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Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco. Bruno Chieregatti e João de Sá Brasil.

Bruna Pinotti, Ana Maria


B. Quiqueto, Heitor Ferreira, Leticia Veloso, Silvana Guimarães

Polícia Militar do Estado do Paraná

PM - PR
Soldado 2ª Classe

A apostila preparatória é elaborada antes da publicação do Edital Oficial com base

no edital anterior, para que o aluno antecipe seus estudos.

MR057-19
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OBRA

Polícia Miliar do Estado do Paraná

Soldado 2ª Classe

Atualizada até 03/2019

AUTORES
Língua Portuguesa - Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Matemática - Prof° Bruno Chieregatti e João de Sá Brasil
História - Prof° Heitor Ferreira
Geografia - Profª Ana Maria B. Quiqueto e Leticia Veloso
Estatuto da Criança e do Adolescente - Profª Bruna Pinotti
Atualidades - Profª Leticia Veloso e Silvana Guimarães

PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Elaine Cristina
Érica Duarte
Leandro Filho
Karina Fávaro

DIAGRAMAÇÃO
Elaine Cristina
Thais Regis
Danna Silva

CAPA
Joel Ferreira dos Santos

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sac@novaconcursos.com.br
SUMÁRIO
LÍNGUA PORTUGUESA
Compreensão e interpretação de textos, com moderado grau de complexidade. Reconhecimento da finalidade de textos
de diferentes gêneros. Localização de informações explícitas no texto. Inferência de sentido de palavras e/ou expressões.
Inferência de informações implícitas no texto e das relações de causa e conseqüência entre as partes de um texto.
Distinção de fato e opinião sobre esse fato. Interpretação de linguagem não-verbal (tabelas, fotos, quadrinhos etc.)... 01
Reconhecimento das relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios, preposições
argumentativas, locuções etc. Reconhecimento das relações entre partes de um texto, identificando repetições ou
substituições que contribuem para sua continuidade. Identificação de efeitos de ironia ou humor em textos variados..12
Reconhecimento de efeitos de sentido decorrentes do uso de pontuação, da exploração de recursos ortográficos e/ou
morfossintáticos, de campos semânticos, e de outras notações............................................................................................................ . 60
Identificação de diferentes estratégias que contribuem para a continuidade do texto (anáforas, pronomes relativos,
demonstrativos etc.). Compreensão de estruturas temática e lexical complexas. Ambiguidade e paráfrase. Relação de
sinonímia entre uma expressão vocabular complexa e uma palavra....................................................................................................... 69

MATEMÁTICA
Operações com números inteiros, fracionários e decimais. ....................................................................................................................... 01
Frações ordinárias e decimais. ............................................................................................................................................................................... 01
Conjunto e funções. ................................................................................................................................................................................................... 23
Progressões aritméticas e geométricas. ............................................................................................................................................................. 43
Logaritmos. .................................................................................................................................................................................................................... 48
Porcentagem e juros. ................................................................................................................................................................................................. 55
Razões e proporções. ................................................................................................................................................................................................. 59
Medidas de tempo. ..................................................................................................................................................................................................... 63
Equações de primeiro e segundo grau; sistemas de equações. ............................................................................................................... 69
Sistema de medidas de tempo, sistema métrico decimal............................................................................................................................ 69
Sistema monetário brasileiro. ................................................................................................................................................................................. 73
Relações trigonométricas. ........................................................................................................................................................................................ 73
Formas geométricas básicas. .................................................................................................................................................................................. 73
Perímetro, área e volume de figuras geométricas. ......................................................................................................................................... 73
Gráficos e tabelas. ....................................................................................................................................................................................................... 93
Porcentagem. ................................................................................................................................................................................................................ 98
Regra de três simples e composta. ....................................................................................................................................................................... 98
Cálculo Proposicional. .............................................................................................................................................................................................101
Raciocínio Lógico........................................................................................................................................................................................................102
Resolução de problemas.........................................................................................................................................................................................124

HISTÓRIA
Processo de construção e emancipação da Nação brasileira e a construção do estado democrático...................................... 01
A Constituição Brasileira e a conquista da cidadania..................................................................................................................................... 03
Formação política do Estado do Paraná.............................................................................................................................................................. 05
Processo de colonização do Estado do Paraná e regiões circunvizinhas com a avaliação dos encontros de distintas cultu-
ras que resultaram na formação étnicocultural presente no Estado....................................................................................................... 05
Processo de formação das Forças Armadas no Brasil - do Império à República................................................................................ 07
Participação das forças armadas brasileiras em conflitos internacionais............................................................................................... 08
Participação da Polícia Militar do Estado do Paraná em conflitos históricos........................................................................................ 10
Processo de globalização mundial e a inserção do Brasil no mundo do trabalho globalizado.................................................... 12
Formação de blocos econômicos na América Latina e no mundo........................................................................................................... 14
SUMÁRIO

Processo de formação cultural no Brasil e no mundo..................................................................................................................................16


Movimentos sociais e reivindicatórios................................................................................................................................................................18
Movimentos artísticos e religiosos.......................................................................................................................................................................20

GEOGRAFIA
Categorias de análise geográfica: território, paisagem e espaço geográfico. Cartografia: utilidade das cartas básicas
(bases cartográficas) e das cartas temáticas.....................................................................................................................................................01
Geografia física: climas da Terra, do Brasil e dinâmica climática do Paraná; geologia, relevo e solos do Brasil e do estado
do Paraná; águas continentais; oceanos: produtividade marinha e mares territoriais; os biomas terrestres, brasileiros e a
vegetação do estado do Paraná............................................................................................................................................................................07
Geografia humana: fatores de crescimento da população e teorias demográficas; distribuição e estrutura da população
brasileira; diversidade étnica mundial; nacionalismo e separatismo; urbanização, redes urbanas, hierarquia das cidades;
migrações internacionais e migrações internas..............................................................................................................................................21
Geografia econômica e política: atividades agropecuárias e sistemas agrários no Paraná, no Brasil e no mundo; atividades
industriais no Paraná, no Brasil e no mundo; os blocos econômicos, a multipolaridade mundial; o comércio mundial; as
fontes de energia e a produção de energia. Países capitalistas desenvolvidos, em desenvolvimento e não desenvolvidos;
países socialistas; o terrorismo no mundo atual. ...........................................................................................................................................35
Problemas ambientais: erosão e poluição dos solos; poluição da atmosfera e alterações do clima local (clima urbano,
ilha de calor) e do clima da Terra (efeito estufa, destruição da camada de ozônio, (chuvas ácidas); poluição das águas
(eutrofização, poluição das águas doces); destruição da cobertura vegetal, desmatamento; unidades de conservação e a
preservação dos ecossistemas e da flora e da fauna brasileira e paranaense....................................................................................64

INFORMÁTICA
Conceitos básicos de operação com arquivos utilizando o Windows Explorer e Linux. ................................................................35
Noções consistentes de uso de Internet para informação (Internet Explorer e Mozilla Firefox) e comunicação (Microsoft
- Outlook Express). .....................................................................................................................................................................................................42
Noções consistentes de trabalho com computadores em rede interna, ambiente Windows e Linux. ....................................35
Recursos de escrita e editoração de texto (Microsoft Word e OpenOffice). ......................................................................................06
Recursos de cálculo e organização de dados em planilhas eletrônicas (Microsoft Excel e OpenOffice calc).........................06
Noções básicas (de usuário) sobre a instalação de aplicativos e funcionamento de computadores pessoais......................57

ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


Lei nº 8.069/90: Parte geral: Título I Das Disposições Preliminares. Título II Dos Direitos Fundamentais: Do Direito à Vida
e à Saúde. Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade. Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária. Do Di-
reito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer. Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho. Título III Da
Prevenção: Dos Produtos e Serviços. Da Autorização para Viajar. Parte Especial: Título III Da Prática de Ato Infracional:
Dos Direitos Individuais. Das garantias processuais. Das Medidas Sócioeducativas. Título IV Das Medidas Pertinentes aos
Pais ou Responsável. Título V Do Conselho Tutelar: Disposições Gerais. Das Atribuições do Conselho..................................01

ATUALIDADES
Noções gerais sobre temas da vida econômica, política e cultural do Paraná, do Brasil e do Mundo. O debate sobre as
políticas públicas para o meio ambiente, saúde, educação, trabalho, segurança, assistência social e juventude. .............01
Aspectos relevantes das relações entre os Estados e Povos......................................................................................................................01
Ética e Cidadania..........................................................................................................................................................................................................12
ÍNDICE

LÍNGUA PORTUGUESA
Compreensão e interpretação de textos, com moderado grau de complexidade. Reconhecimento da finalidade de textos de
diferentes gêneros. Localização de informações explícitas no texto. Inferência de sentido de palavras e/ou expressões. Inferên-
cia de informações implícitas no texto e das relações de causa e conseqüência entre as partes de um texto. Distinção de fato e
opinião sobre esse fato. Interpretação de linguagem não-verbal (tabelas, fotos, quadrinhos etc.)..................................................... 01
Reconhecimento das relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios, preposições argu-
mentativas, locuções etc. Reconhecimento das relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições que
contribuem para sua continuidade. Identificação de efeitos de ironia ou humor em textos variados.................................................12
Reconhecimento de efeitos de sentido decorrentes do uso de pontuação, da exploração de recursos ortográficos e/ou morfos-
sintáticos, de campos semânticos, e de outras notações....................................................................................................................................... 60
Identificação de diferentes estratégias que contribuem para a continuidade do texto (anáforas, pronomes relativos, demons-
trativos etc.). Compreensão de estruturas temática e lexical complexas. Ambiguidade e paráfrase. Relação de sinonímia entre
uma expressão vocabular complexa e uma palavra..................................................................................................................................................69
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS, COM MODERADO GRAU DE COMPLEXIDADE.
RECONHECIMENTO DA FINALIDADE DE TEXTOS DE DIFERENTES GÊNEROS. LOCALIZAÇÃO
DE INFORMAÇÕES EXPLÍCITAS NO TEXTO. INFERÊNCIA DE SENTIDO DE PALAVRAS E/OU
EXPRESSÕES. INFERÊNCIA DE INFORMAÇÕES IMPLÍCITAS NO TEXTO E DAS RELAÇÕES DE
CAUSA E CONSEQÜÊNCIA ENTRE AS PARTES DE UM TEXTO. DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO
SOBRE ESSE FATO. INTERPRETAÇÃO DE LINGUAGEM NÃO-VERBAL (TABELAS, FOTOS,
QUADRINHOS ETC.).

COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas entre si, formando um todo significativo capaz de pro-
duzir interação comunicativa (capacidade de codificar e decodificar).
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. Em cada uma delas, há uma informação que se liga com a
anterior e/ou com a posterior, criando condições para a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interligação
dá-se o nome de contexto. O relacionamento entre as frases é tão grande que, se uma frase for retirada de seu contexto
original e analisada separadamente, poderá ter um significado diferente daquele inicial.
Intertexto - comumente, os textos apresentam referências diretas ou indiretas a outros autores através de citações.
Esse tipo de recurso denomina-se intertexto.
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação de um texto é a identificação de sua ideia principal. A partir
daí, localizam-se as ideias secundárias (ou fundamentações), as argumentações (ou explicações), que levam ao esclare-
cimento das questões apresentadas na prova.

Normalmente, em uma prova, o candidato deve:


 Identificar os elementos fundamentais de uma argumentação, de um processo, de uma época (neste caso,
procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o tempo).
 Comparar as relações de semelhança ou de diferenças entre as situações do texto.
 Comentar/relacionar o conteúdo apresentado com uma realidade.
 Resumir as ideias centrais e/ou secundárias.
 Parafrasear = reescrever o texto com outras palavras.

1. Condições básicas para interpretar

Fazem-se necessários: conhecimento histórico-literário (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), leitura e
prática; conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto) e semântico; capacidade de observação e de síntese;
capacidade de raciocínio.

2. Interpretar/Compreender

Interpretar significa:
Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
Através do texto, infere-se que...
É possível deduzir que...
O autor permite concluir que...
Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
Compreender significa
Entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
O texto diz que...
É sugerido pelo autor que...
De acordo com o texto, é correta ou errada a afirmação...
O narrador afirma...
LÍNGUA PORTUGUESA

3. Erros de interpretação

 Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai do contexto, acrescentando ideias que não estão no texto, quer
por conhecimento prévio do tema quer pela imaginação.
 Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a um aspecto (esquecendo que um texto é um
conjunto de ideias), o que pode ser insuficiente para o entendimento do tema desenvolvido.

1
 Contradição = às vezes o texto apresenta ideias de cada questão.
contrárias às do candidato, fazendo-o tirar con-  O autor defende ideias e você deve percebê-las.
clusões equivocadas e, consequentemente, errar a  Observe as relações interparágrafos. Um parágra-
questão. fo geralmente mantém com outro uma relação de
continuação, conclusão ou falsa oposição. Identifi-
Observação: que muito bem essas relações.
Muitos pensam que existem a ótica do escritor e a  Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou
ótica do leitor. Pode ser que existam, mas em uma prova seja, a ideia mais importante.
de concurso, o que deve ser levado em consideração é o  Nos enunciados, grife palavras como “correto”
que o autor diz e nada mais. ou “incorreto”, evitando, assim, uma confusão
na hora da resposta – o que vale não somente
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que para Interpretação de Texto, mas para todas as de-
relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre mais questões!
si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de  Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia prin-
um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um cipal, leia com atenção a introdução e/ou a con-
pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o clusão.
que se vai dizer e o que já foi dito.  Olhe com especial atenção os pronomes relativos,
pronomes pessoais, pronomes demonstrativos,
São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre etc., chamados vocábulos relatores, porque reme-
eles, está o mau uso do pronome relativo e do prono- tem a outros vocábulos do texto.
me oblíquo átono. Este depende da regência do verbo;
aquele, do seu antecedente. Não se pode esquecer tam- SITES
bém de que os pronomes relativos têm, cada um, valor http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/por-
semântico, por isso a necessidade de adequação ao an- tugues/como-interpretar-textos
tecedente. http://portuguesemfoco.com/pf/09-dicas-para-me-
Os pronomes relativos são muito importantes na in- lhorar-a-interpretacao-de-textos-em-provas
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de http://www.portuguesnarede.com/2014/03/dicas-
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que -para-voce-interpretar-melhor-um.html
existe um pronome relativo adequado a cada circunstân- http://vestibular.uol.com.br/cursinho/questoes/ques-
cia, a saber: tao-117-portugues.htm
que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden-
te, mas depende das condições da frase.
qual (neutro) idem ao anterior.
quem (pessoa)
EXERCÍCIOS COMENTADOS
cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
o objeto possuído.
como (modo) 1. (PCJ-MT – Delegado Substituto – Superior – Ces-
onde (lugar) pe – 2017)
quando (tempo)
quanto (montante) Texto CG1A1AAA
Exemplo:
Falou tudo QUANTO queria (correto) A valorização do direito à vida digna preserva as duas
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria faces do homem: a do indivíduo e a do ser político; a
aparecer o demonstrativo O). do ser em si e a do ser com o outro. O homem é inteiro
3. Dicas para melhorar a interpretação de textos em sua dimensão plural e faz-se único em sua condição
social. Igual em sua humanidade, o homem desiguala-se,
 Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral singulariza-se em sua individualidade. O direito é o ins-
do assunto. Se ele for longo, não desista! Há muitos trumento da fraternização racional e rigorosa.
candidatos na disputa, portanto, quanto mais infor- O direito à vida é a substância em torno da qual todos os
mação você absorver com a leitura, mais chances direitos se conjugam, se desdobram, se somam para que
terá de resolver as questões. o sistema fique mais e mais próximo da ideia concretizá-
 Se encontrar palavras desconhecidas, não inter- vel de justiça social.
rompa a leitura. Mais valeria que a vida atravessasse as páginas da Lei
 Leia o texto, pelo menos, duas vezes – ou quantas Maior a se traduzir em palavras que fossem apenas a re-
forem necessárias. velação da justiça. Quando os descaminhos não condu-
zirem a isso, competirá ao homem transformar a lei na
LÍNGUA PORTUGUESA

 Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma


conclusão). vida mais digna para que a convivência política seja mais
 Volte ao texto quantas vezes precisar. fecunda e humana.
 Não permita que prevaleçam suas ideias sobre Cármen Lúcia Antunes Rocha. Comentário ao artigo 3.º.
as do autor. In: 50 anos da Declaração Universal dos Direitos Hu-
 Fragmente o texto (parágrafos, partes) para me- manos 1948-1998: conquistas e desafios. Brasília: OAB,
lhor compreensão. Comissão Nacional de Direitos Humanos, 1998, p. 50-1
 Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado (com adaptações).

2
3. (PCJ-MT – DELEGADO SUBSTITUTO – SUPERIOR
Compreende-se do texto CG1A1AAA que o ser humano – CESPE – 2017 – ADAPTADA) No texto CG1A1BBB, o
tem direito vocábulo ‘emana’ foi empregado com o sentido de

a) de agir de forma autônoma, em nome da lei da sobre- a) trata.


vivência das espécies. b) provém.
b) de ignorar o direito do outro se isso lhe for necessário c) manifesta.
para defender seus interesses. d) pertence.
c) de demandar ao sistema judicial a concretização de e) cabe.
seus direitos.
d) à institucionalização do seu direito em detrimento dos Resposta: Letra B. Dentro do contexto, “emana” tem o
direitos de outros. sentido de “provém”.
e) a uma vida plena e adequada, direito esse que está na
essência de todos os direitos. TIPOLOGIA E GÊNERO TEXTUAL

Resposta: Letra E. O ser humano tem direito a uma A todo o momento nos deparamos com vários textos,
vida digna, adequada, para que consiga gozar de seus sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a presen-
direitos – saúde, educação, segurança – e exercer seus ça do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência daquilo
deveres plenamente, como prescrevem todos os di- que está sendo transmitido entre os interlocutores. Estes
reitos: (...) O direito à vida é a substância em torno da interlocutores são as peças principais em um diálogo ou
qual todos os direitos se conjugam (...). em um texto escrito.
É de fundamental importância sabermos classificar os
2. (PCJ-MT – Delegado Substituto – Superior – Ces- textos com os quais travamos convivência no nosso dia a
pe – 2017) dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos textuais
e gêneros textuais.
Texto CG1A1BBB Comumente relatamos sobre um acontecimento, um
fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa opi-
nião sobre determinado assunto, descrevemos algum lugar
Segundo o parágrafo único do art. 1.º da Constituição
que visitamos, fazemos um retrato verbal sobre alguém que
da República Federativa do Brasil, “Todo o poder emana
acabamos de conhecer ou ver. É exatamente nessas situa-
do povo, que o exerce por meio de representantes elei-
ções corriqueiras que classificamos os nossos textos naquela
tos ou diretamente, nos termos desta Constituição.” Em
tradicional tipologia: Narração, Descrição e Dissertação.
virtude desse comando, afirma-se que o poder dos juízes
1. As tipologias textuais se caracterizam pelos as-
emana do povo e em seu nome é exercido. A forma de
pectos de ordem linguística
sua investidura é legitimada pela compatibilidade com as
regras do Estado de direito e eles são, assim, autênticos
Os tipos textuais designam uma sequência definida
agentes do poder popular, que o Estado polariza e exer-
ce. Na Itália, isso é constantemente lembrado, porque pela natureza linguística de sua composição. São observa-
toda sentença é dedicada (intestata) ao povo italiano, em dos aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações
nome do qual é pronunciada. logicas. Os tipos textuais são o narrativo, descritivo, argu-
mentativo/dissertativo, injuntivo e expositivo.
Cândido Rangel Dinamarco. A instrumentalidade do pro- A) Textos narrativos – constituem-se de verbos de
cesso. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1987, p. 195 (com ação demarcados no tempo do universo narrado,
adaptações). como também de advérbios, como é o caso de an-
Conforme as ideias do texto CG1A1BBB, tes, agora, depois, entre outros: Ela entrava em seu
a) o Poder Judiciário brasileiro desempenha seu papel com carro quando ele apareceu. Depois de muita conver-
fundamento no princípio da soberania popular. sa, resolveram...
b) os magistrados do Brasil deveriam ser escolhidos pelo B) Textos descritivos – como o próprio nome indica,
voto popular, como ocorre com os representantes dos descrevem características tanto físicas quanto psi-
demais poderes. cológicas acerca de um determinado indivíduo ou
c) os magistrados italianos, ao contrário dos brasileiros, objeto. Os tempos verbais aparecem demarcados
exercem o poder que lhes é conferido em nome de seus no presente ou no pretérito imperfeito: “Tinha os
nacionais. cabelos mais negros como a asa da graúna...”
d) há incompatibilidade entre o autogoverno da magistra- C) Textos expositivos – Têm por finalidade explicar
tura e o sistema democrático. um assunto ou uma determinada situação que se
e) os magistrados brasileiros exercem o poder constitucio- almeje desenvolvê-la, enfatizando acerca das ra-
nal que lhes é atribuído em nome do governo federal. zões de ela acontecer, como em: O cadastramento
LÍNGUA PORTUGUESA

irá se prorrogar até o dia 02 de dezembro, portanto,


Resposta: Letra A. A questão deve ser respondida se- não se esqueça de fazê-lo, sob pena de perder o be-
gundo o texto: (...) “Todo o poder emana do povo, que nefício.
o exerce por meio de representantes eleitos ou direta- D) Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de
mente, nos termos desta Constituição.” Em virtude desse uma modalidade na qual as ações são prescritas de
comando, afirma-se que o poder dos juízes emana do forma sequencial, utilizando-se de verbos expres-
povo e em seu nome é exercido (...).
sos no imperativo, infinitivo ou futuro do presente:

3
Misture todos os ingrediente e bata no liquidificador ideia. Exemplos de textos explicativos são os encontra-
até criar uma massa homogênea. dos em manuais de instruções.
E) Textos argumentativos (dissertativo) – Demar- Informativo: Tem a função de informar o leitor a res-
cam-se pelo predomínio de operadores argumen- peito de algo ou alguém, é o texto de uma notícia de
tativos, revelados por uma carga ideológica cons- jornal, de revista, folhetos informativos, propagandas.
tituída de argumentos e contra-argumentos que Uso da função referencial da linguagem, 3ª pessoa do
justificam a posição assumida acerca de um deter- singular.
minado assunto: A mulher do mundo contemporâ- Descrição: Um texto em que se faz um retrato por es-
neo luta cada vez mais para conquistar seu espaço crito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto.
no mercado de trabalho, o que significa que os gê- A classe de palavras mais utilizada nessa produção é o
neros estão em complementação, não em disputa. adjetivo, pela sua função caracterizadora. Numa aborda-
gem mais abstrata, pode-se até descrever sensações ou
2. Gêneros Textuais sentimentos. Não há relação de anterioridade e posterio-
ridade. Significa “criar” com palavras a imagem do objeto
São os textos materializados que encontramos em descrito. É fazer uma descrição minuciosa do objeto ou
nosso cotidiano; tais textos apresentam características da personagem a que o texto se refere.
sócio-comunicativas definidas por seu estilo, função, Narração: Modalidade em que se conta um fato, fic-
composição, conteúdo e canal. Como exemplos, temos: tício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lu-
receita culinária, e-mail, reportagem, monografia, poema, gar, envolvendo certos personagens. Refere-se a objetos
editorial, piada, debate, agenda, inquérito policial, fórum, do mundo real. Há uma relação de anterioridade e pos-
blog, etc. terioridade. O tempo verbal predominante é o passado.
A escolha de um determinado gênero discursivo de- Estamos cercados de narrações desde as que nos contam
pende, em grande parte, da situação de produção, ou histórias infantis, como o “Chapeuzinho Vermelho” ou a
seja, a finalidade do texto a ser produzido, quem são os “Bela Adormecida”, até as picantes piadas do cotidiano.
locutores e os interlocutores, o meio disponível para vei- Dissertação: Dissertar é o mesmo que desenvolver
cular o texto, etc. ou explicar um assunto, discorrer sobre ele. Assim, o
Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a texto dissertativo pertence ao grupo dos textos expositi-
esferas de circulação. Assim, na esfera jornalística, por vos, juntamente com o texto de apresentação científica,
exemplo, são comuns gêneros como notícias, reporta- o relatório, o texto didático, o artigo enciclopédico. Em
gens, editoriais, entrevistas e outros; na esfera de divul- princípio, o texto dissertativo não está preocupado com
gação científica são comuns gêneros como verbete de a persuasão e sim, com a transmissão de conhecimento,
dicionário ou de enciclopédia, artigo ou ensaio científico, sendo, portanto, um texto informativo.
seminário, conferência. Argumentativo: Os textos argumentativos, ao contrá-
rio, têm por finalidade principal persuadir o leitor sobre o
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ponto de vista do autor a respeito do assunto. Quando o
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto texto, além de explicar, também persuade o interlocutor
Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – e modifica seu comportamento, temos um texto disser-
São Paulo: Saraiva, 2010. tativo-argumentativo.
Português – Literatura, Produção de Textos & Gra- Exemplos: texto de opinião, carta do leitor, carta de
mática – volume único / Samira Yousseff Campedelli, solicitação, deliberação informal, discurso de defesa e
Jésus Barbosa Souza. – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. acusação (advocacia), resenha crítica, artigos de opinião
ou assinados, editorial.
SITE Exposição: Apresenta informações sobre assuntos,
http://www.brasilescola.com/redacao/tipologia-tex- expõe ideias; explica, avalia, reflete. (analisa ideias). Es-
tual.htm trutura básica; ideia principal; desenvolvimento; conclu-
são. Uso de linguagem clara. Exemplo: ensaios, artigos
Observação: Não foram encontradas questões abran- científicos, exposições.
gendo tal conteúdo. Injunção: Indica como realizar uma ação. É também
utilizado para predizer acontecimentos e comportamen-
tos. Utiliza linguagem objetiva e simples. Os verbos são,
ESTUDO DE TEXTO(S)
na sua maioria, empregados no modo imperativo. Há
também o uso do futuro do presente. Exemplo: Receita
Texto Literário: expressa a opinião pessoal do autor
de um bolo e manuais.
que também é transmitida através de figuras, impreg-
Diálogo: é uma conversação estabelecida entre duas
nado de subjetivismo. Exemplo: um romance, um conto, ou mais pessoas. Pode conter marcas da linguagem oral,
LÍNGUA PORTUGUESA

uma poesia... (Conotação, Figurado, Subjetivo, Pessoal). como pausas e retomadas.


Texto Não-Literário: preocupa-se em transmitir uma Entrevista: é uma conversação entre duas ou mais
mensagem da forma mais clara e objetiva possível. Exem- pessoas (o entrevistador e o entrevistado), na qual per-
plo: uma notícia de jornal, uma bula de medicamento. guntas são feitas pelo entrevistador para obter informa-
(Denotação, Claro, Objetivo, Informativo). ção do entrevistado. Os repórteres entrevistam as suas
O objetivo do texto é passar conhecimento para o fontes para obter declarações que validem as informa-
leitor. Nesse tipo textual, não se faz a defesa de uma ções apuradas ou que relatem situações vividas por

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personagens. Antes de ir para a rua, o repórter recebe 1. O nascimento da crônica
uma pauta que contém informações que o ajudarão a
construir a matéria. Além das informações, a pauta su- “Há um meio certo de começar a crônica por uma tri-
gere o enfoque a ser trabalhado assim como as fontes a vialidade. É dizer: Que calor! Que desenfreado calor! Diz-
serem entrevistadas. Antes da entrevista o repórter cos- -se isto, agitando as pontas do lenço, bufando como um
tuma reunir o máximo de informações disponíveis sobre touro, ou simplesmente sacudindo a sobrecasaca. Resva-
o assunto a ser abordado e sobre a pessoa que será en- la-se do calor aos fenômenos atmosféricos, fazem-se al-
trevistada. Munido deste material, ele formula perguntas gumas conjeturas acerca do sol e da lua, outras sobre a fe-
que levem o entrevistado a fornecer informações novas bre amarela, manda-se um suspiro a Petrópolis, e la glace
e relevantes. O repórter também deve ser perspicaz para est rompue está começada a crônica. (...)
perceber se o entrevistado mente ou manipula dados Machado de Assis. Crônicas Escolhidas. São Paulo:
nas suas respostas, fato que costuma acontecer princi- Editora Ática, 1994.
palmente com as fontes oficiais do tema. Por exemplo,
quando o repórter vai entrevistar o presidente de uma Publicada em jornal ou revista onde é publicada, des-
instituição pública sobre um problema que está a afe- tina-se à leitura diária ou semanal e trata de acontecimen-
tar o fornecimento de serviços à população, ele tende a tos cotidianos. A crônica se diferencia no jornal por não
evitar as perguntas e a querer reverter a resposta para o buscar exatidão da informação. Diferente da notícia, que
que considera positivo na instituição. É importante que o procura relatar os fatos que acontecem, a crônica os ana-
repórter seja insistente. O entrevistador deve conquistar lisa, dá-lhes um colorido emocional, mostrando aos olhos
a confiança do entrevistado, mas não tentar dominá-lo, do leitor uma situação comum, vista por outro ângulo,
nem ser por ele dominado. Caso contrário, acabará indu- singular.
zindo as respostas ou perdendo a objetividade. O leitor pressuposto da crônica é urbano e, em princí-
As entrevistas apresentam com frequência alguns pio, um leitor de jornal ou de revista. A preocupação com
sinais de pontuação como o ponto de interrogação, o esse leitor é que faz com que, dentre os assuntos tratados,
travessão, aspas, reticências, parêntese e as vezes col- o cronista dê maior atenção aos problemas do modo de
chetes, que servem para dar ao leitor maior informações vida urbano, do mundo contemporâneo, dos pequenos
que ele supostamente desconhece. O título da entrevista acontecimentos do dia a dia comuns nas grandes cidades.
é um enunciado curto que chama a atenção do leitor e Jornalismo e literatura: É assim que podemos dizer
resume a ideia básica da entrevista. Pode estar todo em que a crônica é uma mistura de jornalismo e literatura. De
letra maiúscula e recebe maior destaque da página. Na um recebe a observação atenta da realidade cotidiana e
maioria dos casos, apenas as preposições ficam com a do outro, a construção da linguagem, o jogo verbal. Al-
letra minúscula. O subtítulo introduz o objetivo principal gumas crônicas são editadas em livro, para garantir sua
da entrevista e não vem seguido de ponto final. É um durabilidade no tempo.
pequeno texto e vem em destaque também. A fotografia
do entrevistado aparece normalmente na primeira pá-
gina da entrevista e pode estar acompanhada por uma O que é linguagem?
frase dita por ele. As frases importantes ditas pelo entre- É o uso da língua como forma de expressão e comuni-
vistado e que aparecem em destaque nas outras páginas cação entre as pessoas. Agora, a linguagem não é somen-
da entrevista são chamadas de “olho”. te um conjunto de palavras faladas ou escritas, mas tam-
Crônica: Assim como a fábula e o enigma, a crônica bém de gestos e imagens. Afinal, não nos comunicamos
é um gênero narrativo. Como diz a origem da palavra apenas pela fala ou escrita, não é verdade?
(Cronos é o deus grego do tempo), narra fatos históricos Então, a linguagem pode ser verbalizada, e daí vem a
em ordem cronológica, ou trata de temas da atualidade. analogia ao verbo. Você já tentou se pronunciar sem uti-
Mas não é só isso. Lendo esse texto, você conhecerá as lizar o verbo? Se não, tente, e verá que é impossível se ter
principais características da crônica, técnicas de sua reda- algo fundamentado e coerente! Assim, a linguagem verbal
ção e terá exemplos. é que se utiliza de palavras quando se fala ou quando se
Uma das mais famosas crônicas da história da lite- escreve.
ratura luso-brasileira corresponde à definição de crônica A linguagem pode ser não verbal, ao contrário da ver-
como “narração histórica”. É a “Carta de Achamento do bal, não se utiliza do vocábulo, das palavras para se comu-
Brasil”, de Pero Vaz de Caminha”, na qual são narrados nicar. O objetivo, neste caso, não é de expor verbalmente
ao rei português, D. Manuel, o descobrimento do Brasil o que se quer dizer ou o que se está pensando, mas se uti-
e como foram os primeiros dias que os marinheiros por- lizar de outros meios comunicativos, como: placas, figuras,
tugueses passaram aqui. Mas trataremos, sobretudo, da gestos, objetos, cores, ou seja, dos signos visuais.
crônica como gênero que comenta assuntos do dia a dia. Vejamos: um texto narrativo, uma carta, o diálogo,
LÍNGUA PORTUGUESA

Para começar, uma crônica sobre a crônica, de Machado uma entrevista, uma reportagem no jornal escrito ou tele-
de Assis: visionado, um bilhete? Linguagem verbal!
Agora: o semáforo, o apito do juiz numa partida de
futebol, o cartão vermelho, o cartão amarelo, uma dança,
o aviso de “não fume” ou de “silêncio”, o bocejo, a identi-
ficação de “feminino” e “masculino” através de figuras na
porta do banheiro, as placas de trânsito? Linguagem não
verbal!

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A linguagem pode ser ainda verbal e não verbal ao
mesmo tempo, como nos casos das charges, cartoons e
anúncios publicitários.
Observe alguns exemplos:

Imagem indicativa de “silêncio”.

Cartão vermelho – denúncia de falta grave no futebol.

Semáforo com sinal amarelo advertindo “atenção”.

1. Linguagem como forma de Ação e Interação


Charge do autor Tacho – exemplo de linguagem ver-
bal (óxente, polo Norte 2100) e não verbal (imagem: sol,
A concepção da linguagem ainda é bastante debatida
cactos, pinguim). entre os linguistas, que até hoje ainda não chegaram a um
consenso da sua concepção. Ela é sintetizada de três ma-
neiras diferentes, sendo que o modo que mais utilizamos
em nossos relacionamentos com outras pessoas é a de
ação e interação.
Neste modo, a linguagem funciona como uma “ativi-
dade” de ação/interação entre os envolvidos nesta comu-
nicação. Os interlocutores expõem algo ao outro para que
este seja induzido a interagir na conversa, que pode ser
verbal, não verbal, mista e digital.
A atividade de comunicação é indispensável ao ser hu-
mano e aos animais. Existem diversos meios de comuni-
cação:
→ Entre os animais: a dança das abelhas, os odores, as
produções vocais (como no caso das aves)
→ Entre os homens: a dança, a pintura, a mímica, os
Placas de trânsito – à frente “proibido andar de bici- gestos, os sinais de trânsito, os símbolos, a linguagem
cleta”, atrás “quebra-molas”. dos surdos-mudos, a dos deficientes visuais, a linguagem
computacional, a linguagem matemática, as línguas natu-
rais etc.

De um modo geral, dá-se o nome de linguagem a to-


dos os meios de comunicação: linguagem animal e lin-
guagem humana, em linguagem não verbal e linguagem
LÍNGUA PORTUGUESA

verbal. O termo é, pois, empregado à aptidão humana de


associar os sons produzidos pelo aparelho fonador huma-
no a um conteúdo significativo e utilizar o resultado dessa
Símbolo que se coloca na porta para indicar “sanitá- associação para a interação verbal. Fala-se, pois, em lin-
rio masculino”. guagem verbal.
É um termo muito amplo: as línguas naturais (portu-
guês, inglês, por exemplo) são manifestações desse algo

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mais geral. Saussure, o linguista genebrino, concebia a lin- 1.4. Linguagem como forma ou processo de inte-
guagem em duas partes: a língua e a fala, e era a primeira ração
o seu objeto de estudo; embora, reconhecesse a interde-
pendência entre elas. Nesta concepção o falante realiza ações, age e intera-
Enquanto sistema de signos, a linguagem é um códi- ge com o outro (com quem ele fala). Dessa forma, a lin-
go - um conjunto de signos sujeitos a regras de combi- guagem toma uma dimensão mais ampla e não uniforme,
nação e utilizado na produção e na compreensão de uma pois inserindo num contexto ideológico e sociocultural,
mensagem. ela não tem direção preestabelecida vai depender uni-
camente da interação entre os dois sujeitos. Fazem parte
Signo é compreendido por: dessa corrente a Teoria do Discurso, Linguística Textual,
- Significante, veículo do significado (parte percep- Semântica Argumentativa, Análise do Discurso, Análise
tível, sensível); da Conversação.
- Significado, o que se entende quando se usa o
signo (parte inteligível). 1.5. As funções da linguagem

Os linguistas compreendem que há no processo de Para entendermos com clareza as funções da lingua-
comunicação seis elementos: gem, é bom primeiramente conhecermos as etapas da
- Emissor (remetente), envia a mensagem; comunicação.
- Receptor (destinatário), recebe a mensagem; Ao contrário do que muitos pensam, a comunicação
- Mensagem - informação veiculada; não acontece somente quando falamos, estabelecemos
- Código, sistema de signos utilizados para codifi- um diálogo ou redigimos um texto, ela se faz presente
car a mensagem; em todos (ou quase todos) os momentos.
- Contexto (referente), aquilo a que a mensagem Comunicamo-nos com nossos colegas de trabalho,
se refere; com o livro que lemos, com a revista, com os documen-
- Contato (canal), veículo, meio físico utilizado para tos que manuseamos, através de nossos gestos, ações,
transmitir a mensagem. até mesmo através de um beijo de “boa-noite”.
É o que diz Bordenave quando se refere à comuni-
cação: “A comunicação confunde-se com a própria vida.
Temos tanta consciência de que comunicamos como de
1.1. Concepção de linguagem que respiramos ou andamos. Somente percebemos a
sua essencial importância quando, por acidente ou uma
De acordo com o prof. Luiz C. Travaglia, no seu li- doença, perdemos a capacidade de nos comunicar. (Bor-
vro Gramática e Interação, admite-se para a linguagem denave, 1986. p.17-9)”
admite três concepções: No ato de comunicação, percebemos a existência de
alguns elementos, são eles:
1.2. Linguagem como expressão do pensamento ▪ Emissor: é aquele que envia a mensagem (pode
ser uma única pessoa ou um grupo de pessoas).
Se a linguagem é expressão do pensamento, quando ▪ Mensagem: é o conteúdo (assunto) das informa-
as pessoas não se expressam bem é porque não sabem ções que ora são transmitidas.
elaborar o pensamento. Se o enunciador expressa o que ▪ Receptor: é aquele a quem a mensagem é ende-
pensa, sua fala é resultado da sua maneira própria de or- reçada (um indivíduo ou um grupo), também conhecido
ganizar as suas ideias. O texto, dessa forma, nada tem a como destinatário.
ver com o leitor ou com quem se fala, e sim, somente com ▪ Canal de comunicação: é o meio pelo qual a
o enunciador. Nessa linha de pensamento encontra-se a mensagem é transmitida.
gramática normativa ou tradicional. ▪ Código: é o conjunto de signos e de regras de
combinação desses signos utilizados para elaborar a
1.3. Linguagem como instrumento de comunicação mensagem: o emissor codifica aquilo que o receptor irá
decodificar.
Neste conceito a língua é vista como um código, que ▪ Contexto: é o objeto ou a situação a que a men-
deve ser dominado pelos falantes para que as comuni- sagem se refere.
cações sejam efetivadas. A comunicação, pois, depende
do grau de domínio que o falante tem da língua como Partindo desses seis elementos, Roman Jakobson,
sistema. O falante utiliza-se dos conceitos estruturais que linguista russo, elaborou estudos acerca das funções da
conhece para expressar o pensamento; o ouvinte decodi- linguagem, os quais são muito úteis para a análise e pro-
fica os sinais codificados por ele e transforma-os em nova
LÍNGUA PORTUGUESA

dução de textos. As seis funções são:


mensagem. Essa linha de pensamento pertence ao estru- 1. Função referencial: referente é o objeto ou situa-
turalismo e também ao gerativismo. ção de que a mensagem trata. A função referencial pri-
vilegia justamente o referente da mensagem, buscando
transmitir informações objetivas sobre ele. Essa função
predomina nos textos de caráter científico e é privilegia-
do nos textos jornalísticos.

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2. Função emotiva: através dessa função, o emissor Pegar meu lugar no futuro, e você?
imprime no texto as marcas de sua atitude pessoal: emo- Tudo bem, eu vou indo em busca
ções, avaliações, opiniões. O leitor sente no texto a pre- De um sono tranquilo, quem sabe …
sença do emissor. Quanto tempo... pois é...
Exemplo: “[…] Mas quem sou eu para censurar os Quanto tempo...
culpados? O pior é que preciso perdoá-los. É necessário Me perdoe a pressa
chegar a tal nada que indiferentemente se ame ou não se É a alma dos nossos negócios
ame o criminoso que nos mata. Mas não estou seguro de Oh! Não tem de quê
mim mesmo: preciso amar aquele que me trucida e per- Eu também só ando a cem
guntar quem de vós me trucida. E minha vida, mais forte Quando é que você telefona?
do que eu, responde que quer porque quer vingança e Precisamos nos ver por aí (…)”.
responde que devo lutar como quem se afoga, mesmo (Trecho da música Sinal Fechado, de Paulinho da Viola).
que eu morra depois. Se assim for, que assim seja [...]”.
(Fragmento de A hora da estrela, de Clarice Lispector) 5. Função metalinguística: quando a linguagem se
volta sobre si mesma, transformando-se em seu
3. Função conativa: essa função procura organizar próprio referente, ocorre a função metalinguística.
o texto de forma que se imponha sobre o receptor da Linguagem utilizada para falar, explicar ou descrever
mensagem, persuadindo-o, seduzindo-o. Nas mensa- o próprio código: esse é o principal objetivo da
gens em que predomina essa função, busca-se envolver função metalinguística. Nas situações em que ela é
o leitor com o conteúdo transmitido, levando-o a adotar empregada, geralmente na poesia e na publicida-
este ou aquele comportamento. Nos tipos de textos em de, a atenção está voltada para o próprio código:
que a função conativa predomina, é possível perceber o
uso da 2ª pessoa como maneira de interpelar alguém, Exemplo:
além do emprego dos verbos no imperativo para con-
vencer o interlocutor:

Exemplo:

4. Função fática: a palavra fática significa “ruído, ru-


mor”. Foi utilizada inicialmente para designar cer-
tas formas usadas para chamar a atenção (ruídos
como psiu, ahn, ei). Essa função ocorre quando a 6. Função poética: quando a mensagem é elaborada
mensagem se orienta sobre o canal de comuni- de forma inovadora e imprevista, utilizando com-
cação ou contato, buscando verificar e fortalecer binações sonoras ou rítmicas, jogos de imagem ou
sua eficiência. Tipo de mensagem cujo objetivo é de ideias, temos a manifestação da função poética
prolongar ou interromper uma conversa. Nela, o da linguagem. Essa função é capaz de despertar no
LÍNGUA PORTUGUESA

emissor utiliza procedimentos para manter contato leitor prazer estético e surpresa. É muito encontra-
físico ou psicológico com o interlocutor: da na Literatura, especialmente na poesia, a função
poética apresenta um texto no qual a função está
Exemplo: centrada na própria mensagem, rompendo com o
“(...) Olá, como vai? modo tradicional com o vemos a linguagem.
Eu vou indo e você, tudo bem?
Tudo bem eu vou indo correndo

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Exemplo: Analisemos, pois, o fragmento exposto:
Antigamente
“Antigamente, as moças chamavam-se mademoisel-
les e eram todas mimosas e muito prendadas. Não fa-
ziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito.
Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-
-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses de-
baixo do balaio.” Carlos Drummond de Andrade
Comparando-o à modernidade, percebemos um vo-
cabulário antiquado.

b) Variações regionais
São os chamados dialetos, que são as marcas deter-
minantes referentes a diferentes regiões. Como exemplo,
citamos a palavra mandioca que, em certos lugares, rece-
be outras nomenclaturas, tais como: macaxeira e aipim.
Figurando também esta modalidade estão os sotaques,
ligados às características orais da linguagem.
c) Variações sociais ou culturais
Essas funções não são exploradas isoladamente; de Estão diretamente ligadas aos grupos sociais de uma
modo geral, ocorre a superposição de várias delas. Há, maneira geral e também ao grau de instrução de uma
no entanto, aquela que se sobressai, assim podemos determinada pessoa. Como exemplo, citamos as gírias,
identificar a finalidade principal do texto. os jargões e o linguajar caipira.
Variações Linguísticas As gírias pertencem ao vocabulário específico de cer-
tos grupos, como os surfistas, cantores de rap, tatuado-
A linguagem é a característica que nos difere dos de- res, entre outros.
mais seres, permitindo-nos a oportunidade de expressar Os jargões estão relacionados ao profissionalismo,
sentimentos, revelar conhecimentos, expor nossa opinião caracterizando um linguajar técnico. Representando a
frente aos assuntos relacionados ao nosso cotidiano, e, so- classe, podemos citar os médicos, advogados, profissio-
bretudo, promovendo nossa inserção ao convívio social. nais da área de informática, dentre outros.
E dentre os fatores que a ela se relacionam desta- Vejamos um poema e o trecho de uma música para
cam-se os níveis da fala, que são basicamente dois: entendermos melhor sobre o assunto:
- O nível de formalidade; “Vício na fala
- O de informalidade. Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
O padrão formal está diretamente ligado à lingua- Para pior pió
gem escrita, restringindo-se às normas gramaticais de Para telha dizem teia
um modo geral. Razão pela qual nunca escrevemos da Para telhado dizem teiado
mesma maneira que falamos. Este fator foi determinante E vão fazendo telhados”.
para a que a mesma pudesse exercer total soberania so- (Oswald de Andrade).
bre as demais.
Quanto ao nível informal, este por sua vez represen- Chopis Centis
ta o estilo considerado “de menor prestígio”, e isto tem “Eu “di” um beijo nela
gerado controvérsias entre os estudos da língua, uma vez E chamei pra passear.
que para a sociedade, aquela pessoa que fala ou escreve A gente fomos no shopping
de maneira errônea é considerada “inculta”, tornando-se Pra “mode” a gente lanchar.
desta forma um estigma. Comi uns bicho estranho, com um tal de gergelim.
Compondo o quadro do padrão informal da lingua- Até que “tava” gostoso, mas eu prefiro aipim.
gem, estão as chamadas variedades linguísticas, as quais Quanta gente, Quanta alegria, A minha felicidade é
representam as variações de acordo com as condições um crediário nas Casas Bahia.
sociais, culturais, regionais e históricas em que é utiliza- Esse tal Chopis Centis é muito legalzinho.
da. Dentre elas destacam-se: Pra levar a namorada e dar uns “rolezinho”,
Quando eu estou no trabalho,
a) Variações históricas Não vejo a hora de descer dos andaime.
LÍNGUA PORTUGUESA

Dado o dinamismo que a língua apresenta, a mesma Pra pegar um cinema, ver Schwarzneger,
sofre transformações ao longo do tempo. Um exemplo E também o Van Damme.
bastante representativo é a questão da ortografia, se (Dinho e Júlio Rasec, encarte CD Mamonas Assassi-
levarmos em consideração a palavra farmácia, uma vez nas, 1995).
que a mesma era grafada com “ph”, contrapondo-se à
linguagem dos internautas, a qual fundamenta-se pela Para expandir a capacidade de compreensão e, prin-
supressão dos vocábulos. cipalmente, de interpretação, é importante acostumar-se
à leitura, seja de um texto ou um objeto, figura ou fato.

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Ao se ler algo, deve-se notar aspectos particulares d) Tipos de Discurso
que permitam associar o elemento da leitura ao tempo - Discurso Direto: a fala do personagem é, geral-
e a acontecimentos, destacar o essencial e o secundá- mente, acompanhada por um verbo de elocução (dizer,
rio relacionando-o a outros já lidos. Semanticamente, o falar, responder, perguntar, afirmar etc.), não havendo co-
elemento da leitura encerra em si todas as indagações, nectivo, porém uma pausa marcada por sinal de pontuação.
permitindo uma análise e oferecendo os subsídios da Exemplo.: A mãe perguntou-lhe atarantada: - Onde
resposta. Compreender um texto é entender o seu senti- você pensa que vai?
do; apreender a situação, o fato, a narração, a tese a nós
expostos. Interpretar um texto é conseguir desenvolver - Discurso Indireto: o personagem não fala com suas
em outras palavras a ideia do texto, é, portanto, parafra- palavras, é o narrador que reproduz com suas palavras o dis-
seá-lo ou reescrevê-lo. Para se interpretar bem um texto, curso do personagem. Os verbos de elocução são núcleos do
é de suma importância uma boa leitura. Para se entender predicado da oração principal seguido de oração subordinada.
um texto é necessária uma leitura atenta, em que se no- Exemplo: Ele respondeu que sempre saía sozinho.
tem as suas sutilezas e superficialidades. É conveniente
- Indireto Livre: é um discurso misto, pois há carac-
marcar as ideias principais e estar atento as entrelinhas,
terísticas do discurso direto e do indireto. A fala do perso-
aos detalhes e a todo o contexto.
nagem se insere no discurso do narrador, são perceptíveis
- Paráfrase: é o desenvolvimento ou citação de um
aspectos psicológicos e fluxos do pensamento do persona-
texto ou parte dele, com palavras diferentes, mas gem.
de igual significação. Não há alteração da ideia Exemplo: Naquele dia o rapaz havia se declarado à sua
central. vizinha. Ele já tinha sofrido muito. Custava à moça acreditar?
- Perífrase: é um circunlóquio, um rodeio de pala- Não sabia se tinha feito à coisa certa.
vras; a exposição de ideias é feito usando-se de
muitas palavras. Usam se mais palavras do que o
texto original, isto é, usam-se mais palavras que o LÍNGUA PADRÃO, LÍNGUA NÃO PADRÃO
necessário.
- Intertextualidade: é a relação entre dois ou mais A língua é um código de que se serve o homem para
textos, cujo tema seja o mesmo, porém tratado de elaborar mensagens, para se comunicar. Existem basica-
forma diferente. mente duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas
- Síntese: é uma resenha, que é feita utilizando-se funcionais:
das palavras do texto. Aparecem apenas as ideias
principais. A) a língua funcional de modalidade culta, língua
- Resumo: é uma representação do texto em que só culta ou língua-padrão, que compreende a língua literária,
aparecem as ideias principais, não é necessário que tem por base a norma culta, forma linguística utilizada pelo
seja com as mesmas palavras do texto. segmento mais culto e influente de uma sociedade. Cons-
- Inferência: é uma informação que não está no tex- titui, em suma, a língua utilizada pelos veículos de comu-
to, mas sim fora dele; está nas entrelinhas ou exige nicação de massa (emissoras de rádio e televisão, jornais,
um conhecimento extra textual. revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a de serem
- Tipologia Textual Descrição: ato de descrever ca- aliados da escola, prestando serviço à sociedade, colabo-
racterísticas. Pode ser: Objetiva: descrição com rando na educação;
caráter universal. Subjetiva: descrição com caráter
B) a língua funcional de modalidade popular; língua
particular, pessoal.
popular ou língua cotidiana, que apresenta gradações as
- Técnica: descrição com caráter próprio de um ofí-
mais diversas, tem o seu limite na gíria e no calão.
cio, profissão.
- Narração: é o relato de um fato, de um aconteci- 1. Norma culta
mento. Seus elementos são:
- Fato: é o acontecimento; o encadeamento das A norma culta, forma linguística que todo povo civiliza-
ações forma o enredo. do possui, é a que assegura a unidade da língua nacional.
- Personagens: são os participantes do aconteci- E justamente em nome dessa unidade, tão importante do
mento. Principais (mais atuantes) Secundários ponto de vista político--cultural, que é ensinada nas escolas
- Ambiente ou cenário: é o lugar onde ocorrem os e difundida nas gramáticas. Sendo mais espontânea e cria-
acontecimentos. tiva, a língua popular afigura-se mais expressiva e dinâmica.
- Tempo: é a localização cronológica do aconteci- Temos, assim, à guisa de exemplificação:
mento. Foco Narrativo (narrador): a narração pode Estou preocupado. (norma culta)
ser em: 1ª pessoa: narrador-personagem 3ª pes- Tô preocupado. (língua popular)
soa: narrador-onisciente/narrador-observador.
LÍNGUA PORTUGUESA

Tô grilado. (gíria, limite da língua popular)


Dissertação: ato de discorrer sobre um tema. A
dissertação divide-se em três partes: Introdução: Não basta conhecer apenas uma modalidade de língua;
apresenta a ideia principal a ser discutida. urge conhecer a língua popular, captando-lhe a esponta-
- Desenvolvimento: é o desdobramento da ideia neidade, expressividade e enorme criatividade, para viver;
central, a exposição dos argumentos. urge conhecer a língua culta para conviver.
- Conclusão: retoma ou resume os principais aspec- Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das nor-
tos do texto e confirma a tese inicial. mas da língua culta.

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2. O conceito de erro em língua As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos
impedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são
Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos exemplos também de transgressões ou “erros” que se
casos de ortografia. O que normalmente se comete são tornaram fatos linguísticos, já que só correm hoje por-
transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num que a maioria viu tais verbos como derivados de pedir,
momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou ele que tem início, na sua conjugação, com peço. Tanto bas-
falar”, não comete propriamente erro; na verdade, trans- tou para se arcaizarem as formas então legítimas impido,
gride a norma culta. despido e desimpido, que hoje nenhuma pessoa bem-es-
Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua colarizada tem coragem de usar.
fala, transgride tanto quanto um indivíduo que compare- Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário
ce a um banquete trajando xortes ou quanto um banhis- escolar palavras como corrigir e correto, quando nos refe-
ta, numa praia, vestido de fraque e cartola. rimos a frases. “Corrija estas frases” é uma expressão que
Releva considerar, assim, o momento do discurso, que deve dar lugar a esta, por exemplo: “Converta estas frases
pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento íntimo é da língua popular para a língua culta”.
o das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala entre Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a
amigos, parentes, namorados, etc., portanto, são consi- uma frase “errada”; é, na verdade, uma frase elaborada
deradas perfeitamente normais construções do tipo: conforme as normas gramaticais; em suma, conforme a
Eu não vi ela hoje. norma culta.
Ninguém deixou ele falar.
Deixe eu ver isso! 3. Língua escrita e língua falada - Nível de lingua-
Eu te amo, sim, mas não abuse! gem
Não assisti o filme nem vou assisti-lo.
Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo. A língua escrita, estática, mais elaborada e menos
econômica, não dispõe dos recursos próprios da língua
Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a falada.
norma culta, deixando mais livres os interlocutores. A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação
O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que (melodia da frase), as pausas (intervalos significativos no
é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se decorrer do discurso), além da possibilidade de gestos,
por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou olhares, piscadas, etc., fazem da língua falada a moda-
lidade mais expressiva, mais criativa, mais espontânea e
seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções
natural, estando, por isso mesmo, mais sujeita a transfor-
se alteram:
mações e a evoluções.
Eu não a vi hoje.
Nenhuma, porém, sobrepõe-se a outra em impor-
Ninguém o deixou falar.
tância. Nas escolas, principalmente, costuma se ensinar
Deixe-me ver isso!
a língua falada com base na língua escrita, considerada
Eu te amo, sim, mas não abuses!
superior. Decorrem daí as correções, as retificações, as
Não assisti ao filme nem vou assistir a ele.
emendas, a que os professores sempre estão atentos.
Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe. Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mos-
trando as características e as vantagens de uma e outra,
Considera-se momento neutro o utilizado nos veí- sem deixar transparecer nenhum caráter de superiorida-
culos de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal, de ou inferioridade, que em verdade inexiste.
revista, etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na
transgressões da norma culta na pena ou na boca de língua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação
jornalistas, quando no exercício do trabalho, que deve de línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de
refletir serviço à causa do ensino. dialetos, consequência natural do enorme distanciamen-
O momento solene, acessível a poucos, é o da arte to entre uma modalidade e outra.
poética, caracterizado por construções de rara beleza. A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-ela-
Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume. borada que a língua falada, porque é a modalidade que
Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa mantém a unidade linguística de um povo, além de ser
de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta a que faz o pensamento atravessar o espaço e o tem-
o comete, passando, assim, a constituir fato linguístico po. Nenhuma reflexão, nenhuma análise mais detida será
registro de linguagem definitivamente consagrado pelo possível sem a língua escrita, cujas transformações, por
uso, ainda que não tenha amparo gramatical. Exemplos: isso mesmo, processam-se lentamente e em número
Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!) consideravelmente menor, quando cotejada com a mo-
Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir)
LÍNGUA PORTUGUESA

dalidade falada.
Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos Importante é fazer o educando perceber que o nível
dispersar e Não vamos dispersar-nos) da linguagem, a norma linguística, deve variar de acordo
Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho com a situação em que se desenvolve o discurso.
de sair daqui bem depressa) O ambiente sociocultural determina o nível da lingua-
O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no gem a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pro-
seu posto) núncia e até a entoação variam segundo esse nível. Um
padre não fala com uma criança como se estivesse em

11
uma missa, assim como uma criança não fala como um adulto. Um engenheiro não usará um mesmo discurso, ou um
mesmo nível de fala, para colegas e para pedreiros, assim como nenhum professor utiliza o mesmo nível de fala no
recesso do lar e na sala de aula.
Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre esses níveis, destacam-se em importância o culto e o cotidia-
no, a que já fizemos referência.

RECONHECIMENTO DAS RELAÇÕES LÓGICO-DISCURSIVAS PRESENTES NO TEXTO,


MARCADAS POR CONJUNÇÕES, ADVÉRBIOS, PREPOSIÇÕES ARGUMENTATIVAS,
LOCUÇÕES ETC. RECONHECIMENTO DAS RELAÇÕES ENTRE PARTES DE UM TEXTO,
IDENTIFICANDO REPETIÇÕES OU SUBSTITUIÇÕES QUE CONTRIBUEM PARA SUA
CONTINUIDADE. IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM TEXTOS VARIADOS

Adjetivo

É a palavra que expressa uma qualidade ou característica do ser e se relaciona com o substantivo, concordando com este
em gênero e número.
As praias brasileiras estão poluídas.
Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos (plural e feminino, pois concordam com “praias”).

1. Locução adjetiva
Locução = reunião de palavras. Sempre que são necessárias duas ou mais palavras para falar sobre a mesma coisa, tem-se lo-
cução. Às vezes, uma preposição + substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Locução Adjetiva (expressão que equivale
a um adjetivo). Por exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem freio (paixão desenfreada).

Observe outros exemplos:

de águia aquilino
de aluno discente
de anjo angelical
de ano anual
de aranha aracnídeo
de boi bovino
de cabelo capilar
de cabra caprino
de campo campestre ou rural
de chuva pluvial
de criança pueril
de dedo digital
de estômago estomacal ou gástrico
de falcão falconídeo
de farinha farináceo
de fera ferino
de ferro férreo
de fogo ígneo
LÍNGUA PORTUGUESA

de garganta gutural
de gelo glacial
de guerra bélico
de homem viril ou humano
de ilha insular

12
de inverno hibernal ou invernal
de lago lacustre
de leão leonino
de lebre l eporino
de lua lunar ou selênico
de madeira lígneo
de mestre magistral
de ouro áureo
de paixão passional
de pâncreas pancreático
de porco suíno ou porcino
dos quadris ciático
de rio fluvial
de sonho onírico
de velho senil
de vento eólico
de vidro vítreo ou hialino
de virilha inguinal
de visão óptico ou ótico

Observação:
Nem toda locução adjetiva possui um adjetivo correspondente, com o mesmo significado: Vi as alunas da 5ª série.
/ O muro de tijolos caiu.

2 Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática):


O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando
como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto).

3 Adjetivo Pátrio (ou gentílico)


Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Observe alguns deles:

Estados e cidades brasileiras:

Alagoas alagoano
Amapá amapaense
Aracaju aracajuano ou aracajuense
Amazonas amazonense ou baré
Belo Horizonte belo-horizontino
Brasília brasiliense
Cabo Frio cabo-friense
Campinas campineiro ou campinense
LÍNGUA PORTUGUESA

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4 Adjetivo Pátrio Composto

Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Observe alguns exemplos:

África afro- / Cultura afro-americana


Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas
América américo- / Companhia américo-africana
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
China sino- / Acordos sino-japoneses
Espanha hispano- / Mercado hispano-português
Europa euro- / Negociações euro-americanas
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
Grécia greco- / Filmes greco-romanos
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros

5 Flexão dos adjetivos

O adjetivo varia em gênero, número e grau.

6. Gênero dos Adjetivos

Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos
substantivos, classificam-se em:

A) Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau e má.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino somente o último elemento: o moço norte-americano,
a moça norte-americana.
Exceção: surdo-mudo e surda-muda.

B) Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como para o feminino: homem feliz e mulher feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no feminino: conflito político-social e desavença político-social.

7 Número dos Adjetivos

A) Plural dos adjetivos simples


Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos subs-
tantivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e ruins, boa e boas.
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra
que estiver qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a
palavra cinza é, originalmente, um substantivo; porém, se estiver qualificando um elemento, funcionará como adjetivo.
Ficará, então, invariável. Logo: camisas cinza, ternos cinza.
Motos vinho (mas: motos verdes)
Paredes musgo (mas: paredes brancas).
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).
LÍNGUA PORTUGUESA

B) Adjetivo Composto
É aquele formado por dois ou mais elementos. Normalmente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas o
último elemento concorda com o substantivo a que se refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Caso um
dos elementos que formam o adjetivo composto seja um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto ficará in-
variável. Por exemplo: a palavra “rosa” é, originalmente, um substantivo, porém, se estiver qualificando um elemento,
funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra palavra por hífen, formará um adjetivo composto; como é um substan-
tivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará invariável. Veja:

14
Camisas rosa-claro. B.1 Superlativo Absoluto: ocorre quando a quali-
Ternos rosa-claro. dade de um ser é intensificada, sem relação com outros
Olhos verde-claros. seres. Apresenta-se nas formas:
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.  Analítica: a intensificação é feita com o auxílio de
Telhados marrom-café e paredes verde-claras. palavras que dão ideia de intensidade (advérbios).
Observação: Por exemplo: O concurseiro é muito esforçado.
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer  Sintética: nessa, há o acréscimo de sufixos. Por
adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo.
invariáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste,
vestidos cor-de-rosa. Observe alguns superlativos sintéticos:
O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois ele-
mentos flexionados: crianças surdas-mudas.
benéfico - beneficentíssimo
8 Grau do Adjetivo bom - boníssimo ou ótimo
comum - comuníssimo
Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a in-
tensidade da qualidade do ser. São dois os graus do ad- cruel - crudelíssimo
jetivo: o comparativo e o superlativo. difícil - dificílimo
A) Comparativo doce - dulcíssimo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica fácil - facílimo
atribuída a dois ou mais seres ou duas ou mais caracte-
rísticas atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser fiel - fidelíssimo
de igualdade, de superioridade ou de inferioridade.
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade B.2 Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade
No comparativo de igualdade, o segundo termo da de um ser é intensificada em relação a um conjunto de
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto seres. Essa relação pode ser:
ou quão.  De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de
todas.
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Su-  De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de
perioridade todas.

Sílvia é menos alta que Tiago. = Comparativo de In- O superlativo absoluto analítico é expresso por meio
ferioridade dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente,
antepostos ao adjetivo.
Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de O superlativo absoluto sintético se apresenta sob
superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São duas formas: uma erudita - de origem latina – e outra
eles: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/supe- popular - de origem vernácula. A forma erudita é cons-
rior, grande/maior, baixo/inferior. tituída pelo radical do adjetivo latino + um dos sufixos
-íssimo, -imo ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo;
Observe que: a popular é constituída do radical do adjetivo português
 As formas menor e pior são comparativos de su- + o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo.
perioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo
mau, respectivamente. com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os termi-
 Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas nados em –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo, cheio
(melhor, pior, maior e menor), porém, em compa- – cheíssimo.
rações feitas entre duas qualidades de um mesmo
elemento, deve-se usar as formas analíticas mais REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
bom, mais mau,mais grande e mais pequeno. Por Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
exemplo: reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois Paulo: Saraiva, 2010.
elementos. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Pedro é mais grande que pequeno - comparação de Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
duas qualidades de um mesmo elemento. Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de In- ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
LÍNGUA PORTUGUESA

ferioridade
Sou menos passivo (do) que tolerante. SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
B) Superlativo morf32.php
O superlativo expressa qualidades num grau muito
elevado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou rela-
tivo e apresenta as seguintes modalidades:

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Advérbio 2. Classificação dos Advérbios

Compare estes exemplos: De acordo com a circunstância que exprime, o advér-


O ônibus chegou. bio pode ser de:
O ônibus chegou ontem. A) Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, aco-
lá, atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde,
Advérbio é uma palavra invariável que modifica o perto, aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, de-
sentido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de fronte, nenhures, adentro, afora, alhures, nenhures,
tempo, de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e aquém, embaixo, externamente, à distância, à dis-
do próprio advérbio. tância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à
Estudei bastante. = modificando o verbo estudei esquerda, ao lado, em volta.
Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio B) Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora,
(bem) amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente,
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um ad- antes, doravante, nunca, então, ora, jamais, agora,
jetivo (claros) sempre, já, enfim, afinal, amiúde, breve, constan-
temente, entrementes, imediatamente, primeira-
Quando modifica um verbo, o advérbio pode acres- mente, provisoriamente, sucessivamente, às vezes,
centar ideia de: à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em
Tempo: Ela chegou tarde. quando, de quando em quando, a qualquer mo-
Lugar: Ele mora aqui. mento, de tempos em tempos, em breve, hoje em
Modo: Eles agiram mal. dia.
Negação: Ela não saiu de casa. C) Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, de-
Dúvida: Talvez ele volte. pressa, acinte, debalde, devagar, às pressas, às cla-
ras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos
1. Flexão do Advérbio poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em
geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em
Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apre- vão e a maior parte dos que terminam em “-men-
sentam variação em gênero e número. Alguns advérbios, te”: calmamente, tristemente, propositadamente,
porém, admitem a variação em grau. Observe: pacientemente, amorosamente, docemente, escan-
dalosamente, bondosamente, generosamente.
A) Grau Comparativo D) Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto,
Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo efetivamente, certo, decididamente, deveras, indu-
modo que o comparativo do adjetivo: bitavelmente.
 de igualdade: tão + advérbio + quanto (como): E) Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum,
Renato fala tão alto quanto João. de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum.
 de inferioridade: menos + advérbio + que (do F) Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, pro-
que): Renato fala menos alto do que João. vavelmente, quiçá, talvez, casualmente, por certo,
 de superioridade: quem sabe.
A.1 Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato G) Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em ex-
fala mais alto do que João. cesso, bastante, mais, menos, demasiado, quanto,
A.2 Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato quão, tanto, assaz, que (equivale a quão), tudo,
fala melhor que João. nada, todo, quase, de todo, de muito, por completo,
extremamente, intensamente, grandemente, bem
B) Grau Superlativo (quando aplicado a propriedades graduáveis).
O superlativo pode ser analítico ou sintético: H) Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, so-
B.1 Analítico: acompanhado de outro advérbio: Re- mente, simplesmente, só, unicamente. Por exemplo:
nato fala muito alto. Brando, o vento apenas move a copa das árvores.
muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio I) Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, tam-
de modo bém. Por exemplo: O indivíduo também amadurece
B.2 Sintético: formado com sufixos: Renato fala al- durante a adolescência.
tíssimo. J) Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por
exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer
Observação: aos meus amigos por comparecerem à festa.
As formas diminutivas (cedinho, pertinho, etc.) são co-
muns na língua popular. Saiba que:
LÍNGUA PORTUGUESA

Maria mora pertinho daqui. (muito perto) Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-se
A criança levantou cedinho. (muito cedo) ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Ficarei
o mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o menos
tarde possível.
Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente,
em geral sufixamos apenas o último: O aluno respondeu
calma e respeitosamente.

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3. Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais
mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio:
Há palavras como muito, bastante, que podem apare- Essa matéria é mais bem interessante que aquela.
cer como advérbio e como pronome indefinido. Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advér-
Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro bio: Cheguei primeiro.
advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito.
Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locução
e sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros. adverbial desempenham na oração a função de adjunto
adverbial, classificando-se de acordo com as circunstân-
cias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao advér-
#FicaDica bio. Exemplo:
Como saber se a palavra bastante é advérbio Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto ad-
(não varia, não se flexiona) ou pronome verbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
indefinido (varia, sofre flexão)? Se der, Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensi-
na frase, para substituir o “bastante” por dade e de tempo, respectivamente.
“muito”, estamos diante de um advérbio; se
der para substituir por “muitos” (ou muitas), REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
é um pronome. Veja: Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
1. Estudei bastante para o concurso. (estudei reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
muito, pois “muitos” não dá!) = advérbio Paulo: Saraiva, 2010.
2. Estudei bastantes capítulos para o concurso. Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
(estudei muitos capítulos) = pronome ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
indefinido SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

SITE
4. Advérbios Interrogativos http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
morf75.php
São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como?
por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referen- Artigo
tes às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja:
O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo-
Interrogação Direta Interrogação Indireta -se como o termo variável que serve para individualizar
ou generalizar o substantivo, indicando, também, o gê-
Como aprendeu? Perguntei como aprendeu. nero (masculino/feminino) e o número (singular/plural).
Onde mora? Indaguei onde morava. Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as va-
riações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações
Por que choras? Não sei por que choras. “uma”[s] e “uns]).
Aonde vai? Perguntei aonde ia.
A) Artigos definidos – São usados para indicar seres
Donde vens? Pergunto donde vens.
determinados, expressos de forma individual: O
Quando voltas? Pergunto quando voltas. concurseiro estuda muito. Os concurseiros estudam
muito.
5. Locução Adverbial B) Artigos indefinidos – usados para indicar seres de
modo vago, impreciso: Uma candidata foi aprova-
Quando há duas ou mais palavras que exercem fun- da! Umas candidatas foram aprovadas!
ção de advérbio, temos a locução adverbial, que pode
expressar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam ordi- 1. Circunstâncias em que os artigos se manifestam:
nariamente por uma preposição. Veja:
A) lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto, Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do
para dentro, por aqui, etc. numeral “ambos”: Ambos os concursos cobrarão tal con-
B) afirmação: por certo, sem dúvida, etc. teúdo.
C) modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão, Nomes próprios indicativos de lugar (ou topônimos)
em geral, frente a frente, etc.
LÍNGUA PORTUGUESA

admitem o uso do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de


D) tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde, Janeiro, Veneza, A Bahia...
hoje em dia, nunca mais, etc. Quando indicado no singular, o artigo definido pode
A locução adverbial e o advérbio modificam o verbo, indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem.
o adjetivo e outro advérbio: No caso de nomes próprios personativos, denotando
Chegou muito cedo. (advérbio) a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso
Joana é muito bela. (adjetivo) do artigo: Marcela é a mais extrovertida das irmãs. / O
De repente correram para a rua. (verbo) Pedro é o xodó da família.

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No caso de os nomes próprios personativos estarem 1. Morfossintaxe da Conjunção
no plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias,
os Incas, Os Astecas... As conjunções, a exemplo das preposições, não exer-
Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a) cem propriamente uma função sintática: são conectivos.
para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (do
artigo), o pronome assume a noção de “qualquer”. 2. Classificação da Conjunção
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda)
Toda classe possui alunos interessados e desinteressa- De acordo com o tipo de relação que estabelecem,
dos. (qualquer classe) as conjunções podem ser classificadas em coordenati-
Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é fa- vas e subordinativas. No primeiro caso, os elementos
cultativo: Preparei o meu curso. Preparei meu curso. ligados pela conjunção podem ser isolados um do outro.
A utilização do artigo indefinido pode indicar uma Esse isolamento, no entanto, não acarreta perda da uni-
ideia de aproximação numérica: O máximo que ele deve dade de sentido que cada um dos elementos possui. Já
ter é uns vinte anos. no segundo caso, cada um dos elementos ligados pela
O artigo também é usado para substantivar palavras conjunção depende da existência do outro. Veja:
pertencentes a outras classes gramaticais: Não sei o por- Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo.
quê de tudo isso. / O bem vence o mal. Podemos separá-las por ponto:
Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo.
2. Há casos em que o artigo definido não pode ser
usado: Temos acima um exemplo de conjunção (e, conse-
Antes de nomes de cidade (topônimo) e de pessoas quentemente, orações coordenadas) coordenativa –
conhecidas: O professor visitará Roma. “mas”. Já em:
Espero que eu seja aprovada no concurso!
Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a pre- Não conseguimos separar uma oração da outra, pois
sença do artigo será obrigatória: O professor visitará a a segunda “completa” o sentido da primeira (da oração
bela Roma. principal): Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período te-
mos uma oração subordinada substantiva objetiva direta
Antes de pronomes de tratamento: Vossa Senhoria (ela exerce a função de objeto direto do verbo da oração
principal).
sairá agora?
Exceção: O senhor vai à festa?
3. Conjunções Coordenativas
Após o pronome relativo “cujo” e suas variações: Esse
São aquelas que ligam orações de sentido completo
é o concurso cujas provas foram anuladas?/ Este é o can-
e independente ou termos da oração que têm a mesma
didato cuja nota foi a mais alta.
função gramatical. Subdividem-se em:
A) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= e
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce- não), não só... mas também, não só... como também,
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São bem como, não só... mas ainda.
Paulo: Saraiva, 2010. A sua pesquisa é clara e objetiva.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- Não só dança, mas também canta.
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.SAC-
CONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. B) Adversativas: ligam duas orações ou palavras,
30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. expressando ideia de contraste ou compensação.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- São elas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto,
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São no entanto, não obstante.
Paulo: Saraiva, 2010. Tentei chegar mais cedo, porém não consegui.

SITE
http://www.brasilescola.com/gramatica/artigo.htm C) Alternativas: ligam orações ou palavras, expres-
sando ideia de alternância ou escolha, indicando
fatos que se realizam separadamente. São elas: ou,
Conjunção ou... ou, ora... ora, já... já, quer... quer, seja... seja, tal-
vez... talvez.
Além da preposição, há outra palavra também inva- Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário.
riável que, na frase, é usada como elemento de ligação:
LÍNGUA PORTUGUESA

a conjunção. Ela serve para ligar duas orações ou duas D) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração
palavras de mesma função em uma oração: que expressa ideia de conclusão ou consequência.
O concurso será realizado nas cidades de Campinas e São elas: logo, pois (depois do verbo), portanto, por
São Paulo. conseguinte, por isso, assim.
A prova não será fácil, por isso estou estudando muito. Marta estava bem preparada para o teste, portanto
não ficou nervosa.
Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão.

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E) Explicativas: ligam a oração anterior a uma oração
que a explica, que justifica a ideia nela contida. São #FicaDica
elas: que, porque, pois (antes do verbo), porquanto.
Não demore, que o filme já vai começar. Você deve ter percebido que a conjunção
Falei muito, pois não gosto do silêncio! condicional “se” também é conjunção inte-
grante. A diferença é clara ao ler as orações
4. Conjunções Subordinativas que são introduzidas por ela. Acima, ela nos
dá a ideia da condição para que recebamos
São aquelas que ligam duas orações, sendo uma de- um telefonema (se for preciso ajuda). Já na
oração: Não sei se farei o concurso. Não
las dependente da outra. A oração dependente, intro-
há ideia de condição alguma, há? Outra coi-
duzida pelas conjunções subordinativas, recebe o nome
sa: o verbo da oração principal (sei) pede
de oração subordinada. Veja o exemplo: O baile já tinha
complemento (objeto direto, já que “quem
começado quando ela chegou.
não sabe, não sabe algo”). Portanto, a oração
O baile já tinha começado: oração principal
em destaque exerce a função de objeto di-
quando: conjunção subordinativa (adverbial tempo-
reto da oração principal, sendo classificada
ral)
como oração subordinada substantiva obje-
ela chegou: oração subordinada
tiva direta.
As conjunções subordinativas subdividem-se em in-
tegrantes e adverbiais: D) Conformativas: introduzem uma oração que ex-
prime a conformidade de um fato com outro. São
Integrantes - Indicam que a oração subordinada por elas: conforme, como (= conforme), segundo, con-
elas introduzida completa ou integra o sentido da prin- soante, etc.
cipal. Introduzem orações que equivalem a substantivos, O passeio ocorreu como havíamos planejado.
ou seja, as orações subordinadas substantivas. São elas:
que, se. E) Finais: introduzem uma oração que expressa a fi-
Quero que você volte. (Quero sua volta) nalidade ou o objetivo com que se realiza a oração
principal. São elas: para que, a fim de que, que, por-
Adverbiais - Indicam que a oração subordinada exer- que (= para que), que, etc.
ce a função de adjunto adverbial da principal. De acordo Toque o sinal para que todos entrem no salão.
com a circunstância que expressam, classificam-se em:
F) Proporcionais: introduzem uma oração que ex-
A) Causais: introduzem uma oração que é causa da pressa um fato relacionado proporcionalmente
ocorrência da oração principal. São elas: porque, à ocorrência do expresso na principal. São elas:
que, como (= porque, no início da frase), pois que, à medida que, à proporção que, ao passo que e
visto que, uma vez que, porquanto, já que, desde as combinações quanto mais... (mais), quanto me-
que, etc. nos... (menos), quanto menos... (mais), quanto me-
Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios. nos... (menos), etc.
O preço fica mais caro à medida que os produtos es-
casseiam.
B) Concessivas: introduzem uma oração que expres-
sa ideia contrária à da principal, sem, no entanto,
Observação:
impedir sua realização. São elas: embora, ainda
São incorretas as locuções proporcionais à medida
que, apesar de que, se bem que, mesmo que, por
em que, na medida que e na medida em que.
mais que, posto que, conquanto, etc.
Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.
G) Temporais: introduzem uma oração que acrescen-
ta uma circunstância de tempo ao fato expresso na
C) Condicionais: introduzem uma oração que indica
oração principal. São elas: quando, enquanto, antes
a hipótese ou a condição para ocorrência da prin- que, depois que, logo que, todas as vezes que, desde
cipal. São elas: se, caso, contanto que, salvo se, a que, sempre que, assim que, agora que, mal (= as-
não ser que, desde que, a menos que, sem que, etc. sim que), etc.
Se precisar de minha ajuda, telefone-me. A briga começou assim que saímos da festa.

H) Comparativas: introduzem uma oração que ex-


LÍNGUA PORTUGUESA

pressa ideia de comparação com referência à ora-


ção principal. São elas: como, assim como, tal como,
como se, (tão)... como, tanto como, tanto quanto, do
que, quanto, tal, qual, tal qual, que nem, que (com-
binado com menos ou mais), etc.
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem.

19
I) Consecutivas: introduzem uma oração que expressa As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
a consequência da principal. São elas: de sorte que,
de modo que, sem que (= que não), de forma que, A) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo ale-
de jeito que, que (tendo como antecedente na oração gria, tristeza, dor, etc.: Ah, deve ser muito interes-
principal uma palavra como tal, tão, cada, tanto, ta- sante!
manho), etc. B) Sintetizar uma frase apelativa: Cuidado! Saia da
Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do minha frente.
exame.
As interjeições podem ser formadas por:
FIQUE ATENTO!  simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô
 palavras: Oba! Olá! Claro!
Muitas conjunções não têm classificação úni-
 grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu
ca, imutável, devendo, portanto, ser classifica-
Deus! Ora bolas!
das de acordo com o sentido que apresentam
no contexto (destaque da Zê!).
1. Classificação das Interjeições

Comumente, as interjeições expressam sentido de:


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A) Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido!
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Atenção! Olha! Alerta!
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. B) Afugentamento: Fora! Passa! Rua!
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce- C) Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva!
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São D) Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah!
Paulo: Saraiva, 2010. E) Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem!
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- Ânimo! Adiante!
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. F) Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva!
G) Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá!
SITE H) Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih! Francamen-
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf84. te! Essa não! Chega! Basta!
php I) Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá! Quei-
ra Deus!
Interjeição J) Desculpa: Perdão!
K) Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena!
Interjeição é a palavra invariável que exprime emo- L) Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê!
ções, sensações, estados de espírito. É um recurso da lin- M) Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus!
guagem afetiva, em que não há uma ideia organizada de Quê! Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz!
maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas sim N) Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios!
a manifestação de um suspiro, um estado da alma decor- Puxa! Pô! Ora!
rente de uma situação particular, um momento ou um O) Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade!
contexto específico. Exemplos: P) Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!
Ah, como eu queria voltar a ser criança! Viva! Olá! Alô! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me,
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição Deus!
Hum! Esse pudim estava maravilhoso! Q) Silêncio: Psiu! Silêncio!
hum: expressão de um pensamento súbito = interjei- R) Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa!
ção
O significado das interjeições está vinculado à maneira Saiba que:
como elas são proferidas. O tom da fala é que dita o senti- As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não so-
do que a expressão vai adquirir em cada contexto em que frem variação em gênero, número e grau como os no-
for utilizada. Exemplos: mes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e
voz como os verbos. No entanto, em uso específico, al-
Psiu! gumas interjeições sofrem variação em grau. Não se trata
contexto: alguém pronunciando esta expressão na rua; de um processo natural desta classe de palavra, mas tão
significado da interjeição (sugestão): “Estou te chamando! só uma variação que a linguagem afetiva permite. Exem-
Ei, espere!” plos: oizinho, bravíssimo, até loguinho.

Psiu! 2. Locução Interjetiva


contexto: alguém pronunciando em um hospital; sig-
LÍNGUA PORTUGUESA

nificado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça silêncio!” Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma
expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem
Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio! Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus!
puxa: interjeição; tom da fala: euforia Toda frase mais ou menos breve dita em tom excla-
mativo torna-se uma locução interjetiva, dispensando
Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte! análise dos termos que a compõem: Macacos me mor-
puxa: interjeição; tom da fala: decepção dam!, Valha-me Deus!, Quem me dera!

20
1. As interjeições são como frases resumidas, sinté-
ticas. Por exemplo: Ué! (= Eu não esperava por #FicaDica
essa!) / Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe)
2. Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é As palavras anterior, posterior, último, antepe-
o seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras núltimo, final e penúltimo também indicam
classes gramaticais podem aparecer como inter- posição dos seres, mas são classificadas como
jeições. Por exemplo: Viva! Basta! (Verbos) / Fora! adjetivos, não ordinais.
Francamente! (Advérbios)
3. A interjeição pode ser considerada uma “palavra-
-frase” porque sozinha pode constituir uma men- C) Fracionários: indicam parte de uma quantidade,
sagem. Por exemplo: Socorro! Ajudem-me! Silêncio! ou seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois
Fique quieto! quintos, etc.
4. Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imi- D) Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação
tativas, que exprimem ruídos e vozes. Por exemplo: dos seres, indicando quantas vezes a quantidade
Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-ta- foi aumentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc.
que! Quá-quá-quá!, etc.
5. Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” 2. Flexão dos numerais
com a sua homônima “oh!”, que exprime admira-
ção, alegria, tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
do “oh!” exclamativo e não a fazemos depois do uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/
“ó” vocativo. Por exemplo: “Ó natureza! ó mãe pie- duzentas em diante: trezentos/trezentas, quatrocentos/
dosa e pura!” (Olavo Bilac) quatrocentas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão,
variam em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS cardinais são invariáveis.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Os numerais ordinais variam em gênero e número:
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramá- primeiro segundo milésimo
tica – volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus
Barbosa Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. primeira segunda milésima
primeiros segundos milésimos
SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/ primeiras segundas milésimas
morf89.php
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando
NUMERAL atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do es-
forço e conseguiram o triplo de produção.
Numeral é a palavra variável que indica quantidade Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de pes- flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses
soas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa deter- triplas do medicamento.
minada sequência. Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e
número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/
Os numerais traduzem, em palavras, o que os núme- duas terças partes.
ros indicam em relação aos seres. Assim, quando a ex-
pressão é colocada em números (1, 1.º, 1/3, etc.) não se Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma
trata de numerais, mas sim de algarismos. dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem É comum na linguagem coloquial a indicação de grau
a ideia expressa pelos números, existem mais algumas nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização
palavras consideradas numerais porque denotam quan- de sentido. É o que ocorre em frases como:
tidade, proporção ou ordenação. São alguns exemplos: “Me empresta duzentinho...”
década, dúzia, par, ambos(as), novena. É artigo de primeiríssima qualidade!
O time está arriscado por ter caído na segundona. (=
segunda divisão de futebol)
1. Classificação dos Numerais
3. Emprego e Leitura dos Numerais
A) Cardinais: indicam quantidade exata ou determi-
LÍNGUA PORTUGUESA

nada de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns car-


Os numerais são escritos em conjunto de três algaris-
dinais têm sentido coletivo, como por exemplo:
mos, contados da direita para a esquerda, em forma de
século, par, dúzia, década, bimestre. centenas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma
B) Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém separação através de ponto ou espaço correspondente a
ou alguma coisa ocupa numa determinada se- um ponto: 8.234.456 ou 8 234 456.
quência: primeiro, segundo, centésimo, etc. Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar
exagero intencional, constituindo a figura de linguagem
conhecida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.

21
No português contemporâneo, não se usa a conjunção “e” após “mil”, seguido de centena: Nasci em mil novecentos
e noventa e dois.
Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.

Mas, se a centena começa por “zero” ou termina por dois zeros, usa-se o “e”: Seu salário será de mil e quinhentos
reais. (R$1.500,00)
Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)

Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até
décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo;

Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)

Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)

#FicaDica
Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por associação. Ficará mais fácil!

Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma
e outra”, “as duas”) e são largamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência. Sua uti-
lização exige a presença do artigo posposto: Ambos os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O artigo só é
dispensado caso haja um pronome demonstrativo: Ambos esses ministros falarão à imprensa.

Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
LÍNGUA PORTUGUESA

onze décimo primeiro - onze avos


doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos

22
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo
ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf40.php

Preposição

Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, nor-
malmente há uma subordinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes na
estrutura da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem valores semânticos indispensáveis para a compreen-
são do texto.

1. Tipos de Preposição
LÍNGUA PORTUGUESA

A) Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com,
contra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.
B) Preposições acidentais: palavras de outras classes gramaticais que podem atuar como preposições, ou seja,
formadas por uma derivação imprópria: como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.
C) Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo como uma preposição, sendo que a última palavra é uma
(preposição): abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em
frente a, ao redor de, graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por cima de, por trás de.

23
A preposição é invariável e, no entanto, pode unir-se REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
a outras palavras e, assim, estabelecer concordância em SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
gênero ou em número. Exemplo: por + o = pelo / por + Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
a = pela. Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
Essa concordância não é característica da preposição, reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
mas das palavras às quais ela se une. Paulo: Saraiva, 2010.
Esse processo de junção de uma preposição com ou- Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
tra palavra pode se dar a partir dos processos de: ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
 Combinação: união da preposição “a” com o ar-
tigo “o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde, SITE
aos. Os vocábulos não sofrem alteração. http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
 Contração: união de uma preposição com outra
palavra, ocorrendo perda ou transformação de fo- Substantivo
nema: de + o = do, em + a = na, per + os = pelos,
de + aquele = daquele, em + isso = nisso. Substantivo é a classe gramatical de palavras variá-
 Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” preposi- veis, as quais denominam todos os seres que existem,
ção + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vogal sejam reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e
do pronome “aquilo”). fenômenos, os substantivos também nomeiam:
 lugares: Alemanha, Portugal
#FicaDica  sentimentos: amor, saudade
 estados: alegria, tristeza
O “a” pode funcionar como preposição, pro-  qualidades: honestidade, sinceridade
nome pessoal oblíquo e artigo. Como dis-  ações: corrida, pescaria
tingui-los? Caso o “a” seja um artigo, virá
precedendo um substantivo, servindo para 1. Morfossintaxe do substantivo
determiná-lo como um substantivo singular e
feminino: A matéria que estudei é fácil! Nas orações, geralmente o substantivo exerce fun-
ções diretamente relacionadas com o verbo: atua como
núcleo do sujeito, dos complementos verbais (objeto di-
reto ou indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda,
Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
funcionar como núcleo do complemento nominal ou do
termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
aposto, como núcleo do predicativo do sujeito, do obje-
Irei à festa sozinha.
to ou como núcleo do vocativo. Também encontramos
Entregamos a flor à professora! = o primeiro “a” é arti-
go; o segundo, preposição. substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e de
Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o adjuntos adverbiais - quando essas funções são desem-
lugar e/ou a função de um substantivo: Nós trouxemos a penhadas por grupos de palavras.
apostila. = Nós a trouxemos.
2. Classificação dos Substantivos
2. Relações semânticas (= de sentido) estabeleci-
das por meio das preposições: A) Substantivos Comuns e Próprios
Observe a definição:
Destino = Irei a Salvador.
Modo = Saiu aos prantos. Cidade: s.f. 1. Povoação maior que vila, com muitas
Lugar = Sempre a seu lado. casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil,
Assunto = Falemos sobre futebol. toda a sede de município é cidade). 2. O centro de uma
Tempo = Chegarei em instantes. cidade (em oposição aos bairros).
Causa = Chorei de saudade. Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas
Fim ou finalidade = Vim para ficar. e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada
Instrumento = Escreveu a lápis. cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substan-
Posse = Vi as roupas da mamãe. tivo comum.
Autoria = livro de Machado de Assis Substantivo Comum é aquele que designa os seres de
Companhia = Estarei com ele amanhã. uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino,
Matéria = copo de cristal. homem, mulher, país, cachorro.
Meio = passeio de barco. Estamos voando para Barcelona.
LÍNGUA PORTUGUESA

Origem = Nós somos do Nordeste.


Conteúdo = frascos de perfume. O substantivo Barcelona designa apenas um ser da
Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso. espécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio –
Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais. aquele que designa os seres de uma mesma espécie de
forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas
locuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução
prepositiva por trás de.

24
B) Substantivos Concretos e Abstratos cancioneiro canções, poesias líricas
B.1 Substantivo Concreto: é aquele que designa o
ser que existe, independentemente de outros seres. colmeia abelhas
concílio bispos
Observação:
Os substantivos concretos designam seres do mundo congresso parlamentares, cientistas
real e do mundo imaginário. elenco atores de uma peça ou filme
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra, esquadra navios de guerra
Brasília.
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantas- enxoval roupas
ma. falange soldados, anjos

B.2 Substantivo Abstrato: é aquele que designa se- fauna animais de uma região
res que dependem de outros para se manifestarem ou feixe lenha, capim
existirem. Por exemplo: a beleza não existe por si só, flora vegetais de uma região
não pode ser observada. Só podemos observar a beleza
numa pessoa ou coisa que seja bela. A beleza depende frota navios mercantes, ônibus
de outro ser para se manifestar. Portanto, a palavra bele- girândola fogos de artifício
za é um substantivo abstrato.
Os substantivos abstratos designam estados, quali- horda bandidos, invasores
dades, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem junta médicos, bois, credores, exa-
ser abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida minadores
(estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade
júri jurados
(sentimento).
legião soldados, anjos, demônios
 Substantivos Coletivos leva presos, recrutas

Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, malta malfeitores ou desordeiros
outra abelha, mais outra abelha. manada búfalos, bois, elefantes,
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
matilha cães de raça
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
molho chaves, verduras
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne- multidão pessoas em geral
cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha,
mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas nuvem insetos (gafanhotos, mosqui-
palavras no plural. No terceiro, empregou-se um subs- tos, etc.)
tantivo no singular (enxame) para designar um conjunto penca bananas, chaves
de seres da mesma espécie (abelhas).
pinacoteca pinturas, quadros
O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, quadrilha ladrões, bandidos
mesmo estando no singular, designa um conjunto de se- ramalhete flores
res da mesma espécie.
rebanho ovelhas

Substantivo coletivo Conjunto de: repertório peças teatrais, obras musicais

assembleia pessoas reunidas réstia alhos ou cebolas

alcateia lobos romanceiro poesias narrativas

acervo livros revoada pássaros

antologia trechos literários selecionados sínodo párocos

arquipélago ilhas talha lenha

banda músicos tropa muares, soldados

bando desordeiros ou malfeitores turma estudantes, trabalhadores


LÍNGUA PORTUGUESA

banca examinadores vara porcos

batalhão soldados
cardume peixes
caravana viajantes peregrinos
cacho frutas

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3. Formação dos Substantivos 2. Substantivos Uniformes: apresentam uma única
forma, que serve tanto para o masculino quanto
A) Substantivos Simples e Compostos para o feminino. Classificam-se em:
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a terra. A) Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo
O substantivo chuva é formado por um único ele- se faz mediante a utilização das palavras “macho”
mento ou radical. É um substantivo simples. e “fêmea”: a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré
A.1 Substantivo Simples: é aquele formado por um macho e o jacaré fêmea.
único elemento. B) Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja a pessoas de ambos os sexos: a criança, a teste-
agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois ele- munha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o in-
mentos (guarda + chuva). Esse substantivo é composto. divíduo.
A.2 Substantivo Composto: é aquele formado por C) Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros:
dois ou mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, pas- indicam o sexo das pessoas por meio do artigo: o
satempo. colega e a colega, o doente e a doente, o artista e
a artista.

B) Substantivos Primitivos e Derivados Substantivos de origem grega terminados em ema


B.1 Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva ou oma são masculinos: o fonema, o poema, o sistema, o
de nenhuma outra palavra da própria língua por- sintoma, o teorema.
tuguesa.  Existem certos substantivos que, variando de
B.2 Substantivo Derivado: é aquele que se origi- gênero, variam em seu significado:
na de outra palavra. O substantivo limoeiro, por o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz); o cabeça
exemplo, é derivado, pois se originou a partir da (líder) e a cabeça (parte do corpo); o capital (dinheiro) e
palavra limão. a capital (cidade); o coma (sono mórbido) e a coma (ca-
beleira, juba); o lente (professor) e a lente (vidro de au-
4. Flexão dos substantivos mento); o moral (estado de espírito) e a moral (ética; con-
clusão); o praça (soldado raso) e a praça (área pública);
O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá- o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora).
vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por
exemplo, pode sofrer variações para indicar: 6. Formação do Feminino dos Substantivos Bifor-
Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo: mes
meninão / Diminutivo: menininho
Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno
A) Flexão de Gênero - aluna.
Gênero é um princípio puramente linguístico, não de-  Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a
vendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz respeito ao masculino: freguês - freguesa
a todos os substantivos de nossa língua, quer se refiram  Substantivos terminados em -ão: fazem o femini-
a seres animais providos de sexo, quer designem apenas no de três formas:
“coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa. 1. troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e 2. troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
feminino. Pertencem ao gênero masculino os substanti- 3. troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
vos que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns. Exceções: barão – baronesa, ladrão - ladra, sultão -
Veja estes títulos de filmes: sultana
O velho e o mar
Um Natal inesquecível  Substantivos terminados em -or:
Os reis da praia acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
troca-se -or por -triz: = imperador – imperatriz
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que  Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa:
podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas: cônsul - consulesa / abade - abadessa / poeta - poe-
A história sem fim tisa / duque - duquesa / conde - condessa / profeta
Uma cidade sem passado - profetisa
As tartarugas ninjas  Substantivos que formam o feminino trocando o
-e final por -a: elefante - elefanta
5. Substantivos Biformes e Substantivos Unifor-  Substantivos que têm radicais diferentes no mas-
mes culino e no feminino: bode – cabra / boi - vaca
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 Substantivos que formam o feminino de maneira


1. Substantivos Biformes (= duas formas): apresen- especial, isto é, não seguem nenhuma das regras
tam uma forma para cada gênero: gato – gata, ho- anteriores: czar – czarina, réu - ré
mem – mulher, poeta – poetisa, prefeito - prefeita

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7. Formação do Feminino dos Substantivos Uni- Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata,
formes a cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a
libido, a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
Epicenos:
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros. São geralmente masculinos os substantivos de ori-
gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo-
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
Isso ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema,
forma para indicar o masculino e o feminino. o eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o tra-
Alguns nomes de animais apresentam uma só for- coma, o hematoma.
ma para designar os dois sexos. Esses substantivos são Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
chamados de epicenos. No caso dos epicenos, quando
houver a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se Gênero dos Nomes de Cidades - Com raras exce-
palavras macho e fêmea. ções, nomes de cidades são femininos: A histórica Ouro
A cobra macho picou o marinheiro. Preto. / A dinâmica São Paulo. / A acolhedora Porto Ale-
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira. gre. / Uma Londres imensa e triste.
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
8. Sobrecomuns:
Entregue as crianças à natureza. 10. Gênero e Significação

A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo Muitos substantivos, como já mencionado anterior-
masculino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, mente, têm uma significação no masculino e outra no fe-
nem o artigo nem um possível adjetivo permitem identi- minino. Observe: o baliza (soldado que à frente da tropa,
ficar o sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja: indica os movimentos que se deve realizar em conjunto; o
A criança chorona chamava-se João. que vai à frente de um bloco carnavalesco, manejando um
A criança chorona chamava-se Maria. bastão), a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite
ou proibição de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (par-
Outros substantivos sobrecomuns: te do corpo), o cisma (separação religiosa, dissidência), a
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma cisma (ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzen-
boa criatura. ta), a cinza (resíduos de combustão), o capital (dinheiro),
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de a capital (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma
Marcela faleceu (cabeleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro),
a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado
9. Comuns de Dois Gêneros: na administração da crisma e de outros sacramentos), a
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. crisma (sacramento da confirmação), o cura (pároco), a
cura (ato de curar), o estepe (pneu sobressalente), a estepe
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? (vasta planície de vegetação), o guia (pessoa que guia ou-
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma tras), a guia (documento, pena grande das asas das aves),
vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme. o grama (unidade de peso), a grama (relva), o caixa (fun-
A distinção de gênero pode ser feita através da análi- cionário da caixa), a caixa (recipiente, setor de pagamen-
se do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o subs- tos), o lente (professor), a lente (vidro de aumento), o mo-
tantivo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; ral (ânimo), a moral (honestidade, bons costumes, ética),
um jovem - uma jovem; artista famoso - artista famosa; o nascente (lado onde nasce o Sol), a nascente (a fonte),
repórter francês - repórter francesa. o maria-fumaça (trem como locomotiva a vapor), maria-
-fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala (poncho), a
A palavra personagem é usada indistintamente nos pala (parte anterior do boné ou quepe, anteparo), o rádio
dois gêneros. Entre os escritores modernos nota-se (aparelho receptor), a rádio (emissora), o voga (remador),
acentuada preferência pelo masculino: O menino desco- a voga (moda).
briu nas nuvens os personagens dos contos de carochinha.
Com referência à mulher, deve-se preferir o feminino: B) Flexão de Número do Substantivo
O problema está nas mulheres de mais idade, que não
aceitam a personagem. Em português, há dois números gramaticais: o singu-
lar, que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural,
Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo que indica mais de um ser ou grupo de seres. A caracte-
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fotográfico Ana Belmonte. rística do plural é o “s” final.

Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó 11. Plural dos Substantivos Simples


)pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o
maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e
proclama, o pernoite, o púbis. “n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã –
ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural).

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Exceção: cânon - cânones. A) Flexionam-se os dois elementos, quando for-
Os substantivos terminados em “m” fazem o plural mados de:
em “ns”: homem - homens. substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-per-
plural pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz feitos
- raízes. adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-ho-
mens
Atenção: numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
O plural de caráter é caracteres.
B) Flexiona-se somente o segundo elemento,
Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexio- quando formados de:
nam-se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quin- verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
tais; caracol – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e palavra invariável + palavra variável = alto-falante e
males, cônsul e cônsules. alto-falantes
Os substantivos terminados em “il” fazem o plural palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-
de duas maneiras: -recos
1. Quando oxítonos, em “is”: canil - canis
2. Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis. C) Flexiona-se somente o primeiro elemento,
quando formados de:
Observação: substantivo + preposição clara + substantivo = água-
A palavra réptil pode formar seu plural de duas ma- -de-colônia e águas-de-colônia
neiras: répteis ou reptis (pouco usada). substantivo + preposição oculta + substantivo = ca-
valo-vapor e cavalos-vapor
Os substantivos terminados em “s” fazem o plural substantivo + substantivo que funciona como deter-
de duas maneiras:
minante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o
1. Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o
tipo do termo anterior: palavra-chave - palavras-chave,
acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses
bomba-relógio - bombas-relógio, homem-rã - homens-
2. Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam in-
-rã, peixe-espada - peixes-espada.
variáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus.
D) Permanecem invariáveis, quando formados de:
Os substantivos terminados em “ão” fazem o plural
verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
de três maneiras.
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os
1. substituindo o -ão por -ões: ação - ações
2. substituindo o -ão por -ães: cão - cães saca-rolhas
3. substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
13. Casos Especiais
Observação:
Muitos substantivos terminados em “ão” apresen- o louva-a-deus e os louva-a-deus
tam dois – e até três – plurais:
o bem-te-vi e os bem-te-vis
aldeão – aldeões/aldeães/aldeãos an-
cião – anciões/anciães/anciãos o bem-me-quer e os bem-me-queres
charlatão – charlatões/charlatães cor- o joão-ninguém e os joões-ninguém.
rimão – corrimãos/corrimões
guardião – guardiões/guardiães vilão 14. Plural das Palavras Substantivadas
– vilãos/vilões/vilães
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
Os substantivos terminados em “x” ficam invariá- classes gramaticais usadas como substantivo apresen-
veis: o látex - os látex. tam, no plural, as flexões próprias dos substantivos.
Pese bem os prós e os contras.
12. Plural dos Substantivos Compostos
O aluno errou na prova dos noves.
Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
A formação do plural dos substantivos compostos
depende da forma como são grafados, do tipo de pa-
Observação:
lavras que formam o composto e da relação que esta-
Numerais substantivados terminados em “s” ou “z”
belecem entre si. Aqueles que são grafados sem hífen
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não variam no plural: Nas provas mensais consegui mui-


comportam-se como os substantivos simples: aguar-
tos seis e alguns dez.
dente/aguardentes, girassol/girassóis, pontapé/ponta-
pés, malmequer/malmequeres.
O plural dos substantivos compostos cujos elemen-
tos são ligados por hífen costuma provocar muitas dú-
vidas e discussões. Algumas orientações são dadas a
seguir:

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15. Plural dos Diminutivos fosso fossos
Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” fi- imposto impostos
nal e acrescenta-se o sufixo diminutivo. olho olhos
osso (ô) ossos (ó)
pãe(s) + zinhos = pãezinhos
ovo ovos
animai(s) + zinhos = animaizinhos
poço poços
botõe(s) + zinhos = botõezinhos
porto portos
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
posto postos
farói(s) + zinhos = faroizinhos
tijolo tijolos
tren(s) + zinhos = trenzinhos
colhere(s) + zinhas = colherezinhas Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços,
bolsos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, so-
flore(s) + zinhas = florezinhas
ros, etc.
mão(s) + zinhas = mãozinhas
papéi(s) + zinhos = papeizinhos Observação:
Distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas molho (ó) = feixe (molho de lenha).
funi(s) + zinhos = funizinhos
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o
norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
pai(s) + zinhos = paizinhos
pé(s) + zinhos = pezinhos Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsa-
mes, as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
pé(s) + zitos = pezitos
Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do
singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probida-
16. Plural dos Nomes Próprios Personativos
de, bom nome) e honras (homenagem, títulos).
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas Usamos, às vezes, os substantivos no singular, mas
sempre que a terminação preste-se à flexão. com sentido de plural:
Os Napoleões também são derrotados. Aqui morreu muito negro.
As Raquéis e Esteres. Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em cape-
las improvisadas.
17. Plural dos Substantivos Estrangeiros
C) Flexão de Grau do Substantivo
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser
escritos como na língua original, acrescentando-se “s” Grau é a propriedade que as palavras têm de expri-
(exceto quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os mir as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:
shorts, os jazz. 1. Grau Normal - Indica um ser de tamanho consi-
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de derado normal. Por exemplo: casa
acordo com as regras de nossa língua: os clubes, os cho- 2. Grau Aumentativo - Indica o aumento do tama-
pes, os jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, nho do ser. Classifica-se em:
os réquiens. Analítico = o substantivo é acompanhado de um
Observe o exemplo: adjetivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
Este jogador faz gols toda vez que joga. Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo in-
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa. dicador de aumento. Por exemplo: casarão.

18. Plural com Mudança de Timbre 3. Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tama-
nho do ser. Pode ser:
Certos substantivos formam o plural com mudança Analítico = substantivo acompanhado de um adje-
de timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um tivo que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
fato fonético chamado metafonia (plural metafônico). Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo in-
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dicador de diminuição. Por exemplo: casinha.


Singular Plural REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
corpo (ô) corpos (ó) SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
esforço esforços Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
fogo fogos reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
forno fornos

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CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, 1. Pronomes Pessoais
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São aqueles que substituem os substantivos, indican-
São Paulo: Saraiva, 2002. do diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou
escreve assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os
SITE pronomes “tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar a
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/ quem se dirige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer
morf12.php referência à pessoa ou às pessoas de quem se fala.
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun-
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto
Pronome
ou do caso oblíquo.

Pronome é a palavra variável que substitui ou acom- A) Pronome Reto


panha um substantivo (nome), qualificando-o de alguma Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sen-
forma. tença, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos
O homem julga que é superior à natureza, por isso o flores.
homem destrói a natureza... Os pronomes retos apresentam flexão de número,
Utilizando pronomes, teremos: O homem julga que é gênero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa úl-
superior à natureza, por isso ele a destrói... tima a principal flexão, uma vez que marca a pessoa do
Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de ter- discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é
mos (homem e natureza). assim configurado:
Grande parte dos pronomes não possuem significa- 1.ª pessoa do singular: eu
dos fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação 2.ª pessoa do singular: tu
dentro de um contexto, o qual nos permite recuperar a 3.ª pessoa do singular: ele, ela
referência exata daquilo que está sendo colocado por 1.ª pessoa do plural: nós
meio dos pronomes no ato da comunicação. Com ex- 2.ª pessoa do plural: vós
ceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os de- 3.ª pessoa do plural: eles, elas
mais pronomes têm por função principal apontar para as
pessoas do discurso ou a elas se relacionar, indicando- Esses pronomes não costumam ser usados como
-lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtude
complementos verbais na língua-padrão. Frases como
dessa característica, os pronomes apresentam uma for-
“Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu
ma específica para cada pessoa do discurso.
até aqui”- comuns na língua oral cotidiana - devem ser
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.
evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua for-
[minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala]
mal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspon-
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada?
dentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-
[tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se fala]
-me até aqui”.
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
Frequentemente observamos a omissão do pronome
[dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem
se fala] reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias
formas verbais marcam, através de suas desinências, as
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em nú- boa viagem. (Nós)
mero (singular ou plural). Assim, espera-se que a refe-
rência através do pronome seja coerente em termos de B) Pronome Oblíquo
gênero e número (fenômeno da concordância) com o Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na
seu objeto, mesmo quando este se apresenta ausente no sentença, exerce a função de complemento verbal
enunciado. (objeto direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (ob-
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da jeto indireto)
nossa escola neste ano.
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordân- Observação:
cia adequada] O pronome oblíquo é uma forma variante do prono-
[neste: pronome que determina “ano” = concordân- me pessoal do caso reto. Essa variação indica a função
cia adequada] diversa que eles desempenham na oração: pronome reto
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = con- marca o sujeito da oração; pronome oblíquo marca o
cordância inadequada] complemento da oração. Os pronomes oblíquos sofrem
LÍNGUA PORTUGUESA

variação de acordo com a acentuação tônica que pos-


Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, suem, podendo ser átonos ou tônicos.
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.
2. Pronome Oblíquo Átono
São chamados átonos os pronomes oblíquos que não
são precedidos de preposição. Possuem acentuação tô-
nica fraca: Ele me deu um presente.

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Lista dos pronomes oblíquos átonos Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
1.ª pessoa do singular (eu): me Não vá sem eu mandar.
2.ª pessoa do singular (tu): te A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!”
3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe está correta, já que “para mim” é complemento de “fá-
1.ª pessoa do plural (nós): nos cil”. A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil
2.ª pessoa do plural (vós): vos para mim!
3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes A combinação da preposição “com” e alguns prono-
mes originou as formas especiais comigo, contigo, consi-
go, conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos
FIQUE ATENTO! frequentemente exercem a função de adjunto adverbial
Os pronomes o, os, a, as assumem formas es- de companhia: Ele carregava o documento consigo.
peciais depois de certas terminações verbais: A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas:
1. Quando o verbo termina em -z, -s ou -r, Ela veio até mim, mas nada falou.
o pronome assume a forma lo, los, la ou las, Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de
ao mesmo tempo que a terminação verbal é inclusão), usaremos as formas retas: Todos foram bem na
suprimida. Por exemplo: prova, até eu! (= inclusive eu)
fiz + o = fi-lo
fazeis + o = fazei-lo As formas “conosco” e “convosco” são substituídas
dizer + a = dizê-la por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pes-
soais são reforçados por palavras como outros, mesmos,
2. Quando o verbo termina em som nasal, o próprios, todos, ambos ou algum numeral.
pronome assume as formas no, nos, na, nas. Você terá de viajar com nós todos.
Por exemplo: Estávamos com vós outros quando chegaram as más
viram + o: viram-no notícias.
repõe + os = repõe-nos Ele disse que iria com nós três.
retém + a: retém-na
tem + as = tem-nas 3. Pronome Reflexivo
São pronomes pessoais oblíquos que, embora fun-
cionem como objetos direto ou indireto, referem-se ao
B.2 Pronome Oblíquo Tônico sujeito da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos a ação expressa pelo verbo.
por preposições, em geral as preposições a, para, de e com. Lista dos pronomes reflexivos:
Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função 1.ª pessoa do singular (eu): me, mim = Eu não me
de objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica lembro disso.
forte. 2.ª pessoa do singular (tu): te, ti = Conhece a ti mesmo.
Lista dos pronomes oblíquos tônicos: 3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo = Gui-
1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo lherme já se preparou.
2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo Ela deu a si um presente.
3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela Antônio conversou consigo mesmo.
1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco 1.ª pessoa do plural (nós): nos = Lavamo-nos no rio.
3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas 2.ª pessoa do plural (vós): vos = Vós vos beneficiastes
com esta conquista.
Observe que as únicas formas próprias do pronome tô- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo = Eles se
nico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As conheceram. / Elas deram a si um dia de folga.
demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto.

As preposições essenciais introduzem sempre pronomes #FicaDica


pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso reto. Nos
O pronome é reflexivo quando se refere à
contextos interlocutivos que exigem o uso da língua formal,
mesma pessoa do pronome subjetivo (sujei-
os pronomes costumam ser usados desta forma:
to): Eu me arrumei e saí.
Não há mais nada entre mim e ti.
É pronome recíproco quando indica reci-
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
procidade de ação: Nós nos amamos. / Olha-
Não há nenhuma acusação contra mim.
mo-nos calados.
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Não vá sem mim.


O “se” pode ser usado como palavra expleti-
va ou partícula de realce, sem ser rigorosa-
Há construções em que a preposição, apesar de surgir
mente necessária e sem função sintática: Os
anteposta a um pronome, serve para introduzir uma oração
exploradores riam-se de suas tentativas. / Será
cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o verbo pode ter
que eles se foram?
sujeito expresso; se esse sujeito for um pronome, deverá
ser do caso reto.

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C) Pronomes de Tratamento Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
São pronomes utilizados no tratamento formal, ceri- teus cabelos. (errado)
monioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (por-
tanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos
pessoa. Alguns exemplos: seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques
Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais ou
Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e religio-
sos em geral Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente superior teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular
à de coronel, senadores, deputados, embaixadores, profes-
sores de curso superior, ministros de Estado e de Tribunais, 4. Pronomes Possessivos
governadores, secretários de Estado, presidente da Repú-
blica (sempre por extenso) São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de universida- (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo
des (coisa possuída).
Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1.ª pessoa do
Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, oficiais singular)
até a patente de coronel, chefes de seção e funcionários de
igual categoria
Vossa Meretíssima (sempre por extenso) = para juízes NÚMERO PESSOA PRONOME
de direito singular primeira meu(s), minha(s)
Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento ce-
rimonioso singular segunda teu(s), tua(s)
Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus singular terceira seu(s), sua(s)
Também são pronomes de tratamento o senhor, a se- plural primeira nosso(s), nossa(s)
nhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são emprega-
dos no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no trata- plural segunda vosso(s), vossa(s)
mento familiar. Você e vocês são largamente empregados plural terceira seu(s), sua(s)
no português do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é
de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma Note que:
vós tem uso restrito à linguagem litúrgica, ultraformal ou A forma do possessivo depende da pessoa gramatical
literária. a que se refere; o gênero e o número concordam com o
objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição
Observações:
naquele momento difícil.
1. Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de
tratamento que possuem “Vossa(s)” são empregados
Observações:
em relação à pessoa com quem falamos: Espero que
1. A forma “seu” não é um possessivo quando resul-
V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este encontro.
tar da alteração fonética da palavra senhor: Muito
2. Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da
obrigado, seu José.
pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram que
Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu 2. Os pronomes possessivos nem sempre indicam
com propriedade. posse. Podem ter outros empregos, como:
3. Os pronomes de tratamento representam uma forma A) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha.
indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. B) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40
Ao tratarmos um deputado por Vossa Excelência, por anos.
exemplo, estamos nos endereçando à excelência que C) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem
esse deputado supostamente tem para poder ocupar lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela.
o cargo que ocupa. 3. Em frases onde se usam pronomes de tratamento,
4. Embora os pronomes de tratamento dirijam-se à 2.ª o pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Ex-
pessoa, toda a concordância deve ser feita com a celência trouxe sua mensagem?
3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessi- 4. Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi-
vos e os pronomes oblíquos empregados em relação vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus
a eles devem ficar na 3.ª pessoa. livros e anotações.
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promes- 5. Em algumas construções, os pronomes pessoais
oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou
LÍNGUA PORTUGUESA

sas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.


5. Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos seguir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos)
ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, 6. O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, pró-
ao longo do texto, a pessoa do tratamento escolhi- prio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-lo,
da inicialmente. Assim, por exemplo, se começamos para que não ocorra redundância: Coloque tudo
a chamar alguém de “você”, não poderemos usar nos respectivos lugares.
“te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, verbo na
terceira pessoa.

32
5. Pronomes Demonstrativos Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
invariáveis, observe:
São utilizados para explicitar a posição de certa pa- Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s),
lavra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação aquela(s).
pode ser de espaço, de tempo ou em relação ao discurso. Invariáveis: isto, isso, aquilo.
Também aparecem como pronomes demonstrativos:
A) Em relação ao espaço:  o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que”
Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da e puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s),
pessoa que fala: aquilo.
Este material é meu. Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da indiquei.)
pessoa com quem se fala:
Esse material em sua carteira é seu?  mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s):
variam em gênero quando têm caráter reforçativo:
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
distante tanto da pessoa que fala como da pessoa com Eu mesma refiz os exercícios.
quem se fala: Elas mesmas fizeram isso.
Aquele material não é nosso. Eles próprios cozinharam.
Vejam aquele prédio! Os próprios alunos resolveram o problema.

B) Em relação ao tempo:  semelhante(s): Não tenha semelhante atitude.


Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em  tal, tais: Tal absurdo eu não cometeria.
relação à pessoa que fala: 1. Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides
Esta manhã farei a prova do concurso! eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este.
(ou então: este solteiro, aquele casado) - este se re-
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, po- fere à pessoa mencionada em último lugar; aquele,
rém relativamente próximo à época em que se situa a à mencionada em primeiro lugar.
pessoa que fala: 2. O pronome demonstrativo tal pode ter conotação
Essa noite dormi mal; só pensava no concurso! irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afastamen- 3. Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em
to no tempo, referido de modo vago ou como tempo com pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste,
remoto: desta, disso, nisso, no, etc: Não acreditei no que esta-
Naquele tempo, os professores eram valorizados. va vendo. (no = naquilo)

C) Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se 6. Pronomes Indefinidos


falará ou escreverá):
Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discur-
fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se fa- so, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando
lará: quantidade indeterminada.
Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática, Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém-
ortografia, concordância. -plantadas.
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa
Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma
fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou: imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser
Sua aprovação no concurso, isso é o que mais deseja- humano que seguramente existe, mas cuja identidade é
mos! desconhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em:

Este e aquele são empregados quando se quer fazer A) Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o
referência a termos já mencionados; aquele se refere ao lugar do ser ou da quantidade aproximada de seres
termo referido em primeiro lugar e este para o referido na frase. São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, bel-
por último: trano, nada, ninguém, outrem, quem, tudo.
Algo o incomoda?
Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Pau- Quem avisa amigo é.
LÍNGUA PORTUGUESA

lo; este está mais bem colocado que aquele. (= este [São
Paulo], aquele [Palmeiras]) B) Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um
ser expresso na frase, conferindo-lhe a noção de
ou quantidade aproximada. São eles: cada, certo(s),
certa(s).
Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Pau- Cada povo tem seus costumes.
lo; aquele está mais bem colocado que este. (= este [São Certas pessoas exercem várias profissões.
Paulo], aquele [Palmeiras])

33
Note que: Observe:
Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora pro- Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os
nomes indefinidos adjetivos: quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas,
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, mui- quantas.
tos), demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, ne- Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
nhuns, nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s),
qualquer, quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, Note que:
tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), O pronome “que” é o relativo de mais largo empre-
vários, várias. go, sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser
Menos palavras e mais ações. substituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando
Alguns se contentam pouco. seu antecedente for um substantivo.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va- A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (=
riáveis e invariáveis. Observe: a qual)
 Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
vário, tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, quais)
muita, pouca, vária, tanta, outra, quanta, qualquer, As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (=
quaisquer*, alguns, nenhuns, todos, muitos, poucos, as quais)
vários, tantos, outros, quantos, algumas, nenhumas,
todas, muitas, poucas, várias, tantas, outras, quan- O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
tas. pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamen-
 Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, te para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde”
nada, algo, cada. (que podem ter várias classificações) são pronomes rela-
tivos. Todos eles são usados com referência à pessoa ou
*Qualquer é composto de qual + quer (do verbo que- coisa por motivo de clareza ou depois de determinadas
preposições: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de
rer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo
minha tia, o qual me deixou encantado. O uso de “que”,
plural é feito em seu interior).
neste caso, geraria ambiguidade. Veja: Regressando de
Todo e toda no singular e junto de artigo significa in-
São Paulo, visitei o sítio de minha tia, que me deixou en-
teiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as:
cantado (quem me deixou encantado: o sítio ou minha
Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira)
tia?).
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades)
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas
Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro)
dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utili-
Trabalho todo dia. (= todos os dias)
za-se o qual / a qual)
São locuções pronominais indefinidas: cada qual, O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que,
cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer e se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas
(que), seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal deixou de ser poeta, que era a sua vocação natural.
qual (= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma
ou outra, etc. O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda com
Cada um escolheu o vinho desejado. o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o conse-
quente (o ser possuído, com o qual concorda em gêne-
7. Pronomes Relativos ro e número); não se usa artigo depois deste pronome;
“cujo” equivale a do qual, da qual, dos quais, das quais.
São aqueles que representam nomes já mencionados Existem pessoas cujas ações são nobres.
anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem (antecedente) (consequente)
as orações subordinadas adjetivas.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de Se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pro-
um grupo racial sobre outros. nome: O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (re-
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre ou- feriu-se a)
tros = oração subordinada adjetiva).
“Quanto” é pronome relativo quando tem por ante-
O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sis- cedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e
tema” e introduz uma oração subordinada. Diz-se que tudo:
a palavra “sistema” é antecedente do pronome relativo
LÍNGUA PORTUGUESA

que. Emprestei tantos quantos foram neces-


O antecedente do pronome relativo pode ser o pro- sários.
nome demonstrativo o, a, os, as. (antecedente)
Não sei o que você está querendo dizer.
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem Ele fez tudo quanto ha-
expresso. via falado.
Quem casa, quer casa. (antecedente)

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O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou
precedido de preposição. tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição,
diferentemente dos segundos, que são sempre precedi-
É um professor a quem mui- dos de preposição.
to devemos. A) Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o
(preposição) que eu estava fazendo.
B) Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para
“Onde”, como pronome relativo, sempre possui ante- mim o que eu estava fazendo.
cedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A
casa onde morava foi assaltada. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
em que: Sinto saudades da época em que (quando) morá- Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
vamos no exterior. reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
Podem ser utilizadas como pronomes relativos as pa- Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
lavras: ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
 como (= pelo qual) – desde que precedida das CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
palavras modo, maneira ou forma: Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
Não me parece correto o modo como você agiu sema- Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
na passada. São Paulo: Saraiva, 2002.

 quando (= em que) – desde que tenha como SITE


antecedente um nome que dê ideia de tempo: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
Bons eram os tempos quando podíamos jogar video- morf42.php
game.
9. Colocação Pronominal
Os pronomes relativos permitem reunir duas orações
numa só frase. Colocação Pronominal trata da correta colocação dos
O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste pronomes oblíquos átonos na frase.
esporte.
= O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.
#FicaDica
Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode
ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de Pronome Oblíquo é aquele que exerce a fun-
gente que conversava, (que) ria, observava. ção de complemento verbal (objeto). Por isso,
memorize:
8. Pronomes Interrogativos OBlíquo = OBjeto!

São usados na formulação de perguntas, sejam elas


diretas ou indiretas. Assim como os pronomes indefini- Embora na linguagem falada a colocação dos prono-
dos, referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo im- mes não seja rigorosamente seguida, algumas normas
preciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e devem ser observadas na linguagem escrita.
variações), quanto (e variações).
Com quem andas? Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo.
Qual seu nome? A próclise é usada:
Diz-me com quem andas, que te direi quem és.
 Quando o verbo estiver precedido de palavras
O pronome pessoal é do caso reto quando tem fun- que atraem o pronome para antes do verbo. São elas:
ção de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso A) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém,
oblíquo quando desempenha função de complemento. jamais, etc.: Não se desespere!
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar. B) Advérbios: Agora se negam a depor.
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia C) Conjunções subordinativas: Espero que me expli-
lhe ajudar. quem tudo!
LÍNGUA PORTUGUESA

Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” D) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se
exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao esforçou.
caso reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce E) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a oportu-
função de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo. nidade.
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discur- F) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito.
so. O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta
para a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não
sabia se devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe).

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 Orações iniciadas por palavras interrogativas: 11. Emprego de o, a, os, as
Quem lhe disse isso?
 Orações iniciadas por palavras exclamativas:  Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral,
Quanto se ofendem! os pronomes: o, a, os, as não se alteram.
 Orações que exprimem desejo (orações optativas): Chame-o agora.
Que Deus o ajude. Deixei-a mais tranquila.
 A próclise é obrigatória quando se utiliza o pro-
nome reto ou sujeito expresso: Eu lhe entregarei o  Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoan-
material amanhã. / Tu sabes cantar? tes finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos:
(Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho.
Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do (Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa.
verbo. A mesóclise é usada:
 Em verbos terminados em ditongos nasais (am,
Quando o verbo estiver no futuro do presente ou fu- em, ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se
turo do pretérito, contanto que esses verbos não estejam para no, na, nos, nas.
precedidos de palavras que exijam a próclise. Exemplos: Chamem-no agora.
Realizar-se-á, na próxima semana, um grande evento em Põe-na sobre a mesa.
prol da paz no mundo.
Repare que o pronome está “no meio” do verbo “rea-
lizará”: realizar – SE – á. Se houvesse na oração alguma
palavra que justificasse o uso da próclise, esta prevalece- #FicaDica
ria. Veja: Não se realizará...
Dica da Zê!
Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que
nessa viagem.
significa “antes”! Pronome antes do verbo!
(com presença de palavra que justifique o uso de pró-
Ênclise – “en” lembra, pelo “som”, /Ənd/ (end,
clise: Não fossem os meus compromissos, EU te acompa-
em Inglês – que significa “fim, final!). Pronome
nharia nessa viagem).
depois do verbo!
Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do
Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo.
verbo
A ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não
forem possíveis:
 Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Quando eu avisar, silenciem-se todos.
 Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Não era minha intenção machucá-la. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
 Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
se inicia período com pronome oblíquo). reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Vou-me embora agora mesmo. Paulo: Saraiva, 2010.
Levanto-me às 6h.
 Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo SITE
no concurso, mudo-me hoje mesmo! http://www.portugues.com.br/gramatica/colocacao-
 Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a -pronominal-.html
proposta fazendo-se de desentendida.
Observação: Não foram encontradas questões
10. Colocação pronominal nas locuções verbais abrangendo tal conteúdo.

 Após verbo no particípio = pronome depois do VERBO


verbo auxiliar (e não depois do particípio):
Tenho me deliciado com a leitura! Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, número,
Eu tenho me deliciado com a leitura! tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o
Eu me tenho deliciado com a leitura! nome de conjugação (por isso também se diz que verbo
 Não convém usar hífen nos tempos compostos e é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre
nas locuções verbais: outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenôme-
Vamos nos unir! no (choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer).
Iremos nos manifestar.
LÍNGUA PORTUGUESA

 Quando há um fator para próclise nos tempos 1. Estrutura das Formas Verbais
compostos ou locuções verbais: opção pelo uso
do pronome oblíquo “solto” entre os verbos = Não Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar
vamos nos preocupar (e não: “não nos vamos preo- os seguintes elementos:
cupar”). A) Radical: é a parte invariável, que expressa o signi-
ficado essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-
-ava; fal-am. (radical fal-)

36
B) Tema: é o radical seguido da vogal temática que
indica a conjugação a que pertence o verbo. Por #FicaDica
exemplo: fala-r. São três as conjugações:
1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática Observe que, retirando os radicais, as desi-
- E - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir). nências modo-temporal e número-pessoal
C) Desinência modo-temporal: é o elemento que mantiveram-se idênticas. Tente fazer com
designa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo: outro verbo e perceberá que se repetirá o
falávamos (indica o pretérito imperfeito do indicativo) fato (desde que o verbo seja da primeira
/ falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo) conjugação e regular!). Faça com o verbo
D) Desinência número-pessoal: é o elemento que “andar”, por exemplo. Substitua o radical
designa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o “cant” e coloque o “and” (radical do verbo
número (singular ou plural): andar). Viu? Fácil!
falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam
(indica a 3.ª pessoa do plural.)
B) Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alterações
no radical ou nas desinências: faço, fiz, farei, fizesse.
FIQUE ATENTO!
O verbo pôr, assim como seus derivados Observação:
(compor, repor, depor), pertencem à 2.ª conju- Alguns verbos sofrem alteração no radical apenas
gação, pois a forma arcaica do verbo pôr era para que seja mantida a sonoridade. É o caso de: corrigir/
poer. A vogal “e”, apesar de haver desapareci- corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo. Tais altera-
do do infinitivo, revela-se em algumas formas ções não caracterizam irregularidade, porque o fonema
do verbo: põe, pões, põem, etc. permanece inalterado.

C) Defectivos: são aqueles que não apresentam con-


2. Formas Rizotônicas e Arrizotônicas jugação completa. Os principais são adequar, pre-
caver, computar, reaver, abolir, falir.
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura D) Impessoais: são os verbos que não têm sujeito
dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce- e, normalmente, são usados na terceira pessoa do
bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acen- singular. Os principais verbos impessoais são:
to tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, amo,
por exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico 1. Haver, quando sinônimo de existir, acontecer, reali-
não cai no radical, mas sim na terminação verbal (fora do zar-se ou fazer (em orações temporais).
radical): opinei, aprenderão, amaríamos. Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia =
Existiam)
3. Classificação dos Verbos Houve duas guerras mundiais. (Houve = Acontece-
ram)
Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão)
Classificam-se em:
Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz)
A) Regulares: são aqueles que apresentam o radi-
cal inalterado durante a conjugação e desinências
2. Fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
idênticas às de todos os verbos regulares da mes-
Faz invernos rigorosos na Europa.
ma conjugação. Por exemplo: comparemos os ver-
Era primavera quando o conheci.
bos “cantar” e “falar”, conjugados no presente do
Estava frio naquele dia.
Modo Indicativo:
3. Todos os verbos que indicam fenômenos da natu-
canto falo reza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, tro-
vejar, amanhecer, escurecer, etc. Quando, porém,
cantas falas
se constrói, “Amanheci cansado”, usa-se o verbo
canta falas “amanhecer” em sentido figurado. Qualquer verbo
cantamos falamos impessoal, empregado em sentido figurado, dei-
xa de ser impessoal para ser pessoal, ou seja, terá
cantais falais conjugação completa.
cantam falam Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
LÍNGUA PORTUGUESA

Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)

4. O verbo passar (seguido de preposição), indicando


tempo: Já passa das seis.

5. Os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição


“de”, indicando suficiência:
Basta de tolices.

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Chega de promessas.
6. Os verbos estar e ficar em orações como “Está bem, Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem referência
a sujeito expresso anteriormente (por exemplo: “ele está mal”). Podemos, nesse caso, classificar o sujeito como
hipotético, tornando-se, tais verbos, pessoais.

7. O verbo dar + para da língua popular, equivalente de “ser possível”. Por exemplo:
Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uma apostila?

E) Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural.
São unipessoais os verbos constar, convir, ser (= preciso, necessário) e todos os que indicam vozes de animais
(cacarejar, cricrilar, miar, latir, piar).

Os verbos unipessoais podem ser usados como verbos pessoais na linguagem figurada:
Teu irmão amadureceu bastante.
O que é que aquela garota está cacarejando?

Principais verbos unipessoais:

 Cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (preciso, necessário):


Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos bastante)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova)

 Fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei à Europa)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a vejo. (Sujeito: que não a vejo)

F) Abundantes: são aqueles que possuem duas ou mais formas equivalentes, geralmente no particípio, em que,
além das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular).
O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular é
empregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser, ficar e estar. Observe:

Infinitivo Particípio Regular Particípio Irregular


Aceitar Aceitado Aceito
Acender Acendido Aceso
Anexar Anexado Anexo
Benzer Benzido Bento
Corrigir Corrigido Correto
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Misturar Misturado Misto
Morrer Morrido Morto
Murchar Murchado Murcho
Pegar Pegado Pego
LÍNGUA PORTUGUESA

Romper Rompido Roto


Soltar Soltado Solto
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Vagar Vagado Vago

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FIQUE ATENTO!
Estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/
dito, escrever/escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.

G) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois,
fui) e ir (fui, ia, vades).

H) Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo prin-
cipal (aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é
expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Vou espantar todos!
(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora!


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Observação:
Os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

4. Conjugação dos Verbos Auxiliares

4.1. SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pret. Imp. Pret.mais-que-perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

4.2. SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

4.3. SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
LÍNGUA PORTUGUESA

sejamos nós não sejamos nós


sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

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4.4. SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

4.5. ESTAR - Modo Indicativo



Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret.mais-q-perf. Fut.doPres. Fut.do Preté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

4.6. ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

4.7. ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

4.8. HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


hei houve havia houvera haverei haveria
LÍNGUA PORTUGUESA

hás houveste havias houveras haverás haverias


há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

40
4.9. HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


ja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

4.10. HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
haverdes
Haverem

4.11. TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Preté.mais-q-perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

4.12. TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
Tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

I) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já
implícita no próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:
 Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
LÍNGUA PORTUGUESA

abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a refle-
xibilidade já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.

A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela
mesma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula
integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço
da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo. Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respec-
tivos pronomes):

41
Eu me arrependo, Tu te arrependes, Ele se arrepende, Nós nos arrependemos, Vós vos arrependeis, Eles se arrependem.
 Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto re-
presentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele
mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os
pronomes mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa: A garota penteou-
-me.

Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.
Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente prono-
minais - são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à
do sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular.

5. Modos Verbais

Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro.
Existem três modos:
A) Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu estudo para o concurso.
B) Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu estude amanhã.
C) Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estude, colega!

6. Formas Nominais

Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, adje-
tivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe:

A) Infinitivo
A.1 Impessoal: exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de subs-
tantivo. Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)

O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma composta). Por exem-
plo:
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro.

A.2 Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular, não
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu)
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós)
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós)
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles)
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.

B) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Por exemplo:


Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advérbio)
Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo)

Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.
LÍNGUA PORTUGUESA

Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundismo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio:
1. Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando futebol.
2. – Sim, senhora! Vou estar verificando!
Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada, pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no momento da
outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um futuro em andamento,
exigindo, no caso, a construção “verificarei” ou “vou verificar”.

42
C) Particípio: quando não é empregado na formação dos tempos compostos, o particípio indica, geralmente, o re-
sultado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exemplo: Terminados os exames,
os candidatos saíram.
Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função
de adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida pela turma.

(Ziraldo)

8. Tempos Verbais

Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos
tempos.

A) Tempos do Modo Indicativo


Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colégio.
Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
terminado: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado: Ele
estudou as lições ontem à noite.
Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já estudara as lições
quando os amigos chegaram. (forma simples).
Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele
estudará as lições amanhã.
Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se ele
pudesse, estudaria um pouco mais.

B) Tempos do Modo Subjuntivo


Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse
o jogo.
Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.

FIQUE ATENTO!
Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)

No próximo final de semana, faço a prova!


faço = forma do presente indicando futuro ( = farei)
LÍNGUA PORTUGUESA

43
Tabelas das Conjugações Verbais

1. Modo Indicativo

1.1. Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

1.2. Pretérito Perfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

1.3. Pretérito mais-que-perfeito

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

1.4. Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3ª. conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
LÍNGUA PORTUGUESA

cantAVAS vendIAS partAS


CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

44
1.5. Futuro do Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

1.6. Futuro do Pretérito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

1.7. Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).

1.ª conjug. 2.ª conjug. 3.ª conju. Desinên. pessoal Des. temporal Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M
LÍNGUA PORTUGUESA

45
1.8. Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

1.9. Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM

C) Modo Imperativo

1. Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
LÍNGUA PORTUGUESA

Vós cantais CantAI vós Que vós canteis


Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

46
2. Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo

Que eu cante ---


Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

 No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem,
pedido ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
 O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

3. Infinitivo Pessoal

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

 O verbo parecer admite duas construções:


Elas parecem gostar de você. (forma uma locução verbal)
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito oracional, correspondendo à construção: parece gostarem de você).

 O verbo pegar possui dois particípios (regular e irregular):


Elvis tinha pegado minhas apostilas.
Minhas apostilas foram pegas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.php

VOZES DO VERBO

Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indicando
se este é paciente ou agente da ação. Importante lembrar que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal. São três as
LÍNGUA PORTUGUESA

vozes verbais:

A) Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expressa pelo verbo:
Ele fez o trabalho.
sujeito agente ação objeto (paciente)

47
B) Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo a ação expressa pelo verbo:
O trabalho foi feito por ele.
sujeito paciente ação agente da passiva

C) Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo, agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
O menino feriu-se.

#FicaDica
Não confundir o emprego reflexivo do verbo com a noção de reciprocidade:
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Nós nos amamos. (um ama o outro)

1. Formação da Voz Passiva

A voz passiva pode ser formada por dois processos: analítico e sintético.
A) Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte maneira:
Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exemplo:
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos: os alunos pintarão a escola)
O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho)

Observações:
 O agente da passiva geralmente é acompanhado da preposição por, mas pode ocorrer a construção com a pre-
posição de. Por exemplo: A casa ficou cercada de soldados.
 Pode acontecer de o agente da passiva não estar explícito na frase: A exposição será aberta amanhã.
 A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar (SER), pois o particípio é invariável. Observe a transformação
das frases seguintes:

Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo)


O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito perfeito do Indicativo, assim como o verbo principal da voz ativa)

Ele faz o trabalho. (presente do indicativo)


O trabalho é feito por ele. (ser no presente do indicativo)

Ele fará o trabalho. (futuro do presente)


O trabalho será feito por ele. (futuro do presente)

 Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa.
Observe a transformação da frase seguinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio)

B) Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética - ou pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª pessoa, seguido
do pronome apassivador “se”. Por exemplo:
Abriram-se as inscrições para o concurso.
Destruiu-se o velho prédio da escola.

Observação:
O agente não costuma vir expresso na voz passiva sintética.

1.1 Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva

Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substancialmente o sentido da frase.
LÍNGUA PORTUGUESA

O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa)


Sujeito da Ativa objeto Direto

A apostila foi comprada pelo concurseiro. (Voz Passiva)


Sujeito da Passiva Agente da Passiva

48
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva; 2. (TST – Analista Judiciário – Área Apoio Especiali-
o sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo zado – Especialidade Medicina do Trabalho – FCC –
ativo assumirá a forma passiva, conservando o mesmo 2012) Está inadequado o emprego do elemento subli-
tempo. nhado na seguinte frase:
Os mestres têm constantemente aconselhado os alunos.
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos a) Sou ateu e peço que me deem tratamento similar ao
mestres. que dispenso aos homens religiosos.
b) A intolerância religiosa baseia-se em preconceitos de
Eu o acompanharei. que deveriam desviar-se todos os homens verdadeira-
Ele será acompanhado por mim. mente virtuosos.
Quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não c) A tolerância é uma virtude na qual não podem prescin-
haverá complemento agente na passiva. Por exemplo: dir os que se dizem homens de fé.
Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.
d) O ateu desperta a ira dos fanáticos, a despeito de nada
Com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir,
fazer que possa injuriá-los ou desrespeitá-los.
acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou reflexiva,
e) Respeito os homens de fé, a menos que deixem de
porque o sujeito não pode ser visto como agente, pacien-
fazer o mesmo com aqueles que não a têm.
te ou agente paciente.
Resposta: Letra C.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Corrigindo o inadequado:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Em “a”: Sou ateu e peço que me deem tratamento si-
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. milar ao que dispenso aos homens religiosos.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce- Em “b”: A intolerância religiosa baseia-se em precon-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São ceitos de que deveriam desviar-se todos os homens
Paulo: Saraiva, 2010. verdadeiramente virtuosos.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- Em “c”: A tolerância é uma virtude na qual (de que)
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. não podem prescindir os que se dizem homens de fé.
Em “d”: O ateu desperta a ira dos fanáticos, a despeito
SITE de nada fazer que possa injuriá-los ou desrespeitá-los.
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54. Em “e”: Respeito os homens de fé, a menos que dei-
php xem de fazer o mesmo com aqueles que não a têm.

3. (TST – Analista Judiciário – Área Apoio Especiali-


zado – Especialidade Medicina do Trabalho – FCC –
EXERCÍCIOS COMENTADOS 2012)
Transpondo-se para a voz passiva a construção Os ateus
1. (TST – Técnico Judiciário – Área Administrativa – FCC despertariam a ira de qualquer fanático, a forma ver-
– 2012) As vitórias no jogo interior talvez não acrescen- bal obtida será:
tem novos troféus, mas elas trazem recompensas valiosas,
[...] que contribuem de forma significativa para nosso su- a) seria despertada.
cesso posterior, tanto na quadra como fora dela. b) teria sido despertada.
c) despertar-se-á.
Mantêm-se adequados o emprego de tempos e modos
d) fora despertada.
verbais e a correlação entre eles, ao se substituírem os
e) teriam despertado.
elementos sublinhados na frase acima, na ordem dada,
por:
a) tivessem acrescentado − trariam − contribuírem Resposta: Letra A.
b) acrescentassem − têm trazido − contribuírem Os ateus despertariam a ira de qualquer fanático
c) tinham acrescentado − trarão − contribuiriam Fazendo a transposição para a voz passiva, temos: A
d) acrescentariam − trariam− contribuíram ira de qualquer fanático seria despertada pelos ateus.
e) tenham acrescentado − trouxeram − Contribuíram GABARITO OFICIAL: A

Resposta: Letra E. 4. (TST – Técnico Judiciário – Área Administrativa –


Questão que envolve correlação verbal. Realizando as Especialidade Segurança Judiciária – FCC – 2012)
alterações solicitadas, segue como ficariam (em des- ...ela nunca alcançava a musa.
taque): Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
verbal resultante será:
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “a”: tivessem acrescentado – trariam − contribui-


riam
Em “b”: acrescentassem – trariam − contribuiriam a) alcança-se.
Em “c”: tinham acrescentado – trouxeram − contribuí- b) foi alcançada.
ram c) fora alcançada.
Em “d”: acrescentassem – trariam − contribuíram d) seria alcançada.
Em “e”: tenham acrescentado – trouxeram − Contribuí- e) era alcançada.
ram = correta

49
Resposta: Letra E. 7. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – Analista Judiciário – Área
Temos um verbo na voz ativa, então teremos dois Administrativa – FCC – 2016 ) ... para quem Manoel de
na passiva (auxiliar + o verbo da oração da ativa, no Barros era comparável a São Francisco de Assis...
mesmo tempo verbal, forma particípio): A musa nun- O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o da
ca era alcançada por ela. O verbo “alcançava” está no frase acima está em:
pretérito imperfeito, por isso o auxiliar tem que estar
também (é = presente, foi = pretérito perfeito, era = a) Dizia-se um “vedor de cinema”...
imperfeito, fora = mais que perfeito, será = futuro do b) Porque não seria certo ficar pregando moscas no es-
presente, seria = futuro do pretérito). paço...
c) Na juventude, apaixonou-se por Arthur Rimbaud e
5. (TST – Analista Judiciário – Área Apoio Especiali- Charles Baudelaire.
zado – Especialidade Medicina do Trabalho – FCC – d) Quase meio século separa a estreia de Manoel de Bar-
2012) Aos poucos, contudo, fui chegando à constatação ros na literatura...
de que todo perfil de rede social é um retrato ideal de nós e) ... para depois casá-las...
mesmos.
Mantendo-se a correção e a lógica, sem que outra al- Resposta: Letra A.
teração seja feita na frase, o elemento grifado pode ser “Era” = verbo “ser” no pretérito imperfeito do Indicati-
substituído por: vo. Procuremos nos itens:
a) ademais. Em “a”: Dizia-se = pretérito imperfeito do Indicativo
b) conquanto. Em “b”: Porque não seria = futuro do pretérito do In-
c) porquanto. dicativo
d) entretanto. Em “c”: Na juventude, apaixonou-se = pretérito perfei-
e) apesar. to do Indicativo
Em “d”: Quase meio século separa = presente do Indi-
Resposta: Letra D. cativo
Contudo é uma conjunção adversativa (expressa opo- Em “e”: para depois casá-las = Infinitivo pessoal (casar
sição). A substituição deve utilizar outra de mesma elas)
classificação, para que se mantenha a ideia do perío-
do. A correta é entretanto. 8. (TRT 20.ª REGIÃO-SE – Analista Judiciário – Área
Administrativa – FCC – 2016 ) Aí conheci o escritor e
6. (TST – Analista Judiciário – Área Administrativa – historiador de sua gente, meu saudoso amigo Alcino Al-
FCC – 2012) O verbo indicado entre parênteses deverá ves Costa. E foi dele que ouvi oralmente a história de Zé
flexionar-se no singular para preencher adequadamente de Julião. Considerando-se a norma-padrão da língua,
a lacuna da frase: ao reescrever-se o trecho acima em um único período, o
segmento destacado deverá ser antecedido de vírgula e
a) A nenhuma de nossas escolhas...... (poder) deixar de substituído por
corresponder nossos valores éticos mais rigorosos.
b) Não se...... (poupar) os que governam de refletir sobre a) perante ao qual
o peso de suas mais graves decisões. b) de cujo
c) Aos governantes mais responsáveis não...... (ocorrer) c) o qual
tomar decisões sem medir suas consequências. d) frente à quem
d) A toda decisão tomada precipitadamente...... (cos- e) de quem
tumar) sobrevir consequências imprevistas e injustas.
e) Diante de uma escolha,...... (ganhar) prioridade, reco- Resposta: Letra E.
menda Gramsci, os critérios que levam em conta a dor Voltemos ao trecho: ... meu saudoso amigo Alcino Alves
humana. Costa. E foi dele que ouvi oralmente... = a única alter-
nativa que substitui corretamente o trecho destacado é
Resposta: Letra C. “de quem ouvi oralmente”.
Flexões em destaque e sublinhei os termos que esta-
belecem concordância: 9. (TRT 14.ª REGIÃO-RO e AC – Técnico Judiciário –
Em “a”: A nenhuma de nossas escolhas podem deixar FCC – 2016) “Isto pode despertar a atenção de outras pes-
de corresponder nossos valores éticos mais rigorosos. soas que tenham documentos em casa e se disponham
Em “b”: Não se poupam os que governam de refletir a trazer para a Academia, que é a guardiã desse tipo de
sobre o peso de suas mais graves decisões. acervo, que é muito difícil de ser guardado em casa, pois o
Em “c”: Aos governantes mais responsáveis não ocor- tempo destrói e aqui temos a melhor técnica de conserva-
ção de documentos”, disse Cavalcanti.
LÍNGUA PORTUGUESA

re tomar decisões sem medir suas consequências. =


Isso não ocorre aos governantes – uma oração exerce O termo sublinhado faz referência a
a função de sujeito (subjetiva)
Em “d”: A toda decisão tomada precipitadamente cos- a) pessoas.
tumam sobrevir consequências imprevistas e injustas. b) acervo.
Em “e”: Diante de uma escolha, ganham prioridade, c) Academia.
recomenda Gramsci, os critérios que levam em conta d) tempo.
a dor humana. e) casa.

50
Resposta: Letra B. Resposta: Letra C.
Ao trecho: a guardiã desse tipo de acervo, que (o qual) Há um verbo na ativa, então teremos dois na passiva
é muito difícil de ser guardado... (auxiliar + o particípio de “privilegia”) = O Estado e
o mundo são privilegiados pelo modelo ainda domi-
10. (TRT 14.ª REGIÃO-RO e AC – Técnico Judiciário – nante.
FCC – 2016) O marechal organizou o acervo...
A forma verbal está corretamente transposta para a voz 13. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – Técnico Judiciário – FCC –
passiva em: 2016 ) Empregam-se todas as formas verbais de acordo
com a norma culta na seguinte frase:
a) estava organizando
b) tinha organizado a) Para que se mantesse sua autenticidade, o documento
c) organizando-se não poderia receber qualquer tipo de retificação.
d) foi organizado b) Os documentos com assinatura digital disporam de
e) está organizado algoritmos de criptografia que os protegeram.
Resposta: Letra D. c) Arquivados eletronicamente, os documentos poderam
Temos: sujeito (o marechal), verbo na ativa (organizou) contar com a proteção de uma assinatura digital.
e objeto (o acervo). Como há um verbo na ativa, ao d) Quem se propor a alterar um documento criptogra-
passarmos para a passiva teremos dois (o auxiliar no fado deve saber que comprometerá sua integridade.
mesmo tempo que o verbo da ativa + o particípio do e) Não é possível fazer as alterações que convierem sem
verbo da voz ativa = organizado). O objeto exercerá comprometer a integridade dos documentos.
a função de sujeito paciente, e o sujeito da ativa será
o agente da passiva (ufa!). A frase ficará: O acervo foi Resposta: Letra E.
organizado pelo marechal. Em “a”: Para que se mantesse (mantivesse) sua auten-
ticidade, o documento não poderia receber qualquer
tipo de retificação.
11. (TRT 20.ª REGIÃO-SE – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
Em “b”: Os documentos com assinatura digital dispo-
FCC – 2016) Precisamos de um treinador que nos ajude
ram (dispuseram) de algoritmos de criptografia que os
a comer...
protegeram.
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o
Em “c”: Arquivados eletronicamente, os documentos
sublinhado acima está também sublinhado em:
poderam (puderam) contar com a proteção de uma
assinatura digital.
a) [...] assim que conseguissem se virar sem as mães ou
Em “d”: Quem se propor (propuser) a alterar um docu-
as amas...
mento criptografado deve saber que comprometerá
b) Não é por acaso que proliferaram os coaches. sua integridade.
c) [...] país que transformou a infância numa bilionária in- Em “e”: Não é possível fazer as alterações que convie-
dústria de consumo... rem sem comprometer a integridade dos documentos
d) E, mesmo que se esforcem muito [...] = correta
e) Hoje há algo novo nesse cenário.
14. (TRT 21.ª REGIÃO-RN – Técnico Judiciário – FCC
Resposta: Letra D. – 2017) Sessenta anos de história marcam, assim, a traje-
que nos ajude = presente do Subjuntivo tória da utopia no país.
Em “a”: que conseguissem = pretérito do Subjuntivo Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
Em “b”: que proliferaram = pretérito perfeito (e tam- verbal resultante será:
bém mais-que-perfeito) do Indicativo
Em “c”: que transformou = pretérito perfeito do Indi- a) foram marcados.
cativo b) foi marcado.
Em “d”: que se esforcem = presente do Subjuntivo c) são marcados.
Em “e”: há algo novo nesse cenário = presente do In- d) foi marcada.
dicativo e) é marcada.

12. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – Técnico Judiciário – FCC Resposta: Letra E.


– 2016) O modelo ainda dominante nas discussões ecoló- Temos um verbo (no tempo presente) na ativa, então
gicas privilegia, em escala, o Estado e o mundo... teremos dois na passiva (auxiliar [no tempo presente]
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma + particípio de “marcam”) = Assim, a trajetória da uto-
verbal resultante será:
LÍNGUA PORTUGUESA

pia do país é marcada pelos sessenta anos de história.

a) é privilegiado. 15. (Polícia Militar do Estado de São Paulo – Soldado


b) sendo privilegiadas. PM 2.ª Classe – Vunesp – 2017) Considere as seguintes
c) são privilegiados. frases:
d) foi privilegiado. Primeiro, associe suas memórias com objetos físicos.
e) são privilegiadas. Segundo, não memorize apenas por repetição.
Terceiro, rabisque!

51
Um verbo flexionado no mesmo modo que o dos verbos d) Bem, o fato é que eu era o técnico de som do horário,
empregados nessas frases está em destaque em: precisava “passar” a transmissão lá para a câmara, e o
locutor não chegava para os textos de abertura, pu-
a) [...] o acesso rápido e a quantidade de textos fazem blicidade, chamadas.
com que o cérebro humano não considere útil gravar e) ... estremecíamos quando ele nos chamava para qual-
esses dados [...] quer coisa, fazendo-nos entrar na sua sala imensa, já
b) Na internet, basta um clique para vasculhar um sem- suando frio e atentos às suas finas e cortantes pala-
-número de informações. vras.
c) [...] após discar e fazer a ligação, não precisamos mais
dele... Resposta: Letra C.
d) Pense rápido: qual o número de telefone da casa em Aos itens:
que morou quando era criança? Em “a”: há = presente / acabam = presente / são =
e) É o que mostra também uma pesquisa recente condu- presente
zida pela empresa de segurança digital Kaspersky [...] Em “b”: Voltei = pretérito perfeito / acreditei = preté-
rito perfeito
Resposta: Letra D. Em “c”: deixe / largue / vá / ponha = verbos no modo
Os verbos das frases citadas estão no Modo Imperati- imperativo afirmativo (ordens)
vo (expressam ordem). Vamos aos itens: Em “d”: era = pretérito imperfeito / precisava = preté-
Em “a”: ... o acesso rápido e a quantidade de textos rito imperfeito / chegava = pretérito imperfeito
fazem = presente do Indicativo Em “e”: fazendo-nos = gerúndio / suando = gerúndio
Em “b”: Na internet, basta um clique = presente do
Indicativo 18. (PC-SP – Agente de Polícia – Vunesp – 2013) Em
Em “c”: ... após discar e fazer a ligação, não precisamos – O destino me prestava esse pequeno favor: completa-
= presente do Indicativo va minha identificação com o resto da humanidade, que
Em “d”: Pense rápido: = Imperativo tem sempre para contar uma história de objeto achado;
Em “e”: É o que mostra também uma pesquisa = pre- – o pronome em destaque retoma a seguinte palavra/
sente do Indicativo expressão:

16. (PC-SP – Atendente de Necrotério Policial – Vu- a) o resto da humanidade.


nesp – 2014) Assinale a alternativa em que a palavra em b) esse pequeno favor.
c) minha identificação.
destaque na frase pertence à classe dos adjetivos (pala-
d) O destino.
vra que qualifica um substantivo).
e) completava.
a) Existe grande confusão entre os diversos tipos de eu-
Resposta: Letra A.
tanásia...
Completava minha identificação com o resto da huma-
b)... o médico ou alguém causa ativamente a morte...
nidade, que (a qual) tem sempre para contar uma his-
c) prolonga o processo de morrer procurando distanciar
tória de objeto achado = pronome relativo que retoma
a morte. o resto da humanidade.
d) Ela é proibida por lei no Brasil,...
e) E como seria a verdadeira boa morte? 19. (PC-SP – Agente de Polícia – Vunesp – 2013) Con-
sidere o trecho a seguir.
Resposta: Letra E. É comum que objetos ____________ esquecidos em locais
Em “a”: Existe grande confusão = substantivo públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados
Em “b”: o médico ou alguém causa ativamente a mor- se as pessoas __________ a atenção voltada para seus per-
te = pronome tences, conservando-os junto ao corpo.
Em “c”: prolonga o processo de morrer procurando Assinale a alternativa que preenche, correta e respectiva-
distanciar a morte = substantivo mente, as lacunas do texto.
Em “d”: Ela é proibida por lei no Brasil = substantivo
Em “e”: E como seria a verdadeira boa morte? = ad- a) sejam ... mantesse
jetivo b) sejam ... mantém
c) sejam ... mantivessem
17. (PC-SP – Escrivão de Polícia – Vunesp – 2014) As for- d) seja ... mantivessem
mas verbais conjugadas no modo imperativo, expressan- e) seja ... mantêm
do ordem, instrução ou comando, estão destacadas em
LÍNGUA PORTUGUESA

Resposta: Letra C.
a) Mas há outros cujas marcas acabam ficando bem ní- Completemos as lacunas e depois busquemos o item
tidas na memória: são aqueles donos de qualidades correspondente. A pegadinha aqui é a conjugação do
incomuns. verbo “manter”, no presente do Subjuntivo (mantiver):
b) Voltei uns cinquenta minutos depois, cauteloso, e É comum que objetos sejam esquecidos em locais pú-
quase não acreditei no que ouvi. blicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se
c) – Ei rapaz, deixe ligado o microfone, largue isso aí, vá as pessoas mantivessem a atenção voltada para seus
pro estúdio e ponha a rádio no ar. pertences, conservando-os junto ao corpo.

52
20. (PC-SP – Atendente de Necrotério Policial – Vu- ARGUMENTAÇÃO
nesp – 2013) Nas frases – Não vou mais à escola!… – e
– Hoje estão na moda os métodos audiovisuais. – as pala- O ato de comunicação não visa apenas transmitir
vras em destaque expressam, correta e respectivamente, uma informação a alguém. Quem se comunica pretende
circunstâncias de criar uma imagem positiva de si mesmo por exemplo, a
de um sujeito educado, ou inteligente, ou culto; quer ser
a) dúvida e modo. aceito, deseja que o que diz seja admitido como verda-
b) dúvida e tempo. deiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja,
c) modo e afirmação. tem o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e
d) negação e lugar. faça o que ele propõe.
e) negação e tempo. Se essa é a finalidade última de todo ato de comuni-
cação, todo texto contém um componente argumentati-
Resposta: Letra E.
vo. A argumentação é o conjunto de recursos de nature-
“não” – advérbio de negação / “hoje” – advérbio de
za linguística destinados a persuadir a pessoa a quem a
tempo.
comunicação se destina. Está presente em todo tipo de
21. (PC-SP – Escrivão de Polícia – Vunesp – 2013)
Assinale a alternativa que completa respectivamente as texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de
lacunas, em conformidade com a norma-padrão de con- vista defendidos.
jugação verbal. As pessoas costumam pensar que o argumento seja
Há quem acredite que alcançará o sucesso profissional apenas uma prova de verdade ou uma razão indiscutível
quando __________ um diploma de mestrado, mas há para comprovar a veracidade de um fato. O argumento
aqueles que _________ de opinião e procuram investir em é mais que isso: como se disse acima, é um recurso de
cursos profissionalizantes. linguagem utilizado para levar o interlocutor a crer na-
quilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o
a) obtiver … divirgem que está sendo transmitido. A argumentação pertence
b) obter … divergem ao domínio da retórica, arte de persuadir as pessoas me-
c) obtesse … devirgem diante o uso de recursos de linguagem.
d) obter … divirgem Para compreender claramente o que é um argumen-
e) obtiver … divergem to, é bom voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego
do século lV a.C., numa obra intitulada “Tópicos: os ar-
Resposta: Letra E. gumentos são úteis quando se tem de escolher entre duas
Há quem acredite que alcançará o sucesso profissio- ou mais coisas”.
nal quando obtiver um diploma de mestrado, mas há Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajo-
aqueles que divergem de opinião e procuram investir sa e uma desvantajosa, como a saúde e a doença, não
em cursos profissionalizantes. precisamos argumentar. Suponhamos, no entanto, que
tenhamos de escolher entre duas coisas igualmente
22. (PC-SP – Auxiliar de Necropsia – Vunesp – 2014) vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, precisamos
Considerando que o adjetivo é uma palavra que modifica argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O ar-
o substantivo, com ele concordando em gênero e núme- gumento pode então ser definido como qualquer recur-
ro, assinale a alternativa em que a palavra destacada é
so que torna uma coisa mais desejável que outra. Isso
um adjetivo.
significa que ele atua no domínio do preferível. Ele é uti-
lizado para fazer o interlocutor crer que, entre duas te-
a) ... um câncer de boca horroroso, ...
ses, uma é mais provável que a outra, mais possível que
b) Ele tem dezesseis anos...
c) Eu queria que ele morresse logo, ... a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra.
d) ... com a crueldade adicional de dar esperança às fa- O objetivo da argumentação não é demonstrar a
mílias. verdade de um fato, mas levar o ouvinte a admitir como
e) E o inferno não atinge só os terminais. verdadeiro o que o enunciador está propondo.
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argu-
Resposta: Letra A. mentação. O primeiro opera no domínio do necessário,
Em “a”: um câncer de boca horroroso = adjetivo ou seja, pretende demonstrar que uma conclusão deriva
Em “b”: Ele tem dezesseis anos = numeral necessariamente das premissas propostas, que se deduz
Em “c”: Eu queria que ele morresse logo = advérbio obrigatoriamente dos postulados admitidos. No raciocí-
Em “d”: com a crueldade adicional de dar esperança às nio lógico, as conclusões não dependem de crenças, de
uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea-
LÍNGUA PORTUGUESA

famílias = substantivo
Em “e”: E o inferno não atinge só os terminais = subs- mento de premissas e conclusões.
tantivo Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte enca-
deamento:

A é igual a B.
A é igual a C.
Então: C é igual a A.

53
Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigato- Quem disse a frase não fui eu, foi Einstein. Para ele,
riamente, que C é igual a A. uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há
Outro exemplo: conhecimento. Nunca o inverso.
Todo ruminante é um mamífero. Alex José Periscinoto.
A vaca é um ruminante. In: Folha de S. Paulo. 30 ago.1993, p. 5-2.
Logo, a vaca é um mamífero.
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é
Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a con- mais importante do que o conhecimento. Para levar o
clusão também será verdadeira. auditório a aderir a ela, o enunciador cita um dos mais
No domínio da argumentação, as coisas são diferen- célebres cientistas do mundo. Se um físico de renome
tes. Nele, a conclusão não é necessária, não é obrigató- mundial disse isso, então as pessoas devem acreditar que
ria. Por isso, devese mostrar que ela é a mais desejável, a é verdade.
mais provável, a mais plausível. Se o Banco do Brasil fizer
uma propaganda dizendose mais confiável do que os con-
2. Argumento de Quantidade
correntes porque existe desde a chegada da família real
portuguesa ao Brasil, ele estará dizendonos que um banco
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo
com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso,
confiável. Embora não haja relação necessária entre a so- maior número de pessoas, o que existe em maior núme-
lidez de uma instituição bancária e sua antiguidade, esta ro, o que tem maior duração, o que tem maior número
tem peso argumentativo na afirmação da confiabilidade de de adeptos etc. O fundamento desse tipo de argumento
um banco. Portanto é provável que se creia que um banco é que mais melhor. A publicidade faz largo uso do argu-
mais antigo seja mais confiável do que outro fundado há mento de quantidade.
dois ou três anos.
Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa 3. Argumento do Consenso
quase impossível, tantas são as formas de que nos vale-
mos para fazer as pessoas preferirem uma coisa a outra. É uma variante do argumento de quantidade. Fun-
Por isso, é importante entender bem como eles funcionam. damentase em afirmações que, numa determinada épo-
Já vimos diversas características dos argumentos. É ca, são aceitas como verdadeiras e, portanto, dispensam
preciso acrescentar mais uma: o convencimento do inter- comprovações, a menos que o objetivo do texto seja
locutor, o auditório, que pode ser individual ou coletivo, comprovar alguma delas. Parte da ideia de que o consen-
será tanto mais fácil quanto mais os argumentos estiverem so, mesmo que equivocado, corresponde ao indiscutível,
de acordo com suas crenças, suas expectativas, seus valo- ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que
res. Não se pode convencer um auditório pertencente a não desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por
uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomina. Será exemplo, as afirmações de que o meio ambiente precisa
mais fácil convencêlo valorizando coisas que ele conside- ser protegido e de que as condições de vida são piores
ra positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com nos países subdesenvolvidos. Ao confiar no consenso,
frequência associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. porém, correse o risco de passar dos argumentos válidos
Nos Estados Unidos, essa associação certamente não sur- para os lugarescomuns, os preconceitos e as frases ca-
tiria efeito, porque lá o futebol não é valorizado da mesma rentes de qualquer base científica.
forma que no Brasil. O poder persuasivo de um argumento
está vinculado ao que é valorizado ou desvalorizado numa
4. Argumento de Existência
dada cultura.
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais
fácil aceitar aquilo que comprovadamente existe do que
Tipos de Argumento
aquilo que é apenas provável, que é apenas possível. A
Já verificamos que qualquer recurso linguístico des- sabedoria popular enuncia o argumento de existência no
tinado a fazer o interlocutor dar preferência à tese do provérbio “Mais vale um pássaro na mão do que dois
enunciador é um argumento. Exemplo: voando”.
1. Argumento de Autoridade Nesse tipo de argumento, incluemse as provas docu-
mentais (fotos, estatísticas, depoimentos, gravações etc.)
É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reco- ou provas concretas, que tornam mais aceitável uma afir-
nhecidas pelo auditório como autoridades em certo do- mação genérica. Durante a invasão do Iraque, por exem-
mínio do saber, para servir de apoio aquilo que o enun- plo, os jornais diziam que o exército americano era muito
ciador está propondo. Esse recurso produz dois efeitos mais poderoso do que o iraquiano. Essa afirmação, sem
ser acompanhada de provas concretas, poderia ser vista
LÍNGUA PORTUGUESA

distintos: revela o conhecimento do produtor do texto a


respeito do assunto de que está tratando; dá ao texto a como propagandística. No entanto, quando documenta-
da pela comparação do número de canhões, de carros de
garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer
combate, de navios etc., ganhava credibilidade.
do texto um amontoado de citações. A citação precisa
ser pertinente e verdadeira. Exemplo:
“A imaginação é mais importante do que o conheci-
mento.”

54
5. Argumento quase lógico falar de um homem público, pode ter a intenção de cri-
ticálo, de ridicularizálo ou, ao contrário, de mostrar sua
É aquele que opera com base nas relações lógicas, grandeza.
como causa e efeito, analogia, implicação, identidade etc. O enunciador cria a orientação argumentativa de seu
Esses raciocínios são chamados quase lógicos porque, di- texto dando destaque a uns fatos e não a outros, omitin-
versamente dos raciocínios lógicos, eles não pretendem do certos episódios e revelando outros, escolhendo de-
estabelecer relações necessárias entre os elementos, mas terminadas palavras e não outra. Veja:
sim instituir relações prováveis, possíveis, plausíveis. Por “O clima da festa era tão pacífico que até sogras e
exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, noras trocavam abraços afetuosos.”
“então A é igual a C”, estabelecese uma relação de iden- O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de
tidade lógica. Entretanto, quando se afirma “Amigo de que noras e sogras não se toleram. Não fosse assim, não
amigo meu é meu amigo” não se institui uma identidade teria escolhido esse fato para ilustrar o clima da festa nem
lógica, mas uma identidade provável. teria utilizado o termo até que serve para incluir no argu-
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais mento alguma coisa inesperada.
facilmente aceito do que um texto incoerente. Vários são Além dos defeitos de argumentação mencionados
os defeitos que concorrem para desqualificar o texto do quando tratamos de alguns tipos de argumentação, va-
ponto de vista lógico: fugir do tema proposto, cair em mos citar outros:
contradição, tirar conclusões que não se fundamentam ▪ Uso sem delimitação adequada de palavra de sen-
nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais com tido tão amplo, que serve de argumento para um pon-
fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair genera- to de vista e seu contrário. São noções confusas, como
lizações indevidas. paz, que, paradoxalmente, pode ser usada pelo agressor
e pelo agredido. Essas palavras podem ter valor positivo
6. Argumento do Atributo (paz, justiça, honestidade, democracia) ou vir carregadas
de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio
ambiente, injustiça, corrupção).
É aquele que considera melhor o que tem proprie-
▪ Uso de afirmações tão amplas, que podem ser der-
dades típicas daquilo que é mais valorizado socialmente,
rubadas por um único contraexemplo. Quando se diz “To-
por exemplo, o mais raro é melhor que o comum, o que
dos os políticos são ladrões”, basta um único exemplo de
é mais refinado é melhor que o que é mais grosseiro etc.
político honesto para destruir o argumento.
Por esse motivo, a publicidade usa, com muita fre-
▪ Emprego de noções científicas sem nenhum rigor,
quência, celebridades recomendando prédios residen-
fora do contexto adequado, sem o significado apropria-
ciais, produtos de beleza, alimentos estéticos etc., com
do, vulgarizandoas e atribuindolhes uma significação
base no fato de que o consumidor tende a associar o subjetiva e grosseira. É o caso, por exemplo, da frase “O
produto anunciado com atributos da celebridade. imperialismo de certas indústrias não permite que outras
Uma variante do argumento de atributo é o argu- cresçam”, em que o termo imperialismo é descabido, uma
mento da competência linguística. A utilização da varian- vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a
te culta e formal da língua que o produtor do texto co- reduzir outros à sua dependência política e econômica”.
nhece a norma linguística socialmente mais valorizada e,
por conseguinte, deve produzir um texto em que se pode A boa argumentação é aquela que está de acordo
confiar. Nesse sentido é que se diz que o modo de dizer com a situação concreta do texto, que leva em conta os
dá confiabilidade ao que se diz. componentes envolvidos na discussão (o tipo de pessoa
Imaginese que um médico deva falar sobre o estado a quem se dirige a comunicação, o assunto, por exemplo).
de saúde de uma personalidade pública. Ele poderia fa- Convém ainda alertar que não se convence ninguém
zêlo das duas maneiras indicadas abaixo, mas a primeira com manifestações de sinceridade do autor (como eu,
seria infinitamente mais adequada para a persuasão do que não costumo mentir...) ou com declarações de certe-
que a segunda, pois esta produziria certa estranheza e za expressas em fórmulas feitas (como estou certo, creio
não criaria uma imagem de competência do médico: firmemente, é claro, é óbvio, é evidente, afirmo com toda
▪ Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e a certeza etc). Em vez de prometer, em seu texto, since-
levando em conta o caráter invasivo de alguns exames, a ridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador
equipe médica houve por bem determinar o internamen- deve construir um texto que revele isso. Em outros ter-
to do governador pelo período de três dias, a partir de mos, essas qualidades não se prometem, manifestam-se
hoje, 4 de fevereiro de 2001. na ação.
▪ Para conseguir fazer exames com mais cuidado e A argumentação é a exploração de recursos para fa-
porque alguns deles são barras-pesadas, a gente botou o zer parecer verdadeiro aquilo que se diz num texto e,
governador no hospital por três dias. com isso, levar a pessoa a que texto é endereçado a crer
Como dissemos antes, todo texto tem uma função ar-
LÍNGUA PORTUGUESA

naquilo que ele diz.


gumentativa, porque ninguém fala para não ser levado Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e ex-
a sério, para ser ridicularizado, para ser desmentido: em pressa um ponto de vista, acompanhado de certa funda-
todo ato de comunicação deseja-se influenciar alguém. mentação, que inclui a argumentação, questionamento,
Por mais neutro que pretenda ser, um texto tem sempre com o objetivo de persuadir. Argumentar é o processo
uma orientação argumentativa. pelo qual se estabelecem relações para chegar à conclu-
A orientação argumentativa é certa direção que o fa- são, com base em premissas. Persuadir é um processo de
lante traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao convencimento, por meio da argumentação, no qual se

55
procura convencer os outros, de modo a influenciar seu se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio
pensamento e seu comportamento. de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persua- cartesiana, é fundamental determinar o problema, dividilo
são válida, expõemse com clareza os fundamentos de em partes, ordenar os conceitos, simplificandoos, enume-
uma ideia ou proposição, e o interlocutor pode questio- rar todos os seus elementos e determinar o lugar de cada
nar cada passo do raciocínio empregado na argumen- um no conjunto da dedução.
tação. A persuasão não válida apoiase em argumentos A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental
subjetivos, apelos subliminares, chantagens sentimen- para a argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descar-
tais, com o emprego de “apelações”, como a inflexão de tes propôs quatro regras básicas que constituem um con-
voz, a mímica e até o choro. junto de reflexos vitais, uma série de movimentos sucessi-
Alguns autores classificam a dissertação em duas mo- vos e contínuos do espírito em busca da verdade:
dalidades, expositiva e argumentativa. Esta exige argu- I – evidência;
mentação, razões a favor e contra uma ideia, ao passo II – divisão ou análise;
que a outra é informativa, apresenta dados sem a inten- III – ordem ou dedução;
ção de convencer. Na verdade, a escolha dos dados le- IV – enumeração.
vantados, a maneira de expôlos no texto já revelam uma
“tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a
dissertação, ainda que sem a apresentação explícita de omissão e a incompreensão. Qualquer erro na enumera-
argumentos. Desse ponto de vista, a dissertação pode ção pode quebrar o encadeamento das ideias, indispen-
ser definida como discussão, debate, questionamento, o sável para o processo dedutivo.
que implica a liberdade de pensamento, a possibilida- A forma de argumentação mais empregada na re-
de de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade dação acadêmica é o silogismo, raciocínio baseado nas
de questionar é fundamental, mas não é suficiente para regras cartesianas, que contém três proposições: duas
organizar um texto dissertativo. É necessária também a premissas, maior e menor, e a conclusão. As três propo-
exposição dos fundamentos, os motivos, os porquês da sições são encadeadas de tal forma, que a conclusão é
defesa de um ponto de vista. deduzida da maior por intermédio da menor. A premissa
maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois al-
Podese dizer que o homem vive em permanente ati-
guns não caracteriza a universalidade.
tude argumentativa. A argumentação está presente em
Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a de-
qualquer tipo de discurso, porém, é no texto dissertativo
dução (silogística), que parte do geral para o particular, e
que ela melhor se evidencia.
a indução, que vai do particular para o geral. A expressão
Para discutir um tema, para confrontar argumentos
formal do método dedutivo é o silogismo. A dedução é
e posições, é necessária a capacidade de conhecer ou-
o caminho das consequências, baseiase em uma cone-
tros pontos de vista e seus respectivos argumentos. Uma xão descendente (do geral para o particular) que leva à
discussão impõe, muitas vezes, a análise de argumentos conclusão. Segundo esse método, partindose de teorias
opostos, antagônicos. Como sempre, essa capacidade gerais, de verdades universais, podese chegar à previsão
aprendese com a prática. Um bom exercício para apren- ou determinação de fenômenos particulares. O percurso
der a argumentar e contraargumentar consiste em de- do raciocínio vai da causa para o efeito. Exemplo:
senvolver as seguintes habilidades: Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal)
I – argumentação: anotar todos os argumentos a fa- Fulano é homem (premissa menor = particular)
vor de uma ideia ou fato; imaginar um interlocutor que Logo, Fulano é mortal (conclusão)
adote a posição totalmente contrária; A indução percorre o caminho inverso ao da dedu-
II – contraargumentação: imaginar um diálogodebate ção, baseiase em uma conexão ascendente, do particular
e quais os argumentos que essa pessoa imaginária possi- para o geral. Nesse caso, as constatações particulares le-
velmente apresentaria contra a argumentação proposta; vam às leis gerais, ou seja, parte de fatos particulares co-
III – refutação: argumentos e razões contra a argu- nhecidos para os fatos gerais, desconhecidos. O percurso
mentação oposta. do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo:
O calor dilata o ferro (particular);
A argumentação tem a finalidade de persuadir, por- O calor dilata o bronze (particular);
tanto, argumentar consiste em estabelecer relações para O calor dilata o cobre (particular);
tirar conclusões válidas, como se procede no método O ferro, o bronze, o cobre são metais;
dialético. O método dialético não envolve apenas ques- Logo, o calor dilata metais (geral, universal).
tões ideológicas, geradoras de polêmicas. Tratase de um Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode
método de investigação da realidade pelo estudo de sua ser válido e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as
ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em duas premissas também o forem. Se há erro ou equívo-
questão e da mudança dialética que ocorre na natureza
LÍNGUA PORTUGUESA

co na apreciação dos fatos, pode-se partir de premissas


e na sociedade. verdadeiras para chegar a uma conclusão falsa. Tem-se,
Descartes (15961650), filósofo e pensador francês, desse modo, o sofisma. Uma definição inexata, uma di-
criou o método de raciocínio silogístico, baseado na de- visão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia
dução, que parte do simples para o complexo. Para ele, são algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe
verdade e evidência são a mesma coisa, e pelo raciocínio má fé, intenção deliberada de enganar ou levar ao erro;
tornase possível chegar a conclusões verdadeiras, desde quando o sofisma não tem essas intenções propositais,
que o assunto seja pesquisado em partes, começando- costuma-se chamar esse processo de argumentação de

56
paralogismo. Encontra-se um exemplo simples de sofis- - Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
ma no seguinte diálogo: - Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
Você concorda que possui uma coisa que não per-
deu? A análise tem importância vital no processo de coleta
– Lógico, concordo. de ideias a respeito do tema proposto, de seu desdobra-
Você perdeu um brilhante de 40 quilates? mento e da criação de abordagens possíveis. A síntese
– Claro que não! também é importante na escolha dos elementos que fa-
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... rão parte do texto.
Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser
Exemplos de sofismas: formal ou informal. A análise formal pode ser científica
I – Dedução: ou experimental; é característica das ciências matemáti-
Todo professor tem um diploma (geral, universal); cas, físico-naturais e experimentais. A análise informal é
Fulano tem um diploma (particular); racional ou total, consiste em “discernir” por vários atos
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa); distintos da atenção os elementos constitutivos de um
II – Indução: todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenôme-
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Reden- no.
tor. (particular); A análise decompõe o todo em partes, a classificação
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. estabelece as necessárias relações de dependência e hie-
(particular); rarquia entre as partes. Análise e classificação ligam-se
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. intimamente, a ponto de se confundir uma com a outra,
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Reden- contudo são procedimentos diversos: análise é decom-
tor. (geral – conclusão falsa). posição e classificação é hierarquisação.
Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos
Notase que as premissas são verdadeiras, mas a con- e fenômenos por suas diferenças e semelhanças; fora
clusão pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm das ciências naturais, a classificação pode-se efetuar por
diploma são professores; nem todas as cidades têm uma meio de um processo mais ou menos arbitrário, em que
estátua do Cristo Redentor. Cometese erro quando se faz os caracteres comuns e diferenciadores são empregados
generalizações apressadas ou infundadas. A “simples ins- de modo mais ou menos convencional. A classificação,
peção” é a ausência de análise ou análise superficial dos no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens,
fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, baseados gêneros e espécies, é um exemplo de classificação na-
nos sentimentos não ditados pela razão. tural, pelas características comuns e diferenciadoras. A
Existem, ainda, outros métodos, subsidiários ou não classificação dos variados itens integrantes de uma lista
fundamentais, que contribuem para a descoberta ou mais ou menos caótica é artificial.
comprovação da verdade: análise, síntese, classificação Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata,
e definição. Além desses, existem outros métodos parti- caminhão, canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintas-
culares de algumas ciências, que adaptam os processos silgo, queijo, relógio, sabiá, torradeira.
de dedução e indução à natureza de uma realidade par- I – Aves, Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá;
ticular. Podese afirmar que cada ciência tem seu método II – Alimentos, Batata, Leite, Pão, Queijo;
próprio demonstrativo, comparativo, histórico etc. A aná- III – Mecanismos, Aquecedor, Barbeador, Relógio,
lise, a síntese, a classificação e a definição são chamadas Torradeira;
métodos sistemáticos, porque pela organização e orde- IV – Veículos, Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus.
nação das ideias visam sistematizar a pesquisa.
Análise e síntese são dois processos opostos, mas Os elementos desta lista foram classificados por
interligados; a análise parte do todo para as partes, a sín- ordem alfabética e pelas afinidades comuns entre eles.
tese, das partes para o todo. A análise precede a síntese, Estabelecer critérios de classificação das ideias e argu-
porém, de certo modo, uma depende da outra. A análi- mentos, pela ordem de importância, é uma habilidade in-
se decompõe o todo em partes, enquanto a síntese re- dispensável para elaborar o desenvolvimento de uma re-
compõe o todo pela reunião das partes. Sabese, porém, dação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato mais
que o todo não é uma simples justaposição das partes. importante para o menos importante, ou decrescente,
Se alguém reunisse todas as peças de um relógio, não primeiro o menos importante e, no final, o impacto do
significa que reconstruiu o relógio, pois fez apenas um mais importante; é indispensável que haja uma lógica na
amontoado de partes. Só reconstruiria todo se as par- classificação. A elaboração do plano compreende a clas-
tes estivessem organizadas, devidamente combinadas, sificação das partes e subdivisões, ou seja, os elementos
seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, do plano devem obedecer a uma hierarquização. (Garcia,
então, o relógio estaria reconstruído. 1973, p. 302304.)
Para a clareza da dissertação, é indispensável que,
LÍNGUA PORTUGUESA

Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do


todo por meio da integração das partes, reunidas e re- logo na introdução, os termos e conceitos sejam defi-
lacionadas num conjunto. Toda síntese, por ser uma re- nidos, pois, para expressar um questionamento, devese,
construção, pressupõe a análise, que é a decomposição. de antemão, expor clara e racionalmente as posições as-
A análise, no entanto, exige uma decomposição organi- sumidas e os argumentos que as justificam. É muito im-
zada, é preciso saber como dividir o todo em partes. As portante deixar claro o campo da discussão e a posição
operações que se realizam na análise e na síntese podem adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também
ser assim relacionadas: os pontos de vista sobre ele.

57
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego As definições dos dicionários de língua são feitas por
da linguagem e consiste na enumeração das qualidades meio de paráfrases definitórias, ou seja, uma operação
próprias de uma ideia, palavra ou objeto. Definir é clas- metalinguística que consiste em estabelecer uma relação
sificar o elemento conforme a espécie a que pertence, de equivalência entre a palavra e seus significados.
demonstra: a característica que o diferencia dos outros A força do texto dissertativo está em sua fundamen-
elementos dessa mesma espécie. tação. Sempre é fundamental procurar um porquê, uma
Entre os vários processos de exposição de ideias, a razão verdadeira e necessária. A verdade de um ponto
definição é um dos mais importantes, sobretudo no âm- de vista deve ser demonstrada com argumentos válidos.
bito das ciências. A definição científica ou didática é de- O ponto de vista mais lógico e racional do mundo não
notativa, ou seja, atribui às palavras seu sentido usual ou tem valor, se não estiver acompanhado de uma funda-
consensual, enquanto a conotativa ou metafórica empre- mentação coerente e adequada.
ga palavras de sentido figurado. Segundo a lógica tradi- Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a ló-
cional aristotélica, a definição consta de três elementos:
gica clássica, que foram abordados anteriormente, auxiliam
I – o termo a ser definido;
o julgamento da validade dos fatos. Às vezes, a argumenta-
II – o gênero ou espécie;
ção é clara e pode reconhecerse facilmente seus elementos
III – a diferença específica.
e suas relações; outras vezes, as premissas e as conclusões
O que distingue o termo definido de outros elemen- organizamse de modo livre, misturandose na estrutura
tos da mesma espécie. Veja a classificação dos termos da do argumento. Por isso, é preciso aprender a reconhecer
frase a seguir: os elementos que constituem um argumento: premissas/
conclusões. Depois de reconhecer, verificar se tais ele-
mentos são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se
o argumento está expresso corretamente; se há coerência
e adequação entre seus elementos, ou se há contradição.
Para isso é que se aprendem os processos de raciocínio
por dedução e por indução. Admitindose que raciocinar é
relacionar, concluise que o argumento é um tipo específico
de relação entre as premissas e a conclusão.

a) Procedimentos Argumentativos
Constituem os procedimentos argumentativos mais
empregados para comprovar uma afirmação:
É muito comum formular definições de maneira de- exemplificação, explicitação, enumeração, compa-
feituosa, por exemplo: Análise é quando a gente decom- ração.
põe o todo em partes. Esse tipo de definição é grama-
ticalmente incorreto; quando é advérbio de tempo, não b) Exemplificação
representa o gênero, a espécie, a gente é forma coloquial Procura justificar os pontos de vista por meio de
não adequada à redação acadêmica. Tão importante é exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões
saber formular uma definição, que se recorre a Garcia comuns nesse tipo de procedimento: mais im-
(1973, p.306), para determinar os “requisitos da definição portante que, superior a, de maior relevância que.
denotativa”. Para ser exata, a definição deve apresentar os
Empregamse também dados estatísticos, acom-
seguintes requisitos:
panhados de expressões: considerando os dados;
I – o termo deve realmente pertencer ao gênero ou
conforme os dados apresentados. Fazse a exempli-
classe em que está incluído: “mesa é um móvel” (classe
em que ‘mesa’ está realmente incluída) e não “mesa é ficação, ainda, pela apresentação de causas e con-
um instrumento ou ferramenta ou instalação”; sequências, usandose comumente as expressões:
II – o gênero deve ser suficientemente amplo para in- porque, porquanto, pois que, uma vez que, visto que,
cluir todos os exemplos específicos da coisa definida, e por causa de, em virtude de, em vista de, por motivo
suficientemente restritos para que a diferença possa de.
ser percebida sem dificuldade; c) Explicitação
III – deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em O objetivo desse recurso argumentativo é explicar ou
verdade, definição, quando se diz que o “triângulo não esclarecer os pontos de vista apresentados. Podese
é um prisma”; alcançar esse objetivo pela definição, pelo teste-
IV – deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não munho e pela interpretação. Na explicitação por
constitui definição exata, porque a recíproca, “Todo ser definição, empregamse expressões como: quer di-
vivo é um homem” não é verdadeira (o gato é ser vivo zer, denominase, chamase, na verdade, isto é, haja
vista, ou melhor; nos testemunhos são comuns as
LÍNGUA PORTUGUESA

e não é homem);
V – deve ser breve (contida num só período). Quando expressões: conforme, segundo, na opinião de, no
a definição, ou o que se pretenda como tal, é muito parecer de, consoante as ideias de, no entender de,
longa (séries de períodos ou de parágrafos), chama-se no pensamento de. A explicitação se faz também
explicação, e também definição expandida; pela interpretação, em que são comuns as seguin-
VI – deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito tes expressões: parece, assim, desse ponto de vista.
(o termo) + cópula (verbo de ligação ser) + predicativo
(o gênero) + adjuntos (as diferenças).

58
d) Enumeração sua validade comprovada, e só os fatos provam. Em re-
Fazse pela apresentação de uma sequência de ele- sumo toda afirmação ou juízo que expresse uma opinião
mentos que comprovam uma opinião, tais como pessoal só terá validade se fundamentada na evidência
a enumeração de pormenores, de fatos, em uma dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade
sequência de tempo, em que são frequentes as dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio
expressões: primeiro, segundo, por último, antes, da contraargumentação ou refutação. São vários os pro-
depois, ainda, em seguida, então, presentemente, cessos de contraargumentação:
antigamente, depois de, antes de, atualmente, hoje, Refutação pelo absurdo: refutase uma afirmação de-
no passado, sucessivamente, respectivamente. Na monstrando o absurdo da consequência. Exemplo clás-
enumeração de fatos em uma sequência de espa- sico é a contraargumentação do cordeiro, na conhecida
ço, empregamse as seguintes expressões: cá, lá, fábula “O lobo e o cordeiro”;
acolá, ali, aí, além, adiante, perto de, ao redor de, Refutação por exclusão: consiste em propor várias hi-
no Estado tal, na capital, no interior, nas grandes póteses para eliminá-las, apresentandose, então, aquela
cidades, no sul, no leste. que se julga verdadeira;
Desqualificação do argumento: atribuise o argumen-
e) Comparação to à opinião pessoal subjetiva do enunciador, restringin-
Analogia e contraste são as duas maneiras de se es- dose a universalidade da afirmação;
tabelecer a comparação, com a finalidade de com- Ataque ao argumento pelo testemunho de autorida-
provar uma ideia ou opinião. Na analogia, são co- de: consiste em refutar um argumento empregando os
muns as expressões: da mesma forma, tal como, testemunhos de autoridade que contrariam a afirmação
tanto quanto, assim como, igualmente. Para es- apresentada;
tabelecer contraste, empregamse as expressões: Desqualificar dados concretos apresentados: consiste
mais que, menos que, melhor que, pior que. em desautorizar dados reais, demonstrando que o enun-
ciador baseouse em dados corretos, mas tirou conclusões
Entre outros tipos de argumentos empregados para falsas ou inconsequentes. Por exemplo, se na argumen-
aumentar o poder de persuasão de um texto dissertativo tação afirmouse, por meio de dados estatísticos, que “o
encontram-se: controle demográfico produz o desenvolvimento”, afir-
ma-se que a conclusão é inconsequente, pois se baseia
Argumento de autoridade: O saber notório de uma em uma relação de causaefeito difícil de ser comprovada.
autoridade reconhecida em certa área do conhecimen- Para contraargumentar, propõese uma relação inversa:
to dá apoio a uma afirmação. Dessa maneira, procura-se “o desenvolvimento é que gera o controle demográfico”.
trazer para o enunciado a credibilidade da autoridade ci- Apresentamse aqui sugestões possíveis para desen-
tada. Lembre-se que as citações literais no corpo de um volver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas
texto constituem argumentos de autoridade. Ao fazer ao desenvolvimento de outros temas. Elegese um tema,
uma citação, o enunciador situa os enunciados nela con- e, em seguida, sugeremse os procedimentos que devem
tidos na linha de raciocínio que ele considera mais ade- ser adotados para a elaboração de um Plano de Redação.
quada para explicar ou justificar um fato ou fenômeno.
Esse tipo de argumento tem mais caráter confirmatório O homem e a máquina: necessidade e riscos da
que comprobatório. evolução tecnológica
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispen- Questionar o tema, transformálo em interrogação,
sam explicação ou comprovação, pois seu conteúdo é responder a interrogação (assumir um ponto de vista);
aceito como válido por consenso, pelo menos em de- dar o porquê da resposta, justificar, criando um argu-
terminado espaço sociocultural. Nesse caso, incluem-se: mento básico;
- A declaração que expressa uma verdade universal (o Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento
homem, mortal, aspira à imortalidade); básico e construir uma contra argumentação; pensar a
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos forma de refutação que poderia ser feita ao argumento
postulados e axiomas); básico e tentar desqualificá-la (rever tipos de argumen-
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é tação);
de natureza subjetiva ou sentimental (o amor tem razões Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta
que a própria razão desconhece); implica apreciação de de ideias que estejam direta ou indiretamente ligadas ao
ordem estética (gosto não se discute); diz respeito à fé tema (as ideias podem ser listadas livremente ou organi-
religiosa, aos dogmas (creio, ainda que parece absurdo). zadas como causa e consequência);
Comprovação pela experiência ou observação: A ver- Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e
dade de um fato ou afirmação pode ser comprovada por com o argumento básico;
Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo
LÍNGUA PORTUGUESA

meio de dados concretos, estatísticos ou documentais.


Comprovação pela fundamentação lógica: A com- as que poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias
provação se realiza por meio de argumentos racionais, transformam-se em argumentos auxiliares, que explicam
baseados na lógica: causa/efeito; consequência/causa; e corroboram a ideia do argumento básico;
condição/ocorrência. Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando
Fatos não se discutem; discutemse opiniões. As decla- uma sequência na apresentação das ideias selecionadas,
rações, julgamento, pronunciamentos, apreciações que obedecendo às partes principais da estrutura do texto,
expressam opiniões pessoais (não subjetivas) devem ter que poderia ser mais ou menos a seguinte:

59
Introdução: Haverá eleições em outubro
I – função social da ciência e da tecnologia; O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napo-
II – definições de ciência e tecnologia; leão Mendes de Almeida) (ou: Almeida.)
III – indivíduo e sociedade perante o avanço tecno-  Os números que identificam o ano não utilizam
lógico. ponto nem devem ter espaço a separá-los, bem como os
números de CEP: 1975, 2014, 2006, 17600-250.
Desenvolvimento:
I – apresentação de aspectos positivos e negativos do B) Ponto e Vírgula (;)
desenvolvimento tecnológico;
II – como o desenvolvimento científico-tecnológico  Separa várias partes do discurso, que têm a mes-
modificou as condições de vida no mundo atual; ma importância: “Os pobres dão pelo pão o traba-
III – a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tec- lho; os ricos dão pelo pão a fazenda; os de espíritos
nologicamente desenvolvida e a dependência tecno- generosos dão pelo pão a vida; os de nenhum espí-
lógica dos países subdesenvolvidos; rito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
IV – enumerar e discutir os fatores de desenvolvimen-  Separa partes de frases que já estão separadas por
to social; vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; ou-
V – comparar a vida de hoje com os diversos tipos de tros, montanhas, frio e cobertor.
vida do passado; apontar semelhanças e diferenças;  Separa itens de uma enumeração, exposição de
VI – analisar as condições atuais de vida nos grandes motivos, decreto de lei, etc.
centros urbanos; Ir ao supermercado;
VII – como se poderia usar a ciência e a tecnologia Pegar as crianças na escola;
para humanizar mais a sociedade. Caminhada na praia;
Conclusão: Reunião com amigos.
VIII – a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefí-
cios/consequências maléficas;
C) Dois pontos (:)
IX – síntese interpretativa dos argumentos e contra-
 Antes de uma citação = Vejamos como Afrânio
-argumentos apresentados.
Coutinho trata este assunto:
 Antes de um aposto = Três coisas não me agra-
Naturalmente esse não é o único, nem o melhor pla-
dam: chuva pela manhã, frio à tarde e calor à noite.
no de redação: é um dos possíveis.
 Antes de uma explicação ou esclarecimento: Lá es-
tava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo
a rotina de sempre.
RECONHECIMENTO DE EFEITOS DE
 Em frases de estilo direto
SENTIDO DECORRENTES DO USO DE Maria perguntou:
PONTUAÇÃO, DA EXPLORAÇÃO DE - Por que você não toma uma decisão?
RECURSOS ORTOGRÁFICOS, DE CAMPOS
SEMÂNTICOS, E DE OUTRAS NOTAÇÕES D) Ponto de Exclamação (!)
 Usa-se para indicar entonação de surpresa, cóle-
ra, susto, súplica, etc.: Sim! Claro que eu quero me
Os sinais de pontuação são marcações gráficas que casar com você!
servem para compor a coesão e a coerência textual, além  Depois de interjeições ou vocativos
de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. Ai! Que susto!
Um texto escrito adquire diferentes significados quando João! Há quanto tempo!
pontuado de formas diversificadas. O uso da pontuação
depende, em certos momentos, da intenção do autor do E) Ponto de Interrogação (?)
discurso. Assim, os sinais de pontuação estão diretamen-  Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
te relacionados ao contexto e ao interlocutor. “- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Aze-
vedo)
1. Principais funções dos sinais de pontuação
F) Reticências (...)
A) Ponto (.)  Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lá-
 Indica o término do discurso ou de parte dele, en- pis, canetas, cadernos...
cerrando o período.  Indica interrupção violenta da frase: “- Não... quero
 Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com- dizer... é verdad... Ah!”
LÍNGUA PORTUGUESA

panhia). Se a palavra abreviada aparecer em final  Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este
de período, este não receberá outro ponto; neste mal... pega doutor?
caso, o ponto de abreviatura marca, também, o fim  Indica que o sentido vai além do que foi dito: Dei-
de período. Exemplo: Estudei português, matemári- xa, depois, o coração falar...
ca, constitucional, etc. (e não “etc..”)
 Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do
ponto, assim como após o nome do autor de uma
citação:

60
G) Vírgula (,)  os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas
Não se usa vírgula pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como primeira
Separando termos que, do ponto de vista sintático, opção aos parênteses, principalmente na matemá-
ligam-se diretamente entre si: tica;
 o asterisco (*) = usado para remeter o leitor a
1. Entre sujeito e predicado: uma nota de rodapé ou no fim do livro, para subs-
Todos os alunos da sala foram advertidos. tituir um nome que não se quer mencionar.
Sujeito predicado
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
2. Entre o verbo e seus objetos: Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
O trabalho custou sacrifício aos reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
realizadores. Paulo: Saraiva, 2010.
V.T.D.I. O.D. O.I. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Usa-se a vírgula:
SITE
1. Para marcar intercalação: http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
A) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-vir-
abundância, vem caindo de preço. gula.htm
B) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão
produzindo, todavia, altas quantidades de alimen-
tos.
C) das expressões explicativas ou corretivas: As indús- EXERCÍCIOS COMENTADOS
trias não querem abrir mão de suas vantagens, isto
é, não querem abrir mão dos lucros altos. 1. (STJ – Conhecimentos Básicos para o Cargo 1 – Ces-
pe – 2018 – adaptada)
2. Para marcar inversão:
A) do adjunto adverbial (colocado no início da ora- Texto CB1A1CCC
ção): Depois das sete horas, todo o comércio está de
portas fechadas. As audiências de segunda a sexta-feira muitas vezes re-
B) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos velaram o lado mais sórdido da natureza humana. Eram
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma. relatos de sofrimento, dor, angústia que se transporta-
C) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de vam da cadeira das vítimas, testemunhas e réus para mi-
maio de 1982. nha cadeira de juíza. A toga não me blindou daqueles re-
latos sofridos, aflitos. As angústias dos que se sentavam
3. Para separar entre si elementos coordenados à minha frente, por diversas vezes, me escoltaram até
(dispostos em enumeração): minha casa e passaram a ser companheiras de noites de
Era um garoto de 15 anos, alto, magro. insônia. Não havia outra solução a não ser escrever. Era
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e ani- preciso colocar no papel e compartilhar a dor daquelas
mais. pessoas que, mesmo ao fim do processo e com a senten-
ça prolatada, não me deixavam esquecê-las.
4. Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós que- Foram horas, dias, meses, anos de oitivas de mães, filhas,
remos comer pizza; e vocês, churrasco. esposas, namoradas, companheiras, todas tendo em co-
mum a violência no corpo e na alma sofrida dentro de
5. Para isolar: casa. O lar, que deveria ser o lugar mais seguro para es-
A) o aposto: São Paulo, considerada a metrópole bra- sas mulheres, havia se transformado no pior dos mundos.
sileira, possui um trânsito caótico. Quando finalmente chegavam ao Judiciário e se sen-
B) o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem. tavam à minha frente, os relatos se transformavam em
desabafos de uma vida inteira. Era preciso explicar, justi-
Observações:
ficar e muitas vezes se culpar por terem sido agredidas.
Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expres-
A culpa por ter sido vítima, a culpa por ter permitido, a
são latina et coetera, que significa “e outras coisas”, seria
culpa por não ter sido boa o suficiente, a culpa por não
dispensável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o
ter conseguido manter a família. Sempre a culpa.
acordo ortográfico em vigor no Brasil exige que empre-
Aquelas mulheres chegavam à Justiça buscando uma for-
LÍNGUA PORTUGUESA

guemos etc. predecido de vírgula: Falamos de política,


ça externa como se somente nós, juízes, promotores e
futebol, lazer, etc.
advogados, pudéssemos não apenas cessar aquele ciclo
As perguntas que denotam surpresa podem ter com-
binados o ponto de interrogação e o de exclamação: de violência, mas também lhes dar voz para reagir àquela
Você falou isso para ela?! violência invisível.
Temos, ainda, sinais distintivos: Rejane Jungbluth Suxberger. Invisíveis Marias: histórias
 a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), sepa- além das quatro paredes. Brasília: Trampolim, 2018 (com
ração de siglas (IOF/UPC); adaptações).

61
O trecho “juízes, promotores e advogados” explica o sen- Resposta: Letra A. Recorramos ao texto (faça isso
tido de “nós”. SEMPRE durante seu concurso. O texto é a base para
encontrar as respostas para as questões!): (...) abran-
( ) CERTO ( ) ERRADO gendo as três categorias de direitos: civis, políticos e
sociais. Os dois-pontos introduzem a enumeração dos
Resposta: Certo. Ao trecho: (...) Aquelas mulheres che- direitos; apresenta-os.
gavam à Justiça buscando uma força externa como se
somente nós, juízes, promotores e advogados, pudésse- 3. (Aneel – Técnico Administrativo – cespe – 2010) Vão
mos não apenas cessar aquele ciclo de violência (...). Os surgindo novos sinais do crescente otimismo da indús-
termos entre vírgulas servem para exemplificar quem tria com relação ao futuro próximo. Um deles refere-se
são os “nós” citados pela autora (juízes, promotores, às exportações. “O comércio mundial já está voltando a
advogados). se abrir para as empresas”, diz o gerente executivo de
pesquisas da Confederação Nacional da Indústria (CNI),
2. (SERES-PE – Agente de Segurança Penitenciária – Renato da Fonseca, para explicar a melhora das expec-
Cespe – 2017 – adaptada) tativas dos industriais com relação ao mercado externo.
Quanto ao mercado interno, as expectativas da indústria
Texto 1A1AAA não se modificaram. Mas isso não é um mau sinal, pois
elas já eram francamente otimistas. Há algum tempo, a
Após o processo de redemocratização, com o fim da di- pesquisa da CNI, realizada mensalmente a partir de 2010,
tadura militar, em meados da década de 80 do século registra grande otimismo da indústria com relação à de-
passado, era de se esperar que a democratização das manda interna. Trata-se de um sentimento generalizado.
instituições tivesse como resultado direto a consolidação Em todos os setores industriais, a expressiva maioria dos
da cidadania — compreendida de modo amplo, abran- entrevistados acredita no aumento das vendas internas.
gendo as três categorias de direitos: civis, políticos e O Estado de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adapta-
sociais. Sobressaem, porém, problemas que configuram ções).
mais desafios para a cidadania brasileira, como a violên-
cia urbana — que ameaça os direitos individuais — e o O nome próprio “Renato da Fonseca” está entre vírgulas
por tratar-se de um vocativo.
desemprego — que ameaça os direitos sociais.
No Brasil, o crime aumentou significantemente a partir
( ) CERTO ( ) ERRADO
de 1980, impacto do processo de modernização pelo
qual o país passou. Isso sugere que o boom do consumo
Resposta: Errado. Recorramos ao texto (lembre-se de
colocou em circulação bens de alto valor e, consequente- fazer a mesma coisa no dia do seu concurso!): (...) diz o
mente, aumentou as oportunidades para o crime, inclusi- gerente executivo de pesquisas da Confederação Nacio-
ve porque a maior mobilidade de pessoas torna o espaço nal da Indústria (CNI), Renato da Fonseca, para explicar
social mais anônimo, menos supervisionado. a melhora das expectativas. O termo em destaque não
Nesse contexto, justiça criminal passa a ser cada vez mais está exercendo a função de vocativo, já que não é uti-
dissociada de justiça social e reconstrução da sociedade. lizado para evocar, chamar o interlocutor do diálogo.
O objetivo em relação à criminalidade torna-se bem me- Sua função é de aposto – explicar quem é o gerente
nos ambicioso: o controle. A prisão ganha mais impor- executivo da CNI.
tância na modernidade tardia, porque satisfaz uma dupla
necessidade dessa nova cultura: castigo e controle do 4. (Caixa Econômica Federal – Médico do Trabalho –
risco. Essa postura às vezes proporciona controle, porém cespe – 2014 – adaptada) A correção gramatical do tre-
não segurança, pois o Estado tem o poder limitado de cho “Entre as bebidas alcoólicas, cervejas e vinhos são as
manter a ordem por meio da polícia, sendo necessário mais comuns em todo o mundo” seria prejudicada, caso
dividir as tarefas de controle com organizações locais e se inserisse uma vírgula logo após a palavra “vinhos”.
com a comunidade.
Jacqueline Carvalho da Silva. Manutenção da ordem pú- ( ) CERTO ( ) ERRADO
blica e garantia dos direitos individuais: os desafios da
polícia em sociedades democráticas. In: Revista Brasilei- Resposta: Certo. Não se deve colocar vírgula entre
ra de Segurança Pública. São Paulo, ano 5, 8.ª ed., fev. – sujeito e predicado, a não ser que se trate de um apos-
mar./2011, p. 84-5 (com adaptações). to (1), predicativo do sujeito (2), ou algum termo que
requeira estar separado entre pontuações. Exemplo: O
No primeiro parágrafo do texto 1A1AAA, os dois-pontos Rio de Janeiro, cidade maravilhosa (1), está em festa!
introduzem Os meninos, ansiosos (2), chegaram!
LÍNGUA PORTUGUESA

Ortografia
a) uma enumeração das “categorias de direitos”.
b) resultados da “consolidação da cidadania”.
A ortografia é a parte da Fonologia que trata da cor-
c) um contra-argumento para a ideia de cidadania como
reta grafia das palavras. É ela quem ordena qual som
algo “amplo”.
devem ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma
d) uma generalização do termo “direitos”.
língua são grafados segundo acordos ortográficos.
e) objetivos do “processo de redemocratização”.

62
A maneira mais simples, prática e objetiva de apren-  Diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís
der ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras, - Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho.
familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras  Após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa.
é necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções  Verbos derivados de nomes cujo radical termina
e, em alguns casos, há necessidade de conhecimento de com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar
etimologia (origem da palavra). – pesquisar.

1. Regras ortográficas São escritos com Z e não S


 Sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de
A) O fonema S adjetivo: macio - maciez / rico – riqueza / belo –
São escritas com S e não C/Ç beleza.
 Palavras substantivadas derivadas de verbos com Sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de ori-
radicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender gem não termine com s): final - finalizar / concreto
- pretensão / expandir - expansão / ascender - as- – concretizar.
censão / inverter - inversão / aspergir - aspersão /  Consoante de ligação se o radical não terminar
submergir - submersão / divertir - diversão / im- com “s”: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal
pelir - impulsivo / compelir - compulsório / repelir Exceção: lápis + inho – lapisinho.
- repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso /
sentir - sensível / consentir – consensual. C) O fonema j
São escritas com G e não J
São escritos com SS e não C e Ç  Palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa,
 Nomes derivados dos verbos cujos radicais ter- gesso.
minem em gred, ced, prim ou com verbos ter-  Estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento,
minados por tir ou - meter: agredir - agressivo / gim.
imprimir - impressão / admitir - admissão / ceder  Terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com
- cessão / exceder - excesso / percutir - percussão /
poucas exceções): imagem, vertigem, penugem,
regredir - regressão / oprimir - opressão / compro-
bege, foge.
meter - compromisso / submeter – submissão.
Exceção: pajem.
 Quando o prefixo termina com vogal que se junta
com a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simé-
 Terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio,
trico - assimétrico / re + surgir – ressurgir.
litígio, relógio, refúgio.
 No pretérito imperfeito simples do subjuntivo.
 Verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fu-
Exemplos: ficasse, falasse.
gir, mugir.
São escritos com C ou Ç e não S e SS
 Vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açú-  Depois da letra “r” com poucas exceções: emergir,
car. surgir.
 Vocábulos de origem tupi, africana ou exótica:  Depois da letra “a”, desde que não seja radical ter-
cipó, Juçara, caçula, cachaça, cacique. minado com j: ágil, agente.
 Sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça,
uçu, uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, car- São escritas com J e não G
niça, caniço, esperança, carapuça, dentuço.  Palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje.
 Nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção  Palavras de origem árabe, africana ou exótica:
/ deter - detenção / ater - atenção / reter – retenção. jiboia, manjerona.
 Após ditongos: foice, coice, traição.  Palavras terminadas com aje: ultraje.
 Palavras derivadas de outras terminadas em -te,
to(r): marte - marciano / infrator - infração / ab- D) O fonema ch
sorto – absorção. São escritas com X e não CH
 Palavras de origem tupi, africana ou exótica: aba-
B) O fonema z caxi, xucro.
São escritos com S e não Z  Palavras de origem inglesa e espanhola: xampu,
 Sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é lagartixa.
substantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárqui-  Depois de ditongo: frouxo, feixe.
cos: freguês, freguesa, freguesia, poetisa, baronesa,  Depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval.
princesa. Exceção: quando a palavra de origem não derive de
LÍNGUA PORTUGUESA

 Sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, me- outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)
tamorfose.
 Formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, São escritas com CH e não X
quis, quiseste.  Palavras de origem estrangeira: chave, chumbo,
 Nomes derivados de verbos com radicais termi- chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche, sal-
nados em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / sicha.
empreender - empresa / difundir – difusão.

63
E) As letras “e” e “i” ALGUNS USOS ORTOGRÁFICOS ESPECIAIS
 Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem.
Com “i”, só o ditongo interno cãibra. 1. Por que / por quê / porquê / porque
 Verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar
são escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Es- POR QUE (separado e sem acento)
crevemos com “i”, os verbos com infinitivo em
-air, -oer e -uir: trai, dói, possui, contribui. É usado em:
1. interrogações diretas (longe do ponto de interroga-
ção) = Por que você não veio ontem?
FIQUE ATENTO! 2. interrogações indiretas, nas quais o “que” equivale
Há palavras que mudam de sentido quan- a “qual razão” ou “qual motivo” = Perguntei-lhe por
do substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: que faltara à aula ontem.
área (superfície), ária (melodia) / delatar 3. equivalências a “pelo(a) qual” / “pelos(as) quais” =
(denunciar), dilatar (expandir) / emergir Ignoro o motivo por que ele se demitiu.
(vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de
estância, que anda a pé), pião (brinquedo). POR QUÊ (separado e com acento)

Usos:
1. como pronome interrogativo, quando colocado no
#FicaDica fim da frase (perto do ponto de interrogação) =
Você faltou. Por quê?
Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto 2. quando isolado, em uma frase interrogativa = Por
à ortografia de uma palavra, há a possibili- quê?
dade de consultar o Vocabulário Ortográfi-
co da Língua Portuguesa (VOLP), elaborado PORQUE (uma só palavra, sem acento gráfico)
pela Academia Brasileira de Letras. É uma
obra de referência até mesmo para a criação Usos:
de dicionários, pois traz a grafia atualizada 1. como conjunção coordenativa explicativa (equivale
das palavras (sem o significado). Na Internet, a “pois”, “porquanto”), precedida de pausa na escri-
o endereço é www.academia.org.br. ta (pode ser vírgula, ponto-e-vírgula e até ponto
final) = Compre agora, porque há poucas peças.
2. como conjunção subordinativa causal, substituível
2. Informações importantes por “pela causa”, “razão de que” = Você perdeu por-
que se antecipou.
Formas variantes são as que admitem grafias ou pro-
núncias diferentes para palavras com a mesma significa- PORQUÊ (uma só palavra, com acento gráfico)
ção: aluguel/aluguer, assobiar/assoviar, catorze/quatorze,
dependurar/pendurar, flecha/frecha, germe/gérmen, in- Usos:
farto/enfarte, louro/loiro, percentagem/porcentagem, re- 1. como substantivo, com o sentido de “causa”, “ra-
lampejar/relampear/relampar/relampadar. zão” ou “motivo”, admitindo pluralização (porquês). Ge-
Os símbolos das unidades de medida são escritos ralmente é precedido por artigo = Não sei o porquê da
sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar discussão. É uma pessoa cheia de porquês.
plural, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg,
20km, 120km/h. 2. ONDE / AONDE
Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
Onde = empregado com verbos que não expressam a
Na indicação de horas, minutos e segundos, não ideia de movimento = Onde você está?
deve haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h,
22h30min, 14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três mi- Aonde = equivale a “para onde”. É usado com verbos
nutos e trinta e quatro segundos). que expressam movimento = Aonde você vai?
O símbolo do real antecede o número sem espaço:
R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma bar- 3. MAU / MAL
ra vertical ($).
Mau = é um adjetivo, antônimo de “bom”. Usa-se
como qualificação = O mau tempo passou. / Ele é um
LÍNGUA PORTUGUESA

mau elemento.

Mal = pode ser usado como


1. conjunção temporal, equivalente a “assim que”,
“logo que”, “quando” = Mal se levantou, já saiu.
2. advérbio de modo (antônimo de “bem”) = Você foi
mal na prova?

64
3. substantivo, podendo estar precedido de artigo ou 9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se,
pronome = Há males que vêm pra bem! / O mal abraça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc.
não compensa. 10. Nas formações em que o prefixo tem como se-
gundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub-he-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS pático, geo-história, neo-helênico, extra-humano,
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa semi-hospitalar, super-homem.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. 11. Nas formações em que o prefixo ou pseudopre-
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- fixo termina com a mesma vogal do segundo ele-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São mento: micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno, au-
Paulo: Saraiva, 2010.
to-observação, etc.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, O hífen é suprimido quando para formar outros ter-
Produção de Textos & Gramática. Volume único / Samira mos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
Yousseff, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São Paulo:
Saraiva, 2002.
#FicaDica
SITE
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or- Lembrete da Zê!
tografia Ao separar palavras na translineação (mu-
dança de linha), caso a última palavra a ser
4. Hífen escrita seja formada por hífen, repita-o na
próxima linha. Exemplo: escreverei anti-in-
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado para flamatório e, ao final, coube apenas “anti-”.
ligar os elementos de palavras compostas (como ex-pre- Na próxima linha escreverei: “-inflamatório”
sidente, por exemplo) e para unir pronomes átonos a ver- (hífen em ambas as linhas). Devido à diagra-
bos (ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente para fazer mação, pode ser que a repetição do hífen na
a translineação de palavras, isto é, no fim de uma linha, translineação não ocorra em meus conteú-
separar uma palavra em duas partes (ca-/sa; compa-/nhei- dos, mas saiba que a regra é esta!
ro).

A) Uso do hífen que continua depois da Reforma


Ortográfica: B) Não se emprega o hífen:
1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefi-
1. Em palavras compostas por justaposição que for- xo termina em vogal e o segundo termo inicia-se
mam uma unidade semântica, ou seja, nos termos em “r” ou “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas
que se unem para formam um novo significado: consoantes: antirreligioso, contrarregra, infrassom,
tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente-co- microssistema, minissaia, microrradiografia, etc.
ronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva, ar- 2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-
co-íris, primeiro-ministro, azul-escuro. fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e com vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coedu-
zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, cação, autoestrada, autoaprendizagem, hidroelétri-
abóbora-menina, erva-doce, feijão-verde. co, plurianual, autoescola, infraestrutura, etc.
3. Nos compostos com elementos além, aquém, re- 3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-número, “dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h”
recém-casado. inicial: desumano, inábil, desabilitar, etc.
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas al- 4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando
gumas exceções continuam por já estarem con-
o segundo elemento começar com “o”: coopera-
sagradas pelo uso: cor-de-rosa, arco-da-velha,
ção, coobrigação, coordenar, coocupante, coautor,
mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de-colônia,
queima-roupa, deus-dará. coedição, coexistir, etc.
5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio- 5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram no-
-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas com- ção de composição: pontapé, girassol, paraquedas,
binações históricas ou ocasionais: Áustria-Hungria, paraquedista, etc.
Angola-Brasil, etc. 6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: ben-
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su- feito, benquerer, benquerido, etc.
LÍNGUA PORTUGUESA

per- quando associados com outro termo que é


iniciado por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super- Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas correspon-
-racional, etc. dentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte,
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor, não havendo hífen: pospor, predeterminar, predetermina-
ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito. do, pressuposto, propor.
8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccio-
pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-gradua- so, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre-
ção, etc. -humano, super-realista, alto-mar.

65
Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma, Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a
antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante, última sílaba: café – coração – Belém – atum – caju – papel
ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus, Paroxítonas – a sílaba tônica recai na penúltima sílaba:
autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi. útil – tórax – táxi – leque – sapato – passível
Proparoxítonas - a sílaba tônica está na antepenúlti-
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ma sílaba: lâmpada – câmara – tímpano – médico – ônibus
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Há vocábulos que possuem uma sílaba somente: são
os chamados monossílabos. Estes são acentuados quando
SITE tônicos e terminados em “a”, “e” ou “o”: vá – fé – pó - ré.
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/
ortografia 2 Os acentos

A) acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a” e


EXERCÍCIOS COMENTADOS “i”, “u” e “e” do grupo “em” - indica que estas letras repre-
sentam as vogais tônicas de palavras como pá, caí, público.
Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre
1. (Polícia Federal – Escrivão de Polícia Federal – Ces- aberto: herói – céu (ditongos abertos).
pe – 2013 – adaptada) B) acento circunflexo – (^) Colocado sobre as letras
“a”, “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado:
A fim de solucionar o litígio, atos sucessivos e concatena- tâmara – Atlântico – pêsames – supôs.
dos são praticados pelo escrivão. Entre eles, estão os atos C) acento grave – (`) Indica a fusão da preposição “a”
de comunicação, os quais são indispensáveis para que com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles
os sujeitos do processo tomem conhecimento dos atos D) trema (¨) – De acordo com a nova regra, foi total-
acontecidos no correr do procedimento e se habilitem a
mente abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado
exercer os direitos que lhes cabem e a suportar os ônus
em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros:
que a lei lhes impõe.
mülleriano (de Müller)
Disponível em: <http://jus.com.br> (com adaptações).
E) til – (~) Indica que as letras “a” e “o” representam
vogais nasais: oração – melão – órgão – ímã
No que se refere ao texto acima, julgue os itens seguin-
tes.
2.1 Regras fundamentais
Não haveria prejuízo para a correção gramatical do texto
nem para seu sentido caso o trecho “A fim de solucionar
o litígio” fosse substituído por Afim de dar solução à de- A) Palavras oxítonas: acentuam-se todas as oxítonas
manda e o trecho “tomem conhecimento dos atos acon- terminadas em: “a”, “e”, “o”, “em”, seguidas ou não do plu-
tecidos no correr do procedimento” fosse, por sua vez, ral(s): Pará – café(s) – cipó(s) – Belém.
substituído por conheçam os atos havidos no transcurso Esta regra também é aplicada aos seguintes casos:
do acontecimento. Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, se-
guidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há
( ) CERTO ( ) ERRADO Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos,
seguidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo
Resposta: Errado. “A fim” tem o sentido de “com a
intenção de”; já “afim”, “semelhança, afinidade”. Se a B) Paroxítonas: acentuam-se as palavras paroxítonas
primeira substituição fosse feita, o trecho estaria in- terminadas em:
correto gramatical e coerentemente. Portanto, nem há i, is: táxi – lápis – júri
a necessidade de avaliar a segunda substituição. us, um, uns: vírus – álbuns – fórum
l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax –
Acentuação. fórceps
ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos
Quanto à acentuação, observamos que algumas pa- ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não
lavras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ora de “s”: água – pônei – mágoa – memória
se dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a outra.
Por isso, vamos às regras!
#FicaDica
1. Regras básicas
LÍNGUA PORTUGUESA

Memorize a palavra LINURXÃO. Repare que


A acentuação tônica está relacionada à intensida- esta palavra apresenta as terminações das
de com que são pronunciadas as sílabas das palavras. paroxítonas que são acentuadas: L, I N, U
Aquela que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se (aqui inclua UM = fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim
como sílaba tônica. As demais, como são pronunciadas ficará mais fácil a memorização!
com menos intensidade, são denominadas de átonas.
De acordo com a tonicidade, as palavras são classifi-
cadas como:

66
C) Proparoxítona: a palavra é proparoxítona quando 2.4 Regra do Hiato
a sua antepenúltima sílaba é tônica (mais forte). Quanto
à regra de acentuação: todas as proparoxítonas são acen- Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, segun-
tuadas, independentemente de sua terminação: árvore, da vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, haverá
paralelepípedo, cárcere. acento: saída – faísca – baú – país – Luís
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato
2.2 Regras especiais quando seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z:
Ra-ul, Lu-iz, sa-ir, ju-iz
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se esti-
abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento verem seguidas do dígrafo nh:
de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em ra-i-nha, ven-to-i-nha.
palavras paroxítonas. Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vie-
rem precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, forman-
FIQUE ATENTO! do hiato quando vierem depois de ditongo (nas paroxí-
Alerta da Zê! Cuidado: Se os ditongos aber- tonas):
tos estiverem em uma palavra oxítona (he-
rói) ou monossílaba (céu) ainda são acen-
Antes Agora
tuados: dói, escarcéu.
bocaiúva bocaiuva
feiúra feiura
Antes Agora Sauípe Sauipe
assembléia assembleia
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi
idéia ideia abolido:
geléia geleia
jibóia jiboia Antes Agora
apóia (verbo apoiar) apoia crêem creem
paranóico paranoico lêem leem
vôo voo
2.3 Acento Diferencial
enjôo enjoo
Representam os acentos gráficos que, pelas regras de
acentuação, não se justificariam, mas são utilizados para
diferenciar classes gramaticais entre determinadas pala- #FicaDica
vras e/ou tempos verbais. Por exemplo: Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os
Pôr (verbo) X por (preposição) / pôde (pretérito perfeito verbos que, no plural, dobram o “e”, mas
do Indicativo do verbo “poder”) X pode (presente do Indica- que não recebem mais acento como antes:
tivo do mesmo verbo). CRER, DAR, LER e VER.
Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas:
terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada,
mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-se, Repare:
para que saibamos se se trata de um verbo ou preposição. O menino crê em você. / Os meninos creem em você.
Os demais casos de acento diferencial não são mais Elza lê bem! / Todas leem bem!
utilizados: para (verbo), para (preposição), pelo (substanti- Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos que os
vo), pelo (preposição). Seus significados e classes gramati- garotos deem o recado!
cais são definidos pelo contexto. Rubens vê tudo! / Eles veem tudo!
Polícia para o trânsito para que se realize a operação Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! / Eles vêm
planejada. = o primeiro “para” é verbo; o segundo, conjun- à tarde!
ção (com relação de finalidade). As formas verbais que possuíam o acento tônico na
raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de
“e” ou “i” não serão mais acentuadas:
#FicaDica
LÍNGUA PORTUGUESA

Quando, na frase, der para substituir o “por” Antes Depois


por “colocar”, estaremos trabalhando com
um verbo, portanto: “pôr”; nos demais ca- apazigúe (apaziguar) apazigue
sos, “por” é preposição: Faço isso por você. averigúe (averiguar) averigue
/ Posso pôr (colocar) meus livros aqui? argúi (arguir) argui

67
Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira pessoa do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm (verbo
vir). A regra prevalece também para os verbos conter, obter, reter, deter, abster: ele contém – eles contêm, ele obtém – eles
obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém – eles convêm.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: Sa-
raiva, 2010.

SITE
http://www.brasilescola.com/gramatica/acentuacao.htm

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (Polícia Federal – Agente de Polícia Federal – Cespe – 2014) Os termos “série” e “história” acentuam-se em conformi-
dade com a mesma regra ortográfica.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. “Série” = acentua-se a paroxítona terminada em ditongo / “história” - acentua-se a paroxítona termi-
nada em ditongo
Ambas são acentuadas devido à regra da paroxítona terminada em ditongo.
Observação: nestes casos, admitem-se as separações “sé-ri-e” e “his-tó-ri-as”, o que as tornaria proparoxítonas.

2. (Anatel – Técnico Administrativo – cespe – 2012) Nas palavras “análise” e “mínimos”, o emprego do acento gráfico tem
justificativas gramaticais diferentes.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado. Análise = proparoxítona / mínimos = proparoxítona. Ambas são acentuadas pela mesma regra (an-
tepenúltima sílaba é tônica, “mais forte”).

3. (Ancine – Técnico Administrativo – cespe – 2012) Os vocábulos “indivíduo”, “diária” e “paciência” recebem acento grá-
fico com base na mesma regra de acentuação gráfica.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. Indivíduo = paroxítona terminada em ditongo; diária = paroxítona terminada em ditongo; paciência =
paroxítona terminada em ditongo. Os três vocábulos são acentuados devido à mesma regra.

4. (Ibama – Técnico Administrativo – cespe – 2012) As palavras “pó”, “só” e “céu” são acentuadas de acordo com a mesma
regra de acentuação gráfica.

( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Errado. Pó = monossílaba terminada em “o”; só = monossílaba terminada em “o”; céu = monossílaba
terminada em ditongo aberto “éu”.
LÍNGUA PORTUGUESA

68
IDENTIFICAÇÃO DE DIFERENTES ESTRATÉGIAS QUE CONTRIBUEM PARA A CONTINUIDADE
DO TEXTO (ANÁFORAS, PRONOMES RELATIVOS, DEMONSTRATIVOS ETC.). COMPREENSÃO
DE ESTRUTURAS TEMÁTICA E LEXICAL COMPLEXAS. AMBIGUIDADE E PARÁFRASE. RELAÇÃO
DE SINONÍMIA ENTRE UMA EXPRESSÃO VOCABULAR COMPLEXA E UMA PALAVRA.

FIGURA DE LINGUAGEM, PENSAMENTO E CONSTRUÇÃO

Disponível em: <http://www.terapiadapalavra.com.br/figuras-de-linguagem-na-escrita-literaria/> Acesso abr, 2018.

A figura de palavra consiste na substituição de uma palavra por outra, isto é, no emprego figurado, simbólico, seja
por uma relação muito próxima (contiguidade), seja por uma associação, uma comparação, uma similaridade. São
construções que transformam o significado das palavras para tirar delas maior efeito ou para construir uma mensagem
nova.

1. Tipos de Figuras de Linguagem

1.1. Figuras de Som

Aliteração - Consiste na repetição de consoantes como recurso para intensificação do ritmo ou como efeito sonoro
significativo.
Três pratos de trigo para três tigres tristes.
Vozes veladas, veludosas vozes... (Cruz e Sousa)
Quem com ferro fere com ferro será ferido.

Assonância - Consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos: “Sou um mulato nato no sentido lato
mulato democrático do litoral.”

Onomatopeia - Ocorre quando se tentam reproduzir na forma de palavras os sons da realidade: Os sinos faziam
blem, blem, blem.

Paranomásia – é o uso de sons semelhantes em palavras próximas: “A fossa, a bossa, a nossa grande dor...” (Carlos Lyra)

1.2. Figuras de Palavras ou de Pensamento

1.2.1. Metáfora
LÍNGUA PORTUGUESA

Consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em
virtude da circunstância de que o nosso espírito as associa e percebe entre elas certas semelhanças. É o emprego da
palavra fora de seu sentido normal.

Observação:
Toda metáfora é uma espécie de comparação implícita, em que o elemento comparativo não aparece.
Seus olhos são como luzes brilhantes.

69
O exemplo acima mostra uma comparação evidente, Símbolo pela coisa simbolizada: A balança penderá
através do emprego da palavra como. para teu lado. (= A justiça ficará do teu lado).
Observe agora: Seus olhos são luzes brilhantes. 1.2.3. Catacrese
Neste exemplo não há mais uma comparação (note a
ausência da partícula comparativa), e sim símile, ou seja, Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contínuo,
qualidade do que é semelhante. cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quando, por
Por fim, no exemplo: As luzes brilhantes olhavam-me. falta de um termo específico para designar um conceito,
Há substituição da palavra olhos por luzes brilhantes. toma-se outro “emprestado”. Assim, passamos a empre-
Esta é a verdadeira metáfora. gar algumas palavras fora de seu sentido original. Exem-
plos: “asa da xícara”, “batata da perna”, “maçã do rosto”,
Outros exemplos: “pé da mesa”, “braço da cadeira”, “coroa do abacaxi”.
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando
Pessoa) 1.2.4. Perífrase ou Antonomásia
Neste caso, a metáfora é possível na medida em que
o poeta estabelece relações de semelhança entre um rio Trata-se de uma expressão que designa um ser atra-
subterrâneo e seu pensamento (pode estar relacionando vés de alguma de suas características ou atributos, ou de
a fluidez, a profundidade, a inatingibilidade, etc.). um fato que o celebrizou. É a substituição de um nome
por outro ou por uma expressão que facilmente o iden-
Minha alma é uma estrada de terra que leva a lugar tifique:
algum. A Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) continua
Uma estrada de terra que leva a lugar algum é, na fra- atraindo visitantes do mundo todo.
se acima, uma metáfora. Por trás do uso dessa expressão A Cidade-Luz (=Paris)
que indica uma alma rústica e abandonada (e angustia- O rei das selvas (=o leão)
damente inútil), há uma comparação subentendida: Mi-
nha alma é tão rústica, abandonada (e inútil) quanto uma Observação:
estrada de terra que leva a lugar algum.
Quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o
nome de antonomásia. Exemplos:
A Amazônia é o pulmão do mundo.
O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida prati-
Em sua mente povoa só inveja.
cando o bem.
1.2.2. Metonímia (ou sinédoque) O Poeta dos Escravos (= Castro Alves) morreu muito
jovem.
É a substituição de um nome por outro, em virtude de O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções.
existir entre eles algum relacionamento. Tal substituição
pode acontecer dos seguintes modos: 1.2.4. Sinestesia
Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (=
Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis). Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as sen-
Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (= As sações percebidas por diferentes órgãos do sentido. É o
lâmpadas iluminam o mundo). cruzamento de sensações distintas.
Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes da Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito =
cruz. (= Não te afastes da religião). auditivo; áspero = tátil)
Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os aconte-
Havana. (= Fumei um saboroso charuto). cimentos. (silêncio = auditivo; escuro = visual)
Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Sócrates Tosse gorda. (sensação auditiva X sensação tátil)
tomou veneno).
Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu tra- 1.2.5. Antítese
balho. (= Moro no campo e como o alimento que produzo).
Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. (= Consiste no emprego de palavras que se opõem
Bebeu todo o líquido que estava no cálice). quanto ao sentido. O contraste que se estabelece serve,
Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfones essencialmente, para dar uma ênfase aos conceitos en-
foram atrás dos jogadores. (= Os repórteres foram atrás volvidos que não se conseguiria com a exposição isolada
dos jogadores). dos mesmos. Observe os exemplos:
Parte pelo todo: Várias pernas passavam apressada-
“O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa)
mente. (= Várias pessoas passavam apressadamente).
O corpo é grande e a alma é pequena.
Gênero pela espécie: Os mortais pensam e sofrem
“Quando um muro separa, uma ponte une.”
nesse mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse mun-
Não há gosto sem desgosto.
LÍNGUA PORTUGUESA

do).
Singular pelo plural: A mulher foi chamada para ir às
ruas na luta por seus direitos. (= As mulheres foram cha- 1.2.6. Paradoxo ou oximoro
madas, não apenas uma mulher).
Marca pelo produto: Minha filha adora danone. (= É a associação de ideias, além de contrastantes, con-
Minha filha adora o iogurte que é da marca Danone). traditórias. Seria a antítese ao extremo.
Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (= Alguns Era dor, sim, mas uma dor deliciosa.
astronautas foram à Lua). Ouvimos as vozes do silêncio.

70
1.2.7. Eufemismo 1.3.2. Gradação (ou clímax)

É o emprego de uma expressão mais suave, mais no- Apresentação de ideias por meio de palavras, sinôni-
bre ou menos agressiva, para comunicar alguma coisa mas ou não, em ordem ascendente (clímax) ou descen-
áspera, desagradável ou chocante. dente (anticlímax). Observe este exemplo:
Depois de muito sofrimento, entregou a alma ao Se- Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Joana
nhor. (= morreu) com seus olhos claros e brincalhões...
O prefeito ficou rico por meios ilícitos. (= roubou)
Fernando faltou com a verdade. (= mentiu) O objetivo do narrador é mostrar a expressividade
Faltar à verdade. (= mentir) dos olhos de Joana. Para chegar a este detalhe, ele se
refere ao céu, à terra, às pessoas e, finalmente, a Joana e
1.2.8. Ironia seus olhos. Nota-se que o pensamento foi expresso em
ordem decrescente de intensidade. Outros exemplos:
É sugerir, pela entoação e contexto, o contrário do “Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu
que as palavras ou frases expressam, geralmente apre- amor”. (Olavo Bilac)
sentando intenção sarcástica. A ironia deve ser muito “O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, co-
bem construída para que cumpra a sua finalidade; mal lheu-se.” (Padre Antônio Vieira)
construída, pode passar uma ideia exatamente oposta à
desejada pelo emissor. 1.3.3. Elipse
Como você foi bem na prova! Não tirou nem a nota
mínima. Consiste na omissão de um ou mais termos numa
Parece um anjinho aquele menino, briga com todos oração e que podem ser facilmente identificados, tanto
que estão por perto. por elementos gramaticais presentes na própria oração,
O governador foi sutil como um elefante. quanto pelo contexto.
A catedral da Sé. (a igreja catedral)
1.2.9. Hipérbole Domingo irei ao estádio. (no domingo eu irei ao es-
tádio)
É a expressão intencionalmente exagerada com o in-
tuito de realçar uma ideia. 1.3.4. Zeugma
Faria isso milhões de vezes se fosse preciso.
“Rios te correrão dos olhos, se chorares.” (Olavo Bilac) Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita
O concurseiro quase morre de tanto estudar! a omissão de um termo já mencionado anteriormente.
Ele gosta de geografia; eu, de português. (eu gosto de
1.2.10. Prosopopeia ou Personificação português)
Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só
É a atribuição de ações ou qualidades de seres ani-
modernos. (só havia móveis)
mados a seres inanimados, ou características humanas a
Ela gosta de natação; eu, de vôlei. (gosto de)
seres não humanos. Observe os exemplos:
As pedras andam vagarosamente.
1.3.5. Silepse
O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um
cego que guia.
A silepse é a concordância que se faz com o termo
A floresta gesticulava nervosamente diante da serra.
que não está expresso no texto, mas, sim, subentendido.
Chora, violão.
É uma concordância anormal, psicológica, porque se faz
1.3. Figuras de Construção ou de Sintaxe com um termo oculto, facilmente identificado. Há três ti-
pos de silepse: de gênero, número e pessoa.
1.3.1. Apóstrofe
Silepse de Gênero - Os gêneros são masculino e fe-
Consiste na “invocação” de alguém ou de alguma coi- minino. Ocorre a silepse de gênero quando a concordân-
sa personificada, de acordo com o objetivo do discurso, cia se faz com a ideia que o termo comporta. Exemplos:
que pode ser poético, sagrado ou profano. Caracteriza-
-se pelo chamamento do receptor da mensagem, seja ele A) A bonita Porto Velho sofreu mais uma vez com o
imaginário ou não. A introdução da apóstrofe interrompe calor intenso.
a linha de pensamento do discurso, destacando-se assim Neste caso, o adjetivo bonita não está concordando
com o termo Porto Velho, que gramaticalmente pertence
LÍNGUA PORTUGUESA

a entidade a que se dirige e a ideia que se pretende pôr


em evidência com tal invocação. Realiza-se por meio do ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo
vocativo. Exemplos: (a cidade de Porto Velho).
Moça, que fazes aí parada?
“Pai Nosso, que estais no céu” B) Vossa Excelência está preocupado.
Deus, ó Deus! Onde estás? O adjetivo preocupado concorda com o sexo da pes-
soa, que nesse caso é masculino, e não com o termo Vos-
sa Excelência.

71
Silepse de Número - Os números são singular e plural. A silepse de número ocorre quando o verbo da oração não
concorda gramaticalmente com o sujeito da oração, mas com a ideia que nele está contida. Exemplos:
A procissão saiu. Andaram por todas as ruas da cidade de Salvador.
O povo corria por todos os lados e gritavam muito alto.

Note que nos exemplos acima, os verbos andaram e gritavam não concordam gramaticalmente com os sujeitos das
orações (que se encontram no singular, procissão e povo, respectivamente), mas com a ideia que neles está contida.
Procissão e povo dão a ideia de muita gente, por isso que os verbos estão no plural.

Silepse de Pessoa - Três são as pessoas gramaticais: eu, tu e ele (as três pessoas do singular); nós, vós, eles (as três
do plural). A silepse de pessoa ocorre quando há um desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, não concorda
com o sujeito da oração, mas sim com a pessoa que está inscrita no sujeito. Exemplos:
O que não compreendo é como os brasileiros persistamos em aceitar essa situação.
Os agricultores temos orgulho de nosso trabalho.
“Dizem que os cariocas somos poucos dados aos jardins públicos.” (Machado de Assis)

Observe que os verbos persistamos, temos e somos não concordam gramaticalmente com os seus sujeitos (brasilei-
ros, agricultores e cariocas, que estão na terceira pessoa), mas com a ideia que neles está contida (nós, os brasileiros, os
agricultores e os cariocas).

1.3.6. Polissíndeto / Assíndeto

Para estudarmos as duas figuras de construção é necessário recordar um conceito estudado em sintaxe sobre pe-
ríodo composto. No período composto por coordenação, podemos ter orações sindéticas ou assindéticas. A oração
coordenada ligada por uma conjunção (conectivo) é sindética; a oração que não apresenta conectivo é assindética.
Recordado esse conceito, podemos definir as duas figuras de construção:
A) Polissíndeto - É uma figura caracterizada pela repetição enfática dos conectivos. Observe o exemplo: O menino
resmunga, e chora, e grita, e ninguém faz nada.
B) Assíndeto - É uma figura caracterizada pela ausência, pela omissão das conjunções coordenativas, resultando no
uso de orações coordenadas assindéticas. Exemplos:
Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família.
“Vim, vi, venci.” (Júlio César)

1.3.7. Pleonasmo

Consiste na repetição de um termo ou ideia, com as mesmas palavras ou não. A finalidade do pleonasmo é realçar
a ideia, torná-la mais expressiva.
O problema da violência, é necessário resolvê-lo logo.
Nesta oração, os termos “o problema da violência” e “lo” exercem a mesma função sintática: objeto direto. Assim, te-
mos um pleonasmo do objeto direto, sendo o pronome “lo” classificado como objeto direto pleonástico. Outro exemplo:
Aos funcionários, não lhes interessam tais medidas.
Aos funcionários, lhes = Objeto Indireto

Neste caso, há um pleonasmo do objeto indireto, e o pronome “lhes” exerce a função de objeto indireto pleonástico.
Observação:
O pleonasmo só tem razão de ser quando confere mais vigor à frase; caso contrário, torna-se um pleonasmo vicioso:
Vi aquela cena com meus próprios olhos.
Vamos subir para cima.
Ele desceu pra baixo.

1.3.8. Anáfora

É a repetição de uma ou mais palavras no início de várias frases, criando, assim, um efeito de reforço e de coerência.
Pela repetição, a palavra ou expressão em causa é posta em destaque, permitindo ao escritor valorizar determinado
elemento textual. Os termos anafóricos podem muitas vezes ser substituídos por pronomes.
LÍNGUA PORTUGUESA

Encontrei um amigo ontem. Ele me disse que te conhecia.


“Tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba.” (Padre Vieira)

1.3.9. Anacoluto

Consiste na mudança da construção sintática no meio da frase, ficando alguns termos desligados do resto do pe-
ríodo. É a quebra da estrutura normal da frase para a introdução de uma palavra ou expressão sem nenhuma ligação
sintática com as demais.

72
Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles.
Morrer, todo haveremos de morrer.
Aquele garoto, você não disse que ele chegaria logo?

A expressão “esses alunos da escola”, por exemplo, deveria exercer a função de sujeito. No entanto, há uma interrup-
ção da frase e esta expressão fica à parte, não exercendo nenhuma função sintática. O anacoluto também é chamado
de “frase quebrada”, pois corresponde a uma interrupção na sequência lógica do pensamento.

Observação:
O anacoluto deve ser usado com finalidade expressiva em casos muito especiais. Em geral, evite-o.

1.3.10. Hipérbato / Inversão

É a inversão da estrutura frásica, isto é, a inversão da ordem direta dos termos da oração, fazendo com que o sujeito
venha depois do predicado:
Ao ódio venceu o amor. (Na ordem direta seria: O amor venceu ao ódio)
Dos meus problemas cuido eu! (Na ordem direta seria: Eu cuido dos meus problemas)

#FicaDica
O nosso Hino Nacional é um exemplo de
hipérbato, já que, na ordem direta, teríamos:
“As margens plácidas do Ipiranga ouviram o
brado retumbante de um povo heroico”.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TÉCNICO SUPERIOR ESPECIALIZADO EM BIBLIO-


TECONOMIA SUPERIOR – FGV/2014 - adaptada) Ao dizer que os shoppings são “cidades”, faz-se o uso de um tipo
de linguagem figurada denominada

a) metonímia.
b) eufemismo.
c) hipérbole.
d) metáfora.
e) catacrese.

Resposta: Letra D. A metáfora consiste em retirar uma palavra de seu contexto convencional (denotativo) e trans-
portá-la para um novo campo de significação (conotativa), por meio de uma comparação implícita, de uma simila-
ridade existente entre as duas.
(Fonte:http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/metafora-figura-de-palavra-variacoes-e-exemplos.htm)

2. (PREFEITURA DE ARCOVERDE/PE - ADMINISTRADOR DE RECURSOS HUMANOS – SUPERIOR - CONPASS/2014)


Identifique a figura de linguagem presente na tira seguinte:
LÍNGUA PORTUGUESA

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a) metonímia FUNÇÕES DA LINGUAGEM
b) prosopopeia
c) hipérbole Função referencial ou denotativa: transmite uma
d) eufemismo informação objetiva, expõe dados da realidade de modo
e) onomatopeia objetivo, não faz comentários, nem avaliação. Geralmente,
o texto se apresenta na terceira pessoa do singular ou plu-
Resposta: Letra D. “Eufemismo = é o emprego de ral, pois transmite impessoalidade. A linguagem é denota-
uma expressão mais suave, mais nobre ou menos tiva, ou seja, não há possibilidades de outra interpretação
agressiva, para comunicar alguma coisa áspera, desa- além da que está exposta. Em alguns textos é mais pre-
gradável ou chocante”. No caso da tirinha, é utilizada dominante essa função, como nos científicos, jornalísticos,
a expressão “deram suas vidas por nós” no lugar de técnicos, didáticos ou em correspondências comerciais.
“que morreram por nós”.
Função emotiva ou expressiva: o objetivo do emissor
3. (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE – SUPE- é transmitir suas emoções e anseios. A realidade é trans-
RIOR - COPEVE/UFAL/2014) mitida sob o ponto de vista do emissor, a mensagem é
Está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto. subjetiva e centrada no emitente e, portanto, apresenta-se
O dito popular é, na maioria das vezes, uma figura de na primeira pessoa. A pontuação (ponto de exclamação,
linguagem. Entre as 14h30min e às 15h desta terça-feira, interrogação e reticências) é uma característica da função
horário do dia em que o calor é mais intenso, a tempera- emotiva, pois transmite a subjetividade da mensagem e
tura do asfalto, medida com um termômetro de contato, reforça a entonação emotiva. Essa função é comum em
chegou a 65ºC. Para fritar um ovo, seria preciso que o poemas ou narrativas de teor dramático ou romântico.
local alcançasse aproximadamente 90ºC.
Disponível em: http://zerohora.clicrbs.com.br. Acesso Função conativa ou apelativa: O objetivo é de in-
em: 22 jan. 2014. fluenciar, convencer o receptor de alguma coisa por meio
O texto cita que o dito popular “está tão quente que dá de uma ordem (uso de vocativos), sugestão, convite ou
para fritar um ovo no asfalto” expressa uma figura de apelo (daí o nome da função). Os verbos costumam estar
linguagem. O autor do texto refere-se a qual figura de no imperativo (Compre! Faça!) ou conjugados na 2.ª ou 3.ª
linguagem? pessoa (Você não pode perder! Ele vai melhorar seu desem-
a) Eufemismo. penho!). Esse tipo de função é muito comum em textos
b) Hipérbole. publicitários, em discursos políticos ou de autoridade.
c) Paradoxo.
d) Metonímia. Função metalinguística: Essa função se refere à me-
e) Hipérbato. talinguagem, que é quando o emissor explica um código
usando o próprio código. Quando um poema fala da pró-
Resposta: Letra B. A expressão é um exagero! Ela ser- pria ação de se fazer um poema, por exemplo:
ve apenas para representar o calor excessivo que está “Pegue um jornal
fazendo. A figura que é utilizada “mil vezes” (!) para Pegue a tesoura.
atingir tal objetivo é a hipérbole. Escolha no jornal um artigo do tamanho que você dese-
ja dar a seu poema.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Recorte o artigo.”
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Este trecho da poesia, intitulada “Para fazer um poema
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. dadaísta” utiliza o código (poema) para explicar o próprio
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- ato de fazer um poema.
char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. – Função fática: O objetivo dessa função é estabele-
São Paulo: Saraiva, 2010. cer uma relação com o emissor, um contato para verificar
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, se a mensagem está sendo transmitida ou para dilatar a
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira conversa. Quando estamos em um diálogo, por exemplo,
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – e dizemos ao nosso receptor “Está entendendo?”, estamos
São Paulo: Saraiva, 2002. utilizando este tipo de função; ou quando atendemos o
celular e dizemos “Oi” ou “Alô”.
SITES
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- Função poética: O objetivo do emissor é expressar
coes/estil/estil8.php> seus sentimentos através de textos que podem ser enfa-
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- tizados por meio das formas das palavras, da sonoridade,
LÍNGUA PORTUGUESA

coes/estil/estil5.php> do ritmo, além de elaborar novas possibilidades de com-


Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- binações dos signos linguísticos. É presente em textos
coes/estil/estil2.php> literários, publicitários e em letras de música.
Por exemplo: negócio/ego/ócio/cio/0
Na poesia acima “Epitáfio para um banqueiro”, José de
Paulo Paes faz uma combinação de palavras que passa a
ideia do dia a dia de um banqueiro, de acordo com o poeta

74
SIGNIFICADO DAS PALAVRAS  Parônimos = palavras com sentidos diferentes,
porém de formas relativamente próximas. São pa-
Semântica é o estudo da significação das palavras e lavras parecidas na escrita e na pronúncia: cesta
das suas mudanças de significação através do tempo ou (receptáculo de vime; cesta de basquete/esporte)
em determinada época. A maior importância está em dis- e sesta (descanso após o almoço), eminente (ilus-
tinguir sinônimos e antônimos (sinonímia / antonímia) e tre) e iminente (que está para ocorrer), osso (subs-
homônimos e parônimos (homonímia / paronímia). tantivo) e ouço (verbo), sede (substantivo e/ou
verbo “ser” no imperativo) e cede (verbo), compri-
Sinônimos mento (medida) e cumprimento (saudação), autuar
(processar) e atuar (agir), infligir (aplicar pena) e
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfa- infringir (violar), deferir (atender a) e diferir (diver-
beto - abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar gir), suar (transpirar) e soar (emitir som), aprender
(conhecer) e apreender (assimilar; apropriar-se de),
- abolir.
tráfico (comércio ilegal) e tráfego (relativo a movi-
Duas palavras são totalmente sinônimas quando são
mento, trânsito), mandato (procuração) e mandado
substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto (cara
(ordem), emergir (subir à superfície) e imergir (mer-
e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas quan- gulhar, afundar).
do, ocasionalmente, podem ser substituídas, uma pela
outra, em deteminado enunciado (aguadar e esperar). Hiperonímia e Hiponímia
Observação: A contribuição greco-latina é responsável Hipônimos e hiperônimos são palavras que perten-
pela existência de numerosos pares de sinônimos: adver- cem a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo
sário e antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e he- o hipônimo uma palavra de sentido mais específico; o
miciclo; contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e hiperônimo, mais abrangente.
diálogo; transformação e metamorfose; oposição e antítese. O hiperônimo impõe as suas propriedades ao hipô-
nimo, criando, assim, uma relação de dependência se-
Antônimos mântica. Por exemplo: Veículos está numa relação de hi-
peronímia com carros, já que veículos é uma palavra de
São palavras que se opõem através de seu significa- significado genérico, incluindo motos, ônibus, caminhões.
do: ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - cen- Veículos é um hiperônimo de carros.
surar; mal - bem. Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em
quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A utili-
Observação: A antonímia pode se originar de um zação correta dos hiperônimos, ao redigir um texto, evita
prefixo de sentido oposto ou negativo: bendizer e maldi- a repetição desnecessária de termos.
zer; simpático e antipático; progredir e regredir; concórdia
e discórdia; ativo e inativo; esperar e desesperar; comunis- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ta e anticomunista; simétrico e assimétrico. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa.
30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Homônimos e Parônimos CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
char - Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
 Homônimos = palavras que possuem a mesma
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
grafia ou a mesma pronúncia, mas significados di-
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
ferentes. Podem ser XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua
Portuguesa – 2.ª ed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000.
A) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e di-
ferentes na pronúncia: rego (subst.) e rego (verbo); SITE
colher (verbo) e colher (subst.); jogo (subst.) e jogo Disponível em: <http://www.coladaweb.com/portu-
(verbo); denúncia (subst.) e denuncia (verbo); provi- gues/sinonimos,-antonimos,-homonimos-e-paronimos>
dência (subst.) e providencia (verbo).

B) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e Polissemia


diferentes na escrita: acender (atear) e ascender
(subir); concertar (harmonizar) e consertar (repa- Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir
rar); cela (compartimento) e sela (arreio); censo (re- multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de
censeamento) e senso ( juízo); paço (palácio) e passo um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra,
LÍNGUA PORTUGUESA

(andar). mas que abarca um grande número de significados den-


tro de seu próprio campo semântico.
C) Homógrafas e homófonas simultaneamente (ou Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo per-
perfeitas): São palavras iguais na escrita e na pro- cebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de
núncia: caminho (subst.) e caminho (verbo); cedo algo. Possibilidades de várias interpretações levando-
(verbo) e cedo (adv.); livre (adj.) e livre (verbo). -se em consideração as situações de aplicabilidade. Há
uma infinidade de exemplos em que podemos verificar a
ocorrência da polissemia:

75
O rapaz é um tremendo gato. SITE
O gato do vizinho é peralta. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/grama-
Precisei fazer um gato para que a energia voltasse. tica/polissemia.htm>
Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
sobrevivência
O passarinho foi atingido no bico.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de
computadores e rede elétrica, por exemplo, temos em co- 1. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) Um
mum a palavra “rede”, que dá às expressões o sentido de ex-governador do estado do Amazonas disse o seguinte:
“entrelaçamento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”, “Defenda a ecologia, mas não encha o saco”. (Gilberto
que pode ser utilizada representando “tecido”, “prisão” Mestrinho) O vocábulo sublinhado, composto do radi-
ou “jogo” – o sentido comum entre todas as expressões cal-logia (“estudo”), se refere aos estudos de defesa do
é o formato quadriculado que têm. meio ambiente; o vocábulo abaixo, com esse mesmo ra-
dical, que tem seu significado corretamente indicado é:
Polissemia e homonímia
a) Antropologia: estudo do homem como representante
A confusão entre polissemia e homonímia é bastante do sexo masculino;
comum. Quando a mesma palavra apresenta vários sig- b) Etimologia: estudo das raças humanas;
nificados, estamos na presença da polissemia. Por outro c) Meteorologia: estudo dos impactos de meteoros sobre
lado, quando duas ou mais palavras com origens e sig- a Terra;
nificados distintos têm a mesma grafia e fonologia, temos d) Ginecologia: estudo das doenças privativas das mu-
uma homonímia. lheres;
A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode e) Fisiologia: estudo das forças atuantes na natureza.
significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não
é polissemia porque os diferentes significados para a Resposta: Letra D. Em “a”: Antropologia: Ciência que
palavra “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma se dedica ao estudo do homem (espécie humana) em
palavra polissêmica: pode significar o elemento básico sua totalidade
do alfabeto, o texto de uma canção ou a caligrafia de um Em “b”: Etimologia: Ciência que investiga a origem das
determinado indivíduo. Neste caso, os diferentes signifi- palavras procurando determinar as causas e circuns-
cados estão interligados porque remetem para o mesmo tâncias de seu processo evolutivo
conceito, o da escrita. Em “c”: Meteorologia: Estudo dos fenômenos atmosfé-
ricos e das suas leis, principalmente com a intenção de
Polissemia e ambiguidade prever as variações do tempo.
Em “d”: Ginecologia: estudo das doenças privativas das
Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto mulheres = correta
na interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado Em “e”: Fisiologia: Ciência que trata das funções orgâ-
pode ser ambíguo, ou seja, apresentar mais de uma in- nicas pelas quais a vida se manifesta
terpretação. Esta ambiguidade pode ocorrer devido à
colocação específica de uma palavra (por exemplo, um 2. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LEGIS-
advérbio) em uma frase. Vejamos a seguinte frase: LATIVO MUNICIPAL – FGV-2018) “Na verdade, todos os
Pessoas que têm uma alimentação equilibrada fre- anos a imprensa nacional destaca os inaceitáveis números
quentemente são felizes. da violência no país”. O vocábulo “inaceitáveis” equivale
Neste caso podem existir duas interpretações dife- ao “que não se aceita”. A equivalência correta abaixo in-
rentes: dicada é:
As pessoas têm alimentação equilibrada porque são
felizes ou são felizes porque têm uma alimentação equi- a) tinta indelével / que não se apaga;
librada. b) ação impossível / que não se possui;
c) trabalho inexequível / que não se exemplifica;
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, d) carro invisível / que não tem vistoria;
ela pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma e) voz inaudível / que não possui audiência.
interpretação. Para fazer a interpretação correta é muito
importante saber qual o contexto em que a frase é pro- Resposta: Letra A. Em “a”: tinta indelével / que não
ferida. se apaga = correta
Em “b”: ação impossível = que não é possível
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “c”: trabalho inexequível = que não se executa


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Em “d”: carro invisível = que não se vê
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- Em “e”: voz inaudível = que não se ouve
char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010. 3. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010)
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa. A pobreza é um dos fatores mais comumente respon-
30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. sáveis pelo baixo nível de desenvolvimento humano

76
e pela origem de uma série de mazelas, algumas das 5. (PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP-2014) O
quais proibidas por lei ou consideradas crimes. É o caso termo destacado na passagem do primeiro parágrafo –
do trabalho infantil. A chaga encontra terreno fértil nas Mesmo com tantas opções, ainda há resistência na hora
sociedades subdesenvolvidas, mas também viceja onde da compra. – tem sentido equivalente a
o capitalismo, em seu ambiente mais selvagem, obriga
crianças e adolescentes a participarem do processo de a) impetuosidade.
produção. Foi assim na Revolução Industrial de ontem b) empatia.
e nas economias ditas avançadas. E ainda é, nos dias de c) relutância.
hoje, nas manufaturas da Ásia ou em diversas regiões do d) consentimento.
Brasil. Enquanto, entre as nações ricas, o trabalho infantil e) segurança.
foi minimizado, já que nunca se pode dizer erradicado, ele
continua sendo grave problema nos países mais pobres. Resposta: Letra C. Mesmo com tantas opções, ainda
Jornal do Brasil, Editorial, 1.º/7/2010 (com adaptações). há resistência na hora da compra.
Em “a”: impetuosidade (força) = incorreto
A palavra “chaga”, empregada com o sentido de ferida Em “b”: empatia = incorreto
social, refere-se, na estrutura sintática do parágrafo, a Em “c”: relutância (resistência).
“pobreza”. Em “d”: consentimento (aceitação) = incorreto
Em “e”: segurança = incorreto
( ) CERTO ( ) ERRADO A substituição que manteria o sentido do período é
“ainda há relutância”.
Resposta: Errado. (...) É o caso do trabalho infantil.
A chaga encontra terreno = refere-se a “trabalho in-
fantil”.

4. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CAR-


GO 33 – TÉCNICO ADMINISTRATIVO - Nível Médio –
CESPE-2013)
Há um dispositivo no Código Civil que condiciona a edi-
ção de biografias à autorização do biografado ou des-
cendentes. As consequências da norma são negativas.
Uma delas é a impossibilidade de se registrar e deixar
para a posteridade a vida de personagens importantes
na formação do país, em qualquer ramo de atividade.
Permite-se a interdição de registros de época, em prejuí-
zo dos historiadores e pesquisadores do futuro.
Dessa forma, tem sido sonegado, por exemplo, o relato
da vida do poeta Manoel Bandeira e dos escritores Má-
rio de Andrade e Guimarães Rosa. Tanto no jornalismo
quanto na literatura não pode haver censura prévia. Pu-
blicada a reportagem (ou biografia), os que se sentirem
atingidos que recorram à justiça. É preciso seguir o pa-
drão existente em muitos países, em que há biografias
“autorizadas” e “não autorizadas”.
Reclamações posteriores, quando existem, são encami-
nhadas ao foro devido, os tribunais.
O alegado “direito à privacidade” é argumento frágil para
justificar o veto a que a historiografia do país seja enri-
quecida, como se não bastasse o fato de o poder de cen-
sura concedido a biografados e herdeiros ser um atenta-
do à Constituição.
O Globo, 23/9/2013 (com adaptações).

A palavra “sonegado” está sendo empregada com o sen-


tido de reduzido, diminuído.
LÍNGUA PORTUGUESA

( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Errado. (...) Permite-se a interdição de re-
gistros de época, em prejuízo dos historiadores e pes-
quisadores do futuro.
Dessa forma, tem sido sonegado, por exemplo, o rela-
to da vida do poeta Manoel Bandeira e dos escritores
Mário de Andrade e Guimarães Rosa = o sentido é o
de “impedido”.

77
HORA DE PRATICAR!

1. (MAPA – Auditor Fiscal Federal Agropecuário – Médico Veterinário – Superior – ESAF – 2017) Assinale a opção
que apresenta desvio de grafia da palavra.
A acupuntura é uma terapia da medicina tradicional chinesa que favorece a regularização dos processos fisiológicos do
corpo, no sentido de promover ou recuperar o estado natural de saúde e equilíbrio. Pode ser usada preventivamente (1)
para evitar o desenvolvimento de doenças, como terapia curativa no caso de a doença estar instalada ou como método
paliativo (2) em casos de doenças crônicas de difícil tratamento. Tem também uma ação importante na medicina rejenera-
tiva (3) e na reabilitação. O tratamento de acupuntura consiste na introdução de agulhas filiformes no corpo dos animais.
Em geral são deixadas cerca de 15 a 20 minutos. A colocação das agulhas não é dolorosa para os animais e é possível
observar durante os tratamentos diferentes reações fisiológicas (4), indicadoras de que o tratamento está atingindo o
efeito terapêutico (5) desejado.

Disponível: <http://www.veterinariaholistica.net/acupuntura-fitoterapia-e-homeopatia.html/>. Acesso em 28/11/2017.


(Com adaptações)

a) (1)
b) (2)
c) (3)
d) (4)
e) (5)

2. (TRT – 21.ª Região-RN – Técnico Judiciário – Área Administrativa – Médio – FCC – 2017) Respeitando-se as
normas de redação do Manual da Presidência da República, a frase correta é:

a) Solicito a Vossa Senhoria que verifique a possibilidade de implementação de projeto de treinamento de pessoal para
operar os novos equipamentos gráficos a serem instalados em seu setor.
b) Venho perguntar-lhe, por meio desta, sobre a data em que Vossa Excelência pretende nomear vosso representante
na Comissão Organizadora.
c) Digníssimo Senhor: eu venho por esse comunicado, informar, que será organizado seminário, sobre o uso eficiente
de recursos hídricos, em data ainda a ser definida.

d) Haja visto que o projeto anexo contribue para o desenvolvimento do setor em questão, informamos, por meio deste
Ofício, que será amplamente analisado por especialistas.
e) Neste momento, conforme solicitação enviada à Vossa Senhoria anexo, não se deve adotar medidas que possam
com- prometer vossa realização do projeto mencionado.

3. (TRE-MS – Estágio – Jornalismo – TRE-MS – 2014) Analise as assertivas abaixo:

I. O ladrão era de menor.


II. Não há regra sem exceção.
III. É mais saudável usar menas roupa no calor.
IV. O policial foi à delegacia em compania do meliante.
V. Entre eu e você não existe mais nada.

A opção que apresenta vícios de linguagem é:

a) I e III.
b) I, II e IV.
c) II e IV.
d) I, III, IV e V.
LÍNGUA PORTUGUESA

e) III, IV e V.

78
4. (TRE-MS – Estágio – Jornalismo – TRE-MS – 2014) De acordo com a nova ortografia, assinale o item em que todas
as palavras estão corretas:

a) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial.


b) supracitado – semi-novo – telesserviço.
c) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som.
d) contrarregra – autopista – semi-aberto.
e) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor.

5. (TRE-MS – Estágio – Jornalismo – TRE-MS – 2014) O uso correto do porquê está na opção:

a) Por quê o homem destrói a natureza?


b) Ela chorou por que a humilharam.
c) Você continua implicando comigo porque sou pobre?
d) Ninguém sabe o por quê daquele gesto.
e) Ela me fez isso, porquê?

6. (TJ-PA – Médico Psiquiatra – Superior – VUNESP – 2014)

Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas, de acordo com a norma-padrão da língua
portuguesa, considerando que o termo que preenche a terceira lacuna é empregado para indicar que um evento está
prestes a acontecer

a) anúncio ... A ... Iminente.


b) anuncio ... À ... Iminente.
c) anúncio ... À ... Iminente.
d) anúncio ... A ... Eminente.
e) anuncio ... À ... Eminente.

7. (CEFET-RJ – REVISOR DE TEXTOS – CESGRANRIO – 2014) Observe a grafia das palavras do trecho a seguir.
A macro-história da humanidade mostra que todos encaram os relatos pessoais como uma forma de se manterem vivos.
Desde a idade do domínio do fogo até a era das multicomunicações, os homens tem demonstrado que querem pôr sua
marca no mundo porque se sentem superiores.
A palavra que NÃO está grafada corretamente é

a) macro-história.
b) multicomunicações.
c) tem.
d) pôr.
e) porque.
LÍNGUA PORTUGUESA

8. (Liquigás – Profissional Júnior – Ciências Contábeis – cegranrio – 2014) O grupo em que todas as palavras estão
grafadas de acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa é

a) gorjeta, ogeriza, lojista, ferrujem


b) pedágio, ultrage, pagem, angina
c) refújio, agiota, rigidez, rabujento
d) vigência, jenipapo, fuligem, cafajeste
e) sargeta, jengiva, jiló, lambujem

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9. (SIMAE – Agente Administrativo – ASSCON-PP – b) Consultaram o juíz acerca da possibilidade de voltar
2014) Assinale a alternativa que apresenta apenas pala- atraz na suspensão do jogador, mas ele foi categórico
vras escritas de forma incorreta. quanto a impossibilidade de rever sua posição.
c) Vossa Excelência leu o documento que será apresen-
a) Cremoso, coragem, cafajeste, realizar; tado em rede nacional daqui a pouco, pela voz de Sua
b) Caixote, encher, análise, poetisa; Excelência, o Senhor Ministro da Educação?
c) Traje, tanger, portuguesa, sacerdotisa; d) A reportagem sobre fascínoras famosos não foi nada
d) Pagem, mujir, vaidozo, enchergar; positiva para o público jovem que estava presente, de
que se desculparam os idealizadores do programa.
10. (Receita Federal – Auditor Fiscal – ESAF – 2014) e) Estudantes e professores são entusiastas de oferecer
Assinale a opção que corresponde a erro gramatical ou aos jovens ingressantes no curso o compartilhamento
de grafia de palavra inserido na transcrição do texto. de projetos, com que serão também autores.

A Receita Federal nem sempre teve esse (1) nome. Secre- 13. (TRE-MS – Estágio – Jornalismo – TRE-MS – 2014)
taria da Receita Federal é apenas a mais recente denomi- A acentuação correta está na alternativa:
nação da Administração Tributária Brasileira nestes cinco
séculos de existência. Sua criação tornou-se (2) necessária a) eu abençôo – eles crêem – ele argúi.
para modernizar a máquina arrecadadora e fiscalizadora, b) platéia – tuiuiu – instrui-los.
bem como para promover uma maior integração entre o c) ponei – geléia – heroico.
Fisco e os Contribuintes, facilitando o cumprimento ex- d) eles têm – ele intervém – ele constrói.
pontâneo (3) das obrigações tributárias e a solução dos e) lingüiça – feiúra – idéia.
eventuais problemas, bem como o acesso às (4) informa-
ções pessoais privativas de interesse de cada cidadão. O 14. (EBSERH – HUCAM-UFES – Advogado – AOCP –
surgimento da Secretaria da Receita Federal representou 2014) A palavra que está acentuada corretamente é:
um significativo avanço na facilitação do cumprimento
das obrigações tributárias, contribuindo para o aumento
a) Históriar.
da arrecadação a partir (5) do final dos anos 60.
b) Memórial.
(Adaptado de <http://www.receita.fazenda.gov.br/srf/
c) Métodico.
historico.htm>. Acesso em: 17 mar. 2014.)
d) Própriedade.
e) Artifício.
a) (1).
b) (2).
c) (3). 15. (prodam-am – assistente – funcab – 2014 – adap-
d) (4). tada) Assinale a opção em que o par de palavras foi
e) (5). acentuado segundo a mesma regra.
11. (Estrada de Ferro Campos do Jordão-SP – Analista
Ferroviário – Oficinas – Elétrica – IDERH – 2014) Leia a) saúde-países
as orações a seguir: b) Etíope-juízes
Minha mãe sempre me aconselha a evitar as _____ compa- c) olímpicas-automóvel
nhias. (mas/más) d) vocês-público
A cauda do vestido da noiva tinha um _________ enorme. e) espetáculo-mensurável
(cumprimento/comprimento)
Precisamos fazer as compras do mês, pois a _________ está 16. (Advocacia Geral da União – Técnico em Contabi-
vazia. (despensa/dispensa). lidade – idecan – 2014) Os vocábulos “cinquentenário”
e “império” são acentuados devido à mesma justificativa.
Completam, correta e respectivamente, as lacunas acima O mesmo ocorre com o par de palavras apresentado em
os expostos na alternativa:
a) prêmio e órbita.
a) mas – cumprimento – despensa. b) rápida e tráfego
b) más – comprimento – despensa. c) satélite e ministério.
c) más – cumprimento – dispensa. d) pública e experiência.
d) mas – comprimento – dispensa. e) sexagenário e próximo.
e) más – comprimento – dispensa.
17. (Rioprevidência – Especialista em Previdência So-
12. (TRT-2ª REGIÃO-SP – Técnico Judiciário - Área Ad- cial – ceperj – 2014) A palavra “conteúdo” recebe acen-
ministrativa – Médio – FCC – 2014) Está redigida com tuação pela mesma razão de:
LÍNGUA PORTUGUESA

clareza e em consonância com as regras da gramática


normativa a seguinte frase: a) juízo
b) espírito
a) Queremos, ou não, ele será designado para dar a pa- c) jornalístico
lavra final sobre a polêmica questão, que, diga-se de d) mínimo
passagem, tem feito muitos exitarem em se pronun- e) disponíveis
ciar.

80
18. (Ministério do Meio Ambiente – icmbio – cespe – 24. (Corpo de Bombeiros Militar-pi – Curso de Forma-
2014) A mesma regra de acentuação gráfica se aplica aos ção de Soldados – uespi – 2014) “O evento promove a
vocábulos “Brasília”, “cenário” e “próprio”. saúde de modo integral.” A regra que justifica o acento
gráfico no termo destacado é a mesma que justifica o
( ) CERTO ( ) ERRADO acento em:

19. (Prefeitura de Balneário Camboriú-sc – Guarda a) “remédio”.


Municipal – fepese – 2014 – adaptada) Assinale a alter- b) “cajú”.
nativa em que todas as palavras são oxítonas. c) “rúbrica”.
d) “fráude”.
a) pé, lá, pasta e) “baú”.
b) mesa, tábua, régua
c) livro, prova, caderno 25. (TJ-BA – Técnico Judiciário – Área Administrativa
d) parabéns, até, televisão – Médio – FGV – 2015)
e) óculos, parâmetros, título Texto 3 – “A Lua Cheia entra em sua fase Crescente no
signo de Gêmeos e vai movimentar tudo o que diz respeito
à sua vida profissional e projetos de carreira. Os próximos
20. (Advocacia Geral da União – Técnico em Comuni- dias serão ótimos para dar andamento a projetos que co-
cação Social – idecan – 2014) Assinale a alternativa em meçaram há alguns dias ou semanas. Os resultados che-
que a acentuação de todas as palavras está de acordo garão rapidamente”.
com a mesma regra da palavra destacada: “Procuradorias
comprovam necessidade de rendimento satisfatório para O texto 3 mostra exemplos de emprego correto do “a”
renovação do FIES”. com acento grave indicativo da crase – “diz respeito à sua
vida profissional”. A frase abaixo em que o emprego do
a) após / pó / paletó acento grave da crase é corretamente empregado é:
b) moído / juízes / caído
c) história / cárie / tênue a) o texto do horóscopo veio escrito à lápis;
d) álibi / ínterim / político b) começaram à chorar assim que leram as previsões;
e) êxito / protótipo / ávido c) o horóscopo dizia à cada leitora o que devia fazer;
d) o leitor estava à procura de seu destino;
21. (Prefeitura de Brusque-sc – Educador Social – fe- e) o astrólogo previa o futuro passo à passo
pese – 2014) Assinale a alternativa em que só palavras
paroxítonas estão apresentadas. 26. (Prefeitura de Sertãozinho-SP – Farmacêutico –
Superior – VUNESP – 2017) O sinal indicativo de crase
a) facilitada, minha, canta, palmeiras está empregado corretamente nas duas ocorrências na
b) maná, papá, sinhá, canção alternativa:
c) cá, pé, a, exílio
d) terra, pontapé, murmúrio, aves a) Muitos indivíduos são propensos à associar, inadverti-
e) saúde, primogênito, computador, devêssemos damente, tristeza à depressão.
b) As pessoas não querem estar à mercê do sofrimento,
22. (Ministério do Desenvolvimento Agrário – Técni- por isso almejam à pílula da felicidade.
co em Agrimensura – funcab – 2014) A alternativa que c) À proporção que a tristeza se intensifica e se prolonga,
apresenta palavra acentuada por regra diferente das de- pode-se, à primeira vista, pensar em depressão.
mais é: d) À rigor, os especialistas não devem receitar remédios
às pessoas antes da realização de exames acurados.
a) dúvidas. e) Em relação à informação da OMS, conclui-se que exis-
b) muitíssimos. tem 121 milhões de pessoas à serem tratadas de de-
c) fábrica. pressão.
d) mínimo.
e) impossível. 27. (TRT – 21.ª Região-RN – Técnico Judiciário – Área
Administrativa – Médio – FCC – 2017) É difícil planejar
23. (prodam-am – Assistente de Hardware – funcab uma cidade e resistir à tentação de formular um projeto
– 2014) Assinale a alternativa em que todas as palavras de sociedade.
foram acentuadas segundo a mesma regra. O sinal indicativo de crase deverá ser mantido caso o ver-
LÍNGUA PORTUGUESA

bo sublinhado acima seja substituído por:


a) indivíduos - atraí(-las) - período
b) saíram – veículo - construído a) não acatar.
c) análise – saudável - diálogo b) driblar.
d) hotéis – critérios - através c) controlar.
e) econômica – após – propósitos d) superar.
e) não sucumbir.

81
28. (TRT – 21.ª Região-RN – Técnico Judiciário – Área e) caso o vocábulo minha fosse empregado imediata-
Administrativa – Médio – FCC – 2017) A frase em que mente antes de “produção”, o uso do sinal indicativo
há uso adequado do sinal indicativo de crase encontra-se de crase seria facultativo.
em:
32. (Sabesp-SP – atendente a clientes – Médio – fcc
a) A tendência de recorrer à adaptações aparece com – 2014 – adaptada) No trecho Refiro-me aos livros que
maior força na Hollywood do século 21. foram escritos e publicados, mas estão – talvez para sem-
b) É curioso constatar a rapidez com que o cinema agre- pre – à espera de serem lidos, o uso do acento de crase
gou à máxima. obedece à mesma regra seguida em:
c) A busca pela segurança leva os estúdios à apostarem
em histórias já testadas e aprovadas. a) Acostumou-se àquela situação, já que não sabia como
d) Tal máxima aplica-se perfeitamente à criação de peças evitá-la.
de teatro. b) Informou à paciente que os remédios haviam surtido
e) Há uma massa de escritores presos à contratos fixos efeito.
em alguns estúdios. c) Vou ficar irritada se você não me deixar assistir à no-
vela.
29. (Prefeitura de Marília-SP – Auxiliar de Escrita – d) Acabou se confundindo, após usar à exaustão a velha
Médio – VUNESP – 2017) Assinale a alternativa em que fórmula.
o sinal indicativo de crase está empregado corretamente. e) Comunique às minhas alunas que as provas estão cor-
rigidas.
a) A voluntária aconselhou a remetente à esquecer o
amor de infância. 33. (TRT-AL – Analista Judiciário – Superior – FCC–
b) O carteiro entregou às voluntárias do Clube de Julieta 2014) ... que acompanham as fronteiras ocidentais chi-
uma nova remessa de cartas. nesas...
O verbo que, no contexto, exige o mesmo tipo de com-
c) O médico ofereceu à um dos remetentes apoio psico-
plemento que o da frase acima está em:
lógico.
d) As integrantes do Clube levaram horas respondendo
a) A Rota da Seda nunca foi uma rota única...
à diversas cartas.
b) Esses caminhos floresceram durante os primórdios da
e) O Clube sugeriu à algumas consulentes que fizessem
Idade Média.
novas amizades.
c) ... viajavam por cordilheiras...
d) ... até cair em desuso, seis séculos atrás.
e) O maquinista empurra a manopla do acelerador.
30. (prefeitura de são Paulo-sp – técnico em saúde –
34. (CASAL-AL – Administrador De Rede – COPEVE –
laboratório – médio – vunesp – 2014) Reescrevendo-se
UFAL – 2014) Na afirmação abaixo, de Padre Vieira,
o segmento frasal – ... incitá-los a reagir e a enfrentar o
“O trigo não picou os espinhos, antes os espinhos o pica-
desconforto, ... –, de acordo com a regência e o acento
ram a ele... Cuidais que o sermão vos picou a vós” o subs-
indicativo da crase, tem-se:
tantivo “espinhos” tem, respectivamente, função sintática
de,
a) ... incitá-los à reação e ao enfrentamento do descon-
forto, ...
a) objeto direto/objeto direto.
b) ... incitá-los a reação e o enfrentamento do descon-
b) sujeito/objeto direto.
forto, ...
c) objeto direto/sujeito.
c) ... incitá-los à reação e à enfrentamento do descon-
d) objeto direto/objeto indireto.
forto, ...
e) sujeito/objeto indireto.
d) ... incitá-los à reação e o enfrentamento do descon-
forto, ...
35. (CASAL-AL – Administrador De Rede – COPEVE –
e) ... incitá-los a reação e à enfrentamento do descon-
UFAL – 2014) No texto, “Arranca o estatuário uma pedra
forto, ..
dessas montanhas, tosca, bruta, dura, informe; e, depois
que desbastou o mais grosso, toma o maço e cinzel na
31. (CONAB – Contabilidade – Superior – IADES –
mão para começar a formar um homem, primeiro mem-
2014 – adaptada) Considerando o trecho “atualizou os
bro a membro e depois feição por feição.”
dados relativos à produção de grãos no Brasil.” e confor-
me a norma-padrão, assinale a alternativa correta. VIEIRA, P. A. In Sermão do Espírito Santo. Acervo da Aca-
demia Brasileira de Letras
a) a crase foi empregada indevidamente no trecho. A oração sublinhada exerce uma função de
LÍNGUA PORTUGUESA

b) o autor poderia não ter empregado o sinal indicativo


de crase. a) causalidade.
c) se “produção” estivesse antecedida por essa, o uso do b) conclusão.
sinal indicativo de crase continuaria obrigatório. c) oposição.
d) se, no lugar de “relativos”, fosse empregado referen- d) concessão.
tes, o uso do sinal indicativo de crase passaria a ser e) finalidade.
facultativo.

82
36. (EBSERH – HUCAM-UFES – Advogado – Superior 40. (Cia de Serviços de Urbanização de Guarapuava-
– AOCP – 2014) Em “Se a ‘cura’ fosse cara, apenas uma -pr – Agente de Trânsito – consulplam – 2014) Quanto
pequena fração da sociedade teria acesso a ela.”, a expres- à função que desempenha na sintaxe da oração, o trecho
são em destaque funciona como: em destaque “Tenho uma dor que passa daqui pra lá e de
lá pra cá” corresponde a:
a) objeto direto.
b) adjunto adnominal. a) Oração subordinada adjetiva restritiva.
c) complemento nominal. b) Oração subordinada adjetiva explicativa.
d) sujeito paciente. c) Adjunto adnominal.
e) objeto indireto. d) Oração subordinada adverbial espacial.

37. (EBSERH – HUSM-UFSM-RS – Analista Adminis- 41. (Advocacia-Geral da União – Técnico em Comu-
trativo – Jornalismo – Superior – AOCP – 2014) nicação Social – idecan – 2014) Acerca das relações
“Sinta-se ungido pela sorte de recomeçar. Quando seu fi- sintáticas que ocorrem no interior do período a seguir
lho crescer, ele irá entender - mais cedo ou mais tarde -...” “Policiais de Los Angeles tomam facas de criminosos, per-
No período acima, a oração destacada: seguem bêbados na estrada e terminam o dia na delega-
cia fazendo seu relatório.”, é correto afirmar que
a) estabelece uma relação temporal com a oração que
lhe é subsequente. a) “o dia” é sujeito do verbo “terminar”.
b) estabelece uma relação temporal com a oração que a b) o sujeito do período, Policiais de Los Angeles, é com-
antecede. posto.
c) estabelece uma relação condicional com a oração que c) “bêbados” e “criminosos” apresentam-se na função de
lhe é subsequente. sujeito.
d) estabelece uma relação condicional com a oração que d) “facas” possui a mesma função sintática que “bêba-
a antecede. dos” e “relatório”.
e) estabelece uma relação de finalidade com a oração e) “de criminosos”, “na estrada”, “na delegacia” são ter-
que lhe é subsequente. mos que indicam circunstâncias que caracterizam a
ação verbal.

42. (TJ-SP – Escrevente Técnico Judiciário – Médio –


VUNESP – 2015) Leia o texto, para responder às ques-
tões.
38. (prodam-am – Assistente de Hardware – funcab – O fim do direito é a paz, o meio de que se serve para
2014) O termo destacado em: “As pessoas estão sempre consegui-lo é a luta. Enquanto o direito estiver sujeito
muito ATAREFADAS.” exerce a seguinte função sintática: às ameaças da injustiça – e isso perdurará enquanto o
mundo for mundo –, ele não poderá prescindir da luta. A
a) objeto direto. vida do direito é a luta: luta dos povos, dos governos, das
b) objeto indireto. classes sociais, dos indivíduos.
c) adjunto adverbial. Todos os direitos da humanidade foram conquistados
d) predicativo. pela luta; seus princípios mais importantes tiveram de
e) adjunto adnominal. enfrentar os ataques daqueles que a ele se opunham;
todo e qualquer direito, seja o direito de um povo, seja
39. (trt-13ª região-pb – Técnico Judiciário – Tecnolo- o direito do indivíduo, só se afirma por uma disposição
gia da Informação – Médio – fcc – 2014) Ao mesmo ininterrupta para a luta. O direito não é uma simples
tempo, as elites renunciaram às ambições passadas... ideia, é uma força viva. Por isso a justiça sustenta numa
O verbo que, no contexto, exige o mesmo tipo de com- das mãos a balança com que pesa o direito, enquanto na
plemento que o grifado acima está empregado em: outra segura a espada por meio da qual o defende.
A espada sem a balança é a força bruta, a balança sem a
a) Faltam-nos precedentes históricos para... espada, a impotência do direito. Uma completa a outra,
b) Nossos contemporâneos vivem sem esse futuro... e o verdadeiro estado de direito só pode existir quando
c) Esse novo espectro comprova a novidade de nossa si- a justiça sabe brandir a espada com a mesma habilidade
tuação... com que manipula a balança.
d) As redes sociais eram atividades de difícil implemen- O direito é um trabalho sem tréguas, não só do Poder
tação... Público, mas de toda a população. A vida do direito nos
LÍNGUA PORTUGUESA

e) ... como se imitássemos o padrão de conforto... oferece, num simples relance de olhos, o espetáculo de
um esforço e de uma luta incessante, como o despendi-
do na produção econômica e espiritual. Qualquer pessoa
que se veja na contingência de ter de sustentar seu direi-
to participa dessa tarefa de âmbito nacional e contribui
para a realização da ideia do direito. É verdade que nem
todos enfrentam o mesmo desafio.
A vida de milhares de indivíduos desenvolve-se tranqui-

83
lamente e sem obstáculos dentro dos limites fixados pelo c) Há mais de meio século, o cinema declarou-se inde-
direito. Se lhes disséssemos que o direito é a luta, não pendente das outras artes, embora a produção cine-
nos compreenderiam, pois só veem nele um estado de matográfica tenha sempre considerado a literatura
paz e de ordem. como fonte de inspiração.
(Rudolf von Ihering, A luta pelo direito) d) O cinema declarou-se independente, das outras ar-
tes, há mais de meio século; porém, sabe-se, que a
Assinale a alternativa em que uma das vírgulas foi em- produção cinematográfica sempre bebeu na fonte da
pregada para sinalizar a omissão de um verbo, tal como literatura.
ocorre na passagem – A espada sem a balança é a força e) A literatura, sempre serviu de fonte inspiradora do ci-
bruta, a balança sem a espada, a impotência do direito. nema, mas este, declarou-se independente das outras
artes há mais de meio século − como é sabido.
a) O direito, no sentido objetivo, compreende os princí-
pios jurídicos manipulados pelo Estado. 45. (Correios – Técnico em Segurança do Trabalho Jú-
b) Todavia, não pretendo entrar em minúcias, pois nunca nior – Médio – IADES – 2017 – adaptada) Quanto às
chegaria ao fim. regras de ortografia e de pontuação vigentes, considere
c) Do autor exige-se que prove, até o último centavo, o o período “Enquanto lia a carta, as lágrimas rolavam em
interesse pecuniário. seu rosto numa mistura de amor e saudade.” e assinale a
d) É que, conforme já ressaltei várias vezes, a essência do alternativa correta.
direito está na ação.
e) A cabeça de Jano tem face dupla: a uns volta uma das a) O uso da vírgula entre as orações é opcional.
faces, aos demais, a outra. b) A redação “Enquanto lia a carta, as lágrimas rolavam
em seu rosto por que sentia um misto de amor e sauda-
43. TJ-BA – Técnico Judiciário – Área Administrativa – de.” poderia substituir a original.
Médio – FGV – 2015 c) O uso do hífen seria obrigatório, caso o prefixo re fosse
acrescentado ao vocábulo “lia”.
Texto 2 - “A primeira missão tripulada ao espaço profundo d) Caso a ordem das orações fosse invertida, o uso da
desde o programa Apollo, da década 1970, com o objetivo vírgula entre elas poderia ser dispensado.
de enviar astronautas a Marte até 2030 está sendo prepa- e) Assim como o vocábulo “lágrimas”, devem ser acen-
rada pela Nasa (agência espacial norte-americana). O pri- tuados graficamente rúbrica, filântropo e lúcida.
meiro passo para a concretização desse desafio será dado
nesta sexta-feira (5), com o lançamento da cápsula Orion, 46. (TRE-MS – Estágio – Jornalismo – TRE-MS – 2014)
da base da agência em Cabo Canaveral, na Flórida, nos Verifique a pontuação nas frases abaixo e marque a as-
Estados Unidos. O lançamento estava previsto original- sertiva correta:
mente para esta quinta-feira (4), mas devido a problemas
técnicos foi reagendado para as 7h05 (10h05 no horário a) Céus: Que injustiça.
b) O resultado do placar, não o abateu.
de Brasília).”
c) O comércio estava fechado; porém, a farmácia estava
(Ciência, Internet Explorer).
em pleno atendimento.
d) Comam bastantes frutas crianças!
“com o lançamento da cápsula Orion, da base da agência
e) Comprei abacate, e mamão maduro.
em Cabo Canaveral, na Flórida, nos Estados Unidos.”
Os termos sublinhados se encarregam da localização do 47. (SAAE-SP – Fiscal Leiturista – VUNESP – 2014)
lançamento da cápsula referida; o critério para essa loca-
lização também foi seguido no seguinte caso: Os protes-
tos contra as cotas raciais ocorreram:

a) em Brasília, Distrito Federal, na região Centro-Oeste;


b) em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, região Sul;
c) em Pedrinhas, São Luís, Maranhão;
d) em São Paulo, São Paulo, Brasil;
e) em Goiânia, região Centro-Oeste, Brasil.

44. (TRT – 21.ª Região-RN – Técnico Judiciário – Área


Administrativa – Médio – FCC – 2017) Está plenamente
adequada a pontuação do seguinte período:
LÍNGUA PORTUGUESA

a) A produção cinematográfica como é sabido, sempre


bebeu na fonte da literatura, mas o cinema declarou-
-se, independente das outras artes há mais de meio
século.
b) Sabe-se que, a produção cinematográfica sempre con-
siderou a literatura como fonte de inspiração, mas o
cinema declarou-se independente das outras artes, há
mais de meio século.

84
Segundo a norma-padrão da língua portuguesa, a pon- 51. (Emplasa-Sp – Analista Jurídico – Direito – vunesp
tuação está correta em: – 2014) Segundo a norma-padrão da língua portuguesa,
a) Hagar disse, que não iria. a pontuação está correta em:
b) Naquela noite os Stevensens prometeram servir, bifes
e lagostas, aos vizinhos. a) Como há suspeita, por parte da família de que João
c) Chegou, o convite dos Stevensens, bife e lagostas: para Goulart tenha sido assassinado; a Comissão da Ver-
Hagar e Helga dade decidiu reabrir a investigação de sua morte, em
d) “Eles são chatos e, nunca param de falar”, disse, Hagar maio deste ano, a pedido da viúva e dos filhos.
à Helga.
b) Em maio deste ano, a Comissão da Verdade acatou
e) Helga chegou com o recado: fomos convidados, pelos
o pedido da família do ex-presidente João Goulart e
Stevensens, para jantar bifes e lagostas.
48. (Prefeitura de Paulista-PE – Recepcionista – UPE- reabriu a investigação da morte deste, visto que, para
NET – 2014) Sobre os SINAIS DE PONTUAÇÃO, observe a viúva e para os filhos, Jango pode ter sido assassi-
os itens abaixo: nado.
c) A investigação da morte de João Goulart, foi reaberta,
I. “Calma, gente”. em maio deste ano pela Comissão da Verdade, para
II. “Que mundo é este que chorar não é “normal”? apuração da causa da morte do ex-presidente uma
III. “Sustentabilidade, paradigma de vida” vez que, para a família, Jango pode ter sido assassi-
IV. “Será que precisa de mais licitações? Haja licitações!” nado.
V. “E, de repente, aquela rua se tornou um grande lago...” d) A Comissão da Verdade, a pedido da família de João
Goulart, reabriu em maio deste ano a investigação de
Sobre eles, assinale a alternativa CORRETA. sua morte, porque, a hipótese de assassinato não é
descartada, pela viúva e filhos.
a) No item I, a vírgula isola um aposto. e) Como a viúva e os filhos do ex-presidente João Gou-
b) No item II, a interrogação indica uma mensagem in- lart, suspeitando que ele possa ter sido assassinado
terrompida. pediram a reabertura da investigação de sua morte,
c) No item III, a vírgula isola termos que explicam o seu à Comissão da Verdade, esta, atendeu o pedido em
antecedente. maio deste ano.
d) No item IV, os dois sinais de pontuação, a interrogação
e a exclamação, indicam surpresa. 52. (Caixa Econômica Federal – Médico do Trabalho –
e) No item V, as vírgulas poderiam ser substituídas, ape- cespe – 2014 – adaptada) A correção gramatical do tre-
nas, por um ponto e vírgula após o termo “repente”. cho “Entre as bebidas alcoólicas, cervejas e vinhos são as
mais comuns em todo o mundo” seria prejudicada, caso
49. (Prefeitura de Paulista-PE – Recepcionista – UPE- se inserisse uma vírgula logo após a palavra “vinhos”.
NET – 2014 – adaptada)
“Já vi gente cansada de amor, de trabalho, de política, de
( ) CERTO ( ) ERRADO
ideais. Jamais conheci alguém sinceramente cansado de
dinheiro.”
(Millôr Fernandes) 53. (Prefeitura de Arcoverde-PE – Administrador de
Recursos Humanos – CONPASS – 2014) Leia o texto a
Sobre as vírgulas existentes no texto, é CORRETO afirmar seguir:
que: “Pagar por esse software não é um luxo, mas uma necessi-
dade”. O uso da vírgula justifica-se porque:
a) são facultativas.
b) isolam apostos. a) estabelece a relação entre uma coordenada assindéti-
c) separam elementos de mesma função sintática. ca e uma conclusiva.
d) a terceira é facultativa. b) separar a oração coordenada “não é um luxo” da ad-
e) separam orações coordenadas assindéticas. versativa “mas uma necessidade”, em que o verbo está
subentendido.
50. (Polícia Militar-SP – Oficial Administrativo – Mé- c) liga a oração principal “Pagar” à coordenada “não é um
dio – vunesp – 2014) A reescrita da frase – Como sem- luxo, mas uma necessidade”.
pre, a resposta depende de como definimos os termos da d) indica que dois termos da mesma função estão ligados
pergunta. – está correta, quanto à pontuação, em: por uma conjunção aditiva.
e) isola o aposto na segunda oração.
a) A resposta como sempre, depende de, como defini-
mos os termos da pergunta.
b) A resposta, como sempre, depende de como defini-
LÍNGUA PORTUGUESA

mos os termos da pergunta.


c) A resposta como, sempre, depende de como defini-
mos os termos da pergunta.
d) A resposta, como, sempre depende de como defini-
mos os termos da pergunta.
e) A resposta como sempre, depende de como, defini-
mos os termos da pergunta.

85
54. (TJ-SP – Escrevente Técnico Judiciário – Médio –
VUNESP – 2017)
Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos executi- GABARITO
vos no setor de tecnologia já tinham feito – ele transferiu
sua equipe para um chamado escritório aberto, sem pa- 1 C
redes e divisórias.
Os funcionários, até então, trabalhavam de casa, mas ele 2 A
queria que todos estivessem juntos, para se conectarem 3 D
e colaborarem mais facilmente. Mas em pouco tempo fi-
cou claro que Nagele tinha cometido um grande erro. 4 A
Todos estavam distraídos, a produtividade caiu, e os nove 5 C
empregados estavam insatisfeitos, sem falar do próprio 6 A
chefe.
Em abril de 2015, quase três anos após a mudança para 7 C
o escritório aberto, Nagele transferiu a empresa para um 8 D
espaço de 900 m² onde hoje todos têm seu próprio es-
paço, com portas e tudo. 9 D
Inúmeras empresas adotaram o conceito de escritório 10 C
aberto – cerca de 70% dos escritórios nos Estados Uni- 11 B
dos são assim – e até onde se sabe poucos retornaram
ao modelo de espaços tradicionais com salas e portas. 12 C
Pesquisas, contudo, mostram que podemos perder até 13 D
15% da produtividade, desenvolver problemas graves
de concentração e até ter o dobro de chances de ficar 14 E
doentes em espaços de trabalho abertos – fatores que 15 A
estão contribuindo para uma reação contra esse tipo de 16 B
organização.
Desde que se mudou para o formato tradicional, Nagele 17 A
já ouviu colegas do setor de tecnologia dizerem sentir 18 CERTO
falta do estilo de trabalho do escritório fechado. “Muita
gente concorda – simplesmente não aguentam o escri- 19 D
tório aberto. Nunca se consegue terminar as coisas e é 20 C
preciso levar mais trabalho para casa”, diz ele.
21 A
É improvável que o conceito de escritório aberto caia em
desuso, mas algumas firmas estão seguindo o exemplo 22 E
de Nagele e voltando aos espaços privados. 23 E
Há uma boa razão que explica por que todos adoram um
espaço com quatro paredes e uma porta: foco. A verdade 24 E
é que não conseguimos cumprir várias tarefas ao mesmo 25 C
tempo, e pequenas distrações podem desviar nosso foco
26 C
por até 20 minutos.
Retemos mais informações quando nos sentamos em um 27 E
local fixo, afirma Sally Augustin, psicóloga ambiental e 28 D
design de interiores.
(Bryan Borzykowski, “Por que escritórios abertos po- 29 B
dem ser ruins para funcionários.” Disponível em:<w- 30 A
ww1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 04.04.2017. Adapta-
31 E
do)
32 D
Iniciando-se a frase – Retemos mais informações quando 33 E
nos sentamos em um local fixo... (último parágrafo) – com
o termo Talvez, indicando condição, a sequência que 34 C
apresenta correlação dos verbos destacados de acordo 35 E
com a norma-padrão será:
36 C
LÍNGUA PORTUGUESA

a) reteríamos ... sentarmos 37 A


b) retínhamos ... sentássemos 38 D
c) reteremos ... sentávamos
d) retivemos ... sentaríamos 39 A
e) retivéssemos ... sentássemos 40 A
41 D

86
42 E ANOTAÇÕES
43 A
44 C
________________________________________________
45 D
46 C _________________________________________________
47 E _________________________________________________
48 C _________________________________________________
49 C
_________________________________________________
50 B
51 B _________________________________________________

52 CERTO _________________________________________________
53 C _________________________________________________
54 E
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87
ANOTAÇÕES

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ÍNDICE

MATEMÁTICA
Operações com números inteiros, fracionários e decimais. .................................................................................................................................01
Frações ordinárias e decimais. ..........................................................................................................................................................................................01
Conjunto e funções. .............................................................................................................................................................................................................23
Progressões aritméticas e geométricas. .......................................................................................................................................................................43
Logaritmos. ..............................................................................................................................................................................................................................48
Porcentagem e juros. ...........................................................................................................................................................................................................55
Razões e proporções. ...........................................................................................................................................................................................................59
Medidas de tempo. ...............................................................................................................................................................................................................63
Equações de primeiro e segundo grau; sistemas de equações. .........................................................................................................................69
Sistema de medidas de tempo, sistema métrico decimal ......................................................................................................................................69
Sistema monetário brasileiro. ...........................................................................................................................................................................................73
Relações trigonométricas. ..................................................................................................................................................................................................73
Formas geométricas básicas. ............................................................................................................................................................................................73
Perímetro, área e volume de figuras geométricas. ...................................................................................................................................................73
Gráficos e tabelas. .................................................................................................................................................................................................................93
Porcentagem. ..........................................................................................................................................................................................................................98
Regra de três simples e composta. .................................................................................................................................................................................98
Cálculo Proposicional. ....................................................................................................................................................................................................... 101
Raciocínio Lógico. ................................................................................................................................................................................................................ 102
Resolução de problemas................................................................................................................................................................................................... 124
OPERAÇÕES COM NÚMEROS INTEIROS, FIQUE ATENTO!
FRACIONÁRIOS E DECIMAIS. O único número natural que não possui ante-
FRAÇÕES ORDINÁRIAS E DECIMAIS. cessor é o 0 (zero) !

1.1. Operações com Números Naturais


Números Naturais e suas operações fundamentais
Agora que conhecemos os números naturais e temos
1. Definição de Números Naturais um sistema numérico, vamos iniciar o aprendizado das
operações matemáticas que podemos fazer com eles.
Os números naturais como o próprio nome diz, são Muito provavelmente, vocês devem ter ouvido falar das
os números que naturalmente aprendemos, quando es- quatro operações fundamentais da matemática: Adição,
tamos iniciando nossa alfabetização. Nesta fase da vida, Subtração, Multiplicação e Divisão. Vamos iniciar nossos
não estamos preocupados com o sinal de um número, estudos com elas:
mas sim em encontrar um sistema de contagem para
quantificarmos as coisas. Assim, os números naturais são Adição: A primeira operação fundamental da Aritmé-
sempre positivos e começando por zero e acrescentando tica tem por finalidade reunir em um só número, todas
sempre uma unidade, obtemos os seguintes elementos: as unidades de dois ou mais números. Antes de surgir
os algarismos indo-arábicos, as adições podiam ser rea-
ℕ = 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, … . lizadas por meio de tábuas de calcular, com o auxílio de
pedras ou por meio de ábacos. Esse método é o mais
Sabendo como se constrói os números naturais, po- simples para se aprender o conceito de adição, veja a
demos agora definir algumas relações importantes entre figura a seguir:
eles:

a) Todo número natural dado tem um sucessor (nú-


mero que está imediatamente à frente do número
dado na seqüência numérica). Seja m um núme-
ro natural qualquer, temos que seu sucessor será
sempre definido como m+1. Para ficar claro, se-
guem alguns exemplos:
Ex: O sucessor de 0 é 1.
Ex: O sucessor de 1 é 2. Observando a historinha, veja que as unidades (pe-
Ex: O sucessor de 19 é 20. dras) foram reunidas após o passeio no quintal. Essa reu-
nião das pedras é definida como adição. Simbolicamen-
b) Se um número natural é sucessor de outro, então te, a adição é representada pelo símbolo “+” e assim a
os dois números que estão imediatamente ao lado historinha fica da seguinte forma:
do outro são considerados como consecutivos. Ve-
3 2 5
jam os exemplos: + =
𝑇𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑒𝑚 𝑐𝑎𝑠𝑎 𝑃𝑒𝑔𝑢𝑒𝑖 𝑛𝑜 𝑞𝑢𝑖𝑛𝑡𝑎𝑙 𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜
Ex: 1 e 2 são números consecutivos.
Ex: 5 e 6 são números consecutivos.
Ex: 50 e 51 são números consecutivos. Como toda operação matemática, a adição possui al-
gumas propriedades, que serão apresentadas a seguir:
c) Vários números formam uma coleção de números
naturais consecutivos se o segundo for sucessor a) Fechamento: A adição no conjunto dos números
do primeiro, o terceiro for sucessor do segundo, o naturais é fechada, pois a soma de dois números
quarto for sucessor do terceiro e assim sucessiva- naturais será sempre um número natural.
mente. Observe os exemplos a seguir:
Ex: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 são consecutivos. b) Associativa: A adição no conjunto dos núme-
Ex: 5, 6 e 7 são consecutivos. ros naturais é associativa, pois na adição de três
Ex: 50, 51, 52 e 53 são consecutivos. ou mais parcelas de números naturais quaisquer
é possível associar as parcelas de quaisquer mo-
d) Analogamente a definição de sucessor, podemos dos, ou seja, com três números naturais, somando
definir o número que vem imediatamente antes ao o primeiro com o segundo e ao resultado obtido
número analisado. Este número será definido como somarmos um terceiro, obteremos um resultado
antecessor. Seja m um número natural qualquer, te- que é igual à soma do primeiro com a soma do se-
MATEMÁTICA

mos que seu antecessor será sempre definido como gundo e o terceiro. Apresentando isso sob a forma
m-1. Para ficar claro, seguem alguns exemplos: de números, sejam A,B e C, três números naturais,
Ex: O antecessor de 2 é 1. temos que:
Ex: O antecessor de 56 é 55.
Ex: O antecessor de 10 é 9. 𝐴 + 𝐵 + 𝐶 = 𝐴 + (𝐵 + 𝐶)

1
c) Elemento neutro: Esta propriedade caracteriza-se pela existência de número que ao participar da operação de
adição, não altera o resultado final. Este número será o 0 (zero). Seja A, um número natural qualquer, temos que:

𝐴+0 = 𝐴

d) Comutativa: No conjunto dos números naturais, a adição é comutativa, pois a ordem das parcelas não altera a
soma, ou seja, somando a primeira parcela com a segunda parcela, teremos o mesmo resultado que se somando
a segunda parcela com a primeira parcela. Sejam dois números naturais A e B, temos que:

𝐴+𝐵 =𝐵 +𝐴
Subtração: É a operação contrária da adição. Ao invés de reunirmos as unidades de dois números naturais, vamos
retirar uma quantidade de um número. Voltando novamente ao exemplo das pedras:

Observando a historinha, veja que as unidades (pedras) que eu tinha foram separadas. Essa separação das pedras é
definida como subtração. Simbolicamente, a subtração é representada pelo símbolo “-” e assim a historinha fica da se-
guinte forma:
5 3 2
− =
𝑇𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑒𝑚 𝑐𝑎𝑠𝑎 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑜 𝑎𝑚𝑖𝑔𝑜 𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜

A subtração de números naturais também possui suas propriedades, definidas a seguir:

a) Não fechada: A subtração de números naturais não é fechada, pois há um caso onde a subtração de dois núme-
ros naturais não resulta em um número natural. Sejam dois números naturais A,B onde A < B, temos que:
A−B< 0
Como os números naturais são positivos, A-B não é um número natural, portanto a subtração não é fechada.

b) Não Associativa: A subtração de números naturais também não é associativa, uma vez que a ordem de resolução é
importante, devemos sempre subtrair o maior do menor. Quando isto não ocorrer, o resultado não será um número
natural.
c) Elemento neutro: No caso do elemento neutro, a propriedade irá funcionar se o zero for o termo a ser subtraído
do número. Se a operação for inversa, o elemento neutro não vale para os números naturais:
d) Não comutativa: Vale a mesma explicação para a subtração de números naturais não ser associativa. Como a
ordem de resolução importa, não podemos trocar os números de posição

Multiplicação: É a operação que tem por finalidade adicionar o primeiro número denominado multiplicando ou
parcela, tantas vezes quantas são as unidades do segundo número denominadas multiplicador. Veja o exemplo:

Ex: Se eu economizar toda semana R$ 6,00, ao final de 5 semanas, quanto eu terei guardado?

Pensando primeiramente em soma, basta eu somar todas as economias semanais:


6 + 6 + 6 + 6 + 6 = 30

Quando um mesmo número é somado por ele mesmo repetidas vezes, definimos essa operação como multiplica-
MATEMÁTICA

ção. O símbolo que indica a multiplicação é o “x” e assim a operação fica da seguinte forma:

6+6+6+6+6 6𝑥5
= = 30
𝑆𝑜𝑚𝑎𝑠 𝑟𝑒𝑝𝑒𝑡𝑖𝑑𝑎𝑠 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑚𝑢𝑙𝑡𝑖𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑎𝑠 𝑟𝑒𝑝𝑒𝑡𝑖çõ𝑒𝑠

2
A multiplicação também possui propriedades, que são apresentadas a seguir:

a) Fechamento: A multiplicação é fechada no conjunto dos números naturais, pois realizando o produto de dois ou
mais números naturais, o resultado será um número natural.

b) Associativa: Na multiplicação, podemos associar três ou mais fatores de modos diferentes, pois se multiplicarmos o
primeiro fator com o segundo e depois multiplicarmos por um terceiro número natural, teremos o mesmo resultado
que multiplicar o terceiro pelo produto do primeiro pelo segundo. Sejam os números naturais m,n e p, temos que:

𝑚 𝑥 𝑛 𝑥 𝑝 = 𝑚 𝑥 (𝑛 𝑥 𝑝)

c) Elemento Neutro: No conjunto dos números naturais também existe um elemento neutro para a multiplicação
mas ele não será o zero, pois se não repetirmos a multiplicação nenhuma vez, o resultado será 0. Assim, o elemento
neutro da multiplicação será o número 1. Qualquer que seja o número natural n, tem-se que:
𝑛𝑥1=𝑛

d) Comutativa: Quando multiplicamos dois números naturais quaisquer, a ordem dos fatores não altera o produto, ou
seja, multiplicando o primeiro elemento pelo segundo elemento teremos o mesmo resultado que multiplicando o
segundo elemento pelo primeiro elemento. Sejam os números naturais m e n, temos que:
𝑚𝑥𝑛 = 𝑛𝑥𝑚

e) Prioridade sobre a adição e subtração: Quando se depararem com expressões onde temos diferentes operações
matemática, temos que observar a ordem de resolução das mesmas. Observe o exemplo a seguir:

Ex: 2 + 4 𝑥 3

Se resolvermos a soma primeiro e depois a multiplicação, chegamos em 18.


Se resolvermos a multiplicação primeiro e depois a soma, chegamos em 14. Qual a resposta certa?

A multiplicação tem prioridade sobre a adição, portanto deve ser resolvida primeiro e assim a resposta correta é 14.

FIQUE ATENTO!
Caso haja parênteses na soma, ela tem prioridade sobre a multiplicação. Utilizando o exemplo,
temos que: . Nesse caso, realiza-se a soma primeiro, pois ela está dentro dos parênteses

f) Propriedade Distributiva: Uma outra forma de resolver o exemplo anterior quando se a soma está entre parênteses
é com a propriedade distributiva. Multiplicando um número natural pela soma de dois números naturais, é o mes-
mo que multiplicar o fator, por cada uma das parcelas e a seguir adicionar os resultados obtidos. Veja o exemplo:
2 + 4 x 3 = 2x3 + 4x3 = 6 + 12 = 18

Veja que a multiplicação foi distribuída para os dois números do parênteses e o resultado foi o mesmo que do item
anterior.

Divisão: Dados dois números naturais, às vezes necessitamos saber quantas vezes o segundo está contido no pri-
meiro. O primeiro número é denominado dividendo e o outro número é o divisor. O resultado da divisão é chamado de
quociente. Nem sempre teremos a quantidade exata de vezes que o divisor caberá no dividendo, podendo sobrar algum
valor. A esse valor, iremos dar o nome de resto. Vamos novamente ao exemplo das pedras:
MATEMÁTICA

3
No caso em particular, conseguimos dividir as 8 Números Inteiros e suas operações fundamentais
pedras para 4 amigos, ficando cada um deles como 2
unidades e não restando pedras. Quando a divisão não 1.1 Definição de Números Inteiros
possui resto, ela é definida como divisão exata. Caso con-
trário, se ocorrer resto na divisão, como por exemplo, se Definimos o conjunto dos números inteiros como a
ao invés de 4 fossem 3 amigos: união do conjunto dos números naturais (N = {0, 1, 2, 3,
4,..., n,...}, com o conjunto dos opostos dos números na-
turais, que são definidos como números negativos. Este
conjunto é denotado pela letra Z e é escrito da seguinte
forma:
ℤ = {… , −4, −3, −2, −1, 0, 1, 2, 3, 4, … }
Sabendo da definição dos números inteiros, agora é
possível indiciar alguns subconjuntos notáveis:

a) O conjunto dos números inteiros não nulos: São


Nessa divisão, cada amigo seguiu com suas duas pe- todos os números inteiros, exceto o zero:
dras, porém restaram duas que não puderam ser distri-
buídas, pois teríamos amigos com quantidades diferen- ℤ∗ = {… , −4, −3, −2, −1, 1, 2, 3, 4, … }
tes de pedras. Nesse caso, tivermos a divisão de 8 pedras
por 3 amigos, resultando em um quociente de 2 e um b) O conjunto dos números inteiros não negativos:
resto também 2. Assim, definimos que essa divisão não São todos os inteiros que não são negativos, ou
é exata. seja, os números naturais:
Devido a esse fato, a divisão de números naturais não ℤ+ = 0, 1, 2, 3, 4, … = ℕ
é fechada, uma vez que nem todas as divisões são exa-
tas. Também não será associativa e nem comutativa, já c) O conjunto dos números inteiros positivos: São to-
que a ordem de resolução importa. As únicas proprieda- dos os inteiros não negativos, e neste caso, o zero
des válidas na divisão são o elemento neutro (que segue não pertence ao subconjunto:
sendo 1, desde que ele seja o divisor) e a propriedade ℤ∗+ = 1, 2, 3, 4, …
distributiva.
d) O conjunto dos números inteiros não positivos:
São todos os inteiros não positivos:
FIQUE ATENTO! ℤ_ = {… , −4, −3, −2, −1, 0, }
A divisão tem a mesma ordem de prio- e) O conjunto dos números inteiros negativos: São
ridade de resolução que a multiplicação, assim todos os inteiros não positivos, e neste caso, o zero
ambas podem ser resolvidas na ordem que não pertence ao subconjunto:
ℤ∗ _ = {… , −4, −3, −2, −1}
1.2 Definições Importantes dos Números inteiros

Módulo: chama-se módulo de um número inteiro a


EXERCÍCIO COMENTADO distância ou afastamento desse número até o zero, na
reta numérica inteira. Representa-se o módulo pelo sím-
bolo | |. Vejam os exemplos:
1. (Pref. De Bom Retiro – SC) A Loja Berlanda está com
promoção de televisores. Então resolvi comprar um tele- Ex: O módulo de 0 é 0 e indica-se |0| = 0
visor por R$ 1.700,00. Dei R$ 500,00 de entrada e o res- Ex: O módulo de +7 é 7 e indica-se |+7| = 7
tante vou pagar em 12 prestações de: Ex: O módulo de –9 é 9 e indica-se |–9| = 9

a) R$ 170,00 a) O módulo de qualquer número inteiro, diferente de


b) R$ 1.200,00 zero, é sempre positivo.
c) R$ 200,00
d) R$ 100,00 Números Opostos: Voltando a definição do inicio do
capítulo, dois números inteiros são ditos opostos um do
Resposta: Letra D: Dado o preço inicial de R$ 1700,00, outro quando apresentam soma zero; assim, os pontos
basta subtrair a entrada de R$ 500,00, assim: R$ que os representam distam igualmente da origem. Vejam
1700,00-500,00 = R$ 1200,00. Dividindo esse resulta- os exemplos:
Ex: O oposto do número 2 é -2, e o oposto de -2 é 2,
MATEMÁTICA

do em 12 prestações, chega-se a R$ 1200,00 : 12 = R$


100,00 pois 2 + (-2) = (-2) + 2 = 0
Ex: No geral, dizemos que o oposto, ou simétrico, de
a é – a, e vice-versa.
Ex: O oposto de zero é o próprio zero.

4
1.3 Operações com Números Inteiros Após a definição de adição de números inteiros, va-
mos apresentar algumas de suas propriedades:
Adição: Diferentemente da adição de números natu-
rais, a adição de números inteiros pode gerar um pouco a) Fechamento: O conjunto Z é fechado para a adição,
de confusão ao leito. Para melhor entendimento desta isto é, a soma de dois números inteiros ainda é um número
operação, associaremos aos números inteiros positivos o inteiro.
conceito de “ganhar” e aos números inteiros negativos o
conceito de “perder”. Vejam os exemplos: b) Associativa: Para todos 𝑎, 𝑏, 𝑐 ∈ ℤ :

Ex: (+3) + (+5) = ? 𝑎 + (𝑏 + 𝑐) = (𝑎 + 𝑏) + 𝑐

Obviamente, quem conhece a adição convencional, Ex: 2 + (3 + 7) = (2 + 3) + 7


sabe que este resultado será 8. Vamos ver agora pelo
conceito de “ganhar” e “perder”: Comutativa: Para todos a,b em Z:
a+b=b+a
+3 = Ganhar 3 3+7=7+3
+5 = Ganhar 5
Elemento Neutro: Existe 0 em Z, que adicionado a
Logo: (Ganhar 3) + (Ganhar 5) = (Ganhar 8) cada z em Z, proporciona o próprio z, isto é:
z+0=z
Ex: (−3) + (−5) = ? 7+0=7

Agora é o caso em que temos dois números negati- Elemento Oposto: Para todo z em Z, existe (-z) em
vos, usando o conceito de “ganhar” ou “perder”: Z, tal que
z + (–z) = 0
-3 = Perder 3 9 + (–9) = 0
-5 = Perder 5
Subtração de Números Inteiros
Logo: (Perder 3) + (Perder 5) = (Perder 8)
A subtração é empregada quando:
Neste caso, estamos somando duas perdas ou dois - Precisamos tirar uma quantidade de outra quanti-
prejuízos, assim o resultado deverá ser uma perda maior. dade;
- Temos duas quantidades e queremos saber quanto
E se tivermos um número positivo e um negativo? Va- uma delas tem a mais que a outra;
mos ver os exemplos: - Temos duas quantidades e queremos saber quanto
Ex: (+8) + (−5) = ? falta a uma delas para atingir a outra.

Neste caso, temos um ganho de 8 e uma perda de 5, A subtração é a operação inversa da adição.
que naturalmente sabemos que resultará em um ganho
de 3: Observe que: 9 – 5 = 4 4+5=9

+8 = Ganhar 8 diferença
-5 = Perder 5 subtraendo

Logo: (Ganhar 8) + (Perder 5) = (Ganhar 3) minuendo

Se observarem essa operação, vocês irão perceber Considere as seguintes situações:


que ela tem o mesmo resultado que 8 − 5 = 3. Basica-
mente ambas são as mesmas operações, sem a presença 1- Na segunda-feira, a temperatura de Monte Sião
dos parênteses e a explicação de como se chegar a essa passou de +3 graus para +6 graus. Qual foi a variação da
simplificação será apresentado nos itens seguintes deste temperatura?
capítulo. Esse fato pode ser representado pela subtração: (+6)
Agora, e se a perda for maior que o ganho? Veja o – (+3) = +3
exemplo:
2- Na terça-feira, a temperatura de Monte Sião, du-
Ex: −8 + +5 = ? rante o dia, era de +6 graus. À Noite, a temperatura bai-
xou de 3 graus. Qual a temperatura registrada na noite
Usando a regra, temos que:
de terça-feira?
MATEMÁTICA

Esse fato pode ser representado pela adição: (+6) +


-8 = Perder 8
(–3) = +3
+5 = Ganhar 5
Se compararmos as duas igualdades, verificamos que
Logo: (Perder 8) + (Ganhar 5) = (Perder 3)
(+6) – (+3) é o mesmo que (+5) + (–3).

5
Temos: Propriedades da multiplicação de números intei-
(+6) – (+3) = (+6) + (–3) = +3 ros: O conjunto Z é fechado para a multiplicação, isto é, a
(+3) – (+6) = (+3) + (–6) = –3 multiplicação de dois números inteiros ainda é um número
(–6) – (–3) = (–6) + (+3) = –3 inteiro.

Daí podemos afirmar: Subtrair dois números inteiros Associativa: Para todos a,b,c em Z:
é o mesmo que adicionar o primeiro com o oposto do a x (b x c) = (a x b) x c
segundo. 2 x (3 x 7) = (2 x 3) x 7

Comutativa: Para todos a,b em Z:


axb=bxa
EXERCÍCIOS COMENTADOS 3x7=7x3

1. Calcule: Elemento neutro: Existe 1 em Z, que multiplicado por


todo z em Z, proporciona o próprio z, isto é:
a) (+12) + (–40) ; zx1=z
b) (+12) – (–40) 7x1=7
c) (+5) + (–16) – (+9) – (–20)
d) (–3) – (–6) – (+4) + (–2) + (–15) Elemento inverso: Para todo inteiro z diferente de
zero, existe um inverso z–1=1/z em Z, tal que
Resposta: Aplicando as regras de soma e subtração z x z–1 = z x (1/z) = 1
de inteiros, tem-se que: 9 x 9–1 = 9 x (1/9) = 1
a) (+12) + (–40) = 12 – 40 = -28
b) (+12) – (–40) = 12 + 40 = 52 Distributiva: Para todos a,b,c em Z:
c) (+5) + (–16) – (+9) – (–20) = +5 -16 – 9 + 20 = 25 – 25 a x (b + c) = (a x b) + (a x c)
=0 3 x (4+5) = (3 x 4) + (3 x 5)
d) (–3) – (–6) – (+4) + (–2) + (–15) = -3 + 6 – 4 – 2 – 15
= 6 – 24 = -18 1.5. Divisão de Números Inteiros

1.4. Multiplicação de Números Inteiros Dividendo divisor dividendo:


A multiplicação funciona como uma forma simplifi- Divisor = quociente 0
cada de uma adição quando os números são repetidos.
Quociente . divisor = dividendo
Poderíamos analisar tal situação como o fato de estar-
mos ganhando repetidamente alguma quantidade, como
Sabemos que na divisão exata dos números naturais:
por exemplo, ganhar 1 objeto por 30 vezes consecutivas,
significa ganhar 30 objetos e esta repetição pode ser in-
40 : 5 = 8, pois 5 . 8 = 40
dicada por um x, isto é: 1 + 1 + 1 ... + 1 + 1 = 30 x 1 = 30
36 : 9 = 4, pois 9 . 4 = 36
Se trocarmos o número 1 pelo número 2, obteremos:
2 + 2 + 2 + ... + 2 + 2 = 30 x 2 = 60
Vamos aplicar esses conhecimentos para estudar a di-
Se trocarmos o número 2 pelo número -2, obteremos:
visão exata de números inteiros. Veja o cálculo:
(–2) + (–2) + ... + (–2) = 30 x (-2) = –60
Observamos que a multiplicação é um caso particular
(–20) : (+5) = q  (+5) . q = (–20)  q = (–4)
da adição onde os valores são repetidos.
Logo: (–20) : (+5) = +4
Na multiplicação o produto dos números a e b, pode
ser indicado por a x b, a . b ou ainda ab sem nenhum
Considerando os exemplos dados, concluímos que,
sinal entre as letras.
para efetuar a divisão exata de um número inteiro por
Para realizar a multiplicação de números inteiros, de-
outro número inteiro, diferente de zero, dividimos o mó-
vemos obedecer à seguinte regra de sinais:
dulo do dividendo pelo módulo do divisor. Daí:
(+1) x (+1) = (+1)
(+1) x (-1) = (-1)
- Quando o dividendo e o divisor têm o mesmo si-
(-1) x (+1) = (-1)
nal, o quociente é um número inteiro positivo.
(-1) x (-1) = (+1)
- Quando o dividendo e o divisor têm sinais diferen-
tes, o quociente é um número inteiro negativo.
Com o uso das regras acima, podemos concluir que:
- A divisão nem sempre pode ser realizada no con-
junto Z. Por exemplo, (+7) : (–2) ou (–19) : (–5) são
Sinais dos números Resultado do produto divisões que não podem ser realizadas em Z, pois
MATEMÁTICA

Iguais Positivo o resultado não é um número inteiro.


- No conjunto Z, a divisão não é comutativa, não é
Diferentes Negativo associativa e não tem a propriedade da existência
do elemento neutro.

6
1- Não existe divisão por zero. A raiz quadrada (de ordem 2) de um número inteiro
Exemplo: (–15) : 0 não tem significado, pois não a é a operação que resulta em outro número inteiro não
existe um número inteiro cujo produto por zero negativo que elevado ao quadrado coincide com o nú-
seja igual a –15. mero a.
2- Zero dividido por qualquer número inteiro, dife-
rente de zero, é zero, pois o produto de qualquer Observação: Não existe a raiz quadrada de um nú-
número inteiro por zero é igual a zero. mero inteiro negativo no conjunto dos números inteiros.
Exemplos: a) 0 : (–10) = 0 /b) 0 : (+6) = 0 /c) 0 : (–1) =
0 Erro comum: Frequentemente lemos em materiais
didáticos e até mesmo ocorre em algumas aulas apare-
1.6. Potenciação de Números Inteiros cimento de:

A potência an do número inteiro a, é definida como 9 = ±3


um produto de n fatores iguais. O número a é denomina-
do a base e o número n é o expoente. mas isto está errado. O certo é:
an = a x a x a x a x ... x a
a é multiplicado por a n vezes = +3
9
Exemplos: Observamos que não existe um número inteiro não
33 = (3) x (3) x (3) = 27 negativo que multiplicado por ele mesmo resulte em um
(-5)5 = (-5) x (-5) x (-5) x (-5) x (-5) = -3125 número negativo.
(-7)² = (-7) x (-7) = 49
(+9)² = (+9) x (+9) = 81
A raiz cúbica (de ordem 3) de um número inteiro a
- Toda potência de base positiva é um número in-
é a operação que resulta em outro número inteiro que
teiro positivo.
elevado ao cubo seja igual ao número a. Aqui não res-
Exemplo: (+3)2 = (+3) . (+3) = +9
tringimos os nossos cálculos somente aos números não
- Toda potência de base negativa e expoente par é negativos.
um número inteiro positivo.
Exemplo: (– 8)2 = (–8) . (–8) = +64 Exemplos

(a)
3
8 = 2, pois 2³ = 8.
- Toda potência de base negativa e expoente ím-
par é um número inteiro negativo. 3
−8
Exemplo: (–5)3 = (–5) . (–5) . (–5) = –125 (b) = –2, pois (–2)³ = -8.

(c)
3
27 = 3, pois 3³ = 27.
Propriedades da Potenciação:
(d)
3
− 27 = –3, pois (–3)³ = -27.
Produtos de Potências com bases iguais: Conserva-
-se a base e somam-se os expoentes. (–7)3 . (–7)6 = (–7)3+6 Observação: Ao obedecer à regra dos sinais para o
= (–7)9 produto de números inteiros, concluímos que:
(a) Se o índice da raiz for par, não existe raiz de nú-
Quocientes de Potências com bases iguais: Conser- mero inteiro negativo.
va-se a base e subtraem-se os expoentes. (+13)8 : (+13)6
= (+13)8 – 6 = (+13)2 (b) Se o índice da raiz for ímpar, é possível extrair a
raiz de qualquer número inteiro.
Potência de Potência: Conserva-se a base e multipli-
cam-se os expoentes. [(+4)5]2 = (+4)5 . 2 = (+4)10
Multiplicidade e Divisibilidade
Potência de expoente 1: É sempre igual à base. (+9)1
= +9 (–13)1 = –13 Um múltiplo de um número é o produto desse nú-
mero por um número natural qualquer. Já um divisor de
Potência de expoente zero e base diferente de um número é um número cujo resto da divisão do nú-
zero: É igual a 1. Exemplo: (+14)0 = 1 (–35)0 = 1 mero pelo divisor é zero.

Radiciação de Números Inteiros Ex: Sabe-se que 30 ∶ 6 = 5, porque 5× 6 = 30.


MATEMÁTICA

A raiz n-ésima (de ordem n) de um número inteiro a Pode-se dizer então que:
é a operação que resulta em outro número inteiro não
negativo b que elevado à potência n fornece o número a. “30 é divisível por 6 porque existe um numero natural
O número n é o índice da raiz enquanto que o número a (5) que multiplicado por 6 dá como resultado 30.”
é o radicando (que fica sob o sinal do radical).

7
Um numero natural a é divisível por um numero na- Divisibilidade por 3: Um número é divisível por 3
tural b, não-nulo, se existir um número natural c, tal que quando a soma dos valores absolutos de seus algaris-
c.b=a. mos é divisível por 3.

Voltando ao exemplo 30 ∶ 6 = 5 , conclui-se que: 30 Exs:


é múltiplo de 6, e 6 é divisor de 30. a) 65385 é divisível por 3, pois 6 + 5 + 3 + 8 + 5 = 27,
e 27 é divisível por 3.
Analisando outros exemplos:
b) 15443 não é divisível por 3, pois 1+ 5 + 4 + 4 + 3 =
a) 20 : 5 = 4 → 20 é múltiplo de 5 (4×5=20), e 5 é
17, e 17 não é divisível por 3.
divisor de 20

b) 12 : 2 = 6 → 12 é múltiplo de 2 (6×2=12), e 2 é Divisibilidade por 4: Um número é divisível por 4


divisor de 12 quando termina em 00 ou quando o número formado
pelos dois últimos algarismos for divisível por 4.
1. Conjunto dos múltiplos de um número natural:
Exs:
É obtido multiplicando-se o número natural em a) 536400 é divisível por 4, pois termina em 00.
questão pela sucessão dos números naturais: 0, 1, 2, 3, b) 653524 é divisível por 4, pois termina em 24, e 24
4, 5, 6,... é divisível por 4.
c) 76315 não é divisível por 4, pois termina em 15, e
Ex: Conjunto dos múltiplos de 7. Para encontrar esse 15 não é divisível por 4.
conjunto basta multiplicar por 7 cada um dos números
da sucessão dos naturais: Divisibilidade por 5: Um número é divisível por 5
quando termina em 0 ou 5.
7x0=0
7x1=7 Exs:
7 x 2 = 14 a) 35040 é divisível por 5, pois termina em 0.
7 x 3 = 21
b) 7235 é divisível por 5, pois termina em 5.
7 x 4 = 28
c) 6324 não é divisível por 5, pois termina em 4.
7 x 5 = 35

O conjunto formado pelos resultados encontrados


forma o conjunto dos múltiplos de 7: M(7) = {0, 7, 14, EXERCÍCIO COMENTADO
21, 28,...}.

Observações: 1. Escreva os elementos dos conjuntos dos múltiplos


de 5 positivos menores que 30.
- Todo número natural é múltiplo de si mesmo.
- Todo número natural é múltiplo de 1. Resposta: Seguindo a tabuada do 5, temos que:
- Todo número natural, diferente de zero, tem infini- {5,10,15,20,25}.
tos múltiplos.
- O zero é múltiplo de qualquer número natural.
- Os múltiplos do número 2 são chamados de núme- Divisibilidade por 6: Um número é divisível por 6
ros pares, e a fórmula geral desses números é . quando é divisível por 2 e por 3.
Os demais são chamados de números ímpares, e a fór-
mula geral desses números é . Exs:
a) 430254 é divisível por 6, pois é divisível por 2 (ter-
1.1. Critérios de divisibilidade: mina em 4) e por 3 (4 + 3 + 0 + 2 + 5 + 4 = 18).
b) 80530 não é divisível por 6, pois não é divisível por
São regras práticas que nos possibilitam dizer se um 3 (8 + 0 + 5 + 3 + 0 = 16).
número é ou não divisível por outro, sem efetuarmos a c) 531561 não é divisível por 6, pois não é divisível por
divisão. 2 (termina em 1).

Divisibilidade por 2: Um número é divisível por 2 Divisibilidade por 7: Para verificar a divisibilidade
quando ele é par, ou seja, quando ele termina em 0, 2, por 7, deve-se fazer o seguinte procedimento.
4, 6 ou 8.
- Multiplicar o último algarismo por 2
MATEMÁTICA

Exs: - Subtrair o resultado do número inicial sem o últi-


a) 9656 é divisível por 2, pois termina em 6. mo algarismo
b) 4321 não é divisível por 2, pois termina em 1. - Se o resultado for um múltiplo de 7, então o núme-
ro inicial é divisível por 7.

8
É importante ressaltar que, em caso de números com Divisibilidade por 11: Um número é divisível por 11
vários algarismos, será necessário fazer o procedimento quando a diferença entre a soma dos algarismos de posi-
mais de uma vez. ção ímpar e a soma dos algarismos de posição par resulta
em um número divisível por 11.
Ex:
Analisando o número 1764 Exs:
Procedimento: a) 43813 é divisível por 11. Vejamos o porquê

- Último algarismo: 4. Multiplica-se por 2: 4×2=8 Os algarismos de posição ímpar são os algarismos
- Subtrai-se o resultado do número inicial sem o últi- nas posições 1, 3 e 5. Ou seja, 4,8 e 3. A soma desses
mo algarismo: 176-8=168 algarismos é 4 + 8 + 3 = 15
- O resultado é múltiplo de 7? Para isso precisa verifi-
car se 168 é divisível por 7. Os algarismos de posição par são os algarismos nas
posições 2 e 4. Ou seja, 3 e 1. A soma desses algarismos
Aplica-se o procedimento novamente, agora para o é 3+1 = 4
número 168. 15 – 4 = 11→ A diferença divisível por 11. Logo 43813
- Último algarismo: 8. Multiplica-se por 2: 8×2=16 é divisível por 11.
- Subtrai-se o resultado do número inicial sem o últi-
mo algarismo: 16-16=0 b) 83415721 não é divisível por 11. Vejamos o porquê
- O resultado é múltiplo de 7? Sim, pois zero (0) é
múltiplo de qualquer número natural. Os algarismos de posição ímpar são os algarismos
nas posições 1, 3, 5 e 7. Ou seja, 8, 4, 5 e 2. A soma desses
Portanto, conclui-se que 168 é múltiplo de 7. Se 168 é algarismos é
múltiplo de 7, então 1764 é divisível por 7. Os algarismos de posição ímpar são os algarismos
nas posições 1, 3, 5 e 7. Ou seja, 8, 4, 5 e 2. A soma desses
Divisibilidade por 8: Um número é divisível por 8 algarismos é 8+4+5+2 = 19
quando termina em 000 ou quando o número formado
pelos três últimos algarismos for divisível por 8. Os algarismos de posição par são os algarismos nas
Exs: posições 2, 4 e 6. Ou seja, 3, 1 e 7. A soma desses algaris-
a) 57000 é divisível por 8, pois termina em 000. mos é 3+1+7 = 11
b) 67024 é divisível por 8, pois seus três últimos alga-
rismos formam o número 24, que é divisível por 8. 19 – 11 = 8→ A diferença não é divisível por 11. Logo
c) 34125 não é divisível por 8, pois seus três últimos
83415721 não é divisível por 11.
algarismos formam o número 125, que não é divi-
sível por 8.
Divisibilidade por 12: Um número é divisível por 12
quando é divisível por 3 e por 4.

EXERCÍCIO COMENTADO Exs:


a) 78324 é divisível por 12, pois é divisível por 3 ( 7 +
2. Escreva os elementos dos conjuntos dos múltiplos 8 + 3 + 2 + 4 = 24) e por 4 (termina em 24).
de 8 compreendidos entre 30 e 50. b) 652011 não é divisível por 12, pois não é divisível
por 4 (termina em 11).
Resposta: Seguindo a tabuada do 8, a partir do 30: c) 863104 não é divisível por 12, pois não é divisível
{32,40,48}. por 3 (8 + 6 + 3 +1 + 0 + 4 = 22).

Divisibilidade por 15: Um número é divisível por 15


Divisibilidade por 9: Um número é divisível por 9 quando é divisível por 3 e por 5.
quando a soma dos valores absolutos de seus algarismos
formam um número divisível por 9. Exs:
a) 650430 é divisível por 15, pois é divisível por 3 (6 +
Exs: 5 + 0 + 4 + 3 + 0 =18) e por 5 (termina em 0).
a) 6253461 é divisível por 9, pois 6 + 2 + 5 + 3 + 4 + 6 b) 723042 não é divisível por 15, pois não é divisível
+ 1 = 27 é divisível por 9. por 5 (termina em 2).
b) 325103 não é divisível por 9, pois 3 + 2 + 5 + 1 + 0 c) 673225 não é divisível por 15, pois não é divisível
+ 3 = 14 não é divisível por por 3 (6 + 7 + 3 + 2 + 2 + 5 = 25).
Divisibilidade por 10: Um número é divisível por 10 POTENCIAÇÃO
quando termina em zero.
MATEMÁTICA

Define-se potenciação como o resultado da multi-


Exs:
plicação de fatores iguais, denominada base, sendo o
a) 563040 é divisível por 10, pois termina em zero.
número de fatores igual a outro número, denominado
b) 246321 não é divisível por 10, pois não termina em
expoente. Diz-se “b elevado a c”, cuja notação é:
zero.

9
Exemplos:
𝑏𝑐 = 𝑏 × 𝑏 × ⋯ × 𝑏
a) 25 : 23 = 25-3=22
𝑐 𝑣𝑒𝑧𝑒𝑠
b) 39 : 36 = 39-6=33
c) 1512 : 154 = 1512-4 = 158
Por exemplo: 43=4×4×4=64, sendo a base igual a 4 e
o expoente igual a 3.
Esta operação não passa de uma multiplicação com FIQUE ATENTO!
fatores iguais, como por exemplo: 23 = 2 × 2 × 2 = 8 → Dada uma potência xa , onde o núme-
53 = 5 × 5 × 5 = 125 ro real a é negativo, o resultado dessa potên-
1. Propriedades da Potenciação
cia é igual ao inverso de x elevado a a, isto é,
1
Propriedade 1: potenciação com base 1 𝑥𝑎 = se a<0.
𝑥𝑎 1
Uma potência cuja base é igual a 1 e o expoente na- Por exemplo, 2−3 =
1
, 5−1 = 1 .
tural é n, denotada por 1n, será sempre igual a 1. Em re- 23 5
sumo, 1n=1
Propriedade 7: potência de potência
Exemplos: Quando uma potência está elevado a outro expoente, o
a) 13 = 1×1×1 = 1 expoente resultante é obtido multiplicando-se os expoentes
b) 17 = 1×1×1×1×1×1×1 = 1 Em resumo: (xa )b=xa×b

Propriedade 2: potenciação com expoente nulo Exemplos:


Se n é um número natural não nulo, então temos que a) (25 )3 = 25×3=215
nº=1. b) (39 )2 = 39×2=318
c) (612 )4= 612×4=648
Exemplos:
a) 5º = 1
Propriedade 8: potência de produto
b) 9º = 1
Quando um produto está elevado a uma potência, o
resultado é um produto com cada um dos fatores eleva-
Propriedade 3: potenciação com expoente 1
Qualquer que seja a potência em que a base é o nú- do ao expoente
mero natural n e o expoente é igual a 1, denotada por n1 Em resumo: (x×y)a=xa×ya
, é igual ao próprio n. Em resumo, n1=n
Exemplos:
Exemplos: a) (2×3)3 = 23×33
a) 5¹ = 5 b) (3×4)2 = 32×42
b) 64¹ = 64 c) (6×5)4= 64×54

Propriedade 4: potenciação de base 10


Toda potência 10n é o número formado pelo algaris- #FicaDica
mo 1 seguido de n zeros. Em alguns casos podemos ter uma multiplica-
ção ou divisão potência que não está na mes-
Exemplos: ma base (como nas propriedades 5 e 6), mas
a) 103 = 1000 pode ser simplificada. Por exemplo, 43×25 =(22
b) 108 = 100.000.000 )3×25= 26×25= 26+5=211 e 33:9 = 33 : 32 = 31.
c) 104 = 1000

Propriedade 5: multiplicação de potências de mes-


ma base
Em uma multiplicação de duas potências de mesma EXERCÍCIOS COMENTADOS
base, o resultado é obtido conservando-se a base e so-
mando-se os expoentes. 1. (MPE-RS – 2017) A metade de é igual a:
Em resumo: x × x = x
a b a+b
a) 220
Exemplos:
b) 239
a) 23×24 = 23+4 = 27
c) 240
b) 34×36 = 34+6=310
d) 279
c) 152×154 = 152+4=156
e) 280
Propriedade 6: divisão de potências de mesma
MATEMÁTICA

base Resposta: Letra D.


Em uma divisão de duas potências de mesma base, o Para encontrar a metade de 440, basta dividirmos esse
resultado é obtido conservando-se a base e subtraindo- 40
número por 2, isto é, 4 . Uma forma fácil de resolver
-se os expoentes. 2
Em resumo: xa : xb = xa-b

10
essa fração é escrever o numerador e denominador 2. Múltiplos e Divisores
dessa fração na mesma base como mostrado a seguir: Diz-se que um número natural a é múltiplo de outro
440
2 2 40
280 natural b, se existe um número natural k tal que:
= = = 280−1 = 279
2 2 2 .
𝑎 = 𝑘. 𝑏
Note que para resolver esse exercício utilizamos as
propriedades 6 e 7. Ex. 15 é múltiplo de 5, pois 15=3 x 5
Números Primos, MDC e MMC Quando a=k.b, segue que a é múltiplo de b, mas tam-
bém, a é múltiplo de k, como é o caso do número 35 que
O máximo divisor comum e o mínimo múltiplo co- é múltiplo de 5 e de 7, pois: 35 = 7 x 5.
mum são ferramentas extremamente importantes na Quando a = k.b, então a é múltiplo de b e se conhe-
matemática. Através deles, podemos resolver alguns cemos b e queremos obter todos os seus múltiplos, basta
problemas simples, além de utilizar seus conceitos em fazer k assumir todos os números naturais possíveis.
outros temas, como frações, simplicação de fatoriais, etc.
Porém, antes de iniciarmos a apresentar esta teoria, é Ex. Para obter os múltiplos de dois, isto é, os números
importante conhecermos primeiramente uma classe de da forma a = k x 2, k seria substituído por todos os nú-
números muito importante: Os números primos. meros naturais possíveis.

1. Números primos
FIQUE ATENTO!
Um número natural é definido como primo se ele tem Um número b é sempre múltiplo dele mesmo.
exatamente dois divisores: o número um e ele mesmo. a = 1 x b ↔ a = b.
Já nos inteiros, p ∈ ℤ é um primo se ele tem exatamente
quatro divisores: ±1 e ±𝑝 . A definição de divisor está relacionada com a de múl-
tiplo.
FIQUE ATENTO!
Um número natural b é divisor do número natural a,
Por definição, 0, 1 e − 1 não são núme- se a é múltiplo de b.
ros primos.
Ex. 3 é divisor de 15, pois , logo 15 é múltiplo de 3 e
Existem infinitos números primos, como demonstra- também é múltiplo de 5.
do por Euclides por volta de 300 a.C.. A propriedade de
ser um primo é chamada “primalidade”, e a palavra “pri-
mo” também são utilizadas como substantivo ou adje-
#FicaDica
tivo. Como “dois” é o único número primo par, o termo Um número natural tem uma quantidade finita
“primo ímpar” refere-se a todo primo maior do que dois. de divisores. Por exemplo, o número 6 poderá
O conceito de número primo é muito importante ter no máximo 6 divisores, pois trabalhando no
na teoria dos números. Um dos resultados da teoria dos conjunto dos números naturais não podemos
números é o Teorema Fundamental da Aritmética, que dividir 6 por um número maior do que ele. Os
afirma que qualquer número natural diferente de 1 pode divisores naturais de 6 são os números 1, 2, 3,
ser escrito de forma única (desconsiderando a ordem) 6, o que significa que o número 6 tem 4 divi-
como um produto de números primos (chamados fato- sores.
res primos): este processo se chama decomposição em
fatores primos (fatoração). É exatamente este conceito
que utilizaremos no MDC e MMC. Para caráter de me- MDC
morização, seguem os 100 primeiros números primos
positivos. Recomenda-se que memorizem ao menos os Agora que sabemos o que são números primos, múl-
10 primeiros para MDC e MMC: tiplos e divisores, vamos ao MDC. O máximo divisor co-
mum de dois ou mais números é o maior número que é
2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, 29, 31, 37, 41, 43, 47, 53, divisor comum de todos os números dados.
59, 61, 67, 71, 73, 79, 83, 89, 97, 101, 103, 107, 109, 113,
127, 131, 137, 139, 149, 151, 157, 163, 167, 173, 179, 181, Ex. Encontrar o MDC entre 18 e 24.
191, 193, 197, 199, 211, 223, 227, 229, 233, 239, 241, 251,
257, 263, 269, 271, 277, 281, 283, 293, 307, 311, 313, 317, Divisores naturais de 18: D(18) = {1,2,3,6,9,18}.
331, 337, 347, 349, 353, 359, 367, 373, 379, 383, 389, 397,
MATEMÁTICA

Divisores naturais de 24: D(24) = {1,2,3,4,6,8,12,24}.


401, 409, 419, 421, 431, 433, 439, 443, 449, 457, 461, 463,
467, 479, 487, 491, 499, 503, 509, 521, 523, 541
Pode-se escrever, agora, os divisores comuns a 18 e
24: D(18)∩ D (24) = {1,2,3,6}.

11
Observando os divisores comuns, podemos identifi- Decomposição isolada em fatores primos: Para ob-
car o maior divisor comum dos números 18 e 24, ou seja: ter o MMC de dois ou mais números por esse processo,
MDC (18,24) = 6. procedemos da seguinte maneira:

Outra técnica para o cálculo do MDC: - Decompomos cada número dado em fatores pri-
mos.
Decomposição em fatores primos: Para obter o - O MMC é o produto dos fatores comuns e não-
MDC de dois ou mais números por esse processo, proce- -comuns, cada um deles elevado ao seu maior ex-
de-se da seguinte maneira: poente.
Ex. Achar o MMC entre 18 e 120.
Decompõe-se cada número dado em fatores primos.
O MDC é o produto dos fatores comuns obtidos, cada Fatorando os números:
um deles elevado ao seu menor expoente.

Exemplo: Achar o MDC entre 300 e 504.

Fatorando os dois números:

Temos que:

18 = 2 .32
120 = 23.3 .5

O MMC será os fatores comuns com seus maiores ex-


Temos que: poentes:
300 = 22.3 .52 mmc (18,120) = 23.32.5 = 8 .9 .5 = 360
504 = 23.32 .7

O MDC será os fatores comuns com seus menores


expoentes: EXERCÍCIOS COMENTADOS
mdc (300,504)= 22.3 = 4 .3=12
1. (FEPESE-2016) João trabalha 5 dias e folga 1, enquan-
to Maria trabalha 3 dias e folga 1. Se João e Maria folgam
MMC
no mesmo dia, então quantos dias, no mínimo, passarão
O mínimo múltiplo comum de dois ou mais números para que eles folguem no mesmo dia novamente?
é o menor número positivo que é múltiplo comum de
todos os números dados. Consideremos: a) 8
b) 10
Ex. Encontrar o MMC entre 8 e 6 c) 12
d) 15
Múltiplos positivos de 6: M(6) = e) 24
{6,12,18,24,30,36,42,48,54,...}
Resposta: Letra c.
Múltiplos positivos de 8: M(8) = COMENTÁRIO: O período em que João trabalha e fol-
{8,16,24,32,40,48,56,64,...} ga corresponde a 6 dias enquanto o mesmo período,
para Maria, corresponde a 4 dias. Assim, o problema
Podem-se escrever, agora, os múltiplos positivos co- consiste em encontrar o mmc entre 6 e 4. Logo, eles
muns: M(6)∩M(8) = {24,48,72,...} folgarão no mesmo dia novamente após 12 dias pois
mmc(6,4)=12.
Observando os múltiplos comuns, pode-se identificar
o mínimo múltiplo comum dos números 6 e 8, ou seja: .

Outra técnica para o cálculo do MMC:


MATEMÁTICA

12
Números Racionais: Frações, Números Decimais e 1.2. Subtração de Números Racionais
suas Operações
A subtração de dois números racionais e é a própria
1. Números Racionais operação de adição do número com o oposto de q, isto
é:
Um número racional é o que pode ser escrito na for-
m
ma , onde m e n são números inteiros, sendo que n 1.3. Multiplicação (Produto) de Números Racio-
n m nais
deve ser diferente de zero. Frequentemente usamos
n
para significar a divisão de m por n . Como todo número racional é uma fração ou pode
Como podemos observar, números racionais podem ser escrito na forma de uma fração, definimos o produto
ser obtidos através da razão entre dois números inteiros, de dois números racionais e , da mesma forma que o
razão pela qual, o conjunto de todos os números racio- produto de frações, através de:
nais é denotado por Q. Assim, é comum encontrarmos na
literatura a notação: O produto dos números racionais e também pode
Q= { m
n
: m e n em Z,n diferente de zero } ser indicado por , ou ainda sem nenhum sinal entre as
letras.
Para realizar a multiplicação de números racionais,
No conjunto Q destacamos os seguintes subconjun- devemos obedecer à mesma regra de sinais que vale em
tos: toda a Matemática:
∗ (+1) × (+1) = (+1) – Positivo Positivo = Positivo
• 𝑄 = conjunto dos racionais não nulos; (+1) × (-1) = (-1) - Positivo Negativo = Negativo
• 𝑄+ = conjunto dos racionais não negativos; (-1) × (+1) = (-1) - Negativo Positivo = Negativo

• 𝑄+ = conjunto dos racionais positivos; (-1) × (-1) = (+1) – Negativo Negativo = Positivo
• 𝑄− = conjunto dos racionais não positivos;
• 𝑄−∗ = conjunto dos racionais negativos.

Módulo ou valor absoluto: É a distância do ponto


#FicaDica
que representa esse número ao ponto de abscissa zero. O produto de dois números com o mesmo si-
nal é positivo, mas o produto de dois números
Exemplo: Módulo de é. Indica-se com sinais diferentes é negativo.

Módulo de é . Indica-se
1.3.1. Propriedades da Multiplicação de Números
Números Opostos: Dizemos que e são números ra- Racionais
cionais opostos ou simétricos e cada um deles é o oposto
do outro. As distâncias dos pontose ao ponto zero da O conjunto Q é fechado para a multiplicação, isto é,
reta são iguais. o produto de dois números racionais resultaem um nú-
mero racional.
1.1. Soma (Adição) de Números Racionais
- Associativa: Para todos em :
Como todo número racional é uma fração ou pode - Comutativa: Para todos em :
ser escrito na forma de uma fração, definimos a adição - Elemento neutro: Existe 1 em , que multiplicado
entre os números racionais e , da mesma forma que a por todo em , proporciona o próprio , isto é:
soma de frações, através de: - Elemento inverso: Para todo em , diferente de
zero, existe em : , ou seja,
1.1.1. Propriedades da Adição de Números Racio- - Distributiva: Para todos em :
nais
1.4. Divisão de Números Racionais
O conjunto é fechado para a operação de adição,
isto é, a soma de dois números racionais resulta em um A divisão de dois números racionais p e q é a própria
número racional. operação de multiplicação do número p pelo inverso de
q, istoé: p ÷ q = p × q-1
- Associativa: Para todos em : De maneira prática costuma-se dizer que em uma di-
visão de duas frações, conserva-se a primeira fração e
- Comutativa: Para todos em :
multiplica-se pelo inverso da segunda:
- Elemento neutro: Existe em , que adicionado a
todo em , proporciona o próprio , isto é:
- Elemento oposto: Para todo em , existe em Q, tal #FicaDica
MATEMÁTICA

que
É possível encontrar divisão de frações da se-
guinte forma: . O procedimento de cálculo é o
mesmo.

13
1.5. Potenciação de Números Racionais

A potência do número racional é um produto de fatores iguais. O número é denominado a base e o número é
o expoente.
, (q aparece n vezes)

Exs:

.  2  .  2  =
3
a)  2  =  2 
8
125
5 5 5 5
3
b)  − 1  =  − 1  .  − 1  .  − 1  = 1
  −
 2  2  2  2 8
c) (– 5)² = (– 5) � ( – 5) = 25

d) (+5)² = (+5) � (+5) = 25

1.5.1. Propriedades da Potenciação aplicadas a números racionais

Toda potência com expoente 0 é igual a 1.


0
 2
+  = 1
 5
- Toda potência com expoente 1 é igual à própria base.
1
 9 9
−  =−
 4 4
- Toda potência com expoente negativo de um número racional diferente de zero é igual a outra potência que tem
a base igual ao inverso da base anterior e o expoente igual ao oposto do expoente anterior.

 3
−2
 5 25 2

−  = −  =
 5  3 9
- Toda potência com expoente ímpar tem o mesmo sinal da base.
3
2 2 2 2 8
  =   .  .   =
3 3 3
        273

- Toda potência com expoente par é um número positivo.


2
 1  1  1 1
−  = −  .−  =
 5  5  5 25
- Produto de potências de mesma base. Para reduzir um produto de potências de mesma base a uma só potência,
conservamos a base e somamos os expoentes.
2 3 2+3 5
 2  2  2 2 2 2 2  2 2
  .   =  . . . .  =   = 
 5  5 5 55 5 5 5 5
MATEMÁTICA

- Quociente de potências de mesma base. Para reduzir um quociente de potências de mesma base a uma só potên-
cia, conservamos a base e subtraímos os expoentes.

14
3 3 3 3 3
5 . . . .
2 5− 2 3
3 3 2 2 2 2 2 3 3
:
    = =   =  
2 2 3 3 2 2
.
2 2
- Potência de Potência. Para reduzir uma potência de potência a uma potência de um só expoente, conservamos a
base e multiplicamos os expoentes.

3
 1  2  2 2
1 1 1
2
1
2+ 2+ 2
1
3+ 2
1
6

   = . .
      =   =   =  
 2   2 2 2 2 2 2

1.6. Radiciação de Números Racionais

Se um número representa um produto de dois ou mais fatores iguais, então cada fator é chamado raiz do número.
Vejamos alguns exemplos:

Ex:
4 Representa o produto 2. 2 ou 22. Logo, 2 é a raiz quadrada de 4. Indica-se 4 = 2.
Ex:
2
1 1 1 1 1 1 1 1
Representa o produto . ou   .Logo, é a raiz quadrada de .Indica-se =
9 3 3 3 3 9 9 3
Ex: 3
0,216 Representa o produto 0,6 � 0,6 � 0,6 ou (0,6)3 . Logo, 0,6 é a raiz cúbica de 0,216. Indica-se 0,216 = 0,6 .

Assim, podemos construir o diagrama:

FIQUE ATENTO!
Um número racional, quando elevado ao quadrado, dá o número zero ou um número racional positivo.
Logo, os números racionais negativos não têm raiz quadrada em Q.

100
O número − não tem raiz quadrada em Q, pois tanto − 10 como + 10 , quando elevados ao quadrado, dão 100 .
9 3 3 9
Um número racional positivo só tem raiz quadrada no conjunto dos números racionais se ele for um quadrado
perfeito.
O número 2 não tem raiz quadrada em Q, pois não existe número racional que elevado ao quadrado dê 2 .
3 3

Frações
MATEMÁTICA

x
Frações são representações de partes iguais de um todo. São expressas como um quociente de dois números ,
sendo x o numerador e y o denominador da fração, com y ≠ 0 . y

15
1. Frações Equivalentes encontramos as frações equivalentes com o novo deno-
minador:
São frações que, embora diferentes, representam a
mesma parte do mesmo todo. Uma fração é equivalente
3 5 9 20
a outra quando pode ser obtida multiplicando o nume- mmc (8,6) = 24 = = =
rador e o denominador da primeira fração pelo mesmo 8 6 24 24
número.
24 ∶ 8 � 3 = 9
Ex: 3 e 6 .
5 10 24 ∶ 6 � 5 = 20
A segunda fração pode ser obtida multiplicando o
numerador e denominador de 3 por 2: Devemos proceder, agora, como no primeiro caso,
5
simplificando o resultado, quando possível:
3�2 6
=
5 � 2 10
9 20 29
+ =
Assim, diz-se que
6
é uma fração equivalente a 3 24 24 24
10 5

3 5 9 20 29
2. Operações com Frações Portanto: + = + =
8 6 24 24 24
2.1. Adição e Subtração

2.1.1. Frações com denominadores iguais: #FicaDica


Ex: Na adição e subtração de duas ou mais
Jorge comeu 3 de um tablete de chocolate e Miguel frações que têm os denominadores diferentes,
5
desse mesmo tablete.
8 Qual a fração do tablete de cho- reduzimos inicialmente as frações ao menor
8
colate que Jorge e Miguel comeram juntos? denominador comum, após o que procedemos
como no primeiro caso.
A figura abaixo representa o tablete de chocolate.
Nela também estão representadas as frações do tablete
2.2. Multiplicação
que Jorge e Miguel comeram:
Ex:
De uma caixa de frutas, 4 são bananas. Do total de
2 5
bananas, estão estragadas. Qual é a fração de frutas
3
da caixa que estão estragadas?
3 2 5
Observe que = =
8 8 8
5
Portanto, Jorge e Miguel comeram juntos do table-
8
te de chocolate.
Representa 4/5 do conteúdo da caixa
Na adição e subtração de duas ou mais frações que
têm denominadores iguais, conservamos o denominador
comum e somamos ou subtraímos os numeradores.

Outro Exemplo:

3 5 7 3+5−7 1
+ − = = Representa 2/3 de 4/5 do conteúdo da caixa.
2 2 2 2 2
Repare que o problema proposto consiste em calcular
2.1.2. Frações com denominadores diferentes: 2
o valor de de 4 que, de acordo com a figura, equivale
3 5 3 5
Calcular o valor de + Inicialmente, devemos a 8
do total de frutas. De acordo com a tabela acima, 2
MATEMÁTICA

8 6 15 3
2 4
reduzir as frações ao mesmo denominador comum. Para de 4 equivale a � . Assim sendo:
5 3 5
isso, encontramos o mínimo múltiplo comum (MMC) entre 2 4 8
� =
3 5 15
os dois (ou mais, se houver) denominadores e, em seguida,

16
Ou seja:
2 de 4 2 4 2�4 8
= � 5 = 3�5 = 15
3 5 3

O produto de duas ou mais frações é uma fração cujo numerador é o produto dos numeradores e cujo denominador é
o produto dos denominadores das frações dadas.

2 4 7 2�4�7 56
Outro exemplo: � � = =
3 5 9 3 � 5 � 9 135

#FicaDica
Sempre que possível, antes de efetuar a multiplicação, podemos simplificar as frações entre si, dividindo
os numeradores e os denominadores por um fator comum. Esse processo de simplificação recebe o nome
de cancelamento.

2.3. Divisão

Duas frações são inversas ou recíprocas quando o numerador de uma é o denominador da outra e vice-versa.

Exemplo
2 é a fração inversa de 3
3 2
5 ou 5 é a fração inversa de 1
1 5

Considere a seguinte situação:

Lúcia recebeu de seu pai os 4 dos chocolates contidos em uma caixa. Do total de chocolates recebidos, Lúcia deu a
terça parte para o seu namorado.5 Que fração dos chocolates contidos na caixa recebeu o namorado de Lúcia?

A solução do problema consiste em dividir o total de chocolates que Lúcia recebeu de seu pai por 3, ou seja, 4
:3
5

Por outro lado, dividir algo por 3 significa calcular 1 desse algo.
3
4 1
Portanto: : 3 = de 4
5 3 5

1 4 1 4 4 1 4 4 3 4 1
Como de 5= 3 � 5 = 5 � 3 , resulta que : 3 = : = �
3 5 5 1 5 3

3 1
Observando que as frações e são frações inversas, podemos afirmar que:
1 3
Para dividir uma fração por outra, multiplicamos a primeira pelo inverso da segunda.
4 4 3 4 1 4
Portanto 5 : 3 = 5 ∶ 1 = 5 � 3 = 15
4
Ou seja, o namorado de Lúcia recebeu do total de chocolates contidos na caixa.
15
MATEMÁTICA

4 8 41 5 5
Outro exemplo: : = . =
3 5 3 82 6

17
Observação:

Note a expressão: . Ela é equivalente à expressão 3 1


:
2 5

Portanto

Números Decimais

De maneira direta, números decimais são números que possuem vírgula. Alguns exemplos: 1,47; 2,1; 4,9587; 0,004; etc.

1. Operações com Números Decimais

1.1. Adição e Subtração

Vamos calcular o valor da seguinte soma:


5,32 + 12,5 + 0, 034

Transformaremos, inicialmente, os números decimais em frações decimais:

352 125 34 5320 12500 34 17854


5,32 + 12,5 + 0,034 = + + = + + = = 17,854
100 10 1000 1000 1000 1000 1000

Portanto: 5,32 + 12,5 + 0, 034 = 17, 854

Na prática, a adição e a subtração de números decimais são obtidas de acordo com a seguinte regra:

- Igualamos o número de casas decimais, acrescentando zeros.


- Colocamos os números um abaixo do outro, deixando vírgula embaixo de vírgula.
- Somamos ou subtraímos os números decimais como se eles fossem números naturais.
- Na resposta colocamos a vírgula alinhada com a vírgula dos números dados.

Exemplo

2,35 + 14,3 + 0, 0075 + 5

Disposição prática:

2,3500
14,3000
+ 0,0075
5,0000
21,6575

1.2. Multiplicação

Vamos calcular o valor do seguinte produto: 2,58 � 3,4 .

Transformaremos, inicialmente, os números decimais em frações decimais:


MATEMÁTICA

258 34 8772
2,58 � 3,4 = � = = 8,772
100 100 1000

Portanto 2,58 � 3,4 = 8,772

18
#FicaDica
Na prática, a multiplicação de números decimais é obtida de acordo com as seguintes regras:
- Multiplicamos os números decimais como se eles fossem números naturais.
- No resultado, colocamos tantas casas decimais quantas forem as do primeiro fator somadas às do
segundo fator.

Exemplo:
Disposição prática:
652,2  1 casa decimal

X 2,03  2 casas decimais


19 566

1 304 4

1 323,966  1 + 2 = 3 casas decimais

1.3. Divisão

Vamos, por exemplo, efetuar a seguinte divisão: 24 ∶ 0,5

Inicialmente, multiplicaremos o dividendo e o divisor da divisão dada por 10.

24 ∶ 0,5 = (24 � 10) ∶ (0,5 � 10) = 240 ∶ 5

A vantagem de tal procedimento foi a de transformarmos em número natural o número decimal que aparecia na
divisão. Com isso, a divisão entre números decimais se transforma numa equivalente com números naturais.

Portanto: 24 ∶ 0,5 = 240 ∶ 5 = 48

#FicaDica
Na prática, a divisão entre números decimais é obtida de acordo com as seguintes regras:
- Igualamos o número de casas decimais do dividendo e do divisor.
- Cortamos as vírgulas e efetuamos a divisão como se os números fossem naturais.

Ex: 24 ∶ 0,5 = 240 ∶ 5 = 48

Disposição prática:
MATEMÁTICA

19
Nesse caso, o resto da divisão é igual à zero. Assim sendo, a divisão é chamada de divisão exata e o quociente é
exato.

Ex: 9,775 ∶ 4,25

Disposição prática:

Nesse caso, o resto da divisão é diferente de zero. Assim sendo, a divisão é chamada de divisão aproximada e o
quociente é aproximado.

Se quisermos continuar uma divisão aproximada, devemos acrescentar zeros aos restos e prosseguir dividindo cada
número obtido pelo divisor. Ao mesmo tempo em que colocamos o primeiro zero no primeiro resto, colocamos uma
vírgula no quociente.

Ex: 0,14 ∶ 28

Ex: 2 ∶ 16

2. Representação Decimal das Frações


p
Tomemos um número racional q tal que não seja múltiplo de . Para escrevê-lo na forma decimal, basta efetuar a
divisão do numerador pelo denominador.
Nessa divisão podem ocorrer dois casos:

1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, um número finito de algarismos. Decimais Exatos:

2
= 0,4
5
1
= 0,25
4
35
= 8,75
4
153
= 3,06
MATEMÁTICA

50

20
2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, infinitos algarismos (nem todos nulos), repetindo-se periodi-
camente. Decimais Periódicos ou Dízimas Periódicas:

1
= 0,333 …
3

1
= 0,04545 …
22

167
= 2,53030 …
66

FIQUE ATENTO!
Se após as vírgulas os algarismos não são periódicos, então esse número decimal não está contido no
conjunto dos números racionais.

3.Representação Fracionária dos Números Decimais

Trata-se do problema inverso: estando o número racional escrito na forma decimal, procuremos escrevê-lo na forma
de fração. Temos dois casos:

1º) Transformamos o número em uma fração cujo numerador é o número decimal sem a vírgula e o denominador é
composto pelo numeral 1, seguido de tantos zeros quantas forem as casas decimais do número decimal dado:

9
0,9 =
10

57
5,7 =
10

76
0,76 =
100

348
3,48 =
100

5 1
0,005 = =
1000 200

2º) Devemos achar a fração geratriz da dízima dada; para tanto, vamos apresentar o procedimento através de alguns
exemplos:

Ex:
Seja a dízima 0,333...

Façamos e multipliquemos ambos os membros por 10:


MATEMÁTICA

10x = 0,333

21
Subtraindo, membro a membro, a primeira igualdade da segunda:

3
10x – x = 3,333 … – 0,333. . . 9x = 3 x =
9
3
Assim, a geratriz de 0,333... é a fração .
9
Ex:
Seja a dízima 5,1717...

Façamos x = 5,1717. . . e 100x = 517,1717. . .

Subtraindo membro a membro, temos:


99x = 512 x = 512⁄99
512
Assim, a geratriz de 5,1717... é a fração .
99
Ex:

Seja a dízima 1,23434...

Façamos x = 1,23434 … ;10x = 12,3434 …; 1000x = 1234,34 …

Subtraindo membro a membro, temos:


1222
990x = 1234,34. . . – 12,34 … 990x = 1222 x =
990
611
Simplificando, obtemos x = , a fração geratriz da dízima 1,23434...
495

Analisando todos os exemplos, nota-se que a idéia consiste em deixar após a vírgula somente a parte periódica (que
se repete) de cada igualdade para, após a subtração membro a membro, ambas se cancelarem.

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (EBSERH – Médico – IBFC/2016) Mara leu 1/5 das páginas de um livro numa semana. Na segunda semana, leu mais
2/3 de páginas. Se ainda faltam ler 60 (sessenta) páginas do livro, então o total de páginas do livro é de:

a) 300
b) 360
c) 400
d) 450
e) 480

Resposta: Letra D.

13 do livro. Logo, ainda falta 1 13 15−13 2


Mara leu 1 2 3+10 − 15 = = 15 para ser lido. Essa fração que
5
+3= 15
= 15 15
falta ser lida equivale a 60 páginas
2 1
Assim:  60 páginas. Portanto,  30 páginas.
15 15
MATEMÁTICA

Logo o livro todo (15/15) possui: 15 � 40 = 450 páginas

22
5. Subconjunto
CONJUNTO E FUNÇÕES.
O conjunto A é subconjunto de B se todo elemento
de A é também elemento de B.
TEORIA DOS CONJUNTOS Exemplo: {2,4} é subconjunto de {x∈N|x é par}

1. Representação 6. Operações

- Enumerando todos os elementos do conjunto: S={1, 6.1. União


2, 3, 4, 5}
- Simbolicamente: B={x∈ N|2<x<8}, enumerando es- Dados dois conjuntos A e B, existe sempre um tercei-
ses elementos temos: ro formado pelos elementos que pertencem pelo menos
B={3,4,5,6,7} um dos conjuntos a que chamamos conjunto união e re-
- por meio de diagrama: presentamos por: A∪B.

Formalmente temos: A∪B={x|x∈A ou x B}


Exemplo:
A={1,2,3,4} e B={5,6}
A∪B={1,2,3,4,5,6}

Quando um conjunto não possuir elementos chama-


res de conjunto vazio: S=∅ ou S={ }.

2. Igualdade

Dois conjuntos são iguais se, e somente se, possuem


exatamente os mesmos elementos. Em símbolo:
6.2. Interseção

A interseção dos conjuntos A e B é o conjunto forma-


do pelos elementos que são ao mesmo tempo de A e de
Para saber se dois conjuntos A e B são iguais, precisa-
B, e é representada por : A∩B.
mos saber apenas quais são os elementos.
Simbolicamente: A∩B={x|x∈A e x B}
Não importa ordem:
A={1,2,3} e B={2,1,3}
Não importa se há repetição:
A={1,2,2,3} e B={1,2,3}

3. Relação de Pertinência

Relacionam um elemento com conjunto. E a indicação


que o elemento pertence (∈) ou não pertence (∉)
Exemplo: Dado o conjunto A={-3, 0, 1, 5}
0∈A
2∉A
Exemplo:
4. Relações de Inclusão A={a,b,c,d,e} e B={d,e,f,g}
A∩B={d,e}
Relacionam um conjunto com outro conjunto.
Simbologia: ⊂(está contido), ⊄(não está contido), Diferença Uma outra operação entre conjuntos é a
⊃(contém), (não contém) diferença, que a cada par A, B de conjuntos faz corres-
ponder o conjunto definido por:
A Relação de inclusão possui 3 propriedades: A – B ou A\B que se diz a diferença entre A e B ou o
Exemplo: complementar de B em relação a A.
MATEMÁTICA

{1, 3,5}⊂{0, 1, 2, 3, 4, 5} A este conjunto pertencem os elementos de A que


{0, 1, 2, 3, 4, 5}⊃{1, 3,5} não pertencem a B.

Aqui vale a famosa regrinha que o professor ensina,


boca aberta para o maior conjunto

23
A\B = {x : x∈A e x∉B}.
EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (MANAUSPREV – ANALISTA PREVIDENCIÁRIO –


FCC/2015) Em um grupo de 32 homens, 18 são altos, 22 são
barbados e 16 são carecas. Homens altos e barbados que não
são carecas são seis. Todos homens altos que são carecas, são
também barbados. Sabe-se que existem 5 homens que são
altos e não são barbados nem carecas. Sabe-se que existem
B-A = {x : x∈B e x∉A}. 5 homens que são barbados e não são altos nem carecas. Sa-
be-se que existem 5 homens que são carecas e não são altos
e nem barbados. Dentre todos esses homens, o número de
barbados que não são altos, mas são carecas é igual a

a) 4.
b) 7.
c) 13.
d) 5.
e) 8.

Exemplo: Resposta: Letra A. Primeiro, quando temos 3 diagra-


A = {0, 1, 2, 3, 4, 5} e B = {5, 6, 7} mas, sempre começamos pela interseção dos 3, de-
Então os elementos de A – B serão os elementos do pois interseção a cada 2 e por fim, cada um
conjunto A menos os elementos que pertencerem ao
conjunto B.
Portanto A – B = {0, 1, 2, 3, 4}.

6.3. Complementar
O complementar do conjunto A( ) é o conjunto for-

mado pelos elementos do conjunto universo que não


pertencem a A.

Se todo homem careca é barbado, não teremos ape-


nas homens carecas e altos.
Homens altos e barbados são 6

7. Fórmulas da união

n(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
n(A∪B∪C)=n(A)+n(B)+n(C)+n(A∩B∩C)-n(A∩B)-
-n(A∩C)-n(B C)

Essas fórmulas muitas vezes nos ajudam, pois ao in-


vés de fazer todo o digrama, se colocarmos nessa fórmu-
la, o resultado é mais rápido, o que na prova de concurso
é interessante devido ao tempo.
Mas, faremos exercícios dos dois modos para você
MATEMÁTICA

entender melhor e perceber que, dependendo do exercí-


cio é melhor fazer de uma forma ou outra.
Sabe-se que existem 5 homens que são barbados e
não são altos nem carecas. Sabe-se que existem 5 ho-
mens que são carecas e não são altos e nem barbados

24
EXERCÍCIO COMENTADO

1. (INSS - ANALISTA DO SEGURO SOCIAL- CES-


PE/2016) Uma população de 1.000 pessoas acima de 60
anos de idade foi dividida nos seguintes dois grupos:
A: aqueles que já sofreram infarto (totalizando 400 pes-
soas); e
B: aqueles que nunca sofreram infarto (totalizando 600
pessoas).
Cada uma das 400 pessoas do grupo A é ou diabética ou
fumante ou ambos (diabética e fumante).
A população do grupo B é constituída por três conjun-
tos de indivíduos: fumantes, ex-fumantes e pessoas que
nunca fumaram (não fumantes).
Com base nessas informações, julgue o item subsecutivo.
Se, das pessoas do grupo A, 280 são fumantes e 195 são
Sabemos que 18 são altos diabéticas, então 120 pessoas desse grupo são diabéticas
e não são fumantes.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo.

Quando somarmos 5+x+6=18


X=18-11=7
Carecas são 16 280-x+x+195-x=400
x=75
Diabéticos: 195-75=120

Referências
YOUSSEF, Antonio Nicolau (et al.). Matemática: ensino
médio, volume único. – São Paulo: Scipione, 2005.
CARVALHO, S. Raciocínio Lógico Simplificado, volume
1, 2010

7+y+5=16
MATEMÁTICA

Y=16-12
Y=4

Então o número de barbados que não são altos, mas


são carecas são 4.

25
Função do 1˚ Grau

CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE FUNÇÕES

Uma função é uma relação entre dois conjuntos A e B de modo que cada elemento do conjunto A está associado
a um único elemento de B. Sua representação matemática é bem simples:

y=f(x):A→B

Onde y são os elementos do conjunto B e x são os elementos do conjunto A. f(x) é a chamada “função de x”, que
basicamente é uma expressão matemática que quantifica o valor de y, dado um valor de x. Outra maneira de represen-
tarmos uma função é através de um modelo esquemático:

Neste modelo esquemático, temos o conjunto A sendo representado a esquerda e o conjunto B sendo representado
a direita, mostrando a relação de função entre eles. A partir destas definições, podemos definir 3 conceitos fundamen-
tais das funções: Domínio, Contradomínio e Imagem.

a) Domínio
O domínio da função, ou domínio de f(x), é o conjunto de todos os valores que podem ser atribuídos a x, ou seja,
todos os elementos do conjunto A.

b) Contradomínio
O contradomínio da função, ou contradomínio de , são todos os valores possíveis que podem ser atribuídos a y, ou
seja, trata-se do conjunto B,

c) Imagem
A imagem de uma função, ou imagem de f(x), é um subconjunto do contradomínio que contém apenas os valores
de y que tiveram algum elemento de x associado.
Usando o diagrama esquemático representado anteriormente, podemos descrever as 3 definições nele:
Domínio: Todos os valores de A: f(x):Dom={2,4,7,10}
Contradomínio: Todos os valores de B: f(x):ContraDom= {0,4,8,10,12,16}
Imagem: Todos os valores de B que tiveram associação com A: f(x):Imagem={0,4,10,16}

Observe que o elemento “8” do conjunto B não pertence a imagem, pois não há nenhum valor do conjunto A asso-
ciado a ele. Deste modo, verifique que nem sempre a imagem e o contradomínio terão o mesmo tamanho.
MATEMÁTICA

26
Função crescente

A função f(x), num determinado intervalo, é crescente se, para quaisquer x_1 e x_2 pertencentes a este intervalo,
com x_1<x_2, tivermos f(x_1 )<f(x_2 ).

x1<x2→f(x1 )<f(x2 )

Função decrescente

Função f(x), num determinado intervalo, é decrescente se, para quaisquer x1 e x2 pertencente a este intervalo, com
x1<x2, tivermos f(x1 )>f(x2 ).

x1<x2→f(x1 )>f(x2 )

Função constante

A função f(x), num determinado intervalo, é constante se, para quaisquer x1<x2, tivermos f(x1 )=f(x2 ).

Representação Gráfica
MATEMÁTICA

A função f(x) pode ser representada no plano cartesiano, através de um par ordenado (x,y). O lugar geométrico dos
pares ordenados para os quais x∈Dom e y∈Imagem formam, no plano cartesiano, o gráfico da função. Um exemplo
de plano cartesiano é apresentado abaixo:

27
FIQUE ATENTO!
A apresentação de uma função por meio de seu gráfico é muito importante, não só na Matemática como
nos diversos ramos dos estudos científicos.

FUNÇÃO DO 1º GRAU

As funções de 1° grau, conhecidas também como funções lineares, são expressões matemáticas onde a variável inde-
pendente x possui grau igual a 1 e não está no denominador, em outras palavras, a forma geral de uma função de primeiro
grau é a seguinte: f(x)=ax+b a≠0
Onde “a” e “b” são números reais e são denominados respectivamente de coeficientes angular e linear. Nas funções de
primeiro grau, tanto o domínio, contradomínio e imagem são todos os números reais, uma vez que não há nenhum tipo de
restrição de valor nas mesmas.

a) Zeros da Função do 1º grau:


Chama-se zero ou raiz da função do 1º grau y = ax + b o valor de x que anula a função, isto é, o valor de x para que y
seja igual à zero.
Assim, para achar o zero da função y = ax + b, basta resolver a equação ax + b = 0.
Exemplo:
Determinar o zero da função: y = 2x – 4.
2x – 4 = 0
2x = 4

4
x =
2
x=2
O zero da função y = 2x – 4 é 2.

b) Gráfico da Função do 1º Grau


A forma desta função, como o próprio nome diz, será linear ou uma reta, e terá três tipos:

• Crescente: a>0
Quando o coeficiente angular da função for positivo, os valores de y aumentarão quando o valor de x também aumentar.
A representação gráfica dos três posicionamentos desta reta, em função do valor de b, está abaixo:
MATEMÁTICA

28
• Decrescente: a<0
A representação gráfica dos três posicionamentos desta reta, em função do valor de b, está abaixo:

• Constante: a=0
Algumas referências não tratam a função constante como uma função linear e na teoria, realmente ela não é. En-
tretanto, como sua forma também é uma reta e trata-se de um caso específico do valor de a, colocamos nesta seção
para ficar de maneira mais didática ao leitor. A representação gráfica dos três posicionamentos desta reta, em função
do valor de b, está abaixo:

c) Estudo do sinal da função do 1º grau:


Estudar o sinal da função do 1º grau y = ax + b é determinar os valores reais de x para que:
- A função se anule (y = 0);
- A função seja positiva (y > 0);
- A função seja negativa (y < 0).

Exemplo:
Estudar o sinal da função y = 2x – 4 (a = 2 > 0).

1) Qual o valor de x que anula a função?


y=0
2x – 4 = 0
2x = 4

4
x =
2
x=2

A função se anula para x = 2.

2) Quais valores de x tornam positiva a função?


y>0
2x – 4 > 0
2x > 4

4
x >
2
MATEMÁTICA

x>2

A função é positiva para todo x real maior que 2.

29
3) Quais valores de x tornam negativa a função? presa A tem um custo fixo de R$ 350 000,00 e cobra
y<0 R$ 100 000,00 por km construído (n), então 350000 é
2x – 4 < 0 o termo constante e 100000 é o coeficiente da variável
2x < 4 n. A função que representa a empresa A é:
yA = a n + b
4 yA = 100000n + 350000
x <
2
Para a empresa B, podemos afirmar que o custo fixo
x<2 de R$ 150 000,00 é o termo constante e o valor de R$
120 000,00 por km construído (n) é o coeficiente da
A função é negativa para todo x real menor que 2. variável n. Portanto, a função do preço cobrado pela
empresa B é:
Podemos também estudar o sinal da função por meio yB = an + b
de seu gráfico: yB = 120000n + 150000
O valor cobrado pelas duas empresas será o mesmo
quando yA = yB, então, temos:
yA = yB
100000n + 350000 = 120000n + 150000

Dividindo ambos os membros da equação por 1000,


teremos:
100n + 350 = 120n + 150

FUNÇÃO DO 2˚ GRAU

DEFINIÇÃO

Chama-se função do 2º grau ou função quadrática


- Para x = 2 temos y = 0;
toda função de em definida por um polinômio
- Para x > 2 temos y > 0;
- Para x < 2 temos y < 0. do 2º grau da forma com a , b e
c reais e . O gráfico de uma função do 2º grau é
uma parábola.
EXERCÍCIO COMENTADO
Exs:
1.(ENEM 2011) O prefeito de uma cidade deseja cons-
truir uma rodovia para dar acesso a outro município. Para
isso, foi aberta uma licitação na qual concorreram duas
empresas. A primeira cobrou R$ 100 000,00 por km cons-
truído (n), acrescidos de um valor fixo de R$ 350 000,00,
enquanto a segunda cobrou R$ 120 000,00 por km cons- ZEROS DA FUNÇÃO DO 2º GRAU
truído (n), acrescidos de um valor fixo de R$ 150 000,00.
As duas empresas apresentam o mesmo padrão de qua- As raízes ou zeros da função quadrática f(x) = ax2 + bx
lidade dos serviços prestados, mas apenas uma delas po- + c são os valores de x reais tais que f(x) = 0 e, portanto,
derá ser contratada. as soluções da equação do 2º grau.
Do ponto de vista econômico, qual equação possibilitaria 2
encontrar a extensão da rodovia que tornaria indiferente ax + bx + c = 0
para a prefeitura escolher qualquer uma das propostas
apresentadas? A resolução de uma equação do 2º grau é feita utili-
zando a fórmula de Bháskara como já visto.
a) 100n + 350 = 120n + 150
b) 100n + 150 = 120n + 350
c) 100(n + 350) = 120(n + 150) FIQUE ATENTO!
d) 100(n + 350 000) = 120(n + 150 000) As raízes (quando são reais), o vértice e a in-
e) 350(n + 100 000) = 150(n + 120 000) tersecção com o eixo y são fundamentais para
MATEMÁTICA

traçarmos um esboço do gráfico de uma fun-


Resolução: Letra a. Vamos identificar a primeira em- ção do 2º grau.
presa descrita como Empresa A e a segunda como
Empresa B. Podemos utilizar funções do 1° grau para
descrever o preço cobrado por cada empresa. A em-

30
CONCAVIDADE DA PARÁBOLA

No caso das funções do 2º grau, a parábola pode ter sua concavidade voltada para cima (a > 0) ou voltada para
baixo (a < 0).

a>0 a<0

COORDENADAS DO VÉRTICE DA PARÁBOLA

A parábola que representa graficamente a função do 2º grau apresenta como eixo de simetria uma reta vertical que
intercepta o gráfico num ponto chamado de vértice.
As coordenadas do vértice (xV,yV ) são:

b Δ
xV = − e yV = −
2a 4a

O Conjunto Imagem de uma função do 2º grau está associado ao seu ponto extremo, ou seja, à ordenada do vértice
(yV).

Exemplo:
Vamos determinar as coordenadas do vértice da parábola da seguinte função quadrática: y = x2 – 8x + 15.

Cálculo da abscissa do vértice:

b −8 8
xV = − =− = =4
2a 2�1 2

Cálculo da ordenada do vértice:


Substituindo x por 4 na função dada: yV=42-8∙4=15=16-32=15=-1
MATEMÁTICA

Logo, o ponto V, vértice dessa parábola, é dado por V (4,–1).

Observação Importante: Como observado, a ordenada do vértice (yV) pode ser calculada de duas formas distintas:
Δ
substituindo o valor de na função ou usando a fórmula dada anteriormente yV = − .
4a

31
Costuma-se utilizar a primeira forma (apresentada no exemplo) por exigir menos cálculos e com isso ganha-se tem-
po na prova. Mas fica a cargo do aluno qual forma utilizar. Para fins ilustrativos, vamos encontrar o utilizando a fórmula:

Δ = b 2 − 4 � a � c = −8 2
− 4 � 1 � 15 = 64 − 60 = 4
Δ 4 4
yV = − =− = − = −1 que é idêntico (como não poderia deixar de ser) ao valor encontrado anterior-
4a 4�1 4
mente.

DOMÍNIO E IMAGEM DA FUNÇÃO DO 2º GRAU

O domínio de uma função do 2º grau é o conjunto dos números reais, ou seja Dom = ℝ
Como visto acima, a imagem de uma função do 2º grau está diretamente relacionada à ordenada do vértice (yV).

Para a > 0 → Im = y ∈ ℝ y ≥ yV }
Para a < 0 → Im = y ∈ ℝ y ≤ yV }

REPRESENTAÇÃO GRÁFICA – DIFERENTES CASOS

Para sabermos a posição e orientação desta parábola, precisaremos além de analisar o sinal do discriminante, tere-
mos que analisar também o sinal do coeficiente “a”. Vejam os casos:

a) a>0 e Δ>0: Neste caso, teremos a “boca” da parábola apontada para cima, e como temos duas raízes distintas,
a mesma cruza duas vezes no eixo x. Além disso, o vértice da parábola caracteriza-se pelo ponto de mínimo da mesma.
Seguem as representações para duas raízes positivas, uma positiva e outra negativa, e as duas negativas, respectiva-
mente:

b) a<0 e Δ>0: Neste caso, temos a “boca” da parábola apontada para baixo, e como temos duas raízes distintas, a
mesma cruza duas vezes no eixo x. Além disso, o vértice da parábola caracteriza o ponto de máximo da mesma. Seguem
as representações para as duas raízes positivas, uma positiva e outra negativa, e as duas negativas, respectivamente:
MATEMÁTICA

32
c) a>0 e Δ=0: Neste caso, a “boca” da parábola segue apontada para cima, mas a mesma toca o eixo x apenas
uma vez, já que a raízes são idênticas. Além disso, o vértice desta parábola é exatamente o ponto de tangência, a figura
a seguir apresenta os casos para a raiz positiva e negativa respectivamente:

d) a<0 e Δ=0: Neste caso, a “boca” da parábola segue apontada para baixo, mas a mesma toca o eixo x apenas
uma vez, já que a raízes são idênticas. Além disso, o vértice desta parábola é exatamente o ponto de tangência, a figura
a seguir apresenta os casos para a raiz positiva e negativa respectivamente:

e) a>0 e Δ=0: Neste caso, não há raízes (a parábola não toca e nem cruza o eixo x). A “boca” da parábola segue para
cima e as figuras a seguir apresentam os gráficos para vértices com coordenada x positiva e negativa respectivamente:

f) a<0 e Δ=0: Neste caso, não há raízes (a parábola não toca e nem cruza o eixo x). A “boca” da parábola segue para
baixo e as figuras a seguir apresentam os gráficos para vértices com coordenada x positiva e negativa respectivamente:
MATEMÁTICA

33
VALOR MÁXIMO E VALOR MÍNIMO DA FUNÇÃO No caso apresentado, é interessante encontrar ape-
DO 2º GRAU nas yv:

- Se a > 0, o vértice é o ponto da parábola que tem Δ


ordenada mínima. Nesse caso, o vértice é chamado pon- yv = –
to de mínimo e a ordenada do vértice é chamada valor 4a
mínimo da função;
- Se a < 0, o vértice é o ponto da parábola que tem (b² – 4 � a � c)
yv = –
ordenada máxima. Nesse caso, o vértice é ponto de má- 4a
ximo e a ordenada do vértice é chamada valor máximo
da função. 82– 4 � – 2 � 0
yv = –
4� – 2

EXERCÍCIOS COMENTADOS yv = 8

1. (UFSCAR–SP) Uma bola, ao ser chutada num tiro de Portanto, a altura máxima atingida pela bola foi de 8
meta por um goleiro, numa partida de futebol, teve sua metros.
trajetória descrita pela equação h(t) = – 2t² + 8t (t ≥0) ,
onde t é o tempo medido em segundo e h(t) é a altura
em metros da bola no instante t. Determine, após o chu- Função Linear
te:
a) o instante em que a bola retornará ao solo. Uma função f:R→R chama-se linear quando existe
b) a altura atingida pela bola. uma constante a ∈R tal que f(x)=ax para todo x∈R.

Resposta:

a) Houve dois momentos em que a bola tocou o chão:


o primeiro foi antes de ela ser chutada e o segundo foi
quando ela terminou sua trajetória e retornou para o
chão. Em ambos os momentos a altura h(t) era igual a
zero, sendo assim:
h(t)= – 2t^2+ 8t
0 = – 2t^2+ 8t
2t^2– 8t = 0
2t(t – 4)= 0
t’ = 0
t’’ – 4 = 0 Função Afim
t’’ = 4
Portanto, o segundo momento em que a bola tocou Conceito
no chão foi no instante de quatro segundos.
Uma função f:R→R chama-se afim quando existe
constantes a,b∈R tais que f(x)=ax+b para todo x∈R.
b) A altura máxima atingida pela bola é dada pelo vér- Note que os valores numéricos mudam conforme
tice da parábola. As coordenadas do seu vértice po- o valor de x é alterado, sendo assim obtemos diversos
dem ser encontradas através de: pares ordenados, constituídos da seguinte maneira: (x,
f(x)). Veja que para cada coordenada x, iremos obter uma
b coordenada f(x). Isso auxilia na construção de gráficos
xv = – das funções.
2a Portanto, para que o estudo das funções afim seja
realizado com sucesso, compreenda bem a construção
Δ de um gráfico e a manipulação algébrica das incógnitas
yv = –
4a e dos coeficientes.
MATEMÁTICA

34
Estudo dos Sinais Considerações
Concavidade
Definimos função como relação entre duas grande- A concavidade da parábola é para cima se a>0 e para
zas representadas por x e y. No caso de uma função do baixo se a<0
1º grau, sua lei de formação possui a seguinte caracte-
rística: y = ax + b ou f(x) = ax + b, onde os coeficientes a
e b pertencem aos reais e diferem de zero. Esse modelo
de função possui como representação gráfica a figura
de uma reta, portanto, as relações entre os valores do
domínio e da imagem crescem ou decrescem de acordo
com o valor do coeficiente a. Se o coeficiente possui si-
nal positivo, a função é crescente, e caso ele tenha sinal
negativo, a função é decrescente.

1º Caso:a>0 Relação do ∆= ! ! − 4!" !na função

Quando ∆> 0!, a parábola y=ax²+bx+c intercepta o


eixo x em dois pontos distintos, (x1,0) e (x2,0), onde x1 e x2
são raízes da equação ax²+bx+c=0

Quando ∆= 0!, a parábola y=ax²+bx+c é tangente


ao eixo x, no ponto – ! , 0 .!
2!
Repare que, quando tivermos o discriminante , as
Para valores de x, x>-b/a, a função é positiva, ou duas raízes da equação ax²+bx+c=0 são iguais a − ! ! .
seja, tem o mesmo sinal de a 2!
Para x< -b/a, a função é negativa, ou seja, tem sinal Raízes
contrário ao de a.

2ºCaso: a <0 −! ± !! − !"#


!=
!"

−! + !! − !"#
!! =
!"

−! − !! − !"#
!! =
!"
!
Se, a parábola y=ax²+bx+c não intercepta o eixo.

Vértices e Estudo do Sinal


Quando a > 0, a parábola tem concavidade voltada
Para valores de x, x>-b/a, a função é negativa, ou para cima e um ponto de mínimo V; quando a < 0, a pa-
seja, tem o mesmo sinal de a rábola tem concavidade voltada para baixo e um ponto
Para valores de x, x<-b/a, a função é positiva, ou de máximo V.
seja, tem sinal contrário de a.
Em qualquer caso, as coordenadas de V são
Função Quadrática . Veja os gráficos:

Em geral, uma função quadrática ou polinomial do


segundo grau tem a seguinte forma:
f(x)=ax²+bx+c, onde a≠0
É essencial que apareça ax² para ser uma função qua-
MATEMÁTICA

drática e deve ser o maior termo.

35
2ª quando a < 0,

a<0

Exemplo

Vamos construir o gráfico da função y = x2 + x:


Primeiro atribuímos a x alguns valores, depois calcu-
lamos o valor correspondente de y e, em seguida, liga-
mos os pontos assim obtidos.

x Y
Imagem
O conjunto-imagem Im da função y = ax2 + bx + c, a -3 6
0, é o conjunto dos valores que y pode assumir. Há -2 2
duas possibilidades: -1 0
1ª - quando a > 0, -1/2 -1/4
0 0
1 2
2 6

a>0
MATEMÁTICA

36
Função Modular

MÓDULO

As funções modulares são desenvolvidas através de um operador matemático chamado de “Módulo”. Sua definição
está apresentada abaixo:

𝑥, 𝑠𝑒 𝑥 ≥ 0
x = �
−𝑥, 𝑠𝑒 𝑥 ≤ 0

Sua representação é através de duas barras verticais e lê-se “Módulo de x”.

FIQUE ATENTO!
Módulo também conhecido como valor absoluto pode ser entendido como uma distância e por isso |x|<0
não existe para todo x.

Exemplo: |3| = 3 e |-3| = 3.

FUNÇÃO MODULAR
𝑓 x , 𝑠𝑒 𝑓 x ≥ 0
A função modular, segue a mesma representação, trocando apenas x por f(x): f(x) = �−𝑓 x , 𝑠𝑒 𝑓 x ≤ 0

#FicaDica
A representação gráfica será feita através de duas retas, dependendo de como é a forma de f(x).

Abaixo segue alguns exemplos:

Exemplo:
Desenhar o gráfico de f(x)=|x|
Resolução: O gráfico de f(x)=|x| forma uma ponta na origem e segue uma reta espelhada tanto para o sentido po-
sitivo quanto para o negativo:

MATEMÁTICA

37
Exemplo:
Desenhar o gráfico de f(x)=|x-a|
Resolução: Quando há um termo subtraindo o valor de x dentro do módulo, o gráfico original acima se desloca, com
a “ponta” se movendo para a coordenada “a”. Seguem os dois casos, para a>0 e a<0 respectivamente:

EQUAÇÕES MODULARES

As equações modulares são funções modulares igualadas a algum número ou expressão. Ela será resolvida de-
compondo a mesma em dois casos, com domínios pré-determinados. Este tipo de solução é apresentada no Exercício
Comentado 1, a seguir:

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (NOVA 2017) O conjunto solução da equação |x-3|=7 é:

a) S={-4,10}
b) S={-2,10}
c) S={0,10}
d) S={2,10}
e) S={4,10}

Resposta: Letra a.

Conforme foi mencionado, vamos resolver dois casos, usando a definição de módulo:
a) x-3=7 ,para x-3≥0
b) -(x-3)=7 ,para x-3≤0

Resolvendo:
a) x=7+3=10, para x≥3
b) –x+3=7⇔x=-4, para x ≤3

Observe que as duas soluções estão dentro dos domínios pré-estabelecidos, assim: S={-4,10}

2. (FGV 2014) Assinale a única função, dentre as opções seguintes, que pode estar representada no gráfico a seguir:
MATEMÁTICA

38
a) y = 1 – |x – 1|;
b) y = 1 – |x + 1|;
c) y = 1 + |x – 1|;
d) y = 1 + |x + 1|;
e) y = |x – 1| + |x + 1|.

Resposta: Letra A
Pelo gráfico se x = 0 implica em y = 0, se x = 2 implica em y = 0 e se x = 1 implica em y=1. Analisando o itens acima,
verifica-se que essas condições são satisfeitas se y = 1 – |x – 1|.

Função Exponencial

A função exponencial, como o nome mostra, é uma função onde a variável independente é um expoente: f(x)=a^

FIQUE ATENTO!
Com “a” sendo um número real. Possui dois tipos básicos, quando a>1 (crescente) e 0<a<1
(decrescente).

As figuras a seguir apresentam seus respectivos gráficos:

É importante ressaltar que o gráfico da função exponencial (na forma que foi apresentado) não toca o eixo x, pois a
função f(x)=a^x com a>0 é sempre positiva.

EQUAÇÕES EXPONENCIAIS

As equações exponenciais são funções exponenciais relacionadas a números ou expressões. O princípio funda-
mental para a resolução das mesmas é lembrar que dois expoentes serão iguais se as respectivas bases também forem
iguais, sigam os exemplos abaixo:

Exemplo: Resolva 3x=27


Resolução: Seguindo o princípio que bases iguais terão expoentes iguais, temos que lembrar que 27=33 , assim:
3x=33
x=3
S={3}
MATEMÁTICA

39
Função Logarítmica
EXERCÍCIO COMENTADO DEFINIÇÃO DE LOGARITMO
A definição de logaritmo está diretamente ligada à
1. (ENEM 2016) Admita que um tipo de eucalipto tenha potenciação. Sejam dois números reais e positivos e tais
expectativa de crescimento exponencial, nos primeiros que a e b e que a>0 e b>0 e b≠1, o logaritmo de a na
anos após seu plantio, modelado pela função , na qual y base b é dado por:
representa a altura da planta em metro, t é considerado
em ano, e a é uma constante maior que 1. O gráfico re- logb a = x ⇔ b x = a
presenta a função y.
onde a é o logaritmando, b é a base e x é o logarit-
mo. As condições para a e b são as condições de existên-
cia de um logaritmo.

Exemplo:
Calcule: log23
log28=x→2x=8→2x=23→x=3
Assim, log28=3

CONSEQUÊNCIAS DA DEFINIÇÃO

A definição de logaritmo traz consequências diretas


que podem (e devem) ser usadas sempre que possível na
resolução de exercícios que envolvem logaritmos. São elas:

a) logb1=0 (O logaritmo de 1 em qualquer base é


sempre zero)
Admita ainda que y(0) fornece a altura da muda quando
plantada, e deseja-se cortar os eucaliptos quando as mu- b) logbb=1 (Quando base e logaritmando são iguais
das crescerem 7,5 m após o plantio. o logaritmo é unitário)

O tempo entre a plantação e o corte, em ano, é igual a c) logba=log_bc→a=c (Se dois logaritmos de mesma
base são iguais então os logaritmandos são iguais)
a) 3.
b) 4. d) blog_ba =a (Uma potência de base elevada a um
c) 6. logaritmo de também na base resulta em )
d) log27.
e) log215
#FicaDica
Resposta: Letra b.
Quando um logaritmo aparecer escrito sem a
Se t=0: base (log a) subentende-se que a sua base é
y(0)=a^0-1)=0,5. igual a .
1a=12
Logo,a=2.
Então, a função é y(t)=2(t-1). PROPRIEDADES DOS LOGARITMOS
Como cresceu 7,5m, o eucalipto chegou a 8 m. Deste
modo, faz-se: Em todas as propriedades abaixo, considera-se que
y(t)=8=2(t-1) as condições de existência estão atendidas.
2^3=2(t-1)
Portanto, t = 4 anos. a) Logaritmo do produto: o logaritmo de um pro-
duto de dois números é igual à soma dos logaritmos

logb a � c = log b a + logb c


MATEMÁTICA

40
b) Logaritmo do quociente: o logaritmo de um quociente de dois números é igual à diferença dos logaritmos

a
logb = logb a − logb c
c
c) Logaritmo da potência: o logaritmo de uma potência é igual ao produto do expoente dessa potência e do
logaritmo:

logb ac = c � logb a

d) Logaritmo cuja base está elevada a uma potência: o logaritmo cuja base está elevada a uma potência é igual
ao produto do inverso do expoente da base e do logaritmo:

1
log b c a = log a
c b
e) Mudança de base: para mudar a base de um logaritmo na base para um logaritmo na base :

logc a
logb a =
logc b

Exemplo: log3(9.27)=log39 +log327=log332 +log333 =2∙log_33+3∙log33=2+3=5

Exemplo:

1 3 3
log 4 8 = log 22 23 = log2 23 = log 2 2 =
2 2 2

FUNÇÃO LOGARÍTMICA
As funções logarítmicas têm como base o operador matemático log: f(x)=loga x , com a>0,a≠1 e x>0

#FicaDica
Observe que há restrições importantes para os valores de (logaritmando) e (base) e será essas restrições
que poderá determinar o conjunto solução das equações logarítmicas.

O gráfico da função logarítmica terá dois formatos, baseado nos possíveis valores de a. Será crescente quando a>1
e decrescente quando 0<a<1:

EQUAÇÕES LOGARÍTMICAS
MATEMÁTICA

As equações logarítmicas adotarão um princípio semelhante as equações exponenciais. Para se achar o mesmo
logaritmando, dois logaritmos deverão ter a mesma base ou vice-versa. Ressalta-se apenas que as condições de exis-
tência de um logaritmo devem ser respeitadas. Veja o exemplo:

41
Ex:
Resolva log_2x-2=4
Primeiramente, será importante transformar o número 4 em um log. Como a base do log que contém x é dois, va-
mos transformar 4 em um log na base 2 da seguinte forma: log_216=4

Igualando isso a equação:


log_2x-2=log_216
x-2=16
x=18

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (ENEM 2016) Em 2011, um terremoto de magnitude 9,0 na escala Richter causou um devastador tsunami no Japão,
provocando um alerta na usina nuclear de Fukushima. Em 2013, outro terremoto, de magnitude 7,0 na mesma escala,
sacudiu Sichuan (sudoeste da China), deixando centenas de mortos e milhares de feridos. A magnitude de um terre-
moto na escala Richter pode ser calculada por 𝑀 = 2 log 𝐸 sendo E a energia, em kWh, liberada pelo terremoto e
3 𝐸0
E 0 uma constante real positiva. Considere que E1 e E2 representam as energias liberadas nos terremotos ocorridos no
Japão e na China, respectivamente.

Qual a relação entre E1 e E2?

a) E1 = E2 + 2
b) E1 = 102∙E2
c) E1 = 103∙E2
d) E1 = 10(9/7)∙E2

e) E = 9 � E
1 2
7

Resposta: Letra c.

E1
9 = ⅔. log E0
Temos que:
27 E1
= log
2 E0

Além disso,
E2
7 = ⅔. log
E0

E
21⁄2 = log E2
0

E1 E1
Subtraindo (1)de (2),tem-se: 3 = log
E2
então,
E2
= 10³

Logo , a relação é: E1 = 10³.E2

2. (FUNDEP 2014) O conjunto solução da equação log (4x+2)=log(3x+3) é:

a) S={1}
b) S={2}
MATEMÁTICA

c) S={3}
d) S={4}

Resposta: Letra a. Como as bases são iguais, os logaritmandos devem ser iguais. Portanto, pode-se escrever:
4x+2=3x+3→4x-3x=3-2→x=1

42
Ex: (1,2,3,4,…)→Essa sequência pode ser descrita
PROGRESSÕES ARITMÉTICAS E como sendo: . Ou seja, qualquer termo da sequência é
GEOMÉTRICAS. LOGARITMOS. exatamente o valor de sua posição.
Ex: (5,8,11,14,…)→Essa sequência pode ser descrita
como sendo: . Ou seja, qualquer termo da sequência é o
triplo da sua posição somado 2.
SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS Ex: (0,3,8,15,…)→ Essa sequência pode ser descrita
como sendo: . Ou seja, qualquer termo da sequência é o
Definição quadrado da sua posição subtraído 1.
O diário do professor é composto pelos nomes de Essa expressão de an é definida como expressão do
seus alunos e esses nomes obedecem a uma ordem (são termo geral da sequência.
escritos em ordem alfabética). Essa lista de nomes (diá-
rio) pode ser considerada uma sequência. Os dias do mês
são dispostos no calendário obedecendo a certa ordem
que também é um tipo de sequência. Assim, sequências EXERCÍCIO COMENTADO
estão presentes no nosso dia a dia com mais frequência
que você pode imaginar. 1. (FCC-2016 – MODIFICADO) Determine o termo ge-
ral an da sequência numérica
A definição formal de sequência é todo conjun-
to ou grupo no qual os seus elementos estão escritos 1 3 5 7
em uma determinada ordem ou padrão. No estudo da , , , , … , an
2 4 6 8
matemática estudamos obviamente, as sequências nu-
méricas.
Ao representarmos uma sequência numérica, deve- Resposta:
mos colocar seus elementos entre parênteses. Veja al- Mediante análise dos termos da sequência, nota-se
guns exemplos de sequências numéricas: que termo geral é
Ex: (2,4,6,8,10,12,…) - números pares positivos. 2n − 1
Ex: (1,2,3,4,5,6,7,8,9,10,11...) - números naturais. an =
Ex: (10,20,30,40,50...) - números múltiplos de 10.
2n
Ex: (10,15,20,30) - múltiplos de 5, maiores que 5 e me-
nores que 35. 2. (FCC-2016) A sequência numérica 1/2, 3/4, 5/6, 7/8;...é
ilimitada e criada seguindo o mesmo padrão lógico. A
Pelos exemplos, observou-se dois tipos básicos de diferença entre o 500º e o 50º termos dessa sequência
sequências: é igual a:
Sequência finita: Sequência numérica onde a quanti-
dade dos elementos é finita. a) 0,9
Sequência infinita: Sequência que seus elementos b) 9
seguem ao infinito. c) 0,009
d) 0,09
Representação e) 0,0009
Em uma sequencia numérica qualquer, o primeiro ter-
mo será representado por uma letra minúscula seguido
Resposta: Letra C. 2n−1
de sua posição na sequência. Assim, o primeiro termo an =
é representado por , o segundo termo é , o terceiro e
Utilizando o termo geral dessa sequência 2n ,
assim por diante. facilmente a500 e a50 são identificados. Substituindo
para n=500 e n=50, chega-se ao resultado.
#FicaDica
Na matemática, achar uma expressão que pos-
sa descrever a sequência numérica em função
da posição do termo na mesma torna-se con-
veniente e necessário para se usar essa teoria.
Os exemplos a seguir exemplificam esse con-
ceito:
MATEMÁTICA

43
PROGRESSÃO ARITMÉTICA
an = ap + n − p � r
Definição
a6 = a3 + 6 − 3 � r
As progressões aritméticas, conhecidas com “PA”, são
sequências de números, que seguem um determinado −1 = 2 + 3 � r
padrão. Este padrão caracteriza-se pelo termo seguinte 3r = −3
da sequência ser o termo anterior adicionado de um va- r = −1
lor fixo, que chamaremos de constante da PA, represen-
tado pela letra “r”.
Os exemplos a seguir ilustrarão a definição acima: Ou seja, a razão desta PA é -1.
a) S={1,2,3,4,5…} : Esta seqüência é caracterizada por
sempre somar o valor 1 no termo seguinte, ou seja, 2. Soma dos termos
trata-se de uma PA com razão . Se , classificaremos
com PA crescente. Outro ponto importante de uma progressão arit-
b) S={13,11,9,7,5…} : Também podemos ter sequên- mética é a soma dos termos. Considerando uma PA
cias onde ao invés de somar, estaremos subtraindo que queremos saber a soma dos 5 primeiros termos:
um valor fixo. Neste exemplo, o termo seguinte é o S={2,4,6,8,10…}. Como são poucos termos e sabemos to-
termo anterior subtraído 2, assim, trata-se de uma dos eles, podemos simplesmente somá-los: 2+4+6+8+10
PA com razão . Se , classificaremos com PA decres- = 30. Agora, considere que você saiba apenas o primei-
cente. ro e o quinto termo, ou seja: a1 = 2 e a5 = 10 e .
c) S={4,4,4,4,4…} : Além disso, podemos ter uma se-
quência de valores constantes, nesse caso, é como Como você calcularia a soma dos 5 termos?
se estivéssemos somando 0 ao termos. Assim, se ,
classificaremos com PA constante. O jeito que você aprendeu até agora seria obter os
outros termos e a razão a partir da expressão do termo
1. Termo Geral geral, porém você teria que fazer muitas contas para che-
gar ao resultado, gastando tempo. Como a PA segue um
Dado esta lógica de formação das progressões arit- padrão, foi possível deduzir uma expressão que dependa
méticas, pode-se definir o que chamamos de “expressão apenas do primeiro termo e do último:
do termo geral”. Trata-se de uma fórmula matemática
que relaciona dois termos de uma PA com a razão r: a1 + an � n
Sn =
an = ap + n − p � r , com n ∈ ℕ∗ 2

Onde an e ap são termos quaisquer da PA. Essa ex- Assim, com , a1 = 2, a5 = 10 e n = 5 , podemos

pressão geral pode ser utilizada de 2 formas: calcular a soma:


a) Sabemos um termo e a razão e queremos encon-
trar outro termo. 2 + 10 � 5 12 � 5 60
Ex: O primeiro termo da PA igual a 7 e a razão é 3, qual Sn = = = = 30
2 2 2
é o quinto termo?
Temos então a1 = 7 e r = 3 e queremos achar a5.
Ou seja, não precisamos saber nem a razão da PA
Substituindo na fórmula do termo geral, temos que p = para acharmos a soma.
1 e n = 5. Assim:
an = ap + n − p � r 3. Propriedades
a5 = a1 + 5 − 1 � r
As progressões aritméticas possuem algumas pro-
priedades interessantes que podem ser exploradas em
a5 = 7 + 4 � 3
provas de concursos:
a5 = 19 P1: Para três termos consecutivos de uma PA, o termo
médio é a média aritmética dos outros dois termos. Essa
Ou seja, o quinto termo desta PA é 19. propriedade é fácil de verificar com o exemplo: Vamos
considerar três termos consecutivos de uma PA sendo
b) Sabemos dois termos quaisquer e queremos obter an−1, an e an+1 .Podemos afirmar a partir da fórmula
a razão da PA.
Ex: O terceiro termo da PA é 2 e o sexto é -1, qual será do termo geral que:
a razão da PA?
Temos então a3 = 2 e a6 = −1 e queremos achar r. an = an−1 + r
MATEMÁTICA

Substituindo na fórmula do termo geral, temos que p = an = an+1 – r


3 e n = 6. Assim:

44
Somando as duas expressões:

2an = an−1 + r + an +1 − r EXERCÍCIOS COMENTADOS


2an = an−1 + an + 1
1. Em relação à progressão aritmética (10, 17, 24, …), de-
termine:
O que leva a:
a) o termo geral dessa PA;
an−1 + an + 1 b) o seu 15° termo;
an =
2 Resposta:

P2: Termos equidistantes dos Extremos. Numa se- a) Para encontrar o termo geral da progressão aritmé-
quência finita, dizemos que dois termos são equidistan- tica, devemos, primeiramente, determinar a razão r:
tes dos extremos se a quantidade de termos que prece- r = a2 – a1
derem o primeiro deles for igual à quantidade de termos r = 17 – 10
que sucederem ao outro termo. Assim, na sucessão: r=7
(a1 , a2 , a3, a4 , . . . , ap , . . . , ak , . . . , an 3 , an 2 , an 1 , an ),
− − − A razão é 7, e o primeiro termo da progressão (a1) é 10.
Através da fórmula do termo geral da PA, temos:
Temos: an = a1 + (n – 1). r
an = 10 + (n – 1). 7
a2 e an 1 são termos equidistantes dos extremos;

a3 e an 2 são termos equidistantes dos extremos; Portanto, o termo geral da progressão é dado por an =
10 + (n – 1). 7.

a4 e an 3 são termos equidistantes dos extremos.

b) Como já encontramos a fórmula do termo geral,


Nota-se que sempre que dois termos são equidis- vamos utilizá-la para encontrar o 15° termo. Tendo em
tantes dos extremos, a soma dos seus índices é igual ao vista que n = 15, temos então:
valor de n + 1. Assim sendo, podemos generalizar que, an = 10 + (n – 1). 7
se os termos e são equidistantes dos extremos, então: a15 = 10 + (15 – 1). 7
a15 = 10 + 14 . 7
p + k = n+1 a15 = 10 + 98
a15 = 108
FIQUE ATENTO!
O 15° termo da progressão é 108.
Com as considerações anteriores, temos que
numa PA com termos, a soma de dois termos
2. (CONED-2016) Em uma PA com 12 termos, a soma
equidistantes dos extremos é constante e igual
dos três primeiros é 12 e a soma dos dois últimos é 65. A
a soma do primeiro termo com o último termo.
razão dessa PA é um número:

a) Múltiplo de 5
Ex: Sejam, numa PA de termos, p
a e ak termos equi- b) Primo
distantes dos extremos, teremos, então: c) Com 3 divisores positivos
d) Igual a média geométrica entre 9 e 4
ap = a1 + (p – 1) � r ⇒ ap = a1 + p � r – r e) Igual a 4!
ak = a1 + (k – 1) � r ⇒ ak = a1 + k � r – r
Resposta: Letra B.
Aplicando a fórmula do termo geral nas duas conside-
Somando as expressões: rações do enunciado, chega-se a razão igual a 3, que
é um número primo
ap + ak = a1 + p � r – r + a1 + k � r – r
ap + ak = a1 + a1 + (p + k – 1 – 1) � r PROGRESSÃO GEOMÉTRICA (PG)

1. Definição
Considerando que p + k = n + 1 , ficamos com:
As progressões geométricas, conhecidas com “PG”,
MATEMÁTICA

ap + ak = a1 + a1 + (n + 1 – 1) � r são sequências de números, como as PA, mas seu padrão


está relacionado com a operação de multiplicação e di-
ap + ak = a1 + a1 + (n – 1) � r visão. Ou seja, o termo seguinte de uma PG é composto
ap + ak = a1 + an pelo termo anterior multiplicado por uma razão cons-
tante, que será chamada de “q”.

45
Os exemplos a seguir ilustrarão melhor essas definições:

a) S={2,4,8,16,32…}: Esta sequência é caracterizada por sempre multiplicar o termo anterior por uma razão cons-
tante, q = 2. Como os termos subseqüentes são maiores, temos uma PG crescente (caracterizada por q > 0 )

1 1 1
b) S = {9,3,1, , , … }: Esta sequência é caracterizada por sempre multiplicar o termo anterior por uma
3 9 27
1
razão constante q = , ou seja, estar sendo dividida sempre por 3. Assim, como os termos subseqüentes são
3

menores, temos uma PG decrescente (caracterizada por a1 > 0 e 0 < q < 1 ).

c) S={-1,-2,-4,-8 ,-16,…}: Esta sequência é caracterizada por sempre multiplicar o termo anterior por uma constante
q=-2. Assim, como os termos subseqüentes são menores, temos outro caso de PG decrescente (caracterizada
por a1 < 0 e q > 1 ).

d) S={1,-4,16,-64,256…}: Esta sequência mostra alternância de sinal entre os termos. A razão neste caso é q=-4 e
quando isto ocorre, definimos como PG alternada. (caracterizada por q < 0 ).

e) S={5,5,5,5,5,5,…}: Esta sequência possui termos constantes e é caracterizada por ter uma razão q=1. Neste caso, é
definido o que chamamos de PG constante.

FIQUE ATENTO!
Atenção as definições de PG decrescente e PG alternada, muitos alunos se confundem e dizem que PG
decrescente ocorre quando , em uma analogia a PA.

2. Termo Geral

Dado esta lógica de formação das progressões geométricas, podemos também definir a “expressão do termo geral”.
Trata-se de uma fórmula matemática que relaciona dois termos de uma PG com a razão q:

an = ap � qn−p , n ∈ ℕ∗ , q ∈ ℝ

Onde an e ap são termos quaisquer da PG. Essa expressão geral pode ser utilizada de 2 formas:

a) Sabemos um termo e a razão e queremos encontrar outro termo. Exemplo: O primeiro termo da PG igual a 5 e
a razão é 2, qual é o quarto termo?

Resolução: Temos então a1 = 5 e q = 2 e queremos achar a4 . Substituindo na fórmula do termo geral, temos
que p = 1 e n = 4. Assim:

an = ap � qn−p
a4 = a1 � q4−1
a4 = 5 � 23
a4 = 5 � 8 = 40

Ou seja, o quarto termo desta PG é 40.

b) Sabemos dois termos quaisquer e queremos obter a razão da PG. Exemplo: O segundo termo da PG é 3 e o quar-
to é 1/3, qual será a razão da PG, sabendo que q < 0 ?
1
Resolução: Temos então a2 = 3 e a4 = e queremos achar q. Substituindo na fórmula do termo geral, temos
MATEMÁTICA

3
que p = 2 e n = 4. Assim:

46
4. Soma da PG infinita
an = ap � qn−p
Além da soma dos “n” primeiros termos, as progres-
a4 = a2 � q4−2
sões geométricas possuem uma particularidade. Para PG
1 com , ou seja, para PG decrescentes ou alternadas, pode-
= 3 � q2 mos definir a “soma da PG infinita”. Em outras palavras,
3 se tivermos uma PG com infinitos termos com q < 1
1 , podemos obter a somar todos eles e obter um valor
q2 = finito. A fórmula da PG infinita é apresentada a seguir:
9
a1
S∞ =
1−q

Como q < 0 , temos que a razão dessa PG é -1/3. #FicaDica


3. Soma finita dos termos A fórmula é bem simples e como na fórmula
da soma dos “n” primeiros termos, temos
Seguindo o mesmo princípio da PA, temos na PG a dependência apenas do primeiro termo e da
somatória dos “n” primeiros termos também. Uma fór- razão.
mula foi deduzida e está apresentada a seguir:

a1 � qn − 1 Exemplo: Calcule a soma infinita da seguinte PG:


Sn =
q−1
1 1 1 1 1
S = {1, , , , , ,…�
O ponto interessante desta fórmula é que ela depen- 2 4 8 16 32
de apenas da razão e do primeiro termo, sem a necessi-
dade de obter o termo . Caso você tenha qualquer outro
Resolução: Como se trata de uma PG decrescente
termo e a razão q, você obtém primeiramente o primeiro
termo com a fórmula do termo geral e depois obtém a com a1 = 1 e q = 1
2
, ela atende aos requisitos da soma
soma. O exemplo a seguir ilustra isso: infinita: Substituindo na fórmula:
Exemplo: Calcule a soma dos quatro primeiros temos
de uma PG, com q = 3 e a2 = 12
a1
Resolução: Para aplicar a fórmula da soma, é necessá- S∞ =
1−q
rio obter o primeiro termo da PG. Usando o termo geral
(com n=2 e p=1):
1
n−p S∞ =
an = ap � q 1
1−2
a2 = a1 � q2−1
12 = a1 � 31 1
a1 = 4 S∞ = =2
1
1 a qn − 1 2
Com o primeiro Stermo
n = obtido, podemos encontrar a
somatória (com n=4): q−1
Ou seja, a soma dos termos desta PG infinita vale 2.
a1 q4 − 1
S4 =
q−1

4 34 − 1
S4 =
3−1
MATEMÁTICA

4 � 343 − 1
S4 = = 2 � 342 = 684
2
Assim, a soma dos primeiros quatro termos desta PG
é igual a 684.

47
Cálculo da parte (Conheço p e V e quero achar A):
EXERCÍCIOS COMENTADOS Para calcularmos uma porcentagem de um valor V, bas-
ta multiplicarmos a fração correspondente, ou seja, 𝑝
1. (FUNAI – CONHECIMENTOS GERAIS – por V. Assim:
100

ESAF/2016) O limite da série infinita S de razão 1/3, 𝑝


1 1 é: P% de V =A= 100 .V
S = 9 + 3 + 1 + + + ⋯)
3 9

a) 13,444... Ex. 23% de 240 = 23 .240 = 55,2


100
b) 13,5
c) 13,666...
d) 13,6 Ex. Em uma pesquisa de mercado, constatou-se que
e) 14 67% de uma amostra assistem a certo programa de TV.
Se a população é de 56.000 habitantes, quantas pessoas
Resposta: Letra B. assistem ao tal programa?
a1 Aqui, queremos saber a “parte” da população que as-
Aplicando a fórmula da PG infinita S∞ = , che-
1−q siste ao programa de TV, como temos a porcentagem e o
ga-se na resposta.
total, basta realizarmos a multiplicação:

2. Determine o valor do sexto termo da seguinte pro- 67


67% de 56000=A= 56000=37520
gressão geométrica (1, 2, 4, 8, ...). 100
Resp. 37 520 pessoas.
Resposta: a6 = 32
Cálculo da porcentagem (conheço A e V e quero
achar p): Utilizaremos a mesma relação para achar o va-
Nota-se que a razão da progressão geométrica é igual
lor de p e apenas precisamos rearranjar a mesma:
a 2. Então, tem-se que:
𝑝 𝐴
𝐴= . 𝑉 → 𝑝 = . 100
an = ap � qn−p 100 𝑉
a6 = a1 � q6−1
Ex. Um time de basquete venceu 10 de seus 16 jogos.
a6 = 1 � 25 = 32 Qual foi sua porcentagem de vitórias?
Neste caso, o exercício quer saber qual a porcenta-
gem de vitórias que esse time obteve, assim:
PORCENTAGEM E JUROS.
𝐴 10
𝑝= . 100 = . 100 = 62,5%
𝑉 16
A definição de porcentagem passa pelo seu próprio Resp: O time venceu 62,5% de seus jogos.
nome, pois é uma fração de denominador centesimal, ou
seja, é uma fração de denominador 100. Representamos Ex. Em uma prova de concurso, o candidato acertou
porcentagem pelo% e lê-se: “por cento”. 48 de 80 questões. Se para ser aprovado é necessário
50 acertar 55% das questões, o candidato foi ou não foi
Deste modo, a fração ou qualquer uma equiva- aprovado?
100
Para sabermos se o candidato passou, é necessário
lente a ela é uma porcentagem que podemos representar calcular sua porcentagem de acertos:
por 50%.
A porcentagem nada mais é do que uma razão, que 𝐴 48
𝑝= . 100 = . 100 = 60% > 55%
representa uma “parte” e um “todo” a qual referimos 𝑉 80
como 100%. Assim, de uma maneira geral, temos que:
Logo, o candidato foi aprovado.
𝑝
𝐴= .𝑉
100 Calculo do todo (conheço p e A e quero achar V):
No terceiro caso, temos interesse em achar o total (Nosso
Onde A, é a parte, p é o valor da porcentagem e V é o 100%) e para isso basta rearranjar a equação novamente:
todo (100%). Assim, os problemas básicos de porcenta-
MATEMÁTICA

gem se resumem a três tipos: 𝑝 𝐴 𝐴


𝐴= . 𝑉 → 𝑝 = . 100 → 𝑉 = . 100
100 𝑉 𝑝

48
Ex. Um atirador tem taxa de acerto de 75% de seus Fatorando:
tiros ao alvo. Se em um treinamento ele acertou 15 tiros,
quantos tiros ele deu no total?
p
VD = (1 – ) .V
Neste caso, o problema gostaria de saber quanto vale 100
o “todo”, assim:
p
Em que (1 – ) será definido como fator de descon-
100
𝐴 15
𝑉= . 100 = . 100 = 0,2.100 = 20 𝑡𝑖𝑟𝑜𝑠 to, que pode estar representado tanto na forma de fração
𝑝 75
ou decimal.
Forma Decimal: Outra forma de representação de
porcentagens é através de números decimais, pois to-
dos eles pertencem à mesma classe de números, que são Ex. Uma empresa admite um funcionário no mês de
os números racionais. Assim, para cada porcentagem, há janeiro sabendo que, já em março, ele terá 40% de au-
um numero decimal equivalente. Por exemplo, 35% na mento. Se a empresa deseja que o salário desse funcio-
forma decimal seriam representados por 0,35. A conver- nário, a partir de março, seja R$ 3 500,00, com que salário
são é muito simples: basta fazer a divisão por 100 que deve admiti-lo?
está representada na forma de fração:
Neste caso, o problema deu o valor de e gostaria de
saber o valor de V, assim:
75
75% = = 0,75
100 p
VA = ( 1 + ).V
100
Aumento e desconto percentual
40
3500 = ( 1 + ).V
100
Outra classe de problemas bem comuns sobre por-
centagem está relacionada ao aumento e a redução per-
centual de um determinado valor. Usaremos as defini- 3500 =(1+0,4).V
ções apresentadas anteriormente para mostrar a teoria
envolvida
3500 =1,4.V

Aumento Percentual: Consideremos um valor inicial 3500


V que deve sofrer um aumento de de seu valor. Chame- V= =2500
1,4
mos de VA o valor após o aumento. Assim:

Resp. R$ 2 500,00
p
VA = V + .V
100
Fatorando: Ex. Uma loja entra em liquidação e pretende abaixar
em 20% o valor de seus produtos. Se o preço de um deles
p é de R$ 250,00, qual será seu preço na liquidação?
VA = ( 1 + ) .V
100 Aqui, basta calcular o valor de VD :

Em que (1 + p ) será definido como fator de au-


p
100 VD = (1 – ) .V
100
mento, que pode estar representado tanto na forma de
fração ou decimal. 20
VD = (1 – ) .250,00
100

Desconto Percentual: Consideremos um valor inicial


VD = (1 –0,2) .250,00
V que deve sofrer um desconto de p% de seu valor. Cha-
memos de VD o valor após o desconto. VD = (0,8) .250,00
MATEMÁTICA

VD = 200,00
p
VD = V – .V Resp. R$ 200,00
100

49
Como temos também uma expressão para , basta
FIQUE ATENTO! substituir:
Em alguns problemas de porcentagem são 𝑝1 𝑝2
necessários cálculos sucessivos de aumentos V2 = V .(1 – ) .(1 – )
100 100
ou descontos percentuais. Nesses casos é ne-
cessário ter atenção ao problema, pois erros
costumeiros ocorrem quando se calcula a por- Além disso, essa formulação também funciona para
centagens do valor inicial para obter todos os aumentos e descontos em sequência, bastando apenas
valores finais com descontos ou aumentos. Na a identificação dos seus fatores multiplicativos. Sendo V
verdade, esse cálculo só pode ser feito quando um valor inicial, vamos considerar que ele irá sofrer um
o problema diz que TODOS os descontos ou aumento de p1% e, sucessivamente, um desconto de p2%.
aumentos são dados a uma porcentagem do
valor inicial. Mas em geral, os cálculos são fei- Sendo V1 o valor após o aumento, temos:
tos como mostrado no texto a seguir. 𝑝1
V1 = V .(1+ )
100

Aumentos e Descontos Sucessivos: Consideremos Sendo V2 o valor após o desconto, temos que:
um valor inicial V, e vamos considerar que ele irá sofrer
dois aumentos sucessivos de p1% e p2%. Sendo V1 o valor 𝑝2
após o primeiro aumento, temos: V2 = V_1 .(1 – )
100
𝑝1
V1 = V .(1 + ) Como temos uma expressão para , basta substituir:
100
𝑝1 𝑝2
V2 = V .(1+ ) .(1 – )
Sendo V2 o valor após o segundo aumento, ou seja, 100 100
após já ter aumentado uma vez, temos que:
Ex. Um produto sofreu um aumento de 20% e depois
sofreu uma redução de 20%. Isso significa que ele voltará
𝑝2 ao seu valor original.
V2 = V1 .(1 + )
100
( ) Certo ( ) Errado
Como temos também uma expressão para V1, basta
substituir: Este problema clássico tem como finalidade concei-
tuar esta parte de aumento e redução percentual e evitar
o erro do leitor ao achar que aumentando p% e dimi-
𝑝1 𝑝2 nuindo p%, volta-se ao valor original. Se usarmos o que
V2 = V .(1 + ) .(1 + )
100 100 aprendemos, temos que:
𝑝1 𝑝2
V2 = V . 1+ . 1–
Assim, para cada aumento, temos um fator corres- 100 100
pondente e basta ir multiplicando os fatores para chegar 𝐴𝑢𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑟𝑒𝑑𝑢çã𝑜
ao resultado final.
20 20
No caso de desconto, temos o mesmo caso, sendo V V2 = V .(1+ ) .(1 – )
100 100
um valor inicial, vamos considerar que ele irá sofrer dois
descontos sucessivos de p1% e p2%.
V2 = V .(1+0,2) .(1 – 0,2 )

Sendo V1 o valor após o primeiro desconto, temos: V2 = V .(1,2) .(0,8)


96
V2 = 0,96.V= V=96% de V
𝑝1 100
V1 = V.(1 – )
100 Ou seja, o valor final corresponde a 96% de V e não
100%, assim, eles não são iguais, portanto deve-se assi-
Sendo V2 o valor após o segundo desconto, ou seja, nalar a opção ERRADO
após já ter descontado uma vez, temos que:
MATEMÁTICA

𝑝2
V2 = V_1 .(1 – )
100

50
Exemplo: Uma pessoa empresta a outra, a juros sim-
ples, a quantia de R$ 3000,00, pelo prazo de 4 meses, à
EXERCÍCIOS COMENTADOS taxa de 2% ao mês. Quanto deverá ser pago de juros?

1. (UNESP) Suponhamos que, para uma dada eleição, Resolução:


uma cidade tivesse 18.500 eleitores inscritos. Suponhamos
ainda que, para essa eleição, no caso de se verificar um - Capital aplicado (C): R$ 3.000,00
índice de abstenções de 6% entre os homens e de 9% en- - Tempo de aplicação (t): 4 meses
tre as mulheres, o número de votantes do sexo masculino - Taxa (i): 2% ou 0,02 a.m. (= ao mês)
será exatamente igual ao número de votantes do sexo fe-
minino. Determine o número de eleitores de cada sexo. Fazendo o cálculo, mês a mês:
No final do 1º período (1 mês), os juros serão: 0,02 R$
Resposta: Denotamos o número de eleitores do sexo 3.000,00 = R$ 60,00
femininos de F e de votantes masculinos de M. Pelo No final do 2º período (2 meses), os juros serão: R$
enunciado do exercícios, F+M = 18500. Além disso, o 60,00 + R$ 60,00 = R$ 120,00
índice de abstenções entre os homens foi de 6% e No final do 3º período (3 meses), os juros serão: R$
de 9% entre as mulheres, ou seja, 94% dos homens 120,00 + R$ 60,00 = R$ 180,00
e 91% das mulheres compareceram a votação, onde No final do 4º período (4 meses), os juros serão: R$
94%M = 91%F ou 0,94M = 0,91F. Assim, para deter- 180,00 + R$ 60,00 = R$ 240,00
minar o número de eleitores de cada sexo temos os
seguinte sistema para resolver: Para evitar essa sequência de cálculos toda vez que
vamos calcular os juros simples, existe uma fórmula que
quantifica o total de juros simples do período, e ela está
F + M = 18500 apresentada abaixo:

0,94M = 0,91F
J=C ∙ i ∙ t
Da segunda equação, temos que M =
0,91
F . Agora, Além disso, quando quisermos saber o total que será
0,94 pago de um empréstimo, ou o quanto se resgatará do in-
substituindo M na primeira equação do sistema en- vestimento, o qual definimos como Montante (M), basta
somar o capital com os juros, usando o conceito funda-
contra-se F = 9400 e por fim determina-se M = 9100. mental da matemática financeira:
M=C+J
Juros Simples Ou
M=C(1+i . t)
Toda vez que falamos em juros estamos nos referindo
a uma quantia em dinheiro que deve ser paga por um
devedor, pela utilização de dinheiro de um credor (aque-
EXERCÍCIOS COMENTADOS
le que empresta).

1. Nomenclatura 1.(ENEM 2015) Um casal realiza um financiamento imo-


biliário de R$ 180 000,00, a ser pago em 360 prestações
a) Os juros são representados pela letra J. mensais, com taxa de juros efetiva de 1% ao mês. A pri-
b) O dinheiro que se deposita ou se empresta chama- meira prestação é paga um mês após a liberação dos re-
mos de capital e é representado pela letra C. cursos e o valor da prestação mensal é de R$ 500,00 mais
c) O tempo de depósito ou de empréstimo é repre- juro de 1% sobre o saldo devedor (valor devido antes do
sentado pela letra t. pagamento). Observe que, a cada pagamento, o saldo
d) A taxa de juros é a razão centesimal que incide so- devedor se reduz em R$ 500,00 e considere que não há
bre um capital durante certo tempo. É representado pela prestação em atraso.
letra i e utilizada para calcular juros.
Efetuando o pagamento dessa forma, o valor, em reais, a
Chamamos de simples os juros que são somados ao ser pago ao banco na décima prestação é de
capital inicial no final da aplicação.
a) 2 075,00.
b) 2 093,00.
c) 2 138,00.
FIQUE ATENTO! d) 2 255,00.
Devemos sempre relacionar taxa e tempo e) 2 300,00.
MATEMÁTICA

numa mesma unidade:


Taxa anual --------------------- tempo em anos Resposta: Letra d. Temos que, na décima prestação, o
Taxa mensal-------------------- tempo em meses valor devido é de 175 500. Calculando os juros, temos
Taxa diária---------------------- tempo em dias 1% de 175500 = 1755. Logo, na décima prestação o
valor será de 1755 + 500 = 2255.

51
2.(NUCEPE 2009) Um investidor possui R$ 80.000,00. Ele aplica 30% desse dinheiro em um investimento que rende
juros simples a uma taxa de 3% a.m., durante 2 meses, e aplica o restante em investimento que rende 2% a.m., durante
2 meses também. Ao fim desse período, esse investidor possui:

A) R$ 83.680,00
B) R$ 84.000,00
C) R$ 84.320,00
D) R$ 84.400,00
E) R$ 88.000,00

Resposta: Letra a. Temos neste problema um capital sendo investido em duas etapas. Vamos realizar os cálculos
separadamente:

1º investimento
30% de R$ 80.000,00 = R$ 24.000,00 valor a ser investido a uma taxa i = 3% a.m., durante um período t = 2 meses.
Lembrando que i = 3% = 0,03.
Cálculo dos juros J, onde J=C∙i∙t:
J = 24000∙ (0,03) ∙2 = 1440.
Juros do 1º investimento = R$ 1440,00.

2º investimento
R$ 80.000,00 – R$ 24.000,00 = R$ 56.000,00 valor a ser investido a uma taxa i = 2% a.m., durante um período t = 2
meses.
J = 56000∙ (0,02) ∙ 2 = 2240.
Juros do 2º investimento = R$ 2.240,00.
Portanto, o montante final será de
R$ 80.00,00 + R$ 1.440,00 + R$ 2.240,00 = R$ 83.680,00.

Juros Compostos

O capital inicial (principal) pode crescer como já sabemos, devido aos juros. Basicamente, há duas modalidades de
como se calcular os juros:
Juros simples - ao longo do tempo, somente o principal rende juros.
Juros compostos - após cada período, os juros são incorporados ao principal e passam, por sua vez, a render juros.
Também conhecido como “juros sobre juros”.
Vamos ilustrar a diferença entre os crescimentos de um capital através juros simples e juros compostos, com um
exemplo: Suponha que $100,00 são empregados a uma taxa de 10% a.a. (ao ano) Teremos:

Capital = 100 Juros Simples Juros Compostos


N° de Anos Montante Simples Montante Composto
1 100 + 0,1 ∙ 100 = 110 100,00 + 0,1 ∙ (100,00) = 110,00
2 110 + 0,1 ∙ 100 = 120 110,00 + 0,1 ∙ (110,00) = 121,00
3 120 + 0,1 ∙ 100 = 130 121,00 + 0,1 ∙ (121,00) = 133,10
4 130 + 0,1 ∙ 100 = 140 133,10 + 0,1 ∙ (133,10) = 146,41
5 140 + 0,1 ∙ 100 = 150 146,41 + 0,1 ∙ (146,41) = 161,05

Observe que o crescimento do principal segundo juros simples é LINEAR enquanto que o crescimento segundo
juros compostos é EXPONENCIAL, e, portanto tem um crescimento muito mais “rápido”. Isto poderia ser ilustrado gra-
ficamente da seguinte forma:
MATEMÁTICA

52
Na prática, as empresas, órgãos governamentais e investidores particulares costumam reinvestir as quantias geradas
pelas aplicações financeiras, o que justifica o emprego mais comum de juros compostos na Economia. Na verdade, o
uso de juros simples não se justifica em estudos econômicos.

Fórmula para o cálculo de Juros compostos

Considere o capital inicial (principal P) $1000,00 aplicado a uma taxa mensal de juros compostos (i) de 10% (i = 10%
a.m.). Vamos calcular os montantes (capital + juros), mês a mês:
Após o 1º mês, teremos: M1 = 1000 ∙ 1,1 = 1100 = 1000(1 + 0,1)
Após o 2º mês, teremos: M2 = 1100 ∙1,1 = 1210 = 1000(1 + 0,1)2
Após o 3º mês, teremos: M3 = 1210 ∙ 1,1 = 1331 = 1000(1 + 0,1)3
.....................................................................................................
Após o nº (enésimo) mês, sendo S o montante, teremos evidentemente: M = 1000(1 + 0,1)n
De uma forma genérica, teremos para um capital C, aplicado a uma taxa de juros compostos i durante o período n :
M = C(1 + i)n

Onde M = montante, C = Capital, i = taxa de juros e n = número de períodos que o principal C foi aplicado.

#FICADICA
Na fórmula acima, as unidades de tempo referentes à taxa de juros (i) e do período (n), tem de ser neces-
sariamente iguais. Este é um detalhe importantíssimo, que não pode ser esquecido! Assim, por exemplo,
se a taxa for 2% ao mês e o período 3 anos, deveremos considerar 2% ao mês durante 3 ∙ 12=36 meses.
Exemplo: Calcule o montante de uma aplicação financeira de R$ 2000,00 aplicada a juros compostos de
2% ao mês durante 2 meses:

Resolução: M = C∙(1 + i)n→M = 2000∙(1 +0,02)2→M = 2000∙(1,02)2=R$ 2080,80


Com aplicação da fórmula, obtém-se o montante. Agora, se quisermos os juros? Como se calcula os juros desta
aplicação sendo que agora não temos uma fórmula para J como nos juros simples? Para resolver isso, basta relembrar
o conceito fundamental: M=C+J→J=M-C
Como calculamos o montante e temos o capital:
J=M-C→2080,80-2000,00=R$ 80,80
Esse exemplo é a aplicação básica de juros compostos.

FIQUE ATENTO!
Alguns concursos podem complicar um pouco as questões, deixando como incógnita o período
da operação “n”.
MATEMÁTICA

53
Exemplo: Em quanto tempo devo deixar R$ 3000,00 em uma aplicação para que renda um montante de R$ 3376,53
a uma taxa de 3% ao mês.
Resolução: Neste caso, precisamos saber n, vamos isolá-lo na fórmula do montante:

n M n M n
M=C 1+i → = 1+i → log = log 1 + i
C C

M
log = n � log 1 + i →
C

A fórmula envolve logaritmos e você tem dois caminhos: Memorize ou sempre lembre da dedução a partir da fór-
mula do montante. Substituindo os valores:

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (NOVA 2017) Calcule o montante de um empréstimo a juros compostos de R$ 10000,00 a uma taxa de 0,5% a.m
durante 6 meses. Dado: 1,0056 = 1,0304

a) R$ 10303,77
b) R$ 10090,90
c) R$ 13030,77
d) R$ 13250,80
e) NDA

Resposta: Letra a. M = C(1 + i)^n→M = 10000∙(1 +0,005)^6→M = 10000∙(1,005)^6=R$ 10303,77


MATEMÁTICA

54
Razão entre grandezas de mesma espécie: A razão
RAZÕES E PROPORÇÕES. entre duas grandezas de mesma espécie é o quociente
dos números que expressam as medidas dessas grande-
zas numa mesma unidade.
Razão Ex. Um automóvel necessita percorrer uma estrada de
360 km. Se ele já percorreu 240 km, qual a razão entre a
Quando se utiliza a matemática na resolução de pro- distância percorrida em relação ao total?
blemas, os números precisam ser relacionados para se Como os dois números são da mesma espécie (distân-
obter uma resposta. Uma das maneiras de se relacionar cia) e estão na mesma unidade (km), basta fazer a razão:
os números é através da razão. Sejam dois números reais
a e b, com b ≠ 0,define-se razão entre a e b (nessa ordem) 240 𝑘𝑚 2
𝑟= =
𝑎 360 𝑘𝑚 3
o quociente a ÷ b, ou .
𝑏
No caso de mesma espécie, porém em unidades di-
A razão basicamente é uma fração, e como sabem, ferentes, deve-se escolher uma das unidades e converter
frações são números racionais. Entretanto, a leitura des- a outra.
te número é diferente, justamente para diferenciarmos Ex. Uma maratona possui aproximadamente 42 km de
quando estamos falando de fração ou de razão. extensão. Um corredor percorreu 36000 metros. Qual a
3 razão entre o que falta para percorrer em relação à ex-
a) Quando temos o número e estamos tratando de
5 tensão da prova?
Veja que agora estamos tentando relacionar metros
fração, lê-se: “três quintos”.
com quilômetros. Para isso, deve-se converter uma das
b) Quando temos o número
3
e estamos tratando unidades, vamos utilizar “km”:
5 36000 m=36 km
de razão, lê-se: “3 para 5”.
Como é pedida a razão entre o que falta em relação
ao total, temos que:
Além disso, a nomenclatura dos termos também é
diferente: 42 𝑘𝑚 − 36 𝑘𝑚 6 𝑘𝑚 1
𝑟= = =
42 𝑘𝑚 42 𝑘𝑚 7
O número 3 é numerador
Ex. Uma sala tem 8 m de comprimento. Esse compri-
3
a) Na fração mento é representado num desenho por 20 cm. Qual é a
5
razão entre o comprimento representado no desenho e
O número 5 é denominador o comprimento real?
Convertendo o comprimento real para cm, temos que:
O número 3 é antecedente
20 𝑐𝑚 1
3 𝑒= =
b) Na razão 800 𝑐𝑚 40
5

O número 5 é consequente
#FicaDica
20 2
Ex. A razão entre 20 e 50 é = já a razão entre 50
50 5 A razão entre um comprimento no desenho
50 5
e 20 é = . Ou seja, deve-se sempre indicar o antece- e o correspondente comprimento real, cha-
20 2
ma-se escala
dente e o consequente para sabermos qual a ordem de
montarmos a razão. Razão entre grandezas de espécies diferentes: É
Ex.Numa classe de 36 alunos há 15 rapazes e 21 mo- possível também relacionar espécies diferentes e isto
ças. A razão entre o número de rapazes e o número de está normalmente relacionado a unidades utilizadas na
física:
moças é 15
, se simplificarmos, temos que a fração equi-
21
5 Ex. Considere um carro que às 9 horas passa pelo qui-
valente , o que significa que para “cada 5 rapazes há 7
7 lômetro 30 de uma estrada e, às 11 horas, pelo quilô-
moças”. Por outro lado, a razão entre o número de rapa- metro 170. Qual a razão entre a distância percorrida e o
tempo gasto no translado?
zes e o total de alunos é dada por 15
=
5
, o que equivale Para montarmos a razão, precisamos obter as infor-
36 12
MATEMÁTICA

a dizer que “de cada 12 alunos na classe, 5 são rapazes”. mações:


Distância percorrida: 170 km – 30 km = 140 km
Tempo gasto: 11h – 9h = 2h

55
Calculamos a razão entre a distância percorrida e o Proporção
tempo gasto para isso:
A definição de proporção é muito simples, pois se tra-
ta apenas da igualdade de razões.
140 𝑘𝑚 70
𝑣= = = 70 𝑘 𝑚 ⁄ℎ 3 6
2ℎ 1 Na proporção = (lê-se: “3 está para 5 assim
5 10
Como são duas espécies diferentes, a razão entre elas como 6 está para 10”).
será uma espécie totalmente diferente das outras duas.
Observemos que o produto 3 x 10=30 é igual ao pro-
duto 5 x 6=30, o que caracteriza a propriedade funda-
#FicaDica mental das proporções
A razão entre uma distância e uma medida
de tempo é chamada de velocidade. #FicaDica
Se multiplicarmos em cruz (ou em x), tere-
mos que os produtos entre o numeradores
Ex. A Região Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, e os denominadores da outra razão serão
Rio de Janeiro e São Paulo) tem uma área aproximada de iguais.
927 286 km2 e uma população de 66 288 000 habitantes,
aproximadamente, segundo estimativas projetadas pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o 2 6
Ex. Na igualdade = , temos 2 x 9=3 x 6=18, logo,
ano de 1995. Qual a razão entre o número de habitantes 3 9
e a área total? temos uma proporção.
Dividindo-se o número de habitantes pela área, obte-
remos o número de habitantes por km2 (hab./km2): Ex. Na bula de um remédio pediátrico recomenda-se
a seguinte dosagem: 7 gotas para cada 3 kg do “peso” da
66288000 ℎ𝑎𝑏 ℎ𝑎𝑏 criança. Se uma criança tem 15 kg, qual será a dosagem
𝑑= = 71,5 correta?
927286 𝑘𝑚² 𝑘𝑚2
Como temos que seguir a receita, temos que atender
a proporção, assim, chamaremos de x a quantidade de
gotas a serem ministradas:
#FicaDica
A razão entre o número de habitantes e a
7 𝑔𝑜𝑡𝑎𝑠 𝑥 𝑔𝑜𝑡𝑎𝑠
área deste local é denominada densidade =
demográfica. 3 𝑘𝑔 15 𝑘𝑔

Ex. Um carro percorreu, na cidade, 83,76 km com 8 L Logo, para atendermos a proporção, precisaremos
de gasolina. Dividindo-se o número de quilômetros per- encontrar qual o número que atenderá a proporção. Mul-
corridos pelo número de litros de combustível consumi- tiplicando em cruz, temos que:
dos, teremos o número de quilômetros que esse carro
percorre com um litro de gasolina: 3x=105

83,76 𝑘𝑚 𝑘𝑚 105
𝑐=
8𝑙
= 10,47
𝑙 𝑥=
3

x=35 gotas
#FicaDica
A razão entre a distância percorrida em rela- Ou seja, para uma criança de 30 kg, deve-se ministrar
ção a uma quantidade de combustível é de- 35 gotas do remédio, atendendo a proporção.
finida como “consumo médio”
MATEMÁTICA

56
Outro jeito de ver a proporção: Já vimos que uma mos também que se realizarmos a diferença entre os
proporção é verdadeira quando realizamos a multiplica- termos, também chegaremos em outras proporções:
ção em cruz e encontramos o mesmo valor nos dois pro-
dutos. Outra maneira de verificar a proporção é verificar 4 8 4−3 8−6 1 2
se a duas razões que estão sendo igualadas são frações = → = → =
3 6 4 8 4 8
equivalentes. Lembra deste conceito?
ou
FIQUE ATENTO!
4 8 4−3 8−6 1 2
Uma fração é equivalente a outra quando = → = → =
podemos multiplicar (ou dividir) o nume-
3 6 3 6 3 6
rador e o denominador da fração por um
mesmo número, chegando ao numerador e
denominador da outra fração. c) Soma dos antecedentes e consequentes: A soma
dos antecedentes está para a soma dos consequentes as-
4 12 sim como cada antecedente está para o seu consequente:
Ex. e são frações equivalentes, pois:
3 9
12 3 12 + 3 15 12 3
= → = = =
4x=12 →x=3 8 2 8+2 10 8 2
3x=9 →x=3
4 d) Diferença dos antecedentes e consequentes:
Ou seja, o numerador e o denominador de quan-
3 A soma dos antecedentes está para a soma dos conse-
do multiplicados pelo mesmo número (3), chega ao nu- quentes assim como cada antecedente está para o seu
consequente:
merador e denominador da outra fração, logo, elas são
equivalentes e consequentemente, proporcionais. 12 3 12 − 3 9 12 3
= → = = =
8 2 8−2 6 8 2
Agora vamos apresentar algumas propriedades da
proporção:
FIQUE ATENTO!
a) Soma dos termos: Quando duas razões são pro- Usamos razão para fazer comparação entre
porcionais, podemos criar outra proporção somando os duas grandezas. Assim, quando dividimos
numeradores com os denominadores e dividindo pelos uma grandeza pela outra estamos compa-
numeradores (ou denominadores) das razões originais: rando a primeira com a segunda. Enquanto
proporção é a igualdade entre duas razões.
5 10 5 + 2 10 + 4 7 14
= → = → =
2 4 5 10 5 10

ou

5 10 5 + 2 10 + 4 7 14
= → = → =
2 4 2 4 2 4

b) Diferença dos termos: Analogamente a soma, te


MATEMÁTICA

57
EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. O estado de Tocantins ocupa uma área aproximada de 278.500 km². De acordo com o Censo/2000 o Tocantins tinha
uma população de aproximadamente 1.156.000 habitantes. Qual é a densidade demográfica do estado de Tocantins?

Resposta :
A densidade demográfica é definida como a razão entre o número de habitantes e a área ocupada:

1 156 000 hab.


d= = 4,15 ha b⁄k m²
278 500 km²

2. Se a área de um retângulo (A1 ) mede 300 cm² e a área de um outro retângulo (A2 ) mede 100 cm², qual é o valor
da razão entre as áreas (A1 ) e (A2 ) ?

Resposta : Ao fazermos a razão das áreas, temos:


A1 300
= =3
A2 100

Então, isso significa que a área do retângulo 1 é 3 vezes maior que a área do retângulo 2.

3.(CELESC – Assistente Administrativo – FEPESE/2016) Dois amigos decidem fazer um investimento conjunto por um
prazo determinado. Um investe R$ 9.000 e o outro R$ 16.000. Ao final do prazo estipulado obtêm um lucro de R$ 2.222
e decidem dividir o lucro de maneira proporcional ao investimento inicial de cada um. Portanto o amigo que investiu a
menor quantia obtém com o investimento um lucro:

a) Maior que R$ 810,00


b) Maior que R$ 805,00 e menor que R$ 810,00
c) Maior que R$ 800,00 e menor que R$ 805,00
d) Maior que R$ 795,00 e menor que R$ 800,00
e) Menor que R$ 795,00

Resposta : Letra D.
Ambos aplicaram R$ 9000,00+R$ 16000,00=R$ 25000,00 e o lucro de R$ 2222,00 foi sobre este valor. Assim, cons-
trói-se uma proporção entre o valor aplicado (neste caso, R$ 9000,00 , pois o exercício quer o lucro de quem aplicou
menos) e seu respectivo lucro:

9000 25000
= → 25x = 19998 → x = R$ 799,92
x 2222
MATEMÁTICA

58
MEDIDAS DE TEMPO.

O sistema de medidas e unidades existe para quantificar dimensões. Como a variação das mesmas pode ser gigan-
tesca, existem conversões entre unidades para melhor leitura.

Medidas de Comprimento

A unidade principal (utilizada no sistema internacional de medidas) de comprimento é o metro. Para medir dimen-
sões muito maiores ou muito menores que essa referência, surgiram seis unidades adicionais:

km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)

A conversão de unidades de comprimento segue potências de 10. Para saber o quanto se deve multiplicar (ou dividir),
utiliza-se a regra do , onde c é o número de casas que se andou na tabela acima. Adicionalmente, se você andou para a
direita, o número deverá ser multiplicado, se andou para a esquerda, será dividido. As figuras a seguir exemplificam as
conversões:

Ex: Conversão de 2,3 metros para centímetros

MATEMÁTICA

59
Ex: Conversão de 125 000 mm para decâmetro:

Medidas de Área (Superfície)

As medidas de área seguem as mesmas referências que as medidas de comprimento. A unidade principal é o metro
quadrado e as outras seis unidades são apresentadas a seguir:

km² hm² dam² m² dm² cm² mm²


(kilômetro (hectômetro (decâmetro (metro qua- (decímetro (centímetro (milímetro
quadrado) quadrado) quadrado) drado) quadrado) quadrado) quadrado)

A conversão de unidades segue com potências de 10. A diferença agora é que ao invés da regra de , utiliza-se a re-
gra de , ou seja, o número de casas que se andou deve ser multiplicado por 2. A definição se multiplica ou divide segue
a mesma regra: Andou para a direita, multiplica, andou para a esquerda, divide. Sigam os exemplos:

Ex: Conversão de 2 km² para m²


MATEMÁTICA

60
Ex: Conversão de 20 mm² para cm²

Medidas de Volume(Capacidade)

As medidas de volume seguem as mesmas referências que as medidas de comprimento. A unidade principal é o
metro cúbico e as outras seis unidades são apresentadas a seguir:

km³ hm³ dam³ m³ dm³ cm³ mm³


(kilômetro (hectômetro- (decâmetro- (metro- (decímetro- (centímetro- (milímetro-
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)

A conversão de unidades segue com potências de 10. A diferença agora é que ao invés da regra de , utiliza-se a re-
gra de , ou seja, o número de casas que se andou deve ser multiplicado por 3. A definição se multiplica ou divide segue
a mesma regra: Andou para a direita, multiplica, andou para a esquerda, divide. Sigam os exemplos:

Ex: Conversão de 3,7 m³ para cm³

MATEMÁTICA

61
Ex: Conversão de 50000 dm³ para m³

kL hL dam³ m³ dm³ cm³ mm³


(quilolitro) (hectolitro) (decalitro) (litro) (decilitro) (centilitro) (mililitro)

Para essa tabela, o roteiro para converter unidades de medidas é o mesmo utilizado para as medidas anteriores. A
diferença é que para cada unidade à direita multiplica-se por 10 e para cada unidade à esquerda divide-se por 10 (igual
para unidades de comprimento).

Medidas de Massa

As medidas de massa segue a base 10, como as medidas de comprimento. A unidade principal é o grama (g) e suas
seis unidades complementares estão apresentadas a seguir:

kg hg dag g dg cg mg
(kilograma) (hectograma) (decagrama) (grama) (decígrama) (centígrama) (milígrama)

Os passos para conversão de unidades segue o mesmo das medidas de comprimento. Utiliza-se a regra do , multi-
plicando se caminha para a direita e divide quando caminha para a esquerda.

FIQUE ATENTO!
Outras unidades importantes:
• Massa: A tonelada, sendo que 1 tonelada vale 1000 kg.
• Volume : O litro (l) que vale 1 decímetro cúbico (dm³) e o mililitro, que vale 1 cm³.
• Área: O hectare (ha) que vale 1 hectômetro quadrado (ou 10000 m²) e o alqueire, (varia de região para
região e normalmente a conversão desejada é dada na prova).

Medidas de Tempo

Desse grupo, o sistema hora – minuto – segundo, que mede intervalos de tempo, é o mais conhecido.
2h = 2 ∙ 60min = 120 min = 120 ∙ 60s = 7 200s
Para passar de uma unidade para a menor seguinte, multiplica-se por 60.
0,3h não indica 30 minutos nem 3 minutos; como 1 décimo de hora corresponde a 6 minutos, conclui-se que 0,3h =
MATEMÁTICA

18min.
Para medir ângulos, também temos um sistema não decimal. Nesse caso, a unidade básica é o grau. Na astronomia,
na cartografia e na navegação são necessárias medidas inferiores a 1º. Temos, então:
1 grau equivale a 60 minutos (1º = 60’)
1 minuto equivale a 60 segundos (1’ = 60”)

62
Os minutos e os segundos dos ângulos não são, é 4. Passe 5.200 gramas para quilogramas.
claro, os mesmos do sistema hora – minuto – segundo.
Há uma coincidência de nomes, mas até os símbolos que Resposta: 5,2 kg. Para passarmos 5.200 gra-
os indicam são diferentes: mas para quilogramas, devemos dividir (porque na tabe-
1h32min24s é um intervalo de tempo ou um instante la grama está à direita de quilograma) 5.200 por 10 três
do dia. vezes, pois para passarmos de gramas para quilogra-
1º 32’ 24” é a medida de um ângulo. mas saltamos três níveis à esquerda.
Primeiro passamos de grama para decagrama, depois
de decagrama para hectograma e finalmente de hecto-
#FicaDica grama para quilograma:
Por motivos óbvios, cálculos no sistema hora 5200g:10:10:10 ⟹ 5,2Kg
– minuto – segundo são similares a cálculos Isto equivale a passar a vírgula três casas para a esquer-
no sistema grau – minuto – segundo, da.
embora esses sistemas correspondam a Portanto, 5.200 g são iguais a 5,2 kg.
grandezas distintas.
5. Converta 2,5 metros em centímetros.

Resposta: 250 cm. Para convertermos 2,5 me-


EXERCÍCIOS COMENTADOS tros em centímetros, devemos multiplicar (por-
que na tabela metro está à esquerda de centíme-
tro) 2,5 por 10 duas vezes, pois para passarmos
1. Raquel saiu de casa às 13h 45min, caminhando até o de metros para centímetros saltamos dois níveis à di-
curso de inglês que fica a 15 minutos de sua casa, e che- reita.
gou na hora da aula cuja duração é de uma hora e meia. Primeiro passamos de metros para decímetros e depois
A que horas terminará a aula de inglês?
de decímetros para centímetros:
2,5m∙10∙10 ⟹ 250cm
a) 14h
Isto equivale a passar a vírgula duas casas para a direita.
b) 14h 30min
Logo, 2,5 m é igual a 250 cm.
c) 15h 15min
d) 15h 30min
e) 15h 45min
EQUAÇÕES DE PRIMEIRO E SEGUNDO GRAU;
Resposta: Letra D. Basta somarmos todos os valores SISTEMAS DE EQUAÇÕES.
mencionados no enunciado do teste, ou seja:
13h 45min + 15 min + 1h 30 min = 15h 30min
Logo, a questão correta é a letra D. EQUAÇÃO DO 1º GRAU

2. 348 mm3 equivalem a quantos decilitros? Uma equação é uma igualdade na qual uma ou mais
variáveis, conhecidas por incógnitas, são desconhecidas.
Resposta: “0, 00348 dl”. Como 1 cm3 equivale a 1 ml, Resolver uma equação significa encontrar o valor das in-
é melhor dividirmos 348 mm3 por mil, para obtermos cógnitas. Equações do primeiro grau são equações onde
o seu equivalente em centímetros cúbicos: 0,348 cm3. há somente uma incógnita a ser encontrada e seu expoen-
Logo 348 mm3 equivalem a 0, 348 ml, já que cm3 e ml se te é igual a 1. A forma geral de uma equação do primeiro
equivalem. grau é: ax+b=0
Neste ponto já convertemos de uma unidade de me- Onde e são números reais.
dida de volume, para uma unidade de medida de ca- O “lado esquerdo” da equação é denominado 1º mem-
pacidade. bro enquanto o “lado direito” é denominado 2º membro.
Falta-nos passarmos de mililitros para decilitros, quan-
do então passaremos dois níveis à esquerda. Dividire-
mos então por 10 duas vezes: #Fica Dica
0,348ml:10:100,00348dl
Para resolver uma equação do primeiro grau,
Logo, 348 mm³ equivalem a 0, 00348 dl.
costuma-se concentrar todos os termos que
contenham incógnitas no 1º membro e todos
3. Passe 50 dm2 para hectômetros quadrados.
os termos que contenham somente números
no 2º membro.
Resposta: 0, 00005 hm². Para passarmos de decíme-
tros quadrados para hectômetros quadrados, passare-
MATEMÁTICA

mos três níveis à esquerda.


Há diversas formas de equações do primeiro grau e
Dividiremos então por 100 três vezes:
50dm2:100:100:100 ⟹ 0,00005hm2 a seguir serão apresentados alguns deles. Antes, há uma
Isto equivale a passar a vírgula seis casas para a esquerda. lista de “regras” para a solução de equações do primeiro
Portanto, 50 dm² é igual a 0, 00005 hm². grau:

63
Regra 1 – Eliminar os parênteses
Regra 2 – Igualar os denominadores de todos os termos caso haja frações
Regra 3 – Transferir todos os termos que contenham incógnitas para o 1º membro
Regra 4 – Transferir todos os termos que contenham somente números para o 2º membro
Regra 5 – Simplificar as expressões em ambos os membros
Regra 5 – Isolar a incógnita no 1º membro

Exemplo: Resolva a equação 5x-4=2x+8

As regras 1 e 2 não se aplicam pois não há parênteses, nem frações. Aplicando a regra 3, transfere-se o termo “” para
o 1º membro. Para fazer isso, basta colocá-lo no 1º membro com o sinal trocado: 5x-4-2x=8

Aplicando a regra 4, transfere-se o termo “” para o 2º membro. Para fazer isso, basta colocá-lo no 1º membro com
o sinal trocado: 5x-2x=8+4
Aplicando a regra 5, simplifica-se as expressões em ambos os membros. Simplificar significa “juntar” todos os ter-
mos com incógnitas em um único termo no 1º membro e fazer o mesmo com todos os temos que contenham somente
números no 2º membro: 3x=12

Aplicando a regra 6, isola-se a incógnita no 1º membro. Para isso, divide-se ambos os lados da equação por 3, fa-
zendo com que no 1º membro reste apenas :

3x 12 12
= →x= → x = 4 → S = {4�
3 3 3

2x
Exemplo: Resolva a equação +2 x− 4 = x +1
3

Aplicando a regra 1, eliminam-se os parênteses. Para isso, aplica-se a distributiva no termo com parênteses:

2x
+ 2x − 8 = x + 1
3
Aplicando a regra 2, igualam-se os denominadores de todos os termos. Nessa equação, o denominador comum é
“3”:

2x 6x 24 3x 3
+ − = +
3 3 3 3 3

Como há o mesmo denominador em todos os termos, eles podem ser “cortados”: 2x+6x-24=3x+3

Aplicando a regra 3, transfere-se o termo “” para o 1º membro: 2x+6x-3x-24=3

Aplicando a regra 4, transfere-se o termo “” para o 2º membro: 2x+6x-3x=24+3

Aplicando a regra 5, simplificam-se as expressões em ambos os membros: 5x=27

Por fim, aplicando a regra 6, isola-se a incógnita no 1º membro: x =


27 27
→S =
5 5

EQUAÇÃO DO 2º GRAU

Equações do segundo grau são equações nas quais o maior expoente de é igual a 2. Sua forma geral é expressa
por: ax2+bx+c=0
MATEMÁTICA

Onde a,b e c e são números reais e a≠0. Os números a, b e c são chamados coeficientes da equação:
- a é sempre o coeficiente do termo em X2 .
- b é sempre o coeficiente do termo em X.
- c é sempre o coeficiente ou termo independente.

64
EQUAÇÃO COMPLETA E INCOMPLETA: Observações importantes:
• Para utilizar a Fórmula de Bháskara a equação
- Quando b ≠ 0 e c ≠ 0, a equação do 2º grau se diz deve estar obrigatoriamente no formato ax2+bx+c=0.
completa. Caso não esteja, é necessário colocar a equação nesse
Exemplos: formato para, em seguida, aplicar a fórmula!
5x2 – 8x + 3 = 0 é uma equação completa (a = 5,b • Quando b=0 diz-se que as raízes das equações
= – 8,c = 3). são simétricas.
y2 + 12y + 20 = 0 é uma equação completa (a = 1,b
= 12,c = 20. As regras para solução de uma equação do 2º grau
são as seguintes:
Quando b = 0 ou c = 0 ou b = c = 0, a equação do 2º Regra 1 – Identificar os números e
grau se diz incompleta. Regra 2 – Calcular o discriminante
Exemplos : Regra 3 – Caso o discriminante não seja negativo, uti-
x2 – 81 = 0 é uma equação incompleta (a = 1,b = 0 lizar a Fórmula de Bháskara
e c = – 81).
10t2 +2t = 0 é uma equação incompleta (a = 10,b = Exemplo: Resolva a equação
2 e c = 0). Aplicando a regra 1, identifica-se: a=1, b=-1 e c=-6
5y2 = 0 é uma equação incompleta (a = 5,b = 0 e c Aplicando a regra 2, calcula-se o discriminante:
= 0). Δ=b^2-4∙a∙c=(-1)2-4∙1∙(-6)=1+24=25

Todas essas equações estão escritas na forma ax2 + Como o discriminante não é negativo, aplica-se a re-
bx + c = 0 , que é denominada forma normal ou forma gra 3, que consiste em utilizar a fórmula de Bháskara:
reduzida de uma equação do 2º grau com uma incógnita.
Há, porém, algumas equações do 2º grau que não 1 +5 6
estão escritas na forma ax2 + bx + c = 0 ; por meio de −b ± Δ − −1 ± 25 1 ± 5 2
=
2
=3
transformações convenientes, em que aplicamos o prin- x= = = =
2a 2 ×1 2 1 − 5 −4
cípio aditivo para reduzi-las a essa forma. 2
=
2
= −2
Ex:
Dada a equação: 2x2 – 7x + 4 = 1 – x^2, vamos escre-
vê-la na forma normal ou reduzida. Assim, S={-2,3}
2x2 – 7x + 4 – 1 + x2 = 0
2x2 + x2 – 7x + 4 – 1 = 0 Exemplo: Resolva a equação x2-4x+4=0
3x2 – 7x + 3 = 0 Aplicando a regra 1, identifica-se: a=1, b=-4 e c=4
Aplicando a regra 2, calcula-se o discriminante: Δ=b-
RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES DO 2º GRAU: FÓR- 2
-4∙a∙c=(-4)2-4∙1∙4=16-16=0
MULA DE BHÁSKARA
Como o discriminante não é negativo, aplica-se a re-
Para encontras as soluções de equações do segundo gra 3, que consiste em utilizar a fórmula de Bháskara:
grau, é necessário conhecer seu discriminante, represen-
tado pela letra grega Δ (delta). −b ± Δ − −4 ± 0 4 ± 0 4
x= = = = =2
2a 2×1 2 2
Δ=b2 - 4∙a∙c
Assim, S={2}
FIQUE ATENTO! Note que, como o discriminante é nulo, a equação
possui duas raízes reais e idênticas iguais a 2.
O discriminante fornece importantes
informações de uma equação do 2ª grau: Exemplo: Resolva a equação x2+2x+3=0
Se Δ>0→ A equação possui duas raízes reais Aplicando a regra 1, identifica-se: a=1, b=2 e c=3
e distintas Aplicando a regra 2, calcula-se o discriminante: Δ=b-
Se Δ=0→ A equação possui duas raízes reais 2
-4∙a∙c=(2)2-4∙1∙3=4-12=-8
e idênticas
Se Δ<0→ A equação não possui raízes reais Como o discriminante é negativo, a equação não pos-
sui raízes reais.
Assim, S=∅ (solução vazia).
A solução é dada pela Fórmula de Bháskara:

x=
−b± Δ
, válida para os casos onde Δ>0 ou Δ=0.
MATEMÁTICA

2a

65
EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (ENEM 2009) Um grupo de 50 pessoas fez um orçamento inicial para organizar uma festa, que seria dividido entre
elas em cotas iguais. Verificou-se ao final que, para arcar com todas as despesas, faltavam R$ 510,00, e que 5 novas
pessoas haviam ingressado no grupo. No acerto foi decidido que a despesa total seria dividida em partes iguais pelas
55 pessoas. Quem não havia ainda contribuído pagaria a sua parte, e cada uma das 50 pessoas do grupo inicial deveria
contribuir com mais R$ 7,00.

De acordo com essas informações, qual foi o valor da cota calculada no acerto final para cada uma das 55 pessoas?

a) R$ 14,00.
b) R$ 17,00.
c) R$ 22,00.
d) R$ 32,00.
e) R$ 57,00.

Resolução: Letra d. De acordo com o enunciado da questão, 50 pessoas já haviam pagado sua parte da despesa
total, por isso não consideraremos o valor total para elas, apenas o valor de R$ 7,00 adicional, que deverá ser mul-
tiplicado por 50 pessoas. Além desse pessoal, outros cinco juntaram-se ao grupo e precisam pagar sua parte, um
valor que não conhecemos e, portanto, podemos identificar como x. Somando-se o valor que essas pessoas pagarão
ao valor acrescentado ao restante do grupo, teremos um recolhimento de R$ 510,00. Podemos então montar uma
equação do 1° grau:

(50 · 7) + (5 · x) = 510
350 + 5x = 510
5x = 510 – 350
5x = 160
x = 32

Portanto, cada um pagou o valor total de R$ 32,00.

2. (ENEM 2013) A temperatura T de um forno (em graus centígrados) é reduzida


2
por um sistema a partir do instan-
te de seu desligamento (t = 0) e varia de acordo com a expressão T t = − t4 + 400 com t em minutos. Por motivos de
segurança, a trava do forno só é liberada para abertura quando o forno atinge a temperatura de 39 ºC. Qual o tempo
mínimo de espera, em minutos, após se desligar o forno, para que a porta possa ser aberta?

a) 19,0.
b) 19,8.
c) 20,0.
d) 38,0.
e) 39,0.
t2
Resolução: Letra d. De acordo com o enunciado, temos a equação T t = − + 400 e a informação de que o
4
forno só pode ser aberto quando T = 39.

Vamos igualar a equação a esse valor:

t2
39 = − + 400
4
Novamente, para facilitar os cálculos, multiplicaremos toda a equação por 4:
– t² + 1600 = 156
– t² = – 1444
MATEMÁTICA

Multiplicando toda a equação por (– 1), teremos a seguinte equação do 2° grau incompleta:
t² = 1444
𝑡 = 1444
t = ± 38

66
Como estamos procurando um valor para o “tempo”, Resolução de sistemas
podemos desconsiderar a resposta negativa. Portan-
to, t = 38 minutos. Resolver um sistema significa encontrar um par de
valores das incógnitas X e Y que faça verdadeira as equa-
Sistema de Equações do 1º Grau ções que fazem parte do sistema.
Exemplos:
Observe o raciocínio: João e José são colegas. Ao pas- a) O par (4,3 ) pode ser a solução do sistema
sarem por uma livraria, João resolveu comprar 2 cader- x–y=2
nos e 3 livros e pagou por eles R$ 15,40, no total dos x+y=6
produtos. José gastou R$ 9,20 na compra de 2 livros e Para saber se estes valores satisfazem ao sistema, bas-
1 caderno. Os dois ficaram satisfeitos e foram para casa. ta substituir os valores em ambas as equações:
No dia seguinte, encontram um outro colega e fala- x-y=2x+y=6
ram sobre suas compras, porém não se lembrava do pre- 4–3=14+3=7
ço unitário de dos livros. Sabiam, apenas que todos os 1 ≠ 2 (falso) 7 ≠ 6 (falso)
livros, como todos os cadernos, tinham o mesmo preço.
Bom, diante deste problema, será que existe algum A resposta então é falsa. O par (4,3) não é a solu-
modo de descobrir o preço de cada livro ou caderno com ção do sistema de equações acima.
as informações que temos ? Será visto mais à frente. b) O par (5,3 ) pode ser a solução do sistema
Um sistema de equação do primeiro grau com duas x–y=2
incógnitas x e y, pode ser definido como um conjunto x+y=8
formado por duas equações do primeiro grau. Lembran-
do que equação do primeiro grau é aquela que em todas Para saber se estes valores satisfazem ao sistema, bas-
as incógnitas estão elevadas à potência 1. ta substituir os valores em ambas as equações:
x-y=2x+y=8
Observações gerais 5–3=25+3=8
Em tutoriais anteriores, já estudamos sobre equações 2 = 2 (verdadeiro 8 = 8 (verdadeiro)
do primeiro grau com duas incógnitas, como exemplo: X
+ y = 7 x – y = 30 x + 2y = 9 x – 3y = 15 A resposta então é verdadeira. O par (5,3) é a solu-
Foi visto também que as equações do 1º grau com ção do sistema de equações acima.
duas variáveis admitem infinitas soluções:
X+y=6x–y=7 Métodos para solução de sistemas do 1º grau.

- Método de substituição

Esse método de resolução de um sistema de 1º grau


estabelece que “extrair” o valor de uma incógnita é subs-
tituir esse valor na outra equação.
Observe:
Vendo a tabela acima de soluções das duas equações, x–y=2
é possível checar que o par (4;2), isto é, x = 4 e y = 2, é a x+y=4
solução para as duas equações.
Vamos escolher uma das equações para “extrair” o va-
Assim, é possível dizer que as equações lor de uma das incógnitas, ou seja, estabelecer o valor de
X+y=6 acordo com a outra incógnita, desta forma:
X–y=7 x – y = 2 ---> x = 2 + y

Formam um sistema de equações do 1º grau. Agora iremos substituir o “X” encontrado acima, na
“X” da segunda equação do sistema:
Exemplos de sistemas: x+y=4
(2 + y ) + y = 4
2 + 2y = 4 ----> 2y = 4 -2 -----> 2y = 2 ----> y = 1

Temos que: x = 2 + y, então


x=2+1
x=3

Assim, o par (3,1) torna-se a solução verdadeira do


MATEMÁTICA

sistema.

Observe este símbolo. A matemática convencionou


neste caso para indicar que duas ou mais equações for-
mam um sistema.

67
- Método da adição Sistema de Equações do 2º Grau

Este método de resolução de sistema do 1º grau con- Os sistemas a seguir envolverão equações do 1º e do
siste apenas em somas os termos das equações forneci- 2º grau, lembrando de que suas representações gráficas
das. constituem uma reta e uma parábola, respectivamente.
Resolver um sistema envolvendo equações desse mode-
Observe: lo requer conhecimentos do método da substituição de
x – y = -2 termos. Observe as resoluções comentadas a seguir:
3x + y = 5
Exemplo 1
Neste caso de resolução, somam-se as equações da-
das:
x – y = -2
3x + y = 5 +
4x = 3
x = 3/4
Isolando x ou y na 2ª equação do sistema:
Veja nos cálculos que quando somamos as duas x+y=6
equações o termo “Y” se anula. Isto tem que ocorrer para x=6–y
que possamos achar o valor de “X”.
Agora, e quando ocorrer de somarmos as equações Substituindo o valor de x na 1ª equação:
e os valores de “x” ou “y” não se anularem para ficar so-
mente uma incógnita ? x² + y² = 20
(6 – y)² + y² = 20
Neste caso, é possível usar uma técnica de cálculo de (6)² – 2 * 6 * y + (y)² + y² = 20
multiplicação pelo valor excludente negativo. 36 – 12y + y² + y² – 20 = 0
Ex.: 16 – 12y + 2y² = 0
3x + 2y = 4
2x + 3y = 1 2y² – 12y + 16 = 0 (dividir todos os membros da
equação por 2)
Ao somarmos os termos acima, temos: y² – 6y + 8 = 0
5x + 5y = 5, então para anularmos o “x” e encontra- ∆ = b² – 4ac
mos o valor de “y”, fazemos o seguinte: ∆ = (–6)² – 4 * 1 * 8
» multiplica-se a 1ª equação por +2 ∆ = 36 – 32
» multiplica-se a 2ª equação por – 3 ∆=4
a = 1, b = –6 e c = 8
Vamos calcular então:
3x + 2y = 4 ( x +2)
2x + 3y = 1 ( x -3)
6x +4y = 8
-6x - 9y = -3 +
-5y = 5
y = -1
Substituindo:
2x + 3y = 1
2x + 3.(-1) = 1
2x = 1 + 3
x=2

Verificando:
3x + 2y = 4 ---> 3.(2) + 2(-1) = 4 -----> 6 – 2 = 4
2x + 3y = 1 ---> 2.(2) + 3(-1) = 1 ------> 4 – 3 = 1
MATEMÁTICA

68
Determinando os valores de x em relação aos valores Determinando os valores de x em relação aos valores
de y obtidos: de y obtidos:

Para y = 4, temos: Para y = 3, temos:


x=6–y x=y–3
x=6–4 x=3–3
x=2 x=0

Par ordenado (2; 4) Par ordenado (0; 3)

Para y = 2, temos: Para y = –1, temos:


x=6–y x=y–3
x=6–2 x = –1 –3
x=4 x = –4

Par ordenado (4; 2) Par ordenado (–4; –1)

S = {(2: 4) e (4; 2)} S = {(0; 3) e (–4; –1)}

Exemplo 2
Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/mate-
matica/sistema-equacoes-2-grau.htm

Isolando x ou y na 2ª equação: SISTEMA DE MEDIDAS DE TEMPO, SISTEMA


x – y = –3 MÉTRICO DECIMAL,
x=y–3

Substituindo o valor de x na 1ª equação: “Prezado Candidato, o tópico acima foi abordado no


decorrer da matéria”
x² + 2y² = 18
(y – 3)² + 2y² = 18
y² – 6y + 9 + 2y² – 18 = 0 SISTEMA MONETÁRIO BRASILEIRO.
3y² – 6y – 9 = 0 (dividir todos os membros da equação
por 3)
A Medida Provisória nº 542, de 30.06.1994 (D.O.U. de
y² – 2y – 3 = 0 30.06.94), instituiu o REAL como unidade do sistema mo-
netário, a partir de 01.07.1994,
∆ = b² – 4ac
∆ = (–2)² – 4 * 1 * (–3) Atualmente, essas são as notas disponíveis
∆ = 4 + 12
∆ = 16

a = 1, b = –2 e c = –3
MATEMÁTICA

69
Moedas disponíveis 2,75=1,50=1,25
E mais 5 de 0,25
4+3+5=12 moedas

03. (PREF CONCHAS/SP – Auxiliar de Serviços Gerais


– Nível Fundamental – METROCAPITAL/2018) Um fun-
cionário de uma empresa tem um salário de R$ 7.863,00.
No entanto, por ter-se ausentado sem justificativa alguns
dias, o patrão decidiu descontar R$ 1.158,00 de seus ven-
cimentos. O funcionário receberá a quantia de:

a) R$ 7.705,00.
b) R$ 6.505,00.
c) R$ 6.805,00.
d) R$ 6.405,00.
Quando vamos falar dos centavos: e) R$ 6.705,00.
50 centavos=R$0,50
25 centavos=R$0,25 Resposta: Letra E.
10 centavos= R$0,10 7863-1158=6705,00
5 centavos=R$0,05
04. (MPE/GO - Secretário Auxiliar – Ceres – Nível Fun-
EXERCÍCIO COMENTADO damental – MPE/2017) Guilherme decidiu contratar
uma empresa para plantar árvores e cortar a grama de
sua casa. Ele quer plantar 3 árvores e cortar 5 metros
01. (PREF, SANTIAGO/RS – Agente Comunitário de
quadrados de grama. Quatro empresas lhe passaram os
saúde – Nível Fundamental – OBJETIVAS/2018) Em
determinado cofre, há ao todo 20 unidades de moedas custos do serviço:
de 50 centavos, duas dezenas de moedas de 25 centavos 1ª Empresa: R$ 17,00 para cada árvore plantada e R$
e 16 unidades de moedas de um real. A quantia total que 2,50 para cada metro quadrado de grama cortada.
há no cofre é de: 2ª Empresa: R$ 13,00 para cada árvore plantada e R$
4,50 para cada metro quadrado de grama cortada.
a) R$ 22,50 3° Empresa: R$ 15,00 para cada árvore plantada e R$
b) R$ 26,00 3,50 para cada metro quadrado de grama cortada.
c) R$ 26,50 4° Empresa: R$ 14,00 para cada árvore plantada e R$
d) R$ 31,00 4,70 para cada metro quadrado de grama cortada.
Qual empresa João deve contratar para que o serviço
Resposta: Letra D. seja feito e ele gaste a menor quantia de dinheiro
20⋅0,5=10 reais possível?
20⋅0,25=5 reais
16 de 1 real a) 3ª empresa.
10+5+16=31 b) 1ª empresa.
c) 2ª empresa.
02. (PREF. NOVA CRUZ/RN - Auxiliar de Serviços Ge- d) 4ª empresa.
rais – Nível Fundamental - COMPERVE/UFRN/2018) e) 1ª ou 3ª empresa, já que o valor é o mesmo.
Ao comprar pão e leite em uma panificadora, uma garota
pagou a conta apenas com moedas. Ela tinha na bolsa Resposta: Letra C.
cinco moedas de R$ 0,10, seis moedas de R$ 0,25, três 1ª Empresa: 17 x 3 + 2,5 x 5 = 63,5
moedas de R$ 0,50 e quatro moedas de R$ 1,00. Se a 2ª Empresa: 13 x 3 + 4,5 x 5 = 61,5
compra custou ao todo R$ 6,75 e foi utilizado o menor 3° Empresa: 15 x 3 + 3,5 x 5 = 62,5
número possível de moedas, ela pagou a conta com: 4° Empresa: 14 x 3 + 4,7 x 5 = 65,5

a) 12 moedas. 05. (MPE/GO - Secretário Auxiliar – Ceres – Nível


b) 14 moedas. Fundamental – MPE/2017) Um grupo de 50 pessoas
c) 11 moedas. fez um orçamento inicial para organizar uma festa, que
d). 13 moedas. seria dividido entre elas em cotas iguais. Verificou-se ao
final que, para arcar com todas as despesas, faltavam
Resposta: Letra A. R$ 510,00, e que 5 novas pessoas haviam ingressado no
5⋅0,10=0,50 grupo. No acerto foi decidido que a despesa total seria
6⋅0,25=1,50 dividida em partes iguais pelas 55 pessoas. Quem não
MATEMÁTICA

3⋅0,50=1,50 havia ainda contribuído pagaria a sua parte, e cada uma


4⋅1=4,00 das 50 pessoas do grupo inicial deveria contribuir com
Ela pode usar 4 moedas de 1,00=4,00 mais R$ 7,00. De acordo com essas informações, qual foi
Faltando 2,75 o valor da cota calculada no acerto final para cada uma
Usa as 3 de 0,50 das 55 pessoas?

70
08. (IBGE – Recenseador – Nível Fundamental -
a) R$14,00. FGV/2017) Cinco resmas de papel custaram R$90,00. Se
b) R$17,00. o preço não mudar, dezoito resmas custarão:
c) R$ 22,00.
d) R$ 32,00. a) R$308,00;
e) R$ 57,00. b) R$312,00;
c) R$316,00;
Resposta: Letra D. d). R$320,00;
50⋅7=350 (as 50 tiveram que contribuir com mais 7 re- e) R$324,00.
ais)
510-350=160 (falta) Resposta: Letra E.
160/5=32(dividindo pelas pessoas que entraram) 90/5=18 cada
18⋅18=324
06. (CÂMARA DE SUMARÉ/SP – Ajudante Adminis-
trativo – Nível Fundamental – VUNESP/2017) Guardei 09. (PREF. DE SANTO EXPEDITO/SP – Motorista – Ní-
somente moedas de R$ 1,00 e de R$ 0,50 num total de vel Fundamental – PRIME CONCURSOS/2017) Selma
80 moedas que, juntas, somam R$ 50,00 e vou trocá-las tem um saldo em seu cartão de R$530,00, foi ao mercado
no supermercado. A quantidade de moedas de R$ 1,00 e gastou R$415,60 em mercadorias, mais tarde retornou
que guardei foi: e gastou mais R$115,89. Qual é o saldo atual do cartão
de Selma?
a) 60.
b) 50. a) R$ +1,49
c) 40. b) R$ -1,49
d) 20. c) R$ + 0,49
e) 10. d) R$ - 0,49

Resposta: Letra D. Resposta: Letra B.


Moedas de R$1,00:x Gastos:415,60+115,89= 531,49
Moedas de R$0,50: y 531,49-530=1,49
Ela ficou com saldo negativo de 1,49
𝑥 + 𝑦 = 80
� 10. (PREF. DE PIRAÚBA/MG – Oficial de Serviço Pú-
𝑥 + 0,5𝑦 = 50 blico – Nível Fundamental – MSCOCNURSOS/2017) A
figura a seguir apresenta 14 notas de R$ 100,00 e 8 notas
Subtraindo as equações: de R$ 50,00:
0,5y=30
Y=60
X=80-60=20

07. (CÂMARA DE SUMARÉ/SP – Ajudante Administra-


tivo – Nível Fundamental – VUNESP/2017) Para execu-
tar um serviço foram comprados 200 pregos iguais por
30 reais. Cada prego custou:

a) R$ 0,05.
b) R$ 0,10.
c) R$ 0,15.
d) R$ 1,18.
e) R$ 1,50.

Resposta: Letra C.

30
= 0,15 Com essa quantia, um comerciante pretende pagar uma
200 dívida com o banco no valor de R$ 1600,00. Em relação
ao valor da dívida e a quantia que o comerciante possui,
podemos concluir que:
MATEMÁTICA

a) Com essa quantia não é possível pagar a dívida.


b) É possível pagar a dívida e não sobrará troco para o
comerciante.

71
c) Faltariam R$ 200,00 para pagar a dívida. 12. (PREF. MARÍLIA/SP – Agente de Controle de Ende-
d) É possível pagar a dívida e ainda sobrariam R$ 200,00 mias – Nível Fundamental - VUNESP/2017) André foi
para o comerciante. ao cinema com seus três filhos. Comprou uma entrada
inteira, para ele mesmo, e três meias entradas para os
Resposta: Letra D. filhos, pagando, ao todo, R$ 65,00. O preço de uma en-
14⋅100=1400 trada inteira mais meia entrada é:
8⋅50=400
Total:1400+400=1800 a) R$ 37,00.
1800-1600=200 b) R$ 39,00.
c) R$ 40,50.
11. (PREF. DE PIRAÚBA/MG – Oficial de Serviço Públi- d) R$ 41,00.
co – Nível Fundamental – MSCOCNURSOS/2017) Ob- e) R$ 43,50.
serve a figura, a seguir, que representa o extrato bancário
de Antônio. Ele possui uma conta especial e seu limite de Resposta: Letra B.
crédito é de R$ 1 800,00. Um inteiro+3 meias=1+1,5=2,5
Como pagou 65, vamos dividir pra ver quanto custa
cada.
65/2,5=26
26⋅1,5=39

13. (PREF. CONCHAS/SP – Auxiliar de Serviços Gerais


– Nível Fundamental - METROCAPITAL/2018) Uma
mãe deseja dividir R$ 5.000,00 entre seus dois filhos, de
modo que o mais novo receba a metade do que recebe o
mais velho, e mais R$ 500,00. Quanto caberá a cada um
dos filhos?

a) R$ 2.500,00 e R$ 2.500,00.
b) R$ 1.500,00 e R$ 3.500,00.
c) R$ 3.000,00 e R$ 2.000,00.
d) R$ 4.000,00 e R$ 1.000,00.
e) R$ 4.500,00 e R$ 500,00.

Resposta: Letra C.
5000-500=4500
Mais velho=4500/1,5=3000
Mais novo=3000/2=1500+500=2000

Observando as movimentações nesse extrato bancário,


pode-se concluir que o saldo na conta corrente de An-
tônio após a última movimentação que ocorreu em 05 ⁄
12 ⁄ 2016 é:

a) R$ 273 de crédito
b) R$ 1245,02 de crédito
c) R$ 1245,02 de débito
d) R$ 1791,02 de crédito

Resposta: C.
-1518,02+273=-1245,02
MATEMÁTICA

72
RELAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS. FORMAS GEOMÉTRICAS BÁSICAS. PERÍMETRO, ÁREA E
VOLUME DE FIGURAS GEOMÉTRICAS.

INTRODUÇÃO A GEOMETRIA PLANA

1. Ponto, Reta e Plano

A definição dos entes primitivos ponto, reta e plano é quase impossível, o que se sabe muito bem e aqui será o
mais importante é sua representação geométrica e espacial.

1.1. Representação, (notação)

→ Pontos serão representados por letras latinas maiúsculas; ex: A, B, C,…


→ Retas serão representados por letras latinas minúsculas; ex: a, b, c,…
→ Planos serão representados por letras gregas minúsculas; ex: β,∞,α,...

1.2. Representação gráfica

Postulados primitivos da geometria, qualquer postulado ou axioma é aceito sem que seja necessária a prova, con-
tanto que não exista a contraprova.

- Numa reta bem como fora dela há infinitos pontos distintos.

- Dois pontos determinam uma única reta (uma e somente uma reta).

- Pontos colineares pertencem à mesma reta. MATEMÁTICA

73
- Três pontos determinam um único plano. Duas retas (segmentos de reta) no espaço podem
ser: paralelas, concorrentes ou reversas.
Duas retas são ditas reversas quando uma não tem
interseção com a outra e elas não são paralelas. Pode-se
pensar de uma reta r desenhada no chão de uma casa e
uma reta s desenhada no teto dessa mesma casa.

- Se uma reta contém dois pontos de um plano, esta


reta está contida neste plano.

Uma reta é perpendicular a um plano no espaço , se


ela intersecta o plano em um ponto P e todo segmento
de reta contido no plano que tem P como uma de suas
extremidades é perpendicular à reta.

- Duas retas são concorrentes se tiverem apenas um


ponto em comum.

Uma reta r é paralela a um plano no espaço , se existe


uma reta s inteiramente contida no plano que é paralela
à reta dada.
Seja P um ponto localizado fora de um plano. A dis-
tância do ponto ao plano é a medida do segmento de
reta perpendicular ao plano em que uma extremidade é
o ponto P e a outra extremidade é o ponto que é a inter-
seção entre o plano e o segmento.
Observe que . Sendo que H está contido na reta r e Se o ponto P estiver no plano, a distância é nula.
na reta s.
Um plano é um subconjunto do espaço de tal modo
que quaisquer dois pontos desse conjunto podem ser li-
gados por um segmento de reta inteiramente contida no
conjunto.

Um plano no espaço pode ser determinado por qual-


quer uma das situações: Planos concorrentes no espaço são planos cuja inter-
- Três pontos não colineares (não pertencentes à seção é uma reta.
mesma reta); Planos paralelos no espaço são planos que não tem
- Um ponto e uma reta que não contem o ponto; interseção.
- Um ponto e um segmento de reta que não contem Quando dois planos são concorrentes, dizemos que
o ponto; tais planos formam um diedro e o ângulo formado en-
- Duas retas paralelas que não se sobrepõe; tre estes dois planos é denominado ângulo diedral. Para
- Dois segmentos de reta paralelos que não se so- obter este ângulo diedral, basta tomar o ângulo forma-
brepõe; do por quaisquer duas retas perpendiculares aos planos
- Duas retas concorrentes; concorrentes.
- Dois segmentos de reta concorrentes.
MATEMÁTICA

Planos normais são aqueles cujo ângulo diedral é um


ângulo reto (90°).

74
Razão entre Segmentos de Reta Teorema de Tales: Um feixe de retas paralelas de-
termina sobre duas transversais quaisquer, segmentos
Segmento de reta é o conjunto de todos os pontos proporcionais. A figura abaixo representa uma situação
de uma reta que estão limitados por dois pontos que são onde aparece um feixe de três retas paralelas cortadas
as extremidades do segmento, sendo um deles o ponto por duas retas transversais.
inicial e o outro o ponto final. Denotamos um segmento
por duas letras como, por exemplo, AB, sendo A o início
e B o final do segmento.
Ex: AB é um segmento de reta que denotamos por AB.

Segmentos Proporcionais

Proporção é a igualdade entre duas razões equiva-


lentes. De forma semelhante aos que já estudamos com
números racionais, é possível estabelecer a proporcio-
nalidade entre segmentos de reta, através das medidas Identificamos na sequência algumas proporções:
desse segmentos.
Vamos considerar primeiramente um caso particular Ex: Consideremos a figura ao lado com um feixe de
com quatro segmentos de reta com suas medidas apre- retas paralelas, sendo as medidas dos segmentos indica-
sentadas na tabela a seguir: das em centímetros.

m(AB) = 2cm m(PQ) =4 cm


m(CD) = 3cm m(RS) = 6cm

A razão entre os segmentos e e a razão entre os


segmentos e , são dadas por frações equivalentes, isto
é: ; PQ/RS = 4/6 e como , segue a existência de uma pro-
porção entre esses quatro segmentos de reta. Isto nos
conduz à definição de segmentos proporcionais.
Diremos que quatro segmentos de reta, , , e , nesta
ordem, são proporcionais se: .
Os segmentos e são os segmentos extremos e os
segmentos e são os segmentos meios.
A proporcionalidade acima é garantida pelo fato que Assim:
existe uma proporção entre os números reais que repre-
sentam as medidas dos segmentos:
B C⁄A B = E F⁄D E
Feixe de Retas Paralelas A B⁄D E = B C⁄E F
D E⁄A B = E F⁄B C
Um conjunto de três ou mais retas paralelas num pla-
no é chamado feixe de retas paralelas. A reta que inter-
cepta as retas do feixe é chamada de reta transversal. As #FicaDica
retas a, b, c e d que aparecem no desenho anexado, for-
mam um feixe de retas paralelas enquanto que as retas s Uma proporção entre segmentos pode
e t são retas transversais. ser formulada de várias maneiras. Se um
dos segmentos do feixe de paralelas for
desconhecido, a sua dimensão pode ser
determinada com o uso de razões proporcionais.
MATEMÁTICA

75
Ângulos Ângulo Inscrito: É o ângulo cujo vértice pertence a
uma circunferência e seus lados são secantes a ela.
Ângulo: Do latim - angulu (canto, esquina), do grego
- gonas; reunião de duas semi-retas de mesma origem
não colineares.

Ângulo Obtuso: É o ângulo cuja medida é maior do


que 90º.

Ângulo Agudo: É o ângulo, cuja medida é menor do


que 90º.

Ângulo Raso:

- É o ângulo cuja medida é 180º;


- É aquele, cujos lados são semi-retas opostas.
Ângulo Central

a) Da circunferência: é o ângulo cujo vértice é o centro


da circunferência;
b) Do polígono: é o ângulo, cujo vértice é o centro do
polígono regular e cujos lados passam por vértices
consecutivos do polígono. Ângulo Reto:

- É o ângulo cuja medida é 90º;


- É aquele cujos lados se apóiam em retas perpendi-
culares.

Ângulo Circunscrito: É o ângulo, cujo vértice não


pertence à circunferência e os lados são tangentes à ela.

Ângulos Complementares: Dois ângulos são com-


plementares se a soma das suas medidas é 900.
MATEMÁTICA

76
Ângulos Congruentes: São ângulos que possuem a Ângulos colaterais internos: O termo colateral sig-
mesma medida. nifica “mesmo lado” e sua propriedade é que a soma des-
tes ângulos será sempre 180°

Ângulos Opostos pelo Vértice: Dois ângulos são


opostos pelo vértice se os lados de um são as respectivas
semi-retas opostas aos lados do outro.

Assim a soma dos ângulos 4 e 5 é 180° e a soma dos


Ângulos Suplementares: Dois ângulos são ditos su- ângulos 3 e 6 também será 180°
plementares se a soma das suas medidas de dois ângulos
é 180º. Ângulos colaterais externos: O termo colateral sig-
nifica “mesmo lado” e sua propriedade é que a soma des-
tes ângulos será sempre 180°

Grau: (º): Do latim - gradu; dividindo a circunferência


em 360 partes iguais, cada arco unitário que corresponde
a 1/360 da circunferência denominamos de grau.

Ângulos formados por duas retas paralelas com


uma transversal

Lembre-se: Retas paralelas são retas que estão no


mesmo plano e não possuem ponto em comum.

Vamos observar a figura abaixo:

Assim a soma dos ângulos 2 e 7 é 180° e a soma dos


ângulos 1 e 8 também será 180°
MATEMÁTICA

Todos esses ângulos possuem relações entre si, e elas


estão descritas a seguir:

77
Ângulos alternos internos: O termo alterno significa Ângulos correspondentes: São ângulos que ocupam
lados diferentes e sua propriedade é que eles sempre se- uma mesma posição na reta transversal, um na região
rão congruentes interna e o outro na região externa.

Assim, o ângulo 1 é igual ao ângulo 5, o ângulo 2 é


igual ao ângulo 6, o ângulo 3 é igual ao ângulo 7 e o
ângulo 4 é igual ao ângulo 8.
Assim, o ângulo 4 é igual ao ângulo 6 e o ângulo 3 é
igual ao ângulo 5 FIQUE ATENTO!
Há cinco classificações distintas para os
Ângulos alternos externos: O termo alterno signifi-
ângulos formados por duas retas paralelas
ca lados diferentes e sua propriedade é que eles sempre
que intersectam uma transversal. Então,
serão congruentes
procure visualizar bem as imagens para
associá-las a cada classificação existente.

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (CS-UFG-2016) Considere que a figura abaixo re-
presenta um relógio analógico cujos ponteiros das ho-
ras (menor) e dos minutos (maior) indicam 3 h e 40 min.
Nestas condições, a medida do menor ângulo, em graus,
formado pelos ponteiros deste relógio, é:

a) 120°
b) 126°
c) 135°
d) 150°
Assim, o ângulo 1 é igual ao ângulo 7 e o ângulo 2 é
MATEMÁTICA

igual ao ângulo 8 Resposta: Letra B.


Considerando que cada hora equivale a um ângulo de
30° (360/12 = 30) e que a cada 15 min o ponteiro da
hora percorre 7,5°. Assim, as 3h e 40 min indica um
ângulo de aproximadamente 126°.

78
2. Na imagem a seguir, as retas u, r e s são paralelas e cortadas por uma reta transversal. Determine o valor dos ângu-
los x e y.

Resposta: x = 50° e y = 130°


Facilmente observamos que os ângulos x e 50° são opostos pelo vértice, logo, x = 50°. Podemos constatar também
que y e 50° são suplementares, ou seja:

50° + y = 180°
y = 180° – 50°
y = 130°
Portanto,os ângulos procurados são y = 130° e x = 50°.

POLÍGONOS

Um polígono é uma figura geométrica plana limitada por uma linha poligonal fechada. A palavra “polígono” advém do
grego e quer dizer muitos (poly) e ângulos (gon).

Linhas poligonais e polígonos

Linha poligonal é uma sucessão de segmentos consecutivos e não-colineares, dois a dois. Classificam-se em:

Linha poligonal fechada


simples:

Linha poligonal fechada


não-simples:

Linha poligonal aberta


simples:

Linha poligonal aberta


não-simples:
MATEMÁTICA

79
FIQUE ATENTO!
Polígono é uma linha fechada simples. Um polígono divide o plano em que se encontra em duas regiões
(a interior e a exterior), sem pontos comuns.

Elementos de um polígono

Um polígono possui os seguintes elementos:

Lados: Cada um dos segmentos de reta que une vértices consecutivos: AB, BC, CD, DE, EA.

Vértices: Ponto de encontro de dois lados consecutivos: A, B, C, D, E

Diagonais: Segmentos que unem dois vértices não consecutivos: AC, AD, BD, BE, CE

Ângulos internos: Ângulos formados por dois lados consecutivos: a� , b� , c� , d


� , e� .

Ângulos externos: Ângulos formados por um lado e pelo prolongamento do lado a ele consecutivo: a�1 , b1 , c1, d1 , e1

Classificação dos polígonos quanto ao número de lados

Nome Número de lados Nome Número de lados


triângulo 3 quadrilátero 4
pentágono 5 hexágono 6
heptágono 7 octógono 8
eneágono 9 decágono 10
hendecágono 11 dodecágono 12
tridecágono 13 tetradecágono 14
pentadecágono 15 hexadecágono 16
heptadecágono 17 octodecágono 18
eneadecágono 19 icoságono 20

A classificação dos polígonos pode ser ilustrada pela seguinte árvore:


MATEMÁTICA

80
Um polígono é denominado simples se ele for des- A soma das medidas dos ângulos centrais de um po-
crito por uma fronteira simples e que não se cruza (daí lígono regular de n lados (Sc ) é igual a 360º.
divide o plano em uma região interna e externa), caso o
contrário é denominado complexo. A medida do ângulo central de um polígono regular
Um polígono simples é denominado convexo se não de n lados () é dada por:
tiver nenhum ângulo interno cuja medida é maior que 360°
180°, caso o contrário é denominado côncavo. ac =
n
Um polígono convexo é denominado circunscrito a
uma circunferência ou polígono circunscrito se todos os
vértices pertencerem a uma mesma circunferência. Polígonos regulares
Um polígono inscritível é denominado regular se to-
dos os seus lados e todos os seus ângulos forem con- Os polígonos regulares são aqueles que possuem to-
gruentes. dos os lados congruentes e todos os ângulos congruen-
tes. Todas as propriedades anteriores são válidas para os
Alguns polígonos regulares: polígonos regulares, a diferença é que todos os valores
a) triângulo equilátero são distribuídos uniformemente, ou seja, todos os ân-
b) quadrado gulos terão o mesmo valor e todas as medidas terão o
c) pentágono regular mesmo valor.
d) hexágono regular

Propriedades dos polígonos #FicaDica


Polígonos regulares são formas de polígonos
De cada vértice de um polígono de n lados, saem mais estudadas e cobradas em questões de
dv = n – 3 concursos.

O número de diagonais de um polígono é dado por:


n n−3
d=
2 EXERCÍCIOS COMENTADOS
Onde n é o número de lados do polígono. 1. (PREF. DE POÁ-SP – ENGENHEIRO DE SEGURAN-
ÇA DE TRABALHO – VUNESP/2015) A figura ilustra
A soma das medidas dos ângulos internos de um po- um octógono regular de lado cm.
lígono de n lados (Si) é dada por:

Si = n − 2 � 180°

A soma das medidas dos ângulos externos de um po-


lígono de n lados (Se) é igual a:

360°
Se =
n

Em um polígono convexo de n lados, o número de


triângulos formados por diagonais que saem de cada
vértice é dado por n - 2. Sendo a altura do trapézio ABCD igual a 1 cm, a área do
triângulo retângulo ADE vale, em cm²
A medida do ângulo interno de um polígono regular
de n lados (ai ) é dada por: a) 5
b) 4
n − 2 � 180° c) 5
ai =
n d) 2 + 1
e) 2
A medida do ângulo externo de um polígono regular
MATEMÁTICA

de n lados (ae ) é dada por:


360°
ae =
n

81
Resposta: Letra D.

Como a altura do trapézio mede 1 cm, temos um trian-


gulo isósceles de hipotenusa AB, assim, o segmento
AD = 2 + 2 . Assim, a área de ADE é:

A fórmula para calcular a soma dos ângulos internos


2+2 2 2 2 2
A= = + =1+ 2 de um polígono é: S = (n – 2) · 180
2 2 2
*n é o número de lados do polígono. No caso desse
2. (UNIFESP - 2003) Pentágonos regulares congruentes exercício:
podem ser conectados lado a lado, formando uma es-
trela de cinco pontas, conforme destacado na figura a S = (5 – 2) · 180
seguir S = 3 · 180
S = 540

Dividindo a soma dos ângulos internos por 5, pois um


pentágono possui cinco ângulos internos, encontrare-
mos 108° como medida de cada ângulo interno.
Observe na imagem anterior que a soma de três ângu-
los internos do pentágono com o ângulo θ tem como
resultado 360°.

108 + 108 + 108 + θ = 360


324 + θ = 360
θ = 360 – 324
θ = 36°
Nessas condições, o ângulo θ mede:
Quadriláteros, Circunferência e Círculo
a) 108°.
b) 72°. Quadriláteros
c) 54°.
d) 36°. São figuras que possuem quatro lados dentre os
e) 18°. quais temos os seguintes subgrupos:

Resposta: Letra D. Paralelogramo


Na ponta da estrela onde está destacado o ângulo θ,
temos o encontro de três ângulos internos de pen-
tágonos regulares. Para descobrir a medida de cada
um desses ângulos, basta calcular a soma dos ângulos
internos do pentágono e dividir por 5.
MATEMÁTICA

82
Características: Losango
Possuem lados paralelos, dois a dois, ou seja:
AB // DC e AD // BC .
Além de paralelos, os lados paralelos possuem a mes-
ma medida, ou seja: AB = DC e AD = BC

A altura é medida em relação a distância entre os seg-


mentos paralelos, ou seja: BG: altura = h

A base é justamente a medida dos lados que se me-


diu a altura: AD: base = b

A área é calculada como o produto da base pela al-


tura: Área= b∙h

O perímetro é calculado como a soma das medidas Características:


Possuem lados paralelos, dois a dois, ou seja:
de todos os quatro lados: AB + BC + CD + DA
AB // DC e AD // BC
Retângulo
Possuem os quatro lados com medidas iguais:
AB = DC = AD = BC

No losango, definem-se diagonais como a distância


entre vértices opostos, assim:

BD: diagonal maior = D e AC: diagonal menor = d

A área é calculada a partir das diagonais e não dos


D�d
lados: Área = 2

O perímetro é calculado como a soma das medidas


Características:
de todos os quatro lados: AB + BC + CD + DA
Possuem lados paralelos, dois a dois, ou seja:
Quadrado
AB // DC e AD // BC

Além de paralelos, os lados paralelos possuem a mes-


ma medida, ou seja: AB = DC e AD = BC

Diferentemente do paralelogramo, todos os ângulos


do retângulo medem 90°: A
�=B � = C� = D
� = 90°

No retângulo, um par de lados paralelos


será a base e o outro será a altura, no desenho:
AB: altura = h e AD: base = b

A área é calculada como o produto da base pela al-


tura: Área= b∙h
Características:
O perímetro é calculado como a soma das medidas Possuem lados paralelos, dois a dois, ou seja:
de todos os quatro lados: AB // DC e AD // BC

Perímetro = AB + BC + CD + DA = 2b + 2h Possuem os quatro lados com medidas iguais:


MATEMÁTICA

AB = DC = AD = BC

Diferentemente do losango, todos os ângulos do


quadrado medem 90°: A
�=B
� = C� = D
� = 90°

83
Seguindo a lógica do retângulo, temos o valor da base Já um círculo é definido como um conjunto de pontos
e da altura iguais neste caso: BC: lado = L e AB: lado = cuja distância de O é menor ou igual a R.

A área é calculada de maneira simples: Área = L2

O perímetro é calculado como a soma


das medidas de todos os quatro lados:
Perímetro = AB + BC + CD + DA = 4L

Trapézio

Características:

A medida relevante da circunferência é o raio (R) que


é a distância de qualquer ponto da circunferência em re-
lação ao centro C.

A área é calculada em função do raio: Área = πR2

Características: O perímetro, também chamado de comprimento da


circunferência, é calculado em função do raio também:
Possuirá apenas um par de lados paralelos que serão Perímetro = 2πR
chamados de bases maior e menor:
Setor Circular
AD// BC, AB: base maior = B e CD: base menor = b
Um Setor Circular é uma região de um círculo com-
A altura será definida como a distância entre as bases: preendida entre dois segmentos de reta que se iniciam
no centro e vão até a circunferência.
BG: altura = h

A área é calculada em função das bases e da altura: #FicaDica


B+b Em termos práticos, um setor circular é um
Área = �h
2 “pedaço” de um círculo.

O perímetro é calculado como a soma das medidas


de todos os quatro lados: AB + BC + CD + DA

Circunferência e Círculo

Uma circunferência é definida como o conjunto de


pontos cuja distância de um ponto, denominado de cen-
tro, O é igual a R, definido como raio.

Características:

O ângulo α é definido como ângulo central


απR2
MATEMÁTICA

Área do Setor Circular (para α em graus): A =


360

αR2
Área do Setor Circular (para α em radianos): A =
2

84
Segmento Circular Reta Exterior: Reta e circunferência não possuem
pontos em comum (dOP > R)
Um Segmento Circular é uma região de um círculo
compreendida entre um segmento que liga os pontos de
cruzamento dos segmentos de reta com a circunferência,
ao qual definimos como corda AB e a circunferência.

Reta Secante: Reta e circunferência possuem dois


pontos em comum (dOP < R)

Características:

A Área do Setor Circular (para α em radianos):


R2
A= α − sen α
2
3. Posições Relativas entre Retas e Circunferências

Dado uma circunferência de raio R e uma reta ‘r’ cuja


distância ao centro da circunferência é ‘d’, temos as se-
guintes posições relativas:

Reta Tangente: Reta e circunferência possuem ape-


nas um ponto em comum (dOP = R)

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1.(SEEDUC-RJ – Professor – CEPERJ/2015) O quadrado


MNPQ abaixo tem lado igual a 12cm. Considere que as
curvas MQ e QP representem semicircunferências de diâ-
metros respectivamente iguais aos segmentos MQ e QP.

A área sombreada, em cm2, corresponde a:

a) 30
MATEMÁTICA

b) 36
c) 3 46π − 2
d) 6(36π − 1)
e) 2(6π − 1)

85
Resposta: Letra B. Altura: É um segmento de reta traçada a partir de
Aplicando a fórmula do segmento circular, encontra- um vértice de forma a encontrar o lado oposto ao vértice
-se a área de intersecção dos dois círculos. Subtraindo formando um ângulo reto. BH é uma altura do triângulo.
esse valor da área do semicírculo, chega-se ao resul-
tado.

2. A figura abaixo é um losango. Determine o valor


de x e y, a medida da diagonal AC , da diagonal BD e
o perímetro do triângulo BMC.

Mediana: É o segmento que une um vértice ao ponto


médio do lado oposto. BM é uma mediana.

Resposta:
Aplicando as relações geométricas referentes ao lo- Bissetriz: É a semi-reta que divide um ângulo em
sango, tem-se: duas partes iguais. O ângulo B está dividido ao meio e
neste caso Ê = Ô.
x = 15
y = 20
AC = 20 + 20 = 40
BD = 15 + 15 = 30
BMC = 15 + 20 + 25 = 60

TRIÂNGULOS E TEOREMA DE PITÁGORAS


Ângulo Interno: É formado por dois lados do triângu-
Definição lo. Todo triângulo possui três ângulos internos.

Triângulo é um polígono de três lados. É o polígono Ângulo Externo: É formado por um dos lados do triân-
que possui o menor número de lados. Talvez seja o polí- gulo e pelo prolongamento do lado adjacente (ao lado).
gono mais importante que existe. Todo triângulo possui
alguns elementos e os principais são: vértices, lados, ân-
gulos, alturas, medianas e bissetrizes.
Apresentaremos agora alguns objetos com detalhes
sobre os mesmos.

a) Vértices: A,B,C.
b) Lados: AB,BC e AC.
c) Ângulos internos: a, b e c.
MATEMÁTICA

86
Classificação dos triângulos quanto ao número de Triângulo Retângulo: Possui um ângulo interno reto
lados (90 graus). Atenção a esse tipo de triângulo pois ele é
muito cobrado!
Triângulo Equilátero: Os três lados têm medidas
iguais. .

m(AB) = m(BC) = m(CA)

Medidas dos Ângulos de um Triângulo

Ângulos Internos: Consideremos o triângulo ABC. Po-


deremos identificar com as letras a, b e c as medidas dos
Triângulo Isósceles: Dois lados têm medidas iguais. ângulos internos desse triângulo.
m(AB) = m(AC).
#FicaDica
Em alguns locais escrevemos as letras maiús-
culas, acompanhadas de acento () para re-
presentar os ângulos.

Triângulo Escaleno: Todos os três lados têm medidas


diferentes.

Seguindo a regra dos polígonos, a soma dos ângu-


los internos de qualquer triângulo é sempre igual a 180
2.1. Classificação dos triângulos quanto às medi- graus, isto é: a + b + c = 180°
das dos ângulos
Ex: Considerando o triângulo abai-
Triângulo Acutângulo: Todos os ângulos internos
são agudos, isto é, as medidas dos ângulos são menores xo, podemos achar o valor de x, escrevendo:
do que 90º. 70º + 60º + x = 180º e dessa forma, obtemos
x = 180º − 70º − 60º = 50º

Triângulo Obtusângulo: Um ângulo interno é obtuso,


isto é, possui um ângulo com medida maior do que 90º.

Ângulos Externos: Consideremos o triângulo ABC.


Como observamos no desenho, as letras minúsculas
representam os ângulos internos e as respectivas letras
maiúsculas os ângulos externos.
MATEMÁTICA

87
Todo ângulo externo de um triângulo é igual à soma Casos de Congruência de Triângulos
dos dois ângulos internos não adjacentes a esse ângulo
LLL (Lado, Lado, Lado): Os três lados são conheci-
externo. Assim: A = b + c, B = a + c, C = a + b dos. Dois triângulos são congruentes quando têm, res-
pectivamente, os três lados congruentes. Observe que os
Ex: No triângulo desenhado, podemos achar elementos congruentes têm a mesma marca.
a medida do ângulo externo x, escrevendo:
x = 50º + 80º = 130°.

LAL (Lado, Ângulo, Lado): Dados dois lados e um


ângulo. Dois triângulos são congruentes quando têm
dois lados congruentes e os ângulos formados por eles
Congruência de Triângulos também são congruentes.
Duas figuras planas são congruentes quando têm a
mesma forma e as mesmas dimensões, isto é, o mesmo
tamanho. Para escrever que dois triângulos ABC e DEF
são congruentes, usaremos a notação: ABC ~ DEF
Para os triângulos das figuras abaixo, existe a congruên-
cia entre os lados, tal que: AB ~ RS, BC ~ ST, CA ~ T e
entre os ângulos: ALA (Ângulo, Lado, Ângulo): Dados dois ângulos e
um lado. Dois triângulos são congruentes quando têm
um lado e dois ângulos adjacentes a esse lado, respecti-
vamente, congruentes.

Se o triângulo ABC é congruente ao triângulo RST,


�~R
escrevemos: A � , B� ~ S� , C� ~ �T
LAAo (Lado, Ângulo, Ângulo oposto): Conhecido
um lado, um ângulo e um ângulo oposto ao lado. Dois
triângulos são congruentes quando têm um lado, um ân-
FIQUE ATENTO! gulo, um ângulo adjacente e um ângulo oposto a esse
Dois triângulos são congruentes, se os lado respectivamente congruente.
seus elementos correspondentes são
ordenadamente congruentes, isto é, os três
lados e os três ângulos de cada triângulo
têm respectivamente as mesmas medidas.
Deste modo, para verificar se um triângulo
é congruente a outro, não é necessário
saber a medida de todos os seis elementos,
basta conhecerem três elementos, entre os
quais esteja presente pelo menos um lado.
Para facilitar o estudo, indicaremos os lados
correspondentes congruentes marcados
MATEMÁTICA

com símbolos gráficos iguais.

88
Semelhança de Triângulos

Duas figuras são semelhantes quando têm a mesma forma, mas não necessariamente o mesmo tamanho. Se duas
figuras R e S são semelhantes, denotamos: .

Ex: As ampliações e as reduções fotográficas são figuras semelhantes. Para os triângulos:

Os três ângulos são respectivamente congruentes, isto é: A~R, B~S, C~T

Casos de Semelhança de Triângulos

Dois ângulos congruentes: Se dois triângulos tem dois ângulos correspondentes congruentes, então os triângulos
são semelhantes.

Se A~D e C~F então: ABC =


� DEF

Dois lados proporcionais: Se dois triângulos tem dois lados correspondentes proporcionais e os ângulos formados
por esses lados também são congruentes, então os triângulos são semelhantes.

Como m(AB) ⁄ m(EF) = m(BC) ⁄ m(FG) = 2 ,

então ABC =
� EFG
Ex: Na figura abaixo, observamos que um triângulo pode ser “rodado” sobre o outro para gerar dois triângulos se-
melhantes e o valor de x será igual a 8.
MATEMÁTICA

89
Três lados proporcionais: Se dois triângulos têm os três lados correspondentes proporcionais, então os triângulos
são semelhantes.

Teorema de Pitágoras

Dizem que Pitágoras, filósofo e matemático grego que viveu na cidade de Samos no século VI a. C., teve a intuição
do seu famoso teorema observando um mosaico como o da ilustração a seguir.

Observando o quadro, podemos estabelecer a seguinte tabela:

Triângulo Triângulo Triângulo


ABC A`B`C` A``B``C``
Área do quadrado construído sobre a hipotenusa 4 8 16
Área do quadrado construído sobre um cateto 2 4 8
Área do quadrado construído sobre o outro cateto 2 4 9

Como 4 = 2 + 2 � 8 = 4 + 4 � 16 = 8 + 8 , Pitágoras observou que a área do quadrado construído sobre


a hipotenusa é igual à soma das áreas dos quadrados construídos sobre os catetos.
A descoberta feita por Pitágoras estava restrita a um triângulo particular: o triângulo retângulo isósceles. Estudos
realizados posteriormente permitiram provar que a relação métrica descoberta por Pitágoras era válida para todos os
triângulos retângulos. Os lados do triângulo retângulo são identificados a partir a figura a seguir:

Onde os catetos são os segmentos que formam o ângulo de 90° e a hipotenusa é o lado oposto a esse ângulo. Cha-
mando de “a” e “b” as medidas dos catetos e “c” a medida da hipotenusa, define-se um dos teoremas mais conhecidos
MATEMÁTICA

da matemática, o Teorema de Pitágoras:


c 2 = a2 + b2

Onde a soma das medidas dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa.

90
Teorema de Pitágoras no quadrado

Aplicando o teorema de Pitágoras, podemos estabe-


lecer uma relação importante entre a medida d da diago-
nal e a medida l do lado de um quadrado.

3l2
h² =
4

l 3
h=
2
d= medida da diagonal
l= medida do lado

Aplicando o teorema de Pitágoras no triângulo retân-


gulo ABC, temos: EXERCÍCIOS COMENTADOS

d² = l² + l² 1.(TJ-SP – ESCREVENTE JUDICIÁRIO – VU-


NESP/2017) A figura seguinte, cujas dimensões estão
d = √2l²
indicadas em metros, mostra as regiões R e R , e ,
d=l 2 1 2
ambas com formato de triângulos retângulos, situadas
em uma praça e destinadas a atividades de recreação in-
Teorema de Pitágoras no triângulo equilátero fantil para faixas etárias distintas.

Aplicando o teorema de Pitágoras, podemos estabe-


lecer uma relação importante entre a medida h da altura
e a medida l do lado de um triângulo equilátero.

Se a área de R eé R
1
54 ,m², então o perímetro
2
e R 2 , é, em
R1de
metros, igual a:

a) 54
b) 48
c) 36
d) 40
l= medida do lado e) 42
h= medida da altura
Resposta: Letra B.
No triângulo equilátero, a altura e a mediana coin- Esse problema se resolve tanto por semelhança de
cidem. Logo, é ponto médio do lado BC. No triângulo triângulos, quanto pela área de . Em ambos os casos,
retângulo AHC, é ângulo reto. De acordo com o teorema encontraremos x = 12 m. Após isso, pelo teorema de
de Pitágoras, podemos escrever: R1 e R 2 , , que
Pitágoras, achamos a hipotenusa do triângulo
MATEMÁTICA

será 20 m. Assim, o perímetro será 12+16+20 = 48 m.

91
2. (PM SP 2014 – VUNESP). Duas estacas de madei- Lei dos Cossenos
ra, perpendiculares ao solo e de alturas diferentes, estão
distantes uma da outra, 1,5 m. Será colocada entre elas A lei dos cossenos é considerada uma generalização do
uma outra estaca de 1,7 m de comprimento, que ficará teorema de Pitágoras, onde para qualquer triângulo, conse-
apoiada nos pontos A e B, conforme mostra a figura. guimos relacionar seus lados com a subtração de um termo
que possui o ângulo oposto do lado de referência.


a2 = b2 + c 2 − 2 � b � c � cos A
2 2 2
b = a + c − 2 � a � c � cos B �
A diferença entre a altura da maior estaca e a altura da
menor estaca, nessa ordem, em cm, é: c = a + b − 2 � a � b � cos C�
2 2 2

a) 95.
b) 75. FIQUE ATENTO!
c) 85. Há três formas distintas de utilizar a Lei dos
d) 80.
Cossenos. Quando for utilizá-la, tenha cui-
e) 90.
dado ao expressar os termos conhecidos e
a incógnita em uma das três equações pro-
Resposta: Letra D.
postas. Note que o termo à esquerda do si-
Note que x é exatamente a diferença que queremos, e
nal de igual é o lado oposto ao ângulo que
podemos calculá-lo através do Teorema de Pitágoras:
deve aparecer na equação.
1,72 = 1,52 + x 2
2,89 = 2,25 + x 2
x 2 = 2,89 – 2,25
x² = 0,64x = 0,8 m ou 80 cm EXERCÍCIOS COMENTADOS

LEI DOS SENOS E LEI DOS COSSENOS 1. Calcule a medida de x:

Lei dos Senos

A Lei dos senos relaciona os senos dos ângulos de


um triângulo qualquer (não precisa necessariamente ser
retângulo) com os seus respectivos lados opostos. Além
disso, há uma relação direta com o raio da circunferência
circunscrita neste triângulo:

Resposta: Aplicando a lei dos senos, lembrando que


temos que aplicar ao ângulo oposto ao lado que ire-
mos usar. Assim, o lado de medida 100 possui o ângu-
� como oposto, e ele mede 30°, dado as medidas
lo A
dos outros ângulos, assim:

x 100
=
sen 45° sen 30°
MATEMÁTICA

x 100
=
2/2 1/2
a b c
= = = 2R
� sen B
sen A � sen C�
x = 100 2

92
2.Calcule a medida de x: Tipos de gráficos

Barras- utilizam retângulos para mostrar a quantidade.

Barra vertical

Resposta: Aplicando a lei dos senos, lembrando que


ela se relaciona com a circunferência circunscrita ao
triângulo:

x
= 2R
sen 60°

x
=2 3
3/2 Fonte: tecnologia.umcomo.com.br

x=3 Barra horizontal

GRÁFICOS E TABELAS.

GRÁFICOS E TABELAS

Os gráficos e tabelas apresentam o cruzamento entre


dois dados relacionados entre si.
A escolha do tipo e a forma de apresentação sempre
vão depender do contexto, mas de uma maneira geral
um bom gráfico deve:
-Mostrar a informação de modo tão acurado quanto
possível.
-Utilizar títulos, rótulos, legendas, etc. para tornar cla-
ro o contexto, o conteúdo e a mensagem.
-Complementar ou melhorar a visualização sobre as-
pectos descritos ou mostrados numericamente através
de tabelas.
-Utilizar escalas adequadas.
-Mostrar claramente as tendências existentes nos da- Fonte: mundoeducacao.bol.uol.com.br
dos.
MATEMÁTICA

93
Histogramas Linhas- É um gráfico de grande utilidade e muito co-
mum na representação de tendências e relacionamentos
São gráfico de barra que mostram a frequência de de variáveis
uma variável específica e um detalhe importante que são
faixas de valores em x.

Pictogramas – são imagens ilustrativas para tornar


mais fácil a compreensão de todos sobre um tema.

Setor ou pizza- Muito útil quando temos um total e


queremos demonstrar cada parte, separando cada peda- Da mesma forma, as tabelas ajudam na melhor visua-
ço como numa pizza. lização de dados e muitas vezes é através dela que vamos
fazer os tipos de gráficos vistos anteriormente.

Podem ser tabelas simples:

Quantos aparelhos tecnológicos você tem na sua casa?

aparelho quantidade
televisão 3
celular 4
Geladeira 1

Até as tabelas que vimos nos exercícios de raciocínio


lógico

Fonte: educador.brasilescola.uol.com.br
MATEMÁTICA

94
2. (CÂMARA DE SUMARÉ – ESCRITURÁRIO - VU-
NESP/2017) A tabela seguinte, incompleta, mostra a
EXERCÍCIOS COMENTADOS distribuição, percentual e quantitativa, da frota de uma
1. (TJ/RS - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FAURGS/2017) empresa de ônibus urbanos, de acordo com o tempo de
Na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Con- uso destes.
tínua, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), foram obtidos os dados da taxa de
desocupação da população em idade para trabalhar. Es-
ses dados, em porcentagem, encontram-se indicados na
apresentação gráfica abaixo, ao longo de trimestres de
2014 a 2017.

O número total de ônibus dessa empresa é

a) 270.
b) 250.
c) 220
d) 180.
e) 120.

Resposta: Letra D
Dentre as alternativas abaixo, assinale a que apresenta a 81+27=108
melhor aproximação para o aumento percentual da taxa 108 ônibus somam 60%(100-35-5)
de desocupação do primeiro trimestre de 2017 em re- 108-----60
lação à taxa de desocupação do primeiro trimestre de x--------100
2014. x=10800/60=180
a) 15%.
b) 25%.
c) 50%. 3. (CÂMARA DE SUMARÉ – ESCRITURÁRIO - VU-
d) 75%. NESP/2017) O gráfico mostra o número de carros ven-
e) 90%. didos por uma concessionária nos cinco dias subsequen-
tes à veiculação de um anúncio promocional.
Resposta: Letra E. 13,7/7,2=1,90
Houve um aumento de 90%.

O número médio de carros vendidos por dia nesse


período foi igual a
a) 10.
b) 9.
c) 8.
d) 7.
e) 6.

Resposta: Letra C.
MATEMÁTICA

95
4. (CRBIO – Auxiliar Administrativo – VUNESP/2017) Tendo como referência o gráfico precedente, que mostra
Uma professora elaborou um gráfico de setores para os valores, em bilhões de reais, relativos à arrecadação
representar a distribuição, em porcentagem, dos cinco de receitas e aos gastos com despesas do estado do Pa-
conceitos nos quais foram agrupadas as notas obtidas raná nos doze meses do ano de 2015, assinale a opção
pelos alunos de uma determinada classe em uma prova correta.
de matemática. Observe que, nesse gráfico, as porcenta-
gens referentes a cada conceito foram substituídas por x a) No ano considerado, o segundo trimestre caracteri-
ou por múltiplos e submúltiplos de x. zou-se por uma queda contínua na arrecadação de
receitas, situação que se repetiu no trimestre seguinte.
b) No primeiro quadrimestre de 2015, houve um período
de queda simultânea dos gastos com despesas e da
arrecadação de receitas e dois períodos de aumento
simultâneo de gastos e de arrecadação.
c) No último bimestre do ano de 2015, foram registrados
tanto o maior gasto com despesas quanto a maior ar-
recadação de receitas.
d) No ano em questão, janeiro e dezembro foram os úni-
cos meses em que a arrecadação de receitas foi ultra-
passada por gastos com despesas.
e) A menor arrecadação mensal de receitas e o menor gas-
to mensal com despesas foram verificados, respectiva-
mente, no primeiro e no segundo semestre do ano de
Analisando o gráfico, é correto afirmar que a medida do 2015.
ângulo interno correspondente ao setor circular que re-
presenta o conceito BOM é igual a

a) 144º. Resposta: Letra B. Analisando o primeiro quadrimestre,


b) 135º. observamos que os dois primeiros meses de receita di-
c) 126º minuem e os dois meses seguintes aumentam, o mesmo
d) 117º acontece com a despesa.
e) 108º.

Resposta: Letra A.
X+0,5x+4x+3x+1,5x=360
10x=360
X=36
Como o conceito bom corresponde a 4x: 4x36=144°

5. (TCE/PR – CONHECIMENTOS BÁSICOS – CES-


PE/2016)
MATEMÁTICA

96
6. (BRDE – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – FUN- 7. (TJ/SP – ESTATÍSTICO JUDICIÁRIO – VU-
DATEC/2015) Assinale a alternativa que representa a NESP/2015) A distribuição de salários de uma empresa
nomenclatura dos três gráficos abaixo, respectivamente. com 30 funcionários é dada na tabela seguinte.

Salário (em salários mínimos) Funcionários


1,8 10
2,5 8
3,0 5
5,0 4
8,0 2
15,0 1

Pode-se concluir que

a) o total da folha de pagamentos é de 35,3 salários.


b) 60% dos trabalhadores ganham mais ou igual a 3 sa-
lários.
c) 10% dos trabalhadores ganham mais de 10 salários.
d) 20% dos trabalhadores detêm mais de 40% da renda
total.
e) 60% dos trabalhadores detêm menos de 30% da renda
total.

Resposta: Letra D. a) 1,8x10+2,5x8+3,0x5+5,0x4+8,0x


2+15,0x1=104 salários
b) 60% de 30=18 funcionários e se juntarmos quem
ganha mais de 3 salários (5+4+2+1=12)
c)10% de 30=0,1x30=3 funcionários
E apenas 1 pessoa ganha
d) 40% de 104=0,4x104= 41,6
20% de 30=0,2x30=6
5x3+8x2+15x1=46, que já é maior.
e) 60% de 30=0,6x30=18
30% de 104=0,3x104=31,20da renda: 31,20

8. (TJ/SP – ESTATÍSTICO JUDICIÁRIO – VU-


NESP/2015) Considere a tabela de distribuição de fre-
quência seguinte, em que xi é a variável estudada e fi é a
frequência absoluta dos dados.
a) Gráfico de Setores – Gráfico de Barras – Gráfico de
Linha. xi fi
c) Gráfico de Pareto – Gráfico de Pizza – Gráfico de Ten- 30-35 4
dência.
35-40 12
c) Gráfico de Barras – Gráfico de Setores – Gráfico de Li-
nha. 40-45 10
d) Gráfico de Linhas – Gráfico de Pizza – Gráfico de Bar- 45-50 8
ras.
e) Gráfico de Tendência – Gráfico de Setores – Gráfico de 50-55 6
Linha. TOTAL 40

Resposta: Letra C. Como foi visto na teoria, gráfico de


barras, de setores ou pizza e de linha
MATEMÁTICA

97
Assinale a alternativa em que o histograma é o que me- pela razão entre o déficit de vagas no sistema peniten-
lhor representa a distribuição de frequência da tabela. ciário e a quantidade de detentos no sistema penitenci-
ário — registrado em todo o Brasil foi superior a 38,7%,
e, na média nacional, havia 277,5 detentos por 100 mil
habitantes.
Com base nessas informações e na tabela apresentada,
julgue o item a seguir.
Em 2013, mais de 55% da população carcerária no Brasil
a) se encontrava na região Sudeste.

( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Certo
555----100%
b) x----55%
x=305,25
Está correta, pois a região sudeste tem 306 pessoas.

c) PORCENTAGEM.

“Prezado Candidato, o tópico acima foi abordado no


decorrer da matéria”

d)
REGRA DE TRÊS SIMPLES E COMPOSTA.

Regra de Três Simples

Os problemas que envolvem duas grandezas diretamen-


e) te ou inversamente proporcionais podem ser resolvidos atra-
vés de um processo prático, chamado regra de três simples.
Ex: Um carro faz 180 km com 15L de álcool. Quantos
Resposta: Letra A. Colocando em ordem crescente: litros de álcool esse carro gastaria para percorrer 210 km?
30-35, 50-55, 45-50, 40-45, 35-40,
Solução:
9. (DEPEN – AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL –
O problema envolve duas grandezas: distância e litros
CESPE/2015)
de álcool.
Indiquemos por x o número de litros de álcool a ser
consumido.

Coloquemos as grandezas de mesma espécie em uma


mesma coluna e as grandezas de espécies diferentes que
se correspondem em uma mesma linha:
Distância (km) Litros de álcool
180 15
210 x

Na coluna em que aparece a variável x (“litros de ál-


cool”), vamos colocar uma flecha:

Ministério da Justiça — Departamento Penitenciário Na-


cional — Sistema Integrado de Informações Penitenciá-
rias – InfoPen, Relatório Estatístico Sintético do Sistema
MATEMÁTICA

Prisional Brasileiro, dez./2013 Internet:<www.justica.gov.


br> (com adaptações)
A tabela mostrada apresenta a quantidade de detentos
no sistema penitenciário brasileiro por região em 2013.
Nesse ano, o déficit relativo de vagas — que se define

98
Observe que, se duplicarmos a distância, o consumo
de álcool também duplica. Então, as grandezas distância
e litros de álcool são diretamente proporcionais. No
esquema que estamos montando, indicamos esse fato
colocando uma flecha na coluna “distância” no mesmo
sentido da flecha da coluna “litros de álcool”:

Na montagem da proporção devemos seguir o senti-


do das flechas. Assim, temos:

Armando a proporção pela orientação das flechas,


temos:

Resposta: Farei esse percurso em 3 h.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (CBTU – ASSISTENTE OPERACIONAL – FU-


Resposta: O carro gastaria 17,5 L de álcool. MARC/2016) Dona Geralda comprou 4 m de tecido im-
portado a R$ 12,00 o metro linear. No entanto, o metro
linear do lojista media 2 cm a mais. A quantia que o lojis-
#FicaDica ta deixou de ganhar com a venda do tecido foi:
Procure manter essa linha de raciocínio nos diver-
a) R$ 0,69
sos problemas que envolvem regra de três simples b) R$ 0,96
! Identifique as variáveis, verifique qual é a relação c) R$ 1,08
de proporcionalidade e siga este exemplo ! d) R$ 1,20

Resposta: Letra B.
Ex: Viajando de automóvel, à velocidade de 60 km/h, eu As grandezas (comprimento e preço) são diretamente
gastaria 4 h para fazer certo percurso. Aumentando a velo- proporcionais. Assim, a regra de três é direta:
cidade para 80 km/h, em quanto tempo farei esse percurso?
Solução: Indicando por x o número de horas e colo-
Metros Preço
cando as grandezas de mesma espécie em uma mesma
coluna e as grandezas de espécies diferentes que se cor- 1 12
respondem em uma mesma linha, temos: 0,02 x
Velocidade (km/h) Tempo (h) 1 � x = 0,02 � 12 → x = R$ 0,24
60 4
80 x Note que foi necessário passar 2 cm para metros, para
que as unidades de comprimento fiquei iguais. Assim,
Na coluna em que aparece a variável x (“tempo”), va- cada 2 cm custaram R$ 0,24 para o vendedor. Como
mos colocar uma flecha: ele vendeu 4 m de tecido, esses 2 cm não foram con-
siderados quatro vezes. Assim, ele deixou de ganhar
Velocidade (km/h) Tempo (h)
60 4
80 x

Observe que, se duplicarmos a velocidade, o tempo


MATEMÁTICA

fica reduzido à metade. Isso significa que as grandezas


velocidade e tempo são inversamente proporcionais.
No nosso esquema, esse fato é indicado colocando-se na
coluna “velocidade” uma flecha em sentido contrário ao
da flecha da coluna “tempo”:

99
2. Para se construir um muro de 17m² são necessários 3 Agora vamos montar a proporção, igualando a razão
trabalhadores. Quantos trabalhadores serão necessários
para construir um muro de 51m²? que contém o x, que é 4 , com o produto das outras ra-
x

Resposta: 9 trabalhadores. zões, obtidas segundo a orientação das flechas 6 160


� :
8 300

As grandezas (área e trabalhadores) são diretamente


proporcionais. Assim, a regra de três é direta:

Área N Trabalhadores
17 3
51 x

17 � x = 51 � 3 → x = 9 trabalhadores
Resposta: Em 10 dias.

Regra de Três Composta FIQUE ATENTO!


Repare que a regra de três composta, embora
O processo usado para resolver problemas que en- tenha formulação próxima à regra de três
volvem mais de duas grandezas, diretamente ou inver- simples, é conceitualmente distinta devido
samente proporcionais, é chamado regra de três com-
à presença de mais de duas grandezas
posta.
proporcionais.
Ex: Em 4 dias 8 máquinas produziram 160 peças. Em
quanto tempo 6 máquinas iguais às primeiras produzi-
riam 300 dessas peças?
Solução: Indiquemos o número de dias por x. Co-
loquemos as grandezas de mesma espécie em uma só
coluna e as grandezas de espécies diferentes que se EXERCÍCIOS COMENTADOS
correspondem em uma mesma linha. Na coluna em que
aparece a variável x (“dias”), coloquemos uma flecha: 1. (SEDUC-SP - ANALISTA DE TECNOLOGIA DA IN-
FORMAÇÃO – VUNESP/2014) Quarenta digitadores
preenchem 2 400 formulários de 12 linhas, em 2,5 ho-
ras. Para preencher 5 616 formulários de 18 linhas, em 3
horas, e admitindo-se que o ritmo de trabalho dos digi-
tadores seja o mesmo, o número de digitadores neces-
Comparemos cada grandeza com aquela em que está o x. sários será

As grandezas peças e dias são diretamente propor- a) 105


cionais. No nosso esquema isso será indicado colocan- b) 117
do-se na coluna “peças” uma flecha no mesmo sentido c) 123
da flecha da coluna “dias”: d) 131
e) 149

Resposta: Letra B.
A tabela com os dados do enunciado fica:

Digitadores Formulários Linhas Horas


40 2400 12 2,5
As grandezas máquinas e dias são inversamente pro-
porcionais (duplicando o número de máquinas, o número x 5616 18 3
de dias fica reduzido à metade). No nosso esquema isso
será indicado colocando-se na coluna (máquinas) uma Comparando-se as grandezas duas a duas, nota-se
flecha no sentido contrário ao da flecha da coluna “dias”: que:
• Digitadores e formulários são diretamente propor-
cionais, pois se o número de digitadores aumenta,
a quantidade de formulários que pode ser digitada
MATEMÁTICA

também aumenta.
• Digitadores e linhas são diretamente proporcio-
nais, pois se a quantidade de digitadores aumenta,
o número de linhas que pode ser digitado também
aumenta.

100
• Digitadores e horas são inversamente proporcionais, pois se o número de horas trabalhadas aumenta, então são
necessários menos digitadores para o serviço e, portanto, a quantidade de digitadores diminui.

A regra de três fica:

40 2400 12 3
= � �
x 5616 18 2,5
40 86400
→ =
x 252720
→ 86500x = 10108800
→ x = 117 digitadores

2. Em uma fábrica de brinquedos, 8 homens montam 20 carrinhos em 5 dias. Quantos carrinhos serão montados por
4 homens em 16 dias?

Resposta:

Homens Carrinhos Dias


8 20 5
4 x 16

Observe que, aumentando o número de homens, a produção de carrinhos aumenta. Portanto a relação é diretamen-
te proporcional (não precisamos inverter a razão).
Aumentando o número de dias, a produção de carrinhos aumenta. Portanto a relação também é diretamente pro-
porcional (não precisamos inverter a razão). Devemos igualar a razão que contém o termo x com o produto das
outras razões.
Montando a proporção e resolvendo a equação, temos:

20 8 5
= �
π 4 16
Logo, serão montados 32 carrinhos.

CÁLCULO PROPOSICIONAL.

“Prezado Candidato, o tópico acima foi abordado no decorrer da matéria”

MATEMÁTICA

101
RACIOCÍNIO LÓGICO.

Definição: Todo o conjunto de palavras ou símbolos que exprimem um pensamento de sentido completo.
Nossa professora, bela definição!
Não entendi nada!
Vamos pensar que para ser proposição a frase tem que fazer sentido, mas não só sentido no nosso dia a dia, mas
também no sentido lógico.
Para uma melhor definição dentro da lógica, para ser proposição, temos que conseguir julgar se a frase é verdadeira
ou falsa.

Exemplos:
(A) A Terra é azul.
Conseguimos falar se é verdadeiro ou falso? Então é uma proposição.
(B) >2

Como ≈1,41, então a proposição tem valor lógico falso.


Todas elas exprimem um fato.
Agora, vamos pensar em uma outra frase:
O dobro de 1 é 2?
Sim, correto?
Correto. Mas é uma proposição?
Não! Porque sentenças interrogativas, não podemos declarar se é falso ou verdadeiro.
Bruno, vá estudar.
É uma declaração imperativa, e da mesma forma, não conseguimos definir se é verdadeiro ou falso, portanto, não
é proposição.
Passei!
Ahh isso é muito bom, mas infelizmente, não podemos de qualquer forma definir se é verdadeiro ou falso, porque
é uma sentença exclamativa.
Vamos ver alguns princípios da lógica:
I. Princípio da não Contradição: uma proposição não pode ser verdadeira “e” falsa ao mesmo tempo.
II. Princípio do Terceiro Excluído: toda proposição “ou” é verdadeira “ou” é falsa, isto é, verifica-se sempre um desses
casos e nunca um terceiro caso.

1. Valor Lógico das Proposições

Definição: Chama-se valor lógico de uma proposição a verdade, se a proposição é verdadeira (V), e a falsidade, se
a proposição é falsa (F).

Exemplo
p: Thiago é nutricionista.
V(p)=V essa é a simbologia para indicar que o valor lógico de p é verdadeira, ou
V(p)=F
Basicamente, ao invés de falarmos, é verdadeiro ou falso, devemos falar tem o valor lógico verdadeiro, tem valor
lógico falso.
MATEMÁTICA

102
2. Classificação -Conjunção

Proposição simples: não contém nenhuma outra pro-


posição como parte integrante de si mesma. São geral-
mente designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r,s...
E depois da letra colocamos “:”
Nossa, são muitas formas de se escrever com a con-
Exemplo: junção.
p: Marcelo é engenheiro. Não precisa decorar todos, alguns são mais usuais:
q: Ricardo é estudante. “e”, “mas”, “porém”.
Exemplos
Proposição composta: combinação de duas ou mais p: Vinícius é professor.
proposições. Geralmente designadas pelas letras maiús- q: Camila é médica.
culas P, Q, R, S,...
p∧q: Vinícius é professor e Camila é médica.
Exemplo: p∧q: Vinícius é professor, mas Camila é médica.
P: Marcelo é engenheiro e Ricardo é estudante. p∧q: Vinícius é professor, porém Camila é médica.
Q: Marcelo é engenheiro ou Ricardo é estudante.
Se quisermos indicar quais proposições simples fa- - Disjunção
zem parte da proposição composta:
P(p,q)
Se pensarmos em gramática, teremos uma proposi-
ção composta quando tiver mais de um verbo e proposi- p: Vitor gosta de estudar.
ção simples, quando tiver apenas 1. Mas, lembrando que q: Vitor gosta de trabalhar.
para ser proposição, temos que conseguir definir o valor p∨q: Vitor gosta de estudar ou Vitor gosta de tra-
lógico. balhar.

3. Conectivos - Disjunção Exclusiva


Extensa: Ou...ou...
Agora que vamos entrar no assunto mais interessante Símbolo: ∨
e o que liga as proposições. p: Vitor gosta de estudar.
Antes, estávamos vendo mais a teoria, a partir dos co- q: Vitor gosta de trabalhar
nectivos vem a parte prática. p∨q Ou Vitor gosta de estudar ou Vitor gosta de tra-
balhar.
3.1. Definição
-Condicional
Palavras que se usam para formar novas proposições, Extenso: Se..., então..., É necessário que, Condição ne-
a partir de outras. cessária
Vamos pensar assim: conectivos? Conectam alguma Símbolo: →
coisa?
Sim, vão conectar as proposições, mas cada conectivo Exemplos
terá um nome, vamos ver? p→q: Se chove, então faz frio.
p→q: É suficiente que chova para que faça frio.
-Negação p→q: Chover é condição suficiente para fazer frio.
p→q: É necessário que faça frio para que chova.
p→q: Fazer frio é condição necessária para chover.

-Bicondicional
Exemplo Extenso: se, e somente se, ...
p: Lívia é estudante. Símbolo: ↔
~p: Lívia não é estudante. p: Lucas vai ao cinema.
q: Pedro é loiro. q: Danilo vai ao cinema.
¬q: É falso que Pedro é loiro. p↔q: Lucas vai ao cinema se, e somente se, Danilo vai
r: Érica lê muitos livros. ao cinema.
~r: Não é verdade que Érica lê muitos livros.
s: Cecilia é dentista. Referências
¬s: É mentira que Cecilia é dentista. ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica mate-
MATEMÁTICA

mática – São Paulo: Nobel – 2002.

103
Tabela-verdade - Conjunção
Eu comprei bala e chocolate, só vou me contentar se
Com a tabela-verdade, conseguimos definir o valor eu tiver as duas coisas, certo?
lógico de proposições compostas facilmente, analisando Se eu tiver só bala não ficarei feliz, e nem se tiver só
cada coluna. chocolate.
Se tivermos uma proposição p, ela pode ter V(p)=V E muito menos se eu não tiver nenhum dos dois.
ou V(p)=F.
p p q p ∧q
V V V V
F V F F
F V F
Quando temos duas proposições, não basta colocar
só VF, será mais que duas linhas. F F F

-Disjunção
p q Vamos pensar na mesma frase anterior, mas com o
V V conectivo “ou”.
V F Eu comprei bala ou chocolate.
Eu comprei bala e também comprei a chocolate, está
F V certo pois poderia ser um dos dois ou os dois.
F F Se eu comprei só bala, ainda estou certa, da mesma
forma se eu comprei apenas chocolate.
Observe, a primeira proposição ficou VVFF Agora se eu não comprar nenhum dos dois, não dará
E a segunda intercalou VFVF certo.
Vamos raciocinar, com uma proposição temos 2 pos- p q p ∨q
sibilidades, com 2 proposições temos 4, tem que haver
um padrão para se tornar mais fácil! V V V
As possibilidades serão 2n, V F V
F V V
Onde:
n=número de proposições F F F

-Disjunção Exclusiva
p q r Na disjunção exclusiva é diferente, pois OU comprei
V V V chocolate OU comprei bala.
V F V Ou seja, um ou outro, não posso ter os dois ao mes-
mo tempo.
V V F
V F F p q p ∨q
F V V V V F
F F V V F V
F V F F V V
F F F F F F

A primeira proposição, será metade verdadeira e me- -Condicional


tade falsa. Se chove, então faz frio.
A segunda, vamos sempre intercalar VFVFVF. Se choveu e fez frio.
E a terceira VVFFVVFF. Estamos dentro da possibilidade.(V)
Agora, vamos ver a tabela verdade de cada um dos Choveu e não fez frio.
operadores lógicos? Não está dentro do que disse. (F)
Não choveu e fez frio.
-Negação Ahh tudo bem, porque pode fazer frio se não chover,
p ~p certo?(V)
Não choveu, e não fez frio.
V F Ora, se não choveu, não precisa fazer frio. (V)
MATEMÁTICA

F V

Se estamos negando uma coisa, ela terá valor lógico


oposto, faz sentido, não?

104
p q p →q Resposta: Letra C. P: A empresa alegou ter pago suas
obrigações previdenciárias.
V V V Q: apresentou os comprovantes de pagamento.
V F F R: o juiz julgou, pois, procedente a ação movida pelo
ex-empregado.
F V V
Número de linhas: 2³=8
F F V
3.(SERES-PE – AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCI-
-Bicondicional ÁRIA – CESPE – 2017) A partir das proposições simples
Ficarei em casa, se e somente se, chover. P: “Sandra foi passear no centro comercial Bom Preço”, Q:
Estou em casa e está chovendo. “As lojas do centro comercial Bom Preço estavam reali-
A ideia era exatamente essa. (V) zando liquidação” e R: “Sandra comprou roupas nas lojas
Estou em casa, mas não está chovendo. do Bom Preço” é possível formar a proposição composta
Você não fez certo, era só pra ficar em casa se cho- S: “Se Sandra foi passear no centro comercial Bom Preço
vesse. (F) e se as lojas desse centro estavam realizando liquidação,
Eu sai e está chovendo. então Sandra comprou roupas nas lojas do Bom Preço ou
Aiaiai não era pra sair se está chovendo (F) Sandra foi passear no centro comercial Bom Preço”. Con-
Não estou em casa e não está chovendo. siderando todas as possibilidades de as proposições P, Q
Sem chuva, você pode sair, ta?(V) e R serem verdadeiras (V) ou falsas (F), é possível cons-
truir a tabela-verdade da proposição S, que está iniciada
p q p ↔q na tabela mostrada a seguir.
V V V
V F F
F V F
F F V

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1.(EBSERH – ÁREA MÉDICA – CESPE – 2018) A respei-


to de lógica proposicional, julgue o item que se segue.
Se P, Q e R forem proposições simples e se ~R indicar
a negação da proposição R, então, independentemente
dos valores lógicos V = verdadeiro ou F = falso de P, Q e Completando a tabela, se necessário, assinale a opção
R, a proposição P→Q∨(~R) será sempre V. que mostra, na ordem em que aparecem, os valores ló-
gicos na coluna correspondente à proposição S, de cima
( )CERTO ( )ERRADO para baixo.

Resposta: Errado Se P for verdadeiro, Q falso e R fal- a) V / V / F / F / F / F / F / F.


so, a proposição é falsa. b) V / V / F / V / V / F / F / V.
c) V / V / F / V / F / F / F / V.
2. (TRT 7ª REGIÃO – CONHECIMENTOS BÁSICOS – d) V / V / V / V / V / V / V / V.
CESPE – 2017) e) V / V / V / F / V / V / V / F.

Texto CB1A5AAA – Proposição P Resposta: Letra D


A proposição S é composta por: (p∧q)→(r∨p)
A empresa alegou ter pago suas obrigações previdenciá-
P Q R p∧q r∨p S(p∧q)→(r∨p)
rias, mas não apresentou os comprovantes de pagamen-
to; o juiz julgou, pois, procedente a ação movida pelo V V V V V V
ex-empregado. V V F V V V
A quantidade mínima de linhas necessárias na tabela-
-verdade para representar todas as combinações possí- V F V F V V
veis para os valores lógicos das proposições simples que V F F F V V
compõem a proposição P do texto CB1A5AAA é igual a F V V F V V
MATEMÁTICA

a) 32. F V F F F V
b) 4. F F V F V V
c) 8.
F F F F F V
d) 16.

105
TAUTOLOGIA p∨~(p∧q)

Definição: Chama-se tautologia, toda proposição P Q p∧q ~(p∧q) p∨~(p∧q)


composta que terá a coluna inteira de valor lógico V.
Podemos ter proposições SIMPLES que são falsas e se V V V F V
a coluna da proposição composta for verdadeira é tau- V F F V V
tologia.
F V F V V
Vamos ver alguns exemplos.
F F F V V
A proposição ~(p∧p) é tautologia, pelo Princípio da
não contradição. Está lembrado? Novamente, coluna deu inteira com valor lógico ver-
Princípio da não Contradição: uma proposição não dadeiro, é tautologia.
pode ser verdadeira “e” falsa ao mesmo tempo.
Exemplo 3
Se João é estudante ou não é estudante, então Ma-
P ~p p∧~p ~(p∧∼p)
teus é professor.
V F F V
F V F V P Q ~p p∨~p p∨~p→q
V V F V V
A proposição p∨ ~p é tautológica, pelo princípio do V F F V F
Terceiro Excluído.
Princípio do Terceiro Excluído: toda proposição “ou” F V V V V
é verdadeira “ou” é falsa, isto é, verifica-se sempre um F F V V F
desses casos e nunca um terceiro caso.
Deu pelo menos uma falsa e agora?
P ~p p∨~p Não é tautologia.
V F V Referências
F V V ALENCAR FILHO, Edgar de. Iniciação a lógica mate-
mática. São Paulo: Nobel – 2002.
Esses são os exemplos mais simples, mas normalmen-
te conseguiremos resolver as questões com base na ta-
bela verdade, por isso insisto que a tabela verdade dos
operadores, têm que estar na “ponta da língua”, quase EXERCÍCIO COMENTADO
como a tabuada da matemática.
Veremos outros exemplos. 1.(INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CESPE –
2016) Com relação a lógica proposicional, julgue o item
Exemplo 1 subsequente.
Vamos pensar nas proposições: Considerando-se as proposições simples “Cláudio pratica
P: João é estudante. esportes” e “Cláudio tem uma alimentação balanceada”,
Q: Mateus é professor. é correto afirmar que a proposição “Cláudio pratica es-
Se João é estudante, então João é estudante ou Ma- portes ou ele não pratica esportes e não tem uma ali-
teus é professor. mentação balanceada” é uma tautologia.

Em simbologia: p→p∨q ( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado
P Q p∨q p→p∨q
p: Cláudio pratica esportes.
V V V V q: Cláudio tem uma alimentação balanceada.
V F V V (p∨~p)∧~q
F V V V
P ~P Q ~q p∨~P (p∨∼p)∧∼q
F F F V
V F V F V F
A coluna inteira da proposição composta deu verda- V F F V V V
deiro, então é uma tautologia.
F V V F V F
MATEMÁTICA

Exemplo 2 F V F V V V
Com as mesmas proposições anteriores:
João é estudante ou não é verdade que João é estu-
dante e Mateus é professor.

106
EQUIVALÊNCIAS LÓGICAS Exemplo
p: Coelho gosta de cenoura
Diz-se que uma proposição P(p,q,r..) é logicamente q: Coelho é herbívoro.
equivalente ou equivalente a uma proposição Q(p,r,s..) se
as tabelas-verdade dessas duas proposições são IDÊN- p→q: Se coelho gosta de cenoura, então coelho é
TICAS. herbívoro.
Para indicar que são equivalentes, usaremos a seguin- ~p∨q: Coelha não gosta de cenoura ou coelho é her-
te notação: bívoro
P(p,q,r..) ⇔ Q(p,r,s..)
A condicional ~p→~q é equivalente a disjunção
Essa parte de equivalência é um pouco mais chatinha, p∨~q
mas conforme estudamos, vou falando algumas dicas.
p q ~p ~q ~p→~q p∨~q
Regra da Dupla negação
V V F F V V
~~p⇔p V F F V V V
p ~p ~~p F V V F F F
V F V F F V V V V
F V F
Equivalências fundamentais (Propriedades Fun-
São iguais, então ~~p⇔p damentais): a equivalência lógica entre as proposições
goza das propriedades simétrica, reflexiva e transitiva.
Regra de Clavius
1 – Simetria (equivalência por simetria)
~p→p⇔p
a) p ∧ q ⇔ q ∧ p
p ~p ~p→p p q p∧q q∧p
V F V V V V V
F V F V F F F
F V F F
Regra de Absorção F F F F
p→p∧q⇔p→q
b) p ∨ q ⇔ q ∨ p
p q p∨q q∨p
p q p∧q p→p∧q p→q
V V V V
V V V V V
V F V V
V F F F F
F V V V
F V F V V
F F F F
F F F V V
c) p ∨ q ⇔ q ∨ p
Condicional
p q p∨q q ∨ p
Gostaria da sua atenção aqui, pois as condicionais são
as mais pedidas nos concursos. V V F F
V F V V
A condicional p→q e a disjunção ~p∨q, têm tabelas-
F V V V
-verdades idênticas
F F F F
p ~p q p∧q p→q ~p∨q
d) p ↔ q ⇔ q ↔ p
V F V V V V
V F F F F F p q p↔q q↔p
V V V V
MATEMÁTICA

F V V F V V
F V F F V V V F F F
F V F F
F F V V

107
Equivalências notáveis: b) p ∨ (q ∨ r) ⇔ (p ∨ q) ∨ (p ∨ r)

1 - Distribuição (equivalência pela distributiva) p q r q p


p ∨ (q p∨ (p ∨ q) ∨
∨r ∨ r) q ∨r (p ∨ r)
a) p ∧ (q ∨ r) ⇔ (p ∧ q) ∨ (p ∧ r)
V V V V V V V V
p q r q p ∧ (q p∧ p (p ∧ q) ∨ (p V V F V V V V V
∨r ∨ r) q ∧r ∧ r) V F V V V V V V
V V V V V V V V V F F F V V V V
V V F V V V F V F V V V V V V V
V F V V V F V V F V F V V V F V
V F F F F F F F F F V V V F V V
F V V V F F F F F F F F F F F F
F V F V F F F F
3 – Idempotência
F F V V F F F F
F F F F F F F F a) p ⇔ (p ∧ p)

b) p ∨ (q ∧ r) ⇔ (p ∨ q) ∧ (p ∨ r) Para ficar mais fácil o entendimento, vamos fazer duas


colunas com p
p q r q p ∨ (q p∨ p (p ∨ q) ∧
∧r ∧ r) q ∨r (p ∨ r) p p p∧p
V V V V V V V V V V V
V V F F V V V V F F F
V F V F V V V V
b) p ⇔ (p ∨ p)
V F F F V V V V
p p p∨p
F V V V V V V V
V V V
F V F F F V F F
F F F
F F V F F F V F
F F F F F F F F 4 - Pela contraposição: de uma condicional gera-se
outra condicional equivalente à primeira, apenas inver-
2 - Associação (equivalência pela associativa) tendo-se e negando-se as proposições simples que as
compõem.
a) p ∧ (q ∧ r) ⇔ (p ∧ q) ∧ (p ∧ r) Da mesma forma que vimos na condicional mais aci-
ma, temos outros modos de definir a equivalência da
condicional que são de igual importância.
p q r q p ∧ (q ∧ r) p∧q p (p ∧ q) ∧
∧r ∧r (p ∧ r) 1º caso: (p → q) ⇔ (~q → ~p)
V V V V V V V V
V V F F F V F F p q ~p ~q p→q ~q → ~p
V F V F F F V F V V F F V V
V F F F F F F F V F F V F F
F V V V F F F F F V V F V V
F V F F F F F F F F V V V V
F F V F F F F F
2º caso: (~p → q) ⇔ (~q → p)
F F F F F F F F
p q ~p ~p → q ~q ~q → p
V V F V F V
MATEMÁTICA

V F F V V V
F V V V F V
F F V F V F

108
3º caso: (p → ~q) ⇔ (q → ~p) Proposições Associadas a uma Condicional (se, en-
tão)
p q ~q p → ~q ~p q → ~p
Chama-se proposições associadas a p → q as três pro-
V V F F F F posições condicionadas que contêm p e q:
V F V V F V
– Proposições recíprocas: p → q: q → p
F V F V V V
– Proposição contrária: p → q: ~p → ~q
F F V V V V – Proposição contrapositiva: p → q: ~q → ~p

5 - Pela bicondicional Observe a tabela verdade dessas quatro proposições:

a) (p ↔ q) ⇔ (p → q) ∧ (q → p), por definição


p q ~p ~q p→ q→ ~p → ~q →
q p ~q ~p
p q p↔q p→q q→p (p → q) ∧ (q → p) V V F F V V V V
V V V V V V V F F V F V V F
V F F F V F
F V V F V F F V
F V F V F F
F F V V V V V V
F F V V V V
Observamos ainda que a condicional p → q e a sua
b) (p ↔ q) ⇔ (~q → ~p) ∧ (~p → ~q) recíproca q → p ou a sua contrária ~p → ~q NÃO SÃO
EQUIVALENTES.
p q p↔ ~q ~p ~q → ~p → (~q → ~p) ∧
q ~p ~q (~p → ~q)
V V V F F V V V EXERCÍCIOS COMENTADOS
V F F V F F V F
1. (TRF 1ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE –
F V F F V V F F
2017) A partir da proposição P: “Quem pode mais, chora
F F V V V V V V menos.”, que corresponde a um ditado popular, julgue o
próximo item.
c) (p ↔ q) ⇔ (p ∧ q) ∨ (~p ∧ ~q) Do ponto de vista da lógica sentencial, a proposição P é
equivalente a “Se pode mais, o indivíduo chora menos”.
p q p p∧ ~p ~q ~p ∧ (p ∧ q) ∨ (~p
↔ ( ) CERTO ( ) ERRADO
q ~q ∧ ~q)
q
Resposta: Certo Uma dica é que normalmente quan-
V V V V F F F V do tem vírgula é condicional, não é regra, mas aconte-
V F F F F V F F ce quando você não acha o conectivo.
F V F F V F F F
2. (PC-PE – PERITO PAPILOSCOPISTA – CESPE –
F F V F V V V V 2016)

6 - Pela exportação-importação Texto CG1A06AAA

[(p ∧ q) → r] ⇔ [p → (q → r)] A Polícia Civil de determinado município prendeu, na


sexta-feira, um jovem de 22 anos de idade suspeito de
p q r p∧q (p ∧ q) → r q→r p → (q → r) ter cometido assassinatos em série. Ele é suspeito de cor-
tar, em três partes, o corpo de outro jovem e de enterrar
V V V V V V V as partes em um matagal, na região interiorana do mu-
V V F V F F F nicípio. Ele é suspeito também de ter cometido outros
dois esquartejamentos, já que foram encontrados vídeos
V F V F V V V
em que ele supostamente aparece executando os crimes
V F F F V V V Assinale a opção que é logicamente equivalente à propo-
F V V F V V V sição “Ele é suspeito também de ter cometido outros dois
MATEMÁTICA

esquartejamentos, já que foram encontrados vídeos em


F V F F V F V que ele supostamente aparece executando os crimes”,
F F V F V V V presente no texto CG1A06AAA.
F F F F V V V

109
a) Se foram encontrados vídeos em que ele supostamente aparece executando os dois esquartejamentos, ele é suspeito
também de ter cometido esses crimes.
b) Ele não é suspeito de outros dois esquartejamentos, já que não foram encontrados vídeos em que ele supostamente
aparece executando os crimes.
c) Se não foram encontrados vídeos em que ele supostamente aparece executando os dois esquartejamentos, ele não
é suspeito desses crimes.
d) Como ele é suspeito de ter cometido também dois esquartejamentos, foram encontrados vídeos em que ele supos-
tamente aparece executando os crimes.
e) Foram encontrados vídeos em que ele supostamente aparece executando os dois esquartejamentos, pois ele é tam-
bém suspeito de ter cometido esses crimes.

Resposta: A A expressão já que=pois


Que se for escrita com a condicional, devemos mudar as proposições de lugar.
Se foram encontrados vídeos em que ele supostamente aparece executando os dois esquartejamentos, ele é suspei-
to também de ter cometido esses crimes.

Referências
ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemática – São Paulo: Nobel – 2002.
CABRAL, Luiz Cláudio Durão; NUNES, Mauro César de Abreu - Raciocínio lógico passo a passo – Rio de Janeiro:
Elsevier, 2013.

Negação de uma proposição composta

Definição: Quando se nega uma proposição composta primitiva, gera-se outra proposição também composta e
equivalente à negação de sua primitiva.
Ou seja, muitas vezes para os exercícios teremos que saber qual a equivalência da negação para compor uma frase,
por exemplo.

Negação de uma conjunção (Lei de Morgan)

Para negar uma conjunção, basta negar as partes e trocar o conectivo conjunção pelo conectivo disjunção.

~(p ∧ q) ⇔ (~p ∨ ~q)


p q ~p ~q p∧q ~(p ∧ q) ~p ∨ ~q
V V F F V F F
V F F V F V V
F V V F F V V
F F V V F V V

Negação de uma disjunção (Lei de Morgan)

Para negar uma disjunção, basta negar as partes e trocar o conectivo-disjunção pelo conectivo-conjunção.

~(p ∨ q) ⇔ (~p ∧ ~q)


p q ~p ~q p∨q ~(p ∨ q) ~p ∧ ~q
V V F F V F F
V F F V V F F
F V V F V F F
F F V V F V V

Resumindo as negações, quando é conjunção nega as duas e troca por “ou”


Quando for disjunção, nega tudo e troca por “e”.
MATEMÁTICA

110
Negação de uma disjunção exclusiva
~(p ∨ q) ⇔ (p ↔ q)
p q p∨q ~( p∨q) p↔q
V V F V V
V F V F F
F V V F F
F F F V V

Negação de uma condicional


Famoso MANE
Mantém a primeira e nega a segunda.
~(p → q) ⇔ (p ∧ ~q)
p q p→q ~q ~(p → q) p ∧ ~q
V V V F F F
V F F V V V
F V V F F V
F F V V F F

Negação de uma bicondicional


~(p ↔ q) = ~[(p → q) ∧ (q → p)] ⇔ [(p ∧ ~q) ∨ (q ∧ ~p)]

P Q p↔q p→q q→p p → q) ∧ (q → p)] ~[(p → q) ∧ (q → p)] p ∧ ~q q ∧ ~p [(p ∧ ~q) ∨ (q ∧ ~p)]


V V V V V V F F F F
V F F F V F V V F V
F V F V F F V F V V
F F V V V V F F F F

Dupla negação (Teoria da Involução)

a) De uma proposição simples: p ⇔ ~ (~p)

P ~P ~ (~p)
V F V
F V F

b) De uma condicional: Definição: A dupla negação de uma condicional dá-se da seguinte forma: nega-se a 1ª parte
da condicional, troca-se o conectivo-condicional pela disjunção e mantém-se a 2ª parte.
Demonstração: Seja a proposição primitiva: p → q nega-se pela 1ª vez: ~(p → q) ⇔ p ∧ ~q nega-se pela 2ª vez:
~(p ∧ ~q) ⇔ ~p ∨ q
Conclusão: Ao negarmos uma proposição primitiva duas vezes consecutivas, a proposição resultante será equiva-
lente à sua proposição primitiva. Logo, p → q ⇔ ~p ∨ q

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (TRF 1ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE – 2017) A partir da proposição P: “Quem pode mais, chora
menos.”, que corresponde a um ditado popular, julgue o próximo item.
A negação da proposição P pode ser expressa por “Quem não pode mais, não chora menos”
MATEMÁTICA

( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Errado. Negação de uma condicional: mantém a primeira e nega a segunda

111
2. (PC-PE – PERITO CRIMINAL – CESPE – 2016) Con-
sidere as seguintes proposições para responder a questão.
P1: Se há investigação ou o suspeito é flagrado cometen- EXERCÍCIOS COMENTADOS
do delito, então há punição de criminosos.
P2: Se há punição de criminosos, os níveis de violência 1. (IF-BA – ADMINISTRADOR – FUNRIO – 2016) Ou
não tendem a aumentar. João é culpado ou Antônio é culpado. Se Antônio é ino-
P3: Se os níveis de violência não tendem a aumentar, a cente então Carlos é inocente. João é culpado se e so-
população não faz justiça com as próprias mãos. mente se Pedro é inocente. Ora, Pedro é inocente. Logo,

Assinale a opção que apresenta uma negação correta da a) Pedro e Antônio são inocentes e Carlos e João são cul-
proposição P1. pados.
b) Pedro e Carlos são inocentes e Antônio e João são
a) Se não há punição de criminosos, então não há investi- culpados.
gação ou o suspeito não é flagrado cometendo delito. c) Pedro e João são inocentes e Antônio e Carlos são cul-
b) Há punição de criminosos, mas não há investigação pados.
nem o suspeito é flagrado cometendo delito. d) Antônio e Carlos são inocentes e Pedro e João são
c) Há investigação ou o suspeito é flagrado cometendo culpados.
delito, mas não há punição de criminosos. e) Antônio, Carlos e Pedro são inocentes e João é culpado.
d) Se não há investigação ou o suspeito não é flagrado
cometendo delito, então não há punição de criminosos. Resposta: Letra E.
e) Se não há investigação e o suspeito não é flagrado co- Vamos começar de baixo pra cima.
metendo delito, então não há punição de criminosos.
Ou João é culpado ou Antônio é culpado.
Resposta: Letra C Famoso MANE Se Antônio é inocente então Carlos é inocente.
Mantém a primeira e nega a segunda. João é culpado se e somente se Pedro é inocente.
Há investigação ou o suspeito é flagrado cometendo
Ora, Pedro é inocente.
delito e não há punição de criminosos.
(V)
No caso, a questão ao invés de “e”utilizou mas
Sabendo que Pedro é inocente,
João é culpado se e somente se Pedro é inocente.
ARGUMENTOS
João é culpado, pois a bicondicional só é verdadeira se
ambas forem verdadeiras ou ambas falsas.
Um argumento é um conjunto finito de premissas (pro-
posições), sendo uma delas a consequência das demais.
Tal premissa (proposição), que é o resultado dedutivo ou João é culpado se e somente se Pedro é inocente
consequência lógica das demais, é chamada conclusão. Um (V) (V)
argumento é uma fórmula: P1 ∧ P2 ∧ ... ∧ Pn → Q Ora, Pedro é inocente
OBSERVAÇÃO: A fórmula argumentativa P1 ∧ P2 ∧ (V)
... ∧ Pn → Q, também poderá ser representada pela se- Sabendo que João é culpado, vamos analisar a primei-
guinte forma: ra premissa.
Ou João é culpado ou Antônio é culpado.
Então, Antônio é inocente, pois a disjunção exclusiva
só é verdadeira se apenas uma das proposições for.

Se Antônio é inocente então Carlos é inocente.


Carlos é inocente, pois sendo a primeira verdadeira, a
condicional só será verdadeira se a segunda proposi-
1. Argumentos válidos ção também for.

Um argumento é válido quando a conclusão é verda- Então, temos:


deira (V), sempre que as premissas forem todas verdadei- Pedro é inocente, João é culpado, António é inocente
ras (V). Dizemos, também, que um argumento é válido e Carlos é inocente.
quando a conclusão é uma consequência obrigatória das
verdades de suas premissas. 2. (DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE –
2016) Considere que as seguintes proposições sejam
Argumentos inválidos verdadeiras.
• Quando chove, Maria não vai ao cinema.
Um argumento é dito inválido (ou falácia, ou ilegítimo • Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema.
MATEMÁTICA

ou mal construído), quando as verdades das premissas • Quando Cláudio sai de casa, não faz frio.
são insuficientes para sustentar a verdade da conclusão. • Quando Fernando está estudando, não chove.
Caso a conclusão seja falsa, decorrente das insuficiências • Durante a noite, faz frio.
geradas pelas verdades de suas premissas, tem-se como
conclusão uma contradição (F).

112
Tendo como referência as proposições apresentadas, jul- Representação de uma proposição quantificada
gue o item subsecutivo.
Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudando. (∀x)(x ∈ N)(x + 3 > 15)
Quantificador: ∀
( ) CERTO ( ) ERRADO Condição de existência da variável: x ∈ N.
Predicado: x + 3 > 15.
Resposta: Errado
• Durante a noite, faz frio. (∃x)[(x + 1 = 4) ∧ (7 + x = 10)]
V Quantificador: ∃
Condição de existência da variável: não há.
• Quando Cláudio sai de casa, não faz frio. Predicado: “(x + 1 = 4) ∧ (7 + x = 10)”.
F F
Negações de proposições quantificadas ou funcionais
• Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema. Seja uma sentença (∀x)(A(x)).
V V Negação: (∃x)(~A(x))

• Quando chove, Maria não vai ao cinema. Exemplo


F F (∀x)(2x-1=3)
Negação: (∃x)(2x-1≠3)
• Quando Fernando está estudando, não chove. Seja uma sentença (∃x)(Q(x)).
V/F V Negação: (∀x)(~Q(x)).
Portanto, Se Maria foi ao cinema, então Fernando es- (∃x)(2x-1=3)
tava estudando. Negação: (∀x)(2x-1≠3)
Não tem como ser julgado.
1. Definição das proposições
Diagramas Lógicos
Todo A é B.
As questões de Diagramas lógicos envolvem as pro-
O conjunto A está contido no conjunto B, assim todo
posições categóricas (todo, algum, nenhum), cuja solu-
elemento de A também é elemento de B.
ção requer que desenhemos figuras, os chamados dia-
gramas.
Podemos representar de duas maneiras:
Quantificadores são elementos que, quando asso-
ciados às sentenças abertas, permitem que as mesmas
sejam avaliadas como verdadeiras ou falsas, ou seja, pas-
sam a ser qualificadas como sentenças fechadas.

O quantificador universal
O quantificador universal, usado para transformar
sentenças (proposições) abertas em proposições fecha-
das, é indicado pelo símbolo “∀”, que se lê: “qualquer
que seja”, “para todo”, “para cada”.

Exemplo: Quando “todo A é B” é verdadeira, vamos ver como


(∀x)(x + 2 = 6) ficam os valores lógicos das outras?
Lê-se: “Qualquer que seja x, temos que x + 2 = 6”
(falsa). Pensemos nessa frase: Toda criança é linda.
É falso, pois não podemos colocar qualquer x para a
afirmação ser verdadeira. Nenhum A é B é necessariamente falsa.
O quantificador existencial Nenhuma criança é linda, mas eu não acabei de falar
O quantificador existencial é indicado pelo símbolo “∃” que TODA criança é linda? Por isso é falsa.
que se lê: “existe”, “existe pelo menos um” e “existe um”.
Algum A é B é necessariamente verdadeira.
Exemplos: Alguma Criança é linda, sim, se todas são 1, 2, 3...são
(∃x)(x + 5 = 9) lindas.
Lê-se: “Existe um número x, tal que x + 5 = 9” (ver-
dadeira). Algum A não é B necessariamente é falsa, pois A está
MATEMÁTICA

Nesse caso, existe um número, ahh tudo bem... claro contido em B.


que existe algum número que essa afirmação será ver- Alguma criança não é linda, bem como já vimos im-
dadeira. possível, pois todas são.
Ok? Sem maiores problemas, certo?

113
Nenhum A é B. c) Todos os elementos de B estão em A

A e B não terão elementos em comum.

d) O conjunto A é igual ao conjunto B.

Quando “nenhum A é B” é verdadeira, vamos ver


como ficam os valores lógicos das outras?
Frase: Nenhum cachorro é gato. (sim, eu sei. Frase ex-
trema, mas assim é bom para entendermos..hehe)

Todo A é B é necessariamente falsa.


Todo cachorro é gato, faz sentido? Nenhum, não é?
Algum A é B é necessariamente falsa.
Algum cachorro é gato, ainda não faz sentido.

Algum A não é B necessariamente verdadeira.


Algum cachorro não é gato. Ah, sim! Espero que to- Quando “algum A é B” é verdadeira, vamos ver como
dos não sejam, mas se já está dizendo “algum” vou con- ficam os valores lógicos das outras?
cordar. Frase: Algum copo é de vidro.
Nenhum A é B é necessariamente falsa.
Nenhum copo é de vidro.
Algum A é B.
Com frase fica mais fácil né? Porque assim, consegui-
mos ver que é falsa, pois acabei de falar que algum copo
Quer dizer que há pelo menos 1 elemento de A em
é de vidro, ou seja, tenho pelo menos 1 copo de vidro.
comum com o conjunto B
Todo A é B.
Não conseguimos determinar, podendo ser verda-
Temos 4 representações possíveis
deira ou falsa (podemos analisar também os diagramas
mostrados nas figuras a e c).
a) os dois conjuntos possuem uma parte dos elemen- Todo copo é de vidro.
tos em comum. Pode ser que sim, ou não.

Algum A não é B.
Não conseguimos determinar, podendo ser verdadei-
ra ou falsa (contradiz com as figuras b e d)
Algum copo não é de vidro.
Como não sabemos se todos os copos são de vidros,
pode ser verdadeira.

Algum A não é B.
O conjunto A tem pelo menos um elemento que não
pertence ao conjunto B.

b) Todos os elementos de A estão em B. Aqui teremos 3 modos de representar:

a) Os dois conjuntos possuem uma parte dos elemen-


tos em comum.
MATEMÁTICA

114
b) Todos os elementos de B estão em A. 2. (UFES – ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO –
UFES – 2017) Em um determinado grupo de pessoas,
• todas as pessoas que praticam futebol também prati-
cam natação,
• algumas pessoas que praticam tênis também praticam
futebol,
• algumas pessoas que praticam tênis não praticam na-
tação.

É CORRETO afirmar que no grupo

a) todas as pessoas que praticam natação também pra-


ticam tênis.
c) Não há elementos em comum entre os dois conjuntos. b) todas as pessoas que praticam futebol também prati-
cam tênis.
c) algumas pessoas que praticam natação não praticam
futebol.
d) algumas pessoas que praticam natação não praticam
tênis.
e) algumas pessoas que praticam tênis não praticam fu-
tebol.

Resposta: Letra E.
Quando “algum A não é B” é verdadeira, vamos ver
como ficam os valores lógicos das outras?
Vamos fazer a frase contrária do exemplo anterior.
Frase: Algum copo não é de vidro.

Nenhum A é B é indeterminada (contradição com as


figuras a e b).
Nenhum copo é de vidro, algum não é, mas não sei se
todos não são de vidro.

Todo A é B é necessariamente falsa.


Todo copo é de vidro, mas eu disse que algum copo
não era.
Algum A é B é indeterminada.
Algum copo é de vidro, não consigo determinar se 3. (SEPOG-RO – TÉCNICO EM TECNOLOGIA DA IN-
tem algum de vidro ou não. FORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO – FGV – 2017) Consi-
dere a afirmação:
“Toda pessoa que faz exercícios não tem pressão alta”.
De acordo com essa afirmação é correto concluir que
EXERCÍCIOS COMENTADOS
a) se uma pessoa tem pressão alta então não faz exer-
1. (PC-RS – ESCRIVÃO – FUNDATEC – 2018) Supondo cícios.
a verdade da sentença aberta: Alguns investigados são b) se uma pessoa não faz exercícios então tem pressão
advogados mas nem todos os investigados têm domicí- alta.
lio conhecido. Podemos deduzir a verdade da alternativa: c) se uma pessoa não tem pressão alta então faz exercí-
cios.
a) Todos investigados são advogados e têm domicílio co- d) existem pessoas que fazem exercícios e que têm pres-
nhecido. são alta.
b) Todos investigados são advogados e não têm domicí- e) não existe pessoa que não tenha pressão alta e não
lio conhecido. faça exercícios.
c) Alguns investigados são advogados e têm domicílio
conhecido. Resposta: Letra A Se toda pessoa que faz exercício
d) Alguns investigados são advogados e alguns investi- não tem pressão alta, ora, se a pessoa tem pressão
gados têm domicílio conhecido. alta, então não faz exercício.
MATEMÁTICA

e) Alguns investigados são advogados e alguns investi-


gados não têm domicílio conhecido. Referências
CARVALHO, S. Raciocínio Lógico Simplificado. Série
Resposta: Letra E Nem todos os investigados têm do- Provas e Concursos, 2010.
micilio = Existem investigados que não têm domicilio.

115
Sequências Numéricas

EXERCÍCIO COMENTADO
Definição
O diário do professor é composto pelos nomes de 1. (FCC-2016 – MODIFICADO) Determine o termo ge-
seus alunos e esses nomes obedecem a uma ordem (são
escritos em ordem alfabética). Essa lista de nomes (diá- 1 3 5 7
ral an da sequência numérica , , , , … , an
rio) pode ser considerada uma sequência. Os dias do mês 2 4 6 8
são dispostos no calendário obedecendo a certa ordem
que também é um tipo de sequência. Assim, sequências Resposta:
estão presentes no nosso dia a dia com mais frequência Mediante análise dos termos da sequência, nota-se
que você pode imaginar. que termo geral é

A definição formal de sequência é todo conjunto ou


2n − 1
an =
grupo no qual os seus elementos estão escritos em uma 2n
determinada ordem ou padrão. No estudo da matemáti-
ca estudamos obviamente, as sequências numéricas. 2. (FCC-2016) A sequência numérica 1/2, 3/4, 5/6, 7/8;...é
Ao representarmos uma sequência numérica, deve- ilimitada e criada seguindo o mesmo padrão lógico. A
mos colocar seus elementos entre parênteses. Veja al- diferença entre o 500º e o 50º termos dessa sequência
guns exemplos de sequências numéricas: é igual a:

Ex: (2,4,6,8,10,12,…) - números pares positivos. a) 0,9


Ex: (1,2,3,4,5,6,7,8,9,10,11...) - números naturais. b) 9
Ex: (10,20,30,40,50...) - números múltiplos de 10. c) 0,009
Ex: (10,15,20,30) - múltiplos de 5, maiores que 5 e me- d) 0,09
nores que 35. e) 0,0009
Pelos exemplos, observou-se dois tipos básicos de
sequências: Resposta: Letra C. 2n−1
Sequência finita: Sequência numérica onde a quanti- Utilizando o termo geral dessa sequência an =
dade dos elementos é finita. 2n
, facilmente a500 e a50 são identificados. Substituin-
Sequência infinita: Sequência que seus elementos do para n=500 e n=50, chega-se ao resultado.
seguem ao infinito.
Representação Progressão Aritmética
Em uma sequencia numérica qualquer, o primeiro
termo será representado por uma letra minúscula segui- Definição
do de sua posição na sequência. Assim, o primeiro termo As progressões aritméticas, conhecidas com “PA”, são se-
é representado por , o segundo termo é , o terceiro e quências de números, que seguem um determinado padrão.
assim por diante. Este padrão caracteriza-se pelo termo seguinte da sequência
ser o termo anterior adicionado de um valor fixo, que cha-
#FicaDica maremos de constante da PA, representado pela letra “r”.
Os exemplos a seguir ilustrarão a definição acima:
Na matemática, achar uma expressão que a) S={1,2,3,4,5…} : Esta seqüência é caracterizada por
possa descrever a sequência numérica em sempre somar o valor 1 no termo seguinte, ou seja, tra-
função da posição do termo na mesma torna- ta-se de uma PA com razão . Se , classificaremos com PA
se conveniente e necessário para se usar essa crescente.
teoria. Os exemplos a seguir exemplificam esse b) S={13,11,9,7,5…} : Também podemos ter sequên-
conceito: cias onde ao invés de somar, estaremos subtraindo um
valor fixo. Neste exemplo, o termo seguinte é o termo an-
terior subtraído 2, assim, trata-se de uma PA com razão .
Ex: (1,2,3,4,…)→Essa sequência pode ser descrita Se , classificaremos com PA decrescente.
como sendo: . Ou seja, qualquer termo da sequência é c) S={4,4,4,4,4…} : Além disso, podemos ter uma se-
exatamente o valor de sua posição. quência de valores constantes, nesse caso, é como se
estivéssemos somando 0 ao termos. Assim, se , classifica-
Ex: (5,8,11,14,…)→Essa sequência pode ser descrita remos com PA constante.
como sendo: . Ou seja, qualquer termo da sequência é o
triplo da sua posição somado 2. Termo Geral
Dado esta lógica de formação das progressões arit-
Ex: (0,3,8,15,…)→ Essa sequência pode ser descrita
MATEMÁTICA

méticas, pode-se definir o que chamamos de “expressão


como sendo: . Ou seja, qualquer termo da sequência é o do termo geral”. Trata-se de uma fórmula matemática
quadrado da sua posição subtraído 1. que relaciona dois termos de uma PA com a razão r:
Essa expressão de an é definida como expressão do
termo geral da sequência. an = ap + n − p � r , com n ∈ ℕ∗

116
Onde an e ap são termos quaisquer da PA. Essa ex- Assim, com , a1 = 2, a5 = 10 e n = 5 , podemos
pressão geral pode ser utilizada de 2 formas:
calcular a soma:
a) Sabemos um termo e a razão e queremos encon-
trar outro termo. 2 + 10 � 5 12 � 5 60
Ex: O primeiro termo da PA igual a 7 e a razão é 3, qual Sn = = = = 30
2 2 2
é o quinto termo?
Temos então a1 = 7 e r = 3 e queremos achar a5.
Ou seja, não precisamos saber nem a razão da PA
Substituindo na fórmula do termo geral, temos que p = para acharmos a soma.
1 e n = 5. Assim:
Propriedades
an = ap + n − p � r
a5 = a1 + 5 − 1 � r
As progressões aritméticas possuem algumas pro-
priedades interessantes que podem ser exploradas em
a5 = 7 + 4 � 3
provas de concursos:
a5 = 19
P1: Para três termos consecutivos de uma PA, o termo
Ou seja, o quinto termo desta PA é 19. médio é a média aritmética dos outros dois termos. Essa
propriedade é fácil de verificar com o exemplo: Vamos
b) Sabemos dois termos quaisquer e queremos obter considerar três termos consecutivos de uma PA sendo
a razão da PA. an−1, an e an+1 .Podemos afirmar a partir da fórmula
Ex: O terceiro termo da PA é 2 e o sexto é -1, qual será do termo geral que:
a razão da PA?
an = an−1 + r
Temos então a3 = 2 e a6 = −1 e queremos achar r. an = an+1 – r
Substituindo na fórmula do termo geral, temos que p = Somando as duas expressões:
3 e n = 6. Assim:

an = ap + n − p � r 2an = an−1 + r + an +1 − r
a6 = a3 + 6 − 3 � r 2an = an−1 + an + 1
−1 = 2 + 3 � r
3r = −3 O que leva a:
r = −1
an−1 + an + 1
an =
Ou seja, a razão desta PA é -1.
2

Soma dos termos P2: Termos equidistantes dos Extremos. Numa se-
Outro ponto importante de uma progressão arit- quência finita, dizemos que dois termos são equidistan-
mética é a soma dos termos. Considerando uma PA tes dos extremos se a quantidade de termos que prece-
que queremos saber a soma dos 5 primeiros termos: derem o primeiro deles for igual à quantidade de termos
S={2,4,6,8,10…}. Como são poucos termos e sabemos to- que sucederem ao outro termo. Assim, na sucessão:
dos eles, podemos simplesmente somá-los: 2+4+6+8+10
= 30. Agora, considere que você saiba apenas o primei- (a1 , a2 , a3, a4 , . . . , ap , . . . , ak , . . . , an 3 , an 2 , an 1 , an ),
ro e o quinto termo, ou seja: a1 = 2 e a5 = 10 e . − − −

Como você calcularia a soma dos 5 termos?


O jeito que você aprendeu até agora seria obter os Temos:
outros termos e a razão a partir da expressão do termo
geral, porém você teria que fazer muitas contas para che-
a2 e an 1 são termos equidistantes dos extremos;
gar ao resultado, gastando tempo. Como a PA segue um −
padrão, foi possível deduzir uma expressão que dependa a3 e an 2 são termos equidistantes dos extremos;

apenas do primeiro termo e do último: a4 e an 3 são termos equidistantes dos extremos.

a1 + an � n
MATEMÁTICA

Sn = Nota-se que sempre que dois termos são equidis-


2 tantes dos extremos, a soma dos seus índices é igual ao
valor de n + 1. Assim sendo, podemos generalizar que,
se os termos e são equidistantes dos extremos, então:
p + k = n+1

117
a15 = 10 + (15 – 1). 7
FIQUE ATENTO! a15 = 10 + 14 . 7
a15 = 10 + 98
Com as considerações anteriores, temos
que numa PA com termos, a soma de dois ter- a15 = 108
mos equidistantes dos extremos é constante e
igual a soma do primeiro termo com o último O 15° termo da progressão é 108.
termo.
2. (CONED-2016) Em uma PA com 12 termos, a soma
dos três primeiros é 12 e a soma dos dois últimos é 65. A
Ex: Sejam, numa PA de termos, ap e ak termos equi- razão dessa PA é um número:
distantes dos extremos, teremos, então: a) Múltiplo de 5
b) Primo
ap = a1 + (p – 1) � r ⇒ ap = a1 + p � r – r c) Com 3 divisores positivos
ak = a1 + (k – 1) � r ⇒ ak = a1 + k � r – r d) Igual a média geométrica entre 9 e 4
e) Igual a 4!

Somando as expressões: Resposta: Letra B.


Aplicando a fórmula do termo geral nas duas conside-
rações do enunciado, chega-se a razão igual a 3, que
ap + ak = a1 + p � r – r + a1 + k � r – r é um número primo
ap + ak = a1 + a1 + (p + k – 1 – 1) � r
Progressão Geométrica (PG)

Considerando que p + k = n + 1 , ficamos com: Definição


As progressões geométricas, conhecidas com “PG”,
ap + ak = a1 + a1 + (n + 1 – 1) � r são sequências de números, como as PA, mas seu padrão
está relacionado com a operação de multiplicação e di-
ap + ak = a1 + a1 + (n – 1) � r visão. Ou seja, o termo seguinte de uma PG é composto
ap + ak = a1 + an pelo termo anterior multiplicado por uma razão cons-
tante, que será chamada de “q”.
Os exemplos a seguir ilustrarão melhor essas definições:

a) S={2,4,8,16,32…}: Esta sequência é caracterizada por


EXERCÍCIOS COMENTADOS sempre multiplicar o termo anterior por uma razão cons-
tante, q = 2. Como os termos subseqüentes são maiores,
1. Em relação à progressão aritmética (10, 17, 24, …), de-
temos uma PG crescente (caracterizada por q>0)
termine:
1 1 1
b) S = {9,3,1, 3 , 9 , 27 … }: Esta sequência é ca-
a) o termo geral dessa PA;
b) o seu 15° termo;
racterizada por sempre multiplicar o termo anterior por
1
Resposta: uma razão constante q = , ou seja, estar sendo dividi-
3
da sempre por 3. Assim, como os termos subseqüentes
a) Para encontrar o termo geral da progressão aritmé-
tica, devemos, primeiramente, determinar a razão r: são menores, temos uma PG decrescente (caracterizada
r = a2 – a1
r = 17 – 10 por a1 > 0 e 0 < q < 1 ).
r=7
c) S={-1,-2,-4,-8 ,-16,…}: Esta sequência é caracteri-
zada por sempre multiplicar o termo anterior por uma
A razão é 7, e o primeiro termo da progressão (a1) é 10.
constante q=-2. Assim, como os termos subseqüentes
Através da fórmula do termo geral da PA, temos:
são menores, temos outro caso de PG decrescente (ca-
an = a1 + (n – 1). r
racterizada por a1 < 0 e q > 1 ).
an = 10 + (n – 1). 7
d) S={1,-4,16,-64,256…}: Esta sequência mostra al-
Portanto, o termo geral da progressão é dado por an =
ternância de sinal entre os termos. A razão neste caso é
10 + (n – 1). 7.
q=-4 e quando isto ocorre, definimos como PG alterna-
MATEMÁTICA

da. (caracterizada por q < 0 ).


b) Como já encontramos a fórmula do termo geral,
vamos utilizá-la para encontrar o 15° termo. Tendo em e) S={5,5,5,5,5,5,…}: Esta sequência possui termos
vista que n = 15, temos então: constantes e é caracterizada por ter uma razão q=1. Nes-
an = 10 + (n – 1). 7 te caso, é definido o que chamamos de PG constante.

118
Soma finita dos termos
FIQUE ATENTO! Seguindo o mesmo princípio da PA, temos na PG a so-
Atenção as definições de PG decrescen- matória dos “n” primeiros termos também. Uma fórmula
te e PG alternada, muitos alunos se confundem foi deduzida e está apresentada a seguir:
e dizem que PG decrescente ocorre quando ,
em uma analogia a PA. a1 � qn − 1
Sn =
q−1
Termo Geral
O ponto interessante desta fórmula é que ela depende
Dado esta lógica de formação das progressões geo- apenas da razão e do primeiro termo, sem a necessidade
métricas, podemos também definir a “expressão do ter- de obter o termo . Caso você tenha qualquer outro termo
mo geral”. Trata-se de uma fórmula matemática que rela- e a razão q, você obtém primeiramente o primeiro termo
ciona dois termos de uma PG com a razão q: com a fórmula do termo geral e depois obtém a soma. O
exemplo a seguir ilustra isso:
Exemplo: Calcule a soma dos quatro primeiros temos
an = ap � qn−p , n ∈ ℕ∗ , q ∈ ℝ
de uma PG, com q = 3 e a2 = 12

Onde an e ap são termos quaisquer da PG. Essa ex- Resolução: Para aplicar a fórmula da soma, é necessá-
pressão geral pode ser utilizada de 2 formas: rio obter o primeiro termo da PG. Usando o termo geral
(com n=2 e p=1):
a) Sabemos um termo e a razão e queremos encon-
trar outro termo. Exemplo: O primeiro termo da PG igual
a 5 e a razão é 2, qual é o quarto termo? an = ap � qn−p
a2 = a1 � q2−1
Resolução: Temos então a1 = 5 e q = 2 e quere-
12 = a1 � 31
mos achar a4 . Substituindo na fórmula do termo geral,
a1 = 4
temos que p = 1 e n = 4. Assim:

an = ap � qn−p Com o primeiro termo obtido, podemos encontrar a


somatória (com n=4):
a4 = a1 � q4−1
a4 = 5 � 23 a1 qn − 1
Sn =
a4 = 5 � 8 = 40 q−1

Ou seja, o quarto termo desta PG é 40. a1 q4 − 1


S4 =
q−1
b) Sabemos dois termos quaisquer e queremos obter a
razão da PG. Exemplo: O segundo termo da PG é 3 e o quar- 4 34 − 1
to é 1/3, qual será a razão da PG, sabendo que q < 0 ? S4 =
3−1
1
Resolução: Temos então a2 = 3 e a4 = 3 e que-
4 � 343 − 1
remos achar q. Substituindo na fórmula do termo geral, S4 = = 2 � 342 = 684
2
temos que p = 2 e n = 4. Assim:
Assim, a soma dos primeiros quatro termos desta PG
an = ap � qn−p é igual a 684.
a4 = a2 � q4−2
Soma da PG infinita
1
= 3 � q2
3 Além da soma dos “n” primeiros termos, as progres-
1 sões geométricas possuem uma particularidade. Para PG
q2 = com , ou seja, para PG decrescentes ou alternadas, pode-
9 mos definir a “soma da PG infinita”. Em outras palavras,
se tivermos uma PG com infinitos termos com q < 1 ,
MATEMÁTICA

podemos obter a somar todos eles e obter um valor finito.


A fórmula da PG infinita é apresentada a seguir:
a1
S∞ =
Como q < 0 , temos que a razão dessa PG é -1/3. 1−q

119
Lógica sentencial (ou proposicional)
#FicaDica As sequências lógicas aparecem com frequências nas
A fórmula é bem simples e como na fórmula da provas de concurso. São vários tipos: números, letras,
soma dos “n” primeiros termos, temos depen- figuras, baralhos, dominós e como é um assunto mui-
dência apenas do primeiro termo e da razão. to abrangente, e pode ser pedido de qualquer forma, o
que ajudará nos estudos serão as práticas de exercícios
e algumas dicas que darei. Em cada exemplo, darei al-
Exemplo: Calcule a soma infinita da seguinte PG: gumas dicas para toda vez que você visualizar esse tipo
de questão já ajude a analisar que tipo será. Vamos lá?
1 1 1 1 1
S = {1, , , , , ,…�
2 4 8 16 32 1. Sequência de Números

Resolução: Como se trata de uma PG decrescente Pode ser feita por soma, subtração, divisão, multipli-
1 cação.
com a1 = 1 e q = , ela atende aos requisitos da soma Mas lembre-se, se estamos falando de SEQUÊNCIA,
2
infinita: Substituindo na fórmula: ela vai seguir um padrão, basta você achar esse padrão,
alguns serão mais difíceis, outro beeem fácil e não se as-
a1 suste se achar rápido, não terá uma “PEGADINHA”, será
S∞ = isso e ponto.
1−q
Vamos ver alguns tipos de sequências:
1 -Progressão Aritmética
S∞ =
1 2 5 8 11
1−2

2. Progressão aritmética sempre terá a mesma ra-


1 zão.
S∞ = =2
1
2 No nosso exemplo, a razão é 3, pois para cada núme-
ro seguinte, temos que somar 3.
Ou seja, a soma dos termos desta PG infinita vale 2.
-Progressão Geométrica
9 18 36 72
EXERCÍCIO COMENTADO
3. E agora para essa nova sequência?
1. (FUNAI – CONHECIMENTOS GERAIS – Se somarmos 9, não teremos uma sequência, então
ESAF/2016) O limite da série infinita S de razão 1/3, não é soma.
1 1 é: O próximo que tentamos é a multiplicação,9x2=18
S = 9 + 3 + 1 + + + ⋯) 18x2=36
3 9
36x2=72
a) 13,444... Opa, deu certo?
b) 13,5 Progressão geométrica de razão 2.
c) 13,666...
d) 13,6 -Incremento em Progressão
e) 14 1 2 4 7

Resposta: Letra B. a1 Observe que estamos somando 1 a mais para cada


Aplicando a fórmula da PG infinita S∞ = , che- número.
1−q
ga-se na resposta. 1=1=2
2+2=4
2. Determine o valor do sexto termo da seguinte pro-
4+3=7
gressão geométrica (1, 2, 4, 8, ...).
-Série de Fibonacci
Resposta: a6 = 32
1 1 2 3 5 8 13
Nota-se que a razão da progressão geométrica é igual
a 2. Então, tem-se que: Cada termo é igual à soma dos dois anteriores.
MATEMÁTICA

an = ap � qn−p -Números Primos


a6 = a1 � q6−1 2 3 5 7 11 13 17
Naturais que possuem apenas dois divisores naturais.
a6 = 1 � 25 = 32

120
-Quadrados Perfeitos Resposta: Letra A.
1 4 9 16 25 36 49 Primeiro tentamos número de sílabas ou letras.
Números naturais cujas raízes são naturais. Letras já não deu certo.
Galo=4
Exemplo 1 Pato=4
Carneiro=8
(UFPB – ADMINISTRADOR – IDECAN/2016) Consi- Cobra=4
dere a sequência numérica a seguir: Jacaré=6
3, 6, 3, 3, 2, 5/3, 11/9. . . Não tem um padrão
Sabendo-se que essa sequência obedece uma regra de Número de sílabas
formação a partir do terceiro termo, então o denomina- Está dividido em 2 e 3 e sem padrões
dor do próximo termo da sequência é: Começadas com as letras dos meses?não...
Difícil...
a) 9. São animais, então:
b) 11. Galo e pato são aves
c) 26. Cobra e jacaré são répteis
d) 27. O carneiro é mamífero, se estão aos pares, devemos
procurar outro mamífero que no caso é o boi
Resposta: Letra D. Resposta: A.
Quando há uma sequência que não parece progres-
são aritmética ou geométrica, devemos “apelar” para 2. (IBGE - TÉCNICO EM INFORMAÇÕES GEOGRÁ-
soma os dois anteriores, soma 1, e assim por diante. FICAS E ESTATÍSTICAS – FGV/2016) Considere a se-
No caso se somarmos os dois primeiros para dar o quência infinita
terceiro: 3+6=9 IBGEGBIBGEGBIBGEG...
Para dar 3, devemos dividir por 3: 9/3=3 A 2016ª e a 2017ª letras dessa sequência são, respecti-
Vamos ver se ficará certo com o restante vamente:
6+3=9
9/3=3 a) BG;
3+2=5 b) GE;
5/3 c) EG;
Opa...parece que deu certo d) GB;
e) BI.
Então:
Resposta: Letra E.
É uma sequência com 6
Cada letra equivale a sequência
I=1
B=2
G=3
E=4
G=5
3. Sequência de Letras B=0
2016/6=336 resta 0
Sobre a sequência de Letras, fica um pouco mais difí- 2017/6=336 resta 1
cil de falar, pois podem ser de vários tipos.
Às vezes temos que substituir por números, outras Portanto, 2016 será a letra B, pois resta 0, será equiva-
analisar o padrão de como aparecem. Vamos ver uns lente a última letra
exemplos? E 2017 será a letra I, pois resta 1 e é igual a primeira
letra.
Exemplos
4. Sequência de Figuras
1. (AGERIO – ANALISTA DE DESENVOLVIMENTO –
FDC/2015) Considerando a sequência de vocábulos: Do mesmo modo que a sequência de letras, é um
galo - pato - carneiro - X - cobra – jacaré tema abrangente, pois a banca pode pedir a figura que
A alternativa lógica que substitui X é: convém.

a) boi
MATEMÁTICA

b) siri
c) sapo
d) besouro
e) gaivota

121
Exemplo Resposta: Letra C.
Os termos tem uma sequência começando por 2²+1
1. (FACEPE – Assistente em Gestão de Ciência e Tec- Portanto, para sabermos o 12º termo, fazemos
nologia – UPENET/2015) Assinale a alternativa que con- 213+1=8193
tém a próxima figura da sequência.
02. (DESENBAHIA – Técnico Escriturário - INSTITUTO
AOCP/2017) Uma máquina foi programada para distri-
buir senhas para atendimento em uma agência bancária
alternando algarismos e letras do alfabeto latino, no qual
estão inclusas as letras K, W e Y, sendo a primeira senha
(A) o número 2, a segunda a letra A, e sucessivamente na
seguinte forma: (2; A; 5; B; 8; C; ...). Com base nas infor-
mações mencionadas, é correto afirmar que a 51ª e a 52ª
senhas, respectivamente, são:

a) 69 e Z.
(B) b) 90 e Y.
c) T e 88.
d) 77 e Z.
e) Y e 100.
(C) Resposta: Letra D
A 51ª senha segue a sequência ímpar que são: (2, 5, 8,...)
51/2=25 e somamos 1, para saber qual posição ocu-
pará na sequência. Portanto será a 26
A26=a1+25r
A26=2+25⋅3
(D) A26=2+75=77

A 52ª senha ocupará a posição 26 também, mas na


sequência par, ou seja, a 26ª letra do alfabeto que é
a letra Z.
(E) 03. (TJ/RS - TÉCNICO JUDICIÁRIO –
FAURGS/2017) Na figura abaixo, encontram-se repre-
sentadas três etapas da construção de uma sequência
elaborada a partir de um triângulo equilátero.

Resposta: Letra B.
Primeiro risco vai na parte de baixo, depois do lado
E depois 2 riscos e assim por diante.
Então nossa figura terá que ter 3 riscos, mas a B ou D?
É a B, pois o risco de cima, tem que ser o maior de
todos.
Na etapa 1, marcam-se os pontos médios dos lados do
triângulo equilátero e retira-se o triângulo com vértices
nesses pontos médios, obtendo-se os triângulos pre-
EXERCÍCIO COMENTADO
tos. Na etapa 2, marcam-se os pontos médios dos lados
dos triângulos pretos obtidos na etapa 1 e retiram-se os
01. ( TRE/RJ - TÉCNICO JUDICIÁRIO - OPERAÇÃO triângulos com vértices nesses pontos médios, obtendo-
DE COMPUTADORES – CONSULPLAN/2017) Os ter- -se um novo conjunto de triângulos pretos. A etapa 3 e
mos de uma determinada sequência foram sucessiva- as seguintes mantêm esse padrão de construção.
mente obtidos seguindo um determinado padrão: Mantido o padrão de construção acima descrito, o nú-
(5, 9, 17, 33, 65, 129...) mero de triângulos pretos existentes na etapa 7 é
O décimo segundo termo da sequência anterior é um
número a) 729.
MATEMÁTICA

b) 1.024.
a) menor que 8.000. c) 2.187.
b) maior que 10.000. d) 4.096.
c) compreendido entre 8.100 e 9.000. e) 6.561.
d) compreendido entre 9.000 e 10.000.

122
Resposta: Letra C 07. (IF/PE – Técnico em Eletrotécnica – IFPE/0217)
Considere a seguinte sequência de figuras formadas por
É uma PG de razão 3 e o a1 também é 3. círculos:

04. (SESAU/RO – ENFERMEIRO – FUNRIO/2017) Ob- Continuando a sequência de maneira a manter o mesmo
serve a sequência: 43, 46, 50, 55, 61, ... padrão geométrico, o número de círculos da Figura 18 é:
O próximo termo é o:
a) 334.
a) 65.
b) 314.
b) 66.
c) 342.
c) 67.
d) 324.
d) 68.
e) 69. e) 316.

Resposta: Letra D. Resposta: Letra D.


Observe que de 43 para 46 são 3 Figura 1:1
50-46=4 Figura 2:4
55-50=5 Figura 3:9
61-55=6 Figura 4:16
Portanto, o próximo será somando 7 O número de círculos é o quadrado da posição
61+7=68 Figura 18: 18²=324

05. (TRT 24ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – 08. (CODEBA – GUARDA PORTUÁRIO – FGV/2016)
FCC/2017) Na sequência 1A3E; 5I7O; 9U11A; 13E15I; Para passar o tempo, um candidato do concurso escre-
17O19U; 21A23E; . . ., o 12° termo é formado por algaris- veu a sigla CODEBA por sucessivas vezes, uma após a
mos e pelas letras outra, formando a sequência:
C O D E B A C O D E B A C O D E B A C O D ...
a) EI. A 500ª letra que esse candidato escreveu foi:
b) UA.
c) OA. a) O
d) IO. b) D
e) AE. c) E
d) B
Resposta: Letra D. e) A
A partir do 5º termo começa a repetir as letras, por-
tanto: Resposta: Letra A.
12/5=2 e resta 2
É uma sequência com 6 letras:
Assim, será igual ao segundo termo, IO.
500/6=83 e resta 2
C=1
06. (EBSERH – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO –
O=2
IBFC/2017) Considerando a sequência de figuras @, %
, &, # , @, %, &, #,..., podemos dizer que a figura que D=3
estará na 117ª posição será: E=4
B=5
a) @ A=0
b) % Como restaram 2, então será igual a O.
c) &
d) # 09. (MPE/SP – OFICIAL DE PROMOTORIA I – VU-
e) $ NESP/2016) A sequência ((3, 5); (3, 3, 3); (5; 5); (3, 3,
5); ...) tem como termos sequências contendo apenas
Resposta: Letra A. os números 3 ou 5. Dentro da lógica de formação da
117/4=29 e resta 1 sequência, cada termo, que também é uma sequência,
MATEMÁTICA

Portanto, é igual a figura 1 @ deve ter o menor número de elementos possível. Dessa
forma, o número de elementos contidos no décimo oi-
tavo termo é igual a:

123
a) 5.
b) 4.
c) 6.
HORA DE PRATICAR!
d) 7.
e) 8. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE –
2016) Julgue os itens a seguir, relativos a raciocínio lógi-
Resposta: Letra A. co e operações com conjuntos.
Vamos somar os números:
3+5=8 1. A sentença “Bruna, acesse a Internet e verifique a data
3+3+3=9 da aposentadoria do Sr. Carlos!” é uma proposição com-
5+5=10 posta que pode ser escrita na forma p ∧ q.
3+3+5=11
( )CERTO ( )ERRADO
Observe que
os termos formam uma PA de razão 1. 2. Para quaisquer proposições p e q, com valores lógicos
a18=? quaisquer, a condicional p ⇒ (q ⇒ p) será, sempre, uma
a18=a1+17r tautologia.
a18=8+17
( )CERTO ( )ERRADO
a18=25
Para dar 25, com o menor número de elementos pos-
3. Caso a proposição simples “Aposentados são idosos” te-
síveis, devemos ter (5,5,5,5,5)
nha valor lógico falso, então o valor lógico da proposição
“Aposentados são idosos, logo eles devem repousar” será
10. (CODAR – RECEPCIONISTA – EXATUS/2016) A
falso.
sequência numérica (99; 103; 96; 100; 93; 97; ...) possui
determinada lógica em sua formação. O número corres- ( )CERTO ( )ERRADO
pondente ao décimo elemento dessa sequência é:
4. Dadas as proposições simples p: “Sou aposentado” e
a) 91 q: “Nunca faltei ao trabalho”, a proposição composta “Se
b) 88. sou aposentado e nunca faltei ao trabalho, então não sou
c) 87 aposentado” deverá ser escrita na forma (p ∧ q) ⇒ ~p,
d) 84 usando-se os conectivos lógicos.

Resposta: Letra A. ( )CERTO ( )ERRADO


A princípio, queremos ver a sequência com os termos
seguidos mesmo, o que seria: 5. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CES-
99+4=103 PE – 2008) Proposições são sentenças que po-
103-7=96 dem ser julgadas como verdadeiras ou falsas,
96+4=100 mas não admitem ambos os julgamentos. A esse
100-7=93 respeito, considere que A represente a proposição
Alternando essa sequência, mas se conseguirmos vi- simples “É dever do servidor apresentar-se ao tra-
sualizar uma outra maneira, ficará mais fácil. balho com vestimentas adequadas ao exercício da
Observe que os termos ímpares (a1,a3,a5...)formam função”, e que B represente a proposição simples “É
uma PA de razão r=-3 permitido ao servidor que presta atendimento ao
Os termos pares (a2,a4,a6..) formam uma PA de razão público solicitar dos que o procuram ajuda finan-
também r=-3 ceira para realizar o cumprimento de sua missão”.
Como a10 é par, devemos tomar como base a sequên- Considerando as proposições A e B acima, jul-
cia par, mas para isso, vamos lembrar que se estamos gue os itens subsequentes, com respeito ao Có-
tratando apenas dela, a10=a5 digo de Ética Profissional do Servidor Públi-
Pois, devemos transformar o a2 em a1 e assim por co Civil do Poder Executivo Federal e às regras
diante. inerentes ao raciocínio lógico. A proposição composta
A5=a1+4r “Se A então B” é necessariamente verdadeira.
A5=103-12
A5=31
( )CERTO ( )ERRADO
6. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CESPE
RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS. – 2016) Na lógica proposicional, a oração “Antônio fuma
10 cigarros por dia, logo a probabilidade de ele sofrer
um infarto é três vezes maior que a de Pedro, que é não
MATEMÁTICA

fumante” representa uma proposição composta.


“Prezado Candidato, o tópico acima foi abordado no
decorrer da matéria”
( )CERTO ( )ERRADO

124
7. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CESPE – tão contempladas na tabela a seguir, em que cada célula,
2016) Supondo-se que p seja a proposição simples “João correspondente ao cruzamento de uma linha com uma
é fumante”, que q seja a proposição simples “João não coluna, foi preenchida com V (verdadeiro) no caso de a
é saudável” e que p ⇒ q, então o valor lógico da pro- servidora listada na linha ter tomado a atitude represen-
posição “João não é fumante, logo ele é saudável” será tada na coluna, ou com F (falso), caso contrário.
verdadeiro.

( )CERTO ( )ERRADO

Texto para as questões de 8 a 10

Proposições são sentenças que podem ser julgadas como


verdadeiras — V — ou falsas — F —, mas não como am-
bas. Se P e Q são proposições, então a proposição “Se P Com base nessas informações, julgue os itens seguintes.
então Q”, denotada por PÚQ, terá valor lógico F quando
P for V e Q for F, e, nos demais casos, será V. Uma expres- ( )CERTO ( )ERRADO
são da forma ¬P, a negação da proposição P, terá valores
lógicos contrários aos de P. P∨Q, lida como “P ou Q”, terá 10. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CESPE
valor lógico F quando P e Q forem, ambas, F; nos demais – 2008) Se P for a proposição “Rejane alterou texto de
casos, será V. documento oficial que deveria apenas ser encaminhado
para providências” e Q for a proposição “Renata buscou
Considere as proposições simples e compostas apresen- evitar situações procrastinatórias”, então a proposição
tadas abaixo, denotadas por A, B e C, que podem ou não P→Q tem valor lógico V.
estar de acordo com o artigo 5.º da Constituição Federal.
A: A prática do racismo é crime afiançável. ( )CERTO ( )ERRADO
B: A defesa do consumidor deve ser promovida pelo Es-
tado. (EBSERH – ÁREAS MÉDICAS – CESPE – 2018) Uma
C: Todo cidadão estrangeiro que cometer crime político pesquisa revelou características da população de uma
em território brasileiro será extraditado. pequena comunidade composta apenas por casais e
seus filhos. Todos os casais dessa comunidade são ele-
De acordo com as valorações V ou F atribuídas correta- mentos do conjunto A∪B∪C, em que
mente às proposições A, B e C, a partir da Constituição A = {casais com pelo menos um filho com mais de 20
Federal, julgue os itens a seguir. anos de idade};
B = {casais com pelo menos um filho com menos de 10
8. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CESPE anos de idade};
– 2008) Para a simbolização apresentada acima e seus C = {casais com pelo menos 4 filhos}.
correspondentes valores lógicos, a proposição B→C é V.
Considerando que n(P) indique a quantidade de elemen-
( )CERTO ( )ERRADO tos de um conjunto P, suponha que n(A) = 18; n(B) =
20; n(C) = 25; n(A∩B) = 13; n(A∩C) = 11; n(B∩C) = 12 e
9. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CESPE n(A∩B∩C) = 8. O diagrama a seguir mostra essas quanti-
– 2008) De acordo com a notação apresentada acima, é dades de elementos.
correto afirmar que a proposição (¬A)∨(¬C) tem valor
lógico F.
( )CERTO ( )ERRADO

Roberta, Rejane e Renata são servidoras de um mesmo


órgão público do Poder Executivo Federal. Em um trei-
namento, ao lidar com certa situação, observou-se que
cada uma delas tomou uma das seguintes atitudes:
A1: deixou de utilizar avanços técnicos e científicos que
estavam ao seu alcance;
A2: alterou texto de documento oficial que deveria ape-
nas ser encaminhado para providências;
A3: buscou evitar situações procrastinatórias. Cada uma
dessas atitudes, que pode ou não estar de acordo com
MATEMÁTICA

o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil


do Poder Executivo Federal (CEP), foi tomada por exa-
tamente uma das servidoras. Além disso, sabe-se que a
servidora Renata tomou a atitude A3 e que a servidora
Roberta não tomou a atitude A1. Essas informações es-

125
11. Com base nas informações e no diagrama precedentes, julgue o item a seguir.
Pelo menos 30 casais dessa comunidade têm 2 ou mais filhos.

( )CERTO ( )ERRADO

12. Com base nas informações e no diagrama precedentes, julgue o item a seguir.
Se um casal dessa comunidade for escolhido ao acaso, então a probabilidade de ele ter menos de 4 filhos será superior
a 0,3.

( )CERTO ( )ERRADO

13. Com base nas informações e no diagrama precedentes, julgue o item a seguir.
A referida comunidade é formada por menos de 180 pessoas.

( )CERTO ( )ERRADO

14. (EBSERH – TÉCNICO EM RADIOLOGIA – CESPE – 2018) Considere as seguintes proposições: P: O paciente re-
ceberá alta; Q: O paciente receberá medicação; R: O paciente receberá visitas.
Tendo como referência essas proposições, julgue o item a seguir, considerando que a notação ~S significa a negação
da proposição S.
Se, em uma unidade hospitalar, houver os seguintes conjuntos de pacientes: A = {pacientes que receberão alta}; B =
{pacientes que receberão medicação} e C = {pacientes que receberão visitas}; se, para os pacientes dessa unidade hos-
pitalar, a proposição ~P→[Q∨R] for verdadeira; e se Ac foro conjunto complementar de A, então Ac⊂B∪C.

( )CERTO ( )ERRADO

15. (TRF 1ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – CESPE – 2017) Em uma reunião de colegiado, após a aprovação de
uma matéria polêmica pelo placar de 6 votos a favor e 5 contra, um dos 11 presentes fez a seguinte afirmação: “Basta
um de nós mudar de ideia e a decisão será totalmente modificada.”
Considerando a situação apresentada e a proposição correspondente à afirmação feita, julgue o próximo item.
Se A for o conjunto dos presentes que votaram a favor e B for o conjunto dos presentes que votaram contra, então o
conjunto diferença A\B terá exatamente um elemento.

( )CERTO ( )ERRADO

16. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016) Se A, B e C forem conjuntos quaisquer tais que A, B ⊂
C, então (C \ A) ∩ (A ∪ B) = C ∩ B.

( )CERTO ( )ERRADO

A Guia da Previdência Social (GPS), cujo modelo é apresentado abaixo, é o documento hábil para o recolhimento das
contribuições sociais dos contribuintes individuais da previdência social.
MATEMÁTICA

126
Os prazos para recolhimento das contribuições previden- 21. (CPRM – TÉCNICO EM GEOCIÊNCIAS – CESPE –
ciárias em GPS são: 2016) A represa X, que abastece de água determinada
• até o dia 15 do mês seguinte àquele a que as contri- cidade, tem capacidade para 480 milhões de metros cú-
buições se referirem, prorrogando-se o vencimento para bicos de água.
o dia útil subsequente quando não houver expediente Se, em determinado dia, a água contida na represa X re-
bancário, para os contribuintes individuais, facultativos e presentava 35% de sua capacidade máxima, então, nesse
domésticos; dia, havia na represa
• até o dia 20 de dezembro, antecipando-se o vencimen-
to para o dia útil imediatamente anterior, quando não a) 168 milhões de litros de água.
houver expediente bancário, para as contribuições inci- b) 312 milhões de litros de água.
dentes sobre o 13.º salário. c) 384 mil litros de água.
d) 312 mil litros de água.
17. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE e) 168 bilhões de litros de água.
– 2003) Considerando que o “VALOR DO INSS” constan-
te na GPS acima corresponda a 19,65% do salário-de- 22. (ABIN – AGENTE DE INTELIGÊNCIA – CESPE –
-contribuição de um empregado doméstico, é correto 2018) As seguintes proposições lógicas formam um con-
concluir que esse empregado recebe um salário mensal junto de premissas de um argumento:
superior a R$ 340,00. • Se Pedro não é músico, então André é servidor da ABIN.
• Se André é servidor da ABIN, então Carlos não é um
( ) CERTO ( ) ERRADO espião.
• Carlos é um espião.
18. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE –
2003) A GPS acima foi gerada após 15/2/2003 e o valor A partir dessas premissas, julgue o item a seguir, acerca
relativo ao campo “ATM/MULTA E JUROS” corresponde a de lógica de argumentação.
mais de 4% do “VALOR DO INSS”. Se a proposição lógica “Pedro é músico.” for a conclusão
desse argumento, então, as premissas juntamente com
( ) CERTO ( ) ERRADO essa conclusão constituem um argumento válido.

19. (IFF – Técnico Administrativo – CESPE – 2018) A ( ) CERTO ( ) ERRADO


quantia de R$ 360.000 deverá ser repassada às escolas A,
B e C para complemento da merenda escolar. A distribui- 23. (TRT 7ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – CES-
ção será em partes diretamente proporcionais às quanti- PE – 2017) Texto CB1A5BBB – Argumento formado pelas
dades de alunos de cada escola. Sabe-se que a escola A premissas (ou proposições) P1 e P2 e pela conclusão C
tem 20% a mais de alunos que a escola B e que a escola P1: Se eu assino o relatório, sou responsável por todo
C tem 20% a menos de alunos que a escola B. Nesse caso, o seu conteúdo, mesmo que tenha escrito apenas uma
a escola A deverá receber parte.
P2: Se sou responsável pelo relatório e surge um proble-
a) R$ 140.000. ma em seu conteúdo, sou demitido.
b) R$ 144.000. C: Logo, escrevo apenas uma parte do relatório, mas sou
c) R$ 168.000. demitido.
d) R$ 192.000.
e) R$ 216.000.
O argumento apresentado no texto CB1A5BBB se tor-
naria válido do ponto de vista da lógica sentencial, se,
20. (FUB – ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO –
além das premissas P1 e P2, a ele fosse acrescentada a
CESPE – 2016) Diariamente, o tempo médio gasto pelos
proposição.
servidores de determinado departamento para executar
a) Não sou demitido ou não escrevo uma parte do rela-
suas tarefas é diretamente proporcional à quantidade de
tório.
tarefas executadas e inversamente proporcional à sua
produtividade individual diária P. b) Sou responsável apenas pela parte que escrevi do re-
Com base nessas informações, julgue o item a seguir. latório.
Considere que na terça-feira a quantidade de tarefas a c) Eu escrevo apenas uma parte do relatório, assino o re-
serem executadas por um servidor correspondia a 50% latório e surge um problema em seu conteúdo.
a mais do que a quantidade de tarefas executadas no d) Se não escrevo nenhuma parte do relatório, não sou
dia anterior. Nesse caso, para que o servidor concluís- demitido.
se seu trabalho da terça-feira no mesmo tempo gasto
para concluí-lo na segunda-feira, a sua produtividade na
terça-feira deveria aumentar em 50% em relação à pro-
dutividade da segunda-feira.
MATEMÁTICA

( ) CERTO ( ) ERRADO

127
24. (TRF 1ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE 27. (PC-MA – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2018)
– 2017) Texto CB2A6BBB Proposição CG1A5AAA
A maior prova de honestidade que realmente posso dar A qualidade da educação dos jovens sobe ou a sensação
neste momento é dizer que continuarei sendo o cidadão de segurança da sociedade diminui.
desonesto que sempre fui. Assinale a opção que apresenta uma proposição equiva-
lente à proposição CG1A5AAA.
Considerando o texto CB2A6BBB, julgue o item seguinte,
concernente à argumentação e aos tipos de argumentos. a) Se a qualidade da educação dos jovens não sobe, en-
Verifica-se a ocorrência de falácia no argumento da frase. tão a sensação de segurança da sociedade diminui.
b) Se qualidade da educação dos jovens sobe, então a
sensação de segurança da sociedade diminui.
( ) CERTO ( ) ERRADO
c) Se a qualidade da educação dos jovens não sobe, en-
tão a sensação de segurança da sociedade não dimi-
25. (TRF 1ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE
nui.
– 2017) Texto CB2A6BBB
d) Se a sensação de segurança da sociedade diminui, en-
A maior prova de honestidade que realmente posso dar tão a qualidade da educação dos jovens sobe.
neste momento é dizer que continuarei sendo o cidadão e) Se a sensação de segurança da sociedade não diminui,
desonesto que sempre fui. então a qualidade da educação dos jovens não sobe.
Considerando o texto CB2A6BBB, julgue o item seguinte, 28. (TRF 1ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – CES-
concernente à argumentação e aos tipos de argumentos. PE – 2017) Em uma reunião de colegiado, após a apro-
Pode-se inferir da frase que a maior parte dos cidadãos é vação de uma matéria polêmica pelo placar de 6 votos
corrupta e que, portanto, a sociedade é corrupta em sua a favor e 5 contra, um dos 11 presentes fez a seguinte
totalidade. afirmação: “Basta um de nós mudar de ideia e a decisão
será totalmente modificada.”
( ) CERTO ( ) ERRADO Considerando a situação apresentada e a proposição
correspondente à afirmação feita, julgue o próximo item.
26. (SERES-PE – AGENTE DE SEGURANÇA PENITEN-
CIÁRIA – CESPE – 2017) De uma urna que continha 20 A proposição é equivalente, sob o ponto de vista da ló-
bolas idênticas, identificadas por números de 1 a 20, foi gica sentencial, à proposição “Desde que um membro
extraída aleatoriamente uma bola. Esse evento define o mude de ideia, a decisão será totalmente modificada”.
espaço amostral Ω = {1, 2, 3, ..., 20}. Considere os seguin-
tes eventos: A = {a bola retirada da urna é identificada ( ) CERTO ( ) ERRADO
por um número múltiplo de 4}; B = {a bola retirada da
urna é identificada por um número múltiplo de 5}. A par- 29. (TRT 7ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – CES-
tir das probabilidades P(A), P(B) e P(A∪B) — que são, PE – 2017) Texto CB1A5AAA – Proposição P
respectivamente, as probabilidades de os eventos A, B A empresa alegou ter pago suas obrigações previdenciá-
e A∪B ocorrerem —, considere o argumento formado rias, mas não apresentou os comprovantes de pagamen-
pelas premissas P1 e P2 e pela conclusão C, em que to; o juiz julgou, pois, procedente a ação movida pelo
ex-empregado.
Assinale a opção que apresenta uma proposição equiva-
lente, sob o ponto de vista da lógica sentencial, à propo-
sição P do texto CB1A5AAA.

a) A empresa alegou ter pago suas obrigações previden-


ciárias, mas não apresentou os comprovantes de pa-
gamento, ou o juiz julgou procedente a ação movida
Com base nessas informações, assinale a opção correta. pelo ex-empregado.
b) Se o juiz julgou procedente a ação movida pelo ex-
a) A premissa P1 é uma proposição verdadeira, e a con- -empregado, então a empresa alegou ter pago suas
clusão C é uma proposição falsa. obrigações previdenciárias, mas não apresentou os
b) A premissa P2 e a conclusão C são proposições ver- comprovantes de pagamento.
dadeiras. c) Se a empresa alegou ter pago suas obrigações previ-
c) A conclusão C é falsa, mas o argumento é válido. denciárias, mas não apresentou os comprovantes de
d) A premissa P1 é falsa e o argumento não é válido. pagamento, então o juiz julgou procedente a ação
e) A premissa P1 e a conclusão C são proposições verda- movida pelo ex-empregado.
deiras e o argumento é válido. d) A empresa alegou ter pago suas obrigações previden-
ciárias, mas não apresentou os comprovantes de pa-
MATEMÁTICA

gamento, mas o juiz julgou procedente a ação movida


pelo ex-empregado.

128
30. (CORPO DE BOMBEIROS – MILITAR-AL – SOL- 34. (SERES-PE – AGENTE DE SEGURANÇA PENITEN-
DADO COMBATENTE – CESPE – 2018) A proposição: CIÁRIA – CESPE – 2017) Assinale a opção que corres-
“Se determinado candidato foi aprovado nas provas ob- ponde a uma negativa da seguinte proposição: “Se nas
jetivas do concurso e no curso de formação de praças, cidades medievais não havia lugares próprios para o tea-
ele se tornou soldado combatente do corpo de bombei- tro e as apresentações eram realizadas em igrejas e cas-
ros local.” é equivalente à seguinte proposição: “Se de- telos, então a maior parte da população não era excluída
terminado candidato não se tornou soldado combatente dos espetáculos teatrais”.
do corpo de bombeiros local, então ele foi reprovado nas
provas objetivas do concurso e no curso de formação de a) Nas cidades medievais havia lugares próprios para o
praças.” teatro ou as apresentações eram realizadas em igrejas
e castelos e a maior parte da população era excluída
( ) CERTO ( ) ERRADO dos espetáculos teatrais.
b) Se a maior parte da população das cidades medievais
31. (CORPO DE BOMBEIROS – MILITAR-AL – OFI- era excluída dos espetáculos teatrais, então havia lu-
CIAL COMBATENTE – CESPE – 2018) A respeito de gares próprios para o teatro e as apresentações eram
proposições lógicas, julgue os itens a seguir. Considere realizadas em igrejas e castelos.
que P e Q sejam as seguintes proposições: c) Se nas cidades medievais havia lugares próprios para
P: Se a humanidade não diminuir a produção de material o teatro e as apresentações não eram realizadas em
plástico ou não encontrar uma solução para o problema igrejas e castelos, então a maior parte da população
do lixo desse material, então o acúmulo de plástico no era excluída dos espetáculos teatrais.
meio ambiente irá degradar a vida no planeta. d) Se nas cidades medievais havia lugares próprios para o
Q: A humanidade diminui a produção de material plásti- teatro ou as apresentações eram realizadas em igrejas
co e encontra uma solução para o problema do lixo desse e castelos, então a maior parte da população era ex-
material ou o acúmulo de plástico no meio ambiente de- cluída dos espetáculos teatrais.
gradará a vida no planeta. e) Nas cidades medievais não havia lugares próprios para
Nesse caso, é correto afirmar que as proposições P e Q o teatro, as apresentações eram realizadas em igrejas
são equivalentes. e castelos e a maior parte da população era excluída
dos espetáculos teatrais.
( ) CERTO ( ) ERRADO
35. (TRF 1ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – CES-
32. (EBSERH – CARGOS DE NÍVEL SUPERIOR – CES- PE – 2017) Em uma reunião de colegiado, após a apro-
PE – 2018) A respeito de lógica proposicional, julgue o vação de uma matéria polêmica pelo placar de 6 votos
item que se segue. a favor e 5 contra, um dos 11 presentes fez a seguinte
A negação da proposição “Se o fogo for desencadeado afirmação: “Basta um de nós mudar de ideia e a decisão
por curto-circuito no sistema elétrico, será recomendá- será totalmente modificada.”
vel iniciar o combate às chamas com extintor à base de Considerando a situação apresentada e a proposição
espuma.” é equivalente à proposição “O fogo foi desen- correspondente à afirmação feita, julgue o próximo item.
cadeado por curto-circuito no sistema elétrico e não será A negação da proposição pode ser corretamente expres-
recomendável iniciar o combate às chamas com extintor sa por “Basta um de nós não mUdar de ideia ou a decisão
à base de espuma.” não será totalmente modificada”.

( ) CERTO ( ) ERRADO ( ) CERTO ( ) ERRADO


33. (PC-MA – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2018)
36. (TRT 7ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – CES-
Proposição CG1A5AAA
PE – 2017) Texto CB1A5AAA
A qualidade da educação dos jovens sobe ou a sensação
Proposição P: A empresa alegou ter pago suas obriga-
de segurança da sociedade diminui.
ções previdenciárias, mas não apresentou os comprovan-
Assinale a opção que apresenta uma proposição que
tes de pagamento; o juiz julgou, pois, procedente a ação
constitui uma negação da proposição CG1A5AAA.
movida pelo ex-empregado.
a) A qualidade da educação dos jovens não sobe e a sen- Proposição Q: A empresa alegou ter pago suas obriga-
sação de segurança da sociedade não diminui. ções previdenciárias, mas não apresentou os comprovan-
b) A qualidade da educação dos jovens desce ou a sensa- tes de pagamento.
ção de segurança da sociedade aumenta. A proposição Q, anteriormente apresentada, está presen-
c) A qualidade da educação dos jovens não sobe ou a te na proposição P do texto CB1A5AAA.
sensação de segurança da sociedade não diminui. A negação da proposição Q pode ser expressa por
d) A qualidade da educação dos jovens sobe e a sensa-
ção de segurança da sociedade diminui. a) A empresa não alegou ter pago suas obrigações pre-
MATEMÁTICA

e) A qualidade da educação dos jovens diminui ou a sen- videnciárias ou apresentou os comprovantes de paga-
sação de segurança da sociedade sobe. mento.
b) A empresa alegou ter pago suas obrigações previden-
ciárias ou não apresentou os comprovantes de paga-
mento.

129
c) A empresa alegou ter pago suas obrigações previden- 39. Com relação ao composto E, a quantidade de laudos
ciárias e apresentou os comprovantes de pagamento. falsos distintos constituídos com dados dos exames de
d) A empresa não alegou ter pago suas obrigações pre- Amanda, Bárbara e Carlos que poderia ser produzida é
videnciárias nem apresentou os comprovantes de pa- superior a 50
gamento.
( ) CERTO ( ) ERRADO
37. (ABIN – OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA –
CESPE – 2018) Como forma de melhorar a convivência, 40. Caso o laboratório escolhesse aleatoriamente, entre
as famílias Turing, Russell e Gödel disputaram, no parque os dados dos 7 pacientes-fonte, aqueles que seriam usa-
da cidade, em um domingo à tarde, partidas de futebol dos nas medições referentes ao composto E, a probabi-
e de vôlei. O quadro a seguir mostra os quantitativos de lidade de serem usados os dados de Amanda, Bárbara e
membros de cada família presentes no parque, distribu- Carlos seria inferior a 3%.
ídos por gênero.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Família Masculino Feminino
41.(SAAE de Aimorés – MG) Em uma festa de aniver-
Turing 5 7
sário, cada pessoa ingere em média 5 copos de 250 ml
Russel 6 5 de refrigerante. Suponha que em uma determinada festa,
Gödel 5 9 havia 20 pessoas presentes. Quantos refrigerantes de 2
litros o organizador da festa deveria comprar para ali-
A partir dessa tabela, julgue o item subsequente. mentar as 20 pessoas?
Considere que, em eventual sorteio de brindes, um nome
tenha sido retirado, ao acaso, do interior de uma urna a) 12
que continha os nomes de todos os familiares presentes b) 13
no evento. Nessa situação, sabendo-se que o sorteado c) 15
não é uma mulher da família Gödel, a probabilidade de d) 25
ser uma mulher da família Russel será superior a 20%.
42. Analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa
( ) CERTO ( ) ERRADO CORRETA:
I) 3 𝑥 4 ∶ 2 = 6
(PM-MA – 1º TENENTE – PM – CIRURGIÃO DENTIS- II) 3 + 4 𝑥 2 = 14
TA – CESPE – 2017) Determinado laboratório de aná- III) O resto da divisão de 18 por 5 é 3
lises clínicas está sendo investigado por emitir laudos
falsos de um exame constituído por 7 indicadores, cor- a) I somente
respondentes à concentração de 4 compostos na corren- b) I e II somente
te sanguínea, obtidos da seguinte forma: uma medição c) I e III somente
da concentração de cada um dos compostos A, B, C e D, d) I, II e III
e 3 medições, por 3 diferentes técnicas, da concentração
do composto E. Os laudos verdadeiros de 7 pacientes 43. (Pref. de Timon – MA) O problema de divisão 648 :
(chamados pacientes-fonte), com prenomes distintos, 2 é equivalente à:
entre eles Amanda, Bárbara, Carlos e Daniel, eram usados
para compor laudos falsos para os demais pacientes. Para a) 600: 2 𝑥 40: 2 𝑥 8: 2
dificultar a ação da autoridade policial, na montagem de b) 6: 2 + 4: 2 + 8: 2
um laudo falso, o laboratório tomava o cuidado de, no c) 600: 2 − 40: 2 − 8: 2
conjunto de 7 medições que constituíam cada laudo d) 600: 2 + 40: 2 + 8: 2
falsificado, usar apenas uma medição de cada paciente- e) 6: 2𝑥4: 2𝑥8: 2
-fonte, ou seja, de nunca usar 2 ou mais medições de um
mesmo paciente-fonte. 44. (Pref. de São José do Cerrito – SC) Qual o valor da
Com referência a essa situação hipotética, julgue os itens expressão: 34 + 14.4⁄2 − 4 ?
seguintes.
a) 58
38. Se fosse adotada a estratégia de falsificar laudos se- b) -31
guindo-se a ordem sucessiva de medições referentes aos c) 92
compostos A, B, C e D e, em seguida, as medições referen- d) -96
tes ao composto E, a quantidade de laudos falsos distintos
que poderiam ser gerados pelo laboratório seria superior
a 800.
MATEMÁTICA

( ) CERTO ( ) ERRADO

130
45. (IF-ES) Um caminhão tem uma capacidade máxima 50. Três números inteiros são consecutivos e o menor
de 700 kg de carga. Saulo precisa transportar 35 sacos deles é +99. Determine o produto desses três números.
de cimento de 50 kg cada um. Utilizando-se desse cami-
nhão, o número mínimo de viagens que serão necessá- a) 999.000
rias para realizar o transporte de toda a carga é de: b) 999.111
c) 999.900
a) 4 d) 999.999
b) 5 e) 1.000.000
c) 2
d) 6 51. Adicionando –846 a um número inteiro e multiplican-
e) 3 do a soma por –3, obtém-se +324. Que número é esse?

46. (Pref. Teresina – PI) Roberto trabalha 6 horas por dia a) 726
de expediente em um escritório. Para conseguir um dia b) 738
extra de folga, ele fez um acordo com seu chefe de que c) 744
trabalharia 20 minutos a mais por dia de expediente pelo d) 752
número de dias necessários para compensar as horas de e) 770
um dia do seu trabalho. O número de dias de expediente
que Roberto teve que trabalhar a mais para conseguir 52. Numa adição com duas parcelas, se somarmos 8 à
seu dia de folga foi igual a Parte superior do formulário primeira parcela, e subtrairmos 5 da segunda parcela, o
que ocorrerá com o total?
a) 16
b) 15 a) -2
c) 18 b) -1
d) 13 c) +1
e) 12 d) +2
e) +3
47.(ITAIPU BINACIONAL) O valor da expressão:
1 + 1 + 1 + 1𝑥7 + 1 + 1𝑥0 + 1 − 1 é 53. (Prefeitura de Chapecó – Engenheiro de Trânsito
– IOBV/2016) A alternativa cujo valor não é divisor de
a) 0 18.414 é:
b) 11
c) 12 a) 27
d) 29 b) 31
e) 32 c) 37
d) 22
48. Qual a diferença prevista entre as temperaturas no
Piauí e no Rio Grande do Sul, num determinado dia, se- 54. Verifique se os números abaixo são divisíveis por 4.
gundo as informações? Tempo no Brasil: Instável a enso-
larado no Sul. Mínima prevista -3º no Rio Grande do Sul. a) 23418
Máxima prevista 37° no Piauí. b) 65000
c) 38036
a) 34 d) 24004
b) 36 e) 58617
c) 38
d) 40
e) 42

49. Qual é o produto de três números inteiros consecuti-


vos em que o maior deles é –10?

a) -1320
b) -1440
c) +1320
d) +1440
e) nda
MATEMÁTICA

131
55. (ALGÁS – ASSISTENTE DE PROCESSOS ORGANI- 60. (PREF. GUARULHOS-SP –ASSISTENTE DE GES-
ZACIONAIS – COPEVE/2014) TÃO ESCOLAR – VUNESP/2016) Para iniciar uma visita
monitorada a um museu, 96 alunos do 8º ano e 84 alunos
Critério de divisibilidade por 11 do 9º ano de certa escola foram divididos em grupos,
todos com o mesmo número de alunos, sendo esse nú-
Esse critério é semelhante ao critério de divisibilidade por mero o maior possível, de modo que cada grupo tivesse
9. Um número é divisível por 11 quando a soma alter- somente alunos de um único ano e que não restasse ne-
nada dos seus algarismos é divisível por 11. Por soma nhum aluno fora de um grupo. Nessas condições, é cor-
alternada queremos dizer que somamos e subtraímos al- reto afirmar que o número total de grupos formados foi
garismos alternadamente (539  5 - 3 + 9 = 11).
Disponível em:<http://educacao.globo.com> . Acesso a) 8
em: 07 maio 2014. b) 12
c) 13
Se A e B são algarismos do sistema decimal de numera- d) 15
ção e o número 109AB é múltiplo de 11, então e) 18

a) B = A 61. (PREF. ITATINGA-PE – ASSISTENTE ADMINIS-


b) A+B=1 TRATIVO – IDHTEC/2016) Um ciclista consegue fazer
c) B-A=1 um percurso em 12 min, enquanto outro faz o mesmo
d) A-B=10 percurso 15 min. Considerando que o percurso é circular
e) A+B=-10 e que os ciclistas partem ao mesmo tempo do mesmo
local, após quanto tempo eles se encontrarão?
56. (IF-SE – TÉCNICO DE TECNOLOGIA DA INFO-
R5AÇÃO - FDC-2014) João, nascido entre 1980 e 1994, a) 15 min
irá completar, em 2014, x anos de vida. Sabe-se que x b) 30 min
é divisível pelo produto dos seus algarismos. Em 2020, c) 1 hora
João completará a seguinte idade: d) 1,5 horas
e) 2 horas
a) 32
b) 30 62. (PREF. SANTA TERIZINHA DO PROGRESSO-SC
c) 28 – PROFESSOR DE MATEMÁTICA – CURSIVA/2018)
d) 26 Acerca dos números primos, analise.
I- O número 11 é um número primo;
57. (PREF. ITATINGA-PE – ASSISTENTE ADMINIS- II- O número 71 não é um número primo;
TRATIVO – IDHTEC/2016) O número 102 + 101 + 100 é III- Os números 20 e 21 são primos entre si.
a representação de que número?
Dos itens acima:
a) 100
b) 101 a) Apenas o item I está correto.
c) 010 b) Apenas os itens I e II estão corretos.
d) 111 c) Apenas os itens I e III estão corretos.
e) 110 d) Todos os itens estão corretos.

58. (TRF-SP – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2014) O 63. (SAMAE DE CAXIAS DO SUL –RS – OPERADOR
resultado da expressão numérica 53 : 51 × 54 : 5 × 55 : 5 : DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA E ESGOTO
56 - 5 é igual a : – OBJETIVA/2017) Marcar C para as afirmativas Certas,
E para as Erradas e, após, assinalar a alternativa que apre-
a) 120. senta a sequência CORRETA:
(---) Pertencem ao conjunto dos números naturais ímpa-
1
b) res os números ímpares negativos e os positivos.
5
(---) O número 72 é divisível por 2, 3, 4, 6, 8 e 9
c) 55. (---) A decomposição do número 256 em fatores primos
d) 25. é 27
e) 620. (---) Considerando-se os números 84 e 96, é correto afir-
mar que o máximo divisor comum é igual a 12.
59. (FEI-SP) O valor da expressão B = 5 . 108 . 4 . 10-3 é:
a) E - E - C - C.
MATEMÁTICA

a) 206 b) E - C - C - E.
b) 2 . 106 c) C - E - E - E.
c) 2 . 109 d) E - C - E - C.
d) 20 . 10-4 e) C - E - C - C.

132
64. (PREF. GUARULHOS-SP – AGENTE ESCOLAR Leia o texto, para responder a Questão a seguir:
– VUNESP/2016) No ano de 2014, três em cada cinco
estudantes, na faixa etária dos 18 aos 24 anos, estavam Uma loja vende peças de MDF (mistura de fibras de
cursando o ensino superior, segundo dados do Instituto madeira prensada) retangulares para artesãos. A unidade
Brasileiro de Geografia e Estatística. Supondo-se que na- padrão mede 22 cm de comprimento por 15 cm de lar-
quele ano 2,4 milhões de estudantes, naquela faixa etária, gura e custa R$ 24,00.
não estivesse cursando aquele nível de ensino, o número
dos que cursariam o ensino superior, em milhões, seria:

a) 3,0
b) 3,2
c) 3,4
d) 3,6
e) 4,0 Fonte: http://voltarelliprudente.com.br/ o-que-e-m-
df-cru/
O catálogo desta loja disponibiliza peças com outras
65 (PREF. TERRA DE AREIA-RS – AGENTE ADMI- medidas cortadas a partir da unidade padrão. Observe
NISTRATIVO – OBJETIVA/2016) Três funcionários que ele está com informações incompletas em relação a
(Fernando, Gabriel e Henrique) de determinada empresa área e preço das peças.
deverão dividir o valor de R$ 950,00 entre eles, de forma
diretamente proporcional aos dias trabalhos em certo
mês. Sabendo-se que Fernando trabalhou 10 dias, Ga-
briel, 12, e Henrique, 16, analisar os itens abaixo:
I - Fernando deverá receber R$ 260,00.
II - Gabriel deverá receber R$ 300,00.
III - Henrique deverá receber R$ 410,00.
Está(ão) CORRETO(S):

a) II
b) I e II
c) I e III
d) II e III
e) Todos os itens

66. (TRT- 15ª REGIÃO SP– ANALISTA JUDICIÁRIO –


FCC/2018) André, Bruno, Carla e Daniela eram sócios em
um negócio, sendo a participação de cada um, respecti-
vamente, 10%, 20%, 20% e 50%. Bruno faleceu e, por não
ter herdeiros naturais, estipulara, em testamento, que sua
parte no negócio deveria ser distribuída entre seus só-
cios, de modo que as razões entre as participações dos
três permanecessem inalteradas. Assim, após a partilha, a
nova participação de André no negócio deve ser igual a:

a) 20%.
b) 8%
c) 12,5%
d) 15%
e) 10,5%

67. (PREF. GUARULHOS-SP – AUXILIAR ADMINIS-


TRATIVO – VUNESP/2018) Um terreno retangular tem
35 m de largura e 1750 m2 de área. A razão entre a largu-
ra e o comprimento desse terreno é

a) 0,8.
b) 0,7.
MATEMÁTICA

c) 0,6.
d) 0,5.
e) 0,4.

133
68. (UTPR 2018) O preço de cada peça é definido pro- 73. (PREF. PIRAÚBA-MG – OFICIAL DE SERVIÇO PÚ-
porcionalmente à área de cada uma em relação à unida- BLICO – MS CONCURSOS/2017) Certo estabelecimen-
de padrão. Por exemplo, a área da peça B é metade da to de ensino possui em seu quadro de estudantes alunos
área da unidade padrão, desse modo o preço da peça B de várias idades. A quantidade de alunos matriculados
é metade do preço da unidade padrão, ou seja, R$ 12,00. neste estabelecimento é de 1300. Sabendo que deste to-
Assim, as peças A, C e D custam respectivamente: tal 20% são alunos maiores de idade, podemos concluir
que a quantidade de alunos menores de idade que estão
a) R$ 12,00; R$ 12,00; R$ 4,00 matriculados é:
b) R$ 12,00; R$ 6,00; R$ 6,00
c) R$ 6,00; R$ 4,00; R$ 4,00 a) 160
d) R$ 12,00; R$ 4,00; R$ 6,00 b) 1040
e) R$ 12,00; R$ 6,00; R$ 4,00 c) 1100
d) 1300

69. Dividindo-se 660 em partes inversamente proporcio- 74. (PREF. JACUNDÁ-PA – AUXILIAR ADMINISTRA-
nais aos números 1/2, 1/3 e 1/6 obtém-se que números? TIVO – INAZ/2016) Das 300 dúzias de bananas que seu
José foi vender na feira, no 1° dia, ele vendeu 50% ao
a) 30, 10, 5. preço de R$ 3,00 cada dúzia; no 2° dia ele vendeu 30% da
b) 30, 20, 10. quantidade que sobrou ao preço de R$ 2,00; e no 3° dia
c) 40, 30, 20. ele vendeu 20% do que restou da venda dos dias ante-
d) 20, 10, 5 riores ao preço de R$ 1,00. Quanto seu José apurou com
as vendas das bananas nos três dias?
70. Certo concreto é obtido misturando-se uma parte de
cimento, dois de areis e quatro de pedra. Qual será (em a) R$ 700,00
m³) a quantidade de areia a ser empregada, se o volume b) R$ 540,00
a ser concretado é 378 m³? c) R$ 111,00
d) R$ 450,00
a) 108m3 e) R$ 561,00
b) 100m3
c) 80m3 75. (COLÉGIO PEDRO II – PROFESSOR – 2016) Com
e) 60m3 a criação de leis trabalhistas, houve muitos avanços em
relação aos direitos dos trabalhadores. Entretanto, ainda
71. A herança de R$ 30.000,00 deve ser repartida entre há muitas barreiras. Atualmente, a renda das mulheres
Antonio, Bento e Carlos. Cada um deve receber em partes corresponde, aproximadamente, a três quartos da renda
diretamente proporcionais a 3, 5 e 6, respectivamente, e dos homens. Considerando os dados apresentados, qual
inversamente proporcionais às idades de cada um. Sa- a diferença aproximada, em termos percentuais, entre a
bendo-se que Antonio tem 12 anos, Bento tem 15 anos renda do homem e a da mulher?
e Carlos 24 anos, qual será a parte recebida por Bento?
a) 75%
a) R$ 12.000,00. b) 60%
b) R$ 14.000,00. c) 34%
b) R$ 8.000,00. d) 25%
c) R$ 24.000,00.

72. (SAAE Aimorés- MG – Ajudante – MÁXIMA/2016)


Misturam-se 30 litros de álcool com 20 litros de gasolina.
A porcentagem de gasolina na mistura é igual a:

a) 40%
b) 20%
c) 30%
d) 10%
MATEMÁTICA

134
76. (EBSERH – TÉCNICO EM ENFERMAGEM –
IBFC/2017) Paulo gastou 40% de 3/5 de seu salário e
ainda lhe restou R$ 570,00. Nessas condições o salário GABARITO
de Paulo é igual a:
1 Errado
a) R$ 2375,00
b) R$ 750,00 2 Certo
c) R$ 1240,00 3 Errado
d) R$ 1050,00
e) R$ 875,00 4 Certo
5 Errado
77. (PREF. TANGUÁ-RJ – TÉCNICO E ENFERMAGEM 6 Certo
– MS CONCURSOS/2017) Raoni comprou um fogão
com 25% de desconto, pagando por ele R$ 330,00. Qual 7 Errado
era o preço do fogão sem o desconto? 8 Errado

a) R$ 355,00 9 Errado
b) R$ 412,50 10 Certo
c) R$ 440,00 11 Certo
d) R$ 460,00
12 Errado
78. (EBSERH – ADVOGADO – IBFC/2016) Ao comprar 13 Errado
um produto, José obteve um desconto de 12% (doze
por cento) por ter pagado à vista e pagou o valor de R$ 14 Errado
105,60 (cento e cinco reais e sessenta centavos). Nessas 15 Errado
condições, o valor do produto, sem desconto, é igual a: 16 Errado
a) R$ 118,27 17 Certo
b) R$ 125,00 18 Certo
c) R$ 120,00
d) R$ 130,00 19 B
e) R$ 115,00 20 Certo
21 E
79. (PREF. ITAPEMA-SC – AGENTE MUNICIPAL DE
TRÂNSITO – MS CONCURSOS/2016) Segundo da- 22 Certo
dos do IBGE, a população de Itapema (SC) em 2010 era 23 C
de, aproximadamente, 45.800 habitantes. Já atualmente,
essa população é de, aproximadamente, 59.000 habitan- 24 Errado
tes. O aumento percentual dessa população no período 25 Errado
de 2010 a 2016 foi de:
26 C
a) 22,4% 27 A
b) 28,8% 28 Errado
c) 71,2%
d) 77,6% 29 C
30 Errado
80. (EBSERH – ADVOGADO – IBFC/2016) Joana gas-
31 Certo
tou 60% de 50% de 80% do valor que possuía. Portanto,
a porcentagem que representa o que restou para Joana 32 Certo
do valor que possuía é: 33 A

a) 76% 34 E
b) 24% 35 Errado
c) 32%
36 A
d) 68%
e) 82% 37 Errado
38 Certo
MATEMÁTICA

39 Errado
40 Certo
41 B

135
42 C ANOTAÇÕES
43 D
44 A
45 E ________________________________________________

46 C _________________________________________________
47 B _________________________________________________
48 D
_________________________________________________
49 A
50 C _________________________________________________
51 B _________________________________________________
52 E
_________________________________________________
53 C
_________________________________________________
54 B
55 C _________________________________________________
56 B _________________________________________________
57 D
_________________________________________________
58 A
59 B _________________________________________________

60 D _________________________________________________
61 C _________________________________________________
62 C
_________________________________________________
63 D
64 D _________________________________________________
65 A _________________________________________________
66 C
_________________________________________________
67 B
_________________________________________________
68 E
69 A _________________________________________________
70 B _________________________________________________
71 A
_________________________________________________
72 A
73 B _________________________________________________

74 E _________________________________________________
75 D _________________________________________________
76 B
_________________________________________________
77 C
78 C _________________________________________________
79 B _________________________________________________
80 A
_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________
MATEMÁTICA

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

136
ÍNDICE

HISTÓRIA
Processo de construção e emancipação da Nação brasileira e a construção do estado democrático.................................................01
A Constituição Brasileira e a conquista da cidadania................................................................................................................................................03
Formação política do Estado do Paraná.........................................................................................................................................................................05
Processo de colonização do Estado do Paraná e regiões circunvizinhas com a avaliação dos encontros de distintas culturas que
resultaram na formação étnicocultural presente no Estado...................................................................................................................................05
Processo de formação das Forças Armadas no Brasil - do Império à República...........................................................................................07
Participação das forças armadas brasileiras em conflitos internacionais..........................................................................................................08
Participação da Polícia Militar do Estado do Paraná em conflitos históricos...................................................................................................10
Processo de globalização mundial e a inserção do Brasil no mundo do trabalho globalizado...............................................................12
Formação de blocos econômicos na América Latina e no mundo......................................................................................................................14
Processo de formação cultural no Brasil e no mundo..............................................................................................................................................16
Movimentos sociais e reivindicatórios............................................................................................................................................................................18
Movimentos artísticos e religiosos...................................................................................................................................................................................20
PROCESSO DE CONSTRUÇÃO E EMANCIPAÇÃO DA NAÇÃO BRASILEIRA E A CONSTRUÇÃO DO
ESTADO DEMOCRÁTICO

O processo de construção e emancipação da Nação brasileira, está vinculada ao processo de transição da família
Real Portuguesa para o Brasil. No contexto em que isso ocorre, precisamos lembrar que a coroa estava fugindo de
Napoleão Bonaparte, pois havia quebrado o Bloqueio Continental.
No ano de 1808, a corte chega ao país, iniciando o Período Joanino (1808-1821), até então, não se observava no
Brasil, uma unidade populacional, inexistia uma organização com relação delimitações territoriais, não víamos na popu-
lação elementos patriotas e nacionalista. Logo, o país começa então, o seu processo de emancipação, e isso, veio por
meio de algumas articulações políticas, sendo elas:
 1810: Tratados de Aliança e Amizade e de Comércio e Navegação (foram estabelecidas taxas alfandegárias prefe-
renciais aos produtos ingleses, os produtos ingleses pagavam taxas de 15%, os portugueses de 16% e as demais
nações estrangeiras pagariam uma alíquota de 24%), que privilegiaram os ingleses, afinal, eles que trouxeram a
família real para o Brasil;
 1815: Formação do Reino Unido, entre Brasil, Portugal e Algarves, agora tínhamos três nações sobre o controle
pleno de Dom João VI;
 1820: Revolução Liberal do Porto, que de liberal não tinha nada, e tinha como primazia o retorno da família real
para Portugal.

Todas essas ações do Período Joanino, davam o Brasil o início de uma identidade, pois dentro do território colonial
brasileiro existiam vários núcleos coloniais sem unidade política e econômica. Alguns desses núcleos se comunicavam
diretamente com a metrópole em Lisboa, sem qualquer comunicação feita com a sede da colônia no Rio de Janeiro,
basicamente alguns núcleos não respeitavam a formação política da colônia brasileira.
Seguindo essa lógica, com a independência do Brasil, começou a surgir um tímido sentimento de nacionalidade, a partir
da unificação do território. É bom ressaltar que o sentimento de pátria e o sentimento de pertença (como o da identidade
nacional) ainda não existiam. Após a constituição do império, o sentimento de nacionalidade ainda era bastante insípido.
Quando Dom João VI retornou para Portugal, cresceu no Brasil um sentimento de retrocesso, afinal, o Partido Portu-
guês queria a todo custo e retorno efetivo de toda a coroa. Porém, mesmo com as objeções, em 1822, Dom Pedro I vai
proclamar a independência do Brasil frente a Portugal, mas vale lembrar, que toda articulação de independência ocorre nos
bastidores, sem a participação massiva, sendo assim, o Brasil foi uma exceção na América com sua emancipação pacifista.

Pintura de Pedro Américo (1888) retrata a declaração da independência do Brasil

No momento em que Dom Pedro I declarou a independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822, movido por
intensa pressão das elites portuguesas e brasileiras, o exército português, ainda fiel à lógica colonial, resistiu o quanto
pôde, procurando resguardar os privilégios dados aos lusitanos em terras brasileiras. A vitória das forças leais ao Impe-
rador Pedro I contra essa resistência dão ao monarca um aumento considerável de prestígio e poder.
Dentro das primeiras articulações do imperador brasileiro foi criar e promulgar uma nova Constituição para o país,
ao mesmo tempo que ele regimentava as leis do Brasil, ele aumentou e consolidou seu poder político, criando o Poder
Moderador (Quarto Poder), e também, freando iniciativas revolucionárias que já estavam acontecendo no território
nacional.
A organização da Assembleia Constituinte formada em 1823 foi a primeira tentativa, invalidada pela falta de acordo
e pela incompatibilidade entre os deputados e a vontade do Imperador, afinal, na “primeira constituição” do Brasil, a da
HISTÓRIA

Mandioca, houve problemas entre o Imperador e os políticos que tentavam homologar a mesma.
Com essa incompatibilidade, Dom Pedro I, optou por reorganizar a sua própria constituição, e no ano de 1824, ele
outorgou a mesma a população.

1
çaram a surgir símbolos que marcariam o sentimento de
FIQUE ATENTO! nacionalidade, como a bandeira e o hino nacional.
Uma constituição homologada passa por Outro fator importante foi a construção da imagem
um processo de fundamentação democrá- do imperador do Brasil, Dom Pedro II, como líder da na-
tica, já uma constituição outorgada, ela foi ção brasileira, juntamente com a construção dos heróis
imposta pelo governante. nacionais, pois uma unidade nacional só é realizada a
partir de uma unificação territorial e, principalmente, a
partir da unificação da população, que começou a identi-
Dentro dessa Constituição, entre outras medidas, ficar uma memória e uma história em comum: a bandeira
dava ao Imperador o poder de dissolver a Câmara e os nacional, o hino nacional, os heróis nacionais e a figura
conselhos provinciais, manobrando por tanto o legisla- do imperador.
tivo, além de eliminar cargos quando necessário, insti- Alguns outros fatores exerceram papéis fundamen-
tuir ministros e senadores com poderes vitalícios e indi- tais na construção do sentimento nacionalista brasileiro,
car presidentes de comarcas. Essas medidas deixavam a como a criação do Instituto Histórico e Geográfico do
maior parte do poder de decisão nas mãos do imperador Brasil (IHGB), em 1838. O instituto foi responsável por
e evidenciavam um caráter despótico e autoritário de um escrever uma história coesa sobre o Brasil, que unia seus
governo que prometeu ser liberal. mais diferentes povos em um sentimento de naciona-
O governo de Dom Pedro I, começou a se complicar lismo. Também, no século XIX, a criação da Academia
com a morte de Dom João VI, como ele era o herdeiro Imperial de Belas Artes contribuiu para a construção da
direto ao trono, começou a articular algumas manobras identidade nacional brasileira.
políticas afim de assegurar os dois tronos. Dentro dessas A construção da nação brasileira, o sentimento de
manobras, casou seu irmão Dom Miguel com sua filha e nacionalidade, de patriotismo, de civismo e a identidade
enviou ambos para Portugal, visando deixar o trono para nacional foram forjados por uma elite política imperial.
sua filha, foi enganado por seu irmão, e isso tirou o seu Nesse processo, faltou a participação das camadas po-
foco do trono português. Esse fato, fez ele perder credi- pulares da sociedade. Esse fato explica a apatia brasileira
bilidade e articular sua volta para Portugal, que ocorreu em relação às questões relacionadas à corrupção política
em 1831, quando deixou seu filho Pedro de Alcântara no e a ínfima consciência política do povo brasileiro.
Brasil, iniciando o Período Joanino. Desta forma, no final do Segundo Reinado, Dom Pe-
Na fase regencial, muitas revoltas aconteceram, sen- dro II vinha perdendo credibilidade no cenário nacional,
do elas: a Sabinada, a Cabanagem e a Farroupilha, em levando a ocorrer no país as questões que promoveram
que prevaleceram sentimentos locais. Os revoltosos não a transição do Brasil Imperial, para o Brasil República, ini-
tinham suas reivindicações voltadas para o âmbito nacio- ciando assim, a fase democrática Brasileira.
nal, mas, sim, para as próprias províncias, ou seja, para os
interesses locais. Além disso, algumas dessas revoltas ti-
nham um caráter separatista, como a revolução Farroupi-
lha no Rio Grande do Sul, a qual reivindicava a separação
do império e a criação de uma república no sul do Brasil. EXERCÍCIOS COMENTADOS
Influenciado pelas grandes mudanças do Período Re-
gencial (Regência Trina Provisória, Regência Trina Perma- 1. “A cena de uma rua é, a um só tempo, a mesma de
nente, ATO ADICIONAL de 1824 e as Regências Unas de todo o quarteirão. Os pés de chumbo (portugueses)
Diogo Feijó e Araújo Lima), fez ocorrer no Brasil a forma- deixam que a cabralhada (brasileiros) se aproxime o
ção de uma aliança entre as elites, que correspondiam mais possível. E inesperadamente, de todas as portas,
aos partidos Liberal e Conservador, que articularam o chovem garrafas inteiras e aos pedaços sobre os in-
Clube da Maioridade. O clube foi responsável pelo Golpe vasores. O sangue espirra, testas, cabeças, canelas...
da Maioridade, e com isso, Pedrinho se tornou Dom Pe- Gritos, gemidos, uivos, guinchos. É inverossímil.E a
dro II com menos de quinze anos. raça toda, de cacete em punho, vai malhando... E os cor-
Ao longo do Segundo Reinado (1840-1889), Dom Pe- pos a cair ensanguentados sobre os cacos navalhantes
dro II começou a promover alterações políticas, sociais das garrafas. ”
e econômicas no país, a exemplo podemos citar: Tarifa (Correia, V.,1933, p. 42)
Alves Branco de 1844, que estabelecia medidas protecio-
nistas ao país, e isso fomentou o nosso “primeiro surto O episódio, descrito acima, relata o enfrentamento en-
industrial” com o Barão de Mauá. Nesse mesmo período, tre portugueses e brasileiros, em 13/03/1831, no Rio de
ficamos conhecido por possuirmos um Parlamentarismo Janeiro, conhecido como Noite das Garrafadas. Essa ma-
às avessas, onde os partidos Liberal e Conservador eram nifestação assemelhava-se às lutas liberais travadas na
mais do mesmo e defendiam apenas as classes dominan- Europa, após as decisões tomadas pelo Congresso de
tes (Oligarquia). No campo social houve a manutenção Viena.
da escravidão, mas várias leis começaram a ser criadas, A respeito dessa insatisfação popular, presente tanto na
em especial, por imposição inglesa. Europa, após 1815, quanto nos conflitos nacionais, du-
O cenário patriótico do país, começou a mudar com rante o I Reinado, é correto afirmar que
HISTÓRIA

o surgimento de conflitos externos, contra inimigos es-


trangeiros. Essa transição se consolidou com a Guerra do
Paraguai (1864-1870). A partir da vitória brasileira, come-

2
a) D. Pedro II adota a mesma política praticada por mo- Resposta: Letra D. O Poder Moderador dava à Dom
narcas europeus; quando, ao outorgar uma carta Pedro I o poder de interferir nos demais poderes po-
constitucional, contrariou os interesses, tanto da clas- líticos do Brasil. Logo, dava ao Imperador amplos po-
se oligárquica, fiel ao trono, quanto das classes popu- deres na Nação. Sendo assim, os poderes Legislativo e
lares, as quais permaneceram sem direito ao voto. Judiciário eram meros instrumentos de “ficção”.
b) o governo brasileiro também se utilizou de emprésti-
mos junto à Inglaterra, aumentando a dívida externa
e fortalecendo a economia inglesa, a fim de sanar o
deficit orçamentário e suprir os gastos militares em A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA E A CON-
campanhas contra os levantes populares. QUISTA DA CIDADANIA
c) D. Pedro I, buscando recuperar sua popularidade, ini-
ciou uma série de visitas às províncias revoltosas do
país, adotando a mesma estratégia diplomática que Para começarmos a refletir sore a Constituição Bra-
alguns regentes europeus, nessa época, praticaram, sileira e a conquista da cidadania, precisamos fazer um
sem contudo, lograrem nenhum sucesso político. breve histórico da formação das Constituições do nos-
d) as guerras travadas contra o exército napoleônico, so país. Desta forma, observe todas as constituições que
na Europa, e o envolvimento do Brasil, na Guerra da foram vigentes no Brasil, desde o processo de indepen-
Cisplatina, provocaram, em ambos os casos, a enor- dência até a nossa última constituição, de 1988 que ainda
me insatisfação popular e revolta, diante do elevado está vigente até hoje.
número de combatentes mortos.
e) a retomada de políticas absolutistas, como o estabele- Constituição de 1824
cimento do Poder Moderador, no Brasil, dando plenos
poderes a D. Pedro I e, na Europa, a dura repressão  A primeira Constituição brasileira foi outorgada,
contra as ideias liberais, deflagradas pela Revolução
por Dom Pedro I, em 25 de março de 1824.
Francesa, ocasionaram uma enorme insatisfação po-
 Concentrava poderes nas mãos do imperador,
pular.
através do poder moderador.
 Só os ricos podiam votar, pois o voto era baseado
Resposta: Letra E. Somente a alternativa E está cor-
em renda. Este sistema eleitoral excluiu a maioria
reta. Em 1815 ocorreu na Europa o Congresso de
da população brasileira do direito de escolher seus
Viena com o objetivo de retornar a velha ordem. Isso
representantes.
contribuiu para a ascensão do rei da França Carlos X,
1824-1830, implantar um regime similar ao velho ab-  Igreja subordinada ao Estado.
solutismo. No Brasil, no contexto do Primeiro Reinado,  Manutenção do sistema que garantia os interesses
1822-1831, D. Pedro I contribuiu para a solidificação da aristocracia.
de um regime monárquico caracterizado pela cen-  O Brasil seguiria o regime político monárquico,
tralização do poder nas mãos do imperador através sendo que o poder seria transmitido de forma he-
do Poder Moderador estabelecido na constituição de reditária.
1824. Em 1830, ocorreu um movimento na França que  O poder moderador, exercido pelo imperador,
culminou com a derrubada do rei Carlos X e no Brasil estava acima dos outros poderes. Através deste
intensificaram as críticas ao governo de Pedro I que, poder, o imperador poderia controlar e regular os
após a Noite das Garrafadas, abdicou ao trono em outros poderes. Assim, o imperador tinha o poder
absoluto sobre todas as esferas do governo bra-
1831.
sileiro.
 Voto censitário, ou seja, para poder votar e se can-
2. Por onde mais se distanciava a ficção parlamentar bra-
didatar a pessoa deveria comprovar determinada
sileira do modelo britânico era pelo fato da subida ou da
renda.
queda de um ministério depender só idealmente, entre
 Estabeleceu os quatro poderes: executivo, legislati-
nós, de uma eventual maioria na câmara popular.
vo, judiciário e moderador.
(Sérgio Buarque de Holanda. “Do Império à República”. In: O
 Estabeleceu a Igreja Católica como religião oficial
Brasil monárquico, tomo II, vol 5, 1985.)
do Brasil. A Igreja ficou subordinada ao Estado.
 Criação do Conselho de Estado, composto por
O historiador refere-se ao regime monárquico brasileiro conselheiros escolhidos pelo imperador.
como “ficção parlamentar”, porque  Poder executivo exercido pelo imperador e minis-
a) o ordenamento político brasileiro era sustentado pelas tros de Estado.
tradições orais.  Deputados e senadores seriam os responsáveis
b) os ministros podiam governar sem contar com o apoio pela elaboração das leis do país, que seriam execu-
do Parlamento. tadas pelo poder executivo.
c) o debate de ideias políticas no país estava interditado  Manutenção da divisão territorial nacional em pro-
pelo governo imperial. víncias.
HISTÓRIA

d) a manutenção de grupos dirigentes submetia-se ao  O imperador tinha o direito de não responder na


exercício do poder moderador. justiça por seus atos.
e) o poder absolutista do rei proibia a constituição de  Estabelecimento de garantias e direitos individuais.
partidos políticos.

3
Constituição de 1891  Combate ao racismo (sua prática constitui crime
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de re-
 Nome do país – Estados Unidos do Brasil; clusão);
 Carta promulgada (feita legalmente) Estado Fede-  Garantia aos índios da posse de suas terras (a se-
rativo / República Presidencialista; rem demarcadas);
 Três poderes (extinto o poder moderador);  Novos direitos trabalhistas – redução da jornada
 Voto Universal (para todos / muitas exceções, ex. semanal, seguro desemprego, férias remuneradas
analfabetos); acrescidas de 1/3 do salário, os direitos trabalhistas
 Estado Laico (separado da Igreja); aplicam-se aos trabalhadores urbanos e rurais e se
 Modelo externo – constituição norte-americana. estendem aos trabalhadores domésticos.

Constituição de 1934 A Constituição Federal de 1988, foi promulgada no


 Nome do país – Estados Unidos do Brasil; dia 05 de outubro, tornando-se a sétima Constituição do
 Carta promulgada (feita legalmente); Brasil, ela foi homologada por um processo democrático
 Reforma Eleitoral – introduzidos o voto secreto e o dentro do governo de José Sarney. O processo de trami-
voto feminino; tação foi longo, foram quase 2 anos para a Assembleia
 Criação da Justiça do Trabalho Leis Trabalhistas – Constituinte conseguir formatar a mesma, sob a batuta
jornada de 8 horas diárias, repouso semanal, férias de Ulysses Guimarães.
remuneradas (13° salário só mais tarde, com João
Goulart).
#FicaDica
Constituição de 1937
Assembleia Constituinte foi formada por
 Nome do país – Estados Unidos do Brasil;
deputados federais e senadores, a mes-
 Carta outorgada (imposta);
ma foi convocada pela emenda constitucio-
 Inspiração fascista – regime ditatorial, perseguição
nal nº 26/1985.
e opositores, intervenção do estado na economia;
 Abolidos os partidos políticos e a liberdade de im-
prensa
 Mandato presidencial prorrogado até a realização O país é regido pelos dogmas políticos regimentados
de um plebiscito (que nunca foi realizado); na Constituição Federal, por esse fator ela é chamada de lei
 Modelo externo – Ditaduras fascistas (ex., Itália, Po- suprema do país, porque é nela que foi estabelecida a estru-
lônia, Alemanha). tura e organização do Estado. É na CF que estão as normas
fundamentais, que são superiores às outras normas jurídicas.
Constituição de 1946 Constituição de 1988, foi apelidada de “Constituição
 Nome do país – Estados Unidos do Brasil; Cidadã”, passando assim, a ter uma importância histórica
 Carta promulgada (feita legalmente); para o Brasil, afinal ela foi a primeira e única Constituição
 Mandato presidencial de 5 anos (quinquênio); do Brasil após o declínio do Regime Civil Militar (Ditadu-
 Ampla autonomia político-administrativa para es- ra Militar), desta forma, é considerada um marco da de-
tados e municípios; mocracia brasileira, pois garantiu o Estado democrático
 Defesa da propriedade privada (e do latifúndio); de direito e a justiça social. Foi a primeira Constituição
 Assegurava direito de greve e de livre associação brasileira a permitir a participação popular na sua elabo-
sindical; ração, e com isso, ampliou muito a proteção aos direitos
 Garantia liberdade de opinião e de expressão; e garantias fundamentais individuais e coletivos.
 Contraditória na medida em que conciliava res-
quícios do autoritarismo anterior (intervenção do
Estado nas relações patrão x empregado) com me-
didas liberais (favorecimento ao empresariado). EXERCÍCIOS COMENTADOS

Constituição de 1967 1. Em 1988, foi promulgada, através da Assembleia Cons-


 Nome do país – República Federativa do Brasil; tituinte eleita pelo voto popular, a constituição conhe-
 Documento promulgado (foi aprovado por um cida como “Constituição Cidadã”. Mas, nem todas as
Congresso Nacional mutilado pelas cassações); Constituições brasileiras tiveram essa feição, a exemplo
 Confirmava os Atos Institucionais e os Atos Com- da outorgada em 1824 por D. Pedro I, pela qual:
plementares do governo militar.
a) foi instituído o Poder Moderador.
Constituição de 1988, apelidada de “Constituição b) se extinguiu o Poder Judiciário.
Cidadã” c) consolidou-se a vitória do Partido Brasileiro.
 Nome do país – República Federativa do Brasil; d) estabeleceu-se a separação entre os poderes eclesi-
 Carta promulgada (feita legalmente); ástico e civil.
HISTÓRIA

 Reforma eleitoral (voto para analfabetos e para e) se conseguiu o desenvolvimento do que se convencio-
brasileiros de 16 e 17 anos); nou chamar de questão militar.
 Terra com função social;

4
Resposta: Letra A. A imposição da primeira Consti- deirantes paulistas começaram a adentrar ao território
tuição (1824) por D. Pedro I foi apoiada pelo “partido em busca de índios para o trabalho escravo, e também,
português” e representou uma derrota política para na busca por metais preciosos.
os brasileiros que haviam articulado e promovido o Nessa ótica colonizadora, podemos observar que as
movimento de independência. Essa constituição foi Vilas de Curitiba e Paranaguá eram as únicas tem toda a
caracterizada pela centralização e autoritarismo e uma região é o século XVIII. O processo de ocupação foi mui-
de suas características foi o estabelecimento de 4 po- to lento inicialmente, pois havia no Brasil, uma forte cor-
deres, estando o Poder Moderador acima dos demais, rida pelo ouro, esse processo, acabou levando os aven-
reforçando a autoridade do Imperador. tureiros e colonizadores para região sudeste do país, em
especial, para a região de Minas Gerais.
2. Responder à questão com base no texto abaixo.

“O presidente da República entende-se com os dos Esta- FIQUE ATENTO!


dos; a autoridade federal apoia as dos Estados, nomean- O território do Paraná, chamou atenção
do os funcionários federais ante a indicação ou aprova- dos colonizadores inicialmente pela grande
ção dos Estados; estes apoiam o governo central, através quantidade de araucária, uma árvore nativa
do voto de suas bancadas no Senado e na Câmara. O daquela região. Desta forma, as expedições
resultado é a conciliação pelo alto, sem audiência do inicias buscavam madeira e promoção de
povo, fato comum na prática de então, com leis eleitorais aldeamentos em busca de índios e se pos-
impróprias e com a fraude”. sível, encontrar alguns metais precisos.
(IGLÉSIAS, Francisco. “Constituintes e Constituições Brasileiras”.
São Paulo: Brasiliense, 1985, p.32).
O fato de haver mais desenvolvimentos e lucros no
A estrutura política descrita pelo autor, apresentando eixo sudeste do país, o território do Paraná acabou se
práticas extra institucionais permanentes, articulava-se tornando uma Província de São Paulo, sendo assim, até
sob uma Carta Constitucional que, em muitos aspec- o século XIX, todo o território que integrava o Paraná,
tos, assegurava sua reprodução. Dentre tais aspectos da era pertencente a outro Estado. Apenas no ano de 1853,
Constituição vigente no período, encontra-se tendo como primeiro presidente da província Zacarias de
Góis e Vasconcelos, o território paraense passou a com-
a) a unificação formal da Igreja com o Estado. por sua própria Província. Seguindo essa ótica emanci-
b) a instituição de quatro poderes do Estado. pacionista, agora toda a região passou a ter autonomia
c) o voto a descoberto. política e administrativa, sem vinculação e dependência
d) a implantação da República Unitária. de outras províncias.
e) a eleição indireta para Presidente da República. Desta forma, após a formação definitiva da Província
do Paraná, o seu território passou a ser ocupado de for-
ma efetiva por imigrantes europeus, que estavam saindo
Resposta: Letra C. Acontece que o Senado quer dar de seus países para construir sua vida no Brasil. Dentro
um “jeitinho” no voto a descoberto, no intuito de fa- dos principais imigrantes a compor o território para-
zê-lo valer apenas para algumas votações. Senadores naense, podemos destacar a Itália, Polônia e Alemanha.
alegam que com voto aberto o representante fica su-
jeito a pressões do governo, do poder econômico e da
mídia. Ora, o que importa é ele não ficar livre da pres-
PROCESSO DE COLONIZAÇÃO DO ESTADO
são de seus eleitores. Se preferir curvar-se a outro tipo
DO PARANÁ E REGIÕES CIRCUNVIZINHAS
de pressão, que não o dos eleitores, terá de prestar
contas. Essa é a única pressão a qual o político deve COM A AVALIAÇÃO DOS ENCONTROS DE
se curvar, pois o mandato pertence aos representados, DISTINTAS CULTURAS QUE RESULTARAM
não ao representante. NA FORMAÇÃO ÉTNICO-CULTURAL PRE-
SENTE NO ESTADO

FORMAÇÃO POLÍTICA DO ESTADO DO PA- O fomento colonizador do Paraná, integra o proces-


RANÁ so de colonização do território brasileiro, sendo assim,
os primeiros passos colonizadores para o interior dessa
região, foram dados no século XVI, com as múltiplas ten-
O processo de ocupação do território que hoje cor- tativas de ocupação do Brasil.
responde ao estado do Paraná, teve seu início ainda no No que se refere a História do Paraná, o processo de
século XVI, sendo assim, segue a mesma lógica da ocu- ocupação estadual se inicia antes dos fomentos coloni-
pação do Brasil. zadores do Brasil, pois haviam muitos nativos ocupando
Logo no princípio do processo colonizador, a região toda a extensão território do Paraná. Dentro dos povos
HISTÓRIA

era explorada na busca por madeiras, afinal, o relevo que ocuparam esse território, destaca-se as seguintes tri-
muito vasto em araucária, atraiu o colonizador no fo- bos indígenas:
mento inicial. Porém, no século XVII, portugueses e ban-

5
 Tupi-guaranis; Portanto, durante a descoberta de ouro em Minas Ge-
 Caingangues; rais, esse minério do Paraná deixou de ser totalmente im-
 Xocleangues. portante. Apenas em 1820 o território ocidental do Paraná
foi entregue à coroa portuguesa passando a ser politica-
mente anexo à Província de São Paulo, recebendo o nome
#FicaDica de “Comarca de Curitiba”. O povo parnanguara começou
a se dedicar à lavoura e o curitibano, à pecuária. Curitiba
Os grupos indígenas que ocuparam todo o
prosperou porque era necessário alimentar e transportar
território antes dos colonizadores, são co-
os mineradores das Minas Gerais. Esse processo, ganhou
brados de maneira recorrentes nas provas.
mais intensidade com o Caminho de Viamão, que interli-
gava Sorocaba no interior de São Paulo até Viamão, loca-
Dentro dos primeiros moradores que ocuparam as lizado no meio do Estado do Rio Grande do Sul. Com essa
terras que hoje pertencem ao estado do Paraná, destacam- rota aberta a ligação entre o Rio Grande do Sul e São Paulo
-se, os carijós na costa, que pertence ao tronco linguístico por intermédio da região de Curitiba, teve início uma fase
dos Tupi-guaranis e os Jê, agrupamentos tribais do tronco nova no histórico paranaense: o tropeirimso, o qual havia
dos caingangues. Desta forma, muita atenção para efetiva se estendido pelos séculos XVIII e XIX. Espalharam-se as fa-
ocupação territorial com ênfase nessas duas trios. zendas de pecuária e a figura humana principal começou a
Entre os anos de 1521 e 1525, a região do quadrilátero ser o fazendeiro tropeiro, ou seja, aquele que vendia tropas
fluvial formado pelos rios Paraná, Paranapanema, Tibagi de gado, principalmente os muares.
e Iguaçu teria sido percorrida por Aleixo Garcia, lideran- A comarca de Paranaguá e Curitiba, que integrava a Ca-
do uma bandeira, a qual ultrapassou o Rio Paraná perto pitania de São Paulo, foi fundada em 19 de novembro de
das Sete Quedas e chegou até a Cordilheira dos Andes. 1811, e mesmo após a independência do Brasil ter sido pro-
Em janeiro de 1542, o conquistador espanhol Álvar Núñez clamada, a região se subordinava continuamente à Província
Cabeza de Vaca, seguiu a rota pelo Caminho de Peabiru de São Paulo. Em 6 de fevereiro de 1842, Curitiba foi elevada
e chegou às Cataratas do Iguaçu, se tornando o primeiro
à categoria de cidade por uma lei provincial paulista.
europeu a descrevê-las, na sua obra “Comentários”.
Após essa lei provincial paulista ser efetivada, as pri-
No período pré-colonial, a região ficou esquecida
meiras cidades começaram a se despontar no território
pela Metrópole e foi explorada por demais países, que
paranaense, sendo elas:
buscavam especialmente madeira de lei. As mais impor-
 Paranaguá;
tantes expedições foram as espanholas, trazendo os re-
 Curitiba;
ligiosos da Companhia de Jesus, que fundaram centros
 Castro;
de povoamento no Oeste do Paraná, formando vários
 Ponta Grossa;
aldeamentos na região.
Em 1554, Ontiveros, a uma légua do Salto das Sete  Palmeira;
Quedas, foi fundada por Domingo Martínez de Irala, Go-  Lapa;
vernador do Paraguai. Posteriormente, há três léguas de  Guarapuava;
Ontiveros, foi fundada a Ciudad Real del Guayrá, na foz  Palmas.
do Rio Piquiri. Em 1576, os espanhóis fundaram à mar-
gem esquerda do rio Paraná, Vila Rica do Espírito Santo.
Com três cidades e diversas “reduções” ou “pueblos” FIQUE ATENTO!
a região era à época conhecida como Provinvia Real del O território paraense foi província de São
Guaira. Nos primeiros anos do século XVII, depois que o Paulo por muitos anos, até conseguir reco-
ouro foi encontrado em terras paranaenses, os luso-bra- nhecimento de sua emancipação, passan-
sileiros iniciaram a ocupação massiva da região, através do a se torna uma Província independente
das bandeiras Paulistas que saíam de São Vicente. de qualquer outra.
As coisas começaram a mudar na região, sendo assim,
em 1629, os estabelecimentos dos padres jesuítas, exceto
Loreto e Santo Inácio, sofreram destruição completa dos O processo de interligação econômica no Paraná,
bandeirantes paulistas e, em 1632, o bandeirante Antônio proporcionou muitos contatos com povos vizinhos, pois
Raposo Tavares cercou e destruiu Vila Rica, último reduto es- a exportação de erva-mate para os mercados uruguaio,
panhol com capacidade para que fosse oferecida resistência. argentino, chileno e paraguaio favoreceu o incremento
No Paraná, uma região de extração aurífera foi des- à economia da região, cuja atividade principal era o co-
coberta, antes de Minas Gerais. Sendo assim, os povoa- mércio de gado. Enquanto continuavam as representa-
dores se estabeleceram no litoral como no primeiro pla- ções e a luta no Parlamento, os deputados prometiam a
nalto paranaense. O povoamento era mais concentrado emancipação da futura província.
em Paranaguá. Quarenta e quatro anos após Paranaguá O projeto de criação da província do Paraná, que
ter sido fundada (1648), em 1693, Curitiba foi elevada teria como capital provisória (que posteriormente foi
à categoria de vila, sendo transformada no centro que confirmada) o município de Curitiba, foi definitivamente
comandaria a expansão territorial do Paraná. Era muito promulgado a 28 de agosto de 1853.
HISTÓRIA

difícil explorar o ouro, porque não eram conhecidos mé- Após 1853, o Paraná consegue sua emancipação po-
todos de exploração decentes, e também porque a mão lítica, administrativa, econômica e social, tendo como
de obra era escassa. primeiro presidente da província Zacarias de Góis e Vas-

6
concelos, a partir disso, o território paraense passou a Após vencer a Guerra da Independência, o Exército,
compor suas próprias delimitações, e manteve sua luta apoiado pela Guarda Nacional, eliminou as tendências
no processo de validação da mais nova Província. separatistas dos primeiros anos, reforçando a autorida-
de central da Império, durante o período da Regência no
país, reprimindo em todo o Brasil uma série de movimen-
tos populares para a autonomia política ou contra a es-
EXERCÍCIO COMENTADO cravidão e o poder dos coronéis.
Durante os anos 1850 e início da década de 1860, o
1. No processo de colonização do estado do Paraná, en- Exército, juntamente com a Armada Imperial, entrou em
contra-se a formação de São José dos Pinhais, a coloni- ação contra as forças argentinas e uruguaias, que se opu-
zação desse território foi realizada por Europeus, porém nham aos interesses do Império do Brasil. O sucesso bra-
alguns troncos linguísticos já ocupavam esses territórios. sileiro com tal “Diplomacia das Armas” acabou por levar a
Qual das alternativas abaixo, compreende a verdadeira um choque de interesses com outro país com aspirações
ocupação desse povoamento. semelhantes, o Paraguai, em dezembro de 1864. Em 1 de
maio de 1865, o Brasil, Uruguai e Argentina formaram a
a) Tupi-guarani e Jê Tríplice Aliança, para se defenderem contra a agressão
b) Apurinã e Tupi-guarani do Paraguai, que era governado pelo ditador Francisco
c) Ticuna e Jê Solano López.
d) Apurinã e Ticuna
e) Tupi-guarani e Ticuna FIQUE ATENTO!
Conteúdos recorrentes a Guerra do Para-
guai são importantíssimos para a História
Reposta: Letra A. Apenas o tronco linguístico Jê e Tu-
do Brasil, logo, lembre-se que o Brasil por
pi-Guarani ocuparam efetivamente o território onde
influência inglesa, alterou a ordem gover-
se forma São José dos Pinhais. As tribos Apurinã e Ti-
namental do Uruguai e prejudicou a eco-
cuna, são características da porção Norte do Brasil e
nomia do Paraguai, e após isso, Solano
não do Sul do país. optou por encontrar uma nova saída eco-
nômica para sua nação.

PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS FORÇAS


ARMADAS NO BRASIL - DO IMPÉRIO À As tropas de López, depois de invadirem o território
REPÚBLICA brasileiro, através da província do Mato Grosso, e o nor-
te da Argentina, estavam indo para o Sul do Brasil e o
Norte do Uruguai. Muitos escravos foram incorporados
nas forças brasileiras para enfrentar a situação cada vez
O processo de formação das Forças Armadas no Bra- mais grave. Como resultado de seu sólido desempenho
sil começa oficialmente com o surgimento do Estado durante o conflito, as Forças Armadas desenvolveram um
Brasileiro no ano de 1822. Porém, as mobilizações bra- forte sentido contra a escravidão. Depois de vários de
sileiras para guerra existem desde a colonização do país. guerra, a aliança liderada pelo Brasil Império derrotou
Eventos como a Batalha dos Guararapes, no contexto da López.
Insurreição Pernambucana, é validada como a origem do No contexto da Guerra do Paraguai, o Exército Impe-
Exército Brasileiro. rial brasileiro mobilizou cerca de 200.000 homens para
Entre os anos de 1822 e 1823, o recém-criado Exér- a guerra, divididos nas seguintes categorias: 18 000 mi-
cito Brasileiro derrotou a resistência portuguesa à in- litares que estavam no Uruguai em 1864, 2.047 na pro-
dependência. Esse evento ocorreu nas regiões Norte e víncia de Mato Grosso, 56.000 Voluntários da Pátria, mais
Nordeste do país. O Exército Nacional (ou Imperial como 62.000 Guardas Nacionais, foram mais 11.900 ex-escra-
costumeiramente era chamado) durante a monarquia vos, e mais 22 mil guardas nacionais que permaneceram
era dividido em dois ramos: o de Primeira Linha, que no Brasil para defender seu país.
era o exército de fato; e o de Segunda Linha, a Guarda Em novembro de 1889, após um longo atrito com o
Nacional, formada em 1831 pelas antigas milícias para- regime monárquico brasileiro aprofundado pela Lei Au-
militares e ordenanças herdadas dos tempos coloniais, rea que aboliu a escravidão no Brasil, o exército impõe a
comandadas por líderes regionais, grandes latifundiários república através de um golpe de Estado. O processo de
e proprietários de escravos conhecidos a partir da inde- implementação da primeira ditadura civil-militar brasilei-
pendência, pelo título genérico de Coronel. ra que se estendeu até 1894, com a formação da Repú-
Em meio ao processo de Independência do Brasil, o blica da Espada.
Exército era inicialmente composto de brasileiros, mer-
cenários portugueses e estrangeiros. A maioria dos seus
comandantes era composta por mercenários e oficiais
HISTÓRIA

portugueses leais ao então príncipe regente Dom Pedro


e depois imperador Dom Pedro I.

7
a República Oriental e os Estados de Entre-Rios e Cor-
rientes. In: TITÁRA, L. dos S. Memórias do grande exército
EXERCÍCIOS COMENTADOS libertador do Sul da América na guerra de 1851 e 1852.
Rio Grande do Sul: Typographia Berlink, 1852.
1. Após séculos de tensão entre os países da região Pla-
tina, Brasil e Paraguai entraram em guerra. Sobre o tema a) Guerra da Cisplatina.
da Guerra do Paraguai, é correto assinalar: b) Guerra do Paraguai.
c) Guerra do Prata, também conhecida como Guerra con-
a) Foi decisivo para o processo de constituição da Repú- tra Oribe e Rosas.
blica, porque os militares, em contato com as tropas d) Guerra do Chaco.
inglesas, aderiram à ideologia inglesa antimonarquis- e) Guerra do Pacífico.
ta.
b) Foi um conflito que envolveu o Brasil, o Paraguai, o Resposta: Letra C. O texto faz referência aos conflitos
Uruguai e a Argentina, em torno do espólio comer- que ocorreram na América do Sul no contexto da for-
cial proporcionado pela disputa de território e rios na mação dos Estados Nacionais na primeira metade do
Região do Prata e Mato Grosso. Foi amplamente in- século XIX. Em 1850-1852, o Império Brasileiro venceu
centivado pela Inglaterra que se beneficiava do livre Oribe do Uruguai e Rosas da Argentina e em entre
comércio defendido pelo Brasil e Argentina contra a 1864-1865, o Brasil venceu Aguirre do Uruguai. Esses
posição Paraguaia, que buscava restringir a presença conflitos culminaram na Guerra do Paraguai. A alter-
inglesa nos rios e portos da região. nativa [C] está correta.
c) As contínuas invasões de ladrões de gado em terras
paraguaias e os seguidos conflitos por jurisdição fo-
ram as motivações decisivas para que o Paraguai se
PARTICIPAÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS
juntasse ao Uruguai na luta contra o Brasil.
d) O Paraguai desafiou o poder dos ingleses no conti- BRASILEIRAS EM CONFLITOS INTERNA-
nente porque intencionava se aliar ao Brasil nas diver- CIONAIS
gências comercias entre o Brasil e a Inglaterra.
e) Foi um conflito que envolveu o Brasil, o Paraguai, o
Uruguai e a Argentina em torno da navegação do Rio As Forças Armadas Brasileiras participaram de uma
da Prata e os territórios do Mato Grosso. A Guerra não série de conflitos em esfera internacional, dos quais, al-
contou com o apoio Inglês para nenhum dos lados, guns foram guerras efetivas e muitos outros envolvidos
pois se beneficiava do monopólio da navegação do em missões humanitárias.
Dentro do recorte temporal do período imperial, po-
Paraguai, parceiro principal dos ingleses.
demos destacar os seguintes conflitos externos:
Guerra da Cisplatina (1825-1828), esse conflito ocor-
Resposta: Letra B. Somente a proposição [B] está
re entre Brasil em Argentina, em disputa pela posse da
correta. A Guerra do Paraguai, 1865-1870, envolveu a
Província da Cisplatina, localizada no atual Uruguai. A
Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai) contra a
localização estratégica da região, sempre foi fruto de dis-
República do Paraguai. O fator determinante para o
puta entre as coroas de Portugal e Espanha. As tropas
conflito foi a formação dos Estados Nacionais na Amé-
secessionistas argentinas e cisplatinas usaram táticas de
rica do Sul, em especial o acesso aos rios da Bacia do
guerrilha que impediram o fortíssimo Exército Brasilei-
Prata. Também havia o interesse inglês no conflito. A ro (Primeira Linha com 27.242 homens e Segunda Linha
Inglaterra foi a parceira que financiou a Tríplice Alian- com 95.000) de dar um golpe esmagador contra seus
ça. inimigos.
No final do conflito, mais de 8 mil brasileiros haviam
2. Leia o texto abaixo e assinale a alternativa que indica o morrido e a estima associada a uma carreira militar de-
conflito militar ao qual o documento faz referência. clinou, a retirada resultante levou à independência da
S. M. o Imperador do Brasil, e os governos da República Cisplatina, que se tornou o Uruguai, e foi a única guerra
Oriental do Uruguai, e dos estados de Entre-Rios e de que o Brasil não venceu em sua história independente.
Corrientes, reconhecendo que as declarações oficiais do No pós-guerra, os militares culparam o Imperador por
Governador de Buenos Aires, e o caráter dos prepara- não conseguir convencer o Parlamento a permitir mais
tivos bélicos que está fazendo, os colocam no caso da ajuda financeira para comprar equipamentos, munições
aliança comum estipulada no art. 15 do convênio de 29 e provisões, enquanto os liberais, por outro lado, consi-
de maio deste ano, contra aquele Governo, cuja existên- deravam o monarca responsável pelos altos custos do
cia se tem tornado incompatível com a paz, a segurança conflito.
e o bem-estar dos Estados A Guerra da Prata (1851-1852) levou o Exército Impe-
rial para um novo conflito de ordem externa, na ocasião,
Aliados, acordaram estabelecer, em uma convenção es- o exército era composto por mais de 37.000 homens, dos
pecial, o modo e os meios de satisfazer os deveres dessa quais 20.000 participaram desse conflito contra a Con-
HISTÓRIA

aliança, malogrando as intenções e disposições hostis do federação Argentina, que se caracterizava de maneira
dito Governador [...]. oposta aos interesses do Império Brasileiro. O conflito
Convênio especial de aliança entre o Império do Brasil, não foi muito extenso, e o Exército Brasileiro se saiu mui-

8
to bem, afinal, no ano de 1852 na Batalha de Caseros, o Além da Primeira Grande Guerra, as Forças Armadas
Brasil venceu os argentinos e estabeleceu uma hegemo- Brasileira também atuaram na Europa na Segunda Guerra
nia brasileira sobre a América do Sul por algum tempo, Mundial (1939-1945). Para tanto, foi criado a FEB - Força
mostrando a força das Forças Armadas brasileiras em Expedicionária Brasileira. A FEB era uma força aeroter-
solo sul americano. restre constituída na sua totalidade por 25.834 homens
Entre os anos de 1864 e 1895, ocorria a invasão do e mulheres, que durante o contexto da Segunda Guerra
Uruguai por tropas brasileiras. Esse evento ficou conhe- Mundial foi responsável pela participação do Brasil ao
cido como a Guerra contra Aguirre. A invasão envolveu lado dos Aliados. Tal força era formada por uma divisão
as tropas do exército e da marinha do Império do Bra- de infantaria completa, que foi batizada como 1ª DIE, 1ª
sil e grupos militares do Uruguai. A guerra recebeu esse Divisão de Infantaria Expedicionária, uma esquadrilha de
nome porque a ação brasileira ocorreu contra o então reconhecimento, e também, um esquadrão de caças. Seu
presidente do Uruguai, Atanasio Cruz Aguirre. Como lema de campanha era “A cobra está fumando”, era uma
grande reflexo desse processo revolucionário, eclodiu na alusão irônica ao que se afirmava à época de sua forma-
América logo na sequência a Guerra do Paraguai, afinal, ção, que seria “Mais fácil uma cobra fumar cachimbo do
a transição política sofrida no Uruguai, desagradou os in- que o Brasil participar da guerra na Europa”.
teresses paraguaios de Solano López.
A Guerra do Uruguai, foi seguida pela Guerra do Pa-
raguai (1864-1870), que revelou a total negligência sub-
metida ao Exército Imperial após 1852. O Exército não
tinha equipamento, munições, uniformes ou transporte
suficientes para enfrentar um conflito tão grande como
esse. Com apenas 18.000 homens em 1864, foi necessá-
rio procurar forças de reserva para colaborar com o es-
forço de guerra. Em 1864 a matrícula da Guarda Nacional
era composta por 440.000 homens. Apesar do número
impressionante, o potencial militar da Guarda foi redu-
zido consideravelmente por sua falta de treinamento e
equipamento e pela resistência da maioria dos membros
da Guarda para a implantação no teatro de operações.
A partir de então, a Guarda Nacional seria gradualmente
posta de lado em favor do Exército. O corpo de Voluntá-
rios da Pátria foi criado em 7 de janeiro de 1865. O Corpo
recebeu voluntários e recrutados brasileiros. A nomeação
do Marquês de Caixas como comandante do Exército Im-
perial em meados de 1866 pôs fim à anarquia, e levou
as Forças Armadas Brasileiras a um cenário de progresso
novamente, com mais homens compondo seu corpo e
organização entre os membros.
No período republicano, as Forças Armadas Brasileira Força Expedicionária Brasileira, perdurou entre os
continuaram a se envolver em conflitos de ordem exter- anos de 1943 até 1945, ela atuou diretamente na famosa
nas, começando com a Primeira Guerra Mundial (1914- Campanha da Itália e tinha como comandantes notáveis
1918) envolveu a participação de muitos países e o Brasil Mascarenhas de Moraes, Cordeiro de Farias e Euclides
não ficou de fora deste contexto. Porém, nos três primei- Zanóbio da Costa. A participação do Brasil na Segun-
ros anos da guerra, o Brasil permaneceu neutro. da Guerra Mundial, foi reflexo da parceria feita entre o
Mas, em 5 de abril de 1917, um submarino alemão governo Varguista com o governo dos Estados Unidos,
atacou um navio brasileiro (vapor Paraná da Marinha e como de costume, o Brasil saiu vitorioso do conflito.
Mercante) carregado de café, e com esse ataque, pró- Logo após o término do mesmo, as Forças Armadas
ximo ao litoral francês, três brasileiros foram mortos. Em obrigaram a Vargas a deixar o governo, pois havia lutado
20 de maio, outro navio brasileiro, agora o Tijuca, na- contra o fascismo na Europa, e Vargas exercia essa mes-
vegando em águas francesas, foi torpedeado por um ma doutrina no Brasil.
submarino alemão. Estes fatos foram o estopim para a
entrada do Brasil no conflito.
Devido a esses fatos, o Brasil declarou guerra aos paí- FIQUE ATENTO!
ses da Tríplice Aliança em 1 de junho de1917. Entretanto, As Forças Armadas Brasileira participou de
o Brasil não enviou soldados para os campos de bata- uma série de conflitos externos ao longo
lha na Europa, sendo assim, nenhum militar brasileiro foi da fase Imperial e Republicana do Brasil, e
morto durante o conflito armado mundial, o Brasil parti- apenas em uma delas saiu derrotado, que
cipou enviando medicamentos e equipes de assistência foi na Guerra da Cisplatina, em todas as de-
médica para ajudar os feridos da Tríplice Entente. Tam- mais, o país se sagrou vitorioso.
bém participou realizando missões de patrulhamento
HISTÓRIA

no Oceano Atlântico, utilizando embarcações militares,


e isso mostrou uma grande importância estratégica para
as Forças Armadas Brasileira.

9
PARTICIPAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR DO
EXERCÍCIOS COMENTADOS
ESTADO DO PARANÁ EM CONFLITOS HIS-
TÓRICOS
1. Entre 1939 e 1945, o mundo foi abalado pela Segun-
da Guerra Mundial. O Brasil, inicialmente, adotou uma
posição de neutralidade, porém, em 1941, acordos inter- A formação da Polícia Militar do Paraná (PMPR) tem
nacionais começaram a ser feitos, para apoiar os aliados. como função primordial o policiamento ostensivo e a
Sobre a participação brasileira na Guerra é correto afir- preservação da ordem pública, além das funções den-
mar que tro do estado, ela é Força Auxiliar e Reserva do Exército
Brasileiro, estando integrada ao Sistema de Segurança
a) o governo brasileiro era totalmente favorável a acor- Pública e Social do Brasil. Seus integrantes são denomi-
dos com os aliados desde o início do conflito. nados Militares dos Estados, assim como os membros do
b) os alemães afundaram navios brasileiros no final de Corpo de Bombeiros. A Polícia Militar do Paraná foi cria-
1941. da como uma unidade de Caçadores, em 10 de agosto
c) a FEB participou da Campanha da Itália, como parte do de 1854, com a denominação de Companhia de Força
5º Exército Norte Americano. Policial. Dentro da formação histórica da polícia militar
d) a Alemanha declara guerra ao Brasil em 1941. paranaense, é possível observar uma honrosa participa-
e) no Dia D, por ocasião do desembarque, o Brasil sofreu ção em episódios que marcaram a vida nacional do nos-
grandes perdas. so país.
Polícia Militar do Paraná, esteve presente em uma sé-
Resposta: Letra C. O Brasil participou efetivamente rie de conflitos históricos em território nacional, e tam-
da Segunda Guerra após 1941. Nossos pracinhas, en- bém internacionais, sendo eles:
viados pela Força Expedicionária Brasileira, foram para  Guerra do Paraguai (1864-1870): a Corporação pa-
o front de batalha, lutando ativamente na Itália. ranaense ainda não se encontrava complemente
organizada, quando teve de ceder parte do efetivo
2. Segundo a historiadora Regina da Luz Moreira, “o re- para a composição dos Corpos de Voluntários da
torno dos contingentes da FEB precipitou (...) a queda de Pátria. De imediato foi formada uma companhia
Vargas em 1945” onde incluíram os primeiros policiais. Essa unidade
(CPDOC. Disponível em: <http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/
seguiu para o Rio de Janeiro onde foi incorporada
FatosImagens/FEB>).
ao 4° Corpo de Voluntários. Na sequência, os ofi-
ciais saíram em diligência para interior do Estado,
Assinale a alternativa que justifica a declaração acima, para recrutar e formar um novo Corpo, sendo reu-
relacionando a atuação do Brasil, por meio da Força Ex- nido um efetivo apenas suficiente para completar
pedicionária Brasileira (FEB), na Segunda Guerra Mundial três companhias. Essas companhias foram envia-
com o primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-1945). das à cidade de Desterro e se uniu a outras com-
panhias de Santa Catarina, compondo o 25º Corpo
a) Ao lutar pela democracia e contra os fascismos na Eu- de Voluntários. Em Uruguaiana, RS, as tropas bra-
ropa com a FEB, o governo de Vargas perdeu apoio sileiras foram reorganizadas, sendo o 25º Corpos
interno ao manter regime autoritário. de Voluntários da Pátria incorporado ao 31º Cor-
b) Ao lutar pela democracia e derrotar os fascismos na pos de Voluntários da Pátria, que foi organizado
Europa, os pracinhas conquistaram apoio popular com o Corpo Policial da Capital Federal. Esse Cor-
para derrubar a ditadura de Vargas. po se destacou como uma das melhores unidades
c) Ao derrubar o regime franquista na Espanha, os sol- na Guerra do Paraguai, e foi uma das últimas a ser
dados brasileiros inspiraram a população a lutar por desmobilizada.
eleições, após 15 anos de Estado Novo.  Revolução Federalista (1893-1895): para fazer
d) Ao derrotar os fascistas na Batalha de Monte Castelo frente ao avanço dos federalistas, o Regimento de
na Itália, a FEB conquistou o apoio norte-americano Segurança (PMPR) foi colocado à disposição do
para derrubar a ditadura de Vargas. Ministério da Guerra, e reunido ao 8º Regimen-
e) Ao lutar pela libertação dos povos europeus, o go- to de Cavalaria e o 17º Batalhão de Infantaria do
verno brasileiro esgotou seus recursos financeiros no Exército, sob o comando do General Francisco de
Exército, precipitando a queda de Vargas. Paula Argolo. Essa tropa deveria avançar sobre a
cidade de Desterro, onde se concentravam os fe-
Resposta: Letra A. A participação brasileira na Segun- deralistas e os marinheiros sublevados da Revolta
da Guerra foi controversa: dirigindo um regime auto- da Armada. Devido o iminente cerco por outras
ritário, Vargas colocou o Brasil do lado democrático colunas móveis, o General Argolo decidiu recuar as
da guerra, o que, a longo prazo, contribuiu para enfra- tropas para Rio Negro, PR. Esse procedimento de-
quecer seu governo. sagradou o Marechal Floriano Peixoto, levando-o
HISTÓRIA

a repassar o comando das tropas para o Coronel


Antônio Ernesto Gomes Carneiro. Nesse momento
o Paraná já se encontrava sob ataque por diversas
frentes, o Coronel Carneiro optou por criar uma li-

10
nha de defesa concentrado na cidade da Lapa, até  Revolução de 1930: no Paraná a adesão à revolta
receber reforços de São Paulo. Esse reforço nunca foi espontânea, sendo o governo estadual assu-
chegou, e as tropas resistiram por vinte e seis dias mido por uma Junta Militar, chefiada pelo General
a efetivos numericamente superiores. No dia 7 de Mário Alves Monteiro Tourinho (ex-comandante
fevereiro de 1894 ocorreu o mais violento com- da PMPR). As tropas revolucionárias vindas do Rio
bate, onde foram mortos o Coronel Carneiro, e o Grande do Sul reuniram-se às do Paraná, e posta-
Coronel Dulcídio, Comandante do Regimento de ram-se diante da cidade de Itararé, SP. Quando a
Segurança. Em 11 de fevereiro a praça de guerra ofensiva estava pronta a se iniciar, o Governo Fe-
capitulou, mas a resistência não foi vã. Ela retardou deral foi deposto no Rio de Janeiro, evitando des-
os revoltosos, permitindo a concentração das for- sa forma o confronto. O 1º Batalhão da PMPR foi
ças legalistas, o que contribuiu para a manutenção incorporado como 3º Batalhão do 13º Regimento
do governo. de Infantaria do Exército (atual 13º BIB), e seguiu
 Guerra do Contestado (1912-1916): o conflito para Rio de Janeiro (1 de novembro), para garantir
ocorrido entre Paraná e Santa Catarina compõe a posse do governo revolucionário.
uma luta por território e a influência do messia-  Revolução de 1932: a Polícia Militar do Paraná foi
nismo no Brasil nos primeiros anos da República. incorporada ao Exército Sul, constituindo a chama-
A guerra civil deflagrou-se quando um movimen- da Coluna Plaisant, destacando-se na tomada da
to messiânico adentrou na região do Irani, área de Capela da Ribeira (31 de julho), Apiaí (4 de agosto),
litígio entre os Estados de Santa Catarina e Para- Rio das Almas (15 de agosto), Batatal (17 de agos-
ná, com o intuito de afastar uma intervenção da to), e Capão Bonito (7 de setembro).
União, o governo estadual enviou o Regimento de
Segurança para resolver a situação de forma ime- Desta forma, a Polícia Militar do Paraná, esteve presen-
diata e incisiva. O confronto violento foi desastroso te nos principais eventos ocorridos no Brasil e nas grandes
mudanças históricas da América Sul. Observando seu pro-
para ambos os lados, e desencadeou justamente o
cesso de resistência e força no contingente militar, os para-
que se procurava evitar, uma intervenção federal.
naenses nunca fugiram da luta e das suas responsabilidades
As operações perduraram de 1912 a 1916. Em
no patrulhamento ostensivo no seu estado e do nosso país.
1914, o efetivo da polícia militar que havia sido re-
tirado do local sob o controle dos revoltosos, foi
reunido e reforçado, constituindo um Batalhão Tá-
#FicaDica
tico, nessa fase a força estadual permaneceu sob o
comando do Exército, intervindo apenas em apoio Denominações Históricas da Polícia Militar
às operações. do Paraná ao longo dos anos: 1854 - Com-
 Revolta de 1924: a participação da Polícia Militar do panhia de Força Policial da Província do Pa-
Paraná nesse conflito se desenvolve em suas fases, raná, 1874 - Corpo Policial da Província do
sendo elas: no primeiro momento a Força Militar Paraná, 1891 - Corpo Militar de Polícia do
do Estado foi mobilizada e incorporada ao Exérci- Estado do Paraná, 1892 - Regimento de Se-
to; sendo transportada por trem para o Estado de gurança do Estado do Paraná, 1917 - Força
São Paulo, onde participou dos confrontos na ci- Militar do Estado do Paraná, 1932 - Força
dade de Itu (27 de julho), Botucatu (1 de agosto), e Pública do Estado do Paraná, 1939 - Força
Ourinhos (12 de agosto). Já no segundo momento, Policial do Estado do Paraná e 1946 - Polícia
os amotinados da cidade de São Paulo retiraram- Militar do Estado do Paraná.
-se para o oeste do Paraná (Coluna Paulista - 3.000
homens e 14 canhões), procurando se unirem aos
do Estado do Rio Grande do Sul (Coluna Gaúcha
- 1.500 homens). A FM retornou ao Paraná (14 de
setembro) até a cidade de Irati, onde foi reequipa- EXERCÍCIO COMENTADO
da, partindo então em direção oeste. Atuando ati-
vamente nos combates da Serra dos Medeiros (no- 1. Decreto-lei 3.509, de 12 de setembro de 1865
vembro de 1924) e Catanduvas (janeiro de 1925), Art. 1º – O cidadão guarda-nacional que por si apresen-
dentre outros. Em março de 1925, quatrocentos tar outra pessoa para o serviço do Exército por tempo de
rebeldes se renderam em Catanduvas. Os sobre- nove anos, com a idoneidade regulada pelas leis milita-
viventes das colunas rebeldes (1.500 homens) se res, ficará isento não só do recrutamento, senão também
uniram em Santa Helena (abril de 1925), e através do serviço da Guarda Nacional. O substituído é respon-
do Paraguai (Porto Adela), deslocaram-se para o sável por o que o substituiu, no caso de deserção.
Estado do Mato Grosso, dando início à conhecida Arquivo Histórico do Exército. Ordem do dia do Exército,
Coluna Prestes. Em maio de 1925 o Governo Fe- n. 455, 1865 (adaptado).
deral desmobilizou as tropas, dando as operações No artigo, tem-se um dos mecanismos de formação
por encerradas, porém, para a PMPR os combates dos “Voluntários da Pátria”, encaminhados para lutar na
HISTÓRIA

estenderam-se até 1927, desbaratando bandos ar- Guerra do Paraguai. Tal prática passou a ocorrer com
mados independentes que permaneceram agindo muita frequência no Brasil nesse período e indica o(a)
na região.

11
a) forma como o Exército brasileiro se tornou o mais bem equipado da América do Sul.
b) Incentivo de grandes proprietários à participação dos seus filhos no conflito.
c) solução adotada pelo país para aumentar o contingente de escravos no conflito.
d) envio de escravos para os conflitos armados, visando sua qualificação para o trabalho.
e) Fato de que muitos escravos passaram a substituir seus proprietários em troca de liberdade.

Resposta : Letra E. Na formação dos Voluntários da Pátria para compor o exército brasileiro, na Guerra do Paraguai,
muitos senhores acabaram convencendo seus escravos a se alistarem em seus lugares em troca da alforria. O Exérci-
to brasileiro que lutou tal Guerra teve maciça presença de negros, o que chegou a ser objeto de piada no Paraguai.

PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO MUNDIAL E A INSERÇÃO DO BRASIL NO MUNDO DO TRA-


BALHO GLOBALIZADO

O processo de globalização em escala global, é um processo de aprofundamento das relações internacionais e inte-
grações econômicas, social, política e cultural, que foi impulsionada pela redução dos custos nos meios de transportes
e comunicação dos países no final do século XX e início do século XXI. Porém, não podemos negligenciar o fomento
inicial desse processo de interligação global, pois desde o advento dos tempos modernos, já é possível notar um
processo de aproximação entre continentes, com o advento das Grandes navegações.
A nomenclatura do termo “globalização” tem sido aplicada com mais força a partir de meados da década de 1980, e
especialmente, a partir de meados da década de 1990. No início dos anos 2000, o FMI – Fundo Monetário Internacional
identificou quatro aspectos básicos da globalização, sendo eles:
 Comércio e transações financeiras;
 Movimentos de capital e de investimentos;
 Migração e movimento de pessoas;
 Disseminação de conhecimento.

Esse processo de grande integração mundial, acelerou todo o processo de relacionamentos e estreitamento do
globo terrestre, devido aos grandes adventos das comunicações e transportes mundiais. Porém, é preciso lembrar dos
desafios ambientais, como a mudança climática, poluição do ar, emissão de gases poluentes, desmatamento, excesso
de pesca nos oceanos, dentre outros aspectos negativos, também estão ligados ao processo de globalização. Para
compreender essa variação, observe a tabela abaixo:

Aspectos da Globalização em Escala Global


Positivos Negativos
Ampliação da difusão de informação Desigualdades sociais extremas
Mescla cultural entre os países Menor valorização da cultura local
Avanços científicos-tecnológicos Maior fluxo de capitais especulativos
Ampliação da produção de bens e serviços Instabilidade financeira em caráter internacional
Formação de ONGs que atuam em escala global Aumento do crime organizado globalizado
Aproximação entre os continentes Políticas neoliberais intensificadas

FIQUE ATENTO!
Antiglobalização é um termo genérico, utilizado sobretudo durante os anos 1990, para descrever o mo-
vimento de oposição aos aspectos capitalista-liberais da globalização. O movimento reivindica o fim de
determinados acordos comerciais e do livre trânsito do capital financeiro internacional.

O processo de Globalização no Brasil, decorre de uma série de fatores históricos e geográficos, podemos dizer
que desde que os europeus chegaram ao que hoje é chamado de território nacional brasileiro, o país está inserido no
processo de Globalização. Contudo, o consenso é que somente a partir da década de 1990 que a Globalização passou
a ter um maior impacto na sociedade e economia brasileira.
HISTÓRIA

Esse processo global aplicado ao Brasil, passou a sofrer maior influência quando o modelo econômico aplicado, visava
à mínima Intervenção do Estado na economia, a formação do Estado Mínimo aplicado ao modelo do Neoliberalismo. Com
esse aspecto, se intensificou o processo de privatizações das empresas estatais e a intensa abertura para o capital externo.

12
Nesse cenário, o Brasil também deixou de ser denominado como país de terceiro mundo, uma vez que essa divisão
deixou de ser adotada, passando-se a dividir o mundo em países do Norte (desenvolvidos) e países do Sul (subde-
senvolvidos). O que não mudou foi a dependência econômica e a condição de subdesenvolvimento em que o país se
encontrava.
Dentro desse processo de abertura de capitais, houve maior inserção das indústrias e companhias multinacionais
no Brasil. Elas aqui se instalaram para ampliar o seu mercado consumidor e, também, para buscar mão de obra barata e
maior acesso às matérias-primas. Isso acarretou uma maior produção de emprego, porém com condições de trabalho
mais precarizadas.
Portanto, podemos observar nessa linha, o processo de instalação de inscritas denominadas “maquiladoras”, uma
vez que todo o processo produtivo se fazia em outros países e apenas a montagem dos produtos era feita nacional-
mente. O objetivo das empresas era driblar os impostos alfandegários e diminuir os custos com a produção, uma vez
que a mão de ora em países subdesenvolvidos (como é o caso do Brasil) costuma ser mais barata do que em países
desenvolvidos.
Desta forma, o que podemos observar com a Globalização no Brasil foi a construção de uma contradição: na qual,
de um lado, o aumento de emprego e da produção e venda de maior número de aparelhos tecnológicos. Porém, por
outro lado, o aumento da precarização do trabalho e da concentração de renda, sobretudo nos anos de 1990 e início
dos anos 2000.
Seguindo essa lógica, o fomento da Globalização, vem gerando uma situação bastante controvérsia no território
nacional, pois estamos integrados no eixo dos países subdesenvolvidos, porém, o país também aplica a expansão sob
outros países que se enquadram na mesma situação brasileira, buscando estabelecer linhas de produção fora do seu
país, afim de obter um produto mais barato para competir nesse mercado em Escala Global.

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. Análise o mapa abaixo:

Considerando o mapa e o contexto histórico, é correto constatar que essas viagens

a) estabeleceram as bases de uma economia planetária, com plena integração comercial entre as diversas partes do
mundo.
b) contribuíram para a globalização, ao conectar partes do mundo que até então se ignoravam ou não se ligavam
diretamente.
c) resultaram de equívocos e erros de navegação, mais do que de cálculos ou de um projeto expansionista organizado.
d) representaram a ampliação da hegemonia romana sobre o planeta, iniciada na Antiguidade Clássica.
e) tiveram por objetivo a aquisição de escravos, daí privilegiarem rotas na direção da África e da Ásia.
HISTÓRIA

Resposta: Letra B. Somente a proposição [B] está correta. O mapa representa o contexto das Grandes Navegações
no século XV quando os europeus realizaram diversas viagens e, através delas, ampliaram seus conhecimentos sobre
o mundo, aperfeiçoaram os mapas, aproximaram regiões do ponto de vista do comércio e da cultura contribuindo
para o processo de globalização.

13
2. Ao analisar a passagem do século XX para o século XXI, o historiador Eric Hobsbawm afirmou:

É enorme o volume de estudos (...) já realizados sobre o emprego de forças armadas privadas em guerras futuras. Há
quem considere que as perspectivas nesse sentido não são boas, sobretudo pela falta de confiabilidade desse tipo de
serviço. (...). Creio que o fornecimento de munições, equipamentos e roupas para as tropas será cada vez mais trans-
ferido para empresas particulares. (...). Este é um fenômeno que não se viu no século XX. Ele é típico de uma nova era,
devendo-se a uma relativa desintegração do poder estatal em algumas regiões do mundo.
Eric Hobsbawm. Novo Século. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 18.
Sobre esse contexto, é correto afirmar que

a) o aprofundamento da globalização e do neoliberalismo, bem como a relação entre interesses privados e gover-
namentais, redimensionam a atuação dos Estados no gerenciamento e realização de conflitos em várias partes do
mundo.
b) o início do século XXI assiste à eclosão de variados conflitos, em diversas partes do mundo, mostrando a ligação en-
tre guerra e interesses econômicos, com o domínio estatal sobre a produção e venda de artefatos para os conflitos.
c) há um redimensionamento do papel e da importância dos Estados na realização e condução de conflitos bélicos,
pois, interesses privados, associados a grupos políticos, impedem a paz mundial e a atuação da ONU.
d) interesses privados não interferem na condução e na realização de conflitos pelo mundo, uma vez que o financia-
mento de tais conflitos se dá exclusivamente por meio das reservas cambiais dos Estados nacionais.
e) a globalização, que se aprofunda no XXI, permite aos Estados um poder de atuação maior, quando comparado a
outros contextos históricos, e, ao mesmo tempo, possibilita o controle estatal sobre todos os aspectos bélicos do
mundo.

Resposta: Letra A. O texto deixa claro que, com o avanço da globalização, ocorre um aumento gradativo e subs-
tancial do setor privado de serviços. Tal setor atingirá, inclusive, as áreas de segurança e conflito.

FORMAÇÃO DE BLOCOS ECONÔMICOS NA AMÉRICA LATINA E NO MUNDO

Com o advento da globalização, os mercados internacionais tornaram-se bastante competitivos, com isso, somente
as economias mais fortes prevalecem no mercado global. Esse processo, fez ocorrer uma disputa em âmbito global,
onde a lei de mercado (lei da oferta e procura) fica cada vez mais acentuada.
Nesse cenário global, muitos países começaram a formar blocos, com um intuito claro de se fortalecer economica-
mente, unindo-se para alcançar mercados e verticalizar sua participação e influência comercial no mundo. Sendo assim,
a criação de blocos econômicos estreitou ainda mais as relações econômicas, financeiras e comerciais entre os países
que formam um bloco econômico.
Na atualidade, existem muitos blocos econômicos, dentre eles, temos blocos em todos os continentes como: Eu-
ropeu, Norte Americano, Asiático, Latino Americano, Sul Americano, dentre outros. Para exemplificar, podemos citar o
Mercosul (1991) e União Europeia (1992), dois blocos formados há décadas. Seguindo essa vertente de formação de
blocos econômicos em escala global, observe alguns dos principais blocos da América Latina e do mundo.

Blocos Econômicos Mundiais


Nomenclatura e Bandeira Características
A União Europeia foi oficializada no ano de 1992, através do Tratado de Maas-
tricht. Este bloco é formado pelos seguintes países: Alemanha, Áustria, Bélgica,
Bulgária, Chipre, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia,
Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo,
Malta, Países Baixos (Holanda), Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tche-
ca, Romênia e Suécia. Este bloco possui uma moeda única que é o EURO, um
UE – União Europeia sistema financeiro e bancário comum. Os cidadãos dos países membros são
também cidadãos da União Europeia e, portanto, podem circular e estabelecer
residência livremente pelos países da União Europeia.
HISTÓRIA

14
NAFTA - Tratado Norte-Americano de Livre Comércio os seguintes países: Esta-
dos Unidos, México e Canadá. Começou a funcionar no início de 1994 e oferece
aos países membros vantagens no acesso aos mercados dos países. Estabele-
ceu o fim das barreiras alfandegárias, regras comerciais em comum, proteção
comercial e padrões e leis financeiras. Não é uma zona livre de comércio, po-
rém reduziu tarifas de aproximadamente 20 mil produtos.
NAFTA

O Mercosul - Mercado Comum do Sul foi oficialmente estabelecido em março


de 1991. É formado pelos seguintes países da América do Sul: Brasil, Paraguai,
Uruguai, Argentina e Venezuela. Futuramente, estuda-se a entrada de novos
membros, como o Chile e a Bolívia. O objetivo principal do Mercosul é elimi-
nar as barreiras comerciais entre os países, aumentando o comércio entre eles.
Outro objetivo é estabelecer tarifa zero entre os países e num futuro próximo,
MERCOSUL uma moeda única.

Outro bloco econômico da América do Sul é formado por: Bolívia, Colômbia,


Equador e Peru. Foi criado no ano de 1969 para integrar economicamente os
países membros. As relações comerciais entre os países membros chegam a
PACTO ANDINO valores importantes, embora os Estados Unidos sejam o principal parceiro eco-
nômico do bloco.
APEC APEC - Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico foi criada em 1993 na
Conferência de Seattle (Estados Unidos da América). Integram este bloco eco-
nômico os seguintes países: Estados Unidos da América, Japão, China, Formosa
(também conhecida como Taiwan), Coreia do Sul, Hong Kong (região admi-
nistrativa especial da China), Cingapura, Malásia, Tailândia, Indonésia, Brunei,
Filipinas, Austrália, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Canadá, México, Rússia,
Peru, Vietnã e Chile. Somadas as produções industriais de todos os países, che-
ga-se a metade de toda produção mundial. Quando estiver em pleno funciona-
mento (previsão para 2020), será o maior bloco econômico do mundo.

Desta forma, o comércio entre os países constituintes de um bloco econômico, acaba por gerar um aumento gradativo
na economia dos países, afinal, passam a ter uma integração mais efetiva entre si. A formação de blocos, costuma ocorrer en-
tre países vizinhos, ou então, países que possuem algumas afinidades, sendo elas, culturais ou comerciais. Atualmente, países
que vivem fora de um bloco econômico, é como viver isolado em um mundo totalmente integrado em escala comercial.

FIQUE ATENTO!
O Brasil compõe o um Grupo Econômico chamado de BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul,
inicialmente o grupo era formado por apenas Brasil, Rússia, Índia e China, e posteriormente, adicionou a
África do Sul. Juntos eles integram um grupo político de cooperação, que foi criado em 2011, os mem-
bros fundadores e a África do Sul, estão todos em um estágio similar de mercado emergente, devido as
suas características de desenvolvimento econômico. É geralmente traduzido como “os BRICS” ou “países
BRICS”, ou então, como os “Cinco Grandes”. Esse modelo econômico, mostra uma aliança entre os países
emergentes para tentar obter um fortalecimento comercial entre seus membros, promovendo compra e
venda em blocos.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. Antes de tudo, é preciso que se entenda o que é capital financeiro. Trata-se da parte do capital destinada a financiar
atividades econômicas, em troca de rendimentos provenientes de juros de empréstimos ou outros tipos de aplicação.
É bom ressaltar que, para obter essa renda, não é preciso aplicar diretamente no processo de produção.
OLIVA, Jaime; GIANSANTI, Roberto. Espaço e modernidade: temas da geografia mundial.
São Paulo: Atual.
HISTÓRIA

Com relação ao sistema financeiro internacional, assinale a afirmação incorreta.

15
a) A metáfora “economia do cassino” descreve a espe-
culação e a mobilidade transfronteira do capital no PROCESSO DE FORMAÇÃO CULTURAL NO
mundo. BRASIL E NO MUNDO
b) O uso indiscriminado das aplicações financeiras sem
que esse capital retorne à produção é o que se chama
especulação financeira. Quando pensamos em processo de formação cultural
c) A circulação de capitais excedentes das economias na- brasileira, precisamos pensar em um amplo processo de
cionais mais avançadas está restrita aos mercados dos mescla cultural, destacar uma grande miscigenação entre
países que integram seus blocos econômicos. civilizações distintas e absorção de múltiplos elementos
d) O dinheiro cibernético (virtual ou invisível), utilizado culturais. Seguindo essa ótica, podemos observar como
no sistema financeiro, é transferido via redes de tele- característica cultural no país uma grande mestiçagem
comunicações, como a internet. étnica e uma grande fusão da cultura europeia com as
e) Os chamados centros financeiros offshore são parte das culturas indígenas e africanas. Uma grande mostra des-
redes de operações financeiras protegidas pelo anoni- sa cultura miscigenada pode ser observada nos hábitos
mato e das redes financeiras de lavagem de dinheiro. alimentares, no vocabulário, em ações cotidianas, e tam-
Resposta: Letra C. A alternativa [C] está incorreta por- bém, na formação do folclore brasileiro.
que a circulação de investimentos não fica restrita à O processo de formação territorial do Brasil, assim
determinados mercados, haja vista a forte integração como o processo de colonização, teve como resultado a
da economia e a forma de reprodução do capital. diversidade cultural, sendo expresso, nas múltiplas mes-
clas entre povos distintos. Essa formação da população
2. Sobre relações de comércio, é correto afirmar: brasileira, ocorre por meio de muitas conquistas e ações
variadas, realizadas por muitas pessoas, no âmbito de
a) A acentuada expansão do comércio verificada na se- formar a Nação Brasileira.
gunda metade do século XX foi impulsionada, em Para entender a formação da cultura brasileira, é pre-
grande parte, pelos avanços tecnológicos na área dos ciso relacionar a mesma, ao processo de organização do
transportes e na área das comunicações, reduzindo país como nação, isto é, um conjunto de pessoas que
distâncias e tempo. compartilham o mesmo processo histórico, que deter-
b) A formação de blocos econômicos está associada à mina uma forma de viver e de organizar os lugares e as
economia globalizada e competitiva, instituindo bar- regiões que compõem o território nacional. Essa identi-
reiras comerciais entre países formadores e entre dife- dade cultural possibilita a formação da consciência na-
rentes blocos, privilegiando poucos países e reduzindo cional, e com isso, o sentimento de fazer parte de um
o poder de negociação de outros. país, além de dar unidade a ele, permitindo a manuten-
c) O Acordo Transpacífico de Cooperação Econômica, ção de suas fronteiras.
criado em 2016 e que envolve países da América, Ásia Seguindo essa vertente colonizadora múltipla, po-
e Oceania, é um mercado de 40% do PIB mundial, demos destacar influências variadas no Brasil, sendo in-
aprovado pelo Parlamento e confirmado pelo presi- fluenciados pelos indígenas, que eram nativos em nosso
dente norte-americano no início de 2017. território, dos africanos, que chegaram ao país por viés
d) O Mercosul, principal bloco econômico da América do do tráfico negreiro, e dos europeus, que participaram ati-
Sul e do qual o Brasil é membro, foi criado nos primei- vamente de nossa colonização.
ros anos de século XXI. É com esse bloco que o Brasil A partir do momento em que os portugueses chega-
realiza o maior volume de suas exportações. ram ao Brasil, no início do século XVI, encontraram uma
e) Até o final do século XX, comércio, produção, finanças grande variedade étnica já existentes, que foram defini-
e tecnologia estavam concentrados nos países desen- das como nações indígenas. Essas nações, já possuíam
volvidos; na entrada do século XXI, observa-se forte um tronco linguístico próprio, elementos culturais e tra-
ascensão dos países periféricos no comércio mundial dições, além do mais, estavam espalhadas pela imensi-
de produtos industrializados. dão territorial brasileira, porém, em critérios econômicos,
esses grupos estavam atrasados aos olhos eurocêntricos,
Resposta: Letra A A partir da segunda metade do pois vivam basicamente da caça e coleta, desconhecendo
século XX, a expansão das redes de transportes (rodo- técnicas de produção agrícolas mecanizadas.
vias, ferrovias, dutovias, hidrovias fluviais e transporte Esses grupos, eram desprovidos de anticorpos contra
marítimo), telecomunicações e informática, impulsio- doenças oriundas da chegada dos colonizadores e sendo
nou o comércio no interior dos países e também em pressionados de forma violenta a serem escravizados, os
escala internacional, sendo uma das características da grupos indígenas sofreram uma grande redução. Contu-
globalização da economia. Assim, distâncias passaram do, mesmo com essa redução, o Brasil absorveu muitos
a ser percorridas com menos tempo, permitindo o elementos nativos, como o uso cotidiano da mandioca
crescimento das trocas comerciais e da lucratividade e do milho, além de aprender a produzir a moqueca e
das empresas. pirão de peixe, podemos demarcar como cultura extraída
dos índios o hábito de tomar anho de rio e mar, ficar
HISTÓRIA

descalços e de cócoras, também advém dos nativos. Uso


de utensílios como: anzol, rede, cestas, alçapão, entre
outros são absorvidos deles.

16
Podemos notar a influência indígena na música, em víncia do Rio de Janeiro em 1819; os alemães que se ins-
nossos métodos de caça e pesca, nas brincadeiras infan- talaram na região de Santa Catarina e Rio Grande do Sul
tis e no conhecimento sobre plantas e ervas medicinais. a partir de 1824; os eslavos oriundos da Polônia e Ucrâ-
Não podemos esquecer, as diversas palavras indígenas nia, que se estabeleceram no Paraná a partir de 1869; os
adotadas pelos homens brancos com peixes e aves, além italianos, que se fixaram na sua maioria na província de
de pessoas, localidades, acidentes geográficos e ruas. São Paulo, em 1870; e os espanhóis, que se concentraram
Além dos índios, os africanos contribuíram muito na Província de São Paulo na década de 1880.
para a formação da cultura brasileira, pois como a vinda As influências culturais desses povos podem ser nota-
do negro era algo extremamente lucrativo a metrópole, das em toda parte, na culinária, na arquitetura, no modo
durante todo o processo formador do Brasil, eles foram de vestir, na personalidade, nas expressões, na música,
trazidos para cá, na condição de escravos e contribuíram nas artes, na ciência e na educação. Notamos essas in-
muito em nosso fomento cultural. fluências nos traços culturais destacados abaixo:
Podemos observar contribuição africana nos instru-
mentos musicais tocados hoje em nosso país, a exem-  Cavalhada;
plo: a flauta africana, o tambor, o atabaque, a marimba,  Pizza;
a cuíca e o berimbau, foram trazidos pelos negros es-  Folclore;
cravizados. O processo de absorção da música africana  Catolicismo;
pode ser observado em ritmos como o jongo, o cateretê  Protestantismo;
e o samba, além das danças que fomos extremamente  Língua Portuguesa;
influenciados por eles. O vocabulário africano também  Carnaval.
foi incorporado ao brasileiro, como as palavras: acarajé,
canjica, umbanda, muamba e samba. Nesse processo de Desta forma, podemos dizer que a cultura brasileira é
formação, devemos destacar que o quicongo, ou congo- consequência de variados grupos étnicos que contribuí-
lês, é considerado umas das línguas formadoras da lín- ram para que a população brasileira fosse formada. Com
gua portuguesa discorrida no Brasil. isso, toda a nossa cultura e grande diversidade existente,
No que tange alimentação, o Brasil também sofreu são frutos da extensão territorial e da formação de carac-
forte influência. Tanto no uso de ingredientes, e também, terísticas regionais existentes no país.
como no modo de preparo denota grande influência da
África, um exemplo clássico é o acarajé, preparado com
feijão fradinho, azeite de dendê, camarões e pimenta.
EXERCÍCIO COMENTADO
FIQUE ATENTO! 1. Atente para os excertos apresentados a seguir.
A formação religiosa negra foi extrema-
mente marcante para o Brasil, pois eles já “(...) No Brasil atual, ainda se acredita que os amuletos
vieram do continente africano, com seus estão associados a cultos afro-brasileiros, o que nem
traços religiosos bem definidos, como por sempre é verdadeiro. Um caso clássico é o da figa. Vin-
exemplo: Candomblé e o Banto que são re- culada a um passado escravista e, por isso, a uma origem
ligiões negras. Já Umbanda, é uma religião africana, é um amuleto antiquíssimo, provavelmente da
afro-brasileira, nascida no Rio de Janeiro Europa mediterrânica, e que não teve só a função que
no final do século XIX e início do XX, que hoje se conhece, de trazer sorte e proteger o usuário:(...)
tem origem na miscigenação com os ne- E mesmo vindo do Mediterrâneo, foi perfeitamente in-
gros escravizados no Brasil. corporado aos amuletos afro-brasileiros, evidenciando
assim uma mistura de culturas”.
PAIVA, Eduardo França. Pequenos objetos, grandes encantos. In:
Revista Nossa História. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, ano 1, nº
Seguinte essa ótica de influências externas, temos
10, agosto 2004. p.58-59
que lembrar a introdução dos imigrantes ao Brasil, em
especial, a partir de 1808, quando a Família Real Portu-
guesa se transferiu para o Brasil. O fluxo imigrante no “(...) A abundância diversificada e o recrudescimento do
Brasil, está relacionado com a formação da economia ca- devocionário privado no Brasil antigo explicam-se, antes
feeira, pois eles se transferiram para cada, com o objetivo de mais nada, pela multiplicidade dos estoques culturais
de obter melhores condições. Porém, além da força de presentes desde os primórdios da conquista e ocupação
trabalho, esses imigrantes trouxeram contribuições na do novo mundo, onde centenas de etnias indígenas e
economia e na cultura do país. africanas prestavam culto a panteões os mais diversos.
Entre os europeus que vieram para cá, foram os por- Por se tratar de crenças e rituais condenados pelos donos
tugueses que nos colonizaram, podemos destacar: do poder espiritual, tiveram de ocultar-se no recôndito
A partir de 1880, o Brasil recebeu milhares de imi- das matas ou no secreto das casas”.
grantes europeus, vindos principalmente para trabalhar MOTT, Luiz. Cotidiano e vivência religiosa: entre a capela e o calun-
HISTÓRIA

na lavoura cafeeira. Esses imigrantes contribuíram deci- du. in: História da vida privada no Brasil: Cotidiano e vida privada
sivamente para a formação econômica e cultural do país. na América portuguesa. São Paulo: Companhia das Letras,1997,
Entre os europeus não-portugueses que vieram para o p.220.
Brasil, destacaram-se: os suíços, que se fixaram na pro-

17
A partir dos excertos acima, é correto afirmar que Portanto, para que um movimento social exista e ve-
nha a ser organizado, é fundamental que ele tenha uma
a) não houve uma miscigenação cultural no Brasil, tão ideologia, ou seja, que exista uma definição pela qual
forte foi a predominância da cultura europeia e do ca- eles estão lutando, e assim, possam traçar as causas de-
tolicismo na construção da cultura brasileira. fendidas e os objetivos a serem alcançados.
b) o sincretismo religioso é uma marca da cultura bra- Para configurar um movimento social, podemos ob-
sileira, pois os cultos brasileiros adotaram, desde a servar os tópicos a seguir:
colonização, matrizes europeias, africanas e indígenas.  Luta por cidadania;
c) apesar de diversas etnias indígenas e africanas terem par-  Combate à injustiça social;
ticipado da formação cultural brasileira, resta apenas a  Existência de um conflito social;
religiosidade cristã católica europeia em nossa cultura.  Confronto e pressão contra o Estado.
d) todo o conjunto de crendices e amuletos que ainda hoje
são utilizados na crença dos brasileiros é originário só No que tange a luta por cidadania, as lutas são vin-
dos cultos afro-brasileiros e foi incorporado à fé cristã. culadas ao exercício e reconhecimento de direitos, por-
e) no Brasil não observamos o fenômeno da miscigena- tanto, vinculados a luta e garantia da cidadania. No que
ção, e isso fica mais evidente com o afastamento das se refere a lutas conta à injustiça social, os movimentos
religiões praticadas no país. trabalham no viés de defender as minorias. Relacionado
a existência de conflitos sociais, os movimentos irão mili-
Resposta: Letra B. Somente a alternativa [B] está tar em prol de obtenção de melhorias. E, por fim, quando
correta. Os excertos de Luiz Mott e Eduardo França os movimentos são um confronto contra o Estado, existe
Paiva apontam para o sincretismo religioso construí- uma ordem de refutação e imposição as propostas de
do historicamente no contexto do Brasil Colonial. Isso mudanças governamentais.
ocorreu por conta da convivência entre grupos sociais
heterogêneos com diferentes valores, costumes, tradi-
ções culturais e religiões. Apesar das diferenças entre FIQUE ATENTO!
negros, brancos e índios, surgiram adaptações no âm- Sempre que pensar em movimentos so-
bito da cultura fazendo com que um grupo incorpore ciais, lembre-se que eles têm como prima-
valores de outros grupos. zia, uma organização em esfera pacifista,
visando obter mudanças por viés do diá-
logo, sem promoção de algazarras genera-
lizadas.
MOVIMENTOS SOCIAIS E REIVINDICATÓ-
RIOS
A existência de movimentos reivindicatórios não é
algo novo, pelo contrário, podemos pensar em movi-
Quando pensarmos em movimentos sociais e reivin- mentos no século XVIII, como é o caso da Revolução
dicatórios, devemos lembrar que eles são formas de ma- Francesa, ou então, trazer para o século XX, com a Re-
nifestações populares, sendo assim, eles ocorrem visando volução Russa. Portanto, a ideia de se usar movimentos
protestar contra algum cenário ruim, lutar por melhorias reivindicatórios sempre foi aplicada nas sociedades mun-
sociais ou direitos iguais e sempre trazem consigo, uma diais, e também no Brasil.
forte luta em prol de mudanças sociais. São movimentos Para configurar esses movimentos reivindicatórios,
dedicados ao combate às diferentes formas de discrimi- podemos analisar que são movimentos em busca solu-
nação, ou então, contra a manutenção das desigualda- ções para situações urgentes e que utilizam a pressão
des sociais. Sendo assim, extremamente importantes e contra o Estado para conseguir atingir as mudanças pre-
fundamentais para a manutenção da democracia. tendidas. Trazendo isso para a realidade brasileira, po-
Devemos destacar, a existência de movimentos so- demos citar os movimentos de 1968, contra o regime
ciais vinculados a resistência, geralmente esses movi- civil-militar brasileiro, ou então, trazer para a greve dos
mentos, se posicionam contrários a alguma alteração caminhoneiros ocorrida em 2018, ambos mostram muito
social, logo, se posicionam como oposição ao governo. bem a população forçando o Estado, em prol, de atingir
A principal forma que os movimentos sociais têm para suas ideias, logo, nas duas manifestações, podemos ob-
conseguir obter as mudanças desejadas, são pelas dis- servar a presença de elementos ideológicos fundamento
cussões de assuntos e organizações de manifestações suas reivindicações.
sociais. Portanto, é através da política que os movimen-
tos sociais lutam pelas causas que defendem.
Normalmente, esses movimentos sociais são forma-
dos por grupos de pessoas pertencentes a alguma mino-
ria, surgindo da percepção de uma injustiça, ou então, de
algum problema social. Porém, também precisamos lem-
brar que as ONGs (Organizações não Governamentais),
HISTÓRIA

movimentos sindicais, organizações rurais e movimentos


por direitos civis em geral, compõe esse aglomerado po-
pulacional que luta em prol de alguma ideologia.

18
2. Análise as imagens
EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. Análise a imagem:

Para além de objetivos específicos, muitos movimentos


sociais interferem no contexto sociopolítico e ultrapas-
sam dimensões imediatas, como foi o caso das mobili-
zações operárias, ocorridas em 1979 na cidade de São As imagens acima retratam dois momentos singulares da
Paulo. História Política do Brasil: a conjuntura pré-golpe de 1964,
momento em que se deu a destituição de João Goulart, e
as recentes manifestações contra o atual governo brasileiro.
Nesse sentido, ao mesmo tempo em que lutavam por Em comum aos dois processos, destaca-se o apoio à tomada
seus direitos, essas mobilizações contribuíram com o(a) de poder pelos militares. Identifica-se o seguinte argumento
a) elaboração de novas políticas que garantiram a estabi- comum às duas manifestações a favor da intervenção militar:
lidade econômica do país.
a) Defesa dos preceitos fundamentais da democracia li-
b) instalação de empresas multinacionais no Brasil. beral burguesa, como a liberdade de expressão.
c) legalização dos sindicatos no Brasil. b) Crítica às políticas públicas, vistas como incapazes de con-
d) surgimento das políticas governamentais assistencia- trolar a inflação e promover o desenvolvimento do país.
listas. c) Defesa do catolicismo e da “família tradicional” como sus-
e) processo de redemocratização do Brasil. tentáculos dos valores cristãos da sociedade brasileira.
d) Incapacidade do Governo Goulart e do Governo Dil-
Resposta; Letra E. As referidas greves, ocorridas no ma de atender às demandas dos movimentos sociais
ABC paulista em 1979, coincidiram com a chegada e das minorias.
de João Figueiredo ao poder e, portanto, coincidiram e) Oposição diante da dependência da economia brasi-
também com a abertura do processo de redemocrati- leira frente ao capital estrangeiro manifesta na defesa
zação no Brasil. incondicional do nacionalismo econômico.

Resposta : Letra B. Somente a proposição [B] está


correta. As imagens apontam para dois importantes
momentos da história mais recente do país. A primei-
ra faz referência à Marcha da Família com Deus pela
Liberdade em 19 de março de 1964, em São Paulo,
com cerca de 300.000 pessoas, contra o governo de
João Goulart, Jango. A segunda imagem faz referência
a uma manifestação ocorrida em 15 de março de 2015
contra o PT e a presidente Dilma Rousseff. As imagens
têm em comum o desgaste dos governos e a incapa-
HISTÓRIA

cidade para se reinventar e criar uma agenda positiva,


um projeto para tirar o país da grave crise econômica
e reduzir a inflação.

19
MOVIMENTOS ARTÍSTICOS E RELIGIOSOS

O século XX, foi marcado por um cenário de profundas mudanças históricas, todas essas transformações, afetaram
drasticamente o comportamento social e político da humanidade. Nesse processo de mutação social, acentuaram-se
as diferenças sociais, dando maior força ao capitalismo, fazendo emergir uma série de manifestações e críticas contra
o próprio homem. Muitas dessas críticas, referem-se as consequências do mundo pós-guerras.
Com todo esse panorama controverso, começa a nascer um terreno muito farto para a criação de novos conceitos
no campo das artes, afinal, o acúmulo de acontecimentos ruins e o próprio cenário crítico criado do “homem contra o
próprio homem”, possibilitou o surgimento de muitas contradições a respeito de indivíduo.
Desta forma, os movimentos artísticos de tendências críticas, começaram a ganhar mais espaço e projeção. Dentro
desses movimentos, podemos destacar: Expressionismo, Fauvismo, Cubismo, Futurismo, Abstracionismo, Dadaísmo,
Surrealismo, Op-art e a Pop-art expressam uma nova realidade para o homem enxergar as realizações da sociedade
contemporânea.

Seguindo essa vertente, observe as características de cada um desses movimentos.


Movimentos Artísticos do século XX
Expressionismo Foi um movimento artístico vanguardista que apareceu na Alemanha nos primeiros anos
do século XX e influenciou várias gerações de artistas plásticos.
Fauvismo Foi um movimento artístico do começo do século XX. Teve início em 1901, embora tenha
ganhado esta denominação somente em 1905.
Cubismo Foi um movimento artístico vanguardista europeu, que surgiu na França no começo do
século XX e se caracteriza pela utilização de formas geométricas para retratar a natureza,
sendo fundado em Paris, através do renomado artista espanhol Pablo Picasso e do francês
Georges Braque.
Futurismo Foi um movimento artístico e literário, essa corrente surgiu em 20 de fevereiro de 1909
graças à publicação do Manifesto Futurista, do poeta italiano Filippo Marinetti. O texto foi
publicado no jornal francês Le Figaro.Os primeiros futuristas europeus influenciaram os
movimentos modernistas.
Abstracionismo Foi um movimento artístico vanguardista em que a representação da realidade é feita de
maneira desconstruída, com o uso de cores, linhas e formas abstratas, mas o conceito
de Abstracionismo foi consolidado no início do século XX, com o início do movimento
liderado por Wassily Kandinsy.
Dadaísmo Foi um movimento artístico que surgiu na Europa (cidade suíça de Zurique) no ano de
1916. Possuía como característica principal a ruptura com as formas de arte tradicionais.
Portanto, o dadaísmo foi um movimento com forte conteúdo anárquico.
Surrealismo Manifestações absurdas e ilógicas do subconsciente; imagens e sonhos. Artistas: Salvador
Dali (figurativo - A Persistência da Memória), Marc Chagall (figurativo – O Violino Verde),
Joan Miro (abstrato - Noitada Esnobe da Princesa), Max Ernest (abstrato).
Op-art Também conhecida como Arte Óptica, é um estilo artístico visual que utiliza ilusões óticas,
este movimento artístico teve início na década de 1930 com as obras do designer gráfico
e artista húngaro Victor Vasarely.
Pop-art É a abreviatura em inglês de Popular Art («Arte Popular”, em português), um movimento
artístico que surgiu em meados dos anos 1950, com o objetivo de “abraçar” e descons-
truir imagens pertencentes às culturas de massa, a chamada “cultura pop”, feita para as
grandes multidões.

Portanto, os movimentos artísticos nascentes no século XX, proporcionaram uma grande crítica social, uma nova lei-
tura de arte, uma grande desconstrução dos antigos elementos, visavam promover críticas sociais e novas perspectivas
com relação ao homem. E também, criticavam o poder destrutivo do indivíduo contra seu igual.

FIQUE ATENTO!
É muito comum aparecer em provas, as imagens relacionadas aos movimentos artísticos destacados aci-
HISTÓRIA

ma, sendo assim, procure visualizar em imagens, as características de cada um dos movimentos artísticos
destacados acima.

20
No processo de edificação das religiões, podemos Mesmo que não exista um critério, ou um conjunto
pensar em vários movimentos, como por exemplo: as de critérios para descrever um grupo como NRM, o uso
religiões politeístas, que contemplavam vários Deus em do termo exige normalmente que o grupo tenha uma
diferentes perspectivas, também podemos pensar no origem receito e seja simultaneamente diferente das reli-
nascimento do monoteísmo com a monolatria praticada giões existentes. Geralmente, as igrejas denominadas de
pelos Hebreus. Posteriormente a isso, as religiões come- cristãs, não são vistas como RNM, contudo, a igreja Jesus
çaram a ganhar formas e mais fundamentações, em es- Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Testemunhas de Jeo-
pecial, pelo uso da escrita. vá, Ciência Cristã e Shakers foram estudados como novos
Seguindo essa linha de reflexão religiosa, podemos movimentos religiosos.
pensar na edificação do Cristianismo no Império Romano
e sua divisão, criando assim, a Igreja Católica Apostólica
Romana e a Igreja Católica Ortodoxa. Logo na sequência, FIQUE ATENTO!
precisamos pensar na formação do Islamismo, e a vivên- Lembre-se que o Brasil é um Estado Laico,
cia religiosa do continente africano e americano, onde pois a Constituição Federal de 1988 traz em
juntamente ao fortalecimento do monoteísmo, manti- seu corpo teórico o laicismo no país, mas
nham suas práticas politeístas. ainda hoje, existem preconceitos religiosos
No início do século XVI, Martinho Lutero vai promover a e intolerâncias com religiões diferentes.
Reforma Protestante (1517) e na sequência, vai emergir três
grandes religiões protestantes, sendo elas: Luteranismo,
Calvinismo e o Anglicanismo. Porém, em resposta a Refor-
ma, o clero católico vai lançar a Contrarreforma, que visava
enfraquecer e reorganizar a base religiosa do Catolicismo. EXERCÍCIOS COMENTADOS
Com aplicação direta no Brasil, precisamos lembrar
dos movimentos religiosos messiânicos, pois no início do 1. O mundo dessa pintura, como o dos sonhos, é ao
fomento republicano no Brasil, vimos estourar dois gran- mesmo tempo familiar e desconhecido: familiar, em ra-
des movimentos, sendo eles: Arraial de Canudos, sendo zão do estilo minuciosamente realista, que permite ao
influenciados pelo Beato Antônio Conselheiro e na re- espectador o reconhecimento de uma figura ou de um
gião do Contestado, entre Paraná e Santa Catarina, tendo objeto pintados; desconhecido, por causa da estranheza
como liderança José Maria Esse movimento do Contesta- dos contextos em que eles aparecem, como num sonho.
do, se opunha a construção de uma estrada de ferro na (Fiona Bradley. Surrealismo, 2001. Adaptado.)
região. Portanto, o fomento messiânico foi utilizado para
criticar o governo e alterações ocorridas no país, por viés O comentário da historiadora de arte aplica-se à pintura
da Proclamação da República. reproduzida em:
No decorrer de tantas mudanças e nascimentos, não po-
demos esquecer a edificação das grandes religiões negras, a)
sendo elas: Banto, Candomblé e a Umbanda que é afro-bra-
sileira. E com tudo isso, vamos ver nascer, novas perspectivas
religiosas, que irão se chamar Novo Movimento Religioso.
No que tange ao NRM – NOVO MOVIMENTO RELI-
GIOSO, esse novo movimento é um termo geral para
definir diferentes comunidades religiosas ou grupos es-
pirituais com origens modernas. Os acadêmicos sobre
estudos religiosos, contextualizaram o surgimento do
NRM na modernidade, colocando-o como um produto
em respostas aos processos modernos de secularização,
globalização, destradicionalização, fragmentação, reflexi-
vidade e individualização.
b)

#FicaDica
O processo de transição religiosa deve ser
entendido em totalidade, logo, é preciso
compreender os fomentos formadores de
cada um desses movimentos religiosos na
humanidade e seus desdobramentos.

Dentro desses novos movimentos religiosos, alguns


HISTÓRIA

lidam com os desafios colocados pelo mundo moderno


ao abranger o individualismo, outras correntes, buscam
meios de coesão coletiva entre os homens.

21
c) Leia o poema e observe a imagem para responder à
questão a seguir.

Era um cavalo todo feito em lavas


recoberto de brasas e de espinhos.
Pelas tardes amenas ele vinha
e lia o mesmo livro que eu folheava.
Depois lambia a página, e apagava
a memória dos versos mais doridos;
então a escuridão cobria o livro,
e o cavalo de fogo se encantava.

Bem se sabia que ele ainda ardia


na salsugem do livro subsistido
e transformado em vagas sublevadas.
d)
Bem se sabia: o livro que ele lia
era a loucura do homem agoniado
em que o incubo cavalo se nutria.

LIMA, Jorge de. Canto quarto, poemas II e IV. In: Invenção de Orfeu.
Disponível em: <http:www.algumapoesia.com.br/poesia3/poesia-
net291.htm>. Acesso em: 14 mai. 2016.

e)

Resposta: Letra C. Na opção [C], pode-se observar


a imagem de uma mulher em passeio a cavalo pelo 2. Em termos estéticos e de conteúdo, o poema e a
meio de um bosque. O fato de a figura aparecer en- pintura vinculam-se a que movimento de vanguarda
trecortada no contexto em que é reproduzida causa artística?
estranheza, como se a paisagem representasse um
sonho, condizente, assim, com o comentário da histo- a) Expressionismo
riadora. O próprio René Magritte, autor desse quadro, b) Surrealismo
disse: “Coisas visíveis podem ser invisíveis. Se alguém c) Dadaísmo
cavalga por um bosque, a princípio o vemos, depois d) Futurismo
não, contudo sabemos que está lá. A amazona ocul- e) Cubismo
ta as árvores e estas ocultam-na também. Todavia os
nossos poderes de pensamento abrangem tanto o vi- Resposta: Letra B. Tanto o poema quanto a pintura
sível quanto o invisível - eu faço uso da pintura para possuem características que os vinculam ao Surrealis-
tornar os pensamentos visíveis”. mo, vanguarda artística da primeira metade do século
As imagens reproduzidas em [A], [B], [D] e [E] são da XX, com seu auge no período entreguerras, sobretudo
autoria de Van Gogh (1853 - 1890), Johannes Vermeer nas décadas de 1920 e 1930. Essa corrente enfatizava
(1632 - 1675) Wassily Kandinsky (1926 - 1944) e Picas- o inconsciente, o irreal e o onírico, em sintonia com
HISTÓRIA

so (1881 -1973), inseridos nos movimentos estéticos os princípios da psicanálise e em oposição ao racio-
do Pós-impressionismo, Barroco holandês, Abstracio- nalismo.
nismo e Cubismo, respectivamente.

22
3. No início do século XVI, Martinho Lutero publicizava
suas teses contrárias a alguns rumos que a Igreja cató-
HORA DE PRATICAR! lica vinha tomando ao longo da idade média. Essa mo-
vimentação de Lutero desencadeou um movimento que
1. A religiosidade foi um dos aspectos que marcou pro- foi chamado de Reforma Protestante.
fundamente a colonização da América portuguesa. Com A reforma notabilizou muitas críticas à Igreja, dentre elas:
os colonizadores, vieram os primeiros padres jesuítas,
imbuídos da missão de evangelizar os indígenas, con- a) Recusar a importância da terra para os grandes pro-
vertendo-os à fé cristã. Além dos jesuítas, outras ordens prietários, tirando deles todos o poder divino que po-
religiosas, como os dominicanos, beneditinos e francis- deriam reivindicar através da nobreza.
canos, vieram para o Brasil nesse período. b) Ter sido o elemento fundador do iluminismo que tan-
Sobre a atuação das ordens religiosas e sua influência na to criticava as ideias mágicas contidas nos milagres
sociedade brasileira desse período, é CORRETO afirmar católicos.
que c) O refortalecimento do feudalismo.
d) Criticar a prática das indulgências católicas que acar-
a) as diversas ordens religiosas se dedicaram à evange- retava na salvação pelo arrependimento e não pela fé.
lização dos indígenas, fundaram universidades para e) Criar grande preocupação na Igreja Católica, manten-
a formação profissional dos filhos da elite e criaram do sua preocupação centrada na Europa, o que justifi-
seminários destinados à formação de padres e à edu- cou o tardio povoamento do Brasil.
cação dos filhos de escravos libertos.
b) como os escravos libertos eram proibidos de participar 4. Análise a imagem abaixo:
das irmandades religiosas, eles dependiam da carida-
de dos membros da comunidade para prestar auxílio
aos seus doentes e necessitados.
c) as festas religiosas e procissões eram momentos privi-
legiados de convívio social; cada irmandade religiosa
tinha sua vestimenta, cores e estandartes. Por isso não
era permitido aos escravos se organizarem em irman-
dade religiosa, sendo essa prática um privilégio da po-
pulação branca.
d) a Igreja Católica orientava o cotidiano da sociedade
colonial, corrigindo os costumes e impondo a moral
religiosa. Por essa razão, sempre havia nas vilas e po-
voados uma capela em louvor aos santos padroeiros,
onde se celebravam missas, batizados, casamentos e
demais sacramentos.
e) devido à influência da religiosidade na realização das
festas, a Igreja Católica ocupava lugar de destaque na
colônia, isso fez os elementos da cultura africana e in- Na imagem, encontram-se referências a um momento
dígena associados à religião desaparecerem. de intensa agitação estudantil no país. Tal mobilização
se explica pela
2. A respeito da Constituição Federal de 1988 (CF/88),
marque a alternativa INCORRETA: a) divulgação de denúncias de corrupção envolvendo o
presidente da República.
a) Trata-se da primeira constituição brasileira em que não b) criminalização dos movimentos sociais realizada pelo
há religião oficial, pois todas as anteriores declaravam Governo Federal.
o Brasil como um país oficialmente católico. c) adoção do arrocho salarial implementada pelo Minis-
b) Além de reafirmar a função social da terra e a realiza- tério da Fazenda.
ção da reforma agrária como um objetivo, assegurou d) compra de apoio político promovida pelo Poder Exe-
aos povos indígenas e quilombolas a demarcação de cutivo.
áreas tradicionalmente ocupada por eles. e) violência da repressão estatal atribuída às Forças Ar-
c) Estabeleceu o meio-ambiente saudável como um di- madas.
reito fundamental dos cidadãos brasileiros, bem como
definiu o Brasil como uma República Federativa. 5. Sobre a Guarda Nacional, é correto afirmar que:
d) Assegurou o voto secreto como um direito fundamen-
tal, assim como concedeu o direito ao voto, pela pri- a) foi criada logo após o início da Guerra do Paraguai e
meira vez na história do País, aos analfabetos. complementou o efetivo brasileiro, destacando-se na
e) Ao longo da história brasileira, a Constituição Federal batalha do Curupaiti.
de 1937 é uma da que apresenta características mais b) era um corpo de elite do Exército brasileiro, também
HISTÓRIA

diferentes daquelas da CF/88, pois a primeira legitima- conhecido como “Voluntários da Pátria” e que se tor-
va um Estado autoritário, enquanto a segunda estabe- nou famoso devido à repressão aos cabanos.
leceu o Estado Democrático de Direito no Brasil.

23
c) era uma força paramilitar, criada durante o Primeiro Análise o texto abaixo e responda aproxima questão.
Reinado, e que teve uma importante participação na
consolidação da independência brasileira. V – O samba
d) era formada por milícias civis, comandadas pelos
grandes fazendeiros, e um de seus objetivos era repri- À direita do terreiro, adumbra-se* na escuridão um maci-
mir movimentos sociais que ameaçassem o governo ço de construções, ao qual às vezes recortam no azul do
e as elites. céu os trêmulos vislumbres das labaredas fustigadas pelo
e) foi criada pelo ministro da justiça Antonio Feijó e foi vento.
extinta durante o Segundo Reinado, após participar de (...)
vários motins ocorridos no Rio de Janeiro. É aí o quartel ou quadrado da fazenda, nome que tem um
grande pátio cercado de senzalas, às vezes com alpendra-
Para responder à questão a seguir, considere o texto da corrida em volta, e um ou dois portões que o fecham
abaixo. como praça d’armas.
Em torno da fogueira, já esbarrondada pelo chão, que ela
(...) o romantismo no Brasil não foi apenas um projeto cobriu de brasido e cinzas, dançam os pretos o samba
estético, mas também um movimento cultural e políti- com um frenesi que toca o delírio. Não se descreve, nem
co, profundamente ligado ao nacionalismo. Diferente se imagina esse desesperado saracoteio, no qual todo o
do movimento alemão de finais do século XIX, tão bem corpo estremece, pula, sacode, gira, bamboleia, como se
descrito por Norbert Elias, o nacionalismo brasileiro, pin- quisesse desgrudar-se.
tado com as cores do lugar, partiu sobretudo das elites Tudo salta, até os crioulinhos que esperneiam no can-
cariocas, que, associadas à monarquia, esforçavam-se gote das mães, ou se enrolam nas saias das raparigas.
em chegar a uma emancipação em termos culturais. Os Os mais taludos viram cambalhotas e pincham à guisa
temas eram nacionais, mas a cultura, em vez de popu- de sapos em roda do terreiro. Um desses corta jaca no
lar, era cada vez mais palaciana (...). Atacados de frente espinhaço do pai, negro fornido, que não sabendo mais
por um historiador como Varhagen, que os chamava de como desconjuntar-se, atirou consigo ao chão e come-
“patriotas caboclos”, os indianistas brasileiros ganharam, çou de rabanar como um peixe em seco. (...)
porém, popularidade e tiveram sucesso nesse contexto
na imposição da representação romântica do indígena José de Alencar, Til.
como símbolo nacional.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do imperador. D. Pedro II, um (*) “adumbra-se” = delineia-se, esboça-se.
monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, p.
139-140. 7. Considerada no contexto histórico a que se refere Til, a
desenvoltura com que os escravos, no excerto, se entre-
6. A valorização do indígena como símbolo nacional, no gam à dança é representativa do fato de que
Brasil do segundo reinado, está diretamente relacionada
a) a escravidão, no Brasil, tal como ocorreu na América
a) ao projeto político da monarquia, que almejava cons- do Norte e no Caribe, foi branda.
truir uma ideia de nação sem conflitos étnicos, que b) se permitia a eles, em ocasiões especiais e sob vigilân-
contribuísse para unificar as províncias e suas diferen- cia, que festejassem a seu modo.
tes identidades locais. c) teve início nas fazendas de café o sincretismo das cul-
b) às ambições da elite carioca, que queria participar do turas negra e branca, que viria a caracterizar a cultura
circuito cultural europeu em pé de igualdade e bus- brasileira.
cou, para isso, mostrar o quanto a cultura brasileira era d) o narrador entendia que o samba de terreiro era, em
mais original que a europeia, por ser autêntica, plural realidade, um ritual umbandista disfarçado.
e exótica. e) foi a generalização, entre eles, do alcoolismo, que tor-
c) à escrita, pela primeira vez, de uma história oficial do nou antieconômica a exploração da mão de obra es-
Brasil, por estudiosos nacionalistas como Varhagen, crava nos cafezais paulistas.
que exaltou o passado pré-cabralino e o mito das três
raças, valorizando a capacidade de centralização e pa- 8. Segundo a historiadora Regina da Luz Moreira, “o re-
cificação política do império. torno dos contingentes da FEB precipitou (...) a queda de
d) às aspirações imperialistas de Pedro II, que pretendia Vargas em 1945”
demonstrar a superioridade e nobreza dos indígenas (CPDOC. Disponível em: <http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/
do território brasileiro ante os indígenas que habita- FatosImagens/FEB>).
vam as ex-colônias hispânicas, para justificar o expan-
sionismo brasileiro na região platina. Assinale a alternativa que justifica a declaração acima,
e) à política cultural civilizatória vigente, ancorada no relacionando a atuação do Brasil, por meio da Força Ex-
patrocínio imperial à vinda da Missão Francesa a fim pedicionária Brasileira (FEB), na Segunda Guerra Mundial
de que o indígena e o negro pudessem ser retratados com o primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-1945).
como parte de uma mesma identidade nacional, por
HISTÓRIA

meio de diferentes linguagens artísticas. a) Ao lutar pela democracia e contra os fascismos na Eu-
ropa com a FEB, o governo de Vargas perdeu apoio
interno ao manter regime autoritário.

24
b) Ao lutar pela democracia e derrotar os fascismos na Entretanto, aproveitando-se da autoridade que lhe foi
Europa, os pracinhas conquistaram apoio popular concedida, no dia 7 de setembro de 1822, Dom Pedro
para derrubar a ditadura de Vargas. rompeu politicamente com Portugal e proclamou a In-
c) Ao derrubar o regime franquista na Espanha, os sol- dependência do Brasil.
dados brasileiros inspiraram a população a lutar por b) A Independência brasileira foi um processo liderado,
eleições, após 15 anos de Estado Novo. em grande parte, pelos setores sociais que mais se be-
d) Ao derrotar os fascistas na Batalha de Monte Castelo neficiavam com a ruptura dos laços coloniais: os gran-
na Itália, a FEB conquistou o apoio norte-americano des proprietários de terra e os grandes comerciantes,
para derrubar a ditadura de Vargas. pois a separação tinha como objetivo preservar a li-
e) Ao lutar pela libertação dos povos europeus, o go- berdade de comércio e a autonomia administrativa. A
verno brasileiro esgotou seus recursos financeiros no maioria da população permaneceu na situação ante-
Exército, precipitando a queda de Vargas. rior à proclamação da Independência.
c) Após o processo de Independência, a economia brasi-
9. Constituição Política do Império do Brasil (de 25 de leira tornou-se competitiva no mercado internacional,
março de 1824) pois devido ao apoio econômico inglês o Brasil co-
meçou a desenvolver a atividade industrial, o que era
Art. 98. O Poder Moderador é a chave de toda a orga- proibido pelo governo metropolitano.
nização política, e é delegado privativamente ao Impe- d) A mudança mais significativa após a Independência do
rador, como Chefe Supremo da Nação, e seu Primeiro Brasil ocorreu no âmbito econômico-social, pois com
Representante, para que incessantemente vele sobre a o desenvolvimento econômico surgiram novas classes
manutenção da independência, equilíbrio e harmonia sociais urbanas ligadas ao processo industrial.
dos demais Poderes Políticos. e) A Inglaterra, interessada em manter os benefícios co-
Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 18 abr. 2015 (adap- merciais garantidos pelos tratados de comércio e na-
tado). vegação de 1810, foi a primeira nação a reconhecer a
Independência do Brasil.
A apropriação das ideias de Montesquieu no âmbito da
norma constitucional citada tinha o objetivo de 12. “(...). Conquistar a emancipação definitiva e real
da nação, ampliar o significado dos princípios consti-
a) expandir os limites das fronteiras nacionais. tucionais foi tarefa delegada aos pósteres”.
b) assegurar o monopólio do comércio externo. COSTA, Emília Viotti da. Da monarquia à república: momentos deci-
c) legitimar o autoritarismo do aparelho estatal. sivos. São Paulo; Livraria Editora Ciências Humanas, 1979. P.50.
d) evitar a reconquista pelas forças portuguesas.
e) atender os interesses das oligarquias regionais. A análise acima, da historiadora Emília Viotti da Costa,
refere-se à proclamação da independência do Brasil, em
10. Após a emancipação política do Brasil, o império foi 7 de setembro de 1822. A análise da autora, a respeito do
instalado e, em 1824, foi outorgada a primeira constitui- fato histórico, aponta que
ção desse nascente país. Sobre a Constituição de 1824,
assinale a alternativa CORRETA. a) apesar dos integrantes da elite nacional terem alcança-
do seu objetivo: o de romper com os estatutos do plano
a) A partir da Constituição de 1824, a cidadania brasileira colonial, no que diz respeito às restrições à liberdade de
foi estendida aos escravos. comércio, e à conquista da autonomia administrativa, a
b) A Constituição de 1824 previa o Estado laico e a liber- estrutura social do país, porém, não foi alterada.
dade religiosa. b) a independência do Brasil foi um fato isolado, no con-
c) A Constituição de 1824 previa a divisão em três pode- texto americano de luta pela emancipação das metró-
res: Executivo, Legislativo e Judiciário. poles. Isso se deu porque era a única colônia de língua
d) A Constituição de 1824 instituía o voto censitário, de- portuguesa, e porque adotava, como regime de traba-
terminado pela renda do eleitor. lho, a escravidão africana.
e) O Brasil foi o primeiro país do mundo a garantir, atra- c) caberia, às futuras gerações de brasileiros, o esforço
vés da Constituição de 1824, a igualdade entre ho- no sentido de impor seus valores para Portugal, rom-
mens e mulheres. pendo, definitivamente, os impasses econômicos im-
postos à Colônia pela metrópole portuguesa desde o
11. Na interpretação mais conhecida sobre a História do início da colonização.
Brasil, a data de 7 de setembro de 1822 representou um d) apesar de alguns setores da elite nacional possuírem
marco, pois, nesse dia, D. Pedro proclamou oficialmente interesses semelhantes à burguesia mercantil lusitana
a separação da Colônia da metrópole portuguesa. e, portanto, afastando-se do processo emancipatório
Sobre o processo de Independência do Brasil, assinale a nacional, com a eminente vinda de tropas portuguesas
alternativa CORRETA. para o país, passaram a apoiar a ideia de independência.
e) assim como Portugal passava por um processo de re-
a) As relações entre a Coroa portuguesa e o Brasil melho- estruturação, após a Revolução Liberal do Porto; no
HISTÓRIA

raram quando Dom João VI, de Portugal, apoiado pela Brasil, esse movimento emancipatório apenas havia
Corte portuguesa, assinou um decreto concedendo começado e só fora concluído, com a subida antecipa-
o título de Regente do Brasil a seu filho Dom Pedro. da ao trono, de D. Pedro II, em 1840.

25
13. Leia o texto. b) surrealismo, vanguarda que despontou na França, bas-
tante influenciada pela psicanálise, que teve como um
Em abril de 1831, Dom Pedro I abdicou ao trono do Brasil de seus principais expoentes André Breton e valoriza-
em favor de seu filho, Dom Pedro de Alcântara que tinha, va os impulsos do inconsciente ante a crise da racio-
então, cinco anos de idade. Uma Regência foi criada para nalidade provocada pela guerra.
governar até que Dom Pedro II, como ficaria conhecido, c) expressionismo, movimento artístico que aflorou na
atingisse a maioridade e pudesse ser coroado. Alemanha, liderado por Pablo Picasso, voltado à de-
Durante o Período Regencial, a política brasileira foi mar- núncia realista do terrível quadro social provocado
cada pela derrota desse país na guerra.
d) impressionismo, gênero pictórico que emergiu nos Pa-
a) pela intensificação da política expansionista do regen- íses Baixos e na França, marcado pela subjetividade,
te Feijó, que acentuou os conflitos internacionais no pela melancolia e pela angústia suscitados nos indiví-
Cone Sul (Guerras da Cisplatina e do Paraguai), e pelo duos traumatizados pela guerra.
aumento progressivo da dívida externa brasileira. e) fauvismo, corrente artística cujo nome deriva de “fau-
b) pela fragmentação do Império, marcada pela perda de ve”, fera em francês, que tinha por objetivo retratar o
territórios fronteiriços (Província Cisplatina, Amazônia mundo bárbaro, não civilizado, porém exótico e capaz
Colombiana) nos combates com as tropas de Simón de apresentar novos paradigmas de modernidade à
Bolívar e José de San Martín. Europa arrasada após a guerra.
c) pelo pacto federativo, conduzido pelo jovem impe-
rador, que favoreceu as demandas dos regionalistas, 16. Expressionismo: Termo aplicado pela crítica e pela
concedendo autonomia administrativa às províncias. história da arte a toda arte em que as ideias tradicionais
d) pela promulgação da primeira Constituição do Impé- de naturalismo são abandonadas em favor de distorções
rio, que sofreu forte resistência das elites regionais por ou exageros de forma e cor que expressam, de modo
seu caráter centralizador, pela criação do poder Mo- premente, a emoção do artista. Neste sentido mais geral,
derador e pela extensão do direito de voto aos anal- o termo pode ser aplicado à arte de qualquer período
fabetos. ou lugar que conceda às reações subjetivas um lugar de
e) pela criação das Assembleias Legislativas Provinciais e maior importância que à observação do mundo exterior.
pela eclosão de rebeliões em diversas províncias, sen- (Ian Chilvers (org.). Dicionário Oxford de arte, 2007.)
do algumas de caráter popular (como a Cabanagem)
e outras comandadas pelas elites regionais (caso da De acordo com essa definição, pode ser considerada ex-
Guerra dos Farrapos).
pressionista a obra:
Texto para próxima questão!
a)
Centrando-se, assim, no moderno, [...] faziam apologia da
velocidade, da máquina, do automóvel (“um automóvel
é mais belo que a Vitória de Samotrácia”, dizia Marinetti
no seu primeiro manifesto), da agressividade, do esporte,
da guerra, do patriotismo, do militarismo, das fábricas,
das estações ferroviárias, das multidões, das locomotivas,
dos aviões, enfim, de tudo quanto exprimisse o moderno
nas suas formas avançadas e imprevistas.

Massaud Moisés, Dicionário de Termos Literários, Cultrix, p. 234.

14. O texto acima define um dos primeiros “ismos” das b)


vanguardas artísticas europeias que sacudiram o século
XX. Trata-se do:

a) Cubismo
b) Futurismo
c) Surrealismo
d) Dadaísmo
e) Impressionismo

15. Dentre as vanguardas artísticas europeias que emer-


giram no entreguerras, destaca-se o

a) futurismo, movimento artístico e literário surgido na


HISTÓRIA

Itália, marcado pela publicação do Manifesto Futurista


de Filippo Marinetti, que anunciava uma nova ordem
após a destruição massiva provocada pela guerra.

26
c) c) a nova geografia política apresentada no texto encon-
tra-se cada vez mais subordinada a um estudo regional
em um mundo dividido entre capitalistas e socialistas.
d) a União Europeia é um bloco econômico recente em
um novo contexto de globalização, no qual o capi-
talismo encontra-se majoritário, não existindo países
socialistas por causa do fim da Velha Ordem Mundial.
e) a geografia política atual não estuda as relações eco-
nômicas entre as nações, pois o mundo apresenta-se
dividido em dois grupos ideológicos que disputam a
hegemonia do planeta.
d)
18. Texto I

e)

Texto II

A existência dos homens criadores modernos é muito


mais condensada e mais complicada do que a das pes-
soas dos séculos precedentes. A coisa representada, por
imagem, fica menos fixa, o objeto em si mesmo se expõe
menos do que antes. Uma paisagem rasgada por um au-
tomóvel, ou por um trem, perde em valor descritivo, mas
17. A nova geografia política do mundo, segundo al- ganha em valor sintético. O homem moderno registra cem
guns, teria como base fundamental o chamado “sistema vezes mais impressões do que o artista do século XVIII.
global”, ou sistema-mundo, uma espécie de “ator” mui- LEGÉR, F. Funções da pintura. São Paulo: Nobel, 1989.
to mais importante que os Estados nacionais ou mesmo
que as associações internacionais tais como a União Eu- A vanguarda europeia, evidenciada pela obra e pelo tex-
ropeia. to, expressa os ideais e a estética do
(VESENTINI, J. W. Novas Geopolíticas, p. 38, 2015).
a) Cubismo, que questionava o uso da perspectiva por
Sobre o assunto apresentado no texto, é correto afir- meio da fragmentação geométrica.
mar-se que b) Expressionismo alemão, que criticava a arte acadêmi-
ca, usando a deformação das figuras.
a) a globalização atual possui uma grande circulação de c) Dadaísmo, que rejeitava a instituição artística, propon-
ideias e de produtos por causa do avanço dos meios do a antiarte.
de comunicação e da rede de transporte mundial. d) Futurismo, que propunha uma nova estética, baseada
HISTÓRIA

b) os Blocos Econômicos não representam o mundo nos valores da vida moderna.


globalizado, pois suas atuações se limitam às regiões e) Neoplasticismo, que buscava o equilíbrio plástico, com
continentais do planeta. utilização da direção horizontal e vertical.

27
19. Observe a figura.
GABARITO

1 D
2 A
3 D
4 A
5 D
6 A
7 B
8 A
9 C
10 D
11 B
12 A
13 E
14 B
15 B
16 E
17 A
18 D
Sabendo-se que a formação de blocos econômicos surge 19 C
num contexto de fortalecimento das economias regio-
nais, pode-se afirmar, com base no gráfico apresentado, 20 D
que a cooperação tem como objetivo:

a) consolidar a hegemonia dos países historicamente


mais industrializados.
b) estimular a circulação de mão de obra para atender às
empresas com tecnologia de ponta.
c) eliminar as tarifas cobradas para as transações comer-
ciais entre os países membros.
d) padronizar o consumo entre os diversos povos que
ocupam o espaço sul-americano.
e) promover a entrada de produtos vindos de fora do
bloco para tornar o mercado mais competitivo.

20. Assinale a alternativa correta em relação aos conflitos


de terra em Santa Catarina.

a) Durante a Guerra do Contestado, a sede da República


Catarinense foi Chapecó, daí a importância histórica
desta região no Estado.
b) A República Juliana foi a ocupação de Lages pelos
farroupilhas gaúchos, cujo conflito extravasou do Rio
Grande do Sul para Santa Catarina.
c) A Revolução Federalista ocorreu no Extremo Oeste de San-
ta Catarina, envolvendo os fanáticos religiosos (os mon-
ges João Maria e José Maria) e os proprietários das terras.
d) A Guerra do Contestado foi uma disputa de terras en-
volvendo Santa Catarina e Paraná.
HISTÓRIA

e) A Guerra dos Farrapos, no estado catarinense, teve o


nome de Revolta Armada e se associou às disputas de
terra entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

28
ÍNDICE

GEOGRAFIA
Categorias de análise geográfica: território, paisagem e espaço geográfico. Cartografia: utilidade das cartas básicas (bases
cartográficas) e das cartas temáticas...............................................................................................................................................................................01
Geografia física: climas da Terra, do Brasil e dinâmica climática do Paraná; geologia, relevo e solos do Brasil e do estado do
Paraná; águas continentais; oceanos: produtividade marinha e mares territoriais; os biomas terrestres, brasileiros e a vegetação
do estado do Paraná..............................................................................................................................................................................................................07
Geografia humana: fatores de crescimento da população e teorias demográficas; distribuição e estrutura da população
brasileira; diversidade étnica mundial; nacionalismo e separatismo; urbanização, redes urbanas, hierarquia das cidades;
migrações internacionais e migrações internas..........................................................................................................................................................21
Geografia econômica e política: atividades agropecuárias e sistemas agrários no Paraná, no Brasil e no mundo; atividades
industriais no Paraná, no Brasil e no mundo; os blocos econômicos, a multipolaridade mundial; o comércio mundial; as fontes
de energia e a produção de energia. Países capitalistas desenvolvidos, em desenvolvimento e não desenvolvidos; países
socialistas; o terrorismo no mundo atual. ....................................................................................................................................................................35
Problemas ambientais: erosão e poluição dos solos; poluição da atmosfera e alterações do clima local (clima urbano, ilha de
calor) e do clima da Terra (efeito estufa, destruição da camada de ozônio, (chuvas ácidas); poluição das águas (eutrofização,
poluição das águas doces); destruição da cobertura vegetal, desmatamento; unidades de conservação e a preservação dos
ecossistemas e da flora e da fauna brasileira e paranaense...................................................................................................................................64
CATEGORIAS DE ANÁLISE GEOGRÁFICA: PAISAGEM
TERRITÓRIO, PAISAGEM E ESPAÇO GEO-
GRÁFICO. CARTOGRAFIA: UTILIDADE A paisagem é considerada, pela maioria das correntes
DAS CARTAS BÁSICAS (BASES CARTO- do pensamento geográfico, um conceito-chave da Geo-
GRÁFICAS) E DAS CARTAS TEMÁTICAS. grafia. O termo paisagem é polissêmico, ou seja, pode
ser utilizado de diferentes maneiras e por várias ciências.
Essa categoria geográfica consiste em tudo aquilo
A Geografia é considerada como a ciência que estuda que é perceptível por meio de nossos sentidos (visão,
o espaço geográfico por meio das relações criadas en- olfato, tato e audição), no entanto, a análise da paisa-
tre o homem e o meio em que ele vive. Analisa, ainda, a gem é mais recorrente e eficaz por meio da visão. Nesse
dinâmica dessa relação e a forma como ela interfere no sentido, a Geografia moderna, que priorizava os estudos
espaço geográfico, contribuindo para que a sociedade dos lugares e das regiões, utilizou-se da fisionomia dos
encontre a melhor forma de conviver no meio. lugares para atingir êxito em suas abordagens geográfi-
Assim, o estudo da Geografia se dá em categorias cas, observando as transformações no espaço em decor-
geográficas como: lugar, paisagem, território e região. rência das atividades humanas na natureza.
A paisagem é formada por diferentes elementos, que
LUGAR podem ser de domínio natural, humano, social, cultural
ou econômico e que se articulam uns com os outros. Ela
Trata-se de um termo com muitos significados, mas, está em constante processo de modificação, se adaptan-
no estudo de Geografia é alvo de um debate mais es- do conforme as atividades humanas.
pecífico, ganhando novos contornos. Não há entre os Para Oliver Dolfuss, geógrafo francês, as paisagens
geógrafos um consenso sobre o que seria propriamente são fruto da ação humana no espaço e as classifica em
o lugar, uma vez que existem diferentes abordagens e três grandes famílias, em função das modalidades da in-
correntes teóricas. tervenção humana:
De maneira geral, na concepção clássica da Geogra- • Paisagem natural: não foi submetida à ação do ho-
fia, o estudo de local tinha uma importância secundária, mem.
tendo sua noção vinculada ao local. Em outras palavras, • Paisagem modificada: é fruto da ação das coleti-
referia-se apenas a uma porção mais ou menos definida vidades de caçadores e de coletores que, mesmo
do espaço. No entanto, essa ideia foi sendo enriquecida não exercendo atividades pastoris ou agrícolas, em
ao longo do tempo e do avanço das discussões. seus constantes deslocamentos, pode modificar a
Atribui-se a Carl Sauer a primeira grande contribuição paisagem de modo irreversível, por meio do fogo,
para a valorização do conceito de lugar. Para o autor, a derrubadas de árvores etc.
paisagem cultural é o que define o estudo da Geografia e • Paisagens organizadas: são aquelas que represen-
o sentido do lugar se vincula diretamente à ideia de sig- tam o resultado de uma ação consciente, combi-
nificação da paisagem. A partir daí, se ampliou para uma nada e contínua sobre o meio natural, como, por
percepção mais profunda, descritiva e específica sobre exemplo, as cidades, praças etc.
o termo, levando em conta os significados e atributos
únicos de um dado ponto do espaço, transformando a Em síntese, é importante destacar que a paisagem é
análise em pontos de vista e sensações únicas. constituída pelas relações do homem com o espaço na-
Com essa evolução, sobretudo também pelas contri- tural. Sua observação é muito importante, pois retrata as
buições de autores como Yi-Fu Tuan e Anne Butiimer, a relações sociais estabelecidas em um determinado local,
ideia de lugar passou a associar-se à corrente filosófica no qual cada observador seleciona as imagens que achar
da fenomenologia. Basicamente, essa corrente trata os mais relevantes. Portanto, diferentes pessoas podem en-
fatos como únicos, partindo da compreensão do ser sobre xergar um mesmo espaço em diferentes perspectivas de
a realidade e não da realidade isolada. Por isso, o lugar paisagem.
ganhou a ideia de significação e, mais do que isso, de
afeto e percepção. TERRITÓRIO
Assim, uma rua em que passamos a infância pode ser
chamada de lugar, a região onde vivemos, até mesmo A categoria território, juntamente com a paisagem,
nossas casas e locais como uma fazenda na qual se gosta lugar, região e espaço, é um dos principais focos de es-
de passar os finais de semana. Tudo isso, de acordo com tudo da Geografia. Nesse sentido, o território é consi-
a Geografia, é um lugar, e apresenta-se como um fenô- derado, pela maioria das correntes do pensamento geo-
meno concernente à dinâmica do espaço geográfico. gráfico, um conceito-chave da Geografia. Contudo, sua
Espaços públicos de convivência e lazer são frequen- análise não é exclusiva da Geografia, sendo, portanto,
temente abordados e estudados pela Geografia a partir abordada por outras ciências, o que o torna um termo
da ideia de lugar. Em alguns casos, estudos geográficos também polissêmico.
com base nessa premissa foram responsáveis pela mu- Na análise do território, os aspectos geológicos, geo-
GEOGRAFIA

dança na arquitetura de praças e espaços de lazer, so- morfológicos, hidrográficos e os recursos naturais, por
bretudo no sentido da afetividade evocada que possuem exemplo, ficam em segundo plano, visto que sua abor-
esses locais à compreensão e percepção das pessoas. dagem privilegia as relações de poder estabelecidas no
espaço.

1
A concepção mais comum de território (na ciência Geografia, assim como outras ciências, também possui
geográfica) é a de uma divisão administrativa. Por meio conceitos que são fundamentais para o seu estudo, sen-
de relações de poder, são criadas fronteiras entre países, do eles: paisagem, lugar, território e a região.
regiões, estados, municípios, bairros e até mesmo áreas Julgue as afirmativas apresentadas.
de influência de um determinado grupo. Para Friedrich
Ratzel, o território representa uma porção do espaço ter- I – Paisagem: No senso comum a palavra pode ter di-
restre identificada pela posse, sendo uma área de domí- ferentes significados como onde estão as estrelas ou as
nio de uma comunidade ou Estado. distâncias de um lugar ao outro. Mas, para a Geogra-
No entanto, o conceito de território abrange mais fia, o espaço estudado com maior ênfase é aquele no
que aspectos tangíveis como a ideia de Estado-Nação. qual ocorrem relações sociais, econômicas e políticas em
Qualquer espaço definido e delimitado por e a partir de uma escala que varia do local para o global. É aquele que
relações de poder se caracteriza como território. Uma apresenta alguma relação com as pessoas que o habitam.
abordagem geopolítica, por exemplo, permite afirmar II – Lugar: O lugar é a parte do espaço onde as relações
que um consulado ou uma embaixada em diferentes de proximidade e afetividade dos indivíduos se entrela-
países, seja considerado como parte de um território de çam, sobretudo as do cotidiano. É onde as pessoas cons-
outra nação. troem referências quase que sentimentais com o lugar e,
Assim, o território não se restringe somente às fron- ainda, onde cada pessoa busca suas referências pessoais,
teiras entre países. É também caracterizado pela ideia de construindo seus sistemas de valores que fundamentam
posse, domínio e poder, correspondendo ao espaço geo- a vida em sociedade. Portanto, o conceito de lugar está
gráfico socializado, apropriado para os seus habitantes, relacionado à dimensão cultural e fortemente relaciona-
independentemente da extensão territorial. do à identidade e ao cotidiano.
III – Espaço: É tudo aquilo que vemos, e se constitui a
REGIÃO partir da presença, em diferentes escalas, dos elemen-
tos naturais e culturais em que a sociedade interage. Os
Trata-se de conceito amplamente utilizado no senso quais a percepção permite a leitura do espectador, onde
comum, geralmente empregado em referência a uma encontramos elementos socioculturais resultantes da
área do espaço mais ou menos delimitada. Na Geografia, formação histórica, cultural, emocional e físico resultan-
a região refere-se a uma porção superficial designada a tes da dinâmica natural.
partir de uma característica que lhe é marcante ou que é IV – Território: O território é temporário e modificável,
escolhida por aquele que concebe a região em questão. depende das relações e escalas temporais. É onde ocorre
Assim, existem regiões naturais, regiões econômicas, re- as relações de poder e como os que o habitam o conhe-
giões políticas, entre muitos outros tipos. cem.
Pode-se dizer que a região não existe diretamente,
mas é uma construção intelectual humana, em uma ideia Está CORRETO somente o que está afirmado em:
muito defendida pelo geógrafo estadunidense Richard
Hartshorne (1899-1992) com base na filiação filosófica a) I, II e IV.
de Immanuel Kant. No âmbito da Literatura, por sua vez, b) I, III e IV.
essa noção está vinculada ao conceito de regionalismo, c) II e IV.
que expressa o conjunto de costumes, expressões lin- d) Nenhuma das alternativas.
guísticas e outros valores que apresentam variação entre
uma região e outra, dando uma identidade coletiva para Resposta: Letra C. Os conceitos de lugar e território
os diferentes lugares. abordados estão corretos, no entanto, espaço e paisa-
gem, não. Vejamos, portanto, o que significa paisagem
e região.
FIQUE ATENTO! Afirmativa I – Errado – Trata-se de região. Vejamos o
Classificação da Geografia – A Geografia pode conceito: Região: área do espaço com um mínimo de
ser classificada em: Geografia Regional e Geo- delimitação. Na Geografia, a região refere-se a uma
grafia Geral. porção superficial designada a partir de uma carac-
terística que lhe é marcante ou que é escolhida por
aquele que concebe a região em questão. Assim, exis-
tem regiões naturais, regiões econômicas, regiões po-
líticas, entre muitos outros tipos
EXERCÍCIO COMENTADO Afirmativa III – Errado – Trata-se de paisagem. Vejamos
o conceito: Paisagem: tudo aquilo que é perceptível
1. (PREFEITURA DE CAMBORI-SC – EXCELÊNCIA – por meio de nossos sentidos. É formada por diferentes
elementos que podem ser de domínio natural, huma-
2017) O espaço geográfico é a natureza transformada
no, social, cultural ou econômico e que se articulam
pelo trabalho dos seres humanos, um conjunto constitu-
uns com os outros. Passa por constantes processos de
ído por diferentes paisagens.
GEOGRAFIA

modificação, sendo adaptada conforme as atividades


Ele pode ser grande ou pequeno, movimentado ou não humanas.
apresentando elementos naturais ou culturais e elemen-
tos invisíveis. O espaço é construído e reconstruído per-
manentemente pelo trabalho humano e pela natureza. A

2
GEOGRAFIA REGIONAL Resposta: Errado. De modo geral, o mundo é divi-
dido em países desenvolvidos e subdesenvolvidos.
A Geografia Regional estuda as regiões da Terra de ma- Considera-se emergentes aqueles países subdesen-
neira descritiva, a fim de entender as características e par- volvidos que apresentam quadros de crescimento
ticularidades de cada uma delas. Podemos designar como econômico prósperos e características socioeconômi-
geografia regional aquela que divide o mundo em regiões cas que diferenciam esses países das demais econo-
que se diferenciam por aspectos físicos e não por fronteiras mias periféricas. Emergente e subdesenvolvidos não
políticas. são necessariamente similares, afinal, nem todo países
A região pode definir-se como uma área homogê- subdesenvolvidos é emergente.
nea que pode resultar de diversos fatores. Por exemplo,
podem existir regiões de formação natural (geológicas,
botânicas, climáticas, etc.) que são o resultado das ações
A LINGUAGEM DOS MAPAS
de vários agentes causadores do Intemperismo. Além de
regiões humanizadas (agrícolas, industriais, culturais, de-
mográficas, históricas, etc.) que resultam da atividade do A linguagem cartográfica moderna integra o campo
homem. das linguagens visuais, ou seja, utiliza símbolos, sinais
Existe uma grande variação no que se refere aos limites gráficos e faz uso próprio das cores. Uma vez conhecidos
regionais, isso faz com que os geógrafos em muitas situa- seus principais elementos (título, legenda e toponímia –
ções utilizem unidades administrativas para tentarem efe- nome do lugar), um mapa poderá ser lido e entendido
tuar a sua síntese regional. O precursor da geografia regio- por qualquer pessoa, isto é, a linguagem cartográfica é
nal foi Vidal de la Blache (1845-1918), pertencente à escola universal.
geográfica francesa. O mapa pode ser definido como uma representação
A geografia regional também é considerada uma plana, simplificada e convencional da superfície terrestre,
abordagem do estudo das ciências geográficas (de for- em sua totalidade ou em partes dela. Muitos mapas fo-
ma semelhante à geografia quantitativa ou às geogra- ram produzidos para atender a interesses, como os dos
fias críticas). Essa abordagem era prevalecente durante Estados nacionais ou do poder econômico.
a segunda metade do século XIX até a primeira metade
do século XX, também conhecida como o período do pa- Observe o mapa a seguir
radigma geográfico regional, quando a geografia regio-
nal tomou a posição central nas ciências geográficas. Foi
posteriormente criticada por sua descritividade e a falta
de teoria (geografia regional como abordagem empírica
das ciências geográficas). Um criticismo massivo foi le-
vantado contra essa abordagem nos anos 50 e durante a
revolução quantitativa. Os principais críticos foram Kim-
ble e Schaefer.
O paradigma da geografia regional teve impacto em
muitas das ciências geográficas (como a geografia eco-
nômica regional ou a geomorfologia regional). A geo-
grafia regional ainda é ensinada em algumas universi-
dades como o estudo das principais regiões do mundo,
como a América do Norte e Latina, a Europa e a Ásia e
seus países. Além disso, a noção de uma abordagem de
cidade-regional ao estudo da geografia ganhou crédito
no meio dos anos 90, depois dos trabalhos de pessoas
como Saskia Sassen, apesar de ser também criticada, por
exemplo por Peter Storper. Funções e elementos dos mapas

Entre as principais funções dos mapas estão as de


EXERCÍCIO COMENTADO orientação e localização de pontos na superfície terres-
tre. Eles podem retratar a distribuição de fenômenos
geográficos diversos: áreas naturais, fluxos de mercado-
1. (SEDF – CESPE – 2017) Com relação aos processos de rias, crescimento da população, avanço do desmatamen-
regionalização no Brasil e no mundo, julgue o item sub- to, entre outros.
sequente. É possível citar outras funções, tais como relacionar
Atualmente, divide-se a economia mundial em países de- fenômenos, conhecer limites entre países, auxiliar na
senvolvidos, emergentes e menos desenvolvidos, sendo construção de obras públicas e na preservação ambien-
os conceitos de emergente e subdesenvolvimento simi- tal. Há também mapas ligados à representação do poder,
lares. seja de países, seja de grupos econômicos.
GEOGRAFIA

O importante é que, para cada tipo de evento, deve-


( ) CERTO ( ) ERRADO -se utilizar uma determinada forma de representação. De
acordo com suas características, os fenômenos podem
ser anotados na forma de ponto, linha ou área. Assim, um

3
mapa de rodovias é constituído basicamente de linhas Mercator sabia que haveria distorções desse tipo,
de diversas cores, que indicam o traçado e a condição pois ele considerou os meridianos como retas paralelas,
de cada estrada, isto é, se ela é, por exemplo, asfaltada e não como linhas curvas que se encontram nos polos.
ou de terra, ou se são rodovias principais ou estradas se- Mas manteve ângulos e formas, mesmo quando as au-
cundárias. mentava, criando um mapa adequado a navegações ma-
Em alguns mapas, as cidades aparecem representa- rítimas.
das por pontos, indicando sua localização. Em outros ca- Os mapas podem ter projeções equivalentes (não al-
sos, elas estão representadas por círculos de diferentes teram as áreas), conformes (não alteram formas e ângu-
tamanhos para indicar, entre outros fatores, quantidade los, como a de Mercator) ou equidistantes (representam
de população em cada área urbana. As cores ou hachuras os comprimentos de modo uniforme).
(traços verticais, horizontais ou diagonais) servem, em
geral, para identificar áreas como a de um determinado
cultivo ou a vegetação de uma região. Portanto, para re-
presentar cada fenômeno, devem-se escolher símbolos
ou cores correspondentes.

Projeção cartográfica

Os mapas são construídos segundo uma projeção


cartográfica. Cada projeção busca resolver o problema
de representar a superfície curva da Terra no plano, uma
vez que os mapas são feitos em folha de papel ou em tela
de computador.
Nenhuma projeção reproduz perfeitamente no plano
a superfície curva; sempre haverá alguma distorção na
forma, nas distâncias ou nos tamanhos e nas proporções
das áreas representadas. Para representar o globo ter-
restre, foram desenvolvidas diversas projeções cartográ-
ficas.
Para fazer a transposição da superfície curva para a
plana (que é a do mapa), os cartógrafos desenvolveram
técnicas de projeção da esfera terrestre. Essas projeções
foram feitas sobre um cilindro, um cone ou diretamente
no plano.
Deve-se observar que não existem projeções carto-
gráficas livres de deformações. Mercator foi um impor-
tante cartógrafo do século XVI. Ele nasceu no território
que hoje é a Bélgica e, em 1569, publicou um mapa-
-múndi em 18 folhas, que ficou conhecido como proje- Coordenadas geográficas
ção de Mercator.
Seu mapa-múndi, que é uma projeção cilíndrica, As coordenadas geográficas são um importante ele-
popularizou-se, pois foi a primeira representação do mento presente nos mapas. São as linhas imaginárias
mundo feita depois que os europeus ampliaram seus que, em mapas e globos terrestres, resultam dos cru-
conhecimentos sobre os continentes africano, asiático e zamentos entre os paralelos, no sentido leste-oeste, e
americano. A projeção de Mercator apresenta distorções os meridianos, no sentido norte-sul. Esses cruzamen-
no tamanho das terras emersas, como no caso da Groen- tos auxiliam na orientação e permitem a localização de
lândia, que, apesar de ser menor que a América do Sul, qualquer ponto na superfície terrestre com precisão, por
aparece bem maior nessa projeção. meio das latitudes e das longitudes.
O município de São Paulo, por exemplo, localiza-se
nas coordenadas geográficas: 23o 32’51” S (lê-se latitude
sul) e 46o 38’10” O (lê-se longitude oeste).
GEOGRAFIA

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Nomes de lugares e fontes dos mapas
#FicaDica
Paralelo Observe também que nos mapas há nomes. São
Círculo completo que cruza os meridianos nomes próprios de municípios, países, serras, oceanos,
em ângulos retos. O círculo máximo é o da mares, continentes etc. Esse elemento recebe o nome
Linha do Equador (0°) (veja mapa a seguir). de toponímia, palavra de origem grega (topos = lugar
Latitude + ónoma = nome). É importante lembrar que o mapa
Distância medida em graus da Linha do também tem autoria, pois é produzido por alguém ou
Equador a um ponto qualquer para o norte alguma instituição.
ou para o sul. Assim, é sempre conveniente observar a fonte e a
Longitude autoria do mapa, bem como a data de sua publicação,
Distância medida em graus do Meridiano de informações normalmente anotadas na parte inferior dos
Greenwich a um ponto qualquer para leste mapas.
ou para oeste.
A escala cartográfica

A escala cartográfica pode ser registrada com núme-


ros (1:5.000; 1:450.000.000 etc.) ou na forma gráfica (uma
barra horizontal com medidas aproximadas em metros
ou quilômetros). Ela se refere à relação de proporção en-
tre o espaço e sua representação no mapa e mantém a
relação entre a medida de um objeto ou lugar represen-
tado no papel e sua medida real.
Define, portanto, o grau de redução da superfície para
que possa ser representada na folha do mapa ou na tela
do computador. Mapas com escalas grandes têm um grau
menor de redução da realidade. Neles, podem-se observar
mais detalhes do lugar representado. É o caso das plantas,
como aquelas utilizadas na construção de casas.
Em mapas com escalas pequenas há uma grande re-
dução da superfície. Por isso, não é possível verificar os
detalhes dos lugares representados (veja mapa ao lado).
Sistemas de coordenadas são encontrados também
Em compensação, neles pode-se ter uma grande área re-
nos guias de ruas das cidades ou no sistema GPS (Siste-
presentada, como acontece nos mapas-múndi.
ma de Posicionamento Global, em português), existente
Além das escalas grandes e das escalas pequenas,
em aparelhos instalados em alguns veículos, em telefo-
existem também escalas cartográficas intermediárias,
nes celulares e tablets.
por exemplo, entre 1:50.000 e 1:100.000. Essas escalas
Em deslocamentos pelas cidades, guias e GPS são
são utilizadas, em geral, para fazer o que na linguagem
muito eficientes para localizar pontos e definir trajetos.
cartográfica é chamado de carta. Um exemplo são as
cartas topográficas do IBGE, que representam elementos
Sistemas de orientação nos mapas
naturais, como rios e elevações do terreno (chamadas de
curvas de nível, indicam as variações de altitude), e ele-
Os mapas, de modo geral, trazem uma rosa dos ven-
mentos humanos, como estradas, fazendas, cidade-sede
tos com as direções cardeais ou colaterais, por exemplo,
de um município etc.
ou uma seta indicando a direção norte. Isso serve para
Vale lembrar também que escala cartográfica não é
dispor a orientação no mapa e situar qualquer ponto em
o mesmo que escala geográfica. Ambas estão presentes
relação a outro.
nos estudos de Geografia. Como você viu, a escala car-
tográfica implica uma relação de proporção e medidas
entre a realidade e a sua representação.
A escala geográfica, por sua vez, refere-se à abran-
gência espacial dos fenômenos em diferentes situações:
o deslocamento das pessoas de casa para o trabalho em
um município é um evento de escala geográfica local; já
os fluxos financeiros ou de bens realizados no mercado
mundial são situações que envolvem a escala geográfica
planetária ou global.

AS VARIÁVEIS VISUAIS E A REPRESENTAÇÃO CAR-


TOGRÁFICA
GEOGRAFIA

Você viu no Tema 1 que as informações podem ser


implantadas nos mapas pelo uso de pontos, linhas e
áreas. Para cada um desses três tipos de representação

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são escolhidos e utilizados determinados símbolos ou
formas gráficas. Isso envolve as chamadas variáveis vi-
suais dos mapas. Elas orientam o olhar e são essenciais
para realizar a leitura.
A seguir, serão apresentados alguns exemplos. Uma
das variáveis visuais é a forma dos símbolos ou dos si-
nais escolhidos para uma representação qualquer. Por
exemplo, as cidades podem ser representadas com pon-
tos (pequenos círculos, geralmente na cor preta) em um
mapa de escala pequena (como o mapa-múndi). Em ou-
tras situações, determinados locais que possuem certas
qualidades ganham pontos em forma de símbolos, como
o desenho de um avião (para aeroportos) ou de um navio
(para portos).
Isso ajuda a identificar e a separar objetos que são
diferentes (porto, aeroporto, fábrica etc.). Há também
formas para representar fenômenos implantados em li-
nhas. Assim, em um mapa de redes de transportes, por
convenção, as linhas contínuas pintadas de vermelho são
usadas para mostrar o traçado das rodovias, e as linhas
pretas com traços perpendiculares, para mostrar as fer-
rovias. Ou, no caso da representação de áreas, cores ou
hachuras são utilizadas para separar áreas distintas.
O quadro a seguir mostra modos de implantar infor-
mações nas representações cartográficas

Por que é importante conhecer as variáveis visuais? Por-


que elas são essenciais na leitura e na interpretação de ma-
pas dos tipos: qualitativos, quantitativos, ordenados e dinâ-
micos. É o que será visto a seguir.

Mapas qualitativos

Outra importante variável visual é a cor, que salta à O mapa apresentado na atividade anterior é do tipo
vista no primeiro instante. Há mapas com áreas (como os qualitativo. Em geral, o mapa qualitativo procura mostrar
países) pintadas de cores diferentes. O que isso quer di- não só a existência e a localização de fenômenos, mas
zer? Nesse caso, as cores também são usadas para sepa- também sua diversidade interna. Assim, o fenômeno es-
rar elementos. Em mapas de divisão política, elas indicam tudado é o mesmo: as línguas oficiais de países da África.
o contorno e a área dos países, delimitando claramente Mas as cores ressaltam as diferenças e a diversidade:
seus territórios. a cor azul indica países que têm o inglês como língua
A cor pode ser usada ainda com base na variável va- oficial; a marrom, a língua francesa; a laranja, a língua
lor, que expressa a intensidade do fenômeno. Em mapas portuguesa; e a amarela, a língua árabe. Observe que
que contêm apenas tons da mesma cor (como os mapas esse mapa traz também hachuras, que são os traçados
diagonais ou horizontais. É um recurso que usa as mes-
de população que utilizam diferentes tons de verde), o
mas cores para mostrar combinações do fenômeno – no
tom mais escuro indica maior intensidade do fenômeno;
caso, países com pelo menos duas línguas oficiais.
por oposição, o tom mais claro é usado em áreas em que
Há, ainda, os pequenos círculos, que assinalam paí-
o fenômeno é menos intenso. ses com uma ou mais línguas locais. Outros mapas qua-
Outra variável visual é o tamanho. Em um mesmo litativos bem conhecidos são os de vegetação, relevo ou
mapa, pode haver círculos ou retângulos de diferentes divisão política. Da mesma forma, mapas de recursos
tamanhos que se referem ao mesmo fenômeno, tal como minerais, em que cada minério é representado por um
a quantidade de população urbana. Os círculos maiores símbolo gráfico. Uma consulta a atlas geográficos pode
representam os núcleos mais populosos e os menores, os ajudar a confirmar essas informações.
menos populosos. Assim, os mapas qualitativos destacam a existência, a
A figura a seguir mostra algumas variáveis visuais. localização e a diversidade de fenômenos. Cores, símbo-
los e outros sinais são usados, nesses casos, para identi-
ficar e diferenciar os elementos no mapa.

Mapas quantitativos
GEOGRAFIA

Toda vez que um mapa apresenta o mesmo símbolo


com tamanhos diferentes, é possível, de imediato, rela-
cionar isso à representação de diferentes quantidades.

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Essa é a característica essencial dos mapas quantitativos. Anamorfoses
Assim, há sempre um símbolo gráfico (círculo, quadrado
etc.) ou pictórico (desenhos ou ícones de armas nuclea- Existem, ainda, outros mapas que trazem olhares
res, exércitos, dinheiro, navios etc.) que, disposto em di- distintos. Entre eles estão as anamorfoses. O nome ana-
ferentes tamanhos, indica quantidades diversas. morfose significa “disforme” ou “fora da forma”. Também
Os dados quantitativos também podem ser combina- denominadas cartogramas, as anamorfoses distorcem
dos com outras formas de representação de fenômenos, propositalmente o fundo do mapa para evidenciar um
como será apresentado mais adiante. Existem outros fenômeno. Assim, as anamorfoses mudam as formas e
mapas quantitativos, como os de pontos de contagem. as proporções das áreas representadas, de acordo com a
Um exemplo é o dos mapas de densidade demográfica relação entre superfícies e quantidades.
(habitantes por km2 ). Neles, são assinaladas diferentes Portanto, representações como essa rompem com as
quantidades de pontinhos em porções da superfície, in- heranças da cartografia que “naturalizam” os mapas.
dicando áreas de grande concentração de pessoas (com
maior quantidade de pontos) ou aquelas de baixo po-
voamento (com menor quantidade de pontos).

Mapas ordenados

Por que ordenado? Porque, pela disposição das co-


res, ele estabelece uma determinada ordem quanto ao
fenômeno representado. Um elemento muito importan-
te é o resultado visual que esse mapa apresenta.
Ele utiliza tons da mesma cor (no caso, o azul) para
representar um mesmo fenômeno (taxas de fecundida-
de). Então, quanto mais escuro o tom de azul, maior é o
número de filhos por mulher; portanto, maior é a inten-
sidade do fenômeno. Inversamente, quanto mais claro o No mapa acima, de população mundial, é possível
tom de azul, menos intenso é o fenômeno. Neste caso, o observar que as formas e proporções dos territórios fo-
número de filhos por mulher é menor. ram alteradas. Evidenciam-se, por exemplo, a China (em
Desse modo, é possível perceber, em largas faixas do verde) e a Índia (em amarelo-escuro), os dois países mais
planeta, países com baixa taxa de fecundidade, como o populosos do planeta.
Japão, a China, a Rússia, a Austrália, o Canadá e boa par-
te da Europa, e países com taxa de fecundidade elevada,
como o Afeganistão, o Iêmen e os da África central.
GEOGRAFIA FÍSICA: CLIMAS DA TERRA,
DO BRASIL E DINÂMICA CLIMÁTICA DO
Mapas dinâmicos ou de movimento PARANÁ; GEOLOGIA, RELEVO E SOLOS
DO BRASIL E DO ESTADO DO PARANÁ;
A grande migração transatlântica, final do séc. XIX ÁGUAS CONTINENTAIS; OCEANOS: PRO-
– início do séc. XX. Esse é um ótimo exemplo de mapa DUTIVIDADE MARINHA E MARES TERRI-
dinâmico, que representa fluxos ou movimentos no es- TORIAIS; OS BIOMAS TERRESTRES, BRA-
paço associados, entre outros fatores, à circulação de SILEIROS E A VEGETAÇÃO DO ESTADO DO
pessoas, bens, serviços ou informações. Para represen- PARANÁ.
tá-los, é comum o uso de setas de diferentes larguras,
da origem ao destino.
As larguras diferentes referem-se ao item quanti-
dade; portanto, nessas representações gráficas, combi- CLIMAS
nam-se diversos dados quantitativos. Outros mapas di-
nâmicos ou de movimento mostram também a evolução O clima mundial é influenciado por diferentes fatores
temporal de um dado fenômeno, utilizando um jogo ou e elementos climáticos, que contribuem para uma gran-
uma coleção de mapas da mesma superfície em períodos de diversificação climática. Assim, dependendo da região
distintos. do mundo e dos fatores que a influenciam, a atmosfera
Temas comuns nesse tipo de mapa são os da evo- terá características totalmente diferentes.
lução do desmatamento, da urbanização ou dos níveis Atualmente, existem diferentes classificações climáti-
de concentração demográfica. Nem sempre os mapas cas que definem o clima de acordo com os seus princi-
trazem todos os elementos estruturais. Dependendo do pais elementos: radiação, temperatura, pressão atmosfé-
que está representado, a ideia é que eles não fiquem car- rica, umidade etc. Uma das classificações mais utilizadas
regados com muitas informações, pois isso pode dificul- é a do geográfo alemão Wladimir Petter Kópen, proposta
tar a análise. Assim, alguns mapas desta Unidade dispen- em 1900 e aperfeiçoada por outros geográfos a partir de
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saram coordenadas geográficas ou nomes de lugares. então. Essa classificação volta-se, principalmente, para a
temperatura e a umidade de cada tipo de clima. De acor-
do com essa classificação, o planeta possui vários tipos e
subtipos de clima, a saber:

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Clima Equatorial: Presente nas zonas tropicais (Ama- Subtropical: Presente em áreas de transição entre o
zônia, África e Indonésia), próximas à Linha do Equador. clima tropical e o clima temperado. Apresenta tempe-
Apresenta temperaturas elevadas, com médias anuais raturas mais amenas e grande amplitude térmica anual,
em torno de 25°C, pequena amplitude térmica (diferença com temperaturas negativas no inverno e acima dos 30ºC
entre a maior temperatura registrada e a menor) e mui- no verão. As estações do ano, apesar de não serem tão
ta umidade, com médias pluviométricas superiores a bem definidas como as do clima temperado, já começam
2.000 milímetros por ano. a se delinear. As chuvas são bem distribuídas durante o
ano e apresentam maior ocorrência durante o verão.
Clima Tropical: Ocorre na maior parte das regiões lo- Mediterrâneo: Ocorre, principalmente, nas regiões
calizadas entre os trópicos de Capricórnio e de Câncer. próximas ao Mar Mediterrâneo. Apresenta duas estações
Apresenta elevadas temperaturas, com médias anuais bem definidas: verão (quente e seco) e inverno (chuvo-
em torno de 20ºC, e duas estações bem definidas: uma so e menos quente). As médias de temperatura asseme-
quente e úmida (verão) e outra mais fria e seca (inver- lham-se muito às do clima tropical, mas a quantidade de
no). A quantidade de umidade varia conforme a sua chuvas é ligeiramente menor no clima mediterrâneo.
localização. Regiões tropicais próximas ao litoral, que Frio (subpolar): Presente nas regiões temperadas
são influenciadas pela maritimidade, são mais úmidas mais próximas aos polos e apresenta duas estações bem
do que as regiões localizadas no interior do continente, definidas: Verão fresco, com temperaturas em torno de
que são influenciadas pela continentalidade. Assim, as 10º C, e inverno bastante rigoroso, com temperaturas
médias de pluviosidade variam entre 1.000 e 2.000 por negativas. O índice pluviomético varia entre 100 e 1000
ano e dependem da região em que se encontram. Em milímetros, sendo comum a precipitação em forma de
virtude dessa variação de umidade, o clima tropical pode flocos de neve durante o inverno.
ser dividido em: Clima tropical úmido ou litorâneo e Cli- Frio de Montanha: Ocorrem em regiões com gran-
ma tropical continental ou clima tropical típico. As áreas des cadeias de montanhas, como os Andes, Himalaia,
mais elevadas do clima tropical apresentam temperatu- as Montanhas Rochosas e os Alpes. Caracteriza-se pelas
ras mais amenas em razão da variação de altitude, o que baixas altitudes, com uma grande variação de tempera-
configura o clima tropical de altitude. tura conforme a altitude (quanto maior a altitude, menor
a temperatura), e a presença de neves eternas (que nun-
ca derretem).
Polar ou Glacial: Ocorrem nas zonas polares ou em
latitudes muito elevadas, próximas aos polos norte e sul.
Apresenta temperaturas baixas durante o ano todo, com
médias anuais próximas a -30º C, uma grande variação
na duração do dia e da noite e baixa umidade, com um
índice pluviométrico de menos de 200 milímetros anuais.

Por possuir um clima tropical, o Brasil é um destino


muito atrativo para turistas que querem aproveitar belas
praias

Clima Temperado: Presente em áreas de médias alti-


tudes é o único tipo de clima que possui as quatro esta-
ções bem definidas: Primavera, Verão, Outono e Inverno.
Possui temperaturas mais amenas, com médias anuais
que variam em torno de 8ºC e 15ºC, e umidade que varia
de acordo com a sua localização (quanto mais próximo Em áreas de clima polar, predominam as baixas tem-
ao litoral, mais úmido). Esse tipo de clima é dividido em: peraturas e a presença de neve durante o ano todo
1) Clima temperado oceânico - É um clima mais úmido e
que apresenta invernos menos rigorosos em virtude da Desértico: Presente tanto em regiões temperadas
influência da umidade oceânica. Como a água demora quanto em regiões tropicais (norte da África, Oriente Mé-
mais tempo para se resfriar, ela mantém a temperatura dio, oeste dos Estados Unidos, norte do México, litoral do
atmosférica por mais tempo, diminuindo, assim, a am- Chile e do Peru, Austrália e noroeste da Índia), geralmente
plitude térmica entre o verão e o inverno. 2) Clima tem- em regiões de depressões. Apresenta uma grande ampli-
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perado continental - como não é influenciado pela umi- tude térmica durante o dia (com temperaturas próximas
dade oceânica, é mais seco e apresenta invernos mais aos 50ºC durante o dia e temperaturas negativas durante a
rigorosos. noite), baixa umidade, chuvas escassas e irregulares e índi-
ces pluviométricos inferiores a 250 mm por ano.

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Semiárido: Localiza-se nas bordas dos desertos da Amé- Massa equatorial continental (mEc)
rica do Norte, América do Sul, Austrália, África e na região
Nordeste do Brasil, que, embora não esteja próxima a um Originária da Amazônia ocidental – área de baixa la-
deserto, também possui esse tipo de clima em virtude da bai- titude e muitos rios, a mEc é uma massa de ar quente,
xa umidade existente na região. O semiárido caracteriza-se úmido e instável. É a que exerce maior influência no Bra-
pela presença de altas temperaturas, com médias anuais em sil: atinge praticamente todas as regiões durante o verão
torno de 27º C, baixa umidade, chuvas escassas e irregulares no hemisfério sul, provocando chuvas. Na Amazônia, as
e médias pluviométricas que variam em torno de 300 a 800 elevadas temperaturas e as altas taxas de umidade, de-
milímetros por ano. correntes da atuação dessa massa de ar, são responsá-
veis pelos elevados índices pluviométricos da região. No
Climas Do Brasil inverno, a mEc recua e sua ação fica restrita à Amazônia
ocidental.
O território brasileiro (8.514.876 km²) estende-se de
5°16’ de latitude norte a 33°45’ de latitude sul, situando- Massa tropical atlântica (mTa)
-se, portanto, em quase sua totalidade, no seguimento
de baixas latitudes (0° a 30°). A linha do Equador, que De ar quente e úmido, mTa origina-se no Atlântico
divide os dois hemisférios terrestres, e o trópico de Ca- sul. Formadora dos ventos alísios de sudeste, atua na
pricórnio, que sinaliza o limite meridional da declinação faixa litorânea brasileira, que se estende da região Sul à
anual do Sol, atravessam as terras brasileiras, indicando região Nordeste, e é praticamente constante no decorrer
que as marcas da tropicalidade devem aparecer aí com do ano. Durante o inverno, a mTa encontra a única mas-
grande vigor.” sa de ar frio e úmido que atua no Brasil, a massa polar
A quantidade de luz solar (insolação) recebida pelas atlântica (mPa). Esse encontro provoca chuvas frontais no
várias regiões do país durante o ano não é uniforme. Nas litoral nordestino. Por isso é comum ouvirmos notícias
regiões mais próximas do Equador, essa incidência de luz sobre chuvas que castigam Maceió, Salvador e Recife no
solar é mais ou menos constante durante todo o ano, por mês de Julho, principalmente. No litoral das regiões Sul e
isso há poucas diferenças na duração dos dias e noites Sudeste, e o encontro da mTa com as áreas elevadas da
nas quatro estações do ano. Porém, à medida que nos serra do mar provoca as chuvas orográficas ou de mon-
aproximamos das regiões subtropicais e temperadas, es- tanha.
sas diferenças vão ficando cada vez maiores: no inverno,
as noites são mais longas; no verão, os dias duram mais. Massa polar atlântica (mPa)
Essa é uma das explicações para o fato do horário de
verão, cuja aplicação tem pouco objetivo a economia de Por se originar no oceano Atlântico, ao sul da Argen-
energia elétrica no Brasil, não ser adotado na região Nor- tina, em zona de média latitude (de 30° a 60°), a mPa
te e Nordeste, pois não teria resultados práticos. tem ar frio e úmido. Atua principalmente no inverno, di-
vidindo-se em três ramos separados pela orientação do
A dinâmica do clima no Brasil relevo brasileiro. Os dois primeiros ramos refere-se ao
corredor de planícies interiores brasileiras, que estão cer-
As massas de ar são de fundamental importância para a cadas por áreas de maiores altitudes, como os Andes (no
explicação da dinâmica do clima. Massas de ar são porções oeste) e as serras brasileiras (no leste), permitindo o avan-
da atmosfera que conduzem características e propriedades ço da mPa sobre essas áreas mais baixas do nosso relevo.
das áreas onde se originam (continentes, oceanos, regiões O primeiro ramo sobe pelo vale do rio Paraná, atingindo a
polares, tropicais). Dependendo de onde se formem, as região Sul, e traz ventos frios, como o minuano e o pam-
massas de ar podem ser: fria e úmidas (oceanos glaciais), peiro, causando a formação de granizo, geada e até neve
frias e secas (áreas continentais frias), quentes e úmidas nas serras catarinenses e gaúchas. O morro da Igreja (1828
(áreas continentais quentes e úmidas, como a Amazônia), m), localizado no município de Urubici, em Santa Catarina,
quentes e secas (desertos quentes continentais). Quase to- apresenta, as menores temperaturas brasileiras por reunir
das as massas de ar que atuam na América do Sul estão os fatores altitude e latitude, e o elemento climático, no
também no Brasil. Apenas as massas de ar que se originem caso a massa polar atlântica.
no Oceano Pacífico têm atuação limitada no Brasil devido a A temperatura mais baixa registrada no Brasil até
presença da Cordilheira dos Andes, que barra a sua passa- 2007 ocorreu em Urubici: -17,8°C. O segundo ramo, tam-
gem para o interior do continente. bém consequência das baixas altitudes da área central
do território brasileiro, permite o avanço dessa massa de
As massas de ar que interferem nos climas do Brasil ar frio e úmido que chega a atingir a Amazônia ociden-
tal e provoca queda brusca da temperatura, por alguns
Por ter 92% de seu território na zona tropical e es- dias, em Matogrosso, Rondônia e Acre. É o fenômeno da
tar localizado no hemisfério sul, onde as massas líquidas “friagem”. O terceiro ramo refere-se ao avanço da massa
ocupam maior espaço do que as massas sólidas, o Bra- polar atlântica pelo litoral brasileiro, do Sul ao Nordeste.
sil é influenciado predominantemente pelas massas de No Nordeste oriental (litoral), como já vimos, o encontro
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ar quente e úmido. As massas de ar que atuam no Brasil da mPa (de ar frio e úmido) com a mTa (de ar quente e
são: massa equatorial continental (mEc); massa equatorial úmido) provoca as chuvas frontais durante o inverno.
atlântica (mEa); massa tropical continental (mTc); massa
tropical atlântica (mTa); e massa polar atlântica (mPa).

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Massa equatorial atlântica (mEa) região, e altas temperaturas, por encontrar-se em
baixa latitude. As chuvas são constantes e abun-
Massa de ar quente e úmido, a mEa origina-se pró- dantes (chegam a ultrapassar 2.500 mm anuais),
ximo do arquipélago português dos Açores, na África. resultado da convecção ou ascensão vertical do ar
Formadora dos ventos alísios de nordeste, atua, princi- e consequente resfriamento e condensação. Apre-
palmente, durante a primavera e o verão no litoral das senta também baixa amplitude térmica anual (a
regiões Norte e Nordeste. Conforme avança pelo interior menor do Brasil), inferior a 4°C, e médias térmicas
do país, essa massa de ar vai perdendo a umidade, por anuais elevadas, que variam pouco, de 25 a 28°C.
isso não causa chuvas significativas na porção norte do - clima litorâneo úmido: Abrange a faixa da costa do
litoral nordestino. Nordeste e do Sudeste e sofre influência da massa
tropical atlântica (mTa). Apresenta como caracte-
Massa tropical continental (mTc) rísticas chuvas concentradas no inverno, que va-
riam de 1.500 a 2.000 mm durante o ano, e médias
Por ter origem na depressão do Chaco (Paraguai), isto térmicas elevadas. Como vimos anteriormente,
é, em uma zona de altas temperaturas e pouca umidade, nessa estação, no litoral nordestino, o encontro da
é uma massa de ar quente e seco. No Brasil, atua no sul mTa (de ar quente e úmido) com a mPa (de ar frio
da região Centro-Oeste e no oeste das regiões Sul e Su- e úmido), provoca chuvas frontais. Durante o verão
deste, onde ocorrem longos períodos de tempo quente tanto no Sudeste como no Nordeste, o encontro
e seco. Também provoca um bloqueio atmosférico que da mTa com as mais elevadas, como o planalto da
impede a chegada das massas de ar frio, quase sempre Borborema (no Nordeste) e as serras do Mar e da
nos meses de maio e junho, quando ocorrem dias com Mantiqueira (no Sudeste), provoca as chuvas oro-
temperaturas mais altas, chamados de “veranico”. gráficas.
- clima tropical continental: É o clima mais represen-
As chuvas tativo do Brasil, por isso chamado de tropical típi-
co. Sua precipitação varia entre 1.300 a 1.500 mm
Apesar do Brasil apresentar médias anuais pluviomé- Abrange área das regiões Centro-Oeste, Nordeste,
tricas em torno de 1.000 mm, as chuvas não se distri- Norte e Sudeste. Apresenta duas características
buem de modo uniforme por toda sua extensão. Algu- marcantes:
mas áreas, como trechos da Amazônia, o litoral sul da
Bahia e o trecho paulista da Serra do Mar, recebem mais A presença de duas estações bem definidas:
de 2.000 mm de chuvas por ano. Como exemplos pode- - verão: estação chuvosa, provocada pela massa de ar
mos citar, na Amazônia, a localidade de Belém (PA), com equatorial continental (mEc) e pela massa tropical
2.204 mm anuais, e, em São Paulo, a área banhada pelo atlântica (mTa);
rio Itapanhaú, em Bertioga, com mais de 4.000 mm. - inverno: estação seca. Nessa época, a mEc se retrai,
No extremo oposto está o Sertão do Nordeste, com deixando espaço para a atuação de outras mas-
totais bem abaixo da média do país, como as localidades sas de ar: a polar atlântica (mPa) e a tropical conti-
de Cabaceiras (PB), com 331 mm anuais, e Areia Branca nental (mTc). A mPa aproveita o corredor formado
(RN), com 588 mm. O restante, ou seja, a maior parte do pelas terras mais baixas da região Centro-Oeste e
território brasileiro, está na faixa entre 1.000 e 2.000 mm atinge a porção sul da Amazônia, quando a tempe-
de chuvas por ano. A porção situada abaixo do paralelo ratura pode chegar a 10°C (fenômeno da friagem).
de 20°LS, onde predomina o clima subtropical, tem como
característica a relativa uniformidade das chuvas ao lon- Amplitudes térmicas anuais elevadas devido à in-
go do ano. Temperaturas Em quase 95% de nosso ter- fluência da continentalidade.
ritório, temos médias térmicas superiores a 18°C, como
decorrência da tropicalidade. - clima tropical semi-árido: Característica do Sertão
Entretanto, o comportamento das temperaturas está nordestino e do norte de Minas Gerais. As massas
sujeito à influência de outros fatores além da latitude: a que atuam para a ocorrência desse tipo de clima
altitude, a continentalidade e as correntes marítimas. são a tropical atlântica (mTa) e a equatorial con-
tinental (mEc). Quando chega ao interior do Nor-
Classificação climática brasileira deste, a mTa já perdeu a umidade, pois barreiras
montanhosas impedem a passagem das chuvas
Optamos pela classificação climática do cientista nor- que caem no litoral. É o clima brasileiro com menor
te-americano Arthur Strähler, por estar baseada na circu- índice pluviométrico anual. O que causa o proble-
lação e na atuação das massas de ar que determinam os ma da estiagem é a má distribuição das chuvas,
climas no Brasil. Considerando a dinâmica das massas de concentradas em alguns meses do ano. O índice de
ar que atuam no Brasil, encontramos os tipos de clima chuvas anuais chega, às vezes, a ser inferior a 500
descritos a seguir. mm. As médias térmicas anuais e as temperaturas
- clima equatorial úmido: Esse tipo de clima é deter- são elevadas.
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minado pela massa equatorial continental (mEc), - clima subtropical úmido: Representativo do Sul do
e sua principal área de ocorrência é a Amazônia. Brasil, é dominado pela massa tropical atlântica
Tem como características elevada taxa de umidade, (mTa), mas sofre grande influência da massa polar
em virtude da presença dos rios e da vegetação na atlântica (mPa) no inverno. Apresenta o segundo

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maior índice pluviométrico anual (em torno de 2.500 mm), só perdendo para o clima equatorial úmido. Tem as
estações do ano bem definidas e chuvas bem distribuídas durante o ano. No inverno são constantes as ondas de
frio, a formação de geada e chuvas de granizo. Pode ocorrer neve nas áreas de maior altitude, como na região
de São Joaquim, em Santa Catarina.
- clima tropical de altitude: Localiza-se nas áreas de maior altitude da região Sudeste. Sofre grande influência anual
da massa tropical atlântica (mTa), que é úmida. No inverno, a massa polar atlântica (mPa) é responsável pelas
baixas temperaturas e pelas geadas que costumam ocorrer nessa época. Diferencia-se do clima tropical típico
ou continental por abranger maior índice pluviométrico anual (acima de 1.700 mm), verões menos quentes e
invernos mais frios. Texto adaptado de ARAÚJO. F.

ESTRUTURA GEOLÓGICA BRASILEIRA

A estrutura geológica de um local é um importante elemento de análise na Geografia, isso porque é sobre esta
base que se estabelecem todas as atividades humanas. A estrutura geológica é um elemento que apresenta a história
evolutiva do local em que ela se encontra, mostrando como se sucedeu a formação do terreno naquele ambiente.

O que é estrutura geológica?

Como estrutura geológica entende-se o conjunto de rochas que compõem um determinado local. Estas rochas
foram constituídas historicamente a partir dos vários períodos pelos quais o planeta Terra passou. Não existe estrutura
geológica apenas na Terra, sendo que os outros planetas rochosos também possuem essa configuração.
Assim, para que fosse possível o conhecimento da estrutura geológica da Terra, surgiu uma ciência denominada de
Geologia, a qual tem como função estudar a composição, a estrutura, a história evolutiva do planeta e perceber como
o planeta era em seu passado geológico.
As rochas que formam a estrutura geológica da Terra estão dispostas em camadas, as quais variam em conformida-
de com os acontecimentos ao longo da evolução terrestre. As camadas geológicas contam a história evolutiva da Terra,
pois apresentam idades diferenciadas, originando em diferentes processos geológicos.

Tipos de estrutura geológica

Os três tipos de estruturas geológicas reconhecidos no planeta Terra são: escudos cristalinos, bacias sedimentares e
dobramentos modernos. Estas estruturas foram criadas no decorrer das eras geológicas e seus períodos, formando as
bases sólidas nas quais se desenvolvem todas as atividades humanas.

Como é a estrutura geológica brasileira?

A formação da estrutura geológica do Brasil não está desvinculada do contexto de formação geológica de todo
planeta, afinal, foram sucessivas eras e seus períodos que moldaram a base estrutural do planeta. No entanto, no Brasil
há uma particularidade em relação aos tipos de estruturas geológicas, pois dentre os tipos de estruturas, o Brasil não
apresenta dobramentos modernos.
Durante a formação da estrutura geológica do Brasil, não houve choque de placas tectônicas que pudessem origi-
nar a formação de dobramentos modernos, justamente porque o Brasil está sobre a placa tectônica Sul-americana, e
não entre limites de placas tectônicas.
GEOGRAFIA

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O movimento de formação dos dobramentos modernos é o orogênico, e a partir dele ocorreram as formações das
grandes cadeias montanhosas presentes no mundo, como os Andes e o Himalaia. Assim, como o Brasil não sofreu com
este processo formativo, não existem montanhas no território brasileiro.
Muitas vezes as serras ou picos são considerados como montanhas, o que é um erro! Eles são formados a partir
de dobramentos antigos, já bastante desgastados. Os dobramentos modernos são o tipo de formação geológica mais
recente que existem na Terra, e ocorrem apenas em regiões com atividade vulcânica e sísmica. Portanto, o Brasil não é
abrangido por este tipo de estrutura geológica. Assim, no Brasil existem dois tipos de estruturas geológicas, que são os
escudos cristalinos e as bacias sedimentares.

Escudos cristalinos

Os escudos cristalinos estão presentes em cerca de 36% do território brasileiro, o que corresponde a praticamente
um terço do espaço físico total do Brasil. Os escudos cristalinos são também conhecidos como maciços antigos, e são
compostos basicamente por rochas cristalinas, podendo serem elas magmáticas, ou seja, quando há a solidificação do
magma, tanto no interior da Terra (intrusivas), quanto fora dela (extrusivas), ou ainda metamórficas, que são rochas que
tiveram sua estrutura modificada por conta de agentes como temperatura e pressão.

Tipos de terrenos cristalinos

Esse tipo de formação geológica é muito antigo, tendo se constituído na Era Pré-Cambriana e na Paleozoica. No
caso brasileiro, os terrenos são caracterizados a partir de duas definições principais, segundo seu momento de forma-
ção: terrenos cristalinos do Arqueozoico, os quais correspondem a 32,1% dos terrenos totais contidos no Brasil, e aque-
les que se formaram no Proterozoico, que correspondem a apenas 3,9% do total das formações geológicas brasileiras.
Nestes últimos, formados no Proterozoico, é que se concentram as principais fontes de minerais do país, como
minério de ferro, manganês, bem como níquel, chumbo, prata, e até mesmo ouro e diamantes.

Principais escudos cristalinos do Brasil

Os escudos cristalinos estão presentes no Brasil de três formas: o Escudo das Guianas, localizado na porção extremo
norte do Brasil; o Escudo do Brasil Central, localizado na região centro-norte brasileira e ainda o Escudo Atlântico, localiza-
do na região centro-leste brasileira. Alguns autores trabalham ainda com duas categorias de escudos cristalinos no Brasil,
considerando apenas o Escudo das Guianas e o Escudo Brasileiro, abrangendo as regiões central-norte e central-leste do
território.
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Bacias Sedimentares É fundamental perceber que a diversidade climática
do País é positiva para a agropecuária e é explicada por
O outro tipo de estrutura geológica existente no Brasil vários fatores, destacando-se a latitude e a atuação das
são as bacias sedimentares, as quais estão presentes em massas de ar.
cerca de dois terços do território brasileiro, corresponden-
do a 64% deste. Diferentemente dos terrenos cristalinos, os DOMÍNIO AMAZÔNICO
terrenos sedimentares são originados em vários momentos
da evolução do planeta Terra, ou seja, possuem variadas Relevo
idades geológicas, desde o Paleozoico até o Cenozoico.
Este tipo de terreno é rico em recursos minerais, O Domínio Geoecológico Amazônico apresenta um
como petróleo e carvão mineral. Apesar disso, o carvão relevo formado essencialmente por depressões , origi-
mineral brasileiro não é considerado como de boa qua- nando os baixos planaltos e as planícies aluviais. Apenas
lidade, pois possui um baixo teor calorífero, em relação nos extremos norte e sul desse domínio, é que ocorrem
ao carvão encontrado em outras áreas do globo. maiores altitudes, surgindo os planaltos das Guianas
ao norte e o Central (Brasileiro) ao sul. (Classificação de
Áreas sedimentares do Brasil Aroldo de Azevedo).
O planalto das Guianas, situado no extremo norte do
No Brasil, as áreas sedimentares podem ser divi- Brasil, corresponde ao escudo cristalino das Guianas. Tra-
didas conforme seus períodos de formação, como as ta-se, portanto, de terrenos cristalinos do pré-cambriano,
bacias sedimentares formadas no paleozoico, presen- altamente desgastado pela erosão, apresentando, como
tes na região Sul do Brasil. Esta formação teve origem conseqüência, modestas cotas altimétricas em sua maior
com o soterramento de antigas florestas existentes, parte. Entretanto, nas fronteiras com as Guianas e a Ve-
onde existem amplas reservas de carvão. nezuela, existe uma região de serras, onde aparecem os
E ainda, as bacias sedimentares formadas no me- pontos culminantes do relevo brasileiro: o pico da Nebli-
sozoico, nas quais existem jazidas de petróleo, e que
na (serra do Imeri), o pico 31 de Março e o monte Rorai-
foram constituídas a partir de derrames vulcânicos
ma. Dentre as serras podemos citar: Parima, Pacaraima,
que ocorreram naquele momento evolutivo. Esses
Surucucu, Tapirapecó, Imeri, etc.
derrames atingiram áreas com mais de 500 mil qui-
A maior parte do Domínio Amazônico apresenta um
lômetros quadrados, originando as áreas basálticas
relevo caracterizado por terras baixas. As verdadeiras
existentes no Brasil.
planícies (onde predomina a acumulação de sedimen-
tos) ocorrem somente ao longo de alguns trechos de
Como são classificadas as bacias sedimentares
rios regionais; os baixos planaltos (ou platôs), também
O tempo geológico permite classificar as bacias se- de origem sedimentar, mas em processo de erosão, apre-
dimentares brasileiras em categorias, sendo as antigas sentam a principal e mais abrangente forma de relevo da
aquelas formadas no Paleozoico e Mesozoico, e as re- Amazônia.
centes aquelas formadas no Cenozoico e no Quaternário.
São bacias sedimentares brasileiras: a Bacia Sedi- Clima
mentar da Amazônia, a Bacia Sedimentar Potiguar, a Ba-
cia sedimentar do Paraná, a Bacia Sedimentar do Espírito A Amazônia apresenta o predomínio do clima Equa-
Santo, a Bacia Sedimentar de Campos e ainda a Bacia torial. Trata-se de um clima quente e úmido. Região de
Sedimentar de Santos, podendo essa nomenclatura al- baixa latitude, apresenta médias térmicas mensais eleva-
terar-se em conformidade com a abordagem do autor/ das que variam de 24 ºC e 27 ºC.
pesquisador. Texto adaptado de MENEZES. P. R. A amplitude térmica anual, isto é, as diferenças de
temperaturas entre as médias dos meses mais quentes e
Relevo mais frios, é bastante baixa (oscilações inferiores a 2 ºC);
os índices pluviométricos são extremamente elevados,
O relevo brasileiro é de formação antiga ou pré-cam- de 1500 a 2500 mm ao ano, chegando a atingir 4.000
briana, sendo erodido e, portanto, aplainado. Apresen- mm; o período de estiagens é bastante curto em algumas
ta o predomínio de planaltos, terrenos sedimentares e áreas. A região é marcada por chuvas o ano todo.
certas áreas com subsolo rico em recursos minerais. Um
outro aspecto importante consiste na ausência de vul- Clima Equatorial
canismo ativo e fortes abalos sísmicos, fatos explicados
pela distância em relação à divisa ou encontro das placas Este pluviograma apresenta a região de Uaupés, no
tectônicas, somado à idade antiga do território. Estado do Amazonas, com o tipo de clima predominante
na área. Observe que a linha de temperatura não cai a
Clima menos de 24 ºC e que a pluviosidade é alta durante o
ano todo, não se observando estação seca.
O país apresenta o predomínio de climas quentes As precipitações que ocorrem nessa região são exem-
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ou macrotérmicos, devido à sua localização no planeta, plos de chuvas de convecção, resultantes do movimento
apresentando uma grande porção de terras na Zona In- ascendente do ar carregado de umidade; essas correntes
tertropical e uma pequena porção na Zona Intertropical e de ar ascendentes são conseqüências do encontro dos
uma pequena porção na Zona Temperada do Sul. ventos alísios (convergência dos alísios).

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A massa de ar Equatorial Continental (Ec) é responsá- • Higrófila: com vegetais adaptados a um clima bas-
vel pela dinâmica do clima em quase toda a região. So- tante úmido;
mente na porção ocidental a frente fria (Polar Atlântica) • Outros nomes: Hiléia, denominação dada por Ale-
atinge a Amazônia durante o inverno, ocasionando uma xandre Von Humboldt, Inferno Verde, por Alexan-
queda de temperatura denominando friagem. dre Rangel e Floresta Latifoliada Equatorial.
A massa de ar Equatorial Atlântica (Ea) exerce alguma Apresenta aspectos diferenciados dependendo, prin-
influência somente em áreas litorâneas (AP e PA). cipalmente da maior ou menor proximidade dos
cursos fluviais. Pode ser dividida em três tipos bá-
Hidrografia sicos ou florestais:
• Caaigapó: ou mata de igapó, localizada ao longo
A hidrografia regional é riquíssima, representada dos rios nas planícies permanentemente inunda-
quase que totalmente pela bacia amazônica. das. São espécies do Igapó a vitória-régia, piaçava,
O rio principal, Amazonas, é um enorme coletor das açaí, cururu, marajá, etc.
chuvas abundantes na região (clima Equatorial); seus • Mata de várzea: localizada nas proximidades dos
afluentes provêm tanto do hemisférico norte (margem rios, parte da floresta que sofre inundações pe-
esquerda), como o Negro, Trombetas, Jari, Japurá, etc., riódicas. Como principais espécies temos a serin-
quanto do hemisfério sul (margem direita), como o Juruá, gueira (Hevea brasiliensis), cacaueiro, sumaúma,
Purus, Madeira, Tapajós, Xingu, etc. Esse fato explica o copaíba, etc.
duplo período de cheias anuais em seu médio curso. • Caaetê: ou mata de terra firme, parte da floresta da
O rio Amazonas (e alguns trechos de seus afluentes) maior extensão localizada nas áreas mais elevadas
é altamente favorável à navegação. Por outro lado, o (baixos planaltos), que nunca são atingidas pelas
potencial hidráulico dessa bacia é atualmente conside- enchentes. Além de apresentar a maior variedade
rado o mais elevado do Brasil, localizado sobretudo nos de espécies, possui as árvores de maior porte. São
afluentes da margem direita que formam grande número espécies vegetais do Caaetê o angelim, caucho,
de quedas e cachoeiras nas áreas de contatos entre o andiroba, castanheira, guaraná, mogno, pau-rosa,
planalto Brasileiro e as terras baixas amazônicas (Tocan- salsaparrilha, sorva, etc.
tis, Tucuruí).
Apresenta a maior variedade de peixes existentes em O DOMÍNIO DOS CERRADOS
todas as bacias hidrográficas do mundo. A pesca tem uma
grande expressão na alimentação da população local. O Cerrado é um domínio geoecológico característi-
Além da grande quantidade de rios na região existem co do Brasil Central, apresentando terrenos cristalinos
os igarapés (córregos ou riachos); os furos (braços de (as chamadas “serras”) e sedimentares (chapadas), com
água que ligam um rio a outro ou a um lago); os para- solos muito precários, ácidos, muito porosos, altamente
nás-mirins (braços de rios que contornam elevações for- lixiviados e laterizados.
mando ilhas fluviais) e lagos e várzea. A expansão contínua da agricultura e pecuária mo-
dernas exige o uso de corretivos com calagens e nutrientes,
Solos que é a fertilização artificial do solo. A mecanização intensi-
va tem aumentado a erosão e a compactação dos solos. A
A maior parte do Domínio Amazônico apresenta so- região tem sido devastada nas últimas décadas pela agri-
los de baixa fertilidade. Apenas em algumas áreas restri- cultura comercial policultora (destaque para a soja).
tas, ocorrem solos de maior fertilidade natural, como os O Cerrado apresenta dos estratos: o arbóreo-arbus-
solos de várzeas em alguns trechos dos rios regionais e tivo e o herbáceo. As árvores de pequeno porte, com
a terras pretas, solo orgânico bastante fértil (pequenas troncos e galhos retorcidos, cascas grossas e raízes pro-
manchas). fundas, denotam raquitismo, e o lençol freático profun-
do. A produção da lenha e de carvão vegetal continua a
Vegetação ocorrer, apesar das proibições e alertas, bem como da
prática das queimadas.
A floresta amazônica, principal elemento natural do
Domínio Geoecológico Amazônico, abrangia quase 40% Localização
da área do País. Além do Brasil, ocupa áreas das Guianas,
Venezuela, Colômbia, Peru, Equador e Bolívia, cobrindo O Domínio Geoecológico do Cerrado ocupa quase todo
cerca de 5 milhões de km². o Brasil Central, abrangendo não somente a maior parte da
A floresta Amazônica possui as seguintes caracterís- região Centro-Oeste, mas também trechos de Minas Gerais,
ticas: parte ocidental da Bahia e sul do Maranhão / Piauí.
• Latifoliada: com vegetais de folhas largas e grandes;
• Heterogênea: apresenta grande variedade de espé- Relevo
cies vegetais, ou grande biodiversidade;
• Densa: bastante compacta ou intricada com plantas A principal unidade geomorfológica do Cerrado é o
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muito próximas uma das outras; planalto Central, constituído por terrenos cristalinos, bas-
• Perene: sempre verde, pois não perde as folhas no tante desgastados pelos processos erosivos, e por terre-
outono-inverno como as florestas temperadas (ca- nos sedimentares que formam as chapadas e os chapa-
ducifólias); dões.

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Destacam-se nesse planalto as chapadas dos Parecis, O DOMÍNIO DAS CAATINGAS
dos Guimarães, das Mangabeiras e o Espigão Mestre, que
divide das águas das bacias do São Francisco e Tocantins. Este domínio é marcado pelo clima tropical semi-á-
Na porção sul desse domínio (MS e GO) localiza-se rido, vegetação de caatinga, relevo erodido, destacan-
parte do planalto Meridional, com a presença de rochas do-se o maciço nordestino e a hidrografia intermitente.
vulcânica (basalto) intercaladas por rochas sedimentares, A Zona da Mata ou litoral oriental é a sub-região
formando as cuestas Maracaju, Caiapó, etc. mais industrializadas, mais populosa, destacando-se o
solo de massapé (calcário e gnaisse), com as tradicionais
Solos lavouras comerciais de cana e cacau. O agreste apre-
senta pequena propriedades com policultura visando a
No Domínio do Cerrado predominam os solos pobres abastecer o litoral. O sertão é marcado pela pecuária em
e bastante ácidos (pH abaixo de 6,5). São solos altamente grandes propriedades. Já o Meio-Norte, apresenta gran-
lixiviados e laterizados, que para serem utilizados na agri- des propriedades com extrativismo.
cultura, necessitam de corretivos; utiliza-se normalmente
o método da calagem, que é a adição de calcário ao solo, Clima
visando à correção do pH.
Ao sul desse domínio (planalto Meridional) aparecem O Domínio da Caatinga apresenta como característi-
significativas manchas de terra roxa, de grande fertilida- ca mais marcante a presença do clima semi-árido. É um
de natural (região de Dourados e Campo Grande). tipo de clima tropical, portanto, quente, mais próximo
do árido (seco); as médias de chuvas anuais são inferio-
Hidrografia res a 1000 mm (Cabaceiras, PB – 278 mm, mais baixa do
Brasil), concentradas num curto período (três meses do
A densidade hidrográfica é baixa; as elevações do pla- ano) – chuvas de outono-inverno. A longa estação seca
nalto Central (chapadas) funcionam como divisores de é bastante quente, com estiagens acentuadas.
águas entre as bacias Amazônica (rios que correm para o Esse pluviograma da região Cabaceiras, Na Paraíba,
norte) e Platina (Paraná e Paraguai que correm para o sul) é o mais representativo do clima semi-árido do Sertão
nordestino. A região apresenta o menor índice pluvio-
e do São Francisco.
métrico do Brasil, com 278 mm de chuvas. Observe o
São rios perenes com regime tropical, isto é, as cheias
predomínio do tempo seco e a temperatura elevada du-
ocorrem no verão e as vazantes no inverno.
rante o ano todo.
A baixa e irregular quantidade de chuvas dói Domí-
Clima
nio da Caatinga pode ser explica pela situação da região
O principal clima do Cerrado é tropical semi-úmido; em relação à circulação atmosférica (massa de ar), rele-
apresenta estações do ano bem definidas, uma bastante vo, geologia, etc.
chuvosa (verão) e outra seca (inverno); as médias térmi- Trata-se de uma área de encontro ou ponto final de
cas são elevadas, oscilando entre 20 ºC a 28 ºC e os índi- quatro sistemas atmosféricos: as massas de ar Ec, Ta, Ea
ces pluviométricos variam em torno de 1.500 mm. e Pa. Quando essas massas de ar atingem a região, já
Verifica-se pelo climograma anterior a estação seca perdem grande parte de sua umidade.
no meio do ano, destacando-se a queda de temperatura. O Planalto de Borborema raramente ultrapassa 800
m de altitude, sendo descontínuo. Portanto, é incapaz de
Vegetação provocar a semi-aridez da área sertaneja.
A presença de rochas cristalinas (impermeáveis) e
O Cerrado é a vegetação dominante; apresenta nor- solos rasos dificulta a formação do lençol freático em
malmente dois estratos: um arbóreo-arbustivo, com ár- algumas áreas, acentuando o problema da seca.
vores de pequeno porte (pau-santo, lixeira, pequi) e ou- Um dos mitos ou explicações falsas do subdesenvol-
tro herbáceo, de gramíneas e vegetação rasteiras com vimento nordestino é a afirmação de que as secas cons-
várias espécies de capim (barba-de-bode, flechinha, co- tituem a principal causa do atraso socioeconômico des-
lonião, gordura, etc.).
sa região, causando também migração para São Paulo e
Os arbustos possuem os troncos e galhos retorcidos,
Rio de Janeiro.
caule grosso, casca espessa e dura e raízes profundas. O
espaçamento entre arbusto e árvores é grande favore- Na realidade, a pobreza regional é muito mais bem
cendo a prática da pecuária extensiva. explicada pelas causas históricas e sociais.
Ao longo dos rios, conseqüência da maior umidade As arcaicas estruturas socioeconômicas regionais
do solo, surgem pequenas e alongas florestas, denomi- (estruturas fundiária, predomínio da agricultura tradicio-
nadas Matas Galeiras ou Ciliares. Essas formações vege- nal de exportação, governos controlados pelas elites lo-
tais são de grande importância para a ecologia local, pois cais, baixos níveis salariais, analfabetismo, baixa produ-
evitam a erosão das margens impedindo o assoreamento tividade nas atividades econômicas, etc.) explicam muito
dos rios; favorecem ainda a fauna e a vida do rio. melhor o subdesenvolvimento nordestino que as causas
Nos últimos anos, como conseqüências da expansão naturais.
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da agricultura na região, as Matas Galerias e o Cerrado A seca é apenas mais agravante, que poderia ser so-
sofrem intenso processo de destruição, afetando o meio lucionada com o progresso socioeconômico regional.
ambiente regional.

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Hidrografia A paisagem arbustiva típica do Sertão Nordestino,
que dá o nome a esse domínio geoecológico, é a Caatin-
A mais importante bacia hidrográfica do Domínio da ga (caa = mata; tinga = branco). Possui grande hetero-
Caatinga é a do São Francisco. Apesar de percorrer áreas geneidade quanto ao seu aspecto e composição vegetal.
de clima semi-árido, é um rio perene embora na época Em algumas áreas, forma-se uma mata rala ou aber-
das secas possua um nível baixíssimo de águas. É nave- ta, com muitos arbustos e pequenas árvores, tais como
gável em seu médio curso numa extensão de 1370 km, juazeiro, a aroeira, baraúna, etc. Em outras áreas o solo
no trecho que vai de Juazeiro (BA) a Pirapora(MG). Atual- apresenta-se quase que descoberto, proliferando os ve-
mente essa navegação é de pouca expressão na econo- getais xerófilos, como as cactáceas (mandacaru, facheiro,
mia regional, devido à concorrência das rodovias. Rio de xique-xique, coroa de frade, etc.) e as bromeliáceas (ma-
planalto, apresenta, sobretudo em seu baixo curso, várias cambira).
quedas, favorecendo a produção de energia elétrica (usi- É uma vegetação caducifólia, isto é, na época das se-
nas de Paulo Afonso, Sobradinho etc.). cas as plantas perdem suas folhas, evitando-se assim a
A maior parte de seus afluentes são intermitentes ou evapotranspiração.
temporários, reflexo das condições locais. Os brejos são as mais importantes áreas agrícolas do
Além do São Francisco, existem vários outros que sertão. São áreas de maior umidade, localizadas em en-
drenam a Caatinga: os rios intermitentes da bacia do costas das serras ou vales fluviais, isto é, regatos e ria-
Nordeste como o Jaguaribe, Acaraú, Apodi, Piranhas, Ca- chos. As cabeceiras são formadas pelos “olhos d’água”
pibaribe, etc. (minas).
Convém lembrar que o rio São Francisco possui três
apelidos importantes: Projetos
• Rio dos Currais: devido ao desenvolvimento da pe-
cuária extensiva no sertão. A região Nordeste é marcada por projetos, destacan-
• Rio da Unidade Nacional: devido ao seu trecho na- do os relacionados à irrigação. O mais famoso envolve
vegável ligando o Sudeste ao Nordeste, sendo as
as cidades vizinhas e separadas pelo rio São Francisco,
regiões mais importantes na fase colonial.
Petrolina (PE) e Juazeiro (BA). O clima seco e a irrigação
• Rio Nilo Brasileiro: devido à semelhança com o rio
controlada favorecem o controle de pragas, e o cultivo
africano, pois nasce numa área úmida (MG – serra
de frutas para exportação marca a paisagem, com in-
da Canastra) e atravessa uma área seca, sendo pe-
fluência de capital estrangeiro.
rene. Além de apresentar o sentido sul-norte e ser
Porém, existem projetos eleitoreiros, que não saem
axorréico.
do papel, como o da transposição das águas do São
Francisco: antiga ideia de construir um canal artificial,
Relevo
envolvendo Cabrobó (PE) e Jati (CE), ligando os rios São
No domínio das Caatingas predominam depressões Francisco ao Jaguaribe, com 115 km. Deste canal, nasce-
interplanálticas, exemplificadas pela Sertaneja e a do São riam outros, levando águas para o Rio Grande do Norte,
Francisco. Paraíba e Pernambuco. Mas o projeto é polêmico, po-
A leste atinge o planalto de Borborema (PE) e a Cha- dendo colocar em risco o rio São Francisco.
pada Diamantina (sul da Bahia). A oeste estende-se até
o Espigão Mestre e a Chapada das Mangabeiras. Nos O DOMÍNIO DOS MARES DE MORROS
limites setentrionais desse domínio, localizam inúmeras
serras ou chapadas residuais, como Araripe, Grande, Ibia- Localização
pada, Apodi, etc.
O interior do planalto Nordestino é uma área em pro- Esse domínio geoecológico localiza-se na porção
cesso de pediplanação, isto é, a importância das chuvas é oriental do País, desde o Nordeste até o Sul. Na região
pequena (clima semi-árido) nos processos erosivos, pre- Sudeste, penetra para o interior, abrangendo o centro-
dominando o intemperismo físico (variação de tempera- -sul de Minas Gerais e São Paulo.
tura) e ação dos ventos (erosão eólica), que vão aplainan-
do progressivamente o relevo (fragmentação de rochas Relevo
e de blocos).
É comum no quadro geomorfológico nordestino a O aspecto característico do Domínio dos Mares de
presença de inselbergs, que são morros residuais, com- Morros encontra-se no relevo e nos processos erosivos.
posto normalmente por rochas cristalinas. O planalto Atlântico (Classificação Aroldo Azevedo)
Os solos do Domínio da Caatinga são, geralmente, é a unidade do relevo que mais se destaca; apresenta
pouco profundas devido às escassas chuvas e ao predo- terrenos cristalinos antigos, datados do pré-cambriano,
mínio do intemperismo físico. Apesar disso, apresentam correspondendo ao Escudo Atlântico. Nesse planalto es-
boa quantidade de minerais básicos, fator favorável à tão situadas as terras altas do Sudeste, constituindo um
prática da agricultura. A limitação da atividade agrícola é conjunto de saliência ou elevações, abrangendo áreas
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representada pelo regime incerto e irregular das chuvas, que vão do Espírito Santo a Santa Catarina.
problema que poderia ser solucionado com a prática de Entre as várias serras regionais como a do Mar, Man-
técnicas adequadas de irrigação. tiqueira, Espinhaço, Geral, Caparão (Pico da Bandeira = 2
890 m), etc.

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A erosão, provocada pelo clima tropical úmido, asso- Vegetação
ciada a um intemperismo químico significativo sobre os
terrenos cristalinos (granito/gnaisse), é um dos fatores A principal paisagem vegetal desse domínio era, ori-
responsáveis pela conformação do relevo, com a presen- ginalmente, representada pela mata Atlântica ou floresta
ça de morros com vertentes arredondadas (morros em latifoliada tropical. Essa formação florestal ocupava as
Meia Laranja, Pães-de-Açúcar). terras desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande
Entre a serra do Mar e a da Mantiqueira, localiza-se a do Sul, cobrindo as escarpas voltadas para o mar e os
depressão do rio Paraíba do Sul (vale do Paraíba) forma- planaltos interiores do Sudeste. Apresentava, em muitos
da a partir de uma fossa tectônica. trechos, uma vegetação imponente, com árvores de 25 a
30 metros de altura, como perobas, pau-d’alho, figueiras,
Solos cedros, jacarandá, jatobá, jequitibá, etc.
Com o processo de ocupação dessas terras brasilei-
Na Zona da Mata Nordestina encontra-se um solo de ras, essa floresta sofreu grandes devastações. No início,
grande fertilidade, denominando massapé; originou-se foi a extração do pau-brasil; posteriormente, a agricultu-
da decomposição do granito, gnaisse e, ás vezes, do cal- ra da cana-de-açúcar (Nordeste) e a do café (Sudeste).
cário. Atualmente, restam apenas alguns trechos esparsos
No Sudeste, ocorre a presença de um solo argiloso, em encostas montanhosas.
de razoável fertilidade, formado, principalmente, pela
decomposição do granito em climas úmidos, denomina- O DOMÍNIO DAS ARAUCÁRIAS
do salmourão.
É o domínio geoecológico brasileiro mais sujeito aos Localização
processos erosivos, conseqüência do relevo acidentado
e da ação de clima tropical úmido. O intemperismo quí- Abrange áreas altas do Centro-Sul do País, sobretudo
mico atinge profundamente as rochas dessa área, for- Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
mando solos profundos, intensamente trabalhados pela
ação das chuvas e enxurradas. É comum a ocorrência de
Relevo
deslizamentos, causados pela destruição da vegetação
natural, práticas agrícolas inadequadas, etc.
O Domínio das Araucárias ocupa áreas pertencentes
ao Planalto Meridional do Brasil; as altitudes variam entre
Hidrografia
800 e 1.300 metros; apresentam terrenos sedimentares
(Paleozóico), recobertos, em partes, por lavas vulcânicas
As terras altas do Sudeste dividem as águas de várias
bacias Paranaica (Grande Tietê, etc.), bacias Secundárias (basalto) datadas do Mesozóico.
do Leste (Paraíba do Sul, Doce) e Sul. Além do planalto arenito basáltico, surgem a De-
A maior parte dos rios são planálticos, encachoeira- pressão Periférica e suas cuestas. São relevos salientes,
dos, com grande número de quedas ou saltos, corre- formados pela erosão diferencial, ou seja, ação erosiva
deiras e com elevado poder de erosão. O potencial hi- sobre rochas de diferentes resistências; apresentam uma
dráulico é também de vários rios de maior extensão que vertente inclinada, denominada frente ou front e um re-
correm diretamente para o mar (bacias Secundárias ). A verso suave. Essas frentes de cuestas são chamadas ser-
serra do Mar representa uma linha de falhas que possi- ras: Geral, Botucatu, Esperança, etc.
bilita, também, a produção energética (exemplo: usinas
Henry Borden I e II que aproveitam as águas do sistema Solos
Tietê – Pinheiros- Billings).
Esses rios apresentam cheias de verão e vazante de Aparecem, nesse domínio, solos de grande fertilida-
inverno (regime pluvial tropical). de natural, como a terra roxa a oeste do Paraná, solo de
origem vulcânica, de cor vermelha, formado pela decom-
Clima posição do basalto.
Em vários trechos do Rio Grande do Sul, ocorrem vas-
O Domínio dos Mares de Morros apresenta o predo- tas áreas do solos fértil, denominando brunizem (elevado
mínio do clima tropical úmido. Na Zona da Mata Nordes- teor de matéria orgânica).
tina, as chuvas concentram-se no outono e inverno. São encontrados ainda, nesse domínio, solos ácidos,
Na região Sudeste, devido a maiores altitudes, o cli- pobre em mineiras e de baixa fertilidade natural.
ma é o tropical de altitude, com médias térmicas anuais
entre 14 ºC e 22 ºC. As chuvas ocorrem no verão, que é Clima
muito quente. No inverno, as médias térmicas são mais
baixas, por influência da altitude e da massa de ar Pa (Po- O domínio das araucárias apresenta como clima pre-
lar Atlância). dominante o subtropical. Ao contrário dos demais climas
No litoral, sobretudo no norte de São Paulo, a plu- brasileiros, pode ser classificado como mesotérmico, isto
viosidade é elevadíssima, conseqüência da presença da é, temperaturas médias, não muito elevadas.
GEOGRAFIA

serra do Mar, que barra a umidade vinda do Atlântico As chuvas ocorrem durante o ano todo; durante o ve-
(chuvas orográficas ou de relevo). Em Itapanhaú, litoral rão são provocadas pela massa deserta (Tropical Atlânti-
de São Paulo, foi registrado o maior anual de chuvas ca). No inverno, é freqüente a penetração da massa Polar
(4.514 mm). Atlântica (Pa) ocasionando chuvas frontais, precipitações

17
causadas pelo encontro da massa de ar quente (Ta) com O centro-sul do Rio Grande do Sul é marcado por bai-
a fria (Pa). Os índices pluviométricos são elevados, varian- xa densidade demográfica, clima subtropical e por uma
do de 1.250 a 2.000 mm anuais. economia que apresenta cultivos mecanizados (soja) ou
Forte influência da massa de ar Polar Atlântica princi- grandes estâncias com pecuárias extensiva. O povoa-
palmente no outono e no inverno, quando é responsável mento é de origem ibérica.
pela formação de geadas, quedas de neve em São Joa-
quim (SC). Gramado (RS) e São José dos Ausentes (RS), Relevo
chuvas frontais e redução acentuada de temperatura.
Este domínio engloba três unidades do relevo bra-
Vegetação sileiro: planaltos e chapadas da bacia do paraná (oes-
te), depressão periférica sul-rio-grandense (centro) e o
O Domínio das Araucárias apresenta o predomínio da planalto sul-rio-grandense (centro) e o planalto sul-rio-
floresta aciculifoliada subtropical ou floresta das Araucá- -grandense (leste). Trata-se de um baixo planalto crista-
rias. Originalmente, localizava-se das terras altas de São lino com altitudes médias entre 200 e 400 metros, onde
Paulo até o Rio Grande do Sul, sendo o único exemplo se destacam conjuntos de colinas onduladas denomina-
brasileiro de conífera. Também denominada mata dos Pi- das coxilhas, ou seja, pequenas elevações onduladas. As
nhais, apresenta as seguintes características gerais: saliências mais significativas (cristas), de maior altitudes,
• Os pinheiros apresentam folhas em forma de agulha são chamadas regionalmente de cerros.
(aciculifoliadas). No litoral do Rio Grande do Sul são comuns as la-
• Ocupam principalmente os planaltos meridionais do goas costeiras (Patos, Mirim e Mangueira), isoladas pelas
Brasil. restingas, as faixas de areia depositada paralelamente
• Não é uma floresta homogênea porque possui man- ao litoral, graças ao dinamismo oceânico, formando um
chas de vegetais latifoliados. aterro natural.
• É uma formação de vegetação menos densa.
• Foi intensamente devastada. Clima
• Área de colonização européia no século XIX (italia-
nos e alemães) O clima é subtropical com temperatura média anual
baixa, devido a vários fatores, destacando-se a latitude e
Hidrografia a ocorrência de frentes frias (mPa).
Apresenta considerável amplitude térmica e, no ve-
O Domínio das Araucárias é drenado, principalmente, rão, as áreas mais quentes são Vale do Uruguai e a Cam-
por rios pertencentes às bacias Paranaica e do Uruguai panha Gaúcha, que registram máximas diárias acima de
(alto curso). 38º. As chuvas são regulares.
São rios de planaltos com belíssimas cachoeiras e que-
das, o que lhes confere em elevado potencial hidráulico. Vegetação
Embora o Paraná apresente um regime tropical, com
cheias de verão (dezembro a março), a maior parte dos A paisagem vegetal típica é constituída pelos Cam-
rios desse domínio possui regime subtropical (Uruguai, por pos Limpos ou Pampas, onde predominam gramíneas,
exemplo), com duas cheias e duas vazantes anuais, apre- cuja altura varia de 10 a 50 cm aproximadamente. É a
sentando pequena variação em sua vazão, conseqüência vegetação brasileira (natural) mais favorável à prática da
do regime de chuvas, distribuído durante o ano todo. pecuária, tradicional atividade dessa região.

Características Gerais Nos vales fluviais, surgem capões de matas (matas de


galerias ou ciliares) que quebram a monotonia da paisa-
• Bacias do rio Paraná (parte) e do rio Uruguai (alto gem rasteira, formando verdadeiras ilhas de vegetação
curso). em meio aos campos.
• Os afluentes da margem esquerda do rio Paraná
se formam nos planaltos e nas serras da porção Solos
oriental das regiões Sudeste e Sul; portanto, cor-
rem de leste para o oeste. Apresentam boa fertilidade natural.
• A bacia hidrográfica do Paraná possui o maior po- Formação de areais e campos de dunas no sudoeste
tencial hidrelétrico instalado no País. do Rio Grande do Sul (Alegrete, Quarai, Cacequi).
• Hidrovia do Tietê-Paraná. A utilização do conceito de desertificação é consi-
• O rio Uruguai e rio Iguaçu apresentam um regime derado inadequado para a região, porque ela não apre-
subtropical. senta um clima árido ou semi-árido, como também não
existem evidências de que o processo estaria alterando
O DOMÍNIO DAS PRADARIAS o clima regional, sendo assim o termo mais indicado, se-
gundo a pesquisadora Dirce Suertegaray, é arenização.
O Domínio das Pradarias, também, conhecido como O geógrafo José Bueno Conti utiliza o termo desertifi-
GEOGRAFIA

Campanha Gaúcha ou Pampas, abrange vastas áreas cação ecológica, que corresponde ao processo interativo
(Centro-Sul) do Rio Grande do Sul, constituindo-se em entre o homem (uso predatório dos recursos naturais por
um prolongamento dos campos ou pradarias do Uruguai meio da agricultura e da pecuária) e o meio ambiente
e Argentina pelo território brasileiro. (clima úmido – arenito Botucatu).

18
Hidrografia As florestas tropicais são ambientes ricos em biodi-
versidade.
Envolve partes das bacias hidrográficas do Uruguai e A vegetação é densa e forma estratos, conforme a
do Sudeste e Sul. Os rios desse domínio são perenes mas cobertura das copas das árvores, o que origina diferen-
de baixa densidade hidrográfica, com traçados meândri- tes microclimas. A vegetação também apresenta epífitas,
cos (curvas), favoráveis à navegação. cipós e líquens.
Alguns correm para o Leste (bacia Secundária do Sul), A fauna é composta por macacos, preguiças, onças,
desaguando nas lagoas litorâneas como Patos (maior tucanos, araras, jacarés, sapos e uma variedade de espé-
do Brasil), Mangueira e Mirim. Os rios Jacuí (Guaíba) e cies de insetos.
Camaquã são exemplos. Outros correm em direção ao A maior floresta tropical do mundo é a Floresta Ama-
Oeste (bacia do Uruguai), como os rios Quarai, Ijuí, etc. zônica.

BIOMAS TERRESTRES Savanas

São sete os principais biomas mundiais: Tundra, Taiga, Localiza-se na África, Ásia, Austrália e nas Américas.
Floresta Temperada, Floresta Tropical, Savanas, Pradaria e Os ambientes são caracterizados por campos com ar-
Deserto. bustos espaçados e gramíneas.
Os biomas são ecossistemas terrestres com vegeta- Na savana africana são encontrados herbívoros de
ção característica e um tipo de clima predominante. Es- grande porte, como elefantes, zebras e girafas. Além de
ses aspectos dão ao bioma o seu caráter geral e único. carnívoros, como os leões, leopardos e guepardos.
No Brasil, um exemplo de savana é o Cerrado.
Tundra
Pradaria ou Campos
Situa-se nas regiões próximas ao Polo Ártico, norte
do Canadá, da Europa e da Ásia.
Localizam-se em determinadas regiões da América
Apresenta temperaturas baixas durante todo o ano. O
do Sul, América do Norte, Europa e na Ásia, em locais
inverno é bastante severo e o verão é frio.
que apresentam períodos de secas.
A fauna é composta por renas, caribu e boi almiscara-
São ambientes com predomínio de gramíneas. Os
do. Os animais são protegidas por uma densa pelagem.
animais desse ambiente são os roedores, coiotes, rapo-
A vegetação apresenta musgos e líquens. Em regiões
sas e insetos.
com a temperatura mais elevada surgem gramíneas e
pequenos arbustos.
Deserto
Taiga
Os desertos ocorrem em ambientes de pouca umi-
Também chamado de floresta de coníferas devido a dade.
predominância de pinheiros e abetos. As maiores regiões desérticas do mundo situam-se
Situa-se no hemisfério norte, ao sul da tundra ártica, na África (deserto do Saara) e na Ásia (deserto de Gobi).
em região de clima frio. Porém, possui uma estação quen- A vegetação é composta por gramíneas e pequenos
te mais longa e amena, comparada ao bioma tundra. arbustos. Nos desertos podemos encontrar animais roe-
A fauna apresenta alces, ursos, lobos, raposas, visons, dores, serpentes, lagartos e insetos. Os animais e plantas
martas e esquilos. apresentam adaptações à falta de água.

Floresta Temperada Ambientes aquáticos

Localiza-se em determinadas regiões da Europa e O conceito de bioma foi desenvolvidos para ecossis-
América do Norte. temas terrestres.
Ocorre em ambiente de clima temperado e com as Os sistemas aquáticos foram classificados por suas
quatro estações bem definidas. características físicas, como a salinidade, o movimento
As plantas são chamadas de decíduas ou caducifólias, da água e a profundidade.
pois perdem as folhas ao fim do outono e readquirem Assim, pode-se estabelecer os principais tipos de am-
na primavera. Essa situação é uma adaptação ao inverno. bientes aquáticos em: rios, lagos, alagados, estuários e
Com a perda das folhas, as plantas reduzem sua ativi- oceanos.
dade metabólica. As plantas mais características são os
carvalhos e faias. PARANÁ
A fauna é composta por javalis, veados, raposas, es-
quilos, pássaros e insetos. O estado do Paraná localiza-se no sul do país, sendo
que sua área é de 199.314 km². Os limites do estado são
Floresta Tropical os seguintes:
GEOGRAFIA

Norte e Nordeste – São Paulo.


Localiza-se em regiões de clima quente e com eleva- Sul e Sudeste – Santa Catarina.
do índice pluviométrico. Ocorre no norte da América do Leste – Oceano Atlântico.
Sul, América Central, África, Ásia e Austrália. Oeste – Paraguai.

19
Noroeste – Mato Grosso do Sul. Durante o verão, a temperatura média é em torno
Sudoeste – Argentina. de 21 °C, mas pode subir acima de 30 °C, em dias mais
quentes. Ondas de calor durante o inverno e ondas de
O relevo paranaense é dividido em cinco regiões, de frio no verão não são incomuns e, mesmo dentro de um
acordo com suas especificidades. único dia, pode haver uma grande variação, uma carac-
Planície litorânea – é a região do litoral, entre o ocea- terística típica do clima subtropical.
no atlântico e a serra do mar. São destaques dessa região
as cidades de Paranaguá (onde fica o porto), Antonina, Vários fatores contribuem para a natureza variável do
Morretes, Guaratuba e Matinhos. clima: o terreno plano, rodeado por montanhas em for-
Vegetação: vegetação de mangue na região litorânea; ma arredondada com raio de 40 km, ajuda a bloquear os
Mata Atlântica na região da costa leste; floresta tropical a ventos, permitindo que a neblina matinal cubra a cidade
oeste; Mata de Araucária na região central. nas manhãs de frio.
O nivelamento do terreno dificulta a drenagem da
Serra do mar – é o conjunto de montanhas próximo água após chuvas rápidas, proporcionando uma boa
ao litoral. Essas montanhas são formadas por rochas, e fonte de vapor de água para a atmosfera. Muitas vezes,
cobertas pela Mata Atlântica. O ponto mais alto do esta- frentes frias vindas da Antártida e da Argentina, duran-
do, o Pico do Paraná, fica na Serra do Órgão, e tem cerca te todo o ano, trazem tempestades tropicais no verão e
de 1900 metros de altura. ventos frios no inverno. Podem se mover muito rapida-
Primeiro planalto ou planalto de Curitiba – é o mais mente, com não mais de um dia entre o início dos ventos
alto (altitudes entre 1300 e 850 metros) e menor (em ex- do sul e do início da chuva. O clima de Curitiba também
tensão) dos planaltos. O relevo é ondulado e a vegetação é influenciado pelas massas de ar seco que dominam o
predominante é a Mata das Araucárias. A capital do esta- centro-sul do Brasil na maioria do ano, trazendo tempo
do, Curitiba, fica nessa região. frio e seco.
Segundo planalto ou planalto de Ponta Grossa – as A ocorrência de neve é rara, sendo registrada em mé-
altitudes variam entre 1200 e 300 metros. O relevo é on- dia uma vez a cada dez anos. Oficialmente a neve foi re-
dulado e a vegetação é composta por Araucárias e cam- gistrada nos anos de 1889, 1892, 1912, 1928 (dois dias),
pos. As principais cidades da região são Ponta Grossa e 1943, 1955, 1957, 1963, 1975, 1979, 1981 e 1988.
São Mateus do Sul. Já Foz do Iguaçu tem uma das maiores amplitudes
Terceiro planalto ou planalto de Guarapuava – é o térmicas anuais do estado, cerca de 11°C de diferença
maior dos planaltos em extensão. As altitudes variam en- média entre o inverno e o verão.Isto se deve a uma me-
tre 1200 e 900 metros. Nessa área a vegetação original nor influência da maritimidade do que a que ocorre em
(Floresta Tropical e Mata das Araucárias) quase não existe outros municípios. Por isso, os verões costumam ser mui-
mais. Em seu lugar são encontradas plantações e pastos. to quentes, com máximas médias em torno dos 35° C,
As principais cidades são Maringá, Foz do Iguaçu e Gua- por vezes chegando a superar a marca dos 42° C.
rapuava. Por sua vez, os invernos são considerados amenos.
A maior parte do estado tem um clima subtropical Ainda assim podem sofrer quedas bruscas de tempera-
úmido, a exceção do litoral, onde o clima é tropical úmi- turas, fazendo-as cair abaixo de zero durante a passagem
do. Os verões são brandos e as geadas são freqüentes de frentes frias. As chuvas costumam ser bem distribuí-
nos invernos do primeiro, segundo e parte do terceiro das durante o ano, com uma pequena redução no inver-
planalto. No Vale da Ribeira, na Serra do Mar, ao norte, no, e a precipitação anual varia em torno dos 1800 mm.
oeste e sudoeste do estado os verões são quentes, e nos
invernos, as geadas são raras. < https://www.todamateria.com.br/biomas-do-mun-
A hidrografia do Paraná pode ser dividida em duas do/>
bacias: a Bacia do Rio Paraná e a Bacia do Atlântico. Des- < https://www.infoescola.com/parana/geografia-do-
sas, a maior é a Bacia do Rio Paraná, que se destaca pelo -parana/>
seu grande potencial energético. < http://www.turismo.pr.gov.br/modules/conteudo/
conteudo.php?conteudo=393>
Clima < https://www.suapesquisa.com/geografia/parana.
htm>
O clima do Paraná está dividido em três tipos: no li-
toral e nas porções mais baixas do planalto, o clima é
subtropical com chuvas bem distribuídas durante o ano
e verões quentes; na porção mais elevada no estado, as
chuvas são bem distribuídas durante o ano e os verões
são amenos; por sua vez, no extremo noroeste do estado
os verões são quentes e os invernos bem secos.
A capital do estado, Curitiba, localiza-se em um pla-
nalto, e o terreno plano com áreas inundadas contribuem
GEOGRAFIA

para o seu inverno ameno e úmido com temperatura mé-


dia de 13 °C no mês mais frio, caindo por vezes abaixo de
2 °C em dias mais frios.

20
GEOGRAFIA HUMANA: FATORES DE CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO E TEORIAS DEMOGRÁ-
FICAS; DISTRIBUIÇÃO E ESTRUTURA DA POPULAÇÃO BRASILEIRA; DIVERSIDADE ÉTNICA
MUNDIAL; NACIONALISMO E SEPARATISMO; URBANIZAÇÃO, REDES URBANAS, HIERAR-
QUIA DAS CIDADES; MIGRAÇÕES INTERNACIONAIS E MIGRAÇÕES INTERNAS.

População.

A análise da dinâmica populacional é de fundamental importância para entendermos as transformações no espaço


geográfico promovidas pelas relações homem-meio. Um dos elementos essenciais é o crescimento populacional regis-
trado durante os séculos, fato que alterou de forma significativa a natureza.
Até a Primeira Revolução Industrial, no século XVIII, o contingente populacional era inferior a 1 bilhão. Contudo, a
população na Terra aumentou de forma muito rápida e, conforme dados divulgados em 2010 pelo Fundo de População
das Nações Unidas (Fnuap), atingiu a marca de aproximadamente 6,9 bilhões de habitantes.
Além do crescimento vegetativo, também chamado de crescimento natural, outro fator que contribuiu para o
aumento populacional foi o desenvolvimento tecnológico, proporcionando avanços na medicina (que prolongaram a
expectativa de vida) e a intensificação da produção de alimentos e técnicas de armazenamento e de transporte.
Estimativas apontam que a Terra será habitada por 9 bilhões de pessoas até o ano de 2050, com taxa de cresci-
mento populacional de 0,33% ao ano, bem inferior à taxa atual, que é de 1,2%. Os continentes africano e asiático, além
da América Latina, apresentarão as maiores taxas de crescimento; em contrapartida, a Europa poderá ter crescimento
vegetativo negativo.

- Migração/mobilidade
O termo migração corresponde à mobilidade espacial da população. Migrar é trocar de país, de Estado, Região ou
até de domicílio. Esse processo ocorre desde o início da história da humanidade.
O ato de migrar faz do indivíduo um emigrante ou imigrante. Emigrante é a pessoa que deixa (sai) um lugar de ori-
gem com destino a outro lugar. O imigrante é o indivíduo que chega (entra) em um determinado lugar para nele viver.
Os fluxos migratórios podem ser desencadeados por diversos fatores. Dentre os principais fatores que impulsionam
as migrações podem ser citados os econômicos, políticos e culturais.
No Brasil, o fator que exerce maior influência nos fluxos migratórios é o de ordem econômica, pois o modelo eco-
nômico vigente força indivíduos a se deslocarem de um lugar para outro em busca de melhores condições de vida e à
procura de trabalho para suprir suas necessidades básicas de sobrevivência.
Uma modalidade de migração comum no Brasil, principalmente, na década de 1950, é o êxodo rural, que consiste
no deslocamento da população rural com destino para as cidades. O êxodo rural ocorre, principalmente, em razão do
processo de industrialização no campo, que proporciona a intensa mecanização das atividades agrícolas, expulsando
do campo os pequenos produtores. Além do poder de atração que as cidades industrializadas proporcionam para a
população rural, que migra para essas cidades em busca de trabalho.
Durante décadas, os principais fluxos migratórios no território brasileiro se direcionavam para a Região Sudeste, isso
ocorria devido ao intenso processo de industrialização desenvolvido naquela Região. No entanto, as migrações para o
Sudeste diminuíram e, atualmente, a Região Centro-Oeste tem exercido grande atração para os fluxos migratórios no
Brasil, se tornando o principal destino.

URBANIZAÇÃO

Um território industrializado é o combustível para configurar a urbanização, esses dois elementos, de fato, dialogam
entre si. No Brasil, as cidades mais industrializadas proveram parques industriais que alimentam a economia nacional,
como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Fica estabelecida ainda uma sociedade de consumo de produtos industrializados. Porém com a globalização, novas
tecnologias e melhoria nos sistemas de transportes, cidades de todas as partes têm acesso aos produtos da indústria. E
justamente nesses centros industriais que a população busca melhores condições de vida, o que fomenta os processos
migratórios.

AGRICULTURA

As produções agrícolas acompanham modernização e mecanização nas frentes de cultivo, com mudanças nas con-
GEOGRAFIA

figurações de trabalho. O agronegócio é hoje um mix de atividades agrárias, econômicas e de mercado. A agricultura
é também responsável pela exportação de commodities agrícolas como açúcar, soja e laranja, entre outros. O setor
agrícola corresponde a cerca de 5% do PIB nacional e representa bilhões em exportações.

21
O Brasil tem bastante destaque no cenário agrícola, abandonada pelo Estado, assim, ao mesmo tempo em
sendo o maior produtor de açúcar do planeta. O produto que surgia uma estrutura moderna o país se aprofunda-
brasileiro segue para diversos mercados, desde Europa, va nos seus dilemas sociais, entre eles o da urbanização
Ásia, dentre outros. O café também tem grande desta- acelerada, que passava a ser realidade.
que, sendo maior produtor mundial, O produto é desti- Já no século XVIII, em plena ocorrência da primeira
nado ao mercado dos Estados Unidos, Japão e Europa. Revolução Industrial, Engels (1845) relatava que, as prin-
O setor agrícola ainda conta com modernização cipais cidades europeias, especificamente em Manches-
tecnológica. No caso, o setor produtivo de açúcar, por ter, começavam a se inflar de pessoas, devido ao eleva-
exemplo, conta com mecanização de processos no culti- do número de proletários que chegavam para se alocar
vo e plantio de cana, além de laboratórios que atestam a na produção manufatureira, e naquele contexto já se
qualidade do produto. observavam alguns problemas quanto à capacidade de
receber aquela grande população industrial na zona ur-
AGRICULTURA FAMILIAR bana, o que era demonstrado pelas péssimas condições
estruturais e sociais em que viviam os trabalhadores. E
Nesse panorama, verifica-se a agricultura familiar, esse tipo de estrutura se desenvolveu em vários países
que implica no cultivo de produtos e atividades agrícolas em que a industrialização se manifestou, estendendo-se
exercidas pelos membros de um núcleo familiar. Essas até o século XX, principalmente nos países subdesenvol-
modalidades têm simbologia sustentável e representam vidos, entre os quais o Brasil está situado.
parte da produção de alimentos no Brasil. A nação brasileira praticamente se urbanizou nos úl-
Porém, ainda existe bastante concentração fundiá- timos cinquenta anos, isto é, transformou-se de um país
ria, reduzindo as chances da agricultura familiar. Um dos rural em urbano neste intermédio. Cresceu não só o nú-
grandes desafios, porém, é buscar políticas públicas mais mero de habitantes das áreas urbanas, mas também o
eficazes para fomentar a atividade. número e o tamanho das cidades em todo o território
nacional, surgindo as regiões metropolitanas e as aglo-
Industrialização e urbanização merações urbanas como reflexo da concentração espacial
das atividades geradoras de emprego e renda. A inten-
A inserção da industrialização pesada no Brasil, a par- sificação deste acúmulo de pessoas nos conglomerados
tir da década de 1940-50, fez parte de um processo que urbanos, fez com que nem todos tivessem as mesmas
visava transformar a dinâmica e estrutura econômica do oportunidades de aumento de renda, o que levou mui-
país, que até então era muito dependente da economia tos moradores dessas grandes cidades a se alocarem em
cafeeira exportadora. O país conquistou novos patama- espaços de baixa ou nenhuma qualidade estrutural, os
res de crescimento e desenvolvimento através da imple- quais apresentam grandes áreas de risco, e passaram a
mentação das políticas industriais, porém, as grandes ser retratos da miséria, desigualdades, desemprego lenta
metrópoles, principais redutos dessa nova infraestrutura ascensão social e violência nas cidades.
produtiva, apesar de serem as principais concentradoras O crescimento exacerbado da população com a falta
da riqueza da nação, passaram a abrigar uma população de planejamento promove a segregação espacial e social
ainda mais crescente, e esta em sua grande maioria não nas cidades, assim, bairros mais nobres e centrais contam
gozava dos benefícios da prosperidade, assim, as famílias com os serviços básicos de qualidade, como asfalto, sa-
mais carentes passavam a residir nos lugares mais inade- neamento, transporte, além da melhor localização para
quados e suburbanos da cidade. acessar o trabalho; por outro lado existem aqueles que
A indústria, que passou a ser a espinha vertebral da habitam a periferia urbana, os quais sofrem para conse-
economia nacional brasileira a partir de 1940-50, diz guir serviços de melhor qualidade, como escolas, médi-
respeito ao processo de substituição de importações, cos, emprego, lazer, consequência da inexistência de po-
e possibilitou uma maior produção nacional de manu- líticas públicas favoráveis.
faturados, evento que possibilitou o fortalecimento do Assim, a próspera grande cidade, que se tornou palco
mercado interno, que antes era muito dependente das de numerosas atividades industriais, convive com as con-
importações, mas a partir desse momento passou a se sequências da crise urbana, que é fomentada pela po-
complexificar e ganhar autonomia. Isso expandiu o con- pulação que não tem acesso aos empregos necessários,
sumo e acelerou o processo de urbanização, principal- e muito menos aos bens e serviços essenciais, situação
mente, nas grandes metrópoles nacionais. que não tem o devido respaldo do poder público para a
Porém o modelo dessa industrialização que veio a alteração dessa realidade.
se desenvolver aqui, fomentou grande migração da po-
pulação para a zona urbana, o que intensificou o for-
DESIGUALDADES
talecimento do mercado interno nacional, liderado por
empresas transnacionais a partir da década de 1950. A
As desigualdades econômicas e a dificuldade de de-
formação da estrutura capitalista fez do país um dos mais
terminadas regiões em se inserirem na economia nacio-
industrializado entre os subdesenvolvidos, mas o modelo
nal, possibilitou a ocorrência de uma urbanização dife-
que foi se desenvolvendo foi responsável por criar uma
renciada em cada uma das regiões brasileiras.
realidade distorcida e com poucos avanços na estrutura
GEOGRAFIA

social da nação. A região Sudeste, por concentrar a maior parte das


A inserção capitalista no Brasil não levou em consi- indústrias do país, foi a que recebeu grandes fluxos mi-
deração as particularidades deste país, uma vez que esta gratórios vindos da área rural, principalmente da região
propiciou um sistema onde a questão social foi sendo nordeste. Ao analisarmos a tabela abaixo, observamos

22
que o Sudeste é a região que apresenta as maiores taxas de urbanização dos últimos 70 anos. A partir de 1960, com
57%, foi a primeira região a registrar uma superioridade de habitantes vivendo na área urbana em relação à população
rural.
Na região Centro-Oeste, o processo de urbanização teve como principal fator a construção de Brasília, em 1960, que
atraiu milhares de trabalhadores, a maior parte deles vindos das regiões Norte e Nordeste. Desde o final da década de
1960 e início da década de 1970, o Centro-Oeste tornou-se a segunda região mais urbanizada do país.

A urbanização na região Sul foi lenta até a década de 1970, em razão de suas características econômicas de predo-
mínio da propriedade familiar e da policultura, pois um número reduzido de trabalhadores rurais acabava migrando
para as áreas urbanas.
A região Nordeste é a que apresenta hoje a menor taxa de urbanização no Brasil. Essa fraca urbanização está apoia-
da no fato de que dessa região partiram várias correntes migratórias para o restante do país e, além disso, o pequeno
desenvolvimento econômico das cidades nordestinas não era capaz de atrair a sua própria população rural.

Até a década de 60 a Região Norte era a segunda mais urbanizada do país, porém a concentração da economia do
país no Sudeste e o fluxo de migrantes dessa para outras regiões, fez com que o crescimento relativo da população
urbana regional diminuísse.

SER HUMANO: SER ÉTICO

A ética, a virtude e os homens virtuosos

A situação sobre a qual você ponderou na seção O que você já sabe? é ilustrativa do campo ético, que busca conhe-
cer não somente o que é o bem, mas também como alguém se torna bom do ponto de vista da sociedade em que vive.
O cenário analisado tem a intenção de mostrar que o campo da ética é prático, ou seja, refere-se à alternativa de
decidir, o que quer dizer que as ações humanas são possíveis, não necessárias. Para compreender ainda melhor, pense
no oposto: na natureza, as ações são exigências universais e necessárias – por exemplo, o fogo, qualquer fogo (univer-
sal), sempre esquenta (necessário). O filósofo grego Aristóteles, na obra intitulada Ética a Nicômaco, ao falar de coisas
que são dadas por natureza, cita uma pedra que, por natureza, cai.
Por mais que se tente adestrá-la, jogando-a para cima diversas vezes, ela jamais “aprenderá” a subir e sempre cairá,
necessariamente. Conforme afirma a filósofa Marilena Chaui, as ações humanas são sempre escolhas e nunca necessi-
dades, porém suas consequências são variáveis: podem tanto ser positivas quanto negativas, seja para o indivíduo ou
para as demais pessoas.
O dilema colocado pelo exemplo do taxista – que tem de decidir se devolve o dinheiro esquecido pelo passageiro
ou não – expõe que o ser humano, além de ter vontade deliberativa, é um ser misto, dotado de vontade racional e
tendências irracionais.
Pode haver contradição entre o que a vontade quer e o impulso incita; tome como exemplo a frase que você já deve
ter dito ou ouvido: “Se eu tivesse pensado melhor, não teria agido por impulso”.
O dilema se torna ainda mais complexo porque, para Aristóteles, as tendências irracionais do homem não seriam
involuntárias. Para o filósofo, a vontade humana racional seria capaz de contrariar a vontade irracional. Já para Sócrates
GEOGRAFIA

e Platão, seus predecessores, a contestação violenta ocorreria porque o sujeito desconhece a virtude.
As ações humanas referem-se a um futuro que também é contingente, ou seja, um futuro incerto que nem sempre
depende de escolhas para acontecer. As tendências irracionais voluntárias mencionadas são denominadas por paixão
(páthos).

23
Antes de se aprofundar nesse conceito, você será Justa medida ou meio-termo (em grego, mesóthes)
convidado a explorar um pouco mais o que são as ten- é o conceito que descreve a ação virtuosa dos homens,
dências irracionais voluntárias. Quando alguém faz algo aquela que se situa entre os extremos, também chama-
voluntariamente, o feito depende da vontade dessa pes- dos de vícios, tanto do excesso como da falta.
soa; não é uma ação realizada de maneira forçada. Fazer De acordo com esse conceito, o exagero, bem como
algo irracional de forma decidida significa considerar que a carência, traz desequilíbrio. O ideal, então, é o equilí-
a racionalidade humana é uma capacidade, ou seja, que é brio. Para confirmar essa ideia bastante material de inter-
possível escolher exercer a racionalidade ou não. pretação da ação humana, Aristóteles utilizou exemplos
O indivíduo pode, por exemplo, torturar alguém ou práticos: se uma pessoa comer pouco, ficará com pouca
ser cruel, comportando-se de modo irracional, embora energia e adoecerá; todavia, se comer demasiadamente,
tenha a capacidade racional. Já a paixão pode ser defini- o excesso de alimentação também causará doenças.
da como a inclinação natural de buscar o prazer e fugir O ideal seria alimentar-se de maneira equilibrada, em
da dor. Nesse sentido, é possível dizer que ela é um ele- espaços de tempo igualmente equilibrados. O mesmo
mento constitutivo da ação humana, que deve, portanto, serve para exercícios físicos, que, em equilíbrio, conse-
ser considerada pela ética. guem tornar uma pessoa mais forte, mas tanto em falta
A paixão também pode ser vista como um estado como em excesso podem acarretar males à saúde.
de passividade, de quanto o ser humano é capaz de ser
afetado pelo sofrimento, pelo ciúme, pelo medo e por
outros tantos sentimentos. Nesse caminho, a dor, o ódio [...] Aquele que foge a (e tem medo de) tudo e não
e a vingança também são considerados paixões, pois de- persevera em nada torna-se medroso, e o que, em geral,
signam emoções que afetam intensamente o exercício não tem medo de nada precipita-se sempre em todas as
da razão. direções. [...] Ou seja, a temperança e a coragem são des-
Explica-se, assim, por que a paixão é um importan- truídas pelo excesso e pelo defeito. Mas são conservadas
te elemento a ser levado em conta pelas investigações pelo meio entre esses dois extremos.
éticas e por que ela deve ser educada. Para Aristóteles, ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução: Antônio de Castro
sendo a ética uma teoria, uma reflexão sobre a prática, Caeiro. São Paulo: Atlas, 2009, p. 43.
ela deveria examinar e determinar o fim a ser buscado.
Esse exame responde à finalidade da ética. Assim, a virtude é regida pela busca contínua do
Para o filósofo, a felicidade seria o intuito da ação equilíbrio, atentando para que as ações não se tornem
moral, o conteúdo do bem ético. Assim disse Aristóteles: viciosas, nem pelo excesso, nem pela falta.

Toda a perícia e todo o processo de investigação, do PRECONCEITO


mesmo modo todo o procedimento prático e toda a de-
cisão, parecem lançar-se para um certo bem. É por isso Preconceito, discriminação e intolerância
que tem sido dito acertadamente que o bem é aquilo por
que tudo anseia. Preconceito é, de forma geral, considerar que já se co-
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução: Antônio de Castro nhece alguém ou algo de antemão, sem o devido exame,
Caeiro. São Paulo: Atlas, 2009, p. 17. sem rigor e análise. Independentemente de correspon-
der às opiniões favoráveis ou desfavoráveis, por serem
Para o filósofo grego, um bem seria valorizado pelo emitidas sem uma investigação cuidadosa, o preconceito
quão autossuficiente ele é. Assim, a felicidade seria um opera com base em padronizações.
bem melhor do que a riqueza, a honra e a inteligência, Para ilustrar com um exemplo cotidiano: nas cidades,
pois esses bens não têm valor por si mesmos, são bens vários imóveis já foram invadidos e roubados por pes-
que servem para que outros possam ser alcançados. soas que estavam “bem-vestidas”; muitas testemunhas,
A felicidade, por sua vez, seria um bem em si mesmo, inclusive, afirmaram com surpresa que os membros da
um bem que diz respeito à excelência; a felicidade é a quadrilha não tinham “cara de ladrão”. São assaltantes
excelência da vida realizada. Perceba que Aristóteles re- trajando terno e gravata que, pela sua aparência, conse-
fletiu acerca de alguns elementos – a vontade, o futuro, guem adentrar casas, prédios, bancos e joalherias.
o desejo – que permanecem atuais para a vida ética, seja Perceba que a forma como se vestem não chama a
individual ou coletivamente. atenção para os atos que cometem. Reflita: Por que será
Seu objetivo era pensar como alguém pode se tornar que isso acontece? Tente ponderar sobre o que acon-
virtuoso, sendo a virtude um hábito, uma disposição con- tece com a imaginação das pessoas quando veem um
tínua para agir racionalmente: indivíduo trajando terno e gravata e sobre qual seria a
reação delas ao descobrir que ele é, na verdade, um as-
Mais ainda: é a disposição para escolher a “justa me- saltante. Por que as pessoas têm essa surpresa, ainda que
dida”, o “meio-termo” (mesóthes), pelo qual uma pessoa momentânea? Nesse cenário, é possível observar vários
dotada de sabedoria prática escolhe a média entre dois preconceitos, entre eles os produzidos pelo julgamento
extremos (por excesso ou por carência). que parte da aparência.
GEOGRAFIA

ARANHA, Maria Lúcia; MARTINS, Maria Helena. Temas de O assunto é amplo e complexo, pois é necessário con-
Filosofia. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2005, p. 227 siderar que a prática preconceituosa pode estar presente
em distinções, exclusões e segregação (separação) em
função da raça, classe, gênero, credo, idade, trabalho etc.

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Para problematizar ainda mais, pense que o julga- Infelizmente, há muitos exemplos de utilização des-
mento pela aparência talvez também pareça positivo; é sa argumentação para justificar casos indignos aos seres
possível julgar alguém pela aparência sem conhecer essa humanos. Dois deles são a escravidão africana e o na-
pessoa de fato, tendo dela uma imagem positiva, mesmo zismo alemão. Essas intolerâncias raciais têm gravíssimas
que não corresponda à realidade. consequências.
Quando alguém é abordado por uma pessoa bem- No Brasil, o preconceito racial, fruto de mais de três
-vestida, de terno, bem-arrumada, falando bem etc., séculos de escravidão, pode ser observado nas escolas
tende a ter uma atitude receptiva, uma boa impressão. e universidades, no mercado de trabalho e na desigual-
No entanto, pode se tratar de uma pessoa desonesta e dade econômica. Por outro lado, o ódio contra o povo
corrupta, como no exemplo citado anteriormente. Assim, judeu, relativo ao nazismo, exterminou cerca de 6 mi-
o julgamento seria preconceituoso, ainda que a pessoa lhões de pessoas, sob a justificativa de que precisavam
afetada por ele não fosse discriminada. ser mortas em favor da superioridade da raça ariana.
Em relação à discriminação, a tensão entre grupos
com diferenças de ordem cultural, social, econômica, PROBLEMAS URBANOS
entre outras, se faz presente no campo da ação e das
atitudes. Quando uma pessoa, por se enquadrar em al- O rápido e desordenado processo de urbanização
gum tipo de grupo que pode ser alvo de preconceito, é ocorrido no Brasil irá trazer uma série de consequências,
impedida de ter acesso a determinado direito ou, então, e em sua maior parte negativas. A falta de planejamento
encontra dificuldades ou constrangimentos deliberados urbano e de uma política econômica menos concentra-
ao usufruir dele, considera-se que ela foi discriminada, dora irá contribuir para a ocorrência dos seguintes pro-
por ter sido tratada de forma diferente do que acontece- blemas:
ria com outra pessoa de outro grupo. Favelização – Ocupações irregulares nas principais ca-
No mercado de trabalho, sabe-se que os salários de pitais brasileiras, como Rio de Janeiro e São Paulo, serão
homens brancos são maiores que os de homens negros, fruto do grande fluxo migratório em direção às áreas de
e estes também recebem menos que mulheres brancas. maior oferta de emprego do país. A falta de uma política
As mulheres negras são as que têm o menor contrache- habitacional acabou contribuindo para o aumento acele-
que. Há diversos estudos que abordam o tema, no qual rado das favelas no Brasil.
operam ao menos dois preconceitos, o de gênero e o de Violência Urbana – Mesmo com o crescimento indus-
cor. trial do país e com a grande oferta de emprego nas cida-
des do sudeste, não havia oportunidades de emprego o
bastante para o grande fluxo populacional que havia se
deslocado em um curto espaço de tempo. Por essa razão,
o número de desempregados também era grande, o que
passou a gerar um aumento dos roubos, furtos, e demais
tipos de violência relacionadas às áreas urbanas.
Poluição – O grande número de indústrias, automó-
veis e de habitantes vai impactar o aumento das emissões
A tabela anterior apresenta rendimentos mensais pa- de gases poluentes, assim como com a contaminação dos
dronizados por 40 horas de trabalho em setembro de lençóis freáticos e rios dos principais centros urbanos.
1998. Observe a diferença dos rendimentos entre os gru- Enchentes – A impermeabilização do solo pelo asfalta-
pos. Será que essa diferença, que chega a ser de 60%, mento e edificações, associado ao desmatamento e ao lixo
mantém-se até hoje? Também é importante que você re- industrial e residencial, fazem com que os problemas das
pare que a discriminação é maior em relação à etnia do enchentes seja algo comum nas grandes cidades brasileiras.
que ao gênero. Em 2020, 90% da população brasileira estará vivendo
Ou seja, as mulheres brancas, discriminadas por se- nas cidades (a taxa de urbanização é hoje de 85%), assim
rem mulheres, ainda sofrem menos no que diz respeito como seus vizinhos do Cone Sul (Argentina, Chile, Para-
ao salário do que os homens negros, discriminados pela guai e Uruguai).
sua etnia. Embora seja a menos povoada em relação ao seu terri-
Em relação ao racismo, há algo ainda mais grave e tório, a região da América Latina e do Caribe é a mais urba-
específico que merece uma reflexão crítica. Em certos ca- nizada do mundo e quase 80% de suas populações vivem
sos, algumas pessoas entendem que as capacidades e os hoje nas cidades. Apesar desse panorama, após décadas
direitos dos seres humanos devem variar segundo suas de êxodo rural, o estudo demonstra que a explosão urbana
diferenças étnicas, aceitando-se, por exemplo, que seja é coisa do passado e que desde 2000 o crescimento médio
socialmente tolerado que determinado povo sofra todo anual da população na região tem sido inferior a 2%, cres-
tipo de violência e privação, sendo forçado à escravidão, cimento considerado normal, segundo o relatório.
ao êxodo ou até ao extermínio. O estudo aponta ainda que a desaceleração popula-
cional na região, iniciada há cerca de 20 anos, deve con-
#FicaADica tinuar e que até 2030 o número de habitantes na maioria
GEOGRAFIA

dos países latino-americanos e caribenhos crescerá me-


Êxodo nos de 1% ao ano. A atual estabilidade demográfica é
Emigração em massa; saída de habitantes de muito vantajosa para várias dessas nações, onde a popu-
um local para outro. lação ativa supera em muito a de crianças e velhos.

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A situação privilegiada, porém, não durará mais que 30 anos e as nações devem aproveitá-la para se preparar para
um futuro sustentável, com boa estrutura para os idosos que serão maioria em algumas décadas. Para aproveitar esse
momento, o estudo sugere uma série de medidas e novo modelo de crescimento diferentes dos atuais, que impulsio-
nem a expansão das periferias, de rodovias, condomínios fechados e veículos individuais.
A proporção de pessoas vivendo em favelas diminuiu nas últimas duas décadas, mas o relatório mostra que cerca
de 111 milhões de pessoas ainda vivem nesses espaços, a maioria segregada socialmente e espacialmente, com pou-
cos locais de lazer, pouco transporte público, serviços básicos precários e poucos equipamentos sociais e estruturas
produtivas. Atualmente, 124 milhões de habitantes nas cidades vivem em situação de pobreza, uma em cada quatro
pessoas nas áreas urbanas.

CRESCIMENTO

Crescimento demográfico, distribuição e estrutura

A população brasileira está irregularmente distribuída no território, isso fica evidente quando se compara algumas
regiões ou estados, o Sudeste do país, por exemplo, apresenta uma densidade demográfica de 87 hab/km2, as regiões
Nordeste, Sudeste e Sul reúnem juntas 88% da população, distribuída em 36% de todo o território, fato contrário à
densidade demográfica do Norte e Centro-Oeste, que são, respectivamente, 4,1 hab/km2 e 8,7 hab/km2, correspon-
dendo a 64% do território total.

Os brasileiros atualmente exercem um grande fluxo migratório, internacional e nacionalmente, nesse processo é
importante salientar a diferença entre emigração (saída voluntária do país de origem) e imigração (o ato de estabele-
cer-se em país estrangeiro).
Acerca das migrações externas o significado está no fluxo de pessoas que saem do seu país para viver, ou mesmo
visitar, outro país, geralmente países desenvolvidos; já as migrações internas caracterizam-se pelo deslocamento po-
pulacional que se realiza dentro de um mesmo país, seja entre regiões, estado ou municípios. No Brasil cerca de 40%
dos habitantes residem fora dos municípios que nasceram.
Os principais fluxos migratórios no Brasil estão voltados para os nordestinos que saem em direção ao Sudeste e
Centro-Oeste, isso muita vezes é provocado devido às questões de seca, falta de emprego, baixo índice de industriali-
zação em relação às outras regiões, dentre outros fatores.
Outro fluxo bastante difundido é em relação aos migrantes do Sul que saem em direção às regiões do Centro-Oeste
e Norte, esse processo deve-se aos agricultores gaúchos que procuram novas áreas de cultivo com preços mais baixos.

Geografia Urbana

O estudo da estrutura intraurbana não será satisfatório se não abarcar as localizações, os elementos da estrutura ur-
bana, nem as correlações ou partes componentes do todo das cidades, como aponta Flávio Villaça, em Espaço Intraur-
bano no Brasil. Nessa perspectiva, faz-se premente a leitura dialética do ordenamento territorial encarado como um
GEOGRAFIA

processo o que conduz a uma abordagem em termos de movimento das estruturas urbanas, onde várias forças atuam
com sentidos e intensidades diferentes. Iniciamos a discussão, então, afirmando que o capital imobiliário é um falso
capital, visto que o mesmo não se origina na atividade produtiva, mas na monopolização dos acessos, das mobilidades
e das localizações intraurbanas; o capital imobiliário é um “valor” que se valoriza pelo poder do monopólio reprodu-

26
zido nas cidades. Esse enfoque é necessário em um mo- de cidades e os instrumentos urbanísticos, bem como os
mento em que a realidade social (refletida na produção diagnósticos possíveis no movimento contraditório da
das cidades e nas relações do urbano e da urbanização) produção do urbano e da revaloração simbólica e ima-
transforma-se tenazmente, de maneira que importa par- ginária construída sobre as cidades com o apoio técnico-
tir de problemas estabelecidos, de amplas e integradoras -científico e da informação. O presente ensaio introduz
propostas requerentes de novas teorias, novos métodos uma discussão preliminar sobre utopias e possibilidades
e busca de novos elementos empíricos para a elucidação do planejamento urbano; reconhece a importância de
da Geografia Urbana que se projeta. uma geografia aplicada ao planejamento para além da
Um dos grandes desafios posto a geógrafos, arquite- leitura das formas ou das funções urbanas, mas sobretu-
tos, urbanistas e planejadores parece ser o de capturar as do, envolvida com a essência dos processos que ressig-
cidades enquanto totalidades urbanas inseridas na “tota- nificam as cidades em sua totalidade.
lidade-mundo”. As cidades são divididas em vários ele-
mentos, reproduzem-se estudos pontuais sobre temas O movimento das cidades – representações e diag-
particulares: densidade demográfica, áreas industriais, nósticos no planejamento urbano
áreas comerciais, preço da terra, setores do terciário
(avançado ou não), áreas de intervenção turística etc. A O processo especulativo decorre da extensão hori-
análise por meio de elementos estanques perfaz-se em zontal-vertical das cidades, com a implantação diferen-
uma frágil visão de totalidade ou de conjunto, o que a cial dos serviços coletivos que produzem a particularida-
torna insuficiente para auxiliar na estruturação de uma de das localizações. O capital monopolista urbano agrava
base teórica e prática sobre o espaço urbano. Pouco se a diferenciação e, consequentemente, faz emergir a cida-
avançou na investigação sobre o conjunto da cidade, so- de econômica em vias da privatização, em detrimento da
bre a articulação de suas várias áreas funcionais, ou seja, cidade social do coletivo. Logo, os produtos da escassez
sobre a estrutura intraurbana regida pelo movimento se afirmam vigorosamente e, com isso, ampliam-se as
das contradições da reprodução ampliada do capitalis- diferenças entre setores urbanos diante de uma urbani-
mo global. A renda diferencial no espaço urbano é, na zação corporativa (gestada pelos interesses das grandes
verdade, um diferencial de valor criado pelo poder do empresas, que se expandem e consomem os recursos
monopólio; as glebas de terra urbana possuem preços públicos depositados na infra-estrutura que as atendem).
diferentes porque têm valores diferentes e não porque As cidades crescem atendendo aos interesses das
produzem rendas diferentes e esse diferencial se dá pelo grandes e médias empresas e corporações, os quais
monopólio criado pela singularidade da localização. abrangem desde subsídios fiscais a infraestrutura territo-
Dentro desse escopo de análise posto por geógrafos rial. É importante reconhecermos que, no movimento das
e arquitetos, é primordial o entendimento da relação en- cidades, há uma íntima relação entre o seu crescimento
tre: os transportes, as localizações, a valorização da terra físico e as vias regionais de transporte vias de escoamen-
e a estrutura urbana. Em suma, cabe indagarmos as ne- to que entrelaçam o local-regional-nacional. Enquanto
cessidades, as possibilidades e os limites da circulação as ferrovias provocam um crescimento descontínuo e
territorial ou da mobilidade social que sustentam tanto fortemente nucleado (em que os núcleos de crescimen-
o mercado regional, nacional e, quiçá, global (não ape- to são as estações), as rodovias promovem uma expan-
nas nas grandes metrópoles contemporâneas), quanto a são descontínua, e menos nucleada do que as ferrovias,
vida do lugar. Nessa tendência, as singularidades locais como pode ser observado através das maiores rodovias
parecem ser os novos elementos de uma dinâmica que estaduais e federais do Brasil e o espraiamento das ci-
forja o capital simbólico da distinção urbana (daí a proje- dades ao longo desses eixos. Podemos concordar com
ção das cidades capitalistas pós-industriais e sua tercei- as afirmações e os indícios de que a estrutura espacial
rização). Um bom exemplo do movimento das contradi- das metrópoles brasileiras se configura mais enquanto
ções na “produção” da renda de monopólio em nossas setores de círculos, ou seja, setores mesmo de interven-
cidades grandes e médias, sobretudo, é explicitado por ção do capital, do que segundo círculos concêntricos. As
Maria Adélia Aparecida de Souza, em sua tese de livre- principais evidências deixam marca de que, nas metrópo-
-docência. Para a autora, a rápida instalação do processo les brasileiras, os bairros residenciais de alta renda des-
de verticalização urbana relaciona-se fortemente com o locam-se no sentido das principais vias e não em coroa
processo de periferização, caracterizado pela localização de círculos; a essência do sentido radial do crescimento
dos pobres em áreas da cidade esquecidas pelos agentes das cidades no Brasil ocorre pela necessidade de manter
imobiliários. Assim, é um equívoco pensar os problemas o acesso ao centro ou às principais centralidade urbanas,
urbanos ou a lógica da renda da terra urbana sem pon- enquanto as cidades dos países desenvolvidos cresceram
derar as contradições da organização social, os símbolos respondendo à coroa de círculos concêntricos, justificá-
e os sentidos que projetam as cidades e redirecionam vel pelo menor desequilíbrio entre as classes sociais e seu
as direções de seu crescimento. O preço da terra urbana movimento sobre o território urbano.
advém de três elementos primordiais, imbricadamente: A título de exemplificação, novos centros consolida-
seu preço de produção, seu preço de monopólio e seu dos após a década de 1970 – de Belo Horizonte (Savassi),
valor simbólico coletivo (também individual). Salvador (arredores do Iguatemi), São Paulo (as avenidas
GEOGRAFIA

A principal renda existente no caso urbano é a renda Faria Lima, Berrini, Chucri Zaidan e Paulista) e Recife (Boa
de monopólio, que rebate no preço da terra e agrega Viagem), seguiram os bairros residenciais de alta renda.
os outros dois componentes. Essas questões prelimina- A partir dos estudos consultados para este ensaio teóri-
res conduzem-nos ao pensamento sobre o planejamento co - Ermínia Maricato, Milton Santos e, especialmente,

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Flávio Villaça -, fica claro que os bairros residenciais eli- em seus distintos sítios, e as novas políticas que redun-
tizados ou os bairros em processo de valorização, nas dam, ao mesmo tempo, no espraiamento das cidades e
grandes e médias cidades brasileiras, tendem: na escolha dos setores de intervenção, o que leva à frag-
• A acompanhar as vias especiais de fluxos, os nú- mentação do urbano e à diluição da urbanidade.
cleos existentes de edificação e os centros comer- Essas são algumas das forças que imprimem movi-
ciais e financeiros proeminentes. Isso pode ser mento na estrutura urbana e levam ao crescimento das
contemplado em eixos de São Paulo como a Ave- cidades em sua totalidade orgânica e sistêmico-contradi-
nida Paulista, Avenida Faria Lima, Avenida Berrini, tória. Logo, como as cidades são produtos de um vira-se
Rua Augusta, Marginal Pinheiros; de Brasília, como universal, devemos ter cuidado com os “modelos” sim-
o Plano Piloto (área central) e imediações das prin- plificados de sua esquematização. Os modelos são es-
cipais vias que atravessam a Asa Sul e a Asa Norte; táticos e pouco capturam a tendência do movimento da
de Belo Horizonte, como a Avenida Afonso Pena e urbanização. Devem ser considerados, para uma análise
eixos transversais, as cercanias da Avenida Amazo- mais aprofundada, três tipos de segregação urbana.
nas e do Contorno e a região da Pampulha. • Oposição centro valorizado – periferia precarizada
• A seguir, junto às estratégias imobiliárias, a implan- em simultânea dependência.
tação de instituições públicas e privadas, como as • Separação crescente entre zonas de moradias re-
universidades, formando as chamadas cidades uni- servadas às camadas sociais mais privilegiadas e
versitárias e seus bairros mais valorizados de en- zonas de moradias populares, mutuamente corre-
torno, como temos em São Paulo (Butantã), Cam- lacionadas.
pinas (Barão Geraldo), Belo Horizonte (Pampulha), • Esfacelamento generalizado das funções urbanas,
Brasília (Asa Norte) etc. disseminadas em zonas geograficamente diferen-
• A crescer na direção dos terrenos de topografia tes e cada vez mais especializadas (zonas de es-
mais elevada ou de melhor índice de habitabilida- critórios, zona industrial, zona de moradias, zona
de, longe de inundações e deslizamentos de terra. terciária de financeiras etc.). Isso representa a
Caso dos bairros Bauxita, Vila N. Sra. de Lourdes consequência espacial do modelo modernista de
e Jardim Alvorada, em Ouro Preto, onde o preço fragmentação funcional. Apesar do zoneamento e
da terra é dos mais elevados dessa cidade sete- com o zoneamento, novas centralidades emergem
centista. Como falamos em tendência de ocupa- como resistência ou busca de soluções à fragmen-
ção e não em regra, também identificamos bairros tação que redunda no distanciamento das áreas
nobres em áreas de risco, devido à maratona por centrais urbanas. A separação crescente entre as
condomínios, especialmente nas grandes cidades. zonas de moradias de classes altas e baixas, o
A permissividade do Estado ratifica a ação, muitas movimento das zonas industriais, comerciais e de
das vezes descompromissada, do mercado. serviços - que extrapola a delimitação política do
• A acompanhar o movimento de escritórios, ban- município, algumas das vezes - e os processos de
cos, lojas, novos setores financeiros e comerciais, intervenções territoriais setorizados (renovação ur-
tendência evidente em diferentes áreas de nossas bana) constituem as forças atuantes no presente
metrópoles. sobre a estruturação do espaço urbano (sobretu-
• Ao longo das principais e mais fluidas linhas de do, metropolitano) no Brasil.
transporte coletivo e individual.
• A respeitar os promotores imobiliários, enquanto Os instrumentos de gestão urbana e o papel do
agentes capazes de desviar a direção de cresci- Estado – algumas anotações
mento das áreas residenciais ou comerciais e do
terciário (o terciário avançado segue as tendên- Diante desse quadro contraditório da produção do
cias dos promotores imobiliários, dinâmica esta urbano, ocorreu, no final do século XX, a transferência
emergente em grandes cidades como São Paulo, das diretrizes federais para o desenvolvimento urbano
em que a Avenida Chucri Zaidan, na zona sul da (que envolvem questões de conflitos fundiários) para a
capital, poderá ser o maior polo de escritórios da esfera dos municípios. Não é devido a ausência de leis ou
cidade: os 872 mil m² existentes e em processo de planos (considerando-se a institucionalização dos Planos
renovação, até 2016, serão o dobro da oferta da Diretores para municípios acima de 20.000 habitantes,
Avenida Paulista e 40% superiores à da Faria Lima). no início do século XXI) que as áreas de risco geológico,
de inundação ou escorregamentos são impropriamen-
Nessa tendência, o marcante traço da cidade capitalis- te ocupadas, mas sim pela ausência de alternativas da
ta pós-industrial permanece na segregação socioespacial população de baixa renda. As áreas que não despertam
dos bairros residenciais das variadas classes ou grupos, o o interesse do mercado imobiliário - vulneráveis à ocu-
que faz por criar sítios sociais singulares e simbólicos, o pação e/ou protegidas por legislação ambiental, restam
que já era presente, em outra dimensão, na cidade mo- enquanto locais de morada dos pobres e formação de
derna industrial. Quer dizer que, para o planejamento ou favelas nas cidades brasileiras em suas distintas escalas,
diagnóstico de nossas cidades, devemos capturar a con- contraditoriamente, em face da permissividade estra-
GEOGRAFIA

cretude da atratividade dos diferentes sítios urbanos que tégica do Estado. Vigora, em nossas cidades, o que já
compõem uma mesma cidade, a posição das diferentes tratamos por “construção social do risco socioambiental
vias de circulação, a localização das indústrias, do comér- e um necessário combate à naturalização dos eventos
cio e dos serviços, os traços da cultura urbana peculiar, trágicos”.

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Na perspectiva de uma dialética espacial (presente advento da chamada urbanização a baixos salários), as-
em Edward Soja, David Harvey, Milton Santos e que tra- sistimos a proliferação de favelas em áreas residuais, de-
zemos para nossa tese doutoral), o próprio espaço atua vido ao movimento rural-urbano (que hoje, quase meio
como mecanismo para exclusão, onde a segregação é a século após o surto industrial brasileiro, evidencia-se no
manifestação da renda fundiária urbana, produtora de viés urbano-urbano com a nova perspectiva incorporada
uma diferenciação do atributo de localização que, no li- pelas cidades médias e a dinâmica que as mesmas impri-
mite, reproduz a possibilidade do monopólio. No amplo mem nos fluxos populacionais, dada a emigração-des-
contexto do movimento contraditório das cidades, os concentração oriunda das metrópoles). Por assim dizer,
instrumentos de gestão transplantados de realidades ex- uma importante metodologia de leitura das cidades em
ternas pouco aprofundam no entendimento da realida- sua totalidade encontra subsídio no planejamento urbano
de das cidades brasileiras. Os instrumentos urbanísticos com enfoque na dinâmica de bairros ou no planejamento
(planos diretores e leis de zoneamento) ignoram que, na de bairros. Este é um relevante direcionamento a ser as-
cidade dos países periféricos ou mesmo em desenvolvi- sumido pelo geógrafo de formação humanística, não se
mento, como é o caso do Brasil, o mercado residencial atendo à morfologia urbana; sua contribuição pode ser
atende a uma porcentagem ínfima da população proble- significativa no pensamento e na prática urbanas.
mas que se apresentaram com menos força às gover- O planejamento e, por assim dizer, os planos direto-
nanças urbanas e até mesmo cientistas das prestigiadas res e o zoneamento, devem primar pela construção de
cidades dos países do norte. indicadores complexos e sua representação em mapas
Uma Geografia Urbana Aplicada ou uma Geografia sobre: índice de pobreza, índice de desenvolvimento, ín-
Aplicada ao Planejamento (cuja metodologia analítica dice de exclusão social, distribuição de renda, vulnerabi-
virá sintetizada no tópico seguinte) não deve negligen- lidade social, serviços públicos, qualidade da água, qua-
ciar que a especulação imobiliária ou a renda da terra ur- lidade ambiental, conforto térmico e outros possíveis. O
bana derivam da relação do sítio social com o mercado e indicador sintético dessa análise é a qualidade de vida
ante a disputa pela localização nas cidades inclusive com urbana a ser apreendida por meio de análises empíricas
novos símbolos e signos criados. É uma dinâmica que participativas e interpretativas.
inclui expectativas, onde a sociedade urbana transforma Outra relevante técnica (e possibilidade) nos diag-
seletivamente os lugares em nome das exigências fun- nósticos urbanos (que não devem excluir a perspecti-
cionais e do valor simbólico que os lugares incorporam. va da visão dialética da realidade citadina) consiste no
Em resumo, a oferta de loteamentos fechados, os condo- sensoriamento remoto, que pode nortear, inicialmente,
mínios horizontais e verticais, junto às novas centralida- a leitura das cidades ou a tomada de decisão dos plane-
des oriundas do movimento das cidades ou da expansão jadores sobre: adensamento populacional, infraestrutura
urbana recente (áreas eleitas para novos investimentos e riscos ambientais, estudo da expansão urbana, cresci-
acompanhados de intervenções setorizadas como re-
mento da mancha urbana, cobertura florestal ou de her-
novação, requalificação, revitalização e reabilitação ur-
báceas, atividades agrícolas, loteamentos recentes, áreas
banas) parecem confabular a tipologia mais recente da
de intervenção urbana e outros possíveis. Nessa lógica, é
expansão das cidades em nome do monopólio criado
comum a ideia de que os planos diretores devem prever
pela localização, pela irreplicabilidade dos lugares e pelo
os eixos de expansão das cidades e, em função disso,
capital simbólico forjado.
devem ser criadas propostas de intervenção democrática
Essa tipologia retrata a relação imbricada e cada vez
sobre a produção urbana. Porém, tais propostas ou lei-
mais evidente dos valores de uso, de troca e simbólicos
que convergem no plano das cidades, de maneira que turas presentes nos planos diretores ou leis de ocupação
devemos questionar o próprio valor de uso, sobretudo, e uso da terra das cidades brasileiras nem sempre são
do valor simbólico que se produz nas cidades Quais viáveis, objetivas e convincentes.
são os símbolos criados? Por que são forjados? Como Nossas cidades são produtos e produtoras de zonas
se dá, nessa tendência, a relação comunidades-merca- específicas de uma fragmentação articulada na totalida-
do-Estado? A humanização da política, do planejamen- de do território urbano, ou seja, refletem o movimento
to, das técnicas e dos técnicos faz-se urgente (utopia?). entre a hibridez e a homogeneidade socioespacial in-
Os instrumentos urbanísticos - planos diretores e leis de traurbana, caracterizado pelo poder de localização e de
ocupação e uso da terra devem efetivar a leitura das acessibilidades que redundam no poder de monopólio
cidades enquanto totalidades urbanas inseridas na “to- rentista. Ao sobrevoarmos uma cidade, analisarmos uma
talidade-mundo”. Representações e diagnósticos devem imagem aérea de grande escala ou realizarmos um cam-
interpretar a extensão da urbanização, os novos centros po em cidades de topografia acidentada onde nos po-
ou centralidades, as políticas públicas e a politização do sicionemos em pontos mais elevados, quase sempre é
território a partir das áreas segregadas e não das áreas possível identificarmos zonas diferenciadas de ocupação
valorizadas. que se correlacionam e se complementam. Grosso modo,
formam-se áreas com duas características paisagísticas:
Zonas Homogêneas e Zonas Híbridas na valoriza- uma zona homogênea na periferia e outra zona homo-
ção da terra urbana – limites, possibilidades e meto- gênea e diferenciada nas áreas centrais ou pericentrais.
dologia para uma representação cartográfica Esse golpe de olhar, no entanto, é incapaz de desvendar
GEOGRAFIA

o híbrido da forma-conteúdo dessas paisagens.


Os bairros das cidades brasileiras (em suas diferentes Há de se desvendar os interstícios do território aden-
escalas) tendem a apresentar uma homogeneidade so- sado; o diagnóstico simultâneo à indicação cartográfica
cioespacial relativa. A partir da década de 1970 (com o relatada é uma metodologia possível para uma com-

29
preensão mais detalhada do fenômeno urbano, através lidade, essa zona agrega uma paisagem urbana que, na
de cada bairro que forma a cidade. Só assim podemos perspectiva dos fluxos, guarda o funcionamento interno
ultrapassar a impressão de homogeneidade das zonas da economia urbana, tomada em sentido mais amplo,
urbanas (essa homogeneidade, reiteramos, é relativa do para além do uso residencial. Como destaca Milton San-
ponto de vista da localização do observador e da profun- tos, em Manual de Geografia Urbana, a circulação é tanto
didade da análise qualitativa). Se a segregação é um pro- um epifenômeno resultante da distribuição espacial das
cesso necessário à dominação política e socioeconômica atividades econômicas e do habitat das diferentes cate-
nas cidades, a valorização de determinadas áreas corres- gorias sociais como o motor da evolução urbana.
ponde à precarização de outras, produto do próprio jogo Se, por um lado, esboçam-se manchas que conso-
imobiliário. Quando os atributos de localização e acessi- lidam a zona homogênea favorecedora da fragmenta-
bilidades - junto à valorização simbólica tendenciosa e ção articulada do território urbano, dialeticamente, seu
classista imperam como quesitos de vanguarda do do- produto e produtora é uma também consolidada zona
mínio público-privado do urbano, o planejamento não se homogênea resultante da fragmentação articulada do
efetiva com as políticas sociais, tornando os discursos e território urbano. Essa última pode ser tratada, também,
até as práticas de democratização do urbano com efeito como zona precarizada do território urbano; esse terri-
de curta duração. tório, via de regra, comporta a população com menor
Mais do que identificar áreas concêntricas de valori- poder de mobilidade e circulação na cidade. Implanta-se
zação do território, o que se explicita em nossas cidades um paradoxo ao mensurarmos a relativa mobilidade da
- na busca dessas zonas são manchas de valorização da população dessa zona precarizada, quando essas man-
terra urbana tributárias da precarização de outras áreas. chas correspondem às áreas mais necessitadas material
Difundem-se zonas homogêneas e zonas híbridas favo- e simbolicamente das áreas centrais, e mais: compreen-
recedoras da fragmentação articulada do território ur- dem, normalmente, os bairros de maior densidade de-
bano, e zonas homogêneas e zonas híbridas resultantes mográfica; são zonas de habitação de médio para baixo
da fragmentação articulada do território urbano. A nova ou precário padrão construtivo; representam áreas com
economia urbana atrai, aceleradamente, produtores ex- baixa presença da municipalidade (infraestrutura urba-
ternos da lógica de ordenamento do território intraur- na); retratam territórios de uso predominantemente resi-
bano, quer seja pelo poder do capital imobiliário, quer dencial com precário atendimento em comércio e servi-
seja pelos artifícios dos agentes econômicos da cultura, ços; por vezes, localizam-se nas chamadas áreas de risco.
de maneira que as áreas mais valorizadas tendem para Ou seja, a população dessa zona é, por um lado, a mais
os setores de comércio, de lazer e de serviços, para as dependente das antigas e novas centralidades urbanas,
quais se dirigem, também, parte dos bairros de classe e, por outro lado, são as de menor poder de mobilida-
média e alta. de e de acessos urbanos (aos serviços, ao comércio, ao
O que caracterizamos, genericamente, por zona ho- lazer, à cultura, à saúde, à vida digna, etc). Ora, a ho-
mogênea favorecedora da fragmentação articulada do mogeneidade dessa zona resultante da valorização de
território urbano corresponde ao grau de homogeneida- outras áreas se deve ao fato de que a morfologia das
de interna de certos bairros de uma cidade e ao caráter cidades reflete a realidade econômica e social definida
“coerente” da hierarquia estabelecida em relação ao cen- historicamente por nossas elites. Essa zona traz a for-
tro ou setores valorizados ou seja, apresenta articulação mação periférica das cidades constituídas a duras penas
positiva e complementar às áreas centrais do tecido ur- ao longo de nossa história de instalação, exploração e
bano, no que diz respeito aos usos do território e à circu- complexização territorial, ocorrida de forma mais intensa
lação. O agrupamento, o elevado índice de equipamen- no período da chamada modernização conservadora ou
tos, serviços e a maior presença de infraestrutura urbana, da industrialização a baixos salários. Acompanham esse
então, denunciam uma qualidade de vida superior a ou- movimento contraditório de ordenamento do território
tras áreas da cidade. Pode ser observada a presença de urbano identificável por meio de uma cartografia da to-
outras centralidades nessa zona, que não negligenciam talidade urbana mais dois tipos de zonas que se perfa-
o centro, mas representam a sua extensão mais positiva zem de maior hibridez: aquelas favorecedoras da frag-
com a troca de produtos e serviços, propiciando a flui- mentação articulada do território por agregarem bairros
dez do território (comunicação, circulação, e localização). que sofrem incipiente processo de valorização, quer seja
Essa zona que se aproxima de uma homogeneidade (re- pelo comércio de abastecimento implantado, quer seja
lativa) tende a localizar o nó vital da rede de deslocamen- por se constituir como novo eixo de expansão urbana
to e da produção urbana, da vida econômica e cultural de para novas elites; e outras resultantes da fragmentação
uma cidade. articulada do território urbano, que concentram as áreas
A paisagem urbana traduz as relações socioeconô- mais precárias da cidade.
micas de que uma cidade é palco e, em seu movimento, Nessas zonas híbridas (favorecedoras ou resultantes
retrata as transformações que interferem nas diferen- da fragmentação socioterritorial), as condições de vida,
tes localizações e nas distintas possibilidades de aces- de infraestrutura e de moradia não são das melhores,
sos que, no limite, dizem respeito à “aproximação” das mas encontram-se, normalmente, em processo de avan-
áreas centrais da mesma cidade. Um centro ou as áreas ço; prevalece uma hibridez da forma-conteúdo que as
GEOGRAFIA

centrais perfazem-se como territórios “chegáveis” e ver- dão notoriedade. Os bairros apresentam-se híbridos por
dadeiramente “alcançáveis” pelos agentes, atores ou su- agregarem famílias de baixas camadas sociais e, em uma
jeitos ligados, de alguma maneira, ao que tratamos por nova perspectiva de valorização incipiente da terra nes-
zona homogênea valorizada do território urbano. Na rea- sas áreas, receberem novos moradores da classe média

30
e baixa que chegam ou se movimentam na cidade. Para um de seus bairros, em cada uma das zonas que formam
resumir, o que estamos tratando é de um modelo para a o território, bem como as influências externas dessa pro-
leitura do território urbano, o qual representa uma possi- dução. Cada caso trará suas peculiaridades.
bilidade de captura e interpretação do território intra-ur- As possibilidades (para alguns, utópicas, pois o pla-
bano em movimento, ou seja, é um modelo não-estático nejamento seria um mero instrumento perverso de con-
e que se adéqua ao próprio movimento da urbanização trole do Estado) advindas dessa leitura são muitas, mas
precária que assistimos no presente, no Brasil. Seguem convergem para um notório e importante elemento: a
no esquema a tipologia desse olhar dialético de recípro- produção de um indicador sintético da análise geográfi-
ca determinação sobre o urbano: ca aplicada ao planejamento, que é a qualidade de vida
• ZOHOFA - Zona homogênea favorecedora da frag- urbana. Texto adaptado de COSTA. E. B. D.
mentação articulada do território urbano. Compreende
as porções mais valorizadas do território urbano. Repre- Regições e RIDEs
senta a zona de interferência direta nas demais zonas (1,3
e 5) e, normalmente, a zona que depende da precariza- Região metropolitana é um grande centro popula-
ção das demais para subsistir. cional, que consiste em uma (ou mais) grande cidade
• ZOHORE - Zona homogênea resultante da fragmen- central (metrópole), e sua zona adjacente de influência.
tação articulada do território urbano. Engloba as porções Geralmente, regiões metropolitanas formam aglomera-
mais precarizadas do território urbano. Fato que se deve ções urbanas, ou uma região com duas ou mais áreas
à interferência recíproca das duas zonas favorecedoras urbanizadas intercaladas com áreas rurais. No Brasil, a
da fragmentação do território urbano (2 e 3). Constituição Federal de 1988 deixa a cargo dos estados a
• ZOHIFA - Zona híbrida favorecedora da fragmen- instituição de regiões metropolitanas, que não possuem
tação articulada do território urbano. Vai representar personalidade jurídica própria, e têm como principal ob-
antigas áreas degradadas ou novos eixos de expansão jetivo a viabilização de sistemas de gestão de funções
urbana em processo de valorização. Sofre interferência e públicas de interesse comum dos municípios abrangidos.
interfere, mutuamente, em todas as zonas (1, 2 e 4).
• ZOHIRE - Zona híbrida resultante da fragmentação Rides são as regiões metropolitanas que se situam
articulada do território urbano. Áreas em franco processo em mais de uma unidade federativa, criadas por legisla-
de precarização, tanto pela influência da zona homogê- ção federal específica. São três: Distrito Federal e Entorno
(DF/GO/MG), Pólo Petrolina e Juazeiro (PE/BA) e Grande
nea mais valorizada (jogo do mercado imobiliário), quan-
Teresina (PI/MA).
to da zona híbrida em processo de valorização (4 e 5).
Mercado de trabalho

No longo período de tempo compreendido entre


1970 e 2007, os padrões de localização dos trabalhado-
res e das trabalhadoras no mercado de trabalho apre-
sentaram algumas alterações. No último ano da série, a
indústria – aqui incluídas a de transformação e de cons-
trução civil -, e o agropecuário, seguidos do comércio,
nessa ordem, concentraram a ocupação masculina.Em
relação a 1970, registrou-se uma inversão, o agrope-
cuário perdendo terreno em favor da indústria: 51% dos
ocupados trabalhavam no agropecuário e 20% na indús-
tria, em 1970, versus 21,5% e 27,2%, respectivamente,
em 2007. No caso das trabalhadoras, os serviços – aqui
inclusos alojamento e alimentação, educação, saúde e
serviços pessoais, serviços domésticos e outros serviços
coletivos, sociais e pessoais¹- mantêm-se como áreas
Apresentada essa metodologia de leitura do território privilegiadas de inserção das mulheres no mercado de
urbano, que corresponde a uma possibilidade de inter- trabalho, mesmo que, no decorrer do longo período aqui
pretação do palimpsesto que se constitui nossas cidades considerado, venha se dando uma diminuição da ocupa-
terciárias, das indústrias de ponta e do monopólio (inclu- ção feminina, que, concomitantemente, se diversificou.
sive cultural), é importante afirmar que a maior barreira Assim, em 1970, 54,9% das ocupadas o eram nos serviços
imposta a uma Geografia Urbana Aplicada é a limitação e no setor social, em 1998, 47,5%, em 2002, 44,1% e, em
do cientista ou do planejador que traz em sua formação 2007, 43,6%.
uma visão geométrica do mundo, que negue a perspec- Ressalve-se que, a partir de 1992 o IBGE – Fundação
tiva existencial e dos sentidos da vida nas cidades. Para Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ampliou o
além de réguas e pranchetas, da outorga ou da leitura conceito de trabalho adotado em seus levantamentos,
GEOGRAFIA

particular de instrumentos urbanísticos, os profissionais o que contribuiu para a maior visibilidade do trabalho
geógrafo, planejador e arquiteto devem buscar a essên- feminino. Além disso, a partir do Censo de 2000, com a
cia que rege a produção do urbano, da urbanidade, da CNAE – Classificação Nacional de Atividades Econômicas,
cidade e da vida na totalidade urbana, ou seja, em cada que adota novas desagregações dos setores e seções de

31
atividade , pôde-se esclarecer o peso de algumas ativida- ocupação masculina, estável em torno dos 4,5% a 5% nos
des na ocupação feminina e diferenciá-la, por compara- dois grupos de ocupação mencionados, durante todo o
ção, do padrão masculino. É assim que, por exemplo, na período analisado.
prestação de serviços, em 2007, 16,4% das ocupadas e Para observar mais de perto esses dois padrões de
cerca de 1% dos ocupados executavam serviços domés- gênero nas profissões, classificamos as famílias ocupa-
ticos. Ou ainda, 16,9% das mulheres estavam exercendo cionais (agregados de ocupações) em faixas de maior ou
atividades na área de educação, saúde e serviços sociais menor presença feminina, pelo montante de empregos
contra apenas 3,6% dos homens. E essas proporções são formais destinados às mulheres, em 2007 e , dentre cada
assemelhadas às de 2002. faixa selecionamos profissões femininas mais e menos
tradicionais.
Mas quais são as profissões desenvolvidas pelos bra- Assim, entre as famílias ocupacionais em que mais de
sileiros e pelas brasileiras? 70% dos empregos são femininos, estão, p.ex., profissões
Analisando a matriz ocupacional de todos os traba- de diversos níveis de qualificação, em que a presença da
lhos desempenhados pelos brasileiros e brasileiras, entre mulher já é tradicional, como as Fonoaudiólogas ( 96%),
os anos 1998 e 2007, dois movimentos igualmente im- as Nutricionistas (94%), as Professoras de nível superior
portantes podem ser identificados². O primeiro diz res- do ensino fundamental de 1ª a 4ª séries ( 82,5%), as Téc-
peito a um padrão de inserção profissional segundo o nicas em Biblioteconomia ( 77%), as Cozinheiras ( 72,5%),
sexo que tendeu a se repetir em 2002 e 2007, denotando as Biólogas e afins ( 71%).
uma clara segmentação quanto às áreas de atuação pro- Naquelas famílias em que, entre 50 e 69% dos em-
fissional de homens e de mulheres. Cerca de 1/3 destas, pregos são femininos, encontramos profissões tradicio-
por exemplo, desenvolviam profissões dos serviços, um nalmente femininas, p.ex., Técnicas em Administração (
pouco mais de 10% em atividades de vendas no comér- 55%), trabalhadoras da preparação da confecção de cal-
cio, igual proporção em serviços administrativos. A pro- çados ( 51%), ao lado de outras que vêm se feminizando
porção de trabalhos femininos relativos à agropecuária, celeremente, como Farmacêuticos ( 68%), Técnicos em
porém, decresceu no período, acompanhando a queda Turismo ( 62%), Cirurgiões-Dentistas ( 59%). Finalmente,
da ocupação geral no setor: de 16,5% em 2002, para na outra ponta, entre as famílias ocupacionais em que
13,8% em 2007. Quer dizer, os dados informam que para menos de 30% dos empregos são femininos- podendo
o grosso do contingente feminino, as chances de traba- ser consideradas redutos masculinos- podemos encon-
lhar são maiores em determinados setores econômicos trar:- a presença feminina mais disseminada, entre ou-
– principalmente o setor de Prestação de Serviços – , e tros, junto aos Artistas de circo ( 29%), os Peritos crimi-
em grupos de ocupações típicos desse setor, nos quais nais ( 27%), os Catadores de materiais recicláveis ( 22%),
sua presença já é tradicional, como professoras, pessoal os Engenheiros civis e afins ( 18%) e, – menos visível en-
tre os trabalhadores de apoio à agricultura ( 13,5%), os
de enfermagem, secretárias, recepcionistas. Represen-
Técnicos em pecuária ( 11,5%), os Engenheiros mecânicos
tam, portanto, continuidades no padrão de ocupação
( 6%), os Motoristas de ônibus urbanos, metropolitanos
das mulheres.
e rodoviários ( 1%).
Os homens, por seu lado, têm maiores chances em
¹Até 1998, essas atividades encontravam-se agrega-
trabalhos de produção de bens e serviços industriais, de
das em “prestação de serviços’ e “social”. Com a adoção
reparação e manutenção ( cerca de 33%), em profissões
da CNAE- Classificação Nacional de Atividades Econômi-
da agropecuária ( pouco mais de 20% e também decres-
cas, em 2000, o IBGE pôde desagregá-las nas categorias
cente no período), de vendas ( 11%), em profissões téc-
enunciadas. A comparação com anos anteriores ficou im-
nicas de nível médio ( próximo dos 7%). possibilitada em função das mudanças na agregação da
O segundo movimento é a ampliação do leque pro- categorias, reduzindo a presente série a 10 anos. O ano
fissional das mulheres nos últimos 40 anos, de forma de 1998 foi estimado a partir das proporções do Censo
inquestionável e contínua, que se deve, entre outras 2000.
razões, ao aumento da sua escolaridade e à diversifica- Segundo a Classificação Brasileira de Ocupações –
ção das suas escolhas educacionais ( Veja série Mulheres Domiciliar ( CBO-domiciliar),utilizada pelo IBGE, desde
brasileiras, educação e trabalho). Os órgãos de imprensa 2000. Esta série histórica remonta a apenas 10 anos de-
nos lembram desse movimento com freqüência, ao lo- vido à adoção dessa nova classificação de ocupações, o
calizarem algumas “pioneiras” , p.ex., pilota comercial, que descontinuou a possibilidade de comparação com
reitora de universidade, presidenta de banco ou de gran- anos anteriores. O ano de 1998 foi estimado a partir das
de empresa, militar, deputada,senadora ou vereadora, proporções encontradas no Censo de 2000.
mas também mecânica de automóvel, atleta, tratorista,
condutora de ônibus ou caminhão etc. As informações https://www12.senado.leg.br/cidadania/edicoes/350/
trazem indícios que ratificam esse cenário. É crescente a regiao-metropolitana-fica-em-um-so-estado-ride-e-
participação feminina, particularmente nas profissões de -mais-abrangente
nível superior das ciências e das artes ( 7,9% em 1998, http://www.institutoiab.org.br/lugar-das-mulheres-
8,3% em 2002 e 9,5% em 2007) e, embora menos ex- -no-mercado-de-trabalho-setores-de-atividade-e-estru-
GEOGRAFIA

pressiva, em cargos dirigentes como membros superio- tura-ocupacional/


res do poder público, gerentes e diretores de empresas
( de 3,5% em 1998 para 4,2% em 2007). Esses números
adquirem maior poder explicativo quando comparados à

32
Migrações internacionais e migrações internas Migrações Pendulares– é o deslocamento diário da
população para o trabalho em cidades vizinhas e do tra-
A população brasileira é constituída por uma grande balho para residência ao final do dia.
miscigenação de etnias e culturas. Os brasileiros são uma
mistura principalmente de povos europeus e africanos Nacionalismo
que Emigraram para o Brasil a partir de seus países de
origem entre meados do século XIX e XX, e que aqui se Nacionalismo é um conceito desenvolvido para a
tornaram Imigrantes ao chegar. compreensão de um fenômeno típico do século XIX: a
Eles se somaram à população indígena original e aos ascensão de um certo sentimento de pertencimento a
portugueses que aportaram em 1500. Da Europa vieram uma cultura, a uma região, a uma língua e a um povo
depois mais portugueses, italianos, espanhóis e alemães (ou, em alguns dos argumentos nacionalistas, a uma
entre três e quatro séculos após o descobrimento. raça) específicos, tendo aparecido pela primeira vez na
Já no século XX vieram os asiáticos japoneses e do França comandada por Napoleão Bonaparte e nos Es-
Oriente Médio os sírio-libaneses, entre outros. E, no pe-
tados Unidos da América. Tal fenômeno passou a ser
ríodo do entre-guerras no século XX diversas pequenas
assimilado pelas forças políticas que haviam absorvido
ondas de países da Europa e do Oriente Médio também
os ideais iluministas de rejeição do Antigo Regime ab-
emigraram de seus países para o Brasil.
solutista e que procuravam a construção de um Estado
A imigração é considerada o ato de entrar em um país
permanente ou temporariamente a fim de trabalhar, se nacional de viés democrático e constitucional, no qual
estabelecer, e muitas vezes ir buscar melhores condições seus membros fossem cidadãos, e não súditos do rei.
de vida. Foi isso que os Europeus, Orientais e Asiáticos Nesse sentido, o sentimento nacional do século XIX
vieram buscar. Já os africanos negros vieram forçados, na alcançou a condição de ideologia política. Diferente-
condição de escravos. mente dos Estados nacionais europeus que se formaram
A imigração influenciou cidades e inclusive modificou nos séculos XVI e XVII, os Estados Nacionais do século
as paisagens brasileiras, pois esses povos construíram ca- XIX identificavam sua soberania no contingente de cida-
sas e comércios com a arquitetura do seu país de origem. dãos que compunham a nação, e não na figura do mo-
A tradição também se estabeleceu na cultura, culinária, e narca. Por esse motivo, a tendência ao regime político
até mesmo na língua (preservada até hoje em algumas republicano tornou-se comum nesse período.
cidades). Além dessas características, há também um elemento
A agricultura foi a base do trabalho de muitos imi- indispensável para o entendimento do nacionalismo: a
grantes, com destaque para a plantação de vinícolas na formação do exército nacional por cidadãos comuns, e
região sul, por exemplo. Também há forte marca dos imi- não por aristocratas e mercenários, como ocorria nos Es-
grantes na indústria metal-mecânica no Rio Grande do tados absolutistas. O exército napoleônico foi o primei-
Sul e no Estado de Santa Catarina, e na indústria têxtil no ro grande exército nacional composto por pessoas que
Vale do Itajaí, em Santa Catarina. lutavam pela “nação francesa” e identificavam-se como
Agora vamos entender o que é a Migração e suas di- membros de um só “corpo nacional”, de uma só pátria.
ferenciações! Fique atento!
Migração interna ou inter-regional – É aquela onde Sendo assim, o nacionalismo, desenvolvido no século
pessoas migram dentro do próprio país, mudando de re- XIX, compreendeu um conjunto de sentimentos, ideias e
gião ou cidade. Ex: uma família que mora no estado da atitudes políticas que resultaram na formação dos Esta-
Bahia e migra para o Rio Grande do Sul. Entre os grandes dos-nações contemporâneos. Acompanham a formação
exemplos de migração interna no Brasil estão os êxodos
desses Estados-nações as noções de soberania e de ci-
do Nordeste para o Sudeste, com os nordestinos fugindo
dadania, garantidas por uma Constituição democrática.
da seca e de condições precárias de vida, e também a
Além disso, noções como “povo”, fronteiras nacionais e
grande migração de nordestinos em direção à fronteira
herança cultural (incluindo a língua) dão suporte para
Oeste, para trabalhar na região Norte no chamado Ciclo
da Borracha. Foram os ‘Seringueiros’. a ideologia nacionalista. Processos históricos como a
Na segunda metade do século XX o Brasil testemu- Unificação Italiana e a Unificação Alemã derivaram dessa
nhou outro grande processo de migração interna com a ideologia.
mudança de famílias de agricultores das regiões Oeste Entretanto, o desenvolvimento dessa forma de orga-
do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e do Paraná em nização política combinado com o advento das massas
direção ao Centro-Oeste e depois para o Norte do País, (grande aglomerado de pessoas em centros urbanos),
para abrir novas frentes agrícolas. que foi provocado pela Revolução Industrial, culminou,
Migrações Rural ou urbana- É caracterizada pela saí- nas primeiras décadas do século XX, na Primeira Guer-
da de pessoas da área rural para a área urbana, devido ra Mundial e, posteriormente, na ascensão de regimes
à mecanização da agricultura, pela busca por empregos totalitários de viés nacionalista extremista, como o na-
nas indústrias, comércio e outros setores. O contrário zismo e o fascismo. As teorias racistas e defensoras da
também acontece: da área urbana para a rural, porém é superioridade da raça ariana (branca) e da escolha do
incomum. povo alemão como um povo encarregado de construir
GEOGRAFIA

Migração sazonal – Caracteriza-se pela mudança um império mundial, elaboradas pelo nazismo, foram
temporária de pessoas em função do clima, das estações variantes catastróficas da ideologia nacionalista.
do ano. As pessoas migram e depois voltam quando fin-
da a estação, conhecida também como transumância.

33
Separatismo

Presentes em diversos lugares do mundo, os mo- EXERCÍCIO COMENTADO


vimentos separatistas pregam pela independência de
seus territórios. Um dos mais famosos grupos deste tipo 1. (ENEM– 2017) Na antiga Vila de São José del Rei, a
encontra-se na Irlanda, o IRA (Exército Republicano Ir- atual cidade de Tiradentes (MG), na primeira metade do
landês), que prega a separação da Irlanda do Norte do século XVIII, mais de cinco mil escravos trabalhavam na
Reino Unido e reanexação à República da Irlanda. Outra mineração aurífera. Construíram sua capela, dedicada a
organização conhecida é o ETA (Euskadi Ta Askatasuna), Nossa Senhora do Rosário. Na fachada, colocaram um
que procura a independência da região do País Basco oratório com a imagem de São Benedito. A comunida-
(Euskal Herria), de Espanha e França. de do século XVIII era organizada mediante a cor, por
A maioria destes grupos concentra-se no continente isso cada grupo tinha sua irmandade: a dos brancos, dos
Europeu, mas existem diversos movimentos separatistas crioulos, dos mulatos, dos pardos. Em cada localidade se
no Brasil. Em sua maioria, lutam pela independência de construía uma igreja dedicada a Nossa Senhora do Rosá-
alguns territórios brasileiros. Geralmente, suas motiva- rio. Com a decadência da mineração, a população negra
ções são políticas e econômicas, baseadas na autodeter- foi levada para arraiais com atividades lucrativas diversas.
minação das populações originárias de certa região. Eles se foram e ficou a igreja. Mas, hoje, está sendo res-
Apesar de existirem diversos grupos contemporâ- gatada a festa do Rosário e o Terno de Congado.
neos, estas organizações estão presentes no país desde CRUZ, L. Fé e identidade cultural. Disponível em: www.
a época de Amador Bueno, um paulista que o povo acla- revistadehistoria.com.br. Acesso em: 4 jul. 2012.
mou rei em São Paulo. Este episódio confunde muitas
pessoas que acham que foi D. Pedro I o pioneiro a gritar Na lógica analisada, as duas festividades retomadas re-
independência no país. centemente, na cidade mineira de Tiradentes, têm como
Entre os principais momentos históricos de indepen- propósito
dência no Brasil, outro movimento que teve sucesso foi
a Província Cisplatina que, após o término da Guerra da a) valorizar a cultura afrodescendente e suas tradições
Cisplatina, conseguiu a independência tornando-se a Re- religiosas.
pública Oriental do Uruguai, atual Uruguai. b) retomar a veneração católica aos valores do passado
Há um artigo na Constituição Brasileira de 1988 que colonial.
diz que a República Federativa do Brasil é “formada pela c) reunir os elementos constitutivos da história econômi-
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito ca regional.
Federal”. Apesar disso, dentro da mesma legislação há d) combater o preconceito contra os adeptos do catoli-
outro artigo que garante a liberdade de manifestação cismo popular.
individual de pensamento, contanto que não sejam utili- e) produzir eventos turísticos voltados a religiões de ori-
zadas armas de fogo, atentados contra a vida pública ou gem africana.
incitação de violência.
Alguns movimentos separatistas que encontramos Resposta: letra A. De modo geral, a cultura brasileira
atualmente no Brasil são: Movimento República Rio- é profundamente influenciada por referências africa-
-grandense (MRR), Movimento pela Independência do nas, também presentes na culinária e identidade do
Pampa (MIP), O Sul é o Meu País, Grupo de Estudos Nor- brasileiro.
deste Independente (GESNI), Movimento São Paulo Inde-
pendente (MSPI), Movimento República de São Paulo ou
(MRSP), Movimento Liberdade da Pátria Paulista, Movi-
mento São Paulo para os Paulistas, entre outros.

< https://blogdoenem.com.br/migracoes-internas-
-externas/>
< https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiage-
ral/nacionalismo.htm>
< https://www.infoescola.com/atualidades/movi-
mentos-separatistas-no-brasil/>
GEOGRAFIA

34
GEOGRAFIA ECONÔMICA E POLÍTICA: ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS E SISTEMAS
AGRÁRIOS NO PARANÁ, NO BRASIL E NO MUNDO; ATIVIDADES INDUSTRIAIS NO PA-
RANÁ, NO BRASIL E NO MUNDO; OS BLOCOS ECONÔMICOS, A MULTIPOLARIDADE
MUNDIAL; O COMÉRCIO MUNDIAL; AS FONTES DE ENERGIA E A PRODUÇÃO DE ENER-
GIA. PAÍSES CAPITALISTAS DESENVOLVIDOS, EM DESENVOLVIMENTO E NÃO DESEN-
VOLVIDOS; PAÍSES SOCIALISTAS; O TERRORISMO NO MUNDO ATUAL.

A Geografia Econômica é o ramo do conhecimento responsável por compreender a lógica da produção e distri-
buição das atividades econômicas. Além disso, ela visa entender a influência dessas manifestações produtivas sobre o
espaço geográfico e as interferências que o meio realiza sobre elas.
Podemos considerar que o espaço geográfico, tanto no meio urbano quanto no meio rural é essencialmente produ-
zido, ou seja, é construído pelas práticas humanas. O estabelecimento dessas práticas está, quase sempre, relacionado
à manifestação de condutas no meio financeiro e tecnológico que irão sustentar ações de impacto.
Um exemplo dos efeitos econômicos sobre o meio geográfico é a ocorrência III Revolução Industrial que, via “re-
volução verde”, conseguiu dinamizar e, ao mesmo tempo, mecanizar a produção no campo, o que teve como conse-
quência a ampliação da fronteira agrícola no Brasil e a intensificação do êxodo rural nas sociedades subdesenvolvidas
em geral.
Em termos práticos, os estudos de Geografia Econômica costumam ser segmentados em três partes principais: a)
a distribuição das atividades econômicas e produtivas sobre o espaço; b) a história das estruturas econômicas e c) a
análise das composições da economia em nível regional e suas relações com a dinâmica global.
Nesta seção, esperamos oportunizar o estabelecimento de um local de estudos para a temática em tela, focando te-
mas como a produção e localização industrial, o processo de globalização, os efeitos das transformações tecnológicas
e tantas outras questões essenciais para a compreensão do espaço geográfico social e suas transformações.

Espaço indústrial e comércio

O Espaço Industrial Brasileiro, assim como em todos os lugares, seguiu as características gerais do processo de
industrialização das sociedades a partir do modo de produção capitalista. O processo de criação e instalação de indús-
trias em um território literalmente produz o espaço, transformando-o e conferindo a ele novas lógicas e novos signi-
ficados. A industrialização contribui, principalmente, para a intensa e rápida urbanização do território, bem como para
as concentrações econômica, populacional, de infraestrutura e de investimentos financeiros.
No Brasil, o processo de industrialização iniciou-se enquanto política de Estado a partir da década de 1930, quando
a dependência econômica nas exportações de matérias-primas, com destaque para o café, levou a economia do país
a ruir diante da Crise de 1929. Tal proposição intensificou-se com o chamado Plano de Metas, na década de 1950, e
acarretou para uma ampliação da produção industrial brasileira.
No entanto, essa concentração ocorreu, sobretudo, na região Sudeste do Brasil, com o predomínio da cidade de São
Paulo, em função de sua posição geográfica estratégica e da herança econômica ofertada pela produção cafeeira, que
conferiram a essa cidade uma ligação com o Oeste e com o Porto de Santos através das ferrovias.
Além disso, a partir da década de 1950, a indústria automobilística consolidou-se nessa região, o que foi fundamen-
tal para a concentração do parque industrial brasileiro na capital paulista e em sua região metropolitana. Tais processos
provocaram uma rápida e precária urbanização, bem como a explosão de movimentos migratórios advindos das dife-
rentes regiões do Brasil.
O resultado foi o grande surto populacional da região Sudeste. Em 1872, São Paulo contava com cerca de 32 mil
habitantes e era a décima maior cidade brasileira; ao final do século XX, já se tornara a maior metrópole do país e a
quarta maior do mundo, com mais de 20 milhões de habitantes, contando a cidade e sua região metropolitana, e 11
milhões, contando apenas a capital.
Na década de 1970, a produção industrial da capital paulista e de seu entorno representava quase a metade de toda
a produção industrial nacional.
Todavia, a partir da década de 1980 em diante, houve esforços governamentais que se preocuparam em propor-
cionar uma desconcentração industrial do país, fato que só se efetivou claramente a partir da década de 1990. Apesar
disso, São Paulo continuou na liderança nacional industrial, muito em virtude de sua modernização e ampliação de seu
aparato tecnológico e industrial.
GEOGRAFIA

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Outro fato que contribui para esse processo de des-
metropolização é a consolidação da malha rodoviária do
Brasil, diferentemente do que havia nos tempos de ins-
talação das indústrias brasileiras. Atualmente é mais fácil
– também em função da Revolução Técnico-Científica – a
dispersão de produtos e serviços para dentro e para fora
do território, de forma que a estratégia de localização da
indústria no espaço diminuiu em importância.
Essa dinâmica vem favorecendo o crescimento das
médias cidades que, no entanto, só oferecem boas con-
dições de subsistência para trabalhadores que possuem
qualificações ou experiência em ramos industriais cada
vez mais avançados tecnologicamente.
Apesar disso, é importante frisar que não é possível
dizer que as metrópoles tendem a reduzir suas popula-
Observe o crescimento demográfico da cidade de ções nos próximos anos, até porque as cidades médias e
São Paulo no século XX e como ele diminuiu a partir do pequenas já demonstraram não ser capazes de absorver
século XXI. toda a mão de obra presente nas grandes cidades. A ten-
dência que vem se revelando é que elas também passem
Desconcentração industrial e Desmetropolização a apresentar problemas urbanos, sociais, ambientais e de
mobilidade.
Com a promulgação da Constituição Federal de 1988,
as Unidades Federativas brasileiras ganharam maior au- O Brasil conseguiu mudar de forma significativa o seu
tonomia no que diz respeito à política de implantação de comércio exterior, fato ocorrido nas últimas décadas, até
impostos e de gerência de seu território. os anos 60 o país tinha produção restrita à exportação
O resultado disso foi a instauração de um fenômeno de produtos primários, tais como café, que no início do
chamado de “Guerra Fiscal”, em que os estados passaram século era responsável por 70% de toda exportação do
a brigar pela presença das indústrias em seus espaços. Tal país, e posteriormente outros produtos ganharam desta-
preocupação dava-se no fato de que a instalação de in- que, como cacau, algodão, fumo, açúcar, madeiras, car-
dústrias em um dado local ampliava a geração de empre- nes, minérios (principalmente ferro e manganês).
gos, elevava o consumo e angariava investimentos para
obras de infraestrutura. Hoje a economia é mais complexa e diversificada,
O problema é que esse processo de desconcentração apresentando exportações de produtos industrializados
industrial do território brasileiro não foi acompanhado de e processados (semimanufaturados), calçados, suco de
uma política de gerência urbana do espaço, acarretando laranja, tecidos, combustíveis, bebidas, alimentos indus-
para a difusão de problemas socioambientais no espaço trializados, caldeiras, armamentos, produtos químicos,
das grandes cidades, com o crescimento dos índices de veículos de todo tamanho e suas respectivas peças de
violência e a precarização das escolas, que não possuíam reposição e aviões.
capacidade para atender a todo o quantitativo popula-
cional. Além disso, observou-se também a ocorrência da Produtos industrializados e semimanufaturados, no
favelização das cidades, segregação urbana, crescimento ano de 1960, correspondiam à apenas 5% do total das
desordenado e precarização do trabalho assalariado, o exportações do país, em 2005 esse tipo de produção já
que reduzia o poder de consumo da população. Viver representava 60% de todo comércio exterior do Brasil,
nas cidades, sobretudo a partir do final do século XX, tor- que indica e evidencia os avanços econômicos provoca-
nou-se um grande desafio. dos pela modernização do setor industrial.
Diante disso, observa-se atualmente o crescimento O percentual sofre variações de acordo com o rendi-
dos polos industriais e farmoquímicos, bem como sua mento do ano, que pode ser de 55% a 65%, por exemplo,
dispersão pelo país, o que vem resultando no processo no ano que ocorre aumento na venda de aviões esses da-
de Desmetropolização das grandes cidades, que mesmo dos são elevados. Em contrapartida quando há aumen-
registrando crescimentos populacionais, não vêm atrain- to na produção e exportação agrícola, como no caso da
do mais a mesma quantidade de pessoas de outras re- soja, ocorre um crescimento no percentual de produtos
giões como anteriormente. primários.
Em contrapartida, observou-se o crescimento das O Brasil possui muitos parceiros comerciais, com des-
chamadas cidades médias, que se caracterizam por ter taque para os seguintes mercados: toda União Européia,
uma população fixada entre 200 e 500 mil habitantes e principalmente Alemanha, Itália, França, Espanha e Ho-
por não se encontrarem em regiões metropolitanas. Tais landa, além de Estados Unidos, Argentina, Japão, Para-
cidades vêm se tornando verdadeiros atrativos para in- guai, Uruguai, México, Chile, China, Taiwan, Coréia do Sul
dústrias que buscam menos prejuízos financeiros com e Arábia Saudita.
GEOGRAFIA

transporte (em razão dos congestionamentos das gran-


des cidades), além de impostos menores, terrenos mais Outra evidência da mudança econômica e industrial
baratos e força sindical menos articulada, o que favorece brasileira é os tipos de exportação, no passado eram
a diminuição de custos com salários. compostas basicamente por produtos manufaturados,

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na atualidade esse contexto mudou, pois as importações, Com o desenvolvimento da atividade industrial como
cerca de 40%, são de matéria prima como combustíveis, base do sistema capitalista, surgiu a necessidade de se
minérios, trigo, carne, bebidas, artigos de informática, incrementar cada vez mais a produção. A indústria pas-
telefonia, máquinas, motores, material elétrico, produtos sou a comandar outros setores da economia, principal-
químicos, insumos agrícolas, automóveis, tratores, peças, mente a atividade agrícola e o setor de serviços.
eletroeletrônico etc. O sistema de fábrica caracteriza a indústria moderna.
Trabalhadores, máquinas e matérias primas ficam reuni-
Os principais exportadores de produtos para o Bra- dos em um mesmo local. Trabalhadores não são donos
sil são: Estados Unidos, União Européia principalmente dos meios de produção. O sistema fabril com sua divisão
Alemanha, Itália, Espanha e França, Argentina, Arábia do trabalho e a organização para produzir em larga es-
Saudita, Japão, Venezuela, México, Uruguai, Chile, China, cala, representou um aumento significativo no volume
Coréia do Sul, Kuwait e Nigéria. de produção.
A atividade industrial é a base do desenvolvimento Na décadade 1860, uma nova palavraentrouno vo-
econômico mundial desde o século XVIII. As indústrias cabulárioeconômicoe políticodo mundo: “capitalismo”,
foram os primeiros estabelecimentos a empregar traba- embora haja relatos em 1848, mas tenha ganho amplo
lhadores assalariados em grande número e na atua- uso naquele ano. Otriunfoglobaldocapitalismoéotema-
lidade são responsáveis pela automação cada vez maisimportanteda histórianasdécadasquese sucederam
maior do processo produtivo em substituição a força da a 1848. Foi o triunfo de uma sociedade que acreditou que
mão de obra. o crescimento econômico repousavana competiçãoda li-
A atividade industrial é aquela pela qual os seres hu- vre iniciativa privada,no sucessode comprartudo no mer-
manos transformam matéria-prima em algum bem, aca- cadomaisbarato(inclusivetrabalho)evendernomaiscaro.
bando ou semiacabado. Uma economia assim baseada e, portanto, repousando
O artesanato, primeira forma de produção industrial, naturalmente nas sólidas fundações de uma burguesia
surgiu no fim da Idade Média com o renascimento co- composta daqueles cujaenergia,méritoe inteligênciaos
mercial e urbano e definia-se pela produção indepen-
elevoutal posição,deveria– assim se acreditava– não so-
dente; o produtor possuía os meios de produção: insta-
mente criar um mundo de plena distribuição materialmas
lações, ferramentas e matéria-prima. Em casa, sozinho
tambémdecrescente esclarecimento, razão e oportunida-
ou com a família, o artesão realizava todas as etapas da
de humana, de avanço das ciências e das artes, em suma,
produção.
um mundo de contínuo progresso material e moral. Os
O artesanato antecedeu a indústria e era disperso
poucos obstáculos ainda remanescentes no caminho do
pelo espaço geográfico. A produção era limitada e pre-
livre desenvolvimento da economia privada seriam leva-
dominava o sistema familiar de trabalho. Nas cidades o
dos de roldão. As instituições do mundo, ou mais preci-
sistema de corporações produzia para o mercado local.
Na passagem da ordem feudal para a capitalista, o samente daquelas partes do mundo ainda não excluídas
processo de transformação das terras comunais em pro- pela tirania das tradições e superstições, ou pelo infortú-
priedades privadas, chamadas cercamentos, significou nio de não possuírem pele branca (preferivelmente ori-
mudanças na estrutura fundiária inglesa. Esse processo ginária da Europa Central ou do Norte), gradualmente se
também se relaciona à Revolução Agrícola, ocorrida no aproximariam do modelo internacional de um “Estado-
século XVIII. Os senhores de terras, adotando técnicas -nação” definido territorialmente,com uma Constituição
modernas para a época, eliminaram os campos comunais garantindo a propriedade e os direitos civis, assembleias
utilizados pelos pequenos camponeses. A criação de representativas e governos eleitos responsáveis por elas
ovelhas ganhou importância, sobretudo na produção de e, quando possível, uma participação do povo comum na
lã para a indústria têxtil. política dentro de limites tais que garantissem a ordem
Esse conjunto de elementos, combinado a uma pro- social burguesa e evitassem o risco de ela ser derrubada.
dução comercial capitalista mais produtiva, possibilitou A economia agrícola, sob suas múltiplas formas, es-
o aumento da produção agrícola para abastecer as cida- tende-se por todo o globo. Mesmo a noção de deserto
des e o fornecimento de mão de obra abundante para as nãoéabsoluta:existem civilizações agrícolas do deserto. A
indústrias nascentes. economia industrial, ao contrário, é essencialmente des-
A substituição das ferramentas pelas máquinas, da contínua, pelo menos quanto às suas implantações ma-
energia humana pela energia motriz e do modo de pro- teriais, pois sua influência financeira e social tende a ser
dução doméstico pelo sistema fabril constituiu a Revolu- universal. A mobilização das fontes de energiamecâni-
ção Industrial; revolução, em função do enorme impacto ca,que é um dos índices mais seguros da importânciado
sobre a estrutura da sociedade, num processo de trans- desenvolvimento industrial, é muito desigual segundo as
formação acompanhado por notável evolução tecnoló- regiões geográficas. Mais de três quartosdaenergia me-
gica. cânica são consumidos por um terço dapopulação do-
A Revolução Industrial aconteceu na Inglaterra globo: oseuropeus, osnorte- americanos e os japoneses.
na segunda metade do século XVIII e encerrou a As diversas regiões que compõem a economia global
transição entre feudalismo e capitalismo, a fase de acu- da atualidade se industrializaram em períodos distintos
GEOGRAFIA

mulação primitiva de capitais e de preponderância do e com características diferentes. Chamamos de indus-


capital mercantil sobre a produção. Completou ainda o trialização clássica a que ocorreu durante o período da
movimento da revolução burguesa iniciada na Inglaterra Primeira Revolução Industrial e de industrialização tardia
no século XVII. a que se desenvolveu ao longo do século XX.

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A indústria representa um dos mais fortes agentes movimenta não apenas caminhões e automóveis como
de diferenciação espacial. Embora seja atividade básica também barcos e aeronaves, continua a ser ponto-chave
ao mundo moderno, apenas uma minoria de países foi na logística de transportes das sociedades modernas.
até hoje intensamente afetada pela atividade industrial, Além de sua inegável importância como fonte pri-
e esse conjunto assegura ainda o essencial da produção mária de combustível para os transportes e para a geração
mundial e se beneficia de elevado nível de vida. Mas esse de calor em fornos e caldeiras industriais, o petróleo também
privilégio não é exclusivo: há crises nas antigas regiões serve de matéria-prima para um dos mais importantes seto-
industriais, que oscilam em seu desempenho, e surgem res industriais da atualidade: a indústria petroquímica.
novos focos de industrialização em várias partes do mun- A indústria moderna nasceu da conjunção, na Eu-
do. Esboça-se uma reorganização nas velhas regiões in- ropa Ocidental, do racionalismo moderno, instrumento
dustrializadas, enquanto aumenta a concorrência dos do progresso do pensamento científico e das descober-
países em via de desenvolvimento. Estrutura-se um novo tas técnicas dele resultantes, e de condições financeiras
espaço industrial. próprias à aplicação dessas descobertas à produção. O
A localização e a limitação do número das regiões impulso do grande comércio nos séculos XVII e XVIII
industriais não são estreitamente ligadas às condições e o mercantilismo asseguraram a acumulação de ca-
geográficas de repartição das bases naturais de indus- pitais, sobretudo na Inglaterra, e secundariamente nas
trialização. Aliás, se no começo do período industrial pa- principais encruzilhadas continentais: na França, na
receu que a indústria só podia desenvolver-se na proxi- Alemanha, na Suíça, na Áustria, entre outros. Estas
midade imediata das bases carboníferas, os progressos regiões constituíram os diversos centros de aplicação das
técnicos tendem a libertar cada vez mais a indústria des- novas técnicas, à medida que as condições políticas se
sas limitações geográficas, enquanto que as necessida- prestavam à circulação dos capitais e das mercadorias,
des de atividades e de produtos industriais são capazes e à constituição de sistemas econômicos fortes. Sendo
de criar ditames bem mais autoritários. a máquina a vapor e as construções técnicas, à base de
A fase pioneira da industrialização foi movida essen- fundição e de aço, as duas primeiras formas mais impor-
cialmente pela força da água corrente dos rios (energia tantes da revolução técnica do século XIX, a localização
hidráulica). As rodas d’água transferiam energia para os das minas de carvão e de ferro teve papel importante
teares hidráulicos e, assim, o sistema fabril se impunha na escolha das implantações de estabelecimentos indus-
sobre a manufatura tradicional, que era baseada no tear triais. Entretanto, os fatores humanos também exercem
sua influência. A indústria foi atraída, por exemplo, para
manual. Os cursos fluviais, que sempre serviram como
terras ricas em mão de obra operária preparada para o
vias de transporte, passavam a funcionar como fonte de
trabalho industrial por longo passado de atividades ma-
energia para o mundo industrial. As fábricas se estabele-
nufatureiras, em regiões onde o desenvolvimento comer-
ciam junto aos rios.
cial e uma tradição de transformação de matérias brutas
Ao lado da indústria têxtil, a modernização das fundi-
já haviam introduzido uma diferenciação econômica em
ções de ferro impulsionou o ciclo inicial da industrializa-
relação à estrutura agrícola dos países circunvizinhos.
ção. Há séculos, o ferro era fundido em fornalhas a lenha.
A indústria moderna, em relação ao artesanato e à
A utilização do carvão mineral em altos fornos capazes
atividade manufatureira anteriores, apresenta-se como
de gerar temperaturas elevadíssimas inaugurou a side- um fato concentrado. A concentração é primeiramente
rurgia moderna. técnica, o maquinismo exige o agrupamento das ativi-
A utilização do carvão mineral como força motriz teve dades produtivas em estabelecimentos maiores que as
início com o aperfeiçoamento da máquina a vapor, em oficinas de outrora. Ela é também financeira. A produção
1769. Mas apenas em meados do século XIX, na Ingla- industrial tornou-se geradora de lucros, pelo funciona-
terra, a máquina a vapor substituiu o tear hidráulico. Fora mento do sistema capitalista. Com efeito, se o resultado
das fábricas, a revolução do carvão expressou-se no setor do desenvolvimento industrial é a maior quantidade e
de transportes. As ferrovias e os navios a vapor “encurta- variedade da produção de objetos elaborados com ma-
ram” as distâncias, ou seja, diminuíram o tempo utilizado térias brutas provenientes do subsolo ou da agricultura,
nos deslocamentos reduzindo brutalmente os custos seu fim, no quadro do sistema econômico e financeiro
de transporte de matérias-primas e alimentos. que presidiu à Revolução Industrial, é aumentar constan-
O primeiro ciclo tecnológico da era industrial restrin- temente o capital. A gestão da empresa é concebida de
giu-se, praticamente, ao Reino Unido. No segundo ciclo, modo que, para uma real produtividade do trabalho efe-
caracterizado pelo grande salto da siderurgia, permitin- tuado, a remuneração deste trabalho seja tal que, uma vez
do o uso do aço, em meados do século XIX, a industria- pagas as matérias-primas, a energia, o encaminhamento
lização se espalhou pela Europa, fincando raízes na Bél- e a apresentação das mercadorias fabricadas, e uma vez
gica, França, Alemanha, Suécia, entre outros países. Além assegurada a amortização do material e do capital inicial,
destes, a indústria estabelecia-se nos Estados Unidos e reste à disposição do conselho de administração uma
no Japão. margem a reempregar, que por sua vez será geradora de
O longo reinado de petróleo, iniciado no tercei- lucros por meio do mesmo mecanismo. Cada empresa,
ro ciclo tecnológico da Revolução Industrial, imprimiu cada conjunto industrial, cuja gestão corresponde a este
GEOGRAFIA

suas marcas em diferentes escalas do espaço geográfi- esquema, cresce de maneira tal como uma bola de neve.
co. Afinal, a tecnologia do motor a combustão interna, Os maiores crescem mais rapidamente e, por meio da
impulsionados pela explosão de óleo diesel ou gasoli- concorrência, tendem a eliminar ou anexar os menores.
na, ambos derivados do petróleo, dentro de um cilindro, Os lucros constituem massas quantitativamente crescen-

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tes de capitais, que foram reinvestidos, pelo menos no colônias da Ásia e da África foram ocupadas na busca
começo, no equipamento industrial dos primeiros países frenética dos novos “donos” da indústria por matéria-
industrializados e nas empresas beneficiárias. Daí resul- -prima e novos mercados de consumo. Essa época ficou
tou o desenvolvimento das indústrias do próprio lugar conhecida como imperialismo. A nova atividade transfor-
de sua origem, enquanto que, no plano financeiro, edifi- mou e agilizou o que antes era chamado de artesanato
cavam-se os cartéis ou os trustes. e manufatura.
O desenvolvimento da indústria exige o equipamento Estágio intermediário entre o artesanato e a maqui-
apropriado das regiões industriais em vias de comunica- nofatura. Nessa etapa, além do trabalho manual, havia o
ção de grande potência e em cidades para moradia, emprego de máquinas mais simples, divisão do trabalho
providas das infraestruturas da vida de coletividades im- (cada pessoa desempenhava uma etapa da produção) e
portantes. Uma vez realizado, este equipamento oferece o trabalhador era assalariado.
comodidades para o desenvolvimento imediato da in-
dústria. A concentração geográfica das indústrias é, pois A evolução da atividade industrial
o resultado das diversas formas de concentração técnica
e financeira, e da criação de meios favoráveis à implanta- Ao longo da história da humanidade a capacidade de
ção industrial, em vista de seus antecedentes na matéria. transformação do homem vem evoluindo e continua a
Mas o mecanismo da economia industrial em sistema evoluir até hoje. O homem desenvolveu novas técnicas,
capitalista teve por resultado exceder as capacidades de usou cada vez mais novos produtos, o que lhe permi-
absorção de produtos industriais dos primeiros países tiu uma maior quantidade e variedade de produtos. Para
industrializados, a partir do momento em que a massa que isso acontecesse, várias transformações foram ne-
crescente de produtos fabricados excedeu, em valor co- cessárias na forma de produzir.
merciável, a quantidade de poder aquisitivo disponível Houve um tempo em que a única forma que o ho-
em cada mercado nacional. Duas soluções apresenta- mem conhecia para transformar materiais em novos pro-
vam-se: dutos era a atividade artesanal. No artesanato o trabalho
- Vender a países cujos recursos fossem provenien-
era manual, usando-se ferramentas simples.
tes da economia agrícola e do artesanato, desprovi-
O produto era feito por uma única pessoa, o artesão,
dos de indústrias concorrentes, e que possuíssem um
que realizava sozinho todo o processo de transforma-
poder aquisitivo representado pelo produto da econo-
ção. A produção era feita na própria casa do artesão ou
mia agrícola ou pelo das vendas de materiais brutos.
em pequenas oficinas que reuniam alguns trabalhadores
- Descongestionar o mercado dos capitais criando
manuais. Os produtos feitos eram destinados para o uso
bases industriais fora dos países primitivamente equi- da família ou para vender. Esta prevaleceu até meados
pados, ou empregando dinheiro a Estados estrangeiros do século XVII, mas sobrevive nos dias atuais. Sua prin-
para facilitar- lhes o equipamento. Este processo per- cipal característica é a produção individual, que desen-
mite efetuar um duplo desafogamento: por exportação volve todas as fases de produção e comercialização do
de capitais e pela venda de produtos e ferramentas produto, sem divisão de tarefas e apenas com o uso de
indispensáveis à industrialização. Ele apresenta um peri- ferramentas simples
go para um futuro mais ou menos próximo: a criação de Com o aumento do comércio das cidades, conse-
novos concorrentes no mercado internacional. quentemente do consumo, os comerciantes passaram a
Até o século XVIII, a ação humana sobre a nature- encomendar aos artesãos alguns produtos que ele, co-
za, salvo raras exceções, não ocasionava transformações merciante achava que feitos com estas ou aquelas carac-
profundas e irreversíveis. O ser humano construía ha- terísticas, seriam mais facilmente vendidos, logicamente
bitações, caçava e domesticava animais, recolhia frutos por um preço maior do que aquele pago ao artesão. A
das árvores e derrubava uma parte pequena das matas partir de um tempo alguns artesãos mais ricos passaram
para fazer plantações. Pode-se dizer que havia um equi- a comprar as oficinas dos artesãos mais pobres, estes por
líbrio nas relações do ser humano com a natureza. Foi a sua vez, tornaram-se trabalhadores assalariados.
partir da Revolução Industrial, iniciada na segunda meta- Com o tempo, houve a necessidade de aumen-
de do século XVIII, que a natureza passou a ser profun- tar a produção dessas oficinas e consequentemente
damente modificada, até chegar ao grave problema atual o número de trabalhadores empregados. Os donos das
de poluição e degradação do meio ambiente. oficinas perceberam que dividindo a tarefa entre os tra-
A Revolução Industrial, portanto, constitui um mo- balhadores, a produção tornava-se mais rápida e maior
mento importante na mudança das relações da huma- e com isso os lucros aumentariam. Surgiu assim a manu-
nidade com a natureza. É por isso que dizemos que foi fatura, isto é, em vez de uma pessoa sozinha fabricar o
com a Revolução produto inteiro, esse trabalho passou a ser dividido entre
Industrial que a sociedade moderna ou industrial pas- várias pessoas, cada uma fazendo uma parte do produto.
Esse tipo de indústria, que surgiu nos séculos XVII e XVIII,
sou a produzir o seu espaço geográfico.
representou os primórdios do sistema capitalista. Suas
A evolução do processo de transformação de maté-
características principais são a divisão de tarefas e o uso
rias-primas em produtos acabados ocorreu em quatro
de ferramentas e máquinas simples. Instituiu a figura do
estágios: artesanato, manufatura, indústria e revolução dono dos meios de produção (patrão) e o trabalhador
GEOGRAFIA

técnico-científica. assalariado (empregado)


A Revolução Industrial (séculos XVIII e XIX), ocorrida Nessa etapa os trabalhadores usavam a matéria-pri-
na Inglaterra, disseminou-se por outros países da Europa ma e as ferramentas pertencentes ao proprietário do
ocidental, pelo Japão, Estados Unidos e Canadá. Várias local onde trabalhavam passando a receber um salário,

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pela sua carga horária de trabalho, não eram donos nem por imensas porções do planeta, a atividade industrial
de ferramentas e nem produziam mais os produtos so- é altamente concentrada do ponto de vista espacial
zinhos. e exige a inter-relação entre parcelas do espaço, já que
Passam a ser usados na manufatura algumas má- está longe de ser uma atividade que se auto-sustenta.
quinas simples que multiplicavam os gestos dos tra- Nesse sentido, enquanto suas instalações se acham
balhadores, aumentando a capacidade de produção. A concentradas espacialmente, suas relações e articula-
manufatura foi assim o inicio da atividade industrial mo- ções ocorrem em nível mundial, graças ao desenvol-
derna e de novas relações de trabalho entre os homens. vimento necessário de trocas, associadas ao processo
A indústria moderna substitui as ferramentas e as má- de divisão social e espacial do trabalho. Se, por um
quinas simples pelas máquinas mais potentes e velozes, lado, a indústria é um fenômeno concentrado que gera
movidas por novas fontes de energia e não mais pela for- grandes aglomerações urbanas, de outro, suas articula-
ça do trabalhador, aumentando assim a capacidade de ções extrapolam os limites do “espaço próximo” para se
produção. Esta iniciou com a Revolução industrial e inter-relacionarem com espaços mais amplos, cujos limi-
compreende o atual estágio de desenvolvimento indus- tes são aqueles do globo terrestre.
trial. Suas principais características são o uso intensivo Para que se dê início à atividade industrial faz-se ne-
de máquinas, das mais simples às mais sofisticadas, di- cessário a acumulação, nas mãos do capitalista, de uma
versas fontes de energia e a produção em larga escala. quantidade de dinheiro (capital em potencial) e de meios
As formas de gerenciamento promovem a divisão de produção; que haja concentração de trabalhadores
de tarefas, a automação industrial e a especialização da dispostos a vender sua força de trabalho; e que exista
produção e do trabalho. um mercado consumidor.
Nas fábricas, concentra-se um grande número de Se parece óbvio que a existência da indústria vincu-
operários, todos recebendo um salário como pagamento la-se à concentração de capital e meios de produção nas
pelas horas que passam trabalhando nas fábricas. Cada mãos dos capitalistas de um lado, e de outro de mão de
operário da fábrica realiza apenas uma parte do pro- obra relativamente grande para constituir um merca-
do, não é evidente que esta concentração foi gerada
cesso de produção, sendo treinado e especializado
em condições históricas específicas, num determinado
para desenvolver aquela tarefa específica, ou seja, o
momento da história específica, num determinado mo-
mundo industrial se torna um mundo de especialistas
mento da história da humanidade e que constitui o
de técnicos.
ponto de partida da produção capitalista.
A atividade industrial continua evoluindo nos dias de
Este ponto se consubstancia na medida em que num
hoje, empregando técnicas cada vez mais modernas e
mesmo tempo e espaço, um número relativamente gran-
sofisticadas. Nos países mais industrializados há muitas
de de trabalhadores, sob o mando e a vigilância de um
indústrias onde quase tudo é feito automaticamente capitalista, tendo por base o estabelecimento de uma
e por máquinas robotizadas, apenas programadas divisão do trabalho, reúne-se para produzir, ao mesmo
pelos trabalhadores. tempo, um determinado tipo de produto. Este processo
Esse processo de industrialização e evolução in- tem como pressuposto a divisão do trabalho na socie-
dustrial demorou vários séculos para acontecer e se dade, a propriedade privada de bens e sua acumulação
desenvolveu em diferentes épocas e nos diversos paí- em poucas mãos; isto é a chamada acumulação primitiva.
ses do mundo de forma diferente preservando suas O processo histórico que produziu a acumulação pri-
especificidades. Por isso nem todos os países têm hoje mitiva, iniciada com o ressurgimento das cidades, gerou
o mesmo desenvolvimento industrial e tecnológica. a separação entre o produtor direto e os meios de
A indústria inglesa moderna nasceu do desenvol- produção através da expropriação dos trabalhadores,
vimento da extração do carvão e da atividade do co- formando a base sobre a qual se ergue o sistema capita-
mércio marítimo, que assegurava ao mesmo tempo o lista de produção.
reabastecimento em matérias-primas e o escoamento A acumulação de capital e a revolução industrial
dos produtos fabricados. Por conseguinte, parece ra- são dois momentos fundamentais da história da huma-
zoável procurar as grandes regiões industriais inglesas nidade, e refletem a passagem do modo de produ-
na zona das minas de carvão e ao redor dos grandes ção feudal ao modo de produção capitalista. A ordem
portos. capitalista sai das entranhas da feudal, à medida que o
Toda região carbonífera é região industrial, ten- processo de desenvolvimento social da humanidade,
do o carvão fixado as indústrias que o utilizam como realizado em toda formação econômica e social, efeti-
matéria-prima (fabricação de matais, química), ou como va-se por meio do aparecimento e da resolução de con-
fonte de energia (todas as indústrias de transformação). tradições.
A densidade dos estabelecimentos industriais é particu-
larmente grande, onde a extração do carvão chega até O espaço do capital
o mar ou até grande estuários que permitem à navega-
ção marítima penetrar no interior das terras. Visto na sua aparência, o modo capitalista de
Pensar a indústria e mais concretamente o espa- produção é um modo de produção de mercadorias.
ço da indústria nos remete a uma paisagem urbana A produção da mercadoria, contudo, mascara a produ-
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onde predominam as chaminés expelindo fumaça ção da mais-valia. Visto na sua aparência apresenta-se
de tons e odores diferenciados, uma concentração de como um modo de produção movido pelo interesse do
operários e um adensamento de redes de transporte. lucro. Mas o lucro é a mera forma que assume a mais-
Ao contrário da atividade agrícola, que se estende -valia após sua realização no lucro na forma do dinheiro.

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O trabalho produz mais-valia produzindo mercado- mesmo processo. A máquina, enquanto meio de pro-
rias. A mercadoria pela sua venda gera a transformação dução e meio material de existência do capital passa a
da mais-valia nela contida em lucro. O lucro se expressa ser o fundamento material do modo de produção capi-
em forma monetária e o dinheiro fecha um ciclo para talista. A grande indústria, ao revolucionar as relações
abrir outro. A mais-valia na sua expressão monetária gerais de produção da sociedade, produz uma nova con-
será reinventada na produção (na forma de compra su- cepção de trabalho, de vida, de relação entre os seres
plementar de força de trabalho, objeto e meios de traba- humanos. Isto é provocado pela mudança das relações
lho), para geração de mais mais-valia. Reproduzir-se-á entre o capital e o trabalho, pois a maquinaria de meio
em escala ampliada o ciclo da reprodução do capital. de trabalho, converte-se de imediato, em competidor
Esta é a dialética do capital, seu móvel e objetivo: a do próprio operário e a habilidade deste desaparece.
acumulação de capital. Não se exige mais que o operário produza algo com uma
Para o capital, os homens só existem enquanto ho- ferramenta que ele maneje com o movimento de seus
mens para o capital. O trabalho só é produtivo se for músculos. Exige-se, isto sim, que ele utilize uma máquina
trabalho produtor de mais-valia. Trabalho que não gera que ditará um novo ritmo de trabalho.
mais-valia é trabalho improdutivo. Tal fato é decorrente da mudança dos meios de pro-
A mais-valia é o trabalho não pago, o trabalho que dução gerada pelo desenvolvimento técnico que levou
excede ao equivalente ao valor da reprodução do tra- à mecanização do processo de trabalho e à necessida-
balhador e pago como salário. Expliquemos. Supo- de de um novo homem para operacionalizar o processo
nhamos um tempo de trabalho de oito horas/dia. Nes- produtivo, agora desenvolvido sobre novas bases. Não
tas oito horas o proletário deverá produzir mercadorias. será mais o homem que dominará a máquina, mas o con-
Numa parte da jornada do trabalho o proletário pro- trário.
duzirá uma quantidade de mercadorias que, se posta Neste momento, a vida do operário passa a ser de-
à venda, iguala o montante do seu salário. Digamos terminada pelos ciclos da indústria. Em fases de desen-
quatro horas. Nas quatro horas restantes produzi- volvimento da atividade há um aumento da mão de obra
rá uma quantidade que excede o montante do empregada; em fases de crise e estancamento, libe-
salário que acabou de reproduzir, da qual o capital ração de empregados. Isso cria a insegurança e a
apropria-se. É a mais-valia. Ao vender a totalidade das instabilidade na classe trabalhadora, pois os operários
mercadorias que o proletário produziu na jornada vêem-se constantemente atraídos e repelidos do proces-
de oito horas, o capitalista terá de volta as despesas so produtivo.
havidas com a produção e uma quantidade suplementar A introdução da máquina, que não tem por objeti-
de dinheiro, o seu lucro, que é a mais- valia transformada vo aliviar o trabalho do homem e sim baratear as eco-
no dinheiro adicional. Com esse dinheiro suplementar o nomias, acaba produzindo a intensificação do trabalho
capitalista compra força de trabalho e meios de produ- desqualifica-o e transforma o operário em uma parte da
ção suplementares, para obter a reprodução ampliada máquina. Com isso, o trabalho perde o seu conteúdo e
do capital em caráter permanente. passa a ser reprimido.
O salário é, assim, o pagamento parcial da jornada
de trabalho do operário e com o qual este se suprirá no Revolução social
mercado dos meios de subsistência de que necessita para
se reproduzir como homem vivo. O salário é o preço A Revolução Industrial concentrou os trabalha-
da reprodução de sua existência. Para que seu nível dores em fábricas. O aspecto mais importante, que
fique sempre nos limites da subsistência o capital cria nas trouxe radical transformação no caráter do trabalho, foi
cidades um “exército industrial de reserva”. Com isto, o esta separação: de um lado, capital e meios de produção
salário torna-se meramente o preço da reprodução da (instalações, máquinas, matéria-prima); de outro, o tra-
força de trabalho do operário, que se tornará eterno ven- balho. Os operários passaram a assalariados dos capita-
dedor dela. Para elevar o nível salarial o operário tem que listas (donos do capital).
se apropriar de parte de trabalho excedente, na forma de Em meio a tanta riqueza, vemos que essa nova situa-
mais salário. E é em torno da busca desse aumento que ção se contrastava com a situação miserável dos vários
irão se dar os primeiros choques entre capital e trabalho. operários que trabalhavam nos centros fabris. Essa situa-
ção contraditória, em pouco tempo passou a ser perce-
A alienação do trabalho bida por vários trabalhadores que trocavam o extensivo
uso de sua força de trabalho por salários que não su-
Marx afirma que a especialidade vitalícia de manejar priam suas necessidades materiais elementares.
uma ferramenta parcial converte-se, com esse pro- Em muitos casos, essa situação era explicada pelo
cesso, na especialidade vitalícia de servir a uma máquina fato das fábricas reduzirem sensivelmente a demanda
especial. O novo processo de produção e de trabalho por mão de obra, graças ao uso das máquinas. Nesse
vai se utilizar abusivamente da máquina para transfor- contexto, se organizava uma grande massa de desem-
mar o operário, desde sua infância, em parte de uma pregados que se sujeitava a um pagamento baixo
máquina parcial. O filme Tempos Modernos de Charles mediante a falta de empregos e a grande disponibi-
Chaplin é um exemplo de como o homem se torna lidade de trabalho. Aos poucos, alguns trabalhadores
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escravo e apêndice da máquina. responderam a essa deplorável realidade.


A máquina aparece como o elo de transformação, Uma das primeiras manifestações da Revolução foi
não do modo de produção em outro, mas do homem no o desenvolvimento urbano. Londres chegou ao milhão
processo de trabalho e da mudança do seu papel neste de habitantes em 1800. O progresso deslocou-se para o
norte; centros como Manchester abrigavam massas de

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trabalhadores, em condições miseráveis. Os artesãos, mas de organização do trabalho criadas no século XX,
acostumados a controlar o ritmo de seu trabalho, agora que coexistem na atualidade e têm o mesmo objetivo
tinham de submeter-se à disciplina da fábrica. Passaram comum, ou seja, aumentar a lucratividade para ampliar
a sofrer a concorrência de mulheres e crianças. Na in- os lucros.
dústria têxtil do algodão, as mulheres formavam mais de
metade da massa trabalhadora. Crianças começavam a Taylorismo/ Fordismo
trabalhar aos 6 anos de idade. Não havia garantia contra
acidente nem indenização ou pagamento de dias para- No início do século XX, o engenheiro Frederick Taylor,
dos neste caso. criou um método de organização do trabalho que fi-
A mecanização desqualificava o trabalho, o que ten- cou conhecido por taylorismo. Taylor observou que havia
dia a reduzir o salário. Havia frequentes paradas da pro- um grande esbanjamento de tempo durante o processo
dução, provocando desemprego. Nas novas condições, produtivo, o que para ele significava tempo perdido.
caíam os rendimentos, contribuindo para reduzir a média Assim, cronometrou cada fase do trabalho e eliminou os
de vida. Uns se entregavam ao alcoolismo. Outros se re- movimentos longos ou inúteis, ou seja, cada trabalha-
belavam contra as máquinas e as fábricas, destruídas em dor desenvolveria uma atividade específica no sistema
Lancaster (1769) e em Lancashire (1779). Proprietários e produtivo da indústria (especialização do trabalho). Com
governo organizaram uma defesa militar para proteger isso, a produção dobrou. A cronometragem estabeleceu,
as empresas. para cada operário, o tempo de execução de certo traba-
A situação difícil dos camponeses e artesãos, ainda lho, cabendo aos engenheiros – e não aos trabalhadores
por cima estimulados por ideias vindas da Revolução – definir esse tempo.
Francesa, levou as classes dominantes a criar a Lei Spee- No taylorismo, o trabalhador é monitorado segundo
nhamland, que garantia subsistência mínima ao homem o tempo de produção, cada indivíduo deve cumprir sua
incapaz de se sustentar por não ter trabalho. Um imposto tarefa no menor tempo possível, sendo premiados aque-
pago por toda a comunidade custeava tais despesas. les que se sobressaem, isso provoca a exploração do pro-
Havia mais organização entre os trabalhadores es- letário que tem que se “desdobrar” para cumprir o tempo
pecializados, como os penteadores de lã. Inicialmente, cronometrado. Segundo Taylor, os operários eram inca-
eles se cotizavam para pagar o enterro de associados; pazes de determinar não apenas o tempo mas também
a associação passou a ter caráter reivindicatório. Assim o tipo de ferramenta que deveriam usar na execução de
surgiram as trade unions, os sindicatos. Gradativamente, um trabalho. Taylor deixava claro em seus escritos que os
conquistaram a proibição do trabalho infantil, a limitação trabalhadores eram incompetentes por não terem instru-
do trabalho feminino, o direito de greve. ção adequada. Além disso, argumentava que eles muitas
Entre os anos de 1811 e 1812, surgiu na Inglaterra vezes se apresentavam indiferentes, não tendo vontade
o ludismo, um movimento social ocorrido na Inglaterra. para executar de modo satisfatório o que deveriam.
Contrários aos avanços tecnológicos ocorridos na Revo- Taylor enfatizava a importância do papel da gerência,
lução Industrial, os ludistas protestavam contra a substi- cuja função era a de controlar toda a produção; para tan-
tuição da mão de obra humana por máquinas. O nome to, era fundamental que o gerente tivesse pleno domínio
do movimento deriva de um dos seus líderes, Ned Ludd. de todo o processo produtivo. Desse modo, Taylor redu-
Com a participação de operários das fábricas, os ziu o trabalho humano a gestos repetitivos, sem permitir
“quebradores de máquinas”, como eram chamados os ao trabalhador desenvolver habilidades criativas. O em-
ludistas, fizeram protestos e revoltas radicais. Invadiram pregado era comparado a uma máquina, passível de ser
diversas fábricas e quebraram máquinas e outros equi- “programado”.
pamentos que consideram os responsáveis pelo desem- O ganho na produção trouxe, porém, sérios proble-
prego e as péssimas condições de trabalho no período. mas para os trabalhadores, que não eram respeitados,
O Ludismo enquanto prática de destruição de máqui- recebiam baixos salários e era explorado.
nas passou a ser cada vez mais hostilizado pelo patrona- Dando prosseguimento à teoria de Taylor, Henry
to que recorreram aos parlamentos, visando a criação de Ford, dono de uma indústria automobilística (pioneiro),
leis mais severas para punir os envolvidos em revoltas. desenvolveu seu procedimento industrial baseado na
O Reino Unido que já possuía em sua legislação uma lei linha de montagem para gerar uma grande produção
datada de 1721 que definia o exílio como pena máxima que deveria ser consumida em massa. Sabemos quanto
para a destruição de máquinas, em 1812 como resultado a motorização e a mecanização marcaram a sociedade
da oposição contínua a mecanização adotou o Frame- industrial do Séc. XX: simbólica e materialmente determi-
-Breaking Act definindo a pena de morte para casos de naram não só a produção e o consumo como o próprio
destruição de máquinas. conteúdo e a organização do trabalho.
O movimento ludista perdeu força com a organiza- Historicamente, a indústria automóvel desenvolveu-
ção dos primeiros sindicatos na Inglaterra, as chamadas -se de acordo com os princípios da produção em grande
trade unions. série, postos em prática por Henry Ford em 1913, na sua
fábrica de Detroit. O que Ford na realidade fez, primeiro
Formas de organização do trabalho que os seus competidores, foi juntar e integrar um con-
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junto de inovações (técnicas e organização).


Outro tipo de inovação tecnológica é a que altera o Na realidade, Ford é mais do que um grande capi-
processo de produção de trabalho, objetivando produzir tão de indústria: o Fordismo é um sistema de produção
mais em menos tempo. Este é o caso das diversas for- em massa e de consumo em massa, que teve (e ainda)

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tem grande impacto na maneira como trabalhamos, vive- Toyotismo
mos e pensamos. Até aos anos 60 a indústria automóvel
norte-americana e os seus métodos baseados no tay- O Sistema Toyota de Produção (Toyota Production
lorismo-fordismo reinaram sem contestação. A partir de System – TPS) tem sido, mais recentemente, referenciado
1970, dá-se início a um processo de reestruturação tanto como Sistema de Produção Enxuta. A produção enxuta
espacial como organizacional. Historicamente, foi gra- (do original em inglês, lean) é um sistema de produção
ças ao taylorismo-fordismo que o automóvel se tornou muito mais eficiente, flexível, ágil e inovador do que a
um produto de consumo de massas ou pelo menos ao produção em massa; um sistema habilitado a enfrentar
alcance da classe média, e inclusive dos operários que o melhor um mercado em constante mudança.
fabricavam, graças ao seu baixo preço, aos salários eleva- A Toyota entrou na indústria automobilística, espe-
dos e às próprias facilidades de crédito introduzidas pela cializando-se em caminhões para as forças armadas, mas
administração da Ford Motor Company. com o firme propósito de entrar na produção em larga
A intensificação do ritmo de trabalho, graças à espe- escala de carros de passeio e caminhões comerciais. No
cialização, parcelarização e individualização das tarefas entanto, o envolvimento do Japão na II Guerra Mundial
em linhas de montagem mecanizadas, permitiu um con- adiou as pretensões da Toyota.
siderável aumento da produtividade, e, por conseguinte Com o final da II Grande Guerra em 1945, a Toyota
o abaixamento dos custos de produção. retomou os seus planos de tornar-se uma grande mon-
Com uma produção anual de quase 250 mil unidades, tadora de veículos. No entanto, qualquer análise menos
Ford consegue baixar o preço do seu modelo T para os pretensiosa indicava que a distância que a separava dos
500 dólares. Comercialmente, o modelo T foi uma histó- grandes competidores americanos era simplesmente
ria de sucesso: venderam-se mais de 15 milhões de car- monstruosa. Costumava-se dizer, há esta época, que
ros deste tipo até 1927. a produtividade dos trabalhadores americanos era apro-
Henry Ford surpreendeu o mundo ao anunciar, em ximadamente dez vezes superior à produtividade da mão
1914, um salário mínimo de US$ 5 por dia, quando nos de obra japonesa. Esta constatação serviu para “acordar”
Estados Unidos a média salarial era de US$ 2,34 por uma e motivar os japoneses a alcançar a indústria americana,
jornada de nove horas. Fez mais: instituiu a jornada de o que de fato aconteceu anos mais tarde.
oito horas e a semana de 40 horas. Condições de traba- O fato da produtividade americana ser tão superior à
lho que virariam bandeiras de sindicatos da América do japonesa chamou a atenção para a única explicação ra-
Norte e da América do Sul. Para os empresários da épo- zoável: A diferença de produtividade só poderia ser ex-
ca, especialmente os da área de mineração e siderurgia, plicada pela existência de perdas no sistema de produção
que olhavam com preocupação o movimento que pas- japonês. A partir daí, o que se viu foi a estruturação de
sou à história como ‘Fordismo’, ele tinha uma resposta um processo sistemático de identificação e eliminação
pronta: “Se você corta os salários, simplesmente corta o das perdas.
número de seus consumidores.” O sucesso do sistema de produção em massa Fordista
Estavam lançadas, assim, as condições de trabalho inspirou diversas iniciativas em todo o mundo. A Toyota
pelas quais muitos sindicatos ao redor do mundo briga- Motor Company. tentou por vários anos, sem sucesso,
ram durante anos. A diferença é que Ford se antecipou reproduzir a organização e os resultados obtidos nas li-
às reivindicações que fariam parte da agenda dos traba- nhas de produção da Ford.
lhadores. Não seriam as únicas mudanças que ele faria A produção em massa precisava de ajustes e melho-
na conturbada relação entre capital e trabalho. O empre- rias de forma a ser aplicada em um mercado discreto e
sário também lançaria as bases sobre as quais floresceria de demanda variada de produtos, como era o caso do
a classe média americana ao abrir condições de crédito mercado japonês. Os trabalhadores eram sub-utilizados,
para que todos pudessem comprar seus carros. Primeiro, as tarefas eram repetitivas além de não agregar valor,
Ford financiou seus próprios empregados. Depois, esten- existia uma forte divisão (projeto e execução) do traba-
deu esse crédito aos consumidores. lho, a qualidade era negligenciada ao longo do processo
A cadeia clássica fordiana foi rapidamente imitada de fabricação e existiam grandes estoques intermediá-
e adotada por todos os concorrentes (nomeadamen- rios.
te na Europa: Citröen, Renault, Fiat, Morris, Opel, A Toyota começou a receber o reconhecimento mun-
Mercedes-Benz, etc.). A resistência operária (sobretudo dial a partir do crise do petróleo de 1973; ano em que o
da aristocracia operária) à introdução da “organização aumento vertiginoso do preço do barril de petróleo afe-
científica do trabalho” (como se dizia em França) foi-se tou profundamente toda a economia mundial. Em meio
esbatendo até à época da grande crise mundial do ca- a milhares de empresas que sucumbiam ou enfrentavam
pitalismo (1929). Mesmo depois da II Guerra Mundial, é pesados prejuízos, a Toyota Motor Company. emergia
preciso esperar pelos anos 60 para que o taylorismo-for- como uma das pouquíssima empresas a escaparem pra-
ticamente ilesas dos efeitos da crise. Este fenômeno des-
dismo comece a ser contestado, primeiro do ponto de
pertou a curiosidade de organizações no mundo inteiro:
vista técnico e depois social. Durante mais de meio
Qual o segredo da Toyota?!!!
século (1910-1965), a indústria norte-americana pro-
Na verdade, a essência do Sistema Toyota de Pro-
duzia anualmente mais de 50% dos veículos automóveis.
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dução é a perseguição e eliminação de toda e qualquer


A supremacia começa a ser posta em causa pelos cons-
perda. É o que na Toyota se conhece como princípio do
trutores europeus e japoneses.
não-custo. Este princípio baseia-se na crença de que a
tradicional equação Custo Lucro = Preço, deve ser subs-
tituída por Preço - Custo = Lucro Segundo a lógica tradi-

43
cional, o preço era imposto ao mercado como resultado dores alternativos foram excluídos. A melhor maneira
de um dado custo de fabricação somado a uma margem de prevenir esta situação é selecionar cuidadosamente
de lucro pretendida. Desta forma, era permitido ao for- os fornecedores e arranjar uma forma de proporcionar
necedor transferir ao cliente os custos adicionais decor- credibilidade dos mesmos de modo a assegurar a qua-
rentes da eventual ineficiência de seus processos de pro- lidade e confiabilidade do fornecimento. Um dos casos
dução. em que esta redução trouxe resultados negativos foi de-
Com o acirramento da concorrência e o surgimento pois do terremoto que devastou o Japão em março de
de um consumidor mais exigente, o preço passa a ser 2011, quando muitas indústrias (inclusive as montadoras
determinado pelo mercado. Sendo assim, a única forma da Toyota) ficaram sem fornecimento de matérias-pri-
de aumentar ou manter o lucro é através da redução dos mas por meses, afetando também a produção em outras
custos. plantas ao redor do mundo. Os grandes fornecedores da
Na Toyota, a redução dos custos através da elimina- montadora também compravam suas matérias- primas
ção das perdas passa por uma análise detalhada da ca- de poucos pequenos fornecedores, o que contribuiu
deia de valor, isto é, a sequência de processos pela qual para que toda a cadeia de suprimentos ficasse concen-
passa o material, desde o estágio de matéria-prima até trada na dependência de poucas fábricas, agravando ain-
ser transformado em produto acabado. da mais o problema neste episódio do Japão.
A urgência na redução dos custos de produção fez
com que todos os esforços fossem concentrados na Tipos de indústrias
identificação e eliminação das perdas. Esta passou a ser
a base sobre a qual está estruturado todo o sistema de A preponderância de um fator ou de outro na alo-
gerenciamento da Toyota Motor Company cação industrial vai depender do tipo de indústria a ser
O objetivo da Toyota é atender da melhor ma- analisada. As indústrias de bens de produção - também
neira as necessidades do cliente, fornecendo produtos chamadas indústrias de base, pesadas ou intermediárias
e serviços da mais alta qualidade, ao mais baixo custo -, por transformarem grandes quantidades de matérias-
e no menor time possível. Tudo isso enquanto assegura -primas ou de energia (como é o caso das siderúrgicas,
um ambiente de trabalho onde segurança e moral dos das metalúrgicas, das petroquímicas e das indústrias de
trabalhadores constitua-se em preocupação fundamen- cimento), tendem a se localizar perto de fontes fornece-
tal da gerência. doras ou de portos e ferrovias, o que facilita a recepção
de matérias-primas e o escoamento da produção.
O Just in time As indústrias de bens de capital (como as de máqui-
nas e equipamentos) têm um papel fundamental: equi-
Outra inovação japonesa tem sido implantada em par outras indústrias, leves ou pesadas, sem o que seria
todo o mundo; o Just in time – “tempo justo”, que de- impossível a produção de bens para um amplo mercado
termina que nada deve ser produzido, transportado ou consumidor. Essas indústrias tendem a se localizar perto
comprado antes da hora exata. Pode ser aplicado em de empresas consumidoras de seus produtos, ou seja,
qualquer organização, para reduzir estoques e os em grandes regiões industriais.
custos decorrentes. As atividades diárias da fábrica são Chegamos, por fim, àquelas indústrias mais espalha-
programadas em função das demandas: quanto produ- das espacialmente, no plano nacional e internacional,
zir? Qual é a cor preferida? Quem vai querer os acessó- que se instalam preferencialmente nos lugares onde há
rios? As respostas, definidas pela rede de distribuição e maior disponibilidade de mão de obra e maior facilida-
vendas, desencadeiam a produção. Assim, o capital não de de acesso ao mercado consumidor. Graças à melhoria
fica empatado nos depósitos da indústria, aguardando dos sistemas de transporte, elas encontram-se localiza-
as vendas, e pode se reproduzir no sistema financeiro das em grandes, médios e pequenos centros urbanos
voltado à produção quando preciso. ou mesmo na zona rural de diversos países. Trata-se
Com este sistema, o produto ou matéria prima chega das indústrias de bens de consumo ou leves, os quais
ao local de utilização somente no momento exato em podem ser não-duráveis (alimentos, bebidas, remédios
que for necessário. Os produtos somente são fabricados etc.), semiduráveis (vestuário, calçados etc.) ou durá-
ou entregues a tempo de serem vendidos ou montados. veis (móveis, eletrodomésticos, automóveis, aparelhos
O conceito de just in time está relacionado ao de eletrônicos etc.). A produção, portanto, destina-se a um
produção por demanda, onde primeiramente vende-se mercado consumidor mais amplo: ao abastecimento da
o produto para depois comprar a matéria prima e poste- população em geral.
riormente fabricá-lo ou montá-lo.
Nas fábricas onde está implantado o just in time o As consequências da Revolução Industrial
estoque de matérias primas é mínimo e suficiente para
poucas horas de produção. Para que isto seja possível, os A partir da Revolução Industrial o volume de produ-
fornecedores devem ser treinados, capacitados e conec- ção aumentou extraordinariamente: a produção de bens
tados para que possam fazer entregas de pequenos lotes deixou de ser artesanal e passou a ser maquinofaturada;
na frequência desejada. as populações passaram a ter acesso a bens industrializa-
A redução do número de fornecedores para o míni-
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dos e deslocaram-se para os centros urbanos em busca


mo possível é um dos fatores que mais contribui para de trabalho. As fábricas passaram a concentrar centenas
alcançar os potenciais benefícios da política just in time. de trabalhadores, que vendiam a sua força de trabalho
Esta redução, gera, porém, vulnerabilidade em even- em troca de um salário.
tuais problemas de fornecimento, já que fornece-

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Outra das consequências da Revolução Industrial foi o Fatores da Industrialização no Brasil
rápido crescimento econômico. Antes dela, o progresso
econômico era sempre lento (levavam séculos para que Vários fatores contribuíram para o processo de indus-
a renda per capita aumentasse sensivelmente), e após, trialização no Brasil:
a renda per capita e a população começaram a crescer • a exportação de café gerou lucros que permitiram o
de forma acelerada nunca antes vista na história. Por investimento na indústria;
exemplo, entre 1500 e 1780 a população da Inglaterra • os imigrantes estrangeiros traziam consigo as técni-
aumentou de 3,5 milhões para 8,5, já entre 1780 e 1880 cas de fabricação de diversos produtos;
ela saltou para 36 milhões, devido à drástica redução da • a formação de uma classe média urbana consumi-
mortalidade infantil. dora, estimulou a criação de indústrias;
A Revolução Industrial alterou completamente a ma- • a dificuldade de importação de produtos industria-
neira de viver das populações dos países que se indus- lizados durante a Primeira Guerra Mundial (1914-
trializaram. As cidades atraíram os camponeses e arte- 1918) estimulou a indústria.
sãos, e se tornaram cada vez maiores e mais importantes.
Na Inglaterra, por volta de 1850, pela primeira vez em A passagem de uma sociedade operária para uma ur-
um grande país, havia mais pessoas vivendo em cidades bano industrial, mudou a paisagem de algumas cidades
do que no campo. Nas cidades, as pessoas mais pobres brasileiras, principalmente de São Paulo e Rio de Janeiro.
se aglomeravam em subúrbios de casas velhas e descon-
fortáveis, se comparadas com as habitações dos países A Indústria e Getúlio Vargas
industrializados hoje em dia. Mas representavam uma
grande melhoria se comparadas às condições de vida O primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-1945) foi
dos camponeses, que viviam em choupanas de palha. decisivo para a industrialização brasileira.
Convivia com a falta de água encanada, com os ratos, o Ele conseguiu tecnologia e financiamento dos Esta-
esgoto formando riachos nas ruas esburacadas. dos Unidos para a construção da Companhia Siderúrgica
O trabalho do operário era muito diferente do traba- Nacional (CSN), em Volta Redonda, Rio de Janeiro, que só
lho do camponês: tarefas monótonas e repetitivas. A vida começou a produzir em 1947.
na cidade moderna significava mudanças incessantes. A Outras usinas foram implantadas posteriormente,
cada instante, surgiam novas máquinas, novos produtos, abrindo novos caminhos para a industrialização.
novos gostos, novas modas.
De 1930 a 1955 se desenvolveu setores da indústrias
de bens de consumo não duráveis (calçados, roupas, ali-
Industrialização brasileira
mentos etc.) e duráveis (móveis, automóveis, etc.).
Entre os anos de 1956 a 1980 ocorreu a implantação
A industrialização no Brasil foi historicamente tardia
de setores mais diversificados de bens intermediários
ou retardatária. Enquanto na Europa se desenvolvia a Pri-
(autopeças para montadoras).
meira Revolução Industrial, o Brasil vivia sob o regime de
economia colonial.
A metrópole portuguesa proibia o desenvolvimento Polos Tecnológicos do Brasil
da manufatura e da indústria, especialmente por dois
motivos: No Brasil, um dos principais polos tecnológicos co-
• os produtos iriam concorrer com o comércio do rei- meçou a se formar no início da década de 50, no municí-
no; pio de São José dos Campos, onde foi instalado o Institu-
• a colônia poderia se tornar independente, o que não to Tecnológico da Aeronáutica (ITA).
interessava à metrópole. Na década seguinte, instalou-se o Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (Inpe), responsável pela constru-
Em 1808, com a vinda da família real para o Brasil, o ção de satélites espaciais.
regente D. João tomou algumas medidas que favorece- O Porto Digital, criado em 2002, com investimentos
ram o desenvolvimento industrial, entre elas: do Governo do Estado de Pernambuco, de empresas
• a extinção da lei que proibia a instalação de indús- privadas do setor de TI e de universidades locais, abri-
trias de tecidos na colônia; ga centenas de empresas do ramo de tecnológico. Todas
• liberação da importação de matéria prima para são voltadas para o desenvolvimento de software para
abastecer as fábricas, sem a cobrança da taxa de gestão empresarial, soluções para o mercado financeiro,
importação. para a área de saúde, etc.
No local estão instaladas a Microsoft, IBM, Sansung,
Essas medidas não surtiram o efeito esperado, pois o Motorola entre outras. Foi reconhecido pela A. T. Kearney
mercado interno ainda era pequeno. como o maior polo tecnológico do Brasil.
Estados e governos estavam ligados a pessoas que Nas universidades brasileiras formaram-se também
desenvolviam atividades agropecuárias exportadoras e a centros de pesquisa ou polos tecnológicos em vários ra-
preocupação era expandir a produção de café, de onde mos do conhecimento.
provinha a riqueza e o poder. Além desse, vários outros foram sendo criados, como a
GEOGRAFIA

Dessa forma o Brasil chegou ao fim do século XIX Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o
sem completar sua primeira Revolução Industrial, que só Instituto Adolfo Lutz, A Fundação Oswaldo Cruz etc.
ocorreu em 1930, cem anos depois da que ocorreu na Percebe-se no Brasil uma concentração da atividade
Inglaterra. industrial na Região Sudeste. Após a Segunda Guerra
Mundial, o crescimento industrial de São Paulo ocorreu

45
no chamado ABCD paulista (Santo André, São Bernardo Duarte procurou comprovar que a abolição do tráfico de
do Campo, São Caetano do Sul e Diadema), tendo como negros não provocou a queda da produção agrícola bra-
base a indústria automobilística estrangeira, durante o sileira, já que a absorção da mão-de-obra agrícola
governo de Juscelino Kubitschek. pela grande exploração ocorria em detrimento das
Durante as décadas de 1960, 1970 e 1980, a existência culturas de subsistência.
de programas de industrialização expandiu a industriali- Até a década de 1930, a literatura de interesse geo-
zação para as regiões Norte, Nordeste, Sul e Centro-Oes- gráfico pode ser enquadrada em quatro fases. A primei-
te. ra, até a metade do século XVIII, é representada por tra-
balhos de cunho não-científico efetuados por cronistas,
Espaço agrário aventureiros e comerciantes que, em crônicas e relató-
rios, se preocupavam com a descrição dos homens e da
O estudo da relação homem-natureza acompanha terra.
o desenvolvimento da Geografia desde a sua origem. A
A segunda fase, que compreende a primeira metade
análise das regularidades na localização do homem e de
do século XIX, foi marcada pela vinda de viajantes estran-
suas atividades procurou desvendar sempre a lógica des-
geiros, os quais objetivavam conhecer diferentes áreas
sa distribuição sobre a superfície terrestre.
do país, observando e colhendo informações e material
Se essa distribuição tem implícita uma variação no
espaço, objeto de estudo da Geografia, ela apresenta para estudos.
também uma lógica temporal, ou seja, a relação homem- Compreendendo o período Imperial e a Primeira Re-
-natureza varia também no tempo. pública, na terceira fase diferentes cientistas visitaram ou
Neste sentido, a Geografia se preocupa não somente viveram no Brasil, “realizando trabalhos de campo, levan-
com o espaço, entendido como o local de atuação da tamentos em áreas em que o governo pretendia investir
sociedade, mas também com a conotação temporal, que nos mais diversos misteres. Eram, porém, estudos espar-
imprime uma configuração diferenciada, no decorrer do sos, específicos sobre determinadas áreas ou sobre de-
tempo, a cada evento geográfico, seja ele um rio, uma terminados problemas e não faziam convergir para uma
fábrica, uma propriedade agrícola, uma cidade. Entender reflexão científica mais ampla, mais pura.
e caracterizar os eventos geográficos também variou no Já em fins do século XIX e início do XX, na quarta
tempo e as mudanças nas formas de interpretar o es- fase, alguns trabalhos de cunho literário demonstraram
paço e as distribuições espaciais determinaram conjun- a preocupação em estudar o processo de conquista e
tos de procedimentos e de temáticas distintos. ocupação do território brasileiro. São autores como Ca-
Nessa perspectiva, o interesse geográfico pelo estudo pistrano de Abreu, Euclides da Cunha e Joaquim Nabu-
do meio rural desenvolveu-se de forma bastante parti- co, que escreveram demonstrando compromisso com a
cular e alcançou um papel de destaque no contexto da Geografia como ciência (Andrade, 1994).
ciência geográfica, sendo contemporâneo ao desenvol- A Geografia Agrária brasileira se desenvolveu se-
vimento da Geografia Científica do século XIX e início do guindo uma trajetória de influências oferecidas pela
XX. própria realidade e pelas mudanças paradigmáticas que
Considerando-se que a agricultura é a atividade eco- determinaram os temas de estudo e as formas de estu-
nômica mais antiga da sociedade e que, quando de sua dá-los. Alguns geógrafos, além de preocupar-se com o
sistematização, a Geografia surge em meio a uma socie- estudo da realidade propriamente dita, efetuaram a dis-
dade agrária, na qual o econômico era o rural e o tipo de cussão e a sistematização teórica desse campo de conhe-
organização espacial mais visível e dominante era a rural, cimento, dentro da Geografia.
a ênfase nos estudos rurais foi, de certa forma, natural. É possível percebermos que definir Geografia Agrária
não foi tarefa fácil para aqueles que a isto se propuseram.
Pensar o agro do ponto de vista geográfico Uma das dificuldades principais esteve no fato de a Geo-
grafia Agrária ter como objeto uma atividade estudada
A Geografia Agrária apresenta uma história muito também por outras ciências.
particular no tocante ao desenvolvimento da Geografia: O estudo geográfico da agricultura foi realizado ao
conhecer a superfície da terra e detectar as formas de longo do tempo por diferentes enfoques que produziram
exploração (cultivos, técnicas) aparece como a primeira uma diversidade de definições, as quais refletiam o modo
forma de analisar a agricultura. de pensar do momento. Assim, em princípio, a Geografia
Definida como atividade econômica praticada pelo Agrária era desenvolvida como “parte” da Geografia Eco-
homem e que visa à produção de alimentos e matéria- nômica, e os estudos econômicos em Geografia tinham,
-prima, assim como o extrativismo vegetal e a pesca, a na agricultura, seu foco principal.
agricultura é tema bastante antigo da Geografia. Sem Apesar disso, a denominação Geografia Agrária não
constituir propriamente uma escola, o estudo da agricul- era adequada, considerando-se que o conteúdo destes
tura dá- se em um contexto no qual ela é considerada estudos voltava-se, prioritariamente, para a análise da
um elemento da paisagem e, portanto, de interesse de
produção agrícola, da distribuição dos cultivos e pouca
cronistas e viajantes mais que (propriamente) de geógra-
importância era dedicada às questões sociais.
GEOGRAFIA

fos.
Entre as décadas de 1930 e 1940 a prioridade era
Merece destaque os trabalhos de Sebastião Ferreira
dada aos estudos econômicos que tinham na agricultu-
Duarte, que foi o primeiro a se preocupar em entender a
ra o interesse principal. A hegemonia da agricultura fez
lógica do comportamento da agricultura brasileira. Nele,
com que não houvesse necessidade de definir um campo

46
de estudo específico. O papel prioritário desempenhado terra em função dos condicionantes naturais, dos siste-
pela atividade agrícola, no período, colocou-a como te- mas econômicos (sistemas de cultivos) e da população
mática principal dos trabalhos. (hábitat, modo de vida). Esta é a Geografia Agrária da
A partir da década de 1950, o desenvolvimento década de 1950: imprecisa quanto à sua definição, repre-
do sistema urbano-industrial e a concretização da di- sentativa como campo de interesse e numerosa quanto à
visão social do trabalho colocaram a cidade e a indústria produção científica.
Para a década de 1970, grandes mudanças revelam
como precursores de uma nova realidade econômica.
um objeto de estudos modificado. O processo de moder-
A complexidade das relações que se estabeleceram le- nização da agricultura levou ao campo novas formas de
vou à necessidade de definição de novos campos, e a produzir, relações de trabalho mais apropriadas à lógica
agricultura, de hegemônica, passou a ser coadjuvante do sistema capitalista, numa situação na qual a indústria
num sistema econômico constituído por muitos elemen- passa a ser produtora de insumos para a agricultura e
tos ou partes. A agricultura é uma delas. Então, conse- consumidora de bens agrícolas.
quentemente, surgiram novos ramos do conhecimento, Um cenário de transformações também é sentido
sendo necessária a definição exata do campo de estudos no ambiente acadêmico pelas mudanças metodológicas
de cada um. A Geografia Econômica preocupa-se com que ocorrem no meio científico da Europa e da Améri-
a análise estatística e quantitativa da atividade agrícola, ca anglo-saxônica. No Brasil, os estudiosos começam a
estudando o volume de produção, o emprego dos pro- discutir o assunto e algumas tendências são projetadas.
dutos e a circulação. Os trabalhos ligados especificamente à definição e à ex-
Seguindo a mesma tendência em definir papel espe- plicação da Geografia Agrária demonstram preocupação
cífico para a Geografia Agrária e a Geografia Econômica com a definição de uma nova ordem teórico-metodoló-
define-se poeticamente o objeto da Geografia Agrícola: gica que responda ao conteúdo e à natureza da atividade
o “milagre anual da colheita sempre renovada, que é, no agrícola, praticada sob nova lógica, em consonância com
fundo, o próprio milagre da vida, repetido ao infinito em as diretrizes do novo paradigma geográfico. Embora as
todos os campos do mundo, entre os homens negros, paisagens do campo e das cidades sejam diferentes, am-
debaixo do sol dos Trópicos e até além do círculo polar bas acabam por formar uma só realidade, comandada
em certos pontos”. é claro pelo meio urbano, que é o centro do controle
A prioridade, como observamos, é dada à descrição e econômico, social e político.
à distribuição dos diferentes fatos agrícolas que ocorrem Talvez seja esta pista que nos leve a justificar uma
no mundo. “Compete à Geografia econômica calcular mudança de abordagem do espaço agrário. Entretanto,
o que é evidente é a perda de hegemonia da ativida-
as colheitas das diversas partes do mundo, proceder às
de agrícola, fundamental em outros períodos. Por outro
classificações de produtores e consumidores, definir as
lado, as diferenciações espaciais, as diversas formas de
correntes de transporte dos produtos agrícolas”.
organização do espaço agrário persistiram e deveriam
Assim, encontramos uma diferenciação importante
ser a prioridade dos estudos sobre a atividade agrícola.
nas colocações de Pierre George, definindo, para o es-
A representação, a seguir, que designamos por Sínte-
tudo dos aspectos agrícolas, três campos diferentes. A
se da Geografia Agrária Brasileira, resume o que conside-
Geografia Agrícola, preocupada com a descrição e a dis-
ramos fundamental para concluir a discussão da questão
tribuição dos eventos agrícolas; a Geografia Econômica,
da periodização na Geografia Agrária. Temos aqui então
com a produção e o transporte dos cultivos; e a Geogra-
resumida a história da Geografia Agrária Nacional.
fia Social, com o tratamento dos agrupamentos humanos
e das civilizações envolvidas com o trabalho da terra.
Outro autor que trata da Geografia Agrária na década A questão agrária brasileira
de 1950 é Erich Otremba (1955). Segundo este estudioso,
a economia agrária e a economia industrial estão inter- O debate sobre o que se convencionou chamar “A
ligadas, mas devem ser consideradas de forma distinta. Questão Agrária no Brasil” vem se intensificando nos úl-
A economia agrária está submetida à ação dos fatores timos anos.
naturais e sua variedade é resultado da dependência Não é, entretanto, a primeira vez que esse tema é discu-
das características geográficas, contrariamente à eco- tido entre nós. Na verdade, essa polêmica já polarizou gran-
nomia industrial. Assim, Otremb fala da existência de um de parte dos debates também em outras épocas da vida
método agrogeográfico e de outro industrial-geográfico. nacional. Na década de trinta, por exemplo, essa discussão
As colocações de Otremba revelam dois aspectos im- girava em torno da crise do café e da grande depressão ini-
portantes: primeiro, a função determinista, que o autor ciada com a quebra da Bolsa de Nova Iorque em 1929.
estabelece para o meio físico com relação à agricultura. Já no final dos anos cinquenta e início dos anos ses-
Em seguida, a análise comparativa que traça entre a Geo- senta, a discussão sobre a questão agrária fazia parte da
grafia Agrária e a Industrial, buscando definir o papel de polêmica sobre os rumos que deveria seguir a industria-
cada uma. lização brasileira.
Fica evidente no trabalho deste autor a diferenciação Argumentava-se então que a agricultura brasileira
de ramos que deveria compor os estudos geográficos. - devido ao seu atraso - seria um empecilho ao desen-
Como dissemos anteriormente, nos anos 50, a referência volvimento econômico, entendido como sinônimo da in-
à indústria e à cidade passa a fazer parte dos estudos de dustrialização do país.
Geografia, e Otembra destaca tal fato quando diferencia
GEOGRAFIA

Esse diagnóstico vinha reforçado pela crise da eco-


economia industrial e economia agrária. nomia brasileira, particularmente no período 1961/67.
Podemos dizer que o geógrafo (agrário) estava preo- Depois de 1967, até 1973, o país entrou numa fase de
cupado em estudar a atividade agrícola evidenciada na
crescimento acelerado da economia.
paisagem e distribuída distintamente pela superfície da

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Nesse período, que ficou conhecido como o do Se a produção agrícola não crescesse no ritmo, ne-
“milagre brasileiro”, pouco se falou da questão agrária. cessário, configurar-se-ia então uma crise agrícola: fal-
Em parte porque a repressão política não deixava falar tariam alimentos e/ou matérias-primas, o que inviabi-
de quase nada. Mas em parte também porque muitos lizaria a continuidade do processo de industrialização.
achavam que a questão agrária tinha sido resolvida com Por outro lado, se a agricultura liberasse muita ou pouca
o aumento da produção agrícola ocorrido no período do mão-de-obra em função das quantidades exigidas para
milagre. Embora todos reconhecessem que esse aumen- a expansão industrial, configurar-se-ia uma crise agrária
to vinha beneficiando os então chamados “produtos de traduzida por uma urbanização exagerada ou deficiente.
exportação” (como o café, a soja, etc.), em detrimento Essa separação entre questão agrária e questão agrí-
dos chamados “produtos alimentícios” (como o feijão, cola é apenas um recurso analítico.
arroz, etc.), contra- argumentavam alguns que isso era Evidente que na realidade objetiva dos fatos não se
um desajuste passageiro que logo se normalizaria. Ou- pode separar as coisas em compartimentos estanques,
tros diziam ainda que não haveria problema se pudésse- ou seja, a questão agrária está presente nas crises agrí-
mos continuar exportando soja - que era mais lucrativa colas, da mesma maneira que a questão agrícola tem suas
- e, com os recursos obtidos, comprar o feijão de que raízes na crise agrária. Portanto, é possível verificar que a
crise agrícola e a crise agrária, além de internamente rela-
necessitávamos.
cionadas, muitas vezes ocorrem simultaneamente. Mas o
Mas o “milagre” acabou. Passada a euforia inicial,
importante é que isso não é sempre necessário. Pelo con-
muitos começaram a se dar conta de que os frutos do
trário muitas vezes a maneira pela qual se resolve a ques-
crescimento acelerado do período 1967/73 tinham bene- tão agrícola pode servir para agravar a questão agrária.
ficiado apenas uma minoria privilegiada. E, entre os que Em poucas palavras, a questão agrícola diz respeito
tinham sido penalizados, estavam os trabalhadores em aos aspectos ligados às mudanças da produção em si
geral, e, de modo particular, os trabalhadores rurais. mesma: o que se produz, onde se produz e quanto se
De 1974 em diante a economia brasileira deixa de produz. Já a questão agrária esta ligada às transforma-
apresentar os elevados índices de crescimento do perío- ções nas relações sociais e trabalhistas produção: como
do anterior, e no triênio 1975/77 começa a se delinear se produz, de que forma se produz.
claramente outra situação de crise. No equacionamento da questão agrícola as variáveis
É muito interessante observar que em 1978 muitas importantes são as quantidades e os preços dos bens
coisas voltam a ser discutidas, com o início de uma relati- produzidos. Os principais indicadores da questão agrária
va abertura política no país. E, entre elas, retoma-se com são outros: a maneira como se organiza o trabalho e a
pleno vigor o debate sobre a questão agrária, novamente produção; Qualidade de renda e emprego dos trabalha-
dentro do contexto mais geral das crises do sistema eco- dores rurais, a progressividade das pessoas ocupadas no
nômico capitalista. campo, etc.
A escolha da agricultura como “meta prioritária” do A força com que a questão agrária brasileira ressur-
governo reaviva as discussões que se travam em torno ge hoje não advém apenas da maior liberdade com que
do conteúdo político e social das transformações que se podemos discuti-la. Mas também do fato de que ela vem
operaram no campo brasileiro nas duas últimas décadas. sendo agravada pelo modo como têm se expandido as
Nem mesmo a tão anunciada “super-safra” - que não relações capitalistas de produção no campo. Em outras
chegou a ser tão “super” assim - consegue esconder o palavras, a maneira como o país tem conseguido au-
“ressurgimento da questão agrária”, como parte dos te- mentar a sua produção agropecuária tem causado im-
mas mais polêmicos do momento. pactos negativos sobre o nível de renda e de emprego da
Evidentemente não é bem um “ressurgimento da sua população rural.
questão agrária”, pois ela não foi resolvida anteriormen- E a crise agrária brasileira já estava desde o início dos
te. De um lado, ela havia sido esquecida ou deixara de ser anos sessenta ligada a uma liberação excessiva de popu-
um tema da moda da grande imprensa. Do outro lado - lação rural. Eram milhares de pequenos camponeses que,
da parte daqueles que não a podiam esquecer, porque a expulsos do campo, não conseguiam encontrar trabalho
questão agrária faz parte da sua vida diária, os trabalha- produtivo nas cidades e daí os crescentes índices de mi-
dores rurais - ela fora silenciada. Para isso foi necessário grações, de subemprego, para não falar na mendicância,
fechar sindicatos, prender e matar líderes camponeses, prostituição e criminalidade das metrópoles brasileiras.
além de outra série de violências que todos conhecem O fato é que a expansão da grande empresa capita-
ou pelo menos imaginam. lista na agropecuária brasileira nas décadas de sessenta
Esse próprio “ressurgimento” serve para ilustrar e setenta foi ainda muito mais acelerado que em perío-
um ponto fundamental para poder confundir a ques- dos anteriores. E essa expansão destruiu outros milhares
tão agrária e a questão agrícola o grande economista de pequenas unidades de produção, onde o trabalhador
brasileiro Ignácio Rangel já havia alertado sobre isso rural obtinha não apenas parte da sua própria alimenta-
desde 1962. Dizia ele que o setor agrícola à medida que ção, como também alguns produtos que vendia nas cida-
avançasse a industrialização do país, teria que: des. É essa mesma expansão que transformou o colono
a) aumentar a produção, para fornecer às indústrias em bóia-fria, que agravou os conflitos entre grileiros
nascentes matérias-primas, e às pessoas das cida- e posseiros, fazendeiros e índios, e que concentrou
GEOGRAFIA

des os alimentos; ainda mais a propriedade da terra.


b) liberar a mão-de-obra necessária para o processo Falamos a pouco das transformações que a expan-
de industrialização; são do capitalismo no campo provoca sobre a produção
agropecuária. Mas qual é o sentido dessas transforma-
ções?

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Com o desenvolvimento da produção capitalista na índices fazem do Brasil um dos campeões mundiais de
agricultura (ou seja, nas transformações que o capital concentração de terras – um problema que persiste des-
provoca na atividade agropecuária), tende a haver um de os tempos de colônia e só pode ser resolvido com
maior uso de adubos, de inseticidas, de máquinas, de uma reforma agrária.
maior utilização de trabalho assalariado, o cultivo mais A concentração fundiária no Brasil remota à criação
intensivo da terra, etc. Em resumo, a produção se torna das capitanias hereditárias, no início da colonização por-
mais intensiva sob o controle do capital. tuguesa, no século XVI. Àquela época, a monocultura da
Quer dizer, o sentido das transformações capitalistas cana para exportação era um bom negócio para a Coroa
é elevar a produtividade do trabalho. Portuguesa e ocupava boa parte das terras desbravadas.
Isso significa fazer cada pessoa ocupada no setor A produção de alimentos – inclusive para a subsistência
agrícola produzir mais, o que só se consegue aumentan- dos próprios moradores das fazendas – ficava relegada
do a jornada e o ritmo de trabalho das pessoas, e in- a segundo plano. As pequenas áreas em que se permitia
tensificando a produção agropecuária. E para conseguir plantar eram constantemente deslocadas para dar lugar
isso o sistema capitalista lança mão dos produtos da sua
a novas áreas de cultivo de cana. A precariedade dessa
indústria: adubos, máquinas, defensivos, etc. Ou seja, o
agricultura familiar causava problemas crônicos de abas-
desenvolvimento das relações de produção capitalistas
tecimento.
no campo se faz “industrializando” a própria agricultura.
O ciclo do ouro trouxe certo fôlego para a produção
Essa industrialização da agricultura é exatamente
de alimentos. Mas não o suficiente para regularizar a
o que se chama comumente de penetração ou “de-
posse da terra e dinamizar o setor agrícola não expor-
senvolvimento do capitalismo no campo”. O importante
tador. Tanto que, no fim do século XVIII, a ocupação do
de se entender é que é dessa maneira que as barreiras
território colonial se mesclava ainda à política de doação
impostas pela Natureza à produção agropecuária vão
sendo gradativamente superadas. Como se o sistema ca- por meio de sesmarias. Daí surgiram os latifúndios escra-
pitalista passasse a fabricar a natureza que fosse adequa- vistas. Não havia legislação que possibilitasse dizer quem
da à produção de maiores lucros. era ou não proprietário.
Assim, se uma determinada região é seca, tome lá A confusão perdurou após a independência, mas a
uma irrigação para resolver a falta de água; se é um bre- partir de 1850, os barões do café – cultivo que substituía
jo, lá vai uma draga resolver o problema do excesso de o açúcar como motor da economia agrária – uniram-se
água; se a terra não é fértil, aduba-se e assim por dian- com dois objetivos: legalizar a posse de terras e garantir
te. A tecnologia adotada é apropriada aos interesses do a continuidade do fornecimento de mão-de-obra para
grande capitalista contra aos dos pequenos produtores. nelas trabalhar. Com a perspectiva da iminente abolição
Mas isso não é próprio do sistema capitalista. É im- da escravatura, os cafeicultores só poderiam contar com
portante voltar a lembrar que o objetivo das transforma- os escravos libertos e os imigrantes para trabalhar como
ções capitalistas na agricultura (como em toda a econo- colonos. Para isso, era necessário que essa parcela da
mia é o de aumentar a produtividade do trabalho. Isto é, população não tivesse a possibilidade de adquirir as pró-
fazer com que cada pessoa possa produzir mais, durante prias terras nem dominá-las.
o tempo em que está trabalhando. No sistema capitalis- No início do século XIX, a extinção do regime de ses-
ta, quando o trabalhador produz mais, quem ganha é o marias, aliada à ausência de outra legislação regulando a
patrão. É ele que aumenta seus lucros. Por isso, o siste- posse das terras devolutas, provoca uma rápida expan-
ma capitalista acumula riqueza de um lado e miséria de são dos sítios de pequenos produtores.
outro. Em meados desse mesmo século. Começou a declinar
o regime escravocrata. Sob pressão da Inglaterra - agora
Mas a elevação da produtividade do trabalho é fun-
interessada num mercado comprador para seus produ-
damental em qualquer sociedade. Numa sistema econô-
tos manufaturados, e não apenas interessada em vender
mico socialista, onde o trabalhador é o dono dos frutos
escravos - o Brasil proíbe o tráfico negreiro em 1850.
do seu próprio trabalho. Aí, quando uma pessoa produzir
Foi assim que o Império promulgou a Lei de Terras,
mais por dia de serviço, ela ganhará mais e poderá inclu-
que estabelecia a compra e a venda como única forma
sive trabalhar menos dias por ano, se isso for conveniente
de aquisição de qualquer gleba disponível. As pessoas
para todos. É claro que, num sistema desse tipo, muitas
que já possuíam propriedade recebiam o título de posse
tecnologias adotadas no capitalismo terão que ser aban- mediante prova de que residiam e produziam na terra.
donadas. Afinal, o objetivo não será mais aumentar os As áreas não ocupadas eram consideradas do Estado e
lucros dos grandes capitais, mas promover o bem-estar só poderiam ser adquiridas por meio de compra nos lei-
dos trabalhadores. lões mediante o pagamento à vista – o que, é claro, não
Ocupação da terra no Brasil e a formação dos com- estava ao alcance dos imigrantes e dos escravos libertos.
plexos agroindustriais no Brasil Além de garantir as propriedades dos barões do café
Do total de 850 milhões de hectares (8,5 milhões de das regiões Sul e Sudeste e dos latifundiários do Nordes-
quilômetros quadrados) do território brasileiro, 418,5 mi- te, a Lei de Terras abriu brechas para todo tipo de fraude.
lhões são ocupados por 4,3 milhões de fazendas e sítios. Uma consistia em reivindicar uma gleba com base em
A maioria desses imóveis – 3,9 milhões – é de pequenas documentos falsificados. Pra dar aparência antiga à pa-
GEOGRAFIA

propriedades, que ocupam apenas 27% da área produti- pelada, as escrituras eram trancadas numa gaveta cheia
va do país. Por outro lado, cerca de 112,5 mil proprieda- de grilos. Corroídos e amarelados por substâncias libera-
des rurais (2,6%) são latifúndios – ocupam 214,8 milhões das pelos insetos, os documentos pareciam autênticos.
de hectares, ou seja, mais da metade das terras. Esses Daí vem o termo grilagem.

49
O período que vai da proibição do tráfico e da lei de esses “novos” meios de produção. Para garantir a
Terras até a abolição (1850/1888) marca a decadência do ampliação desse mercado, o Estado implementou um
sistema latifundiário-escravista. conjunto de políticas agrícolas destinadas a incentivar a
Após 1888, começa a se consolidar no país um seg- aquisição dos produtos desses novos ramos da indústria,
mento formado por pequenas fábricas de chapéus, de acelerando o processo de incorporação de modernas
louças, de fiação e tecelagem, etc. Essas indústrias ser- tecnologias pelos produtores rurais. A industrialização
vem para fortalecer e consolidar vários centros urbanos da agricultura brasileira entrava assim numa outra etapa.
que antes eram puramente administrativos - cidades sem Mas o desenvolvimento das relações capitalistas
vida própria (quer dizer, sem gerar produtos), como se na agricultura tem particularidades em relação ao da
“dizia”: como, por exemplo, São Paulo e Rio de Janeiro. indústria. A principal delas é que o meio de produção
Embora bastante incipiente, esse princípio de industriali- fundamental na agricultura a terra - não é suscetível de
zação - e a consequente urbanização daí decorrente co- ser multiplicado (reproduzido) ao livre arbítrio do ho-
meça a provocar várias alterações na produção agrícola. mem, como o são as máquinas e outros meios de produ-
Consolida-se a produção mercantil de alimentos fora ção e instrumentos de trabalho.
das grandes fazendas de café: Além da produção É exatamente por ser a terra um meio de produção
de alimentos, os pequenos agricultores têm também a relativamente não reprodutível - ou pelo menos, mais
possibilidade de produzir matérias primas para as indús- complicado de ser multiplicado que a forma de sua apro-
trias crescentes (como por exemplo, o algodão, o tabaco, priação histórica ganha uma importância fundamental.
etc.) uma vez que o latifúndio continua a monopolizar a Desde que a terra seja apropriada privadamente, o
produção destinada à exportação - o café. seu dono pode arrogar-se o direito de fazer o que qui-
As alterações de preços dessa cultura provocam cri- ser com aquele pedaço de chão. Em alguns países,
ses periódicas durante o início do século XX, culminando como no caso do Brasil, o proprietário de terra tem até
em 1932, ano em que se dá o auge dos reflexos da mesmo o direito de não utilizá-la produtivamente, isto
crise de 29 sobre o setor cafeeiro. é, deixá-la abandonada, e de impedir que outro a utilize.
O período que se estende de 1933 a 1955 marca uma Por isso é que a estrutura agrária - ou seja, a forma como
nova fase de transição da economia brasileira. Nesse a terra está distribuída - torna-se assim o ‘’pano de
período, o setor industrial vai-se consolidando paulati- fundo” sobre o qual se desenrola o processo produtivo
namente e o centro das atividades econômicas começa na agricultura.
vagarosamente a se deslocar do setor cafeeiro - expor- Se fosse fácil fabricar novas terras, pouca importância
tador. teria a forma de apropriação dos solos criados pela Na-
A indústria gradativamente vai assumindo o co- tureza, quer dizer, dos solos não fabricados. O sistema
mando do processo de acumulação de capital: o país capitalista procura superar essa barreira da limitação
vai deixando de ser “eminentemente agrícola” (como al- dos solos disponíveis fabricando as terras necessárias
guns ainda creem ser a sua “vocação histórica”). Du- através da utilização de tecnologias por ele desenvolvi-
rante essa fase, a industrialzi ação se faz pela das. Por exemplo, um determinado pedaço de solo não
“substituição das importações”: um determinado pro- pode ser utilizado porque está inundado, ou porque é
duto que era comprado no exterior, passa a ter sua pro- muito duro e seco, ou ainda porque tem baixa fertilida-
dução estimulada no país através de barreiras alfandegá- de e não produz nada. Ora, com o uso de fertilizantes
rias, que incluíam desde impostos elevados até a própria de máquinas pode-se fazer a correção desses “defeitos”
proibição da importação. Mas vai ficando cada vez mais através da drenagem, a ração, irrigação, etc.
difícil essa substituição. Antes eram tecidos, louças, cha- Claro que é possível hoje “fabricar terras” ou
péus; agora são eletrodomésticos, carros, que pre- até mesmo produzir alimentos e animais praticamente
cisam ser produzidos internamente. sem usar terra, como, por exemplo, através da agricultura
E para isso se faz necessário primeiro implantar a hidropônica ou do confinamento. Mas, evidentemente,
indústria pesada no país: siderurgia, petroquímica, ma- isso não aconteceu num passe de mágica, senão
terial elétrico, etc. - o que é feito no período de 1955/61. que pressupõe toda uma história do desenvolvimento
Resolvido o problema da indústria, vai-se iniciar o que se das relações de produção capitalistas no campo, e das
poderia chamar industrialização da agricultura. transformações que se operaram entre os vários agentes
No início dos anos sessenta, que corresponde ao final sociais da produção agrícola.
da fase de industrialização pesada no Brasil, instalam-se Embora os complexos ou sistemas agroindustriais
no país as fábricas de máquinas e insumos agrícolas. As- (CAIs) no Brasil tenham se conformado de modo mais
sim, por exemplo, são implantadas indústrias de tra- específico na década de 1970, algumas das raízes da mo-
tores e equipamentos agrícolas (arados, grades, etc.), dernização agrária podem ser encontradas no século XIX.
fertilizantes químicos, rações e medicamentos veteri- As mudanças ligadas às inovações do campo
nários, etc. Evidentemente a indústria de fertilizantes ocorreram sob a lógica, os objetivos e as estratégias
e defensivos químicos só poderia se instalar depois do capital, em princípio comercial, em seguida
de constituída a indústria petroquímica; a indústria de industrial e, depois, financeiro. Naturalmente, os se-
tratores e equipamentos agrícolas, depois de implan- tores agrícolas básicos ligados à exportação, sobretudo
GEOGRAFIA

tada a siderurgia; e assim por diante. café, cana de açúcar, e algodão, foram no passado os
O importante é que, a partir da constituição desses mais susceptíveis na adoção de inovações, tanto a nível
ramos industriais no próprio país, a agricultura brasi- técnico como nas relações de trabalho.
leira iria ter que criar um mercado consumidor para

50
Ligado ao capital comercial, o complexo rural en- Em outro patamar, nesta década efetivou-se a
contrava-se atado ao comércio externo através de um aliança econômica entre os países sul- americanos do
produto valorizado no mercado internacional. As uni- chamado Cone-Sul, constituindo-se num supra-organis-
dades produtoras (fazendas e engenhos/usinas) eram mo, o MERCOSUL, com repercussões diferenciadas na
quase que auto-suficientes. Para realizar a produção vol- economia de todas as nações membros. Esta realida-
tada à exportação, elas se proviam, dentro de suas pos- de, embora muito recente, vem trazendo modificações
sibilidades, de artesanatos e manufaturas e, assim, pro- na esfera econômica e na organização do espaço bra-
duziam equipamentos rudimentares para o trabalho, sileiro, principalmente na região Sul, a mais pró-
bem como insumos simples, além de transporte. Neste xima dos países integrantes no macro- organismo.
contexto, a divisão social do trabalho apresentava-se Tudo indica que haverá a médio e longo prazo
bastante incipiente. É interessante ressaltar que o de- uma maior especialização setorial nas diversas regiões
senvolvimento industrial brasileiro, indutor de mudanças geoeconômicas, em função de sua proximidade, das po-
no setor agropecuário, ao contrário dos países centrais, tencialidades naturais e das vantagens comparativas.
ocorreu sem o substrato da revolução agrícola. Algumas, certamente, ganharão dinamismo enquanto
A efetivação das CAIs realizou-se de modo rápi- outras poderão ficar, até mesmo, marginalizadas
do e intenso pela ação de políticas governamentais
que incentivaram a criação de indústrias de maquinarias Modernização
e insumos básicos, tanto por iniciativa oficial, como par-
ticular (empresas nacionais e internacionais). Medidas de incentivo à demanda por bens industriais
As firmas multinacionais, algumas já atuando no têm sido recentemente realizadas pelo governo brasilei-
país, acorreram em grande número e passaram a ope- ro como estímulo ao crescimento econômico. Exemplos
rar, tanto na indústria de base quanto na de processa- desta prática são as reduções do Imposto sobre Produto
mento, em forma de mono ou oligopólios. O Estado tam- Industrializado (IPI) sobre alguns produtos específicos,
bém cria incentivos ao consumo, via política de crédito como eletrodomésticos e automóveis. Entretanto, o País
subsidiado, difusão de pacotes tecnológicos (revolução é reconhecidamente competitivo na sua produção agro-
verde), facilidade de aquisição de terras, principalmen- pecuária, e políticas de incentivo à demanda dos mes-
te nas áreas de fronteiras. mos não têm sido estabeleci-das na mesma magnitude
A propriedade fundiária desfruta de um intenso daquelas dos produtos industriais. Além disto, faltam in-
processo de valorização, constituindo-se num bem com centivos à industrialização, como política para aumento
reserva de valor, acentuando a concentração fundiária. do valor adicionado na produção agrícola. Um exemplo
Com o aumento do valor da terra, a pequena produção característico deste fato é representado por um dos se-
fica fragilizada frente às pressões do capital e, assim, mui- tores agrícolas de maior expressão do País: setor de soja.
tos dos seus agricultores foram obrigados a abdicar de Na década de 2000, o Brasil exportou, em valores mone-
suas terras. Muitos deles “optaram” em viver em cidades tários, cerca de 5 vezes mais soja em grão do que óleo
(estimula-se que trinta milhões de brasileiros deixaram de soja, que é um dos produtos originados da industria-
o campo pela cidade neste período). Uma outra parce- lização deste grão. Além disto, considerando-se os últi-
la deles transforma-se em assalariados permanentes ou mos 20 anos, a taxa anual de crescimento do valor das
temporários nas empresas modernizadas. Uma percen- exportações de grão de soja foi de 13%, contra apenas
tagem das pequenas propriedades familiares consegue 7% de crescimento anual no valor das exportações do
se capitalizar e penetrar no circuito da agroindústria, óleo (FAO, 2012).
integrando-se aos CAIs, mas em compensação, perde O setor agrícola tem grande importância na econo-
grande parte de sua independência. mia brasileira. Em 2005, toda a cadeia de agronegócio
Na década de 90, chegaram ao poder os pre- no País gerou 28% do PIB nacional. Além disto, o Brasil é
sidentes Collor de Mello e Cardoso que assumiram também um dos maiores produtores mundiais neste se-
práticas ligadas à doutrina neoliberal. No Governo tor. Considerando-se o valor da produção agropecuária
Collor de Melo, a recessão, desemprego e inflação dos países da Organização Econômica para Cooperação
atingiram patamares nunca vistos e que não foram debe- e Desenvolvimento (OECD), a produção brasileira perde
lados, apesar dos planos econômicos implementados. apenas para a europeia e americana. Entretanto, o País
Já o Governo Cardoso obteve êxito quanto ao contro- tem ainda grande potencial de crescimento. Em 2007, a
le da inflação, via Plano Real. produção agropecuária da União Europeia foi mais de 2,5
Nesta década, o Estado não só perde a sua capacida- vezes superior à brasileira. Já o valor da produção dos Es-
de de investimento em indústrias de base e em infraes- tados Unidos foi o dobro da produção do Brasil naquele
trutura, como também, vem-se retirando do processo mesmo ano.
econômico com a política de privatização das estatais. Dada a importância do agronegócio na economia do
Abriu-se, por outro lado, o mercado brasileiro, até então País, este estudo tem como objetivo fazer uma avalia-
protegido em favor das indústrias existentes no país, ob- ção comparativa dos encadeamentos provocados pelo
jetivando, via concorrência, elevar o padrão de qualidade aumento de demanda de alguns dos principais setores
dos produtos e serviços a preços baixos. A estabiliza- agrícolas (brutos ou processados), com aqueles induzi-
GEOGRAFIA

ção da moeda, indubitavelmente, atraiu ao mercado dos em alguns setores não agrícolas selecionados (seja
consumidor, sobretudo nos produtos de primeira neces- com alta produção no País ou cujas demandas são cons-
sidade, uma parcela da população nacional de baixa ren- tantemente incentivadas pelo governo brasileiro). Ou
da, ausente do circuito formal da economia. seja, pretende-se responder às seguintes perguntas: para

51
incentivar o aumento de renda e emprego no País, que registram casos de desmatamento ilegal e de conflitos
leva ao crescimento econômico, o estímulo de demanda envolvendo a posse e o uso da terra sobre as chama-
nos setores industriais que tiveram recentes desonera- das terras devolutas, espaços naturais pertencentes à
ções fiscais tem mais impactos na economia do que in- união e que não são delimitados por propriedades legais,
centivos em setores agrícolas? Além disto, considerando servindo de moradia para índios e comunidades tradicio-
a terra como recurso escasso, quanto o processamento nais e familiares.
de produtos agrícolas brutos aumenta os impactos eco- A localização dessa área de expansão foi se modifi-
nômicos e sociais por área cultivada? Tais questões são cando ao longo da história. Durante o período após o
importantes para promover não apenas o crescimento descobrimento, quando a Coroa Portuguesa decidiu im-
do setor agropecuário como toda a economia por meio plementar uma produção agrícola no país, a zona litorâ-
dos efeitos multiplicadores identificados. nea composta predominantemente pela Mata Atlântica
Neste sentido, os setores eleitos para esta análise constituiu-se, então, como a primeira fronteira agrícola
foram, entre os setores agroindustriais: “arroz”, “milho”, brasileira.
“soja”, “cana-de-açúcar”, “silvicultura”, “álcool”, “abate de Posteriormente, sobretudo ao longo do século XX, as
bovinos e outros”, “abate de aves”, “abate de suínos” e práticas agrícolas expandiram-se de forma mais intensa
“óleos vegetais”. Os quatro primeiros são setores carac- para o interior do território nacional, em função tanto
teristicamente agrícolas e ocuparam, em 2009, 73% de da política de Marcha para o Oeste, implementada por
toda área colhida com vegetais e responderam por 60% Getúlio Vargas, quanto da política de substituição de im-
da produção de lavouras temporárias e permanentes no portações promovida por Juscelino Kubitschek.
País. Além disto, segundo dados da Produção Agrícola Nesse ínterim, a região de expansão passou a ser a
Municipal – PAM (IBGE, 2011c), de 1999 a 2009, este cres- região Centro-Oeste, com frentes migratórias de produ-
cimento foi superior a 10% ao ano para todos os produ- tores advindos do Sul e do Sudeste do Brasil. O resultado
tos. Os que tiveram maior crescimento foram soja (18% ao foi a transformação de estados como Goiás, Mato Grosso
ano) e cana-de-açúcar (17% ao ano). Entretanto, a maior e Mato Grosso do Sul em verdadeiros celeiros, produto-
parte da área dos estabelecimentos agropecuários no res principalmente de grãos, com destaque para a soja
País é utilizada com pecuária e criação de outros animais. voltada para a exportação. Além disso, houve também
Segundo o IBGE (2011a), enquanto estes últimos ocupa- uma intensiva devastação do Cerrado, que conta atual-
ram 62% da área dos estabelecimentos no País em 2006 mente com menos de 20% de suas reservas originais.
(dados mais recentes disponíveis), a produção vegetal foi Atualmente, a fronteira agrícola brasileira encontra-
responsável por apenas 31% desta área. Por este motivo, -se em direção à região Norte do país, registrando uma
além dos produtos vegetais anteriormente citados, este grande quantidade de conflitos na área da Floresta Ama-
trabalho analisou também o impacto na produção das zônica, com destaque para o caso Doroth Stang, uma ati-
principais carnes produzidas no País: bovina, suína e de vista estadunidense naturalizada brasileira que foi assas-
frango. Já para os setores não agrícolas foram conside- sinada por fazendeiros na cidade de Anapu (PA).
rados: “refino do petróleo e coque”; “fabricação de aço e Em linhas gerais, a fronteira agrícola costuma confi-
derivados” e “máquinas, aparelhos e materiais elétricos” gurar-se por meio de uma frente de expansão, seguida
por serem, dentre os setores não agrícolas, aqueles com por uma frente pioneira. Essa última é responsável por
altos valores na produção nacional, e “eletrodomésticos”, consolidar de forma mais acabada a atividade agrope-
“material eletrônico” e “automóveis, camionetas e uti- cuária em uma determinada região. Posteriormente, es-
litários” os quais, apesar de terem baixa produção, são sas atividades passam por uma etapa de modernização
setores considerados como de alto nível tecnológico e produtiva.
cujos consumos têm sido constantemente incentivados A frente de expansão agrícola é costumeiramente
pelo governo federal, principalmente pela redução de realizada pelos posseiros, que iniciam um processo de
IPI. Produtos do setor “máquinas, aparelhos e materiais cultivo sobre as terras devolutas, envolvendo agricultura
elétricos” também tiveram incentivos de demanda por familiar e de subsistência, com uma produção, em muitos
medidas de redução de IPI e combustíveis provenientes casos, organizada em cooperativas.
do setor “refino do petróleo e coque”, a partir de 2012 No entanto, essa frente de expansão costuma ser ra-
apresentam preços deprimidos para o consumidor, os pidamente sucedida por uma frente pioneira, represen-
quais são subsidiados pelo governo. Embora o objetivo tada por grandes fazendeiros, que, através do processo
do subsídio neste último setor não seja o de incentivar de grilagem (falsificação de documentos e títulos de
a demanda, mas, sim, de controlar a inflação, o estímu- propriedades), afirmam serem eles os donos das terras
lo à demanda proveniente desta política é inevitável. Os utilizadas por posseiros e até mesmo grupos indígenas.
setores agroindustriais e os não agrícolas selecionados Das disputas territoriais envolvendo indígenas e, prin-
responderam por 5% e 6%, respectivamente, de todo o cipalmente, os posseiros e os grileiros surgem os prin-
valor consumido de bens e serviços pela demanda final cipais conflitos no campo, com recorrentes assassinatos
da economia em 2006. e conformação das chamadas “terras sem lei”. Nesse
entremeio, intensificam-se as atividades de remoção e
Expansão Agrícola comercialização ilegal de madeira oriunda de reservas
GEOGRAFIA

florestais.
A fronteira agrícola representa uma área mais ou me- Portanto, a principal necessidade do meio rural atual-
nos definida de expansão das atividades agropecuárias mente envolve uma ação pública que de fato resolva os
sobre o meio natural. Geralmente, é nessa zona que se problemas do uso da terra no Brasil, controlando os con-

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flitos e fiscalizando as fraudes, haja vista que mais da me- menos de 10% do Produto Interno Bruto (PIB). O que
tade dos documentos de posse de terra no país é ilegal, nos caracteriza como um país de economia fechada. Os
conforme pesquisa realizada pelo geógrafo Ariovaldo ciclos econômicos podem definido como um período em
Umbelino de Oliveira. que um determinado produto atrai as forças econômicas,
constituindo um centro econômico, foram três os gran-
Modelo Agroexportador Brasileiro des ciclos que marcaram mais profundamente a vida bra-
sileira: do açúcar, do café, do ouro, sucessivamente.
É de fundamental importância o planejamento e es- a.b) AÇÚCAR: foi o primeiro dos grandes ciclos eco-
tratégia do modelo agro-exportador brasileiro, que en- nômicos, tornou-se o produto de maior valor no comér-
volve tanto o produtor de pequeno, médio e grande ne- cio mundial desde os fins do século XVI, ao longo do
gócio. Em 2007 o Brasil com produção da ordem de 91,0 período colonial, o açúcar ocupou sempre o primeiro
milhões de toneladas/ano, os Grãos Soja, Milho, Arroz, lugar no valor das exportações brasileiras, ao menos no
Trigo, Feijão e Cevada são largamente utilizados para o comércio legal. Ainda hoje, Brasil e Cuba são os maiores
atendimento da demanda interna de sua população de produtores e exportadores de açúcar de cana.
mais de 168 milhões de habitantes e, ainda, tem desti- a.c) CAFÉ: Só passou a ter alguma expressão econô-
nado seus excedentes à alimentação dos seus rebanhos mica a partir da última década do século XVIII. Sua im-
pecuários e à exportação. Estes produtos, Café, Açúcar, portância foi crescendo lentamente nas décadas seguin-
Suco de Laranja e os derivados da Soja (farelo de soja e tes, mas a sua face de expansão acentuada só ocorreu
óleo), são os principais produtos de Exportação agrícolas após a independência. O ciclo propriamente dita deve
do Brasil e representam hoje, para sua balança comercial, mais de século de duração (1825 – 1930).
mais de 10,5 bilhões de dólares/ano. a.d) OURO: O correu no século XVIII, somente a partir
A produção agrícola brasileira, de uma maneira geral, 1964 começaram a ser descobertas ricas minas ouro no
é competitiva em relação aos demais países, sendo ainda Brasil. Calculou-se que no século XVIII foi extraída das
um dos poucos países do mundo com grande capacida- minas do Brasil cerca de um milhão de quilograma de
de de expansão de área física para a produção agrope- ouro e três milhões de quilates de diamantes quantidade
cuária. Além disso, o Brasil, a partir do início dos anos 90, essa cujo valor corresponde ao “equivalente a mais da
passou por um forte processo unilateral de liberalização metade das exportações de metais preciosos da Amé-
comercial, o qual foi aprofundado com a implementa- ricas”.
ção do MERCOSUL, além de uma redução significativa da
intervenção do estado nos mercados, em particular nos O comércio internacional de produtos agrícolas:
mercados agrícolas. Em decorrência, pode-se inferir que
o Brasil é favorecido com o aprofundamento do processo É fundamental para garantir o desenvolvimento so-
de liberalização dos mercados agropecuários cial no Brasil. O agro-negócio brasileiro é atualmente
O Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2007/2008 dá con- o segmento mais dinâmico das atividades econômicas
tinuidade ao compromisso do Governo de apoiar o setor voltadas para exportação, sendo responsável por grande
agropecuário no cumprimento de suas funções tradicio- parte dos superávits comerciais obtidos recentemente.
nais de abastecimento do mercado interno, expansão A exportação tem considerável impacto estrutural nas
das exportações e geração de emprego, rendas, divisas e contas públicas, o que permite ao Governo dar continui-
energia. Nesse sentido, apresenta uma sinalização segu- dade às políticas de redução da pobreza. Além dessas
ra quanto ao direcionamento da política agrícola para o considerações, a venda de produtos agrícolas tem refle-
próximo ano-safra e define os principais objetivos a se- xos diretos na promoção de investimentos no campo, na
rem alcançados: redução dos custos dos financiamentos geração de renda e emprego rurais em bases sustentá-
agrícolas; fortalecimento da média agricultura; redução veis. Os progressos não são mais significativos porque o
da probabilidade de ocorrência de situações de crise que potencial agroexportador do Brasil está sujeito aos cons-
levem a intervenções pontuais e casuísticas do Governo; trangimentos do aparato protecionista internacional. Es-
estabilidade da renda agrícola e das normas gerais dos tudos da OCDE estimam que as restrições a importações
instrumentos de Política Agrícola. de países em desenvolvimento e os efeitos negativos
das políticas agrícolas dos países desenvolvidos sobre os
Os ciclos e Subciclos Econômicos preços internacionais de commodities custam US$ 20 bi-
lhões aos países em desenvolvimento. Enquanto no setor
a) Atividade econômica brasileira: As atividades eco- manufatureiro as tarifas médias são de 4%, as alíquotas
nômicas brasileiras desde os inícios das colonizações fo- médias dos produtos agrícolas na OCDE são de 60%.
ram dirigidas para as exportações. Em decorrência dos Outro tema de grande importância em agricultura
interesses mercantis. As exportações representavam na refere-se às medidas sanitárias e fitossanitárias, em es-
época a base de renda as colônias, sendo a metrópole a pecial ao pleito brasileiro de revisão do procedimento de
principal beneficiaria, o colonialismo e o mercantilismo notificação para esclarecer os tipos de medidas a serem
eram os sistema que determinavam a orientação da eco- obrigatoriamente notificadas à OMC. O tema é de es-
nomia para o comércio exterior. Durante o século XIX, a pecial interesse, tendo em vista os impactos negativos
GEOGRAFIA

participação da exportação na geração de renda global decorrentes da aplicação intempestiva de medidas que
foi se reduzindo lentamente, mas manteve-se elevado não se encontram amparadas por critérios científicos
principalmente até 1930, a partir de então esse declínio apropriados. Preocupações com a saúde humana e ani-
acentuou-se, sendo hoje as exportações representam mal podem ser utilizadas com fins protecionistas, como

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demonstra o embargo do Canadá às exportações brasi- A maior influência da Globalização no Brasil demar-
leiras de carne, em 2001, sob alegação de risco de conta- cou também a adoção de um modelo econômico que
minação com a BSE (“Síndrome da Vaca Louca”). As me- visava à mínima intervenção do Estado na economia,
didas canadenses, posteriormente retiradas, são um bom chamado de Neoliberalismo. Com isso, intensificou-se o
exemplo dessa nova face do protecionismo disfarçado processo de privatizações das empresas estatais e a in-
em preocupações sanitárias e fitossanitárias. tensa abertura para o capital externo.
O Brasil também deixou de ser denominado como
O PROCESSO DE SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÕES: país de terceiro mundo, uma vez que essa divisão deixou
de ser adotada. Passou-se a dividir o mundo em países
Um dos traços mais marcantes da economia brasileira do Norte (desenvolvidos) e países do Sul (subdesenvol-
a partir de 1930 é a expressiva expansão do seu setor vidos). O que não mudou foi a dependência econômica
industrial. Este, principalmente após 1933, começou a li- e a condição de subdesenvolvimento em que o país se
derar as taxas de crescimento da renda e do emprego, ao encontrava.
mesmo tempo em que as culturas de exportação sofriam Com a abertura de capitais, houve maior inserção das
os revezes da crise internacional. A crise da agroexporta- indústrias e companhias multinacionais no Brasil. Elas
ção criava condições para que a economia se direcionas- aqui se instalaram para ampliar o seu mercado consumi-
se preponderantemente ao mercado interno, o que con- dor e, também, para buscar mão de obra barata e maior
tou com a política econômica governamental a seu favor. acesso às matérias-primas. Isso acarretou uma maior
Iniciou-se, assim, um período de aproximadamente cinco produção de emprego, porém com condições de traba-
décadas. Embora a origem da indústria brasileira remon- lho mais precarizadas.
te às últimas décadas do século XIX, tendo continuidade Além disso, observou-se também a instalação de in-
ao longo da República Velha, foi na década de 1930 que dústrias denominadas “maquiladoras”, uma vez que todo
o crescimento industrial ganhou impulso e passou por o processo produtivo se fazia em outros países e apenas
certa diversificação, iniciando efetivamente o Processo a montagem dos produtos era feita nacionalmente. O in-
de Substituição de Importações PSI. Convém salientar, tuito das empresas era driblar os impostos alfandegários
portanto, que se entende por substituição de importa- e diminuir os custos de produção, uma vez que a mão de
ções simplesmente o fato de o país começar a produzir obra em países subdesenvolvidos como o Brasil costuma
internamente o que antes importava, o que ocorrera no ser mais barata que nos países desenvolvidos.
Brasil com certa expressão na República Velha. Em linhas gerais, o que se pôde observar com a Glo-
O que usualmente denomina-se PSI, todavia, supõe balização do Brasil foi a construção de uma contradi-
mais que isto: que a liderança do crescimento econômi- ção: de um lado, o aumento de emprego e a produção
co repouse no setor industrial, que este seja responsável e venda de maior número de aparelhos tecnológicos, já
pela dinâmica da economia, ou seja, que crescentemente do outro, o aumento da precarização do trabalho e da
seja responsável pela determinação dos níveis de renda e concentração de renda, sobretudo nos anos 1990 e início
de emprego. Assim, se na República Velha o setor indus- dos anos 2000.
trial crescia induzido pelo crescimento e pela diversifica-
ção do setor exportador, a partir de meados da década Estrutura geológica e riquezas minerais
de 1930 a economia retomou o crescimento do produto
a despeito da crise do setor exportador, sob a liderança Os processos de ocupação da Amazônia têm apre-
dos setores voltados ao mercado interno. sentado, como característica marcante, o fato de serem
Contudo o que foi exposto podemos definir a econo- orientados de fora para dentro, tendo como objetivo a
mia brasileira em um estado “estável-crescente”, nos úl- resolução de problemas alheios à realidade regional, seja
timos anos o comércio das exportações cresceu de uma o abastecimento de mercados (normalmente externos),
forma global, houve contratos agrícolas brasileiros com seja a absorção de contingentes migratórios expulsos de
a Europa e os Estados Unidos, somos atualmente um dos outras regiões em consequência das distorções do de-
primeiros na área da exportação, as políticas fiscais es- senvolvimento socioeconômico brasileiro.
tão favorecendo, o ministro da Fazenda recentemente Nas últimas três décadas, esses processos adquiriram
em Março de 2008 diminuiu os impostos alfandegários proporções alarmantes, incrementados pela miséria que
nas exportações, somos um país com uma vasta terra ex- assola grande parte da população brasileira e estimula-
pansível, precisamos de planos de curto e longo prazo dos pelos mais diversos interesses, que vêem na Ama-
para uma economia com um superávit inigualável. Texto zônia a possibilidade de rápida capitalização a partir da
adaptado de PINHEIRO. R. D. S. posse da terra ou da exploração dos recursos naturais,
particularmente madeira e ouro, a custo relativamente
Globalização baixo.
Em decorrência, sua população cresceu mais de cin-
A Globalização no Brasil perpassa por uma série de co vezes, atingindo cerca de 19 milhões de habitantes.
fatores históricos e geográficos. Pode-se dizer que desde Tudo isso aconteceu sem que houvesse um “Projeto para
que os europeus chegaram ao que hoje é chamado de a Amazônia”, que a partir do adequado zoneamento
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território brasileiro, o Brasil está inserido no processo de ecológico, através de estudos que identificassem as reais
Globalização. Entretanto, o consenso é que somente a aptidões e limitações de cada área (e convenientemente
partir da década de 1990 que a Globalização passou a ter monitorados), possibilitasse a orientação da ocupação
um maior impacto na economia brasileira. humana com desenvolvimento sustentado. Houve polí-

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ticas governamentais isoladas, algumas bem intenciona- O mundo vivia o clima de pós-guerra, com exacer-
das, mas a maioria casuística e desastrada, que muitas bação da guerra fria, num cenário em que os recursos
vezes tiveram como resultado o caos ambiental e social. minerais, além do valor comercial, ainda tinham um com-
Essa ocupação intempestiva e desorganizada não ponente estratégico bastante valorizado. Por outro lado,
transcorreu impunemente, surgindo graves conflitos pela dada a euforia daqueles anos dourados, sonhava-se com
posse da terra e de suas riquezas, com prejuízos muitas o crescimento ilimitado da economia mundial, com con-
vezes irrecuperáveis para as populações indígenas e o siderável expansão da industrialização e dos mercados
ecossistema. Legiões de deserdados passaram a ocupar nos países desenvolvidos e, consequentemente, do su-
seus territórios, convivendo com a fome, doenças (prin- primento de matérias-primas. Surgem, então, previsões
cipalmente a malária), promiscuidade, vícios e violência. alarmistas sobre a breve escassez dos recursos minerais,
O processo de ocupação da Amazônia tem acompa- ganhando corpo os primeiros movimentos conservacio-
nhado a tendência da economia brasileira, sendo essen- nistas.
cialmente concentrador de renda. Alguns poucos têm Assim, os primeiros investimentos na Amazônia fo-
feito fortuna com a exploração de suas riquezas, mas a ram feitos por grandes corporações industriais multi-
maioria dos migrantes tem permanecido como margina- nacionais. Tinham como objetivo principal a verificação
lizados sociais. das potencialidades minerais dessa vasta região ainda
Sua rede rodoviária, praticamente inexistente há trin- desconhecida, considerando apenas o seu uso futuro.
ta anos, hoje embora mantida em condições precárias é Estava presente a visão estratégica dos recursos mine-
superior a 60 mil quilômetros. Tem sido o principal agen- rais, pois buscava-se alternativas de suprimento para
te facilitador da ocupação do solo, com suas trágicas e atender ao futuro crescimento do mercado ou prevenir a
irresponsáveis queimadas, que destruíram, no período, escassez decorrente de eventual crise nos países produ-
mais de 500 mil quilômetros quadrados da floresta tro- tores, como decurso das políticas nacionalistas em vigor
pical. na época. Dessa forma é que os primeiros investimentos
Os partidários do desenvolvimento a qualquer pre- foram destinados à busca de minério de alumínio (cujo
ço lembram que os acertos e desacertos da ocupação mercado estava em expansão) e de manganês (essencial
também ocorreram na expansão de fronteiras em ou- para a indústria do aço), ambos dependentes da produ-
tras regiões da Terra. Contudo, se esquecem do cenário ção de poucos países.
e do momento histórico dos processos, com diferenças Transformações profundas nesse cenário começaram
substanciais nos instrumentos que o homem tem a sua a ocorrer a partir de 1973, como resultado do primeiro
disposição. As trilhas foram substituídas por rodovias, o “choque do petróleo”. De um lado, o início do período
machado pela moto-serra, as canoas por aviões e he- recessivo da economia mundial, que com maior ou me-
licópteros, o telégrafo pela comunicação via satélite, a nor intensidade tem atormentado a vida das populações,
informação pessoal por dados de sensores rastreado- particularmente do mundo subdesenvolvido, reduz a
res espaciais, a interpretação individual pelo tratamen- taxa de crescimento do consumo dos bens minerais, com
to com softwares especializados, etc. Tudo isso faz com resultante queda dos preços. Este fato é agravado pelo
que as mudanças ocorram em grande velocidade, sem o aumento da oferta de muitos dos minérios, em decorrên-
tempo devido para a correta avaliação das consequên- cia do sucesso dos programas de prospecção e pesquisa,
cias sobre um ecossistema essencialmente frágil. desenvolvidos na época por organizações governamen-
Sem uma política adequada e coerente, o que pode- tais e empresas, inclusive no Brasil e particularmente na
ria ser agente de um desenvolvimento harmônico e in- Amazônia (ferro, alumínio, manganês e estanho).
tegrado transforma-se em arma de cobiça e destruição. Por outro lado, o ouro com o seu preço já desvincula-
Assim, deve-se analisar a questão mineral na Ama- do do dólar acompanha a valorização do petróleo, pas-
zônia como parte desse contexto, ou seja, a mineração é sando o valor da onça troy de US$ 31, em 1973, para US$
um dos agentes de ocupação, por ser a região parte de 180 em 1974, e atingindo o valor máximo de US$ 850 em
um país periférico da economia mundial, e uma das úl- 1980, após o segundo «choque do petróleo». Torna-se,
timas fronteiras para a expansão da exploração mineral. assim, o principal objetivo de grande parte das empresas
Essas premissas devem ser analisadas considerando- de mineração.
-se as mudanças havidas nos cenários político e econô- Esses fatos, ampliação da oferta e redução da deman-
mico do mundo, principalmente nos últimos 15 anos. da são acompanhados por outra mudança estrutural:
Até o início da década de 1960, o conhecimento do transferência da mineração, e mesmo da industrialização
subsolo da Amazônia estava restrito aos relatórios de primária dos minérios, para os países do terceiro mundo,
viagem de poucos pesquisadores, normalmente limita- em decorrência da exaustão de muitas fontes de produ-
dos à calha dos grandes rios. A atividade mineral resu- ção, da racionalização no uso da energia e dos controles
mia-se apenas a um grande empreendimento produção ambientais cada vez mais rígidos nos países ricos. Essa
de minério de manganês pela ICOMI no Amapá e a pou- tendência é reforçada pela perda do valor estratégico
cos garimpos de diamante, ouro ou cassiterita. dos bens minerais, que passaram a ser simples mercado-
A partir dessa década, em decorrência de uma políti- rias com preços pressionados apenas pelas leis do mer-
ca governamental voltada para a integração da Amazô- cado. Na década de 1980, o controle da tecnologia con-
GEOGRAFIA

nia, apoiada pelos incentivos fiscais, e da melhoria dos solida-se na substituição do controle do suprimento dos
meios de comunicação e transporte, tem início a entrada insumos minerais, como instrumento estratégico para o
de capitais destinados a sua ocupação, com consequente desenvolvimento das nações.
atração dos fluxos migratórios.

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As empresas multinacionais, que se afastaram da evolução, apresentaram condições físico-químicas bas-
Amazônia durante a recessão da indústria mineral dos tante favoráveis para a concentração e retenção do ele-
anos 1980, só há três anos reiniciaram seus projetos de mento de interesse econômico. A seleção dos ambientes
prospecção. Isso ocorreu devido ao período de instabi- geológicos com potencialidade mineral corresponde ao
lidade política e econômica do fim da ditadura militar à primeiro cuidado de qualquer programa de prospecção.
transição para o governo democrático, bem como pelas Para se vislumbrar o significado do potencial da Amazô-
restrições ao capital estrangeiro impostas na Constitui- nia, deve-se contemplar a avaliação de seus ambientes
ção Brasileira de 1988, recentemente retiradas. geológicos, antes de simplesmente repassar as estatísti-
Entretanto, os programas atuais diferem bastante cas de sua produção mineral atual.
dos ocorridos décadas atrás. Não se busca mais o inven- Ao analisarmos as áreas potenciais da Amazônia, te-
tário das potencialidades minerais da região, mas cada mos que ter em conta que a configuração da Amazô-
empresa tem objetivos bem específicos, voltados para nia, como parte integrante do continente sul-americano,
atender a lucratividade de seus investidores, sejam co- ocorreu em tempo geológico relativamente recente, a
tistas de fundos, sejam acionistas de grandes complexos partir de 150 milhões de anos atrás. Grande parte de sua
industriais. crosta foi consolidada quando a América do Sul ainda
De um lado, empresas com produção industrial ver- pertencia ao continente gondwânico, junto com a Áfri-
ticalizada, que buscam a descoberta de uma jazida que ca, Antártida, Austrália e Índia. Por outro lado, a gênese
possibilite a continuidade de suprimento do insumo mi- de muitos de seus depósitos, como os de petróleo, gás,
neral, mas com características excepcionais, equivalente bauxita e caulim, está relacionada às mudanças estrutu-
às melhores do mercado, e amplie a competitividade e a rais e ambientais que ocorreram com a deriva do con-
margem de lucro de seus produtos. Há interesse prefe- tinente sul-americano, que também foram responsáveis
rencial pelo cobre, zinco, níquel e caulim. pelo surgimento da cadeia andina e pela inversão das
De outro, empresas, principalmente “júniores”, que águas no vale amazônico.
buscam a descoberta de “Eldorados”. A Amazônia possui Em termos mundiais, a maioria dos depósitos mine-
muitos ambientes geológicos férteis para ouro e o declí-
rais metálicos está situada em terrenos pré-cambrianos,
nio da corrida garimpeira dos anos 1970 e 1980 mais de
pertencentes ao mais longo período de formação da
800 mil garimpeiros estiveram em atividade, em decor-
crosta terrestre, do início da solidificação do planeta até
rência de políticas governamentais equivocadas e com
570 milhões de anos atrás. As condições físico-químicas
graves consequências ambientais está liberando muitas
nesse períodoparticularmente na fase inicial do Arquea-
áreas de produção. Esse tipo de investimento tem um
no, há mais de dois bilhões de anos eram bastante di-
componente especulativo, e as atividades dessas empre-
ferentes das de hoje, com a crosta bem menos espessa,
sas estão sendo afetadas pela queda do preço do ouro
o que propiciava a ascensão de metais das zonas mais
e pela crise dos mercados asiáticos. Não se sabe até
quando o ouro continuará sendo um bem valioso para profundas da Terra.
o homem e objeto de febril busca. Como o seu maior Na Amazônia, as áreas de pré-cambriano correspon-
uso é para a joalheria e, em parte, como ativo financeiro, dem a cerca de 40% do seu território. As suas sequên-
acredita-se que seu valor mitológico persistirá enquanto cias vulcano-sedimentares (do tipo greenstone belt ou
o homem temer a volatilidade das moedas e acreditar na não), intrusões graníticas, derrames vulcânicos ácidos e
eternidade do amor, ou, de forma mais prática, os gran- intermediários, complexos alcalino-ultrabásicos e bási-
des produtores de ouro conseguirem manter preços que co-ultrabásicos, e coberturas sendimentares apresentam
bem remunerem os seus custos. potencialidade para uma grande variedade de depósi-
tos minerais, tais como ferro, manganês, alumínio, cobre,
A realidade do seu potencial mineral zinco, níquel, cromo, titânio, fosfato, ouro, prata, platina,
paládio, ródio, estanho, tungstênio, nióbio, tântalo, zircô-
A Amazônia corresponde a uma das maiores regiões nio, terras-raras, urânio e diamante. Deve ser salientado
da Terra ainda desconhecida com potencialidade para a que boa parte dos depósitos minerais, embora relacio-
descoberta de bens minerais. Os primeiros empreendi- nados a rochas pré-cambrianas, foram formados através
mentos, na década de 1960, tinham como diretriz básica de processos de enriquecimento laterização, erosão e
a busca do desconhecido. Apesar das limitações ainda concentração em tempos mais recentes, do Terciário ao
existentes ao conhecimento do seu subsolo, os progra- Quaternário.
mas de geologia das últimas décadas revelaram uma As concentrações residuais de óxidos de manganês,
considerável variedade de ambientes geológicos, com descobertas na serra do Navio atual estado do Amapá na
potencialidade para depósitos minerais, desde os utiliza- década de 1940, deram origem à primeira mineração da
dos intensivamente pela indústria moderna até os mais Amazônia. As minas, abertas em meados da década de
valiosos. 1950, encontram-se em fase final de explotação. Atual-
Sabe-se que os minerais se acham distribuídos em to- mente, os depósitos de minério de manganês com maior
das as rochas da crosta terrestre, mas apenas são passí- expressão econômica situam-se na região de Carajás.
veis de exploração pelo homem quando encontrados em Ocorrências menores são conhecidas há várias décadas,
GEOGRAFIA

concentrações que permitam o seu aproveitamento eco- na região do rio Sucunduri, no estado do Amazonas.
nômico com a tecnologia disponível. As jazidas não ocor- Os primeiros depósitos de sulfetos de cobre da Ama-
rem de forma aleatória, mas estão associadas a rochas ou zônia foram descobertos na região de Carajás, na década
a sequências de rochas que, durante a sua formação ou de 1970. Recentemente, nas proximidades de Aripuanã,

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no extremo noroeste do estado de Mato Grosso, foram Além da reserva do Tapajós, a atividade garimpeira
descobertas significativas ocorrências de sulfetos de zin- foi mais atuante ao sul de Carajás (Andorinhas, Tucumã e
co, com cobre e ouro subordinados. Cumarú), na região do rio Gurupi, no Amapá, no norte do
Os garimpos de ouro, que no século XIX desenvol- estado de Mato Grosso (Juruena e Teles Pires), no alto rio
veram-se apenas em duas áreas do Amazonas (Amapá Negro (Cabeça do Cachorro), em Rondônia (rio Madeira)
e Gurupi), começaram a adquirir importância produtiva e em Roraima (Surucucus e vizinhanças).
na década de 1960, com a descoberta dos aluviões do Ao sul de Carajás, o ouro está associado a sequências
Distrito Aurífero do Tapajós, situado no sudoeste do es- de greenstone belts. Algumas ocorrências estão sendo
tado do Pará. Entretanto, somente no início da década de pesquisadas por empresas, como as situadas nas proxi-
1980, com a descoberta de ouro na região de Carajás, é midades da serra das Andorinhas. Também há pesquisa
que se alastrou uma grande “corrida do ouro”, que ultra- empresarial na região do Gurupi. Entretanto, apenas no
passou as fronteiras da Amazônia brasileira, envolvendo antigo garimpo do Lourenço, no Amapá, houve atividade
quase um milhão de garimpeiros. A explosão dessa ati- produtiva por empresa de mineração.
vidade garimpeira foi motivada por vários fatores, des- Os ricos aluviões estaníferos de Rondônia foram res-
tacando-se o agravamento da miséria de boa parte da ponsáveis pela primeira “corrida garimpeira” da Ama-
população brasileira, principalmente a rural e nordesti- zônia, na década de 1960 cerca de 10 mil garimpeiros
na, decorrente da falta de uma solução adequada para a estiveram envolvidos na produção de cassiterita, número
questão agrária. A elevação do preço do ouro ampliada bastante expressivo para a época. No final de década, a
no Brasil, até poucos anos atrás, pela diferença excessiva garimpagem foi proibida pelo governo federal, passando
entre as cotações do dólar oficial e do mercado paralelo, a produção para a mineração empresarial.
o atrativo despertado pela ampla divulgação na impren- Na década de 1970, surgiram novos distritos estanífe-
sa da descoberta de depósitos ricos como serra Pelada e ros na Amazônia. Nas proximidades do rio Xingú, a oeste
a complacência e mesmo um certo estímulo das autori- de Carajás, no estado do Pará, a descoberta foi feita por
dades governamentais, durante a década passada, foram empresas de mineração, mas houve invasão garimpeira
fatores que também contribuíram para a expansão da temporária. Posteriormente, a explotação foi completa-
atividade garimpeira por toda a Amazônia. da por mineradoras. Na serra de Surucucus, no extremo
Entretanto, devido à exaustão dos depósitos super- oeste do estado de Roraima, na fronteira com a Vene-
ficiais mais ricos, acompanhada pela queda do preço zuela, a descoberta foi consequência de levantamentos
do ouro e sensível redução da diferença cambial, esse radarmétricos realizados pelo governo federal. A invasão
modelo social e econômico de ocupação da Amazônia garimpeira ocorrida em 1976 correspondeu ao primeiro
encontra-se em rápido declínio. contato de atividade produtiva capitalista com os índios
Muitos dos depósitos auríferos secundários eluviões, ianománi. Por ser um contigente pequeno, da ordem de
aluviões ou leitos dos rios estão relacionados com jazi- 800 pessoas, foi possível a rápida desativação do garim-
mentos primários passíveis do aproveitamento econômi- po, sem grandes sequelas para os ianománi - isso ocor-
co. Parte dos empresários do garimpo, desde que com reu com a “corrida do ouro” da década seguinte.
orientação e políticas adequadas, poderão transformar- Somente no início dos anos 1980 é que foram des-
-se em pequenos ou médios mineradores. Algumas ten- cobertos os mais expressivos depósitos de cassiterita da
tativas governamentais nesse sentido foram implemen- Amazônia. A jazida do Pitinga, no estado do Amazonas,
tadas na “Reserva Garimpeira do Tapajós”, mas ainda sem está em produção por uma empresa de mineração e a de
resultados expressivos. Essa região foi responsável, nos Bom Futuro, no estado de Rondônia, continua com ati-
últimos trinta anos, por uma produção da ordem de 400 vidade garimpeira, apesar dos esforços governamentais
toneladas, a maior de toda história do Brasil resultante para regularizar uma atividade empresarial.
de atividade artesanal. Houve mais de mil locais com ati- A sensível queda do preço do estanho no mercado in-
vidade garimpeira, distribuídos numa área da ordem de ternacional tem desestimulado a abertura de minas, bem
80 mil quilômetros quadrados. Apesar disso, os geólogos
como a busca de novos depósitos.
brasileiros estão divididos quanto à real potencialidade
Os corpos graníticos da Amazônia também são po-
da região: uns acreditam que os indícios são muitos for-
tenciais para depósitos de zircônio, nióbio, tântalo,
tes para a existência de grandes depósitos; outros lem-
tungstênio e terras-raras. Na mina do Pitinga há mine-
bram que, como ocorreu na “corrida de ouro” do Alasca,
ralizações associadas de columbita-tantalita, zirconita e
uma infinidade de pequenos depósitos primários podem
criolita. No sudeste do estado do Pará há pequenos de-
dar origem a concentrações residuais muito ricas.
pósitos de volframita, que foram explorados parcialmen-
Contudo, seja qual for o resultado empresarial da
produção de ouro na Amazônia, os milhares de migran- te através da garimpagem.
tes que foram atraídos pela “febre do ouro” da década Na Amazônia são conhecidos três complexos alcali-
passada estão engrossando as legiões dos “sem terra”, no-ultrabásicos potenciais para depósitos de titânio, fos-
que clamam por uma solução para a questão agrária, fato, nióbio e terras-raras: Seis Lagos, no estado do Ama-
num país com dimensões continentais, mas onde as eli- zonas, e Maicuru e Maraconaí, no estado do Pará. Em Seis
tes dominantes, desde o tempo das “capitanias hereditá- Lagos há um grande potencial em nióbio. O complexo de
rias”, têm na posse de grandes extensões territoriais uma Maicuru está associado a um corpo de cabornatito; além
GEOGRAFIA

das formas de seu poder político. O garimpo na Ama- de suas reservas de fosfato, há um considerável potencial
zônia correspondeu a simples paliativo, apenas adiando em titânio, mas sob a forma de anatásio, mineral para o
por duas décadas conforme já era previsível na época a qual ainda não há tecnologia que permita o seu aprovei-
necessidade de uma solução para a questão agrária. tamento industrial em bases econômicas.

57
Há vários complexos básico-ultrabásicos potenciais de cimento; porém, poderão vir a ter importância como
para depósitos de níquel, cromo, platina e platinóides. corretivo de solos, quando houver um programa de de-
No estado do Amapá, nas proximidades do rio Vila Nova, senvolvimento sustentado que possibilite o aproveita-
foi implantada pequena mina de cromita, destinada à mento seletivo dos solos da Amazônia, particularmente
produção de ferro-liga. junto à calha do grande rio.
Os processos de laterização em rochas pré-cambria- Os sedimentos químico-evaporíticos do Carbonífe-
nas podem levar à formação de depósitos de bauxita: há ro superior apresentam horizontes de salgema, sais de
ocorrências associadas a rochas graníticas e a rochas bá- potássio, anidrita e gipsita. Os depósitos de evaporitos
sicas. Todavia, não foram objeto de maior interesse eco- estão recobertos por sedimentos mais recentes e fo-
nômico, em função das jazidas de minério de alumínio ram localizados através de sondagens da Petrobrás na
de excelente qualidade derivadas de rochas cretáceas ou sub-bacia do médio Amazonas, em profundidades que
terciárias situadas nas proximidades do rio Amazonas. variam de 400 a 1.000 metros. Foram interceptados tan-
No passado, houve garimpos de diamante no rio To- to na borda sul região de Nova Olinda Maués e Tapajós
cantins, nas proximidades da cidade de Marabá. Hoje, a como na borda norte da bacia região do Nhamundá e
pequena produção de diamante está restrita à ativida- Trombetas. Nas proximidades de Nova Olinda, em Fazen-
de garimpeira no norte de Roraima, na fronteira com a dinha, a Petrobrás pesquisou expressivos depósitos de
Venezuela, e à pequena mineração no estado de Mato sais de potássio, associados a salgema.
Grosso. Há notícias de ocorrências de mineralizações pri- Na bacia do Parnaíba, há leitos de calcário e gipsita
márias de diamante, associadas a kimberlitos, sem haver, associados às sequências clasto-químicas permianas.
contudo, produção. O Mesozóico (230 — 65 M.A.), na bacia do Amazonas,
Muitos dos corpos graníticos da Amazônia apresen- foi marcado por prolongada erosão até o início dos tem-
tam características físicas que permitem o seu aproveita- pos cretáceos. Assim, os registros desse período estão
mento como rocha ornamental ou de revestimento. As restritos às manifestações vulcânicas básicas, preserva-
áreas mais próximas dos meios de transporte poderão das sob a forma de sills e diques de diabásio.
vir a ser lavradas para competir no promissor mercado
Na bacia do Parnaíba, as coberturas mesozóicas estão
internacional.
bem distribuídas, merecendo destaque a sedimentação
Depósitos de calcário de idade pré-cambriana são co-
cretácea.
nhecidos no norte do estado do Tocantins e no sudeste
Uma deposição sedimentar com características con-
do Pará, nas proximidades do rio Araguaia. Apresentam
tinentais, predominantemente flúvio-lacustre, cobriu ex-
composição calcítica ou dolomítica, havendo possibilida-
tensas áreas das bacias do Amazonas e Parnaíba, bem
de de sua utilização como insumo destinado à fabricação
como das bacias costeiras. Como essa sedimentação
de cimento ou à indústria metalúrgica, bem como para
teve início no Cretáceo, a perfeita caracterização dessa
corretivo de solos.
Grandes movimentos tectônicos, precursores do iní- cobertura ainda não é uma questão resolvida, persistindo
cio da deriva do continente sul-americano, deram origem dúvidas quanto à estratigrafia e à nomenclatura, particu-
a duas importantes bacias paleozóicas: do Amazonas, na larmente nas sub-bacias do médio e do baixo Amazonas,
parte central, e do Parnaíba (do Maranhão), que tem ape- e na plataforma Bragantina no leste do estado do Pará.
nas sua borda ocidental situada na região. As duas bacias Na sub-bacia do alto Amazonas, essa sedimentação
estão parcialmente recobertas por sedimentos mesozói- apresenta horizontes extensos de linhito, mas geralmen-
cos e cenozóicos. te de pequena espessura e baixa qualidade, o que impe-
Embora as sequências paleozóicas (570 — 230 M.A.) de o seu aproveitamento econômico.
sejam potenciais para depósitos de carvão, a evolução Na plataforma Bragantina, ocorrem leitos de calcário
das duas bacias não possibilitou a formação de jazimen- que permitem sua utilização para a fabricação de cimento.
tos expressivos de carbono fóssil. Em relação a depósitos A evolução do relevo e os processos de laterização
de petróleo e, principalmente, gás natural, ainda há boa que atuaram sobre essa cobertura areno-argilosa terciá-
possibilidade de novas descobertas. ria ou cretácea deram origem a extensos depósitos de
Programas realizados pela Petrobrás, nas últimas bauxita, que estão concentrados em três distritos prin-
duas décadas, levaram à localização de depósitos de óleo cipais: Trombetas (médio Amazonas), Almeirim (baixo
e gás. As descobertas mais significativas ocorreram na Amazonas) e Paragominas-Tiracambú (plataforma Bra-
região dos rios Juruá (gás) e Urucu (gás e óleo), na sub- gantina). Esses distritos são responsáveis pelo terceiro
-bacia do alto Amazonas. maior potencial em bauxita do mundo, superados ape-
Entretanto, alguns especialistas em prospecção de nas pelos da Austrália e da Guiné. A mineração foi im-
petróleo acreditam que as possibilidades da região, prin- plantada apenas na jazida do Trombetas.
cipalmente para gás, são bem maiores que as detectadas O minério de alumínio da Amazônia motivou a cons-
até o presente. Esta conclusão é baseada na existência trução da hidrelétrica de Tucuruí, a fim de atender aos
de condições para a geração e acumulação comercial de complexos de produção de alumina-alumínio da Alunor-
hidrocarbonetos. Chegam a ampliar a possibilidade de te e Albrás, nas proximidades de Belém, e da Alumar, em
sucesso inclusive para as sub-bacias do médio e baixo São Luís.
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Amazonas. Parte dos depósitos de bauxita, dos distritos de Al-


Do Paleozóico, há na Amazônia consideráveis depósi- meirim e Paragominas-Tiracambú, apresentam caracte-
tos de calcário, associados a sequências do Carbonífero. rísticas químicas baixo teor de ferro que permitem sua
Esses depósitos têm sido pesquisados para a fabricação utilização na indústria de refratários. Foram abertas duas

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pequenas minas para o aproveitamento deste tipo de suprir suas fábricas de pilhas eletrolíticas, e a United Sta-
minério, nas proximidades das cidades de Almeirim e de tes Steel, para alimentar suas siderúrgicas. Ambas tive-
Paragominas. ram sucesso em seus objetivos: a Union Carbide localizou
A cobertura terciária ou cretácea da Amazônia tam- os depósitos do Sereno, em 1966, nas proximidades de
bém tem importância econômica pelos seus expressi- Marabá, mas a United States Steel, um ano depois, foi
vos depósitos de caulim, distribuídos em três distritos mais aquinhoada pela sorte, descobrindo os depósitos
principais: Manaus (médio Amazonas), Almeirim (baixo de Buritirama e também as fabulosas jazidas de ferro de
Amazonas) e Capim (plataforma Bragantina). O caulim Carajás.
da região apresenta excepcionais qualidades para reves- As jazidas de ferro de Carajás, com seus 18 bilhões
timento de papel (tipo coating). Três minas estão em ati- de toneladas de minério, correspondem à maior concen-
vidade: uma no estado do Amapá, nas proximidades do tração de alto teor já localizada no planeta. Estão distri-
rio Jari, e duas no distrito do Capim. Há previsões de que, buídas em quatro setores principais: serra Norte (N1, N4
em breve, a Amazônia, em particular a região do Capim, e N5), serra Sul (S11), serra Leste e serra de São Félix, no
venha a se transformar no principal centro mundial de extremo oeste da região.
produção de caulim do tipo coating. A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), estatal fede-
Na Amazônia, particularmente na sub-bacia do alto ral recentemente privatizada iniciou sua explotação em
Amazonas, localizam-se as mais representativas áreas 1985, no braço leste da jazida N4. Recentemente, a lavra
com sedimentos quaternários do país. Contudo, a impor- também foi estendida para o braço oeste da N4 e para
tância econômica do Quaternário está restrita aos alu- a jazida N5, ampliando a capacidade de produção anual
viões mineralizados, principalmente a ouro e cassiterita, para cerca de 50 milhões de toneladas. A quase totalida-
que se distribuem pelas mais diversas áreas da região, de do minério é destinada ao mercado externo (Japão,
em terrenos pré-cambrianos, e que motivaram a explo- Alemanha, Itália e outros). Na área de influência da fer-
são garimpeira das últimas décadas. rovia de Carajás a São Luís 890 quilômetros há algumas
usinas destinadas à produção de ferrogusa.
Província mineral de Carajás Além dos dois depósitos de manganês localizados
nas primeiras pesquisas em Carajás, há também o do iga-
Entre as áreas pré-cambrianas da Amazônia, desta- rapé Azul, descoberto no início dos anos 1970. A minera-
ca-se a “província mineral de Carajás”. Sua evolução foi ção foi implantada apenas nessa jazida, com produções
beneficiada por uma série de eventos geológicos, desde anuais ao redor de um milhão de toneladas. As caracte-
a consolidação de sua crosta até os tempos mais recen- rísticas do minério permitem a seleção de produtos para
tes, todos bastante favoráveis à formação de depósitos utilização siderúrgica, eletrolítica e química.
minerais. A conjunção de fatores, tais como tectonismo, O primeiro depósito econômico de cobre da Amazô-
vulcanismo, plutonismo, intemperismo e erosão, ocorri- nia foi descoberto em Carajás, em meados da década de
da numa área relativamente limitada da ordem de 40 mil 1970, nas proximidade do igarapé Salobo e a noroeste
quilômetros quadrados deu origem a um conjunto ex- das jazidas de ferro de serra Norte. O cobre está asso-
pressivo de jazimentos minerais de interesse econômico. ciado a magnetita e ouro, com prata subordinada. Já foi
Na província mineral de Carajás, predominou um vul- concluído o projeto para implantação da mineração, que
canismo básico arqueano, responsável pela metalogenia está na dependência apenas de reavaliação econômica e
do ferro, do cobre (com zinco subordinado), do manga- financeira.
nês e do ouro. O plutonismo granítico contribuiu para Depósitos menores de cobre, localmente com zinco
remobilizar talvez adicionando conteúdo metálico ao sis- associado, foram descobertos na mesma época, no pro-
tema e concentrar os elementos minerais. O magmatis- longamento oeste da serra Norte, nas proximidades do
mo ultramáfico introduziu níquel na província sendo que, igarapé Pojuca.
localmente, na sua extremidade leste, existe a presença Nas cabeceiras do igarapé Bahia onde, na década de
de cromo, platina e platinóides. A atuação conjugada do 1970, foram identificados os primeiros indícios de cobre
intemperismo e da erosão, em tempos mais recentes, so- em Carajás (anomalias geoquímicas em sedimentos de
bre sedimentos clasto-químicos relacionados com o vul- corrente) descobriu-se recentemente expressivos depó-
canismo básico arqueano foi responsável pela concen- sitos de cobre (Corpo Alemão), associados a magnetita e
tração de depósitos residuais de ferro e manganês, bem ouro, que estão sendo avaliados.
com de ouro sobre rochas básicas e de níquel laterítico Como esses corpos não afloram na superfície, sua
associado aos corpos ultramáficos. descoberta foi fruto da integração de dados aerogeofísi-
Geologia de Carajás possui características próprias, cos e geoquímicos, efetuada com a utilização de softwa-
não reproduzidas em outras províncias metalogenéticas res especializados pela equipe da DOCEGEO empresa de
da Terra. Alguns geocientistas que têm estudado a re- exploração geológica da CVRD.
gião chegam a considerar o vulcanismo básico arqueano Esses estudos permitiram a seleção de mais de cem
como sendo um greenstone belt, mas com características alvos com potencialidade para ocorrências de cobre, al-
específicas nessa província greenstone belt do tipo Ca- guns com programas de pesquisa em desenvolvimento
rajás. (Gameleira, Sossego, Liberdade, etc.). Os depósitos têm
GEOGRAFIA

Tudo começou na segunda metade da década de como característica fundamental a associação com mag-
1960, quando duas empresas americanas iniciaram pro- netita e ouro. Alguns apresentam semelhanças com o
gramas de prospecção mineral na região com o objetivo tipo pórfiro.
de descobrir jazidas de manganês: a Union Carbide, para

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Após a privatização da CVRD, a partir de alvos pré-se- mais aprimoradas de geoquímica e geofísica possibilitou
lecionados pelos levantamentos aerogeofísicos, dois no- um novo ciclo de descobertas: cobre-ouro do Salobo e
vos depósitos foram selecionados e estão em fase final Pojuca, e ouro do Igarapé Bahia e Andorinhas. A partir
de avaliação: Cristalino e 118. de década de 1990, a introdução de tecnologia de pon-
A CVRD readquiriu o controle total da jazida do Sos- ta em geofísica e a utilização de softwares especializados
sego (durante a fase de pesquisa, 50% estava sob o con- para a integração rápida, e com inúmeras simulações,
trole da Phelps Dodge) e está iniciando a implantação da dos dados de geologia, geoquímica e geofísica, permi-
lavra. Será a primeira mina de cobre de Carajás. tiram a elaboração de um novo modelo metalogenético
Pesquisadores, bem como técnicos das empresas que para a província. A primeira conclusão desse processo foi
atuam em Carajás, afirmam que a província de Carajás a identificação do seu alto potencial para cobre e ouro,
apresenta um considerável potencial, podendo vir a ser associado a óxidos de ferro, muitas vezes magnéticos a
um importante polo de produção de cobre no início do descoberta do expressivo depósito de cobre e ouro do
século XXI, só superado pelos Andes chilenos. Corpo Alemão, junto à mina de ouro do igarapé Bahia,
Entretanto, ainda não há uma política governamental foi a primeira comprovação dessa hipótese.
que oriente o seu aproveitamento econômico com o jus- A província mineral de Carajás é considerada uma das
to desenvolvimento regional. mais importantes anomalias metalogenéticas da crosta
A pesquisa da anomalia de cobre do igarapé Bahia terrestre, comparável, em potencial mineral e econômico,
possibilitou a descoberta, em 1985, de um depósito re- às regiões do Abitibi Belt, no Canadá, e de Witerwaters-
sidual de ouro, resultante da atuação dos processos de rand, na África do Sul. Tem a seu favor a imaturidade do
laterização em rochas vulcânicas básicas mineralizadas a nosso conhecimento geológico, pouco mais de 30 anos,
cobre e ouro. Corresponde à mais importante jazida de enquanto que as demais províncias apresentam mais de
ouro pesquisada até o presente na Amazônia. Sua lavra um século de história. Mesmo assim, sua produção de
foi iniciada em 1991; sua capacidade atual de produção é minério de ferro, manganês e ouro corresponde a um
de 10 toneladas por ano, o que a classifica como a maior valor bruto da ordem de US$ 1 bilhão por ano.
mina de ouro do Brasil. Os recursos totais em ouro, na
zona intemperada, eram da ordem de 100 toneladas. Considerações finais
No leste da província, entre as jazidas de manganês
do Sereno e de ferro de serra Leste, situa-se expressi- O conhecimento da geologia da Amazônia, de modo
vo depósito de ouro onde, no início da década de 1980, geral, ainda é bastante preliminar — no mesmo nível
surgiu uma das mais espetaculares áreas de produção em que os países com mineração desenvolvida encon-
artesanal do mundo contemporâneo. O garimpo de serra travam-se no início do século XX. Tornam-se necessários
Pelada chegou a ter 60 mil homens em atividade, numa maiores investimentos em estudos básicos, bem como
cava que atingiu 200 metros de diâmetro e 80 metros para o desenvolvimento de uma tecnologia de prospec-
de profundidade. Durante seis anos, foram produzidas ção e pesquisa adaptada à realidade regional, para que
cerca de 50 toneladas de ouro. Entretanto, mais do que a se possa ter um melhor conhecimento de seus recursos
quantidade, o que impressiona nesse depósito é a con- minerais.
centração do ouro: durante o garimpo, foram retirados Mesmo assim, os trabalhos executados nas três últi-
blocos com até 60 quilos. Associado ao ouro, há platina, mas décadas já obtiveram expressivos testemunhos da
paládio e ródio. Com o encerramento da produção ga- riqueza de seu subsolo. A fertilidade de alguns de seus
rimpeira, foram reiniciadas as pesquisas geológicas para ambientes geológicos — onde jazidas de classe mundial
se verificar a possibilidade de implantação da mineração. já foram dimensionadas — indicam que a Amazônia de-
Deverá haver expressiva produção de ouro, como verá ocupar posição de destaque na produção de alguns
subproduto da mineração dos depósitos de cobre de bens minerais, tais como minério de ferro, alumínio, co-
Carajás. Na lavra da jazida do Salobo, está prevista a re- bre, ouro, manganês, caulim, estanho e, eventualmente,
cuperação de 8 toneladas de ouro, para uma produção gás.
anual de 200 mil toneladas de cobre. A mineração empresarial caracteriza-se pelo uso in-
Os processos de laterização, que atuaram nos corpos tensivo de capital e tecnologia, mas com baixa utilização
ultramáficos de Carajás, deram origem a três depósitos de mão-de-obra, normalmente especializada. Entretanto,
limoníticos e garnieríticos de níquel: Vermelho, Onça e essa atividade tem contribuído para o crescimento regio-
Puma. Entretanto, os recursos avaliados ainda não permi- nal, através da infra-estrutura implantada, dos empregos
tiram a sua exploração em bases econômicas. indiretos gerados e dos impostos pagos. Indiretamente,
Além dos elementos citados, a região apresenta po- tem agravado o problema social da região, por criar po-
tencialidade para depósitos de zinco, estanho e, even- los de atração e facilidades para a penetração das cor-
tualmente, diamante. Entretanto, sua evolução meta- rentes migratórias.
logenética determinou uma vocação preferencial para Por outro lado, o garimpo utiliza mão-de-obra inten-
ferro e cobre, com ouro subordinado. siva, geralmente despreparada, e tecnologia primitiva. A
Deve ser lembrado que o programa de exploração atividade garimpeira ocupou um grande contingente de
geológica em Carajás encontra-se na sua terceira onda. trabalhadores, porém de imigrantes, transferindo a misé-
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Na primeira, no final da década de 1960 e início dos anos ria do Nordeste para a Amazônia.
1970, foram localizados os depósitos minerais com for- O aproveitamento da riqueza mineral tem sido res-
tes indícios superficiais: ferro, manganês e níquel. Com a ponsabilizado pelos problemas ambientais e sociais im-
entrada da DOCEGEO, em 1974, a utilização de técnicas postos à região nos últimos anos. Na realidade, a Amazô-

60
nia passou a fazer parte das opções dos marginalizados arqueológicos, bem como desenvolveu programas de
pelo processo socioeconômico brasileiro, que tentam apoio às comunidades indígenas nas áreas sob influência
encontrar caminhos de sobrevivência no garimpo, na do projeto Carajás. Com a empresa privatizada, espera-
posse da terra ou na periferia dos grandes projetos e das -se que os novos donos continuem seguindo a mesma
cidades. política.
Como a atividade garimpeira encontra-se em declí- Tudo isso não impediu que a área do projeto corres-
nio, seus trabalhadores estão engrossando as legiões dos ponda a uma verdadeira “ilha” de preservação ambiental,
“sem terra”. Torna-se necessário criar opções econômicas rodeada por um cinturão de ocupação, motivada pelos
que permitam a participação dessa população — como, mais diversos objetivos — posse da terra, pecuária, ex-
por exemplo, o desenvolvimento agrícola sustentado das tração da madeira e garimpagem.
terras férteis e o reflorestamento das zonas degradadas Superados os equívocos iniciais, as demais áreas de
da região. Os simples assentamento dessa população em mineração da Amazônia — manganês de serra do Na-
lotes, sem qualquer orientação técnica e científica, vai vio, caulim do Jari e do Capim, bauxita do Trombetas e
contribuir para agravar os problemas ambientais e so- cassiterita do Pitinga — também apresentam cuidados
ciais. ambientais satisfatórios.
A discussão da problemática ambiental, relacionada Algumas áreas da Amazônia apresentam vocação
com a extração mineral na Amazônia, tem sido exacer- natural para uma industrialização baseada nos insumos
bada em função dos conflitos decorrentes da atividade minerais. No caso específico de Carajás — onde, ao lado
garimpeira. De fato, merecem cuidado e preocupação os da riqueza mineral da própria província, somam-se os
danos causados por centenas de milhares de homens, distritos da bauxita de Paragominas-Tiracambú e de cau-
que no período de duas décadas vasculharam boa parte lim do Capim — deverão ser contemplados os projetos
das drenagens da região. relacionados com a siderurgia, metalurgia do alumínio,
Considerando que o garimpo normalmente atua em silício, cobre e níquel, e refino do ouro, bem como a fa-
depósitos minerais superficiais, a área desmatada é bas- bricação de papel
tante significativa — mas muito inferior à das queimadas É necessário que se encontrem novas soluções para
motivadas pela posse da terra. Na exploração do casca- a questão energética da região. As grandes hidrelétricas
lho mineralizado, feita normalmente com uso de jatos de têm apresentado altos custos financeiros e ambientais,
água, há remoção de uma quantidade maior de material que comprometem todo o processo de desenvolvimen-
argiloso, que é lançado nos pequenos e grandes rios, tor- to. Alternativas poderiam ser encontradas na utilização
nando-os barrentos. sustentada da biomassa e do gás natural. O crescimento
Entretanto, o problema ambiental que tem causado industrial da Amazônia vai depender de disponibilidade
maior polêmica está relacionado com o uso do mercú- energética competitiva, mas de fontes ecologicamente
rio na concentração do ouro. Além da situação do pró- corretas, para que seus produtos não sofram rejeição nos
prio garimpeiro envolvido na amalgamação do ouro, foi mercados cada vez mais seletivos e críticos.
levantada a possibilidade de ter havido contaminação Os recursos minerais da Amazônia somente poderão
dos peixes nas regiões com maior atividade garimpeira, dar maior contribuição ao desenvolvimento nacional —
como na bacia do Tapajós. Felizmente, estudos recentes e regional — quando o processo de industrialização do
sugerem que a metilização do mercúrio, e sua entrada país permitir a elaboração de produtos finais com eleva-
na cadeia biológica, ocorreu apenas em casos isolados, e do grau de tecnologia agregada. Só assim será possível
uma maior conscientização dos garimpeiros tem reduzi- uma melhor remuneração para os produtos de origem
do a contaminação profissional. mineral, que tenham maior competitividade nos mutan-
A expansão garimpeira também contribuiu de manei- tes mercados atuais, num mundo onde há enorme dife-
ra direta para a disseminação da malária na região, tanto rença entre exportar potato chips ou micro chips.
em função do aumento da população nas áreas de risco, Investimentos terão que ser feitos para o desenvol-
agravado pelas condições sanitárias do garimpo, como vimento de uma competência científica e tecnológica na
pela constante migração de seus habitantes. Amazônia, voltada para a sua realidade e seus recursos.
O caos da atividade garimpeira impede a apuração E, antes de tudo, é necessário que sejam feitos esforços
das responsabilidades pelos danos ambientais do passa- para a valorização do homem da região, para que ele
do, mas torna necessário um maior controle e fiscaliza- possa participar — com responsabilidade — e usufruir
ção pelas autoridades governamentais no presente. — com qualidade de vida — do aproveitamento de suas
Quanto à mineração empresarial, os principais proje- riquezas.
tos implantados na Amazônia têm apresentado controle A Amazônia precisa ser melhor conhecida em toda
ambientais bastante satisfatórios. Nas minas de Carajás sua complexidade física e biológica para que a utiliza-
— ferro, manganês e ouro — o desmatamento tem fica- ção de seus recursos realmente possa significar evolução
do restrito às áreas de mineração e acesso, tendo havido econômica e social da população do Brasil, e da própria
reflorestamento, com espécies locais, das zonas não mais humanidade.
utilizadas. A construção de barragens de rejeito impe- Talvez a avidez por lucros a curto prazo e a qualquer
dem que os resíduos sólidos da mineração sejam lança- preço desses tempos de globalização econômica insensí-
GEOGRAFIA

dos na drenagem regional. vel venha a contribuir para acelerar o saque de seu patri-
A Companhia Vale do Rio Doce, enquanto era estatal mônio mineral e biológico e essas preocupações venham
e com a participação de institutos de pesquisa e univer- a ser lembradas apenas como um sonho utópico de al-
sidades, patrocinou estudos da flora, da fauna, dos sítios guns cientistas. Texto adaptado de SANTOS. R. M. D.

61
https://www.todamateria.com.br/industrializacao- dústria automobilística, 16%, de combustíveis, 9,5%, e de
no-brasil/ máquinas e equipamentos com 4,7% do VTI do estado
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/ do Paraná.
comercio-externo-brasileiro.htm O setor terciário do Paraná segue a mesma linha do
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/ nacional, aproveitando a desindustrialização o setor de
espaco-industrial-brasileiro.htm serviços vem se tornando o principal empregador nas
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/geografia- áreas urbanas. A crise de 2014 causou alguns estragos
economica.htm nesse setor, porém ainda podemos observar uma van-
tagem sobre o setor industrial. No terceiro setor encon-
PARANÁ tramos o turismo como uma atividade significativa, prin-
cipalmente na área do litoral com as praias e no interior
A economia paranaense é bem diversificada, pode- com o turismo de inverno. Os setores de serviços e co-
mos encontrar um parque industrial bem desenvolvido, mércios eram responsáveis por mais de 60% dos empre-
assim como um setor de serviços ligado aos centros ur- gos com carteira assinada no Paraná no ano de 2015,
banos, mas o grande motor da economia paranaense é isso por si só demonstra a força do setor de terciário do
com certeza o agronegócio. A liderança do agronegócio estado paranaense.
na economia paranaense deve-se principalmente aos so-
los férteis e ao relevo pouco acidentado do segundo e Agricultura
terceiro planalto. Neste último encontramos a terra roxa,
solo altamente fértil e que impulsiona as safras parana- O solo paranaense é fértil, favorecendo a atividade
enses. A indústria também contribui significativamente agrícola. O Estado produz uma grande variedade de cul-
para o produto interno bruto (PIB) paranaense, apesar turas, se destaca como importante produtor de trigo, mi-
de bem diversificada nos produtos ocorre no território lho, soja, algodão e café.
paranaense desigualdades na distribuição das indústrias,
onde temos uma aglomeração de industrias de alta tec- Pecuária
nologia na região metropolitana de Curitiba. Isso se deve
principalmente à ação do Estado, além dos empecilhos Na atividade pastoril a criação de bovinos se destaca,
sociais e de relevo. contendo um numeroso rebanho, além de ser um gran-
O setor primário paranaense é com certeza o mo- de produtor de suínos, destaca-se também na produção
tor da economia do estado. Encontramos nesse setor a leiteira, de ovos, de bicho-da-seda, entre outros.
agroindústria com a produção agrícola e pecuária, mas
também a indústria de extração de madeira, principal- Mineração
mente para alimentar a indústria de produção de papel, O solo paranaense abriga enormes e diversificadas ja-
por meio do reflorestamento de pinus e eucalipto. A agri- zidas de minérios, os principais são: ouro, cobre, minerais
cultura apresenta muita força principalmente com cultu- nobres, além de outros como a areia, argila, calcário, cau-
ras temporárias, ou seja, que precisam ser replantadas a lim, dolomita, talco, granitos, mármore, chumbo e ferro.
cada safra, como milho, soja, trigo e feijão. Essas culturas
colocam o Paraná como segundo estado em produção Extrativismo vegetal
de grãos, leguminosas e oleaginosas. Destacamos ain-
da a produção de cana de açúcar, mandioca, tabaco e Esse tipo de atividade consiste em retirar da natureza
batata. A pecuária paranaense possui o maior rebanho itens vegetais com fins econômicos, com isso, as prin-
suíno e avícola do Brasil, tendo uma grande importância cipais árvores exploradas são os pinheiros paranaenses
na economia do estado e do país. A extração de metais (Araucária Angustifólia).
tem pouco importância na constituição do PIB parana-
ense, apesar disso a indústria de extração de minerais Indústria
não metálicos tem alguma força com a extração de xisto
betuminoso, calcário, carvão e fluorita. Curitiba concentra uma cidade industrial que atua na
A indústria paranaense, assim como a de todo o país, indústria automobilística, metalmecânica, cimento, cerâ-
passa por um momento de retração. Isso deve-se prin- mica, montagem de máquinas, tecidos, frigoríficos, além
cipalmente pela desindustrialização que vem ganhando das agroindústrias que transformam produtos primários,
força no Brasil. O Paraná se beneficiou desde de a década como soja, milho, carne suína e madeira.
de 1960 da nova regionalização industrial que ocorreu O parque industrial paranaense reúne, aproximada-
com mais força a partir da década de 1980. Essa nova mente, 24 mil empresas, que geram resultados que su-
regionalização retirou empresas dos centros tradicionais peram a média nacional no ramo.
como São Paulo e Rio de Janeiro e redistribuiu nas até Informações da economia do Paraná
então periferias industriais brasileiras. O Paraná mesmo Participação no PIB nacional: 6,2%.
com uma indústria bem diversificada sofre com essa si-
tuação. O carro chefe da indústria paranaense não podia Composição do PIB estadual:
GEOGRAFIA

ser outro se não o de transformação ligada a gêneros - agropecuário: 18,4%.


alimentícios, responsável por 24% do valor da trans- - indústria: 40%.
formação industrial (VTI), índice que avalia a produção - prestação de serviços: 41,6%.
industrial por setor. A agroindústria é seguida pela in- - Volume de exportação: 10 bilhões de dólares.

62
Produtos de exportação Terrorismo de Estado: é praticado pelos Estados nacio-
- soja e derivados: 34,2%. nais e seus atos integram duas ações. A primeira seria o
- veículos e peças: 21,4%. terrorismo praticado contra a sua própria população. Fo-
- Madeira: 10%. ram exemplos dessa forma de terrorismo: os Estados tota-
- Carne congelada: 8,2%. litários Fascistas e Nazistas, a ditadura militar brasileira e a
- Outros alimentos, como milho, açúcar e café: 8,8%. ditadura de Pinochet no Chile. A segunda forma constituiu-
-se como a luta contra a população estrangeira (xenofobia);
TERRORISMO
Terrorismo de organizações criminosas, que são atos
Os atos e ataques terroristas, segundo alguns estu- de violência praticados por fins econômicos e religiosos,
diosos, tiveram início no século I d. C., quando um gru- como nos casos da máfia italiana, do Cartel de Medellín,
po de judeus radicais, chamados de sicários (Homens de da Al-Qaeda etc.
punhal), atacava cidadãos judeus e não judeus que eram No mundo contemporâneo, as ameaças terroristas
considerados a favor do domínio romano. Outros indí- são notícias recorrentes na imprensa. “Para a maior visu-
cios que confirmam asorigens remotas do terrorismo são alização do terrorismo mundial, a mídia exerce um papel
os registros da existência de uma seita mulçumana, no fundamental. Mas é evidente que também cria um sen-
final do século XI d. C., que se dedicou a exterminar seus sacionalismo em torno dos terroristas [...] a mídia ajuda
inimigos no Oriente Médio. Dessa seita teria surgido a a justificar a legalidade e a necessidade de ações antiter-
origem da palavra assassino. roristas que, muitas vezes, levam adiante banhos de san-
gue e violações aos direitos humanos que atingem mais
Terrorismo moderno a população civil do que os próprios terroristas” (SILVA;
SILVA, 2005: 398-399).
O terrorismo moderno tem sua origem no século XIX
no contexto europeu, quando grupos anarquistas viam Discurso sobre o Terror
no Estado seu principal inimigo. A principal ação terroris-
ta naquele período visava à luta armada para constituição É importante refletir sobre o terror como prática e o
de uma sociedade sem Estado – para isso, os anarquistas discurso sobre o terror. A separação dessas ações é fun-
tinham como principal alvo algum chefe de Estado, e não damental para a compreensão da prática terrorista e para
seus cidadãos. a análise dos discursos construídos sobre o terrorismo.
Durante a segunda metade do século XIX, as ações Feito isso, é possível entender as questões políticas e ide-
terroristas tiveram uma ascensão, porém, no século XX, ológicas que estão por trás das práticas e discursos sobre
houve uma expansão dos grupos que optaram pelo ter-
o terror. Assim sendo, estaremos mais aptos a questionar,
rorismo como forma de luta. Como consequência dessa
lutar e compreender por que tantas pessoas matam e
expansão, o raio de atuação terrorista aumentou, surgin-
morrem por determinadas causas.
do novos grupos, como os separatistas bascos na Espa-
É mais que necessário a sociedade compreender as
nha, os curdos na Turquia e Iraque, os mulçumanos na
ideologias que movem as práticas terroristas e os dis-
Caxemira e as organizações paramilitares racistas de ex-
cursos construídos sobre essas práticas. A cada ano que
trema-direita nos EUA. Um dos seguidores dessa última
organização foi Timothy James McVeigh, terrorista que passa, a humanidade sente-se mais acuada e receosa, te-
assassinou 168 pessoas em 1995, no conhecido atentado merosa de ataques com armas de destruição em massa.
de Oklahoma.
Com o desenvolvimento da ciência e tecnologia no < https://www.infoescola.com/parana/economia-do-parana/>
século XX, as ações terroristas passaram a ter um maior < https://brasilescola.uol.com.br/brasil/economia-
alcance e poder por meio de conexões globais sofistica- -parana.htm>
das, uso de tecnologia bélica de alto poder destrutivo, < https://brasilescola.uol.com.br/historia/terrorismo.htm>
redes de comunicação (internet) etc.

Terrorismo no Século XXI


EXERCÍCIOS COMENTADOS
No início do século XXI, principalmente após os ata-
ques terroristas aos EUA, no ano de 2001, estudiosos 1. (MUNDO EDUCAÇÃO) A Geografia Humana é a ci-
classificaram o terrorismo em quatro formas: ência que estuda o espaço geográfico, concebendo-o
não tão somente como um meio, mas também como um
Terrorismo revolucionário: surgiu no século XX e seus agente e um produto das atividades humanas, também
praticantes ficaram conhecidos como guerrilheiros urba- visto como um organismo vivo e dinâmico. Assim, pode-
nos marxistas (maoístas, castristas, trotskistas e leninistas); mos dizer que os estudos dessa área do conhecimento
resumem-se:
Terrorismo nacionalista: fundado por grupos que de-
sejavam formar um novo Estado-nação dentro de um a) às sociedades em geral;
GEOGRAFIA

Estado já existente (separação territorial), como no caso b) à relação entre homem e espaço;
do grupo terrorista separatista ETA na Espanha (o povo c) à distribuição das práticas culturais;
Basco não se identifica como espanhol, mas ocupa o ter- d) à dinâmica dos conhecimentos abstratos humanos;
ritório espanhol e é submetido ao governo da Espanha); e) aos processos de concentração demográfica e urbana.

63
Resposta: Letra B. A Geografia Humana preocupa-se em entender como as atividades humanas (industrialização,
transportes, economia, cultura, etc.) atuam no espaço geográfico, seja como agentes ou produtos dessas dinâmicas.
Portanto, trata-se de uma ciência da compreensão entre o homem e o seu espaço.

2. (PREFEITURA DE CASCAVEL-PR – CONSULPLAN – 2016) A energia solar e a microgeração distribuída tra-


zem vantagens para o meio ambiente. Mesmo com as vantagens da energia solar e com as condições favoráveis,
ainda existem algumas barreiras que bloqueiam um crescimento mais acelerado desse mercado no Brasil. São
fatores que constituem barreiras que bloqueiam esse mercado no Brasil, EXCETO:

a) É uma fonte limpa e renovável;


b) Pouca mão de obra qualificada;
c) Despreparo das distribuidoras de energia;
d) Falta de acesso a financiamentos compatíveis;
e) Elevados impostos para importação de equipamentos.

Resposta: Letra A. Em “b”, “c”, “d” e “e”: Errado – Todos esses aspectos dificultam o uso desse tipo de energia.
Em “a”: Certo – A energia solar, que é uma fonte limpa e renovável de energia, não é uma barreira para o mercado
e sim uma alternativa positiva de exploração de energia. Porém, com alguns aspectos que ainda dificultam essa ex-
ploração, tais como nas demais alternativas citadas.

PROBLEMAS AMBIENTAIS: EROSÃO E POLUIÇÃO DOS SOLOS; POLUIÇÃO DA ATMOSFERA


E ALTERAÇÕES DO CLIMA LOCAL (CLIMA URBANO, ILHA DE CALOR) E DO CLIMA DA TER-
RA (EFEITO ESTUFA, DESTRUIÇÃO DA CAMADA DE OZÔNIO, (CHUVAS ÁCIDAS); POLUIÇÃO
DAS ÁGUAS (EUTROFIZAÇÃO, POLUIÇÃO DAS ÁGUAS DOCES); DESTRUIÇÃO DA COBER-
TURA VEGETAL, DESMATAMENTO; UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E A PRESERVAÇÃO DOS
ECOSSISTEMAS E DA FLORA E DA FAUNA BRASILEIRA E PARANAENSE.

Vários são os problemas ambientais existentes no planeta. Problemas como poluição atmosférica, poluição das
águas, queimadas e desmatamentos são cada vez mais frequentes e afetam a qualidade de vida do homem e também
de outras espécies. No Brasil, não é diferente. Enfrentamos todos os dias graves ameaças aos nossos ecossistemas.

Principais problemas ambientais brasileiros

O Brasil, assim como qualquer país do mundo, enfrenta ameaças ao meio ambiente. De acordo com uma pesquisa
realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 90% dos municípios brasileiros apresentam proble-
mas ambientais, e entre os mais relatados estão as queimadas, desmatamento e assoreamento. A seguir, falaremos um
pouco a respeito de cada um deles:
Queimadas: As queimadas são geralmente utilizadas para limpar uma determinada área, renovar as pastagens e
facilitar a colheita de produtos como a cana-de-açúcar. Essa prática pode ser prejudicial para o ecossistema, pois au-
menta os riscos de erosão, mata micro-organismos que vivem no solo, retira nutrientes e causa poluição atmosférica.

Desmatamentos: Os desmatamentos acontecem por vários motivos. Entre eles, podemos citar a ampliação da
agropecuária, extração da madeira para uso comercial, criação de hidrelétricas, mineração e expansão das cidades. O
desmatamento prejudica o ecossistema de diferentes maneiras, provocando erosões, agravamento dos processos de
desertificação, alterações no regime de chuvas, redução da biodiversidade, assoreamento dos rios, etc.

Assoreamento: O assoreamento acontece com o acúmulo de sedimentos em ambientes aquáticos. Seus impactos
para o meio ambiente são grandes, como a obstrução de cursos de água, destruição de habitats aquáticos, prejuízos
na água destinada ao consumo e veiculação de poluentes.
Apesar de esses serem os mais relatados, não significa que sejam os únicos problemas ambientais enfrentados em
nosso país. Podemos citar ainda como ameaças ao meio ambiente: a poluição das águas, que causam doenças e pre-
juízo no abastecimento, a poluição atmosférica, responsável por uma grande incidência de doenças respiratórias, e a
poluição do solo, desencadeada principalmente pelo acúmulo de lixo e pelo uso de agrotóxicos.
Todos essas questões que afetam e ameaçam os ecossistemas e a saúde humana devem ser combatidas. Para isso,
necessitamos de urgente criação de políticas mais eficientes a fim de evitar crimes ambientais, assim como precisamos
GEOGRAFIA

de programas voltados à conscientização da população acerca de como diminuir os problemas ambientais em nosso
país. Se todos fizerem sua parte, poderemos deixar um Brasil com muito mais qualidade de vida para nossos descen-
dentes.

64
Problemas gerais O fenômeno do efeito est ufa também acontece em
outros planetas. No caso de Vênus, por exemplo, a tem-
Principais problemas ambientais atuais: peratura é superior a 470ºC devido ao acumulo de ani-
drido carbônico contido na sua atmosfera.
- Poluição do ar por gases poluentes gerados, prin- A queima de combustíveis fósseis, o desmatamento e
cipalmente, pela queima de combustíveis fósseis a ação das indústrias, são alguns exemplos que auxiliam
(carvão mineral, gasolina e diesel) e indústrias. o aumento da poluição do ar. Esse excesso de camada
- Poluição de rios, lagos, mares e oceanos provocada está fazendo que parte desses raios não consiga voltar
por despejos de esgotos e lixo, acidentes ambien- para o espaço, provocando uma elevação na temperatura
tais (vazamento de petróleo), etc; de todo o planeta, o aquecimento global.
- Poluição do solo provocada por contaminação
(agrotóxicos, fertilizantes e produtos químicos) e Em 1997, visando diminuir as emissões dos gases, a
descarte incorreto de lixo; Organização das Nações Unidas (ONU) convocou vários
- Queimadas em matas e florestas como forma de países para assinarem um tratado chamado de Protocolo
ampliar áreas para pasto ou agricultura; de Kyoto, que determina que os países industrializados
- Desmatamento com o corte ilegal de árvores para diminuam suas emissões de gases poluentes a um nível
comercialização de madeira; 5,2% menor que a média de 1990.
- Esgotamento do solo (perda da fertilidade para a O Brasil está em 6º lugar no ranking dos países que
agricultura), provocado pelo uso incorreto; mais emitem gases de efeito estufa na atmosfera, a maior
- Diminuição e extinção de espécies animais, provo- parte por conta dos desmatamentos.
cados pela caça predatória e destruição de ecos- Efeito estufa e aquecimento global
sistemas; Apesar de alguns cientistas acreditarem que o aque-
- Falta de água para o consumo humano, causado cimento global acontece por causas naturais, a grande
pelo uso irracional (desperdício), contaminação e maioria afirma que ocorre devido as emissão excessiva
poluição dos recursos hídricos; de gases estufa na atmosfera terrestre. Estes gases des-
- Acidentes nucleares que causam contaminação do troem a camada de ozônio, deixando o planeta Terra
solo por centenas de anos. Podemos citar como mais vulnerável aos raios ultravioletas do Sol.
exemplos os acidentes nucleares de Chernobyl
(1986) e na Usina Nuclear de Fukushima no Japão Causas e consequências do efeito estufa
(2011);
- Aquecimento Global, causado pela grande quanti- O efeito estufa é causado pelo excesso de CO2 (gás
dade de emissão de gases do efeito estufa; carbônico) e outros gases (como o metano) na atmosfera
- Diminuição da Camada de Ozônio, provocada pela terrestre. A camada desses gases ficou mais espessa a
emissão de determinados gases (CFC, por exem- partir da Revolução Industrial, sendo que a temperatura
plo) no meio ambiente. começou a subir significativamente.
As altas temperaturas provocadas pelos gases do
O que é Efeito Estufa: efeito estufa desequilibram o sistema climático da Terra.
Algumas das consequências são: elevação do nível médio
Efeito estufa é um fenômeno natural de aquecimento dos oceanos, aumento da frequência das tempestades,
térmico da Terra, essencial para manter a temperatura do ondas de calor, alteração do sistema de chuvas e etc.
planeta em condições ideais para a sobrevivência dos se-
res vivos. Sem o efeito estufa natural, a Terra seria muito Erosão
fria, dificultando o desenvolvimento das espécies.
No entanto, através de ações irresponsáveis dos seres A erosão é um processo natural, que nas últimas dé-
humanos, o efeito estufa está se tornando cada vez mais cadas tem sido acelerado pela ação humana (desmata-
intenso, o que passa a ser bastante prejudicial para a vida mento, urbanização, queimadas, práticas agrícolas, ex-
na Terra. ploração de minérios, etc.), que corresponde ao desgaste
Os raios solares, ao serem emitidos sobre a Terra, têm das rochas e dos solos, e que pode gerar inúmeros pro-
dois destinos: parte é absorvido pelo planeta e trans- blemas sociais, econômicos e ambientais.
formado em calor, para manter a atmosfera quente; en- A erosão atua na formação dos relevos e pode ocorrer
quanto que a outra é refletida e direcionada ao espaço, pela ação dos ventos, das chuvas, dos rios, das intempé-
na forma de radiação ultravioleta. ries do clima, dentre outros. Nesse sentido, fica claro que
Com a eliminação de muitos gases poluidores, como além de contribuir para a formação das paisagens natu-
o monóxido de carbono e outros que provocam o efeito rais, as consequências maléficas dos processos erosivos
estufa, mais da metade da radiação acaba por ficar retida que transportam diversos detritos são: assoreamento
na superfície do planeta, devido a ação refletora dessa dos rios, enchentes, deslizamentos, além de comprome-
camada de gases. ter a biodiversidade da fauna e da flora.
O excesso dos gases estufa, que agem como isolantes É importante destacar que há duas classificações para
GEOGRAFIA

por absorver a energia irradiada, formam uma espécie de os processos erosivos, sendo a erosão geológica ou na-
“cobertor térmico” em torno do planeta, impedindo que tural, mais lenta; enquanto a erosão acelerada, é rápida e
o calor volte para o espaço. gerada sobretudo, pela ação humana.

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Os processos erosivos podem ocorrer de diversas A criação dessas unidades de conservação é de fun-
maneiras, entretanto, são basicamente divididos em três damental importância para a preservação dos ecossis-
etapas: desintegração ou desgaste do solo, seguido do temas, proporcionado pesquisas científicas, manejo e
transporte de partículas pela água e, por fim, a deposição educação ambiental na busca pela conservação do meio
desses sedimentos nas áreas mais baixas do relevo, tal ambiente.
qual o leito dos rios. Atualmente o Brasil possui 728 unidades de conser-
Um fator de suma importância que evita, em partes, vação, sendo que existem diferentes tipos de unidades,
os processos erosivos é a preservação da cobertura ve- cada uma recebendo classificação de acordo com suas
getal, já que os vegetais funcionam como uma proteção características e objetivos a serem atingidos. Essas uni-
do solo, os quais atuam na diminuição do impacto das dades podem ser destinadas à exploração sustentável
águas. Note que quando não há essa cobertura, a gota de recursos naturais, preservação total do ecossistema,
de chuva penetra com mais facilidade no solo, denomi- realização de pesquisas, visitação para promover a edu-
nada de “erosão em splash”, o que acelera ainda mais, os cação ambiental etc.
processo erosivos. Para combater os processos erosivos Elas são classificadas como: Parques Nacionais, Reser-
o reflorestamento é uma das saídas. vas Biológicas, Reservas Ecológicas, Estações Ecológicas,
É curioso observar que a despeito da ação humana Áreas de Proteção Ambiental, Áreas de Relevante Inte-
ser um dos maiores problemas da intensificação da ero- resse Ecológico, Floresta Nacional, Reserva Extrativista,
são nos dias atuais, as plantas e os animais também são Refúgio de Vida Silvestre, Reserva da Fauna, Reserva de
agentes causadores de erosão, de modo que geram im- Desenvolvimento Sustentável e Reserva Particular do Pa-
pactos nas superfícies do solo. trimônio Natural.

Classificações Parque Nacional – Áreas que apresentam caracterís-


ticas naturais destinadas a pesquisas científicas e educa-
Conforme a gravidade dos processos erosivos eles ção ambiental;
são classificados:
Erosão Laminar (Lixivação): lavagem superficial do Reserva Biológica – Unidade de conservação destina-
solo. da a abrigo de espécies da fauna e da flora com impor-
Erosão em Sulco: grandes fendas formadas pela ação tante significado científico;
das águas e dos ventos que gera sulcos na superfície.
Ravinas: erosão profunda. Reserva Ecológica – Área de conservação permanen-
Voçorocas: erosão mais profunda que atinge o lençol te, que objetiva a proteção e a manutenção de ecossis-
freático.
temas;
Tipos de Erosão
Estação Ecológica – Espaços destinados à realização
de pesquisas básicas aplicadas à proteção do ambiente
De acordo com os agentes erosivos, a erosão pode
natural e ao desenvolvimento da educação ambiental;
ocorrer de diversas maneiras, a saber:
Erosão Gravitacional: ação da gravidade
Áreas de Proteção Ambiental – Unidade de conser-
Erosão Hídrica: ação das águas
Erosão Fluvial: ação dos rios vação destinada ao desenvolvimento sustentável, sendo
Erosão Pluvial: ação das chuvas que em algumas áreas é permitido o desenvolvimento
Erosão Eólica: ação dos ventos de atividades econômicas, desde que haja a proteção da
Erosão Glacial: ação das geleiras e neve fauna, da flora e da qualidade de vida da população local;
Erosão Marinha: ação das ondas dos mares
Erosão Antrópica: ação humana Área de Relevante Interesse Ecológico – Área que
abriga espécies raras da fauna e flora e que possui gran-
Universidades de Conservação Brasileiras de biodiversidade;

Com o intuito de preservar ambientes do patrimônio Floresta Nacional – Unidade de conservação estabe-
natural e cultural do Brasil, foi criada no ano 2000 a Lei lecida para garantir a proteção dos recursos naturais, sí-
Nacional N° 9.985. Conforme essa lei, a União, os estados tios arqueológicos, desenvolvimento de pesquisas cientí-
e os municípios podem criar novas Unidades de Conser- ficas, lazer, turismo e educação ambiental;
vação. No Brasil, essas unidades são definidas como áre-
as que possuem características naturais relevantes e cujo Reserva Extrativista – Espaço utilizado por populações
ecossistema necessita de proteção e conservação. locais que realizam o extrativismo vegetal e/ou mineral.
As unidades de conservação ambiental são espaços Essa unidade de conservação objetiva a realização da ati-
geralmente formados por áreas contínuas, instituciona- vidade econômica de forma sustentável;
lizados com o objetivo de preservar e conservar a flora,
a fauna, os recursos hídricos, as características geológi- Refúgio de Vida Silvestre – Área destinada à proteção
GEOGRAFIA

cas, culturais, as belezas naturais, recuperar ecossistemas dos ambientes naturais para a reprodução de espécies da
degradados, promover o desenvolvimento sustentável, flora local e da fauna migratória;
entre outros fatores que contribuem para a preservação
ambiental.

66
Reserva da Fauna - Área destinada ao estudo sobre
o manejo econômico e sustentável das espécies nativas;
HORA DE PRATICAR!
Reserva de Desenvolvimento Sustentável - Visa à pre-
servação da natureza de modo que a qualidade de vida 1. (CESPE/2016 - POLÍCIA CIENTÍFICA/PE) No que se
das populações tradicionais seja assegurada; refere ao objeto de estudo da hidrologia, assinale a op-
ção correta.
Reserva Particular do Patrimônio Natural - Área pri-
vada que tem por objetivo conservar a diversidade bio- a) A vazão dos canais e o nível dos reservatórios são ava-
lógica. liados pelo escoamento do lençol freático.
b) Nos estudos de interceptação natural, avalia-se o es-
< https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/biologia/
coamento que ocorre de forma espontânea sobre a
problemas-ambientais-brasileiros.htm>
< https://www.suapesquisa.com/ecologiasaude/pro- superfície de uma bacia hidrográfica.
blemas_ambientais.htm> c) A geomorfologia é a área da hidrologia que está rela-
< https://www.significados.com.br/efeito-estufa/> cionada à análise das características da qualidade da
< https://www.todamateria.com.br/erosao/> água.
< https://brasilescola.uol.com.br/brasil/unidades- d) A hidrometeorologia corresponde ao estudo das ca-
-conservacao-brasileiras.htm> racterísticas da água na atmosfera.
e) Os estudos de escoamento superficial são relativos à
observação qualitativa da vazão dos cursos de água.

2. (IDECAN/2016 – SEARH/RN) Por sua dimensão con-


tinental, todas as massas de ar responsáveis pelas condi-
ções climáticas na América do Sul atuam no Brasil direta
ou indiretamente. A relação correta entre a massa de ar
e as suas respectivas características pode ser encontrada
em:

a) Tropical Atlântica (mTa) – fria e seca.


b) Polar Atlântica (mPa) – quente e seca.
c) Equatorial Continental (mEc) – fria e seca.
d) Equatorial Atlântica (mEa) – quente e úmida.

3. (CESPE/2015 – CESPE) Os processos erosivos que


ocorrem na superfície da Terra envolvem transporte e se-
dimentação de materiais. Acerca desse assunto, julgue o
item a seguir. Estratificações cruzadas são encontradas ti-
picamente em depósitos sedimentares eólicos ou fluviais.

( ) CERTO ( ) ERRADO

4. (CESPE/2015 – MEC) Acerca da energia eólica, que é a


denominação da energia cinética contida nas massas de
ar em movimento, julgue o item subsequente. O aprovei-
tamento da energia eólica ocorre por meio da conversão
da energia cinética de translação em energia cinética de
rotação, com o emprego de turbinas eólicas.

( ) CERTO ( ) ERRADO
GEOGRAFIA

67
5. (CESGRANRIO/2016 – IBGE) ( ) A crítica mais comum à sociedade de consumo, repre-
sentante e representada pelo modelo de desenvolvimen-
to hegemônico, é que essa sociedade está imersa em um
processo de massificação cultural.

A sequência dos questionamentos é:

a) F, F, V, V, F
b) V, F, F, V, F
c) V, V, F, F, V
Disponível em:<http://blog.arletemeneguette.zip.net/images/pictori- d) V, F, V, V, V
cos.JPG>. Acesso em: 30 maio 2016. e) F, V, F, V, V

Na representação cartográfica, símbolos como os apre- 8. (CESPE/2015 – MPOG) A respeito de tempo e clima,
sentados acima são adequados para a composição da julgue os itens a seguir. A afirmação “o aquecimento glo-
bal deverá elevar a temperatura média da superfície da
a) escala numérica Terra em até cinco graus Celsius nos próximos anos” está
b) legenda relacionada ao conceito de clima.
c) escala gráfica
d) projeção ( ) CERTO ( ) ERRADO
e) orientação

6. (IBF/2017 – IFB) Há diversas formações vegetais em GABARITO


nosso planeta, as quais apresentam características, des-
de formações florestais muito densas, como outras de 1 E
menor densidade e diversidade de espécies. Este tipo é
bastante usado como pastagem, apresentando um solo 2 D
muito fértil. Este tipo de formação vegetal é: 3 CERTO
4 CERTO
a) Estepes
b) Savana 5 B
c) Mediterrânea 6 E
d) Floresta boreal 7 D
e) Pradarias
8 CERTO
7. (IFB/2017 – IFB) Nas últimas décadas, as questões
ambientais vêm ganhando peso nas preocupações mun-
diais. As relações entre o modelo de desenvolvimento
econômico e o meio ambiente vêm sendo profunda-
mente questionadas. Julgue abaixo os questionamentos
a este respeito, assinalando (V) para os VERDADEIROS e
(F) para os FALSOS.

( ) As ideias associadas ao modelo de desenvolvimento


econômico hegemônico são a da modernização e pro-
gresso, que creem e professam um caminho evolutivo a
seguir, tendo como referencial de sociedade “desenvol-
vida” aquela que está no centro do sistema capitalista.
( ) Os diferentes espaços urbano e rural direcionam-se
para a formação das sociedades modernas, mercadolo-
gizadas tanto em escala regional, quanto em escalas na-
cional e global, impulsionados por um modelo desenvol-
vimentista, com características inerentes de preservação
ambiental.
( ) O modelo de desenvolvimento econômico hegemô-
nico prima pelos interesses privados (econômicos) frente
GEOGRAFIA

aos bens coletivos (meio ambiente).


( ) A ideia de desenvolvimento econômico hegemôni-
co consubstancia-se em uma visão antropocêntrica de
mundo, gerador de fortes impactos socioambientais.

68
ÍNDICE

NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Conceitos básicos e modos de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimentos de informática: tipos de
computadores, conceitos de hardware e de software, instalação de periféricos...........................................................................................01
Edição de textos, planilhas e apresentações (ambiente Microsoft Office, versões 2010, 2013 e 365)..................................................06
Noções de sistema operacional (ambiente Windows, versões 7, 8 e 10)..........................................................................................................35
Redes de computadores: conceitos básicos, ferramentas, aplicativos e procedimentos de Internet e intranet...............................42
Programas de navegação: Mozilla Firefox e Google Chrome................................................................................................................................42
Programa de correio eletrônico: MS Outlook..............................................................................................................................................................42
Sítios de busca e pesquisa na Internet............................................................................................................................................................................42
Conceitos de organização e de gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas............................................................57
Segurança da informação: procedimentos de segurança.......................................................................................................................................57
Noções de vírus, worms e pragas virtuais.....................................................................................................................................................................59
Aplicativos para segurança (antivírus, firewall, antispyware etc.).........................................................................................................................59
Procedimentos de backup...................................................................................................................................................................................................63
Vamos observar agora, alguns pontos fundamentais
CONCEITOS BÁSICOS E MODOS DE para o entendimento de informática em concursos públicos.
UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS, Hardware, são os componentes físicos do computador,
FERRAMENTAS, APLICATIVOS E ou seja, tudo que for tangível, ele é composto pelos peri-
PROCEDIMENTOS DE INFORMÁTICA: féricos, que podem ser de entrada, saída, entrada-saída ou
apenas saída, além da CPU (Unidade Central de Processa-
TIPOS DE COMPUTADORES, CONCEITOS DE
mento)
HARDWARE E DE SOFTWARE, INSTALAÇÃO Software, são os programas que permitem o funciona-
DE PERIFÉRICOS. mento e utilização da máquina (hardware), é a parte lógica
do computador, e pode ser dividido em Sistemas Operacio-
nais, Aplicativos, Utilitários ou Linguagens de Programação.
A Informática é um meio para diversos fins, com isso O primeiro software necessário para o funcionamento
acaba atuando em todas as áreas do conhecimento. A de um computador é o Sistema Operacional (Sistema Ope-
sua utilização passou a ser um diferencial para pessoas racional). Os diferentes programas que você utiliza em um
e empresas, visto que, o controle da informação passou computador (como o Word, Excel, PowerPoint etc) são os
a ser algo fundamental para se obter maior flexibilidade aplicativos. Já os utilitários são os programas que auxiliam
na manutenção do computador, o antivírus é o principal
no mercado de trabalho. Logo, o profissional, que melhor
exemplo, e para finalizar temos as Linguagens de Progra-
integrar sua área de atuação com a informática, atingirá,
mação que são programas que fazem outros programas,
com mais rapidez, os seus objetivos e, consequentemen-
como o JAVA por exemplo.
te, o seu sucesso, por isso em quase todos editais de con-
Importante mencionar que os softwares podem ser li-
cursos públicos temos Informática.
vres ou pagos, no caso do livre, ele possui as seguintes ca-
racterísticas:
• O usuário pode executar o software, para qualquer
#FicaDica uso.
Informática pode ser considerada como • Existe a liberdade de estudar o funcionamento do
significando “informação automática”, ou seja, a programa e de adaptá-lo às suas necessidades.
utilização de métodos e técnicas no tratamento • É permitido redistribuir cópias.
automático da informação. Para tal, é preciso • O usuário tem a liberdade de melhorar o programa
uma ferramenta adequada: O computador.
e de tornar as modificações públicas de modo que a
A palavra informática originou-se da junção de comunidade inteira beneficie da melhoria.
duas outras palavras: informação e automática.
Esse princípio básico descreve o propósito Entre os principais sistemas operacionais pode-se des-
essencial da informática: trabalhar informações tacar o Windows (Microsoft), em suas diferentes versões, o
para atender as necessidades dos usuários de Macintosh (Apple) e o Linux (software livre criado pelo fin-
maneira rápida e eficiente, ou seja, de forma landês Linus Torvalds), que apresenta entre suas versões o
automática e muitas vezes instantânea. Ubuntu, o Linux Educacional, entre outras.
É o principal software do computador, pois possibilita
que todos os demais programas operem.
O que é um computador?
O computador é uma máquina que processa dados,
orientado por um conjunto de instruções e destinado a #FicaDica
produzir resultados completos, com um mínimo de inter-
Android é um Sistema Operacional desenvolvido
venção humana. Entre vários benefícios, podemos citar: pelo Google para funcionar em dispositivos
: grande velocidade no processamento e disponibili- móveis, como Smartphones e Tablets. Sua
zação de informações; distribuição é livre, e qualquer pessoa pode
: precisão no fornecimento das informações; ter acesso ao seu código-fonte e desenvolver
: propicia a redução de custos em várias atividades aplicativos (apps) para funcionar neste Sistema
: próprio para execução de tarefas repetitivas; Operacional.
iOS, é o sistema operacional utilizado pelos
Como ele funciona? aparelhos fabricados pela Apple, como o iPhone
Em informática, e mais especialmente em computado- e o iPad.
res, a organização básica de um sistema será na forma de:
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Conceitos básicos de Hardware (Placa mãe, memó-


rias, processadores (CPU) e disco de armazenamento
HDs, CDs e DVDs)
Os gabinetes são dotados de fontes de alimentação de
energia elétrica, botão de ligar e desligar, botão de reset,
baias para encaixe de drives de DVD, CD, HD, saídas de ven-
tilação e painel traseiro com recortes para encaixe de pla-
cas como placa mãe, placa de som, vídeo, rede, cada vez
Figura 1: Etapas de um processamento de dados. mais com saídas USBs e outras.

1
No fundo do gabinete existe uma placa de metal onde será fixada a placa mãe. Pelos furos nessa placa é possível
verificar se será possível ou não fixar determinada placa mãe em um gabinete, pois eles têm que ser proporcionais aos
furos encontrados na placa mãe para parafusá-la ou encaixá-la no gabinete.

#FicaDica
Placa-mãe, é a placa principal, formada por um conjunto de circuitos integrados (“chip set“) que reconhece e
gerencia o funcionamento dos demais componentes do computador.

Se o processador pode ser considerado o “cérebro” do computador, a placa-mãe (do inglês motherboard) represen-
ta a espinha dorsal, interligando os demais periféricos ao processador.
O disco rígido, do inglês hard disk, também conhecido como HD, serve como unidade de armazenamento perma-
nente, guardando dados e programas.
Ele armazena os dados em discos magnéticos que mantêm a gravação por vários anos, se necessário.
Esses discos giram a uma alta velocidade e tem seus dados gravados ou acessados por um braço móvel composto
por um conjunto de cabeças de leitura capazes de gravar ou acessar os dados em qualquer posição nos discos.
Dessa forma, os computadores digitais (que trabalham com valores discretos) são totalmente binários. Toda infor-
mação introduzida em um computador é convertida para a forma binária, através do emprego de um código qualquer
de armazenamento, como veremos mais adiante.
A menor unidade de informação armazenável em um computador é o algarismo binário ou dígito binário, conheci-
do como bit (contração das palavras inglesas binarydigit). O bit pode ter, então, somente dois valores: 0 e 1.
Evidentemente, com possibilidades tão limitadas, o bit pouco pode representar isoladamente; por essa razão, as
informações manipuladas por um computador são codificadas em grupos ordenados de bits, de modo a terem um
significado útil.
O menor grupo ordenado de bits representando uma informação útil e inteligível para o ser humano é o byte (leia-
-se “baite”).
Como os principais códigos de representação de caracteres utilizam grupos de oito bits por caracter, os conceitos
de byte e caracter tornam-se semelhantes e as palavras, quase sinônimas.
É costume, no mercado, construírem memórias cujo acesso, armazenamento e recuperação de informações são
efetuados byte a byte. Por essa razão, em anúncios de computadores, menciona-se que ele possui “512 mega bytes de
memória”; por exemplo, na realidade, em face desse costume, quase sempre o termo byte é omitido por já subentender
esse valor.
Para entender melhor essas unidades de memórias, veja a imagem abaixo:

Figura 2: Unidade de medida de memórias

Em resumo, a cada degrau que você desce na Figura 3 é só você dividir por 1024 e a cada degrau que você sobe
basta multiplicar por 1024. Vejamos dois exemplos abaixo:
Destacar essa tabela
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Transformar 16422282522 kilobytes em terabytes:


Transformar 4 gigabytes em kilobytes:
16422282522 / 1024 = 16037385,28 megabytes
4 * 1024 = 4096 megabytes
16037385,28 / 1024 = 15661,51 gigabytes
4096 * 1024 = 4194304 kilobytes.
15661,51 / 1024 = 15,29 terabytes.

USB é abreviação de “Universal Serial Bus”. É a porta de entrada mais usada atualmente.
Além de ser usado para a conexão de todo o tipo de dispositivos, ele fornece uma pequena quantidade de energia.
Por isso permite que os conectores USB sejam usados por carregadores, luzes, ventiladores e outros equipamentos.
A fonte de energia do computador ou, em inglês é responsável por converter a voltagem da energia elétrica, que
chega pelas tomadas, em voltagens menores, capazes de ser suportadas pelos componentes do computador.

2
Monitor de vídeo Contém um conjunto de restritos de células de me-
Normalmente um dispositivo que apresenta informa- mória chamados registradores que podem ser lidos e
ções na tela de LCD, como um televisor atual. escritos muito mais rapidamente que em outros dispo-
Outros monitores são sensíveis ao toque (chamados sitivos de memória. Os registradores são unidades de
de touchscreen), onde podemos escolher opções tocan- memória que representam o meio mais caro e rápido de
do em botões virtuais, apresentados na tela. armazenamento de dados. Por isso são usados em pe-
quenas quantidades nos processadores.
Impressora Em relação a sua arquitetura, se destacam os modelos
Muito popular e conhecida por produzir informações RISC (Reduced Instruction Set Computer) e CISC (Com-
impressas em papel. plex Instruction Set Computer). Segundo Carter [s.d.]:
Atualmente existem equipamentos chamados im- ... RISC são arquiteturas de carga-armazenamento,
pressoras multifuncionais, que comportam impressora, enquanto que a maior parte das arquiteturas CISC per-
scanner e fotocopiadoras num só equipamento. mite que outras operações também façam referência à
Pen drive é a mídia portátil mais utilizada pelos usuá- memória.
rios de computadores atualmente. Possuem um clock interno de sincronização que de-
Ele não precisar recarregar energia para manter os fine a velocidade com que o processamento ocorre. Essa
dados armazenados. Isso o torna seguro e estável, ao velocidade é medida em Hertz. Segundo Amigo (2008):
contrário dos antigos disquetes. É utilizado através de Em um computador, a velocidade do clock se refere
uma porta USB (Universal Serial Bus). ao número de pulsos por segundo gerados por um os-
Cartões de memória, são baseados na tecnologia cilador (dispositivo eletrônico que gera sinais), que de-
flash, semelhante ao que ocorre com a memória RAM termina o tempo necessário para o processador executar
do computador, existe uma grande variedade de formato uma instrução. Assim para avaliar a performance de um
desses cartões. processador, medimos a quantidade de pulsos gerados
São muito utilizados principalmente em câmeras em 1 segundo e, para tanto, utilizamos uma unidade de
fotográficas e telefones celulares. Podem ser utilizados
medida de frequência, o Hertz.
também em microcomputadores.

#FicaDica
BIOS é o Basic Input/Output System, ou Sistema
Básico de Entrada e Saída, trata-se de um
mecanismo responsável por algumas atividades
consideradas corriqueiras em um computador,
mas que são de suma importância para o correto
funcionamento de uma máquina.

Se a BIOS para de funcionar, o PC também para! Ao


iniciar o PC, a BIOS faz uma varredura para detectar e
identificar todos os componentes de hardware conecta-
dos à máquina.
Só depois de todo esse processo de identificação é Figura 3: Esquema Processador
que a BIOS passa o controle para o sistema operacional e
o boot acontece de verdade. Na placa mãe são conectados outros tipos de placas,
Diferentemente da memória RAM, as memórias ROM com seus circuitos que recebem e transmite dados para
(Read Only Memory – Memória Somente de Leitura) não desempenhar tarefas como emissão de áudio, conexão à
são voláteis, mantendo os dados gravados após o desli- Internet e a outros computadores e, como não poderia
gamento do computador. faltar, possibilitar a saída de imagens no monitor.
As primeiras ROM não permitiam a regravação de seu Essas placas, muitas vezes, podem ter todo seu hard-
conteúdo. Atualmente, existem variações que possibili- ware reduzido a chips, conectados diretamente na placa
tam a regravação dos dados por meio de equipamentos mãe, utilizando todos os outros recursos necessários, que
especiais. Essas memórias são utilizadas para o armaze- não estão implementados nesses chips, da própria mo-
namento do BIOS. therboard. Geralmente esse fato implica na redução da
O processador que é uma peça de computador que velocidade, mas hoje essa redução é pouco considerada,
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

contém instruções para realizar tarefas lógicas e mate- uma vez que é aceitável para a maioria dos usuários.
máticas. O processador é encaixado na placa mãe atra- No entanto, quando se pretende ter maior potência
vés do socket, ele que processa todas as informações do de som, melhor qualidade e até aceleração gráfica de
computador, sua velocidade é medida em Hertz e os fa- imagens e uma rede mais veloz, a opção escolhida são as
bricantes mais famosos são Intel e AMD. placas off board. Vamos conhecer mais sobre esse termo
O processador do computador (ou CPU – Unidade e sobre as placas de vídeo, som e rede:
Central de Processamento) é uma das partes principais Placas de vídeo são hardwares específicos para traba-
do hardware do computador e é responsável pelos cál- lhar e projetar a imagem exibida no monitor. Essas placas
culos, execução de tarefas e processamento de dados. podem ser onboard, ou seja, com chipset embutido na

3
placa mãe, ou off board, conectadas em slots presentes
na placa mãe. São considerados dispositivos de saída de EXERCÍCIOS COMENTADOS
dados, pois mostram ao usuário, na forma de imagens,
o resultado do processamento de vários outros dados.
Você já deve ter visto placas de vídeo com especi-
ficações 1x, 2x, 8x e assim por diante. Quanto maior o
número, maior será a quantidade de dados que passarão
por segundo por essa placa, o que oferece imagens de
vídeo, por exemplo, com velocidade cada vez mais próxi-
ma da realidade. Além dessa velocidade, existem outros
itens importantes de serem observados em uma placa
de vídeo: aceleração gráfica 3D, resolução, quantidade de
cores e, como não poderíamos esquecer, qual o padrão
de encaixe na placa mãe que ela deverá usar (atualmente
seguem opções de PCI ou AGP). Vamos ver esses itens
um a um:
Placas de som são hardwares específicos para traba-
lhar e projetar a sons, seja em caixas de som, fones de
ouvido ou microfone. Essas placas podem ser onboard,
ou seja, com chipset embutido na placa mãe, ou of-
fboard, conectadas em slots presentes na placa mãe. São
dispositivos de entrada e saída de dados, pois tanto per-
mitem a inclusão de dados (com a entrada da voz pelo
microfone, por exemplo) como a saída de som (através
das caixas de som, por exemplo).
Placas de rede são hardwares específicos para inte-
Considerando a figura acima, que ilustra as propriedades
grar um computador a uma rede, de forma que ele possa
de um dispositivo USB conectado a um computador com
enviar e receber informações. Essas placas podem ser on-
sistema operacional Windows 7, julgue os itens a seguir
board, ou seja, com chipset embutido na placa mãe, ou
offboard, conectadas em slots presentes na placa mãe.
1) Escrivão de Polícia CESPE 2013
As informações na figura mostrada permitem inferir que
#FicaDica o dispositivo USB em questão usa o sistema de arquivo
NTFS, porque o fabricante é Kingston.
Alguns dados importantes a serem observados
em uma placa de rede são: a arquitetura de rede ( ) Certo ( ) Errado
que atende os tipos de cabos de rede suportados
e a taxa de transmissão.
Resposta: Errado - Por padrão os pendrives (de baixa
capacidade) são formatados no sistema de arquivos
Periféricos de computadores FAT, mas a marca do dispositivo ou mesmo a janela
Para entender o suficiente sobre periféricos para con- ilustrada não apresenta informações para afirmar sobre
curso público é importante entender que os periféricos qual sistema de arquivos está sendo utilizado.
são os componentes (hardwares) que estão sempre liga-
dos ao centro dos computadores. 2) Escrivão de Polícia CESPE 2013
Os periféricos são classificados como: Ao se clicar o ícone , será mostrado, no
Dispositivo de Entrada: É responsável em transmitir a Resumo das Funções do Dispositivo, em que porta USB o
informação ao computador. Exemplos: mouse, scanner, dispositivo está conectado.
microfone, teclado, Web Cam, Trackball, Identificador
Biométrico, Touchpad e outros. ( ) Certo ( ) Errado
Dispositivos de Saída: É responsável em receber a in-
formação do computador. Exemplos: Monitor, Impresso- Resposta: Certo - Ao se clicar no ícone citado será de-
ras, Caixa de Som, Ploter, Projector de Vídeo e outros. monstrada uma janela com informações/propriedades
Dispositivo de Entrada e Saída: É responsável em do dispositivo em questão, uma das informações que
transmitir e receber informação ao computador. Exem- aparecem na janela é a porta em que o dispositivo USB
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

plos: Drive de Disquete, HD, CD-R/RW, DVD, Blu-ray, mo- foi/está conectado.
dem, Pen-Drive, Placa de Rede, Monitor Táctil, Dispositivo
de Som e outros. 3) Escrivão de Polícia CESPE 2013
Um clique duplo em fará
#FicaDica que seja disponibilizada uma janela contendo funcionali-
dades para a formatação do dispositivo USB.
Periféricos sempre podem ser classificados em
três tipos: entrada, saída e entrada e saída. ( ) Certo ( ) Errado

4
Resposta: Errado - O Clique duplo para o caso da ilus- Resposta: Errado - O uso dos processadores era algo
tração fará abrir a janela de propriedades do dispositivo. que até um tempo atrás ficava restrito a desktops, no-
A respeito de tipos de computadores e sua arquitetura tebooks e, em uma maior escala, a servidores, mas com
de processador, julgue os itens subsequentes a popularização de smartphones e tablets esse cenário
mudou. Grandes players como Samsung, Apple e NVI-
4) Escrivão de Polícia CESPE 2013 DIA passaram a fabricar seus próprios modelos, conhe-
Diferentemente de um processador de 32 bits, que não cidos como SoCs (System on Chip), que além da CPU
suporta programas feitos para 64 bits, um processador incluem memória RAM, placa de vídeo e muitos outros
de 64 bits é capaz de executar programas de 32 bits e componentes.
de 64 bits.
8) Delegado de Polícia CESPE 2004
( ) Certo ( ) Errado Ao se clicar a opção , será executado um programa
que permitirá a realização de operações de criptografia
Resposta: Certo - Se o programa for especialmente pro- no arquivo para protegê-lo contra leitura indevida.
jetado para a versão de 64 bits do Windows, ele não
funcionará na versão de 32 bits do Windows. (Entretan- ( ) Certo ( ) Errado
to, a maioria dos programas feitos para a versão de 32
bits do Windows funciona com uma versão de 64 bits Resposta: Errado - WinZip é um dos principais progra-
do Windows.) mas para compactar e descompactar arquivos de seu
computador. Perfeito para organizar e economizar es-
5) Escrivão de Polícia CESPE 2013 paço em seu disco rígido.
Um processador moderno de 32 bits pode ter mais de
um núcleo por processador. 9) Delegado de Polícia CESPE 2004
A comunicação entre a CPU e o monitor de vídeo é feita,
( ) Certo ( ) Errado na grande maioria dos casos, pela porta serial.

Resposta: Certo - O processador pode ter mais de um ( ) Certo ( ) Errado


núcleo (CORE), o que gera uma divisão de tarefas, eco-
nomizando energia e gerando menos calor. EX. dual Resposta: Errado - As portas de vídeo mais comuns são:
core (2 núcleos). Os tipos de processador podem ser de VGA, DVI, HDMI
32bits e 64 bits
10) Delegado de Polícia CESPE 2004
6) Escrivão de Polícia CESPE 2013 Alguns tipos de mouse se comunicam com o computa-
Se uma solução de armazenamento embasada em hard dor por meio de porta serial.
drive externo de estado sólido usando USB 2.0 for subs-
tituída por uma solução embasada em cloud storage, ( ) Certo ( ) Errado
ocorrerá melhoria na tolerância a falhas, na redundância
e na acessibilidade, além de conferir independência fren- Resposta: Certo - A interface serial ou porta serial,
te aos provedores de serviços contratados. também conhecida como RS-232 é uma porta de co-
municação utilizada para conectar pendrives, modems,
( ) Certo ( ) Errado mouses, algumas impressoras, scanners e outros equi-
pamentos de hardware. Na interface serial, os bits são
Resposta: Errado - Não há “maior independência frente transferidos em fila, ou seja, um bit de dados de cada
aos provedores de serviço contratados”, pois o acesso vez.
aos dados dependerá do provedor de serviços de nuvem
no qual seus dados ficarão armazenados, qualquer que
seja a nuvem. Independência para mudar de fornece-
dor, quando existente, não implica em dizer que o usu-
ário fica independente do fornecedor que esteja usando
no momento.

Acerca de conceitos de hardware, julgue o item seguinte.


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

7) Papiloscopista CESPE 2012


Diferentemente dos computadores pessoais ou PCs tra-
dicionais, que são operados por meio de teclado e mou-
se, os tablets, computadores pessoais portáteis, dispõem
de recurso touchscreen. Outra diferença entre esses dois
tipos de computadores diz respeito ao fato de o tablet
possuir firmwares, em vez de processadores, como o PC.

( ) Certo ( ) Errado

5
EDIÇÃO DE TEXTOS, PLANILHAS E APRESENTAÇÕES (AMBIENTE MICROSOFT OFFICE,
VERSÕES 2010, 2013 E 365).

Word 2010, 2013 e detalhes gerais

Figura 6: Tela do Microsoft Word 2010

As guias foram criadas para serem orientadas por tarefas, já os grupos dentro de cada guia criam subtarefas para as
tarefas, e os botões de comando em cada grupo possui um comando.
As extensões são fundamentais, desde a versão 2007 passou a ser DOCX, mas vamos analisar outras extensões que
podem ser abordadas em questões de concursos na Figura 7.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 7: Extensões de Arquivos ligados ao Word

#FicaDica
As guias envolvem grupos e botões de comando, e são organizadas por tarefa. Os Grupos dentro de
cada guia quebram uma tarefa em subtarefas. Os Botões de comando em cada grupo possuem um co-
mando ou exibem um menu de comandos.

6
Existem guias que vão aparecer apenas quando um determinado objeto aparecer para ser formatado. No exemplo
da imagem, foi selecionada uma figura que pode ser editada com as opções que estiverem nessa guia.

Figura 8: Indicadores de caixa de diálogo

Indicadores de caixa de diálogo – aparecem em alguns grupos para oferecer a abertura rápida da caixa de diálogo
do grupo, contendo mais opções de formatação.
As réguas orientam na criação de tabulações e no ajuste de parágrafos, por exemplo.
Determinam o recuo da primeira linha, o recuo de deslocamento, recuo à esquerda e permitem tabulações esquer-
da, direita, centralizada, decimal e barra.
Para ajustar o recuo da primeira linha, após posicionar o cursor do mouse no parágrafo desejado, basta pressionar
o botão esquerdo do mouse sobre o “Recuo da primeira linha” e arrastá-lo pela régua.
Para ajustar o recuo à direita do documento, basta selecionar o parágrafo ou posicionar o cursor após a linha dese-
jada, pressionar o botão esquerdo do mouse no “Recuo à direita” e arrastá-lo na régua.
Para ajustar o recuo, deslocando o parágrafo da esquerda para a direita, basta selecioná-lo e mover, na régua, como
explicado anteriormente, o “Recuo deslocado”.
Podemos também usar o recurso “Recuo à esquerda”, que move para a esquerda, tanto a primeira linha quanto o
restante do parágrafo selecionado.
Com a régua, podemos criar tabulações, ou seja, determinar onde o cursor do mouse vai parar quando pressionar-
mos a tecla Tab.

Figura 9: Réguas
4. Grupo edição

Permite localizar palavras em um documento, substituir palavras localizadas por outras ou aplicar formatações e
selecionar textos e objetos no documento.
Para localizar uma palavra no texto, basta clicar no ícone Localizar , digitar a palavra na linha do localizar e clicar no
botão Localizar Próxima.
A cada clique será localizada a próxima palavra digitada no texto. Temos também como realçar a palavra que dese-
jamos localizar para facilitar a visualizar da palavra localizada.
Na janela também temos o botão “Mais”. Neste botão, temos, entre outras, as opções:
- Diferenciar maiúscula e minúscula: procura a palavra digitada na forma que foi digitada, ou seja, se foi digitada em
minúscula, será localizada apenas a palavra minúscula e, se foi digitada em maiúscula, será localizada apenas e palavra
maiúscula.
- Localizar palavras inteiras: localiza apenas a palavra exatamente como foi digitada. Por exemplo, se tentarmos
localizar a palavra casa e no texto tiver a palavra casaco, a parte “casa” da palavra casaco será localizada, se essa opção
não estiver marcada. Marcando essa opção, apenas a palavra casa, completa, será localizada.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Usar caracteres curinga: com esta opção marcada, usamos caracteres especiais. Por exemplo, é possível usar o
caractere curinga asterisco (*) para procurar uma sequência de caracteres (por exemplo, “t*o” localiza “tristonho” e
“término”).

7
Veja a lista de caracteres que são considerados curinga, retirada do site do Microsoft Office:

Para localizar digite exemplo


Qualquer caractere único ? s?o localiza salvo e sonho.
Qualquer sequência de caracteres * t*o localiza tristonho e término.
<(org) localiza
O início de uma palavra < organizar e organização,
mas não localiza desorganizado.
(do)> localiza medo e cedo, mas não
O final de uma palavra >
localiza domínio.
Um dos caracteres especificados [] v[ie]r localiza vir e ver
[r-t]ã localiza rã e sã.
Qualquer caractere único neste intervalo [-] Os intervalos devem estar em ordem
crescente.
Qualquer caractere único, exceto os caracteres no F[!a-m]rro localiza forro, mas não localiza
[!x-z]
intervalo entre colchetes ferro.
Exatamente n ocorrências do caractere ou expressão ca{2}tinga localiza caatinga, mas não
{n}
anterior catinga.
Pelo menos n ocorrências do caractere ou expressão
{n,} ca{1,}tinga localiza catinga e caatinga.
anterior
De n a m ocorrências do 10{1,3} localiza 10,
{n,m}
caractere ou expressão anterior 100 e 1000.
Uma ou mais ocorrências do caractere ou expressão ca@tinga localiza
@
anterior catinga e caatinga.

O grupo tabela é muito utilizado em editores de texto, como por exemplo a definição de estilos da tabela.

Figura 10: Estilos de Tabela

Fornece estilos predefinidos de tabela, com formatações de cores de células, linhas, colunas, bordas, fontes e de-
mais itens presentes na mesma. Além de escolher um estilo predefinido, podemos alterar a formatação do sombrea-
mento e das bordas da tabela.
Com essa opção, podemos alterar o estilo da borda, a sua espessura, desenhar uma tabela ou apagar partes de uma
tabela criada e alterar a cor da caneta e ainda, clicando no “Escolher entre várias opções de borda”, para exibir a seguinte tela:
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 11: Bordas e sombreamento

8
Na janela Bordas e sombreamento, no campo “Defi- 6. Grupo Links:
nição”, escolhemos como será a borda da nossa tabela:
- Nenhuma: retira a borda; Inserir hyperlink: cria um link para uma página da Web,
- Caixa: contorna a tabela com uma borda tipo caixa; uma imagem, um e – mail. Indicador: cria um indicador para
- Todas: aplica bordas externas e internas na tabe- atribuir um nome a um ponto do texto. Esse indicador pode
la iguais, conforme a seleção que fizermos nos demais se tornar um link dentro do próprio documento.
campos de opção; Referência cruzada: referência tabelas.
- Grade: aplica a borda escolhida nas demais opções Grupo cabeçalho e rodapé:
da janela (como estilo, por exemplo) ao redor da tabela e Insere cabeçal
as bordas internas permanecem iguais. hos, rodapés e números de páginas.
- Estilo: permite escolher um estilo para as bordas
da tabela, uma cor e uma largura. Grupo texto:
- Visualização: através desse recurso, podemos definir
bordas diferentes para uma mesma tabela. Por exemplo,
podemos escolher um estilo e, em visualização, clicar na
borda superior; escolher outro estilo e clicar na borda in-
ferior; e assim colocar em cada borda um tipo diferente
de estilo, com cores e espessuras diferentes, se assim de-
sejarmos.

A guia “Borda da Página”, desta janela, nos traz re-


cursos semelhantes aos que vimos na Guia Bordas. A di-
ferença é que se trata de criar bordas na página de um Figura 13: Grupo Texto
documento e não em uma tabela.
Outra opção diferente nesta guia, é o item Arte. Com 1 – Caixa de texto: insere caixas de texto pré-formata-
ele, podemos decorar nossa página com uma borda que das. As caixas de texto são espaços próprios para inser-
envolve vários tipos de desenhos. ção de textos que podem ser direcionados exatamente
Alguns desses desenhos podem ser formatados onde precisamos. Por exemplo, na figura “Grupo Texto”,
com cores de linhas diferentes, outros, porém não per- os números ao redor da figura, do 1 até o 7, foram adi-
mitem outras formatações a não ser o ajuste da largura. cionados através de caixas de texto.
Podemos aplicar as formatações de bordas da página 2 – Partes rápidas: insere trechos de conteúdos reuti-
no documento todo ou apenas nas sessões que dese- lizáveis, incluindo campos, propriedades de documentos
jarmos, tendo assim um mesmo documento com bordas como autor ou quaisquer fragmentos de texto pré-for-
em uma página, sem bordas em outras ou até mesmo mado.
bordas de página diferentes em um mesmo documento. 3 – Linha de assinatura: insere uma linha que serve
como base para a assinatura de um documento.
5. Grupo Ilustrações: 4 – Data e hora: insere a data e a hora atuais no do-
cumento.
5 – Insere objeto: insere um objeto incorporado.
6 – Capitular: insere uma letra maiúscula grande no
início de cada parágrafo. É uma opção de formatação
decorativa, muito usada principalmente, em livros e re-
vistas. Para inserir a letra capitular, basta clicar no pará-
grafo desejado e depois na opção “Letra Capitular”. Veja
o exemplo:

Neste parágrafo foi inserida a letra capitular

Figura 12: Grupo Ilustrações 7. Guia revisão

1 – Inserir imagem do arquivo: permite inserir no teto 7.1. Grupo revisão de texto
uma imagem que esteja salva no computador ou em ou-
tra mídia, como pendrive ou CD.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

2 – Clip-art: insere no arquivo imagens e figuras


que se encontram na galeria de imagens do Word.
3 – Formas: insere formas básicas como setas, cubos,
elipses e outras.
4 – SmartArt: insere elementos gráficos para co-
municar informações visualmente.
5 – Gráfico: insere gráficos para ilustrar e comparar
dados.
Figura 14: Grupo revisão de texto

9
1 – Pesquisar: abre o painel de tarefas viabilizando
pesquisas em materiais de referência como jornais, enci- #FicaDica
clopédias e serviços de tradução.
2 – Dica de tela de tradução: pausando o cursor sobre Por exemplo, a palavra informática. Se
algumas palavras é possível realizar sua tradução para clicarmos com o botão direito do mouse
outro idioma. sobre ela, um menu suspenso nos será
3 – Definir idioma: define o idioma usado para realizar mostrado, nos dando a opção de escolher
a correção de ortografia e gramática. a palavra informática. Clicando sobre ela, a
4 – Contar palavras: possibilita contar as palavras, os palavra do texto será substituída e o texto
caracteres, parágrafos e linhas de um documento. ficará correto.
5 – Dicionário de sinônimos: oferece a opção de alte-
rar a palavra selecionada por outra de significado igual
ou semelhante. 8. Grupo comentário:
6 – Traduzir: faz a tradução do texto selecionado para
outro idioma. Novo comentário: adiciona um pequeno texto que ser-
7 – Ortografia e gramática: faz a correção ortográfica ve como comentário do texto selecionado, onde é possível
e gramatical do documento. Assim que clicamos na op- realizar exclusão e navegação entre os comentários.
ção “Ortografia e gramática”, a seguinte tela será aberta:
9. Grupo controle:

Figura 16: Grupo controle

1 – Controlar alterações: controla todas as alterações


feitas no documento como formatações, inclusões, ex-
clusões e alterações.
2 – Balões: permite escolher a forma de visualizar as
alterações feitas no documento com balões no próprio
documento ou na margem.
3 – Exibir para revisão: permite escolher a forma de
exibir as alterações aplicadas no documento.
4 – Mostrar marcações: permite escolher o tipo de
marcação a ser exibido ou ocultado no documento.
Figura 15: Verificar ortografia e gramática
5 – Painel de revisão: mostra as revisões em uma tela
separada.
A verificação ortográfica e gramatical do Word, já
busca trechos do texto ou palavras que não se enqua- 10. Grupo alterações:
drem no perfil de seus dicionários ou regras gramaticais
e ortográficas. Na parte de cima da janela “Verificar or-
tografia e gramática”, aparecerá o trecho do texto ou pa-
lavra considerada inadequada. Em baixo, aparecerão as
sugestões. Caso esteja correto e a sugestão do Word não
se aplique, podemos clicar em “Ignorar uma vez”; caso a
regra apresentada esteja incorreta ou não se aplique ao
trecho do texto selecionado, podemos clicar em “Ignorar
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

regra”; caso a sugestão do Word seja adequada, clicamos


em “Alterar” e podemos continuar a verificação de orto-
grafia e gramática clicando no botão “Próxima sentença”.
Se tivermos uma palavra sublinhada em vermelho, Figura 17: Grupo alterações
indicando que o Word a considera incorreta, podemos
apenas clicar com o botão direito do mouse sobre ela e 1 – Rejeitar: rejeita a alteração atual e passa para a
verificar se uma das sugestões propostas se enquadra. próxima alteração proposta.
2 – Anterior: navega até a revisão anterior para que
seja aceita ou rejeitada.

10
3 – Próximo: navega até a próxima revisão para que
possa ser rejeitada ou aceita.
#FicaDica
4 – Aceitar: aceita a alteração atual e continua a nave-
gação para aceitação ou rejeição. Perguntas de intervalos de impressão são
constantes em questões de concurso!
Para imprimir nosso documento, basta clicar no botão
do Office e posicionar o mouse sobre o ícone “Imprimir”.
Este procedimento nos dará as seguintes opções: Word 2013
- Imprimir – onde podemos selecionar uma impresso-
ra, o número de cópias e outras opções de configuração Vejamos abaixo alguns novos itens implementados na
antes de imprimir. plataforma Word 2013:
- Impressão Rápida – envia o documento diretamente Modo de leitura: o usuário que utiliza o software para a
para a impressora configurada como padrão e não abre leitura de documentos perceberá rapidamente a diferença,
opções de configuração. pois seu novo Modo de Leitura conta com um método que
abre o arquivo automaticamente no formato de tela cheia,
- Visualização da Impressão – promove a exibição do ocultando as barras de ferramentas, edição e formatação.
documento na forma como ficará impresso, para que Além de utilizar a setas do teclado (ou o toque do dedo nas
possamos realizar alterações, caso necessário. telas sensíveis ao toque) para a troca e rolagem da página
durante a leitura, basta o usuário dar um duplo clique sobre
uma imagem, tabela ou gráfico e o mesmo será ampliado,
facilitando sua visualização. Como se não bastasse, clicando
com o botão direito do mouse sobre uma palavra desco-
nhecida, é possível ver sua definição através do dicionário
integrado do Word.
Documentos em PDF: agora é possível editar um do-
cumento PDF no Word, sem necessitar recorrer ao Adobe
Acrobat. Em seu novo formato, o Word é capaz de conver-
ter o arquivo em uma extensão padrão e, depois de edita-
do, salvá-lo novamente no formato original. Esta façanha,
contudo, passou a ser de extensa utilização, pois o uso de
arquivos PDF está sendo cada vez mais corriqueiro no am-
biente virtual.
Interação de maneira simplificada: o Word trata normal-
mente a colaboração de outras pessoas na criação de um
documento, ou seja, os comentários realizados neste, como
se cada um fosse um novo tópico. Com o Word 2013 é pos-
sível responder diretamente o comentário de outra pessoa
clicando no ícone de uma folha, presente no campo de lei-
tura do mesmo. Esta interação de usuários, realizada através
dos comentários, aparece em forma de pequenos balões à
margem documento.
Compartilhamento Online: compartilhar seus documen-
tos com diversos usuários e até mesmo enviá-lo por e-mail
tornou-se um grande diferencial da nova plataforma Office
Figura 18: Imprimir 2013. O responsável por esta apresentação online é o Office
Presentation Service, porém, para isso, você precisa estar lo-
As opções que temos antes de imprimir um arquivo gado em uma Conta Microsoft para acessá-lo. Ao terminar
estão exibidas na imagem acima. Podemos escolher a o arquivo, basta clicar em Arquivo / Compartilhar / Apre-
impressora, caso haja mais de uma instalada no compu- sentar Online / Apresentar Online e o mesmo será enviado
tador ou na rede, configurar as propriedades da impres- para a nuvem e, com isso, você irá receber um link onde
sora, podendo estipular se a impressão será em alta qua- poderá compartilhá-lo também por e-mail, permitindo aos
lidade, econômica, tom de cinza, preto e branca, entre demais usuários baixá-lo em formato PDF.
outras opções. Ocultar títulos em um documento: apontado como uma
Escolhemos também o intervalo de páginas, ou seja, dificuldade por grande parte dos usuários, a rolagem e edi-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

se desejamos imprimir todo o documento, apenas a pá- ção de determinadas partes de um arquivo muito extenso,
gina atual (página em que está o ponto de inserção), ou com vários títulos, acabou de se tornar uma tarefa mais fácil
um intervalo de páginas. Podemos determinar o número e menos desconfortável. O Word 2013 permite ocultar as
de cópias e a forma como as páginas sairão na impres- seções e/ou títulos do documento, bastando os mesmos
são. Por exemplo, se forem duas cópias, determinamos estarem formatados no estilo Títulos (pré-definidos pelo
se sairão primeiro todas as páginas de número 1, depois Office). Ao posicionar o mouse sobre o título, é exibida uma
as de número 2, assim por diante, ou se desejamos que espécie de triângulo a sua esquerda, onde, ao ser clicado,
a segunda cópia só saia depois que todas as páginas da o conteúdo referente a ele será ocultado, bastando repe-
primeira forem impressas. tir a ação para o mesmo reaparecer.

11
Enfim, além destas novidades apresentadas existem outras tantas, como um layout totalmente modificado, focado
para a utilização do software em tablets e aparelhos com telas sensíveis ao toque. Esta nova plataforma, também, abre
um amplo leque para a adição de vídeos online e imagens ao documento. Contudo, como forma de assegurar toda esta
relação online de compartilhamento e boas novidades, a Microsoft adotou novos mecanismos de segurança para seus
aplicativos, retornando mais tranquilidade para seus usuários.
O grande trunfo do Office 2013 é sua integração com a nuvem. Do armazenamento de arquivos a redes sociais, os
softwares dessa versão são todos conectados. O ponto de encontro deles é o SkyDrive, o HD na internet da Microsoft.
A tela de apresentação dos principais programas é ligada ao serviço, oferecendo opções de login, upload e down-
load de arquivos. Isso permite que um arquivo do Word, por exemplo, seja acessado em vários dispositivos com seu
conteúdo sincronizado. Até a página em que o documento foi fechado pode ser registrada.
Da mesma maneira, é possível realizar trabalhos em conjunto entre vários usuários. Quem não tem o Office instala-
do pode fazer edições na versão online do sistema. Esses e outros contatos podem ser reunidos no Outlook.
As redes sociais também estão disponíveis nos outros programas. É possível fazer buscas de imagens no Bing ou
baixar fotografias do Flickr, por exemplo. Outro serviço de conectividade é o SharePoint, que indica arquivos a serem
acessados e contatos a seguir baseado na atividade do usuário no Office.
O Office 365 é um novo jeito de usar os tão conhecidos softwares do pacote Office da Microsoft. Em vez de comprar
programas como Word, Excel ou PowerPoint, você agora pode fazer uma assinatura e desfrutar desses aplicativos e de
muitos outros no seu computador ou smartphone.
A assinatura ainda traz diversas outras vantagens, como 1 TB de armazenamento na nuvem com o OneDrive, mi-
nutos Skype para fazer ligações para telefones fixos e acesso ao suporte técnico especialista da Microsoft. Tudo isso
pagando uma taxa mensal, o que você já faz para serviços essenciais para o seu dia a dia, como Netflix e Spotify. Porém,
aqui estamos falando da suíte de escritório indispensável para qualquer computador.
Veja abaixo as versões do Office 365

Figura 19: Versões Office 365

14. LibreOffice Writer

O LibreOffice (que se chamava BrOffice) é um software livre e de código aberto que foi desenvolvido tendo como
base o OpenOffice. Pode ser instalado em vários sistemas operacionais (Windows, Linux, Solaris, Unix e Mac OS X), ou
seja, é multiplataforma. Os aplicativos dessa suíte são:
• Writer - editor de texto;
• Calc - planilha eletrônica;
• Impress - editor de apresentações;
• Draw - ferramenta de desenho vetorial;
• Base - gerenciador de banco de dados;
• Math - editor de equações matemáticas.

- O LibreOffice trabalha com um formato de padrão aberto chamado Open Document Format for Office Appli-
cations (ODF), que é um formato de arquivo baseado na linguagem XML. Os formatos para Writer, Calc e Impress
utilizam o mesmo “prefixo”, que é “od” de “Open Document”. Dessa forma, o que os diferencia é a última letra. Writer
→ .odt (Open Document Text); Calc → .ods (Open Document Spreadsheet); e Impress → .odp (Open Document Presen-
tations).
Em relação a interface com o usuário, o LibreOffice utiliza o conceito de menus para agrupar as funcionalidades
do aplicativo. Além disso, todos os aplicativos utilizam uma interface semelhante. Veja no exemplo abaixo o aplicativo
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Writer.

12
Figura 20: Tela do Libreoffice Writer

O LibreOffice permite que o usuário crie tarefas automatizadas que são conhecidas como macros (utilizando a lin-
guagem LibreOffice Basic).
O Writer é o editor de texto do LibreOffice e o seu formato de arquivo padrão é o .odt (Open Document Text). As
principais teclas de atalho do Writer são:
Destacar essa tabela devido a recorrência em cair atalhos em concurso

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 21: Atalhos Word x Writer

13
Excel 2010, 2013 e detalhes gerais

Figura 23: Tela Principal do Excel 2013

Barra de Títulos:
A linha superior da tela é a barra de títulos, que mostra o nome da pasta de trabalho na janela. Ao iniciar o programa
aparece Pasta 1 porque você ainda não atribuiu um nome ao seu arquivo.

Faixa de Opções:
Desde a versão 2007 do Office, os menus e barras de ferramentas foram substituídos pela Faixa de Opções. Os co-
mandos são organizados em uma única caixa, reunidos em guias. Cada guia está relacionada a um tipo de atividade e,
para melhorar a organização, algumas são exibidas somente quando necessário.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 24: Faixa de Opções

14
Barra de Ferramentas de Acesso Rápido:
A Barra de Ferramentas de Acesso Rápido fica posicionada no topo da tela e pode ser configurada com os botões
de sua preferência, tornando o trabalho mais ágil.

Figura 25: Barra de Ferramentas de Acesso Rápido

Adicionando e Removendo Componentes:


Para ocultar ou exibir um botão de comando na barra de ferramentas de acesso rápido podemos clicar com o botão
direito no componente que desejamos adicionar, em qualquer guia. Será exibida uma janela com a opção de Adicionar
à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido. Temos ainda outra opção de adicionar ou remover componentes nesta bar-
ra, clicando na seta lateral. Na janela apresentada temos várias opções para personalizar a barra, além da opção Mais
Comandos..., onde temos acesso a todos os comandos do Excel.

Figura 26: Adicionando componentes à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido

Para remoção do componente, selecione-o, clique com o botão direito do mouse e escolha Remover da Barra de
Ferramentas de Acesso Rápido.

Barra de Status:
Localizada na parte inferior da tela, a barra de status exibe mensagens, fornece estatísticas e o status de algumas
teclas. Nela encontramos o recurso de Zoom e os botões de “Modos de Exibição”.

Figura 27: Barra de Status


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

15
Clicando com o botão direito sobre a barra de status, será exibida a caixa Personalizar barra de status. Nela pode-
mos ativar ou desativar vários componentes de visualização.

Figura 28: Personalizar Barra de Status

Barras de Rolagem: Nos lados direito e inferior da região de texto estão as barras de rolagem. Clique nas setas para
cima ou para baixo para mover a tela verticalmente, ou para a direita e para a esquerda para mover a tela horizontal-
mente, e assim poder visualizar toda a sua planilha.

Planilha de Cálculo: A área quadriculada representa uma planilha de cálculos, na qual você fará a inserção de dados
e fórmulas para colher os resultados desejados.
Uma planilha é formada por linhas, colunas e células. As linhas são numeradas (1, 2, 3, etc.) e as colunas nomeadas
com letras (A, B, C, etc.).
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 29: Planilha de Cálculo

16
Cabeçalho de Coluna: Cada coluna tem um cabeçalho, que contém a letra que a identifica. Ao clicar na letra, toda
a coluna é selecionada.

Figura 30: Seleção de Coluna

Ao dar um clique com o botão direito do mouse sobre o cabeçalho de uma coluna, aparecerá o menu pop-up, onde
as opções deste menu são as seguintes:
-Formatação rápida: a caixa de formatação rápida permite escolher a formatação de fonte e formato de dados, bem
como mesclagem das células (será abordado mais detalhadamente adiante).
-Recortar: copia toda a coluna para a área de transferência, para que possa ser colada em outro local determinado
e, após colada, essa coluna é excluída do local de origem.
-Copiar: copia toda a coluna para a área de transferência, para que possa ser colada em outro local determinado.
-Opções de Colagem: mostra as diversas opções de itens que estão na área de transferência e que tenham sido
recortadas ou copiadas.
-Colar especial: permite definir formatos específicos na colagem de dados, sobretudo copiados de outros aplicativos.
-Inserir: insere uma coluna em branco, exatamente antes da coluna selecionada.
-Excluir: exclui toda a coluna selecionada, inclusive os dados nela contidos e sua formatação.
-Limpar conteúdo: apenas limpa os dados de toda a coluna, mantendo a formatação das células.
-Formatar células: permite escolher entre diversas opções para fazer a formatação das células (tal procedimento
será visto detalhadamente adiante).
-Largura da coluna: permite definir o tamanho da coluna selecionada.
-Ocultar: oculta a coluna selecionada. Muitas vezes uma coluna é utilizada para fazer determinados cálculos, neces-
sários para a totalização geral, mas desnecessários na visualização. Neste caso, utiliza-se esse recurso.
-Re-exibir: reexibe colunas ocultas.

Cabeçalho de Linha: Cada linha tem também um cabeçalho, que contém o número que a identifica. Clicando no
cabeçalho de uma linha, esta ficará selecionada.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 31: Cabeçalho de linha

#FicaDica
Célula: As células, são as combinações entre linha e colunas. Por exemplo, na coluna A, linha 1, temos a
célula A1. Na Caixa de Nome, aparecerá a célula onde se encontra o cursor.

17
Sendo assim, as células são representadas como mostra a tabela:

Figura 32: Representação das Células

Caixa de Nome: Você pode visualizar a célula na qual o cursor está posicionado através da Caixa de Nome, ou, ao
contrário, pode clicar com o mouse nesta caixa e digitar o endereço da célula em que deseja posicionar o cursor. Após
dar um “Enter”, o cursor será automaticamente posicionado na célula desejada.

Guias de Planilhas: Em versões anteriores do Excel, ao abrir uma nova pasta de trabalho no Excel, três planilhas já
eram criadas: Plan1, Plan2 e Plan3. Nesta versão, somente uma planilha é criada, e você poderá criar outras, se necessi-
tar. Para criar nova planilha dentro da pasta de trabalho, clique no sinal + ( ). Para alternar entre as planilhas,
basta clicar sobre a guia, na planilha que deseja trabalhar.
Você verá, no decorrer desta lição, como podemos cruzar dados entre planilhas e até mesmo entre pastas de traba-
lho diferentes, utilizando as guias de planilhas.
Ao posicionar o mouse sobre qualquer uma das planilhas existentes e clicar com o botão direito aparecerá um menu
pop up.

Figura 33: Menu Planilhas

As funções deste menu são as seguintes:


-Inserir: insere uma nova planilha exatamente antes da planilha selecionada.
-Excluir: exclui a planilha selecionada e os dados que ela contém.
-Renomear: renomeia a planilha selecionada.
-Mover ou copiar: você pode mover a planilha para outra posição, ou mesmo criar uma cópia da planilha com todos
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

os dados nela contidos.


-Proteger Planilha: para impedir que, por acidente ou deliberadamente, um usuário altere, mova ou exclua dados
importantes de planilhas ou pastas de trabalho, você pode proteger determinados elementos da planilha (planilha: o
principal documento usado no Excel para armazenar e trabalhar com dados, também chamado planilha eletrônica. Uma
planilha consiste em células organizadas em colunas e linhas; ela é sempre armazenada em uma pasta de trabalho.) ou
da pasta de trabalho, com ou sem senha (senha: uma forma de restringir o acesso a uma pasta de trabalho, planilha ou
parte de uma planilha. As senhas do Excel podem ter até 255 letras, números, espaços e símbolos. É necessário digitar
as letras maiúsculas e minúsculas corretamente ao definir e digitar senhas.). É possível remover a proteção da planilha,
quando necessário.

18
-Exibir código: pode-se criar códigos de programação em VBA (Visual Basic for Aplications) e vincular às guias de
planilhas (trata-se de tópico de programação avançada, que não é o objetivo desta lição, portanto, não será abordado).
-Cor da guia: muda a cor das guias de planilhas.
-Ocultar/Re-exibir: oculta/reexibe uma planilha.
-Selecionar todas as planilhas: cria uma seleção em todas as planilhas para que possam ser configuradas e impressas
juntamente.

Selecionar Tudo: Clicando-se na caixa Selecionar tudo, todas as células da planilha ativa serão selecionadas.

Figura 34: Caixa Selecionar Tudo

Barra de Fórmulas: Na barra de fórmulas são digitadas as fórmulas que efetuarão os cálculos.
A principal função do Excel é facilitar os cálculos com o uso de suas fórmulas. A partir de agora, estudaremos várias
de suas fórmulas. Para iniciar, vamos ter em mente que, para qualquer fórmula que será inserida em uma célula, temos
que ter sinal de “=” no seu início. Esse sinal, oferece uma entrada no Excel que o faz diferenciar textos ou números
comuns de uma fórmula.

Somar: Se tivermos uma sequência de dados numéricos e quisermos realizar a sua soma, temos as seguintes formas
de fazê-lo:

Figura 35: Soma simples

Usamos, nesse exemplo, a fórmula =B2+B3+B4.


Após o sinal de “=” (igual), clicar em uma das células, digitar o sinal de “+” (mais) e continuar essa sequência até o
último valor.
Após a sequência de células a serem somadas, clicar no ícone soma, ou usar as teclas de atalho Alt+=.
A última forma que veremos é a função soma digitada. Vale ressaltar que, para toda função, um início é fundamental:
= nome da função (
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

1 - Sinal de igual.
2 – Nome da função.
3 – Abrir parênteses.

Após essa sequência, o Excel mostrará um pequeno lembrete sobre a função que iremos usar, e nele é possível clicar
e obter ajuda, também. Usaremos, no exemplo a seguir, a função = soma(B2:B4).
Lembre-se, basta colocar a célula que contém o primeiro valor, em seguida os dois pontos (:) e por último a célula
que contém o último valor.

19
Subtrair: A subtração será feita sempre entre dois va- Inteiro: Com essa função podemos obter o valor in-
lores, por isso não precisamos de uma função específica. teiro de uma fração. A função a ser digitada é =int(A2).
Tendo dois valores em células diferentes, podemos Lembramos que A2 é a célula escolhida e varia de acordo
apenas clicar na primeira, digitar o sinal de “-” (menos) com a célula a ser selecionada na planilha trabalhada.
e depois clicar na segunda célula. Usamos na figura a
seguir a fórmula = B2-B3. Arredondar para cima: Com essa função, é possível
arredondar um número com casas decimais para o nú-
Multiplicar: Para realizarmos a multiplicação, proce- mero mais distante de zero.
demos de forma semelhante à subtração. Clicamos no Sua sintaxe é: = ARREDONDAR.PARA.CIMA(núm;núm_
primeiro número, digitamos o sinal de multiplicação que, dígitos)
para o Excel é o “*” asterisco, e depois, clicamos no último Onde:
valor. No próximo exemplo, usaremos a fórmula =B2*B3. Núm: é qualquer número real que se deseja arredondar.
Outra forma de realizar a multiplicação é através da Núm_dígitos: é o número de dígitos para o qual se
seguinte função: deseja arredondar núm.
=mult(B2;c2) multiplica o valor da célula B2 pelo va-
lor da célula C2.

Dividir: Para realizarmos a divisão, procedemos de


forma semelhante à subtração e multiplicação. Clicamos
no primeiro número, digitamos o sinal de divisão que,
para o Excel é a “/” barra, e depois, clicamos no último
valor. No próximo exemplo, usaremos a fórmula =B3/B2.
Figura 37: Início da função arredondar para cima
Máximo: Mostra o maior valor em um intervalo de
células selecionadas. Na figura a seguir, iremos calcular Veja na figura, que quando digitamos a parte inicial
a maior idade digitada no intervalo de células de A2 até da função, o Excel nos mostra que temos que selecio-
A5. A função digitada será = máximo(A2:A5). nar o num, ou seja, a célula que desejamos arredondar
Onde: “= máximo” – é o início da função; (A2:A5) – e, depois do “;” (ponto e vírgula), digitar a quantidade de
refere-se ao endereço dos valores onde você deseja ver dígitos para a qual queremos arredondar.
qual é o maior valor. No caso a resposta seria 10. Na próxima figura, para efeito de entendimento, dei-
xaremos as funções aparentes, e os resultados dispostos
Mínimo: Mostra o menor valor existente em um in- na coluna C:
tervalo de células selecionadas.
Na figura a seguir, calcularemos o menor salário digi- A função Arredondar.para.Baixo segue exatamente o
tado no intervalo de A2 até A5. A função digitada será = mesmo conceito.
mínimo (A2:A5). Resto: Com essa função podemos obter o resto de
Onde: “= mínimo” – é o início da função; (A2:A5) – uma divisão. Sua sintaxe é a seguinte:
refere-se ao endereço dos valores onde você deseja ver = mod (núm;divisor)
qual é o maior valor. No caso a resposta seria R$ 622,00. Onde:
Núm: é o número para o qual desejamos encontrar
Média: A função da média soma os valores de uma o resto.
sequência selecionada e divide pela quantidade de valo- divisor: é o número pelo qual desejamos dividir o
res dessa sequência. número.
Na figura a seguir, foi calculada a média das alturas de
quatro pessoas, usando a função = média (A2:A4)
Foi digitado “= média )”, depois, foram selecionados
os valores das células de A2 até A5. Quando a tecla Enter
for pressionada, o resultado será automaticamente colo-
cado na célula A6.
Todas as funções, quando um de seus itens for altera-
do, recalculam o valor final.
Figura 38: Exemplo de digitação da função MOD
Data: Esta fórmula insere a data automática em uma
planilha. Os valores do exemplo a cima serão, respectivamente:
1,5 e 1.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Valor Absoluto: Com essa função podemos obter o


valor absoluto de um número. O valor absoluto, é o nú-
mero sem o sinal. A sintaxe da função é a seguinte:
=abs(núm)
Onde: aBs(núm)
Figura 36: Exemplo função hoje Núm: é o número real cujo valor absoluto você deseja
obter.
Na célula C1 está sendo mostrado o resultado da fun-
ção =hoje(), que aparece na barra de fórmulas.

20
Figura 39: Exemplo função abs

Dias 360: Retorna o número de dias entre duas datas com base em um ano de 360 dias (doze meses de 30 dias).
Sua sintaxe é:
= DIAS360(data_inicial;data_final)
Onde:
data_inicial = a data de início de contagem.
Data_final = a data a qual quer se chegar.

No exemplo a seguir, vamos ver quantos dias faltam para chegar até a data de 14/06/2018, tendo como data inicial
o dia 05/03/2018. A função utilizada será =dias360(A2;B2)

Figura 40: Exemplo função dias360

Vamos usar a Figura abaixo para explicar as próximas funções (Se, SomaSe, Cont.Se)

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 41: Exemplo (Se, SomaSe, Cont.se)

Função SE: O SE é uma função condicional, ou seja, verifica SE uma condição é verdadeira ou falsa.
A sintaxe dessa função é a seguinte:
=SE(teste_lógico;“valor_se_verdadeiro”;“valor_se_falso”)
=: Significa a chamada para uma fórmula/função
SE: função SE
teste_lógico: a pergunta a qual se deseja ter resposta

21
“valor_se_verdadeiro”: se a resposta da pergunta for Assim, com o cursor na célula D16, digitamos:
verdadeira, define o resultado “valor_se_falso” se a res- =SOMASE(D3:D10;”masculino”;C3:C10)
posta da pergunta for falsa, define o resultado. MULHERES:
Usando a planilha acima como exemplo, na coluna ‘E’ SE SEXO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR FEMINI-
queremos colocar uma mensagem se o funcionário rece- NO, ENTÃO
be um salário igual ou acima do valor mínimo R$ 724,00 SOMA O VALOR DO SALÁRIO MOSTRADO NO IN-
ou abaixo do valor mínimo determinado em R$ 724,00. TERVALO D3 ATÉ D10
Assim, temos a condição: MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D17
SE VALOR DE C3 FOR MAIOR OU IGUAL a 724, então Traduzindo a condição em variáveis teremos:
ESCREVA “ACIMA”, senão ESCREVA “ABAIXO” MOSTRA O Resultado: será mostrado na célula D17, portanto é
RESULTADO NA CÉLULA E3 onde devemos digitar a fórmula
Traduzindo a condição em variáveis teremos: Intervalo para análise: C3:C10
Resultado: será mostrado na célula C3, portanto é Critério: “FEMININO”
onde devemos digitar a fórmula Intervalo para soma: D3:D10
Teste lógico: C3>=724 Assim, com o cursor na célula D17, digitamos:
Valor_se_verdadeiro: “Acima” =SomaSE(D3:D10;”feminino”;C3:C10)
Valor_se_falso: “Abaixo”
Assim, com o cursor na célula E3, digitamos: Função CONT.SE: O CONT.SE é uma função de con-
=SE(C3>=724;”Acima”;”Abaixo”) tagem condicionada, ou seja, CONTA a quantidade de
registros, SE determinada condição for verdadeira. A sin-
Para cada uma das linhas, podemos copiar e colar as taxe desta função é a seguinte:
fórmulas, e o Excel, inteligentemente, acertará as linhas e =CONT.SE(intervalo;“critérios”)
colunas nas células. Nossas fórmulas ficarão assim: = : significa a chamada para uma fórmula/função
E4 ↑ =SE(C4>=724;”Acima”;”Abaixo”) CONT.SE: chamada para a função CONT.SE
E5 ↑ =SE(C5>=724;”Acima”;”Abaixo”) intervalo: intervalo de células onde será feita a análise
E6 ↑ =SE(C6>=724;”Acima”;”Abaixo”) dos dados
E7 ↑ =SE(C7>=724;”Acima”;”Abaixo”) “critérios”: critérios a serem avaliados nas células do
E8 ↑ =SE(C8>=724;”Acima”;”Abaixo”)
“intervalo”
E9 ↑ =SE(C9>=724;”Acima”;”Abaixo”)
Usando a planilha acima como exemplo, queremos
E10 ↑ =SE(C10>=724;”Acima”;”Abaixo”)
saber quantas pessoas ganham R$ 1.200,00 ou mais, e
mostrar o resultado na célula D14, e quantas ganham
Função SomaSE: A SomaSE é uma função de soma
abaixo de R$1.200,00 e mostrar o resultado na célula
condicionada, ou seja, SOMA os valores, SE determina-
D15. Para isso precisamos criar a seguinte condição:
da condição for verdadeira. A sintaxe desta função é a
seguinte:
=SomaSe(intervalo;“critérios”;intervalo_soma) R$ 1.200,00 ou MAIS:
=Significa a chamada para uma fórmula/função SE SALÁRIO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR MAIOR
SomaSe: função SOMASE OU IGUAL A 1.200,00, ENTÃO
intervalo: Intervalo de células onde será feita a análise CONTA REGISTROS NO INTERVALO C3 ATÉ C10
dos dados MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D14
“critérios”: critérios (sempre entre aspas) a serem ava-
liados a fim de chegar à condição verdadeira Traduzindo a condição em variáveis teremos:
intervalo_soma: Intervalo de células onde será verifi- Resultado: será mostrado na célula D14, portanto é
cada a condição para soma dos valores onde devemos digitar a fórmula
Exemplo: usando a planilha acima, queremos somar Intervalo para análise: C3:C10
os salários de todos os funcionários HOMENS e mostrar Critério: >=1200
o resultado na célula D16. E também queremos somar Assim, com o cursor na célula D14, digitamos:
os salários das funcionárias mulheres e mostrar o resul- =CONT.SE(C3:C10;”>=1200”)
tado na célula D17. Para isso precisamos criar a seguinte MENOS DE R$ 1.200,00:
condição: SE SALÁRIO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR ME-
HOMENS: NOR QUE 1200, ENTÃO
SE SEXO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR MASCU- CONTA REGISTROS NO INTERVALO C3 ATÉ C10
LINO, ENTÃO MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D15
SOMA O VALOR DO SALÁRIO MOSTRADO NO
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

INTERVALO D3 ATÉ D10 Traduzindo a condição em variáveis teremos:


MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D16 Resultado: será mostrado na célula D15, portanto é
onde devemos digitar a fórmula
Traduzindo a condição em variáveis teremos: Intervalo para análise: C3:C10
Resultado: será mostrado na célula D16, portanto é Critério: <1200
onde devemos digitar a fórmula Assim, com o cursor na célula D15, digitamos:
Intervalo para análise: C3:C10 =CONT.SE(C3:C10;”<1200”)
Critério: “MASCULINO”
Intervalo para soma: D3:D10

22
Observações: fique atento com o > (maior) e < (menor), >= (maior ou igual) e <=(menor ou igual). Se tivéssemos
determinado a contagem de valores >1200 (maior que 1200) e <1200 (menor que 1200), o valor =1200 (igual a 1200)
não entraria na contagem.

Formatação de Células: Ao observar a planilha abaixo, fica claro que não é uma planilha bem formatada, vamos
deixar ela de uma maneira mais agradável.

Figura 42: Planilha sem Formatação

Vamos utilizar os 3(três) passos apontados na Figura abaixo:

Figura 43: Formatando a planilha

O primeiro passo é mesclar e centralizar o título, para isso utilizamos o botão Mesclar e Centralizar, entre outras
opções de alinhamento, como centralizar, direção do texto, entre outras.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 44: Formatando a planilha (Passo 1)

23
Em seguida, vamos colocar uma borda no texto digitado, vamos escolher a opção “Todas as bordas”, podemos
mudar o título para negrito, mudar a cor do fundo e/ou de uma fonte, basta selecionar a(s) célula(s) e escolher as for-
matações.

Figura 45: Formatando a planilha (Passo 2)

Para finalizar essa etapa vamos formatar a coluna C para moeda, que é o caso desse exemplo, porém pode ser rea-
lizado vários outros tipos de formatação, como, porcentagem, data, hora, científico, basta clicar no dropbox onde está
escrito geral e escolher.

Figura 46: Formatando a planilha (Passo 3)

O resultado final nos traz uma planilha muito mais agradável e de fácil entendimento:

Figura 47: Planilha Formatada

Ordenando os dados: Você pode digitar os dados em qualquer ordem, pois o Excel possui uma ferramenta muito
útil para ordenar os dados.
Ao clicar neste botão, você tem as opções para classificar de A a Z (ordem crescente), de Z a A (ordem decrescente)
ou classificação personalizada.
Para ordenar seus dados, basta clicar em uma célula da coluna que deseja ordenar, e selecionar a classificação cres-
cente ou decrescente. Mas cuidado! Se você selecionar uma coluna inteira, nas versões mais antigas do Excel, você irá
classificar os dados dessa coluna, mas vai manter os dados das outras colunas onde estão. Ou seja, seus dados ficarão
alterados. Nas versões mais novas, ele fará a pergunta, se deseja expandir a seleção e dessa forma, fazer a classificação
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

dos dados junto com a coluna de origem, ou se deseja manter a seleção e classificar somente a coluna selecionada.

Filtrando os dados: Ainda no botão temos a opção FILTRO. Ao selecionar esse botão, cada uma das colunas da
nossa planilha irá abrir uma seta para fazer a seleção dos dados que desejamos visualizar. Assim, podemos filtrar e
visualizar somente os dados do mês de Janeiro ou então somente os gastos com contas de consumo, por exemplo.

24
Grupo ferramentas de dados:
- Texto para colunas: separa o conteúdo de uma célula do Excel em colunas separadas.
- Remover duplicatas: exclui linhas duplicadas de uma planilha - Validação de dados: permite especificar valores inválidos
para uma planilha. Por exemplo, podemos especificar que a planilha não aceitará receber valores menores que 10.
- Consolidar: combina valores de vários intervalos em um novo intervalo.
- Teste de hipóteses: testa diversos valores para a fórmula na planilha.

Gráficos: Outra forma interessante de analisar os dados é utilizando gráficos. O Excel monta os gráficos rapida-
mente e é muito fácil. Na Guia Inserir da Faixa de Opções, temos diversas opções de gráficos que podem ser utilizados.

Figura 48: Gráficos

Utilizando a planilha da Concessionária Grupo Nova, teremos o seguinte gráfico escolhido

Figura 49: Gráfico de Colunas – 3D


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Redimensione o gráfico clicando com o mouse nas bordas para aumentar de tamanho. Reposicione o gráfico na
página, clicando nas linhas e arrastando até o local desejado.

#FicaDica
Importante mencionar que o conceito do Excel 365 é o mesmo apontado no Word, ou seja, fazem parte do
Office 365, que podem ser comprados conforme figura 39.

25
LibreOffice Calc

O Calc é o software de planilha eletrônica do LibreOffice e o seu formato de arquivo padrão é o .ods (Open Docu-
ment Spreadsheet).
O Calc trabalha de modo semelhante ao Excel no que se refere ao uso de fórmulas. Ou seja, uma fórmula é iniciada
pelo sinal de igual (=) e seguido por uma sequência de valores, referências a células, operadores e funções.
Algumas diferenças entre o Calc e o Excel:

Para fazer referência a uma interseção no Calc, utiliza-se o sinal de exclamação (!). Por exemplo, “B2:C4!C3:C6” retor-
nará a C3 e C4 (interseção entre os dois intervalos). No Excel, isso é feito usando um espaço em branco (B2:C4 C3:C6).

Figura 50: Exemplo de Operação no Calc

Para fazer referência a uma célula que esteja em outra planilha, na mesma pasta de trabalho, digite “nome_da_pla-
nilha + . + célula. Por exemplo, “Plan2.A1” faz referência a célula A1 da planilha chamada Plan2. No Excel, isso é feito
usando o sinal de exclamação ! (Plan2!A1).

Menus do Calc
Arquivo - contém comandos que se aplicam ao documento inteiro como Abrir, Salvar e Exportar como PDF.
Editar - contém comandos para editar o conteúdo documento como, por exemplo, Desfazer, Localizar e Substituir,
Cortar, Copiar e Colar.
Exibir - contém comandos para controlar a exibição de um documento tais como Zoom, Tela Inteira e Navegador.
Inserir - contém comandos para inserção de novos elementos no documento como células, linhas, colunas, plani-
lhas, gráficos.
Formatar - contém comandos para formatar células selecionadas, objetos e o conteúdo das células no documento.
Ferramentas - contém ferramentas como Ortografia, Atingir meta, Rastrear erro, etc.
Dados - contém comandos para editar os dados de uma planilha. É possível classificar, utilizar filtros, validar, etc.
Janela - contém comandos para manipular e exibir janelas no documento.
Ajuda - permite acessar o sistema de ajuda do LibreOffice.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

26
PowerPoint 2010, 2013 e detalhes gerais

Na tela inicial do PowerPoint, são listadas as últimas apresentações editadas (à esquerda), opção para criar nova
apresentação em branco e ainda, são sugeridos modelos para criação de novas apresentações (ao centro).
Ao selecionar a opção de Apresentação em Branco você será direcionado para a tela principal, composta pelos ele-
mentos básicos apontados na figura abaixo, e descritos nos tópicos a seguir.

Figura 52: Tela Principal do PowerPoint 2013

Barra de Títulos: A linha superior da tela é a barra de títulos, que mostra o nome da apresentação na janela. Ao
iniciar o programa aparece Apresentação 1 porque você ainda não atribuiu um nome ao seu arquivo.

Faixa de Opções: Desde a versão 2007 do Office, os menus e barras de ferramentas foram substituídos pela Faixa de
Opções. Os comandos são organizados em uma única caixa, reunidos em guias. Cada guia está relacionada a um tipo
de atividade e, para melhorar a organização, algumas são exibidas somente quando necessário.

Figura 53: Faixa de Opções

Barra de Ferramentas de Acesso Rápido: A Barra de Ferramentas de Acesso Rápido fica posicionada no topo da
tela e pode ser configurada com os botões de sua preferência, tornando o trabalho mais ágil.

Adicionando e Removendo Componentes: Para ocultar ou exibir um botão de comando na barra de ferramentas
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

de acesso rápido podemos clicar com o botão direito no componente que desejamos adicionar, em qualquer guia. Será
exibida uma janela com a opção de Adicionar à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido.

27
Figura 54: Adicionando itens à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido

Temos ainda outra opção de adicionar ou remover componentes nesta barra, clicando na seta lateral. É aberto o
menu Personalizar Barra de Ferramentas de Acesso Rápido, que apresenta várias opções para personalizar a barra, além
da opção Mais Comandos..., onde temos acesso a todos os comandos do PowerPoint.
Para remoção do componente, no mesmo menu selecione-o. Se preferir, clique com o botão direito do mouse sobre
o ícone que deseja remover e escolha Remover da Barra de Ferramentas de Acesso Rápido.
Barra de Status: Localizada na parte inferior da tela, a barra de status permite incluir anotações e comentários na
sua apresentação, mensagens, fornece estatísticas e o status de algumas teclas. Nela encontramos o recurso de Zoom
e os botões de ‘Modos de Exibição’.

Figura 55: Barra de Status

Clicando com o botão direito sobre a barra de status, será exibida a caixa Personalizar barra de status. Nela pode-
mos ativar ou desativar vários componentes de visualização.
Durante uma apresentação, os slides do PowerPoint vão sendo projetados no monitor do computador, lembrando
os antigos slides fotográficos.
O apresentador pode inserir anotações, observações importantes, que deverão ser abordadas durante a apresenta-
ção. Estas anotações serão visualizadas somente pelo apresentador quando, durante a apresentação, for selecionado
o Modo de Exibição do Apresentador (basta clicar com o botão direito do mouse e selecionar esta opção durante a
apresentação).

Modelos e Temas Online: Algumas vezes parece impossível iniciar uma apresentação. Você nem mesmo sabe como
começar. Nestas situações pode-se usar os modelos prontos, que fornecem sugestões para que você possa iniciar a
criação de sua apresentação. A versão PowerPoint 2013 traz vários modelos disponíveis online divididos por temas (é
necessário estar conectado à internet).
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 56: Modelos e temas online

28
Para utilizar um modelo pronto, selecione um tema. Em nosso exemplo, vamos selecionar ‘Negócios’. Aparecerão
vários modelos prontos que podem ser utilizados para a criação de sua apresentação, conforme mostra a figura abaixo.

Figura 57: Apresentações Modelo ‘Negócios’

Procure conhecer os modelos, clicando sobre eles. Utilize as barras de rolagem para rolar a tela, visualizar as possi-
bilidades, e possivelmente escolher um modelo, dentre as inúmeras possibilidades fornecidas, para criar apresentações
profissionais com muita agilidade.
Ao escolher um modelo, clique no botão ‘Criar’ e aguarde o download do arquivo. Será criado um novo arquivo
em seu computador, que você poderá salvar onde quiser. A partir daí, basta customizar os dados e utilizá-lo como SUA
APRESENTAÇÃO.
Tanto o layout como o padrão de formatação de fontes, poderão ser alterados em qualquer momento, para atender
às suas necessidades.

Apresentação de Slides:

Antes de começarmos a trabalhar em um novo slide, ou nova apresentação, vamos entender um pouco melhor
como funciona uma apresentação. Escolha um modelo pronto qualquer, faça o download, e inicie a apresentação,
assim:
Na barra ‘Modos de exibição de slides’, localizada na barra de status, clique no botão ‘Modo de Apresentação de
Slides’.
Dê cliques com o mouse para seguir ao próximo slide. Ao clicar na apresentação, são exibidos botões de navegação,
que permitem que você siga para o próximo slide ou volte ao anterior, conforme mostrado abaixo. Além dos botões de
navegação você também conta com outras ferramentas durante sua apresentação.

Figura 58: Botões de Navegação e Outras Ferramentas

Exibição de Slides: Vamos agora começar a personalizar nossa apresentação, tendo como base o modelo criado. Se
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ainda estiver com uma apresentação aberta, termine a apresentação, retornando à estrutura. Clique, na faixa de opções,
no menu ‘EXIBIÇÃO’.

29
Alternando entre os Modos de Exibição

Modo Normal: No modo de exibição ‘Normal’, você trabalha em um slide de cada vez e pode organizar a estrutura
de todos os slides da apresentação.

Figura 59: Modo de Exibição ‘Normal’.

#FicaDica
Para mover de um slide para outro clique sobre o slide (do lado esquerdo) que deseja visualizar na tela,
ou utilize as teclas ‘PageUp’ e ‘PageDown’.

Modo de Exibição de Estrutura de Tópicos: Este modo de visualização é interessante principalmente durante a
construção do texto da apresentação. Você pode ir digitando o texto do lado esquerdo e o PowerPoint monta os slides
pra você.

Classificação de Slides: Este modo permite ver seus slides em miniatura, para auxiliar na organização e estruturação
de sua apresentação. No modo de classificação de slides, você pode reordenar slides, adicionar transições e efeitos de
animação e definir intervalos de tempo para apresentações eletrônicas de slides.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 60: Classificação de Slides

Para alterar a sequência de exibição de slides, clique no slide e arraste até a posição desejada. Você também pode
ocultar um slide dando um clique com o botão direito do mouse sobre ele e selecionando ‘Ocultar Slide’.

30
Alterando o Design: A utilização destes recursos é muito simples, bastan-
O design de um slide é a apresentação visual do mes- do clicar, no próprio slide, sobre o recurso que deseja
mo, ou seja, as cores nele utilizadas, tipos de fontes, etc. O utilizar.
PowerPoint disponibiliza vários temas prontos para apli- Salve a apresentação atual como ‘Ensino a Distância’
car ao design de sua apresentação. e, sem fechá-la, abra uma nova apresentação. Vamos ver
Para inserir um Tema de design pronto nos slides aces- a utilização dos recursos de Conteúdo.
se a guia ‘Design’ na Faixa de Opções. Clique na seta late- Na guia ‘Início’ da Faixa de Opções, clique na seta la-
ral para visualizar todos os temas existentes. teral da caixa Layout. Será exibida uma janela com várias
Clique no tema desejado, para aplicar ao slide selecio- opções. Selecione o layout ‘Título e conteúdo’.
nado. O tema será aplicado em todos os slides. Aparecerá a caixa de conteúdo no slide como mos-
Variantes -> Cores e Variantes -> Fontes: ainda na trado na figura a seguir. A caixa de conteúdos ao centro
guia ‘Design’ podemos aplicar variações dos temas, al- do slide possui diversas opções de tipo de conteúdo que
terando cores e fontes, criando novos temas de cores.
se pode utilizar.
Clique na seta da caixa ‘Variantes’ para abrir as opções.
As demais ferramentas da ‘Caixa de Conteúdo’ são:
Passe o mouse sobre cada tema para visualizar o efeito na
apresentação. Após encontrar a variação desejada, dê um
• Escolher Elemento Gráfico SmartArt
clique com o mouse para aplicá-la à apresentação.
• Inserir Imagem
• Inserir Imagens Online
• Inserir Vídeo

Explore as opções, utilize os recursos oferecidos para


enriquecer seus conhecimentos e, em consequência,
criar apresentações muito mais interessantes. O funcio-
namento de cada item é semelhante aos já abordados.

Agora é com você!


Exercite: crie diversos slides de conteúdo, procuran-
do utilizar todas as opções oferecidas para cada tipo de
Figura 61: Variantes de Temas de Design conteúdo. Desta forma, você estará aprendendo ainda
mais utilizar os recursos do PowerPoint e do Office.
Variantes -> Efeitos: os efeitos de tema especificam
como os efeitos são aplicados a gráficos SmartArt, formas Animação dos Slides: A animação dos slides é um
e imagens. Clique na seta do botão ‘Efeitos’ para acessar dos últimos passos da criação de uma apresentação.
a galeria de Efeitos. Aplicando o efeito alteramos rapida- Essa é uma etapa importante, pois, apesar dos inúmeros
mente a aparência dos objetos. recursos oferecidos pelo programa, não é aconselhável
exagerar na utilização dos mesmos, pois além de tornar
Layout de Texto: a apresentação cansativa, tira a atenção das pessoas que
O primeiro slide criado em nossa apresentação é um estão assistindo, ao invés de dar foco ao conteúdo da
‘Slide de título’. Nele não deve ser inserido o conteúdo da apresentação, passam a dar foco para as animações.
palestra ou reunião, mas apenas o título e um subtítulo
pois trata-se do slide inicial.
Transições: A transição dos slides nada mais é que
Clique no quadro onde está indicado ‘Clique aqui para
a mudança entre um slide e outro. Você pode escolher
adicionar um título’, e escreva o título de sua apresentação.
entre diversas transições prontas, através da faixa de op-
A apresentação que criaremos será sobre ‘Grupo Nova”.
ções ‘TRANSIÇÕES’. Selecione o primeiro slide da nossa
No quadro onde está indicado ‘Clique aqui para adi-
cionar um subtítulo’ coloque seu nome ou o nome da em- apresentação e clique nesta opção.
presa em que trabalha, ou mesmo um subtítulo ligado ao Escolha uma das transições prontas e veja o que
tema da apresentação. acontece. Explore os diversos tipos de transições, ape-
Formate o texto da forma como desejar, selecionando nas clicando sobre elas e assistindo os efeitos que elas
o tipo da fonte, tamanho, alinhamento, etc., clicando so- produzem. Isso pode ser bastante divertido, mas depen-
bre a ‘Caixa de Texto’ para fazer as formatações. dendo do intuito da apresentação, o exagero pode tor-
Clique no botão novo slide da guia ‘PÁGINA INICIAL’. nar sua apresentação pouco profissional.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Será criado um novo slide com layout diferente do an- Ainda em ‘TRANSIÇÕES’ escolha como será feito o
terior. Isso acontece porque o programa entende que o avanço do slide, se após um tempo pré-definido ou ‘Ao
próximo slide não é mais de título, e sim de conteúdo, e Clicar com o Mouse’, dentro da faixa ‘INTERVALO’. Você
assim sucessivamente para a criação da sua apresentação. também pode aplicar som durante a transição.

Layouts de Conteúdo: Animações: As animações podem ser definidas para


Utilizando os layouts de conteúdo é possível inserir cada caixa de texto dos slides. Ou seja, durante sua
figura ou cliparts, tabelas, gráficos, diagramas ou clipe apresentação você pode optar em ir abrindo o texto
de mídia (que podem ser animações, imagens, sons, etc.). conforme trabalha os assuntos.

31
Neste exemplo, selecionaremos o Slide 3 de nossa apresentação para enriquecer as explicações. Clique um uma
das caixas de texto do slide, e na opção ‘ANIMAÇÕES’ abra o ‘PAINEL DE ANIMAÇÃO’.

Figura 62: Animações

Escolheremos a opção ‘Flutuar para Dentro’, mas você pode explorar as diversas opções e escolher a que mais te
agradar. Clique na opção escolhida. No Painel de Animação, abra todas as animações clicando na seta para baixo.

Figura 63: Abrindo a lista do Painel de Animações

Cada parágrafo de texto pode ser configurado, bastando que você clique no parágrafo desejado e faça a opção
de animação desejada. O parágrafo pode aparecer somente quando você clicar com o mouse, ou juntamente com o
anterior. Pode mantê-lo aberto na tela enquanto outros estão fechados, etc.
Em nosso exemplo, vamos animar da seguinte forma: os textos da caixa de texto do lado esquerdo vão aparecer
juntos após clicar. Os textos da caixa do lado direito permanecem fechados. Ao clicar novamente, os dois parágrafos
aparecerão ao mesmo tempo na tela.
Passo a passo:
Com a caixa de texto do lado esquerdo selecionada, clique em ‘Iniciar ao clicar’ no 1º parágrafo, mostrado no Painel
de Animações;
selecione o 2º parágrafo e selecione ‘Iniciar com anterior’;
selecione a caixa de texto do lado direito e aplique uma animação;
no Painel de Animações clique em ‘Iniciar ao clicar’ no 1º parágrafo da caixa de texto
selecione o 2º parágrafo da caixa de texto e selecione ‘Iniciar com anterior’.

Impress
É o editor de apresentações do LibreOffice e o seu formato de arquivo padrão é o .odp (Open Document Presen-
tations).
- O usuário pode iniciar uma apresentação no Impress de duas formas:
• do primeiro slide (F5) - Menu Apresentação de Slides -> Iniciar do primeiro slide.
• do slide atual (Shift + F5) - Menu Apresentação de Slides -> Iniciar do slide atual.

- Menu do Impress:
• Arquivo - contém comandos que se aplicam ao documento inteiro como Abrir, Salvar e Exportar como PDF;
• Editar - contém comandos para editar o conteúdo documento como, por exemplo, Desfazer, Localizar e Substi-
tuir, Cortar, Copiar e Colar;
• Exibir - contém comandos para controlar a exibição de um documento tais como Zoom, Apresentação de Slides,
Estrutura de tópicos e Navegador;
• Inserir - contém comandos para inserção de novos slides e elementos no documento como figuras, tabelas e
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

hiperlinks;
• Formatar - contém comandos para formatar o layout e o conteúdo dos slides, tais como Modelos de slides,
Layout de slide, Estilos e Formatação, Parágrafo e Caractere;
• Ferramentas - contém ferramentas como Ortografia, Compactar apresentação e Player de mídia;
• Apresentação de Slides - contém comandos para controlar a apresentação de slides e adicionar efeitos em
objetos e na transição de slides.

32
Resposta: CERTO. A opção Inserir, Ilustrações, Imagem
possibilita a inserção de imagens no documento, sejam
EXERCÍCIOS COMENTADOS elas armazenadas no computador, na rede ou na Inter-
net (no 2013 é possível na opção Imagens on-line, no
1. (ESCRIVÃO – DE POLÍCIA – CESPE 2013) Título, as- 2010 não).
sunto, palavras-chave e comentários de um documento
são metadados típicos presentes em um documento pro- 5. (AGENTE – CESPE – 2014) Para criar um documento
duzido por processadores de texto como o BrOffice e o no Word 2013 e enviá-lo para outras pessoas, o usuário
Microsoft Office. deve clicar o menu Inserir e, na lista disponibilizada, sele-
cionar a opção Iniciar Mala Direta.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: CERTO. Quando um determinado documento
de texto produzido tanto pelo BrOffice quanto pelo Mi- Resposta: ERRADO. A mala direta é usada para criar
crosoft Office ele fica armazenado em forma de arquivo correspondências em massa que podem ser personali-
em uma memória especificada no momento da gravação zadas para cada destinatário. É possível adicionar ele-
deste. Ao clicar como botão direito do mouse no arquivo mentos individuais a qualquer parte de uma etiqueta,
de texto armazenado e clicar em propriedades é possível carta, envelope, ou e-mail, desde a saudação até o con-
por meio da guia Detalhes perceber os metadados “Títu- teúdo do documento, inclusive imagens. O Word preen-
lo, assunto, palavras-chave e comentários”. che automaticamente os campos com as informações
do destinatário e gera todos os documentos individuais.
2. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) Considere que Contudo, não envia um arquivo a outros usuários como
um usuário disponha de um computador apenas com Li- diz a questão.
nux e BrOffice instalados. Nessa situação, para que esse
computador realize a leitura de um arquivo em formato 6. (AGENTE – CESPE – 2014) No Word 2013, ao se se-
de planilha do Microsoft Office Excel, armazenado em um lecionar uma palavra, clicar sobre ela com o botão direito
pendrive formatado com a opção NTFS, será necessária a do mouse e, na lista disponibilizada, selecionar a opção
definir, será mostrado, desde que estejam satisfeitas to-
conversão batch do arquivo, antes de sua leitura com o
das as configurações exigidas, um dicionário contendo
aplicativo instalado, dispensando-se a montagem do sis-
significados da palavra selecionada.
tema de arquivos presente no pendrive.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: CERTO. A inclusão do dicionário no botão
Resposta: ERRADO. Um pendrive formatado com o
direito na versão Word 2013 é novidade, mas já é an-
sistema de arquivos NTFS será lido normalmente pelo
tiga no Word pelo comando Shift + F7(dicionário de
Linux, sem necessidade de conversão de qualquer natu- sinônimos).
reza. E o fato do suposto arquivo estar em formato Excel
(xls ou xlsx) é indiferente também, já que o BrOffice é
capaz de abrir ambos os formatos.

3. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) O BrOffice 3, que


reúne, entre outros softwares livres de escritório, o editor
de texto Writer, a planilha eletrônica Calc e o editor de
apresentação Impress, é compatível com as plataformas
computacionais Microsoft Windows, Linux e MacOS-X

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: CERTO. O BrOffice 3 faz parte de um con-


junto de aplicativos para escritório livre multiplataforma
chamado OpenOffice.org.
Distribuída para Microsoft Windows, Unix, Solaris, Linux
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

e Mac OS X, mantida pela Apache Software Foundation.

4. (AGENTE – CESPE – 2014) No Word 2013, a partir de


opção disponível no menu Inserir, é possível inserir em um
documento uma imagem localizada no próprio compu-
tador ou em outros computadores a que o usuário esteja
conectado, seja em rede local, seja na Web.

( ) CERTO ( ) ERRADO

33
9. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Para en-
contrar todas as ocorrências do termo “Ibama” no docu-
mento em edição, é suficiente realizar o seguinte proce-
dimento: aplicar um clique duplo sobre o referido termo;
clicar sucessivamente o botão .

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: ERRADO. O botão mostrado na questão não


deve ser utilizado para encontrar ocorrências de um de-
terminado termo no documento que se está editando,
tal recurso pode ser conseguido através do botão Loca-
lizar ou do atalho CTRL+L.

Considerando a figura acima, que ilustra uma janela do


Word 2000 contendo parte de um texto extraído e adap-
tado do sítio http://www.funai.gov.br, julgue os itens sub-
sequentes. A figura acima mostra uma janela do Excel 2002 com uma
planilha em processo de edição. Com relação a essa figu-
7. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Conside- ra e ao Excel 2002, e considerando que apenas a célula
re o seguinte procedimento: selecionar o trecho “Funai, C2 está formatada como negrito, julgue o item abaixo.
(...) Federal”; clicar a opção
Estilo no menu ; na janela decorrente dessa ação, 10. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) É possí-
marcar o campo todas em maiúsculas; clicar OK. Esse vel aplicar negrito às células B2, B3 e B4 por meio da se-
procedimento fará que todas as letras do referido trecho guinte sequência de ações, realizada com o mouse: clicar
fiquem com a fonte maiúscula. a célula C2; clicar ; posicionar o ponteiro sobre o centro
da célula B2; pressionar e manter pressionado o botão
( ) CERTO ( ) ERRADO esquerdo; posicionar o ponteiro no centro da célula B4;
liberar o botão esquerdo.
Resposta: ERRADO. O procedimento correto é: selecio- Em um computador cujo sistema operacional é o Windo-
nar o trecho “Funai, (...) Federal”; clicar a opção FONTE ws XP, ao se clicar, com o botão direito do mouse, o ícone
no menu FORMATAR na janela decorrente dessa ação, , contido na área de trabalho e referente a determi-
marcar o campo Todas em maiúsculas; clicar OK. nado arquivo, foi exibido o menu mostrado na figura ao
lado. A respeito dessa figura e do Windows XP, julgue os
8. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) As infor- itens a seguir.
mações contidas na figura mostrada permitem concluir
que o documento em edição contém duas páginas e,
caso se disponha de uma impressora devidamente ins-
talada e se deseje imprimir apenas a primeira página do
documento, é suficiente realizar as seguintes ações: clicar
a opção Imprimir no menu ; na janela aberta em
decorrência dessa ação, assinalar, no campo apropriado,
que se deseja imprimir a página atual; clicar OK.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: CERTO. A opção para imprimir documentos


assim como para efetuar as devidas configurações da
( ) CERTO ( ) ERRADO
impressão podem ser feitas através do Menu Arquivo
/ Imprimir ou utilizando-se do atalho CTRL+P.
Resposta: CERTO. Com o botão “Pincel” é possível co-
piar toda a formatação de uma célula para outra célu-
la, e o procedimento correto foi descrito na questão.

34
so aleatório) no computador, normalmente 4 GB ou mais.
NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL Nesses casos, como um sistema operacional de 64 bits
(AMBIENTE WINDOWS, VERSÕES 7, 8 E 10). pode processar grandes quantidades de memória com
mais eficácia do que um de 32 bits, o sistema de 64 bits
poderá responder melhor ao executar vários programas
ao mesmo tempo e alternar entre eles com frequência”.
Windows Uma maneira prática de usar o Windows 7 (Win 7) é
reinstalá-lo sobre um SO já utilizado na máquina. Nesse
O Windows assim como tudo que envolve a informá- caso, é possível instalar:
tica passa por uma atualização constante, os concursos - Sobre o Windows XP;
públicos em seus editais acabam variando em suas ver- - Uma versão Win 7 32 bits, sobre Windows Vista
sões, por isso vamos abordar de uma maneira geral tanto (Win Vista), também 32 bits;
as versões do Windows quanto do Linux. - Win 7 de 64 bits, sobre Win Vista, 32 bits;
O Windows é um Sistema Operacional, ou seja, é um - Win 7 de 32 bits, sobre Win Vista, 64 bits;
software, um programa de computador desenvolvido por - Win 7 de 64 bits, sobre Win Vista, 64 bits;
programadores através de códigos de programação. Os - Win 7 em um computador e formatar o HD durante
Sistemas Operacionais, assim como os demais softwares, a insta- lação;
são considerados como a parte lógica do computador, - Win 7 em um computador sem SO;
uma parte não palpável, desenvolvida para ser utilizada
apenas quando o computador está em funcionamento. O Antes de iniciar a instalação, devemos verificar qual
Sistema Operacional (SO) é um programa especial, pois é tipo de instalação será feita, encontrar e ter em mãos a
o primeiro a ser instalado na máquina. chave do produto, que é um código que será solicitado
Quando montamos um computador e o ligamos pela durante a instalação.
primeira vez, em sua tela serão mostradas apenas algu- Vamos adotar a opção de instalação com formatação de
mas rotinas presentes nos chipsets da máquina. Para uti- disco rígido, segundo o site oficial da Microsoft Corporation:
lizarmos todos os recursos do computador, com toda a - Ligue o seu computador, de forma que o Windows
qualidade das placas de som, vídeo, rede, acessarmos a seja inicializado normalmente, insira do disco de instala-
Internet e usufruirmos de toda a potencialidade do hard- ção do Windows 7 ou a unidade flash USB e desligue o
ware, temos que instalar o SO. seu computador.
Após sua instalação é possível configurar as placas - Reinicie o computador.
para que alcancem seu melhor desempenho e instalar - Pressione qualquer tecla, quando solicitado a fazer
os demais programas, como os softwares aplicativos e isso, e siga as instruções exibidas.
utilitários. - Na página de Instalação Windows, insira seu idioma
O SO gerencia o uso do hardware pelo software e ge- ou outras preferências e clique em avançar.
rencia os demais programas. - Se a página de Instalação Windows não aparecer e
A diferença entre os Sistemas Operacionais de 32 bits o programa não solicitar que você pressione alguma te-
e 64 bits está na forma em que o processador do com- cla, talvez seja necessário alterar algumas configurações
putador trabalha as informações. O Sistema Operacional do sistema. Para obter mais informações sobre como fa-
de 32 bits tem que ser instalado em um computador que zer isso, consulte. Inicie o seu computador usando um
tenha o processador de 32 bits, assim como o de 64 bits disco de instalação do Windows 7 ou um pen drive USB.
tem que ser instalado em um computador de 64 bits. - Na página Leia os termos de licença, se você acei-
Os Sistemas Operacionais de 64 bits do Windows, se- tar os termos de licença, clique em aceito os termos de
gundo o site oficial da Microsoft, podem utilizar mais me- licença e em avançar.
mória que as versões de 32 bits do Windows. “Isso ajuda - Na página que tipo de instalação você deseja? cli-
a reduzir o tempo despendido na permuta de processos que em Personalizada.
para dentro e para fora da memória, pelo armazenamen- - Na página onde deseja instalar Windows? clique em
to de um número maior desses processos na memória de opções da unidade (avançada).
acesso aleatório (RAM) em vez de fazê-lo no disco rígido. - Clique na partição que você quiser alterar, clique na
Por outro lado, isso pode aumentar o desempenho geral opção de formatação desejada e siga as instruções.
do programa”. - Quando a formatação terminar, clique em avançar.
- Siga as instruções para concluir a instalação do
Windows 7 Windows 7, inclusive a nomenclatura do computador e a
configuração de uma conta do usuário inicial.
Para saber se o Windows é de 32 ou 64 bits, basta:
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

1. Clicar no botão Iniciar , clicar com o botão direito Conceitos de organização e de gerenciamento de in-
em computador e clique em Propriedades. formações; arquivos, pastas e programas.
2. Em sistema, é possível exibir o tipo de sistema.
Pastas – são estruturas digitais criadas para organizar
“Para instalar uma versão de 64 bits do Windows 7, arquivos, ícones ou outras pastas.
você precisará de um processador capaz de executar uma Arquivos – são registros digitais criados e salvos por
versão de 64 bits do Windows. Os benefícios de um siste- meio de programas aplicativos. Por exemplo, quando
ma operacional de 64 bits ficam mais claros quando você abrimos o Microsoft Word, digitamos uma carta e a sal-
tem uma grande quantidade de RAM (memória de aces- vamos no computador, estamos criando um arquivo.

35
Ícones – são imagens representativas associadas a Clicamos duas vezes na pasta “Trabalho” para abrí-la e
programas, arquivos, pastas ou atalhos. agora criaremos mais duas pastas dentro dela:
Atalhos – são ícones que indicam um caminho mais Para criarmos as outras duas pastas, basta repetir o
curto para abrir um programa ou até mesmo um arquivo. procedimento: botão direito, Novo, Pasta.

1. Criação de pastas (diretórios) 2. Área de trabalho:

Figura 67: Área de Trabalho

A figura acima mostra a primeira tela que vemos


quando o Windows 7 é iniciado. A ela damos o nome
Figura 64: Criação de pastas de área de trabalho, pois a ideia original é que ela sir-
va como uma prancheta, onde abriremos nossos livros e
#FicaDica documentos para dar início ou continuidade ao trabalho.
Clicando com o botão direito do mouse em Em especial, na área de trabalho, encontramos a barra
um espaço vazio da área de trabalho ou outro de tarefas, que traz uma série de particularidades, como:
apropriado, podemos encontrar a opção pasta.
Clicando nesta opção com o botão esquerdo
do mouse, temos então uma forma prática de
criar uma pasta. Figura 68: Barra de tarefas

1) Botão Iniciar: é por ele que entramos em contato


com todos os outros programas instalados, programas
que fazem parte do sistema operacional e ambientes de
configuração e trabalho. Com um clique nesse botão,
abrimos uma lista, chamada Menu Iniciar, que contém
opções que nos permitem ver os programas mais aces-
sados, todos os outros programas instalados e os recur-
Figura 65: Criamos aqui uma pasta sos do próprio Windows. Ele funciona como uma via de
chamada “Trabalho”. acesso para todas as opções disponíveis no computador.
Por meio do botão Iniciar, também podemos:
- desligar o computador, procedimento que encerra
o Sistema Operacional corretamente, e desliga efetiva-
mente a máquina;
- colocar o computador em modo de espera, que
reduz o consumo de energia enquanto a máquina estiver
ociosa, ou seja, sem uso. Muito usado nos casos em que
vamos nos ausentar por um breve período de tempo da
frente do computador;
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- reiniciar o computador, que desliga e liga automa-


ticamente o sistema. Usado após a instalação de alguns
programas que precisam da reinicialização do sistema
para efetivarem sua instalação, durante congelamento
de telas ou travamentos da máquina.
- realizar o logoff, acessando o mesmo sistema com
nome e senha de outro usuário, tendo assim um ambien-
Figura 66: Tela da pasta criada te com características diferentes para cada usuário do
mesmo computador.

36
Nessa janela, é possível configurarmos a data e a
hora, determinarmos qual é o fuso horário da nossa re-
gião e especificar se o relógio do computador está sin-
cronizado automaticamente com um servidor de horário
na Internet. Este relógio é atualizado pela bateria da pla-
ca mãe, que vimos na figura 26. Quando ele começa a
mostrar um horário diferente do que realmente deveria
mostrar, na maioria das vezes, indica que a bateria da
placa mãe deve precisar ser trocada. Esse horário tam-
bém é sincronizado com o mesmo horário do SETUP.
Lixeira: Contém os arquivos e pastas excluídos pelo
usuário. Para excluirmos arquivos, atalhos e pastas, po-
demos clicar com o botão direito do mouse sobre eles e
depois usar a opção “Excluir”. Outra forma é clicar uma
vez sobre o objeto desejado e depois pressionar o botão
delete, no teclado. Esses dois procedimentos enviarão
para lixeira o que foi excluído, sendo possível a restaura-
ção, caso haja necessidade. Para restaurar, por exemplo,
um arquivo enviado para a lixeira, podemos, após abri-la,
restaurar o que desejarmos.

Figura 69: Menu Iniciar – Windows 7

Na figura acima temos o menu Iniciar, acessado com


um clique no botão Iniciar.
2) Ícones de inicialização rápida: São ícones coloca-
dos como atalhos na barra de tarefas para serem acessa-
dos com facilidade.
3) Barra de idiomas: Mostra qual a configuração de
idioma que está sendo usada pelo teclado. Figura 71: Restauração de arquivos
4) Ícones de inicialização/execução: Esses ícones são enviados para a lixeira
configurados para entrar em ação quando o computa-
dor é iniciado. Muitos deles ficam em execução o tempo A restauração de objetos enviados para a lixeira pode
todo no sistema, como é o caso de ícones de programas ser feita com um clique com o botão direito do mouse
sobre o item desejado e depois, outro clique com o es-
antivírus que monitoram constantemente o sistema para
querdo em “Restaurar”. Isso devolverá, automaticamente
verificar se não há invasões ou vírus tentando ser exe-
o arquivo para seu local de origem.
cutados.
5) Propriedades de data e hora: Além de mostrar o
relógio constantemente na sua tela, clicando duas vezes,
com o botão esquerdo do mouse nesse ícone, acessa- #FicaDica
mos as Propriedades de data e hora.
Outra forma de restaurar é usar a opção
“Restaurar este item”, após selecionar o objeto.

Alguns arquivos e pastas, por terem um tamanho


muito grande, são excluídos sem irem antes para a Li-
xeira. Sempre que algo for ser excluído, aparecerá uma
mensagem, ou perguntando se realmente deseja enviar
aquele item para a Lixeira, ou avisando que o que foi se-
lecionado será permanentemente excluído. Outra forma
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

de excluir documentos ou pastas sem que eles fiquem


armazenados na Lixeira é usar as teclas de atalho Shif-
t+Delete.
A barra de tarefas pode ser posicionada nos quatro
cantos da tela para proporcionar melhor visualização de
outras janelas abertas. Para isso, basta pressionar o botão
esquerdo do mouse em um espaço vazio dessa barra e
Figura 70: Propriedades de data e hora com ele pressionado, arrastar a barra até o local desejado
(canto direito, superior, esquerdo ou inferior da tela).

37
Para alterar o local da Barra de Tarefas na tela, temos
que verificar se a opção “Bloquear a barra de tarefas” não
está marcada.

Figura 74: Guia Menu Iniciar e Personalizar Menu


Iniciar

Pela figura acima podemos notar que é possível a


aparência e comportamento de links e menus do menu
Iniciar.

Figura 72: Bloqueio da Barra de Tarefas

Propriedades da barra de tarefas e do menu iniciar:


Por meio do clique com o botão direito do mouse na
barra de tarefas e do esquerdo em “Propriedades”, pode- Figura 21: Barra de Ferramentas
mos acessar a janela “Propriedades da barra de tarefas e
do menu iniciar”. 3. Painel de controle

O Painel de Controle é o local onde podemos alte-


rar configurações do Windows, como aparência, idioma,
configurações de mouse e teclado, entre outras. Com ele
é possível personalizar o computador às necessidades do
usuário.
Para acessar o Painel de Controle, basta clicar no Bo-
tão Iniciar e depois em Painel de Controle. Nele encon-
tramos as seguintes opções:
- Sistema e Segurança: “Exibe e altera o status do sis-
tema e da segurança”, permite a realização de backups e
restauração das configurações do sistema e de arquivos.
Possui ferramentas que permitem a atualização do Siste-
ma Operacional, que exibem a quantidade de memória
RAM instalada no computador e a velocidade do proces-
sador. Oferece ainda, possibilidades de configuração de
Firewall para tornar o computador mais protegido.
- Rede e Internet: mostra o status da rede e possibi-
lita configurações de rede e Internet. É possível também
Figura 73: Propriedades da barra de definir preferências para compartilhamento de arquivos
tarefas e do menu iniciar e computadores.
- Hardware e Sons: é possível adicionar ou remover
Na guia “Barra de Tarefas”, temos, entre outros:
hardwares como impressoras, por exemplo. Também
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Bloquear a barra de tarefas – que impede que ela


permite alterar sons do sistema, reproduzir CDs automa-
seja posicionada em outros cantos da tela que não seja o
ticamente, configurar modo de economia de energia e
inferior, ou seja, impede que seja arrastada com o botão
atualizar drives de dispositivos instalados.
esquerdo do mouse pressionado.
- Programas: através desta opção, podemos realizar
- Ocultar automaticamente a barra de tarefas – ocul-
a desinstalação de programas ou recursos do Windows.
ta (esconde) a barra de tarefas para proporcionar maior
- Contas de Usuários e Segurança Familiar: aqui al-
aproveitamento da área da tela pelos programas abertos,
teramos senhas, criamos contas de usuários, determina-
e a exibe quando o mouse é posicionado no canto infe-
rior do monitor. mos configurações de acesso.

38
- Aparência: permite a configuração da aparência da A organização de tela do Windows 8 funciona como
área de trabalho, plano de fundo, proteção de tela, menu o antigo Menu Iniciar e consiste em um mosaico com
iniciar e barra de tarefas. imagens animadas. Cada mosaico representa um aplica-
- Relógio, Idioma e Região: usamos esta opção para tivo que está instalado no computador. Os atalhos dessa
alterar data, hora, fuso horário, idioma, formatação de nú- área de trabalho, que representam aplicativos de versões
meros e moedas. anteriores, ficam com o nome na parte de cima e um pe-
- Facilidade de Acesso: permite adaptarmos o com- queno ícone na parte inferior. Novos mosaicos possuem
putador às necessidades visuais, auditivas e motoras do tamanhos diferentes, cores diferentes e são atualizados
usuário. automaticamente.
A tela pode ser customizada conforme a conveniência
3.1. Computador do usuário. Alguns utilitários não aparecem nessa tela,
mas podem ser encontrados clicando com o botão direi-
to do mouse em um espaço vazio da tela. Se deseja que
#FicaDica um desses aplicativos apareça na sua tela inicial, clique
com o botão direito sobre o ícone e vá para a opção Fixar
Através do “Computador” podemos na Tela Inicial.
consultar e acessar unidades de disco e outros
dispositivos conectados ao nosso computador. 1. Charms Bar

O objetivo do Windows 8 é ter uma tela mais limpa


Para acessá-lo, basta clicar no Botão Iniciar e em Com- e esse recurso possibilita “esconder” algumas configura-
putador. A janela a seguir será aberta: ções e aplicações. É uma barra localizada na lateral que
pode ser acessada colocando o mouse no canto direito e
inferior da tela ou clicando no atalho Tecla do Windows +
C. Essa função substitui a barra de ferramentas presente
no sistema e configurada de acordo com a página em
que você está.
Com a Charm Bar ativada, digite Personalizar na bus-
ca em configurações. Depois escolha a opção tela inicial
e em seguida escolha a cor da tela. O usuário também
pode selecionar desenhos durante a personalização do
papel de parede.

2. Redimensionar as tiles

Figura 76: Computador Na tela esses mosaicos ficam uns maiores que os ou-
tros, mas isso pode ser alterado clicando com o botão
Observe que é possível visualizarmos as unidades de direito na divisão entre eles e optando pela opção menor.
disco, sua capacidade de armazenamento livre e usada. Você pode deixar maior os aplicativos que você quiser
Vemos também informações como o nome do computa- destacar no computador.
dor, a quantidade de memória e o processador instalado
na máquina. 3. Grupos de Aplicativos

Windows 8 Pode-se criar divisões e grupos para unir programas


parecidos. Isso pode ser feito várias vezes e os grupos
É o sistema operacional da Microsoft que substituiu o podem ser renomeados.
Windows 7 em tablets, computadores, notebooks, celula-
res, etc. Ele trouxe diversas mudanças, principalmente no 4. Visualizar as pastas
layout, que acabou surpreendendo milhares de usuários
acostumados com o antigo visual desse sistema. A interface do programas no computador podem ser
A tela inicial completamente alterada foi a mudança vistos de maneira horizontal com painéis dispostos lado
que mais impactou os usuários. Nela encontra-se todas as a lado. Para passar de um painel para outro é necessário
aplicações do computador que ficavam no Menu Iniciar e usar a barra de rolagem que fica no rodapé.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

também é possível visualizar previsão do tempo, cotação


da bolsa, etc. O usuário tem que organizar as pequenas 5. Compartilhar e Receber
miniaturas que aparecem em sua tela inicial para ter aces-
so aos programas que mais utiliza. Comando utilizado para compartilhar conteúdo, en-
Caso você fique perdido no novo sistema ou dentro de viar uma foto, etc. Tecle Windows + C, clique na opção
uma pasta, clique com o botão direito e irá aparecer um Compartilhar e depois escolha qual meio vai usar. Há
painel no rodapé da tela. Caso você esteja utilizando uma também a opção Dispositivo que é usada para receber
das pastas e não encontre algum comando, clique com o e enviar conteúdos de aparelhos conectados ao compu-
botão direito do mouse para que esse painel apareça. tador.

39
6. Alternar Tarefas

Com o atalho Alt + Tab, é possível mudar entre os


programas abertos no desktop e os aplicativos novos do
SO. Com o atalho Windows + Tab é possível abrir uma
lista na lateral esquerda que mostra os aplicativos mo-
dernos.

7. Telas Lado a Lado

Esse sistema operacional não trabalha com o conceito


de janelas, mas o usuário pode usar dois programas ao
mesmo tempo. É indicado para quem precisa acompa-
nhar o Facebook e o Twitter, pois ocupa ¼ da tela do Figura 77: Tela do Windows 10
computador.
O Windows 10 é disponibilizado nas seguintes ver-
8. Visualizar Imagens sões (com destaque para as duas primeiras):
O sistema operacional agora faz com que cada vez
que você clica em uma figura, um programa específico 1. Windows 10
abre e isso pode deixar seu sistema lento. Para alterar
isso é preciso ir em Programas – Programas Default – Se- É a versão de “entrada” do Windows 10, que possui a
lecionar Windows Photo Viewer e marcar a caixa Set this maioria dos recursos do sistema. É voltada para Desktops
Program as Default. e Laptops, incluindo o tablete Microsoft Surface 3.

9. Imagem e Senha 2. Windows 10 Pro

O usuário pode utilizar uma imagem como senha ao Além dos recursos da versão de entrada, fornece pro-
invés de escolher uma senha digitada. Para fazer isso, teção de dados avançada e criptografada com o BitLoc-
acesse a Charm Bar, selecione a opção Settings e logo ker, permite a hospedagem de uma Conexão de Área de
em seguida clique em More PC settings. Acesse a opção Trabalho Remota em um computador, trabalhar com má-
Usuários e depois clique na opção “Criar uma senha com quinas virtuais, e permite o ingresso em um domínio para
imagem”. Em seguida, o computador pedirá para você realizar conexões a uma rede corporativa.
colocar sua senha e redirecionará para uma tela com um
pequeno texto e dando a opção para escolher uma foto. 3. Windows 10 Enterprise
Escolha uma imagem no seu computador e verifique se a
imagem está correta clicando em “Use this Picture”. Você Baseada na versão 10 Pro, é disponibilizada por meio
terá que desenhar três formas em touch ou com o mou- do Licenciamento por Volume, voltado a empresas.
se: uma linha reta, um círculo e um ponto. Depois, finalize
o processo e sua senha estará pronta. Na próxima vez, 4. Windows 10 Education
repita os movimentos para acessar seu computador.
Baseada na versão Enterprise, é destinada a atender
10. Internet Explorer no Windows 8 as necessidades do meio educacional. Também tem seu
método de distribuição baseado através da versão aca-
Se você clicar no quadrinho Internet Explorer da pá- dêmica de licenciamento de volume.
gina inicial, você terá acesso ao software sem a barra de
ferramentas e menus. 5. Windows 10 Mobile

Windows 10 Embora o Windows 10 tente vender seu nome fanta-


sia como um sistema operacional único, os smartphones
O Windows 10 é uma atualização do Windows 8 que com o Windows 10 possuem uma versão específica do
veio para tentar manter o monopólio da Microsoft no sistema operacional compatível com tais dispositivos.
mundo dos Sistemas Operacionais, uma das suas mis-
sões é ficar com um visual mais de smart e touch. 6. Windows 10 Mobile Enterprise
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Projetado para smartphones e tablets do setor cor-


porativo. Também estará disponível através do Licencia-
mento por Volume, oferecendo as mesmas vantagens do
Windows 10 Mobile com funcionalidades direcionadas
para o mercado corporativo.

40
7. Windows 10 IoT Core Resposta: Errado. O comando para a atualização é
“sudo apt-get upgrade”. O comando para instalar pa-
IoT vem da expressão “Internet das Coisas” (Internet cotes é “sudo apt-get install nome_do_pacote”. O co-
of Things). A Microsoft anunciou que haverá edições do mando é “apt-get” e não “aptget”. O comando sudo
Windows 10 baseadas no Enterprise e Mobile Enterprise realmente permite a usuários comuns obter privilégios
destinados a dispositivos como caixas eletrônicos, ter- de outro usuário como o administrador
minais de autoatendimento, máquinas de atendimento
para o varejo e robôs industriais. Essa versão IoT Core 3. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) Em computado-
será destinada para dispositivos pequenos e de baixo res com sistema operacional Linux ou Windows, o aumen-
custo. to da memória virtual possibilita a redução do consumo
Para as versões mais populares (10 e 10 Pro), a Micro- de memória RAM em uso, o que permite executar, de for-
soft indica como requisitos básicos dos computadores: ma paralela e distribuída, no computador, uma quantida-
• Processador de 1 Ghz ou superior; de maior de programas.
• 1 GB de RAM (para 32bits); 2GB de RAM (para
64bits); ( ) CERTO ( ) ERRADO
• Até 20GB de espaço disponível em disco rígido;
• Placa de vídeo com resolução de tela de 800×600 Resposta: Errado. O que torna esta alternativa mais
ou maior. eficaz é o uso da memória em um dispositivo alterna-
tivo (para o PC não “travar”), e não uma redução de
consumo de memória RAM em uso, visto que esta op-
EXERCÍCIOS COMENTADOS ção foi projetada para ajudar quando a memória RAM
do PC for insuficiente para a execução de demasiados
1. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Considere programas.
que o usuário de um computador com sistema opera-
cional Windows 7 tenha permissão de administrador e 4. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) Tanto no siste-
deseje fazer o controle mais preciso da segurança das ma operacional Windows quanto no Linux, cada arquivo,
conexões de rede estabelecidas no e com o seu compu- diretório ou pasta encontra-se em um caminho, podendo
tador. Nessa situação, ele poderá usar o modo de segu- cada pasta ou diretório conter diversos arquivos que são
rança avançado do firewall do Windows para especificar gravados nas unidades de disco nas quais permanecem
precisamente quais aplicativos podem e não podem fa- até serem apagados. Em uma mesma rede é possível haver
zer acesso à rede, bem como quais serviços residentes comunicação e escrita de pastas, diretórios e arquivos en-
podem, ou não, ser externamente acessados. tre máquinas com Windows e máquinas com Linux.

( ) CERTO ( ) ERRADO ( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. Um firewall (em português: Parede Resposta: Certo. O sistema Linux e o sistema Windows
de fogo) é um dispositivo de uma rede de computa- conseguem compartilhar diretórios/pastas entre si pois
dores que tem por objetivo aplicar uma política de utilizam se do protocolo, o SMB.CIFS.
segurança a um determinado ponto da rede. O fire-
wall pode ser do tipo filtros de pacotes, proxy de apli- 5. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) No
cações, etc. Os firewalls são geralmente associados a Windows, não há possibilidade de o usuário interagir com
redes TCP/IP. o sistema operacional por meio de uma tela de computa-
Este dispositivo de segurança existe na forma de soft- dor sensível ao toque.
ware e de hardware, a combinação de ambos é cha-
mada tecnicamente de “appliance”. A complexidade ( ) CERTO ( ) ERRADO
de instalação depende do tamanho da rede, da polí-
tica de segurança, da quantidade de regras que con- Resposta: Errado. As versões mais recentes do Windo-
trolam o fluxo de entrada e saída de informações e do ws existe este recurso. Para usá-lo há a necessidade de
grau de segurança desejado. que a tela seja sensível ao toque.

2. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) A instalação e 6. (AGENTE – CESPE – 2014) Comparativamente a com-
a atualização de programas na plataforma Linux a serem putadores com outros sistemas operacionais, computado-
efetuadas com o comando aptget, podem ser acionadas res com o sistema Linux apresentam a vantagem de não
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

por meio das opções install e upgrade, respectivamente. perderem dados caso as máquinas sejam desligadas por
Em ambos os casos, é indispensável o uso do comando meio de interrupção do fornecimento de energia elétrica.
sudo, ou equivalente, se o usuário não for administrador
do sistema. ( ) CERTO ( ) ERRADO

( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Errado. Nenhum sistema operacional pos-


sui a vantagem de não perder dados caso a máquina
seja desligada por meio de interrupção do forneci-
mento de energia elétrica.

41
7. (AGENTE – CESPE – 2014) As rotinas de inicialização GRUB e LILO, utilizadas em diversas distribuições Linux, podem
ser acessadas por uma interface de linha de comando.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. É possível acessar as rotinas de inicialização GRUB e LILO para realizar a sua configuração, assim
como é possível alterar as opções de inicialização do Windows (em Win+Pause, Configurações Avançadas do Siste-
ma, Propriedades do Sistema, Inicialização e Recuperação).

8. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Considere que um usuário de login joao_jose esteja usando o Windows
Explorer para navegar no sistema de arquivos de um computador com ambiente Windows 7. Considere ainda que,
enquanto um conjunto de arquivos e pastas é apresentado, o usuário observe, na barra de ferramentas do Windows
Explorer, as seguintes informações: Bibliotecas > Documentos > Projetos. Nessa situação, é mais provável que tais ar-
quivos e pastas estejam contidos no diretório C:\Bibliotecas\Documentos\Projetos que no diretório C:\Users\joao_jose\
Documents\Projetos.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado. O correto é “C:\Users\joao_jose\Documents\Projetos”. Há possibilidade das pastas estarem em


outro diretório, se forem feitas configurações customizadas pelo usuário. Mesmo na configuração em português o
diretório dos documentos do usuário continua sendo nomeado em inglês: “documents”. Portanto, a afirmação de
que o diretório seria “C:\biblioteca\documentos\projetos” não está correta. O item considera o comportamento
padrão do sistema operacional Windows 7, e, portanto, a afirmação não pode ser absoluta, devido à flexibilidade
inerente a este sistema software. A premissa de que a informação fosse apresentada na barra de ferramentas não
compromete o entendimento da questão.”

9. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) No ambiente Linux, é possível utilizar comandos para copiar arqui-
vos de um diretório para um pen drive.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. No ambiente Linux, é permitida a execução de vários comandos por meio de um console. O co-
mando “cp” é utilizado para copiar arquivos entre diretórios e arquivos para dispositivos.

10. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Ao se clicar a opção , será exibida uma janela por meio da
qual se pode verificar diversas propriedades do arquivo, como o seu tamanho e os seus atributos.
Em computadores do tipo PC, a comunicação com periféricos pode ser realizada por meio de diferentes interfaces.
Acerca desse assunto, julgue os seguintes itens.

( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Certo. Dentre as diversas opções que podem ser consultadas ao se ativar as propriedades de um arquivo
estão as opções: tamanho e os seus atributos.

REDES DE COMPUTADORES: CONCEITOS BÁSICOS, FERRAMENTAS, APLICATIVOS E


PROCEDIMENTOS DE INTERNET E INTRANET.
PROGRAMAS DE NAVEGAÇÃO: MOZILLA FIREFOX E GOOGLE CHROME.
PROGRAMA DE CORREIO ELETRÔNICO: MS OUTLOOK.
SÍTIOS DE BUSCA E PESQUISA NA INTERNET.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

REDES DE COMPUTADORES

Redes de Computadores refere-se à interligação por meio de um sistema de comunicação baseado em transmis-
sões e protocolos de vários computadores com o objetivo de trocar informações, entre outros recursos. Essa ligação é
chamada de estações de trabalho (nós, pontos ou dispositivos de rede).
Atualmente, existe uma interligação entre computadores espalhados pelo mundo que permite a comunicação en-
tre os indivíduos, quer seja quando eles navegam pela internet ou assiste televisão. Diariamente, é necessário utilizar
recursos como impressoras para imprimir documentos, reuniões através de videoconferência, trocar e-mails, acessar às
redes sociais ou se entreter por meio de jogos, etc.

42
Hoje, não é preciso estar em casa para enviar e-mails, Topologia de Estrela – modelo em que existe um pon-
basta ter um tablet ou smartphone com acesso à inter- to central (concentrador) para a conexão, geralmente um
net nos dispositivos móveis. Apesar de tantas vantagens, hub ou switch;
o crescimento das redes de computadores também tem Topologia de Anel – modelo atualmente utilizado em
seu lado negativo. A cada dia surgem problemas que automação industrial e na década de 1980 pelas redes
prejudicam as relações entre os indivíduos, como pirata- Token Ring da IBM. Nesse caso, todos os computadores
ria, espionagem, phishing - roubos de identidade, assun- são entreligados formando um anel e os dados são pro-
tos polêmicos como racismo, sexo, pornografia, sendo pagados de computador a computador até a máquina de
destacados com mais exaltação, entre outros problemas. origem;
Há muito tempo, o ser humano sentiu a necessida- Topologia de Barramento – modelo utilizado nas pri-
de de compartilhar conhecimento e estabelecer relações meiras conexões feitas pelas redes Ethernet. Refere- se a
com pessoas a distância. Na década de 1960, durante computadores conectados em formato linear, cujo cabea-
a Guerra Fria, as redes de computadores surgiram com mento é feito sequencialmente;
objetivos militares: interconectar os centros de comando Redes de Difusão (Broadcast) – quando as máquinas
dos EUA para com objetivo de proteger e enviar dados. estão interligadas por um mesmo canal através de paco-
tes endereçados (unicast, broadcast e multicast).
1. Alguns tipos de Redes de Computadores
3. Cabos
Antigamente, os computadores eram conectados em
distâncias curtas, sendo conhecidas como redes locais. Os cabos ou cabeamentos fazem parte da estrutura
Mas, com a evolução das redes de computadores, foi ne- física utilizada para conectar computadores em rede, es-
cessário aumentar a distância da troca de informações tando relacionados a largura de banda, a taxa de trans-
entre as pessoas. As redes podem ser classificadas de missão, padrões internacionais, etc. Há vantagens e des-
acordo com sua arquitetura (Arcnet, Ethernet, DSL, Token vantagens para a conexão feita por meio de cabeamento.
ring, etc.), a extensão geográfica (LAN, PAN, MAN, WLAN, Os mais utilizados são:
etc.), a topologia (anel, barramento, estrela, ponto-a- Cabos de Par Trançado – cabos caracterizados por sua
-ponto, etc.) e o meio de transmissão (redes por cabo de
velocidade, pode ser feito sob medida, comprados em lo-
fibra óptica, trançado, via rádio, etc.).
jas de informática ou produzidos pelo usuário;
Veja alguns tipos de redes:
Cabos Coaxiais – cabos que permitem uma distância
Redes Pessoais (Personal Area Networks – PAN) – se
maior na transmissão de dados, apesar de serem flexíveis,
comunicam a 1 metro de distância. Ex.: Redes Bluetooth;
são caros e frágeis. Eles necessitam de barramento ISA,
Redes Locais (Local Area Networks – LAN) – redes em
suporte não encontrado em computadores mais novos;
que a distância varia de 10m a 1km. Pode ser uma sala,
Cabos de Fibra Óptica – cabos complexos, caros e de
um prédio ou um campus de universidade;
Redes Metropolitanas (Metropolitan Area Network – difícil instalação. São velozes e imunes a interferências
MAN) – quando a distância dos equipamentos conec- eletromagnéticas.
tados à uma rede atinge áreas metropolitanas, cerca de
10km. Ex.: TV à cabo;
Redes a Longas Distâncias (Wide Area Network – #FicaDica
WAN) – rede que faz a cobertura de uma grande área Após montar o cabeamento de rede é necessário
geográfica, geralmente, um país, cerca de 100 km; realizar um teste através dos testadores de
Redes Interligadas (Interconexão de WANs) – são re- cabos, adquirido em lojas especializadas.
des espalhadas pelo mundo podendo ser interconecta- Apesar de testar o funcionamento, ele não
das a outras redes, capazes de atingirem distâncias bem detecta se existem ligações incorretas. É preciso
maiores, como um continente ou o planeta. Ex.: Internet; que um técnico veja se os fios dos cabos estão
Rede sem Fio ou Internet sem Fio (Wireless Local Area na posição certa.
Network – WLAN) – rede capaz de conectar dispositivos
eletrônicos próximos, sem a utilização de cabeamento.
Além dessa, existe também a WMAN, uma rede sem fio 4. Sistema de Cabeamento Estruturado
para área metropolitana e WWAN, rede sem fio para
grandes distâncias. Para que essa conexão não prejudique o ambiente de
trabalho, em uma grande empresa, são necessárias várias
2. Topologia de Redes conexões e muitos cabos, sendo necessário o cabeamen-
to estruturado.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Astopologias das redes de computadores são as es- Por meio dele, um técnico irá poupar trabalho e tem-
truturas físicas dos cabos, computadores e componen- po, tanto para fazer a instalação, quanto para a remoção
tes. Existem as topologias físicas, que são mapas que da rede. Ele é feito através das tomadas RJ-45 que pos-
mostram a localização de cada componente da rede que sibilitam que vários conectores possam ser inseridos em
serão tratadas a seguir. e as lógicas, representada pelo um único local, sem a necessidade de serem conectados
modo que os dados trafegam na rede: diretamente no hub.
Topologia Ponto-a-ponto – quando as máquinas es- Além disso, o sistema de cabeamento estruturado
tão interconectadas por pares através de um roteamento possui um painel de conexões, o Patch Panel, onde os
de dados; cabos das tomadas RJ-45 são conectados, sendo um con-

43
centrador de tomadas, favorecendo a manutenção das na década de 60, criaram um projeto que pudesse conec-
redes. Eles são adaptados e construídos para serem inse- tar os computadores de departamentos de pesquisas e
ridos em um rack. bases militares, para que, caso um desses pontos sofres-
Todo esse planejamento deve fazer parte do projeto se algum tipo de ataque, as informações e comunicação
do cabeamento de rede, em que a conexão da rede é não seriam totalmente perdidas, pois estariam salvas em
pensada de forma a realizar a sua expansão. outros pontos estratégicos.
Repetidores: Dispositivo capaz de expandir o cabea- O projeto inicial, chamado ARPANET, usava uma co-
mento de rede. Ele poderá transformar os sinais recebi- nexão a longa distância e possibilitava que as mensagens
dos e enviá-los para outros pontos da rede. Apesar de fossem fragmentadas e endereçadas ao seu computador
serem transmissores de informações para outros pontos, de destino. O percurso entre o emissor e o receptor da
eles também diminuem o desempenho da rede, podendo informação poderia ser realizado por várias rotas, assim,
haver colisões entre os dados à medida que são anexas caso algum ponto no trajeto fosse destruído, os dados
outras máquinas. Esse equipamento, normalmente, en- poderiam seguir por outro caminho garantindo a entre-
contra-se dentro do hub. ga da informação, é importante mencionar que a maior
Hubs: Dispositivos capazes de receber e concentrar to- distância entre um ponto e outro, era de 450 quilôme-
dos os dados da rede e compartilhá-los entre as outras tros. No começo dos anos 80, essa tecnologia rompeu as
estações (máquinas). Nesse momento nenhuma outra
barreiras de distância, passando a interligar e favorecer
máquina consegue enviar um determinado sinal até que
a troca de informações de computadores de universi-
os dados sejam distribuídos completamente. Eles são uti-
dades dos EUA e de outros países, criando assim uma
lizados em redes domésticas e podem ter 8, 16, 24 e 32
portas, variando de acordo com o fabricante. Existem os rede (NET) internacional (INTER), consequentemente seu
Hubs Passivos, Ativos, Inteligentes e Empilháveis. nome passa a ser, INTERNET.
Bridges: É um repetidor inteligente que funciona como A evolução não parava, além de atingir fronteiras
uma ponte. Ele lê e analisa os dados da rede, além de rela- continentais, os computadores pessoais evoluíam em
cionar diferentes arquiteturas. forte escala alcançando forte potencial comercial, a
Switches: Tipo de aparelho semelhante a um hub, mas Internet deixou de conectar apenas computadores de
que funciona como uma ponte: ele envia os dados apenas universidades, passou a conectar empresas e, enfim,
para a máquina que o solicitou. Ele possui muitas portas usuários domésticos. Na década de 90, o Ministério das
de entrada e melhor performance, podendo ser utilizado Comunicações e o Ministério da Ciência e Tecnologia do
para redes maiores. Brasil trouxeram a Internet para os centros acadêmicos
Roteadores: Dispositivo utilizado para conectar redes e comerciais. Essa tecnologia rapidamente foi tomando
e arquiteturas diferentes e de grande porte. Ele funciona conta de todos os setores sociais até atingir a amplitude
como um tipo de ponte na camada de rede do modelo de sua difusão nos tempos atuais.
OSI (Open Systens Interconnection - protocolo de interco- Um marco que é importante frisar é o surgimento
nexão de sistemas abertos para conectar máquinas de di- do WWW que foi a possibilidade da criação da interfa-
ferentes fabricantes), identificando e determinando um IP ce gráfica deixando a internet ainda mais interessante e
para cada computador que se conecta com a rede. vantajosa, pois até então, só era possível a existência de
Sua principal atribuição é ordenar o tráfego de dados textos.
na rede e selecionar o melhor caminho. Existem os rotea- Para garantir a comunicação entre o remetente e o
dores estáticos, capaz de encontrar o menor caminho para destinatário o americano Vinton Gray Cerf, conhecido
tráfego de dados, mesmo se a rede estiver congestionada; como o pai da internet criou os protocolos TCP/IP, que
e os roteadores dinâmicos que encontram caminhos mais são protocolos de comunicação. O TCP – TRANSMIS-
rápidos e menos congestionados para o tráfego. SION CONTROL PROTOCOL (Protocolo de Controle de
Modem: Dispositivo responsável por transformar a Transmissão) e o IP – INTERNET PROTOCOL (Protocolo
onda analógica que será transmitida por meio da linha te-
de Internet) são conjuntos de regras que tornam possí-
lefônica, transformando-a em sinal digital original.
vel tanto a conexão entre os computadores, quanto ao
Servidor: Sistema que oferece serviço para as redes de
entendimento da informação trocada entre eles.
computadores, como por exemplo, envio de arquivos ou
e-mail. Os computadores que acessam determinado ser- A internet funciona o tempo todo enviando e rece-
vidor são conhecidos como clientes. bendo informações, por isso o periférico que permite a
Placa de Rede: Dispositivo que garante a comunicação conexão com a internet chama MODEM, porque que ele
entre os computadores da rede. Cada arquitetura de rede MOdula e DEModula sinais, e essas informações só po-
depende de um tipo de placa específica. As mais utilizadas dem ser trocadas graças aos protocolos TCP/IP.
são as do tipo Ethernet e Token Ring (rede em anel).
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

1. Protocolos Web
Conceitos de tecnologias relacionadas à Internet
e Intranet, busca e pesquisa na Web, mecanismos de Já que estamos falando em protocolos, citaremos
busca na Web. outros que são largamente usados na Internet:
- HTTP (Hypertext Transfer Protocol): Protocolo de
O objetivo inicial da Internet era atender necessida- transferência de Hipertexto, desde 1999 é utilizado para
des militares, facilitando a comunicação. A agência nor- trocar informações na Internet. Quando digitamos um
te-americana ARPA – ADVANCED RESEARCH AND PRO- site, automaticamente é colocado à frente dele o http://
JECTS AGENCY e o Departamento de Defesa americano, Exemplo: http://www.novaconcursos.com.br

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Onde: - POP (Post Office Protocol): Protocolo de Posto dos
http:// → Faz a solicitação de um arquivo de hipermí- Correios permite, como o seu nome o indica, recuperar
dia para a Internet, ou seja, um arquivo que pode conter o seu correio num servidor distante (o servidor POP). É
texto, som, imagem, filmes e links. necessário para as pessoas não ligadas permanentemen-
- URL (Uniform Resource Locator): Localizador Padrão te à Internet, para poderem consultar os mails recebidos
de recursos, serve para endereçar um recurso na web, offline. Existem duas versões principais deste protocolo,
é como se fosse um apelido, uma maneira mais fácil de o POP2 e o POP3, aos quais são atribuídas respectiva-
acessar um determinado site. mente as portas 109 e 110, funcionando com o auxílio de
Exemplo: http://www.novaconcursos.com.br, onde: comandos textuais radicalmente diferentes, na troca de
e-mails ele é o protocolo de entrada.
Faz a solicitação de um arquivo de - IMAP (Internet Message Access Protocol): É um pro-
http:// tocolo alternativo ao protocolo POP3, que oferece muitas
hiper mídia para a Internet.
mais possibilidades, como, gerir vários acessos simultâ-
Estipula que esse recurso está na neos e várias caixas de correio, além de poder criar mais
rede mundial de computadores critérios de triagem.
www
(veremos mais sobre www em um - SMTP (Simple Mail Transfer Protocol): É o protocolo
próximo tópico). padrão para envio de e-mails através da Internet. Faz a
É o endereço de domínio. Um validação de destinatários de mensagens. Ele que veri-
endereço de domínio representará fica se o endereço de e-mail do destinatário está corre-
novaconcursos tamente digitado, se é um endereço existente, se a caixa
sua empresa ou seu espaço na
Internet. de mensagens do destinatário está cheia ou se recebeu
sua mensagem, na troca de e-mails ele é o protocolo de
Indica que o servidor onde esse site saída.
está - UDP (User Datagram Protocol): Protocolo que atua
.com
hospedado é de finalidades na camada de transporte dos protocolos (TCP/IP). Permi-
comerciais. te que a aplicação escreva um datagrama encapsulado
.br Indica queo servidor está no Brasil. num pacote IP e transportado ao destino. É muito co-
mum lermos que se trata de um protocolo não confiável,
Encontramos, ainda, variações na URL de um site, isso porque ele não é implementado com regras que ga-
que demonstram a finalidade e organização que o criou, rantam tratamento de erros ou entrega.
como:
.gov - Organização governamental 2. Provedor
.edu - Organização educacional
.org - Organização O provedor é uma empresa prestadora de serviços
.ind - Organização Industrial que oferece acesso à Internet. Para acessar a Internet, é
.net - Organização telecomunicações necessário conectar-se com um computador que já este-
.mil - Organização militar ja na Internet (no caso, o provedor) e esse computador
.pro - Organização de profissões deve permitir que seus usuários também tenham acesso
.eng – Organização de engenheiros a Internet.
E também, do país de origem: No Brasil, a maioria dos provedores está conectada
.it – Itália à Embratel, que por sua vez, está conectada com outros
.pt – Portugal computadores fora do Brasil. Esta conexão chama-se link,
.ar – Argentina que é a conexão física que interliga o provedor de aces-
.cl – Chile so com a Embratel. Neste caso, a Embratel é conhecida
.gr – Grécia como backbone, ou seja, é a “espinha dorsal” da Internet
no Brasil. Pode-se imaginar o backbone como se fosse
Quando vemos apenas a terminação .com, sabemos uma avenida de três pistas e os links como se fossem as
que se trata de um site hospedado em um servidor dos ruas que estão interligadas nesta avenida. Tanto o link
Estados Unidos. como o backbone possui uma velocidade de transmis-
- HTTPS (Hypertext transfer protocol secure): Se- são, ou seja, com qual velocidade ele transmite os dados.
melhante ao HTTP, porém permite que os dados sejam Esta velocidade é dada em bps (bits por segundo).
transmitidos através de uma conexão criptografada e Deve ser feito um contrato com o provedor de acesso,
que se verifique a autenticidade do servidor e do cliente que fornecerá um nome de usuário, uma senha de aces-
so e um endereço eletrônico na Internet.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

através de certificados digitais.


- FTP (File Transfer Protocol): Protocolo de trans-
ferência de arquivo, é o protocolo utilizado para poder 3. Home Page
subir os arquivos para um servidor de internet, seus pro-
gramas mais conhecidos são, o Cute FTP, FileZilla e Lee- Pela definição técnica temos que uma Home Page é
chFTP, ao criar um site, o profissional utiliza um desses um arquivo ASCII (no formato HTML) acessado de com-
programas FTP ou similares e executa a transferência dos putadores rodando um Navegador (Browser), que per-
arquivos criados, o manuseio é semelhante à utilização mite o acesso às informações em um ambiente gráfico
de gerenciadores de arquivo, como o Windows Explorer, e multimídia. Todo em hipertexto, facilitando a busca de
por exemplo. informações dentro das Home Pages.

45
Assim, não demorou muito a surgir um novo concei-
#FicaDica to, que tem interessado um número cada vez maior de
empresas, hospitais, faculdades e outras organizações
O endereço de Home Pages tem o seguinte interessadas em integrar informações e usuários: a intra-
formato: net. Seu advento e disseminação promete operar uma
http://www.endereço.com/página.html revolução tão profunda para a vida organizacional quan-
Por exemplo, a página principal do meu pro- to o aparecimento das primeiras redes locais de compu-
jeto de mestrado: tadores, no final da década de 80.
http://www.youtube.com/canaldoovidio
1. O que é Intranet?

4. Plug-ins O termo “intranet” começou a ser usado em meados


de 1995 por fornecedores de produtos de rede para se
Os plug-ins são programas que expandem a capaci- referirem ao uso dentro das empresas privadas de tecno-
dade do Browser em recursos específicos - permitindo, logias projetadas para a comunicação por computador
por exemplo, que você toque arquivos de som ou veja entre empresas. Em outras palavras, uma intranet con-
filmes em vídeo dentro de uma Home Page. As empresas siste em uma rede privativa de computadores que se ba-
de software vêm desenvolvendo plug-ins a uma veloci- seia nos padrões de comunicação de dados da Internet
dade impressionante. Maiores informações e endereços pública, baseadas na tecnologia usada na Internet (pági-
sobre plug-ins são encontradas na página:
nas HTML, e-mail, FTP, etc.) que vêm, atualmente fazendo
http://www.yahoo.com/Computers_and_Internet/Soft-
muito sucesso. Entre as razões para este sucesso, estão
ware/ Internet/World_Wide_Web/Browsers/Plug_Ins/Indices/
o custo de implantação relativamente baixo e a facilida-
Atualmente existem vários tipos de plug-ins. Abaixo
de de uso propiciada pelos programas de navegação na
temos uma relação de alguns deles:
- 3D e Animação (Arquivos VRML, MPEG, QuickTi- Web, os browsers.
me, etc.).
- Áudio/Vídeo (Arquivos WAV, MID, AVI, etc.). 2. Objetivo de construir uma Intranet
- Visualizadores de Imagens (Arquivos JPG, GIF, BMP,
PCX, etc.). Organizações constroem uma intranet porque ela é
- Negócios e Utilitários. uma ferramenta ágil e competitiva. Poderosa o suficien-
- Apresentações. te para economizar tempo, diminuir as desvantagens da
distância e alavancar sobre o seu maior patrimônio de
INTRANET capital com conhecimentos das operações e produtos da
empresa.
A Intranet ou Internet Corporativa é a implantação de
uma Internet restrita apenas a utilização interna de uma 3. Aplicações da Intranet
empresa. As intranets ou Webs corporativas, são redes
de comunicação internas baseadas na tecnologia usada Já é ponto pacífico que apoiarmos a estrutura de co-
na Internet. Como um jornal editado internamente, e que municações corporativas em uma intranet dá para sim-
pode ser acessado apenas pelos funcionários da empre- plificar o trabalho, pois estamos virtualmente todos na
sa. mesma sala. De qualquer modo, é cedo para se afirmar
A intranet cumpre o papel de conectar entre si filiais onde a intranet vai ser mais efetiva para unir (no sentido
e departamentos, mesclando (com segurança) as suas operacional) os diversos profissionais de uma empresa.
informações particulares dentro da estrutura de comuni- Mas em algumas áreas já se vislumbram benefícios, por
cações da empresa. exemplo:
O grande sucesso da Internet, é particularmente da - Marketing e Vendas - Informações sobre produtos,
World Wide Web (WWW) que influenciou muita coisa na listas de preços, promoções, planejamento de eventos;
evolução da informática nos últimos anos.
- Desenvolvimento de Produtos - OT (Orientação de
Em primeiro lugar, o uso do hipertexto (documentos
Trabalho), planejamentos, listas de responsabilidades de
interligados através de vínculos, ou links) e a enorme fa-
membros das equipes, situações de projetos;
cilidade de se criar, interligar e disponibilizar documentos
- Apoio ao Funcionário - Perguntas e respostas, sis-
multimídia (texto, gráficos, animações, etc.), democrati-
zaram o acesso à informação através de redes de com- temas de melhoria contínua (Sistema de Sugestões), ma-
putadores. Em segundo lugar, criou-se uma gigantesca nuais de qualidade;
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

base de usuários, já familiarizados com conhecimentos - Recursos Humanos - Treinamentos, cursos, aposti-
básicos de informática e de navegação na Internet. Fi- las, políticas da companhia, organograma, oportunida-
nalmente, surgiram muitas ferramentas de software de des de trabalho, programas de desenvolvimento pessoal,
custo zero ou pequeno, que permitem a qualquer orga- benefícios.
nização ou empresa, sem muito esforço, “entrar na rede” Para acessar as informações disponíveis na Web cor-
e começar a acessar e colocar informação. O resultado porativa, o funcionário praticamente não precisa ser trei-
inevitável foi a impressionante explosão na informação nado. Afinal, o esforço de operação desses programas se
disponível na Internet, que segundo consta, está dobran- resume quase somente em clicar nos links que remetem
do de tamanho a cada mês. às novas páginas. No entanto, a simplicidade de uma in-

46
tranet termina aí. Projetar e implantar uma rede desse 5.2. +palavra_chave
tipo é uma tarefa complexa e exige a presença de pro-
fissionais especializados. Essa dificuldade aumenta com Retorna uma busca fazendo uma inclusão forçada de
o tamanho da intranet, sua diversidade de funções e a uma palavra chave nos resultados. De maneira análoga
quantidade de informações nela armazenadas. ao exemplo anterior, se eu fizer uma busca do tipo com-
putação, terei como retorno uma gama mista de resul-
4. A intranet é baseada em quatro conceitos: tados. Caso eu queira filtrar somente os casos em que
ciências aparece, e também no estado de SP, realizo uma
- Conectividade - A base de conexão dos compu- busca do tipo computação + ciência SP.
tadores ligados por meio de uma rede, e que podem
transferir qualquer tipo de informação digital entre si; 5.3. “frase_chave”
- Heterogeneidade - Diferentes tipos de computa-
dores e sistemas operacionais podem ser conectados Retorna uma busca em que existam as ocorrências
de forma transparente; dos termos que estão entre aspas, na ordem e grafia exa-
- Navegação - É possível passar de um documento a tas ao que foi inserido. Assim, se você realizar uma busca
do tipo “como faser” – sim, com a escrita incorreta da
outro por meio de referências ou vínculos de hipertexto,
palavra FAZER, verá resultados em que a frase idêntica
que facilitam o acesso não linear aos documentos;
foi empregada.
- Execução Distribuída - Determinadas tarefas de
acesso ou manipulação na intranet só podem ocorrer
5.4. palavras_chave_01 OR palavra_chave_02
graças à execução de programas aplicativos, que po-
dem estar no servidor, ou nos microcomputadores que Mostra resultado para pelo menos uma das palavras
acessam a rede (também chamados de clientes, daí sur- chave citadas. Faça uma busca por facebook OR msn, por
giu à expressão que caracteriza a arquitetura da intra- exemplo, e terá como resultado de sua busca, páginas
net: cliente-servidor). relevantes sobre pelo menos um dos dois temas - nes-
- A vantagem da intranet é que esses programas são se caso, como as duas palavras chaves são populares, os
ativados através da WWW, permitindo grande flexibili- dois resultados são apresentados em posição de desta-
dade. Determinadas linguagens, como Java, assumiram que.
grande importância no desenvolvimento de softwares
aplicativos que obedeçam aos três conceitos anteriores. 5.5. filetype:tipo

5. Mecanismos de Buscas Retorna as buscas em que o resultado tem o tipo


de extensão especificada. Por exemplo, em uma busca
Pesquisar por algo no Google e não ter como re- filetype:pdf jquery serão exibidos os conteúdos da pa-
torno exatamente o que você queria pode trazer algu- lavra chave jquery que tiverem como extensão .pdf. Os
mas horas de trabalho a mais, não é mesmo? Por mais tipos de extensão podem ser: PDF, HTML ou HTM, XLS,
que os algoritmos de busca sejam sempre revisados e PPT, DOC.
busquem de certa forma “adivinhar” o que se passa em
sua cabeça, lançar mão de alguns artifícios para que sua 5.6. palavra_chave_01 * palavra_chave_02
busca seja otimizada poupará seu tempo e fará com
que você tenha acesso a resultados mais relevantes. Retorna uma “busca combinada”, ou seja, sendo o *
Os mecanismos de buscas contam com operadores um indicador de “qualquer conteúdo”, retorna resultados
para filtro de conteúdo. A maior parte desse filtros, no em que os termos inicial e final aparecem, independente
entanto, pode não interessar a você, caso não seja um do que “esteja entre eles”. Realize uma busca do tipo fa-
cebook * msn e veja o resultado na prática.
praticante de SEO. Contudo, alguns são realmente úteis
e estão listados abaixo. Realize uma busca simples e de-
6. Áudio e Vídeo
pois aplique os filtros para poder ver o quanto os resul-
tados podem ser mais especializados em relação ao que
A popularização da banda larga e dos serviços de
você procura. e-mail com grande capacidade de armazenamento está
aumentando a circulação de vídeos na Internet. O pro-
5.1. -palavra_chave blema é que a profusão de formatos de arquivos pode
tornar a experiência decepcionante.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Retorna uma busca excluindo aquelas em que a pa- A maioria deles depende de um único programa para
lavra chave aparece. Por exemplo, se eu fizer uma busca rodar. Por exemplo, se a extensão é MOV, você vai neces-
por computação, provavelmente encontrarei na relação sitar do QuickTime, da Apple. Outros, além de um player
dos resultados informaçõe sobre “Ciência da computa- de vídeo, necessitam do “codec” apropriado. Acrônimo
ção“. Contudo, se eu fizer uma busca por computação de “COder/DECoder”, codec é uma espécie de comple-
-ciência, os resultados que tem a palavra chave ciência mento que descomprime - e comprime - o arquivo. É o
serão omitidos. caso do MPEG, que roda no Windows Media Player, des-
de que o codec esteja atualizado - em geral, a instalação
é automática.

47
Com os três players de multimídia mais populares - 7. Transferência de arquivos pela internet
Windows Media Player, Real Player e Quicktime -, você
dificilmente encontrará problemas para rodar vídeos, FTP (File Transfer Protocol – Protocolo de Transferên-
tanto offline como por streaming (neste caso, o down- cia de Arquivos) é uma das mais antigas formas de inte-
load e a exibição do vídeo são simultâneos, como na TV ração na Internet. Com ele, você pode enviar e receber
Terra). arquivos para, ou de computadores que se caracterizam
Atualmente, devido à evolução da internet com os como servidores remotos. Voltaremos aqui ao conceito
mais variados tipos de páginas pessoais e redes sociais, de arquivo texto (ASCII – código 7 bits) e arquivos não
há uma grande demanda por programas para trabalhar texto (Binários – código 8 bits). Há uma diferença interes-
com imagens. E, como sempre é esperado, em resposta a sante entre enviar uma mensagem de correio eletrônico
isso, também há no mercado uma ampla gama de ferra- e realizar transferência de um arquivo. A mensagem é
mentas existentes que fazem algum tipo de tratamento sempre transferida como uma informação textual, en-
ou conversão de imagens. quanto a transferência de um arquivo pode ser caracteri-
Porém, muitos destes programas não são o que se zada como textual (ASCII) ou não-textual (binário).
pode chamar de simples e intuitivos, causando confusão Um servidor FTP é um computador que roda um pro-
em seu uso ou na manipulação dos recursos existentes. grama que chamamos de servidor de FTP e, portanto, é
Caso o que você precise seja apenas um programa para capaz de se comunicar com outro computador na Rede
visualizar imagens e aplicar tratamentos e efeitos simples que o esteja acessando através de um cliente FTP.
ou montar apresentações de slides, é sempre bom dar FTP anônimo versus FTP com autenticação existem
uma conferida em alguns aplicativos mais leves e com re- dois tipos de conexão FTP, a primeira, e mais utilizada,
cursos mais enxutos como os visualizadores de imagens. é a conexão anônima, na qual não é preciso possuir um
Abaixo, segue uma seleção de visualizadores, muitos username ou password (senha) no servidor de FTP, bas-
deles trazendo os recursos mais simples, comuns e fáceis tando apenas identificar-se como anonymous (anônimo).
de se utilizar dos editores, para você que não precisa de Neste caso, o que acontece é que, em geral, a árvore
tantos recursos, mas ainda assim gosta de dar um trata- de diretório que se enxerga é uma sub-árvore da árvo-
mento especial para as suas mais variadas imagens. re do sistema. Isto é muito importante, porque garante
O Picasa está com uma versão cheia de inovações que um nível de segurança adequado, evitando que estra-
faz dele um aplicativo completo para visualização de fo- nhos tenham acesso a todas as informações da empresa.
tos e imagens. Além disso, ele possui diversas ferramen- Quando se estabelece uma conexão de “FTP anônimo”,
tas úteis para editar, organizar e gerenciar arquivos de o que acontece em geral é que a conexão é posicionada
imagem do computador. no diretório raiz da árvore de diretórios. Dentre os mais
As ferramentas de edição possuem os métodos mais comuns estão: pub, etc, outgoing e incoming. O segundo
avançados para automatizar o processo de correção de tipo de conexão envolve uma autenticação, e portanto, é
imagens. No caso de olhos vermelhos, por exemplo, o indispensável que o usuário possua um username e uma
programa consegue identificar e corrigir todos os olhos
password que sejam reconhecidas pelo sistema, quer di-
vermelhos da foto automaticamente sem precisar sele-
zer, ter uma conta nesse servidor. Neste caso, ao esta-
cionar um por um. Além disso, é possível cortar, endirei-
belecer uma conexão, o posicionamento é no diretório
tar, adicionar textos, inserir efeitos, e muito mais.
criado para a conta do usuário – diretório home, e dali
Um dos grandes destaques do Picasa é sua poderosa
ele poderá percorrer toda a árvore do sistema, mas só
biblioteca de imagens. Ele possui um sistema inteligen-
escrever e ler arquivos nos quais ele possua.
te de armazenamento capaz de filtrar imagens que con-
Assim como muitas aplicações largamente utilizadas
tenham apenas rostos. Assim você consegue visualizar
hoje em dia, o FTP também teve a sua origem no sistema
apenas as fotos que contém pessoas.
Depois de tudo organizado em seu computador, você operacional UNIX, que foi o grande percursor e respon-
pode escolher diversas opções para salvar e/ou compar- sável pelo sucesso e desenvolvimento da Internet.
tilhar suas fotos e imagens com amigos e parentes. Isso
pode ser feito gravando um CD/DVD ou enviando via 8. Algumas dicas
Web. O programa possui integração com o PicasaWeb, o
qual possibilita enviar um álbum inteiro pela internet em 1. Muitos sites que aceitam FTP anônimo limitam o
poucos segundos. número de conexões simultâneas para evitar uma sobre-
O IrfanView é um visualizador de imagem muito leve carga na máquina. Uma outra limitação possível é a faixa
e com uma interface gráfica simples porém otimizada e de horário de acesso, que muitas vezes é considerada
fácil de utilizar, mesmo para quem não tem familiaridade nobre em horário comercial, e portanto, o FTP anônimo
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

com este tipo de programa. Ele também dispõe de al- é temporariamente desativado.
guns recursos simples de editor. Com ele é possível fazer 2. Uma saída para a situação acima é procurar “sites
operações como copiar e deletar imagens até o efeito espelhos” que tenham o mesmo conteúdo do site sendo
de remoção de olhos vermelhos em fotos. O programa acessado.
oferece alternativas para aplicar efeitos como texturas e 3. Antes de realizar a transferência de qualquer arqui-
alteração de cores em sua imagem por meio de apenas vo verifique se você está usando o modo correto, isto é,
um clique. no caso de arquivos-texto, o modo é ASCII, e no caso de
Além disso sempre é possível a visualização de ima- arquivos binários (.exe, .com, .zip, .wav, etc.), o modo é
gens pelo próprio gerenciador do Windows. binário. Esta prevenção pode evitar perda de tempo.

48
4. Uma coisa interessante pode ser o uso de um ser- • Messenger: envio de mensagens instantâneas.
vidor de FTP em seu computador. Isto pode permitir que • Flickr: partilha de imagens.
um amigo seu consiga acessar o seu computador como • Google+: partilha de conteúdos.
um servidor remoto de FTP, bastando que ele tenha aces- • Tumblr: partilha de pequenas publicações, seme-
so ao número IP, que lhe é atribuído dinamicamente. lhante ao Twitter.

9. Grupos de Discussão e Redes Sociais 10. Vantagens e Desvantagens

São espaços de convivências virtuais em que grupos Existem várias vantagens em fazer parte de redes
de pessoas ou empresas se relacionam por meio do en- sociais e é principalmente por isso que elas tiveram um
vio de mensagens, do compartilhamento de conteúdo, crescimento tão significativo ao longo dos anos.
entre outras ações. Isso porque as redes sociais podem aproximar as pes-
As redes sociais tiveram grande avanço devido a evo- soas. Afinal, elas são uma maneira fácil de manter as re-
lução da internet, cujo boom aconteceu no início do mi- lações e o contato com quem está distante, propiciando,
lênio. Vejamos como esse percurso aconteceu: assim, a possibilidade de interagir em tempo real.
Em 1994 foi lançado o GeoCities, a primeira comuni- As redes também facilitam a relação com quem está
dade que se assemelha a uma rede social. O GeoCities mais perto. Em decorrência da rotina corrida do dia a dia,
que, no entanto, não existe mais, orientava as pessoas nem sempre há tempo para que as pessoas se encontrem
para que elas próprias criassem suas páginas na internet. fisicamente.
Em 1995 surge o The Globe, que dava aos internautas Além disso, as redes sociais oferecem uma forma rá-
a oportunidade de interagir com um grupo de pessoas. pida e eficaz de comunicar algo para um grande número
No mesmo ano, também surge uma plataforma que de pessoas ao mesmo tempo.
permite a interação com antigos colegas da escola, o Podemos citar como exemplo o fato de poder avisar
Classmates. um acontecimento, a preparação de uma manifestação
Já nos anos 2000, surge o Fotolog, uma plataforma ou a mobilização de um grupo para um protesto.
que, desta vez, tinha como foco a publicação de foto- No entanto, em decorrência de alguns perigos, as re-
grafias. des sociais apresentam as suas desvantagens. Uma delas
Em 2002 surge o que é considerada a primeira verda- é a falta de privacidade.
deira rede social, o Friendster. Por esse motivo, o uso das redes sociais tem sido
No ano seguinte, é lançado o LinkedIn, a maior rede cada vez mais discutido, inclusive pela polícia, que alerta
social de caráter profissional do mundo. para algumas precauções.
E em 2004, junto com a maior de todas as redes, o
Facebook, surgem o Orkut e o Flickr. #FicaDica
Há vários tipos de redes sociais. A grande diferença
entre elas é o seu objetivo, os quais podem ser: Por ser algo muito atual, tem caído muitas ques-
• Estabelecimento de contatos pessoais (relações de tões de redes sociais nos concursos atualmente.
amizade ou namoro).
• Networking: partilha e busca de conhecimentos
profissionais e procura emprego ou preenchimento de
vagas.
• Partilha e busca de imagens e vídeos. EXERCÍCIOS COMENTADOS
• Partilha e busca de informações sobre temas va-
riados. 1. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se uma
• Divulgação para compra e venda de produtos e impressora estiver compartilhada em uma intranet por
serviços. meio de um endereço IP, então, para se imprimir um ar-
• Jogos, entre outros. quivo nessa impressora, é necessário, por uma questão
de padronização dessa tecnologia de impressão, indicar
Há dezenas de redes sociais. Dentre as mais conheci- no navegador web a seguinte url:
das, destacamos:
, em
• Facebook: interação e expansão de contatos.
• Youtube: partilha de vídeos. que deve estar acessível via rede e
• Whatsapp: envio de mensagens instantâneas e
chamadas de voz. deve ser do tipo PDF.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Instagram: partilha de fotos e vídeos.


• Twitter: partilha de pequenas publicações, as quais
são conhecidas como “tweets”. ( ) CERTO ( ) ERRADO
• Pinterest: partilha de ideias de temas variados.
• Skype: telechamada. Resposta: Errado. Pelo comando da questão, esta afir-
• LinkedIn: interação e expansão de contatos profis- ma que somente arquivos no formato PDF, poderiam
sionais. ser impressos, o que torna o item errado, o comando
• Badoo: relacionamentos amorosos. para impressão não verifica o formato do arquivo, tão
• Snapchat: envio de mensagens instantâneas. somente o local onde está o arquivo a ser impresso.

49
2. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se, em 3. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se o ser-
uma intranet, for disponibilizado um portal de informa- vidor proxy responder na porta 80 e a conexão passar
ções acessível por meio de um navegador, será possível por um firewall de rede, então o firewall deverá permitir
acessar esse portal fazendo-se uso dos protocolos HTTP conexões de saída da estação do usuário com a porta 80
ou HTTPS, ou de ambos, dependendo de como esteja de destino no endereço do proxy.
configurado o servidor do portal.
( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. E muitas redes LAN o servidor pro-


xy e o firewall estão no mesmo servidor físico/virtual,
porém isso não é uma regra, ou seja, os dois serviços
podem aparecer eventualmente em servidores físicos/
virtuais separados. Para que uma estação de usuário
(que utiliza proxy na porta 80) possa “sair” da rede
LAN para o mundo exterior “WAN” é necessário que
o firewall permita conexões de saída na mesma porta
em que o proxy está respondendo, ou seja, a porta 80.

4. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) A opção


de usar um servidor proxy para a rede local faz que o IE
solicite autenticação em toda conexão de Internet que
for realizada.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado. Somente é solicitado a autentica-


Com base na figura acima, que ilustra as configurações ção se o servidor assim estiver configurado, do con-
da rede local do navegador Internet Explorer (IE), versão trário nenhuma senha é solicitada, além de que foi de-
9, julgue os próximos itens. finido para a rede Interna e não para acesso à Internet.

( ) CERTO ( ) ERRADO 5. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) Considere


que um usuário necessite utilizar diferentes dispositivos
Resposta: Certo. HTTP (Hyper Text Transfer Protocol) computacionais, permanentemente conectados à Inter-
é um protocolo, ou seja, uma determinada regra que net, que utilizem diferentes clientes de e-mail, como o
permite ao seu computador trocar informações com Outlook Express e Mozilla Thunderbird. Nessa situação, o
um servidor que abriga um site. Isso significa que, usuário deverá optar pelo uso do protocolo IMAP (Inter-
uma vez conectados sob esse protocolo, as máquinas net message access protocol), em detrimento do POP3
podem receber e enviar qualquer conteúdo textual – (post office protocol), pois isso permitirá a ele manter o
os códigos que resultam na página acessada pelo na- conjunto de e-mails no servidor remoto ou, alternativa-
vegador. mente, fazer o download das mensagens para o compu-
O problema com o HTTP é que, em redes Wi-Fi ou tador em uso.
outras conexões propícias a phishing (fraude eletrôni-
ca) e hackers, pessoas mal-intencionadas podem atra- ( ) CERTO ( ) ERRADO
vessar o caminho e interceptar os dados transmitidos
com relativa facilidade. Portanto, uma conexão em Resposta: Certo. Em clientes de correios eletrônicos o
HTTP é insegura. padrão é utilizar o Protocolo POP ou POP3 que tem a
Nesse ponto entra o HTTPS (Hyper Text Transfer Pro- função de baixar as mensagens do servidor de e-mail
tocol Secure), que insere uma camada de proteção na para o computador que o programa foi configurado.
transmissão de dados entre seu computador e o ser- Quando o POP é substituído pelo IMAP, essas men-
vidor. Em sites com endereço HTTPS, a comunicação sagens são baixadas para o computador do usuário
é criptografada, aumentando significativamente a se- só que apenas uma cópia delas, deixando no servidor
gurança dos dados. É como se cliente e servidor con- as mensagens originais; quando o acesso é feito por
versassem uma língua que só as duas entendessem, outro computador essas mensagens que estão no ser-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

dificultando a interceptação das informações. vidor são baixadas para este outro computador, dei-
Para saber se está navegando em um site com crip- xando sempre a original no servidor.
tografia, basta verificar a barra de endereços, na qual
será possível identificar as letras HTTPS e, geralmente, 6. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) Twitter, Orkut,
um símbolo de cadeado que denota segurança. Além Google+ e Facebook são exemplos de redes sociais que
disso, o usuário deverá ver uma bandeira com o nome utilizam o recurso scraps para propiciar o compartilha-
do site, já que a conexão segura também identifica pá- mento de arquivos entre seus usuários
ginas na Internet por meio de seu certificado.
( ) CERTO ( ) ERRADO

50
Resposta: Errado. Scrap é um recado e sua função 10. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) O ar-
principal é enviar mensagens e não o compartilha- mazenamento de informações em arquivos denomina-
mento de arquivos. Ainda que algumas redes permi- dos cookies pode constituir uma vulnerabilidade de um
tam o compartilhamento de fotos e gifs animados, o sistema de segurança instalado em um computador. Para
objetivo não é o compartilhamento de arquivos e nem reduzir essa vulnerabilidade, o IE6 disponibiliza recursos
todas as redes citadas na questão permitem. para impedir que cookies sejam armazenados no com-
putador. Caso o delegado deseje configurar tratamentos
7. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) Nas referentes a cookies, ele encontrará recursos a partir do
versões recentes do Mozilla Firefox, há um recurso que uso do menu .
mantém o histórico de atualizações instaladas, no qual
são mostrados detalhes como a data da instalação e o ( ) CERTO ( ) ERRADO
usuário que executou a operação.
Resposta: Certo. No navegador Internet Explorer 11, a
( ) CERTO ( ) ERRADO seguinte sequência de ação pode ser usada para fazer
o bloqueio de cookies: Clicar no botão Ferramentas,
Reposta: Errado. Esse recurso existe nas últimas ver- depois em Opções da Internet, ativar guia Privacidade
sões do Firefox, contudo o histórico não contém o e, em Configurações, mover o controle deslizante até
usuário que executou a operação. Este recurso está em cima para bloquear todos os cookies e, em segui-
disponível no menu Firefox – Opções – Avançado – da, clicar em OK.
Atualizações – Histórico de atualizações.
11. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Caso o
8. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) No acesso à Internet descrito tenha sido realizado mediante
Internet Explorer 10, por meio da opção Sites Sugeridos, um provedor de Internet acessível por meio de uma co-
o usuário pode registrar os sítios que considera mais im- nexão a uma rede LAN, à qual estava conectado o com-
portantes e recomendá-los aos seus amigos. putador do delegado, é correto concluir que as informa-
ções obtidas pelo delegado transitaram na LAN de modo
( ) CERTO ( ) ERRADO criptografado.
Resposta: Errado. O recurso Sites Sugeridos é um ser- ( ) CERTO ( ) ERRADO
viço online que o Internet Explorer usa para recomen-
dar sítios de que o usuário possa gostar, com base nos Resposta: Errado. Pela barra de endereço se verifica
sítios visitados com frequência. Para acessá-lo, basta que o protocolo utilizado é o HTTP; dessa forma se
clicar o menu Ferramentas-Arquivo- Sites Sugeridos. conclui que não há uma criptografia, se fosse o proto-
colo HTTPS, poderia se aferir que haveria algum tipo
Considere que um delegado de polícia federal, em uma ses-
de criptografia do tipo SSL.
são de uso do Internet Explorer 6 (IE6), obteve a janela ilus-
trada acima, que mostra uma página web do sítio do DPF,
12. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Por
cujo endereço eletrônico está indicado no campo .
meio do botão , o delegado poderá obter, desde que
A partir dessas informações, julgue os itens de 09 a 12.
disponíveis, informações a respeito das páginas previa-
mente acessadas na sessão de uso do IE6 descrita e de
9. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) O con-
outras sessões de uso desse aplicativo, em seu computa-
teúdo da página acessada pelo delegado, por conter da-
dos importantes à ação do DPF, é constantemente atua- dor. Outro recurso disponibilizado ao se clicar nesse bo-
lizado por seu webmaster. Após o acesso mencionado tão permite ao delegado realizar pesquisa de conteúdo
acima, o delegado desejou verificar se houve alteração nas páginas contidas no diretório histórico do IE6.
desse conteúdo.
Nessa situação, ao clicar no botão , o delegado terá ( ) CERTO ( ) ERRADO
condições de verificar se houve ou não a alteração men-
cionada, independentemente da configuração do IE6, Resposta: Certo. É possível através do botão descrito,
mas desde que haja recursos técnicos e que o IE6 esteja o botão de histórico, que se encontre informações das
em modo online. páginas acessadas anteriormente, e também permite
que se pesquise a respeito de conteúdos nas páginas
( ) CERTO ( ) ERRADO contidas no diretório do IE6.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Resposta: Certo. O botão atualizar (F5) efetua uma Noções básicas de ferramentas e aplicativos de na-
nova consulta ao servidor WEB, recarregando deste vegação e correio eletrônico
modo o arquivo novamente, se houver alterações, es-
tas serão exibidas, caso contrário o arquivo será reexi- Um browser ou navegador é um aplicativo que opera
bido sem alterações. através da internet, interpretando arquivos e sites web
desenvolvidos com frequência em código HTML que
contém informação e conteúdo em hipertexto de todas
as partes do mundo.

51
Navegadores: Navegadores de internet ou browsers Safari: O Safari é o navegador da Apple, é um ótimo
são programas de computador especializados em vi- navegador considerado pelos especialistas e possui uma
sualizar e dar acesso às informações disponibilizadas na interface bem bonita, apesar de ser um navegador da
web, até pouco tempo atrás tínhamos apenas o Internet Apple existem versões para Windows.
Explorer e o Netscape, hoje temos uma série de navega-
dores no mercado, iremos fazer uma breve descrição de
cada um deles, e depois faremos toda a exemplificação
utilizando o Internet Explorer por ser o mais utilizado em
todo o mundo, porém o conceito e usabilidade dos ou-
tros navegadores seguem os mesmos princípios lógicos.
Chrome: O Chrome é o navegador do Google e con-
sequentemente um dos melhores navegadores existen-
tes. Outra vantagem devido ser o navegador da Google
é o mais utilizado no meio, tem uma interface simples Figura 4: Símbolo do Safari
muito fácil de utilizar.
Internet Explorer: O Internet Explorer ou IE é o nave-
gador padrão do Windows. Como o próprio nome diz, é
um programa preparado para explorar a Internet dando
acesso a suas informações. Representado pelo símbolo
do “e” azul, é possível acessá-lo apenas com um duplo
clique em seu símbolo.

Figura 1: Símbolo do Google Chrome

#FicaDica
Ultimamente tem caído perguntas
relacionadas a guia anônima que não deixa
rastro (senhas, auto completar, entre outros),
e é acessado com o atalho CTRL+SHIFT+N Figura 5: Símbolo do Internet Explorer

Mozila Firefox: O Mozila Firefox é outro excelente #FicaDica


navegador ele é gratuito e fácil de utilizar apesar de não Glossário interessante que abordam internet e
ter uma interface tão amigável, porém é um dos navega- correio eletrônico
dores mais rápidas e com maior segurança contra hac- Anti-spam: Ferramenta utilizada para filtro de
kers. mensagens indesejadas.
Browser: Programa utilizado para navegar
na Web, também chamado de navegador.
Exemplo: Mozilla Firefox.
Cliente de e-mail: Software destinado a gerenciar
contas de correio eletrônico, possibilitando
a composição, envio, recebimento, leitura e
arquivamento de mensagens. A seguir, uma
Figura 2: Símbolo do Mozilla Firefox lista de gerenciadores de e-mail (em negrito
os mais conhecidos e utilizados atualmente):
Opera: Usabilidade muito agradável, possui grande Microsoft Office Outlook, Microsoft Outlook
desempenho, porém especialistas em segurança o consi- Express, Mozilla Thunderbird, Eudora,
dera o navegador com menos segurança. Pegasus Mail, Apple Mail (Apple), Kmail (Linux)
e Windows Mail.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Outros pontos importantes de conceitos que podem


ser abordado no seu concurso são:
MIME (Multipurpose Internet Mail Extensions – Exten-
sões multiuso do correio da Internet): Provê mecanismos
Figura 3: Símbolo do Opera para o envio de outros tipo sde informações por e-mail,
como imagens, sons, filmes, entre outros.
MTA (Mail Transfer Agent – Agente de Transferência
de Correio): Termo utilizado para designar os servidores
de Correio Eletrônico.

52
MUA (Mail User Agent – Agente Usuário de Correio): Mecanismos de Buscas
Programas clientes de e-mail, como o Mozilla Thunder-
bird, Microsoft Outlook Express etc. Pesquisar por algo no Google e não ter como retorno
POP3 (Post Office Protocol Version 3 - Protocolo de exatamente o que você queria pode trazer algumas ho-
Agência de Correio “Versão 3”): Protocolo padrão para ras de trabalho a mais, não é mesmo? Por mais que os
receber e-mails. Através do POP, um usuário transfere algoritmos de busca sejam sempre revisados e busquem
para o computador as mensagens armazenada sem sua de certa forma “adivinhar” o que se passa em sua cabe-
caixa postal no servidor. ça, lançar mão de alguns artifícios para que sua busca
SMTP (Simple Mail Transfer Protocol - Protocolo de seja otimizada poupará seu tempo e fará com que você
Transferência Simples de Correio): É um protocolo de en- tenha acesso a resultados mais relevantes.
vio de e-mail apenas. Com ele, não é possível que um Os mecanismos de buscas contam com operadores
usuário descarregue suas mensagens de umservidor. para filtro de conteúdo. A maior parte desse filtros, no
Esse protocolo utiliza a porta 25 do protocolo TCP. entanto, pode não interessar e você, caso não seja um
Spam: Mensagens de correio eletrônico não autori- praticante de SEO. Contudo alguns são realmente úteis
zadas ou não solicitadas pelo destinatário, geralmente e estão listados abaixo. Realize uma busca simples e de-
de conotação publicitária ou obscena, enviadas em larga pois aplique os filtros para poder ver o quanto os re-
escala para uma lista de e-mails, fóruns ou grupos de sultados podem sem mais especializados em relação ao
discussão. que você procura.

Um pouco de história -palavra_chave


Retorna um busca excluindo aquelas em que a pala-
A internet é uma rede de computadores que liga os vra chave aparece. Por exemplo, se eu fizer uma busca
computadores a redor de todo o mundo, mas quando ela por computação, provavelmente encontrarei na relação
começou não era assim, tinham apenas 4 computadores e dos resultados informaçõe sobre “Ciência da computa-
a maior distância entre um e outro era de 450 KM. No fim ção“. Contudo, se eu fizer uma busca por computação
da década de 60, o Departamento de Defesa norte-ameri- -ciência , os resultados que tem a palavra chave ciên-
cano resolveu criar um sistema interligado para trocar in- cia serão omitidos.
formações sobre pesquisas e armamentos que não pudes-
se chegar nas mãos dos soviéticos. Sendo assim, foi criado
+palavra_chave
o projeto Arpanet pela Agência para Projeto de Pesquisa
Retorna uma busca fazendo uma inclusão forçada de
Avançados do Departamento de Defesa dos EUA.
uma palavra chave nos resultados. De maneira análoga
Ao ganhar proporções mundiais, esse tipo de cone-
ao exemplo anterior, se eu fizer uma busca do tipo com-
xão recebeu o nome de internet e até a década de 80
putação, terei como retorna uma gama mista de re-
ficou apenas entre os meios acadêmicos. No Brasil ela
sultados. Caso eu queira filtrar somente os casos em
chegou apenas na década de 90. É na internet que é exe-
que ciências aparece, e também no estado de SP, realizo
cutada a World Wide Web (www), sistema que contém
uma busca do tipo computação + ciência SP.
milhares de informações (gráficos, vídeos, textos, sons,
etc) que também ficou conhecido como rede mundial.
Tim Berners-Lee na década de 80 começou a criar um “frase_chave”
projeto que pode ser considerado o princípio da World Retorna uma busca em que existam as ocorrências
Wide Web. No início da década de 90 ele já havia elabo- dos termos que estão entre aspas, na ordem e grafia
rado uma nova proposta para o que ficaria conhecido exatas ao que foi inserido. Assim, se você realizar uma
como WWW. Tim falava sobre o uso de hipertexto e a busca do tipo “como faser” – sim, com a escrita incorreta
partir disso surgiu o “http” (em português significa pro- da palavra FAZER, verá resultados em que a frase idênti-
tocolo de transferência de hipertexto). Vinton Cerf tam- ca foi empregada.
bém é um personagem importante e inclusive é conheci-
do por muitos como o pai da internet. palavras_chave_01 OR palavra_chave_02
Mostra resultado para pelo menos uma das pala-
vras chave citadas. Faça uma busca por facebook OR
#FicaDica msn, por exemplo, e terá como resultado de sua bus-
ca, páginas relevantes sobre pelo menos um dos dois
URL: Tudo que é disponível na Web tem seu temas- nesse caso, como as duas palavras chaves são
próprio endereço, chamado URL, ele facilita a populares, os dois resultados são apresentados em po-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

navegação e possui características específicas


sição de destaque.
como a falta de acentuação gráfica e palavras
maiúsculas. Uma url possui o http (protocolo),
filetype:tipo
www (World Wide Web), o nome da empresa
Retorna as buscas em que o resultado tem o tipo
que representa o site, .com (ex: se for um site
de extensão especificada. Por exemplo, em uma bus-
governamental o final será .gov) e a sigla do
ca filetype:pdf jquery serão exibidos os conteúdos da
país de origem daquele site (no Brasil é usado
palavra chave jquery que tiverem como extensão .pdf.
o BR).
Os tipos de extensão podem ser: PDF, HTML ou HTM,
XLS, PPT, DOC

53
palavra_chave_01 * palavra_chave_02 Uma das funcionalidades mais úteis do Outlook para
Retorna uma “busca combinada”, ou seja, sendo o * profissionais que compartilham uma mesma área é o
um indicador de “qualquer conteúdo”, retorna resultados compartilhamento de calendário entre membros de uma
em que os termos inicial e final aparecem, independente mesma equipe.
do que “esteja entre eles”. Realize uma busca do tipo fa- Por isso mesmo é importante que você tenha o co-
cebook * msn e veja o resultado na prática. nhecimento da técnica na hora de fazer uma prova de
concurso que exige os conhecimentos básicos de infor-
Correios Eletrônicos mática, pois por ser uma função bastante utilizada tem
maiores chances de aparecer em uma ou mais questões.
Os correios eletrônicos se dividem em duas formas: O calendário é uma ferramenta bastante interessante
os agentes de usuários e os agentes de transferência de do Outlook que permite que o usuário organize de for-
mensagens. Os agentes usuários são exemplificados pelo ma completa a sua rotina, conseguindo encaixar tarefas,
Mozilla Thunderbird e pelo Outlook. Já os agentes de compromissos e reuniões de maneira organizada por
transferência realizam um processo de envio dos agentes dia, de forma a ter um maior controle das atividades que
usuários e servidores de e-mail. devem ser realizadas durante o seu dia a dia.
Os agentes de transferência usam três protoco- Dessa forma, uma funcionalidade do Outlook permi-
los: SMTP (Simple Transfer Protocol), POP (Post Office te que você compartilhe em detalhes o seu calendário
Protocol) e IMAP (Internet Message Protocol). O SMTP ou parte dele com quem você desejar, de forma a per-
é usado para transferir mensagens eletrônicas entre os mitir que outra pessoa também tenha acesso a sua roti-
computadores. O POP é muito usado para verificar men- na, o que pode ser uma ótima pedida para profissionais
sagens de servidores de e-mail quando ele se conecta ao dentro de uma mesma equipe, principalmente quando
servidor suas mensagens são levadas do servidor para o um determinado membro entra de férias.
computador local. Pode ser usado por quem usa conexão Para conseguir utilizar essa função basta que você
discada. entre em Calendário na aba indicada como Página Ini-
cial. Feito isso, basta que você clique em Enviar Calen-
Já o IMAP também é um protocolo padrão que per- dário por E-mail, que vai fazer com que uma janela seja
mite acesso a mensagens nos servidores de e-mail. Ele aberta no seu Outlook.
possibilita a leitura de arquivos dos e-mails, mas não per-
Nessa janela é que você vai poder escolher todas
mite que eles sejam baixados. O IMAP é ideal para quem
as informações que vão ser compartilhadas com quem
acessa o e-mail de vários locais diferentes.
você deseja, de forma que o Outlook vai formular um
calendário de forma simples e detalhada de fácil visua-
#FicaDica lização para quem você deseja enviar uma mensagem.
Nos dias de hoje, praticamente todo mundo que
Um e-mail hoje é um dos principais meios de
trabalha dentro de uma empresa tem uma assinatura
comunicação, por exemplo:
própria para deixar os comunicados enviados por e-mail
canaldoovidio@gmail.com
com uma aparência mais profissional.
Onde, canaldoovidio é o usuário o arroba quer
Dessa forma, é considerado um conhecimento básico
dizer na, o gmail é o servidor e o .com é a ti-
saber como criar assinaturas no Outlook, de forma que
pagem.
este conteúdo pode ser cobrado em alguma questão
dentro de um concurso público.
Para editarmos e lermos nossas mensagens eletrô- Por isso mesmo vale a pena inserir o tema dentro de
nicas em um único computador, sem necessariamente seus estudos do conteúdo básico de informática para
estarmos conectados à Internet no momento da criação a sua preparação para concurso. Ao contrário do que
ou leitura do e-mail, podemos usar um programa de cor- muita gente pensa, a verdade é que todo o processo de
reio eletrônico. Existem vários deles. Alguns gratuitos, criar uma assinatura é bastante simples, de forma que
como o Mozilla Thunderbird, outros proprietários como perder pontos por conta dessa questão em específico é
o Outlook Express. Os dois programas, assim como vá- perder pontos à toa.
rios outros que servem à mesma finalidade, têm recursos Para conseguir criar uma assinatura no Outlook basta
similares. Apresentaremos os recursos dos programas de que você entre no menu Arquivo e busque pelo botão
correio eletrônico através do Outlook Express que tam- de Opções. Lá você vai encontrar o botão para E-mail
bém estão presentes no Mozilla Thunderbird. e logo em seguida o botão de Assinaturas, que é onde
Um conhecimento básico que pode tornar o dia a dia você deve clicar. Feito isso, você vai conseguir adicio-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

com o Outlook muito mais simples é sobre os atalhos nar as suas assinaturas de maneira rápida e prática sem
de teclado para a realização de diversas funções dentro maiores problemas.
do Outlook. Para você começar os seus estudos, anote No Outlook Express podemos preparar uma men-
alguns atalhos simples. Para criar um novo e-mail, basta sagem através do ícone Criar e-mail, demonstrado na
apertar Ctrl + Shift + M e para excluir uma determinada figura acima, ao clicar nessa imagem aparecerá a tela a
mensagem aposte no atalho Ctrl + D. Levando tudo isso seguir:
em consideração inclua os atalhos de teclado na sua ro-
tina de estudos e vá preparado para o concurso com os
principais na cabeça.

54
Figura 6: Tela de Envio de E-mail

#FicaDica
Para: deve ser digitado o endereço eletrônico ou o contato registrado no Outlook do destinatário da
mensagem. Campo obrigatório.
Cc: deve ser digitado o endereço eletrônico ou o contato registrado no Outlook do destinatário que
servirá para ter ciência desse e-mail.
Cco: Igual ao Cc, porém os destinatários ficam ocultos.

Assunto: campo onde será inserida uma breve descrição, podendo reservar-se a uma palavra ou uma frase sobre o
conteúdo da mensagem. É um campo opcional, mas aconselhável, visto que a falta de seu preenchimento pode levar o
destinatário a não dar a devida importância à mensagem ou até mesmo desconsiderá-la.
Corpo da mensagem: logo abaixo da linha assunto, é equivalente à folha onde será digitada a mensagem.
A mensagem, após digitada, pode passar pelas formatações existentes na barra de formatação do Outlook:
Mozilla Thunderbird é um cliente de email e notícias open-source e gratuito criado pela Mozilla Foundation (mesma
criadora do Mozilla Firefox).
Webmail é o nome dado a um cliente de e-mail que não necessita de instalação no computador do usuário, já
que funciona como uma página de internet, bastando o usuário acessar a página do seu provedor de e-mail com seu
login e senha. Desta forma, o usuário ganha mobilidade já que não necessita estar na máquina em que um cliente de
e-mail está instalado para acessar seu e-mail.

#FicaDica
Segmentos do Outlook Express
Painel de Pastas: permite que o usuário salve seus e-mails em pastas específicas e dá a possibilidade de
criar novas pastas;
Painel das Mensagens: onde se concentra a lista de mensagens de determinada pasta e quando se clica
em um dos e-mails o conteúdo é disponibilizado no painel de conteúdo.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Painel de Conteúdo: esse painel é onde irá aparecer o conteúdo das mensagens enviadas.
Painel de Contatos: nesse local se concentram as pessoas que foram cadastradas em sua lista de endereço.

55
c) A segunda mensagem não pode ser transmitida e fica
bloqueada na caixa de saída do remetente, até que a
EXERCÍCIOS COMENTADOS primeira mensagem tenha sido lido pelo destinatário.
d) O destinatário recebeu 2 mensagens, sendo, a primei-
1. (TJ-ES – CBNM1-01 – NÍVEL MÉDIO – CESPE – 2011) ra, sem anexo, e a segunda, com o anexo.
UM PROGRAMA DE CORREIO ELETRÔNICO VIA WEB e) O remetente não recebeu nenhuma das mensagens,
(WEBMAIL) é uma opção viável para usuários que es- pois não é possível transmitir mais de uma mensagem
tejam longe de seu computador pessoal. A partir de com o mesmo assunto e mesmo remetente.
qualquer outro computador no mundo, o usuário pode,
via Internet, acessar a caixa de correio armazenada no Resposta: Letra D.
próprio computador cliente remoto e visualizar eventuais Alternativa “A” está incorreta, pois todas mensagens
novas mensagens. enviadas são armazenadas de forma independente,
novas mensagens com mesmo assunto ou ainda idên-
( ) CERTO ( ) ERRADO ticas a anteriores não influenciam em mensagens já
enviadas.
Resposta: Errado. O programa WebMail irá acessar o Alternativa “B” está incorreta, pois é perfeitamente
servidor de e-mail, e não a máquina dousuário (compu- possível enviar mensagens com mesmo assunto ou
tador cliente remoto). ainda idênticas, sem prejuízo algum de mensagens
anteriores.
2. (ENGENHEIRO CIVIL – VUNESP – 2018) No MS- Alternativa “C” está incorreta, pois Todas as mensa-
-Outlook 2010, em sua configuração padrão, quando uma gens serão enviadas, independentemente do destina-
mensagem está sendo preparada, o usuário pode indicar tário ler as anteriores.
aos destinatários que a mensagem precisa de atenção uti- Alternativa “D” está correta, pois o destinatário rece-
lizando a marca de _________________. Esse recurso pode ser beu 2 mensagens, sendo, a primeira, sem anexo, e a
encontrado no grupo Marcas, da guia Mensagem. segunda, com o anexo.
Assinale a alternativa que apresenta a opção que preenche Alternativa “E” está incorreta, pois é possível enviar
corretamente a lacuna do enunciado. mais de uma mensagem, com mesmo assunto e mes-
mo destinatário.
a) SPAM.
b) Alta Prioridade. 4. (SOLDADO – PM DE 2ª CLASSE – VUNESP – 2017)
c) Baixa Prioridade. João recebeu uma mensagem de correio eletrônico com
d) Assinatura Personalizada. as seguintes características:
e) Arquivo Anexado. De: Pedro
Para: João; Marta
Resposta: Letra B. É possível sinalizar a mensagem Cc: Ricardo; Ana
como sendo de alta prioridade quando se deseja que Usando o Microsoft Outlook 2010, em sua configuração
as pessoas saibam que a mensagem precisa de atenção padrão, ele usou um recurso para responder a mensa-
urgente. Se a mensagem é apenas um informativo ou se
gem que manteve apenas Pedro na lista de destinatários.
está enviando um e-mail sobre um tema que não preci-
Isso significa que João usou a opção:
sa ser priorizado, defina o indicador de baixa prioridade.
A maioria dos clientes de e-mail, os destinatários veem
a) Responder.
um indicador específico na lista de mensagens ou nos
b) Arquivar.
cabeçalhos.
c) Marcar como não lida.
Na faixa de opções, é possível saber quando a priorida-
d) Responder a todos.
de foi definida, pois o botão fica realçado.
e) Marcar como lida
3. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP – 2017) Um usuário
preparou uma mensagem de correio eletrônico usando o Resposta: Letra A. Se o João deseja “responder” ao
Microsoft Outlook 2010, em sua configuração padrão, e e-mail recebido de Pedro, e deseja responder apenas
enviou para o destinatário. Porém, algum tempo depois, ao remetente já se pode eliminar as alternativas “B”,
percebeu que esqueceu de anexar um arquivo. Esse mes- “C” e “E” por não terem correspondência com a função
mo usuário preparou, então, uma nova mensagem com o “Resposta”.
mesmo assunto, e enviou para o mesmo destinatário, ago- Tem-se então, apenas duas alternativas, “A” e “D”, mas
ra com o anexo. Assinale a alternativa correta. como o João deseja responder apenas para Pedro ele
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

deve escolher a opção “Responder”, pois se escolhes-


a) A mensagem original, sem o anexo, foi automaticamente se “Responder a todos”, Marta, Ricardo e Ana também
apagada no computador do destinatário e substituída receberiam a mensagem.
pela segunda mensagem, uma vez que ambas têm o
mesmo assunto e são do mesmo remetente.
b) Como as duas mensagens têm o mesmo assunto, a
segunda mensagem não foi transmitida, permanecen-
do no computador do destinatário apenas a primeira
mensagem.

56
5. (AGENTE POLICIAL – VUNESP – 2013)Observe o ar- Ao pressionar o botão F5 do teclado, a página exibida será
gumento de busca que o usuário fará utilizando o Goo-
gle, na ilustração apresentada a seguir. a) imediatamente fechada.
b) enviada para impressão.
c) atualizada.
d) enviada por e-mail.
e) aberta em uma nova aba.

Resposta: Letra C.
a) Imediatamente fechada.
۰ Alt + F4 = fecha todas as guias
۰ Ctrl + F4 = fecha só guia atual
b) Enviada para impressão.
Com base na figura e no que foi digitado, assinale a al- ۰ Ctrl + P
ternativa correta. c) Atualizada.
۰ F5
a) Será pesquisado o conjunto exato de palavras. d) Enviada por e-mail.
b) A pesquisa trará como resultados o que encontrar ۰ CTRL + Enter (MS Outlook)
como antônimo do que foi digitado. e) Aberta em uma nova aba.
c) O conjunto de palavras será excluído dos resultados ۰ Ctrl + T = abre uma nova aba
pesquisados. ۰ Ctrl + N = abre um novo comando
d) A pesquisa trará somente as imagens e vídeos não re-
lacionados ao argumento digitado.
e) Além das palavras digitadas, a pesquisa também trará CONCEITOS DE ORGANIZAÇÃO E DE
os seus sinônimos GERENCIAMENTO DE INFORMAÇÕES,
ARQUIVOS, PASTAS E PROGRAMAS.
Resposta: Letra A. O comando “entre aspas” durante
uma busca, efetua a busca pela ocorrência exata de
tudo que está entre as aspas, agrupado da mesma for- “Prezado Candidato, o tópico acima foi abordado no
ma, desta forma, para esta questão será retornado o decorrer da matéria”
resultado da ocorrência “garota de Ipanema”.
Obs.: As pesquisas com aspas podem excluir resulta-
dos relevantes. Por exemplo, uma pesquisa por “Ale-
xander Bell” excluirá páginas que se referem a Alexan- SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO:
der G. Bell. PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA.

6. (ENGENHEIRO CIVIL – VUNESP – 2018) Considere a


imagem a seguir, extraída do Internet Explorer 11, em sua Segurança da informação: procedimentos de se-
configuração padrão. A página exibida no navegador foi gurança
completamente carregada.
A Segurança da Informação refere-se às proteções
existentes em relação às informações de uma determi-
nada empresa, instituição governamental ou pessoa. Ou
seja, aplica-se tanto às informações corporativas quanto
às pessoais.
Entende-se por informação todo e qualquer conteú-
do ou dado que tenha valor para alguma corporação ou
pessoa. Ela pode estar guardada para uso restrito ou ex-
posta ao público para consulta ou aquisição.

#FicaDica
Antes de proteger, devemos saber:
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- O que proteger;
- De quem proteger;
- Pontos frágeis;
- Normas a serem seguidas.

57
A Segurança da Informação se refere à proteção exis- - Mecanismos de cifração ou encriptação: Permitem
tente sobre as informações de uma determinada empresa a modificação da informação de forma a torná-la ininteli-
ou pessoa, isto é, aplica-se tanto às informações corpo- gível a terceiros. Utiliza-se para isso, algoritmos determi-
rativas quanto aos pessoais. Entende-se por informação nados e uma chave secreta para, a partir de um conjunto
todo conteúdo ou dado que tenha valor para alguma or- de dados não criptografados, produzir uma sequência de
ganização ou pessoa. Ela pode estar guardada para uso dados criptografados. A operação contrária é a decifração.
restrito ou exibida ao público para consulta ou aquisição. - Assinatura digital: Um conjunto de dados criptogra-
Podem ser estabelecidas métricas (com o uso ou não fados, agregados a um documento do qual são função,
de ferramentas) para definir o nível de segurança que há garantindo a integridade e autenticidade do documento
e, com isto, estabelecer as bases para análise de melho- associado, mas não ao resguardo das informações.
rias ou pioras de situações reais de segurança. A seguran- - Mecanismos de garantia da integridade da infor-
ça de certa informação pode ser influenciada por fatores mação: Usando funções de “Hashing” ou de checagem, é
comportamentais e de uso de quem se utiliza dela, pelo garantida a integridade através de comparação do resul-
ambiente ou infraestrutura que a cerca ou por pessoas tado do teste local com o divulgado pelo autor.
mal-intencionadas que têm o objetivo de furtar, destruir - Mecanismos de controle de acesso: Palavras-chave,
ou modificar tal informação. sistemas biométricos, firewalls, cartões inteligentes.
A tríade CIA (Confidentiality, Integrity and Availability) - Mecanismos de certificação: Atesta a validade de
— Confidencialidade, Integridade e Disponibilidade — um documento.
representa as principais características que, atualmente, - Integridade: Medida em que um serviço/informa-
orientam a análise, o planejamento e a implementação ção é autêntico, ou seja, está protegido contra a entrada
da segurança para um certo grupo de informações que por intrusos.
se almeja proteger. Outros fatores importantes são a - Honeypot: É uma ferramenta que tem a função
irrevogabilidade e a autenticidade. Com a evolução do proposital de simular falhas de segurança de um siste-
comércio eletrônico e da sociedade da informação, a pri- ma e obter informações sobre o invasor enganando-o,
vacidade é também uma grande preocupação. e fazendo-o pensar que esteja de fato explorando uma
Portanto as características básicas, de acordo com os fraqueza daquele sistema. É uma espécie de armadilha
padrões internacionais (ISO/IEC 17799:2005) são as se- para invasores. O HoneyPot não oferece forma alguma
de proteção.
guintes:
- Protocolos seguros: Uso de protocolos que garan-
- Confidencialidade – especificidade que limita o
tem um grau de segurança e usam alguns dos mecanis-
acesso a informação somente às entidades autênticas,
mos citados.
ou seja, àquelas autorizadas pelo proprietário da infor-
mação.
3. Mecanismos de encriptação
- Integridade – especificidade que assegura que a
informação manipulada mantenha todas as característi-
cas autênticas estabelecidas pelo proprietário da infor- #FicaDica
mação, incluindo controle de mudanças e garantia do
seu ciclo de vida (nascimento, manutenção e destruição). A criptografia vem, originalmente, da fusão
- Disponibilidade – especificidade que assegura que entre duas palavras gregas:
a informação esteja sempre disponível para o uso legíti- • CRIPTO = ocultar, esconder.
mo, ou seja, por aqueles usuários que têm autorização
• GRAFIA= escrever
pelo proprietário da informação.
- Autenticidade – especificidade que assegura que a
informação é proveniente da fonte anunciada e que não
foi alvo de mutações ao longo de um processo. Criptografia é a ciência de escrever em cifra ou em
- Irretratabilidade ou não repúdio – especificidade códigos. Ou seja, é um conjunto de técnicas que tornam
que assegura a incapacidade de negar a autoria em rela- uma mensagem ininteligível, e permite apenas que o
ção a uma transação feita anteriormente. destinatário que saiba a chave de encriptação possa de-
criptar e ler a mensagem com clareza.
2. Mecanismos de segurança Permitem a transformação reversível da informação
O suporte para as orientações de segurança pode ser de forma a torná-la ininteligível a terceiros. Utiliza-se
encontrado em: para isso, algoritmos determinados e uma chave secreta
Controles físicos: são barreiras que limitam o contato para, a partir de um conjunto de dados não encriptados,
ou acesso direto a informação ou a infraestrutura (que produzir uma continuação de dados encriptados. A ope-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

assegura a existência da informação) que a suporta. ração inversa é a desencriptação.


Controles lógicos: são bloqueios que impedem ou Existem dois tipos de chave: a chave pública e a chave
limitam o acesso à informação, que está em ambiente privada.
controlado, geralmente eletrônico, e que, de outro modo, A chave pública é usada para codificar as informa-
ficaria exibida a alteração não autorizada por elemento ções, e a chave privada é usada para decodificar.
mal-intencionado. Dessa forma, na pública, todos têm acesso, mas para
Existem mecanismos de segurança que sustentam os ‘abrir’ os dados da informação, que aparentemente não
controles lógicos: tem sentido, é preciso da chave privada, que apenas o
emissor e receptor original possui.

58
Hoje, a criptografia pode ser considerada um método
100% seguro, pois, quem a utiliza para enviar e-mails e NOÇÕES DE VÍRUS, WORMS E PRAGAS
proteger seus arquivos, estará protegido contra fraudes e VIRTUAIS. APLICATIVOS PARA SEGURANÇA
tentativas de invasão. (ANTIVÍRUS, FIREWALL, ANTISPYWARE ETC.).
Os termos ‘chave de 64 bits’ e ‘chave de 128 bits’
são usados para expressar o tamanho da chave, ou seja,
quanto mais bits forem utilizados, mais segura será essa
criptografia. Firewall é uma solução de segurança fundamentada
Um exemplo disso é se um algoritmo usa uma cha- em hardware ou software (mais comum) que, a partir de
ve de 8 bits, apenas 256 chaves poderão ser usadas para um conjunto de regras ou instruções, analisa o tráfego
decodificar essa informação, pois 2 elevado a 8 é igual a de rede para determinar quais operações de transmissão
256. Assim, um terceiro pode tentar gerar 256 tentativas ou recepção de dados podem ser realizadas. “Parede de
de combinações e decodificar a mensagem, que mes- fogo”, a tradução literal do nome, já deixa claro que o
mo sendo uma tarefa difícil, não é impossível. Portanto, firewall se enquadra em uma espécie de barreira de defe-
quanto maior o número de bits, maior segurança terá a sa. A sua missão, consiste basicamente em bloquear trá-
criptografia. fego de dados indesejados e liberar acessos desejados.
Existem dois tipos de chaves criptográficas, as chaves Para melhor compreensão, imagine um firewall como
simétricas e as chaves assimétricas sendo a portaria de um condomínio: para entrar, é neces-
Chave Simétrica é um tipo de chave simples, que é sário obedecer a determinadas regras, como se identifi-
usada para a codificação e decodificação. Entre os algo- car, ser esperado por um morador e não portar qualquer
ritmos que usam essa chave, estão: objeto que possa trazer riscos à segurança; para sair, não
- DES (Data Encryption Standard): Faz uso de chaves se pode levar nada que pertença aos condôminos sem a
de 56 bits, que corresponde à aproximadamente 72 quatri- devida autorização.
lhões de combinações. Mesmo sendo um número extrema- Neste sentido, um firewall pode impedir uma série de
mente elevado, em 1997, quebraram esse algoritmo através ações maliciosas: um malware que utiliza determinada
do método de ‘tentativa e erro’, em um desafio na internet. porta para se instalar em um computador sem o usuário
- RC (Ron’s Code ou RivestCipher): É um algoritmo saber, um programa que envia dados sigilosos para a in-
muito utilizado em e-mails e usa chaves de 8 a 1024 bits. ternet, uma tentativa de acesso à rede a partir de compu-
Além disso, ele tem várias versões que diferenciam uma tadores externos não autorizados, entre outros.
das outras pelo tamanho das chaves. Você já sabe que um firewall atua como uma espé-
- EAS (Advanced Encryption Standard): Atualmente é cie de barreira que verifica quais dados podem passar ou
um dos melhores e mais populares algoritmos de cripto-
não. Esta tarefa só pode ser feita mediante o estabeleci-
grafia. É possível definir o tamanho da chave como sendo
mento de políticas, isto é, de regras estabelecidas pelo
de 128 bits, 192 bits ou 256 bits.
usuário.
- IDEA (International Data Encryption Algorithm): É
Em um modo mais restritivo, um firewall pode ser
um algoritmo que usa chaves de 128 bits, parecido com o
configurado para bloquear todo e qualquer tráfego no
DES. Seu ponto forte é a fácil execução de software.
computador ou na rede. O problema é que esta condi-
ção isola este computador ou esta rede, então pode-se
As chaves simétricas não são absolutamente seguras
criar uma regra para que, por exemplo, todo aplicativo
quando referem-se às informações extremamente valio-
sas, principalmente pelo emissor e o receptor precisa- aguarde autorização do usuário ou administrador para
rem ter o conhecimento da mesma chave. Dessa forma, ter seu acesso liberado. Esta autorização poderá inclusive
a transmissão pode não ser segura e o conteúdo pode ser permanente: uma vez dada, os acessos seguintes se-
chegar a terceiros. rão automaticamente permitidos.
Chave Assimétrica utiliza duas chaves: a privada e a Em um modo mais versátil, um firewall pode ser con-
pública. Elas se sintetizam da seguinte forma: a chave figurado para permitir automaticamente o tráfego de de-
pública para codificar e a chave privada para decodificar, terminados tipos de dados, como requisições HTTP (veja
considerando-se que a chave privada é secreta. Entre os mais sobre esse protocolo no ítem 7), e bloquear outras,
algoritmos utilizados, estão: como conexões a serviços de e-mail.
- RSA (Rivest, Shmirand Adleman): É um dos algorit- Perceba, como estes exemplos, tem políticas de um
mos de chave assimétrica mais usados, em que dois nú- firewall que são baseadas, inicialmente, em dois princí-
meros primos (aqueles que só podem ser divididos por 1 pios: todo tráfego é bloqueado, exceto o que está expli-
e por eles mesmos) são multiplicados para obter um ter- citamente autorizado; todo tráfego é permitido, exceto o
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ceiro valor. Assim, é preciso fazer fatoração, que significa que está explicitamente bloqueado.
descobrir os dois primeiros números a partir do terceiro, Firewalls mais avançados podem ir além, direcionan-
sendo um cálculo difícil. Assim, se números grandes fo- do determinado tipo de tráfego para sistemas de segu-
rem utilizados, será praticamente impossível descobrir o rança internos mais específicos ou oferecendo um refor-
código. A chave privada do RSA são os números que são ço extraem procedimentos de autenticação de usuários,
multiplicados e a chave pública é o valor que será obtido. por exemplo.
- El Gamal: Utiliza-se do ‘logaritmo discreto’, que é O trabalho de um firewall pode ser realizado de várias
um problema matemático que o torna mais seguro. É formas. O que define uma metodologia ou outra são fa-
muito usado em assinaturas digitais. tores como critérios do desenvolvedor, necessidades es-

59
pecíficas do que será protegido, características do siste- A implementação de um proxy não é tarefa fácil, haja
ma operacional que o mantém, estrutura da rede e assim visto a enorme quantidade de serviços e protocolos exis-
por diante. É por isso que podemos encontrar mais de tentes na internet, fazendo com que, dependendo das
um tipo de firewall. A seguir, os mais conhecidos. circunstâncias, este tipo de firewall não consiga ou exija
Filtragem de pacotes (packetfiltering): As primeiras muito trabalho de configuração para bloquear ou autori-
soluções de firewall surgiram na década de 1980 basean- zar determinados acessos.
do-se em filtragem de pacotes de dados (packetfiltering), Proxy transparente: No que diz respeito a limitações,
uma metodologia mais simples e, por isso, mais limitada, é conveniente mencionar uma solução chamada de pro-
embora ofereça um nível de segurança significativo. xy transparente. O proxy “tradicional”, não raramente,
Para compreender, é importante saber que cada pa- exige que determinadas configurações sejam feitas nas
cote possui um cabeçalho com diversas informações a ferramentas que utilizam a rede (por exemplo, um na-
seu respeito, como endereço IP de origem, endereço IP vegador de internet) para que a comunicação aconteça
do destino, tipo de serviço, tamanho, entre outros. O Fi- sem erros. O problema é, dependendo da aplicação, este
rewall então analisa estas informações de acordo com as trabalho de ajuste pode ser inviável ou custoso.
regras estabelecidas para liberar ou não o pacote (seja O proxy transparente surge como uma alternativa
para sair ou para entrar na máquina/rede), podendo tam- para estes casos porque as máquinas que fazem parte
bém executar alguma tarefa relacionada, como registrar da rede não precisam saber de sua existência, dispensan-
o acesso (ou tentativa de) em um arquivo de log. do qualquer configuração específica. Todo acesso é feito
O firewall de aplicação, também conhecido como normalmente do cliente para a rede externa e vice-ver-
proxy de serviços (proxy services) ou apenas proxy é uma sa, mas o proxy transparente consegue interceptá-lo e
solução de segurança que atua como intermediário entre responder adequadamente, como se a comunicação, de
um computador ou uma rede interna e outra rede, exter- fato, fosse direta.
na normalmente, a internet. Geralmente instalados em É válido ressaltar que o proxy transparente também
servidores potentes por precisarem lidar com um grande tem lá suas desvantagens, por exemplo: um proxy «nor-
número de solicitações, firewalls deste tipo são opções
mal» é capaz de barrar uma atividade maliciosa, como
interessantes de segurança porque não permitem a co-
um malware enviando dados de uma máquina para a
municação direta entre origem e destino.
internet; o proxy transparente, por sua vez, pode não
A imagem a seguir ajuda na compreensão do concei-
bloquear este tráfego. Não é difícil entender: para con-
to. Perceba que em vez de a rede interna se comunicar
seguir se comunicar externamente, o malware teria que
diretamente com a internet, há um equipamento entre
ser configurado para usar o proxy «normal» e isso geral-
ambos que cria duas conexões: entre a rede e o proxy; e
mente não acontece; no proxy transparente não há esta
entre o proxy e a internet. Observe:
limitação, portanto, o acesso aconteceria normalmente.

1. Limitações dos firewalls

#FicaDica
Firewalls têm lá suas limitações, sendo que
estas variam conforme o tipo de solução e
a arquitetura utilizada. De fato, firewalls são
recursos de segurança bastante importantes,
mas não são perfeitos em todos os sentidos.

Seguem abaixo algumas dessas limitações:


Figura 91: Proxy - Um firewall pode oferecer a segurança desejada,
mas comprometer o desempenho da rede (ou mesmo de
Perceba que todo o fluxo de dados necessita passar pelo um computador). Esta situação pode gerar mais gastos
proxy. Desta forma, é possível, por exemplo, estabelecer re- para uma ampliação de infraestrutura capaz de superar
gras que impeçam o acesso de determinados endereços o problema;
externos, assim como que proíbam a comunicação entre - A verificação de políticas tem que ser revista pe-
computadores internos e determinados serviços remotos. riodicamente para não prejudicar o funcionamento de
Este controle amplo também possibilita o uso do pro- novos serviços;
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

xy para tarefas complementares: o equipamento pode - Novos serviços ou protocolos podem não ser devi-
registrar o tráfego de dados em um arquivo de log; con- damente tratados por proxies já implementados;
teúdo muito utilizado pode ser guardado em uma espé- - Um firewall pode não ser capaz de impedir uma ati-
cie de cache (uma página Web muito acessada fica guar- vidade maliciosa que se origina e se destina à rede interna;
dada temporariamente no proxy, fazendo com que não - Um firewall pode não ser capaz de identificar
seja necessário requisitá-la no endereço original a todo uma atividade maliciosa que acontece por descuido do
instante, por exemplo); determinados recursos podem usuário - quando este acessa um site falso de um banco
ser liberados apenas mediante autenticação do usuário; ao clicar em um link de uma mensagem de e-mail, por
entre outros. exemplo;

60
- Firewalls precisam ser “vigiados”. Malwares ou ata- Ao pesquisar sobre antivírus para baixar, sempre es-
cantes experientes podem tentar descobrir ou explorar colha os mais famosos, ou conhecidos, pois hackers es-
brechas de segurança em soluções do tipo; tão usando este mercado para enganar pessoas com fal-
- Um firewall não pode interceptar uma conexão que sos softwares, assim, você instala um “antivírus” e deixa
não passa por ele. Se, por exemplo, um usuário acessar seu computador vulnerável aos ataques.
a internet em seu computador a partir de uma conexão E esses falsos softwares estão por toda parte, cuidado
3G (justamente para burlar as restrições da rede, talvez), ao baixar programas de segurança em sites desconheci-
o firewall não conseguirá interferir. dos, e divulgue, para que ninguém seja vítima por falta
de informação.
2. Sistema antivírus Os vírus que se anexam a arquivos infectam também
todos os arquivos que estão sendo ou e serão execu-
Qualquer usuário já foi, ou ainda é vítima dos vírus, tados. Alguns às vezes recontaminam o mesmo arquivo
spywares, trojans, entre muitos outros. Quem que nunca tantas vezes e ele fica tão grande que passa a ocupar um
precisou formatar seu computador? espaço considerável (que é sempre muito precioso) em
Os vírus representam um dos maiores problemas para seu disco. Outros, mais inteligentes, se escondem entre
usuários de computador. Para poder resolver esses pro- os espaços do programa original, para não dar a menor
blemas, as principais desenvolvedoras de softwares cria- pista de sua existência.
ram o principal utilitário para o computador, os antivírus, Cada vírus possui um critério para começar o ataque
que são programas com o propósito de detectar e elimi- propriamente dito, onde os arquivos começam a ser apa-
nar vírus e outros programas prejudiciais antes ou depois gados, o micro começa a travar, documentos que não são
de ingressar no sistema. salvos e várias outras tragédias. Alguns apenas mostram
Os vírus, worms, Trojans, spyware são tipos de pro- mensagens chatas, outros mais elaborados fazem estra-
gramas de software que são implementados sem o con- gos muito grandes.
sentimento (e inclusive conhecimento) do usuário ou Existe uma variedade enorme de softwares antivírus
proprietário de um computador e que cumprem diversas no mercado. Independente de qual você usa, mantenha-
funções nocivas para o sistema. Entre elas, o roubo e per- -o sempre atualizado. Isso porque surgem vírus novos
da de dados, alteração de funcionamento, interrupção todos os dias e seu antivírus precisa saber da existência
do sistema e propagação para outros computadores. deles para proteger seu sistema operacional.
Os antivírus são aplicações de software projetadas A maioria dos softwares antivírus possuem serviços
como medida de proteção e segurança para resguardar de atualização automática. Abaixo há uma lista com os
os dados e o funcionamento de sistemas informáticos antivírus mais conhecidos:
caseiros e empresariais de outras aplicações conhecidas Norton AntiVirus - Symantec - www.symantec.com.br
comumente como vírus ou malware que tem a função de - Possui versão de teste.
alterar, perturbar ou destruir o correto desempenho dos McAfee - McAfee - http://www.mcafee.com.br - Pos-
computadores. sui versão de teste.
Um programa de proteção de vírus tem um funcio- AVG - Grisoft - www.grisoft.com - Possui versão paga
namento comum que com frequência compara o código e outra gratuita para uso não comercial (com menos fun-
de cada arquivo que revisa com uma base de dados de cionalidades).
códigos de vírus já conhecidos e, desta maneira, pode Panda Antivírus - Panda Software - www.pandasoft-
determinar se trata de um elemento prejudicial para o ware.com.br - Possui versão de teste.
sistema. Também pode reconhecer um comportamento É importante frisar que a maioria destes desenvolve-
ou padrão de conduta típica de um vírus. Os antivírus dores possuem ferramentas gratuitas destinadas a re-
podem registrar tanto os arquivos encontrados dentro mover vírus específicos. Geralmente, tais softwares são
do sistema como aqueles que procuram ingressar ou in- criados para combater vírus perigosos ou com alto grau
teragir com o mesmo. de propagação.
Como novos vírus são criados de maneira quase
constante, sempre é preciso manter atualizado o pro-
grama antivírus de maneira de que possa reconhecer as
novas versões maliciosas. Assim, o antivírus pode perma-
necer em execução durante todo tempo que o sistema
informático permaneça ligado, ou registrar um arquivo
ou série de arquivos cada vez que o usuário exija. Nor-
malmente, o antivírus também pode verificar e-mails e
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

sites de entrada e saída visitados.


Um antivírus pode ser complementado por outros
aplicativos de segurança, como firewalls ou anti-spywa-
res que cumprem funções auxiliares para evitar a entrada
de vírus.
Então, antivírus são os programas criados para man-
ter seu computador seguro, protegendo-o de programas Figura 92: Principais antivírus do mercado atual
maliciosos, com o intuito de estragar, deletar ou roubar
dados de seu computador.

61
2. Tipos de Vírus Os spywares e os keyloggers podem ser identifica-
dos por programas anti-spywares. Porém, algumas des-
Cavalo-de-Tróia: A denominação “Cavalo de Tróia” tas pragas são tão perigosas que alguns antivírus podem
(Trojan Horse) foi atribuída aos programas que permitem ser preparados para identificá-las, como se fossem vírus.
a invasão de um computador alheio com espantosa facili- No caso de hijackers, muitas vezes é necessário usar uma
dade. Nesse caso, o termo é análogo ao famoso artefato ferramenta desenvolvida especialmente para combater
militar fabricado pelos gregos espartanos. Um “amigo” aquela praga. Isso porque os hijackers podem se infiltrar
virtual presenteia o outro com um “presente de grego”, no sistema operacional de uma forma que nem antivírus
que seria um aplicativo qualquer. Quando o leigo o exe- nem anti-spywares conseguem “pegar”.
cuta, o programa atua de forma diferente do que era es- Hoaxes: São boatos espalhados por mensagens de
perado. correio eletrônico, que servem para assustar o usuário de
Ao contrário do que é erroneamente informado na computador. Uma mensagem no e-mail alerta para um
mídia, que classifica o Cavalo de Tróia como um vírus, ele novo vírus totalmente destrutivo que está circulando na
não se reproduz e não tem nenhuma comparação com rede e que infectará o micro do destinatário enquanto a
vírus de computador, sendo que seu objetivo é totalmen- mensagem estiver sendo lida ou quando o usuário clicar
te diverso. Deve-se levar em consideração, também, que em determinada tecla ou link. Quem cria a mensagem
a maioria dos antivírus faz a sua detecção e os classificam hoax normalmente costuma dizer que a informação par-
como tal. A expressão “Trojan” deve ser usada, exclusi- tiu de uma empresa confiável, como IBM e Microsoft, e
vamente, como definição para programas que capturam que tal vírus poderá danificar a máquina do usuário. Des-
dados sem o conhecimento do usuário. O Cavalo de Tróia considere a mensagem.
é um programa que se aloca como um arquivo no com-
putador da vítima. Ele tem o intuito de roubar informa- 3. Política de segurança da Informação
ções como passwords, logins e quaisquer dados, sigilosos
ou não, mantidos no micro da vítima. Quando a máquina Hoje as informações são bens ativos da empresa, ima-
contaminada por um Trojan conectar-se à Internet, pode- gine uma Universidade perdendo todos os dados dos
rá ter todas as informações contidas no HD visualizadas seus alunos, ou até mesmo o tornar públicos, com isso
e capturadas por um intruso qualquer. Estas visitas são pode-se dizer que a informação se tornou o ativo mais
feitas imperceptivelmente. Só quem já esteve dentro de valioso das organizações, podendo ser alvo de uma série
um computador alheio sabe as possibilidades oferecidas. de ameaças com a finalidade de explorar as vulnerabilida-
Worms (vermes) podem ser interpretados como um des e causar prejuízos consideráveis. A informação é en-
tipo de vírus mais inteligente que os demais. A princi- carada, atualmente, como um dos recursos mais impor-
pal diferença entre eles está na forma de propagação: tantes de uma organização, contribuindo decisivamente
os worms podem se propagar rapidamente para outros para a uma maior ou menor competitividade, por isso é
computadores, seja pela Internet, seja por meio de uma necessária a implementação de políticas de segurança da
rede local. Geralmente, a contaminação ocorre de ma- informação que busquem reduzir as chances de fraudes
neira discreta e o usuário só nota o problema quando o ou perda de informações.
computador apresenta alguma anormalidade. O que faz A Política de Segurança da Informação é um docu-
destes vírus inteligentes é a gama de possibilidades de mento que contém um conjunto de normas, métodos e
propagação. O worm pode capturar endereços de e-mail procedimentos, que obrigatoriamente precisam ser co-
em arquivos do usuário, usar serviços de SMTP (sistema municados a todos os funcionários, bem como analisado
de envio de e-mails) próprios ou qualquer outro meio que e revisado criticamente, em intervalos regulares ou quan-
permita a contaminação de computadores (normalmente do mudanças se fizerem necessárias.
milhares) em pouco tempo. Para se elaborar uma Política de Segurança da Infor-
Spywares, keyloggers e hijackers: Apesar de não mação, deve se levar em consideração a NBR ISO/IEC
serem necessariamente vírus, estes três nomes também 27001:2005, que é uma norma de códigos de práticas
representam perigo. Spywares são programas que ficam para a gestão de segurança da informação, na qual po-
«espionando» as atividades dos internautas ou capturam dem ser encontradas as melhores práticas para iniciar, im-
informações sobre eles. Para contaminar um computador, plementar, manter e melhorar a gestão de segurança da
os spywares podem vir embutidos em softwares desco- informação em uma organização.
nhecidos ou serem baixados automaticamente quando o Importante mencionar que conforme a ISO/IEC
internauta visita sites de conteúdo duvidoso. 27002:2005(2005), a informação é um conjunto de dados
Os keyloggers são pequenos aplicativos que podem que representa um ponto de vista, um dado processado é
vir embutidos em vírus, spywares ou softwares suspeitos, o que gera uma informação. Um dado não tem valor an-
destinados a capturar tudo o que é digitado no teclado. O tes de ser processado, a partir do seu processamento, ele
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

objetivo principal, nestes casos, é capturar senhas. passa a ser considerado uma informação, que pode gerar
Hijackers são programas ou scripts que «sequestram» conhecimento, logo, a informação é o conhecimento pro-
navegadores de Internet, principalmente o Internet Explo- duzido como resultado do processamento de dados.
rer. Quando isso ocorre, o hijacker altera a página inicial De fato, com o aumento da concorrência de mercado,
do browser e impede o usuário de mudá-la, exibe pro- tornou-se vital melhorar a capacidade de decisão em to-
pagandas em pop-ups ou janelas novas, instala barras dos os níveis. Como resultado deste significante aumento
de ferramentas no navegador e podem impedir acesso a da interconectividade, a informação está agora exposta
determinados sites (como sites de software antivírus, por a um crescente número e a uma grande variedade de
exemplo). ameaças e vulnerabilidades.

62
Segundo a ABNT NBR ISO/IEC 17799:2005 (2005, p.ix), provável que você não o faça. Para entender mais sobre
“segurança da informação é a proteção da informação de este assunto, devemos primeiro entender os tipos dife-
vários tipos de ameaças para garantir a continuidade do rentes de backup que podem ser criados. Estes são:
negócio, minimizar o risco ao negócio, maximizar o re- • Backups completos;
torno sobre os investimentos e as oportunidades de ne- • Backups incrementais;
gócio, para isso é muito importante a confidencialidade, • Backups diferenciais;
integridade e a disponibilidade, onde: • Backups delta;
A confidencialidade é a garantia de que a informa-
ção é acessível somente por pessoas autorizadas a terem O backup completo é simplesmente fazer a cópia de
acesso (NBR ISO/IEC 27002:2005). Caso a informação todos os arquivos para o diretório de destino (ou para os
seja acessada por uma pessoa não autorizada, intencio- dispositivos de backup correspondentes), independente
nalmente ou não, ocorre a quebra da confidencialidade. de versões anteriores ou de alterações nos arquivos des-
A quebra desse sigilo pode acarretar danos inestimáveis de o último backup. Este tipo de backup é o tradicional
para a empresa ou até mesmo para uma pessoa física. e a primeira ideia que vêm à mente das pessoas quando
Um exemplo simples seria o furto do número e da senha pensam em backup: guardar TODAS as informações. Ou-
do cartão de crédito, ou até mesmo, dados da conta ban- tra característica do backup completo é que ele é o ponto
cária de uma pessoa. de início dos outros métodos citados abaixo. Todos usam
A integridade é a garantia da exatidão e completeza este backup para assinalar as alterações que deverão ser
da informação e dos métodos de processamento (NBR salvas em cada um dos métodos.
ISO/IEC 27002:2005) quando a informação é alterada, Este tipo consiste no backup de todos os arquivos
falsificada ou furtada, ocorre à quebra da integridade. A para a mídia de backup. Conforme mencionado anterior-
integridade é garantida quando se mantém a informação mente, se os dados sendo copiados nunca mudam, cada
no seu formato original. backup completo será igual aos outros. Esta similaridade
A disponibilidade é a garantia de que os usuários ocorre devido ao fato que um backup completo não ve-
autorizados obtenham acesso à informação e aos ati- rifica se o arquivo foi alterado desde o último backup;
vos correspondentes sempre que necessário (NBR ISO/ copia tudo indiscriminadamente para a mídia de backup,
IEC 27002:2005). Quando a informação está indisponí- tendo modificações ou não. Esta é a razão pela qual os
vel para o acesso, ou seja, quando os servidores estão backups completos não são feitos o tempo todo. Todos
inoperantes por conta de ataques e invasões, considera- os arquivos seriam gravados na mídia de backup. Isto sig-
-se um incidente de segurança da informação por quebra nifica que uma grande parte da mídia de backup é usada
de disponibilidade. Mesmo as interrupções involuntárias mesmo que nada tenha sido alterado. Fazer backup de
de sistemas, ou seja, não intencionais, configuram que- 100 gigabytes de dados todas as noites quando talvez
bra de disponibilidade. 10 gigabytes de dados foram alterados não é uma boa
prática; por este motivo os backups incrementais foram
criados.
PROCEDIMENTOS DE BACKUP. Já os backups incrementais primeiro verificam se o
horário de alteração de um arquivo é mais recente que o
horário de seu último backup, por exemplo, já atuei em
Procedimentos de backup uma Instituição, onde todos os backups eram programa-
dos para a quarta-feira.
O Backup ajuda a proteger os dados de exclusão A vantagem principal em usar backups incrementais
acidentais, ou até mesmo de falhas, por exemplo se os é que rodam mais rápido que os backups completos. A
dados originais do disco rígido forem apagados ou subs- principal desvantagem dos backups incrementais é que
tituídos acidentalmente ou se ficarem inacessíveis devido para restaurar um determinado arquivo, pode ser neces-
a um defeito do disco rígido, você poderá restaurar facil- sário procurar em um ou mais backups incrementais até
mente os dados usando a cópia arquivada. encontrar o arquivo. Para restaurar um sistema de ar-
quivo completo, é necessário restaurar o último backup
1. Tipos de Backup completo e todos os backups incrementais subsequen-
tes. Numa tentativa de diminuir a necessidade de procu-
Fazer um backup é simples. Basta copiar os arqui- rar em todos os backups incrementais, foi implementada
vos que você usa para outro lugar e pronto, está feito o uma tática ligeiramente diferente. Esta é conhecida como
backup. Mas e se eu alterar um arquivo? E se eu excluir backup diferencial.
acidentalmente um arquivo? E se o arquivo atual corrom- Os backups diferenciais, também só copiam arquivos
peu? Bem, é aí que a coisa começa a ficar mais legal. É alterados desde o último backup, mas existe uma dife-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

nessa hora que entram as estratégias de backup. rença, eles mapeiam as alterações em relação ao último
Se você perguntar a alguém que não é familiarizado backup completo, importante mencionar que essa téc-
com backups, a maioria pensará que um backup é so- nica ocasiona o aumento progressivo do tamanho do
mente uma cópia idêntica de todos os dados do com- arquivo.
putador. Em outras palavras, se um backup foi criado na Os backups delta sempre armazenam a diferença en-
noite de terça-feira, e nada mudou no computador du- tre as versões correntes e anteriores dos arquivos, co-
rante o dia todo na quarta-feira, o backup criado na noite meçando a partir de um backup completo e, a partir daí,
de quarta seria idêntico àquele criado na terça. Apesar a cada novo backup são copiados somente os arquivos
de ser possível configurar backups desta maneira, é mais que foram alterados enquanto são criados hardlinks para

63
os arquivos que não foram alterados desde o último ternet), imagine uma empresa que quer ligar suas filiais,
backup. Esta é a técnica utilizada pela Time Machine da esse é um caso clássico, ou também pensando na mo-
Apple e por ferramentas como o rsync. dalidade de trabalho homeoffice, em que o funcionário
pode, da casa dele, acessar todos seus arquivos e softwa-
2. Mídias res específicos da empresa.
A fita foi o primeiro meio de armazenamento de da- A palavra tunelamento é algo normal ao se trabalhar
dos removível amplamente utilizado. Tem os benefícios com VPNs, é como se criasse um túnel para que os dados
de custo baixo e uma capacidade razoavelmente boa de possam ser enviados sem que outros usuários tenham
armazenamento. Entretanto, a fita tem algumas desvan- acesso.
tagens. Ela está sujeita ao desgaste e o acesso aos dados Para criar uma rede VPN não é preciso mais do que
na fita é sequencial por natureza. Estes fatores significam dois (ou mais) computadores conectados à Internet e um
que é necessário manter o registro do uso das fitas (apo- programa de VPN instalado em cada máquina. O proces-
sentá-las ao atingirem o fim de suas vidas úteis) e tam- so para o envio dos dados é o seguinte:
bém que a procura por um arquivo específico nas fitas
pode ser uma tarefa longa. • Os dados são criptografados e encapsulados.
Ultimamente, os drives de disco nunca seriam usados • Algumas informações extras, como o número de
como um meio de backup. No entanto, os preços de ar- IP da máquina remetente, são adicionadas aos da-
mazenamento caíram a um ponto que, em alguns casos, dos que serão enviados para que o computador
usar drives de disco para armazenamento de backup faz receptor possa identificar quem mandou o pacote
sentido. A razão principal para usar drives de disco como de dados.
um meio de backup é a velocidade. Não há um meio de • O pacote contendo todos os dados é enviado por
armazenamento em massa mais rápido. A velocidade meio do “túnel” criado até o computador de des-
pode ser um fator crítico quando a janela de backup do tino.
seu centro de dados é curta e a quantidade de dados a • A máquina receptora irá identificar o computador
serem copiados é grande. remetente por meio das informações anexadas ao
O armazenamento deve ser sempre levado em con- pacote de dados.
sideração, onde o administrador desses backups deve se • Os dados são recebidos e desencapsulados.
preocupar em encontrar um equilíbrio que atenda ade- • Finalmente os dados são descriptografados e ar-
quadamente às necessidades de todos, e também asse- mazenados no computador de destino
gurar que os backups estejam disponíveis para a pior das •
situações. 5. Computação na nuvem (cloud computing)
Após todas as técnicas de backups estarem efetivadas
deve-se garantir os testes para que com o passar do tem- Ao utilizar e acessar arquivos e executar tarefas pela
po não fiquem ilegíveis. internet, o usuário está utilizando o conceito de compu-
tação em nuvens, não há a necessidade de instalar apli-
3. Recomendações para proteger seus backups cativos no seu computador para tudo, pois pode acessar
diferentes serviços online para fazer o que precisa, já que
Fazer backups é uma excelente prática de seguran- os dados não se encontram em um computador específi-
ça básica. Agora lhe damos conselhos simples para que co, mas sim em uma rede, um grande exemplo disso é o
você esteja a salvo no dia em que precisar deles: Google com o Google Docs, Planilhas, e até mesmo por-
1. Tenha seus backups fora do PC, em outro escritório, ta aquivos como o Google Drive, ou de outras empresas
e, se for possível, em algum recipiente à prova de incên- como o One Drive.
dios, como os cofres onde você guarda seus documentos Uma vez devidamente conectado ao serviço online, é
e valores importantes. possível desfrutar suas ferramentas e salvar todo o traba-
2. Faça mais de uma cópia da sua informação e as lho que for feito para acessá-lo depois de qualquer lugar
mantenha em lugares separados. — é justamente por isso que o seu computador estará nas
3. Estabeleça uma idade máxima para seus backups, nuvens, pois você poderá acessar os aplicativos a partir de
é melhor comprimir os arquivos que já sejam muito anti- qualquer computador que tenha acesso à internet.
gos (quase todos os programas de backup contam com
essa opção), assim você não desperdiça espaço útil.
4. Proteja seus backups com uma senha, de maneira #FicaDica
que sua informação fique criptografada o suficiente para Basta pensar que, a partir de uma conexão
que ninguém mais possa acessá-la. Se sua informação é com a internet, você pode acessar um servidor
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

importante para seus entes queridos, implemente algu- capaz de executar o aplicativo desejado, que
ma forma para que eles possam saber a senha se você pode ser desde um processador de textos
não estiver presente. até mesmo um jogo ou um pesado editor
de vídeos. Enquanto os servidores executam
4. VPN um programa ou acessam uma determinada
informação, o seu computador precisa apenas
É o acrônimo de (Virtual Private Network), que signifi- do monitor e dos periféricos para que você
ca Rede Particular Virtual, que define-se como a conexão interaja.
de dois computadores utilizando uma rede pública (In-

64
de arquivos em um único arquivo utilizando um softwa-
re compactador. Só não poderá ser utilizado nessa tarefa
HORA DE PRATICAR! o software:

1. (LIQUIGÁS 2012 - CESGRANRIO - ASSISTENTE AD- a) 7-Zip.


MINISTRATIVO) Um computador é um equipamento ca- b) WinZip.
paz de processar com rapidez e segurança grande quan- c) CuteFTP.
tidade de informações. d) jZip.
Assim, além dos componentes de hardware, os compu- e) WinRAR.
tadores necessitam de um conjunto de softwares deno-
minado: 6. (MPE-CE 2013 - FCC - Analista Ministerial - Direito)
Sobre manipulação de arquivos no Windows 7 em portu-
a) arquivo de dados. guês, é correto afirmar que,
b) blocos de disco.
c) navegador de internet. a) para mostrar tipos diferentes de informações sobre
d) processador de dados. cada arquivo de uma janela, basta clicar no botão
e) sistemaoperacional. Classificar na barra de ferramentas da janela e escolher
o modo de exibição desejado.
2. (TRT 10ª 2013 - CESPE - ANALISTA JUDICIÁRIO – b) quando você exclui um arquivo do disco rígido, ele
ADMINISTRATIVA) As características básicas da segu- é apagado permanentemente e não pode ser poste-
rança da informação — confidencialidade, integridade e riormente recuperado caso tenha sido excluído por
disponibilidade — não são atributos exclusivos dos siste- engano.
mas computacionais. c) para excluir um arquivo de um pen drive, basta clicar
com o botão direito do mouse sobre ele e selecionar a
( ) CERTO ( ) ERRADO
opção Enviar para a lixeira.
d) se um arquivo for arrastado entre duas pastas que
3. (TRE/CE 2012 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO – JURÍ-
estão no mesmo disco rígido, ele será compartilhado
DICA) São ações para manter o computador protegido,
entre todos os usuários que possuem acesso a essas
EXCETO:
pastas.
e) se um arquivo for arrastado de uma pasta do disco
a) Evitar o uso de versões de sistemas operacionais ultra-
rígido para uma mídia removível, como um pen drive,
passadas, como Windows 95 ou 98.
ele será copiado.
b) Excluir spams recebidos e não comprar nada anuncia-
do através desses spams.
c) Não utilizar firewall. 7. (SUDECO 2013 - FUNCAB - Contador) No sistema ope-
d) Evitar utilizar perfil de administrador, preferindo sem- racional Linux,o comando que NÃO está relacionado a
pre utilizar um perfil mais restrito. manipulação de arquivos é:
e) Não clicar em links não solicitados, pois links estranhos
muitas vezes são vírus. a) kill
b) cat
4.(Copergás 2016 - FCC – Técnico Operacional Segu- c) rm
rança do Trabalho) A ferramenta Outlook : d) cp
e) ftp
a) é um serviço de e-mail gratuito para gerenciar todos
os e-mails, calendários e contatos de um usuário. 8. (IBGE 2016 - FGV - Analista - Análise de Sistemas
b) 2016 é a versão mais recente, sendo compatível com o - Desenvolvimento de Aplicações - Web Mobile) Um
Windows 10, o Windows 8.1 e o Windows 7. desenvolvedor Android deseja inserir a funcionalidade
c) permite que todas as pessoas possam ver o calendá- de backup em uma aplicação móvel para, de tempos em
rio de um usuário, mas somente aquelas com e-mail tempos, armazenar dados automaticamente. A classe da
Outlook.com podem agendar reuniões e responder a API de Backup (versão 6.0 ou superior) a ser utilizada é a:
convites.
d) funciona apenas em dispositivos com Windows, não a) BkpAgent;
funcionando no iPad, no iPhone, em tablets e em tele- b) BkpHelper;
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

fones com Android. c) BackupManager;


e) versão 2015 oferece acesso gratuito às ferramentas do d) BackupOutputData;
pacote de webmail Office 356 da Microsoft.] e) BackupDataStream.

5. (CRM-PI 2016 - Quadrix – Médico Fiscal) Em um 9. (Prefeitura de Cristiano Otoni 2016 - INAZ do Pará
computador com o sistema operacional Windows insta- - Psicólogo) Realizar cópia de segurança é uma forma
lado, um funcionário deseja enviar 50 arquivos, que jun- de prevenir perda de informações. Qual é o Backup que
tos totalizam 2 MB de tamanho, anexos em um e-mail. só efetua a cópia dos últimos arquivos que foram criados
Para facilitar o envio, resolveu compactar esse conjunto pelo usuário ou sistema?

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a) Backup incremental 15. (CNJ 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - PRO-
b) Backup diferencial GRAMAÇÃO DE SISTEMAS) Acerca dos ambientes Li-
c) Backup completo nux e Windows, julgue os itens seguintes.2No sistema
d) Backup Normal operacional Windows 8, há a possibilidade de integrar-
e) Backup diário -se à denominada nuvem de computadores que fazem
parte da Internet.
10. (CRO-PR 2016 - Quadrix - Auxiliar de Departa-
mento) Como é chamado o backup em que o sistema ( ) CERTO ( ) ERRADO
não é interrompido para sua realização?
16. (FHEMIG 2013 - FCC - TÉCNICO EM INFORMÁ-
a) Backup Incremental. TICA) Alguns programas do computador de Ana estão
b) Cold backup. muito lentos e ela receia que haja um problema com o
c) Hot backup. hardware ou com a memória principal. Muitos de seus
d) Backup diferencial. programas falham subitamente e o carregamento de ar-
e) Backup normal quivos grandes de imagens e vídeos está muito demo-
rado. Além disso, aparece, com frequência, mensagens
11. (DEMAE/GO 2016 - UFG - Agente Administrativo) indicando conflitos em drivers de dispositivos. Como ela
Um funcionário precisa conectar um projetor multimídia utiliza o Windows 7, resolveu executar algumas funções
a um computador. Qual é o padrão de conexão que ele de diagnóstico, que poderão auxiliar a detectar as causas
deve usar? para os problemas e sugerir as soluções adequadas.
Para realizar a verificação da memória e, em seguida do
a) RJ11 hardware, Ana utilizou, respectivamente, as ferramentas:
b) RGB
c) HDMI a) Diagnóstico de memória do Windows e Monitor de
d) PS2 desempenho.
e) RJ45 b) Monitor de recursos de memória e Diagnóstico de
conflitos do Windows.
12. (SABESP 2014 - FCC - Analista de Gestão - Ad- c) Monitor de memória do Windows e Diagnóstico de
ministração) Correspondem, respectivamente, aos ele- desempenho de hardware.
mentos placa de som, editor de texto, modem, editor de d) Mapeamento de Memória do Windows e Mapeamen-
planilha e navegador de internet: to de hardware do Windows.
e) Diagnóstico de memória e desempenho e Diagnóstico
a) software, software, hardware, software e hardware. de hardware do Windows.
b) hardware, software, software, software e hardware.
c) hardware, software, hardware, hardware e software. 17. (TRT 1ª 2013 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO -
d) software, hardware, hardware, software e software. EXECUÇÃO DE MANDADOS) Beatriz trabalha em um
e) hardware, software, hardware, software e software. escritório de advocacia e utiliza um computador com o
Windows 7 Professional em português. Certo dia notou
13. (DEMAE/GO 2016 - UFG - Agente Administrativo) que o computador em que trabalha parou de se comu-
Um computador à venda em um sítio de comércio ele- nicar com a internet e com outros computadores ligados
trônico possui 3.2 GHz, 8 GB, 2 TB e 6 portas USB. Essa na rede local. Após consultar um técnico, por telefone,
configuração indica que: foi informada que sua placa de rede poderia estar com
problemas e foi orientada a checar o funcionamento do
a) a velocidade do processador é 3.2 GHz. adaptador de rede. Para isso, Beatriz entrou no Painel de
b) a capacidade do disco rígido é 8 GB. Controle, clicou na opção Hardware e Sons e, no grupo
c) a capacidade da memória RAM é 2 TB. Dispositivos e Impressoras, selecionou a opção:
d) a resolução do monitor de vídeo é composta de 6 por-
tas USB. a) Central de redes e compartilhamento.
b) Verificar status do computador.
14. (IF-PA 2016 - FUNRIO - Técnico de Tecnologia da c) Redes e conectividade.
Informação) São dispositivos ou periféricos de entrada d) Gerenciador de dispositivos.
de um computador: e) Exibir o status e as tarefas de rede.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

a) Câmera, Microfone, Projetor e Scanner.


b) Câmera, Mesa Digitalizadora, Microfone e Scanner.
c) Microfone, Modem, Projetor e Scanner.
d) Mesa Digitalizadora, Monitor, Microfone e Projetor.
e) Câmera, Microfone, Modem e Scanner.

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18. (FHEMIG 2013 - FCC - TÉCNICO EM INFORMÁTI- 22. (TRT 1ª 2013 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO - EXE-
CA) No console do sistema operacional Linux, alguns CUÇÃO DE MANDADOS) João trabalha no departamen-
comandos permitem executar operações com arquivos e to financeiro de uma grande empresa de vendas no vare-
diretórios do disco. jo e, em certa ocasião, teve a necessidade de enviar a 768
Os comandos utilizados para criar, acessar e remover um clientes inadimplentes uma carta com um texto padrão,
diretório vazio são, respectivamente, na qual deveria mudar apenas o nome do destinatário e
a data em que deveria comparecer à empresa para nego-
a) pwd, mv e rm. ciar suas dívidas. Por se tratar de um número expressivo
b) md, ls e rm. de clientes, João pesquisou recursos no Microsoft Office
c) mkdir, cd e rmdir. 2010, em português, para que pudesse cadastrar apenas
d) cdir, lsdir e erase. os dados dos clientes e as datas em que deveriam com-
e) md, cd e rd. parecer à empresa e automatizar o processo de impres-
são, sem ter que mudar os dados manualmente. Após
19. (TRT 10ª 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - imprimir todas as correspondências, João desejava ainda
ADMINISTRATIVA) Acerca dos conceitos de sistema imprimir, também de forma automática, um conjunto de
operacional (ambientes Linux e Windows) e de redes de etiquetas para colar nos envelopes em que as correspon-
computadores, julgue os itens.3Por ser um sistema ope- dências seriam colocadas. Os recursos do Microsoft Offi-
racional aberto, o Linux, comparativamente aos demais ce 2010 que permitem atender às necessidades de João
sistemas operacionais, proporciona maior facilidade de são os recursos
armazenamento de dados em nuvem.
a) para criação de mala direta e etiquetas disponíveis na
( ) CERTO ( ) ERRADO guia Correspondências do Microsoft Word 2010.
b) de automatização de impressão de correspondências
20. (TJ/RR 2012 - CESPE - AGENTE DE PROTEÇÃO) disponíveis na guia Mala Direta do Microsoft Power-
Acerca de organização e gerenciamento de informações, Point 2010.
arquivos, pastas e programas, de segurança da informa- c) de banco de dados disponíveis na guia Correspondên-
ção e de armazenamento de dados na nuvem, julgue os cias do Microsoft Word 2010.
itens subsequentes.1Um arquivo é organizado logica- d) de mala direta e etiquetas disponíveis na guia Inserir
mente em uma sequência de registros, que são mapea- do Microsoft Word 2010.
dos em blocos de discos. Embora esses blocos tenham e) de banco de dados e etiquetas disponíveis na guia
um tamanho fixo determinado pelas propriedades físicas Correspondências do Microsoft Excel 2010.
do disco e pelo sistema operacional, o tamanho do re-
gistro pode variar. 23. (TCE/SP 2012 - FCC - AUXILIAR DE FISCALIZAÇÃO
FINANCEIRA II) No editor de textos Writer do pacote BR
( ) CERTO ( ) ERRADO Office, é possível modificar e criar estilos para utilização
no texto. Dentre as opções de Recuo e Espaçamento para
21. (SERGIPE GÁS S/A 2013 - FCC - ASSISTENTE TÉC- um determinado estilo, é INCORRETO afirmar que é pos-
NICO ADMINISTRATIVO - RH) Paulo utiliza em seu tra- sível alterar um valor para
balho o editor de texto Microsoft Word 2010 (em portu-
guês) para produzir os documentos da empresa. Certo a) recuo da primeira linha.
dia Paulo digitou um documento contendo 7 páginas de b) recuo antes do texto.
texto, porém, precisou imprimir apenas as páginas 1, 3, 5, c) recuo antes do parágrafo.
6 e 7. Para imprimir apenas essas páginas, Paulo clicou no d) espaçamento acima do parágrafo.
Menu Arquivo, na opção Imprimir e, na divisão Configu- e) espaçamento abaixo do parágrafo.
rações, selecionou a opção Imprimir Intervalo Personali-
zado. Em seguida, no campo Páginas, digitou 24. (CNJ 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - PRO-
GRAMAÇÃO DE SISTEMAS) A respeito do Excel, para
a) 1,3,5-7 e clicou no botão Imprimir. ordenar, por data, os registros inseridos na planilha, é
b) 1;3-5;7 e clicou na opção enviar para a Impressora. suficiente selecionar a coluna data de entrada, clicar no
c) 1−3,5-7 e clicou no botão Imprimir. menu Dados e, na lista disponibilizada, clicar ordenar
d) 1+3,5;7 e clicou na opção enviar para a Impressora. data.
e) 1,3,5;7 e clicou no botão Imprimir.
( ) CERTO ( ) ERRADO
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

67
25. (TRT 1ª 2013 - FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA) A planilha abaixo foi criada utilizando-se
o Microsoft Excel 2010 (em português).

A linha 2 mostra uma dívida de R$ 1.000,00 (célula B2) com um Credor A (célula A2) que deve ser paga em 2 meses
(célula D2) com uma taxa de juros de 8% ao mês (célula C2) pelo regime de juros simples. A fórmula correta que deve
ser digitada na célula E2 para calcular o montante que será pago é

a) =(B2+B2)*C2*D2.
b) =B2+B2*C2/D2.
c) =B2*C2*D2.
d) =B2*(1+(C2*D2)).
e) =D2*(1+(B2*C2)).

26. (MINISTÉRIO DA FAZENDA 2012 - ESAF - ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRATIVO) O BrOffice é uma suíte
para escritório gratuita e de código aberto. Um dos aplicativos da suíte é o Calc, que é um programa de planilha ele-
trônica e assemelha-se ao Excel da Microsoft. O Calc é destinado à criação de planilhas e tabelas, permitindo ao usuá-
rio a inserção de equações matemáticas e auxiliando na elaboração de gráficos de acordo com os dados presentes na
planilha. O Calc utiliza como padrão o formato:

a) XLS.
b) ODF.
c) XLSX.
d) PDF.
e) DOC.

27. (TRT 1ª 2013 - FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA) Após ministrar uma palestra sobre Se-
gurança no Trabalho, Iracema comunicou aos funcionários presentes que disponibilizaria os slides referentes à palestra
na intranet da empresa para que todos pudessem ter acesso. Quando acessou a intranet e tentou fazer o upload do
arquivo de slides criado no Microsoft PowerPoint 2010 (em português), recebeu a mensagem do sistema dizendo
que o formato do arquivo era inválido e que deveria converter/salvar o arquivo para o formato PDF e tentar realizar o
procedimento novamente. Para realizar a tarefa sugerida pelo sistema, Iracema

a) clicou no botão Iniciar do Windows, selecionou a opção Todos os programas, selecionou a opção Microsoft Office
2010 e abriu o software Microsoft Office Converter Professional 2010. Em seguida, clicou na guia Arquivo e na op-
ção Converter. Na caixa de diálogo que se abriu, selecionou o arquivo de slides e clicou no botão Converter.
b) abriu o arquivo utilizando o Microsoft PowerPoint 2010, clicou na guia Ferramentas e, em seguida, clicou na opção
Converter. Na caixa de diálogo que se abriu, clicou na caixa de combinação que permite definir o tipo do arquivo e
selecionou a opção PDF. Em seguida, clicou no botão Converter.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

c) abriu a pasta onde o arquivo estava salvo, utilizando os recursos do Microsoft Windows 7, clicou com o botão direito
do mouse sobre o nome do arquivo e selecionou a opção Salvar como PDF.
d) abriu o arquivo utilizando o Microsoft PowerPoint 2010, clicou na guia Arquivo e, em seguida, clicou na opção Salvar
Como. Na caixa de diálogo que se abriu, clicou na caixa de combinação que permite definir o tipo do arquivo e
selecionou a opção PDF. Em seguida, clicou no botão Salvar.
e) baixou da internet um software especializado em fazer a conversão de arquivos do tipo PPTX para PDF, pois verificou
que o PowerPoint 2010 não possui opção para fazer tal conversão.

68
28. (SERGIPE GÁS S/A 2013 - FCC - ADMINISTRADOR) 32. (CEITEC 2012 - FUNRIO - ADMINISTRAÇÃO/CIÊN-
Em um slide em branco de uma apresentação criada uti- CIAS CONTÁBEIS/DIREITO/PREGOEIRO PÚBLICO) Na
lizando-se o Microsoft PowerPoint 2010 (em português), internet o protocolo_________ permite a transferência de
uma das maneiras de acessar alguns dos comandos mais mensagens eletrônicas dos servidores de _________para
importantes é clicando-se com o botão direito do mouse caixa postais nos computadores dos usuários. As lacunas
sobre a área vazia do slide. Dentre as opções presentes se completam adequadamente com as seguintes expres-
nesse menu, estão as que permitem sões:

a) copiar o slide e salvar o slide. a) Ftp/ Ftp.


b) salvar a apresentação e inserir um novo slide. b) Pop3 / Correio Eletrônico.
c) salvar a apresentação e abrir uma apresentação já exis- c) Ping / Web.
tente. d) navegador / Proxy.
d) apresentar o slide em tela cheia e animar objetos pre- e) Gif / de arquivos
sentes no slide.
e) mudar o layout do slide e a formatação do plano de 33. (CASA DA MOEDA 2012 - CESGRANRIO - AS-
fundo do slide. SISTENTE TÉCNICO ADMINISTRATIVO - APOIO AD-
MINISTRATIVO) Em uma rede local, cujas estações de
29. (TRT 11ª 2012 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO - JU- trabalho usam o sistema operacional Windows XP e en-
DICIÁRIA) Em um slide mestre do BrOffice.org Apresen- dereços IP fixos em suas configurações de conexão, um
tação (Impress), NÃO se trata de um espaço reservado novo host foi instalado e, embora esteja normalmente
que se possa configurar a partir da janela Elementos conectado à rede, não consegue acesso à internet distri-
mestres: buída nessa rede.
Considerando que todas as outras estações da rede
a) Número da página. estão acessando a internet sem dificuldades, um dos
b) Texto do título. motivos que pode estar ocasionando esse problema no
c) Data/hora. novo host é
d) Rodapé.
a) a codificação incorreta do endereço de FTP para o do-
e) Cabeçalho.
mínio registrado na internet.
b) a falta de registro da assinatura digital do host nas
30. (SERGIPE GÁS S/A 2013 - FCC - ASSISTENTE TÉC-
opções da internet.
NICO ADMINISTRATIVO - RH) No Microsoft Internet
c) um erro no Gateway padrão, informado nas proprieda-
Explorer 9 é possível acessar a lista de sites visitados nos
des do Protocolo TCP/IP desse host.
últimos dias e até semanas, exceto aqueles visitados em
d) um erro no cadastramento da conta ou da senha do
modo de navegação privada. Para abrir a opção que per-
próprio host.
mite ter acesso a essa lista, com o navegador aberto, cli-
e) um defeito na porta do switch onde a placa de rede
ca-se na ferramenta cujo desenho é desse host está conectada.
a) uma roda dentada, posicionada no canto superior di- 34. (CASA DA MOEDA 2012 - CESGRANRIO - ASSIS-
reito da janela. TENTE TÉCNICO ADMINISTRATIVO - APOIO ADMI-
b) uma casa, posicionada no canto superior direito da NISTRATIVO) Para conectar sua estação de trabalho a
janela. uma rede local de computadores controlada por um ser-
c) uma estrela, posicionada no canto superior direito da vidor de domínios, o usuário dessa rede deve informar
janela. uma senha e um[a]
d) um cadeado, posicionado no canto inferior direito da
janela. a) endereço de FTP válido para esse domínio.
e) um globo, posicionado à esquerda da barra de ende- b) endereço MAC de rede registrado na máquina cliente.
reços. c) porta válida para a intranet desse domínio.
d) conta cadastrada e autorizada nesse domínio.
31. (CNJ 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - PRO- e) certificação de navegação segura registrada na intranet.
GRAMAÇÃO DE SISTEMAS) A respeito de redes de
computadores, julgue os itens subsequentes. Lista de
discussão é uma ferramenta de comunicação limitada a 35. (CÂMARA DOS DEPUTADOS 2012 - CESPE - ANA-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

uma intranet, ao passo que grupo de discussão é uma LISTA LEGISLATIVO - TÉCNICA LEGISLATIVA) Com
ferramenta gerenciável pela Internet que permite a um relação a redes de computadores, julgue os próximos
grupo de pessoas a troca de mensagens via email entre itens.5Uma rede local (LAN — local area network) é ca-
todos os membros do grupo. racterizada por abranger uma área geográfica, em teoria,
ilimitada. O alcance físico dessa rede permite que os da-
( ) CERTO ( ) ERRADO dos trafeguem com taxas acima de 100 Mbps.

( ) CERTO ( ) ERRADO

69
36. (TRT 10ª 2013 - CESPE - ANALISTA JUDICIÁRIO - 40. (MPE/PE 2012 - FCC - ANALISTA MINISTERIAL -
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO) Com relação à certifi- INFORMÁTICA) Sobre Cavalo de Tróia, é correto afirmar:
cação digital, julgue os itens que se seguem.O certificado
digital revogado deve constar da lista de certificados re- a) Consiste em um conjunto de arquivos .bat que não
vogados, publicada na página de Internet da autoridade necessitam ser explicitamente executados.
certificadora que o emitiu. b) Contém um vírus, por isso, não é possível distinguir as
ações realizadas como consequência da execução do
( ) CERTO ( ) ERRADO Cavalo de Tróia propriamente dito, daquelas relacio-
nadas ao comportamento de um vírus.
37. (TRT 10ª 2013 - CESPE - ANALISTA JUDICIÁRIO - c) Não é necessário que o Cavalo de Tróia seja executado
ADMINISTRATIVA) Acerca de segurança da informação, para que ele se instale em um computador. Cavalos de
julgue os itens a seguir. O vírus de computador é assim Tróia vem anexados a arquivos executáveis enviados
denominado em virtude de diversas analogias poderem por e-mail.
ser feitas entre esse tipo de vírus e os vírus orgânicos. d) Não instala programas no computador, pois seu único
objetivo não é obter o controle sobre o computador,
( ) CERTO ( ) ERRADO mas sim replicar arquivos de propaganda por e-mail.
e) Distingue-se de um vírus ou de um worm por não
38. (MPE/PE 2012 - FCC - TÉCNICO MINISTERIAL - infectar outros arquivos, nem propagar cópias de si
ADMINISTRATIVO) Existem vários tipos de vírus de mesmo automaticamente.
computadores, dentre eles um dos mais comuns são ví-
rus de macros, que:

a) são programas binários executáveis que são baixados


de sites infectados na Internet.
b) podem infectar qualquer programa executável do
computador, permitindo que eles possam apagar ar-
quivos e outras ações nocivas.
c) são programas interpretados embutidos em documen-
tos do MS Office que podem infectar outros docu-
mentos, apagar arquivos e outras ações nocivas.
d) são propagados apenas pela Internet, normalmente
em sites com software pirata.
e) podem ser evitados pelo uso exclusivo de software le-
gal, em um computador com acesso apenas a sites da
Internet com boa reputação.

39. (SABESP 2012 - FCC - ANALISTA DE GESTÃO


I - SISTEMAS) Sobre vírus, considere:
I. Para que um computador seja infectado por um ví-
rus é preciso que um programa previamente infec-
tado seja executado.
II. Existem vírus que procuram permanecer ocultos,
infectando arquivos do disco e executando uma
série de atividades sem o conhecimento do usuá-
rio.
III. Um vírus propagado por e-mail (e-mail borne ví-
rus) sempre é capaz de se propagar automatica-
mente, sem a ação do usuário.
IV. Os vírus não embutem cópias de si mesmo em
outros programas ou arquivos e não necessitam
serem explicitamente executados para se propa-
garem.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Está correto o que se afirma em

a) II, apenas.
b) I e II, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I, II e III, apenas.
e) I, II, III e IV.

70
ANOTAÇÕES
GABARITO

1 E ________________________________________________
2 Certo _________________________________________________
3 C
_________________________________________________
4 B
5 C _________________________________________________
6 E _________________________________________________
7 A
_________________________________________________
8 C
9 A _________________________________________________
10 C _________________________________________________
11 C
_________________________________________________
12 E
13 A _________________________________________________
14 C _________________________________________________
15 Certo
_________________________________________________
16 A
17 D _________________________________________________
18 C _________________________________________________
19 Errado
_________________________________________________
20 Certo
21 A _________________________________________________
22 A _________________________________________________
23 C
_________________________________________________
24 Errado
25 D _________________________________________________
26 B _________________________________________________
27 D _________________________________________________
28 E
_________________________________________________
29 B
30 C _________________________________________________
31 Errado _________________________________________________
32 B
_________________________________________________
33 C
34 D _________________________________________________
35 Errado _________________________________________________
36 Certo
_________________________________________________
37 Certo
38 C
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

_________________________________________________
39 B _________________________________________________
40 E
_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

71
ANOTAÇÕES

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

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72
ÍNDICE

ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA (Lei nº 8.069/90). Título I Das Disposições Preliminares. Título II Dos Direitos Fun-
damentais: · Do Direito à Vida e à Saúde; · Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade; · Do Direito à Convivência Fami-
liar e Comunitária; · Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer; · Do Direito à Profissionalização e à Proteção no
Trabalho. Título III Da Prevenção. Dos Produtos e Serviços. Da Autorização para Viajar. Parte Especial Título II Das Medidas de
Proteção. Título III Da Prática de Ato Infracional. Dos Direitos Individuais. Das Medidas Sócio-Educativas. Título IV Das Medidas
Pertinentes aos Pais ou Responsável. Título V Do Conselho Tutelar. Disposições Gerais. Das Atribuições do Conselho..............01
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - ECA (LEI Nº 8.069/90).TÍTULO IDAS DISPO-
SIÇÕES PRELIMINARES. TÍTULO II DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS:· DO DIREITO À VIDA
E À SAÚDE;· DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE;· DO DIREITO À
CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA;· DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO
ESPORTE E AO LAZER;· DO DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO E À PROTEÇÃO NO TRABA-
LHO. TÍTULO III DA PREVENÇÃO. DOS PRODUTOS E SERVIÇOS. DA AUTORIZAÇÃO PARA
VIAJAR. PARTE ESPECIAL TÍTULO II DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO. TÍTULO III DA PRÁTICA
DE ATO INFRACIONAL. DOS DIREITOS INDIVIDUAIS. DAS MEDIDAS SÓCIO-EDUCATIVAS.
TÍTULO IV DAS MEDIDAS PERTINENTES AOS PAIS OU RESPONSÁVEL. TÍTULO V DO CON-
SELHO TUTELAR. DISPOSIÇÕES GERAIS. DAS ATRIBUIÇÕES DO CONSELHO.

Noções introdutórias e disciplina constitucional

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligên-
cia, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem, admitida
a participação de entidades não governamentais, mediante políticas específicas e obedecendo aos seguintes preceitos:
I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência materno-infantil;
II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para as pessoas portadoras de deficiência física,
sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente e do jovem portador de deficiência, mediante o
treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação
de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de discriminação.
§ 2º A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veícu-
los de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência.
§ 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:
I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola;
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, igualdade na relação processual e
defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica;
V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvi-
mento, quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade;
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao aco-
lhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado;
VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao adolescente e ao jovem dependente de en-
torpecentes e drogas afins.
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente.
§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação
por parte de estrangeiros.
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações,
proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do adolescente levar-se-á em consideração o disposto no art. 2041.
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

§ 8º A lei estabelecerá:
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos jovens;
II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando à articulação das várias esferas do poder público para
a execução de políticas públicas.

No caput do artigo 227, CF se encontra uma das principais diretrizes do direito da criança e do adolescente que é o
princípio da prioridade absoluta. Significa que cada criança e adolescente deve receber tratamento especial do Estado
e ser priorizado em suas políticas públicas, pois são o futuro do país e as bases de construção da sociedade.
1 Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade
social, previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes: I - descentralização político-admi-
nistrativa, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas
estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social; II - participação da população, por meio de organizações
representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis. Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito
Federal vincular a programa de apoio à inclusão e promoção social até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, vedada a
aplicação desses recursos no pagamento de: I - despesas com pessoal e encargos sociais; II - serviço da dívida; III - qualquer outra despesa
corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiados.

1
A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 dispõe sobre Aprofundando o tema, a cabeça do art. 227, da Lei
o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras pro- Fundamental, preconiza ser dever da família, da socieda-
vidências, seguindo em seus dispositivos a ideologia do de e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao
princípio da absoluta prioridade. jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde,
No §1º do artigo 227 aborda-se a questão da assis- à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização,
tência à saúde da criança e do adolescente. Do inciso I à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convi-
se depreende a intrínseca relação entre a proteção da vência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo
criança e do adolescente com a proteção da maternidade de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
e da infância, mencionada no artigo 6º, CF. Já do inciso violência, crueldade e opressão.
II se depreende a proteção de outro grupo vulnerável, A leitura do art. 227, caput, da Constituição Federal
que é a pessoa portadora de deficiência, valendo lembrar permite concluir que se adotou, neste país, a chamada
que o Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009, que “Doutrina da Proteção Integral da Criança”, ao lhe asse-
promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos gurar a absoluta prioridade em políticas públicas, medi-
das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultati- das sociais, decisões judiciais, respeito aos direitos hu-
vo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007, manos, e observância da dignidade da pessoa humana.
foi promulgado após aprovação no Congresso Nacional Neste sentido, o parágrafo único, do art. 5º, do “Estatuto
nos moldes da Emenda Constitucional nº 45/2004, tendo da Criança e do Adolescente”, prevê que a garantia de
força de norma constitucional e não de lei ordinária. A
prioridade compreende a primazia de receber proteção
preocupação com o direito da pessoa portadora de defi-
e socorro em quaisquer circunstâncias (alínea “a”), a pre-
ciência se estende ao §2º do artigo 227, CF: “a lei dispo-
cedência de atendimento nos serviços públicos ou de re-
rá sobre normas de construção dos logradouros e dos
edifícios de uso público e de fabricação de veículos de levância pública (alínea “b”), a preferência na formulação
transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às e na execução das políticas sociais públicas (alínea “c”), e
pessoas portadoras de deficiência”. a destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas
A proteção especial que decorre do princípio da prio- relacionadas com a proteção à infância e à juventude (alí-
ridade absoluta está prevista no §3º do artigo 227. Li- nea “d”).
ga-se, ainda, à proteção especial, a previsão do §4º do Ademais, a proteção à criança, ao adolescente e ao
artigo 227: “A lei punirá severamente o abuso, a violência jovem representa incumbência atribuída não só ao Es-
e a exploração sexual da criança e do adolescente”. tado, mas também à família e à sociedade. Sendo assim,
Tendo em vista o direito de toda criança e adolescen- há se prestar bastante atenção nas provas de concurso,
te de ser criado no seio de uma família, o §5º do artigo tendo em vista que só se costuma colocar o Estado como
227 da Constituição prevê que “a adoção será assistida observador da “Doutrina da Proteção Integral”, sendo
pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá ca- que isso também compete à família e à sociedade.
sos e condições de sua efetivação por parte de estran- Nesta frequência, o direito à proteção especial abran-
geiros”. Neste sentido, a Lei nº 12.010, de 3 de agosto de gerá os seguintes aspectos (art. 227, §3º, CF):
2009, dispõe sobre a adoção. - A idade mínima de dezesseis anos para admissão ao
A igualdade entre os filhos, quebrando o paradigma trabalho, salvo a partir dos quatorze anos, na condição
da Constituição anterior e do até então vigente Código de aprendiz (inciso I de acordo com o art. 7º, XXXIII, CF,
Civil de 1916 consta no artigo 227, § 6º, CF: “os filhos, pós-alteração promovida pela Emenda Constitucional nº
havidos ou não da relação do casamento, ou por ado- 20/98);
ção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas - A garantia de direitos previdenciários e trabalhistas
quaisquer designações discriminatórias relativas à filia- (inciso II);
ção”. - A garantia de acesso ao trabalhador adolescente e
Quando o artigo 227 dispõe no § 7º que “no atendi- jovem à escola (inciso III);
mento dos direitos da criança e do adolescente levar-se- - A garantia de pleno e formal conhecimento da atri-
-á em consideração o disposto no art. 204” tem em vista
buição do ato infracional, igualdade na relação proces-
a adoção de práticas de assistência social, com recursos
sual e defesa técnica por profissional habilitado, segundo
da seguridade social, em prol da criança e do adolescen-
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

dispuser a legislação tutelar específica (inciso IV);


te.
Por seu turno, o artigo 227, § 8º, CF, preconiza: “A - A obediência aos princípios de brevidade, excepcio-
lei estabelecerá: I - o estatuto da juventude, destinado nalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em de-
a regular os direitos dos jovens; II - o plano nacional de senvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida
juventude, de duração decenal, visando à articulação privativa de liberdade (inciso V);
das várias esferas do poder público para a execução de - O estímulo do Poder Público, através de assistência
políticas públicas”. A Lei nº 12.852, de 5 de agosto de jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei,
2013, institui o Estatuto da Juventude e dispõe sobre os ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou
direitos dos jovens, os princípios e diretrizes das políticas adolescente órfão ou abandonado (inciso VI);
públicas de juventude e o Sistema Nacional de Juventude - Programas de prevenção e atendimento especiali-
- SINAJUVE. Mais informações sobre a Política menciona- zado à criança, ao adolescente e ao jovem dependente
da no inciso II e sobre a Secretaria e o Conselho Nacional de entorpecentes e drogas afins (inciso VII).
de Juventude que direcionam a implementação dela po- Prosseguindo, o parágrafo sexto, do art. 227, da
dem ser obtidas na rede2. Constituição, garante o “Princípio da Igualdade entre os
Filhos”, ao dispor que os filhos, havidos ou não da relação
2 http://www.juventude.gov.br/politica

2
do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos o adolescente passam a ocupar papel central na socie-
e qualificações, proibidas quaisquer designações discri- dade, desempenhando atividades trabalhistas de caráter
minatórias relativas à filiação. equivalente a dos adultos. Foram vítimas de inúmeros
Assim, com a Constituição Federal, os filhos não têm acidentes de trabalho, morriam em meio à insalubridade
mais “valor” para efeito de direitos alimentícios e suces- das fábricas, então movidas predominantemente a car-
sórios. Não se pode falar em um filho receber metade vão. Foi apenas com a emergência da Organização Inter-
da parte que originalmente lhe cabia por ser “bastardo”, nacional do Trabalho – OIT, em 1919, que aos poucos se
enquanto aquele fruto da sociedade conjugal receber a consolidou uma consciência a respeito da necessidade
quantia integral. Aliás, nem mesmo a expressão “filho de se limitar a participação das crianças e adolescentes
bastardo” pode mais ser utilizada, por representar uma no espaço de trabalho. Este foi o estopim para o reco-
forma de discriminação designatória. nhecimento da condição especial da criança e do ado-
Também, o art. 229 traz uma “via de mão dupla” entre lescente.
pais e filhos, isto é, os pais têm o dever de assistir, criar Internacionalmente, a proteção efetiva da criança e
e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o do adolescente começa a tomar corpo com o reconhe-
dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência cimento internacional dos direitos humanos e a funda-
ou enfermidade. Tal dispositivo, inclusive, permite que os ção da UNICEF. A UNICEF, inicialmente conhecida como
filhos peçam alimentos aos pais, e que os pais peçam Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas
alimentos aos filhos. para as Crianças, foi criada em dezembro de 1946 para
ajudar as crianças da Europa vítimas da II Guerra Mun-
Por fim, há se mencionar o acrescentado parágrafo
dial. No início da década de 50 o seu mandato foi alar-
oitavo (pela Emenda Constitucional nº 65/2010), ao art.
gado para responder às necessidades das crianças e das
227, da Constituição Federal, segundo o qual a lei es-
mães nos países em desenvolvimento. Em 1953, torna-se
tabelecerá o estatuto da juventude, destinado a regular uma agência permanente das Nações Unidas, e passa a
os direitos dos jovens (inciso I), e o plano nacional de ocupar-se especialmente das crianças dos países mais
juventude, de duração decenal, visando à articulação das pobres da África, Ásia, América Latina e Médio Oriente.
várias esferas do poder público para a execução de polí- Passa então a designar-se Fundo das Nações Unidas para
ticas públicas (inciso II). Nada obstante a exigência cons- a Infância, mas mantém a sigla que a tornara conhecida
titucional desde 2010, somente bem recentemente o Es- em todo o mundo – UNICEF. Desde então, sobrevieram
tatuto da Juventude foi aprovado (Lei nº 12.852/2013), no âmbito das Nações Unidas documentos bastante re-
como visto acima, carecendo, ainda, o Plano Nacional de levantes sobre a condição jurídica peculiar da criança, já
Juventude de maior regulamentação infraconstitucional. estudados neste material.
No Brasil, no final do século XIX e início do século XX,
Evolução histórica foi instituído no Rio de Janeiro o Instituto de Proteção e
Assistência à Infância, primeiro estabelecimento público
Na Grécia antiga, a criança era colocada numa posi- nacional de atendimento a crianças e adolescentes. Em
ção de inferioridade, tida como um ser irracional, sem ca- seguida, veio a Lei nº 4.242/1921, que autorizou o go-
pacidade de tomar qualquer tipo de decisão. Trata-se de verno a organizar o Serviço de Assistência e Proteção à
marco da cultura grega, que enxergava apenas poucos Infância Abandonada e Dellinquente. Em 1927 foi apro-
homens de posses como cidadãos. Estes homens con- vado o primeiro Código de Menores. Em 1941, durante
centravam para si o pátrio poder, isto é, o poder do pai. o governo Vargas, foi criado o Serviço de Assistência ao
Devido ao pátrio poder, o pai de família concentrava em Menor, cujo fim era dar tratamento penal teoricamen-
suas mãos plena possibilidade de gerir a vida das crian- te diferenciado aos menores (na prática, eram tratados
ças e adolescentes e estes não tinham nenhuma possibi- como criminosos comuns). Em 1964 surge a Política Na-
lidade de participar destas decisões. Na Idade Média se cional do Bem-estar do Menor (Lei nº 4.513/1964), que
manteve o sistema do “pátrio poder”. As crianças eram criou a FUNABEM. Surge novo Código de Menores em
submetidas ao absoluto poder do pai e seus destinos se- 1979 (Lei nº 6.697), cujo objeto era a proteção e vigilân-
cia de crianças e adolescentes em situação irregular. Na
guiam a mesma sorte.
década de 80 começa um movimento de reelaboração
A partir da Idade Moderna, com o Renascimento e o
da concepção de infância e juventude. O destaque re-
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Iluminismo, as crianças e os adolescentes saíram ligei- percute na Constituição Federal de 1988 e no Estatuto
ramente da margem social. A moral da época passa a da Criança e do Adolescente de 1990, que revogou o
impor aos pais o dever de educar seus filhos. Entretanto, Código de Menores e substituiu a doutrina da situação
a educação costumava ser oferecida apenas aos homens. irregular pela doutrina da proteção integral3.
Aqueles que possuíam melhores condições enviavam
seus filhos para estudarem nas universidades que co- Relações jurídicas no direito da criança e do ado-
meçavam a despontar na Europa, aqueles que possuíam lescente
condições piores ao menos passavam a ensinar seus ofí-
cios a estes jovens. Já as meninas permaneciam margina- “As relações jurídicas são formas qualificadas de rela-
lizadas das atividades educacionais e profissionalizantes, ções interpessoais, indicando, assim, a ligação entre pes-
apenas lhes era ensinado como desempenhar atividades soas, em razão de algum objeto, devidamente regulada
domésticas.
Desde o final da Revolução Francesa e, com destaque, 3 DEZEM, Guilherme Madeira; AGUIRRE, João Ricardo
a partir da Revolução Industrial, que alterou substancial- Brandão; FULLER, Paulo Henrique Aranda. Estatuto da Criança e
do Adolescente. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009. (Coleção
mente os modos e métodos de produção, a criança e
Elementos do Direito)

3
pelo direito. Desta forma, o Direito da Criança e do Ado- tre regras e princípios, como espécies diversificadas do
lescente, sob o aspecto objetivo e formal, representa a gênero norma, e, finalmente, por expressão máxima de
disciplina das relações jurídicas entre Crianças e Adoles- todo esse desdobramento doutrinário, o mais significa-
centes, de um lado, e de outro, a família, a comunidade, tivo de seus efeitos: a total hegemonia e preeminência
a sociedade e o próprio Estado. [...] Percebemos que a dos princípios6.
intenção dos doutrinadores e do próprio legislador foi, No campo do direito da criança e do adolescente, al-
sempre, criar uma doutrina da proteção integral não so- guns princípios assumem destaque, entre eles:
mente para a Criança, como, ainda, para o Adolescente, a) Princípio da prioridade absoluta: previsto nos ar-
ambos ainda em desenvolvimento, posto que, somente tigos 227, CF e 4º, ECA preconiza que é dever de todos
com o término da adolescência é que o menor comple- – Estado, sociedade, comunidade e família – assegurar
tará o processo de aquisição de mecanismos mentais re- com absoluta prioridade direitos fundamentais às crian-
lacionados ao pensamento, percepção, reconhecimento, ças e adolescentes. Por isso, estabelece-se com primazia
classificação etc. [...] Com isso, o Estatuto da Criança e do a adoção de políticas públicas, a destinação de recursos e
Adolescente, sabiamente, se preocupou em envolver não a prestação de serviços essenciais àqueles que se encon-
somente a família, mas, ainda, a comunidade, a socie- tram na faixa etária inferior a 18 anos.
dade e o próprio Estado, para que todos, em conjunto, b) Princípio da proteção integral: previsto no artigo
exerçam seus direitos e deveres sem oprimir aqueles que, 1º, ECA estabelece que a proteção da criança e do ado-
em condição inferior, viviam a mercê da sociedade. Mas, lescente não pode se restringir às situações de irregula-
qual a razão dessa inclusão tão abrangente? Pois bem, ridade, o que teria um caráter estigmatizante, mas deve
a intenção do Estatuto da Criança e do Adolescente foi abranger todas as situações de vida pelas quais passa a
conferir ao menor, de forma integral, todas as condições criança e o adolescente, mesmo as regulares. Neste sen-
para que o mesmo possa desenvolver-se plenamente, tido, ao se assegurar direitos na regularidade, evita-se
evitando-se, com isso, que haja alguma deficiência em que a criança e o adolescente caiam em irregularidade.
sua formação. Desta forma, a melhor solução apresen- c) Princípio da dignidade da pessoa humana: A
tada pelo legislador foi incluir todos os segmentos da dignidade da pessoa humana é o valor-base de inter-
sociedade, para que ninguém ficasse isento de qualquer pretação de qualquer sistema jurídico, internacional ou
responsabilidade, uma vez que a doutrina da proteção nacional, que possa se considerar compatível com os
integral apresentada pelo Estatuto da Criança e do Ado- valores éticos, notadamente da moral, da justiça e da
lescente exige a participação de todos, sem qualquer ex- democracia. Pensar em dignidade da pessoa humana
ceção”4. Com efeito, o objeto formal do direito da criança significa, acima de tudo, colocar a pessoa humana como
e do adolescente é a proteção jurídica especial da criança centro e norte para qualquer processo de interpretação
e do adolescente. Já o objeto material é a própria criança jurídico, seja na elaboração da norma, seja na sua apli-
ou adolescente. cação.
Sem pretender estabelecer uma definição fechada ou
Princípios plena, é possível conceituar dignidade da pessoa huma-
na como o principal valor do ordenamento ético e, por
Não se pode olvidar que os princípios sempre desem- consequência, jurídico que pretende colocar a pessoa
penharam um importante papel social, mas foi somente humana como um sujeito pleno de direitos e obriga-
na atual dogmática jurídica que eles adquiriram normati- ções na ordem internacional e nacional, cujo desrespeito
vidade. Hoje em dia, os princípios servem para condensar acarreta a própria exclusão de sua personalidade.
valores, dar unidade ao sistema e condicionar a ativida- Aponta Barroso7: “o princípio da dignidade da pessoa
de do intérprete. Os princípios são normas jurídicas, não humana identifica um espaço de integridade moral a ser
meros conteúdos axiológicos, aceitando aplicação autô- assegurado a todas as pessoas por sua só existência no
noma5. mundo. É um respeito à criação, independente da crença
Em resumo, a teoria dos princípios chega à presente que se professe quanto à sua origem. A dignidade re-
fase do Pós-positivismo com os seguintes resultados já laciona-se tanto com a liberdade e valores do espírito
consolidados: a passagem dos princípios da especulação como com as condições materiais de subsistência”.
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

metafísica e abstrata para o campo concreto e positivo O Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira,
do Direito, com baixíssimo teor de densidade normati- do Tribunal Superior do Trabalho, trouxe interessante
va; a transição crucial da ordem jusprivatista (sua antiga conceito numa das decisões que relatou: “a dignidade
inserção nos Códigos) para a órbita juspublicística (seu consiste na percepção intrínseca de cada ser humano a
ingresso nas Constituições); a suspensão da distinção respeito dos direitos e obrigações, de modo a assegurar,
clássica entre princípios e normas; o deslocamento dos sob o foco de condições existenciais mínimas, a partici-
princípios da esfera da jusfilosofia para o domínio da pação saudável e ativa nos destinos escolhidos, sem que
Ciência Jurídica; a proclamação de sua normatividade; a isso importe destilação dos valores soberanos da demo-
perda de seu caráter de normas programáticas; o reco- cracia e das liberdades individuais. O processo de valo-
nhecimento definitivo de sua positividade e concretude rização do indivíduo articula a promoção de escolhas,
por obra sobretudo das Constituições; a distinção en- posturas e sonhos, sem olvidar que o espectro de abran-

4 MENDES, Moacyr Pereira. As relações jurídicas decorren- 6 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 26.
tes do Estatuto da Criança e do Adolescente. Âmbito Jurídico, Rio ed. São Paulo: Malheiros, 2011, p. 294.
Grande, XII, n. 70, nov. 2009. 7 BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da
5 Ibid., p.327. Constituição. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 382.

4
gência das liberdades individuais encontra limitação em Autonomia da criança e do adolescente
outros direitos fundamentais, tais como a honra, a vida
privada, a intimidade, a imagem. Sobreleva registrar que Coloca-se o trecho do trabalho de Cláudio Leone11
essas garantias, associadas ao princípio da dignidade da em que reflete sobre a construção da autonomia do in-
pessoa humana, subsistem como conquista da humani- fante:
dade, razão pela qual auferiram proteção especial con- “Conceitualmente, a análise do respeito à autonomia
sistente em indenização por dano moral decorrente de de uma criança ou de um adolescente só tem sentido se
sua violação”8. for conduzida a partir do conhecimento da evolução de
Para Reale9, a evolução histórica demonstra o domínio suas competências nas diferentes idades. É de conheci-
de um valor sobre o outro, ou seja, a existência de uma mento de todos que a criança nasce totalmente depen-
ordem gradativa entre os valores; mas existem os valores dente de cuidados alheios e que passa por um processo
fundamentais e os secundários, sendo que o valor fonte de desenvolvimento progressivo que a leva a alcançar a
é o da pessoa humana. Nesse sentido, são os dizeres de completa independência na maturidade, o que, nas so-
Reale10: “partimos dessa ideia, a nosso ver básica, de que ciedades modernas, se situa por volta dos vinte anos de
a pessoa humana é o valor-fonte de todos os valores. idade.
O homem, como ser natural biopsíquico, é apenas um Entretanto, para que este processo de análise de sua
indivíduo entre outros indivíduos, um ente animal entre autonomia transcorra de maneira isenta, fundamental-
os demais da mesma espécie. O homem, considerado na mente centrado nas peculiaridades do desenvolvimento
sua objetividade espiritual, enquanto ser que só realiza do ser humano, o primeiro ponto a ser considerado é a
no sentido de seu dever ser, é o que chamamos de pes- necessidade de abdicar de alguns conceitos preestabele-
soa. Só o homem possui a dignidade originária de ser en- cidos, como é o caso da atitude paternalista. [...]
quanto deve ser, pondo-se essencialmente como razão O segundo ponto a considerar neste percurso, em
determinante do processo histórico”. geral decorrente do primeiro, é a própria legislação que,
Quando a Constituição Federal assegura a dignidade mesmo tendo o melhor dos intuitos, praticamente nivela
da pessoa humana como um dos fundamentos da Repú- todos os menores a uma mesma condição: a de incapaci-
blica, faz emergir uma nova concepção de proteção de dade, criando a necessidade de se ter figuras aptas a de-
cada membro do seu povo. Tal ideologia de forte fulcro cidir e responder por eles, como se estas figuras fossem
humanista guia a afirmação de todos os direitos funda- sempre e inevitavelmente imbuídas das melhores inten-
mentais e confere a eles posição hierárquica superior às ções em relação à criança e ao adolescente.
normas organizacionais do Estado, de modo que é o Es- No entender de Kopelman, para que toda esta legis-
tado que está para o povo, devendo garantir a dignidade lação fosse realmente válida seria necessário definir me-
de seus membros, e não o inverso. lhor, de maneira bem precisa, o que se entende por um
d) Princípio da participação popular: previsto no padrão mínimo de benefício ou o que é ‘o melhor’ para
artigo 227, §§ 3º e 7º e no artigo 204, II, CF, assegura a os interesses da criança ou do adolescente, de modo que
participação popular, através de organizações represen- a definição não fique em aberto para a interpretação de
tativas, na elaboração de políticas públicas direcionadas quem detém o poder de decidir em nome deles. Além
à infância e à juventude. disso, estas definições deveriam estar em constante revi-
e) Princípio da excepcionalidade: previsto no artigo são, para que não acabem sendo ultrapassadas, frente à
227, §3º, V, CF assegura que quando da imposição de evolução histórico-social dos fatos que geraram a neces-
medida privativa de liberdade esta não será imposta a sidade de sua criação.
não ser que se trate de um caso excepcional, em que ne- Superados estes dois pontos, que apesar de poten-
nhuma outra medida sócio-educativa possa ser utilizada. cialmente limitantes do processo de discussão da auto-
f) Princípio da brevidade: previsto no artigo 227, nomia da criança e do adolescente não podem ser sim-
§3º, V, CF assegura que quando da aplicação de medida plesmente ignorados, como se não existissem, chega-se
privativa de liberdade esta não se estenderá no tempo, ao terceiro e mais importante: a interpretação do concei-
devendo ser a mais breve possível, perdurando apenas to de autonomia à luz do momento de desenvolvimen-
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

pelo prazo necessário para a ressocialização do adoles- to em que uma determinada criança ou adolescente se
cente. No caso, o ECA limita a aplicação de medidas des- encontra.
ta natureza ao prazo máximo de 3 anos. Nesse sentido, diversas características do desenvolvi-
g) Princípio da condição peculiar da pessoa em mento devem ser levadas em consideração:
desenvolvimento: a criança e o adolescente estão em 1. Trata-se de um processo que evolui continuamente
processo de formação e de transformação física e psíqui- à medida que habilidades se aperfeiçoam, novas capa-
ca, logo, possuem uma condição peculiar que deve ser cidades são adquiridas, novas vivências são acumuladas
respeitada quando da aplicação da lei. e integradas e, portanto, passível de rápidas e extremas
mudanças no tempo;
8 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Recurso de Re- 2. A aquisição das competências é progressiva, não
vista n. 259300-59.2007.5.02.0202. Relator: Alberto Luiz Bresciani se dá saltos, como se se tratasse de compartimentos es-
de Fontan Pereira. Brasília, 05 de setembro de 2012j1. Disponível tanques, e segue sempre uma ordem preestabelecida,
em: www.tst.gov.br. Acesso em: 17 nov. 2012.
sendo, portanto, razoavelmente previsível;
9 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São Paulo:
Saraiva, 2002, p. 228. 11 LEONE, Cláudio. A criança, o adolescente e a autonomia.
10 Ibid., p. 220. Revista Bioética, v. 6, n. 1.

5
3. Os tempos e o ritmo em que o desenvolvimento se decisão amadurecida e o mais isenta possível, que, res-
processa são muito individualizados, fazendo com que peitando a posição da criança ou do adolescente, poderá
dois indivíduos de uma mesma idade possam estar em efetivamente redundar em seu benefício.
momentos diferentes de desenvolvimento; No leque das diferentes situações da prática pediátri-
4. No caso específico da inteligência, o desenvolvi- ca, que se estende desde o recém-nascido no limite de
mento é extremamente influenciável por fatores extrín- viabilidade ao qual se quer prestar cuidados intensivos
secos ao indivíduo: as experiências, os estímulos, o am- de validade questionável naquelas circunstâncias, pas-
biente, a educação, a cultura, etc., o que também acaba sando pelas pesquisas científicas que envolvem crianças
por reforçar sua evolução extremamente individualizada. e adolescentes, até a criança cujo pátrio poder pertence
Segundo Piaget, a capacidade de operar o pensa- a pais adolescentes, portanto autônomos nas decisões
mento concreto estendendo-o à compreensão do outro que lhes dizem respeito, todas estas situações, onde nem
e às possíveis consequências de boa parte dos seus atos sempre o real interesse que está em jogo é o da criança,
se aperfeiçoa na idade escolar, entre os 6 e os 11 anos de mas sim o dos responsáveis por ela, clarificam que não
vida. Este amadurecimento se completa na adolescência, há uma única resposta ou solução mágica, perfeita, para
com a capacidade crescente de abstração que a criança a questão da autonomia da criança e do adolescente.
desenvolve nesta fase da existência. Como consequência, Na realidade, o que deve existir é a construção con-
é possível admitir que é na segunda fase da adolescência, junta de uma verdade para aquele momento, amadure-
em geral a partir dos 15 anos, que o indivíduo atingiria cida no crescimento e evolução de todos: juízes e legis-
as competências necessárias para o exercício de sua au- ladores, pais ou responsáveis, médicos e profissionais
tonomia, competências estas que necessitariam apenas de saúde e, principalmente, a criança ou o adolescente,
serem lapidadas ao longo das vivências e de uma maior como parte de um processo de interação franco, since-
experiência de vida. ro, isento e realmente participativo que de fato respeite
Entretanto, isto não significa que a autonomia da a autonomia, qualquer que seja o nível de competência
criança e do adolescente só possa (ou deva) ser respeita- que a criança ou o adolescente estejam apresentando
da a partir desta fase. para tal”.
Compete ao pediatra e aos demais profissionais de
saúde, utilizando suas competências profissionais, defi- Imputabilidade penal
nir já desde os primeiros anos de vida em que etapa a
criança se encontra ao longo do seu processo evolutivo, Art. 228, CF. São penalmente inimputáveis os me-
tentando diferenciar se se está diante de uma tomada nores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação
especial.
de decisão ditada apenas pelo receio do desconhecido,
por um capricho ou vontade decorrente apenas de sua
O artigo 228, CF dispõe: “são penalmente inimputá-
visão egocêntrica, natural em determinadas idades, ou se
veis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da
a mesma já é o resultado de uma reflexão mais amadu-
legislação especial”. Percebe-se que a normativa não está
recida. São estes extremos que dão a entender a ampla
no rol de cláusulas pétreas, razão pela qual seria possível
gama de estágios de desenvolvimento, portanto de au-
uma emenda constitucional que alterasse a menoridade
tonomia, que entre eles podem se apresentar. [...]
penal. Inclusive, há projetos de lei neste sentido.
Novamente, cabe enfatizar que o risco que se corre
ao se utilizar definições bastante precisas como estas é o Comentários à lei
de acabar classificando um indivíduo de maneira dicotô-
mica, no caso específico da autonomia, como sendo ca- Parte geral
paz ou incapaz, desistindo assim de uma possível análise
de sua real capacidade. Título I
Consequentemente, a ausência de uma ou de mais Das Disposições Preliminares
das características anteriormente citadas não deve ser
utilizada para qualificar a criança ou o adolescente como Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

incapaz. Deve, isto sim, servir de embasamento para que criança e ao adolescente.
se possa tentar entender como suas decisões se origi- O princípio da proteção integral se associa ao princí-
naram. pio da prioridade absoluta, colacionado no artigo 4º do
Em face de situações específicas, individualizadas, ECA e no artigo 227, CF. “Com a positivação desse prin-
como ocorre no dia-a-dia da prática pediátrica, esta é a cípio tem-se também a positivação da proteção integral,
única forma que o profissional tem de realmente respei- que se opõe à antiga e superada doutrina da situação
tar a autonomia da criança ou do adolescente. irregular, que era prevista no antigo Código de Menores
A interpretação adequada da legislação e o dimen- e especificava que sua incidência se restringia aos me-
sionamento correto da decisão dos pais ou responsáveis nores em situação irregular, apresentando um conjunto
dependerão fundamentalmente deste tipo de análise da de normas destinadas ao tratamento e prevenção dessas
autonomia da criança ou adolescente. Deste modo, mes- situações”12.
mo que resulte em situações de conflito entre as posi-
ções, servirá de embasamento para um trabalho, muitas 12 DEZEM, Guilherme Madeira; AGUIRRE, João Ricardo
vezes exaustivo, de apresentação, de reflexão e de dis- Brandão; FULLER, Paulo Henrique Aranda. Estatuto da Criança e
do Adolescente. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009. (Coleção
cussão de argumentos e fatos, capaz de conduzir a uma
Elementos do Direito)

6
Basicamente, tinha-se na doutrina da situação irregu- camente no que se refere ao Estado, mostra-se essencial
lar que era necessário disciplinar um estatuto jurídico da que ele desenvolve políticas públicas adequadas em res-
criança e do adolescente que apenas abordasse situa- peito à peculiar condição do infante.
ções em que ele estivesse irregular, seja por uma despro- “O Direito da Criança e do Adolescente deve ter con-
teção, como no caso de abandono, ou pela violação da dições suficientemente próprias de promoção e concre-
lei, como nos casos de atos infracionais. tização de direitos. Para isso deve-se desvencilhar do
Entretanto, o direito evoluiu e passou a contemplar dogmatismo e do mero positivismo jurídico acrítico. O
uma noção de proteção mais ampla da criança e do ado- Direito da Criança e do Adolescente enquanto ramo au-
lescente, que não apenas abordasse situações de irregu- tônomo do direito é responsável por ressignificar a atua-
ção estatal, principalmente no campo das políticas públi-
laridade (embora ainda o fizesse), mas que abrangesse
cas e impõe corresponsabilidades compartilhadas”13.
todo o arcabouço jurídico protetivo da criança e do ado-
Vale ressaltar que às crianças e aos adolescentes são
lescente.
garantidos os mesmos direitos fundamentais que aos
adultos, entretanto, o ECA aprofunda alguns direitos
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, fundamentais em espécie, abordando-os na vertente da
a pessoa até doze anos de idade incompletos, e ado- condição especial dos que pertencem a este grupo.
lescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. As crianças e adolescentes gozam de igualdade de
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica- direitos em relação às demais pessoas, podendo usufruir
-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre de todos eles. O próprio estatuto contempla em seu título
dezoito e vinte e um anos de idade. II os direitos fundamentais da criança e do adolescente,
O Estatuto da Criança e do Adolescente opta por ca- entre eles incluindo-se: vida, saúde, liberdade, respeito,
tegorizar separadamente estas duas categorias de me- dignidade, convivência familiar e comunitária, educação,
nores. Criança é aquele que tem até 12 anos de idade (na cultura, esporte, lazer, profissionalização e proteção no
data de aniversário de 12 anos, passa a ser adolescente), trabalho. Não se trata de rol taxativo de direitos funda-
adolescente é aquele que tem entre 12 e 18 anos (na mentais garantidos à criança e ao adolescente, eis que
data de aniversário de 18 anos, passa a ser maior). Em ele possui todos os direitos humanos e fundamentais
situações excepcionais o ECA se aplica ao maior de 18 que as demais pessoas. O título II do ECA tem por ob-
anos, até os 21 anos de idade, por exemplo, no caso do jetivo aprofundar especificidades acerca de algumas das
menor infrator sujeito a internação em fundação CASA categorias de direitos fundamentais assegurados à crian-
que tenha 17 anos e 11 meses na data do ato infracional ça e ao adolescente.
poderá ficar detido até o limite de seus 20 anos e 11 Deste artigo 3º do ECA é possível, ainda, extrair o des-
meses (eis que 3 anos é o tempo máximo de internação). taque ao princípio da igualdade, no sentido de que há
plena igualdade na garantia de direitos entre todas as
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os di- crianças e adolescentes, não sendo permitido qualquer
tipo de discriminação.
reitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem
prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, as-
A leitura dos artigos 4º e 5º, em conjunto com outros
segurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas
dispositivos do ECA, por sua vez, permite detectar a pre-
as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar sença de um tríplice sistema de garantias.
o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e Assim, o Estatuto da Criança e do Adolescente adota
social, em condições de liberdade e de dignidade. uma estrutura que contempla três sistemas de garantia –
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei primário, secundário e terciário.
aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem a) Sistema primário – artigos 4º e 87, ECA – aborda
discriminação de nascimento, situação familiar, idade, políticas públicas de atendimento de crianças e adoles-
sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, centes.
condição pessoal de desenvolvimento e aprendiza-
gem, condição econômica, ambiente social, região e Art. 4º É dever da família, da comunidade, da socieda-
local de moradia ou outra condição que diferencie as de em geral e do poder público assegurar, com abso-
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem. luta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte,
O artigo 3º volta-se à concretização dos direitos da ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,
criança e do adolescente. Concretização significa viabili- ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e co-
zação prática, consecução real dos fins que a lei descreve. munitária.
Como se percebe pela leitura até o momento, o legisla- Parágrafo único. A garantia de prioridade compreen-
dor brasileiro preocupou-se em elaborar uma legislação de:
cujo objetivo é concretizar estes direitos da criança e do a) primazia de receber proteção e socorro em quais-
adolescente. Entretanto, a lei é apenas uma carta de in- quer circunstâncias;
tenções. É necessário colocar seu conteúdo em prática, b) precedência de atendimento nos serviços públicos
ou de relevância pública;
porque sozinha ela nada faz.
c) preferência na formulação e na execução das políti-
A implementação na prática dos direitos da criança e
cas sociais públicas;
do adolescente depende da adoção de posturas por par-
te de todos aqueles colocados como responsáveis para 13 http://t.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.as-
tanto: Estado, sociedade, comunidade e família. Especifi- p?id=2236

7
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas pio da prioridade absoluta na vertente da priorização
áreas relacionadas com a proteção à infância e à juven- na adoção de políticas públicas e na delimitação de
tude. recursos financeiros para execução de tais políticas.
O artigo 4º do ECA colaciona em seu caput teor idên-
tico ao do caput do artigo 227, CF, onde se encontra b) Sistema secundário – artigos 98 e 101, ECA –
uma das principais diretrizes do direito da criança e do aborda as medidas de proteção destinadas à criança e ao
adolescente que é o princípio da prioridade absoluta. adolescente em situação de risco pessoal ou social.
Significa que cada criança e adolescente deve receber Obs.: as medidas de proteção são estudadas adiante
tratamento especial do Estado e ser priorizado em suas neste material.
políticas públicas, pois são o futuro do país e as bases de c) Sistema terciário – artigo 112, ECA – aborda as
construção da sociedade. medidas socioeducativas, destinadas à responsabilização
Explica Liberati14: “Por absoluta prioridade, devemos penal do adolescente infrator, isto é, àquele entre 12 e 18
entender que a criança e o adolescente deverão estar em anos que comete atos infracionais.
primeiro lugar na escala de preocupação dos governan- Obs.: as medidas socioeducativas são estudadas
tes; devemos entender que, primeiro, devem ser atendi- adiante neste material.
das todas as necessidades das crianças e adolescentes O sistema tríplice deve operar de forma harmônica,
[...]. Por absoluta prioridade, entende-se que, na área com o acionamento gradual de cada um deles. Nas situa-
administrativa, enquanto não existirem creches, escolas, ções em que a criança ou adolescente escape ao sistema
postos de saúde, atendimento preventivo e emergencial primário de prevenção, ou seja, nos casos de ineficácia
às gestantes dignas moradias e trabalho, não se deveria das políticas públicas específicas, deve ser acionado o
asfaltar ruas, construir praças, sambódromos monumen- sistema secundário, operado predominantemente pelo
tos artísticos etc., porque a vida, a saúde, o lar, a preven- Conselho Tutelas. Por sua vez, em casos extremos, é ne-
ção de doenças são importantes que as obras de concre- cessário partir para a adoção de medidas socioeducati-
to que ficam par a demonstrar o poder do governante”. vas, operadas predominantemente pelo Ministério Públi-
O parágrafo único do artigo 4º especifica a abrangên- co e pelo Judiciário.
cia da absoluta prioridade, esclarecendo que é necessário
conferir atendimento prioritário às crianças e aos adoles- Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto
centes diante de situações de perigo e risco (como no de qualquer forma de negligência, discriminação, ex-
salvamento em incêndios e enchentes, etc.), bem como ploração, violência, crueldade e opressão, punido na
nos serviços públicos em geral (chegada aos hospitais, forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão,
por exemplo). Além disso, devem ser priorizadas políti- aos seus direitos fundamentais.
cas públicas que favoreçam a criança e o adolescente e
também devem ser reservados recursos próprios priori- O artigo 5º ressalta o verdadeiro objetivo geral do
tariamente a eles. ECA: proteger a criança de qualquer forma de negli-
gência, discriminação, exploração, violência, crueldade
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento: e opressão. Neste sentido, coloca-se a possibilidade de
I - políticas sociais básicas; responsabilização de todos que atentarem contra esse
II - serviços, programas, projetos e benefícios de assis- propósito. A responsabilização poderá se dar em qual-
tência social de garantia de proteção social e de pre- quer uma das três esferas, isolada ou cumulativamente:
venção e redução de violações de direitos, seus agra- penal, respondendo por crimes e contravenções penais
vamentos ou reincidências; todo aquele que praticá-lo contra criança e adolescente,
III - serviços especiais de prevenção e atendimento bem como respondendo por atos infracionais as crianças
médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus- e adolescentes que atentarem um contra o outro; civil,
-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão; estabelecendo-se o dever de indenizar por danos cau-
IV - serviço de identificação e localização de pais, res- sados a crianças e a adolescentes, que se estende a toda
ponsável, crianças e adolescentes desaparecidos; e qualquer pessoa física ou jurídica que o faça, inclusive
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa o próprio Estado; e administrativa, impondo-se penas
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

dos direitos da criança e do adolescente. disciplinares a funcionários sujeitos a regime jurídico ad-
VI - políticas e programas destinados a prevenir ou ministrativo em trabalhos privados ou em cargos, empre-
abreviar o período de afastamento do convívio fami- gos e funções públicos.
liar e a garantir o efetivo exercício do direito à convi-
vência familiar de crianças e adolescentes; Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em con-
VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob for- ta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do
ma de guarda de crianças e adolescentes afastados bem comum, os direitos e deveres individuais e coleti-
do convívio familiar e à adoção, especificamente inter- vos, e a condição peculiar da criança e do adolescente
-racial, de crianças maiores ou de adolescentes, com como pessoas em desenvolvimento.
necessidades específicas de saúde ou com deficiências
e de grupos de irmãos. É pacífico que o processo de interpretação hoje faz
O artigo 87 descreve linhas de ação na política de parte do Direito, principalmente se considerada a cons-
atendimento, que compõem a delimitação do princí- tante evolução da sociedade, demandando diariamente
por novos modos de aplicação das normas. Como a so-
14 LIBERATI, Wilson Donizeti. O Estatuto da Criança e do
ciedade é dinâmica e o Direito existe para servi-la, cabe a
Adolescente: Comentários. São Paulo: IBPS.

8
ele adequar-se às novas exigências sociais, aplicando-se nejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição ade-
da maneira mais justa à vasta gama de casos concretos. quada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao
Sobre a interpretação, explica Gonçalves15: “Quando o puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-
fato é típico e se enquadra perfeitamente no conceito -natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde.
abstrato da norma, dá-se o fenômeno da subsunção. Há § 1º O atendimento pré-natal será realizado por pro-
casos, no entanto, em que tal enquadramento não ocor- fissionais da atenção primária.
re, não encontrando o juiz nenhuma norma aplicável à § 2º Os profissionais de saúde de referência da ges-
hipótese sub judice. Deve, então, proceder à integração tante garantirão sua vinculação, no último trimestre
normativa, mediante o emprego da analogia, dos costu- da gestação, ao estabelecimento em que será reali-
mes e dos princípios gerais do direito. [...] Para verificar zado o parto, garantido o direito de opção da mulher.
se a norma é aplicável ao caso em julgamento (subsun- § 3º Os serviços de saúde onde o parto for realizado
ção) ou se deve proceder à integração normativa, o juiz assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nas-
procura descobrir o sentido da norma, interpretando-a. cidos alta hospitalar responsável e contrarreferência
Interpretar é descobrir o sentido e o alcance da norma na atenção primária, bem como o acesso a outros ser-
jurídica”. viços e a grupos de apoio à amamentação.
A hermenêutica possui 3 categorias de métodos. § 4º Incumbe ao poder público proporcionar assistên-
Quanto às fontes ou origem, a interpretação pode ser cia psicológica à gestante e à mãe, no período pré e
autêntica ou legislativa, jurisprudencial ou judicial e dou- pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou mino-
trinária. Quanto aos meios, pode ser gramatical ou literal, rar as consequências do estado puerperal.
examinando o texto normativo linguísticamente; lógica § 5º A assistência referida no § 4º deste artigo deverá
ou racional, apurando o sentido e a finalidade da nor- ser prestada também a gestantes e mães que mani-
ma; sistemática, analisando a lei de maneira compara- festem interesse em entregar seus filhos para adoção,
tiva com outras leis pertencentes à mesma província do bem como a gestantes e mães que se encontrem em
Direito (livro, título, capítulo, seção, parágrafo); histórica, situação de privação de liberdade.
baseando-se na verificação dos antecedentes do proces- § 6º A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um)
so legislativo; sociológica, adaptando o sentido ou fi- acompanhante de sua preferência durante o período
nalidade da norma às novas exigências sociais (artigo do pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto ime-
5°, LINDB). Quanto aos resultados pode ser declarativa, diato.
§ 7º A gestante deverá receber orientação sobre alei-
quando o texto legal corresponde ao pensamento do le-
tamento materno, alimentação complementar sau-
gislador; extensiva ou ampliativa, quando o alcance da lei
dável e crescimento e desenvolvimento infantil, bem
é mais amplo que o indicado pelo seu texto; e restritiva,
como sobre formas de favorecer a criação de vínculos
na qual se limita o campo de aplicação da lei. Nenhum
afetivos e de estimular o desenvolvimento integral da
destes métodos se opera isoladamente16.
criança.
O artigo 6º do ECA, tal como o artigo 5º da LINDB, ex-
§ 8º A gestante tem direito a acompanhamento sau-
pressa o método de interpretação sociológico, chaman-
dável durante toda a gestação e a parto natural cui-
do atenção à interpretação da lei levando em conta os dadoso, estabelecendo-se a aplicação de cesariana e
seus fins sociais, as exigências do bem comum, os direi- outras intervenções cirúrgicas por motivos médicos.
tos e deveres individuais e coletivos, e vai além: exige que § 9º A atenção primária à saúde fará a busca ativa
se leve em conta a condição peculiar da criança e do da gestante que não iniciar ou que abandonar as con-
adolescente. Logo, ao se interpretar o ECA não se pode sultas de pré-natal, bem como da puérpera que não
nunca perder de vista que o seu objeto material, a crian- comparecer às consultas pós-parto.
ça e o adolescente, é extremamente peculiar, dotado de § 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestan-
especificidades as quais sempre se deve atentar. te e à mulher com filho na primeira infância que se
encontrem sob custódia em unidade de privação de
liberdade, ambiência que atenda às normas sanitá-
Título II rias e assistenciais do Sistema Único de Saúde para o
Dos Direitos Fundamentais acolhimento do filho, em articulação com o sistema
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

de ensino competente, visando ao desenvolvimento


Capítulo I integral da criança.
Do Direito à Vida e à Saúde
Art. 8º-A. Fica instituída a Semana Nacional de Pre-
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a prote- venção da Gravidez na Adolescência, a ser realizada
ção à vida e à saúde, mediante a efetivação de polí- anualmente na semana que incluir o dia 1º de feve-
ticas sociais públicas que permitam o nascimento e reiro, com o objetivo de disseminar informações so-
o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições bre medidas preventivas e educativas que contribuam
dignas de existência. para a redução da incidência da gravidez na adoles-
cência.(Incluído pela Lei nº 13.798, de 2019)
Art. 8º É assegurado a todas as mulheres o acesso aos Parágrafo único. As ações destinadas a efetivar o dis-
programas e às políticas de saúde da mulher e de pla- posto no caput deste artigo ficarão a cargo do poder
público, em conjunto com organizações da socieda-
15 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. 9.
de civil, e serão dirigidas prioritariamente ao público
ed. São Paulo: Saraiva, 2011, v. 1.
adolescente. (Incluído pela Lei nº 13.798, de 2019)
16 Ibid.

9
Art. 9º O poder público, as instituições e os emprega- condições para a permanência em tempo integral de
dores propiciarão condições adequadas ao aleitamen- um dos pais ou responsável, nos casos de internação
to materno, inclusive aos filhos de mães submetidas a de criança ou adolescente.
medida privativa de liberdade.
§ 1º Os profissionais das unidades primárias de saúde Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de cas-
desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou cole- tigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de
tivas, visando ao planejamento, à implementação e à maus-tratos contra criança ou adolescente serão obri-
avaliação de ações de promoção, proteção e apoio ao gatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da
aleitamento materno e à alimentação complementar respectiva localidade, sem prejuízo de outras provi-
saudável, de forma contínua. dências legais.
§ 2º Os serviços de unidades de terapia intensiva ne- § 1º As gestantes ou mães que manifestem interesse
onatal deverão dispor de banco de leite humano ou em entregar seus filhos para adoção serão obrigato-
unidade de coleta de leite humano. riamente encaminhadas, sem constrangimento, à Jus-
tiça da Infância e da Juventude.
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de § 2º Os serviços de saúde em suas diferentes portas
atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, de entrada, os serviços de assistência social em seu
são obrigados a: componente especializado, o Centro de Referência Es-
I - manter registro das atividades desenvolvidas, atra- pecializado de Assistência Social (Creas) e os demais
vés de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito órgãos do Sistema de Garantia de Direitos da Criança
anos; e do Adolescente deverão conferir máxima prioridade
II - identificar o recém-nascido mediante o registro de ao atendimento das crianças na faixa etária da pri-
sua impressão plantar e digital e da impressão digital meira infância com suspeita ou confirmação de vio-
da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas lência de qualquer natureza, formulando projeto tera-
pela autoridade administrativa competente;
pêutico singular que inclua intervenção em rede e, se
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e tera-
necessário, acompanhamento domiciliar.
pêutica de anormalidades no metabolismo do recém-
-nascido, bem como prestar orientação aos pais;
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá pro-
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem
gramas de assistência médica e odontológica para a
necessariamente as intercorrências do parto e do de-
prevenção das enfermidades que ordinariamente afe-
senvolvimento do neonato;
tam a população infantil, e campanhas de educação
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao ne-
sanitária para pais, educadores e alunos.
onato a permanência junto à mãe.
§ 1º É obrigatória a vacinação das crianças nos casos
VI - acompanhar a prática do processo de amamenta-
ção, prestando orientações quanto à técnica adequa- recomendados pelas autoridades sanitárias.
da, enquanto a mãe permanecer na unidade hospita- § 2º O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção
lar, utilizando o corpo técnico já existente. à saúde bucal das crianças e das gestantes, de forma
Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cui- transversal, integral e intersetorial com as demais li-
dado voltadas à saúde da criança e do adolescente, nhas de cuidado direcionadas à mulher e à criança.
por intermédio do Sistema Único de Saúde, observado § 3º A atenção odontológica à criança terá função edu-
o princípio da equidade no acesso a ações e serviços cativa protetiva e será prestada, inicialmente, antes de
para promoção, proteção e recuperação da saúde. o bebê nascer, por meio de aconselhamento pré-natal,
§ 1º A criança e o adolescente com deficiência serão e, posteriormente, no sexto e no décimo segundo anos
atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas de vida, com orientações sobre saúde bucal.
necessidades gerais de saúde e específicas de habilita- § 4º A criança com necessidade de cuidados odonto-
ção e reabilitação. lógicos especiais será atendida pelo Sistema Único de
§ 2º Incumbe ao poder público fornecer gratuitamen- Saúde.
§ 5º É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

te, àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses,


próteses e outras tecnologias assistivas relativas ao seus primeiros dezoito meses de vida, de protocolo ou
tratamento, habilitação ou reabilitação para crianças outro instrumento construído com a finalidade de fa-
e adolescentes, de acordo com as linhas de cuidado cilitar a detecção, em consulta pediátrica de acompa-
voltadas às suas necessidades específicas. nhamento da criança, de risco para o seu desenvolvi-
§ 3º Os profissionais que atuam no cuidado diário ou mento psíquico.
frequente de crianças na primeira infância receberão
formação específica e permanente para a detecção de Capítulo II
sinais de risco para o desenvolvimento psíquico, bem Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade
como para o acompanhamento que se fizer necessá-
rio. Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liber-
dade, ao respeito e à dignidade como pessoas huma-
Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, nas em processo de desenvolvimento e como sujeitos
inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva de direitos civis, humanos e sociais garantidos na
e de cuidados intermediários, deverão proporcionar Constituição e nas leis.

10
Entre os direitos fundamentais garantidos à criança Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família amplia-
e ao adolescente que são especificados e aprofundados da, os responsáveis, os agentes públicos executores de
no ECA estão os direitos à liberdade, ao respeito e à dig- medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarre-
nidade. gada de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-
-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo
Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes físico ou tratamento cruel ou degradante como formas
aspectos: de correção, disciplina, educação ou qualquer outro
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras san-
comunitários, ressalvadas as restrições legais; ções cabíveis, às seguintes medidas, que serão aplica-
II - opinião e expressão; das de acordo com a gravidade do caso:
III - crença e culto religioso; I - encaminhamento a programa oficial ou comunitá-
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; rio de proteção à família;
V - participar da vida familiar e comunitária, sem dis- II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psi-
criminação; quiátrico;
VI - participar da vida política, na forma da lei; III - encaminhamento a cursos ou programas de orien-
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. tação;
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento
O artigo 16 aborda diversas facetas do direito de li- especializado;
berdade: locomoção, opinião e expressão, religiosa e po- V - advertência.
lítica. Cria, ainda, duas facetes específicas deste direito: Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo se-
liberdade para brincar e divertir-se e liberdade para bus- rão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de
car refúgio, auxílio e orientação, processos estes essen- outras providências legais.
ciais para o desenvolvimento do infante.
Os artigos 18-A e 18-B foram incluídos no ECA pela
Lei nº 13.010, de 26 de junho de 2014, que estabelece o
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilida-
direito da criança e do adolescente de serem educados e
de da integridade física, psíquica e moral da criança
cuidados sem o uso de castigos físicos ou de tratamento
e do adolescente, abrangendo a preservação da ima-
cruel ou degradante. Também ficou conhecida como “Lei
gem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias
do Menino Bernardo”17 e “Lei da Palmada”.
e crenças, dos espaços e objetos pessoais.
Em que pesem as aparentes boas intenções da lei no
sentido de evitar situações extremas como a do menino
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da crian-
Bernardo, assassinado após incontáveis ameaças e agres-
ça e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tra- sões físicas por parte de seus responsáveis, seu conteúdo
tamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório é bastante criticado. Afinal, é claro que a lei coloca todo
ou constrangedor. e qualquer tipo de agressão física no mesmo patamar.
Considerado o teor da lei, mesmo uma palmada numa
Os direitos ao respeito e à dignidade abrangem a criança é proibida.
proteção da criança e do adolescente em todas facetas Os críticos da “Lei da Palmada” apontam que ela adota
de sua integridade: física, psíquica e moral. uma posição extrema e impõe uma indevida intervenção
do Estado nos ambientes familiares, retirando o poder
disciplinar garantido aos pais na educação de seus filhos.
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de Os defensores da “Lei da Palmada” utilizam estudos
ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico de psicólogos e educadores para argumentar que não é
ou de tratamento cruel ou degradante, como formas necessário utilizar qualquer tipo de agressão física, mes-
de correção, disciplina, educação ou qualquer outro mo a mais leve, para educar uma criança.
pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família am-
pliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos exe- Capítulo III
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

cutores de medidas socioeducativas ou por qualquer Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária


pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-
-los ou protegê-los. Seção I
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: Disposições Gerais
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou puni-
tiva aplicada com o uso da força física sobre a criança Quando se aborda o direito à convivência familiar e
ou o adolescente que resulte em: comunitária no ECA confere-se destaque à distinção en-
a) sofrimento físico; ou tre família natural e substituta e aos procedimentos que
b) lesão; caracterizam a inserção e a retirada da criança e do ado-
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma lescente destes ambientes.
cruel de tratamento em relação à criança ou ao ado-
lescente que: 17 O nome da lei é uma homenagem ao menino Bernardo
a) humilhe; ou Boldrini, morto em abril de 2014, aos 11 anos, em Três Passos (RS).
b) ameace gravemente; ou Os acusados são o pai e a madrasta do menino, com ajuda de uma
c) ridicularize. amiga e do irmão dela. Segundo as investigações, Bernardo procu-
rou ajuda para denunciar as ameaças que sofria.

11
Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado mãe, mediante sua expressa concordância, à rede pú-
e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, blica de saúde e assistência social para atendimento
em família substituta, assegurada a convivência fa- especializado.
miliar e comunitária, em ambiente que garanta seu § 3o A busca à família extensa, conforme definida nos
desenvolvimento integral. termos do parágrafo único do art. 25 desta Lei, respei-
§ 1o Toda criança ou adolescente que estiver inserido tará o prazo máximo de 90 (noventa) dias, prorrogável
em programa de acolhimento familiar ou institucio- por igual período.
nal terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada § 4o Na hipótese de não haver a indicação do genitor
3 (três) meses, devendo a autoridade judiciária com- e de não existir outro representante da família exten-
petente, com base em relatório elaborado por equipe sa apto a receber a guarda, a autoridade judiciária
interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma competente deverá decretar a extinção do poder fami-
fundamentada pela possibilidade de reintegração fa- liar e determinar a colocação da criança sob a guarda
provisória de quem estiver habilitado a adotá-la ou
miliar ou pela colocação em família substituta, em
de entidade que desenvolva programa de acolhimento
quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta
familiar ou institucional.
Lei.
§ 5o Após o nascimento da criança, a vontade da mãe
§ 2o A permanência da criança e do adolescente em ou de ambos os genitores, se houver pai registral ou
programa de acolhimento institucional não se prolon- pai indicado, deve ser manifestada na audiência a que
gará por mais de 18 (dezoito meses), salvo comprova- se refere o § 1o do art. 166 desta Lei, garantido o sigilo
da necessidade que atenda ao seu superior interesse, sobre a entrega.
devidamente fundamentada pela autoridade judiciá- § 6o (VETADO).
ria. § 7o Os detentores da guarda possuem o prazo de 15
§ 3º A manutenção ou a reintegração de criança ou (quinze) dias para propor a ação de adoção, contado
adolescente à sua família terá preferência em relação do dia seguinte à data do término do estágio de con-
a qualquer outra providência, caso em que será esta vivência.
incluída em serviços e programas de proteção, apoio e § 8o Na hipótese de desistência pelos genitores - ma-
promoção, nos termos do § 1o do art. 23, dos incisos I nifestada em audiência ou perante a equipe interpro-
e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do caput fissional - da entrega da criança após o nascimento,
do art. 129 desta Lei. a criança será mantida com os genitores, e será de-
§ 4º Será garantida a convivência da criança e do ado- terminado pela Justiça da Infância e da Juventude o
lescente com a mãe ou o pai privado de liberdade, por acompanhamento familiar pelo prazo de 180 (cento
meio de visitas periódicas promovidas pelo respon- e oitenta) dias.
sável ou, nas hipóteses de acolhimento institucional, § 9o É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o nasci-
pela entidade responsável, independentemente de au- mento, respeitado o disposto no art. 48 desta Lei.
torização judicial. § 10. (VETADO).
§ 5o Será garantida a convivência integral da criança O artigo 19-A trata do procedimento aplicável nos
com a mãe adolescente que estiver em acolhimento casos em que a família biológica pretenda entregar
institucional. recém-nascido para adoção, assegurando-se o acom-
§ 6o A mãe adolescente será assistida por equipe espe- panhamento por equipe multidisciplinar e também a
cializada multidisciplinar. tomada de providências de busca de pessoa da família
extensa apta a assumir o encargo.
Como se depreende do artigo 19, a família natural é
Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa de
a regra e a família substituta é a exceção. A criança e o
acolhimento institucional ou familiar poderão partici-
adolescente podem ser inseridos em programa de aco- par de programa de apadrinhamento.
lhimento familiar ou institucional, pelo limite temporal § 1o O apadrinhamento consiste em estabelecer e pro-
de 18 meses, cujo caráter é o de permitir a sua retirada porcionar à criança e ao adolescente vínculos externos
de potencial ou efetiva situação de risco. Durante este à instituição para fins de convivência familiar e comu-
programa, reavaliado a cada 3 meses, se verificará se é nitária e colaboração com o seu desenvolvimento nos
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

possível a reinserção no ambiente da família natural (o aspectos social, moral, físico, cognitivo, educacional e
que é preferencial) ou se é o caso de colocação definitiva financeiro.
em família substituta. § 2o (VETADO).
§ 3o Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança ou
Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste interesse adolescente a fim de colaborar para o seu desenvol-
em entregar seu filho para adoção, antes ou logo após vimento.
o nascimento, será encaminhada à Justiça da Infância § 4o O perfil da criança ou do adolescente a ser apa-
e da Juventude. drinhado será definido no âmbito de cada programa
§ 1o A gestante ou mãe será ouvida pela equipe inter- de apadrinhamento, com prioridade para crianças ou
profissional da Justiça da Infância e da Juventude, que adolescentes com remota possibilidade de reinserção
apresentará relatório à autoridade judiciária, conside- familiar ou colocação em família adotiva.
rando inclusive os eventuais efeitos do estado gesta- § 5o Os programas ou serviços de apadrinhamento
cional e puerperal. apoiados pela Justiça da Infância e da Juventude po-
§ 2o De posse do relatório, a autoridade judiciária po- derão ser executados por órgãos públicos ou por orga-
derá determinar o encaminhamento da gestante ou nizações da sociedade civil.

12
§ 6o Se ocorrer violação das regras de apadrinhamen- O instituto do poder familiar surgiu no direito roma-
to, os responsáveis pelo programa e pelos serviços de no e era conhecido naquela época como pátrio poder,
acolhimento deverão imediatamente notificar a auto- pois o pai exercia mais poderes sobre os filhos do que a
ridade judiciária competente. mãe, o que vinha a representar um poder absoluto por
Os programas de apadrinhamento visam permitir a parte do genitor, inclusive sobre a vida e a morte dos
convivência comunitária da criança e do adolescente próprios filhos18.
que estão no sistema de adoção, especialmente com O Código Civil de 1916 atribuiu o poder familiar ao
relação àqueles que dificilmente sairão dele. pai, que era considerado o chefe da sociedade conjugal,
e a mãe possuía um papel secundário, conforme apon-
Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do ca- tava o artigo 380 do Código Civil de 1916 que dizia que
samento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e “durante o casamento compete o pátrio poder aos pais,
qualificações, proibidas quaisquer designações discri- exercendo-o o marido com a colaboração da mulher [...]”.
minatórias relativas à filiação. De acordo com Santos Neto19: “[...] o exercício da
O artigo 20 destaca a igualdade entre todos os filhos, autoridade parental pela mãe era admitido apenas em
sejam eles havidos dentro ou fora do casamento, se- caráter excepcional. Ao homem era dada, em condições
jam eles inseridos em família natural ou substituta. normais, a titularidade exclusiva do direito em pauta. Sua
vontade prevalecia e contra ela não havia remédio pre-
A disciplina sobre a perda e suspensão do poder de visto, salvo, é claro, no caso de comportamento abusivo
família no ECA se encontra em dois blocos, o primeiro e contrário aos interesses dos menores”.
do artigo 21 ao 24, que aborda questões materiais, e O Código Civil de 2002, por seu turno, seguindo a
o segundo do artigo 155 a 163, que foca em questões toada da Constituição Federal de 1988, trouxe significati-
procedimentais: vas modificações ao instituto em análise, surgindo então
o chamado poder familiar, onde ambos os pais exercem
Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de forma igualitária o poder sobre os filhos menores,
equilibrando dessa forma a relação familiar.
de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que
O artigo 1.630 do atual Código Civil, sem definir o po-
dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer de-
der familiar, dispõe que “os filhos estão sujeitos ao poder
les o direito de, em caso de discordância, recorrer à
familiar enquanto menores”, ou seja, enquanto não com-
autoridade judiciária competente para a solução da
pletarem dezoito anos ou não alcançarem a maioridade
divergência.
civil por meio de uma das formas previstas no artigo 5º,
parágrafo único e seus incisos, do mesmo diploma legal.
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda
No mesmo sentido, o citado artigo 21, ECA.
e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda,
O poder familiar, conhecido também como autorida-
no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer de parental, é um conjunto de direitos e deveres que são
cumprir as determinações judiciais. atribuídos aos pais para que esses administrem de forma
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, legal a pessoa dos filhos e também de seus bens.
têm direitos iguais e deveres e responsabilidades com- “O poder familiar pode ser definido como um con-
partilhados no cuidado e na educação da criança, de- junto de direitos e obrigações, quanto às pessoas e bens
vendo ser resguardado o direito de transmissão fami- do filho menor não emancipado, exercido, em igualdade
liar de suas crenças e culturas, assegurados os direitos de condições, por ambos os pais, para que possam de-
da criança estabelecidos nesta Lei. sempenhar os encargos que a norma jurídica lhes impõe,
tendo em vista o interesse e a proteção do filho”20.
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não
constitui motivo suficiente para a perda ou a suspen- Artigo 1.634, CC. Compete aos pais, quanto à pessoa
são do poder familiar. dos filhos menores:
§ 1º Não existindo outro motivo que por si só autorize I – dirigir-lhes a criação e educação;
a decretação da medida, a criança ou o adolescente II – tê-los em sua companhia e guarda;
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

será mantido em sua família de origem, a qual deverá III – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para
obrigatoriamente ser incluída em serviços e progra- casarem;
mas oficiais de proteção, apoio e promoção. IV – nomear-lhes tutor por testamento ou documento
§ 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o
implicará a destituição do poder familiar, exceto na sobrevivo não puder exercer o poder familiar;
hipótese de condenação por crime doloso sujeito à V – representá-los, até aos dezesseis anos, nos atos da
pena de reclusão contra outrem igualmente titular do vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em
mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro que forem partes, suprindo-lhes o consentimento;
descendente. VI – reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;

Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão 18 AKEL, Ana Carolina Silveira. Guarda Compartilhada: um
decretadas judicialmente, em procedimento contradi- Avanço para a Família. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
tório, nos casos previstos na legislação civil, bem como 19 SANTOS NETO, José Antônio de Paula. Do Pátrio Poder.
na hipótese de descumprimento injustificado dos de- São Paulo: Revista dos Tribunais, 1994.
veres e obrigações a que alude o art. 22. 20 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro:
Direito de Família. 22. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. v. 5.

13
VII – exigir que lhes prestem obediência, respeito e os Assim sendo, os pais podem ser suspensos de exer-
serviços próprios de sua idade e condição. cer os direitos e deveres decorrentes do poder familiar
quando ficar evidenciado perante a autoridade compe-
Em relação às suas características, o poder familiar é tente o abuso. Como visto, existe, também, a probabili-
indisponível e decorre da paternidade natural ou legal, dade de se decretar a suspensão do poder familiar, caso
por isso, não há a possibilidade de seu titular o transferir um dos pais seja condenado por crime cuja pena exceda
a terceiros por iniciativa própria, tampouco existindo a a dois anos de prisão.
viabilidade de ocorrer a sua prescrição pelo desuso. O Há, ainda, as hipóteses de perda ou destituição do
poder familiar é indelegável, sendo, em regra, irrenunciá- poder familiar, que é a sanção mais grave imposta aos
vel e sempre intransferível. Logo, não sendo possível ao pais que faltarem com os deveres em relação aos filhos:
titular do poder familiar abrir mão de seu dever, a renún-
cia é inviável, existindo apenas uma exceção, qual seja, a Artigo 1.638, CC. Perderá por ato judicial o poder fa-
decorrente da adoção. miliar o pai ou a mãe que:
Existe apenas uma exceção, que é o caso do pedido I – castigar imoderadamente o filho;
de colocação do menor em família substituta, disponi- II – deixar o filho em abandono;
bilizando o filho para a adoção, caso em que os direitos III – praticar atos contrários à moral e aos bons cos-
e deveres decorrentes do poder familiar serão exercidos tumes;
por novos titulares, ou seja, pelos pais adotivos. IV – incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no ar-
A esse respeito, os direitos e deveres dos pais dispos- tigo antecedente.
tos nos artigos 1.630 a 1.638 do Código Civil regulam,
dentre os deveres e poderes decorrentes do poder fa- Nessa linha de pensamento, os artigos 24 e 22 do
miliar, também os de ordem pessoal, ou seja, o cuida- Estatuto da Criança e do Adolescente, citados anterior-
do existencial do menor, a educação, a correição, e os mente, além de preverem a suspensão e destituição do
de ordem material, que envolvem a administração dos poder familiar, trazem também os motivos que poderão
acarretá-las.
bens dos filhos. Os principais atributos do poder familiar
São bastante frequentes nos casos de pais que per-
são a guarda, a criação e a educação, que se refletem
dem o poder familiar os atos de violência e espancamen-
nos deveres dos pais para com os filhos; tanto que, não
to; assim como o de abandono, no qual os menores, ao
cumprindo algum desses atributos, o detentor do poder
se verem abandonados, começam a relacionar-se com
poderá sofrer sanções cíveis e até criminais.
pessoas delinquentes e usuárias de drogas, que não vão
O poder familiar, conforme disposição do próprio or-
colaborar em nada com seu desenvolvimento e cresci-
denamento civil, não é um instituto irrevogável e pode
mento. Nessas situações, os detentores do poder familiar
ser extinto, suspenso ou destituído a qualquer tempo.
podem sofrer a perda do poder familiar.
Basicamente, as formas de extinção se aplicam quando Cabe aqui consignar que, no caso da perda do poder
o exercício do poder familiar não é mais necessário; ao familiar, se no decorrer do tempo o menor não vier a
passo que as regras de perda e suspensão constituem ser adotado por outra família e as causas que levaram
casos de privação do exercício do poder familiar pelo a perda do poder desaparecerem, os genitores poderão
descumprimento de seus deveres. requerer judicialmente a reintegração do poder familiar,
Sendo assim, o Estado poderá interferir na relação desde que comprovem realmente que o motivo que os
familiar, com o objetivo de resguardar os interesses do levou a perder esse poder já não existe mais.
menor, sendo que a lei disciplina os casos em que o titu- Por seu turno, pelo que se verifica na análise da legis-
lar do poder familiar ficará privado de exercê-lo, seja de lação, quando o legislador estabeleceu as hipóteses de
forma temporária ou até mesmo definitiva. extinção do poder familiar, em regra, o fez por perceber
que a pessoa que a ele se encontrava sujeita adquiriu
Artigo 1.637, CC. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua maturidade o suficiente para guiar a sua vida, não haven-
autoridade, faltando aos deveres a eles inerentes ou do razão para que permaneça tal vínculo. Há casos, en-
arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requeren- tretanto, que a violação aos direitos inerentes ao poder
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

do algum parente, ou o Ministério Público, adotar a familiar tornou irreversível o seu restabelecimento, como
medida que lhe pareça reclamada pela segurança do ocorre na adoção.
menor e seus haveres, até suspendendo o poder fami-
liar, quando convenha. Artigo 1.635, CC. Extingue-se o poder familiar: I – pela
Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício morte dos pais ou do filho; II – pela emancipação, nos
do poder familiar ao pai ou à mãe condenados por termos do artigo 5º, parágrafo único; III – pela maio-
sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena ridade; IV – pela adoção; V – por decisão judicial, na
exceda a dois anos de prisão. forma do artigo 1.638.
Nestes casos, a suspensão não será definitiva, é ape- A extinção do poder familiar é mais complexa, pois
nas uma sanção imposta pelo Poder Judiciário visando nesta situação os pais, extintos do poder, não poderão
preservar os interesses dos filhos, assim, diante da com- requerer a reintegração do poder familiar se houve inter-
provação de que os problemas que levaram à suspensão ferência deles para sua extinção. Na maioria dos casos,
desapareceram, o poder familiar poderá retornar aos ge- é possível identificar facilmente a existência da extinção
nitores. do poder familiar, por se tratarem de hipóteses objetivas.

14
Seção II Seção III
Da Família Natural Da Família Substituta

Dos artigos 25 a 27 o ECA aborda a família natural, Subseção I


nos seguintes termos: Disposições Gerais

Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade Dos artigos 28 a 32 aborda-se a família substituta, nos
formada pelos pais ou qualquer deles e seus descen- seguintes termos:
dentes.
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á
ampliada aquela que se estende para além da unida- mediante guarda, tutela ou adoção, independente-
de pais e filhos ou da unidade do casal, formada por mente da situação jurídica da criança ou adolescente,
parentes próximos com os quais a criança ou adoles- nos termos desta Lei.
cente convive e mantém vínculos de afinidade e afe- § 1o Sempre que possível, a criança ou o adolescente
tividade. será previamente ouvido por equipe interprofissional,
respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de
A família natural é composta por pais e filhos que for- compreensão sobre as implicações da medida, e terá
mam vínculo entre si desde o nascimento, por questão sua opinião devidamente considerada.
biológica. § 2o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade,
O conceito de família pode ser visto de uma maneira será necessário seu consentimento, colhido em audi-
mais ampla, o que se denomina família extensa ou am- ência.
pliada. Por exemplo, avós e tios que sejam muito próxi- § 3o Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o
mos e participem diretamente do convívio familiar, for- grau de parentesco e a relação de afinidade ou de afe-
mando para com a criança e o adolescente vínculos de tividade, a fim de evitar ou minorar as consequências
afinidade e afetividade. decorrentes da medida.
§ 4o Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção,
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão tutela ou guarda da mesma família substituta, ressal-
ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separada- vada a comprovada existência de risco de abuso ou
mente, no próprio termo de nascimento, por testa- outra situação que justifique plenamente a excepcio-
mento, mediante escritura ou outro documento públi- nalidade de solução diversa, procurando-se, em qual-
co, qualquer que seja a origem da filiação. quer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o fraternais.
nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se § 5o A colocação da criança ou adolescente em família
deixar descendentes. substituta será precedida de sua preparação gradativa
e acompanhamento posterior, realizados pela equipe
Como o artigo 20 estabelece a igualdade entre os fi- interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da
Juventude, preferencialmente com o apoio dos técni-
lhos havidos dentro ou fora do casamento, sentido em
cos responsáveis pela execução da política municipal
que se compreende que tanto os filhos inseridos no ma-
de garantia do direito à convivência familiar.
trimônio quanto os que não o estão fazem parte da famí-
§ 6o Em se tratando de criança ou adolescente indí-
lia natural, o artigo 26 tece detalhes sobre a possibilidade
gena ou proveniente de comunidade remanescente de
de reconhecimento do vínculo de filiação, que pode se
quilombo, é ainda obrigatório:
dar antes mesmo do nascimento do filho ou extrapolar a
I - que sejam consideradas e respeitadas sua identida-
sua vida, devendo ser feito em documento público.
de social e cultural, os seus costumes e tradições, bem
como suas instituições, desde que não sejam incompa-
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é di-
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

tíveis com os direitos fundamentais reconhecidos por


reito personalíssimo, indisponível e imprescritível, po-
esta Lei e pela Constituição Federal;
dendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente
sem qualquer restrição, observado o segredo de Jus- no seio de sua comunidade ou junto a membros da
tiça. mesma etnia;
III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão
O direito à filiação é personalíssimo, indisponível e federal responsável pela política indigenista, no caso
imprescritível. Mesmo que um filho passe a vida toda ou de crianças e adolescentes indígenas, e de antropólo-
boa parte de sua vida sem buscar o seu reconhecimento, gos, perante a equipe interprofissional ou multidisci-
ele não se perde. Logo, a ação de investigação de pater- plinar que irá acompanhar o caso.
nidade é imprescritível, pois também o é o vínculo que
ela reconhece em caso de procedência. Art. 29. Não se deferirá colocação em família substitu-
ta a pessoa que revele, por qualquer modo, incompa-
tibilidade com a natureza da medida ou não ofereça
ambiente familiar adequado.

15
Art. 30. A colocação em família substituta não admiti- Art. 34. O poder público estimulará, por meio de as-
rá transferência da criança ou adolescente a terceiros sistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o aco-
ou a entidades governamentais ou não-governamen- lhimento, sob a forma de guarda, de criança ou ado-
tais, sem autorização judicial. lescente afastado do convívio familiar.
§ 1o A inclusão da criança ou adolescente em pro-
Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira gramas de acolhimento familiar terá preferência a seu
constitui medida excepcional, somente admissível na acolhimento institucional, observado, em qualquer
modalidade de adoção. caso, o caráter temporário e excepcional da medida,
nos termos desta Lei.
Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável § 2o Na hipótese do § 1o deste artigo a pessoa ou casal
prestará compromisso de bem e fielmente desempe- cadastrado no programa de acolhimento familiar po-
nhar o encargo, mediante termo nos autos. derá receber a criança ou adolescente mediante guar-
da, observado o disposto nos arts. 28 a 33 desta Lei.
Existem três formas de colocação em família substi- § 3º A União apoiará a implementação de serviços de
tuta: guarda, tutela e adoção. Neste sentido, a criança acolhimento em família acolhedora como política pú-
é retirada da esfera do poder familiar de ambos os pais blica, os quais deverão dispor de equipe que organize
(o que pode acontecer na tutela e na adoção), ou então o acolhimento temporário de crianças e de adolescen-
permanece vinculado ao poder familiar de ambos geni- tes em residências de famílias selecionadas, capacita-
tores enquanto apenas um ou um terceiro exerce a guar- das e acompanhadas que não estejam no cadastro de
da (o que ocorre apenas na guarda). Trata-se de situação adoção.
excepcional, eis que em regra a criança deve permanecer § 4º Poderão ser utilizados recursos federais, estadu-
na família natural, vinculada ao poder familiar atribuído ais, distritais e municipais para a manutenção dos
a ambos os pais. serviços de acolhimento em família acolhedora, facul-
Neste tipo de circunstância, deve-se buscar sempre tando-se o repasse de recursos para a própria família
ouvir a criança ou o adolescente. Caso já possua 12 anos acolhedora.
completos, a oitiva é obrigatória. Trata-se de respeito à
autonomia da criança e do adolescente. Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer
Os irmãos devem permanecer unidos em qualquer tempo, mediante ato judicial fundamentado, ouvido
circunstância, sendo a separação de irmãos medida ex- o Ministério Público.
cepcional. Por exemplo, se um casal estiver disposto a
adotar 4 filhos e existirem 4 irmãos, será dada prioridade Na definição de Santos Neto21 a guarda trata-se de
a ele, passando na frente dos demais candidatos à ado- um “direito consistente na posse de menor oponível a
ção. terceiros e que acarreta deveres de vigilância em relação
a este”.
Subseção II No entender de Ishida22, a guarda é vinculada ao po-
Da Guarda der familiar, “todavia, pode ocorrer a separação dos dois
institutos, por exemplo, com a separação judicial do ma-
Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência rido e da mulher, onde o poder familiar continua per-
material, moral e educacional à criança ou adolescen- tencendo aos dois, no entanto um só poderá ficar com
te, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a a guarda da prole”. ou seja, tanto o pai como a mãe são
terceiros, inclusive aos pais. detentores do poder familiar mesmo após a separação,
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, mas nos tipos de guarda comum, apenas um terá a guar-
podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos da do filho.
procedimentos de tutela e adoção, exceto no de ado- Logo, a dissolução do vínculo conjugal não exclui o
ção por estrangeiros. poder familiar, mas pode excluir a guarda de um dos
§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos pais, reservando-o apenas o direito de visitas, dependen-
casos de tutela e adoção, para atender a situações pe- do da modalidade de guarda adotada. Com a dissolução
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

culiares ou suprir a falta eventual dos pais ou respon- da união conjugal, hoje se estabeleceu que a prole po-
sável, podendo ser deferido o direito de representação derá ficar com o genitor que tiver melhor condições de
para a prática de atos determinados. assistir o filho.
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a con- “Mesmo que a mãe seja considerada culpada pela se-
dição de dependente, para todos os fins e efeitos de paração, pode o juiz deferir-lhe a guarda dos filhos me-
direito, inclusive previdenciários. nores, se estiver comprovado que o pai, por exemplo,
§ 4o Salvo expressa e fundamentada determinação é alcoólatra e não tem condições de cuidar bem deles.
em contrário, da autoridade judiciária competente, ou Não se indaga, portanto, quem deu causa à separação e
quando a medida for aplicada em preparação para quem é o cônjuge inocente, mas qual deles revela me-
adoção, o deferimento da guarda de criança ou ado- lhores condições para exercer a guarda dos filhos me-
lescente a terceiros não impede o exercício do direito nores, cujos interesses foram colocados em primeiro
de visitas pelos pais, assim como o dever de prestar
alimentos, que serão objeto de regulamentação espe- 21 SANTOS NETO, José Antônio de Paula. Do Pátrio Poder.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 1994.
cífica, a pedido do interessado ou do Ministério Pú-
22 ISHIDA, Valter Kenji. Estatuto da Criança e do Adoles-
blico.
cente: Doutrina e Jurisprudência. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

16
plano. A solução será, portanto, a mesma se ambos os Na guarda unilateral atribuída a apenas um dos pais,
pais forem culpados pela separação e se a hipótese for apesar de um dos genitores não ser o guardião, conti-
de ruptura da vida em comum ou de separação por mo- nuam ambos a exercerem a guarda jurídica. A diferença
tivo de doença mental. A regra amolda-se ao princípio é que, em virtude da guarda, o genitor guardião tem o
do melhor interesse da criança, identificado como direito poder de decisão, enquanto o genitor não guardião tem
fundamental na Constituição Federal (art. 5º, §2º), em ra- o poder de fiscalização, podendo contestar a decisão do
zão da ratificação pela Convenção Internacional sobre os genitor guardião e até mesmo recorrer à justiça, caso
Direitos da Criança – ONU/89”23. entenda que a decisão tomada não seja a melhor para
O juiz antes de decidir o mérito de uma ação de guar- a prole, conforme prevê o artigo 1.583, §3º, do Código
da, separação ou divórcio, tem que determinar a guarda Civil: “a guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não
provisória do menor a um dos pais, o qual não se trata a detenha a supervisionar os interesses dos filhos”.
de um modelo de guarda, mas de definir uma situação c) Guarda Alternada ou Guarda Partilhada
momentânea em que a prole se encontra. Somente com Nesse modelo de guarda, cada um dos genitores terá
o julgamento do mérito será estabelecida a guarda de- a possibilidade de ter sobre sua guarda o menor ou ado-
finitiva, que deverá adotar um dos modelos de guarda
lescente de forma alternada e exclusiva, ou seja, o casal
permitida no ordenamento jurídico brasileiro.
determinará o período em que o menor ficará com o pai
A guarda definitiva expressa o modelo de guarda
adotado pelos pais. Porém, mesmo tratando-se de guar- ou com a mãe, existindo dessa forma sempre uma alter-
da definitiva, tal modelo poderá ser alterado a qualquer nância na guarda jurídica do menor. O período em que a
tempo, pois o que regula o instituto da guarda é o me- guarda ficará com o pai ou com a mãe na guarda alter-
lhor interesse do menor e, não sendo isso possível, a nada, poderá ser de um dia, uma semana, uma parte da
guarda é passível de modificação. semana, um mês, um ano, ou até mais, dependendo do
a) Guarda Comum ou Guarda Originária acordo dos genitores, sendo que, ao término desse pe-
A guarda comum ou guarda originária não é uma ríodo, os papéis se invertem. Os direitos e deveres deste
guarda judicial, existindo quando os genitores possuem modelo de guarda ficarão sempre com o cônjuge que
vínculo matrimonial ou vivem em união estável e moram estiver com a guarda do menor, cabendo ao outro os
juntos com seus filhos, situação na qual exercem plena- direitos inerentes do não guardião, ou seja, o de visita e
mente e simultaneamente todos os poderes inerentes o de fiscalização24.
do poder familiar e, consequentemente, a guarda. Não d) Guarda Dividida
existe a figura do guardião e nem arbitramento judicial Na guarda dividida, são os próprios pais que contes-
sobre a questão. Ambos pais exercem juntos a guarda tam e procuram novos meios de garantir uma maior par-
em plenitude. ticipação na vida da prole, pois neste modelo o menor
b) Guarda Unilateral ou Guarda Única vive em um lar fixo e determinado e recebe periodica-
Observando-se sempre o princípio do melhor interes-
mente a visita do pai ou da mãe que não tem a guarda.
se do menor, a guarda excepcionalmente poderá ser atri-
Na guarda dividida o filho tem um lar fixo e recebe
buída de forma unilateral a uma terceira pessoa quando
os genitores não estiverem em condições de exercê-la, nele a visita de ambos os genitores em tempos diferen-
pois, conforme determina o artigo 1.583, §1º, do Código tes, sendo que a guarda é exercida por aquele que estiver
Civil, “compreende-se por guarda unilateral a atribuída a com a criança, o que é diferente da guarda unilateral,
um só dos genitores ou a alguém que o substitua”. Neste pois nela a guarda é de um dos genitores e o infante
viés, dispõe o artigo 1.584, §5º, do mesmo diploma legal: vai, em dias determinados, receber a visita do outro não
“Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer sob guardião.
a guarda do pai ou da mãe, deferirá a guarda à pessoa e) Guarda por Aninhamento ou Nidação
que revele compatibilidade com a natureza da medida, A guarda por aninhamento, conhecida também como
considerados, de preferência, o grau de parentesco e as guarda por nidação, ocorre quando a prole possui um lar
relações de afinidade e afetividade”. Vale ressaltar que fixo e os pais se revezam, mudando-se para a casa do(s)
a guarda unilateral também é possível quando nenhum filho(s) em períodos alternados de tempo, para conviver
dos pais tem condições de exercê-la, por exemplo, atri- e atender as suas necessidades. Basicamente, os pais se
buindo a guarda aos avós ou aos tios.
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

revezam na residência do filho.


Usualmente, nesse contexto, podemos constatar a f) Guarda Compartilhada
existência da guarda unilateral, que é atribuída somente Considerando a evolução da família, especialmente a
a um dos genitores, e da guarda compartilhada, que é da mulher na sociedade, bem como o grande número de
atribuída a ambos, sendo que a previsão das duas moda-
separações ocorridas nos últimos anos, o ordenamento
lidades de guarda encontra-se no artigo 1.583, da Lei n.
jurídico busca com o instituto da guarda compartilhada
11.698/2008, que constitui que “a guarda será unilateral
ou compartilhada”. evitar prejuízos ainda maiores aos filhos de casal separa-
A Lei alterou a redação do artigo 1.583 e passou a do, que, além de não terem o convívio diário com um dos
estabelecer nos incisos do §2º do dispositivo algumas genitores, têm que vivenciar os problemas conjugais de
das situações que deverão ser consideradas pelo magis- seus pais e ainda se tornarem, em muitos casos, vítimas
trado ao atribuir a guarda a um dos genitores: afeto nas da Síndrome da Alienação Parental.
relações com o genitor e com o grupo familiar; saúde e
segurança; e educação. 24 COSTA, Luiz Jorge Valente Pontes. Guarda Conjunta: em
busca do maior interesse do menor. Disponível em: <http://jus.uol.
23 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Di- com.br/revista/texto/13965/guarda-conjunta-em-busca-do-maior-
reito de Família. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 6. -interesse-do-menor/2>. Acesso em: 16 out. 2010.

17
Segundo Akel25, “a guarda compartilhada surgiu da derá ser formulado diretamente em cartório, em petição
necessidade de se encontrar uma maneira que fosse ca- assinada pelos próprios requerentes, dispensada a assis-
paz de fazer com que os pais, que não mais convivem, tência por advogado (art. 166, ECA). Em outras circuns-
e seus filhos mantivessem os vínculos afetivos latentes, tâncias, deve passar pelo crivo do Judiciário.
mesmo após o rompimento”.
Com esse propósito, a recente Lei nº 11.698/2008 ins- Subseção IV
tituiu expressamente no ordenamento jurídico o instituto Da Adoção
da guarda compartilhada. Embora tenha sido sancionada
em 13 de junho de 2008 e publicada no Diário Oficial da A disciplina do ECA a respeito da adoção também se
União em 16 de junho do mesmo ano, por força da vaca- divide em dois blocos, um voltado a aspectos materiais,
tio legis instituída no artigo 2º, a lei somente entrou em do artigo 39 ao 52-D, e outro voltado a aspectos proce-
vigor no país 60 (sessenta) dias após a sua publicação, ou dimentais, notadamente no que se refere à habilitação
seja, em 16 de agosto de 2008 (vide anexo). para a adoção, do artigo 197-A a 197-D.
A nova lei trás em seu bojo o conceito de guarda
compartilhada nos seguintes termos: “compreende-se Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-
por [...] guarda compartilhada a responsabilização con- -se-á segundo o disposto nesta Lei.
junta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe § 1o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à
que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao po- qual se deve recorrer apenas quando esgotados os re-
der familiar dos filhos comuns”. cursos de manutenção da criança ou adolescente na
Assim, de acordo com o novo diploma legal, pode-se família natural ou extensa, na forma do parágrafo
verificar que na guarda compartilhada os pais terão os único do art. 25 desta Lei.
mesmos direitos e deveres com relação ao filho, ou seja, § 2o É vedada a adoção por procuração.
as tarefas serão divididas de forma igualitária, não sobre- § 3o Em caso de conflito entre direitos e interesses do
carregando somente um dos genitores. adotando e de outras pessoas, inclusive seus pais bio-
lógicos, devem prevalecer os direitos e os interesses do
Subseção III adotando.
Da Tutela
Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, de-
Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a zoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a
pessoa de até 18 (dezoito) anos incompletos. guarda ou tutela dos adotantes.
Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe
a prévia decretação da perda ou suspensão do poder Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao ado-
familiar e implica necessariamente o dever de guarda. tado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive su-
cessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e
Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.
documento autêntico, conforme previsto no parágrafo § 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho
único do art. 1.729 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o
de 2002 - Código Civil, deverá, no prazo de 30 (trinta) adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e os
dias após a abertura da sucessão, ingressar com pedi- respectivos parentes.
do destinado ao controle judicial do ato, observando § 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado,
o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei. seus descendentes, o adotante, seus ascendentes, des-
Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão ob- cendentes e colaterais até o 4º grau, observada a or-
servados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta dem de vocação hereditária.
Lei, somente sendo deferida a tutela à pessoa indicada
na disposição de última vontade, se restar comprova- Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito)
do que a medida é vantajosa ao tutelando e que não anos, independentemente do estado civil.
existe outra pessoa em melhores condições de assumi-la. § 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

do adotando.
Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no § 2o Para adoção conjunta, é indispensável que os
art. 24. adotantes sejam casados civilmente ou mantenham
união estável, comprovada a estabilidade da família.
A tutela é forma de colocação de criança e adolescen- § 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos
te em família substituta. Pressupõe, ao contrário da guar- mais velho do que o adotando.
da, a prévia destituição ou suspensão do poder familiar § 4o Os divorciados, os judicialmente separados e os
dos pais (família natural). Visa essencialmente a suprir ex-companheiros podem adotar conjuntamente, con-
carência de representação legal, assumindo o tutor tal tanto que acordem sobre a guarda e o regime de vi-
munus na ausência dos genitores. Na hipótese de os pais sitas e desde que o estágio de convivência tenha sido
serem falecidos, tiverem sido destituídos ou suspensos iniciado na constância do período de convivência e
do poder familiar, ou houverem aderido expressamente que seja comprovada a existência de vínculos de afini-
ao pedido de colocação em família substituta, este po- dade e afetividade com aquele não detentor da guar-
da, que justifiquem a excepcionalidade da concessão.
25 AKEL, Ana Carolina Silveira. Guarda Compartilhada: um
§ 5o Nos casos do § 4o deste artigo, desde que demons-
Avanço para a Família. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

18
trado efetivo benefício ao adotando, será assegurada em cidade limítrofe, respeitada, em qualquer hipótese,
a guarda compartilhada, conforme previsto no art. a competência do juízo da comarca de residência da
1.584 da Lei no10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Có- criança.
digo Civil.
§ 6o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por senten-
após inequívoca manifestação de vontade, vier a fa- ça judicial, que será inscrita no registro civil mediante
lecer no curso do procedimento, antes de prolatada a mandado do qual não se fornecerá certidão.
sentença. § 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes
como pais, bem como o nome de seus ascendentes.
Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar re- § 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancela-
ais vantagens para o adotando e fundar-se em moti- rá o registro original do adotado.
vos legítimos. § 3o A pedido do adotante, o novo registro poderá ser
lavrado no Cartório do Registro Civil do Município de
Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração sua residência.
e saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o curador § 4o Nenhuma observação sobre a origem do ato po-
adotar o pupilo ou o curatelado. derá constar nas certidões do registro.
§ 5o A sentença conferirá ao adotado o nome do ado-
Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais tante e, a pedido de qualquer deles, poderá determi-
ou do representante legal do adotando. nar a modificação do prenome.
§ 1º O consentimento será dispensado em relação à § 6o Caso a modificação de prenome seja requerida
criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos pelo adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, ob-
ou tenham sido destituídos do poder familiar. servado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.
§ 2º Em se tratando de adotando maior de doze anos § 7o A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito
de idade, será também necessário o seu consentimento. em julgado da sentença constitutiva, exceto na hipó-
tese prevista no § 6o do art. 42 desta Lei, caso em que
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de con- terá força retroativa à data do óbito.
vivência com a criança ou adolescente, pelo prazo § 8o O processo relativo à adoção assim como outros a
máximo de 90 (noventa) dias, observadas a idade da ele relacionados serão mantidos em arquivo, admitin-
criança ou adolescente e as peculiaridades do caso. do-se seu armazenamento em microfilme ou por ou-
§ 1o O estágio de convivência poderá ser dispensado tros meios, garantida a sua conservação para consulta
se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal a qualquer tempo.
do adotante durante tempo suficiente para que seja § 9º Terão prioridade de tramitação os processos de
possível avaliar a conveniência da constituição do vín- adoção em que o adotando for criança ou adolescente
culo. com deficiência ou com doença crônica.
§ 2o A simples guarda de fato não autoriza, por si só, § 10. O prazo máximo para conclusão da ação de ado-
a dispensa da realização do estágio de convivência. ção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável uma
§ 2o-A. O prazo máximo estabelecido no caput des- única vez por igual período, mediante decisão funda-
te artigo pode ser prorrogado por até igual período, mentada da autoridade judiciária.
mediante decisão fundamentada da autoridade judi-
ciária. Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua ori-
§ 3o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente gem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao
ou domiciliado fora do País, o estágio de convivência processo no qual a medida foi aplicada e seus eventu-
será de, no mínimo, 30 (trinta) dias e, no máximo, 45 ais incidentes, após completar 18 (dezoito) anos.
(quarenta e cinco) dias, prorrogável por até igual perí- Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção po-
odo, uma única vez, mediante decisão fundamentada derá ser também deferido ao adotado menor de 18
da autoridade judiciária. (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orientação e
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

§ 3o-A. Ao final do prazo previsto no § 3o deste arti- assistência jurídica e psicológica.


go, deverá ser apresentado laudo fundamentado pela
equipe mencionada no § 4o deste artigo, que recomen- Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o po-
dará ou não o deferimento da adoção à autoridade der familiar dos pais naturais.
judiciária.
§ 4o O estágio de convivência será acompanhado pela Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada co-
equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infân- marca ou foro regional, um registro de crianças e ado-
cia e da Juventude, preferencialmente com apoio dos lescentes em condições de serem adotados e outro de
técnicos responsáveis pela execução da política de ga- pessoas interessadas na adoção.
rantia do direito à convivência familiar, que apresen- § 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia
tarão relatório minucioso acerca da conveniência do consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Mi-
deferimento da medida. nistério Público.
§ 5o O estágio de convivência será cumprido no terri- § 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não
tório nacional, preferencialmente na comarca de resi- satisfazer os requisitos legais, ou verificada qualquer
dência da criança ou adolescente, ou, a critério do juiz, das hipóteses previstas no art. 29.

19
§ 3o A inscrição de postulantes à adoção será precedi- lescente, desde que o lapso de tempo de convivência
da de um período de preparação psicossocial e jurídi- comprove a fixação de laços de afinidade e afetivida-
ca, orientado pela equipe técnica da Justiça da Infân- de, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou
cia e da Juventude, preferencialmente com apoio dos qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238
técnicos responsáveis pela execução da política mu- desta Lei.
nicipal de garantia do direito à convivência familiar. § 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o
§ 4o Sempre que possível e recomendável, a prepara- candidato deverá comprovar, no curso do procedimen-
ção referida no § 3o deste artigo incluirá o contato com to, que preenche os requisitos necessários à adoção,
crianças e adolescentes em acolhimento familiar ou conforme previsto nesta Lei.
institucional em condições de serem adotados, a ser § 15. Será assegurada prioridade no cadastro a pesso-
realizado sob a orientação, supervisão e avaliação da as interessadas em adotar criança ou adolescente com
equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, deficiência, com doença crônica ou com necessidades
com apoio dos técnicos responsáveis pelo programa específicas de saúde, além de grupo de irmãos.
de acolhimento e pela execução da política municipal
de garantia do direito à convivência familiar. Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela
§ 5o Serão criados e implementados cadastros esta- na qual o pretendente possui residência habitual em
duais e nacional de crianças e adolescentes em condi- país-parte da Convenção de Haia, de 29 de maio de
ções de serem adotados e de pessoas ou casais habili- 1993, Relativa à Proteção das Crianças e à Coopera-
tados à adoção. ção em Matéria de Adoção Internacional, promulgada
§ 6o Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais pelo Decreto no 3.087, de 21 junho de 1999, e deseja
residentes fora do País, que somente serão consulta- adotar criança em outro país-parte da Convenção.
dos na inexistência de postulantes nacionais habilita- § 1o A adoção internacional de criança ou adolescente
dos nos cadastros mencionados no § 5o deste artigo. brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar
§ 7o As autoridades estaduais e federais em matéria quando restar comprovado:
de adoção terão acesso integral aos cadastros, incum- I - que a colocação em família adotiva é a solução
adequada ao caso concreto;
bindo-lhes a troca de informações e a cooperação mú-
II - que foram esgotadas todas as possibilidades de co-
tua, para melhoria do sistema.
locação da criança ou adolescente em família adotiva
§ 8o A autoridade judiciária providenciará, no prazo
brasileira, com a comprovação, certificada nos autos,
de 48 (quarenta e oito) horas, a inscrição das crian-
da inexistência de adotantes habilitados residentes no
ças e adolescentes em condições de serem adotados
Brasil com perfil compatível com a criança ou adoles-
que não tiveram colocação familiar na comarca de
cente, após consulta aos cadastros mencionados nesta
origem, e das pessoas ou casais que tiveram deferi-
Lei;
da sua habilitação à adoção nos cadastros estadual III - que, em se tratando de adoção de adolescente,
e nacional referidos no § 5o deste artigo, sob pena de este foi consultado, por meios adequados ao seu está-
responsabilidade. gio de desenvolvimento, e que se encontra preparado
§ 9o Compete à Autoridade Central Estadual zelar para a medida, mediante parecer elaborado por equi-
pela manutenção e correta alimentação dos cadas- pe interprofissional, observado o disposto nos §§ 1o e
tros, com posterior comunicação à Autoridade Central 2o do art. 28 desta Lei.
Federal Brasileira. § 2o Os brasileiros residentes no exterior terão prefe-
§ 10. Consultados os cadastros e verificada a ausência rência aos estrangeiros, nos casos de adoção interna-
de pretendentes habilitados residentes no País com cional de criança ou adolescente brasileiro.
perfil compatível e interesse manifesto pela adoção de § 3o A adoção internacional pressupõe a intervenção
criança ou adolescente inscrito nos cadastros existen- das Autoridades Centrais Estaduais e Federal em ma-
tes, será realizado o encaminhamento da criança ou téria de adoção internacional.
adolescente à adoção internacional.
§ 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal inte- Art. 52. A adoção internacional observará o procedi-
ressado em sua adoção, a criança ou o adolescente, mento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

sempre que possível e recomendável, será colocado seguintes adaptações:


sob guarda de família cadastrada em programa de I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em ado-
acolhimento familiar. tar criança ou adolescente brasileiro, deverá formular
§ 12. A alimentação do cadastro e a convocação crite- pedido de habilitação à adoção perante a Autoridade
riosa dos postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Central em matéria de adoção internacional no país
Ministério Público. de acolhida, assim entendido aquele onde está situada
§ 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor sua residência habitual;
de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado II - se a Autoridade Central do país de acolhida con-
previamente nos termos desta Lei quando: siderar que os solicitantes estão habilitados e aptos
I - se tratar de pedido de adoção unilateral; para adotar, emitirá um relatório que contenha in-
II - for formulada por parente com o qual a criança formações sobre a identidade, a capacidade jurídica
ou adolescente mantenha vínculos de afinidade e afe- e adequação dos solicitantes para adotar, sua situação
tividade; pessoal, familiar e médica, seu meio social, os motivos
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guar- que os animam e sua aptidão para assumir uma ado-
da legal de criança maior de 3 (três) anos ou ado- ção internacional;

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III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará competentes do país onde estiverem sediados, do país
o relatório à Autoridade Central Estadual, com cópia de acolhida e pela Autoridade Central Federal Brasi-
para a Autoridade Central Federal Brasileira; leira;
IV - o relatório será instruído com toda a documen- II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualifi-
tação necessária, incluindo estudo psicossocial elabo- cadas e de reconhecida idoneidade moral, com com-
rado por equipe interprofissional habilitada e cópia provada formação ou experiência para atuar na área
autenticada da legislação pertinente, acompanhada de adoção internacional, cadastradas pelo Departa-
da respectiva prova de vigência; mento de Polícia Federal e aprovadas pela Autorida-
V - os documentos em língua estrangeira serão de- de Central Federal Brasileira, mediante publicação de
vidamente autenticados pela autoridade consular, portaria do órgão federal competente;
observados os tratados e convenções internacionais, III - estar submetidos à supervisão das autoridades
e acompanhados da respectiva tradução, por tradutor competentes do país onde estiverem sediados e no
público juramentado; país de acolhida, inclusive quanto à sua composição,
VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exi- funcionamento e situação financeira;
gências e solicitar complementação sobre o estudo IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasilei-
psicossocial do postulante estrangeiro à adoção, já re- ra, a cada ano, relatório geral das atividades desen-
alizado no país de acolhida; volvidas, bem como relatório de acompanhamento
VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade das adoções internacionais efetuadas no período, cuja
Central Estadual, a compatibilidade da legislação es- cópia será encaminhada ao Departamento de Polícia
trangeira com a nacional, além do preenchimento por Federal;
parte dos postulantes à medida dos requisitos objeti- V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Au-
vos e subjetivos necessários ao seu deferimento, tanto toridade Central Estadual, com cópia para a Autori-
à luz do que dispõe esta Lei como da legislação do país dade Central Federal Brasileira, pelo período mínimo
de acolhida, será expedido laudo de habilitação à ado- de 2 (dois) anos. O envio do relatório será mantido
ção internacional, que terá validade por, no máximo, até a juntada de cópia autenticada do registro civil,
1 (um) ano; estabelecendo a cidadania do país de acolhida para
VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado o adotado;
será autorizado a formalizar pedido de adoção peran- VI - tomar as medidas necessárias para garantir que
te o Juízo da Infância e da Juventude do local em que os adotantes encaminhem à Autoridade Central Fe-
se encontra a criança ou adolescente, conforme indi- deral Brasileira cópia da certidão de registro de nas-
cação efetuada pela Autoridade Central Estadual. cimento estrangeira e do certificado de nacionalidade
§ 1o Se a legislação do país de acolhida assim o au- tão logo lhes sejam concedidos.
torizar, admite-se que os pedidos de habilitação à § 5o A não apresentação dos relatórios referidos no
adoção internacional sejam intermediados por orga- § 4o deste artigo pelo organismo credenciado poderá
nismos credenciados. acarretar a suspensão de seu credenciamento.
§ 2o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira § 6o O credenciamento de organismo nacional ou es-
o credenciamento de organismos nacionais e estran- trangeiro encarregado de intermediar pedidos de ado-
geiros encarregados de intermediar pedidos de habili- ção internacional terá validade de 2 (dois) anos.
tação à adoção internacional, com posterior comuni- § 7o A renovação do credenciamento poderá ser con-
cação às Autoridades Centrais Estaduais e publicação cedida mediante requerimento protocolado na Auto-
nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio próprio da ridade Central Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias
internet. anteriores ao término do respectivo prazo de validade.
§ 3o Somente será admissível o credenciamento de § 8o Antes de transitada em julgado a decisão que con-
organismos que: cedeu a adoção internacional, não será permitida a
I - sejam oriundos de países que ratificaram a Conven- § 9o Transitada em julgado a decisão, a autoridade
ção de Haia e estejam devidamente credenciados pela judiciária determinará a expedição de alvará com
Autoridade Central do país onde estiverem sediados e autorização de viagem, bem como para obtenção de
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

no país de acolhida do adotando para atuar em ado- passaporte, constando, obrigatoriamente, as carac-
ção internacional no Brasil; terísticas da criança ou adolescente adotado, como
II - satisfizerem as condições de integridade moral, idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares,
competência profissional, experiência e responsabili- assim como foto recente e a aposição da impressão
dade exigidas pelos países respectivos e pela Autori- digital do seu polegar direito, instruindo o documento
dade Central Federal Brasileira; com cópia autenticada da decisão e certidão de trân-
III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua sito em julgado.
formação e experiência para atuar na área de adoção § 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá,
internacional; a qualquer momento, solicitar informações sobre a si-
IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordena- tuação das crianças e adolescentes adotados.
mento jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas § 11. A cobrança de valores por parte dos organis-
pela Autoridade Central Federal Brasileira. mos credenciados, que sejam considerados abusivos
§ 4o Os organismos credenciados deverão ainda: pela Autoridade Central Federal Brasileira e que não
I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas con- estejam devidamente comprovados, é causa de seu
dições e dentro dos limites fixados pelas autoridades descredenciamento.

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§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem prevista no § 1o deste artigo, o Ministério Público de-
ser representados por mais de uma entidade creden- verá imediatamente requerer o que for de direito para
ciada para atuar na cooperação em adoção interna- resguardar os interesses da criança ou do adolescente,
cional. comunicando-se as providências à Autoridade Central
§ 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou do- Estadual, que fará a comunicação à Autoridade Cen-
miciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1 tral Federal Brasileira e à Autoridade Central do país
(um) ano, podendo ser renovada. de origem.
§ 14. É vedado o contato direto de representantes de
organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil
dirigentes de programas de acolhimento institucional for o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida
ou familiar, assim como com crianças e adolescentes no país de origem porque a sua legislação a delega ao
em condições de serem adotados, sem a devida auto- país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo com
rização judicial. decisão, a criança ou o adolescente ser oriundo de país que
§ 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá não tenha aderido à Convenção referida, o processo de
limitar ou suspender a concessão de novos credencia- adoção seguirá as regras da adoção nacional.
mentos sempre que julgar necessário, mediante ato
administrativo fundamentado. A adoção no Código Civil de 1916 era tratada em seu
capítulo V. A adoção seguia um critério de ter um filho
Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e para que a família tivesse sucessão e para configurar a
descredenciamento, o repasse de recursos provenien- família da época que só tinha uma configuração costu-
tes de organismos estrangeiros encarregados de inter- meira se houvesse pai, mãe e filhos. A idade de 30 (trinta)
mediar pedidos de adoção internacional a organismos anos para que as pessoas pudessem não se arrepender
nacionais ou a pessoas físicas. do feito. Quando se falava do casamento criava-se o cri-
Parágrafo único. Eventuais repasses somente pode- tério de que tenha se passado 05 (cinco) anos de matri-
rão ser efetuados via Fundo dos Direitos da Criança mônio para que o casal possa adotar, pois o ideal era que
e do Adolescente e estarão sujeitos às deliberações do os filhos fossem consanguíneos. A adoção poderia se
respectivo Conselho de Direitos da Criança e do Ado- dissolver por vontade das partes. Caso houvessem filhos
lescente. naturais reconhecidos ou legitimados os filhos adotivos
não participavam da sucessão além de não se desfazer o
Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exte- vínculo com os parentes naturais, somente no que dizia
rior em país ratificante da Convenção de Haia, cujo respeito ao pátrio poder.
processo de adoção tenha sido processado em confor- Houve um grande salto no que concerne a adoção
midade com a legislação vigente no país de residência que foi a letra trazida pela Constituição Federal de 1988
e atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da em seu artigo 227 e com o ECA, que versa sobre todas as
referida Convenção, será automaticamente recepcio- garantias constitucionais e no que tange a adoção vem
nada com o reingresso no Brasil. dos artigos 39 ao 52-D falando sobre a regularização da
§ 1o Caso não tenha sido atendido o disposto na Alí- adoção e traz como princípio basilar o melhor interesse
nea “c” do Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá da criança, além de ter como fundamento o afeto de pai
a sentença ser homologada pelo Superior Tribunal de para filho sem que haja qualquer diferenciação para com
Justiça. os filhos biológicos.
§ 2o O pretendente brasileiro residente no exterior em Ainda no que concerne a adoção, foi criada para dar
país não ratificante da Convenção de Haia, uma vez efetividade ao ECA a Lei nº 12.010 de 03 de agosto de
reingressado no Brasil, deverá requerer a homologa- 2009, que tem o intuito de alterar o direito à convivên-
ção da sentença estrangeira pelo Superior Tribunal de cia familiar mostrando com clareza como deve ocorrer a
Justiça. adoção.
Para ser candidato a adoção deve ter cumprido uma
Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o série de requisitos para se tornar hábil, estes requisitos
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Brasil for o país de acolhida, a decisão da autorida- são elencados na lei. O primeiro deles é a qualificação
de competente do país de origem da criança ou do completa: da pessoa que deseja adotar ou das pessoas
adolescente será conhecida pela Autoridade Central que desejam no caso de casais juntamente com os dados
Estadual que tiver processado o pedido de habilitação familiares, dados que vão completar não só a ficha do ca-
dos pais adotivos, que comunicará o fato à Autorida- sal ou pessoa que deseja adotar, mais da família onde o
de Central Federal e determinará as providências ne- menor vai residir e ter sua formação os documentos pes-
cessárias à expedição do Certificado de Naturalização soais como cópias de certidão de nascimento (quando
Provisório. solteiros), de certidão de casamento (quando casados),
§ 1o A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministé- cópias de declaração de período de união estável, Cópias
rio Público, somente deixará de reconhecer os efeitos de Certidão de identidade (RG), Comprovante da renda
daquela decisão se restar demonstrado que a adoção da pessoa ou casal, comprovante que demostre que as
é manifestamente contrária à ordem pública ou não condições vão suprir a necessidade de se incluir mais um
atende ao interesse superior da criança ou do ado- membro naquele lar, comprovante de moradia em que
lescente. prove a pessoa ter sua residência que acolherá o novo
§ 2o Na hipótese de não reconhecimento da adoção, integrante.

22
O interessado em adotar deve juntar atestados de - Obrigatoriedade da informação: respeitando o es-
saúde física onde a pessoa vai demonstrar ser capaz de tágio de desenvolvimento e compreensão da criança ou
cuidar e garantir uma boa vida para o adotando e atesta- adolescente, além de seus pais e responsáveis devem ser
do de saúde mental, comprovando que a pessoa é capaz informados o motivo em que se dá a intervenção e como
legalmente. esta se processou;
Nos aspectos judiciais inerentes ao caso devem ser - Oitiva obrigatória e participação: a criança ou ado-
juntados Certidão de antecedentes criminais, que de- lescente separados ou na companhia de seus pais, res-
mostra conduta legal do indivíduo perante a sociedade, ponsáveis ou pessoas por ela indicados; bem como seus
Certidão negativa de distribuição civil, além da manifes- pais e responsáveis, tem o direito de serem ouvidas e
tação do M.P (Ministério Público) apresentando quesi- sua opinião deve ser considerada pelas autoridades do
tos a serem respondidos pela equipe interdisciplinar, judiciário.
designação de audiência para oitiva de testemunhas e - Afastamento da criança e do adolescente do con-
requerentes, solicitar juntada de documentos comple- vívio familiar: É um processo contencioso que importara
mentares que sejam necessários. Deve ser obrigatório o aos pais o direito do contraditório e da ampla defesa,
estudo psicossocial onde se testa a capacidade dos in- este procedimento é de competência do judiciário (pro-
divíduos para se tornarem pai ou mãe, o de incluir mais cedimento judicial) artigo 28 §§ 1° e 2° do E.C.A;
um membro junto aos filhos já existente. Os programas - Acolhimento familiar: medida de proteção criada
de capacitação também devem ser aderido a este siste- para o amparo da criança até que seja resolvida a situa-
ma, levando esclarecimentos aos pretendentes a adoção ção;
além, de manter contato com a criança em regime de - Guia de acolhimento: será elaborado pelo poder Ju-
acolhimento familiar. diciário um guia para encaminhar à criança a entidade
Sendo os adotantes inscritos são chamados por or- de acolhimento (guia deve conter a causa da retirada e
dem cronológica de acordo com a habilitação, e que só permanência do menor fora da sua família natural além
poderá ser dispensada se for pelo melhor interesse do de todos os dados)
adotando. - Plano individual de atendimento: cada criança vai
Os seguintes princípios e diretrizes devem guiar a de- ter um plano a ser desenvolvido visando sua adaptação
cisão pela adoção: a nova família;
- Condição da criança e do adolescente como ser de - Destituição do poder familiar: Promovida pelo M.P
direitos: As crianças são detentoras de direitos previstos (Ministério público) sendo para isto necessário prévio
na lei 8.069/90 e na Constituição Federal de 1988; aviso a entidade de acolhimento familiar, ou, responsá-
- Proteção integral e prioritária: Toda e qualquer nor- veis pela execução da política municipal de garantia do
ma contida dentro da lei 8.069/90 deve ser voltada a pro-
direito a convivência familiar.
teção integral dos interesses do menor;
- Cadastro de crianças a adolescentes à regime insti-
- Responsabilidade primária e solidaria do poder pú-
tucional e familiar: é um cadastro para crianças e adoles-
blico: tanto nos casos ressalvados pelo E.C.A (Estatuto da
centes que necessitem de acolhimento familiar ou insti-
Criança e do Adolescente) quanto nos casos que a CF/88
tucional devido a algum registro de maus tratos.
(Constituição Federal de 1988) e demais objetos legais
A Lei no 13.509 de 22 de novembro de 2017 surgiu
específicos, é, dever dos três poderes atuarem no que for
com o propósito de maximizar a efetividade das disposi-
necessário para a proteção do menor;
- Interesse superior da criança e do adolescente: me- ções do ECA, inclusive no âmbito da adoção, possuindo a
diante a necessidade da intervenção estatal é necessário peculiaridade de ser mais rigorosa no que tange ao cum-
que se dê privilégio ao interesse do que for melhor para primento de prazos para maior celeridade do processo.
a criança e/ou adolescente. O primeiro interesse a ser
observado é o que trouxer melhor benefício a estes; Capítulo IV
- Privacidade: A promoção dos direitos deve ser sem- Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao
pre feita respeitando a privação e o direito da imagem, a Lazer
sua vida privada e a intimidade;
- Intervenção precoce: Ao primeiro sinal de perigo e Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educa-
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

risco ao menor, o Estado deve intervir para reverter a si- ção, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa,
tuação presente; preparo para o exercício da cidadania e qualificação
- Intervenção mínima; para o trabalho, assegurando-se-lhes:
- Proporcionalidade e atualidade: Ser a atitude toma- I - igualdade de condições para o acesso e permanên-
da de acordo com a proporção de perigo existente no cia na escola;
momento, evitando e revertendo o risco de morte; II - direito de ser respeitado por seus educadores;
- Responsabilidade parental: a intervenção deve ser a III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo
princípio para que os pais tomem responsabilidade so- recorrer às instâncias escolares superiores;
bre seus filhos; IV - direito de organização e participação em entida-
- Prevalência da família: Primeiro se dará a preferência des estudantis;
a família natural para que a criança continue com seus V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua
pais depois a preferência vai ser da família contínua (fa- residência.
mília natural a primeira e extensa a segunda), em último Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter
caso a criança/adolescente vai ser direcionada a família ciência do processo pedagógico, bem como participar
substituta. da definição das propostas educacionais.

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Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao Capítulo V
adolescente: Do Direito à Profissionalização e à Proteção no
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclu- Trabalho
sive para os que a ele não tiveram acesso na idade
própria; Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratui- quatorze anos de idade, salvo na condição de apren-
dade ao ensino médio; diz.
Preconiza o artigo 7º, XXXIII, CF a “proibição de tra-
III - atendimento educacional especializado aos por-
balho noturno, perigoso ou insalubre a menores de
tadores de deficiência, preferencialmente na rede re- dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezes-
gular de ensino; seis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças quatorze anos”.
de zero a cinco anos de idade;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pes- Portanto, em decorrência da própria norma constitu-
quisa e da criação artística, segundo a capacidade de cional, nenhuma criança ou adolescente pode trabalhar
cada um; antes dos 14 anos de idade. Evidentemente que há algu-
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às mas exceções a esta regra, devidamente fiscalizadas pelo
condições do adolescente trabalhador; Conselho Tutelar, como é o caso dos artistas mirins.
VII - atendimento no ensino fundamental, através de Entre 14 anos e 16 anos de idade somente será pos-
sível o trabalho na condição de menor aprendiz, cuja
programas suplementares de material didático-esco-
natureza é de ensino técnico-profissional, viabilizando a
lar, transporte, alimentação e assistência à saúde. futura inserção do adolescente no mercado de trabalho.
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito A partir dos 16 anos, o menor pode trabalhar, mas
público subjetivo. não no período noturno ou em condições de periculosi-
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo dade e insalubridade.
poder público ou sua oferta irregular importa respon-
sabilidade da autoridade competente. Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é re-
§ 3º Compete ao poder público recensear os educan- gulada por legislação especial, sem prejuízo do dis-
dos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e posto nesta Lei.
zelar, junto aos pais ou responsável, pela frequência Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação téc-
à escola. nico-profissional ministrada segundo as diretrizes e
bases da legislação de educação em vigor.
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos
matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de seguintes princípios:
ensino. I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao en-
sino regular;
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino II - atividade compatível com o desenvolvimento do
fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os ca- adolescente;
sos de: III - horário especial para o exercício das atividades.
I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão esco- Aquele que trabalha na condição de menor aprendiz
é obrigado a frequentar a escola, devendo ser facilitadas
lar, esgotados os recursos escolares;
as condições para que o faça, notadamente pelo estabe-
III - elevados níveis de repetência.
lecimento de horário especial de trabalho. Além disso, a
atividade laboral deve ser compatível com as atividades
Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experi- de ensino, até mesmo por se tratar de ensino técnico-
ências e novas propostas relativas a calendário, seria- -profissionalizante.
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

ção, currículo, metodologia, didática e avaliação, com Ex.: um jovem pode trabalhar no período matutino,
vistas à inserção de crianças e adolescentes excluídos frequentar o SENAI na parte da tarde e ir ao colégio no
do ensino fundamental obrigatório. ensino médio noturno.

Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é
valores culturais, artísticos e históricos próprios do assegurada bolsa de aprendizagem.
contexto social da criança e do adolescente, garan-
Toda criança e adolescente que necessitar receberá
tindo-se a estes a liberdade da criação e o acesso às
fomento para que não se desvincule das atividades de
fontes de cultura. ensino. Trata-se de incentivo àquele que sem auxílio aca-
baria entrando em situação irregular e trabalhando.
Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da
União, estimularão e facilitarão a destinação de recur- Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze
sos e espaços para programações culturais, esportivas anos, são assegurados os direitos trabalhistas e previ-
e de lazer voltadas para a infância e a juventude. denciários.

24
Uma vez que o adolescente está autorizado a traba- rente ao processo de aprendizado seja respeitada e que
lhar, mesmo que na condição de menor aprendiz, possui o trabalho sirva para permitir a sua inserção no mercado
direitos trabalhistas e previdenciários. de trabalho.

Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é asse- Título III


gurado trabalho protegido. Da Prevenção
O adolescente que possui deficiência não pode ser Capítulo I
exposto a uma situação de risco em decorrência da ati- Disposições Gerais
vidade laboral.
Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ame-
Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em re- aça ou violação dos direitos da criança e do adoles-
gime familiar de trabalho, aluno de escola técnica,
cente.
assistido em entidade governamental ou não-gover-
namental, é vedado trabalho:
Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de
um dia e as cinco horas do dia seguinte; Municípios deverão atuar de forma articulada na ela-
II - perigoso, insalubre ou penoso; boração de políticas públicas e na execução de ações
III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e destinadas a coibir o uso de castigo físico ou de tra-
ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social; tamento cruel ou degradante e difundir formas não
IV - realizado em horários e locais que não permitam violentas de educação de crianças e de adolescentes,
a frequência à escola. tendo como principais ações:
I - a promoção de campanhas educativas permanen-
O menor aprendiz está proibido de trabalhar no pe- tes para a divulgação do direito da criança e do ado-
ríodo noturno, em trabalho que o coloque exposto a pe- lescente de serem educados e cuidados sem o uso de
riculosidade (ex.: em andaimes, em áreas com risco de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante e
incêndio ou choques), insalubridade (ex.: em freezers de dos instrumentos de proteção aos direitos humanos;
frigoríficos, expostos a radiação) ou penosidade (ex.: ex- II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário,
cesso de força física exigida). do Ministério Público e da Defensoria Pública, com
o Conselho Tutelar, com os Conselhos de Direitos da
Art. 68. O programa social que tenha por base o tra- Criança e do Adolescente e com as entidades não go-
balho educativo, sob responsabilidade de entidade vernamentais que atuam na promoção, proteção e de-
governamental ou não-governamental sem fins lu- fesa dos direitos da criança e do adolescente;
crativos, deverá assegurar ao adolescente que dele III - a formação continuada e a capacitação dos pro-
participe condições de capacitação para o exercício de fissionais de saúde, educação e assistência social e dos
atividade regular remunerada. demais agentes que atuam na promoção, proteção e
§ 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade la- defesa dos direitos da criança e do adolescente para o
boral em que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento das competências necessárias à pre-
desenvolvimento pessoal e social do educando preva- venção, à identificação de evidências, ao diagnóstico
lecem sobre o aspecto produtivo. e ao enfrentamento de todas as formas de violência
§ 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo tra-
contra a criança e o adolescente;
balho efetuado ou a participação na venda dos produ-
IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução
tos de seu trabalho não desfigura o caráter educativo.
pacífica de conflitos que envolvam violência contra a
Os programas sociais voltados à capacitação dos criança e o adolescente;
adolescentes devem sempre ter por objetivo educá-lo V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que vi-
para que ele adquira condições de inserir-se no mercado sem a garantir os direitos da criança e do adolescente,
de trabalho. Deve ser ensinado, logo, dele não se deve desde a atenção pré-natal, e de atividades junto aos
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

cobrar tanta produtividade, mas sim deve ser avaliado pais e responsáveis com o objetivo de promover a in-
pelo seu aprendizado. O fato do trabalho ser remunera- formação, a reflexão, o debate e a orientação sobre
do não desvirtua este propósito. alternativas ao uso de castigo físico ou de tratamento
cruel ou degradante no processo educativo;
Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para
e à proteção no trabalho, observados os seguintes as- a articulação de ações e a elaboração de planos de
pectos, entre outros: atuação conjunta focados nas famílias em situação de
I - respeito à condição peculiar de pessoa em desen- violência, com participação de profissionais de saúde,
volvimento; de assistência social e de educação e de órgãos de pro-
II - capacitação profissional adequada ao mercado de moção, proteção e defesa dos direitos da criança e do
trabalho. adolescente.
Parágrafo único. As famílias com crianças e adoles-
Com efeito, profissionalização e proteção no traba- centes com deficiência terão prioridade de atendi-
lho são direitos fundamentais garantidos ao adolescente, mento nas ações e políticas públicas de prevenção e
exigindo-se neste campo que sua condição peculiar ine- proteção.

25
Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcio-
atuem nas áreas a que se refere o art. 71, dentre ou- nários de empresas que explorem a venda ou aluguel
tras, devem contar, em seus quadros, com pessoas de fitas de programação em vídeo cuidarão para que
capacitadas a reconhecer e comunicar ao Conselho não haja venda ou locação em desacordo com a clas-
Tutelar suspeitas ou casos de maus-tratos praticados sificação atribuída pelo órgão competente.
contra crianças e adolescentes. Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deve-
Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela rão exibir, no invólucro, informação sobre a natureza
comunicação de que trata este artigo, as pessoas en- da obra e a faixa etária a que se destinam.
carregadas, por razão de cargo, função, ofício, minis-
tério, profissão ou ocupação, do cuidado, assistência Art. 78. As revistas e publicações contendo material
ou guarda de crianças e adolescentes, punível, na impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes
forma deste Estatuto, o injustificado retardamento ou deverão ser comercializadas em embalagem lacrada,
com a advertência de seu conteúdo.
omissão, culposos ou dolosos.
Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as ca-
pas que contenham mensagens pornográficas ou obs-
Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a infor-
cenas sejam protegidas com embalagem opaca.
mação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos
e produtos e serviços que respeitem sua condição pe- Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público
culiar de pessoa em desenvolvimento. infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, foto-
grafias, legendas, crônicas ou anúncios de bebidas al-
Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem coólicas, tabaco, armas e munições, e deverão respei-
da prevenção especial outras decorrentes dos princí- tar os valores éticos e sociais da pessoa e da família.
pios por ela adotados.
Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que ex-
Art. 73. A inobservância das normas de prevenção im- plorem comercialmente bilhar, sinuca ou congênere
portará em responsabilidade da pessoa física ou jurí- ou por casas de jogos, assim entendidas as que reali-
dica, nos termos desta Lei. zem apostas, ainda que eventualmente, cuidarão para
que não seja permitida a entrada e a permanência de
Capítulo II crianças e adolescentes no local, afixando aviso para
Da Prevenção Especial orientação do público.

Seção I Seção II
Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões Dos Produtos e Serviços
e Espetáculos
Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adoles-
Art. 74. O poder público, através do órgão competen- cente de:
te, regulará as diversões e espetáculos públicos, in- I - armas, munições e explosivos;
formando sobre a natureza deles, as faixas etárias a II - bebidas alcoólicas;
que não se recomendem, locais e horários em que sua III - produtos cujos componentes possam causar de-
apresentação se mostre inadequada. pendência física ou psíquica ainda que por utilização
Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e es- indevida;
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles
petáculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de
que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de
fácil acesso, à entrada do local de exibição, informa-
provocar qualquer dano físico em caso de utilização
ção destacada sobre a natureza do espetáculo e a fai-
indevida;
xa etária especificada no certificado de classificação.
V - revistas e publicações a que alude o art. 78;
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às di-
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

versões e espetáculos públicos classificados como ade- Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou ado-
quados à sua faixa etária. lescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento
Parágrafo único. As crianças menores de dez anos so- congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pe-
mente poderão ingressar e permanecer nos locais de los pais ou responsável.
apresentação ou exibição quando acompanhadas dos
pais ou responsável. Seção III
Da Autorização para Viajar
Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exi-
birão, no horário recomendado para o público infanto Art. 83. Nenhuma criança ou adolescente menor de
juvenil, programas com finalidades educativas, artísti- 16 (dezesseis) anos poderá viajar para fora da comar-
cas, culturais e informativas. ca onde reside desacompanhado dos pais ou dos res-
Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresenta- ponsáveis sem expressa autorização judicial. (Redação
do ou anunciado sem aviso de sua classificação, antes dada pela Lei nº 13.812, de 2019)
de sua transmissão, apresentação ou exibição. § 1º A autorização não será exigida quando:

26
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da II - proteção integral e prioritária: a interpretação e
criança ou do adolescente menor de 16 (dezesseis) aplicação de toda e qualquer norma contida nesta Lei
anos, se na mesma unidade da Federação, ou incluída deve ser voltada à proteção integral e prioritária dos
na mesma região metropolitana; (Redação dada pela direitos de que crianças e adolescentes são titulares;
Lei nº 13.812, de 2019) III - responsabilidade primária e solidária do poder
b) a criança ou o adolescente menor de 16 (dezesseis) público: a plena efetivação dos direitos assegurados a
anos estiver acompanhado: (Redação dada pela Lei nº crianças e a adolescentes por esta Lei e pela Constitui-
13.812, de 2019) ção Federal, salvo nos casos por esta expressamente
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro ressalvados, é de responsabilidade primária e solidá-
grau, comprovado documentalmente o parentesco; ria das 3 (três) esferas de governo, sem prejuízo da
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo municipalização do atendimento e da possibilidade
pai, mãe ou responsável. da execução de programas por entidades não gover-
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais namentais;
ou responsável, conceder autorização válida por dois IV - interesse superior da criança e do adolescente: a
anos. intervenção deve atender prioritariamente aos inte-
resses e direitos da criança e do adolescente, sem pre-
Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a au- juízo da consideração que for devida a outros interes-
torização é dispensável, se a criança ou adolescente: ses legítimos no âmbito da pluralidade dos interesses
I - estiver acompanhado de ambos os pais ou respon- presentes no caso concreto;
sável; V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da
II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado criança e do adolescente deve ser efetuada no respeito
expressamente pelo outro através de documento com pela intimidade, direito à imagem e reserva da sua
firma reconhecida. vida privada;
VI - intervenção precoce: a intervenção das autorida-
Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, ne- des competentes deve ser efetuada logo que a situa-
nhuma criança ou adolescente nascido em território
ção de perigo seja conhecida;
nacional poderá sair do País em companhia de estran-
VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exer-
geiro residente ou domiciliado no exterior.
cida exclusivamente pelas autoridades e instituições
cuja ação seja indispensável à efetiva promoção dos
direitos e à proteção da criança e do adolescente;
PARTE ESPECIAL
VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção
deve ser a necessária e adequada à situação de perigo
Título II
Das Medidas de Proteção em que a criança ou o adolescente se encontram no
momento em que a decisão é tomada;
Capítulo I IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser
Disposições Gerais efetuada de modo que os pais assumam os seus deve-
res para com a criança e o adolescente;
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adoles- X - prevalência da família: na promoção de direitos
cente são aplicáveis sempre que os direitos reconheci- e na proteção da criança e do adolescente deve ser
dos nesta Lei forem ameaçados ou violados: dada prevalência às medidas que os mantenham ou
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; reintegrem na sua família natural ou extensa ou, se
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou respon- isso não for possível, que promovam a sua integração
sável; em família adotiva;
III - em razão de sua conduta. XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o ado-
lescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e
Capítulo II capacidade de compreensão, seus pais ou responsável
Das Medidas Específicas de Proteção devem ser informados dos seus direitos, dos motivos
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

que determinaram a intervenção e da forma como


Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão esta se processa;
ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o
substituídas a qualquer tempo. adolescente, em separado ou na companhia dos pais,
de responsável ou de pessoa por si indicada, bem
Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em como os seus pais ou responsável, têm direito a ser
conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se ouvidos e a participar nos atos e na definição da me-
aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos fa- dida de promoção dos direitos e de proteção, sendo
miliares e comunitários. sua opinião devidamente considerada pela autoridade
Parágrafo único. São também princípios que regem a judiciária competente, observado o disposto nos §§ 1o
aplicação das medidas: e 2o do art. 28 desta Lei.
I - condição da criança e do adolescente como sujeitos
de direitos: crianças e adolescentes são os titulares dos Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas
direitos previstos nesta e em outras Leis, bem como na no art. 98, a autoridade competente poderá determi-
Constituição Federal; nar, dentre outras, as seguintes medidas:

27
I - encaminhamento aos pais ou responsável, median- II - os compromissos assumidos pelos pais ou respon-
te termo de responsabilidade; sável; e
II - orientação, apoio e acompanhamento temporá- III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas
rios; com a criança ou com o adolescente acolhido e seus
III - matrícula e frequência obrigatórias em estabeleci- pais ou responsável, com vista na reintegração fa-
mento oficial de ensino fundamental; miliar ou, caso seja esta vedada por expressa e fun-
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou co- damentada determinação judicial, as providências a
munitários de proteção, apoio e promoção da família, serem tomadas para sua colocação em família subs-
da criança e do adolescente; tituta, sob direta supervisão da autoridade judiciária.
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou § 7o O acolhimento familiar ou institucional ocorre-
psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; rá no local mais próximo à residência dos pais ou do
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de responsável e, como parte do processo de reintegração
auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxi- familiar, sempre que identificada a necessidade, a fa-
cômanos; mília de origem será incluída em programas oficiais
VII - acolhimento institucional; de orientação, de apoio e de promoção social, sendo
VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; facilitado e estimulado o contato com a criança ou
IX - colocação em família substituta. com o adolescente acolhido.
§ 1o O acolhimento institucional e o acolhimento fami- § 8o Verificada a possibilidade de reintegração fa-
liar são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis miliar, o responsável pelo programa de acolhimento
como forma de transição para reintegração familiar familiar ou institucional fará imediata comunicação
ou, não sendo esta possível, para colocação em família à autoridade judiciária, que dará vista ao Ministério
substituta, não implicando privação de liberdade. Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em
§ 2o Sem prejuízo da tomada de medidas emergen- igual prazo.
ciais para proteção de vítimas de violência ou abuso § 9o Em sendo constatada a impossibilidade de reinte-
sexual e das providências a que alude o art. 130 desta gração da criança ou do adolescente à família de ori-
Lei, o afastamento da criança ou adolescente do con- gem, após seu encaminhamento a programas oficiais
vívio familiar é de competência exclusiva da autorida- ou comunitários de orientação, apoio e promoção so-
de judiciária e importará na deflagração, a pedido do cial, será enviado relatório fundamentado ao Ministé-
Ministério Público ou de quem tenha legítimo interes- rio Público, no qual conste a descrição pormenorizada
se, de procedimento judicial contencioso, no qual se das providências tomadas e a expressa recomendação,
garanta aos pais ou ao responsável legal o exercício subscrita pelos técnicos da entidade ou responsáveis
do contraditório e da ampla defesa. pela execução da política municipal de garantia do
§ 3o Crianças e adolescentes somente poderão ser en- direito à convivência familiar, para a destituição do
caminhados às instituições que executam programas poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda.
de acolhimento institucional, governamentais ou não, § 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o
por meio de uma Guia de Acolhimento, expedida pela prazo de 15 (quinze) dias para o ingresso com a ação
autoridade judiciária, na qual obrigatoriamente cons- de destituição do poder familiar, salvo se entender ne-
tará, dentre outros: cessária a realização de estudos complementares ou
I - sua identificação e a qualificação completa de seus de outras providências indispensáveis ao ajuizamento
pais ou de seu responsável, se conhecidos; da demanda.
II - o endereço de residência dos pais ou do responsá- § 11. A autoridade judiciária manterá, em cada co-
vel, com pontos de referência; marca ou foro regional, um cadastro contendo infor-
III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados mações atualizadas sobre as crianças e adolescentes
em tê-los sob sua guarda; em regime de acolhimento familiar e institucional sob
IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao sua responsabilidade, com informações pormenoriza-
convívio familiar. das sobre a situação jurídica de cada um, bem como
§ 4o Imediatamente após o acolhimento da criança ou as providências tomadas para sua reintegração fami-
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

do adolescente, a entidade responsável pelo programa liar ou colocação em família substituta, em qualquer
de acolhimento institucional ou familiar elaborará um das modalidades previstas no art. 28 desta Lei.
plano individual de atendimento, visando à reintegra- § 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o
ção familiar, ressalvada a existência de ordem escrita Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social
e fundamentada em contrário de autoridade judiciária e os Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e
competente, caso em que também deverá contemplar do Adolescente e da Assistência Social, aos quais in-
sua colocação em família substituta, observadas as re- cumbe deliberar sobre a implementação de políticas
gras e princípios desta Lei. públicas que permitam reduzir o número de crianças e
§ 5o O plano individual será elaborado sob a respon- adolescentes afastados do convívio familiar e abreviar
sabilidade da equipe técnica do respectivo programa o período de permanência em programa de acolhi-
de atendimento e levará em consideração a opinião mento.
da criança ou do adolescente e a oitiva dos pais ou do
responsável. Art. 102. As medidas de proteção de que trata este
§ 6o Constarão do plano individual, dentre outros: Capítulo serão acompanhadas da regularização do
I - os resultados da avaliação interdisciplinar; registro civil.

28
§ 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o O Juiz pode aplicar essas medidas isolada ou cumu-
assento de nascimento da criança ou adolescente será lativamente. Pode, também, substituir uma medida pela
feito à vista dos elementos disponíveis, mediante re- outra a qualquer tempo (art. 99 do ECA). Antes de aplicar
quisição da autoridade judiciária. qualquer uma dessas medidas, o Juiz deverá ouvir os pais
§ 2º Os registros e certidões necessários à regulariza- ou responsáveis, realizar estudo social do caso e ouvir o
ção de que trata este artigo são isentos de multas, cus- MP. Essa oitiva do MP é obrigatória, sob pena de nulida-
tas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade. de (art. 204 do ECA). Esse rol do art. 101 é taxativo.
§ 3o Caso ainda não definida a paternidade, será de-
flagrado procedimento específico destinado à sua ave- Título III
riguação, conforme previsto pela Lei no 8.560, de 29 de Da Prática de Ato Infracional
dezembro de 1992.
§ 4o Nas hipóteses previstas no § 3o deste artigo, é Capítulo I
dispensável o ajuizamento de ação de investigação Disposições Gerais
de paternidade pelo Ministério Público se, após o não
comparecimento ou a recusa do suposto pai em assu- Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta des-
mir a paternidade a ele atribuída, a criança for enca- crita como crime ou contravenção penal.
minhada para adoção.
§ 5º Os registros e certidões necessários à inclusão, a Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de
qualquer tempo, do nome do pai no assento de nas- dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.
cimento são isentos de multas, custas e emolumentos, Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser
gozando de absoluta prioridade. considerada a idade do adolescente à data do fato.
§ 6º São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação re-
querida do reconhecimento de paternidade no assento Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança cor-
de nascimento e a certidão correspondente. responderão as medidas previstas no art. 101.

As normas de prevenção do ECA são destinadas a Capítulo II


crianças e adolescentes em situação de risco. Existirá si- Dos Direitos Individuais
tuação de risco quando a criança ou o adolescente esti-
verem privados de assistência. Essa assistência pode ser Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua li-
material (quando não se tem onde dormir, o que comer, berdade senão em flagrante de ato infracional ou por
vestir etc.), moral (quando a criança ou o adolescente ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciá-
permanece em local inadequado, como locais de prática ria competente.
de jogo, prostituição etc.) ou jurídica (quando não tem Parágrafo único. O adolescente tem direito à identifi-
quem o represente). cação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo
O menor que pratica ato infracional está em situação ser informado acerca de seus direitos.
de risco por estar privado de assistência moral. A situa-
ção de risco pode decorrer de ação ou omissão do Poder Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o
Público; ação ou omissão dos pais ou dos responsáveis; local onde se encontra recolhido serão incontinenti
por conduta própria. comunicados à autoridade judiciária competente e à
O art. 101 do ECA traz um rol das medidas protetivas família do apreendido ou à pessoa por ele indicada.
diante da situação de risco. Essas medidas poderão ser Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob
aplicadas tanto para a criança quanto para o adolescen- pena de responsabilidade, a possibilidade de liberação
te. São elas: imediata.
- encaminhamento da criança e do adolescente aos
pais ou responsáveis, mediante termo ou responsabili- Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser
dade; determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco
- orientação, apoio e acompanhamentos temporários dias.
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

por pessoa nomeada pelo Juiz; Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada
- matrícula e frequência obrigatória em estabeleci- e basear-se em indícios suficientes de autoria e ma-
mento oficial de ensino fundamental (o Juiz determina terialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da
aos pais a obrigação); medida.
- inclusão em programa comunitário ou oficial de au-
xílio à família, à criança e ao adolescente; Art. 109. O adolescente civilmente identificado não
- requisição de tratamento médico, psicológico ou será submetido a identificação compulsória pelos ór-
psiquiátrico em regime hospitalar (internação) ou ambu- gãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito
latorial (consultas periódicas); de confrontação, havendo dúvida fundada.
- abrigo em entidade (não se fala em orfanato). A
doutrina chama de “Tutela de Estado” quando a criança O adolescente não é preso, é apreendido.
está em abrigo sob a proteção do Estado; A internação é a medida mais gravosa para o adoles-
- colocação em família substituta (é utilizada somente cente. O ECA permite a internação provisória durante o
em situações muito graves). processo. É fixado o prazo máximo de 45 dias. Os funda-

29
mentos para que o Juiz decrete essa internação provisó- Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada
ria são: indícios suficientes de autoria e materialidade e sempre que houver prova da materialidade e indícios
necessidade da medida. suficientes da autoria.
Esse prazo de internação provisória será descontado
na internação definitiva. Em nenhuma hipótese a criança As medidas socioeducativas dependem de um proce-
poderá ser internada. Criança, que é todo aquele menor dimento judicial, só podendo ser aplicadas pelo Juiz. O
de 12 anos, não se sujeita a medida sócio-educativa, mas ECA apresenta dois critérios genéricos para a aplicação
apenas a medida de proteção. de medida socioeducativa:
- capacidade do adolescente para cumprir a medida;
Capítulo III - circunstâncias e gravidade da infração.
Das Garantias Processuais A internação é uma exceção, existindo hipóteses le-
gais para sua aplicação.
Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua li- A medida de segurança não poderá ser aplicada ao
berdade sem o devido processo legal. adolescente, tendo em vista ser medida para maior de
idade que apresenta periculosidade. No caso de adoles-
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre ou- cente doente mental, será aplicada medida de proteção,
tras, as seguintes garantias: podendo ser requisitado tratamento médico.
I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato O Juiz poderá cumular medidas socioeducativas, des-
infracional, mediante citação ou meio equivalente; de que sejam compatíveis (ex.: prestação de serviço à
II - igualdade na relação processual, podendo con- comunidade cumulada com reparação de danos). Com
frontar-se com vítimas e testemunhas e produzir todas exceção da internação, o Juiz poderá substituir as me-
as provas necessárias à sua defesa; didas socioeducativas de acordo com o caso concreto,
III - defesa técnica por advogado; visto não haver taxatividade.
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos neces- Se o Promotor discordar com a medida socioeducati-
sitados, na forma da lei; va aplicada, deverá entrar com recurso de apelação. Essa
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade apelação do ECA possui juízo de retratação, ou seja, o
competente; Juiz pode voltar atrás na decisão. O Tribunal competente
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou res- para julgar essa apelação é o TJ.
ponsável em qualquer fase do procedimento.
Seção II
Capítulo IV Da Advertência
Das Medidas Socioeducativas
Art. 115. A advertência consistirá em admoestação
Seção I verbal, que será reduzida a termo e assinada.
Disposições Gerais
Disposta no art. 115 do ECA, é uma medida sócio-e-
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a au- ducativa que consiste em uma admoestação verbal que
toridade competente poderá aplicar ao adolescente as é aplicada pelo Juiz ao adolescente e que é reduzida a
seguintes medidas: termo. É destinada a atos de menor gravidade.
I - advertência; Para a aplicação da advertência, o Juiz deve levar em
II - obrigação de reparar o dano; consideração a prova da materialidade e indícios sufi-
III - prestação de serviços à comunidade; cientes de autoria. É a única medida que o Juiz poderá
IV - liberdade assistida; aplicar fundamentando-se somente em indícios de au-
V - inserção em regime de semi-liberdade; toria.
VI - internação em estabelecimento educacional;
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. Seção III
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em con- Da Obrigação de Reparar o Dano
ta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

a gravidade da infração. Art. 116. Em se tratando de ato infracional com refle-


§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será xos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se
admitida a prestação de trabalho forçado. for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou defici- o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, com-
ência mental receberão tratamento individual e espe- pense o prejuízo da vítima.
cializado, em local adequado às suas condições. Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade,
a medida poderá ser substituída por outra adequada.
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts.
99 e 100. Obrigação de reparar o dano (art. 116 do ECA). Há
um pressuposto: o ato infracional deve ter causado um
Art. 114. A imposição das medidas previstas nos inci- dano à vítima. Essa reparação é para a vítima que sofreu
sos II a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas o dano. É uma medida voltada para o adolescente, então
suficientes da autoria e da materialidade da infração, deve ser estabelecida de acordo com a possibilidade de
ressalvada a hipótese de remissão, nos termos do art. cumprimento pelo adolescente (ex.: devolução da coisa
127. furtada, pequenos serviços a título de reparação etc.).

30
A jurisprudência admite que essa reparação de dano isso, um orientador, que poderá ser substituído a qual-
pode ser aplicada à criança (ex.: devolução da coisa fur- quer tempo. A lei fixa um prazo mínimo de 6 meses para
tada). a duração dessa medida. O orientador terá as seguintes
obrigações legais:
Seção IV - promover socialmente o adolescente, bem como a
Da Prestação de Serviços à Comunidade sua família, inserindo-os em programas sociais. Promo-
ver socialmente é fazer com que o adolescente realize
Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste atividades valorizadas socialmente (teatro, música etc.);
na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, - supervisionar a frequência e o aproveitamento es-
por período não excedente a seis meses, junto a en- colar do adolescente;
tidades assistenciais, hospitais, escolas e outros esta- - profissionalizar o adolescente (nos termos da EC n. 20);
belecimentos congêneres, bem como em programas - apresentar relatório do caso ao Juiz.
comunitários ou governamentais.
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas confor- Seção VI
me as aptidões do adolescente, devendo ser cumpri- Do Regime de Semiliberdade
das durante jornada máxima de oito horas semanais,
aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determi-
de modo a não prejudicar a frequência à escola ou à nado desde o início, ou como forma de transição para
jornada normal de trabalho. o meio aberto, possibilitada a realização de atividades
externas, independentemente de autorização judicial.
Disposta no art. 117 do ECA, o adolescente será obri- § 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionali-
gado a prestar serviços em benefício da coletividade. São zação, devendo, sempre que possível, ser utilizados os
tarefas gratuitas de interesse geral junto a entidades as- recursos existentes na comunidade.
sistenciais, hospitais, escolas ou estabelecimentos con- § 2º A medida não comporta prazo determinado
gêneres. aplicando-se, no que couber, as disposições relativas
Como a medida é mais gravosa, a lei fixa um prazo à internação.
máximo de 6 meses para essa prestação e um máximo
de 8 horas semanais. Essas 8 horas poderão ser estabe- Disposta no art. 120 do ECA, é uma medida que im-
lecidas discricionariamente, desde que não prejudiquem porta em privação de liberdade ao adolescente que pra-
a frequência ao trabalho e à escola. Deverá ser levada tica um ato infracional mais grave. O adolescente é reti-
em conta a aptidão do adolescente para a aplicação da rado de sua família e colocado em um estabelecimento
medida. apropriado de semiliberdade, podendo realizar ativida-
des externas (estudar, trabalhar etc.) somente com au-
Seção V torização do diretor do estabelecimento, não havendo
Da Liberdade Assistida necessidade de autorização judicial. Pode ser usada tanto
como medida principal quanto como medida progressi-
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre va ou regressiva.
que se afigurar a medida mais adequada para o fim A semiliberdade não tem prazo fixado em lei, nem
de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente. mínimo nem máximo. A doutrina e a jurisprudência de-
§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para terminam a aplicação da medida por analogia dos prazos
acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada da internação, tendo como prazo máximo 3 anos. Há a
por entidade ou programa de atendimento. obrigatoriedade de escolarização e profissionalização na
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo míni- semiliberdade.
mo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser pror-
rogada, revogada ou substituída por outra medida,
ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor. Seção VII
Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a su- Da Internação
pervisão da autoridade competente, a realização dos
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

seguintes encargos, entre outros: Art. 121. A internação constitui medida privativa da
I - promover socialmente o adolescente e sua família, liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excep-
fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se neces- cionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa
sário, em programa oficial ou comunitário de auxílio em desenvolvimento.
e assistência social; § 1º Será permitida a realização de atividades exter-
II - supervisionar a frequência e o aproveitamento es- nas, a critério da equipe técnica da entidade, salvo ex-
colar do adolescente, promovendo, inclusive, sua ma- pressa determinação judicial em contrário.
trícula; § 2º A medida não comporta prazo determinado, de-
III - diligenciar no sentido da profissionalização do vendo sua manutenção ser reavaliada, mediante de-
adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho; cisão fundamentada, no máximo a cada seis meses.
IV - apresentar relatório do caso. § 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de in-
ternação excederá a três anos.
É a última medida em que o adolescente permanece § 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo an-
com sua família. O Juiz irá determinar um acompanha- terior, o adolescente deverá ser liberado, colocado em
mento permanente ao adolescente, designando, para regime de semiliberdade ou de liberdade assistida.

31
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos § 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
de idade. § 2º A autoridade judiciária poderá suspender tempo-
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será pre- rariamente a visita, inclusive de pais ou responsável,
cedida de autorização judicial, ouvido o Ministério Pú- se existirem motivos sérios e fundados de sua prejudi-
blico. cialidade aos interesses do adolescente.
§ 7o A determinação judicial mencionada no § 1o po-
derá ser revista a qualquer tempo pela autoridade ju-
Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física
diciária.
e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas
Art. 122. A medida de internação só poderá ser apli- adequadas de contenção e segurança.
cada quando:
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante gra- Disposta no art. 121 e seguintes do ECA, é a medida
ve ameaça ou violência a pessoa; reservada para os atos infracionais de natureza grave. O
II - por reiteração no cometimento de outras infrações ECA estabelece princípios específicos para a internação,
graves; pois é medida de privação de liberdade sempre excep-
III - por descumprimento reiterado e injustificável da cional.
medida anteriormente imposta. A internação deve durar o menor tempo possível
§ 1o O prazo de internação na hipótese do inciso III (princípio da brevidade), é uma medida de exceção que
deste artigo não poderá ser superior a 3 (três) meses, só deverá ser utilizada em último caso (princípio da ex-
devendo ser decretada judicialmente após o devido cepcionalidade) e deve seguir o princípio do respeito à
processo legal. condição peculiar do adolescente como pessoa em de-
§ 2º Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, senvolvimento. Em nenhuma hipótese pode ser aplicada
havendo outra medida adequada. à criança.
O ECA estabelece hipóteses de internação para:
Art. 123. A internação deverá ser cumprida em en- - prática de ato infracional mediante grave ameaça ou
tidade exclusiva para adolescentes, em local distinto
violência à pessoa;
daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa se-
- reiteração de infrações graves;
paração por critérios de idade, compleição física e gra-
vidade da infração. - descumprimento reiterado e injustificado da medi-
Parágrafo único. Durante o período de internação, in- da anteriormente imposta (é uma hipótese de regressão).
clusive provisória, serão obrigatórias atividades peda- Neste caso, a internação não pode ultrapassar o prazo de
gógicas. 3 meses.
Nas duas primeiras hipóteses, o prazo máximo para
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liber- internação é de 3 anos. Por força desse prazo, o ECA po-
dade, entre outros, os seguintes: derá atingir o maior de 18 anos. Em rigor, todas as medi-
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante das sócio-educativas poderão atingir o maior de 18 anos.
do Ministério Público; A medida só poderá ser aplicada com o devido pro-
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade; cesso legal e em nenhuma hipótese poderá ser aplica-
III - avistar-se reservadamente com seu defensor; da à criança. Quando o adolescente completar 21 anos,
IV - ser informado de sua situação processual, sempre a liberação será obrigatória. Caso o adolescente tenha
que solicitada; passado por internação provisória, esses dias serão com-
V - ser tratado com respeito e dignidade; putados na internação (detração). A diferença entre se-
VI - permanecer internado na mesma localidade ou mi-liberdade e internação é que, nesta, o adolescente
naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou depende de autorização expressa do juiz para praticar
responsável;
atividades externas, ou seja, o adolescente internado so-
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
mente se ausentará do estabelecimento em que se achar
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
se autorizado pelo juiz.
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e as-


seio pessoal; O art. 123 dispõe que o local para a internação deve
X - habitar alojamento em condições adequadas de ser distinto do abrigo, devendo-se obedecer a separação
higiene e salubridade; por idade, composição física (tamanho), sexo e gravida-
XI - receber escolarização e profissionalização; de do ato infracional. Há, também, a obrigatoriedade de
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer: realização de atividades pedagógicas.
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social; O art. 124 dispõe sobre direitos específicos dos ado-
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua cren- lescentes:
ça, e desde que assim o deseje; - entrevista pessoal com o representante do MP;
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor - entrevista reservada com seu defensor, dentre ou-
de local seguro para guardá-los, recebendo compro- tros.
vante daqueles porventura depositados em poder da As visitas podem ser suspensas pelo juiz, sob o fun-
entidade; damento de segurança e proteção do menor, entretanto,
XVI - receber, quando de sua desinternação, os docu- em nenhuma hipótese o menor poderá ficar incomuni-
mentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade. cável.

32
Capítulo V - circunstâncias e conseqüências do fato;
Da Remissão - contexto social em que o fato foi praticado;
- personalidade do agente;
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial - maior ou menor participação no ato infracional.
para apuração de ato infracional, o representante do A remissão, quer concedida pelo MP quer pelo Juiz,
Ministério Público poderá conceder a remissão, como não implica confissão de culpa. Existe uma divergência
forma de exclusão do processo, atendendo às circuns- na doutrina em considerar a remissão como um acordo
tâncias e consequências do fato, ao contexto social, ou não. A posição majoritária entende que a remissão
bem como à personalidade do adolescente e sua não é um acordo, tendo em vista a lei falar em concessão
maior ou menor participação no ato infracional. e, ainda, pelo fato de não haver nenhum prejuízo para o
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão adolescente, não possuindo a remissão nenhum efeito,
da remissão pela autoridade judiciária importará na podendo ser concedida quantas vezes forem necessárias.
suspensão ou extinção do processo.
Título IV
Art. 127. A remissão não implica necessariamente o Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável
reconhecimento ou comprovação da responsabilida-
de, nem prevalece para efeito de antecedentes, po- Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou respon-
dendo incluir eventualmente a aplicação de qualquer sável:
das medidas previstas em lei, exceto a colocação em I - encaminhamento a serviços e programas oficiais
regime de semi-liberdade e a internação. ou comunitários de proteção, apoio e promoção da
família;
Art. 128. A medida aplicada por força da remissão II - inclusão em programa oficial ou comunitário de
poderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo, auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxi-
mediante pedido expresso do adolescente ou de seu cômanos;
representante legal, ou do Ministério Público. III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psi-
quiátrico;
Tem por conceito o perdão, a indulgência ao menor. IV - encaminhamento a cursos ou programas de
Podem conceder remissão tanto o MP quanto o Juiz. São orientação;
hipóteses de natureza jurídica diferentes. A remissão ju- V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acom-
dicial é forma de extinção ou de suspensão do processo
panhar sua frequência e aproveitamento escolar;
(portanto, pressupõe o processo em curso). Já a remissão
VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescen-
ministerial é forma de exclusão do processo (logo, deve
te a tratamento especializado;
ser concedida antes do processo - administrativamente).
Quando a remissão é concedida pelo MP, segue-se o se- VII - advertência;
guinte procedimento: VIII - perda da guarda;
- o menor é ouvido pelo Promotor que concederá a IX - destituição da tutela;
remissão; X - suspensão ou destituição do poder familiar.
- o Promotor encaminha a remissão para homologa- Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas
ção pelo Juiz; nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o dispos-
- se o Juiz não aceitar a remissão, deverá remeter para to nos arts. 23 e 24.
o Procurador de Justiça, que poderá insistir na remissão
ou designar outro representante do MP para apresentar Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opres-
representação contra o menor. Essa remissão concedida são ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsá-
pelo MP é causa de exclusão do processo, visto que, ao vel, a autoridade judiciária poderá determinar, como
conceder a remissão, inexiste o processo. medida cautelar, o afastamento do agressor da mo-
Quando a remissão é concedida pelo Juiz, segue-se o radia comum.
seguinte procedimento: Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda,
- o Promotor oferece a representação; a fixação provisória dos alimentos de que necessitem
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

- na audiência de apresentação, o menor será ouvido a criança ou o adolescente dependentes do agressor.


pelo Juiz, que poderá decidir pela remissão;
- o representante do MP deverá, obrigatoriamente, TÍTULO V
ser ouvido sobre a possibilidade da remissão antes de ela
ser aplicada. A remissão concedida pelo Juiz causa extin- Capítulo I
ção do processo. Havendo discordância por parte do MP, Disposições Gerais
este deverá ingressar com uma apelação para reformar a
decisão do Juiz. Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e
Tanto a doutrina quanto a jurisprudência admitem a autônomo, não jurisdicional, encarregado pela socie-
cumulação da remissão com uma medida sócio-educa-
dade de zelar pelo cumprimento dos direitos da crian-
tiva que seja compatível (ex.: reparação do dano, adver-
ça e do adolescente, definidos nesta Lei.
tência etc.). Neste caso, a remissão é causa de suspensão
do processo.
O ECA traz quatro requisitos genéricos para a aplica- Art. 132. Em cada Município e em cada Região Ad-
ção da remissão, devendo ficar a critério do membro do ministrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo,
MP ou do Juiz a sua concessão. São eles: 1 (um) Conselho Tutelar como órgão integrante da

33
administração pública local, composto de 5 (cinco) X - representar, em nome da pessoa e da família, con-
membros, escolhidos pela população local para man- tra a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º,
dato de 4 (quatro) anos, permitida 1 (uma) recondu- inciso II, da Constituição Federal;
ção, mediante novo processo de escolha. XI - representar ao Ministério Público para efeito das
ações de perda ou suspensão do poder familiar, após
Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho esgotadas as possibilidades de manutenção da crian-
Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos: ça ou do adolescente junto à família natural;
I - reconhecida idoneidade moral; XII - promover e incentivar, na comunidade e nos gru-
II - idade superior a vinte e um anos; pos profissionais, ações de divulgação e treinamento
III - residir no município. para o reconhecimento de sintomas de maus-tratos
em crianças e adolescentes.
Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições,
local, dia e horário de funcionamento do Conselho Tu- o Conselho Tutelar entender necessário o afastamento
telar, inclusive quanto à remuneração dos respectivos do convívio familiar, comunicará incontinenti o fato
membros, aos quais é assegurado o direito a: ao Ministério Público, prestando-lhe informações so-
I - cobertura previdenciária; bre os motivos de tal entendimento e as providências
II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de tomadas para a orientação, o apoio e a promoção so-
1/3 (um terço) do valor da remuneração mensal; cial da família.
III - licença-maternidade;
IV - licença-paternidade; Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente po-
V - gratificação natalina. derão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido
Parágrafo único. Constará da lei orçamentária mu- de quem tenha legítimo interesse.
nicipal e da do Distrito Federal previsão dos recursos
necessários ao funcionamento do Conselho Tutelar e à Capítulo III
remuneração e formação continuada dos conselheiros Da Competência
tutelares.
Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de
competência constante do art. 147.
Art. 135. O exercício efetivo da função de conselhei-
ro constituirá serviço público relevante e estabelecerá
Capítulo IV
presunção de idoneidade moral.
Da Escolha dos Conselheiros
Capítulo II
Art. 139. O processo para a escolha dos membros do
Das Atribuições do Conselho
Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipal
e realizado sob a responsabilidade do Conselho Mu-
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: nicipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, e a
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses fiscalização do Ministério Público.
previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas pre- § 1o O processo de escolha dos membros do Conselho
vistas no art. 101, I a VII; Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o territó-
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, apli- rio nacional a cada 4 (quatro) anos, no primeiro do-
cando as medidas previstas no art. 129, I a VII; mingo do mês de outubro do ano subsequente ao da
III - promover a execução de suas decisões, podendo eleição presidencial.
para tanto: § 2o A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, edu- dia 10 de janeiro do ano subsequente ao processo de
cação, serviço social, previdência, trabalho e seguran- escolha.
ça; § 3o No processo de escolha dos membros do Con-
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos selho Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer,
de descumprimento injustificado de suas deliberações. prometer ou entregar ao eleitor bem ou vantagem
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato pessoal de qualquer natureza, inclusive brindes de pe-
que constitua infração administrativa ou penal contra queno valor.
os direitos da criança ou adolescente;
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de Capítulo V
sua competência; Dos Impedimentos
VI - providenciar a medida estabelecida pela autorida-
de judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho
para o adolescente autor de ato infracional; marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e
VII - expedir notificações; genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio,
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado.
criança ou adolescente quando necessário; Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conse-
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração lheiro, na forma deste artigo, em relação à autorida-
da proposta orçamentária para planos e programas de judiciária e ao representante do Ministério Público
de atendimento dos direitos da criança e do adoles- com atuação na Justiça da Infância e da Juventude,
cente; em exercício na comarca, foro regional ou distrital.

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b) De quatorze anos de idade, salvo na condição de
aprendiz.
EXERCÍCIOS COMENTADOS c) De dezesseis anos de idade, salvo na condição de
1. (FCC/2014 - Prefeitura de Recife/PE - Procurador) aprendiz.
Nos termos do art. 226 da Constituição Federal, “a famí- d) De dezesseis anos de idade, inclusive na condição de
lia, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”. aprendiz.
Entre os aspectos abrangidos pelo direito à proteção es- e) De dezessete anos de idade, inclusive na condição de
pecial, segundo o texto constitucional, encontram-se os aprendiz.
seguintes:
Resposta: Letra B. Em que pese o teor do art. 64 do
a) garantia de direitos previdenciários e trabalhistas; e
ECA, que poderia dar a entender que um menor de 14
obediência aos princípios de brevidade, excepciona-
anos pode trabalhar, prevalece o que diz o texto da
lidade e respeito à condição peculiar de pessoa em
desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer Constituição Federal: “Art. 7º São direitos dos traba-
medida privativa da liberdade. lhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
b) garantia de direitos previdenciários e trabalhistas; e melhoria de sua condição social: [...] XXXIII - proibição
acesso universal à educação infantil, em creche e pré- de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores
-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade. de dezoito e de qualquer trabalho a menores de de-
c) erradicação do analfabetismo; e estímulo do Poder Pú- zesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir
blico, através de assistência jurídica, incentivos fiscais de quatorze anos”. Logo, o menor pode trabalhar em
e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a qualquer serviço, desde que não seja noturno, peri-
forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou goso e insalubre, dos 16 aos 18 anos; e entre 14 e 16
abandonado. anos apenas pode trabalhar como aprendiz.
d) punição severa ao abuso, à violência e à exploração
sexual da criança e do adolescente; e garantia às pre- 3. (FCC/2016 - AL-MS - Agente de Polícia Legislativo)
sidiárias de condições para que possam permanecer Sobre a adoção, nos termos preconizados pelo Estatuto
com seus filhos durante o período de amamentação. da Criança e do Adolescente,
e) punição severa ao abuso, à violência e à exploração
sexual da criança e do adolescente; e estímulo do Po- a) o adotante deve ser, no mínimo, 18 anos mais velho
der Público, através de assistência jurídica, incentivos
que o adotando.
fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento,
b) é permitida a adoção por procuração.
sob a forma de guarda, de criança ou adolescente ór-
fão ou abandonado. c) se um dos cônjuges adota o filho do outro, mantêm-se
os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge do
Resposta: Letra A. O artigo 227, §3º, CF fixa os as- adotante e os respectivos parentes.
pectos que abrangem a proteção especial da criança d) é vedada a adoção conjunta pelos divorciados, separa-
e do adolescente: “I - idade mínima de quatorze anos dos judicialmente e pelos ex-companheiros.
para admissão ao trabalho, observado o disposto no e) o estágio de convivência que precede a adoção não
art. 7º, XXXIII; II - garantia de direitos previdenciários poderá, em nenhuma hipótese, ser dispensado pela
e trabalhistas; III - garantia de acesso do trabalhador autoridade judiciária.
adolescente e jovem à escola; IV - garantia de pleno
e formal conhecimento da atribuição de ato infracio- Resposta: Letra C. Neste sentido, disciplina o art. 41,
nal, igualdade na relação processual e defesa técnica § 1º, ECA: “Se um dos cônjuges ou concubinos adota o
por profissional habilitado, segundo dispuser a legis- filho do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre
lação tutelar específica; V - obediência aos princípios o adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e
de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição os respectivos parentes”. A alternativa “a” está errada
peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da porque o adotante deve ser, pelo menos, 16 anos mais
aplicação de qualquer medida privativa da liberdade; velho que o adotado e possuir pelo menos 18 anos
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

VI - estímulo do Poder Público, através de assistência


(art. 42, § 3º, ECA); a alternativa “b” está incorreta por-
jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da
que é vedada a adoção por procuração, pois a adoção
lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança
ou adolescente órfão ou abandonado; VII - programas é ato personalíssimo (art. 39, § 2º, ECA); a alternativa
de prevenção e atendimento especializado à criança, “d” está incorreta porque é possível a adoção conjunta
ao adolescente e ao jovem dependente de entorpe- desde que preencha os requisitos de serem casados
centes e drogas afins”. civilmente ou mantenham união estável, comprovada
a estabilidade da família (art. 42, § 1º, ECA); e a alter-
2. (Alternative Concursos/2017 - Prefeitura de Sul nativa “e” está incorreta porque pode ser dispensado
Brasil/SC - Agente Educativo) De acordo com o Estatu- o estágio de convivência quando o adotando já estiver
to da Criança e do Adolescente, Lei n.º 8.069/90, art. 60, sob a tutela ou guarda do adotante (art. 46, § 1º, ECA).
é proibido qualquer trabalho a menores:
4. (FCC/2016 - AL-MS - Agente de Polícia Legislativo)
a) De quatorze anos de idade, inclusive na condição de Sobre a prática de ato infracional à luz do Estatuto da
aprendiz. Criança e do Adolescente, é INCORRETO afirmar que a

35
a) medida socioeducativa de internação pode ser deter- outro pretexto, por parte dos pais, de integrantes da
minada por descumprimento reiterado e injustificável família ampliada, dos responsáveis, dos agentes pú-
da medida anteriormente imposta. blicos executores de medidas socioeducativas ou por
b) internação, antes da sentença, poderá ser determinada qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-
pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias. -los, educá-los ou protegê-los.
c) medida socioeducativa de internação não poderá ex- d) de serem criados e educados no seio de sua família
biológica, não se admitindo a sua inserção em família
ceder em nenhuma hipótese três anos, liberando-se
substituta, assegurada a convivência familiar e comu-
compulsoriamente o menor infrator aos vinte e um
nitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento
anos de idade.
integral.
d) medida socioeducativa de liberdade assistida será
fixada pelo prazo mínimo de trinta dias, podendo a Resposta: Letra C. Nestes termos, preconiza o artigo
qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substi- 18-A do ECA: “A criança e o adolescente têm o direito
tuída por outra medida, ouvido o orientador, o Minis- de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico
tério Público e o defensor. ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de
e) remissão não implica necessariamente o reconheci- correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretex-
mento ou comprovação da responsabilidade, nem to, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pe-
prevalece para efeito de antecedentes, podendo in- los responsáveis, pelos agentes públicos executores de
cluir eventualmente a aplicação de qualquer das me- medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encar-
didas previstas em lei, exceto a colocação em regime regada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-
de semiliberdade e a internação. -los”. A alternativa “a” está errada porque o artigo 16 do
ECA fixa que o direito à liberdade envolve os seguintes
Resposta: Letra D. A lei exige como prazo mínimo de aspectos: “I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e
medida socioeducativa o período de 6 meses, confor- espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais;
me art. 118, § 2º, ECA, não 30 dias conforme a alter- II - opinião e expressão; III - crença e culto religioso;
nativa “d”, razão pela qual está incorreta. A alternativa IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; V - participar
da vida familiar e comunitária, sem discriminação; VI -
“a” está prevista no art. 122, § 1º, ECA; a alternativa “b”
participar da vida política, na forma da lei; VII - bus-
está prevista no art. 108 do ECA; a alternativa “c” está
car refúgio, auxílio e orientação”. A alternativa “b” está
prevista no art. 121, §§ 3º e 5º, ECA; a alternativa “e” errada porque o artigo 17 do ECA prevê que “o direi-
está prevista no art. 127 ECA. to ao respeito consiste na inviolabilidade da integrida-
de física, psíquica e moral da criança e do adolescente,
5. (COMPERVE/2016 - Câmara de Natal/RN - Guarda abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da
Legislativo) As crianças e os adolescentes, qualificados autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e
pelo direito hoje vigente como pessoas em desenvolvi- objetos pessoais”. A alternativa “d” está errada porque o
mento, receberam do direito positivo brasileiro, tutela artigo 18 do ECA assegura que “é direito da criança e do
especial através da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, adolescente ser criado e educado no seio de sua família
mais conhecida como Estatuto da Criança e do Adoles- e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada
cente. Seguindo as diretrizes traçadas pela Constituição a convivência familiar e comunitária, em ambiente que
de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente trouxe a garanta seu desenvolvimento integral”.
previsão normativa da absoluta prioridade e de variados
direitos fundamentais. Em tal seara, foi determinado que
as crianças e os adolescentes têm direito,

a) à liberdade, de forma a compreender a liberdade de ir,


vir e estar nos logradouros públicos e espaços comu-
nitários, ressalvadas as restrições legais; a liberdade
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

de opinião e de expressão; a liberdade de brincar e


de praticar esportes, a liberdade de participar da vida
familiar e comunitária; a liberdade de buscar refúgio,
auxílio e orientação, excetuadas dessa tutela a liberda-
de de crença e culto religioso e de participar da vida
política.
b) ao respeito, consistente na inviolabilidade da sua in-
tegridade física, psíquica e moral, abrangendo a pre-
servação da imagem, da identidade, da autonomia,
de seus valores, ideias e crenças, excluída a tutela dos
seus espaços e objetos pessoais.
c) de serem educados e cuidados sem o uso de castigo fí-
sico ou de tratamento cruel ou degradante, como for-
mas de correção, disciplina, educação ou a qualquer

36
algumas imagens mostravam apenas os órgãos geni-
tais da garota. Apurou-se que Marcelino jamais praticou
HORA DE PRATICAR! qualquer ato libidinoso com a sobrinha nem divulgou o
material fotográfico obtido e que ele utilizava as fotos
1. (TCE-PA - Auditor de Controle Externo - Área Ad- apenas para satisfazer a própria lascívia. Nessa situação,
ministrativa - Serviço Social - CESPE/2016) Julgue o Marcelino responderá por crime previsto no ECA, uma
item subsecutivo, acerca do Estatuto da Criança e do vez que registrou cena pornográfica envolvendo adoles-
Adolescente (ECA). cente.
De acordo com o ECA, é considerada criança a pessoa
com até doze anos de idade incompletos. ( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO

2. (DPU - Assistente Social - CESPE/2016) Segundo as


normas contidas na legislação social voltada para os di- GABARITO
reitos sociais e proteção de crianças e adolescentes, jul-
gue o seguinte item.
1 CERTO
Para o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo,
é prioritária a aplicação de medidas privativas ou restri- 2 ERRADO
tivas de liberdade em estabelecimento educacional, de 3 ERRADO
modo a garantir a inclusão social dos egressos do siste-
4 ERRADO
ma socioeducativo.
5 CERTO
( ) CERTO ( ) ERRADO

3. (TJ-DFT - Analista Judiciário - Judiciária - CES-


PE/2015) Julgue o próximo item, de acordo com o dis-
posto no Código de Defesa do Consumidor e no Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA).
De acordo com o ECA, o conselho tutelar pode aplicar,
conforme a gravidade do caso, medida de encaminha-
mento a tratamento psicológico ou psiquiátrico aos
pais que apliquem castigo físico ou tratamento cruel ou
degradante como formas de disciplina ou correção do
comportamento de criança ou adolescente.

( ) CERTO ( ) ERRADO

4. (DPE-PE - Defensor Público - CESPE/2015) No item


abaixo, é apresentada uma situação hipotética, seguida
de uma assertiva a ser julgada conforme as normas do
ECA e o entendimento do STJ.
Alberto, adolescente condenado a cumprir medida so-
cioeducativa de internação, diante da inexistência de
estabelecimento apropriado na cidade de residência de
seus pais, foi custodiado em unidade distante, em razão
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

da superlotação da unidade mais próxima. Nessa situa-


ção, houve violação ao direito absoluto do adolescente
previsto no ECA: Alberto deveria ter sido enviado para a
localidade mais próxima do domicílio dos seus pais, mes-
mo que a unidade de custódia estivesse superlotada.

( ) CERTO ( ) ERRADO

5. (DPE-PE - Defensor Público - CESPE/2015) No item


abaixo, é apresentada uma situação hipotética, seguida
de uma assertiva a ser julgada conforme as normas do
ECA e o entendimento do STJ.
Marcelino, maior imputável, fotografou sua sobrinha,
de treze anos de idade, enquanto ela tomava banho.
As fotos mostravam as partes íntimas da adolescente e

37
ANOTAÇÕES

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

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38
ÍNDICE

ATUALIDADES
Noções gerais sobre temas da vida econômica, política e cultural do Paraná, do Brasil e do Mundo. O debate sobre as políticas
públicas para o meio ambiente, saúde, educação, trabalho, segurança, assistência social e juventude. ...........................................01
Aspectos relevantes das relações entre os Estados e Povos..................................................................................................................................01
Ética e Cidadania......................................................................................................................................................................................................................12
NOÇÕES GERAIS SOBRE TEMAS DA VIDA ECONÔMICA, POLÍTICA E CULTURAL DO PARA-
NÁ, DO BRASIL E DO MUNDO. O DEBATE SOBRE AS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O MEIO
AMBIENTE, SAÚDE, EDUCAÇÃO, TRABALHO, SEGURANÇA, ASSISTÊNCIA SOCIAL E JU-
VENTUDE; ASPECTOS RELEVANTES DAS RELAÇÕES ENTRE OS ESTADOS E POVOS

1 - Febre amarela

Desde 2016, algumas regiões do Brasil têm enfrentado um surto de febre amarela, mas foi em 2018 que a crise se
intensificou, com aumento de casos da doença. A febre amarela é transmitida por mosquitos silvestres, que ocorre em
áreas de florestas e matas. Na área urbana, o mosquito transmissor é o Aedes aegypti.
A única forma de se prevenir é recorrer à vacinação, disponível nos postos de saúde, por meio do Sistema Único de
Saúde (SUS). Segundo dados do Ministério da Saúde, entre de 1º julho de 2017 a 28 de fevereiro, foram 723 casos e 237
óbitos. Em 2017, houve 576 casos e 184 óbitos. Por isso, uma das indicações segundo especialistas na área da saúde,
é evitar áreas rurais, caso a pessoa ainda não esteja vacinado. A vacina dura cerca de 10 anos.
As áreas mais atingidas pela febre amarela são os Estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e São Paulo. De
acordo com os especialistas, os índices atuais apontam que a atual situação supera o surto dos anos 80. Os principais
sintomas da doença são febre, dor de cabeça, dores musculares, fadiga, náuseas, vômitos, entre outros.

#FicaDica
Um dos pontos de mais destaque na mídia, quando se trata de febre amarela, é a falta de vacinas nos
postos de saúde, devido à alta procura pela vacina, em janeiro de 2018. Na ocasião, as vacinas foram fra-
cionadas para conter a alta demanda pelo serviço, por parte da população.

FIQUE ATENTO!
As provas em concursos públicos podem tratar sobre a alta procura pela vacina, motivada pela escassez,
em meio à euforia popular em se vacinar, por conta dos índices de mortes. Vale também manter atenção
quanto às formas de transmissão e de que a vacina, de fato, é melhor forma de se prevenir.

2 - Questão das armas nos EUA

Historicamente, os Estados Unidos têm políticas mais flexíveis de porte armas para os cidadãos, uma questão bas-
tante inserida na cultura do país, diferentemente de nações como o Brasil.
Contudo, com os altos índices de ataques e tiroteios em escolas e outros locais publicados, na maioria das vezes
crimes causados por civis com porte de armas, tem suscitado a discussão sobre endurecer o acesso às armas, com
políticas menos flexíveis.
No governo de Barack Obama (2009-2017), essas discussões foram intensificadas. O então presidente demonstrava
ser favorável à implantação de medidas mais rígidas, mas encontrou grande resistência de seus oponentes no Partido
Republicano.
No atual governo de Donald Trump, que assumiu em 2017, essa discussão é tida pela Casa Branca como um assun-
to que pode esperar, por não se tratar de prioridade para o atual governo. A camada da sociedade norte-americana
inclinada a leis mais rígidas, defende que haja restrição na venda de armas.

#FicaDica
É importante ressaltar que a questão das armas é um tema que divide a sociedade dos Estados Uni-
dos. Camadas da sociedade, desde ONGs e pessoas da esfera política, defendem o controle das armas
ATUALIDADES

como forma de minimizar os ataques recentes. Porém quem é contra a ideia, acredita que o momento
é propício para armar ainda mais a população.

1
4 - Crise na Venezuela
FIQUE ATENTO!
Pelo menos há quatro ou cinco anos, a Venezuela
Não é difícil de imaginar que algumas ques-
tem enfrentado instabilidade econômica, principalmente
tões previstas em concursos relacionem o
pelo desabastecimento de produtos básicos para consu-
tema a Donald Trump, que claramente se
mo diário e crescente pobreza populacional. Também
mostrou favorável a ao direito de armar a
é preciso considerar que a queda no valor do preço do
população. Além disso, é possível que seja
petróleo contribuiu para o empobrecimento do país, le-
relacionado ainda a polêmica de envolve a
vando em conta de que se trata da principal economia
indústria de armas, ou seja, para os críticos
da nação.
da flexibilidade de armamento, manter as
Os conflitos políticos também ganharam espaço, em
atuais leis interessa esse mercado milionário,
meio a protestos violentos entre manifestantes contrá-
que vive um bom momento em 2018.
rios e favoráveis ao governo de Nicolás Maduro, o atual
presidente do país. A rivalidade entre os grupos se in-
3 - Guerra comercial - China e EUAw tensificou após a morte de Hugo Chávez e chegada de
Maduro ao poder.
De um lado os gigantes norte-americanos, de outro Em 2018, a situação econômica se agravou trazendo
a poderosa China. O embate comercial entre as duas mais miséria à população e busca por melhores condi-
potências tem influenciado o mercado de outros países. ções de vida em outros países, especialmente o Brasil.
Em resumo, ambas as nações implementaram no final do A quantidade diária de venezuelanos que chegaram ao
primeiro semestre de 2018 políticas mais rígidas e restri- país, a partir de Roraima, tem suscitado conflitos na re-
ções de produtos dos dois países no mercado interno do gião, com crescimento de hostilidade da população em
oponente. relação aos vizinhos sul-americanos.
A primeira polêmica começou com imposição de tari-
fas dos EUA sobre cerca de US$ 34 bilhões em produtos
da China, em julho de 2018. A justificativa da Casa Branca #FicaDica
é que a medida fortalece o mercado interno. A nação ain-
da acusou a China de roubo de propriedade intelectual A crise venezuelana é complexa e traz mui-
de produtos norte-americanos. tas narrativas, mas é preciso considerar um
O governo chinês retaliou e aplicou taxas compatíveis tema de muito destaque em 2018: a imigra-
em relação a centenas de produtos dos Estados Unidos, ção. A chegada maciça de venezuelanos ao
o que representa também cerca de US$ 34 bilhões. Esse Brasil enfatiza mais um cenário de xenofo-
cenário trouxe a maior guerra comercial de todos os tem- bia em território nacional, em meio à rejei-
pos. ção da população de Roraima à chegada
As medidas afetam a exportações de diversos pro- dos imigrantes.
dutos no mundo, desde petróleo, gás e outros produtos
refinados. Numa economia globalizada, embates como
esse causam turbulência no mercado. FIQUE ATENTO!
Pode haver questões de atualidades com
enunciados que requerem atenção e inter-
#FicaDica
pretação de texto. Uma boa compreensão
Antes das medidas, o presidente dos Esta- do enunciado pode ser fundamental para
dos Unidos, Donald Trump, já havia anun- chegar à resposta correta.
ciado a necessidade de rever as políticas
comerciais com a China dando sinais de
5 – Matrizes energéticas
que seria rígido quanto às taxas. Nesse
mesmo cenário, os chineses defenderam
O conceito de matrizes energéticas implica na soma
políticas mais favoráveis à integração, em
e poderio de fontes de energias produzidas ou contidas
um mundo o qual vigora economias glo-
numa nação. No caso do Brasil, o país detém a matriz
balizadas.
energética mais renovável do mundo.
Cerca de 45% de suas fontes de energia são sustentá-
veis, como hidrelétrica, biomassa e etanol. A matriz ener-
gética mundial tem a média de 13% de fontes renováveis,
FIQUE ATENTO!
no caso, para países desenvolvidos e industrializados.
É importante manter atenção quanto à in- No Brasil, em 2018, muitas usinas produtoras de açú-
fluência desse tema em relação ao Brasil. Há car têm intensificado suas atividades na produção de
ATUALIDADES

quem defenda que a situação favorece a co- etanol, em busca de destaque no mercado mundial, dis-
mercialização de commodities para o merca- putado juntamente com os Estados Unidos. Com o anún-
do chinês. cio da China, em dezembro, sobre aumentar sua cota de
etanol na gasolina para 10%, esse mercado tende a cres-
cer mais.

2
Um dos momentos mais tensos quanto às políticas
#FicaDica de imigração no país ocorreu quando o governo Trump
decidiu separar crianças pequenas de seus pais, na situa-
Brasil e EUA são os dois grandes produtores
ção em que ocorre detenção de adultos ao atravessar
e consumidores de etanol no mundo.
a fronteira de forma ilegal. A medida faz parte do pro-
grama “Tolerância Zero”, que busca reduzir o índice de
imigrações ilegais no país.
FIQUE ATENTO! Essa prática que separa pais e crianças foi duramente
Existem dois tipos de etanol no mercado: criticada por entidades e organizações internacionais. A
anidro (sem água, vem misturado à gasoli- justificativa do governo quanto à ação era de que não se-
na) e hidratado (com até 7% de água, etanol ria possível abrigar as crianças junto aos pais, nos centros
puro comprado direto da bomba). de detenção federal reservados aos adultos. Por isso, os
menores foram encaminhados a abrigos.
Além disso, as instalações foram consideradas precá-
6 – Desmatamento atinge recordes em 2018 rias para receber as crianças, na opinião de críticos da
medida. Após a repercussão negativa desse caso, a Casa
Pesquisa divulgada em setembro de 2018, pelo Ins- Branca voltou atrás quanto à separação das famílias, mas
tituto Ibope Inteligência, cita que 27% dos brasileiros críticas prevalecem quanto à tolerância zero.
acreditam que o desmatamento é a maior ameaça para
o meio ambiente. As informações são da Agência Brasil.
Além desse estudo, um relatório da revista Science #FicaDica
mostra que o desmatamento não tem reduzido quan- A política de imigração nos Estados Unidos
do se trata de espaço para produção de commodities. demonstra uma tendência por parte de na-
Esses produtos, em geral, requerem grande espaço para ções ricas quanto aos imigrantes, em meio
cultivo. à intolerância que pode culminar em xeno-
Porém em entrevista à BBC, o analista de dados Philip fobia. Na Europa, por exemplo, destino de
Curtis, colaborador da organização não governamental milhões de imigrantes de várias partes do
The Sustainability Consortium, afirma que os commodi- planeta, a aversão ao estrangeiro, sobretu-
ties não podem ser culpados. Levando em conta que a do em relação a países pobres e marginali-
produção desses produtos é necessária para suprir o au-
zados, tem aumentado significativamente.
mento populacional.
Cerca de 27% do desmatamento é causado pela pro-
dução de commodities. Além disso, 26% dos impactos
ambientais se referem ao manejo comercial florestal, e
24% corresponde à agricultura, com produção de produ- FIQUE ATENTO!
tos para subsistência.
Quando se fala de imigração e xenofobia, é
#FicaDica importante ressaltar que mesmo mantendo
historicamente uma cultura que recebe to-
O estudo cita ainda que incêndios florestais dos, o Brasil tem registrado casos dessa na-
correspondem a 23% dos danos. No caso, a tureza nos últimos anos, como hostilização e
urbanização chega a menos de 1%. preconceitos em relação a haitianos, bolivia-
nos e venezuelanos.

FIQUE ATENTO! 8 - Gillets jaune


Nos países ao Norte e mais desenvolvidos,
o desmatamento é causado principalmente Os gillets jaune (coletes amarelos, em francês) foram
por incêndios florestais. Na porção mais ao destaque no cenário mundial ao realizarem protestos e
Sul, entre as nações em desenvolvimento, atos contra aumento no preço de combustíveis, no iní-
a produção de commodities e a agricultura cio de dezembro, na França. Especialistas ressaltam que
têm impacto no desmatamento. desde os anos 60 não surgiam protestos tão violentos
quanto os realizados nesse período.
A alta dos preços, segundo o governo francês, é mo-
7 - EUA e questão imigratória tivada para desestimular o uso de combustíveis fósseis,
como estratégia de sustentabilidade. A ideia é investir
Historicamente, os Estados Unidos têm mantido polí- mais em fontes renováveis. Para conter os atos, o gover-
ticas rígidas quando se trata de imigração, num comba- no cancelou o aumento de preços.
ATUALIDADES

te à entrada ilegal de estrangeiros no país, em busca de


uma vida melhor. Com a eleição do republicano Donald
Trump, em 2017, a política imigratória tem sido endu-
recida, o que trouxe críticas por parte da comunidade
internacional em relação às medidas adotadas.

3
10 - Brexit e UE
#FicaDica
Marine Le Pen, líder do partido de extrema- O Brexit, o processo de saída do Reino Unido da
-direita francês, se posicionou favorável aos União Europeia, foi aprovado em referendo britânico, em
protestos. 2016, mas a saída oficial pode ser concluída a partir de
2020. Internamente, há certa pressão para que os britâni-
cos recuem da decisão e se mantenham no bloco.
Ainda existe um debate sobre a possibilidade de rea-
FIQUE ATENTO! lizar um segundo referendo para consulta popular, em
A avaliação é de que as manifestações não relação à saída ou não do Reino Unido. Se houver a apro-
estão ligadas a partidos e surgiram essen- vação do Brexit, o bloco europeu perde os seguintes paí-
cialmente por meio de mobilizações popu- ses: Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte.
lares.

#FicaDica
9 - Inteligência artificial cada vez mais presente na
sociedade A decisão de sair foi motivada pela direi-
ta britânica, com intuito de fechar mais as
Num mundo cada vez mais conectado e imerso nas fronteiras do Reino Unido também para
redes sociais, as inovações tecnológicas estabelecem outros países da Europa, sobretudo, nações
novas configurações nas relações sociais e de trabalho. que exportam imigrantes.
A inteligência artificial se constitui num mecanismo que
traz mudanças nas formas como as pessoas se relacio-
nam e nas funções que exercem. FIQUE ATENTO!
No campo profissional, por exemplo, a inteligência A União Europeia é o bloco econômico mais
artificial – por meio de máquinas ou robôs –, já realiza rico e influente do mundo.
de forma automatizada funções anteriormente exercidas
por pessoas. Hoje, por exemplo, softwares e máquinas
realizam relatórios e análises que eram feitas por profis- 11 - Ministério do Trabalho no governo Bolsonaro
sionais preparados para essa função.
Outro exemplo é o uso de atendentes virtuais em Em dezembro, o então presidente eleito, Jair Bolso-
chats de relacionamento com clientes. A GOL Linhas Aé- naro, anunciou o desmembramento do Ministério do
reas mantém uma atendente- robô em sua página para Trabalho. As competências da pasta serão direcionadas a
esclarecer dúvidas mais freqüentes do usuários. três ministérios: Justiça, Economia e Cidadania.
Uma das questões mais complexas quando se fala Justiça cuidará da concessão das cartas sindicais e
nessa tecnologia, é a perda de profissões que passam a Economia assume questões como o FGTS (Fundo de Ga-
ser exercidas por máquinas. Num futuro nem tão distan- rantia do Tempo de Serviço). E a pasta Cidadania cuidará
te assim a tendência é essa. E de certa forma, as carreiras de políticas de geração de renda e emprego.
profissionais vão se adaptando à tecnologia e passam
por transformações intensas para saber lidar com essas #FicaDica
mudanças.
As cartas sindicais concedidas pelo gover-
no autorizam o exercício e funcionamento
#FicaDica de entidades para práticas sindicais.
Em julho de 2018, uma equipe de cientistas
estrangeiros assinou um acordo em que se
comprometiam a não criar máquinas e robôs FIQUE ATENTO!
que possam ameaçar a vida e integridade da
Governo eleito diz que desmembramento
raça humana.
viabilizará diálogos entre as pastas.

12 – Agrotóxicos
FIQUE ATENTO!
Inteligência artificial é um tema bem con- Como um dos maiores exportadores de produtos
temporâneo e está ligado à realidade das como soja, açúcar e laranja, o Brasil é ainda considerado
ATUALIDADES

pessoas, à medida que interfere nas ativi- um dos países que mais utilizam agrotóxicos no culti-
dades profissionais e formas de se relacionar. vo agrícola. Os setores do agronegócio há algum tem-
Por isso, é um assunto bem relevante. po reivindicam a flexibilização na regulamentação. E em
contrapartida, movimentos sociais e ONGs nutrem apoio
a políticas mais rígidas quanto ao uso desses produtos.

4
Em 25 de junho de 2018, foi aprovado um projeto de
lei por uma comissão especial da Câmara dos Deputa- FIQUE ATENTO!
dos que flexibiliza as regras. Um dos pontos discutidos é O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) lan-
centralizar a regulamentação dos agrotóxicos no Minis- çou cartilha em 2017 que orienta adultos e
tério da Agricultura. Atualmente, o Ministério da Saúde e crianças a lidarem com a situação.
Meio Ambiente também dividem a função de liberar os
produtos.
Além disso, um dos pontos mais marcantes do proje- 14 - Acordo para reconstrução da Síria
to de lei busca eliminar o termo “agrotóxico” por “pesti-
cida”. No texto original apresentado, o termo usado era Desde 2011, a Síria enfrenta uma intensa guerra civil
“fitossanitário”. que já deixou milhões de mortos e refugiados. O país
Outras mudanças discutidas é reduzir o prazo de li- hoje vive um cenário de miséria em meio à devastação.
beração de agrotóxicos, que atualmente é de cerca de Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) citam
dois anos, mas pode chegar a mais de cinco anos. A ideia, que o conflito custou mais de US$ 380 bilhões de dóla-
então, seria estabelecer o prazo de 30 dias a 24 meses, res.
em média. Quem defende a mudança diz que se trata Em 2018, a sociedade mundial tem discutido a im-
de reduzir o preconceito e depreciação da prática, além plantação de um plano para a reconstrução da Síria. Mas
disso, para a bancada ruralista na Câmara, a mudança do a atrair investimentos externos tem sido desafiante para
nome segue a tendência internacional. a nação, tendo em vista as sanções impostas pelos Esta-
dos Unidos, por conta de denúncias de violações de di-
reitos humanos sob a gestão de Bashar al-Assad, o presi-
#FicaDica dente do país. Atualmente, Rússia, China e Irã investiram
na nação nos últimos e são os países aliados do governo.
Entidades e ONGs de meio ambiente ape-
Com as sanções, a Síria fica impedida de exportar e
lidaram o projeto de lei de “Pacote do Ve- até receber investimentos estadunidenses. Na opinião
neno”. Na opinião dessas organizações, fle- de especialistas em relações internacionais, executar um
xibilizar as regras quanto aos agrotóxicos plano de reconstrução depende da exclusão das sanções
representa ignorar os efeitos nocivos do e participações de mais nações que possam investir no
uso desses produtos para saúde das pesso- país.
as e meio ambiente.
#FicaDica
Em mais de sete anos de guerra civil, mais
FIQUE ATENTO! de 5,6 milhões de pessoas foram forçadas
Hoje, é a lei 7.802, de 1989 que regulamenta a deixar suas casas em busca de uma vida
o uso desses produtos. Para os órgãos que melhor em outros países. Além disso, mais
defendem a manutenção das atuais práticas, de 500 mil pessoas vivem deslocadas den-
é preciso realizar pequenos ajustes, mas a lei tro país.
atual é considerada adequada.
FIQUE ATENTO!
13 – Casos de bullying De acordo com a ONU, a maioria dos re-
fugiados que vive nos países vizinhos se
Pesquisa recente aponta que um em cada 10 brasi- encontra abaixo da linha da pobreza em
leiros é vítima de bullying, especialmente no ambiente situação de miséria.
escolar. O Brasil é considerado o segundo país com mais
casos dessa natureza no ambiente virtual, segundo da-
dos do Instituto Ipso, como aponta matéria do “O Cor- 15 - Nova versão do vírus ebola
reio do Povo”.
No levantamento, a Índia lidera essa corrida. No Bra- Em agosto de 2018, cientistas dos Estados Unidos
sil, cerca de 65% das redes sociais foram cenários usados anunciaram a descoberta de uma nova versão do vírus
para a prática do crime. ebola, chamada de Bombali. A descoberta foi feita em
A recomendação aos pais quando detectam as agres- Serra Leoa, por pesquisadores da Universidade da Cali-
sões é entrar em contato com os pais ou responsáveis fórnia (EUA).
pelo agressor. Dependendo da situação, a indicação é O vírus foi encontrado em morcegos e tem força para
recorrer a alternativas legais. atingir seres humanos. A descoberta possibilitará à ciên-
cia estudar e compreender a dinâmica de vírus desenvol-
#FicaDica vidos em animais e mensurar a capacidade para atingir
ATUALIDADES

as pessoas.
Especialistas orientam pais e educadores a Com a novidade, os cientistas acreditam que, de fato,
manterem-se em alerta e vigilância quanto os morcegos são os hospedeiros do ebola. Para os pes-
a suspeitas de casos de bullying. quisadores, compreender sobre quais são os hospedei-
ros é fundamental para combater a doença.

5
O estudo foi divulgado pela revista Plos One. Em re-
#FicaDica sumo, a mata atlântica teria perdido mais de 70% de es-
pécies de mamíferos. Na atualidade, algumas áreas locais
O ebola é transmitido por meio de secre- têm sofrido com a erosão no bioma, como aponta repor-
ção ou sangue. A doença é de alto risco e
tagem de “O Globo”.
de difícil cura. Um dos principais sintomas
A maioria dos animais extintos da mata atlântica era
é a febre hemorrágica.
de grande porte. Além disso, mais de 50% dos mamíferos
do bioma foram extintos nas últimas décadas.
FIQUE ATENTO!
Com a descoberta atual, pela primeira vez, a #FicaDica
doença é identificada em hospedeiro antes Uma das causas do cenário, segundo pes-
que ocorra um surto. quisadores, é o uso excessivo da terra e
extração de madeira. A ação humana tem
contribuído decisivamente quanto aos ín-
16 - Primeira mulher latino-americana como pre- dices citados.
sidente da Assembleia Geral da ONU

A equatoriana María Fernanda Espinosa assumiu em


setembro a presidência da Assembleia Geral da ONU, um FIQUE ATENTO!
fato inédito. Pela primeira vez uma mulher da América Animais como onças pintadas e pardas so-
Latina assume o cargo. freram com 79% de perda, de acordo com
Um dos grandes desafios da nova presidente é co- os dados apontados.
mandar acordos dentro da entidade, em questões po-
lêmicas como a crise dos refugiados e guerra comercial
18 - Depósitos de gelo na Lua
liderada pelos Estados Unidos. O órgão presidido por ela
vai receber nos próximos meses encontros importantes
De acordo com a Agência Espacial dos Estados Uni-
entre líderes globais.
dos (Nasa, na sigla em inglês), os dois polos e algumas
Em entrevista à imprensa internacional, Espinosa ad-
partes mais escuras e geladas da Lua contam com depó-
mitiu que a imigração é uma das questões mais desafian-
sitos gelo. A descoberta ainda não explica com exatidão
tes em seu mandato. A crise na Venezuela também é uma
a presença das camadas de gelo, mas algumas hipóteses
demanda importante a ser discutida nessa gestão.
apontam que um choque com meteoritos e cometas no
satélite pode ter influenciado esse cenário.
A novidade é fruto de um estudo da Universidade
#FicaDica do Havaí, Brown University e do Centro de Pesquisas da
Nasa, que utilizou o equipamento Moon Mineralogy Ma-
María Fernanda Espinosa também afirmou
que pretende incentivar debate e buscar pper (M3). As análises da Nasa ainda atestam que boa
soluções para a questão ambiental e tam- parte das camadas de gelo se encontra nas crateras da
bém a desigualdade de gênero. Lua.
Em julho deste ano também foram descobertas 12
novas Luas ao redor de Júpiter, totalizando mais de 79
Luas. Um dos destaques entre os satélites descobertos é
uma pequena Lua com somente um quilômetro de diâ-
FIQUE ATENTO!
metro.
A gestão de Espinosa dura apenas um ano
e em seu mandato terá a função de propor
debates e discussões, sem imposições, mas #FicaDica
com propostas de diálogo e até votações em
questões importantes. Outras pesquisas já indicaram que a Lua te-
ria tido condições de ser habitada há bilhões
de anos.
17 – Mata Atlântica e maior erosão nos últimos
tempos
FIQUE ATENTO!
A biodiversidade brasileira sofreu grande impacto re-
lativo à erosão nos últimos anos, especialmente na mata Porém pesquisadores admitem que para co-
ATUALIDADES

atlântica. No caso, o bioma conta com apenas menos de nhecer a fundo se realmente o satélite abri-
30% dos mamíferos existentes, quando em comparação gou vidas ou desenvolveu organismos, será
ao cenário do ano de 1500, época em que o Brasil foi preciso investimento maciço em pesquisas e
descoberto. exploração por lá.

6
19 - Feminicídios no Brasil PARANÁ
Economia
O Brasil é um dos países como mais casos de femi- As atividades econômicas do Estado do Paraná são
nicídio do mundo. Segundo informações da “Agência bastante variadas, por causa disso esse consegue se en-
Brasil”, nos primeiros sete meses de 2018, o serviço 180 quadrar entre os Estados de melhores economias, ou
(Central de Atendimento à Mulher) registrou mais de 740 seja, os mais ricos. A economia paranaense está alicer-
ocorrências do crime ou tentativas de homicídio. çada na agricultura, pecuária, mineração, extrativismo
Desse índice, houve 78 casos de feminicídio e 665 vegetal e indústria.
tentativas. Além disso, o serviço de atendimento recebeu
mais de 80 mil relatos de violência contra as mulheres, Agricultura
sendo que 80% está relacionado a denúncias de violência
doméstica. O solo paranaense é fértil, favorecendo a atividade
O crime de femicídio é previsto em lei desde 2015 e agrícola. O Estado produz uma grande variedade de cul-
seu conceito está ligado a desigualdade ou crime hedion- turas, se destaca como importante produtor de trigo, mi-
do com base no gênero. Em 10 anos, houve aumento de lho, soja, algodão e café.
mais 6,4% nos casos de assassinatos contra as mulheres.
Pecuária

#FicaDica Na atividade pastoril a criação de bovinos se destaca,


contendo um numeroso rebanho, além de ser um gran-
A mídia retratou em junho de 2018 um caso
de produtor de suínos, destaca-se também na produção
marcante dessa natureza, onde o biólogo
leiteira, de ovos, de bicho-da-seda, entre outros.
Luiz Felipe Manvaile foi acusado de matar
a mulher, Tatiana Spitzner. A vítima caiu do
Mineração
quarto andar do apartamento do casal, em
Guarapuava, no interior do Paraná.
O solo paranaense abriga enormes e diversificadas ja-
zidas de minérios, os principais são: ouro, cobre, minerais
nobres, além de outros como a areia, argila, calcário, cau-
lim, dolomita, talco, granitos, mármore, chumbo e ferro.
FIQUE ATENTO!
Extrativismo vegetal
O canal 180 foi criado em 2005 pela então
Secretaria de Políticas para as Mulheres da
Esse tipo de atividade consiste em retirar da natureza
Presidência da República (SPM-PR), no go-
itens vegetais com fins econômicos, com isso, as prin-
verno Lula, com intuito de orientar as mu-
cipais árvores exploradas são os pinheiros paranaenses
lheres quanto a direitos e serviços. E em
(Araucária Angustifólia).
2014, o canal se transformou em um dique-
-denúncia.
Indústria

20 - Museu Nacional do RJ Curitiba concentra uma cidade industrial que atua na


indústria automobilística, metalmecânica, cimento, cerâ-
Incêndio no Museu Nacional, em setembro, no Rio de mica, montagem de máquinas, tecidos, frigoríficos, além
Janeiro, chocou a comunidade internacional – em virtude das agroindústrias que transformam produtos primários,
da importância do acervo para a cultura mundial. O mu- como soja, milho, carne suína e madeira.
seu mais antigo do país trazia obras de arte raríssimas e
de grande valor artístico. O parque industrial paranaense reúne, aproximada-
A Biblioteca Nacional, localizada no museu, também mente, 24 mil empresas, que geram resultados que su-
sofreu com a perda de suas obras durante o incêndio. peram a média nacional no ramo.
Cerca de 90% do acervo de todo o museu foi destruído.
Informações da economia do Paraná
#FicaDica Participação no PIB nacional: 6,2%.
O local já recebeu visitantes importantes, Composição do PIB estadual:
como o cientista Albert Einstein, nos anos - agropecuário: 18,4%.
20. - indústria: 40%.
- prestação de serviços: 41,6%.
- Volume de exportação: 10 bilhões de dólares.
ATUALIDADES

FIQUE ATENTO! Produtos de exportação


O museu foi residência oficial da Família Real - soja e derivados: 34,2%.
portuguesa, entre 1819 a 1821. - veículos e peças: 21,4%.
- Madeira: 10%.

7
- Carne congelada: 8,2%. peregrinações no século XII, levava uma viola e unia o
- Outros alimentos, como milho, açúcar e café: 8,8%. povo em torno dos seus cantos e em meio à roda de
danças, São Gonçalo é, para os fiéis, detentor de grandes
Cultura poderes.
O Paraná é rico em tradições folclóricas, assim como As cavalhadas e as congadas são festas riquíssimas,
os demais estados brasileiros. Os costumes indígenas, de longa tradição. Guarapuava e Palmas realizavam suas
podemos afirmar, são os mais antigos hábitos da terra cavalhadas. Na Lapa realiza-se uma congada de São Be-
e muitas influências legaram à nossa cultura. A língua nedito; a festa que tem como principal elemento o sim-
portuguesa, por exemplo, de onde parte e retorna nosso bolismo da coroação de um rei do Congo é realizada por
mundo real e imaginário, recebeu inúmeras influências ocasião da comemoração de São Benedito. As cavalha-
do tupi. Além disso, a imaginação do europeu, que aqui das no Paraná, parece-nos, foram mais largamente pra-
aportou na aurora da conquista, se redimensionou com ticadas pelo povo sertanejo no princípio do século XX.
os mitos e costumes indígenas. Por exemplo, em todo o Estes, abandonados nos sertões do sul do Paraná e norte
Paraná, assim como em quase toda a América, o milho de Santa Catarina, pela república que nascia, promove-
é parte integrante da culinária; a nossa pamonha, nosso ram uma das maiores revoluções camponesas da história
bolo de milho ou o curau estão presentes em qualquer do Brasil: a Guerra do Contestado (1912-1916). Liderados
festa junina, ou festa de roça na época da colheita. Esse pelo monge João Maria praticavam a cavalhada, como
hábito herdamos dos índios e até hoje os guaranis ain- forma de combate. Elementos medievais das cruzadas
da fazem o batismo do seu milho, confeccionando seus foram incorporados pelo Exército Encantado de São Se-
Mbojape, nossa pamonha ancestral. bastião, criado pelos revolucionários. Se as cavalhadas
No litoral, as tradições se encontram no cotidiano; eram praticadas nos redutos dos camponeses, bem pode
em muitas localidades ainda se pratica o artesanato tra- ser que tenham contribuído para a difusão e a perma-
dicional. Os potes de barro, os trançados, as pinturas nência, até os dias de hoje, deste costume entre o povo
com traços europeus e índios, podem ser encontrados da região de Palmas e Guarapuava.
em lugares recônditos das baías do litoral paranaense. Os imigrantes, radicados principalmente no sul, trou-
Os “caiçaras” confeccionavam, até bem pouco tempo, as xeram manifestações próprias, incorporaram-nas ao
canoas de um pau só, com a árvore do guapuruvu, que, nosso acervo popular. Tradições polonesas, alemãs, ucra-
quase extinta, obriga a busca de outras soluções. O fan- nianas, japonesas e tantas outras, somaram-se a essas
dango, bailado tradicional do litoral, possui um aparato manifestações antigas de origens índias, africanas, portu-
impressionante que envolve as comunidades em todo o guesas e espanholas, tornando o Paraná moderno ainda
seu processo. As violas, as rabecas, os tamancos são fei- mais complexo e rico.
tos pela comunidade; as danças, os cantos e modo de Durante todo o ano ocorrem festas populares e ce-
executar os instrumentos e bailar as modas são trans- lebrações sacras em todo o Estado. A maioria dessas ce-
mitidos espontaneamente; o fandango de um lugar traz lebrações homenageia santos ou santas padroeiras dos
sua marca, sua identidade própria, diferenciando-se de municípios, outras são antigas tradições praticadas por
outros. É um arcabouço pertencente a uma comunidade, devotos, ou manifestações populares muito ricas, nas
que identifica suas tradições, mentalidade e valores. quais a arte popular e a religião se misturam ao longo do
A professora Roselys Veloso Roderjan, musicista e tempo. Grande parte é oriunda de antigas tradições, her-
grande pesquisadora da história e do folclore paranaen- dadas da Europa medieval; várias celebrações e festejos
se, realizou importante pesquisa, recolhendo junto a praticados no Brasil ocorriam, ou ainda ocorrem, tam-
essas comunidades canções tradicionais do fandango, bém em Portugal, ou na Península Ibérica, demonstran-
inclusive cifrando as letras para partituras, dando uma do as influências culturais que possuímos da colonização
contribuição importante para a preservação da memória portuguesa e espanhola.
dessa nossa tradição. Nas festas populares encontramos raramente as anti-
As Folias de Reis ocorrem em quase todo o país. No gas manifestações folclóricas paranaenses: as cavalhadas
norte e noroeste do Paraná são ainda uma tradição sig- ainda são praticadas, porém já desfiguradas de suas ca-
nificativa. No processo de colonização do Paraná, migrou racterísticas originais; o fandango do litoral, com todos
para o Estado com os paulistas e mineiros que coloni- os costumes que o envolvem, ainda ocorre, porém so-
zaram estas regiões. Assim como no fandango, os pon- mente em algumas localidades das baías de nosso litoral.
tos de viola, os cantos, o conhecimento das alegorias Estado com grande diversidade cultural, o Paraná re-
são passados oralmente e intuitivamente de geração a cebeu também imigrantes de diversas partes do mundo
geração. A memória dos velhos, dos cantadores, ou dos e migrantes de inúmeros outros estados do Brasil. Deste
rezadores antigos, é o eixo principal da tradição: sem modo, existe uma grande variedade de festas regionais,
estes personagens a corrente se quebra e as tradições que são heranças da história local e, muitas vezes, devido
podem desaparecer. As bandeiras do divino são uma a estas características singulares de ocupação e coloniza-
rica tradição ainda encontrada. Em Guaratuba celebra-se ção, somente se apresentam naquela região. Em Siqueira
uma festa tradicional do divino, com duas bandeiras bem Campos, por exemplo, ocorre há mais de setenta anos a
ATUALIDADES

caracterizadas em procissão. As festas, rodas, danças ou festa do Senhor Bom Jesus da Cana Verde, em honra a
terços de São Gonçalo do Amarante praticamente de- quem foi edificado um santuário com a vinda da imagem
sapareceram – infelizmente – do Paraná (existe uma co- do santo, provavelmente de Minas Gerais. A região re-
memoração magnífica em Pernambuco, no município de cebeu no início do século XX um grande número de mi-
Igarassu, localidade de Itapissuma). Santo que, em suas grantes mineiros, que estabeleceram um dos primeiros

8
núcleos coloniais do norte pioneiro, então denominado https://www.bbc.com/portuguese/internacio-
Colônia Mineira. nal-39716719 - Acesso: 31/08/2018 - 00:27
Celebrações como as festas de São Benedito, santo
negro protetor dos escravos, são encontradas em vários http://infograficos.estadao.com.br/focas/politico-
municípios. Em alguns municípios que margeiam rios, -em-construcao/materia/senso-critico-e-arma-para-
como o Paraná e o Iguaçu, se realiza a festa de Nossa -combater-fake-news
Senhora dos Navegantes, celebração muito popular no Acesso: 31/08/2018 – 22:06
Brasil, ocorrendo também na região norte e no sul do
país. As celebrações de Folia de Reis, que contam a his- https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/
tória da visita dos três reis magos à manjedoura de Jesus atualidades/imigracao-nos-eua-a-politica-de-tolerancia-
Cristo recém-nascido, são realizadas em muitos muni- -zero-e-o-drama-das-criancas-na-fronteira.htm - Aces-
cípios; em alguns deles ocorrendo, inclusive, concursos so: 31/08/2018 - 23:00
para premiar as melhores folias. As folias, muito comuns
em todo o país, também foram trazidas por paulistas e https://tecnologia.uol.com.br/noticias/reda-
mineiros para o Paraná. cao/2018/03/23/o-que-zuckerberg-nao-explicou-sobre-
Em Antonio Olinto, tem-se a romaria de Nossa Se- -a-crise-envolvendo-facebook-e-eleicoes.htm - Acesso:
nhora dos Corais, inclusive com missa dita em ucraniano. 01/09/2018 - 00: 26
Os ucranianos são um dos mais significativos grupos de
imigrantes que aportaram nestas terras, no início do sé- https://super.abril.com.br/tudo-sobre/inteligencia-
culo XX. A festa para a Virgem de Caacupê, em Guaíra, de -artificial/ - Acesso: 01/09/2018 – 01:26
origem paraguaia, homenageia a santa com procissões https://super.abril.com.br/tecnologia/pesquisadores-
e, inclusive, missa em língua guarani. Os índios guara- -de-inteligencia-artificial-prometem-nao-construir-ro-
nis, por seu turno, ainda realizam seu ritual vespertino da bos-assassinos/ - Acesso: 01/09/2018 – 01:29
Casa de Reza, talvez uma das mais antigas celebrações
religiosas do Paraná, já que os guaranis, autóctones ha- https://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-
bitantes da terra, conviveram com as reduções jesuíticas -noticias/redacao/2018/07/12/o-que-muda-com-o-pro-
há mais de quatrocentos anos. jeto-de-lei-de-agrotoxicos-em-discussao-no-congresso.
Nos Campos Gerais, região de influência tropeira, htm - Acesso: 02/09/2018 - 20:35
grande parte das tradições são heranças desse ciclo eco-
nômico e cultural, um dos mais importantes ocorridos https://extra.globo.com/noticias/economia/alcance-
nas regiões meridionais do Brasil. Em Piraí do Sul, home- -amplo-de-sancoes-dos-eua-afeta-reconstrucao-da-si-
nageia-se o senhor Menino Deus, festa que remonta a ria-23033601.html - Acesso: 03/09/2018 - 22:04
esses tempos do tropeirismo e cuja imagem original, es-
tima-se, tenha sido trazida no século XVIII por tropeiros https://nacoesunidas.org/guerra-siria-completa-7-a-
das ruínas das missões jesuíticas de Sete Povos, no Rio nos-em-marco-com-rastro-de-tragedia-para-civis-diz-
Grande do Sul, para a primeira capela surgida em Piraí do -onu/ - Acesso: 03/09/2018 – 22:25
Sul, então local de passagem das tropas.
Inúmeras tradições populares, porém, estão em vias https://g1.globo.com/bemestar/ebola/noti-
de desaparecer ou desapareceram no Paraná, como as cia/2018/08/27/cientistas-encontram-nova-versao-do-
festas de São Gonçalo, o Boi de Mamão, o Pau-de-Fi- -virus-ebola-em-morcegos-em-serra-leoa.ghtml
ta etc. As Folias de Reis são um bom exemplo desse fe-
nômeno; outrora comuns em quase todo o Brasil – não http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/
diferentemente no Paraná – são hoje pequenas reminis- noticia/2018-08/ligue-180-registra-mais-de-740-casos-
cências praticadas pelos antigos em alguns municípios, -de-feminicidio-este-ano - Acesso: 04/09/2018 - 22:22
com o singelo desinteresse das gerações mais novas.
Os novos tempos se impõem, as tradições tendem a se https://g1.globo.com/politica/noticia/2018/08/27/
transformar e, algumas vezes, infelizmente, são esqueci- pgr-denuncia-jefferson-cristiane-brasil-ex-ministro-e-
das e abandonadas -mais-23-por-supostas-fraudes-no-ministerio-do-traba-
lho.ghtml - Acesso: 04/09/2018 - 22:22

Referências https://www.correiodopovo.com.br/Jornalcomtecno-
logia/2018/07/11/brasil-e-o-2o-pais-com-mais-casos-
http://portalms.saude.gov.br/noticias/agencia-sau- -de-bullying-virtual-contra-criancas/
de/42655-febre-amarela-ministerio-da-saude-atua- Acesso: 31/10/2018 – 22:44
liza-casos-no-pais - Acesso: 30/08/2018 – 22:11
https://oglobo.globo.com/sociedade/sustentabilida-
https://www.bbc.com/portuguese/internacio-
de/mata-atlantica-perdeu-mais-de-70-de-seus-mamife-
nal-41501743 - Acesso: 30/08/2018 - 23:02
ros-23101270
ATUALIDADES

Acesso: 27/09/2018 – 22:50


https://epocanegocios.globo.com/Economia/noti-
cia/2018/07/como-guerra-comercial-entre-eua-e-china-
http://www.brasil.gov.br/noticias/meio-ambien-
-pode-afetar-o-brasil.html - Acesso: 30/08/2018 - 23:33
te/2010/11/matriz-energetica - Acesso: 04/12/2018 - 22:
44

9
https://www.bbc.com/portuguese/internacio- O Estado de S.Paulo, 30/6/2013, p. A10 (com adaptações).
nal-46249017 - Acesso: 05/12/2018 - 00:14 Considerando o texto acima e a amplitude do tema por
ele focalizado, julgue os itens.
https://observador.pt/2018/09/03/museu-nacional-
-de-casa-da-familia-real-a-museu-visitado-por-einstein/ Ainda que as opiniões sobre as manifestações de junho
- Acesso: 05/12/2018 – 00: 17 de 2013, no Brasil,se distingam em vários aspectos,os
analistas políticos convergem para o seguinte entendi-
https://brasilescola.uol.com.br/brasil/economia-pa- mento: essas manifestações populares em nada diferem
rana.htm dos movimentos das Diretas-Já e dos Caras-Pintadas.
Artigo de http://culturaparanaense.blogspot.
com/2009/12/historia-e-costumes-paranaenses.html ( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado.
EXERCÍCIO COMENTADO Essas mobilizações ainda são centro de discussões e,
de fato, embora houvesse comparação com Diretas
Já e Caras-pintadas, não se configura em um mesmo
1. Polícia Militar/MA - 1° Tenente PM - Psicólogo movimento. Isso porque os protestos de junho acaba-
-CESPE /2017. ram abraçando várias causas e demandas, enquanto
O vertiginoso processo de urbanização no Brasil deu que ambos os movimentos citados defendiam bandei-
origem, em poucas décadas, a centros urbanos de todo ras específicas, sem pulverização.
porte, que, espalhados pelo país, passaram a ordenar os
fluxos de pessoas, mercadorias, informações e capitais 4. PF- Escrivão – CESPE/2013 No dia 6 de junho, os
no território brasileiro, configurando uma complexa rede protestos começaram no centro de São Paulo, com cerca
geográfica de cidades. Com relação ao texto apresenta- de cento e cinquenta pessoas. As quatro manifestações
do e aos múltiplos aspectos a ele relacionados, julgue os seguintes atraíram a atenção nacional. No dia 17, mani-
seguintes itens. festantes de outras capitais aderiram às manifestações.
As cidades que apresentam maior grau de comple- Também começam atos em Viçosa e Votuporanga.
xidade socioeconômica e polarizam todo o território O dia 20 de junho foi o auge dos protestos. Logo depois,
brasileiro e parte da América do Sul são as metrópoles as autoridades começam a baixar as tarifas de transporte.
nacionais. Seis dias depois, as maiores manifestações se concen-
traram nas cidades que receberam jogos da Copa das
( ) CERTO ( ) ERRADO Confederações, como Belo Horizonte.

Resposta: Certo. O Estado de S.Paulo, 30/6/2013, p. A10 (com adaptações).


Metrópoles como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Ho- Considerando o texto acima e a amplitude do tema por
rizonte apresentam cenários socioeconômicos com- ele focalizado, julgue os itens.
plexos e disparidades sociais, além de serem regiões
bem populosas. Embora com alguma variação de cidade para cidade, as
manifestações citadas no texto foram organizadas para
2. A desconcentração espacial das atividades econômi- protestar contra as deficiências dos serviços prestados
cas, a partir de 1990, promoveu o crescimento das cida- pelo poder público, notadamente nas áreas de transpor-
des médias. te, saúde, educação e segurança.

( ) CERTO ( ) ERRADO ( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. Resposta: Certo.


Foi um período marcado pela descentralização popu- Esses temas foram uma das demandas pedidas nas
lacional, com saída do campo em direção às cidades. ruas naquela ocasião. Por isso, a resposta está correta.

3. PF- Escrivão – CESPE/2013 5. PF- Escrivão – CESPE/2013


No dia 6 de junho, os protestos começaram no centro de No dia 6 de junho, os protestos começaram no centro de
São Paulo, com cerca de cento e cinquenta pessoas. As São Paulo, com cerca de cento e cinquenta pessoas. As
quatro manifestações seguintes atraíram a atenção na- quatro manifestações seguintes atraíram a atenção na-
cional. No dia 17, manifestantes de outras capitais aderi- cional. No dia 17, manifestantes de outras capitais aderi-
ram às manifestações. Também começam atos em Viçosa ram às manifestações. Também começam atos em Viçosa
e Votuporanga. e Votuporanga.
O dia 20 de junho foi o auge dos protestos. Logo depois,
ATUALIDADES

O dia 20 de junho foi o auge dos protestos. Logo depois,


as autoridades começam a baixar as tarifas de transporte. as autoridades começam a baixar as tarifas de transporte.
Seis dias depois, as maiores manifestações se concen- Seis dias depois, as maiores manifestações se concen-
traram nas cidades que receberam jogos da Copa das traram nas cidades que receberam jogos da Copa das
Confederações, como Belo Horizonte. Confederações, como Belo Horizonte.

10
O Estado de S.Paulo, 30/6/2013, p. A10 (com adaptações). O dia 20 de junho foi o auge dos protestos. Logo depois,
Considerando o texto acima e a amplitude do tema por as autoridades começam a baixar as tarifas de transporte.
ele focalizado, julgue os itens. Seis dias depois, as maiores manifestações se concen-
A convocação, pelo Poder Executivo, de uma assembleia traram nas cidades que receberam jogos da Copa das
constituinte exclusiva para promover uma ampla reforma Confederações, como Belo Horizonte.
política foi uma evidente resposta do governo brasileiro O Estado de S.Paulo, 30/6/2013, p. A10 (com adaptações).
às manifestações que tomaram conta de centenas de ci- A condenação dos gastos feitos pelo Brasil para sediar
dades brasileiras. duas grandes competições promovidas pela FIFA, a Copa
das Confederações e a Copa do Mundo, tornou-se ban-
( ) CERTO ( ) ERRADO deira presente em muitas das manifestações a que o tex-
to alude, algumas das quais transformadas em atos de
Resposta: Errado. violência e vandalismo.
A implantação da assembleia constituinte não apro-
vada nessa ocasião. Uma das justificativas do governo ( ) CERTO ( ) ERRADO
federal na época era de que não havia tempo hábil
para essa mudança. Resposta: Certo.
Uma das bandeiras utilizadas foram os gastos com a
6. PF- Perito Criminal – CESPE/2009 Com relação à Usi- Copa. Os manifestantes utilizaram muito mensagens
na Hidrelétrica de Itaipu e ao acordo firmado entre Brasil como “Não vai ter Copa” e fizeram críticas quanto aos
e Paraguai, em julho de 2009, no qual são revistas cláu- gastos, os quais poderiam ser direcionados à educa-
sulas do Tratado de Itaipu, julgue os itens que se seguem ção e saúde, na opinião deles.
Por esse acordo, o Paraguai tornou-se sócio minoritário
da Usina Hidrelétrica de Itaipu, com 30% de participação 10. PF-Delegado- CESPE/2004 Nos últimos 13 anos,
nos lucros advindos da distribuição de energia elétrica, a América Latina cumpriu grande parte de suas tarefas
em razão de as águas da represa terem inundado parte econômicas. Mesmo assim, a desigualdade e a pobre-
do território paraguaio. za aumentaram na região. O diagnóstico é da Comissão
Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), que
( ) CERTO ( ) ERRADO
propõe para a região uma nova estratégia de desenvol-
vimento produtivo. Para o secretário executivo do órgão
Resposta: Errado.
das Nações Unidas, a maior integração da região foi um
A usina pertence a ambos países de forma igualitária.
ganho dos últimos anos.
Sua aposta para reduzir a forte desigualdade que ainda
7. PF- Perito Criminal /CESPE-2013 No dia 6 de junho,
os protestos começaram no centro de São Paulo, com existe é a união de crescimento econômico com prote-
cerca de cento e cinquenta pessoas. As quatro manifes- ção social. Ele propôs a substituição do conceito de mais
tações seguintes atraíram a atenção nacional. No dia 17, mercado e menos Estado por uma visão que aponta para
manifestantes de outras capitais aderiram às manifesta- “mercados que funcionem bem e governos de melhor
ções. Também começam atos em Viçosa e Votuporanga. qualidade”. América Latina cresceu sem dividir. In: Jornal
O dia 20 de junho foi o auge dos protestos. Logo depois, do Brasil, 25/6/2004, p. 19A (com adaptações).
as autoridades começam a baixar as tarifas de transporte. Tendo o texto acima como referência inicial e conside-
Seis dias depois, as maiores manifestações se concen- rando a amplitude do tema por ele abordado, julgue os
traram nas cidades que receberam jogos da Copa das itens subseqüentes.
Confederações, como Belo Horizonte. Ao relatar que os países latino-americanos cumpriram
“grande parte de suas tarefas econômicas” nos últimos
O Estado de S.Paulo, 30/6/2013, p. A10 (com adaptações). anos, o texto permite supor a existência de algum tipo de
Nas duas maiores cidades brasileiras — São Paulo e Rio receituário que a região deveria seguir para se moderni-
de Janeiro —, o problema das tarifas do transporte públi- zar e se desenvolver.
co permanece insolúvel visto que a fixação desses valo-
res depende de lei a ser votada pelas respectivas câmaras ( ) CERTO ( ) ERRADO
municipais e assembleias legislativas estaduais.
Resposta: Certo.
( ) CERTO ( ) ERRADO A lógica retratada se refere a mercados que funcionem
bem e não contribuam para intensificar a desigualda-
Resposta: Errado. Na ocasião, os governos de ambas de social e governos com ações sociais relevantes.
as cidades mantiveram o preço da tarifa estável, con-
forme reivindicação defendida nas manifestações. 11. PF-Delegado- CESPE/2004 Mais de 340 pessoas —
entre elas 155 crianças — morreram no desfecho trágico
9. PF- Perito Criminal – CESPE/2013 No dia 6 de junho, da tomada de reféns na escola de Beslan. Funcionários
ATUALIDADES

os protestos começaram no centro de São Paulo, com dos hospitais da região indicam que pelo menos 531
cerca de cento e cinquenta pessoas. As quatro manifes- pessoas foram hospitalizadas, das quais 336 eram crian-
tações seguintes atraíram a atenção nacional. No dia 17, ças.
manifestantes de outras capitais aderiram às manifesta- O presidente russo Vladimir Putin culpou o terror inter-
ções. Também começam atos em Viçosa e Votuporanga. nacional pelo ataque, após visitar o local do massacre e

11
ordenar o fechamento das fronteiras da região da Ossé- É inegável que o Direito possui forte cunho axiológi-
tia do Norte, para evitar a fuga de um número indefinido co, diante da existência de valores éticos e morais como
de terroristas que escapou. Para especialistas ocidentais, diretrizes do ordenamento jurídico, e até mesmo como
a operação das forças de segurança russas foi um fiasco meio de aplicação da norma. Assim, perante a Axiologia,
total. Mortos no massacre passam de 340. In: O Estado o Direito não deve ser interpretado somente sob uma
de S. Paulo, 5/9/2004, capa (com adaptações) concepção formalista e positivista, sob pena de provocar
Tendo o texto acima como referência inicial e conside- violações ao princípio que justifica a sua criação e estru-
rando algumas características marcantes do mundo con- turação: a justiça.
temporâneo, julgue os itens que se seguem. Neste sentido, Montoro2 entende que o Direito é uma
A hipotética presença de terroristas árabes — anunciada ciência normativa ética: “A finalidade do direito é dirigir
pelo governo russo — no episódio focalizado no texto a conduta humana na vida social. É ordenar a convivên-
indica que, pela primeira vez depois do 11 de setembro cia de pessoas humanas. É dar normas ao agir, para que
de 2001, esses terroristas resolveram atacar no Ocidente, cada pessoa tenha o que lhe é devido. É, em suma, dirigir
escolhendo um alvo estratégico e de grande visibilidade a liberdade, no sentido da justiça. Insere-se, portanto, na
internacional. categoria das ciências normativas do agir, também de-
nominadas ciências éticas ou morais, em sentido amplo.
( ) CERTO ( ) ERRADO Mas o Direito se ocupa dessa matéria sob um aspecto
especial: o da justiça”.
Resposta: Errado. A questão na Ossétia do Norte é
algo bem específica e regional, envolvendo Rússia e A formação da ordem jurídica, visando a conservação
Geórgia. Não se compara a dimensões de conflitos de e o progresso da sociedade, se dá à luz de postulados
impacto global. éticos. O Direito criado não apenas é irradiação de prin-
cípios morais como também força aliciada para a propa-
gação e respeitos desses princípios.
Um dos principais conceitos que tradicionalmente
se relaciona à dimensão do justo no Direito é o de lei
ÉTICA E CIDADANIA natural. Lei natural é aquela inerente à humanidade,
independentemente da norma imposta, e que deve ser
respeitada acima de tudo. O conceito de lei natural foi
A área da filosofia do direito que estuda a ética é co- fundamental para a estruturação dos direitos dos ho-
nhecida como axiologia, do grego “valor” + “estudo, tra- mens, ficando reconhecido que a pessoa humana possui
tado”. Por isso, a axiologia também é chamada de teoria direitos inalienáveis e imprescritíveis, válidos em qual-
dos valores. Daí valores e princípios serem componentes quer tempo e lugar, que devem ser respeitados por to-
da ética sob o aspecto da exteriorização de suas diretri- dos os Estados e membros da sociedade.3
zes. Em outras palavras, a mensagem que a ética pre- O Direito natural, na sua formulação clássica, não é
tende passar se encontra consubstanciada num conjunto um conjunto de normas paralelas e semelhantes às do
de valores, para cada qual corresponde um postulado Direito positivo, mas é o fundamento do Direito positivo.
chamado princípio. É constituído por aquelas normas que servem de fun-
De uma maneira geral, a axiologia proporciona um damento a este, tais como: “deve se fazer o bem”, “dar
estudo dos padrões de valores dominantes na sociedade a cada um o que lhe é devido”, “a vida social deve ser
que revelam princípios básicos. Valores e princípios, por conservada”, “os contratos devem ser observados” etc.,
serem elementos que permitem a compreensão da ética, normas essas que são de outra natureza e de estrutura
também se encontram presentes no estudo do Direito, diferente das do Direito positivo, mas cujo conteúdo é
notadamente quando a posição dos juristas passou a ser a ele transposto, notadamente na Constituição Federal.4
mais humanista e menos positivista (se preocupar mais Importa fundamentalmente ao Direito que, nas rela-
com os valores inerentes à dignidade da pessoa humana ções sociais, uma ordem seja observada: que seja asse-
do que com o que a lei específica determina). gurada individualmente cada coisa que for devida, isto é,
Os juristas, descontentes com uma concepção positi- que a justiça seja realizada. Podemos dizer que o objeto
vista, estadística e formalista do Direito, insistem na im- formal, isto é, o valor essencial, do direito é a justiça. No
portância do elemento moral em seu funcionamento, no sistema jurídico brasileiro, estes princípios jurídicos fun-
papel que nele desempenham a boa e a má-fé, a inten- damentais de cunho ético estão instituídos no sistema
ção maldosa, os bons costumes e tantas outras noções constitucional, isto é, firmados no texto da Constituição
cujo aspecto ético não pode ser desprezado. Algumas Federal. São os princípios constitucionais os mais impor-
dessas regras foram promovidas à categoria de princí- tantes do arcabouço jurídico nacional, muitos deles se
pios gerais do direito e alguns juristas não hesitam em referindo de forma específica à ética no setor público. O
considerá-las obrigatórias, mesmo na ausência de uma vão. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
legislação que lhes concedesse o estatuto formal de lei 2 MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do Direito. 26.
ATUALIDADES

positiva, tal como o princípio que afirma os direitos da ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005.
defesa. No entanto, a Lei de Introdução às Normas do 3 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diálo-
Direito Brasileiro é expressa no sentido de aceitar a apli- go com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das Letras,
cação dos princípios gerais do Direito (artigo 4°).1 2009.
4 MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do Direito. 26.
1 PERELMAN, Chaïm. Ética e Direito. Tradução Maria Ermantina Gal- ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005.

12
mais relevante princípio da ordem jurídica brasileira é o da cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”)
dignidade da pessoa humana, que embasa todos os de- e o princípio da moralidade (art. 37, caput, CF, no que
mais princípios jurídico-constitucionais (artigo 1°, III, CF). tange à Administração Pública).
Claro, o Direito não é composto exclusivamente por Conforme Alexy6, a distinção entre regras e princípios
postulados éticos, já que muitas de suas normas não é uma distinção entre dois tipos de normas, fornecendo
possuem qualquer cunho valorativo (por exemplo, uma juízos concretos para o dever ser. A diferença essencial é
norma que estabelece um prazo de 10 ou 15 dias não que princípios são normas de otimização, ao passo que
tem um valor que a acoberta). Contudo, o é em boa par- regras são normas que são sempre satisfeitas ou não. Se
te. as regras se conflitam, uma será válida e outra não. Se
A Moral é composta por diversos valores - bom, princípios colidem, um deles deve ceder, embora não
correto, prudente, razoável, temperante, enfim, todas perca sua validade e nem exista fundamento em uma
as qualidades esperadas daqueles que possam se dizer cláusula de exceção, ou seja, haverá razões suficientes
cumpridores da moral. É impossível esgotar um rol de para que em um juízo de sopesamento (ponderação) um
valores morais, mas nem ao menos é preciso: basta um princípio prevaleça. Enquanto adepto da adoção de tal
olhar subjetivo para compreender o que se espera, num critério de equiparação normativa entre regras e princí-
caso concreto, para que se consolide o agir moral - bom pios, o jurista alemão Robert Alexy é colocado entre os
senso que todos os homens possuem (mesmo o corrupto nomes do pós-positivismo.
sabe que está contrariando o agir esperado pela socieda- Em resumo, valor é a característica genérica que com-
de, tanto que esconde e nega sua conduta, geralmente). põe de alguma forma a ética (bondade, solidariedade,
Todos estes valores morais se consolidam em princípios, respeito...) ao passo que princípio é a diretiva de ação
isto é, princípios são postulados determinantes dos valo- esperada daquele que atende certo valor ético (p. ex.,
res morais consagrados. não fazer ao outro o que não gostaria que fosse feito a
Segundo Rizzatto Nunes5, “a importância da existên- você é um postulado que exterioriza o valor do respeito;
cia e do cumprimento de imperativos morais está rela- tratar a todos igualmente na medida de sua igualdade
cionada a duas questões: a) a de que tais imperativos é o postulado do princípio da igualdade que reflete os
valores da solidariedade e da justiça social). Por sua vez,
buscam sempre a realização do Bem - ou da Justiça, da
virtude é a característica que a pessoa possui coligada a
Verdade etc., enfim valores positivos; b) a possibilidade
algum valor ético, ou seja, é a aptidão para agir conforme
de transformação do ser - comportamento repetido e
algum dos valores morais (ser bondoso, ser solidário, ser
durável, aceito amplamente por todos (consenso) - em
temperante, ser magnânimo).
dever ser, pela verificação de certa tendência normativa
Ética, Moral, Direito, princípios, virtudes e valores são
do real”.
elementos constantemente correlatos, que se comple-
Quando se fala em Direito, notadamente no direito
mentam e estruturam, delimitando o modo de agir es-
constitucional e nas normas ordinárias que disciplinam
perado de todas as pessoas na vida social, bem como
as atitudes esperadas da pessoa humana, percebem-se preconizando quais os nortes para a atuação das insti-
os principais valores morais consolidados, na forma de tuições públicas e privadas. Basicamente, a ética é com-
princípios e regras expressos. Por exemplo, quando eu posta pela Moral e pelo Direito (ao menos em sua par-
proíbo que um funcionário público receba uma vanta- te principal), sendo que virtudes são características que
gem indevida para deixar de praticar um ato de interesse aqueles que agem conforme a ética (notadamente sob
do Estado, consolido os valores morais da bondade, da o aspecto Moral) possuem, as quais exteriorizam valores
justiça e do respeito ao bem comum, prescrevendo a res- éticos, a partir dos quais é possível extrair postulados que
pectiva norma. são princípios.
Uma norma, conforme seu conteúdo mais ou me-
nos amplo, pode refletir um valor moral por meio de um
princípio ou de uma regra. Quando digo que “todos são
#FicaDica
iguais perante a lei [...]” (art. 5°, caput, CF) exteriorizo o
valor moral do tratamento digno a todos os homens, na Regras são comandos definitivos, com teor
forma de um princípio constitucional (princípio da igual- claro e preciso.
dade). Por sua vez, quando proíbo um servidor público Princípios são normas amplas, trazem man-
de “Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou damentos de otimização.
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de as- Havendo conflito entre regras, a resolução
sumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou acei- se dá por critérios de especialidade ou an-
tar promessa de tal vantagem” (art. 317, CP), estabeleço terioridade.
uma regra que traduz os valores morais da solidariedade Havendo conflito entre princípios, a reso-
e do respeito ao interesse coletivo. No entanto, sempre lução se dá por ponderação à luz dos prin-
por trás de uma regra infraconstitucional haverá um prin- cípios da razoabilidade e da proporciona-
cípio constitucional. No caso do exemplo do art. 317 do lidade.
ATUALIDADES

CP, pode-se mencionar o princípio do bem comum (ob-


jetivo da República segundo o art. 3º, IV, CF – “promover
o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo,
5 NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Manual de introdução ao estudo 6 ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Tradução Vir-
do direito. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. gílio Afonso da Silva. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.

13
Ética, Democracia e Cidadania regime de democracia em que existe a combinação de
Historicamente, nota-se que por volta de 800 a.C. representação política com formas de democracia direta.
as comunidades de aldeias começaram a ceder lugar Democracia é um conceito interligado à Ética no
para unidades políticas maiores, surgindo as chamadas que tange ao elemento da justiça, valor do Direito. Po-
cidade-estado ou polis, como Tebas, Esparta e Atenas. de-se afirmar isto se considerados os três conceitos de
Inicialmente eram monarquias, transformaram-se em Aristóteles sobre as dimensões da justiça (distributiva,
oligarquias e, por volta dos séculos V e VI a.C., tornaram- comutativa e social), dos quais se origina a dimensão da
-se democracias. As origens da chamada democracia se justiça participativa.
encontram na Grécia antiga, sendo permitida a partici- Por esta dimensão da justiça participativa, resta des-
pação direta daqueles poucos que eram considerados pertada a consciência das pessoas para uma atitude de
cidadãos, por meio da discussão na polis. agir, de falar, de atuar, de entrar na vida da comunidade
Democracia (do grego, “demo” + “kratos”) é um regi- em que se vive ou trabalha. Enfim, busca despertar esta
me de governo em que o poder de tomar decisões polí- consciência de que há uma obrigação de cada um para
ticas está com os cidadãos, de forma direta (quando um com a sociedade de participar de forma consciente e livre
cidadão se reúne com os demais e, juntos, eles tomam a e de se inteirar total e habitualmente na vida social que
decisão política) ou indireta (quando ao cidadão é dado pertence.
o poder de eleger um representante). Com efeito, é um Quem deve participar é quem vive na sociedade, é
regime de governo em que se garante a soberania po- o cidadão, aquele que pode ter direitos. Participar é ao
pular, que pode ser conceituada como “a qualidade má- mesmo tempo um direito e um dever. O cidadão deve
xima do poder extraída da soma dos atributos de cada participar, esta é uma obrigação de todo aquele que vive
membro da sociedade estatal, encarregado de escolher em sociedade. E o cidadão deve ter espaço para parti-
os seus representantes no governo por meio do sufrágio cipar, o fato de não participar em si já é uma injustiça.
universal e do voto direto, secreto e igualitário”7. Com a ampliação do conceito de soberania e cidadania e,
Uma democracia pode existir num sistema presiden- consequentemente, da responsabilidade do cidadão, se
cialista ou parlamentarista, republicano ou monárquico torna ainda mais evidente esta necessidade de participar.
- somente importa que seja dado aos cidadãos o poder A referência à justiça participativa, corolário do con-
de tomar decisões políticas (por si só ou por seu repre- ceito de cidadania, é de fundamental importância para o
sentante eleito). elemento moral da noção de ética, no sentido de possi-
bilitar um agir voltado para o bem da sociedade.
Ninguém é obrigado a suportar desonestidades. A
FIQUE ATENTO! cidadania tem um compromisso com a efetivação da
A principal classificação das democracias democracia participativa. E participar não é votar a cada
é a que distingue a direta da indireta - a) eleição, não se interessar pelo andamento da política e
direta, também chamada de pura, na qual até se esquecer de quem mereceu seu sufrágio.
o cidadão expressa sua vontade por voto Com efeito, participar é um direito de todo aquele
direto e individual em casa questão rele- que é cidadão, consolidando o conceito de democracia
vante; b) indireta, também chamada re- e reforçando os valores éticos de preservação do justo e
presentativa, em que os cidadãos exercem garantia do bem comum. Mas, afinal, quem é cidadão?
individualmente o direito de voto para Inicialmente, é preciso levantar alguns conceitos cor-
escolher representante(s) e aquele(s) que relatos:
for(em) mais escolhido(s) representa(m) a) Nacionalidade: é o vínculo jurídico-político que liga
todos os eleitores; c) semidireta, também um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que
conhecida como participativa, em que se ele passe a integrar o povo daquele Estado, desfrutando
tem uma democracia representativa mes- assim de direitos e obrigações.
clada com peculiaridades e atributos da b) Povo: conjunto de pessoas que compõem o Esta-
democracia direta (sistema híbrido). do, unidas pelo vínculo da nacionalidade.
c) População: conjunto de pessoas residentes no Esta-
do, nacionais ou não.
A democracia direta tornou-se cada vez mais difícil,
considerado o grande número de cidadãos, de modo Cidadão, por sua vez, é o nacional, isto é, aquele que
que a regra é a democracia indireta. Na Grécia Antiga possui o vínculo político-jurídico da nacionalidade com
se encontra um raro exemplo de democracia direta, que o Estado, que goza de direitos políticos, ou seja, que
somente era possível porque embora a população fos- pode votar e ser votado.
se grande, a maioria dela não era composta de pessoas Na disciplina constitucional, os direitos políticos
consideradas como cidadãs, como mulheres, escravos e garantidos àquele que é cidadão encontram-se disci-
crianças, e somente os cidadãos tinham direito de parti- plinados nos artigos 14 e 15. Direitos políticos são os
cipar do processo democrático. instrumentos por meio dos quais a Constituição Fede-
ATUALIDADES

Contemporaneamente, o regime que mais se aproxi- ral permite o exercício da soberania popular, atribuindo
ma dos ideais de uma democracia direta é a democracia poderes aos cidadãos para que eles possam interferir na
semidireta da Suíça. Uma democracia semidireta é um condução da coisa pública de forma direta ou indireta8.
7 BULOS, Uadi Lammêngo. Constituição federal anotada. São Pau- 8 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esque-
lo: Saraiva, 2000. matizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

14
A respeito da democracia brasileira, expõe Lenza9: Art. 14, § 2º Não podem alistar-se como eleitores os
“estamos diante da democracia semidireta ou participa- estrangeiros e, durante o período do serviço militar
tiva, um ‘sistema híbrido’, uma democracia representati- obrigatório, os conscritos.
va, com peculiaridades e atributos da democracia direta. Conscritos são os convocados para serviço militar.
Pode-se falar, então, em participação popular no poder Art. 14, § 3º São condições de elegibilidade, na forma
por intermédio de um processo, no caso, o exercício da da lei:
soberania que se instrumentaliza por meio do plebiscito, I - a nacionalidade brasileira;
referendo, iniciativa popular, bem como outras formas, II - o pleno exercício dos direitos políticos;
como a ação popular”. III - o alistamento eleitoral;
Destaca-se o caput do artigo 14: IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrá- V - a filiação partidária;
gio universal e pelo voto direto e secreto, com valor VI - a idade mínima de:
igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presiden-
I - plebiscito; te da República e Senador;
II - referendo; b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de
III - iniciativa popular. Estado e do Distrito Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado
A democracia brasileira adota a modalidade semidi- Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de
reta, porque possibilita a participação popular direta no paz;
poder por intermédio de processos como o plebiscito, d) dezoito anos para Vereador.
o referendo e a iniciativa popular. Como são hipóteses O parágrafo descreve os requisitos para que uma pes-
restritas, pode-se afirmar que a democracia indireta é soa possa ser eleita.
predominantemente adotada no Brasil, por meio do su- Art. 14, § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os anal-
frágio universal e do voto direto e secreto com igual va- fabetos.
lor para todos. Art. 14, § 5º O Presidente da República, os Governa-
Sufrágio universal é o direito de todos cidadãos de dores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e
votar e ser votado. O voto, que é o ato pelo qual se exer-
quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos
cita o sufrágio, deverá ser direto e secreto.
mandatos poderão ser reeleitos para um único perío-
O que diferencia o plebiscito do referendo é o mo-
do subsequente.
mento da consulta à população: no plebiscito, primeiro
se consulta a população e depois se toma a decisão po- Não poder se eleger, não significa não poder votar.
lítica; no referendo, primeiro se toma a decisão política Art. 14, § 6º Para concorrerem a outros cargos, o Pre-
e depois se consulta a população. Embora os dois par- sidente da República, os Governadores de Estado e do
tam do Congresso Nacional, o plebiscito é convocado, Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos
ao passo que o referendo é autorizado (art. 49, XV, CF), respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.
ambos por meio de decreto legislativo. O que os asseme- Art. 14, § 7º São inelegíveis, no território de jurisdição
lha é que os dois são “formas de consulta ao povo para do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou
que delibere sobre matéria de acentuada relevância, de afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presiden-
natureza constitucional, legislativa ou administrativa”10. te da República, de Governador de Estado ou Territó-
Na iniciativa popular, confere-se à população o poder rio, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja
de apresentar projeto de lei à Câmara dos Deputados, substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito,
mediante assinatura de 1% do eleitorado nacional, distri- salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à
buído por 5 Estados no mínimo, com não menos de 0,3% reeleição.
dos eleitores de cada um deles. Em complemento, prevê Entre outras coisas, visa impedir que se burle a veda-
o artigo 61, §2°, CF: ção à reeleição daquele que já ocupou algum destes
Art. 61, § 2º A iniciativa popular pode ser exercida cargos por 2 mandatos.
pela apresentação à Câmara dos Deputados de pro- Art. 14, § 8º O militar alistável é elegível, atendidas as
jeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento seguintes condições:
do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá
cinco Estados, com não menos de três décimos por afastar-se da atividade;
cento dos eleitores de cada um deles. II - se contar mais de dez anos de serviço, será agre-
Art. 14, § 1º O alistamento eleitoral e o voto são: gado pela autoridade superior e, se eleito, passará
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; automaticamente, no ato da diplomação, para a ina-
II - facultativos para: tividade.
a) os analfabetos; Art. 14, § 9º Lei complementar estabelecerá outros ca-
b) os maiores de setenta anos; sos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. fim de proteger a probidade administrativa, a morali-
Embora os analfabetos não possam se candidatar,
ATUALIDADES

dade para exercício de mandato considerada vida pre-


possuem a faculdade de votar.
gressa do candidato, e a normalidade e legitimidade
9 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esque- das eleições contra a influência do poder econômico
matizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego
10 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. na administração direta ou indireta.
15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

15
O §9° é disciplinado pela LC n° 64/90 (Alterada pela
LC n° 135/10 - Lei da Ficha Limpa).
Art. 14, § 10 O mandato eletivo poderá ser impugnado HORA DE PRATICAR!
ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias con- 1. (CESPE – CONHECIMENTOS BÁSICOS – ESPECIA-
tados da diplomação, instruída a ação com provas de LISTA – TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS – ANTAQ –
abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. 2014) No que diz respeito à democracia, julgue o item
Art. 14, § 11 A ação de impugnação de mandato tra- abaixo.
mitará em segredo de justiça, respondendo o autor, Em uma sociedade democrática, permite-se a criação de
na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé. novos direitos e considera-se legítimo o conflito.
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja
perda ou suspensão só se dará nos casos de: ( ) CERTO ( ) ERRADO
I - cancelamento da naturalização por sentença tran-
sitada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta; 2. (PRF – AGENTE ADMINISTRATIVO – FUNCAB –
III - condenação criminal transitada em julgado, en- 2014) É certo que os princípios distinguem-se de valo-
quanto durarem seus efeitos; res e regras. Sobre os princípios e sua função, é correto
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou afirmar:
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, a) Nem sempre os princípios devem ser aplicados em sua
§ 4º. inteireza, pois, em caso de conflito entre regra e prin-
cípio, as regras predominam, em razão de sua supe-
O inciso V se refere à ação de improbidade adminis- rioridade normativa.
trativa, que tramita para apurar a prática dos atos de im- b) Os princípios são comandos definitivos que se aplicam
probidade administrativa, na qual uma das penas aplicá- ou não se aplicam em uma determinada situação, se-
veis é a suspensão dos direitos políticos. gundo um parâmetro de “tudo ou nada”.
Obs.: os direitos políticos somente são perdidos em c) Enquanto as regras são comandos definitivos, os prin-
dois casos, quais sejam cancelamento de naturalização cípios são normas de otimização, que comportam uma
por sentença transitada em julgado (o indivíduo natu- ideia de gradação capaz de permitir sua aplicação de
ralizado volta à condição de estrangeiro) e perda da na- forma ponderada.
cionalidade brasileira em virtude da aquisição de outra d) A noção de validade é essencial ao reconhecimento
(brasileiro se naturaliza em outro país e assim deixa de dos princípios porque estes devem ser sempre aplica-
ser considerado um cidadão brasileiro, perdendo direitos dos de modo que seja feito o que preveem na íntegra,
políticos). Nota-se que não há perda de direitos políti- em todas as situações.
cos pela prática de atos atentatórios contra a Admi- e) Os princípios são valores individuais oriundos de juízos
nistração Pública por parte do servidor, mas apenas internos formulados por cada cidadão, valores estes
suspensão. que serão tolerados se estiverem de acordo com os
valores sociais.

#FicaDica
Democracia – pode ser direta (exercida
pelos cidadãos), indireta (exercida por re- GABARITO
presentantes) ou semidireta (mesclando os
dois, como no Brasil).
Cidadão – É direito e dever participar. A 1 CERTO
cidadania tem uma dimensão ética, sendo 2 C
incumbência de cada um se integrar na
vida da comunidade em que se insere. Não
basta votar ou exercer as vias legais da par-
ticipação direta. É preciso se integrar na co-
munidade e contribuir para que ela avance,
garantindo o bem a todos.
ATUALIDADES

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ANOTAÇÕES

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ATUALIDADES

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ANOTAÇÕES

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