensino pela ação.
Embora vários outros filósofos e educadores tenham defendido a necessidade de se
rever os processos de ensino, os educadores aqui apresentados, por sua obra tanto teórica
como prática, tornaram-se verdadeiros marcos do pensamento educacional, e suas ideias
repercutiram diretamente no campo da Didáctica. Eles não só pregaram a reforma dos
métodos de ensino como também aplicaram, em suas práticas educativas, as ideias que
defendiam. Apesar de apresentarem concepções diferentes de educação, os educadores aqui
mencionados tiveram um aspecto em comum: tentaram fazer com que a reforma do ensino
não ficasse restrita a uma elite, mas fosse estendida a parcelas cada vez maiores da população.
Nesse sentido, eles acreditaram na educação popular e tentaram mostrar que qualidade e
quantidade não são termos indissociáveis, e que podem, num certo momento, andar juntos.
Resumo
✓ Educar é um termo mais amplo que ensinar, pois, enquanto a educação refere-se ao
processo de formação humana, o ensino é a orientação da aprendizagem.
✓ Enquanto a Pedagogia é o estudo e a reflexão sobre a teoria da educação, a Didáctica é
uma área específica da Pedagogia e se refere à teoria e à prática da instrução e do
ensino.
✓ Toda teoria pedagógica tem seus fundamentos baseados num sistema filosófico. E a
Filosofia que, expressando uma concepção de homem e de mundo, dá sentido à
Pedagogia, definindo seus objectivos e determinando os métodos da ação educativa.
Nesse sentido, não existe educação neutra. Ao trabalhar na área da educação, é sempre
necessário tomar partido, assumir posições. E toda escolha de uma concepção de
educação é, fundamentalmente, o reflexo da escolha de uma filosofia de vida.
✓ Alguns dos pressupostos didácticos atualmente adotados não são construções
inteiramente recentes, mas foram elaborados pelos educadores ao longo do tempo, e
reformulados a partir de um processo contínuo de reflexão-ação-reflexão.
A língua portuguesa é, para a maioria das crianças angolanas, uma língua segunda
porque funciona como uma língua de intercomunicação entre falantes das diversas línguas
maternas, além de um estatuto privilegiado de língua oficial e veicular do processo de ensino
e aprendizagem.
A finalidade principal do seu ensino da Língua Portuguesa (no Ensino Primário, claro)
deve obedecer as duas competências, nomeadamente:
✓ Estratégia: Trata-se de uma descrição dos meios disponíveis pelo professor para
atingir os objectivos específicos.
✓ Técnica: É a operacionalização do método.
✓ Procedimentos: Maneira de efetuar alguma coisa. Consiste em descrever as
actividades desenvolvidas pelo professor e as actividades desenvolvidas pelos alunos.
Podemos dizer que o conteúdo determina o método, pois é a base informativa concreta
para atingir os objectivos. Para escolher os métodos mais adequados, o professor deve seguir
alguns critérios como: objectivos educacionais, experiência didáctica do professor, tipos de
alunos, tempo disponível, dentre outros.
1.5.2. Método de exposição pelo professor: Nesse método, a actividade dos alunos
é receptiva. Cabe ao professor a apresentação dos conhecimentos e habilidades.
Este método pode ser adotado em qualquer momento da aula, como tarefa
preparatória, tarefa de assimilação ou como tarefa de elaboração pessoal:
Para que o trabalho independente cumpra a sua função didáctica o professor precisa:
✓ Dar tarefas claras;
✓ Assegurar condições de trabalho;
✓ Acompanhar o trabalho;
✓ Aproveitar o resultado das tarefas para toda a classe.
Actividade colectiva que visa a integração e a colaboração dos alunos e/ou equipe para
a execução de uma tarefa ou projecto, a partir dos seguintes elementos:
Ainda quanto à classificação dos métodos, Regina Célia (2014:29) cita Irene Carvalho
classifica, resumidamente, da seguinte forma:
2.1. Planificação
✓ Calendário escolar;
✓ Critérios de agrupamentos dos alunos;
✓ Definição do sistema de avaliação, contendo normas para adaptação,
recuperação, reposição de aulas, compensação de ausências,
promoção dos alunos;
✓ Plano de curso, contendo as programações das atividades
curriculares;
✓ Elaboração do sistema disciplinar da escola;
✓ Atribuição de funções a todos os elementos que trabalham na escola.
Funções Da Planificação
Características Do Plano
Itens Mínimos
✓ Competências e habilidades.
✓ Conteúdos.
✓ Actividades a serem desenvolvidas / Metodologia.
✓ Avaliação da aprendizagem.
✓ Observações – do professor e do coordenador pedagógico.
Processos didácticos: são vias que permitem que a aprendizagem seja mais simples,
intuitiva, activa, variada e que mantenha presa a atenção dos alunos.
✓ Processo legográfico: esta palavra é de origem latina, onde lego (ler) e gráfico
(escrever). Neste processo, o professor deve ensinar os alunos a ler e a escrever
simultaneamente.
✓ Processo ideográfico: o processo que consiste em que o professor ensina os
alunos utilizando as representações gráficas (gravuras). Permite ao aluno a
formação ilustrativa da imagem.
✓ Processo das fichas: consiste na apresentação de pequenas tiras de papel ou
cartões, onde o professor escrevce ou desenha:
✓ Fase subsilábica: consiste no acto de o aluno aprender a ler as palavras uma a uma.
Exemplo: c…a = ca; s…a = sa = casa
✓ Fase silábica: consiste no acto de o aluno juntar as silabas ou sons. Durante esta fase,
da aprendizagem da leitura, o aluno lê ou vai fazendo corte-pausa da voz.
✓ Exemplo: ca…sa = casa
✓ Fase hesitante: consiste no acto o aluno já não ler por silabas, mas hesitando,
demorando nas palavras difíceis ou desconhecidas.
✓ Fase corrente: consiste no facto de o aluno fazer a leitura com certo desembaraço,
mas sem compreender o que leu, isto é, uma leitura pouco mecânica.
✓ Fase expressiva: consiste no acto de o aluno ler não mais com desembaraço, mas faz
uma leitura obedecendo às regras de pontuação, acentuação, dicção, procurando
transmitir os sentimentos do autor.
Ensinar uma língua não é como gravar uma informação em cima de uma «tábua rasa»
– o aprendiz já dispõe de um instrumento (mais ou menos consolidado) para comunicar com
os outros e exprimir a sua originalidade e, através dele, já organizou a sua capacidade de
compreender e interagir com o mundo. Aprender uma língua é muitas vezes apreender uma
nova visão do mundo, uma nova cultura, uma nova teia de relações sociais.
2.3. O ensino e a aprendizagem da oralidade
Tudo o que atrás se disse se reveste de contornos muito mais prementes quando se
trata de ensinar uma língua oficial a crianças analfabetas na sua língua materna – no caso de
Angola, a raiz desse analfabetismo prende-se, não só à tenra idade das crianças (como
acontece, por exemplo, à aprendizagem do francês ao filho de um imigrante português em
França) mas também ao facto de grande parte das línguas nacionais de Angola não ter um
suporte escrito (isto é, toda a população é analfabeta nessas mesmas línguas).
Por isso, o ensino do português na escola primária em Angola tem necessariamente de
passar por um desenvolvimento efectivo da prática da oralidade, tanto na compreensão de
mensagens recebidas como na construção de textos orais que exprimam, de forma correcta e
eficaz, as necessidades, os pensamentos, as emoções dos pequenos aprendizes.
Por vezes, confunde-se a prática da oralidade com a capacidade de leitura oralizada de
textos escritos. Há, naturalmente, pontos em comum e a prática de uma leitura em voz alta é
essencial para se poderem corrigir deficiências de pronúncia ou desvios de entoação, capazes
de perturbar a recepção do ouvinte e, eventualmente, alterar o sentido do que se quer dizer.
Não pode, pois, o professor descurar este tipo de exercícios, velando pelo progresso do grau
de dificuldade e pela variedade das situações comunicativas presentes nos textos propostos
para leitura. Mas não poderá nunca convencer-se de que está a “treinar a oralidade” só porque
pede aos alunos que participem nesses mesmos exercícios. O âmago da oralidade, a
capacidade de se construírem actos de fala que traduzam, de uma forma autónoma e fluente, o
pensamento ou o sentimento do falante, não tem muito a ver com a proclamação, ainda que
muito correcta, de textos que outros escreveram (nem sequer de textos que o próprio
escreveu).
2.3. Leitura: da decifração à compreensão de textos
2.3.1. A decifração
Ao ler, utilizamos três tipos de estratégias: visuais; de antecipação; de decifração.
Durante muito tempo, considerou-se a leitura como uma operação perceptiva (visual e
auditiva) que exigia maturação da criança e pressupunha pré-requisitos para a sua
aprendizagem, tais como treino de grafismos (motricidade fina) e exercícios de estimulação
perceptiva do espaço, do tempo, do ritmo, distinção entre igual e diferente, entre outros. A
partir dos anos 70, sentiu-se a necessidade de determinar as capacidades e estratégias
mobilizadas no acto de ler, isto é, compreender como se processa a aprendizagem da leitura e
conhecer o que as crianças pensam sobre a leitura e para que serve, assim como as operações
cognitivas mobilizadas no acto de ler.
Deste modo, alguns estudos sobre operações e estratégias cognitivas presentes na
actividade de leitura levaram à construção de modelos, isto é, de teorias, que procuram
explicar os mecanismos em jogo no acto de ler, ou seja, de que forma a informação impressa
Sabemos hoje que há algumas determinantes para aprender a ler com sucesso. São
elas:
✓ O conhecimento oral e o vocabulário que se conhece da língua em que se vai ser
escolarizado (língua de escolarização), pois aprende-se a ler com maior facilidade
consoante o conhecimento que se tem dos sons da língua, ou seja, a consciência
fonológica que se tem relativamente a essa língua, constituindo a correspondência
som/grafema a base da descoberta do princípio alfabético e o caminho para o
reconhecimento global de palavras;
✓ As experiências que se têm sobre a língua escrita antes de saber ler, quer dizer, o
conhecimento prévio dos princípios gráficos que regulam a linguagem escrita (a sua
função, a sua organização e o conhecimento do código gráfico),
✓ Existem, no entanto, factores determinantes na facilidade de identificação de
palavras, a saber: a familiaridade da palavra para o leitor, decorrente da frequência
de ocorrência; a previsão da palavra no contexto em que surge; a regularidade na
correspondência som/grafema.
✓ Deste modo, para aprender a ler numa língua, é fundamental respeitar cinco
grandes princípios. São eles:
✓ Promover na criança o desenvolvimento da linguagem oral (ser alfabetizado numa
língua que conhecemos mal dificulta muito a decifração, uma vez que a descoberta
do princípio alfabético assenta na relação som-grafema.);
✓ Proporcionar-lhe o contacto com material escrito;
✓ Provocar na criança a descoberta dos princípios gráficos;
✓ Desenvolver-lhe a consciência fonológica da língua de alfabetização;
✓ Promover na criança o prazer da leitura pela voz dos outros.
Assim, o ensino da decifração deve ocorrer em contexto de leitura e assentar nas
experiências e nos conhecimentos da criança sobre a linguagem escrita; o ensino da
correspondência som/grafema deve ser explícito, directo e transparente e ter sempre como
base o desenvolvimento da consciência fonológica, particularmente da consciência fonémica
(sons das letras); deve contemplar sistematicamente o reconhecimento de padrões ortográficos
regulares e incrementar a leitura de palavras frequentes.
O ensino da decifração deve estar intimamente associado a práticas de expressão
escrita, ou seja, aprender a ler e a escrever deve ocorrer em simultâneo.
Deste modo, o professor deverá encaminhar as crianças para:
✓ Identificar rápida e eficazmente palavras conhecidas;
✓ Evocar a ortografia (soletração) e o significado de palavras conhecidas;
✓ Encontrar o significado e a forma de produção de palavras desconhecidas.
Chegados a este ponto, parece-nos essencial sublinhar alguns aspectos a reter sobre
aprendizagem da leitura e que deverão ser explícitos para as crianças. São os seguintes:
✓ O conhecimento da existência de dois sistemas autónomos (a língua escrita e a
língua oral) que são diferentes e que requerem capacidades específicas;
✓ A aprendizagem da língua escrita não é natural; requer um ensino sistematizado
que contemple a consciência dos sons da língua e a aprendizagem da sua
correspondência numa representação alfabética;
✓ A consciência fonológica é a base da identificação da correspondência som/
grafema;
✓ A leitura fluente de palavras isoladas é a essência da decifração e a etapa
determinante na compreensão de textos;
✓ Elaboração de resumos;
✓ Reestruturação de um texto, esquematizando-o;
✓ Concepção de títulos que englobem o sentido de um texto;
✓ Divisão de um texto em partes.
De igual forma, os alunos serão capazes de identificar o tema/assunto do texto, bem
como de sintetizar partes do texto; ordenar cronologicamente sequências de acontecimentos;
interpretar e reorganizar dados fornecidos em diversas frases do texto, elaborar esquemas
sobre o texto; mobilizar informação dispersa no texto para responder a perguntas e resumir
informação, entre outras tarefas.
A componente inferencial (CI) exerce-se quando se formulam antecipações ou
suposições sobre o conteúdo de um texto e sobretudo quando, a partir da informação contida
no texto, somos capazes de fazer deduções com base nos conhecimentos prévios.
Apresentamos de novo alguns exemplos do que temos de trabalhar com os alunos:
✓ Inferir o significado de palavras desconhecidas;
✓ Antever a causa de determinados acontecimentos;
✓ Inferir sequências lógicas;
✓ Reconstruir um texto, variando personagens e acções;
✓ Prever um final diferente.
Deste modo, os alunos serão capazes de dar um título ao texto e deduzir a ideia
principal, traços de carácter, prever resultados e hipóteses de continuidade, entre outras
possibilidades de compreensão.
A componente crítica (CC) implica a formação de juízos próprios e a identificação da
linguagem do autor. Propomos alguns exemplos de tarefas de ensino:
✓ Análise do conteúdo de um texto;
✓ Distinção entre factos e opiniões;
✓ Manifestação de opiniões face ao conteúdo de um texto;
Desenvolvidas estas tarefas de compreensão, os alunos serão capazes de reconhecer os
objectivos do escritor, colocar-se no lugar da personagem e dizer como agiriam nas mesmas
circunstâncias, dar a sua opinião sobre um facto ou uma atitude, emitir juízos de valor
variados.
2.4.1. Ditado
Com o ditado, pretende-se que as crianças compreendam a razão por que as palavras
se escrevem de determinada maneira. Para tal, recomenda-se exercícios variados de
vocabulário, fixando a relação que se possa estabelecer as diferentes palavras da mesma
família, por exemplo, e até entre palavras aparentemente sem qualquer afinidade. Diremos
que a preparação do ditado e o conhecimento das regras ortográficas se deverá fazer desde
logo na lição da leitura, quando se procede à interpretação e compreensão do trecho e se
praticam os tais exercícios de vocabulário.
a) Procurar corrigir o aluno e não a ortografia. Corrigir o aluno significa que ele é o
principal sujeito e agente da aprendizagem. Por isso, através das palavras erradas,
procurará descobrir quais as causas e deficiências do aluno em relação a escrita
incorrecta. Muitas vezes, o aluno erra porque a Língua Portuguesa apresenta muitas
dificuldades na sua estruturação. o aluno está sujeito a errar se não distinguir os
sons das respectiva grafia.
b) Ao corrigir a ortografia, o professor não deve minimizar os alunos mais fracos para
que não desanimem, mas sim, estimulando-os e premiando-os;
c) O professor nunca deve fazer o confronto da palavra errada com a certa. Por isso, a
palavra errada deve ser riscada para que o aluno não possa visualizá-la;
d) Se o professor colocar a palavra correcta por cima da palavra errada, deve escrevê-
la de forma visível e legível, e nunca deve fazer de forma confusa para que o aluno
não fique com dúvidas da mesma palavra.
Na verdade, não podemos esquecer que os últimos destinatários de todo este trabalho
são os alunos dos primeiros anos de escolaridade e, por isso, caso a caso, se terão em linha de
conta os programas de ensino primário e se farão propostas de aplicação adequadas aos
diferentes níveis.
Um conceito simples e que tem dado conta do que entendemos por gramática é o que
a considera um conjunto de regras que especifica o funcionamento de uma língua. Isso
significa dizer que toda língua tem uma gramática e que os falantes, de algum modo,
dominam as regras da língua que falam. Caso contrário, não haveria entendimento entre as
pessoas por meio da linguagem verbal. Possenti (1996), no entanto, propõe três definições
para gramática, a partir desse conceito básico, no sentido de encaminhar uma opção de ensino
que contemple o conhecimento que possibilite ao falante, produtor de textos orais e escritos,
usar a linguagem verbal nas diferentes esferas sociais de modo desejável e adequado.
Esse primeiro conhecimento de regras da língua de que falamos, aquele que torna as
pessoas capazes de se comunicarem com seus pares e se fazerem entender e serem entendidas,
ainda que não tenham frequentado a escola, Possenti (1996, p.69) denomina de gramática
internalizada: “[...] refere-se à hipótese sobre os conhecimentos que habilitam o falante a
produzir frases ou sequências de palavras de maneira tal que essas frases e sequências são
compreensíveis e reconhecidas como pertencendo a uma língua”.
Uma segunda definição de gramática apresentada pelo autor, nós a conhecemos bem, é
a de gramática normativa. Ela é comum aos livros didácticos e às gramáticas pedagógicas.
Trata-se do “conjunto de regras que devem ser seguidas” (POSSENTI, 1996, p. 64) cujo
objectivo é fazer com que os usuários da língua falem e escrevam correctamente. A tradição
escolar tem privilegiado esse ensino sem, no entanto, ter alcançado o êxito desejado, como já
discutimos em unidade anterior. E uma terceira definição diz respeito ao “conjunto de regras
que são seguidas” (POSSENTI, 1996, p. 65), que é a gramática que orienta o trabalho de
linguistas – descrição e explicitação das línguas como elas são faladas –, gramática
descritiva. Essas definições de gramática são importantes para orientar o ensino que se deseja
desenvolver.
Por definição, e tal como a própria palavra o diz, a morfologia ocupa-se da forma das
palavras, da sua organização em classes (nomes, verbos, conjunções…) e da variação que lhes
é introduzida quer pela flexão (plural, feminino, etc.), quer pela derivação (mesinha,
retomar…), quer ainda pela composição (matabicho, guarda-chuva…). Como se vê, a
variação morfológica é um princípio importantíssimo para a economia da língua porque
permite que a mesma palavra possa assumir significados diferentes só pela adjunção de
pequenos elementos, que fazem parte de uma lista muito reduzida; mas é simultaneamente
uma fonte “económica” de enriquecimento vocabular porque consegue criar palavras novas
por junção ou articulação das antigas.
Se pusermos de parte as chamadas palavras invariáveis, verificamos que a grande
divisão da morfologia distingue, por um lado, os nomes e os adjectivos e, por outro, os verbos
(os pronomes bebem um pouco da morfologia nominal e adjectival e da verbal). Algumas
categorias, como o número, por exemplo, são comuns a todas estas classes; outras, como o
grau, só tocam os substantivos e adjectivos; outras ainda, como a pessoa, são comuns aos
verbos e aos pronomes; já outras, como a voz, o tempo e o modo, só se aplicam aos verbos.
Em português, exceptuando algumas situações de irregularidade, a morfologia
nominal e adjectival não apresenta grandes problemas. De facto, os nomes e os adjectivos
organizam-se em singular e plural (quanto ao número), masculino e feminino (quanto ao
género) e a categoria de grau, utilizada quando se comparam objectos ou qualidades, implica
uma variação restrita e facilmente assimilável.
Quanto aos pronomes, as duas situações mais complexas encontram-se na variação do
pronome pessoal de acordo com a função sintáctica que desempenha (eu, me, mim…, ele, o,
lhe…) e na distinção que existe nos pronomes demonstrativos, de acordo com a proximidade
ao falante (este, esse, aquele).
Porque o verbo é, na maior parte das línguas conhecidas no mundo, o elemento chave
em torno do qual se organiza a comunicação linguística, decidiu-se introduzir neste material
algumas reflexões e propostas metodológicas acerca da morfologia verbal, designadamente
em duas categorias que lhe são privativas: o tempo e o modo.
2.5.1.1. Noção e importância do verbo
A língua portuguesa contém um sistema de desinências que, por si, chegam para
distinguir pessoas, números, tempos e modos. Se, no que respeita às pessoas e números, há
uma certa uniformidade, o mesmo não podemos dizer das desinências para os tempos e
modos, que se organizam em três conjuntos homólogos a que chamamos conjugações (verbos
em -ar, em -er e em -ir). Os próprios verbos irregulares organizam-se em torno dessas três
conjugações.
A visualização da distinção flexional de pessoa (e de número) é típica de todas as
línguas românicas. Ela prende-se à necessidade de clarificar o sujeito gramatical. Em
português, a terminação que distingue a pessoa verbal pode estar oculta nas 1ª e 3ª pessoas do
singular, impondo uma clarificação através do contexto ou da explicitação da forma do
pronome pessoal sujeito (fazia e faça, por exemplo, podem ser 1ª ou 3ª pessoa do singular; por
vezes, torna-se necessário dizer “eu fazia” e “ele fazia”). Tirando este pormenor e algumas
excepções (as formas de perfeito do indicativo e de imperativo), trata-se de uma categoria que
apresenta um alto grau de regularidade.
2.5.1.2. Categorias verbais
Embora costumemos enunciar os verbos dizendo a sua forma de infinitivo (no infinito
impessoal): falar, dizer, ouvir…, os verbos portugueses têm uma variação riquíssima que, por
vezes, se torna difícil para quem os aprende.
Entre as categorias verbais, duas são particularmente fecundas e exigem especial
atenção: o tempo e o modo.
Como atrás se disse, as categorias de tempo e modo apresentam variações flexionais
de acordo com o paradigma de conjugação de cada verbo. Qualquer gramática descritiva
apresenta as tábuas comparativas das três conjugações e um estudo atento porá em evidência
as semelhanças e as diferenças entre as desinências que caracterizam cada uma das formas,
permitindo frequentemente isolar a primeira conjugação e considerar em bloco as outras duas,
reconhecendo a pertença a uma ou a outra dos chamados verbos irregulares.
2.5.1.3. O tempo verbal
Sendo o verbo, por excelência, o elemento linguístico que transporta a noção de acção,
e porque as acções se inscrevem no tempo, surgiram na maior parte das línguas partículas,
normalmente adjuntas à raiz verbal, que situam a acção descrita numa continuidade temporal,
às quais se acrescentam as desinências de número e pessoa.
Na gramática, tal como no mundo real, o tempo organiza-se em passado, presente e
futuro. No entanto, há tempos verbais que se referem a aproximações mais minuciosas – é o
que se passa com a distinção entre perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito; outras vezes, o
uso da língua consagra valores significativos que não coincidem com os descritos pela
morfologia. Vejamos um e outro caso.
Se bem que os três tempos da série do perfeito se refiram a acções situadas no passado,
sabemos que o pretérito perfeito se refere a uma situação pontual e o imperfeito a uma
duração no tempo (passado), dentro da qual podem ter ocorrido diversas situações pontuais. É
o caso de “Chovia mas ele saiu de casa” ou de “Enquanto ele lia, a mulher caiu e o filho
começou a chorar”. O pretérito mais-que-perfeito refere-se simultaneamente a uma situação
anterior à descrita pelo perfeito, transportando também ele uma certa noção de duração (de
notar que, na linguagem popular, a forma de mais-que-perfeito simples foi pouco a pouco
abandonada em favor da forma composta). Na frase ”Quando ela chegou, ele já tinha
2.6. A sintaxe
Há quem considere a sintaxe como “o coração” da gramática, uma vez que é ela que
descreve, analisa, propõe a forma correcta de se organizarem as frases, que são o verdadeiro
suporte da comunicação linguística. Cada língua tem a sua sintaxe própria e, muitas vezes, é
por comparação entre diferentes aspectos sintácticos que somos capazes de aproximar as
línguas e organizá-las em famílias. Neste módulo, vamos dar particular atenção à frase
simples.
Chama-se frase simples àquela que tem um só verbo principal, o qual se reconhece
facilmente por estar numa forma flexionada. Na frase “Vou à rua comprar bananas”, o verbo
principal é “vou”. E, mesmo a frase “Vou à rua procurar o meu pai, comprar bananas e falar
ao meu primo”, continua a ser uma frase simples, porque só tem um verbo flexionado –
“vou”. Por vezes, a forma flexionada não é do verbo principal mas de um auxiliar; nesses
casos, todavia, a compreensão da frase é suficiente para retirar a dúvida. Na frase “Ele tinha
escrito uma carta”, percebe-se que o verbo principal é escrever numa forma de mais-que-
perfeito composto, com o auxiliar ter; a frase “O edifício foi derrubado” é uma passiva em
que o verbo principal é derrubar com o auxiliar ser.
Porque se considera a frase simples como o núcleo e o modelo de toda a estrutura
sintáctica e suporte mínimo da comunicação linguística, foi ela escolhida para figurar neste
material de funcionamento da língua e a ela se dedicam as reflexões e recomendações que se
seguem.
Em português, como atrás se dizia, o núcleo da frase é o verbo, sendo os outros
elementos essenciais da frase determinados pelo tipo de verbo utilizado. Já se referiu o facto
de, por vezes, não se encontrar o verbo. Isso não quer dizer que não exista; o que se passa,
nessas frases nominais, é que o verbo está oculto. Por exemplo, em “Atenção!”, subentende-se
uma construção frásica como “Tenham atenção!”; tal como em “Proibido fumar” se entende
b. A subordinação
estrutura, a sua gramática, tal como para o corpo é o seu esqueleto. No entanto, é evidente a
importância do vocabulário e, por isso, qualquer manual de gramática lhe dedica lugar
proeminente.
As palavras dizem as coisas, os referentes do mundo real (a casa, o livro), tal como
dizem os sentimentos (a tristeza, o entusiasmo), as virtudes (a prudência, a sinceridade), os
conteúdos da nossa imaginação (os fantasmas, as fadas). Mas dizem também as qualidades
que os seres têm, mais ou menos objectivas (as cores...), mais ou menos subjectivas (o
resultado da nossa apreciação: bom, caro, grande…). Dizem ainda, de uma forma
temporalmente adequada, as acções que praticamos (fazer, comer, dormir). Finalmente, são
palavras as formas que apenas usamos para ligar outras palavras (de, com, em…). Tal como
ficou dito no capítulo sobre morfologia, são reconhecíveis elementos que comportam um peso
significativo extra-linguístico (a que se chama morfemas lexicais) e outros que apenas servem
objectivos da organização estrutural da língua (os chamados morfemas gramaticais). O estudo
do léxico, naturalmente, debruça-se sobre os primeiros, se bem que haja um “léxico
gramatical” (designadamente conjunções e advérbios) susceptível de análise significativa.
O léxico de uma língua pode ser estudado tendo em conta a sua organização semântica
(áreas lexicais, sinonímia, polissemia) e a sua articulação com a experiência do sujeito falante
(denotação e conotação), bem como em outras diferentes perspectivas, entre elas a sua história
(formação, evolução, consolidação), os processos internos e externos de crescimento e
renovação (derivação, composição, empréstimos, neologismos), a sua organização fonética
(homonímia...). De qualquer forma, não poderemos nunca separar o léxico de uma língua e o
povo que a fala, uma vez que é pelas palavras, pelas escolhas que faz, pelos sentidos que
privilegia, que o povo diz a sua cultura, a sua visão do mundo, a sua filosofia de vida.
históricas que as justificam: recordemos a relação entre solteiro e solitário, entre moreno e
mouro, entre revisor (num comboio) e rever ou ainda entre doninha (mamífero) e dona ou
entre joaninha (insecto) e Joana.
Ao lado destes exemplos, a que muitíssimos outros se poderiam acrescentar e que
atravessam a língua portuguesa, encontramos os que são próprios de grupos mais restritos ou
de registos particulares da língua. É o caso das alcunhas, dos códigos familiares, dos termos
de calão ou de gírias: “o palito”, “o chato”, “uma raposa”... O emprego de algumas destas
palavras fora do seu contexto habitual leva normalmente à perda da conotação e pode criar
problemas de comunicação entre os falantes, ou por não lhe reconhecerem o significado, ou
por acharem deslocado o seu uso.
Esta reflexão, aparentemente complexa, será útil ao professor do ensino primário para
poder explicar aos seus alunos que as palavras não têm apenas o valor referido pelos
dicionários. Aliás, em qualquer língua viva, é notório o uso que os falantes fazem de algumas
palavras bem para lá do seu significado original e neutro.
2.7.3. Campos (ou áreas) lexicais
No conjunto do léxico de uma língua, podemos associar as palavras, quer pela
categoria morfológica, quer pelo conteúdo significativo. Desta última associação, resultam os
chamados “campos lexicais”, correspondentes a uma área de significação estruturada em
campo conceptual: os laços de parentesco, o mar, os sentimentos, são exemplos de campos
lexicais.
Algumas palavras pertencem a vários campos lexicais, de acordo com os diversos
significados que podem ter. São as palavras polissémicas, quer dizer, com muitos
significados. Algumas destas palavras têm sinónimos e antónimos diferentes conforme estão
num campo lexical ou noutro (“fino” é sinónimo de “delgado” no campo lexical das formas e
de “delicado” no das relações humanas).
Neste material de Metodologia de Ensino da Língua Portuguesa foi decidido integrar
uma reflexão mais aprofundada sobre três áreas lexicais, presentes em todo o percurso do
aluno ao longo do Ensino Primário: o parentesco, o meio ambiente e os sentimentos.
a. O parentesco
aprendeu a sua língua materna é, pois, essencial para se ensinar adequadamente o campo
semântico do parentesco.
O programa do Ensino Primário inclui, logo na primeira classe, um item sobre a
família, sugerindo que “a criança conheça e seja capaz de identificar os diferentes elementos
da família e o grau de parentesco que os une”, chamando a atenção para situações de famílias
em que faltam elementos essenciais e para o conceito de família alargada, tão corrente em
África e, muitas vezes, bem diferente das estruturas europeias. Na segunda classe, fala-se das
“funções que cada encarregado desempenha na sociedade”, mas não há uma palavra sobre o
papel que cada membro desempenha realmente dentro da família. Estes dois primeiros anos,
que coincidem em muitos casos com uma mudança muito forte nos hábitos das crianças (sair
do seu círculo restrito, família, aldeia… e contactar com pessoas novas), são fundamentais
para que elas compreendam a articulação social básica do mundo que a rodeia. Os anos
seguintes já propõem que se fale da importância da família como primeiro núcleo da
sociedade, do papel dos velhos na família, da repartição do trabalho dentro e fora do lar.
Alguns destes temas, como se pode depreender, não são unívocos em todas as culturas que
povoam Angola. O aprofundamento do campo lexical do parentesco implica uma constante
atenção à realidade dos alunos, do ambiente em que foram criados e do meio que os cerca.
b. O meio ambiente
Nascida no seio de uma família, numa ou noutra etnia, em meio rural ou urbano, a
criança começa muito cedo a interagir com o meio circundante, o espaço natural ou edificado,
as plantas e os animais, os fenómenos meteorológicos e a alimentação. Não admira que, ao
longo dos programas de ensino, esta área lexical se vá desenvolvendo e se torne mesmo uma
das mais presentes entre os conteúdos de aprendizagem.
Tratando-se, pois, de um campo que cobre toda a experiência pessoal e social do
aluno, o acervo vocabular que o serve é muito amplo e deve ser veiculado com cuidado e
disciplina para ser convenientemente apreendido. Há que evitar a tentação de querer tudo
ensinar nos primeiros anos, respeitando as propostas dos programas. O da primeira classe
propõe a escola e os animais que a criança já conhece; o da segunda retoma a escola e alarga
os animais à fauna de Angola, introduzindo a área da alimentação e da saúde. Os programas
das terceira e quarta classes, introduzindo o tema da natureza e dos transportes e
desenvolvendo o da saúde, implicam um alargamento da abstracção e obriga a uma
metodologia de ensino que traga ao conhecimento do aluno elementos que eventualmente ele
nunca viu nem verá – estes dois anos serão provavelmente aqueles que mais exigem do
professor na apresentação e desenvolvimento deste campo lexical. A perspectiva da
componente do meio no programa das quinta e sexta classes é completamente diferente, mais
virada para uma mentalidade pré-adolescente de descoberta de si mesmo nas relações com os
outros e com a introdução de itens mais abertos e abrangentes (a indústria, o turismo, os
inventos).
c. Os sentimentos
que se deseja. É certo que se trata de um campo de grande subjectividade mas, se nos importa
formar cidadãos de pleno direito, é preciso garantir-lhes a capacidade (também linguística) de
exercer a sua liberdade de pensar e de querer.
Os textos que apresentam os programas propostos para o Ensino Primário são quase
omissos no que diz respeito ao campo dos sentimentos. No entanto, nas suas entrelinhas,
podemos encontrar indicativos da importância desta área. Assim, no programa da primeira
classe, diz-se textualmente que “os vocábulos (a aprender, a explorar) devem estar baseados
nas vivências das crianças”, que estas devem “adquirir e desenvolver a capacidade de
exposição de ideias, de sentimentos e de saberes” e que a escola deve promover “o seu
desenvolvimento sócio-afectivo”. O programa da segunda classe ignora por assim dizer este
tema, embora diga que a escola deve “contribuir para o desenvolvimento integral da criança”.
Num caso e noutro, há uma chamada de atenção para a necessidade de “treinar” a criança para
dizer o que sabe, o que pensa, o que sente e o que quer.
As terceira e quarta classes são mais viradas para a comunicação interactiva e nos
respectivos programas há profusas referências ao diálogo, à narração de vivências, à invenção
de estórias, à produção de pequenos textos… Dificilmente, estas produções linguísticas
poderão dispensar a expressividade, o comprometimento subjectivo, a emissão de opiniões e
pareceres.
Os programas da quinta e sexta classes incluem explicitamente a análise de contos e
poesia, situações privilegiadas para se observarem, exporem, partilharem sentimentos e,
necessariamente, desenvolver-se este campo lexical. Não é, contudo, essa a perspectiva de
quem elaborou os programas que reduz as análises de textos a meros exercícios técnicos, a
que nem falta a componente gramatical… Mais uma vez se desperdiça a oportunidade de
trabalhar uma área vocabular essencial para a expressão da autonomia e da originalidade de
cada indivíduo, particularmente úteis neste momento das suas vidas.
Por outro lado, para além do contributo incontornável para o desenvolvimento integral
do indivíduo, um dos objectivos transversais dos programas de língua portuguesa, o campo
lexical dos sentimentos é particularmente fecundo para se trabalharem dois aspectos da
semântica presentes em todos os anos de escolaridade – a sinonímia e a antonímia.
aos tempos verbais, apenas se fala de “noção de presente, passado e futuro”, a qual precisaria
de estar dominada pelo menos desde a segunda classe, ficando o conhecimento e a sua prática
para estes anos de escolaridade (3º e 4º). Se isso não for sistematicamente trabalhado, não será
possível cumprir o estipulado (ainda que de forma muito vaga) nos programas da 5ª e 6ª
classes.
Na verdade, o programa da 5ª classe prevê o conhecimento e a reflexão sobre algumas
características fundamentais do funcionamento da Língua Portuguesa em situações de uso
(não referindo que características são essas). A propósito da metodologia, diz apenas: “O
estudo da gramática deverá seguir a perspectiva indicada para o estudo do vocabulário porque
os conteúdos gramaticais não devem ser estudados em si, mas pelo sentido que querem
transmitir.” O programa da 6ª classe insiste na importância de “compreender a estrutura e o
funcionamento da Língua em situações de uso” dizendo que “o estudo da gramática ou
funcionamento da língua deve ser feito de forma estruturada; os conteúdos gramaticais não
devem ser apreendidos senão em contexto, apesar de serem ministrados já de forma
explícita…; os conteúdos gramaticais programados para esta classe estão inseridos nos
exercícios apresentados nos textos (do Manual do Aluno)”.
Constata-se que a grande preocupação do programa incide na recepção do texto: o
aluno é chamado a “reflectir”, “compreender”, “apreender conteúdos”. Nada disto será
possível se o aluno não acompanhar esta tarefa de apreensão de uma prática constante e
crescente da gramática, em que a condução do professor e a liberdade de criação e execução
(oral e escrita) caminhem lado a lado.
Ensinar uma língua não é como gravar uma informação em cima de uma «tábua rasa»
– o aprendiz já dispõe de um instrumento (mais ou menos consolidado) para comunicar com
os outros e exprimir a sua originalidade e, através dele, já organizou a sua capacidade de
compreender e interagir com o mundo. Aprender uma língua é muitas vezes apreender uma
nova visão do mundo, uma nova cultura, uma nova teia de relações sociais.
Legenda: Turma – alunos do Magistério Primário da 10ª classe Dom Bosco – sala 209 Tarde – ano 2019
Exemplo:
1- Actividades a realizar
✓ O professor lê o texto em voz alta, uma ou duas vezes. Pede a um ou vários estudantes
que refiram palavras, do texto, que tenham retido.
✓ Em seguida, o professor escreve o mesmo texto três vezes, no quadro. Pede a três
estudantes que se dirijam ao quadro. Cada um terá de apagar o mais rápido possível as
palavras que o professor for dizendo. Ganha o estudante que mais rapidamente apagar
as palavras ditadas.
Nota: o professor pode ditar palavras que não estejam no texto. É uma forma de tornar mais
aliciante e complexo o jogo.
Por exemplo:
✓ Vira à esquerda e salta com o pé direito no ar.
✓ Com os olhos fechados levanta o braço esquerdo.
✓ Com os braços no ar dá uma volta completa.
✓ Dá três passos para trás e dois passos para a frente.
1- Actividades a realizar
✓ O professor elabora vários cartões, cada um deles tem uma instrução diferente.
✓ Em seguida, organiza os alunos em pares. A um dos elementos dá um conjunto de
cartões. O estudante lê a instrução e o par tem de a executar. Em seguida, trocam de
papéis.
Nota: o professor pode solicitar aos estudantes que refiram as instruções a inserir nos cartões.
O professor elabora vários cartões, cada um deles tem uma instrução diferente. Em
seguida, lê a instrução e os alunos executam.
Esta actividade pode ser ainda aproveitada para trabalhar noções como: esquerda,
direita, em cima, em baixo, atrás, à frente, … para tal, o professor só tem de incluir instruções
nesse sentido. Por exemplo:
1- Actividades a realizar
Previamente, o professor solicita aos estudantes que tragam, para a sala, recortes de
jornal com a previsão do tempo (imagens), para uma semana.
Com os diferentes recortes, o professor propõe que os estudantes, em grupos,
organizem os seus recortes pelos dias da semana, de domingo a sábado.
Em seguida, o professor solicita a um grupo que refira:
Um dos elementos do grupo questiona outro colega (de outro grupo) sobre a
informação ouvida. Sempre que necessário corrige o colega.
Após essa discussão o professor elabora no quadro uma tabela semanal intitulada –
TEMPO
A tabela tem como objectivo o registo diário do tempo (dos dias em que as crianças
vão à escola).
TEMPO 5ª - 3ª - 4ª - 5ª - 6ª –
Feira Feira Feira Feira Feira
Sol (imagem)
Chuva (imagem)
Nuvens (imagem)
Chuva forte (imagem)
Trovoada (imagem)
Chuvisco (imagem)
1- Actividades a realizar
✓ O professor deve ser criterioso na escolha do texto a ler, deve escolher não só um texto
rico em pormenores como não deve ser um texto longo.
RECURSO – 10 palavras
✓ Em seguida, o professor solicita que cada estudante conceba um texto narrativo (oral)
a partir das dez palavras ouvidas. As diferentes narrativas devem ser contadas à turma.
✓ A narrativa considerada e votada, por toda a turma, como a mais criativa pode ser
redigida e editada (se houver possibilidade) no jornal da Escola.
2- Actividades a realizar
1- Actividades a realizar
✓ O professor refere que vão fazer um jogo em que têm de acertar o animal que está a
descrever de acordo com um conjunto de características que vai enunciar.
Nota: a enumeração das características pode ser feita não só com animais como, também, com
objectos, alimentos, …
Escreve de novo as frases mas substituindo por outras as palavras que estão a negrito.
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Amolece 200 gramas de chocolate num pouco de água quente, junta 150 gramas de manteiga
e 200 gramas de bolachas Maria trituradas.
Em seguida, adiciona 200 gramas de açúcar e 4 gemas de ovo.
Numa tigela, mistura tudo muito bem até endurecer e o chocolate cobrir todas as bolachas.
Em seguida, faz um rolo que embrulhas em papel vegetal. Coloca no frigorífico de um dia
para o outro.
AGORA, vais escrever a receita, no teu caderno, como se a estivesses a contar a um amigo ou
uma amiga.
3.2.1. Sintaxe
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Escreve as frases que encontraste, dividindo-as nas suas duas partes mais
importantes.
3) Repara na frase:
A Maria comprou uma saia muito bonita.
Se quiseres dividir a frase nas suas duas partes mais importantes, encontrarás:
AGORA, se reparares na segunda parte da frase e a dividires nas suas duas partes mais
importantes, o resultado será:
Escolhe a palavra que permite completar melhor cada uma das frases
seguintes.
O robalo é um peixe.
As papaias são frutos apetitosos.
A galinha é usada em diversas receitas.
O limão é amarelo.
As couves são verdes.
A abóbora usa-se na sopa.
3.2.3. Semântica
Onde vivia?
Como era a minha boca?
Metodologia Do Ensino Da Língua Portuguesa (MELP)/Magistério Primário 47
Elaboração: Domingos Tchitocota Sativa “Tchitocota” – Professor e Coordenador de MELP
COMPLEXO ESCOLAR Nº 1.312 – DOM BOSCO
CAPÍTULO III: Propostas De Actividades de Ensino
Tinha escamas?
De que cor era?
Vê os exemplos.
O cozinheiro sabe muito sobre culinária (cozinha, fogão, tacho, balança, faca, receita, …).
A enfermeira sabe muito sobre saúde (hospital, doença, seringa, vacina, adesivo,
comprimido, …)
Vais registar a tua aprendizagem de palavras novas. Ora vê o exemplo e sempre que
encontrares uma palavra nova, regista-a de acordo com o exemplo:
5) O Jogo da Escada
Zangadas…
Más
1. Em cinco ou seis minutos o professor deve preparar os alunos para a lição com
uma breve conversa sobre o assunto relacionado à aula;
2. 2º Apresentação e exploração do desenho ou algo concreto sobre a orientação do
professor;
3. A frase é elaborada oralmente pelo aluno, sendo escrita pelo professor em letras
imprensas e manuscrita, destacando o som e a letra em estudo.
Exemplo: O ovo é da ave./ O OVO É DA AVE.
4. Distribuição da ficha-frase. O professor deverá, sempre que tiver a dar uma nova
matéria, providenciar as fichas-frases a todos os alunos. Seguindo-se a leitura e a
decomposição analítica, destacando na frase a palavra, na palavra destacar a
sílaba, na sílaba destacar o som ou a letra em estudo, através de dobragem, corte,
baralho-identificação e leitura das palavras.
5. Leitura expressiva da frase pelo professor, seguindo-se pelos alunos de forma
global, colectiva, em grupo e individualmente. Corrigir as pronúncias de forma
discreta através da repetição da frase completa.
.
1. Fazê-lo em voz clara, não muito baixa nem muito alta, pronunciando correctamente as
palavra
2. Ditar em lugar e posição em que possa ser visto por toda a turma;
3. Ditar sempre por unidade de pensamento, não isolando palavras;
4. Ajustar a velocidade ao ritmo da classe, não devendo o professor repetir palavras ou
partes já ditadas, a não ser que sinalize, para evitar equívoco.
5. Fazer, no final, nova leitura da palavras, ou textos, para que as crianças certifiquem se
a realizaram integralmente ou completem se for caso disso.
HAYDT, Regina Célia Cazaux. Curso de Didática Geral. 1ª ed. - São Paulo: Ática, 2011.
HOUAISS, Villar. Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa, 2.0a.
LUÍS, Catarina; SUELELA, David; ANJOS, Araújo Dos (2019). Guia Metodológico do
Professor de Língua Portuguesa – 6ª Classe Ensino Primário. 1ª Ed. Luanda: Texto Editores.
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MAGISTÉRIO PRIMÁRIO DE BENGUELA. Metodologia do Ensino da Língua
Portuguesa: Formação de Professores Para O Ensino Primário. Vol. 1. – Portugal. 2010.
MAGISTÉRIO PRIMÁRIO DE BENGUELA. Metodologia do Ensino da Língua
Portuguesa: Formação de Professores Para O Ensino Primário. Vol. 2. – Portugal. 2010.
MAGISTÉRIO PRIMÁRIO DE BENGUELA. Metodologia do Ensino da Língua
Portuguesa: Formação de Professores Para O Ensino Primário. Vol. 3. – Portugal. 2010.
MATEUS, Maria Helena Mira (org.). Metodologias e Materiais Para o Ensino do Português
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MEQUITA, Helena; CARVALHO, Januário; SILVA, Madalena (2019). Guia Metodológico
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–4ª Classe Ensino Primário. 1ª Ed. Luanda: Texto Editores.
PALANDRÉ, Nilcéa Lemos [at. al.]. Língua portuguesa – Estudo e ensino – Metodologia. 2.
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PILETTI, Claudino. Didática Geral. 23ª Ed. S. Paulo: Universidade Católica de Campina.
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Língua Portuguesa – 1ª Classe Ensino Primário. 1ª Ed. Luanda: Texto Editores.
______________________ (2019). Guia Metodológico do Professor de Língua Portuguesa –
2ª Classe Ensino Primário. 1ª Ed. Luanda: Texto Editores.
COMPLEXO ESCOLAR DOM BOSCO
ALGUNS MODELOS DE PLANO DE AULA
TEMA:_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
OBJECTIVO GERAL:
1. _____________________________________________________________________
OBJECTIVO ESPECÍFICO:
1. _____________________________________________________________________
2. _____________________________________________________________________
3. _____________________________________________________________________
FASES DIDÁCTICAS
1. _____________________________________________________________________
1. _____________________________________________________________________
2. _____________________________________________________________________
3. _____________________________________________________________________
4. _____________________________________________________________________
5. _____________________________________________________________________
TAREFA:
1. _____________________________________________________________________
AVALIAÇÃO: ______________________________________________________________
O (a) Professor:
COMPLEXO ESCOLAR DOM BOSCO
ALGUNS MODELOS DE PLANO DE AULA
Actividades Meios
Tempo Fases didácticas Conteúdos Avaliação Obs.
professor∕aluno didácticos
5 Min Introdução
30 Min Desenvolvimento
5 Min Consolidação
5 Min Tarefa
COMPLEXO ESCOLAR DOM BOSCO
ALGUNS MODELOS DE PLANO DE AULA
Classe:____ª
Disciplina:___________________
Unidade:______ #___________________________________________________________________ Tipo de aula:_______________________
Tema:_____________________________________________________________________________ Nº de alunos:_________
Tempo: _____ e _____ Duração:_________ minutos O Professor: _______________________________________ Data: ____ /_________ /20______
Objectivos
Conteúdo (s) Estratégias Actividades Tempo Recurso (s)
Gerais Específicos
COMPLEXO ESCOLAR DOM BOSCO
ALGUNS MODELOS DE PLANO DE AULA
Avaliação:.....................................................................................................................................................................................................................................................
OBS:................................................................................................................................................................................................................................................................
....................................................................................................................................................................................................................................................................:...